26
Para Jorge Ferreira, no artigo “O nome e a coisa: o populismo na
política brasileira”, o trabalhismo é compreendido como um “conjunto de
experiências políticas, econômicas, sociais, ideológicas e culturais”
30
,
expressando uma consciência de classe, vivendo sua própria história
31
.
Sobre a questão da Romanização
32
ou Reforma Católica,
trabalhamos com autores como José Oscar Beozzo
33
e Raymundo
Heraldo Maués
34
, os quais discutem as estratégias utilizadas pela Igreja
para reaproximar o povo da Igreja enquanto instituição e frear as práticas
de religiosidade popular. Nesse esforço em institucionalizar a fé, a
paroquialização é ferramenta fundamental, pois permite “a presença e a
influência da Igreja hierárquica junto a uma população, especialmente no
mundo rural, que durante séculos elaborou criativamente sua religiosidade
à margem das instituições clericais”
35
. No diálogo com estes e outros
autores, percebemos que a estrutura interna de poder da Igreja continuou
a mesma, o que ocorreu foi o fortalecimento e a ampliação do poder dos
bispos, que crescia à medida que sua influência ganhava notoriedade e
respeito por vários organismos da sociedade civil e do povo e, em
especial, a classe média, grande interessada na ordem vigente.
30
FERREIRA, Jorge. “O nome e a coisa: o populismo na política brasileira”. In: FERREIRA. O
populismo e sua história. Op. cit. p. 103.
31
Para uma análise do processo revolucionário baseada na luta de classes, ver DE DECCA,
Edgar Salvadori. 1930, o silêncio dos vencidos: memória, história e revolução. São Paulo:
Brasiliense, 2004. 2ª reimpressão.
32
Essa Reforma do catolicismo, mais tarde chamado de Romanização é entendido como o
“movimento de reeuropeização do Catolicismo de características centralizadoras e sob a
autoridade papal. É um movimento de inspiração eminentemente hierárquica e clerical”. In:
ARAÚJO, José Carlos Souza. Igreja Católica no Brasil: um estudo de mentalidade ideológica.
São Paulo: Paulinas, 1986, p. 22. MAUÉS, Raymundo Heraldo. Uma outra “invenção” da
Amazônia. Belém: Cejup, 1999, p. 120. Em outras palavras, tratava-se de reaproximar o povo da
Igreja enquanto instituição, de recristianizar os fiéis, reconquistá-los, tudo sob a direção da Santa
Sé.
33
BEOZZO, José Oscar. Irmandades, santuários e capelinhas de beira de estrada. In: REB,
1997, dezembro, p. 748.
34
MAUÉS, Raymundo Heraldo. “As atribulações de um doutor eclesiástico na Amazônia na
passagem do século XIX ou como a política mexe com a Igreja Católica. "In: MARIN, Rosa
Elizabeth Acevedo. (org.) A escrita da história paraense. Belém: NAEA/UFPA, 1998, p. 140.
MAUÉS. Uma outra “invenção” da Amazônia. Op. cit.
35
CASTILLO, José Manuel Sanz del. “O Movimento de Reforma e a ‘paroquialização’ do espaço
eclesial do século XIX ao XX”. In: TORRES-LONDOÑO, Fernando (org.). Paróquia e
comunidade no Brasil - perspectiva histórica. São Paulo: Paulus, 1997. p. 92.