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FARIAS, Hélio Takashi Maciel de. Contra as Secas: A engenharia e as origens de um
planejamento regional no nordeste brasileiro. Dissertação (mestrado). 166p. Programa
de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo. Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, Natal/RN, 2008.
RESUMO
As secas apresentaram-se, desde 1877, como um problema de solução imprescindível
para a nação brasileira em formação. Os engenheiros, que formavam a elite técnica e
científica do país, tomaram para si a responsabilidade de estudar, compreender e
combater o problema através de ações planejadas de intervenção sobre o espaço. Este
trabalho se propõe a, a partir das propostas e discussões expostas em revistas de
engenharia e relatórios, fornecer indícios para compreensão do significado que as
ações sistematizadas contra os efeitos das estiagens nas últimas décadas do século XIX
e primeiras do século XX tiveram no sentido de indicar elementos para a análise do
espaço e para a formação de um (então inexistente) corpo disciplinar de planejamento
urbano e regional no Brasil. Os engenheiros, ao assumir o posto de mentores da
modernização do país, garantiam para si mesmos estabilidade econômica pessoal,
prestígio social e poder político. Entendendo a natureza ora como um recurso a ser
explorado, ora como empecilho para o progresso nacional, exploraram o território das
secas, contribuindo com a própria delimitação da região que hoje chamamos
Nordeste. Procurando compreender o fenômeno das secas, acabaram por criar
conhecimento sobre o espaço sobre o qual pretendiam intervir; levando a cabo, em
meio a dificuldades econômicas e políticas, seus projetos, modificaram a estrutura de
organização de cidades e campo no nordeste. As propostas de açudes, por um lado,
possibilitariam a fixação da população e a resistência da economia às secas; as
estradas – ferrovias e rodovias –, por outro lado, conectariam o sertão às capitais e ao
litoral, facilitando o auxílio às populações durante as secas e possibilitando a circulação
de bens de forma a fortalecer as economias locais em tempos normais. As práticas e
técnicas adotadas, adaptadas de experiências estrangeiras e desenvolvidas a partir de
tentativas e ajustes, consolidaram-se como um curso de intervenção eminentemente
espacial, ainda que não tenha se formado um corpo teórico de planejamento regional
ou territorial no Brasil. O Planejamento Regional propriamente dito teve início no país
exatamente pela região Nordeste, na década de 1950, partindo de uma leitura
econômica da realidade para atingir o desenvolvimento. O trabalho que os
engenheiros efetuaram previamente, no entanto, não pode ser descartado. Ficou
provado que, apesar de enfrentar entraves financeiros e políticos, os engenheiros
tinham um profundo comprometimento com o problema e objetivaram agir
sistematicamente sobre o espaço de modo a transformar as relações econômicas e
sociais da região, para assim serem vitoriosos em sua luta contra as secas.
Palavras-chave: Planejamento regional e territorial, Combate às secas, Engenharia.