Em reflexão sobre a concepção de sujeito no PB, a autora sugere que, em
nossa variedade, sujeitos antepostos e sujeitos pospostos obedecem a diferentes
estatutos. Citando trabalhos como os de Perlmutter (1976) e Nascimento (1984), ela
lista características mais restritas atribuídas a sujeitos pospostos, como aspectos de
indefinitude, listagem e contraste, e os relaciona à utilização da partícula –ga em
japonês, como o descreve Kuno. Já os aspectos que Li e Thompson atribuem ao
tópico corresponderiam às características de um sujeito anteposto, o sujeito
prototípico para Pontes (1986, apud KATO, op.cit.: 113). Assim como o tópico, esse
sujeito, diferentemente do posposto, tende a ser definido.
Outra característica citada por Kato não costuma ser atribuída ao tópico: a
concordância com o verbo. Esse aspecto, já descrito na seção (e) (Concordância
com o verbo), é fator de diferenciação entre sujeito anteposto e sujeito posposto, já
que em posição pós-verbal, nem sempre o sujeito recebe a concordância do verbo.
Ocorrendo preposto ao verbo, por outro lado, a concordância é mais freqüente, a
depender da região e do nível de escolaridade do falante. E, como visto na mesma
seção, a autora cita as construções de tópico-sujeito, em que o tópico, ocupando a
posição de sujeito pré-verbal, recebe a concordância do verbo.
De acordo com a análise de Kato, a utilização, no japonês, das partículas –wa
e –ga equipara-se, respectivamente, à anteposição e posposição do sujeito no PB;
podemos, igualmente, relacionar tal utilização à distinção, já apresentada, entre
construções de tópico marcado e não marcado (cf. BRITO; DUARTE; MATOS,
op.cit. e I.DUARTE, op.cit.), as duas correspondentes a SNs antepostos. Temos,
portanto, que, quando em uma determinada língua são previstas duas posições
possíveis para o sujeito, assim como sujeitos antepostos são identificados com
tópicos no japonês, seriam eles (e não os sujeitos pospostos) relacionados a
construções de tópico, marcado ou não marcado, no português. O sujeito posposto,
por sua vez, não exerce a função de tópico, mas a de focalização da sentença. Uma
língua como o japonês, que, sendo caracterizada como V-final, não dispõe de duas
posições para a realização do sujeito, utilizará outros recursos para diferenciação
entre tópico e foco ― no caso, como visto, marcadores morfológicos; já línguas
como o inglês e o francês, aponta Kato (op.cit.: 117-8), não permitem a posposição
do sujeito nem fazem uso de marcadores casuais. Nesses casos, apenas uma
marca formal há que possibilite o reconhecimento funcional: o emprego de artigo
definido para tópicos e indefinido para indicação de foco. Porém, mesmo no