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Universidade de São Paulo
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
Consumo de monensina sódica via suplemento mineral por bovinos
de corte em pastagens
Fernando Masello Junqueira Franco
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Agronomia. Área de concentração:
Ciência Animal e Pastagens
Piracicaba
2007
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2
Fernando Masello Junqueira Franco
Engenheiro Agrônomo
Consumo de monensina sódica via suplemento mineral por bovinos de corte em
pastagens
Orientador:
Prof. Dr. MOACYR CORSI
Dissertação apresentada para obtenção do título de
Mestre em Agronomia. Área de concentração: Ciência
Animal e Pastagens
Piracicaba
2007
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Franco, Fernando Masello Junqueira
Consumo de monensina sódica via suplemento mineral por bovinos de corte em
pastagens / Fernando Masello Junqueira Franco. - - Piracicaba, 2007.
55 p. : il.
Dissertação (Mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2007.
Bibliografia.
1. Aditivos alimentares para animal 2. Bovinos de corte 3. Consumo alimentar para
animal 4. Pastagens 5. Suplementos minerais para animais I. Título
CDD 636.213
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
3
Aos meus pais,
José Eduardo Junqueira Franco e
Maria Antonieta Schützer Masello Junqueira Franco
pelo exemplo e pelo amor e carinho dedicados durante toda a vida.
Às minhas irmãs,
Mariana Masello Junqueira Franco e
Marília Masello Junqueira Franco,
pelo companheirismo e amizade.
DEDICO
4
AGRADECIMENTOS
À Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, em especial ao Departamento de
Zootecnia.
Ao Prof. Dr. Moacyr Corsi pela orientação na elaboração deste trabalho, mas
principalmente pela amizade, exemplo de conduta humana e profissional e pela grande
contribuição à minha formação profissional.
Ao Prof. Dr. Gerson Barreto Mourão pelo auxílio na realização das análises estatísticas
e pelas sugestões.
Ao Dr. John Nolan pelo auxílio e envio de informações para a elaboração do projeto
À Elanco Saúde Animal pelo financiamento do projeto, em especial ao Eng. Agro. Msc.
José Roberto Peres pelo auxílio na elaboração do projeto e ensinamentos.
Aos amigos Alexandre Gonçalves do Nascimento Neto, Vivaldo Gonçalves Júnior e
Fabio Yabuta pelo suporte na condução do trabalho e pelo companheirismo e amizade
em todos os momentos.
À querida Nádia Gustinelli Bortolazzo pelo carinho, incentivo e compreensão.
Aos amigos de República Kurva d-rio pelos momentos de descontração e pela eterna
amizade.
Aos amigos Mateus Castilho Santos e Cézar Yuzo Kanashiro pelo auxílio e amizade
durante o curso.
Aos amigos e colegas de trabalho Mariana Pares Andreucci e Ricardo Caserta Duarte
Goulart pela amizade e apoio constantes.
5
À todos os estagiários do projeto CAPIM, em especial ao Vitor Tinazo e ao Augusto
Semmelroth pela ajuda, pois este trabalho não seria possível sem eles.
À todos os funcionários da Fazenda São Bento e da Fazenda Serra Negra pelo auxílio
na condução e pelo tempo dedicado a este trabalho.
À CAPES pela concessão da bolsa de estudos
6
“Não é bom se limitar a um conjunto de opiniões. É um erro se esforçar para
compreender as coisas e depois parar neste ponto. Primeiramente, se esforce muito
para garantir que compreendeu o básico, depois pratique para que o que você aprendeu
renda frutos. Isso é algo que se perpetuará por toda a sua vida. Não se conforme com
aquele conhecimento que você adquiriu, e sim pense: “Isto não é suficiente”. Você deve
buscar durante toda a vida a melhor forma de seguir o Caminho. E deve estudar,
deixando que a mente trabalhe sem descanso. O Caminho está nisso.”
Yamamoto Tsunetomo
1658-1719
7
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................... 9
ABSTRACT.................................................................................................................... 10
LISTA DE FIGURAS....................................................................................................... 11
LISTA DE TABELAS...................................................................................................... 12
1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 13
2 DESENVOLVIMENTO................................................................................................. 16
2.1 Revisão bibliográfica................................................................................................ 16
2.1.1 Produção animal em pastagens............................................................................ 16
2.1.2 Ionóforos – modo de ação..................................................................................... 18
2.1.3 Benefícios da utilização de ionóforos.................................................................... 21
2.1.4 Resultados de desempenho.................................................................................. 21
2.1.5 Modo de fornecimento........................................................................................... 25
2.1.6 Fatores que regulam o consumo de suplementos................................................ 27
2.2 Material e métodos................................................................................................... 31
2.2.1 Informações Gerais e tratamentos........................................................................ 31
2.2.2 Áreas Experimentais............................................................................................. 32
2.2.3 Determinação do consumo de suplemento pelo rebanho..................................... 33
2.2.4 Estimativa do consumo individual de suplemento................................................. 33
2.2.5 Avaliação da disponibilidade de forragem............................................................. 34
2.3 Análises estatísticas................................................................................................. 35
2.4 Resultados e discussão............................................................................................ 36
2.4.1 Consumo de suplemento pelo rebanho................................................................. 36
2.4.2 Consumo (média das quatro ocasiões) em função da freqüência de visita.......... 40
2.4.3 Consumo (média das ocasiões nas quais houve consumo) em função da
freqüência de visita................................................................................................ 42
2.4.4 Consumo médio dos animais que efetivamente consumiram em função da
ocasião de avaliação.............................................................................................. 42
2.4.5 Probabilidade de consumo em função da ocasião de avaliação........................... 44
2.4.6 Freqüência média de consumo............................................................................. 45
2.4.7 Disponibilidade de forragem.................................................................................. 46
8
3 CONCLUSÃO.............................................................................................................. 48
REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 49
9
RESUMO
Consumo de monensina sódica via suplemento mineral por bovinos de corte em
pastagens
Quatrocentos e trinta bovinos de corte em crescimento (peso vivo inicial médio de
250 kg) foram alocados de acordo com o sexo e raça em 3 blocos completos, contendo 3
tratamentos, num total de 9 parcelas experimentais. Semanalmente avaliou-se o
consumo de um suplemento mineral controle (TC = Nutron PROBEEF 60), e dois
suplementos medicados com monensina sódica (TR = Nutron PROBEEF 60 + 1500 ppm
de monensina sódica na forma de Rumensin 200 e TM = Nutron PROBEEF 60 + 1500
ppm de monensina sódica em veículo especial da ELANCO SAÙDE ANIMAL). Os
animais foram mantidos em pastagem de gramíneas tropicais, sob lotação contínua. O
consumo de suplemento também foi estimado individualmente em cada animal por 4
ocasiões a intervalos de 28 dias, utilizando-se lítio como marcador sanguíneo. A adição
de monensina sódica ou Rumensin reduziu o consumo médio de suplemento pelo
rebanho (TC=56,9g/cab/dia, TR=27,5g/cab/dia, TM=36,1g/cab/dia, P<0,05). Os
tratamentos aditivados com monensina apresentaram menor consumo médio (P<0,01),
menor quantidade consumida por visita ao cocho (P<0,01), menor freqüência de visitas
(P<0,01) e menor probabilidade de consumo do suplemento (P<0,01).
Palavras chave: Monensina sódica; Suplemento mineral; Consumo de minerais
10
ABSTRACT
Monensin intake via mineral supplement by beef cattle under grasslands
A four hundred thirty growing beef cattle (250 kg initial live weight) were allocated
by gender and breed in three complete blocks, comprising three treatments, in a total of
nine plots. Weekly there were made intake evaluations of the control plot with mineral
supplement (TC = Nutron PROBEEF 60), and of the two with monensin supplements
added (TR = Nutron PROBEEF 60 + 1500 ppm monensin sodium as Rumensin 200 and
TM = Nutron PROBEEF 60 + 1500 ppm monensin sodium in a special medium made by
ELANCO ANIMAL HEALTH). The animals were maintained in tropical grasslands under
continuous stocking. The individual intake was estimated in four occasions with a twenty
eight days interval, using lithium as blood marker. The addition of monensin sodium or
Rumensin reduced the mean intake of supplement by the herd. (TC=56,9g/head/day,
TR=27,5g/head/day, TM=36,1g/head/day, P<0,05). The treatments with added monensin
showed reduced mean intake (P<0,01), reduced amount consumed per trough visit
(P<0,01) reduced visit frequency (P<0,01) and reduced the probability of intake (P<0,01).
Keywords: Sodium monensin; Mineral supplement; Minerals intake
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Estágios da produção animal e vegetal em sistemas de pastejo.................. 15
Figura 2 – Dinâmica de consumo dos suplementos durante as semanas..................... 35
Figura 3 – Regressão da dinâmica de consumo dos suplementos................................ 36
Figura 4 – Regressão de consumo do TC...................................................................... 37
Figura 5 – Regressão de consumo do TM..................................................................... 37
Figura 6 – Regressão de consumo do TR...................................................................... 38
Figura 7 – Dinâmica da massa de forragem disponível................................................. 46
Figura 8 – Dinâmica da altura do dossel forrageiro........................................................ 47
12
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – pH, concentração de potássio e sódio intra e extracelulares de culturas de
Streptococus bovis na presença ou ausência de monensina......................... 17
Tabela 2 – Efeito da monensina na proporção molar de ácidos graxos voláteis ruminais
em novilhos sob pastagem de trigo.............................................................. 19
Tabela 3 – Influência da concentração de monensina na dieta na performance de
animais confinados....................................................................................... 21
Tabela 4 – Efeito de diferentes doses de monensina sobre o ganho de peso de bovinos
em crescimento consumindo pasto ou forragem verde picada.................... 22
Tabela 5 – Efeito de diferentes doses de monensina na média de ganho em peso,
consumo de alimentos e conversão alimentar (kg alimento/kg ganho) de
bovinos em pastejo...................................................................................... 23
Tabela 6 – Consumo médio semanal dos suplementos minerais.................................. 36
Tabela 7 – Consumo médio das quatro ocasiões em função da freqüência de
consumo....................................................................................................... 40
Tabela 8 – Consumo médio apenas das ocasiões em que houve consumo, em função
da freqüência de visita................................................................................. 41
Tabela 9 – Consumo médio em função da ocasião de avaliação.................................. 42
Tabela 10 – Probabilidade de consumo em função da ocasião de avaliação................ 44
Tabela 11 – Freqüência média de consumo.................................................................. 45
13
1 INTRODUÇÃO
A demanda mundial por alimentos é crescente. Estimativas apontam que por
volta do ano 2050, a população mundial terá crescido 50% em relação ao número atual,
atingindo aproximadamente 10 bilhões de pessoas. Este aumento quantitativo, somado
a evolução em 2,4 vezes da renda per capita, levando ao direcionamento dos hábitos
alimentares para maior participação de produtos de origem animal, são responsáveis
pela necessidade de se aumentar a produção de alimentos, principalmente os de origem
animal (TILMAN et al., 2002).
Delgado (2005) coloca que a demanda mundial por carne e leite crescerá em 81
e 170 milhões de toneladas respectivamente, até o ano de 2020, sendo que deste
aumento no consumo de carnes, 27% se dará por carne de ruminantes.
Entretanto, salvo algumas regiões da África sub-saariana e da América Latina, a
maioria das terras apropriadas à produção de alimentos já se encontra ocupada por
atividades agrícolas, tornando a tarefa de suprir a crescente demanda mundial por
alimentos enorme desafio (BORLAUG, 2002).
Soma-se a isto outra demanda da sociedade moderna, a sustentabilidade dos
sistemas de produção. Entende-se por sustentável um sistema agrícola que atenda as
necessidades do presente e das futuras gerações por alimento, fibras, energia e etc.,
maximizando a relação custo/benefício para a sociedade, quando todos os custos
(sociais, financeiros e ambientais) são levados em consideração, respeitando a
integridade do meio ambiente e a saúde das pessoas. Portanto, sustentabilidade implica
na manutenção de altos rendimentos aliada à práticas que tenham impacto ambiental
aceitável (TILMAN et al., 2002).
Desta maneira, aumentar a produção de alimentos sem, no entanto, crescerem
os custos ambientais decorrentes, significa buscar o uso mais eficiente possível de
todos os recursos naturais envolvidos na produção de alimentos.
O Brasil possui papel muito significativo neste cenário, já que é atualmente
detentor do maior rebanho bovino mundial, com aproximadamente 204 milhões de
cabeças, e também o maior exportador mundial de carne bovina, com o montante de 1,4
milhões de toneladas exportadas em 2005, o que representou uma receita da ordem 3,2
14
bilhões de dólares em 2005 (MAPA, 2007). Estima-se que a grande maioria deste
rebanho seja criada exclusivamente em pastagens.
Melhorar o desempenho individual dos animais em pastejo permitiria aumentar a
eficiência de produção neste sistema, resultando na redução da idade de abate, com
conseqüentes melhorias na qualidade da carne e decorrendo em ganhos econômicos
ao produtor.
O uso de aditivos de eficácia comprovada, como por exemplo os ionóforos, é uma
ferramenta adicional poderosa, capaz de otimizar a conversão da forragem em produto
animal. Além de aumentar o desempenho individual e consequentemente promover
maior lucratividade do negócio, resulta outros benefícios tais quais a redução da
produção de metano e da excreção de nitrogênio no ambiente e otimização do uso da
terra.
Estima-se que a utilização de ionóforos em dietas de gado de corte nos Estados
Unidos representa uma economia de 140.000 ha de milho que seriam necessários para
atender à estas dietas (TEDESCHI et al., 2003).
Conforme Corsi et al. (2001), pode-se inferir que resultados da suplementação
protéica com animais em pastejo dependem da inclusão de ionóforos, pois estes
aditivos respondem por aproximadamente 50% das respostas a este tipo de
suplementação.
Entretanto o fornecimento de ionóforos para bovinos sob pastejo tem-se
constituído em um desafio. As pequenas dosagens e a periodicidade diária de
fornecimento implicam na necessidade de um veículo, que permita à cada animal do
rebanho receber a quantidade ideal e na freqüência necessária.
Há na literatura grande volume de informação referente ao aumento do
desempenho de bovinos recebendo ionóforos em suplementos energéticos ou protéicos
e consumindo dietas à base de forragem, levando à incrementos no ganho de peso da
ordem de 14% (POTTER et al., 1976, POTTER et al., 1986).
Contudo existe potencial para aumento do desempenho animal a custos
inferiores aos dos suplementos protéicos ou energéticos, uma vez que o uso econômico
destes suplementos pode ser questionável em algumas situações. Outro obstáculo à
adoção desta técnica, notadamente quando se refere à pastagens extensivas é a
15
necessidade de fornecimento diário destes tipos de suplementos, incorrendo em custos
adicionais de mão de obra e transporte, além da deterioração destes suplementos em
caso de chuvas.
O uso de ionóforos em misturas minerais representa uma alternativa técnica
econômica para a inclusão desse aditivo na suplementação de animais em pastagens
tropicais, pois a suplementação de animais em pastejo com mistura mineral é bem
aceita entre os pecuaristas por seu baixo custo e por ser reconhecida a necessidade de
suprir minerais aos animais pastejando gramíneas tropicais.
Entretanto, um problema enfrentado pela indústria de suplementos minerais é a
redução no consumo destas misturas na presença de ionóforos, o que pode resultar em
consumo de minerais e desempenho aquém do esperado (GUTIERREZ, 1997).
O presente trabalho teve por objetivos avaliar o consumo de suplementos
minerais medicados com monensina sódica, bem como estimar o consumo individual de
suplemento pelos animais do rebanho.
16
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Revisão Bibliográfica
2.1.1 Produção animal em pastagens
As pastagens, naturais ou cultivadas, são ecossistemas importantes no cenário
mundial atual, tanto pela extensão da área que abrange aproximadamente 50% das
terras vegetadas do planeta, quanto pela sua representatividade na produção de
alimentos (VALLENTINE, 1990), e pelo seu papel na manutenção da biodiversidade,
nos ciclos da água, do carbono e de nutrientes chave no ecossistema, como o
nitrogênio e o fósforo (KEMP; MICHALK, 2005). Aumentos na eficiência destes sistemas
podem resultar em maior disponibilidade de alimentos, com benefícios à conservação do
solo, da vegetação natural de dos recursos hídricos.
A produção animal em pastagens pode ser subdividida em três etapas
fundamentais, crescimento, utilização e conversão, cada qual com sua importância e
eficiência de conversão dentro do sistema (Figura 1).
Solo – Clima - Plantas
Forragem Produzida
Produto Animal
Forragem Consumida
Crescimento
Utilização
Conversão
Figura 1 – Estágios da produção animal e vegetal em sistemas de pastejo. Fonte: adaptado de
Hodgson (1990)
17
A etapa de crescimento é representada pelos processos fisiológicos da planta
forrageira, que permitem a transformação do carbono atmosférico em massa vegetal
através da energia solar. Dentre os fatores que podem alterar a eficiência com que estes
processos trabalham estão a disponibilidade e o balanço de nutrientes e da água no
solo, a incidência de pragas e doenças, além da estrutura do dossel (HODGSON, 1990).
A etapa de utilização compreende o momento do consumo da forragem pelo
animal em pastejo. A relação entre o consumo de forragem por unidade de área e a
produção líquida de forragem determinam a eficiência desta fase do processo. O manejo
do pastejo é a ferramenta de maior interferência na eficiência desta etapa do sistema
produtivo
Após o consumo da forragem, inicia-se o processo de conversão da mesma em
produto animal. A relação entre unidade de alimento consumida por unidade de produto
é dada como eficiência ou conversão alimentar.
Diversos fatores são responsáveis pela eficiência com que o animal converte o
alimento em produto (Van SOEST, 1994), tanto relacionados ao animal, como raça,
sexo, idade, estado fisiológico, tipo de produto e variação genética entre indivíduos
(ARCHER et al., 1999), quanto relacionados à fatores externos, como clima, quantidade
e qualidade de alimento disponível e metabolismo ruminal. Desta forma, enquanto
alguns fatores são de lenta ou difícil modificação no curto prazo, aqueles relacionados à
dieta são prontamente manipuláveis visando a intervenção no processo de conversão
da forragem com o intuito de se aumentar a eficiência produtiva (MacRAE; LOBLEY,
1982).
2.1.2 Ionóforos – modo de ação
Os ionóforos são aditivos que promovem alteração dos padrões de fermentação
ruminal, aumentando a proporção de ácido propiônico e diminuindo a proporção dos
ácidos butírico e acético no rúmem (RICHARDSON et al., 1976).
Estas alterações resultam em vantagens nutricionais e metabólicas nos animais
suplementados com ionóforos, que se expressam em ganhos econômicos, os quais
incluem a melhora da eficiência alimentar, aumento do ganho de peso e redução da
mortalidade (McGUFFEY et al., 2001).
18
A monensina sódica é um ionóforo produzido pelo fungo Streptomyces
cinnamonensis, primeiramente utilizada como coccidiostático para aves. Seu uso em
bovinos de corte foi aprovado pelo órgão americano Food and Drug Administration
(FDA) em 1975.
Os ionóforos são moléculas diferenciadas na estrutura química, mas todas
possuem vários átomos de oxigênio espaçados através das moléculas. A posição dos
átomos cria uma concavidade para prender um cátion (PRESSMAN, 1976). Regiões
polares e não polares características destas moléculas permitem a interação com a
membrana celular e a captura de cátions. Cada ionóforo é capaz de se complexar com
um cátion de tamanho apropriado. Este complexo cátion ionóforo se anexa nas
bactérias gram-positivas ruminais e torna-se solúvel na camada de lipídios da
membrana da célula. Uma vez dissolvido, o complexo do cátion é trocado por um
próton, isto orienta a troca de um íon K+ intracelular por um íon H+ ou Na+ extracelular.
Tendo depositado o cátion complexado no fluído extracelular, o ionóforo se recomplexa
em um cátion intracelular e repete o processo (BERGEN; BATES, 1984).
Como resultado, estas reações feitas por gradientes de cátions e afinidades entre
cátions e ionóforos culminam na redução da concentração de K+ e em menor pH
intracelulares, além de maior concentração de Na+ (RUSSEL; STROBEL, 1989).
Culturas de Streptococcus bovis na presença de 0,5 mg.L-¹ de monensina sódica
apresentaram inversão no gradiente de pH em relação ao meio, com concomitante
queda na concentração de K+ e aumento na concentração de Na+ intracelulares
(RUSSEL, 1987) (tabela 1).
Tabela 1 – pH, concentração de potássio e sódio intra e extracelulares de culturas de
Streptococcus bovis na presença ou ausência de monensina
Controle Monensina
pH e 6,65 +/- 0,02 6,65 +/- 0,02
pH i 7,08 +/- 0,15 6,20 +/- 0,13 *
K e mM 9 +/- 0,3 9 +/- 0,5
K i mM 613 +/- 13,4 134 +/- 11,1 *
Na e mM 89 +/- 4,7 93 +/- 6,9
Na i m
19
próton-ATPase e sódio-ATPase são ativadas e permitem que o organismo elimine estes
íons em detrimento de um ATP por próton. Isto reduz efetivamente as reservas de
energia da bactéria, resultando em menor capacidade para divisão das células. Russel
(1987) observou diminuição quase imediata na taxa de crescimento de Streptococcus
bovis e interrupção total desta após 3 horas da aplicação de 0,5 mg.L-¹ de monensina
sódica. Este mecanismo básico é o responsável por todas as modificações ruminais e
de desempenho observadas nos animais tratados com monensina.
Esta classe de microorganismos, em sua maioria tem como produto final do
metabolismo o acetato ou butirato. A estequiometria da produção destes ácidos no
rúmen mostra que para cada mol de acetato produzido, são liberados oito átomos de
hidrogênio. Entretanto, a produção de um mol de butirato ou propionato libera apenas
quatro átomos de hidrogênio (Van SOEST, 1994). Sendo o ambiente ruminal anóxico, a
regeneração das coenzimas NAD+ e NADP+, fundamentais nos processos
fermentativos, é dependente da produção de metano (CH4), o qual funciona como uma
espécie de “dreno” de H+, às custas da energia que este composto de carbono
extremamente reduzido encerra (ARCURI; LOPES; CARNEIRO, 2006). A inibição do
crescimento dos microorganismos produtores de H+ permite o desenvolvimento de
microorganismos que realizam vias metabólicas mais eficientes, com maior proporção
de ácido propiônico na relação molar dos AGVS ruminais (Van SOEST, 1994).
Horn et al. (1981) detectaram este tipo de alteração na proporção de AGVS em
bovinos pastejando trigo 4 e 24 horas após o fornecimento da monensina (tabela 2).
A alteração da proporção molar de ácidos graxos voláteis favorecendo a
produção de ácido propiônico em detrimento do ácido acético melhora a eficiência de
conversão da energia bruta dos alimentos em energia metabolizável.
20
Tabela 2 - Efeito da monensina na proporção molar de ácidos graxos voláteis ruminais em
novilhos sob pastagem de trigo
4 hr Controle Monensina Controle Monensina
Acetato 65,86 59,14** 56,21 54,98
Propionato 16,4 25,03* 22,79 28,24**
Butirato 13,28 10,78 14,15 10,88*
Ac:Pr 4,04 2,41** 2,47 1,96**
24 hr
Acetato 67,3 60,32* 57,97 56,2
Propionato 16,32 24,8 22,34 27,03**
Butirato 12,29 9,8 13,32 10,44*
Ac:Pr 4,17 2,5* 2,6 2,08**
Experimento 1 Experimento 2
*P<0,05 ** P<0,01
Fonte: Horn et al. (1981)
Richardson et al. (1976) calcularam, à partir da eficiência teórica de conversão de
um mol de hexose fermentada nos ácidos acético, propiônico e butírico, que a alteração
na proporção 60:30:10 (acético, propiônico e butírico) para 52:40:8 representa um
aumento de 5,6% da energia bruta retida nos produtos da fermentação ruminal.
Armentano e Young (1983), apud Van Soest (1994), também reportaram melhora da
eficiência ruminal da ordem de 6% quando a produção de acetato e metano foram
desviadas para a produção de propionato e butirato no rúmen.
Entretanto, a alteração da proporção de AGVS, embora o principal, não é o único
fator responsável pelo resultado benéfico da inclusão de monensina na dieta de
bovinos. Schelling (1984) postulou seis modos de ação que, juntos respondem pela
maior eficiência alimentar proporcionada pela monensina sódica. São eles:
Alteração da proporção de ácidos graxos
Modificação no consumo de alimentos
Mudança na produção de gases
Alteração da digestibilidade
Melhora na utilização de proteínas
Modificação do enchimento ruminal e da taxa de passagem
Além destes, Schelling (1984) ainda citou uma sétima categoria, compreendendo
outros modos de ação da monensina, como aumento da gliconeogênese e do turnover
da glicose no organismo, sua função como coccidiostática e até mesmo indícios de
21
redução no número e vigor das larvas de mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) dos
animais tratados.
2.1.3 Benefícios da utilização de ionóforos
Os benefícios das ações biológicas dos ionóforos nos bovinos foram classificados
por Bergen e Bates (1984) em três áreas de efeitos:
Aumento da eficiência do metabolismo energético das bactérias do rúmen
e (ou) do animal.
Melhora do metabolismo do nitrogênio das bactérias do rúmen e (ou) do
animal.
Retardo das desordens digestivas resultantes de fermentação anormal do
rúmen, especialmente acidose lática e timpanismo.
2.1.4 Resultados de desempenho
Goodrich et al. (1984) revisaram os resultados de pesquisas com a monensina
sódica envolvendo quase 16.000 cabeças em confinamento nos EUA. Estes autores
verificaram que tanto sexo do animal quanto seu peso vivo (idade) não interferiram no
padrão de resposta em desempenho, mudança na ingestão de matéria seca ou
conversão alimentar provocadas pela monensina. Já o uso de promotores de
crescimento, o ganho de peso do grupo controle, o nível de ingestão de energia
metabolizável e a concentração de monensina na dieta foram as variáveis de maior
interferência na variação em ganho de peso provocada pela monensina.
O ganho de peso do grupo controle foi o principal fator (P<0,01) a correlacionar-
se com a variação em ganho de peso provocada pela monensina. Nos experimentos em
que o ganho foi baixo, a monensina aumentou mais o ganho diário em comparação aos
experimentos nos quais o ganho foi maior. Isso indica que animais menos eficientes em
conversão alimentar respondem mais à monensina que os mais eficientes. Entretanto,
animais que consumiram maiores quantidades de energia metabolizável responderam
mais em ganho de peso quando comparados aos animais com menor consumo de
energia. Os autores explicaram este fato sugerindo que animais com menor consumo de
22
matéria seca responderiam menos à monensina em relação aos animais com maior
consumo.
A concentração de monensina na dieta parece influenciar tanto o consumo de
matéria seca quanto ganho de peso destes de animais. O consumo de matéria seca foi
afetado pela monensina de maneira quadrática, segundo a equação Y= 0,0697-0,0731x
+0,001x². A máxima redução no consumo de matéria seca, segundo estes autores,
ocorre em uma concentração de 35,5 mg/kg MS.
Neste sentido, Goodrich et al. (1984) apresentaram os dados de Goodrich et al.
(1976), que revisaram 29 experimentos sobre os efeitos da concentração de monensina
na dieta de animais confinados. As concentrações de 5,5, 11, 22, e 27,5 g/t permitiram
taxas de ganho de peso similares. Entretanto, o consumo de matéria seca declinou à
medida que a concentração de monensina na dieta foi maior, de forma que a conversão
alimentar foi máxima nos animais que receberam doses de 22 à 33 g/t (Tabela 3).
De maneira geral, a revisão de Goodrich et al. (1984) mostrou um aumento de
1,6% no ganho de peso e redução de 6,4% no consumo de MS, com conseqüente
melhora de 7,5% na conversão alimentar dos animais tratados com monensina em
confinamento.
Tabela 3 - Influência da concentração de monensina na dieta na performance de animais
confinados
Item 0 5,5 11 22 27,5 33 44
n° de animais 875 177 361 521 142 757 209
Ingestão de monensina, mg 0 51 102 197 242 286 375
Ganho de peso, kg (a) 1,08 1,13 1,13 1,1 1,12 1,08 1,06
Consumo de MS, kg (b) 8,49 8,36 8,36 8,03 7,9 7,8 7,65
CMS/kg GPD ( c ) 7,89 7,38 7,41 7,31 7,08 7,23 7,22
Incremento % - 6,5 6,1 7,4 10,3 8,4 8,5
Concentração de monensina na dieta, g/t
a
0 < 5,5 (P<0,05) e 11 (P<0,01); 5,5 e 11 > 33 (P<0,05 e P<0,01) e 44 (P<0,01); 22 e 27,5 > 44 (P<0,05)
b 0 > 22, 27,5, 33 e 44 (P<0,01); 5,5 > 22, 27,5 (P<0,05) e 33, 44 (P<0,01); 11 > 27,5 (P<0,05) e 22, 33 e
44 (P<0,01); 22 > 33 (P<0,05) e 44 (P<0,01)
c 0 > 5,5, 11, 22, 27,5, 33, 44 (P<0,01); 5,5, 11 e 22 > 27,5 (P<0,01)
Fonte: Goodrich et al. (1976) citado por Goodrich et al. (1986)
Em animais alimentados com dietas à base de forragem, ou em pastejo, os
benefícios da monensina sódica na conversão alimentar se traduzem em aumento no
ganho de peso, e não na redução do consumo de alimentos, como no caso dos animais
confinados.
23
Potter et al. (1976) conduziram três experimentos à pasto e um experimento com
forragem verde picada em confinamento com o intuito de avaliar o efeito de doses de 0,
50, 100, 200, 300 e 400 mg de monensina/cabeça/dia no ganho de peso e conversão
alimentar, abrangendo 372 novilhos de corte com 200 à 350 kg de peso vivo. A
monensina melhorou o ganho de peso nas doses de 100, 200 e 300 mg/cab/dia. A dose
aparentemente ótima (máxima resposta) nestes experimentos foi de 200 mg/cab/dia. O
ganho de peso foi 17% maior nesta dose em relação ao controle (Tabela 4).
Tabela 4 - Efeito de diferentes doses de monensina sobre o ganho de peso de bovinos em
crescimento consumindo pasto ou forragem picada (kg/dia)
Exper. Repet. 0 50 100 200 300 400
1 1 105 0,37 - 0,47 0,51 - 0,39
2 1 168 0,56 0,6 0,7 0,72 - -
3 1 126 0,68 0,72 0,82 0,78 0,78 0,8
3 2 126 0,7 0,63 0,62 0,68 0,71 0,69
4 1 112 0,48 0,52 0,55 0,56 0,49 0,5
4 2 112 0,51 0,55 0,53 0,61 0,59 0,53
média ajustada ª 0,54 0,55 0,60 * 0,63 ** 0,60 * 0,58
Dose de monensina, mg/cabeça/diaDuração,
dias
a
Médias ajustadas por experimento e repetição dentro do experimento por análise de variância dos
quadrados mínimos. Resíduo médio quadrado foi 0,00152
Médias diferentes do controle pelo teste Dunnett´s – t, * P<0,05; ** P<0,01
Fonte: Potter et al. (1976)
No experimento 4 (Tabela 5), conduzido com capim verde picado (composto de
uma mistura de várias gramíneas e leguminosas) fornecido no cocho, verificou-se
incrementos no ganho de peso dos animais que consumiram monensina dentro da
magnitude relatada nos outros experimentos, sem alteração no consumo de alimentos,
permitindo uma melhora de 20% na conversão alimentar.
Horn et al. (1981) também avaliaram o desempenho e o consumo de forragem de
animais em pastejo recebendo monensina diariamente. Em dois experimentos, a
monensina aumentou o ganho de peso em 90 e 70 g/cabeça/dia (P<0,01). O consumo
de forragem foi avaliado através do uso de óxido de cromo como marcador, nos animais
em pastejo recebendo 0 ou 200 mg de monensina, no momento da inclusão da cápsula
de cromo. O consumo de MS foi de 14,88 e 14,36, 14,79 e 13,72 kg/cabeça/dia para os
animais dos grupos controle e tratados, nos dois experimentos, respectivamente, não
sendo influenciado pelo fornecimento de monensina.
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Analisando-se os dados de consumo e desempenho de animais em pastejo e
confinamento, conclui-se que a monensina permite ao animal obter mais energia líquida
por unidade de alimento consumida.
Tabela 5 - Efeito de diferentes doses de monensina na média de ganho em peso, consumo de
alimentos e conversão alimentar (kg alimento/kg ganho) de bovinos recebendo
forragem verde picada.
Item 0 50 100 200 300 400
Repetição 1 0,476 0,517 0,553 0,562 0,49 0,503
Repetição 2 0,513 0,549 0,531 0,608 0,585 0,526
média 0,495 0,533 0,542 0,585 0,538 0,515
Incremento % 0,0 7,7 9,5 18,2 8,7 4,0
Repetição 1 7,14 7,05 7,14 7 6,45 6,86
Repetição 2 6,68 6,91 6,86 7 6,68 6,32
média 6,91 6,95 7 7 6,55 6,59
Incremento % 0,0 0,6 1,3 1,3 -5,2 -4,6
Repetição 1 14,89 13,62 12,86 12,41 13,1 13,64
Repetição 2 12,96 12,53 12,97 11,42 11,42 12,03
média 13,92 13,07 12,91 11,91 12,26 12,84
Incremento % 0,0 -6,1 -7,3 -14,4 -11,9 -7,8
Dose de monensina, mg/cab/dia
Consumo de MS, kg
Ganho de peso diário, kg
Conversão, kg MS/kg de ganho
Fonte: Potter et al. (1976)
Em pastejo, o consumo de alimento é, em geral, limitado por questões como
disponibilidade de forragem e estrutura das plantas, desta forma, enquanto o consumo
permanece inalterado, o ganho de peso aumenta. Já em dietas de confinamento, o
animal não sofre limitações físicas com relação ao consumo de alimentos, e sim, sua
capacidade metabólica de ganho é o determinante do nível de ingestão. Neste caso, a
manutenção do ganho de peso com redução no consumo de alimentos parece
corroborar a idéia do aumento na energia líquida das dietas aditivadas com monensina
sódica.
25
2.1.5 Modo de fornecimento
O fornecimento de monensina sódica à bovinos em pastejo constitui um desafio.
Tratando-se de doses que variam de 50 a 200 mg/cabeça/dia, isto significa 0,5 a 2 g de
produto comercial, com 10% do princípio ativo por dia. Enquanto em animais recebendo
ração completa o fornecimento destas quantidades não é problema, nos animais em
pastejo surge a necessidade de um veículo para o fornecimento da dose correta e na
freqüência adequada a todos os indivíduos do rebanho.
O uso de suplementos proteinados ou energéticos tem funcionado
adequadamente para este objetivo. Os trabalhos de Boling et al. (1977), Oliver (1975),
Potter et al. (1976), Horn et al. (1981) entre outros, demonstraram a melhora no
desempenho dos animais em pastejo recebendo monensina via suplementação
energética ou protéica, em quantidades que variaram de 910g à 230 g de
suplemento/cabeça/dia.
Horn et al. (1981) mostraram que o fornecimento de 910 g/cabeça/dia de
suplemento energético sem monensina proporcionou ganho de 90 g/cabeça/dia em
relação ao controle não suplementado (P<0,01), enquanto o mesmo suplemento
acrescido de 100 mg de monensina/cabeça proporcionou incremento no ganho de peso
de 180 g/cabeça em relação ao controle (P<0,01). Verifica-se que 50% da resposta à
suplementação, neste caso, foi devido ao ionóforo.
Neste mesmo trabalho, os autores relataram outro experimento em que não
houve resposta à suplementação energética sem ionóforo, enquanto o suplemento
medicado com monensina permitiu incremento no ganho de 70 g/cabeça/dia (P<0,01).
Corsi et al. (2001) também concluíram em revisão que a resposta à suplementação
protéica ou energética depende da inclusão de ionóforos.
Muller et al. (1986) estudaram o fornecimento de monensina em suplementos
energéticos baseados em milho e trigo, com quantidades variando de 0,454 kg a 1,814
kg/cab/dia, de forma que estes eram fornecidos em quantidades limitadas diariamente
ou ad libitum. Neste último caso o consumo voluntário foi restringido ao mesmo nível
dos tratamentos fornecidos diariamente, através da adição cloreto de sódio. Nos
tratamentos com monensina, as concentrações desta eram tais para que fossem
26
fornecidas 200mg/cab/dia. Os autores verificaram que nos tratamentos de consumo
voluntário com monensina, a quantidade de cloreto de sódio necessária para limitar o
consumo aos patamares desejados foi de 25 a 50% menor em relação aos tratamentos
sem monensina.
Entretanto, a viabilidade econômica deste tipo de suplementação nem sempre é
uma realidade, pois é dependente da disponibilidade de grãos ou subprodutos da
agroindústria, e do custo destes em relação ao produto animal. Outro obstáculo à
utilização desta técnica é a necessidade adicional de mão-de-obra em que o
fornecimento diário de suplemento implica.
Neste sentido, várias formas de fornecimento de monensina têm sido
desenvolvidas. Isto inclui formulações solúveis em água, para fornecimento via
bebedouros ou cápsulas de liberação ruminal.
Em nosso país, uma alternativa seria o fornecimento da monensina na mistura
mineral. Este tipo de suplementação é largamente aceito pelos pecuaristas por ser de
consumo voluntário, reduzindo a periodicidade de fornecimento, além de ser
reconhecida a necessidade de se fornecer minerais à animais pastejando gramíneas
tropicais.
Entretanto, o consumo de misturas minerais é severamente prejudicado na
presença de ionóforos. Gutierrez (1997) observou menor consumo de suplemento
mineral acrescido de monensina sódica, por novilhas nelore com aproximadamente 300
kg de peso vivo. O nível de inclusão de monensina no suplemento foi de 3000 ppm,
calculado para que um animal consumindo 60 g de suplemento mineral ingerisse em
torno de 200 mg de monensina. O tratamento controle apresentou um consumo médio
de 84g/cabeça/dia, enquanto o tratamento medicado apresentou um consumo de 50 g/
cabeça/dia. Um terceiro tratamento, também medicado, porém contendo 5% de levedura
seca como palatabilizante, apresentou um consumo de 54 g/cabeça/dia. Nota-se que
mesmo a inclusão deste tipo de palatabilizante não foi suficiente para promover um
consumo adequado do suplemento mineral.
Contudo, estes animais consumiram algo em torno de 180 mg de
monensina/cabeça/dia, o que significa 30 ppm na dieta total, ao nível de consumo de
matéria seca de 2% do peso vivo. Enquanto esta dose é adequada para animais em
27
confinamento, para animais consumindo forragens tropicais, espera-se um incremento
ótimo em desempenho à doses menores, por volta de 100 mg de
monensina/cabeça/dia, ou 15 ppm na dieta total (OLIVER, 1975). Provavelmente, por
este motivo não foi observada diferença de desempenho entre os tratamentos (P<0,05),
já que doses muito elevadas de monensina podem não resultar em incremento no
desempenho (GOODRICH et al. 1984, POTTER et al. 1986). O ganho de peso total no
período de 140 dias foi de 28,9 kg para o tratamento controle, 29,9 kg para o tratamento
com monensina e 30,6 kg para o tratamento com monensina+levedura.
Apesar do consumo médio na dose acima da esperada, houve grande variação
de consumo entre os períodos de avaliação (14 dias), possivelmente refletida no
consumo diário ou mesmo entre animais do rebanho, fato que também pode ter
prejudicado o efeito adequado da monensina no rúmem.
Dixon et al. (2003) concluíram que o fornecimento de 500g/cab/dia de farelo de
algodão juntamente com suplemento mineral e uréia foi suficiente para elevar o
consumo voluntário de minerais e nitrogênio não protéico por bovinos em pastagens e
recomendaram a inclusão de palatabilizantes contendo energia ou proteína com o intuito
de se elevar o consumo voluntário de substâncias pouco palatáveis. Contudo, a inclusão
de apenas 5% de levedura no suplemento feita por Gutierrez (1997) pode ter sido
insuficiente como agente estimulante de consumo.
2.1.6 Fatores que regulam o consumo de suplementos
O consumo voluntário de suplementos minerais pelos bovinos pode ser
influenciado por diversos fatores, tanto relativos ao animal, quanto ao tipo de
suplemento, à maneira de fornecimento e ainda elementos ambientais.
Alguns dos fatores que podem interferir no consumo de suplementos são:
neofobia (desconfiança com uma nova forma de suplemento ou tipo de cocho),
interações sociais, distância do suplemento em relação à fonte de água, acessibilidade
ao cocho, tipo de suplemento, sua forma física e composição química, a qual pode
encerrar componentes que favoreçam ou prejudiquem a aceitabilidade pelos animais
(BOWMAN; SOWELL, 1997).
28
Segundo McDowell (1996), a prática de se fornecer minerais para consumo
voluntário tem origem na idéia errônea de que os animais possuem a capacidade de
identificar suas carências nutricionais e buscar no ambiente os elementos deficientes em
seu organismo. Esta idéia surgiu após relatos de campo de pesquisadores sobre
animais deficientes em P roendo ossos (THEILER et al., 1924, apud McDOWELL,
1996). Como os ossos são ricos em P, a hipótese era que os animais deficientes
possuíam apetite específico pelo elemento. De fato, Becker et al. (1933) apud McDowell
(1996) demonstraram que a concentração sérica de P elevava-se à padrões normais
após o consumo de farinha de ossos e que, quanto maior o consumo de P via fontes
alimentares, menor era o consumo de farinha de ossos.
Entretanto esta atração por ossos foi esclarecida como sendo devido a um
estímulo olfativo. O atrativo é um componente orgânico que desaparece quando os
ossos são aquecidos à 500 °C. As cinzas, não atraentes, mesmo ricas em P, voltaram a
se tornar atrativas a vacas deficientes em P, quando lhes foram adicionados extratos de
ossos não tratados termicamente (SCHMIDT-NIELSEN, 1994). O comportamento de
bovinos deficientes em P é em verdade um apetite depravado, pois estes podem
apresentar atração por substâncias eventualmente pobres em P, como solo, rochas e
lascas de madeira.
A realidade é que ruminantes domésticos possuem pouca habilidade em regular
o consumo voluntário de minerais de acordo com suas exigências nutricionais. Coppock
et al. (1976) não detectaram correlação entre consumo voluntário de cálcio ou fósforo e
as respectivas exigências nutricionais em vacas leiteiras em produção, mesmo após um
período de depleção das reservas orgânicas de 9 semanas em que estes animais foram
submetidos à dietas pobres nestes nutrientes. Da mesma forma, Muller et al. (1977),
fornecendo 13 tipos de minerais e vitaminas separadamente, no estilo cafeteria, também
constataram que vacas leiteiras não consumiram voluntariamente quantidades
suficientes de minerais e vitaminas para suprir sua demanda nutricional, nem o consumo
foi maior pelos animais submetidos à dieta com níveis destes nutrientes abaixo da
recomendação do NRC, por um período de 16 semanas.
No entanto, o sódio é o elemento regulador de consumo das misturas minerais. O
apetite específico pelo sódio é bem documentado na literatura (SCHULKING, 1991;
29
ROWLAND; FREGLY, 1988, apud FITZSIMONS, 1998). Esta atração pelo sódio e por
alimentos que o contém é, segundo Fitzsimons (1998), o motivo pelo qual herbívoros na
natureza viajam longas distâncias até locais onde este elemento pode ser encontrado.
Alces habitantes da ilha Royale, no Lago Superior (Canadá), crescem e se reproduzem
normalmente, sem apresentar os efeitos negativos ocasionados pela carência de sódio,
mesmo tendo à disposição forragens que supririam apenas um décimo de suas
exigências nutricionais por este elemento. Contudo, durante aproximadamente oito
semanas de verão, estes animais se alimentam de plantas aquáticas que possuem uma
concentração de sódio 50 a 500 vezes maior que as plantas terrestres locais, o que lhes
permite armazenar reservas deste elemento nos fluídos corporais e ossos suficientes
até o próximo verão (SCHMIDT-NIELSEN, 1994).
Beauchamp et al. (1992) relataram aumento da preferência por alimentos
salgados em 10 humanos voluntários submetidos à uma deficiência de sódio
experimentalmente induzida. Este mecanismo fisiológico é conhecido, sendo mediado
pela angiostensina II, um peptídeo atuante no hipotálamo responsável pelo desencadear
da sede em situações de hipovolemia.
Em situações de carência de Na+ ou hipovolemia, os níveis séricos de
angiostensina II se elevam. De maneira análoga, a administração exógena de
angiostensina II leva a ingestão quase imediata de água e uma posterior e mais
duradoura avidez por Na+ (FITZSIMONS, 1998). Este mecanismo é o principal
responsável pela regulação da ingestão de misturas minerais por bovinos de corte.
Segundo Peixoto et al. (2005), bovinos adultos ingerem, depois de adaptados, 30 a 35
g/cab/dia de cloreto de sódio em condições normais. Determinar se ou até que ponto os
animais ingerem NaCl voluntariamente permite carrear outros nutrientes e até mesmo
aditivos misturados ao NaCl na proporção adequada.
Contudo alguns ingredientes da formulação podem causar aumento ou redução
no consumo voluntário destas misturas. A percepção de odor e sabor em ruminantes
está ligada a mecanismos de feedback pré e pós ingestivos.
Segundo Provenza (1995), existem atualmente quatro teorias para explicar a
maneira como os ruminantes selecionam seu alimento. De acordo com a teoria da
eufagia, supostamente os animais possuem a capacidade de sentir o sabor ou cheiro
30
específicos de nutrientes e toxinas em plantas, levando-os a selecionar alimentos
nutritivos ou preterir plantas tóxicas. É pouco provável que isso ocorra, pois sabor,
textura e aroma de cada alimento são únicos, já que resultam de uma combinação
quase exclusiva de nutrientes, toxinas e outros compostos químicos nutricionalmente
inertes. Os adeptos da teoria da edifagia argumentam que animais selecionam
alimentos agradáveis ao olfato e paladar, e evitam os que não são. A evolução teria
tornado os componentes nutritivos agradáveis e os tóxicos aversivos. Outra teoria
baseia-se nas características morfo-fisiológicas, assumindo que as espécies de
ruminantes, evoluindo em diferentes ambientes, adquiriram características morfológicas
e fisiológicas que propiciam a ingestão de certas plantas em detrimento de outras. O
quarto modelo engloba aspectos das três teorias anteriores, e admite que o aprendizado
ocorre através de conseqüências do consumo, envolvendo mecanismos de feedback
pós ingestivo, levando a conseqüências positivas ou negativas, permitindo a flexibilidade
de selecionar dietas nutritivas em ambientes onde os alimentos variam em
concentrações de nutrientes e toxinas.
Mas o fato é que bovinos possuem algum grau de preferência de sabor. Goatcher
e Church (1970) constataram que os bovinos são mais sensíveis á sacarose em solução
na água do que caprinos e ovinos, sendo capazes de diferenciar água pura de solução
de sacarose à concentrações menores do que as outras espécies. Neste mesmo
trabalho, verificou-se uma preferência dos bovinos por uma solução com 5% de
concentração em sacarose, no entanto, a aceitação da solução diminuiu à medida que
foi se elevando a concentração do açúcar.
Analogamente, Arnold et al. (1980) identificaram compostos de ocorrência natural
em plantas que foram capazes de deprimir o consumo de matéria seca por ovinos, como
por exemplo, coumarina 1,5%, gramina 1%, ácido tânico 5%, ácido malônico 1,5% e
glicina 2%, com base em matéria seca. Ovinos anosmicos e agustatórios foram afetados
da mesma maneira que os normais, indicando que olfato e paladar não estariam
envolvidos na rejeição.
Os estímulos sensoriais odor, sabor e aparência dos alimentos são importantes
em ruminantes, pois auxiliam os animais na tomada de decisão sobre o que consumir ou
não. Entretanto, estes estímulos são coadjuvantes no processo decisório, sendo que as
31
sensações pós ingestivas (saciedade ou mal estar) são mais importantes (PROVENZA,
1995).
Como exemplo, cordeiros que consumiram soluções de glicose ou sacarina,
aromatizadas com sabores diferentes (laranja ou uva), subsequentemente preferiram os
sabores associados à glicose (96% vs. 4%) (BURRIT; PROVENZA, 1992).
Da mesma maneira, cordeiros submetidos à acidose ruminal por suplementação
com alto grão (1.300 vs. 300 g de trigo) consumiram mais solução de NaHCO3 a 2%
(1.332 g vs. 890 g, P=0,03) que os animais controle, apesar do consumo de água pura
ter sido semelhante entre os tratamentos, demonstrando a preferência pelo líquido que
promoveu atenuação do distúrbio ruminal (PHY; PROVENZA, 1998).
No entanto, ocasionalmente ruminantes ingerem excesso de algum alimento
nutritivo, mas que pode levar a consequências pós ingestivas desagradáveis, como o
timpanismo, resultado do excesso de ingestão de certas leguminosas, inclusive alfafa. O
feedback positivo gerado pelos nutrientes, neste caso, parece sobrepor-se ao feedback
negativo do desconforto causado pelo timpanismo.
2.2 Material e métodos
2.2.1 Informações Gerais e tratamentos
O experimento foi realizado concomitantemente em duas fazendas comerciais
(Fazendas São Bento e Serra Negra), no período de 31 de janeiro à 27 de abril de 2007.
Foram utilizados 430 bovinos de corte, com peso vivo inicial médio de 250 kg, sendo
320 fêmeas e 150 machos, com idade entre 1 e 2 anos, em sua grande maioria da raça
nelore, entretanto alguns animais eram mestiços. Os animais foram identificados
individualmente por brinco numerado e colorido de acordo com o tratamento, alocados
aleatoriamente em três blocos completos, perfazendo dois blocos com fêmeas (Fazenda
São Bento) e um bloco com machos (Fazenda Serra Negra).
Deu-se como um bloco o conjunto de três piquetes que continham os rebanhos
recebendo os três tratamentos. Semanalmente, os animais eram alternados entre os
piquetes, dentro do mesmo bloco, com o intuito de minimizar os efeitos da pastagem no
desempenho dos animais. Os tratamentos adotados foram:
32
TC – mistura mineral comercial (PROBEEF 60®, Nutron Alimentos LTDA.,
Campinas -SP), sem ionóforo.
TR – mistura mineral comercial (PROBEEF 60®), aditivada com 1500 ppm de
monensina sódica na forma de Rumensin 200®.
TM – mistura mineral comercial (PROBEEF 60®), aditivada com 1500 ppm de
monensina sódica em veículo especial (Elanco Saúde Animal
Os suplementos minerais continham 40% de NaCl e 65 g de P/kg.
2.2.2 Áreas Experimentais
Fazenda São Bento
A fazenda localiza-se no município de Queiroz, Estado de São Paulo, latitude S
21°51'14,23'', longitude W 50º15'59,39''. Foram utilizados seis piquetes de 13 ha cada
um, delimitados por cerca elétrica, totalizando 2 blocos completos. Três bebedouros
metálicos de 2600 L de capacidade foram instalados de forma a servirem dois piquetes
simultaneamente. Em cada piquete foi instalado um cocho de sal coberto com telhas de
barro, composto de três metades de tambores plásticos de 200 L de capacidade com 85
cm de comprimento cada totalizando 255 cm lineares.
A pastagem era formada por Panicum maximum cv. Tanzânia, em uma área
antes cultivada com sorgo para ensilagem.
O rebanho experimental foi composto por 280 fêmeas da raça nelore e cruzadas
nelore-marchigiana, com aproximadamente 20 meses de idade e peso vivo inicial médio
de 260 kg. Estas foram alocadas de acordo com a raça em dois blocos completos.
Fazenda Serra Negra
A fazenda localiza-se no município de Lins, Estado de São Paulo, latitude S
21°41’ 32” longitude W 49°38’08”. Inicialmente foram utilizados três piquetes de 7,5 ha
cada, delimitados por cerca elétrica, supridos com água por bebedouros artificiais de
concreto abastecidos pela mesma fonte. Os piquetes contaram com um cocho de sal em
cada um, cobertos com telhas de zinco ou cimento amianto, sendo um composto de três
metades de tambores plásticos de 200 L de capacidade com 85 cm de comprimento
cada totalizando 255 cm lineares, e dois feitos de madeira, com igual capacidade,
comprimento e altura em relação ao solo.
33
A pastagem era formada por Brachiária decumbens e Brachiária brizantha cv.
Marandu. As pastagens receberam adubação com 90kg N/ha aproximadamente 45 dias
antes do início do experimento. Eventualmente, durante o período experimental, foi
necessária a abertura de outros piquetes aos animais devido a baixa disponibilidade de
forragem, resultado do intenso ataque de cigarrinha-das-pastagens (Deois flavopicta) e
pluviosidade abaixo do normal para o período, entretanto, todos os tratamentos tinham
acesso a estas áreas e os cochos e bebedouros permaneciam os mesmos.
O rebanho era composto de 150 machos inteiros da raça nelore, com idades
variando e 12 a 24 meses e peso vivo inicial de 180 à 320 kg. Inicialmente apartou-se o
rebanho em três categorias de peso homogêneas e estas foram então igualmente
distribuídas entre os três tratamentos, de forma a evitar grande disparidade entre os
lotes.
2.2.3 Determinação do consumo de suplemento pelo rebanho
O consumo de suplemento mineral pelo rebanho foi determinado semanalmente
através da diferença entre a quantidade fornecida na semana anterior e a quantidade
remanescente (peso seco ao ar) (GUTIERREZ, 1997).
Diariamente os cochos foram vistoriados e reabastecidos quando necessário,
para impedir que ficassem vazios. Esta eventual quantidade era então somada ao total
fornecido no período.
Eventualmente o suplemento retirado apresentava-se úmido devido a chuvas ou
salivação dos animais. Nestes casos, as sobras eram expostas ao ar, à sombra, e
pesadas apenas quando seu teor de umidade aparente era similar ao suplemento ainda
não fornecido.
2.2.4 Estimativa do consumo individual de suplemento
O consumo individual de suplemento foi estimado em quatro ocasiões, utilizando-
se o íon lítio (Li) como marcador sanguíneo, proposta e validada por Suharyono (1992) e
confirmada por Dixon et al. (2003), que consiste na estimativa da proporção do consumo
do suplemento marcado atribuída a cada animal.
34
Esta estimativa é obtida multiplicando-se a concentração de lítio no plasma pelo
peso vivo do animal. Este valor (CLi*PV) para cada animal é expresso como uma
porcentagem do total de lítio estimado no corpo dos animais (somatória de CLi x PV de
todo o rebanho). Multiplica-se então esta porcentagem pela quantidade desaparecida de
suplemento no cocho durante o período de exposição dos animais ao suplemento
marcado (KAHN, 1994).
Para tanto, 24 horas antes da retirada dos animais dos piquetes, as sobras de
suplemento mineral dos cochos eram removidas e substituídas pelo mesmo tipo de
suplemento, acrescido de 69,7 g de sulfato de lítio (Li
2
SO
4
).kg de suplemento
-1
. As
sobras eram então removidas e pesadas após a retirada dos animais do piquete para o
início do jejum pré-coleta. Na manhã seguinte, eram coletadas amostras de sangue da
veia jugular, com auxílio de tubos de coleta à vácuo, identificados individualmente,
contendo potássio-EDTA como anticoagulante. As amostras eram então refrigeradas e
centrifugadas à 7000 rpm por 10 minutos. Após centrifugadas as amostras foram
mantidas congeladas até o momento da análise laboratorial.
A determinação do teor de lítio no plasma sanguíneo foi realizada através da
leitura em fotômetro de chama. Para que houvesse volume suficiente para leitura no
aparelho e reduzir a viscosidade do plasma, realizou-se uma diluição prévia de 0,5 ml de
plasma em 1,0 ml de água destilada. O aparelho foi calibrado com solução padrão de
plasma e água destilada na proporção 1:2.
2.2.5 Avaliação da disponibilidade de forragem
A disponibilidade de forragem foi avaliada mensalmente, através do corte ao nível
do solo, do material vegetal contido em uma moldura metálica quadrada, de 1m de lado,
disposta aleatoriamente em 4 pontos representativos da pastagem (PENATI, 2001). O
material recém cortado era pesado ainda no campo para o cálculo da massa de
forragem presente. Posteriormente foi determinado o teor de matéria seca do material
recolhido após a secagem em estufa, à 70°C, até peso constante.
Quinzenalmente monitorou-se a altura da forragem. A medição foi realizada com
régua de 1,5 m, graduada em centímetros, tomando-se como referência o ponto de
35
curvatura das folhas ou, quando este era ausente, a ponta da folha mais alta, em 30
pontos tomados aleatoriamente em cada piquete.
2.3 Análises estatísticas
Para as variáveis quantitativas com distribuições normais: consumo médio e
consumo individual, uma abordagem paramétrica com o uso da análise de variância foi
utilizada considerando a estrutura de delineamento usada no experimento. Por se tratar
de medidas repetidas no tempo o proc mixed, do softwarte SAS, foi utilizado, pois
permite a inclusão do referido efeito na modelagem.
Quando a interação foi significativa entre efeitos, esta foi desdobrada para se
efetuar as comparações entre as médias das subclasses. Adicionalmente, quando
apenas os efeitos principais foram significativos a comparação direta entre as classes
desses efeitos foi realizada. Para ambos utilizou-se o teste t de Student a 5% de
probabilidade.
Para a variável probabilidade de consumo, devido ao caráter binomial (consumir
ou não consumir), um modelo não-linear é adequado, porém linearizável, logo o modelo
foi ajustado utilizando-se a teoria de modelos lineares generalizados proposta por
Nelder & Wedderburn (1972), utilizando-se o procedimento GENMOD do software SAS.
Denotando-se a esperança matemática E[Yt] por µ
t
, pode-se tornar a expressão linear
aplicando o logaritmo natural, obtendo-se então um preditor linear, funcionalmente
ligado à média µ
t
pela função logit. Desta maneira, o ajuste do modelo foi efetuado
considerando que a distribuição dos resultados de cada variável de comportamento
estudada (Y) é binomial, com média µ e variância σ
2
, tendo o logaritmo como função de
ligação, Ln(t) sendo t o conjunto variáveis explanatórias. Consideraram-se o efeito de
animal em estrutura de medida repetida, os efeitos de bloco e tratamento, o efeito da
ocasião de coleta e a interação entre tratamento e ocasião, além do erro associado a
cada observação.
As comparações estatísticas foram realizadas sobre as médias ajustadas pelo
método dos quadrados mínimos com uma aproximação do teste de qui-quadrado sobre
a variável linearizada, porém serão apresentadas apenas as médias com as
distribuições nas escalas originais, pois estas podem ser facilmente interpretadas.
36
2.4 Resultados e discussão
2.4.1 Consumo de suplemento pelo rebanho
O consumo de suplemento pelo rebanho foi afetado pela inclusão de monensina
nos dois tratamentos, TR e TM (P=0,0064), e se comportou de maneira diferente entre
as semanas (P=0,005) (Figura 2).
0
10
20
30
40
50
60
70
1234567891011
semana
g/cab/dia
Figura 2 – Dinâmica de consumo dos suplementos durante as semanas. TC=cinza, TM=verde,
TR=vermelho
Desmembrando os valores de consumo semana a semana, verifica-se que não
houve diferença entre os tratamentos nas quatro primeiras semanas de avaliação
(Tabela 6). Na 5ª semana, o TR foi inferior ao TC e ao TM. Na 6ª semana o consumo do
TM foi intermediário, sendo igual ao TR, contudo ainda igual à TC. Na 7ª semana, o
consumo do TC foi superior à TM e TC, assim como na 9ª e 11ª semanas. Exceção feita
à oitava semana, quando os consumos foram iguais e à 10ª, quando TM foi igual à TC.
Com a análise de regressão dos dados de consumo semana a semana, verifica-
se uma queda no consumo dos dois suplementos tratados durante o período (TR
P=0,05, TM P=0,06), o que indica um possível condicionamento dos animais a uma
redução gradual no consumo do suplemento, originada pela monensina (Figuras 3, 4, 5
e 6).
37
Tabela 6 - Consumo médio semanal dos suplementos minerais (g/cab/dia)
trat.123456
TR 35 a 33,6 a 32,6 a 30,6 a 32,6 b 31,3 b
TC 54,3 a 50 a 57 a 56,6 a 65,3 a 64 a
TM 41,3 a 49 a 51,3 a 36,6 a 55 a 40,6 ab
e.p. 21,35 13,26 18,48 12,64 6,28 9,94
trat. 7 8 9 10 11 Média
TR 22 b 23,6 a 27,6 b 6,3 b 22,6 b 27,5 b
TC 55 a 39,6 a 45,3 a 48,6 a 64,6 a 56,9 a
TM 35,6 b 33,6 a 27,3 b 30,3 ab 26,6 b 36,1 b
e.p. 6,11 23,39 4,87 14,78 7,31 -
Semana
Semana
Letras diferentes diferem na coluna, ao nível de 95% de significância.
0
10
20
30
40
50
60
1234567891011
semana
g/cab/dia
Figura 3 – Regressão da dinâmica de consumo dos suplementos. TC=cinza, TM=verde,
TR=vermelho
38
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1234567891011
semana
g/cab/dia
Figura 4 – Regressão de consumo do TC. As linhas pontilhadas indicam o intervalo de confiança
ao nível de 95% de significância
39
0
10
20
30
40
50
60
1234567891011
semana
g/cab/dia
Figura 6 – Regressão de consumo do TR. As linhas pontilhadas indicam o intervalo de confiança
ao nível de 95% de significância
Bovinos consomem monensina em suplementos energéticos ou proteinados de
maneira constante, contudo o consumo foi gradativamente reduzido nos suplementos
minerais tratados avaliados. Além da concentração maior de monensina nestes
suplementos, dada a necessidade de fornecimento da dose adequada numa menor
porção, a ausência de nutrientes que produzam conseqüências pós ingestivas positivas,
como energia ou proteína nos suplementos minerais, associada a algum efeito sensorial
no trato digestório superior (boca, língua, faringe) ou inferior (rúmem, intestinos) podem
explicar a redução do consumo destas misturas.
Assim como nos casos de timpanismo pelo consumo excessivo de leguminosas,
nos suplementos energéticos ou proteinados, o feedback positivo ocasionado pelos
nutrientes parece sobrepujar um eventual desconforto sensorial ou ruminal decorrente
do ionóforo, o que não existe nos suplementos minerais (PROVENZA, 1994).
Os coeficientes angulares das equações de regressão de TR e TM são muito
próximos, traduzindo-se em retas quase paralelas, indicando um padrão de redução
similar entre estes tratamentos, demonstrando que a redução deve estar ligada à
monensina e não a algum outro componente exclusivo do Rumensin.
Em experimento conduzido por Baile et al. (1979), os animais que receberam
dietas aditivadas com Rumensin ou monensina sódica pura apresentaram redução
imediata no consumo quando a dieta era composta de 85% de concentrado, ou rejeição
no dia seguinte quando a dieta era composta de 92% de volumoso. Os animais que em
40
um primeiro momento receberam dietas com Rumensin foram capazes de detectar e
reduzir o consumo de alimentos aditivados com o produto em uma segunda fase
experimental, contudo consumiram dietas tratadas com monensina pura antes de
apresentarem o mesmo padrão de redução de consumo.
Analogamente, os animais que receberam apenas a monensina como aditivo na
primeira fase não foram capazes de detectar imediatamente Rumensin na dieta da
segunda fase experimental, apesar de reduzirem o consumo do alimento com
monensina. Estes resultados indicam que, independentemente do estímulo sensorial
envolvido, o ionóforo gerou redução no consumo de alimento nos animais, e
posteriormente os mesmos foram capazes de identificar a presença da molécula ou do
produto comercial no alimento.
2.4.2 Consumo (média das quatro ocasiões) em função da freqüência de visita
O consumo médio nas quatro ocasiões foi influenciado pelos tratamentos
(P<0,0001) e apresentou interação entre freqüência e tratamento (P<0,0001). Este valor
de consumo representa a quantidade média consumida em quatro ocasiões. A
freqüência de visita é a variável que exprime o número de vezes que cada animal visitou
o cocho, neste caso, de 0 a 4.
Verificou-se que, dentro de cada tratamento, os menores consumos médios estão
associados às menores freqüências de visita. Isto indica que os animais não
compensaram a menor freqüência de visitas ao cocho com uma maior quantidade
consumida em cada visita.
A quantidade média consumida foi igual para os animais que visitaram o cocho 3
ou 4 vezes no TR, mostrando que o aumento da freqüência de consumo, neste caso,
não foi suficiente para aumentar a quantidade consumida, o que pode significar uma
espécie de teto de consumo do produto neste tipo de suplemento.
Entre os tratamentos, apenas os animais que visitaram o cocho uma única vez
apresentaram consumo médio similar, já para os animais que visitaram o cocho duas,
três ou quatro vezes, o consumo médio dos tratamentos com monensina foi sempre
inferior ao TC (Tabela 7).
41
Tabela 7 - Consumo médio das quatro ocasiões em função da freqüência de consumo
TR
e.p
TC
e.p
TM
e.p
1
18
,
92 c
A
4,29
17
,
04 d
A
7,93
11
,
74 c
A
4,54
2
33,13 bB
3,03
43,49 c
A
3,45
29,91 bB
2,58
3
47,22 aB
3,61
62,21 b
A
3,30
42,05 aB
3,84
4
47,24 aB
5,66
86,17 a
A
3,56
-
-
Tratamento
Freq.
Letras minúsculas comparam na coluna, maiúsculas comparam nas linhas.
Gibb et al. (2001) verificaram que animais em confinamento alimentados apenas
uma vez ao dia, visitaram o cocho mais frequentemente e consumiram menos alimento
em cada visita, quando receberam dietas com monensina. Neste caso, a monensina
atuou como limitador de consumo, ocasionando refeições menores, contudo mais
freqüentes.
Da mesma forma, Baile et al. (1979) observaram menor tamanho de bocado
(g/bocado) nos animais que receberam monensina na dieta em relação aos animais que
receberam monensina sob infusão ruminal, consumindo dietas exclusivas de forragem
ou com 85% de concentrado. Entretanto, a taxa de ingestão foi similar nos tratamentos
que receberam monensina na dieta ou infundida, contudo inferior ao controle. Conclui-
se que a presença de monensina no alimento ocasionou uma ingestão menos intensa
acompanhada de bocados mais freqüentes.
Para os animais confinados o alimento fica disponível durante todo o dia. Já os
animais em pastejo passam apenas um período do dia próximos ao cocho de
suplemento e bebedouro, saindo depois em busca de alimento. Isto pode explicar
porque o consumo de suplemento mineral foi reduzido na presença da monensina, já
que a menor quantidade consumida por bocado ou em cada visita não pode ser
compensada com visitas mais freqüentes ao longo do dia, ou por um maior número de
bocados ao longo do dia.
42
2.4.3 Consumo (média das ocasiões nas quais houve consumo) em função da
freqüência de visita
Analisando-se o consumo de suplemento apenas nas ocasiões em que este foi
diferente de zero, verifica-se diferença entre os tratamentos (P<0,0001), não existindo,
porém, influência da interação entre freqüência de visita e tratamento (P=0,23).
Isto significa que os animais que visitaram o cocho apenas em uma ocasião (freq.
1), consumiram a mesma quantidade por visita que os animais que visitaram o cocho
nas quatro ocasiões (freq. 4), por exemplo, justificando uma análise apenas das
diferenças das médias de consumo entre os tratamentos. Neste caso, quando houve
consumo, TC foi consumido em maior quantidade em relação à TR, e TR também foi
superior à TM (Tabela 8).
Verifica-se que a presença de monensina sódica ou Rumensin nos suplementos
minerais reduziu a quantidade de suplemento consumida em cada visita, o que está de
acordo com a redução no tamanho do bocado em dietas de confinamento tratadas com
este aditivo observadas por Baile et al. (1979) e Gibb et al. (2001).
Tabela 8 - Consumo médio (g/cab/dia) apenas das ocasiões em que houve consumo, em função da
freqüência de visita
Freq. TR
e.p.
TC
e.p.
TM
e.p.
1
76,97
7,15
63,71
13,23
45,66
7,58
2
66,45
5,05
85,73
5,75
60,20
4,30
3
63,16
6,02
82,97
5,50
55,68
6,40
4
48,42
9,45
85,45
5,94
-
-
média 65,42 B
3,16
83,46 A
3,16
56,17 C
3,19
média das ocasiões
Tratamento
.
Letras maiúsculas comparam nas linhas, ao nível de 95% de significância
.
2.4.4 Consumo médio dos animais que efetivamente consumiram em função da
ocasião de avaliação
Avaliando-se o consumo médio calculado com base apenas nos animais que
efetivamente consumiram, em cada data de coleta, verificou-se diferença entre os
tratamentos (P<0,001), entre as ocasiões de avaliação (P<0,001) e interação entre
tratamento e ocasião (P<0,001).
43
Na primeira avaliação, os tratamentos que apresentaram os maiores consumos
foram TR e TC. Contudo TC não foi diferente de TM, apesar de TM se inferior a TR. Na
segunda data de avaliação, não houve consumo de TM, e TC foi maior que TR. Na
terceira data avaliada, TM e TR foram iguais e inferiores a TC. Na última coleta, TR foi
menor que TM, que por sua vez foi menor que TC (Tabela 9).
Tabela 9 - Consumo médio em função da ocasião de avaliação
Ocasião TR
e.p.
TC
e.p.
TM
e.p.
1
96,56 a
A
4,46
84,81 abAB
5,16
75,33 aB
4,71
2
32,95 bB
8,17
73,25 b
A
5,52
-
-
3
43,86 bB
5,07
93,97 a
A
4,49
39,07 bB
4,81
4
33,70 bC
6,92
78,4 b
A
5,37
52,8 bB
7,05
Tratamento
Letras minúsculas comparam na coluna, maiúsculas comparam nas linhas, ao nível de 95% de
significância.
Nota-se que, com exceção da primeira avaliação, os tratamentos com monensina
foram sempre inferiores ao TC.
Dentro de cada tratamento, o consumo foi maior na 1ª avaliação e reduzido nas
demais para os tratamentos com monensina. Já o tratamento controle apresentou um
pico de consumo na 3ª avaliação, entretanto este consumo foi igual ao da 1ª avaliação,
o qual não diferiu entre a 2ª e 3ª.
Estes dados corroboram a idéia da redução de consumo condicionada citada
anteriormente, e refletem os dados de consumo pelo rebanho, em que o consumo foi
similar entre os tratamentos nas primeiras semanas, reduzindo-se então para o TR e
TM, enquanto o consumo do TC manteve-se estável. O consumo similar entre os
tratamentos na primeira avaliação invalida a hipótese de algum estímulo sensorial ou
neofobia estarem envolvidos com a redução de consumo dos suplementos medicados,
sendo que a redução evidenciou-se posteriormente, possivelmente condicionada por
algum estímulo pós ingestivo.
Verifica-se uma tendência de consumo cíclica nos tratamentos com monensina.
Ruminantes eventualmente consomem alimentos nutritivos, mas que contém
substâncias capazes de causar algum mal-estar. Como exemplo, ovinos mantém a
ingestão de cloreto de lítio por volta de 40 a 60 mg/kg de peso vivo, e aumentam o
44
consumo quando a concentração deste componente aversivo diminui (duTOIT et al.
1991, LAUNCHBAUGH
45
número de visitas ao cocho para TR e nenhuma visita para TM. A terceira avaliação
apresentou uma porcentagem de visitas igual à primeira no TM e a segunda maior no
TR. Na quarta avaliação, nos dois tratamentos medicados, o número de visitas foi maior
que na segunda e menor que na terceira avaliação (Tabela 10).
Tabela 10 - Probabilidade de consumo em função da ocasião de avaliação
Mês TR TC TM
1
0,93 a
A
0,69 bC 0,83 aB
2
0,27 dB 0,62 b
A
0,00 cC
3
0,72 bB 0,91 a
A
0,74 aB
4
0,38 cB 0,64 b
A
0,38 bB
Tratamentos
Letras minúsculas comparam na coluna, maiúsculas comparam nas linhas.
A presença de monensina no suplemento ocasionou uma redução no número de
animais do rebanho que consumiu o suplemento mineral. Entretanto, Dixon et al. (2003)
verificaram uma correlação logarítmica negativa entre a quantidade de suplemento
mineral consumida pelo rebanho e a porcentagem de animais que não visitam o cocho.
Quanto menor foi o consumo voluntário médio pelo rebanho, maior a porcentagem do
rebanho que não consumiu o suplemento.
Deste modo, não é possível afirmar se a redução no número de animais que
consumiu o suplemento tratado foi uma conseqüência da inclusão de monensina ou
uma conseqüência da redução na quantidade de suplemento consumida, causada pelo
aditivo.
De qualquer maneira, a porcentagem de animais que não visitaram o cocho,
neste trabalho, foi maior do que a verificada por Dixon et al. (2003). Segundo estes
autores, o número de animais que não consumiriam o suplemento seria em torno de
10% do rebanho, para um suplemento com consumo voluntário da ordem de 60
g/cabeça/dia.
2.4.6 Freqüência média de consumo
A freqüência média de consumo é a média das freqüências de consumo de todos
os animais em cada tratamento. Verifica-se que, em média, cada animal do TC visitou o
cocho 2,8 vezes das 4 possíveis, ou em 70% dos dias. Já cada animal do TR visitou o
46
cocho em 57,5% dos dias, enquanto os animais do TM visitaram o cocho em 50% dos
dias, em média.
Esses dados indicam que a monensina reduziu a freqüência média com que o
animal busca suplemento mineral (Tabela 11).
Tabela 11 - Freqüência média de consumo
variável TR TC TM
n° vezes 2,3 b 2,8 a 2,0 c
P<0,01
Esta freqüência de consumo de suplemento pode não ser suficiente para imprimir
resultados em animais consumindo suplementos com monensina, tendo em vista que
neste trabalho os animais não compensaram a menor freqüência de visitas com uma
maior quantidade consumida por visita, o que resultaria num consumo de metade da
dose adequada, caso este fosse atingido.
Muller et al. (1986) detectaram o mesmo aumento no ganho de peso em animais
recebendo suplementos com monensina diariamente ou em dias alternados, contudo, os
animais que receberam monensina em dias alternados foram suplementados com o
dobro da dose diária que os animais suplementados diariamente receberam.
Do ponto de vista evolutivo, os mecanismos que permitem aos animais feedbacks
positivos ou negativos como saciedade ou mal-estar, estão intimamente relacionados
com o bem estar nutricional do animal, toxidade e deficiências nos alimentos.
O conceito de palatabilidade deve ser entendido como mais que uma simples
questão de sabor. Na verdade, sabor, aroma e textura atuam de maneira interligada
com os receptores no sistema digestório e nervoso, identificando substâncias nos
alimentos que ocasionem saciedade ou mal-estar em diferentes magnitudes (BEHAVE,
2001). Isto permite aos ruminantes explorarem a diversidade de espécies vegetais em
seu ambiente natural, maximizando a ingestão de nutrientes no espaço e no tempo.
2.4.7 Disponibilidade de forragem
Não houve limitação na oferta de forragem aos animais durante o período
experimental (Figura 7). A altura do dossel (Figura 8) manteve-se dentro de um intervalo
considerado adequado para a espécie Panicum maximum cv. Tanzânia e Brachiaria
47
brizantha cv. Marandu manejados sob lotação contínua, (CANO et al., 2004a, CANO et
al., 2004b, CECATO et al., 2000, SARMENTO, 2003) existindo inclusive, um acúmulo
líquido de massa de forragem no período, mostrando que a produção de forragem foi
maior que a demanda. Segundo Hodgson et al. (1994) as respostas dos animais às
variações na altura do relvado são mais consistentes do que para a quantidade de
forragem, além disso, parâmetro altura é aferido com mais facilidade do que a massa de
forragem, motivo pelo qual foram realizadas amostragens de altura semanais, e cortes
mensais.
Destaca-se que a diferença de altura da forragem em Lins e Queiroz está
relacionada à espécie forrageira de cada propriedade, já que as plantas de Panicum
maximum possuem altura de pastejo maior do que as espécies de Brachiária. Contudo,
em ambos os casos o dossel forrageiro foi mantido dentro do intervalo de alturas que
permite boa produção de forragem aliada ao bom desempenho animal.
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
fev/07 mar/07 abr/07 mai/07
kg MS/ha
Piq. 1
Piq. 2
Piq. 3
Piq. 4
Piq. 5
48
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
5/2/200
7
12/2/2007
19
/
2/20
07
26
/
2/20
0
7
5
/
3
/
20
0
7
12
/
3/20
07
19/3/20
0
7
2
6
/
3/20
07
2/
4/2
0
0
7
9/4/2
00
7
1
6
/
4/20
07
cm
Piq. 1
Piq. 2
Piq. 3
Piq. 4
Piq. 5
Piq. 6
Piq. 7
Piq. 8
Piq. 9
média
Figura 8 – Dinâmica da altura do dossel forrageiro
3 CONCLUSÃO
A inclusão de monensina sódica no suplemento mineral reduziu a aceitação do
mesmo pelos animais.
A inclusão de monensina reduziu a freqüência com que os animais visitam o
cocho e a parcela do rebanho que realiza a visita em cada ocasião, assim como a
quantidade de suplemento consumida em cada visita.
A aversão aos suplementos tratados foi gerada ao longo do tempo, o que indica
um condicionamento por estímulo pós-ingestivo, e oriundo da molécula da monensina, e
não de algum componente exclusivo do Rumensin.
49
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