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A temperatura no interior das estruturas é dependente de diversas variáveis,
relacionadas com as propriedades térmicas das estruturas do ambiente, como paredes, janelas,
coberta, as condições climáticas de temperatura, umidade, direção e velocidade dos ventos, e
até mesmo de questões antropológicas, como o número de indivíduos em um ambiente, o
tempo de ocupação, dentre outros. Então, como avaliar o desempenho térmico?
Uma metodologia amplamente empregada em diversos trabalhos é a aferição da
temperatura no interior de ambientes. Sejam estes situações reais de usos, sejam protótipos em
laboratório. Como é o caso de Papst (1999), que em sua pesquisa de mestrado usou de
medições horárias de temperatura de bulbo seco em três edificações durante 9 meses,
objetivando verificar que o uso de inércia térmica em edificações na cidade de Florianópolis –
SC. É uma importante estratégia bioclimática, já que a cidade possui um verão quente e
úmido e freqüentes frentes frias.
Mas não apenas o homem sofre com o desconforto térmico. A criação de certos
animais é prejudicada quando certo nível de conforto térmico não é atingido. Em temperaturas
elevadas, um animal sofre de stress térmico, pois produz mais calor do que pode dissipar. Para
compensar este efeito, seu organismo passa a reduzir o consumo de alimentos e sua produção
necessariamente declina (BOND, 1954 apud Sevegnani, 1994).
Como exemplo Rossi (2005) cita em seu trabalho as temperaturas necessárias para um
bom desenvolvimento de aves e suínos: “os pintinhos precisam ser mantidos a temperatura
em torno de 35 °C na 1ª semana; 32 °C – 2ª; 29 °C – 3ª; 26 °C – 4ª, e 23 °C na 5ª semana”, e
os “leitões devem ser mantidos a 26 °C nos primeiros dias de idade, descendo gradativamente
de 15,5 a 18,3 °C durante seu desenvolvimento”. Para conseguir, confeccionou placas
compósitas de argamassa e casca de arroz em diferentes proporções, com um elemento
resistivo em seu interior, para obter uma variação de temperatura controlada nesse ambiente.
Mas aquecer nem sempre é o problema. Em muitos casos é necessário evitar grandes
taxas de transferência de calor, principalmente devido à incidência da radiação solar sobre a
coberta, como já citado. Pensando nisso, Oliveira (2000) realizou um experimento com
frangos de corte, alojados em galpões distintos em diferentes densidades. Um grupo de
frangos ficou alojado em galpão convencional de criação, e outro grupo foi alojado em galpão
com isolamento térmico refletivo, conhecido como “foil” de alumínio sob a cobertura. O autor
constatou que desempenho das aves no ambiente com isolante térmico foi superior, já que
aves tiveram um maior consumo de ração, maior ganho de peso, melhor conversão alimentar,
menor mortalidade e maior produção por área em comparação as aves alojadas sem
isolamento.