possui ainda uma propriedade rural no entorno, o qual relatou que, antigamente, se
podia matar e espantar os passarinhos das roças e, hoje, com a legislação aplicada,
a dificuldade em cuidar das roças é muito grande.
Ah, eu planto lá, sempre colhendo da roça lá. Agora, [...] estou
plantando, mesmo porque eu cheguei aqui plantando mais arroz, milho,
feijão, aqui naquele tempo era mais fácil de lidar. E hoje ainda hoje dá, mas
hoje as terra parece já está mais cansada, só se for com adubo. Mas a
gente perdeu o jeito desse negócio de plantar arroz, milho, porque não faz
gosto. O derradeiro aí que eu plantei, eu já fiquei meio contrariado com o
arroz, porque plantar uma roça pequena, a gente fraca só planta é pouco,
n/é, porque a gente vai trabalhar braçal, que é mais o que a gente faz, não
tem maquinário, aí planta roça pequena, é só pra passar raiva. Os
passarinho renderam, a lei, veio uma lei para não açoitar passarinho, não
matar, não sei o quê. Aí na lei que está é só deixar só render. Olha, eu acho
que precisava de o povo, como diz, pôr emenda nesse negócio, modo de o
governo votar esse negócio porque de um jeito que está, o pobre não tem
jeito mais de viver mais não, de roça não. Plantar rocinha pequena o
papagaio, o passarinho come tudo, tudo! Porque encheu de trem aí, de
passarinho, tem passarinho demais. Aí não é para matar nenhum, porque
matar a gente não dava conta não. Mas naquele tempo que podia matar,
fazia mais medo, com tiro, uma coisa, matava algum eles lá sentiam falta, e
a gente só faltava um pouco. Mas agora está por conta. Vigiar uma roça
pequena, a gente planta pequeno, não dá tempo de ficar lá vigiando. Aí não
colhe não. Aí até no ano atrasado mesmo eu plantei um meio alqueire de
milho na beira da estrada, [...], ah, mas eu passei raiva! [...]. Mas o milho
quando foi engrossando o leite do caroço, os passarinho montou em cima,
os papagaios, periquito. Aí quando ele coalhou o leite, eu digo: eu vou
dobrar esse milho para ver se, porque de primeiro a gente dobrava, modo
dos periquito, dobava e sossegava, aí dobrei e ficou do mesmo jeito, eles
ficou comendo do mesmo jeito. Se foi o trabalho, que teve [...] de dobrar, e
ficou lá comendo do mesmo jeito. Tá doido! O ano atrasado. Aí, não sei
não, hoje em dia está sem jeito da gente poder trabalhar. Mandioca eu vivi
mas eu plantei, eu plantava mais essas coisa, mais mandioca, o que eu
mais plantava era mandioca. [...]. Alguma vez saiu o caminhão carregado
daqui com farinha para a cidade. (...) A farinha eu ainda eu estou fazendo,
porque todo ano eu faço para despesa. (J. P. F., 80 anos, aposentado,
natural de Cícero Dantas/BA, entrevistado em 05 de setembro de 2006).
Esse depoimento revela que não há uma visão ecológica, de preocupar-
se em manter áreas nativas para a preservação de aves e animais silvestres. Na
visão de alguns moradores, eles devem ser extintos para que se possa produzir.
Com base nas análises realizadas junto à Comunidade Voadeira, que
pratica atividades extrativistas, produção de horta e criação de galinhas para
subsistência, além de outras atividades temporárias, constata-se que ela se
classifica como carente. Assim, entende-se viável indicar algumas ações, conforme
proposta inicial deste estudo. A efetivação dessas ações necessita do envolvimento
da Comunidade, do poder público e da iniciativa privada.