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Moral é o que se refere aos usos, costumes, hábitos e habitualidades. De uma
certa forma ambos os vocábulos se referem a duas idéias diferentes, mas
relacionadas entre si: os costumes dizem respeito aos fatos vividos, ao que é
sensível e registrado no acervo do grupo social como prática habitual. A idéia
de moral é a relação abstrata que comanda e dirige o fato, o ato, a ação ou o
procedimento. A moral explica e é explicada pelos costumes. A moral pretende
enunciar regras, normas e leis que regem, causam e determinam os costumes,
inclusive, muitas vezes, anunciado-lhes as conseqüências
4
.
Em síntese, a ética é o saber ou a ciência que tem por objeto a moral
5
. Daí
podermos falar em uma ética científica, mas não em uma moral científica, pois o que
pode existir é um conhecimento científico da moral, proporcionado pela ética. A moral
não é ciência, mas objeto da ciência e, neste sentido, é por ela investigada e estudada
6
.
Nas definições de Adolfo Sanchez Vásquez, "a ética é a teoria ou a ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade"
7
, ao passo que "a moral é o sistema
de normas, princípios e valores, segundo os quais são regulamentadas as relações
mútuas entre os indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas
normas, dotadas de um caráter histórico e social, sejam acatadas livre e
conscientemente, por uma convicção íntima, e não uma maneira mecânica, externa e
impessoal"
8
.
4
KORTE, op. cit., p. 115.
5
Afigurar-se-ia fora de propósito adentrar, nesse momento, na discussão acerca do caráter científico ou
filosófico da ética, sendo que a proposição em evidência é diferenciar ética de moral. Valer referir,
entretanto, o pensamento de Eduardo Bittar, para quem, ao contrário do autor citado no corpo do texto,
"pode-se dizer que é filosofia, filosofia prática, que tem por conteúdo o agir humano. Isso porque se trata
de um saber especulativo, voltado para a crítica conceitual e valorativa. Se o saber filosófico instaura a
dúvida e a crítica, renunciado a pretensões mais diretamente engajadas na resolução de questões
imediatamente necessárias e prementes, então nesse solo que deve se situar a especulação ético-
conceitual. A ética firma-se nesse solo filosófico como forma de fortalecimento das construções e deveres
morais hauridos ao longo do tempo pela experiência. Seu cunho especulativo não a permite ser senão
um grande jogo especulativo, característica central do saber filosófico" (op. cit., p. 13). E arremata: "A
ciência não seria capaz de dar conta de um objeto tamanhamente complexo, como é o objeto da
especulação ética" (op. cit., p. 14). Mais eclético, porém, é o entendimento de Gustavo Korte, ao
esclarecer que "uma é a Ética científica, como ciência dos fatos, ações e processos éticos, que explica
como ocorrem e em que condições se manifestam. Outra é a Ética filosófica, que estuda as normas e as
leis, e explica porque ocorrem ou devem ocorrer as relações" (op. cit, 97).
6
VÁSQUEZ, Adolfo Sanchez. Ética, tradução de João Dell'ana. 8ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Civilização
Brasileira, 1985, p. 13.
7
Op. cit., p. 12.
8
VÁSQUEZ, op. cit., p. 58.