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QUADRO 1 – ATIVIDADES DE ESCUTA
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DE TEXTOS ORAIS (PCN, 1998: 68/69)
A
Escuta orientada de textos em situações autênticas de interlocução, simultaneamente
ao processo de produção, com apoio de roteiros orientadores para registro de
informações enunciadas de modo a garantir melhor apreensão de aspectos
determinados, relativos ao plano temático, aos usos da linguagem característicos do
gênero e a suas regras de funcionamento. A presença nessas situações permite,
conforme o gênero, interessantes articulações com a produção de textos orais, pois o
aluno pode intervir com perguntas e colocações.
B
Escuta orientada, parcial ou integral, de textos gravados em situações autênticas de
interlocução, também com a finalidade de focalizar os aspectos mencionados no item
anterior. A gravação, pela especificidade do suporte, permite, no processo de análise,
que se volte a trechos que tenham dado margem à ambigüidade, tenham apresentado
problemas para a compreensão etc. Para melhorar a qualidade da intervenção do
professor na discussão, sempre que possível, é interessante dispor também de
transcrições (in
tegrais ou esquemáticas) dos textos gravados, o que permite a ele ter
clara a progressão temática do texto para resolver dúvidas, antecipar passagens em
que a expressão facial se contrapõe ao conteúdo verbal, identificar trechos em que um
interlocutor desqualifica o outro, localizar enunciados que se caracterizam como
contradições a argumentos sustentados anteriormente etc.
C
Escuta orientada de diferentes textos gravados de um mesmo gênero, produzidos em
circunstâncias diferentes (debate radiofônico, tele
visivo, realizado na escola) para
comparação e levantamento das especificidades que assumem em função dos canais,
dos interlocutores etc.
D
Escuta orientada de textos produzidos pelos alunos –
de preferência a partir da análise
de gravações em vídeo ou cassete –
para a avaliação das atividades desenvolvidas,
buscando discutir tecnicamente os recursos utilizados e os efeitos obtidos. Tomar o
texto do aluno como objeto de escuta é fundamental, pois permite a ele o controle cada
vez maior de seu desempenho.
E
Preparação dos alunos para os aspectos temáticos que estarão envolvidos na escuta
de textos. O professor pode antecipar algumas informações sobre o tema que será
tratado de modo a constituir um repertório de conhecimentos que contribua para melhor
compreensão dos textos e oriente o processo de tomar notas.
F
Preparação dos alunos para a escuta ativa e crítica dos textos por meio do registro de
dúvidas a respeito de passagens de uma exposição ou palestra, de divergências em
relação a posições assumidas pelo expositor etc.
G
Preparação dos alunos quanto a procedimentos de participação em função do caráter
convencional do gênero: numa palestra, considerar os acordos iniciais sobre o
regulamento de controle de participação do auditório; saber escutar a fal
compreendendo o silêncio como parte da interação etc.
H
Organização de atividades de escuta de textos que permitam ensinar a tomar notas
durante uma aula, exposição ou palestra, como recurso possível para a compreensão e
interpretação do text
o oral, especialmente nas situações que envolvam produção
simultânea.
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Vale ressaltar que “escuta” não pressupõe um aluno passivo, como a palavra pode sugerir.
Acreditamos que essas propostas, assim como todo o documento (PCN), estão embasados numa
concepção discursiva de linguagem. Percebe-se, além disso, que nem todas as atividades de escuta
aqui elencadas têm o mesmo status, ficando essa questão para futuras pesquisas.