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DEONÍSIO SCHMITT
CONTEXTUALIZAÇÃO DA TRAJETÓRIA DOS SURDOS E EDUCAÇÃO DE
SURDOS EM SANTA CATARINA
Mestrando: Deonísio Schmitt
Florianópolis, 2008.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIA DA EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
CONTEXTUALIZAÇÃO DA TRAJETÓRIA DOS SURDOS E EDUCAÇÃO DE
SURDOS EM SANTA CATARINA
Mestrando: Deonísio Schmitt
Orientadora: Ronice Müller de Quadros
Dissertação apresentada à linha de pesquisa em
Educação e Processos Inclusivos como requisito
parcial para a obtenção do título de Mestre em
Educação no Programa de Pós-graduação em
Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina.
Florianópolis, 2008.
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DEONISIO SCHMITT
CONTEXTUALIZAÇÃO DA TRAJETÓRIA DOS SURDOS E EDUCAÇÃO DE
SURDOS EM SANTA CATARINA
Orientadora: Dra. Ronice Müller de Quadros
Co-Orientadora: Dra. Gladis T. Perlin
Bancas Examinadoras: Dr. Sérgio Andrés Lulkin - UFRGS
Dr. Marcos Fábio Freire Montysuma - UFSC
Dra. Marianne Stumpf - UFSC
Florianópolis, 2008.
3
Dissertação de Mestrado apresentada nas bancas de examinadoras da
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC pelo mestrando DEONISIO
SCHMITT, sob o título de pesquisa
˝Contextualização da Trajetória dos Surdos e
Educação de Surdos em Santa Catarina˝, na comissão Julgadora pelos professores:
--------------------------------------------------------
Dra. Ronice Müller de Quadros
Orientadora – UFSC
------------------------------------------------
Dra. Gladis T. Perlin
Co-Orientadora - UFSC
--------------------------------------------------------
Dr. Marcos Fábio Freire Montysuma
Membro - UFSC
---------------------------------------------------------
Dr. Sérgio Andrés Lulkin
Membro - UFRGS
---------------------------------------------------------
Dra. Marianne Stumpf
Suplente – UFSC
Florianópolis, 2008.
4
É preciso mostrar a realidade histórica dos surdos em
Santa Catarina e unir todos os movimentos dos surdos na
luta pela educação na escola Catarinense. Vamos conhecer
e refletir sobre a história política dos surdos
essencialmente as relações de poder. A minha luta me
ajudou a amadurecer.
Deonisio Schmitt
5
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, por terem me acompanhado e me dado força para essa caminhada;
A minha amada esposa por ter paciência comigo durante todos esses anos;
Ao meu filho Eduardo Espíndola Schmitt que sofreu, juntamente com minha esposa,
nas cansativas viagens semanais com destino de Gaspar à Palhoça, por motivo de trabalho;
Ao Sr. Francisco Lima Júnior, guerreiro no movimento de surdos pela primeira
escola que marca o registro histórico do surdo na luta política pela educação de surdos em
Santa Catarina;
A Associação de Surdos da Grande Florianópolis, Sociedade de Surdos de São José,
Instituto de Audição e Terapia de Linguagem; Universidade Federal de Santa Catarina;
Grupo de Estudos Surdos e Comunidade Surda, pelo seu apoio;
À professora Dra. Gladis T. Perlin (UFSC) pela sua orientação de pesquisa sobre a
história dos surdos no Estado de Santa Catarina;
Aos colegas do GES – Grupo de Estudos Surdos pelo incentivo e força de vontade
no compartilhamento das experiências políticas na educação de surdos;
A Dra. Ronice Müller de Quadros que me ajudou muito na pesquisa em educação de
surdos e na aquisição de linguagem das crianças e adultos surdos. Sou grato pelo convite
para participar da bolsa de pesquisa no ano de 2002 e atualmente. Ela substituir a
orientadora na revisão de análise;
A Idavania M. S. Basso e esposo, por nos ajudar na revisão;
A professora do IATEL, Kátia Aparecida de Vieira que muito me ajudou na
construção da minha caminhada, estimulando e sempre presente no meu sofrido
desenvolvimento desde minha infância;
A professora Suzi de Cougo Souto, bilíngüe e educadora desses mesmos alunos da
Escola de Educação Básica Celso Ramos;
O Dr. Marcos Fábio F. Montysuma convidado especial na disciplina história oral na
banca de examinadora e antes, também, esteve na minha qualificação em 2007;
6
7
Aos colegas Walter Nunes da Silva Filho e Maria de Graças que compartilharam
comigo as entrevistas de gravação sobre a história de surdos em Santa Catarina;
Ao INES - Instituto Nacional de Educação de Surdos pelo apoio à pesquisa de
documentos arquivados na biblioteca pública cuja professora Solange Maria da Rocha é
responsável pelo acervo e memorial;
Às colegas Ana Regina e Souza Campello e Karin Strobel que me acompanharam
na viagem ao INES, permanecendo comigo durante uma semana para a devida pesquisa dos
documentos no acervo;
A CAPES pelo fornecimento de bolsa no programa de pós-graduação o processo
educação inclusiva – PPGE, oferecendo-me a oportunidade de desenvolver meu estudo e
pesquisa;
Convidado especial nas bancas de examinadoras Sérgio Andrés Lulkin membro e
suplente Marianne Stumpf;
Às colegas Silvana Nicoloso, Jefferson Bruno M. Santana e Soelge Mendes da Silva
que me interpretaram na banca avaliação de defesa.
A Dra. Heloisa Barbosa sugeriram na aula de disciplina no seminário dissertação II
no semestre em 2007/02 bases teórica de pesquisa.
LISTA DE ABREVIATURAS
ASAM – Asociacion de Sordomudos de Ayuda Mutua
ASC – Associação dos Surdos de Curitiba
ASF – Associação dos Surdos de Florianópolis
ASGF – Associação de Surdos da Grande Florianópolis
ASMG – Associação dos Surdos de Minas Gerais
ASMMG – Associação dos Surdos-Mudos de Minas Gerais
ASMSP – Associação dos Surdos-Mudos de São Paulo
ASMP – Associação dos Surdos-Mudos do Paraná
ASMRGS – Associação dos Surdos-Mudos do Rio Grande do Sul
ASPOA – Associação dos Surdos de Porto Alegre
ASSP – Associação dos Surdos de São Paulo
ASURJ – Associação dos Surdos de Rio de Janeiro
CED – Centro de Ciências da Educação
CEFET/SC – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
CELES – Centro de Estudo de LIBRAS e de Educação dos Surdos
CELESC – Centrais Elétricas de Santa Catarina S/A
CNAS – Conselho Nacional de Assistência Social
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CSMSC – Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina
ERUSC – Empresa de Eletrificação Rural de Santa Catarina
ETFSC - Escola Técnica Federal de Santa Catarina
FCEE – Fundação Catarinense de Educação Especial
FCDS – Federação Catarinense de Desportos de Surdos
FECE – Fundação Catarinense de Educação na Empresa
FENEIDA – Federação Nacional de Educação e Integração do Deficiente Auditivo
FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
FÓRUM – Fórum em Defesa dos Direitos dos Surdos em Santa Catarina
FUNDEC – Fundação Dracenense de Educação e Cultura
8
9
GES – Grupo de Estudo dos Surdos
IATEL – Instituto de Audição e Terapia da Linguagem
IBGE – Instituto de Brasileira Geográfico dos Estatísticos
INES – Instituto Nacional de Educação de Surdos
INSM – Instituto Nacional de Surdos-Mudos
LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais
LSB – Língua de Sinais Brasileiras
NEPS – Núcleo de Educação Profissional para Surdos
NUCLEIND – Núcleo de Investigação de Desenvolvimento Humano
PROERD – Programa Educacional de Resistência às Drogas
PSD – Partido Social Democrata
RAC – Refrigeração e Ar Condicionado
SED – Secretária de Educação do Estado de Santa Catarina
SINE – Sistema Nacional de Emprego
SSRS – Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul
SSSJ – Sociedade de Surdos de São José
UDESC/CEAD – Universidade do Estado de Santa Catarina / Coordenadoria de Educação
a Distância
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UNED/SJ – Unidade de Ensino Descentralizada de São José
SCHMITT, Deonisio. CONTEXTUALIZAÇÃO DA TRAJETÓRIA DOS SURDOS E
EDUCACAO DE SURDOS EM SANTA CATARINA. Florianópolis, 2008, pg. 143.
Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
Resumo
Esta pesquisa visa introduzir as narrativas do sujeito surdo no que tange a sua
história, memória e identidade. Minha posição é que através dela é possível conseguir
elucidar a caminhada realizada pelos surdos de Santa Catarina. E também, através de
narrativas captadas com o professor surdo Francisco Lima Júnior (Chiquito) e de alguns de
seus ex-alunos, bem como de alguns dados de Jornais, fotos e filmagens, consegue-se
chegar a escrever a história do movimento surdo de Santa Catarina com respeito à
organização e à educação de surdos.
Os aspectos teóricos onde me situo são os da história cultural que desenvolve uma
reflexão nova sobre estes dados deixados à margem da história. Hoje estes aspectos estão
constituindo a história cultural dos surdos de uma forma nova. Procuro refletir sobre a
caminhada dos surdos em Santa Catarina, a organização, as lutas, a educação, bem como o
que nos identifica como povo surdo.
A história cultural está se constituindo no novo campo de pesquisa em Estudos
Surdos no Brasil. Temos então novos marcos introduzidos na história cultural dos surdos.
Esta pesquisa constitui parte de minha dissertação de mestrado no programa de pós-
graduação em educação da UFSC na linha de Educação e Processos Inclusivos.
Palavras-Chave: Surdos, História Cultural, Estudos Culturais, Narrativas, Educação de
Surdos, LIBRAS, Educação de Surdos em Santa Catarina.
10
SCHMITT, Deonisio. CONTEXTUALIZAÇÃO DA TRAJETÓRIA DOS SURDOS E
EDUCACAO DE SURDOS EM SANTA CATARINA. Florianópolis, 2008, pg. 143.
Dissertação de Mestrado – Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC.
Abstract
The proposal of this research is to understand the developing of Santa Catarina’s
deaf community by analyzing their narratives in respect to their history, memory and
identity.
We believe that is possible to write the History of deaf education and organization
in Santa Catarina, that’s why we will study some narratives offered by Professor Francisco
Lima Júnior (Chiquito), pictures, newspaper and recordings.
Because some points are rebuilding the deaf cultural history, our theoretical point of
view is to understand the cultural history left aside by History itself.
This is a new researching field in Brazil Deaf Studies that is rising because there are
new facts in deaf history.
Keywords: Deaf, Cultural History, Studies Culturais, Narrative, Deaf Education, LIBRAS,
Deaf Education Santa Catarina.
11
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................. 06
LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................. 08
RESUMO......... ......................................................................................................................... 10
ABSTRACT..... ......................................................................................................................... 11
SUMÁRIO...... ........................................................................................................................... 12
MAPEAMENTO DO ALUNO SURDO E FRANCISCO...... .................................................. 15
INTRODUÇÃO
Introduzindo a minha Trajetória da Pesquisa ...................................................................... 16
CAPÍTULO I
1.1. Metodologia .................................................................................................................. 25
1.1.1. Delimitação do Problema ................................................................................... 25
1.2. Justificativa .................................................................................................................. 25
1.3. Objetivos da Pesquisa ................................................................................................... 27
1.4. Coleta de Informações ................................................................................................. 27
1.5. Perguntas ...................................................................................................................... 28
1.6. Pesquisa em Campos na História e Memória ............................................................... 28
1.7. História de Memória e Sujeito Surdo ........................................................................... 29
1.8. Rastreando a História ................................................................................................... 30
1.9. Coleta dos Documentos ou Dados ................................................................................ 31
12
CAPÍTULO II
2.1. Novos Mapas da História dos Surdos em Estudos Surdos ............................................. 32
2.2. O Surdo na História, o Historicismo .............................................................................. 33
2.3. O Que são Estudos Culturais e Estudos Surdos ............................................................. 35
2.4. História Cultural ............................................................................................................. 38
2.5. Ser Surdo: Representações ............................................................................................. 41
2.5.1. Culturalismo e Diferencialismo: A Representação Disfarçada .......................... 42
2.5.2. Diferencialismo ................................................................................................... 43
2.6. Pedagogia de Surdos ...................................................................................................... 45
CAPÍTULO III
3.1. Exigências dos Surdos - As Associações ..................................................................... 48
3.1.1. Mapeamento ........................................................................................................ 49
3.1.2. Associações dos Surdos na América Latina ........................................................ 53
3.1.3. Associação dos Surdos-Mudos de São Paulo - ASMSP ..................................... 56
3.1.3.1.Álbum de Fotos ....................................................................................... 58
3.1.4. Associação Brasileira de Surdos-Mudos - INES/RJ ........................................... 63
3.1.5. História da Associação dos Surdos-Mudos do Rio Grande do Sul (ASMRGS)
e Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul (SSRS) ........................................................... 65
3.1.6. História Associação dos Surdos-Sudos do Paraná - ASMP .............................. 71
3.1.7. História Associação dos Surdos-Mudos de Minas Gerais - ASMMG ................ 74
3.1.8. História do Círculo de Surdos-Mudos em Santa Catarina .................................. 76
3.1.8.1. Fundação do Círculo de Surdos-Mudos em Santa Catarina .................... 77
CAPÍTULO IV
4.1. Trajetória em Vida do fundador da primeira associação e primeira escola de surdos
Francisco em 1928 a 1969 e 1997 ............................................................................................. 83
4.2. Francisco Lima Júnior: O Primerio Educador Surdo de Santa Catarina ..................... 83
4.2.1. Em 1928 ínicia a Vida do Senhor Francisco Lima Júnior ................................ 83
4.2.2. Mapeamento ...................................................................................................... 85
13
14
CAPITULO V
5.1. A Escola Governador Celso Ramos na década de 1961 ............................................ 106
5.1.1. Celso Ramos - 1961 a 1966 (Vice: Francisco Xavier Fontana) ............................. 106
5.1.2. Prédio e suas Dependências .................................................................................... 111
5.1.2.1. Prédio ......................................................................................................... 111
5.1.2.2. Terreno ..................................................................................................... 112
5.1.2.3. Ensino ....................................................................................................... 112
5.1.2.4. Curso para Surdos 1 .................................................................................. 113
5.1.2.5. Curso para Surdos 2 .................................................................................. 114
5.1.2.6. Classe Especial para Surdos ..................................................................... 115
5.2. História do IATEL .................................................................................................... 125
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................. 133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................... 135
ANEXO..... .............................................................................................................................. 141
CESSÃO DE DIREITOS AUTORIAIS .................................................................................. 142
FOTO: DEONISIO SCHMITT e FRANCISCO LIMA JÚNIOR........................................... 143
Este é o Francisco
Lima Júnior
INTRODUÇÃO
INTRODUZINDO A MINHA TRAJETÓRIA DA PESQUISA
Sou surdo do meu jeito! O interesse por esta pesquisa iniciou na Universidade do
Estado de Santa Catarina – UDESC em 2002, no primeiro espaço de educação à distância
para surdos na América latina, no curso de Pedagogia. A disciplina ˝História dos Surdos˝
foi importante como base de conhecimento para a teoria investigativa em Santa Catarina
sobre a Escola Celso Ramos e o professor surdo Francisco Lima Júnior. Por isso a minha
oportunidade de competência na realidade a base de conhecimento deste objetivo a
educação de surdo na trajetória em Santa Catarina foi grande interessante na conquista de
valores do Francisco.
O fato de estar, no presente, cursando o mestrado na Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC na linha de pesquisa: “Educação e Processos Inclusivos” é para mim uma
grande oportunidade de pesquisar a história da educação de surdos em Santa Catarina
porque eu sou surdo e as pesquisas sempre são feitas por ouvintes. De fato, o ingresso neste
programa representa a possibilidade de discutir as questões relacionadas à educação de
surdos com pesquisadores surdos e ouvintes em uma Universidade Pública Brasileira. Se no
passado este foi o meu sonho, hoje é uma realidade para os militantes do movimento surdo
em Santa Catarina.
Mas antes de chegar a este momento histórico, é necessário reconstruir traços,
marcas, conflitos, tensões, diálogos que me permitiram ser o que sou e acreditar que seria
possível, em dois anos, compartilhar a construção de um sonho coletivo de fortalecer o
projeto “Contextualização da Trajetória dos Surdos e Educação de Surdos em Santa
Catarina, tema da minha pesquisa.
Até a graduação a minha formação acadêmica não foi nada convencional. Já no
espaço escolar, eu participava intensamente de grupos de discussão, que me possibilitaram
acessar conhecimentos na área de educação de surdos e que me davam prazer.
16
As narrativas de minha família me ajudaram a representar o mundo com seus
prazeres e os seus horrores. Estruturaram meus sonhos, meus mitos e me ajudaram a
compreender a realidade daqueles que oprimem e daqueles que estão oprimidos e a me
importar com eles e com as lutas de transformação social. Até a conclusão da educação
básica essas e outras historiam me ajudaram a construir um olhar sensível para os que têm
vida e para os que têm dor.
Na Universidade, os quatro anos no curso de Pedagogia para Surdos na UDESC –
foram marcados por muitos conflitos e indagações pessoais.
Quando ingressei no curso de licenciatura em Pedagogia para surdos, procurei
narrativas que se diferenciassem da experiência anterior. Novamente não as encontrei no
espaço de sala de aula, mas em volta dele, nos centros acadêmicos da minha experiência.
Na verdade, o caderno pedagógico me dava o conhecimento teórico da disciplina
História dos Surdos no Mundo, Brasil e Santa Catarina. Por isso busquei a investigação na
história.
Estas e muitas outras narrativas contadas e vividas em grupos, num momento
extremamente conflitante da sociedade brasileira, me permitiu ver o mundo de diferentes
maneiras e me possibilitou formas particulares de viver.
Eu estudava na escola de ouvinte, foi difícil. Matemática era fácil. Matéria teórica
era muito difícil por causa do português. Também era muita informação. Eu fazia reforço
no IATEL, mas esta também era oralista e estudar na escola e no IATEL ocupava muito
tempo.
O professor ouvinte, um aluno surdo junto com os outros alunos ouvintes. Eles
faziam trabalhos, deveres e os alunos surdos ficavam isolados. O professor não sabia como
explicar para alguém com eu. Por exemplo, eu precisava fazer os deveres de matemática
que meu pai e minha mãe não conheciam, então era muito difícil. Minha mãe me levava
para reforço no IATEL e isso ficava muito pesado, oito horas diárias na sala de aula.
A prova era tudo igual. Então eu tinha que ter reforço no IATEL. Aí eu ficava em
recuperação porque faltava ponto para passar e a redação sempre era difícil. A Escola
Técnica exigia muito raciocínio, mas tinha trabalho, aí se somava com a prova e passava.
A maioria dos surdos quer escola para surdo e por isso estão excluídos da escola. Eu
me esforcei para no futuro me formar e ser professor surdo para as crianças surdas. Eu
17
estudei, usei o dicionário e fui aprendendo. Hoje eu posso trocar com o ouvinte, assim, eu
aprendo português e ele aprende LIBRAS. No futuro vai ter professor surdo de novo, como
antigamente.
Comecei assim: eu era criança, nasci surdo, eu aprendi primeiro a língua
portuguesa, não a LIBRAS. Eu não tive contato com surdo, e no contato com ouvinte havia
muita dificuldade de comunicação, uma barreira. Para mim também foi muito difícil
compreender conceitos e informações nos contatos na família, porque o meu pai e a minha
mãe trabalhavam na roça.
Minha mãe me forçava muito para compreender a escrita em português, era
complicado de entender o significado das palavras na frase. Se eu fizesse a frase certa
minha mãe dava dinheiro para comprar bala. Se estivesse errada, ela não dava. Ai, eu fui
forçado a aprender o português e estudava com muito esforço.
Quando eu era pequeno fui para a escola regular no ensino fundamental até a 3ª
série com ouvintes. Quando cheguei na 4ª série minha mãe me levou ao fonoaudiólogo
(clínico) em Florianópolis. O fonoaudiólogo avisou para a minha mãe que a escola onde eu
poderia estudar melhor era a Fundação Catarinense de Educação Especial – FCEE. Eu
estudei na Fundação quase meio ano. Depois minha mãe conseguiu transferir-me para outra
escola, o IATEL – Instituto de Audição de Terapia de Linguagem, porque na FCEE era
tudo integração na rede de ensino regular, surdos, cegos, mentais, físico, então era
complicado compreender, falar. Era difícil entender a comunicação.
Minha mãe me levou para o IATEL e lá tinha terapia de fala, a LIBRAS não era
usada na comunicação. Muitas crianças surdas se comunicavam em língua de sinais no
IATEL. Quando entrei na sala de aula, não entendia a comunicação gestual.
A primeira professora foi Luciana Zaia Machado, ela ensinava a frase em português
no caderno de desenho, mostrava o verbo e eu podia falar. Ela colocava a minha mão na
garganta pá, pá, pá..., que era para eu sentir o movimento de fala. Explicava a frase, um
monte de frases. Mas eu escrevia errado e não entendia. Eu não queria ir ao IATEL, fiquei
com vergonha e não conhecia os surdos que se comunicavam com gestos. Eu segurava o
braço da minha mãe e chorava. “- Vamos embora, não quero estudar aqui no IATEL”.
Depois o tempo passou a minha mãe me forçava e me colocava na sala de aula e fiquei
18
chateado com os estudos. Comecei aprender a comunicação na língua de sinais com os
alunos surdos na sala de aula e gostei muito de aprender informações novas.
Na sala de aula de ouvintes sempre foi muito difícil, o professor explica no quadro
pá, pá, pá... O surdo não entende esta comunicação porque ele fica de costas e o surdo
precisava fazer a leitura labial. O professor não entendia a cultura surda
4
. Aí o surdo pedia
ajuda dos colegas, às vezes os alunos ajudavam, às vezes não. Alguns não entenderam o
surdo.
Quando eu comecei a aprender, por exemplo, o professor escrevia a matéria no
quadro, eu copiava, depois o professor explicava, eu não entendia nada. O professor
mandava ler a matéria em casa, eu pensava: preciso ler, ler... tudo. Mas eu não conhecia a
palavra. Eu não conhecia o dicionário, não sabia a palavra. Então, um amigo me ajudou,
disse que eu precisava do dicionário, precisava buscar a palavra nova no vocabulário. Se
você sabe as palavras, consegue ler e escrever bem.
Eu estudava em três lugares: na escola regular, IATEL e eucaristia. Isso foi uma
experiência confusa. No final do ano passei para a 5ª série fiquei apenas na escola regular e
no IATEL. Na 4ª série era uma professora e havia Interdisciplinaridade. Quando cheguei na
5ª série eram muitas disciplinas separadas e eu não sabia disso: nove professores, um para
cada disciplina. Fiquei maluco, porque não entendia a informação quando o professor
falava e rodei. Essa escola regular não se preocupava com o aluno surdo na sala de aula e
novamente rodei. Depois me transferi para outra escola regular.
Meus pais conversaram com o diretor do colégio para saber se seu filho surdo
poderia estudar ali e explicaram tudo. Os professores explicavam bem melhor e eu passei
para a 5ª, 6ª, 7ª e 8ª série.
Eu não sabia como encontrar com os surdos na 5ª, 6ª e 7ª séries quando fui ao
IATEL. Lá eu tinha reforço pedagógico, o professor explicava como fazer os deveres, os
exercícios, os trabalhos... Era forçado, me ajudou, mas não tinha LIBRAS, somente usava a
oralização. Só depois comecei aprender a LIBRAS, quatro anos depois, mas pouco. Para
mim antes foi muito difícil, faltava explicação de forma mais clara para eu entender.
4
Cultura Surda – Perlin (2006, p.65), o livro a Invenção da Surdez II, explica que a cultura surda esta aí
enfatizando, oferecendo transparentemente sua possessão simbólica, sobressaindo com seus discursos
narrativos, afirmando a necessidade da reinscrição da diferença cultural e conseqüente diferença pedagógica.
19
Conheci um amigo surdo que estudava na Escola Técnica Federal de Santa Catarina
expositor na feira de ciência tecnológica. Os alunos da minha escola gostaram muito da
Escola Técnica e fizemos a inscrição para estudarmos nesta escola. Um colega me puxava:
“- Vamos fazer a inscrição e vamos fazer exame de classificação?” E eu dizia: “- Não, não,
é muito difícil”. Então concordei e nós fizemos a inscrição em 10 alunos. Eu escolhi o
curso de Telecomunicações, mas não entrei, aí me chamaram para o curso Técnico de
Refrigeração e Ar Condicionado – RAC, fui aprovado no teste de classificação e chamado
para o curso. Era minha oportunidade. Cheguei na 1ª série, o professor falava muito rápida
pá, pá, pá... eu não entendia. Então procurei o atendimento paralelo na Escola Técnica.
Quando o professor não explicava bem, era difícil a comunicação. Alguns colegas
estudavam juntos, faziam trabalho, explicavam melhor. Depois estudei no curso Pré-
Técnico Especial (NEPS - Núcleo de Educação Profissional para Surdos na Escola Técnica
Federal de Santa Catarina
5
) no outro horário, junto com alunos surdos. Estudei quatro anos
na Escola Técnica no curso Técnico de Refrigeração de Ar Condicionado, depois eu
participei de outros cursos do NEPS: LIBRAS, Informática, Auto-CAD, outros. Os surdos
desenvolveram ali muita capacidade e experiência.
Depois fiz especialização na Escola Técnica Federal de Santa Catarina no curso de
Pós-Técnico de Automação e Controle de Refrigeração e Ar Condicionado. Depois conclui
o curso de Pedagogia na UDESC para Surdo. Junto com os alunos surdos fica mais fácil
estudar, aí realmente se aprende e há capacitação.
Em minha experiência, aprendi português primeiro e usava muito a memória;
depois, quando comecei a ter contato com os surdos, aos 14 anos, na Associação de Surdos
de São José – SSSJ em 1991, recebi muita informação e aprendi tudo na comunicação em
LIBRAS. Minha dificuldade de aprendizagem estava em compreender o que o professor
falava. Falava muito rápido, não entendia. Precisava de ajuda em casa para entender,
reforçava, estudava muito...
Para mim foi tudo muito difícil. Agora eu penso, como planejamento para o futuro,
ter mais facilidade como professor surdo junto com aluno surdo. As crianças surdas vão ter
uma comunicação mais fácil com a língua de sinais, e com educação adequada irão
desenvolver melhor o cognitivo e a aquisição da linguagem.
5
Atualmente, CEFET/SC – Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina.
20
Na família de ouvintes com filho surdo, o filho não participa das Associações de
Surdos e não têm contato com outro surdo. Na comunidade surda 95% são filhos de
ouvintes. O surdo que não aprende a LIBRAS fica isolado na sociedade, por exemplo, nas
festas de família todos falam e o surdo fica na solidão. Falta o espaço para surdo na
sociedade, escola, mercado de trabalho e outro.
Em 1999, fiz o curso de LIBRAS na Escola Técnica Federal de Santa Catarina, no
primeiro curso de LIBRAS para surdos e ouvinte organizado pelo NEPS, fiz também o
curso de formação de instrutores de LIBRAS. Nesta época, ainda não havia o escritório
regional da FENEIS em Santa Catarina, por isso os professores surdos vinham de Curitiba e
Porto Alegre, vinculados aos escritórios regionais do Paraná e Rio Grande do Sul.
Em maio de 2001, por iniciativa da Professora Kátia Aparecida Vieira, o IATEL, de
forma pioneira, iniciou os primeiros contatos com a Administração da UDESC, na pessoa
do Professor Cechinel, para viabilizar a participação de surdos no Curso de Pedagogia à
Distância, que estava sendo implementando pela UDESC.
A idéia foi muito bem recebida pela UDESC, que em 10 de junho realizou a 1ª
reunião com a participação do Fórum Defesa de Direitos de Surdos em Santa Catarina,
Sociedade de Surdos de São José, Associação de Surdos da Grande Florianópolis e o
IATEL, com vistas a definir a metodologia a ser empregada no Curso.
O IATEL sempre teve participação ativa no Curso de Pedagogia à Distância, tendo
colocado à disposição dos alunos surdos a sua sala de informática para as aulas “on line” e
para as pesquisas necessárias.
Assim, cabe parabenizar o IATEL pela sua participação no sucesso do Curso e na
formatura dos alunos.
O IATEL também parabeniza todos os formandos surdos.
Em 2001, a UDESC em parceria com os Movimentos Surdos iniciou uma discussão
para a criação de um curso de Pedagogia bilíngüe para surdos e ouvintes na modalidade à
distância.
A importância desse projeto para nós foi no sentido da qualificação profissional
proporcionada durante os 4 anos que se passaram. Sabemos que não termina por aqui essa
trajetória. A formação continua, para cada vez mais estarmos preparados para as situações
do cotidiano escolar.
21
Para nós, o curso de Pedagogia foi uma conquista e estarmos neste dia de formatura,
é a maneira que podemos apresentar nossa gratidão para todas aquelas pessoas e lutaram
para que chegássemos até aqui.
Mostramos a toda sociedade que somos cidadãos, que temos condições de estar em
uma universidade aprendendo e tendo acesso às informações com umas diferenças a
LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais. A todos, nossa imensa gratidão!!!!
Também em 2001, iniciei como o segundo professor surdo no IATEL e trabalhei no
curso de Introdução à Informática para surdos, em convênio entre o IATEL e SINE. Minha
experiência profissional estava centrada no ensino de LIBRAS, pois os alunos surdos
teriam mais facilidade se desenvolvessem o espaço visual para garantir maiores
oportunidades no mercado de trabalho.
Eu ministrei aula de língua brasileira de sinais aos professores e funcionários do
IATEL e a professores do serviço público estadual (pela FCEE), com o objetivo de romper
a barreira de comunicação com os alunos surdos. Então a minha experiência abrangia
também a cultura surda, com o objetivo de fazer com que os professores aprendessem a
língua de sinais para trabalhar com os alunos surdos na sala de aula.
Em 2004 iniciei como primeiro professor surdo no Centro Educacional Municipal
Interativo, numa parceria entre o CEFET/SC – UNED/SJ e trabalhei as disciplinas de
LIBRAS e Ciências no Curso de Educação de Jovens e Adultos Surdos – 1º e 2º segmentos,
onde permaneci até 2006 e acessei bolsista na UFSC e sou aluno do curso Letras/LIBRAS
no pólo de Florianópolis desde 2006.
Como militante do Movimento Surdo de Santa Catarina, participei das seguintes
ações: a) Curso de Pedagogia bilíngüe à distância na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC); b) (IATEL) – Instituto de Audição e Terapia de Linguagem; c) Fórum
em Defesa dos Direitos Surdos; d) FENEIS – Federação Nacional de Educação e
Integração dos Surdos; e) (UDESC) – Comissão de Formatura; f) GES/UFSC – Grupo de
Estudos Surdos; g) Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos (NEPES).
Desta forma, no início de 2002 participei como membro de um grupo de surdos –
instrutores de LIBRAS e alguns alunos surdos do curso de Pedagogia da UDESC, que
começaram a discutir sobre o Movimento Surdo Catarinense e a necessidade de criar um
22
Escritório Regional da FENEIS
6
. Nossa preocupação principal estava relacionada com as
condições da Educação e Trabalho dos surdos em nosso Estado, especialmente quanto à
oficialização da LIBRAS em Santa Catarina (em setembro de 2001) e no Brasil (abril de
2002). A partir de fevereiro de 2003, o grupo decidiu organizar o Movimento dos Surdos
em direção à criação do Escritório Regional. Em reuniões mensais, discutíamos o que
significava ter a FENEIS no Estado, o que traria de benefícios e incentivo às Associações e
como poderia contribuir para a melhoria da vida dos surdos catarinenses. Estas reuniões
culminaram com um Encontro Estadual em 12 de julho de 2003, nas dependências do
SENAC em Florianópolis, com a presença de sete das treze Associações de Surdos do
Estado, além da presença de Antonio Mário Souza Duarte (Presidente Nacional da
FENEIS), de Antonio Campos Abreu (Diretor Primeiro Vice-Presidente), da Profª. Ronice
Müller de Quadros (da Universidade Federal de Santa Catarina) e de outros ouvintes
militantes. Neste dia criou-se o Escritório Regional da FENEIS em Santa Catarina, ficando
a diretoria assim constituída: Diretor Regional: Fábio Irineu da Silva; Vice-Diretora e
Diretora Regional Administrativo: Idavania M. S. Basso; Diretor Regional Financeiro e
Coordenador do CELES: Deonísio Schmitt.
Assim, comecei a participar de reuniões, palestras, encontros e cursos em todo o
Estado de Santa Catarina como representante da FENEIS-SC. Comecei a perceber que a
história dos surdos e da sua educação não era conhecida por muitos surdos catarinenses,
ficando este conhecimento sempre nas mãos de poucas pessoas, na maioria ouvintes.
Acredito na importância desta a pesquisa: “Contextualização da Trajetória dos
Surdos e Educação de Surdos em Santa Catarina”. Então, minha preocupação na área
educação de surdos é que ainda não se registrou a história dos movimentos surdos
catarinenses, a falta de conhecimento qualitativo e quantitativo daqueles que participaram
da luta pela conquista dos direitos dos surdos: o cidadão surdo e não a luta dos ouvintes. O
programa de pós-graduação em Educação da UFSC me ajudou a atingir este objetivo.
Também me ajudou o curso de especialização que fiz na Faculdade Capivari -
FUCAP em 2006 no programa de pós-graduação na linha de pesquisa “A
Interdisciplinaridade nos Momentos Lúdicos de Crianças Surdas em Sala de Aula de Séries
Iniciais”, e o curso de especialização em Educação de Surdos – Aspectos Culturais,
6
FENEIS – Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos.
23
24
Políticos e Educacionais no Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina –
CEFET/SC - Unidade de São José em 2007 no programa de pós-graduação. Hoje tenho o
grande sonho de refletir e participar na linha de pesquisa “O Bilingüismo na Educação de
Surdos na Rede Estadual de Ensino de Santa Catarina”. Isso é de grande importância e
ajudara as pesquisas na área educação de surdos.
Com o intuito de cumprir esta pesquisa, esta dissertação foi organizada da seguinte
forma:
Nesta Introdução tentei explicitar não apenas minha intenção, mas também minhas
influências na construção deste trabalho, destacando o aprofundado envolvimento
pessoal/afetivo, político e acadêmico que tenho com os temas aqui abordados.
No primeiro capítulo apresento a metodologia com base no conhecimento das
narrativas do sujeito surdo e com o objetivo de pesquisar a história dos surdos em Santa
Catarina. A trajetória percorrida desde o projeto até a concretização da pesquisa em campo
realizada e ligada ao contexto vai neste capítulo.
No segundo capítulo apresento a base teórica sobre Novos Mapas da História dos
Surdos em Estudos Surdos, ligados aos campos do Historicismo, Culturalismo,
Diferencialismo, Estudos Culturais e Estudos Surdos, bem como a importância da História
Cultural na realidade educacional dos surdos.
No terceiro capítulo apresento a conxtetualização da história das organizações
surdas no país com a base na trajetória dos líderes surdos as associações nos ligados à
Europa, América Latina, Nacionais e Regionais do Brasil.
No quarto capítulo apresento a trajetória do fundador da primeira associação e da
primeira escola de surdos em Santa Catarina: o professor surdo Francisco Lima Júnior.
No quinto capítulo apresento a primeira turma de surdo em Santa Catarina na Escola
Governador Celso Ramos. O professor Francisco transformou a política educacional dos
surdos no espaço na língua de sinais nesta trajetória.
O último capítulo, por fim, destina-se as considerações finais, com as quais
esperamos contribuir para o registro desta trajetória na cultura surda e na história dos
surdos.
CAPITULO I
1.1 - METODOLOGIA
1.1.1 – DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA
O problema a ser pesquisado refere-se a conhecer e refletir sobre como a
comunidade surda participou das decisões e políticas educacionais para os surdos em Santa
Catarina, de forma a registrar e apropriar-se da sua própria história e memória
7
, uma vez
que esta tem sido narrada, na maioria das vezes, por pesquisadores ouvintes.
1.2 – JUSTIFICATIVA
O presente trabalho aborda a história e memória educação dos surdos catarinenses, a
minha experiência no estudo e pesquisa sobre a história do surdo, bem como a luta dos
movimentos surdos por sua educação.
Até agora as pesquisas sobre a história e memória das lutas pela educação dos
surdos têm sido feitas pelos ouvintes (Sá, 1999; Sanches, 1990; Silva, 2002; Soares, 1999).
A história oficial tem sido a história e memória das instituições de ouvintes e a comunidade
surda aparece quase sempre como simples participante. Mas é preciso que nós surdos
pesquisemos sobre a nossa história, nossa cultura e nossa língua e nos apropriemos daquilo
que é nosso, que foi construído e conquistado com nossas próprias mãos. Conhecer como
fizemos isso e como podemos fazer ainda mais é o principal objetivo desta pesquisa.
7
O que é História e Memória – Estudo das narrativas dos sujeitos da pesquisa, sua versão e memórias do fato
pesquisado. Detem-se em registrar essas narrativas (gravações, filmagens, transcrição das entrevistas, recortes
da imprensa...), como metodologia de pesquisa.
25
A falta de espaço na educação dos surdos para adquirir e desenvolver o domínio da
língua de sinais e não o oralismo, assim como os grandes problemas que o oralismo trouxe
aos surdos, têm ligação com a criação de espaços pelos próprios surdos para defenderem os
seus interesses – as associações de surdos. Antes de 2002 não havia uma LEI que
assegurasse uma educação em língua de sinais para os surdos. Então, a história e memória
dos surdos projetou a primeira conquista na Escola Governador Celso Ramos, primeiro
espaço educacional para os surdos na cidade de Florianópolis/SC. Aconteceu que ali os
surdos tiveram acesso à educação por meio do ensino e aprendizagem da língua de sinais,
obtendo mais facilidade de comunicação e interação com o professor surdo. É com razão
que o movimento surdo precisa trazer esta e outras experiências em nosso Estado para
conhecimento e apropriação de nossa história e memória por toda comunidade surda
catarinense.
É preciso pensar como a nossa comunidade surda catarinense resolveu seus
problemas nas diferentes fases da história e memória educação dos surdos. Algumas
sugestões propostas dizem respeito ao Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina,
fundado pelo Senhor Francisco Lima Júnior, também professor da Escola Governador
Celso Ramos. Tais fatos trouxeram uma nova amizade entre os surdos catarinenses e esta
troca de experiência proporcionou a criação de Associações de Surdos em várias regiões.
“... o surdo torna-se atrasado não porque não ouve ou usa língua de sinais e
sim porque a escola e as políticas educacionais não levam em conta a
necessidade de um ensino baseado na percepção visual” (Botelho, 2002:94).
Como o surdo incluindo a educação na escola de ouvinte. O surdo use a língua de
sinais em relação do professor X aluno de experiência visual na cultura surda desta a
história não registrou o ensino desta a língua. Por isso, a educação na política de ouvintes
não conhecem a cultura, identidade, subjetividade na percepção visual dos surdos na escola.
Vejam a situação de pesquisa na história e memória de surdos:
Conhecer como a comunidade surda catarinense e o movimento surdo participaram
das transformações da Política Educacional para os surdos nos diferentes momentos
26
históricos; conhecer como a união dos movimentos surdos conseguiu realizar seus
objetivos, como a Escola Governador Celso Ramos; refletir como a comunidade surda
continua lutando para conquistar seu espaço na sociedade; reconhecer a contribuição das
Circulo de Surdos-Mudos de Santa Catarina e atual associações que trabalham em prol da
comunidade surda, lutando o seu direito em defesa e a formação dos surdos; divulgar a sua
cultura surda, lutar pelos direitos dos surdos como cidadãos, defender a sua Língua
Brasileira de Sinais (LIBRAS) e o direito à educação para os surdos e reconhecer a
organização de encontro os surdos catarinense;
1.3 – OBJETIVOS DA PESQUISA
Rastrear a constituição da educação de surdos na Escola Governador Celso
Ramos no período de 1961 a 1969;
Narrar a vida do fundador da 1
a
associação de surdos e da 1
a
escola de
surdos Francisco Lima Júnior (Chiquito);
Pesquisar a narrativa dos ex-alunos surdos na Escola Governador Celso
Ramos.
1.4 – COLETA DE INFORMAÇÕES
A metodologia utilizada para esta pesquisa foi uma análise qualitativa de
documentos das instituições citadas na justificativa deste projeto e reportagens de jornais e
revistas catarinenses, bem como de depoimentos de surdos envolvidos no movimento surdo
catarinense nas últimas décadas. A coleta de documentos impressos e fotos foi realizada
junto aos arquivos das instituições e ao arquivo público catarinense. Para a coleta de
reportagens de jornais e revistas buscamos juntos às bibliotecas públicas e da UFSC.
27
Os depoimentos dos ex-alunos surdos bem como dos surdos envolvidos no
movimento surdo catarinense nas últimas décadas foram realizados por meio de entrevistas
filmadas. A escolha destes surdos é importante por terem participado da escola na década
de 50.
1.5 – PERGUNTAS
1) Como surgiu a história surdo na Escola Governador Celso Ramos?
2) Quem lutou no movimento surdo desta a escola?
3) Quem foi o primeiro professor surdo e ex-alunos surdos na Escola Governador
Celso Ramos?
4) Por que aconteceu a Escola Governador Celso Ramos?
1.6 – PESQUISA EM CAMPOS NA HISTÓRIA E MEMÓRIA
“A história oral tem uma natureza especifica que condiciona as perguntas que
o pesquisador pode fazer. Em se tratando de uma forma de recuperação do
passado conforme concebido pelos que viveram, é fundamental que tal
abordagem seja efetivamente relevante para a investigação que se pretende
realizar. Deve ser importante, diante do tema e das questões que o pesquisador
se coloca, estudar as versões que os entrevistados fornecem acerca do objeto
de análise” (Alberti, 2005:30).
Segundo Alberti (2004:25), a história oral se constitui de diferenças formas:
História de instituição - A metodologia de história oral pode ser empregada no
estudo da história de instituição do Estado, de organismos públicos e de empresas privadas.
Nesse universo, ela permite a reconstrução de organogramas administrativos, o
esclarecimento de funções de diferentes órgãos, a recuperação de processos de tomada de
decisão e investigações sobre o esprit de corps dos funcionários e sobre as relações entre
diferentes gerações de trabalhadores.
28
Biografias – A história oral pode auxiliar na reconstituição de trajetória de vida de
pessoas cuja biografia se desejar estudar.
História de experiências – Entrevistas de história oral podem ser usadas do estudo
da forma como pessoas ou grupos efetuaram e elaboraram experiências, incluindo situações
de aprendizado e decisões estratégicas.
Esta explicação sobre a história e memória possibilita investigar campos da
trajetória de vida do senhor Francisco Lima Júnior, construindo sua história e memória.
Isso foi importante para ajudar a entender o caminho investigativo da construção da história
e memória.
1.7 – HISTÓRIA DE MEMÓRIA E SUJEITO SURDO
Esta pesquisa tem o objetivo de estudar a história e memória. Quando iniciei o
mestrado na UFSC em 2006 tive contato com diversas teorias que envolviam os surdos; no
decorrer do caminho, através de reflexões, tive que determinar um tema para pesquisa. Meu
objetivo, primeiramente, foi pesquisar a respeito do professor surdo catarinense. Fiquei
emocionado com o estudo das disciplinas, das quais pude participar como aluno, e pensei
em questões que pudessem me auxiliar durante as etapas de investigação a respeito da
história e memória da primeira turma de surdos de Santa Catarina.
Pesquisei, através de entrevista, a história e memória com do professor surdo
Francisco Lima Júnior. Com o depoimento consegui alguns dados de Jornais, através de
fotos e de filmagem. No primeiro momento tivemos uma conversa informal, um bate-papo
sobre o dia-a-dia. Em seguida perguntei acerca da sua história e memória de vida na luta do
movimento surdo no INES + Círculo de Surdos-Mudos em Santa Catarina e na Escola
Governador Celso Ramos, de Florianópolis. Conversei com o Sr. Francisco em sua casa no
bairro Ipiranga em São José/SC, e tomamos um café. Nesse momento falamos a respeito da
história e memória dos Surdos no Estado. Ele contou tudo sobre a trajetória desses surdos.
As filmagens transcorreram de forma tranqüila e o Sr. Francisco apresentou-me várias fotos
do Grupo de Surdos daquela Escola e também da Associação da Cidade. Ele falou também
29
a respeito dos ex-alunos surdos que estudaram na garagem da casa do seu pai, primeiro
espaço onde as aulas puderam acontecer antes de mudarem para a Escola Governador Celso
Ramos. Fui várias vezes na casa do Sr. Francisco para investigar um pouco mais a respeito
dessa história e memória. Também estive nas casas desses ex-alunos surdos, a fim de saber
sobre suas vidas no período em que estudaram na Escola Gov. Celso Ramos e eles me
narraram sobre a história e memória do professor Francisco, a respeito da sua importância
como pioneiro do movimento surdo em Santa Catarina.
1.8 – RASTREANDO A HISTÓRIA
Na reflexão sobre a metodologia escolhi a dissertação e fiz a coleta dos dados sobre
a história e memória o sujeito surdo usando a filmagem, fotos e entrevista. Depois
conversei normalmente sobre a trajetória do professor surdo na casa dele. Ele é idoso, tem
mais de 70 anos e ficou sentado na cadeira porque é cansativo ficar em pé. Agora vou
comentar sobre a investigação do professor surdo contando a versão de história do primeiro
espaço a turma de surdo na Escola Governador Celso Ramos.
Mas o meu critério de escolha para entrevistar o professor surdo e alunos surdos
sobre história e memória foi pesquisar cada um em sua casa. Então entrevistei os três
alunos surdos e um professor surdo narrando a história e memória.
“História de memórias. A metodologia de história oral é bastante adequada
para o estudo da história de memórias, isto é, de representações do passado.
Estudar essa história é estudar o trabalho de constituição e de formalização das
memórias, continuamente negociadas. A constituição da memória é importante
porque esta atrelada à construção da identidade. Como assinala Michael
Pollak, a memória resiste à alteridade e à mudança e é essencial na percepção
de si e dos outros. Ela é resultado de um trabalho de organização e de seleção
daquilo que é importante para o sentimento de unidade, de continuidade e de
coerência – isto é, de identidade. E porque a memória é mutuante, é possível
falar de uma história das memórias de pessoas ou grupos, passível de ser
estudada através de entrevistas de história oral. Observe-se que estudar a
constituição de memórias não é o mesmo que construir memórias. Muitos
pesquisadores que trabalham com história oral acham-se imbuídos da missão
de construir memórias, sem atentar para o próprio processo de sua
constituição, que muitas vezes oferece material riquíssimo de análise”
(Alberti, 2004:27).
30
31
Pesquisei na casa do Francisco num encontro informal de conversa, ele narrando a
história. Após filmei a narração da vida do Francisco, mas antes pedi autorização para
possível gravação e uso dos documentos. Mostrei um papel com as perguntas para que o
Francisco entendesse: sua trajetória de vida, como estudou no INES e também como
fundou associação de surdo e a turma de surdos na Escola Governador de Celso Ramos.
Depois o professor mostrou várias fotos de infância e contou como viveu e
construiu sua vida da infância até a idade adulta na escola. Registrei com vários fotos,
jornais, filmagem e narrativas de história em sinais do sujeito surdo na casa dele.
.
1.9 – COLETA DOS DOCUMENTOS OU DADOS
A coleta de documentais realizada no acervo da biblioteca do INES/RJ em 2007,
pesquisei vários tipos de materiais em arquivos mortos, procurando informações sobre o
ex-aluno Francisco Lima Júnior. Pesquisei por uma semana, coletando materiais para
análise, procurando registrar a história dos surdos nos documentos da biblioteca. Também
fotografei documentos na busca de dados. Por isso descobrir na ligação a base de
conhecimento na minha pesquisa do tema contextualização da trajetória dos surdos nos
antigos, antes de realizar as estratégias de pesquisa na biblioteca do Instituto.
Utilizei diversos tipos de materiais encontrados como fonte de pesquisa no INES:
documentos, fotos e jornais no acervo. A professora Solange, responsável pela biblioteca,
foi informada sobre o objeto da pesquisa e indicou os documentos necessários referentes ao
período de 1937 a 1946.
Acontecimento na pesquisa é importante de registro a história de surdo em Santa
Catarina na realidade de tempo no estudo análise dos documentos mais valorizados na
trajetória do professor surdo Francisco Lima Júnior. Estive de lá pesquisando os dados para
a dissertação de mestrado na UFSC.
CAPITULO II
2.1 - NOVOS MAPAS DA HISTÓRIA DOS SURDOS EM ESTUDOS SURDOS
Este capítulo visa apresentar a história do surdo em novos espaços. Num dado
momento, o surdo aparece como sendo um sujeito sem possibilidades, é o espaço do
historicismo que no passado o inclui entre os deficientes ou anormais e o segundo espaço é
a história cultural de outro jeito que transforma o sujeito surdo na construção de um novo
espaço.
Na história do surdo, a reflexão sobre o assunto relacionado à educação de surdos e
como o sujeito surdo está na trajetória de construção na capacidade a relação sociedade são
espontaneamente naturais. Os surdos são vistos na modernidade como anormais e
deficientes, no contexto do mundo atual existem atitudes de culturalismo e diferencialismo
que impedem aos surdos de se posicionarem como sujeitos.
Os Estudos Culturais têm outro caminho de espaço à educação de surdos. Na
realidade, precisamos transformar a educação que tenha melhor qualidade de ensino, que
surdo possibilite a identidade, cultura
8
e língua de sinais dos surdos. As posições culturais
dos surdos atendem a pedagogia da diferença. Uma pedagogia que não é semelhante a que
o ouvinte usa. Na verdade a pedagogia de surdo tem o jeito diferente à cultura do ouvinte
que ensina a metodologia na língua de sinais no acesso a escola.
Dessa forma uma outra história sob aspecto cultural esta acompanhando os surdos.
A nova representação que o sujeito surdo assume na história se desenvolve aí. Então, a
representação de surdo que assume o sujeito de cultura, a língua de sinais no aspecto
relacionado à identidade, onde vive o ser surdo na representação de subjetividade no
cultural.
8
Cultura e Cultura Surda, Cultura é geralmente das pessoas ouvintes que vivem no mundo europeu do
homem branco superior que manteve sempre tem o poder e a cultura surda é o jeito de percepção no visual na
construção de identidade no sujeito surdo no espaço cultural na língua de sinais que vivem as diferenças dos
ouvintes.
O espaço cultural surdo será sempre o espaço de resistência das Associações onde
os surdos se sentem como sujeitos com sua diferença. As associações contêm a história
cultural dos surdos.
2.2 - O SURDO NA HISTÓRIA, O HISTORICISMO
A representação de surdo na história antiga registra a passagem que os surdos
realizaram na sociedade onde predominavam os ouvintes. Então a hegemonia dos ouvintes
manteve sempre o surdo como excluído através de estereótipos e depreciações. A sociedade
antiga não permitia
9
a capacitação dos surdos como sujeitos normais, o uso da língua de
sinais e nem aceitava a cultura do surdo. Como? A sociedade antiga não reconhece a
cultura surda, pois o modernismo a exclui como exclui toda e qualquer manifestação
cultural, pois aceita apenas a existência de uma cultura universal. Nota-se a existência do
preconceito na sociedade dos ouvintes, não entende a diferença cultural dos surdos.
Como a história, nota-se a forma de construção do protótipo do homem que vive na
sociedade. Dessa forma não há espaço para a diferença surda. Mas a história cultural que
surge recentemente está buscando o caminho de novos espaços de conhecimento.
Na perspectiva da história cultural a representação do surdo pode ser vista no
aspecto textual e visual, e com base na idéia de que não existe identidade sem representação
nas relações de poder surdo, ou seja, das exigências surdas. Como aconteceu isso na
história? Por exemplo: o surdo possui uma identidade construída na luta, nos movimentos
pelas exigências, pelas posições sociais. Na história antiga a representação do surdo e de
sua cultura foi abafada pelos ouvintes. Os surdos sofreram sob os mais diferentes regimes
como o colonialismo, o iluminismo, o nazismo, etc.
As representações dos surdos eram através de alteridades construídas pelos
ouvintes. Dessa forma o surdo só podia se defender no espaço cultural das associações
10
.
Pela história cultural notamos que era um espaço com importância visto os surdos entrarem
9
A língua de sinais foi banida das escolas pelas decisões do Congresso de Milão em 1880.
10
Este aspecto será abordado no capítulo III
33
em contato, em encontros culturais que possibilitam o desenvolvimento e a defesa da língua
de sinais. Bem como possibilitavam os espaços de poder surdo.
O processo histórico tem colocado os surdos entre os deficientes. Este espaço revela
momentos distintos na relação do papel e do lugar ocupado pela pessoa com deficiência na
história na sociedade. O surdo não é deficiente e incapaz, tem uma diferença cultural e usa
uma língua de sinais diferente da oral. Até em nossos dias em relação à educação especial
sempre foi pautado nas diferentes concepções de homem e do mundo.
Desse modo, o historicismo
11
, ao longo de toda a história, notou os sujeitos surdos
considerados “deficientes”, ele deu as mais variadas denominações e tratamentos. Embora
saibamos que discursos e/ou teorias devem ser relativizados, não deixamos de ter presente
que a linguagem é uma das formas de construir a história. É preciso levar em conta o que é
dito e o que é subentendido se quisermos compreender todo o processo da
inclusão/exclusão manifesto e executado nos dias de hoje. Segundo Perlin:
O historicismo não poupou o povo surdo. A sua teoria na literatura histórica
teve efeito. O povo surdo foi narrado através da representação da invalidez
[...] As modalidades enunciativas do historicismo fazem o surdo narrado,
sobre determinado como mito, como elemento inútil, sem vida. Os rumos
desse historicismo não vão iniciar mudança com o reconhecimento da língua
de sinais (Perlin, 2003:78).
Também Larraín se posiciona com estas metanarrativas históricas reafirmando:
As teorias historicistas olhavam o outro desde seu ângulo único e específico,
acentuando a diferença e a separação (...) podiam conduzir a uma construção
de um “outro” tão diferente que parecia inferior ou menos humano (Larraín,
1996:90)
12
.
Os portadores de deficiência
13
, entre os quais se incluíam, indevidamente, os
surdos, foram vistos de formas distintas pelo historicismo em diferentes sociedades e
épocas. Contudo num ponto todos convergiam: os deficientes eram desvalorizados como
pessoas, marginalizados, no máximo dignos de pena. Muitos séculos passados, os
11
Historicismo. O historicismo acompanha as metanarrativas, ou seja, idéias prontas, da modernidade,
contem narrativas mestras em história.
12
Tradução minha do original em espanhol.
13
Nesta categoria eram incluídos todos que apresentassem alguma anormalidade, como cegos, surdos, etc.
34
“deficientes” não foram aceitos como sujeitos da sociedade dos “normais”, e não puderam
ser detentores de direitos de uso de potenciais disponíveis a todos os cidadãos. Os surdos
não eram vistos como um ser diferente, não era considerado e sim desqualificado, inferiores
e incapaz de aprender, eram comparados os animais e estavam incluídos grupos dos
deficientes que eram eliminados do mundo da sociedade com toda forma de preconceitos,
mesmo através de estereótipos.
Em educação estes direitos eram usurpados, ou eram comandados pelos ouvintes.
Como o surdo não podia viver na sociedade ouvinte por ser considerado “anormal” também
não podia estudar na escola dos “normais”, então sua educação foi clinicalizada e muito de
sofrimento no oralismo com a fala “mecanizada”; o trabalho com o som com o treinamento
auditivo. Este acontecimento colocava a educação de surdo na exclusão e limitava a
aprendizagem, era o mais radical dos ouvintismos.
Em tudo isto o historicismo tem deixado o surdo à margem, prevalecer a história do
ouvinte, do normal.
2.3 - O QUE SÃO ESTUDOS CULTURAIS E ESTUDOS SURDOS
O campo teórico dos Estudos Culturais ajuda a identificar o que os surdos sofreram
na modernidade diante do modelo ouvinte. Eles lançam luzes sobre como os surdos
estiveram isolados da sociedade e os ouvintes inventaram o surdo, bem como o preconceito
e os estereótipos, excluindo os surdos. Vou expor aqui a partir desta perceptiva, cotar o
momento em que teóricos como Hall (2003), comenta sobre o surgimento dos Estudos
Culturais, e a diferença que eles trazem para a cultura surda. Os Estudos Culturais
permitem olhar o surdo participando da sociedade, eles enfatizam o direito dos surdos
construídos na diferença, ao mesmo tempo estabelecem a autenticidade como sujeitos
culturais na “igualdade” com outras culturas.
Enfatizando a cultura, os Estudos Culturais também referem ao conceito da
identidade. A cultura assume centralidade de dessa forma contribui para as identidades
surdas, bem como as lutas e intempéries dos sujeitos surdos na construção da identidade.
35
Os Estudos Culturais na prática intelectual no jeito que se refere à vivência de ação
a agencia pela estratégia, na política, econômica
14
, social e simbólica. Nesta dissertação
muitas questões sobre os surdos serão levantadas com a intenção de seguir os Estudos
Culturais, que propõem pensar a ser surdo numa perspectiva da teoria cultural.
A teoria cultural se expressa, com sua sucessão no mundo contemporâneo, para que
os sujeitos sociais valorizem suas culturas, expressem suas diferenças, em busca da
afirmação cultural.
O sujeito surdo participa no amplo espaço da sociedade em que vive. No momento
ele se identifica como um “outro”, como surdo. Esta mudança é mostrada pelas lutas seja
na sociedade, em encontros, eventos, seminários, congressos e outros. Isso é o povo
15
surdo
participando no movimento, na luta pela educação, pelos direitos culturais.
O surdo está consciente de sua capacidade cultural e para isto desenvolve uma
política referente, onde coloca as necessidades sociais, bem como organiza associações que
possibilitam as pequenas comunidades surdas, marcos de cultura onde se desenrolam lutas
do povo surdo. A língua de sinais, um dos artefatos surdos de mais importância, por
exemplo, a escrita dessa língua é um dos aspectos importantes da cultura surda e como diz
Stumpf (2004), intensifica as pesquisas na comunidade surda para se compreenderem na
escrita dos próprios surdos, a se comunicarem pelo visual na língua de sinais. Estes
aspectos da luta são notados por Perlin:
“Neste confronto [...] as mudanças de representação, as propostas políticas, o
pedido por uma pedagogia da diferença, do surdo conflita com o discurso
colonial que reivindica repetindo que isto de política surda é “gueto”, que é
“surdismo”, disfarce de uma política de repressão, conceitos estereotipados,
declarações e mitos acompanham este retorno do reprimido” (Perlin, 2006:04).
Neste ponto, as criações surdas prosseguem em Estudos Culturais, porém não sem
as lutas. A pedagogia dos surdos é outro exemplo de artefato cultural que identifica lutas
14
Economia, neste caso, em Estudos Culturais seria o jeito mais fácil de se conseguir a reinscrição cultural do
surdo, divergindo do historicismo que escreve com metanarrativas ouvintes.
15
O povo surdo, segundo Strobel (2006), refere ao conjunto de sujeitos que não habitam no mesmo local, mas
que estão ligados por uma origem, tais como a cultura surda, costumes e interesses semelhantes, histórias e
tradições comuns e qualquer outro laço.
36
visto que contem a diferença da pedagogia dos ouvintes. Isto o povo surdo levou para a
sociedade, e hoje está nos parâmetros curriculares nacionais, que devem conter aspectos
sobre a cultura, a história surdas, a escrita da língua de sinais, lingüísticas, artes surdas,
organizações surdas e outras mais.
Na exposição feita sobre a visão do campo teórico dos Estudos Culturais, o sujeito
surdo não é inválido. A representação do sujeito surdo é na capacidade, na diferença, na
proposta de uma política de “pedagogia visual”, dos parâmetros novos, novas linguagens e
não como incapaz ou deficiente.
E os Estudos Culturais referem à educação, recentemente como na afirmação de
Costa:
“A relação entre Estudos Culturais e o campo da educação permanece
curiosamente contraditória: ela é subenfatizada no circuito dos Estudos
Culturais em termos das relações históricas entre dois campos, todavia, em
termos de produção de estudos, expande-se rapidamente nos círculos da
educação. Por exemplo, apesar da recorrente afirmação de Raymond Williams
de que os Estudos Culturais se originaram do campo da Educação de Adultos,
e apesar do fato de a atuação inicial do Centro de Estudos Culturais
Contemporâneos ter incluído trabalho em educação e dois sucessivos Grupo
de Educação, a educação de adultos como origem dos Estudos Culturais foi
marginalizada em favor de uma preponderante narrativa que coloca a crise nas
Humanidades e nas ciências sociais como momento originário dos EC, e a
educação não é mais discutida nos currículos dos Estudos Culturais como um
campo contributivo a esse debate. Por outro lado, os Estudos Culturais
emergiram e se expandem rapidamente na educação radical na América do
Norte como sucessores da teoria e da pedagogia crítica e multicultural, além
de estarem sendo institucionalizados em departamentos de Estudos Culturais e
centros de educação. Este painel [do IV CROSSROAS - 2002] explora focos
como a natureza e o perfil da relação contemporânea entre Estudos Culturais e
educação; a contribuição que Estudos Culturais e educação podem aportar
para seus discursos e práticas; exemplos de projetos concretos que mesclam
educação e Estudos Culturais” (Costa, 2005:110).
Na verdade os Estudos Culturais vem colocando novos paradigmas, seguindo as
novas exigências do surdo na luta o direito e os deveres no campo da educação. No próprio
das exigências temos a língua de sinais, a disposição de espaços na escola para o surdo, na
prática pedagógica diferenciada, a proficiência na língua de sinais e de conhecimento do
professor bilíngüe e presença do professor surdo. O professor surdo dando aula de LIBRAS
37
no território brasileiro é outro exemplo. O curso de Letras/LIBRAS que iniciou em 2006 é
outra prioridade na educação de surdo no Brasil.
Os Estudos Surdos em conexão com os Estudos culturais, sem esquecer que podem
manter conexão com outras teorias, trazem estes espaços de pesquisa, de desenvolvimento
acadêmico que estamos presenciando hoje. Os autores Skliar e Lunardi explicam os
Estudos Surdos:
“Os Estudos Surdos em Educação podem ser definidos como um território de
investigação educativa e de preposições políticas que, por meio de um
conjunto de concepções lingüísticas, culturais, comunitárias e de identidades,
definem uma particular aproximação ao conhecimento e aos discursos sobre a
surdez e os surdos” (Skliar e Lunardi, 2000:11).
Então, na investigação os Estudos Surdos, com entrada de surdos no nível de
mestrado e doutorado em disposição nas universidades, cada um lutando pelo direito de
pesquisar os problemas cultura, a educação de surdo, a política, identidade,
desenvolvimento a cidadania o ser surdo, a língua de sinais e as exigências do surdo. Isso
vai propor o que precisamos melhorar no espaço das instituições, na sociedade em geral.
2.4 - HISTÓRIA CULTURAL
Antes de iniciar aqui entro com o que Lopes (2005) diz sobre os novos marcos
introduzidos pela história cultural dos surdos. No texto ela escreve um dos depoimentos
surdos: “queremos aprender como os outros” e identifica como argumentos surdos na luta
pelo reconhecimento da diferença e do outro. Isso significa a importância na construção do
conhecimento e os argumentos do autor remetem à história cultural.
Nós deveríamos entender o conceito de história cultural que incide entre os sujeitos
surdos descritos por Lopes (2005), a partir de uma perspectiva de interação entre todos os
sujeitos envolvidos dentro deste segmento educacional, com um compartilhamento efetivo
do saber, entender, aprender e conhecer, onde todos aprendem juntos na sociedade que vive
38
a diferença de inclusão. A proposta de promoção de uma educação para todos exige um
repensar nas políticas de educacionais e uma análise da realidade de cada educando e nisto
os efeitos na história cultural.
A primeira idéia remete a estratégias utilizadas em história cultural como seja:
“melhoria dos paradigmas dominantes na educação especial nos conduz a um conjunto de
inquietações acerca de como narramos aos outros, de como os outros se narram a si
mesmos, e de como essas narrações são, finalmente, colocadas de um modo estático nas
políticas e nas práticas pedagógicas” (Skliar, 1998:13). Isto requer que se tenha um olhar a
respeito do outro surdo na sua diferença. Exemplificando de forma prática o que expomos,
reproduziremos o depoimento de uma professora de surdos:
No começo foi muito difícil não conhecia nada sobre “necessidades especiais”
que alguns alunos possuem, não sabia o que era Língua Brasileira de Sinais,
Braile... Com a primeira turma foi uma “jogação” em vez de “inclusão” (...)
Comecei a “correr” atrás do embasamento teórico, comecei a buscar
especialização na área da surdez. Nessa procura em fazer o melhor por meu
aluno, comecei a concluir (com muita tristeza) que estava fazendo o pior.
Hoje, trabalhando 10 anos com alunos surdos, posso afirmar que a inclusão
leva os surdos a evasão escolar ou reprovação constante. Faz com que o surdo
se sinta menos diante dos outros. (...)
Como a criança surda poderia estudar numa escola regular junto com ouvintes e
com a comunicação oral-auditiva? Isso é exclusão e não inclusão e este fato é importante
para a história cultural.
Quando criança estudei na escola regular junto com os alunos ouvintes, mas tinha
dificuldade de entender, compreender, fazer, na forma de comunicação dos professores, que
faziam os exercícios no quadro e explicavam falando demais sobre o conteúdo nas várias
disciplinas. Eu fazia as provas, mas só tinha minha própria capacidade, era surdo e não
sabia ler, entender o significativo de conceitos das palavras em comparação com a
proficiência dos alunos ouvintes. É a diferença de olhar a maneira do outro. Eu fazia provas
das disciplinas e tirava notas baixas em algumas. Eu sabia, mas o português é diferente de
língua de sinais nos parâmetros do currículo.
39
“Talvez o que estamos entendendo por ensino, o que estamos entendendo por
aprendizagem, o que estamos entendendo da reivindicação dos alunos surdos
em quererem aprender a ler e a escrever em português, o que estamos
entendendo por qualidade de ensino, deva ocupar a pauta de nossas discussões
sobre os caminhos e as possibilidades da educação de surdos estar
acontecendo com mais rigor” (Lopes, 2005:07).
Na experiência sob o paradigma do olhar o outro na história cultural, o surdo vive
na escola compartilhando com o professor surdo em aula de LIBRAS e com os alunos
surdos dentro do proposto nos parâmetros curriculares e o professor oferece ensino em
língua de sinais, pois ela é importante na transmissão do conhecimento, para a
aprendizagem rápida do aluno surdo, que aprende pelo cognitivo visual, mais fácil de se
compreender, entender, transformar, ensinar e escrever. É o professor surdo que conhece
bem a cultura surda, e influi na história cultural. Se o professor for bilíngüe, entretanto, na
escola do surdo precisará conhecer bem a cultura surda, a língua de sinais, ao contrário
voltará ao ensino tradicional que não entende a diferença cultural.
Para Pesavento o conceito de história cultural se baseia em que:
[...] o fato dos historiadores continuarem empenhados nesta aventura do
conhecimento que é a de tentar captar a vida, os sentimentos e as lógicas dos
homens de um outro tempo. Neste sentido se há de entender que a história é
sempre uma busca de verdades e uma elaboração de versões sobre os traços do
passado que o historiador construiu com fortes versões a serem testadas por
um método e analisadas por questões formuladas a partir de conceitos
(Pesavento, 2003:08).
A história cultural estuda processos, considera as mudanças. Entende os aspectos
das vidas do passado a partir dos fatos do cotidiano. Ela entende pelos caminhos do sujeito,
pois privilegia as mudanças, muda as perguntas e os campos de trabalho são os campos
culturais que contem lutas políticas, de identidade, de direitos e de valores.
40
2.5 - SER SURDO: REPRESENTAÇÕES
A representação varia muito, pode ser representação cultural, ou do sujeito ou de
circunstâncias. Antes de tudo é tida como um significante no qual se nomeia e como,
conseqüente, é representado na sociedade. No caso a representação cultural citaria o sujeito
surdo com sua cultura, direitos e deveres e como um sujeito diferente. É bom ter presente
também a forma de como a sociedade encara e respeita essa diferença. É interessante que
cada povo, cada sujeito tem uma representação diferente de si mesmo ou de outra pessoa.
Vejamos as situações abaixo e pensemos em suas representações:
O sujeito surdo em sua exclusão;
O domínio da racionalidade existente;
O surdo como um sujeito diferente.
O surdo era visto como um ser deficiente, não era considerado e sim desqualificado,
inferior e incapaz de aprender. Era comparado os animais e estava incluído no grupo dos
deficientes que eram eliminados do mundo... E da sociedade.
No período da história entre 1500 a 1890 já se pensou que o surdo era capaz de
aprender, desenvolver suas potencialidades, com isso houve interesse por parte dos
educadores em estudar um método de ensino mais adequado, fazendo com que ele tivesse
uma aprendizagem satisfatória, fundando várias escolas de surdos tanto na Europa e como
nos Estados Unidos.
No contexto do pós-modernismo
16
e pós-colonialismo
17
existem lutas pelos direitos
dos surdos na sociedade, para garantir o espaço cultural, despertar a consciência dos surdos
16
Perlin (2007), explica que se trata de “um movimento que está ligado a idéia de que as mudanças culturais e
sociais que ocorrem na atualidade concorrem para descrever a temporalidade histórica atual como sendo
diferente do período conhecido como modernidade. Dessa forma é caracterizado como uma nova época
histórica.”
17
Pós-colonialismo: indica o movimento teórico que observa relações de poder que acontecem entre as
nações. Examina as relações de poder envolvidas na construção dos povos que anteriormente eram
colonizados. Olha desde o momento em que estes iniciam a busca de seus valores culturais, suas formas de
auto construção de identidades.
41
na da diferença cultural com os ouvintes. O surdo tem a vida na diferença que remete a uma
suposta “igualdade” com os ouvintes e na diferença da vivencia cultural, com uso de língua
de sinais, um imenso caminho de espaço cultural diferente.
2.5.1 - CULTURALISMO E DIFERENCIALISMO: A REPRESENTAÇÃO
DISFARÇADA
Na reflexão que o culturalismo desencadeia, Thompson (2005), alude a um fato que
nos Estudos Culturais assume importância. Nota-se a presença deste em educação e em
qualquer área, no mundo contemporâneo. Principalmente na relativa atualidade em termos
de educação do surdo. Notamos que ele cresce na realidade em competência com a
transformação que a teoria critica, e pós-critica abrange.
O culturalismo está remetendo a ideologia relevante ou seja a atitude de
superioridade em relação as demais culturas. Assim a idéia de que existam culturas
subalternas, como no caso da cultura surda, a suposta superioridade de uma cultura
dominante vem a motivar de forma cambaleante a cultura surda. A resistência da cultura
surda aos séculos de culturalismo tem feito dela uma imagem desgastada.
Então o culturalismo é esta posição de superioridade que algumas culturas se
reservam em relação a outras, com a intenção de transformá-las, e neste caso tantas vezes
continua o preconceito, a “menos-valia social” sobre a cultura surda.
A educação dos surdos no Brasil tem grandes problemas entre eles os textos em
português para leitura e o surdo: ele aprende ou não? Como? Para o surdo é o espaço-visual
das imagens na mídia e não no texto em português, que é a segunda língua do surdo. Então,
o significado é a diferença entre a língua brasileira de sinais e português. Por isso na escola
os professores ouvintes sempre oferecem o texto para o surdo entender através da leitura
das palavras em português e não é na forma dele aprender. É a primeira aquisição de língua
de sinais no espaço visual da mídia e no currículo para o surdo na escola e não temos no
espaço cultural.
42
Na relação entre os Estudos Culturais e educação no mundo de hoje, na realidade
vemos que somos alteridade no espaço cultural que os surdos fundamentam nas diversas
áreas de educação de surdos em Santa Catarina, mas ainda não temos o espaço da escola de
surdos. Por isso no interior não temos comunicação através da mídia, faltando aos outros
surdos à identidade, cultural e a língua de sinais. Nós podemos investigar nos campos
histórico-culturais que o surdo tem a intervenção no encontro com outro surdo na
associação e realizar a comunicação com outros surdos líderes. Por isso é importante o
contato entre surdos na associação, mas podemos lutar sempre para unir com outros surdos
na escola, lazer, mídia e entre outro na sociedade onde se vive a cultura dos surdos e
também sua identidade.
2.5.2 - DIFERENCIALISMO
Do mesmo modo que o culturalismo, a reflexão de Skliar (2005) sobre o
diferencialismo nos ajuda a apropriarmos de conhecimentos reais na educação de surdos,
sobre as políticas e pedagogias para os sujeitos surdos. Do mesmo modo que o
culturalismo, o diferencialismo assume uma posição em relação ao outro.
O diferencialismo preconiza aquela atitude de olhar o outro como um inferior,
pondo em jogo sua relação com ele. Neste jogo entra em cena a superioridade e a atitude de
depreciação.
Sobre a história da educação dos surdos catarinenses, ela se deu através da luta
referente às necessidades de surdos inseridos na escola, na família, na sociedade, na própria
associação. A falta de espaço do surdo para adquirir e desenvolver sua diferença de ser,
bem como o domínio na língua de sinais, ou da cultura surda era e ainda é um dos
problemas de todos os tempos. O oralismo é um dos exemplos de superioridade dos não
surdos e era muito forte para assegurar a defesa dos espaços para os surdos.
O surdo teve acesso à escola regular com aprendizagem e metodologia próprio dos
ouvintes e que visa formar sujeitos semelhantes aos ouvintes. Também a metodologia se
utiliza o português e dessa forma rebaixa a linguagem do sujeito surdo. Então, como a
43
língua de sinais
18
é espaço-visual e torna mais fácil a comunicação entre o mediador
professor surdo, ela mesmo assim é ignorada pelos ouvintes por considerá-la inferior. Com
isto os surdos desencadearam com razão a luta na forma resistência trouxe uma nova
experiência para nosso Estado de Santa Catarina. Então, são importantes as políticas
públicas para educação de surdos acontecidas em Santa Catarina em 2003, que motivaram a
partir da resistência surda. Essa é a diferença do sujeito surdo com o ouvinte, a diferença
entre a língua de sinais e o português, que devia ser notada! Temos que pensar como os
sujeitos surdo catarinense viveu os problemas da história de educação dos surdos no
Estado, esta mesma educação que surgiu, pois antes não havia Leis
19
para sugerir propostas
histórico-culturais.
A luta começou a partir dos deficientes, aos poucos integrados dentro da escola
regular. A proposta feita em conjunto com o Governo estadual foi ponto de resistência
política obrigando este a reconhecer a cultura surda, identidade, língua de sinais. Mais tarde
isto desencadeou pesquisas, bem como ações políticas sobre a área de educação dos surdos
e o acesso à língua de sinais.
A maior preocupação foi referente a que aumentou a demanda dos sujeitos surdos
excluídos da escola dos ouvintes. Conseqüência do estereotipo, os surdos estavam nesta
situação... Os ouvintes ainda falam "os surdo-mudos", "deficientes auditivos", termos que
indicam o diferencialismo.
18
A língua de sinais, ou seja, a língua dos sujeitos surdos é o espaço que mais é atingido pelo diferencialismo.
19
Em Santa Catarina aconteceu a Lei n
o
8.869, de 06 de setembro de 2001, que reconhece oficialmente, no
Estado de SC a linguagem gestual codificada na língua brasileira de sinais, LIBRAS – e outros recursos a ela
associados como meio de comunicação objetiva e de uso corrente. Também a Lei Federal n
o
10. 436, foi
criada em 24 de abril de 2002, dispõe sobre a língua brasileira de sinais, LIBRAS – e da outras providencias.
O Decreto n
o
5.626, de 22 de dezembro de 2005. Dispõe sobre a língua brasileira de sinais – LIBRAS, e o art.
18 da lei n
o
10.098, de 19 de dezembro de 2000.
44
2.6 - PEDAGOGIA DE SURDOS
Na reflexão contemporânea vemos as diferenças que ocorrem nas pedagogias
culturais. Na pedagogia
20
dos surdos nos aspectos da identidade e alteridade cultural
acontecimento a partir dos Estudos Culturais em educação dos surdos. O surdo tem a
cultura própria, a língua de sinais e também a identidade. Isso é importante no que diz Silva
(2000), a respeito do outro mundo na diferença da identidade que vive compartilhando na
política de educação dos surdos. A pedagogia é a diferença no parâmetro curricular.
Os Estudos Culturais é uma ferramenta que os surdos usam e que vêm participando
no momento histórico-cultural na sociedade pelo direito no espaço na área de identidade
dos grupos surdos no caminho para uma nova identidade.
Os Estudos Culturais (EC) vão surgir em meio às movimentações de certos
grupos sociais que buscam se apropriar de instrumentais, de ferramentas
conceituais, de saberes que emergem de suas leituras do mundo, repudiando
aqueles que se interpõem, ao longo dos séculos, aos anseios por uma cultura
pautada por oportunidade democráticos, assentada na educação de livre acesso
(Costa, 2005:108).
A citação de Costa (2005), se refere aos Estudos Culturais nos espaços dos surdos
lutando pelo direito como cidadão na identidade da diferença dos ouvintes. Então,
percebemos a diferença de cultura na comunidade e quais as sociedades temos nos espaços
culturais expressam a tentativa de “descolonização” do conceito de cultura. Como as
sociedades dos ouvintes não vêem a cultura dos surdos sempre busca o conhecimento do
espaço de identidade no outro lado e não reconhece o espaço na identidade de diferença no
outro momento. Essa é a perspectiva da educação de surdos na política cultural.
É esta busca comum de seu direito como os cidadãos, as suas reivindicações sociais
e políticas de educação e de trabalho, que na verdade lhes é negada. O que causa estranheza
nessa discussão é, entretanto, a falta de pesquisa na teoria da identidade e da diferença
cultural dos ouvintes.
20
A pedagogia dos surdos é um dos artefatos culturais surdos que evidencia o jeito surdo de ensinar.
45
A identidade e a diferença têm a ver com atribuição de sentido ao mundo social e
com disputa e luta em torno dessa atribuição (Silva, 2000:96), no que diz a respeito o autor:
É um problema pedagógico e curricular não apenas porque as crianças e os
jovens, em uma sociedade atravessada pela diferença, forçosamente interagem
com o outro no próprio espaço da escola, mas também porque a questão do
outro e da diferença não pode deixar de ser matéria de preocupação
pedagógica e curricular (Silva, 2000:97).
Nós vivemos no mundo social na identidade e histórico-cultural sempre a lutam na
política de educação dos surdos abordado no amplo na sociedade centralizada de estudo na
pesquisa no campo à busca de adaptação no parâmetro curricular dos surdos acessando no
curso de pedagogia na área de educação mais crescimento no mundo melhor a qualidade de
ensino dos surdos vem lutando o direito à identidade na cultura.
Na escola regular em Santa Catarina os professores não conhecem a língua de sinais
dos alunos surdos e como a pedagogia tem nesta área da educação dos surdos dentro do
parâmetro curricular, há diferença de metodologia do ouvinte. Essa é a preocupação que os
professores ouvintes têm que pesquisaria a cultura dos surdos atravessando a escola em
todo o ensino regular. No momento não temos os profissionais ouvintes usando língua de
sinais. São poucos e é preciso expandir o curso de língua de sinais na escola e com os
professores surdos dando aula de LIBRAS para ouvinte entender a cultura surda, identidade
surda e movimentos surdos.
Nesta proposta de pesquisa sobre a alteridade na pedagogia dos surdos vem lutando
no amplo centralizado na força de política de estudos na estratégia. No passado lutamos na
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC que garantiu o curso de pedagogia
para surdos e podemos abri-lo no espaço desta Universidade Federal de Santa Catarina no
futuro, com melhor qualidade de ensino na área de identidade política do próprio surdo.
Isso é importante e nós podemos fazer a nova proposta de pedagogia surda e diferença da
cultura de ouvinte na metodologia. Vamos torcer pela pedagogia surda no Brasil!
Finalmente, a história de educação surdo deve encontrar a quebra de barreira no
modelo passado não ignora e a elevação do ouvintismo. Então, sugiro que na educação de
surdos é importante o conhecimento sobre a cultura surda que tem sua subjetividade
46
47
diferente dos ouvintes. A pós-colonialismo na realidade temos os pesquisadores surdos
procurando a nova transformação de políticas públicas desta história registrada. A mudança
o perfil dos profissionais na área de educação do surdo em Santa Catarina não registra a
história e como isso acontece? Quando o ouvintismo se fala à educação de surdo é
importante no oralismo e não se diz o problema ideológico disfarçado na história de surdos
que geralmente não se condiz à educação de surdos. Estamos nos referindo à existência
desta a pedagogia surda transformando em realidade de pesquisa na valorização dos
profissionais educações de surdos no acesso universitário e também reconhecendo que os
surdos vivem numa situação de pesquisa na história sobre o passado, o acontecido e que os
ouvintes não registraram esta trajetória.
CAPITULO III
3.1 - EXIGÊNCIAS DOS SURDOS – AS ASSOCIAÇÕES
No momento importante de trajetória nas associações dos surdos surgiu a partir do
século XVIII. Estou agora entrando no espaço surdo de pesquisa sobre a história.
Era grande a valorização dos maiores eventos surdos que afetaram a comunidade de
surdos no Paris, que se chamava na época ˝parienses de surdos˝ entre 1822 a 1838, de
acordo com trabalhos publicados e manuscritos nos arquivos do Instituto Nacional de
Jeunes Sourds - (Instituto Nacional para Jovens Surdos). Estes documentos oferecem uma
descrição entre ˝oralistas˝ e ˝gesto-oralistas˝ que culminaram o nascimento do primeiro
movimento surdo na luta pelo direito, sob a liderança de Ferdinand Berthier.
Berthier estudou no Instituto Nacional Surdos-Mudos em Paris/França e fundou a
primeira associações de surdos no Paris. Ele foi o pioneiro e o surdo mais famoso e
chamava a fundação de associações de ˝Guerra dos Surdos˝. Como isso surgiu? Os eventos
ocorreram-se entre 1822 a 1838 na comunidade Francesa de Surdos e que estiveram
conectados com a Instituição de Surdos-Mudos. Então, isso ocorreu à oposição entre aquele
que favorecia a rejeição da identidade dos surdos no reconhecimento à direção da história
dos surdos na Europa.
Um surdo da Argentina foi passear na Europa e conheceu a Instituição de Surdos-
Mudos de Paris e ficou emocionado com a comunicação em língua de sinais européia. Ele
conheceu a associação de surdos na Europa, viu vários surdos entrando em contato com a
Língua de Sinais Francesa, a sua estrutura de popularidade dos surdos no promovido às
funções que executava em vários grupos que aceitaram abastecer um ponto de vantagem
para observar a vida social de um surdo em Paris. Depois retornou para Argentina e
começou a divulgar a novidade com os surdos de lá sobre os acontecidos nas Europa e
começou a fundar associações na América Latina.
48
3.1.1 - MAPEAMENTO
Influência entre as primeiras fundações de Associações de Surdos Brasileiras
Em 1803 inicia a vida de
Ferdinand Berthier, idealizador
de associações de surdos na
França
Em 1838, Berthier funda a primeira
sociedade de surdos do mundo.
Em 1912 Don José Antorio Terry funda a
Asociacion de Sordomudos de Ayuda
Mutua Argentina é o inicio na América
Latina
Em 1811 aos 8 anos, Berthier
estudou no Instituto para surdos de
Paris.
Em 1834 primeiro organiza o banquete
silencioso em homenagem ao 122
o
aniversário do abade de L’Epée.
Armando Melloni é Brasileiro reside em
Campinas/SP, foi a Argentina e trouxe o
modelo de Associações de Surdo-Mudos
para o Brasil.
Em 1954, foi fundada a
Associação de Surdos-Mudos de
São Paulo - ASMSP.
Em 1955 foi fundada a Associação
dos Surdos-Mudos no Rio de
Janeiro.
Em 1956 fundada a Associação
dos Surdos-Mudos de Minas
Gerais – ASMMG.
Em 1955 Francisco delegado para
a região sul, funda Círculo
Surdos-Mudos em Santa Catarina
(CSMSC).
Em 1955 fundação da Associação
dos Surdos-Mudos do Rio Grande
do Sul – ASMRGS.
Obs. A Associação Alvorada
Congregadora dos Surdos foi
fundada em 1953. Seus objetivos
não combinam com os destas
Associações.
49
Em 1956 fundação da Associação
dos Surdos-Mudos do Paraná –
ASMP.
Na realidade os surdos que fundaram as associações na Europa e abriram o caminho
para a construção do povo surdo, que expandiu-se no Mundo, América Latina e no Brasil.
Agora vou te explicar a pesquisa sobre a trajetória do pioneiro surdo Francês Sr.
Ferdinand Berthier.
Conforme Nascimento (2006:254):
Ferdinand Berthier era surdo congênito e nasceu em 1803 na cidade de
Louhans, na França. Foi considerado por Laurent Clerc, professor também
surdo, o mais brilhante aluno do Instituto para Surdos de Paris. Berthier entrou
para o Instituto aos 8 anos, onde formou-se, e trabalhou posteriormente como
professor. Foi também uma figura importante na comunidade literária de seu
tempo (Nascimento, 2006: 254)
Sr. Ferdinand Berthier é surdo francês e estudou desde 1811 no Instituto para surdos
de Paris, quando ingressou aos 8 anos. Depois aprendeu o modelo de estudo do Abade
L’Epée que divulgou a língua de sinais francesa – LSF dos alunos surdos no Instituto.
O Abade L’Epée iniciou do ano em 1760 conheceu o grupo de surdo na língua de
sinais francesa e estudou junto com os surdos. Mas, ele teve a idéia de ajudar o surdo
valorizar a língua de sinais francesa. Quem fundou o Instituto no Paris? Foi Abade L’Epée.
Lá foi ensinada a língua de sinais francesa para os alunos surdos mais pobres. Berthier
escreveu a biografia do Abade L’Epée (1712 – 1789).
Moura (2000:22), relatou sobre Abade Charles-Michel de L’Epée nasceu em 1712.
Ele começou a ensinar os surdos em 1760 por razões religiosas, iniciando seu trabalho com
duas irmãs surdas. Veja a foto embaixo: o pioneiro surdo francês Berthier observa o Abade
L’Epée ensinando:
50
Foto: Abade L’Epée ensinando os surdos na língua de sinais francesa
O Abade L’ Epée ajudou ensinando os surdos na língua de sinais, valorizando o
aspecto viso-espacial na relação das mãos, compartilhando e mostrando a lógica de sinais
do surdo compreende-se envolve a capacidade no uso o alfabeto na cultura do surdo. Então,
na realidade, possibilitou a língua do surdo na comunicação com outro surdo e na relação
com professor francês.
Na pesquisa histórica é importante o registro de Ferdinand Berthier, pois ele
desenvolveu a construção da consciência de vida surda. Berthier é subjetividade a cultura
surda que fundou várias associações surdas na Europa e com o pensamento dele surgiu o
povo surdo na sociedade. Ele se formou o professor surdo, ensinou vários alunos surdos
nos aspectos gramaticais na língua de sinais francesa. Segundo Nascimento:
Com este intuito, Berthier relatou a história da educação dos surdos, iniciando
por professores anteriores a L'Epée e, posteriormente, assinalando as
inovações introduzidas pelo Abade. Berthier era grande admirador de L'Epée e
seu texto é repleto de elogios. Apesar disso, não se isenta de criticá-lo em
alguns aspectos como, por exemplo, na forma como ele ensinava aos surdos a
gramática do francês (Nascimento, 2006:254).
Percebi que esta autora relatou que o Abade L’Epée ensinava a gramática do francês
no Instituto para Surdos de Paris para que os alunos surdos aprendessem a história e a
51
língua de sinais. Ferdinand Berthier admirou a proposta do Abade L’Epée acendesse o
documento no passado e contou a história de pesquisa.
O Ferdinand Berthier surdo francês que fundou a política surda na sociedade é o
pioneiro na organização do primeiro banquete reuniram na historia homenagem à marca ao
122
o
ano de aniversário e veja a autora Rangel:
Ferdinand era Francês e aluno do Instituto Surdo de Paris. É o pioneiro na
organização do primeiro banquete silencioso em homenagem ao 122
o
aniversário do abade de L’Epée, em 30 de novembro de 1834, com 52
convidados e um marco na política surda mundial (Rangel, 2004:42).
Na verdade é muito importante a participação os surdos destas Associações,
Federações e Confederações. O surdo precisa estar junto com a comunidade surda na outra
associação ligada ao movimento político e lutando por seus direitos para que sua cultura
seja respeitada e integrada na sociedade. E o modelo único de cultura surda, importante
marca de registro dos surdos catarinense é Francisco Lima Júnior, o qual parabenizamos
pela história e incentivo dos surdos.
Os surdos que participam desses grupos são as pessoas mais ativas, têm um bom
desenvolvimento de aprendizagem em língua de sinais. Mas, eles se comunicam o tempo
todo, participam de congresso, festas, esportes, que são de suma importância na vida social
do sujeito surdo e descobrindo assim a sua própria identidade no espaço cultural.
Foto: Ferdinand Berthier
52
Em 1838, o Ferdinand Berthier fundou a primeira sociedade de surdos. Ele foi
chamado ˝ Fondateur de la Société Centrale des Sourd-Muets em 1838˝ na Europa. As
associações se expandiram como força política e a cultura surda influenciou na história do
povo surdo europeu. Isso é importante na guerra do surdo na política de sociedade na luta o
movimento do direito como cidadão.
3.1.2 - ASSOCIAÇÕES DOS SURDOS NA AMÉRICA LATINA
Iniciei a pesquisa entrevistando um sujeito surdo que mora em São Paulo/SP e que
veio para participar do III Seminário dos Estudos Culturais em 2006, na UFSC em
Florianópolis. Então, aproveitei a conversa e pesquisei sobre dele. Seu nome é Mario
Pimentel e a entrevista aconteceu no dia 14/10/2006.
Ele explicou sobre o encontro surdo que ocorreu na Argentina. Antigamente não
existia uma associação no Brasil. Aconteceu que um surdo que morava em Campinas/SP,
Armando Melloni e que estudou no INSM em 1931 a 1935, foi para a Argentina e lá
conheceu a ASAM, Asociacion de Sordomudos de Ayuda Mutua, fundada em 30 de junho
de 1912.
Este fato parte da história da ASSP.
“Um dia um surdo, Armando Melloni de Campinas/SP, foi viajar para a
Argentina. Quando passeava em Buenos Aires, viu duas pessoas se
comunicando através de sinais e percebeu que também eram surdos. Mesmo
sem conhecê-los, se apresentou e disse que era surdo e brasileiro. Começaram
a conversar e aquelas pessoas o convidaram para ir conhecer uma associação,
a Associocion dos Sordosmudos Ayuda Mutua. Armando ficou impressionado
em ver e conhecer aquela associação, e percebeu que faltava algo similar no
Brasil”. (http://www.assp.com.br/, 20/11/2006).
Encontrei este documento sobre Armando Melloni no acervo do INES:
53
Foto: Armando Melloni que estudou no INSM em 1931 a 1935, atual INES.
54
Quando voltou para o Brasil, para a cidade de Campinas/SP e foi até São Paulo. Lá
encontrou o amigo com Policarpo e convidou para ir outra vez na Argentina. O Policarpo
do Carmo Meca conheceu a ASAM, e gostou do que viu lá, e voltou para o Brasil na cidade
de São Paulo e convidou os vários surdos no interior paulista e fez uma reunião. Depois o
Armando e Policarpo e uma outra pessoa
21
e juntos resolveram fundar uma associação em
São Paulo, mas no dia que eles três resolveram inaugurar a Associação do Surdo-Mudo de
São Paulo – ASMSP, eles convidaram o Presidente da ASAM da Argentina, e todos eles
inauguram a ASMSP. Isso aconteceu no ano de 1954.
Armando Melloni fez uma corajoso viagem para a Argentina e fez contato com dois
surdos em Buenos Aires, conversaram sobre as diferenças nas línguas de sinais, a relação
com a comunicação e como os surdos recebiam informações na associação. Ele trouxe o
modelo da associação da Argentina para o Brasil.
Ao chegarem ao Brasil, se organizaram e convocaram outros surdos para
ajudá-los a divulgarem a idéia de formar uma associação que integrasse os
diferentes grupos de surdos. Cada um era responsável por convidar uma das
turmas que freqüentavam pontos já conhecidos pelos surdos e assim à notícia
foi se espalhando. No dia 19 de março de 1954, na Rua 7 de Abril nº 230 - 7º
andar, Centro de São Paulo, foi então fundada oficialmente a nova associação,
denominada Associação dos Surdos-Mudos de São Paulo, atualmente
Associação dos Surdos de São Paulo. No primeiro de abril de 1954, foi
realizada uma assembléia e vários surdos estiveram presentes. Na
oportunidade foi homenageado o presidente da Associocion dos Sordosmudos
Ayuda Mutua, Sr. Leon Vitenberg, e a primeira dama, Sra. Vigorina Vera
Crouxeilles, como podemos ver nas fotos da época. (http://www.assp.com.br/,
20/11/2006).
Com a realização de trabalho sendo conhecido fora do estado recebe então o surdo
Mário Devisate, sendo o primeiro presidente dos Surdos-Mudos de São Paulo - ASMSP, já
falecido, entre os anos de 1950 a 1954, com quem trava conhecimento e cria um forte e
duradouro laço de amizade. Ao tomar conhecimento que aqui, na Capital
22
, não há
existência de associação para surdos, resolve então de comum acordo a criação de
Associação de Surdos-Mudos com âmbito nacional e nomeando o Sr. Francisco Lima
Júnior como Delegado para a Região Sul, passando assim a ser sede nessa Capital.
21
O nome ainda está em pesquisa
22
São Paulo/SP
55
Partícipe dos movimentos surdos pelo Brasil, o professor Francisco foi eleito,
em São Paulo, delegado nacional para a organização dos surdos na Região Sul,
o que o levou a fundar, com seus colegas, em Santa Catarina, o Círculo de
Surdos-Mudos e a participar ativamente, em parceria com seu conterrâneo e
amigo Salomão Watnick, em 1954, da organização da primeira Associação de
Surdos em Porto Alegre (Silva, 2002:95).
Teve a oportunidade de conviver com o presidente da Sociedade dos Surdos-Mudos
do Distrito Federal, o Sr. Miguel da Fonseca Seabra de Melo, por quem nutre carinho muito
especial, de boas lembranças que certamente deixará muitas saudades, cuja obra mais
importante foi à transferência da sede do Rio de Janeiro para Brasília.
Em momento de grande alegria, relembra uma passagem ocorrida no Instituto
Nacional de Surdos-Mudos, onde entabulando uma conversa com o Sr. Miguel da Fonseca
Seabra de Melo é apresentado ao presidente da ASURJ que lhe informou tratar-se também
de uma pessoa surda e seu colega. O Francisco Lima Júnior guardou em sua lembrança essa
passagem tão alvissareira e inesquecível.
O outro fato aconteceu em 1950, na cidade de São Paulo, em que alguns
líderes surdos e ex-alunos de INES, além de outros surdos usuários da língua
de sinais, sem diferença entre classes, costumavam se encontrar na praça da
Matriz ou em alguma rua (ponto de encontro para bate-papo). Este aspecto de
se encontrar na rua é um costume surgindo na saída da escola INES no Rio.
Após sair da escola, a idéia não ir logo para casa, mas era continuar utilizando
esta língua transmissora de conhecimentos (Rangel, 2004:50).
Em 1950, na cidade de São Paulo, alguns surdos que tinham liderança e ex-alunos
do INES, costumavam encontrar-se para um bate-papo na praça Matriz ou em alguma rua-
ponto, independentemente de sua classe social. Essa prática teve sua origem com os alunos
do INES, que se reuniam para conversar quando saíam das aulas.
3.1.3 - ASSOCIAÇÃO DOS SURDOS-MUDOS DE SÃO PAULO - ASMSP
23
23
Retirado dia 10/11/2006 no site: http://www.assp.com.br/
56
Há muito tempo atrás os surdos paulistas freqüentavam pontos de encontro
previamente estabelecidos, mas não conheciam nenhum tipo de associação. As diversas
turmas estavam presentes em vários lugares, de acordo com a faixa de idade. Existiam
vários tipos de diversão como bares, atividades esportivas, pontos de paquera e encontros
no Jóquei Club para fazer apostas nos cavalos.
Um dia um surdo, Armando Melloni de Campinas/SP, foi viajar para a Argentina.
Quando passeava em Buenos Aires, viu duas pessoas se comunicando através de sinais e
percebeu que também eram surdos. Mesmo sem conhecê-los, se apresentou e disse que era
surdo e brasileiro. Começaram a conversar e aquelas pessoas o convidaram para ir conhecer
uma associação, a Associocion dos Sordosmudos Ayuda Mutua. O Armando ficou
impressionado em ver e conhecer aquela associação, e percebeu que faltava algo similar no
Brasil.
Ao voltar à nossa terra, procurou ansiosamente por outro surdo, Policarpo do Carmo
Meca, e lhe contou todas as novidades, sobre a existência de uma associação de surdos em
Buenos Aires.
Em seguida, Policarpo e Armando resolveram ir para Buenos Aires para obter
maiores informações sobre a associação e acabaram por convidar o então presidente
daquela associação, Sr. Leon Vitenberg, para vir até a cidade de São Paulo e auxiliá-los na
fundação de uma associação para os surdos paulistas.
Ao chegarem ao Brasil, se organizaram e convocaram outros surdos para ajudá-los a
divulgarem a idéia de formar uma associação que integrasse os diferentes grupos de surdos.
Cada um era responsável por convidar uma das turmas que freqüentavam pontos já
conhecidos pelos surdos e assim à notícia foi se espalhando.
No dia 19 de março de 1954, na Rua 7 de Abril nº 230 - 7º andar, Centro de São
Paulo, foi então fundada oficialmente a nova associação, denominada Associação dos
Surdos-Mudos de São Paulo, atualmente Associação dos Surdos de São Paulo.
No primeiro de abril de 1954, foi realizada uma assembléia e vários surdos
estiveram presentes. Na oportunidade foi homenageado o presidente da Associocion dos
Sordosmudos Ayuda Mutua, Sr. Leon Vitenberg, e a primeira dama, Sra. Vigorina Vera
Crouxeilles, como podemos ver nas fotos da época.
57
Em 1954, foi fundada a Associação de Surdos de São Paulo, cujo objetivo inicial
era construir uma associação nos mesmos moldes das organizações de surdos francesas,
porém, como vimos anteriormente, dessa Associação de Surdos iniciou uma campanha em
nível nacional para fundar outras Associações em capitais brasileiras. Os objetivos eram
diversos; dentre eles, destacamos o esportes, lazer, social, cultural, etc,, pois havia a crença
de que, através dele, poderia acontecer união dos surdos nacionais, assim como poderia se
dar o fortalecimento da língua de sinais, evidenciando a capacidade surda tanto no trabalho
e na educação como na comunicação dos contatos deles e na competência de dirigir uma
Associações.
3.1.3.1 - Álbum de Fotos
24
Foto: Surdos participaram na primeira assembléia Geral da ASMSP em 01/04/1954.
24
Retirado dia 10/11/2006 no site: http://www.assp.com.br/
58
Foto: O presidente da ASMSP Sr. Mário Devisate, homenageia o presidente da Associación
dos Sordosmudos Ayuda Mutua, Sr. Leon Vitenberg em 01/04/1954.
Foto: Diretores e conselheiros Gerais em 1956.
Foto: Primeiro presidente da ASMSP, atual ASSP em 1954.
Em 15 de agosto de 1955, a comunidade surda de Florianópolis fundou o Círculo de
Surdos-Mudos de Santa Catarina. Esse Círculo, como as outras Associações de surdos no
59
país, também teve finalidades educacionais e esportivas. Esteve sempre à frente dessa
Associação o professor Francisco, tanto assim que ele foi eleito, pela comunidade surda,
naquele mesmo ano, como o primeiro presidente. De acordo com uma matéria de jornal
25
,
daquele período, a finalidade do Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina era “proteger
os surdos contra o analfabetismo e o desemprego”. (Silva, 2002:93 e 94).
Como já sabemos, o Círculo dos Surdos-Mudos de Santa Catarina também teve, em
seu inicio, objetivos que ligavam a lembrança nostálgicas de França. E, como o objetivo era
duplo: educacional e desportivo, logo cedo, a comunidade surda presenciou mudanças
significativas decorrentes da introdução de intercâmbio com outras Associações de Surdos
do Brasil. Segundo o professor Francisco Lima Júnior, os surdos organizados tinham a
possibilidade de desenvolver sinais e de se comunicar com proficiência com os surdos
filiados de qualquer associação do país.
Logo a nossa colônia de surdos-mudos entrou numa fase de padronização
mímica, nos moldes da escola de São Paulo, abandonando os sinais peculiares
a cada um, freqüentemente bem diversos e inesperados, para a designação de
dado objeto. Dessa forma, qualquer mudo filiado à associação não terá
dificuldade de entender-se com qualquer outro do país, também associado
(Lima Júnior apud Silva, 2001).
A organização dos movimentos surdos no Brasil também repercutiu
satisfatoriamente em Santa Catarina, principalmente pela proximidade entre o professor
Francisco e o Monsenhor Burnier. Em agosto 1973, na festa do 18
o
aniversário de fundação
do Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina, verifica-se uma articulação efetiva entre a
Federação Brasileira de Surdos e as Associações de Santa Catarina e Curitiba. É o que
informa um jornal da época:
´´Depois foram feitos discursos pelo presidente do Círculo de Surdos-Mudos
de Santa Catarina, Francisco de Lima Júnior, pelo presidente da Associação de
Surdos de Curitiba, Amaury Pedro Budel; pelo presidente da Federação
Brasileira de Surdos, Padre Vicente de Paula Penido Burnier``(1973).
25
No arquivo do professor Francisco Lima Júnior, não encontramos o nome e a data do jornal em que a
matéria foi publicada)
60
Até o início da década de 1980, o Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina se
expandiu pelo Estado e criou seus núcleos nos municípios de Blumenau, Joinville, Lages,
Timbó, Chapecó, Itajaí e Gaspar, pois era a partir desses encontros que a língua de sinais
fluía e a comunicação entre eles se fortalecia e os surdos foram tomando espaço dentro da
sociedade catarinense.
Foto: Viagem de ônibus o grupo CSMSC
No ano do 18
o
aniversário de Fundação do Círculo de Surdos-Mudos de Santa
Catarina um grupo de profissionais ouvintes na área da “deficiência auditiva”, funda a
Federação Nacional de Educação e Integração do Deficiente Auditivo (FENEIDA), no Rio
de Janeiro. No entanto, a entidade permaneceu desconhecida no meio da comunidade surda.
Apenas em 1983 os surdos ficaram sabendo de sua existência através da Comissão de Luta
pelos Direitos dos Surdos, que reivindicava o reconhecimento da Língua Brasileira de
Sinais em todo o país.
61
Foto: Jornal de comemoração de 18 anos CSMSC
62
O movimento engendrado pelo trabalho dessa comissão cria legitimidade e estrutura
própria e reivindica á FENEIDA um espaço na diretoria para continuar seus trabalhos. Para
surpresa dos surdos, esse espaço foi negado, gerando nos movimentos surdos um grande
sentimento de insatisfação. Sabiamente, os surdos, através de sua resistência, manifestaram-
se não apenas individualmente, mas coletivamente, conquistando a direção da entidade. Na
direção, os surdos reformularam rapidamente o estatuto da FENEIDA, dando consistência e
conteúdo às suas reais necessidades.
3.1.4 - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SURDOS-MUDOS – INES/RJ
A história da fundação das Associações de Surdos, pelos ex-alunos que participaram
de grupo no Grêmio estudantil do INES no Rio de Janeiro, mostra que a organização do
movimento surdo lutava pela política desta associação dos líderes surdos, criando as pautas
de regulamento para conquista de informações, buscando modalidades esportivas e alguns
surdos competiam com as várias escolas de ouvintes.
Pesquisei a palestra: História dos Surdos no Brasil com a experiência de Macedo:
˝Numa viagem ao exterior, o professor ouvinte Dr. Brasil Silvado Júnior entrou em
contato com as associações de surdos dos países da Europa e trouxe a idéia de
fundar a primeira associação de surdos do Brasil, Rio de Janeiro. Segundo a revista
Ephaphatha em 1915, a idéia foi bem acolhida entre os surdos. Na primeira reunião
para a organização dessa associação de surdos, em 24 de maio de 1913, foi
registrada a presença de quase todos os surdos residentes no Rio. Dessa forma,
iniciou a estruturação da Associação Brasileira de Surdos-Mudos. Nesse período,
ao mesmo tempo em que os surdos se organizavam, também surgia, no Distrito
Federal naquela época era e atualmente o Estado de Rio de Janeiro, com sua força
avassaladora, as idéias do oralismo, cujo resultado final culminou com o controle
dessa associação pelos ouvintes˝ (www.pucminas.br/nai/noticias.php?id=41).
No entanto, somente em 1923 (ver pagina seguinte) não 1913 e como a pesquisa são
diferenças de registro do ano, um grupo de surdos se organizou fora do eixo institucional e
criou a Associação Brasileira de Surdos no Rio de Janeiro, que tinha como meta vencer as
dificuldades impostas pelos ouvintes no processo educacional, isto é, a possibilidade de
63
serem educados a partir de sua língua materna: a língua de sinais. Mas a Associação foi
desativada em 1929, por várias dificuldades. Uma delas, provavelmente, por se contrapor
ao processo de medicalização na educação de surdos no Brasil que, na época, estava em seu
momento áureo, dificultando o reconhecimento da língua de sinais como elemento
essencial na interação social dos surdos.
Observe abaixo o artigo que foi publicado em 2006 por Monteiro, que relatou como
se transformaram as associações de surdo no passado:
˝Essa foi à primeira Associação Brasileira de Surdos-Mudos, fundada em 1930
com um pequeno número de surdos, ex-estudantes no INES, hoje desativado e que
não possuía estatuto. Uma associação foi fundada no dia 16 de maio de 1953 com a
ajuda de uma professora de Surdos, Dona Ivete Vasconcelos. Era composta por um
grupo de Surdos da Congregação de Surdos do Rio de Janeiro (Alvorada). Dona
Ivete emprestava a sala do pátio de seu prédio para as reuniões com o presidente da
associação - Vicente Burnier. Este foi substituído pelo novo presidente Alymar
Antunes Bousquat, que juntou essa fundação com os ex-estudantes do INES para
desenvolver as competições esportivas e lazer. Os ex-estudantes voltavam para
suas cidades de origem de cada Estado do Brasil e assim surgiu à segunda
Associação de Surdos-Mudos de São Paulo, fundada no dia 19 de março de 1954.
Em 1956, foi fundado a terceira Associação de Surdos de Belo Horizonte em
Minas Gerais˝ (Monteiro, 2006:284).
A associação Alvorada Congregadora dos Surdos no Brasil no Rio de Janeiro/RJ,
foi fundada no dia 16 de maio de 1953 com a Professora Ivete C. de Vasconcelos é
fundadora a primeira presidente (1953-54) e única ouvinte.
Foto: Professora Ivete C. de Vasconcelos
64
˝Em 16 de maio de 1953, uma outra associação denominada ˝Associação Alvorada
de Surdos˝ surgiu no Rio de Janeiro. Era uma organização especial para um grupo
de surdos oralizados da classe alta, da qual os surdos pobres e sinalizantes não
podiam participar. A presidente dessa associação era a Sra. Ivete Vasconcelos,
famosa professora ouvinte e adepta do oralismo, entretanto ela, bem mais tarde,
aderiu às idéias da comunicação total e também às idéias de Gallaudet, porém, com
a sua morte, assumiu a presidência dessa associação o Padre Vicente de Paulo
Penido Burnier que, por quase dezoito anos, esteve à sua frente. Essa associação
mantém suas atividades até hoje, mas a grande diferença dos movimentos iniciados
pelos surdos no Brasil está nas Associações de Surdos fundadas pelas lideranças
surdas, que inauguraram um novo capitulo nas relações políticas entre surdos e
ouvintes˝ (www.pucminas.br/nai/noticias.php?id=41).
Na verdade os surdos sempre se encontravam para o bate-papo, naquele período,
porém sempre conviveram com ouvintes, aproveitando a dificuldade que tinha de se
encontrar um espaço de esporte e praticavam muito neste contato. O grupo reuniu
comunicando em língua de sinais e ainda não existia a Associação de Surdos.
Engajado nesse novo projeto de construção de Associações dos Surdos do Brasil
afora, estava o professor Francisco de Lima Júnior que, a exemplo dos outros surdos,
fundou em 1955 o Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina CSMSC, além de colaborar
com Salomão Watnick na fundação da Associação dos Surdos-Mudos do Rio Grande do
Sul na cidade de Porto Alegre.
3.1.5 - História da Associação dos Surdos-Mudos do Rio Grande do Sul (ASMRGS) e
Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul (SSRS)
26
.
Sr. Francisco de Lima Júnior e o surdo gaúcho de Porto Alegre, do Rio Grande do
Sul, Sr. Ney Olmedo, foram estudar no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES),
no Rio de Janeiro (RJ) onde tiveram oportunidade de conhecer e freqüentar a associação
dos surdos de lá. Quando eles finalizaram os estudos, voltaram para as suas cidades de
origem. Ou seja, na década de 50, havia encontros de surdos em Porto Alegre e havia
também uma escola para surdos dirigida por um casal de professores alemães (ouvintes). A
26
Retirado 10/11/2006 no site: http://www.ssrs.org.br/_historia_porto_alegre.php
65
rua da praia, atualmente Rua dos Andradas, no centro de Porto Alegre, era um ponto de
encontro do surdo defronte a Casa Masson (joalheira); mais tarde o ponto de encontro
torneou-se em frente das Lojas Americanas (na década de 60). E por ocasião desses
encontros apareceu o Sr. Francisco de Lima Júnior encontrou o Sr. Ney Olmedo que ambos
estudaram no INES (Instituto Nacional de Educação de Surdos) do Rio de Janeiro (RJ). O
Sr. Francisco perguntou se havia associação de surdos em Porto Alegre, e a resposta foi
negativa. Então perguntou quem era o líder dos surdos, e os surdos apresentaram o Sr.
Salomão Watnick junto com o Sr. David, que foi o primeiro professor surdo do RS.
Foto: Funcionava uma associação de surdos
Foto: Terreno de Associação dos Surdos Mudos do Rio Grande do Sul
66
Sr. Francisco reuniu-se com esse grupo de surdos e explicou como funcionava uma
associação de surdos e sua importância para a comunidade. O Sr. Salomão interessou-se
fundaram a Associação dos Surdos Mudos do Rio Grande do Sul (ASMRGS) em 5 de
outubro de 1955, com a diretoria composta por surdos e dois ouvintes que assessorava nos
aracos seguintes recebiam propostas de doação de terreno para construir escola
profissionalizante inclusive a sede da Associação dos Surdos Mudos do Rio Grande do Sul
(ASMRGS), o terreno oferecido era pequeno, no entanto, ficou das Olimpíadas em 1959 e
1960 no Rio de Janeiro, organizada pela INES-RJ e Federação Carioca e os demais com
conquistas de tênis de mesa, corridas e outros esportes.
Foto: Construir a sede na Associação
A sede provisória funcionava em uma sala improvisada na casa dos sogros de Sr.
Salomão. Posteriormente, mudou-se para a casa dele construída por sua mãe onde ele
morava junto com a sua esposa, Sra. Raquel Watnick, na Rua Dona Eugênia, 827 – Bairro
Santa Cecília – Porto Alegre/RS. Quando o Sr. Salomão faleceu, em agosto de 1961, o
vice-presidente, Sr. Vicente Scangarelli não quis assumir a Associação dos Surdos Mudos
do Rio Grande do Sul (ASMRGS), então os sócios reúnem em torno do surdo, Sr. Levi
Wengrover, foram a sede provisória, que solicitaram toda a documentação, mas os pais do
Sr. Salomão explicaram que tudo se perdera em um incêndio. Então os surdos liderados
67
pelo Sr. Levi Wengrover reuniam-se os surdos em finais de semanas na Ilha do Pavão
cortesia do Clube União para desatar a criação de uma nova entidade e em abril de 1962, no
Sindicato dos Bancários a rua Uruguai – Centro de Porto Alegre/RS. Houve reuniões com
os mesmos fins sendo fundada a Sociedade dos Surdos do Rio Grande do Sul (SSRS), em
14 de abril de 1962. O Sr. Levi Wengrover tornou-se o presidente, pois era o surdo mais
conhecido na época em 1963. A SSRS recebia a doação de um terreno, pelo Governador do
Estado, Sr. Ildo Meneguethi, para construir a sede e demais necessidades em 1966 a SSRS
recebeu por doação de um terreno na praia de Capão da Canoa, na zona nova, doado pelo
Sr. Flávio Boianowiski, benfeitor da SSRS, em 24 de janeiro de 1967, foi inaugurada a
Colônia de Férias dos Surdos da SSRS. Com ajuda do Governo e particulares, os surdos
puderam desfrutar seu lazer em um bom local. O movimento do verão era muito grande e
até vinha surdos da Argentina e Uruguai, era um lugar de novas amizades.
Foto: Levi Wengrover mostra a construção de sede
Em abril de 1980 foi inaugurada a sede social em terreno na rua Dr. Salvador
França, 1800 - Jardim Botânico – Porto Alegre/RS. O Sr. Levi Wengrover ficou presidente
da SSRS por diversos mandatos de 1962 a 1981. O Sr. Vitor Caetano Scangarelli assumiu a
SSRS e sucedeu o Sr. Juraci Irajara Machado Ferreira que fez novo Estatuto e teve como
modelo o estatuto da Associação Alvorada do Rio de Janeiro, pois ele conhecia a referida
68
Associação. Em toda a existência da SSRS ocorreu vários campeonatos de esportes, festas,
jogos e eleições nesse tempo.
Foto: Inaugurada a sede social
Em 1999, a viúva do falecido Sr. Salomão Watnick, da Associação dos Surdos
Mudos do RS (ASMRGS) encontrou os documentos no armário da sogra que havia falecido
e eles foram entregues à SSRS para serem transformados em museu. Foi consultado o
cartório constando à vigência da Associação dos Surdos-Mudos do RS (ASMRGS).
Tiveram a idéia de fazer uma fusão entre a ASMRGS com a SSRS transformando em
Associação dos Surdos de Porto Alegre (ASPOA), pois todo o trabalho feito por Sr.
Salomão Watnick precisava ser reconhecido. Convocaram uma Assembléia Geral e a
maioria dos surdos aceitou a proposta, então foi fundada a ASPOA em 1999. Depois de um
ano, os surdos descobriram que a fusão havia deixado de lado toda a história de 1955 da
ASMRGS e não aceitaram, pois o antigo advogado não havia explicado bem aos surdos,
faltou interpretes. Eles foram ao cartório, junto com um advogado, Sr. Flores, e
conseguiram retornar ao nome anterior da SSRS, logo houve uma Assembléia Geral e foi
explicado aos surdos todo o ocorrido e todos aceitaram e concordaram para que voltasse a
ser chamada de SSRS.
69
Foto: Instalar na sede de Sociedade e as diretorias de surdos
˝Nesta escola havia um surdo não oralizado: Ney Olmedo. Este surdo foi
muito importante para o desenvolvimento a Língua de sinais, pois após de sair
da escola de Lourdes foi estudar no Instituto Nacional de Educação de Surdos
– RJ. Depois de concluir o INES voltou para Porto Alegre e transformou-se
em líder da comunidade surda. Como tinha fluência na Língua de Sinais
influenciou estimulou e divulgou uso da Língua de Sinais. Ensinado os filhos
ouvintes de pais surdos e surdos também a Língua de Sinais. Ney Olmedo
encontrou seu ex-colega Francisco que havia fundado a Associação de Santa
Catarina. Influenciando por este estimulou a comunidade Porto Alegrense a
fundar uma associação˝ (Rangel, 2004:59).
Outro fato marcante que ficou registrado foi o encontro, de Francisco Lima Júnior
pela primeira vez, com o senhor Salomão Watnick, o primeiro presidente da recém criada
Associação dos Surdos- Mudos do Rio Grande do Sul, tornando-se grandes amigos, sendo
que o mesmo já veio a falecer na cidade de Porto Alegre. Francisco teve o conhecimento
que o mesmo iniciou seus estudos cedo em escola especial para Surdos Mudos em São
Paulo e no Rio de Janeiro. Fica maravilhado com o amplo conhecimento e discernimento
do Senhor Salomão Watnick. Manifestam, nessa oportunidade, preocupação com o futuro
das pessoas surdas, uma vez que elas não tiveram a mesma oportunidade de estudar e
adquirir conhecimento técnico. A partir dessas que questões e de outros fundamentos é que
70
chegou a conclusão da necessidade de se criar uma associação com esses objetivos. Assim
sendo, foi criado em 1955 o Círculo dos Surdos-Mudos de Santa Catarina – CSMSC.
No ano de seu primeiro aniversário foram convidadas várias associações de outros
estados. Dentre a programação constava torneio de futebol e atividade social com
apresentação de candidatas que representam todos os estados participantes. E para
consagrar esse primeiro aniversário a equipe de futebol do CSMSC sagrou-se campeã
contra os representantes da cidade de Curitiba.
3.1.6 - História Associação dos Surdos-Mudos do Paraná - ASMP
27
Pesquisei na ata do termo de abertura deste livro, numerado de 1 a 104 servira para
registrar as atas e estatutos da Fundação da Associação dos Surdos-Mudos do Paraná
ocorreram no dia 15 de julho de 1956.
Aos 15 de julho de 1956, era uma das salas de biblioteca pública do Paraná, a rua
Candido Lopes, nesta cidade de Curitiba esteve o presente dos membros surdos ajudar a
fundar desta associação.
Os surdos fundadores da Associação foram Vivaldo Leal de Merelles e Ciro Garcia
de Souza. O que eles contaram sobre a fundação da ASMP e de alguém que os ajudou a
fundar essa associação, que foi o Sr. Francisco Lima Júnior que no ano de 1955 esteve aqui
em Curitiba para ajudar na fundação da Associação de Curitiba.
Estes relatos foram me feitos diretamente do Vivaldo e do Ciro. Entrevistei o
Daniel, já foi presidente desta instituição três vezes, ele tinha conhecimento e afirmo que o
Sr. Francisco foi um grande colaborador para que conseguissem fundar uma associação tão
importante quanto e atualmente a ASC – Associação dos Surdos de Curitiba. Foi ele um
dos mediadores das competições da época em que envolviam a cidade de Florianópolis e
Curitiba. Por isso o Francisco foi delegado região do sul com muita responsabilidade pelo
movimento de surdos ao fundar associação nesta região.
27
Entrevistado atualmente o presidente na Associação de Surdo de Curitiba dia 10/03/2007.
71
Foto: Amigos do Francisco – Ciro e Vivaldo
O Vivaldo Leal de Merelles nascido na cidade de Joinville em Santa Catarina
residiu no Paraná e estudou no INSM em 1946 a 1948. Ele é amigo do Francisco e veja a
foto no anterior em cima junto com os três surdos que fundaram Associação dos Surdos-
Mudos do Paraná. O Francisco foi delegado na região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul).
72
Foto: Documento matriculado Vivaldo Leal de Merelles no INSM
73
3.1.7 - História Associação dos Surdos-Mudos de Minas Gerais - ASMMG
28
Era uma vez um grupo de surdos que se encontrava sempre na Praça Sete de
Setembro, no centro de Belo Horizonte do Estado de Minas Gerais. Corria o ano de 1955, e
eles não possuíam uma Associação organizada e se encontrava naturalmente com a
finalidade apenas de se comunicarem.
No ano 1954, em cidade de São Paulo, havia sido fundada a primeira Associação de
Surdos do Brasil, no ano seguinte foi no Rio de Janeiro e a partir de então, começa a se
expandir. De certa feita, um líder entre os surdos da comunidade da Praça Sete de
Setembro, incentivou-os a organizar um grupo e criar uma Associação que os congregasse e
permitisse entre eles uns intercâmbios culturais, esportivos, sociais, assistenciais e
educacionais. Assim, no dia 30 de abril de 1956, no bairro Funcionários, foi fundada a
Associação dos Surdos-Mudos de Minas Gerais - ASMMG, que passou a receber mais
sócios, sempre com o objetivo de organizar e integrar os surdos na sociedade, e tem
procurado servir a comunidade surda a quase meio século. Sentimos orgulho em registrar a
atividade pioneira do seu primeiro Presidente o Sr. Wolter Zoet (In-Memorian Natural de
Holanda) que com seu trabalho e dedicação transformou-a no que é hoje, este patrimônio
irreversível da nossa sociedade.
Há 52 anos de fundação estamos lutando na conquista do nosso espaço e nosso
direitos, sempre em clima amigo, de muita união e solidariedade. Estaremos procurando
elevar cada vez mais alto o nome da Associação dos Surdos de Minas Gerais, e nela contou
por muitos anos com a dedicação, com a força dos fiéis companheiros que como nós, deram
muito de si pelo crescimento da Associação. Ainda temos muito o que fazer, mas
continuaremos lutando para ver essa entidade cada dia mais forte, recebendo o
reconhecimento daqueles que acreditam na nossa força e consegue ver no surdo ima pessoa
capaz, e tem por objetivo beneficiar o portador de surdez.
A Associação dos Surdos de Minas Gerais sendo um baluarte na luta pela defesa
dos direitos daqueles que vivem sobre o julgo da desigualdade social e sofrendo por todos
os tipos de preconceitos. O nosso desejo é integrar os surdos na sociedade atuado de forma
28
Retirado 20/11/2006 no site: http://www.asmgmg.hpg.ig.com.br/texto2.html
74
decisiva lutando pelos seus direitos e deveres, dentro de nossa comunidade alertando-os
sobre o benefício de saberem se comunicar em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais).
Tendo isso em vista apresentamos a todos os sócios, diretores e demais interessados
esse relatório um tanto quanto sucinto objetivando apresentar as atividades desenvolvidas.
Ao longo dos anos a história da Educação de Surdos tem passado por uma série de
transformações essas sendo boas e ruins. Anteriormente ao Século XV às pessoas
“portadoras” de surdez eram consideradas incapazes, por isso não havia necessidade de
receber educação: ler, escrever e falar; após esse século as crianças filhas de nobres
passaram a receber esse “privilégio” afinal elas precisavam receber a herança.
Mas com L’Eppé em 1750 esse fato foi mudado, ele criou um sistema associado
com língua francesa, dando ao surdo a oportunidade de ler e escrever. Outros nomes
poderiam ser citado como ícones na história de educação dos surdos são eles: B’bian
(1815); Thomas Gallaudet e Laurence Clerc (1815) dentre outros, mas não foram apenas
conquistas nesse ínterim houve barreiras que dificultaram a trajetória do ensino oferecido
ao surdo, um forte exemplo foi a que aconteceu no congresso de 1880 em Milão, os
verdadeiros interessados, os surdos foram desconsiderados quando a maioria ouvinte
decidiu pelo oralismo como forma de comunicação do Surdo, cedendo assim a vontade dos
poderosos que não aceitavam a Língua de Sinais como própria da comunidade. Porém a
comunidade surda não se calou, antes continuou lutando até tornar a língua reconhecida
pelo governo e sociedade.
Associação dos Surdos de Minas Gerais, foi fundada aos 30 de Abril de 1956,
localizada à Rua Ametista n.º 25 – Prado, CEP: 30410-420 Belo Horizonte - Minas Gerais,
presidida pelo Dr. Carlos Eduardo Coelho Sachetto.
É uma sociedade civil de ordem cultural, educacional, desportiva, de assistência
social, sem finalidade lucrativa – pessoa jurídica de direito privado. É constituída dos
seguintes poderes: Assembléia Geral, Conselho Fiscal e Diretoria. Declarada de utilidade
pública municipal pela lei n.º 3.406 de 05/03/1982 e Estadual Lei n.º 2.274 de 28/12/1960.
No Mundo dos Surdos - Para integrar socialmente os surdos, é necessário permitir
igualdade de oportunidades, tanto na aprendizagem, quanto na capacitação profissional. A
comunidade surda, vem há muitos anos, lutando pelo seu reconhecimento.
75
A ASMG possui um espaço excelente para convivência de seus associados, esses
vem a nossa entidade para manterem uma efetiva comunicação, aproveitando assim para
terem um momento de distração.
3.1.8 - História do Círculo de Surdos-Mudos em Santa Catarina - CSMSC
Aos poucos foi conversando com os surdos de Santa Catarina e mostrando a
necessidade de se organizar e formar uma associação do nosso Estado, onde eles teriam
maior força para reivindicar seus direitos.
Acreditamos que a expansão aconteceu uma função dos surdos sentirem a
necessidade de ter um espaço para conversar e assim as associações foram sendo fundadas
e os surdos começaram a organizar encontros nas atividades esportivas, sociais e culturais.
A expansão se deu por uma necessidade lingüística. Também nas associações a
linguagem dos surdos podia ser usada livremente e assim os surdos reconheciam seus pares
e sua identidade de pessoa surda. Outra causa foi a distância entre as cidades o que
promoveu a formação de grupos ou associações de surdos na cidade em que ele próprio
vivia.
Quando surgiu a idéia da fundação do Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina,
isso se tornou realidade devido à presença do senhor professor surdo Francisco Lima Júnior
na organização e na fundação da Associação de Surdos em São Paulo, bem como devido à
forte amizade que ele tinha com o presidente dessa associação e como o presidente da
Associação do Surdo em Rio de Janeiro.
Partícipe dos movimentos surdos pelo Brasil, o professor Francisco foi eleito, em
São Paulo, delegado nacional para organização do surdo na Região Sul, o que o levou a
fundar, com seus colegas, em Santa Catarina, o Círculo de Surdos-Mudos e a participar
ativamente, em parceira com seu conterrâneo e amigo Salomão Watnick, em 1954, da
organização da primeira Associação de Surdos em Porto Alegre.
O Francisco primeiro foi casado com a professora Mercedes Maria Silva Lima
(ouvinte) tem dois filhos já era adultos, separou o problema de particular! A Mercedes
ajudou trabalhar com o Francisco na escola.
76
O senhor Francisco Lima Júnior, hoje com 80 anos, tem boa saúde e vive com a
senhora Dária Orlandina Gesser, de 62 anos, professora de curso de bordado, crochê, e
pintura em tecido, no centro educativo do Bairro Ipiranga em São José/SC. Possuem ainda
um filho adotivo com 9 (nove) anos estuda na escola dos ouvintes. Ele se comunica à
língua de sinais com os pais e é muito esperto!
Francisco passa a se relacionar com vários surdos que começaram a freqüentar a sua
casa e percebe que em sua casa grande maioria são pessoas analfabetas. Tomou para si a
tarefa de ensinar aquelas pessoas que até em então não tinham noção de ler e escrever.
Para sua surpresa encontrou um surdo que havia estudado com ele no INES e
conversaram muito. Francisco perguntou-lhe se havia Associação de Surdos
aqui e a resposta foi negativa. Então, Francisco perguntou quem era o líder dos
surdos e estes lhe apresentaram o Salomão, junto com o David, que, foi o
primeiro professor surdo do Rio Grande do Sul (Rangel, 2004:64).
Solicitou e conseguiu que seus pais cedessem um espaço para que pudesse
transformar em sala de aula noturna a essas pessoas. Teve como primeiros alunos um grupo
de 15 pessoas, que passaram a freqüentar a sua sala de improvisada. Todos eles eram
adultos, portanto, a maioria trabalhava e assim sendo, somente a noite é que poderiam
estudar. Iniciou dando aulas de Português, Matemática, Geografia e Conhecimentos Gerais.
3.1.8.1 – Fundação do Círculo de Surdos-Mudos em Santa Catarina
Na verdade o senhor Francisco Lima Júnior teve muita força na comunidade surda
no Brasil e fundou uma associação de surdo na expectativa dos contatos no espaço dos
surdos em São Paulo. Veja embaixo:
“Em 1954, foi fundada a Associação dos Surdos-Mudos de São Paulo, cujo
objetivo inicial era construir uma associação nos mesmos moldes das
organizações de surdos francesas, porém, como vimos anteriormente, essa
Associação de Surdos iniciou uma campanha em nível nacional para fundar
outras Associações em capitais brasileiras. Seus objetivos eram diversos;
77
dentre eles, destacamos o esporte, pois havia a crença de que, através dele,
poderia acontecer à união dos surdos, assim como poderia se dar o
fortalecimento da língua de sinais, evidenciando a capacidade surda tanto no
trabalho e na educação como na comunicação e na competência de dirigir uma
associação. Esse último objetivo era de fundamental importância, pois,
naquele tempo, o surdo era socialmente depreciado como cidadão. Dessa
forma, ao eleger diretores surdos para as suas associações, os surdos
contrapunham-se ao discurso dominante. Foi aí que nasceu a idéia da
fundação do Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina, e isso se tornou
realidade devido à presença do professor surdo Francisco Lima Júnior na
organização e na fundação da Associação dos Surdos-Mudos de São Paulo,
bem como devido à forte amizade que ele tinha com o presidente dessa
Associação e com o presidente da Associação do Rio de Janeiro” (Silva,
2002:93).
O Francisco me explicou era primeira dama ouvinte que fundou e atualmente
Associação de Alvorada no Rio de Janeiro/RJ.
O Francisco Lima Júnior esteve presente no encontro na inauguração da Associação
de Surdo de São Paulo em 1954 e aproveitou para captar e fundar em Santa Catarina, pois
tinha a boa experiência desta Associação de Surdo de São Paulo.
Os seus ideais, porém, permaneceram. Isso pode ser observado nos movimentos
surdos em Santa Catarina, onde, em 15 de agosto de 1955, a comunidade surda de
Florianópolis funda o Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina. Esse Círculo, como as
outras Associações de surdos no país, também teve finalidades educacionais e esportivas.
Foto: Walter Nunes da Silva Filho fez e dou para Símbolo Círculo de Surdos-Mudos de
Santa Catarina - CSMSC
78
Foto: Sócio Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina – CSMSC
79
Este grupo de surdo no sócio Círculo de Surdos-Mudos de Santa Catarina – CSMSC
que participaram do movimento surdo lutando pelo direito de usar a língua de sinais. No
que diz o Francisco se começou a buscar os surdos às várias regiões de Santa Catarina antes
de 1954.
Segundo relato de Antonio Campos de Abreu, o início de uma Associação de
Surdos fundada exclusivamente por surdos, nos moldes do povo surdo de
Paris, se deu pela viagem de um dos surdos que residia em Campinas, São
Paulo, e costumava se encontrar com os grupos de surdos. Em viagem de
passeio para a Argentina encontrou um grupo de surdos em Buenos Aires. Ele
foi se informando sobre eles. Neste contato, ao constatarem que era surdo
brasileiro, convidaram-no a conhecer os surdos da Argentina. Uma surpresa o
aguardava, os surdos tinham uma Associação de Surdos funcionando em
Buenos Aires. Constatou que os surdos tinham espaço para se reunir e
debatiam em associação. Terminada a viagem, o surdo de Campinas retorna ao
Brasil e voltando ao lugar de encontro de bate-papo dos grupos surdos todos
receberam com admiração a notícia. Através de apoio da diretoria da
Associação de Surdos da Argentina foi possível transpor o método para o
Brasil, assim foi possível a criação da Associação de surdos de São Paulo, a
primeira no Brasil (O Brasil teve duas outras associações de surdos fundadas
anteriormente a esta, porém fundadas por ouvintes. Trata-se da Associação
Brasileira de Surdos-Mudos. Fundada a 24 de maio de 1913, surgiu nos
tempos em que o Distrito Federal se propagavam idéias do oralismo e esta
Associação e dirigida por ouvintes.. Mais tarde outra, a Associação Alvorada
de Surdos, surgiu em 16 de maio de 1953 no Rio de Janeiro. Era uma
organização especial para um grupo de surdos oralizados e da classe alta, não
podiam participar desta associação os surdos da classe baixa nem os
sinalizantes) no espírito do povo surdo de Paris (Rangel, 2004:51e 52).
Dessa forma, em janeiro de 1955, foi fundada a Associação de Surdos do Rio de
Janeiro e, em 30 de abril de 1956, foi fundada outra Associação de Surdos, em Minas
Gerais.
Desta forma, funda-se Associação de Surdos de São Paulo em 19 de março de
1954. Pouco depois outro surdo leva o fato aos surdos lideres no Rio e é
fundada a Associação de Surdos do Rio de Janeiro em janeiro de 1955. Outro
surdo viajou a Minas Gerais, com o objetivo de fundação em Belo Horizonte
fato que acontece em 30 de abril de 1956 (Rangel, 2004:52).
Na citação anterior, o surdo estudava no INSM, Rio de Janeiro/RJ, onde freqüentava
todos os dias, encontrando os surdos, conversando, bate-papo de informação no encontro os
lideres resolveram de que forma alcançar o objetivo de fundar associação de surdos no
Brasil para conquista de contatos na língua de sinais, identidade, cultura, lazer, esportivo e
80
movimento político surdo. Por isso, na Europa após a guerra fundaram associações de
surdos em todos os territórios europeus para lutar nos movimentos em defesa do cidadão
surdos na história.
Francisco reuniu-se com esse grupo e explicou como funcionava uma
Associação de Surdos e sua importância para a comunidade. Salomão
interessou-se e fundaram a Associação de Surdos-mudos do Rio Grande do
Sul em 5 de outubro de 1955, com a diretoria composta só por surdos. A sede
funcionava em uma sala improvisada na casa dos sogros de Salomão. E
posteriormente, mudou-se para a casa dele construída pela mãe dele onde ele
morava junto com sua esposa (Rangel, 2004:64).
Aqui, em nosso estado de Santa Catarina o Francisco retornou para a cidade de
Florianópolis para organização de encontros os surdos catarinenses. O Francisco trouxe a
idéia na Associação de Surdos de São Paulo para em Santa Catarina o modelo de
movimento na ligação no INSM, os grupos surdos no Brasil estudavam com ele trocavam
experiência para conquista na Região Sul. O responsável era Francisco e veja a situação
embaixo:
A seguir, em 1955, na região sul, orientados pelo professor surdo: Francisco
Lima Júnior tamm se sucederam as fundações de Associações de Surdos:
em Florianópolis foi fundado o Círculo dos Surdos e em Porto Alegre a
Associação dos Surdos, por Salomão Watnick, influenciando por Francisco.
Salomão Watnick foi iniciado pelo Francisco no método do povo da França,
tendo influência também dos surdos brasileiros que fundaram as associações
de surdos de São Paulo. Nesta época, surdos no sul do Brasil também
começaram a ter visibilidade... Francisco de Lima Júnior, David Bastiani Filho
e muitos outros surdos atuaram na educação dos surdos. As Escolas de Surdos,
na maioria delas dirigidas por ouvintes, podiam ofuscar a presença do
professor surdo, na sua diferença reproduzida por meio de sistemas simbólicos
juntos aos surdos (Rangel, 2004:52 e 53).
Quando eles finalizaram o antigo ginásio, hoje Ensino Fundamental, voltaram para
suas cidades e Francisco veio a Porto Alegre e, no Centro da cidade, havia um ponto de
encontro dos surdos, que ele foi visitar. (Rangel, 2004:64).
O Francisco veio em Porto Alegre para ajudar os surdos do Rio Grande do Sul na
associação a verificar o modelo. O que nós surdos precisamos é oferecer a proposta desta
diretoria na política dos movimentos surdos na qualidade de salvar a vida de cada um de
81
82
nós, nos encontros de informações novas e troca de experiência dos surdos na região do
Sul, mais forte e unidos.
Concluímos na importância o surdo procure o espaço desta associação mais possível
desta a cultura e salva a pátria na história a língua de sinais dos contatos com os surdos vem
buscando a força de política dos movimentos dos direitos à identidade surda na associação
mais eficaz dos lideres surdos. Então, que acreditamos a expansão acontecida em função
dos surdos sentirem a necessidade de ter um espaço para conversar e assim as associações
do mundo foram sendo fundadas e os surdos começaram a organizar no modelo de
Ferdinand Berthier na Europa dos encontros para atividade esportivas, sociais e culturais. A
expansão se deu por uma necessidade lingüística e também nas Associações dos Surdos
podia ser usado livremente e assim o surdo reconheciam seus pares e sua identidade de
pessoa surda.
À distância entre os países mais ligado o que promoveu a formação de grupos ou
associações de surdos na América Latina em que ele próprio vivia e também na cidade.
CAPITULO IV
4.1 - TRAJETÓRIA DE VIDA DO FUNDADOR DA PRIMEIRA ASSOCIAÇÃO E
PRIMEIRA ESCOLA DE SURDOS FRANCISCO EM 1928 A 1969 E 1997.
O professor surdo Francisco Lima Júnior, que tem o apelido ˝Chiquito˝, lutou pelo
direito à educação de surdo na década de 50. Então, escolhi a história deste surdo em Santa
Catarina que lutou pela prioridade à educação de surdo do nosso Estado. Foi maravilhoso
contar a história deste homem surdo, porque hoje falta conhecimento sobre isso e como ele
lutou naquela época pela primeira turma do surdo, na garagem de sua casa. Tive o prazer de
investigar é ajudar a comunidade surda catarinense.
4.2 - Francisco Lima Júnior: O Primeiro Educador Surdo de Santa Catarina
Francisco Lima Júnior, o Chiquito, foi o primeiro educador surdo de Santa Catarina.
A cultura surda e a língua de sinais foram a base pedagógica da primeira turma de surdos
catarinenses, na garagem da casa de seu pai e, posteriormente, no grupo Escolar Celso
Ramos, para onde a turma foi transferida em 1964.
4.2.1 - Em 1928 ínicia a vida do Senhor Francisco Lima Júnior
Silva (2001) entrevistou o professor Francisco Lima Júnior e sintetiza em poucas
palavras alguns dados sobre ele.
83
“O Francisco é natural de Florianópolis em Santa Catarina, nasceu surdo em
01/06/1928. Para ser professor, estudou no Instituto Nacional de Surdos-
Mudos no Rio de Janeiro e no Instituto Paulista de Surdos, na cidade de São
Paulo, de 1937 a 1946. A formação que recebeu nesses Institutos corresponde,
nos dias atuais, ao ensino fundamental, com uma qualificação profissional na
área de impressão. Durante esses anos, ele habilitou-se para as disciplinas de
Desenho, Encadernação, Ginástica e Datilografia. Mais tarde, aprofundado
seus conhecimentos, habilitou-se também em contabilidade” (Silva, 2002:95).
Foto: Atual Francisco Lima Júnior
84
4.2.2 - MAPEAMENTO
NARRATIVA (História Educação de Surdos em Santa Catarina)
Em 1928 inicia a vida de
Francisco Lima Júnior
Em 1937 a 1946, no INSM/RJ
Francisco Lima Júnior inicia seus
estudos.
No ano de 1947 primeiro espaço de
educação de surdos na garagem na casa
dos pais (Francisco)
Em 1954 o encontro de surdos organiza a
fundação do Círculo Surdos-Mudos em
Santa Catarina – CSMSC
Em 1955 funda o Círculo Surdos-Mudos
em Santa Catarina – CSMSC
Em 1964 a primeira turma de surdos
na Escola Governador Celso Ramos
Ex-alunos Surdos na primeira Turma
Escola Governador Celso Ramos em
1964 e 1969
Em 1960 iniciou o Governador
Celso Ramos
Em 1963 iniciou a construção
Escola Governador Celso
Ramos
Fundado em 25 de março de 1969, o Instituto
de Audição e Terapia da Linguagem –
IATEL
85
Em 1997, o Francisco entregou o documento
no Círculo Surdos-Mudos em Santa Catarina
– CSMSC para a Sandra L. Amorim e
atualmente ASGF
Através de contatos com o senhor Francisco Lima Júnior estive presente na casa
dele investigando sobre a primeira turma de surdo Catarinense. No dia 04/08/2006 foi
entrevistado o senhor Francisco Lima Júnior. Ele nasceu no dia 01/06/1928, em
Florianópolis no Estado de Santa Catarina, e até a idade de 03 anos ouvia normalmente. A
família do Francisco sempre conversava com ele sobre cinema ou noticias que ouviam o
rádio.
O Francisco estava sentado no chão brincando com o carinho na sala de estar
assistindo o cinema com a família dele. A família chamou atenção do seu filho Francisco,
mas ele não ouvia a voz dos seus pais falando Franciscooooo e também batendo palmas. O
Francisco não ouvia nada e quando o pai tocou no ombro do Francisco, ele entendeu. O que
pai?
Foto: Infância do Francisco
Os pais resolveram levar seu filho para tratamento médico e fonoaudiológico no
centro de Florianópolis para saber o que aconteceu com a audição do Francisco, que não
ouvia nada.
O médico fonoaudiológico dizia que ele era deficiente auditivo e também chamou-o
de Surdo-Mudo naquela época. ˝Ai! Como fazer agora? Os pais perguntaram? O que? O
meu filho não podia estudar na escola dos ouvintes e na época aqui não existia escola para
surdos˝.
86
Foto: Aos pais do Francisco
O médico fonoaudiológico informou sobre a escola no INSM - Instituto Nacional de
Surdos-Mudos no Rio de Janeiro/RJ. Eles verificaram que lá existia escola para surdos-
mudos, mas resolveram permanecer morando naquela cidade. Então, o pai resolveu levar o
seu filho Francisco para o Rio de Janeiro/RJ.
Quando o Francisco era criança tinha ônibus, carro, caminhão, bicicleta e avião. Foi
viagem de navio. O tio do Francisco trabalhava como marinheiro e levou o Francisco para o
Rio, acompanhando do pai e o tio dele. Observa as fotos embaixo:
Foto: Navegador tio do Francisco
87
Foto: Navio destino para o Rio de Janeiro – INSM
O Francisco foi navegando o navio acompanhando com o pai na viagem para o Rio,
onde fica o Instituto, em 1937.
Quando o pai e o Francisco desembarcaram no Rio de Janeiro procuram o INSM. O
Francisco chegou ao INSM na frente da portaria junto com o pai perguntou para vigia se ali
era o é INSM. O vigia respondeu: Sim! Ahahah!
O vigia falou: - Pode entrar no INSM. O pai respondeu: - Ok! Obrigado! O pai
conversou com o diretor, Armando Paiva de Lacerda (1930/1947) no Instituto que o
Francisco era surdo e se podia estudar ali. O Francisco foi matriculado no INSM – Instituto
Nacional de Surdos-Mudos (INSM) no Rio de Janeiro/RJ com 8 (oito) anos de idade e
também ganhou o uniforme. Ele começou no ensino de fundamental a 1
a
á 4
a
série e na 5
a
á
8
a
série.
O Francisco trabalhou em dois sentidos na escola estudando no ensino fundamental
e também estava trabalhando no dia inteiro qualquer a troca dias de semana. Por exemplo:
trabalhou na serraria, sapateiro, costureira, etc.. Não tinha o certificado para o aluno, mas os
alunos continuavam estudando ainda no INSM. Antes em 1935 não tinha turma feminina,
que só iniciarem e depois em 1935. Em 1931 foi criado o externato feminino com oficinas
de costura e bordado. Com isso, o INES consolida o seu caráter de estabelecimento
profissionalizante, instituído em 1925.
88
Foto: Documento matriculado do INSM – Francisco Lima Júnior
89
Foto: Instituto Nacional de Surdos-Mudos – INSM, atual INES
Foto: Sr. Armando Paiva de Lacerda e diretor do INSM – 1930/1947
90
Foto: Alunos surdos uniformizados, no INSM
Foto: Encadernação
91
Foto: Serraria
Foto: Sapateiro
Os alunos de vários estados no Brasil também estudavam no INSM junto o
Francisco e fizeram amizade jogando o futebol na quadra. Depois o Francisco foi para os
alojamentos no Instituto e dormiu cada um num beliche, todos os alunos surdos eram
brasileiros.
92
Os alunos surdos acordavam às 05h:30min na madrugadas para arrumar e esperando
na fila de outros alunos, faziam relaxamento e educação física para depois tomar o banho.
Depois estudavam de manhã e à tarde, às vezes à noite e voltavam para o alojamento no
Instituto.
Foto: Relaxando a Educação Física dos alunos surdos
O professor no Instituto davam aula de oralização para os alunos surdos na sala de
aula, explicando o conteúdo de matéria no quadro negro e também com vareta. Depois o
professor anotava no quadro a escrita de português, avisava para o aluno surdo que não
podia copiar no quadro e prestar atenção à escrita no quadro. O professor apagava no
quadro para o aluno surdo memorizar a escrita da fala. O que aconteceu? Os alunos ficaram
com dificuldade de entender a escrita no quadro.
Foto: Professor Geraldo Cavalcanti de Albuquerque
93
Foto: Sala de Aula
Quando o Francisco retornou nas férias para casa com a família dele, junto com o
tio marinheiro, esteve navegando de navio em decorrência do contexto II Guerra Mundial
(1939-1945). O Francisco aliviou a vida no caminho de chegada o navio. Foi sucesso de
viagem!
Ele foi aluno interno do Instituto Nacional de Surdos-Mudos no Rio de Janeiro e do
Instituto Paulista de Surdos em São Paulo, no período compreendido de 1937 a 1946.
O Instituto Nacional de Surdos-Mudos (INSM) esteve em reforma e um pouco de
tempo parou de estudar. Ele foi para São Paulo no Instituto Paulista de Surdos-Mudos em
São Paulo onde podia estudar e conheceu a comunidade surda no interior na grande avenida
Paulista. Depois voltou para o INSM, concluiu no estudo ao 18 anos de idade. Durante esse
período concluiu os cursos de ensino médio dando-lhe a habilitação profissional para
exercer atividades em Oficina de encadernação, ginástica, desenho e datilografia e do
ensino especial da linguagem escrita. Concluiu o ensino fundamental pelo Instituto
Nacional de Surdos-Mudos e habilitação em contabilidade pelo Instituto Núcleo de Ensino
Profissional Livre por correspondência (Silva, 2002).
94
Foto: Reforma no INSM em 1937
Foto: Documento de jornal divulgado na Reforma
95
O INES parou a escola por causa da reforma no ano (1937 à 1942). O Francisco se
transferiu para São Paulo no Instituto Paulista Surdos-Mudos no bairro da Liberdade, teve
no interno da escola fonoaudiológia de terapia da linguagem. A formação que recebeu
nesses Institutos corresponde, nos dias atuais, ao Ensino Fundamental, com uma
qualificação profissional na área de impressão. Durante esses anos, ele habilitou-se para as
disciplina de Desenho, Encadernação, Ginástica e Datilografia. Observe embaixo publicado
na revista Espaço do INES:
˝Em 1937, as obras de ampliação da instituição têm início. As aulas foram
suspensas, por anos, virando o Instituto um grande canteiro de obras. Foram
construídos, nesse período, as oficinas profissionalizantes, o ginásio de esportes,
considerado um dos melhores da época, o auditório, e ampliado os espaços do 2
o
e
3
o
andares, cujas áreas são chamadas de ˝orelhas˝ Com as aulas suspensas,
somente alguns poucos alunos permaneceram no Instituto, por não terem pra onde
ir. Portanto alguma atividade foi sendo mantida˝ (Revista ESPAÇO - INES,
2006:19).
Após volta para o Rio de Janeiro ensinando aula de LIBRAS para os surdos em
todas as matérias: vocabulário, gramática, frase, texto, contexto entre outros. E habilitou-se
no curso de contabilidade no ensino médio. Até ao 18 anos o senhor Francisco Lima Júnior
concluiu o INSM volta para Florianópolis – SC.
O Francisco Lima Júnior recebeu o mérito do segundo melhor no Instituto Nacional
de Surdos-Mudos (INSM) no Rio de Janeiro/RJ por a maior nota de avaliação na prova e
também em todas as disciplinas. Vejam os nomes – primeiro lugar (Odil Soares em São
Paulo), segundo lugar (Francisco Lima Júnior em Catarinense) e terceiro lugar (Miriam S.
em Rio de Janeiro). Parabenizamos o senhor Francisco Lima Júnior do nosso Estado de
Santa Catarina é vitorioso e orgulhoso!!!
96
Foto: Odil Soares em São Paulo
97
Foto: Francisco Lima Júnior em Catarinense
98
Foto: Miriam S. em Rio de Janeiro
99
Dos amigos do Francisco que moravam em várias cidades de Santa Catarina, dois
surdos que moram na cidade de Blumenau foram estudar no INSM aproximadamente em
1930. Após existiu um pouco tempo deixou o INSM e o senhor Francisco ficou mais o
tempo de estudo no INSM a buscar da experiência do surdo para se desenvolver a língua de
sinais do nosso Estado de Santa Catarina. Vejam os nomes dos primeiros parceiros dos
amigos: Ronaldo (Blumenau), 2) Korst é o alemão (Blumenau), 3) Francisco Lima Júnior
(São José), 4) Ingo (Timbó) falecido de acidente e o 5) Neodil (São Francisco do Sul).
100
Foto: Ingo (Timbó) falecido de acidente
101
Foto: Neodil (São Francisco do Sul)
102
Francisco Lima Júnior (Florianópolis)
103
Em 1946, com 18 anos de idade, voltou para Florianópolis/SC, quando passou a
procurar por pessoas surdas nas várias cidades do estado de Santa Catarina e demorou um
tempo para ter contato com os surdos catarinenses. Ele começou a dar aulas numa garagem
situada à Rua Francisco Tolentino, passando ser ali a primeira escola para surdos de
Florianópolis. O Francisco ensinava desenho, linguagem escrita, vocabulário básico,
gramática, geográfia, história do Brasil e conhecimentos gerais. Ele trouxe para o nosso
estado o modelo de associação e fez um projeto de escola para surdos com a esposa de
ouvinte que ajudou o Francisco. Após a conclusão dos cursos, em 1947, retorna
definitivamente para casa dos pais, em Florianópolis, à Rua Duarte Schutel, nº 16.
Um surdo de Florianópolis, Francisco de Lima Júnior e o surdo Ney de Porto
Alegre foram estudar no Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES no
Rio de Janeiro/RJ e tiveram oportunidade de conhecer e freqüentar a
Associação de Surdos de lá (Rangel, 2004:63).
Em vista da falta de apoio da comunidade surda em Santa Catarina, o professor
Francisco procurou o apoio das comunidades e associações de outros estados como São
Paulo e Rio de Janeiro. Ele trouxe a experiência política desta Associação de Surdo de São
Paulo para Santa Catarina aproveitou a oportunidade e o grupo surdo para fundar
Associação em Região do Sul. O Francisco conheceu grandes amigos de surdos tiveram
acesso à cultura desta associação, tiveram mais força de movimento de conquista por meio
dos contatos surdo de lá.
Foto: Garagem o Círculo de Surdo-Mudos e Educação de Surdos
104
105
Em Santa Catarina, o processo de educação de surdos se deu na década de 50 com
serviços implementadas na rede regular de ensino. Aconteceu que os surdos estudaram na
escola regular juntamente com alunos ouvintes e eles não se compreenderam na sala de aula
porque o professor falava a língua portuguesa e oralismo. A língua de sinais era proibido,
por influência do congresso de Milão, na Itália, em 1880.
Os alunos surdos ficaram isolados dos alunos ouvintes por causa das barreiras de
comunicação. Os ouvintes não conheciam a cultura e a identidade surda. Por exemplo, na
sala de aula muitos alunos ouvintes se comunicam em português e os surdos ficam isolados
e excluídos na escola dos ouvintes. Porque, o surdo procura a intervenção da cultura que se
vive na língua de sinais, encontra outros surdos na comunicação, nos contados entre outros
surdos e consegue juntamente na força política dos movimentos surdos.
Na verdade, o Francisco teve força de vontade para estudar no INES. Ele é uma
pessoa boa, com a responsabilidade de fundar associação de surdo. A trajetória de vida
desde a infância marca e registra que Francisco tem procuração com o povo surdo do
interior, com os contatos na língua de sinais e mais valorização da cultura surda.
CAPITULO V
Ao iniciar esta pesquisa, encontrei a primeira turma de surdo na escola Governador
Celso Ramos, busquei tópicos que pudessem dar um sentido para o material coletado, os
fragmentos da histórica educação de surdos em Santa Catarina. Para melhor entendimento
desde capítulo, pesquisei os documentos de análise mais importantes desta trajetória. Então,
encontrei a proposta da história de surdos na primeira turma onde o professor Francisco
dava aula na escola e como o então governador Celso Ramos cedeu espaço para a cultura
na educação de surdos. Após surgiram outros espaços no caminho do oralismo nesta
trajetória, mas perderam a educação de surdos por influência do poder dos ouvintes na
clínica e na terapia de linguagem e essa história disfarçada não foi registrada.
5.1. A Escola Governador Celso Ramos na década de 1961
29
Em 1961, o Francisco lutou pela política de educação de surdos no Círculo de
Surdo-Mudos de Santa Catarina. O grupo de surdo encontrou o Gov. Celso Ramos e pediu
para que abrisse o espaço de estudo e educação de surdos na escola e pudesse trabalhar a
contratação de professor surdo para o ensino na língua de sinais com os alunos. Nesta
pesquisa mostra-se a trajetória importante de encontro o fato de oralismo não estimulou a
educação de surdo na década em 1970. O Governador Celso Ramos ajudou a oferecer a
Escola para o grupo de surdos em Florianópolis.
5.1.1 Celso Ramos – 1961 a 1966 (Vice: Francisco Xavier Fontana)
29
Retirado 10/12/2006 no site:
http://www.sc.gov.br/conteudo/santacatarina/historia/paginas/governadores.html
106
O Celso Ramos naturalidade de Lages – SC, a 18 de dezembro de 1897, filho de
Vidal José de Oliveira Ramos Júnior (Vide) e de D. Teresa Fiúza Ramos.
Fez o curso primário na cidade natal, o secundário no Ginásio Catarinense,
Florianópolis. Desde logo passou a dedicar-se à pecuária. Transferindo-se para
Florianópolis foi nomeado Agente da Cia. Nacional de Navegação Costeira, dedicando-se,
também, à industrialização e ao comércio de madeiras. Fundador da Federação das
Industriais de Santa Catarina – FIESC. Como Presidente da FIESC organizou, no Estado, o
Serviço Social da Indústria (1952) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial em
(1954). Governador do Estado de Santa Catarina (1961 – 1966), pela Aliança Social
Trabalhista – (Coligação do Partido Social Democrático, que presidiu no Estado, com o
Partido Trabalhista Brasileiro, apoiado por outros Partidos), em (1961 – 1966). Foi Senador
da República, eleito por oito anos (1967 – 1974), eleito pela Aliança Renovadora Nacional
– Arena.
Foi casado com D. Edite Gama Ramos, filhos de Aires Gama (desembargador) e de
cujo matrimônio houveram filhos, entre o quais Celso Ramos Filho (Vide). Observa a foto
Celso Ramos:
Foto: Homenagem Governador Celso Ramos
107
O Gov. Celso Ramos assume o governo do Estado em 31 de janeiro de 1961. Em 30
de junho de 1963, Celso Ramos viaja para fora do país, assumindo, até o dia 01 de agosto
de 1963, Ivo Silveira, presidente da Assembléia Legislativa, falecido em 02 de agosto de
2007.
O fato de o PSD – Partido Social Democrata contar com maioria de votos (metade
mais um), na Assembléia Legislativa, permitiu que seu governo realizasse todas as obras
planejadas.
Sendo assim, inaugurou toda a estrutura que faltava ao desenvolvimento
catarinense: um banco estatal (BESC), uma universidade (UDESC), uma concessionária de
energia (CELESC) e um fundo de desenvolvimento (o FUNDEC). Elaborou, ainda, o
primeiro orçamento plurianual de um estado brasileiro; foram construídos milhares de
escolas e dezenas de ginásios; e foram criadas a ERUSC (Empresa de Eletrificação Rural
de Santa Catarina) e a Secretaria dos Negócios do Oeste.
Em Santa Catarina, durante seu governo, foi escolhida como sede do encontro
regional dos três estados do Sul, com os governadores Leonel Brizola (Rio Grande do Sul)
e Ney Braga (Paraná) e a reunião aconteceu no Palácio Rosado, hoje Palácio Cruz e Sousa.
Outro fato de suma relevância foi à audiência concedida pelo então Governador do
Estado Celso Ramos ao senhor Francisco Lima Júnior (Chiquito), presidente do Círculo de
Surdos-Mudos de Santa Catarina que se fez acompanhar por vários integrantes associados,
no ano de 1961. Na ocasião, pleiteou-se a doação e/ou construção de um espaço físico que
abrigasse uma escola especial destinada a surdos em nosso estado.
Em 1961, articulou, com o então Governador Celso Ramos, a criação, em
Florianópolis, do primeiro espaço educacional para surdos em Santa Catarina, o qual foi
estruturado na Escola Celso Ramos. Para ensinar a seus mais 15 alunos, o professor
Francisco elaborou uma proposta pedagógica que tinha como objetivo principal ensinar a
língua de sinais e propiciar aos surdos o acesso á leitura e a escrita na língua portuguesa.
108
Foto: O grupo de surdo encontro o Gov. Celso Ramos
Foto: Jornal divulgou a Criação de Escola
109
Sensível a essa questão, o Governador autorizou a criação via convênio, visando
atendimento e funcionamento da Escola para Surdos-Mudos em Florianópolis, que
funcionou à Rua Francisco Tolentino, nº 12 – Centro. Nasce assim a primeira escola
direcionada a Surdos no estado de Santa Catarina. Nos anos seguintes, criou-se espaço no
Grupo Escolar Celso Ramos e outro no Grupo Escolar Barreiros Filhos, todas sendo
ministradas por professores especializados. Então, ali funciona o Curso para Surdos, com
os seguintes professores: Terezinha Miriam da Silva Martins, Alzira Bahia Bittencourt,
Mercedes Maria Lima – professora substituta e o Francisco Lima Júnior – professor surdo
contratado.
Foto: Funcionamento de Escola
Foto: Jornal de aprovação Poder Executivo
110
5.1.2 PRÉDIO E SUAS DEPENDÊNCIAS
30
5.1.2.1 PRÉDIO
O Grupo Escolar "Celso Ramos" acha-se situado na Prainha e foi construído no ano
de 1963. Ė um grupo novo, moderníssimo com apenas dois anos de uso.
Possui dois pavimentos, cujo acesso do primeiro ao segundo é feito por meio de
uma rampa.
No primeiro pavimento há as seguintes dependências: 4 salas de aula com 6x8,
15x3m, 1 hall; secretária com 6x4x3m; gabinete do Diretor com 4x4x3m; sala dos
professores ocupada atualmente pela secretária do Curso de Educação Física, com 7x4x3m;
4 sanitários para professores; sala de espera com 5,15x4x3m; gabinete de Educação Física
com 4x4x4; gabinete Dentário, com 4x4x3m e salas das Associações Escolares, com
4x4x3m, 2 sanitários para professores e duas dependências com 8 chuveiros em cada uma,
porém não funcionam.
Há ainda 4 instalações sanitárias completas para meninos e 5 para meninas.
No pavimento superior há 6 salas de aula com 6x8, 15x3m; 2 salões com 8,55x8,
65x3m, num dos quais funciona o curso para surdos-mudose outro aulas para professoras
de Educação Física; hall; 2 conjuntos sanitários para ambos os sexos. Estes sanitários estão
sendo reparados por não se encontrarem em condições de uso. A primeira diretora prof
a
Maria Isabel Furtado em 1964.
Em 28 de abril de 2000 mudança de nome: Escola de Educação Básica Celso
Ramos.
30
Retirado o documento dia 20/03/07 no relatório anual – Grupo Escolar Celso Ramos em 1964 a 1965.
111
Foto: Construção de Escola Governador Celso Ramos
5.1.2.2 TERRENO
O terreno em que está situado o Grupo Escolar "Celso Ramos" é plano e seco, com
o inconveniente de ficar alagado / nas épocas chuvosas. Sua área é de 7480m
2
.
5.1.2.3 ENSINO
No decorrer do ano letivo o ensino no Grupo Escolar "Celso Ramos" foi regular,
apresentando algumas deficiências, principalmente nas classes de 1
o
ano, em virtude da
troca constante de professores que foram designados para outras repartições. O programa
não foi totalmente esgotado em algumas classes.
Apresentaram deficiências e pouco rendimento as classes: 4
o
ano C, professora
Anna Maria Borges, posta à disposição do Estabelecimento, estudante universitária, pouco
interessada e responsável pela classe; 3
o
ano D, professora Ana Coraci C. da Silva e 2
o
ano
C, professora Acir Vieira de Freitas, que apesar de empregarem os maiores esforços, não
conseguiram bons resultados em virtude de suas classes serem compostas de alunos tardos,
resultantes de uma seleção feita em junho. A classe do 1
o
ano A, que também resultou de
112
uma seleção, apresentou rendimento nulo. As classes selecionadas F e M apresentaram
rendimento muito bom.
5.1.2.4 CURSO PARA SURDOS 1
Anexo funciona o Curso para Surdos, com os seguintes professores
31
:
a) Terezinha Miriam da Silva Martins;
b) Alzira Bahia Bittencourt;
c) Mercedes Maria Lima, professora substituta;
d) Francisco Lima Junior, professor contratado.
Foto: Professores a Escola Celso Ramos
31
Retirado o documento dia 20/03/07 no relatório anual – Grupo Escolar Celso Ramos em 1966 a 1967 a
diretora: Dilza da Silveira.
113
Foto: Apresentação o grupo de surdos e professores na Escola Celso Ramos
Alzira Bahia Bittencourt – professora normalista, MM - 21, com curso de
aperfeiçoamento para classe de surdos; acha-se à disposição do curso para surdos que
funciona anexo a este estabelecimento. É ótima professora, muito dedicada e obediente.
5.1.2.5 CURSO PARA SURDOS 2
Anexo funciona o Curso para Surdos, com os seguintes professores
32
:
e) Alzira Bahia Bittencourt;
f) Terezinha Miriam da Silva Martins;
g) Anna Maria Tognetti Vargas Marques, à disposição da inspetoria seccional, em
exercício neste grau o escolar desde 12/08/68;
h) Francisco Lima Junior, professor contratado.
Jucília Pinheiro Silva – professora regionalista, PF – 2, está à disposição do
estabelecimento, onde é pontual e assídua. Regeu até 27/06, quando entrou em gozo de
Licença-prêmio, e 1
o
ano H, (classe da professora Alzira B. Bittencourt, que leciona os
32
Retirado o documento dia 20/03/07 no relatório anual – Grupo Escolar Celso Ramos em 1968 a 1969 a
resp. direção e diretora: Maria Isabel F. S. de Souza.
114
surdos), com esforço e dedicação. Em agosto foi feita uma seleção entre os primeiros
anos, ficando nesta classe alunos que necessitavam de recuperação ou de um tratamento
especial. Ficou substituindo a aluna do 3
o
ano normal Eliete Gonçalves Ramos:
dedicada, interessada, pontual e assídua.
5.1.2.6 CLASSE ESPECIAL PARA SURDOS
Funcionou até agosto do ano em curso neste estabelecimento uma classe especial
para surdos, com os seguintes professores
33
:
i) Alzira Bahia Bittencourt, normalista com especialização;
j) Anna Maria Tognetti Vargas Marques, normalista com especialização, à
disposição nesta classe;
k) Francisco Lima Júnior, professor contratado.
NOTA: - Esta classe passou a funcionar em outro local.
Alzira Bahia Bittencourt – professora normalista PF – 5, com lotação neste Grupo
Escolar, exerce sua função na Classe Especial para Surdos. Encontra-se em São
Paulo fazendo Curso Especialização para professores de Deficiente Visuais no
período de 17/07 á 15/12/69, conforme portaria n
o
839 de 11/08/69.
Terezinha Miriam Martins – professora normalista PF – 5, com lotação neste
estabelecimento lecionava a Classe Especial para Surdos. Requereu licença sem
vencimento neste ano.
33
Retirado o documento dia 20/03/07 no relatório anual – Grupo Escolar Celso Ramos em Florianópolis
15/12/1969.
115
Foto: Ivo líder na sala de aula
O ex-nomeado aluno surdo Ivo, falecido, foi o primeiro líder na sala de aula em
1964 na Escola Governador Celso Ramos e outro aluno surdo Niro, nascido em
Florianópolis transferiu para Londrina/PR até o presente. Ele conversa muito provocando
os alunos surdos desta aula no Celso Ramos e o Francisco dando aula mais 15 alunos
surdos. O Niro atrapalhava na sala com as colegas surdos e o Ivo é líder na sala de aula
colocou o aluno surdo Niro de castigo atrás da porta. Os ex-alunos surdos desta a escola
Governador Celso Ramos são: Aurélio, Padre Vicente, Hans, João Pedro, Ivo, Jorge,
Carlito, José, Niro, Arnoldo, Aldernei, Moacir, Rita, Reinoldo (Blumenau), Percy e Paulo é
irmão de Sônia, Maria da Graça, Maria Cecília, Marli, Janete, Maria da Glória, Roseli
Warner, Edson Adinam, Sônia, Avó (Fabricia surda e filho Dacilio), Daria (governante do
Francisco), Maria Bernadete (ex-esposa Edílson em Curitiba), Walter (que prontamente nos
cedeu o nome dos colegas desta primeira turma de alunos surdos). São mais 15 alunos e
alguns falecidos.
116
Entrevistei o ex-aluno surdo do professor Francisco na escola Governador Celso
Ramos, Sr. Walter Nunes da Silva, Instrutor de LIBRAS. Ele concluiu o ensino médio
(FECE) supletivo. O Walter é o fundador da Sociedade de Surdos de São José, fundada em
12 de Outubro de 1990, e continua reeleitos por dois mandados como presidente da FCDS
(Federação Catarinense de Desportos de Surdos). Ele é pai de cinco filhos. Observe o inicio
boletim do ano em 1964 com ex-aluno Walter na Escola para Surdos de Florianópolis:
Parte 1
Foto: Boletim do Walter Escola para Surdos de Florianópolis
117
Parte 2
118
Parte 1
Foto: Boletim do Walter Instituto de Audição e Terapia de Linguagem
119
Parte 2
Começou a estudar aos 6 (seis) anos de idade, numa garagem situada à Rua
Francisco Tolentino, nº 12 – Centro, com o professor Francisco Lima Júnior. Após
abandonou a escola aos 15 anos, por descontentamento e desânimo. Só retornou para a
120
escola no ano em 2000, com curso de supletivo de ensino fundamental, que conclui em
2001. Sonha concluir um curso de nível superior para ser professor com pedagogia ou
educação física.
Foto: O primeiro Grupo Celso Ramos – Escola para Surdos de Florianópolis.
- Fale um pouco do professor Francisco para mim:
O professor Francisco Lima Júnior foi meu primeiro professor na escola
Governador Celso Ramos. Ele estudou no INES ao Rio de Janeiro/RJ. Formou-se no ensino
fundamental e depois no ensino médio em Contabilidade. Ele mesmo fundou e presidiu
durante 42 anos o Círculo dos Surdos-Mudos de Santa Catarina, de 15/08/1955 a
15/08/1997, o Círculo dos Surdos-Mudos de Santa Catarina passou a chamar-se:
Associação de Surdos de Florianópolis, em 2002 mudou para Associação de Surdos da
Grande Florianópolis. A partir de 1997 o senhor Francisco Lima Júnior entregou seu cargo
para Sandra Lúcia Amorim sem votação e ela mudou o nome de CSMSC - Círculo dos
Surdos-Mudos de Santa Catarina para ASF – Associação de Surdo de Florianópolis que a
partir de 2002 passou a chamar-se Associação de Surdo da Grande Florianópolis (ASGF).
Isso gerou conflito com os surdos da cidade de São José que já possuíam uma associação
congênere.
121
O meu objetivo, os fatores impeditivos para o desenvolvimento da proposta
educacional do professor Francisco Lima Júnior em Santa Catarina foi a falta de apoio por
parte da família de surdos e das autoridades da Secretaria da Educação em manter a
proposta pedagógica voltada para os surdos.
Sem apoio das famílias, da escola e das autoridades, o trabalho tornou-se difícil,
pois o professor Francisco Lima Júnior ficou sozinho nesta proposta educacional. Após
debatermos sobre este assunto chegamos à conclusão que com a proposta de comunicação
total, em meados de 1960 foi se difundindo e trabalhando por ouvintes e também foi um
dos fatores que influenciaram e, sendo assim, os ouvintes tornaram-se professores de surdos
com uma proposta voltada para o oralismo, pois apesar da comunicação total aceitar o uso
da língua de sinais, esta é tratada como um recurso para o surdo e não como sua primeira
língua.
Foto: Padre surdo-falante Vicente ensinando aos alunos surdos
122
Foto: Tuma de surdos Celso Ramos
Foto: Padre Monsenhor Vicente em estado grave de Saúde em 2008.
O CSMSC recebe a visita do padre surdo Vicente de Paulo Penido Burnier, natural
de Juiz de Fora, Estado de Minas Gerais. O Padre Eugênio Oates que nasceu em Missouri,
Estados Unidos da América, é atraído pelo trabalho e personalidade do Padre Vicente,
123
vindo para o Brasil em 1945 à 1946 como missionário, dirigindo-se à Igreja dos Padres
Redentorista, sediada em Manaus. Incorporou-se a vida brasileira e realizou campanhas em
todo país difundindo a linguagem das mãos, lançado em 1969 o livro sobre o tema no Rio
de Janeiro. Sendo assim o primeiro livro da linguagem das mãos lançado no Brasil. Através
do Círculo dos Surdos-Mudos de Santa Catarina, as crianças surdas eram encaminhadas às
escolas Barreiros Filho e o Instituto de Audição e Terapia de Linguagem – IATEL que
foram criados em 05 de Julho de 1969 para exatamente atender as crianças com
deficiências auditivas e palatais.
Inicialmente, o IATEL funcionou em instalações precárias do Hospital Joana de
Gusmão. Durante todo esse tempo o Senhor Francisco Lima Júnior orienta, auxilia e
direciona todas as atividades escolares das crianças surdas. Tornando-se assim o primeiro
professor dessa forma de ensino: - Linguagem das Mãos, pois seu objetivo é criar um
alfabeto único, para todos os Surdos do Estado de Santa Catarina.
Foto: O primeiro livro do Brasil a Linguagem das Mãos
124
Outro fato marcante e vitorioso foi à criação da Fundação Catarinense de Educação
Especial no dia 06 de Maio de ano de 1968, em que tem como objetivo atender pessoas
com necessidades especiais. Entretanto, cabe salientar que o atendimento especializado
direcionado à pessoas de necessidade especial já era efetuado no Grupo Escolar Barreiro
Filho, em uma denominada de “Salas de Multimeio”.
A história da educação especial em Santa Catarina não começa com a lei que
instituiu a Fundação Catarinense de Educação Especial. ano de 1954, constitui
como um marco histórico, devidamente documentado, através da passagem
em terras catarinenses de um técnico em educação, do Ministério da Educação
e Cultura a serviço do Instituto Nacional dos Surdos-Mudos - INSM - do Rio
de Janeiro. Sua tarefa era a difusão das atividades e experiências daquele
Instituto. Como resultado dessa visita, no ano de 1957, três professores que
retornaram de um curso de 3 anos no INSM, realizaram levantamento do
número de crianças deficientes da audição, nos municípios de Florianópolis,
Brusque e Blumenau. (http://www.fcee.sc.gov.br/afundacao/historia.htm)
As professoras que foram formadas pelo Instituto Nacional de Surdos do Rio de
Janeiro iniciaram esses trabalhos aqui no Estado. Com o surgimento da FCEE, incorporou-
se todo o atendimento à deficientes realizados em Florianópolis, responsabilizando-se pela
política de Educação Especial no Estado de Santa Catarina.
A ESCOLA FOI FUNDADA EM 1969?
A partir em 1969, funcionou até agosto do ano em curso neste estabelecimento uma
classe especial para surdos, como os seguintes professores: Alzira Bahia Bittencourt –
normalista com especialização, Anna Maria Tognetti Vargas Márques – normalista com
especialização, á disposição nesta classe e o Francisco Lima Júnior – professor contratado.
Após o grupo de surdos passou a funcionar em outro local.
5.2 História do IATEL
34
34
Retirado 04/09/2006 no site: http://www.iatel.org.br/historia.htm
125
Em 1968, chega a Dra. Sara Maia Alvarado, de nacionalidade mexicana, médica e
otoneurofoniatra. Ela trouxe experiência no mercado de trabalho a partir em 1969 no
Hospital Infantil de Florianópolis para organizar a equipe técnica para levantar a proposta
encaminhada a Secretaria de Educação, dando o espaço físico para a especialização clínica.
Por isso, os alunos surdos que estudavam na Escola Governador Celso Ramos e não
tiveram influência e aceitaram se transferir para o espaço-clínico terapêutico no oralismo.
Foi criado o Instituto de Audição e Terapia da Linguagem – IATEL em 25 de março de
1969, por Ligia Nogueira Ramos Guimarães, Dra. Sara Alvarado dos Santos e Anna Maria
Tognetti Márquez.
O Hospital Infantil de Florianópolis, a partir de 1969, efetuou levantamentos cujos
dados foram encaminhadas à Secretaria da Educação do Estado de Santa Catarina com a
finalidade de preparar uma equipe técnica especializada para atendimento neste campo. A
partir de então começou a surgir o problema de espaço físico. O hospital encontrava-se bem
equipado, só para o atendimento de ordem clínico-médico. Nasceu aí a necessidade de
existir uma entidade que se empenhasse em recuperar crianças e adultos deficientes, e que
tivesse como objetivo o processo de reeducação e reintegração de seus pacientes, tanto no
convívio escolar, como no social. Foi criado por Lígia Nogueira Ramos Guimarães, Dra.
Sara Alvarado dos Santos e Ana Maria Tognotti Márquez.
O professor surdo Francisco não tinha uma relação de poder que assegurasse o
grupo de surdos no espaço da Escola Governador Celso Ramos em Florianópolis. Os
alunos surdos eram analfabetos e como a política pública do Estado teve a influência da
clínica no outro espaço, deixou a cultura surda abandonada na escola. Faltou respeito à
cultura surda e à língua de sinais do grupo de surdos em Florianópolis.
O IATEL, Instituto de Audição e Terapia da Linguagem, é uma organização não
governamental, fundada em 25 de março de 1969, tendo iniciado suas atividades em 05 de
julho do mesmo ano. Localiza-se em Florianópolis e atende crianças e adolescentes da
região da Grande Florianópolis.
126
Foto: Método oralista na década 70
O método do oralismo iniciou na década 70, vinte anos depois acabou não existindo
mais. A metodologia de Libras – Língua Brasileira de Sinais, só partiu no ano de 1998. E
em 2005, deixou de ser escola para ser atividade complementar. A gênese do IATEL
ocorreu pelo trabalho de pais de crianças e adolescentes surdos e portadores de desvios
fonológicos, que decidiram criar uma entidade que pudesse atuar nessas áreas, até então
inexistente.
127
Parte 1
Foto: Jornal divulgou sobre oralismo - IATEL
128
Parte 2
129
Desde a fundação do Instituto de Audição e Terapia da Linguagem (IATEL)
35
, em
25 de março de 1969, por pais de crianças portadores de surdez e desvios fonológicos,
iniciando suas atividades em 05 de julho de 1969. Possui caráter filantrópico, é reconhecido
utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal, está registrado no Conselho Nacional de
Assistência Social – CNAS. Possui convênios com o Governo Federal, Governo do Estado
de Santa Catarina e Prefeitura Municipal de Florianópolis e São José. O atendimento ao
surdo se dava em diversos níveis de ensino como Educação Infantil e Ensino Fundamental
(Séries Iniciais), todos seguindo o currículo de uma escola comum adaptando-o as
necessidades dos alunos. Por um logo período tinha-se como objetivo desenvolver a parte
da linguagem oral e escrita dos alunos, visando o desenvolvimento motor e criatividade,
socialização, alfabetização e integração preparando-os para freqüentar uma escola comum.
Trabalhava-se concomitantemente com o setor de fala, ou seja, terapia da linguagem, pois
acreditava-se numa concepção oralista.
No período de 1979 á 1983 os setores clínicos e pedagógico passaram a funcionar
em locais diferentes. O setor pedagógico ganhou assim perfil de escola. Seguia-se um
calendário escolar definido pela Secretária de Educação; trabalhava-se com seriação
seguindo uma metodologia oralista. Devido às dificuldades enfrentadas pelo IATEL,
principalmente por não ter uma sede própria, os dois setores voltaram, em 1984, a
funcionar no mesmo local, situado a rua General Bitencourt no prédio da Secretária
Estadual da Saúde. A metodologia de trabalho do setor pedagógico continuou a mesma
sendo que já se utiliza a linguagem gestual na comunicação trazida pelos próprios surdos.
A partir de 1989 com o movimento de integração, implantado pela Secretária de
Educação, os surdos passaram a ser inseridos na rede regular de ensino. Dessa forma, os
alunos do ensino fundamental recebiam, no IATEL, reforço pedagógico, além de continuar
com os atendimentos que já existiam (Educação Infantil e Séries Iniciais). Nesse
movimento um número significativo de surdos não conseguiu acompanhar os conteúdos da
escola regular, pela forma como estes eram repassados (Forma Oralista).
O IATEL começa a viver alguns transformações na comunicação com os surdos. A
oralidade deixa de ser o enfoque principal no processo de ensino aprendizagem, abrindo
35
Retirado em documento 10/08/2003 no Instituto de Audição e Terapia da Linguagem - IATEL
130
espaço para uma nova forma de comunicação, utilizando sinais isolados e não
sistematizados.
A partir de 1997 alguns professores, interessados em aprender a Língua Brasileira
de Sinais (LIBRAS), iniciaram um curso ministrado por um Instrutor surdo (Narciso
Paiva), reconhecido pela Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos
(FENEIS), realizado na UFSC. Esse interesse em conhecer esta ´´nova Língua``, dava-se
pelo fato de os profissionais reconhecerem que o oralismo e o uso de gestos isolados não
estavam sendo suficientes para que se efetivasse a aprendizagem dos alunos surdos e pela
exigência feita pelos próprios. Nesse momento inicia-se na grande Florianópolis o
movimento de capacitação em LIBRAS, através de cursos oferecidos pôr órgãos Federal,
Estadual e Municipal. Dessa forma os profissionais do IATEL tiveram a oportunidade de
iniciar e dar continuidade a sua formação na língua de sinais, melhorando assim a
comunicação com os surdos. Outra grande conquista que auxiliou no processo de
transformação do IATEL, ocorreu a partir de agosto de 2001 quando ocorreu a contratação
de um Instrutor Surdo (Deonisio Schmitt) que inicialmente participou de auxiliou no curso
do Programa Educacional de Resistência as Drogas (PROERD) Policia Militar – SC. E em
Março de 2002, iniciou um trabalho ministrado (Deonisio Schmitt) aulas de LIBRAS e
curso de Informática básico de acesso á Internet aos alunos e profissionais.
Concluímos, no espaço de grupo surdo em Florianópolis na escola Gov. Celso
Ramos prejudicou a educação de surdo que o professor Francisco mantinha no Celso
Ramos não desenvolvia a língua de sinais? Foi o oralismo mais influenciado de ouvinte na
clínica de fonoaudióloga. O que podemos lutar a proposta e a falta de respeito a cultura
surda no domínio a língua de sinais mais o desenvolvimento de contato com o professor
surdo Francisco teve muita a luta de salvação de grupo surdo no Circulo de Surdo-Mudo de
Santa Catarina. Isso foi uma política no compartilhado o povo surdo do professor desta a
Escola.
Na atualidade precisamos da criação de uma nova escola de surdo em Santa
Catarina para ele realizar-se e compartilhar com todas as comunidades surdas lutando pelo
seu direito. Esta proposta nova detalha a opinião do surdo para o surgimento de critérios
para a escola de surdos. Refletimos que no movimento surdo é importante unir todas
131
132
regiões em Santa Catarina na associação e na cultura surda e podemos ajudar a política de
educação de surdos com a disposição de membro surdo na diretoria da escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluímos que é importante pesquisar o andamento da história de surdos em Santa
Catarina e o grupo de surdo na Escola Governador Celso Ramos com objetivo de,
principalmente, reconhecer o professor surdo Francisco Lima Júnior como o guerreiro da
comunidade surda catarinense. O povo surdo continua o movimento na luta ao direito de acesso
no espaço da escola de surdos em Santa Catarina. O estudo desta pesquisa mostra que na
educação de surdo os pesquisadores ouvintes não registraram as marcas da história que valoriza
a língua de sinais e o registro da cultura surda nesta sociedade. Então, podemos perceber que
nós, surdos, estamos começando a divulgar na sociedade a nossa cultura, identidade e a língua de
sinais e precisamos participar mais na política do Estado.
A pesquisa acadêmica na universidade sobre os problemas na fase de história de ouvinte
e a pesquisa na educação de surdos introduz a identidade cultural surda no espaço de conflito que
é a educação de surdo. Esse momento cultural do surdo e a área de conhecimento sobre a cultura
surda são importantes na realidade das pesquisas que apresentam o sujeito surdo no ensino. Na
verdade o surdo tem a capacidade de comunicação na língua de sinais, tem sua diferença
com o ouvinte e também na história cultural.
A dissertação apresentou a pesquisa de fragmentos da história da educação dos surdos.
Isso foi de grande importância à construção do rumo desta trajetória do surdo no acesso à língua
de sinais da escola Catarinense.
As narrativas acerca da alteridade, enfocando particularmente aquelas que se relacionam
a história de surdos, sugerimos que já existem na trajetória através das quais podemos estar
pensando acerca do sujeito surdo mais antigo das representações o grupo que questionam as
narrativas mais importantes de registrar a línguas de sinais dos surdos na escola do que foi
acontecido as disfarçadas dos ouvintes. Atualmente podemos divulgar o povo surdo no Brasil
para saber a trajetória de marca na construção nova de pesquisadores surdos precisa buscar o
conhecimento a cultura da história de surdo na realidade. A educação do surdo no Brasil não tem
um ensino de qualidade!!!
Atualmente, os surdos estão estudando no curso de Letras/LIBRAS em pólos regionais no
Brasil. Estão começando a surgir pesquisadores surdos com objetivo de abordar temas sobre a
língua de sinais antiga, fotos, documentos, jornais e filmagens dentro das instituições. Verificar
como foi a trajetória de aprendizagem das crianças surdas na metodologia do oralismo e registrar
inclusive os problemas das políticas públicas na escola. Refletir sobre o que é mais importante
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para o surdo na transformação dos estudos científicos e recolher os dados sobre o sujeito surdo e
ver que os problemas do ensino não evoluíram na história. Esperamos que o resultado dos
estudos dos profissionais surdos no curso acadêmico universitário do Brasil possa realizar muito
para o conhecimento teórico e a prática de ensino desta escola de surdo.
Atualmente, já temos a LEI que oficializa a LIBRAS para os surdos, garantindo o seu
direito em todo território nacional, dando prioridade do ensino da língua de sinais na escola e
podemos aproveitar e registrar a trajetória do sujeito surdo neste processo.
Então, todos os espaços têm que registrar as políticas na escola ou associações dos surdos
para verificar os fatos em detalhes, as atividades registradas na história. Acreditamos que esta
construção seja fundamental para se refletir as políticas, práticas e relações sociais numa
perspectivas da diferença.
Ao refletir sobre a Educação de Surdos nas escolas de Santa Catarina, percebemos que há
realmente um interesse acadêmico na pós-graduação e especialização em educação de surdos.
Isso nos mostra a importância da pesquisa na escola sobre a falta de registros sobre a trajetória da
língua de sinais.
Acreditamos que no futuro a escola de surdos é possível! Por que, atualmente, já existe a
LEI e o Decreto que defendem os direitos dos surdos na acessibilidade à língua de sinais na
escola, mas precisamos unir todas as Associações dos Surdos Catarinenses para que ofereçam
sugestões de planejamento de projetos que assegurem a força da política dos surdos na nova
escola Catarinense.
Agradecemos ao professor surdo Francisco Lima Júnior, marca registrada da nossa
história, e homenageamos sua vida de luta para que se abrisse o espaço da escola de surdos em
Santa Catarina. Ele é, para nós, marca registrada como foi o Abade L’Epée, que fundou o
Instituto de surdos em Paris. Esperamos divulgar sua lembrança para o povo surdo Catarinense.
Nós surdos vamos continuar o lutando por uma educação de qualidade para que todos os
surdos adquiriam a língua de sinais e os conhecimentos sobre a cultura, história e a política
surda. Vamos lutar pela pesquisa e registro da trajetória de muitas outras histórias também, que
existam ou venham a iniciar, já que ainda há muito para ser escrito sobre nós. A educação que
nós surdos queremos começa pelo resgate da nossa história!!!
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Florianópolis: NUP/CED, 1999 – v.; 23 cm. (Estudos Surdos n.° 5 em 2003).
WRIGLEY, O. – The politics of deafness. Washington: Gallaudet University Press. 1996.
ANEXO
141
CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
ENTREVISTADO (A):_____________________________________________________
ENDEREÇO: _____________________________________________________________
BAIRRO: ________________________________________________________________
CIDADE: ________________________________ ESTADO: ______________________
IDENTIDADE RG Nº: ____________________ ORGÃO EMISSOR: ______________
DATA DE EXPEDIÇÃO: __________________ CPF: ___________________________
Comunico que cedo para Deonisio Schmitt direitos de participação especial de
Imagens Narrativas, fotográficas e depoimentos voluntários sobre a historia dos surdos em
Santa Catarina, referente ao desenvolvimento do projeto de pesquisa denominada
Contextualização da Trajetória dos Surdos e Educação de Surdos em Santa Catarina”. A
História da Primeira Turma de Surdos de Santa Catarina, para a dissertação do Mestrado,
na linha de Pesquisa Educação e Processos Inclusivos – UFSC, Universidade Federal de
Santa Catarina.
Declaro que fui esclarecido (a) quanto aos objetivos do trabalho, bem como da
possibilidade do mesmo transformar-se em artigo científico a vir ser publicado futuramente.
Florianópolis, _______ de _____________________ de 2007.
__________________________________
Entrevistado (a)
__________________________________
Pesquisador
142
Livros Grátis
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