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anos 20, foram introduzidos os típicos instrumentos de per-
cussão, como por exemplo, o pandeiro, o reco-reco, ou o
pequeno surdo. Em seguida, acrescentou-se uma guitarra de
sete cordas, que possibilita uma melhor reprodução dos con-
trabaixos, ou baixarias. Eu própria, com a minha formação
jazzística, além de tocar a flauta, introduzi no meu grupo de
choro em Munique o saxofone. O cavaquinho é tocado pelo
brasileiro Fábio Block, cujo pai já era um famoso chorista; a
guitarra é tocada pelo alemão Dieter Holisch, que possui um
refinado sentido para a música brasileira; no contrabaixo
temos o virtuoso espanhol Manolo Diaz. Nosso grupo é
ainda integrado por dois percussionistas: o brasileiro especia-
lista em pandeiro Borel de Sousa e o alemão,criado no Brasil,
Ulrich Stach, excelente percus
sionista que em nosso grupo
toca a timba.
Como nossos principais inspiradores, poderíamos citar o
compositor Zequinha de Abreu, cujo Tico Tico no Fubá é
conhecido no mundo inteiro. Dele também tocamos entre
outras composições Não me toques. Apreciamos também,
enormemente, o legendário compositor, saxofonista e flautista
Pixinguinha, cuja música não só possui uma incrível frescura
como também é extremamente comovente.Dele sempre toca-
uitos comparam o choro – e o seu significado
para a recente música brasileira com o rang-time
americano e a importância deste para o jazz. Por
sua vez, costuma-se observar que o choro primitivo se aproxi-
ma da música clássica, ao passo que o choro mais recente
apresenta analogias com o jazz,principalmente quanto ao seu
potencial para a improvisação.
Uma importante característica do choro, que o diferencia
de diversas formas das música atuais, dominadas por uma
tendência reducionista, onde a melodia exerce um papel
secundário, é que o choro, com seu amplo arco melódico,
apresenta surpreendente variação harmônica.Assim,um dos
grandes atrativos do choro é o fato de que nele se pode pro-
duzir uma rica gama de variações- improvisações, de forma
semelhante ao que ocorre no jazz. Os solistas, nos grupos de
choro, dirigem-se mutuamente melodias que cada um se
esforça em superar, mediante variações, numa espécie de
desafio musical. Muitos choros antigos demonstram esta
característica em seus títulos, como por exemplo, caiu, não
disse? ou cuidado colega.
Originalmente, os instrumentos utilizados para tocar o
choro eram a flauta, o violão e o cavaquinho. Mais tarde, nos
Sobre essa base musical de tradição européia veio
acrescentar-se a influência africana, trazida pelos escravos,
na época já em pleno processo de fusão cultural. Da mistura
das duas influências musicais, ou seja, européia e africana,
resultou o choro, com seu ritmo sincopado de sabor
africano e suas harmonias com nítida afinidade européia.
A música derivada dessa mistura é mais suave e delicada
que o samba, prestando-se a uma rica variedade de
combinações melódicas.
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