Internacional de Psicanálise em Wiesbaden. A oposição de seu mestre estava
relacionada principalmente às mudanças técnicas propostas por Ferenczi, à
sua recusa em assumir a presidência da Associação Internacional de
Psicanálise e à retomada do tema da sedução
65
, muito embora Ferenczi não
tenha recolocado o trauma no centro da etiologia neurótica, mas salientado a
importância do traumatismo como fator patogênico.
66
Em seu trabalho clínico nos últimos anos de vida, Ferenczi encontra
pacientes em cujo passado houve uma sedução sexual de importância
patogênica evidente. A sedução teria ocorrido da seguinte maneira:
Um adulto e uma criança amam-se; a criança tem fantasias lúdicas, como
desempenhar um papel maternal em relação ao adulto. O jogo pode assumir uma
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Paul Roazen afirma que, apesar de Freud ter pedido para Ferenczi não apresentar o
texto, que não faria bem à sua reputação, não houve uma ruptura final entre os dois nem
mesmo na longa correspondência (a mais longa de Freud, 2.500 cartas), embora seu
último encontro tenha sido tenso, tendo Freud se retirado da sala sem despedir-se de
Ferenczi. ROAZEN, Paul. Freud and his Followers, New York: Knopf, 1975. p. 368.
Peter Gay também confirma isso, cf. GAY, Peter. Freud: uma vida para nosso tempo.
São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 520. Ver também as cartas de 1.233 até
1.238, do período em torno do Congresso. FALZEDER, Ernst. The correspondence of
Sigmund Freud and Sándor Ferenczi: 1920-1933. London: The Belknap Press of Harvard
University Press, 2000. v. 3, p. 441-445.
65
Antoni TALARN rejeita totalmente essa hipótese: “Uma leitura atenta da obra
ferencziana impede-nos de considerar que se trata de um simples retorno à abandonada
teoria freudiana”. TALARN, Antoni. Sándor Ferenczi: el mejor discípulo de Freud.
Madrid: Biblioteca Nueva, 2003, p. 242, tradução minha. André Haynal assinala que as
idéias ferenczianas sobre o trauma poderiam ser consideradas complementares às de
Freud. HAYNAL, André. Disappearing and Reviving: Sándor Ferenczi in the History of
Psychanalysis. London: Karnac, 2002, p. 26.
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FERENCZI, Sándor (1933). Confusão de línguas entre os adultos e a criança. Obras
Completas, IV, p. 101.