54
escola, têm dificuldade para conseguir e para manter o emprego, e os cargos
conquistados. Tendem ser de nível inferior e mal remunerado (Papalia e Olds, 2000).
Com a baixa escolaridade, e a falta de qualificação, as oportunidades de emprego
ficam muito limitadas, acarretando desemprego, razão pela qual, segundo os
entrevistados, levou os catadores a retirarem o seu sustento da catação do lixo, gerando
frustração em muitos deles. O trabalho com a segregação do lixo é visto como o último
recurso em uma sociedade marcada pela redução na oferta de empregos (Paixão, 2005),
enquanto outras portas se fecham, essa é uma atividade sempre disponível. As
oportunidades, de obtenção de um melhor grau de escolaridade, são remotas para
muitos, pois as condições de vida não possibilitam a entrada ou a permanência por
tempo significativo na escola (Paixão, 2005). A precariedade de recursos materiais, a
incerteza, e a pobreza dificultam a formação; por isso é ingenuidade alimentar
expectativas de se retirar benefícios significativos da expansão de oportunidades de
educação e formação, sem antes pensar em oferecer garantias à segurança material e às
condições dignas de vida (Afonso e Antunes, 2001).
Os catadores mais velhos apresentaram um grau de escolaridade menor, média de
dois anos e cinco meses de estudo, sendo que destes, 27,5% nunca freqüentaram uma
escola, no entanto, os catadores acima dos cinqüenta anos, durante as entrevistas
demonstraram grande satisfação pela vida, pelo trabalho, e orgulho pelo que fazem,
sentem-se úteis à sociedade e ao meio ambiente, gostam de conversar e contar
experiências. Enfrentam a desqualificação afirmando que o que lhes importa é estarem
trabalhando, garantindo a sobrevivência da família com honestidade (Paixão, 2005).
Dentre os catadores entrevistados, 14,6% relataram que estão freqüentando aulas de
EJA. A atividade mental continuada ajuda a manter o desempenho em indivíduos
adultos, razão pela qual os trabalhadores mais velhos, muitas vezes, são mais produtivos
que os mais jovens (Papalia e Olds, 2000).
De acordo com as informações levantadas, percebeu-se que a visão dos catadores
mais jovens é diferente, quando comparada aos mais velhos; os primeiros apresentam
uma visão pessimista no que diz respeito às esperanças e às expectativas de vida, assim,
o grau de satisfação pessoal é baixo. Já os catadores mais velhos demonstram
expectativas de vida e esperanças positivas, portanto a qualidade de vida é satisfatória.
A idade afeta a maneira como as pessoas se sentem em relação ao trabalho, pessoas com
menos de quarenta anos tendem a ser menos satisfeitos com trabalho, pois consideram o
trabalho desagradável e estressante, em contrapartida, trabalhadores, com maior idade,