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gêneros textuais e essa necessidade constante de comunicação é a responsável pelo uso
contínuo de vários gêneros textuais e do aumento de sua variedade. Necessitamos, então,
saber qual gênero devemos utilizar para nos comunicarmos em dada situação. Para isso,
utilizamos nossa competência sócio-comunicativa para selecionarmos o que seja adequado.
Essa competência também faz com que identifiquemos e reconheçamos inúmeros gêneros
textuais, e eles são muitos e com os mais variados objetivos: carta, procuração, receita,
culinária, bilhete, piada, requerimento, manual de instrução, conto, quadrinhos, e-mail, etc.
Nos últimos dois séculos, o intenso uso de novas tecnologias textuais na vida
cotidiana permitiu que novos gêneros textuais surgissem principalmente na área da
comunicação.
O
surgimento de novos gêneros é constante e o aumento foi ainda maior quando
entramos na era digital e, principalmente, com a utilização da internet, responsável por várias
inovações nas formas de comunicação. Sabemos que a televisão, o jornal, a revista, a internet,
entre outros suportes tecnológicos, fazem parte do dia-a-dia de milhões de pessoas e esse
intenso contato propicia o surgimento de novos gêneros. Essas novas formas discursivas às
vezes não são tão novas assim. Bakhtin (2006) utilizou o termo trasmutação para se referir às
alterações que podem sofrer determinado gênero provocando o aparecimento de uma nova
forma discursiva. Como exemplo, temos o e-mail, que nada mais é que uma versão da
tradicional carta.
Esses novos gêneros textuais criam uma nova relação com os usos da linguagem,
como o fato de aproximarem e mesclarem a oralidade e a escrita. Esses gêneros criam o que
Marcuschi (2002b:21) denomina hibridismo: “Esses gêneros também permitem observar a
maior integração entre os vários tipos de semioses; signos verbais, sons, imagens e formas em
movimento”. O “bate-papo” virtual é um exemplo desse hibridismo.
Os gêneros textuais se caracterizam por seus aspectos sócio-comunicativos e
funcionais e não por suas estruturas. Segundo Schneuwly (2004:27), a escolha do gênero é
feita em função da definição dos parâmetros da situação que guiam a ação. O gênero possui
características temáticas, composicionais e estilísticas próprias. De acordo com Fiorin
(2005:102), “os gêneros são organizações relativamente estáveis caracterizadas por uma
temática, uma forma composicional e um estilo. A temática não é o assunto de que trata o
texto, mas é a esfera de sentido de que trata o gênero.” Numa oração, a temática é um pedido
a Deus, um agradecimento; numa carta comercial a temática é sobre um determinado negócio;