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Nos trabalhos de Elliot (1990) existe a preocupação em apresentar as características
da investigação-ação prática, a partir de duas premissas básicas: o desenvolvimento
profissional e a melhoria da prática educativa, visto que a prática da investigação ocorre
num espaço significativo de mudança e envolve ações humanas. Por sua complexidade
esta preocupação apresenta percepções e visões diferenciadas da realidade, o que
demanda a necessidade de olhar esta realidade não no sentido de encontrar a
homogeneidade de propostas de ação, mas sim, a compreensão da mesma, no momento e
diante da problemática em questão.
Molina (2007) sobre esta visão de Elliot ressalta que:
a investigação-ação aproxima ensino e desenvolvimento profissional do professor,
desenvolvimento e avaliação do currículo, investigação e reflexão em uma
concepção integrada da prática educativa voltada às mudanças e a melhoria da
qualidade de ensino e a melhor compreensão desses fenômenos. (MOLINA, 2007,
p.33)
As características fundamentais à investigação-ação a serem implementadas na
escola dão corpo ao método de investigação defendido por Elliot. Assim é que:
1- A investigação-ação nas escolas analisa as ações humanas e as situações sociais
experimentadas pelos professores como: a) inaceitáveis em alguns aspectos
(problemáticas); suscetíveis de mudança (contingentes); c) requerentes de uma
resposta prática (prescritivas).
2- O propósito da investigação-ação é que o professor aprofunde na compreensão
(diagnóstico) de seu problema. Portanto, que adote uma postura exploratória
frente a quaisquer definições iniciais de sua própria situação que ele possa
manter;
3- A investigação-ação adota uma postura teórica segundo a qual a ação
empreendida para mudar a situação fica suspensa temporariamente até que se
consiga uma compreensão mais aprofundada do problema prático em questão;
4- Ao explicar o que acontece, a investigação-ação constrói um guia sobre o fato em
questão, relacionando-o com um contexto de contingências mutuamente
interdependentes, ou seja, fatos que se agrupam porque a ocorrência de um
depende da aparição dos demais;
5- A investigação-ação interpreta o que ocorre do ponto de vista daqueles que atuam
e interatuam na situação problema, por exemplo, professores e alunos,
professores e diretor;
6- Como a investigação-ação considera a situação do ponto de vista dos
participantes, descreverá e explicará o que acontece com a mesma linguagem
utilizada por eles; ou seja, com a linguagem de sentido comum que as pessoas
usam para descrever e explicar as ações humanas e as situações sociais da vida
diária;
7- Como a investigação-ação contempla os problemas do ponto de vista dos que
estão implicados, só pode ser válida através do diálogo livre travado com eles;
8- Como a investigação-ação inclui o diálogo livre travado entre o investigador (trata-
se de um estranho ou de um professor/investigador) e os participantes, deve haver
um fluxo livre de informações entre eles. (ELLIOT apud GÓMEZ et al, 1999, p.53-
54) [Tradução nossa]