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Universidade Federal de Viçosa
Departamento de Biologia Animal
Museu de Zoologia “João Moojen”
COMPOSIÇÃO, OCUPAÇÃO AMBIENTAL E SAZONALIDADE
DOS ANFÍBIOS ANUROS DA SERRA DO OURO BRANCO,
CADEIA DO ESPINHAÇO, MINAS GERAIS, BRASIL.
VINÍCIUS DE AVELAR SÃO PEDRO
Dissertação de Mestrado
VIÇOSA / MINAS GERAIS
BRASIL
2008
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VINÍCIUS DE AVELAR SÃO PEDRO
COMPOSIÇÃO, OCUPAÇÃO AMBIENTAL E SAZONALIDADE
DOS ANFÍBIOS ANUROS DA SERRA DO OURO BRANCO,
CADEIA DO ESPINHAÇO, MINAS GERAIS, BRASIL.
VIÇOSA / MINAS GERAIS
BRASIL
2008
Dissert
ação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa
como parte das exigências do
Programa de Pós-
graduação em
Biologia Animal, para a obtenção
do título de Magister Scientiae.
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ii
VINÍCIUS DE AVELAR SÃO PEDRO
COMPOSIÇÃO, OCUPAÇÃO AMBIENTAL E SAZONALIDADE
DOS ANFÍBIOS ANUROS DA SERRA DO OURO BRANCO,
CADEIA DO ESPINHAÇO, MINAS GERAIS, BRASIL.
APROVADO: 14 de março de 2008.
___________________________ ____________________________
Profª. Dra. Gisele M. L. del Giúdice Prof. Dr. Jorge A. D. dos Santos
(co-orientadora) (co-orientador)
___________________________ ____________________________
Profª. Dra. Maria Rita S. Pires Profª. Dra. Luciana B. Nascimento
___________________________
Prof. Dr. Renato Neves Feio
(orientador)
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa
como parte das exigência
s do
Programa de Pós-
graduação em
Biologia Animal, para a obtenção
do título de Magister Scientiae.
iii
À minha querida mãe, Leonor, pela doação,
força e exemplo de vida.
iv
“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de
de que era preciso continuar e a certeza de
que seria interrompido antes de terminar.”
Fernando Sabino
v
AGRADECIMENTOS
Na certeza de que todos aqueles que contribuíram para a conclusão deste
trabalho se reconhecerão nessas palavras, preferi não citar nomes. Opto por não correr o
risco de esquecer alguém ou valorizar mais a uns que a outros, contando com a
compreensão de todos. Além do mais, se fosse citar todos os nomes eu gastaria várias
páginas só nos agradecimentos. Sendo assim, agradeço:
A Deus, força maior, pelas oportunidades e pelas capacidades que tem me
concedido. E por, na teia incompreensível da vida, cruzar meu caminho ao de tantas
pessoas especiais, permitindo-me criar os mais sinceros laços de amor e amizade.
A todos os amigos e amores, por todo o tipo de ajuda: do auxílio em campo às
estatísticas, das informações técnicas ao material científico, das sugestões no projeto às
críticas aos manuscritos, da ajuda financeira à ajuda moral e emocional. Enfim, dos
maiores sacrifícios às mínimas atitudes dessas pessoas que tornaram meu fardo mais
leve, minha vida mais fácil, meu mundo mais feliz, meus dias mais especiais, meu
mestrado mais divertido.
Àqueles com os quais os breves momentos de convívio não permitiram criar
laços tão fortes de amizade, mas que ainda assim ajudaram das mais diversas formas,
durante as etapas de campo, laboratório e escrita deste trabalho. Sobretudo aos
moradores e sitiantes da aconchegante vila de Itatiaia e das demais localidades da Serra
do Ouro Branco, por terem cedido gentilmente suas terras, seu tempo, suas casas e sua
atenção.
À Universidade Federal de Viçosa e seus funcionários, pela oportunidade, pela
infra-estrutura e pelos ensinamentos.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudos, sem a qual seria impossível a realização deste estudo.
vi
RESUMO
São Pedro, Vinícius de Avelar MSc. Universidade Federal de Viçosa. Março de 2008.
Composição, ocupação ambiental e sazonalidade dos anfíbios anuros da Serra
do Ouro Branco, Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil. Orientador: Prof.
Dr. Renato Neves Feio; co-orientadores: Prof. Dr. Jorge Abdala Dergam dos Santos
e Profª. Dra. Gisele Mendes Lessa del Giúdice.
Esse estudo aborda aspectos da riqueza, ocupação ambiental e sazonalidade dos anfíbios
anuros da Serra do Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais.
Pela primeira vez é apresentada uma listagem mais abrangente das espécies de anfíbios
anuros com ocorrência para a região da Serra do Ouro Branco. Na primeira parte do
trabalho estão reunidos dados obtidos em coletas mensais realizadas entre os anos de
2006 e 2007 e dados de coletas aleatórias realizadas entre 2003 e 2006. Foram
registradas 47 espécies, o que corresponde a uma das maiores riquezas de anuros
conhecidas para uma única localidade no estado de Minas Gerais até o momento. Dentre
essas, estão espécies típicas da Mata Atlântica (19) e do Cerrado (7), e outras restritas à
Cadeia do Espinhaço (9). A região da Serra do Ouro Branco corresponde ao limite sul
de ocorrência de sete espécies (Bokermannohyla alvarengai, B. martinsi,
Crossodactylus trachystomus, Phasmahyla jandaia, Phyllomedusa itacolomi,
Physalaemus evangelistai e Scinax curicica), além de abrigar importantes populações
de espécies com distribuição geográfica restrita. Na segunda parte são apresentadas
informações sobre a distribuição espacial e temporal das espécies de anuros na Serra do
Ouro Branco, a partir do monitoramento de três ambientes aquáticos: uma lagoa, um
riacho permanente e um riacho temporário, realizado entre julho de 2006 e junho 2007.
Foram encontradas 28 espécies nesses ambientes, pertencentes às famílias
Brachycephalidae (2) Bufonidae (2), Centrolenidae (1), Cycloramphidae (2), Hylidae
(16), Leiuperidae (2), Leptodactylidae (2) e Microhylidae (1). O ambiente lagoa
apresentou maior riqueza, com 20 espécies. Foram definidos 5 diferentes padrões
reprodutivos: (1) espécies que vocalizam o ano todo, ou quase todo, com agregações
maiores nos meses chuvosos; (2) espécies oportunistas com atividade de vocalização
associada aos meses chuvosos; (3) espécies que vocalizam predominantemente no
inverno; (4) espécies com padrão reprodutivo explosivo, com picos de vocalização
durante as chuvas intensas e (5) espécies que não apresentaram um padrão definido de
vocalização. A atividade de vocalização da maioria das espécies mostrou estar associada
aos meses com maior volume de chuva, mas não mostrou relacionar-se à temperatura.
Houve sobreposição na distribuição temporal de algumas espécies, onde o isolamento
reprodutivo se deu por exploração de diferentes sítios de vocalização ou mesmo por
divergência acústica. A distribuição espacial e temporal das espécies de anuros varia de
acordo com o ambiente que ocupam, parecendo se adequar aos fatores bióticos e
abióticos de cada um deles. A grande riqueza de anuros e as ameaças efetivas a que as
espécies estão sujeitas tornam emergenciais a implementação de medidas
conservacionistas na região da Serra do Ouro Branco.
vii
ABSTRACT
São Pedro, Vinícius de Avelar MSc. Universidade Federal de Viçosa. Março de 2008.
Composition, site occupancy and sazonality of anurans in Serra do Ouro
Branco, Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. Advisor: Prof. Dr. Renato
Neves Feio; co-advisors: Prof. Dr. Jorge Abdala Dergam dos Santos e Profª. Dra.
Gisele Mendes Lessa del Giúdice.
This study presents data on richness, site occupancy and sazonality of anurans in Serra
do Ouro Branco, extreme south of the Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil. In
the first part we show a more complete list of anuran species from the region of Serra do
Ouro Branco,. The paper presents data from monthly collections made between the
years of 2006 and 2007 and data from random samples taken between 2003 and 2006.
We recorded 47 species which corresponds to one of the greatest richness of frogs
known to a single location in the state of Minas Gerais to date. Some of these species
are typical from the Atlantic Forest (19), others from the Cerrado (7), and others are
restricted to the Cadeia do Espinhaço (9). The Serra do Ouro Branco region corresponds
to the southern limit of occurrence of seven species (Bokermannohyla alvarengai, B.
martinsi, Crossodactylus trachystomus, Phasmahyla jandaia, Phyllomedusa itacolomi,
Physalaemus evangelistai e Scinax curicica), and shelter significant populations of
others species with restricted geographical distribution. The second art of this study
provides information on the spatial and seasonal distribution of anurans species in the
Serra do Ouro Branco, by the tracking of three aquatic environments: a pond, a
permanent stream and a temporary stream held between July 2006 and June 2007. We
found 28 species in this sites belonging to the families Brachycephalidae (2) Bufonidae
(2), Centrolenidae (1), Cycloramphidae (2), Hylidae (16), Leiuperidae (2),
Leptodactylidae (2) and Microhylidae (1). The pond showed greater richness, with 20
species. Five different reproductive patterns were defined: (1) species that call year-
round or almost year-round, with larger aggregations during rainy months, (2)
opportunistic species with calling activity associated with the rainy months, (3) species
that call predominantly in winter; (4) species with explosive reproductive pattern, with
peaks of calling activity during heavy rains and (5) species that did not show a definite
calling pattern. Reproductive activity of the most species shown to be associated with
rainy months, but showed no link to the temperature. There was overlap in the temporal
distribution of some species, where the reproductive isolation made by exploration of
different sites of vocalization or even by acoustic divergence. The spatial and seasonal
distribution of species seem to adapt to biotic and abiotic factors of the environment
they occupy. The great richness of frogs and effective threats that the species are subject
makes urgent the implementation of conservationist measures in the Serra do Our
Branco.
viii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................................... 1
2. ARTIGOS CIENTÍFICOS ........................................................................................ 7
2.1. São Pedro, V. A. & Feio, R. N. 2008. Anfíbios anuros da Serra do Ouro Branco,
extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil......................................... 8
2.2. São Pedro, V. A. & Feio, R. N. 2008. Distribuição espacial e temporal de anuros
em três ambientes na Serra do Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço,
Minas Gerais, Brasil. .................................................................................................. 30
3. CONCLUSÕES GERAIS ........................................................................................ 52
4. ANEXO FOTOGRÁFICO ...................................................................................... 53
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
O Brasil é o país com a maior riqueza de anuros, com quase 800 espécies
catalogadas (SBH, 2008), das mais de 5.450 descritas até o momento em todo o mundo
(Frost, 2007). Nas últimas décadas têm sido documentados em diversas partes do
mundo declínios de populações de anfíbios, que tem como causas a destruição de
habitats naturais, a poluição das águas, a contaminação por pesticidas, as mudanças
climáticas globais, introdução de espécies invasoras, a radiação ultravioleta e o
comércio ilegal de animais (Young et al., 2001, 2004).
No Brasil, a última listagem do IBAMA (2003) aponta 16 espécies de anuros
ameaçadas de extinção. Em um estudo publicado em 2005 foram apontados 31 registros
de declínios populacionais de anfíbios no Brasil (Eterovick et al., 2005). Silvano e
Segalla (2005) destacam que a principal ameaça à conservação dos anfíbios brasileiros é
a destruição de habitats como conseqüência do desmatamento por atividades
extrativistas e agrícolas, queimadas e urbanização. Os mesmos autores afirmam a
importância de estudos regionais sobre anfíbios, visando descobrir aspectos da
distribuição geográfica, história natural e ecologia das espécies, pois muitas regiões no
país ainda permanecem pouco ou não-amostradas e existe grande deficiência de
informações básicas para grande parte da anurofauna.
A Cadeia do Espinhaço é um complexo montanhoso que se estende cerca de
1.000km do Quadrilátero Ferrífero em Minas Gerais à Serra da Jacobina na região
central da Bahia (Derby, 1906). Atua como tampão orográfico entre os domínios da
Mata Atlântica e do Cerrado mais ao sul e entre Mata Atlântica e Caatinga em sua
porção norte (Ab’Saber, 1977). Nas áreas de maior altitude predominam os Campos
Rupestres, uma das fisionomias vegetais brasileiras com maior índice de endemismos
restritos, talvez devido ao seu relativo isolamento geográfico e às suas condições
especiais de clima, solo e relevo (Giulietti & Pirani, 1988).
O primeiro estudo sobre a fauna de anfíbios na Cadeia do Espinhaço foi
realizado ainda no século XIX, na região de Lagoa Santa, Minas Gerais, pelos
dinamarqueses Johannes Reinhardt e Cristian Lütken. Neste trabalho foram descritas
espécies de anuros e gimnofionos (Reinhardt & Lütken, “1861” 1862). Os próximos
estudos sobre a fauna de anfíbios da Cadeia do Espinhaço vieram quase um século
depois, na década de 50, quando Werner Bokermann descreveu várias espécies a partir
2
de exemplares coletados sobretudo na Serra do Cipó e na Serra do Caraça (e.g.
Bokermann, 1956, 1964, 1967; Bokermann & Sazima, 1973a; 1973b; Bokermann &
Sazima, 1978). Novos estudos taxonômicos, com descrições de outras espécies, foram
realizados por Ulisses Caramaschi e Ivan Sazima na década de 80 (Caramaschi &
Sazima, 1984; 1985; Sazima & Caramaschi, 1986). Ainda recentemente novas espécies
têm sido descritas de localidades no Espinhaço (Caramaschi et al., 2003, Caramaschi et
al., 2006; Drummond et al., 2007). A partir da década de 90, Renato Feio e U.
Caramaschi inventariaram também localidades do Espinhaço no norte de Minas Gerais
(Feio & Caramaschi, 1995; Feio & Caramaschi, 2005). Na Bahia, Flora Jun
apresentou informações sobre os anfíbios da Chapada Diamantina (Juncá, 2005). No
entanto, estudos mais completos sobre ecologia e conservação de anuros na Cadeia do
Espinhaço foram realizados somente nos últimos 10 anos (e.g. Eterovick & Sazima,
2000; Pedralli et al., 2001; Eterovick, 2003; Eterovick & Sazima, 2004; Eterovick et al.,
2005; Afonso & Eterovick, 2007a, 2007b; Canelas & Bertoluci, 2007), todos realizados
na porção sul do Espinhaço, entre Santana do Riacho e Ouro Preto. Em um desses
estudos são apontados inclusive declínios populacionais de algumas espécies de anuros
na região da Serra do Cipó (Eterovick et al., 2005)
Recentemente dois trabalhos reuniram dados sobre composição, distribuição e
conservação das espécies de anuros na Cadeia do Espinhaço. Nascimento e
colaboradores (2005) listaram as espécies com ocorrência em dezessete regiões
principais de amostragem no Espinhaço Meridional, desde a Serra do Ouro Branco à
região de Lassance em Minas Gerais. Em outro estudo, Leite e colaboradores (no prelo)
compilaram todo o conhecimento reunido até o momento sobre anuros na Cadeia do
Espinhaço, com 103 espécies e os municípios em que elas ocorrem. Vinte e seis
espécies estão restritas à Cadeia do Espinhaço (Leite et al., no prelo). Esses dois
importantes trabalhos alertam para as lacunas existentes no conhecimento da anurofauna
do Espinhaço e recomendam a realização de estudos mais completos de inventário e
taxonomia (Nascimento et al., 2005; Leite et al., no prelo).
A porção mineira da Cadeia do Espinhaço foi declarada Reserva da Biosfera,
pela relevância de seus atributos físicos e biológicos (UNESCO, 2005). Além disso, a
parte sul do Espinhaço também foi apontada como “Área de Importância Especial” para
a conservação de répteis e anfíbios no estado, por concentrar grande diversidade de
espécies numa área constantemente ameaçada por atividades industriais e mineradoras
3
(Drummond et al., 2005). No extremo sul da Cadeia do Espinhaço localiza-se a Serra do
Ouro Branco, inserida numa área de transição entre Mata Atlântica e Cerrado. A Serra
do Ouro Branco apresenta ao sul um “paredão” com 17 km de comprimento no sentido
leste-oeste, com altitude máxima de 1.568 m. Na parte de cima do platô declividades
acentuadas com vários corpos d’água que alimentam as bacias dos rios Doce e
Paraopeba (afluente do São Francisco). Predominam nessa parte os Campos Rupestres,
entrecortados por Matas de Galeria e afloramentos rochosos quartizíticos (Paula et al;
2005). Mesmo situando-se na porção mais estudada do Espinhaço, as informações
disponíveis até o momento sobre a anurofauna da Serra do Ouro Branco são
preliminares, baseadas em amostragens esporádicas feitas em poucos pontos da região
(Nascimento et al., 2005; Leite et al., no prelo).
Visando contribuir para o conhecimento da anurofauna da Cadeia do Espinhaço,
o presente estudo apresenta informações inéditas sobre a composição de espécies na
região da Serra do Ouro Branco, com comentários sobre a distribuição geográfica,
taxonomia e conservação das mesmas. Também são relatados aspectos ecológicos da
distribuição espacial e temporal de algumas espécies, obtidos a partir do monitoramento
de comunidades em três ambientes na Serra do Ouro Branco.
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7
2. ARTIGOS CIENTÍFICOS
2.1. São Pedro, V. A. & Feio, R. N. 2008. Anfíbios anuros da Serra do Ouro Branco,
extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil.
2.2. São Pedro, V. A. & Feio, R. N. 2008. Distribuição espacial e sazonal de anuros em
três ambientes na Serra do Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço,
Minas Gerais, Brasil.
8
2.1. São Pedro, V. A. & Feio, R. N. 2008. Anfíbios anuros da Serra do
Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais,
Brasil.
9
Anfíbios anuros da Serra do Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do
Espinhaço, Minas Gerais, Brasil.
São Pedro, V. A.¹
,
² & Feio, R. N. ¹
¹
Museu de Zoologia João Moojen, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa
²
RESUMO - Esse estudo traz pela primeira vez uma listagem mais abrangente das
espécies de anfíbios anuros com ocorrência para a região da Serra do Ouro Branco,
extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. O trabalho reúne dados obtidos em
coletas mensais realizadas entre os anos de 2006 e 2007 e dados de coletas aleatórias
realizadas entre 2003 e 2006. Foram registradas 47 espécies, o que corresponde a uma
das maiores riquezas de anuros conhecidas para uma única localidade no estado de
Minas Gerais até o momento. Dentre essas, estão espécies típicas da Mata Atlântica (19)
e do Cerrado (7), e outras restritas à Cadeia do Espinhaço (9). A região da Serra do
Ouro Branco corresponde ao limite sul de ocorrência de sete espécies (Bokermannohyla
alvarengai, B. martinsi, Crossodactylus trachystomus, Phasmahyla jandaia,
Phyllomedusa itacolomi, Physalaemus evangelistai e Scinax curicica), além de abrigar
importantes populações de espécies com distribuição geográfica restrita. A grande
riqueza de anuros e as ameaças efetivas a que as espécies estão sujeitas tornam
emergenciais a implementação de medidas conservacionistas na região.
Amphibians from Serra do Ouro Branco, extreme south of Cadeia do Espinhaço, Minas
Gerais, Brazil.
ABSTRACT - This study addresses for the first time a more complete list of anuran
species with occurrence for the region of Serra do Ouro Branco, extreme south of the
Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais. The paper presents data from monthly collections
made between the years of 2006 and 2007 and data from random samples taken between
2003 and 2006. We recorded 47 species, which corresponds to one of the greatest
richness of frogs known to a single location in the state of Minas Gerais to date. Among
these species, some are typical from the Atlantic Forest (19), others from the Cerrado
(7), and others are restricted to the Cadeia do Espinhaço (9). The Serra do Ouro Branco
region corresponds to the southern limit of occurrence of seven species
(Bokermannohyla alvarengai, B. martinsi, Crossodactylus trachystomus, Phasmahyla
jandaia, Phyllomedusa itacolomi, Physalaemus evangelistai e Scinax curicica), and
shelter significant populations of others species with restricted geographical
distribution. The great richness of frogs and effective threats that the species are subject
makes urgent the implementation of conservationist measures in the region.
10
Introdução
A Cadeia do Espinhaço é um complexo de montanhas que se estende da Serra do
Ouro Branco, município de Ouro Branco, Minas Gerais, à Serra da Jacobina, em
Juazeiro, na Bahia (Derby, 1906). Apresenta grande importância biológica, pois abriga
diferentes tipos de vegetação como a Caatinga e os hotspots da Mata Atlântica e
Cerrado, ambientes com extrema diversidade biológica e que estão entre os mais
ameaçados do planeta (Myers et al., 2000). A cobertura vegetal dominante na Cadeia do
Espinhaço são os Campos Rupestres, uma das fisionomias vegetais brasileiras com
maior índice de endemismos restritos, talvez devido ao seu relativo isolamento
geográfico e às suas condições especiais de clima, solo e relevo (Giulietti & Pirani,
1988).
O conhecimento sobre a herpetofauna da Cadeia do Espinhaço é ainda pouco
expressivo (Leite et al., no prelo), sendo grande parte de seu território ainda carente de
estudos preliminares. As informações sobre a anurofauna do Espinhaço concentram-se
sobretudo na Serra do Cipó, devido aos estudos realizados principalmente por
Bokermann, Sazima, Eterovick e colaboradores (e.g. Bokermann & Sazima, 1973a,
1973b; Bokermann & Sazima, 1978; Eterovick & Sazima, 2004). Além desses, foram
realizados estudos também no norte de Minas Gerais (Feio & Caramaschi, 1995; Feio &
Caramaschi, 2005), na Serra do Caraça (Afonso & Eterovick, 2007; Canelas &
Bertoluci, 2007), em Ouro Preto (Pedralli et al. 2001) e na Chapada Diamantina, na
Bahia (Juncá, 2005). Mesmo com todo este conhecimento da anurofauna concentrado
no Espinhaço Meridional, Nascimento e colaboradores (2005) salientam a necessidade
de novos e mais consistentes estudos nessa região, pois o estado de conservação de
muitas espécies ali ocorrentes ainda é desconhecido devido à carência de informações
sobre seus aspectos biológicos e ecológicos.
O bom estado de conservação de grande parte da biota original, a alta riqueza de
espécies endêmicas e a inserção em áreas de três biomas brasileiros (Caatinga, Cerrado
e Mata Atlântica) fazem da Cadeia do Espinhaço uma das regiões mais importantes para
a conservação da biodiversidade brasileira (Leite et al., no prelo).
A Cadeia do Espinhaço no estado de Minas Gerais, onde está inserida a Serra do
Ouro Branco, foi declarada recentemente Reserva da Biosfera (UNESCO, 2005).
Situada no Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais, a região da Serra do Ouro Branco
11
ainda apresenta trechos significativos de vegetação natural, que abriga fauna
potencialmente diversa e praticamente desconhecida. A região foi indicada como “Área
de Importância Especial” para a conservação da fauna de anfíbios no estado, tendo sido
recomendanda a realização de inventários e a criação de unidades de conservação na
área (Drummond et al., 2005).
Além disso, as regiões serranas do sudeste brasileiro são apontadas como áreas
com alta taxa de endemismos restritos de anfíbios anuros e, por estarem
insuficientemente amostradas, devem ser consideradas como prioritárias para a
conservação e de grande importância para o esclarecimento de padrões biogeográficos
(Cruz & Feio, 2007).
Este trabalho apresenta a lista de espécies de anuros da região da Serra do Ouro
Branco e discute aspectos sobre a taxonomia, distribuição geográfica e o estado de
conservação de algumas espécies.
Material e métodos
O estudo foi realizado na região da Serra do Ouro Branco (20º31’S, 43º41’W),
situada no município de Ouro Branco, Minas Gerais (Figura 1). A região, com altitudes
que variam de 900 a 1600m, constitui o extremo sul da Cadeia do Espinhaço, e localiza-
se em área de transição entre os biomas Mata Atlântica e Cerrado, com ocorrência de
Campos Rupestres em altitudes mais elevadas. Apesar do avanço do extrativismo
mineral e das atividades agropecuárias na região, ainda podem ser encontrados
fragmentos de vegetação nativa em bom estado de conservação. O clima predominante
é o mesotérmico (Cwb de Köeppen), com média anual de pluviosidade de 1.188,2 mm e
temperatura média anual de 20,7ºC. Na Serra do Ouro Branco, as nascentes que correm
para leste abastecem o Rio Doce, enquanto que as que correm para oeste alimentam o
Rio Paraopeba afluente do Rio São Francisco o que faz da região uma importante
área de recarga para essas bacias. (Paula et al., 2005).
Para este estudo, foram realizadas campanhas mensais de observações e coleta,
com duração de três noites cada, entre julho de 2006 e junho de 2007. No total, foram
aproximadamente 150 horas de campo, contemplando estação seca e chuvosa. Os
animais foram registrados em campo através de buscas diretas visuais e por vocalização.
12
Também foram consideradas neste trabalho espécies tombadas no Laboratório de
Zoologia de Vertebrados da Universidade Federal de Ouro Preto (LZV/UFOP)
provenientes de coletas aleatórias realizadas desde 2003 na área em estudo pelo
primeiro autor deste trabalho e colaboradores, além de espécies registradas para Ouro
Branco junto à Coleção Herpetológica da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais (PUC/MG).
As espécies aqui listadas procedem de diferentes tipos de ambientes como
lagoas, riachos, matas, campos e ambientes aquáticos temporários, localizados na Serra
do Ouro Branco, Serra de Itatiaia e no entorno, situados no município de Ouro Branco e
em parte do município de Ouro Preto. Procurou-se amostrar a maior variedade de
ambientes em áreas que contemplassem as diferentes fitofisionomias e bacias
hidrográficas existentes na região. Na Figura 2 estão os principais pontos amostrais e a
localização de cada um na região da Serra do Ouro Branco. No Tabela 1 encontra-se
uma breve descrição de cada ambiente e suas coordenadas geográficas e altitude.
O material testemunho, coletado sob a licença do IBAMA 231/06, processo
02015.003338/06-83, está depositado nas coleções herpetológicas do LZV/UFOP e do
Museu de Zoologia João Moojen, da Universidade Federal de Viçosa (MZUFV) e
encontra-se listado em anexo. A identificação das espécies foi feita com base na
literatura especializada, na ajuda de outros especialistas e na comparação com material
depositado nas coleções herpetológicas do MZUFV, do Museu de Ciências Naturais da
PUC/MG (MCNAM) e do Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ).
A classificação das espécies segue a listagem da Sociedade Brasileira de
Herpetologia (SBH, 2007).
Resultados e Discussão
Foram encontradas 47 espécies de anfíbios anuros, distribuídas em 18 gêneros
de nove famílias: Brachycephalidae (4), Bufonidae (2), Centrolenidae (2),
Cycloramphidae (2), Hylodidae (1), Hylidae (24), Leiuperidae (5), Leptodactylidae (6) e
Microhylidae (1), conforme consta no Tabela 2. A predominância de espécies da família
Hylidae (sensu Grant et al., 2006) está de acordo com dados de outros estudos em
localidades neotropicais (e.g. Feio & Carmaschi, 1995; Bernarde & Machado, 2001;
Bertoluci & Rodrigues, 2002; Eterovick, 2003; Toledo et al., 2003; Gottsberger &
13
Gruber, 2004; Abrunhosa et al., 2006; Juncá, 2006; Canelas & Bertoluci, 2007; Moreira
et al., 2007).
Outras duas referências citam anfíbios com ocorrência para Ouro Branco,
indicando a presença de apenas 29 espécies (Nascimento et al., 2005; Leite et al., no
prelo), sendo que o presente trabalho traz o registro inédito de 18 espécies para essa
região. Esses dados colocam a Serra do Ouro Branco entre as áreas com maior
concentração de espécies de anfíbios na Cadeia do Espinhaço e em todo o estado de
Minas Gerais até o momento. Duas outras regiões serranas do estado, a da Serra do
Cipó e a da Serra do Caraça, também inseridas na Cadeia do Espinhaço, se aproximam
da Serra do Ouro Branco em riqueza de anuros, cada uma delas com aproximadamente
50 espécies (conforme Quadro 3). Para a Serra do Cipó, em um dos trabalhos temos o
registro de 43 espécies de anuros (Eterovick & Sazima, 2004); outro estudo que aborda
o município de Santana do Riacho, na mesma região, traz o registro de 44 espécies
(Leite et al., no prelo) e um terceiro estudo nessa região registra 49 espécies
(Nascimento et al., 2005), abrangendo no entanto três municípios: Jaboticatubas
(Santana do Riacho), Itambé do Mato Dentro e Morro do Pilar. Com relação à Serra do
Caraça, um estudo mais recente apresenta 43 espécies de anuros na RPPN Santuário do
Caraça (Canelas & Bertoluci, 2007), um outro estudo apresenta 41 espécies para o
município de Catas Altas, na mesma região, e outro trabalho que registra 49 espécies,
referindo-se aos municípios de Catas Altas e Santa Bárbara.
A riqueza de anfíbios da Serra do Ouro Branco corresponde a 23,5% do total
estimado de 200 espécies existentes no estado de Minas Gerais (Drummond et al. 2005)
e cerca de 46% das 103 espécies conhecidas até o momento para toda a Cadeia do
Espinhaço (Leite et al., no prelo). Acredita-se no entanto que os dados reunidos para a
Cadeia do Espinhaço estejam ainda subestimados, devido à carência de informações
sobre a riqueza de diversas localidades nesse complexo serrano. A listagem organizada
por Leite e colaboradores (no prelo) não inclui, por exemplo, 5 espécies (Ischnocnema
verrucosa, Physalaemus obtectus, Dendropsophus sp. n., Scinax sp. n. 1 e Scinax sp. n.
2) registradas no presente trabalho.
A grande riqueza de anuros encontrada na Serra do Ouro Branco deve-se, ao
menos em parte, ao fato da região estar inserida em área de transição entre dois grandes
biomas e apresentar importantes remanescentes de vegetação nativa ainda preservados.
Com base nos dados de distribuição encontrados em Nascimento e colaboradores (2005)
e na IUCN (2006), das espécies registradas neste trabalho 19 (40%) são típicas da Mata
14
Atlântica, como Phyllomedusa burmeisteri, Rhinella pombali, Proceratophrys boiei e as
espécies dos gêneros Aplastodiscus e Hyalinobatrachium; outras 7 (15%) tratam-se de
espécies típicas do Cerrado, como Rhinella rubescens, Hypsiboas albopunctatus e
Pseudopaludicola saltica. Ainda, 10 espécies (21%) não apresentam distribuição restrita
a apenas um bioma, como Hypsiboas faber, Physalaemus cuvieri e Elachistocleis ovalis
e outras 9 (19%) estão restritas à Cadeia do Espinhaço como Bokermannohyla
alvarengai, Phasmahyla jandaia e Scinax curicica.
Se considerados somente os dados obtidos durante as 12 coletas realizadas entre
julho de 2006 e junho de 2007, teríamos o registro de apenas 38 espécies, o que ressalta
mais uma vez a importância de trabalhos de levantamento a longo prazo para se ter uma
amostragem mais completa e confiável da composição faunística real.
Bokermannohyla alvarengai é uma espécie restrita aos campos de altitude da
Cadeia do Espinhaço. Sua ocorrência na Serra do Ouro Branco representa o limite sul
conhecido para a distribuição geográfica dessa espécie, anteriormente apontado como
sendo a Serra do Caraça (Eterovick & Sazima, 2004). Várias populações dessa espécie
foram registradas em atividade reprodutiva na Serra do Ouro Branco, com a presença de
machos vocalizando, desovas e girinos. Estão sempre associadas a riachos temporários
formados pela drenagem da água da chuva através de “calhas” nos afloramentos
rochosos.
A espécie Phyllomedusa itacolomi, descrita recentemente através de exemplares
coletados no Parque Estadual do Itacolomi em Ouro Preto, MG (Caramaschi et al.,
2006), pode também ser encontrada em diversos riachos temporários em campo rupestre
na Serra do Ouro Branco. As populações registradas nesse estudo parecem estar bem
estabelecidas e ocorrem em localidades com pouca ou nenhuma interferência antrópica.
Também foram feitos registros dessa espécie para Congonhas do Campo e Nova
Lima (Leite et al., no prelo). A distribuição de P. itacolomi aparentemente restrita ao
Quadrilátero Ferrífero de Minas Gerais demanda cuidados com a sua conservação, pois
se trata de uma região intensamente explorada por atividades mineradoras, onde as
paisagens naturais se tornam a cada ano mais escassas.
Três espécies encontradas (Dendropsophus sp. n., Scinax sp. n. 1 e Scinax sp. n.
2) não foram diagnosticadas como alguma espécie conhecida, devendo tratar-se de
espécies ainda não descritas. Dendropsophus sp. n pertence ao grupo parviceps.
Assemelha-se a D. marmoratus, que se distribui a leste dos Andes por toda a bacia
Amazônica (IUCN, 2006) e a D. microps, que ocorre em florestas de altitude do litoral
15
da Bahia ao Rio Grande do Sul (Silvano & Pimenta, 2001), mas difere dessas duas
espécies por características de tamanho corpóreo e coloração. A mesma espécie foi
encontrada em outras localidades do Quadrilátero Ferrífero (Nascimento et al., 2005).
Scinax sp. n. 1 assemelha-se a S. flavoguttatus, diferindo da mesma por diferenças
nítidas na coloração das manchas na região inguinal e no comprimento rostro-cloacal.
Ao que tudo indica, a mesma espécie foi encontrada na Serra do Brigadeiro, Minas
Gerais, e está sendo descrita por Patrícia Santos e colaboradores. Scinax sp. n. 2
pertence ao clado ruber e difere de todas as espécies já descritas deste grupo por
características morfológicas. A espécie está sendo descrita por Délio Baeta e
colaboradores (em preperação), segundo os quais Scinax sp. n. 2 assemelha-se a outra
espécie não descrita do gênero, proveniente do estado de Goiás.
De todas as espécies listadas neste trabalho apenas Leptodactylus furnarius não
foi amostrada em campo pessoalmente pelos autores. Sua inclusão na listagem final
decorre do seu registro para a Serra do Ouro Branco junto à coleção herpetológica da
PUC/MG (exemplar 6552).
A espécie Ischnocnema izecksohni é citada com ocorrência para Ouro Branco
em dois trabalhos de referência sobre a anurofauna do Espinhaço (Nascimento et al.,
2005; Leite et al., no prelo). Na coleção herpetológica da PUC/MG estão depositados
alguns exemplares com procedência de Ouro Branco identificados também como I.
izecksohni (MCNAM: 6265, 6248, 6779, 6785 e 6794). No entanto, comparando esses
exemplares a outros também provenientes de Ouro Branco, depositados nas coleções do
LZV/UFOP e do MZUFV e identificados como Ischnocnema guentheri, não foram
encontradas diferenças morfológicas nítidas entre eles, parecendo tratar-se da mesma
espécie. Sendo assim, considera-se estar havendo um caso de sinonímia. Dessa forma,
optou-se por incluir na presente listagem apenas a espécie I. guentheri, descrita
primeiramente.
Nenhuma das espécies de anuros registradas encontra-se ameaçadas de extinção
segundo as últimas listagens feitas em nível nacional (IBAMA, 2003) e estadual
(Biodiversitas, 2007). Phasmahyla jandaia e Crossodactylus bokermanni (sinônimo
júnior de C. trachystomus) haviam sido consideradas como espécies vulneráveis na
Lista Vermelha da Fauna Ameaçada de Extinção no estado de Minas Gerais,
homologada em 1995 (Machado et al., 1998). No entanto, na revisão mais recente dessa
lista (Biodiversitas, 2007) as duas espécies passaram a ser consideradas como não-
ameaçadas, pois descobriu-se que a distribuição geográfica das mesmas era maior do
16
que se imaginava. A espécie antes conhecida como Crossodactylus bokermanni era, até
recentemente, reconhecida como restrita à sua localidade-tipo (Eterovick & Sazima,
2004). Posteriormente, outras populações identificadas como sendo de C. bokermanni
foram encontradas em outras localidades ao longo da cadeia do Espinhaço (Nascimento
et al., 2005). No entanto, Pimenta (2008) sinonimizou C. bokermanni à C.
trachystomus, confirmando que essa espécie está restrita à região do Espinhaço
Meridional, entre o município de Serranópolis de Minas, ao norte, e o limite entre os
municípios de Ouro Branco e Ouro Preto, ao sul. Além de C. trachystomus, a região da
Serra do Ouro Branco é também a localidade mais ao sul de ocorrência conhecida para
outras seis espécies: Bokermannohyla alvarengai, B. martinsi, Phasmahyla jandaia,
Phyllomedusa itacolomi, Physalaemus evangelistai e Scinax curicica.
A revisão das espécies da fauna ameaçadas de extinção (Biodiversitas, 2007)
aponta a espécie Physalaemus maximus como “deficiente em dados”, o que significa
dizer que as informações disponíveis sobre sua distribuição geográfica não permitem
inferir sobre seu real estado de conservação. Essa espécie foi descrita para a Serra do
Brigadeiro, no município de Araponga, MG (Feio et al., 1999). Posteriormente, a
mesma espécie foi encontrada numa localidade entre os municípios de Ouro Preto e
Ouro Branco (Baêta et al., 2005). Até o momento estas são as duas únicas regiões
conhecidas de ocorrência de P. maximus. Na Serra do Ouro Branco, a espécie foi
encontrada em duas pequenas lagoas próximas a fragmentos de mata secundária, tendo
sido observado nestes pontos até mais de 50 machos em vocalização durante uma única
noite. Segundo Feio (com. pess.) isso parece indicar que P. maximus é mais abundante
na Serra do Ouro Branco do que na própria localidade-tipo (Serra do Brigadeiro) onde a
espécie nunca foi registrada em densidades tão altas.
Cruz e Feio (2007) sugerem a existência de homologias biogeográficas entre os
complexos serranos do Espinhaço e da Mantiqueira, para explicar a ocorrência de três
espécies do gênero Physalaemus endêmicas de localidades na Serra do Ibitipoca
(Mantiqueira) e no Quadrilátero Ferrífero (Espinhaço). A ocorrência de P. maximus
entre os mesmos complexos serranos corrobora a existência dessas homologias,
estendendo-as à porção setentrional da Mantiqueira. Entre o sul do Espinhaço e as serras
a leste de Minas Gerais (Serra do Brigadeiro e Serra do Caparaó) observa-se um
contínuo altimétrico de pelo menos 500m, o que explica em parte a ocorrência de P.
maximus entre esses dois complexos serranos caso a espécie se confirme como restrita
17
às florestas altimontanas dessa região. Estudos populacionais e possíveis registros
futuros dessa espécie em outras localidades podem elucidar essa questão.
Durante as etapas de campo do presente estudo foram identificadas algumas
ameaças à biodiversidade na Serra do Ouro Branco, com possíveis impactos diretos e
indiretos sobre a fauna de anfíbios da região. Essas ameaças podem ser divididas em
dois grupos, de acordo com o tipo de atividade que as origina: 1) atividades turísticas:
presença de lixo em trilhas e corpos d`água e erosão nas áreas de campo rupestre
iniciadas por trilhas de motocicletas; 2) atividades exploratórias: presença de gado
utilizando os campos rupestres como pastagens; retirada de madeira nativa das áreas de
mata; queimadas propositais para renovar a vegetação das “pastagens” e retirada da
cobertura vegetal nativa para dar lugar a loteamentos e monoculturas.
A região da Serra do Ouro Branco mostra-se de extrema importância para a
conservação da fauna de anfíbios no país, pois além de constituir uma das mais ricas
áreas em espécies de anuros do estado ela abriga populações de espécies típicas de dois
biomas brasileiros (Mata Atlântica e Cerrado) e que se distribuem por dois complexos
serranos (Mantiqueira e Espinhaço). Somando-se isso à presença de ameaças reais à
diversidade existentes na Serra do Ouro Branco, torna-se emergencial a implementação
de medidas conservacionistas na região, como a continuidade dos estudos faunísticos e
a implantação de Unidades de Conservação.
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biosferaespinhaco/mostra_documento. Acessado em 30 de janeiro de 2008.
21
Figura 1.
Cadeia do Espinhaço, nos estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil, com
a localização da Serra do Ouro Branco ao sul.
22
Tabela 1. Principais pontos amostrais da anurofauna na região da Serra do Ouro
Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais.
Ponto Amostral Latitude/longitude Altitude(m) Descrição
1 Sítio do Sr. Mariano 20º29’59”/43º37’24” 1.115
Pequeno riacho represado entre
fragmento de mata preservada e
pastagem.
2 Rio Garcia 20º29’42”/43º36’12” 1.029
Riacho caudaloso, com leito de
pedra e areia em área de mata
preservada.
3 Linhas de Drenagem 20º30’31”/43º36’47” 1.213
“Riachos” temporários causados
por drenagens da água de chuva
nos afloramentos rochosos do
campo rupestre.
4 Lagoa Suja 20º28’47”/43º35’35” 1.037
Pequena lagoa antropizada entre
fragmento de mata secundária e
pastagem.
5 Brejo Bico de Pedra 20º26’51”/43º36’26” 1.333
Brejo em área bem preservada de
campo rupestre.
6 Rio Lavrinha 20º28’25”/43º39’10” 1.337
Riacho em área de mata
preservada.
7 Fazenda Alegria 20º26’16”/ 43º35’21” 1.259
Riacho em área de mata
secundária.
8 Córrego do Falcão 20º26’18”/ 43º35’20” 1.356
Córrego em área de transição
entre campo rupestre e Cerrado.
9 Rio Bico de Pedra 20º26’24”/ 43º35’34 1.365
Riacho em área de mata
secundária.
10 Mina d’água 20º29’26”/ 43º35’47” 1.026
Pequena mina d’água em área de
mata secundária.
11 Lago Soledade 20º30’36”/ 43º43’11” 920
Grande lago artificial aos pés da
Serra do Ouro Branco, em área de
Mata Atlântica, Cerrado e
eucaliptal.
12 Brejo do Platô I 20º29’23”/ 43º41’23” 1.490
Área brejosa em campo rupestre
antropizado e riachos com mata
de galeria.
13 Brejo do Platô II 20º29’23”/ 43º42’36” 1.520
Área brejosa em campo rupestre
antropizado.
14 Serra de Itatiaia 20º28’48”/ 43º34’12” 1.440
Riachos temporários em campo
rupestre
15 Rio da Serra 20º28’11”/ 43º35’24” 1.310
Riacho em área de transição entre
campo rupestre e Cerrado.
16 Lagoa do Gorila 20º28’11”/ 43º36’0” 1.230
Lagoa temporária em área de
campo rupestre.
17 Mata do Sr. Matias 20º30’36”/ 43º36’35” 980
Poças temporárias e riacho no
interior de mata secundária no pé
da Serra do Ouro Branco.
23
Tabela 2: Lista das espécies de anfíbios anuros registradas para a região da Serra do
Ouro Branco entre os anos de 2003 e 2007, com informações sobre sua distribuição e
pontos de amostragem.
Táxon Distribuição
Pontos de
Amostragem
Brachycephalidae
"Eleutherodactylus" binotatus (Spix, 1824)
MA 1, 4
Ischnocnema guentheri (Steindachner, 1864)
MA 1, 2, 4, 6
Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso, 1978)
Ce 1, 4
Ischnocnema verrucosa (Reinhardt and Lütken, 1862)
MA 10
Bufonidae
Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi, & Haddad, 2004)
MA 1, 4, 11
Rhinella rubescens (A. Lutz, 1925)
Ce 3, 5, 8, 13, 16
Centrolenidae
Hyalinobatrachium eurygnathum (A. Lutz, 1925)
MA 7
Hyalinobatrachium uranoscopum (Müller, 1924)
MA 2, 6
Cycloramphidae
Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862 "1861"
Ce 1, 3, 4
Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1825)
MA 1, 2, 4, 7, 9
Hylidae
Aplastodiscus arildae (Cruz & Peixoto, 1987 “1985”)
MA 6
Aplastodiscus cavicola (Cruz & Peixoto, 1985 "1984")
MA 1, 4
Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956)
Es 3, 14, 15
Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871)
MA 4, 7, 9, 12
Bokermannohyla martinsi (Bokermann, 1964)
Es 3, 7
Dendropsophus sp. n. (gr. parviceps)
Es 1, 4
Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824)
MA 1, 4, 11
Dendropsophus minutus (Peters, 1872)
Co 1, 4, 11
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)
Ce 1, 4, 11, 16
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)
Co 1, 2, 4, 11, 16
Hypsiboas pardalis (Spix, 1824)
MA 1, 4
Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870 “1869”)
MA 4, 10, 13, 16
Phasmahyla jandaia (Bokermann & Sazima, 1978)
Es 6
Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882
MA 1, 4
Phyllomedusa itacolomi Caramaschi, Cruz & Feio, 2006
Es 3, 14
Scinax curicica Pugliesse, Pombal & Sazima, 2004
Es 5, 15
Scinax flavoguttatus (Lutz & Lutz, 1939)
MA 6, 12
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925)
Co 1, 5, 16
Scinax longilineus (B. Lutz, 1968)
MA 6, 12
Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989)
Es 4, 10, 17
Scinax sp. n.1 (aff. flavoguttatus)
? 2
Scinax sp. n.2 (clado ruber)
? 13, 16
Scinax squalirostris (A. Lutz, 1925)
Co 5, 16
Scinax x-signatus Köhler & Böhme, 1996
MA 1, 4
Hylodidae
Crossodactylus trachystomus (Reinhardt & Lütken, 1861)
Es 7, 9
Leiuperidae
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826
Co 1, 4, 11, 16
Physalaemus evangelistai Bokermann, 1967
Es 5
Physalaemus maximus Feio, Pombal, & Caramaschi, 1999
MA 1, 4
Physalaemus obtectus Bokermann, 1966
MA 17
Pseudopaludicola saltica (Cope, 1887)
Ce 5, 8, 12, 14, 15, 16
Leptodactylidae
24
Leptodactylus cunicularius Sazima & Bokermann, 1978
Co 3, 13
Leptodactylus furnarius Sazima & Bokermann, 1978
Ce 12
Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799)
Co 11
Leptodactylus jolyi Sazima & Bokermann, 1978
Ce 16
Leptodactylus labirynthicus (Spix, 1824)
Co 11, 16
Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758)
Co 1, 4, 11, 13, 16
Microhylidae
Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799)
Co 3, 15, 16
Classes de distribuição: MA restritas à Mata Atlântica; Ce restritas ao Cerrado; Es
restritas à Cadeia do Espinhaço; Co – cosmopolitas (não apresentam distribuição
restrita a nenhum dos biomas) e ? não informações sobre distribuição. Pontos de
amostragem: 1 Sítio do Sr. Mariano; 2 Rio Garcia; 3 Linhas de Drenagem; 4
Lagoa Suja; 5 Brejo Bico de Pedro; 6 Rio Lavrinha; 7 Fazenda Alegria; 8
Córrego do Falcão; 9 Rio Bico de Pedro; 10 – Mina d’água; 11 – Lago Soledade; 12 –
Brejo do Platô I; 13 Brejo do Platô II; 14 Serra de Itatiaia; 15 Rio da Serra; 16
Lagoa do Gorila; 17 – Mata do Sr. Matias
25
Quadro 1. Número de espécies de anuros registradas em algumas localidades da porção
meridional da Cadeia do Espinhaço, com a área abordada em cada estudo e sua
referência.
Região Área abordada Nº de espécies Referência
Serra do Ouro Branco,
Serra de Itatiaia e entorno,
nos municípios de Ouro
Branco e Ouro Preto
47
(o presente estudo)
Município de Ouro Branco
29
Leite et al., no prelo
Serra do Ouro
Branco
Serra do Ouro Branco,
município de Ouro Branco
27
Nascimento et al., 2005
Município de Santana do
Riacho
44
Leite et al., no prelo
PN da Serra do Cipó, APA
Morro da Pedreira e Pico
do Breu, municípios de
Jaboticatubas (Santana do
Riacho), Morro do Pila e
Itambé do Mato Dentro
49
Nascimento et al., 2005
Serra do Cipó
PN da Serra do Cipó
43
Eterovick & Sazima, 2004
Município de Catas Altas
41
Leite et al., no prelo
RPPN Santuário do Caraça
43
Canelas & Bertoluci, 2007
Serra do Caraça
RPPN Santuário do Caraça
e áreas adjacentes ao
distrito de Morro da Água
Quente, municípios de
Santa Bárbara e Catas
Altas.
49
Nascimento et al., 2005
Município de Ouro Preto
36
Leite et al., no prelo
PE do Itacolomi, EE do
Tripuí, APA Cachoeira das
Andorinhas e Seminário
Menor de Mariana,
municípios de Ouro Preto e
Mariana
35
Nascimento et al., 2005
Ouro Preto
PE do Itacolomi e EE do
Tripuí, municípios de Ouro
Preto e Mariana
32
Pedralli et al., 2001
26
Lista de exemplares testemunhos:
“Eleutherodactylus” binotatus – LZV/UFOP: 854, 868, 869, 870, 871, 873, 892
MZUFV: 7553 - 7555
Ischnocnema guentheri – LZV/UFOP: 302 MZUFV: 7106, 7107, 7290, 7564, 7565,
7632
Ischnocnema juipoca – LZV/UFOP: 864, 866, 889, 890
Ischnocnema verrucosa – MZUFV: 7231, 7232
Rhinella pombali – LZV/UFOP: 191, 453 MZUFV: 7249
Rhinella rubescens – LZV/UFOP: 454, 478, 506 MZUFV: 6575, 7518
Hyalinobatrachium eurygnathum – LZV/UFOP: 643 - 646
Hyalinobatrachium uranoscopum – MZUFV: 7287, 7563
Crossodactylus trachystomus – LZV/UFOP: 649 MZUFV: 6591 – 6595, 7104, 7105,
7233 – 7238, 7522
Odontoprhynus cultripes – LZV/UFOP: 821, 823, 863 MZUFV: 7035, 7087, 7098,
7507
Proceratophrys boiei – LZV/UFOP: 853, 861 MZUFV: 7088 – 7093, 7289, 7550, 7551
Aplastodiscus arildae – MZUFV: 7285, 7286, 7562
Aplastodiscus cavicola – MZUFV: 7244, 7288
Bokermannohyla alvarengai – LZV/UFOP: 460, 461, 462, 632, 633, 634 MZUFV:
6579 – 6583, 7038, 7560
Bokermannohyla circumdata – LZV/UFOP: 455, 456, 631, 635, 636, 822 MZUFV:
6576 – 6578, 7513, 7519
Bokermannohyla martinsi – LZV/UFOP: 139, 229, 245, 246 MZUFV: 7099, 7295,
7631
Dendropsophus sp. n. (gr. parviceps) – LZV/UFOP: 298, 299, 498 – 500, 517, 518, 521,
522, 536, 537 MZUFV: 7030 – 7032, 7242, 7243
Dendropsophus elegans – LZV/UFOP: 112 MZUFV: 7511, 7512, 7548
Dendropsophus minutus – LZV/UFOP: 137 MZUFV: 7514
Hypsiboas albopuncatus – LZV/UFOP: 106, 107, 108, 133, 136 MZUFV: 7508
27
Hypsiboas faber – LZV/UFOP: 104, 222, 247
Hypsiboas pardalis – MZUFV: 7036, 7037, 7509, 7556
Hypsiboas polytaenius – LZV/UFOP: 423, 482, 483, 484 MZUFV: 6584, 6585, 7291,
7292, 7510, 7547
Phasmahyla jandaia – MZUFV: 7561
Phyllomedusa burmeisteri – MZUFV: 7230
Phyllomedusa itacolomi – LZV/UFOP: 463 - 465, 630 MZUFV: 6586 – 6588, 7100,
7101, 7228, 7229, 7293 – 7294, 7515
Scinax curicica – LZV/UFOP: 477, 481 MZUFV: 7516, 7517
Scinax flavogutattus – LZV/UFOP: 316, 317
Scinax fuscovarius – LZV/UFOP: 141, 288, 289, 331, 725 - 727 MZUFV: 7094 - 7096
Scinax longilineus – LZV/UFOP: 263, 648, 771, 784 -787
Scinax luizotavioi – LZV/UFOP: 485 – 490, 788 MZUFV: 7246, 7247
Scinax sp. n. 1 (aff. flavogutattus) – MZUFV: 7022 – 7029, 7039 – 7040, 7566 - 7571
Scinax sp. n. 2 (clado ruber) – LZV/UFOP: 123, 124, 480
Scinax squalirostris – LZV/UFOP: 138, 277, 293, 350, 351 MZUFV: 7103
Scinax x-signatus – LZV/UFOP: 647 MZUFV: 7033, 7239
Physalaemus cuvieri – LZV/UFOP: 142, 143, 281 – 285, 290 – 292, 418 – 422
MZUFV: 7240, 7241, 7649
Physalaemus evangelistai – MZUFV: 7520, 7521
Physalaemus maximus – MZUFV: 6597, 7091 – 7093, 7245, 7248, 7552
Physalaemus obtectus – LZV/UFOP: 491 – 496
Pseudopaludicola saltica – LZV/UFOP: 426 – 430 MZUFV: 6596
Leptodactylus cunicularius – LZV/UFOP: 458, 459, 466, 467, 859, 860, 862 MZUFV:
6589, 6590, 7034, 7097, 7227
Leptodactylus furnarius – MCNAM: 6552
Leptodactylus fuscus – LZV/UFOP: 134
28
Leptodactylus jolyi – LZV/UFOP: 132, 228, 424, 425, 470, 471
Leptodactylus labirynthicus – LZV/UFOP: 297
Leptodactylus ocellatus – LZV/UFOP: 105, 468, 469
Elachistocleis ovalis – LZV/UFOP: 135, 296 MZUFV: 7102
29
Figura 2. Pontos de amostragem da fauna de anuros na região da Serra do Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço, MG. (Mapa:
SEMAD – Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável)
Pontos de amostragem e coordenadas (latitude/longitude): 1 Sítio do Sr. Mariano (20º29’59”/43º37’24”); 2 Rio Garcia (20º29’42”/43º36’12”); 3 Linhas de
Drenagem (20º30’31”/43º36’47”); 4 Lagoa Suja (20º28’47”/43º35’35”); 5 Brejo Bico de Pedro (20º26’51”/43º36’26”); 6 Rio Lavrinha (20º28’25”/43º39’10”); 7
Fazenda Alegria (20º26’16”/ 43º35’21”); 8 Córrego do Falcão (20º26’18”/ 43º35’20”); 9 Rio Bico de Pedra (20º26’24”/ 43º35’34”); 10 Mina d’água (20º29’26”/
43º35’47”); 11 Lago Soledade (20º30’36”/ 43º43’11”); 12 Brejo do Platô I (20º29’23”/ 43º41’23”); 13 Brejo do Platô II (20º29’23”/ 43º42’36”); 14 Serra de Itatiaia
(20º28’48”/ 43º34’12”); 15 – Rio da Serra (20º28’11”/ 43º35’24”); 16 – Lagoa do Gorila (20º28’11”/ 43º36’0”); 17 – Mata do Sr. Matias (20º30’36”/ 43º36’35”).
1
2
3
4
5
6
7
9
10 11
12 13
14
15
16
17
8
Serra do Ouro Branco
Serra de
Itatiaia
30
2.2. São Pedro, V. A. & Feio, R. N. 2008. Distribuição espacial e sazonal
de anuros em três ambientes na Serra do Ouro Branco, extremo sul da
Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brasil.
31
Distribuição espacial e sazonal de anuros em três ambientes na Serra
do Ouro Branco, extremo sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais,
Brasil.
São Pedro, V. A.¹
,
² & Feio, R. N. ¹
¹Museu de Zoologia João Moojen, Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa
RESUMO - O presente estudo traz informações sobre a distribuição espacial e temporal
das espécies de anuros na Serra do Ouro Branco, sul da Cadeia do Espinhaço, Brasil, a
partir do monitoramento de três ambientes aquáticos: uma lagoa, um riacho permanente
e um riacho temporário, realizado entre julho de 2006 e junho 2007. Foram encontradas
28 espécies pertencentes às famílias Brachycephalidae (2) Bufonidae (2), Centrolenidae
(1), Cycloramphidae (2), Hylidae (16), Leiuperidae (2), Leptodactylidae (2) e
Microhylidae (1). O ambiente lagoa apresentou maior riqueza, com 20 espécies. Foram
definidos 5 diferentes padrões reprodutivos: (1) espécies que vocalizam o ano todo, ou
quase todo, com agregações maiores nos meses chuvosos; (2) espécies oportunistas com
atividade de vocalização associada aos meses chuvosos; (3) espécies que vocalizam
predominantemente no inverno; (4) espécies com padrão reprodutivo explosivo, com
picos de vocalização durante as chuvas intensas e (5) espécies que não apresentaram um
padrão definido de vocalização. A atividade de vocalização da maioria das espécies
mostrou estar associada aos meses com maior volume de chuva, mas não mostrou
relacionar-se à temperatura. Houve sobreposição na distribuição temporal de algumas
espécies, onde o isolamento reprodutivo se deu por exploração de diferentes sítios de
vocalização ou mesmo por divergência acústica. A distribuição espacial e temporal das
espécies de anuros varia de acordo com o ambiente que ocupam, parecendo se adequar
aos fatores bióticos e abióticos de cada um deles.
Spatial and seasonal distribution of frogs in three environments in the Serra do Ouro
Branco, extreme south of Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, Brazil.
ABSTRACT - This study provides information on the spatial and seasonal distribution
of anurans species in the Serra do Ouro Branco, south of the Cadeia do Espinhaço,
Brazil, by the tracking of three aquatic environments: a pond, a permanent stream and a
temporary stream held between July 2006 and June 2007. We found 28 species
belonging to the families Brachycephalidae (2) Bufonidae (2), Centrolenidae (1),
Cycloramphidae (2), Hylidae (16), Leiuperidae (2), Leptodactylidae (2) and
Microhylidae (1). The pond showed greater richness, with 20 species. Five different
reproductive patterns were defined: (1) species that call year-round or almost year-
round, with larger aggregations during rainy months, (2) opportunistic species with
calling activity associated with the rainy months, (3) species that call predominantly in
winter; (4) species with explosive reproductive pattern, with peaks of calling activity
during heavy rains and (5) species that did not show a definite calling pattern.
Reproductive activity of the most species shown to be associated with rainy months, but
32
showed no link to the temperature. There was overlap in the temporal distribution of
some species, where the reproductive isolation made by exploration of different sites of
vocalization or even by acoustic divergence. The spatial and seasonal distribution of
species seem to adapt to biotic and abiotic factors of the environment they occupy.
Introdução
Atualmente são reconhecidas 5.453 espécies de anfíbios anuros no mundo
(Frost, 2007), das quais 797 ocorrem no Brasil, segundo última atualização da
Sociedade Brasileira de Herpetologia. O país lidera o ranking mundial em riqueza de
anfíbios (SBH, 2008).
Estudos mais aprofundados sobre comunidades de anuros em localidades
interioranas no Brasil se tornaram mais freqüentes a partir do fim da década de 80 e
durante a década de 90 (e.g.: Cardoso et al., 1989; Rossa-Feres & Jim, 1994; Pombal
Jr., 1997; Bernarde et al., 1999; Giaretta et al., 1999; Machado et al., 1999). No
complexo montanhoso da Cadeia do Espinhaço os estudos com anuros tiveram início na
década de 50 com a descrição de algumas espécies por Bokermann (e.g. Bokermann,
1956). Nas décadas seguintes, novas espécies de anuros foram descritas da porção
mineira do Espinhaço (e.g. Bokermann, 1964; Bokermann & Sazima, 1973a, 1973b;
Bokermann & Sazima, 1978). No entanto, estudos mais detalhados sobre ecologia e
conservação de anfíbios na Cadeia do Espinhaço são recentes (Eterovick & Sazima,
2000; Eterovick & Sazima, 2004; Nascimento et al., 2005; Afonso & Eterovick, 2007;
Canelas & Bertoluci, 2007) e concentram-se na porção meridional desse complexo
serrano, no estado de Minas Gerais. Devido a sua grande extensão aproximadamente
1000 Km contemplando vários biomas brasileiros, os estudos sobre a anurofauna da
Cadeia do Espinhaço ainda podem ser considerados insuficientes para a compreensão
do estado de conservação e distribuição de muitas de suas espécies (Nascimento et al.,
2005; Leite et al., no prelo). Além disso, é alto o índice de endemismos restritos de
anuros nas serras do sudeste brasileiro, fazendo dos estudos nessas áreas de suma
importância para a compreensão de padrões biogeográficos (Cruz & Feio, 2007).
A porção sul da Cadeia do Espinhaço foi apontada como “Área de Importância
Especial” para a conservação da herpetofauna em Minas Gerais (Drummond et al.,
2005). A região insere-se no Quadrilátero Ferrífero mineiro e é conhecida pelo grande
volume de atividades mineradoras que modificam aceleradamente a paisagem natural.
33
Sabe-se que a maior ameaça atual aos anfíbios brasileiros é a destruição dos habitats
pelo desmatamento, em decorrência dos avanços da urbanização e das atividades
agropecuárias e mineradoras (Silvano & Segalla, 2005).
Desta maneira, estudos que visam conhecer aspectos da história natural e da
ecologia das espécies locais servirão de ferramentas para iniciativas conservacionistas
na região. O objetivo principal deste trabalho é compreender a distribuição espacial e
temporal dos anuros na Serra do Ouro Branco a partir do monitoramento de três
ambientes.
Material e Métodos
Área de Estudo
O estudo foi realizado na Serra do Ouro Branco (20º31’S, 43º41’W), localizada
no município de Ouro Branco, Minas Gerais (Figura 1). O clima da região é
mesotérmico, do tipo Cwb de Köeppen. A vegetação, relativamente bem preservada na
área de estudo, caracteriza-se por ser de transição entre Cerrado e Mata Atlântica, com
ocorrência de Campos Rupestres nas altitudes mais elevadas, que vão de
aproximadamente 900 a 1600 metros na região. A média anual de pluviosidade é de
1.188,2 mm e a temperatura média anual é de 20,7ºC (Paula et al. 2005). No período de
realização do presente estudo registrou-se 1.444,4 mm de precipitação na região. Foram
monitorados três ambientes: uma lagoa permanente (LA) em área de transição entre
mata e pasto, um riacho temporário (RT) em campo rupestre e um riacho permanente
(RP) em área de mata preservada (ver detalhes na Tabela 1).
Atividades de Campo
Entre julho de 2006 e junho de 2007 foram realizadas campanhas mensais, com
duração de três noites cada, monitorando-se um ambiente por noite. Os trabalhos de
campo foram realizados no período entre 18 e 22h, totalizando 144 horas de
observações. Os dados climatológicos mensais de temperatura média e precipitação
pluviométrica acumulada foram obtidos juntos à Estação Meteorológica da Gerdau-
Açominas, localizada a aproximadamente 10 km da área estudada. Mediu-se a
34
temperatura do ar em cada ambiente no início e no final de cada atividade de
observação, obtendo-se a temperatura média daquele período.
Em campo, realizou-se a busca auditiva-visual dos anuros, registrando-se as
espécies encontradas, juntamente com os dados sobre o microambiente que utilizavam
como sítio de vocalização. Em campanhas prévias de observação foram pré-
estabelecidos nove possíveis microambientes de vocalização: arbusto, água, árvore,
areia, bromélia, sobre pedra, serrapilheira, toca, sobre vegetação aquática. Para as
espécies em atividade de vocalização, foi feita uma estimativa do número de machos
vocalizando numa mesma noite, num mesmo ambiente, enquadrando-os em uma das
seguintes classes de abundância: (1): 1-2; (2) 3-10; (3) 11-50 e (4) mais de 50
indivíduos vocalizando (adaptado de Canelas & Bertoluci, 2007). Observou-se também
a presença eventual de casais em amplexo, desovas e girinos em cada ambiente.
O material testemunho, coletado sob a licença do IBAMA 231/06, processo
02015.003338/06-83, está depositado na coleção herpetológica do Museu de Zoologia
“João Moojen”, da Universidade Federal de Viçosa (MZUFV).
Análises Estatísticas
Com o intuito de constatar possíveis associações entre as variáveis ambientais e
a atividade reprodutiva da comunidade de anuros foram realizadas regressões lineares,
com o auxílio do programa estatístico “R”, considerando-se significativos os valores de
P < 0,05 (Zar, 1999). Para isso os dados foram analisados (1) de forma global,
considerando o somatório mensal das espécies registradas em todos os ambientes
monitorados, e (2) de forma local, analisando cada um dos três ambientes
separadamente, em busca de diferenças entre eles nas respostas às variáveis climáticas.
Foram utilizadas como variáveis resposta o número de espécies vocalizando e o número
total de espécies em cada noite (que inclui as que foram encontradas sem estar
vocalizando) e como variáveis explicativas a pluviosidade mensal e a temperatura
média mensal, sendo que na análise local também foram consideradas as médias de
temperatura de cada período de observação. Foram analisadas as combinações entre
cada variável resposta e as possíveis variáveis explicativas.
35
Resultados
Riqueza
Nos três ambientes monitorados na Serra do Ouro Branco, foram encontradas 28
espécies de anuros pertencentes às famílias Brachycephalidae (2) Bufonidae (2),
Centrolenidae (1), Cycloramphidae (2), Hylidae (16), Leiuperidae (2), Leptodactylidae
(2) e Microhylidae (1). O ambiente LA demonstrou maior riqueza, com a ocorrência de
20 espécies, seguido de RT com 7 espécies e RP com apenas 5 espécies (Tabela 2).
Distribuição Espacial e Temporal
Na Tabela 3 encontram-se os resultados da distribuição espaço-temporal das
espécies encontradas ao longo de 12 meses de amostragem. Nos meses de março e abril
encontrou-se o menor número de espécies (3) em atividade de vocalização e no mês de
setembro registrou-se o número máximo de espécies (20) vocalizando. Com base no
período de atividade de vocalização das espécies durante os meses de monitoramento,
foram definidos 5 diferentes padrões reprodutivos (adaptados a partir de Canelas &
Bertoluci, 2007): (1) espécies que vocalizam o ano todo, ou quase todo, com agregações
maiores nos meses chuvosos; (2) espécies oportunistas com atividade de vocalização
associada aos meses chuvosos; (3) espécies que vocalizam predominantemente no
inverno; (4) espécies com padrão reprodutivo explosivo, com picos de vocalização
durante as chuvas intensas e (5) espécies de verão, que apresentaram um padrão pouco
definido de vocalização. Seis espécies não puderam ser enquadradas em nenhum dos
padrões reprodutivos estabelecidos, por não terem sido observadas vocalizando
(Bokermannohyla circumdata, Rhinella rubescens e Leptodactylus ocellatus) ou porque
apresentaram atividade de vocalização incipiente (Elachistocleis ovalis, Proceratophrys
boei e Scinax fuscovarius).
Quanto à ocupação ambiental, 17 espécies (61%) foram encontradas utilizando
apenas um único microambiente como tio de vocalização, enquanto 8 (28%) delas
utilizaram dois microambientes e apenas 3 espécies (11%) utilizaram 3 microambientes.
O microambiente arbusto foi mais explorado, sendo utilizado por 11 espécies (39%),
enquanto que bromélia foi o menos explorado, utilizado por uma única espécie (Scinax
x-signatus).
36
Fatores Abióticos
A atividade reprodutiva da maioria das espécies, caracterizada pela presença de
machos vocalizando, mostrou-se associada aos meses chuvosos, entre setembro de 2006
e março de 2007, como pode ser observado graficamente na Figura 2. Os picos de
abundância de machos em vocalização, com espécies com mais de 50 indivíduos
vocalizando, foram registrados entre os meses de setembro e dezembro de 2006, os
primeiros meses da estação chuvosa. Considerando-se a análise global (somatório das
espécies nos três ambientes) o número de espécies vocalizando correlacionou-se
positivamente apenas com as médias mensais de pluviosidade (P = 0,018), enquanto
que o número total de espécies registradas não se correlacionou a nenhuma das duas
variáveis ambientais medidas. Na análise em âmbito local, onde cada um dos três
ambientes foi avaliado separadamente, em nenhum deles encontrou-se correlação
positiva entre a presença das espécies de anuros (seja apenas as que estavam
vocalizando ou o total de espécies registradas) e os dados de temperatura (média mensal
ou média do período de observação). Apenas no ambiente LA as variáveis “espécies
vocalizando” e total de espécies se relacionaram positivamente aos dados de
pluviosidade (P = 0,0134 e P = 0,0306 respectivamente). Analisando-se a relação entre
as variáveis resposta e a interação entre as duas variáveis ambientais apenas o número
de espécies vocalizando no ambiente RT apresentou correlação positiva (P = 0,0385).
Discussão
Riqueza
Na comunidade de anuros da Serra do Ouro Branco predominam espécies da
família Hylidae (sensu Grant et al., 2006), o que corrobora os dados da maioria dos
estudos em regiões neotropicais (e.g. Feio & Carmaschi, 1995; Bernarde & Anjos,
1999; Bernarde & Machado, 2001; Bertoluci & Rodrigues, 2002; Eterovick, 2003;
Toledo et al., 2003; Gottsberger & Gruber, 2004; Abrunhosa et al., 2006; Conte &
Rossa-Feres, 2006; Juncá, 2006; Canelas & Bertoluci, 2007; Moreira et al., 2007). Entre
os ambientes monitorados o Riacho Permanente (RP) apresentou menor riqueza, com
apenas 5 espécies (incluindo Hypsiboas faber, que foi amostrada no local através de um
37
único indivíduo jovem), apesar de ser o ambiente mais preservado. Outros dois estudos
em riachos na Cadeia do Espinhaço (Eterovick, 2003; Afonso & Eterovick, 2007)
constataram a preferência das espécies por riachos de menores proporções. Talvez essa
baixa riqueza do ambiente RP esteja relacionada às suas proporções relativamente
grandes, com até 3m de largura e podendo chegar a 1,5m de profundidade na época da
cheia. Espera-se que ambientes temporários atraiam maior número de espécies devido a
menor quantidade ou ausência de predadores de girinos (Alford, 1999; Bertoluci &
Rodrigues, 2002). Isso não foi observado na Serra do Ouro Branco, onde o único
ambiente temporário (RT) apresentou apenas 7 espécies (Tabela 2).
A Lagoa Permanente (LA) mostrou ser o ambiente mais rico, abrigando 20
espécies. A quantidade de microambientes de vocalização disponíveis em cada
ambiente não explica sozinha essa diferença de riqueza tão acentuada, pois os ambientes
LA, RT e RP apresentaram números próximos de microambientes (8, 7 e 6
respectivamente). Cardoso e colaboradores (1989) apontaram a heterogeneidade
espacial como determinante da riqueza de um dado ambiente. O ambiente LA pode ser
considerado o mais heterogêneo, pois está localizado numa área de transição entre
pastagem e mata secundária, o que talvez possa explicar o seu maior número de
espécies. No entanto, essa hipótese não se adequa exatamente aos resultados desse
trabalho, uma vez que os autores supracitados argumentam que a estratificação vertical,
um dos componentes da heterogeneidade ambiental, permite a existência de uma
riqueza maior de hilídeos, geralmente adaptados ao hábito arborícola. Por um lado, isso
explica a presença de um número relativamente grande de espécies (12) de hilídeos no
ambiente LA, mas não explica por quê o ambiente RP, também inserido numa área de
mata, não apresenta uma fauna de hilídeos igualmente rica. Talvez a maior riqueza do
ambiente LA seja mais bem explicada pela hipótese do distúrbio intermediário (Connel,
1978), embasada na freqüência e intensidade de distúrbios que afetam os padrões de
diversidade. O ambiente LA, além de apresentar um fragmento de mata secundária em
regeneração, é o que sofre maior e mais freqüente interferência antrópica, tendo sido
observados nele corte seletivo de árvores, fogo, presença constante de gado, além do
trânsito ostensivo de automóveis numa rodovia asfaltada a aproximadamente 50m do
local. Perturbações moderadas, a uma taxa de ocorrência freqüente, distribuem a
comunidade em um mosaico de partes de habitat, favorecendo a existência de um maior
número de espécies (Ricklefs, 2003). A mesma hipótese foi utilizada em uma
comunidade de anuros no Paraná (Conte & Rossa-Feres, 2006). Independente de qual
38
hipótese esteja correta, fato é que no ambiente LA existem tanto de espécies de mata
(e.g. Bokermannohyla circumdata, Physalaemus maximus e Proceratophrys boei) como
espécies de áreas abertas (e.g. Dendropsophus minutus, Hypsiboas albopunctatus e
Physalaemus cuvieri). Outros fatores ambientais mais específicos, como mudanças na
comunidade de plantas e umidade do solo, também podem ser determinantes na
estruturação da comunidade de anuros (Bastazini et al., 2007).
Distribuição Espacial e Temporal
Observou-se sobreposição no período de vocalização de várias espécies (Tabela
3) em um mesmo ambiente, sobretudo nos meses chuvosos e no ambiente LA, onde
houve maior concentração de espécies. Na maioria dos casos essa sobreposição é
possível pois as espécies exploram diferentes microambientes, o que atua como um
importante fator de isolamento reprodutivo (Cardoso et al., 1989; Pombal Jr., 1997;
Toledo et al.; 2003), diminuindo inclusive a ocorrência de disputas territoriais
interespecíficas. É o caso das espécies Physalaemus maximus e P. cuvieri, que
vocalizaram em épocas semelhantes no ambiente LA, mas utilizam a serrapilheira e a
água como tios de vocalização, respectivamente. Chamam à atenção as três espécies
do gênero Dendropsophus, que também co-ocorrem no ambiente LA e têm períodos de
vocalização sobrepostos na estação chuvosa. Dendropsophus gr. parviceps parece
isolar-se das demais espécies vocalizando em arbustos no interior da mata, onde às
vezes também ocupa estratos mais altos em árvores de maior porte, enquanto D.
minutus e D. elegans, juntamente com Hypsiboas polytaenius, dividem os arbustos na
área mais aberta próxima da lagoa e sobre a vegetação aquática. No caso de
sobreposição temporal e espacial o isolamento reprodutivo deve ocorrer por divergência
acústica, como apontado por outros autores (Pombal Jr., 1997; Bernarde & Machado,
2001; Toledo et al., 2003). Outra interessante observação foi realizada no mês de
janeiro, quando vários machos de D. elegans foram registrados vocalizando em árvores
a até 6m de altura e até 15m de distância da lagoa, o que talvez seja uma mudança
comportamental para explorar sítios de vocalização menos concorridos. Eterovick
(2003) apontou a chamada flexibilidade comportamental e sua interação com as
variáveis físicas e bióticas como um dos fatores determinantes dos padrões reprodutivos
dos anuros.
39
Apesar da sobreposição espacial detectada para algumas espécies, observou-se
partilha intensa dos sítios de vocalização nos três ambientes. Mais de 60% das espécies
se mostraram fiéis a um único microambiente. Essa fidelidade a determinados
microambientes pela maioria das espécies resultam num melhor aproveitamento do
ambiente reprodutivo como um todo (Bertoluci & Rodrigues, 2002). A utilização do
microambiente arbusto por um maior número de espécies (11, conforme Tabela 3) deve-
se à predominância de hilídeos na comunidade local. Sabe-se que as espécies desse
grupo possuem discos adesivos que lhes conferem maior vantagem adaptativa na
exploração de microambientes no estrato vertical (Cardoso et al., 1989). A espécie
Scinax x-signatus parece não utilizar o microambiente bromélia como sítio reprodutivo.
Apesar de ter sido observado machos vocalizando no interior de bromélias no ambiente
LA, não foram encontrados ovos, girinos ou casais em amplexo que pudessem indicar o
uso das bromélias como sítio de oviposição por essa espécie. A ocorrência de outras
espécies do gênero Scinax no interior de bromélias já foi documentada em outros
estudos no estado do Espírito Santo, como S. alter e S. cuspidatus em Praia das Neves
(Teixeira et al., 2002) e S. argyreornatus e S. perpusilus em Santa Teresa e Fundão
(Teixeira & Rödder, 2007).
Com Odontophrinus cultripes as diferenças comportamentais se deram entre os
ambientes. Essa espécie foi observada durante quatro meses (agosto, setembro,
fevereiro e abril) no ambiente LA, em densidades de no máximo dois indivíduos, que
vocalizavam quase sempre enterrados no barro. Contudo, no ambiente RT a mesma
espécie demonstrou comportamento reprodutivo explosivo. Foram registrados
aproximadamente 30 indivíduos sobre os afloramentos rochosos próximos ao riacho
apenas no mês de setembro, com a presença de machos vocalizando e casais em
amplexo. Na Serra do Caraça, O. cultripes não demonstrou comportamento reprodutivo
explosivo, apenas atividade de vocalização associada ao período chuvoso (Canelas &
Bertoluci, 2007). A espécie O. americanus também têm demonstrado diversos padrões
temporais em diferentes localidades (ver Rossa-Feres & Jim, 1994; Bertoluci, 1998;
Eterovick & Sazima, 2000; Moreira et al.; 2007). Alguns autores sugerem que uma
mesma espécie pode exibir diferentes padrões temporais e comportamentais em
ambientes diferentes (Toledo et al.; 2003; Pombal Jr. & Haddad, 2005).
Entre as espécies as quais não foi possível estabelecer um padrão temporal de
vocalização, a possibilidade de que elas apresentem padrão reprodutivo explosivo,
não tendo coincidido as noites em que vocalizaram com as noites de realização das
40
atividades de campo (Toledo et al., 2003). Pode ser o caso de Proceratophrys boiei e
Elachistocleis ovalis que demonstraram esse padrão explosivo em Intervales
(Bertoluci, 1998) e na Serra do Caraça (Canelas & Bertoluci, 2007), respectivamente.
Observações pessoais realizadas nos mesmos ambientes em anos anteriores ao do
presente estudo levam a crer que o padrão temporal de vocalização das espécies também
varia a cada ano. Apesar de demonstrar padrão reprodutivo explosivo nesse estudo,
Bokermannohyla alvarengai foi registrada vocalizando em grandes densidades
durante toda a estação chuvosa no mesmo ambiente (RT) em anos anteriores (obs.
pess.). A mesma espécie apresentou padrões temporais variáveis em outros estudos
(Eterovick & Sazima, 2000; Canelas & Bertoluci, 2007).
Pouco se conhece sobre a história natural da espécie Phyllomedusa itacolomi.
Nesse estudo, constatou-se que essa espécie apresenta atividade reprodutiva de agosto a
fevereiro, um período maior do que o documentado no seu trabalho de descrição
(Caramaschi et al., 2006), que é de outubro a dezembro apenas. Desovas de P. itacolomi
foram encontradas entre os meses de outubro e dezembro de 2006 no ambiente RT na
Serra do Ouro Branco. As desovas consistem em massas gelatinosas aderidas à
folhagem de arbustos pendentes sobre a água. As larvas exotróficas caem das folhas
diretamente na água após a eclosão (Modo Reprodutivo 24, segundo Haddad & Prado,
2005). Os girinos, que possuem aspecto azulado e ocupam a coluna d’água, foram
encontrados entre dezembro de 2006 e maio de 2007, sendo que estavam em maior
abundância em fevereiro, quando o riacho havia começado a reduzir seu volume, dando
lugar a pequenas poças nas depressões do leito rochoso. Indivíduos em estágios
avançados de metamorfose foram encontrados em abril e maio, quando havia bem
pouca água nas poças.
Fatores Abióticos
Em regiões tropicais a chuva parece ser o principal fator regulador das
atividades reprodutivas dos anuros (Heyer, 1973), não apenas pela vulnerabilidade
desses animais à dessecação, mas também porque é a chuva quem determina a
viabilidade e duração dos sítios reprodutivos (Gottsberger & Gruber, 2004). Nesse
estudo demonstrou-se que, de um modo geral, a atividade reprodutiva da comunidade
de anuros na Serra do Ouro Branco, constatada pela presença de machos vocalizando,
está diretamente relacionada à quantidade de chuva, o que está de acordo com o
41
observado em outras localidades neotropicais (Bertoluci, 1998; Toledo et al., 2003;
Gottsberger & Gruber, 2004; Prado et al., 2005; Vasconcelos & Rossa-Feres, 2005;
Conte & Rossa-Feres, 2006; Moreira et al., 2007). No entanto, neste estudo, avaliando-
se a taxocenose de cada ambiente separadamente, apenas no ambiente LA constatou-se
haver correlação positiva entre a atividade de vocalização das espécies e a pluviosidade.
Isso mostra como os fatores intrínsecos a cada ambiente influenciam nas respostas
comportamentais dos anuros às variáveis climáticas (Toledo et al., 2003). Certamente o
resultado da análise global está mascarado pelos dados coletados no ambiente LA, onde
estão 70% das espécies da comunidade estudada, o que alerta sobre a importância de se
analisar separadamente diferentes ambientes monitorados em estudos ecológicos dessa
natureza. Conforme se observa na Figura 3, houve um aumento repentino no número de
espécies vocalizando nos três ambientes com as primeiras chuvas. No entanto, esse
número se manteve alto durante todo o período chuvoso apenas no ambiente LA.
Nenhuma das análises realizadas (global ou locais) demonstrou haver relação
entre a presença das espécies ou sua atividade de vocalização e a temperatura
isoladamente. O mesmo foi observado em Londrina por Bernarde e Anjos (1999) e na
Serra do Caraça, próximo a Ouro Branco, por Afonso e Eterovick (2007). No entanto,
esse não é um padrão comumente encontrado em estudos como esse, que geralmente
atestam haver correlação entre atividade reprodutiva dos anuros e a temperatura do
ambiente (Bertoluci, 1998; Bernarde & Machado, 2001; Toledo et al.; 2003; Prado et
al., 2005; Vasconcelos & Rossa-Feres, 2005; Conte & Rossa-Feres, 2006). Outros
estudos demonstram que apenas algumas espécies da taxocenose têm a atividade
reprodutiva influenciada pela temperatura, dependendo do modo reprodutivo que
apresentam (Gottsberger & Grubber, 2004; Abrunhosa et al.; 2006; Moreira et al.;
2007). A Serra do Ouro Branco apresentou uma pequena amplitude de variação térmica
durante os meses do estudo (de 19 a 25ºC), o que talvez explique a não influência dessa
variável sobre a atividade reprodutiva dos anuros, fato também observado em Londrina
(Bernarde & Anjos, 1999).
No ambiente RT foi encontrada uma correlação positiva entre o número de
espécies vocalizando e a interação entre as variáveis ambientais (temperatura e
pluviosidade), semelhante ao que se conhece de localidades em regiões temperadas
(Banks & Beebee, 1986; Caldwell, 1987). O ambiente RT é o único localizado em área
aberta de campo rupestre a mais de 1.200m de altitude, sujeito a fortes ventos e grandes
variações de temperatura. É provável que as espécies que ali ocorram apresentem maior
42
sensibilidade às variáveis ambientais e por isso aguardem uma combinação de
condições climáticas ótimas para se reproduzir.
Considerações Finais
Diversos fatores ambientais como o microclima, a estratificação vertical, a
heterogeneidade e o grau de conservação do habitat parecem interferir na riqueza de
anuros de um dado ambiente (Cardoso et al., 1989; Conte & Rossa-Feres, 2006;
Bastazini et al., 2007). Conforme observado na anurofauna da Serra do Ouro Branco, a
resposta comportamental das espécies às variáveis ambientais como temperatura e
pluviosidade varia de acordo com as características do ambiente que ocupam. Cada
espécie também parece adequar seus padrões de atividade e ocupação ambiental aos
fatores bióticos a que está submetida. Estudos de monitoramento como este contribuem
para elucidar aspectos biológicos da anurofauna, confirmando quais são os padrões mais
rígidos e quais aqueles menos definidos, sujeitos a alterações segundo as peculiaridades
de cada região; além de revelarem aspectos inéditos de ecologia e história natural das
espécies. Estas informações são ferramentas imprescindíveis para a definição e
implementação de medidas conservacionistas.
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48
Figura 1. Localização do município de Ouro Branco, Minas Gerais, Brasil.
Ambiente Coordenadas Altitude (m) Descrição
Lagoa (LA)
S 20º28’47”
W 43º35’35
1.037
Lagoa antropizada permanente com
aproximadamente 250m² de espelho-d`água, com
fragmento de mata secundária e pastagens nas
margens.
Riacho
Temporário
(RT)
S 20º30’30”
W 43º36’47
1.213
Trecho de 100m de riacho temporário em área de
campo rupestre, com leito composto por areia e
principalmente rochas quartizíticas; pequenos
arbustos e gramíneas como vegetação ciliar.
Riacho
Permanente
(RP)
S 20º29’42”
W 43º36’12
1.029
Trecho de 100m de um riacho perene no interior
de Floresta Estacional Semidecidual, com mata
ciliar bem preservada e leito arenoso/rochoso.
Tabela 1. Ambientes monitorados entre julho de 2006 e junho de 2007 na Serra do Ouro Branco, sul
da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais.
49
Ambiente
Táxon
LA
RP RT
Brachycephalidae
Ischnocnema guentheri (Steindachner, 1864)
X X
Ischnocnema juipoca (Sazima & Cardoso, 1978)
X
Bufonidae
Rhinella pombali (Baldissera-Jr, Caramaschi, & Haddad, 2004)
X
Rhinella rubescens (A. Lutz, 1925)
X
Centrolenidae
Hyalinobatrachium uranoscopum (Müller, 1924)
X
Cycloramphidae
Odontophrynus cultripes Reinhardt & Lütken, 1862 "1861"
X
X
Proceratophrys boiei (Wied-Neuwied, 1825)
X X
Hylidae
Aplastodiscus cavicola (Cruz & Peixoto, 1985 "1984")
X
Bokermannohyla alvarengai (Bokermann, 1956)
X
Bokermannohyla circumdata (Cope, 1871)
X
Dendropsophus sp. n. (gr. parviceps)
X
Dendropsophus elegans (Wied-Neuwied, 1824)
X
Dendropsophus minutus (Peters, 1872)
X
Hypsiboas albopunctatus (Spix, 1824)
X
Hypsiboas faber (Wied-Neuwied, 1821)
X X
Hypsiboas pardalis (Spix, 1824)
X
Hypsiboas polytaenius (Cope, 1870 “1869”)
X
Phyllomedusa burmeisteri Boulenger, 1882
X
Phyllomedusa itacolomi Caramaschi, Cruz & Feio, 2006
X
Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925)
X
Scinax luizotavioi (Caramaschi & Kisteumacher, 1989)
X
Scinax aff. flavoguttatus
X
Scinax x-signatus Köhler & Böhme, 1996
X
Leiuperidae
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826
X
Physalaemus maximus Feio, Pombal, & Caramaschi, 1999
X
Leptodactylidae
Leptodactylus cunicularius Sazima & Bokermann, 1978
X
Leptodactylus ocellatus (Linnaeus, 1758)
X
Microhylidae
Elachistocleis ovalis (Schneider, 1799)
X
Total
20
5 7
Tabela 2. Espécies de anuros e seus ambientes de registro na Serra do Ouro Branco, sul
da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais, entre julho de 2006 e junho de 2007. Ambientes:
LA – Lagoa; RP – Riacho Permanente e RT – Riacho Temporário (detalhes no Quadro 1)
50
Figura 2.
Média da precipitação pluviométrica mensal (linha)
com o total
de espécies de anuros registradas (preto) e o número das que estavam
vocalizando em cada mês na área de estudo (cinza), entre julho de 2006 e
junho de 2007.
Figura 3
.
Média da precipitação pluviométrica mensal (barras) e o número
de espécies
vocalizando nos ambientes LA (triângulos), RT (quadrados) e
RP (losangos) na área de estudo entre julho de 2006 e junho de 2007.
51
jul ago set out nov dez jan fev mar abr mai jun PR MA
D. minutus
A Ab; Va
H. polytaenius
A Ab; Va
A. cavicola
O To
D. elegans
S O Ab; Va; Av
H. albopunctatus
O Ab
H. faber
G D;G Am O Ab; Va
H. uranoscopum
D S O Av
P. cuvieri
D D D D O Ag
P. maximus
O Se
P. itacolomi
D D D;G G G G G; Im G; Im O Ab
B. alvarengai
S G G S S E Pe
I. guentheri
S S S S E Se
I. juipoca
E Se
R. pombali
I Ag
S. luizotavioi
S Im I Ab; Av
S. aff. flavogutattus
I Ab
D. gr. parviceps
V Av; Ab
H. pardalis
D D D;G V Ag; Va
L. cunicularius
D G S S S V Ar; To
O. cultripes
Am V Ar; Pe; To
P. burmeisteri
V Av
S. x-signatus
S S S V Ab; Av; Br
B. circumdata
S G G ? Av
E. ovalis
? Va
L. ocellatus
S S ? Ag
P. boiei
S ? Ar; Se
R. rubescens
S ? Ar
S. fuscovarius
? Ab
Nº de spp vocalizando 5 12 20 16 12 13 11 12 3 3 4 4
Nº de spp registradas 6 13 20 17 13 14 11 16 5 5 8 8
Tabela 3
.
Padrões reprodu
tivos de 28 espécies de anuros monitorados
entre julho de 2006 e junho de 2007
n
a Serra do Ou
ro Bran
co, sul da Cadeia do Espinhaço, Minas Gerais
.
Classes de abundância de machos em atividade de vocalização
: - 1-2; - 3-10; - 11-50 e - mais de 50.
S
: encontrados apenas indivíduos silenciosos, que não estavam vocalizando;
D
: desovas;
G
: girinos;
Am: casais em amplexo e Im: imagos. PR (padrão reprodutivo): A, espécies que vocalizaram o ano todo, ou quase todo, com agregações maiores nos meses chuvosos; O
, espécies oportunistas com atividade de
vocalização associada aos meses chuvosos; I, espécies que vocalizaram mais no período seco de inverno; E, espécies com padrão reprodutivo explosivo, com picos de vocalização nas chuvas intensas; V
, espécies de
verão, que apresentaram um padrão pouco definido de vocalização. MA (microambiente de vocalização)
: Ab, arbusto; Ag, água; Av, árvore; Ar, areia; Br, bromélia; Pe, sobre pedra; Se, serrapilheira; To, toca; Va,
sobre vegetação aquática.
52
3. CONCLUSÕES GERAIS
O presente estudo conclui que:
A Serra do Ouro Branco possui uma das maiores riquezas de anuros conhecidas para
uma única localidade no estado de Minas Gerais até o momento, com pelo menos 47
espécies.
A comunidade de anuros da Serra do Ouro Branco é composta por espécies típicas
da Mata Atlântica e do Cerrado, sendo algumas delas endêmicas da Cadeia do
Espinhaço.
A Serra do Ouro Branco corresponde ao limite sul de ocorrência de sete espécies de
anuros (Bokermannohyla alvarengai, B. martinsi, Crossodactylus trachystomus,
Phasmahyla jandaia, Phyllomedusa itacolomi, Physalaemus evangelistai e Scinax
curicica), além de abrigar importantes populações de espécies com distribuição
geográfica restrita, como Physalaemus maximus e Dendropsophus sp. n.
A atividade de vocalização da maioria das espécies de anuros da Serra do Ouro
Branco mostrou estar associada aos meses com maior volume de chuva, mas não
mostrou relacionar-se à temperatura.
A distribuição espacial e temporal das espécies de anuros na Serra do Ouro Branco
varia de acordo com o ambiente que ocupam, parecendo se adequar aos fatores
bióticos e abióticos de cada um deles.
53
4. ANEXO FOTOGRÁFICO
Foto 1. Vista aérea da Serra do Ouro Branco. (Fonte: Gerdau-Açominas)
Foto 3. Lagoa permanente (ambiente LA).
Foto 5. Campos rupestres onde está o riacho
temporário (ambiente RT ).
Foto 4. Riacho permanente (ambiente RP)
Foto 2. Vista parcial da Serra de Itatiaia.
54
Foto 6. Aplastodiscus arildae
Foto 7. Bokermannhyla
alvarengai
Foto 8. Bokermannohyla
circumdata
Foto 9. Rhinella rubescens
Foto 10. Crossodactylus
trachystomus
Foto 11. Dendropsophus sp. n.
(gr. parviceps)
Foto 12.Eleutherodactylus
binotatus
Foto 13. Ischnocnema verrucosa
Foto 14. Hyalonobatrachium
uranoscopum
Foto 15. Hyalinobatrachium
eurygnathum
Foto 16. Hypsiboas pardalis
Foto 17. Leptodactylus
cunicularius
Foto 18. Odontophrynus cultripes
Foto 19. Proceratophrys boiei
Foto 20. Physalaemus evangelistai
55
Autoria das Fotos:
Vinícius São Pedro (Fotos: 2, 3, 4, 5, 6, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 18, 19, 20, 22, 23, 25,
27, 28, 29 e 30)
Renato Feio (Fotos: 7, 8, 15, 21, 24)
Emanuel Teixeira (Foto: 17)
Leandro Drummond (Foto: 26)
Vítor Dias (Foto 31)
Henrique Costa (Foto 32)
Foto 21. Phyllomedusa itacolomi
Foto 22. Physalaemus maximus
Foto 23. Phasmahyla jandaia
Foto 24.
Pseudopaludicola saltica
Foto 25. Scinax sp. n. 1 (aff.
flavogutatus
)
Foto 26. Scinax sp. n. 2 (clado
ruber)
Foto 27. Scinax curicica
Foto 28. Desova de B. alvarengai
Foto 29. Desova de B. circumdata.
Foto 30. Ninho de espuma de L.
cunicularius.
Foto 31. Desova de P. jandaia. Foto 32. Amor pelos batráquios.
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