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anarcárdio, quando armazenados, poderiam apresentar efeito explosivo, tornando a
utilização deste produto inviável.
Um dos trabalhos laboratoriais mais abrangentes utilizando diferentes extratos de
plantas brasileiras foi realizado por Mendes et al. (1984). Os autores pesquisaram 68
extratos de 23 plantas com atividade moluscicida, utilizando o modelo B. glabrata e
destacaram as seguintes espécies com atividade em concentrações abaixo de 100mg/l:
Euphorbia pulcherrima, Euphorbia splendens, Caesalpinia peltophoroides e
Stryphnodendron barbatiman. Em estudo posterior, Mendes et al. (1986) avaliaram
outras espécies e verificaram que o extrato etanólico de flores de Delonix regia
apresentou-se mais ativo na concentração de 20ppm. Jurberg et al. (1989) citaram
resultados satisfatórios de pesquisas com 340 espécies de plantas, destacando as famílias
Sapindaceae e Euphorbiaceae.
Sobre esta última família citada, o látex bruto da espécie Euphorbia splendens var
hislopii, conhecida popularmente como “coroa-de-cristo” é o mais promissor (Fig. 7),
pois apresenta os critérios necessários estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde
(WHO,1983) para ser utilizado como moluscicida oficial em campanhas para o controle
da esquistossomose. Não apresentam efeito carcinogênio, mutagênico, baixo efeito
embriotóxico, teratogênico e eco-toxicológico (MARSTON; HECKER, 1983, 1984;
SCHALL et al.,1991; SOUZA et al., 1997; OLIVEIRA- FILHO et al. , 1999).
Estudos sobre a ação deste látex em moluscos hospedeiros intermediários do S.
mansoni, Fasciola hepatica e Paragonimus westermani foram realizados, obtendo
resultados interessantes em relação a concentração letal (CL
90
), sendo eles: 0,45 a 4,04
mg/l para as espécies de Biomphalaria, 0,55 mg/l a 1,51 mg/l para Lymnaea columella e
6,22 mg/l para Melanoides tuberculata em testes laboratoriais (VASCONCELLOS;
SCHALL, 1986; GIOVANELLI et al., 1999; VASCONCELLOS; AMORIM, 2003a).
Em situações de campo, o látex foi testado em ambientes lênticos e lóticos em B.
glabrata, respectivamente, em concentrações entre 5 a 12 mg/l (MENDES et al., 1992,
1997; BAPTISTA et al., 1992) e em L. columella na concentração de 5mg/l
(VASCONCELLOS; AMORIM, 2003b).
Quanto a ação do látex de E. splendens em massas ovígeras de B. glabrata e sobre
as formas evolutivas, miracídio e cercária de S. mansoni observou-se uma concentração
letal (CL
90
) muito maior do que a aplicada para moluscos, De Carvalho et al. (1998)
observaram que em concentrações do látex na faixa de 10-100mg/l, não foram obtidos
resultados satisfatórios. Estes autores verificaram que a concentração letal para ovos foi
de 870mg/l.
A avaliação das propriedades moluscicidas de E. splendens em B. glabrata foi
realizada por Zani et al. (1989, 1993) e Mendes et al. (1997), evidenciando que as
miliaminas constituem o princípio ativo relacionado a esta atividade. A miliamina L
testada foi cerca de 100 vezes mais eficiente que a niclosamida.
Alterações causadas pelo látex de E. splendens sobre a biologia de B. glabrata
foram sugeridas por Mendes et al. (1992), relacionando a causa morte com a repentina
interrupção de impulsos nervosos, associada a ação anti-colinesterásica. No entanto,
pouco se sabe sobre as possíveis alterações em demais sistemas dos moluscos.
Outras plantas têm sido testadas como moluscicidas em B. glabrata sendo elas:
Jatropha curcas, Byrsonina intermedia, Annona crassiflora, Millettia thornningii,
Maesa lanceolata, Stryphnodendron polyphylum e S. adstringens. No entanto, nenhuma
conseguiu resultados melhores aos encontrados com E. splendens. Quanto a ação sobre
a biologia dos moluscos, apenas foi observado alterações na osmoregulação associada a
ação de M. thornningii e no metabolismo de carboidrato e protéico observado para as