- 64 -
nossa família era o pai, a mãe, o irmão, ela e a táta. Então assim eu acho que
possibilitou a gente também poder devolver algumas coisas pra ela e ver o que ela
pensava. Anteriormente eu acho que eu faria assim, não sei, mas eu iria responder, a
nossa família é eu, o pai o mano e você, entende? E não ia pedir pra ela o que ela
achava! E quando eu pedi, eu acho que possibilita assim, de colocar o que eles pensam,
o que eles acham, né? E isso foi muito importante, ela vinha pra casa assim com coisas,
com perguntas, que nós ficávamos olhando: -Meu Deus, de onde ela tirou isso! (Mãe da
estudante T)
Jolibert (1981) desenvolve o conceito de inteligência emocional, salientando que o
educando aprende sempre melhor, quando se trata de assuntos que os interessam e nos quais
sentem prazer. Dessa forma, a preparação da criança para a escola passa pelo desenvolvimento
de competências emocionais – inteligência emocional – designadamente confiança, curiosidade,
intencionalidade, autocontrole, capacidades de relacionamento, de comunicação e de cooperação.
Entendo que atividades educativas, que ocorrem através de brincadeiras educativas,
proporcionam esse prazer e esse interesse citado pelo autor.
Sobre a importância da ludicidade, considero importante a entrevistada de uma
professora, regente de uma turma de segunda série e Coordenadora Pedagógica de Educação
Infantil, que acompanhava semanalmente as aulas, participando das Comunidades de
Investigação do projeto de Filosofia para Crianças. Sobre suas memórias, ela fala sobre a
relevância educativa do projeto; sobre o método, a mediação dos diálogos e a maneira como
eram organizados os diálogos investigativos:
Eu vou falar enquanto professora, enquanto tinha uma turma... A maneira como eram
trabalhadas as aulas de Filosofia, primeiro, as crianças tinham uma motivação para ir
para as aulas de Filosofia! No dia das aulas de Filosofia, eles diziam: - Hoje tem
filosofia! Isso significa que eles se sentiam motivados, e a aula era prazerosa. Prazerosa
por quê? Por que eu acho que com a aula, né, utilizando o método pensado por Lipman,
mas sempre tinha essa questão da ludicidade que eu acho de extrema importância
quando se trabalha com criança! Não existe... Você trabalhar com crianças, sem usar da
ludicidade! ... Como é que você vai cativar uma criança, trazer ela para estar presente na
aula, possibilitar que ela participe conquistar e fazer com que essa criança tenha
autoconfiança para poder falar? É exatamente com esse jeito assim, com brincadeiras,
usando de teatros é a ludicidade. E eu percebia isso nas crianças porque quando elas
voltavam pra sala de aula, pelos corredores elas iam comentando e continuavam a
comentar as aulas de Filosofia! ‘ Por que hoje a profe estava vestida disso, ah tu viu que
a profe hoje trouxe animais?’ Por exemplo: digamos que o tema escolhido era sobre
animal, a profe trazia um animalzinho pra sala de aula. Então isso era a motivação para
as crianças. E eles refletiam sim! A reflexão era feita, de forma diferente usando outras
estratégias, outros recursos. Ótimo! Né? Mas o importante era que essa reflexão era