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MILENE ZANONI DA SILVA VOSGERAU
CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE ADULTOS
RESIDENTES NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA
UNIDADE SAÚDE DA FALIA
___________________________________________________________________________
Londrina
2007
UNIVERSIDADE
ESTADUAL DE LONDRINA
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MILENE ZANONI DA SILVA VOSGERAU
CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE ADULTOS
RESIDENTES NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA
UNIDADE SAÚDE DA FALIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Saúde Coletiva, da
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial à obtenção do título de
mestre.
Orientador:
Prof. Dr. Darli Antonio Soares
Londrina
2007
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Vosgerau, Milene Zanoni da Silva
Consumo de medicamentos entre adultos residentes na área de
abrangência de uma Unidade Saúde da Família / Milene Zanoni da Silva
Vosgerau. – Londrina, 2007.
139f. : il., tabs.
Orientador: Prof. Dr. Darli Antonio Soares
Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Londrina, Programa
de Mestrado em Saúde Coletiva.
Inclui bibliografia e anexos
1. Adultos – Medicamentos - Utilização. 2. Sistema Único de Saúde
(Brasil). 3. Política de saúde. I. Soares, Darli A. II. Universidade Estadual de
Londrina. Programa de Mestrado em Saúde Coletiva. III. Título.
CDD 615.1
Andrea Carolina Grohs CRB 9/1.384
MILENE ZANONI DA SILVA VOSGERAU
CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE ADULTOS
RESIDENTES NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA
UNIDADE SAÚDE DA FALIA
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado em Saúde Coletiva, da
Universidade Estadual de Londrina, como
requisito parcial à obtenção do título de
mestre.
Orientador:
Prof. Dr. Darli Antonio Soares
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
Prof. Dr. Darli Antonio Soares
_________________________________
Profª. Drª Regina Kazue Tanno de Souza
_________________________________
Prof. Drª. Lia Lusitana Cardozo de Castro
Londrina
2007
“Eu pedi Força...e Deus me deu Dificuldades para me fazer forte.
Eu pedi Sabedoria...e Deus me deu Problemas para resolver.
Eu pedi Prosperidade...e Deus me deu Cérebro e Músculos para trabalhar.
Eu pedi Coragem... e Deus me deu Perigo para superar.
Eu pedi Amor... e Deus me deu pessoas com Problemas para ajudar.
Eu pedi Favores... e Deus me deu Oportunidades.
Eu não recebi nada do que pedi... Mas eu recebi tudo de que precisava."
DEDICATÓRIA
Aos meus avós, Nair e Égdar, pelo exemplo de
amor incondicional que faz com que minha
vida tenha sentido...
Aos meus avós Hulda e Jordão, pelas orações,
pelo carinho e cuidado...
Ao meu querido pai, Antônio Carlos, pela
alegria de viver, ajuda em todos os momentos e
exemplo de “fazer o bem sem olhar a quem”...
À minha adorável mãe Rosi, pelo exemplo de
mulher, mãe, professora, ser humano, que me
inspira todos os dias a ser uma pessoa melhor...
Ao meu maravilhoso marido Marcos, que me
ensina todos os dias que o amor é força mais
poderosa do universo e o único caminho
verdadeiro para a felicidade...
“Se todos fossem iguais a vocês, que
maravilha viver...”
AGRADECIMENTOS
À Deus o fundamento de todos os fundamentos pela vida, pela saúde,
pela força, pela coragem e pela oportunidade de estar realizando este desejo;
Ao Dr. Leocádio José Correia, amigo de todas as horas, quem me inspira e
me sensibiliza sempre para a vida;
Ao meu orientador Prof. Dr. Darli Antonio Soares, pela orientação, pela
paciência e pela oportunidade de aprendizado através de sua vasta
experiência na área;
Aos professores do mestrado, que contribuíram positivamente na
construção do meu fascínio pela Saúde Coletiva.
À professora Dr
a
. Regina Tanno, que considero grande amiga e tive o
imenso prazer em conhecer. A sua objetividade e perspicácia, aliados à sua
bondade, sabedoria e paciência em ouvir deram-me coragem e confiança
para concluir esta etapa. Muito obrigada por tudo!
À professora Dr
a
. Tiemi Matsuo, pelas orientações valiosas na construção
do banco de dados e na análise estatística;
À professora Drª. Lia Lusitana Cardozo de Castro, pela gentileza de avaliar
a dissertação e pela competência, humildade e valiosas sugestões que
enriqueceram o trabalho final.
Às minhas amigas e amigos que conheci no mestrado, em especial, Gisele,
Francielle, Maria Fernanda, Cristiane, Fernanda, Renata, Vera. Obrigada por
tudo, pelas risadas, pela força, pelo convívio, pela dedicação, pelo exemplo.
Independente da distância, vocês estarão sempre no meu coração.
Aos funcionários do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, pela
dedicação e prontidão com que desenvolvem seu trabalho;
À Secretaria de Saúde de Ponta Grossa, pelo apoio e autorização para a
realização da pesquisa de campo;
Aos profissionais de saúde da Unidade Básica Nilton Luiz de Castro,
principalmente às Agentes Comunitárias de Saúde, por tornarem possível a
realização desta pesquisa.
À farmacêutica e estimada amiga Maria José, pelo despreendimento,
exemplo de luta pelas boas causas e preciosas dicas no decorrer do trabalho.
Aos estudantes que auxiliaram na coleta de dados, em especial Lilian e
Diego. É por existirem acadêmicos comprometidos, humanos e competentes
como vocês que o trabalho do professor vale a pena!
Aos moradores do Parque Tarobá, pela participação e concessão de
informações valiosas para a realização da pesquisa;
À amiga, mais que especial, Anelise Montañes Alcântara, companheira de
todas as horas, pela cumplicidade, pela lealdade, pela dedicação, pela
inspiração. Obrigada, Liu!
Ao amigo José Augusto Leandro, que desde o início se mostrou um
professor inspirador, uma pessoa maravilhosa e um amigo querido e fiel.
Obrigada pelas conversas, pelo carinho, pela motivação!
Aos meus sogros Maria Jurema e Roberto, pelo aconchego, pela doação,
pela compreensão e paciência que vocês tiveram quando eu mais precisei.
Ao meu super marido Marcos, pela ajuda na coleta e análise de dados, pelos
importantes conselhos na área da informática, pelas leituras, pela força na
reta final... Com você, tudo fica mais fácil!
Ao meu pai Antônio Carlos, um expert em inglês, pelas traduções e
abstracts. Obrigada pela paciência e pelo carinho!
À minha mãe Rosi, amiga de trabalho, companheira de luta, pelos conselhos,
leituras, orientações e ajuda na coleta de dados. Sem seu incentivo e apoio,
quem eu seria?
À todas as pessoas que, direta ou indiretamente, tornaram possível a
realização deste projeto.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1. Composição dos serviços de saúde de Ponta Grossa, Paraná, 2007.. ..48
FIGURA 2. Mapa da área de abrangência da UBS Nilton Luiz de Castro, Parque
Tarobá, Ponta Grossa, Paraná, 2007.....................................................49
FIGURA 3. Cuidados metodológicos adotados na pesquisa segundo recomendações
de Rozenfeld (2004). ..............................................................................53
FIGURA 4. Fluxograma da coleta de dados, Ponta Grossa, Paraná, 2007. .............68
LISTA DE SIGLAS
AF
Assistência Farmacêutica
ABEP
Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa
ACS
Agente Comunitário de Saúde
ANVISA
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ATC
Anathomical Therapeutic Chemical
CEME
Central de Medicamentos
CFF
Conselho Federal de Farmácia
EF
Especialidade Farmacêutica
ESF
Equipe Saúde da Família
EUMs
Estudos de Utilização de Medicamentos
DURG
Drug Uitlization Research Group
IBGE
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH
Índice de Desenvolvimento Humano
MS
Ministério da Saúde
NOB
Normas Operacionais Básicas
PNAF
Política Nacional de Assistência Farmacêutica
PNM
Política Nacional de Medicamentos
PACS
Programa de Agentes Comunitários em Saúde
POM
Prescribed Only Medicines
PSF
Programa Saúde da Família
OPAS
Organização Panamericana da Saúde
OMS
Organização Mundial da Saúde
OTC
Over-the-counter
SIAB
Sistema de Informação da Atenção Básica
SINITOX
Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas
SUS
Sistema Único de Saúde
RDC
Resolução de Diretoria Colegiada
RENAME
Relação Nacional de Medicamentos Essenciais
UBS
Unidade Básica de Saúde
USF
Unidade Saúde da Família
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................14
1.1. Políticas Farmacêuticas..................................................................................14
1.2. Saúde da Família............................................................................................18
1.3. Medicamentos Genéricos: Contribuição para o Uso Racional de
Medicamentos .......................................................................................................23
1.4. Utilização de Medicamentos e o Marketing da Indústria Farmacêutica ..........29
1.5. Automedicação ...............................................................................................35
2. REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO...................................................40
2.1. Farmacoepidemiologia e os Estudos de Utilização de Medicamentos (EUMs)
...............................................................................................................................40
3. OBJETIVOS..........................................................................................................45
3.1. Objetivo Geral.................................................................................................45
3.2. Objetivos Específicos......................................................................................45
4. METODOLOGIA ...................................................................................................46
4.1. Modalidade de Pesquisa.................................................................................46
4.2. Local de Estudo ..............................................................................................46
4.2.1. Município de Ponta Grossa......................................................................46
4.2.2. Unidade Básica de Saúde – Parque Tarobá ...........................................48
4.3. População de estudo ......................................................................................50
4.4. Fonte de dados...............................................................................................50
4.5. Amostragem ...................................................................................................51
4.6. Coleta de Dados .............................................................................................51
4.7. Pré-teste .........................................................................................................53
4.8. Aspectos Éticos ..............................................................................................54
4.9. Variáveis e categorização...............................................................................54
4.9.1. Variáveis Independentes .........................................................................54
4.9.2. Variáveis Dependentes ............................................................................60
4.10. Tabulação e Análise dos dados....................................................................65
4.11. Divulgação ....................................................................................................66
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................67
5.1. Artigo 1 Consumo de medicamentos entre adultos na área de abrangência
de uma Unidade Saúde da Família .......................................................................69
5.2. Artigo 2 – Automedicação entre adultos na área de abrangência de uma
Unidade Saúde da Família ....................................................................................86
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................102
7. REFERÊNCIAS...................................................................................................106
APÊNDICES ...........................................................................................................113
Apêndice 1 – Ofício encaminhado à Secretaria de Saúde de Ponta Grossa ..........114
Apêndice 2 – Formulário para a coleta de dados....................................................115
Apêndice 3 - Termo de consentimento Livre e Esclarecido ....................................117
Apêndice 4 - Material informativo............................................................................118
ANEXOS ...........................................................................................................119
Anexo 1 Autorização da Secretaria de Saúde de Ponta Grossa para a Realização
da Coleta de Dados.................................................................................................120
Anexo 2 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UEL ............................121
Anexo 3 Classificação econômica da Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa (ABEP).....................................................................................................122
Anexo 4 – Instrução para os autores (artigo 1) .......................................................123
Anexo 5 – Instrução para os autores (artigo 2) .......................................................125
14
1. INTRODUÇÃO
1.1. Políticas Farmacêuticas
O Sistema Único de Saúde (SUS), instituído pela Constituição de 1988,
traz como princípios doutrinários: integralidade, universalidade, eqüidade e como
princípios organizacionais a regionalização, hierarquização, descentralização,
comando único e participação popular. A Lei 8.080/90 em seu art. 6
o
menciona que
estão incluídas no campo de atuação do SUS a execução de ações de assistência
terapêutica integral, inclusive farmacêutica, bem como a formulação de política de
medicamentos” (BRASIL, 1990).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a todos os países a
formulação e implementação de uma efetiva Política Nacional de Medicamentos
(PNM). Entretanto, somente 50% dos países membros, até 2003, apresentavam
institucionalizada uma PNM recente e atualizada (BRASIL, 2005a).
Apesar de, no Brasil, algumas décadas existirem ações incipientes no
campo da assistência farmacêutica (AF), como a Central de Medicamentos (CEME)
que se extinguiu em 1997, somente no final da cada de 90, normatizou-se a
Política Nacional de Medicamentos através da Portaria 3.916/98 (BRASIL, 1998).
A aprovação da Política Nacional de Medicamentos foi um marco decisivo
para a adequação e descentralização da assistência farmacêutica no SUS, pois tem
como “propósito precípuo o de garantir a necessária segurança, eficácia e qualidade
dos medicamentos, a promoção do uso racional e o acesso da população àqueles
considerados essenciais”.
15
A declaração sobre Políticas Farmacêuticas de Cartagena, elaborada em
1993, enfatizou que “a disponibilidade e o acesso aos medicamentos constituem
parâmetros que permitem medir a qualidade dos serviços de saúde e constituem
indicadores sociais de justiça e eqüidade na distribuição das riquezas de uma
nação" (CNS, 1998). Ao seguir o mesmo caminho gico, pode-se afirmar que a
Política Nacional de Medicamentos é uma das grandes estratégias da Política de
Saúde Brasileira para promover a melhoria das condições da assistência à saúde da
população.
Para a obtenção dos objetivos estipulados na PNM, os gestores do SUS,
nos três níveis de Governo, devem atuar em parceria e seguir as oito diretrizes
fixadas (BRASIL, 1998):
Adoção de relação de medicamentos essenciais: definidos pela OMS como
“aqueles que satisfazem às necessidades de saúde prioritárias da população, os
quais devem estar acessíveis em todos os momentos, na dose apropriada, a
todos os segmentos da sociedade”. Os fármacos da Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME) devem ser atualizados continuamente para
acompanhar as mudanças nos perfis epidemiológicos das diversas regiões
brasileiras. A nova RENAME, modificada no final de 2006, segue as
recomendações da OMS, que é revisão a cada dois anos, além de se firmar
como ferramenta importante para o uso racional dos medicamentos e para
organização da assistência farmacêutica (BRASIL, 2006a).
Regulamentação sanitária de medicamentos: devem ser enfatizadas as ações
federais, de competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
16
ao regulamentar e fiscalizar questões relacionadas ao registro de medicamentos,
à liberação de funcionamento de empresas e estabelecimentos de saúde, bem
como atuar efetivamente na retirada de produtos com alterações que
comprometam seu efeito terapêutico e/ou causem reações adversas.
Reorientação da assistência farmacêutica: não se restringe somente às
questões de aquisição e distribuição de medicamentos, mas toda a sua logística,
a qual envolve também as atividades de seleção, programação, aquisição,
armazenamento, distribuição, controle da qualidade, prescrição, dispensação e
utilização, de modo a disponibilizar produtos que supram as necessidades da
população.
Promoção do uso racional de medicamentos: contempla aspectos
relacionados aos prescritores, dispensadores, usuários e demais profissionais da
saúde.
Desenvolvimento científico e tecnológico: estímulo ao isolamento e síntese de
novos fármacos, que incentivem a integração entre universidades, instituições de
pesquisa e empresas do setor produtivo, que aproveite o vasto potencial
terapêutico da fauna e flora brasileiras.
Promoção da produção de medicamentos: os esforços devem ser
concentrados na efetiva articulação de todas as fases do ciclo do medicamento, a
considerar a pesquisa e síntese de rmacos em parceria com as atividades de
produção, as quais priorizem os medicamentos essenciais.
17
Garantia de segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos: fundamenta-
se na normatização, regulamentação e fiscalização por parte da ANVISA, para
assegurar as boas práticas de fabricação dos produtos farmacêuticos e, portanto,
medicamentos compatíveis com seu propósito.
Desenvolvimento e capacitação de recursos humanos: educação
permamente para os envolvidos nos diferentes planos, programas e atividades
que operacionalizam a PNM, de modo que o setor saúde possa dispor de pessoal
qualitativa e quantitativamente suficiente.
Em continuidade à PNM, a Política Nacional de Assistência Farmacêutica
(PNAF) foi aprovada em 2004, pela Resolução do Conselho Nacional de Saúde
338, na perspectiva de maior abrangência das ações em busca da integralidade. A
PNAF veio para garantir a articulação e reorientação da assistência farmacêutica a
partir: da política de medicamentos, ciência e tecnologia, desenvolvimento industrial,
formação de recursos humanos, entre outros, que convoquem, para esta tarefa,
tanto o setor público como o privado de atenção à saúde (BRASIL, 2006c).
De acordo com a Resolução 338/2004, do Conselho Nacional de Saúde,
Assistência Farmacêutica é:
Conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da
saúde, tanto individual como coletiva, tendo o medicamento como
insumo essencial e visando ao acesso e ao seu uso racional. Este
conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de
medicamentos e insumos, bem como sua seleção, programação,
aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos
produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização,
na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da
qualidade de vida da população (BRASIL, 2004, p.1).
18
A PNAF está fundamentada na descentralização da gestão da Assistência
Farmacêutica, na promoção do uso racional de medicamentos, na otimização e na
eficácia do sistema de abastecimento no setor público. A consolidação desse novo
modelo origina desafios, como por exemplo: identificação da situação epidemiológica
dos municípios, identificação dos pacientes em situação de esquemas terapêuticos
crônicos, definição do perfil de consumo de medicamentos no município,
identificação de pacientes com baixa adesão a terapias prescritas, a fim de atuar no
sentido de melhorar a efetividade dos tratamentos entre outros (MARIN et al., 2003).
O foco central da Assistência Farmacêutica é o paciente. Sua atuação
integrada com as outras ações de saúde contribui decisivamente para a melhoria da
qualidade de vida e saúde dos indivíduos. Seu papel se concentra em atividades
educativas que dão ao paciente possibilidades de melhor compreender a sua
doença ou agravo, a importância do seguimento terapêutico e uso correto dos
medicamentos. Em seu conjunto de atividades educa, ajuda e suporte ao
paciente no autocuidado e na avaliação dos resultados de seu tratamento.
1.2. Saúde da Família
O Programa Saúde da Família (PSF) surgiu em 1994, sob a égide da
discussão da reformulação do sistema de saúde, a qual ampliou a concepção de
atenção, primeiramente definida na Norma Operacional Básica do Sistema Único de
Saúde (NOB/SUS 1/93) e, posteriormente, reorganizada pelas Normas da NOB/SUS
1/96. O PSF teve como precursor o Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS), implantado em 1991, e adotou, como referência, as experiências
internacionais e nacionais de extensão da cobertura à saúde por meio de assistência
19
às famílias no próprio domicílio em articulação com as unidades de saúde (BRASIL,
2000).
As ações desenvolvidas estão centradas na família e proporcionam, em
um território definido, atenção integral e contínua à saúde dos indivíduos e da
comunidade. Visam à promoção, proteção e recuperação da saúde, tendo como
pressupostos para o seu desenvolvimento os princípios do SUS (MACHADO, 2000).
O PSF atua a partir da organização de Equipes de Saúde da Família
(ESF), integradas idealmente por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de
enfermagem e quatro a seis Agentes Comunitários de Saúde (ACS), embora se
pressuponha que outros profissionais possam ser incorporados de acordo com a
demanda dos serviços (BRASIL, 2000).
Cada equipe possui responsabilidade por uma determinada população,
com vínculos de responsabilidade e confiança entre profissionais e famílias, o que
permite uma compreensão ampliada do processo saúde-doença e da necessidade
de intervenções a partir dos problemas e demandas identificados.
Após 12 anos de implantação do PSF, a ampliação do programa é
evidente em todo o Brasil. A rapidez e expansão dessa estratégia são indiscutíveis,
como pode ser verificado com o crescimento de 411% de municípios cobertos de
1998 a 2004 e um aumento de 600% na cobertura populacional, no mesmo período.
Em 2005, 4.984 municípios já contavam com equipes Saúde da Família, o que
corresponde a 89,6% do total de cidades brasileiras (BRASIL, 2006b).
Representa, assim, a superação de interesses corporativos e partidários a
partir de ações combinadas do governo federal, estadual e municipal, ao efetivar tal
estratégia como prioritária pelo Ministério da Saúde (MS) para a reorganização da
20
atenção sica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), dispondo de recursos
específicos para seu custeio.
É inegável, portanto, que a expansão do PSF tem favorecido a eqüidade e
universalidade da assistência uma vez que as equipes têm sido implantadas,
prioritariamente, em comunidades antes restritas quanto ao acesso aos serviços de
saúde (ALVES, 2005). O que pode ser comprovado a partir do informe “Saúde da
Família no Brasil: uma análise de indicadores selecionados 1998 2004”, ao
demonstrar que o PSF tem maior cobertura em municípios de Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) mais baixo e que está conseguindo aproximar os
indicadores desses, com municípios de IDH mais alto, reduzindo as iniqüidades
sociais tão presentes no Brasil (BRASIL, 2006b).
O PSF não foi implementado provisoriamente para organizar a atenção
básica no SUS, mas como prioridade para reorganizar a prática assistencial do
sistema público, que reafirma a necessidade de deslocar o foco da produção de
procedimentos para a produção do cuidado, a fim de redirecionar prioridades de
ações em saúde e, portanto, consolidar os princípios doutrinários e organizativos do
SUS. Assim, é mais apropriado ampliar o entendimento do PSF ao compreendê-lo
mais como uma estratégia do que um programa do setor saúde (ANDRADE et al.,
2006).
Tem-se buscado estabelecer uma política de comparações pré e pós-
implantação do PSF, entretanto, ainda não existe concordância quanto ao impacto
positivo desta política sobre a saúde populacional, pois estudos anteriores à sua
implementação tinham somente natureza descritiva e dificultavam avaliações
fidedignas (ANDRADE et al., 2006).
21
Mesmo assim, algumas pesquisas recentes, com metodologia criteriosa e
análise estatística apropriada, têm tentado evidenciar a efetividade do PSF. Macinko
et al., em 2006, realizaram um estudo ecológico longitudinal, cujo objetivo era avaliar
o impacto do acesso ao PSF brasileiro nas taxas de mortalidade infantil de 1990 até
2002, a partir de dados secundários. Pode-se constatar que um aumento de 10% na
cobertura de PSF esteve associado a uma diminuição de 4,5% em coeficiente de
mortalidade infantil.
Em termos da assistência farmacêutica no contexto do PSF, pouco se
descreveu de experiências da inserção do farmacêutico na equipe saúde da família
e dos seus impactos na melhoria dos indicadores de saúde da população.
Sabe-se que o farmacêutico deve participar desta estratégia, tornando-se,
junto aos demais profissionais de saúde, peça fundamental nas ações de atenção
integral à saúde.
Informações da avaliação da implantação do PSF (1999), a partir dos
dados dos gestores locais de saúde, demonstraram que a determinação da
composição mínima das equipes estava sendo cumprida na maioria dos municípios,
entretanto a participação de outros profissionais nas equipes Saúde da Família ainda
era pequena (BRASIL, 1999a).
A equipe mínima do PSF ratifica a tradicional influência do modelo
biomédico nos projetos públicos em saúde e reproduz a histórica medicalização de
problemas afetivos e sociais. Ao contrário do que afirma o discurso biomédico
hegemônico, a atenção básica não é uma ação de baixa complexidade.
A complexidade do campo da saúde coletiva exige a articulação
permanente de saberes e práticas impossíveis de serem incorporadas por uma ou
22
duas categorias profissionais. Se considerada a partir de uma perspectiva integral e
resolutiva, a rede básica exige dos trabalhadores que nela atuam uma gama
complexa e diversificada de saberes e práticas (MATUMOTO, 2001). O texto de
Paim (1982) exemplifica esta idéia:
O objeto da Saúde Coletiva é construído nos limites do biológico e do
social e compreende a investigação dos determinantes da produção
social das doenças e da organização dos serviços, e o estudo da
historicidade do saber e das práticas sobre os mesmos. Nesse
sentido, o caráter interdisciplinar deste objeto sugere uma integração
no plano do conhecimento e não no plano da estratégia, de reunir
profissionais com múltiplas formações (PAIM, 1982, p. 3).
Hoje, profissionais como: assistentes sociais, fisioterapeutas,
nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos dentre outros, têm buscado demonstrar a
importância de sua inclusão na composição das equipes.
Em 2006, o Ministério da Saúde, com a participação do Conselho Federal
de Farmácia (CFF) editou a Portaria 698/06. Este documento criou um bloco
exclusivo para o financiamento da assistência farmacêutica, deixando clara a
necessidade de inserção do farmacêutico na atenção primária e, portanto, nas
equipes saúde da família (CFF, 2007).
Entretanto, a reorientação da assistência farmacêutica, uma das 08
diretrizes da PNM, tem sido alvo de contradições e equívocos por parte do Ministério
da Saúde. A Portaria 204/07, que regulamenta o financiamento e a transferência dos
recursos federais para as ações e os serviços de saúde, revogou a Portaria 698/06
(BRASIL, 2007), fato considerado um retrocesso para a saúde pública brasileira,
profissão farmacêutica e população em geral, pois, esta admitia a aplicação de
recursos federais para os serviços farmacêuticos no SUS.
23
1.3. Medicamentos Genéricos: Contribuição para o Uso Racional de
Medicamentos
O medicamento é um bem essencial à saúde e uma relevante ferramenta
terapêutica, sendo responsável por parte significativa da melhoria da qualidade e
expectativa de vida da população (CHAVES, 1999a). Os medicamentos são
instrumentos importantes para diagnosticar, prevenir, curar ou aliviar enfermidades.
O desenvolvimento de produtos farmacêuticos nos últimos sessenta anos
foi o maior de toda a história da farmacologia, o que consagra a farmacoterapia
como a maior e mais utilizada entre as alternativas terapêuticas à disposição das
equipes de saúde (MENDA, 2002).
O uso racional de medicamentos é descrito em documento da
Organização Mundial da Saúde, elaborado em 1985, e ocorre quando os pacientes
recebem o medicamento apropriado às suas necessidades clínicas, nas doses e
posologias corretas, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível
para a comunidade (ARRAIS et al., 2005). Contudo, sabe-se que 50% de todos os
medicamentos são prescritos, dispensados ou usados de maneira inapropriada
(BRASIL, 2005a).
No Brasil, além da garantia do acesso aos serviços de saúde e a
medicamentos de qualidade, são necessárias ações eficazes que promovam o uso
racional deles (OPAS, 2002). A redução de morbidades evitáveis relacionada a
medicamentos tem um impacto positivo na qualidade de vida do paciente, na
efetividade do sistema de saúde e na eficiência no uso dos recursos.
24
Entretanto, sua utilização inadequada e irracional tem conseqüências
como crescimento de morbi-mortalidade relacionadas ao medicamento e o aumento
dos gastos na área da saúde (ARRAIS et al., 2005). Os hospitais gastam 15 a 20 %
de seus orçamentos para lidar com as complicações causadas pelo uso indevido de
produtos farmacêuticos (SOYAMA, 2006).
Rozenfeld (2007), em pesquisa recente, investigou a prevalência de
agravos provocados por produtos farmacêuticos em hospitais do Rio de Janeiro. A
maioria deles envolvidos nestes agravos pertencia à classe dos cardiovasculares e
dos psicotrópicos, e 56% dos erros ocorreram na fase de prescrição. A prevenção
das reações adversas tem sido abordada em várias pesquisas, e calcula-se que
35,2% de reações poderiam ser evitadas.
As principais causas de morbidades passíveis de prevenção relacionadas
a medicamentos são: falta de acesso a um tratamento adequado, uso de
medicamentos de baixa qualidade, prescrição inadequada, erros de medicação, tais
como troca de medicamento, dose incorreta, posologia inadequada, duração errada,
não adesão ao tratamento e reações adversas a medicamentos inesperadas
(HEPLER, 2000).
Dentre estes, os principais problemas quanto ao uso de medicamentos
podem ser considerados (MSH, 1997 apud MARIN et al., 2003):
Sobreuso de medicamentos: principalmente com medicamentos injetáveis, por
prescrição exacerbada e/ou por consumo abusivo.
25
Polimedicação ou polifarmácia: A OMS preconiza que 1 ou 2 medicamentos
por receita são suficientes na atenção primária a saúde.
Uso incorreto dos medicamentos: Esta categoria inclui:
o uso de um medicamento errado, por exemplo, antibióticos para diarréia
infantil e gripes;
o utilização de medicamentos de eficácia duvidosa como os agentes anti-
motilidade para a diarréia;
o emprego de fármacos de segurança questionável como a dipirona;
o uso de dose inapropriada dos produtos farmacêuticos, comuns com
antibióticos e terapia de reidratação oral (TRO).
A PNM tem como uma de suas prioridades a promoção do uso racional de
medicamentos, e para isso, recomenda quatro medidas a serem seguidas pelo
sistema de saúde (BRASIL, 1998):
campanhas educativas através de profissionais envolvidos com a utilização de
medicamentos;
estudos sobre utilização de medicamentos e de farmacovigilância;
diretrizes terapêuticas nacionais padronizadas;
prescrição e substituição por genéricos.
Deduz-se, portanto, que o uso correto e racional dos medicamentos é
praticamente inviável se a população não tem acesso a produtos farmacêuticos de
26
qualidade, seguros e eficazes. Estima-se que 2 bilhões de pessoas, um terço da
população mundial, não tem acesso regular a medicamentos essenciais (BRASIL,
2005a).
Dentre as estratégias para a promoção do acesso a fármacos, encontra-
se a política de medicamentos genéricos. O programa de medicamentos genéricos
foi implantado no Brasil em 1999 com a promulgação da Lei 9787 (BRASIL, 1999b).
A implementação de políticas de genéricos tem seu marco na década de
60, por iniciativa do governo dos Estados Unidos. Contudo, foi em 1984 que os
norte-americanos estabeleceram os critérios que viriam a ser adotados
internacionalmente para o registro deste tipo de medicamento. O objetivo do governo
dos Estados Unidos, ao criar os genéricos, foi buscar uma alternativa legal para
reduzir os custos dos tratamentos de saúde e ampliar o acesso da população aos
medicamentos (PROGENERICOS, 2007).
A questão dos medicamentos genéricos se tornou tendência mundial,
motivada pela necessidade de contenção de gastos públicos. Nos Estados Unidos,
onde os genéricos estão consolidados, a participação no mercado, em volume,
chega a 35%. Em países como Inglaterra e Dinamarca, os medicamentos genéricos
detêm em média mais de 50% (BERMUDEZ, 1994; DIAS; ROMANO-LIEBER, 2006).
Em outros países, apesar dos genéricos existirem há muitos anos, esses valores são
incipientes como no Japão (1%), França (2%) e Portugal (1%) (MENDA, 2002).
No Brasil, a Lei 9787/99 introduziu novos conceitos e definiu o
medicamento genérico como "produto farmacêutico intercambiável", produzido após
a expiração da proteção patentária ou outros direitos de exclusividade, e que deve
ser equivalente com o produto inovador (BRASIL, 1999b).
27
Após a promulgação da lei, publicaram-se diversos decretos, portarias e
resoluções com o objetivo de facilitar o registro, regulamentar a produção,
normatizar os testes de qualidade e de bioequivalência, além de estimular o
comércio de genéricos no país. A consolidação da política de medicamentos
genéricos se baseou em algumas ações principais como: extinção do similar com
nome de princípio ativo, criação da embalagem diferenciada para genéricos,
campanhas para a população e ações de promoção dirigidas à classe médica
(MENDA, 2002; PELICIONI, 2005; DIAS; ROMANO-LIEBER, 2006).
O Brasil atingiu, em poucos anos, um volume de vendas de genéricos que
outros países levaram décadas para alcançar. Em 2002, os genéricos cobriam
9,9% das vendas no mercado, mostrando o padrão de aceitação da sociedade por
estes produtos (DIAS; ROMANO-LIEBER, 2006).
O sucesso da implantação da política de medicamentos genéricos no
Brasil fica evidente por ser um dos mercados maiores do mundo. No ano de 2003,
esteve em lugar em vendas, arrecadando cerca de 5,6 bilhões de dólares (DIAS;
ROMANO-LIEBER, 2006). Naquele ano, os genéricos se encontravam disponíveis
em mais de 4 mil apresentações, abrangendo as principais classes terapêuticas e
atendendo a mais de 60% das necessidades de prescrições médicas
(PROGENERICOS, 2007).
Nos países com política pública de genéricos observa-se maior regulação
do mercado de medicamentos e, conseqüentemente, queda nos preços dos
produtos de referência (FARIA; TAVARES NETO, 2006). Os genéricos têm ampliado
sua aceitação no mercado e contribuído para a redução dos custos dos
medicamentos, pois, antes da implantação da lei, uma parcela dos produtos
28
farmacêuticos vendidos no Brasil estava 20 vezes mais cara do que no mercado
mundial (BERMUDEZ, 1994).
Após a implantação, segundo Vieira e Zucchi (2006), em média, os
genéricos são 40% mais baratos quando comparados aos medicamentos
inovadores. Os preços dos genéricos geralmente são mais baixos porque
“emprestam” os resultados dos ensaios clínicos de eficácia e segurança do produto
original, por meio de equivalência farmacêutica (in vitro) e bioequivalência (in vivo)
além de não necessitar divulgar marcas comerciais em marketing e propagandas
(RUMEL et al., 2006).
Os pacientes que mais se beneficiaram com a expansão dos genéricos
foram àqueles portadores de doenças crônicas: diabetes, hipertensão,
hipercolesterolemia, gota, hiperplasia de próstata e glaucoma, pois houve uma
redução significativa no custo do tratamento destas patologias (MENDA, 2002).
A implantação da política de genéricos trouxe grande avanço para o
sistema de saúde brasileiro. Além de melhores preços, os consumidores passaram a
ter garantia da qualidade do medicamento e intercambiamento. Como cita Dias e
Romano-Lieber (2006):
A criação da lei dos genéricos trouxe exigências que até então eram
desconsideradas, como, por exemplo, as validações de limpeza, de
produção e dos métodos analíticos. Os quesitos relativos ao princípio
ativo e à equivalência da ação biológica tornaram necessário o
monitoramento da qualidade, de forma a garantir a bioequivalência
nos lotes de produção segundo os padrões oferecidos no ato do
registro (DIAS; ROMANO-LIEBER, 2006, p. 167).
A regulamentação dos genéricos foi determinante para pressionar que os
medicamentos similares também se enquadrem nos mesmos padrões de qualidade
29
exigidos aos genéricos. A Resolução 134/2003 dispõe que os medicamentos
similares comercializados devem adequar-se, nos próximos 10 anos, com o
objetivo de garantir segurança e qualidade, através de ensaios de equivalência
farmacêutica e biodisponibilidade relativa (MONTEIRO et al., 2005).
Segundo a PNM, os similares são medicamentos que possuem o mesmo
fármaco, a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração,
posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, mas não têm sua
bioequivalência comprovada como o medicamento de referência. Pode diferir
somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de
validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos (BRASIL, 1998).
1.4. Utilização de Medicamentos e o Marketing da Indústria Farmacêutica
O Brasil está entre os cinco maiores consumidores de medicamentos no
mundo. Entretanto, sabe-se que o consumo de medicamentos é desigual entre os
brasileiros. A estimativa do gasto público do Ministério da Saúde destinado a
medicamentos no ano de 2002 foi de R$ 4.047.801.415,59 (BRASIL, 2005a).
Entretanto calcula-se que cerca de 50 milhões de brasileiros não dispõem dos meios
para fazer uso dos medicamentos essenciais à sua saúde (GOMES, 2007).
Segundo os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2002), um
quarto dos brasileiros que trabalham ganha até um salário mínimo. Estes valores
chegam a 60% ao incluir os trabalhadores brasileiros que recebem adois salários
mínimos (IBGE, 2002), o que pode indicar que mesmo com oferta de medicamentos
a preços mais baixos, ainda existe uma grande parcela da população que, devido ao
30
baixo poder aquisitivo, dependem exclusivamente do SUS para o suprimento de
medicamentos essenciais.
Logo, a realidade da saúde brasileira mostra-se complexa e com
contradições. Lado a lado caminham situações extremas. A ampla carência de
acesso a produtos e serviços de saúde por aqueles de renda baixa coexiste com o
uso excessivo e inadequado de medicamentos por uma pequena parcela brasileira
com alto poder aquisitivo. O uso dos fármacos de forma abusiva e equivocada gera
diversos problemas, a contar pelas reações adversas e o aumento no número de
internações hospitalares relacionadas ao uso irracional dos medicamentos.
De acordo com Bermudez e Bonfim:
No Brasil sabe-se que os cortes promovidos nos gastos com saúde
somados aos acréscimos nos preços dos medicamentos ofertados
no mercado, decorrentes da incorporação de novas tecnologias e de
estratégias de competição desvinculadas das políticas sociais,
comprometem de maneira radical os programas de assistência
farmacêutica, tradicionalmente pouco eficientes (BERMUDEZ;
BONFIM, 1999, p.9).
Em outros países em desenvolvimento, em 1976, contavam com 73% da
população mundial, e consumiam o correspondente a apenas 24% do total do
mercado farmacêutico (SIMÕES; FARACHE FILHO, 1988). Atualmente, o panorama
ainda permanece semelhante, pois, segundo estimativa da OMS, 15% da população
mundial consome mais de 90% da produção total de insumos farmacêuticos. Mais
precisamente, os países desenvolvidos investem per capita US$ 400,00/ano, em
contrapartida, os países em desenvolvimento apenas US$ 4,00/ano (BRASIL,
2005a).
31
Nos países em desenvolvimento, a maioria das ações e serviços em
saúde está associada aos problemas sociais e de pobreza da população. Nesses
locais, concentra-se a medicina curativa, devido à precariedade, ineficácia e
ineficiência das práticas preventivas que, por conseguinte, torna mais intensa a
necessidade por utilização dos medicamentos.
Conhecer o perfil epidemiológico e os fatores que influenciam o consumo
dos medicamentos na comunidade tem sido uma ferramenta importante para o
planejamento e contenção de gastos farmacêuticos e melhoria das políticas de
assistência à saúde do cidadão (ARRAIS et al., 2005).
Vários estudos de base populacional têm demonstrado que entre os
fatores que influenciam a utilização de medicamentos estão: sexo, idade, grau de
escolaridade, renda familiar mensal, classe social, ocupação, número de residentes
no domicílio, número de consultas dicas, autopercepção do estado de saúde,
cuidados com a saúde e padecer de doença crônica e consulta na farmácia nos
últimos 12 meses (SIMÕES; FARACHE FILHO, 1988; LOYOLA FILHO et al., 2002;
SANS et al., 2002; BERTOLDI et al., 2004; ARRAIS et al., 2005).
Sabe-se que a utilização de medicamentos é condicionada tanto por
fatores farmacológicos como também por aspectos sócio-antropológicos,
comportamentais e econômicos (OSORIO DE CASTRO, 2000).
Diversos fatores podem influenciar para a efetivação de práticas
irracionais de consumo de medicamentos por indivíduos e populações. Entre eles,
pode-se citar: a grande oferta (em quantidade e variedade) de medicamentos,
considerados essenciais ou não; o marketing poderoso da indústria farmacêutica; o
direito, supostamente inalienável, do médico em prescrever; e até as atitudes
32
culturais, que expõem os medicamentos a usos jamais pensados por aqueles que os
desenvolveram (OSORIO DE CASTRO, 2000).
Os medicamentos exercem um papel simbólico sobre a população. E
como um produto simbólico, o medicamento pode ser considerado um signo por
exemplo, o caso da pílula que traz implícita a idéia no imaginário das pessoas, da
“utopia” de que os medicamentos fossem “milagrosos” (LEFÈVRE, 1983; LEFÈVRE,
1987).
Além da reação primária de ameaça ao equilíbrio do organismo,
provocada por sinais e sintomas diversos, tais como mal-estar, dor ou desconforto, a
utilização de medicamentos “nutre e alimenta” a necessidade de adequação a
valores físicos estereotipados e de conduta, considerados ideais na sociedade
contemporânea. Relacionados à estética, indivíduos buscam a salvação” através de
medicamentos para emagrecer ou engordar, aumentar a massa muscular, combater
a calvície ou disfarçar sinais de envelhecimento (NASCIMENTO, 2003).
Atitudes e estados de ânimo também são alvos das indústrias da saúde”,
ao lançar produtos que prometem trazer mais tranqüilidade no dia-a-dia estressado
das pessoas, alegria e felicidade diante dos sofrimentos humanos, sono relaxante na
hora de dormir, energia e estímulo para o trabalho, para o lazer e até mesmo para o
prazer (NASCIMENTO, 2003).
Assim, as “infindáveis e nunca saciadas” necessidades e desejos criados
pela mídia, marketing e propagandas farmacêuticas seriam a mola propulsora para o
consumo excessivo e irracional de medicamentos, o que reflete diretamente a
transformação potencial de outras necessidades sociais ligadas às condições de
trabalho, vida familiar, dificuldades nas relações interpessoais, em demanda por
33
cuidado médico. Seria uma “medicalização” dos problemas que os indivíduos
imprimem como fenômeno coletivo (ROZENFELD, 1989; APPLBAUM, 2006).
Existem iniciativas convincentes do “complexo médico-industrial” em
fabricar doenças e ampliar o número de pessoas saudáveis que se consideram
anormais. A tática consiste em transformar em problemas as contingências comuns
da vida. Com objetivo bem claro, à indústria farmacêutica interessa ocorrência de um
número cada vez maior de doenças, para certamente acompanhar um grande
número de tratamentos (APPLBAUM, 2006).
No Brasil, a indústria farmacêutica é como qualquer indústria, de propósito
mercantilista, que enquadra o “produto de saúde” com se fosse uma mercadoria
qualquer a ser consumida e dar lucros, sem medir conseqüências (SIMÕES;
FARACHE FILHO, 1988).
A indústria brasileira de produtos farmacêuticos movimenta anualmente
recursos da ordem de US$ 10 bilhões, sendo hoje a quarta indústria farmacêutica
mundial em volume de produtos, atrás dos Estados Unidos, França e Itália. O
faturamento mundial da indústria farmacêutica já é superior a US$ 200 bilhões
(CBME, 2005).
Neste contexto, a propaganda de medicamentos desempenha um papel
fundamental para o marketing das indústrias. Ela tem como objetivo principal
persuadir e incentivar o consumo do produto em toda a logística do medicamento
desde o prescritor, passando pelo dispensador, até o usuário (ANVISA, 2007).
Barros e Joany, em 2002, avaliaram anúncios de medicamentos em
revistas médicas, com base nos critérios sugeridos pela OMS e como resultado,
obtiveram informações alarmantes. Sob a alegação de ajudar a promover a
34
prescrição racional, em apenas 20% das propagandas existia referência a reações
adversas, contra-indicações e interações dos fármacos citados. Chegaram a
conclusão, portanto, que os anúncios não eram meios fidedignos para subsidiar a
prescrição e a utilização correta dos produtos divulgados.
Somam-se a isso, dados da OMS que mostram que no Brasil 90% das
consultas geram receitas médicas, ao passo que em outros países, estes valores
não ultrapassam 70% (SOYAMA, 2006). Para o médico, o medicamento prescrito
adequadamente prestígio, realça o seu poder sobre o paciente, racionaliza o
tempo da consulta, aumenta sua produtividade e gera no paciente dependência
excessiva e alienação (BARROS, 1983; ROZENFELD, 1989; TESSER, 2006).
Outros trabalhos demonstraram que entre os diversos fatores que
influenciam os médicos no momento da prescrição, o mais determinante são as
informações produzidas e disseminadas pela indústria farmacêutica, devida à
inexistência de fontes alternativas independentes (BARROS, 1995; BARROS;
JOANY, 2002).
O sucesso das propagandas de medicamentos é comprovado pelos
gastos enormes destinados pela indústria farmacêutica para este fim. Os
investimentos com publicidade ficam entre 20 e 25% do faturamento global da
indústria farmacêutica, quantia que representa o dobro do que é investido na
pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos (BARROS; JOANY, 2002). Estima-
se que nos Estados Unidos, em 2002, o setor farmacêutico investiu 30,8% de seus
rendimentos em marketing e apenas 14,1% na síntese de novos fármacos (BRASIL,
2005b).
Sabe-se que a propaganda de medicamentos induz e incentiva o uso
abusivo e incorreto deles e, portanto, colabora para encobrir sintomas e patologias
35
além de intensificar os gastos do Estado pelo agravamento de doenças ou
ocorrência de reações adversas e intoxicações. Segundo Sistema Nacional de
Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), o medicamento foi o principal
agente de intoxicação humana no Brasil, com 28,9% do total dos casos ocorridos em
2004 (SINITOX, 2004a).
Ao estampar a frase na mídia, para milhões de espectadores, “Ao
persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado” ao final de cada
propaganda, a RDC 120/2000 da ANVISA, que deveria impor limites ao setor de
publicidade farmacêutica, na verdade é um estímulo para a automedicação, pois a
mensagem pode ser interpretada como: “Primeiro tente encontrar o medicamento
que lhe traga a cura, comprando o produto que julgar mais conveniente. Caso não
obtenha sucesso, procure um médico para ajudá-lo” (SAYD; NASCIMENTO, 2005,
p. 319).
1.5. Automedicação
A automedicação pode ser compreendida como o ato de consumir
medicamentos sem prescrição médica, no intuito de tratar doenças auto-
diagnosticadas ou aliviar sintomas (WHO, 1998).
A prática da automedicação, dentro de certos limites, é aceita e
estimulada pela Organização Mundial da Saúde (PAULO; ZANINI, 1988). Segundo o
relatório The role of the pharmacist in self-care and self-medication, as principais
razões para a prática de automedicação são o desejo popular de aumentar o
36
controle individual sobre as decisões pessoais de bem-estar e possibilitar sua prática
individualizada de acordo com as demandas de saúde específicas (WHO, 1998).
Ao apoiar a automedicação racional e responsável, a Organização
Mundial da Saúde recomenda que 2 critérios sejam adotados:
Os medicamentos utilizados sejam de segurança, qualidade e eficácia
comprovadas;
Os medicamentos utilizados sejam aqueles indicados para condições
autoreconhecíveis e para algumas condições crônicas ou recorrentes (seguindo
um diagnóstico dico inicial). Em todos os casos, estes medicamentos devem
ser especificamente designados para o propósito, e requerem dose e forma
farmacêutica apropriadas (WHO, 1998).
O mesmo documento ainda afirma que a automedicação deve ser
entendida como uma importante estratégia de auto-cuidado. Contudo, as técnicas de
marketing da indústria farmacêutica aproveitam-se e deturpam o conceito de “auto-
cuidado” ao estimular o uso inadequado, abusivo e sem orientação devida, mas
mantêm a ilusão de aquisição de “saúde” através do medicamento (VILARINO et al.,
1998, NASCIMENTO, 2003; LOYOLA FILHO et al., 2005).
A automedicação feita de forma correta pode trazer benefícios para a
saúde, e no contexto dos países pobres, poderia ser considerada como uma
necessidade, com função complementar aos sistemas de saúde.
A prática da automedicação é um ato muito freqüente no Brasil e tido
como fator de alto risco à saúde blica (ARRAIS et al., 1997). Segundo SINITOX,
37
18,3% dos óbitos por intoxicação humana tiveram como agente causador, os
medicamentos sendo que metade está relacionada com a automedicação (SINITOX,
2004b).
Estudos realizados na Europa e Estados Unidos estimam que 50 a 90%
das doenças são inicialmente tratadas sem prescrição médica. Somente um terço da
população consulta o médico ao apresentar dor, sintomas desconfortáveis ou
enfermidade (CASTRO et al., 2006).
Não substâncias químicas totalmente seguras nem totalmente tóxicas.
Desta maneira, considera-se a automedicação um processo potencialmente maléfico
à saúde individual e coletiva (ROZENFELD, 1998). O uso irracional de
medicamentos pode causar desde efeitos indesejáveis e agressões ao sistema
digestivo, aresistência bacteriana, reações alérgicas e mascaramento de doenças
evolutivas (VILARINO et al., 1998).
Os eventos relacionados aos produtos farmacêuticos podem ser leves ou
graves, dependendo do medicamento e do usuário. Podem ser tóxicos em casos de
superdoses e resultar em emergências acidentais, iatrogênicas ou intencionais
(MARULANDA, 2002).
Nos países desenvolvidos, aumenta a pressão para a conversão de
medicamentos POM (Prescribed Only Medicines), de tarja vermelha e preta, cuja
venda é permitida diante da apresentação da receita, em medicamentos OTC
(Over-the-Counter), vendidos livremente (LOYOLA FILHO et al., 2002).
O consumo de medicamentos não-prescritos é crescente em todos os
grupos populacionais, independente dos contextos sócio-econômicos e culturais em
que estejam inseridos.
38
No Brasil, alguns estudos demonstram que pelo menos um terço dos
medicamentos são adquiridos por automedicação, ou seja, para cada dois
medicamentos devidamente receitados, no mínimo, um é consumido mediante
impulsos e/ou influências (BARROS, 1995; HERRERIAS et al., 2000; HOLTHAUSEN
et al., 2001).
O crescimento da automedicação é favorecido pela diversidade de
produtos farmacêuticos lançados no mercado, que totalizam mais de 32 mil
medicamentos, com 12 mil princípios ativos (JESUS, 2004). Segundo a OMS, 300
substâncias farmacológicas seriam suficientes para tratar as doenças mais
prevalentes em países em desenvolvimento.
No Brasil, em média 1 farmácia para cada 3 mil habitantes. A OMS
preconiza como ideal 1 farmácia para cada 8 a 10 mil habitantes. De acordo com
esta recomendação, tem-se um excesso de 30 mil farmácias. Somente 4% destas
farmácias são propriedades de farmacêuticos, ao contrário dos países
desenvolvidos, nos quais somente tais profissionais estão habilitados para ser donos
destes estabelecimentos (OLIVEIRA, 1998 apud NASCIMENTO, 2003).
Para que seja garantida a segurança, qualidade e eficácia do
medicamento, como preconiza a OMS, o profissional farmacêutico necessita estar
presente em todo o ciclo da assistência farmacêutica, pelos seus conhecimentos e
capacidades de orientar, educar e informar os pacientes, para lhes conferir a
responsabilidade sobre sua saúde e êxito no tratamento.
O farmacêutico tem um papel fundamental no estímulo da automedicação
responsável, pois em grande parte das vezes, ele é o último, senão o único
profissional a ter contato direto com o paciente, tendo uma responsabilidade
considerável como agente de saúde. De acordo com Zubioli, 2000:
39
A farmácia é uma instituição de saúde, de acesso fácil e gratuito,
onde o usuário, muitas vezes, procura, em primeiro lugar, o conselho
amigo, desinteressado, mas seguro, do farmacêutico. Torna-se
imprescindível para o farmacêutico ter a noção exata de sua
competência e dos limites de sua intervenção no processo saúde-
doença (ZUBIOLI, 2000, p.24).
Segundo a OMS, ao profissional farmacêutico cabe intermediar a ação da
indústria e disseminar informações técnicas a usuários e profissionais de saúde,
exercendo sua função de promotor do uso correto dos insumos farmacêuticos, bem
como orientar e alertar os consumidores acerca dos riscos da automedicação e
improcedência da dispensação de medicamentos tarjados, da interrupção e da troca
da medicação prescrita (OMS, 1993; BRASIL, 1998).
O problema da automedicação é antigo, universal e extremamente
freqüente. Pensa-se em ações de minimização do impacto negativo desta prática na
saúde da população brasileira. Com certeza, tal medida requer a reorientação e
acesso aos serviços de saúde com programas de capacitação para profissionais da
saúde, farmacêuticos e balconistas, a quem compete maior controle na venda de
medicamentos sem prescrição de profissional habilitado. No campo institucional, a
retirada do mercado de numerosas especialidades farmacêuticas carentes de
eficácia ou de segurança depende indubitavelmente de fiscalização atuante e
apropriada. Além disso, a conscientização dos cidadãos e estímulo às terapêuticas
não medicamentosas são alguns dos caminhos possíveis para atenuar os problemas
persistentes da saúde no Brasil.
40
2. REFERENCIAL TEÓRICO - METODOLÓGICO
2.1. Farmacoepidemiologia e os Estudos de Utilização de Medicamentos
(EUMs)
A incorporação dos métodos epidemiológicos para estudar e mensurar os
eventos relacionados aos medicamentos surgiu na década de 60. A
farmacoepidemiologia, ou epidemiologia do medicamento, emergiu no encontro da
farmacologia clínica e da epidemiologia.
Essa ciência é constituída por duas grandes áreas: Farmacovigilância e
Estudos de Utilização de Medicamentos (EUMs). Estas se complementam a fim de
conhecer, analisar e avaliar o impacto dos medicamentos sobre as populações
humanas (OSORIO DE CASTRO, 2000).
A epidemiologia dos medicamentos tem sua origem na farmacovigilância
que por sua vez surge do conhecimento historicamente reconhecido dos efeitos
adversos, entretanto somente após a década de 50 despertou o interesse de
cientistas, quando se descobriu que o cloranfenicol causava anemia aplástica
(CASTRO, 1997).
Contudo, o episódio da focomelia por talidomida foi o ponto de partida
para esse processo; tamanho foi o impacto que este fato teve sobre a opinião
pública em decorrência do desastre e danos causados pelo medicamento. O número
total de casos somente de focomelia foi de aproximadamente 4000 em todo o
mundo, dos quais 498 chegaram a falecer (LAPORTE et al., 1989).
41
No Brasil, atualmente existem cerca de sete mil pessoas vitimadas pelo
uso da talidomida na década de 60 (CASTRO, 1999). Mesmo assim, a percepção do
risco relacionado ao uso irracional de medicamentos ainda é lento.
Com a síntese de novos fármacos, o desafio é balancear o risco de
reações adversas e problemas relacionados ao medicamento, que pode levar o
indivíduo até a morte, e o benefício terapêutico com evidente melhora na qualidade
de vida e saúde da população.
Os medicamentos são instrumentos valiosos para diagnosticar, prevenir e
curar ou aliviar enfermidades. Por conseqüência, desempenham um papel de
destaque dentro dos modelos de saúde tanto no sentido econômico, como social e
técnico (CHAVES, 1999a).
Segundo Laporte et al. (1989), a OMS define, de uma maneira bastante
ampla, os EUMs como os estudos que abrangem a comercialização, distribuição,
prescrição e uso de medicamentos em uma sociedade, com ênfase especial sobre
as conseqüências médicas, sociais e econômicas resultantes.
Os EUMs são de grande relevância para suprir as necessidades de saúde
pública dos países em desenvolvimento. São ferramentas importantes para planejar
e gerenciar os serviços de Assistência Farmacêutica, nortear as políticas de
medicamentos e subsidiar e elaborar políticas governamentais na área da saúde
(LAPORTE et al., 1983).
Como reiteram Weiderpass e colaboradores (1998):
O consumo de medicamentos é um indicador indireto de qualidade
dos serviços de saúde, assim como da propaganda focada a
médicos e à população. Seu estudo pode ser utilizado também para
identificar a necessidade de intervenções específicas como:
esclarecimento à população quanto a seu uso inadequado; formação
42
e educação continuada de profissionais de saúde para a prescrição
racional, identificação de populações em risco de consumo crônico
de medicamentos inadequados. Além disso, pode subsidiar a
elaboração de políticas públicas para conter a venda e o uso de
medicamentos desnecessários (WEIDERPASS et al., 1998, p.337).
Segundo a classificação de Capellà e Laporte (1993), os medicamentos
podem ser classificados segundo:
A ão, por categorias farmacoterapêuticas inclui analgésicos,
antiinflamatórios, diuréticos, antiácidos, antiarrítmicos, etc;
As enfermidades para que são indicados, por categorias de diagnósticoé
formada por grupos como hipertensão arterial, diabetes, artrite e reumatismo, etc;
A estrutura, por grupos químicos;
Cada classificação tem suas vantagens e inconvenientes, e sua utilidade
dependerá da aplicação que se queira dar (CAPELLÀ; LAPORTE, 1993). Assim, o
uso das diferentes estratégias dos Estudos de Utilização de Medicamentos permite
obter informações objetivas e confiáveis para a seleção dos medicamentos
necessários, a fim de resolver as principais enfermidades encontradas em uma
população além de ser uma ação importante para a prevenção de problemas
relacionados aos medicamentos (CHAVES, 1999b; PEREIRA et al., 2004).
Estes estudos geram informações sobre os medicamentos consumidos,
quem os consome, como e para qual finalidade. Permitem identificar os grupos
43
populacionais mais vulneráveis ao uso irracional e as classes terapêuticas
empregadas de modo inadequado (ROZENFELD, 2004). Os EUMs constituem,
portanto, uma importante estratégia para o uso racional dos medicamentos.
A avaliação de determinantes individuais de uso de medicamentos indica
os grupos mais sujeitos ao uso excessivo e incorreto, o que pode embasar
estratégias específicas para diminuir a utilização nesses grupos (BERTOLDI et al.,
2004).
Os estudos dos padrões de consumo de medicamentos são ainda pouco
conhecidos, tendo em vista a amplitude e diferenciação desse consumo. Isso talvez
se deva ao fato dos órgãos públicos nem sempre reconhecerem a importância
desses estudos.
A produção e difusão de conhecimento sobre padrões quantitativos de
utilização de medicamentos, perfis de prescrição, qualidade do que se usa,
automedicação contribuem decisivamente para a formação de uma consciência
crítica entre os profissionais que prescrevem, os que dispensam os medicamentos e
os consumidores (BERTOLDI et al., 2004).
Os dados epidemiológicos de medicamentos podem melhorar a qualidade
da assistência farmacêutica e permitir uma intervenção mais efetiva dos profissionais
da saúde, pois conhecerão suficientemente os medicamentos mais utilizados pela
população (ROZENFELD, 2003).
A Organização Mundial da Saúde considera que estudos de
farmacoepidemiologia devem ser uma prioridade na área de pesquisa. Castro (1999)
verificou 101 publicações científicas sobre farmacoepidemiologia no Brasil, entre o
44
período de 1989 e 1994. No entanto, desde a década de 90, aumentou o interesse
pela farmacoepidemiologia no Brasil e na América Latina.
Ainda assim, nos países em desenvolvimento, os EUMs são relativamente
escassos. Os trabalhos presentes indicam que grande parcela da população utiliza
produtos farmacêuticos e esse uso se em todas as faixas etárias. Mesmo assim,
poucos são os estudos brasileiros de base populacional sobre o consumo de
medicamentos (CASTRO, 2001; SILVA; GIUGLIANI, 2004; ACURCIO et al., 2006); e
raras são as pesquisas que investigam o uso em adultos de uma forma global
(BERTOLDI et al., 2004), por isso, decidiu-se realizar o presente estudo com adultos
cuja faixa etária estabelecida compreende pessoas de 20 a 59 anos.
45
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Analisar os padrões de consumo de medicamentos da população adulta na área
de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família de Ponta Grossa, Paraná.
3.2. Objetivos Específicos
Caracterizar a população em estudo segundo variáveis demográficas,
socioeconômicas, condição de saúde e de assistência à saúde;
Investigar associações entre o consumo de medicamentos e as variáveis
demográficas, socioeconômicas, condição de saúde e de assistência à saúde;
Identificar grupos terapêuticos mais utilizados;
Analisar a prevalência da automedicação e fatores associados à sua prática.
46
4. METODOLOGIA
4.1. Modalidade de Pesquisa
Estudo transversal de base populacional em área de abrangência de uma
Unidade Básica de Saúde de Ponta Grossa, Paraná.
4.2. Local de Estudo
4.2.1. Município de Ponta Grossa
O município de Ponta Grossa ocupa uma área de 2.112,6 km² no Estado
do Paraná. O município é constituído pelo Distrito Sede e mais os Distritos
Administrativos de Guaragi, Itaiacoca, Piriquitos e Uvaia. Tem como limite ao norte o
município de Castro, ao sul, Palmeira e Teixeira Soares, a leste, Campo Largo e a
oeste, Tibagi e Ipiranga (PONTA GROSSA, 2006).
Ponta Grossa é um dos mais importantes entroncamentos rodo-
ferroviários do sul do Brasil. Nela o distrito industrial, onde se encontram
indústrias de beneficiamento de soja e cereais, indústrias de produtos alimentícios,
metalúrgicas, madeireiras, entre outras.
Destacam-se também outras atividades desenvolvidas no município,
como plantação de pinus, pastagens, mineração (talco), e na agricultura, o cultivo da
soja, milho, trigo, feijão, arroz, batata e hortaliças.
47
Ponta Grossa é sede da Regional de Saúde do Paraná, da qual fazem
parte 12 municípios. A estimativa populacional para o ano de 2005 para o município
foi de 300.196 habitantes (IBGE, 2000). Em termos populacionais é a quarta maior
cidade do Estado, menor apenas que Curitiba, Londrina e Maringá. Sua população
está praticamente concentrada na zona urbana do município (292.586 habitantes),
residindo na zona rural somente 2,53% da população (PONTA GROSSA, 2006).
Em relação aos serviços de saúde na cidade de Ponta Grossa, a atenção
primária é formada por 46 unidades básicas, como pode ser notado na figura 1.
Destas, 40 estão na região urbana e contam com 28 equipes Saúde da Família. Em
nível secundário e terciário de atenção, o município é composto de 9
estabelecimentos: sendo 2 hospitais públicos (Pronto Socorro e Hospital da
Criança), um privado (Clínica Infantil Pinheiros Hospital Cidade) e 6 filantrópicos
(Hospital Bom Jesus, Hospital Santa Casa de Misericórdia, Hospital Vicentino,
Hospital Santana Unimed, Hospital São Camilo e Hospital Evangélico) (PONTA
GROSSA, 2006).
O Programa Saúde da Família está implantado em Ponta Grossa desde
2001. Inicialmente contava com farmacêutico como membro integrante da equipe
mínima, o qual se responsabilizava por três equipes Saúde da Família (ESF).
Atualmente, a unidade de saúde em estudo é a única que mantém a presença deste
profissional na ESF.
48
FIGURA 1. Composição dos serviços de saúde de Ponta Grossa, Paraná, 2007.
4.2.2. Unidade Básica de Saúde – Parque Tarobá
Esta Unidade Básica de Saúde (UBS) abrange 3 equipes Saúde da
Família, em um território geográfico extenso, como se pode verificar na figura 2. A
hipertensão arterial e diabetes mellitus são as patologias mais freqüentes nesta área
de abrangência.
No território da primeira equipe de PSF, que atende o Parque Tarobá e
adjacências, residem 3089 pessoas. Destas, 2159 (69,9%) têm idade entre 20 e 59
anos, segundo dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) do
município de Ponta Grossa.
O sistema de coleta de lixo e abastecimento de água da rede pública
beneficia mais de 98% dos domicílios da área de abrangência; os dejetos,
SERVIÇOS DE SAÚDE DE PONTA GROSSA
9 Hospitais
46 Unidades Básicas de Saúde
40
Região Urbana
6
Região Rural
28 equipes PSF
2 equipes PSF
3
3
e
e
q
q
u
u
i
i
p
p
e
e
s
s
n
n
a
a
U
U
B
B
S
S
P
P
a
a
r
r
q
q
u
u
e
e
T
T
a
a
r
r
o
o
b
b
á
á
2
Públicos
1
Privado
6
Filantrópicos
49
entretanto, em 66% são despejados em fossas e 5% jogados a céu aberto, haja
vista, que o sistema de esgoto cobre somente 29% da população.
FIGURA 2. Mapa da área de abrangência da UBS Nilton Luiz de Castro, Parque
Tarobá, Ponta Grossa, Paraná, 2007.
A segunda equipe de PSF atende a vila São Francisco, cleo Pimentel e
Jardim Progresso, onde residem 4154 pessoas. Destas, 2199 indivíduos (52,9%)
têm idade entre 20 e 59 anos.
Entre esses bairros, o núcleo David Federmann destaca-se por ter uma
população, em sua maioria, empregada, de nível sócio-econômico um pouco melhor
comparativamente às demais, razão pela qual a cobertura por plano de saúde é de
11,1%.
UBS
50
Nesta área, 38,9% das casas são de madeira; 97,4% possuem energia
elétrica. Em relação ao saneamento básico, aproximadamente 98,0% das
residências têm sistema de coleta de lixo e abastecimento de água da rede pública;
entretanto apenas 5,8% estão ligadas à rede de esgoto.
A terceira equipe do PSF se responsabiliza pela Vila Hoffman, La Fiore,
Rubine I, Bom Jesus, Sâmara e Morumbi, nas quais residem 3161 pessoas das
quais 1769 (56%) estão entre 20 e 59 anos. As características sanitárias desta área
de abrangência são semelhantes as outras. Nelas 99,2% dos domicílios têm
abastecimento público de água, Todavia, somente 29,8% ligam-se à rede de
esgotamento sanitário (PONTA GROSSA, 2006).
4.3. População de estudo
Constituiu-se da população adulta com idade entre 20 e 59 anos,
residente na área de abrangência da Unidade Básica de Saúde Nilton Luiz de Castro
localizada no Parque Tarobá do município de Ponta Grossa, Paraná.
4.4. Fonte de dados
Os dados para a seleção da amostra da pesquisa foram coletados da
Ficha de Cadastramento das Famílias (Ficha A) do Sistema de informação de
Atenção Básica (SIAB) e em casos de dúvida ou ausência de algumas informações,
utilizou-se dos cadernos individuais das Agentes Comunitárias de Saúde (ACS). Tais
documentos permitiram a coleta dos seguintes dados dos indivíduos: sexo, nome
51
completo, endereço, idade e telefone. Foram excluídos os pacientes sorteados
portadores de deficiência mental ou física e substituídos pelo próximo indivíduo que
estivesse dentro da faixa etária estipulada.
4.5. Amostragem
Para o cálculo do tamanho da amostra, utilizou-se a estimativa de 50% de
prevalência de consumo de medicamentos baseada em estudo realizado por Arrais
et al. (2005). O tamanho da amostra, para uma margem de erro de 5% e um nível de
confiança de 95%, foi de 361 indivíduos. A este número foram adicionados 20% para
eventuais perdas, totalizando assim, 434 pessoas a serem entrevistadas.
A seleção dos sujeitos deu-se por processo de amostragem sistemática. A
unidade de observação foi o indivíduo no domicílio. Para o cálculo do intervalo
amostral, dividiu-se o número total de indivíduos dentro da faixa etária estipulada e o
tamanho da amostra. A fração foi igual a 14 e o início entre 1 e 14, após sorteio, foi
7.
4.6. Coleta de Dados
Para viabilizar a etapa de coleta de dados, foi encaminhado um ofício
(Apêndice 1) à Secretaria de Saúde de Ponta Grossa, no qual se solicitou licença
para realizar a pesquisa na Unidade Básica de Saúde Nilton Luiz de Castro, cuja
autorização consta no Anexo 1.
52
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um formulário
estruturado, composto por 58 questões referentes ao aspecto cio-demográfico, à
condição de saúde, ao uso de serviços de saúde e, especificamente, o consumo de
medicamentos (Apêndice 2).
As entrevistas foram realizadas pela autora, auxiliada por uma equipe
previamente treinada e organizada em quatro duplas. Em cada dupla havia um
acadêmico do curso de farmácia e outro de enfermagem. Dúvidas, inconsistências e
itens não preenchidos foram devidamente discutidos com o entrevistador (a) e
averiguados pela autora. Cada entrevista durou aproximadamente 20 minutos.
Consideraram-se como perdas as pessoas não encontradas em até oito tentativas
de contato, em horários e dias da semana diferentes.
Cientes de que os informantes poderiam desconsiderar analgésicos,
anticoncepcionais, produtos de uso local ou para tratamento de quadros leves como
medicamentos, no momento das entrevistas utilizou-se um check list de
medicamentos para evitar que esquecimentos pudessem distorcer a avaliação do
perfil de consumo de medicamentos (ROZENFELD, 2004).
inúmeros fatores que afetam a validade das informações obtidas a
partir da entrevista sobre o uso de medicamentos. Devido a este fato, rigor e a
objetividade são importantes no momento da coleta, para garantir a acurácia dos
dados. Por este motivo, nesta pesquisa, tomaram-se alguns cuidados
metodológicos, a fim de aumentar a validade das informações sobre o uso de
medicamentos como é recomendado por Rozenfeld (2004) (figura 3).
53
RECOMENDAÇÕES AÇÕES METODOLÓGICAS ADOTADAS
Selecionar,
criteriosamente, os grupos a
serem estudados ou
excluídos;
Alopáticos com exclusão de medicamentos
homeopáticos, fitoterápicos e plantas medicinais,
ortomoleculares, florais de Bach e outros.
Empregar instrumentos
de coleta padronizados e
testados;
O instrumento utilizado originou-se de outros
formulários já testados e foi readequado para as
necessidades e características do trabalho.
Treinar os
entrevistadores no manejo da
coleta de informações sobre
as marcas comerciais;
Principalmente para identificar corretamente:
medicamentos manipulados, medicamentos
genéricos e medicamentos fornecidos pelo
governo, como os da FIOCRUZ/Farmanguinhos.
Coletar, de modo
exaustivo, informações sobre
todas as especialidades
farmacêuticas (EF) utilizadas;
Chek list, realizado no momento da entrevista.
Com linguagem acessível e popular questionava-
se o consumo de fármacos para: “dor de dente”,
diarréia”, “pé de atleta ou micose”, “dor nas
costas”, “gripe”, “fraqueza no corpo”,
machucadura” entre outros, além dos utilizados
continuamente para doenças crônicas.
Coletar, para cada
produto, informações sobre o
nome do fabricante, a forma
farmacêutica, a dose, a
duração de uso, prescritor;
Somente não foram coletados o item – “duração
de uso” por não ser um dos objetivos da
pesquisa.
Solicitar aos
entrevistados a apresentação
de comprovante de uso de
medicamentos – embalagens,
bulas ou receitas.
Na ausência de bula ou embalagem, solicitou-
se os blisters dos medicamentos para garantir
qualidade dos dados.
FIGURA 3. Cuidados metodológicos adotados na pesquisa segundo
recomendações de Rozenfeld (2004).
54
4.7. Pré-teste
O pré-teste se realizou a partir dos moradores da área não incluídos na
amostra da pesquisa, em dezembro de 2006. Para ajustes no instrumento foram
realizados três pré-testes, que totalizaram 30 entrevistas.
4.8. Aspectos Éticos
Este estudo cumpriu com os critérios estabelecidos na resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde que apresenta as diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisa que envolve seres humanos (BRASIL, 1996), com
aprovação do Comitê de Ética da Universidade Estadual de Londrina segundo o
parecer 258/06 (Anexo 2).
Após a apresentação dos entrevistadores, a leitura do termo de
esclarecimento livre e esclarecido (Apêndice 3) e a entrevista, foi entregue a cada
entrevistado um folheto informativo (Apêndice 4) que continha informações sobre o
uso correto de medicamentos e sua armazenagem, além de esclarecer acerca da
identificação, características e qualidade dos produtos genéricos.
4.9. Variáveis e categorização
4.9.1. Variáveis Independentes
55
4.9.1.1. Sócio-demográficas
Sexo
Idade
o 20 a 29 anos
o 30 a 39 anos
o 40 a 49 anos
o 50 a 59 anos
Situação Conjugal
o Solteiro(a)
o Casado(a)
o Separado(a)/Divorciado(a)
o Viúvo(a)
o União Consensual
Escolaridade
o Analfabeto
o 1º grau incompleto
o 1º grau completo
56
o 2º grau incompleto
o 2º grau completo
o 3º grau incompleto
o 3º grau completo
o Pós-graduação
Número de residentes na casa
o 1 a 3
o 4 e 5
o 6 ou mais
Situação de trabalho: para esta variável foi aceito somente uma resposta
correta. Caso a entrevistada se afirmasse como trabalhadora doméstica era
questionado se era por opção, desemprego, afastamento pelo INSS ou
aposentadoria.
o Trabalho formal
o Trabalho informal
o Desempregado
o Trabalho doméstico
o Aposentado
o Não trabalha (estudante)
57
o Afastado do trabalho por motivo de doença
o Outro
Poder de compra da família: esta variável foi categorizada de acordo com os
critérios utilizados pela ABEP (Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa)
(Anexo 3) , que se baseia no grau de escolaridade do chefe de família e a posse
de bens, sendo que A1 representa a melhor e E o pior nível econômico (ABEP,
2000).
o A1
o A2
o B1
o B2
o C
o D
o E
4.9.1.2. Indicadores da condição de saúde
Autopercepção de saúde
o Excelente
o Ótima
o Boa
58
o Regular
o Ruim
Presença de diabetes mellitus
o Sim
o Não
o Não sabe
Presença de hipertensão arterial
o Sim
o Não
o Não sabe
Presença de depressão
o Sim
o Não
o Não sabe
Presença de problemas coronarianos
o Sim
59
o Não
o Não sabe
Presença de asma/bronquite
o Sim
o Não
o Não sabe
Outras doenças que não as anteriores
o Sim
o Não
o Não sabe
Filiação a plano de saúde
o Sim
o Não
Consulta com o médico nos últimos 3 meses
o Sim
o Não
60
Internação hospitalar nos últimos 12 meses
o Sim
o Não
4.9.2. Variáveis Dependentes
4.9.2.1. Consumo de medicamentos
Consumo de medicamentos: Os participantes do estudo foram questionados
acerca de toda a medicação em uso, definida previamente como aquela utilizada
pelo entrevistado nos últimos 7 dias que antecederam à entrevista. Optou-se por
um período recordatório de 1 semana para evitar o viés de memória passível de
acontecer com espaços de tempo superiores (WHO, 2004).
o Sim
o Não
Consumo de medicamentos no dia da entrevista
o Sim
o Não
Medicamentos consumidos: Para a validação do uso de medicamentos, foi
utilizada
a metodologia padrão instituída por Landry et al. (1988). Tal cnica
61
consiste em solicitar aos entrevistados a embalagem, receita, bula e blister dos
medicamentos utilizados visando evitar omissão, em geral por esquecimento, de
medicamentos em uso, e, além disso, para assegurar a veracidade das
especialidades farmacêuticas fornecidas (ROZENFELD, 2004). Os nomes e
laboratórios fabricantes foram devidamente registrados para posterior
classificação em grupos farmacológicos.
o Classificação farmacológica do medicamento (ATC): Os princípios ativos
presentes em cada especialidade foram listados e organizados de acordo
com a classificação ATC (Anatomical Therapeutical Chemical), elaborada
pelo Nordic Council on Medicines e recomendada pela Drug Uitlization
Research Group (DURG) da OMS para os Estudos de Utilização de
Medicamentos (WHO, 2005). Os insumos, com mais de um princípio ativo,
foram classificados na classe terapêutica do principal componente; produtos
com diferentes ações farmacológicas foram enquadrados levando-se em
conta sua indicação terapêutica.
Grupo A Agentes do trato alimentar e metabolismo: fármacos para
distúrbios estomacais, de acidez, distúrbios funcionais
gastroinstestinais, antieméticos, terapia hepática e biliar, laxativos,
antidiarreicos e antiinfecciosos intestinais, antiobesidade, enzimas
digestivas, antidiabéticos, vitaminas, suplementos minerais, tônicos,
agentes anabólicos e estimulantes de apetite;
Grupo B Agentes relacionados ao sangue e hematopoese: anti-
trombóticos, anti-hemorrágicos, antianêmicos, substitutos e sangue e
soluções de perfusão;
62
Grupo C Agentes cardiovasculares: anti-hipertensivos, diuréticos,
vasodilatadores periféricos, vasoprotetores, beta-bloqueadores,
bloqueadores dos canais de cálcio, agentes do sistema renina-
angiotensina e redutores de lipídeos séricos;
Grupo D Agentes dermatológicos: preparações dermatológicas
antifúngicas, antibióticas e de corticosteróides, emolientes e
protetores, antipruriginosos, antipsóricos, antissépticos e
desinfetantes, antiacne;
Grupo G Agentes do trato geniturinário e hormônios sexuais:
hormônios pituitários e hipotalâmicos, corticosteróides de uso
sistêmico, terapia tireotrófica, hormônios pancreáticos e homeostase
do cálcio;
Grupo J Agentes antiinfecciosos gerais de uso sistêmico:
antiabacterianos, antivirais, antimicóticos de uso sistêmico,
antimicobacterianos, imunoglobulinas e vacinas;
Grupo L Agentes antineoplásicos e imunomoduladores:
antineoplásicos, terapia endócrina, imunoestimulantes e
imunossupressores;
Grupo M Agentes do sistema músculo-esquelético: antiinflamatórios
e antireumáticos, relaxantes musculares, antigotosos, tratamento de
doenças ósseas e produtos tópicos para dor muscular;
Grupo N Agentes do sistema nervoso central: anestésicos,
analgésicos, antiparkinsonianos, antipsicóticos, ansiolíticos, hipnóticos,
sedativos, antidepressivos,psicoestimulantes, fármacos antidemência.
63
Grupo P – Agentes antiparasitários;
Grupo R Agentes do sistema respiratório: preparações nasais,
laringológicas, desobstrução das vias aéreas, antitussígenas, anti-
histamínicos e fármacos para resfriado comum;
Grupo S - Agentes dos órgãos sensoriais: oftalmológicos, otológicos e
combinações;
Grupo V – Outros.
Número de medicamentos consumidos
Indicação do medicamento
o Médico ou dentista
o Farmacêutico ou balconista
o Amigos, parentes e/ou vizinhos
o Automedicação
o Não lembra
o Não sabe
o Outro
A partir das respostas obtidas foram categorizadas 2 variáveis:
64
Medicamentos Prescritos: são todos aqueles originalmente prescritos por
médicos ou odontólogos. Essa definição contempla situações em que é permitida
a renovação pelo enfermeiro e/ou farmacêutico de prescrição originalmente
efetuada pelo médico, como, por exemplo, em casos de tratamento para
tuberculose e hanseníase.
Medicamentos não-prescritos: são todos aqueles usados por iniciativa própria,
ou por recomendação ou indicação de outros que não um profissional médico.
Incluem-se: balconista de farmácia, amigos, vizinhos e outros.
Local de Aquisição do medicamento
o Posto de Saúde
o Hospital
o Farmácia de dispensação: farmácias comerciais ou drogarias;
o Farmácia de manipulação
o Regional de Saúde
o Não Sabe
o Não lembra
o Outro
Orientação de como utilizar o medicamento
o Sim
o Não
65
o Não lembra
Recebimento de orientação no momento da dispensação
o Sim
o Não
o Não lembra
Profissional que realizou a orientação
o Médico ou dentista
o Farmacêutico ou balconista
o Amigos, parentes e/ou vizinhos
o Automedicação
o Não lembra
o Não sabe
o Outro
4.10. Tabulação e Análise dos dados
As informações anotadas nos formulários foram duplamente digitadas em
banco de dados criado no programa do Epi Info, versão 3.3.2 para Windows. Para o
procedimento de validação, foram comparados e após correção, obteve-se o banco
de dados definitivo para a análise estatística.
66
Para a análise de associação das variáveis independentes com o
consumo de medicamento utilizou-se o teste de qui-quadrado. As variáveis que
apresentaram valor de p<0,20 foram incluídas na análise multivariada por regressão
logística, sendo calculadas as razões de chance e seus respectivos intervalos de
confiança de 95%. Foram considerados significativos os testes que apresentaram
valores correspondentes a p<0,05.
Para a análise estatística da automedicação se utilizou o teste de qui-
quadrado e a razão de prevalência (RP). Consideram-se significativos os testes que
apresentaram valores correspondentes a p<0,05 e intervalo de confiança de 95%
que não contemplasse a unidade.
4.11. Divulgação
Divulgar-se-á o estudo depois da defesa da dissertação com a
apresentação dos resultados à equipe de saúde da Unidade Saúde da Família Nilton
Luis de Castro e à diretoria de farmácia da Secretaria de Saúde de Ponta Grossa.
Os relatórios finais da dissertação serão submetidos, sob a forma de
artigos, para periódicos científicos da área.
67
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dos 434 indivíduos selecionados para o estudo, 36 (8,3%) foram
excluídos da amostra devido a 1 morte e 35 mudanças de endereço para fora da
área de abrangência da UBS. Assim, das 398 pessoas restantes entrevistou-se 374
(94,0%). Registraram-se 24 perdas (6,0%) em decorrência de 1 hospitalização, 5
recusas e 18 ausências (figura 4).
Os demais resultados e discussões da dissertação serão apresentados na
forma de dois artigos e nos anexos 4 e 5, encontram-se as respectivas instruções
das revistas em que serão submetidos.
68
FIGURA 4. Fluxograma da coleta de dados, Ponta Grossa, Paraná, 2007.
11204 pessoas da área de abrangência da
UBS
Popula
ç
ão = 6127 pessoas entre 20 e 59 anos
Amostra = 361 indiv
í
duos
20% perdas
n = 434 indiv
í
duos
Exclusão:
Pessoas com
deficiência física
ou mental
3
3
6
6
E
E
X
X
C
C
L
L
U
U
S
S
Õ
Õ
E
E
S
S
(
(
8
8
,
,
3
3
%
%
)
)
1
Morte
35 Mudan
ç
as de
endereço
n = 398 indiv
í
d
uos
1 Hospitaliza
ç
ão
5 recusas
18 ausências
2
2
4
4
P
P
E
E
R
R
D
D
A
A
S
S
(
(
6
6
,
,
0
0
%
%
)
)
3
3
7
7
4
4
e
e
n
n
t
t
r
r
e
e
v
v
i
i
s
s
t
t
a
a
s
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r
e
e
a
a
l
l
i
i
z
z
a
a
d
d
a
a
s
s
(
(
9
9
4
4
%
%
)
)
COLETA DE DADOS
69
ARTIGO 1
5.1. Artigo 1 – Consumo de medicamentos entre adultos na área de
abrangência de uma Unidade Saúde da Família
CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE ADULTOS NA
ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA UNIDADE SAÚDE DA
FAMÍLIA
Encaminhado: Cadernos de Saúde Pública
70
CONSUMO DE MEDICAMENTOS ENTRE ADULTOS NA ÁREA DE
ABRANGÊNCIA DE UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA
Drug utilization among adults in a comprehended area of one family health unity
Título corrido: Consumo de medicamentos entre adultos
Milene Zanoni da Silva Vosgerau - Universidade Estadual de Londrina
Darli Antonio Soares - Universidade Estadual de Londrina
Regina Kazue Tanno de Souza - Universidade Estadual de Londrina
Tiemi Matsuo - Universidade Estadual de Londrina
Gisele dos Santos Carvalho - Universidade Estadual de Londrina
Correspondência
Milene Zanoni da Silva Vosgerau
Rua Guilherme Pugsley, 1959 – Água Verde
Complemento: apartamento 31H
CEP 80620-000 – Curitiba, PR, Brasil
Telefones para contato: (42)99794364/(41) 30161033
71
Resumo
Objetivo: Determinar a prevalência e os fatores associados ao consumo de medicamentos
entre adultos de 20 e 59 anos.
Método: Estudo transversal de base populacional. Foram entrevistados 374 indivíduos da
área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família de Ponta Grossa (PR), entre dezembro
de 2006 e janeiro de 2007. O período recordatório utilizado foi dos últimos 7 dias. Os
medicamentos foram classificados segundo Anatomical Therapeutic Chemical Code. Os
testes de qui-quadrado e de regressão logística foram utilizados para análise estatística.
Resultados: A prevalência de consumo de medicamentos foi de 67,1%. A utilização variou
entre 1 e 17 medicamentos. As classes terapêuticas mais consumidas foram analgésicos e a
dipirona foi o princípio ativo mais usado. Após análise multivariada, as variáveis que
permaneceram associadas significativamente foram: sexo, autopercepção de saúde, presença
de doenças crônicas e filiação a plano de saúde.
Conclusão: A prevalência de consumo de medicamentos foi semelhante ao encontrado em
outros estudos. Os achados desta pesquisa poderão contribuir para nortear as ações das
equipes saúde da família.
Palavras-chaves: Uso de medicamentos, farmacoepidemiologia, adulto, prevalência,
Programa Saúde da Família
Abstract
Objective: To determine the prevalence and factors associated with the drug utilization
among people from 20 to 59 years old.
Method: It is a cross-sectional study in populational basis. It was interviewed 374 people in
an area of attendance of a Family Health Unit in Ponta Grossa, PR, between December/2006
and January/2007. The recorded used period was seven days. The medicines were rated
according to the Anatomical Therapeutic Chemical Code. For the statistic analysis it was used
the chi-square test and odds ratio set by the logistic regression approach.
Results: The prevalence of self-medication was of 67.1%. The utilization varied between 1
and 17 drugs. The most consumed therapeutical classes were painkillers and the sodic
dypirone was the most consumed active principle. After a multi-varied analysis, the variables
which were significantly related were: gender, self-perception of health, presence of severe
illnesses and affiliation to a health-care plan.
Conclusion: The prevalence of consumption of medications was similar to those found in
other studies. The results of this research will be able to contribute to guide the actions of the
teams who work with Family Health.
Key-Words: Drug Utilization, pharmacoepidemiology, adult, prevalence, Family Health
Program
72
Introdução
Das ferramentas terapêuticas disponíveis à equipe de saúde, a utilização de
medicamentos são as mais empregadas para a manutenção ou recuperação das condições de
saúde da população
1
.
O consumo de medicamentos é condicionado tanto por fatores farmacológicos como
também por aspectos sócio-antropológicos, comportamentais e econômicos. A vasta oferta de
produtos farmacêuticos, o marketing da indústria farmacêutica, o grande número de
medicamentos prescritos por médicos e as atitudes culturais colaboram para a efetivação de
práticas irracionais por indivíduos e populações
2
.
A utilização inadequada de medicamentos tem como conseqüências o crescimento de
morbi-mortalidade e o aumento dos gastos na área da saúde
3
. Segundo Soyama, 2006, os
hospitais utilizam de 15 a 20 % de seus orçamentos para enfrentar as complicações causadas
pelo uso indevido de produtos farmacêuticos
4
.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Estudos de Utilização de
Medicamentos (EUMs) como pesquisas que abrangem “a comercialização, distribuição,
prescrição e uso de medicamentos em uma sociedade, com ênfase especial sobre as
conseqüências médicas, sociais e econômicas resultantes”
5
.
Esses estudos geram informações sobre os medicamentos consumidos, quem os
consome, como e para qual finalidade. Permitem identificar os grupos populacionais mais
vulneráveis ao uso irracional e as classes terapêuticas empregadas de modo inadequado
6
, além
de contribuir decisivamente para a formação de uma consciência crítica entre os profissionais
que os prescrevem, os que dispensam os medicamentos e os consumidores
7
.
Entretanto, nos países em desenvolvimento, os EUMs são relativamente escassos
8,9
.
As pesquisas realizadas nas últimas duas décadas indicam que grande parcela da população
73
utiliza medicamentos e este uso se dá em todas as faixas etárias. Mesmo assim, poucos são os
estudos brasileiros de base populacional sobre o consumo de medicamentos
10, 11
e raras são as
pesquisas que tenham investigado o uso em adultos de uma forma global
7
.
Dentro deste contexto, a Estratégia Saúde da Família (ESF) tem grande potencial em
garantir o uso racional dos medicamentos a partir da reorientação da assistência farmacêutica.
Por constituir um modelo de atenção primária, a ESF se compromete com a integralidade da
assistência à saúde, focado na unidade familiar na comunidade em que está inserida
12
.
Considerando-se, assim, a assistência farmacêutica fator preponderante da assistência integral,
espera-se que as equipes Saúde da Família contribuam para minimizar o uso irracional de
produtos farmacêuticos, pois se sabe que 50% dos usuários não usam corretamente os
medicamentos
13
.
Assim, o objetivo deste estudo foi determinar a prevalência e os fatores associados ao
consumo de medicamentos entre adultos de faixa etárias de 20 a 59 anos residentes na área de
abrangência de uma unidade da saúde da família.
Metodologia
Realizou-se um estudo transversal de base populacional em área de abrangência de
uma Unidade Saúde da Família de Ponta Grossa, PR. A estimativa populacional do município
foi de 300.196 habitantes
14
, em 2006.
Os serviços de saúde de Ponta Grossa, na atenção primária, são formados por 46
unidades básicas de saúde. Destas, 40 estão na região urbana que contam com 28 equipes
Saúde da Família. A Estratégia Saúde da Família está implantada desde 2001 e inicialmente
contava com um farmacêutico como membro integrante da equipe mínima. Atualmente,
74
somente a Unidade de Saúde da Família (USF) em estudo manteve a presença do
farmacêutico.
A população alvo de estudo se constitui por moradores com idades entre 20 e 59 anos
completos. Os dados para a seleção da amostra da pesquisa foram coletados da Ficha de
Cadastramento das Famílias (Ficha A) do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e
complementados, quando necessário, com os dados individuais das agentes comunitárias de
saúde. Tais documentos permitiram a coleta dos seguintes dados: sexo, nome completo,
endereço, idade e telefone. Foram excluídos os pacientes sorteados portadores de deficiência
mental ou física e substituídos pelo próximo indivíduo que estivesse dentro da faixa etária
estipulada.
Para o cálculo do tamanho da amostra, utilizou-se a estimativa de 50% de prevalência
de consumo de medicamentos baseada em estudo realizado por Arrais et al.
3
. O tamanho da
amostra, para uma margem de erro de 5% e um nível de confiança de 95%, foi de 361
indivíduos. A este número foram adicionados 20% para eventuais perdas, totalizando, assim,
434 pessoas a serem entrevistadas.
A seleção dos sujeitos realizou-se por processo de amostragem sistemática. A unidade
de observação foi o indivíduo no domicílio. Para o cálculo do intervalo amostral, dividiu-se o
número total de indivíduos dentro da faixa etária estipulada e o tamanho da amostra. A fração
foi igual a 14 e o início entre 1 e 14, após sorteio, foi 7.
O pré-teste deu-se a partir de moradores da área não incluídos na amostra da pesquisa,
em dezembro de 2006. Para ajustes no instrumento se realizou três pré-testes, que totalizaram
30 entrevistas.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um formulário estruturado,
composto por 58 questões referentes ao aspecto sócio-demográfico, à condição de saúde, ao
uso de serviços de saúde e, especificamente, o consumo de medicamentos.
75
As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007 por uma das
autoras juntamente com uma equipe previamente treinada, organizadas em 4 duplas,
compostas por um acadêmico do curso de farmácia e outro de enfermagem. Dúvidas,
inconsistências e itens não preenchidos foram devidamente discutidos com o(a)
entrevistador(a) e averiguados pela pesquisadora envolvida na coleta de dados. Consideraram-
se como perdas as pessoas não encontradas em até oito tentativas de contato, em horários e
dias da semana diferentes.
A variável dependente da pesquisa foi uso de medicamentos. As variáveis
independentes foram: sexo, idade, situação conjugal, número de residentes no domicílio,
escolaridade, situação de trabalho, nível econômico (conforme poder de compra da família
segundo a Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa - ABEP)
15
, autopercepção de saúde,
presença de patologias crônicas, filiação a plano de saúde, consulta com médico nos últimos
três meses e internação hospitalar nos últimos doze meses.
Os participantes do estudo foram questionados acerca de toda a medicação em uso,
definida previamente como aquela utilizada pelo entrevistado nos últimos sete dias que
antecederam à entrevista.
Para a validação do uso de medicamentos, foi utilizada a metodologia padrão
instituída por Landry et al.
16
. Tal técnica consiste em solicitar aos entrevistados a embalagem,
receita, bula e blister de produtos farmacêuticos utilizados visando evitar omissão, em geral
por esquecimento, de medicamentos em uso, e, além disso, para assegurar a veracidade das
especialidades farmacêuticas informadas
6
. Os nomes e laboratórios fabricantes foram
devidamente registrados para posterior classificação em grupos farmacológicos.
Os princípios ativos presentes em cada especialidade foram listados e organizados de
acordo com a classificação ATC (Anatomical Therapeutical Chemical), elaborada pelo
“Nordic Council on Medicines” e recomendada pela “Drug Utilization Research Group”
76
(DURG) da OMS para os Estudos de Utilização de Medicamentos. Os insumos, com mais de
um princípio ativo, foram classificados na classe terapêutica do principal componente;
produtos com diferentes ações farmacológicas foram enquadrados levando-se em conta sua
indicação terapêutica.
As informações anotadas nos formulários foram duplamente digitadas em banco de
dados criado no programa do Epi Info, versão 3.3.2 para Windows. Para o procedimento de
validação, os bancos foram comparados e, após correção, obteve-se o banco de dados
definitivo.
Para a análise de associação das variáveis independentes com o consumo de
medicamento utilizou-se o teste de qui-quadrado. Incluíram-se as variáveis que apresentaram
valor de p<0,20 na análise multivariada por regressão logística, sendo calculadas as razões de
chance e seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Consideraram-se significativos os
testes que apresentaram valores correspondentes a p<0,05.
Esta pesquisa tem aprovação do Comitê de Ética da Universidade Estadual de
Londrina segundo o Parecer 258/06, a qual cumpre com os critérios estabelecidos na
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Após a apresentação dos entrevistadores, a leitura do termo de consentimento livre e
esclarecido e a realização da entrevista, foi entregue um folheto contendo informações sobre o
uso correto de medicamentos e sua armazenagem bem como sobre a identificação,
características e qualidade dos medicamentos genéricos.
Discussão
No campo de estudos quantitativos de utilização de medicamentos, as diferenças entre
as metodologias adotadas nas pesquisas, principalmente com relação às faixas etárias e
77
períodos recordatórios, dificultam possíveis generalizações e comparações. Para orientar
futuros trabalhos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou o Guia de Investigação
de Uso de Medicamentos, que recomenda um período de sete dias, por quantificar facilmente
os dados e possibilitar comparação com outros estudos, além de garantir informações mais
fidedignas sobre as patologias e seus respectivos tratamentos medicamentosos
17
.
No Brasil existem poucos trabalhos publicados de utilização de medicamentos em
adultos. Bertoldi et al.
7
, em Pelotas, encontraram a prevalência de consumo de medicamentos
de 65,9% em adultos, índice semelhante ao encontrado neste estudo (67,1%). Da mesma
maneira, Sans et al.
18
, na Cataluña/Espanha, obtiveram resultados semelhantes a esta
investigação (67%). No entanto, vale ressaltar que ambos consideraram um período
recordatório de 15 dias.
Nesta pesquisa, a prevalência de utilização de medicamentos no dia da entrevista foi
de 49,5%, inferior ao índice encontrado em investigação desenvolvida com toda a população,
pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS)
19
, em 2003, em que o consumo
na região sul, foi de 62,3%. A média brasileira foi de 56,9%. Pelicioni
20
, em 2004, encontrou
entre crianças e adultos de 4 áreas de São Paulo a prevalência de 33,9% referente ao consumo
de 3 dias anteriores ao da entrevista, portanto, com grupo etário e período recordatório
diferente deste estudo.
O consumo de medicamentos verificado neste trabalho foi superior quando comparado
aos valores verificados em outros países como Noruega
21
, Espanha
22
e Suécia
23
cuja
prevalência em populações diversas variou de 27,4% a 44,8%, com períodos recordatórios de
1 a 14 dias.
Sabe-se que o Brasil está entre os cinco maiores consumidores de medicamentos no
mundo. Um dos motivos da elevada medicalização da sociedade brasileira está na concepção
capitalista veiculada pelas indústrias farmacêuticas de que a saúde pode ser comprada, como
78
se fosse uma mercadoria qualquer a ser consumida e dar lucros, sem medir conseqüências
24
.
As propagandas das indústrias farmacêuticas aproveitam e deturpam o conceito de auto-
cuidado, estimulam o uso inadequado e abusivo dos medicamentos, mantendo-se a ilusão de
aquisição de “saúde” através do medicamento
25
.
Ao considerar questões relativas ao gênero, as mulheres estão mais sujeitas à
medicalização por histórica e culturalmente tenderem a se preocupar mais com sua saúde e da
família
26
. O cuidado feminino, principalmente relacionado com as questões reprodutivas,
reflete em maior procura pelos serviços de saúde, que neste estudo, pode-se verificar pela
maior referência a consultas médicas nos últimos três meses (55,5%). O que, parcialmente,
pode ser explicado pelo fato da Unidade Básica de Saúde (UBS) em questão ter seu horário de
funcionamento de 8 horas diárias (7-12h e 13-16h), favorecendo as mulheres, por estarem
mais disponíveis nesse período. Mais da metade delas (53%) eram donas de casa e
aposentadas, ao contrário dos homens, que a maioria (79,9%) trabalhava no mercado formal
ou como autônomo (p<0,001), o que sugere, frente à disponibilidade e organização da UBS,
dificuldades no acesso de homens trabalhadores aos serviços de saúde.
A aquisição de medicamentos em farmácia de dispensação foi alta (63,6%). Os
homens (67,9%) procuraram mais estes estabelecimentos do que as mulheres (61,2%).
Pesquisa realizada por Sawyer et al.
27
, em 2002, traçou perfis de utilização dos serviços de
saúde no Brasil e notou que homens jovens, cuja autopercepção de saúde é boa, têm o
comportamento habitual de procurar inicialmente farmácias de dispensação e prontos-
socorros ao detectar alguma enfermidade.
Todavia, este fato, por si só, não explica a elevada taxa de procura pelas farmácias
comerciais. Apesar dessa pesquisa não objetivar a identificação das causas da baixa aquisição
de medicamentos em UBS, pode-se supor que talvez esse evento também se relacione à oferta
79
restrita de medicamentos essenciais, estimulando a sua aquisição em outros estabelecimentos
de saúde.
Constatou-se que profissional médico indicou grande parte dos produtos farmacêuticos
(77,1%) e foi apontado como orientador do uso de 83,9% dos medicamentos consumidos pela
população pesquisada. Dados similares foram observados nos estudos realizados nos
municípios de São Paulo/SP
24
e Humaitá/AM
28
.
Um aspecto importante com relação ao consumo de medicamentos é a utilização de
contraceptivos
18
. A maioria das pesquisas que incluem mulheres em idade fértil não se
preocupa em excluir os anticoncepcionais quando se estratifica por sexo
7
. Nesta pesquisa,
mesmo após a exclusão destes fármacos, as mulheres continuaram com maior índice de uso de
medicamentos (66,5%) quando comparados com os homens (55,2%) (dados não descritos em
tabela).
Diversos estudos têm descrito o uso mais comum de medicamentos entre mulheres do
que em homens
7,29,30
. Neste trabalho, a associação entre sexo feminino e consumo de
medicamentos manteve-se significativo mesmo após ajuste com as variáveis de consulta nos
últimos três meses, presença de doenças crônicas e autopercepção de saúde, fatores que
podem aumentar a probabilidade de prescrição médica. Principalmente no Brasil que, segundo
os dados da OMS, 90% das consultas geram receitas médicas, ao passo que em outros países,
estes valores não ultrapassam 70%
4
.
A presença de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, neste trabalho, está
associada positivamente com o consumo de medicamentos. As mulheres (59,6%) relataram
maior presença de doenças crônicas do que os homens (p<0,05). Entretanto, sabe-se que as
mulheres tendem a referir mais, do que os homens, a presença de problemas de saúde
31
. Este
fato pode ser confirmado em estudo nacional
32
e internacional
33
. Portanto, tais informações
sugerem que mulheres, ao procurarem mais os serviços de saúde, aumentam a probabilidade
80
de diagnóstico e relato de doenças crônicas o que, por sua vez, contribui para maior utilização
de medicamentos.
Nesta investigação, as pessoas que afirmaram ser filiadas a plano de saúde
consumiram quase três vezes mais medicamentos quando comparadas com as que não são.
Entretanto, a variável consulta nos últimos três meses perdeu a significância estatística com
consumo de medicamentos após o controle dos fatores de confusão pela regressão logística.
Pesquisa realizada em Fortaleza
3
identificou associação significativa dessas variáveis com a
utilização de medicamentos mesmo após ajuste pela análise multivariada. Os autores
fundamentaram-se na análise de que renda familiar mensal mais alta favoreceria o acesso a
um número maior de consultas médicas e, por conseguinte, aquisição de um número maior de
medicamentos por parte do entrevistado.
Considerar a própria saúde como ruim foi o maior preditor para o consumo de
medicamentos (Razão de chances [OR] = 2,85). Esses dados corroboraram resultados de
outros estudos. Bardel et al.
23
(2000), na Suécia, verificaram que as mulheres que
classificaram sua saúde como ruim tiveram 17 vezes mais chance de consumir medicamentos
do que as que se autopercebem com saúde excelente.
Bardel et al.
23
, em 2000, indicam que o uso de medicamentos se acentua a partir da
quarta década de vida, o que também se observou nesta pesquisa, pois foi crescente o
consumo de produtos farmacêuticos com o aumento da idade. Dos indivíduos que usaram
medicamentos e se encontravam na faixa etária de 20 a 29 anos o consumo foi em média 1,48
(dp 0,6) medicamento, ao passo que, os que estavam entre 50 a 59 utilizaram em média 3,8
(dp 2,8) especialidades farmacêuticas (dados não mostrados em tabelas).
Os medicamentos que agem nos sistemas nervoso, cardiovascular e aparelho digestivo
e metabólico foram os grupos anatômicos mais utilizados na comunidade pesquisada, sendo
os analgésicos e antiinflamatórios as classes mais consumidas. Este resultado é semelhante
81
com estudos realizados no Brasil
7,29.30,34
, em outros países em desenvolvimento
35,36
e
desenvolvidos
18,21
.
No que se refere aos aspectos metodológicos, foram adotadas medidas para evitar a
presença de vieses como seleção aleatória dos entrevistados e padronização dos
procedimentos. A elevada participação da população garantiu a validade interna da pesquisa.
A fidedignidade das informações na coleta de dados foram asseguradas pela verificação da
embalagem, bula ou blister dos medicamentos usados. Além disso, utilizou-se um check list
de fármacos para evitar que esquecimentos pudessem distorcer a avaliação do perfil de
consumo de medicamentos, pois freqüentemente os consumidores desconsideram analgésicos,
anticoncepcionais ou produtos de uso local como medicamentos
6
. No presente estudo optou-
se pelo período recordatório de uma semana, como recomendado pela OMS, que minimiza o
viés de memória passível de acontecer com espaços de tempo superiores.
Em resumo, pode-se afirmar que o consumo de medicamentos na população estudada
foi semelhante ao encontrado em outras pesquisas com adultos. Dentre as variáveis
analisadas, ser mulher, estar filiado a plano de saúde, ter doença crônica e autoconsiderar a
saúde como ruim foram fatores que estiveram associados a um maior consumo de
medicamentos.
O uso irracional dos medicamentos é um importante problema de saúde pública e o
Programa Saúde da Família necessita de dados e informações para conhecer melhor a
realidade desta prática na comunidade. Assim, os achados desta pesquisa poderão contribuir
para a reflexão acerca do uso de medicamentos em adultos e apresentar conhecimentos
necessários para nortear as ações e serviços das equipes saúde da família.
O fato de grande parte dos medicamentos ter sido prescrito apresenta-se como aspecto
relevante, todavia, a elevada proporção de medicamentos obtidos em farmácias de
dispensação sugere que a universalização da assistência farmacêutica ainda está distante da
82
sua efetivação. Constituem, portanto, áreas que exigem investimentos futuros, principalmente
na inclusão de farmacêuticos nas ESF, para possibilitar o alcance da integralidade da atenção
na Estratégia Saúde da Família.
Colaboradores
M.Z.S Vosgerau foi a responsável pela coleta, análise dos dados e redação do artigo.
D.A. Soares orientou e coordenou o trabalho, participou da estruturação do artigo, discussão
dos resultados e revisão crítica final do texto.
R.K.T. Souza participou da estruturação do artigo, discussão dos resultados e revisão crítica
do texto.
T. Matsuo auxiliou na análise estatística e na revisão crítica do texto.
G.S.Carvalho participou da discussão dos resultados e revisão crítica do texto.
Agradecimentos
Paoliello M. pela revisão crítica final do texto.
Silva A.C.M. pela tradução do resumo para o inglês.
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86
ARTIGO 2
5.2. Artigo 2 Automedicação entre adultos na área de abrangência de
uma Unidade Saúde da Família
AUTOMEDICAÇÃO ENTRE ADULTOS NA ÁREA DE
ABRANGÊNCIA DE UMA UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA
Encaminhado: Ciência & Saúde Coletiva
87
AUTOMEDICAÇÃO ENTRE ADULTOS NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA
UNIDADE SAÚDE DA FAMÍLIA
Self-medication among adults in a comprehended area of one family health unity
Título corrido: Automedicação entre adultos
Milene Zanoni da Silva Vosgerau - Universidade Estadual de Londrina
Darli Antonio Soares - Universidade Estadual de Londrina
Regina Kazue Tanno de Souza - Universidade Estadual de Londrina
Correspondência
Milene Zanoni da Silva Vosgerau
Rua Guilherme Pugsley, 1959 – Água Verde
Complemento: apartamento 31H
CEP 80620-000 – Curitiba, PR, Brasil
Telefones para contato: (42)99794364/ (41)30161033
88
Resumo
Objetivo: Estimar a prevalência e os fatores associados à automedicação entre adultos de 20 a
59 anos.
Método: Estudo transversal de base populacional. Foram entrevistados 374 indivíduos
residentes na área de abrangência de uma Unidade Saúde da Família de Ponta Grossa (PR),
entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007. O período recordatório utilizado foi de 7 dias. Os
medicamentos foram classificados segundo Anatomical Therapeutic Chemical Code. Os
testes de qui-quadrado e razão de prevalência foram utilizados para a análise estatística.
Resultados: A prevalência de automedicação foi de 24,9%. Foram consumidos 119
medicamentos entre aqueles que se automedicaram. Dos medicamentos citados, 43,7% eram
analgésicos. A dipirona sódica foi o princípio ativo mais consumido sem prescrição. Na
análise da razão de prevalência, somente o nível sócio-econômico associou-se à
automedicação.
Conclusão: A prevalência da automedicação neste trabalho foi baixa comparada com as
pesquisas realizadas no Brasil e semelhantes a resultados observados em outros países.
Palavras-chaves: Automedicação, farmacoepidemiologia, adulto, prevalência, Programa
Saúde da Família
Objective: To assess the prevalence and factors related to self-medication among adults aged
between 20 and 59.
Method: It is a cross-sectional study in populational basis in which it was interviewed 374
people living in an area of attendance of a Family Health Unit in Ponta Grossa, PR, between
December/2006 and January/2007. The recorded used period was seven days. The medicines
were rated according to the Anatomical Therapeutic Chemical Code. It was used the chi-
squared test and logistic regression approach.
Results:The prevalence of self-medication was of 24.9%. It was consumed 119
pharmaceutical specialties among those who consumed non-prescribed drugs. Among the
mentioned drugs 43.7% were painkillers. The sodic dypirone was the most consumed active
principle with no prescription among the interviewees. In the analysis of the prevalence rate,
only the social economic level associated with the self-medication.
Concluision: The prevalence of self-medication in this research was low if compared with
researches performed in Brazil and similar to results remarked in other countries.
Key-words: Self-medication, pharmacoepidemiology, adult, prevalence, Family Health
Program.
89
Introdução
A automedicação pode ser compreendida como o ato de consumir medicamentos
sem prescrição médica, com o objetivo de tratar doenças auto-diagnosticadas ou aliviar
sintomas
1
.
O consumo de medicamentos não-prescritos é um ato muito freqüente no Brasil e
como não existem substâncias químicas totalmente seguras, considera-se que esta prática seja
um processo potencialmente maléfico à saúde individual e coletiva
2
. Dados disponibilizados
no Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas revelam que 18,3% dos óbitos
por intoxicação humana tiveram os medicamentos como agente causador, sendo que metade
está relacionada à automedicação
3
.
Entretanto, a automedicação quando feita de forma racional pode trazer benefícios
para a saúde, e no contexto dos países em desenvolvimento, pode ser considerada como uma
necessidade, com função complementar ao sistema de saúde
4
. Sendo assim, dentro de certos
limites, a prática da automedicação é aceita e estimulada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS)
5
. A automedicação racional é definida pela OMS como a prática pela qual indivíduos
tratam seus problemas de saúde com medicamentos aprovados e disponíveis para serem
adquiridos sem prescrição, e que sejam seguros e efetivos quando utilizados como indicado
1
.
Contudo, é importante ressaltar que automedicação é diferente de autoprescrição. A
autoprescrição, ato condenado pela OMS, é o uso de medicamento de venda exclusiva sob
prescrição médica por decisão autônoma de leigo
6
. Além disso, existem os medicamentos de
venda livre popularmente conhecidos como OTC (over-the-counter), utilizados em larga
escala no mundo todo. No Brasil, a produção de OTC representa 30% do faturamento total
do mercado farmacêutico brasileiro
7
, pois seu uso é estimulado indiscriminadamente pelas
propagandas veiculadas na mídia.
90
Sabe-se que o consumo de medicamentos sem prescrição médica é crescente em
todos os grupos populacionais e relaciona-se, entre outras questões, à dificuldade de acesso
aos serviços de saúde. Em outros países, pesquisas sobre a automedicação têm sido mais
freqüentes. Nesses estudos, foram encontradas prevalências entre 12,7%, na Espanha
8
e 97%,
na Colômbia
9
. Entretanto, no Brasil, pesquisas de base populacional sobre a prevalência e os
fatores associados a esta prática são escassos
10
, sobretudo as que se referem às áreas
prioritárias de implementação de políticas de universalização da atenção, entre as quais está o
Programa Saúde da Família (PSF).
Considerando-se que a Política Nacional de Atenção Básica situa a Saúde da
Família como estratégia prioritária para a organização da atenção de acordo com os princípios
do Sistema Único de Saúde (SUS)
11
e o fato de que 76,5% da população brasileira dependem
exclusivamente do SUS
12
, pretendeu-se estimar a prevalência da automedicação e os fatores
associados a esta prática entre adultos de 20 a 59 anos residentes na área de abrangência de
uma unidade saúde da família.
Metodologia
Realizou-se um estudo transversal de base populacional em área de abrangência de
uma Unidade Saúde da Família de Ponta Grossa, PR. A estimativa populacional do município
foi de 300.196 habitantes
13
, em 2006.
Os serviços de saúde de Ponta Grossa, na atenção primária, são formados por 46
unidades básicas de saúde. Destas, 40 estão na região urbana que contam com 28 equipes
saúde da família. O PSF está implantado desde 2001 e contava com farmacêutico como
membro integrante da equipe mínima. Atualmente, somente a Unidade de Saúde da Família
(USF) em estudo manteve a presença do farmacêutico.
91
A população de estudo foi constituída por moradores com idades entre 20 e 59 anos
completos. Os dados para a seleção da amostra da pesquisa foram coletados da Ficha de
Cadastramento das Famílias (Ficha A) do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) e
complementados, quando necessário, com os dados individuais das Agentes Comunitárias de
Saúde (ACS). Tais documentos permitiram a coleta dos seguintes dados: sexo, nome
completo, endereço, idade e telefone. Foram excluídos os pacientes sorteados portadores de
deficiência mental ou física e substituídos pelo próximo indivíduo que estivesse dentro da
faixa etária estipulada.
Esta pesquisa é parte de um projeto mais abrangente sobre consumo de
medicamentos em que se utilizou para o cálculo do tamanho da amostra, a estimativa de 50%
de prevalência de consumo de medicamentos baseada em estudo realizado por Arrais et al.
14
(2005). O tamanho da amostra, para uma margem de erro de 5% e um nível de confiança de
95%, foi de 361 indivíduos. A este número se adicionou 20% para eventuais perdas,
totalizando, assim, 434 pessoas a serem entrevistadas.
A seleção dos sujeitos realizou-se por processo de amostragem sistemática. A
unidade de observação foi o indivíduo no domicílio. Para o cálculo do intervalo amostral,
dividiu-se o número total de indivíduos dentro da faixa etária estipulada e o tamanho da
amostra. A fração foi igual a 14 e o início entre 1 e 14, após sorteio, foi 7.
O pré-teste se realizou a partir dos moradores da área não incluídos na amostra da
pesquisa, em dezembro de 2006. Para ajustes no instrumento foram realizados três pré-testes,
que totalizaram 30 entrevistas.
O instrumento utilizado para a coleta de dados foi um formulário estruturado,
composto por 58 questões referentes ao aspecto sócio-demográfico, à condição de saúde, ao
uso de serviços de saúde e, especificamente, o consumo de medicamentos.
92
As entrevistas foram realizadas entre dezembro de 2006 e janeiro de 2007 por uma
das autoras juntamente com uma equipe previamente treinada, organizadas em 4 duplas, cada
uma composta por um acadêmico do curso de farmácia e outro de enfermagem. Dúvidas,
inconsistências e itens não preenchidos foram devidamente discutidos com o(a)
entrevistador(a) e averiguados por uma das pesquisadoras. Consideraram-se como perdas as
pessoas não encontradas em até oito tentativas de contato, em horários e dias da semana
diferentes.
Os participantes do estudo foram questionados acerca de toda a medicação em uso,
definida previamente como aquela utilizada pelo entrevistado nos últimos sete dias que
antecederam à entrevista.
Para a validação do uso de medicamentos, seguiu-se a metodologia padrão
instituída por Landry et al.
15
, em 1988. Tal técnica consiste em solicitar aos entrevistados a
embalagem, receita, bula e blister dos medicamentos utilizados visando evitar omissão, em
geral por esquecimento, de medicamentos em uso, e, além disso, para assegurar a veracidade
das especialidades farmacêuticas informadas
16
. Os nomes e laboratórios fabricantes foram
devidamente registrados para posterior classificação em grupos farmacológicos.
A variável dependente do trabalho foi a automedicação. As variáveis independentes
foram: sexo, idade, situação conjugal, número de residentes no domicílio, escolaridade,
situação de trabalho, nível econômico (conforme poder de compra da família segundo a
Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa - ABEP)
17
, autopercepção de saúde, presença
de patologias crônicas, filiação a plano de saúde, consulta com o médico nos últimos três
meses e internação nos últimos doze meses.
Foi considerado como automedicação o uso de medicamentos por iniciativa
própria, ou por recomendação ou indicação de outros que não um profissional médico ou
odontólogo. Incluem-se balconista de farmácia, farmacêutico, amigos, vizinhos e outros.
93
A distribuição dos participantes que utilizaram medicamentos no período de
estudo, deu-se em três categorias: consumo de medicamentos exclusivamente prescritos,
medicamentos exclusivamente não-prescritos e ambos. Considerou-se para a classificação da
classe terapêutica, os medicamentos sem prescrição médica de 2 categorias: consumo de
medicamentos exclusivamente não-prescritos e ambos.
Para o cálculo da prevalência da automedicação foi utilizado o número de indivíduos
que consumiram, nos 7 dias anteriores à entrevista, medicamentos exclusivamente não-
prescritos como também medicamentos prescritos e não-prescritos. Empregaram-se, para
análise estatística, somente os medicamentos não-prescritos que puderam ser averiguados por
meio da bula, blister ou embalagem.
Os princípios ativos presentes em cada especialidade foram listados e organizados
de acordo com a classificação ATC (Anatomical Therapeutical Chemical), elaborada pelo
Nordic Council on Medicines e recomendada pela Drug Utilization Research Group
(DURG) da OMS para os Estudos de Utilização de Medicamentos (EUMs). Os insumos, com
mais de um princípio ativo, foram classificados na classe terapêutica do principal
componente; produtos com diferentes ações farmacológicas foram enquadrados levando-se
em conta sua indicação terapêutica.
Para a classificação dos medicamentos de venda livre foi utilizada a lista de grupos
e indicações terapêuticas especificadas (GITE) presentes na Resolução 138 de 2003 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA)
18
.
As informações anotadas nos formulários foram duplamente digitadas em banco de
dados criado no programa do Epi Info, versão 3.3.2 para Windows. Para o procedimento de
validação, os bancos foram comparados e, após correção, obteve-se o banco de dados
definitivo.
94
Para a análise de associação das variáveis independentes com a automedicação
utilizou-se o teste de qui-quadrado e a razão de prevalência (RP). Foram considerados
significativos os testes que apresentaram valores correspondentes a p<0,05 e o intervalo de
confiança de 95% que não contemplasse a unidade.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual de
Londrina segundo o parecer 258/06, cumprindo com os critérios estabelecidos na Resolução
196/96 do Conselho Nacional de Saúde.
Após a apresentação dos entrevistadores, a leitura do termo de consentimento livre
e esclarecido e a realização da entrevista, foi entregue um folheto contendo informações sobre
o uso correto de medicamentos e sua armazenagem bem como sobre a identificação,
características e qualidade dos medicamentos genéricos.
Discussão
Apesar de ser um tema de extrema relevância para a saúde pública, no Brasil, são
escassos os trabalhos publicados acerca da automedicação.
A prevalência de medicamentos não-prescritos no presente estudo (24,9%), no período
recordatório de 7 dias, foi inferior àquelas encontradas em algumas pesquisas brasileiras
19,20
e
semelhantes aos resultados observados em outros países
21,22
.
Vilarino et al.
19
(1998) verificaram a taxa de 53,3% de consumo de medicamentos
não-prescritos, considerando um mês de período recordatório, com todos os grupos etários da
população urbana de Santa Maria/RS. Flores e Mengue
20
(2005) identificaram o índice de
33% entre idosos de Porto Alegre, ao considerar o consumo de medicamentos sete dias
anteriores ao dia da entrevista.
95
O índice de automedicação observado nesta pesquisa foi semelhante ao constatado por
Sans et al.
21
(2002), em adultos da Cataluña (Espanha), que identificaram a prevalência de
34% nos homens e 25% em mulheres, todavia o período recordatório foi de 14 dias. Em
outros países, as investigações apresentaram diferenças quanto ao grupo pesquisado e ao
período recordatório. Estes estudos verificaram prevalências similares a este trabalho, como
no caso de Portugal
22
, com 26,2% e como Hong Kong
23
, com prevalência de 32,5%.
Loyola Filho et al.
10
(2002) verificaram que dos 1221 moradores com idade 18 anos,
775 consumiram algum medicamento nos últimos 90 dias e que entre estes, 54% utilizaram
medicamentos exclusivamente prescritos; 17,2% usaram medicamentos prescritos e não-
prescritos; e 28,8% consumiram somente medicamentos não-prescritos. Estes resultados são
muito próximos do presente estudo, no qual estas proporções foram de 57,9%, 14,0% e
28,1%, respectivamente.
Em alguns trabalhos, as mulheres parecem consumir mais especialidades
farmacêuticas sem prescrição do que os homens
4,24
. Já neste estudo, não houve diferenças
entre os sexos.
Nesta investigação a relação entre situação de trabalho e automedicação não foi
estatisticamente significativa [RP= 0,68 (0,45 – 1,00)]. Entretanto, estudo conduzido por
Mendes et al.
22
(2004) demonstraram que os maiores índices de automedicação apareceram
entre os trabalhadores comparativamente ao grupo dos não trabalhadores.
Diferentemente de outras investigações, a maioria das variáveis analisadas não se
associou significativamente à automedicação. Apesar deste fato, o número suficiente de
participantes e a reduzida amplitude do intervalo de confiança das razões de prevalência
indicam boa precisão nas informações aqui apresentadas. Além disso, o tamanho da amostra
empregado neste estudo foi similar ao utilizado em outras pesquisas com o tema
automedicação
19
e consumo de medicamentos
20
.
96
Por isso, a ausência de significância estatística entre fatores e o desfecho sugere que
não existem diferenças na prevalência da automedicação para quase a totalidade das variáveis
pesquisadas e que o consumo de medicamentos não-prescritos é uma prática indistinta na
população estudada.
Quanto ao nível sócio-econômico, nesta investigação se identificou que o consumo de
medicamentos não-prescritos foi quase 2 vezes maior entre as pessoas dos estratos A e B
comparativamente aos estratos D e E. Os resultados de Johnson e Pope
24
(1983) foram
semelhantes com o demonstrado neste estudo. Portanto, o poder aquisitivo mais alto surgiu
como preditor importante para a automedicação.
O fato da prevalência de automedicação ter sido menor entre as pessoas de 50 a 59
anos de idade, correspondente ao período em que são diagnosticadas as doenças crônicas,
permite aventar a hipótese de melhoria do acesso aos serviços em decorrência do PSF.
Em relação aos medicamentos dos grupos anátomo-terapêuticos mais utilizados sem
prescrição por adultos, os resultados foram semelhantes ao descrito por Danheir et al.
25
(1991), no Chile. A dor é a queixa mais freqüente que leva as pessoas a se automedicarem
19,20
e, por isso, os analgésicos/antitérmicos são as classes terapêuticas mais consumidas (43,7%).
Nesta pesquisa, a dipirona sódica foi o medicamento mais utilizado, como também foi
observado por Domingues et al
26
(2004), entretanto, em outros estudos o ácido acetilsalicílico
foi descrito como o principal fármaco usado
19,27
. Talvez a redução no consumo de
especialidades farmacêuticas que contém este princípio ativo esteja relacionada com o
aumento expressivo no número de casos de dengue notificados no Brasil e com as
propagandas veiculadas na mídia, que desde 2002, com a Resolução 83/02 da ANVISA, são
obrigadas a advertir que medicamentos à base de ácido acetilsalicílico são contra-indicados
em casos de suspeita de dengue.
97
O baixo consumo de antibióticos (2,5%) e medicamentos para o sistema respiratório
pode estar relacionado com o período do ano em que a pesquisa foi realizada (dezembro e
janeiro). O clima influencia no tipo de medicamento a ser consumido e por se tratar de um
estudo desenvolvido no sul do Brasil, possivelmente, no outono e inverno, a quantidade de
utilização destes grupos terapêuticos seriam maiores. Na Espanha, Figueiras et al
8
(2000)
observaram, no inverno, a prevalência de 19,5% de consumo de antimicrobianos sem
prescrição em indivíduos 16 anos.
O fato de não ter sido identificado o uso de medicamentos como esteróides
anabolizantes e abortivos pode não representar a ausência de consumo, principalmente pela
população de estudo incluir mulheres em idade fértil e homens adultos jovens. Iriart e
Andrade
28
, em 2002, verificaram, na Bahia, que a faixa etária dos usuários de anabolizantes
variou de 17 a 37 anos. Normalmente os usuários conhecem a ilegalidade da utilização destes
grupos farmacológicos
28
, o que torna justificável a omissão desta informação aos
entrevistadores.
Outro dado relevante para a saúde pública refere-se ao fato de nenhum dos
medicamentos tarjados das classes N05 (psicolépticos) e N06 (psicoanalépticos) ter sido
utilizado sem prescrição médica na área estudada. Estes dados não confirmaram os achados
de Wortmann et al.
29
(1994), em Porto Alegre, e Rodrigues et al.
30
(2006), em Pelotas, que
mostraram taxa de 8,4% e 8%, respectivamente, de consumo de psicotrópicos sem receita
médica entre os entrevistados que consumiram medicamentos dessas classes.
Entre os medicamentos utilizados sem prescrição médica, 34,5% eram tarjados. Este
resultado foi inferior em comparação ao encontrado por Arrais et al. (44,1%), em 1997. Esta
situação merece preocupação, visto que a dispensação de produtos farmacêuticos com tarja
vermelha ou preta exige obrigatoriamente a apresentação da receita de profissional habilitado.
98
Este caso representa infração às normas que regulamentam a comercialização de
medicamentos no Brasil
4
, por parte de balconistas e farmacêuticos.
Em relação aos aspectos metodológicos, algumas situações foram controladas para
garantir a validade interna da pesquisa. A seleção da amostra foi sistemática, a carga horária
de treinamento foi suficiente para as equipes de campo e a participação da população foi
ampla. Vale lembrar que a maioria das entrevistas foi realizada por uma das autoras, além de
todas terem sido revisadas, o que assegurou a padronização dos procedimentos. Para evitar o
viés de memória, que são freqüentes em estudos farmacoepidemiológicos, utilizou-se o
período recordatório de sete dias que é o preconizado pela OMS
31
.
Concluindo, os resultados deste trabalho podem estar relacionados à atuação das
equipes Saúde da Família no uso racional de medicamentos pois, na área de abrangência
estudada, observou-se prevalência da automedicação abaixo das taxas encontradas em outros
estudos nacionais. Ressaltam-se, ainda, como pontos positivos, a ausência de consumo de
medicamentos controlados sem prescrição médica, o baixo uso de antibióticos sem receita e o
maior consumo de analgésicos, medicamentos classificados como de venda livre.
Enfim, não como proibir a automedicação, todavia existem estratégias capazes de
reduzi-la. Uma das principais, sem dúvida, é o acesso da população à atenção básica e aos
serviços farmacêuticos. O farmacêutico, como especialista em medicamentos, tem papel
fundamental na promoção do seu uso racional e cabe a ele, portanto, orientar, capacitar e
apoiar ações de educação permanente dos outros membros da equipe de saúde, inclusive dos
Agentes Comunitários de Saúde elo de interlocução entre a unidade de saúde e a população
para que o consumo de medicamentos não-prescritos e prescritos seja adequado e
consciente.
Colaboradores
99
M.Z.S Vosgerau foi a responsável pela coleta, análise dos dados e redação do artigo.
D.A. Soares orientou e coordenou o trabalho, participou da discussão dos resultados e revisão
crítica final do texto.
R.K.T. Souza participou da estruturação do artigo, discussão dos resultados e revisão crítica
final do texto.
Agradecimentos
Silva A.C.M. pela tradução do resumo para o inglês.
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102
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados e discussões desta investigação, expostos na forma dos
artigos intitulados “Consumo de medicamentos entre adultos na área de abrangência
de uma Unidade Saúde da Família” e “Automedicação entre adultos na área de
abrangência de uma Unidade Saúde da Família” foram capazes de responder aos
objetivos propostos pelo projeto da dissertação.
Ao analisar os artigos conjuntamente verifica-se que o consumo de
medicamentos nos adultos pesquisados foi similar ao encontrado em outros estudos,
entretanto o hábito da automedicação, neste grupo, foi baixo comparado aos outros
trabalhos realizados no Brasil.
Na população estudada, o consumo de medicamentos esteve associado
ao sexo, filiação a plano de saúde, presença de patologias crônicas e autopercepção
de saúde. No entanto, a automedicação associou-se somente ao nível sócio-
econômico.
Ao investigar o uso dos medicamentos por adultos, este estudo
farmacoepidemiológico permitiu conhecer melhor o perfil de utilização de
medicamentos neste grupo etário e identificar seus fatores associados, tornando-o
bom indicador de saúde e útil para o planejamento das ações na área da assistência
farmacêutica local e municipal. Os estudos de utilização de medicamentos
possibilitam que as ações de saúde sejam embasadas em informações confiáveis, o
que garantirá intervenções adequadas e pertinentes para as reais necessidades da
população.
Apesar das características demográficas e sócio-econômicas da
população estudada serem semelhantes a grande parcela da população brasileira, é
103
necessário cautela para generalizar os achados para outras populações de baixa e
média renda atendidas pela Estratégia Saúde da Família, pois a unidade de saúde
analisada conta com a presença de farmacêutico, fato que a diferencia de outras
UBS e que pode ter influenciado nos resultados obtidos.
Seus serviços incluem ações de assistência e atenção farmacêutica que
compreende orientar os pacientes sobre os medicamentos sua ação terapêutica,
seus efeitos colaterais e reações adversas –, participar dos programas de atenção
aos portadores de doenças crônicas juntamente com a equipe de saúde, além de
fazer acompanhamento farmacoterapêutico para aqueles pacientes que requerem
cuidados especiais.
Apesar da adesão à terapia medicamentosa normalmente estar centrada
no profissional médico, alguns estudos têm evidenciado que a intervenção
farmacêutica influencia positivamente na adesão ao tratamento, que
conseqüentemente relaciona-se com a diminuição de custos e reações adversas,
principalmente com pacientes portadores de doenças crônicas, como hipertensão
arterial e diabetes mellitus.
Assim sendo, a presença do farmacêutico nos estabelecimentos públicos
de saúde, incluindo equipes Saúde da Família, é fundamental para garantir o uso
correto e adequado dos medicamentos. Nesse contexto, seu papel deve focar na
educação e promoção da saúde a partir de ações direcionadas no núcleo familiar
que englobem tanto pessoas sadias como doentes.
Em indivíduos saudáveis e com patologias agudas, a função do
farmacêutico é informar e alertar sobre os riscos da automedicação irracional, para
garantir uso seguro e adequado dos medicamentos isentos de prescrição em
transtornos autolimitados e passageiros. Para os pacientes que apresenta(m)
104
patologia(s) crônica(s) e precisam de tratamento medicamentoso contínuo, é
necessário priorizar ações de orientação, para evitar principalmente interações entre
medicamentos prescritos e não-prescritos, que podem levar a intoxicações, efeitos
colaterais e reações adversas, além de ter efeitos tóxicos em casos de superdoses.
Portanto, é preciso repensar o potencial de contribuição do farmacêutico e
efetivamente incorporá-lo às equipes de saúde, a fim de que se garanta o uso
racional dos medicamentos com diminuição dos riscos de morbimortalidade e
redução de gastos desnecessários ao Estado.
Além disso, para minimizar o uso incorreto dos medicamentos é
indispensável a implantação de programas de capacitação para profissionais da
saúde, farmacêuticos e balconistas, que busquem maior controle na venda de
medicamentos sem prescrição do profissional habilitado.
Concluindo-se, esta dissertação visou contribuir para a reflexão acerca do
uso de medicamentos em adultos, divulgar informações que podem auxiliar na
organização da assistência farmacêutica a partir da construção de estratégias
efetivas para a promoção do uso racional de medicamentos e nortear as ações das
equipes saúde da família, para que realmente esta estratégia possa reafirmar os
princípios e diretrizes do SUS e reorientar o modelo de atenção na busca da
integralidade da assistência, incluindo a farmacêutica.
Outros estudos são necessários para aprofundar as questões
relacionadas ao medicamento como: prescrição, acesso, adequação da utilização
dos medicamentos, armazenamento e descarte. Ainda, é primordial a realização de
pesquisas de intervenção e avaliação dos serviços farmacêuticos em unidades
saúde da família para que se torne possível a construção de indicadores de saúde
105
adequados para o acompanhamento e mensuração das ações de atenção
farmacêutica no nível coletivo.
106
7. REFERÊNCIAS
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113
APÊNDICES
114
Apêndice 1 – Ofício encaminhado à Secretaria de Saúde de Ponta Grossa
Ponta Grossa, 11 de setembro de 2006
À
Secretaria de Saúde de Ponta Grossa (PR)
Venho através deste solicitar autorização para a realização da pesquisa
Padrões de consumo de medicamentos em população residente em área
periférica do município de Ponta Grossa Paraná”, que será realizada na
Unidade Básica Nilton de Castro do Parque Tarobá, com a finalidade de produzir
uma dissertação para o mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Estadual de
Londrina. Esta pesquisa será realizada no período de novembro de 2006 a
dezembro de 2007. Segue em anexo o projeto.
Atenciosamente,
______________________________
Milene Zanoni da Silva Vosgerau
Mestrado em Saúde Coletiva (UEL)
115
Apêndice 2 – Formulário para a coleta de dados
1. IDENTIFICAÇÃO
A ENTREVISTA NÃO FOI ACEITA
Nº ___ ___ ___ DATA:____/____/_______
1.1. ENTREVISTADOR: __________________________________________________
1.2. NOME:____________________________________________
FONE:_______________
1.3. ENDEREÇO:___________________________________________________________________________
1.4. SEXO: 1 MASCULINO 2 FEMININO 1.5. DN: ____/____/_______
1.6. ESTADO CIVIL:
1 Solteiro(a) 2 Casado(a)
3 Separado/Divorciado(a)
4 Viúvo
5 União Consensual
1.7. RESIDE COM QUANTAS PESSOAS: __________ **INCLUSIVE A PESSOA ENTREVISTADA
1.8.
RELIGIÃO:
1 Católica
2 Evangélica
3 Espírita
4 Outras
5 Sem religião
Se alternativa 5
pule para
1.10
1.9. É
PRATICANTE:
Sim
Não
Às vezes
1 Analfabeto 3 1º grau incompleto 5 2º grau incompleto 7 3º grau incompleto
1.10.
ESCOLARIDADE:
última série de estudo
2 1º grau completo 4 2º grau completo 6 3º grau completo 8 Pós – graduação
1 Trabalho com carteira assinada 3 Desempregado 5 Aposentado
1.11. SITUAÇÃO DE
TRABALHO:
2 Trabalho Informal (Bico) 4 Trabalho Doméstico 6 Não trabalha (estudante)
2. CONDIÇÃO DE SAÚDE
2.1. Sua saúde está:
1 Excelente 2 Ótima 3 Boa 4 Regular 5 Ruim
2.2. Possui Diabetes ou alta quantidade de açúcar no sangue?
1 Sim 2 Não 3 Não Sei
2.3. Possui Pressão Alta?
1 Sim 2 Não 3 Não Sei
2.4. Possui depressão ou problema de nervos?
1 Sim 2 Não 3 Não Sei
2.5. Possui problema de coração?
1 Sim 2 Não 3 Não Sei
2.6.Possui asma, bronquite ou outro problema respiratório?
1 Sim 2 Não 3 Não Sei
2.7. Possui outras doenças que não as anteriores?Quais?___________________________________________
2.8.Tem direito a algum plano de saúde? (Pode ser plano de saúde privado ou que a empresa pague).
1 Sim 2 Não
2.9. Consultou-se com médico(a) nos últimos 3 meses?
1 Sim 2 Não 3 Não lembro
2.10. Esteve internado em um hospital nos últimos 12 meses?
1 Sim 2 Não 3 Não lembro
3. CONSUMO DE MEDICAMENTOS
*** SOMENTE ALOPÁTICOS: EXCLUIR HOMEOPÁTICOS, FLORAIS DE BACH, PLANTAS MEDICINAIS,
ORTOMOLECULAR, FITOTERÁPICOS
3.1. Está fazendo uso ou fez a utilização de alguma medicação nos últimos 7 dias?
1 Sim 2 Não 3 Não lembro
3.2. Se sim, Está tomando algum medicamento hoje (dia da entrevista)?
1 Sim 2 Não
Se a RESPOSTA do 3.1 for SIM, responda as perguntas 3.3 à 3.7
Se a RESPOSTA for NÃO pule para a 3.8
3.3. Quantos são os medicamentos: _____
LEMBRE-SE TODOS OS MEDICAMENTOS: inclusive anticoncepcionais.
( independente de ter ou não bula, blister)
3.4. Os medicamentos encontrados se
encaixam em qual alternativa?
OBS: As 2 alternativas podem ser
marcadas simultaneamente
1 Com blister (Responder pergunta 3.5.)
2 Sem blister e lembram do nome do medicamento (responder pergunta 3.7)
3.5. Qual (is) é (são) o(s) medicamento(s)?
OS: Somente os medicamentos que o entrevistado tenha: blister, embalagem ou bula
Nome comercial Laboratório Princípio ativo Potência
Forma
farmacêutica
Med1
Med2
Med3
Med4
Med5
Med6
Med7
116
3.6. Continuação das informações obtidas sobre os medicamentos na questão
3.4.
Indicação
a
Local de Aquisição
b
Recebeu Orientação
c
Se SIM, de quem?
d
Med1
Med2
Med3
Med4
Med5
Med6
Med7
a
Marque: 1: Médico ou dentista; 2: Balconista ou Farmacêutico; 3: Amigos, parentes ou vizinhos; 4: Automedicação; 5: Não lembra; 6.Outro
b
Marque: 1: Posto de Saúde; 2: Hospital; 3: Farmácia de Dispensação; 4: Farmácia de manipulação, 5: Regional de Saúde; 6: Não Sabe; 7. Outro.
c
Marque: 1: Sim; 2: Não; 3: Não Lembra
d
Marque: 1: Médico ou dentista; 2: Balconista ou Farmacêutico; 3. Equipe de saúde da UBS 4: Amigos, parentes ou vizinhos; 5: automedicação; 6: não lembra; 7.
Outro
3.6. Se o entrevistado NÃO tem: bula, blister ou embalagem MAS lembra do nome do medicamento ou
princípio ativo, anote na tabela abaixo.
Nome Comercial Princípio Ativo
Med1
Med2
Med3
Med4
3.7. O entrevistado não lembra qual(ais) foi(ram) o(s) medicamento(s)) utilizados
3.8. Conhece ou ouviu falar de medicamento genérico?
1 Sim 2 Não
1 Melhor qualidade 3 Qualidade inferior
3.9. A qualidade dos medicamentos genéricos comparados aos
medicamentos de marca, “originais” é:
2 Mesma qualidade 4 Não sei
1 Mais Baratos 3 Mais caro 3.10. O preço dos medicamentos genéricos comparados com os
“originais”, marca ou referência são:
2 Mesmo Preço 4 Não sei
1 Genéricos 3 Marca
3.11. Quando vai comprar um medicamento na farmácia, você prefere:
2 Similares 4 Tanto Faz
4. MEDICAMENTOS ESTOCADOS (APLICAR PARA TODOS OS ENTREVISTADOS)
4.1. Há medicamentos guardados na sua casa?
1 Sim 2 Não
1 Cozinha 2 Quarto 3 Sala 4 Banheiro
4.2. Local em que os medicamentos
são armazenados na casa.
5 Outros: ________________________
4.3. Presença de medicamentos sem identificação entre os armazenados
1 Sim 2 Não
4.4. Presença de medicamentos com prazo de validade vencido
1 Sim 2 Não
5. CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA (ABEP – CCEB)
POSSE DE ITENS
Não Tem
Tem 1 Tem 2 Tem 3 Tem 4
Televisão em cores 0 2 3 4 5
Rádio 0 1 2 3 4
Banheiro 0 2 3 4 4
Automóvel 0 2 4 5 5
Empregada mensalista 0 2 4 4 4
Aspirador de pó 0 1 1 1 1
Máquina de lavar 0 1 1 1 1
Vídeo cassete e/ou DVD 0 2 2 2 2
Geladeira 0 2 2 2 2
Freezer (separado ou duplex) 0 1 1 1 1
GRAU DE INSTRUÇÃO DO CHEFE DA FAMÍLIA
Analfabeto/primário incompleto 0 Primário Completo/ginasial incompleto 1
Ginasial completo/colegial incompleto 2 Colegial completo/superior incompleto 3
Superior completo 5
TOTAL ABEP
117
Apêndice 3 - Termo de consentimento Livre e Esclarecido
PROJETO DE PESQUISA
“PADRÕES DE CONSUMO DE MEDICAMENTOS EM POPULAÇÃO ADULTA
RESIDENTE NA PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA- PARANÁ”
TERMO DE CONSENTIMENTO
Eu ________________________________________________ concordo em
participar da pesquisa “PADRÕES DE CONSUMO DE MEDICAMENTOS EM
POPULAÇÃO ADULTA RESIDENTE NA PERIFERIA DO MUNICÍPIO DE PONTA
GROSSA- PARANÁ”. Essa pesquisa tem por objetivo descrever os padrões de
consumo de medicamentos da população adulta residente em uma área periférica
do município de Ponta Grossa/Paraná.
Entendo que serão feitas perguntas a respeito de minha vida e características
pessoais, da minha condição de saúde, sobre consumo de medicamentos e sobre
medicamentos estocados em minha casa.
Estou ciente de que as informações por mim fornecidas são confidenciais e
quando divulgados os resultados do trabalho serão de forma global e anônimos. Sei
também que não precisarei efetuar qualquer pagamento.
Em caso de dúvidas posso esclarecer com o próprio pesquisador, Milene
Zanoni da Silva ou com o orientador Dr. Darli Antonio Soares pelos telefones (42)
32239915 ou (43) 33376612. Entendo que tenho a liberdade de aceitar ou não
responder às questões da entrevista e de me recusar a participar no momento em
que eu quiser, sem qualquer prejuízo para mim ou minha família.
Autorização: _________________________________ ou Impressão Digital
Assinatura da Pesquisadora:____________________________
Ponta Grossa, ___/___/___
Obs: Este termo deverá ser feito em duas vias (uma deverá ser entregue ao
paciente e a outra retida).
118
Apêndice 4 - Material informativo
Cuidados com o uso dos medicamentos
Não utilize a mesma receita médica mais
de uma vez, pois o medicamento usado
antigamente, pode não fazer bem hoje;
Não compre medicamentos que forem
indicados pelos vizinhos ou amigos, sem
antes consultar o seu médico;
Se sentir algum sintoma diferente ao
tomar o medicamento, procure o médico ou
farmacêutico;
Ao tomar os medicamentos, seguir o
horário e a duração do tratamento
conforme estabelecido na consulta.
Bebês, mulheres grávidas ou que estão
amamentando nunca devem tomar
medicamentos sem receitas médicas.
Como guardar os medicamentos
Verifique sempre o prazo de validade
dos medicamentos antes de usá-los;
Não use medicamentos com
embalagens estragadas, sem rótulo e
sem bula;
Evite guardar medicamentos no
banheiro, na cozinha e porta luva do
carro pois a luz, o calor e a umidade
deterioram os remédios,
comprometendo sua qualidade.
Mantenha os medicamentos fora do
alcance das crianças.
Guarde-os em suas embalagens
originais e bem fechadas. Se retirá-los
da embalagem, anote o nome e a data
de vencimento no novo recipiente.
Medicamentos Genéricos
O que são os medicamentos genéricos?
Os genéricos são medicamentos que não
possuem uma marca comercial e são vendidos
através do nome de sua substância ativa. Sua
qualidade é comprovada através de testes que
buscam demonstrar que o medicamento
genérico é seguro e eficaz como o
medicamento de marca.
Características dos medicamentos genéricos:
Tem o mesmo efeito terapêutico que o de
marca ou referência;
Em média, é metade do preço do
medicamento de preferência, pois o
princípio já foi estudado e não precisa
investir em propagandas. Portanto, é mais
barato!
Como todos os medicamentos com tarja
vermelha, o medicamento genérico também
necessita de receita médica para ser
comprado.
Como identificar a embalagem de um
medicamento genérico?
O medicamento genérico pode ser facilmente
através de sua embalagem, que deve
apresentar a faixa amarela com um grande "G"
azul, o nome do fabricante, nome da substância
ativa e referência à lei 9.787/99
119
ANEXOS
120
Anexo 1 – Autorização da Secretaria de Saúde de Ponta Grossa para a
Realização da Coleta de Dados
121
Anexo 2 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UEL
122
Anexo 3 – Classificação econômica da Associação Brasileira de Empresas de
Pesquisa (ABEP)
ABEP. Associação Brasileira de Empresas e Pesquisa. Critério de classificação
econômica Brasil. 2000. Disponível em:
http://www.abep.org.br/codigosguias/ABEP-CCBE.pdf.
Classificação econômica (de acordo com os critérios da ABEP)
Posse de itens Não 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 2 3 4 5
Rádio 0 1 2 3 4
Banheiro 0 2 3 4 4
Automóvel 0 2 4 5 5
Empregada mensalista 0 2 4 4 4
Aspirador de pó 0 1 1 1 1
Máquina de lavar 0 1 1 1 1
Vídeo cassete e/ou DVD 0 2 2 2 2
Geladeira 0 2 2 2 2
Freezer (ap. independente
ou parte de geladeira duplex
0 1 1 1 1
Grau de instrução do chefe de família Pontos
Analfabeto/ primário incompleto 0
Primário completo/ ginasial incompleto 1
Ginasial incompleto/colegial incompleto 2
Colegial completo/superior incompleto 3
Superior completo 5
A1 – 30 a 34 pontos A2 – 25 a 29 pontos B1 – 21 a 24 pontos
B2 – 17 a 20 pontos C – 11 a 16 pontos D – 6 a 10 pontos E – 0 a 5 pontos
TOTAL
123
Anexo 4 – Instrução para os autores (artigo 1)
Serão aceitos trabalhos para as seguintes seções: (1) Revisão revisão crítica da
literatura sobre temas pertinentes à saúde pública (máximo de 8.000 palavras); (2)
Artigos resultado de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual
(máximo de 6.000 palavras); (3) Notas nota prévia, relatando resultados parciais
ou preliminares de pesquisa (máximo de 1.700 palavras); (4) Resenhas resenha
crítica de livro relacionado ao campo temático de CSP, publicado nos últimos dois
anos (máximo de 1.200 palavras); (5) Cartas crítica a artigo publicado em
fascículo anterior de CSP ou nota curta, relatando observações de campo ou
laboratório (máximo de 1.200 palavras); (6) Debate artigo teórico que se faz
acompanhar de cartas críticas assinadas por autores de diferentes instituições,
convidados pelo Editor, seguidas de resposta do autor do artigo principal (máximo de
6.000 palavras); (7) Fórum seção destinada à publicação de 2 a 3 artigos
coordenados entre si, de diferentes autores, e versando sobre tema de interesse
atual (máximo de 12.000 palavras no total).
O limite de palavras inclui texto e referências bibliográficas (folha de rosto, resumos
e ilustrações serão considerados à parte).
Apresentação do texto
Serão aceitas contribuições em português, espanhol ou inglês. O original deve ser
apresentado em espaço duplo e submetidos em 1 via, fonte Times New Roman,
tamanho 12, com margens de 2,5cm. Deve ser enviado com uma página de rosto,
onde constará título completo (no idioma original e em inglês) e título corrido,
nome(s) do(s) autor(es) e da(s) respectiva(s) instituição(ões) por extenso, com
endereço completo apenas do autor responsável pela correspondência. Todos os
artigos deverão ser encaminhados acompanhados de disquete ou CD contendo o
arquivo do trabalho e indicação quanto ao programa e à versão utilizada (somente
programas compatíveis com Windows). Notas de rodapé não serão aceitas. É
imprescindível o envio de carta informando se o artigo está sendo encaminhado pela
primeira vez ou sendo reapresentado à nossa secretaria.
No envio da segunda versão do artigo deverá ser encaminhada uma cópia impressa
do mesmo, acompanhadas de disquete.
Colaboradores
Deverão ser especificadas, ao final do texto, quais foram as contribuições individuais
de cada autor na elaboração do artigo.
Ilustrações
As figuras deverão ser enviadas em impressão de alta qualidade, em preto-e-branco
e/ou diferentes tons de cinza e/ou hachuras. Os custos adicionais para publicação
de figuras em cores serão de total responsabilidade dos autores.
É necessário o envio dos gráficos, separadamente, em arquivos no formato WMF
(Windows Metafile) e no formato do programa em que foram gerados (SPSS, Excel,
Harvard Graphics etc.), acompanhados de seus parâmetros quantitativos, em forma
de tabela e com nome de todas as variáveis. Também é necessário o envio de
mapas no formato WMF, observando que os custos daqueles em cores serão de
124
responsabilidade dos autores. Os mapas que não forem gerados em meio eletrônico
devem ser encaminhados em papel branco (não utilizar papel vegetal). As
fotografias serão impressas em preto-e-branco e os originais poderão ser igualmente
em preto-e-branco ou coloridos, devendo ser enviados em papel fotográfico no
formato 12x18cm.
O número de tabelas e/ou figuras deverá ser mantido ao mínimo (máximo de cinco
tabelas e/ou figuras). Os autores deverão arcar com os custos referentes ao material
ilustrativo que ultrapasse este limite.
Resumos
Com exceção das contribuições enviadas às seções Resenha ou Cartas, todos os
artigos submetidos em português ou espanhol deverão ter resumo na língua
principal e em inglês. Os artigos submetidos em inglês deverão vir acompanhados
de resumo em português ou em espanhol, além do abstract em inglês. Os resumos
não deverão exceder o limite de 180 palavras e deverão ser acompanhados de 3 a 5
palavras-chave.
Nomenclatura
Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura zoológica e botânica,
assim como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.
Pesquisas envolvendo seres humanos
A publicação de artigos que trazem resultados de pesquisas envolvendo seres
humanos está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos contidos na
Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), da
World Medical Association (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), além do
atendimento a legislações específicas (quando houver) do país no qual a pesquisa
foi realizada. Artigos que apresentem resultados de pesquisas envolvendo seres
humanos deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento (tal afirmação
deverá constituir o último parágrafo da seção Metodologia do artigo). Após a
aceitação do trabalho para publicação, todos os autores deverão assinar um
formulário, a ser fornecido pela Secretaria Editorial de CSP, indicando o
cumprimento integral de princípios éticos e legislações específicas.
Referências
As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a ordem
em que forem sendo citadas no texto. Devem ser identificadas por números arábicos
sobrescritos (Ex.: Silva
1
). As referências citadas somente em tabelas e figuras
devem ser numeradas a partir do número da última referência citada no texto. As
referências citadas deverão ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica,
seguindo as normas gerais dos Requisitos Uniformes para Manuscritos
Apresentados a Periódicos Biomédicos-http://www.icmje.org.
Todas as referências devem ser apresentadas de modo correto e completo. A
veracidade das informações contidas na lista de referências é de responsabilidade
do(s) autor(es).
125
Anexo 5 – Instrução para os autores (artigo 2)
Seções da publicação
Editorial: responsabilidade do(s) editor(es). Este texto deve ter, no máximo,
3.500 caracteres.
Debate: encomendado pelos editores, trata-se de artigo teórico pertinente ao
tema central da revista, que receberá críticas/comentários assinados de até
seis especialistas, também convidados, e terá uma réplica do autor principal.
O artigo deve ter, no máximo, 40.000 caracteres; os textos dos debatedores e
a réplica, máximo de 10.000 caracteres cada um.
Artigos Temáticos: revisão crítica ou resultado de pesquisas de natureza
empírica, experimental ou conceitual sobre o assunto em pauta no número
temático. Os textos de pesquisa não deverão ultrapassar os 40.000
caracteres; os de revisão, 50.000 caracteres.
Artigos de Temas Livres: não incluídos no conteúdo focal da revista, mas
voltados para pesquisas, análises e avaliações de tendências teórico-
metodológicas e conceituais da área ou das subáreas. Os números máximos
de caracteres são os mesmos dos artigos temáticos.
Opinião: texto que expresse posição qualificada de um ou vários autores ou
entrevistas realizadas com especialistas no assunto em debate na revista;
deve ter, no máximo, 20.000 caracteres.
Resenhas: análise crítica de livro relacionado ao campo temático da revista,
publicado nos últimos dois anos, com, no máximo, 10.000 caracteres. Os
autores devem encaminhar à Secretaria da Revista uma reprodução de alta
definição da capa do livro resenhado.
Cartas: crítica a artigo publicado em número anterior da revista ou nota curta,
descrevendo criticamente situações emergentes no campo temático (máximo
de 7.000 caracteres).
Observação: O limite máximo de caracteres considera os espaços e inclui
texto e bibliografia; o resumo/abstract e as ilustrações (figuras e quadros) são
considerados à parte.
Apresentação de manuscritos
1. Os originais podem ser escritos em português, espanhol, francês e inglês. Os
textos em português e espanhol devem ter título, resumo e palavras-chave na língua
original e em inglês. Os textos em francês e inglês devem ter título, resumo e
palavras-chave na língua original e em português. Não serão aceitas notas de pé-
de-página ou no final do artigo.
2. Os textos têm de ser digitados em espaço duplo, na fonte Times New Roman, no
corpo 12, margens de 2,5 cm, formato Word e encaminhados apenas pelo endereço
eletrônico segundo as orientações do menu Artigos e Avaliações.
3. Os artigos submetidos não podem ter sido divulgados em outra publicação, nem
propostos simultaneamente para outros periódicos. Qualquer divulgação posterior do
126
artigo em outra publicação deve ter aprovação expressa dos editores de ambos os
periódicos. A publicação secundária deve indicar a fonte da publicação original.
4. As questões éticas referentes às publicações de pesquisa com seres humanos
são de inteira responsabilidade dos autores e devem estar em conformidade com os
princípios contidos na Declaração de Helsinque da Associação Médica Mundial
(1964, reformulada em 1975,1983, 1989, 1989, 1996 e 2000).
5. Os artigos devem ser encaminhados com as autorizações para reproduzir material
publicado anteriormente, para usar ilustrações que podem identificar pessoas e para
transferir direitos de autor e outros documentos que se façam necessários.
6. Os conceitos e opiniões expressos nos artigos, bem como a exatidão e a
procedência das citações são de exclusiva responsabilidade do(s) autor(es).
7. Os artigos publicados serão de propriedade da revista, ficando proibida a
reprodução total ou parcial em qualquer meio de divulgação, impressa ou eletrônica,
sem a prévia autorização da Revista.
8. Os textos são em geral (mas não necessariamente) divididos em seções com os
títulos Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, às vezes, sendo necessária a
inclusão de subtítulos em algumas seções. Os títulos e subtítulos das seções não
devem estar organizados com numeração progressiva, mas com recursos gráficos
(caixa alta, recuo na margem, etc.).
9. O resumo/abstract, com no máximo 1.400 caracteres com espaço (incluindo
palavras-chave/key words), deve explicitar o objeto, objetivos, metodologia,
abordagem teórica e resultados do estudo ou investigação. Logo abaixo do resumo
os autores devem indicar até no máximo seis palavras-chave/key words. Chamamos
a atenção para a importância da clareza e objetividade na redação do resumo, que
certamente contribuirá no interesse do leitor pelo artigo, e das palavras-chave, que
auxiliarão a indexação múltipla do artigo.
Autoria
1. As pessoas designadas como autores devem ter participado na elaboração dos
artigos de modo que possam assumir publicamente a responsabilidade pelo seu
conteúdo. A qualificação como autor deve pressupor: a) concepção e o
delineamento ou a análise e interpretação dos dados, b) redação do artigo ou a sua
revisão crítica, e c) aprovação da versão a ser publicada.
2. No final do texto devem ser especificadas as contribuições individuais de cada
autor na elaboração do artigo (ex. LM Fernandes trabalhou na concepção e na
redação final e CM Guimarães, na pesquisa e na metodologia).
Nomenclaturas
1. Devem ser observadas rigidamente as regras de nomenclatura biológica, assim
como abreviaturas e convenções adotadas em disciplinas especializadas.
2. Devem ser evitadas abreviaturas no título e no resumo.
3. A designação completa à qual se refere uma abreviatura deve preceder a primeira
ocorrência desta no texto, a menos que se trate de uma unidade de medida padrão.
Ilustrações
127
1. O material ilustrativo da revista C&SC compreende tabela (elementos
demonstrativos como números, medidas, percentagens, etc.), quadro (elementos
demonstrativos com informações textuais), gráficos (demonstração esquemática de
um fato e suas variações), figura (demonstração esquemática de informações por
meio de mapas, diagramas, fluxogramas, como também por meio de desenhos ou
fotografias). Vale lembrar que a revista é impressa em uma cor, o preto, e caso o
material ilustrativo esteja em cor, será convertido para tons de cinza.
2. O número de material ilustrativo deve ser de, no máximo, cinco por artigo, salvo
exceções referentes a artigos de sistematização de áreas específicas do campo
temático, quando deverá haver negociação prévia entre editor e autor(es).
3. Todo o material ilustrativo deve ser numerado consecutivamente em algarismos
arábicos, com suas respectivas legendas e fontes, e a cada um deve ser atribuído
um breve título. Todas as ilustrações devem ser citadas no texto.
4. As tabelas e os quadros devem ser confeccionados no mesmo programa utilizado
na confecção do artigo (Word).
5. Os gráficos devem estar no programa Excel, e os dados numéricos devem ser
enviados, de preferência, em separado no programa Word ou em outra planilha
como texto, para facilitar o recurso de copiar e colar.
6. Os arquivos das figuras (mapa, por ex.) devem ser salvos no (ou exportados para
o) formato Ilustrator ou Corel Draw. Estes formatos conservam a informação
VETORIAL, ou seja, conservam as linhas de desenho dos mapas. Se for impossível
salvar nesses formatos; os arquivos podem ser enviados nos formatos TIFF ou BMP,
que são formatos de imagem e NÃO conservam sua informação vetorial, o que
prejudica a qualidade do resultado. Se usar o formato TIFF ou BMP, salvar na maior
resolução (300 ou mais DPI) e maior tamanho (lado maior = 18cm). O mesmo se
aplica para o material que estiver em fotografia. Caso não seja possível enviar as
ilustrações no meio digital, deve ser enviado o material original em boas condições
para reprodução
Agradecimentos
1. Quando existirem, devem ser colocados antes das referências bibliográficas.
2. Os autores são responsáveis pela obtenção de autorização escrita das pessoas
nomeadas nos agradecimentos, dado que os leitores podem inferir que tais pessoas
subscrevem os dados e as conclusões.
3. O agradecimento ao apoio técnico deve estar em parágrafo diferente daqueles a
outros tipos de contribuição.
Referências
1. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a
ordem em que forem sendo citadas no texto. No caso de as referências serem de
mais de dois autores, no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do primeiro
autor seguido da expressão et al.
2. Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos, conforme exemplos
abaixo:
ex. 1: ... Outro indicador analisado foi o de maturidade do PSF"
11
...
128
ex. 2: ... Como alerta Maria Adélia de Souza
4
, a cidade...
As referências citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir
do número da última referência citada no texto.
3. As referências citadas devem ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica,
seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos apresentados
a periódicos biomédicos (http://www.icmje.org).
4. Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no
Index Medicus (http://www.nlm.nih.gov/).
5. O nome de pessoa, cidades e países devem ser citados na ngua original da
publicação.
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