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MARCELA DE ARRUDA FABRIZZI
Contribuição para o projeto e dimensionamento de
edifícios de múltiplos andares com elementos
estruturais mistos aço - concreto
Dissertação apresentada à Escola de
Engenharia de São Carlos da Universidade de
São Paulo para obtenção do título de mestre
em Engenharia.
Área de Concentração: Engenharia de Estruturas
Orientador: Prof. Dr. Roberto Martins
Gonçalves
SÃO CARLOS
2007
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE
.
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Tratamento
da Informação do Serviço de Biblioteca – EESC/USP
Fabrizzi, Marcela de Arruda
F129c Contribuição para o projeto e dimensionamento de
edifícios de múltiplos andares com elementos estruturais
mistos aço-concreto / Marcela de Arruda Fabrizzi ;
orientador Roberto Martins Gonçalves. –- São Carlos,
2007.
Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação e
Área de Concentração em Engenharia de Estruturas --
Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de
São Paulo.
1. Estruturas de aço. 2. Estruturas mistas aço-
concreto. 3. Lajes mistas aço-concreto. 4. Vigas mistas
aço-concreto. 5. Pilares mistos aço-concreto. 6.
Edifícios. I. Título.
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Dedico este trabalho aos meus pais,
Cleide e Bruno, por sempre acreditarem que
seria possível.
AGRADECIMENTOS
Prof. Dr. Roberto Martins Gonçalves pela orientação precisa, paciência, dedicação,
confiança e amizade além do privilégio de conviver com uma pessoa tão especial.
Todos os Professores do SET.
Todos os funcionários do SET, em especial à Rosi pela disposição em ajudar.
Aos meus pais pelo incentivo e por tudo, pois sem eles não seria possível.
Em especial ao Alexei pela compreensão e apoio incondicional para que fosse possível
a realização deste trabalho.
À minha família pelo constante apoio, em especial à minha tia Vilma pelo incentivo.
À minha irmã Juliana e ao Gustavo por serem presentes na minha vida.
A todos da Fabrizzi Engenharia pelo apoio e dedicação.
À D. Marli Gomes que fez a revisão ortográfica com primor.
RESUMO
FABRIZZI, M.A. Contribuição para o projeto e dimensionamento de edifícios de
múltiplos andares com elementos estruturais mistos aço–concreto. 2007. Dissertação
(Mestrado) Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos,
2007.
Este trabalho objetivou o estudo dos edifícios de múltiplos andares constituídos por
elementos mistos aço-concreto, com enfoque acadêmico, porém abordando aspectos e
recomendações normativas diretamente aplicadas na prática corrente da engenharia
estrutural. A revisão bibliográfica foi realizada com base em estudos acadêmicos e
normativos além do estudo de um edifício exemplo constituído por elementos mistos. Os
elementos mistos lajes, vigas e pilares foram abordados inicialmente de forma isolada, com
base nas recomendações normativas, sendo que ao final os elementos foram interligados,
apresentando ao leitor os principais aspectos teóricos e normativos para o dimensionamento
de um edifício completo constituído de elementos estruturais mistos.
Palavras-chave: Estruturas mistas aço-concreto, estruturas de aço, elementos mistos
aço-concreto, lajes mistas aço-concreto, vigas mistas aço-concreto, pilares mistos aço-
concreto, edifícios.
ABSTRACT
FABRIZZI, M.A. Contribution for the design of multiple storey buildings with
composite elements steel-concrete. 2007. Dissertação (Mestrado) Escola de Engenharia
de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2007.
This study aims the multiple storey buildings formed by composite elements steel-
concrete, with academic emphasis, however approaching standard recommendations and
aspects directly applied to the structural engineering. A bibliographic review based on
academic and standard studies was made, besides the design of an example building formed
by composite elements. The composite elements: slabs, beams and columns were firstly
approached based on standard aspects, and in the end, the elements were interconnected and
presented to the reader the main theoretical and standard aspects to the design of a complete
building formed by composite structural elements.
Keywords: Composite structures steel-concrete, composite elements steel-concrete,
steel structures, composite slabs steel-concrete, composite beams steel-concrete, composite
columns steel-concrete, buildings.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Shopping Frei Caneca – São Paulo – Fonte: www.cbca-ibs.org.br.....................29
Figura 2.2 - Edifício Sede da ABM – São Paulo – Fonte: www.cbca-ibs.org.br ....................29
Figura 2.3 - Núcleos rígidos de concreto ..............................................................................32
Figura 2.4 - Edifício San Paolo (1999) – São Paulo Fonte: www.cbca-ibs.org.br..................33
Figura 2.5 - Centro Cultural Itaú (1995) – São Paulo Fonte: www.cbca-ibs.org.br................34
Figura 2.6 - Sistema Tubular ................................................................................................35
Figura 2.7 - Principais tipos de vigas mistas .........................................................................36
Figura 2.8 - Esquema de um pavimento misto formado por laje de vigota pré-moldada ........38
Figura 2.9 - Perfis de aço e conectores para compor viga mista com laje pré-fabricada.........38
Figura 2.10 - Distribuição de tensões: perfil isolado, interação total e interação parcial ........39
Figura 2.11 - Comparação do comportamento de vigas mistas contínuas em regiões de
momentos positivo e negativo ..............................................................................................42
Figura 2.12 - Vigas mistas escoradas....................................................................................43
Figura 2.13 - Vigas mistas não escoradas .............................................................................44
Figura 2.14 - Comportamento dos conectores rígidos e flexíveis ..........................................46
Figura 2.15 - Tipos de conectores.........................................................................................47
Figura 2.16 - Comportamento dos conectores ao longo da viga mista ...................................47
Figura 2.17 - Ensaio “push-out” com conectores tipo pino com cabeça.................................48
Figura 2.18 - Pricipais tipos de lajes mistas ..........................................................................50
Figura 2.19 - Tipos de Pilares Mistos ...................................................................................52
Figura 2.20 - Modelo para a rigidez do conjunto da ligação mista (NBR 8800 – rev. 2006) ..55
Figura 2.21 - Edifício Exemplo ............................................................................................56
Figura 3.1 - Valor de c conforme EUROCODE 3 “Design of Steel Structures. Part 1-1:
General rules and rules for buildings” (2003) .....................................................................66
Figura 3.2 - Largura Efetiva para cálculo de tensões.............................................................68
Figura 3.3 - Comprimento
a
L
,0
segundo o NBR 8800 (rev. 2006)..........................................69
Figura 3.4 - Comprimento
b
L
,0
segundo o EUROCODE 4 (2004) .........................................69
Figura 3.5 - Comprimento
c
L
,0
segundo o BSI 5950 (1990) ..................................................69
Figura 3.6 - Distribuição da força de cisalhamento longitudinal em vigas contínuas .............71
Figura 3.7 - Valor
mh
e
a ser tomado .....................................................................................73
Figura 3.8 - Geometria das lajes com fôrma incorporada para EUROCODE 4 (2005), BSI
5950 (1990) e AISC-LFRD (1994).......................................................................................75
Figura 3.9 - Conectores tipo perfil “U” laminado..................................................................78
Figura 3.10 - Superfícies típicas de cisalhamento longitudinal – lajes maciças......................83
Figura 3.11 - Superfícies típicas de cisalhamento longitudinal – lajes mistas ........................83
Figura 3.12 - Distribuição plástica das tensões na seção transversal da viga mista ................86
Figura 3.13 - Altura desprezada da alma comprimida segundo a BSI 5950 (1990)................88
Figura 3.14 - Distribuição plástica de tensões com interação parcial.....................................89
Figura 3.15 - Seções analisadas para montagem do gráfico da figura 3.16 ............................91
Figura 3.16 - Gráfico comparativo – Perfil isolado; Interação Parcial; Interação Total..........92
Figura 3.17 - Distribuição de tensões – Momento Negativo..................................................93
Figura 3.18 - Distribuição elástica das tensões......................................................................97
Figura 3.19 - Distribuição de tensões para verificação de interação momento fletor-força
cortante – EUROCODE 4 (2004) .......................................................................................102
Figura 3.20 - Rigidez à flexão ao longo de uma viga mista contínua considerando análise
elástica ...............................................................................................................................104
Figura 3.21 - Distribuição das tensões pelo método fissurado em regiões de momentos
negativos............................................................................................................................104
Figura 3.22 - Flambagem lateral com distorção ..................................................................106
Figura 3.23 - Deslocamento ao longo do tempo.................................................................119
Figura 3.24 - Exemplo de viga mista parcialmente revestida no concreto...........................123
Figura 3.25 - Forças atuantes numa abertura.......................................................................125
Figura 3.26 - Pavimento tipo do edifício exemplo – Viga mista biapoiada – V3 .................127
Figura 3.27 - Esquema estático da viga V3 do edifício exemplo .........................................127
Figura 3.28 - Seção transversal da viga mista V3 do edifício exemplo................................129
Figura 3.29 - Linha Neutra da mesa de concreto.................................................................130
Figura 3.30 - Pavimento tipo do edifício exemplo – Viga mista contínua – V5 ...................133
Figura 3.31 - Diagramas de esforços solicitantes de cálculo da viga V5 do edifício exemplo
...........................................................................................................................................134
Figura 3.32 - Seções transversais típicas da viga V5 do edifício exemplo ...........................135
Figura 3.33 - Resistência ao momento fletor positivo – viga V5 do edifício exemplo..........136
Figura 3.34 - Resistência ao momento fletor negativo – viga V5 do edifício exemplo.........137
Figura 4.1 - Tipos de pilares mistos....................................................................................144
Figura 4.2 - Pilar misto tipo “battened ..............................................................................144
Figura 4.3 - Curva de interação linear Momento X força normal segundo o EUROCODE 4
(2004) ................................................................................................................................159
Figura 4.4 - Curva de flambagem segundo o AISC-LFRD (1994).......................................164
Figura 4.5 - Efeitos
P
e
δ
P
(ASCE-1997)...............................................................166
Figura 4.6 - Modelos para análise.......................................................................................169
Figura 4.7 - Interação flexo-compressão combinada com força cortante .............................174
Figura 4.8 - Força de atrito adicional devido colocação de conectores tipo pino com cabeça
...........................................................................................................................................176
Figura 4.9 - Perfis tubulares preenchidos parcialmente carregados .....................................177
Figura 4.10 - Arranjo de estribos ........................................................................................178
Figura 4.11 - Áreas diretamente e o diretamente conectadas de concreto para
dimensionamento da armadura transversal EUROCODE 4 (2004) .....................................178
Figura 4.12 - Edifício exemplo - Pilar.................................................................................183
Figura 4.13 - Esforços solicitantes de cálculo primeiro lance pilar do eixo 3B do edifício
exemplo .............................................................................................................................184
Figura 4.14 - Seção transversal do pilar 3B do edifício exemplo.........................................184
Figura 4.15 - Pilar misto – região de apoio das vigas ..........................................................187
Figura 5.1 - Dois modos típicos de comportamento de lajes mistas.....................................191
Figura 5.2 - Seção típica da laje mista proposta por Andrade et. al. (2004) .........................192
Figura 5.3 - Seções críticas das lajes mistas........................................................................193
Figura 5.4 - Exemplo de análise de laje contínua ................................................................193
Figura 5.5 - Distribuição das tensões para momento positivo – Linha neutra plástica acima da
fôrma de aço ......................................................................................................................195
Figura 5.6 - Distribuição de tensão para momento positivo – Linha neutra plástica na fôrma de
aço .....................................................................................................................................196
Figura 5.7 - Distribuição de tensões para momento negativo ..............................................197
Figura 5.8 - Largura plana dos elementos da fôrma de aço..................................................198
Figura 5.9 - Perímetro crítico para determinação da punção................................................201
Figura 5.10 - Método empírico para avaliação do cisalhamento longitudinal ......................203
Figura 5.11 - Resistência ao cisalhamento longitudinal por meio de conectores soldados
através da fôrma de aço e deformação nos extremos do vão ou deformação das nervuras ...204
Figura 5.12 - Distribuição das cargas concentradas ou lineares...........................................206
Figura 5.13 - Armaduras adicionais na laje.........................................................................211
Figura 5.14 - Comprimento mínimo de apoio .....................................................................213
Figura 5.15 - Pavimento tipo – Exemplo de laje mista ........................................................214
Figura 5.16 - Esquema estático da laje do edifício exemplo................................................214
Figura 5.17 - Diagramas de esforços solicitantes de cálculo na laje do edifício exemplo....215
Figura 5.18 - Seção da laje mista do edifício exemplo ........................................................215
Figura 6.1 - Edifício Exemplo ............................................................................................220
Figura 6.2 - Seção transversal da laje mista do pavimento do edifício exemplo...................220
Figura 6.3 - Viga V3 do edifício exemplo...........................................................................221
Figura 6.4 - Viga V5 do edifício exemplo...........................................................................221
Figura 6.5 - Seção transveral do pilar eixo 3B do edifício exemplo.....................................222
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Vantagens e desvantagens das seções de pilares mistos.....................................53
Tabela 2.2 - Ações permanentes atuantes no edifício - exemplo............................................57
Tabela 2.3 - Características dos materiais que compõem os elementos do edifício-exemplo .58
Tabela 3.1 - Panorama dos trabalhos realizados sobre vigas mistas aço-concreto..................61
Tabela 3.2 - Limites para dimensionamento plástico – Perfis I .............................................65
Tabela 3.3 - Comparação dos limites para análise rígido-plástica da esbeltez dos elementos.67
Tabela 3.4 - Valores de largura efetiva segundo as normas para cada lado da linha de centro
da viga mista........................................................................................................................69
Tabela 3.5 - Resistência nominal de conectores tipo pino com cabeça em lajes maciças,
segundo a BSI 5950 (1990) (KN) .........................................................................................74
Tabela 3.6 - Valores limites do coeficiente
t
k
segundo o EUROCODE 4 (2004)..................76
Tabela 3.7 - Resistência nominal de conectores tipo perfil “U” laminado e barra chata
segundo a BSI 5400 (1979) em KN Material do conector Grau 43 da BSI 4360 (1972)
equivalente ao aço ASTM A-36 ..........................................................................................79
Tabela 3.8 - Espaçamentos longitudinais máximos e nimos dos conectores tipo pino com
cabeça segundo a NBR 8800 (rev. 2006) ..............................................................................81
Tabela 3.9 - Seções das lajes maciças sujeitas a cisalhamento longitudinal (figura 3.10).......83
Tabela 3.10 - Seções das lajes mistas sujeitas a cisalhamento longitudinal (figura 3.11) .......84
Tabela 3.11 - Coeficientes para cálculo da posição da linha neutra plástica ..........................85
Tabela 3.12 - Roteiro de cálculo – Momento Positivo – Análise Plástica – Interação Total...87
Tabela 3.13 - Roteiro de cálculo – Momento Positivo – Análise Plástica – Interação Parcial 89
Tabela 3.14 - Parâmetros para cálculo do momento resistente sob análise plástica em regiões
de momento negativo ...........................................................................................................94
Tabela 3.15 - Cálculo das propriedades da seção transformada.............................................98
Tabela 3.16 - Verificação à força cortante segundo a norma brasileira................................100
Tabela 3.17 - Limites para redistribuição de momentos negativos nos apoios, em porcentagem
em relação ao momento inicial, segundo o EUROCODE 4 (2004) .....................................105
Tabela 3.18 - Valores de
segundo a NBR 8800 (rev. 2006)............................................108
Tabela 3.19 - Modelos analíticos a serem adotados para verificação de deslocamentos e
fissuras segundo o EUROCODE 4 (2004) ..........................................................................110
Tabela 3.20 - Valores máximos recomendados para flechas segundo a NBR 8800 (rev. 2006)
...........................................................................................................................................115
Tabela 3.21 - Fator
n
para adequação do módulo de elasticidade do concreto para efeito da
fluência segundo o EUROCODE 4 (2004)..........................................................................120
Tabela 3.22 - Valores usuais dos coeficientes de homogeneização conforme a BSI 5950
(1990) para concreto de densidade normal..........................................................................120
Tabela 4.1 - Panorama dos trabalhos realizados sobre pilares mistos aço-concreto.............142
Tabela 4.2 - Resistência limite de cisalhamento entre o aço e o concreto
(
)
Rd
τ
para dispensa
do uso de conectores em (N/mm²) ......................................................................................146
Tabela 4.3 - Contribuição dos elementos para a resistência plástica da seção de pilares mistos
revestidos e retangulares preenchidos.................................................................................152
Tabela 4.4 - Contribuição dos elementos para a resistência plástica da seção transversal de
pilares mistos tubulares preenchidos por concreto ..............................................................153
Tabela 4.5 - Coeficiente C
1
e C
2
conforme a BSI 5400 (1979).............................................154
Tabela 4.6 - Rigidez equivalente dos pilares mistos
(
)
(
)
e
EI
segundo as Normas..................155
Tabela 4.7 - Valores dos coeficientes de flambagem por flexão
x
K
ou
y
K
para elementos
isolados..............................................................................................................................156
Tabela 4.8 - Resistência do pilar misto à compressão axial segundo as Normas..................158
Tabela 4.9 - Limites de resistência à flambagem local dos elementos de aço ......................172
Tabela 4.10 - Recomendações de projetos quanto aos materiais empregados ......................179
Tabela 4.11 - Recomendações de projetos quanto aos pilares mistos revestidos..................180
Tabela 4.12 - Recomendações de projetos quanto aos pilares mistos preenchidos...............181
Tabela 5.1 - Alguns trabalhos recentes sobre lajes mistas aço-concreto ..............................191
Tabela 5.2 - Tensão Resistente de cisalhamento do concreto
(
)
Rk
τ
segundo a NBR 8800 (rev.
2006)..................................................................................................................................200
Tabela 5.3 - Disposições construtivas para lajes mistas segundo a NBR 8800 (rev. 2006)..212
Tabela 5.4 - Disposições construtivas segundo o EUROCODE 4 (2004) ............................213
Tabela 6.1 - Quantidades estimadas da estrutura do edifício exemplo.................................222
Tabela 6.2 - Estimativa de consumo de aço para uma estrutura similar à estrutura do edifício
exemplo composta por elementos de aço isolados...............................................................223
Tabela 6.3 - Comparação entre consumo de aço para elementos mistos e elementos de aço
isolados..............................................................................................................................224
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
A Área da seção transversal do perfil de aço
A
c
Área da mesa de concreto
A
s
Área da armadura
A
cs
Área da seção transversal do conector
A
w
Área da alma do perfil de aço
b
ef
Largura efetiva da mesa de concreto
b
f
Largura da mesa do perfil de aço
b
F
Largura da nervura da fôrma de aço
C Resultante de compressão na laje
C’ Resultante de compressão no perfil de aço
d Altura total do perfil de aço
d
cs
Diâmetro do corpo do conector tipo pino com cabeça
D
cs
Diâmetro da cabeça do conector tipo pino com cabeça
E Módulo de elasticidade do aço
E
c
Módulo de elasticidade longitudinal do concreto
f
ck
Resistência característica do concreto à compressão
f
cd
Tensão de compressão de cálculo no concreto
f
sy
Tensão de escoamento da armadura
f
y
Tensão de escoamento do aço do perfil
f
ucs
Resistência à ruptura do aço do conector
f
yF
Tensão de escoamento do aço da fôrma de aço incorporada
g
a
Coeficiente de ponderação da resistência do aço do perfil
g
c
Coeficiente de ponderação da resistência do concreto
g
cs
Coeficiente de ponderação da resistência do conector
g
f
Coeficiente de ponderação do esforço solicitante
g
s
Coeficiente de ponderação da resistência do aço da armadura
H Altura livre da alma de perfis I e H
h
cs
Altura total do conector de cisalhamento
h
F
Altura nominal da nervura da laje com fôrma de aço incorporada
LNP
Linha neutra plástica
M
Rd,pl
Momento fletor resistente plástico de cálculo
M
Sd
Momento fletor máximo solicitante de cálculo
n
cs
Número de conectores de cisalhamento
N
Rd,pl
Resistência plástica da seção transversal a carregamentos axiais
Q
Rd
Resistência do conector de cisalhamento
s
Tensão
T Resultante de tração no perfil de aço ou na armadura
t
c
Espessura da laje de concreto
t
f
Espessura da mesa do perfil de aço
t
F
Espessura da fôrma de aço
t
w
Espessura da alma do perfil de aço
V
h
Força de cisalhamento longitudinal atuante na conexão
V
hd
Força de cisalhamento longitudinal atuante de cálculo na conexão
y
c
Altura comprimida do perfil de aço
y
t
Altura tracionada do perfil de aço
Z
pl
Módulo de resistência plástico
SUMÁRIO
1
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO..............................................................21
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................21
1.2 OBJETIVOS.........................................................................................................22
2
CAPÍTULO 2: ASPECTOS GERAIS ....................................................25
2.1 TIPOS DE SISTEMAS ESTRUTURAIS..............................................................25
2.1.1 SISTEMAS DE PISO ...................................................................................26
2.1.2 SISTEMAS RESISTENTES A CARREGAMENTOS HORIZONTAIS .......29
2.1.2.1 Sistemas Aporticados ................................................................................30
2.1.2.2 Sistemas com Núcleo Resistente................................................................31
2.1.2.3 Sistemas Treliçados...................................................................................34
2.1.2.4 Sistemas Tubulares....................................................................................35
2.2 VIGAS MISTAS ..................................................................................................36
2.2.1 VIGAS MISTAS BI-APOIADAS .................................................................40
2.2.2 VIGAS MISTAS CONTÍNUAS ...................................................................41
2.2.3 EFEITOS DO ESCORAMENTO..................................................................43
2.2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................44
2.3 CONECTORES DE CISALHAMENTO...............................................................45
2.4 LAJES MISTAS (“STEEL-DECK”).....................................................................49
2.5 PILARES MISTOS...............................................................................................52
2.6 LIGAÇÕES MISTAS ...........................................................................................54
2.7 EDIFÍCIO EXEMPLO..........................................................................................56
3
CAPÍTULO 3: VIGAS MISTAS DIMENSIONAMENTO ...................61
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.............................................................................61
3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS SEÇÕES .......................................................................63
3.3 LARGURA EFETIVA..........................................................................................67
3.4 CISALHAMENTO LONGITUDINAL.................................................................70
3.4.1 CONECTORES TIPO PINO COM CABEÇA...............................................71
3.4.2 OUTROS TIPOS DE CONECTORES ..........................................................78
3.4.3 ESPAÇAMENTO E ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS CONECTORES 79
3.4.4 CISALHAMENTO LONGITUDINAL NA LAJE DE CONCRETO.............82
3.5 RESISTÊNCIA AO MOMENTO FLETOR – ANÁLISE PLÁSTICA ..................84
3.5.1 VIGAS MISTAS BI-APOIADAS – INTERAÇÃO TOTAL .........................86
3.5.2 VIGAS MISTAS BI-APOIADAS – INTERAÇÃO PARCIAL......................88
3.5.3 VIGAS CONTÍNUAS – INTERAÇÃO TOTAL...........................................92
3.6 ANÁLISE ELÁSTICA .........................................................................................95
3.6.1 ANÁLISE ELÁSTICA - INTERAÇÃO TOTAL...........................................96
3.6.2 ANÁLISE ELÁSTICA - INTERAÇÃO PARCIAL.......................................98
3.7 RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE..............................................................99
3.7.1 INTERAÇÃO MOMENTO FLETOR - FORÇA CORTANTE ...................101
3.8 CONDIÇÕES ESPECIAIS PARA VIGAS MISTAS CONTÍNUAS ...................103
3.8.1 FLAMBAGEM LATERAL COM DISTORÇÃO........................................106
3.9 ESTADOS LIMITES DE UTILIZAÇÃO ...........................................................108
3.9.1 ESTADO LIMITE DE FISSURAÇÃO .......................................................111
3.9.2 ESTADO LIMITE DE DESLOCAMENTO EXCESSIVO..........................113
3.10 EFEITOS DA RETRAÇÃO E DA FLUÊNCIA DO CONCRETO NA VIGA
MISTA...........................................................................................................................117
3.11 EFEITO DO ESCORAMENTO..........................................................................121
3.12 OUTROS TIPOS DE VIGA MISTA...................................................................121
3.13 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................126
3.14 EXEMPLOS PRÁTICOS ...................................................................................127
4
CAPÍTULO 4: PILARES MISTOS DIMENSIONAMENTO ............141
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................141
4.2 COMPORTAMENTO ESTRUTURAL ..............................................................145
4.2.1 ADERÊNCIA ENTRE O AÇO E O CONCRETO ......................................145
4.2.2 EFEITO DO CONFINAMENTO DO CONCRETO....................................148
4.2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO...........................................................149
4.3 RESISTÊNCIA DA SEÇÃO TRANSVERSAL À COMPRESSÃO AXIAL.......151
4.4 ESBELTEZ RELATIVA E RIGIDEZ.................................................................154
4.5 RESISTÊNCIA DO ELEMENTO À COMPRESSÃO AXIAL ...........................157
4.6 RESISTÊNCIA À FLEXO–COMPRESSÃO......................................................158
4.6.1 EUROCODE 4 (2004) ................................................................................159
4.6.2 NBR 8800 (REV. 2006) ..............................................................................161
4.6.3 AISC-LFRD (1994) ....................................................................................163
4.6.4 BSI 5400 (1979)..........................................................................................164
4.7 IMPERFEIÇÕES E EFEITOS DE SEGUNDA ORDEM SEGUNDO A NBR 8800
(REV. 2006)...................................................................................................................165
4.7.1 MÉTODO DA AMPLIFICAÇÃO DOS MOMENTOS PELA NBR 8800
(REV. 2006)...............................................................................................................169
4.8 FLAMBAGEM LOCAL.....................................................................................172
4.9 FORÇA CORTANTE.........................................................................................173
4.9.1 REGIÕES DE INTRODUÇÃO DE CARGA ..............................................174
4.10 RECOMENDAÇÕES E RESTRIÇÕES DAS NORMAS APRESENTADAS.....179
4.11 EXEMPLO PRÁTICO – PILAR MISTO PARCIALMENTE REVESTIDO.......182
5
CAPÍTULO 5: LAJES MISTAS DIMENSIONAMENTO .................189
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS...........................................................................189
5.2 DIMENSIONAMENTO DE LAJES MISTAS....................................................192
5.3 RESISTÊNCIA AO MOMENTO FLETOR POSITIVO .....................................195
5.4 RESISTÊNCIA AO MOMENTO FLETOR NEGATIVO...................................197
5.5 FLAMBAGEM LOCAL DA FÔRMA DE AÇO ................................................198
5.6 RESISTÊNCIA À FORÇA CORTANTE E À PUNÇÃO....................................199
5.6.1 PUNÇÃO....................................................................................................200
5.7 RESISTÊNCIA AO CISALHAMENTO LONGITUDINAL...............................201
5.8 INTERAÇÃO PARCIAL....................................................................................205
5.9 CARGAS CONCENTRADAS NA LAJE MISTA..............................................206
5.10 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO ..................................................................208
5.10.1 FISSURAÇÃO DO CONCRETO ...............................................................208
5.10.2 DESLOCAMENTO VERTICAL ................................................................209
5.10.3 DESLIZAMENTO HORIZONTAL ............................................................210
5.11 ABERTURAS EM LAJES MISTAS ..................................................................210
5.12 DISPOSIÇÕES CONSTRUTIVAS.....................................................................212
5.13 EXEMPLO PRÁTICO........................................................................................214
6
CAPÍTULO 6: CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES .......219
6.1 ELEMENTOS MISTOS COMPONENTES DO EDIFÍCIO EXEMPLO.............219
6.2 CONCLUSÕES SOBRE OS RESULTADOS OBTIDOS NO EDIFÍCIO
EXEMPLO.....................................................................................................................222
6.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................225
6.4 SUGESTÕES PARA NOVAS PESQUISAS ......................................................227
7
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................229
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Os materiais aço e concreto são a combinação mais utilizada, atualmente, para compor
as estruturas de edificações. Eles podem ser utilizados em uma estrutura com elementos
compostos por um dos materiais e também formando elementos mistos, trabalhando em
conjunto.
As características dos dois materiais são diferentes e complementares. O concreto alia
resistência à compressão, elevada rigidez e proteção contra corrosão e incêndio. O o, como
características complementares, apresenta elevada resistência à tração e esbeltez dos
elementos. Além disso, ambos os materiais apresentam coeficientes de dilatação térmicos
próximos, não ocasionando deformações térmicas diferenciais significativas.
Os dois materiais já são utilizados em um mesmo edifício em larga escala porém,
muitas vezes, não se utiliza seu trabalho conjunto. Até poucos anos, nos pilares mistos
revestidos, o concreto era considerado apenas como elemento de proteção contra incêndio e
em pilares tubulares preenchidos de concreto, o aço era considerado apenas uma fôrma
(1)
permanente para o pilar de concreto.
(1)
O acento na palavra fôrma foi a maneira mais adequada para diferenciar de forma, o que
poderia induzir o leitor a erro.
22
No caso de pavimentos mistos, a laje de concreto ou mista aço-concreto é um
elemento quase sempre presente, porém, a sua resistência à flexão no plano da viga era
desprezada. Com a introdução dos conectores, que são elementos de custo relativamente
baixo, pode-se considerar os elementos trabalhando em conjunto com grande eficiência.
Logicamente que os materiais e as combinações de materiais têm suas diferentes
aplicações dentro da Engenharia e o melhor sistema estrutural depende de vários fatores,
como:
Utilização da edificação;
Projeto arquitetônico;
Ações atuantes;
Vãos a serem vencidos;
Método construtivo;
Mão de obra e tecnologia disponíveis;
Prazo de execução da obra;
Custo das fundações;
Custo final da obra;
Retorno do capital investido.
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O objetivo deste trabalho é apresentar os procedimentos de dimensionamento dos
elementos mistos que compõem um edifício. Estes procedimentos serão baseados nas
principais normas nacionais e internacionais, além de uma revisão bibliográfica sobre o
assunto.
23
Pretende-se abranger aspectos relativos ao projeto dos elementos mistos aço-concreto
apresentando uma análise crítica com ênfase nos aspectos didáticos e normativos. Destina-se a
estudantes do assunto e também a engenheiros projetistas de estruturas.
Este trabalho também é oportuno em função da Norma Brasileira NBR 8800 Projeto
de estruturas de o e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios” (rev. Abril 2006)
estar em fase de revisão, ressaltando-se que irá apresentar os aspectos normativos para os
elementos mistos.
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Neste capítulo serão apresentados aspectos gerais das estruturas mistas, bem como os
sistemas estruturais associados aos elementos mistos: vigas, conectores, lajes e pilares.
Os sistemas estruturais são descritos de maneira abrangente, dando ao leitor subsídios
iniciais para a escolha do mais adequado para cada situação.
Serão introduzidos conceitos sicos para o dimensionamento dos elementos sendo
que cada elemento será abordado novamente em capítulos específicos.
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A combinação de elementos de aço e concreto é bastante utilizada e deve ser
cuidadosamente estudada, levando em consideração, as características dos materiais, suas
combinações, o projeto da edificação, as condições locais, o processo construtivo e a questão
econômica.
Um sistema estrutural pode ser dividido em dois subsistemas:
Resistente às ações verticais (gravitacionais);
Resistente às ações horizontais (vento, basicamente, no Brasil).
As lajes e vigas fazem parte do primeiro subsistema e, além disto, têm participação na
distribuição dos esforços horizontais. Para que isso ocorra é necessário que os elementos
possuam certa rigidez no plano horizontal. Quando a laje é de concreto moldada ‘in-loco’ esta
rigidez é alcançada facilmente. Já no caso de lajes pré-moldadas deve-se cuidar para que a
espessura do capeamento seja suficiente para esta redistribuição.
26
Os pilares, paredes, núcleos resistentes e elementos de contraventamento fazem parte
do subsistema estrutural resistente a esforços horizontais, além de transmitir os esforços
verticais à fundação.
2.1.1 SISTEMAS DE PISO
A definição do sistema de piso adequado para cada projeto depende de muitos fatores,
podendo ser citados como principais os seguintes:
Utilização do pavimento;
Sobrecargas atuantes;
Vãos livres necessários;
Prazo de execução da obra;
Método executivo a ser utilizado;
Possibilidade de escoramentos;
Passagem de tubulações.
Em edifícios residenciais geralmente os vãos das lajes não precisam ultrapassar 5 a 6
metros devido à presença das paredes internas e o espaçamento entre vigas e entre pilares
pode estar neste intervalo. Nestes casos, as lajes maciças ou pré-moldadas apresentam custos
competitivos, porém ambas requerem escoramento.
em edifícios comerciais, onde espaços livres sem a presença de pilares são
valorizados, bem como a utilização de divisórias móveis que conferem flexibilidade ao lay-
out”, a utilização das lajes mistas (conhecidas como “steel-deck”) pode ser a melhor solução
por vencer vãos maiores e minimizar ou até eliminar a necessidade de escoramento.
O subsistema resistente às ões horizontais também influencia na escolha do sistema
de piso, isto porque, as vigas que fazem parte de um sistema aporticado terão seus esforços
27
diferentes de vigas biapoiadas que possuem função apenas de suportar esforços provenientes
das lajes.
Normalmente, costuma-se relacionar a hiperesticidade de uma estrutura a ganhos
quanto à economia. Porém, no caso de vigas mistas, isto pode não ser uma realidade. Em
vigas mistas biapoiadas, a mesa de concreto está sempre comprimida, a mesa do perfil de aço,
quando comprimida é travada lateralmente pelo concreto e o restante do perfil, tracionado.
Em vigas biengastadas ou contínuas, a mesa inferior do perfil de aço é submetida à
compressão, havendo necessidade de enrijecê-la para impedir sua flambagem local.
Sendo assim, na prática, os pisos mistos mais econômicos são aqueles compostos por
vigas isostáticas e muitos projetistas preferem utilizar este sistema e aplicar
contraventamentos para resistir aos esforços horizontais. Com este sistema é possível também
economizar nas ligações, pois as ligações rígidas são mais caras.
Os vãos das vigas influenciam diretamente a escolha do tipo de viga a ser utilizado,
conforme os vão crescem pode-se utilizar vigas de aço, vigas mistas ou treliças metálicas com
ou sem a composição com as lajes.
A disposição das vigas deve prever o encaminhamento das tubulações de facilidades
como dutos de ar-condicionado, elétrica, hidráulica, lógica, telefonia e outros. Para que o pé
direito do edifício não seja aumentado em demasia devido à presença destes dutos algumas
medidas podem ser tomadas como as seguintes:
Passar tubulações paralelas às vigas principais, interceptando-as apenas em
alguns pontos;
Prever aberturas na alma das vigas;
Em casos extremos, utilizar treliças metálicas ou camadas superpostas de perfis
ou viga tipo “vierendell”;
28
O sistema construtivo e o prazo necessário para término da obra também devem ser
considerados no processo de escolha do sistema de pavimento. Elementos pré-fabricados,
facilidade de montagem e execução das ligações o fatores que diminuem o prazo da obra,
porém, a disponibilidade de material, mão-de-obra e tecnologia, além dos custos finais devem
ser estudados para cada projeto.
O escoramento das lajes e vigas mistas deve ser avaliado perante as dificuldades que
pode provocar. Muitas vezes o ganho econômico que possa ser obtido com o uso do
escoramento pode não compensar as dificuldades encontradas durante a execução.
Hoje em dia, os todos de análise estrutural mais desenvolvidos e a constante busca
pela economia de material resultam em elementos estruturais cada vez mais esbeltos. Além
disso, está ocorrendo uma diminuição de massa de todos os elementos que compõem uma
edificação como contrapiso, divisórias internas, revestimentos de paredes entre outros. Isto
ocasiona uma diminuição geral da massa da edificação podendo conduzir à vibração do piso
levando desconforto ao usuário.
Estas vibrações são introduzidas pela ação do vento ou mesmo pelas ações verticais
aplicadas ao pavimento como pessoas caminhando, dançando, praticando esportes, ginástica
de maneira rítmica ou não, máquinas, tráfego de veículos entre outros. Não é possível
eliminar estas vibrações, portanto deve-se utilizar de uma análise entre freqüências
fundamentais, amortecimento e massa da estrutura para que o sejam atingidas freqüências
que causem desconforto humano.
A figura 2.1 apresenta uma obra com pavimento composto de lajes mistas e estrutura
de aço. Tratando-se de um “shopping-center” em uma região central da cidade de São Paulo, a
esbeltez dos elementos, vãos livres que proporcionem vagas para estacionamento nos pisos
inferiores e rapidez na execução foram fatores que certamente contribuíram para a escolha dos
projetistas estruturais.
29
Figura 2.1 - Shopping Frei Caneca – São Paulo – Fonte: www.cbca-ibs.org.br
A figura 2.2 mostra a construção do pavimento do Edifício Sede da ABM formado por
vigas mistas com aberturas nas almas por razões estéticas ou para passagem de tubulações.
Figura 2.2 - Edifício Sede da ABM – São Paulo – Fonte:
www.cbca-ibs.org.br
Os tipos de laje que compõem um pavimento misto podem ser: maciça, steel-deck”,
pré-fabricada treliçada, alveolar entre outros.
2.1.2 SISTEMAS RESISTENTES A CARREGAMENTOS HORIZONTAIS
Estes subsistemas o compostos por pilares, pórticos, paredes, núcleos resistentes,
contraventamentos, treliças entre outros.
30
Em Sáles (1995) foi apresentada uma classificação em quatro grupos principais que
será também adotada neste trabalho:
Sistemas aporticados;
Sistemas com núcleo resistente;
Sistemas treliçados;
Sistemas tubulares.
2.1.2.1 Sistemas Aporticados
Este sistema, apesar da evolução constante dos sistemas estruturais, ainda apresenta
uma solução clássica para edifícios de pequena altura (até por volta de 5 pavimentos). Como
vantagens de sua aplicação, temos:
Simplicidade de formação podendo ser decomposto em vários pórticos planos
que são facilmente analisados;
Menor relação altura viga/vão comparando à de vigas biapoiadas;
Até aproximadamente 10 andares esta solução é viável, porém, como ocorre a
necessidade de elevadores e caixas de escada a solução com núcleo resistente que será
apresentada a seguir pode se tornar mais adequada.
Um equívoco possível de ocorrer durante a concepção de um edifício é a analogia com
uma estrutura de concreto. Neste caso, a ligação resistente ao momento se devido às peças
serem monolíticas enquanto que ligações rígidas ou semi-rígidas entre elementos de aço ou
mistos podem se tornar trabalhosas e onerosas. Deve-se lembrar que para cada tipo de
material e para cada projeto existe um sistema estrutural adequado.
Como regra geral, os pilares devem ser dispostos de maneira que o seu eixo de maior
inércia esteja na direção com menor número de pilares. Vale lembrar que as ligações semi-
rígidas são difíceis de executar devido à presença do concreto principalmente no eixo de
31
menor inércia. Em pilares de canto aparece a dificuldade de ancoragem da armadura
tracionada da mesa de concreto. Em pilares parcial ou totalmente revestidos, o concreto
dificulta a formação de uma ligação que transmita momentos fletores tal como é normalmente
executado em estruturas de aço.
É muito comum a utilização de pilares mistos formados por perfis “I” parcialmente
revestidos. Normalmente, no seu eixo de menor inércia, são executadas ligações que
transmitam momentos fletores formando rticos nesta direção. Na outra direção as vigas
ficam rotuladas nos pilares e são previstos elementos de contraventamento para resistir aos
esforços horizontais. Este será o modelo adotado para o edifício exemplo deste trabalho.
2.1.2.2 Sistemas com Núcleo Resistente
Em edifícios de múltiplos andares normalmente são necessárias torres de escadas,
elevadores, passagens verticais de tubulação (“shafts”) ou outros serviços que por imposição
arquitetônica podem se localizar no núcleo do edifício. É bastante comum que seja tomado
partido estrutural da presença deste núcleo.
Este núcleo pode ser formado basicamente pelos seguintes elementos:
Pilares e vigas formando pórticos nas duas direções através de ligações gidas
ou semi-rígidas entre eles;
Pilares e vigas com ligações flexíveis entre si e elementos de contraventamento
nas duas direções;
Pilares e vigas aporticados em uma direção e contraventados na outra;
Paredes de concreto (“shear walls”);
Paredes mistas aço-concreto.
Os núcleos resistentes normalmente são projetados para resistir à totalidade das ações
horizontais, sendo que os elementos periféricos resistem apenas aos esforços gravitacionais.
32
Isto ocasiona uma concentração maior de material no cleo e consequentemente elementos
mais esbeltos fora dele.
Figura 2.3 - Núcleos rígidos de concreto
Cada sistema deve ser avaliado dentro do contexto do edifício a ser projetado e quando
se trata de estruturas mistas alguns aspectos devem ser especialmente analisados:
Ligações que transmitam momentos podem ser de difícil execução com a
presença do concreto;
Possibilidade de deixar elementos de aço aparentes;
Velocidade de execução e tolerância de dimensões das peças de concreto em
relação aos elementos de aço.
Os sistemas contraventados em uma ou ambas as direções m a vantagem das
ligações flexíveis o que facilita a execução e como mencionado anteriormente, pode ser mais
econômico trabalhar com vigas mistas biapoiadas ao invés de engastadas.
Os núcleos de concreto resultam em menor consumo de aço contrabalanceado pelo
maior consumo de concreto o que pode resultar em custo mais baixo, porém, a precisão das
peças de concreto é diferente das de o e podem ser necessárias adaptações para que se
consiga uma estrutura de fácil montagem. Além disso, a velocidade de execução das peças de
concreto é inferior às de aço o que pode acarretar atrasos no cronograma da obra. Os núcleos
de concreto também ocasionam maiores esforços nas fundações devido ao seu peso próprio.
33
Os núcleos mistos aço-concreto (figura 2.3) têm como vantagens a possibilidade de
ligações clássicas aço-aço e também a possibilidade de execução dos pilares anteriormente à
execução das paredes de concreto sem prejuízo ao andamento da obra mesmo que se façam
necessários contraventamentos provisórios.
O modelo estrutural para os núcleos resistentes pode ser simplificadamente associado
a uma barra engastada na fundação e livre na extremidade superior resistindo a todas asões
horizontais aplicadas ao edifício.
Quando da escolha da posição dos núcleos resistentes deve-se atentar para a simetria
da edificação. É sempre interessante que o centro de massa dos núcleos coincida com o centro
de massa da edificação. Caso isto não seja possível, é necessária a verificação da estrutura a
um esforço de torção caracterizado pela força horizontal aplicada com excentricidade.
Figura 2.4 - Edifício San Paolo (1999) – São Paulo Fonte:
www.cbca-ibs.org.br
O edifício da figura 2.4 é composto por núcleo rígido de concreto e elementos de o.
Esta obra tem como particularidade utilização de estrutura metálica combinada com
34
elementos de fechamento de fachada em painéis pré-fabricados, fato inédito no Brasil até
então.
2.1.2.3 Sistemas Treliçados
Os sistemas apresentados anteriormente partem do pressuposto de concentrar os
esforços no centro da edificação. Porém os esforços de torção e tombamento provenientes da
ação do vento ocasionam reações maiores no perímetro da edifição.
Uma maneira de resistir aos esforços horizontais é enrijecer os pórticos afastados do
núcleo através de treliças (figura 2.5). Este sistema possui um resultado altamente satisfatório
porém, a localização das treliças deve ser avaliada considerando a ocupação e a circulação
interna dos pavimentos.
As treliças podem ser criadas nos núcleos onde existem obstáculos à circulação ou
ser dispostas nas fachadas alternando andares por exemplo. Ou ainda pode-se dispor de
treliças apenas em alguns andares conforme a necessidade, por exemplo no último andar e
aproximadamente na meia altura do edifício.
Figura 2.5 - Centro Cultural Itaú (1995) – São Paulo Fonte:
www.cbca-ibs.org.br
A concepção do prédio do Centro Cultural Itaú é um pórtico único formado por
treliças e elementos interligados semi-rigidamente entre si. No caso deste edifício os
elementos de aço foram deixados aparentes formando um conjunto visual agradável.
35
2.1.2.4 Sistemas Tubulares
Os sistemas tubulares consistem na disposição de pilares próximos uns aos outros no
perímetro do edifício ligados às vigas de fachada formando um pórtico de modo que as ações
horizontais sejam resistidas por estes elementos.
A grande vantagem deste sistema é a concentração de esforços no perímetro da
edificação e o aumento da resistência à torção e ao tombamento da estrutura. Para edifícios
que não necessitem de grandes aberturas na fachada e sim vãos livres internos, esta pode ser a
melhor solução.
A disposição dos pilares deve ser, na medida do possível, tal que o seu eixo de maior
inércia esteja na direção do pórtico.
Este sistema pode ser subdividido em módulos tubulares que resistam a parcelas das
ações horizontais ou podem ainda ser combinados com treliças.
Figura 2.6 - Sistema Tubular
Como pôde ser visto, a escolha do sistema estrutural de um edifício é complexa e
envolve muitos fatores, portanto, no início de um projeto, deve ser feito um estudo minucioso
da arquitetura, instalações, métodos construtivos e condições locais antes do cálculo e
dimensionamento da estrutura. Este é o primeiro passo para um projeto bem sucedido. Os
sistemas apresentados podem ser combinados entre si e adaptados para as inúmeras situações
reais de projeto.
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As vigas mistas são elementos compostos por perfis de aço (geralmente tipo “I”) e laje
de concreto ou tipo “steel-deck”
(2)
interligados por conectores. Estes três elementos passam,
então, a trabalhar em conjunto.
Os principais tipos de vigas mistas são os seguintes:
b) Laje com fôrma de aço
incorporada ("steel-deck")
b.1) Nervuras paralelas à viga b.2) Nervuras perpendiculares à viga
d) Perfil de aço totalmente envolvido
por concreto
c) Perfil "I" com mesas
diferentes
a) Laje maciça com face
inferior plana
e) Perfil de aço parcialmente
envolvido por concreto
Figura 2.7 - Principais tipos de vigas mistas
(2)
A terminologia “steel-deck” será utilizada neste trabalho para designar laje mista de
aço-concreto com fôrma de aço incorporada.
37
A viga mista é uma combinação de dois elementos presentes na maioria dos
edifícios de o: o perfil de o e a laje de concreto ou steel-deck”. O elemento adicional, o
conector, não representa custo elevado no contexto geral da estrutura.
A combinação dos dois elementos pode ser feita de inúmeras maneiras, sendo as
apresentadas na figura 2.7 as mais usuais. Porém, desde que seja garantida a transmissão
parcial ou total dos esforços cisalhantes longitudinais, seja por utilização de conectores, seja
por embutimento do perfil, a viga pode ser considerada mista.
Existem hoje no mercado inúmeros tipos de lajes e é constante o surgimento de outros,
porém de uma maneira geral é possível garantir a interação entre os dois elementos. Os
principais tipos de laje utilizados para compor vigas mistas são:
Lajes de concreto maciças onde os conectores são soldados à mesa superior do
perfil e incorporados à laje (figura 2.7.a);
Lajes mistas (“steel-deck”) moldadas ‘in-loco’ com fôrma
de aço incorporada
(figura 2.7.b) onde o conector é soldado através da fôrma de aço à mesa do perfil;
Laje pré-fabricada: laje contendo elementos pré-fabricados e moldados ‘in-
loco’. Neste caso, as vigotas são espaçadas da largura das lajotas cerâmicas de enchimento,
apóiam-se na mesa superior das vigas metálicas e os conectores são soldados a esta mesa nos
intervalos entre as vigotas (figura 2.8).
No Brasil, a utilização de vigotas pré-fabricadas para lajes é bastante comum; portanto
é importante salientar ser possível utilizarmos conjuntamente uma viga metálica com um piso
em lajes tipo vigotas, de forma a compor uma viga mista.
A figura 2.8 mostra, de maneira esquemática, um pavimento composto de laje pré-
moldada e vigas mistas. A largura efetiva da mesa de concreto é definida pela faixa maciça de
concreto ao longo do perfil de aço.
38
Vigota pré-fabricada
Largura efetiva
Perfil de aço
Região maciça de concreto
Conectores de cisalhamento
Lajota cerâmica
Figura 2.8 - Esquema de um pavimento misto formado por laje de vigota pré-moldada
A figura 2.9 apresenta um edifício projetado por esta autora com subsolo para
estacionamento e limitação de altura deste nível. Foram utilizadas lajes com vigotas
treliçadas, conectores tipo perfil U e perfil I laminado.
Figura 2.9 - Perfis de aço e conectores para compor viga mista com laje pré-fabricada
39
É importante observar que, neste caso, a concepção de viga mista foi adaptada para a
situação da obra. Além da utilização deste tipo de laje, o tipo de conector utilizado foi o de
mais fácil obtenção na cidade de Botucatu, no interior do estado de São Paulo. Mesmo dentro
do contexto de uma obra de pequeno porte, a utilização da viga mista foi vantajosa e viável.
Os fatores que contribuíram para a escolha deste tipo de viga foram: limitação de pé-direito
devido à declividade do terreno e necessidade de vãos de 8m no pavimento inferior para
abrigar vagas de estacionamento.
A interação entre o aço e o concreto pode ser analisada através da figura 2.10. Em
vigas de o isoladas (figura 2.10.a) o escorregamento na interface aço-concreto é permitido e
formam-se duas linhas neutras. A resistência da laje no plano de flexão da viga não é
considerada.
No caso de interação parcial, ocorre a formação de duas linhas neutras, porém com
escorregamento relativo inferior ao da viga isolada (figura 2.10.b). E, por fim, no caso de
interação total considera-se que o deslocamento relativo na interface possa ser desprezado e
assim ocorre a formação de apenas uma linha neutra (figura 2.10.c).
b) Interação parciala) Perfil isolado
LN do perfil
LN da seção
mista
LN da laje
LN da laje
Escorregamento Escorregamento
c) Interação total
LN do perfil
Figura 2.10 - Distribuição de tensões: perfil isolado, interação total e interação parcial
Existem 2 classificações distintas de interação nas vigas mistas relativas à:
40
Resistência;
Rigidez.
A primeira é aquela em que a resistência da viga é determinada pela resistência ao
momento fletor e não pelo cisalhamento da conexão, ou seja, em caso de colapso, haverá
rompimento do aço ou do concreto, não dos conectores.
Em relação à rigidez, uma conexão é dita flexível quando utiliza conectores flexíveis,
por exemplo, tipo pino com cabeça, sendo permitido, desta maneira, a deformação do
conector.
O uso de vigas mistas acrescenta resistência e rigidez à seção em relação ao mesmo
perfil isolado. Como resultado, temos economia de material e diminuição da altura da
estrutura.
Para dimensionamento das vigas mistas, é feita uma analogia com uma viga “T” em
concreto armado. Porém, é necessário considerar as diferenças entre os dois materiais (aço e
concreto) em relação à resistência e deformabilidade.
Além disso, não existe uma interação ou aderência natural entre os dois materiais;
portanto, para que o escorregamento na interface seja impedido ou minimizado é necessária a
utilização de conectores de cisalhamento. Este dispositivo resiste aos esforços cisalhantes
longitudinais à viga, permitindo que os dois materiais trabalhem em conjunto.
2.2.1 VIGAS MISTAS BI-APOIADAS
Em vigas mistas biapoiadas, os materiais aço e concreto são solicitados da maneira
mais adequada. Como o carregamento usual em edifícios é gravitacional, os momentos
fletores gerados aplicam compressão na fibra superior e tração na fibra inferior.
Quando a linha neutra (L.N.) se situa na mesa de concreto, apenas a sua parcela
comprimida é considerada e o perfil de aço encontra-se totalmente tracionado. Quando a linha
41
neutra está na mesa superior do perfil, esta, apesar de parcialmente comprimida, está travada
lateralmente pelo concreto e por este motivo os efeitos da flambagem local são minimizados.
O restante do perfil encontra-se tracionado.
Quando a L.N. se localiza na alma do perfil, este deve ser verificado à flambagem
local ou lateral por distorção como em vigas de aço isoladas.
Sendo os dois primeiros casos de posicionamento da L.N. os mais comuns, as vigas
mistas biapoiadas aproveitam as características mais adequadas de cada material. Esta
configuração de apoio, apesar de não ser possível rotular totalmente uma viga a um pilar, ou
seja, sempre iocorrer momento de engastamento nesta ligação, é bastante comum de ser
assumida. Isto se deve ao fato que requer maior resistência que a consideração de ligação
semi-flexível e pela simplicidade de dimensionamento e execução da ligação. Apesar destas
vantagens, como não transmite momentos fletores, não resiste a ações horizontais.
2.2.2 VIGAS MISTAS CONTÍNUAS
Nas regiões de momento negativo que ocorre nas vigas mistas contínuas aparece uma
situação oposta àquela assumida para as vigas biapoiadas:
Mesa de concreto tracionada;
Perfil de aço comprimido.
A resistência do concreto à tração é desprezada e considera-se apenas a armadura
devidamente ancorada. o perfil de o, como está comprimido, irá sofrer os efeitos da
instabilidade. Além disso, a laje de concreto irá fissurar, podendo até apresentar um estado
limite de utilização.
A figura 2.11 apresenta simplificadamente a diferença de comportamento entre regiões
de momento positivo e negativo.
42
Modelo
Deformação
Seção A-A
Momento
Positivo
A
B
Armadura
Tracionada
Concreto
Fissurado
B
A
Momento
Negativo
Vista Longitudinal
Modelo
Tensão
Modelo
Deformação
Modelo
Tensão
Seção B-B
Momento
Positivo
A
A
Figura 2.11 - Comparação do comportamento de vigas mistas contínuas em regiões de
momentos positivo e negativo
Este tipo de viga tem algumas vantagens em relação às vigas bi-apoiadas:
Sob mesmo carregamento e mesma distância entre os apoios, são obtidos
momentos fletores positivos menores;
Como ocorre a transferência de momento fletor para os pilares, a viga forma
um pórtico juntamente com o pilar, resistindo a carregamentos horizontais.
Muitas vezes, vigas simplesmente apoiadas são tidas como contínuas nos
apoios intermediários sem a necessidade de ligações especiais entre os dois elementos;
Outra situação comum em vigas mistas contínuas é a presença de esforços cortantes e
momentos fletores atuando simultaneamente nos apoios intermediários podendo levar à
necessidade de verificação de interação entre os dois esforços.
A utilização de vigas mistas bi-apoiadas ou contínuas irá depender da geometria do
edifício, método de execução, sistema estrutural adotado, disponibilidade de materiais e
serviços.
43
2.2.3 EFEITOS DO ESCORAMENTO
Outro aspecto importante no dimensionamento de estruturas mistas é a verificação da
condição durante a construção, pois o concreto necessita de um período, para atingir a sua
resistência de projeto, e as solicitações impostas durante esta fase podem ser diferentes da
situação definitiva.
Muitas vezes, a dimensão necessária do perfil de uma viga mista pode ser determinada
pela sua capacidade de resistir isoladamente às solicitações durante a construção, inclusive o
peso do concreto anteriormente à sua cura.
No caso de construção escorada (figura 2.12), os elementos somente serão solicitados
em conjunto; desta forma os pesos próprios e demais ações permanentes e acidentais serão
resistidas pela seção mista. As deflexões também serão as da seção mista; portanto, menores
que da seção isolada. Não necessidade de verificação na situação de construção, uma vez
que, nesta fase, a seção não estará sendo solicitada.
Estágio de Construção
+
Seção
Resistente
Vista Longitudinal Distribuição de Tensões
Modelo Elástico
Escoramento Removido
(Somente peso próprio aplicado)
Carregamento Acidental Aplicado
+
=
Figura 2.12 - Vigas mistas escoradas
Os perfis de aço de vigas mistas não escoradas (figura 2.13) devem ser dimensionados
para resistir a todos os esforços aplicados antes que o concreto esteja curado. Durante esta
44
fase tanto o concreto, quanto os conectores não estão sendo solicitados. Após a cura do
concreto, o carregamento acidental será resistido pela seção mista, no entanto, ocorre uma
sobreposição das tensões aplicadas antes e depois da cura do concreto.
O peso próprio do concreto é normalmente substancial e, por isto, a situação de
construção pode ser condicionante, em construções não-escoradas, resultando em seções
maiores que a mesma viga escorada.
Seção
Resistente
Vista Longitudinal Distribuição de Tensões
Modelo Elástico
Estágio de Construção
(Somente peso próprio aplicado)
Carregamento Acidental Aplicado
+
=
Figura 2.13 - Vigas mistas não escoradas
O período de escoramento pode variar de acordo com o tipo de cimento utilizado,
relação carregamento durante a construção/carregamento total e condições ambientais. Para
que o concreto atinja a sua resistência de projeto são necessários 28 dias; porém, o projetista
pode especificar a idade do concreto e a sua resistência para que o escoramento possa ser
retirado. Isto porque, durante esta fase, as cargas acidentais de projeto não terão sido aplicadas
e a resistência do concreto pode ser inferior à final.
2.2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nestas informações básicas, dois estados limites das vigas mistas devem ser
considerados:
Resistência da seção mista à flexão;
45
Resistência da conexão ao cisalhamento longitudinal.
Além destas, existem outras situações que devem ser consideradas no
dimensionamento das vigas mistas:
Flambagem local em seções esbeltas;
Deformações excessivas;
Fissuração do concreto;
Força cortante;
Flambagem local e lateral por distorção em regiões de momentos negativos;
Interação momento fletor-força cortante.
Os itens apresentados anteriormente são os principais aspectos a serem considerados
durante o dimensionamento das vigas mistas. O objetivo é fazer com que o leitor tenha
conhecimentos básicos para poder efetuar escolhas acertadas para cada projeto. O capítulo 3
apresenta aspectos específicos para o dimensionamento das vigas mistas.
2
2
.
.
3
3
C
C
O
O
N
N
E
E
C
C
T
T
O
O
R
R
E
E
S
S
D
D
E
E
C
C
I
I
S
S
A
A
L
L
H
H
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
Os conectores de cisalhamento são fundamentais para proporcionar o comportamento
misto aço-concreto. As duas funções principais destes elementos são:
Transmitir os esforços cisalhantes longitudinais entre a mesa de concreto e o
perfil de aço;
Não permitir que ocorra deslocamento vertical na interface entre os dois
materiais.
A primeira é efetivamente necessária e a segunda é normalmente negligenciada pois é
pouco provável que a diferença de deslocamento entre a laje e o perfil possa causar o
descolamento entre eles.
46
Existem dois grupos principais de conectores: os rígidos e os flexíveis. No primeiro
tipo, a ruptura se dá de maneira frágil, isto é, não apresenta patamar de escoamento. O
segundo tipo apresenta este patamar e consequentemente apresenta ruptura dúctil (figura
2.14).
Conectores
Rígidos
Patamar de
Escoamento
Escorregamento
Conectores
Flexíveis
Força
Figura 2.14 - Comportamento dos conectores rígidos e flexíveis
Os principais tipos de conectores utilizados estão apresentados na figura 2.15, porém,
podem ser criados dispositivos diferentes desde que sua resistência e seu comportamento
possam ser comprovados.
47
c) Tipo pino com gancho
CONECTORES FLEXÍVEIS
a) Tipo pino com cabeça c) Perfil U laminado
CONECTORES RÍGIDOS
d) Perfil "T" com gancho
(preponderantemente em pontes)
f) Tipo HVB da "Hilti" (nome
do fabricante)
e) Tipo barra chata com gancho
(preponderantemente em pontes)
Figura 2.15 - Tipos de conectores
A distribuição das tensões cisalhantes em uma viga biapoiada é próxima ao modelo de
força cortante para este tipo de viga. Isto é, esforço ximo nos apoios variando lineramente
e esforço nulo no meio do vão.
Com a capacidade de deformação dos conectores flexíveis antes da ruptura é possível
considerar uma redistribuição (figura 2.16) das tensões do conector mais solicitado (próximo
ao apoio) ao menos solicitado (no meio do vão).
C
L
Figura 2.16 - Comportamento dos conectores ao longo da viga mista
48
Como pode ser observado na figura 2.16, os conectores próximos ao apoio são mais
solicitados que aqueles do meio do vão, porém, no caso de conectores dúcteis, quando a
resistência máxima é atingida, ocorre a deformação e a transferência do esforço para o
conector vizinho,e assim por diante dos apoios para o meio do vão, admitindo-se plastificação
total dos conectores. Desta maneira, pode-se projetar o conector e seu espaçamento constantes
ao longo de todo o vão.
Em vigas mistas a interação parcial ocorre quando o estado limite último é a ruptura
da conexão e a interação total quando este estado é atingido pela resistência da seção mista à
flexão.
No caso de vigas não escoradas pode-se colocar conectores para resistir aos esforços
aplicados apenas após a cura do concreto caracterizando uma interação parcial o que não
acarretará prejuízo quanto à resistência da seção mista.
A resistência dos conectores é normalmente analisada por meio de ensaios tipo push
out” cujo esquema está apresentado na figura 2.17.
B
Corte B-B
B
P
Figura 2.17 - Ensaio “push-out” com conectores tipo pino com cabeça
49
2
2
.
.
4
4
L
L
A
A
J
J
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
(
(
S
S
T
T
E
E
E
E
L
L
-
-
D
D
E
E
C
C
K
K
)
)
As lajes tipo “steel-deck” são elementos formados por fôrma de aço e camada de
concreto moldada ‘in-loco’ agindo conjuntamente. As principais vantagens deste tipo de laje
são:
Diminuição ou até mesmo eliminação do escoramento;
Utilização da fôrma de aço como plataforma de serviço e proteção aos
operários que trabalham nos andares inferiores durante a construção;
Fôrma de aço funciona como armadura positiva da laje;
Alta qualidade de acabamento da face interna da laje;
Dispensa de escoramento e redução dos gastos com desperdício de material;
Facilidade de instalação e maior rapidez construtiva;
Apresenta facilidade para a passagem de dutos das diversas instalações,
favorecendo também a fixação de forros.
O comportamento misto pode ser obtido de diversas maneiras, desde que seja
permitida a transferência de esforços cisalhantes longitudinais na interface entre o aço e o
concreto. Para limitar futuras situações o EUROCODE 4 (2004) Design of Composite Steel
and Concrete Structures. Parte 1-1: General rules for buildingspermite que o cisalhamento
longitudinal seja resistido por:
Meios mecânicos através de reentrâncias e mossas no perfil da chapa metálica;
Atrito entre a superfície de concreto e de aço;
Ancoragem nos extremos proporcionada por conectores soldados.
Os tipos de lajes mistas variam por forma, profundidade e espaçamento das nervuras e
espessura da chapa. A escolha do tipo de laje mista a ser utilizada deve levar em consideração
basicamente duas situações:
50
Vãos em que não haja necessidade de escoramento: neste caso a situação de
construção é mais crítica, que a fôrma de aço deverá suportar o peso próprio do concreto
não curado. Assim, são recomendadas fôrmas trapezoidais (figura 2.18.a) com resistência ao
cisalhamento vertical limitada e alta ductilidade;
No caso de vãos com necessidade de escoramento, a situação final de
carregamento tensiona mais a seção mista. Portanto, fôrmas que tenham maior resistência ao
cisalhamento longitudinal devem ser utilizadas, por exemplo, “steel-deck” com reentrâncias
(figura 2.18.b).
Figura 2.18 - Pricipais tipos de lajes mistas
De acordo com Johnson (1994), por várias décadas as lajes tipo “steel-deck” são o
sistema mais utilizado na América do Norte. Devido a isto, muitos avanços tecnológicos
foram obtidos, sendo hoje muito utilizadas na Europa e em outros lugares do mundo. No
Brasil, especialmente em edifícios comerciais, industriais e administrativos, esta é uma
solução com alguma representatividade.
A resistência do concreto estrutural e da armadura são os mesmos descritos para as
vigas mistas. A chapa de o tem espessura comercial variando entre 0,75 e 1,50mm
aproximadamente, e como ficará exposta ao meio ambiente, é necessário que seja galvanizada
para protegê-la contra a corrosão. Inicialmente, as fôrmas utilizadas possuíam 3m de vão e
51
50mm de profundidade e, desta maneira, não necessitavam de escoramento. Hoje, com a
utilização do escoramento, o produzidas fôrmas de maior profundidade e apropriadas para
vãos de até aproximadamente 5m.
O deslocamento vertical é uma função da rigidez da laje e, muitas vezes, é o estado
limite de utilização que governa o dimensionamento da mesma, portanto, a utilização de aço
com alta resistência pode o ser vantajosa. O aço normalmente utilizado nas fôrmas de aço
incorporadas é o ASTM A653 grau 40, com tensão de escoamento 280MPa.
Usualmente, os fabricantes deste tipo de laje fornecem, em forma de catálogos ou
especificações técnicas, sobrecarga, vão e outras características da fôrma de aço.
O concreto da laje pode ter armadura inferior adicional à fôrma de aço e deve ter
armadura superior para controle de fissuração ou para resistir a momentos negativos
conferidos pela continuidade da laje em apoios intermediários.
O dimensionamento das lajes mistas deve considerar duas situações distintas:
Durante a construção: peso próprio da chapa e do concreto não endurecido,
além de sobrecargas de construção, inclusive carregamentos devido a armazenamento de
materiais, quando aplicáveis.
Durante a vida útil da estrutura como laje mista, considerando o estado limite
último e os estados limites de utilização.
Na situação de construção, todo escoramento deve ser considerado. Esta situação não
será apresentada neste trabalho, porém consiste no dimensionamento similar ao de telhas
metálicas, podendo ser encontrado em bibliografia referente a estruturas de aço.
O comportamento das lajes mistas está entre o da laje maciça de concreto armado e da
viga mista. De certa maneira, o “steel-deck” comporta-se como armadura incorporada ao
concreto, porém com a desvantagem de não estar totalmente envolvido pelo concreto. Mas
52
também possui rigidez à flexão como uma viga mista, podendo se deformar sob
carregamento.
2
2
.
.
5
5
P
P
I
I
L
L
A
A
R
R
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
O
O
S
S
A questão do incêndio sempre foi problemática para as estruturas deo. Inicialmente,
um concreto de baixa resistência era aplicado sobre o perfil de aço e a sua contribuição era
desprezada. Ao longo dos anos, percebeu-se que, utilizando concreto de maior resistência
seria possível acrescentar resistência e estabilidade ao pilar.
Hoje existem muitas variações de seções de pilares mistos, porém as usuais são as
descritas na figura 2.19.
b) Perfil "I" parcialmente envolvido por concreto
b.1) Com conectores soldados à
alma do perfil
c) Tubo circular preenchido por concreto
a) Perfil "I" totalmente
envolvido por concreto
b.2) Com armadura transversal
soldada à alma do perfil
d) Tubo retangular preenchido por concreto
Figura 2.19 - Tipos de Pilares Mistos
Os quatro tipos acima apresentam vantagens e desvantagens, sendo que as principais
estão descritas na tabela 2.1.
53
Tabela 2.1 - Vantagens e desvantagens das seções de pilares mistos
Tipos
Proteção
ao fogo
Superfície
metálica
Armadura
adicional
Necessidade
de fôrma
Efeito de
confinamento
a)
Sim o Sim Sim Não
b)
Sim, porém
parcial
Sim Sim Sim/Não Não
c)
Não Sim Sim/Não Não Sim
d)
Não Sim Sim/Não Não Não
A principal vantagem dos pilares mistos é o ganho de resistência e rigidez
proporcionado por um material de custo atualmente menor que o aço, o concreto. Como regra
geral, o concreto contribui para a resistência da seção à compressão e também diminui os
efeitos da esbeltez local.
Os pilares mistos preenchidos por concreto têm como vantagem a utilização do
próprio perfil de aço como fôrma. Pilares mistos parcialmente envolvidos podem receber o
concreto antes da montagem enquanto o perfil está na posição horizontal. Concreta-se de um
lado e, após um ou dois dias, o perfil é rotacionado e concretado o lado oposto, não
necessitando utilização de fôrmas.
Os pilares tubulares m como vantagem sobre todos os outros tipos de seção o efeito
do confinamento que acarreta aumento da resistência do concreto.
A presença de superfície metálica é uma vantagem de execução, pois as ligações com
as vigas ou outros elementos metálicos podem ser as mesmas utilizadas em estruturas de aço.
Outra vantagem dos pilares mistos é a arquitetônica. É possível, com uma mesma
seção externa de um pilar misto, resultar em resistências diferentes. Isto se aplica aos edifícios
de múltiplos andares, onde a carga vertical varia ao longo dos andares e pode facilitar a
disposição arquitetônica dos pilares sem aumentar o custo da estrutura.
54
No dimensionamento de pilares mistos é admitido que exista interação total entre os
materiais o-concreto, desde que as tensões cisalhantes longitudinais não ultrapassem certos
valores. Claramente, as diferenças e o linearidades dos dois materiais devem ser
observadas; porém uma análise minuciosa seria possível com a utilização de métodos
computacionais. A consideração de seção mista com interação completa é bastante aceitável
para os métodos atuais de cálculos.
2
2
.
.
6
6
L
L
I
I
G
G
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
As ligações influenciam o custo final da estrutura, bem como o processo de fabricação
e montagem. Além disso, tem papel importante na rigidez da estrutura e dos elementos que a
compõem.
Uma ligação é dita mista quando o concreto participa da transmissão de momento
fletor de uma viga mista para um pilar misto ou para outra viga. O estudo das ligações mistas
é objeto de muitas pesquisas e o objetivo neste trabalho é apenas atentar para a importância
que possuem no contexto geral da estrutura.
Existem duas classificações para as ligações mistas. São elas:
Quanto à rigidez, ou seja, à capacidade de rotação da ligação, flexível
(rotulada), semi-rígida e rígida;
Quanto à resistência, ou seja, em relação à resistência dos elementos que a
compõem, de rotulada à parcial e total.
Tanto as ligações perfeitamente rotuladas como as totalmente engastadas o difíceis
de obter na prática, demandando elevada dificuldade de execução e consequentemente, custo.
No entanto, a dificuldade maior está na determinação da parcela de momento absorvido e da
capacidade de rotação da ligação.
55
O concreto e sua armadura acrescentam rigidez à ligação e também maior
complexidade de avaliação. Quando submetida a momentos positivos, o que pode ocorrer em
pórticos resistentes a ações laterais, o concreto está comprimido e, portanto geralmente o
necessita maiores cuidados. quando submetida a momentos negativos, o concreto
tracionado é desprezado e apenas a armadura é considerada na resistência da ligação.
A figura 2.20 apresenta o comportamento em relação à rigidez de uma ligação mista.
A determinação dos coeficientes de mola para cada elemento é feito através da obtenção das
rigidezes translacionais e rotacionais dos elementos.
L.N
i
s
s
M
s
i
s
F
sl
F
sl
F
sl
= Força na armadura
longitudinal
F
i
= Força na ligação
da mesa inferior
C
Figura 2.20 - Modelo para a rigidez do conjunto da ligação mista (NBR 8800 – rev. 2006)
A figura 2.20 apresenta os deslocamentos e os esforços em cada elemento da ligação
submetida a momento negativo: armadura, perfil de aço e elementos de ligação (cantoneiras,
chapas, parafusos, etc.). A rigidez da ligação depende dos elementos que a compõem bem
como da forma como são ligados.
56
2
2
.
.
7
7
E
E
D
D
I
I
F
F
Í
Í
C
C
I
I
O
O
E
E
X
X
E
E
M
M
P
P
L
L
O
O
Será dimensionado ao longo deste trabalho um edifício exemplo conforme esquema da
figura 2.21. Este edifício é baseado no exemplo apresentado por Sáles (1995) para que
possamos comparar os resultados obtidos por este autor num edifício de aço.
5 x 9m = 45m
5 x 4m = 20m
1 2 3 4 5 6
A
B
C
D
y
x
V2 V2 V2 V2 V2
V2 V2 V2 V2 V2
V1 V1 V1 V1 V1
V1 V1 V1V1V1
V3V3V3V3V3
V3V3V3V3V3
V4
V5
z
654321
x
D
z
C B A
y
20 x 3,5m= 70m
PAVIMENTO TIPO
ELEVAÇÕES
1m
V5
V5
V5
V4
Figura 2.21 - Edifício Exemplo
O edifício é composto por 20 andares com 900m
2
de área por pavimento. O
espaçamento entre pisos, vigas e pilares podem ser visualizados na figura 2.21. Entre os eixos
B e C supõe-se que exista um núcleo com escadas, elevadores e serviços por isso o
espaçamento menor entre pilares.
57
O sistema resistente a carregamentos laterais será caracterizado por pórtico na direção
de maior inércia dos pilares (eixo y da figura 2.21) e contraventamento na outra direção.
Todas as vigas paralelas ao eixo y serão consideradas engastadas nos pilares e as vigas
paralelas ao eixo x, articuladas. As lajes mistas serão consideradas como travamentos inter-
pavimentos.
Os pilares serão compostos por perfis “I” parcialmente revestidos e serão considerados
engastados na fundação. As lajes serão tipo “steel-deck” e apoiadas na direção y.
As ações consideradas foram retiradas de Sáles (1995) e estão descritas na tabela 2.2.
Tabela 2.2 - Ações permanentes atuantes no edifício - exemplo
Ações Permanentes
Nos pisos Na cobertura
Laje mista: 2,5 KN/m² 2,4 KN/m²
Argamassa de nivelamento:
Não será
considerada
____
Forro, revestimento e serviços
(incluindo divisórias internas):
1,50 KN/m² 0,50 KN/m²
Paredes externas (vidro duplo,
persianas os cortintas):
3,0 KN/m²
A sobrecarga de utilização considerada nos pisos e na cobertura será 2,0 KN/m².
Para o dimensionamento será feita a redução de sobrecarga conforme a NBR-6120
(1980) “Cargas para o cálculo de estruturas de edificações”:
Até três pavimentos: 0%;
Quarto pavimento: 20%;
Quinto pavimentos: 40%;
Sexto pavimento e supreiores: 60%
58
As ações do vento foram retiradas de Sáles (1995), partindo da premissa que as lajes
atuam como diafragmas gidos em seu plano igualando os deslocamentos de todos os
pórticos.
Para o dimensionamento de todos os elementos a estrutura será considerada escorada
e, portanto, os elementos serão verificados somente como mistos.
Tabela 2.3 - Características dos materiais que compõem os elementos do edifício-exemplo
Elemento Características
Resistência à compressão:
2
/3 cmKNf
ck
=
Resistência à tração:
2
/3,0 cmKNf
ctm
=
Concreto
Módulo de Elasticidade
Longitudinal:
2
/2610 cmKNE
c
=
Armadura
(aço CA-50)
Tensão de escoamento à tração
e compressão:
2
/50 cmKNf
sy
=
Resistência à tração e
compressão:
2
/5,34 cmKNf
y
=
2
/45 cmKNf
u
=
Perfil de aço
(ASTM A572 G50)
Módulo de Elasticidade
Longitudinal:
2
/000.21 cmKNE =
Resistência à tração e
compressão:
2
/5,34 cmKNf
ycs
=
2
/5,41 cmKNf
ucs
=
Viga Mista
Conectores (ASTM
A108 Gr1010 a
1020)
Módulo de Elasticidade
Longitudinal:
2
/000.21 cmKNE =
Concreto O mesmo que para as vigas
Resistência à tração e
compressão:
2
/28 cmKNf
yF
=
Laje tipo
“steel-deck”
Fôrma de aço
(ASTM A653 G 40)
Módulo de Elasticidade
Longitudinal:
2
/000.21 cmKNE =
59
Elemento Características
Resistência à compressão:
2
/4 cmKNf
ck
=
Resistência à tração:
2
/4,0 cmKNf
ctm
=
Concreto
Módulo de Elasticidade
Longitudinal:
2
/3000 cmKNE
c
=
Resistência à tração e
compressão:
2
/25 cmKNf
y
=
2
/40 cmKNf
u
=
Perfil de aço
(ASTM A-36)
Módulo de Elasticidade
Longitudinal:
2
/000.21 cmKNE =
Pilar Misto
Conectores O mesmo que para as vigas
Nota: O módulo de elasticidade do aço foi tomado como 21.000 KN/cm² para compatibilizar com
o edifício exemplo dado em Sales (1995).
60
61
3
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
3
3
:
:
V
V
I
I
G
G
A
A
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
D
D
I
I
M
M
E
E
N
N
S
S
I
I
O
O
N
N
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
3
3
3
3
.
.
1
1
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
I
I
N
N
I
I
C
C
I
I
A
A
I
I
S
S
O objetivo deste capítulo é capacitar o leitor ao dimensionamento das vigas mistas,
apresentar uma seqüência lógica deste processo, abrangendo os principais itens.
Para tanto, serão apresentadas as recomendações das Normas estudadas, bibliografia
publicada e aplicações práticas das vigas mistas.
A tabela 3.1 apresenta um panorama geral dos trabalhos envolvendo vigas mistas ao
longo nos anos no Brasil e no mundo.
Tabela 3.1 - Panorama dos trabalhos realizados sobre vigas mistas aço-concreto
Pesquisador(es) ou ano Observações sobre os trabalhos realizados
MALITE (1990)
Apresentou conceitos para dimensionamento de vigas
mistas em sua dissertação de mestrado.
DEKKER, TRINCHEIRO (1995)
Apresentaram um estudo do comportamento das vigas
mistas contínuas em regiões de momento positivo e
negativo e a relação entre esbeltez dos elementos e
arranjo dos vãos. Foi apresentado um modelo teórico
para o estudo da restrição à distorção lateral que a laje
proporciona ao perfil de aço e os resultados obtidos
foram comparados com modelos experimentais.
OEHLERS et. al. (1997)
Foi apresentado um estudo em que, mesmo quando a
conexão é total, a interação entre o aço e o concreto
pode ser parcial, pois existirá uma região elástica de
tensões onde o elemento não atingirá a sua tensão
máxima, porém, na maioria dos casos, o
dimensionamento atual está dentro das condições de
segurança.
62
MALITE et. al. (1998)
Propuseram uma nova expressão para o cálculo da
capacidade de conectores tipo perfil “U” e cantoneira
formados a frio.
ALVA (2000)
Apresentou um estudo prático em relação ao
dimensionamento dos elementos mistos que compõem
um edifício.
CHUNG (2001)
Apresenta de maneira simplificada um estudo sobre
vigas mistas com aberturas na alma. Além do
dimensionamento destes elementos, auxilia na
definição do posicionamento e dimensão destas
aberturas.
FABBROCINO et. al. (2001)
Foi analisada a influência da ductilidade da armadura
do concreto na capacidade de rotação em vigas mistas
na região de momento negativo.
TRISTÃO (2002)
Analisou numericamente o comportamento de
conectores tipo pino com cabeça e tipo perfil “U”
formados a frio em comparação com resultados
experimentais de ensaios tipo “push-out”.
AMADIO (2002)
Propôs uma nova avaliação da largura efetiva da mesa
de concreto para vigas mistas biapoiadas.
KIRCHHOF (2004)
Apresentou um estudo numérico e uma análise
bibliográfica do comportamento das vigas mistas em
temperatura ambiente e em situação de incêndio.
AMADIO (2004)
Estudou os efeitos da largura efetiva em vigas mistas
contínuas em regiões de momento negativo.
FRUCHTENGARTEN (2005)
Utilizou o programa computacional PEFSYS
(1)
, fez
análises paramétricas relativas à flambagem local de
vigas, comparando os valores encontrados com as
expressões propostas pelas Normas atuais. A
comparação mostrou que as Normas estão sempre a
favor da segurança, em alguns casos excessivamente.
CATAI (2005)
Analisou os efeitos da retração e da fluência do
concreto em vigas mistas.
63
TRISTÃO (2006)
Apresentou uma análise teórica e experimental do
comportamento de ligações mistas vigas-pilares e
desenvolveu um estudo numérico válido para análises
paramétricas.
KOTINDA (2006)
Analisou numericamente uma série de vigas
mistas aço-concreto simplesmente apoiadas para o
estudo da interface laje-viga.
(1)
PEFSYS: Programa desenvolvido no Laboratório de Mecânica Computacional da
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
3
3
.
.
2
2
C
C
L
L
A
A
S
S
S
S
I
I
F
F
I
I
C
C
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
D
D
A
A
S
S
S
S
E
E
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
De maneira prática podemos dividir a análise das vigas mistas em dois tipos:
Análise plástica;
Análise elástica.
A análise plástica leva em consideração a resistência dos elementos, assumindo que
atinjam sua capacidade total. Para que isto ocorra, é necessário que possuam determinada
rigidez para que os esforços internos sejam redistribuídos ao longo da seção. Claramente, esta
é uma suposição do que ocorre internamente numa peça, pois existem os chamados fatores de
segurança para impedir que os esforços máximos ocorram.
a análise elástica é baseada na rigidez dos elementos imaginando-se que os esforços
internos variam linearmente ao longo do elemento. No caso das vigas mistas, a seção é
homogeneizada para uma seção teórica de aço e assim são determinados os esforços
solicitantes na seção estudada.
A análise elástica é sempre utilizada na determinação dos estados limites de utilização.
Esta análise pode ser utilizada sempre, pois é mais conservadora que a plástica, logicamente
respeitando-se os limites de flambagem local dos elementos que compõem o perfil de aço.
64
Para que seja possível a análise plástica, é preciso que alguns limites de esbeltez sejam
respeitados. Assim como em peças comprimidas de aço, as vigas mistas o divididas em
classes de forma que seja determinado o tipo de análise a ser empregada.
As seções transversais são divididas em quatro, como segue:
Classe 1: seções transversais capazes de formar rótula plástica sem diminuição
da resistência;
Classe 2: seções transversais capazes de atingir resistência plástica a momento,
porém com capacidade de rotação limitada por flambagem local;
Classe 3: seções capazes de atingir a tensão de escoamento na fibra mais
comprimida, porém a flambagem local impede que se desenvolva a resistência plástica ao
momento;
Classe 4: flambagem local ocorre antes de atingida a tensão de escoamento em
pelo menos um dos elementos do perfil de aço.
A seção mista deve ser classificada conforme o elemento de o comprimido com
maior classe segundo as acima descritas.
Uma seção mista pode ser dimensionada através da análise plástica desde que esteja
nas classes 1 ou 2. Seções nas demais classes devem ser verificadas através da análise elástica
e verificados os estados limites de flambagem local dos elementos que a compõem. A tabela
3.2 pretende reunir os limites para análise plástica segundo as normas estudadas para perfis
tipo “I” que são os mais utilizados em vigas mistas.
A Tabela 3.2 apresenta os valores limites máximos para que se possa calcular
determinada viga mista através de uma análise plástica em relação à alma e à mesa
comprimida.
65
Tabela 3.2 - Limites para dimensionamento plástico – Perfis I
Alma
Mesa comprimida
ligada ao concreto
Mesa comprimida
isolada
NBR 8800
(rev. 2006)
y
w
c
f
E
t
y
76,3
2
Devidamente ligada à
laje maciça de
concreto
yf
f
f
E
t
b
38,0
2
EUROCODE 4
(2004)
Para :
5,0>
h
y
c
:
113
456
h
y
t
h
c
w
ε
5,0
h
y
c
:
h
y
t
h
c
w
ε
5,41
Devidamente ligada à
laje de concreto
ε
10
f
t
c
Perfis soldados
´15
ε
f
f
t
b
BSI 5950
(1)
(1990)
r
t
h
w
+
1
'76
ε
Devidamente ligada à
laje mista, desde que
atendendo a certas
condições.
Perfis laminados
´17
ε
f
f
t
b
AISC-LFRD
(1994)
(2)
y
w
f
E
t
h
76,3
Devidamente ligada à
laje de concreto
yf
f
f
E
t
b
38,0
2
(1)
BSI 5950 (1990) “Structural use of steelwork in building. Parte 3: Section 3.1:
Code of practice for design of simple and continuous composite beams”
(2)
AISC-LFRD – “Load and resistance resistence design”
Sendo:
y
f
235
=
ε
com
y
f
em MPa;
c
y a altura comprimida da alma;
'
ε
uma constante da Norma Britânica equivalente a:
y
f
275
;
c
a parte reta da mesa comprimida conforme figura 3.1;
66
a) Perfil soldado
c c
b) Perfil laminado
Figura 3.1 - Valor de c conforme EUROCODE 3
Design of Steel Structures. Part 1-1:
General rules and rules for buildings” (2003)
h
yy
r
tc
=
, sendo
c
y
e
t
y
as alturas comprimida e tracionada da alma
respectivamente.
A condição da BSI 5950 (1990) para que a mesa superior do perfil de aço conectada a
uma laje mista possa ser dimensionada por análise plástica é a seguinte:
Nervuras da laje formam com a viga um ângulo maior que 45°, ou a largura da
nervura localizada diretamente sobre a viga de aço é maior que a metade da largura da mesa
de aço;
Para a NBR 8800 (rev. 2006), mesa comprimida isolada considerada classe 2, passa a
ser considerada classe 1; mesa comprimida isolada considerada classe 3, passa a ser
considerada classe 2, desde que devidamente ligada à laje de concreto.
Para demais tipos de perfis deverão ser consultadas as normas de estruturas de aço
sendo feitas as devidas adaptações para seções mistas.
A tabela 3.3 apresenta uma breve comparação entre os valores limites de esbeltez de
alma e mesa comprimida dos perfis de o laminados tipo I” segundo as normas. Para isto,
foi considerada uma seção com alma comprimida em 40% da sua altura e tracionada em 60%.
A mesa foi considerada totalmente comprimida. O aço do perfil é do tipo ASTM A572
(
)
2
/5,34 cmKNf
y
=
. Para o EUROCODE 4 (2004) foi considerado:
f
bc
4,0
=
.
67
Tabela 3.3 - Comparação dos limites para análise rígido-plástica da esbeltez dos elementos
Normas
NBR 8800
(rev. 2006)
EUROCODE 4
(2004)
BSI 5950
(1990)
AISC-LFRD
(1994)
Alma
w
t
h
116 85 85 93
Mesa
f
f
t
b
18,8 20,6 15,2 18,8
3
3
.
.
3
3
L
L
A
A
R
R
G
G
U
U
R
R
A
A
E
E
F
F
E
E
T
T
I
I
V
V
A
A
A distribuição das tensões na laje de concreto não é uniforme eo se deve considerar
que a largura total da laje contribua para a resistência da seção mista. Este efeito é conhecido
como “shear lag” e pode ser visualizado simplificadamente na figura 3.2. A largura efetiva
utilizada nos cálculos das vigas mistas é uma simplificação deste efeito. Quando a mesa de
concreto é muito grande, as tensões axiais o são uniformes na largura da viga. Para simular
este efeito, a largura da laje é reduzida, de modo que se possa assumir que as tensões sejam
uniformes nesta largura.
De forma simplificada, a largura efetiva poderia ser calculada como:
bb
máx
méd
ef
=
σ
σ
(1)
Sendo:
méd
σ
a tensão média atuante na largura total da mesa de concreto;
máx
σ
a tensão xima atuante na largura efetiva da mesa de concreto que produza
resultante igual a distribuição real das tensões;
b a largura de concreto para cada lado do eixo do perfil de aço.
68
bb
b
ef
máx
méd
Figura 3.2 - Largura Efetiva para cálculo de tensões
A determinação da distribuição real das tensões na mesa de concreto seria muito
laboriosa, sendo assim, o propostos valores práticos para o cálculo das larguras efetivas
(Tabela 3.4) em relação a parâmetros como:
Configuração do pavimento;
Geometria da seção transversal mista;
Condições de apoio da viga mista;
Vãos da viga mista;
Tipos de carregamento;
Armadura longitudinal da viga mista.
69
Tabela 3.4 - Valores de largura efetiva segundo as normas para cada lado da linha de centro
da viga mista
Referência
NBR
8800
(rev.
2006)
EURO
CODE
4
(2004)
BSI 5950
(1990)
AISC-
LFRD
(1994)
Vão da viga mista
(
)
L
____ ____ ____
8
L
Distância entre
pontos de momento
nulo da viga mista
(
)
0
L
(Ver figuras 3.3 a
3.5)
8
,0 a
L
8
,0 b
L
8
,0 b
L
____
Distância entre eixos
das vigas adjacentes
(
1
a
e
2
a
)
2
a
2
a
2
8,0
a
2
a
L
o,a
= 0,7L
2
L
o,a
=
0,25(L
1
+L
2
)
L
0,a
= 0,8L
1
L
2
L
1
L
0,a
= 0,8L
3
L
o,a
=
0,25(L
1
+L
2
)
L
3
Figura 3.3 - Comprimento
a
L
,0
segundo o NBR 8800 (rev. 2006)
L
o,b
= 0,7L
2
L
o,b
= 2L
3
L
o,b
=
0,25(L
1
+L
2
)
L
0,b
= 0,85L
1
L
3
L
2
L
1
Figura 3.4 - Comprimento
b
L
,0
segundo o EUROCODE 4 (2004)
<L
4
+0,5L
3
L
o,c
= 0,7L
2
L
o,c
=
0,25(L
1
+L
2
)
L
0,c
= 0,8L
1
L
2
L
1
L
4
L
o,c
= 2L
3
>0,7L
3
L
0,c
= 0,8L
3
-0,3L
4
L
o,c
=
0,25(L
1
+L
2
)
L
3
Figura 3.5 - Comprimento
c
L
,0
segundo o BSI 5950 (1990)
70
Segundo a NBR 8800 (rev. 2006) para as vigas mistas em balanço a largura efetiva
pode ser calculada conforme tabela 3.4 tomando-se o vão como o comprimento do balanço.
Em casos de vigas mistas com trecho em balanço a largura efetiva deve ser calculada da
mesma maneira tomando-se o vão da viga mista a distância real entre o extremo do balanço e
o ponto de momento nulo adjacente.
Portanto, os valores de
0
L devem ser tomados conforme explicitado acima nas
respectivas regiões da viga mista, de maneira diversa para os momentos positivos e negativos.
3
3
.
.
4
4
C
C
I
I
S
S
A
A
L
L
H
H
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
L
L
O
O
N
N
G
G
I
I
T
T
U
U
D
D
I
I
N
N
A
A
L
L
As tensões de cisalhamento longitudinais nas vigas são de suma importância uma vez
que, sem elas, o comportamento misto não acontece. Por esta razão, será descrito neste item a
resistência desta conexão.
A força de cisalhamento longitudinal que se forma na interface entre o perfil de aço e
o concreto deve ser resistida pelos conectores de cisalhamento.
Foi estabelecido, no capítulo 2, que a interação total se daria quando a força resistida
pelos conectores fosse maior que a força resistida pelo concreto ou pelo perfil de aço entre a
seção crítica e o apoio.
No caso de vigas bi-apoiadas, esta força é o menor valor entre F
c
e F
t
na seção crítica,
ou seja:
ch
FV
=
ou
t
F (2)
Onde:
c
F é a força resistente de compressão da mesa de concreto;
t
F é a força resistente de tração do perfil de aço.
71
No caso de vigas contínuas, esta força de cisalhamento deve ser calculada como
sch
FFV
+
=
conforme figura 3.6.
M
mín
V
h
F
a
F
c
F
s
F
at
F
ac
M
máx
Figura 3.6 - Distribuição da força de cisalhamento longitudinal em vigas contínuas
Portanto a força de cálculo atuante nos conectores, deverá ser:
hfhd
VV
=
γ
(3)
Sendo:
f
γ
de acordo com a condição de carregamento, obedecendo à NBR 8681 (2003)
Ações e segurança nas estruturas”.
No caso de interação parcial, a resistência dos conectores será o estado limite último
da viga mista e a tensão cisalhante longitudinal
(
)
hd
V será determinada pelo número de
conectores.
Serão apresentados a seguir as expressões para determinação da resistência dos
principais conectores de cisalhamento utilizados em edifícios.
3.4.1 CONECTORES TIPO PINO COM CABEÇA
A NBR 8800 (rev. 2006) apresenta as seguintes expressões para determinação da
resistência de conectores tipo pino com cabeça, devendo ser considerado o menor dos
seguintes valores:
cs
cckcs
Rd
EfA
Q
γ
=
2
1
(4)
72
cs
ucscspg
Rd
fARR
Q
γ
=
(5)
Onde:
cs
A é a área de seção transversal do conector
ucs
f é a resistência à ruptura do aço do conector
c
E é o módulo de elasticidade do concreto dado por
ckc
fE
4760=
(MPa) segundo a NBR 8800 (rev. 2006) (6)
cs
γ
é o coeficiente de ponderação da resistência do conector; 1,25 para combinações
últimas de ações normais, especiais ou de construção e 1,10 para combinações excepcionais.
g
R
:
1,00; (a) para um conector soldado em uma nervura de fôrma de aço
perpendicular ao perfil de aço; (b) para qualquer número de conectores em uma linha
soldados diretamente no perfil de o; (c) para qualquer número de conectores em uma linha
soldados através de uma fôrma de aço em uma nervura paralela ao perfil de aço e com relação
F
F
h
b
igual ou superior a 1,5;
0,85; (a) para dois conectores soldados em uma nervura de fôrma de aço
perpendicular ao perfil de aço; (b) para um conector soldado através de uma fôrma de aço em
uma nervura paralela ao perfil de aço e com relação
F
F
h
b
inferior a 1,5;
0,70 para três ou mais conectores soldados em uma nervura de fôrma de o
perpendicular ao perfil de aço.
73
p
R
:
1,00; (a) para conectores soldados diretamente no perfil de aço e, no caso de
haver uma nervura paralela a esse perfil, a mesma deve possuir uma base com largura de no
mínimo 50% da largura da mesa superior do perfil;
0,75; (a) para conectores soldados em uma laje mista com as nervuras
perpendiculares ao perfil de aço e
mh
e igual ou superior a 50mm; (b) para conectores soldados
através de uma fôrma de aço e embutidos em uma laje mista com nervuras paralelas ao perfil
de aço;
0,60 para conectores soldados em uma laje mista com nervuras perpendiculares
ao perfil de aço e
mh
e inferior a 50mm.
Onde
mh
e é a distância da borda do fuste do conector à alma da nervura da fôrma de
aço, medida à meia altura da nervura no sentido da força cortante que atua no conector,
conforme figura 3.7.
h
f
h
f
/2
emh emh
F
h
Figura 3.7 - Valor
mh
e a ser tomado
O EUROCODE 4 (2004) apresenta as seguintes expressões para a determinação da
resistência dos conectores tipo pino com cabeça em lajes maciças de concreto, devendo ser
tomado o menor entre os dois valores:
CS
cckcs
Rd
Efd
Q
γ
α
2
29,0
=
(7)
CS
csucs
Rd
Af
Q
γ
8,0
=
(8)
74
Sendo:
Para
43
cs
cs
d
h
,
+= 12,0
cs
cs
d
h
α
;
Para
4>
cs
cs
d
h
,
0,1
=
α
;
cs
h
a altura do conector acima da fôrma de aço;
25,1
=
cs
γ
segundo o EUROCODE 4 (2004).
A BSI 5950 (1990) traz os valores das resistências deste tipo de conectores em lajes
maciças de concreto em forma de tabela:
Tabela 3.5 - Resistência nominal de conectores tipo pino com cabeça em lajes maciças,
segundo a BSI 5950 (1990) (KN)
Dimensões do
conector
Diâmetro
Altura
Resistência do concreto -
ck
f
(
)
2
/ cmKN
(mm) (mm) 2,5 3,0 3,5 4,0
25 100 146 154 161 168
22 100 119 126 132 139
19 100 95 100 104 109
19 75 82 87 91 96
16 75 70 74 78 82
13 65 44 47 49 52
Para concretos com
ck
f > 4,0 KN/cm
2
, utilizar
ck
f = 4,0 KN/cm
2
.
Para conectores com alturas maiores que as tabeladas, utilizar o
valor correspondente à maior altura tabelada.
Os valores dados na tabela 3.5 deverão ser divididos pelo coeficiente
CS
γ
que deverá
ser 1,25 sob momento positivo e 1,67 sob momento negativo pela BSI 5950 (1990).
O AISC-LFRD (1994) propõe expressões similares às da NBR 8800 (rev. 2006) (4) e
(5) para determinação da resistência dos conectores tipo pino com cabeça em lajes maciças de
concreto, porém não considera a redução proposta pela Norma Brasileira com os coeficientes
g
R e
p
R .
75
O EUROCODE 4 (2004) os seguintes valores de coeficientes de redução da
resistência dos conectores em lajes mistas:
Para nervuras paralelas à viga:
0,116,0
0
=
F
cs
F
l
h
h
h
b
k
; (9)
Para nervuras perpendiculares à viga:
=
1
7,0
0
F
cs
F
cs
t
h
h
h
b
n
k
(10)
Sendo:
0
b ,
cs
h e
F
h conforme figura 3.7;
mmhh
Fcs
75
+
;
cs
n o número de conectores por nervura que não deverá exceder 2.
h
f
/2
h
f
/2
h
cs
b
o
h
F
a.1) Fôrma trapezoidal a.2) Fôrma reentrante b.1) Fôrma trapezoidal
a)Conector centralizado na nervura b) Conector descentralizado na nervura
b.2) Fôrma reentrante
b
o
[Somente pela BSI 5950 (1990)]
h
F
b
o
h
cs
b
o
Figura 3.8 - Geometria das lajes com fôrma incorporada para EUROCODE 4 (2005), BSI
5950 (1990) e AISC-LFRD (1994)
Os valores de
t
k pelo EUROCODE 4 (2004) não deverão ser superiores aos valores
dados na tabela 3.6:
76
Tabela 3.6 - Valores limites do coeficiente
t
k
segundo o EUROCODE 4 (2004)
Número de
conectores por
nervura
Espessura da fôrma
de aço
(mm)
mmd
cs
20
e
soldados através da
fôrma de aço
Fôma de aço com
furos e 19
=
cs
d ou
mm22
0,1
0,85 0,75
1
=
cs
n
0,1
1,0 0,75
0,1
0,70 0,60
2
=
cs
n
0,1
0,80 0,60
Para
t
k determinado conforme descrito acima: mmh
f
85
e o diâmetro dos
conectores não poderá ultrapassar 20mm para os soldados através da fôrma de aço e 22mm
para aqueles soldados diretamente no perfil através de furos da fôrma.
Quando os conectores têm como finalidade promover o comportamento misto tanto da
laje quanto da viga mista, o EUROCODE 4 (2004) propõe que seja verificada a seguinte
expressão:
0,1
2
,
2
2
,
2
+
Rdt
t
Rdl
l
Q
F
Q
F
(11)
Sendo:
l
F a força de cálculo causada pela ação mista da viga;
t
F a força de cálculo causada pela ação mista da laje;
Rdl
Q
,
e
Rdt
Q
,
as respectivas resistências de cálculo dos conectores conforme
expressões (7) e (8).
A BSI 5950 (1990) propõe os seguintes valores para o coeficiente de redução com
vigas mistas conectadas a lajes mistas:
Para nervuras paralelas à viga:
77
116,0
0
1
=
F
cs
F
l
h
h
h
b
k
quando
5,1
0
<
f
h
b
(12)
0,1
2
=
l
k quando 5,1
0
F
h
b
(13)
Para nervuras perpendiculares à viga:
1185,0
0
1
=
F
cs
F
t
h
h
h
b
k
para 1 conector por nervura (14)
8,016,0
0
1
=
F
cs
F
t
h
h
h
b
k
para 2 conectores por nervura (15)
115,0
0
1
=
F
cs
F
t
h
h
h
b
k
para 3 ou mais conectores por nervura (16)
Sendo:
0
b ,
cs
h e
F
h
conforme figura 3.8;
Para
1
t
k ,
Fcs
hh 2
ou mmhh
Fcs
75
+
.
A BSI 5950 (1990) prevê o caso de nervuras formando outros ângulos com a viga
mista e propõe:
θθ
2
1
2
1
cos
lt
ksenkk
+=
(17)
Sendo:
1
t
k
e
1
l
k
conforme expressões (12) a (16);
θ
o ângulo formado entre as nervuras e a viga mista.
O AISC-LFRD propõe coeficientes de redução para lajes mistas similares aos da BSI
5950 (1990), conforme expressões (12) a (16).
78
3.4.2 OUTROS TIPOS DE CONECTORES
Um tipo de conector bastante utilizado é o perfil “U”. Este tipo de perfil é encontrado
laminado e formado a frio (chapa dobrada). A expressão que a NBR 8800 (rev. 2006) e o AISC-
LFRD (1994) trazem é a seguinte:
(
)
cs
cckcswsfs
Rd
EfLtt
Q
γ
+
=
5,03,0
(18)
Sendo:
fs
t
,
ws
t e
cs
L conforme figura 3.9 em mm;
cs
γ
conforme item 3.4.1.
L
c
s
t
ws
t
fs
Figura 3.9 - Conectores tipo perfil “U” laminado
Os perfis tipo “U” devem ter altura superior a 75 mm, ser totalmente embutidos na laje
de concreto e ter o plano da alma assentado perpendicularmente ao eixo longitudinal da viga.
Os perfis formados a frio deverão ter as espessuras da alma e da mesa iguais à da chapa e
devem ser tomados cuidados especiais para evitar o aparecimento de trincas na região das
dobras.
A BSI 5400 (1979) Steel, conc
rete and composite bridges. Parte 5: Code of practice
for design of composite bridges”
que trata sobre as pontes mistas apresenta em forma de
tabela a resistência dos conectores tipo barra chata com gancho (figura 2.15.e) e perfis tipo
“U” conforme tabela 3.7.
79
Tabela 3.7 - Resistência nominal de conectores tipo perfil “U” laminado e barra chata
segundo a BSI 5400 (1979) em KN – Material do conector – Grau 43 da BSI 4360 (1972)
equivalente ao aço ASTM A-36
Resistência do concreto -
ck
f
(
)
2
/ cmKN
Dimensões do conector (mm)
2,0 3,0 4,0 5,0
160
150
200
25
(mín)
40
50
Ø
2
0
697 830 963 1096
Barra chata com gancho (mm)
(mín)
150
150
200
Ø
1
2
25
25
25
348 415 482 548
127mm x 64mm x (14,90kg/m) x 150mm 351 397 419 442
102mm x 51mm x (10,42kg/m) x 150mm 293 337 364 390
Perfil tipo “U”
76mm x 38mm x (6,70kg/m) x 150mm 239 283 305 326
3.4.3 ESPAÇAMENTO E ASPECTOS CONSTRUTIVOS DOS
CONECTORES
No caso de análise elástica em que todos os componentes da viga mista (perfil de o,
mesa de concreto e conectores) estejam trabalhando sob tensões elásticas, é conveniente que o
espaçamento entre os conectores seja diferenciado ao longo da viga, concentrando-se nos
apoios e em regiões de carregamento concentrado.
Nos casos possíveis de utilização de análise rígido-plástica, em vigas mistas
submetidas a ações uniformemente distribuídas, pode-se considerar espaçamento constante
80
entre os conectores desde que estes sejam dúcteis, isto é, sejam capazes de redistribuir as
tensões.
Logicamente, esta é uma situação idealizada, que não chegará a acontecer, devido aos
coeficientes e fatores aplicados ao carregamento e à resistência dos conectores. O
detalhamento com espaçamento constante é bastante simples, porém requer cuidados no caso
de ações concentradas.
O número de conectores de cisalhamento a serem colocados numa viga conforme as
condições acima descritas entre o ponto de momento mínimo e o de momento máximo é:
Rd
hd
cs
Q
V
n
=
(19)
Sendo:
hd
V conforme (2);
Rd
Q conforme itens (3.4.1) e (3.4.2);
O espaçamento entre os conectores pode ser uniforme de acordo com as condições
acima descritas. No entanto, algumas recomendações adicionais devem ser tomadas:
Em casos de ação concentrada, o número de conectores entre a seção de aplicação
desta ação e a seção adjacente de momento nulo (ambas do mesmo lado em relação à seção de
momento máximo), segundo a NBR 8800 (rev. 2006) não deve ser inferior a:
=
aRdsd
aRdPsd
cscs
MM
MM
nn´
(20)
Onde:
Psd
M
é o momento fletor de cálculo no ponto da carga concentrada (inferior ao
momento máximo);
aRd
M é a resistência de cálculos ao momento fletor da viga de aço isolada, baseada no
estado limite de flambagem local da alma (FLA);
81
sd
M é o momento fletor máximo de cálculo;
cs
n é o número de conectores de cisalhamento a serem colocados de cada lado da
seção de momento fletor máximo;
Quando a estabilidade do elemento do perfil de aço é garantida pela conexão com o
concreto, o espaçamento entre os conectores deve obedecer a certos limites. A tabela 3.8
descreve os valores recomendados pela NBR 8800 (rev. 2006).
Tabela 3.8 - Espaçamentos longitudinais máximos e mínimos dos conectores tipo pino com
cabeça segundo a NBR 8800 (rev. 2006)
Máximo Mínimo
Mista Mista
Tipo de laje Maciça
Nervura
Perpendicular
Nervura
Paralela
Maciça
Nervura
Perpendicular
Nervura
Paralela
NBR 8800
(rev. 2006)
c
h8
c
h8
mm915
c
h8
cs
d6
cs
d4
cs
d4
Sendo:
c
h a altura total da laje;
cs
d
o diâmetro do conector.
O espaçamento mínimo na direção transversal da viga mista, segundo a NBR 8800
(rev. 2006), entre conectores tipo pino com cabeça deverá ser
cs
d4 . Entre conectores tipo
perfil U deverá ser a maior dimensão entre a altura e o comprimento do conector.
As demais normas fazem outros tipos de limitações quanto ao espaçamento dos
conectores, porém, estas o serão citadas pois pouco influenciam na resistência final da viga
mista.
Quanto aos detalhes construtivos dos conectores tipo pino com cabeça, as normas
também são ao mesmo tempo repetitivas e discordantes. Serão citados os aspectos de
detalhamento considerados mais relevantes retirados das normas, como:
82
fcs
td 5,2
ou
fcs
td 5,1
em elementos submetidos à tração e fadiga,
respectivamente;
Cobrimento lateral não inferior a
mm20
ou conforme classe de agressividade
ambiental de acordo com as normas de concreto pertinentes;
Cobrimento superior conforme normas de estruturas de concreto pertinentes;
cscs
dh 3
;
Diâmetro da cabeça do conector maior que
cs
d5,1 e altura,
cs
d4,0 ;
Distância horizontal entre a face do conector e a face da mesa superior do perfil
não deve ser inferior a 20mm e entre a face do conector e a face da nervura da fôrma mista,
50mm;
Observa-se, portanto, que as normas propõem valores, recomendações e limitações
semelhantes porém, podem ocorrer situações não previstas. Nestes casos, desde que a
segurança seja mantida nos níveis previstos em normas, quer por ensaios ou métodos
numéricos válidos, poderão ser utilizados outros tipos de conectores com configurações
diversas.
3.4.4 CISALHAMENTO LONGITUDINAL NA LAJE DE CONCRETO
A verificação ao cisalhamento longitudinal em lajes de concreto não é um
procedimento comum, sendo feito apenas em situações extremas. Porém, no caso de lajes
fazendo parte de vigas mistas esta situação se faz necessária.
As principais superfícies de cisalhamento típicas em lajes são apresentadas nas figuras
3.10 e 3.11:
83
s
t
b
b
a
a
A
ssup
A
sinf
h
cs
h
cs
A
sinf
A
ssup
a
a
c c
A
sinf
A
ssup
a
a
s
t
d
d
A
bh
Figura 3.10 - Superfícies típicas de cisalhamento longitudinal – lajes maciças
Tabela 3.9 - Seções das lajes maciças sujeitas a cisalhamento longitudinal (figura 3.10)
Armadura resistente
Seção Comprimento da seção
s
A
s
a-a
c
h
infsup
ss
AA
+
b-b
tsccs
sDh
+
+
2 para duas linhas de conector
inf
2
s
A
c-c
cscs
Dh
+
2 para uma linha de um conector
inf
2
s
A
d-d Determinado geometricamente
bh
A2
Sendo:
cs
D o diâmetro da cabeça do conector
No caso de lajes mistas as seções de cisalhamento longitudinal são as descritas na
figura 3.11:
d
d
A
ssup
A
sinf
a
a
A
ssup
A
ssup
A
sinf
bb cc
Figura 3.11 - Superfícies típicas de cisalhamento longitudinal – lajes mistas
84
Tabela 3.10 - Seções das lajes mistas sujeitas a cisalhamento longitudinal (figura 3.11)
Armadura resistente
Seção
s
A
s
a-a
sup
s
A
b-b
inf
2
s
A
c-c
inf
2
s
A
d-d
infsup
2
ss
AA
+
3
3
.
.
5
5
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
A
A
O
O
M
M
O
O
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
F
F
L
L
E
E
T
T
O
O
R
R
A
A
N
N
Á
Á
L
L
I
I
S
S
E
E
P
P
L
L
Á
Á
S
S
T
T
I
I
C
C
A
A
Será descrito a seguir o procedimento de lculo da resistência ao momento fletor
assumindo uma análise plástica, ou seja, os elementos que compõem a viga mista são capazes
de desenvolver sua capacidade máxima com redistribuição de tensões. Os perfis de aço a
serem tratados desta maneira são os de classe 1 ou 2, sendo que os perfis tipo “Itêm suas
propriedades descritas na tabela 3.2.
O cálculo é semelhante ao das normas estudadas, variando basicamente os coeficientes
de resistência adotados. Como padrão para o restante do trabalho serão adotadas as seguintes
resistências de cálculo:
Concreto:
c
ck
rcd
f
f
γ
γ
=
´
; (21)
Aço do perfil:
a
y
yd
f
f
γ
=
; (22)
85
Aço do conector:
cs
csy
csyd
f
f
γ
=
; (23)
Aço da armadura de concreto:
s
sy
syd
f
f
γ
=
. (24)
Sendo:
ck
f ,
y
f
,
csy
f
,
sy
f
as resistências características dos respectivos materiais;
c
γ
,
a
γ
,
cs
γ
,
s
γ
os respectivos coeficientes de resistência dos materiais;
r
γ
é um coeficiente que leva em consideração o efeito Rüsch, normalmente tomado
igual a 0,85.
Além dos coeficientes de minoração das resistências, é aplicado um fator de segurança
aos esforços solicitantes conforme a Norma de ações e segurança nas estruturas (NBR 8681:
2003 - “Ações e segurança nas estruturas”).
A tabela 3.11 descreve os coeficientes adotados pelas Normas:
Tabela 3.11 - Coeficientes para cálculo da posição da linha neutra plástica
Coeficientes
c
γ
(Compressão
no concreto)
(
)
a
t
γ
(Tração no
perfil de
aço)
(
)
a
c
γ
(Compressão
no perfil de
aço)
s
γ
(Tração na
armadura)
r
γ
(Efeito
Rüsch)
NBR 8800
(rev. 2006)
1,4 ~1,1 ~1,1 __ 0,85
EUROCODE
4 (2004)
1,5
1,3
1
1,1
1,0
1
1,1 1,0
1
1,1
1,0
1
0,85
BSI 5950
(1990)
2,22 1 1 1,15 1
AISC-LFRD
(1994)
1,0 1,0 1,0 1,0 0,85
1
Combinações fundamentais e acidentais, respectivamente.
A NBR 8800 (rev. 2006) propõe um coeficiente
(
)
vm
β
que deve ser aplicado somente
nas vigas semicontínuas, conforme a capacidade de rotação necessária para a ligação variando
de 0,85 a 0,95. Para vigas mistas biapoiadas ou contínuas, 0,1
=
vm
.
86
O que ocorre, portanto, são coeficientes que no final não representam diferença
significativa no dimensionamento.
3.5.1 VIGAS MISTAS BI-APOIADAS – INTERAÇÃO TOTAL
As vigas mistas de edifícios simplesmente apoiadas utilizam os materiais aço e
concreto da sua melhor forma. O concreto à compressão e o aço à tração.
Além disso, o concreto aumenta a capacidade da mesa comprimida do perfil de aço
quanto à flambagem local. Por estes motivos, as vigas mistas simplesmente apoiadas são
elementos mistos de grande aplicação prática.
Três casos podem acontecer, dependendo da geometria da seção e resistência dos
materiais: linha neutra na mesa de concreto, linha neutra na mesa do perfil de aço e linha
neutra na alma do perfil de aço. O roteiro de cálculo do momento fletor resistente é descrito
na tabela 3.12, lembrando que os coeficientes aplicados para as quatro normas estudadas estão
descritos na tabela 3.11.
LNP
cd
f
yd
y
t
t
c
C
T
LNP
y
y
c
cd
f
yd
f
yd
t
f
f
yd
f
yd
y
c
cd
b
f
y
LNP
T
C
C'
t
c
y
t
t
f
h
d
1
d
2
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
LNP na alma do
perfil
LNP na mesa do
perfil
LNP na mesa de
concreto
d
1
d
2
d
2
d
1
C
T
a
Figura 3.12 - Distribuição plástica das tensões na seção transversal da viga mista
87
Tabela 3.12 - Roteiro de cálculo – Momento Positivo – Análise Plástica – Interação Total
Posição
da LNP
Mesa de concreto Mesa do perfil Alma do Perfil
Condição
ydefccd
Afbtf
´
ydefccdydw
AfbtffA
<
´
ydwefccd
fAbtf <´
C
(
)
abf
efcd
´
(
)
cefcd
tbf
´
(
)
cefcd
tbf
´
__
[
]
CfA
yd
2
1
[
]
CfA
yd
2
1
T
yd
fA
´CfA
yd
´CfA
yd
a
c
efcd
yd
t
bf
Af
<
´
__ __
__
y
__
fyd
bf
C
´
( )
yw
yff
c
a
t
y
f
ft
ftbCAf
t
+
2
2
γ
γ
Rd
M
++
2
1
a
t
hd
Af
c
F
yd
(
)
++
+
t
c
F
tc
y
t
hdC
yydC
2
'
(
)
++
+
t
c
F
tc
y
t
hdC
yydC
2
'
Quando a LNP se localiza na alma do perfil de aço, a norma britânica (BSI 5950:
1990) despreza uma parcela da altura da alma, para o lculo da resistência plástica ao
momento da seção transversal conforme figura 3.13.
88
Desprezada
Altura
LNP na alma do
perfil
t
f
f
yd
f
yd
y
c
cd
b
f
y
T
C
C'
t
c
y
t
t
f
h
d
1
d
2
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
LNP
19t
w
´19t
w
´
Figura 3.13 - Altura desprezada da alma comprimida segundo a BSI 5950 (1990)
Sendo:
y
f
235
=
ε
com
y
f em MPa;
3.5.2 VIGAS MISTAS BI-APOIADAS – INTERAÇÃO PARCIAL
A interação entre a laje de concreto e o perfil de aço é considerada parcial quando a
resistência dos conectores é menor que a resistência da laje de concreto e do perfil de aço.
Desta maneira, o colapso ocorre por ruptura da ligação, ao invés de escoamento do aço
ou esmagamento do concreto, como acontece na interação total. Assim sendo, o
escorregamento na interface dos dois materiais é permitido, formando-se então duas linhas
neutras plásticas, uma na laje de concreto e outra no perfil de aço.
A interação parcial pode ser considerada apenas em regiões de momento positivo. Em
regiões de momento negativo, a quantidade de conectores deve ser tal que permita o
escoamento da armadura da laje.
A distribuição plástica das tensões está representada na figura 3.14.
89
t
f
f
yd
f
yd
y
c
cd
b
f
y
T
C
C'
a
y
t
t
f
h
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
LNP
1
LNP
2
Figura 3.14 - Distribuição plástica de tensões com interação parcial
O roteiro de cálculo está apresentado na tabela 3.13, desprezando-se a área de concreto
submetida à tração.
Tabela 3.13 - Roteiro de cálculo – Momento Positivo – Análise Plástica – Interação Parcial
Condição
cdcRd
fAQ ´<
e
ydRd
fAQ <
C
c
csRd
Q
γ
γ
TfA
yd
T
´
CC
+
__
y
(
)
yw
yff
c
a
t
y
f
ft
ftbCAf
t
+
2
2
γ
γ
plRd
M
,
( )
+++
tFcct
ydh
a
tCyydC
2
'
90
O grau de conexão mínimo
(
)
i
η
da seção mista deve, segundo a NBR 8800 (rev.
2006), ser:
Quando os perfis de aço que compõem a viga mista têm mesas de áreas iguais:
( )
40,003,075,0
578
1 =
e
y
i
L
f
E
η
para
mL
e
25
;
1
=
i
η
para
mL
e
25
>
.
Quando os perfis de aço que compõem a viga mista têm mesa inferior com área
igual a três vezes a área da mesa superior:
( )
40,0015,030,0
578
1
=
e
y
i
L
f
E
η
para
mL
e
20
;
1
=
i
η
para
mL
e
20
>
.
Para outras situações entre as duas acima, pode-se interpolar linearmente.
Sendo:
hd
Rd
i
V
Q
=
η
(25)
hd
V
o menor dos seguintes valores:
cdc
fA
´ e
yd
Af
e
L
o comprimento do trecho de momento positivo, em metro, podendo ser tomado
como
0
L
dado no item 3.3.
O EUROCODE 4 (2004) apresenta limitações similares às da NBR 8800 (rev. 2006).
a BSI 5950 (1990) coloca como limite mínimo de 40% de grau de conexão para vãos a
10m e propõe que vãos maiores que 16m não devam ser calculados com interação parcial
(
)
0,1
=
i
η
e interpolação linear para valores intermediários.
O EUROCODE 4 (2004) apresenta um método simplificado para cálculo de vigas
mistas com interação parcial. Este método propõe que seja feita uma interpolação linear entre
91
o momento resistente do perfil isolado e este momento com interação total (26). As linhas
tracejadas da figura 3.16 representam os resultados obtidos por este método. É possível
observar que existe uma redução do momento resistente em relação ao método apresentado
anteriormente, porém é válido devido à simplificação que acarreta nos cálculos.
(
)
iatRdapRd
MMMM
η
+=
,,
(26)
Sendo:
pRd
M
,
o momento resistente com interação parcial
a
M
o momento resistente da seção de aço isolada
tRd
M
,
o momento resistente com interação total
i
η
o grau de conexão definido em (25)
A seguir será demonstrado através de um gráfico o ganho de resistência da seção
através do aumento da interação entre os elementos (de 0 a 100%). Também é feita uma
comparação entre o método apresentado anteriormente e o método de interpolação linear
proposto pelo EUROCODE 4 (2004).
W 410x53
SEÇÃO 1
80
SEÇÃO 2 SEÇÃO 3
b
f
=102
b
ef
=2000
80
W 200x22,5
h=190 t
f
=8t
f
=8
d=206
t
w
=6,2
b
ef
=2000
b
f
=102
t
w
=6
d=309
t
f
=8,9 t
f
=8,9h=291,2
W 310x28,3
h=381,2 t
f
=10,9t
f
=10,9
d=403
t
w
=7,5
b
f
=177
b
ef
=2500
100
Figura 3.15 - Seções analisadas para montagem do gráfico da figura 3.16
92
As linhas cheias representam o cálculo pelo método plástico, com determinação das
linhas neutras e todo o roteiro da tabela 3.12. As linhas tracejadas, o método simplificado
proposto pelo EUROCODE 4 (2004) (26). Observa-se que a diferença entre os dois métodos é
relativamente pequena, sendo que o método simplificado esa favor da segurança, podendo
ser utilizado em determinadas situações para facilitar o dimensionamento da peça.
Seção 1
Seção 2
Seção 3
-
100
200
300
400
500
600
0 20 40 60 80 100
Grau de Interação (%)
Resistência Momento Fletor (KN.m)
Figura 3.16 - Gráfico comparativo – Perfil isolado; Interação Parcial; Interação Total
3.5.3 VIGAS CONTÍNUAS – INTERAÇÃO TOTAL
As vigas mistas contínuas e semicontínuas, nas regiões de momento negativo,
possuem seção mista composta do perfil deo atuando em conjunto com a armadura
tracionada distribuída na largura efetiva do concreto. Geralmente, o concreto tracionado é
desprezado.
93
Como o perfil está submetido à compressão outros estados limites poderão ocorrer
antes de atingida a sua resistência total, são eles: flambagem local da alma (FLA) flambagem
local da mesa (FLM) e flambagem lateral com distorção que é uma variação da flambagem
lateral com torção de perfis isolados com restrição ao movimento da mesa superior do perfil
pela presença da laje de concreto.
Será descrita a seguir a determinação da resistência plástica ao momento fletor
negativo e em seguida serão abordados os estados limites ligados à instabilidade da seção.
LNP na mesa do
perfil
t
f
b
f
t
f
h
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
A
s
y
t
y
y
c
f
yd
f
yd
d
c
f
syd
T
C
LNP
T'
T'
LNP
C
T
f
syd
f
yd
y
c
y
y
t
f
yd
LNP na alma do
perfil
Figura 3.17 - Distribuição de tensões – Momento Negativo
A seguir os parâmetros para cálculo do momento negativo resistente.
94
Tabela 3.14 - Parâmetros para cálculo do momento resistente sob análise plástica em regiões
de momento negativo
Posição
da LNP
Mesa do perfil Alma do perfil
Condição
ydwsydsyd
fAfAAf
>
ydwsyds
fAfA
<
T
syds
fA
T’
2
sydsyd
fAAf
C
2
yd
yd
ss
AffA
+
O momento fletor resistente pode ser calculado como:
Para LNP na mesa do perfil de aço:
( )
(
)
42
2
,
f
ydff
sydsyd
ccFsydsydplRd
t
ftb
fAAf
dthfA
d
AfM
++=
(27)
Para LNP na alma do perfil de aço:
(
)
42
2
,
h
fA
fA
dth
d
fAMM
ydw
syds
ccFsydsaplRd
+++=
(28)
Para LNP na armadura da laje de concreto:
++=
ccFydplRd
dth
d
AfM
2
,
(29)
95
3
3
.
.
6
6
A
A
N
N
Á
Á
L
L
I
I
S
S
E
E
E
E
L
L
Á
Á
S
S
T
T
I
I
C
C
A
A
As seções transversais de perfis de aço consideradas semi-esbeltas, aquelas que não
pertencem aos limites apresentados na tabela 3.2, devem ser calculadas pelo processo elástico.
São seções que não atingem a plastificação total (classes 3 e 4), não sendo possível, portanto,
a consideração da distribuição de tensões de forma retangular.
Os perfis tipo I” a serem dimensionados pela análise elástica devem ter esbeltez da
alma
w
t
d
entre
y
f
E
76,3
e
y
f
E
7,5
.
As tensões devem ser calculadas pelo processo elástico, considerando-se as
propriedades da seção mista homogeneizada. A seção de concreto homogeneizada deve ser
calculada como a área de concreto dividida por:
c
E
E
=
η
(30)
Sendo:
E
o módulo de elasticidade do aço;
c
E
o módulo de elasticidade do concreto.
Fazendo esta homogeneização, consideramos que os dois materiais têm deformações
unitárias equivalentes, podendo ser calculados pelo modelo elástico. A interação é completa
se a resistência dos conectores é maior que as resistências plásticas da mesa de concreto ou do
perfil de aço, como no modelo plástico.
Portanto, para interação completa:
cdcRd
fAQ ´
ou
yd
Af
(31)
96
As tensões na fibra mais tracionada do perfil de aço e na mais comprimida da laje de
concreto são determinadas respectivamente por:
( )
i
tr
Sd
dt
W
M
=
σ
(32)
( )
s
tr
Sd
dc
W
M
η
σ
= (33)
Sendo:
Sd
M
o momento solicitante de cálculo;
(
)
i
tr
W
e
(
)
s
tr
W
os dulos de resistência elásticos inferior e superior da seção mista
transformada.
A deformação lenta e a duração das ações aplicadas à seção influenciam no módulo de
elasticidade do concreto e devem ser consideradas na análise elástica. Estes fatores serão
analisados em tópico posterior ainda neste capítulo.
3.6.1 ANÁLISE ELÁSTICA - INTERAÇÃO TOTAL
A figura 3.18 representa a distribuição elástica das tensões numa seção submetida a
momento positivo. As tensões calculadas em (32) e (33) devem ser inferiores às resistências
de cálculo do aço
(
)
yd
f
e do concreto
(
)
cd
f
respectivamente.
97
CG
a
z
x
f
dt
<
f
yd
LINHA NEUTRA
ELÁSTICA
f
dc
<
f
cd
bef/
Seção de aço
equivalente
f
dc
<
f
cd
LINHA NEUTRA
ELÁSTICA
x
f
dt
<
f
yd
LNE na mesa de
concreto
LNE no perfil
de aço
tf
bf
tf
h
bef
tchF
tw
d
Figura 3.18 - Distribuição elástica das tensões
Sendo:
a
CG
o centro da gravidade da viga de aço isolada
z
a distância do
a
CG
da viga de aço isolada até o topo da laje de concreto
x
a distância do topo de laje de concreto até a linha neutra elástica (L.N.E.)
98
Tabela 3.15 - Cálculo das propriedades da seção transformada
Posição
da LNE
Mesa de concreto Perfil de aço
Condição
( )
2
2
1
η
c
efc
t
btzA
<
( )
2
2
1
η
c
efc
t
btzA
>
x
+ 1
2
1
A
zb
b
A
ef
ef
η
η
η
η
cef
cef
tb
A
tb
zA
+
+
2
2
tr
Ι
( )
η
3
3
2
xb
xzA
ef
++Ι
( )
+++Ι
2
2
2
212
cc
cef
t
x
t
tb
xzA
η
(
)
i
tr
W
xdht
Fc
tr
++
Ι
(
)
s
tr
W
x
tr
Ι
Sendo:
A
a área do perfil de aço isolado;
tr
Ι
o momento de inércia da seção transformada;
Ι
o momento de inércia do perfil de aço isolado;
dt
f
- a tensão de cálculo na fibra de aço mais tracionada;
dc
f
- a tensão de cálculo na fibra mais comprimida de concreto.
3.6.2 ANÁLISE ELÁSTICA - INTERAÇÃO PARCIAL
Na situação de interação parcial, a verificação da tensão se da mesma forma que no
item anterior, alterando-se apenas o valor de
(
)
i
tr
W
, considerando-se o efeito do escorregamento,
para:
99
( )
[ ]
a
i
tr
hd
Rd
aef
WW
V
Q
WW +=
(34)
Sendo:
a
W
o módulo resistente inferior ou superior do perfil de aço;
Rd
Q
a somatória das resistências dos conectores de cisalhamento;
hd
V o menor dos seguintes valores:
ckc
fA
85,0 e
yd
fA ;
(
)
i
tr
W o módulo de resistência elástico inferior da seção mista homogeneizada.
Com isso é considerada a perda de rigidez da seção devido à interação parcial.
3
3
.
.
7
7
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
À
À
F
F
O
O
R
R
Ç
Ç
A
A
C
C
O
O
R
R
T
T
A
A
N
N
T
T
E
E
A contribuição da laje de concreto para a resistência à força cortante é pequena e
normalmente desprezada. Portanto, esta resistência é calculada como para perfil de aço
isolado, excluindo o efeito do campo de tração. Apenas a área da alma é considerada na
resistência à força cortante.
A resistência à força cortante está relacionada à esbeltez da alma do perfil sendo
dividida em três níveis: seções compactas
(
)
p
λλ
, seções semi-compactas
(
)
rp
λλλ
< e
esbeltas
(
)
r
λ
λ
>
.
Sendo:
w
t
h
=
λ
; (35)
y
v
p
f
Ek
10,1=
λ
; (36)
y
v
r
f
Ek
37,1=
λ
; (37)
100
0,5
=
v
k
para
3>
h
a
ou
( )
2
/
260
>
w
thh
a
; (38)
( )
2
/
5
5
ha
k
v
+=
para os demais casos; (39)
a
a distância entre as linhas de centro de dois enrijecedores transversais adjacentes.
A resistência da seção transversal é reduzida com o aumento da sua esbeltez. A
resistência correspondente à plastificação total da seção da alma é dada por:
ywpl
fAV 60,0
=
(40)
Sendo:
w
A a área da alma da seção;
y
f
a tensão de escoamento do aço.
A tabela 3.16 traz os valores das resistências à força cortante de acordo com a esbeltez
da alma:
Tabela 3.16 - Verificação à força cortante segundo a norma brasileira
Esbeltez
NBR 8800
(rev. 2006)
p
λλ
γ
pl
Rd
V
V =
rp
λλλ
<
γλ
λ
plp
Rd
V
V =
r
λ
λ
>
γλ
λ
plp
Rd
V
V
2
24,1
=
A contribuição dos enrijecedores na resistência da alma à força cortante para perfis
tipo “I” e “H” pode ser considerada se os seguintes requisitos forem atendidos, segundo a
NBR 8800 (rev. 2006):
101
a) os enrijecedores transversais devem ser soldados à(s) alma(s) e às mesas do perfil,
podendo, entretanto, do lado da mesa tracionada, ser interrompidos de forma que a distância
entre os pontos mais próximos das soldas mesa/alma e enrijecedor/alma fique entre
w
t4 e
w
t6 ;
b) a relação entre largura e espessura dos elementos que formam os enrijecedores não
pode ultrapassar
y
f
E
56,0
;
c) o momento de inércia da seção de um enrijecedor singelo ou de um par de
enrijecedores (um de cada lado da alma) em relação ao eixo no plano médio da alma não pode
ser inferior a
jat
w
3
, onde
(
)
[
]
5,02//5,2
2
= haj
;
d) quando
w
th /
for igual ou superior a 260, a relação
ha /
o pode ultrapassar 3 e
nem
(
)
[
]
2
//260
w
th
;
e) se os enrijecedores são ligados à alma por parafusos, o espaçamento máximo entre
os centros desses parafusos não pode ultrapassar 305mm. Se forem usados filetes de solda
intermitentes, a distância livre entre esses filetes não pode superar 16 vezes a espessura da
alma, nem 250mm.
3.7.1 INTERAÇÃO MOMENTO FLETOR - FORÇA CORTANTE
O EUROCODE 4 (2004) e a BSI 5950 (1990): parte 3 prevêem uma verificação
adicional da interação entre a força cortante e a resistência ao momento fletor da seção
transversal. Esta é uma situação que ocorre principalmente na região dos apoios
intermediários de vigas contínuas, quando ocorrem ações concentradas ou em vigas que
compõem pórticos resistentes a esforços laterais.
102
Como a alma do perfil é responsável pela sua resistência à força cortante, quando esta
ultrapassa metade da resistência plástica, deve-se utilizar uma resistência reduzida
(
)
redyd
f
,
no
cálculo do momento fletor resistente.
0,15,0 <
Rd
sd
V
V
(41)
Para seções classe 1 ou 2, a tensão reduzida na alma do perfil de aço deve ser
considerada:
(
)
ydredyd
ff =
1,
1
ρ
(42)
Onde:
2
1
1
2
=
Rd
d
V
V
ρ
(43)
A distribuição de tensões passa a ser a mostrada na Figura 3.19:
f
yd,red
f
yd,red
f
yd,red
T
C
cd
f
yd
f
yd
f
yd
f
yd
f
syd
T
C
T'
d
c
A
s
d
t
w
h
F
t
c
b
ef
h t
f
b
f
t
f
Figura 3.19 - Distribuição de tensões para verificação de interação momento fletor-força
cortante – EUROCODE 4 (2004)
Para seções classes 3 e 4, deverá ser consultado o item 7.1 do EN 1993-1-5 com as
tensões solicitantes na seção.
Assim, o momento resistente, neste caso, passa a ser limitado por:
103
(
)
[
]
1,,,,,
1
ρ
+
plfRdplRdplfRdredplRd
MMMM
(44)
Sendo:
plRd
M
,
o momento resistente plástico calculado conforme item 3.5;
plfRd
M
,
o momento resistente plástico considerando apenas as mesas.
3
3
.
.
8
8
C
C
O
O
N
N
D
D
I
I
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
E
E
S
S
P
P
E
E
C
C
I
I
A
A
I
I
S
S
P
P
A
A
R
R
A
A
V
V
I
I
G
G
A
A
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
C
C
O
O
N
N
T
T
Í
Í
N
N
U
U
A
A
S
S
Em vigas mistas contínuas, nas regiões em que o perfil de aço está predominantemente
comprimido devem ser verificadas outras situações pertinentes, entre elas:
Flambagem local da alma;
Flambagem local da mesa;
Flambagem lateral com distorção;
Continuidade da viga mista;
Fissuração do concreto nos apoios;
É usual, além de desprezar o concreto tracionado, em regiões de momento negativo
não considerar a armadura em uma análise elástica, ou seja, a viga mista passa a ser
dimensionada como uma viga de aço isolada, em regiões de momento negativo. Porém o
EUROCODE 4 (2004) e a BSI 5950 (1990) apresentam dois métodos para a consideração da
rigidez à flexão em vigas mistas contínuas:
Método não fissurado: baseado na largura efetiva do meio do vão, ignorando
armadura longitudinal;
Método fissurado: considera a seção no apoio, onde o perfil de aço está
comprimido e a armadura devidamente ancorada está tracionada.
104
b) Método fissuradoa) Método não fissurado
2
0,15l
1
0,15l
1
l l
2
(EI)
1
2
ll
1
(EI)
1
(EI)
1
(EI)
2
Figura 3.20 - Rigidez à flexão ao longo de uma viga mista contínua considerando análise
elástica
Pelo método não fissurado, a rigidez
(
)
1
EI é calculada, em regiões de momento
positivo ou negativo, com base no momento de inércia da seção homogeneizada de aço e
concreto, considerando que o concreto tracionado não esteja fissurado.
Pelo método fissurado, o momento de inércia I
2
, em região de momento negativo
(aproximadamente 15% do vão para cada lado do apoio) conforme figura 3.20, é obtido pela
homogeneização da seção transversal, desprezando-se o concreto tracionado e considerando a
armadura longitudinal tracionada. Os momentos solicitantes passam a ser calculados com
base nesta rigidez.
f
dt
< f
syd
a) Seção efetiva
f
dc
< f
yd
LINHA NEUTRA
ELÁSTICA
b) Distribuição elástica de
tensões
Figura 3.21 - Distribuição das tensões pelo método fissurado em regiões de momentos
negativos
105
O momento negativo elástico em vigas contínuas pode ser reduzido, conforme
porcentagem máxima dada na tabela 3.17, segundo o EUROCODE 4 (2004). O momento
positivo resultante deve ser calculado por equilíbrio estático, ou seja, a diminuição do
momento negativo irá provocar aumento no momento positivo.
Tabela 3.17 - Limites para redistribuição de momentos negativos nos apoios, em
porcentagem em relação ao momento inicial, segundo o EUROCODE 4 (2004)
Classe da seção em região de
momento negativo
1 2 3 4
Para análise elástica método
não-fissurado
40 30 20 10
Para análise elástica método
fissurado
25 15 10 0
Sendo, segundo o EUROCODE 4 (2004):
Classe 1:
ε
9
f
t
c
;
Classe 2:
εε
149 <
f
t
c
;
Classe 3:
εε
2014 <
f
t
c
;
Classe 4:
ε
20>
f
t
c
.
f
t
c
conforme figura 3.1;
y
f
235
=
ε
.
Como se pode observar, quanto mais esbelta a seção, menor a possibilidade de
redistribuição de momento negativo. A razão disso é que, por exemplo, uma seção classe 3
em que se considere uma redução de momento negativo maior do que a real, pode ocorrer
flambagem local da seção. uma seção classe 1 possui capacidade de rotação; por isso, a
redistribuição de momento pode ser maior. Pelo método fissurado, como é considerada uma
106
rigidez reduzida na região dos apoios, a porcentagem de redistribuição de momentos é inferior
à do método não-fissurado que trabalha com uma rigidez maior nesta região.
3.8.1 FLAMBAGEM LATERAL COM DISTORÇÃO
A flambagem lateral com distorção é uma variação da flambagem lateral com torção
de uma viga de aço isolada, uma vez que a laje de concreto impede que a mesa superior do
perfil sofra rotação (figura 3.22).
a) Não restringida b) Restringida
Figura 3.22 - Flambagem lateral com distorção
Em regiões de momento positivo, a laje de concreto impede que a mesa superior
comprimida sofra esse tipo de flambagem. Porém, em regiões de momento negativo é
necessário assegurar que não seja atingida tensão que provoque esta flambagem.
A NBR 8800 (rev. 2006) propõe que o momento fletor de cálculo deve ser calculado
por:
=
plRddistdistplRd
MXM
,,,
(45)
Onde:
plRd
M
,
é o momento resistente de cálculo dado por (27) a (29);
107
dist
X é o fator de redução para flambagem lateral com distorção da seção transversal,
dependendo da curva de resistência à compressão como para perfis isolados, porém em
função do parâmetro de esbeltez
dist
λ
;
cr
Rk
dist
M
M
=
λ
(46)
Sendo:
Rk
M
o momento resistente de cálculo tomando-se os coeficientes de ponderação
iguais a 1,0;
cr
M o momento crítico elástico.
O cálculo do momento crítico elástico envolve muitas variáveis, porém a NBR 8800 (rev.
2006) propõe a seguinte expressão simplificada para os perfis simétricos, a favor da segurança:
25,0
3
2
4
10,5
+=
f
f
w
s
bdist
y
ff
sw
dist
b
t
t
h
EC
f
tb
ht
λ
(47)
Sendo:
bdist
C é um coeficiente que depende da distribuição de momentos fletores no
comprimento
L
, dado na tabela Q.2 da NBR 8800 (rev. 2006).
s
h
a distância entre os CG
S
das mesas do perfil de aço;
Para demais seções, deve-se seguir o roteiro apresentado pela Norma.
O fator
dist
X
deve ser obtido pelas tabelas de resistência à compressão dadas no item
5.3.3 da NBR 8800 (rev. 2006), utilizando-se:
Curva a para perfis laminados e soldados fabricados por deposição de material
de solda com chapas cortadas a maçarico;
108
Curva c para os demais perfis soldados, em função do parâmetro
dist
λ
calculado simplificadamente para seções duplamente simétricas conforme (46).
Tabela 3.18 - Valores de
α
segundo a NBR 8800 (rev. 2006)
Flexão Flexo - Tração
Curvas
A 0,21
B 0,34
C 0,49
D 0,76
0,34
O EUROCODE 4 (2004) apresenta um cálculo similar ao descrito acima e, além disso,
determina algumas condições que, atendidas, eliminam a necessidade da verificação à
flambagem lateral com distorção.
3
3
.
.
9
9
E
E
S
S
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
L
L
I
I
M
M
I
I
T
T
E
E
S
S
D
D
E
E
U
U
T
T
I
I
L
L
I
I
Z
Z
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
Uma estrutura deve atender a certos aspectos relativos à sua utilização como:
aparência, durabilidade e condições de uso. A verificação dos estados limites de utilização
deve considerar estes aspectos.
Os estados limites de utilização a serem verificados normalmente são:
Deslocamento vertical;
Abertura de fissuras no concreto;
Vibração.
Neste trabalho, serão contemplados os dois primeiros, visto que, uma análise de
vibração requer conceitos de análise dinâmica que não são objeto deste estudo, além de não
ser necessária sua verificação para a maioria das estruturas de edifícios.
109
Vale lembrar que o custo de um futuro reparo, devido a um problema de utilização da
estrutura, torna-se muito superior comparado ao custo de se fazer uma obra considerando os
estados limites de utilização.
O procedimento usual de cálculo de estruturas é o seguinte: faz-se a verificação no
estado limite último e verificam-se posteriormente os estados limites de utilização pertinentes
a cada caso.
A verificação dos estados limites de utilização deve ser feita com os esforços de
serviço, ou seja,
0,1
=
f
γ
e através de uma análise elástica. A tabela 3.19 apresenta de forma
simplificada as recomendações do EUROCODE 4 (2004) em relação aos modelos analíticos a
serem utilizados.
110
Tabela 3.19 - Modelos analíticos a serem adotados para verificação de deslocamentos e
fissuras segundo o EUROCODE 4 (2004)
Método
Rigidez à flexão para
análise elástica
Redistribuição
de momentos
Comentários
1
(
)
1
EI
na viga toda
Não Uso geral
Fissuração
2
(
)
1
EI
na viga toda;
(
)
2
EI
numa região de
15% do vão para cada
lado e re-análise do
modelo todo
Não
Apenas para
seções expostas a
ambiente
moderado
1
(
)
1
EI
na viga toda depois
reduzindo 40% do
momento fletor no apoio,
desde que
ckct
f
15,0
<
σ
,
aumentando o momento
no vão
Sim
Para perfis
classes 1,2 ou 3
Deslocamento
vertical
2
(
)
2
EI
numa região de
15% do vão para cada
lado e re-análise do
modelo todo
Não Para uso geral
Sendo:
(
)
1
EI
a rigidez à flexão da seção transformada considerando-se o concreto não
fissurado;
111
(
)
2
EI
a rigidez à flexão da seção desprezando-se o concreto tracionado,
considerando-se o perfil de aço e a armadura tracionada.
3.9.1 ESTADO LIMITE DE FISSURAÇÃO
A fissuração em estruturas de concreto é praticamente inevitável e sua aparição é
considerada normal e aceitável. O concreto, logo no início de sua “vida”, quando sua
resistência é praticamente nula, já apresenta fissuras provenientes da retração e dos efeitos de
temperatura. Em serviço, o concreto fissura sob níveis relativamente baixos de tração. O
dimensionamento não permitindo que ocorram fissuras seria inviável economicamente. No
entanto, o que se faz é limitar a abertura xima das fissuras, sendo preferível um maior
número de pequenas fissuras a um menor número de grandes fissuras.
A fissuração excessiva de uma peça de concreto armado pode afetar sua durabilidade
por permitir que água ou substâncias agressivas atinjam a armadura, porém, é importante
salientar que a porosidade do concreto pode ser mais relevante que as fissuras em relação a
este aspecto. As fissuras podem, também, afetar sua aparência, dependendo de fatores como
distância do observador, superfície do concreto, incidência de luz a que está submetida a peça.
No caso de fissuras visíveis, muitas vezes, apesar de não causarem a ruína total da estrutura,
podem trazer um grau de insegurança aos usuários devendo ser fechadas e tratadas.
O processo de fissuração inicia-se com a perda de aderência entre o concreto e a
armadura, no entanto, a barra restringe a abertura da fissura e, por esta razão, a largura é
maior na superfície do que próxima à barra. Da mesma forma, a fissura é maior entre duas
barras do que próximo a elas. Do ponto de vista de aparência, a fissura mais larga é de maior
importância, porém, em relação à durabilidade a fissura mais próxima à barra é mais
importante.
112
As fissuras têm basicamente duas causas:
Restrição à deformação imposta;
Solicitação de tração no concreto.
Existem duas formas para se evitar a fissuração excessiva:
Tomar precauções relativas a armaduras mínimas ou valores tabelados por
normas;
Calcular a abertura das fissuras por meio de formulações.
No entanto, como citado anteriormente, as fissuras fazem parte de toda estrutura de
concreto, e a dimensão das fissuras depende dos seguintes fatores:
Diâmetro das barras da armadura;
Espaçamento entre as barras da armadura;
Tração aplicada às barras da armadura;
Módulo de elasticidade do aço da armadura;
Resistência do concreto à tração.
De forma bastante simplificada, a abertura da fissura é o alongamento da barra de aço
sob a tensão aplicada. Desta forma, deve-se limitar esta tensão e o diâmetro da barra, pois
quanto maior o diâmetro da barra mais força ela é capaz de suportar, maior será seu
alongamento e, portanto maior a abertura da fissura.
A limitação da abertura das fissuras depende diretamente do ambiente em que a
estrutura está inserida. Quanto mais agressivo o ambiente, logicamente, menor devem ser as
fissuras.
O EUROCODE 4 (2004) propõe algumas recomendações para lajes contínuas sobre
vigas mistas, para evitar a fissuração:
0,4% da seção de concreto para construção escorada;
0,6% da seção de concreto para construção não escorada.
113
Esta armadura deverá se estender por ¼ de vão para cada lado da viga mista ou
0,5 do balanço.
3.9.2 ESTADO LIMITE DE DESLOCAMENTO EXCESSIVO
O deslocamento vertical, ou flecha, de uma viga mista depende de vários fatores, entre
eles:
Variação de rigidez ao longo do elemento devido fissuração ou variação da
armadura;
Efeito da resistência do concreto à tração em regiões onde não esteja fissurado;
Variação do módulo de elasticidade do concreto ao longo do tempo;
Retração e fluência do concreto;
Escoamento do perfil de aço;
Escorregamento na interface aço-concreto;
“Shear lag”, ou seja, distribuição real das tensões na laje de concreto;
Temperatura e umidade do ambiente.
Alguns destes efeitos dependem de como o concreto é solicitado ao longo do tempo,
dos componentes do concreto e de características do ambiente, como temperatura e umidade.
Porém, é comum a adoção de métodos simples para determinação da flecha,
considerando-se estes efeitos por meio de coeficientes ou expressões pré-determinados.
A NBR 8800 (rev. 2006) faz uma separação entre as deformações ocorridas ao longo
da viga útil da viga mista:
otot
δ
δ
δ
δ
δ
δ
+
+
+
=
4321
(48)
Onde:
114
1
δ
é a flecha por ações permanentes antes da cura do concreto, portanto com a rigidez
do perfil de aço isolado;
0
1
=
δ
para construções escoradas.
2
δ
é a flecha por ações variáveis de curta duração após a cura do concreto com a
rigidez da seção transformada;
3
δ
é a flecha por ações variáveis de longa duração somadas às ações permanentes
atuantes após a cura do concreto. Deve-se utilizar a rigidez da seção homogeneizada, porém
dividindo-se o dulo de elasticidade do concreto por 3 para simular o efeito da fluência; em
construções escoradas devem ser incluídas as ações permanentes antes da cura do concreto;
4
δ
é a flecha causada pela retração do concreto que pode ser desprezada para vigas
contínuas e semicontínuas. Em vigas biapoiadas, esta flecha precisa ser calculada nos
seguintes casos:
Se a relação entre o vão e a altura total da viga mista exceder 20;
Deformação de retração livre do concreto,
cs
ε
, exceder 0,04% o que
geralmente em ambiente com umidade relativa normal (acima de 55%) não ocorre. Para o
cálculo desta flecha deverá ser consultada a NBR 6118 (2003)
Projeto de estruturas de
concreto – Procedimento”
.
O EUROCODE 4 (2004) propõe as seguintes condições para que haja
necessidade de cálculo do deslocamento por retração: vigas mistas com vãos maiores que 12m
em ambientes extremamente secos e quentes;
o
δ
é a contraflecha da viga, que pode ser utilizada para combater a deformação
proveniente de cargas permanentes.
Os valores de flechas máximos recomendados pelas diferentes normas são muito
próximos, sendo que a tabela 3.20 apresenta os determinados pela NBR 8800 (rev. 2006).
115
Tabela 3.20 - Valores máximos recomendados para flechas segundo a NBR 8800 (rev. 2006)
Situação
tot
δ
432
δδδ
++
Vigas de cobertura em geral
200/
L
250/
L
Vigas de cobertura sujeitas à sobrecarga de pessoas
250/
L
300/
L
Vigas de pisos em geral
250/
L
300/
L
Vigas de pisos e de cobertura suportando
acabamentos sujeitos à fissuração (alvenaria,
painéis rígidos, etc.) e esquadrias
250/
L
350/
L
Vigas de pisos suportando pilares
400/
L
500/
L
Quando
tot
δ
pode comprometer a aparência
250/
L
-
A limitação da flecha é necessária devido aos seguintes fatores:
Adequação da estrutura ao seu uso;
Danos a elementos não estruturais como acabamentos, caixilhos e alvenaria;
Acúmulo de água;
Aparência da estrutura.
A fluência e a retração do concreto são consideradas no cálculo das deformações
3
δ
e
4
δ
respectivamente. Outro fator que deve ser considerado é o grau interação entre o perfil de
aço e a mesa de concreto. A norma brasileira recomenda a utilização do momento de inércia
efetivo conforme expressão abaixo:
( )
[ ]
a
i
tr
hd
Rd
aef
II
V
Q
II
+=
(49)
Sendo:
a
I
o momento de inércia do perfil de aço;
Rd
Q a somatória das resistências dos conectores de cisalhamento;
hd
V
o menor dos seguintes valores:
ckc
fA
85,0 e
yd
fA
;
116
(
)
tr
I
o momento de inércia da seção mista homogeneizada.
O EUROCODE 4 (2004) e a BSI 5950 (1990) recomendam que seja utilizada a
seguinte expressão para o cálculo da flecha em vigas mistas com interação parcial:
( )
+= 111
c
a
i
c
C
δ
δ
η
δ
δ
(50)
Onde:
i
η
é o grau de interação no estado limite último
c
δ
é a flecha calculada para interação completa
a
δ
é a flecha calculada para a viga de aço isolada
C
é um coeficiente igual a 0,3 para construção não-escorada e 0,5 para construção
escorada
A verificação da flecha em vigas contínuas pode ser feita através da seguinte
expressão simplificada proposta pelo EUROCODE 4 (2004) e pela BSI 5950 (1990):
+
=
o
M
MM
C
21
0
1
δδ
(51)
Onde:
6,0
=
C
para carga uniformemente distribuída ou cargas pontuais simétricas;
5,0
=
C
para carga pontual no centro da viga;
0
M
e
0
δ
são os momentos e flecha no meio do vão para a viga simplesmente apoiada;
1
M
e
2
M
o os momentos negativos nos apoios para a mesma condição de
carregamento, reduzidos para fissuração e plastificação, conforme descrito acima.
117
3
3
.
.
1
1
0
0
E
E
F
F
E
E
I
I
T
T
O
O
S
S
D
D
A
A
R
R
E
E
T
T
R
R
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
E
E
D
D
A
A
F
F
L
L
U
U
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
D
D
O
O
C
C
O
O
N
N
C
C
R
R
E
E
T
T
O
O
N
N
A
A
V
V
I
I
G
G
A
A
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
O concreto é um material que, ao contrário do aço, sofre os efeitos do tempo e do
ambiente ao longo de sua vida. Desde os primeiros instantes de sua “vida”, o concreto sofre
os efeitos da temperatura e da umidade do ar. A temperatura liberada durante o processo de
hidratação ocasiona a expansão do concreto, enquanto a perda de água para o ambiente
provoca uma diminuição volumétrica do mesmo.
O primeiro fenômeno é chamado expansão térmica e normalmente existe sentido em
estudá-lo em obras com grandes volumes de concreto, como barragens ou grandes blocos de
fundação. O segundo fenômeno é conhecido como retração e este, sim, é um fenômeno que
deve ser considerado algumas vezes em vigas mistas.
A retração do concreto tem como principais causas as seguintes:
Retração química: provocada pelas contrações da água quimicamente
combinada;
Retração por perda de água adsorvida através da evaporação, ou seja,
evaporação parcial de água capilar;
Retração por carbonatação, ocasionando diminuição de volume;
Retração devido ao processo de hidratação do cimento;
Os fatores que influenciam a retração são relativos ao ambiente de exposição e à
composição do concreto, como seguem:
Geometria da peça: proporção entre volume e superfície exposta; quanto maior
a superfície exposta maior a retração;
Idade do concreto: a retração é mais efetiva nas primeiras idades do concreto,
justamente quando este apresenta menor resistência;
118
Fator água cimento (a/c): quanto maior esta relação, maior a evaporação de
água e conseqüentemente maior a retração;
Composição química do cimento;
Quantidade de armadura, pois esta combate os efeitos da retração;
Aditivos utilizados na produção do concreto;
Cura do concreto: hidratação contínua do concreto durante sua cura diminui a
evaporação de água, diminuindo a retração.
A hidratação do concreto é um processo expansivo, porém tem ordem de grandeza
muito inferior à retração e, portanto, geralmente não é considerada.
que normalmente a estrutura é parcial ou totalmente restringida, a redução
volumétrica causada pela retração provoca esforços de tração no concreto e,
conseqüentemente, fissuras. A perda de rigidez provocada pelas fissuras, por sua vez,
ocasiona aumento das deformações.
A retração do concreto é também influenciada pela modificação do módulo de
elasticidade do concreto ao longo da sua vida e também pelo efeito da fluência.
A fluência é também conhecida como deformação lenta do concreto. É o fenômeno em
que o concreto, solicitado por uma força externa constante, apresenta deformação crescente.
Simplificadamente, pode-se dizer que, aplicada uma força de compressão, inicialmente
os cristais se acomodam e, se esta força permanecer, a água capilar caminhará para capilares
mais finos, causando tensões internas e deformação lenta (retardada).
Os fatores que influenciam a fluência são praticamente os mesmos que afetam a
retração e estão descritos a seguir:
Composição do concreto;
Processo de cura;
Geometria da peça: quanto mais esbelta maiores os efeitos da fluência;
119
Umidade do ambiente: quanto maior a variação da umidade, maior a fluência;
Temperatura do ambiente: quanto maior a temperatura, maiores os efeitos da
fluência;
Exposição da peça: quanto mais exposta maior a fluência;
Idade do concreto no momento da aplicação do carregamento e duração do
mesmo;
Nível de tensões aplicadas: quanto maior, maior a fluência.
As teorias sobre fluência consideram que a deformação lenta varia linearmente com o
esforço aplicado, o que é razoável para níveis comuns de tensão. No caso de necessidade de
um estudo mais específico, as normas relativas a estruturas de concreto armado deverão ser
consultadas.
A figura 3.23 representa a deformação de uma peça solicitada por um esforço
constante durante determinado período. Neste momento, a solicitação é removida e nota-se
que persiste uma deformação residual.
Deformação lenta
residual
Recuperação
retardada
Deformação elástica
instantânea
Deformação
lenta
Tempo
Deformação
Recuperação elástica
instantânea
Figura 3.23 - Deslocamento ao longo do tempo
Este fenômeno está relacionado à diminuição do módulo de elasticidade do concreto e
deve ser considerado na determinação do deslocamento total da viga mista, considerando-se
ainda a duração do carregamento. Simplificadamente, a tabela 3.21 apresenta uma
recomendação do EUROCODE 4 (2004) do fator
n
que deve dividir o módulo de
elasticidade do concreto para consideração da fluência ou deformação lenta.
120
Tabela 3.21 - Fator
n
para adequação do módulo de elasticidade do concreto para efeito da
fluência segundo o EUROCODE 4 (2004)
Ambiente
Idade do concreto
Interno Externo
7 4,5 3,8
14 4,0 3,4
28 3,5 3,0
90 3,0 2,5
Outro efeito relacionado à fluência é a chamada relaxação do concreto. Quando
submetido a uma deformação imposta constante, a tensão diminui ao longo do tempo. Este
fenômeno também está ligado à diminuição do módulo de elasticidade do concreto.
A BSI 5950 (1990) faz uma diferenciação no cálculo do coeficiente de
homogeneização da seção em relação à proporção de carregamento de curta e longa duração,
para consideração dos efeitos do tempo na viga mista, expresso por:
(
)
sllse
α
ρ
α
α
+
+
=
(52)
Onde:
s
α
é o coeficiente de homogeneização para ações de curta duração;
l
α
é o coeficiente de homogeneização para ações de longa duração;
l
ρ
é a razão entre as ações de longa duração e a soma de todas as ações.
A tabela 3.22 cita os valores de
s
α
,
l
e
e
usualmente utilizados em lculos de
edifícios:
Tabela 3.22 - Valores usuais dos coeficientes de homogeneização conforme a BSI 5950
(1990) para concreto de densidade normal
s
α
l
e
6 16 10
121
3
3
.
.
1
1
1
1
E
E
F
F
E
E
I
I
T
T
O
O
D
D
O
O
E
E
S
S
C
C
O
O
R
R
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
Outro fator que deve ser avaliado em vigas mistas é a presença do escoramento. O
concreto é um material estrutural que tem como particularidade a resistência praticamente
nula no momento do seu lançamento e o ganho progressivo de resistência.
A NBR 8800 (rev. 2006) apresenta duas exigências adicionais a serem atendidas para
vigas mistas bi-apoiadas não escoradas:
O perfil de aço isolado deve suportar todas as ações de cálculo ao momento
que o concreto atinja
ck
f
75,0 .
Para vigas com
ywy
f
E
t
h
f
E
70,576,3 <
a mesa inferior da seção mais
solicitada deve atender à seguinte expressão:
a
y
ef
Lsd
a
Gsd
f
WW
γ
Μ
+
Μ
,
,
0
(53)
Sendo:
0
,
Gsd
Μ
e
Lsd
,
Μ
os momentos fletores solicitantes de cálculo devido às ações atuantes,
respectivamente, antes e depois da resistência do concreto atingir
ck
f
75,0 .
Da mesma forma, as deformações devem ser calculadas separadamente antes e depois
do concreto atingir sua resistência e, posteriormente, estas deformações devem ser
sobrepostas.
3
3
.
.
1
1
2
2
O
O
U
U
T
T
R
R
O
O
S
S
T
T
I
I
P
P
O
O
S
S
D
D
E
E
V
V
I
I
G
G
A
A
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
O dimensionamento apresentado anteriormente trata de vigas mistas formadas por
perfis de alma cheia, em especial perfis tipo I conectados à laje de concreto. Porém existem
122
outros tipos de vigas mistas que devem ser avaliados, pois possuem vantagens que, muitas
vezes, podem ser mais adequadas para determinado projeto.
Vigas mistas revestidas por concreto:
As vigas mistas revestidas têm como principais vantagens sobre os demais tipos, a
proteção ao fogo e a contribuição para a resistência à flambagem local dos membros do perfil
de aço, pois estes estão travados pelo concreto.
Algumas vantagens destas vigas compartilhadas com sistemas de pré-moldados de
concreto e estruturas de aço:
No caso de concretagem no local da obra, o processo de transporte das peças é
facilitado;
No caso de concretagem no canteiro ou na fábrica, exclui-se a necessidade de
fôrmas;
Elementos estruturais com boa resistência ao fogo;
Execução de ligações como em estruturas de aço, mais simples que estruturas
pré-moldadas;
Ausência ou diminuição da quantidade de fôrmas, pois o perfil de aço cumpre
este papel;
Contribui para a resistência à flambagem lateral;
Aumenta a rigidez da seção de aço.
123
d t
c
Figura 3.24 - Exemplo de viga mista parcialmente revestida no concreto
O dimensionamento da viga parcialmente revestida é similar ao demonstrado nos itens
anteriores. No caso de análise elástica deve-se homogeneizar a seção, dividindo-se a largura
da seção de concreto por
c
EEn
/
=
, desprezando-se o concreto tracionado. No caso de
análise plástica, também devem ser considerados os diagramas retangulares de tensões como
para vigas mistas convencionais, desprezando-se o concreto tracionado.
O EUROCODE 4 (2004) faz algumas recomendações especiais para o
dimensionamento deste tipo de viga:
O concreto deve ser armado com barras longitudinais e estribos ou tela
soldada;
A viga mista deve ser mecanicamente ligada à mesa de concreto por
conectores, barras soldadas ou barras com furos;
O concreto de embutimento deve prevenir flambagem da alma e qualquer parte
comprimida da mesa em relação à alma;
Alma de classe 3 pode ser representada por uma alma de seção 2;
Contribui para a resistência à flambagem lateral, flambagem por cisalhamento
e flambagem lateral por distorção. Para almas com
ε
> 124
w
t
d
, a resistência à flambagem
por cisalhamento deve ser verificada por ensaios.
ε
conforme tabela 3.2.
124
Vigas mistas totalmente revestidas:
A viga de aço totalmente revestida por concreto, executada em conjunto com a laje,
pode ser considerada interligada ao concreto por efeito da aderência, sem a necessidade de
conectores complementares, desde que sejam seguidas as seguintes recomendações da NBR
8800 (rev. 2006):
O cobrimento mínimo de concreto em toda a volta da viga de aço seja 50mm
ou a face superior da viga de o esteja, pelo menos, 40mm abaixo da face superior e 50 mm
acima da face inferior da laje.
O concreto de cobrimento esteja armado convenientemente em toda a sua volta
para evitar desagregação;
A viga de aço não seja pintada;
A viga de aço deve ter
yw
f
E
t
h
6,5
Desta forma, o dimensionamento das vigas mistas totalmente revestidas por concreto
devem seguir os mesmos conceitos das vigas mistas. A NBR 8800 (rev. 2006) propõe uma
simplificação de cálculo da viga mista totalmente revestida por concreto que consiste no
seguinte:
Resistência de cálculo da viga mista =
nb
M
φ
onde
0,1
=
b
φ
, calculado como a
viga de aço isolada.
Vigas mistas com aberturas na alma:
Vigas mistas com aberturas na alma são muitas vezes utilizadas em edifícios de
múltiplos andares para diminuição do peso da estrutura, passagem de tubulações ou até
mesmo por efeito estético.
125
Uma verificação importante a ser feita neste caso é em relação à força cortante, pois a
parcela da força cortante interagindo com o momento fletor passa a ser considerável.
P
t
M
tl
V
t
V
t
M
th
P
t
s
t
h
0
s
b
V
b
M
bl
P
b
P
b
M
bh
V
b
V
M-0,5V
a0
M+0,5V
a0
V
a
0
Figura 3.25 - Forças atuantes numa abertura
A figura 3.25 mostra as forças atuantes numa região de abertura sujeita a momento
fletor e força cortante. A parte superior da viga está submetida a uma compressão, uma força
cortante e momentos fletores à esquerda e à direita. A parte inferior essujeita a uma tração,
uma força cortante e momentos fletores à esquerda e à direita.
Vigas mistas treliçadas:
As treliças mistas podem apresentar grandes vantagens quando a necessidade de
vencer grandes vãos e também quando são desejáveis passagens de tubulação e possível
utilização desta altura livre.
A nova versão da Norma Brasileira traz algumas recomendações para este tipo de
viga:
Ser biapoiada;
126
Ter interação completa com a laje de concreto;
Área do banzo superior desprezada na determinação do momento fletor
positivo e flecha;
Resistência dos conectores de cisalhamento baseada na resistência do banzo
inferior.
Em relação à determinação dos deslocamentos esta norma recomenda, no caso de uma
análise não muito precisa que sejam adotados os seguintes critérios:
Para ações solicitantes antes da cura do concreto, deve ser considerado
momento de inércia formado pelas cordas inferiores e superiores da seção de o reduzido em
15%, para levar em conta os efeitos das deformações por cisalhamento;
Para ações após a cura do concreto, tomar o momento de inércia da seção
formada pelas cordas superiores e inferiores da treliça de aço para consideração das
deformações por cisalhamento.
A partir destas recomendações, a treliça mista deve ser dimensionada analogamente a
uma viga mista de alma cheia, considerando-se a distribuição de esforços como treliça.
3
3
.
.
1
1
3
3
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
F
F
I
I
N
N
A
A
I
I
S
S
Foram apresentados neste capítulo os principais aspectos relativos ao
dimensionamento de vigas mistas, destacando-se os pontos relevantes para um bom projeto,
com o objetivo de unificar os conceitos para que o leitor possa utilizá-los de maneira prática e
objetiva.
No capítulo a seguir serão expostos, da mesma maneira, os aspectos dimensionais dos
pilares mistos.
127
3
3
.
.
1
1
4
4
E
E
X
X
E
E
M
M
P
P
L
L
O
O
S
S
P
P
R
R
Á
Á
T
T
I
I
C
C
O
O
S
S
Viga mista biapoiada
5 x 4m = 20m
1 2 3 4 5 6
A
B
C
D
y
x
V2 V2 V2 V2 V2
V2 V2 V2 V2 V2
V1 V1 V1 V1 V1
V1 V1 V1V1V1
V3V3V3V3V3
V3V3V3V3V3
V4
V5
V5
V5
V5
V4
Figura 3.26 - Pavimento tipo do edifício exemplo – Viga mista biapoiada – V3
A viga mista a ser dimensionada será a V3 do edifício exemplo dado no capítulo 2. O
esquema estático da viga mista está descrito na figura 3.27.
Carregamento proveniente da laje:
Peso próprio: 2,5 KN/m²;
Forro/revestimento/serviços: 1,5KN/m²;
Sobrecarga: 2,0KN/m²
Distância entre vigas = 4,0m
Peso próprio do perfil: 0,5 KN/m
g=16,5KN/m
9000
q=8KN/m
Figura 3.27 - Esquema estático da viga V3 do edifício exemplo
128
Sendo “g” o carregamento permanente e q” o carregamento acidental (sobrecarga).
Desta maneira, temos:
KNmM
g
167
=
e
KNmM
q
81
=
os momentos fletores devido ao carregamento
permanente e acidental respectivamente.
KNV
g
3,74
=
e
KNV
q
36
=
as forças cortantes devido ao carregamento
permanente e acidental respectivamente.
As combinações a serem utilizadas, serão, segundo a NBR 8681 (2003):
Combinações últimas normais, para verificação do estado limite último dos
elementos:
= =
++=
m
i
n
j
kQjjkQqkGigid
FFFF
1 2
,0,1,
ψγγ
(54)
Onde:
kGi
F
,
é o valor característico das ações permanentes;
kQ
F
,1
é o valor característicos da ação variável considerada como principal para a
combinação;
kQjj
F
,0
ψ
é o valor reduzido de combinação de cada uma das demais ações variáveis.
Segundo a NBR 8681 (2003), para uma edificação com as características do exemplo
deste trabalho:
4,1==
qg
γγ
;
5,0
0
=
ψ
quando aplicado às ações acidentais;
6,0
0
=
ψ
quando aplicado às ações do vento;
Combinações freqüentes de serviço, para verificação dos estados limites de
serviço:
129
= =
++=
m
i
n
j
kQjjkQkGiutid
FFFF
1 2
,2,11,,
ψψ
(55)
Sendo:
6,0
1
=
ψ
e
4,0
2
=
ψ
para ações acidentais;
3,0
1
=
ψ
e
0
2
=
ψ
para ações de vento;
Como no caso desta viga biapoiada temos apenas uma ação acidental (sobrecarga),
obtemos os seguintes valores dos esforços últimos:
KNmM
Sd
2,347
=
;
KNV
Sd
4,154
=
.
Para a verificação do estado limite de deslocamento excessivo, temos o seguinte valor
do carregamento a ser considerado:
mKNq
/3,21
=
O perfil de aço adotado para compor a viga mista é o perfil laminado W 360x44 da
“Gerdau”. O aço que o compõe é o ASTM A572 Gr 50 que possui tensão de escoamento
2
/5,34 cmKNf
y
=
. A laje mista adotada tem altura total de 140mm e altura acima da rma
de aço de 65mm com nervuras perpendiculares ao eixo da viga.
A largura efetiva da mesa de concreto será um oitavo do vão da viga, ou seja 1125 mm
para cada lado do eixo da viga mista. A seção transversal completa da viga mista a ser
dimensionada está apresentada na figura 3.28.
t
f
=9,8 h=332,4 t
f
=9,8
d=352
t
w
=6,9
b
f
=171
h
F
=75 t
c
=65
b
ef
=2250
Figura 3.28 - Seção transversal da viga mista V3 do edifício exemplo
130
Dados do perfil:
2
7,57
cmA
=
;
4
12258cmI
x
=
.
Classificação da seção transversal:
48=
w
t
h
portanto a seção pode ser calculada com
base numa análise plástica.
O dimensionamento da viga mista será baseado na NBR 8800 (rev. 2006), viga mista
com interação total e conectores tipo pino com cabeça.
Posição da linha neutra plástica (LNP):
KNbtf
efccd
7,26632255,6
4,1
3
85,0
´
==
KNAf
yd
1731
15,1
5,34
7,57 ==
A LNP encontra-se na mesa de concreto.
LNP na mesa de
concreto
d2 d
1
C
T
a
LNP
cd
f
yd
t
f
b
f
t
f
h
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
Figura 3.29 - Linha Neutra da mesa de concreto
Seguindo o formulário dado na tabela 3.12, temos:
KNCT
1731
=
=
131
cm
bf
Af
a
efcd
yd
22,4
22582,1
1731
´
=
==
[
]
KNm
a
thdAfM
cFydplRd
5,510
2
22,4
5,65,76,171731
2
1,
=
++=++=
KNmM
Sd
2,347
=
Como
RdSd
MM
<
a verificação está atendida.
A seguir o dimensionamento dos conectores de cisalhamento com base no item 3.4.
KNV
h
1731
=
KNV
hd
242317314,1
=
=
mmd
cs
25
=
;
2
5
cmA
cs
= ;
2
/5,34 cmKNf
ycs
=
;
2
/5,41
cmKNf
ucs
= .
KN
EfA
Q
cs
cckcs
Rd
177
25,1
261035
2
1
2
1
=
==
γ
KN
fARR
Q
cs
ucssps
Rd
166
25,1
5,4150,10,1
=
==
γ
6,14
166
2423
===
Rd
hd
cs
Q
V
n
conectores entre o ponto de momento máximo e o apoio;
espaçamento entre conectores de 270mm, ou seja, um conector por nervura.
Dimensionamento à força cortante baseado no item 3.7.
48
9,6
4,332
===
w
t
h
λ
61
5,34
2100005
1,11,1 =
==
y
v
p
f
Ek
λ
KNfAV
ywpl
4745,349,226,060,0 ===
KN
V
V
pl
Rd
338
4,1
474
===
γ
KNV
Sd
4,154
=
132
Como
RdSd
VV
<
a verificação está atendida.
Seguiremos para a verificação ao estado limite de deslocamento vertical.
Determinação da seção homogeneizada, considerando dulo de elasticidade do
concreto para cargas de longa duração igual a
3
c
E
.
24
3
2610
21000
==
η
cm
n
b
ef
4,9
24
225
==
Determinação do momento de inércia da seção homogeneizada:
4
36305cmI
tr
=
Cálculo da flecha:
cm
EI
qL
4,2
36305
21000
384
900213,05
384
5
44
=
==
δ
A flecha máxima, segundo os dados da tabela 3.20 deveria ser:
cm
L
6,3
250
900
250
==
Portanto, a verificação está atendida.
O estado limite de fissuração excessiva não será descrito neste item por se tratar de um
cálculo diretamente ligado às estruturas de concreto podendo ser facilmente encontrado na
NBR 6118 (2003).
133
Viga mista contínua
5 x 9m = 45m
5 x 4m = 20m
1 2 3 4 5 6
A
B
C
D
y
x
V2 V2 V2 V2 V2
V2 V2 V2 V2 V2
V1 V1 V1 V1 V1
V1 V1 V1V1V1
V3V3V3V3V3
V3V3V3V3V3
V4
V5
V5
V5
V5
V4
Figura 3.30 - Pavimento tipo do edifício exemplo – Viga mista contínua – V5
Como exemplo será tomada a viga V5 do primeiro pavimento do edifício exemplo
dado no capítulo 2. Serão feitas as verificações pelo estado limite último. Para os estados
limites de utilização devem ser analisados os lculos realizados para a viga mista biapoiada
com as devidas adaptações.
Esta viga faz parte do pórtico resistente às ações laterais, sendo que o diagrama de
momentos fletores e forças cortantes foram retirados de uma análise estrutural por meio de
programa computacional e estão demonstrados na figura 3.31.
Teremos duas combinações últimas:
Combinação 1: carregamento acidental como ação variável principal;
Combinação 2: vento como ação variável principal.
A largura efetiva na região de momento negativo se considerada
8
0
L
, sendo
mL
0,3
0
=
retirado do diagrama da figura 3.31. A largura efetiva na região de momento
positivo será
8
0
L
, sendo
mL
0,5
0
=
também retirado do diagrama acima.
134
a) Momentos fletores (KNm) - Combinação 1
140
332
662493
573
300
687
5 3
8 4
5 3
8
97
5
281
247
404
88
35
4
619
181
498
460
101
b) Momentos fletores (KNm) - Combinação 2
c) Força cortante (KN) - Combinação 1
49
241
47
253
262
269
51
50
238
252
4 4
8
4
4 4
8
8
44
4
8
44
d) Força cortante (KN) - Combinação 2
25
24
217
230
262
269
27
27
216
226
Figura 3.31 - Diagramas de esforços solicitantes de cálculo da viga V5 do edifício exemplo
Portanto, as seções mistas consideradas para as duas regiões estão descritas na figura
3.32 e as nervuras da laje mista estão paralelas à viga.
135
h
f
=75 t
c
=65
b
ef
=750
119
(típ.)
155
(típ.)
t
f
=19,6 h=572,8 t
f
=19,6
d=612
t
w
=11,9
b
f
=229
a) Região de momento negativo
h
f
=75 t
c
=65
b
ef
=1250
119
(típ.)
155
(típ.)
b) Região de momento positivo
115
A
s
= 13Ø12,5 = 16,3cm
2
t
f
=19,6 h=572,8 t
f
=19,6
d=612
t
w
=11,9
b
f
=229
Figura 3.32 - Seções transversais típicas da viga V5 do edifício exemplo
Dados do perfil:
2
1,160
cmA
=
;
4
99184
cmI
x
= ;
3
3697
cmZ
x
=
O perfil de aço adotado para compor a viga mista é o perfil laminado W 610x125 da
“Gerdau”. O aço que o compõe é o ASTM A572 Gr 50 que possui tensão de escoamento
2
/5,34 cmKNf
y
=
. A laje mista adotada tem altura total de 140mm e altura acima da rma
de aço de 65mm com nervuras paralelas ao eixo da viga.
Para que a seção possa ser dimensionada pela análise plástica devemos verificar a
esbeltez da seção transversal. Para a alma, segundo a NBR 8800 (rev. 2006), a relação entre
duas vezes a altura comprimida da alma e a sua espessura deverá ser inferior a
y
f
E
76,3
:
Se considerarmos, a favor da segurança
48
19,1
28,57
==
w
t
h
93
5,34
21000
76,376,3 ==
y
f
E
Para a mesa comprimida, devemos ter:
yf
f
f
E
t
b
38,0
2
<
136
84,5
96,12
9,22
2
=
=
f
f
t
b
37,9
5,34
21000
38,038,0 ==
y
f
E
Portanto, a seção pode ser dimensionada utilizando-se a análise plástica sem a
necessidade de verificação à flambagem local da alma e da mesa inferior.
A seguir o cálculo da resistência plástica ao momento fletor positivo:
Posição da linha neutra plástica (LNP):
KNbtf
efccd
14801255,6
4,1
3
85,0
´
==
KNAf
yd
4803
15,1
5,34
1,160 ==
KNfA
ydw
2046
15,1
5,34
2,68 ==
A LNP encontra-se na alma do perfil de aço.
Seguindo o formulário dado na tabela 3.12, temos:
LNP na alma do
perfil
t
f
f
yd
f
yd
y
c
cd
b
f
y
LNP
T
C
C'
t
c
y
t
t
f
h
d
1
d
2
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
Figura 3.33 - Resistência ao momento fletor positivo – viga V5 do edifício exemplo
KNC 1480
=
137
[
]
[ ]
KNCAfC
yd
166114804803
2
1
2
1
´ ===
NCAfT
yd
314216614803´
=
=
=
(
)
cm
ft
ftbCAf
ty
yw
yff
c
a
t
y
f
7,14
5,3419,12
5,3496,19,222
4,1
15,1
14805523
19,1
2
2
__
=
+=
+=
γ
γ
( ) ( )
KNm
y
t
hdCyydCM
t
c
FtcRd
16105,13
2
5,6
5,72,611480
5,138,22,611661
2
'
=
++
+=
+++=
KNmM
Sdmáx
493
=
Como
plRdSd
MM
,
<
a verificação está atendida.
A seguir a verificação da resistência ao momento fletor negativo conforme o item 3.5.
Determinação da posição da linha neutra plástica (LNP):
t
f
b
f
t
f
h
b
ef
t
c
h
F
t
w
d
A
s
d
c
T'
LNP
C
T
f
syd
f
yd
y
c
y
y
t
f
yd
LNP na alma do
perfil
Figura 3.34 - Resistência ao momento fletor negativo – viga V5 do edifício exemplo
KNAf
yd
4803
15,1
5,34
1,160 ==
138
KNfA
syds
7095,433,16 ==
KNfA
ydw
2046
15,1
5,34
2,68 ==
Como
ydwsyds
fAfA <
a LNP encontra-se na alma do perfil.
(
)
42
2
h
fA
fA
dth
d
fAMM
ydw
syds
ccFsydsaRd
+++=
(
)
KNmM
Rd
1420
4
3,57
2046
709
5,25,65,7
2
2,61
709108687
2
=
+++=
Como a viga mista está submetida a momento fletor negativo, deve ser verificada a
flambagem lateral com distorção de acordo com 3.8.1.
=
RddistdistRd
MM
χ
,
25,0
3
2
4
10,5
+=
f
f
w
s
bdist
y
ff
sw
dist
b
t
t
h
EC
f
tb
ht
λ
0,8
=
bdist
C
01,1
9,22
96,1
19,1
22,59
821000
5,34
96,19,224
2,5919,1
10,5
25,0
3
2
=
+=
dist
λ
659,0
=
dist
X
KNmM
distRd
9351420659,0
,
==
KNmM
Sdmín
687
=
Como
<
distRdSdmín
MM
,
a verificação está atendida.
Verificação à força cortante:
48
19,1
28,57
===
w
t
h
λ
191
5,34
2100005
1,11,1 =
==
y
v
p
f
Ek
λ
139
KNfAV
ywpl
14115,342,686,060,0 ===
KN
V
V
pl
Rd
1008
4,1
1411
===
γ
KNV
Sdmáx
269
=
Como
RdSd
VV
2
1
<
não necessidade de verificação da interação força cortante
momento fletor.
Como a viga mista é contínua, a força de cisalhamento longitudinal atuante deve ser
calculada por:
sch
FFV
+
=
Sendo:
KNfabF
cdefc
1480
4,1
3
5,612585,085,0 ===
KNfAF
sydss
7095,433,16
=
=
=
KNV
h
21897091480
=
+
=
KNV
hd
306521894,1
=
=
mmd
cs
25
=
;
2
5cmA
cs
= ;
2
/5,34 cmKNf
ycs
=
;
2
/5,41 cmKNf
ucs
= .
KN
EfA
Q
cs
cckcs
Rd
177
25,1
261035
2
1
2
1
=
==
γ
KN
fARR
Q
cs
ucssps
Rd
166
25,1
5,4150,10,1
=
==
γ
5,18
166
3065
===
Rd
hd
cs
Q
V
n
conectores entre o ponto de momento máximo e o apoio;
espaçamento entre conectores de 200 mm.
140
141
4
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
4
4
:
:
P
P
I
I
L
L
A
A
R
R
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
O
O
S
S
D
D
I
I
M
M
E
E
N
N
S
S
I
I
O
O
N
N
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
4
4
4
4
.
.
1
1
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
I
I
N
N
I
I
C
C
I
I
A
A
I
I
S
S
Os pilares mistos têm aplicações não apenas em edifícios de pequeno porte como
galpões, mas também em edifícios altos. Normalmente as vantagens como proteção ao fogo,
corrosão, impacto ou estética precedem à escolha deste tipo de pilar e proporcionam, como
conseqüência, um ganho estrutural em edificações pequenas e médias.
Outra aplicação atual dos pilares mistos é a recuperação de estruturas. É possível, com
certa facilidade, transformar um pilar de aço ou de concreto em pilar misto sem grandes
modificações de arquitetura ou layout. No primeiro caso, com a utilização de fôrmas e
acréscimos de armaduras, é possível aumentar a rigidez facilmente. No segundo caso, pode-se
“colar” ou chumbar chapas metálicas ao redor do pilar de concreto, criando um pilar misto
mais resistente.
Em estruturas sujeitas a carregamento sísmico, os pilares mistos revestidos têm sido
preferidos devido ao fato de que, sob esforços elevados de flexão, apesar da fissuração
diminuir a rigidez, o núcleo de aço possui grande resistência à cortante e comportamento
dúctil a carregamentos cíclicos.
As principais vantagens dos pilares mistos são:
Capacidade resistente a partir do momento da montagem diferentemente da
estrutura de concreto;
Utilização do aço como fôrma para o concreto;
142
Redução de consumo de aço, com utilização de perfil com espessuras
menores, uma vez que o concreto possui resistência à compressão;
Melhor comportamento quando submetido a ações cíclicas.
A tabela 4.1 apresenta um panorama dos estudos realizados sobre pilares mistos aço-
concreto.
Tabela 4.1 - Panorama dos trabalhos realizados sobre pilares mistos aço-concreto
Pesquisador(es) ou ano Observações sobre os trabalhos realizados
COMITÉ EURO-INTERNACIONAL DU
BÉTON (CEB) (1979)
Primeira recomendação sobre
dimensionamento de pilares mistos.
JONHSON (1994)
Nesta publicação, foi feita uma apresentação
didática das estruturas mistas com exemplos
práticos.
UY (1996)
Propôs uma nova avaliação para o
comportamento de pilares mistos
preenchidos retangulares após a flambagem
local da parede do perfil.
KATO (1996)
Apresentou um estudo das curvas de
flambagem dos pilares mistos demonstrando
que as curvas utilizadas para perfis de aço
isolados podem ser aplicáveis para pilares
mistos com algumas adaptações.
UY (1998)
Realizou ensaios com pilares mistos
tubulares axialmente comprimidos e concluiu
que o comprimento da onda formada na
região com flambagem local é igual ao lado
da seção no caso de seções quadradas.
FIGUEIREDO (1998)
Dissertação de mestrado voltada a aspectos
práticos de projeto e construção de pilares
mistos aço-concreto.
DE NARDIN (1999)
Apresentou um estudo teórico-experimental
de pilares mistos compostos por tubos de aço
143
preenchidos por concreto de alta resistência.
WANG (1999)
Foram realizados testes com pilares mistos
esbeltos com o intuito de calibrar resultados
para o EUROCODE 4 (2004) com a BSI
5950 (1900) e verificar a precisão de um
novo método.
SHANMUGAM, LAKSHMI (2001)
Apresentaram um estado da arte atual dos
pilares mistos revestidos e preenchidos com
ênfase em estudos experimentais e analíticos.
ZHA (2003)
Estudou através do Método dos elementos
finitos a resistência de pilares circulares
preenchidos sob condição de incêndio.
DE NARDIN (2003)
Apresentou um estudo sobre as ligações
viga-pilar em pilares mistos preenchidos.
LIN-HAI HAN (2005)
Foi estudado o comportamento de pilares
mistos circulares preenchidos submetidos a
carregamentos cíclicos axial e de flexão.
DÓRIA (2007)
Apresentou um estudo da estabilidade dos
pórticos de aço com base em cargas fictícias.
Neste capítulo serão tratados os principais aspectos dimensionais dos pilares mistos
parcial e totalmente revestidos por concreto, preenchidos retangulares e tubulares, conforme
seções transversais apresentadas na figura 4.1.
Os tipos de pilares mistos mais comuns são os descritos na figura 4.1:
a) Pilar misto formado por perfil de aço totalmente revestido por concreto;
b) Pilar misto formado por perfil de aço parcialmente revestido por concreto;
c) Pilar misto formado por perfil tubular retangular preenchido por concreto;
d) Pilar misto formado por perfil tubular circular preenchido por concreto.
144
(b)
y
d=h
c
xx
t
w
e
x
t
f
t
f
e
y
b
f
= b
c
c
y
c
y
t
w
d
c
X
b
f
c
X
b
c
y
y
e
y
x x
h
c
e
x
(a)
e
y
x
t
y
b
1
t
xx
e
y
y
b
2
D
x
y
(d)
(c)
e
x
y
y
Figura 4.1 - Tipos de pilares mistos
Estes tipos de pilares são os mais utilizados, tanto por maior disponibilidade do perfil
quanto por serem os mais estudados e presentes nas principais Normas, porém, existem
inúmeros tipos de pilares que podem ser criados devido a imposições arquitetônicas ou outra
circunstância especial.
Os pilares tipo “battened” (figura 4.2) são formados por um núcleo central de
concreto, perfis em “U” nas laterais interligados por chapas.
Seção transversal
Figura 4.2 - Pilar misto tipo “battened”
145
Este tipo de pilar não é citado em Normas Nacionais e Internacionais, porém pode ser
dimensionado de maneira análoga aos pilares mistos revestidos, o que pode ser extrapolado
para outros tipos que sejam requeridos por circunstâncias específicas.
4
4
.
.
2
2
C
C
O
O
M
M
P
P
O
O
R
R
T
T
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
E
E
S
S
T
T
R
R
U
U
T
T
U
U
R
R
A
A
L
L
As Normas e procedimentos de cálculos de pilares mistos podem ser divididos em
duas linhas de raciocínio:
Pilares de concreto com armaduras especiais constituídas pelo perfil de aço;
Pilares de aço com resistência e rigidez modificadas pela presença do concreto.
O tratamento dos pilares mistos não seria possível por nenhum dos raciocínios acima
sem algumas considerações especiais, portanto, alguns dos principais fatores que interferem
no comportamento e na resitência dos pilares mistos serão delineados a seguir.
4.2.1 ADERÊNCIA ENTRE O AÇO E O CONCRETO
Normalmente, os pilares mistos são considerados com interação completa entre o aço
e o concreto por serem elementos essencialmente comprimidos, não submetidos a esforços de
cisalhamento longitudinal elevados.
As normas atuais apresentam valores máximos de aderência nesta interface, de modo
que esforços abaixo destes limites dispensam a necessidade de utilização de conectores de
cisalhamento.
146
Tabela 4.2 - Resistência limite de cisalhamento entre o aço e o concreto
(
)
Rd
τ
para dispensa
do uso de conectores em (N/mm²)
NBR 8800
(rev. 2006)
EUROCODE
4 (2004)
BSI 5400
(1979)
AISC-LFRD
(1994)
Perfis I totalmente
envolvidos por concreto
0,30
0,30 0,60
Mesas de perfis I
parcialmente envolvidos
por concreto
0,20 0,20 ____
Almas de perfis I
parcialmente envolvidos
por concreto
0,00 ____ ____
Perfis tubulares
retangulares
preenchidos por
concreto
0,40 0,40 0,40
Perfis tubulares
circulares preenchidos
por concreto
0,55 0,55 0,40
Quando
3,0
,
plRd
Sd
N
N
,
não há
necessidade de
conectores.
1
1
Nos demais casos devem ser previstos conectores como para vigas mistas, atuando
apenas para o momento fletor.
A NBR 8800 (rev. 2006) e o EUROCODE (2004) propõem o valor dado na tabela 4.2
para pilares mistos totalmente revestidos com cobrimentos mínimos exigidos. Para
cobrimentos maiores e armaduras adequadas, a tensão de cisalhamento limite
(
)
Rd
τ
pode ser
multiplicada por:
5,2102,01
min
+=
z
z
zc
c
c
c
β
(56)
Sendo:
z
c o cobrimento nominal do concreto em mm
mmc
z
40
min
=
Ensaios têm mostrado que estas tensões podem não acontecer, ocorrendo o
deslocamento do concreto antes destes valores serem atingidos, porém sem interferência na
resistência final do pilar.
147
Analisando a tabela 4.2 podemos dizer que pilares preenchidos possuem maior
aderência que os revestidos, devido ao efeito do confinamento e que os circulares possuem
aderência ainda maior, pois este efeito é mais acentuado.
O uso de conectores de cisalhamento pode ser necessário no caso de ser excedido o
valor admissível apresentado acima, o que pode acontecer na presença de uma carga
concentrada aplicada, ou em caso de carregamento dinâmico ou sísmico.
Os principais fatores que podem influenciar a aderência entre o aço e o concreto são:
Reentrâncias ou irregularidades do perfil;
Pressão na interface;
Fissuração do concreto sob flexão;
Confinamento do concreto.
Na falta de ensaios experimentais ou outra forma de comprovar a aderência entre os
materiais, devem ser utilizados como limite os valores das Normas, instalando-se conectores
nas regiões onde a tensão de cisalhamento ultrapassá-los.
Pilares mistos parcialmente revestidos solicitados por momento fletor no seu eixo de
menor inércia devem, segundo o EUROCODE 4 (2004), possuir conectores de cisalhamento.
Caso não seja considerado que o aço resista totalmente ao esforço cortante, deve-se colocar
armadura transversal, e esta deverá ser soldada à alma ou passante à alma do perfil de aço.
Para o lculo da tensão de cisalhamento na interface aço-concreto, Johnson (1994)
propõe que seja utilizada a seguinte expressão:
va
cs
sd
L
N
=
µ
τ
,
(57)
Sendo
cs
N
,
a força cortante na interface, podendo-se admitir como uma parcela de
sd
N :
148
=
tr
a
sdcs
A
A
NN 1
,
(58)
Onde:
a
A é a seção transversal do perfil de aço;
tr
A é a área da seção transversal homogeneizada do pilar misto;
v
L o comprimento de transferência de carga, sendo que o EUROCODE 4 (2004)
propõe que não se utilize comprimento maior que o dobro da dimensão contrária ao eixo em
que o pilar está fletido.
a
µ
é o perímetro do perfil de aço.
Os valores dados pelas Normas podem ser excedidos desde que se utilize uma das
duas formas de prevenir o colapso por cisalhamento:
Diminuir o espaçamento entre os estribos próximos às vigas;
Adicionar conectores de cisalhamento.
4.2.2 EFEITO DO CONFINAMENTO DO CONCRETO
Os pilares mistos revestidos por concreto apresentam regiões de concreto parcialmente
confinadas entre os elementos do perfil de aço que podem aumentar sua resistência. seções
preenchidas por concreto apresentam confinamento total do concreto; porém somente os
perfis circulares preenchidos apresentam, nas normas, a consideração deste efeito.
O efeito do confinamento pode ser entendido da seguinte forma: como o coeficiente de
Poisson
(
)
ν
do concreto, sob um determinado nível de compressão, é maior que o do aço e o
concreto tende a se deformar transversalmente mais que o o, porém este restringe esta
deformação, criando uma distribuição de tensões tridimensional que provoca o aumento da
resistência do concreto.
149
O coeficiente de Poisson do concreto em regime elástico está entre 0,15 e 0,20 e,
portanto, menor que o do aço. Assim o aço o faz restrição à deformação transversal do
concreto. quando o concreto passa para o regime inelástico, sob tensões maiores, o
coeficiente de Poisson do concreto pode chegar a 0,5. Nesta situação, o perfil tubular de aço
impede a deformação lateral total do concreto, submetendo-o a um esforço triaxial. Por
conseqüência, o perfil tubular é submetido a um esforço de tração tangencial. Assim, ocorrem
dois fenômenos simultaneamente:
O concreto é capaz de atingir resistência maior à compressão axial devido aos
esforços triaxiais a que está submetido;
O perfil de o não é capaz de atingir a tensão de escoamento sob compressão
devido ao esforço de tração a que está submetido.
Desta forma, são aplicados coeficientes de majoração e minoração das resistências do
concreto e do aço, respectivamente, para consideração deste efeito sendo que, normalmente, o
ganho na resistência do concreto ultrapassa a perda de resistência do aço.
Os principais fatores que diminuem o efeito do confinamento são:
Aplicação de momento fletor, pois diminui a compressão axial do concreto e
conseqüentemente a expansão lateral do mesmo;
Esbeltez do pilar, uma vez que os efeitos de segunda ordem aumentam o
momento fletor aplicado, diminuindo a compressão axial.
4.2.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO
A resistência do concreto esclaramente relacionada ao ganho de resistência do pilar
misto, porém é mais significativa em pilares curtos e com perfil de aço com limite de
escoamento menor.
150
A deformação lenta, ou fluência, do concreto em pilares mistos deve ser considerada
principalmente em pilares esbeltos. As normas apresentam diferentes maneiras de tratar este
fenômeno:
BS 5400: Part 5 (1979) sugere a redução de 18% na resistência do concreto.
O EUROCODE 4 (2004) e a NBR 8800 (rev. 2006) propõem que o módulo de
elasticidade do concreto seja tomado ao invés de
c
E como
cr
E dado por:
+
=
Sd
GSd
c
cr
N
N
E
E
,
1
ϕ
(59)
Sendo:
c
E o módulo de elasticidade do concreto dado por:
)(4760 MPafE
ckc
=
;
ϕ
o coeficiente de fluência do concreto que pode adotado 2,5 para seções total
ou parcialmente revestidas por concreto e zero para seções tubulares preenchidas em que
Sd
GSd
N
N
,
seja igual a 0,6. Em outras situações deverá ser calculado conforme a NBR 6118
(2003);
Onde:
Sd
N é a força axial solicitante de cálculo;
GSd
N
,
é a força axial solicitante correspondente às ões permanentes e quase
permanentes.
O EUROCODE 4 (2004) sugere um limite de esbeltez
(
)
rel
λ
para que estes
efeitos possam ser desprezados: 0,8 para estruturas contraventadas e 0,5 para estruturas não-
contraventadas. Sendo
rel
λ
calculado conforme item 4.4.
151
Utilizando-se módulo reduzido de elasticidade do concreto, serão obtidos
deslocamentos maiores; porém os efeitos da retração e da fluência do concreto não irão alterar
a resistência final do pilar misto.
Atualmente, com os avanços tecnológicos, é possível produzir concretos e aços mais
resistentes; entretanto deve-se atentar para a perda de ductilidade à medida que a resistência
aumenta. Isto é, quanto mais resistente o material, menor será a ductilidade podendo conduzir
a uma ruptura frágil.
4
4
.
.
3
3
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
D
D
A
A
S
S
E
E
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
T
T
R
R
A
A
N
N
S
S
V
V
E
E
R
R
S
S
A
A
L
L
À
À
C
C
O
O
M
M
P
P
R
R
E
E
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
A
A
X
X
I
I
A
A
L
L
Por serem elementos essencialmente comprimidos, o início do cálculo dos pilares
mistos se dá pela resistência plástica da seção transversal a carregamentos axiais
(
)
plRd
N
,
, sem
a consideração do comprimento do pilar e suas condições de contorno, exceto para a
consideração do confinamento do concreto em pilares mistos tubulares preenchidos.
Para as seções transversais formadas por perfis parcial ou totalmente envolvidos e
perfis retangulares preenchidos, esta resistência é calculada pela soma da contribuição do o,
do concreto e da armadura, sendo que as Normas aplicam fatores diferentes a estas
contribuições, como pode ser visto na tabela 4.3.
152
Tabela 4.3 - Contribuição dos elementos para a resistência plástica da seção de pilares
mistos revestidos e retangulares preenchidos
Aço
(
)
plaRd
N
,
Concreto
(
)
plcRd
N
,
Armadura
(
)
plsRd
N
,
NBR 8800
(Rev. 2006)
γ
y
f
A
c
ck
c
f
A
γ
α
1
s
ys
s
f
A
γ
EUROCODE 4
(2004)
γ
y
f
A
c
ck
c
f
A
γ
α
2
s
ys
s
f
A
γ
BSI 5400
(1979)
y
fA91,0
ckc
fA
45,0
yss
fA 87,0
AISC – LFRD
(1994)
y
fA
ckc
fAc
2
sys
Afc
1
plsRdplcRdplaRdplRd
NNNN
,,,,
++=
(60)
Sendo:
a
γ
,
c
γ
e
s
γ
os fatores de resistência do aço, concreto e armadura, respectivamente,
dados pelas normas;
1
α
igual a 0,95 para seções tubulares circulares preenchidas e 0,85 para as demais
seções;
2
α
igual a 1,0 para seções preenchidas e 0,85 para as demais seções;
1
c
igual a 1,0 para pilares preenchidos e 0,7 para pilares revestidos;
2
c igual a 0,85 para pilares preenchidos e 0,6 para pilares revestidos.
Para que o pilar seja dimensionado como misto a contribuição do aço
=
plRd
plaRd
a
N
N
,
,
δ
deve estar entre 0,2 e 0,9, segundo o EUROCODE 4 (2004) e a NBR
8800 (rev. 2006). Se estiver abaixo de 0,2 deverá ser dimensionado como pilar de concreto e
acima de 0,9 como pilar de aço.
153
A BSI 5940 (1979) propõe que a contribuição do concreto
=
plRd
plcRd
c
N
N
,
,
δ
deva
estar entre 0,15 e 0,80 para seções revestidas e entre 0,10 e 0,80 para seções preenchidas.
Perfis tubulares preenchidos por concreto apresentam, como descrito anteriormente, o
efeito do confinamento do concreto, causando compressão axial no concreto, aumentando sua
resistência. Ao mesmo tempo, este efeito provoca uma diminuição da resistência do perfil de
aço por submetê-lo a uma tração tangencial.
A tabela 4.4 apresenta os valores das contribuições do perfil de aço, do concreto e da
armadura para pilares tubulares circulares preenchidos por concreto.
Tabela 4.4 - Contribuição dos elementos para a resistência plástica da seção transversal de
pilares mistos tubulares preenchidos por concreto
Aço
(
)
plaRd
N
,
Concreto
(
)
plcRd
N
,
Armadura
(
)
plsRd
N
,
NBR 8800
(rev. 2006)
a
y
a
f
A
γ
c
ck
c
f
A
γ
α
1
s
ys
s
f
A
γ
EUROCODE 4
(2004)
a
a
y
a
A
f
γ
η
+
ck
yd
c
c
ck
c
f
f
d
t
f
A
η
γ
1
s
sy
s
f
A
γ
BSI 5400
(1979)
ay
AfC
2
91,0
cyck
Af
d
t
Cf
1
45,0
___________
AISC – LFRD
(1994)
ya
fA
ckc
fAc
2
sys
Afc
1
plsRdplcRdplaRdplRd
NNNN
,,,,
++= (61)
Sendo:
( )
d
e
aoaoa
10
1 +=
ηηη
(62)
(
)
relao
λ
η
2325,0
+
=
(63)
rel
λ
- é a esbeltez relativa dada no item 4.4;
154
ck
y
coc
f
f
d
t
d
e
+=
10
11
ηη
(64)
0175,189,4
2
+=
rel
relco
λλη
(65)
sd
sd
N
M
e
max,
=
que é a excentricidade do carregamento;
Quando 5,0
>
rel
λ
ou
10
D
e
>
deve-se tomar 0,1
=
a
η
e 0
=
c
η
.
Pela BSI 5950 (1990), os valores dos coeficientes C
1
e C
2
são dados pela tabela 4.5:
Tabela 4.5 - Coeficiente C
1
e C
2
conforme a BSI 5400 (1979)
KL/D C
1
C
2
0 9,47 0,76
5 6,40 0,80
10 3,81 0,85
15 1,8 0,90
20 0,48 0,95
25 0 1,0
E pelo AISC-LFRD (1994), os valores de c
1
e c
2
são 1,0 e 0,85 respectivamente.
4
4
.
.
4
4
E
E
S
S
B
B
E
E
L
L
T
T
E
E
Z
Z
R
R
E
E
L
L
A
A
T
T
I
I
V
V
A
A
E
E
R
R
I
I
G
G
I
I
D
D
E
E
Z
Z
Para o cálculo da resistência de um pilar misto é necessário que outros parâmetros,
como esbeltez e rigidez, estejam envolvidos. A esbeltez do pilar misto está diretamente ligada
à carga crítica de instabilidade global, ou seja, à carga de compressão a partir da qual o pilar
perde a sua estabilidade lateral no plano considerado.
A esbeltez relativa do pilar misto é, usualmente, o parâmetro utilizado e pode ser
calculado pela seguinte expressão:
155
e
Rpl
rel
N
N
,
=
λ
(66)
Sendo:
Rpl
N
,
a resistência plástica de seção transversal tomando-se os valores dos fatores de
resistência
(
)
γ
iguais a 1,0.
e
N a força axial de instabilidade elástica, dada por:
(
)
( )
2
2
KL
EI
N
e
e
=
π
(67)
A rigidez efetiva à flexão (EI)
e
deve ser determinada similarmente ao cálculo da
resistência da seção transversal, pela soma das componentes relativas aos elementos que
compõem o pilar misto conforme tabela 4.6:
Tabela 4.6 - Rigidez equivalente dos pilares mistos
(
)
(
)
e
EI
segundo as Normas
NBR 8800
(REV. 2006)
ssccr
IEIEEI
+
+
7,0
EUROCODE 4
(2004)
ssccr
IEIEEI
+
+
6,0
BSI 5400
(1979)
sscc
IEIEEI
+
+
AISC – LFRD
(1994)
+
s
c
c
A
A
EcEI
3
Onde :
3
c
deve ser tomado como 0,4 para pilares preenchidos e 0,2 para pilares revestidos;
cr
E é o módulo de elasticidade reduzido do concreto dado pela expressão (59)
O comprimento de flambagem (
KLl
e
=
) depende da vinculação da barra e pode ser
calculado simplificadamente como descrito na tabela 4.7:
156
Tabela 4.7 - Valores dos coeficientes de flambagem por flexão
x
K
ou
y
K
para elementos
isolados
Condições de apoio
Valores teóricos de K 0,50 0,70 1,0 1,0 2,0 2,0
Valores recomendados
NBR 8800 (rev. 2006)
0,65 0,80 1,2 1,0 2,1 2,0
Valores recomendados
BSI 5400 (1979)
0,70 0,85
__
1,0 2,0
__
Código para condição de
apoio
Rotação e translação impedidas
Rotação livre e translação impedida
Rotação impedida, translação livre
Rotação e translação livres
O AISC-LFRD (1994) apresenta os valores da esbeltez, rigidez e resistência ao
escoamento modificados da seguinte maneira:
pm
λ
λ
λ
=
__
(68)
Onde:
m
r
KL
=
λ
(69)
Sendo que
m
r é o raio de giração modificado da seguinte maneira:
Para elementos preenchidos,
m
r é o próprio raio de giração do perfil de aço;
Para elementos revestidos o valor de
m
r deve ser, no mínimo, 30% da
dimensão do pilar misto no plano de flambagem considerado.
157
my
m
pm
f
E
=
2
π
λ
(70)
Onde E
m
e f
my
o valores modificados dados por:
a
c
ck
a
s
ysymy
A
A
fc
A
A
fcff ++=
21
(71)
+=
a
c
cam
A
A
EcEE
3
(72)
Sendo:
ckc
fE
5,1
42
γ
=
, sendo E
c
e f
ck
em MPa,
γ
o peso específico do concreto em KN/m
3
.
Para pilares preenchidos os valores c
1
, c
2
e c
3
são 1,0, 0,85 e 0,40 respectivamente.
Para pilares revestidos: 0,7; 0,6 e 0,2 respectivamente.
4
4
.
.
5
5
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
D
D
O
O
E
E
L
L
E
E
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
À
À
C
C
O
O
M
M
P
P
R
R
E
E
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
A
A
X
X
I
I
A
A
L
L
Como no cálculo de pilares de aço, para pilares mistos também é necessário que sejam
verificados problemas relativos à instabilidade do elemento comprimido. Para tanto, é
aplicado um fator de redução
(
)
χ
à resistência à compressão axial da seção transversal.
Portanto:
plRdsd
NN
,
χ
(73)
Sendo:
N
sd
a força axial aplicada de cálculo;
χ
o fator de redução aplicado de acordo com a curva de flambagem correspondente;
plRd
N
,
a resistência plástica da seção transversal calculada no item 4.3.
O fator de redução
χ
é aplicado de maneiras diferentes pelas normas, como descrito
na tabela 4.8, e depende do tipo de seção transversal e da esbeltez do pilar.
158
Tabela 4.8 - Resistência do pilar misto à compressão axial segundo as Normas
Resistência Fatores
NBR 8800 (rev.
2006)
plRd
N
,
χ
0,1
1
2
2
+
=
rel
λββ
χ
(
)
[
]
2
2,015,0
relrel
λλαβ
++=
EUROCODE 4
(2004)
plRd
N
,
χ
0,1
1
2
2
+
=
rel
λββ
χ
(
)
[
]
2
2,015,0
relrel
λλαβ
++=
BSI 5400
(1979)
plRd
NK
,1
85,0
y
K
1
é um parâmetro similar ao
χ
da NBR 8800 (rev. 2006) e
EUROCODE 4 (2004)
AISC–LFRD
(1994)
plRdc
N
,
2
658,0
λ
φ
5,1/
__
<
λ
p
plRdc
N
,
2
__
877,0
λ
φ
5,1/
__
λ
p
5,0
=
c
φ
para sistemas
indeslocáveis
75,0
=
c
φ
para sistemas
deslocáveis
Sendo:
α
igual a 0,21 para pilares mistos tubulares preenchidos (curva a); 0,34 para perfis
tipo I mistos revestidos com flambagem em torno do eixo de maior inércia (curva b) e 0,49
para perfis tipo I revestidos com flambagem em torno do eixo de menor inércia (curva c);
Outros parâmetros conforme item 4.4.
4
4
.
.
6
6
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
À
À
F
F
L
L
E
E
X
X
O
O
C
C
O
O
M
M
P
P
R
R
E
E
S
S
S
S
Ã
Ã
O
O
A maior parte dos pilares mistos é solicitada por esforços de compressão e flexão
simultaneamente. O primeiro, devido a sua função principal de transferir os esforços verticais
das lajes e vigas para as fundações. O segundo, devido a sua função de garantir a estabilidade
global do edifício e, para tanto, absorver os esforços laterais de vento, além do efeito de
159
continuidade entre pavimentos e ligações rígidas e semi-rígidas com as vigas, o que lhes
confere momentos aplicados.
4.6.1 EUROCODE 4 (2004)
O EUROCODE 4 (2004) apresenta um método simplificado para a verificação da
interação da força axial e momento fletor (figura 4.3). Vários métodos foram estudados por
diversos autores, porém o todo adotado pelo EUROCODE 4 (2004) é de fácil utilização e
compreensão.
A curva da figura 4.3 pode ser determinada calculando-se a posição da linha neutra e
determinando-se os momentos fletores e forças normais resistentes. No entanto, isto seria
possível apenas por meio de análise numérica através do uso de programas computacionais.
O EUROCODE 4 (2004) apresenta uma aproximação linear desta curva que pode ser
adotada sem prejuízo significativo à maioria dos objetivos do dimensionamento.
M
Rd,pl
MM
max,Rd
0
1
N
c,Rd
2
N
c,Rd
D
C
B
N
Rd,pl
0
N
A
M
B
=M
Rd,pl
Armadura
Aço
Concreto
Ponto A
f
sd
f
yd
0,85f
cd
N
Rd,pl
h
n
h
n
f
sd
f
yd
f
sd
f
yd
2h
n
Ponto B
Ponto C
Ponto D
M
B
=M
Rd,pl
N
c,Rd
f
yd
f
sd
M
B
=M
Rd,pl
N
c,Rd
2
h
n
2h
n
h
n
0,85f
cd
0,85f
cd
0,85f
cd
N
Sd
d
Figura 4.3 - Curva de interação linear – Momento X força normal segundo o EUROCODE 4
(2004)
160
Sendo:
plRd
N
,
conforme item 4.3;
plRd
M
,
como calculado no capítulo 3 para vigas mistas;
cdcRdc
fAN 85,0
,
=
;
η
h
a distância da linha neutra até o centro de gravidade da seção transversal para a
determinação do momento de resistência plástico de maneira análoga à apresentada para vigas
mistas no capítulo 3. A NBR 8800 (rev. 2006) apresenta expressões para determinação de
n
h
para diversos tipos de seção transversal.
A verificação feita pelo EUROCODE 4 (2004) é dada pela seguinte expressão:
M
plRdd
Sd
M
M
α
µ
,
(74)
Onde:
Sd
M é o maior momento fletor ao longo do pilar considerando imperfeições e
efeitos de segunda ordem.
M
α
=0,90 para aço graus S235 e S355 e 0,80 para aço graus S420 e S460.
(3)
A verificação à flexo-compressão oblíqua pelo EUROCODE 4 (2004) deve atender à
seguinte expressão:
1
,,,
,
,,,
,
+
yplRdyd
Sdy
xplRdxd
Sdx
M
M
M
M
µµ
(75)
Onde as grandezas foram todas determinadas anteriormente,
xd ,
µ
e
yd,
µ
obtidos
graficamente.
(3)
Aços tipo S235, S355, S420 e S460 possuem tensão de escoamento de 235, 355,
420 e 460 N/mm² respectivamente.
161
4.6.2 NBR 8800 (REV. 2006)
A NBR 8800 (rev. 2006) propõe dois modelos de cálculo. O modelo I é uma
adaptação do cálculo de pilares de aço, sendo que devem ser atendidas as limitações dadas
pelas seguintes expressões:
a) Para 2,0
,
plRd
Sd
N
N
:
0,1
9
8
,
,
,,
,
,
++
yRd
ySd
xplRd
xSd
plRd
Sd
M
M
M
M
N
N
(76)
b) Para
2,0
,
<
plRd
Sd
N
N
:
0,1
2
,
,
,,
,
,
++
yRd
ySd
xplRd
xSd
plRd
Sd
M
M
M
M
N
N
(77)
Onde:
plRd
N
,
é a força axial de compressão resistente de cálculo;
xplRd
M
,,
é o momento fletor resistente de cálculo em relação ao eixo x do pilar misto
podendo ser considerado
xplRd
M
,,
como calculado para vigas mistas no capítulo 3;
analogamente para o eixo y.
Serão apresentadas a seguir as expressões para o cálculo através do modelo II
apresentado por esta norma, além da seguinte limitação:
plRdSd
NN
,
:
0,1
,
,,
,
,,
+
+
+
yd
ydyysd
xd
xdxxsd
M
MM
M
MM
µ
µ
(78)
Onde:
0
=
x
µ
se 0
,
=
xSd
M , caso contrário:
162
Para
2
c
sd
N
N
=
c
sd
xd
xcxd
x
N
N
M
MM
2
1
,
,,
µ
(79)
Para
csd
c
NN
N
<<
2
=
xd
c
sd
c
xcxd
x
M
N
N
N
MM
,
,,
2
2
µ
(80)
Para
csd
NN
+
=
xd
csd
cplRd
xc
xd
xcxd
x
M
NN
NN
M
M
MM
,,
,
,
,,
µ
(81)
Para o cálculo de
y
µ
devem-se seguir as mesmas expressões, trocando-se as
referências
x
por
y
.
Sendo:
c
cck
c
Af
N
γ
α
=
1
, sendo que estas grandezas foram definidas no item 4.3; (82)
plRd
N
,
é a
força
axial resistente de cálculo da seção transversal definida no item 4.3;
sd
N é a força axial solicitante de cálculo;
xc
M
,
e
yc
M
,
são, respectivamente,
xplRd
M
,,
9,0 e
yplRd
M
,,
9,0 sendo estes valores
obtidos conforme mostrado a seguir;
xd
M
,
e
yd
M
,
são, respectivamente,
xplRd
M
,,max,
8,0 e
yplRd
M
,,max,
8,0 sendo estes valores
mostrados a seguir;
xSd
M
,
e
ySd
M
,
são os momentos solicitantes de cálculo contemplando as imperfeições
e efeitos de segunda ordem.
163
(
)
(
)
(
)
snssdcnccdanaydplRd
ZZfZZfZZfM ++= 5,0
,
(83)
(
)
(
)
(
)
asdccdaydplRd
ZfZfZfM
+
+
=
5,0
,max,
(84)
Onde:
a
Z ,
c
Z e
s
Z são, respectivamente, os módulos de resistência plástico da seção do
perfil de aço, do concreto não fissurado e da armadura do concreto respectivamente;
an
Z
,
cn
Z
e
sn
Z
são os módulos de resistência plástico da seção do perfil de aço, do
concreto e da armadura do concreto compreendida na região de altura
n
h2
conforme figura
4.3;
Para a obtenção dos valores relativos ao eixo y, apenas deve-se trocar o índice x pelo y
e seguir os mesmos procedimentos.
4.6.3 AISC-LFRD (1994)
O AISC-LFRD (1994) apresenta as seguintes expressões para verificação à flexo-
compressão oblíqua de pilares mistos:
0,1
9
8
,,
,
,,
,
+
+
yplRdb
ySd
xplRdb
xSd
nc
sd
M
M
M
M
N
N
φφφ
para
2,0
nc
sd
N
N
φ
(85)
0,1
2
,,
,
,,
,
+
+
yplRdb
ySd
xplRdb
xSd
c
sd
M
M
M
M
N
N
φφφ
para
2,0<
nc
sd
N
N
φ
(86)
Sendo:
cranc
fAN
=
85,0
φ
(87)
Onde
cr
f é a tensão crítica de flambagem obtida pela curva de flambagem da figura
4.4;
9,0
=
b
φ
;
164
nx
M
e
ny
M
são os momentos fletores resistentes em torno dos eixos x e y
respectivamente.
f
cr
=0,877f
ym
2
2
f
cr
=(0,658 )f
ym
f
y
0,39f
y
f
cr
1,5
Figura 4.4 - Curva de flambagem segundo o AISC-LFRD (1994)
4.6.4 BSI 5400 (1979)
A BSI 5400 (1979) separa a verificação em quatro situações:
a) Pilares submetidos à flexão em torno do eixo de menor inércia (y):
( )
=
2
,,
,
3
,,
,
3211,
44
yplRd
ySd
yplRd
ySd
yyyplRdysd
M
M
K
M
M
KKKKNNN
(88)
plRdySd
MM
,,
(89)
b) Pilares submetidos à flexão no eixo de maior inércia (x), restritos no eixo de menor
inércia:
xplRdxSd
MM
,,,
(90)
( )
=
2
,,
,
3
,,
,
3211,
44
xplRd
xSd
xplRd
xSd
xxxplRdxsd
M
M
K
M
M
KKKKNNN
(91)
c) Pilares submetidos à flexão no eixo de maior inércia (x), não restritos no eixo de
menor inércia (y).
165
Nesta situação, além da verificação em relação ao momento plástico na direção y,
deve-se limitar a normal de lculo (N
sd
) a N
xy,
calculada para flexão oblíqua conforme item
(d), considerando:
d) Pilares submetidos à flexão oblíqua:
xysd
NN
(92)
plRdxyxxy
NKNNN
,1
1111
++=
(93)
Sendo:
x
N
e
y
N
conforme disposto acima.
x
K
1
,
x
K
2
,
x
K
3
,
y
K
1
,
y
K
2
,
y
K
3
, coeficientes calculados conforme anexo C da BS
5400: Part. 5 (1979).
4
4
.
.
7
7
I
I
M
M
P
P
E
E
R
R
F
F
E
E
I
I
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
E
E
E
E
F
F
E
E
I
I
T
T
O
O
S
S
D
D
E
E
S
S
E
E
G
G
U
U
N
N
D
D
A
A
O
O
R
R
D
D
E
E
M
M
S
S
E
E
G
G
U
U
N
N
D
D
O
O
A
A
N
N
B
B
R
R
8
8
8
8
0
0
0
0
(
(
R
R
E
E
V
V
.
.
2
2
0
0
0
0
6
6
)
)
O dimensionamento de todo tipo de pilar deve considerar, além dos esforços verticais
e horizontais provenientes diretamente de ações externas, excentricidades devido a
imperfeições do elemento estrutural ou efeitos de segunda ordem.
Os efeitos de segunda ordem podem ser definidos como o efeito do carregamento
aplicado à estrutura na posição deslocada.
A estabilidade de uma estrutura está relacionada a vários aspectos dentre os quais
podemos citar:
Efeito
P
: efeito da força axial associada ao deslocamento transversal
relativo entre as extremidades da barra devido à rotação da corda (figura 4.5);
Efeito
δ
P : efeito da força axial associada aos deslocamentos do eixo da
barra em relação à corda (figura 4.5);
166
Imperfeições iniciais;
Plastificação ao longo dos elementos e tensões residuais;
Rigidez das ligações e dos elementos de contraventamento.
P
P
Figura 4.5 - Efeitos
P
e
δ
P
(ASCE-1997)
A análise precisa dos efeitos de segunda ordem de uma estrutura é bastante trabalhosa,
demandando o uso de programas computacionais. As Normas atuais apresentam diversas
maneiras de aplicar estes efeitos às estruturas. Neste trabalho será apresentado o todo da
amplificação dos esforços solicitantes dado na NBR 8800 (rev. 2006).
Para que seja possível desprezar o efeito local de segunda ordem
(
)
δ
P
deve ser
garantido que em todas as barras cuja rigidez contribua para a estabilidade lateral da estrutura:
(
)
2
2
,
15,0
L
EI
N
e
Sdc
π
<
(94)
Sendo:
Sdc
N
,
a força axial de compressão solicitante de cálculo;
(
)
e
EI a rigidez à flexão no plano equivalente da barra;
L
é o comprimento da barra.
A NBR 8800 (rev. 2006) divide as estruturas em três categorias:
167
Pequena deslocabilidade: quando o deslocamento lateral relativo à base obtido
na análise de segunda ordem não ultrapasse 1,1 vezes o obtido pela análise de primeira ordem
em todas as combinações de ações;
Média deslocabilidade: quando o deslocamento lateral relativo à base obtido na
análise de segunda ordem esteja entre 1,1 e 1,5 vezes o obtido pela análise de primeira ordem
em todas as combinações de ações;
Grande deslocabilidade: quando o deslocamento lateral relativo à base obtido
na análise de segunda ordem for superior a 1,5 vezes o obtido pela análise de primeira ordem
em todas as combinações de ações;
A NBR 8800 (rev. 2006) propõe que as imperfeições iniciais sejam consideradas da
seguinte maneira, separadamente para as duas direções ortogonais da estrutura::
a) Estruturas de pequena deslocabilidade:
Deve ser considerado em cada andar um deslocamento horizontal relativo de
500
h
sendo h a distância entre eixo das vigas;
Deve-se aplicar em cada andar uma força horizontal equivalente (nocional) de
0,2% do valor de todas as ações gravitacionais aplicadas em todos os pilares e outros
elementos resistentes a ações verticais no andar considerado, não sendo necessário somá-las
às reações de apoio;
Não é preciso considerar os efeitos das imperfeições de materiais.
b) Estruturas de média deslocabilidade:
Deve ser considerado em cada andar um deslocamento horizontal relativo de
333
h
sendo
h
a distância entre eixo das vigas;
Deve-se considerar força nocional conforme item a) igual a 0,3% das ações
gravitacionais do pavimento;
168
Os efeitos das imperfeições de materiais deverão ser considerados reduzindo a
rigidez à flexão
(
)
EI
e a rigidez axial
(
)
EA
a 80% dos valores originais.
Em estruturas de pequena e média deslocabilidade, pode-se determinar os esforços por
meio de análise de primeira ordem desde que:
As forças axiais de barras cuja rigidez à flexão contribua para a estabilidade lateral da
estrutura não ultrapasse 50% da resistência ao escoamento das barras;
Adicione-se às combinações, forças nocionais
(
)
n
F em todos os andares iguais a :
anSdanSd
y
n
PP
h
F
,,
1
0042,01,2
=
(95)
Sendo:
y1
o deslocamento horizontal relativo entre os níveis superior e inferior do andar
considerado em análise de primeira ordem. Se
y1
possuir valores diferentes em um mesmo
andar deverá ser tomado um valor ponderado em função da proporção das ações
gravitacionais ou o maior valor;
anSd
P
,
a soma das ações gravitacionais aplicadas no andar.
Os efeitos locais de segunda ordem devem ser calculados pelo método de amplificação
de momentos utilizando-se o coeficiente
1
B
em todas as barras da estrutura.
No caso de pilares mistos, as imperfeições podem ocorrer por falha na fabricação do
perfil e/ou durante a execução do pilar misto na obra. Segundo a NBR 8800 (rev. 2006), na
falta de uma análise mais rigorosa, os momentos devido às imperfeições devem ter os valores
obtidos anteriormente neste mesmo item somados a:
xe
Sd
xSd
N
N
LN
,2
1200
ou
ye
Sd
ySd
N
N
LN
,2
1150
(96)
169
Em relação ao eixo x e y respectivamente, sendo L o comprimento destravado do pilar
entre contenções laterais.
Sendo:
(
)
2
,
2
,2
x
xe
xe
L
EI
N
π
=
e
(
)
2
,
2
,2
y
ye
ye
L
EI
N
π
=
(97)
Onde
(
)
xe
EI
,
e
(
)
ye
EI
,
calculados conforme 4.4 e considerando o pior caso segundo a
expressão de interação apresentada.
4.7.1 MÉTODO DA AMPLIFICAÇÃO DOS MOMENTOS PELA NBR
8800 (REV. 2006)
O método da amplificação dos esforços solicitantes proposto pela NBR 8800 (rev.
2006) considera os efeitos do
P
e
δ
P
como sendo a somatória ponderada dos efeitos
considerando-se os dois modelos descritos na figura 4.6:
R
Sd,3
R
Sd,2
R
Sd,1
R
Sd,3
R
Sd,2
R
Sd,1
a) b) c)
Figura 4.6 - Modelos para análise
As expressões analíticas de amplificação dos esforços devido aos efeitos de segunda
ordem são:
ltntSd
MBMBM
21
+
=
(98)
ltntSd
NBNN
2
+
=
(99)
170
Onde:
nt
M e
nt
N são, respectivamente, o momento fletor e a força axial solicitante de
cálculo determinadas por análise elástica de primeira ordem, com os nós da estrutura
impedidos de se deslocar horizontalmente, utilizando-se contenções horizontais fictícias
(figura 4.6.b). O índice
nt
significa “no translation” (sem translação);
lt
M
e
lt
N
são, respectivamente, o momento fletor e a força axial solicitante de cálculo
obtidos através de análise elástica de primeira ordem com os esforços fictícios
correspondentes às reações de apoio em sentido contrário obtidos na análise da estrutura
fictícia dada pela figura 4.6.c. O índice
lt
significa “lateral translation” (translação lateral);
1
B
é o coeficiente de amplificação devido ao efeito
δ
P
dado por:
0,1
1
1
1
=
e
Sd
m
N
N
C
B
; (100)
Onde:
e
N é a força axial de instabilidade elástica no plano de atuação do momento fletor,
calculada com o comprimento real da barra;
1Sd
N é a força axial solicitante de cálculo obtida por análise de primeira ordem;
m
C é um coeficiente de equivalência de momentos, dado por:
Se não houver forças transversais entre as extremidades da barra no plano de
flexão:
2
1
40,060,0
M
M
C
m
= (101)
Sendo
1
M
e
2
M
o menor e o maior momento fletor solicitante de cálculo no plano de
flexão, nas extremidades apoiadas da barra, em análise de primeira ordem, tomada como
171
positiva quando os momentos provocarem curvatura reversa e negativa quando provocarem
curvatura simples.
Se houver forças transversais ao longo do comprimento destravado do pilar no
plano de flexão, o valor de
m
C deverá ser calculado por análise racional ou ser tomado
conservadoramente igual a 1,0.
2
B
é o coeficiente de amplificação dos esforços devido ao efeito do
P
e deve ser
calculado pela seguinte expressão:
=
Sd
Sd
h
m
H
N
hR
B
1
2
1
1
1
(102)
De forma que:
Sd
N
é a soma de todas as forças axiais de cálculo em todos os pilares e outros
elementos resistentes a ações verticais no andar considerado;
m
R
é um coeficiente igual a 0,85 em estruturas onde o sistema resistente a ões
horizontais é constituído apenas por subestruturas de contraventamentos formados por
pórticos nos quais a estabilidade lateral é assegurada pela rigidez à flexão das barras e pela
capacidade de transmissão de momentos das ligações e igual a 1,0 para outras situações;
1h
é o deslocamento horizontal relativo entre os níveis superior e inferior do
pavimento considerado, obtido por análise de primeira ordem. Se
1h
possuir valores
diferentes num mesmo andar deverá ser tomado um valor ponderado em função da proporção
das ações gravitacionais ou o maior valor;
Sd
H é a somatória das forças cortantes do andar produzidas pelas forças
horizontais atuantes utilizadas para determinar
1h
;
h
é a altura do andar (distância entre os eixos das vigas).
172
4
4
.
.
8
8
F
F
L
L
A
A
M
M
B
B
A
A
G
G
E
E
M
M
L
L
O
O
C
C
A
A
L
L
No dimensionamento pelo estado limite último é considerado que a peça iatingir a
sua capacidade resistente total. Porém, devemos assegurar que não ocorra colapso prematuro
dos membros esbeltos de aço devido à instabilidade local.
Claramente, os perfis mistos revestidos e preenchidos possuem resistência à
flambagem local superior aos perfis de aço correspondentes. No entanto é necessário que
sejam estabelecidos limites, para que seja impedida a flambagem local dos elementos de aço.
A tabela 4.9 apresenta os valores limites dados pelas normas:
Tabela 4.9 - Limites de resistência à flambagem local dos elementos de aço
I ou H
Perfil parcialmente
revestido
Perfil tubular
preenchido
Perfis tubulares
retangulares
preenchidos
NBR 8800
(rev. 2006)
yf
f
f
E
t
b
4,1
y
f
E
t
D
15,0
y
i
f
E
t
b
26,2
1
EUROCODE 4
(2004)
yf
f
ft
b
235
44
y
ft
D 235
90
y
i
ft
b
235
52
BSI 5400
(1979)
s
y
E
f
t
D
8
__
s
y
i
E
f
t
b
3
1
Sendo
i
b a maior dimensão paralela a um eixo de simetria de uma seção tubular
retangular.
Em seções totalmente revestidas por concreto, considerando-se que este impede a
flambagem local do elemento de o, desde que sejam satisfeitas as seguintes condições
segundo a NBR 8800 (rev. 2006) e o EUROCODE 4 (2004).
dcmm
y
3,040
e 6/
fy
bc
;
fx
bcmm 4,040 e 6/
fx
bc
173
Comparando-se com a seção de o isolada, observa-se que há o seguinte ganho em
relação à flambagem local:
Seções tubulares retangulares preenchidos: 60%;
Seções I ou H parcialmente revestidas: 25%;
Seções circulares preenchidas: 35%.
Isto significa que seções de o mais esbeltas passam a ser dimensionadas pelo
processo plástico, isto é, têm a sua capacidade da carga determinada até o escoamento do aço.
4
4
.
.
9
9
F
F
O
O
R
R
Ç
Ç
A
A
C
C
O
O
R
R
T
T
A
A
N
N
T
T
E
E
Da mesma maneira que para as vigas mistas, a verificação da força cortante em pilares
mistos despreza a presença do concreto e deve ser verificada quando:
plasd
VV 5,0
(103)
Sendo:
sd
V a força cortante solicitante;
pla
V a força cortante resistente pelo perfil de aço isolado.
A força cortante em pilares é calculada pela relação
(
)
L
MM
21
sendo
1
M
e
2
M
os
valores dos momentos fletores nas extremidades do trecho do pilar com
1
M o maior valor
absoluto entre os dois. No caso de força transversal aplicada, esta deve ser acrescida ao
cálculo analogamente ao cálculo de viga.
Quando a expressão (103) for verdadeira, deve ser utilizada a resistência reduzida na
área da alma do perfil de aço conforme descrito na figura 4.7.
Desta forma, utilizando–se a área reduzida pode-se calcular a interação entre momento
fletor e força cortante, conforme método simplificado demonstrado para vigas mistas no
capítulo 3.
174
0,85f
cd
V
Sd
f
yd, red
f
yd
f
sd
M
Sd
N
Sd
Figura 4.7 - Interação flexo-compressão combinada com força cortante
Sendo
(
)
ydredyd
ff
ρ
= 1
,
com
ρ
determinado conforme item 3.7.1.
4.9.1 REGIÕES DE INTRODUÇÃO DE CARGA
Regiões de introdução de carga o aquelas onde ocorre variação de esforços
solicitantes devido ligação de viga com pilar ou onde ocorre interrupção da armadura
longitudinal, como em emendas do pilar ou bases. Nestas regiões devem ser verificadas duas
situações:
Os componentes individuais da seção transversal sejam carregados de acordo
com suas respectivas resistências;
Não ocorra escorregamento na interface entre os dois materiais.
O comprimento de introdução de carga
(
)
e
L pode ser determinado como:
dL
e
2
ou
3
L
, sendo d a menor dimensão do pilar misto e L a distância entre os
pontos de introdução de carga.
A NBR 8800 (rev. 2006) propõe que, para evitar estes problemas, devam ser
instalados conectores para transferir a força cortante e o momento fletor do elemento que
recebe a carga para o outro elemento, sendo que estes esforços de cálculos podem ser obtidos
da seguinte forma:
Quando a viga estiver ligada ao perfil de aço:
175
=
plRd
plRda
sdlsd
N
N
VV
,
,
,
1
(104)
=
plRd
plRda
sdlsd
M
M
MM
,
,
,
1
(105)
Quando a viga estiver ligada ao concreto:
plRd
plRda
sdlsd
N
N
VV
,
,
,
= (106)
plRd
plRda
sdlsd
M
M
MM
,
,
,
= (107)
Sendo:
lsd
V
,
e
lsd
M
,
a força cortante e o momento fletor de cálculo localizados a serem
transferidos;
plRda
N
,
e
plRda
M
,
as resistências plásticas de cálculo à compressão e ao momento fletor
respectivamente;
sd
V e
sd
M a força cortante e o momento fletor de cálculo aplicados na ligação;
plRd
N
,
e
plRd
M
,
as resistência plásticas de cálculo à compressão axial e ao momento
fletor respectivamente.
As tensões cisalhantes obtidas com os esforços de cálculo (
lSd
V
,
e
lsd
M
,
) não devem
ultrapassar os valores de
(
)
Rd
τ
dados na tabela 4.2.
Normalmente, em perfis parcial ou totalmente revestidos utilizam-se conectores tipo
pino com cabeça na região próxima à viga. A NBR 8800 (rev 2006) assume que, além da
resistência dos conectores, seja adicionada uma parcela de resistência devido ao atrito entre o
concreto e o perfil de aço. Esta resistência pode ser calculada para cada mesa e cada linha
diagonal de conectores conforme figura 4.8.
176
2
rd
Q
R
µ
= (108)
Sendo:
rd
Q
a resistência de um único conector conforme item 3.4;
µ
o coeficiente de atrito entre o aço e o concreto que pode ser tomado igual a 0,5
para superfícies não pintadas.
A distância livre entre as mesas do perfil não devem exceder o disposto na figura 4.8.
<600<400
<300
Q
Rd
/2 Q
Rd
/2 Q
Rd
/2
Figura 4.8 - Força de atrito adicional devido colocação de conectores tipo pino com cabeça
No caso de seções preenchidas parcialmente carregadas, conforme figura 4.9, a
distribuição da carga pode ser feita considerando-se uma inclinação de 1:2,5. Assim, a tensão
no concreto deve ser verificada pela seguinte expressão:
1
,
1
A
A
f
f
a
t
f
c
ck
y
clcdRdc
+=
ησ
(109)
Sendo que
Rdc,
σ
deve ser limitada por
1
A
fA
cdc
ou
yd
f , o menor dos dois valores.
Onde:
=
cl
n 4,9 e 3,5 para perfis circular e retangular respectivamente;
t
= espessura da chapa;
a
= diâmetro do tubo ou largura da seção retangular;
c
A = área de concreto total da seção;
177
1
A = área carregada sob a chapa “gusset”.
Sendo
20
1
A
A
c
t
s
e
g
I I
t
e
c,Rd
SEÇÃO
I
-
I
A
1
A
B
A
1
SEÇÃO
II
-
II
IIII
M
sd
N
sd
c,Rd
< f
yd
e
N
sd
t
s
+5t
e
Figura 4.9 - Perfis tubulares preenchidos parcialmente carregados
Portanto, com o carregamento aplicado (
sd
N e
sd
M ) temos a posição da linha neutra e
em conjunto com a área de aplicação da carga temos a tensão aplicada,
sd
σ
:
Rdc
pl
sdsd
sd
AZ
M
A
N
,
11
σσ
+=
(110)
Sendo:
Sd
N a força axial solicitante de cálculo;
1
A a área sob a chapa;
pl
Z o módulo de resistência plástico da seção transversal.
Armadura de pilares mistos circulares preenchidos podem ser consideradas nesta
verificação, desde que a distância livre entre a chapa e a armadura seja inferior a 30mm.
178
A armadura transversal deverá ser dimensionada conforme pilares de concreto e, no
caso de pilares mistos parcialmente revestidos, os estribos deverão ser dispostos conforme a
figura 4.10.
Estribos
passantes
Estribos
fechados
Estribos abertos
soldados na alma
Figura 4.10 - Arranjo de estribos
No caso de cargas introduzidas através somente do perfil ou do concreto, para perfis
totalmente envolvidos, a armadura transversal deverá ser dimensionada para transmitir a força
normal (
1c
N na figura 4.11) das partes diretamente conectadas ao perfil por conectores de
cisalhamento para as não conectadas. O dimensionamento e detalhamento dos estribos
deverão ser feitos utilizando-se o método da treliça com a biela de compressão a 4do eixo
do elemento, analogamente ao dimensionamento de viga de concreto armado à força cortante.
CORTE B-B
N
C1
N
C1
Diretamente
conectada
Não diretamente
conectada
d
BB
A A
AA
N
Sd
N
Sd
N
C1
N
C1
Figura 4.11 - Áreas diretamente e não diretamente conectadas de concreto para
dimensionamento da armadura transversal EUROCODE 4 (2004)
Quando houver interrupção das barras da armadura do concreto, a resistência do pilar
misto deve ser reduzida. Nestes casos, devem ser instalados conectores que transmitam os
esforços da armadura para elementos de aço adicionais, a fim de restaurar a resistência do
pilar misto. O comprimento ao longo do qual os conectores devem ser instalados deverá ser
179
igual ao comprimento de ancoragem, segundo as Normas de projetos de estruturas de
concreto armado (NBR 6118 - 2003).
O EUROCODE 4 (2004) apresenta mais detalhes sobre o dimensionamento nestas
regiões. Segundo esta Norma, não há necessidade de colocação de conectores de cisalhamento
quando a ligação for feita por chapas de topo e a interface entre a chapa e o concreto estiver
permanentemente comprimida, considerando-se os efeitos da retração e da fluência.
4
4
.
.
1
1
0
0
R
R
E
E
C
C
O
O
M
M
E
E
N
N
D
D
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
E
E
R
R
E
E
S
S
T
T
R
R
I
I
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
D
D
A
A
S
S
N
N
O
O
R
R
M
M
A
A
S
S
A
A
P
P
R
R
E
E
S
S
E
E
N
N
T
T
A
A
D
D
A
A
S
S
Os métodos de dimensionamento apresentados anteriormente possuem algumas
recomendações adicionais, descritas nas tabelas abaixo:
Tabela 4.10 - Recomendações de projetos quanto aos materiais empregados
Quanto ao concreto utilizado
AISC-LRFD (1994)
MPafMPa
ck
5520
EUROCODE 4 (2004)
MPaf
ck
20
MPaf
ck
25
- pilares revestidos
MPaf
ck
20
- pilares preenchidos
BS 5400: Parte 5 (1979)
3
/300.2 mKg
γ
(densidade)
NBR 8800 (rev. 2006) Concreto deve ter densidade normal
Quanto ao aço do perfil
AISC-LRFD (1994)
0018,0;380
lim
=
ε
MPaf
y
EUROCODE 4 (2004)
MPaf
y
450
A limitação da tensão máxima de escoamento do perfil deve-se à deformação máxima
do concreto à compressão que é aproximadamente 0,2%.
180
Tabela 4.11 - Recomendações de projetos quanto aos pilares mistos revestidos
Espaçamento dos estribos
AISC-LRFD (1994)
3/2
da menor dimensão da seção composta
BS 5400: Parte 5 (1990)
mm200
Armadura necessária
AISC-LRFD (1994)
Área mínima de
cmcm /018,0
2
de espaçamento da barra
EUROCODE 4 (2004)
Deverá ser no mínimo 0,3% da área de concreto na seção
transversal e, para áreas maiores que 0,4%, deve se
considerar o dimensionamento até este limite
BS 5400: Parte 5 (1990) Pelo menos 4 barras longitudinais
NBR 8800 (rev. 2006) Deve estar entre 0,3 e 4% da seção de concreto
Quanto ao recobrimento de concreto necessário
AISC-LRFD (1994)
Mínimo: 40mm
EUROCODE 4 (2004)
Mínimo: 40mm; Máximo: 1/6 da largura da mesa para
seções assimétricas
Mínimo: 40mm; Máximo: 0,4 da mesa do perfil na
direção da mesa
Mínimo: 40mm; Máximo: 0,23 da altura do perfil na
direção da altura
NBR 8800 (rev. 2006)
dcmm
y
3,040
<
e
6
f
y
b
c
fx
bcmm 4,040 < e
6
f
x
b
c
Sendo as grandezas definidas na figura 4.1
BS 5400: Parte 5 (1990) Mínimo de 50mm
Dimensões do perfil de aço
AISC-LRFD (1994)
ts
AA 04,0
- para que possa ser considerada seção mista
e não de concreto armado (
s
A - área do perfil de aço;
t
A
- área total da seção)
Esbeltez
EUROCODE 4 (2004)
0,2
λ
181
NBR 8800 (rev. 2006)
20
b
KL
sendo b a menor dimensão do pilar misto para
pilares revestidos
55
b
KL
para pilares circulares preenchidos
BS 5400: Parte 5 (1990)
65
b
KL
para pilares retangulares preenchidos
AISC-LFRD (1994)
200
m
r
KL
λ
para perfis I totalmente envolvidos
A NBR 8800 (rev. 2006) exige também que pilares mistos total ou parcialmente
revestidos devem possuir armaduras transversal e longitudinal que garantam a integridade do
concreto. Em pilares mistos parcialmente revestidos, a armadura longitudinal deverá ser
devidamente ancorada ao perfil de o por meio de conectores ou furos na alma do perfil e
seu espaçamento não deverá exceder 500mm.
Tabela 4.12 - Recomendações de projetos quanto aos pilares mistos preenchidos
Quanto à espessura da parede do tubo
AISC-LRFD (1994)
BS 5400: Parte 5 (1990)
E
f
bt
y
3
- tubos retangulares; b-largura da parede
E
f
Dt
y
8
- tubos circulares, D-diâmetro externo
y
ft
h 235
52
- tubos retangulares, h-largura da parede
y
ft
D 235
90 - tubos circulares, D-diâmetro externo
yf
ft
b 235
44 - pilares parcialmente revestidos; b e
f
t -
espessura e largura da mesa, respectivamente de um
perfil I
EUROCODE 4 (2004)
Obs:
y
f em MPa
Outras dimensões
AISC-LRFD (1994)
ts
AA 04,0
- para que possa ser considerada seção mista
182
e não de concreto armado (
s
A - área do perfil de aço;
t
A
- área total da seção)
Outras recomendações
NBR 8800 (rev. 2006)
Podem ser fabricados sem armadura, exceto para atender
a situação de incêndio conforme NBR 8800 (rev. 2006)
A NBR 8800 (rev. 2006) limita a relação entre as dimensões de seções retangulares
que deve estar entre 0,2 e 5,0.
4
4
.
.
1
1
1
1
E
E
X
X
E
E
M
M
P
P
L
L
O
O
P
P
R
R
Á
Á
T
T
I
I
C
C
O
O
P
P
I
I
L
L
A
A
R
R
M
M
I
I
S
S
T
T
O
O
P
P
A
A
R
R
C
C
I
I
A
A
L
L
M
M
E
E
N
N
T
T
E
E
R
R
E
E
V
V
E
E
S
S
T
T
I
I
D
D
O
O
Tomaremos como exemplo um dos pilares principais do edifício exemplo, localizado
na intersecção dos eixos 3 e B (figura 4.12). Será analisado, como exemplo, o primeiro lance
deste pilar, ou seja, o trecho entre a fundação e o primeiro pavimento.
183
5 x 9m = 45m
5 x 4m = 20m
1 2 3 4 5 6
A
B
C
D
y
x
V2 V2 V2 V2 V2
V2 V2 V2 V2 V2
V1 V1 V1 V1 V1
V1 V1 V1V1V1
V3V3V3V3V3
V3V3V3V3V3
V4
V5
z
654321
x
D
z
C B A
y
20 x 3,5M = 70m
PAVIMENTO TIPO
ELEVAÇÕES
1m
V5
V5
V5
V4
Figura 4.12 - Edifício exemplo - Pilar
A força axial atuante neste lance foi considerada da seguinte forma:
a) Tomou-se uma área de influência de 54m²;
b) Força axial devido às ações permanentes, sobrecarga acidenta e ação do vento;
c) Aplicou-se um coeficiente de redução da sobrecarga de:
20% no quarto pavimento;
40% no quinto pavimento;
60% a partir do sexto pavimento;
d) Tomou-se os valores dos momentos fletores obtidos pelo processamento em análise
de primeira ordem do pórtico em questão;
184
e) Admitiu-se como situação mais desfavorável o carregamento vertical descrito acima
e o vento atuando na direção y.
A combinação última tomada para o dimensionamento do lance do pilar em questão é:
= =
++=
m
i
n
j
kQjjkQqkGigid
FFFF
1 2
,0,1,
ψγγ
, sendo que a ação variável principal
considerada é a sobrecarga na laje e a segunda ação variável é a ação do vento na direção y.
Os esforços foram retirados do processamento realizado em programa computacional e
estão descritos na figura 4.13.
-445
145
a) Momentos fletores
9200
9200
b) Força axial b) Força cortante
132
132
Figura 4.13 - Esforços solicitantes de cálculo – primeiro lance pilar do eixo 3B do edifício
exemplo
A seção do pilar misto considerada é a seguinte (figura 4.14):
t
f
=31,15 h=587,7 t
f
=31,15
d=650
t
w
=22,4
b
f
=450
4Ø16mm
Estribos Ø6.3
a cada 190mm
Figura 4.14 - Seção transversal do pilar 3B do edifício exemplo
185
O perfil de aço que compõe a seção mista é uma CVS 650x326, o ASTM A-36. O
concreto dos pilares mistos te
2
/4 cmKNf
ck
=
Dados do perfil de aço:
2
415cmA =
;
4
309117cmI
x
= ;
4
47896cmI
y
= ;
3
10609cmZ
ax
= .
Resistência da seção transversal à compressão axial
Para a determinação desta resistência serão consideradas a seção do perfil de aço e de
concreto. A área da armadura do concreto não será considerada para esta resistência.
KNfAAfN
cdcydRdpl
1508585,2251085,07,21415
1,
=+=+=
α
Esbeltez Relativa e Rigidez
e
Rpl
rel
N
N
,
=
λ
KNfAAfN
ckcyRpl
189094251085,025415
1,
=+=+=
α
(
)
( )
2
2
KL
EI
N
e
e
π
=
( )
2
,
1000
80,05,21
3000
1
cm
KN
N
N
E
E
Sd
DSd
c
cr
=
+
=
+
=
ϕ
( )
2
69977772330810007,030911721000
3
7,0 KNmI
E
EIEI
c
cr
e
=+=+=
( )
KNN
e
340717
50,4
699777
2
2
==
π
24,0
340717
18909
==
rel
λ
Pela tabela 5b da NBR 8800 (rev. 2006), temos:
186
986,0
=
χ
KNN
Rdpl
1487415085986,0
,
=
=
χ
Resistência à flexo-compressão
Através do método de amplificação dos esforços solicitantes para efeitos de segunda
ordem e considerando imperfeições iniciais para estrutura de pequena deslocabilidade foram
encontrados os seguintes esforços solicitantes:
KNmM
Sd
720
=
KNN
Sd
8856
=
KNN
c
6095
4,1
4
251085,0 ==
Como
csd
NN
>
Cálculo do momento de resistência plástico da seção
(
)
plRd
M
,
:
( )
cm
fftfb
fA
h
cdydwcdc
cdc
n
8,16
222
=
+
=
4
10609cmZ
a
= ;
3
632cmZ
an
= ;
3
36922cmZ
c
= ;
3
12068cmZ
cn
= ;
(
)
(
)
cnccdanaydplRd
ZZfZZfM
+
=
5,0
,
( ) ( )
KNmM
plRd
25241206836922
4,1
4
5,063210609
15,1
25
,
=+=
(
)
(
)
ccdaydRdpl
ZfZfM 5,0
,max,
+
=
( ) ( )
KNmM
Rdpl
283436922
4,1
4
5,010609
15,1
25
,max,
=+=
KNmMM
Rdplxd
226728348,08,0
,max,,
=
=
=
KNmMM
xplRdxc
227125249,09,0
,,,
=
=
=
187
+
=
xd
csd
cRdpl
xc
xd
xcxd
x
M
NN
NN
M
M
MM
,,
,
,
,,
µ
( )
31,0
2267
60958856
609515085
2271
0 =
+=
x
µ
0,1
,
,,
+
xd
xdxxsd
M
MM
µ
63,0
2267
226731,0720
=
+
- OK!
Necessidade de conectores na região de ligação com as vigas:
va
cs
Sd
L
N
µ
τ
,
=
KN
A
A
NN
tr
a
sdcs
210
773
415
14531
,
=
=
=
Serão colocados 8 conectores
"4/3
φ
na região de apoio das vigas conforme figura
4.15.
t
f
=31,15 h=587,7 t
f
=31,15
d=650
t
w
=22,4
b
f
=450
4Ø16mm
Estribos Ø6.3
a cada 190mm
a) Seção transversal
400
b) Vista AA
AA
Figura 4.15 - Pilar misto – região de apoio das vigas
188
189
5
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
5
5
:
:
L
L
A
A
J
J
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
D
D
I
I
M
M
E
E
N
N
S
S
I
I
O
O
N
N
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
5
5
5
5
.
.
1
1
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
I
I
N
N
I
I
C
C
I
I
A
A
I
I
S
S
As lajes mistas formadas por fôrma de aço (“steel-deck”) incorporada ao concreto
possuem três funções principais:
Plataforma segura para os operários durante a construção;
Fôrma para o concreto;
Armadura positiva da laje.
As duas primeiras funções são úteis antes da cura do concreto, ou seja, a fôrma de aço
deve ser verificada isoladamente com os carregamentos de pesos próprios do aço e do
concreto, sobrecarga de operários e equipamentos e, eventualmente, sobrecarga de estocagem
de materiais. No entanto, esta situação não será escopo deste trabalho, sendo que este
dimensionamento pode ser encontrado em Normas e bibliografias de chapas ou telhas de aço.
O comportamento das lajes mistas difere de outras formas de construção mista, como
lajes de concreto armado e vigas mistas aço-concreto. A diferença está na maneira como
ocorre a transferência dos esforços entre os dois materiais:
Em estrutras de concreto armado, a transferência se por aderência entre os
dois materiais proveniente das nervuras na face das barras. Como isto está comprovado por
testes, considera-se que ocorre interação total entre os dois materiais e, portanto, a capacidade
das barras é tomada como sua tensão de escoamento.
190
Em vigas mistas, a transferência de esforços é conferida por conectores de
cisalhamento, sendo possível a consideração de interação total ou parcial entre os dois
elementos.
O comportamento da laje mista está entre os dois. A fôrma, com suas mossas e
reentrâncias, pode ser comparada à armadura, apesar de não ser beneficiada pelo
envolvimento total no concreto; porém possui rigidez à flexão, podendo ser tratada como o
perfil de aço da viga mista.
Por meio de ensaios e estudos teóricos, podemos dividir o comportamento das lajes
mistas em dois tipos (figura 5.1):
Modo 1:
Comportamento inicial linear, representando um material homogêneo interligado por
aderência química, mecânica ou por atrito, sem deslizamento relativo significativo na
interface. À medida que a tensão cresce, a rigidez diminui, devido à formação de fissuras na
região de concreto tracionado. Em certo ponto, a aderência é quebrada e, portanto, somente a
aderência mecânica formada pelas mossas e reentrâncias deverá transferir os esforços.
Com a ruptura da aderência ocorre um decréscimo da resistência e logo em seguida
uma recuperação de resistência, não sendo possível, no entanto, atingir a resistência do
primeiro trecho;
Modo 2:
A fase inicial é similar ao modo 1. Porém, após um decréscimo de resistência,
correspondente à ruptura da aderência entre o aço e o concreto, a resistência aumenta
novamente para um nível superior ao do primeiro trecho. Isto mostra que a conexão mecânica
é capaz de transferir toda a força de cisalhamento longitudinal até que ocorra a ruptura por
flexão (interação total) ou cisalhamento longitudinal (interação parcial).
191
P
2
P
2
Modo 2
Modo 1
(KN)
P
Deflexão
(mm)
Carregamento
Figura 5.1 - Dois modos típicos de comportamento de lajes mistas
As lajes tipo “steel-deck” foram muito estudadas até a cada de 1960 e a tabela 5.1
apresenta trabalhos recentes realizados sobre lajes mistas aço-concreto.
Tabela 5.1 - Alguns trabalhos recentes sobre lajes mistas aço-concreto
Pesquisador (es) ou ano Observações sobre os trabalhos realizados
EASTERLING & YOUNG (1992)
Apresentaram um método analítico
aproximado para dimensionamento de lajes
tipo “steel-deck” baseado no cálculo
convencional de lajes de concreto armado.
HAMERLINCK (1995)
Apresentou as considerações que devem ser
feitas para o dimensionamento de lajes tipo
“steel-deck” em situação de incêndio.
CRISINEL & MARIMON (2004)
Propuseram um método simplificado para o
dimensionamento de lajes tipo “steel-deck”
baseado em estudos experimentais.
ANDRADE el al. (2004)
Apresentaram um estudo para determinação
da seção ótima de lajes tipo “steel-deck”
além de propor uma nova seção com uso de
poliestireno expandido como material de
enchimento (figura 5.2)
192
A primeira utilização de lajes tipo “steel-deck” data do final da década de 30, como
substituição das lajes de concreto armado. Atualmente este é um sistema amplamente
utilizado na Europa, Japão e Estado Unidos e no Brasil este sistema vem ganhando espaço.
Além das vantagens citadas, este tipo de laje pode contraventar o edifício
lateralmente, resistindo aos esforços de vento e funcionado como um diagrama, da mesma
maneira que lajes de concreto.
No Brasil, é muito comum a utilização de lajes pré-moldadas ou pré-lajes de concreto
com elementos de preenchimento tipo lajota cerâmica ou poliestireno expandido,
principalmente em construções de baixo custo. Pensando nisto, foi proposto em Andrade et.
al. (2004) um novo tipo de laje mista.
A seção proposta está apresentada na figura 5.2 e a laje “steel-deckirá trabalhar da
seguinte maneira: a fôrma de o suporta as tensões de tração e o concreto trabalha
basicamente comprimido.
Poliestireno
Expandido
Concreto
Figura 5.2 - Seção típica da laje mista proposta por Andrade et. al. (2004)
5
5
.
.
2
2
D
D
I
I
M
M
E
E
N
N
S
S
I
I
O
O
N
N
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
D
D
E
E
L
L
A
A
J
J
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
A análise de lajes tipo “steel-deck” deve considerar, no caso do estado limite último,
as seguintes verificações (Figura 5.3):
Seção I: resistência ao momento fletor positivo;
Seção II: resistência ao momento fletor negativo;
Seções III e IV: resistência à força cortante;
193
Seção V: resistência ao cisalhamento longitudinal.
IIIV
V
I
III
Figura 5.3 - Seções críticas das lajes mistas
A determinação dos momentos fletores atuantes na laje mista deve considerar a
continuidade nos apoios. Quando isso ocorrer, a laje pode ser dimensionada de três maneiras:
Considerando-se inércia constante ao longo da viga, determinando-se os
momentos elásticos (Figura 5.4 - linha 1);
Considerando-se uma rigidez inferior (concreto fissurado) nos apoios ou
reduzindo-se arbitrariamente o momento fletor negativo nos apoios e, conseqüentemente,
aumentando o momento fletor positivo (Figura 5.4 - linha 2);
Tratando a laje mista contínua como uma rie de lajes mistas biapoiadas,
colocando-se apenas armaduras sobre os apoios intermediários para evitar a fissuração (Figura
5.4 - linha 3).
+0,125ql
2
2
+0,125ql
3
2
1
2
+0,07ql
ll
a) Esquema estático
Carregamento
q
Concreto fissurado
b) Estrutura deformada
c) Diagrama de momentos fletores
30% Máxima
redução
Figura 5.4 - Exemplo de análise de laje contínua
194
Geralmente, a força cortante é resistida apenas pela seção de concreto, desprezando-se
a seção de aço. Já o cisalhamento longitudinal é de grande importância no dimensionamento
de lajes mistas, uma vez que pode determinar o estado limite último do elemento. Todas estas
verificações serão detalhadas nos itens seguintes.
Os estados limites de serviço das lajes mistas a serem verificados são os seguintes:
Deslocamento vertical excessivo;
Fissuração excessiva do concreto;
Deslizamento excessivo na interface aço-concreto;
Vibração do pavimento.
Pode-se utilizar uma rigidez efetiva
(
)
e
EI
igual à média das rigidezes das seções
fissuradas e não fissuradas. O EUROCODE 4 (2004) propõe que, mesmo para esforços de
longa duração, esta dia possa ser considerada. No entanto, é necessária a consideração do
escorregamento na interface, o que pode influenciar bastante a deformação da laje.
Os três primeiros estados limites de utilização serão estudados à frente. Considerando
que as atividades humanas regulares possuem freqüências entre 1 e 4Hz e que a freqüência
natural de sistemas de lajes mistas está fora destes limites, pode-se dizer que este estado limite
o seviolado. Somente em casos de carregamentos especiais é que a vibração deverá ser
considerada.
Os procedimentos de cálculo demonstrados a seguir foram baseados nas
recomendações da NBR 8800 (rev. 2006) e nos casos de omissão desta norma, seguiram o
EUROCODE 4 (2004).
195
5
5
.
.
3
3
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
A
A
O
O
M
M
O
O
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
F
F
L
L
E
E
T
T
O
O
R
R
P
P
O
O
S
S
I
I
T
T
I
I
V
V
O
O
Da mesma forma que para vigas mistas, a principal solicitação das lajes mistas é a
flexão. A resistência ao momento fletor pode ser calculada pela análise plástica da seguinte
forma:
Linha neutra plástica acima da fôrma de aço:
N
pa
f
yF
/1,15
d
F
0,85 f
ck
/
c
N
cf
y
LNP acima da
fôrma de aço
Altura do centro
geométrico da fôrma
metálica
M
Rd
a
Figura 5.5 - Distribuição das tensões para momento positivo – Linha neutra plástica acima
da fôrma de aço
(
)
adNM
FpaplRd
5,0
,
= (111)
F
yF
efFpa
f
AN
γ
=
,
(112)
Sendo:
efF
A
,
a área da seção efetiva da fôrma, desprezando-se a área das mossas, a menos que
seja demonstrado por ensaios que possa ser utilizada;
F
d
a distância entre a face superior do concreto e o centro geométrico da fôrma de
o;
c
ck
pa
bf
N
a
γ
=
85,0
(113)
Esta hipótese acontece quando:
F
ck
cpa
f
AN
γ
> 85,0
(114)
196
Linha neutra plástica na fôrma de aço:
N
pa
f
yF
/1,15
f
yF
/1,15
e
p
e d
F
t
c
0,85f
ck
/
c
0,85f
ck
/
c
N
cf
y
M
pr
M
Rd
Altura do centro
geométrico da fôrma
metálica
LNP na fôrma
de aço
Figura 5.6 - Distribuição de tensão para momento positivo – Linha neutra plástica na fôrma
de aço
prcFplRd
MyNM
+
=
,
(115)
Sendo:
=
c
ck
ccF
f
btN
γ
85,0
, a força de compressão na seção de concreto acima da fôrma
de aço;
Esta hipótese ocorre quando:
F
ck
cpa
f
AN
γ
< 85,0
( )
pa
cf
ppct
N
N
eeethy += 5,0
(116)
ap
yp
ppa
f
AN
γ
= (117)
pr
M
é o momento de plastificação da fôrma de aço, reduzido pela presença da força
axial:
pa
pa
cF
papr
M
N
N
MM
= 125,1
(118)
Onde
pa
M
é o momento de plastificação total da fôrma de aço, considerando sua
seção efetiva, dividido por 1,10.
197
Na maioria dos casos a linha neutra situa-se acima da fôrma de aço, em fôrmas mais
profundas pode acontecer da linha neutra se localizar na fôrma de aço. Quando existir
armadura positiva adicional está deverá ser considerada no cálculo.
5
5
.
.
4
4
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
A
A
O
O
M
M
O
O
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
F
F
L
L
E
E
T
T
O
O
R
R
N
N
E
E
G
G
A
A
T
T
I
I
V
V
O
O
Sobre apoios intermediários de lajes contínuas, em regiões de momento negativo, a
laje mista deve ser considerada como uma laje de concreto armado. Por simplicidade, a área
da fôrma de aço comprimida é desprezada e a resistência é obtida pela seção de concreto
comprimida e a armadura tracionada. Segundo o EUROCODE 4 (2004) a resisncia ao
momento fletor negativo pode ser obtida da seguinte forma:
N
c
f
sd
h
c
h
p
b
c
d
s
e
s
h
M
Rd
z
N
s
0,85f
ck
/
c
x
A
s
Figura 5.7 - Distribuição de tensões para momento negativo
Assim:
zfAM
sdsplRd
=
,
(119)
sdsccdc
fAxbfN
=
=
85,0 (120)
ccd
sds
bf
fA
x
=
85,0
(121)
2
x
dz
s
= (122)
Sendo
c
b
a largura de concreto comprimida no interior das nervuras.
198
5
5
.
.
5
5
F
F
L
L
A
A
M
M
B
B
A
A
G
G
E
E
M
M
L
L
O
O
C
C
A
A
L
L
D
D
A
A
F
F
Ô
Ô
R
R
M
M
A
A
D
D
E
E
A
A
Ç
Ç
O
O
A presença do concreto ajuda a combater a flambagem local da fôrma de aço, porém
o a impede, uma vez que o a envolve totalmente. Assim, a necessidade de prevenir
esta instabilidade, limitando a relação entre espessura e largura reta do elemento. Esta
situação deverá ser verificada sempre que a linha neutra pstica estiver situada na fôrma de
o, ou seja, sempre que a sua resistência à compressão for levada em consideração.
Para que a instabilidade local da rma de aço o ocorra, a NBR 8800 (rev. 2006)
propõe que a largura plana de todos os elementos da rma de aço não ultrapasse os seguintes
valores:
( )
5,0
113
49,26
α
α
quandot
f
E
b
F
yF
a
F
(123)
5,0
40,2
<
α
α
quandot
f
E
b
F
yF
a
F
(124)
Sendo:
α
a relação entre a parte comprimida e a largura total do elemento.
b
Ffs
b
F
w
b
Ffi
t
F
Figura 5.8 - Largura plana dos elementos da fôrma de aço
199
5
5
.
.
6
6
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
À
À
F
F
O
O
R
R
Ç
Ç
A
A
C
C
O
O
R
R
T
T
A
A
N
N
T
T
E
E
E
E
À
À
P
P
U
U
N
N
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
Geralmente a resistência da laje mista à força cortante e à punção é calculada apenas
considerando a seção de concreto. O EUROCODE 4 (2004) não propõe expressão para esta
verificação, enquanto a NBR 8800 (rev. 2006) propõe a seguinte:
(
)
nc
vRkFo
vRd
b
kdb
V
+
=
γ
η
τ
402,11000
,
(125)
Sendo:
vRd
V
,
a resistência de cálculo à força cortante
02,0
=
Fo
F
db
A
η
(126)
1
1000
6,1
=
F
v
d
k
(127)
o
b
a largura média das nervuras de fôrmas trapezoidais ou larguras mínimas das
nervuras para fôrmas reentrantes, em milímetro;
n
b
é a largura entre duas nervuras consecutivas, em milímetros;
F
A
é a área da fôrma de o calculada com largura igual a
o
b
, em milímetro
quadrado;
Rk
τ
é a tensão de cisalhamento resistente do concreto dado pela tabela 5.2;
F
d
é a distância da face superior da laje ao centro de gravidade da fôrma de aço em
mm.
200
Tabela 5.2 - Tensão Resistente de cisalhamento do concreto
(
)
Rk
τ
segundo a NBR 8800 (rev.
2006)
ck
f
(KN/cm²)
Rk
τ
(KN/cm²)
2,0 0,037
2,5 0,045
3,0 0,050
3,5 0,055
4,0 0,062
Como podemos observar nesta expressão, a contribuição da fôrma de aço é
considerada podendo até duplicar a tensão resistente do concreto quando
02,0
=
η
e 0,1
=
v
k
.
A expressão (125) é uma adaptação da Norma Brasileira de Projeto de Estruturas de Concreto
(NBR 6118:2003).
Caso a força cortante ultrapasse os valores apresentados acima, temos a possibilidade
de armar a laje tipo “steel-deck” ao cisalhamento. A verificação passa a ser feita como viga de
concreto armado e, segundo a NBR 6118 (2003), a resistência dos estribos, permitindo-se
interpolação linear, deve ser limitada a:
250MPa para lajes com espessura até 15cm;
435MPa para lajes com espessura maior que 35cm.
5.6.1 PUNÇÃO
A puão é crítica em casos de lajes pouco espessas submetidas a ões concentradas.
A verificação é feita de maneira análoga à de lajes maciças de concreto. A partir da seção de
aplicação da carga, com um ângulo de 45º é determinado um perímetro crítico.
A resistência à punção da laje mista, segundo a NBR 8800 (rev. 2006) pode ser
calculada pela seguinte expressão:
201
(
)
c
vRkccr
pRd
kt
V
γ
η
τ
µ
402,1
,
+
= (128)
Sendo:
cr
µ
o perímetro crítico conforme figura 5.9;
c
t
a altura de concreto acima da fôrma de aço;
Rkv
ek
τ
η
, conforme apresentado anteriormente.
4
5
°
4
5
°
Corte A-A
d
F
t
c
Perímetro
crítico (
CR
)
Área de aplicação
da força
d
F
t
c
A A
d
F
t
c
Planta
Figura 5.9 - Perímetro crítico para determinação da punção
A tensão atuante deve ser calculada como:
d
N
cr
sd
sd
=
µ
τ
(129)
A expressão para o lculo da resistência à punção é uma adaptação da expressão para
a resistência à força cortante.
5
5
.
.
7
7
R
R
E
E
S
S
I
I
S
S
T
T
Ê
Ê
N
N
C
C
I
I
A
A
A
A
O
O
C
C
I
I
S
S
A
A
L
L
H
H
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
L
L
O
O
N
N
G
G
I
I
T
T
U
U
D
D
I
I
N
N
A
A
L
L
A resistência longitudinal das lajes mistas pode, com freqüência, ser um estado limite
último. Esta resistência depende de muitos fatores como atrito entre o o e o concreto,
202
reentrâncias e mossas na fôrma de aço e presença de conectores, e a sua determinação é
possível por meio de testes.
O EUROCODE 4 (2004) apresenta o método semi-empírico (m-k) que também é
adotado pela NBR 8800 (rev. 2006) para determinação da resistência ao cisalhamento
longitudinal. Este método originou-se nos Estados Unidos e é baseado em, no mínimo, seis
testes de lajes mistas biapoiadas, o que determina os valores dos coeficientes m e k. Assim, a
partir destes testes é possível a determinação da resistência ao cisalhamento longitudinal.
sl
s
efF
F
lRd
k
Lb
mA
db
V
γ
+
=
,
,
(130)
Onde:
m
e
k
são constantes empíricas cujos procedimentos encontram-se no item 10.3.1 do
EUROCODE 4 (2004) ou no catálogo do fabricante da fôrma de aço;
b
é a largura unitária da laje, tomada como 1000mm;
s
L
é o vão de cisalhamento, em milímetro;
25,1
=
sl
γ
, coeficiente de ponderação da resistência da fôrma de o, que pode ser
determinado por Norma ou especificação estrangeira.
O vão de cisalhamento
s
L
, segundo a NBR 8800 (rev. 2006), deve ser tomado como:
4
F
L
para cargas uniformemente distribuídas, sendo
F
L
o vão teórico das
lajes; para lajes contínuas este vão deve ser a distância entre os pontos com momento nulo
(0,9L para vãos extremos e 0,8L para vãos internos);
a distância entre a carga aplicada e o apoio mais próximo para duas cargas
concentradas simétricas;
203
a relação entre o máximo momento e a maior reação de apoio, para outras
condições de carregamento, incluindo combinação de cargas distribuídas ou cargas
concentradas assimétricas (podem ser efetuadas avaliações através de ensaios).
Flexão
Cisalhamento
vertical
Cisalhamento
longitudinal
p
1
K
Linha para
resistência característica
ao cisalhamento
Resultados
de testes
m
A
b.L
s
-
1
5
%
0
V
b.d
p
Figura 5.10 - Método empírico para avaliação do cisalhamento longitudinal
Este método consiste na realização de ensaios e determinação de esforços máximos
resistidos pelas lajes. Então, os dados são colocados no gráfico com abscissas
( )
s
p
bL
A
e
ordenadas
( )
p
bd
V
e, por um todo numérico de regressão linear, são determinados os
valores de
m
e
k
.
O comportamento das lajes tipo “steel-deck” está descrito linearmente pela linha azul
sendo que três modos de colapso podem ocorrer:
flexão;
cisalhamento horizontal;
cisalhamento vertical.
A resistência ao cisalhamento longitudinal pode ser aumentada pelo uso de conectores
nos extremos do vão ou por deformação das nervuras (figura 5.11).
204
Figura 5.11 - Resistência ao cisalhamento longitudinal por meio de conectores soldados
através da fôrma de aço e deformação nos extremos do vão ou deformação das nervuras
Este acréscimo de resistência deverá ser determinado por testes. O EUROCODE 4
(2004) propõe que a resistência
(
)
Rdpb
P
,
de um conector tipo pino com cabeça deverá ser
menor que a determinada para conectores de vigas mistas (Capítulo 3) ou a resistência da
fôrma de aço determinada pela seguinte expressão:
ypddoRdpb
ftdKP
=
ϕ
,
(131)
0,61 +=
do
d
a
K
ϕ
(132)
Onde:
do
d
é o diâmetro do cordão de solda devendo ser tomado 1,1 vezes o diâmetro do
conector;
a
é a distância do centro do conector até o fim da fôrma, não devendo ser inferior a
do
d
5,1 ;
ypd
f
a resistência de cálculo da fôrma de aço incorporada.
O método
km
provou ser adequado para aplicação em lajes tipo “steel-deck” com
pequenos vãos e comportamento frágil, o que foi largamente utilizado na América do Norte.
Para os perfis dúcteis atuais o todo mais apropriado é o da interação parcial descrito a
seguir.
205
Os principais inconvenientes do método “
km
são:
Não é baseado num modelo mecânico, sendo necessárias premissas
conservadoras quando as situações reais diferem dos testes;
Muitos testes adicionais são necessários para que se amplie a aplicação dos
resultados, quando existe necessidade de modificação na configuração da laje mista;
A avaliação dos testes é o mesmo para fôrmas com comportamento frágil ou
dúctil.
5
5
.
.
8
8
I
I
N
N
T
T
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
P
P
A
A
R
R
C
C
I
I
A
A
L
L
Segundo o EUROCODE 4 (2004), o método da interação parcial é um todo
alternativo ao método
km
e somente pode ser utilizado em lajes tipo “steel-deck” com
comportamento dúctil.
Assim como para vigas mistas, é possível dimensionar lajes mistas sob condição de
interação parcial. Desta forma, a resistência ao momento fletor é governada pela resistência da
laje tipo “steel-deck” ao cisalhamento longitudinal. O momento fletor resistente
(
)
plRd
M
,
pode
ser calculado conforme mostrado anteriormente, porém, substituindo-se
cF
N
por:
cFxRduc
NLbN
=
,
τ
e (133)
( )
ypdefF
c
pp
fA
N
eeexhz
+=
,
5,0
(134)
Sendo:
efF
A
,
a área efetiva da seção transversal da fôrma de aço incorporada;
ypd
f
a resistência de cálculo da fôrma de aço incorporada;
Rdu
,
τ
é a resistência ao cisalhamento longitudinal
(
)
vsRdk
γ
τ
/ obtida por meio de testes;
x
L
é a distância da seção considerada até o apoio mais próximo.
206
A determinação do grau de interação
cF
c
N
N
é uma função do comprimento de
cisalhamento
(
)
s
L
e da distribuição de tensão cisalhante
(
)
τ
, diferentemente das vigas mistas
cujo grau de interação é uma função do número de conectores.
Atualmente, testes e estudos vêm sendo desenvolvidos para simplificar a análise de
lajes tipo “steel-deck” sob interação parcial.
5
5
.
.
9
9
C
C
A
A
R
R
G
G
A
A
S
S
C
C
O
O
N
N
C
C
E
E
N
N
T
T
R
R
A
A
D
D
A
A
S
S
N
N
A
A
L
L
A
A
J
J
E
E
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
Em edifícios, é comum a presença de carregamentos lineares diretamente sobre a laje,
como alvenarias, por exemplo. Portanto, nestas regiões é necesrio um tratamento especial.
Quando a carga linear está paralela à nervura da laje ou a carga é concentrada, pode-se
considerá-las como distribuídas em uma largura:
(
)
rcpm
htbb
+
+
=
2
, conforme figura 5.12. (135)
(Revestimento)
4
5
°
4
5
°
Armadura
b
p
h
r
t
c
h
F
b
em
b
m
Figura 5.12 - Distribuição das cargas concentradas ou lineares
Para cargas perpendiculares às nervuras, a mesma expressão pode ser utilizada
tomando-se
p
b
como o comprimento da carga linear.
Para o cálculo da resistência, deve ser determinada uma largura efetiva
(
)
em
b
que irá
suportar toda a carga:
a)
Para momento fletor e cisalhamento longitudinal:
207
Vigas biapoiadas e vãos extremos de lajes contínuas:
+=
F
p
pmem
L
L
Lbb 12
(136)
Tramos internos de lajes contínuas:
+=
F
p
pmem
L
L
Lbb 133,1
(137)
b)
Para cisalhamento vertical:
+=
F
P
pmev
L
L
Lbb 1
(138)
Onde:
P
L
é a distância do centro da carga até o apoio mais próximo;
F
L
é o vão teórico da laje na direção das nervuras;
+
cF
c
vem
th
t
beb 2700
em milímetros exceto para carregamentos
perpendiculares às nervuras e para qualquer situação em que a armadura de distribuição for
maior ou igual a 0,2% da área de concreto acima da fôrma de aço. Além, logicamente, de ser
inferior à largura da laje.
Para que se possa considerar a distribuição das cargas conforme descrito acima, deve
ser prevista uma armadura de distribuição que resista ao seguinte momento, segundo a NBR
8800 (rev. 2006):
(
)
w
boubF
M
evem
dRd
15
,
= (139)
Onde:
F
é a carga concentrada aplicada
F
F
Lb
L
w
+=
1
2
(140)
208
1
b
é a largura da carga concentrada na direção paralela ao vão da laje.
Para carga linear paralela ao vão pode ser adotada a carga F no comprimento
1
b
ou
F
L
, o menor entre os dois.
O EUROCODE 4 (2004) propõe que, caso as cargas não ultrapassem
KN
5,7
(concentrada) e
2
/0,5
mKN
(distribuída), deve ser prevista uma armadura de distribuição
nominal igual a 0,2% da área de concreto acima das nervuras.
Na ausência de armadura de distribuição, deve-se considerar a largura
m
b
como
efetiva no caso de carga linear perpendicular ao vão e adotar armadura de 0,1% da área de
concreto acima da nervura.
5
5
.
.
1
1
0
0
E
E
S
S
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
L
L
I
I
M
M
I
I
T
T
E
E
S
S
D
D
E
E
S
S
E
E
R
R
V
V
I
I
Ç
Ç
O
O
5.10.1 FISSURAÇÃO DO CONCRETO
Sempre que a laje estiver exposta a ambiente agressivo, haja alguma restrição relativa
à impermeabilização ou à aparência que justifique a verificação da fissuração excessiva do
concreto, esta verificação deverá ser feita conforme as Normas de estruturas de concreto e
apresentado no capítulo 3. A face inferior da laje está protegida pela rma de aço e, portanto,
somente ocorre fissuração na parte superior. A fissuração irá ocorrer nos apoios
intermediários e será maior caso a laje seja dimensionada como bi-apoiada ao invés de
contínua, e também no caso de ter sido escorada durante a etapa de construção.
Para evitar a fissuração devido aos efeitos de retração e temperatura, em lajes
calculadas como bi-apoiadas, deve-se colocar uma armadura nominal, preferencialmente a
20mm do topo do concreto:
209
Segundo a NBR 8800 (rev. 2006),
csmín
AA
%10,0
=
;
Segundo o EUROCODE 4 (2004): para lajes escoradas durante a concretagem
csmín
AA
%4,0
=
; para lajes o-escoradas
csmín
AA
%20,0
=
.
Sendo
c
A
a área de concreto acima da fôrma de aço.
Esta armadura nominal não garante que a abertura das fissuras não exceda os valores
prescritos nas normas. Caso o ambiente seja agressivo, a verificação deverá ser feita conforme
lajes e vigas de concreto armado.
5.10.2 DESLOCAMENTO VERTICAL
A verificação ao deslocamento vertical excessivo deverá ser feita para a rma de aço
isolada, no caso de construção o-escorada e para a laje tipo steel-deck” nas condições de
utilização aplicáveis.
O EUROCODE 4 (2004) pre que não é necessária a verificação ao deslocamento
vertical quando:
a) Relação vão/espessura da laje não exceder os seguintes valores:
Lajes biapoiadas: 25;
Lajes contínuas: 32 para vãos externos e 35 para vãos internos;
Lajes em balanço: 10;
b) A carga de deslizamento inicial exceder 1,2 vezes a carga de serviço.
O cálculo da flecha em lajes mistas deve ser feito com base nas propriedades elásticas
da seção podendo-se, segundo o EUROCODE 4 (2004), utilizar as seguintes aproximações:
Rigidez média entre os valores da seção fissurada e não-fissurada;
Módulo de elasticidade médio do concreto para carga de longa e curta duração.
210
A NBR 8800 (rev. 2006) determina que o deslocamento vertical deva ser inferior a
350/
F
L
, considerando-se apenas a sobrecarga onde
F
L
é o o teórico da laje na direção das
nervuras.
5.10.3 DESLIZAMENTO HORIZONTAL
O deslizamento relativo entre o aço e o concreto na extremidade da laje mista é
possível de determinação por meio de ensaios. Segundo o EUROCODE 4 (2004), as cargas de
serviço não devem provocar deslizamento horizontal que ultrapasse o deslizamento inicial
(deslizamento na extremidade = 0,5mm determinado por testes) dividido por 1,2. Caso este
estado limite seja atingido, devem ser colocadas ancoragens nas extremidades.
5
5
.
.
1
1
1
1
A
A
B
B
E
E
R
R
T
T
U
U
R
R
A
A
S
S
E
E
M
M
L
L
A
A
J
J
E
E
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
A
A
S
S
É usual, especialmente em edifícios industriais, a necessidade de aberturas na laje.
Queiroz (2001) classifica em aberturas pequenas aquelas cuja maior dimensão o ultrapassa
mm200
e, para que não haja necessidade de reforço é exigido que:
A distância entre eixos de duas aberturas ultrapasse duas vezes sua maior
dimensão;
No caso da abertura estar localizada na região da largura efetiva de uma viga, a
distância mínima entre aberturas deverá ser maior que cinco vezes sua dimensão.
Devem ser tratadas como aberturas aquelas que não ultrapassam
mm
600 . Acima disto,
deve-se providenciar vigamento secundário em torno da abertura.
A armadura de reforço pode ser de maneira simplificada dada por:
=
ys
yF
Fsl
f
f
b
AA
1000
(141)
211
Sendo:
F
A
: área transversal da fôrma de aço correspondente a uma largura de
mm
1000
;
b
: a largura da abertura na direção transversal às nervuras (em mm);
yF
f
e
ys
f
as tensões de escoamento da fôrma e da armadura, respectivamente.
Assim, ocorre uma substituição da área de fôrma de aço recortada por armadura
devidamente ancorada (figura 5.13).
b
ARMADURA
LONGITUDINAL
ARMADURA
TRANSVERSAL
Figura 5.13 - Armaduras adicionais na laje
A armadura transversal deve ser:
20% da armadura longitudinal;
Ao menos três barras de diâmetro
mm
3,6 , espaçadas de
mm
150 ;
A armadura longitudinal deve ser levada até os apoios e ancorada neste ponto, sendo
colocada dentro das nervuras.
A armadura transversal deve ser colocada a
mm
20
acima da fôrma de aço e deve se
estender em duas nervuras, mais o comprimento de ancoragem. Em ambos os casos não é
recomendado utilizar barras de diâmetro maior que
mm
10
.
212
5
5
.
.
1
1
2
2
D
D
I
I
S
S
P
P
O
O
S
S
I
I
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
C
C
O
O
N
N
S
S
T
T
R
R
U
U
T
T
I
I
V
V
A
A
S
S
As Normas Brasileiras e Européias propõem algumas disposições construtivas que
devem ser seguidas para um bom projeto de lajes tipo “steel-deck”. Estas considerações são
baseadas em experiências de projetos, estudos ou ensaios.
Tabela 5.3 - Disposições construtivas para lajes mistas segundo a NBR 8800 (rev. 2006)
Espessura mínima de concreto sobre a fôrma
de aço
mm
50
Dimensãoxima do agregado graúdo
c
t
40,0
3/
o
b
mm
30
Armadura adicional para momento positivo e
para momento negativo
Deverão obedecer às prescrições da NBR
6118 (2003)
Comprimento mínimo do apoio
Evitar o enrugamento da alma da fôrma ou
esmagamento do apoio, não devendo ser
inferior a
m
75
para apoio em elemento de
o ou concreto e
mm
100 para apoio em
outro material. Estes valores podem ser
reduzidos para
mme
7050
,
respectivamente, para as extremidades da
fôrma.
Sendo:
c
t
a espessura do concreto acima da fôrma de aço;
o
b
a largura média das nervuras trapezoidais ou a largura mínima das fôrmas reentrantes.
213
Tabela 5.4 - Disposições construtivas segundo o EUROCODE 4 (2004)
Alturanima total da laje
mm
80
mm
90
(quando agindo em conjunto com uma
viga ou como diafragma)
Espessura mínima de concreto acima da
fôrma de aço
mm
40
mm
50
(quando agindo em conjunto com uma
viga ou como diafragma)
Dimensão xima do agregado graúdo
c
t
40,0
3/
o
b
mm
30
Armaduras mínimas transversal e
longitudinal na altura
c
h
de concreto
mmm
/80
2
em cada direção
Espaçamento máximo das armaduras
mmouh 3502
Agregado graúdo Idem NBR 8800 (rev. 2006)
Comprimento de apoio
- para lajes apoiadas em concreto ou aço:
mml
bc
75
=
- para lajes apoiadas em outro material:
mml
bc
100
=
e
mml
bs
70
=
I
bs
I
bs
I
bs
I
bs
I
bs
I
bs
I
bc
(a)
(b) (c)
Figura 5.14 - Comprimento mínimo de apoio
214
5
5
.
.
1
1
3
3
E
E
X
X
E
E
M
M
P
P
L
L
O
O
P
P
R
R
Á
Á
T
T
I
I
C
C
O
O
A seguir o dimensionamento da laje tipo steel-deck” do pavimento tipo do edifício
exemplo.
5 x 9m = 45m
5 x 4m = 20m
1 2 3 4 5 6
A
B
C
D
y
x
V2 V2 V2 V2 V2
V2 V2 V2 V2 V2
V1 V1 V1 V1 V1
V1 V1 V1V1V1
V3V3V3V3V3
V3V3V3V3V3
V4
V5
PAVIMENTO TIPO
V5
V5
V5
V4
Figura 5.15 - Pavimento tipo – Exemplo de laje mista
O esquema estático da laje está descrito na figura 5.16, sendo g” o carregamento
permanente inclusive peso próprio e “q” a sobrecarga acidental.
g+q=6KN/m²
4000 4000 4000 4000 4000
Figura 5.16 - Esquema estático da laje do edifício exemplo
Os diagramas de momento fletor e de força cortante estão descritos nas figuras 5.17.a
5.17.b respectivamente.
215
4000 4000 4000 4000 4000
b) Força cortante(KN)
13
19.9 17.4
15.7 16.5
13
19.917.4
15.716.5
10,5
10,5
4000 4000 4000 4000 4000
10,3
4,4
13,7
13,7
10,3
4,4
6,0
a) Momento fletor (KN.m)
Figura 5.17 - Diagramas de esforços solicitantes de cálculo na laje do edifício exemplo
Como existe apenas um carregamento considerado acidental (sobrecarga) a
combinação última será a soma dos esforços provenientes dos carregamentos permanentes e
acidental multiplicados pelos fatores
4,1
=
=
qg
γ
γ
.
A seção da laje mista considerada está descrita na figura 5.18. O perfil da fôrma de aço
é “Steel Deck” MF-75 com espessura de
mm
25,1
, aço ZAR-280
(
)
2
/28 cmKNf
y
=
, concreto
2
/3 cmKNf
ck
=
.
65mm75mm
119mm
155mm155mm
115
140mm
Figura 5.18 - Seção da laje mista do edifício exemplo
A análise à flexão será feita com uma redução de 30% nos momentos negativos sobre
os apoios e consequentemente aumento dos momentos positivos.
O momento fletor mínimo de cálculo a ser considerado será:
mKNcmM
Sdmín
/960137070,0
=
=
O momento fletor máximo de cálculo a ser considerado será:
mKNcmM
Sdmáx
/1441137030,01030
=
+
=
216
O esforço cortante máximo a ser considerado será:
mKNV
Sd
/9,19
=
O esforço cisalhante longitudinal máximo deve ser tomado como:
mKNV
lSd
/9,19
,
=
A verificação ao momento fletor positivo tem por base o formulário apresentado no
item 5.3.
- Posição da linha neutra plástica:
F
yF
efFpa
f
AN
γ
=
,
2
,
71,17 cmA
efF
=
dado pelo fabricante;
KNN
pa
2,431
15,1
28
71,17 ==
KNN
c
9,1183
4,1
3
65085,0 ==
Como
pac
NN
> a LNP encontra-se acima da fôrma de aço.
Portanto:
(
)
adNM
FpaplRd
5,0
,
=
mmd
F
7,102
=
dado pelo fabricante;
cm
b
f
N
a
c
ck
pa
37,2
100
4,1
3
85,0
2,431
85,0
=
=
=
γ
Sendo assim:
(
)
mKNcmM
plRd
/393037,25,03,102,431
,
=
=
mKNcmM
Sd
/1441
=
Como
plRdSd
MM
,
< a verificação está atendida.
217
A verificação da resistência ao momento fletor negativo está baseada no item 5.4
xfAM
sdsplRd
=
,
xbfN
ccdc
85,0
=
mmb
c
119
=
ccd
sds
bf
fA
x
85,0
=
Será considerada armadura de 8
φ
a cada 125mm, sendo
mcmA
s
/4
2
=
.
cmx 2,2
9,11
4,1
3
85,0
274,05,434
=
=
cm
x
dz
s
4,10
2
2,2
5,11
2
===
mKNN
c
/174
274,0
2,29,11
4,1
3
85,0
=
=
mKNcmM
plRd
/18104,105,434
,
=
=
mKNcmM
Sd
/960
=
Como
plRdSd
MM
,
< a verificação está atendida.
A verificação à força cortante se baseia no formulário do item 5.6.
(
)
+
=
nc
v
RdF
VRd
b
kdb
V
γ
ητ
402,11000
0
,
2
/036,0
cmKN
Rd
=
τ
(Tabela 5.2)
Dados do fabricante:
mmb
o
137
=
mmb
n
274
=
cmd
F
3,10
=
218
2
43,2
1000
137
71,17
cmA
F
==
02,0017,0
3,107,13
43,2
<=
==
po
F
db
A
η
0,159,1
1000
3,10
6,1
1000
6,1 >==
=
p
v
d
k
(
)
4,1274
017,0402,159,1036,03,107,131000
,
+
=
VRd
V
mKNV
VRd
/6,39
,
=
mKNV
Sd
/9,19
=
Como
VRdSd
VV
,
< a verificação está atendida.
A verificação ao cisalhamento longitudinal está baseada no todo semi-empírico (m-
k) descrito em 5.7.
sl
s
p
F
lRd
k
L
A
b
m
db
V
γ
+
=
,
Dados do fabricante:
14,152
=
m
001697,0
=
k
m
L
L
f
s
90,0
4
4
9,0
4
===
mKNV
lRd
/25
25,1
001697,0
9001000
177114,152
7,103
,
=
+
=
mKNV
Sd
/9,19
=
Como
lRdlSd
VV
,,
<
a verificação está atendida.
219
6
C
C
A
A
P
P
Í
Í
T
T
U
U
L
L
O
O
6
6
:
:
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
F
F
I
I
N
N
A
A
I
I
S
S
E
E
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
6
6
6
6
.
.
1
1
E
E
L
L
E
E
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
S
S
M
M
I
I
S
S
T
T
O
O
S
S
C
C
O
O
M
M
P
P
O
O
N
N
E
E
N
N
T
T
E
E
S
S
D
D
O
O
E
E
D
D
I
I
F
F
Í
Í
C
C
I
I
O
O
E
E
X
X
E
E
M
M
P
P
L
L
O
O
Nesta fase do trabalho seo apresentados os elementos constituintes do edifício
exemplo dimensionados nos capítulos anteriores. O esquema estrutural do edifício está
novamente descrito na figura 6.1. Os pavimentos o compostos de lajes mistas apoiadas na
direção do eixo y, compondo vigas mistas com perfis tipo “I” interconectados às lajes por
meio de conectores tipo pino com cabeça. O sistema resistente às ações horizontais é
composto de contraventamentos entre os eixos 1 e 2 e entre os 5 e 6, nos eixos A e D e
pórticos, com ligações rígidas entre pilares e vigas, na direção y em todos os eixos, de 1 a 6.
O dimensionamento dos elementos seguiu as recomendações da NBR 8800 (rev. 2006)
e os resultados estão baseados nos procedimentos desta Norma.
Para obtenção dos esforços provenientes da ação do vento e continuidade das vigas,
foi utilizado o programa de análise estrutural SAP 2000.
220
1m
V5
V5
V5
V4
5 x 9m = 45m
5 x 4m = 20m
1 2 3 4 5 6
A
B
C
D
y
x
V2 V2 V2 V2 V2
V2 V2 V2 V2 V2
V1 V1 V1 V1 V1
V1 V1 V1V1V1
V3V3V3V3V3
V3V3V3V3V3
V4
V5
z
654321
x
D
z
C B A
y
20 x 3,5M = 70m
PAVIMENTO TIPO
ELEVAÇÕES
Figura 6.1 - Edifício Exemplo
O pavimento tipo do edifício exemplo é composto basicamente dos seguintes
elementos:
a) Laje mista conforme figura 6.2:
65mm75mm
119mm
155mm155mm
115
140mm
Steel deck MF-75
e=1,25mm
aço ZAR-280
f
y
=28KN/cm
2
Concreto
f
ck
>3KN/cm
2
Ø6.3 c/15
Ø6.3 c/15
Figura 6.2 - Seção transversal da laje mista do pavimento do edifício exemplo
221
A viga V3, biapoiada, dimensionada no capítulo 3 do presente trabalho está descrita na
figura 6.3:
Concreto
f
ck
>3KN/cm
2
t
f
=9,8 h=332,4 t
f
=9,8
d=352
t
w
=6,9
b
f
=171
h
f
=75 t
c
=65
b
ef
=2250
a) Seção transversal b) Vista longitudinal
Perfil W 360x44
ASTM A572 Gr 50
F
y
=34,5 KN/cm
2
274
(típico)
Conectores Ø 25mm
ASTM A108 Gr 1020
f
y
=34,5KN/cm
2
Figura 6.3 - Viga V3 do edifício exemplo
A viga V5, contínua, dimensionada também no capítulo 3, está descrita na figura 6.4:
h
f
=75 t
c
=65
b
ef
=750/1250
119
(típ.)
155
(típ.)
t
f
=19,6 h=572,8 t
f
=19,6
d=612
t
w
=11,9
b
f
=229
115
A
s
= 13Ø12,5 = 16,3cm
2
a) Seção transversal b) Vista longitudinal
Perfil W 600x125
ASTM A572 Gr 50
F
y
=34,5 KN/cm
2
(típico)
Conectores Ø 25mm
ASTM A108 Gr 1020
f
y
=34,5KN/cm
2
200
Concreto
f
ck
>3KN/cm
2
Aço CA-50 / f
y
=50KN/cm
Armadura
Figura 6.4 - Viga V5 do edifício exemplo
222
A seção do primeiro lance de um dos pilares principais do edifício, o pilar entre no
encontro dos eixos 3 e B está descrita na figura 6.5:
t
f
=31,15 h=587,7 t
f
=31,15
d=650
t
w
=22,4
b
f
=450
4Ø16mm
Estribos Ø6.3
a cada 190mm
Figura 6.5 - Seção transveral do pilar eixo 3B do edifício exemplo
6
6
.
.
2
2
C
C
O
O
N
N
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
S
S
O
O
B
B
R
R
E
E
O
O
S
S
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
O
O
B
B
T
T
I
I
D
D
O
O
S
S
N
N
O
O
E
E
D
D
I
I
F
F
Í
Í
C
C
I
I
O
O
E
E
X
X
E
E
M
M
P
P
L
L
O
O
As quantidades estimadas para a estrutura do edifício exemplo estão descritas na
tabela 6.1.
Tabela 6.1 - Quantidades estimadas da estrutura do edifício exemplo
ELEMENTOS
Aço
(t)
Concreto
(m³)
Armadura
(t)
Biapoiadas 220 __ __
Vigas mistas
Contínuas 280 __ __
Lajes mistas 300 1900 60
Pilares mistos 380 230 15
Contraventamentos 70 __ __
TOTAL 1250 2130 75
223
A somatória do consumo de o para vigas e pilares resultou nos dados apresentados a
seguir:
ELEMENTOS
Aço
(t)
Concreto
(m³)
Armadura
(t)
VIGAS + PILARES 880 230 15
Serão feitas três comparações separadamente: vigas biapoiadas, vigas cotínuas (parte
do pórtico) e pilares mistos. A compação entre lajes tipo “steel-deck” e qualquer outro tipo de
laje ultrapassaria uma análise apenas de consumo de material, uma vez que a laje mista possui
vantagens como utilização como fôrma, plataforma de trabalho, acabamento infeior da laje,
possibilidade de diminuição ou ausência de escoramento, além da sua função de armadura
positiva. Por estes motivos, não será feita comparação entre tipos de lajes neste trabalho.
A tabela 6.2 apresenta uma simulação de consumo de aço para uma estrutura de aço
com aproximadamente as mesmas características do edifício exemplo.
Tabela 6.2 - Estimativa de consumo de aço para uma estrutura similar à estrutura do edifício
exemplo composta por elementos de aço isolados
ELEMENTOS DEO
Aço
(t)
Biapoiadas 400
Vigas
Contínuas 350
Pilares * 470
TOTAL (VIGAS + PILARES) 820
* les (1995): edifício com as mesmas características do edifício exemplo; modelo
estrutural com treliças, consumo de aço das diagonais = 100t.
224
Foi feita uma comparação com o edifício exemplo retirado de Sáles (1995) apenas
para os pilares mistos, pois as vigas já haviam sido tratadas como mistas por Sáles (1995). As
quantidades de aço para as vigas foi estimadas por cálculos durante o presente estudo.
Com os dados das tabelas 6.1 e 6.2 é possível fazer uma breve comparação entre o
consumo de o para elementos mistos e elementos de aço isolados, o que está demonstrado
na tabela 6.3.
Tabela 6.3 - Comparação entre consumo de aço para elementos mistos e elementos de aço
isolados
Consumo de aço (t)
Elementos
Mistos Isolados
Porcentagem
de economia de aço
Biapoiadas
220 400 45%
Vigas
Contínuas 280 350 20%
Pilares 380 470 19%
Total (vigas + pilares) 880 1220 28%
A composição das vigas mistas, na maioria dos edifícios, necessita apenas do
acréscimo dos conectores e armaduras para as regiões de momento negativo, sendo que a laje,
mista ou não, é um elemento presente. Como era esperado, para as vigas mistas biapoiadas
a redução do consumo foi maior do que para as vigas contínuas. Isto se deve ao fato do
concreto trabalhar essencialmente à compressão e o perfil de aço à tração como foi
demonstrado anteriormente.
A redução de consumo de aço para os pilares mistos (19%) também é de grande
importância ainda que tenhamos que acrescentar o custo do concreto e das armaduras. Há uma
economia substancial na estrutura, comprovando que a composição entre o e concreto para
pilares também é bastante vantajosa. Deve ser considerado também que um acréscimo no
peso transmitido às fundações devido à inclusão do concreto (em média 20t por pilar).
225
Neste item foi claramente demonstrado que os elementos mistos possuem vantagens
econômicas (em dia da ordem de 25%) em relação a elementos de aço isolados, mas
existem outros aspectos que devem ser avaliados durante a tomada de decisão do partido
estrutural que será adotado.
6
6
.
.
3
3
C
C
O
O
N
N
S
S
I
I
D
D
E
E
R
R
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
F
F
I
I
N
N
A
A
I
I
S
S
O objetivo de abordar aspectos dos estudos acadêmicos e práticos relativos ao
dimensionamento dos elementos mistos aço-concreto dentro do conceito deste trabalho foi
alcançado.
A combinação aço-concreto apresenta algumas vantagens em relação aos elementos
isolados de aço e de concreto. Assim, em determinadas situações, podem ser a melhor
solução.
A definição do tipo de estrutura a ser utilizada numa edificação deve ser um processo
minucioso que procure analisar todos os fatores da obra como ambientais, construtivos,
arquitetônicos, relativos ao conforto e à utilização da edificação.
O dimensionamento das vigas mistas biapoiadas está bastante estudado e este tipo
de elemento vem sendo largamente utilizado, pois combina dois elementos presentes na
maioria dos edifícios com vigas de aço. Os conectores de cisalhamento mais utilizados o os
tipo pino com cabeça e o perfil U laminado, mas dependendo da localização da obra e
disponibilidade de material, o conector pode ser adaptado desde que garantida a sua
resistência e considerada a sua ductilidade.
As vigas mistas contínuas devem ser dimensionadas considerando as situações de
flambagem local da mesa e da alma, flambagem lateral com distorção, além da verificação do
estado limite de fissuração do concreto lembrando que, em muitos casos, sua adoção não
apresenta vantagens em termos de consumo de aço.
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Os pilares mistos também apresentam como principais vantagens a esbeltez em
relação aos pilares de concreto, maior rigidez em relação aos pilares metálicos e proteção
contra a corrosão e contra incêndio. Devem ser dimensionados considerando as curvas de
flambagem dos pilares metálicos adaptadas aos pilares mistos. Os efeitos de segunda ordem
têm papel importante no dimensionamento destes elementos.
Os sistemas de contraventamento influenciam bastante o resultado final da estrutura,
para o caso do edifício exemplo deste trabalho, foi considerado um sistema aporticado na
direção em que os pilares possuem maior inércia e um sitema de contraventamento com
ligações articuladas na outra direção. As vigas mistas dispostas na direção dos pórticos foram
consideradas contínuas e todas as demais ligações nesta direção foram tratadas como
aporticadas. Mais uma vez, a escolha do tipo de sistema resistente às ações horizontais deve
considerar as condições específicas de cada edifício, bem como as condições locais.
As lajes tipo “steel-deck” são os elementos mistos que apresentam a melhor relação
custo-benefício e, cada vez mais, os fabricantes brasileiros disponibilizam para os projetistas e
construtores informações técnicas e construtivas para a utilização destas lajes. Deve-se
lembrar que situações específicas, como ações concentradas e aberturas na laje, precisam ser
verificadas separadamente.
Outro aspecto que necessita cuidados especiais numa edificação composta por
elementos mistos são as ligações. Estas devem ser bem estudadas anteriormente ao
dimensionamento e detalhamento da estrutura como um todo, pois podem onerar o custo final,
bem como provocar trabalhos excessivos no canteiro de obras. No entanto, as ligações mistas
o foram escopo deste trabalho.
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Como sugestões para novas pesquisas com este mesmo enfoque temos:
Estudos experimentais e também desenvolvimento de modelos teóricos e
analíticos de ligações mistas;
Estudos das tensões cisalhantes em lajes mistas e pilares mistos;
Estudo mais aprofundado dos efeitos de segunda ordem em pilares mistos;
Estudos sobre vibrações em lajes tipo steel-deck” e estruturas mistas em
geral;
Estudos dos elementos mistos em situação de incêndio.
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