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diferenciado a recursos de poder dos mais variados tipos, que em inúmeros casos
são veiculados pelas redes – desde status e prestígio até recursos mais facilmente
mensuráveis, como dinheiro e, muito importante para as questões de (in) segurança
alimentar, acesso à informação (MARQUES, 1999).
A seguir identificam-se outras características e princípios usados para a
conformação e apoio a Redes da Sociedade Civil para a Segurança Alimentar.
Quadro 4 – Características de uma rede da sociedade civil
Luta por um objetivo comum: O espírito do trabalho da rede baseia-se na existência de
um propósito comum que é capaz de unificar posições de organizações diferentes. No caso
das Redes de SAN o objetivo básico subjacente é normalmente a melhoria ou fim da
insegurança alimentar pelo estabelecimento de um conjunto de políticas públicas
adequadas.
Pluralidade de atores envolvidos: Devem fazer parte de uma rede de segurança alimentar
um conjunto diversificado de atores como ONGs, Associações movimentos de camponeses
e da agricultura familiar, grupos e jovens, organizações de mulheres, grupos religiosos,
organizações de consumidores, centros de estudo e pesquisa, organizações de apoio a
pessoas com HIV/Sida, etc.
Diversidade de temas em discussão: O caráter multidisciplinar e intersetorial da SAN
permite juntar organizações vocacionadas para temas diversificados como: agricultura,
pescas, florestas, biodiversidade e recursos genéticos, agroecologia, acesso a terra e outros
recursos (água, sementes, crédito), gênero, saúde e nutrição, HIV/Sida, comércio, etc.
Capilaridade e abrangência da sua intervenção: O trabalho em rede permite uma maior
capilaridade territorial pois consegue trazer pequenas organizações que estão distanciadas
dos centros de discussão para trabalhar em conjunto. Dessa forma consegue-se dar voz aos
que têm mais dificuldades em partilhar os seus problemas e propostas. Por outro lado, a
própria estrutura da rede permite ultrapassar as fronteiras nacionais para se relacionar em
nível regional e internacional com outras organizações.
Participação e cooperação: A rede só funciona se todos os membros estiverem envolvidos
e motivados para trabalhar em conjunto em prol do objetivo comum. Uma vez que nenhuma
organização é obrigada a entrar ou a permanecer na rede, a sua intervenção deve ser
constante para gerar dinâmicas entre todos os envolvidos. Sem participação e motivação a
rede perde sentido e deixa de existir.
Independência dos seus membros: Todos os integrantes na rede têm conhecimento dos
objetivos propostos, pois fazem parte da sua definição, e devem acordar em conjunto as
ações a implementar. Contudo, o fato de pertencerem à rede não limita a sua independência
enquanto organização individual com objetivos próprios e outras ações fora da rede.
Flexibilidade e dinamismo: Uma rede da sociedade civil para a segurança alimentar
apresenta-se diferente em cada instante porque não tem centro. Além disso, a sua
dimensão varia no tempo e no espaço devido à entrada e saída de membros consoante as
suas motivações e disponibilidade. A rede só funciona se todos interagirem uns com os
outros.