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São documentários, telejornais, reportagens, entrevistas, filmes
de ficção e até desenhos animados que, realizados sem finalidades
institucionais específicas, tratam de temas que deveriam integrar a
bagagem cultural básica de todos os cidadãos, e por isso mesmo
estão presentes, direta ou indiretamente, em diferentes
programações de ensino. São temas históricos (antigos ou recentes),
científicos (de todos os campos: natureza, vida, biologia, física,
sociologia, economia, medicina, psicologia), sócio-culturais e
políticos, artísticos. Tais vídeos podem desempenhar funções
pedagógicas relevantes, embora não raro negligenciados no
processo de ensino-aprendizagem, tais como motivar, contextualizar,
aprofundar, diversificar pontos de vista, questionar e discutir, auxiliar
a compreensão de processos e conceitos (FISHER: 2003, p. 132-
133).
É certo também que há um grande número de pessoas desatentas, que
apenas tomam para si uma convicção de uma personagem, sem que isso passe por
seu crivo de razão. Aí é que está o perigo. A falta de análise e debate entre o público
pode gerar uma audiência amorfa, que tudo capta pela telinha como se fosse uma
“verdade absoluta” e “modelos de vida” a serem seguidos. Como as emissoras são,
antes de mais nada, empresas, acabam colocando seus interesses mercadológicos,
ideológicos, políticos, etc. acima da responsabilidade social para com o público, o
que muitas vezes as leva a adotar um discurso persuasivo, direcionando o
telespectador a ter opiniões provocadas por interesses que são interessantes para
as emissoras.
Na novela, no seriado, no documentário, no noticiário, nos
programas de jogos ou de entrevistas, de fofocas ou de esporte, nos
musicais e na publicidade, a tevê fornece pacotes de informação –
sobre prioridades e irrelevâncias, causas e conseqüências, padrões
estéticos, morais ou profissionais, questões de gênero e de
nacionalidade, cultura política, etc. Essas informações podem ser
corretas ou não, intencionais ou não, verídicas ou ficcionais,
insistentes ou passageiras, mas estão ali, sendo servidas igualmente
a espectadores atentos e desatentos, críticos ou apáticos, curiosos
ou acomodados (VIVARTA: 2004, p. 13).
A televisão ideal seria aquela que não possuísse interesses próprios, tivesse
responsabilidade e respeito com sua audiência, entre outras tantas qualificações que
muitos teóricos defendem. Enquanto isso não ocorre, cabe ao telespectador
discernir o que assiste e ressignificar tudo o que lhe chega para que, com isso,
aprenda a assistir televisão, assim como aprendeu a ler. Só assim estaria imune às
manipulações.