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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
CONCENTRAÇÃO SÉRICA E IMUNOMARCAÇÃO DO
FATOR DE CRESCIMENTO DO ENDOTÉLIO VASCULAR
NO PROGNÓSTICO DOS LINFOMAS CANINOS
Sabrina Marin Rodigheri
Médica Veterinária
Jaboticabal – São Paulo - Brasil
2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
CONCENTRAÇÃO SÉRICA E IMUNOMARCAÇÃO DO
FATOR DE CRESCIMENTO DO ENDOTÉLIO VASCULAR
NO PROGNÓSTICO DOS LINFOMAS CANINOS
Sabrina Marin Rodigheri
Orientador: Prof. Dr. Carlos Roberto Daleck
Co-orientadora: Profa. Dra. Renée Laufer Amorim
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
Estadual Paulista, Câmpus de Jaboticabal, como
parte das exigências para a obtenção do título de
Mestre em Cirurgia Veterinária.
Jaboticabal – São Paulo - Brasil
Fevereiro de 2008
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iii
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
SABRINA MARIN RODIGHERI – nascida em 19 de janeiro de 1978, na cidade de
Suzano/SP, ingressou no curso de graduação em Medicina Veterinária da
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba/PR, em março de 1999,
concluindo-o em março de 2004. Em fevereiro de 2004, ingressou no Programa de
Residência em Clínica Médica e Cirúrgica de Animais de Companhia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUC/PR), Curitiba/PR, concluindo-o em janeiro
de 2006. Iniciou no Programa de Pós-Graduação em Cirurgia Veterinária da
Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Estadual Paulista, Campus de
Jaboticabal, em março de 2006.
iv
Dedico esse trabalho a minha mãe,
mestre no amor incondicional
e meu eterno porto seguro.
v
Ao meu pai:
“Feliz daquele que junto a ti teve a oportunidade
de assimilar o magnífico sentido de viver”
vi
AGRADECIMENTOS
À minha família, mãe, irmãs, cunhados e sobrinhos, que apesar da
distância, mantiveram-se sempre presentes, incentivando e apoiando todas as
minhas decisões. Amores da minha vida, sem vocês nada disso seria possível !!!
Ao amigo Paulo Alves de Oliveira, que esteve por perto nos momentos mais
difíceis, com palavras de conforto, abraços apertados, votos de confiança e com
“aquela ajudinha” que me possibilitou seguir em frente.
Ao meu orientador, Professor Carlos Roberto Daleck, pela oportunidade,
confiança e compreensão. Agradeço também às críticas e aos elogios, ambos
extremamente importantes na vida de quem começa a trilhar um novo caminho.
Á minha co-orientadora, Professora Renée Laufer Amorim, por nos receber
de abraços abertos no Serviço de Patologia Veterinária da FMVZ, em Botucatu.
Muito obrigada por nos proporcionar dias de trabalho cercados de bom humor e
extremo profissionalismo. Agradeço pelo seu carinho, confiança e imensa
colaboração nesse projeto.
Agradeço também ao Professor Júlio Lopes Sequeira, pelos ensinamentos,
atenção e inestimável ajuda nas avaliações histopatológicas. Aos residentes e
pós-graduandos do Serviço de Patologia Veterinária, FMVZ-UNESP/Campus de
Botucatu, muito obrigada pelo carinho e colaboração.
Aos queridos amigos do Serviço de Oncologia Veterinária, Jane, Andrigo,
João Humberto, Fábio e Milena, muito obrigada pelo companherismo e pelos
maravilhosos dias que passamos juntos. Sem dúvida, todos sempre terão um
lugar muito especial no meu coração.
Às minhas novas irmãs, Sabryna e Simone, grandes companheiras de risos
e choros, de muita conversa e de valiosos momentos de silêncio. Nesse período
chegamos até a perder a nossa identidade, Sabrina foi Simone e Simone Sabrina.
Minhas queridas amigas, eu simplesmente quero dizer: muito obrigada por tudo !!!!
Amo vocês !!!
vii
Ás amigas, Thais, Thais, Jana, Carol e Carol que souberam entender que
verdadeiras amizades apenas se fortalecem com a distância. Aos eternos
mestres, Marconi Farias e Felipe Wouk, muito obrigada pela amizade, carinho e
pelos constantes votos de confiança.
Daniel, Soraia, Kellen, Juliana, Malu, Durva, Viúva, Ricardo, Tati, Rosana,
Bozo, Carmem, entre outros novos amigos de Jaboticabal, muito obrigada pelos
ótimos momentos que passamos juntos. Márcio Brunetto, muito obrigada pela sua
amizade, carinho e dedicação com a estatística !!!
Aos funcionários do Laboratório de Patologia Clínica, pela paciência e ajuda
na realização dos exames laboratoriais.
Ao senhor Orandir, técnico do Laboratório de Histologia, pela simpatia e
inestimável colaboração durante o processamento das amostras.
Á Professora Rosângela Zacarias Machado e a pós-graduanda Cibele, do
Laboratório de Imunoparasitologia Veterinária, que se dispuseram prontamente a
colaborar na realização do teste de ELISA.
Aos residentes, pós-graduandos e funcionários do Hospital Veterinário, pelo
companheirismo e pela luta diária a favor de uma melhor qualidade de vida aos
nossos animais.
Aos proprietários e cães que participaram deste trabalho, pela colaboração,
parceria e compreensão. Ao querido Skol, que trouxe muito amor e alegria à
República Nutronco durante os inesquecíveis seis meses que esteve conosco.
Draco, Esponja, Cocada e Paçoca, sempre estarão no meu coração. Aos meus
gatos queridos, que mesmo com a distância mantiveram seu amor e fidelidade.
Á Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP),
pela concessão da bolsa e do auxílio financeiro que possibilitaram a realização
dessa pesquisa.
viii
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ............................................................................................. x
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ xii
RESUMO .............................................................................................................. xii
ABSTRACT .......................................................................................................... xiii
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................ 2
2.1 LINFOMA CANINO ...................................................................................... 2
2.2 ANGIOGÊNESE ........................................................................................... 7
2.3 A ANGIOGÊNESE NO LINFOMA ............................................................... 11
3. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................. 13
3.1 GRUPOS EXPERIMENTAIS ....................................................................... 13
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ........................................................... 13
3.2.1 Grupo I ................................................................................................ 13
3.2.2 Grupo II ................................................................................................. 14
3.3 COLHEITA DE MATERIAL .......................................................................... 15
3.3.1 Sangue ................................................................................................ 15
3.3.2 Amostra tecidual .................................................................................. 15
3.4 EXAMES LABORATORIAIS . ...................................................................... 16
3.4.1 Hemograma ......................................................................................... 16
3.4.2 Bioquímica sérica ................................................................................. 16
3.4.3 Ensaio imunoenzimático (ELISA) ....................................................... 16
3.4.4 Histopatológico .................................................................................... 16
3.4.5 Imunoistoquímica ................................................................................ 17
3.4.5.1 Imunofenótipo ......................................................................... 18
ix
3.4.5.2 Expressão do VEGF ............................................................... 18
3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA .............................................................................. 19
4. RESULTADOS ................................................................................................. 21
4.1 Dados epidemiológicos ........................................................................... 21
4.2 Hemograma e bioquímica sérica ............................................................ 22
4.3 Estadiamento .......................................................................................... 25
4.4 Grau Histológico ..................................................................................... 27
4.5 Imunofenótipo ......................................................................................... 29
4.6 Concentração sérica do VEGF ............................................................... 31
4.7 Expressão do VEGF ............................................................................... 32
4.8 Sobrevida ................................................................................................ 33
5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 38
5.1 Dados clínicos ........................................................................................ 38
5.2 Classificação morfológica e imunofenotípica ......................................... 42
5.3 Fator de crescimento do endotélio vascular .......................................... 44
6. CONCLUSÕES ................................................................................................. 49
7. REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50
Apêndices ............................................................................................................ 58
A – TÉCNICA DE ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA) .................................. 59
B – TÉCNICA DE IMUNOISTOQUÍMICA ............................................................. 62
C – SOLUÇÕES UTILIZADAS NA TÉCNICA DE IMUNOISTOQUÍMICA ............ 66
D - DADOS INDIVIDUAIS DE CÃES SADIOS E DE CÃES COM LINFOMA .......
67
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Classificação Anatômica dos Linfomas Caninos. Citada por
VANDERHAAR & MORRISON (2002) ...............................................3
Tabela 2. Estadiamento dos Linfomas Caninos proposto pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). Citado por GREENLEE et al.
(1990)..................................................................................................3
Tabela 3. Sistema “Kiel” proposto para Classificação Histopatológica dos
Linfomas Caninos. Citado por GREENLEE et al.
(1990)..................................................................................................5
Tabela 4. Protocolo Quimioterápico da Universidade de Madison-Wisconsin (L-
VCA-UW/Short) estabelecido para os Linfomas Caninos. Citado por
VAIL & YOUNG (2007) ....................................................................14
Tabela 5. Relação dos anticorpos primários, clone, código, marca e diluição
utilizada na técnica de imunoistoquímica realizada em cortes de
linfonodos de cães sadios e de linfomas caninos (FCAV-UNESP/
Jaboticabal, SP, 2007).....................................................................17
Tabela 6. Pontuação atribuída ao percentual de células marcadas por campo,
em linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos (FCAV-
UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).........................................................19
Tabela 7. Pontuação atribuída à intensidade de coloração das células
marcadas por campo, em linfonodos de cães sadios e em linfomas
caninos (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007)..............................19
xi
Tabela 8. Contagens de hemácias, concentração de hemoglobina, hematócrito
e contagens de plaquetas de cães sadios e de cães com linfoma
(FCAV-UNESP/ Jaboticabal, SP, 2007)............................................23
Tabela 9. Contagens (x10
3
/µL) de leucócitos, eosinófilos, neutrófilos
bastonetes e segmentados (NB e NS), linfócitos e monócitos de cães
sadios e de cães com linfoma (FCAV-UNESP/ Jaboticabal, SP,
2007).................................................................................................24
Tabela 10. Valores individuais das atividades séricas (UI/dL) de alanina
aminotransferase (ALT) e do teor de creatinina (mg/dL) no soro
sangüíneo de cães sadios e de cães com linfoma (FCAV-UNESP/
Jaboticabal, SP, 2007)......................................................................25
Tabela 1D. Dados individuais referentes a epidemiologia, estadiamento, grau
histológico, morfologia celular, imunofenótipo e a sobrevida de cães
com linfoma (FCAV-UNESP/ Jaboticabal, SP, 2007).......................67
Tabela 2D. Valores individuais referentes às concentrações séricas (pg/mL) e a
expressão do VEGF em cães sadios e cães com linfoma (FCAV-
UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).........................................................68
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Esquema simplificado da maturação linfocitária. Adaptado de
PARODI et al. (1988)..........................................................................4
Figura 2. Desenho ilustrativo que evidencia a participação do VEGF-A e do
VEGF-C na angiogênese e linfangiogênese tumoral, bem como de
diferentes citocinas e mediadores inflamatórios presentes no
microambiente tumoral. Adaptado de RUEGG
(2007)................................................................................................10
Figura 3. Método de graduação para determinar o percentual de
imunomarcação para VEGF em linfonodos de cães sadios e em
linfomas caninos (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).................18
Figura 4. Distribuição da localização anatômica dos linfomas caninos (FCAV-
UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).........................................................21
Figura 5. Cão da raça Boxer, macho, quatro anos de idade, apresentando
linfoma multicêntrico caracterizado por linfadenomegalia
generalizada (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007........................22
Figura 6. Distribuição do estadiamento (1 – 5) e sub-estadiamento (a – b) dos
linfomas caninos (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007)................26
Figura 7. Grau histológico dos linfomas caninos (FCAV-UNESP/Jaboticabal,
SP, 2007)..........................................................................................27
Figura 8. Fotomicrografia de linfoma anaplásico de alto grau de malignidade.
Infiltrado de linfócitos grandes e indiferenciados. Hematoxilina-
xiii
Eosina, aumento de 400 vezes (FCAV-UNESP/Jaboticabal,
2007).................................................................................................28
Figura 9. Fotomicrografia de linfoma centrocítico de baixo grau de
malignidade. Infiltrado de linfócitos pequenos, com núcleo irregular e
citoplasma escasso. Hematoxilina-Eosina, aumento de 400 vezes
(FCAV-UNESP/Jaboticabal, 2007)...................................................28
Figura 10. Imunofenótipo dos linfomas caninos (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP,
2007).................................................................................................29
Figura 11. Fotomicrografia de linfoma de células T. Positividade para o
anticorpo primário anti-CD3. EnVision, DAB, Hematoxilina de Mayer.
Aumento de 400 vezes (FCAV-UNESP/Jaboticabal, 2007)..............30
Figura 12. Fotomicrografia de linfoma de células B. Positividade para o
anticorpo primário anti-CD79a. EnVision, DAB, Hematoxilina de
Mayer. Aumento de 400 vezes (FCAV-UNESP/Jaboticabal,
2007).................................................................................................30
Figura 13. Sobrevida dos cães com linfoma tratados com poliquimioterapia
sistêmica baseada no protocolo da Universidade de Madison-
Wisconsin. Nota-se uma elevada incidência de óbitos precoces
(FCAV-UNESP/ Jaboticabal, SP, 2007)............................................31
Figura 14. Distribuição das médias das concentrações séricas do VEGF em
cães sadios e cães com linfoma. Note que a média das
concentrações séricas de VEGF é superior em cães com linfoma
(FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).............................................32
xiv
Figura 15. Distribuição das médias dos escores de imunorreatividade do VEGF
em linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos. Note que a
média de imunomarcação para VEGF é superior em cães com
linfoma (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007)...............................33
Figura 16. Linfonodo de cão sadio. Positividade para o anticorpo primário anti-
VEGF em menos de 25% dos linfócitos, caracterizando escore 1.
EnVision, DAB, Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes
(FCAV-UNESP/Jaboticabal,2007)....................................................35
Figura 17. Linfonodo de cão sadio. Moderada imunomarcação para VEGF em
mais de 50% dos linfócitos, caracterizando escore 6. EnVision, DAB,
Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes (FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007)..............................................................35
Figura 18. Linfoma canino. Moderada imunomarcação para VEGF em mais de
75% dos linfócitos neoplásicos, caracterizando escore 8. EnVision,
DAB, Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes (FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007)..............................................................36
Figura 19. Linfoma canino. Forte imunomarcação para VEGF em mais de 75%
dos linfócitos neoplásicos, caracterizando escore 12. EnVision, DAB,
Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes (FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007)...............................................................36
Figura 20. Linfoma alimentar em cão da raça Pit Bull caracterizado por
linfadenomegalia mesentérica e presença de neoformação tumoral
em intestino delgado (A). Fotomicrografia de amostra intestinal
revelando infiltrado de linfócitos pequenos, com núcleo arredondado
e citoplasma escasso, caracterizando um linfoma linfoblástico de alto
xv
grau de malignidade (HE, 400x) (B). Imunomarcação de linfócitos B
neoplásicos com o anticorpo primário anti-CD79a (IHQ, 100x) (C).
Forte imunomarcação para VEGF em mais de 75% dos linfócitos
neoplásicos (IHQ, 400x) (D)..............................................................37
xvi
CONCENTRAÇÃO SÉRICA E IMUNOMARCAÇÃO DO FATOR DE
CRESCIMENTO DO ENDOTÉLIO VASCULAR NO PROGNÓSTICO DOS
LINFOMAS CANINOS
RESUMO: A angiogênese tem importante participação na patogênese das
neoplasias malignas em seres humanos e animais de companhia. Estudos
envolvendo a influência dos fatores pró-angiogênicos no crescimento e
disseminação dos tumores sólidos têm sido amplamente realizados, porém os
relacionados às neoplasias hematopoiéticas são extremamente limitados. O
presente estudo objetivou investigar o fator de crescimento do endotélio vascular
(VEGF) nos linfomas caninos e sua relação com indicadores prognósticos da
neoplasia. Foram avaliados 25 cães, sendo 10 sadios e 15 com linfoma. Os
pacientes foram submetidos à coleta de sangue para mensuração da
concentração sérica do VEGF, mediante ensaio imunoenzimático (ELISA), e
biopsia de linfonodo ou de tecido neoplásico para avaliação da expressão do
VEGF, pela técnica de imunoistoquímica. Embora a média das concentrações
séricas do VEGF nos cães com linfoma (88,51±121,71) tenha sido superior à
média dos cães sadios (17,93±23,34), estes valores não foram considerados
significativos (p=0,10). A imunomarcação para VEGF foi maior (p<0,0001) em
cães com linfoma (9,07±2,34) em comparação com os cães sadios (2,70±2,35).
Não houve correlação significativa entre a concentração sérica e a marcação
imunoistoquímica do VEGF com a localização anatômica, estádio e sub-estádio
clínico, grau histológico, imunofenótipo e a sobrevida dos cães com linfoma. O
sub-estádio clínico influenciou negativamente na sobrevida dos cães com linfoma.
Os resultados obtidos permitem concluir que o VEGF possui grande importância
no comportamento biológico dos linfomas caninos, seja mediante estímulo da
angiogênese ou da linfangiogênese tumoral. São necessários estudos com maior
número de animais para determinar o valor prognóstico do estímulo à
angiogênese ou linfangiogênese nos linfomas caninos.
Palavras-chave: angiogênese, linfoma, cão, VEGF, ELISA, imunoistoquímica.
xvii
SERUM CONCENTRATIONS AND VASCULAR ENDOTHELIAL GROWTH
FACTOR LABELING IN PROGNOSIS OF CANINE LYMPHOMAS
ABSTRACT: Angiogenesis has a major role in the pathogenesis of malignancies in
human beings and companion animals. Studies involving the role of pro-angiogenic
factors in growing and dissemination of solid tumors are commonly performed, but
studies involving hematological malignancies are relatively limited. The present
report aims to investigate the role of the vascular endothelial growth factor (VEGF)
in canine lymphomas and its relation with prognostic factors. Twenty five dogs
were evaluated: ten healthy dogs and fifteen dogs with lymphoma. Patients were
submitted to blood sample collection to VEGF serum concentration measure, by
means of sandwich enzyme immunoassay. Lymph node or neoplastic tissue
biopsy was accomplished in order to evaluate VEGF expression, through
immunohistochemical technique. Although VEGF serum concentrations mean in
dogs with lymphoma (88,51±121,71) was found to be greater than VEGF serum
concentrations in healthy dogs (17,93±23,34), this values were not statistically
significant (p=0,10). VEGF expression was significantly higher (p=0,0001) in dogs
with lymphoma (9,07±2,34) than VEGF expression in healthy dogs (2,70±2,35). No
significant relationship was found between VEGF serum concentration or
expression and anatomical localization, clinical stage, histological grade,
immunophenotype or overall survival of lymphoma affected dogs. The clinical sub-
stage was the only negative prognostic factor in overall survival of dogs with
lymphoma. We conclude that VEGF has an important role in biological behavior of
canine lymphomas, once is involved in tumoral angiogenesis or
lymphangiogenesis stimuli. Larger series of animals are needed to determine the
prognostic value of angiogenesis and lymphangiogenesis in canine lymphomas.
Keywords: angiogenesis, lymphoma, dog, VEGF, ELISA, imunohistochemistry
xviii
1. INTRODUÇÃO
Linfomas são neoplasias comumente diagnosticadas no cão, sendo
responsáveis por elevados índices de morbidade e mortalidade na espécie. A
localização anatômica, o estadiamento clínico, o grau histológico e o
imunofenótipo dos linfomas caninos representam importantes fatores prognósticos
da neoplasia e são considerados parâmetros fundamentais para o
estabelecimento de terapias efetivas. Estima-se que o tempo médio de vida de um
cão portador de linfoma seja de 60 dias sem tratamento quimioterápico, e de 360
dias com a utilização de poliquimioterapia sistêmica. Terapias direcionadas a alvos
moleculares específicos, relacionados ao comportamento biológico da neoplasia,
são necessárias para aumentar os índices de sobrevida em seres humanos e
animais de companhia com linfoma.
Atualmente, a angiogênese representa um dos principais focos de pesquisa
relacionados à biologia tumoral na oncologia humana e veterinária, e isto se deve
a grande importância da neovascularização no crescimento e disseminação
tumoral. O fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF) é o principal fator
pró-angiogênico. Pesquisas recentes evidenciam tempo de sobrevida mais curto e
baixos índices de resposta terapêutica em humanos portadores de tumores
sólidos ou neoplasias hematopoiéticas com maior expressão tecidual ou aumento
das concentrações séricas de VEGF. Em seres humanos, a utilização terapêutica
de anticorpos monoclonais direcionados contra o VEGF tem demonstrado
resultados promissores no tratamento de diferentes tipos de câncer.
Tendo em vista a relação do VEGF com a promoção e a progressão do
câncer, objetivou-se investigar a concentração sérica e a imunomarcação do
VEGF em cães sadios e com linfoma, correlacionando esses parâmetros com a
localização anatômica, estádio e sub-estádio clínico, grau histológico,
imunofenótipo e tempo de sobrevida após quimioterapia, dos animais afetados
pela neoplasia.
xix
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 LINFOMA CANINO
Os linfomas (linfossarcomas ou linfomas malignos) representam um variado
grupo de neoplasias decorrentes da expansão clonal de células linforreticulares
malignas. Órgãos linfóides primários, como timo e medula óssea, e órgãos
linfóides secundários, como baço e linfonodos, são os principais sítios da
transformação neoplásica (FAN, 2003; VAIL & YOUNG, 2007). Devido à contínua
migração das células linfóides, os linfomas podem se originar em praticamente
todos os tecidos do organismo (FAN, 2003).
Os linfomas são neoplasias comumente diagnosticadas no cão,
representando 83% dos tumores de origem hematopoiética (VAIL & YOUNG,
2007). Ocorrem mais freqüentemente em animais entre cinco e 11 anos, mas há
relatos da doença em cães com menos de um ano de idade (MOULTON &
HARVEY, 1990; VAIL & YOUNG, 2007). As raças mais acometidas são Boxer,
Rottweiler, Poodle, Beagle, Basset Hound, São Bernardo, Airdale terrier e Bulldog
inglês (VONDERHAAR & MORRISON, 2002; DHALIWAL et al., 2003).
A etiologia do linfoma é desconhecida nos cães, mas acredita-se que seja
multifatorial. A exposição crônica a campos eletromagnéticos ou a agentes
químicos (herbicidas, solventes orgânicos), aberrações cromossômicas e
imunossupressão crônica são consideradas causas prováveis (FAN, 2003;
DHALIWAL et al., 2003). Além disso, sabe-se que mutações gênicas herdadas ou
adquiridas podem levar a ativação de proto-oncogenes e/ou a inativação de genes
supressores de tumor, facilitando o desenvolvimento da neoplasia (VAIL &
YOUNG, 2007).
O linfoma é classificado quanto a sua localização anatômica em
multicêntrico, alimentar, mediastinal, cutâneo e extranodal, sendo a forma
multicêntrica a mais freqüente (Tabela 1). Os sinais clínicos associados à
neoplasia são variáveis e dependem da sua extensão e localização
(VONDERHAAR & MORRISON, 2002; DHALIWAL et al., 2003).
xx
Tabela 1 – Classificação Anatômica dos Linfomas Caninos. Citada por VANDERHAAR &
MORRISON (2002).
FORMA LOCALIZAÇÃO
Multicêntrica Linfonodos periféricos, fígado, baço e/ou medula óssea
Alimentar Trato gastrintestinal, linfonodos mesentéricos, fígado
Mediastinal Timo e/ou linfonodos mediastinais
Cutânea Derme, epiderme e/ou junções mucocutâneas
Extranodal
Rins, olhos, cavidade nasal, sistema nervoso central, coração, ossos,
testículos e bexiga.
O estadiamento dos linfomas caninos obedece às regras estabelecidas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) e tem como principal objetivo avaliar a
extensão da doença (Tabela 2). É fundamentado em parâmetros clínicos
(anamnese e exame físico), laboratoriais (hemograma, urinálise, bioquímica sérica
e citologia), exames de diagnóstico por imagem (raio X e ultra-som) e avaliação
histopatológica. Em cães, os estádios III, IV e V são os mais freqüentes, em
decorrência da inabilidade dos proprietários em identificar os estádios iniciais da
doença (VAIL & YOUNG, 2007). Alguns estudos demonstram que os estádios IV e
V estão associados a sobrevida mais curta (DHALIWAL et al., 2003).
Tabela 2 – Estadiamento do Linfoma Canino proposto pela Organização Mundial
da Saúde (OMS). Citado por GREENLEE et al. (1990).
ESTÁDIO CRITÉRIO
I Envolvimento limitado a um único linfonodo
II Envolvimento de vários linfonodos regionais
III Envolvimento generalizado dos linfonodos
IV Envolvimento do fígado e/ou baço, com ou sem envolvimento generalizado
dos linfonodos
V Envolvimento do sangue, medula óssea e/ou outros órgãos
Os estádios são divididos em sub-estádios: “a” (sem sinais sistêmicos) ou “b” (com sinais
sistêmicos).
xxi
Os linfomas são provenientes da expansão clonal de células linfóides com
características morfológicas e imunofenotípicas distintas (VAIL & YOUNG, 2007).
Como os linfomas caninos apresentam semelhanças com os linfomas não-
Hodgkin humanos, esquemas de classificação morfológica utilizados em medicina
humana têm sido aplicados com sucesso nos linfomas caninos (GREENLEE et
al.,1990; TESKE, 1994; PONCE et al., 2004).
O sistema “Kiel” baseia-se na persistência de analogias morfológicas entre
as células neoplásicas e os diferentes estágios de evolução das linhagens de
células T e B não neoplásicas, especialmente aquelas que ocorrem durante a
ativação imunológica (Figura 1).
Figura 1 Esquema simplificado da maturação linfocitária. Adaptado de PARODI et al.
(1988).
xxii
A morfologia celular (linfocítico, linfoblástico, linfoplasmocítico, centrocítico,
centroblástico, imunoblástico), o imunofenótipo (T ou B) e o grau de malignidade
(alto ou baixo) são os principais parâmetros avaliados no sistema “Kiel” (PARODI
et al., 1988; GREENLEE et al.,1990; TESKE, 1994; KIUPEL et al., 1999; VAIL &
YOUNG, 2007) (Tabela 3).
Tabela 3 – Sistema “Kiel” proposto para a classificação histopatológica dos
linfomas caninos. Citado por GREENLEE et al. (1990).
CATEGORIA
BAIXO GRAU ALTO GRAU
Linfocítico Centroblástico
Linfoplasmocítico Linfoblástico T
Centrocítico Linfoblástico B
Centroblástico-Centrocítico Imunoblástico
Existem poucos estudos correlacionando a morfologia celular com o
prognóstico dos linfomas caninos, porém, sabe-se que o grau de malignidade
pode ser considerado um indicador prognóstico. Os linfomas de alto grau
geralmente apresentam maiores índices de remissão clínica que os de baixo grau.
Entretanto, cães com linfoma de baixo grau tendem a apresentar maior tempo de
sobrevida (TESKE , 1994; VONDERHAAR & MORRISON, 2002; VAIL & YOUNG,
2007). A maioria dos estudos relacionados ao grau histológico dos linfomas
caninos demonstra que apenas uma pequena porcentagem é de baixo grau (5,3 a
29%) (KIUPEL et al., 1999; VAIL & YOUNG, 2007).
Durante muito tempo a determinação do imunofenótipo dos linfomas
caninos foi dificultada pela falta de marcadores específicos (FERRER et al., 1992).
Entretanto, atualmente as técnicas imunoistoquímicas têm sido aplicadas com
sucesso em cortes histológicos de tecido incluído em parafina, utilizando o
anticorpo policlonal anti-CD3 para marcar linfomas de células T, e o anticorpo
xxiii
monoclonal anti-mb1 (CD79a) para os linfomas de células B (FOURNEL-FLEURY
et al., 1997; MOURA et al., 2001; FOURNEL-FLEURY et al., 2002).
A avaliação imunofenotípica é fundamental como indicador prognóstico,
uma vez que existem diferenças na apresentação clínica, comportamento e
resposta terapêutica entre os linfomas de células T e os de células B (KIUPEL et
al.,1999). Os linfomas de células T tendem a ser biologicamente mais agressivos,
resultando em remissões e tempos de sobrevida mais curtos (FAN, 2003).
Aproximadamente 30% dos linfomas caninos têm derivação imunofenotípica de
células T (FOURNEL-FLEURY et al., 2002).
O tratamento dos linfomas baseia-se principalmente em quimioterapia
antineoplásica (VONDERHAAR & MORRISON, 2002). A poliquimioterapia é a
modalidade terapêutica mais efetiva, sendo a administração de ciclofosfamida,
vincristina e prednisona um dos protocolos mais utilizados. Protocolos que incluem
fármacos como a doxorrubicina e a l-asparaginase tendem a promover tempo de
sobrevida mais longo (VAIL & YOUNG, 2007).
Cães com linfoma que não recebem tratamento quimioterápico apresentam
sobrevida média de 60 dias, já os tratados com poliquimioterapia sistêmica podem
apresentar até dois anos de sobrevida (MOULTON & HARVEY, 1990; VAIL &
YOUNG, 2007). Atualmente, sabe-se que o comportamento biológico dos linfomas
tem grande influência na evolução clínica da enfermidade e no tempo de
sobrevida do paciente. Desta forma, estudos relacionados à biologia tumoral são
fundamentais para o estabelecimento de fatores prognósticos precisos e terapias
específicas (VAIL & YOUNG, 2007).
2.2 ANGIOGÊNESE
A angiogênese representa a formação de novos vasos sangüíneos a partir
de um leito vascular pré-existente. É observada em processos fisiológicos, como
embriogênese, proliferação endometrial, cicatrização de feridas, e em processos
xxiv
patológicos, como artrite reumatóide, retinopatia diabética e neoplasias
(CLIFFORD et al., 2001; FERRARA, 2004).
Durante a carcinogênese há um acúmulo progressivo de mutações em
diferentes genes, que geram subpopulações celulares com características
biológicas específicas. Essa instabilidade genética é responsável pela ativação de
proto-oncogenes, inativação de genes supressores de tumor, proliferação celular
exacerbada, perda da habilidade celular em sofrer apoptose e produção de fatores
de crescimento que auxiliam na promoção e progressão tumoral (CASTRO-
JÚNIOR et al., 2006).
O crescimento das neoplasias malignas é condicionado a uma vasculatura
adequada. A sobrevivência das células tumorais é dependente de quantidades
suficientes de oxigênio e nutrientes, bem como da habilidade celular em eliminar
toxinas. Sem o recrutamento de sua própria rede vascular, um tumor não pode
exceder dois milímetros de diâmetro (CASTRO-JÚNIOR et al., 2006; CHUN &
THAM, 2007). A angiogênese constitui um pré-requisito não apenas para o
crescimento contínuo do tumor primário, mas também para a formação de
metástases (CHUN & THAM, 2007).
A regulação da angiogênese é um processo complexo resultante do
equilíbrio dinâmico entre fatores pró-angiogênicos e antiangiogênicos. Os
principais fatores pró-angiogênicos são o fator de crescimento do endotélio
vascular (VEGF), o fator de crescimento fibroblástico (FGF), a angiopoietina, a
angiogenina e o fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF). A
angiostatina, as heparinases, a endostatina, os interferons e os retinóides são
considerados inibidores da angiogênese (GILES et al., 2004; PANDYA et al.,
2006). Em condições neoplásicas, os fatores pró-angiogênicos superam os anti-
angiogênicos, garantindo a angiogênese patológica (CHUM & THAMM, 2007). Os
mecanismos pelos quais as células neoplásicas estimulam a angiogênese
patológica mimetizam os utilizados pelas células normais na promoção da
angiogênese fisiológica. Entretanto, a microvasculatura originária de processos
neoplásicos tem sua estrutura, funcionamento e genética alterados, em
xxv
comparação a microvasculatura proveniente de condições fisiológicas (CASTRO-
JÚNIOR et al., 2006).
Uma cascata de eventos biológicos acompanha o processo de interação
entre as células neoplásicas e o microambiente local. Modificações homeostáticas
decorrentes de hipóxia e estresse oxidativo ou mecânico atuam como potentes
estimulantes da angiogênese tumoral, promovendo a expressão de múltiplos
fatores pró-angiogênicos (CASTRO-JÚNIOR et al., 2006). Esses fatores de
crescimento podem ser produzidos pelas células tumorais, pelo tecido adjacente
ao tumor ou por células inflamatórias presentes no microambiente tumoral,
principalmente macrófagos e linfócitos (PANDYA et al., 2006).
O processo de neovascularização tumoral segue as seguintes etapas:
produção de fatores de crescimento pró-angiogênicos, ativação das células
endoteliais, degradação da matriz extra-celular, migração e proliferação das
células endoteliais, adesão celular, reorganização da matriz extra-celular e início
do fluxo sangüíneo (CHUN & THAM, 2007).
O VEGF foi identificado em 1980 como o fator pró-angiogênico
predominante na maioria das neoplasias em seres humanos, sendo inicialmente
denominado fator de permeabilidade vascular (PODAK & ANDERSON, 2005).
Atualmente, é considerado um dos mais específicos reguladores da angiogênese
tumoral (PANDYA et al., 2006). É representado por uma família de fatores de
crescimento composta por seis glicoproteínas: VEGF-A, VEGF-B, VEGF-C, VEGF-
D, VEGF-E e fator de crescimento placentário (PIGF). O VEGF-A é o principal
fator de crescimento associado a angiogênese, sendo constituído por seis
isoformas distintas, classificadas de acordo com a quantidade de aminoácidos
presentes na cadeia protéica (121, 145, 165, 183, 189 ou 206). Estudos recentes
sugerem expressão tecidual específica dessas variantes do VEGF em
determinadas etapas da angiogênese (FERRARA & DAVIS-SMITH, 1997;
FERRARA, 2004).
Os efeitos angiogênicos do VEGF são mediados por suas ligações a
receptores celulares específicos presentes nas células endoteliais, incluindo o
xxvi
VEGFR-1, o VEGFR-2 e o VEGFR-3 (CASTRO-JÚNIOR et al., 2006). Algumas
vezes, o VEGF exerce um efeito autócrino mediante estimulação direta das
células tumorais (FERRARA, 2004; MILLANTA et al., 2006).
O VEGF é uma glicoproteína multifuncional, uma vez que estimula a
atividade mitogênica das células endoteliais, a permeabilidade vascular, a
sobrevivência celular e a produção de diferentes moléculas envolvidas no
processo de neovascularização. A atuação do VEGF é observada nas células
endoteliais de vasos sangüíneos e linfáticos (GILES et al., 2004).
Estudos recentes demonstram que a linfangiogênese é tão importante na
expansão tumoral quanto a angiogênese. NAGY et al. (2002) revelaram que o
VEGF-A participa da linfangiogênese bem como da angiogênese em diferentes
neoplasias, e que o VEGF-C e o VEGF-D influenciam na proliferação de vasos
linfáticos mediante ativação do VEGFR-3 expresso nas células endoteliais
linfáticas. A linfangiogênese tumoral foi associada a expressão do VEGF-C em
neoplasias mamárias, carcinomas de células escamosas, mesotelioma e
neoplasias pulmonares em seres humanos (KADOWAKI et al., 2005). HIRAKAWA
et al. (2007) sugeriram que o VEGF-C não promove o crescimento do tumor
primário, porém induz a expansão das redes linfáticas entre os linfonodos
sentinelas, favorecendo as metástases e a disseminação tumoral (Figura 2).
xxvii
Figura 2 Desenho ilustrativo que evidencia a participação do
VEGF-A e do VEGF-C na angiogênese e linfangiogênese
tumoral, bem como de diferentes citocinas e mediadores
inflamatórios presentes no microambiente tumoral.
Adaptado de RUEGG (2007).
Pesquisas revelam que as concentrações séricas de VEGF são
significativamente maiores em seres humanos com diferentes tipos de câncer,
incluindo tumores sólidos (carcinomas mamários, prostáticos e colorretais) e
malignidades hematopoiéticas (mieloma múltiplo, leucemias e linfomas). Além
disso, demonstram que as concentrações séricas elevadas estão associadas a
baixos índices de resposta terapêutica e menor tempo de sobrevida (BERTOLINI
et al., 1999; FERRARA, 2004).
SCHEIDEGGER et al. (1999) evidenciaram que a estrutura molecular e a
função do VEGF humano e canino são idênticas em condições fisiológicas ou
patológicas, o que possibilita a utilização dos mesmos métodos diagnósticos e
terapêuticos em ambas as espécies.
xxviii
Em cães, estudos recentes revelam maior expressão do VEGF em
neoplasias mamárias malignas (RESTUCCI et al., 2002; MILLANTA et al., 2006),
carcinomas espinocelulares (MAIOLINO et al., 2000), seminomas pouco
diferenciados (RESTUCCI et al., 2003) e mastocitomas (REBUZZI et al., 2007),
sugerindo que a angiogênese pode estar associada ao aumento da proliferação
celular, invasão local e metástases. CLIFFORD et al. (2001) evidenciaram
elevadas concentrações circulantes de VEGF em cães com hemangiossarcoma.
2.3 A ANGIOGÊNESE NO LINFOMA
Embora esteja bem estabelecido que o crescimento de tumores sólidos
requer neovascularização vigorosa, a influência da angiogênese no crescimento e
sobrevivência de células neoplásicas do sistema hematopoiético foi recentemente
reconhecida (BERTOLINI et al. 1999; KOSTER & RAEMAEKERS, 2005).
Em 1975, autores relataram um caso de linfoma sub-cutâneo mimetizando
um neoplasma vascular, devido a extensa telangiectasia desenvolvida ao redor do
tumor. Adicionalmente, observaram que fragmentos de linfoma inseridos em
camundongos induziam dramática neovascularização, sugerindo a existência de
um fator de crescimento produzido pelas células neoplásicas promovendo
angiogênese (ORPANA & SALVEN, 2002).
GILES et al. (2004) verificaram níveis séricos elevados de VEGF em
pacientes humanos com linfoma sem tratamento quimioterápico. Adicionalmente,
constataram que estes níveis eram inferiores durante a quimioterapia e que o
tempo de sobrevida foi significativamente maior em pacientes que apresentavam
concentração de VEGF abaixo da média, antes do tratamento quimioterápico.
Resultados semelhantes foram observados por SALVEN et al. (1997), SALVEN et
al. (2000) e NIITSU et al. (2002).
JORGENSEN (2005) avaliou a expressão imunoistoquímica do VEGF em
diferentes tipos histológicos de linfoma não-Hodgkin humano, evidenciando maior
imunorreatividade em tumores mais agressivos. Outros pesquisadores
xxix
constataram correlação entre a expressão do VEGF e alguns fatores prognósticos
dos linfomas não-Hodgkin humanos (HAZAR et al., 2003; KORKOLOPOULOU et
al., 2005). Esses autores concluíram que a expressão do VEGF pode ser um
método efetivo de avaliação do comportamento biológico desse tipo de neoplasia
(HAZAR et al., 2003; KORKOLOPOULOU et al., 2005; JORGENSEN, 2005).
Os linfomas cutâneos epiteliotrópicos são caracterizados por curso clínico
sub-agudo e baixa resposta terapêutica. MAZUR et al. (2004) verificaram
microdensidade vascular aumentada em linfomas epiteliotrópicos, referindo
influência da angiogênese no comportamento biológico desta neoplasia e a
importância do uso de medicações anti-angiogênicas no tratamento do linfoma
cutâneo em seres humanos.
GENTILINI et al. (2005) revelaram que a angiogênese é um importante fator
prognóstico em cães com linfoma comparando os valores da concentração sérica
de fatores angiogênicos de cães doentes com os valores de cães sadios.
O estudo da angiogênese tem recebido muita atenção na medicina, pois
representa um alvo terapêutico comum para a grande maioria das neoplasias
(LAMONTAGNE, 2005). Procedimentos experimentais baseados na administração
de anticorpos anti-VEGF em camundongos com diferentes tipos de câncer têm
demonstrado redução do crescimento neoplásico devido ao aumento da apoptose
e redução da vascularização e proliferação celular (FERRARA, 2004). Diferentes
trabalhos têm demonstrado efeito satisfatório das terapias anti-angiogênicas em
neoplasias linfoproliferativas de camundongos e seres humanos (ORPANA &
SALVEN, 2002).
xxx
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 GRUPOS EXPERIMENTAIS
Foram avaliados 25 animais da espécie canina, adultos, com ou sem raça
definida, entre machos e fêmeas, distribuídos da seguinte forma:
- Animais com linfoma (grupo I): 15 cães atendidos no Serviço de Oncologia do
Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”, Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (FCAV-UNESP/Jaboticabal), com diagnóstico de linfoma confirmado
mediante avaliação citológica e/ou histopatológica.
- Animais sadios (grupo II): 10 cães clinicamente saudáveis, provenientes do
Canil Municipal de Sertãozinho/SP.
3.2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
3.2.1 Grupo I
Os cães do grupo I foram submetidos aos exames de rotina realizados pelo
Serviço de Oncologia Veterinária em pacientes com linfoma objetivando o
estadiamento da neoplasia, conforme protocolo proposto pela Organização
Mundial da Saúde. Estes exames incluíram hemograma, avaliação bioquímica
sérica, radiografia torácica (incidências látero-lateral e ventro-dorsal) e ultra-
sonografia abdominal. Citologia aspirativa da medula óssea foi realizada em cães
que apresentaram alterações hematológicas sugestivas de linfoma leucêmico.
Durante a avaliação clínica dos animais, além de coletados dados sobre
raça, sexo e idade, foi procedida a classificação do linfoma quanto a sua
localização anatômica (multicêntrico, alimentar, mediastinal, cutâneo ou extra-
nodal).
Adicionalmente, os 15 animais foram submetidos à coleta de sangue para
mensuração da concentração sérica de VEGF, como também à biópsia incisional
da neoplasia para determinação do grau histológico, do imunofenótipo e da
imunomarcação de VEGF.
xxxi
Após a realização dos exames e colheita das amostras, todos os animais
foram submetidos à quimioterapia antineoplásica baseada no protocolo de
Madison-Wisconsin (L-VCA-UW/Short) (Tabela 4) e monitorados quanto ao tempo
de sobrevida.
Tabela 4 – Protocolo Quimioterápico da Universidade de Madison - Wisconsin
(LVCA – UW / Short) estabelecido para os Linfomas Caninos. Citado
por VAIL & YOUNG (2007).
SEMANA QUIMIOTERÁPICO DOSE E VIA DE ADMINISTRAÇÃO
1 L-Asparaginase
Vincristina
Prednisona
400 UI/Kg – IM
0,7 mg/m
2
- IV
2 mg/kg - VO
2 Ciclofosfamida
Prednisona
250 mg/m
2
- VO
1,5 mg/kg - VO
3 Vincristina
Prednisona
0,7 mg/m
2
- IV
1 mg/kg - VO
4 Doxorrubicina
Prednisona
30 mg/m
2
- IV
0,5 mg/kg - VO
6 Vincristina 0,7 mg/m
2
- IV
7 Ciclofosfamida 250 mg/m
2
- VO
8 Vincristina 0,7 mg/m
2
- IV
9 Doxorrubicina 30 mg/m
2
- IV
11 Ciclofosfamida 0,7 mg/m
2
- IV
13 Vincristina 250 mg/m
2
- VO
15 Vincristina 0,7 mg/m
2
- IV
17 Doxorrubicina 30 mg/m
2
- IV
19 Vincristina 0,7 mg/m
2
- IV
21 Ciclofosfamida 250 mg/m
2
- VO
23 Vincristina 0,7 mg/m
2
- IV
25 Doxorrubicina 30 mg/m
2
- IV
O tratamento é interrompido após a 25ª semana se houver remissão completa da neoplasia
IM= intramuscular; IV= intravenosa; SC= subcutânea
3.2.2 Grupo II
xxxii
Os animais do grupo II foram submetidos a exame físico completo e coleta
de sangue para hemograma e avaliação bioquímica sérica objetivando a exclusão
de enfermidades sistêmicas. O soro de cada animal foi reservado para
mensuração da concentração sérica de VEGF. Adicionalmente, foi realizada
biopsia excisional do linfonodo inguinal de todos os cães para avaliar a
imunoexpressão de VEGF em tecido linfóide não neoplásico.
3.3 COLHEITA DE MATERIAL
3.3.1 Sangue
Foram obtidos 10mL de sangue/cão (grupo I e grupo II), mediante
venipunção jugular utilizando seringas e agulhas descartáveis. Foi adicionado
anticoagulante ácido etileno-diamino tetracético dissódico (EDTA) em 1mL de
cada amostra para a confecção do hemograma. A fração restante da amostra sem
anticoagulante foi mantida em tubos de ensaio, em repouso à temperatura
ambiente, até a coagulação e retração do coágulo, sendo posteriormente
centrifugada a 800G, durante 10 minutos, para obtenção do soro. Parte foi
utilizada para a avaliação bioquímica sérica e o restante foi congelado a -20ºC,
durante quatro a 10 meses, para mensuração da concentração sérica de VEGF.
3.3.2 Amostra tecidual
As amostras teciduais foram obtidas por biopsia incisional/excisional da
neoplasia (grupo I) ou de linfonodo inguinal (grupo II), sendo este procedimento
conduzido de forma asséptica e sob anestesia geral. Essas amostras foram
conservadas em formol 10%, por 24 horas, desidratadas em álcool 70%, por 48
horas, e posteriormente processadas para inclusão em parafina. Os blocos de
parafina foram encaminhados ao Laboratório de Patologia Veterinária, Faculdade
de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho” (FMVZ-UNESP/Botucatu), para avaliação histopatológica e
imunoistoquímica.
xxxiii
3.4 EXAMES LABORATORIAIS
3.4.1 Hemograma
As contagens de hemácias, leucócitos e plaquetas, e a mensuração da
concentração de hemoglobina e do hematócrito, foram obtidos com auxílio de um
contador automático de células (Coulter ACT-8). As contagens diferenciais dos
leucócitos foram efetuadas em esfregaços sangüíneos corados com May
Grunwald – Giemsa. Os procedimentos laboratoriais foram realizados no
Laboratório de Patologia Clínica Veterinária “Prof. Dr. Joaquim Martins Ferreira
Neto”, do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”, FCAV – UNESP /
Jaboticabal.
3.4.2 Bioquímica Sérica
Foram determinados os teores de creatinina (método de Basques-Lustosa)
no soro sangüíneo dos animais dos grupos I e II, e as atividades séricas da
enzima alanina aminotransferase - ALT (método cinético UV). Os testes foram
realizados utilizando-se conjuntos de reagentes de uso comercial LABTEST
®
, e as
leituras das amostras efetuadas em espectrofotômetro LABQUEST
®
.
3.4.3 Ensaio imunoenzimático (ELISA)
A concentração sérica do VEGF foi mensurada com a utilização de um kit
comercial de ensaio imunoenzimático (ELISA) sanduíche (Human VEGF-C
Immunoassay, Quantikine
R
, R&D Systems, Minneapolis, USA), seguindo as
instruções do fabricante (Apêndice A). Todas as amostras foram avaliadas em
duplicata. A validação do teste de ELISA com anticorpo humano para a
mensuração do fator de crescimento do endotélio vascular canino foi previamente
confirmada por SCHEIDEGGER et al. (1999), CLIFFORD et al. (2001) e
GENTILLINI et al. (2005). O protocolo experimental foi conduzido no Laboratório
de Imunoparasitologia Veterinária, FCAV-UNESP/Câmpus de Jaboticabal.
3.4.4 Histopatológico
xxxiv
As amostras incluídas em parafina (animais do grupo I e II) foram
submetidas a cortes de cinco micrômetros e coradas com Hematoxilina e Eosina.
Após a confecção das lâminas, procedeu-se à avaliação histopatológica mediante
microscopia de luz objetivando a seleção dos linfonodos normais (grupo II) e a
determinação do grau histológico dos linfomas caninos (grupo I). Para esta
classificação foi utilizando o Sistema “Kiel” (Tabela 3), proposto para os linfomas
não-Hodgkin humanos (GREENLEE et al., 1990; TESKE, 1994).
3.4.5 Imunoistoquímica
Para a realização da técnica de imunoistoquímica, os espécimes incluídos
em parafina foram submetidos a cortes de três micrômetros e montados em
lâminas previamente preparadas com cola líquida a base de organosilano (A3648
– SIGMA). As reações de imunoistoquímica foram realizadas de acordo com
protocolos previamente estabelecidos pelo Laboratório de Imunoistoquímica do
Serviço de Patologia Veterinária, FMVZ-UNESP/Câmpus de Botucatu (Apêndices
B e C). Os anticorpos utilizados estão descritos na Tabela 5.
Tabela 5 - Relação dos anticorpos primários, clone, código, marca e diluição
utilizados na técnica de imunoistoquímica realizada em amostras de
linfonodos de cães sadios e linfomas caninos. FCAV-UNESP/
Jaboticabal, SP, 2007.
Anticorpo Clone Código Marca Diluição
Anti-CD3
Policlonal
A0452
DakoCytomation
®
1:100
Anti-CD79a
MB1
M7050
DakoCytomation
®
1:50
Anti-VEGF
(VEGF-A)
VG1
M7273
DakoCytomation
®
1:25
xxxv
Em todas as reações foram realizados controles negativos, nos quais se
substituiu o anticorpo primário por imunoglobulinas (Igs) da espécie em que o
anticorpo primário foi produzido (CD3–Igs de coelho; CD79a e VEGF–Igs de
camundongo).
A imunorreatividade dos anticorpos foi avaliada com o auxílio de um
equipamento analisador de imagens (QWin, versão 3.0). Esse equipamento
consta de um microscópio (Leica) acoplado a uma câmera digital (Leica–DF500)
que gera imagens em um programa computacional de análise morfométrica.
3.4.5.1 Imunofenótipo
O imunofenótipo dos linfomas caninos foi determinado pela marcação
positiva dos linfócitos neoplásicos presentes nas amostras teciduais. A
positividade ao anticorpo anti-CD3 confirmou o imunofenótipo T, e a positividade
ao anticorpo anti-CD79a, o imunofenótipo B.
3.4.5.2 Expressão do VEGF
Para determinar a expressão do VEGF nos espécimes dos animais do
grupo I e II foram avaliados cinco campos de cada amostra analisada. Em cada
campo foi mensurado o percentual de células marcadas (Figura 3 e Tabela 6) e a
intensidade de coloração (Tabela 7), conforme preconizado por DE NARDI (2007).
Foi estabelecida uma média dos valores determinados em cada campo.
Figura 3 - Método de gradação para determinar o percentual de imunomarcação
para VEGF, em linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos.
FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007.
xxxvi
Tabela 6 - Pontuação atribuída ao percentual de células marcadas por campo, em
linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos. FCAV – UNESP /
Jaboticabal, SP, 2007.
Percentual de células marcadas Pontuação
< 5% 0
5 – 25 % 1
26 – 50% 2
51 – 75% 3
> 75% 4
Tabela 7 - Pontuação atribuída à intensidade de coloração das células marcadas
por campo, em linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos.
FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007.
Intensidade de coloração Pontuação
Fraca 1
Moderada 2
Forte 3
Ao final, estabeleceu-se um escore de 0 a 12 pontos obtido a partir do
produto da pontuação do percentual de células marcadas pela pontuação da
intensidade de coloração.
3.5 Análise Estatística
Para determinar se a concentração sérica e a expressão do VEGF
diferiram entre os cães sadios e com linfoma, as médias foram comparadas pelo
teste de Mann Withney, considerando um nível de significância de 5%. Foi
realizada análise de correlação de Spearman entre as variáveis concentração
sérica e expressão do VEGF, localização anatômica, estádio e sub-estádio clínico,
imunofenótipo, grau histológico e sobrevida dos pacientes com linfoma,
xxxvii
considerando a significância de 5%. Análise descritiva dos dados foi empregada
para o restante dos resultados. Utilizou-se o programa estatístico SAS (Statistical
Analysis System, versão 8.2 – Institute Inc., Cary, NC, USA) para a realização
destas análises.
xxxviii
4. RESULTADOS
4.1 Dados epidemiológicos dos cães com linfoma
Dos 15 animais com linfoma, oito (53%) eram machos e sete (47%) fêmeas.
A idade dos pacientes variou entre três e 15 anos, porém observou-se maior
prevalência da neoplasia em cães com idade entre seis e 10 anos (53,3%). Em
relação à distribuição racial, quatro (26,6%) cães não apresentavam raça definida,
três (20%) eram da raça Poodle, dois (13,4%) da raça Rottweiler e dois (13,4%) da
raça Pit bull. Os outros quatro animais pertenciam às raças Boxer, Bull terrier,
Bulldog inglês e Basset hound. A localização anatômica mais freqüente foi a
multicêntrica (53,3%). A forma extra-nodal ocorreu na região peri-aórtica (Figuras
4 e 5 ).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
mero de
animais
Multicêntrico Cutâneo Alimentar Extra-nodal
Localização anatômica
6,65% 6,65%
33,4%
53,3%
Figura 4 Distribuição da localização anatômica dos linfomas caninos.
FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007.
xxxix
Figura 5 Cão da raça Boxer, macho, quatro anos de idade, apresentando
linfoma multicêntrico caracterizado por linfadenomegalia
generalizada. FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007.
4.2 Hemograma e bioquímica sérica
Os valores individuais obtidos no hemograma e na avaliação bioquímica
sérica dos cães sadios e dos cães com linfoma estão apresentados nas Tabelas 8,
9 e 10.
23
Tabela 8 - Contagens de hemácias, concentração de hemoglobina, hematócrito e contagens de plaquetas de
cães sadios e de cães com linfoma (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).
Eritrograma
Hemácias
(x10
6
)
Hemoglobina
(g/dL)
Hematócrito
(%)
Plaquetas
(x10
3
/µL)
Valores de
referência
5,50 a 8,50 12 a 18 37 a 55 200 a 500
Animais
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
1 5,56 3,07 12,6 6,50 37 20,40 250 168
2 6,62 1,92 15,6 4,30 47 13,00 255 47
3 6,50 7,65 14,8 11,50 45 33,80 300 297
4 5,50 7,10 16,9 14,90 37 55,00 335 244
5 6,35 5,50 15,3 9,51 39 39,00 260 99
6 6,98 6,40 14,1 14,10 46 42,00 265 240
7 7,85 3,26 16,5 9,10 47 27,10 280 236
8 6,80 5,16 12,9 12,00 42 36,70 369 909
9 6,95 4,89 14,7 11,80 49 35,60 390 75
10 6,58 7,85 12,6 14,62 45 47,00 385 197
11 3,78 8,60 22,50 56
12 1,29 3,60 10,30 582
13 2,93 6,90 21,20 34
14 6,26 12,10 39,70 113
15 6,91 15,50 47,20 233
Valores de referência: GARCIA-NAVARRO & PACHALY, 1994.
24
Tabela 9 - Contagens (x10
3
/µL) de leucócitos, eosinófilos, neutrófilos bastonetes e segmentados (NB e NS),
linfócitos e monócitos de cães sadios e de cães com linfoma (FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007).
Leucograma
Leucócitos
Eosinófilos
NB
NS
Linfócitos Monócitos
Valores de
referência
6,0 a 17,0 0,1 a 1,2 0,0 a 0,5 3,0 a 11,0 1,0 a 5,0 0,1 a 1,3
Animais
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
1 11,95 16,20 0,25
0,16 0,38
1,63 8,19 12,96 2,75 1,29 0,38 0,16
2 13,64 15,80 0,47
0,00 0,47
0,00 10,45 14,23 1,78 1,42 0,47 0,15
3 12,96 6,90 0,26
0,21 0,39
0,21 9,29 5,10 2,63 1,18 0,39 0,20
4 13,94 13,10 0,58
0,52 0,29
0,27 10,15 9,17 2,48 2,88 0,44 0,26
5 15,04 34,85 0,36
1,05 0,55
1,39 11,83 20,91 1,75 11,15 0,55 0,35
6 15,24 9,80 1,07
0,78 0,46
0,29 10,56 7,05 2,69 1,57 0,46 0,09
7 11,42 15,50 0,25
0,31 0,38
0,62 8,75 12,40 1,66 1,39 0,38 0,77
8 14,24 5,30 0,64
0,05 0,32
0,00 11,20 4,50 1,44 0,37 0,64 0,37
9 11,27 54,60 0,27
1,64 0,41
2,18 8,57 34,40 1,48 14,19 0,54 0,18
10 12,96 21,30 0,42
0,00 0,42
0,21 9,10 16,83 2,60 4,05 0,42 0,21
11 7,60
0,21
0,37 5,70 1,12 0,30
12 32,10
0,00
0,86 27,50 1,28 2,46
13 49,50
0,00
0,99 44,55 2,47 1,49
14 7,00
0,00
0,00 5,67 1,12 0,21
15 11,60
0,00
1,04 7,43 2,90 0,23
Contagens de basófilos iguais a zero em todas as amostras
Valores de referência: GARCIA-NAVARRO & PACHALY, 1994.
25
Tabela 10 - Valores individuais das atividades séricas (UI/dL) de alanina
aminotransferase (ALT) e do teor de creatinina (mg/dL) no soro
sangüíneo de cães sadios e de cães com linfoma (FCAV-UNESP/
Jaboticabal, SP, 2007).
Bioquímica
sérica
ALT Creatinina
Valores de
referência
10,0 a 88,0 0,5 a 1,5
Animais
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
1 36,62 812,40 0,91 0,98
2 52,23 47,17 1,35 0,74
3 41,25 39,50 1,08 1,02
4 39,27 70,00 1,14 1,20
5 48,64 115,20 1,27 1,02
6 46,87 40,00 0,86 1,70
7 54,25 73,30 1,18 0,68
8 38,47 125,70 0,91 0,68
9 42,54 33,77 1,29 0,90
10 49,28 67,54 1,41 1,31
11 33,77 1,10
12 85,00 4,65
13 70,00 2,35
14 15,00 0,59
15 20,95 1,50
Valores de referência: MEYER et al., 1995.
Na avaliação hematológica dos cães com linfoma verificou-se anemia em
sete (47%) cães e trombocitopenia em oito (53%), no diagnóstico da neoplasia. No
leucograma observou-se leucocitose por neutrofilia em cinco (33%) animais e
leucopenia em um (6,6%). Constatou-se linfocitose associada a presença de
linfócitos atípicos circulantes em apenas um (13,3%) cão, sendo confirmada a
ocorrência de linfoma leucêmico mediante avaliação citológica da medula óssea. À
avaliação bioquímica sérica, evidenciou-se elevação das atividades séricas da
alanina aminotransferase em três (20%) cães com linfoma, e elevação do teor de
creatinina no soro sangüíneo de outros três (20%) animais.
26
Notou-se maior freqüência de cães no estádio 5 e no sub-estádio “b”.
Nenhum dos pacientes foi classificado nos estádios 1, 2 ou 3 (Figura 6).
0
2
4
6
8
10
12
Número de
cães
12345 ab
Estadiamento
60%
40%
73,3%
26,7%
Figura 6 Distribuição do estadiamento (1 – 5) e sub-estadiameto (a – b) dos
linfomas caninos. FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP, 2007.
Pode-se constatar que dos 11 animais diagnosticados no estágio 5, seis
(40%) encontravam-se no sub-estádio “b”. Observou-se também que 71% dos
cães com anemia, 62% com trombocitopenia e 83% com alterações na avaliação
bioquímica sérica encontravam-se no estádio 5.
4.4 Grau Histológico
Constatou-se que os linfomas de baixo grau de malignidade acometeram
dois cães, sendo observado predomínio dos linfomas de alto grau de malignidade,
que totalizaram 13 dos 15 casos avaliados (Figuras 7, 8 e 9).
27
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mero de
animais
Linfoma T Linfoma B
Imunofenótipo
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mero de
animais
Linfoma T Linfoma B
Imunofenótipo
86,7%
13,3%
Figura 7 -
Imunofenótipo dos linfomas caninos. Note a prevalência do
linfomas de células B. FCAV-U
Grau histológico dos linfomas caninos. FCAV-
UNESP/Jaboticabal, SP, 2007.
s
NESP/Jaboticabal, SP, 2007.
Quanto a morfologia celular, os linfomas de baixo grau foram classificados
em centrocítico (1) e centroblástico-centrocítico (1). Os linfomas de alto grau foram
classificados como centroblástico (5), imunoblástico (4), linfoblástico (2) e
anaplásico (2). Os linfomas de alto grau acometeram 100% dos linfomas cutâneos
e 75% dos multicêntricos.
28
Figura 8 -
Fotomicrografia de linfoma anaplásico de alto grau de malignidade.
Infiltrado de linfócitos grandes e indiferenciados. Hematoxilina-
Eosina, aumento de 400 vezes. FCAV-UNESP/Jaboticabal, 2007.
Figura 9 -
Fotomicrografia de linfoma centrocítico de baixo grau de
malignidade. Infiltrado de linfócitos com núcleo irregular e citoplasma
escasso. Hematoxilina-Eosina, aumento de 400 vezes. FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007.
29
4.5 Imunofenótipo
Na avaliação imunofenotípica observou-se prevalência dos linfomas de
células B (Figuras 10, 11 e 12).
Figura 10 -
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
mero de
animais
Linfoma T Linfoma B
Imunofenótipo
67%
33%
Imunofenótipo dos linfomas caninos. FCAV-UNESP/Jaboticabal,
SP, 2007.
Os linfomas de células B representaram 85% dos linfomas multicêntricos e
os de células T, 67% dos linfomas cutâneos. De acordo com a classificação de
“Kiel”, 100% dos linfomas de células T foram considerados de alto grau de
malignidade, assim como 80% dos linfomas de células B.
30
Figura 11 -
Fotomicrografia de linfoma de células T. Positividade para o
anticorpo primário anti-CD3. EnVision, DAB, Hematoxilina de
Mayer, aumento de 100 vezes. FCAV-UNESP/Jaboticabal, 2007.
Figura 12 -
Fotomicrografia de linfoma de células B. Positividade para o
anticorpo primário anti-CD79a. EnVision, DAB, Hematoxilina de
Mayer, aumento de 400 vezes. FCAV-UNESP/Jaboticabal, 2007.
31
4.6 Concentração sérica de VEGF
No ELISA sanduíche, as concentrações séricas de VEGF variaram de 0 a
58,66pg/mL (17,93±23,34) nos cães sadios, e de 0 a 417,75pg/mL (88,51±121,71)
nos cães com linfoma. Apesar de a média das concentrações séricas de VEGF em
cães com linfoma ser superior à média de cães sadios, não houve diferença
estatística entre os dois grupos (p=0,10) (Figura 14). Os valores individuais da
concentração sérica de VEGF em cães sadios e cães com linfoma estão
demonstrados na Tabela 2, do Apêndice D.
Figura 14
0
20
40
60
80
100
VEGF sérico
(pg/mL)
Sadios Linfoma
Grupos experimentais
Médias das concentrações séricas de VEGF em cães sadios
e cães com linfoma. FCAV-UNESP/ Jaboticabal, SP, 2007.
Adicionalmente, não foi evidenciada correlação significativa entre as
variáveis concentração sérica de VEGF, localização anatômica (p=0,80), estádio
(p=0,44) e sub-estádio clínico (p=0,73), grau histológico (p=0,31) e imunofenótipo
(p=0,06) de cães com linfoma.
32
4.7 Expressão do VEGF
Na avaliação imunoistoquímica, o escore de imunomarcação para VEGF foi
significativamente maior (p<0,0001) em cães com linfoma (9,07±2,34) quando
comparado ao escore de imunomarcação para VEGF em linfonodos de cães
sadios (2,70±2,35) (Figura 15).
0
2
4
6
8
10
Escore
VEGF
Sadios Linfoma
Grupos experimentais
Figura 15 – Médias dos escores de imunomarcação para VEGF em
linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos. FCAV –
UNESP / Jaboticabal, SP, 2007.
A expressão do VEGF caracterizou-se por marcação predominantemente
citoplasmática difusa, tanto em linfócitos de linfonodos normais como em linfócitos
neoplásicos. Nos linfonodos de cães sadios constatou-se imunomarcação para
VEGF em 90% dos casos, ocorrendo escores entre 0 e 6. Um caso (10%) foi
classificado no escore 0, três (30%) no escore 1, três (30%) no escore 2 e três
(30%) no escore seis (Figuras 16 e 17). Nos cães com linfoma, constatou-se
imunomarcação para VEGF em 100% dos casos, porém, nestes animais,
observou-se escores entre 6 e 12. Três casos (20%) foram classificados no escore
6, cinco (33,3%) no escore 8, dois (13,4%) no escore 9 e cinco (33,3%) no escore
33
12 (Figuras 18 e 19). Os escores individuais referentes a expressão do VEGF em
linfonodos de cães sadios e em linfomas caninos estão demonstrados na Tabela
2, do Apêndice D.
Adicionalmente, não foi evidenciada correlação significativa entre as
variáveis imunomarcação de VEGF, localização anatômica (p=0,60), estádio
(p=0,51) e sub-estádio clínico (p=0,24), grau histológico (p=0,16) e imunofenótipo
(p=0,67) de cães com linfoma (Figura 20).
34
Figura 16 -
Linfonodo de cão sadio. Positividade para o anticorpo primário anti-
VEGF em menos de 25% dos linfócitos, caraterizando escore 1.
EnVision, DAB, Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes.
FCAV-UNESP/Jaboticabal, 2007.
Figura 17 -
Linfonodo de cão sadio. Moderada imunomarcação para VEGF em
mais de 50% dos linfócitos, caracterizando escore 6. EnVision, DAB,
Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes. FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007.
35
Figura 18 -
Linfoma canino. Moderada imunomarcação para VEGF em mais de
75% dos linfócitos neoplásicos, caracterizando escore 8. EnVision,
DAB, Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes. FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007.
Figura 19 -
Linfoma canino. Forte imunomarcação para VEGF em mais de 75%
dos linfócitos neoplásicos, caracterizando escore 12. EnVision, DAB,
Hematoxilina de Mayer. Aumento de 400 vezes. FCAV-
UNESP/Jaboticabal, 2007.
36
Figura 20 -
B
D
A
B
C
Linfoma alimentar em cão da raça Pit Bull, caracterizado por
linfadenomegalia mesentérica e presença de uma neoformação
tumoral em intestino delgado (A). Fotomicrografia de amostra intestinal
revelando infiltrado de linfócitos pequenos, com núcleo arredondado e
citoplasma escasso, caracterizando um linfoma linfoblástico de alto
grau de malignidade (HE, 400x) (B) Imunomarcação de linfócitos B
neoplásicos com o anticorpo primário anti-CD79a (IHQ, 100x) (C).
Forte imunomarcação para VEGF em mais de 75% dos linfócitos
neopláscios (IHQ, 400x) (D).
37
4.8 Sobrevida
O tempo de sobrevida dos cães com linfoma foi estabelecido pela contagem
dos dias do diagnóstico da neoplasia até o óbito do paciente. Dos 15 animais
avaliados, seis (40%) apresentaram sobrevida inferior a 10 dias, quatro (26,7%)
sobreviram de 11 a 60 dias, dois (13,3%) de 60 a 200 dias e três (20%)
apresentaram mais de 200 dias de sobrevida (Figura 13).
0
1
2
3
4
5
6
mero de
animais
< 10 11 a 60 61 a 200 > 201
Sobrevida após o diagnóstico da neoplasia (dias)
Figura 13 Sobrevida dos cães com linfoma tratados com
poliquimioterapia sistêmica baseada no protocolo da
Universidade de Madison-Wisconsin. Nota-se uma elevada
incidência de óbitos precoces. FCAV-UNESP/Jaboticabal, SP,
2007.
Não houve correlação significativa entre a localização anatômica (p =0.35),
o estádio clínico (p =0,07), o grau histológico (p=0,80), a morfologia celular
(p=0.48), o imunofenótipo (p=0,11), a concentração sérica (p=0.67) e a expressão
(p=0.34) do VEGF com a sobrevida dos cães com linfoma. O sub-estádio clínico
(p<0.0001) foi considerado um fator prognóstico negativo quanto a sobrevida dos
cães com linfoma avaliados nessa pesquisa, independente do estádio clínico.
38
5. DISCUSSÃO
5.1 Dados Clínicos
Os linfomas podem afetar cães de diferentes raças (GREENLEE et al.,
1990), porém pesquisas revelam prevalência da neoplasia em animais das raças
Boxer, São Bernardo, Basset Hound, Bulldog Inglês, Beagle, Pastor Alemão e
Rottweiler (VONDERHAAR & MORRISON, 2002; DHALIWAL et al., 2003; VAIL &
YOUNG, 2007). Neste estudo, os linfomas foram diagnosticados em cães sem
raça definida e das raças Poodle, Rottweiler, Pit Bull, Boxer, Bull Terrier, Bulldog
Inglês e Basset Hound, sem prevalência significativa de nenhuma das raças. A
maior freqüência de cães sem raça definida pode ser explicada pela predomínio
desses animais na casuística do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”.
Existe grande discordância na literatura sobre a influência do sexo no
desenvolvimento dos linfomas. Entre os animais avaliados, houve maior
freqüência de machos (53%) em relação às fêmeas (47%), corroborando com os
resultados obtidos por MACEWEN et al.(1987), que identificaram 58% de machos
em uma população de 62 cães. JACOBS et al. (2002) afirmam não haver
predileção sexual no desenvolvimento dos linfomas caninos.
MACEWEN et al. (1987) sugeriram que a distinção entre machos e fêmeas
é um importante fator prognóstico nos linfomas caninos, visto que evidenciaram
que as fêmeas apresentam maiores índices de remissão clínica e tempo de
sobrevida, conforme também observado em seres humanos. No presente estudo
constatou-se que cinco (62%) machos apresentaram sobrevida inferior a 10 dias e
nenhum acima de 200 dias. Entre as fêmeas, constatou-se que apenas uma
apresentou sobrevida inferior a 10 dias e três (43%) sobreviveram mais de 200
dias. Segundo esses autores, as neoplasias linforreticulares desenvolvem-se na
ausência de imunorregulação apropriada, porém a influência dos hormônios
sexuais sobre o sistema imunológico é um mecanismo complexo e ainda pouco
conhecido.
39
De acordo com VAIL & YOUNG (2007), os linfomas prevalecem em animais
de meia idade, conforme observado nos cães avaliados. Segundo MACEWEN et
al. (1987), a idade não representa um importante fator prognóstico para os
linfomas caninos. Contudo, DHALIWAL et al. (2003) sugeriram que cães jovens
apresentam menor sobrevida que cães adultos ou idosos. Em contrapartida, no
presente estudo, 50% dos cães com menos de cinco anos de idade apresentaram
sobrevida superior a 200 dias e 67% dos cães com idade superior a cinco anos
sobreviveram menos de 30 dias.
A localização anatômica dos linfomas caninos é extremamente variável e
influencia significativamente nos sinais clínicos e no prognóstico da neoplasia
(FAN, 2003; DHALIWAL et al., 2003). Neste estudo, verificou-se que a forma
multicêntrica foi a mais freqüente (54%), manifestando-se principalmente por
linfadenomegalia regional ou generalizada, hepatomegalia, esplenomegalia e/ou
leucemia, sendo essas características também observadas por diferentes autores
(TESKE et al., 1994; VONDERHAAR & MORRISON, 2002; VAIL & YOUNG,
2007).
O linfoma cutâneo é uma neoplasia de ocorrência rara, representando de 3
a 8% de todos os linfomas caninos (TESKE, 1994; DHALIWAL et al., 2003).
Contrapondo com a literatura, no presente estudo, o linfoma cutâneo manifestou-
se em 33% dos animais. A elevada freqüência dos linfomas cutâneos na
população estudada pode ser explicada pela prévia seleção de determinadas
formas anatômicas para o presente estudo. Essa seleção foi realizada de acordo
com a possibilidade de realização da biopsia tecidual (necessária para as futuras
avaliações) sem ocorrência de risco de vida para o paciente. Dessa forma, não
foram incluídos neste estudo cães portadores de linfoma mediastinal, cardíaco e
renal. Além disso, a seleção dos animais dependeu da aceitação dos proprietários
em participar da pesquisa.
40
Segundo VONDERHAAR & MORRISON (2002), linfomas com envolvimento
cutâneo, renal ou do sistema nervoso central possuem prognóstico negativo
quanto a resposta terapêutica e o tempo de sobrevida. Corroborando com essas
observações, o maior tempo de sobrevida observado nos cães com linfoma
cutâneo, tratados com o protocolo quimioterápico de Madison-Wisconsin, foi de 90
dias.
O estabelecimento do estádio e sub-estádio clínico dos pacientes com
linfoma auxilia no prognóstico e no planejamento terapêutico da neoplasia (VAIL &
YOUNG, 2007). Neste trabalho, não foram diagnosticados pacientes nos estádios
iniciais da doença (1,2 ou 3), havendo prevalência de animais no estádio 5 (73%).
Esses resultados estão em concordância com GREENLEE et al. (1990), TESKE
(1994), VONDERHAAR & MORRISON (2002) e VAIL & YOUNG (2007), que
afirmam que o maior número de casos são diagnosticados nos estádios mais
avançados da doença. DHALIWAL et al. (2003) referiram menor duração do tempo
em remissão clínica em cães diagnosticados nos estádios 4 ou 5 da neoplasia.
Neste estudo, não foi observada correlação significativa entre o estádio clínico e a
sobrevida dos cães com linfoma, já que, pesquisas anteriores revelam não
existirem diferenças no tempo de sobrevida de pacientes diagnosticados nos
estádios 4 e 5 (MACEWEN et al.,1987).
VONDERHAAR & MORRISON (2002) consideraram a presença de sinais
sistêmicos no diagnóstico da neoplasia (sub-estádio “b”) um dos poucos fatores
prognósticos realmente consistentes em relação a sobrevida de cães com linfoma.
No presente estudo, o sub-estádio clínico foi o único fator prognóstico que
influenciou significativamente (p<0.0001) na sobrevida dos cães com linfoma.
Observou-se que cães diagnosticados no sub-estádio “b” apresentaram sobrevida
inferior aos cães diagnosticados no sub-estádio “a”.
A avaliação hematológica, bioquímica sérica, citologia da medula óssea,
radiografia torácica e ultra-sonografia abdominal realizadas nos pacientes
41
objetivou estabelecer o estadiamento adequado dos linfomas caninos. Pode-se
constatar um grande percentual de alterações hematológicas e bioquímicas em
decorrência do número elevado de pacientes no estádio mais avançado da
neoplasia. TESKE (1994) referiu que anemia e trombocitopenia são alterações
hematológicas comuns em cães com linfoma, ocorrendo em 38 e 50% dos casos,
respectivamente. Resultados semelhantes foram obtidos nesta pesquisa, onde
constatou-se anemia em 47% dos cães e trombocitopenia em 53%. A anemia em
cães com linfoma decorre não somente do comprometimento da medula óssea,
mas também da presença de doença inflamatória crônica, anorexia ou distúrbios
imunomediados. A trombocitopenia pode ser explicada pelo comprometimento da
medula óssea, seqüestro esplênico ou distúrbios imunomediados (TESKE, 1994;
VAIL & YOUNG, 2007).
No presente estudo, constatou-se leucocitose por neutrofilia em 33% dos
cães com linfoma. Estes resultados eqüivalem aos observados por TESKE (1994),
que referiu ocorrência de leucocitose granulocítica em 26 a 38% dos cães com
linfoma em decorrência de infiltração medular por células neoplásicas, necrose
tecidual ou produção excessiva de fator estimulante de colônias granulocíticas.
A elevação das atividades séricas da alanina-aminotransferase ou do teor
de creatinina no soro sangüíneo de cães com linfoma pode estar relacionada ao
comprometimento do fígado ou rim pela neoplasia, ou por hepatopatia ou
nefropatia concomitante ou secundária à síndromes paraneoplásicas (VAIL &
YOUNG, 2007). No presente estudo constatou-se aumento da atividade sérica da
alanina-aminotransferase em três cães com linfoma, nos quais se observou sinais
sugestivos de comprometimento neoplásico do fígado mediante ultra-sonografia
abdominal. Além disso, verificou-se elevação dos teores de creatinina no sangue
de outros três animais, nos quais se diagnosticou nefropatia secundária a
hipercalcemia paraneoplásica. A freqüência de hipercalcemia paraneoplásica não
foi avaliada no presente estudo, porém VONDERHAAR & MORRISON (2002)
referem incidência em 10 a 15% dos cães com linfoma.
42
5.2 Classificação morfológica e imunofenotípica
Recentes avanços na imunologia, genética e biologia molecular ampliaram
o conhecimento do comportamento biológico dos linfomas caninos. Esses
avanços, associados a adequados sistemas de classificação morfológica, têm
proporcionado diagnósticos precisos e regimes terapêuticos mais efetivos
(GREENLEE et al., 1990).
No presente estudo, os 15 casos de linfoma foram classificados de acordo
com o esquema proposto por “Kiel”, o qual revelou supremacia dos linfomas de
alto grau de malignidade (86,7%), conforme também observado por diferentes
autores (GREENLEE, 1990; TESKE, 1994; FOURNEL-FLEURY et al., 1997;
PONCE et al., 2004). TESKE et al. (1994) enfatizam que, de acordo com a
classificação de “Kiel”, os linfomas de alto grau de malignidade estão associados a
elevados índices de remissão clínica, porém com curto tempo de sobrevida. Nesta
pesquisa não foi observada correlação significativa entre o grau histológico da
neoplasia e o tempo de sobrevida dos pacientes, principalmente em decorrência
do pequeno número de linfomas de baixo grau (2/15). Contudo, não há como
desconsiderar uma sobrevida média de apenas 80 dias em uma população de
cães com predomínio de linfomas de alto grau de malignidade.
Entre os linfomas de alto grau, os linfomas centroblásticos (38%) e
imunoblásticos (30%) foram os mais freqüentes em nossa casuística,
corroborando com os resultados de pesquisas realizadas por PARODI et al.
(1988), GREENLEE et al. (1990) e FOURNEL-FLEURY et al. (1997). PONCE et
al. (2004) referiram que os linfomas caninos ainda são considerados como uma
enfermidade única, e não uma neoplasia heterogênea com diferentes sub-tipos
morfológicos. Na medicina, os oncologistas definem a modalidade terapêutica dos
linfomas não-Hodgkin de acordo com a morfologia celular e o imunofenótipo, e
dessa forma, prevêem respostas terapêuticas e tempos de sobrevida (PONCE et
43
al., 2004). No presente estudo, não foi observada correlação significativa entre a
morfologia celular e a sobrevida dos cães com linfoma.
Atualmente, os marcadores imunológicos são imprescindíveis no
diagnóstico dos linfomas caninos, seja na diferenciação entre as neoplasias de
células redondas ou na determinação do imunofenótipo da neoplasia (FOURNEL-
FLEURY et al., 1997). No presente estudo, os linfomas de células B
representaram 67% dos linfomas caninos e os linfomas de células T, 60% dos
linfomas cutâneos. VAIL & YOUNG (2007) relataram que 60 a 80% dos casos de
linfoma são de células B. Além disso, referiram que os linfomas de células T estão
associados a menores índices de remissão clínica e tempo de sobrevida. Nesta
pesquisa, não foi observada correlação significativa entre o imunofenótipo e a
sobrevida dos cães com linfoma. Entretanto, todos os cães com sobrevida
superior a 90 dias apresentavam imunofenótipo B (5 /15).
5.3 Fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF)
Há mais de 35 anos, um cirurgião da Universidade de Harvard, conhecido
como Judah Folkman, sugeriu que o crescimento neoplásico era dependente da
neoformação vascular existente no leito tumoral. A partir desse momento,
inúmeras pesquisas começaram a ser desenvolvidas em relação à angiogênese,
objetivando a detecção de biomarcadores que auxiliem na detecção precoce, no
prognóstico e no tratamento de diferentes neoplasias (LAMONTAGNE, 2005).
O fator de crescimento do endotélio vascular representa o principal fator de
crescimento associado tanto à angiogênese quanto à linfangiogênese tumoral. A
imunomarcação do VEGF, bem como o aumento de suas concentrações séricas,
são considerados fatores prognósticos negativos em diferentes neoplasias sólidas
e hematopoiéticas (FERRARA & DAVIS-SMITH, 1997; HIRAKAWA et al., 2007).
As concentrações séricas do VEGF têm sido mensuradas em diferentes
pesquisas em seres humanos com linfoma não-Hodkin, mediante ensaio
44
imunoenzimático (SALVEN et al, 1997; BERTOLINI et al., 1999; NIITSU et al.,
2002). Entretanto, GENTILINI et al. (2005) foram os únicos pesquisadores que
avaliaram as concentrações séricas do VEGF em cães com linfoma, antecedendo
o presente estudo.
As concentrações séricas do VEGF foram mensuradas em kit comercial de
ELISA que utiliza o VEGF-C como anticorpo, ou seja, um dos componentes da
família VEGF referido como importante indutor da linfangiogênese tumoral. Os
resultados variaram de 0 a 58,66pg/mL nos cães sadios, e de 0 a 417,75pg/mL
nos cães com linfoma. GENTILINI et al (2005) constataram variações de 0 a
23,28pg/mL em cães sadios e de 0 a 189,84pg/mL em cães com linfoma.
Contrapondo com os resultados de GENTILINI et al (2005), verificou-se que,
embora a média das concentrações séricas do VEGF em cães com linfoma
(88,51pg/mL) tenha sido superior a média dos cães sadios (17,93pg/mL), a
diferença não foi considerada estatisticamente significativa em decorrência do
pequeno número de animais em ambos os grupos. Vale ressaltar que em 7 (47%)
cães com linfoma, as concentrações séricas do VEGF foram superiores a maior
concentração sérica detectada nos cães sadios (58,66pg/mL).
Recentes estudos demonstram que o VEGF circulante é encontrado nas
células sangüíneas, incluindo plaquetas e linfócitos, o que indica que o VEGF
detectado em amostras séricas é liberado das células sangüíneas durante o
processo de coagulação (SALVEN et al., 2000). Alguns autores sugerem que
pacientes com linfopenia ou trombocitopenia podem apresentar concentrações
séricas inferiores de VEGF, porém SALVEN et al. (2000) e RESTUCCI et al.
(2005) não evidenciaram correlações entre as concentrações de VEGF com as
contagens de plaquetas e linfócitos, de forma semelhante ao presente estudo.
O VEGF circulante encontrado em pacientes com câncer pode ser
originário das células neoplásicas, de células inflamatórias infiltradas no tumor ou
de células inflamatórias circulantes (FREEMAN et al., 1995). Portanto, sugere-se
45
que o VEGF presente no microambiente tumoral possa se mobilizar para a
circulação, acumulando-se em linfócitos e plaquetas (SALVEN et al., 1997). Dessa
forma, podem não existir correlações entre as concentrações séricas e a
expressão do VEGF em pacientes com câncer, conforme observamos no presente
estudo.
SALVEN et al. (2000) demonstraram que as concentrações séricas de
VEGF e bFGF são fatores prognósticos que influenciam negativamente na
sobrevida de pacientes humanos com linfoma de Hodgkin. Além disso, verificaram
maiores concentrações séricas de VEGF em linfomas de alto grau, especialmente
linfomas imunoblásticos. NIITSU et al. (2002) verificaram que elevadas
concentrações séricas de VEGF e interleucina-6 antes do tratamento
quimioterápico estão associadas a baixos índices de sobrevida em seres humanos
com linfoma não-Hodkin. GENTILINI et al. (2005) constataram correlação
significativa entre as concentrações séricas de VEGF com o sub-estádio “b” dos
linfomas caninos.
Na avaliação da concentração sérica em relação a localização anatômica, o
estádio e sub-estádio clínico, o grau histológico, o imunofenótipo e a sobrevida
dos linfomas caninos, não foi evidenciada nenhuma correlação estatisticamente
significativa (P>0,05). Entretanto, observou-se que em quatro (80%) dos cinco
cães com linfoma cutâneo as concentrações séricas do VEGF-C foram
indetectáveis, sugerindo que a linfangiogênese possa não ser significativa em
linfomas cutâneos. Quanto a morfologia celular, os linfomas imunoblásticos
revelaram a maior média de concentração sérica do VEGF (140,89pg/mL).
KADOWAKI et al. (2005) enfatizaram a importância da linfangiogênese nos
linfomas, uma vez que as células linfóides neoplásicas invadem linfonodos e
demais órgãos linfóides mediante vasos linfáticos. Em estudo realizado em 39
pacientes com linfoma, os resultados demonstrados por esses autores revelaram
diferença significativa da microdensidade linfática entre linfomas e linfonodos
normais. Além disso, evidenciaram expressão do VEGF-A em todas as amostras e
46
do VEGF-C em 36 espécimes, ocorrendo correlação positiva entre a
microdensidade linfática e a expressão do VEGF-A e do VEGF-C. Curiosamente,
não foram observadas correlações entre a microdensidade vascular e a expressão
das duas isoformas do VEGF.
A imunomarcação de VEGF tem sido avaliada em um grande número de
pesquisas relacionadas aos linfomas de Hodgkin’s ou não-Hodgkin humanos
(ORPANA & SALVEN, 2002; KORKOLOPOULOU et al., 2005), entretanto, além
desta pesquisa, apenas WOLFESBERGER et al. (2007), investigaram a
expressão do VEGF em linfomas caninos.
No presente estudo, 12 (80%) das 15 amostras de linfomas caninos
revelaram escores elevados (8, 9 ou 12) de imunomarcação para VEGF.
WOLFESBERGER et al. (2007) constataram 60% de amostras com alto nível de
expressão para VEGF, utilizando apenas o percentual de imunomarcação como
parâmetro de avaliação. HAZAR et al. (2003) referiram que a expressão do VEGF
foi detectada em 33,8% dos pacientes humanos com linfoma não-Hodgkin, sem
mencionar as características da imunomarcação.
À avaliação dos linfonodos normais, constatou-se ausência de
imunomarcação para VEGF em uma (10%) das amostras e presença de 6 (60%)
amostras revelando baixos escores de imunomarcação (1 e 2). Em três (30%)
espécimes evidenciou-se escore de imunomarcação moderado (6).
WOLFESBERGER et al. (2007) também observaram expressão do VEGF em
linfonodos normais, sugerindo que a expressão do VEGF possa ser necessária
para a manutenção da microcirculação fisiológica dos linfonodos.
Na técnica de imunoistoquímica empregada no presente estudo utilizou-se
o anticorpo monoclonal anti-VEGF-A, importante indutor da angiogênese e da
linfangiogênese tumoral. Pelos resultados fica evidente que o escore de
imunomarcação para VEGF-A foi significativamente maior (p<0.0001) nos linfomas
caninos em comparação aos linfonodos sadios, confirmando a importância do
47
VEGF no comportamento biológico dos linfomas caninos. Uma vez que, não foi
avaliada a mensuração da microdensidade vascular e linfática, não foi possível
definir se a forte imunomarcação do VEGF-A detectada nos linfomas caninos
garante a neovascularização sangüínea e/ou linfática.
Nos resultados obtidos neste estudo, evidencia-se que o anticorpo
monoclonal anti-VEGF-A é eficaz na detecção do fator de crescimento do
endotélio vascular em linfonodos sadios e linfomas caninos, mediante técnica
imunoistoquímica. Fato também constatado por WOLFESBERGER et al. (2007).
Esses resultados demonstram que o anticorpo monoclonal anti-VEGF-A pode ser
utilizado em tecido canino.
HAZAR et al. (2003) evidenciaram índices de remissão tumoral
significativamente maiores em pacientes com expressão negativa para VEGF.
Entretanto não constataram correlações entre a expressão do VEGF,
microdensidade vascular, sexo e idade do paciente, estadiamento clínico, grau
histológico da neoplasia e sobrevida dos pacientes.
Na avaliação da expressão do VEGF em relação a localização anatômica, o
estádio e sub-estádio clínico, o grau histológico, o imunofenótipo e a sobrevida
dos linfomas caninos, não foi evidenciada nenhuma correlação estatisticamente
significativa (P<0,05), de forma semelhante aos resultados obtidos por HAZAR et
al. (2003). Quanto a morfologia celular, os linfomas imunoblásticos e
centroblásticos foram os que revelaram maiores escores de imunomarcação para
VEGF.
É importante ressaltar que este trabalho não corresponde a um estudo
retrospectivo, o que promove uma dependência da casuística da enfermidade na
rotina hospitalar e da aceitação dos proprietários em participar da pesquisa.
Todavia, é importante salientar que entre os 15 animais avaliados,
observou-se prevalência significativa de animais diagnosticados no estádio 5,
portadores de linfomas de alto grau de malignidade e com elevada expressão do
48
VEGF, o que justifica a curta sobrevida dos pacientes, mesmo utilizando o
protocolo de Madison-Wisconsin, um dos protocolos quimioterápicos mais
recomendados pela literatura. Além disso, a presença de concentrações séricas
elevadas e imunomarcação significativa do VEGF nos linfomas caninos, sugere a
necessidade da utilização de terapias anti-angiogênicas associadas aos
protocolos quimioterápicos, visando melhorar a resposta terapêutica e o tempo de
sobrevida dos animais.
49
6. CONCLUSÕES
Nas condições em que foi realizado o presente estudo, foi possível concluir que:
- Cães com linfoma apresentam média das concentrações séricas de VEGF
superior a cães sadios.
- A média do escore de imunomarcação para VEGF é significativamente maior
nos linfomas caninos em comparação a linfonodos normais
- Não foi constatada correlação significativa entre a concentração sérica e a
expressão do VEGF com a localização anatômica, estádio e sub-estádio
clínico, grau histológico, imunofenótipo e a sobrevida dos cães com linfoma.
- O VEGF é um importante biomarcador dos linfomas caninos e deve ser
reavaliado em estudos posteriores com maior número de animais.
- O sub-estádio “b” apresenta correlações significativas com um menor tempo de
sobrevida em cães com linfoma.
50
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single institution study of 200 patients. Blood, v. 96, n. 12, p. 3712-3718, 2000.
57
SCHEIDEGGER, P.; WEIGLHOFER, W.; SUAREZ, S. Vascular endothelial growth
factor (VEGF) and its receptors in tumor-bearing dogs. Biological Chemistry, v.
380, p. 1449-1454, 1999.
TESKE, E. Canine malignant lymphoma: a review and comparison with human
non-Hodgkin’s lymphoma. Veterinary Quarterly, v. 16, p.209-219, 1994.
VAIL, D. M.; YOUNG, K. M. Hematopoietic tumors. In: WITHROW, S. J.; VAIL, D.
M. Small Animal Clinical Oncology. 4. ed. St. Louis: Saunders Elsevier, 2007.
cap. 31, p. 699-722.
VONDERHAAR, M. A.; MORRISON, W. B. Lymphosarcoma. In: MORRISON, W.
B. Cancer in dogs and cats. 2. ed. Wyoming: Teton New Media, 2002. cap. 45, p.
641-665.
WOLFSBERGER, B.; GUIJA DE ARESPACOHAGA, A.; WILLMANN, M.;
GERNER, W.; MILLER, I.; SCHWENDENWEIN, I.; KLEITER, M.; EGERBACHER,
E.; THALHAMMER, J. G.; MUELLAUER, L.; SKALICKY, M.; WALTER, I.
Expression of vascular endothelial growth factor and its receptors in canine
lymphoma. Journal of Comparative Pathology, v. 137, n. 1, p. 30-40, 2007.
58
APÊNDICES
59
A. TÉCNICA DE ENSAIO IMUNOENZIMÁTICO (ELISA):
As amostras de soro sangüíneo congeladas a –20ºC, durante quatro a 10
meses, foram utilizadas para a mensuração da concentração sérica do fator de
crescimento do endotélio vascular utilizando o método de ensaio imunoenzimático
em sanduíche, do kit comercial Quantikine – Human VEGF-C (R&D Systems).
O kit utilizado consta dos seguintes itens:
- Microplaca composta por 96 poços revestidos com o anticorpo monoclonal
anti-VEGF-C;
- Conjugado: 21mL de anticorpo policlonal anti-VEGF-C conjugado a moléculas
de peroxidase e agentes preservativos;
- Padrão: 70ng de VEGF-C recombinante humano em uma solução tampão
liofilizada com preservativos;
- Diluente RD1W: 11mL de solução tampão com base protéica e preservativos;
- Diluente calibrador concentrado RD6U: 21mL de soro animal com
preservativos;
- Concentrado tampão de lavagem: 21mL de solução concentrada de
surfactante tamponado com preservativos;
- Reagente colorido A: 12,5mL de peróxido de hidrogênio;
- Reagente colorido B: 12,5mL de cromógeno (tetrametilbenzidina);
- “Stop solution”: 6 mL de ácido sulfúrico (2N).
A técnica de ELISA em sanduíche utilizada (conforme as recomendações do
fabricante) está descrita na seqüência:
1. Preparar os reagentes, amostras e solução padrão conforme as
recomendações do fabricante:
60
- Deixar todos os reagentes em temperatura ambiente antes da sua utilização;
- Solução tampão: diluir 20mL da solução tampão concentrada em 480mL de
água destilada;
- Solução substrato: Misturar os reagentes coloridos A e B 15 minutos antes da
sua utilização. Proteger a solução final da luz;
- Diluente calibrador RD6U: diluir 10mL do diluente calibrador em 10mL de água
destilada;
- Diluir 40μL de cada amostra de soro descongelado com 160μL do diluente
calibrador RD6U previamente diluído;
- Amostras padrão: reconstituir o padrão com 1mL de água destilada, de forma a
produzir uma solução de estoque com 70,000pg/mL. Pipetar 900μL do diluente
calibrador juntamente com 100μL da solução de estoque, de forma a obter uma
solução com 7000pg/mL. Pipetar 500μL desta solução no próximo frasco e
realizar o mesmo procedimento nos frascos subsequentes de forma a produzir
soluções de 3500pg/mL, 1750pg/mL, 875pg/mL, 438pg/mL, 219pg/mL e
109pg/mL. O padrão de 7000pg/mL representa a concentração máxima e o
diluente calibrador a concentração mínima (0pg/mL).
2. Adicionar 10μL do diluente RD1W em cada poço da microplaca;
3. Adicionar 50μL do padrão e das amostras a cada poço e incubar em
temperatura ambiente, durante 2 horas, em um “shaker” horizontal para
microplacas (50rpm);
4. Aspirar o conteúdo de cada poço e lavar quatro vezes com a solução tampão.
Remover o excesso da solução tampão invertendo a microplaca contra um
papel toalha;
61
5. Adicionar 200μL do conjugado em cada poço e incubar em temperatura
ambiente, durante duas horas, em um “shaker” horizontal para microplacas
(50rpm);
6. Aspirar o conteúdo de cada poço e lavar quatro vezes com a solução tampão.
Remover o excesso da solução tampão invertendo a microplaca contra um
papel toalha;
7. Adicionar 200μL da solução substrato em cada poço e incubar em temperatura
ambiente, durante 30 minutos, sob proteção da luz;
8. Adicionar 50μL da “stop solution” em cada poço. A cor da solução presente em
cada poço deve mudar de azul para amarelo. Após 30 minutos, determinar a
densidade óptica em um leitor de microplacas com capacidade de mensurar
absorbância de 450nm.
9. A concentração sérica do VEGF deve ser determinada mediante análise de
regressão linear.
62
B. TÉCNICA DE IMUNOISTOQUÍMICA:
Cortes histológicos com três micrômetros de espessura foram depositados
em lâminas de vidro previamente preparadas com cola líquida a base de
organosilano (A3648 – SIGMA), objetivando reduzir os riscos de perda de material
durante a técnica de imunoistoquímica. As lâminas permaneceram em estufa a
60°C durante 24 horas e posteriormente foram submetidas aos processos
descritos na seqüência:
1- Desparafinização:
- Passagem em xilol I, durante 30 minutos, em temperatura ambiente;
- Passagem em xilol II, durante 20 minutos, em temperatura ambiente.
2- Hidratação:
- Passagem em álcool absoluto I / II / III, 3 minutos em cada etapa;
- Álcool a 95%, durante 3 minutos;
- Álcool a 85%, durante 3 minutos;
- Lavar em água destilada (10 vezes).
3- Recuperação antigênica:
- Passar as lâminas em água destilada levemente aquecida;
- Imergir as lâminas em solução de EDTA (pH 8,0), em banho-maria (95ºC),
durante 30 minutos (anticorpos primários CD3 e CD79a);
- Imergir as lâminas em solução de EDTA (pH 9,0), em banho-maria (95ºC),
durante 30 minutos (anticorpo primário VEGF-A);
- Deixar esfriar em temperatura ambiente durante 20 minutos;
- Lavar em água destilada (10 vezes).
4- Bloqueio da peroxidase endógena:
- Imergir as lâminas em água oxigenada 10 volumes, durante 20 minutos;
63
- Lavar em água destilada (10 vezes)
5- Lavar duas vezes em solução tampão de TRIS, durante 5 minutos.
6- Incubação com o Anticorpo primário:
- Diluir o anticorpo primário em solução diluidora de anticorpo (Dako) (Tabela 5
– página 17);
- Cobrir os cortes com o anticorpo
- Deixar as lâminas em câmara úmida durante 18hs a 4°C (geladeira);
- Lavar com solução tampão de TRIS;
- Remover o excesso de TRIS.
7- Incubação com anticorpo secundário conjugado a um polímero e moléculas de
peroxidase do kit EnVision Dual-link (Dako – K4063):
- Cobrir os cortes com o anticorpo secundário;
- Deixar as lâminas em temperatura ambiente, durante 30 minutos
(recomendação do fabricante);
- Lavar com solução tampão de TRIS. Tempo: 5 minutos.
8- Revelação com o substrato cromogênico diaminobenzidina (DAB, pronto para
uso – Dako - código K34466)
- Cobrir os cortes com o DAB;
- Tempo de DAB: 5 minutos, ao abrigo da luz
- Passar em solução tampão de TRIS;
- Lavar em água destilada (10 vezes).
9- Contra-coloração com Hematoxilina de Mayer:
- Imergir as lâminas no corante;
- Tempo: 3 minutos;
- Lavar em água corrente durante 10 minutos;
64
- Lavar em água destilada (uma vez).
10- Desidratação dos cortes e montagem das lâminas:
- Passagem em álcool 85° e 95°;
- Passagem em álcool absoluto I / II / III – 3 minutos em cada etapa;
- Passagem em xilol I e II – 3 minutos em cada etapa;
- Montar as lâminas com resina sintética e lamínulas.
65
C. SOLUÇÕES UTILIZADAS NA TÉCNICA DE IMUNOISTOQUÍMICA:
EDTA (Ácido etilenodiamino tetra-acético):
- 1000mL de água destilada
- 0,3722g de EDTA
- Acertar o pH em 8,0 ou 9,0 (de acordo com o anticorpo primário)
TRIS solução tampão:
- 1000mL de água destilada
- 6,0g Trizma base (Sigma – código T1503).
- 8,5g cloreto de sódio
- Acertar o pH em 7,4
67
D. DADOS INDIVIDUAIS DE CÃES SADIOS E DE CÃES COM LINFOMA
Tabela 1D. Dados individuais referentes a epidemiologia, estadiamento, grau histológico, morfologia celular,
imunofenótipo e a sobrevida de cães com linfoma (FCAV – UNESP / Jaboticabal, SP, 2007).
Animais
Sexo
Idade
(anos)
Localização
Anatômica
Estádio
clínico
Sub-estádio
Grau
Histológico
Morfologia
celular
Imunofenótipo
Sobrevida
(dias)
1 Macho 7 Multicêntrico 5 b Baixo Misto B 9
2 Macho 10 Extra-nodal 5 b Alto Imunoblástico B 0
3 Macho 10 Multicêntrico 5 b Alto Imunoblástico T 1
4 Fêmea 3 Multicêntrico 5 a Alto Imunoblástico B 240
5 Macho 4 Multicêntrico 5 b Alto Anaplásico T 4
6 Macho 9 Cutâneo 5 b Alto Centroblástico B 90
7 Fêmea 4 Alimentar 5 b Alto Linfoblástico B 0
8 Macho 7 Cutâneo 5 a Alto Anaplásico T 30
9 Fêmea 4 Multicêntrico 4 a Baixo Centrocítico B 330
10 Fêmea 4 Multicêntrico 4 b Alto Centroblástico B 30
11 Fêmea 5 Multicêntrico 4 a Alto Centroblástico B 330
12 Fêmea 15 Multicêntrico 4 b Alto Imunoblástico B 30
13 Macho 6 Cutâneo 5 b Alto Linfoblástico T 1
14 Fêmea 7 Cutâneo 5 a Alto Centroblástico T 30
15 Macho 6 Cutâneo 5 a Alto Centroblástico B 90
68
Tabela 2D. Valores individuais referentes às concentrações séricas (pg/mL) e a expressão do VEGF em cães sadios
e cães com linfoma (FCAV – UNESP / Jaboticabal, SP, 2007).
Concentração sérica de VEGF
(pg/mL)
Expressão do VEGF
Animais
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
Sadios
n=10
Linfoma
n=15
1 30,16 0,00 6 6
2 58,66 161,26 1 8
3 7,36 0,00 2 8
4 0,00 149,86 1 12
5 0,00 13,06 6 8
6 0,00 7,36 1 12
7 52,96 417,75 2 12
8 0,00 0,00 2 9
9 30,16 35,86 6 8
10 0,00 58,66 0 8
11 172,66 6
12 252,46 12
13 58,66 6
14 0,00 12
15 0,00 12
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