lidos pelas crianças em suas vidas e na escola? Para responder essas questões,
destaco, a seguir, alguns relatos que emergiram das entrevistas e que são
reveladores do trabalho pedagógico realizado nas turmas em torno da produção
escrita:
Edna: Primeiro, eles fazem escrita de palavras, de frases, bem tradicional. Depois eu
caminho para a produção de texto, propriamente dito. Eles fazem o início do texto, o
final, um título diferente. Essa parte é mais no final do ano, a partir do momento em
que ele já está fazendo frase.
Gorete: Na escrita eu dou para eles escreverem frases, às vezes eles escrevem
palavrinhas. Eu dou muita cruzadinha, caça-palavras, alfabeto móvel. Por ex: Se eu
vou fazer uma cruzadinha, eu pego todas as letras das palavras e faço num pedaço
de papel e distribuo para a turma. A gente vai escrever uma palavra. Eu pergunto:
Que letra a gente vai usar? Cada um fala a letra que tem e a gente vai montando a
palavra no quadro e, às vezes, na carteira.
Darlene: Eu vou te falar a verdade, antes dos nossos encontros com você eu não
me preocupava com a escrita não, era mais a leitura. Com a escrita espontânea
deles eu não tinha a preocupação a não ser de gravuras. Eu já havia dado para as
crianças várias figuras recortadas de jornal, de várias cores e mostrava a figura para
as crianças e eles iam dizendo com que letra começava a palavra, por ex: árvore.
Vamos ver os objetos que temos na sala. Então vocês vão escrever e pedir para
escreverem nomes de animais, mas não havia a preocupação com a escrita. Mais
com a leitura, com o reconhecimento das letras. Agora eu estou mais interessada
em trabalhar com eles a escrita livre e estou tendo um retorno muito bom. Eu
percebi que eles estão um pouco inseguros.
Izabel: Na sexta-feira, eu pedi para eles fazerem um desenho sobre o que eles
fizeram no final de semana e escreverem sobre o desenho, desenharem o que viram
na televisão e falarem para os colegas. Muita coisa prática sabe, coisa do dia-a-dia.
A gente faz textos coletivamente. Pode até ter um destinatário real, por exemplo: a
gente ia cantar parabéns para os aniversariantes do mês, eles fizeram um convite
porque queriam que a Sandra fosse lá para cantar parabéns junto com eles. Então
escrevemos o convite e eles entregaram para ela.
Flávia: Eu estava trabalhando com o livro de literatura “O curumim que virou gigante”
para eles identificarem o título, o autor. Eu dei primeiro a atividade seqüenciada para
ver se eles têm esse desenvolvimento de raciocínio. Depois, eu dei este aqui sobre o
ET ( a professora mostra a atividade). Esse do ET eu vi que eles estavam com muita
dificuldade de inventar uma história, eles não sabiam de onde sair. Aí eles me
perguntaram o que eu gostaria que eles escrevessem. A história é de vocês. A gente
já trabalhou o texto, já sabe o que é. Eu dei essa atividade para ver a produção deles
em cima de um texto para ver o que sairia. Eles tiveram muita dificuldade. Então eu
bolei essa atividade aqui para ver se eles tiravam da figura as informações que eu
pedi para eles. Tudo eles inventando. O próximo passo é uma outra produção de
texto onde a gente pode lembrar deste trabalho e eles olharem a figura e virem o que
podem inventar dessa figura. Começar com uma produção de texto que mexa mais
com a criatividade deles porque eles não conseguiram realizar esta daqui (no caso a
do ET).