O cliente entubado, inicialmente, ao perceber a prótese ventilatória poderá se questionar:
“O que é isso? ou “O que significa?”, “Como farei para me comunicar e solicitar o que quero e
ser entendido?”. A partir dessa percepção sobre sua condição, buscará analisá-la para encontrar
respostas. Algumas vezes, a primeira impressão não é verdadeira, havendo necessidade de se
fazer uma nova reflexão acerca da situação vivenciada.
Nesse sentido, é importante que, ao nos comunicarmos com o outro, possamos entender e
ser entendidos e, para que possamos alcançar esse fim, devemos nos revelar, compreendermos e
sermos compreendidos, pois somente através desse relacionamento, com uma comunicação clara,
objetiva e subjetiva, é que esse fim será alcançado.
A revelação e compreensão são outros aspectos abordados por Littlejohn (1988). Com
relação a eles, Luft, criador da Janela de Johari juntamente com Harri, enfatiza a representação da
pessoa em relação as outras, a qual é composta por quatro quadrantes: eu aberto, eu cego, eu
oculto, eu desconhecido.
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Esse modelo baseia-se em alguns princípios: (1) o comportamento é emocional e não
racional e deve ser abordado de modo holístico; (2) o que acontece a uma pessoa é melhor
entendido subjetivamente, em termos de percepções e sentimentos; (3) os princípios que regem o
comportamento devem ser descobertos pela experiência individual e (4) o comportamento deve
ser entendido em sua complexidade e não em sua simplicidade.
Diante desses princípios, e analisando a Janela de Johari, sob o ponto de vista
comunicacional, temos que, através de uma comunicação expressa e continuada, é possível
maior revelação dos aspectos do eu, onde sentimentos e condutas passam a ser conhecidas tanto
de um quanto de outro. Cria-se, assim, um ambiente recíproco e acolhedor para que o cliente
sinta-se, não apenas acolhido, mas livre e motivado para expressar quem é e o que sente, sem o
risco de ser julgado, mas aceito.
Semelhantes pressupostos são, também, defendidos por Rogers (1974) em sua teoria de
Congruência, na qual enfatiza que a comunicação interpessoal, para ter qualidade, deve permitir
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A Janela de Johari chama a atenção para aspectos conhecidos da pessoa e os que estão fora de sua percepção
consciente. O importante, do ponto de vista da comunicação, é que enfatiza as mudanças de percepção consciente
que ocorrem com o passar do tempo. Para facilitar o entendimento das regras básicas da comunicação interpessoal,
os autores usam um diagrama ,onde através de apenas quatro retângulos, dispostos em forma de janela, podemos
conceituar todo o processo de percepção de um indivíduo em relação a si mesmo e aos outros. Os autores partiram do
princípio de que cada um de nós tem (ou pode ter) quatro imagens distintas: (1) Imagem aberta onde você sabe quem
é o os outros sabem quem você é; (2) Imagem secreta, você sabe quem é mas os outros não sabem quem você é.
(3) Imagem cega, você não sabe quem é mas os outros sabem quem você é, (4) Imagem desconhecida onde nem
você nem os outros sabem quem você é. (OLIVEIRA; BACHION, CARVALHO, 1996, P.115).