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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
PROGRAMA DE MESTRADO EM AGRONOMIA
MESTRADO EM CIÊNCIA DO SOLO
COMPOSTAGEM DE ESTERCO SUINO EM CINCO TEORES
DE UMIDADE E TRÊS SISTEMAS DE AERAÇÃO
DÉBORA CRISTINA BOMBILIO
(Engenheira Agrônoma UDESC)
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do Grau de
Mestre em Ciência do Solo
Lages (SC), Brasil
Agosto, 2005
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DEBORA CRISTINA BOMBILIO
Engenheira Agrônoma UDESC
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGROVETERINÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA
MESTRADO EM CIÊNCIA DO SOLO
COMPOSTAGEM DE ESTERCO SUINO EM CINCO TEORES DE UMIDADE E TRÊS
SISTEMAS DE AERAÇÃO
Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de
MESTRE EM CIÊNCIA DO SOLO
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________
Dr. PAULO CEZAR CASSOL
Orientador CAV/UDESC
_______________________________
Dr. JAIME ANTÔNIO ALMEIDA
Coordenador do Programa de Pós-Graduação
em ciência do Solo/UDESC
_______________________________
PhD. PEDRO A. VARELLA ESCOSTEGUY
UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
_______________________________
Dr. PAULO CEZAR CASSOL
Diretor Geral do Centro de Ciências Agro-
Veterinárias/UDESC
_______________________________
Dr. OSMAR KLAUBERG FILHO
CAV/UDESC
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3
AGRADECIMENTOS
Agradecer é repartir o sucesso com aqueles que foram realmente os responsáveis por ele.
Ao meu orientador professor Dr. Paulo Cezar Cassol por sua orientação, mas
principalmente por sua paciência e amizade.
Aos bolsistas de iniciação cienfica Lílian Taís dos Santos e Rodrigo de Castilhos
Costamilan, por sua dedicação e companheirismo durante a realização do experimento.
Ao professor Dr. Jaime Antonio Almeida por seu apoio que foi essencial ao meu
reingresso neste curso.
Ao professor Dr. Milton Luiz de Almeida por sua orientação na realização das análises
estasticas.
A minha família, em especial ao meu marido Luiz Antônio pelo amor e incondicional
estimulo recebido.
Esta conquista tem um pouco de cada um de s, porque só Deus sabe o que vos
representam para mim.
4
COMPOSTAGEM DE ESTERCO DE SUÍNO EM CINCO TEORES DE
UMIDADE E TRÊS SISTEMAS DE AERAÇÃO
1
Autora Débora Cristina Bombilio
Orientador Prof. Paulo Cezar Cassol
RESUMO
Entre os problemas de poluição ambiental do estado de Santa Catarina destaca-se o que é
provocado pelo esterco suíno, resíduo gerado em grande quantidade nas regiões produtoras. A
superação deste problema demanda formas alternativas de tratamento, visando-se a redução dos
custos de armazenamento e transporte e o aprimoramento de seu uso como adubo. Neste sentido,
foi realizado um experimento, em pátio descoberto, para avaliar a compostagem como método de
tratamento de dejeto suíno. As unidades experimentais utilizadas foram pilhas de esterco suíno
com volume de aproximadamente 60 litros, acondicionadas em caixas de madeira com a base e as
laterais perfuradas. Os tratamentos caracterizaram-se pelos níveis de umidade de 55, 60, 65, 70 e
75% combinados com os sistemas de aeração: natural, revolvimento e tubos perfurados. A
avaliação do processo de compostagem foi feita mediante medições da temperatura das pilhas,
durante o período de teste e por atributos químicos e físicos do composto, ao final de um período
de 40 dias. O processo de compostagem teve início logo as a instalação do experimento e a
temperatura das pilhas de compostagem aumentou progressivamente até o terceiro dia, atingindo
os valores máximos entre 40
o
C e 50
o
C, nos diferentes tratamentos. A partir do quarto até o oitavo
dia, a temperatura decresceu a valores levemente superiores a do ambiente e manteve-se
relativamente estável até o final. Durante a fase de maior atividade do processo de compostagem,
observou-se que as pilhas que tiveram umidade igual ou menores a 65% apresentaram
temperaturas entre 5
o
C e 10
o
C acima daquelas que continham umidade maior. Os sistemas de
aeração não diferiram entre si em relação à temperatura atingida no processo de compostagem. O
pH do composto foi menor na maior umidade e o teor de C orgânico não foi influenciado pelos
tratamentos. Os resultados obtidos indicam que a compostagem de esterco suíno pode ocorrer com
aeração natural, desde que a umidade situe-se em valor compavel, sendo que a intensidade do
processo pode diminuir com o aumento no teor de umidade para valores acima de 65%.
1
Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo, Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa
Catarina, Lages, Agosto, 2005.
5
SWINE MANURE COMPOSTING IN FIVE MOISTURE CONTENTS AND THREE
AERATION SYSTEMS
Author: Debora Cristina Bombilio
Tutor: Professor Paulo Cezar Cassol
ABSTRACT
Swine manure management has been among one of the environmental pollution issues in
Santa Catarina, produced in a great amount in producing areas. Overcoming this problem requires
alternative ways of management strategies, aiming at reducing storage costs, transport and its use
improving as a natural fertilizer. According to this, an experiment was done in an unsheltered field
to evaluate composting as a method of treatment for the swine manure. The experimental units
used swine manure piles with volume nearly to 60 liters, arranged in wooden bins with both
bottom and sides perforated. The treatments were characterized by moisture levels of 55, 60, 65,
70 and 75 (percent –v/v) combined with aeration systems: natural, revolving and perforated pipes.
The evaluation of the process was made through temperature measurements of the piles during the
test period and through determinations of chemical and physical attributions of the composting,
after a period of 40 days. The composting process started right after the application of the
experiment and the temperature of the composting piles increased progressively until the third day,
reaching maximum values between 40ºC and 50ºC, for different treatments. From the fourth to the
eighth days, the temperature decreased, reaching values slightly higher to the room temperature
and maintained relatively steady until the end. During the period of highest activity of the
composting process, the piles, which had similar or lower moisture of 65%, presented
temperatures between 5ºC and 10ºC over the ones, which presented higher moisture. The three
aeration systems did not differ concerning the temperature reached in the composting process. The
pH of the compost was lower in relation to the higher moisture and the organic content C was not
influenced by the treatments. The results obtained indicate that swine manure composting can
occur with natural aeration, since moisture has compatible values, whereas the intensity of the
process can drop due to the increasing of moisture content to values over to 65%.
6
Dissertação de Mestrado em Ciência do Solo, Centro de Ciências Agroveterinárias, Universidade do Estado de Santa
Catarina, Lages, Agosto, 2005.
7
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO...................................................................................................................1
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...........................................................................................4
2.1 - Caracterização e importância econômica da suinocultura catarinense......................4
2.2 - Problemática ambiental...................................................................................................6
2.3 - Produção e características dos dejetos de suínos...........................................................9
2.4 - Processo de compostagem..............................................................................................12
3 – MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................19
3.1 - Caracterização do Experimento......................................................................................19
3.2 - Coleta e preparo das amostras do composto................................................................21
3.3 - Medição de Temperatura...............................................................................................22
3.4 - Atributos químicos e físicos...........................................................................................23
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................24
4.1 - Temperatura durante a compostagem..........................................................................24
4.2 - Índice pH do composto...................................................................................................31
4.3 – Carbono ornico..........................................................................................................32
4.4 – Nitrogênio total..............................................................................................................33
4.5 – Relação C/N...................................................................................................................34
4.6 – Teores de fósforo, potássio e cálcio...............................................................................35
4.7 - Teores de ferro, manganês, cobre e zinco.....................................................................37
5 – CONCLUSÃO....................................................................................................................40
6 – REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS.............................................................................41
7 – ANEXOS.............................................................................................................................45
8
9
LISTA DE TABELAS
1. Produção média diária de dejetos por diferentes categorias de suínos..................................10
2. Composição química dos dejetos de suínos em função do sistema de manejo
utilizado .................................................................................................................................11
3. Valores de pH em água em composto obtido aos 40 dias as o início da compostagem de
esterco suíno em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração...................................31
4. Teores de C orgânico em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias as o início da
compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração.......33
5. Teores de nitrogênio total em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias as o
início da compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e três sistemas de
aeração....................................................................................................................................34
6. Relação C/N em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias as o início da compostagem
deste resíduo em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração............35
7. Teores totais de P, K e Ca em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias as o
início da compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração.
Médias do efeito principal dos níveis de umidade, compreendendo 9
repetições...............................................................................................................................36
8. Teores de P, K e Ca em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias as o início da
compostagem deste resíduo em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração.
Médias do efeito principal dos sistema de aeração, compreendendo 15repetições...............36
9. Teores de Fe, Mn, Cu e Zn em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias as o início da
compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração. Médias
do efeito principal dos níveis de umidade, compreendendo 9 repetições.................38
10
LISTA DE FIGURAS
1. Tanque contendo esterco de suino (granja do Frigorífico Pamplona Rio
do Sul SC)...........................................................................................................................20
2. Ilustração de caixas de acondicionamento das pilhas de esterco, destacando-se os juros laterais e
os tubos perfurados utilizados como tratamento.....................................................21
3. Pilha de composto orgânico de esterco suíno aos quarenta dias as a instalação de
compostagem acondicionado em caixas de madeira..............................................................22
4. Figura 4. Temperatura média diária do ambiente e de pilhas de compostagem de esterco
de suíno em função do tempo, em cinco níveis de umidade (%). Médias de três repetições, três
sistemas de aeração e dos seguintes meros de leituras diárias: quatro leituras,
no período de 0 ao 5
o
dias, três, do 6
o
ao 10
o
dias, duas, do 11
o
ao 15
o
dias e uma, a partir
do 15
o
dias..............................................................................................................................25
5. Figura 5. Temperatura média diária do ambiente e de pilhas de compostagem de esterco
de suíno em função do tempo, em sistemas de aeração natural, por revolvimento e por
canos perfurados. Médias de três repetições, cinco níveis e dos seguintes meros de leituras
diárias: quatro leituras, no período de 0 ao 5o dias, três, do 6o ao 10o dias, duas,
do 11o ao 15o dias e uma, a partir do 15o dias......................................................................29
11
LISTA DE ANEXOS
1. Esterco suíno espalhado para atingir umidade compavel ao início do
experimento............................................................................................................................46
2. Quarenta e cinco unidades experimentais..............................................................................46
3. Hidratação do esterco suíno...................................................................................................46
4. Tubos perfurados...................................................................................................................47
5. Tratamento de aeração por revolvimento..............................................................................47
6. Temperatura diária de compostagem de esterco de suíno em cinco níveis de umidade.
Médias de três repetições, três sistemas de aeração e de quatro leituras diárias, de 0 a
5 dias, três de 5 a 10 , duas de 10 a 15 e um a partir do 15
o
dia............................................48
7. Variação média diária de temperatura do composto suíno com diferentes meios de
aeração....................................................................................................................................48
1 - INTRODUÇÃO
A produção de suínos em Santa Catarina é realizada, principalmente, em pequenas
propriedades rurais e tem ocasionado acentuada poluição ambiental nas regiões produtoras, devido
ao grande volume de dejetos que são gerados diariamente e geralmente são manejados e
descartados de modo inadequado. Nas principais regiões produtoras, as reservas de água
superficial e subterrânea estão sendo comprometidas pela contaminação bacteriológica e química
resultante do lançamento dos dejetos no solo ou nos cursos dágua sem tratamento.
Entretanto, o esterco suíno, pode ser transformado em fertilizante orgânico estabilizado,
com propriedades especiais, diferentes das dejões frescas e das que são acondicionadas em
esterqueiras ou digestores em estado quido. Isto ocorre quando ele é submetido a um processo
microbiológico aeróbico termofílico de decomposição do substrato orgânico, conhecido como
compostagem, que resulta num material humificado, estabilizado ou curado, referido como
composto orgânico. Na compostagem, os microrganismos aeróbios usam a matéria orgânica como
substrato, formando como subproduto o composto que é constituído de materiais mineralizados e
substância micas que podem ser manejadas, armazenadas e, ou aplicadas ao solo sem afetar
adversamente o ambiente.
Na compostagem ocorre o desenvolvimento de atividade microbiana termofílica que,
geralmente, atingem temperatura em torno de 55SC, podendo chegar a 65
o
C, caracterizando-se
2
pelo desenvolvimento de população microbiana diversificada, pelo aumento da taxa de
decomposição da matéria orgânica e possibilitando a eliminação de microorganismos patogênicos
e a quebra de vitalidade de sementes de ervas invasoras, ovos de parasitas e larvas de insetos.
O conhecimento acumulado sobre o assunto indica que a faixa de umidade mais favorável
à compostagem está entre 40 a 60%, onde a água, que é imprescindível para o crescimento dos
organismos biológicos envolvidos no processo, e para que as reações bioquímicas ocorram
adequadamente durante a compostagem, está em quantidade que não compromete o fluxo de O
2
e
o aquecimento da pilha, fatores também são imprescindíveis ao processo. O teor de umidade mais
favorável depende da capacidade de aeração da massa de compostagem, das características físicas
do material, como porosidade e estrutura, e da necessidade de satisfazer as demandas nutricionais
dos microorganismos. Altos teores (> 65%) fazem com que a água ocupe os espos vazios da
massa de compostagem impedindo a passagem de oxigênio, o que poderá causar anaerobiose do
meio. Teores de umidade baixos (< 40%), inibem a atividade microbiológica, diminuindo a taxa de
estabilização. Em caso de falta, a água pode ser adicionada uniformemente sobre o material em
compostagem e em caso de excesso, materiais absorventes como palhas, camas, serragens e
maravalha devem ser incorporadas em níveis suficientes para a adequação do teor de umidade.
Acredita-se que quando o teor de umidade supera 75%, o processo de compostagem geralmente
não atinge temperaturas adequadas.
A compostagem pode ser uma alternativa vantajosa para o tratamento e posterior
destinação dos dejetos de suínos, permitindo-se a eliminação do mau odor, a redução do volume de
água associado ao resíduo e maior facilidade para estocagem, transporte e distribuição deste
resíduo como fertilizante no solo. Porém, para implementação desta prática, há necessidade de
serem determinados os teores de umidade mais adequados ao método de aeração empregado.
3
Neste trabalho, estudou-se a compostagem como método alternativo de tratamento dos
dejetos suínos, que seja adaptado ao uso nas unidades de produção, principalmente dos pequenos
produtores, visando-se determinar o teor de umidade adequado para o processo em sistemas de
aeração natural, por dutos perfurados e por revolvimento.
4
2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 - Caracterização e importância econômica da suinocultura catarinense
No estado de Santa Catarina existem cerca de 178 mil estabelecimentos que desenvolvem
atividades agrícolas, sendo que aproximadamente 101 mil destes estabelecimentos encontram-se
nos grupos de 10 a 50 hectares, dado que caracteriza a predominância de pequenas propriedades
(Instituto CEPA/SC, 1993). O Serviço de Extensão Rural de Santa Catarina estima que cerca de
50.000 famílias tenham na suinocultura sua principal fonte de renda, enquanto que no setor
industrial cerca de 17 frigoríficos dependem do fornecimento de suínos produzidos no estado
(Goulart, 1997).
Santa Catarina possui tradição na criação de suínos, atividade introduzida principalmente
a partir da ocupação do território estadual por imigrantes europeus e seus descendentes. A
suinocultura foi inicialmente introduzida na região do Vale do Itajaí, em 1850, como produção de
subsistência realizada pelos imigrantes alemães que ali se instalaram. A partir de 1877, houve uma
acentuação da imigração de italianos para o sul do estado, imigrantes estes basicamente de origem
5
rural e que passaram a produzir feijão, milho, cana, trigo e uva. Nessa época desenvolveu-se
também a pecuária, em especial a suinocultura, voltada a exploração da banha (CEAG/SC, 1980).
Cunha (1982) observa que a partir de 1925 houve uma gradual transferência da produção
agropecuária da zona Litorânea e para o interior do estado, deslocando seu eixo do Vale do Itajaí e
do Sul, que até 1919 predominavam na agricultura e suinocultura catarinenses. Na década de 40
fundam-se, no Vale do Rio do Peixe e Oeste do Estado, as indústrias de derivados de animal
(suínos e aves), como a Perdigão (1940) e a Sadia (1942). A partir da década de 50 esta tendência
à produção primária e aos complexos agroindustriais confirma-se nas regiões Oeste e Vale do Rio
do Peixe (CEAG/SC, 1980).
Atualmente, a mesorregião Oeste apresenta o maior rebanho suíno do Estado, com
66,55% do efetivo. É também nesta área que se concentram a produção agroindustrial, com o
maior mero de frigoríficos entre os existentes em Santa Catarina. Os animais produzidos para
abate são animais desenvolvidos para a produção de carne, com predonio das raças Landrace,
Large White, Duroc e seus cruzamentos. A suinocultura é uma atividade fundamental para o
estado de Santa Catarina, não só em termos econômicos como também sociais.
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), que vem
desenvolvendo o registro genealógico de reprodutores de suínos (Pig book), Santa Catarina é o
estado com maior mero de reprodutores puros de origem e híbridos inscritos, atingindo 46,84%
dos registros efetuados no país. Este fato evidencia o alto potencial genético do rebanho
catarinense, o que denota o nível tecnológico da exploração suinícula no estado.
Segundo Albuquerque (1995), a carne suína é a proteína animal mais produzida e
consumida em todo o mundo. Mais de 70 miles de toneladas são comercializadas anualmente,
contra menos de 50 miles de toneladas de carne bovina e pouco mais de 30 miles de carne de
6
frango. Porém, no Brasil, as estasticas são desfavoráveis em relação às outras carnes. De uma
receita total de US$ 30 biles/ano, a suinocultura participa com cerca de US$ 4 biles/ano,
especialmente com a oferta de industrializados de maior valor agregado. As estasticas das
entidades de classe mostram que cerca de 70% de toda a carne suína produzida no Brasil são
transformadas em embutidos. Esta situação tem induzido os criadores a colocar na rua uma
campanha de marketing para incentivar o consumo de carne suína “in natura”.
A importância da atividade suinícola no contexto nacional reside não somente na
quantidade de produtores envolvidos, como também no volume de empregos diretos e indiretos
gerados. A cadeia produtiva da suinocultura em Santa Catarina emprega 150 mil pessoas, desde o
campo até a distribuição dos produtos industrializados, e é responsável pela manutenção de 500
mil catarinenses, movimentando cerca de R$ 3 biles por ano (FAESC, 2003).
O estado de Santa Catarina apresenta hoje uma produção de 4,5 miles de cabeças,
representando 16% do rebanho nacional, rebanho que gera em torno de 40 mil toneladas de
dejetos/dia (FAESC, 2003).
O desenvolvimento da suinocultura é um importante fator de crescimento econômico
nacional, trazendo efeitos multiplicadores de renda e emprego em vários setores da economia,
aumentando a demanda em insumos agropecuários e a expansão e modernização dos setores de
comercialização e agroindústrias.
2.2 - Problemática ambiental
A crescente tendência para a adoção de sistemas confinados de suínos em Santa Catarina,
tem produzido quantidades cada vez maiores de dejetos, onde a inadequação do manejo e
7
armazenamento, induzem ao seu lançamento em rios e cursos dágua naturais (Oliveira et al,
1993).
O lançamento de grandes quantidades de dejeções em rios e lagos pode ocasionar
problemas de desequilíbrios ecológicos e poluição resultantes da redução do teor de oxigênio
dissolvido na água, devido à alta demanda bioquímica do oxigênio (DBO) e da carga orgânica
(Oliveira et al, 1993).
Até a década de 70, os dejetos de suínos não se constituíam em foco de preocupação, pois
o rebanho era substancialmente menor do que o atual e as unidades de produção eram menores e
dispersas. Com isto, as áreas de solo onde eram depositados estes materiais tinham a capacidade de
absorvê-los, permitindo sua utilização como adubo orgânico (Oliveira et al, 1993).
O aumento no tamanho e no número de unidades de produção animal reduziu a
disponibilidade de áreas de aplicação de esterco por granja produtora, induzindo o aumento no
impacto ambiental (Adeola, 1999).
A situação dos recursos hídricos superficiais catarinenses tem despertado grandes
preocupações, tanto aos órgãos estaduais, responsáveis pela qualidade do meio ambiente e saúde
pública, bem como à população em geral. O desmatamento irracional e não controlado tem
diminuído consideravelmente o caudal dos mananciais, prejudicando o atendimento à demanda,
principalmente nos períodos de estiagem (Oliveira et al, 1993).
Já em termos de qualidade desses mananciais, segundo a Fundação de Amparo a
Tecnologia e Meio Ambiente FATMA, 80% destes recursos no território catarinense encontram-
se seriamente comprometidos em decorrência da degradação ambiental, ocasionada tanto por, ação
antropogênica decorrentes do lançamento de esgotos sanitários urbanos, dejetos de animais,
8
efluentes industriais e pelo excesso ou mau uso de fertilizantes e agrotóxicos, como por fatores
naturais, como a erosão (SEDUMA, 1990).
Dentre os fatores de degradação da qualidade dos mananciais destacam-se os subprodutos
originados da criação de animais confinados, mais especificamente da atividade suinícola, pois da
avicultura, devido as suas propriedades e preço obtido no mercado, em relação aos insumos
químicos, os dejetos são rapidamente comercializados (SEDUMA, 1990).
A contaminação dos mananciais não fica restrita apenas ao município onde são lançados
os dejetos, uma vez que esses mananciais muitas vezes atravessam vários municípios, no seu
trajeto da nascente até a foz. É comum que um município capte a água já poluída, advinda de
outro, para utilizá-la no abastecimento público de sua população. As estões de tratamento de
água da região não possuem tecnologia suficiente para uma efetiva descontaminação das águas, as
quais podem conter microrganismos patogênicos e substâncias químicas tóxicas ao homem (Costa,
1997).
Quando o esterco quido é aplicado em grandes quantidades no solo, ou armazenados em
lagoas sem revestimento impermeabilizante, durante vários anos, poderá ocorrer sobrecarga da
capacidade de filtração do solo e retenção dos nutrientes do esterco. Quando isto acontece, alguns
destes nutrientes podem atingir as águas subterrâneas ou superficiais, acarretando grandes
problemas de contaminação. O fósforo contido nos estercos difunde-se mais rapidamente, em
solos arenosos que o contido nos fertilizantes comerciais, pois a matéria orgânica do esterco
favorece a solubilização dos fosfatos. Por outro lado, em solos argilosos isto não ocorre. Embora
nesses solos, o movimento vertical do P orgânico é maior que do P mineral, isso é insignificante e
jamais causa problemas de contaminação em águas subterrâneas profundas (Oliveira et al, 1993).
9
Embora o acúmulo de fosfato ocorra nas camadas inferiores do solo este não tem sido
identificado no lençol frtico. A aplicação permanente de esterco quido excessivamente diluído,
ou a precipitação constante, as a aplicação do esterco, acelera o carreamento dos nutrientes para
as camadas inferiores do solo. Outro nutriente que precisa ser considerado sob o aspecto ambiental
é o nitrato. Os teores de nitrato detectados no lençol freático de terras tratadas com altos níveis de
esterco quido durante vários anos (160 m
3
/ha) foram dez vezes maiores que os encontrados nas
terras não tratadas (Oliveira et al, 1993).
Além dos problemas de contaminação do solo e das águas, a população dos municípios
produtores de suínos convive há muitos anos com problemas ambientais, tais como: proliferação
de moscas, borrachudos, mosquitos, maus odores e erosão dos solos. Esta última responsável por
miles de toneladas de solo fértil que chegam aos rios causando seu assoreamento e também a
desertificação de extensas áreas produtivas. Estes problemas ambientais, aliados aos problemas
econômicos da produção, intensificam o êxodo rural, o desemprego no setor agrícola, a
descapitalização de setor primário e, conseqüentemente, o empobrecimento da região (Stallbaum,
1994).
2.3 - Produção e características dos dejetos de suínos
A quantidade de excrementos produzidos diariamente por suíno e o teor de umidade dos
seus dejetos variam de acordo com o desenvolvimento corporal dos suínos, o tipo de alimentação,
a quantidade de água ingerida, a estação do ano e a quantidade de água adicionada na higiênização
das baias (Silva, 1973; Andreadakis, 1992). Para suínos nas fases de crescimento e terminação (25
a 100 kg) é produzido um volume de dejetos de 7 litros/suíno/dia, sendo que esse volume decresce
10
à medida que aumenta o número de animais. Oliveira et al (1993) observam produção média de
dejetos quidos de 8,6 litros/suíno/dia nas diferentes fases de produção. Sevrin-Reyssac et al
(1995) apresentam valores compreendidos entre 5,7 e 7,6 litros/suíno/dia para suínos em uma faixa
de peso de 57 a 97 kg, lembrando que este volume de dejetos produzidos compreende entre 10 e
8% do peso vivo do animal (Tabela 1).
Tabela 1. Produção média diária de dejetos por diferentes categorias de suínos
Categoria
Esterco
kg/dia
Esterco
+
Urina kg/dia
Dejetos
Líquidos
L/dia
Estrutura para estocagem
m
3
/animais/mês
Esterco Dejetos
+ Urina Líquidos
25 a 100 kg 2.30 4.90 7.00 0.16 0.25
Cobrição e gestante 3.60 11.00 16.00 0.34 0.48
Porca em lactação com leitões 6.40 18.00 27.00 0.52 0.81
Macho 3.00 6.00 9.00 0.18 0.28
Leitões 0.35 0.95 1.40 0.04 0.05
Média 2.35 5.80 8.60 0.17 0.27
FONTE: Oliveira et al (1993).
A composição dos dejetos animais está associada à alimentação e ao sistema de manejo
adotado. Os dejetos podem apresentar grandes variões na concentração de seus componentes,
dependendo da diluição, tipo de alimentação e da modalidade como são manuseados e
armazenados. O volume total dos dejetos, na forma quida, de um sistema de criação, depende da
quantidade de água desperdiçada pelos bebedouros e do volume de água utilizado na higienização
das edificações e dos animais. O uso da água tem como finalidade diluir a concentração de fezes e
11
urinas produzidas recentemente e tratá-las como resíduos quidos, acarretando com isso um
volume maior de resíduo a ser tratado podendo dificultar o tratamento (Oliveira et al, 1993).
Para um sistema de uso nimo de água de limpeza, pode-se considerar um gasto de 3,50
litros por suíno/dia, nas fases de crescimento e terminação (Oliveira et al, 1993). Os valores do
consumo diário de água por suíno variam amplamente em função de sua categoria e condições de
criação e do clima (Barbari e Rossi, 1992).
Várias pesquisas mostram que a quantidade de dejetos produzidos por suínos diariamente
é uma questão de manejo, podendo ser reduzida através da instalação de bebedouros que acabam
com os desperdícios ou pelo tipo de processo produtivo (Oliveira et al, 1993).
A tabela 2 apresenta a composição química dos dejetos de suínos em função do sistema de
manejo utilizado.
Tabela 2 – Composição química de dejetos de suínos, em função do sistema de manejo utilizado
Sistema de manejo Matéria kg/tonelada de dejetos
seca (%) N Total P
2
O
5
K
2
O
Esterco sem cama 18 4,54 4,08 3,63
Esterco com cama 18 3,63 3,17 3,63
Liquame de fossa de retenção 4 4,08 3,06 2,15
Liquame de tanque oxidação 2,5 2,72 3,06 2,15
Líquido de lagoa 1 0,45 0,23 0,45
FONTE: Oliveira (1993)
O liquame”, expressão adaptada do idioma italiano, é um líquido muito concentrado em
matérias em suspensão e rico em elementos fertilizantes, principalmente em nitrogênio amoniacal,
que constitui cerca de 80% do nitrogênio total presente. Este quido é resultado da mistura das
12
fezes e urina dos animais, das águas de lavagens das baias, resíduos de papel e plásticos, pêlos de
animais e restos de comidas.
A composição dos dejetos varia grandemente em função da quantidade de água que o
acompanha, tipo de alimentação e idade dos animais (Oliveira et al, 1993). Segundo Kiehl (1985),
a composição dos estercos é variável, sendo influenciada por vários fatores como espécie animal,
raça, idade, alimentação, material utilizado como cama e tratamento dado à matéria-prima-esterco.
Entre os fatores apontados, os que mais podem sofrer a interferência do criador são a
qualidade de alimentos, pois quanto mais rica em nutrientes for a alimentação, mais ricas serão as
dejões. Em média, da quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio ingerida pelos animais
adultos, 80% são eliminados, sendo a matéria orgânica dos alimentos assimilada em apenas 40%
do total ingerido. Portanto, os animais alimentados com rões concentradas produzem estrumes
mais ricos que os criados no pasto ou com apenas capins-de-corte. Os animais jovens aproveitam
melhor a alimentação, retendo cerca de 50% do que ingerem e produzindo esterco com menor
concentração de nutrientes (Oliveira et al, 1993).
A presença de patógenos é outro fator de grande preocupação, pois, pode haver
transmissão de doenças para as criões animais, como também, para o homem. Faz-se necessário
a eliminação máxima destes patógenos para que o dejeto possa ser utilizado com segurança em
lavouras de produção de alimentos, caso contrário seu uso deve ser restrito, afim de não causar
problemas de contaminação do solo e plantas.
Os odores causados também aumentam a poluição do ar e diminuem a qualidade de vida
da população (Kao, 1993). A compostagem tem se mostrado eficiente no controle, tanto de
patógenos, quanto dos odores, dois inconvenientes do uso de dejetos animais (Kiehl, 1998).
13
2.4 - Processo de compostagem
Os tratamentos convencionais de digestão anaeróbica de resíduos reduzem o seu potencial
poluente, mas geralmente são necessárias técnicas especiais e uma grande área, além de
apresentarem elevado custo e de produzirem grande quantidade de efluentes e sedimentos de
dejetos e problemas de odor (Kao, 1993). Assim, considera-se necessário o desnvolvimento de
sistemas de tratamento de dejetos que sejam adequados e que levem em consideração a realidade
cultural e econômica dos criadores e as características da suinocultura e da agricultura praticada
nas propriedades agrícolas (Perdomo, 1996). A compostagem é um processo que pode ser usado
tratando da fração sólida do dejeto, reduzindo o seu volume e aumentando sua eficiência como
fertilizante, eliminando odores e gerando um produto final de fácil manipulação e uso.
Segundo Kiehl (1998), a palavra composto vem de muito tempo sendo utilizada para
designar o fertilizante orgânico preparado pelo amontoamento de restos animais e vegetais, ricos
em substâncias nitrogenadas, misturados com outros resíduos vegetais pobres em nitrogênio e
ricos em carbono. A mistura tem por finalidade sujeitá-los a um processo de compostagem que
conduza essas matérias-primas, por processo de decomposição microbiológica, ao estado de
parcial ou total humificação. O composto é resultado de um processo controlado de decomposição
bioquímica de matérias orgânicas, transformadas em um produto mais estável e aproveitável como
fertilizante (Kiehl, 1998). O mesmo autor cita que o vobulo “compostdeu origem à palavra
composto, para indicar o fertilizante, e aos termos compostar e compostagem, para a ação ou ato
de preparar o adubo. Portanto, a compostagem é uma técnica idealizada para obter mais
rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da matéria orgânica.
14
No processo de compostagem, a atividade microbiológica atinge alta intensidade,
provocando a elevação da temperatura no interior das leiras, chegando a valores de até 65ºC, ou
mesmo superiores, em decorrência da geração de calor pelo metabolismo microbiológico de
oxidação da matéria orgânica que é exotérmico (Kiehl, 1998). O consumo de oxigênio por grama
de matéria orgânica volátil reflete o grau de atividade de um composto, sendo acompanhado pela
produção de gás carbônico. A determinação do CO
2
produzido é mais simples do que a de oxigênio
consumido e pode ser feita com o aparelho denominado respirômetro, que mede a quantidade de
gás carbônico desprendido da amostra, sendo este também um método eficaz para determinação do
grau de maturação do composto (Kiehl, 1998).
A metodologia da compostagem consiste em se criar condições e dispor, em local
adequado, as matérias-primas ricas em nutrientes orgânicos e minerais, especialmente, que
contenham relação C/N favorável ao metabolismo dos organismos que vão efetuar sua biodigestão,
para que sejam digeridas (Peixoto, 1981). Segundo Kiehl (1998), o acompanhamento da relação
C/N durante a compostagem permite conhecer o andamento do processo, pois quando o composto
atinge a semicura, ou bioestabilização, a relação C/N se situa em torno de 18/1, e quando atinge a
maturidade, ou seja transformou-se em produto acabado ou humificado, a relação C/N se situa em
torno de 10/1.
A decomposição da matéria orgânica pode ocorrer por dois processos: na presença de
oxigênio (aeróbio) e na sua ausência (aneróbio). Quando há disponibilidade de oxigênio livre,
predominam microorganismos aeróbios, sendo os agentes mais destacados os fungos, bactérias e
actinomicetos (Peixoto, 1981). Conforme citado por este autor, o processo anaeróbio tem o
inconveniente da liberação de mau cheiro, devido a não liberação completa do nitrogênio aminado
15
como amônia, com a conseente formação de aminas incompletas, mau cheirosas, as quais
devem ser oxidadas para perder esta característica.
Uma compostagem mau conduzida pode levar a oxidação anaeróbia, acompanhada de
putrefação e mau cheiro eliminado na atmosfera, na forma de gás ácido sulfídrico, mercaptanas
(dimetildisulfeto, dimetilsulfeto, metilmercaptanas) e outros produtos contendo enxofre, todos com
cheiro de ovo podre (Kiehl, 1998). Segundo o mesmo autor, o processo aeróbio é caracterizado
pela alta temperatura desenvolvida no composto, pelo menor tempo de degradação da matéria
orgânica e pelas reações de oxidação e oxigenação que se dão no processo, conduzindo o substrato
a ter no final um pH em torno de 7,0. O odor desagradável pode ser reduzido por revolvimento da
leira, ou por outro meio de aeração, transformando o processo de anaeróbio para aeróbio.
Na prática da compostagem, a aeração é o fator mais importante a ser considerado, sendo
que quanto mais úmidas estiverem as matérias-primas mais deficientes será sua oxigenação,
determinando que providências sejam tomadas para reduzir a umidade. No pátio de compostagem
a aeração pode ser realizada por revolvimento das leiras, ou por insuflação ou aspiração do ar
contido nos vazios da massa. Neste último caso, se o ar for simplesmente insuflado pela base, ao
atingir a região superior da leira estará mais frio, causando condensação, diminuição de
temperatura e aumento de umidade. Ao contrário, se o ar for aspirado pela parte inferior, a camada
úmida e fria se localizará na base da leira (KiehL, 1998). Neste caso, pode-se adotar uma
alternância, ou seja, ora o ar será insuflado, ora será aspirado. O método do revolvimento das leiras
tem a característica positiva de renovar o ar, evitando acúmulo de gás carbônico que quando em
excesso pode levar o processo a tornar-se anaeróbio (Pereira Neto, 1989).
O estudo dos processos de aeração são baseados na concentração de oxigênio, na
temperatura e na umidade da leira. Haug (1980) relatou que nas leiras de composto, a quantidade
16
de ar necessária para suprimento de oxigênio é significativamente maior do que o fornecido por
revolvimentos mecânicos periódicos, mesmo se praticados diariamente. Desta maneira a aeração é
fato primordial para o sucesso do processo de compostagem e saber atender as necessidades de
aeração da massa de compostagem é fator imprescindível para definir criteriosamente o ciclo de
aeração a ser fornecido durante o processo (Golueke, 1981).
Os fatores umidade e temperatura interagem na compostagem e condicionam a eficiência
do processo de aeração. Revolvimentos mais freentes, com a finalidade de reduzir a umidade,
podem levar a uma queda de temperatura da leira a valores indesejáveis, sugerindo que leiras com
baixas temperaturas não devem ser revolvidas até que recuperem o calor perdido (Kiehl, 1998).
A compostagem moderna está baseada na garantia do desenvolvimento de temperaturas
termofílicas, controladas na faixa de 55º C, o que garante uma série de vantagens, como o
desenvolvimento de uma população microbiana diversificada (Pereira Neto, 1989; Golueke, 1991;
Villani, 1992), elevada taxa de decomposição da matéria orgânica (Pereira Neto, 1989; Villani,
1992), eliminação de microrganismos patogênicos (Zucconi, 1991; Villani, 1992) e eliminação de
sementes de ervas daninhas, ovos de parasitas e lavras de insetos (Kiehl, 1985; Zucconi, 1991;
Villani, 1992).
A decomposição da matéria orgânica também depende da umidade para garantir a
atividade microbiológica. Isso porque, entre outros fatores, a estrutura dos microrganismos
consiste de aproximadamente 90% de água. Para a produção de novas lulas, a água precisa ser
obtida do meio, no caso, da massa de compostagem. Além disso, todo o nutriente necessário para o
desenvolvimento celular precisa ser dissolvido em água, antes de sua assimilação (Alexander, 1977).
A faixa de umidade ótima para se obter um máximo de decomposição está entre 40 a
60%, principalmente durante a fase inicial, pois é necessário que exista um adequado suprimento
17
de água para promover o crescimento dos organismos biológicos envolvidos no processo e para
que as reações bioquímicas ocorram adequadamente durante a compostagem (Merkel,1981).
Na prática, a umidade ideal deve ser determinada com base na capacidade de aeração da massa de
compostagem, se manual ou menica, nas características físicas, como porosidade, estrutura do
material e na necessidade de satisfazer a demanda microbiológica (Pereira Neto, 1989). Quando a
umidade é excessiva a água ocupe os espos vazios da massa de compostagem impedindo a
passagem do oxigênio, o que poderá causar anaerobiose do meio. Porém, teores de umidade baixos,
menores do que 40%, inibem a atividade microbiológica, diminuindo a taxa de estabilização (Pereira
Neto, 1987). Em caso de falta de água, pode-se adicioná-la uniformemente sobre o material em
compostagem e em caso de seu excesso, pode-se misturar materiais absorventes, como palhas,
camas e serragens ou maravalhas, sendo que quando a umidade for maior do que 75%, o processo
de compostagem não atingirá temperaturas adequadas (Marriel et al., 1987).
A separão mecanica da frão sólida do esterco suíno, geralmente, ainda mantém o produto
com excesso de umidade, o que pode ser desfavorável à compostagem do esterco puro. Para
absorver umidade e favorecer a aeração, visando-se a eficiência do processo de compostagem,
pode-se misturar ao dejeto materiais condicionadores, como palhas, serragens, maravalhas, ou
outro material orgânico de baixa umidade (Georgacakis et al.,1996; Santos, 2002).
Lo et al (1993) observaram que as pilhas de compostagem com esterco sólido suíno sem
qualquer agente de volume permaneceram durante mais tempo em condições termófilas que as
pilhas com agentes de volume. O fato do esterco compostado individualmente reagir melhor que
quando misturado com agentes de volume foi atribuído à eficiência do separador de sólidos e
quidos empregado naquele caso, que resultou em fibras de sólidos homogêneos com teor de umidade
entre 73% e 82%, mais favoráveis à compostagem do que o dejeto líquido de suíno. Um dos
18
motivos que pode justificar a utilização de agentes de volume é que estes possibilitam a obtenção
de características favoráveis, como densidade baixa, menor do que 500 kg m
-3
, e porosidade
elevada, maior do que 90%, na mistura total, o que mantém a uniformidade da distribuição de ar
dentro da pilha de compostagem. Os agentes de volume também servem como condutores de ar
e aliviam a necessidade de aeração forçada. O composto feito unicamente de esterco geralmente tem
menor teor de carbono do que aqueles que incluem agentes de volume, como palhas de lavouras ou
maravalha, que apresentam teor de carbono acima de 30% (Kiehl,1998).
A maturidade do composto ocorre quando a decomposição microbiológica se completa e a
matéria orgânica é transformada em húmus. Para uso agrícola, o composto deve ter características
físicas e químicas que facilitem o seu uso como fertilizante e condicionador de solos, não podendo
conter contaminão com metais pesados ou patógenos, pois neste caso, somente poderá ser
empregado na adubação de plantas ornamentais e flores (Kiehl, 1998). Segundo este autor, pela
facilidade de se medir, a temperatura é o parâmetro mais indicado para acompanhar a maturação do
composto no decorrer da compostagem, pois acompanha o consumo de oxigênio e a produção de
gás carbônico, sendo um parâmetro satisfatório para determinar o grau de maturação do material.
Para conhecimento do valor fertilizante ou nutricional às planta de um composto, indica-
se sua análise química, determinando-se a concentrão contida de elementos essenciais ao
desenvolvimento das plantas (Kiehl, 1998).
Os compostos de dejetos animais geralmente apresentam índice de pH neutro ou
levemente alcalino, entre 7,0 e 8,0 (Cassol et al., 1994). Os microorganismos que atuam na
compostagem têm como faixa ótima de desenvolvimento pH entre 6,5 a 8,0, portanto, quando bem
conduzida, a compostagem não apresenta problemas relacionados ao controle de pH (Peixoto,
1988). Na compostagem, inicialmente, atuam microorganismos que metabolizam o nitrogênio
19
orgânico transformando-o em nitrogênio amoniacal e com o decorrer da decomposição, a amônia
pode ser perdida por volatilização ou convertida à forma de nitratos, pela nitrificação, femeno
que é acidificante e contribui para que o composto maturado seja mais ácido do que o material
original. Porém, se houver condições de anaerobiose, o nitrato será perdido por denitrificação e
este femeno tem efeito alcalinizante (Oliveira et al, 1993).
20
3 - MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 - Caracterização do experimento
O experimento foi implantado e executado no Centro de Ciências Agroveterinárias (CAV),
em Lages, SC, durante o período de agosto a novembro de 2003 e caracterizou-se pela avalião, em
escala piloto, da compostagem de esterco de suíno em cinco níveis de umidade e três sistemas de
aeração. O esterco usado foi coletado na granja de produção de suínos do Frigorífico Pamplona, em
Rio do Sul, SC. O material estava depositado em um leito de secagem para retirada do excesso de água
(Figura 1), o que determinou sua escolha para a realização deste trabalho. O esterco coletado continha
em torno de 70% de umidade, permitindo sua rápida secagem até o teor de umidade de 55% que foi o
nível mínimo de umidade testado no experimento.
O esterco coletado foi inicialmente espalhado, com o objetivo de reduzir sua umidade até
55%. Os tratamentos empregados consistiram nos teores de umidade de 55%, 60%, 65%, 70% e 75%,
combinados em fatorial completo, com três sistemas de aerão: natural, revolvimento manual e tubos
perfurados, totalizando 15 tratamentos que foram arranjados em blocos casualizados. Os tratamentos
foram aplicados em três repetições, perfazendo um total de 45 unidades experimentais, conforme
ilustrado no apêndice 1.
21
As unidades experimentais caracterizaram-se por pilhas de esterco de suíno acondicionadas
em caixas de madeira confeccionadas com compensado naval de 20mm de espessura (figura 2). As
dimensões externas das caixas foram de 40cm x 40cm x 40cm. Nas faces laterais e do fundo das caixas
foram feitas perfurações para permitir o fluxo de gases.
O esterco foi previamente submetido a um processo de redução de umidade e, na implantação
do experimento, foi novamente hidratado até os teores de umidade definidos para os diversos
tratamentos, sendo misturado com enxada, conforme ilustrado no apêndice 2. A seguir, o material foi
acondicionado nas caixas evitando-se compactão, sendo os tratamentos distribuídos de maneira
aleatória dentro de cada bloco.
Logo as serem acondicionadas nas caixas, as pilhas de esterco foram cobertas com palhas
de gramíneas secas, para evitar o ressecamento da superfície. Durante as chuvas, as unidades
experimentais foram cobertas com telhas de material acrílico colocadas a uma altura de
aproximadamente 20 cm acima da superfície das pilhas. O processo de aerão com tubos perfurados
caracterizou-se por unidades experimentais contendo três canos de PVC perfurados, atravessando as
Figura 1. Tanque de drenagem de esterco empregado em granja de produção de suínos
do município de Rio do Sul SC
22
pilhas de esterco na altura de 15 cm da base dos caixotes, visando aumentar a difusão de ar para o
interior das pilhas (Figura 2).
Nos tratamentos com revolvimento, seguiu-se o seguinte cronograma: na primeira semana, o
mesmo foi feito a cada 2 dias; na segunda, a cada 4 dias; na terceira, a cada 6 dias; na quarta, a cada 8
dias; e, posteriormente, a cada 10 dias. O revolvimento consistiu em retirar o material da caixa,
tombando-o sobre uma lona, sendo efetuadas duas operações de virada: uma para um lado com retorno
e outra para o lado oposto com retorno e, em seguida, o material foi recolocado na caixa.
3.2 - Coleta e preparo das amostras do composto
As amostras foram coletadas no final do experimento 40 dias as a instalação, retirando-
se porções de aproximadamente 100g do composto, de cada unidade experimental, mediante
Figura 2. Ilustração das caixas de acondicionamento das pilhas de esterco, destacando-se os
furos laterais e os tubos perfurados.
23
quarteações sucessivas do material, desprezando-se as camadas de 10 cm superior e inferior da
caixa (Figura 3). O material coletado foi homogeneizado e embalado em bandejas de alunio
previamente pesadas, recebendo etiquetas de identificação e levadas à estufa, onde as amostras
foram secas a 65º C, durante 48 horas. As, estas amostras foram trituradas em moinhos de bolas
para atingirem diâmetro de parculas menores do que 2mm e acondicionados em sacos plásticos
etiquetados.
3.3 - Medição de temperatura
A temperatura, como principal indicativo de ocorrência e evolução do processo de
compostagem, foi medida com termômetro eletrônico digital, tendo-se inserido o sensor na parte
central das pilhas, através de um tubo de polietileno com diâmetro de 1 cm, o qual foi implantado
na montagem das unidades experimentais, conforme ilustrado na figura 3.
Figura 3. Pilha de composto ornico de esterco de suíno aos quarenta dias de compostagem.
24
As temperaturas das caixas de compostagem foram medidas nos seguintes intervalos de
tempo: a cada 6 horas do primeiro ao quinto dia; a cada 8 horas do sexto ao décimo dia; a cada 12
horas do décimo primeiro ao décimo quinto dia e a partir deste dia, a cada 24 horas.
3.4 - Atributos químicos
No composto obtido as 40 dias da instalação do experimento, foram determinados o pH
em água e os teores de matéria seca, C orgânico, N, P, K, Ca, Fe, Zn, Mn e Cu. O pH foi
determinado em potenciômetro, numa suspensão contendo o composto de esterco e água destilada
em relação 1:5, respectivamente. A matéria seca foi determinada as secagem dos materiais em
estufa à temperatura de 65º C com ventilação forçada. O C orgânico foi determinado pelo método
Walkey-Black. Os elementos N, P, K, Ca foram determinados as digestão úmida, com ácido
sulfúrico e água oxigenada em bloco digestor, à temperatura de aproximadamente de 350º C. O
nitrogênio foi determinado por destilação de amônia em vapor pelo método semi-micro-Kjeldahl.
O P foi determinado por fotometria de chama e o Ca por espectrofotometria de absorção atômica.
Os elementos Fe, Zn, Cu e Mn foram determinados por espectrofotometria de absorção atômica,
as digestão nítrico – perclórica. Os procedimentos destas análises foram descritos em detalhes
por Tedesco et al (1995).
25
4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 - Temperatura
Nas horas que se seguiram à instalação do experimento, a temperatura (T) passou a subir
(Figura 4), indicando que o processo de compostagem teve início. A temperatura é o principal
indicador da atividade microbiológica na compostagem, pois a sua elevação, atingindo valores de
até 65ºC, decorre da geração de calor pela atividade microbiológica durante o processo de
oxidação da matéria orgânica (Kiehl, 1998). A elevação da temperatura deu-se nas primeiras horas
de instalação, o que pode ser explicado pelo fato do esterco suíno ser um material rico em matéria
orgânica, facilmente degradável, e também, porque se possibilitou condições de aeração e
umidades favoráveis a decomposição. Estas condições são resultado da secagem prévia do esterco
suíno, que foi rápida, evitando a degradação das substâncias orgânicas simples por processos
acelerados de decomposição aeróbia ou anaeróbia.
A figura 4 retrata a variação da T média das leituras, avaliadas em cada dia do
experimento, nos diversos níveis de umidade e independentemente do sistema de aeração. A T
elevou-se mais rápido nos tratamentos com nível de umidade de 65% ou menor, tendo nesses
tratamentos, atingindo valores mais elevados de T máxima, chegando no terceiro dia a T entre 40 e
45
o
C. Estes tratamentos manifestaram valores de T superiores aos demais em todo o período de
ocorrência de atividade termofílica, que perdurou do primeiro ao sexto dias, as a instalação do
26
experimento. A T mais elevada nos tratamentos que receberam umidade igual ou menor que 65
o
C
é atribuida ao maior fluxo de oxigênio para o interior das pilhas, já que com menos água ocupando
a porosidade da massa em compostagem, principalmente, os macroporos permanecem com ar e
neste meio o fluxo de O
2
é aproximadamente 10 vezes maior que o fluxo deste gás na água
(Alexander, 1977).
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
Tempo (dias)
Temperatura ºC
55
60
65
70
75
T Amb
Figura 4. Temperatura média diária do ambiente e de pilhas de compostagem de esterco de
suíno em função do tempo, em cinco níveis de umidade (%). dias de ts
repetições, três sistemas de aeração e dos seguintes meros de leituras diárias:
quatro leituras, no período de 0 ao 5
o
dias, ts, do 6
o
ao 10
o
dias, duas, do 11
o
ao 15
o
dias e uma, a partir do 15
o
dias.
27
Durante o terceiro dia, obteve-se a maior média de temperatura diária de todo tempo de
realização do experimento, chegando a 47,3ºC, no tratamentos com 55% de umidade,
caracterizando-se o ponto ótimo.
Nos tratamentos com umidade de 70% e 75% a T máxima atingiu valores menores do que
nas pilhas menos úmidas, chegando a, aproximadamente, 41ºC, indicando que nestes casos a
umidade ficou acima do ponto mais favorável à compostagem. Este resultado tem concordância
com as indicações de teores de umidade de estercos, em geral, apropriados para o processo de
compostagem, sugeridos por outros autores (Haug, 1980; Kiehl, 1998). Os menores valores de T
observados nos tratamentos com umidade superior a 65% de umidade também podem ser devidos
ao maior volume de água contido, o que representa maior quantidade de calorias consumidas por
este componente do sistema, arrefecendo a elevação da T das pilhas (Lo et al, 1993).
A geração de calor no interior das caixas de compostagem prevaleceu independentemente
da T ambiente, já que esta baixou de 20 para 10
o
C nos três primeiros dias e se manteve neste
patamar baixo, entre 5
o
C e 10
o
C, até o oitavo dia, refletindo a passagem de uma massa de ar fria
pela região.
Os tratamentos com teores de umidade superiores a 65% atingiram valores de T máxima
aproximadamente 10
o
C abaixo dos demais. Embora a umidade seja essencial à atividade
microbiológica, pois os microorganismos necessitam de água para constituição de seu próprio
protoplasma e para manter seu metabolismo, assimilando os nutrientes orgânicos e minerais
contidos no esterco, quando os teores são elevados (>65%) fazem com que a água ocupe os
espos porosos dos materiais, restringindo a passagem do oxigênio, o que causará anaerobiose no
interior da pilha, resultando em decomposição mais lenta (Pereira Neto, 1992). De outro lado,
baixos teores de umidade (<40%) restringem a atividade microbiológica, predominando ação de
28
fungos e deixando as bactérias pouco ativas, o que diminui a taxa de estabilização do material e, em
consequência, a elevação da T (Pereira Neto, 1992). O menor aquecimento também está em parte
relacionado com a remoção de calor por ventilação do material (Lau,1992).
A partir do quarto até o oitavo dias, a T decresceu em todos os tratamentos, indicando a
redução progressiva na disponibilidade de compostos orgânicos mais simples, facilmente
assimiláveis pelos microorganismos, devido ao consumo de tais componentes pela intensa
atividade microbiana que se estabeleceu a partir do início da compostagem (Lo et al., 1993; Kiehl,
1998).
A partir do oitavo dia, a T de todos os tratamentos estabilizou-se em valores entre 15 e
25ºC, próximo da temperatura ambiente. Este comportamento da temperatura reflete a fase de cura
ou de conclusão do processo de compostagem que ocorreu opós o consumo das substâncias
orgânicas de fácil degradação que comem o substrato propício ao estabelecimento da atividade
metalica oxidante, intensa, que gera calor excedente, desde que ocorram condições favoráveis
de aeração, umidade e nutrientes minerais (Lau, 1992).
Na decomposição aeróbica, principalmente, desenvolve-se um aquecimento rápido e
natural da massa de compostagem com multiplicação da população microbiana, pois o
metabolismo dos microorganismos é exotérmico (Alexander, 1977; Kiehl, 1985). Esta observação
comprovou-se, pois nas unidades experimentais com maiores umidades obteve-se menores valores
de temperaturas. Nesses tratamentos, a umidade além de impedir a aeração, exige mais calor para
aquecer a massa dágua, devido a água ter poder calorífico elevado. O calor desenvolvido pelos
microorganismos, nestes casos, é suficiente para aquecer a massa orgânica e o ar contido nos
poros, mas não para aquecer a água de um composto encharcado (Kiehl, 1998). Por este motivo,
29
nos primeiros dias as a implantação do experimento, a temperatura mostrou comportamento
inversamente proporcional ao teor de umidade.
Do nono dia em diante, as temperaturas mantiveram-se sem variação significativa, com
exceção dos tratamentos com 75% de umidade que no décimo dia atingiu a temperatura média de
32,1°C, voltando a subir a partir do décimo terceiro dia. Provavelmente, este repique da
temperatura ocorreu porque, face ao excesso de umidade inicial, o material não estava
completamente estabilizado e, com a diminuição da umidade da massa em decomposição, criou-
se condições para nova intensificação de atividade metalica oxidante.
Na figura 5 apresenta-se a relação entre a T e os sistemas de aeração, independente do
teor de umidade, destacando-se que o sistema natural foi equivalente aos demais testados, no
estabelecimento das condições necessárias ao processo de compostagem, considerando-se que a
umidade seja adequada.
No primeiro dia as a implantação do experimento, os tratamentos que tiveram aeração
por canos perfurados atingiram temperatura média de 28,1°C, sendo essa menor do que a T
atingida nas pilhas com acondicionamento natural. Este comportamento pode ter ocorrido porque
o maior fluxo de ar frio através da pilha, facilitado pela tubulação, dificultou o aquecimento,
conforme anteriormente previsto por Kiehl (1998) e Georgacakis (1996). Os tratamentos com
aeração natural e revolvimento mostraram temperatura semelhante, entre 36 e 38°C, fato que já
era esperado, porque o primeiro revolvimento somente ocorreu no terceiro dia.
A temperatura atingiu valores máximos no terceiro dia em todos os tratamentos conforme
já observado anteriormente. O tratamento com aeração natural mostrou condições satisfatórias
para a compostagem, indicando que, mantendo-se a umidade em valores adequados, as pilhas de
esterco suíno apresentam porosidade interna suficiente ao fluxo de oxigênio necessário ao
30
processo.
Repiques de elevação da T ocorreram nos tratamentos com revolvimento, o que pode ser
explicado pelo fato de ao se revolver as pilhas, além de remover o CO
2
e combinar o material com
o ar atmosférico rico em O
2
, o revolvimento ocasionou a homogeneização da massa em
compostagem uniformizando a umidade e distribuindo a comunidade de microorganismos.
Quando o teor de oxigênio baixa demasiadamente, prevalecem os microorganismos anaeróbicos,
os quais decomem a matéria orgânica com mais lentidão produzindo maus odores, atraindo
vetores biológicos como moscas e ratos.
Figura 5.
Temperatura
média diária
do ambiente e
de pilhas de
compostagem
de esterco de
suíno em
função do
tempo, em
sistemas de
aeração
natural, por
revolvimento
e por canos
perfurados.
dias de ts
repetições,
cinco níveis e
dos seguintes
meros de leituras diárias: quatro leituras, no período de 0 ao 5
o
dias, ts, do 6
o
ao
10
o
dias, duas, do 11
o
ao 15
o
dias e uma, a partir do 15
o
dias.
Em materiais com alta umidade, a falta de revolvimento pode causar o aparecimento de
duas camadas. Uma superior mais seca, menos densa, onde a decomposição aeróbia é mais ativa e
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
tempo (dias)
Temperatura (º C)
Natural
Revolvimento
Canos perfurados
T Amb
31
outra inferior, com mais umidade, mais densa, onde a decomposição é limitada pelo excesso de
umidade e baixa porosidade, causada pela camada de compressão da superior, podendo até
desenvolver atividade anaeróbia. O revolvimento ideal é aquele que realiza a inversão destas duas
camadas (Kiehl, 1998). Desta maneira, em caso de umidade excessiva, o revolvimento pode ser
necessário para se possibilitar a oxigenação exigida para a instalação e desenvolvimento do
processo de compostagem.
A elevação da temperatura está relacionada com vários fatores responsáveis pela geração
de calor, como microrganismos, umidade, aeração, granulometria da matéria-prima, sendo o
aumento da temperatura considerado uma conseência desses fatores acima apontados e não suas
causas.
Nos dois gráficos pode-se notar o comportamento da temperatura média em fases
distintas, ficando caracterizados três períodos durante o processo de decomposição na
compostagem. O primeiro localizado nos quatro primeiros dias onde a temperatura média atingiu
valores mais elevados, indicando maior atividade microbiana, e confirmando os resultados
relatados por Pereira Neto (1989), os quais indicam que a temperatura de materiais em
compostagem atinge o máximo, podendo chegar a até 65ºC (Santos, 2002), entre o 2º e o 4º dia do
processo. O segundo período compreendeu o espaço do 5º ao 8º dia do processo, onde a
temperatura apresentou uma queda, retratando a redução da atividade microbiana e, a conseqüente,
progressiva maturação do material. No terceiro período notou-se que a temperatura permaneceu
relativamente estável e semelhante à T do ambiente, indicando a cura ou estabilização final do
material. Esta variação da temperatura das pilhas de compostagem em função do tempo ocorreu
em conformidade com o observado em trabalho semelhante conduzido por Santos (2002).
32
4.2 - Índice pH do composto
Os valores do pH das pilhas de composto ao final dos 40 dias de duração do experimento
estão apresentados na tabela 3. Os resultados mostraram um valor médio de 6,5 para os níveis de
umidade 55%, de 6,3 a 6,4 a para umidade entre 60% e 70% e de 6,2 para umidade de 75%. Não
houve efeito significativo dos sistemas de aeração no pH do composto final.
Tabela 3. Valores de pH em água em composto obtido aos 40 dias após o início da
compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e ts sistemas de
aeração.
sistema de aeração
Umidade (%)
Natural revolvimento tubos média
55 6,6 6,4 6,6 6,5 a
60 6,4 6,5 6,5 6,4 ab
65 6,4 6,5 6,4 6,4 ab
70 6,3 6,3 6,4 6,3 ab
75 6,1 6,3 6,3 6,2 c
média
6,4 6,4 6,4
Médias seguidas de letras distintas na mesma coluna diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%
Considerando-se que o esterco utilizado na compostagem era levemente básico, tendo
apresentado pH 7,3 quando instalou-se o experimento, observa-se que o processo promoveu uma
diminuição deste índice, manifestando efeito acidificante. Isto pode ocorrer, já no início do
processo, pela formação de ácidos orgânicos como subprodutos resultantes da degradação da
33
matéria orgânica, conforme já observado em trabalhos anteriores (Kiehl, 1998). Porém, este autor
também observa que os ácidos orgânicos e os tros de ácidos minerais que se formam, reagem
com bases liberadas da matéria orgânica, gerando compostos de reação alcalina. Como
conseência, o pH do composto se eleva novamente, à medida que o processo se desenvolve,
podendo estabilizar-se em faixa levemente inferior à original.
Os tratamentos com maiores níveis de umidade obtiveram valores menores de pH, o que
pode indicar certo retardamento no processo de compostagem devido ao acúmulo de água,
dificultando a atividade microbiana aeróbia, mantendo valores mais elevados de ácidos orgânicos
por período mais longo do que os encontrados em compostos mais oxigenados.
A diminuição dos valores de pH com o tempo de compostagem também coincide com
resultados anteriormente observados por Lau et al 1992, que citam este resultado como indicativo
de que o composto sofreu o processo de maturação, incluindo a transformão do nitrogênio
amoniacal em nitrato, sendo que este processo de nitrificação é acidificante, conforme também
observado por Santos (2002).
4.3 – Carbono ornico no composto
Os teores de C orgânico do composto produzido nos diversos tratamentos apresentaram
valores semelhantes e em torno de 300 g kg
-1
(Tabela 4). A decomposição biológica das
substâncias orgânicas mais simples, gerando, como subprodutos, outros compostos orgânicos
estabilizados, genericamente denominados mus, geralmente é acompanhada de diminuição na
concentração de C orgânico, já que esta é uma característica de tais compostos (BOHN et al.,
1979). No presente trabalho, a ausência de diferença no teor de C orgânico entre os tratamentos
34
pode ser explicada porque não houve variação no substrato submetido à compostagem, sendo
utilizado somente o esterco de suíno puro. Outro motivo para este resultado, pode ser o fato do
processo de compostagem ter ocorrido em todos os tratamentos, embora com intensidade
relativamente diversa.
Tabela 4. Teores de Carbono ornico em composto obtido de esterco suíno, aos 40 dias após
o início da compostagem, em cinco níveis de umidade e ts sistemas de aeração.
Sistema de aeração
Umidade (%)
Natural Revolvimento Tubos
dia
---------------------------------- g kg
-1
----------------------------------
55 303 303 305 303
60 307 298 304 303
65 296 303 303 300
70 303 300 299 301
75 302 309 302 304
dia
302 302 303
Os valores não diferem entre si pelo teste de Fischer a 5%
4.4 – Nitrogênio total
Os teores de nitrogênio total no composto produzido estão apresentados na tabela 5.
Observou-se valores situados acima de 28 g kg
-1
, não havendo diferença significativa entre os
tratamentos. Segundo Kiehl (1988), o teor de nitrogênio total aumenta com o grau de maturação,
uma vez que há perda de C orgânico do sistema, na medida que este elemento é transformado em
CO
2
. Este aumento foi observado, considerando-se que as médias dos valores determinados em
todos os tratamentos situou-se entre 28 e 30 g kg
-1
, o que indica maior teor de N total do que o
35
observado no esterco suíno no início do processo, que foi de 26,3g kg
-1
. Este resultado também
coincide com o observado por Pereira Neto (1989) e Goulart (1997), segundo os quais ocorre um
aumento na concentração deste elemento durante o processo de compostagem.
Tabela 5. Teores de nitrogênio total em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias após o
início da compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e ts sistemas
de aeração.
Sistemas de aeração
Umidade (%)
Natural Revolvimento Tubos
dia
---------------------------------- g kg
-1
----------------------------------
55 27,9 29,8 28,6 28,8
60 28,2 28,2 29,5 28,7
65 29,1 29,0 29,1 29,1
70 29,2 29,7 29,0 29,3
75 28,6 29,6 28,3 28,9
média
28,6 29,3 28,9
Os valores não diferem entre si pelo teste de Fischer a 5%
Segundo Pereira Neto (1989), os acréscimos usualmente registrados na concentração de
nitrogênio, durante a fase de aeração, tem sua explicação com base na redução dos sólidos
voláteis, ou seja, um aparente acréscimo. Na verdade, trata-se de um aumento relativo, devido ao
consumo de carbono, pois o aquecimento associado à elevação da concentração de amônia na fase
inicial da decomposição resulta em perdas significativas deste nutriente.
4.5 – Relação C/N no composto
36
Examinando-se os dados apresentados na tabela 6, verifica-se que os valores obtidos não
mostraram diferença significativa entre os tratamentos. Os valores encontrados situaram-se entre
10,1 e 10,9, podendo ser considerados similares aos observados por Sediynama et al (2000), que
encontraram valores de C/N entre 10 e 14, para compostos orgânicos produzidos a partir de dejeto
suíno. Estes resultados também vieram confirmar os resultados observados por Keller (1991) e
Pereira Neto (1987), que já observaram anteriormente a diminuição da relação C/N com o aumento
no grau de maturação do composto, tendendo à estabilização em valores em torno de 10 no mus,
conforme anteriormente escrito por Alexander (1979).
Tabela 6. Relação C/N em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias após o início da
compostagem deste resíduo em cinco níveis de umidade e três sistemas de aeração.
Sistemas de aeração
Umidade (%)
Natural Revolvimento Tubos
dia
---------------------------------- g g
-1
----------------------------------
55 10,9 10,2 10,8 10,6
60 10,9 10,6 10,3 10,6
65 10,1 10,4 10,4 10,3
70 10,4 10,1 10,3 10,3
75 10,6 10,4 10,7 10,6
média
10,6 10,3 10,5
Os valores não diferem entre si pelo teste de Fischer a 5%
4.6 – Teores de fósforo, potássio e cálcio
Os teores totais observados para os nutrientes P, K e Ca no composto final estão
registrados nas tabelas 7 e 8. Constatou-se ausência de diferenças na concentração destes
elementos nos diversos níveis de umidade e sistemas de aeração, o que era esperado, já que não
37
houve variação no substrato entre tratamentos. Também não era esperado que estes elementos
pudessem ficar sujeitos à ocorrência de perdas durante o processo de compostagem, especialmente
em sistema sem escorrimento de chorume, como o que foi utilizado no experimento.
Os valores para fósforo oscilaram entre 20 a 23g kg
-1
, sendo menores do que o teor de 53g
kg
-1
, citado por Kiehl (1985) como média representativa da concentração deste elemento na fração
sólida de dejetos de suínos. Santos (2002) observou teor de P de 41 g kg
-1
, em composto obtido de
esterco suíno puro, que também foi maior do que o observado neste trabalho. Porém, é
reconhecido que a concentração de nutrientes em esterco é altamente variável e dependente da
alimentação dos animais, bem como das condições de recolhimento e armazenagem do material
(Kiehl, 1985).
Tabela 7. Teores totais de fósforo, potássio e cálcio em composto obtido de esterco suíno aos
40 dias após o início da compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e
ts sistemas de aeração. Médias do efeito principal dos níveis de umidade,
compreendendo 9 repetições.
Umidade (%)
P K Ca
---------------------------- g kg
-1
---------------------------
55 20 12 13
60 21 12 14
65 23 12 17
70 22 13 16
75 21 13 15
Os valores não diferem entre si pelo teste de Fischer a 5%
Tabela 8. Teores de P, K e Ca em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias após o início
da compostagem deste resíduo em cinco níveis de umidade e ts sistemas de
aeração. dias do efeito principal dos sistema de aeração, compreendendo 15
repetições.
38
Umidade (%)
P K Ca
---------------------------- g kg
-1
---------------------------
Natural 22 13 16
Revolvimento 21 12 14
Tubos 22 13 15
Os valores não diferem entre si pelo teste de Fischer a 5%
A concentração de potássio situou-se entre 12 e 13 g kg
-1
, valores que podem ser
considerados baixos, comparando com os teores de 30 e 50 g kg
-1
, indicados por Kiehl (1985),
como representativos para esterco de suíno nas fases sólida e quida, respectivamente. Porém, o
esterco empregado no experimento foi submetido, na sua origem, à drenagem, perdendo a maior
parte de sua fase quida. Como o potássio não participa da estrutura dos compostos orgânicos
(Alexander, 1979) e prevalecem formas solúveis, este elemento ocorre preferencialmente em fase
quida.
Os teores de cálcio oscilaram entre 14 e 17g kg
-1
e também não mostraram diferença
significativa entre tratamentos. Os valores observados neste trabalho também foram inferiores aos
teores de 30 kg
-1
e 50 kg
-1
, citados por Kiehl (1985) como médias representativas da concentração
de Ca em ertercos de suínos sólido e quido, respectivamente. O teores de Ca, P e K encontrados
neste trabalho também foram menores do que os observados por Cassol et al. (1994). A remoção
de parte da fase quida do esterco utilizado no experimento, através da drenagem a que foi
submetido na unidade suinícola de origem, certamente, também promoveu remoção de elementos
minerais dissolvidos ou em suspensão, o que explica os baixos valores encontrados neste trabalho,
4.7 - Teores de ferro, manganês, cobre e zinco
39
Os resultados da determinação do teor de Fe no composto obtido nos diversos tratamentos
estão apresentados na tabela 9. Os valores encontrados situaram-se na faixa média de 2,88 a 3,34 g
kg
-1
e não houve diferença significativa entre os níveis de umidade e sistemas de aeração. Segundo
Kiehl (1985), o Fe combinado à matéria orgânica do composto aplicado ao solo, pode contribuir
para manter a disponibilidade deste elemento às plantas durante o ciclo produtivo.
Tabela 9. Teores de Fe, Mn, Cu e Zn em composto obtido de esterco suíno aos 40 dias após o
início da compostagem de esterco suíno em cinco níveis de umidade e ts sistemas
de aeração. dias do efeito principal dos níveis de umidade, compreendendo 9
repetições.
umidade (%)
Fe Mn Cu Zn
---------------------------- g kg
-1
---------------------------
55 2,88 0,71 1,20 1,09
60 3,10 0,75 1,29 1,16
65 3,11 0,86 1,49 1,31
70 3,34 0,81 1,49 1,24
75 3,04 0,79 1,39 1,27
Os valores não diferem entre si pelo teste de Fischer a 5%
Como se pode observar na tabela 9, os valores de Mn oscilaram entre 0,71 e 0,86 g kg
-1
.
Os valores também não apresentaram variação estatisticamente significativa entre os tratamentos.
Os teores de Cu também não mostraram diferença entre tratamentos, indicando que os níveis de
umidade e os sistemas de aeração não interferem na concentração deste elemento.As
concentrões de Zn, também se mostraram semelhantes entre os tratamentos, não sendo afetadas
pelas variantes experimentadas. Kiehl (1985) afirma que a matéria orgânica crua não é
recomendada para aumentar a disponibilidade de Zn. Segundo este autor, é importante o emprego
40
de fertilizantes orgânicos bem humificados, pois o zinco estará menos firmemente preso no ácido
mico do que o cobre e o ferro.
Os teores dos micronutrientes determinados no composto obtido no experimento,
apresentaram-se acima dos valores nimos estipulados pela norma brasileira para caracterizar
fontes de micronutientes, que são de 1,0 0,5; 0,2 e 0,5 para Fe, Cu, Mn e Zn, respectivamente
(Kiehl, 1985). Isto mostra que o composto de esterco suíno pode ser utilizado para fornecer estes
elementos em áreas onde sua aplicação seja necessária. Porém, isto também determina que se
tenha o cuidado de não aplicar quantidades excessivas, para evitar efeitos negativos do excesso de
disponibilidade destes elementos para as plantas, o que pode causar toxidez, como também, os
riscos de contaminação de áreas de aplicação por excesso de Cu e Zn, que também são
considerados metais pesados, oferecendo riscos à saúde humana, por toxidez causada pelo excesso
destes elementos nos alimentos.
41
5 - CONCLUSÃO
Para as condições em que o experimento foi realizado, os resultados obidos possibilitaram
a formulação das seguintes conclusões:
a) a compostagem de esterco de suíno fresco instalou-se imediatamente as a formação
das pilhas em condições de umidade e aeração suficientes ao processo, atingindo a temperatura
máxima no terceiro dia, seguindo-se seu decréscimo até o oitavo dia as o início, concluíndo a
fase de decomposição intensiva.
b) as pilhas de compostagem de esterco suíno com teores de umidade entre 55 e 65%
apresentaram temperaturas com valores e variação semelhantes durante o período de avaliação e o
aumento no teor de umidade a partir de 70% provocou redução na temperatura de compostagem,
indicando queda na eficiência do processo.
c) mantendo-se a umidade entre 55 e 75%, a compostagem de esterco suíno pode ocorrer
naturalmente, sem necessidade de mecanismos adicionais de aeração, por tubos ou por
revolvimento, sendo ainda necessário estudos para determinar o nível máximo de umidade que
possibilita a ocorrência do processo.
42
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46
ANEXOS
Anexo1. Esterco suíno espalhado para atingir umidade
compatível do inicio do experimento
Anexo 2. 45 Unidades Experimentais.
Anexo 3. Hidratação do esterco Suíno
Anexo 4. Tubos Perfurados
Anexo 5. Tratamento de aerão com Revolvimento
ANEXO 6.
Temperatura diária de compostagem de esterco de suíno em cinco níveis de umidade. Médias de três
repetições, três sistemas de aeração e de quatro leituras diárias, de 0 a 5 dias, três de 5 a 10 , duas de 10 a 15 e
um a partir do 15
o
dia.
Níveis de umidade (%)
Tempo (dias)
55 60 65 70 75
1 39,1 35,3 35,1 31,1 27,3
2 45,1 44,2 46,5 38,9 37,1
3 47,3 45,1 47,2 40,4 41,2
4 43,3 41,7 42,1 38,6 39,2
5 38,2 35,1 32,4 28,3 29,2
6 32,1 30,4 28,2 25,3 26,1
7 26,2 23,1 21,4 20,8 21,5
8 21,2 18,3 19,2 17,1 18,4
9 23,2 20,7 24,1 19,6 21,8
10 22,4 24,8 21,2 20,1 32,1
11 20,4 21,7 19,8 18,6 28,7
12 22,3 24,2 18,4 19,6 27,2
13 21,3 24,2 18,2 19,3 22,1
14 20,1 22,1 18,6 18,7 21,4
15 19,8 23,2 24,1 20,4 20,6
16 18,8 22,4 21,3 19,2 20,8
17 18 21,4 20,6 20,8 19,7
18 20 21 22,8 19,7 20,2
19 22 23,6 24,1 20,2 19,1
ANEXO 7. Variação média diária de temperatura do composto suíno com diferentes meios de
aeração.
Aeração
Tempo (hs) Natural Revolvizsmento Canos perfurados
1 38,4 36,2 28,1
2 43,1 41,7 40,8
3 42,1 46,4 41,5
4 39,1 38,4 34,4
5 33,8 31,2 29,4
6 29,9 27,4 28,1
7 25,4 20,8 21,5
8 20,3 21,4 19,1
9 22,2 23,8 19,9
10 23,1 24,6 22,7
11 21,9 20,7 19,8
12 27,3 22,1 24,8
13 24,3 18,6 19,3
14 21,4 20,6 20,8
15 22,3 21,1 22,4
16 21,3 34,5 20,8
17 30,8 29,8 29
18 25,1 24,1 22,6
19 21,5 20,1 18,5
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