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básico” eu vi que eu me perdi um pouco na aula eu digo: “Meu Deus, tanto
tempo de aula, tanto tempo de... dessa dinâmica, e a gente acaba na hora
fugindo um pouco do assunto”.
Pesquisadora: Porque a senhora acha que fugiu do assunto?
Porque eu fiquei meio sem saber explicar e eu fui mais pro livro e eu não
gosto de dar aula mais no livro, eu gosto de me expor, de conversar, de
contar porque pelo tanto de tempo que a gente tem eu vejo que a gente
tem muita experiência, a gente já leu aquilo muitas vezes. O plano de aula
todo ano a gente faz, e aí a gente vê que a gente foge um pouco da aula e
ficou meio assim, perdido, deixa o aluno às vezes até sem entender bem o
assunto, e eu notei isso aí.
Pesquisadora: A senhora notou na hora, a senhora parou depois pra
pensar...?
Não, eu notei na hora que eu estava meio fugindo do assunto, meio sem
base. Eu tinha feito meu plano de aula, mas eu estava sem aquela... na
hora eu não sei, deu um branco assim que eu fiquei meio perdida, eu digo
“Meu Deus”...
Pesquisadora: A senhora costuma parar sempre pra pensar sobre as suas
aulas, sobre o que a senhora fez e fazer essa avaliação que a senhora está
fazendo agora? Porque isso que a senhora está fazendo é uma avaliação
da aula que a senhora deu.
Sempre eu faço isso. Eu procuro sempre me avaliar, será que teve um
êxito, será que os alunos aprenderam, será que eles entenderam a minha
explicação, será que foi boa, será que faltou alguma coisa, sempre eu me
pergunto isso aí. Porque é muito bom quando a gente sabe que está
fazendo um bom trabalho, que atingiu aquela meta que a gente tinha em
mente, o aluno entendeu, dele poder trabalhar e depois apresentar um
resultado daquilo, e quando a gente meio... não dá aquela aula, meio se
perde, a gente vê que não tem nem como cobrar do aluno. Como eu vou
cobrar uma coisa que eu não passei? Que eu não expliquei direito, que o
aluno não entendeu? Fica meio difícil pro professor cobrar uma coisa que
ele não deu.
Mesmo não sabendo explicar o que havia acontecido, a professora Iracema
demonstrou em sua fala a preocupação em analisar sua prática e as conseqüências
dela para o seu ensino. Tais posturas são apontadas na literatura como elementos
que compõem uma prática reflexiva (ZEICHNER e LISTON, 1996 e DEWEY, 1993).
Para analisar sua prática a professora utiliza também como parâmetro os
rendimentos dos seus alunos, especialmente os que já saíram da escola. Se eles
obtêm êxito, ela reconhece que tem uma importante parcela de contribuição nesse
processo.
Tem o I., quando eu cheguei pra cá ele era uma menino super atrasado, aí
eu comecei a trabalhar, ai, os antigos professores me falaram: “olha, tu vais
ter uma dificuldade muito grande com o I. e com o J.”. E quando eu cheguei
pra cá, devido conversa, conversando, lendo textos bíblicos, conversando
com eles, tratando, elogiando eles, botando eles mais um pouco: “olha, tua
letra é linda, olha meu filho, olha, tu faz esse texto aqui tu faz cópia, tu faz
cópia que tu vais melhorar muito”. E graças a Deus eles se desenvolveram,
fazendo cópia, fazendo texto e exigindo leitura, distribuindo livros de leitura,
pedindo pra eles levarem pra casa pra trazer e o I. desenvolveu assim com
uma rapidez e até os pais dele vieram me parabenizar, porque ele se