impactos ambientais, como os que ocorrem no Rio Guandu, podem provocar alterações na
dinâmica populacional da sua fauna autóctone. Estes impactos afetam principalmente a fauna
íctica, influenciando diretamente as populações de parasitos, quanto à prevalência e tamanho de
suas infrapopulações (PAVANELLI et al., 2004).
A composição da fauna parasitária dos peixes nos rios depende de vários fatores, como:
habitat ocupado no rio, estação do ano, características da água, tipo de fundo, fauna presente
próxima ao habitat ocupado pelos peixes, características biológicas e fisiológicas dos peixes,
sendo de grande importância o tipo de alimentação ingerida pelos hospedeiros. Todos estes
fatores constituem o ambiente biótico e abiótico que fornece a base para a vida do hospedeiro e
de seus parasitos (DOGIEL, 1961).
Apesar de possuir uma grande diversidade de peixes, os estudos sobre a fauna parasitária
dos peixes no Rio Guandu são bem escassos. Os trabalhos existentes foram realizados por
Padilha (1978) que descreveu o digenético Zonocotyloides haroltravassosi parasitando o intestino
delgado de Curimata gilberti (Quoy e Gaimard, 1824); Nickol e Padilha (1979) que encontraram
o acantocéfalo Neochinorhynchus paraguayensis Machado, 1959 parasitando Geophagus
brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824); Kritsky et al. (1995) que estudaram as variações
morfométricas das espécies de Scleroductus em quatro espécies de peixes siluriformes; Abdallah
et al. (2004) que fizeram um estudo sobre os metazoários parasitos de três espécies de lambaris
Astyanax bimaculatus (Linnaeus, 1758), A. parahybae Eigenmann, 1908 e Oligosarcus hepsetus
(Cuvier, 1829) e mais recentemente Abdallah (2005) que realizou um estudo sobre a fauna
parasitária do sairú, Cyphocharax gilbert (Quoy e Gaimard, 1824) e do tamboatá, Hoplosternum
littorale (Hancock, 1828). No Rio da Guarda, que também pertence à Bacia Hidrográfica da Baía
de Sepetiba foi realizado um trabalho por Boeger e Popazoglo (1995) que descreveram duas
novas espécies de monogenéticos do gênero Gyrodactylus coletados na superfície do corpo de
Geophagus brasiliensis e Hoplias malabaricus (Bloch, 1974).
Cichlidae é uma das famílias entre os vertebrados com maior numero de espécies
conhecidas, cerca de 1300, com distribuição natural restrita à América do Sul, América Central,
África e Índia (KULLANDER, 1998, 2003, LOWE-MCCONNELL, 1999). Os ciclídeos são
peixes muito versáteis, territorialistas e resistentes, com predileção por ambientes lênticos,
principalmente lagos e lagoas (BIZERRIL; PRIMO, 2001).
Geophagus brasiliensis (Quoy e Gaimard, 1824) (Figura 2) conhecido como acará,
pertence à ordem Perciformes e Família Cichlidae, distribui-se da Bacia Amazônica até o Rio
Paraná (MORAES et al., 2004). É uma das espécies mais comuns no Brasil, com elevada
capacidade de adaptação a ambientes lênticos e com elevadas abundâncias em lagos e
reservatórios do Estado do Rio de Janeiro (BIZERRIL; PRIMO, 2001).
Astronotus ocellatus (Cope, 1872) (Figura 3) é conhecido vulgarmente como Apaiarí ou
Oscar, pertence à ordem Perciformes e Família Cichlidae. Esta espécie de peixe é nativa da
região Amazônica e sua introdução em outras regiões está ligada ao fato da pesca. Em alguns
açudes no Estado do Rio de Janeiro a introdução desta espécie é potencialmente danosa ao
conjunto nativo, dado que apresenta o hábito piscívoro (BIZERRIL; PRIMO, 2001).
A introdução sistemática e intencional de peixes oriundos de diferentes bacias e regiões,
em ambientes de água doce no Estado do Rio de Janeiro é um processo relativamente antigo
(BIZERRIL; PRIMO, 2001). Seguindo uma tendência observada em outras regiões do país e no
mundo, as últimas décadas têm se revelado particularmente importantes no que se refere à
entrada de novas espécies em ecossistemas continentais fluminenses. Este fato deve-se, em
especial, ao desenvolvimento das atividades de aqüicultura e piscicultura, que são usualmente
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