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CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE
CITRUMELO ‘SWINGLE’ COLHIDAS EM
DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO E
SUBMETIDAS A TRATAMENTOS FUNGICIDAS
TANISMARE TATIANA DE ALMEIDA SILVA
2007
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TANISMARE TATIANA DE ALMEIDA SILVA
CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE CITRUMELO ‘SWINGLE’
COLHIDAS EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO E
SUBMETIDAS A TRATAMENTOS FUNGICIDAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em Agronomia, área
de concentração Fitotecnia, para a obtenção do
título de “Mestre”.
Orientador
Prof. Dr. Renato Mendes Guimarães
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2007
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Silva, Tanismare Tatiana de Almeida
Conservação de sementes de citrumelo ‘Swingle’ colhidas em
diferentes estádios de maturação e submetidas a tratamentos fungicidas /
Tanismare Tatiana de Almeida Silva -- Lavras : UFLA, 2007.
55 p. : il.
Orientador: Renato Mendes Guimarães.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Citrumelo ‘Swingle’. 2. Semente. 3. Armazenamento. 4.
Tratamento químico. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD-634.3
TANISMARE TATIANA DE ALMEIDA SILVA
CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE CITRUMELO ‘SWINGLE’
COLHIDAS EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO E
SUBMETIDAS A TRATAMENTOS FUNGICIDAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-graduação em Agronomia, área
de concentração Fitotecnia, para a obtenção do
título de “Mestre”.
APROVADA em 1º de março de 2007
Profa. Dra.
Édila Vilela de Resende Von Pinho UFLA
Dra. Luciana Magda de Oliveira PRODOC/CAPES
Prof. Dr. João Almir de Oliveira UFLA
Profa. Dra.
Maria Laene Moreira de Carvalho UFLA
Prof. Dr. Renato Mendes Guimarães
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
“A reunião de todas as nossas ansiedades não poderá alterar nosso destino;
somente nosso empenho, determinação e vontade no momento presente é que
poderá transformá-lo para melhor.”
Francisco do Espírito Santo Neto (HAMMED)
À família
razão da minha vida,
OFEREÇO
À vida, presente de Deus,
Aos meus pais, Vicente (in memoriam) e Aimar (in memoriam),
meu alicerce,
sobre o qual pude construir, crescer e encontrar o caminho.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras, pela oportunidade oferecida.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes),
pela concessão da bolsa de estudos.
À empresa Cutrale e ao Antônio Ricardo, pela doação dos produtos utilizados
nos experimentos.
Aos meus amados e admirados professores, Dr. Renato Mendes Guimarães, Dr.
João Almir Oliveira, Dra. Maria Laene Moreira de Carvalho, Dra. Édila Vilela
de Resende Von Pinho e Dr. José da Cruz Machado, pela amizade, ensinamentos
de vida, caráter e dedicação e por todas as sugestões preciosas durante a
execução deste trabalho.
Às funcionárias e amigas do Laboratório de Análise de Sementes, Elza, Dalva,
Elenir e Andréa, que engrandecem esse setor com amizade, companheirismo e
dedicação.
A todos os meus colegas, principalmente a Luciana Souza, com quem tive a
honra de conviver durante esse tempo, que me ajudaram na condução dos
experimentos e mesmo aqueles que contribuíram com um sorriso amável a cada
dia.
Ao meu irmão, Carlos Eduardo, que tanta motivação trouxe a minha vida.
As minhas tias Ivanilda e Liamar, pela ajuda e dedicação.
Ao meu amado companheiro, Marco Aurélio, pela paciência e alegria.
A minha filha, Maria Luiza, que tantos ensinamentos trouxe à minha existência.
Aos meus pais, Vicente e Aimar, mesmo distantes, seus ensinamentos e amor se
fazem tão presente.
A minha querida sogra, Áurea, pelos conselhos.
E ao Senhor meu Deus que me proporcionou e tornou possível esse momento de
tanta alegria.
SUMÁRIO
Página
RESUMO.......................................................................................................
i
ABSTRACT..................................................................................................
ii
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 1
2 REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................... 3
2.1 Origem dos citros..................................................................................... 3
2.2 Porta-enxertos de citros no Brasil............................................................. 4
2.3 Sementes de citros.................................................................................... 5
2.4 Maturação de frutos e sementes............................................................... 7
2.5 Tolerância à dessecação em sementes...................................................... 9
2.6 Armazenamento e deterioração de sementes............................................ 11
2.7 Tratamento químico de sementes............................................................. 17
3 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 19
3.1 Tratamento térmico.................................................................................. 20
3.2 Tratamento químico.................................................................................. 20
3.3 Determinação do grau de umidade........................................................... 20
3.4 Extração dos tegumentos.......................................................................... 21
3.5 Teste de germinação................................................................................. 21
3.6 Teste de emergência de plântulas............................................................. 21
3.7 Teste de sanidade...................................................................................... 22
3.8 Avaliações moleculares............................................................................ 22
3.8.1 Preparo do material para análise eletroforética..................................... 22
3.8.2 Extração e análise de enzimas............................................................... 23
3.9 Procedimentos estatísticos........................................................................ 23
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................. 24
4.1 Grau de umidade das sementes................................................................ 24
4.2 Sanidade de sementes............................................................................... 25
4.3 Avaliação fisiológica e molecular............................................................ 29
5 CONCLUSÕES.......................................................................................... 43
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 44
7 ANEXOS.................................................................................................... 54
RESUMO
SILVA, Tanismare Tatiana de Almeida. Conservação de sementes de
citrumelo ‘Swingle’ colhidas em diferentes estádios de maturação e
submetidas a tratamentos fungicidas. 2007. 55 p. Dissertação (Mestrado em
Agronomia) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
A formação dos pomares é, na sua totalidade, realizada com porta-enxertos, os
quais são provenientes de lotes de sementes com desempenho germinativo
irregular, devido à desuniformidade de maturação natural dos frutos. No entanto
a germinação lenta e desuniforme das sementes prejudica o estande final e
aumenta o tempo necessário para a formação de mudas. Em adição a isso, a alta
incidência de fungos e o caráter recalcitrante das sementes de algumas cultivares
utilizadas como porta enxerto dificulta o armazenamento em condições de baixa
temperatura ou por períodos mais longos. Em face do exposto objetivou-se com
esse trabalho, avaliar formas de armazenagem e tratamento fungicida durante o
armazenamento de sementes de citrumelo ‘Swingle’, extraídas de frutos em dois
estádios de maturação. Os frutos foram colhidos em dois estádios (verde e
maduro) e as sementes extraídas, após receberem tratamento térmico, foram
tratadas com Derosal, Thiram e Tecto+Captan e embaladas em sacos de
polietileno impermeáveis e armazenadas em câmara fria, durante 9 meses. Em
intervalos trimestrais, a qualidade fisiológica e a sanitária foram avaliadas por
meio dos testes de germinação, emergência de plântulas, sanidade e pelos perfis
enzimáticos. As sementes de citrumelo ‘Swingle’ extraídas de frutos verdes
devem ser armazenadas para posterior semeadura e as sementes de frutos
maduros devem ser semeadas imediatamente após a colheita; o tratamento com a
mistura de Tecto + Captan é eficiente no controle de patógenos durante o
armazenamento.
_________________
Comitê Orientador: Renato Mendes Guimarães - UFLA (Orientador), Édila
Vilela de Resende Von Pinho - UFLA (Co-orientadora), José da Cruz
Machado -UFLA (Co-orientador).
i
ABSTRACT
SILVA, Tanismare Tatiana de Almeida. Conservation of citrumelo ‘Swingle’
seeds collected at different maturation stages and submitted to fungicides.
2007. 55 p. Dissertation (Master in Agronomy) – Federal University of Lavras,
Lavras, MG.
The establishment of orchards in, in its wholeness, performed through
rootstocks, which are coming from lots of seeds with an irregular germinative
performance, due to the non-uniformity of natural maturation of fruits.
Nevertheless, germination, both slow and non-uniform, of the seeds
compromises the final stand and increases the time necessary for the
establishment of seedlings. In addition, the high incidence of fungi and the
recalcitrant character of the seeds of some cultivars utilized as rootstocks make
the storage under low temperature conditions or for longer periods difficult.
Owing to the exposed, it was aimed by means of this work to evaluate storage
ways and fungicidal treatment over the storage of citrumelo ‘Swingle’ seeds,
extracted from two fruits with two maturation stages. The fruits were collected
at two stages (unripe and ripe) and the seeds extracted, after the seeds were
given thermal treatment, they were treated with Derosal, Thiram and
Tecto+Captan and packed in impermeable polyethylene bags and stored in cold
room for 9 months´ time. In three months´ intervals, the physiological and
sanitary qualities were evaluated by means of tests of germination, seedling
emergence, sanity and enzyme profiles. The citrumelo ‘Swingle’ seeds extracted
from unripe fruits should be stored for later sowing and the seeds of ripe fruits
should be sown immediately after collection, the treatment with the mixture of
Tecto + Captan is efficient in controlling pathogens during storage.
__________________
Guidance Committee: Renato Mendes Guimarães - UFLA (Adviser), Édila
Vilela de Resende Von Pinho - UFLA (Co-adviser), José da Cruz
Machado -UFLA (Co-adviser).
ii
1 INTRODUÇÃO
A citricultura ocupa a quarta maior área cultivada no país e o Brasil
possui o maior parque citrícola do mundo, com produção de aproximadamente,
de 30% de toda a laranja consumida. É também o principal exportador de suco
de laranja concentrado e congelado, seguido dos Estados Unidos (Neves, 2005).
A formação dos pomares é, na sua totalidade, realizada com porta-
enxertos e a acentuada incidência de doenças tem alterado o perfil da
citricultura, principalmente no que diz respeito à diversidade desses porta-
enxertos em relação a sua tolerância às principais doenças que afetam a planta.
No contexto atual, a utilização de mudas certificadas e sadias vem se tornando
um fator obrigatório, devido à incidência de patógenos nos pomares, os quais
afetam o seu rendimento e aumentam os custos de produção da laranja.
O uso dessas mudas, além de minimizar o problema de disseminação de
doenças, proporciona uma melhor produção de frutos com qualidade, o que
minimiza o custo de renovação desses pomares, tornando-os mais longevos.
Atualmente, um dos porta-enxertos mais utilizados pelos produtores de
mudas é o citrumelo ‘Swingle’ ou CPB 4475, que é um híbrido de Citrus
paradisi Macfad. cv. Duncan x Poncirus trifoliata (L.) Raf. Este foi
desenvolvido pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 1907 e
introduzido no estado de São Paulo, em 1948, pelo Instituto Agronômico de
Campinas. Esse porta-enxerto é resistente às principais doenças que afetam a
citricultura atualmente. É resistente à gomose de Phytophtora e ao nematóide
dos citros, além de ser tolerante à tristeza dos citros, à exocorte, à xiloporose e
ao declínio.
O híbrido citrumelo ‘Swingle’ é utilizado como porta-enxerto em 21%
de todas as plantas cítricas do país. Um aumento de 260% foi observado no
plantio de mudas com esse porta-enxerto, entre 2002 e 2003. Trata-se de um
1
crescimento muito expressivo, principalmente se comparado com o crescimento
de 13% de mudas com limão cravo.
Um problema enfrentado na formação das mudas desse híbrido é a
germinação lenta e desuniforme das sementes, além da dificuldade de
conservação dessas sementes por períodos mais longos de armazenamento.
Para a produção de mudas, implantação de novos pomares, manutenção
e recuperação daqueles já implantados, torna-se necessária a semeadura para a
formação de porta-enxertos ao longo de todo o ano. Entretanto para que a
semeadura seja viabilizada, as sementes devem ser armazenadas, pelo menos por
período correspondente ao tempo entre duas colheitas sucessivas. No entanto,
uma dificuldade para a obtenção e conservação das sementes de porta-enxerto
com alta qualidade é a diferença de maturação encontrada nos frutos na época da
colheita, fato que acarreta desuniformidade no vigor das sementes e
conseqüentemente na formação das mudas.
A colheita dos frutos é realizada no período de fevereiro a maio e é
avaliada de maneira subjetiva, quando os frutos apresentam a casca e a polpa
amarelada com as sementes em tons amarelo-creme.
As sementes de ‘Trifoliata’ e de seus híbridos são sensíveis ao
armazenamento sendo consideradas recalcitrantes. Geralmente são armazenados
com 35% de grau de umidade o que propicia consideravelmente a proliferação
de fungos e a rápida deterioração com drástica redução da qualidade fisiológica.
Dessa maneira, o tratamento das sementes com fungicidas sistêmicos e
protetores se faz necessário para manter a qualidade das mesmas.
Outro aspecto que dificulta a germinação de sementes de citros é a
presença do tegumento, que em conseqüência da impermeabilidade do tegma,
também prolonga o tempo de germinação, sendo conveniente, portanto retirar
esse tegumento antes da semeadura, para reduzir o tempo gasto à germinação da
semente e conseqüentemente de produção das mudas.
2
Mesmo diante da importância do uso de porta-enxertos na citricultura e
da diversidade do gênero Citrus, a literatura ainda é bastante limitada quando se
refere ao estudo da semente, denotando a carência de pesquisas nessa área.
Em face do exposto, o objetivo dessa pesquisa foi avaliar a
armazenabilidade e o tratamento fungicida de sementes de citrumelo ‘Swingle’,
extraídas de frutos em dois estádios de desenvolvimento.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Origem dos citros
Uma das mais conhecidas árvores frutíferas, a laranjeira é nativa da Ásia,
mas, a região exata de sua origem ainda é motivo de controvérsia. Alguns
historiadores afirmam que os cítricos teriam surgido no leste asiático, nas
regiões que incluem Índia, China, Butão, Birmânia e Malásia, e foram levados
para o norte do continente Africano e, de lá, para o sul da Europa e, depois, para
as Américas, por volta de 1500. A laranja espalhou-se pelo mundo sofrendo
mutações, dando origem a novas variedades (Abecitrus, 2006).
As plantas cítricas foram introduzidas no Brasil pelos portugueses. Aqui
encontraram condições favoráveis para o seu desenvolvimento e, depois de
alguns séculos, o país tornou-se o mais importante produtor mundial de frutas
cítricas (Agrianual, 1999).
Os cítricos pertencem à família Rutaceae, subfamília Aurantioideaes, na
qual existem duas tribos, seis subtribos e 33 gêneros (Swingle & Reece, 1967),
destacando-se os gêneros Fortunella, Eremocitrus, Clymenia, Poncirus,
Microcitrus e Citrus, sendo os mais importantes economicamente Fortunella,
Poncirus e Citrus (Chapot, 1975).
3
2.2 Porta-enxertos de citros no Brasil
No Brasil, como na citricultura mundial, as plantas eram propagadas por
sementes e essa predominância ocorreu até o aparecimento de problemas
relacionados ao ataque de Phytophthora sp., na ilha dos Açores (Portugal), na
metade do século XIX (Pompeu Júnior, 1991).
Com o avanço da indústria cítrica, no início do século XIX começaram a
ser instalados pomares com árvores enxertadas. O processo de enxertia,
geralmente, une dois materiais vegetais geneticamente distintos que passam a
compartilhar uma série de fatores essenciais à sobrevivência de ambos.
Em 1937, o aparecimento do vírus da tristeza dos citros (CTV) e a sua
rápida disseminação, nos pomares, pelo pulgão-preto (Toxoptera citricidus
Kirk.) causaram a morte de muitas plantas com porta-enxertos de laranja
‘Azeda’ e lima da ‘Pérsia’. Entretanto, pesquisas desenvolvidas no Instituto
Agronômico de Campinas (IAC), juntamente com o Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA), proporcionaram a renovação da
citricultura brasileira com os porta-enxertos do limão ‘Cravo’ (Citrus limonia
Osbeck), tangerina ‘Cleópatra’ (Citrus reshni Hort. Ex Tanaka), limão ‘Rugoso’
(Citrus jambhiri Lush.) e citrange ‘Troyer’ (Poncirus trifoliata L. Rafinesque x
Citrus sinensis L. Osbeck) (Chapot, 1975; Pompeu Júnior 1991, 2001).
Nos anos 1960, o porta-enxerto mais utilizado foi o limão ‘Cravo’, por
ser tolerante ao vírus da tristeza e à seca. Na década de 1970, o declínio dos
citros tornou-se um problema sério nos pomares, pelo fato de ser o limão
‘Cravo’ suscetível a essa doença (Grosser & Gmitter Junior, 1990). A sua
intolerância ao declínio dos citros provocou uma diversificação de porta-
enxertos na citricultura. A tangerina ‘Cleópatra’, o limão ‘Volkameriano’ (Citrus
volkameriana Tan. e Pasq.), a tangerina ‘Sunky’ (Citrus sunky Hort.) e, no início
dos anos 1990, o citrumelo ‘Swingle’ (Citrus paradisi Macfad. cv. Duncan x
4
Poncirus trifoliata (L.) Raf.) se mostraram boas alternativas para essa
diversificação (Pompeu Júnior, 2001).
A escolha de um porta-enxerto adequado pode propiciar frutos de melhor
qualidade, que atendam às exigências internacionais para a exportação de frutas
frescas, propiciar frutos de tamanho maior ou em épocas em que, geralmente, os
preços no mercado interno são melhores e, finalmente, pode ainda colaborar com
as indústrias processadoras de suco, com frutos com maiores teores de suco e
sólidos solúveis totais.
O híbrido citrumelo ‘Swingle’ cuja denominação inicial era CPB 4475,
obtido na Flórida no ano de 1907, pelo cientista W. T. Swingle, não apresentou
qualquer qualidade do fruto para o consumo humano e, a partir dos anos 1940
começou a ser testado como porta-enxerto pelos pesquisadores (Abecitrus,
2006).
Nos últimos anos, no Brasil tornou-se um porta-enxerto de uso intensivo
por apresentar tolerância a doenças, como tristeza, exocorte, xiloporose e
também gomose. Pode apresentar incompatibilidade com algumas copas, mas os
frutos das copas nele enxertadas, quando compatíveis, são de ótima qualidade.
As cultivares enxertadas em citrumelo ‘Swingle’ produzem frutos de
qualidade superior àqueles obtidos sobre os limões ‘Cravo’ e ‘Volkameriano’
(Junior, 2005). A propagação do citrumelo ‘Swingle’ é feita por sementes e sua
germinação, ao longo do tempo, garante o estabelecimento de porta-enxerto para
a formação das mudas para a implantação e para o replantio dos laranjais.
2.3 Sementes de citros
Os porta-enxertos cítricos, em sua grande maioria, são propagados por
sementes, mas, devido ao longo período de germinação, que varia de 15 até 60
dias ou mais, a depender da espécie, as plântulas no viveiro possuem variação no
5
seu tamanho (Fucik, 1978). Esta variação no tamanho da planta é indesejável,
porque dificulta as operações de enxertia e conseqüentemente aumentam os
custos de produção. Comercialmente, variações entre tamanho de plântulas são
usualmente, reduzidas com transplante para a bandeja, havendo um descarte de
até 50% das plântulas (Chilembwe et al., 1992).
A semente cítrica possui elevado conteúdo lipídico sendo sensível à
secagem excessiva. Morfologicamente, possui duas camadas protetoras, a mais
externa, denominada testa, é rígida e lenhosa, de coloração branco-creme. A
camada mais interna denominada tegma, constitui-se de uma fina membrana,
cuja formação é originária, essencialmente, do integumento intermediário do
óvulo e também contém tecidos remanescentes do nucelo. A cor varia de
vermelho-púrpura ao marrom (Queiroz et al., 2005).
Das nove espécies cultivadas do gênero Citrus, sete são poliembriônicas
e apresentam apomixia facultativa, ou seja, as sementes possuem tanto embriões
zigóticos ou sexuais diferentes da planta mãe, como os apomíticos ou nucelares,
idênticos à planta mãe (Chapot, 1975; Queiroz et al., 2005). Essa poliembrionia
é um fenômeno comum em muitas espécies cítricas, sendo a maioria desses
embriões de origem nucelar (apogâmicos).
O número de embriões contidos em uma semente é influenciado também
pela cultivar, pelo estado nutritivo do fruto, pelos fatores ambientais e pelo clone
polinizador (Soares Filho et al., 1995). Nos programas de melhoramento
genético de citros, tem-se a poliembrionia como um obstáculo à criação
intencional de novas variedades (Soares Filho et al., 2000).
A germinação das sementes é do tipo hipógea (SpiegelRoy &
Goldschimidt, 1996) e lenta, podendo chegar a 60 dias para a estabilização do
estande em viveiro.
Para se alcançar uma germinação rápida e uniforme das sementes, vários
tratamentos têm sido utilizados, sendo a técnica de remoção do tegumento a
6
mais promissora (Cohen, 1956; Monselise, 1962). Contudo, essa técnica usada
por empresas produtoras de mudas é muito onerosa.
Além de as sementes de citros germinarem lentamente e da necessidade
de extração dos tegumentos, a maioria das sementes de espécies cítricas é
considerada recalcitrante. Não se sabe se a recalcitrância está condicionada a
maturação dos frutos determinada por suas características e à coloração da casca
como em sementes de café. Contudo, existem dificuldades na determinação do
momento adequado da colheita dos frutos de citros que garantam a maturidade e
a germinação das sementes.
2.4 Maturação de frutos e sementes
O momento da coleta pode ser constatado acompanhando-se o
desenvolvimento do fruto e ou semente por meio de características físicas e
fisiológicas (Carvalho & Nakagawa, 2000). Para tanto, um acompanhamento
visual das características externas do fruto permite aos produtores de sementes e
mudas a determinação mais rápida do ponto de colheita, principalmente porque,
na maioria dos casos, ocorre variação fisiológica das sementes, de acordo com a
maturação dos frutos.
Os frutos de citros não apresentam um ponto definido de maturação. A
coloração da casca e a maturação interna dos frutos cítricos parecem ser
controladas por diferentes mecanismos, pois é comum, em região de clima
tropical, o fruto encontrar-se internamente adequado para o consumo e,
externamente, apresentar a casca verde (Rena et al., 2005).
A mudança de coloração da casca dos frutos deve-se à degradação das
clorofilas e à síntese de carotenóides, responsáveis pela coloração amarela ou
laranja dos frutos. É fortemente influenciada por fatores ambientais, como
temperatura, umidade, luminosidade, solo, porta-enxerto e endógenos, como
7
giberelinas, compostos nitrogenados e carboidratos (Rena et al., 2005). O
conhecimento do processo de maturação dos frutos, como um indicador do
ponto de colheita, é de fundamental importância para a obtenção de sementes de
alta qualidade fisiológica.
Harrington (1959) verificou que o estádio de maturação do fruto de
melão teve influência na germinação de suas sementes. Pesquisas com sementes
de cafeeiro têm indicado que a máxima capacidade germinativa ocorre quando
os frutos atingem os estádios verde-cana e cereja e que sementes completamente
maduras podem não ter o máximo vigor devido à provável iniciação do processo
de germinação já no final da maturação (Farrant et al., 1988)
Em frutos de pepino, Barbedo et al. (1997) estudaram a maturação de
sementes e observaram muitos resultados heterogêneos quando se modificam,
dentro da mesma cultivar, a época de produção, a região produtora e os tratos
culturais, entre outros fatores, ressaltando que o aproveitamento destes estudos
para fins de recomendação de colheita, além de muito difícil, seria até mesmo
imprudente. A cada nova cultivar, época ou região de produção, a cada
modificação na nutrição da planta ou em outros tratos culturais, outros
momentos cronológicos no ponto de maturidade fisiológica das sementes podem
ser observados.
Verifica-se, nesses frutos carnosos, uma correlação entre as fases de
desenvolvimento das sementes e os aspectos externos do fruto, considerando ser
um forte indicativo do momento ideal de colheita (Barbedo et al., 1997). Esses
mesmos autores observaram que a porcentagem de germinação de sementes de
pepino aumentou desde as primeiras fases de coletas estudadas, com uma ligeira
diminuição no final. O armazenamento do fruto propiciou a germinação das
sementes extraídas de frutos novos, enquanto que, sem o referido
armazenamento, a germinação não ocorreu. Também em frutos verdes de
8
pimentão, Mantovani et al. (1980) observaram uma porcentagem alta de
germinação.
Pescador et al. (1992) observaram que sementes de Citrus mantiveram
uma germinação de 100% quando extraídas de frutos aos 194 e aos 258 dias
após a antese. Foi avaliada também a porcentagem de germinação dos embriões
e em sementes de ‘Toranjeira’, esse valor foi mantido em 100%. O mesmo não
ocorreu com o tangor ‘Murcote’, que teve a germinação reduzida de 79,8% para
67,8%.
Para Pasqual & Pinto (1998), os embriões imaturos podem germinar
precocemente, não passando pelos estádios normais da embriogênese,
originando plântulas fracas e mal formadas. A germinação precoce é
caracterizada por um período de rápidas divisões celulares, não acompanhadas
por alongamento celular.
Na literatura, são escassas informações a respeito da maturação de
sementes de citros, principalmente porta-enxertos. O citrumelo ‘Swingle’, além
de ter variações na maturação das sementes, tem variações quanto à tolerância à
dessecação, sendo classificadas de intermediárias a recalcitrantes (King &
Roberts, 1979).
2.5 Tolerância à dessecação em sementes
Em várias espécies vegetais de importância econômica, as sementes
podem ter seu grau de umidade reduzido, mantendo a viabilidade e o vigor
durante longos períodos de armazenamento a baixas temperaturas. Essas
sementes são denominadas ortodoxas e toleram a dessecação pós-colheita a
graus de umidade em torno de 4%. Em contraste, existem espécies de sementes
chamadas de recalcitrantes que, além de não tolerarem baixas temperaturas, não
podem sofrer secagem durante e após seu desenvolvimento e maturação. O grau
9
de umidade deve ser alto durante todo o seu desenvolvimento, até a germinação,
o que dificulta a sua conservação por períodos prolongados. Essas sementes não
toleram dessecação a graus de umidade entre 12% e 20% (Hong & Ellis, 1996;
Roberts, 1973).
Existem algumas espécies, cujo comportamento não se enquadram nessa
divisão, para tanto foi sugerida, na década de 1990 uma terceira categoria,
denominada de intermediária, que compreende sementes que podem resistir à
desidratação até certo nível, mas têm sua armazenabilidade reduzida. As
sementes dessa categoria toleram a dessecação a graus de umidade em torno de
10% a 13%, reduzindo sua viabilidade a valores inferiores (Hong & Ellis, 1995).
Outra classificação para sementes recalcitrantes em função da variabilidade na
sensibilidade à dessecação tem sido sugerida, dividindo-as em “altamente”,
“moderadamente” e “minimamente” recalcitrantes (Farrant et al., 1988). As
sementes classificadas como minimamente recalcitrante têm maior tolerância à
perda de água, germinação lenta em ausência de quantidade adicional de água e
maior tolerância a baixas temperaturas. Já as sementes moderadamente
recalcitrantes têm a maioria das espécies com distribuição tropical, são sensíveis
a baixas temperaturas, média tolerância à desidratação e velocidade média de
germinação em ausência de água adicional. Em comparação às sementes
altamente recalcitrantes, que são pouco tolerantes à dessecação, têm uma rápida
germinação e são sensíveis a baixas temperaturas, sendo essa categoria presente
em floresta tropical e terra úmida (Farrant et al., 1988).
Sementes recalcitrantes são dispersas com conteúdos de água
relativamente altos, permanecem metabolicamente ativas durante o
desenvolvimento e continuam a acumular matéria seca. São sensíveis à
dessecação antes e depois de serem formadas e têm uma longevidade pós-
colheita muito limitada, mesmo em condições de hidratação (Berjak et al.,
1997).
10
A sensibilidade à dessecação está diretamente associada com sua
persistência no estádio de atividade metabólica. Uma característica adicional de
espécie recalcitrante é que todas, mais cedo ou mais tarde morrerão sob
condições de armazenamento, por não sobreviverem à perda de água. (Berjak, et
al., 1989).
Essas sementes, quando são colhidas e a seguir desidratadas, têm sua
viabilidade reduzida à medida que a umidade é perdida, no princípio
vagarosamente, aumentando consideravelmente a partir de um determinado
conteúdo de umidade, denominado crítico.
Alguns problemas que ocorrem quando se trabalha com sementes
recalcitrantes é a variação entre diferentes colheitas da mesma espécie e mesmo
de semente para semente (Berjak et al., 1989) e a dificuldade no armazenamento
das mesmas.
Nas espécies recalcitrantes, é muito difícil manter a qualidade das
sementes durante o armazenamento, pois elas são muito variáveis em umidade,
tamanho e viabilidade. Além disso, falta compreensão sobre mecanismos básicos
de comportamento desse grupo de sementes (Basra, 1995).
2.6 Armazenamento e deterioração de sementes
O armazenamento inclui vários procedimentos voltados à preservação da
qualidade das sementes, no intuito de proporcionar um ambiente no qual
mudanças fisiológicas e bioquímicas sejam mantidas em um nível aceitável.
Mas, mesmo assim, uma das principais dificuldades, mesmo em períodos curtos,
é a condição de alta umidade relativa necessária para prolongar a vida de
armazenamento das sementes recalcitrantes, pois também são favoráveis à
proliferação de microrganismos (Berjak, 1996).
11
Segundo Delouche & Baskin (1973), a deterioração de sementes pode
ser caracterizada como um processo inevitável, sendo, no entanto, possível
retardar a taxa de deterioração por meio de práticas que conduzam a um ótimo
armazenamento.
Vale ressaltar que o processo de deterioração ocorre mesmo em
condições artificialmente adequadas e que a qualidade das sementes não melhora
durante o armazenamento, sendo fundamental a qualidade inicial do lote
(Carvalho & Nakagawa, 2000).
O nível de deterioração das sementes durante o armazenamento varia em
função da temperatura, da umidade relativa, do grau de umidade das sementes e
do tipo de embalagem utilizada. Dessa forma, têm sido desenvolvidas técnicas
de armazenagem para sementes recalcitrantes, as quais podem ser agrupadas em
quatro tipos principais: armazenagem úmida ou embebida, técnicas de
dessecação parcial, armazenagem em atmosfera controlada e armazenagem
criogênica. Salienta-se, ainda, que a conservação das sementes pós-colheita é
influenciada também pela presença de microrganismos (Macedo et al., 1998)
principalmente quando armazenadas em embalagens impermeáveis.
Esse tipo de embalagem impede a troca de umidade com o ar externo,
podendo aumentar a umidade relativa de equilíbrio no interior da massa, se
houver uma rápida queda na temperatura. A condensação pode ocorrer na
superfície do produto e este absorver umidade. O alto grau de umidade contribui
para a elevação da atividade metabólica das sementes e, conseqüentemente, para
o aumento de sua taxa respiratória, resultando numa maior liberação de CO
2
e de
vapor de água no interior da embalagem (Bonome, 2006).
Mesmo quando o grau de umidade for mantido em nível adequado
durante o armazenamento, sua longevidade é curta, variando de acordo com a
espécie, podendo ser de algumas semanas até alguns meses (King & Roberts,
1979).
12
A longevidade corresponde ao período em que a semente se mantém
viva, sendo capaz de germinar quando colocada em condições favoráveis
(Toledo & Marcos Filho, 1997). A curta longevidade das sementes recalcitrantes
restringe o período de sua utilização, sendo necessária semeadura imediatamente
após seu desprendimento da planta mãe.
Quando as sementes são armazenadas, o processo respiratório deve ser
mantido a um nível tão baixo quanto possível, para que haja uma melhor
conservação, sendo impossível em sementes recalcitrantes, uma vez que estas
não toleram dessecação. A respiração é um processo que continua, mesmo após
as sementes terem sido colhidas.
Nas sementes úmidas, a respiração favorece o aparecimento de
microrganismos e a deterioração durante o armazenamento, o que provoca uma
série de alterações fisiológicas, bioquímicas e físicas que influenciam na
qualidade das sementes e, eventualmente, causam a morte das mesmas.
A qualidade fisiológica é adquirida durante os processos de
desenvolvimento e pode ser perdida por processos deteriorativos, que podem
iniciar ainda nessa fase. Quando as sementes se deterioram, elas perdem vigor
progressivamente, apresentando redução na velocidade e na uniformidade de
emergência, menor resistência a condições adversas, decréscimo na proporção
de plântulas normais e, finalmente, perdem a viabilidade ou a capacidade de
germinar (Halmer & Bewley, 1984).
Dentre as principais alterações envolvidas na deterioração, destacam-se o
esgotamento das reservas; a alteração da composição química, como a oxidação
dos lipídios, das enzimas envolvidas na deterioração de sementes e a quebra
parcial das proteínas; a alteração nas membranas celulares, com redução da
integridade, aumento da permeabilidade e desorganização das membranas
celulares. Embora a deterioração progrida com a elevação do grau de umidade
13
das sementes, os mecanismos celulares funcionais de reparo são mantidos pelo
metabolismo durante a respiração aeróbica (Ibrahim & Roberts, 1983).
A perda da viabilidade das sementes no processo de deterioração é
precedida por redução na capacidade de sintetizar proteínas, devido ao declínio
de componentes como ribossomos, RNA mensageiro e alterações na transcrição
e na tradução, com o envelhecimento das sementes (Vieira, 2002) e à
degradação de macromoléculas, tais como: proteínas, lipídios, ácidos nucléicos
e, conseqüentemente, à diminuição de atividades bioquímicas de sementes
(Coolbear, 1995).
Com o envelhecimento das sementes, as membranas se tornam fracas, as
enzimas perdem a atividade catalítica e os cromossomos acumulam mutações.
Muitas mudanças bioquímicas ocorrem nas sementes que estão deteriorando,
sendo difícil discriminar entre os eventos primários e secundários.
O mecanismo de degradação de membranas e macromoléculas durante o
envelhecimento tem sido objeto de pesquisas nas últimas décadas. Uma
variedade de oxidações enzimáticas e espontâneas pode ocorrer para gerar
radicais livres, que podem causar a destruição de grandes polímeros, incluindo
os lipídios de membranas. Os radicais livres são grupo de átomos com um
elétron não pareado, o que os tornam altamente reativos e instáveis. Os mais
importantes nesse contexto são os radicais hidroxila (OH
-
), superóxido (O
2
-
) e o
peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
). Uma vez presente na célula, esses radicais livres
podem iniciar reações oxidativas em cadeia, altamente danosas, especialmente
com ácidos graxos polinsaturados, formando hidroperóxidos de lipídios
(Coolbear, 1995; Desai et al., 1997). Pesquisadores têm demonstrado que
proteínas podem ser bons marcadores do estádio de deterioração em sementes,
por meio das variações eletroforéticas.
As superóxidos dismutase (SOD) são um grupo de enzimas encontradas
no citoplasma celular e na matriz mitocondrial. Elas catalizam a reação de
14
dismutação de radicais superóxidos livres (O
2
-
) produzidos em diferentes locais
na célula, para oxigênio molecular (O
2
) e peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
)
(Scandálios, 1993). De acordo com Halliwell & Gutteridge (1989), a SOD
exerce um importante papel em proteger a célula contra os efeitos deletérios de
radicais superóxidos livres, sendo considerada chave na regulação de
concentrações intracelulares de radicais superóxidos e peróxidos.
O principal papel da SOD é transformar o superóxido em peróxido de
hidrogênio cujo composto é muito menos reativo. Porém, o acúmulo de peróxido
na célula também é tóxico a ela, podendo levá-la à morte, principalmente na
presença de ferro (Eaton, 1991)
Para reduzir o efeito fitotóxico do peróxido de hidrogênio na célula, as
enzimas catalase e peroxidase começam a atuar. A catalase é uma enzima capaz
de realizar a desintoxição de (O
2
-
) e H
2
O
2
. Ela está presente nos peroxissomas
das células, decompondo o peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e
água, sem a produção de radicais livres. Em outros compartimentos, como no
citosol e na matriz mitocondrial, o peróxido de hidrogênio é removido pelas
peroxidases (McDonald, 1999).
Existem estudos que demonstram a correlação entre a perda da
viabilidade das sementes e a queda na atividade dessa enzima. Nesse sentido, a
enzima esterase está envolvida em reações de hidrólise de ésteres. Este grupo de
enzimas hidrolíticas libera ácido graxo dos lipídios, os quais são usados na β-
oxidação, como fonte de energia para os eventos germinativos. Enquanto muitos
desses lipídios são provenientes de lipossomos, alguns são constituintes de
membranas, cuja degradação aumenta com a deterioração. Santos et al. (2005)
observaram aumento na atividade de esterase durante o armazenamento de
sementes de feijão, sendo o aumento mais expressivo na cultivar de menor
qualidade fisiológica.
15
Aung & McDonald (1995), ao avaliarem a atividade da esterase durante
a deterioração de sementes de amendoim, observaram um decréscimo na sua
atividade total, com o aumento de deterioração, tanto em sementes embebidas
como não embebidas. A glutamato oxaloacetato transaminase (GOT) participa
da reação específica de transferência do grupo amino de um aminoácido ao
ácido α-cetoglutarato para formar o ácido glutâmico e produzir o cetoácido.
Essas reações ocorrem, sobretudo no citoplasma e o ácido glutâmico, ao qual a
membrana mitocondrial é permeável, entra na matriz, onde pode ser novamente
transaminado ou ser desaminado pela glutamato desidrogenase, sendo essa uma
enzima atuante no processo de degradação e síntese de proteínas (Conn &
Stumpf, 1980).
A enzima malato desidrogenase (MDH) apresenta importantes funções
fisiológicas dentro da célula, como enzima do ciclo de Krebs, além de atuar
como papel central na maioria das rotas bioquímicas da célula. A enzima MDH
exibe poucas mudanças qualitativas durante o curso de desenvolvimento de um
organismo. Essas enzimas são encontradas em associação a uma grande
quantidade de organelas subcelulares apresentando diferenças na regulação da
atividade em vários sítios (Scandalios, 1974). Por se tratar de uma enzima
importante na respiração, o aumento do número e ou da intensidade de coloração
de bandas em sementes submetidas a períodos longos de armazenamento pode
ser em função do aumento da respiração que ocorre em sementes que se
encontram em processo de deterioração avançado, uma vez que enzimas
envolvidas na respiração podem ser ativadas em sementes de qualidade reduzida
(Shatters et al., 1994).
Para minimizar os processos de deterioração nas sementes e reduzir a
proliferação de microrganismos durante o armazenamento, o uso adequado do
tratamento químico se torna necessário, viabilizando o uso dessas sementes.
16
2.7 Tratamento químico de sementes
Quando as sementes são colocadas em embalagens impermeáveis, com
grau de umidade acima 20%, a taxa respiratória associada com pouca ventilação
pode promover o aquecimento da massa de sementes. Isso ocorre porque o
processo de respiração faz com que a massa perca energia na forma de calor e,
conseqüentemente, ocorra rápida deterioração das mesmas. O aquecimento pode
ocorrer em regiões específicas da massa de sementes, formando manchas mais
sujeitas ao ataque de microrganismos.
O efeito dessa série de infecções, segundo Marcos Filho (2005), é a
elevação do grau de umidade das sementes e da temperatura, como resultado dos
fungos presentes, destacando-se a atividade de Aspergillus glaucus que pode
promover o início do umedecimento das sementes.
Bilia et al. (1999) armazenaram sementes de Inga uruguensis com
umidade próximo a 50% e observaram que houve atividade metabólica e
acréscimo da proliferação de Aspergillus spp. e de Penicillium sp., promovendo
alterações no microambiente, identificadas pela elevação do grau de umidade
das sementes.
Uma alternativa para diminuir a incidência de microrganismos é a
utilização de baixas temperaturas durante o armazenamento. No entanto, esse
procedimento pode afetar negativamente a viabilidade da maioria das sementes
recalcitrantes de espécies tropicais (Probert & Smith, 1996). Outra opção tem
sido a aplicação de fungicidas, o que tem proporcionado resultados satisfatórios
em sementes recalcitrantes de algumas espécies, como tangerina ‘Cleópatra’ e
limão ‘Cravo’ (Bonome & Von Pinho, 1999) e cacau (Figueiredo, 1986). Por
outro lado, sementes de outras espécies podem apresentar maior sensibilidade à
fitotoxicidade de fungicidas, como observado em sementes de citrumelo
‘Swingle’ por Bonome & Von Pinho (1999), sementes de seringueira tratadas
17
com Benlate e Thiram (Garcia & Vieira, 1994), Benlate e Captan (Cícero et al.,
1986).
O efeito dos microrganismos em sementes, no aspecto bioquímico e
molecular, é pouco elucidado. No entanto, existem fungos capazes de invadir as
sementes durante seu desenvolvimento ou após a maturação. Quando a infecção
é acentuada chega a injuriar a semente, podendo causar descoloração,
enrugamento e redução na qualidade fisiológica, bem como alterações nos perfis
eletroforéticos de proteínas e isoenzimas.
De acordo com Agrios (1998), a maioria dos patógenos vive em
associação ou dentro de protoplastos celulares. Esses patógenos absorvem
nutrientes do protoplasto, como açúcares e aminoácidos, que são moléculas
pequenas. Outros constituintes celulares, como proteínas e ácidos graxos, podem
ser utilizados apenas após a degradação, por enzimas secretadas pelo patógeno.
O tratamento de sementes envolve a aplicação de diversos processos e
substâncias com o objetivo de preservar ou aperfeiçoar seu desempenho,
possibilitando um aumento de produtividade da cultura (Menten, 1991). De
maneira geral, pode ser definido como qualquer operação que envolva as
sementes, seja por meio de seu manejo ou pela incorporação de produtos
químicos ou biológicos, à sua superfície ou interior, ou aplicação de agentes
físicos, visando à melhoria ou garantia do seu desempenho em condições de
cultivo (Machado, 2000).
O uso de fungicidas para tratamento químico de sementes é um dos
métodos de mais baixo custo no controle integrado de doenças de plantas, não só
com o interesse de eliminar os patógenos associados às sementes, mas também
proteger as sementes e as plântulas, durante sua fase inicial de desenvolvimento,
de agentes patogênicos presentes na semente e no solo (Ruano et al., 1989;
Goulart, 2000).
18
Machado (2000) relata que a completa erradicação ou redução, a níveis
toleráveis, de um patógeno associado às sementes, nem sempre é possível por
meio de um único método. Diversos fatores podem interferir na eficácia de um
ou de outro método, fazendo com que o uso combinado desses seja uma tática
necessária para o sucesso do tratamento de sementes. Em citros, a combinação
do tratamento térmico e o químico tem sido uma necessidade para o tratamento
das sementes, sendo o uso de fungicidas protetores, como Thiram e Captan
quase sempre indispensável após o tratamento à base de calor.
Dessa forma, o ponto de maturação em que as sementes são colhidas e as
condições em que são expostas durante o armazenamento, bem como da
utilização do tratamento químico, podem influenciar grandemente na qualidade
inicial do lote e, conseqüentemente, na produção das mudas.
3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Análise de Sementes do
Departamento de Agricultura na Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais.
Foram utilizadas sementes do híbrido citrumelo ‘Swingle’ (Citrus paradisi
Macfad. cv. Duncan x Poncirus trifoliata (L.) Raf. safra 2005. As sementes
foram produzidas em Limeira, SP, onde foram extraídas mecanicamente do fruto
em dois estádios de maturação, verde e maduro. Foram consideradas sementes
verdes aquelas provenientes de frutos com coloração verde-escura na casca, com
aspecto esbranquiçado na polpa e sementes em tons amarelo-claro (Estádio 1).
Como maduras, foram consideradas as sementes de frutos que apresentavam
casca amarela, polpa amarelo-creme e sementes com tegumento externo em
amarelo-escuro (Estádio 2).
19
As avaliações da qualidade das sementes foram realizadas em períodos
trimestrais, por meio de testes de germinação, índice de velocidade de
emergência (IVE), sanidade e perfis isoenzimáticos.
3.1 Tratamento térmico
Após a extração, as sementes foram submetidas a tratamento térmico, a
52ºC, durante 10 minutos, realizado pela empresa fornecedora das sementes.
3.2 Tratamento químico
Após o tratamento térmico, as sementes verdes e maduras foram
divididas em lotes, que receberam diferentes tratamentos químicos, sendo
Captan+Tecto 600 (30g+10g/20L semente), Thiram (2g/kg de semente), Derosal
(2g/kg de semente) e uma amostra sem tratamento. Foram armazenados por três,
seis e nove meses em câmara fria e seca, a 10°C, em embalagens plástica de
polietileno em volume de 4,5 litros e envolvidas em sacos plásticos de cor preta.
3.3 Determinação do grau de umidade
O grau de umidade das sementes foi determinado pelo método da estufa,
a 105ºC ± 3, durante 24 horas, conforme as Regras para Análise de Sementes
(Brasil, 1992), em todos os períodos de armazenamento. Em cada tratamento foi
retirada uma amostra para compor a repetição.
20
3.4 Extração dos tegumentos
Antes da semeadura e após cada período de armazenamento, nos testes
de germinação, emergência de plântulas e das análises isoenzimáticas, realizou-
se a extração do tegumento. Em um balde, adicionou-se 1 litro de água em 1 litro
de sementes e em seguida 0,5 litro de hipoclorito de sódio (NaClO) a 12%, 18
gramas de soda cáustica (NaOH) e 5 ml de ácido muriático (HCl). A mistura foi
agitada durante 5 minutos, sem intervalos. Após esse período, as sementes foram
deixadas em repouso durante 40 minutos, até apresentarem um aspecto
esbranquiçado e com o tegumento soltando-se facilmente. As sementes foram
em seguida, lavadas em uma solução de cal na proporção de 200g para 5 litros
de água. Após esse processo, o tegumento foi retirado das sementes, manual e
individualmente.
3.5 Teste de germinação
O substrato para semeadura foi o papel do tipo germitest, umedecido
com água destilada em quantidade de 2,5 vezes o peso seco do papel. As
sementes foram colocadas em germinador regulado à temperatura de 25ºC e as
contagens realizadas aos 15 e 30 dias após a semeadura. Foram consideradas
como plântulas normais aquelas que apresentavam o folíolo exposto e presença
de raízes primárias com, no mínimo 3 cm. Foram utilizadas 4 repetições de 50
sementes e os resultados foram expressos em porcentagem.
3.6 Teste de emergência de plântulas
Foi realizado em bandeja plástica contendo como substrato, a mistura de
areia e terra, na proporção de 2:1. O substrato foi umedecido até a capacidade de
21
70% de retenção. Após a semeadura, as bandejas foram mantidas em câmara de
crescimento vegetal, previamente regulada à temperatura de 25ºC, em regime
alternado de luz e escuro (12 horas). As plântulas foram avaliadas diariamente
após o primeiro dia de emergência, computando-se o número de plântulas
emersas até a estabilização do estande aos 30 dias. O índice de velocidade de
emergência foi determinado segundo fórmula proposta por Maguirre (1962).
Foram utilizadas 4 repetições com 50 sementes por tratamento.
3.7 Teste de sanidade
A incubação das sementes foi realizada em placas de Petri de 15 cm de
diâmetro, contendo duas folhas de papel filtro autoclavado e umedecido em água
destilada e autoclavada. Foram analisadas 400 sementes por tratamento
distribuídas em 8 repetições com 25 sementes, sendo 200 com tegumento e 200
sem tegumento. Em seguida, as placas foram colocadas em BOD, a 20ºC, sob
regime alternado de 12 horas de luz e 12 horas de escuro, durante 7 dias. Após o
período de incubação, com auxílio de microscópio, foram realizadas a
identificação e a quantificação dos fungos presentes nas sementes. Os valores
foram expressos em porcentagem.
3.8 Avaliações moleculares
3.8.1 Preparo do material para análise enzimas
Nos períodos de 0, 3, 6 e 9 meses de armazenamento, foram retiradas
duas amostras de 50 sementes sem tegumento de cada tratamento e armazenadas
à temperatura de -86ºC em recipiente escuro, para análise de enzimas por meio
da técnica de eletroforese.
22
Para análise eletroforética de enzimas as sementes foram trituradas na
presença de PVP e nitrogênio líquido em mortar sobre gelo e posteriormente
armazenadas à temperatura de -86ºC
3.8.2 Extração e análise de enzimas
Para a extração das enzimas, foi utilizado o tampão Tris HCL 0,2M pH
8,0 + (0,1% de β mercaptoetanol), na proporção de 250µL por 100mg de
sementes. O material foi homogeneizado em vortex e mantido em overnight, em
geladeira, seguido de centrifugação a 16.000 x g, por 60 minutos, a 4ºC.
A corrida eletroforética foi em sistema de géis de poliacrilamida a 7,5%
(gel separador) e 4,5% (gel concentrador). O sistema gel/eletrodo utilizado foi o
Tris-glicina pH 8,9. Foram aplicados 15 µL do sobrenadante da amostras e a
corrida efetuada a 150 V por 4 horas.
Terminada a corrida, os géis foram revelados para as enzimas catalase
(CAT), esterase (EST), glutamato oxalacetato transaminase (GOT), malato
desidrogenase (MDH), fosfato glutamato (PGI) e superóxido dismutase (SOD),
conforme Alfenas et al. (1991).
3.9 Procedimentos estatísticos
O delineamento estatístico experimental foi o inteiramente casualizado,
num esquema fatorial (2 x 4 x 4) , sendo 2 estágios de maturação (sementes
verdes e maduras), quatro tratamentos químicos (testemunha, Tecto+Captan,
Thiram e Derosal) em 4 épocas de armazenamento (0, 3, 6, 9 meses).
Foram utilizadas 4 repetições de 50 sementes em cada teste, com
exceção da determinação da sanidade, em que foram utilizadas 8 repetições com
23
25 sementes, determinação do grau de umidade e análises eletroforéticas, sendo
2 repetições de 50 sementes. Os fatores maturação e tratamento químico foram
avaliados pelo teste de Tukey e o fator época avaliado pela análise de regressão.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Grau de umidade das sementes
Os valores do grau de umidade das sementes, determinados aos 0, 3, 6 e
9 meses de armazenamento, estão apresentados na Tabela 1. O grau de umidade
das sementes acondicionadas em embalagens plásticas impermeáveis foi
monitorado durante o armazenamento e, independente do tratamento químico e
da maturação da semente, pode-se verificar um aumento no conteúdo de água,
aos 9 meses de armazenamento, em torno de 6%, em relação ao grau de umidade
inicial. Von Pinho et al. (2005), ao armazenarem sementes de citrumelo
‘Swingle’ em embalagens plásticas impermeáveis, observaram que o grau de
umidade se manteve inalterado a partir do terceiro mês, discordando dos
resultados obtidos nesta pesquisa. Já em embalagens semipermeável e
permeável, os autores observaram redução no teor de água.
Já Bonome (2006) observou um aumento nos valores do grau de
umidade das sementes de seringueira durante o armazenamento com o uso de
embalagem impermeável, sugerindo que esse aumento ocorreu em função do
tipo de embalagem associado com o alto teor de água em que as sementes foram
armazenadas. Esse último fator contribui para a elevação da atividade
metabólica das sementes e, conseqüentemente, para o aumento de sua taxa
respiratória, resultando em uma maior liberação de CO
2
e vapor de água no
interior da embalagem. Outro fator que pode ter contribuído para o aumento no
grau de umidade é a presença de patógenos.
24
Utilizando sacos de papel manteiga, Oliveira et al. (2003) armazenaram
sementes de Poncirus trifoliata em câmara fria e seca, e observaram um
ressecamento do tegumento. Nas embalagens permeáveis, há troca de vapor de
água com o meio; assim, as sementes entram em equilíbrio higroscópico com o
ambiente. Esse equilíbrio se deve à característica de higroscopicidade das
sementes, que permite a absorção ou a perda de umidade para o ambiente,
conforme as diferenças de potencial hídrico entre semente e o ar ambiente
(Baskin, 1975).
TABELA 1 Resultados médios (%) do grau de umidade de sementes de
citrumelo ‘Swingle’ avaliado durante o armazenamento em
câmara fria e seca. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Grau de umidade ( %)
Época (mês)
Estádio 1 Estádio 2
0
37,40 38,50
3
39,50 40,60
6
41,50 42,70
9
43,50 44,70
4.2 Sanidade de sementes
A incidência de fungos nas sementes de citrumelo ‘Swingle’ avaliadas
no teste de sanidade, aos 0, 3, 6, e 9 meses, está apresentada nas Tabelas 2, 3, 4 e
5, respectivamente.
Verificou-se maior incidência de fungos do gênero Aspergillus,
Fusarium, Penicillium e Alternaria e, em menor quantidade, Rhizopus,
25
Drecherela, Trichoderma, Phoma e Nigrospora, que não chegaram a 1% de
incidência.
Pode-se observar que houve um aumento na incidência de patógenos
durante o armazenamento e uma ligeira redução aos 9 meses. O mesmo foi
verificado por Koller et al. (1993), em sementes de Poncirus trifoliata tratadas e
armazenadas em sacos de polietileno, com grau de umidade de 35,5%. Na
presente pesquisa, foi observado, durante o armazenamento, aumento na
incidência de fungos, principalmente do gênero Penicillium, independente do
tratamento químico.
Verificou-se um incremento na quantidade de patógenos, principalmente
em sementes maduras sem tratamento químico e tratadas com Thiram.
De maneira geral, a retirada do tegumento, principalmente em sementes
maduras, propiciou o aparecimento de fungos. O tegumento da semente funciona
como uma barreira aos patógenos e, com sua retirada, a semente fica mais
exposta aos ataques. Independente do tratamento químico e da maturação das
sementes, a contaminação do fungo do gênero Fusarium aumentou em contraste
com a redução de Penicillium. Esse comportamento evidencia um antagonismo
dos mesmos.
Aos 3 meses de armazenamento, houve redução na incidência de
Aspergillus e conseqüente aumento na quantidade dos outros fungos presentes
nas sementes. Espécies de fungos do gênero Aspergillus, Penicillium e Rhizopus
podem associar-se às sementes e ter sua incidência aumentada, causando danos e
deterioração das sementes com o armazenamento (Machado, 2000; Pádua &
Vieira, 2001; Pádua et al., 2002; Pizzinato et al., 1999), principalmente se as
condições do ambiente de armazenamento forem de alta umidade relativa e alta
temperatura. Nesse sentido, Dhingra (1985) relatou que fungos de
armazenamento são os principais responsáveis pela perda de viabilidade das
sementes armazenadas com grau de umidade acima do valor crítico.
26
Verificou-se também, com o avanço do armazenamento, aumento na
incidência de plântulas albinas. Há relatos de que o fungo Alternaria tenuis seja
o agente causal mais comum dessa mutação, seguido do Aspergillus flavus, os
quais produzem uma toxina inibidora da produção de clorofila (Laranjeira et al.,
2005).
O tratamento químico com Thiram foi ineficiente para o controle dos
patógenos, durante o armazenamento das sementes. Camacho et al. (1995)
verificaram uma ação eficiente no controle de patógenos nas espécies de citros
estudadas, quando o tratamento químico das sementes foi feito com Thiram e
Benomyl. Essa diferença pode ter sido devido à dosagem usada, que foi de 3g/kg
de semente, diferente da usada neste trabalho.
TABELA 2 Resultados médios (%) de fungos observados, antes do
armazenamento, em sementes de citrumelo ‘Swingle’ com
tegumento (CT) e sem tegumento (ST). UFLA, Lavras, MG,
2007.
Aspergillus Fusarium Penicillium Alternaria
Estádio de
maturação
Fungicida
CT ST CT ST CT ST CT ST
Testemunha 3 0 3 3 3 1 1 2
Captan + Tecto 0 0 0 0 0 0 0 0
Derosal 0 0 0 5 5 0 0 0
Estádio 1
Thiram 2 4 2 2 2 0 0 0
Testemunha 1 7 2 5 5 17 0 1
Captan + Tecto 0 2 0 1 1 1 1 1
Derosal 14 1 1 4 4 5 0 0
Estádio 2
Thiram 6 6 2 5 5 25 0 0
*Os dados não foram analisados estatisticamente
27
TABELA 3 Resultados médios (%) de fungos observados, aos 3 meses de
armazenamento, em sementes de citrumelo ‘Swingle’ com
tegumento (CT) e sem tegumento (ST). UFLA, Lavras, MG, 2007.
Aspergillus Fusarium Penicillium Alternaria
Estádio de
maturação
Fungicida
CT ST CT ST CT ST CT ST
Testemunha 0 0 34 24 27 76 0 0
Captan + Tecto 0 0 0 4 3 64 0 0
Derosal 0 0 8 2 43 66 0 0
Estádio 1
Thiram 0 0 0 8 83 71 0 0
Testemunha 0 0 63 42 4 48 1 1
Captan + Tecto 0 0 11 9 21 94 0 0
Derosal 0 0 12 12 95 71 0 0
Estádio 2
Thiram 0 0 11 9 99 82 0 0
*Os dados não foram analisados estatisticamente
TABELA 4 Resultados médios (%) de fungos observados, aos 6 meses de
armazenamento, em sementes de citrumelo ‘Swingle’ com
tegumento (CT) e sem tegumento (ST). UFLA, Lavras, MG, 2007.
Aspergillus Fusarium Penicillium Alternaria
Estádio de
maturação
Fungicida
CT ST CT ST CT ST CT ST
Testemunha 5 24 23 18 3 28 0 0
Captan + Tecto 0 0 0 5 20 19 26 4
Derosal 3 21 3 13 11 11 0 0
Estádio 1
Thiram 3 47 1 1 3 36 0 0
Testemunha 45 56 35 15 10 40 2 0
Captan + Tecto 0 5 7 10 24 46 2 4
Derosal 4 48 0 16 2 8 28 0
Estádio 2
Thiram 0 35 16 15 23 5 0 0
*Os dados não foram analisados estatisticamente
28
TABELA 5 Resultados médios (%) de fungos observados, aos 9 meses de
armazenamento, em sementes de citrumelo ‘Swingle’ com
tegumento (CT) e sem tegumento (ST). UFLA, Lavras, MG, 2007.
Aspergillus Fusarium Penicillium Alternaria
Estádio de
maturação
Fungicida
CT ST CT ST CT ST CT ST
Testemunha 10 27 31 21 9 27 0 0
Captan + Tecto 0 0 0 0 0 13 0 0
Derosal 2 0 6 9 28 3 0 1
Estádio 1
Thiram 3 2 6 4 7 19 1 0
Testemunha 8 14 22 6 2 15 0 0
Captan + Tecto 0 0 2 4 10 58 0 0
Derosal 1 17 7 28 0 8 0 0
Estádio 2
Thiram 3 6 10 22 1 31 0 0
*Os dados não foram analisados estatisticamente
4.3 Avaliação fisiológica e molecular
A germinação de sementes de citrumelo ‘Swingle’ ocorreu, em sua
maioria, do quinto ao trigésimo dia após a semeadura, o que indica que a retirada
dos tegumentos foi eficiente na promoção da germinação, que pode chegar a 60
dias. Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira (2003), em
sementes de Poncirus trifoliata. A germinação lenta pode ser atribuída às
barreiras mecânicas determinadas pela presença de tais estruturas (Soares Filho
et al., 1995). Ramos (1991) não observou efeito da retirada do tegumento na
germinação de sementes de limão ‘Cravo’ e ‘Trifoliata’.
Além da barreira mecânica, a inibição da germinação pode ser provocada
por agentes aleloquímicos. Ketring (1973) identificou em frutos de Citrus limon,
o inibidor citral. Em testes realizados com sementes de alface, semeadas em
substrato umedecido com extrato triturado provenientes da testa e do tegma de
sementes de citrumelo ‘Swingle’, Carvalho (2001) observou reduções de 88%
29
nos valores de germinação das sementes de alface semeadas na presença de
extrato de testa e de 100% quando foram semeadas em substrato contendo o
extrato com tegma. Souza et al. (2006) também verificaram redução na
porcentagem de germinação em sementes de alface semeadas em substrato
contendo extrato de tegma de sementes de citrumelo ‘Swingle’ a 5%, e a
ausência de pêlos absorventes nas radículas das mesmas.
Nas Tabelas 6 e 7 e nas Figuras 1, 2, 3 e 4 estão descritos os valores
médios de germinação e índice de velocidade de emergência de sementes de
citrumelo ‘Swingle’, verde e madura , respectivamente, durante o
armazenamento. Pode-se observar que a germinação de sementes maduras foi
superior, ao 0 mês, para sementes tratadas com Captan+Tecto, Derosal e Thiram
e, aos 3 meses, para sementes tratadas com Derosal e Thiram, em relação às
sementes verdes. Esse comportamento foi modificado aos 9 meses de
armazenamento, para o tratamento químico de Captan+Tecto.
Nos valores de emergência aos 0 e 3 meses, foi observada diferença
entre sementes verdes e maduras somente para o tratamento com Thiram
Até os 6 meses, sementes submetidas ao tratamento químico e colhidas
no estádio 2 (maduro) apresentaram germinação superior em relação às colhidas
no estádio 1 (verde).
Em relação ao observado no índice de velocidade de emergência,
sementes verdes tratadas com a mistura de fungicidas Captan+Tecto tiveram
valores superiores às sementes maduras aos seis meses, mantendo esse
comportamento aos 9 meses de armazenamento.
30
TABELA 6 Resultados médios de germinação (%) de sementes de citrumelo
‘Swingle’ tratadas e não tratadas com fungicidas em dois estádios
de maturação, verde (V) e maduro (M). UFLA, Lavras, MG, 2007.
0 mês 3 meses 6 meses 9 meses
Fungicida
V M V M V M V M
Testemunha 80 Ba 80 Ba 41 Ca 42 Ca 1 Cb 8 Ca 0 Ba 0 Ba
Captan+Tecto 88 Ab 95 Aa 72 Aa 73 Aa 48 Aa 46 Aa 41 Aa 10 Ab
Derosal 63 Cb 82 Ba 40 Cb 71 ABa 26 Ba 28 Ba 0 Ba 0 Ba
Thiram 71 Cb 86 Ba 52 Bb 63 Ba 1 Cb 26 Ba 0 Ba 0 Ba
CV (%) 9,90
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha,
para cada período de armazenamento, não diferem entre si, pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade.
TABELA 7 Índice de velocidade de emergência (IVE) de sementes de citrumelo
‘Swingle’ tratadas e não tratadas com fungicidas em dois estádios
de maturação, verde (V) e maduro (M). UFLA, Lavras, MG, 2007.
0 mês 3 meses 6 meses 9 meses
Fungicida
V M V M V M V M
Testemunha 1,59Aa 1,76Aa 1,43Ba 1,38Ba 0,06Ba 0,02Ca 0,00Aa 0,15Aa
Captan+Tecto 1,70Aa 1,88Aa 2,07Aa 2,02Aa 1,74Aa 1,25
A
b 1,34Ba 0,00Ab
Derosal 1,68Aa 1,98Aa 1,58Ba 1,79Aa 0,34Bb 0,74Ba 0,00Aa 0,00Aa
Thiram 1,58Ab 2,00Aa 1,30Bb 1,74Aa 0,17Ba 0,43Ba 0,00Aa 0,00Aa
CV (%) 21,70
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha,
para cada período de armazenamento, não diferem entre si, pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade.
31
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0369
Época de Armazenamento (meses)
Testemunha Tecto+Captan Derosal Thiram
Porcentagem
Y = 0,840278X
2
– 16,720833X + 81,212500 R = 99,3%
Y = -0,375000X
2
– 6,041667X + 94,875000 R = 99,9%
Y = -0,437500X
2
– 5,720833X + 84,587500 R = 97,5%
Y = -9,800000X + 87,600000 R = 99,1%
FIGURA 1 Porcentagem de germinação de sementes maduras de citrumelo
‘Swingle’ com diferentes tratamentos químicos durante o
armazenamento. UFLA
,
Lavras
,
MG
,
2007.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
036
Época de Armazenamento (meses)
Porcentagem
Y = 1,062500X
– 18,854167X + 81,687500 R = 98,3%
Y = 0,263889X
2
– 7,891667X + 89,325000 R = 97,5%
Y = -6,766667X + 62,450000 R = 98,9%
Y = 0,500000X
2
– 13,266667X + 74,700000 R = 90,1%
Testemunha
Tecto+Captan Derosal
Thiram
9
FIGURA 2 Porcentagem de germinação de sementes verdes de citrumelo
‘Swingle’ com diferentes tratamentos químicos, durante o
armazenamento. UFLA, Lavras, MG, 2007.
32
0,000
0,700
1,400
2,100
2,800
0369
Época de Armazenamento (meses)
Testemunha Tecto+Captan Derosal Thiram
IVE
Y = -0,221325X + 1,785400 R = 88,1%
Y = -0,034306X
2
+ 0,110117X + 1,912100 R = 99,1%
Y = -0,015493X
2
– 0,093621X + 2,036887 R = 97,2%
Y = -0,244058X + 2,140200 R = 93,3%
FIGURA 3 Indice de velocidade de emergência de sementes maduras de
citrumelo ‘Swingle’ com diferentes tratamentos químicos durante
o armazenamento. UFLA, Lavras, MG, 2007.
0,000
0,700
1,400
2,100
2,800
0369
Época de Armazenamento (meses)
Testemunha
Tecto+Captan Derosal
Thiram
IVE
Y = -0,204858X + 1,689925 R = 85,5%
Y = -0,026924X
2
+ 0,175487X + 1,716838 R = 98,0%
Y = -0,208983X – 1,840925 R = 89,9%
Y = -0,195858X + 1,642675 R = 91,0%
FIGURA 4 Indice de velocidade de emergência de sementes verdes de citrumelo
‘Swingle’ com diferentes tratamentos químicos, durante o
armazenamento. UFLA, Lavras, MG, 2007.
33
Sementes maduras estão em um estádio de deterioração mais avançado,
tendo uma maior perda na qualidade, principalmente aos 9 meses de
armazenamento. Já em sementes verdes de citrumelo ‘Swingle’, houve uma
maior conservação no final do armazenamento. Essa mesma tendência pode ser
observada pelos valores de emergência.
Comparando-se os tratamentos químicos utilizados, em sementes
tratadas com a mistura Captan+Tecto, foram observados maiores valores de
germinação, embora esse tratamento não tenha erradicado totalmente os
patógenos.
Aos 6 meses de armazenamento, houve grande incidência de patógenos
nas sementes, reduzindo consideravelmente a germinação. Não houve diferença
entre testemunha e sementes verdes de citrumelo ‘Swingle’ tratadas com
Thiram. Essa redução drástica de 71% para 1% em sementes tratadas pode ter
ocorrido devido a uma fitotoxidez do produto. Menten (1996) cita que o
armazenamento pode acentuar o efeito fitotóxico do produto ou provocar uma
redução na eficiência do fungicida. Sementes com superfície lisa, como é o caso
de milho, soja e feijão, retêm menos produtos, dependendo da formulação usada.
Por outro lado, superfícies rugosas, como a das sementes de algodão, arroz e
trigo, possibilitam maior retenção dos produtos (Machado, 2000), característica
essa observada também no tegumento de sementes de citros.
A redução da germinação das sementes, mesmo naquelas tratadas, pode
ser devido, em parte, ao grau de umidade dessas sementes, tendo sido observada
a formação de gotas de água na parte interna das embalagens. Em conseqüência,
houve apodrecimento de 6%, em média, em sementes tratadas e de 10%
naquelas sem tratamento, fato também observado por Koller et al. (1993).
Durante o armazenamento nas sementes tratadas com a mistura química,
houve redução na incidência de fungos, e a redução no percentual de germinação
dessas sementes foi superior em relação à testemunha e aos demais tratamentos.
34
Em sementes de Poncirus trifoliata tratadas com Captan houve manutenção da
germinação durante 6 meses (Koller et al., 1993).
Aos nove meses de armazenamento, as sementes, independente do
tratamento químico, possuíam um aspecto apodrecido e odor de etanol, e a
massa de sementes bastante umedecida, principalmente em sementes maduras.
Mesmo em condições de câmara fria e seca, essas amostras tiveram seu
potencial de germinação nulo, com exceção daquelas tratadas com a mistura de
fungicida. Em sementes verdes, houve redução do potencial de germinação,
mesmo assim, foi superior ao das maduras, quando tratadas com a mistura de
fungicidas. Esse fato é explicado, possivelmente, por dormência fisiológica ou
imaturidade do embrião.
O armazenamento das sementes em câmara fria pode ter favorecido essa
quebra de dormência ou a maturação do embrião. Mesmo sendo favorável esse
armazenamento, as sementes de citrumelo são difíceis de serem mantidas sob
tais condições artificiais.
Segundo Roberts (1973) as sementes de Citrus spp. são consideradas
problemáticas, do ponto de vista de armazenamento, sendo necessário que elas
sejam armazenadas com grau de umidade superior a 35%. Von Pinho et al.
(2005) citaram que sementes de citrumelo ‘Swingle’, para uma conservação
adequada, devem se armazenadas com grau de umidade em torno de 40%, em
embalagem impermeável e em ambiente refrigerado. Esses resultados reforçam
de Mungomery et al. (1966), os quais mostraram que a viabilidade de sementes
de tangerina ‘Cleópatra’ (Citrus reticulata Blanco) pode ser mantida durante o
armazenamento, desde que conservadas com grau de umidade acima de 40% e
em temperaturas de 5° a 10ºC.
Em relação aos perfis enzimáticos de sementes de citrumelo ‘Swingle’,
foi observada, para a catalase, enzima do sistema de defesa antioxidante nas
células, maior atividade em fases mais avançadas de deterioração (Figura 6A).
35
Nos tratamentos com fungicidas, foram observados maior atividade aos 6 e 9
meses de armazenamento, sendo mais evidente em sementes maduras, fato
também verificado nos valores de germinação e IVE.
Em comparação com a testemunha, foi observada maior atividade dessa
enzima em sementes tratadas com Thiram e Derosal, devido a uma provável
fitotoxidez dos produtos. Isso pode ter ocorrido pela característica da superfície
rugosas da semente que possibilita maior retenção do produto, além do fato de
esse produto inibir a dehidrogenação de piruvato, podendo, em altas
concentrações, atuar sobre outros mecanismos celulares (Machado, 2000).
Bonome (2006), observou, em sementes de seringueira, um ligeiro
incremento dessa enzima até os 165 dias de armazenamento em temperatura
ambiente e em sementes armazenadas em condições de câmara fria, a atividade
da catalase manteve-se inalterada, independente do tratamento fungicida. Já Jeng
& Sung (1994) e Bailly et al. (1996) verificaram redução na atividade da
catalase com o envelhecimento de sementes de amendoim e girassol. O aumento
da atividade dessa enzima, seguido do aumento da SOD (Figura 7F) não na
mesma proporção, mostra claramente a ineficiência do sistema antioxidante das
sementes recalcitrantes. Esse fato também foi relatado por Pukacka & Ratajczak
(2005), em sementes de Fagus Sylvatica
Maior atividade da enzima esterase (Figura 6B) foi observada em
sementes tratadas com Captan+Tecto, quando comparada à testemunha, sendo
mais evidente em sementes maduras. Esse fato demonstra a maior peroxidação
de lipídios, uma vez que esta enzima está envolvida em reações de hidrólise de
ésteres estando diretamente ligada ao metabolismo de lipídios (Santos et al.,
2004).
Fessel (2005) verificou uma diminuição da atividade da esterase com o
aumento do período de envelhecimento das sementes de milho.
36
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
V M V M V M V M
(A)
Época 0 Época 3 Época 6 Época 9
(B)
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
V M V M V M V M
Época 0 Época 3 Época 6 Época 9
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
V
(C)
M V M V M V M
Época 0 Época 3 Época 6 Época 9
FIGURA 5 Perfis enzimáticos da catalase-CAT (A), esterase-EST (B), glutamato
oxalacetato transaminase-GOT (C) de sementes de citrumelo
‘Swingle’ verde (V), madura (M) e tratadas, testemunha (0), Captan
+ Tecto (1), Derosal (2), Thiram (3). UFLA, Lavras, MG, 2007.
37
(3)
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
(D)
V M V M V M V M
Época 0 Época 3 Época 6 Época 9
(E)
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
V M V M V M V M
Época 0 Época 3 Época 6 Época 9
0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3 0 1 2 3
Época 0 Época 3 Época 6 Época 9
V M V M V M V M
(F)
FIGURA 6 Perfis enzimáticos da malato desidrogenase-MDH (D), fosfato
glutamato-PGI (E), superóxido dismutase-SOD (F) de sementes de
citrumelo ‘Swingle’ verde (V), madura (M) e tratadas, testemunh
a
(0), Captan + Tecto (1), Derosal (2), Thiram (3). UFLA, Lavras,
MG, 2007.
38
Resultado semelhante foi encontrado por Aung & McDonald (1995) em
sementes de amendoim, tanto em sementes embebidas como não embebidas.
Segundo esses autores, as esterases são o grupo de enzimas mais importantes na
germinação de amendoim. Essas sementes são consideradas oleaginosas, com
48% de lipídios em sua composição (Marcos Filho, 2005). Em avaliação da
composição química de sementes de citrumelo ‘Swingle’, verificou-se alto valor
do teor de gordura em sementes maduras, 35% e em sementes verdes, 34%
(Tabela 1A).
Alto teor de gordura das sementes favorece, neste grupo de enzimas
hidrolíticas, a liberação de ácido graxo dos lipídios, os quais são usados na beta
oxidação, como fonte de energia para os eventos germinativos. Muitos desses
lipídios são constituintes de membranas, cuja degradação aumenta com a
deterioração. Segundo Vieira (1996), a variação no perfil eletroforético dessa
enzima parece estar mais relacionado à associação de microrganismos do que o
processo deteriorativo em si.
Foi observada redução na proliferação de microrganismos em pesquisa
realizada por Bonome (2006), em sementes de seringueira, com o tratamento das
sementes. Esse autor verificou também uma redução da atividade dessa enzima
em embrião de sementes de seringueira tratadas, com o avanço do
armazenamento. Já em sementes armazenadas à temperatura ambiente e sem
tratamento químico, constatou-se a presença de maior quantidade de
microrganismos com o decorrer do armazenamento, justificando o aumento da
atividade da esterase. Esses resultados corroboram com os resultados obtidos em
sementes não tratadas e maduras de citrumelo.
Brandão Jr. et al. (1999) observaram diminuição da intensidade de um
grupo de bandas de esterase e aumento de outras com o envelhecimento de
sementes de milho, explicando que o aparecimento de novas bandas pode ser
devido à ação de fungos de armazenamento. Chauhan et al. (1985) verificaram,
39
em sementes de soja e cevada, que os padrões de bandas de esterase não estavam
uniformemente presentes nos diferentes tratamentos referentes aos tempos de
envelhecimento acelerado e que o número de bandas aumentou com o tempo de
envelhecimento, sendo algumas bandas específicas para determinado estádio de
envelhecimento.
A glutamato oxalacetato transaminase (GOT) (Figura 6C) é uma enzima
que tem um papel importante no processo de degradação e síntese de proteínas.
Portanto, apresenta fundamental importância na germinação das sementes.
Assim, é provável que o aumento do número de bandas esteja relacionado ao
aumento da atividade metabólica.
Nas sementes que foram tratadas com Captan+Tecto, na medida que o
período de armazenamento foi aumentado, houve uma diminuição na atividade
da enzima GOT, mostrando a eficiência do tratamento. Esses resultados estão de
acordo com os observados por Brandão Jr. (1996), que trabalhou com sementes
de milho, enquanto Vieira (1996) não observou variação na atividade dessa
enzima em sementes de algodão.
Bonome (2006) verificou uma menor intensidade de coloração e número
de bandas no embrião de sementes de seringueira tratadas com fungicida,
diferindo dos resultados encontrados nessa pesquisa. Já Silva et al. (2000),
avaliando alterações dos padrões de izoenzimas em sementes de milho
infectadas por fungo, verificaram uma redução na atividade da GOT, quando não
foram tratadas.
Bonome (2006) verificou, que sementes de seringueira, aos 105 dias de
armazenamento a temperatura ambiente e não tratadas houve um aumento da
atividade com posterior queda. Essa redução foi atribuída em função do
incremento da incidência de microrganismos nessas condições. Isso está de
acordo com os dados obtidos na presente pesquisa, uma vez que a maior
porcentagem de microrganismos foi evidente no decorrer do armazenamento.
40
Silva et al. (2000) relataram redução na intensidade de bandas da GOT em
sementes de milho infectadas com Aspergillus flavus, Fusarium moniliforme e
Penicillium spp.
A enzima malato desidrogenase (Figura 7D) teve sua atividade reduzida
ao longo do armazenamento, exceto em sementes tratadas com Captan+Tecto,
caracterizando uma desestruturação das membranas da mitocôndria e
conseqüente deficiência na rota aeróbica, uma vez que essa enzima tem uma
função importante no ciclo de Krebs para a produção de NADH.
Mesmo nas sementes armazenadas em embalagens plásticas a rota
aeróbica continua acontecendo, mas com indícios da rota anaeróbica. Como
essas sementes estavam muito contaminadas, espera-se um aumento na
respiração dessas devido à utilização de reservas de carboidratos, ou seja, há
aumento na atividade metabólica e muita energia faz-se necessária para suprir a
demanda. Ao mesmo tempo, a biossíntese e o acúmulo de diversos compostos
são iniciados, estando alguns desses diretamente ligados aos mecanismos de
defesa. A MDH catalisa a conversão de malato a oxalacetato, e, além da
importante função dentro do ciclo de Krebs, participa do movimento de malato
através da membrana mitocondrial e da fixação de CO
2
nas plantas (Taiz &
Zeiger, 1991). O tratamento Tecto+Captan foi eficiente, mantendo a atividade
dessa enzima aos nove meses de armazenamento, o mesmo foi observado nos
resultados dos testes para a avaliação da qualidade fisiológica.
A membrana mitocondrial é rica em lipídios insaturados, o que aumenta
a superfície exposta à peroxidação, elevando a permeabilidade das membranas e
afetando a atividade respiratória aeróbica, diminuindo a produção de ATP e a
absorção de oxigênio (Ferguson et al., 1990; Wilson & McDonald, 1986).
A fosfoglicomutase (PGI) (Figura 7E) transforma a glicose 1 fosfato em
glicose 6 fosfato na glicólise, reação que ocorre no citossol para a produção de
energia. Esse açúcar é fosforilado, porém, se estiver na forma de amido ou
41
glicogênio, a incorporação do fosfato se dá por meio da enzima fosforilase
(Ferri, 1985). Com o aumento do período de armazenamento, essa enzima teve
sua atividade reduzida, pois os açúcares foram consumidos, sendo ela um
excelente marcador na fase inicial do processo de deterioração, por atuar na
glicólise, fase inicial do processo de respiração. A atividade foi mantida nas
sementes tratadas com Captan+Tecto, justamente nas quais ocorreu menor
incidência de patógenos, quando comparados aos demais tratamentos e maiores
valores de germinação e vigor.
42
5 CONCLUSÕES
1. O tratamento de sementes de citrumelo ‘Swingle’ com Captan+Tecto é
eficiente durante o armazenamento.
2. Sementes de frutos verdes e maduros têm deterioração crescente até os nove
meses de armazenamento.
3. Sementes de frutos verdes têm deterioração menor que sementes maduras aos
nove meses de armazenamento.
43
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44
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53
ANEXOS
Página
TABELA 1A
Composição química de sementes de citrumelo
‘Swingle’ em dois estádios de maturação....................
55
TABELA 2A
Resumo da análise de variância dos dados obtidos na
avaliação fisiológica de sementes de citrumelo
‘Swingle’.UFLA, Lavras – MG, 2007.........................
55
54
TABELA 1A. Composição química de sementes de citrumelo ‘Swingle’ em dois
estádios de maturação. UFLA, Lavras, MG, 2007.
Composição Química
Base seca
Semente verde Semente madura
Matéria seca 58,56% 58,73%
Proteína 16,45% 14,70%
Gordura 33,95% 35,02%
Resíduo mineral 2,68% 2,38%
Fibras brutas 6,82% 5,85%
Carboidratos 40,10% 42,05%
Calorias 531,75 kcal/100g 542,18 kcal/100g
Cálcio 180,00 mg/100g 180,00 mg/100g
Potássio 950,00 mg/100g 920,00 mg/100g
Magnésio 170,00 mg/100g 180,00 mg/100g
TABELA 2A. Resumo da análise de variância dos dados obtidos na avaliação
fisiológica de sementes de citrumelo ‘swingle’. UFLA, Lavras, MG,
2007.
Quadrado médio
Fonte de variação GL Germinação Emergência
Maturação 1 940.6953* 0.0781
NS
Fungicida 3 4658.3411* 3.1237*
Época
Maturação x Fungicida
Maturação x Época
Fungicida x Época
Maturação x Fungicida x Época
3
3
3
9
9
35639.6328*
691.1536*
632.7786*
385.5495*
202.3759*
20.2235*
0.6156*
0.3847*
0.5319*
0.1028*
Erro 16 16.8776 0.0516
CV (%) 9,90 21,7
* Significativo a 5% de probabilidade
55
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