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era diversificar o ramo de atuação, visando uma espécie de “caderneta de poupança” para a
corporação” (Relato do Diretor Administrativo das Fazendas).
Nas fazendas, cria-se gado para comercialização de carne e couro. O gado é criado nos
sistemas de confinamento, semi-confinamento e extensivo. O empenho maior está no
melhoramento genético, que busca alcançar ganhos na ordem de 1% a 2% ao ano nas
características de valor econômico (ganho de peso, conformação, precocidade, musculatura e
perímetro escrotal). Outro objetivo é maximizar o ganho de heterose
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, e produzir touros
selecionados e certificados, para identificar animais com potencial para coleta de sêmen, que
podem ser utilizados tanto no próprio rebanho quanto para comercialização.
A produção pecuária teve início a partir da aquisição de ventres nelores
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, conhecidos
como “cara limpa”, oriundos de diversas fazendas dos municípios de Ponta Porá (MS) e
Dourados (MS). Em 1991, iniciou-se o processo de inseminação artificial, com a introdução
da raça Angus
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e Hereford
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para cruzamento com o Nelore. As raças Angus e Hereford junto
com o Nelore são complementares, e seu cruzamento pretendeu unir a fertilidade, a
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Heterose é definida como sendo a diferença entre a média da característica avaliada nos animais oriundos do
cruzamento, os mestiços, e a média desta mesma característica medida nos pais. A teoria que suporta a existência
do efeito heterótico define que só haverá heterose quando houver diferença em freqüência gênica entre
as raças
envolvidas no cruzamento e, o efeito de dominância entre alelos não for zero. Se qualquer destas situações deixar
de existir, a heterose será nula. Isto pode ser melhor entendido se considerarmos que as raças, durante o processo
de formação, permaneceram geneticamente isoladas, e foram submetidas a pressões de seleção variáveis, tanto
artificial, quanto natural. Este processo resultou em alguma consangüinidade, que, juntamente com a flutuação
aleatória na freqüência gênica, contribuiu para a fixação de alguns homozigotos. Estes homozigotos produzidos
tanto podem ser de genes com efeitos indesejáveis, quanto de genes cuja combinação heterozigótica produz
resultados favoráveis (EMBRAPA, 2006 ).
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O primeiro registro de entrada do Nelore, pertencente ao grupo dos Zebuínos, espécie Bos indicus, no Brasil
aconteceu em 1868, com a chegada de um casal de animais em Salvador na Bahia. Passados dez anos, o suíço
Manoel Lemgruber, criador do Rio de Janeiro, depois de conhecer o Nelore no Jardim Zoológico de Hamburgo,
na Alemanha, encomendou um casal. Até 1883 Lemgruber fez mais duas importações, dando início a uma
linhagem. A raça Nelore expandiu-se lentamente, primeiro no Rio de Janeiro e na Bahia, depois em Minas
Gerais e por último em São Paulo. Em 1938, com a criação do Registro Genealógico, começaram a ser definidas
as características raciais do Nelore. O total de zebuínos importados até o ano de 1970 foi de 6.262 animais.
Atualmente, o rebanho bovino brasileiro possui 170 milhões de cabeças. Destas, 90 milhões são da raça Nelore,
o que a torna o alicerce da cadeia produtiva pecuária. A Nelore foi melhorada geneticamente no Brasil e está
voltada para a produção de carne, embora na sua origem tenha sido utilizada para exploração leiteira. As
linhagens dentro da raça Nelore podem ser divididas em importada e nacional (NELORE, 2006).
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O berço da raça Angus é a Escócia e seu nome foi tomado dos condados onde começou o seu
desenvolvimento: Aberdeen e Angus. O Angus tem como características fundamentais a rusticidade, a
precocidade, a fertilidade e a qualidade da carne. Portanto a raça Angus, torna-se importante na moderna
pecuária de corte (ANGUS, 2006).
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A raça Hereford é originária do condado inglês de mesmo nome. A versatilidade e a eficiência da raça
Hereford, são comprovadas na relação de seis habilidades: Adaptação aos mais diversos ambientes e sistemas de
produção, graças a docilidade e rusticidade; Índice de fertilidade dos mais altos da espécie, quando favorecidos
com manejo e alimentação adequados; Excepcional ganho de peso a pasto, sendo comum novilhos de 450 kg aos
18-24 meses; Preponderante nos cruzamentos com outras raças, especialmente as zebuínas; É a raça mais
cosmopolita do mundo, o que facilita genética abundante e qualificada; Altamente lucrativa para criadores,
invernadores e frigoríficos, graças ao índice de rendimento de carcaça, entre as raças européias (HEREFORD,
2006).