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CONSTITUINTES QUÍMICOS DAS CASCAS DAS RAÍZES DE
Tabernaemontana hystrix (APOCYNACEAE)
JUCIMAR JORGEANE DE SOUZA
UNIVERSIDADE ESTADULA DO NORTE FLUMINENSE
DARCY RIBEIRO – UENF
AGOSTO/2006
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CONSTITUINTES QUÍMICOS DAS CASCAS DAS RAÍZES DE
Tabernaemontana hystrix (APOCYNACEAE)
JUCIMAR JORGEANE DE SOUZA
“Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologia da Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das
exigências para obtenção do título de Mestre em
Ciências Naturais”.
Aprovada em 17 de agosto de 2006.
Comissão Examinadora:
____________________________________________________________
Prof
o
Walter Luiz Brasil Medeiros (D. Sc.Química Orgânica) – CEFET-Campos
____________________________________________________________
Prof
o
Carlos Roberto Ribeiro Matos
(D. Sc., Química Orgânica) – UENF
____________________________________________________________
Prof
o
Edmilson josé Maria
(D. Sc., Química Orgânica) – UENF
____________________________________________________________
Prof
o
Ivo José Curcino Vieira (D. Sc., Química Orgânica) – UENF
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(Orientador)
Entrega o teu caminho ao Senhor, confia Nele, e Ele tudo fará.
(Salmos, 22:1)
Dedico este trabalho aos meus pais, Lúcia Maria e Antônio Jorge,
aos meus irmãos, Patrícia (in memórian), Marcio e Marcelo
e aos meus sobrinhos.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por tudo que conquistei e tenho conquistado.
A minha querida mãe, pelo amor, carinho e incentivo de não desistir nunca de
conquistar meus objetivos. Obrigada por acreditar em mim.
A minha madrinha, Maria José, por me ajudar e apoiar sempre.
A toda minha família pelo carinho e incentivo aos estudos.
As amigas Cássia, Renata, Tânia e Maristela que nas horas de desespero e tristeza
me socorreram e me apoiaram, ensinando-me o que é ser amigo.
A amiga Lara
As companheiras e amigas da República Blush: Érica, Lidiane, Patrícia e Priscilla
por estarem sempre me apoiando e me aturando, até nos momentos de mau-humor.
Acima de tudo nos tornamos uma família.
As companheiras e amigas da república do Caju: Isabela (TAnto!), Luana e Rita por
estarem sempre do meu lado e me apoiando em tudo.
Aos amigos da UENF: Débora, Marcelo e Vinicius, pelo companheirismo, pelos
estudos em grupo e pelo apoio.
As companheiras de laboratório: Cecília, Elaine, Raquel e Vilma.
Ao professor Ivo José Curcino Vieira pela orientação e ensinamento durante este
trabalho.
Aos professores do LCQUI, em especial a professora Leda Mathias e os
professores Carlos Matos e Raimundo Braz-Filho.
A todos,
obrigada por tudo.
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCT / UENF 35/2006
Souza, Jucimar Jorgeane de
Constituintes químicos das cascas das raízes de Tabernaemontana
hystrix (Apocynaceae) / Jucimar Jorgeane de Souza. Campos dos
Goytacazes, 2006.
2v. : il.
Dissertação (Mestrado em Ciências Naturais) --Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Centro de Ciência
e Tecnologia. Laboratório de Ciências Químicas. Campos dos
Goytacazes, 2006.
Orientador: Ivo José Curcino Vieira.
Área de concentração: Química de produtos naturais
Bibliografia: V. 1, f. 92-96
1. Alcalóides indólicos 2. Tabernaemontana 3. Apocynaceae l.
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro.
Centro de Ciência e Tecnologia. Laboratório de Ciências
SUMÁRIO
Lista de Figuras
iii
Lista de Fluxogramas iii
Lista de Tabelas iv
Lista de Esquemas vi
Lista de Abreviaturas vii
Resumo ix
Abstract x
1. INTRODUÇÃO 1
2. OBJETIVOS 5
3. REVISÃO DE LITERATURA 6
3.1 – A Família Apocynaceae 6
3.2 – Alcalóides 7
3.3 – Taxonomia 11
3.4 – O Gênero Tabernaemontana
12
3.5 – A Espécie Tabernaemontana hystrix
13
3.6 – Considerações Farmacológicas 14
3.7 – Estudos Fitoquímicos 16
4. MATERIAIS E METODOLOGIA
19
4.1 – Materiais 19
4.1.1 – Reagentes e Solventes
19
4.1.2 – Equipamentos
19
4.2 – Metodologia 20
4.2.1 – Coleta do material vegetal e identificação botânica 20
4.2.2 – Secagem e moagem 20
4.2.3 – Isolamento e purificação das substâncias orgânicas por técnicas
cromatográficas
20
4.2.4 – Análises espectrométricas 21
4.2.5 – Análises de espectrometria de massas 21
4.2.6 – Preparação dos extratos brutos 21
4.2.7 – Descrição experimental do isolamento dos constituintes químicos iolados
23
4.2.7.1 – Resumo dos constituintes químicos isolados do extrato em diclorometano
23
4.2.7.2 – Análises das frações obtidas do extrato em diclorometano das cascas das
das raízes de Tabernaemontana hystrix
26
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 39
5.1 – Substâncias Identificadas de Tabernaemontana hystrix
39
5.1.1 – Esteróides isolados 39
5.1.2 – Alcalóides isolados
39
5.1.3 – Alcalóides inéditos isolados
41
5.2 – Determinação Estrutural 41
5.2.1 – Esteróides 41
5.2.2 – Alcalóides Indólicos Monoterpênicos 44
6. CONCLUSÃO 91
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
92
LISTA DE FIGURAS
Figura 01: Esquema de formação da Estrictosidina
Figura 02: Rearranjos na cadeia terpenoídica do esqueleto alcaloídico
Figura 03: Esquema biossintético da coronaridina
Figura 04: Esqueletos básicos dos alcalóides indólicos monoterpênicos
Figura 05: Fotografia da espécie Tabernaemontana hystrix (galhos em floração)
Figura 06: Estrutura da vimblastina, vincristina, colchicina, reserpina e vincamina
Figura 07: Alcalóides indólicos isolados da Tabernaemontana crassa
Figura 08: Alcalóides indólicos isolados de Peschiera fuchsiaefolia
Figura 09: Alcalóides indólicos monoterpênicos isolados de Tabernaemontana hystrix
LISTA DE FLUXOGRAMAS
Fluxograma 01: Estudo cromatográfico do extrato em diclorometano
Fluxograma 02: Estudo cromatográfico da fração BD5
Fluxograma 03: Estudo cromatográfico da fração BD8
LISTA DE TABELAS
Tabela 01: Quantidade de material vegetal colhido e suas respectivas extrações
Tabela 02: Estudo cromatográfico do extrato de diclorometano
Tabela 03: Estudo cromatográfico da fração BD4
Tabela 04: Estudo cromatográfico da fração BD4-5
Tabela 05: Estudo cromatográfico da fração BD5
Tabela 06: Estudo cromatográfico da fração BD5-1
Tabela 07: Estudo cromatográfico da fração BD5-4
Tabela 08: Estudo cromatográfico da fração BD5-5
Tabela 09: Estudo cromatográfico da fração BD5-8
Tabela 10: Estudo cromatográfico da fração BD7
Tabela 11: Estudo cromatográfico da fração BD7-3
Tabela 12: Estudo cromatográfico da fração BD7-3-4
Tabela 13: Estudo cromatográfico da fração BD7-3-4-4
Tabela 14: Estudo cromatográfico da fração BD8
Tabela 15: Estudo cromatográfico da fração BD-8-2
Tabela 16: Estudo cromatográfico da fração BD8-2-2
Tabela 17: Estudo cromatográfico da fração BD8-2-2-3
Tabela 18: Estudo cromatográfico da fração BD8-3
Tabela 19: Estudo cromatográfico da fração BD8-3-5
Tabela 20: Estudo cromatográfico da fração BD10
Tabela 21: Dados de RMN
13
C (100 MHz) dos esteróides 44 e 45
Tabela 22: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) do alcalóide 17
Tabela 23: Constantes de acoplamento observadas no mapa de correlação de
HMBC do alcalóide coronaridina (17)
Tabela 24: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) do alcalóide 43
Tabela 25: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) do alcalóide 46
Tabela 26: Dados de
1
H-
1
H NOESY (500 MHz) do alcalóide 46
Tabela 27: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) do alcalóide 48
Tabela 28: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e RMN
13
C (100 MHz) do alcalóide 48
Tabela 29: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) do alcalóide 47
Tabela 30: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) do alcalóide 21
Tabela 31: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) do alcalóide 49
Tabela 32: Dados de
1
H-
1
H NOESY (500 MHz) em CDCl
3
do alcalóide 49
Tabela 33: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) do alcalóide 16
Tabela 34. Dados de RMN
1
H (500 MHz) e
13
C (125 MHz) do alcalóide 41
Tabela 35: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) do alcalóide 50
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 01: Proposta mecanística dos principais fragmentos apresentados no
espectro de massas do alcalóide 17.
50
Esquema 02: Proposta dos principais fragmentos apresentados no espectro de
massas do alcalóide 21
70
Esquema 03: Proposta mecanística dos principais fragmentos apresentados no
espectro de massas do alcalóide 49.
76
Esquema 04: Proposta mecanística dos principais fragmentos apresentados no
espectro de massas do alcalóide 16
81
Esquema 05: Proposta mecanística dos principais fragmentos apresentados no
espectro de massas do alcalóide 50
90
LISTA DE ABREVIATURAS
δ - deslocamento químico
AcOEt – acetato de etila
APT – “Attached Proton Test”
CC – cromatografia em coluna
CCDP – cromatografia em camada delgada preparativa
CDCl
3
– clorofórmio deuterado
CG/EM – cromatografia de gás acoplado a espectrometria de massas
CH
2
Cl
2
– diclorometano
COSY – “Correlation Spectroscopy”
d – dupleto
dd – duplo dupleto
ddd – duplo, duplo dupleto
dl – dupleto largo
dt – duplo tripleto
ev - eletrovolts
Glu – glucose
Hex – hexano
HMBC –“Heteronuclear Multiple-Bond Connectivity”
HMQC – “Heteronuclear Multiple-Quantum Coherence”
Hz – Hertz
IV – infravermelho
J – constante de acoplamento
m – multipleto
m/z – relação massa/carga
MeOH – metanol
MeOH-d
4
– metanol deuterado
MHz – Megahertz
ppm – parte por milhão
q – quadrupleto
ql – quadrupleto largo
RMN
13
C – Ressonância Magnética Nuclear de carbono-13
RMN
1
H – Ressonância Magnética Nuclear de hidrogênio
s – singleto
sl – singleto largo
SNC – Sistema Nervoso Central
t – tripleto
tl – tripleto largo
TMS – tetrametilsilano
u.m.a. – unidade de massa atômica
UV – ultravioleta
v/v – volume por volume
RESUMO
SOUZA, Jucimar Jorgeane de; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, agosto de 2006; Alcalóides indólicos de Tabernaemontana hystrix; Prof.
Orientador: Ivo José Curcino Vieira.
A química do gênero Tabernaemontana é conhecida pela bioprodução de
alcalóides indólicos, incluindo monoterpênicos, os quais apresentam diversas
atividades biológicas, atuando no tratamento de tumores, arritmias cardíacas e
antidepressivo. O isolamento das substâncias foi efetuado utilizando-se técnicas
clássicas de cromatografia. Do extrato em diclorometano foram isolados dois
esteróides: β-sitosterol (44) e estigmasterol (45) e 10 alcalóides indólicos
monoterpênicos: coronaridina (17), 7-hidroxiindoleninacoronaridina (43), 5-
oxocoronaridina (46), 7-hidroxiindolenina-3-oxocoronaridina (47), 3-oxocoronaridina
(48), vobasina (21), 5,6-dioxocoronaridina (49), ibogamina (16), olivacina (41) e 12-
metoxivoachalotina (50). Os alcalóides 49 e 50 são inéditos na literatura. A
determinação estrutural dessas substâncias foi efetuada com base em dados
espectroscópicos de RMN
1
H e
13
C, incluindo experimentos bidimensionais (HMQC e
HMBC) e a partir de informações obtidas dos espectros de massas e absorção na
região do IV e UV.
ABSTRACT
SOUZA, Jucimar Jorgeane de; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro, agosto de 2006; Alcalóides indólicos de Tabernaemontana hystrix; Prof.
Orientador: Ivo José Curcino Vieira.
The Tabernaemontana genus chemistry is known by its indole alkaloid
bioproduction, including monoterpenoids, which present several biological activities
acting in tumor, heart arrhythmia and antidepressant treatments. It was collected in
Varre-Sai city, Rio de Janeiro State. The compounds isolation were carried out using
classical chromatography techniques. From dichloromethane extract, two steroids were
isolated, sitosterol (44) and stigmasterol (45) and ten monoterpenoid indole alkaloids,
coronaridine (17), 7-hydroxyindoleninecoronaridine (43), 5-oxocoronaridine (46), 7-
hydroxyindolenine-3-oxocoronaridine (47), 3-oxocoronaridine (48), vobasine (21), 5,6-
dioxocoronaridine (49), ibogamine (16), olivacine (41) e 12-methoxyvoachalotine (50).
The alkaloids 49 and 50 are unpublish up to now. These structural compounds
determinations were carried out basead on spectral data of NMR
1
H and
13
C, including
bidimensional experiments (HMQC and HMBC) and on information obtained from mass
spectral and absorption in IR and UV data.
1. INTRODUÇÃO
A maioria das substâncias orgânicas conhecidas tem sido produzida pela
natureza, onde o reino vegetal destaca-se com a bioprodução de substâncias úteis ao
tratamento de doenças em seres humanos. Com o surgimento das plantas terrestres,
estima-se que cerca de 500.000 espécies ocupam todo o planeta, onde 50% são
constituídas pelas Angiospermas (MONTANARI & BOLZANI, 2001).
Centenas de espécies vegetais foram estudadas através da investigação da
composição química das substâncias produzidas pelo seu metabolismo secundário, e
mais de 100.000 substâncias naturais tiveram suas estruturas elucidadas. Estes
importantes acervos científicos, resultantes de atividades de pesquisa desenvolvidas
em instituições e empresas nacionais e estrangeiras, representam uma pequena
percentagem do conhecimento sobre a química adotada pelos vegetais, quando
avaliado em comparação com o número de espécies existentes na superfície terrestre
e nos meios aquáticos (CHADWICK & MARSH, 1990; BUCKINGHMAN, 1993).
Todos os processos químicos da vida (nascimento, crescimento, reprodução,
envelhecimento e morte) representam manifestações de biotransformações químicas.
Os constituintes químicos bioproduzidos pelo metabolismo secundário de organismos
vivos têm despertado interesse de instituições públicas e empresas privadas,
principalmente as indústrias farmacêuticas, instaladas nos países desenvolvidos.
Intensifica-se a procura de fontes de novos medicamentos para utilização direta bem
como de matéria prima adequada para preparação semi-sintética de produtos úteis, e
de novos modelos para síntese total de produtos com atividade biológica (BALADRIN &
KINGHOM, 1993).
O desenvolvimento tecnológico tem contribuído decisivamente para este
progresso, proporcionando a fabricação de equipamentos capazes de viabilizar a
descoberta de moléculas encontradas em pequenas concentrações, que antes
permaneceram praticamente desconhecidas, devido a limitações de técnicas e
metodologias usadas (COLETAGE & MOLYNEUX, 1993).
Nas últimas três décadas, com o desenvolvimento de técnicas analíticas de
separação e elucidação estrutural, pôde-se conhecer cerca de 50.000 metabólitos
secundários isolados de Angiospermas, onde muitos não tiveram avaliação do seu
potencial farmacológico. Com isto, os produtos naturais e seus derivados continuam
sendo de grande importância para a sociedade moderna, mesmo com os produtos
produzidos por síntese (MONTANARI & BOLZANI, 2001).
Com o avanço tecnológico na última década, as pesquisas de novos compostos
biologicamente ativos sofreram grandes mudanças. Para propiciar o surgimento de
novos medicamentos, a indústria farmacêutica teve um papel importante no
desenvolvimento de novos métodos (TREVISAN & MACEDO, 2003).
O interesse da indústria farmacêutica pelos produtos de origem vegetal
reacendeu devido aos fitofármacos como ginkgo, ginseng, etc, que se tornaram
detentores de um mercado lucrativo (MONTANARI & BOLZANI, 2001).
Esse interesse foi motivado pela descoberta de quimioterápicos eficazes e
principalmente pela busca de substâncias com estruturas moleculares complexas,
praticamente impossíveis de serem obtidas por um processo sintético de baixo custo
(MONTANARI & BOLZANI, 2001).
Apesar de saber que a pesquisa de novos fármacos é um mercado de alto risco,
a indústria farmacêutica tem aplicado investimentos em pesquisa de bioprospecção
(MONTANARI & BOLZANI, 2001).
Estimou-se, em torno de 1990, que cerca de 80% da população mundial tinha as
plantas como sua principal fonte de medicamentos. Está comprovado que,
principalmente, a população de países em desenvolvimento usa os medicamentos
providos de plantas, em forma de extratos ou poções (MONTANARI & BOLZANI,
2001).
O isolamento e a identificação de novas moléculas bioproduzidas pelo
metabolismo secundário e a avaliação biológica das substâncias tem proporcionado a
descoberta de produtos naturais bioativos (DEWICK, 1997).
A descoberta de substâncias abundantes merece também atenção especial,
mesmo nos casos de produtos descritos na literatura. Modificações estruturais
seletivas de produtos abundantes através de reações químicas podem conduzir a
substâncias biologicamente ativas e com outras propriedades práticas (DIXON &
LAMB, 1990).
No desenvolvimento da química orgânica sintética moderna, os metabólitos
secundários tiveram um papel fundamental. Este desenvolvimento ocorreu
paralelamente ao estudo de plantas, a partir do século XIX, onde, com base científica,
foram registrados os primeiros estudos sobre as plantas, então conhecidas como
medicinais. Com esses estudos foram obtidas algumas substâncias que se
consagraram como princípios ativos eficazes que até hoje são usados no tratamento de
determinadas doenças (MONTANARI & BOLZANI, 2001).
O isolamento e a determinação estrutural de substâncias biorgânicas advindas
do metabolismo secundário de organismos vivos assumem também importância
fundamental para o desenvolvimento de outras atividades científicas e tecnológicas.
Na área de produtos naturais, uma das mais significantes mudanças, nos
últimos anos, foi à avaliação biológica. O entendimento dos mecanismos de doenças,
acompanhado do aumento de testes com receptores e enzimas disponíveis, permitiram
o desenvolvimento de sistemas eficientes e rápidos de bioensaios, selecionando
milhares de amostras em poucos dias (TREVISAN & MACEDO, 2003).
O conhecimento da composição química de espécies vegetais também tem
papel fundamental no progresso de ciências correlatas, tais como a fisiologia,
sistemática química, evolução química e ecologia química. Além disso, contribui para a
implantação e o fortalecimento da interface entre a pesquisa básica e aplicada,
permitindo a manipulação de rotas biogenéticas e a produção controlada de
metabólitos secundários selecionados com base em critérios práticos, científicos e
tecnológicos (biotecnologia) (CHADWICK & MARSH, 1990).
O isolamento e a elucidação estrutural de substâncias naturais representam a
etapa inicial importante e decisiva para a descoberta de compostos bioativos,
permitindo posteriormente o desenvolvimento de trabalhos sintéticos e tecnológicos
para a produção de substâncias a nível comercial (TORSSEL, 1997; GEISSMAN &
CROUT, 1969).
A busca pelo aprimoramento das estratégias de identificação, aplicação e
bioprodução de metabólitos secundários estimulou o aparecimento de atividades
transdisciplinares, envolvendo pesquisadores na área de Química de Produtos Naturais
(Fitoquímica), Genética, Farmacologia e Biologia, promovendo pesquisas nos campos
da sistemática química, evolução química, ecologia química, atividade biológica,
biossíntese e mais recentemente, a biotecnologia.
No Brasil, a maioria das pesquisas com plantas ainda são feitas pelas
Universidades e Institutos de Pesquisa, onde se desenvolve basicamente a fitoquímica
tradicional. Apesar de muitos grupos nacionais estarem envolvidos com a busca de
princípios bioativos das plantas, essa pesquisa é fundamentalmente acadêmica
(MONTANARI & BOLZANI, 2001).
Apesar da flora brasileira ser uma das principais fontes de recursos naturais, os
estudos sobre a química de compostos secundários das espécies que a compõem
ainda são insuficientes. A preocupação com a manutenção da biodiversidade no
planeta levou, nos últimos anos, as autoridades governamentais a voltar a sua atenção
para a manutenção dos refúgios naturais que se encontram ameaçados.
Em decorrência da ação antrópica uma atenção especial tem sido destinada às
áreas naturais em perigo de extinção. Entre elas a Mata Atlântica, reconhecida no
cenário mundial como uma das principais fontes de diversidade genética a ser
protegida, onde os recursos devem ser investigados, tendo como meta o equilíbrio
entre a proteção à natureza e o desenvolvimento. A maior parte do estado do Rio de
Janeiro é recoberta por este ecossistema, onde a vegetação remanescente é alvo de
investigações em diferentes áreas da ciência.
Na região Norte e Noroeste Fluminense a vegetação da Mata Atlântica possui
um dos principais refúgios de vida silvestre, abrigando espécies vegetais e animais em
extinção. O conhecimento prévio de organismos e seu habitat é importante para
adequação de métodos a serem utilizados em programas de manejo ecológico e de
melhoramento.
A flora regional apresenta uma fonte de informações para a ciência e de
recursos naturais de importância para a humanidade. Com isso, os estudos sobre a
química de metabólitos secundários para a sua exploração racional constituem
elemento importante para a geração de conhecimento.
A família Apocynaceae está entre as maiores famílias de Angiospermas e está
bem representada na flora brasileira. E por fornecer alcalóides com utilização na
medicina tradicional, os seus gêneros têm sido, cada vez mais, alvo para fonte de
pesquisas.
No gênero Tabernaemontana, algumas espécies foram largamente estudadas
tendo, assim, sua composição química bastante definida, além da realização de
diversos testes biológicos (HESSE, 1981).
Porém, algumas espécies do gênero Tabernaemontana, principalmente as
espécies nativas da Mata Atlântica, em especial a Tabernaemontana hystrix teve sua
constituição química pouco estudada, tornando-se o principal objetivo deste trabalho.
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
O trabalho proposto tem por objetivo isolar, identificar e caracterizar compostos
do metabolismo secundário, do extrato em diclorometano das cascas das raízes, da
espécie Tabernaemontana hystrix, família Apocynaceae, coletada na Mata Atlântica
localizada na região Norte e Noroeste Fluminense, através de métodos fitoquímicos
clássicos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Aprendizado de cnicas cromatográficas clássicas (cromatografia em coluna,
cromatografia em camada delgada preparativa e cromatografia em camada delgada
analítica) no isolamento e purificação de substâncias orgânicas produzidas pelo
metabolismo secundário de espécies vegetais.
Aprendizado de técnicas espectroscópicas (RMN
1
H e
13
C, uni e bi-
dimensionais, espectrometria de massas) na identificação de compostos produzidos
pelo metabolismo secundário de espécies vegetais.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 A Família Apocynaceae
A família Apocynaceae pertence à ordem Gentianiales, classe Dicotiledoneae,
subclasse Asteridae, divisão Angiospermae (MABBERLEY, 1997). Ela está entre as
dez maiores famílias de Angiospermas e esta representada em todos os continentes,
exceto na Antártica. A maioria das espécies ocorre na região tropical. Crescem em
vários ambientes, desde florestas úmidas até regiões semi-áridas. Ocorrem desde ao
nível do mar aaltas montanhas, principalmente em solos secos, mas também sobre
rochas ou em áreas alagadas, raramente submersas na beira de rios (RAPINI, 2000).
A família Apocynaceae possui cerca de 250 a 550 gêneros, e entre 3700 a 5100
espécies. Sendo que aproximadamente um terço das espécies ocorre no Novo Mundo.
As circunscrições genéricas são muito controversas, mas em torno de 100 gêneros são
aceitos na América tropical (RAPINI, 2000).
No Brasil ocorrem cerca de 376 espécies subordinadas a 41 gêneros habitando
diversas formações (MOREIRA et al., 2004). Ela é bem representada na flora brasileira
e, particularmente, no Rio de Janeiro; segundo levantamento realizado por Novaes e
Rapoporte (1996) são encontradas cerca de 80 espécies. As Apocynaceae têm como
características marcantes a presença de látex nos órgãos vegetativos e reprodutivos, e
flores com prefloração contorta (MOREIRA et al., 2004).
A família Apocynaceae é conhecida por fornecer, principalmente, alcalóides,
alguns deles com ampla utilização na medicina tradicional (NOGUEIRA et al., 2004).
Uma espécie desta família, Hancornia speciosa (mangabeira), ocorre
abundantemente em toda região Nordeste, em especial no Estado de Sergipe. Os seus
frutos são consumidos in natura ou usados como matéria-prima para doces, geléias,
sorvetes e sucos. O suco leitoso do fruto e o látex desta espécie são usados como
medicamento caseiro para tratamento de tuberculose e úlcera (NOGUEIRA et al.,
2004).
Desde os tempos antigos, algumas espécies do gênero Tabernaemontana, têm
sido utilizadas na África, como veneno de flechas, na medicina popular e em rituais
mágico-religiosos, tais como a Tabernaemontana crassa e Tabernanthe iboga
(NEUWINGER, 1998).
Na cultura indígena, Apocynum cannabinum é utilizada como fonte de fibras
para cordas e fios utilizados em artesanato. Os ramos fortes e flexíveis de
Sarcostemma clausum o usados como vara de pescar, e de algumas espécies de
Matelea são extraídos venenos para flechas de caça (RAPINI, 2000).
Algumas espécies arbóreas, em particular de Aspidosperma (peroba) fornecem
madeira para construção civil e produção de móveis e ferramentas; os caules tabulares
são especialmente utilizados como cabo de machado. Borracha e goma de mascar são
produzidas a partir de látex de Apocynum spp. (RAPINI, 2000).
As Apocynaceae também o cultivadas como plantas ornamentais, e algumas
espécies encontram-se naturalizadas em muitas regiões, por exemplo, Nerium
oleander, com mais de 400 cultivares, dentre os quais 175 são comercializados;
Catharanthus roseus de Madagascar; Vinca major e Vinca minor, espécies
mediterrâneas; Allamanda cathartica, Plumeria rubra e Thevetia peruviana, espécies
neotropicais cultivadas em jardins e ruas de cidades tropicais; e algumas plantas
suculentas paleotropicais, como Ceropegia e Hoya (RAPINI, 2000).
3.2 Alcalóides
Os alcalóides são encontrados em mais de 4000 espécies de plantas, sendo
mais freqüentes em Dicotiledôneas do que em Monocotiledôneas e Gimnospermas.
Podem ocorrer em diferentes partes do vegetal, como raiz (Symphitum spp.), folhas
(Passiflora sp., Agerantum conyzoides e Phyllanthus spp.), casca do fruto (Punica
granatum) e em sementes (Lupinus albus). O primeiro alcalóide isolado foi à morfina,
em 1805, do ópio (Papaver somniferum) (NEUWINGER, 1998).
Em 1848, no Rio de Janeiro, o farmacêutico Ezequiel Correia dos Santos isolou
o alcalóide pereirina, das cascas do pau-pereira (Geissospermum laeve). A pereirina foi
um dos primeiros alcalóides, senão o primeiro, a ser isolado puro no Brasil (PINTO et
al., 2002).
Outros alcalóides, bastante conhecidos, incluem a nicotina, presente em
variedades de fumos (Nicotiana tabacum), cuja biossíntese se nas raízes da
plantas, com armazenamento nas folhas para onde é translocado; a cocaína, presente
em folhas de Erythroxylon coca; a cafeína, encontrada em sementes de café, folhas de
chá, chocolate entre outros (NEUWINGER, 1998).
A maioria dos alcalóides é derivada do metabolismo dos aminoácidos alifáticos
(ornitina e lisina) e dos aminoácidos aromáticos (fenilalanina e tirosina). O triptofano é
um aminoácido aromático que contém um sistema de anel indólico, tendo sua origem
da rota do chiquimato via ácido antranílico. Os alcalóides indólicos são formados por
rearranjos dos precursores indólicos dando origem ao anel quinolínico, e esse sim é o
precursor dos alcalóides indólicos.
Dentre as várias classes de alcalóides indólicos, os monoterpênicos apresentam
uma grande variedade estrutural. Uma característica interessante deste grupo de
alcalóides é a origem biossintética comum (Figura 01, página 9): todos eles têm o
mesmo precursor, a estrictosidina, que é um glicosídeo formado pela condensação de
uma molécula de triptamina (advinda do triptofano por uma reação de descarboxilação)
com um aldeído monoterpênico denominado secologanina (BRUNETON, 1995).
O
O
H
H
H
H
O
H
H
O
OH
H
H
CO
2
Me
H
H
HO
O
OGlu
N
H
CO
2
H
H
NH
2
+
10-Oxogeranial
Iridodial
Loganina
Secologanina
Triptofano
Triptamina
O
O
H
H
3
4
5
6
7
8
9
10
11
O
MeO
2
C
OGlu
H
H
N
H
NH
H
13
14
15
16
17
18
19
20
21
2
12
O
O
MeO
2
C
OGlu
H
H
H
Estrictosidina
N
H
NH
2
1
Figura 01: Esquema de formação da Estrictosidina
Rearranjos na parte terpenoídica da estrictosidina leva a formação de diferentes
classes, apresentados na Figura 02, página 10 (BRUNETON, 1995). Baseado na
biogênese é possível classificar estes alcalóides em diferentes classes:
Classe I Alcalóides em que a unidade monoterpênica não sofreu rearranjos
(esqueletos corinanteano e estriquinano);
Classe II Alcalóides com rearranjo nos carbonos C-17 C-20 da unidade
monoterpenoídica (esqueleto aspidospermano);
Classe III Alcalóides com rearranjo nos carbonos C-17C-14 da unidade
monoterpenoídica (esqueleto ibogano) (Figura 03, página 11).
C-17
C-14
C-20
C-17
21
20
19
18
17
16
15
14
3
3
14
15
16
17
18
19
20
21
3
14
15
16
17
18
19
20
21
Corinanteano
Aspidospermatano
Ibogano
3
4
5
6
7
8
9
10
11
O
MeO
2
C
OGlu
H
H
N
H
NH
H
13
14
15
16
17
18
19
20
21
2
12
Estrictosidina
1
Figura 02: Rearranjos na cadeia terpenoídica
N
NH
O
OGlu
HH
H
MeO
2
C
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Estrictosidina
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
MeO
2
C
N
N
OH
H
21
N
N
CO
2
Me
CH
2
OH
N
CH
2
OH
CO
2
Me
N
H
N
H
CO
2
Me
N
CO
2
Me
N
H
N
N
H
CO
2
Me
N
1
8
1
9
2
0
2
1
1
6
1
7
1
5
1
4
6
5
3
1
3
1
2
9
8
7
2
N
N
H
10
11
Coronaridina (esqueleto ibogano)
MeO
2
C
dehidrogeissoschizina (forma enólica)
Intermediário hipotético
preakuammicinaestemmadenina
Ração de Diels-Alder
Redução
Catharanthina
Rearranjo de 3 unidades de C
Figura 03: Esquema biossintético da coronaridina (esqueleto ibogano)
Estas classes são subdivididas em nove subclasses principais: vincosano (1),
valesiacotamano (2), corinanteano (3), estriquinano (4), aspidospermatano (5),
plumerano (6), eburnano (7), ibogano (8) e tacamano (9) (Figura 04), e suas
subclasses, dependendo das características de seus esqueletos. Muitas das etapas e
mecanismos que levam a formação destes esqueletos são conhecidos (DANIELI &
PALMISANO, 1986).
N
N
O
H
H
vincosano (1)
N
N
H
H
valesiacotamano (2)
N
N
H
H
Corinanteano (3)
N
N
H
H
estriquinano (4)
N
N
H
aspidospermatano (5)
N
N
H
plumerano (6)
N
N
eburnano (7)
N
N
H
ibogano (8)
N
N
tacamano (9)
Figura 04: Esqueletos básicos dos alcalóides indólicos monoterpênicos.
3.3 – Taxonomia
A família Apocynaceae, juntamente com as famílias Rubiaceae e Loganiaceae,
produz alcalóides indólicos monoterpênicos, sendo que a família Apocynaceae contém
a maioria dos alcalóides isolados e comercializados (BRUNETON, 1995).
Os botânicos classificam a família Apocynaceae em três subfamílias:
Plumerioidae, Cerberoidae e Echitoidae. Alcalóides têm sido isolados de espécies de
todas essas subfamílias, mas alcalóides indólicos m sido encontrados somente em
Plumerioidae. Esta subfamília é dividida em sete tribos, e destas, quatro produzem
alcalóides indólicos, são elas: Carisseae, Tabernaemontaneae, Alstonieae
(Plumerieae) e Rauvolfieae. Todos os gêneros destas tribos produzem alcalóides da
classe I, as Rauvolfieae produzem principalmente esqueletos do tipo corinanteano e
seus derivados (heteroioimbano, ioimbano), aspidospermano (classe II) são
encontrados nas espécies das tribos Plumerieae, Carisseae e Tabenaemontaneae. O
esqueleto ibogano (classe III), com poucas exceções (Catharanthus, entre outros), são
encontrados na tribo Tabernaemontaneae (BRUNETON, 1995; DANIELI &
PALMISANO, 1986).
Em termos evolutivos, das três famílias acima citadas, Apocynaceae é
considerada a mais evoluída, sendo Loganiaceae o ancestral comum das outras duas,
o que é corroborado pela complexidade dos alcalóides indólicos encontrados. Somente
em Apocynaceae encontramos alcalóides indólicos monoterpênicos das classes II e III
(BRUNETON, 1995).
As quatro tribos acima citadas são suficientemente diferenciadas
morfologicamente, porém os limites de gênero e nomenclatura da tribo
Tabernaemontaneae têm sido confusas, sendo objeto de discussões por mais de um
século (DANIELI & PALMISANO, 1986).
3.4 – O Gênero Tabernaemontana
Com relação ao gênero Tabernaemontana, por muitos anos este nome tem sido
restrito a espécies encontradas nas Antilhas, América Central e Noroeste da América
do Sul, enquanto que espécies encontradas no Brasil o classificadas como
pertencentes ao gênero Peschiera A. DC. Espécies do Sul da Ásia e Austrália são
agrupadas como Ervatamia (DANIELI & PALMISANO, 1986).
Leeuwenberg, em 1994, reviu estes gêneros, e por características morfológicas
reagrupou várias espécies do gênero Peschiera e Ervatamia, como Tabernaemontana,
sendo usado aqui esta classificação. Com isso, totalizou 100 espécies, das quais 27
são encontradas no Brasil, e destas, 6 são endêmicas, incluindo uma nova espécie
(Tabernaemontana cumata Leeuwenberg) (LEEUWENBERG, 1994).
O estudo fitoquímico de espécies destes gêneros tem contribuído para
diferenciá-los, principalmente na composição química dos alcalóides encontrados
nestas plantas (DANIELI & PALMISANO, 1986).
A presença de aproximadamente ¼ das espécies do gênero no Brasil, aliado a
um número relativamente pequeno de estudos fitoquímicos, demonstra a necessidade
de aprofundar os estudos fitoquímicos das espécies brasileiras deste gênero
(DANIELI
& PALMISANO, 1986).
Este gênero faz parte do estudo fitoquímico do grupo de trabalho do Setor de
Química de Produtos Naturais da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro (UENF) coordenado pelo professor Ivo José Curcino Vieira com a colaboração
dos professores Raimundo Braz-Filho e Leda Mathias. Este estudo em questão foi
iniciado com a espécie Tabernaemontana laeta (Peschiera laeta) e Tabernaemontana
hystrix, classificada e identificada pela botânica Professora Luíza Sumiko Kinoshita da
Universidade de Campinas, Campinas-SP.
3.5 – A Espécie Tabernaemontana hystrix (Figura 05, página 15)
A espécie em questão é endêmica da região Sudeste do Brasil, e nas regiões
Norte e Noroeste Fluminense é conhecida como “esperta”, sendo considerada uma
planta venenosa para animais, segundo informações populares.
Apresenta-se sob a forma de arbusto ou árvore pequena de 1-7 m de altura.
Ramos pálidos à marrom escuro, lenticelados; râmulos cilíndricos, glabros. Folhas
pecioladas, com pecíolo glabro, de 2-10 mm de comprimento. Flores vistosas, abertas
durante o dia. Sépalas verde pálido, conadas na base, ovada, oblongas. Corola branca
ou amarela, com 11-16 mm de comprimento no botão maduro e formando uma cabeça
ovóide pequena. Frutos com 2 mericarpos separados, mericarpos amarelos,
obliquamente elipsóides, recurvados, arredondados no ápice; com paredes mais
espessas. Sementes pretas ou marrons, obliquamente elipsóides, cerca de 8-10 x 4-5
x 3-3,5 mm (LEEUWENBERG, 1994).
Figura 05: Fotografia da espécie Tabernaemontana hystrix (galho em floração)
3.6 – Considerações farmacológicas
Na medicina moderna, substâncias extraídas de Apocynaceae são de uso
corrente, citando a título de exemplo: a vimblastina (10) e vincristina (11) produzidos
pela vinca (Catharanthus roseus), possuem acentuada ação antitumoral. A ação
desses compostos se de forma semelhante à da colchicina (12), um alcalóide
extraído do açafrão do prado (Colchicum autumnale). A exposição da célula a esses
alcalóides causa o desaparecimento do fuso mitótico e, como o rompimento temporário
dos microtúbulos do fuso, mata preferencialmente lulas que se dividem de forma
anormal, essas drogas antimitóticas são amplamente utilizadas no tratamento do
câncer (ALBERTS, 1997), incluindo a doença de Hodgkin e a leucemia aguda (RAPINI,
2000).
A reserpina (13) (Rauvolfia serpentina) é usada como droga anti-hipertensiva e
tranqüilizante (SCHMELLER, 1998). a vincamina (14), extraída da Vinca minor,
aumenta o fluxo sangüíneo no cérebro e é utilizada no tratamento de problemas
cérebro-vasculares, especialmente em idosos (Figura 06, página 16) (RAPINI, 2000;
PEREIRA et al., 2003).
N
N
N
N
OA
c
MeO
R
H
H
OH
CO
2
Me
OH
H
H
MeO
2
C
(10) vimblastina:(R=CHO)
(11) vincristina: (R=CH
3
)
O
NH
O
OMe
OMe
MeO
MeO
H
(12) colchicina
N
N
O
O
OMe
OMe
OMe
MeO
MeO
2
C
H
OH
H
H
H
(13) reserpina
Figura 06: Estrutura da vimblastina, vincristina, colchicina, reserpina e vincamina.
O extrato do caule da Tabernaemontana crassa é usado na medicina tradicional
para acalmar “ataques epilépticos e insanidade mentais” (NEUWINGER, 1998).
Vários alcalóides indólicos isolados desta espécie têm sido investigados
farmacologicamente: ibogaina (15), ibogamina (16), coronaridina (17), voacangina (18),
isovoacangina (19), voacristina (20) e vobasina (21) apresentam atividade estimulante
do SNC. A decocção de folhas tem uso popular como anestésico local em
procedimentos ortopédicos, sendo que dois destes alcalóides são os responsáveis por
estes efeitos: a vobasina e perivina (22) (Figura 07), este possui uma atividade
anestésica duas vezes maior que a cocaína (NEUWINGER, 1998).
(14) vincamina
N
N
O
As cascas e raízes de Tabernaemontana carimbosa têm sido usadas em veneno
de flechas e de dardos na Tailândia e Malásia (NEUWINGER, 1998), e somente
recentemente tem sido investigada fitoquimicamente e farmacologicamente pelo grupo
Toh-Seok Kam (KAM et al., 2001).
N
N
R
2
H
R
R
1
R
3
H
ibogaina (15) R = MeO, R
1
= R
2
= R
3
= H
ibogamina (16) R = R
1
= R
2
= R
3
= H
coronaridina (17) R = R
1
= R
2
= H, R
3
= CO
2
Me
voacangina (18) R = MeO, R
1
= R
2
= H, R
3
= CO
2
Me
isovoacangina (19) R
1
= MeO, R = R
2
=H, R
3
= CO
2
Me
voacristina (20) R = MeO, R
2
= OH, R
1
= H, R
3
= CO
2
Me
N
H
N
R
O
H
MeO
2
C
vobasina (21) R = Me
perivina (22) R = H
Figura 07: Alcalóides indólicos isolados da Tabernaemontana crassa.
Os alcalóides acima citados são do tipo indólicos monoterpênicos, e são estes
os responsáveis pelas atividades farmacológicas das plantas desta família. Pela sua
importância, estes alcalóides e as plantas que os contém, têm sido objeto de estudos
fitoquímicos, biossintéticos, etnofarmacológicos, farmacológicos, farmacognósticos,
quimiotaxonômicos e biotecnológicos, além de servirem como modelo para síntese de
compostos biologicamente ativos. Dada a relevância destes alcalóides, considerações
sobres alguns dos aspectos citados são feitas, dando ênfase a fitoquímica do gênero
Tabernaemontana, principalmente das espécies brasileiras (DANIELI & PALMISANO,
1986).
3.7 – Estudos Fitoquímicos
Pelas razões expostas acima, o gênero Tabernaemontana tem sido alvo de
estudos fitoquímicos em todo o mundo com revisões da sua química, taxonomia,
etnobotânica e farmacologia do gênero, sendo descritos até o ano de 1984 mais de 250
alcalóides (DANIELI & PALMISANO, 1986).
A investigação fitoquímica das cascas do caule da espécie Tabernaemontana
hystrix com a sinonímia Peschiera fuchsiaefolia apresentou a identificação de 14
alcalóides: (BRAGA et al., 1984; BRAGA & REIS, 1987) 12-metoxi-4-metilvoachalotina
(23), 12-metoxi-4-metilvoachalotina etil éster (24), fuchsiaefolina (25), normacusina
(26), affinisina (27), voachalotina (28), 4-metilaffinisina (29), 4-metilvoachalotina (30),
voacangina (18, Figura 07, página 16), ibogaina (15, Figura 07, página 16), vobasinol
(31), perivina (22, Figura 07, página 16), 16-epiaffinina (32),
voacanginahidroxiindolenina (33), e 6 alcalóides bis-indólicos: voacamina (34),
decarbometoxivoacamina (35), demetilvoacamina (36), voacamidina (37),
diidrovoacamina (38) e demetildihidrovoacamina (39) (Figura 08, página 17).
+
16'
17'
14'
15'
18'
19'
20'
21'
3'
5'
6'
2'
7'
8'
13'
12'
11'
9'
10'
9
10
11
12
13
8
7
16
6
5
18
19
21
20
15
14
3
2
N
N
H
H
CH
3
OOC
R
1
N
N
R
2
OCH
3
(34) R
1
= CH
3
, R
2
=COOCH
3
(Ligado em C-11')
(35) R
1
= CH
3
, R
2
= H (Ligado em C-11')
(36) R
1
= H, R
2
= COOCH
3
(Ligado em C-11')
(37) R
1
= CH
3
, R
2
= H (Ligado em C-9')
(38) R
1
= CH
3
, R
2
= COOCH
3
, 19-20 diidro (Ligado em C-1
1
(39) R
1
= H, R
2
= COOCH
3
, 19-20 diidro (Ligado em C-11')
N
N
COOCH
3
CH
3
O
HO
(33)
N
N
CH
3
R
2
R
3
R
1
Z
(31) R
1
= CH
3
, Z = α−H, β−OH, R
2
= H, R
3
= COOCH
3
(32)R
1
= CH
3
, Z = O, R
2
= CH
2
OH, R
3
= H
(29) R
1
= H, R
2
= CH
2
OH
(30) R
1
= CH
2
OH, R
2
= CO
2
CH
3
N
N
CH
3
CH
3
R
1
R
2
H
28
N
N
CH
3
HOH
2
C
CO
2
CH
3
H
(26) R = H
(27) R = CH
3
N
N
R
CH
2
OH
25
N
N
CH
3
OCH
3
CH
3
CO
2
CH
2
CH
3
(23) R = CH
3
(24) R = CH
2
CH
3
N
N
CH
3
OCH
3
CH
3
HOH
2
C
CO
2
R
H
Figura 08: Alcalóides indólicos isolados de Peschiera fuchsiaefolia
O estudo fitoquímico do extrato em metanol das cascas das raízes de
Tabernaemontana hystrix, investigado pelo grupo de pesquisa do Laboratório de
Química de Produtos Naturais da UENF, identificou a presença de seis alcalóides
indólicos monoterpênicos: affinina (40), olivacina (41), affinisina (27, Figura 08), N
b
-
metilaffinisina (29, Figura 08), ibogamina (16, Figura 07, página 16) e histrixnina (42,
Figura 09, página 20) (MONNERAT, 2005).
21
20
19
18
16
15
14
13
12
11
10
9
8 7
6
5
4
3
2
1
N
N
CH
3
O
H
H
OCH
3
H
histrixnina (42)
olivacina (41)
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
21
3
2
1
N
N
CH
3
CH
3
H
affinina (40)
N
N
H
OH
O
Me
H
H
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
Figura 09: Alcalóides indólicos monoterpênicos isolados de Tabernaemontana hystrix
Dos nove tipos de esqueletos básicos dos alcalóides indólicos monoterpênicos,
nenhum alcalóide do tipo vincosano (1) foi encontrado em Tabernaemontana, poucas
substâncias dos tipos valesiacotamano (2), estriquinano (4), aspidospermatano (5),
eburnano (7) e tacamano (9) têm sido isoladas. A maioria dos compostos isolados
pertence aos esqueletos plumerano (6), corinanteano (3) e ibogano (8) (Figura 04,
página 11), este último é encontrado em todas as espécies de Tabernaemontana,
sendo característicos deste gênero (DANIELE & PALMISANO 1986).
4. MATERIAIS E METODOLOGIA
4.1 – Materiais
4.1.1 – Reagentes e Solventes
Acetato de etila P.A.
Alumina Neutra
Clorofórmio deuterado
Cromatofolhas de alumínio com sílica gel 60 F
254
Diclorometano P.A.
Hexano P.A.
Metanol deuterado
Metanol P.A.
Sílica gel Merck Darmstadt 60 (0,063–0,200 mm)
Solução de nitrato básico de bismuto II em ácido acético diluído com iodeto de
potássio (Reagente de Dragendorff) (MERCK, 1972)
Solução de Vanilina a 2% em ácido sulfúrico concentrado
4.1.2 – Equipamentos
Colunas cromatográficas de vidro de tamanhos variados
Espectrômetro de massas acoplado ao cromatógrafo gasoso do modelo
CG/EM–QP–5050, marca SHIMADZU, utilizando impacto de elétrons a 70 eV.
Espectrômetro de Ressonância Magnética da marca Brüker, modelo DRX-500
(500 MHz para
1
H e 125 MHz para
13
C)
Espectrômetro de Ressonância Magnética da marca Jeol, modelo Elipse (400
MHz para
1
H e 100 MHz para
13
C)
Evaporador rotativo Büchi modelo R-114
Frascos de vidro
Lâmpada ultravioleta (Aldrich) a 254 nm e 365 nm
Moinho de martelos, da marca Tecnal
4.2 – Metodologia
A escolha da planta pode ser desenvolvida a partir dos objetivos do pesquisador,
como por exemplo, a seleção pode ser feita através da verificação da ocorrência de
uma determinada classe de constituinte químico (Alcalóides, Flavonóides, entre
outros), ou de um conjunto de constituintes de interesse para o estudo a ser
desenvolvido.
Um aspecto importante para a escolha da planta refere-se à informação popular
sobre o uso da planta quando se tem interesse em sua aplicação na medicina.
4.2.1 – Coleta do material vegetal e identificação botânica
As cascas das raízes de Tabernaemontana hystrix foram coletadas em março
de 2002, no município de Varre e Sai (RJ). A identificação botânica foi realizada pela
botânica Professora Luíza Sumiko Kinoshita da Universidade de Campinas, Campinas-
SP. A exsicata do espécime encontra-se depositada no herbário da Universidade de
Campinas-UNICAMP.
4.2.2 – Secagem e moagem
A secagem do material foi feita ao ar livre logo após a coleta, para evitar a
presença de fungos. Após secagem, o material foi convertido em pó usando moinho de
martelos.
4.2.3 Isolamento e purificação das substâncias orgânicas por técnicas
cromatográficas
Foram utilizadas técnicas de cromatografia em coluna a pressão normal e
cromatografia em camada delgada preparativa (COLLINS, 1990; HARBORNE, 1998;
IKAN, 1991; PATITUCCI et al., 1995; POOLE, 1984).
Nas análises de cromatografia em coluna foram utilizadas sílica gel Merck
Darmstadt 60 (0,063–0,200 mm) e Alumina neutra.
As análises de cromatografia em camada delgada analítica foram realizadas em
cromatofolhas de Alumínio com sílica gel 60 F
254
Merck. As substâncias foram
visualizadas por irradiação com lâmpada ultravioleta (Aldrich) a 254 nm e 365 nm e/ou
pulverizadas com os seguintes reagentes cromogênicos:
Dragendorff (solução de nitrato básico de bismuto II em ácido acético diluído com
iodeto de potássio).
H
2
SO
4
conc./Vanilina, seguido de aquecimento.
4.2.4 – Análises espectrométricas
As análises espectrométricas foram realizadas em aparelhos do Laboratório de
Ciências Química da Universidade Estadual Norte Fluminense Darcy Ribeiro e na
Universidade Federal do Ceará.
Os espectros de ressonância magnética nuclear de hidrogênio (RMN
1
H) e
carbono-13 (RMN
13
C) foram obtidos num espectrômetro Jeol (400 MHz para
1
H e 100
MHz para
13
C) e num Brüker (500 MHz para
1
H e 125 MHz para
13
C). Os solventes
utilizados foram clorofórmio deuterado (CDCl
3
) e metanol deuterado (MeOH-d
4
),
usando como padrão interno o tetrametilsilano (TMS). Os deslocamentos químicos (δ)
foram obtidos em parte por milhão (ppm) e as constantes de acoplamento (J) em Hertz
(Hz).
4.2.5 – Análises de espectrometria de massas
Os espectros de massas (EM) foram obtidos por CG/EM e por inserção direta
em um aparelho CG/EM–QP–5050 A SHIMADZU, utilizando impacto de elétrons (70
eV).
4.2.6 – Preparação dos Extratos Brutos
Os extratos brutos foram preparados a frio (maceração) por extrações
sucessivas com solventes orgânicos (hexano, diclorometano e metanol) em ordem
crescente de polaridade. As soluções obtidas foram destiladas a pressão reduzida em
evaporador rotativo, fornecendo os extratos brutos.
A quantidade de material colhido e suas respectiva extrações estão descritas na
Tabela 01.
Tabela 01: Quantidade de extratos brutos (g) obtidos das cascas das raízes de
Tabernaemontana hystrix:
Espécie
Botânica
Parte
Botânica
Peso do
Material (g)
Solventes Peso de
Extratos (g)
Tabernaemontana
Hystrix
Cascas das
raízes
920,0 a
b
c
17,4
17,8
43,6
a - Hexano
b - Diclorometano
c - Metanol
4.2.7 Descrição experimental do isolamento dos constituintes químicos
isolados
4.2.7.1 Resumo dos constituintes químicos isolados do Extrato em
Diclorometano das cascas das raízes de Tabernaemontana hystrix (18,50 g)
Fluxograma 01: Estudo cromatográfico do extrato em diclorometano
Fluxograma 02: Estudo cromatográfico da fração BD5
Fluxograma 03: Estudo cromatográfico da fração BD8
4.2.7.2 Análises das frações obtidas do Extrato em Diclorometano (18,50 g) das
cascas das raízes de Tabernaemontana hystrix
Inicialmente o extrato em diclorometano foi submetido a uma cromatografia em
coluna empacotada com sílica gel, usando como eluente diclorometano puro, com
gradiente de eluição até metanol puro, sendo coletadas 45 frações, que posteriormente
foram reunidas em 10 novas frações, através de comparação por cromatografia em
camada delgada analítica. O estudo cromatográfico das frações está na Tabela 02.
Tabela 02: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos Quantidade (g)
1 BD1 1,06 *
2-3 BD2 4,16 *
4-5 BD3 0,17 *
6-9 BD4 0,86
10-15 BD5 2,25
16-17 BD6 1,51 *
18-20 BD7 0,71
21 BD8 5,90
22-36 BD9 0,11 *
37-45 BD10 1,54
* frações não estudadas por serem semelhantes as que foram estudadas
Análise da fração BD4 (0,86 g)
A fração BD4 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada com
sílica gel, utilizando como solvente hexano puro, com gradiente de eluição a
hexano:acetato de etila (7:3, v/v), sendo coletadas 28 frações, que posteriormente
foram reunidas em 07 novas frações, através de comparação por cromatografia em
camada delgada analítica. A Tabela 03 mostra o estudo cromatográfico das frações
coletadas.
Tabela 03: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos Quantidade (mg)
1 BD4-1 39,6 *
2 BD4-2 7,8 *
3-4 BD4-3 27,5 *
5-8 BD4-4 171,7 *
9-18 BD4-5 504,7
19-20 BD4-6 9,9 *
21-28 BD4-7 62,9 *
* frações não estudadas por estarem semelhantes à fração BD4-5
Análise da fração BD4-5 (504,7 mg)
Inicialmente a fração BD4-5 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, usando como eluente hexano puro, com gradiente de
eluição até acetato de etila puro, onde foram coletadas 43 frações que posteriormente,
através de comparação por cromatografia em camada delgada analítica, foram
reunidas em 04 novas frações. O estudo cromatográfico das frações está na Tabela
04.
Tabela 04: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos
Quantidade (mg)
1-12 BD4-5-1 8,9 *
13-14 BD4-5-2 15,6 *
15-38 BD4-5-3 361,9 *
39-43 BD4-5-4 29,8
* frações não estudadas por não apresentarem teste positivo para alcalóides
Análise da fração BD4-5-4 (29,8 mg)
A fração BD4-5-4 foi submetida a uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1mm de espessura), para ser purificada, sendo usado como
eluente hexano:acetato de etila (83:17, v/v), onde foi coletada a fração BD4-5-4-2 com
6,3 mg [coronaridina (17)].
Análise da fração BD5 (2,25 g)
Inicialmente a fração BD5 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, onde foi usado como eluente hexano puro, com gradiente
de eluição aacetato de etila puro, sendo coletadas 26 frações, que posteriormente
foram reunidas em 10 novas frações, através de comparação por cromatografia em
camada delgada analítica. O estudo cromatográfico destas frações está descrito na
Tabela 05.
Tabela 05: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos Quantidade (mg)
1-5 BD5-1 991,0
6-8 BD5-2 254,7 *
9-10 BD5-3 171,4 *
11-13 BD5-4 113,9
14-15 BD5-5 80,8
16-17 BD5-6 45,0
18-20 BD5-7 236,5 *
21-23 BD5-8 98,1
24-25 BD5-9 32,4
26 BD5-10 42,9
* frações não estudadas por estarem semelhantes às frações estudadas
Análise da fração BD5-1 (991,0 mg)
A fração BD5-1 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada com
sílica gel, sendo usado como eluente hexano:acetato de etila (85:15, v/v), com
gradiente de eluição até Acetato de etila puro, sendo coletadas 32 frações que através
de comparação por cromatografia em camada delgada analítica foram reunidas em 06
novas frações. A Tabela 06 mostra o estudo cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 06: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos Quantidade (mg)
1-2 BD5-1-1 346,8
3-10 BD5-1-2 228,0 *
11-16 BD5-1-3 8,2 *
17-27 BD5-1-4 25,5
28-32 BD5-1-5 82,5 *
* frações não estudadas por não apresentarem teste positivo para alcalóides
Análise da fração BD5-1-1 (346,8 mg)
Foram retiradas da fração BD5-1-1 54,6 mg que foi purificada através de
cromatografia em camada delgada preparativa (placa de 1 mm de espessura),
utilizando como eluente hexano:acetato de etila (8:2, v/v), sendo coletada a fração
BD5-1-1-4 com 25,9 mg [coronaridina (17)].
Análise da fração BD5-1-4 (25,5 mg)
A fração BD5-1-4 foi purificada em uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1 mm de espessura), utilizando como eluente hexano:acetato de
etila (8:2, v/v), sendo coletada a fração BD5-1-4-1 com 13,4 mg [7-hidroxiindolenina-
coronaridina (43)].
Análise da fração BD5-4 (113,9 mg)
A fração BD5-4 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada com
sílica gel, sendo usado como eluente hexano:acetato de etila (85:15, v/v), com
gradiente de eluição aacetato de etila puro, sendo coletadas 29 frações que através
de comparação por cromatografia em camada delgada analítica foram reunidas em 06
novas frações. A Tabela 07 mostra o estudo cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 07: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos
Quantidade (mg)
1-2 BD5-4-1 4,9
3 BD5-4-2 8,7
4 BD5-4-3 46,0
5-7 BD5-4-4 35,2
β-sitosterol (44)
estigmasterol (45)
8-12 BD5-4-5 9,0 *
13-29 BD5-4-6 5,6
* fração não estudada por ser semelhante à fração BD5-4-4
foi feita uma comparação pôr cromatografia em camada delgada analítica com um
padrão do esteróide β-Sitosterol, e constatou-se a similaridade, sendo então, estas
reunidas em uma nova fração (BD5-4).
Análise da fração BD5-5 (80,8 mg)
A fração BD5-5 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada com
sílica gel, sendo usado como eluente hexano:acetato de etila (95:5, v/v), com gradiente
de eluição a acetato de etila puro, onde foram coletadas 16 frações, que
posteriormente foram reunidas em 03 novas frações, através de comparação por
cromatografia em camada delgada analítica. A Tabela 08 mostra o estudo
cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 08: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos Quantidade (mg)
1-2 BD5-5-1 11,3 *
3 BD5-5-2 13,1 *
4-5 BD5-5-3 34,6
* frações não estudadas por não apresentarem testes positivos para alcalóides
Análise da fração BD5-5-3 (34,6 mg)
A fração BD5-5-3 foi submetida a uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1mm de espessura), sendo usado como eluente hexano:acetato
de etila (75:25, v/v), onde foi coletada a fração BD5-5-3-2 com 21,5 mg [7-
hidroxiindolenina-coronaridina (43)].
Análise da fração BD5-6 (45,0 mg)
A fração BD5-6 foi submetida a uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1mm de espessura) eluída com hexano:acetato de etila (7:3, v/v)
onde foi coletada a fração BD5-6-1-2 com 16,4 mg [7-hidroxiindolenina-coronaridina
(43)].
Análise da fração BD5-8 (98,1 mg)
A fração BD5-8 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada com
sílica gel, sendo usado como eluente hexano puro, com gradiente de eluição até
hexano:acetato de etila (3:7, v/v), sendo coletadas 25 frações que através de
comparação por cromatografia em camada delgada analítica foram reunidas em 03
novas frações. A Tabela 09 mostra o estudo cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 09: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Códigos Quantidade (mg)
1-3 BD5-8-1 6,5 *
4-15 BD5-8-2 65,2 *
16-25 BD5-8-3 15,9
* frações não estudadas por não apresentarem teste positivo para alcalóides
Análise da fração BD5-8-3 (15,9 mg)
A fração BD5-8-3 foi purificada em uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1 mm de espessura), utilizando como eluente
diclorometano:metanol (98:2, v/v), sendo coletada duas frações BD5-8-3-1 e BD5-8-3-
4, que foram reunidas, ficando com 3,4 mg [5-oxocoronaridina (46)].
Análise da fração BD5-9 (32,4 mg)
A fração BD5-9 foi submetida a uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1mm de espessura), para purificação, onde foi usado como
eluente diclorometano:metanol (98:2, v/v), sendo coletada a fração BD5-9-1-1-1 com
3,7 mg [7-hidroxiindolenina-3-oxocoronaridina (47) e 3-oxocoronaridina (48)].
Análise da fração BD5-10 (42,9 mg)
A fração BD5-10 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada
com sílica gel, eluída com hexano:acetato de etila (7:3, v/v), com gradiente de eluição
até hexano:acetato de etila (4:6, v/v), onde foi coletada a fração BD5-10-2-2 com 8,0
mg [3-oxocoronaridina (48)].
Análise da fração BD7 (710,0 mg)
Inicialmente a fração BD7 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano com gradiente
de eluição até metanol puro, onde foram coletadas 51 frações que, através de
comparação por cromatografia em camada delgada analítica, foram reunias em 04
novas frações. A Tabela 10 descreve o estudo cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 10: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
1-8 BD7-1 28,1 *
9-17 BD7-2 78,5 *
18-27 BD7-3 547,1
28-51 BD7-4 40,1 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD7-3
Análise da fração BD7-3 (482,1 mg)
A fração BD7-3 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada com
sílica gel, utilizando como eluente diclorometano com gradiente de eluição a
diclorometano:metanol (8:2, v/v), sendo coletadas 50 frações que foram reunidas em
06 novas frações, através de comparação por cromatografia em camada delgada
analítica. O estudo cromatográfico das frações coletadas está descrito na Tabela 11.
Tabela 11: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
1 BD7-3-1 2,2 *
2-11 BD7-3-2 20,9 *
12-17 BD7-3-3 7,0 *
18-30 BD7-3-4 354,8
31-33 BD7-3-5 53,1 *
34-50 BD7-3-6 19,2 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD7-3-4
Análise da fração BD7-3-4 (354,8 mg)
A fração BD7-3-4 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada
com sílica gel, utilizando como eluente diclorometano com gradiente de eluição até
diclorometano:metanol (8:2, v/v), sendo coletadas 47 frações que foram reunidas em
04 novas frações, através de comparação por cromatografia em camada delgada
analítica. O estudo cromatográfico das frações coletadas está descrito na Tabela 12.
Tabela 12: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
0 BD7-3-4-1 8,2 *
1-14 BD7-3-4-2 225,7 *
15-21 BD7-3-4-3 146,5 *
22-24 BD7-3-4-4 18,0
25-45 BD7-3-4-5 25,5 *
* frações não estudadas por não apresentarem teste positivo para alcalóides
Análise da fração BD7-3-4-4 (146,5 mg)
Inicialmente a fração BD7-3-4-4 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano puro com
gradiente de eluição até diclorometano:metanol (1:1, v/v), onde foram coletadas 21
frações que, através de comparação por cromatografia em camada delgada analítica,
foram reunidas em 04 novas frações. A Tabela 13 mostra o estudo cromatográfico das
frações coletadas.
Tabela 13: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
0 BD7-3-4-4-1 10,8 *
1-2 BD7-3-4--4-2 42,6
3-20 BD7-3-4--4-3 17,5 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD7-3-4--4-2
Análise da fração BD7-3-4-4-2 (42,6 mg)
A fração BD7-3-4-4-2 foi submetida a uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1mm de espessura), para ser purificada, sendo utilizado como
eluente diclorometano:metanol (99:1, v/v), onde foi coletada a fração BD7-3-4-4-2-2
com 4,7 mg [vobasina (21)].
Análise da fração BD8 (5,9 g)
Inicialmente a fração BD8 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano puro com
gradiente de eluição até metanol puro, onde foram coletadas 47 frações que, através
de comparação por cromatografia em camada delgada analítica, foram reunidas em 06
novas frações. A Tabela 14 mostra o estudo cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 14: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (g)
1-11 BD8-1 0,076 *
12-20 BD8-2 1,63
21-35 BD8-3 1,91
36-40 BD8-4 0,67 *
41-44 BD8-5 0,83 *
45-47 BD8-6 0,17 *
* frações não estudadas por não apresentarem teste positivo para alcalóides
Análise da fração BD8-2 (1,6314 g)
Inicialmente a fração BD8-2 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano puro com
gradiente de eluição até diclorometano:metanol (4:1, v/v), onde foram coletadas 22
frações que, através de comparação por cromatografia em camada delgada analítica,
foram reunidas em 04 novas frações. A Tabela 15 mostra o estudo cromatográfico das
frações coletadas.
Tabela 15: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
1-2 BD8-2-1 12,9 *
3-10 BD8-2-2 843,5
11-19 BD8-2-3 645,6 *
20-22 BD8-2-4 23,5 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD8-2-2
Análise da fração BD8-2-2 (843,5 mg)
A fração BD8-2-2 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada
com sílica gel, utilizando como eluente diclorometano com gradiente de eluição até
diclorometano:metanol (1:1, v/v), sendo coletadas 24 frações que foram reunidas em
04 novas frações, através de comparação por cromatografia em camada delgada
analítica. O estudo cromatográfico das frações está descrito na Tabela 16.
Tabela 16: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
0-6 BD8-2-2-1 25,7 *
7-13 BD8-2-2-2 8,2 *
14-18 BD8-2-2-3 364,5
19-23 BD8-2-2-4 199,9 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD8-2-2-3
Análise da fração BD8-2-2-3 (364,5 mg)
A fração BD8-2-2-3 foi submetida a uma cromatografia em coluna empacotada
com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano puro com gradiente de
eluição até diclorometano:metanol (9:1, v/v), onde foram coletadas 27 frações que,
através de comparação por cromatografia em camada delgada analítica, foram
reunidas em 05 novas frações. A Tabela 17 mostra o estudo cromatográfico das
frações coletadas.
Tabela 17: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
1-5 BD8-2-2-3-1 14,1 *
6-17 BD8-2-2-3-2 65,1 *
18-23 BD8-2-2-3-3 107,2 *
18-23 BD8-2-2-3-4 53,7
24-27 BD8-2-2-3-5 78,1 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD8-2-2-3-4 e por se
apresentarem em misturas complexas
Análise da fração BD8-2-2-3-4 (53,7 mg)
A fração BD8-2-2-3-4 foi submetida a uma cromatografia em camada delgada
preparativa (placa de 1mm de espessura), para ser purificada, sendo utilizado como
eluente diclorometano:metanol (99:1, v/v), onde foi coletada a fração BD8-2-2-3-4-4 com
9,8 mg [5,6-dioxoibogamina (49)].
Análise da fração BD8-3 (1,91 g)
Inicialmente a fração BD8-3 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano puro com
gradiente de eluição até diclorometano:metanol (1:1, v/v), onde foram coletadas 73
frações que, através de comparação por cromatografia em camada delgada analítica,
foram reunidas em 06 novas frações. A Tabela 18 mostra o estudo cromatográfico das
frações coletadas.
Tabela 18: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código
Quantidade (mg)
1 BD8-3-1 204,4 Ibogamina (16)
2 BD8-3-2 22,6 *
3-29 BD8-3-3 894,2 *
30-32 BD8-3-4 21,4 *
33-38 BD8-3-5 81,4
39-73 BD8-3-6 221,8 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD8-3-5 e por se
apresentarem em misturas mais complexas
Análise da fração BD8-3-5 (81,4 mg)
Inicialmente a fração BD8-3-5 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com alumina neutra, sendo utilizado como eluente diclorometano puro
com gradiente de eluição até diclorometano:metanol (7:3, v/v), onde foram coletadas
21 frações que, através de comparação por cromatografia em camada delgada
analítica, foram reunidas em 03 novas frações. A Tabela 19 mostra o estudo
cromatográfico das frações coletadas.
Tabela 19: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade
(mg)
1-2 BD8-3-5-1 4,7 Olivacina (41)
3 BD8-3-5-2 12,8 *
12-21 BD8-3-5-3 49,4 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD8-3-5-1
Análise da fração BD10 (1,5 g)
Inicialmente a fração BD10 foi submetida a uma cromatografia em coluna
empacotada com sílica gel, sendo utilizado como eluente diclorometano puro com
gradiente de eluição até metanol puro, onde foram coletadas 58 frações que, através
de comparação por cromatografia em camada delgada analítica, foram reunidas em 05
novas frações, como mostra a Tabela 20.
Tabela 20: Estudo cromatográfico das frações coletadas:
Frações Reunidas Código Quantidade (mg)
1-21 BD10-1 62,7 *
22-31 BD10-2 57,0 *
32-36 BD10-3 26,2 *
37-50 BD10-4 661,7
51-58 BD10-5 603,8 *
* frações não estudadas por serem semelhantes à fração BD10-4
Análise da fração BD10-4 (661,7 mg)
A fração BD10-4 cristalizada foi submetida a várias lavagens com diclorometano,
onde foi coletada uma fração BD10-4-1 com 49,1 mg [12-metoxivoachalotina (50)].
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 – Substâncias identificadas de Tabernaemontana hystrix
O estudo fitoquímico do extrato em diclorometano das cascas das raízes de
Tabernaemontana hystrix permitiu o isolamento e a identificação de 12 substâncias: 2
esteróides e 10 alcalóides, sendo 2 inéditos na literatura até o presente momento.
Todos os alcalóides isolados deram teste positivo com o reagente de
Dragendorff (MERCK, 1972).
5.1.1 – Esteróides isolados
5.1.2 – Alcalóides isolados
17
22
18
19
2021
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
N
N
H
MeO
2
C
45
44
HO
HO
3
3
6
6
5
5
24
24
23
22
N
N
MeO
2
C
HO
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
22
43
N
N
H
MeO
2
C
O
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
22
46
N
N
MeO
2
C
HO
O
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
22
47
N
N
H
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
16
N
N
CH
3
CH
3
H
1
2
3
21
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
41
N
N
H
MeO
2
C
O
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
22
48
17
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
16
21
20
19
Me
N
N
MeO
2
C
H
H
O
1
4
21
5.1.3 – Alcalóides inéditos isolados
5.2 – Determinação Estrutural
5.2.1 – Esteróides
Os esteróides são freqüentemente encontrados no reino vegetal, sendo que os
mais comuns desta classe de compostos são o β-sitosterol (44) e o estigmasterol (45).
No entanto, quase sempre estes compostos ocorrem em misturas devido às
suas semelhanças estruturais dificultando suas separações, por isso, na maioria das
vezes, suas identificações são feitas em misturas, através de RMN
13
C.
N
N
H
O
O
2
7
8
9
1
0
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
4
9
N
N
Me
H
O
H
OMe
O
OMe
4
1
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
22
50
Esteróides 44 e 45 (Mistura)
A análise dos espectros de RMN
1
H (Espectro 47 a 50, volume 2, páginas 109
a 112) mostra uma mistura dos esteróides β-sitosterol (44) e o estigmasterol (45), o
qual apresentou um dupleto de linhas largas em δ
H
5,35, relativo ao hidrogênio H-6;
um multipleto em δ
H
3,52 relativo ao hidrogênio H-3 e ainda um grande acúmulo de
sinais intensos na região de δ
H
2,28 a 0,68 do espectro, relativos aos vários grupos de
hidrogênios metílicos, metilênicos e metínicos do esqueleto esteroidal do β-sitosterol
(44).
Através da análise do espectro de RMN
1
H da mistura, pôde-se ainda confirmar
a presença do estigmasterol (45) notado pelas absorções dos hidrogênios vinílicos da
cadeia lateral em δ
H
5,03 (dd, J = 8,8 e 15,4 Hz, H-22) e 5,14 (dd, J = 8,8 e 15,2 Hz, H-
23).
A distinção entre o β-sitosterol (44) (SEO et al., 1988) e o estigmasterol (45),
pode ainda ser confirmada pelos sinais no espectro de RMN
13
C em δ
C
121,78 e
140,83 (C-6 e C-5) de ambas estruturas e δ
C
129,35 e 138,39 (C-23 e C-22), presente
apenas no estigmasterol (45) (Espectro 51 a 56, volume 2, páginas 109 a 118).
Os dados fornecidos pelos espectros de RMN
1
H e RMN
13
C (Espectros 47 a
56, volume 2, ginas 109 a 118), permitiram uma completa atribuição dos sinais de
cada esteróide com bastante coerência, além de comparação com os dados relatados
na literatura
para os dois esteróides (BREITEMEIER et al., 1987) o que colaborou para
a confirmação das propostas estruturais apresentadas.
45
44
HO
HO
3
3
6
6
5
5
24
24
23
22
Tabela 24: Dados espectrais de RMN
13
C (100 MHz) dos esteróides β-sitosterol (44) e
estigmasterol (45), em CDCl
3
. Os valores dos deslocamentos químicos δ estão em
ppm.
C Sitosterol (44) Estigmasterol (45)
1 37,29 37,29
2 31,94 31,94
3 71,83 71,83
4 42,35 42,35
5 140,80 140,80
6 121,70 121,70
7 34,00 34,00
8 31,94 31,94
9 50,20 50,20
10 36,54 36,16
11 21,10 21,10
12 39,82 39,82
13 42,35 42,35
14 56,81 56,81
15 24,32 24,32
16 28,9 28,9
17 56,12 56,12
18 11,99 11,99
19 19,39 19,39
20 39,82 39,82
21 18,79 19,06
22 31,94 138,29
23 26,19 129,30
24 45,90 50,20
25 29,68 31,70
26 19,80 21,2
27 19,80 19,80
28 23,12 25,4
29 11,87 11,99
5.2.2 – Alcalóides Indólicos Monoterpênicos
Na determinação estrutural dos alcalóides indólicos presentes no gênero
Tabernaemontana levou-se em consideração informações sobre a quimiossistemática
sobre esta classe de substâncias que nos forneceram indícios sobre os esqueletos
carbônicos das substâncias isoladas neste gênero.
Como dito anteriormente os alcalóides indólicos monoterpênicos são derivados
da estrictosidina e grande parte destes apresentam um grupo carbometoxi. Outro dado
importante que se pode observar é que a maioria dos alcalóides isolados no gênero
Tabernaemontana pertence aos esqueletos do tipo plumerano, corinanteano
(principalmente do sub-tipo vobasina), ibogano (principalmente do sub-tipo
coronaridina) sendo este majoritário e característico do gênero, informações estas que
são de grande valia na determinação estrutural dos alcalóides isolados na espécie
Tabernaemontana hystrix.
Alcalóide 17
22
1
8
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
1
0
9
8
7
2
N
N
H
MeO
2
C
O alcalóide (17) foi isolado como um óleo amarelo claro.
A análise do espectro de RMN
13
C (APT, Espectro 18, volume 2, página ;
Tabela 21, página 62) do alcalóide (17) permitiu reconhecer a presença de vinte e um
(21) átomos de carbono, sendo dois carbonos metílicos (um ligado a heteroátomo),
seis carbonos metilênicos (todos sp
3
, e dois ligados a heteroátomo), sete carbonos
metínicos (quatro sp
2
aromáticos, e três sp
3
, sendo um ligado a heteroátomo) e seis
carbonos quaternários (um sp
3
e cinco sp
2
, dos quais um carbonílico) (SILVERSTEIN,
1998; FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro 27,
volume 2, página 82; Esquema 01, página 61), o qual apresentou o pico do íon
molecular em m/z= 338 Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
21
H
26
N
2
O
2
para o alcalóide (17).
O espectro de RMN
1
H do alcalóide (17) (Espectros 9 a 14, volume 2, páginas
64 a 69; Tabela 21, página 62) apresentou sinais de deslocamentos químicos (δ
H
)
característicos de grupos metila, metoxila, hidrogênios aromáticos, grupos metínicos,
grupos metilênicos
e ainda a presença de um hidrogênio referente a grupamento amina
(FRIEBOLIM, 1993). Apresentou também quatro sinais relativos a hidrogênios
aromáticos a δ
H
7,47 (1H, d, J= 7,7 Hz; H-9); 7,14 (1H, td, J= 7,0 e 1,1 Hz; H-11); 7,09
(1H, td, J= 7,0 e 1,1 Hz; H-10); 7,23 (1H, d, J= 7,7 Hz; H-12) característicos de um
núcleo indólico, indicando que o anel A encontra-se livre de substituintes
(LOUNASMAA, 1986), confirmado através das
correlações heteronucleares dos
átomos de carbono metínicos (HMQC, Espectro 21, volume 2, gina) através das
correlações a
1
J
CH
entre CH-9 (δ
C
118,41)/H-9 (δ
H
7,47), CH-10 (δ
C
119,18)/H-10 (δ
H
7,09), CH-11 (
δ
C
121,89)/H-11 (δ
H
7,14), CH-12 (δ
C
110,31)/H-11 (δ
H
7,23), juntamente
com a presença de um sinal singleto largo a δ
H
7,86 referente a um hidrogênio de um
grupo H-N, confirmando a presença de um cleo indólico livre de substituintes
(AZOUG et al., 1995).
A presença do núcleo indólico foi também corroborada pelas correlações
heteronucleares a longa distância (HMBC, Espectro 25, volume 2, página 80) através
das correlações a entre CH-9 (δ
C
118,41)/H-11 (δ
H
7,14), CH-10 (δ
C
119,18)/H-12 (δ
H
7,23), CH-11 (δ
C
121,89)/H-9 (δ
H
7,47)/H-12 (δ
H
7,23), CH-12 (δ
C
110,31)/H-10 (δ
H
7,09)/ HN-1 (δ
H
7,86), C-2 (δ
C
136,54)/HN-1 (δ
H
7,86) e C-13 (δ
C
135,54)/H-9 (δ
H
7,47)/H-11 (δ
H
7,14) as demais correlações estão descritas na Tabela 22, página 63.
A presença de um grupo carbometoxi ligado ao carbono C-16 comum no
esqueleto para alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK, 1980), foi confirmada pela
presença de um sinal singleto integrando para três hidrogênios em δ
H
3,71, relativo ao
grupo OCH
3
-22 (δ
c
52,54), juntamente com um sinal referente a um carbono
carbonílico em δ
c
175,73. A localização deste grupo foi apoiada nos aspectos
biossintéticos para os alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK, 1980), e também
corroborada pelas correlações heteronucleares a longa distância (HMBC, Espectro
23, volume 2, página 78) através das correlações entre C-22 (δ
C
175,73)/OMe-22 (δ
H
3,71)/H-21 (δ
H
3,56)/H-17b (δ
H
2,57).
A presença de quatro sinais multipletos relativos aos dois grupos metilênicos
acoplando entre si, 2H-5 [(δ
H
3,40, m, H-5b) e (δ
H
3,20, m, H-5a)] α ao átomo de
nitrogênio, com 2H-6 [(δ
H
3,17, m, H-6b) e (δ
H
3,02, H-6a)], juntamente com os
fragmentos com m/z= 253 e m/z= 214 (Esquema 01, página 61) corroboram na
confirmação da proposta de um núcleo indólico livre de substituintes e com um grupo
carbometoxi ligado ao átomo de carbono C-16.
A presença de dois sinais duplo dupletos largos foi inferida aos hidrogênios
ligados ao átomo de carbono C-3 ligado ao átomo de nitrogênio [comum no esqueleto
para alcalóides do tipo ibogano (ZENK, 1980)] em δ
H
2,90 (H-3b) e 2,80 (H-3a) com J ~
8,4 e 3,7 Hz, juntamente com um sinal tripleto integrando para três hidrogênios em δ
H
0,90 com J= 7,3 Hz relativo a um grupo metila apresentado no espectro de RMN
1
H
(Espectro 14, volume 2, página 69), corroborado ainda pelo fragmento m/z= 323 no
espectro de massas (Espectro 27, volume 2, página 82), indicando a perda de 15
u.m.a., confirmando a presença deste grupo (Esquema 01, página 61).
O conjunto destes dados permitiu definir um esqueleto ibogano e propor a
estrutura 17 para o alcalóide isolado. Prova final desta estrutura veio da comparação
dos dados de RMN
1
H e
13
C (APT) com dados da literatura para o alcalóide
coronaridina (LOUNASMAA, 1986; MEDEIROS, 2003; SHAMMA, 1979).
Tabela 21: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) para o alcalóide (17) e
comparação com os dados de literatura da coronaridina (LOUNASMAA, 1986;
MEDEIROS, 2003; SHAMMA, 1979), em CDCl
3
. Os deslocamentos químicos (
δ
) estão
ppm e as constantes de acoplamento (J, entre parênteses) estão em Hz.
17 Coronaridina
δ
C
δ
H
δ
C
C
2 135,54 - 136,5
7 110,26 - 110,3
8 128,77 - 128,8
13 136,54 - 135,6
16 55,06 - 55,1
22 175,73 - 175,9
CH
9 118,41 7,47 (d, 7,7) 118,3
10 119,18 7,09 (dt, 7,0 e 1,1) 119,0
11 121,89 7,14 (dt, 7,0 e 1,1) 121,8
12 110,31 7,23 (d, 7,7) 110,3
14 27,33 1,88 (m) 27,2
20 39,10 1,33 (m) 38,9
21 57,45 3,56 (sl) 57,2
CH
2
3 51,55 2,90 (dd, 8,4 e 3,7; H-3b)
2,80 (dd, 8,4 e 3,7; H-3a)
53,1
5 53,11 3,40 (m, H-5b); 3,20 (m, H-5a) 51,5
6 22,07 3,17 (m, H-6b); 3,02 (m, H-6a) 22,2
15 32,01 1,73 (m, H-15b); 1,13 (m, H-15a) 32,0
17 36,47 2,57 (d, 11,4; H-17b)
1,91 (m, H-17a)
36,3
19 26,71 1,57(dq, 7,0 e 7,0; H-19b)
1,45 (dq, 7,0 e 7,0; H-19a)
26,6
CH
3
18 11,63 0,90 (t, 7,3) 11,6
MeO-22 52,54 3,71 (s) 52,4
HN-1 - 7,86 (s) -
Tabela 22: Constantes de acoplamento a longa distância dos átomos de hidrogênio e
carbono observados no espectro de HMBC do alcalóide coronaridina (17), em CDCl
3
.
Os deslocamentos químicos (
δ
) estão ppm e as constantes de acoplamento (J, entre
parênteses) estão em Hz.
17
δ
C
2
J
CH
3
J
CH
C
2 136,54 HN-1 H-21, 2H-6, 2H-17
7 110,26 2H-6 2H-5, H-9, HN-1
8 128,77
H-9
H-12, H-10, HN-1, 2H-6
13 135,54 - H-11, H-9
16 55,06 H-21, 2H-17 H-20
22 175,73 - H-21, OMe-22, H-17b
CH
9 118,41 H-10 H-11
10 119,18 H-9 H-12
11 121,89 H-10, H-12 H-9
12 110,31 - H-10, HN-1
14 27,33 2H-3, H-17b, 2H-15 -
20 39,10 H-21, 2H-19 Me-18
21 57,45 - 2H-19, 2H-5, H-3b
CH
2
3 51,55 - H-17b, 2H-15, 2H-5
5 53,11 2H-6 2H-3
6 22,07 2H-5 -
15 32,01 H-3a, H-20 2H-19, 2H-17, H-21
17 36,47 - H-15a, 2H-3, H-21
19 26,71 Me-18, H-20 2H-15, H-21
CH
3
18 11,63 2H-19 H-20
MeO-11
52,54
MeO-22
-
m
/
z
1
3
6
N
3
4
56
14
15
18
19
20
21
m/z 124
N
3
4
5
14
15
18
19
20
21
m/z 214
1
2
6
7
8
9
10
11
12
13
16
17
N
CH
2
H
CO
2
Me
1
2
3
4
56
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
N
N
H
CO
2
Me
C
21
H
26
O
2
N
2
m/z 338
m/z 323
16
16
20
19
m/z 122
18
21
m/z 122
15
14
3
5
N
N
21
20
19
18
15
14
5
4
3
m/z 253
N
N
H
CO
2
Me
21
16
13
12
11
10
9
8
7
6 5
4
2
1
2
3
4
56
7
14
15
17
19
20
21
N
CH
2
CO
2
Me
Me
2
3
4
56
7
14
15
17
19
20
21
N
CH
2
CO
2
Me
m/z 323
C
21
H
26
O
2
N
2
m/z 338
N
N
H
CO
2
Me
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6 5
4
3
2
1
Esquema 01: Proposta mecanística dos principais fragmentos no espectro de massas
do alcalóide 17.
Alcalóide 43
N
N
MeO
2
C
HO
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
22
O alcalóide (43) apresentou-se como um sólido amorfo de cor castanha.
A análise do espectro de RMN
13
C (APT, Espectro 37, volume 2, gina 96;
Tabela 23, página 86) do alcalóide (43) permitiu reconhecer a presença de vinte e um
(21) átomos de carbono, sendo dois carbonos metílicos (um ligado a heteroátomo),
seis carbonos metilênicos (todos sp
3
, e dois ligados a heteroátomo), sete carbonos
metínicos (quatro sp
2
aromáticos, e três sp
3
, sendo um ligado a heteroátomo) e seis
carbonos quaternários (dois sp
3
e quatro sp
2
, dos quais um carbonílico e um
carbinólico) (SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro 46,
volume 2, página 105), o qual apresentou o pico do íon molecular em m/z= 354
Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
21
H
26
N
2
O
3
para o alcalóide (43).
Os dados espectrais de RMN
1
H e
13
C do alcalóide 43 (Espectros 28 a 36,
volume 2, páginas 87 a 95 ; Tabela 23, p. 86), quando comparado com o alcalóide
(17) coronaridina, revelou que suas estruturas eram bastante semelhantes mostrando
diferenças nos carbonos relativos ao núcleo indólico (anel B).
Em relação a coronaridina (17), notou-se no espectro de RMN
1
H (Espectros
28 e 29, volume 2, páginas 87 e 88; Tabela 23, página 86) a ausência do sinal
singleto, relativo ao grupo HN-1 no alcalóide 43.
No espectro de massas, onde o fragmento de m/z= 337 [C
21
H
25
O
2
N
2
]
+
é obtido
através da eliminação de um fragmento de 17 u.m.a. (HO
)
(Espectro 46, volume 2,
página 105) vem corroborar com a proposta da presença de um grupo hidroxila ligado
a um átomo de carbono no núcleo indólico no anel B.
A localização deste grupo hidroxila na posição C-7 deve-se ao fato de que o
sinal relativo ao carbono C-7 localizado em δ
C
110,26 (sp
2
) para o alcalóide (17), agora
se encontra em
δ
C
88,32 (sp
3
) no alcalóide (43) no espectro de RMN
13
C (Espectro 34,
volume 2, página 93; Tabela 23, página 86), valor característico para átomos de
carbono quaternário carbinólico (NIELSEN et al., 1994; AZOUG et al., 1995).
A localização da hidroxila foi apoiada nas correlações à longa distância do
carbono C-7 (δ
C
88,32) com os hidrogênios H-6a (δ
H
1,86,
2
J), H-9 (δ
H
7,34,
3
J) e H-5b
(δ
H
3,51,
3
J), observadas no espectro de HMBC (Tabela 23, página 86; Espectro 40,
volume 2, página 99). As demais correlações encontram-se sumarizadas na Tabela
23, página 86.
Portanto, o conjunto destes dados permitiu definir um esqueleto ibogano e
propor a estrutura 43 para o alcalóide isolado. Prova final desta estrutura veio da
comparação dos dados de RMN
1
H e
13
C (Tabela 23, página 86; Espectros 28 e 34,
volume 2, páginas 87 e 93) com dados da literatura para o alcalóide 7-
hidroxiindolenina-coronaridina (NIELSEN et al., 1994; AZOUG et al., 1995).
Tabela 23: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) para o alcalóide (43) e
comparação com os dados de literatura para a 7-hidroxiindolenina-coronaridina (
)
(NIELSEN et al., 1994; AZOUG et al., 1995), em CDCl
3
. Os deslocamentos químicos (
δ
)
estão ppm e as constantes de acoplamento (J, entre parênteses) estão em Hz.
HMQC
HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
δ
C
C
2 189,25 - H-6a; 2H-17; H-21 189,7
7 88,32 - H-5b; H-6a; H-9 88,8
8 142,63 - H-10; H-12 143,1
13 151,28 - H-9; H-11 151,8
16 58,70 - H-17a; H-21 59,0
22 173,68 - H-17a; H-21; MeO-22 -
CH
9 121,41 7,34 (d, 7,7) H-11 121,3
10 126,77 7,23 (tl, 7,0) H-12 127,3
11 129,15 7,31 (dt, 7,7 e 1,6) H-9 129,9
12 120,81 7,46 (d, 7,7) H-10 121,7
14 26,98 1,95 (m) 2H-3; H-17a H-20 27,5
20 37,54 1,40 (m) H-15b; 2H-19; H-21
3H-18 38,0
21 58,36 3,81 H-5b; 2H-17, 2H-19 58,9
CH
2
3 48,67 2,74 (m) H-17a; H-21 49,2
5 49,04 3,51
(dt, 14,6, 2,9)
2,97
(dd, 14,6, 3,3)
H-6b 2H-3; H-21 49,5
6 33,84 2,00 (ddd)
1,86 (ddd)
H-5a 34,3
15 32,00 1,78 (m)
1,10 (m)
H-20 2H-3; 2H-17; 2H-19 32,5
17 34,76 2,75 (m)
2.48
(ddd, 11,4, 4,4 e 2,0)
2H-3; H-15b; H-21 35,3
19 26,49 1,45 (m)
1,40 (m)
3H-18 H-21 27,0
CH
3
18 11,53 0,87 (d, 7,0) 2H-19 12,1
MeO-22
53,18 3,70 (s) 53,7
Alcalóide 46
22
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
N
N
H
MeO
2
C
O
O alcalóide 46 foi isolado como um óleo amarelo claro.
A análise do espectro de RMN
13
C (DEPT 135°, Espectro 63, volume 2, página
132; Tabela 25, páginas 124) do alcalóide 46 permitiu reconhecer a presença de vinte
e um (21) átomos de carbono, sendo dois carbonos metílicos (um ligado a
heteroátomo), cinco carbonos metilênicos (todos sp
3
, e um ligado a heteroátomo), sete
carbonos metínicos (quatro sp
2
aromáticos, e três sp
3
, sendo um ligado a heteroátomo)
e sete carbonos quaternários (um sp
3
e cinco sp
2
, dos quais dois carbonílicos)
(SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro 86,
volume 2, ginas 154), o qual apresentou o pico do íon molecular em m/z= 352
Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
21
H
24
N
2
O
3
para o alcalóide 46.
O espectro de RMN
1
H do alcalóide 46 (Espectros 61 a 64, volume 2, páginas
130 a 133; Tabela 25, gina 130) apresentou sinais de deslocamentos químicos (δ
H
)
característicos de grupos metila, metoxila, hidrogênios aromáticos, grupos metínicos,
grupos metilênicos,
e ainda a presença de um hidrogênio referente a grupamento
amina (FRIEBOLIM, 1993; SILVERSTEIN, 1998).
O espectro de RMN
1
H (Espectro 61, volume 2, página 130; Tabela 25,
página 124) e de
1
H-
1
H-COSY (Espectro 79, volume 2, página 148) do alcalóide 46
apresenta quatro sinais relativos a hidrogênios aromáticos acoplando entre si a δ
H
7,60
(1H, dl, J= 7,8 Hz; H-9); 7,22 (1H, dd, J= 7,8 e 7,6 Hz; H-11); 7,18 (1H, tl, J= 7,8 Hz; H-
10); 7,31 (1H, dl, J= 7,6 Hz; H-12) característicos de um núcleo indólico, indicando que
o anel A encontra-se livre de substituintes (LOUNASMAA, 1986), confirmado através
das correlações heteronucleares dos átomos de carbono metínicos através das
correlações a
1
J
CH
entre CH-9 (δ
C
119,09)/H-9 (δ
H
7,60), CH-10 (δ
C
120,48)/H-10 (δ
H
7,18), CH-11 (δ
C
122,83)/H-11 (δ
H
7,22), CH-12 (δ
C
111,15)/H-12 (δ
H
7,31),
apresentadas no espectro de HMQC (Espectro 65, volume 2, página 134; Tabela 25,
página 124), juntamente com a presença de um sinal singleto largo a δ
H
9,16 presente
no espectro de RMN
1
H (Espectro 57, volume 2, página 126; Tabela 25, página
124), referente a um hidrogênio de um grupo HN-1, confirmando a presença de um
núcleo indólico livre de substituintes (LOUNASMAA, 1986).
A presença do núcleo indólico foi também corroborada pelas correlações
heteronucleares a longa distância apresentadas no espectro de HMBC (Espectro 70,
volume 2, página 139; Tabela 25, página 124) através das correlações a entre CH-9
(δ
C
119,09)/H-11 (δ
H
7,22), CH-10 (δ
C
120,48)/H-12 (δ
H
7,31), CH-11 (δ
C
122,83)/H-9
(δ
H
7,60), C-12 (δ
C
111,15)/H-10 (δ
H
7,18), C-7 (δ
C
104,15)/HN-1 (δ
H
9,16)/H-9 (δ
H
7,60), e C-13 (δ
C
135,58)/H-9 (δ
H
7,60)/H-11 (δ
H
7,22) as demais correlações estão
descritas na Tabela 25, página 124.
A presença de um grupo carbometoxi ligado ao carbono C-16 comum no
esqueleto para alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK, 1980), foi confirmada pela
presença de um sinal singleto integrando para três hidrogênios em δ
H
3,76, relativo ao
grupo OCH
3
-22 (δ
c
53,29), juntamente com um sinal referente a um carbono
carbonílico em δ
c
174,51. A localização deste grupo foi apoiada nos aspectos
biossintéticos para os alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK, 1980), e também
corroborada pelas correlações heteronucleares a longa distância apresentadas no
espectro de HMBC (Espectro 76, volume 2, página 145; Tabela 25, gina 124)
através das correlações a entre C-22 (δ
C
174,51)/OMe-22 (δ
H
3,76).
Análise dos espectros de RMN
13
C (Espectro 61, volume 2, página 130;
Tabela 25, página 124) permitiu reconhecer a presença de um sinal em δ
C
175,83 que
é coerente com o deslocamento químico de um grupo carbonila de éster
(posteriormente observado tratar-se de uma lactama).
A ausência de quatro sinais multipletos relativos aos dois grupos metilênicos
acoplando entre si, 2H-5 [(H-5b) e (H-5a)] α ao átomo de nitrogênio, com 2H-6 [(H-6b)
e (H-6a)] presente nos alcalóides 17 e 43, descritos anteriormente, sugere da proposta
de um núcleo indólico livre de substituintes, mas com a presença de uma grupo
carbonila ligado ao átomo de carbono C-5.
A posição da carbonila em δ
C
175,73 ligada ao átomo de carbono C-5, formando
uma lactama com N-4, foi confirmada pela suas correlações a longa distância
apresentadas no espectro de HMBC (Espectro 70, volume 2, página 138; Tabela 25,
página 124) com os hidrogênios H-6a (δ
H
3,82)/H-6b (δ
H
4,15) e com H-21 (δ
H
4,59), e
também principalmente pela correlação a três ligações (
3
J) entre o átomo de carbono
quaternário C-8 (δ
C
128,01) com os dois hidrogênios 2H-6 [H-6a (δ
H
3,82) e H-6b (δ
H
4,15)].
A presença de dois sinais dupletos largos foi inferida aos hidrogênios ligados ao
átomo de carbono C-3 ligado ao átomo de nitrogênio [comum no esqueleto para
alcalóides do tipo ibogano (ZENK, 1980)] em δ
H
3,67 (H-3b) e 3,19 (H-3a) com J ~ 11,9
Hz, confirmando que a posição C-3 está livre de substituintes.
A presença de um sinal tripleto integrando para três hidrogênios em δ
H
1,04 com
J= 7,3 Hz relativo a um grupo metila na parte alifática da molécula, apresentado no
espectro de RMN
1
H (Tabela 25, página 124; Espectro 60, volume 2, página 129)
corroborado ainda pelo fragmento m/z= 337 no espectro de massas (Espectro 86,
volume 2, página 155) indicando a perda de 15 u.m.a., confirmando a presença deste
grupo livre de oxidação.
Outros sinais referentes à cadeia alifática foram confirmados pelos espectros de
correlação heteronuclear citados na Tabela 25, página 124, e por comparação com os
dados observados para coronaridina (17).
O conjunto destes dados permitiu definir um esqueleto ibogano e propor a
estrutura (46) para o alcalóide isolado. Prova final desta estrutura veio da comparação
dos dados de RMN
1
H e
13
C (DEPT 135°) com dados da literatura (RASTOGI, 1980)
para o alcalóide 5-oxocoronaridina.
A estereoquímica relativa dos átomos de carbono estereogênicos proposta para
(46) foi feita com base em dados biogenéticos, visto que todos os alcalóides com
esqueleto do tipo ibogano isolados de espécies do gênero Tabernaemontana
apresentam as configurações dos carbonos estereogênicos como apresentadas em
(46) (DANIELI & PALMISANO, 1986), e confirmadas pelo espectro de
1
H-
1
H-NOESY
(Espectro 83, volume 2, página 152; Tabela 26, página 124).
Tabela 25: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) da substância 46, em
CDCl
3
. Deslocamentos químicos (δ) em ppm, constantes de acoplamento (J) entre
parênteses.
HMQC HMBC
C
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
2 136,78 - 2H-6; H-21
5 175,83 - 2H-6
7 104,15 - 2H-6 HN-1; H-9
8 128,01 - 2H-6
13 135,58 - H-9; H-11
16 50,75 - H-21
22 174,51 - MeO-22
CH
9 119,09 7,60 (dl, 7,8) H-11
10 120,48 7,18 (tl, 7,8) H-12
11 122,83 7,22 (dd, 7,8 e 7,6) H-9
12 111,15 7,31 (dl, 7,6) H-10
14 28,29 2,22 (sl)
20 35,85 1,85 (m) 2H-19 3H-18
21 53,46 4,59 (sl)
CH
2
3 48,63 3,67 (td, 11,9)
3,19 (dl, 11,9)
H-21
6 32,90 4,15 (d, 15,4)
3,82 (d, 15,4)
15 30,27 1,87 (m)
1,40 (dl, 11,9)
H-19a; H-21
17 34,81 2,96 (dl, 13,8)
1,72 (m)
H-3b; H-21
19 28,94 1,64 (m)
1,55 (m)
3H-18
CH
3
18 12,43 1,04 (t, 7,3)
MeO-22 53,29 3,76 (s)
HN-1 - 9,16 (sl)
Tabela 26: Dados de
1
H-
1
H NOESY (500 MHz), em CDCl
3
, do alcalóide 46.
Deslocamentos químicos (δ) em ppm.
H-3a H-14
H-17b
H-3b H-14
H-15b
H-19a
H-19b
H-15 H-14
3H-18
H-17a H-14
H-15a
H-21 3H-18
H-20
H-19a
H-15a
3H-18 H-19a
H-19b
Alcalóide 48
22
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
N
N
H
MeO
2
C
O
O alcalóide 48 foi isolado do como um óleo castanho claro.
A análise do espectro de RMN
13
C (APT, Espectro 116, volume 2, página 192;
Tabela 29, página 183) do alcalóide 48 permitiu reconhecer a presença de vinte e um
(21) átomos de carbono, sendo dois carbonos metílicos (um ligado a heteroátomo),
cinco carbonos metilênicos (todos sp
3
, e um ligado a heteroátomo), sete carbonos
metínicos (quatro sp
2
aromáticos, e três sp
3
, sendo um ligado a heteroátomo) e sete
carbonos quaternários (um sp
3
e cinco sp
2
, dos quais dois carbonílicos)
(SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro
127, volume 2, página 203), o qual apresentou o pico do íon molecular em m/z= 352
Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
21
H
24
N
2
O
3
para o alcalóide 48.
O espectro de RMN
1
H do alcalóide 48 (Espectros 108 a 112, volume 2,
páginas 184 a 188; Tabela 29, página 183) apresentou sinais de deslocamentos
químicos (δ
H
) característicos de grupos metila, metoxila, hidrogênios aromáticos,
grupos metínicos, grupos metilênicos,
e ainda a presença de um hidrogênio referente a
grupamento amina (FRIEBOLIM, 1993; SILVERSTEIN, 1998).
O espectro de RMN
1
H (Espectro 109, volume 2, página 185; Tabela 29,
página 183) e de
1
H-
1
H-COSY (Espectro 125, volume 2, página 201) do alcalóide 48
apresenta quatro sinais relativos a hidrogênios aromáticos acoplando entre si a δ
H
7,47
(1H, d, J= 8,0 Hz; H-9); 7,15 (1H, t, J= 8,0 Hz; H-11); 7,09 (1H, t, J= 8,0 Hz; H-10); 7,24
(1H, d, J= 8,0 Hz; H-12) característicos de um núcleo indólico, indicando que o anel A
encontra-se livre de substituintes (LOUNASMAA, 1986), confirmado através das
correlações heteronucleares dos átomos de carbono metínicos através das
correlações a
1
J
CH
entre CH-9 (δ
C
118,37)/H-9 (δ
H
7,47), CH-10 (δ
C
119,61)/H-10 (δ
H
7,09), CH-11 (δ
C
122,39)/H-11 (δ
H
7,15), CH-12 (δ
C
110,57)/H-12 (δ
H
7,24),
apresentadas no espectro de HMQC (Tabela 29, página 183; Espectro 119, volume
2, página 195), juntamente com a presença de um sinal singleto largo a
δ
H
8,00
presente no espectro de RMN
1
H (Espectro 109, volume 2, página 185; Tabela 29,
página 183), referente a um hidrogênio de um grupo HN-1, confirmando a presença de
um núcleo indólico livre de substituintes (LOUNASMAA, 1986).
A presença do núcleo indólico foi também corroborada pelas correlações
heteronucleares a longa distância apresentadas no espectro de HMBC (Tabela 29,
página 183; Espectro 122, volume 2, página 198) através das correlações a entre
CH-9 (δ
C
118,37)/H-11 (δ
H
7,15), CH-10 (δ
C
119,61)/H-12 (δ
H
7,24), CH-11 (δ
C
122,39)/H-9 (δ
H
7,47), C-12 (δ
C
110,57)/H-10 (δ
H
7,09), C-7 (δ
C
109,40)/HN-1 (δ
H
8,00)
e C-13 (δ
C
135,68)/H-9 (δ
H
7,47)/H-11 (δ
H
7,15) as demais correlações estão descritas
na Tabela 29, página 183.
A presença de um grupo carbometoxi ligado ao carbono C-16 comum no
esqueleto para alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK, 1980), foi confirmada pela
presença de um sinal singleto integrando para três hidrogênios em δ
H
3,73, relativo ao
grupo OCH
3
-22 (δ
c
53,01), juntamente com um sinal referente a um carbono
carbonílico em δ
c
173,05. A localização deste grupo foi apoiada nos aspectos
biossintéticos para os alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK, 1980), e também
corroborada pelas correlações heteronucleares a longa distância apresentadas no
espectro de HMBC (Tabela 29, página 183; Espectro 124, volume 2, página 200)
através das correlações entre C-22 (δ
C
173,05)/OMe-22 (δ
H
3,73).
Análise do espectro de RMN
13
C (Tabela 29, página 183; Espectro 114,
volume 2, gina 190) permitiu reconhecer a presença de um sinal em δ
C
175,76
coerente com deslocamento químico de um grupo carbonila de éster (posteriormente
observado tratar-se de uma lactama).
O desaparecimento do sinal relativo aos dois hidrogênios ligados ao átomo de
carbono C-3, e a modificação no deslocamento químico do hidrogênio H-14, em
relação ao alcalóide coronaridina (17), juntamente com os dados obtidos do espectro
de massas (Espectro 127, volume 2, página 203), bem como a análise dos espectros
de RMN
13
C (APT, Espectro 116, volume 2, gina 192; Tabela 29, gina 183),
HMQC (Espectro 118, volume 2, página 194; Tabela 29, página 183) e
HMBC
(Espectro 121, volume 2, página 197; Tabela 29, página 183) (vide infra) levou à
proposta estrutural do alcalóide isolado, como 48.
A posição da carbonila a δ
C
175,76 no carbono C-3, formando uma lactama com
N-4, foi confirmada pela suas correlações a
3
J
CH
no espectro de HMBC (Espectro
124, volume 2, página 200; Tabela 29, página 183) com o hidrogênio H-21 (δ
H
4,52).
Outros sinais referentes à cadeia alifática e ao grupamento éster metílico foram
confirmados pelos espectros de correlação heteronuclear citados (Tabela 29, página
183), e comparação com os dados observados para coronaridina (17), e também com
os da literatura para 3-oxoisovoacangina (MEDEIROS, 2003).
O conjunto destes dados permitiu definir um esqueleto ibogano e propor a
estrutura 48 para o alcalóide isolado. Prova final desta estrutura veio da comparação
dos dados de RMN
1
H e
13
C com dados da literatura (LOUNASMAA, 1986; FENG,
1982) para o alcalóide 3-oxocoronaridina (48).
A estereoquímica relativa dos átomos de carbono estereogênicos proposta para
(48) foi feita com base em dados biogenéticos, visto que todos os alcalóides com
esqueleto do tipo ibogano isolados de espécies do gênero Tabernaemontana
apresentam as configurações dos carbonos estereogênicos como apresentadas em
(46) (DANIELI & PALMISANO, 1986).
Tabela 29: Dados de RMN
1
H (400 MHz) e RMN
13
C (100 MHz) da substância 48, em
CDCl
3
, e comparação com dados de RMN
13
C para o alcalóide 3-oxoisovoacangina ()
(MEDEIROS, 2003). Os deslocamentos químicos (δ) em ppm, constantes de
acoplamento (J) entre parênteses.
HMQC HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
δ
C
C
2 133,83 - H-6a, H-17a 132,44
3 175,76 - H-21 175,74
7 109,40 - HN-1 109,13
8 127,82 - HN-1; H-10; H-12 122,17
13 135,68 - H-9; H-11 136,43
16 55,53 - 55,47
22 173,05 - H-17a; MeO-22 173,07
11 - - 156,67
CH
9 118,37 7,47 (d, 8,0) H-11 118,91
10 119,61 7,09 (t, 8,0) H-12 109,44
11 122,39 7,15 (t. 8,0) H-9 -
12 110,57 7,24 (d, 8,0) H-10 94,31
14 38,18 2,63 H-17a 38,17
20 35,47 1,75 3H-18 35,44
21 56,10 4,52 (s) H-5a 56,19
CH
2
5 42,68 4,48 (m)
3,21 (m)
H-21 42,70
6 21,04 3,25 – 3,19 (m) 21,11
15 30,98 2,00 (m)
1.40 (m)
H-17a; 3H-19; H-21 30,98
17 35,89 2,66 (m)
2,32 (dd, 12,4 e 3,0)
35,71
19 27,61 1,55 – 1,37 3H-18 H-21 27,57
CH
3
18 11,35 0,98 (t, 7,3) 2H-19
11,27
MeO-22
53,01 3,73 (s)
52,85
HN-1 - 8,00 -
Alcalóide 47
22
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
N
N
MeO
2
C
HO
O
O alcalóide 47 foi isolado em mistura como um óleo castanho claro.
Os dados espectrais de RMN
1
H e
13
C (Espectros 87 a 91, volume 2, páginas
159 a 163; Tabelas 27 e 28, páginas 158 e 159) do alcalóide 47 quando comparado
com o alcalóide 3-oxocoronaridina (48) revelaram que suas estruturas eram bastantes
semelhantes, mostrando diferenças nos carbonos relativos ao núcleo indólico (anel B).
Em relação ao alcalóide (47), notou-se no espectro de RMN
1
H (Espectro 87,
volume 2, página 159; Tabela 27, página 158) de um dos alcalóides presente na
mistura, a ausência do sinal singleto, relativo ao grupo HN-1 no alcalóide 47,
semelhante ao alcalóide 7-hidroxiindoleninacoronaridina (43), onde se observou a
presença de um grupo hidroxila ligado ao átomo de carbono C-7.
A localização deste grupo hidroxila na posição C-7, em dos componentes da
mistura, deve-se ao fato de que o sinal relativo ao carbono C-7 localizado em δ
C
109,42 (sp
2
) para o alcalóide (48), agora se encontra em δ
C
88,41 (sp
3
) no alcalóide
(47), valor característico para átomos de carbono quaternário carbinólico
(SUBHADHIRASAKUL et al., 1994).
A localização da hidroxila foi apoiada nas correlações à longa distância do
carbono C-7 (δ
C
88,41) com os hidrogênios H-6a (δ
H
1,73,
2
J) e H-5a (δ
H
3,35,
3
J),
observadas no espectro de HMBC (Espectro 96, volume 2, página 168; Tabela 27,
página 158). As demais correlações encontram-se sumarizadas na Tabela 27, página
158.
Observou-se através dos espectros de RMN
1
H,
13
C,
1
H-
1
H-COSY, HMQC e
HMBC (Tabelas 27 e 28, páginas 158 e 159; Espectros 87 a 107, volume 2,
páginas 159 a 179) que o alcalóide 47 encontra-se em mistura com o alcalóide 48.
Portanto, a estrutura do alcalóide (47) foi estabelecida como a 7-
hidroxiindolenina-3-oxocoronaridina (47) em mistura com a 3-oxocoronaridina (48).
Tabela 27: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) para o alcalóide 47,
em mistura em CDCl
3
. Os deslocamentos químicos (δ) em ppm, constantes de
acoplamento (J) entre parênteses.
HMQC HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
C
2 186,68 - H-6a; H-17a; H-21
3 175,70 - H-15a; 2H-17; H-21
7 88,41 - H-6a H-5a
8 141,24 - H-10; H-12
13 151,00 - H-9; H-11
16 59,56 - 2H-17; H-21
22 171,84 - H-17a; MeO-22
CH
9 121,72 7,40 (m) H-11
10 127,23 7,31 (t, 7,6) H-12
11 129,77 7,35 (t, 7,6) H-9
12 121,20 7,51 (m) H-10
14 38,17 2,60 (m)
20 34,81 1,70 (m) 3H-18
21 61,31 4,77 (s) H-5a
CH
2
5 43,67 4,37 (dd, 13,5 e 5,1)
3,35 (dd, 13,5 e 2,8)
H-21
6 37,57 2,30 (td, 13,4)
1,73 (m)
15 30,54 2,06 (m)
1,40 (m)
H-17a; 2H-19; H-21
17 35,12 3,00 (d, 13,5)
2,60 (m)
H-21
19 27,62 1,50 – 1,39 (m) 3H-18 H-21
CH
3
18 11,35 1,03 (t, 7,4) 2H-19
MeO-22
52,60 3,81 (s)
HN-1 -
Tabela 28: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) para o alcalóide 48,
em mistura em CDCl
3
. Os deslocamentos químicos (δ) em ppm, constantes de
acoplamento (J) entre parênteses.
HMQC HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
C
2 133,81 - H-6a, H-17a
3 175,77 - H-21
7 109,42 - HN-1
8 127,82 - HN-1; H-10; H-12
13 135,66 - H-9; H-11
16 55,53 -
22 173,04 - H-17a; MeO-22
CH
9 118,37 7,53 (m) H-11
10 119,62 7,14 (t, 7,6) H-12
11 122,40 7,20 (t, 7,6) H-9
12 110,37 7,30 (m) H-10
14 38,19 2,66 (m) H-17a
20 35,47 1,76 (m) 3H-18
21 56,10 4,57 (s) H-5a
CH
2
5 42,69 4,54 (m)
3,28 (m)
H-21
6 21,04 3,30 – 3,20 (m)
15 30,98 2,06 (m)
1,40 (m)
H-17a; 3H-19; H-21
17 35,90 2,70 (m)
2,35 (d, 12,9)
19 27,42 1,50 – 1,39 (m) 3H-18 H-21
CH
3
18 11,29 0,98 (t, 7,3) 2H-19
MeO-22
53,02 3,78 (s)
HN-1 - 8,03 (s)
Alcalóide 21
17
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
16
21
20
19
18
Me
N
N
MeO
2
C
H
H
O
1
4
O alcalóide 21 foi isolado, na forma de cristais incolores apresentando ponto de
fusão 109-110 °C.
A análise do espectro de RMN
13
C (APT, Espectros 139 a 141, volume 2,
páginas 221 a 223; Tabela 30, página 208) do alcalóide (21) permitiu reconhecer a
presença de vinte e um (21) átomos de carbono, sendo três carbonos metílicos (dois
ligados a heteroátomos e um alílico), três carbonos metilênicos (todos sp
3
, um ligado a
heteroátomo), oito carbonos metínicos (cinco sp
2
e três sp
3
, sendo um ligado a
heteroátomo) e sete carbonos quaternários (todos sp
2
, dos quais dois carbonílicos)
(SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro
151, volume 2, página 232; Esquema 02, página 209), o qual apresentou o pico do
íon molecular em m/z= 352 Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
21
H
24
N
2
O
3
para o alcalóide (21).
O espectro de RMN
1
H do alcalóide (21) (Espectros 128 a 133, volume 2,
páginas 210 a 215; Tabela 30, página 208) apresentou sinais de deslocamentos
químicos (δ
H
) característicos de grupos metila, metoxila, hidrogênios aromáticos,
grupos metínicos, grupos metilênicos,
e ainda a presença de um hidrogênio referente a
grupamento amina (SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
O espectro de massas (Espectro 151, volume 2, página 232; Esquema 02,
página 209) se apresenta relativamente com poucos picos intensos além do íon
molecular e alguns fragmentos significativos o observados a m/z= 337 [M-15], 293
[M-59], 194, e 122. Este espectro de massas é característico para alcalóides indólicos
do tipo vobasina (21) e derivados (BUDZIKIEWICZ, 1964), cujos dados são idênticos
ao alcalóide 21 isolado, e coerentemente com esta proposta a formação de
fragmentação descrita no Esquema 02, página 209.
Na análise do espectro de RMN
13
C (Espectro 134, volume 2, gina 216;
Tabela 30, página 208), observou-se sinais a δ
C
134,16; 136,38 128,54; 126,77;
120,91; 120,47; 120,14 e 111,74, sugerindo a presença de um núcleo indólico, onde o
anel A encontra-se livre de substituintes (MEDEIROS, 2003; SHAMMA, 1979). Os
dados de RMN
13
C são resumidos na Tabela 30, página 208.
O espectro de RMN
1
H do alcalóide 21 (Espectro 129, volume 2, página 211;
Tabela 30, página 208) apresenta quatro sinais relativos a hidrogênios aromáticos a
δ
H
7,71 (1H, d, J= 8,0 Hz; H-9); 7,33 (1H, m; H-12); 7,34 (1H, m; H-11); 7,16 (1H, m; H-
10) característicos de um núcleo indólico, indicando que o anel A encontra-se livre de
substituintes (LOUNASMAA, 1986), confirmado através das
correlações
heteronucleares dos átomos de carbono metínicos apresentadas no espectro de
HMQC (Espectro 143, volume 2, gina 225) através das correlações a
1
J
CH
entre
CH-9 (δ
C
120,47)/H-9 (δ
H
7,71), CH-10 (δ
C
120,91)/H-10 (δ
H
7,16), CH-11 (δ
C
126,77)/H-11 (δ
H
7,34), CH-12 (δ
C
111,74)/H-12 (δ
H
7,33), juntamente com a presença
de um sinal singleto largo a δ
H
8,96 referente a um hidrogênio de um grupo H-N,
confirmando a presença de um núcleo indólico livre de substituintes (AZOUG et al.,
1995).
A presença do núcleo indólico foi também corroborada pelas correlações
heteronucleares a longa distância apresentadas no espectro de HMBC (Espectro 146,
volume 2, página 228; Tabela 30, página 208) através das correlações a entre CH-9
(δ
C
120,47)/H-11 (δ
H
7,34), CH-10 (δ
C
120,91)/H-12 (δ
H
7,16), CH-11 (δ
C
126,77)/H-9
(δ
H
7,71), C-12 (δ
C
111,74)/H-10 (δ
H
7,16) e C-13 (δ
C
136,38)/H-9 (δ
H
7,71)/H-11 (δ
H
7,34) as demais correlações estão descritas na Tabela 30, página 208.
A presença de dois singletos integrando para três hidrogênios cada, no espectro
de RMN
1
H (Espectro 133, volume 2, página 215; Tabela 30, página 208), a δ
H
2,61
e δ
H
2,65 são referentes aos grupos MeN-4 da cadeia alifática, e um OMe-17 do
grupamento carbometoxi, respectivamente, confirmados pelos sinais apresentados no
espectro de RMN
13
C (Espectro 137, volume 2, página 219; Tabela 30, página 208),
a δ
C
42,27 (MeN-4) e 50,40 (MeO-17) (MEDEIROS, 2003; AZOUG et al., 1995;
SHAMMA, 1979).
A presença do grupamento etileno ligado ao C-sp
2
pode ser reconhecido pelo
sinal a δ
H
1,72 (3H, dd, J = 6,6 e 1,8 Hz) que se acopla ao quadrupleto largo a δ
H
5,48
(1H, J = 6,6 Hz). O espectro de RMN
13
C (Espectro 134, volume 2, gina 216;
Tabela 30, página 208) confirma esta análise, sendo observado sinais à δ
C
136,38 e
121,13 referentes aos átomos de carbono sp
2
do grupo etileno, corroborado pela
correlação heteronuclear a longa distância apresentadas no espectro de HMBC
(Espectro 148, volume 2, página 230; Tabela 30, página 208) através da correlação
entre C-20 (δ
C
136,38)/Me-18 (δ
H
1,72) e CH-19 (δ
C
121,13)/Me-18 (δ
H
1,72).
Além destes são observados sinais de grupos, carbonila conjugada em C-3 (δ
C
190,08), e de carbonila de éster em C-17 (δ
C
171,23). As atribuições dos sinais
restantes da cadeia alifática apresentados nos espectros de RMN de
1
H e
13
C estão
descritos na Tabela 30, página 208 foram feitas com base nos parâmetros conhecidos
para deslocamentos químicos de hidrogênio e carbono, e comparação com dados da
literatura para vobasina (21) (MEDEIROS, 2003; AZOUG et al., 1995; SHAMMA,
1979).
A estereoquímica S do C-16 foi definida com base nos deslocamentos químicos
dos carbonos do grupamento carbometoxi ligado a este carbono, presente no espectro
de RMN
13
C. Quando este grupo encontra-se na posição equatorial, uma
proximidade dos átomos de carbono deste, com o núcleo indólico, causando uma
proteção de aproximadamente 3 ppm (CH
3
-O) e 1,7 ppm (C=O), devido ao efeito
anisotrópico do anel aromático, em comparação com a posição axial deste grupo
(CLIVIO et al., 1990; MEDEIROS, 2003), que não possui esta proximidade (Tabela 30,
página 208), corroborada ainda, por uma proteção anisotrópica de aproximadamente
0,86 ppm dos hidrogênios da MeO-22, apresentada no espectro de RMN
1
H (Espectro
128, volume 2, página 210; Tabela 30, página 208).
A prova final da estrutura proposta 21 adveio das correlações heteronucleares
observadas nos experimentos de HMQC e HMBC (Espectros 142 e 145, volume 2,
páginas 224 e 227; Tabela 30, página 208), e comparação dos dados de RMN
1
H e
RMN
13
C com os relatados na literatura para vobasina (21) e seu epímero no átomo de
carbono CH-16 (MEDEIROS, 2003; AZOUG et al., 1995; SHAMMA, 1979; CLIVIO et
al., 1990).
Tabela 30: Dados espectrais de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) para o alcalóide
21, em CDCl
3
e comparação com dados de literatura para o alcalóide vobasina
(MEDEIROS, 2003). Os deslocamentos químicos estão em δ (δ
H
e δ
C
, ppm) e as
constantes de acoplamento (J, entre parênteses) em Hz.
HMQC HMBC
Vobasina
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
δ
C
C
2 134,16 - 2H-6; H-14b 134,16
3 190,08 - 2H-14 190,10
7 120,14 - 2H-6 120,17
8 128,54 - 2H-6 128,49
13 136,38 - H-9; H-11 136,52
17 171,23 - MeO-17 171,20
20 135,66 - H-21b H-14a; 3H-18 135,70
CH
5 57,31 3,99 (dt, 10,6 e 2,9) 2H-6 MeN-1; H-21b 57,28
9 120,47 7,71 (d, 8,0) H-11 120,83
10 120,91 7,16 (m) H-12 120,39
11 126,77 7,34 (m) H-9 126,70
12 111,74 7,33 (m) H-10 111,84
15 30,50 3,87 (m) 2H-14 H-19; H-21b 30,47
16 46,51 2,84 (t, 3,3) H-6b; H-14b 46,46
19 121,13 5,48 (q, 6,6) 3H-18 H-21b 121,07
CH
2
6 20,53 3,54 (dd, 147 e 1,3)
3,44 (dd, 14,7 e 8,1)
20,52
14 43,07 3,32 (dd, 13,2 e 11,7)
2,73 (dd, 13,2 e 7,0)
43,06
21 51,81 3,86 (dl, 14,3)
3,00 (d, 14,3)
MeN-1; H-19 51,78
CH
3
18 12,35 1,72 (dd, 6,6 e 1,8) H-19 12,28
MeN-4 42,27 2,61 (s) 42,22
MeO-17
50,40 2,65 (s) 50,37
HN-1 - 8,95 (s) -
m/z 194
m/z 194
m/z 122
m/z 180
m/z 180
M 352
m/z 294
CO
2
Me
N
CO
2
Me
CH
3
N
CO
2
Me
CH
3
Me
N
N
H
H
O
N CH
3
N
CO
2
Me
CH
3
N
CO
2
Me
CH
3
N
CH
2
H
O
N
CO
2
Me
CH
3
H
N
CH
2
H
O
N
CO
2
Me
H
CH
3
Me
N
N
MeO
2
C
H
H
O
Esquema 02: Proposta dos principais fragmentos apresentados no espectro de
massas do alcalóide 21, em comparação com dados de literatura do espectro de
massas para o alcalóide vobasina (BUDZIKIEWICZ, 1964).
Alcalóide 49
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
N
N
H
O
O
O alcalóide 49 foi isolado como um óleo amarelo claro.
No espectro da região do infravermelho do alcalóide 49 (Espectro 174, volume
2, página 262) pode se reconhecer absorções características de N-H (3217 cm
-1
), de
dois grupos carbonila (1636 e 1612 cm
-1
) e de anel benzênico (1219, 1177, 750 cm
-1
)
(SILVERSTEIN, 1998).
A análise do espectro de RMN
13
C (Espectro 155, volume 2, gina 243;
Tabela 31, página 237) do alcalóide 49 permitiu reconhecer a presença de dezenove
(19) átomos de carbono, sendo um carbono metílico, quatro carbonos metilênicos
(todos sp
3
, e um ligado a heteroátomo), oito carbonos metínicos (quatro sp
2
aromáticos, e quatro sp
3
, sendo um ligado a heteroátomo) e seis carbonos
quaternários (todos sp
2
, dos quais dois são carbonílicos) (SILVERSTEIN, 1998;
FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro
173, volume 2, página 261; Esquema 03, página 239), o qual apresentou o pico do
íon molecular em m/z= 308 Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
19
H
20
N
2
O
2
para o alcalóide 49.
O espectro de RMN
1
H do alcalóide 49 (Espectro 152, volume 2, página 240;
Tabela 31, página 237) apresentou sinais de deslocamentos químicos (δ
H
)
característicos de grupos metila, hidrogênios aromáticos, grupos metínicos, grupos
metilênicos,
e ainda a presença de um hidrogênio referente a grupamento amina
(SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
O espectro de RMN
1
H (Espectro 153, volume 2, página 241; Tabela 31,
página 237) e de
1
H-
1
H-COSY (Espectro 166, volume 2, página 254) do alcalóide 49
apresenta quatro sinais relativos a hidrogênios aromáticos a
δ
H
8,19 (1H, m; H-9); 7,24
(1H, m; H-10); 7,24 (1H, m; H-11); 7,51 (1H, m; H-12) característicos de um núcleo
indólico, indicando que o anel A encontra-se livre de substituintes (LOUNASMAA,
1986), confirmado através das correlações heteronucleares dos átomos de carbono
metínicos apresentadas no espectro de HMQC (Espectro 161, volume 2, página 249;
Tabela 31, página 237) através das correlações a
1
J
CH
entre CH-9 (δ
C
121,03)/H-9 (δ
H
8,19), CH-10 (δ
C
123,02)/H-10 (δ
H
7,24), CH-11 (δ
C
124,06)/H-11 (δ
H
7,24), CH-12 (δ
C
112,28)/H-12 (δ
H
7,51), juntamente com a presença de um sinal singleto largo a δ
H
11,05 referente a um hidrogênio de um grupo H-N, confirmando a presença de um
núcleo indólico livre de substituintes (AZOUG et al., 1995).
A presença do núcleo indólico foi também corroborada pelas correlações
heteronucleares a longa distância apresentadas no espectro de HMBC (Espectro 165,
volume 2, página 253; Tabela 31, página 237), através das correlações a entre CH-9
(δ
C
121,03)/H-11 (δ
H
7,24), CH-10 (δ
C
123,02)/H-12 (δ
H
7,51), CH-11 (δ
C
124,06)/H-9
(δ
H
8,19), C-12 (δ
C
112,28)/H-10 (δ
H
7,24), C-7 (δ
C
110,83)/HN-1 (δ
H
11,05), C-8 (δ
C
126,68)/H-12 (δ
H
7,51)/HN-1 (δ
H
11,05) e C-13 (δ
C
136,13)/H-9 (δ
H
8,19)/HN-1 (δ
H
11,05) as demais correlações estão descritas na Tabela 31, página 237.
No alcalóide (49) nota-se a ausência de um grupo carbometoxi ligado ao
carbono C-16 comum no esqueleto para alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK,
1980), semelhante ao alcalóide ibogamina (43).
Análise do espectro de RMN
13
C (Espectro 155, volume 2, página 243; Tabela
31, página 237) permitiu reconhecer a presença de um sinal em δ
C
169,82, o qual é
coerente com o deslocamento químico de um grupo carbonila de uma lactama,
semelhante ao alcalóide 46, e ainda a presença de mais um sinal referente a um
carbono carbonílico em δ
C
184,91.
A ausência dos sinais relativos aos dois grupos metilênicos acoplando entre si,
2H-5 [(H-5b) e (H-5a)] α ao átomo de nitrogênio, com 2H-6 [(H-6b) e (H-6a)] presente
nos alcalóides 17, 43, 48 e 47, descritos anteriormente, sugere da proposta de um
núcleo indólico livre de substituintes, mas com a presença de dois grupos carbonila
ligados aos átomos de carbono C-5 e C-6, respectivamente.
A posição da carbonila a δ
C
169,82 ligada ao átomo de carbono C-5, formando
uma lactama com N-4, foi confirmada pela correlação
3
J a longa distância apresentada
no espectro de HMBC (Espectro 162, volume 2, página 250; Tabela 31, página 237)
entre C-5 (δ
C
169,82), com um sinal dupleto largo em δ
H
4,09, referente ao hidrogênio
H-21. A ausência dos sinais dupletos referentes aos dois hidrogênios 2H-6 presentes
no alcalóide 46, juntamente com a presença do sinal em
δ
C
184,91 apresentado no
espectro de RMN
13
C (Tabela 31, página 237; Espectro 155, volume 2, página 243),
confirmam a presença de um outro grupo carbonila ligado ao átomo de carbono C-6.
A presença de dois sinais dupletos largos foi inferida aos hidrogênios ligados ao
átomo de carbono C-3 ligado ao átomo de nitrogênio [comum no esqueleto para
alcalóides do tipo ibogano (ZENK, 1980)] em δ
H
3,92 (H-3b) e 3,36 (H-3a) com J ~ 10,9
Hz, confirmando que a posição C-3 está livre de substituintes.
A presença de um sinal tripleto integrando para três hidrogênios em δ
H
0,99 com
J= 7,3 Hz, relativo a um grupo metila na parte alifática da molécula, apresentado no
espectro de RMN
1
H (Tabela 31, página 237; Espectro 154, volume 2, página 242)
confirmando a presença de um grupo etila ligado ao átomo de carbono C-20.
Outros sinais referentes à cadeia alifática foram confirmados pelos espectros de
correlação heteronuclear citados na Tabela 31, página 237, e por comparação com os
dados observados para ibogamina (43), a 5-oxocoronaridina (46), e com a 5-hidroxi-6-
oxocoronaridina (RASTOGI, 1980), onde o conjunto destes dados permitiu definir um
esqueleto ibogano, e propor a estrutura 49 para o alcalóide isolado.
A estereoquímica relativa dos átomos de carbono estereogênicos proposta para
(49) foi feita com base em dados biogenéticos, visto que todos os alcalóides com
esqueleto do tipo ibogano isolados de espécies do gênero Tabernaemontana
apresentam as configurações dos carbonos estereogênicos como apresentadas em
(49) (DANIELI & PALMISANO, 1986), e confirmadas pelo espectro de
1
H-
1
H-NOESY
(Tabela 32, página 238; Espectro 168, volume 2, página 256).
Pelo melhor do nosso conhecimento, o conjunto de dados acima permitiu propor
a estrutura para este novo alcalóide como a 5,6-dioxoibogamina (49).
Tabela 31: Dados de RMN
1
H (500 MHz) e RMN
13
C (125 MHz) da substância 49, em
CDCl
3
. Deslocamentos químicos (δ) em ppm, constantes de acoplamento (J) entre
parênteses.
HMQC
HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
C
2 155,20 - HN-1; H-16 H-17b; H-21
5 169,58 - H-3a; H-21
6 184,73 -
7 110,66 - HN-1; H-16
8 126,46 - HN-1; H-10; H-12
13 135,87 - HN-1; H-12 H-9; H-11
CH
9 121,04 8,15 (m) H-11
10 122,79 7,18 (m) H-12
11 123,84 7,20 (m) H-9
12 111,99 7,45 (m) H-10
14 28,64 2,19 (m)
16 37,68 3,30 (m) H-17b
20 38,79 1,93 H-15a; 2H-19; H-21 H-16; 3H-18
21 55,36 4,04 (d, 2,2) 2H-3, H-15a; 2H-19
CH
2
3 49,65 3,89 (dl, 9,9)
3,29
2H-17; H-21
15 29,76 1,96 (m)
1,45 (m)
2H-3; 2H-19; H-21
17 31,07 2,39 (tl, 11,0)
1,71 (dd, 11,0 e 6.7)
H-15b
19 28,31 1,57 (m)
1,47 (m)
3H-18
CH
3
18 11,93 0,95 (t, 7,3) 2H-19
HN-1 - 10,85 (s)
Tabela 32: Dados de 1H-1H NOESY (500 MHz) em CDCl
3
do alcalóide 49.
Deslocamentos químicos (δ) em ppm.
H-N1 H-17a
H-3ª H-17a
H-14
H-15b
H-3b H-15b
H-19b
H-14
H-15ª H-15b
H-16 H-20
H-14
H-17a
H-17ª H-17b
H-21 H-15b
H-20
N
H
N
O O
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21 21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
4
3
2
1
N
H
N
O
C
19
H
20
N
2
O
2
m/z 308
CO
C
18
H
20
N
2
O
m/z 280
N
H
C
O
1
2
7
8
9
10
11
12
13
m/z 170
3
4
14
16
17
21
N
C
O
m/z 108
3
4
14
15
16
17
19
20
21
N
m/z 121
Esquema 03: Proposta mecanística dos principais fragmentos no espectro de massas
do alcalóide 49.
Alcalóide 16
N
N
H
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
N
N
H
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
N
N
H
MeO
2
7
8
9
10
11
12
13
3
5
6
14
15
17
16
21
20
19
18
16
16-a
16-b
O alcalóide (16) foi isolado como um lido amorfo, apresentando ponto de
fusão 165°C (HENRY, 1996).
A análise do espectro de RMN
13
C (Espectro 181, volume 2, gina 274;
Tabela 33, página 267) do alcalóide (16) permitiu reconhecer a presença de dezenove
(19) átomos de carbono, sendo um metílico, seis metilênicos (todos sp
3
, e dois ligados
a um heteroátomo), oito metínicos (quatro sp
2
aromáticos, e quatro sp
3
, sendo dois
ligados a um heteroátomo) e quatro quaternários (todos sp
2
) (SILVERSTEIN, 1998;
FRIEBOLIM, 1993; LOUNASMAA, 1986; SHAMMA, 1979).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro
182, volume 2, página 275), o qual apresentou o pico do íon molecular em m/z= 280
Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
19
H
24
N
2
para o alcalóide (16).
O espectro de RMN
1
H do alcalóide (16) (Espectros 175 a 180, volume 2,
páginas 268 a 273; Tabela 33, página 267) apresentou sinais (δ
H
) correspondentes a
grupo metila, hidrogênios aromáticos, grupos metínicos, grupos metilênicos
e
hidrogênio ligado a nitrogênio referente a grupamento amina (SILVERSTEIN, 1998;
FRIEBOLIM, 1993; LOUNASMAA, 1986; SHAMMA, 1979).
O espectro de RMN
1
H do alcalóide (16) (Espectro 175, volume 2, página 268;
Tabela 33, página 267) apresenta quatro sinais relativos a hidrogênios aromáticos a
δ
H
7,46 (dd, J= 8,4 e 1,5 Hz; H-9); 7,09 (dt; J= 8,4 e 1,5 Hz, H-10); 7,10 (dt; J= 8,4 e
1,5 Hz, H-11); 7,24 (dd, J= 8,4 e 2,2 Hz; H-12) característicos do anel A (benzênico) de
um núcleo indólico livre de substituintes (AZOUG et al., 1995; LOUNASMAA, 1986),
confirmado pelos sinais observados no espectro de RMN
13
C (Espectro 181, volume
2, gina 274; Tabela 33, página 267) em δ
C
117,89 (CH-9); δ
C
119,08 (CH-10); δ
C
120,92 (CH-11) e δ
C
110,06 (CH-12).
A presença do núcleo indólico livre de substituintes foi também corroborado pela
presença dos fragmentos m/z= 168 e 156 u.m.a. apresentado no espectro de massas
(Espectro 182, volume 2, página 275; Esquema 04, página 266).
No alcalóide (16) nota-se a ausência de um grupo carbometoxi ligado ao
carbono C-16 comum no esqueleto para alcalóides indólicos monoterpênicos (ZENK,
1980).
A presença de três sinais multipletos relativos aos dois grupos metilênicos do
núcleo indólico, 2H-5 [(δ
H
3,39, m, H-5b) e (δ
H
3,17, m, H-5a)] α ao átomo de
nitrogênio, com 2H-6 [(δ
H
3,17, m, H-6b) e (δ
H
2,69, H-6a)], juntamente com os
fragmentos com m/z= 168 (Espectro 182, volume 2, página 275; Esquema 04,
página 266) corroboram na confirmação da proposta de um núcleo indólico livre de
substituintes.
A presença de um sinal tripleto integrando para três hidrogênios em δ
H
0,90 com
J= 7,0 Hz relativo a um grupo metila apresentado no espectro de RMN
1
H (Espectro
180, volume 2, página 273; Tabela 33, página 267), sugere a presença de um grupo
etila livre de oxidação na cadeia lateral da porção terpênica do alcalóide (16)
(LOUNASMAA, 1986; SHAMMA, 1979).
O conjunto desses dados permite classificar o alcalóide (16) com um esqueleto
pertencente da classe ibogano, definindo o alcalóide (16) como sendo proposta a
estrutura semelhante a epi-ibogamina (16-a). A prova final desta proposta adveio da
comparação dos dados espectroscópicos do alcalóide (16) com os dados de literatura
para a epi-ibogamina (16-a) e a ibogamina (16-b) (LOUNASMAA, 1986; SHAMMA,
1979).
A estereoquímica relativa dos átomos de carbono estereogênicos proposta para
(16) foi feita com base em dados biogenéticos, visto que todos os alcalóides com
esqueleto do tipo ibogano isolados de espécies do gênero
Tabernaemontana
apresentam as configurações dos carbonos estereogênicos como apresentadas em
(16) (DANIELI & PALMISANO, 1986).
Em relação à configuração do grupo etila ligado ao átomo de carbono C-20,
sabe-se através de dados de literatura que o alcalóide ibogamina (16-a) apresenta
ponto de fusão 129-132 °C, e seu epímero a epi-ibogamina (16-b) de 193-197 °C
(HENRY, 1996), enquanto que o alcalóide 16 apresentou ponto de fusão de 163-165
°C, onde não se pode chegar a uma conclusão sobre a configuração do grupo etila.
Tabela 33: Dados de RMN
1
H (400 MHz),
13
C (100 MHz) do alcalóide (16), em CDCl
3
em comparação com dados de literatura (SHAMMA, 1979) para a epi-ibogamina (16-
a) e ibogamina (16-b) em CDCl
3
. Os deslocamentos químicos (δ) estão em ppm e a
constantes de acoplamento (J) estão em Hz.
Alcalóide 16
Epi-ibogamina
Ibogamina
δ
C
δ
H
δ
C
δ
C
C
2 141,83 - 141,9
7 109,22 - 109,7
8 129,73 - 129,8
13 134,65 - 134,2
CH
9 117,89 7,46 (dd, 8,4 e 1,5) 117,5
10 119,08 7,09 (dt, 8,4 e 1,5) 118,8
11 120,92 7,10 (dt, 8,4 e 1,5) 120,6
12 110,06 7,24 (dd, 8,4 e 2,2) 110,2
14 26,52 1,83 (m) 26,9 26,3
16 41,49 2,91 (m) 33,7 41,2
20 41,97 1,54 (m) 41,6 41,8
21 57,55 2,92 (sl) 57,0 57,3
CH
2
3 54,15 3,12 (m); 3,01 (m) 54,5 54,1
5 49,93 3,39 (m); 3,17 (m) 49,3 49,8
6 20,65 3,17 (m); 2,69 (m) 20,0 20,5
15 32,13 1,83 (m); 1,21 (m) 31,4 31,9
17 34,19 2,03 (m); 1,57 (m) 34,7 34,0
19 27,83 2,02 (m); 1,60 (m) 28,2 27,7
CH
3
18 11,90 0,90 (t, 7,0) 11,9 11,8
HN-1 - 7,61 (s)
m/z 136
m/z 136
N
H
3
4
14
15
16
17
18
19
20
21
N
21
20
19
17
16
15
14
5
4
3
m/z 168
1
2
5
6
7
8
9
10
11
12
13
16
17
N
CH
2
m/z 156
1
2
6
7
8
9
10
11
12
13
16
17
N
CH
2
H
Me
.
N
N
H
21
20
19
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6 5
4
3
2
1
C
19
H
24
N
2
m/z 265
C
19
H
24
N
2
m/z 280
1
2
3
4
56
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
N
N
H
Esquema 04: Proposta mecanística dos principais fragmentos no espectro de massas
do alcalóide 16
Alcalóide 41
N
H
CH
3
N
CH
3
1
2
3
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
21
20
19
18
17
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
3
2
1
N
CH
3
CH
3
N
H
41
41-a
A
B
C D
A
B
C
D
O alcalóide 41 foi isolado como cristais amarelos claro, com ponto de fusão 243-
246 °C (decomposição).
A análise dos dados de RMN
13
C (Espectro 185, volume 2, página 282;
Tabela 34, página 279) mostrou que o alcalóide 41 apresenta dezessete (17) átomos
de carbono, sendo dois metílicos ligados a carbonos sp
2
, sete metínicos (todos sp
2
) e
oito átomos de carbono quaternário (todos sp
2
) (SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM,
1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro
195, volume 2, página 292), o qual apresentou o pico do íon molecular em m/z= 246
Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
17
H
14
N
2
para o alcalóide 41.
O espectro de RMN
1
H (Espectro 184, volume 2, página 281; Tabela 34,
página 279) apresenta quatro sinais relativos a hidrogênios do núcleo benzênico
acoplando entre si, mostrado no espectro de
1
H-
1
H-COSY (Espectro 194, volume 2,
página 291) em δ
H
8,29 (1H, d, J= 7,7 Hz; H-9), δ
H
7,28 (m; H-10), δ
H
7,54 (m; H-11),
δ
H
7,54 (m; H-12), característico de um núcleo indólico livre de substituintes no anel A
(AZOUG et al., 1995) confirmado pelas correlações heteronucleares apresentadas no
espectro de HSQC (Espectro 189, volume 2, página 286; Tabela 34, gina 279)
onde se observam às correlações
1
J
CH
entre CH-9 (δ
C
122,48)/H-9 (δ
H
8,29), CH-10 (δ
C
121,23)/H-10 (δ
H
7,28), CH-11 (δ
C
129,62)/H-11 (δ
H
7,54) e CH-12 (δ
C
112,28)/H-12 (δ
H
7,54).
A presença do núcleo indólico livre de substituintes foi corroborada pelas
correlações heteronucleares a longa distância apresentadas no espectro de HMBC
(Espectro 192, volume 2, página 289; Tabela 34, página 279) onde se observam as
correlações
3
J
CH
entre CH-11 (δ
C
129,62)/H-9 (δ
H
8,29); CH-12 (δ
C
112,28)/H-10 (δ
H
7,28); C-2 (δ
C
144,08)/H-18 (δ
H
8,92)/3H-17 (δ
H
2,84); C-7 (δ
C
128,23)/H-9 (δ
H
8,29) e
C-8 (δ
C
124,11)/H-18 (δ
H
8,92).
A presença de dois singletos integrando para três hidrogênios cada um,
apresentados no espectro de RMN
1
H (Espectro 183, volume 2, página 280; Tabela
34, página 279), em δ
H
2,84 e δ
H
3,13 foi inferida aos hidrogênios de dois grupos
metila, apresentando correlações no espectro de HSQC (Espectro 189, volume 2,
página 286; Tabela 34, página 279)
1
J
CH
CH
3
-21 (δ
C
21.14)/H-21 (δ
H
3,13) e CH
3
-17
(δ
C
12,60)/H-17 (δ
H
2,84).
A presença dos dois grupos metila e suas localizações na molécula foi
corroborada pelas correlações heteronucleares a longa distância apresentadas no
espectro de HMBC (Espectro 190, volume 2, página 257; Tabela 34, página 279)
entre os carbonos quaternários, a
2
J
CH
entre C-16 (δ
C
113,18)/3H-17 (δ
H
2,84); C-20
(δ
C
159,49)/3H-21 (δ
H
3,13) e a
3
J
CH
entre C-2 (δ
C
144,08)/3H-17 (δ
H
2,84); C-15 (δ
C
134,66)/3H-17 (δ
H
2,84) e C-19 (δ
C
122,83)/3H-21 (δ
H
3,13).
A presença de dois sinais dupletos no anel D do alcalóide 41, apresentados no
espectro de RMN
1
H (Espectro 184, volume 2, página 281; Tabela 34, página 279)
acoplando entre si, relativos aos hidrogênios H-3 em δ
H
8,14 e H-14 em δ
H
8,00,
ambos com J= 6,5 Hz confirmados no espectro de
1
H-
1
H-COSY (Espectro 194,
volume 2, gina 291), juntamente com um sinal simples relativo a um hidrogênio em
δ
H
8,92 no anel C, confirmam o restante da molécula (AZOUG et al., 1995). As demais
correlações estão listadas na Tabela 34, página 279.
O conjunto de dados do alcalóide 41 em questão permitiu definir um esqueleto
semelhante ao alcalóide ellipticina (41-a) (LOUNASMAA, 1986).
A confirmação da estrutura do alcalóide (41) como sendo a olivacina (41) (Me-
21 ligada no C-20) e não a ellipticina (41-a) (Me-21 ligada no C-18) foi feita com base
no valor do deslocamento químico do sinal simples referente ao H-18 em δ
H
8,92 (41),
enquanto que na ellipticina (41-a) o H-20 encontra-se em δ
H
9,62 (LOUNASMAA, 1986;
AZOUG et al., 1995).
As correlações a longa distância apresentadas no espectro de HMBC (Espectro
190, volume 2, página 257; Tabela 34, página 279) como mostrado anteriormente
confirmam a posição dos dois grupos metila, e a prova final adveio da comparação dos
dados espectroscópicos com dados de literatura para o alcalóide olivacina (41), isolado
do extrato das cascas das raízes em metanol de Tabernaemontana hystrix por
Monnerat (2005).
Tabela 34. Dados de RMN
1
H (500 MHz) e
13
C (125 MHz) para olivacina (41) e
ellipticina (41-a) (LOUNASMAA, 1986; AZOUG et al., 1995) em MeOH-d
4
, e as
correlações observadas no espectro de HSQC e HMBC da olivacina (41). Os
deslocamentos químicos (
δ
) estão ppm e as constantes de acoplamento (J, entre
parênteses) estão em Hz.
41 41a
HSQC HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
δ
H
C
2 144,08 - H-18; 3H-17
7 128,23 - H-9
8 124,11 - H-18
13 144,42 - H-9; H-11
15 134.66 - H-3; H-18; 3H-17
16 113,18 - 3H-17 H-14
19 122,83 - H-14; 3H-21
20 159,49 - 3H-21 H-3; H-18
CH
3 134,69 8,14 (d, 6,5) 8,18 (d, 7,6)
9 122,48 8,29 (d, 7,7) H-11 8,22 (d, 7,6)
10 121,23 7,28 (dt, 7,7 e 1,4) H-12 7,30 (ddd, 7,6; 5,1 e 3,2)
11 129,62 7,54 (m) H-9 7,52(m)
12 112,28 7,54 (m) H-10 7,52 (m)
14 117,83 8,00 (d, 6,5) H-3 7,80 (d, 6,3)
18 117,27 8,92 (s) 8,70 (s)
CH
3
17 12,60 2,84 (s) 3,20 (s)
21 21,14 3,13 (s) 2,90 (s)
Alcalóide 50
N
N
Me
H
OH
OMe
O
OMe
4
1
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
22
N
N
Me
H
OH
OMe
O
OMe
Me
4
1
18
19
20
21
16
17
15
14
6
5
3
13
12
11
10
9
8
7
2
22
50
50-a
O alcalóide (50) foi isolado como um cristal incolor com ponto de fusão de 251-
260
o
C (decomposição).
O espectro na região do infravermelho do alcalóide (50) (Espectro 221, volume
2, página 324) apresenta absorções importantes a 3300 (OH), 2955 (N-CH
3
), 1738
(C=O), e 1618, 1572 e 731 (C-H de anel benzênico).
A análise do espectro de RMN
13
C (APT, Espectros 208 a 210, volume 2,
páginas 311 a 313; Tabela 35, página 297) do alcalóide (50) permitiu reconhecer a
presença de vinte e um (21) átomos de carbono, sendo quatro carbonos metílicos (três
ligados a heteroátomos e um alílico), quatro carbonos metilênicos (todos sp
3
, dois
ligados a heteroátomo), sete carbonos metínicos (quatro sp
2
e três sp
3
, sendo dois
ligados a heteroátomo) e oito carbonos quaternários (sete sp
2
, um sp
3
,
dos quais um
carbonílico) (SILVERSTEIN, 1998; FRIEBOLIM, 1993).
Esses dados, em conjunto com os dados do espectro de massas (Espectro
320, volume 2, página 323; Esquema 05, página 298), o qual apresentou o pico do
íon molecular em m/z= 396 Dalton, permitiram propor a fórmula molecular C
23
H
28
N
2
O
4
para o alcalóide (50).
O espectro de RMN
1
H do alcalóide 50 (Espectros 196 a 203, volume 2,
páginas 299 a 306; Tabela 35, página 297) apresentou sinais de deslocamentos
químicos (δ
H
) característicos de grupos metila, metoxila, hidrogênios aromáticos,
grupos metínicos, grupos metilênicos
e ainda a presença de um grupo metila, referente
a grupamento amina (FRIEBOLIM, 1993; SILVERSTEIN, 1998).
O espectro de RMN
1
H (Espectro 197, volume 2, página 300; Tabela 35,
página 297) e de
1
H-
1
H-COSY (Espectro 219, volume 2, página 322) do alcalóide 50
apresenta três sinais relativos a hidrogênios aromáticos acoplando entre si a δ
H
7,10
(1H, d, J= 7,8 Hz; H-9); 7,01 (1H, t, J= 7,8 Hz; H-10); 6,75 (1H, d, J= 7,8 Hz; H-11),
característicos de um núcleo indólico, indicando que o anel A encontra-se substituído
(BRAGA, 1987; LOUNASMAA, 1986), confirmado através das correlações
heteronucleares dos átomos de carbono metínicos através das correlações a
1
J
CH
entre CH-9 (δ
C
112,61)/H-9 (δ
H
7,10), CH-10 (δ
C
121,85)/H-10 (δ
H
7,01), CH-11 (δ
C
105,26)/H-11 (δ
H
6,75), apresentadas no espectro de HMQC (Tabela 35, página 297;
Espectro 217, volume 2, página 320), juntamente com a presença de um sinal
singleto a δ
H
3,93 presente no espectro de RMN
1
H (Espectro 200, volume 2, gina
303; Tabela 35, página 297), referente a três hidrogênios de um grupo OMe,
característico de OMe ligado a anel benzênico, correspondente ao sinal em δ
c
56,03 no
espectro de RMN
13
C (Tabela 35, página 297; Espectro 206, volume 2, página 309),
confirmando a presença deste grupo ligado ao anel A do núcleo indólico (BRAGA,
1987; LOUNASMAA, 1986).
A presença de um sinal simples integrando para três hidrogênios em δ
H
3,95 no
espectro de RMN
1
H (Espectro 200, volume 2, página 303; Tabela 35, página 297)
foi inferida a um grupo metila ligado ao átomo de nitrogênio N-1 do núcleo indólico,
correspondente ao sinal em δ
c
33,14 no espectro de RMN
13
C (Tabela 35, página 297;
Espectro 207, volume 2, página 310) (BRAGA, 1987).
A presença do núcleo indólico com um grupo MeN-1, substituído com um grupo
metoxila, e a localização deste no átomo de carbono C-12 foi corroborada pelas
correlações heteronucleares a longa distância apresentadas no espectro de HMBC
(Tabela 35, página 297; Espectros 216 e 217, volume 2, páginas 319 e 320) através
das correlações a entre CH-9 (δ
C
112,61)/H-11 (δ
H
6,75), CH-10 (δ
C
120,48)/H-12 (δ
H
7,31), C-7 (δ
C
103,25)/H-9 (δ
H
7,10), C-13 (δ
C
128,59)/H-9 (δ
H
7,10)/H-11 (δ
H
6,75)/MeN-1 (δ
H
3,95), C-2 (δ
C
133,25)/MeN-1 (δ
H
3,95) e C-12 (δ
C
149,29)/H-11 (δ
H
6,75)/H-10 (δ
H
7,01)/MeO-12 (δ
H
3,93), as demais correlações estão descritas na
Tabela 35, página 297.
A presença de um grupo metila ligado a um átomo de carbono sp
2
apresentada
no espectro de RMN
1
H (Espectro 203, volume 2, página 306; Tabela 35, página
297) pode ser reconhecida pelo sinal dupleto a
δ
H
1,68, relativo a três hidrogênios com
J= 7,0 Hz e pelo quadrupleto a δ
H
5,49 relativo a um hidrogênio com J= 7,0 Hz,
referentes aos hidrogênios 3H-18 e H-19, respectivamente. A confirmação da dupla
ligação e do grupo metila a ela ligada foi corroborada ainda pela presença das
correlações a longa distância apresentadas no espectro de HMBC (Espectro 216,
volume 2, página 319; Tabela 35, página 297) onde se observam às correlações
2
J
CH
entre CH-19 (δ
C
120,96)/3H-18 (δ
H
1,68), e pelas correlações a
3
J
CH
entre C-20 (δ
C
128,22)/3H-18 (δ
H
1,68) (BRAGA, 1987).
A presença de um sinal em δ
C
63,91 apresentado no espectro de RMN
13
C
(APT, Espectro 210, volume 2, página 313; Tabela 35, página 297), característico
de carbono carbinólico (BRAGA, 1987) e de dois dupletos integrando para um
hidrogênio cada, em δ
H
3,71 e δ
H
3,59 com J= 10,8 Hz apresentado no espectro de
RMN
1
H (Espectro 200, volume 2, página 303; Tabela 35, página 297), confirmam a
presença de um carbono metilênico carbinólico CH
2
-17.
Análise do espectro de correlação heteronuclear, HMBC (Espectro 216,
volume 2, página 319; Tabela 35, página 297), permitiu ainda o reconhecimento de
uma função carbometoxi, característica em vários esqueletos de alcalóides indólicos
monoterpênicos, como dito anteriormente (ZENK, 1980), através das correlações de
um carbono carbonílico C-22 (δ
C
174,21) com MeO-22 (δ
H
3,75) e os dois hidrogênios
carbinólicos 2H-17 (δ
H
3,71 e 3,59).
A presença dos fragmentos em m/z= 366 e 365 no espectro de massas
(Espectro 320, volume 2, gina 323; Esquema 05, página 298), corroboram na
confirmação da existência da função carbometoxi e de um grupo hidroxila ligado ao
átomo de carbono CH
2
-17.
A atribuição dos deslocamentos químicos dos hidrogênios metilênicos e
metínicos restantes da cadeia alifática (Tabela 35, página 297), foi feita com base nos
dados obtidos na literatura para alcalóides com esqueletos semelhantes (BRAGA,
1987; LOUNASMAA, 1986, SHAMMA, 1979) e com o alcalóide 12-metoxi-4-
metilvoachalotina (50-a), isolado de Peschiera fuchsiaefolia (BRAGA, 1987), sinonímia
de Tabernaemontana hystrix e em combinação com analise completa dos espectros de
correlações homo e heteronucleares nos experimentos de
1
H-
1
H COSY (Espectro
219, volume 2, página 322), HMQC (Espectro 212, volume 2, página 315) e HMBC
(Espectro 214, volume 2, página 317), apresentados na Tabela 35, página 297.
Pelo melhor do nosso conhecimento, o conjunto de dados acima permitiu propor
a estrutura para este novo alcalóide como a 12-metoxivoachalotina (50).
Tabela 35: Dados espectrais de RMN
1
H (400 MHz) e
13
C (100 MHz) para o alcalóide
50, em MeOH-d
3
e TMS como padrão interno. Os deslocamentos químicos (δ) estão
em ppm, e as constantes de acoplamento (J) em Hz.
HMQC HMBC
δ
C
δ
H
2
J
CH
3
J
CH
C -
2 133,25 - H-3 2H-6; MeN-1
7 103,25 - 2H-6 H-5, H-9
8 129,02 - H-6a; H-10
12 149,29 - H-11 H-10; MeO-12
13 128,59 - H-9, H-11, MeN-1
16 56,56 - 2H-6; H-14a
20 128,22 2H-21 3H-18
22 174,21 H-5; 2H-17; MeO-22
CH
3 59,42 5,05 (d, 10,0) H-5; 2H-21
5 65,87 4,99 (d, 6,2) H-3; 2H-17
9 112,61 7,10 (d, 7,8) H-11
10 121,85 7,01 (t, 7,8)
11 105,26 6,75 (d, 7,8)
15 31,09 3,36 (sl) H-19
19 120,96 5,49 (q, 7,0) 3H-18
CH
2
6 20,13 3,79 (d, 18,3)
3,29 (dd, 18,3 e 6,7)
14 29,34 2,49 (d, 13,7)
2,06 (dd, 13,7)
17 63,91 3,71 (d, 10,8)
3,59 (d, 10,8)
21 65,80 4,41 (m)
3,59 (m)
H-19
CH
3
18 12,79 1,68 (d, 7,0)
MeN-1 33,14 3,95 (s)
MeO-12
56,03 3,93 (s)
MeO-22
53,24 3,75 (s)
m/z 365
MeO
.
CH
2
O
o
N
N
Me
C
O
OH
OMe
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
22
21
20
19
18
16
15
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
N
N
Me
OMeO
OMe
m/z 366
C
23
H
28
N
2
O
4
m/z 396
N
N
Me
OMeO
OH
OMe
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
13
12
11
10
9
8
7
2
1
m/z 351
N
MeO
Me
.
21
20
19
18
16
15
14
5
4
3
N
m/z 307
.
CO
2
Me
m/z 323
CO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
N
N
MeOMe
m/z 212
m/z 197
N
N
MeO
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
Me
.
Esquema 05: Proposta mecanística dos principais fragmentos no espectro de massas
do alcalóide 50
6. CONCLUSÃO
Este trabalho com o extrato em diclorometano da casca da raiz de
Tabernaemontana hystrix, resultou no isolamento de dois esteróides: β-sitosterol (44) e
estigmasterol (45) e 10 alcalóides indólicos monoterpênicos: coronaridina (17), 7-
hidroxiindolenina-coronaridina (43), 5-oxocoronaridina (46), 3-oxocoronaridina (48), 7-
hidroxiindolenina-3-oxocoronaridina (47), vobasina (21), 5,6-dioxocoronaridina (49),
ibogamina (16), olivacina (41) e 12-metoxivoachalotina (50). Os alcalóides 49 e 50 se
apresentaram inéditos na literatura.
Os alcalóides indólicos monoterpênicos isolados são promissores, pois estes se
apresentam estruturalmente muito semelhantes a outros descritos em literatura com
atividades biológicas definidas. A análise de dados espectrais, bem como o uso de
técnicas modernas de RMN em termos de elucidação estrutural dos metabólitos
secundários isolados, fornecerão dados que facilitarão futuramente a determinação
estrutural de substâncias afins.
Vários alcalóides de plantas têm sido testados contra a doença de Alzheimer, no
qual seu tratamento farmacológico é baseado com o uso de inibidores da enzima
acetilcolinesterase. Diante disto, alguns testes preliminares, com o extrato de
diclorometano das cascas da raiz de Tabernaemontana hystrix serão realizados
visando a inibição desta enzima.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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