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FABIANA DA CONCEIÇÃO LEITE
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE AGREGADO RECICLADO DE
RESÍDUO SÓLIDO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CAMADAS DE BASE E
SUB-BASE DE PAVIMENTOS
Dissertação apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo
para obtenção do Título de Mestre em
Engenharia de Transportes.
São Paulo
2007
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FABIANA DA CONCEIÇÃO LEITE
COMPORTAMENTO MECÂNICO DE AGREGADO RECICLADO DE
RESÍDUO SÓLIDO DA CONSTRUÇÃO CIVIL EM CAMADAS DE BASE E
SUB-BASE DE PAVIMENTOS
Dissertação apresentada à Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo
para obtenção do Título de Mestre em
Engenharia de Transportes.
Área de Concentração:
Engenharia de Transportes
Orientadora:
Profª. Drª.
Liedi Légi Bariani Bernucci
São Paulo
2007
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Este exemplar foi revisado e alterado em relação à versão original, sob
responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.
São Paulo, 12 de julho de 2007.
Assinatura do autor
Assinatura do orientador
FICHA CATALOGRÁFICA
Leite, Fabiana da Conceição
Comportamento mecânico de agregado reciclado de resíduo
sólido da construção civil em camadas de base e sub-base de
pavimentos / F.C. Leite. -- São Paulo, 2007.
185 p.
Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade
de São Paulo. Departamento de Engenharia de Transportes.
1.Infra-estrutura de transportes 2.Pavimentação 3.Recicla-
gem de resíduos urbanos I.Universidade de São Paulo. Escola
Politécnica. Departamento de Engenharia de Transportes II.t.
Aos meus pais,
Valdeia e Hélio
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me dar força e coragem todos os dias.
À minha querida família, pelo amor e apoio incondicionais.
À minha orientadora Profa. Liedi Bernucci, pela amizade, oportunidade, atenção e
carinho. Obrigada por sempre acreditar nesta dissertação!
À Coordenadoria do Espaço Físico da Universidade de São Paulo (Coesf), em
especial ao Prof. Antonio Massola, que desde o primeiro momento apoiou e
incentivou a implantação do pavimento com materiais reciclados na USP Leste.
À Dynatest Engenharia Ltda., em especial ao Eng. Leonardo Preussler, que cedeu
gentilmente os operadores e o equipamento Falling Weight Deflectometer.
À Concremat Engenharia e Tecnologia S. A., em especial ao Eng. Paulo Fernando
Silva, que cedeu gentilmente fotos e relatórios de acompanhamento da obra.
Ao Prof. Carlos Suzuki e ao Prof. Vanderley John, pelas críticas e sugestões no
exame de qualificação.
Ao super Prof. Edson de Moura, pela ajuda na realização de todos os ensaios, pela
motivação ao longo do desenvolvimento da dissertação e pelas várias “viagens” até a
USP Leste.
Ao Prof. Walter Sant’Ana, pela amizade regada a muitas risadas e pelo incentivo
profissional ao longo de todo o mestrado.
À minha querida amiga M. Enga. Rosângela Motta, pelo seu bom humor e carinho
diários e pela ajuda no desenvolvimento desta dissertação.
Ao futuro engenheiro Moisés Abdou, pela ajuda na realização dos ensaios e das fotos
e por me acompanhar, em vezes incontáveis, até a USP Leste.
A toda equipe, alunos e pesquisadores do LTP, em especial à amiga Diomária
Santos, nossa querida secretária, e ao amigo Erasmo Alves, pela ajuda em toda a
parte pesada dos ensaios.
Ao Prof. Carlos Pinto, pela amizade e por acreditar no meu potencial, quando eu já
não mais acreditava.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pela bolsa de
mestrado.
E a C. G. por fazer tudo isto valer muito a pena!!
RESUMO
Os resíduos de construção e demolição (RCD) são gerados em quantidades
expressivas nas cidades de grande e médio portes no Brasil e são comumente
descartados de forma irregular. Para os milhares de quilômetros de vias urbanas não
pavimentadas, o agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil é uma
alternativa aos materiais convencionais de pavimentação. Esta dissertação analisa o
comportamento mecânico do agregado reciclado para emprego em camadas de base e
sub-base. A pesquisa consiste em ensaios laboratoriais, acompanhados de um estudo
de caso – o pavimento do novo campus da Universidade de São Paulo (USP Leste).
Um trecho de 1.020 metros de extensão foi utilizado no estudo, de um total de
aproximadamente dois quilômetros de vias pavimentadas no campus. O pavimento
avaliado possui agregado reciclado em sua estrutura; quatro seções-tipo diferentes
foram construídas, variando os materiais, as espessuras, a compactação e o subleito.
Propriedades físicas e mecânicas do agregado reciclado foram determinadas em
laboratório por meio dos seguintes testes: composição, porcentagem de materiais
indesejáveis, massa específica, absorção de água, graduação, forma dos grãos,
compactação, influência da compactação, índice de suporte Califórnia, módulo de
resiliência e deformação permanente. Os ensaios de campo compreenderam: controle
de materiais e de execução, resistência à penetração pelo Dynamic Cone
Penetrometer e levantamento deflectométrico com o Falling Weight Deflectometer.
Baseado na análise das bacias de deflexão das seções-tipo construídas, o trecho
estudado é dividido em quatro comportamentos distintos à deformação. Os resultados
mostraram que o comportamento mecânico do agregado reciclado apresenta uma
forte dependência da eficiência da compactação. Quando submetido a uma
compactação adequada, o material reciclado comporta-se tal qual uma brita graduada
simples.
ABSTRACT
Construction and demolition waste (CDW) is generated in significant amounts in
medium and large size cities in Brazil and are usually disposed of illegally. For the
thousands of kilometers of unpaved urban roads, the recycled aggregate of CDW is
an alternative to conventional paving materials. This dissertation analyses the
mechanical behavior of the recycled aggregate for use in base and subbase layers.
This research consisted of a series of laboratory tests, followed by a case study – the
pavement of the new campus of the University of Sao Paulo (USP Leste). A test
track of 1,020 meters of extension was used for the study, from a total of
approximately two kilometers of paved roads in the campus. The pavement studied
contains recycled aggregate in its structure; four different road sections were
constructed, varying the materials, thickness, compaction and subgrade. Physical and
mechanical properties of the recycled aggregate were characterized through the
following laboratory tests: composition, percentage of impurities, bulk density, water
absorption, gradation, grain form, compaction, compaction influence, California
Bearing Ratio, resilient modulus and permanent deformation. The field tests covered:
materials and construction control, bearing capacity using the Dynamic Cone
Penetrometer and deflection measurement using a Falling Weight Deflectometer.
Based on the analysis of the deflection basins of the built road sections, the test track
is divided according to four different deformation behaviors. The results show that
the mechanical behavior of the recycled aggregate presents a strong dependence on
the compaction effort. When submitted to proper compaction, the recycled material
behaves as a crushed-stone.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
1.1 Objetivos............................................................................................... 2
1.2 Justificativa........................................................................................... 3
1.3 Desenvolvimento do trabalho............................................................... 4
1.4 Organização do trabalho....................................................................... 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................... 7
2.1 Resíduos de construção e demolição.................................................... 7
2.2 Reciclagem ......................................................................................... 13
2.3 Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil em
pavimentação.................................................................................................. 15
2.3.1 Pavimentação com agregado reciclado: experiências
internacionais...................................................................................... 17
2.3.2 Pavimentação com agregado reciclado no Brasil................... 22
2.3.3 Normalização internacional e nacional .................................. 28
3. ESTUDO DE CASO: PAVIMENTO DO SISTEMA VIÁRIO DA USP
LESTE........................................................................................................................ 31
3.1 Localização e justificativa .................................................................. 31
3.2 Dimensionamento do pavimento........................................................ 32
3.3 Materiais empregados......................................................................... 35
3.3.1 Concreto asfáltico................................................................... 36
3.3.2 Brita graduada simples ........................................................... 37
3.3.3 Solo laterítico para reforço de subleito................................... 39
3.3.4 “Rachão de entulho”............................................................... 39
3.3.5 Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil ..... 40
3.4 Problemas ocorridos ........................................................................... 42
3.5 Discussão sobre o estudo laboratorial e monitoramento planejados.. 43
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL: LABORATÓRIO E CAMPO ................ 45
4.1 Material analisado em laboratório...................................................... 45
4.2 Ensaios de caracterização física em laboratório................................. 47
4.2.1 Composição do agregado reciclado........................................ 47
4.2.2 Materiais indesejáveis ............................................................ 47
4.2.3 Determinação da massa específica dos grãos......................... 48
4.2.3.1 Grãos passantes na peneira 4,8mm.......................... 48
4.2.3.2 Grãos retidos na peneira 4,8mm .............................. 49
4.2.4 Absorção................................................................................. 50
4.2.5 Análise granulométrica........................................................... 52
4.2.6 Forma dos grãos ..................................................................... 54
4.3 Ensaios de compactação..................................................................... 56
4.3.1 Determinação da umidade ótima e peso específico aparente
seco máximo....................................................................................... 56
4.3.2 Compactação de corpos-de-prova de 150mm x 300mm ........ 58
4.3.3 Análise da influência da compactação ................................... 60
4.3.3.1 Granulometria............................................................. 60
4.3.3.2 Forma.......................................................................... 62
4.4 Ensaios mecânicos.............................................................................. 62
4.4.1 Índice de suporte Califórnia ................................................... 63
4.4.2 Módulo de resiliência ............................................................. 65
4.4.3 Deformação permanente......................................................... 70
4.4.3.1 Avaliação da deformação permanente........................ 70
4.4.3.2 Teoria do shakedown .................................................. 75
4.5 Controle tecnológico em campo......................................................... 78
4.5.1 Controle tecnológico dos materiais ........................................ 79
4.5.2 Controle tecnológico de execução.......................................... 81
4.5.2.1 Controle da umidade................................................... 82
4.5.2.2 Controle do grau de compactação............................... 82
4.5.3 Dynamic Cone Penetrometer ................................................. 84
4.5.4 Falling Weight Deflectometer ................................................ 87
4.6 Estudo das bacias de deflexão ............................................................ 90
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.......................... 92
5.1 Caracterização física do agregado reciclado em laboratório.............. 92
5.1.1 Composição do agregado reciclado........................................ 92
5.1.2 Materiais indesejáveis ............................................................ 93
5.1.3 Determinação da massa específica dos grãos......................... 94
5.1.3.1 Grãos passantes na peneira 4,8mm.......................... 94
5.1.3.2 Grãos retidos na peneira 4,8mm .............................. 95
5.1.4 Absorção................................................................................. 95
5.1.5 Análise granulométrica........................................................... 97
5.1.6 Análise da forma..................................................................... 99
5.2 Ensaio de compactação em laboratório ............................................ 100
5.2.1 Determinação da umidade ótima e peso específico aparente
seco máximo..................................................................................... 100
5.2.2 Influência da compactação ................................................... 103
5.2.2.1 Granulometria........................................................... 103
5.2.2.2 Forma..................................................................... 108
5.3 Comportamento mecânico do agregado reciclado em laboratório... 108
5.3.1 Índice de suporte Califórnia ................................................. 108
5.3.2 Módulo de resiliência ........................................................... 111
5.3.3 Deformação permanente....................................................... 116
5.3.3.1 Deformação permanente........................................ 116
5.3.3.2 Teoria do shakedown ................................................ 124
5.4 Controle tecnológico ........................................................................ 127
5.4.1 Controle tecnológico dos materiais ...................................... 128
5.4.1.1 Granulometria........................................................ 128
5.4.1.2 Forma dos grãos..................................................... 132
5.4.1.3 Compactação.......................................................... 133
5.4.1.4 Índice de suporte Califórnia................................... 134
5.4.2 Controle tecnológico de execução........................................ 136
5.4.2.1 Umidade................................................................. 136
5.4.2.2 Grau de compactação............................................. 138
5.4.3 Dynamic Cone Penetrometer ............................................... 140
5.4.4 Falling Weight Deflectometer .............................................. 147
5.5 Discussão sobre o comportamento em campo.................................. 159
6. CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES........................... 166
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 177
ANEXOS
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Resíduos de construção e demolição (RCD) ............................................. 7
Figura 2.2: Disposição irregular de RCD (PINTO, 1999) ......................................... 12
Figura 2.3: Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil ...................... 14
Figura 3.1: Subleito da USP Leste ............................................................................. 33
Figura 3.2: Quatro seções-tipo de pavimento executadas no sistema viário da USP
Leste, com cotas em cm ............................................................................................. 34
Figura 3.3: Limites da faixa II (camada intermediária) e da faixa III (camada de
rolamento) da PMSP utilizadas no revestimento asfáltico do pavimento do sistema
viário da USP Leste.................................................................................................... 36
Figura 3.4: Vibroacabadora espalhando a mistura asfáltica....................................... 37
Figura 3.5: Compactação do revestimento asfáltico .................................................. 37
Figura 3.6: Base de agregado reciclado com imprimação impermeabilizante........... 37
Figura 3.7: Execução da pintura de ligação sobre a camada de binder ..................... 37
Figura 3.8: Camada de base de brita graduada simples sendo executada.................. 38
Figura 3.9: Granulometria da brita graduada simples empregada na seção-tipo 1 do
pavimento do sistema viário da USP Leste................................................................ 38
Figura 3.10: "Rachão de entulho" colocado sobre solo mole do subleito do sistema
viário da USP Leste.................................................................................................... 40
Figura 3.11: Camada de “rachão de entulho”após compactação............................... 40
Figura 3.12: Pilha de agregado reciclado armazenada na obra.................................. 41
Figura 3.13: Motoniveladora espalhando a camada de agregado reciclado............... 42
Figura 3.14: Compactação de camada de agregado reciclado ................................... 42
Figura 4.1: Coleta do agregado reciclado com pá carregadeira................................. 45
Figura 4.2: Descarregamento do agregado reciclado no laboratório ......................... 45
Figura 4.3: Homogeneização do material .................................................................. 46
Figura 4.4: Pilha de agregado reciclado no laboratório ............................................. 46
Figura 4.5: Acondicionamento do agregado reciclado em sacos plásticos................ 46
Figura 4.6: Coleta da parte fina.................................................................................. 46
Figura 4.7: Medição com paquímetro digital............................................................. 55
Figura 4.8: Exemplos de partículas pertencentes às frações analisadas..................... 55
Figura 4.9: Soquete grande e cilindro metálico grande ............................................. 57
Figura 4.10: Detalhe do cilindro e compactação........................................................ 57
Figura 4.11: Compactação no cilindro 150mm x 300mm ......................................... 59
Figura 4.12: Detalhe do cilindro tripartido ................................................................ 59
Figura 4.13: Corpos-de-prova em imersão para determinar expansão ...................... 65
Figura 4.14: Corpo-de-prova submetido à prensa...................................................... 65
Figura 4.15: Equipamento triaxial de carga repetida do LTP-EPUSP....................... 67
Figura 4.16: Célula triaxial grande utilizada no ensaio com carga repetida.............. 68
Figura 4.17: Corpo-de-prova de agregado reciclado com 150mm x 300mm ............ 68
Figura 4.18: Deformação permanente para um material granular apresentando os
limites A, B e C (WERKMEISTER et al., 2001) ...................................................... 76
Figura 4.19: Equipamento frasco de areia.................................................................. 83
Figura 4.20: Camada de base após ensaio com frasco de areia ................................. 83
Figura 4.21: Execução do ensaio DCP....................................................................... 86
Figura 4.22: Detalhe da superfície após o ensaio DCP sobre camada de reforço de
subleito....................................................................................................................... 86
Figura 4.23: Deflexão gerada pelo carregamento no pavimento (PINTO e
PREUSSLER, 2002) .................................................................................................. 87
Figura 4.24: Equipamento do tipo FWD.................................................................... 89
Figura 4.25: Detalhe da aplicação da carga e sensores.............................................. 89
Figura 5.1: Materiais constituintes do agregado reciclado estudado ......................... 92
Figura 5.2: Porcentagem em massa dos materiais presentes na fração graúda do
agregado reciclado de Santo André analisado em laboratório................................... 93
Figura 5.3: Granulometria inicial do agregado reciclado de Santo André................. 98
Figura 5.4: Composição granulométrica para ensaios com substituição de material
.................................................................................................................................. 101
Figura 5.5: Curvas de compactação para energias intermediária e modificada....... 102
Figura 5.6: Curvas granulométricas do agregado reciclado de Santo André antes e
depois da compactação, em relação à porcentagem passante .................................. 105
Figura 5.7: Curvas granulométricas do agregado reciclado de Santo André antes e
depois da compactação, em relação à porcentagem retida....................................... 105
Figura 5.8: Módulo de resiliência do agregado reciclado de Santo André para corpos-
de-prova compactados nas energias intermediária e modificada segundo o modelo
em função de θ ......................................................................................................... 112
Figura 5.9: Módulo de resiliência do agregado reciclado de Santo André para corpos-
de-prova compactados nas energias intermediária e modificada segundo modelo em
função de σ
3
............................................................................................................. 112
Figura 5.10: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André compactado na energia intermediária e modificada...................................... 117
Figura 5.11: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André compactado na energia modificada submetido a diferentes níveis de tensão118
Figura 5.12: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André e para a brita com mesma granulometria compactados na energia modificada
.................................................................................................................................. 119
Figura 5.13: Análise do índice de deformação permanente para o agregado reciclado
de Santo André compactado na energia intermediária e modificada....................... 125
Figura 5.14: Análise do índice de deformação permanente para o agregado reciclado
de Santo André compactado na energia modificada submetido a diferentes níveis de
tensões...................................................................................................................... 126
Figura 5.15: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André em nível de tensão baixo e alto ..................................................................... 127
Figura 5.16: Granulometrias dos agregados reciclados empregados no sistema viário
da USP Leste............................................................................................................ 129
Figura 5.17: Granulometria dos agregados reciclados empregados no sistema viário
da USP Leste depois da compactação da camada de sub-base................................ 131
Figura 5.18: Curva DCP e determinação das espessuras das camadas do local
0,690km.................................................................................................................... 142
Figura 5.19: Resultados de ISC pela equação do USACE (1994) para as camadas do
pavimento analisadas entre os locais 0,440km e 0,710km....................................... 146
Figura 5.20: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 1 – seção-tipo 1..................................................................................... 149
Figura 5.21: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 2 – seção-tipo 2..................................................................................... 150
Figura 5.22: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 3 – seção-tipo 3..................................................................................... 151
Figura 5.23: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 4 – seção-tipo 4..................................................................................... 152
Figura 5.24: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 1 e 2................................................................................... 156
Figura 5.25: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 2 e 3................................................................................... 157
Figura 5.26: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 3 e 4................................................................................... 158
Figura 5.27: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 1, 2 e 4............................................................................... 159
Figura 5.28: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 1 160
Figura 5.29: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 2 160
Figura 5.30: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 3 161
Figura 5.31: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 4 161
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1: Quantidade de RCD gerados e porcentagem reaproveitada ou reciclada
em países da União Européia (EC, 2000) .................................................................. 10
Tabela 2.2: Detalhamento das seções-tipo construídas na Pista Circular de Testes
Acelerados da University of Central Florida (CHINI et al., 2001)........................... 19
Tabela 3.1: Características da brita graduada simples empregada na seção-tipo 1 do
pavimento do sistema viário da USP Leste................................................................ 39
Tabela 3.2: Aspectos prescritos pela NBR 15115 (ABNT, 2004) com relação às
características do agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil para
emprego em camadas de base e sub-base .................................................................. 41
Tabela 4.1: Aspectos e limites fixados pela norma e especificação brasileiras com
relação à granulometria.............................................................................................. 54
Tabela 4.2: Classificação da forma dos grãos conforme NBR 6954 (ABNT, 1989). 55
Tabela 4.3: Valores mínimos de ISC e máximos de expansão recomendados para
emprego de agregado reciclado em camadas de pavimentos..................................... 63
Tabela 4.4: Tensões aplicadas durante o ensaio de módulo de resiliência do agregado
reciclado de Santo André ........................................................................................... 69
Tabela 4.5: Energia e níveis de tensões empregados nos ensaios de deformação
permanente do agregado reciclado de Santo André................................................... 72
Tabela 4.6: Módulos de resiliência adotados na retroanálise da “seção-tipo 3”........ 72
Tabela 4.7: Controle tecnológico dos materiais conforme NBR 15115 (ABNT,2004)
.................................................................................................................................... 79
Tabela 4.8: Controle tecnológico de execução de acordo com a NBR 15115
(ABNT,2004) ............................................................................................................. 81
Tabela 5.1: Massa específica do agregado reciclado de Santo André relativa aos
grãos passantes na peneira 4,8mm ............................................................................. 94
Tabela 5.2: Massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8 mm do agregado
reciclado de Santo André, de acordo com natureza dos seus constituintes ............... 95
Tabela 5.3: Absorção dos grãos retidos na peneira 4,8mm do agregado reciclado de
Santo André, de acordo com natureza dos seus constituintes.................................... 96
Tabela 5.4: Teor de absorção para fração graúda de agregados reciclados ............... 96
Tabela 5.5: Aberturas das peneiras e respectivas porcentagens passantes verificadas
para o agregado reciclado de Santo André................................................................. 97
Tabela 5.6: Aspectos e limites fixados pela norma e especificação brasileiras com
relação à granulometria.............................................................................................. 98
Tabela 5.7: Forma dos grãos e respectivas porcentagens para o agregado reciclado de
Santo André estudado em laboratório........................................................................ 99
Tabela 5.8: Forma dos grãos de acordo com a natureza para o agregado reciclado de
Santo André estudado em laboratório...................................................................... 100
Tabela 5.9: Valores de peso específico seco máximo e umidade de compactação
encontrados para agregados reciclados .................................................................... 103
Tabela 5.10: Aberturas das peneiras e respectivas porcentagens passantes verificadas
para o agregado reciclado de Santo André antes e depois da compactação............. 104
Tabela 5.11: Aspectos e limites fixados pela norma e especificação brasileiras com
relação à granulometria............................................................................................ 106
Tabela 5.12: Variações de índice de degradação de Ruiz para o agregado reciclado de
Santo André de acordo com a energia de compactação........................................... 107
Tabela 5.13: Forma dos grãos e porcentagens após compactação em duas energias
.................................................................................................................................. 108
Tabela 5.14: Valores de índice de suporte Califórnia obtidos para o agregado
reciclado de Santo André compactado na energia intermediária e modificada ....... 109
Tabela 5.15: Valores índice de suporte Califórnia para diferentes tipos de agregados
reciclados ................................................................................................................. 110
Tabela 5.16: Comparação de valores de módulo de resiliência para o agregado
reciclado de Santo André compactado na energia intermediária e modificada
utilizando diferentes níveis de tensões..................................................................... 113
Tabela 5.17: Modelos de módulo de resiliência obtidos para diferentes tipos de
agregados reciclados ................................................................................................ 114
Tabela 5.18: Módulos de resiliência obtidos para mesmo nível de tensão utilizando
os modelos apresentados na Tabela 5.17 ................................................................. 115
Tabela 5.19: Deformações permanentes medidas por ensaios triaxiais de cargas
repetidas para diferentes materiais de acordo com a literatura revisada.................. 120
Tabela 5.20: Modelos obtidos com os ensaios de deformação permanente utilizando
o modelo de Monismith et al.(1975)........................................................................ 121
Tabela 5.21: Modelos obtidos com os ensaios de deformação permanente utilizando
o modelo de Barksdale (1972) ................................................................................. 122
Tabela 5.22: Deformações permanentes obtidas nos ensaios e pelos modelos de
previsão de Monismith et al.(1975) e Barksdale (1972) para 100.000 ciclos.......... 122
Tabela 5.23: Deformações permanentes verificadas na literatura para agregados
reciclados utilizando os modelos de previsão de Monismith et al.(1975) e Barksdale
(1972) para 100.000 ciclos....................................................................................... 123
Tabela 5.24: Dimensão característica máxima dos grãos, porcentagem que passa na
peneira 0,42mm, coeficiente de uniformidade e coeficiente de curvatura dos
agregados reciclados empregados no sistema viário da USP Leste......................... 130
Tabela 5.25: Resultados de porcentagem passante na peneira 0,42 mm e C
u
dos
agregados reciclados empregados no sistema viário da USP Leste......................... 132
Tabela 5.26: Resultados dos ensaios de compactação dos agregados reciclados
empregados no sistema viário da USP Leste ........................................................... 134
Tabela 5.27: Resultados de índice de suporte Califórnia e expansão dos agregados
reciclados empregados no sistema viário da USP Leste.......................................... 135
Tabela 5.28: Resultados do controle da umidade de compactação dos agregados
reciclados empregados nas camadas de base e sub-base do sistema viário da USP
Leste......................................................................................................................... 137
Tabela 5.29: Resultados do controle de compactação dos agregados reciclados
empregados nas camadas de base e sub-base do sistema viário da USP Leste........ 138
Tabela 5.30: Locais e superfície do pavimento do sistema viário da USP Leste onde
foram realizados os ensaios com o DCP.................................................................. 140
Tabela 5.31: Espessuras das camadas do pavimento do sistema viário da USP Leste
obtidas por meio do DCP entre os locais 0,440km e 0,710km ................................ 142
Tabela 5.32: Valores de DPI obtidos para as camadas do pavimento do sistema viário
da USP Leste entre os locais 0,440km e 0,900km ................................................... 143
Tabela 5.33: Correlações entre DPI e índice de suporte Califórnia in situ para
diferentes materiais verificadas na bibliografia consultada ..................................... 144
Tabela 5.34: Cálculo do índice de suporte Califórnia in situ para diferentes materiais
conforme correlações com o DPI verificadas na bibliografia consultada................ 145
Tabela 5.35: Valores de ISC médio, desvio padrão, coeficiente de variação e ISC
mínimo estatístico obtidos para as camadas submetidas a ensaios DCP entre os locais
0,440km e 0,710km, utilizando o modelo USACE.................................................. 147
Tabela 5.36: Segmentos homogêneos analisados neste trabalho (cotas em cm) ..... 148
Tabela 5.37: Valores de d
0
, d
25
e R
c
médios da faixa esquerda, do eixo e da faixa
direita para os segmentos homogêneos das quatro seções-tipo aqui analisadas...... 153
Tabela 5.38: Valores de d
0 médio
, d
característica
, d
projeto
e d
adm
calculadas pelo método
DNER PRO 011/79 (DNER, 1979) ......................................................................... 155
Tabela 5.39: Módulos de resiliência das camadas dos quatro segmentos analisados
determinados por retroanálise das bacias de deflexão medidas no eixo do pavimento
.................................................................................................................................. 162
Tabela 5.40: Variações dos módulos de resiliência de cada camada dos quatro
segmentos homogêneos analisados determinados por retroanálise das bacias de
deflexão medidas no eixo do pavimento.................................................................. 164
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AASHO - American Association of State Highway Officials
AASHTO - American Association of State Highway and Transportation Officials
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABPv - Associação Brasileira de Pavimentação
ANPET - Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte
ASTM - American Society for Testing and Materials
BGS - Brita graduada simples
CAP - Cimento asfáltico de petróleo
CBR - California Bearing Ratio
C
c
- Coeficiente de curvatura
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
C
u
- Coeficiente de uniformidade
δ - Massa específica dos grãos
DER - Departamento de Estradas de Rodagem
DCP - Dynamic Cone Penetrometer (Penetrômetro Dinâmico de Cone)
DPI - DCP Penetration Index
DNER - Departamento Nacional de Estradas de Rodagem
DNIT - Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes
DNPM - Departamento Nacional de Produção Mineral
EC - European Comission
ε
p
- Deformação permanente
EPA - Environmental Protection Agency
ETS - Especificação Técnica de Serviço
FDOT - Florida Department of Transportation
FHWA - Federal Highway Administration
FWD - Falling Weight Deflectometer
HRB - Highway Research Board
ID - Índice de degradação
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo
ISC - Índice de suporte Califórnia
LVDT - Linear Variable Differencial Transformer
Mn/DOT - Minnesota Department of Transportation
M
R
- Módulo de resiliência
ONU - Organização das Nações Unidas
PMSP - Prefeitura do Município de São Paulo
θ - Soma das tensões principais
RCD - Resíduo(s) de construção e demolição
σ
1
- Tensão principal maior
σ
3
- Tensão principal menor ou tensão de confinamento
σ
d
- Tensão-desvio
USP - Universidade de São Paulo
1
1. INTRODUÇÃO
A grande quantidade de resíduos provenientes dos diferentes processos do cotidiano
industrializado e urbanizado é um assunto que preocupa hoje as empresas e a própria
sociedade. Com o crescimento e o desenvolvimento das cidades, a indústria da
construção civil depara-se com uma questão importante: a geração de resíduos
sólidos pelas obras novas e demolições.
De acordo com Schneider (2003), estima-se que só no município de São Paulo sejam
geradas diariamente cerca de 16.000 toneladas de resíduos de construção e
demolição (RCD). Um agravante deste problema é a disposição irregular, que
implica na poluição de vias, rios, córregos, terrenos baldios e áreas de mananciais
(TRICHÊS e KRYCKYJ, 1999). Em função destes grandes volumes de RCD é
patente a importância de estudos para que sejam encontradas soluções adequadas
para o emprego deste material, evitando assim os danos ao meio em geral e os gastos
excessivos com transporte e deposição em aterros.
De acordo com o relatório final Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC)
de 2007 elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), os resíduos sólidos
e líquidos são responsáveis por 2,8% da emissão de CO
2
e de outros gases que
colaboram para o aquecimento global. O relatório recomenda que sejam adotadas
políticas de gerenciamento dos resíduos para reduzir a sua geração e estimular a sua
reciclagem, por meio do desenvolvimento e da difusão de novas tecnologias (IPCC,
2007).
Com a busca pelo desenvolvimento sustentável são apresentadas alternativas para o
reaproveitamento dos resíduos da construção civil. Por meio da reciclagem do RCD é
possível ter uma economia energética e reduzir os impactos negativos dos resíduos
nas cidades. Uma nova matéria-prima é produzida e pode substituir a natural, não-
renovável (ÂNGULO et al., 2003).
2
No Brasil, foi aprovada no ano de 2002 a resolução do Conselho Nacional do Meio
Ambiente nº 307 (CONAMA) que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos
para a gestão dos resíduos da construção civil. De acordo com esta resolução, os
geradores são responsáveis pelos resíduos das atividades de construção, reforma,
reparos e demolições de estruturas e estradas. Além disso, eles devem ter como
prioridade a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a
reciclagem e a destinação final (CONAMA, 2002).
A resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002) divide os resíduos da construção
civil em quatro classes, indicando os que apresentam potencial para serem
reutilizáveis ou recicláveis como agregados.
O RCD é um material nobre do ponto de vista de engenharia, pois normalmente se
apresenta resistente e com baixa expansão. Estas características indicam o seu grande
potencial de reciclagem como agregado para pavimentação. Estudos analisando as
propriedades físicas, químicas e mecânicas do RCD para utilização em pavimentação
vêm sendo desenvolvidos no Brasil desde a década de 80 (TRICHÊS e KRYCKYJ,
1999; MOTTA, 2005).
A partir da reciclagem do RCD, um novo produto é obtido: o agregado reciclado de
resíduo sólido da construção civil. Como forma de estimular e regulamentar o
emprego do agregado reciclado em pavimentação, foi elaborada em 2004 pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a norma NBR 15115, cujo título
é “Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil – Execução de
camadas de pavimentação – Procedimentos” (ABNT, 2004).
1.1 Objetivos
Esta pesquisa tem por objetivo geral estudar o comportamento mecânico de agregado
reciclado de resíduo sólido da construção civil em laboratório e em campo, para
emprego em camadas de pavimentos de vias de baixo volume de tráfego.
Do ponto de vista inovador, este trabalho teve os seguintes objetivos:
3
Analisar a influência da energia de compactação nas propriedades físicas e
mecânicas de agregado reciclado em laboratório;
Avaliar a deformação permanente do agregado reciclado em laboratório, sob
a luz da teoria do shakedown.
1.2 Justificativa
A preocupação com passivos ambientais e com um destino adequado para a grande
quantidade de resíduos provenientes da construção civil, incentiva as pesquisas na
área de reciclagem destes materiais. O emprego do agregado reciclado em
pavimentação tem as seguintes vantagens e atrativos (TRICHÊS e KRYCKYJ, 1999;
VON STEIN, 2000; CARNEIRO et al., 2001; CHINI et al., 2001; SOBHAN e
MASHNAD, 2002; MOTTA, 2005; BLANKENAGEN e GUTHRIE, 2006):
Diminuição dos custos de pavimentação, uma vez que estes materiais
apresentam custo inferior aos convencionais (não considerando os gastos com
transporte);
Expansibilidade muito baixa ou nula, ou seja, com a entrada de água ou
“saturação” não ocorre a expansão das camadas compactadas;
Potencial de auto-cimentação, em função da presença de atividade
pozolânica;
Diminuição dos custos de operação de aterros sanitários, devido à menor
quantidade de resíduo envolvido;
Necessidade de áreas menores para a manutenção de aterros sanitários e bota-
foras, em função do prolongamento da vida útil dos existentes;
Melhoria das condições de saneamento dos municípios;
Economia com a limpeza urbana, colaborando com programas municipais de
gerenciamento de resíduos sólidos;
Economia de jazidas minerais naturais, devido à menor velocidade de
exploração das mesmas, com conseqüente diminuição de agressão ao meio
ambiente.
Espera-se que com os resultados obtidos e a divulgação desta experiência, seja
estimulada a utilização do agregado reciclado, quando possível, em substituição ao
4
material natural não-renovável, como britas graduadas ou materiais estabilizados
granulometricamente.
1.3 Desenvolvimento do trabalho
Este trabalho consiste no estudo de agregados reciclados de resíduo sólido da
construção civil em pavimentação. A pesquisa fundamenta-se em duas partes: a
análise laboratorial de agregado reciclado e a análise em campo de agregado
reciclado como camada de pavimento.
O pavimento estudado localiza-se no novo campus da Universidade de São Paulo, a
USP Leste, na zona leste da capital paulista. Este pavimento possui
aproximadamente dois quilômetros de extensão e é composto pela seguinte estrutura
e materiais:
Revestimento: concreto asfáltico com asfalto-borracha;
Base e sub-base: agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil;
Reforço de subleito: solo importado com comportamento laterítico.
As camadas de base e sub-base com agregado reciclado foram o foco principal deste
trabalho. Para a avaliação do seu comportamento in situ na estrutura, foi executado
um controle tecnológico durante a construção do pavimento e após sua finalização. A
análise laboratorial de agregado reciclado foi realizada com amostra coletada em
campo, durante a implantação do pavimento na USP Leste.
1.4 Organização do trabalho
Esta dissertação de mestrado está organizada em seis capítulos.
Primeiramente, o capítulo 1 INTRODUÇÃO apresenta uma visão geral sobre a
questão da geração dos resíduos da construção civil e a importância de sua
reciclagem, além do objetivo da pesquisa, justificativa do estudo e organização do
trabalho.
5
Em seguida, no capítulo 2, REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, são expostos o processo de
geração dos resíduos de construção e demolição, o seu sistema de reciclagem, a
obtenção do agregado reciclado, suas particularidades e seus possíveis empregos. A
revisão bibliográfica também apresenta a resolução CONAMA nº 307 (CONAMA,
2002) e normas existentes que incentivam e regulamentam o uso do agregado
reciclado como camadas de pavimentos e alguns conceitos básicos sobre
pavimentação. São relatadas ainda neste mesmo capítulo pesquisas internacionais e
nacionais já realizadas e experiências práticas de sucesso, indicando a potencialidade
do uso deste material em pavimentação.
O capítulo 3, ESTUDO DE CASO: PAVIMENTO DO SISTEMA VIÁRIO DA USP
LESTE, detalha o sistema viário construído no campus da USP Leste, experimento-
foco deste trabalho. São apresentadas as características do local de implantação do
campus, as seções-tipo construídas, os materiais empregados e problemas ocorridos
durante a construção do pavimento.
Na seqüência, o capítulo 4 apresenta o PROGRAMA EXPERIMENTAL:
LABORATÓRIO E CAMPO. Neste capítulo é descrito o material estudado em
laboratório, o procedimento de sua coleta na obra e os ensaios laboratoriais
conduzidos. Com relação ao campo, são apresentados o controle tecnológico
tradicional empregado, previsto na norma NBR 15115 (ABNT, 2004), e o
monitoramento complementar com uma avaliação estrutural.
O capítulo 5 compreende a APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
dos ensaios realizados em laboratório e em campo. É feita uma comparação com o
estabelecido na norma NBR 15115 (ABNT, 2004), verificando a concordância do
agregado reciclado com as especificações. São apresentados e discutidos os
resultados dos ensaios mecânicos com o agregado reciclado. Este capítulo
compreende ainda os resultados do controle tecnológico e a análise dos módulos de
resiliência dos materiais em campo, obtidos por retroanálise estrutural com o
programa computacional ELSYM5.
6
Finalizando este trabalho, o capítulo 6, CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E
SUGESTÕES, conclui sobre os resultados dos ensaios realizados em laboratório e em
campo, além de apresentar recomendações para o emprego do agregado reciclado em
camadas de pavimentos e sugestões para trabalhos futuros.
7
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Resíduos de construção e demolição
As principais atividades da indústria da construção civil, como construções,
demolições, reformas e reparos apresentam freqüentemente sobras e desperdícios.
Segundo Pinto (2003), os resíduos de construção e demolição (RCD), popularmente
chamados de entulhos, representam cerca de dois terços da massa total de resíduos
sólidos gerados nas cidades. A Figura 2.1 ilustra resíduos de construção e demolição.
Figura 2.1: Resíduos de construção e demolição (RCD)
A resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002) define os resíduos da construção
civil como materiais provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de
obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos,
tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais,
resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc., comumente
chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.
A seguinte classificação dos resíduos da construção civil é estabelecida pela
resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002):
Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados,
provenientes de construções, demolições, reformas e reparos de
pavimentação, edificações e peças pré-moldadas em concreto;
8
Classe B: são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como:
plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e outros;
Classe C: são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias
ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua
reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso;
Classe D: são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais
como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de
demolição, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais
e outros.
Com relação à classificação dos resíduos sólidos como potencialmente poluentes,
existem no Brasil as seguintes normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT):
NBR 10004 (2004) – Resíduos sólidos – Classificação: classifica os resíduos
sólidos como seco ou molhado (análise da natureza física), como matéria
orgânica ou inorgânica (análise da composição química) e como perigoso,
não inerte e inerte (análise do risco potencial ao meio ambiente);
NBR 10005 (2004) – Lixiviação de resíduos – Procedimento para obtenção
de extrato lixiviado de resíduos sólidos: prescreve procedimentos para
lixiviação de resíduos tendo em vista a sua classificação;
NBR 10006 (2004) – Solubilização de resíduos – Procedimento para
obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos: prescreve sobre a
solubilização de resíduos e fixa condições exigíveis para diferenciar os
resíduos não inertes. É aplicada somente para resíduos sólidos;
NBR 10007 (2004) – Amostragem de resíduos: fixa condições exigíveis para
amostragem, preservação e estocagem de amostras de resíduos sólidos.
Estudos para avaliar o potencial de contaminação dos RCD, tanto nos aterros como
para outras finalidades, devem ser realizados já que a composição dos resíduos varia
muito de um lugar para outro. É afetada por uma série de fatores, como, por
exemplo, os materiais e as técnicas de construção e demolição empregadas (EC,
2000).
9
Outro fator importante é a contaminação que o resíduo pode sofrer. No Brasil,
caçambas colocadas junto ao meio fio são contaminadas por outros tipos de resíduos,
como restos de comida, móveis velhos, plantas e vegetais em geral, entre outros.
Além disso, o tempo de estocagem do resíduo é importante, pois pode possibilitar
transformações, como a hidratação das escórias e das cinzas de resíduo urbano, e que
freqüentemente torna ainda mais aguda a contaminação ambiental (JOHN e ROCHA,
2003).
Dessa forma, as características intrínsecas dos resíduos são afetadas, fazendo-se
necessário realizar um estudo aprofundado para verificar a viabilidade do seu
reaproveitamento (JOHN e ROCHA, 2003). A variabilidade e a contaminação são
grandes obstáculos no desenvolvimento das pesquisas e na difusão da reciclagem dos
RCD (VON STEIN, 2000).
Apesar das particularidades dos resíduos de construção e demolição, a geração de
grandes volumes destes materiais tem chamado a atenção de muitos países. Nas
décadas de 70 e 80, o custo para depositar os resíduos em aterros aumentou muito,
atingindo valores médios de U$100,00 por tonelada na Europa e nos Estados Unidos.
Assim, a busca por soluções alternativas, como reaproveitamento e reciclagem,
atraíram o setor público (VON STEIN, 2000).
A União Européia pratica desde 1996 uma política de gerenciamento dos resíduos de
construção e demolição, por estes constituírem uma alta parcela dos resíduos totais
gerados. Estima-se que sejam produzidas na Europa cerca de 180 milhões de
toneladas destes resíduos anualmente (EC, 2000). Não são todos os países membros
que adotam métodos de gerenciamentos para seus RCD, mas os países que
introduziram este sistema atingem hoje elevados níveis de reaproveitamento e
reciclagem. A Tabela 2.1 apresenta alguns países pertencentes à União Européia,
com as respectivas quantidades de RCD geradas anualmente e a porcentagem
reaproveitada ou reciclada.
10
Tabela 2.1: Quantidade de RCD gerados e porcentagem reaproveitada ou reciclada
em países da União Européia (EC, 2000)
País
RCD gerados
[x10
6
ton/ano]
RCD reaproveitado
ou reciclado
[%]
Alemanha 59 17
Reino Unido 30 45
França 24 15
Itália 20 9
Espanha 13 <5
Holanda 11 90
Bélgica 7 87
Áustria 5 41
Dinamarca 3 81
Portugal 3 <5
Suécia 2 21
Finlândia 1 45
Observa-se na Tabela 2.1 que as porcentagens de resíduos reaproveitados ou
reciclados, apesar de serem consideráveis, diferem de um lugar para outro, porque os
países adotam medidas de gerenciamento diferentes. Levantamentos indicam que
25% dos RCD produzidos na Europa são reciclados (EC, 2000).
Os elevados níveis de geração de RCD na Alemanha, no Reino Unido e na França
ocorrem em função destes três países estarem entre os mais populosos da Europa.
A Holanda, a Bélgica e a Dinamarca introduziram medidas consistentes para
melhorar o sistema de tratamento de seus resíduos e hoje se destacam na questão de
reaproveitamento e reciclagem dos RCD (EC, 2000). Nestes países cerca de 80% a
90% dos resíduos da construção civil tem uma destinação melhor que a disposição
em aterros.
Os países do sul da Europa, como Itália, Espanha e Portugal, possuem uma pequena
parcela de reaproveitamento de seus RCD. As reservas naturais destes países
fornecem qualidade e quantidade de agregados para a construção civil, por custos
11
moderados. Assim, não existe nestes lugares um mercado desenvolvido para
consumir estes materiais reciclados (EC,2000).
Nos Estados Unidos, várias estimativas sobre a geração de resíduos da construção
civil vêm sendo feitas desde a década de 80. Levantamentos indicaram que no ano de
1996 foram geradas no país cerca de 135,5 milhões de toneladas destes resíduos.
Entre 35% e 45% deste montante foram destinados a aterros legais e entre 20% e
30% foram reaproveitados ou reciclados. Os materiais freqüentemente recuperados
são os derivados de concreto, misturas asfálticas, metais e madeira (EPA, 1998).
Os estados americanos possuem autonomia para determinar as regulamentações e
políticas de gerenciamento de seus resíduos; a destinação dos resíduos de construção
e demolição em aterros tem sido cada vez menos tolerada pelos norte-americanos
(EPA, 1998).
Na Austrália, em função do alto custo de manutenção e esgotamento rápido dos
aterros, vêm sendo feitos esforços consideráveis para buscar um reaproveitamento
dos RCD. Acredita-se que sejam geradas anualmente nas cidades de Sydney e
Melbourne 400 mil toneladas e 300 mil toneladas de resíduos de construção e
demolição, respectivamente (NATAATMADJA e TAN, 2001).
Nos últimos anos, vêm sendo realizados levantamentos para definir a quantidade de
resíduos gerados pela construção civil no Brasil. Estima-se que sejam geradas
anualmente 68,5 milhões de toneladas destes resíduos no país (ÂNGULO et al.,
2003).
O reaproveitamento e a reciclagem são soluções ideais para estes grandes volumes de
resíduos da construção civil. Contudo, o destino final para os RCD nem sempre é o
mais adequado. Muitas vezes os RCD são dispostos de forma ilegal, tanto no Brasil
como no exterior (PINTO, 1999; EPA, 1998; EC, 2000).
12
Na cidade de São Paulo, estima-se que somente um terço do montante de RCD
produzido chegue aos aterros públicos, ou seja, a grande maioria é descartada
irregularmente (SCHNEIDER, 2003). A Figura 2.2 ilustra um exemplo de poluição
de um córrego por resíduos sólidos entre as cidades de Santo André/SP e São
Bernardo do Campo/SP (PINTO, 1999).
Figura 2.2: Disposição irregular de RCD (PINTO, 1999)
Além da poluição, a disposição ilegal dos resíduos provoca o assoreamento de rios e
córregos e o entupimento de galerias e bueiros, contribuindo para as enchentes. A
degradação das áreas urbanas é um fato lamentável, que influi diretamente sobre a
saúde e a qualidade de vida da população (TRICHÊS e KRYCKYJ, 1999; PINTO,
1999; SCHNEIDER, 2003).
Quando coletados de forma legal, os resíduos da construção civil são encaminhados
aos aterros, que apresentam altos custos de operação, tanto econômicos como
ambientais. Além disso, os RCD são um dos principais responsáveis pelo
esgotamento de áreas de aterros em cidades de médio e grande porte (ÂNGULO et
al., 2003).
Em 1984, a Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) pavimentou sua primeira
via com resíduo de construção e demolição, a Rua Gervásio da Costa. A construção
teve acompanhamento do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo). A PMSP buscava novas alternativas para os resíduos da construção civil. A
preocupação principal era possibilitar a sobrevida de aterros existentes, já que estes
13
se encontravam praticamente esgotados (BODI et al.,1995). Foram desenvolvidos,
então, estudos para verificar a viabilidade da reciclagem dos resíduos da construção
civil.
2.2 Reciclagem
Na bibliografia há relatos de uso dos resíduos de demolições pela humanidade desde
tempos muito antigos. A escassez de matérias-primas e as dificuldades de deposição
dos resíduos implicaram no reaproveitamento destes materiais (VON STEIN, 2000).
A aplicação em larga escala dos resíduos da construção civil aconteceu na Europa e
no Japão somente após a Segunda Guerra Mundial (NATAATMADJA e TAN,
2001). Durante o período de reconstrução das cidades era necessário remover todo o
entulho que restou e satisfazer uma enorme demanda de materiais de construção.
Dessa forma, o reaproveitamento dos resíduos possibilitou não só a limpeza das
cidades, como também contribuiu para a economia na compra de materiais
(SCHULZ e HENDRICKS, 1992). Neste período, a reconstrução do sistema viário
foi considerada prioridade na Europa, fazendo com que países como a Alemanha e a
França fossem pioneiros no desenvolvimento de técnicas de reciclagem dos RCD
como materiais para pavimentação e construção civil (VON STEIN, 2000).
Para utilização como material de construção, o RCD deve ser do tipo classe A da
resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002) e deve sofrer um processo de
reciclagem originando um novo produto: o agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil. A Figura 2.3 ilustra o material reciclado.
14
(a) Em laboratório
(b) Em obra de pavimentação
Figura 2.3: Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil
A transformação do RCD em agregado reciclado é realizada, normalmente, através
das usinas recicladoras. Estas usinas apresentam uma planta bastante semelhante a
uma usina de britagem convencional (BODI et al., 1995), utilizando os mesmos
equipamentos empregados na produção de agregados naturais, no entanto, algumas
etapas para limpeza e seleção são necessárias.
O processo de reciclagem consiste basicamente na britagem do RCD do tipo classe
A, diminuindo o tamanho dos grãos e produzindo assim o agregado reciclado.
Entretanto, o resíduo antes da britagem já deve ser pré-selecionado e passar por uma
fase de catação, onde os materiais indesejáveis, como vidro, metais, borracha, gesso
e madeira devem ser retirados. Além disso, comumente são instaladas nas correias
transportadoras sistemas para realizar a separação magnética de elementos metálicos,
como armaduras e pregos (ÂNGULO, 2005).
Muitas vezes as usinas recicladoras fazem uma pré-seleção do RCD, tendo assim três
produtos diferentes (ÂNGULO et al., 2003; TRICHÊS e KRYCKYJ, 1999;
FERNANDES, 2004):
Agregado reciclado de concreto: chamado também de cinza ou branco, é
principalmente composto por materiais cimentícios, como concretos e
argamassas;
Agregado reciclado vermelho: com predominância de materiais cerâmicos,
como tijolos, telhas e pisos cerâmicos;
15
Agregado reciclado misto: quando possui menos de 90% em massa de
fragmentos à base de cimento Portland e rochas é denominado misto.
Os casos de reciclagem de maior sucesso são aqueles em que as usinas recicladoras
foram implantadas em grandes cidades, onde existe um volume de resíduos da
construção civil suficiente para manter uma produção constante de agregado
reciclado (O’MAHONY e MILLIGAN, 1991).
No Brasil, a Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP) implantou, no ano de
1991, a primeira usina recicladora do Brasil em Itatinga, na zona sul da cidade, com
a finalidade de produzir agregados reciclados para sub-base de pavimentos
(CARNEIRO et al., 2001). Este equipamento de reciclagem permaneceu desativado
durante alguns anos e mais tarde voltou a operar de forma intermitente no bairro de
Itaquera, na zona leste do município (SCHNEIDER, 2003).
2.3 Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil em
pavimentação
Nas duas últimas décadas tem sido provada a viabilidade do uso dos RCD, após a sua
reciclagem, em camadas de base e sub-base de pavimentos (POON e CHAN, 2006).
Uma questão que estimula o desenvolvimento de técnicas para a reciclagem de RCD
como material de pavimentação são os altos custos e a grande demanda de materiais
virgens.
Nos Estados Unidos, o agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil
apresenta custo inferior em torno de 30%, comparado com a brita graduada simples.
Esta economia significativa tem incentivado muitos órgãos e construtoras a
substituir, quando possível, o material natural pelo reciclado (BLANKENAGEL e
GUTHRIE, 2006).
Segundo dados do DNPM (2005), a exploração de jazidas minerais para obtenção de
agregados naturais tem uma produção altíssima e é responsável por um grande
impacto ambiental. No Brasil em 2004, foram produzidos 172,4 milhões de toneladas
16
de areia e rocha britada, sendo que a pavimentação respondeu por cerca de 20% deste
total (DNPM, 2005).
O uso do agregado reciclado em pavimentação é uma alternativa muito interessante
para substituir materiais naturais, não-renováveis, principalmente para os milhares de
quilômetros de vias brasileiras ainda não pavimentadas. Segundo dados do
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNIT) do ano 2005, cerca de 88%
da malha rodoviária nacional não é pavimentada, perfazendo 1.414.000km. Deste
montante 1.282.000km pertencem à rede municipal (COPPEAD, 2007).
Em relação às vias urbanas, de acordo com dados da Prefeitura do Município de São
Paulo, a cidade possui aproximadamente 3.000km de ruas e avenidas ainda não
pavimentadas (PMSP, 1998). Incentivando a reciclagem do resíduo da construção
civil, a PMSP estabeleceu no final de 2006 um decreto que obriga a utilização de
agregados reciclados em obras e serviços de pavimentação das vias públicas do
município. As contratações de obras e serviços de pavimentação de vias devem
contemplar em seus projetos, em caráter preferencial, o emprego dos agregados
reciclados. A partir de julho de 2007, os projetos deverão, obrigatoriamente, prever o
uso de materiais reciclados (PMSP, 2006).
No entanto, em função da variabilidade na composição, os agregados reciclados de
resíduo sólido da construção civil possuem particularidades de comportamento em
relação aos materiais convencionais naturais empregados na pavimentação (MOTTA
e FERNANDES, 2003). As características físicas dos agregados reciclados são muito
diferentes dos agregados naturais. Por exemplo, a sua porosidade é alta, o que resulta
em altas porcentagens de absorção de água (ZORDAN, 2003).
Dessa forma, ao utilizar-se o material produzido pelas usinas recicladoras em
pavimentação, vários aspectos complementares de projeto e construção devem ser
analisados. Como o material não é fornecido com uma característica constante,
durante a execução do pavimento podem ser necessárias modificações no projeto.
Por isso é tão importante o emprego de um controle tecnológico sério quando se
17
emprega um material reciclado (BENNERT et al., 2000). Muitas pesquisas já
indicaram que muitos métodos de controle de qualidade padrão não se aplicam aos
agregados reciclados de resíduo sólido da construção civil (BLANKENAGEL e
GUTHRIE, 2006).
A durabilidade do agregado reciclado ao longo da vida útil do pavimento é um
assunto que ainda gera muitos questionamentos (NATAATMADJA e TAN, 2001).
Por isso muitos órgãos que regulamentam o uso deste material em pavimentação não
permitem ou estabelecem restrições sobre o uso em camadas de base. Para projetar e
empregar o agregado reciclado é muito importante conhecer as especificações e
normas existentes, procurando respeitar sempre as recomendações e limites
estabelecidos (BENNERT et al., 2000; BLANKENAGEL e GUTHRIE, 2006).
2.3.1 Pavimentação com agregado reciclado: experiências internacionais
No início da década de 90, foram realizadas pesquisas no Reino Unido verificando a
viabilidade do emprego de materiais reciclados de resíduos da construção civil em
pavimentação. Segundo O’Mahony e Milligan (1991), apesar do Reino Unido ser
relativamente rico em reservas naturais, o consumo de materiais de construção estava
crescendo muito. Acreditava-se que no futuro a produção de agregados naturais não
conseguiria suprir a procura por estes materiais.
A pesquisa inglesa verificou em laboratório as propriedades de resíduos britados de
concreto e de alvenaria para emprego em camadas de sub-base. Uma amostra de brita
calcária, que seria o material convencionalmente empregado no Reino Unido, foi
também analisada para servir de referência comparativa. Por meio de ensaios de
índice de suporte Califórnia verificou-se que os resíduos britados de concreto
apresentaram comportamento semelhante ao da brita calcária. Já os resíduos britados
de alvenaria apresentaram uma capacidade de suporte menor, em função da grande
variabilidade da natureza de seus materiais constituintes. Contudo, todas as amostras
analisadas apresentaram um índice de suporte Califórnia maior que 30%, limite
estipulado no Reino Unido para emprego em camada de sub-base (O’MAHONY e
MILLIGAN, 1991).
18
De acordo com o Federal Highway Administration, desde 1997, pelo menos 20
estados americanos empregam agregados reciclados de concreto na construção de
pavimentos: Arizona, California, Colorado, Florida, Indiana, Iowa, Louisiana,
Maryland, Massachussetts, Minnesota, Missouri, Nebraska, New Jersey, New York,
North Dakota, Ohio, Pennsylvania, Rhode Island, South Carolina e Texas. Segundo
FHWA (1997), o agregado reciclado de concreto tem se mostrado um excelente
material granular para emprego em bases e sub-bases, apresentando boa capacidade
de suporte, durabilidade e drenabilidade.
Desde o final da década de 90, em New Jersey nos Estados Unidos, foi verificada a
viabilidade de utilização de agregado reciclado de concreto em base e sub-bases de
pavimentos (BENNERT et al., 2000). Foi conduzido um extenso programa
laboratorial, utilizando-se várias porcentagens de agregado reciclado misturado com
brita graduada simples. Conduziram-se ensaios triaxiais de carga repetida,
determinando o módulo de resiliência e a deformação permanente do agregado
reciclado de concreto. Os resultados indicaram que o agregado reciclado de concreto
e as misturas de agregado reciclado de concreto com a brita graduada simples
apresentaram módulos de resiliência superiores ao da brita graduada simples.
Contudo, o agregado reciclado de concreto apresentou deformação permanente maior
que a brita graduada simples sob as mesmas condições de ensaio (BENNERT et al.,
2000).
Entre 1996 e 1997, o Departamento de Transportes da Florida (Florida Department
of Transportation - FDOT), nos Estados Unidos, desenvolveu metodologias e
especificações para o uso de agregados reciclados de concreto em pavimentos
flexíveis e rígidos (KUO et al., 2001). A intenção era maximizar o uso destes
agregados reciclados, provenientes dos antigos pavimentos de concreto. As pesquisas
compreenderam o uso tanto em bases e sub-bases, como na composição de concretos
para pavimentos rígidos. O FDOT propõe reciclar o concreto retirado do pavimento a
ser restaurado e aplicá-lo na reconstrução do mesmo, ou seja, no mesmo local.
19
Assim, o processo de reciclagem é otimizado e os gastos com transporte e deposição
de materiais são reduzidos (CHINI et al., 2001).
No ano 2000, foram construídas na Pista Circular de testes Acelerados da University
of Central Florida nove seções-tipo diferentes, utilizando o agregado reciclado de
concreto. Quatro seções-tipo eram de pavimento flexível e cinco seções-tipo eram de
pavimento rígido. O detalhamento das seções-tipo construídas é apresentado na
Tabela 2.2.
Tabela 2.2: Detalhamento das seções-tipo construídas na Pista Circular de Testes
Acelerados da University of Central Florida (CHINI et al., 2001)
Revestimento Base
Seção-
tipo
Material
Espessura
[mm]
Material
Espessura
[mm]
1 concreto asfáltico 103
100% agregado
reciclado de
concreto
250
2 concreto asfáltico 103
100% brita
calcária
200
3 concreto asfáltico 103
100% agregado
reciclado de
concreto
200
4 concreto asfáltico 103
100% agregado
reciclado de
concreto
300
5
concreto de cimento
Porltand (25% agregado
reciclado de concreto e
75% agregado virgem)
250
solo
AASHTO A3
não
especifica
6
concreto de cimento
Porltand (100%
agregado virgem)
250
solo
AASHTO A3
não
especifica
7
concreto de cimento
Porltand (100%
agregado reciclado de
concreto)
250
solo
AASHTO A3
não
especifica
8
concreto de cimento
Porltand (75% agregado
reciclado de concreto e
25% agregado virgem)
250
solo
AASHTO A3
não
especifica
9
concreto de cimento
Porltand (100%
agregado virgem)
250
100% agregado
reciclado de
concreto
250
20
Para efeito comparativo, foram construídas as seções-tipo 2 e 6, que possuem apenas
materiais virgens em sua estrutura. Estas seções foram consideradas como seções de
controle. Cada seção-tipo tinha aproximadamente quatro metros de extensão (CHINI
et al., 2001).
A pista circular foi submetida ao carregamento de 49kN em cada eixo, com 363.000
repetições, e monitorada. Os resultados indicaram que ao fim do experimento não
houve ruptura da estrutura de pavimento flexível. Não foram observadas trincas ou
fissuras por fadiga nas seções-tipo com o agregado reciclado de concreto como
camada de base, apresentando ainda, um desempenho superior ao da seção-tipo com
apenas materiais virgens (CHINI et al., 2001; KUO et al., 2001; KUO et al., 2002).
Com relação ao trecho com pavimento rígido, o concreto de cimento Portland com
100% de agregado reciclado de concreto apresentou uma resistência à compressão
simples aos 28 dias 20% menor que o concreto da seção de controle, composto
apenas por materiais virgens (35,0MPa e 42,9MPa, respectivamente). Após o
carregamento, as seções-tipo 5 a 9 não apresentaram quaisquer defeitos ou
irregularidades na superfície (CHINI et al., 2001).
Recentemente, o uso de agregados reciclados de concreto vem sendo também
estudado no estado de Utah. O interesse principal na pesquisa por estes materiais
deve-se ao seu potencial auto-cimentante. Foram conduzidos ensaios de compressão
simples com diferentes tempos de cura. Os resultados obtidos indicaram um ganho
considerável de resistência com o tempo: 0 a 3 dias houve um aumento de 130%, e
de 0 a 7 dias um aumento de 180% (BLANKENAGEL e GUTHRIE, 2006).
Conforme exposto pelos autores, acredita-se que este aumento de resistência ocorreu
em função de reações pozolânicas e/ou da hidratação de partículas de cimento
presentes nos agregados reciclados.
Na Austrália, desde a década de 90 o agregado reciclado de concreto é empregado
em projetos de construção de rodovias, nas camadas de sub-base. Nataatmadja e Tan
21
(2001) desenvolveram estudos para verificar a comportamento resiliente de
agregados reciclados de concreto. Foram analisadas quatro amostras de agregados
reciclados, provenientes de concretos com diferentes resistências à compressão: 15,0;
18,5; 49,0 e 75,0MPa. Os resultados obtidos indicaram que a resistência à
compressão do concreto de origem influencia no módulo de resiliência e na
deformação permanente do agregado reciclado de concreto. Contudo, o fator mais
importante é a granulometria, pois materiais bem graduados apresentam módulos de
resiliência mais elevados (NATAATMADJA e TAN, 2001).
Na Holanda, desde a década de 70, o reuso de resíduos de demolição de alvenaria e
concreto como material para bases e sub-bases granulares de pavimentos é uma
prática comum. Em 2002, Molenaar e van Niekerk estudaram em laboratório os
efeitos da graduação, composição e grau de compactação do agregado reciclado nas
suas propriedades mecânicas. Concluíram que a composição e a granulometria
influem no desempenho do agregado reciclado para utilização em camadas de bases
e sub-bases de pavimentos, mas o grau de compactação é claramente o fator mais
importante. Este resultado se mostrou muito interessante, pois ainda que a graduação
e a composição muitas vezes sejam parâmetros de difícil controle, a compactação
eficiente é possível de ser realizada e fiscalizada a um custo baixo (MOLENAAR e
VAN NIEKERK, 2002).
Em Hong Kong, um estudo recente investigou a possibilidade do uso de agregados
reciclados de concreto e agregados reciclados mistos como material para sub-bases
de pavimentos (POON e CHAN, 2006). Os resultados indicaram que o agregado
reciclado de concreto tem umidade ótima maior e peso específico aparente seco
máximo menor que uma brita graduada simples. Os corpos-de-prova de agregado
reciclado de concreto apresentaram índice de suporte Califórnia maior que os de
agregado reciclado misto. Além disso, concluiu-se que os valores de índice de
suporte Califórnia obtidos com ensaios imersos e não-imersos não apresentaram
diferenças significativas (POON e CHAN, 2006).
22
2.3.2 Pavimentação com agregado reciclado no Brasil
A primeira via com resíduo da construção civil na cidade de São Paulo foi
pavimentada no ano de 1984. A Rua Gervásio da Costa, que se localiza na zona oeste
da cidade, recebeu o resíduo da construção civil em sua camada de reforço de
subleito. A construção teve acompanhamento executivo e de desempenho pelo IPT
(Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo). Na época a via
apresentou desempenho altamente satisfatório (BODI et al., 1995).
No início da década de 90 na cidade de São Paulo, foi implementado um programa
de reciclagem de resíduos da construção civil para fins de pavimentação. Foram
realizados estudos laboratoriais e concluiu-se que o uso de resíduos de construção e
demolição apresentava-se como uma promissora e interessante alternativa para uso
em pavimentação urbana (BODI et al., 1995).
A Prefeitura Municipal de Belo Horizonte executa desde 1996 pavimentos com
agregados reciclados de resíduo sólido da construção civil em suas camadas de base
e sub-base (FERNANDES, 2004). O dimensionamento da estrutura é baseado no
índice de suporte Califórnia dos materiais e na experiência prática de engenheiros do
município. Belo Horizonte possui uma política de gerenciamento de resíduos
diferenciada. O agregado reciclado é produzido pela própria prefeitura, por meio de
três estações de reciclagem de resíduos da construção civil. São produzidos dois tipos
de materiais:
Tipo A: compostos basicamente de concreto e argamassas;
Tipo B: composto por materiais mistos, como cerâmica, concreto, argamassa
e outros.
Muitas vias urbanas de Belo Horizonte foram construídas com os agregados
reciclados produzidos pela própria prefeitura e apresentam-se em condições de
tráfego semelhantes àqueles trechos com agregados convencionais. Contudo, não se
pode afirmar se houve, ou não, um superdimensionamento das camadas do
pavimento, uma vez que, como citado antes, contou-se apenas com a experiência
23
laboratorial e executiva dos engenheiros da Prefeitura de Belo Horizonte
(FERNANDES, 2004).
No fim da década de 90, Trichês e Kryckyj (1999) desenvolveram um estudo para
reaproveitamento dos resíduos da construção civil de Florianópolis em
pavimentação. Foram estudados dois materiais provenientes de resíduos e dois solos:
Entulho branco: principalmente compostos por materiais cimentícios, como
argamassas, concreto e pequena quantidade de gesso;
Entulho vermelho: composto por tijolos, telhas e cerâmicas;
Solo areno-siltoso;
Solo argiloso.
Conduziram-se ensaios para avaliar as características físicas e a capacidade de
suporte do resíduo, do solo e de misturas solo-resíduo, variando a porcentagem da
composição. Os resultados indicaram que os resíduos de construção e demolição
possuíam expansão nula e contribuíam para a queda da expansão nas misturas com
solo. Contudo, foram observados valores menores de índice de suporte Califórnia
para os resíduos em relação às misturas solo-resíduo. Os autores acreditam que a
incorporação da parcela fina dos solos ao resíduo de construção proporcionou uma
melhor compactação, implicando em aumento da capacidade de suporte (TRICHÊS e
KRYCKYJ, 1999).
Na Bahia, Carneiro et al. (2001) pesquisaram a viabilidade do emprego de agregados
reciclados de Salvador em pavimentação. Foram estudados agregados reciclados nas
frações graúda e miúda, e misturas de solos com agregados reciclados em diferentes
proporções. Conduziram-se ensaios de caracterização física e mecânica, como
análise granulométrica, abrasão Los Angeles, compactação e índice de suporte
Califórnia. Os resultados obtidos com a pesquisa indicaram que o agregado reciclado
de Salvador é um material adequado à aplicação em bases e sub-bases de
pavimentos.
24
A partir do ano 2000, a Secretaria de Serviços Urbanos da cidade de Uberlândia e a
Universidade Federal de Uberlândia realizaram um estudo para definir parâmetros
que permitissem a utilização de resíduos da construção civil em camadas de
pavimentos urbanos. Foi construída em 2003 uma pista experimental utilizando
agregado reciclado na camada de base. A pista possui expressiva solicitação em
termos de tráfego, pois serve de acesso a um aterro sanitário da cidade. Após três
anos de funcionamento, não era possível observar defeitos no pavimento por meio de
avaliações visuais (MOREIRA et al., 2006).
Agregados reciclados brancos e vermelhos foram estudados em laboratório por
Ribeiro et al. (2002) para aplicação em pavimentação na cidade de Goiânia. Os
agregados foram britados em laboratório, adequando os materiais às faixas
especificadas pelo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).
Também foi analisado o comportamento dos agregados reciclados misturados com
solo. Foram realizados ensaios de compactação e índice de suporte Califórnia.
Segundo os autores, verificou-se com os resultados obtidos que a utilização de
agregados reciclados em pavimentação é tecnicamente viável.
Ainda em Goiânia, entre 2003 e 2004 foi construído um trecho experimental de 50
metros empregando uma mistura de solo argiloso com agregado reciclado nas
camadas de base (75% de agregado reciclado) e sub-base (83% de agregado
reciclado). A pista apresenta considerável tráfego de caminhões, pois é um acesso à
central de abastecimento da cidade. O controle tecnológico do segmento
compreendeu a realização dos ensaios de frasco de areia, densímetro nuclear e
pressiômetro Pencel. O controle de compactação indicou que o densímetro nuclear
apresentou valores de umidade e de peso específico de campo maiores que os obtidos
em estufa e com o frasco de areia. O pressiômetro Pencel teve o objetivo de medir as
propriedades de deformação dos materiais. Os resultados indicaram que o módulo de
recarregamento e a pressão limite são considerados bons parâmetros para avaliar o
comportamento das camadas do pavimento. Por meio da construção deste trecho
experimental foi constatada a viabilidade técnica de emprego do agregado reciclado
em pavimentos flexíveis (MENDES et al., 2004).
25
Com relação às propriedades mecânicas, Fernandes (2004) estudou em laboratório
agregados reciclados de concreto e misto provenientes do Rio de Janeiro e de Belo
Horizonte. Os materiais foram analisados para possível aplicação em bases, sub-
bases e reforços de subleito de pavimentos, comparando-os com materiais
convencionalmente empregados. Também foram realizados ensaios com a finalidade
de verificar possíveis danos ambientais, como lixiviação e solubilização.
Conforme apresentado nas conclusões do capítulo de análise dos ensaios de módulo
de resiliência do trabalho de Fernandes (2004), a granulometria do agregado
reciclado e a energia de compactação empregada influenciam pouco nos módulos de
resiliência. O principal responsável pela diferenças nos valores de módulo de
resiliência é a composição do agregado reciclado. No caso estudado, os agregados de
concreto apresentaram módulos superiores aos agregados mistos. Além disso, os
materiais convencionais analisados (brita graduada simples) apresentaram valores de
módulos de resiliência superiores aos agregados reciclados.
O estudo do comportamento mecânico realizado por Fernandes (2004) também
compreendeu ensaios triaxiais com cargas repetidas para medir a deformação
permanente dos agregados reciclados. Os resultados indicaram que a granulometria e
a energia de compactação influenciam na deformação permanente do material. Para o
mesmo nível de tensões, a brita graduada simples analisada apresentou deformação
permanente superior a dos agregados reciclados.
Os ensaios de lixiviação de Fernandes (2004) atenderam aos limites prescritos pelas
normas. No entanto, os ensaios de solubilização indicaram que os agregados
reciclados eram materiais pertencentes à Classe II, ou seja, não inertes. Foram
observadas as presenças de:
Alumínio: 0,290mg/l e 0,400mg/l para agregados do Rio de Janeiro e Belo
Horizonte, respectivamente. O limite máximo permitido é de 0,200mg/l, para
ser considerado um material inerte (Classe III);
26
Fenóis: 0,004mg/l para agregados do Rio de Janeiro. O limite máximo é
0,001mg/l, para ser considerado um material inerte (Classe III);
Selênio: 0,020mg/l para agregados de Belo Horizonte. O limite máximo é
0,010mg/l, para ser considerado um material inerte (Classe III).
Materiais não inertes não devem ser empregados em camadas de pavimentos em
função do risco de contaminação de solos e de águas subterrâneas. No entanto,
Fernandes (2004) conclui que estes valores não inviabilizam o uso destes agregados
reciclados, pois normalmente o lençol freático no Brasil está abaixo do nível do
terreno e o pavimento possui um sistema de drenagem projetado para protegê-lo
contra a ação da água.
Na cidade de Manaus, em função da escassez de material pétreo na região, foi
desenvolvida uma pesquisa verificando a possibilidade de emprego de agregado
reciclado em concreto asfáltico. Frota et al. (2003) conduziram ensaios de
caracterização do ligante asfáltico (CAP 20) e do agregado reciclado (isento de
materiais cerâmicos e gesso). A dosagem da mistura asfáltica foi feita pelo método
Marshall. Foram moldados corpos-de-prova com diferentes proporções de agregado
reciclado (50% e 60%) e corpos-de-prova com 100% de seixo rolado, que seria o
material comumente empregado. Também foram utilizados em todos os corpos-de-
prova areia e cimento (como filer). Os resultados da dosagem indicaram que o uso do
agregado reciclado implica no aumento do teor de ligante, em função de sua maior
porosidade. Foram observados os seguintes teores ótimos de asfalto: para o seixo
rolado 5,5%, para 50% de agregado reciclado 6,4%, e para 60% de agregado
reciclado 6,5%. A pesquisa conclui que a utilização do agregado reciclado em
concreto asfáltico é tecnicamente viável, contudo o aumento do teor de ligante pode
desestimular o emprego destas misturas (FROTA et al., 2003). Entretanto, o trabalho
não compreendeu um estudo de durabilidade quanto à ação da água e outros fatores
decisivos para comprovar a viabilidade técnica em misturas asfálticas.
Motta (2005) estudou agregados reciclados mistos de São Paulo para aplicação em
vias de baixo volume de tráfego. Foram moldados corpos-de-prova de agregado
27
reciclado in natura (sem adição de cal ou cimento), de agregado reciclado com cal
(4%) e de agregado reciclado com cimento (4%). Foram conduzidos ensaios de
índice de suporte Califórnia (apenas para no agregado reciclado in natura), módulo
de resiliência, resistência à tração por compressão diametral e resistência à
compressão simples para o agregado reciclado e para uma brita graduada simples na
mesma granulometria. Além disso, todos os ensaios tiveram corpos-de-prova
submetidos a diferentes tempos de cura.
Os valores de índice de suporte Califórnia do agregado reciclado in natura
aumentaram significativamente com o tempo de cura. Tomando-se como parâmetro
de comparação os valores médios, verificou-se que o índice de suporte Califórnia aos
28, 90 e 180 dias de cura cresceram cerca de 24%, 55% e 67%, respectivamente, em
relação ao resultado obtido para o material sem cura prévia. Além disso, após 90 e
180 dias de cura (com índice de suporte Califórnia igual a 116% e 124%,
respectivamente), o agregado reciclado apresentou valores superiores ao da brita
graduada simples (com índice de suporte Califórnia igual a 96%) (MOTTA, 2005).
Por outro lado, os ensaios de resistência à tração por compressão diametral e
resistência à compressão simples para o agregado reciclado in natura apresentaram
ganhos praticamente imperceptíveis com o aumento do tempo de cura: a resistência a
tração por compressão diametral manteve-se em 0,01MPa e a resistência à
compressão simples em 0,40MPa. Os corpos-de-prova que tiveram a adição de
cimento ou cal tiveram resultados notavelmente maiores que os de agregado
reciclado in natura. A resistência à tração por compressão diametral obtida aos 180
dias de cura foi de 0,41MPa e 0,20MPa, para corpos-de-prova com adição de
cimento e cal, respectivamente. Com relação à resistência à compressão simples,
verificou-se aos 180 dias de cura 4,00MPa e 3,22MPa, para corpos-de-prova com
adição de cimento e cal, respectivamente (MOTTA, 2005).
Com relação ao módulo de resiliência, o agregado reciclado in natura aos 90 dias de
cura teve valores semelhantes ao da brita graduada simples. Para uma tensão-desvio
de 0,20MPa, o módulo de resiliência do agregado reciclado aos 90 dias de cura
28
variou entre 190MPa e 400MPa, de acordo com a tensão de confinamento aplicada.
Nas mesmas condições, o módulo de resiliência da brita graduada simples, ficou
entre 200MPa e 370MPa, de acordo com a tensão de confinamento aplicada. Já os
corpos-de-prova com adição de cimento ou cal apresentaram módulos de resiliência
muito superiores ao do agregado reciclado in natura. Submetido a uma tensão-desvio
de 0,20MPa, os módulos de resiliência ficaram entre 900MPa e 1900MPa, para
corpos-de-prova de agregado reciclado com cal, e entre 1100MPa e 2100MPa, para
corpos-de-prova de agregado reciclado com cimento (MOTTA, 2005).
Em conseqüência do ganho de resistência e da redução de deformabilidade
observados, Motta (2005) realizou o ensaio de Chapelle modificado para identificar a
atividade pozolânica do agregado reciclado misto. O ensaio de Chapelle modificado
baseia-se no consumo de óxido de cálcio (CaO), sendo que para ser considerado uma
pozolana, o material deve apresentar um índice de consumo de CaO de pelo menos
330mg. Os resultados obtidos indicaram um consumo de aproximadamente 130mg
de CaO. Apesar do valor obtido estar abaixo do limite, Motta (2005) relata que o
ensaio é normalmente empregado para concretos e esta atividade pozolânica pode
não ser considerada baixa para emprego em pavimentos. Este fator influi
positivamente no uso do agregado reciclado em pavimentação.
2.3.3 Normalização internacional e nacional
A publicação das primeiras normas brasileiras relacionadas aos agregados reciclados
de resíduo sólido da construção civil ocorreu em 2004. A ABNT publicou quatro
normas que tratam desde a instalação para recebimento de resíduos da construção
civil até sua aplicação em pavimentos. As normas nacionais são:
NBR 15113 (2004): Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes –
Aterros – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
NBR 15114 (2004): Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes –
Área de reciclagem – Diretrizes para projeto, implantação e operação;
NBR 15115 (2004): Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção
civil – Execução de camadas de pavimentação – Procedimentos;
29
NBR 15116 (2004): Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção
civil – Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função
estrutural – Requisitos.
A norma empregada neste trabalho é a NBR 15115 (ABNT, 2004), que especifica
como devem ser executados pavimentos que empregam o agregado reciclado. O
ensaio de índice de suporte Califórnia é o principal critério de avaliação para
emprego dos agregados reciclados em camadas de base, sub-base e reforço do
subleito.
Antes da norma da ABNT, foi publicada no ano de 2003 a especificação técnica de
serviço da Prefeitura do Município de São Paulo (PMSP), PMSP/SP ETS-001
(PMSP, 2003), que também define critérios para orientar a execução de camadas de
pavimento com o agregado reciclado. A PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) considera
o valor do índice de suporte Califórnia como principal parâmetro para a utilização de
agregados reciclados em pavimentos e é um pouco mais rígida em relação às
propriedades físicas dos agregados reciclados, comparada à NBR 15115 (ABNT,
2004).
Para empregar o agregado reciclado em camadas de pavimentos, é importante
conhecer as especificações existentes e respeitá-las. Atualmente nos Estados Unidos
28 estados permitem o uso do agregado reciclado de concreto como material para
base e sub-base e somente 15 destes estados possuem especificações para o uso
destes agregados reciclados (KUO et al., 2002).
Em termos de normalização internacional sobre o uso de agregado reciclado em
pavimentação, não foram encontradas muitas referências na bibliografia consultada.
As normas ou especificações observadas são (LEVY, 2001; NATAATMADJA e
TAN, 2001; KUO, 2002; MOTTA, 2005):
Norma Britânica - BS 6543 (1985): Guide to use of industrial by-products
and waste materials in building and civil engineering;
30
Especificação técnica holandesa - Standaard RAW bepalingen (1995):
Stichting Centrum voor Regelgeving en Onderzoek in de Grond-, Water- en
Wegenbouw en de Verkeerstechniek;
Especificação técnica alemã - TL RC-TOB (1995): Technischen
Lieferbedingungen für Recyclingbaustoffe in Tragschichten ohne Bindemittel;
Especificação técnica do estado de Victoria (Road Authority of Victoria),
Austrália - Section 820 (2006): Recycled crushed concrete for pavement
subbase and light duty base
1
;
Especificações técnica dos Departamentos de Transportes dos estados da
Florida e Minnesota (FDOT e Mn/DOT).
A elaboração de normas e de especificações técnicas colabora para que seja
difundido e consolidado o uso do agregado reciclado em camadas de pavimentos.
Pela literatura revisada, observou-se que muitos estudos vêm sendo desenvolvidos
em todo o mundo, procurando estabelecer diretrizes para a reciclagem dos resíduos
da construção. Os resultados apontam de uma forma geral que o agregado reciclado
possui um grande potencial para emprego em pavimentação, proporcionando uma
série de benefícios ambientais, econômicos e sociais.
1
Disponível em:
<http://webapps.vicroads.vic.gov.au/VRNE/vrbscat.nsf/CatalogByCategory/2569E59FD63355ABCA
25722E001DFDD1?OpenDocument>
31
3. ESTUDO DE CASO: PAVIMENTO DO SISTEMA VIÁRIO DA USP
LESTE
3.1 Localização e justificativa
O Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica teve a
oportunidade de conceber e projetar em 2004 o pavimento do sistema viário do novo
campus da Universidade de São Paulo. O novo campus, denominado USP Leste, está
localizado na zona leste do município de São Paulo.
Para o sistema viário da USP Leste, foi proposta a construção de um pavimento que
utilizasse materiais reciclados na sua estrutura: agregado reciclado de resíduo sólido
da construção civil e cimento asfáltico com borracha moída de pneus inservíveis
(asfalto-borracha). A motivação para a construção de um pavimento com estes
materiais alternativos e reciclados deveu-se aos seguintes fatores:
O campus da USP Leste está situado na região do Parque Ecológico do Tietê;
A USP Leste oferece um curso de graduação em gestão ambiental;
Importância da seleção de uma alternativa que tivesse em sua concepção a
preocupação com o meio ambiente;
A universidade é uma das instituições responsáveis pelo desenvolvimento de
soluções inovadoras para a sociedade.
Além destes fatores, objetivava-se que o pavimento do sistema viário da USP Leste
se tornasse um exemplo para novas experiências, contribuindo para a consolidação
do uso destes materiais reciclados.
O grande diferencial do pavimento do sistema viário da USP Leste é o emprego do
agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil nas camadas de base e sub-
base em solução conjunta com o concreto asfáltico com asfalto-borracha na camada
de rolamento.
O sistema viário do campus da USP Leste possui aproximadamente dois quilômetros,
considerando vias internas e estacionamentos, e foi construído em duas etapas. Na
32
primeira etapa foram construídos 240 metros, entre dezembro de 2004 e março de
2005. A segunda etapa da obra, que concluiu a construção dos dois quilômetros, foi
realizada entre agosto de 2005 e março de 2006. Estes períodos correspondem em
sua grande parte ao período de chuvas em São Paulo, o que dificultou e atrasou a
construção do pavimento.
Neste trabalho são apresentados e discutidos os resultados do controle tecnológico
realizado em 1.020 metros de extensão da via principal, onde foram utilizadas
aproximadamente 5.000 toneladas de agregado reciclado. Nos ANEXOS deste
trabalho é apresentado o croqui da USP Leste, ilustrando o trecho do sistema viário
estudado.
3.2 Dimensionamento do pavimento
A maior dificuldade na implantação do sistema viário do campus da USP Leste foi o
fato do local ser um antigo “bota-fora” de solo retirado do subleito da Rodovia
Airton Senna (SP 070), durante sua construção. O material foi disposto de forma não
controlada e não foi compactado. Assim, o subleito do campus da USP Leste é muito
variável, apresentando solos de baixa capacidade de suporte, expansivos e pouco
permeáveis assentes sobre solo mole. Além do aterro constituído de solo de baixa
resistência, toda a região do campus fica na várzea do Rio Tietê, com solo mole
orgânico abaixo do aterro com espessura variando de 1 a 4 metros. A Figura 3.1
ilustra o subleito da USP Leste.
33
(a)
(b)
Figura 3.1: Subleito da USP Leste
O dimensionamento do pavimento seguiu o método do DNER para pavimentos
flexíveis (DNIT, 2006) e foi verificado por método teórico, empregando o programa
computacional ELSYM5. Este programa permite uma análise mecanicista por meio
do cálculo das tensões, deformações e deslocamentos por diferenças finitas,
considerando a hipótese de elasticidade linear.
De acordo com os relatórios de sondagem, o índice de suporte Califórnia do solo de
fundação da USP Leste é baixo, em torno de 3%. Assim, optou-se por uma estrutura
de pavimento robusta, mesmo tendo um volume de tráfego baixo (N < 10
6
, repetições
de carga de 80kN de eixo simples de roda dupla).
A concepção básica do pavimento projetado possui quatro camadas sobre o subleito:
reforço de subleito, sub-base, base e revestimento asfáltico. No entanto, o sistema
viário da USP Leste teve, após sua implantação, quatro seções-tipo de pavimento
executadas, que são ilustradas na Figura 3.2.
34
20 15 10 10
20 15 10 10
20 15 1015
20 15 15 10
Figura 3.2: Quatro seções-tipo de pavimento executadas no sistema viário da USP
Leste, com cotas em cm
De acordo com o projeto, foi especificado que o revestimento asfáltico deveria ter
10cm e ser composto por duas camadas: uma intermediária do tipo binder e uma de
rolamento. Esta espessura de revestimento é grande para um volume de tráfego
baixo, como o do campus da USP Leste. No entanto, optou-se pelo emprego de um
binder mais aberto como camada de comportamento intermediário entre a camada de
rolamento e a base, em função da incerteza de comportamento adequado do agregado
reciclado na camada de base. O emprego do asfalto-borracha na camada de
rolamento teve como objetivo proporcionar uma maior flexibilidade no revestimento,
permitindo maiores deslocamentos sem trincar e aumentando a durabilidade da
estrutura em relação à fadiga. Esta flexibilidade foi considerada um fator muito
importante no projeto do pavimento da USP Leste, uma vez que o subleito do
sistema viário tem baixa capacidade de suporte e o comportamento do agregado
reciclado levava ainda a incertezas de comportamento estrutural.
Para as camadas de base e sub-base, deveriam ser empregados agregados reciclados
de resíduo sólido da construção civil, provenientes de usinas recicladoras. Estes
materiais deveriam estar de acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), exceto quanto
ao diâmetro característico máximo, que foi de 50mm, como o adotado pela PMSP/SP
ETS-001 (PMSP, 2003). Contudo, durante a primeira etapa de obras foi construído
um segmento com agregado reciclado na camada de sub-base e brita graduada
simples na base (seção-tipo 1 – Figura 3.2). Este trecho possui 160 metros e foi um
bom comparativo de comportamento entre a brita graduada simples e o agregado
35
reciclado, já que a utilização do material reciclado é proposta em substituição aos
materiais não-renováveis.
Para a camada de reforço de subleito, foi especificado em projeto que fosse utilizado
solo importado, com características geotécnicas de solo laterítico e índice de suporte
Califórnia de no mínimo 10%. Como o subleito da USP Leste é altamente
deformável, a camada de reforço de subleito teve a importante função de dar suporte
para a execução da camada de sub-base de agregado reciclado, distribuindo melhor
os esforços oriundos do tráfego.
Ainda no primeiro período de construção, foi executada uma segunda seção-tipo
(seção-tipo 2 – Figura 3.2) empregando o agregado reciclado tanto na camada de
base, como de sub-base. Este segmento possui 80 metros e as mesmas espessuras das
camadas da seção-tipo 1.
Na segunda etapa de obras, o pavimento executado possui a mesma concepção da
segunda seção-tipo, com base e sub-base de agregado reciclado. Contudo, a
espessura da camada de base é maior, com 150mm. A seção-tipo 3 possui 480 metros
de extensão (Figura 3.2).
A necessidade de uma quarta seção-tipo surgiu porque durante a obra houve
problemas geométricos na implantação. Assim, foi necessário remover em um
segmento de 300 metros a camada superior de solo do aterro, atingindo o solo mole.
Dessa forma, foi utilizado sobre a camada final de terraplenagem um material
denominado por “rachão de entulho”, originando a seção-tipo 4 (Figura 3.2).
3.3 Materiais empregados
As características e a proveniência de cada material empregado nas camadas do
pavimento do sistema viário da USP Leste são apresentadas em cinco itens: (i)
concreto asfáltico, (ii) brita graduada simples, (iii) solo laterítico para reforço de
subleito, (iv) “rachão de entulho”, e (v) agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil.
36
3.3.1 Concreto asfáltico
O revestimento asfáltico é composto por duas camadas: uma intermediária de pré-
misturado a quente (tipo binder) com CAP 20 e granulometria na faixa II da PMSP; e
uma de rolamento em concreto asfáltico com asfalto-borracha com granulometria na
faixa III da PMSP. As faixas são apresentadas na Figura 3.3.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Faixa II PMSP Faixa III PMSP
Figura 3.3: Limites da faixa II (camada intermediária) e da faixa III (camada de
rolamento) da PMSP utilizadas no revestimento asfáltico do pavimento do sistema
viário da USP Leste
Durante a primeira etapa de obras, quando foram construídos inicialmente os 240
metros de extensão de vias, as misturas asfálticas foram produzidas numa usina
localizada na cidade de Guarulhos, região metropolitana de São Paulo. Os agregados
empregados eram de origem granítica. O asfalto-borracha utilizado neste trecho foi
fornecido pela empresa Greca Distribuidora de Asfalto Ltda. Na segunda etapa de
obras, as misturas asfálticas foram fornecidas por uma usina localizada na cidade de
São Paulo, com agregados de origem granítica. O asfalto-borracha foi fornecido pela
Petrobras Distribuidora S.A. A Figura 3.4 e a Figura 3.5 ilustram o espalhamento da
mistura asfáltica e a sua compactação.
37
Figura 3.4: Vibroacabadora espalhando a
mistura asfáltica
Figura 3.5: Compactação do revestimento
asfáltico
Antes de receber o revestimento, sobre a camada de base foi realizada uma
imprimação impermeabilizante com CM-30 (asfalto diluído de cura média) e sobre a
camada de binder foi aplicada uma pintura de ligação com RR-2C (emulsão asfáltica
de ruptura rápida), antes da execução do concreto asfáltico. A Figura 3.6 e a Figura
3.7 apresentam a base de agregado reciclado após a imprimação impermeabilizante e
a execução da pintura de ligação sobre a camada de binder com caneta espargidora.
Figura 3.6: Base de agregado reciclado
com imprimação impermeabilizante
Figura 3.7: Execução da pintura de
ligação sobre a camada de binder
3.3.2 Brita graduada simples
A brita graduada simples empregada na seção-tipo 1 (Figura 3.2) foi proveniente da
Pedreira Vila Galvão localizada no município de Guarulhos, região metropolitana de
São Paulo. Sua aplicação foi realizada sobre a camada de sub-base de agregado
reciclado (Figura 3.8).
38
Figura 3.8: Camada de base de brita graduada simples sendo executada
Não foi especificada a faixa granulométrica da brita graduada simples empregada.
Contudo, a Figura 3.9 apresenta a granulometria da brita graduada simples
juntamente com os limites da Faixa I da PMSP.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Brita graduada simples Faixa I PMSP
Figura 3.9: Granulometria da brita graduada simples empregada na seção-tipo 1 do
pavimento do sistema viário da USP Leste
Foi conduzido pela empresa fiscalizadora da obra o ensaio de compactação e o de
índice de suporte Califórnia na energia intermediária com a brita graduada simples
aplicada na obra. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 3.1.
39
Tabela 3.1: Características da brita graduada simples empregada na seção-tipo 1 do
pavimento do sistema viário da USP Leste
Material
Diâmetro
característico
máximo
[mm]
Umidade
ótima [%]
Peso
específico
aparente seco
máximo
[kN/m
3
]
Índice de suporte
Califórnia
[%]
Brita graduada
simples
50,0 5,7 22,8 90
A camada de base com brita graduada simples foi compactada com 95% da energia
modificada, seguindo a especificação de projeto.
3.3.3 Solo laterítico para reforço de subleito
De acordo com as seções-tipo apresentadas na Figura 3.2, o pavimento projetado
possui acima da camada final de terraplenagem uma camada de reforço de subleito.
Foi especificado que esta camada fosse executada com solo importado, de
comportamento laterítico e que apresentasse índice de suporte Califórnia de no
mínimo 10% e expansão inferior a 1%.
Os solos foram importados da cidade de São Paulo, região do bairro da Lapa. De
acordo com ensaios conduzidos no laboratório o material apresenta comportamento
laterítico e é classificado como LG’ (laterítico argiloso). Em relação ao índice de
suporte Califórnia foram obtidos valores entre 12% e 17%, para energia normal, e
expansão de 0,15% a 0,30%.
3.3.4 “Rachão de entulho”
O “rachão de entulho” foi empregado na seção-tipo 4 (Figura 3.2), sobre a camada de
solo mole. Este material é o resíduo bruto de construção e demolição, sem receber
tratamentos antes do seu emprego, exceto a retirada por catação de madeiras,
plásticos e outros resíduos contaminantes. No caso da USP Leste, foi observada em
vários locais a presença de ferro das armaduras das estruturas de concreto demolidas.
A Figura 3.10 e a Figura 3.11 ilustram o “rachão de entulho” e a sua aplicação.
40
Figura 3.10: "Rachão de entulho"
colocado sobre solo mole do subleito do
sistema viário da USP Leste
Figura 3.11: Camada de “rachão de
entulho”após compactação
O “rachão de entulho” empregado na USP Leste veio da demolição de antigos
casarões de São Paulo e da antiga Casa de Detenção de São Paulo, mais conhecida
como Carandiru.
3.3.5 Agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil
Para a construção da extensão de 1.020 metros do sistema viário do campus da USP
Leste aqui estudada, foram empregados agregados reciclados de resíduo sólido da
construção civil fornecidos por duas usinas recicladoras. Estas usinas são de
propriedade privada e estão localizadas na região metropolitana de São Paulo,
embora em municípios distintos: Santo André e São Bernardo do Campo.
De acordo com a empresa fiscalizadora da obra, o agregado reciclado utilizado na
USP Leste teve um custo inferior em 30% com relação à brita graduada simples,
considerando os gastos com transporte.
Durante a obra, a produção de agregado reciclado pelas usinas recicladoras não foi
constante. Na primeira etapa de construção, referente ao trecho de 240 metros
iniciais, foi empregado somente material da usina recicladora de Santo André. Na
segunda etapa de obras, inicialmente utilizaram-se materiais das usinas de Santo
André e São Bernardo do Campo. Entretanto, houve momentos em que a usina
recicladora de São Bernardo do Campo não teve produção, sendo dessa forma
empregado em maior quantidade o agregado de Santo André.
41
Na obra, os agregados foram armazenados em pilhas, como ilustra a Figura 3.12.
Figura 3.12: Pilha de agregado reciclado armazenada na obra
O requisito para uso do agregado reciclado nas camadas de base e sub-base do
pavimento da USP Leste é que o material estivesse de acordo com a NBR 15115
(ABNT, 2004), exceto com relação à dimensão característica máxima. A Tabela 3.2
apresenta os aspectos prescritos pela norma que deveriam ser atendidos.
Tabela 3.2: Aspectos prescritos pela NBR 15115 (ABNT, 2004) com relação às
características do agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil para
emprego em camadas de base e sub-base
Ensaio Detalhamento
dimensão característica máxima 50,0mm
(a)
coeficiente de uniformidade maior ou igual a 10
Análise
granulométrica
% passante na peneira 0,42mm entre 10% e 40%
mesmo grupo 2,0%
Porcentagem de
materiais
indesejáveis
grupos distintos 3,0%
Forma dos grãos % de grãos lamelares máximo 30%
Base: mínimo 60%
(b)
Índice de suporte
Califórnia
de acordo com o tipo de camada
Sub-base: mínimo 20%
Base: máximo 0,5%
(b)
Expansão de acordo com o tipo de camada
Sub-base: máximo 1,0%
(a)
A NBR 15115 (ABNT, 2004) prescreve como diâmetro característico máximo dos grãos 63,5mm,
no caso do pavimento da USP Leste foi utilizado diâmetro característico máximo de 50,0mm.
(b)
É permitido o uso de agregado reciclado em camada de base para vias de tráfego com N 10
6
repetições do eixo-padrão de 80 kN no período do projeto.
42
Assim, os resultados obtidos com os ensaios foram comparados ao estabelecido na
NBR 15115 (ABNT, 2004), com exceção à dimensão característica máxima dos
grãos, onde a norma estipula 63,5mm. Entretanto, o projeto de pavimentação
desenvolvido fixou diâmetro característico máximo de 50,0mm para o agregado
reciclado empregado na obra.
Além dos aspectos com relação aos materiais, a NBR 15115 (ABNT, 2004)
prescreve que o agregado reciclado deve ser compactado no mínimo com a energia
intermediária para a aplicação nas camadas de base e sub-base. O projeto do
pavimento da USP Leste exigia que a energia de compactação empregada fosse no
mínimo 95% da modificada. A norma também recomenda que sejam utilizados rolos
compactadores do tipo pé-de-carneiro vibratório ou liso vibratório. A Figura 3.13 e a
Figura 3.14 ilustram o espalhamento da camada de agregado reciclado com
motoniveladora e a sua compactação com rolo liso vibratório.
Figura 3.13: Motoniveladora espalhando
a camada de agregado reciclado
Figura 3.14: Compactação de camada de
agregado reciclado
A caracterização física e mecânica dos agregados reciclados empregados no
pavimento da USP Leste verificando se atende a NBR 15115 (ABNT, 2004) é
apresentada nos itens 4.5 e 5.4.
3.4 Problemas ocorridos
Durante a execução do sistema viário da USP Leste, alguns problemas ocorreram,
prejudicando em parte a qualidade final e a análise do pavimento.
43
A primeira etapa de obras foi realizada num período de muitas chuvas em São Paulo,
entre dezembro e março. Após a execução, foi verificada a presença em alguns
pontos isolados de solos “borrachudos”. Estes locais tiveram as camadas
problemáticas removidas e a estrutura do pavimento foi refeita.
O problema mais sério ocorreu na segunda etapa de obras, entre o segmento 0,260km
até 0,330km, correspondente à seção-tipo 3. Neste trecho de 70 metros a estrutura
projetada foi alterada. A empresa construtora empregou, sem consultar os
responsáveis pela obra, uma camada de mistura asfáltica fresada sobre a camada de
base, antes do binder. Por não se conhecer as propriedades mecânicas deste material
fresado, a avaliação mecanicista deste segmento não foi realizada. Este segmento não
teve o material fresado removido, ou seja, não foi refeita.
3.5 Discussão sobre o estudo laboratorial e monitoramento planejados
A análise do comportamento mecânico de agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil em pavimentação é o principal objetivo deste trabalho. Assim, o
pavimento construído no campus da USP Leste foi o fundamento desta pesquisa de
mestrado.
A metodologia planejada consistiu em duas partes: o estudo laboratorial de amostra
de agregado reciclado coletada em campo e o monitoramento do pavimento
construído.
Para o desenvolvimento do estudo em laboratório desta pesquisa, o agregado
reciclado foi coletado de uma única vez do estoque da obra. A grande distância entre
o Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da USP e o
campus da USP Leste, e o próprio andamento da obra, impossibilitou a coleta diária
de amostras. Assim, não foi possível trabalhar em laboratório com diversas amostras
representativas do agregado reciclado empregado em campo. Contudo, optou-se por
caracterizar e analisar as propriedades da amostra de um único lote, pois esta análise
permitiu uma avaliação mecânica do material reciclado quando submetido ao tráfego
44
variando algumas propriedades (como energia e tensões aplicadas), mesmo com a
possibilidade de variação nas suas características físicas em campo.
Quanto ao monitoramento em campo, a fiscalização prevista na NBR 15115 (ABNT,
2004) foi responsabilidade da empresa fiscalizadora contratada, no caso a Concremat
Engenharia e Tecnologia S.A. Além do controle realizado por esta empresa, foram
conduzidos para o desenvolvimento deste trabalho ensaios de avaliação estrutural no
pavimento.
45
4. PROGRAMA EXPERIMENTAL: LABORATÓRIO E CAMPO
Neste capítulo é apresentado o agregado reciclado de resíduo sólido da construção
civil estudado em laboratório e a metodologia empregada. São expostos igualmente
os procedimentos empregados no controle tecnológico do pavimento do sistema
viário do campus da USP Leste.
4.1 Material analisado em laboratório
O material analisado neste trabalho é o agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil empregado no pavimento do campus da USP Leste. Para a
realização do estudo laboratorial, foram coletadas de uma única vez
aproximadamente duas toneladas de agregado reciclado. Esta amostra estava no
estoque da obra e por problemas de fornecimento, encontrava-se disponível no
momento apenas material proveniente da usina recicladora de Santo André. Dessa
forma, os ensaios em laboratório foram realizados com material de somente uma
usina recicladora.
O agregado reciclado de Santo André foi coletado aleatoriamente de uma pilha do
estoque com uma pá carregadeira no dia 24 de novembro de 2005, durante a segunda
etapa de obras da USP Leste. O material foi colocado em um caminhão e
transportado até o Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica
da Universidade de São Paulo (Figura 4.1 e Figura 4.2).
Figura 4.1: Coleta do agregado reciclado
com pá carregadeira
Figura 4.2: Descarregamento do agregado
reciclado no laboratório
46
Depois de descarregado o material no laboratório, ele foi homogeneizado antes do
seu armazenamento (Figura 4.3). Após esta homogeneização, espalhou-se este
material de forma que ficasse uma pilha com uma altura de aproximadamente
150mm (Figura 4.4).
Em seguida acondicionou-se o agregado reciclado em sacos plásticos de 250mm x
450mm, para facilitar o armazenamento e manejo das amostras (Figura 4.5). Teve-se
muito cuidado durante o ensacamento para que as partes mais finas não fossem
perdidas (Figura 4.6) e considerou-se durante a pesquisa cada um destes sacos como
uma amostra representativa do material de laboratório, coletado para a realização dos
ensaios. Ao final foram obtidos 150 sacos, com aproximadamente 11kg cada um.
A umidade do material ensacado encontrava-se em torno de 8,0%.
Figura 4.3: Homogeneização do material Figura 4.4: Pilha de agregado reciclado
no laboratório
Figura 4.5: Acondicionamento do
agregado reciclado em sacos plásticos
Figura 4.6: Coleta da parte fina
47
4.2 Ensaios de caracterização física em laboratório
A caracterização física de um material apresenta grande importância, uma vez que o
seu comportamento mecânico está relacionado com as suas propriedades físicas. Esta
etapa consistiu na determinação em laboratório de seis aspectos físicos do agregado
reciclado de Santo André aqui estudado: (i) composição, (ii) materiais indesejáveis,
(iii) massa específica dos grãos, (iv) absorção de água, (v) distribuição
granulométrica e (vi) forma dos grãos.
4.2.1 Composição do agregado reciclado
Determinar a composição do agregado reciclado de resíduo sólido da construção civil
é uma etapa muito importante na sua caracterização física. Os diferentes materiais
que o constituem influem diretamente em muitas de suas propriedades, tais como
resistência mecânica, absorção de água e massa específica (LIMA, 1999). Dessa
forma, é possível compreender melhor o comportamento do agregado reciclado
conhecendo-se a natureza dos seus componentes.
Para determinar o tipo e a concentração dos materiais que compõem o agregado
reciclado de Santo André, escolheu-se primeiramente uma das amostras
acondicionadas em sacos plásticos com aproximadamente 11kg. Separou-se o
material retido na peneira de 4,8mm de abertura e através de uma análise visual, cada
grão retido foi separado por classes de acordo com a sua natureza: cimentícia,
rochosa, cerâmica ou resíduos indesejáveis. Foi utilizada apenas esta fração graúda,
pois o passante possuía partículas muito pequenas, o que tornava difícil a sua
distinção para uma classificação.
Os resultados são apresentados em forma de porcentagem, indicando a natureza e a
concentração dos componentes do agregado reciclado estudado em laboratório, além
de se conhecer qual é o material predominante.
4.2.2 Materiais indesejáveis
Os resíduos de construção e demolição pertencentes às classes B, C e D da
Resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002) são denominados pela NBR 15115
48
(ABNT, 2004) de materiais indesejáveis. Estes materiais indesejáveis são
contaminantes do agregado reciclado, tais como: madeiras, vidros, plásticos, gessos,
forros, tubulações, fiações elétricas, papéis e outros.
A porcentagem destes materiais indesejáveis deve ser investigada para a utilização
do agregado reciclado em pavimentação. De acordo com a NBR 15115 (ABNT,
2004) e com a PMSP/SP ETS-001 (2003), a porcentagem máxima aceita de materiais
indesejáveis de grupos distintos é de 3%, e de mesma característica, limita-se em até
2% em massa.
Para verificar se o agregado reciclado de Santo André que foi trazido ao laboratório,
atendia a esta recomendação da norma, selecionou-se uma amostra acondicionada em
saco plástico, com aproximadamente 11kg. Esta amostra foi separada na peneira
4,8mm e o material retido foi analisado visualmente, retirando-se por catação os
indesejáveis encontrados.
O resultado obtido é apresentado em porcentagem de materiais indesejáveis em
relação à massa total da amostra, ou seja, considerando-se também a parcela fina. Foi
analisada também a natureza dos materiais indesejáveis que compõem o agregado
reciclado estudado em laboratório.
4.2.3 Determinação da massa específica dos grãos
O processo de determinação da massa específica foi dividido em duas etapas,
analisando-se primeiramente os grãos que passam na peneira de 4,8mm e, em
seguida, os retidos nesta malha.
4.2.3.1 Grãos passantes na peneira 4,8mm
A determinação da massa específica dos grãos de agregado reciclado que passam na
peneira de 4,8mm foi realizada de acordo com a NBR 6508 (ABNT, 1984), norma
utilizada para solos. Para a realização do ensaio separou-se a fração fina (menor que
4,8mm) de uma amostra acondicionada em saco plástico com aproximadamente 11kg
e tomaram-se duas partes, cada uma com pouco menos de 50g.
49
Para o ensaio é necessário um picnômetro calibrado, ou seja, que se conheça o peso
do picnômetro com água para diferentes temperaturas. Dessa forma, coloca-se uma
quantidade conhecida de material no picnômetro, completa-o com água e determina-
se o seu peso total. Assim, é possível obter a massa específica dos grãos pela
expressão (1):
()
()
[]
T
MMhM
hM
δδ
×
++×
+
×
=
231
1
100/100
100/100
(1)
onde:
δ
: massa específica dos grãos, em [g/cm
3
];
M
1
: massa do solo úmido, em [g];
h: teor de umidade da amostra, em [%];
M
2
: massa do picnômetro + solo + água na temperatura T de ensaio, em [g];
M
3
: massa do picnômetro cheio de água até a marca de referência na temperatura T
de ensaio, em [g];
δ
T
: densidade da água na temperatura de ensaio, obtida na tabela anexada a NBR
6508 (ABNT, 1984).
De acordo com a NBR 6508 (ABNT, 1984), o ensaio com o picnômetro deve ser
realizado para duas amostras e os resultados obtidos devem ser expressos em g/cm
3
.
A diferença da massa específica dos grãos obtida para as duas partes analisadas não
pode ser maior que 0,02g/cm
3
.
4.2.3.2 Grãos retidos na peneira 4,8mm
Para a determinação da massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8mm baseou-
se na NBR 6458 (ABNT, 1984). Esta norma prescreve o método de ensaio para grãos
de pedregulhos.
O ensaio foi preparado selecionando-se duas amostras de agregado reciclado
acondicionadas em saco plástico. O material retido na peneira 4,8mm foi separado e
o passante descartado, obtendo-se cerca de 8kg de agregados na fração graúda. Em
50
seguida, por análise visual e catação, dividiu-se a amostra de acordo com a natureza
dos seus materiais (cimentícia, rochosa, cerâmica ou resíduos indesejáveis). Cada
grupo de material obtido foi lavado na peneira 4,8 mm, de forma que as partículas
finas aderidas aos grãos fossem retiradas. Depois da lavagem, colocou-se
separadamente cada um dos grupos em imersão em água destilada por 24 horas.
A determinação da massa específica para uma fração graúda é feita através de uma
pesagem hidrostática. Utilizou-se uma cesta metálica grande, acoplada a uma
balança, e mediu-se separadamente a massa dos grãos imersos, para cada grupo de
materiais obtido. Depois os materiais foram colocados na estufa a aproximadamente
100ºC e, após total secagem, determinou-se a massa seca dos grãos de cada grupo. A
massa específica dos grãos é dada pela seguinte expressão:
T
M
i
M
s
Ms
δδ
×
=
(2)
onde:
δ
: massa específica dos grãos, em [g/cm
3
];
Ms: massa seca dos grãos, em [g];
Mi: massa dos grãos imersos, em [g];
δ
T
: densidade da água na temperatura de ensaio, obtida na tabela anexada a NBR
6458 (ABNT, 1984).
Após determinar a massa específica para cada grupo de material, a massa específica
do conjunto foi calculada através de uma média ponderada. Como já havia sido
analisada a composição do agregado reciclado estudado, conhecia-se a porcentagem
presente de cada grupo. O resultado do ensaio é expresso em g/cm
3
.
4.2.4 Absorção
A absorção indica a quantidade de água que um agregado é capaz de absorver e é
uma das diferenças mais marcantes entre o agregado natural e o agregado reciclado
(CARNEIRO
et al., 2001). Muitas propriedades dos agregados podem ser
influenciadas pela absorção de água. A alta capacidade de absorção, por exemplo,
51
pode implicar em queda na resistência mecânica por enfraquecimento das ligações
intergranulares (FRAZÃO, 2002).
De acordo com Vieira
et al. (2004), os agregados reciclados, diferentemente dos
naturais, têm uma alta taxa de absorção de água. Agregados reciclados com
predominância de cimentícios apresentam capacidade de absorção menor que
agregados reciclados com predominância de alvenaria, pela menor porosidade dos
resíduos constituintes (LIMA, 1999).
Para a realização do ensaio de absorção dos grãos retidos na peneira 4,8mm
(pedregulho), utilizou-se a NBR 6458 (ABNT, 1984), que também é utilizada para a
determinação da massa específica dos grãos da fração graúda. A determinação da
absorção do agregado reciclado foi realizada com a divisão da amostra em diferentes
grupos, de acordo com a natureza dos seus materiais constituintes (cimentícia,
rochosa, cerâmica ou resíduos indesejáveis).
Cada grupo de material foi deixado imerso em água destilada por 24 horas. Após este
tempo de imersão, foi removida a água destes agregados por uso de uma toalha ou
pano levemente úmido; em seguida, os agregados foram pesados. Após este
processo, os agregados foram levados à estufa, com temperatura aproximada de
100ºC, até a secagem dos mesmos e novamente pesados. O ensaio baseia-se na
diferença entre o peso dos grãos “saturados” e o peso dos grãos secos, relacionado ao
peso dos grãos secos, de acordo com a expressão (3):
100×
=
s
sh
M
MM
S
(3)
onde:
S: absorção massa específica dos grãos, em [%];
M
h
: massa da amostra saturada, superficialmente seca, em [g];
M
s
: massa da amostra seca, em [g].
52
A absorção foi obtida primeiramente para cada grupo de material e, em seguida, a
absorção do conjunto foi calculada através de uma média ponderada. Este
procedimento foi feito de forma análoga à determinação da massa específica média
da fração retida na peneira 4,8mm. Como já havia sido analisada a composição do
agregado reciclado estudado, conhecia-se a porcentagem presente de cada grupo. O
resultado do ensaio é expresso em %.
4.2.5 Análise granulométrica
Durante o desenvolvimento deste trabalho, várias análises granulométricas foram
realizadas. Conduziram-se ensaios de granulometria para a caracterização física do
agregado reciclado trazido ao laboratório e para verificar o seu estado de degradação
após a compactação. Todos os ensaios foram executados de acordo com a NBR 7181
(ABNT, 1984), que é a norma utilizada para solos.
As análises granulométricas foram realizadas apenas por peneiramento, com lavagem
na peneira 0,075mm. Para a realização dos ensaios, tomou-se sempre aleatoriamente
uma amostra de Santo André acondicionada no saco plástico com aproximadamente
11kg. O material foi previamente lavado, para a remoção das partículas finas
aderidas aos grãos, e em seguida seco em estufa, aproximadamente a 100ºC. A
distribuição granulométrica do agregado reciclado foi determinada utilizando-se 13
peneiras: 50; 38; 25; 19; 9,5; 4,8; 2,0; 1,2; 0,6; 0,42; 0,25; 0,15 e 0,075mm.
O resultado obtido com o ensaio de granulometria é normalmente expresso por meio
da curva granulométrica. No eixo das abscissas estão em escala logarítmica as
dimensões das partículas, ou as aberturas das peneiras, e no eixo das ordenadas estão
as porcentagens passantes acumuladas em cada peneira analisada. De acordo com a
forma da curva obtida é possível classificar granulometricamente o material em:
uniforme, bem graduado ou mal graduado (DNIT, 2006). Esta classificação baseia-se
no predomínio, ausência e/ou equilíbrio das frações grossas e finas por cálculo de
índices que expressam a forma da curva.
53
Normalmente são determinados os coeficientes de uniformidade (C
u
) e de curvatura
(C
c
). A relação de C
u
representa a falta de uniformidade granulométrica, pois o seu
valor diminui quando o material é mais uniforme. Valores baixos de C
u
, menores que
15, indicam materiais de uniformidade média ou muito uniforme. Não é desejável
que os agregados apresentem uniformidade, pois dessa forma o material é mal-
graduado, ocasionando muitos vazios e maiores quebras durante o processo de
compactação ou pelo tráfego usuário após conclusão da obra. O coeficiente de
curvatura C
c
deve se situar entre 1 e 3 para indicar que o material é bem-graduado.
Estes coeficientes são calculados pelas expressões (4) e (5), respectivamente.
10
60
d
d
C
u
=
(4)
1060
2
30
)(
dd
d
C
c
×
=
(5)
onde:
C
u
: coeficiente de uniformidade;
C
c
: coeficiente de curvatura;
d
10
: diâmetro correspondente a 10% da porcentagem passante, em [mm];
d
30
: diâmetro correspondente a 30% da porcentagem passante, em [mm];
d
60
: diâmetro correspondente a 60% da porcentagem passante, em [mm].
As normas existentes referentes ao uso do agregado reciclado em pavimentação não
estabelecem uma faixa granulométrica para o emprego do mesmo. No entanto, são
fixados alguns pontos que devem ser atendidos, como dimensão característica
máxima dos grãos, porcentagem de material passante na peneira 0,42mm, C
u
e C
c
.
A
Tabela 4.1 apresenta os aspectos e os respectivos limites contemplados na
normalização brasileira.
54
Tabela 4.1: Aspectos e limites fixados pela norma e especificação brasileiras com
relação à granulometria
Norma /
Especificação
Dimensão
característica
máxima dos grãos
[mm]
Porcentagem que
passa na peneira
0,42 mm [%]
C
u
C
c
NBR 15115
(ABNT, 2004)
63,5 10 a 40 10
não
consta
PMSP/SP
ETS-001
(PMSP, 2003)
50,0 10 a 30 10 1 a 3
Os resultados obtidos com o ensaio de granulometria são apresentados por meio de
curvas granulométricas com porcentagens passantes e porcentagens acumuladas e
tabelas com frações e porcentagens. Também foram calculados e analisados os
coeficientes das curvas.
4.2.6 Forma dos grãos
Dependendo do tipo do resíduo de construção e demolição, e dos equipamentos
utilizados durante o processo de reciclagem, o agregado reciclado pode apresentar
forma mais lamelar e textura mais áspera que os agregados convencionais (LIMA,
1999).
A determinação da forma foi feita de acordo com a norma NBR 6954 (ABNT, 1989).
Esta norma prescreve o método de determinação da forma para o material lastro-
padrão utilizado em via férrea. A análise da forma é feita com um paquímetro,
medindo-se comprimento (a), largura (b) e altura (c) de cada grão, classificando o
material como cúbico, alongado, lamelar e alongado-lamelar. A Tabela 4.2 apresenta
a relação e classificação da forma dos grãos.
55
Tabela 4.2: Classificação da forma dos grãos conforme NBR 6954 (ABNT, 1989)
Média das relações b/a e c/b Classificação da forma
b/a maior que 0,5 e c/b maior que 0,5 cúbico
b/a menor que 0,5 e c/b maior que 0,5 alongado
b/a maior que 0,5 e c/b menor que 0,5 lamelar
b/a menor que 0,5 e c/b menor que 0,5 alongado-lamelar
A NBR 15115 (ABNT, 2004) a PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) recomendam que
o agregado reciclado tenha no máximo 30% de grãos lamelares.
Para a realização do ensaio, selecionou-se uma amostra acondicionada em saco
plástico com aproximadamente 11kg e separaram-se quatro frações retidas do
material: 38, 25, 19 e 9,5mm. Em seguida estas frações foram separadas de acordo
com sua natureza, para verificar se um determinado tipo de material possuía
tendência de apresentar uma determinada forma. As medições de comprimento,
largura e altura dos grãos neste trabalho foram feitas com um paquímetro digital. As
Figura 4.7 e Figura 4.8 ilustram o ensaio e exemplos de partículas pertencentes a
cada uma das quatro frações retidas analisadas.
Figura 4.7: Medição com paquímetro
digital
Figura 4.8: Exemplos de partículas
pertencentes às frações analisadas
Os resultados são apresentados em porcentagem de partículas cúbicas, alongadas,
lamelares e alongadas-lamelares, além de verificar a concentração destas formas de
acordo com a natureza dos materiais.
56
4.3 Ensaios de compactação
A compactação de um material para ser utilizado como camada constituinte de um
pavimento permite aumentar a sua densificação e assim reduzir o índice de vazios.
Este processo implica na melhoria de diversas propriedades, como aumento da
resistência ao cisalhamento e diminuição da deformabilidade. Além disso, o aumento
do contato entre os grãos torna o conjunto mais estável (DNIT, 2006; PINTO, 2000).
O ensaio de compactação pode ser realizado utilizando-se diferentes energias:
normal, intermediária e modificada. Quanto maior a energia de compactação
empregada, menor será o valor do teor de umidade ótima, e maior será o valor do
peso específico aparente seco máximo. A escolha da energia é feita em função do uso
que será dado ao material analisado.
Neste trabalho, foram realizados dois ensaios de compactação com o agregado
reciclado de Santo André. A umidade ótima foi determinada para as energias
intermediária e modificada.
Para a realização de ensaios de módulo de resiliência e deformação permanente
foram compactados corpos-de-prova de 150mm de diâmetro por 300mm de altura.
Foram analisadas ainda as modificações na granulometria e na forma dos grãos do
agregado reciclado após a compactação.
4.3.1 Determinação da umidade ótima e peso específico aparente seco máximo
O agregado reciclado analisado em laboratório foi submetido ao ensaio de
compactação conforme prescreve a NBR 7182 (ABNT, 1986), utilizada normalmente
para solos. Como a NBR 15115 (ABNT, 2004) recomenda que para emprego em
camadas de base o agregado reciclado seja compactado no mínimo na energia
intermediária, foram realizados em laboratório ensaios de compactação empregando-
se a energia intermediária e a energia modificada. Além disso, o projeto do
pavimento da USP Leste estipulava que o agregado reciclado fosse compactado com
no mínimo 95% na energia modificada.
57
Os ensaios foram realizados utilizando-se o soquete grande com aproximadamente
4,5kg e o cilindro metálico grande (cilindro de CBR –
California Bearing Ratio) com
disco espaçador (Figura 4.9 e Figura 4.10). Este molde produz corpos de prova de
150mm de diâmetro por 125mm de altura. Para a execução do experimento, o
cilindro foi preenchido com o agregado reciclado em cinco camadas. No ensaio com
energia intermediária foram utilizados 26 golpes por camada e com energia
modificada, 55 golpes por camada.
Figura 4.9: Soquete grande e cilindro
metálico grande
Figura 4.10: Detalhe do cilindro e
compactação
Para a realização de cada ensaio de compactação foram moldados cinco corpos-de-
prova, sem reuso do material. A NBR 7182 (ABNT, 1986) indica que a curva de
compactação deve ser obtida com cinco pontos, sendo dois no ramo seco, um
próximo à umidade ótima e dois no ramo úmido da curva.
No caso do material de Santo André aqui estudado a quantidade de material retido na
peneira 19 mm ficou entre 10% e 30 %. Desse modo, de acordo com a NBR 6457
(ABNT, 1986), que indica os procedimentos para ensaios de compactação, foi
necessário substituir o material retido na peneira 19mm por igual quantidade em peso
de material passante na peneira 19mm e retido na peneira 4,8mm. Para isto foram
selecionadas e peneiradas várias amostras de agregado reciclado acondicionadas em
sacos plásticos, obtendo-se assim estas frações desejadas. Cada corpo-de-prova
58
moldado para o ensaio de compactação teve sua granulometria composta com
substituição de material.
O resultado deste ensaio é expresso através das curvas de compactação, que possuem
formato de sino, tendo no eixo das abscissas os teores de umidade utilizados e no
eixo das ordenadas os respectivos valores de pesos específicos aparentes secos
obtidos. Apresentam-se curvas de diferentes graus de saturação do agregado
reciclado de Santo André juntamente com as curvas de compactação. No caso de
saturação igual a 100%, o volume de vazios do material seria igual ao volume de
água. O grau de saturação é determinado pela expressão (6):
δδ
γ
Sh
S
a
s
+
=
(6)
onde:
γ
s
: massa específica aparente seca, em [g/cm
3
];
S: grau de saturação, em [%];
h: teor de umidade, arbitrado na faixa de interesse, em [%];
δ
a
: massa específica da água, em [g/cm
3
];
δ: massa específica dos grãos, em [g/cm
3
].
A massa específica dos grãos utilizada nos cálculos foi uma média ponderada das
massas específicas entre a fração retida e passante na peneira 4,8mm, conforme
apresentado no item 4.2.3.
4.3.2 Compactação de corpos-de-prova de 150mm x 300mm
Para a realização dos ensaios de módulo de resiliência e de deformação permanente
com o agregado reciclado de Santo André, foram utilizados corpos-de-prova
cilíndricos, com diâmetro de 150mm e altura de 300mm. A moldagem destes corpos-
de-prova não exigiu a substituição da fração retida na peneira 19mm, utilizando-se o
material na sua forma integral.
59
A moldagem de corpos-de-prova em cilindros de 150mm por 300mm para ensaio de
módulo de resiliência e deformação permanente também foi adotada por Bennert
et
al.
(2000), Arm (2001), Hill et al. (2001) e Motta (2005).
A compactação foi feita com o soquete grande, de 4,5kg, e um molde metálico
tripartido (Figura 4.11 e Figura 4.12). Os corpos-de-prova de agregado reciclado
foram moldados em seis camadas nas energias intermediária e modificada,
utilizando-se respectivamente 57 e 115 golpes por camada, conforme obtido pelo
cálculo da energia.
Figura 4.11: Compactação no cilindro
150mm x 300mm
Figura 4.12: Detalhe do cilindro
tripartido
O material utilizado em cada corpo-de-prova teve sua granulometria controlada, de
forma que fosse possível garantir a curva granulométrica inicial do agregado
reciclado. Para isto, separaram-se várias amostras acondicionadas em sacos plásticos
e, por peneiramento, dividiu-se o material em cinco frações. Em seguida, fez-se uma
composição granulométrica, de acordo com a curva granulométrica inicial obtida na
caracterização do agregado reciclado de Santo André em laboratório.
Na moldagem de corpos-de-prova na energia intermediária e modificada, foram
utilizados os respectivos teores de umidade ótima obtidos com o ensaio de
60
compactação nos cilindros de CBR, com substituição da parcela de agregado
reciclado retida da peneira 19mm.
Antes de submeter os corpos-de-prova de 150mm x 300mm aos ensaios, estes foram
deixados em câmara úmida por quatro dias. Este período foi aplicado baseando-se
nas especificações européias para a realização de ensaios triaxiais em materiais
granulares, que recomenda uma “cura” de quatro a sete dias, para melhor distribuição
da umidade. Além disso, segundo Molenaar e van Niekerk (2002), o agregado
reciclado apresenta intrinsecamente e potencialmente grande quantidade de materiais
cimentantes, que podem implicar no aumento da resistência, da rigidez e da
resistência à deformação permanente com o tempo.
4.3.3 Análise da influência da compactação
Durante a moldagem dos corpos-de-prova em laboratório, verificou-se que a
aplicação de grandes quantidades de energia de compactação implicava na quebra de
partículas do agregado reciclado. Desse modo, decidiu-se estudar as modificações na
granulometria e na forma do material.
4.3.3.1 Granulometria
Para a utilização de agregados reciclados em pavimentação, a NBR 15115 (ABNT,
2004) e a PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) recomendam alguns aspectos em
relação à granulometria do material. De acordo com Valle (1994) é importante
conhecer o potencial de degradação de agregados, para que se possa avaliar o
comportamento do pavimento e interpretar seu funcionamento estrutural.
Para análise da modificação granulométrica, foram utilizados corpos-de-prova
cilíndricos, com 150mm de diâmetro e 300mm de altura. Primeiramente foram
separadas várias amostras de agregado reciclado de Santo André acondicionadas em
sacos plásticos e, por peneiramento, dividiu-se o material em cinco frações. A
granulometria foi composta de acordo com a curva original do material, obtida na
etapa de caracterização.
61
Foram compactados dois corpos-de-prova, nas energias intermediária e modificada,
com os respectivos teores de umidade ótima obtidos previamente. Após a moldagem,
estes corpos-de-prova foram destorroados com a mão com leves esforços e secos ao
ar, até atingir a umidade higroscópica. Em seguida, o material foi lavado na peneira
0,075mm e levado à estufa para secagem, com temperatura aproximada de 100ºC.
Após seco, o material foi submetido a peneiramento, de acordo com a NBR 7181
(ABNT, 1984) utilizando-se as mesmas 13 peneiras do ensaio de granulometria na
etapa de caracterização. Foram obtidas desta forma duas curvas granulométricas,
uma para o corpo-de-prova compactado na energia intermediária e outra para o
corpo-de-prova compactado na energia modificada.
Para avaliar as alterações ocorridas na curva granulométrica, foram verificados os
aspectos contemplados pela NBR 15115 (ABNT, 2004) e pela a PMSP/SP ETS-001
(PMSP, 2003) quanto à dimensão máxima característica dos grãos, porcentagem
passante na peneira 0,42mm, C
u
e C
c
.
Complementando a análise, foi calculado o índice de degradação de Ruiz após a
compactação para os materiais ensaiados. A energia do ensaio de compactação
produz uma variação na distribuição granulométrica do material, caracterizada por
um deslocamento
i em cada peneira. O índice de degradação de Ruiz é obtido a
partir do somatório dos deslocamentos
i da curva granulométrica em cada peneira,
dividido pelo número de peneiras usadas no ensaio (VALLE, 1994
apud BUZATTI,
1987
2
). Este índice é obtido pela expressão (7):
n
i
ID
=
(7)
onde:
ID: índice de degradação de Ruiz;
2
BUZATTI, D. J. Índice de abrasão Los Angeles e índice de degradação: análise comparativa
para diversas naturezas de agregados. Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas
Gerais, Publicação Técnica nº. 23, 1987.
62
n: número de peneiras utilizadas no ensaio;
i: deslocamentos da curva granulométrica.
Assim, um valor de ID igual a zero define um agregado ideal, resistente a
degradação. O valor máximo de ID será 100, definindo um agregado de péssima
qualidade (VALLE, 1994
apud BUZATTI, 1987).
4.3.3.2 Forma
Foram analisadas as alterações na forma provocadas pela compactação nas energias
intermediária e modificada. Para isto aproveitaram-se os dois corpos-de-prova
moldados para o estudo das modificações granulométricas. Depois do peneiramento,
separaram-se de cada uma das duas amostras as quatro frações utilizadas para
verificar a forma dos grãos: 38, 25, 19 e 9,5mm.
A determinação da forma foi feita de acordo com a norma NBR 6954 (ABNT, 1989),
já apresentada no item 4.2.6. Com um paquímetro digital determinaram-se
comprimento, largura e altura de cada grão, classificando o material como cúbico,
alongado, lamelar ou alongado-lamelar. Os resultados são apresentados em
porcentagem de partículas cúbicas, alongadas, lamelares e alongadas-lamelares para
cada energia, comparando-se com os valores obtidos para o material inicial, antes da
compactação.
4.4 Ensaios mecânicos
Esta etapa consistiu na realização de três ensaios com o agregado reciclado de Santo
André aqui estudado: (i) índice de suporte Califórnia, (ii) módulo de resiliência e (iii)
deformação permanente.
Com o objetivo de verificar o efeito da intensidade de compactação nas propriedades
mecânicas, foram utilizados nos ensaios corpos-de-prova compactados nas energias
intermediária e modificada. De acordo com Molenaar e van Niekerk (2002), o grau
de compactação tem uma grande influência na rigidez e na resistência à deformação
permanente do agregado reciclado.
63
4.4.1 Índice de suporte Califórnia
O índice de suporte Califórnia (ISC), em inglês California Bearing Ratio (CBR), é
bastante difundido no meio rodoviário. Através deste índice, expresso em
porcentagem, é possível fazer o dimensionamento de pavimentos por métodos
empíricos.
O ISC define o valor da capacidade de suporte de solos e materiais granulares
empregados em pavimentação. O ensaio consiste na determinação da relação entre a
pressão necessária para produzir uma penetração de um pistão em um corpo-de-
prova de solo, e a pressão necessária para produzir a mesma penetração num material
granular padrão de referência (DNIT, 2006).
A NBR 15115 (ABNT, 2004) e a PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) utilizam o valor
do ISC como parâmetro para emprego do agregado reciclado em pavimentação. São
fixados valores mínimos de acordo com a função estrutural do material no
pavimento: base, sub-base ou reforço de subleito. Além disso, considera-se também a
expansão do agregado reciclado. A Tabela 4.3 apresenta os valores mínimos e
máximos recomendados.
Tabela 4.3: Valores mínimos de ISC e máximos de expansão recomendados para
emprego de agregado reciclado em camadas de pavimentos
Norma /
Especificação
Parâmetro Base Sub-base
Reforço de
subleito
ISC [%] 60
(c)
20 12
NBR 15115
(ABNT, 2004)
Expansão [%] 0,5 1,0 1,0
ISC [%] 60
(d)
20 12
PMSP/SP
ETS-001
(PMSP, 2003)
Expansão [%] 0,5 1,0 1,0
(c)
É permitido o uso de agregado reciclado em camada de base para vias de tráfego com N 10
6
repetições do eixo-padrão de 80 kN no período do projeto.
(d)
É permitido o uso de agregado reciclado em camada de base para vias de tráfego com N 10
5
repetições do eixo-padrão de 80 kN no período do projeto.
64
Neste trabalho, para a determinação do ISC do agregado reciclado de Santo André
foram conduzidos ensaios conforme o método DNER-ME 049/94 (DNER, 1994),
utilizado para solos. Os corpos-de-prova foram moldados no cilindro metálico de
CBR, empregando-se apenas o material passante na peneira 19,0mm. Foi necessário
substituir material como apresentado no item 4.3.1.
Foram compactados, nas respectivas umidades ótimas, quatro corpos-de-prova na
energia intermediária e quatro na energia modificada. Depois de compactados, cada
corpo-de-prova recebeu uma sobrecarga de discos anulares de aproximadamente
4,5kg e foram levados à imersão em água por quatro dias (Figura 4.13). Este
procedimento é utilizado para verificar a expansão do material e para simular durante
o ensaio de penetração uma condição desfavorável em campo.
A expansão axial foi medida por extensômetros montados em tripés colocados sobre
cada corpo-de-prova. A cada 24 horas durante o período de imersão foram feitas
leituras, observando-se assim as variações de altura dos corpos-de-prova.
Após os quatro dias de imersão, os corpos-de-prova foram submetidos a uma prensa
com um pistão de aproximadamente 50mm de diâmetro, a uma velocidade de
penetração de 1,27 milímetros por minuto. Controlou-se a deformação por meio de
um extensômetro fixo no pistão e apoiado no cilindro metálico (Figura 4.14). As
cargas de reação foram registradas por meio de um anel dinamométrico acoplado à
prensa. As leituras das cargas foram feitas de acordo com os tempos estabelecidos no
método DNER-ME 049/94 (DNER, 1994).
65
Figura 4.13: Corpos-de-prova em
imersão para determinar expansão
Figura 4.14: Corpo-de-prova submetido
à prensa
O ISC é obtido através de uma curva onde no eixo das abscissas está a penetração e
no eixo das ordenadas a respectiva pressão. Caso exista um ponto de inflexão, a
curva deve ser corrigida com uma tangente até o eixo das abscissas. O valor de
penetração neste ponto deve ser utilizado para a correção das medidas
correspondentes às penetrações de 0,1 e 0,2 polegadas.
Assim, as pressões correspondentes às penetrações de 0,1 e 0,2 polegadas devem ser
expressas em porcentagem em relação às pressões padrões da brita padronizada,
apresentadas no método de ensaio. O ISC empregado é o maior valor obtido em
porcentagem para estas duas leituras.
Os resultados de ISC e expansão são apresentados em forma gráfica, comparando os
valores obtidos dos corpos-de-prova compactados na energia intermediária com os
compactados na modificada. Também foi verificado se os ISC estão de acordo com a
NBR 15115 (ABNT, 2004) e com a PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) para emprego
em camadas de base e sub-base.
4.4.2 Módulo de resiliência
A maioria dos materiais de pavimentação não apresenta comportamento elástico,
sofrendo alguma deformação permanente após cada aplicação do carregamento.
66
Contudo, se o carregamento é pequeno comparado com a resistência do material e se
para um grande número de repetições as deformações para cada aplicação são quase
totalmente recuperáveis, pode-se considerar o material elástico (HUANG, 2004).
A deformação recuperável do pavimento, quando este é submetido a carregamentos
repetidos, é denominada deformação resiliente. No ano de 1946, Hveem desenvolveu
o primeiro equipamento para medir o efeito da aplicação de cargas repetidas nos
materiais. Em seguida, na década de 50, Seed e Fead desenvolveram um
equipamento triaxial dinâmico, no qual os modelos atuais são baseados
(BERNUCCI, 1995; MEDINA, 1997).
O tipo e a duração do carregamento utilizado em um ensaio de cargas repetidas
devem simular o que ocorre no campo (HUANG, 2004).
O módulo de resiliência é obtido pela relação entre a tensão-desvio, denominada
σ
d
,
e a correspondente deformação axial resiliente, denominada
ε
r
, sendo calculado
através da expressão (8). A tensão-desvio (
σ
d
) equivale à tensão de confinamento
(
σ
3
) subtraída da tensão axial (σ
1
), aplicadas no corpo-de-prova, ou seja, é a
diferença entre a tensão principal maior e a tensão principal menor.
r
d
R
M
ε
σ
=
(8)
onde:
M
R
: módulo de resiliência, em [MPa];
σ
d
: tensão-desvio, em [MPa];
ε
r
: deformação axial resiliente, em [mm/mm].
Em função das cargas aplicadas serem normalmente pequenas, o ensaio de módulo
de resiliência é do tipo não-destrutivo. Nesta pesquisa, o experimento foi realizado
de forma semelhante ao especificado na norma do DNER-ME 131/94 (DNER, 1994)
para solos.
67
O equipamento utilizado para o ensaio foi o triaxial de carga repetida do Laboratório
de Tecnologia de Pavimentação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
(LTP-EPUSP). A Figura 4.15 ilustra o equipamento empregado.
Figura 4.15: Equipamento triaxial de carga repetida do LTP-EPUSP
Para a determinação do módulo utilizou-se uma célula triaxial semelhante à maioria
existente, no entanto com dimensões maiores, 200mm de diâmetro e 400mm de
altura (Figura 4.16). O ensaio foi conduzido com corpos-de-prova de 150mm de
diâmetro e 300mm de altura, conforme apresentado no item 4.3.2 deste trabalho
(Figura 4.17).
Foram moldados em laboratório quatro corpos-de-prova com o agregado reciclado de
Santo André: dois compactados na energia intermediária e dois na energia
modificada. Todos os corpos-de-prova foram submetidos ao período de cura de
quatro dias em câmara úmida, conforme justificado no item 4.3.2 deste trabalho.
Todos os corpos-de-prova foram envolvidos por uma membrana de borracha para a
realização do ensaio triaxial de carga repetida.
68
Figura 4.16: Célula triaxial grande
utilizada no ensaio com carga repetida
Figura 4.17: Corpo-de-prova de agregado
reciclado com 150mm x 300mm
O equipamento possui um sistema de ar comprimido com manômetros e válvulas que
permite aplicar tensões
σ
d
e σ
3
conforme desejado. Neste trabalho, os corpos-de-
prova foram submetidos a diferentes tensões-desvio sempre com freqüência de 1Hz.
Segundo Yoder e Witczak (1975) a freqüência de aplicação da carga produz pouco
efeito no módulo de resiliência de materiais granulares.
A medição dos deslocamentos verticais no corpo-de-prova foi feita por transdutores
do tipo LVDT (
Linear Variable Differencial Transformer) posicionados no topo do
corpo-de-prova. O sistema de medição dos deslocamentos é feito em relação a toda a
altura do corpo-de-prova, com ajuste micrométrico externo à câmara triaxial.
O primeiro estágio do ensaio consiste no condicionamento do corpo-de-prova, onde
são aplicadas duas tensões diferentes
σ
3
e três tensões diferentes σ
d
, sem registro dos
deslocamentos. Na seqüência, são aplicados conjuntos de três tensões
σ
d
crescentes
para cada tensão
σ
3
, registrando-se os deslocamentos resilientes. A Tabela 4.4
apresenta as tensões de confinamento e as tensões-desvio que foram utilizadas
durante o ensaio. Cada tensão foi aplicada no mínimo 200 vezes antes da leitura do
deslocamento resiliente.
69
Tabela 4.4: Tensões aplicadas durante o ensaio de módulo de resiliência do agregado
reciclado de Santo André
Etapa do ensaio
σ
3
[kPa] σ
d
[kPa]
70 70
70 210
Condicionamento
105 315
21
42
21
63
35
70
35
105
52,5
105
52,5
157,5
70
140
70
210
105
210
105
315
140
280
Registro
dos deslocamentos
resilientes
140
420
A partir dos deslocamentos resilientes coletados no ensaio e da expressão (8) é
possível determinar os valores de módulo de resiliência para cada par de tensões
σ
3
e
σ
d
que foi imposto ao corpo-de-prova, e apresentá-los graficamente.
Experimentos realizados com materiais granulares para reforços de subleito, sub-
bases e bases indicaram o grande efeito da tensão de confinamento nos resultados de
módulo de resiliência (YODER e WITCZAK, 1975). Em função deste fato,
normalmente para materiais granulares, o módulo de resiliência é apresentado pelas
expressões (9) ou (10).
2
31
k
R
kM
σ
=
(9)
onde:
M
R
: módulo de resiliência, em [MPa];
70
k
1
, k
2
: parâmetros do material obtidos com o ensaio;
σ
3
: tensão de confinamentos, em [MPa].
ou
2
1
k
R
kM
θ
=
(10)
onde:
M
R
: módulo de resiliência, em [MPa];
k
1
, k
2
: parâmetros do material obtidos com o ensaio;
θ
: soma das tensões principais, em [MPa].
onde:
3
3
σ
σ
θ
+=
d
(11)
Neste trabalho optou-se por utilizar a expressão (10), em função de
θ, plotando-se no
eixo das ordenadas o módulo de resiliência e no eixo das abscissas a soma das
tensões principais.
Os resultados obtidos com o ensaio de módulo de resiliência são apresentados em
forma gráfica e em tabelas para determinados níveis de tensões, utilizando-se o
modelo composto em função de
θ, representado pela expressão (10). A título
comparativo, são apresentados os modelos obtidos utilizando-se a expressão (9), ou
seja, em função de
σ
3
. Além disso, é feita uma comparação com módulos de
resiliência de outras pesquisas com materiais semelhantes.
4.4.3 Deformação permanente
4.4.3.1 Avaliação da deformação permanente
A deformação permanente é um importante fator no projeto de pavimentos flexíveis.
O dimensionamento deve garantir que ocorra nenhuma ou apenas pequena
deformação permanente na estrutura. Estas deformações são observadas
principalmente em trilhas de roda de caminhões e em áreas de estacionamentos com
71
revestimentos asfálticos (WERKMEISTER
et al., 2001; HUANG, 2004; MEDINA,
1997).
A experiência indica a grande importância de bases e sub-bases estáveis e resistentes
na vida útil de um pavimento. Dessa forma, decidiu-se avaliar em laboratório a
resistência à deformação permanente do agregado reciclado de Santo André aqui
estudado.
Para determinar a deformação permanente de materiais granulares normalmente
utilizam-se ensaios triaxiais com cargas repetidas. Estes ensaios são atualmente os
mais empregados e aceitos na elaboração de modelos de previsão. Avaliam-se a
relação entre o número de solicitações do carregamento e a deformação permanente
acumulada, geralmente até atingir 100.000 ciclos (HUANG, 2004; BENNERT
et al.
2000).
O ensaio para medir a deformação permanente é semelhante ao do módulo de
resiliência. O mesmo equipamento triaxial de carga repetida do LTP-EPUSP foi
utilizado (Figura 4.15), empregando-se corpos-de-prova de 150mm de diâmetro e
300mm de altura, conforme apresentado no item 4.3.2 deste trabalho.
Foram utilizados cinco corpos-de-prova para a determinação da deformação
permanente do agregado reciclado de Santo André analisado em laboratório. Quatro
corpos-de-prova foram compactados na energia modificada e um na energia
intermediária. Todos os corpos-de-prova foram submetidos ao período de cura de
quatro dias em câmara úmida e antes do ensaio foram envolvidos por uma membrana
de borracha.
De acordo com a literatura revisada, diferentes níveis de tensão são empregados em
ensaios de deformação permanente. Estes níveis devem tentar simular, se possível, o
que ocorre no campo (HUANG, 2004). No entanto, não existe um critério definido
para determinar qual relação entre a tensão-desvio e a tensão de confinamento deve
72
ser aplicada. Neste trabalho, foram utilizados quatro níveis de tensões que são
apresentados na Tabela 4.5.
Tabela 4.5: Energia e níveis de tensões empregados nos ensaios de deformação
permanente do agregado reciclado de Santo André
Energia empregada
σ
d
[kPa] σ
3
[kPa] σ
d
/σ
3
Intermediária 300 50 6,0
(e)
100 50 2,0
200 50 4,0
300 50 6,0
(e)
Modificada
500 75 6,7
(e)
Nível de tensões observado logo abaixo do topo da camada de base, obtido por
retroanálise da estrutura de projeto “seção-tipo 3”.
A relação
σ
d
/σ
3
igual a 6,0, apresentada em destaque, foi obtida por meio de
retroanálise da estrutura de pavimento seção-tipo 3 apresentada no item 3.2 deste
trabalho. Baseado em experiências anteriores e em literatura consultada, foram
adotados para esta estrutura de projeto os módulos de resiliência apresentados na
Tabela 4.6. Verificou-se que logo abaixo do topo da camada de base de agregado
reciclado as tensões atuantes
σ
d
e σ
3
eram aproximadamente iguais a 300kPa e
50kPa, respectivamente. Dessa forma, esta relação
σ
d
/σ
3
igual a 6,0 procurou simular
a previsão da deformação permanente no campo da base.
Tabela 4.6: Módulos de resiliência adotados na retroanálise da “seção-tipo 3”
Camada Material
Espessura
[mm]
M
R
[MPa]
Revestimento Concreto asfáltico 100 3.000
Base Agregado reciclado 150 250
Sub-base Agregado reciclado 150 250
Reforço de subleito Solo laterítico 200 150
Subleito Solo natural semi-infinito 75
Estas tensões (
σ
d
= 300kPa e σ
3
= 50kPa) foram aplicadas para corpos-de-prova
moldados nas energias intermediária e modificada. Teve-se como objetivo verificar a
influência da compactação na resistência à deformação permanente do agregado
reciclado de Santo André.
73
Por meio do nível de tensão
σ
d
/σ
3
igual a 6,7 procurou-se simular o caso de redução
da espessura da camada de revestimento, aumentando-se
σ
d
e σ
3
para 500kPa e
75kPa, respectivamente. Em função de limitações do equipamento triaxial de carga
repetida de curta duração do LTP-EPUSP, não pôde ser aplicada uma tensão-desvio
superior a 500kPa.
Os níveis de tensões
σ
d
/σ
3
igual a 2,0 e 4,0 procuraram demonstrar uma situação em
que o tráfego fosse mais leve, já que existem limitações pela NBR 15115 (ABNT,
2004) e pela PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) sobre o uso de agregado reciclado
em camadas de base. Além disso, teve-se como objetivo verificar o comportamento
do agregado reciclado de Santo André submetido a um nível de tensões mais baixo.
Nas mesmas condições do ensaio com nível de tensões igual
σ
d
/σ
3
igual a 2,0 foi
ensaiado um corpo-de-prova de brita graduada. A brita graduada utilizada possui a
mesma granulometria do agregado reciclado de Santo André de laboratório após sua
compactação na energia modificada. A compactação foi feita na energia modificada,
utilizando o cilindro tripartido de 150mm x 300mm e umidade de 5,0%. O objetivo
deste ensaio com um material natural foi avaliar a diferença de seu comportamento
em relação ao material reciclado.
Os ensaios para medir a deformação permanente são executados no mínimo até
100.000 ciclos. A deformação permanente acumulada é registrada em números
determinados de repetições do carregamento. No entanto, podem ser realizadas
leituras com mais freqüência. De acordo com Huang (2004), devem ser registradas as
deformações permanentes nos seguintes ciclos: 1, 10, 100, 200, 1.000, 10.000 e
100.0000.
É extremamente difícil prever a vida útil de um material empregado no pavimento
considerando a sua deformação permanente. Existem muitas variáveis nos métodos
de ensaio e equipamentos, além das incertezas sobre as condições climáticas e de
tráfego. No entanto, o uso de alguns modelos simplificados permite uma estimativa
de ruptura (HUANG, 2004).
74
De acordo com a literatura revisada, a maioria das pesquisas sobre deformação
permanente emprega o modelo proposto por Monismith
et al. (1975), que é
apresentado no modelo (12):
b
p
Na=
ε
(12)
onde:
ε
p
: deformação permanente, em [10
-3
mm/mm];
a: deformação permanente após o primeiro ciclo, em [10
-3
mm/mm];
Ν
: número de ciclos;
b: inclinação da reta obtida por regressão.
Outro modelo muito encontrado na bibliografia é o de Barksdale
3
, citado por Bennert
et al. (2000). A expressão (13) apresenta este modelo.
Nba
p
log+=
ε
(13)
onde:
ε
p
: deformação permanente, em [10
-3
mm/mm];
a: deformação permanente após o primeiro ciclo, em [10
-3
mm/mm];
b: inclinação da reta obtida por regressão;
Ν
: número de ciclos.
Utilizando os resultados obtidos nos ensaios até 100.000 ciclos, os modelos das
equações (12) e (13) foram empregados para prever a deformação permanente do
agregado reciclado de Santo André. Os valores obtidos com estas expressões foram
comparados com os verificados experimentalmente. Além disso, são apresentados
resultados obtidos em outras pesquisas desenvolvidas com agregados reciclados e
com outros materiais.
3
BARKSDALE, R. D. Repeated load test evaluation of base course materials. Georgia Highway
Department Research Project 7002, Georgia Institute of Technology, Atlanta, 1972.
75
4.4.3.2 Teoria do shakedown
A teoria do shakedown vem sendo muito utilizada para descrever o comportamento
de estruturas de engenharia submetidas a carregamentos cíclicos. O principal
objetivo desta teoria é verificar se a deformação permanente da estrutura pode
conduzi-la à ruptura ou se tende à estabilização (GUIMARÃES, 2001).
A estabilização da deformação permanente depois de determinado número de ciclos,
onde o material apresenta comportamento elástico, é denominada shakedown
(SHARP e BOOKER, 1984).
De acordo com Werkmeister et al. (2001), pesquisas indicaram que para ensaios de
cargas repetidas com baixos níveis de tensão (σ
d
/σ
3
) ocorre um estado de equilíbrio
nas deformações permanentes após a estabilização do efeito pós-compactação.
Contudo, para elevados níveis de tensão, a deformação permanente não se estabiliza
e cresce rapidamente, podendo levar à ruptura.
Assim, existe a possibilidade de encontrar um estado de tensões crítico, caracterizado
entre uma condição de deformação permanente estável e instável. Este nível de
tensões é denominado “limite do shakedown”.
A teoria do shakedown foi desenvolvida inicialmente para metais submetidos a
cargas deslizantes ou rolantes. Esta teoria foi introduzida no estudo de pavimentos na
Austrália em 1984 por Sharp e Booker. Um trecho experimental foi analisado por
meio da teoria do skakedown, verificando-se a influência dos materiais e da
geometria. O trabalho conclui que o shakedown em pavimentos pode ser observado e
previsto, possibilitando que seja estimada a vida útil da estrutura submetida ao
tráfego.
Pesquisas em laboratório para verificar a ocorrência de shakedown em materiais para
pavimentos têm crescido muito nos últimos anos. Neste trabalho o estudo de
76
shakedown foi baseado nos trabalhos de Werkmeistet et al. (2001) e Guimarães
(2001).
Werkmeister et al. (2001) realizaram vários ensaios triaxiais de cargas repetidas para
medir deformação permanente em materiais granulares. Foram aplicados diferentes
níveis de tensões e tempos de carregamento. Concluíram que a representação gráfica
dos resultados obtidos define três tipos de comportamento do material: limites A, B e
C. O gráfico que caracteriza estas três respostas apresenta no eixo das abscissas a
deformação permanente vertical acumulada e no eixo das ordenadas a razão entre a
deformação permanente e o número de repetições acumuladas do carregamento. A
Figura 4.18 apresenta o modelo de Werkmeister et al. (2001) apontando os limites.
Os valores de σ
3
variam entre 70kPa e 280kPa.
Índice de deformação permanente vertical
[10
-3
/nº de repetões]
Figura 4.18: Deformação permanente para um material granular apresentando os
limites A, B e C (WERKMEISTER et al., 2001)
Limite A – limite do shakedown plástico
:
O material apresenta uma resposta plástica para um determinado número de ciclos,
mas após o fim do período de pós-compactação existem apenas deformações
resilientes. O comportamento passa a ser elástico, ou seja, sofre deformações
recuperáveis. A resistência à deformação permanente nesta fase elástica depende do
Deforma
ç
ão
p
ermanente vertical
[
10
-3
]
Deforma
ç
ão
p
ermanente vertical
[
10
-3
]
limites A
,
B e C
A
B
C
77
contato entre os grãos (material bem graduado = baixa deformação resiliente) e,
provavelmente, não ocorrem quebras de partículas nesta fase.
Limite C – colapso
:
O nível de tensões é muito elevado e o material sofre deformação permanente de
forma rápida e intensa. A cada ciclo ocorrem deformações plásticas, sem cessar. A
ruptura ocorre em curto prazo. Nesta fase provavelmente ocorre abrasão e quebra das
partículas. Um pavimento bem dimensionado não deveria nunca atingir o limite C.
Limite B – resposta intermediária
:
O limite B corresponde a uma resposta intermediária entre os níveis A e C. Durante
os primeiros ciclos de carregamento, a deformação permanente é elevada, mas
decresce com as sucessivas aplicações de carga, até tornar-se constante. O número de
ciclos para atingir esta deformação constante depende do material e do nível de
tensões aplicado. A resistência à deformação permanente depende das características
físicas dos grãos como a sua forma, por exemplo, e do contato entre as partículas.
Guimarães (2001) verificou a teoria do shakedown para uma argila laterítica e para
uma laterita, para diferentes níveis de tensões. Na pesquisa foi possível distinguir o
comportamento shakedown em alguns corpos-de-prova de laterita.
Neste trabalho, analisou-se à luz da teoria do shakedown, o agregado reciclado de
Santo André durante o ensaio de deformação permanente. Foi utilizado o
equipamento triaxial de carga repetida do LTP-EPUSP (Figura 4.15).
Foram empregados os cinco corpos-de-prova de agregado reciclado do ensaio de
deformação permanente, com 150mm de diâmetro e 300mm de altura: quatro corpos-
de-prova compactados na energia modificada e um na energia intermediária. Todos
os corpos-de-prova foram submetidos ao período de cura de quatro dias em câmara
úmida e antes do ensaio foram envolvidos por uma membrana de borracha.
Os estados de tensões aplicados foram os mesmos apresentados na Tabela 4.5.
78
Os ensaios com carregamento cíclico para medir a deformação permanente são
normalmente levados até a 100.000 repetições. Para verificar os limites A ou B do
shakedown não existe um número determinado, mas geralmente é necessário um
número de aplicações maior ainda aos 100.000. Foram encontrados na bibliografia
ensaios com 100.000 até 1.000.000 de ciclos. Neste trabalho optou-se por conduzir
os ensaios até 180.000 repetições.
Assim, no item 4.4.3, que trata da deformação permanente, analisou-se o
comportamento do agregado reciclado até o 100.000 ciclos do ensaio. Já neste item
4.4.4 verificou-se a resposta do material, quanto à teoria do shakedown, até o
180.000 ciclos.
Os resultados obtidos nos ensaios até 180.000 ciclos são apresentados em forma
gráfica, apresentando no eixo das abscissas a deformação permanente vertical
acumulada e no eixo das ordenadas a razão entre a deformação permanente e o
número de ciclos.
4.5 Controle tecnológico em campo
Por meio do controle tecnológico realizado nas obras de pavimentação, espera-se
monitorar direta ou indiretamente três propriedades geotécnicas:
Resistência: deve ser suficiente de acordo com a solicitação prevista;
Deformabilidade: precisa ser controlada com o objetivo de evitar ou reduzir
as deformações e limitar as tensões atuantes, para evitar fadiga precoce de
camadas cimentadas e asfálticas;
Permeabilidade: necessária para manter a estabilidade da estrutura submetida
a infiltrações e flutuações do nível do lençol freático.
A fiscalização da obra de pavimentação do campus da USP Leste foi realizada pela
empresa Concremat Engenharia e Tecnologia S.A., que cedeu gentilmente os
relatórios de acompanhamento. Neste trabalho são apresentados em detalhes apenas
os resultados do controle tecnológico referentes ao agregado reciclado.
79
O controle tecnológico empregado foi baseado na NBR 15115 (ABNT, 2004),
dividido em controle dos materiais e controle de execução. Além do controle previsto
em norma, foram realizados nesta pesquisa outros ensaios em campo. Estes ensaios
permitiram monitorar melhor as propriedades geotécnicas, como a resistência e a
deformabilidade, das camadas do pavimento com agregado reciclado. Os ensaios
complementares realizados foram o Dynamic Cone Penetrometer e o Falling Weight
Deflectometer.
Os levantamentos realizados e os resultados apresentados do controle tecnológico em
campo são referentes aos 1.020 metros de pista analisados neste trabalho, e não a
todo sistema viário da USP Leste.
4.5.1 Controle tecnológico dos materiais
O principal objetivo do controle tecnológico é garantir a qualidade do pavimento
executado, fundamentando-se nas propriedades físicas e mecânicas dos materiais
empregados. No caso da construção do pavimento da USP Leste, foram realizados
ensaios em laboratório para diferentes lotes de agregado reciclado. O controle
previsto na NBR 15115 (ABNT, 2004), realizado pela empresa fiscalizadora, é
apresentado na Tabela 4.7.
Tabela 4.7: Controle tecnológico dos materiais conforme NBR 15115 (ABNT,2004)
Ensaio Detalhamento Freqüência
curva granulométrica
C
u
Análise
granulométrica
% passante na peneira 0,42mm
a cada lote equivalente a
700m
2
de camada acabada
Forma dos grãos % de grãos lamelares
a cada lote equivalente a
700m
2
de camada acabada
umidade ótima
Compactação
peso específico aparente máximo
a cada lote equivalente a
2.000m
2
de camada acabada
Índice de suporte
Califórnia
de acordo com o tipo de camada
a cada lote equivalente a
2.000m
2
de camada acabada
Expansão de acordo com o tipo de camada
a cada lote equivalente a
2.000m
2
de camada acabada
80
A norma recomenda que sejam determinadas, a cada lote equivalente a 700m
2
de
camada acabada, a granulometria e a forma dos grãos do agregado reciclado recebido
em obra. De acordo com o projeto do pavimento, para o material ser aplicado, a
dimensão característica máxima dos grãos deve ser 50mm, o coeficiente de
uniformidade (C
u
) deve ser maior que 10 e a porcentagem passante na peneira
0,42mm deve ficar entre 10% e 40%. Com relação à forma, a norma estabelece que
seja aceito no máximo 30% de grãos lamelares.
Para alguns pontos da pista executada, a empresa fiscalizadora coletou algumas
amostras de agregado reciclado após a compactação da camada, e submeteram-nas a
ensaios de granulometria. Teve-se como objetivo verificar a quebra de partículas
após a compactação em campo.
Com relação à compactação, devem ser realizados ensaios a cada lote equivalente a
2000m
2
de camada acabada, determinando a umidade ótima e o peso específico
aparente seco máximo.
A determinação do índice de suporte Califórnia e da expansão do material deve ser
realizada a cada lote equivalente a 2000m
2
de camada acabada. Os valores devem
estar dentro dos limites fixados pela NBR 15115 (ABNT, 2004), conforme a função
na estrutura do pavimento. Para base, o agregado reciclado deve apresentar ISC no
mínimo igual a 60% e expansão no máximo igual a 0,5%. Para emprego na sub-base,
o material deve apresentar ISC no mínimo igual a 20% e expansão no máximo igual
a 1,0%.
As freqüências apresentadas na Tabela 4.7 para realização do controle de materiais
devem ser seguidas, em função da usual variabilidade nos agregados reciclados.
Contudo, recomenda-se ficar a critério da fiscalização, caso seja verificada
necessidade de uma reprodução maior de ensaios.
O controle tecnológico dos materiais recomendado pela PMSP/SP ETS-001 (PMSP,
2003) é bastante similar ao prescrito na NBR 15115 (ABNT, 2004). A única exceção
81
é a determinação do coeficiente de curvatura (C
c
), que deve estar entre 1 e 3 para
caracterizar um material bem graduado.
Os resultados obtidos por meio dos relatórios de acompanhamento são apresentados
em forma de gráficos e tabelas, indicando a proveniência do material e verificando se
atendem ou não o projeto de pavimentação, a NBR 15115 (ABNT, 2004) e a
PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003).
4.5.2 Controle tecnológico de execução
Com relação ao emprego do agregado reciclado, o controle tecnológico de execução
tem como finalidade verificar se as condições de compactação determinadas e
especificadas em laboratório foram atendidas no campo. As especificações de
compactação em campo, que exigem a densificação máxima do material, contribuem
para a prevenção de excessiva deformação permanente ao longo da vida útil do
pavimento (YODER e WITCZAK, 1975).
O acompanhamento da construção das camadas com agregado reciclado foi realizado
pela empresa fiscalizadora conforme a NBR 15115 (ABNT, 2004). A Tabela 4.8
apresenta este controle tecnológico exigido.
Tabela 4.8: Controle tecnológico de execução de acordo com a NBR 15115
(ABNT,2004)
Ensaio Detalhamento Freqüência
Determinação
da umidade
utilizar método
expedito normalizado
a cada 700m
2
de pista, imediatamente
antes da compactação
Grau de
compactação
peso específico
aparente seco in situ
(método do frasco de
areia)
a cada 50m de pista ou a cada 400m
2
de camada acabada, imediatamente
após a compactação, alternando borda
direita, eixo e borda esquerda
Assim, é possível observar que o controle de execução consiste na determinação da
umidade de compactação e do grau de compactação. A descrição destes dois
procedimentos é feita nos itens 4.5.2.1 e 4.5.2.2.
82
O controle tecnológico de execução da PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) é
semelhante ao prescrito na NBR 15115 (ABNT, 2004), recomendando o uso do
método expedito da frigideira para a determinação da umidade.
4.5.2.1 Controle da umidade
A umidade é um parâmetro que exige atenção em relação a seu efeito na capacidade
de reduzir os vazios durante a compactação e a sua influência na quebra de
agregados reciclados. De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), a umidade deve
ser verificada a cada 700m
2
de camada acabada, com no mínimo três determinações.
De acordo com os relatórios de acompanhamento elaborados pela empresa
fiscalizadora da obra, o controle da umidade foi feito pelo método expedito do
fogareiro do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), conforme DER M 28-61
(DER, 1961).
Tanto a NBR 15115 (ABNT, 2004), como a PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003)
prescrevem que para liberar a compactação da camada, o teor de umidade da mistura
em campo deve estar no intervalo ±1,5%, em relação à umidade obtida com o ensaio
de laboratório.
Os resultados obtidos são apresentados em porcentagem, comparando as variações
verificadas em relação ao teor de umidade ótima determinado.
4.5.2.2 Controle do grau de compactação
O controle de compactação das camadas de base e sub-base de agregado reciclado foi
realizado pela empresa fiscalizadora da obra de acordo com o método de ensaio
DNER ME 092/94 (DNER, 1994). Este método emprega o frasco de areia e permite
determinar o peso específico aparente in situ, logo após a execução da camada.
Segundo a NBR 15115 (ABNT, 2004) devem ser realizadas no mínimo três
determinações, com a seguinte freqüência: a cada 400m
2
de camada acabada ou a
cada 50m, alternando borda direita, eixo e borda esquerda. A Figura 4.19 e Figura
83
4.20 ilustram o equipamento e um ponto na camada de base de agregado reciclado
após o ensaio, respectivamente.
Figura 4.19: Equipamento frasco de areia
Figura 4.20: Camada de base após ensaio
com frasco de areia
Por meio do ensaio do frasco de areia é possível obter o grau de compactação (GC),
que é dado pela expressão (14):
100×=
olaboratóri
campo
GC
smáx
s
γ
γ
(14)
onde:
GC: grau de compactação, em [%];
γ
s
campo: peso específico seco obtido em campo, em [kN/m
3
];
γ
smáx
laboratório: peso específico seco máximo obtido em laboratório, em [kN/m
3
].
Segundo a NBR 15115 (ABNT, 2004), para que a camada executada seja aceita, não
deve ser obtido nenhum valor de G.C. menor que 100%. Caso contrário, deve ser
satisfeita a condição representada na equação (15):
%100. SKX
(15)
onde:
X: média aritmética dos graus de compactação obtido;
S: desvio padrão;
84
K: coeficiente indicado na tabela “valor do coeficiente K para controle estatístico
do grau de compactação”, disponível na NBR 15115 (ABNT, 2004).
A PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) contém as mesmas orientações para a liberação
de camadas executadas com agregado reciclado.
Os resultados do grau de compactação obtidos nas camadas de base e sub-base de
agregado reciclado são apresentados em porcentagem, verificando se atendem a NBR
15115 (ABNT, 2004).
4.5.3 Dynamic Cone Penetrometer
O Dynamic Cone Penetrometer (DCP) foi inicialmente aplicado na avaliação in situ
de pavimentos na África do Sul na década de 70 (KLEYN, 1975). Desde então, tem
sido muito utilizado no Reino Unido, Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos,
destacando-se as pesquisas do U.S. Army Corps of Enginners (Corpo de Engenheiros
do Exército Americano) e do Minnesota Department of Transportation (Mn/DOT)
(ABU-FARSAKH et al., 2005; SIEKMEIER et al., 1999; TRICHÊS e CARDOSO,
1999).
No Brasil, foram iniciadas as pesquisas sobre o uso e funções do DCP no fim da
década de 70 com a Fundação para o Incremento da Pesquisa e do Aperfeiçoamento
Industrial (FIPAI). No entanto, a utilização desta técnica ainda tem se limitado a
escalas menores (SACHET et al., 2006; TRICHÊS e CARDOSO, 1999).
Geralmente, o ensaio DCP é empregado com a finalidade de caracterizar a
capacidade de suporte de solos in situ, em seu estado natural ou compactados, ou de
outros materiais em camadas compactadas. Além disso, este ensaio pode ser utilizado
no controle tecnológico durante obras de pavimentação, pois permite verificar a
espessura das camadas, o grau e a uniformidade da compactação (ABU-FARSAKH
et al., 2005; CHEN et al., 2001).
85
Segundo Kleyn (1975), o equipamento DCP pode ser empregado em camadas com
britas graduadas, contanto que os agregados tenham diâmetro máximo de 75mm.
A grande vantagem do ensaio DCP é sua rapidez e seu baixo custo, não requerendo a
abertura de trincheiras. É um teste comumente denominado de semi-destrutivo
(LIVNEH, 1989).
O equipamento DCP consiste em uma barra de aço de 16mm de diâmetro e um cone
de aço de 20mm de diâmetro com abertura de 60º ou 30º fixado na extremidade dessa
barra. O impacto de um peso de 8kg, caindo de uma altura padronizada de 575mm
introduz a barra de 16mm no solo até uma profundidade máxima de 800mm, por
impactos sucessivos. Na lateral da barra há uma régua de aço graduada usada para
medir a profundidade de penetração do cone para cada série de golpes desejada.
Normalmente, não é necessário realizar leituras a cada golpe aplicado. Em solos ou
outros materiais mais resistentes, podem ser registradas leituras após vários golpes
aplicados (SIEKMEIER et al., 1999; LIMA, 2000; SACHET et al., 2006).
O User Guide to the Dynamic Cone Penetrometer desenvolvido pelo Minnesota
Department of Transportation apresenta instruções detalhadas sobre o equipamento
DCP, a execução do ensaio e as importantes correlações existentes (Mn/DOT, 1996).
O ensaio de DCP foi empregado no controle tecnológico da USP Leste com o
objetivo de verificar a homogeneidade da compactação e as espessuras das camadas
executadas. Neste trabalho o ensaio foi desenvolvido conforme a ASTM D 6951
(2003), utilizando cone com abertura de 60º.
Foram realizados ensaios com o DCP diretamente sobre diferentes camadas: base de
agregado reciclado, sub-base de agregado reciclado, reforço de subleito de solo
laterítico e subleito. A Figura 4.21 e a Figura 4.22 ilustram o equipamento e a
execução do ensaio.
86
Figura 4.21: Execução do ensaio DCP
Figura 4.22: Detalhe da superfície após o
ensaio DCP sobre camada de reforço de
subleito
Por meio do ensaio DCP, é obtido um índice de penetração conhecido por DN ou
DPI (DCP Penetration Index). Este índice representa a profundidade atingida pelo
golpe aplicado, geralmente expresso em mm/golpe. Neste trabalho será utilizada a
denominação DPI.
O DPI pode ser representado por um gráfico com o número de golpes versus a
profundidade penetrada. Este gráfico é conhecido como curva DCP, e indica pela
mudança de inclinação da reta, as diferentes resistências entre as camadas do
pavimento e suas respectivas espessuras.
O índice de penetração é muito utilizado em correlações com parâmetros de
resistências, principalmente com a capacidade de suporte. Muitas pesquisas
correlacionaram o DPI com o índice de suporte Califórnia in situ da camada do
pavimento, para diferentes materiais.
Neste trabalho, os resultados obtidos com o ensaio DCP são apresentados em forma
de gráficos, indicando as espessuras das camadas e os respectivos DPI. Fez-se uma
análise estatística verificando a variabilidade do DPI e, conseqüentemente, a
homogeneidade da compactação. Além disso, são calculados valores de ISC para os
87
materiais que compõem o pavimento, de acordo com equações encontradas na
bibliografia consultada.
4.5.4 Falling Weight Deflectometer
O Falling Weight Deflectometer (FWD) é um deflectômetro de impacto, do tipo não
destrutivo, que permite a avaliação estrutural do pavimento (HUANG, 2004). A ação
das cargas do tráfego no pavimento provoca deslocamentos de dois tipos:
permanentes e recuperáveis. Os deslocamentos permanentes permanecem mesmo
após o fim do carregamento, já os deslocamentos resilientes, ou deflexões
recuperáveis, deixam de existir após a remoção da carga. As deflexões recuperáveis
representam um indicativo do comportamento elástico da estrutura (PINTO e
PREUSSLER, 2002). A Figura 4.23 ilustra a deflexão gerada pela roda de um
caminhão atuando sobre a estrutura de um pavimento.
Figura 4.23: Deflexão gerada pelo carregamento no pavimento (PINTO e
PREUSSLER, 2002)
Quanto maior o valor da deflexão máxima sofrida pelo pavimento, mais elástica ou
resiliente é a estrutura, gerando um maior comprometimento estrutural. No entanto, a
análise estrutural deve compreender também a forma da deformada sofrida pelo
pavimento. Dessa forma, são medidos os deslocamentos em diferentes pontos de
afastamento da carga, obtendo a bacia de deflexão (PINTO e PREUSSLER, 2002).
88
Um dos parâmetros mais utilizados na análise da bacia de deflexões é o raio de
curvatura. O raio de curvatura é afetado principalmente pelas características elásticas
dos componentes da porção superior da estrutura do pavimento, como o revestimento
asfáltico e a base. Um raio de curvatura baixo indica uma condição estrutural crítica
do pavimento (PINTO e PREUSSLER, 2002). Neste trabalho, para a determinação
do raio de curvatura foi utilizada a expressão (16):
250
3125
dd
R
c
=
(16)
onde:
R
c
: raio de curvatura;
d
0
: deflexão máxima, medida logo abaixo da aplicação da carga, em [10
-2
mm];
d
25
: deflexão medida a 25cm de afastamento da carga [10
-2
mm].
O monitoramento do pavimento da USP Leste foi feito de acordo com o
procedimento DNER PRO 273/96 (DNER, 1996).
O FWD permite a determinação da bacia de deflexão formada em resposta ao
carregamento causado pela queda de um peso padronizado. A bacia de deflexão é
registrada por uma série de sensores localizados a distâncias fixas do ponto de
aplicação de carga. Para a realização das medições, o veículo é estacionado sobre o
local de interesse e os sensores são encostados à superfície e as cargas são aplicadas
ao pavimento. A vantagem deste tipo de equipamento está na rapidez da execução,
na facilidade de variar a carga aplicada e na simulação mais precisa da solicitação do
tráfego (PINTO e PREUSSLER, 2002; HUANG, 2004).
No caso do monitoramento do pavimento do sistema viário do campus da USP Leste,
cada bacia de deflexão foi composta por sete pontos. Foram medidas as deflexões
nos seguintes pontos de afastamento de aplicação da carga: 0, 20, 30, 45, 65, 90 e
120cm. Como não foi medida a deflexão a 25cm de afastamento, para o cálculo do
raio de curvatura foi feita uma interpolação para determinar o d
25
.
89
Em relação ao carregamento, foi aplicada uma carga de 46kN, em média. O
levantamento deflectométrico na USP Leste foi realizado diretamente sobre a
camada de rolamento, ou seja, sobre a camada de concreto asfáltico.
O levantamento deflectométrico com o FWD foi realizado em 27 de novembro de
2006, aproximadamente 20 meses após a execução do primeiro segmento de 240
metros e 8 meses após a conclusão do restante dos 1.020 metros. O levantamento foi
executado nos 1.020 metros analisados neste trabalho, correspondentes às seções-tipo
1, 2, 3 e 4. Foram medidas as deflexões no eixo, de 10 em 10 metros e nas faixas da
direta e esquerda, de 20 em 20 metros. O mês de novembro é um período
normalmente de muitas chuvas em São Paulo. No entanto, no ano de 2006
apresentou-se excepcionalmente seco.
A Figura 4.24 e a Figura 4.25 apresentam o FWD durante o levantamento
deflectométrico no pavimento da USP Leste, realizado sobre a camada de rolamento.
O equipamento, o operador e os registros foram gentilmente cedidos pela empresa
Dynatest Engenharia Ltda.
Figura 4.24: Equipamento do tipo FWD
Figura 4.25: Detalhe da aplicação da
carga e sensores
Com o monitoramento foi possível analisar, pela bacia de deflexão e pelo raio de
curvatura, o comportamento das camadas de base e sub-base com o agregado
reciclado de resíduo sólido da construção civil in situ. Além disso, através de
90
segmentos homogêneos e do acompanhamento da obra, foi possível verificar os
diferentes trechos e analisar as bacias médias separadamente.
Os resultados são apresentados em forma de gráficos, ilustrando as bacias de
deflexão média medidas no eixo e nas faixas direita e esquerda para cada segmento
homogêneo obtido. São também apresentadas as deflexões médias e os respectivos
desvios padrões e os raios de curvatura calculados pela expressão (16), para cada
segmento homogêneo analisado.
4.6 Estudo das bacias de deflexão
A possibilidade de analisar o comportamento mecânico da estrutura do pavimento é
uma das mais importantes utilizações dos parâmetros deflectométricos. Conhecendo
as bacias de deflexão representativas de certo segmento homogêneo e as espessuras
das camadas constituintes do pavimento, é possível realizar a retroanálise (PINTO e
PREUSSLER, 2002).
Por meio de tentativas sucessivas, procura-se determinar o conjunto de módulos de
resiliência médios de cada camada que reproduza a mesma bacia de deflexão. Assim,
a retroanálise permite a avaliação dos valores de módulo de resiliência das camadas
do pavimento, para as suas condições in situ (PINTO e PREUSSLER, 2002).
Existem programas computacionais que resolvem a retroanálise por meio de
tentativas, sendo ainda assim um processo bastante trabalhoso. Hoje já existem
programas específicos que executam as tarefas iterativas de forma automática,
tornando muito mais rápido este processo. Estes programas utilizam a teoria da
elasticidade para o cálculo de tensões, deformações e deslocamentos em pavimentos
(DNER, 1998).
Para a retroanálise neste trabalho, empregou-se o programa computacional ELSYM5,
que é um software específico para avaliações estruturais de pavimentos. Este
programa faz os cálculos por diferenças finitas e pressupõe que os materiais
comportem-se segundo a elasticidade linear. O ELSYM5 tem sido um dos programas
91
computacionais mais utilizados no meio rodoviário. A sua vantagem em relação à
maioria dos programas dessa natureza é que o carregamento do sistema elástico pode
ser constituído por até dez cargas iguais, situadas em pontos quaisquer da superfície
do pavimento (PINTO e PREUSSLER, 2002). Contudo, o ELSYM5 não faz as
tarefas iterativas automaticamente, o que torna a retroanálise mais demorada.
A partir das quatro seções-tipo executadas no sistema viário da USP Leste (Figura
3.2) e das bacias de deflexão medidas, foram realizadas as retroanálises.
O processo de retroanálise foi conduzido da seguinte maneira:
Retroanálise de todas as bacias medidas no eixo na extensão de 1.020 metros,
de 10 em 10 metros (com exceção entre 0,260km e 0,330km, pelo uso do
material fresado, item 3.4), onde foram construídas as seções-tipo 1, 2, 3 e 4;
Retroanálise das bacias de deflexão médias da faixa direita e da faixa
esquerda (8 bacias de deflexão) para a extensão de 1.020 metros analisada,
onde foram construídas as seções-tipo 1, 2, 3 e 4.
O carregamento utilizado nas retroanálises foi o medido pelo equipamento FWD em
cada local onde se realizou o ensaio.
O principal objetivo desta etapa foi determinar o módulo de resiliência do agregado
reciclado compactado e comparar, nos quatro casos obtidos, as diferenças no
comportamento quanto à deformação resiliente. Além disso, foi possível verificar a
deformabilidade por retroanálise da base de brita graduada simples e compará-la com
a base de agregado reciclado.
Os resultados são apresentados por meio de gráficos, indicando a semelhança entre
as bacias calculadas pela retroanálise e as bacias medidas com o FWD. São
discutidas ainda as variações nos módulos de resiliência de cada material empregado
no pavimento da USP Leste. Para isso foram utilizados os valores de módulos de
resiliência médios de cada segmento homogêneo e os respectivos desvios padrões
obtidos pela retroanálise das bacias de deflexão medidas no eixo.
92
5. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos com o programa
experimental de laboratório e de campo. As análises da caracterização física, da
compactação e do comportamento mecânico compreendem os ensaios laboratoriais
realizados com a amostra de agregado reciclado de Santo André coletada. Em relação
ao controle tecnológico, são apresentados os resultados de acompanhamento de
campo previsto na NBR 15115 (ABNT, 2004) e os levantamentos com o Dynamic
Cone Penetrometer e com o Falling Weight Deflectometer.
5.1 Caracterização física do agregado reciclado em laboratório
5.1.1 Composição do agregado reciclado
Após o processo de separação e classificação visual, verificou-se que o agregado
reciclado de Santo André analisado em laboratório era composto por cinco grupos de
materiais: (i) cimentícios (concretos e argamassas), (ii) britas, (iii) telhas e tijolos
(materiais cerâmicos), (iv) pisos e azulejos (materiais cerâmicos), e (v) resíduos
indesejáveis. Da Figura 5.1(a) à Figura 5.1(f) são ilustrados os materiais dos cinco
grupos verificados.
(a) Cimentícios (b) Britas (c) Telhas e tijolos
(d) Pisos e azulejos (e) Resíduos indesejáveis
Figura 5.1: Materiais constituintes do agregado reciclado estudado
93
Após esta separação por classes, determinou-se a porcentagem em massa de cada
material constituinte do agregado reciclado, em relação à fração retida na peneira
4,8mm, desconsiderando a parcela fina. A Figura 5.2 apresenta as porcentagens
obtidas para a amostra analisada.
Telhas e tijolos
(materiais
cerâmicos)
15,9%
Britas
11,8%
Cimentícios
55,3%
Pisos e azulejos
(materiais
cerâmicos)
13,5%
Resíduos
indesejáveis
3,5%
Figura 5.2: Porcentagem em massa dos materiais presentes na fração graúda do
agregado reciclado de Santo André analisado em laboratório
Pela Figura 5.2 apresentada, é possível verificar que a maior concentração é de
materiais cimentícios (55,3%), seguida de materiais cerâmicos (29,4%).
O agregado reciclado é denominado misto quando possui na sua fração graúda
menos de 90% em massa de fragmentos à base de materiais cimentícios e rochas.
Assim, pode-se considerar o agregado reciclado de Santo André analisado em
laboratório do tipo misto.
5.1.2 Materiais indesejáveis
A análise visual por catação indicou que o agregado reciclado de Santo André
apresenta materiais indesejáveis de diferentes naturezas. Os contaminantes
encontrados foram: gesso, amianto, metais, madeira, vidro, plástico, papel,
tecido/fibras e isopor.
Verificou-se que a quantidade total em massa de materiais contaminantes presente
foi de 1,6%. Portanto, o agregado reciclado atende a NBR 15115 (ABNT, 2004), já
94
que o valor está abaixo do limite de 3% especificado para materiais de diferentes
origens.
É importante ressaltar que a porcentagem de resíduos indesejáveis apresentadas na
Figura 5.2 refere-se apenas à fração graúda retida na peneira 4,8 mm. A norma NBR
15115 (ABNT, 2004) estabelece seus limites de contaminantes em massa total, ou
seja, considerando também a parcela fina.
5.1.3 Determinação da massa específica dos grãos
Os resultados obtidos de massa específica para a amostra de agregado reciclado de
Santo André coletada são apresentados separadamente, para os grãos passantes e os
grãos retidos na peneira 4,8mm.
5.1.3.1 Grãos passantes na peneira 4,8mm
As massas específicas dos grãos de agregado reciclado passantes na peneira 4,8mm
são apresentadas na Tabela 5.1. A umidade do material verificada antes do ensaio era
de 8,4%.
Tabela 5.1: Massa específica do agregado reciclado de Santo André relativa aos
grãos passantes na peneira 4,8mm
Número do ensaio
Massa específica dos grãos
δ
[g/cm
3
]
1 2,74
2 2,75
Segundo a NBR 6508 (ABNT, 1984), a diferença da massa específica dos grãos
obtida para as duas partes analisadas não pode ser maior que 0,02g/cm
3
. Desse modo,
conclui-se que o desvio dos resultados é aceitável.
De acordo com Pinto (2000), os valores de massa específica dos grãos para solo
situam-se em torno de 2,70g/cm
3
. Sendo este valor adotado sempre quando não se
dispõe do valor específico para um determinado solo em estudo. Dessa forma, apesar
do material não ser um solo, o resultado obtido com o experimento mostra valores
semelhantes aos de solo.
95
5.1.3.2 Grãos retidos na peneira 4,8mm
Este ensaio foi baseado na NBR 6458 (ABNT, 1984), determinando-se a massa
específica para cada material constituinte do agregado reciclado de Santo André. A
Tabela 5.4 apresenta a massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8mm, de
acordo com a natureza do material observada.
Tabela 5.2: Massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8 mm do agregado
reciclado de Santo André, de acordo com natureza dos seus constituintes
Natureza do material Concentração [%]
Massa específica dos
grãos δ
[g/cm
3
]
Cimentícios 55,3 2,75
Britas 11,8 2,71
Telhas/tijolos (cerâmicos) 15,9 2,55
Pisos/azulejos (cerâmicos) 13,5 2,50
Resíduos indesejáveis 3,5 2,92
Através de uma média ponderada, considerando-se as concentrações apresentadas na
Figura 5.2, obteve-se a massa específica do conjunto. Assim, verificou-se que a
massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8mm do agregado reciclado de Santo
André é 2,69g/cm
3
.
Observa-se que, como era de se esperar, os materiais retidos na peneira 4,8mm
tendem a possuir menor massa específica que a média da parcela que passa na
peneira 4,8mm, em conseqüência desta última sofrer redução de porosidade pela
britagem ou quebra.
5.1.4 Absorção
A determinação da absorção do agregado reciclado de Santo André estudado em
laboratório foi baseada na NBR 6458 (ABNT, 1984). Analisou-se separadamente a
absorção de cada material constituinte, utilizando-se as mesmas amostras do ensaio
de massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8 mm. A Tabela 5.3 apresenta os
valores de absorção encontrados.
96
Tabela 5.3: Absorção dos grãos retidos na peneira 4,8mm do agregado reciclado de
Santo André, de acordo com natureza dos seus constituintes
Natureza do material Concentração [%] Absorção [%]
Cimentícios 55,3 11,5
Britas 11,8 3,8
Telhas/tijolos 15,9 20,7
Pisos/azulejos 13,5 11,1
Resíduos indesejáveis 3,5 18,4
Analisando a Tabela 5.3 verifica-se a grande diferença de absorção entre os materiais
constituintes do agregado reciclado. Materiais cerâmicos, como telhas e tijolos,
apresentam uma absorção muito elevada, comparados com britas. Este fato evidencia
a importância da determinação dos constituintes do agregado reciclado, pois quanto
mais material cerâmico, mais poroso será o conjunto. Por meio de uma média
ponderada utilizando-se as concentrações de cada material constituinte, verificou-se
que a absorção da fração graúda do agregado reciclado de Santo André é de 12,2%.
A Tabela 5.4 apresenta valores de absorção encontrados na bibliografia para
agregados reciclados de diferentes composições.
Tabela 5.4: Teor de absorção para fração graúda de agregados reciclados
Composição do
agregado reciclado
Procedência
Absorção
[%]
Autor
Misto Santo André/SP 12,2 Esta pesquisa
Misto Salvador/BA 8,2 Carneiro et al. (2001)
Misto Maceió/AL 6,0 Vieira et al. (2004)
Misto São Paulo/SP 7,8 Motta (2005)
Cerâmico
Hong Kong
China
19,0
(f)
Poon e Chan (2006)
Cimentícia
Florida
Estados Unidos
4,4
(g)
Chini et al. (2001)
(f)
Valor médio
(g)
Natureza cimentícia composta apenas por concreto, sem argamassa.
Assim, de acordo com a Tabela 5.4 é possível verificar que agregados reciclados de
composição cerâmica apresentam absorção significativamente maior que agregados
de composição cimentícia. Em função da forte presença de resíduos de argamassa no
97
agregado reciclado desta pesquisa, este apresentou absorção na fração cimentícia
maior que o de Chini et al. (2001).
Comparando agregados do tipo misto, a absorção do agregado reciclado de Santo
André apresentou-se um pouco mais elevada em relação à de outras pesquisas. Este
fato pode ser explicado em conseqüência das diferentes concentrações de materiais
presentes nos diferentes agregados reciclados mistos, que influem diretamente na sua
capacidade de absorção.
5.1.5 Análise granulométrica
Para determinar a granulometria original da amostra de agregado reciclado de Santo
André estudada em laboratório, realizou-se um ensaio de acordo com a NBR 7181
(ABNT, 1984). Selecionou-se uma amostra acondicionada em saco plástico e lavou-
se o material na peneira 0,075mm. A Tabela 5.5 apresenta as peneiras utilizadas e as
frações retidas.
Tabela 5.5: Aberturas das peneiras e respectivas porcentagens passantes verificadas
para o agregado reciclado de Santo André
Abertura da peneira [mm] Porcentagem passante
50,0 100,0
38,0 89,9
25,0 79,4
19,0 72,9
9,50 60,4
4,80 53,2
2,00 44,5
1,20 39,3
0,60 28,3
0,42 21,2
0,25 14,4
0,15 8,9
0,075 5,0
Pela Tabela 5.5 apresentada, é possível verificar que o agregado reciclado de Santo
André aqui analisado passa totalmente pela peneira de 50,0mm. A NBR 15115
(ABNT, 2004) prescreve que o agregado reciclado deve ter uma dimensão
característica máxima de 63,5mm. Entretanto, por uma especificação de projeto o
98
agregado reciclado utilizado no pavimento da USP Leste deve ter dimensão
característica máxima de 50,0mm. No caso do agregado reciclado aqui estudado, ele
se enquadra na Faixa B do Manual de Pavimentação do Departamento Nacional de
Infra-estrutura de Transportes (DNIT, 2006). A Figura 5.3 apresenta a curva
granulométrica inicial do agregado reciclado de Santo André estudado em
laboratório e a Faixa B do DNIT.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Curva inicial Faixa B
Figura 5.3: Granulometria inicial do agregado reciclado de Santo André
Complementando a análise granulométrica, foram determinados os coeficientes de
uniformidade (C
u
) e de curvatura (C
c
). Além disso, verificou-se a porcentagem
passante na peneira 0,42mm. A Tabela 5.6 apresenta estes valores obtidos para o
agregado reciclado de Santo André e os limites fixados pela NBR 15115 (ABNT,
2004) e pela PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003).
Tabela 5.6: Aspectos e limites fixados pela norma e especificação brasileiras com
relação à granulometria
Autor
Dimensão
característica máxima
dos grãos [mm]
Porcentagem que
passa na peneira
0,42 mm [%]
C
u
C
c
Esta pesquisa 50,0 21,2 53 0,30
NBR 15115
(ABNT, 2004)
63,5 10 a 40 10
não
consta
PMSP/SP
ETS-001
(PMSP, 2003)
50,0 10 a 30 10 1 a 3
99
Assim, com relação à dimensão característica máxima, à porcentagem passante na
peneira 0,42mm e C
u
, o agregado reciclado de Santo André atende tanto a NBR
15115 (ABNT, 2004), como a PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003). Quanto ao C
c
, que
não é contemplado na NBR 15115 (ABNT, 2004), a amostra estudada não atende a
PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003). Desse modo, o agregado reciclado encontra-se
desuniforme, mas não bem graduado.
Para a moldagem de corpos-de-prova cilíndricos com 150mm de diâmetro e 300mm
de altura foi utilizada esta distribuição granulométrica apresentada na Figura 5.3.
Foram separadas várias amostras de agregado reciclado de Santo André
acondicionadas em sacos plásticos e, por peneiramento, dividiu-se o material em
cinco frações. A granulometria foi composta de acordo com esta curva original do
material.
5.1.6 Análise da forma
A determinação da forma foi feita de acordo com a norma NBR 6954 (ABNT, 1989)
utilizando-se quatro frações do material: retido na peneira 38, 25, 19 e 9,5mm. A
Tabela 5.7 apresenta as formas e as respectivas porcentagens observadas na amostra
analisada.
Tabela 5.7: Forma dos grãos e respectivas porcentagens para o agregado reciclado de
Santo André estudado em laboratório
Classificação da forma Presença [%]
Cúbica 55,7
Alongada 5,5
Alongada-lamelar 0
Lamelar 38,8
De acordo com a Tabela 5.7 verifica-se que para a amostra analisada há uma
predominância de grãos com forma cúbica, 55,7%. Contudo, o material não se
encontra de acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), que recomenda para o
agregado reciclado até 30% de grãos lamelares. Além disso, é possível observar a
pouca presença de partículas alongadas e a ausência de partículas alongada-
lamelares.
100
Quanto à análise da forma de acordo com a natureza dos materiais, a Tabela 5.8
apresenta os resultados obtidos.
Tabela 5.8: Forma dos grãos de acordo com a natureza para o agregado reciclado de
Santo André estudado em laboratório
Natureza do
material
Cúbica [%]
Alongada
[%]
Lamelar [%]
Cimentícia 63,4 18,2 15,4
Rochosa 20,5 9,1 5,1
Telhas/Tijolos 15,2 54,5 29,5
Pisos/Azulejos 0,9 18,2 50,0
Dessa forma, pode-se concluir que os grãos de forma cúbica são em sua maioria de
natureza cimentícia ou rochosa. Já a forma lamelar é predominante nas partículas de
materiais cerâmicos, como as telhas, tijolos, pisos e azulejos. A fração alongada,
pouco presente na amostra analisada, também ocorreu principalmente nos grãos de
natureza cerâmica.
5.2 Ensaio de compactação em laboratório
O agregado reciclado de Santo André aqui estudado foi submetido ao ensaio de
compactação descrito na norma da ABNT, a NBR 7182 (ABNT, 1986).
Além da determinação da umidade ótima e do peso específico aparente seco máximo,
foi analisada a influência da compactação na granulometria e na forma das partículas
do agregado reciclado estudado em laboratório.
5.2.1 Determinação da umidade ótima e peso específico aparente seco máximo
Foram realizados dois ensaios de compactação, em duas energias diferentes:
intermediária e modificada.
De acordo com a NBR 6457 (ABNT, 1986), que prescreve a preparação de amostras
de solo para ensaios de compactação, um material pode ter sua fração retida na
peneira 19,0mm substituída desde que esta porcentagem não seja superior a 30%. No
101
caso do agregado reciclado de Santo André aqui analisado, a porcentagem retida
nesta peneira é de aproximadamente 28%, o que permitiu a sua substituição.
Para criar uma composição granulométrica, esta quantidade de 28% retida na peneira
19,0mm foi substituída em peso por materiais pertencentes à fração compreendida
entre 19,0 e 4,8mm. A Figura 5.4 apresenta a curva granulométrica original e a
composição criada.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Granulometria original Composição granulométrica
Figura 5.4: Composição granulométrica para ensaios com substituição de material
Cada corpo-de-prova moldado para o ensaio de compactação teve sua granulometria
composta conforme a curva granulométrica apresentada na Figura 5.4, ou seja, com
substituição de material.
Durante a realização de cada ensaio de compactação foram moldados cinco corpos-
de-prova, sem reuso do material. A NBR 7182 (ABNT, 1986) diz que para obter a
curva de compactação são necessários cinco pontos, sendo dois no ramo seco, um
próximo à umidade ótima e dois no ramo úmido da curva.
Por meio dos ensaios de compactação foram obtidas duas curvas com o formato
típico de sino. Este fato deve ser destacado, pois de acordo com a literatura revisada,
é muito difícil determinar a umidade ótima de agregados reciclados (MOLENAAR e
102
NIEKERK, 2002; O’MAHONY e MILLIGAN, 1991). Em função da grande
variabilidade das amostras, os resultados com agregados reciclados são em geral
muito dispersos, dificultando a obtenção de uma curva de compactação.
As curvas de compactação obtidas e as curvas de saturação correspondentes a 100%
e 90% são apresentadas na Figura 5.5.
16,0
16,5
17,0
17,5
18,0
18,5
19,0
6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0
Umidade [%]
Peso específico aparente seco [kN/m
3
]
Energia Intermediária Energia Modificada
S = 100%
S = 90%
Figura 5.5: Curvas de compactação para energias intermediária e modificada
Pela Figura 5.5 é possível verificar que a curva de compactação para energia
modificada apresenta uma umidade ótima menor e um peso específico aparente seco
maior em relação à curva para energia intermediária. Foram obtidas umidades ótimas
de 13,5% e 14,6% e pesos específicos aparentes secos máximos de 18,2kN/m
3
e
17,6kN/m
3
para energia modificada e intermediária, respectivamente.
A Tabela 5.9 apresenta valores encontrados na bibliografia para agregados reciclados
de diferentes composições e origens.
103
Tabela 5.9: Valores de peso específico seco máximo e umidade de compactação
encontrados para agregados reciclados
Composição
do agregado
reciclado
Procedência
Energia de
compactação
Peso
específico
aparente
seco
máximo
[kN/m
3
]
Umidade
obtida
[%]
Autor
Intermediária 17,6 14,6
Misto
Santo André
Brasil
Modificada 18,2 13,5
Esta
pesquisa
Intermediária 18,3 13,8
Misto
Rio de
Janeiro
Brasil
Modificada 18,5 12,5
Fernandes
(2004)
Misto
São Paulo
Brasil
Intermediária
(h)
18,3 11,0
Motta
(2005)
Intermediária 19,8 9,3
Misto
Uberlândia
Brasil
Modificada 20,5 9,1
Moreira et
al. (2006)
Concreto
Estados
Unidos
Normal 18,7 5,0
Bennert et
al. (2000)
Concreto Austrália Modificada 19,6 9,5
Nataatmadja
e Tan
(2001)
Branco
(i)
17,6 18,2
Vermelho
(j)
Goiânia
Brasil
Intermediária
14,2 26,0
Ribeiro et
al. (2002)
(h)
Utilizou-se cilindro tripartido 150mm x 300mm, compactando em 6 camadas com 57
golpes/camada
(i)
Resíduos brancos com predominância de concreto e argamassa
(j)
Resíduos vermelhos com predominância de materiais cerâmicos
De acordo com os dados apresentados na Tabela 5.9 é possível verificar que os
valores de umidade ótima e peso específico aparente seco máximo obtidos com o
ensaio são similares às médias que vêm sendo encontradas por outros pesquisadores.
5.2.2 Influência da compactação
Nesta pesquisa analisou-se o efeito da compactação em laboratório na granulometria
e na forma do agregado reciclado de Santo André.
5.2.2.1 Granulometria
Para avaliar as modificações na granulometria do material, foram realizados dois
ensaios de granulometria após a compactação. Foram moldados dois corpos-de-prova
104
com 150mm de diâmetro e 300mm de altura: um na energia intermediária e outro na
energia modificada.
O ensaio de granulometria foi feito como o de caracterização. Após a compactação o
material foi desmoldado, levemente destorroado e submetido à lavagem na peneira
0,075mm. A Tabela 5.10 apresenta as peneiras utilizadas e as frações retidas para o
material no estado inicial e após a compactação nas energias intermediária e
modificada.
Tabela 5.10: Aberturas das peneiras e respectivas porcentagens passantes verificadas
para o agregado reciclado de Santo André antes e depois da compactação
Porcentagem passante
Abertura da peneira
[mm]
Original Intermediária Modificada
50,0 100,0 100,0 100,0
38,0 89,9 92,2 95,7
25,0 79,4 83,5 87,5
19,0 72,9 77,3 80,8
9,50 60,4 64,5 66,0
4,80 53,2 57,4 58,5
2,00 44,5 49,5 50,4
1,20 39,3 44,3 46,0
0,60 28,3 33,4 35,0
0,42 21,2 24,6 28,1
0,25 14,4 17,6 20,0
0,15 8,9 10,9 14,6
0,075 5,0 6,5 10,0
Analisando-se a Tabela 5.10 é possível verificar que ocorreram a compactação
influência na granulometria do agregado reciclado. Ocorreram alterações na
porcentagem passante em todas as peneiras utilizadas. A quantidade de material fino,
passante na peneira 0,075mm, dobrou após a compactação na energia modificada.
Este fato reforça a importância da energia de compactação elevada, obtendo-se a
maior quebra dos grãos possível durante a execução. Assim, durante a vida útil do
pavimento o problema de degradação se minimiza, evitando possíveis afundamentos
ou mesmo rupturas indesejadas.
105
A Figura 5.6 apresenta a curva granulométrica original do agregado reciclado de
Santo André e depois da compactação nas energias intermediária e modificada.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Curva inicial Energia intermediária Energia modificada
Figura 5.6: Curvas granulométricas do agregado reciclado de Santo André antes e
depois da compactação, em relação à porcentagem passante
Para melhor visualizar as modificações granulométricas, é apresentada na Figura 5.7
uma curva granulométrica considerando a porcentagem retida em cada peneira do
agregado reciclado de Santo André antes e depois da sua compactação.
0
5
10
15
20
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem retida [%]
Curva inicial Energia intermediária Energia modificada
Figura 5.7: Curvas granulométricas do agregado reciclado de Santo André antes e
depois da compactação, em relação à porcentagem retida
106
Por meio da Figura 5.6 e da Figura 5.7 é possível observar que ocorreram
modificações granulométricas após a compactação. Após o emprego da energia
intermediária, o agregado reciclado de Santo André sofre quebras e com a aplicação
da energia modificada, estas quebras continuam ocorrendo.
A análise desta degradação do agregado é muito importante, pois apesar da NBR
15115 (ABNT, 2004) e da PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) prescreverem alguns
aspectos referentes à granulometria, durante a aplicação e compactação ocorrem
alterações. Assim, um material que não atendesse inicialmente o projeto, poderia
após a sua quebra tornar-se de acordo com o especificado.
Apesar da mudança granulométrica após a compactação, o agregado reciclado de
Santo André continua dentro dos limites da NBR 15115 (ABNT, 2004) e da
PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003), em relação à porcentagem passante na peneira
0,42mm e ao coeficiente de uniformidade (C
u
). A Tabela 5.11 apresenta os resultados
obtidos.
Tabela 5.11: Aspectos e limites fixados pela norma e especificação brasileiras com
relação à granulometria
Autor
Dimensão
característica
máxima dos grãos
[mm]
Porcentagem que
passa na peneira
0,42mm [%]
C
u
C
c
Esta pesquisa
(condição inicial)
50,0 21,2 53 0,30
Esta pesquisa
(após intermediária)
50,0 25 43 0,30
Esta pesquisa
(após modificada)
50,0 28 74 0,50
NBR 15115
(ABNT, 2004)
63,5 10 a 40 10
não
consta
PMSP/SP
ETS-001
(PMSP, 2003)
50,0 10 a 30 10 1 a 3
Observa-se que houve uma significativa alteração nos valores de porcentagem
passante na peneira 0,42mm e C
u
. O aumento dos valores de C
u
depois da
compactação nas energias intermediária e modificada, deve-se a maior quantidade de
107
finos passantes nas peneiras de diâmetro equivalente a 10%. Apesar da modificação
granulométrica com a compactação, o agregado reciclado continua não atendendo a
PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003) em relação ao C
c
.
Para complementar o estudo das alterações na granulometria, foi determinado o
índice de degradação de Ruiz. A Tabela 5.12 apresenta os resultados de ID obtidos
após o emprego da energia intermediária e modificada.
Tabela 5.12: Variações de índice de degradação de Ruiz para o agregado reciclado de
Santo André de acordo com a energia de compactação
Energia empregada
Parâmetros
Intermediária Modificada
Índice de degradação de Ruiz (ID) 3,7 6,3
Deslocamento máximo 5,1 (# 0,60mm) 8,1 (# 25,0mm)
Deslocamento mínimo 1,5 (# 0,075mm) 5,1 (# 0,075mm)
Desvio padrão 1,3 1,0
Pelos resultados apresentados é possível concluir que o ID cresce com o aumento da
energia de compactação. As menores modificações ocorreram na peneira 0,075mm,
tanto para a energia intermediária como para a modificada. Já o deslocamento
máximo ocorreu em peneiras diferentes para os dois casos analisados: 0,60mm na
intermediária e 25,0mm na modificada. Além disso, pode-se observar que o
deslocamento máximo da curva para a energia intermediária corresponde ao
deslocamento mínimo da modificada.
Valle (1994) pesquisou a degradação de solos saprolíticos de granito provenientes do
estado de Santa Catarina, materiais comumente utilizados em camadas inferiores de
pavimentos. Os resultados de ID encontrados variaram entre 3,6 e 8,9. Comparando
estes valores com os obtidos para o agregado reciclado de Santo André, verifica-se
que a degradação sofrida foi aproximadamente equivalente a de um material natural.
108
5.2.2.2 Forma
Em relação às alterações na forma do agregado reciclado graúdo de Santo André,
analisou-se o material após a compactação nas energias intermediária e modificada.
Os resultados são apresentados na Tabela 5.13.
Tabela 5.13: Forma dos grãos e porcentagens após compactação em duas energias
Energia empregada Classificação da forma Presença [%]
Cúbica 68,0
Alongada 3,0
Alongada-lamelar 0
Intermediária
Lamelar 29,0
Cúbica 69,0
Alongada 2,0
Alongada-lamelar 0
Modificada
Lamelar 29,0
Pelos dados apresentados é possível verificar que após a compactação o material
passa a ter um leve aumento de partículas com forma cúbica, do mesmo modo que
diminui a presença de grãos lamelares e alongados. Este fato é decorrente da quebra
durante o processo de compactação. Contudo, observa-se que a forma não sofre
grandes alterações com o emprego da energia modificada, em relação ao uso da
energia intermediária. Este fato demonstra que as alterações mais importantes na
forma ocorrem nos primeiros golpes, diferentemente da granulometria, que continua
a sofrer modificações com a intensificação da compactação.
5.3 Comportamento mecânico do agregado reciclado em laboratório
A análise do comportamento mecânico em laboratório compreendeu os ensaios de
índice de suporte Califórnia, módulo de resiliência e deformação permanente. Por
meio do ensaio de deformação permanente foi verificada também a teoria do
shakedown.
5.3.1 Índice de suporte Califórnia
Para determinar o índice de suporte Califórnia foram preparados oito corpos-de-
prova: quatro na energia intermediária, com umidade de 14,6%, e quatro na energia
modificada, com umidade de 13,5%.
109
A Tabela 5.14 apresenta os resultados de índice de suporte Califórnia obtidos para o
agregado reciclado de Santo André compactado na energia intermediária e
modificada após quatro dias de imersão.
Tabela 5.14: Valores de índice de suporte Califórnia obtidos para o agregado
reciclado de Santo André compactado na energia intermediária e modificada
Energia
empregada
ISC
[%]
ISC médio
[%]
Desvio
padrão
[%]
Coeficiente
de variação
[%]
63
64
72
Intermediária
94
73 14 19
81
121
124
Modificada
143
117 26 22
As médias dos índices de suporte Califórnia para a energia intermediária e
modificada foram 73% e 117%, respectivamente. No entanto, os dados apresentam-
se muito dispersivos, em função da heterogeneidade do agregado reciclado e também
dos erros inerentes ao ensaio. Além disso, a granulometria do agregado reciclado
aqui estudado possui uma quantidade considerável da fração pedregulho, o que
influencia na repetibilidade do ensaio. Caso um agregado grande fique embaixo do
pistão, a penetração será dificultada, implicando em valores altos de ISC.
Pinto desenvolveu um estudo em 1964 sobre a difícil repetibilidade do experimento
de ISC. Neste trabalho foram analisados diferentes tipos de solo brasileiros,
envolvendo cálculos de ISC médio, desvio padrão e coeficiente de variação. Em
praticamente todos os casos observou-se variações significativas em torno do valor
de ISC.
Escolheu-se um dos solos apresentados no estudo de Pinto (1964) para traçar um
comparativo com o agregado reciclado da presente pesquisa. Optou-se por um solo
cuja classificação HRB (Highway Research Board) corresponde a A 1-b, que atingiu
110
ISC médio de 124% ao ser compactado na energia modificada. Os resultados
apontaram que seu desvio padrão foi de 19% e que seu coeficiente de variação foi de
15%. Pinto constatou dentre outros materiais estudados e pesquisas bilbiográficas
valores de coeficiente de variação entre 6,0% e 33,9%. Assim, os resultados obtidos
para o agregado reciclados de Santo André se enquadram nesta faixa de possível
variação.
Confrontando os resultados de ISC obtidos nesta pesquisa para o agregado reciclado
de Santo André com os limites preconizados pela NBR 15115 (ABNT, 2004), tem-se
que os mesmos satisfazem plenamente a norma. Os valores médios de 73% e 117%
para as energias intermediária e modificada, respectivamente, atendem o mínimo
exigido para emprego em reforço do subleito, sub-base e base (neste último caso,
pavimento de baixo volume de tráfego). A Tabela 5.15 apresenta valores de ISC
encontrados na bibliografia consultada, para diferentes tipos de agregados reciclados.
Tabela 5.15: Valores índice de suporte Califórnia para diferentes tipos de agregados
reciclados
Composição
do agregado
reciclado
Procedência
Energia de
compactação
Umidade
ótima [%]
ISC
[%]
Autor
Intermediária 14,6 73
(k)
Misto
Santo André
Brasil
Modificada 13,5 117
(k)
Esta
pesquisa
Misto
Goiânia
Brasil
Intermediária 14,5 88
Mendes et
al. (2004)
Misto
São Paulo
Brasil
Intermediária 11,0 75
(k)
Motta
(2005)
Concreto
Estados
Unidos
- -
94 até
148
FHWA
(1997)
Concreto China Normal 11,8 66
Poon e
Chan (2006)
Branco
(l)
12
(n)
26
(n)
Vermelho
(m)
Florianópolis
Brasil
Normal
13
(n)
24
(n)
Trichês e
Kryckyj
(1999)
(k)
Valores médios
(l)
Resíduos brancos com predominância de concreto e argamassa
(m)
Resíduos vermelhos com predominância de materiais cerâmicos
(n)
Valores aproximados
111
Analisando a tabela apresentada pode-se concluir que os ISC obtidos para o agregado
reciclado de Santo André são próximos aos valores verificados para agregados do
tipo misto em outros trabalhos. Segundo a FHWA (1997), os valores de ISC para
agregado reciclado de concreto apresentam-se entre 94% e 148%, enquanto para uma
brita graduada o ISC típico é de 100%.
Em função desta variação nos ensaios de índice de suporte Califórnia, recomenda-se
que o comportamento mecânico do agregado reciclado seja também avaliado através
de outros experimentos.
Com relação à expansão do agregado reciclado em presença de água, durante os
ensaios de índice de suporte Califórnia não foi observada nenhuma alteração do
material. De acordo com Trichês e Kryckyj (1999), a expansibilidade baixa ou nula
dos resíduos de construção civil é um dos grandes atrativos para a utilização deste
material em pavimentação.
5.3.2 Módulo de resiliência
Para determinar o módulo de resiliência foram utilizados quatro corpos-de-prova
com 150mm de diâmetro e 300mm de altura. Dois corpos-de-prova foram
compactados na energia intermediária, com umidade de 14,6%, e dois na energia
modificada, com umidade de 13,5%. A determinação do módulo foi feita de acordo
com o método de ensaio DNER-ME 131/94 (DNER, 1994), empregado para solos.
A Figura 5.8 e Figura 5.9 apresentam os gráfico do módulo de resiliência da média
dos resultados para os ensaios nas energias intermediária e modificada, para os
modelos em função de θ e em função de σ
3
, respectivamente. Juntamente com as
figura são apresentados os respectivos modelos, utilizando-se a soma das tensões
principais (θ), apresentado na expressão (10) e σ
3
, apresentado na expressão (9).
112
Intermediária
M
R
= 440
θ
0,467
R
2
= 0,8849
Modificada
M
R
= 500 θ
0,426
R
2
= 0,8929
100
1000
0,010 0,100 1,000
Soma das tensões principais θ [MPa]
M
R
[MPa]
Energia intermediária Energia modificada
Figura 5.8: Módulo de resiliência do agregado reciclado de Santo André para
corpos-de-prova compactados nas energias intermediária e modificada segundo o
modelo em função de θ
Intermediária
M
R
= 953
σ
3
0,4716
R
2
= 0,9013
Modificada
M
R
= 1032
σ
3
0,4367
R
2
= 0,9314
100
1000
0,010 0,100 1,000
Tensão de confinamento
σ
3
[MPa]
M
R
[MPa]
Energia intermediária Energia modificada
Figura 5.9: Módulo de resiliência do agregado reciclado de Santo André para
corpos-de-prova compactados nas energias intermediária e modificada segundo
modelo em função de σ
3
113
De acordo com os resultados obtidos, é possível verificar que houve um aumento no
valor do módulo de resiliência em função do acréscimo de energia aplicada. O
módulo de resiliência para a energia intermediária variou de 160MPa a 440MPa, de
acordo com o nível de tensões aplicado. Para a energia modificada, o módulo de
resiliência ficou entre 200MPa a 500MPa, de acordo com o nível de tensões
aplicado, mostrando uma redução na deformabilidade com o aumento de energia em
torno de 10% a 20%.
Analisando a Figura 5.9 verifica-se ainda que o comportamento mecânico do
agregado reciclado é dependente da tensão de confinamento (σ
3
), em função das
inclinações das retas obtidas.
Para visualizar a influência da energia de compactação, é apresentado na Tabela 5.16
valores de módulo de resiliência para o agregado reciclado de Santo André
utilizando-se diferentes níveis de tensões. Pelos dados apresentados conclui-se que
nesta pesquisa, a compactação na energia modificada implicou em um aumento
médio de 16% no módulo de resiliência, em relação à compactação na energia
intermediária.
Tabela 5.16: Comparação de valores de módulo de resiliência para o agregado
reciclado de Santo André compactado na energia intermediária e modificada
utilizando diferentes níveis de tensões
Energia
empregada
θ
[MPa]
k
1
k
2
M
R
[MPa]
0,150 182
0,350 270
Intermediária
0,750
440 0,467
385
0,150 223
0,350 320
Modificada
0,750
500 0,426
442
A Tabela 5.17 apresenta diferentes modelos de módulo de resiliência encontrados na
bibliografia consultada, para diferentes tipos de agregados reciclados.
114
Tabela 5.17: Modelos de módulo de resiliência obtidos para diferentes tipos de
agregados reciclados
Composição
do agregado
reciclado
Procedência
Energia de
compactação
Modelo obtido Autor
Intermediária
M
R
= 440 θ
0,467
Misto
Santo
André
Brasil
Modificada
M
R
= 500 θ
0,426
Esta
pesquisa
Intermediária
M
R
= 528 σ
3
0,47
σ
d
-0,24
(o)
Misto
Rio de
Janeiro
Brasil
Modificada
M
R
= 563 σ
3
0,46
σ
d
-0,26
(o)
Fernandes
(2004)
Concreto
Estados
Unidos
Normal
M
R
= 25,35 θ
0,4615
(p)
Bennert et
al. (2000)
Concreto Austrália Modificada
M
R
= 10.387 θ
0,5939
(q)
Nataatmadja
e Tan
(2001)
(o)
M
R
, σ
3
, σ
d
em [MPa] / Corpos-de-prova cilíndricos 100mm x 200mm
(p)
M
R
em [MPa] e θ em [kPa] / Corpos-de-prova cilíndricos 150mm x 300mm
(q)
M
R
e θ em [kPa] / Corpos-de-prova cilíndricos 100mm x 200mm
Analisando a tabela apresentada verifica-se que podem ser utilizados diferentes
modelos para avaliar o módulo de resiliência de agregados reciclados. Fernandes
(2004) optou pelo modelo composto proposto por Macêdo em 1996
4
onde são
utilizados σ
3
e
σ
d
. Este modelo apresentou boa correlação tanto para solos argilosos
quanto para solos granulares. Contudo, na bibliografia internacional encontra-se
geralmente o modelo composto em função de θ, pois este permite a ilustração gráfica
considerando tanto σ
3
como
σ
d
. A Tabela 5.18 apresenta valores de módulo de
resiliência calculados por meio dos modelos apresentados na Tabela 5.17.
4
MACÊDO, J. A. G. Interpretação de ensaios deflectométricos para avaliação estrutural de
pavimentos flexíveis – a experiência com FWD no Brasil. Tese (Doutorado) – Coordenação dos
Programas de Pós-graduação de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (COPPE-UFRJ).
Rio de Janeiro, 1996.
115
Tabela 5.18: Módulos de resiliência obtidos para mesmo nível de tensão utilizando
os modelos apresentados na Tabela 5.17
Modelo obtido
σ
d
[MPa]
σ
3
[MPa]
θ
[MPa]
M
R
[MPa]
Autor
M
R
= 440,39 θ
0,467
270
M
R
= 500,00 θ
0,426
0,140 0,070 0,350
320
Esta pesquisa
M
R
= 528 σ
3
0,47
σ
d
-0,24
242
M
R
= 563 σ
3
0,46
σ
d
-0,26
0,140 0,070 0,350
276
Fernandes
(2004)
M
R
= 25,35 θ
0,4615
0,140 0,070 0,350 378
Bennert et al.
(2000)
M
R
= 10.387 θ
0,5939
0,140 0,070 0,350 337
Nataatmadja e
Tan (2001)
Analisando a Tabela 5.18 é possível verificar que os valores de módulo de resiliência
são mais elevados para agregados reciclados de concreto, como no caso de Bennert
et al. (2000) e Nataatmadja e Tan (2001). Em relação aos agregados reciclados do
tipo misto, observa-se um pequeno aumento nos resultados de M
R
desta pesquisa, em
torno de 12%, comparando com os obtidos por Fernandes (2004) para agregados
reciclados provenientes do Rio de Janeiro.
A Instrução de Projeto da PMSP-IP-08 (PMSP, 2002) apresenta estimativas de
valores de módulo de resiliência para materiais granulares, para que seus projetistas
possam avaliar deformações, tensões e deflexões na estrutura do pavimento. De
acordo com o documento citado, a estimativa do módulo de para uma camada de
base granular apresenta-se entre 100MPa e 500MPa. Assim, conforme os resultados
obtidos nos ensaios aqui realizados, o material poderia ser empregado como uma
camada de sub-base e base. No entanto, para este último caso, é importante verificar
o comportamento no material em relação a sua deformação permanente.
116
5.3.3 Deformação permanente
5.3.3.1 Deformação permanente
Os ensaios de deformação permanente foram realizados com cinco corpos-de-prova
de agregado reciclado de Santo André estudado em laboratório e um de brita
graduada, com 150mm de diâmetro e 300mm de altura. A análise da deformação
permanente foi conduzida até os 100.000 ciclos e foi desenvolvida de três formas:
Comparação do desempenho do agregado reciclado compactado na energia
modificada e intermediária submetido a um mesmo nível de tensões (σ
d
/σ
3
=
6,0);
Comparação do desempenho do agregado reciclado compactado na energia
modificada submetido a diferentes níveis de tensões (σ
d
/σ
3
= 2,0; 4,0; 6,0;
6,7);
Comparação do desempenho do agregado reciclado com o de uma brita
graduada na mesma graduação do agregado reciclado (após a compactação na
energia modificada), compactados na energia modificada e submetidos a um
mesmo nível de tensões (σ
d
/σ
3
= 2,0);
A Figura 5.10 ilustra a deformação permanente do agregado reciclado para um nível
de tensões σ
d
/σ
3
= 6,0 compactado nas energias intermediária e modificada. Este
nível de tensões foi o obtido por retroanálise da seção-tipo 3, apresentada no capítulo
3, no topo da camada de base de agregado reciclado.
117
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
0 20000 40000 60000 80000 100000
Nº de ciclos
Deformação permanente
[10
-3
mm/mm]
sd/s3 = 6,0 (Intermediária) sd/s3 = 6,0 (Modificada)
σ
d
/
σ
3
= 6,0 (Intermediária)
σ
d
/
σ
3
= 6,0 (Modificada)
Figura 5.10: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André compactado na energia intermediária e modificada
Pelo gráfico apresentado, é possível verificar que a energia de compactação
empregada influencia na resistência do material à deformação permanente. O
agregado reciclado compactado na energia intermediária teve aos 100.000 ciclos uma
deformação permanente de 3,98x10
-3
mm/mm, enquanto na energia modificada teve
uma deformação permanente de 3,60x10
-3
mm/mm. Quando bem compactado, o
agregado reciclado apresenta uma resistência maior à deformação permanente. Este
fato reforça a importância da execução de uma compactação adequada, pois o
desempenho do material ao longo de sua vida útil depende do entrosamento entre os
grãos e da resistência ao cisalhamento, que por sua vez é tanto maior quanto melhor
compactado. Observa-se ainda que não houve uma tendência de estabilização da
deformação permanente no agregado reciclado. No entanto, pode-se verificar que
para a energia modificada há uma menor tendência de aumento da deformação
permanente com o número de repetições de carga.
Na Figura 5.11 é apresentada a deformação permanente do agregado reciclado de
Santo André compactado na energia modificada, submetido a quatro níveis de tensão
distintos.
118
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
0 20000 40000 60000 80000 100000
Nº de ciclos
Deformação permanente
[10
-3
mm/mm]
sd/s3 = 2,0 sd/s3 = 4,0 sd/s3 = 6,0 sd/s3 = 6,7
σ
d
/
σ
3
= 2,0 σ
d
/
σ
3
= 6,7
σ
d
/
σ
3
= 6,0
σ
d
/
σ
3
= 4,0
Figura 5.11: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André compactado na energia modificada submetido a diferentes níveis de tensão
Pelo gráfico apresentado, é possível observar que o nível de tensões influencia no
comportamento mecânico do agregado reciclado. A menor deformação permanente
verificada aos 100.000 ciclos foi para σ
d
/σ
3
= 2,0 (1,27x10
-3
mm/mm) quando se
observou uma tendência a estabilizar a deformação. Já para o nível de tensões
σ
d
/σ
3
= 6,7, a deformação permanente aumentou consideravelmente
(5,25x10
-3
mm/mm), lembrando que esta relação procura simular a redução da
camada de revestimento asfáltico. Para os níveis de tensões σ
d
/σ
3
= 4,0 e σ
d
/σ
3
= 6,0,
foram observadas deformações permanentes aos 100.000 ciclos de 2,65x10
-3
mm/mm
e 3,60x10
-3
mm/mm, respectivamente. Estes resultados indicam que para emprego de
agregado reciclado em camadas de base é importante que se conheça o nível de
tensões que a estrutura estará submetida, para que não ocorram grandes deformações
permanentes ao longo da vida útil ou até mesmo a ruptura da estrutura.
Com relação ao comportamento dos diferentes materiais, a Figura 5.12 apresenta a
deformação permanente do agregado reciclado de Santo André e da brita graduada
na mesma granulometria, compactados na energia modificada.
119
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
0 20000 40000 60000 80000 100000
Nº de ciclos
Deformação permanente
[10
-3
mm/mm]
sd/s3 = 2,0 (Agregado reciclado) sd/s3 = 2,0 (Brita graduada)
σ
d
/σ
3
= 2,0 (Agregado reciclado) σ
d
/σ
3
= 2,0 (Brita graduada)
Figura 5.12: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André e para a brita com mesma granulometria compactados na energia modificada
Analisando o gráfico, pode-se concluir que para um mesmo nível de tensões, o
agregado reciclado apresentou uma deformação permanente aos 100.000 ciclos
muito inferior à brita graduada, de 1,27x10
-3
mm/mm frente à 6,23x10
-3
mm/mm deste
último material. Apesar dos materiais terem a mesma granulometria, o agregado
reciclado demonstra uma coesão maior, que influencia no comportamento do
material quando submetido a uma tensão de confinamento pequena. Além disso, a
superfície irregular dos grãos aumenta a abrasão no contato e propicia maior
resistência ao cisalhamento nestas condições de tensão. Por estes resultados pode-se
concluir que a brita graduada é um material que trabalha melhor quando bem
confinado, devendo ter também uma graduação muito bem ajustada para garantir um
maior entrosamento.
A Tabela 5.19 apresenta valores de deformações permanentes encontrados na
bibliografia consultada, para diferentes tipos de materiais e níveis de tensões.
120
Tabela 5.19: Deformações permanentes medidas por ensaios triaxiais de cargas
repetidas para diferentes materiais de acordo com a literatura revisada
Material
σ
d
[kPa]
σ
3
[kPa]
Relação
σ
d
/σ
3
ε
p
[10
-3
mm/mm]
Ν
Autor
Agregado
reciclado
(energia
intermediária)
300 50 6,0 3,98
100 50 2,0 1,27
200 50 4,0 2,65
300 50 6,0 3,60
Agregado
reciclado
(energia
modificada)
500 75 6,7 5,25
Brita
graduada
100 50 2,0 6,23
100.000
Esta
pesquisa
Granodiorito 300 75 4,0 1,45
Resíduo de
ardósia
300 75 4,0 18,0
80.000
Lekarp et
al. (1996)
Laterita
(r)
112,5 75 1,5 1,31 125.000
Guimarães
(2001)
66 21 3,1 4,76
Brita
graduada
simples
(Faixa A
DNER)
(r)
132 21 6,3 11,64
84.000
Malysz
(2004)
(r)
Corpos-de-prova cilíndricos 100mm x 200mm
Observando a Tabela 5.19 é possível verificar que na bibliografia são encontrados
valores de deformação permanente bem variáveis. Aparentemente, os corpos-de-
prova de agregado reciclado aqui analisados não sofreram deformações permanente
elevadas, quando comparados com o resíduo de ardósia de Lekarp et al. (1996) e
com a brita graduada simples de Malysz (2004).
De acordo com a bibliografia consultada, é difícil determinar um valor de
deformação máxima admissível para materiais granulares por meio de ensaios
triaxiais com cargas repetidas. Malysz (2004) estabeleceu como critério de ruptura
em seu estudo uma deformação permanente axial máxima de 20mm, correspondente
121
a 10% da altura do seu corpo-de-prova. Neste trabalho, não se teve como objetivo
estipular um limite de deformação permanente para agregados reciclados, mas sim
analisar a resposta destes materiais, quando submetidos a carregamentos sucessivos
durante um longo período.
Por meio dos resultados de deformação permanente obtidos nesta pesquisa, foram
determinados modelos para prever a deformação permanente do agregado reciclado e
da brita graduada. Foram utilizados os modelos propostos por Monismith et al.
(1975) e Barksdale (1972), apresentados nas equações (12) e (13), respectivamente.
Os resultados são apresentados nas Tabela 5.20 e na Tabela 5.21.
Tabela 5.20: Modelos obtidos com os ensaios de deformação permanente utilizando
o modelo de Monismith et al.(1975)
Material
Energia de
compactação
Relação
σ
d
/σ
3
Modelo de Monismith et al.
(1975)
ε
p
[10
-3
mm/mm]
Intermediária 6,0
ε
p
= 1,1754 N
0,1027
R
2
= 0,9736
2,0
ε
p
= 0,3451 N
0,1147
R
2
= 0,9854
4,0
ε
p
= 0,8127 N
0,1039
R
2
= 0,9500
6,0
ε
p
= 1,1215 N
0,1024
R
2
= 0,9828
Agregado
reciclado
Modificada
6,7
ε
p
= 0,9271 N
0,1468
R
2
= 0,9824
Brita
graduada
Modificada 2,0
ε
p
= 0,9602 N
0,1625
R
2
= 0,9746
122
Tabela 5.21: Modelos obtidos com os ensaios de deformação permanente utilizando
o modelo de Barksdale (1972)
Material
Energia de
compactação
Relação
σ
d
/σ
3
Modelo de Barksdale
(1972)
ε
p
[10
-3
mm/mm]
Intermediária 6,0
ε
p
= 0,8003 + 0,6017 log N
R
2
= 0,9199
2,0
ε
p
= 0,2340 + 0,2069 log N
R
2
= 0,9878
4,0
ε
p
= 0,6095 + 0,4023 log N
R
2
= 0,9410
6,0
ε
p
= 0,8773 + 0,5412 log N
R
2
= 0,9879
Agregado
reciclado
Modificada
6,7
ε
p
= 0,0291 + 0,9926 log N
R
2
= 0,8987
Brita
graduada
Modificada 2,0
ε
p
= 0,0744 + 1,1809 log N
R
2
= 0,9619
De acordo com a bibliografia consultada, o modelo logarítmico de Barksdale (1972)
apresenta normalmente resultados inferiores aos do modelo exponencial de
Monismith et al. (1975). Para efeito comparativo, a Tabela 5.22 apresenta aos
100.000 ciclos os valores de deformação permanente obtidos pelos ensaios e pelos
modelos.
Tabela 5.22: Deformações permanentes obtidas nos ensaios e pelos modelos de
previsão de Monismith et al.(1975) e Barksdale (1972) para 100.000 ciclos
Deformação permanente
[10
-3
mm/mm]
Material Energia
Relação
σ
d
/σ
3
ε
p
do ensaio
ε
p
Monismith
et al.(1975)
ε
p
Barksdale
(1972)
Intermediária 6,0 3,98 3,83 3,81
2,0 1,27 1,29 1,27
4,0 2,65 2,69 2,62
6,0 3,60 3,64 3,58
Agregado
reciclado
Modificada
6,7 5,25 5,02 4,99
Brita
graduada
Modificada 2,0 6,23 6,23 5,98
123
Analisando a Tabela 5.22 verifica-se que realmente o modelo de Barksdale (1972)
apresentou resultados inferiores às deformações permanentes obtidas com o modelo
de Monismith et al. (1975). Comparando com os resultados dos ensaios, observa-se
que as deformações permanentes calculadas pelos modelos são próximas às
deformações permanentes ocorridas.
Para concluir a análise da deformação permanente, é apresentado na Tabela 5.23
valores de deformação permanente verificadas na literatura consultada para
agregados reciclados aos 100.000 ciclos, comparando com os resultados obtidos
pelos modelos de Monismith et al. (1975) e de Barksdale (1972).
Tabela 5.23: Deformações permanentes verificadas na literatura para agregados
reciclados utilizando os modelos de previsão de Monismith et al.(1975) e Barksdale
(1972) para 100.000 ciclos
Deformação permanente
[10
-3
mm/mm] Composição
do agregado
reciclado
Relação
σ
d
/σ
3
ε
p
do ensaio
ε
p
Monismith
et al.(1975)
ε
p
Barksdale
(1972)
Autor
2,0 1,27 1,29 1,27
Misto
4,0 2,65 2,69 2,62
Esta
pesquisa
Misto
(s)
3,0 5,10 5,28 -
Fernandes
(2004)
Concreto
(t)
3,0 3,86 5,37 4,33
Bennert et
al. (2000)
(s)
Corpos-de-prova cilíndricos 100mm x 200mm, energia modificada, σ
3
= 0,105MPa e σ
d
= 0,315
MPa, valor de ε
p
do ensaio aproximado
(t)
Corpos-de-prova cilíndricos 150mm x 300mm, energia normal, σ
3
= 0,103MPa e σ
d
= 0,310 MPa
Pela Tabela 5.23 verifica-se que os modelos obtidos neste trabalho apresentaram para
níveis de tensões baixos valores mais próximos do observado nos ensaios em
comparação ao estudo de Bennert et al. (2000). Fernandes (2004) verificou para seu
agregado reciclado uma boa previsão do comportamento de laboratório pelo modelo
de Monismith et al. (1975). Além disso, para uma relação σ
d
/σ
3
mais elevada, o
agregado reciclado de Santo André apresentou deformações permanentes inferiores
124
ao observado por Bennert et al. (2000) e Fernandes (2004). Este fato pode ser
explicado em função da graduação do material, já que o agregado reciclado estudado
neste trabalho apresenta 28% de material passante na peneira 0,42mm após a
compactação na energia modificada. Esta quantidade de partículas finas implica em
uma maior da coesão no corpo-de-prova e, para tensões de confinamento baixas, em
um aumento da resistência à deformação permanente.
5.3.3.2 Teoria do shakedown
Os mesmos corpos-de-prova analisados na deformação permanente são analisados
sob o ponto de vista da teoria do shakedown. Teve-se o objetivo de verificar se a
deformação permanente sofrida pelo corpo-de-prova de agregado reciclado com a
repetição de cargas poderia conduzi-lo à ruptura ou mostraria tendência à
estabilização (GUIMARÃES, 2001).
A análise utilizando a teoria do shakedown foi desenvolvida de forma similar ao
estudo da deformação permanente, entretanto são verificados os resultados dos
corpos-de-prova levados até os 180.000 ciclos.
A Figura 5.13 apresenta a análise da influência da energia de compactação no índice
de deformação permanente vertical (razão entre a deformação permanente e o
número de repetições acumuladas do carregamento, em [10
-3
/nº de repetições]) do
agregado reciclado de Santo André. Esta representação permite que o
comportamento do material seja analisado à luz da teoria do shakedown, segundo
Werkmeister et al. (2001) classificando-o em um dos três limites apresentados no
item 4.4.3.2 (limite A, B ou C).
125
0,000001
0,000010
0,000100
0,001000
0,010000
0,100000
1,000000
012345678910
Deformação permanente [10
-3
mm/mm]
Índice de deformação permanente
vertical [10
-3
/nº de repetições]
sd/s3 = 6,0 (Intermediária) sd/s3 = 6,0 (Modificada)
σ
d
/
σ
3
= 6,0 (Intermediária)
σ
d
/
σ
3
= 6,0 (Modificada)
Figura 5.13: Análise do índice de deformação permanente para o agregado reciclado
de Santo André compactado na energia intermediária e modificada
De acordo com o gráfico apresentado, pode-se verificar que a energia de
compactação afeta o desempenho do agregado reciclado. O material compactado na
energia intermediária apresentou uma deformação permanente superior ao do
material compactado na energia modificada. Analisando o comportamento do
agregado reciclado, conclui-se que sob este nível de tensões, o material tem uma
resposta intermediária do shakedown, estando no limite B. Durante os primeiros
ciclos de carregamento, a deformação permanente é elevada, mas decresceu com as
sucessivas aplicações de carga, até apresentar um aumento constante. Observa-se que
para baixos índices de deformação permanente vertical, o material compactado na
energia modificada mostra melhor tendência à estabilização que aquele compactado
na energia intermediária.
A Figura 5.14 ilustra o índice de deformação permanente do agregado reciclado de
Santo André compactado na energia modificada, submetido a quatro níveis de
tensões.
126
0,000001
0,000010
0,000100
0,001000
0,010000
0,100000
1,000000
012345678910
Deformação permanente vertical [10
-3
mm/mm]
Índice de deformação permanente
vertical [10
-3
/ciclo de carga]
sd/s3 = 2,0 sd/s3 = 4,0 sd/s3 = 6,0 sd/s3 = 6,7
σ
d
/
σ
3
= 2,0
σ
d
/
σ
3
= 6,7
σ
d
/
σ
3
= 6,0
σ
d
/
σ
3
= 4,0
Figura 5.14: Análise do índice de deformação permanente para o agregado reciclado
de Santo André compactado na energia modificada submetido a diferentes níveis de
tensões
Analisando a Figura 5.14, verifica-se que o nível de tensões influencia na resistência
do agregado reciclado à deformação permanente. O material submetido ao nível de
tensões menor (σ
d
/σ
3
= 2,0) sofreu deformações plásticas no início do carregamento.
Contudo, após o período de pós-compactação do material, ocorreram praticamente
apenas deformações resilientes. O comportamento do material passou a ser elástico,
classificando-o como limite A do shakedown.
O agregado reciclado submetido a σ
d
/σ
3
= 4,0 e 6,0, tiveram uma resposta
intermediária à luz da teoria do shakedown, estando no limite B. Durante os
primeiros ciclos de carregamento a deformação permanente é elevada, mas diminuiu
com as sucessivas aplicações de carga, até apresentar um aumento praticamente
constante.
Para o nível de tensões σ
d
/σ
3
= 6,7, o material sofreu uma grande deformação inicial
e com o tempo continuou apresentando um constante e elevado aumento das
deformações permanentes. É difícil classificar o material em um limite do
shakedown, pois seria necessário conduzir o ensaio a um número maior de ciclos,
127
verificando a tendência à estabilização ou se ocorreria a ruptura. Relações altas de
σ
d
/σ
3
podem levar o material à ruptura por diferença de tensões, excedendo à
resistência ao cisalhamento. A Figura 5.15 ilustra mais claramente quando o material
tende a estabilizar, como no caso σ
d
/σ
3
= 2,0, e quando a deformação cresce de
forma constantes, como no caso σ
d
/σ
3
= 6,7.
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
0 20000 40000 60000 80000 100000
Nº de ciclos
Deformação permanente [10
-3
mm/mm]
sd/s3 = 2,0 (Agregado reciclado) sd/s3 = 6,7 (Agregado reciclado)
tende a estabilizar
p
ode levar à ruptura
σ
d
/
σ
3
= 2,0 (Agregado reciclado)
σ
d
/
σ
3
= 6,7 (Agregado reciclado)
Figura 5.15: Deformação permanente obtida para o agregado reciclado de Santo
André em nível de tensão baixo e alto
5.4 Controle tecnológico
Os resultados do controle tecnológico são apresentados e analisados de acordo com
os relatórios de acompanhamento da obra do sistema viário da USP Leste e com os
levantamentos em campo utilizando o Dynamic Cone Penetrometer e o Falling
Weight Deflectometer.
Neste trabalho são discutidos os resultados do controle tecnológico referentes aos
1.020 metros de pista do sistema viário da USP Leste aqui analisados.
128
5.4.1 Controle tecnológico dos materiais
Em função do recomendado pela NBR 15115 (ABNT, 2004), neste trabalho dividiu-
se a análise do controle tecnológico dos materiais em quatro partes: granulometria,
forma dos grãos, compactação e índice de suporte Califórnia.
Na extensão de 1.020 metros aqui analisada, foram coletadas amostras de agregados
reciclados de duas proveniências: Santo André e São Bernardo do Campo.
5.4.1.1 Granulometria
Os ensaios de granulometria foram realizados de acordo com a metodologia prescrita
na NBR 7181 (ABNT, 1984), utilizada para solos. O material não foi lavado na
peneira 0,075mm e foram utilizadas apenas seis peneiras: 50; 9,5; 4,8; 2,0; 0,42 e
0,075mm.
A NBR 15115 (ABNT, 2004) prescreve que devem ser realizadas no mínimo três
determinações de granulometria a cada lote equivalente a 700m
2
de camada acabada.
Como o pavimento da USP Leste possui uma largura de aproximadamente sete
metros, para a extensão de 1.020 metros de pavimento aqui analisada deveriam ser
realizadas, aproximadamente, 10 ensaios de granulometria. De acordo com os
relatórios de acompanhamento, para este trecho em estudo foram feitos oito ensaios
de granulometria.
Foram analisadas seis amostras provenientes da usina recicladora localizada em
Santo André e duas amostras da usina recicladora situada em São Bernardo do
Campo. A Figura 5.16 apresenta as curvas granulométricas dos diferentes lotes de
agregados reciclados analisados durante o controle tecnológico dos materiais e a
curva granulométrica do agregado reciclado de Santo André estudado em laboratório.
129
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Santo André (1) Santo André (2) Santo André (3)
Santo André (4) Santo André (5) Santo André (6)
São Bernardo (1) São Bernardo (2) Laboratório
Figura 5.16: Granulometrias dos agregados reciclados empregados no sistema viário
da USP Leste
Pelas curvas granulométricas apresentadas é possível verificar a grande variabilidade
granulométrica dos agregados reciclados. Em função desta variabilidade, é
importante ressaltar que o número de ensaios previsto na NBR 15115 (ABNT, 2004)
deve ser respeitado. Caso contrário torna-se difícil o controle da homogeneidade do
material.
A Tabela 5.24 apresenta a dimensão característica máxima dos grãos, porcentagem
passante na peneira 0,42mm, coeficiente de uniformidade (C
u
) e coeficiente de
curvatura (C
c
) determinados para as curvas granulométricas apresentadas.
130
Tabela 5.24: Dimensão característica máxima dos grãos, porcentagem que passa na
peneira 0,42mm, coeficiente de uniformidade e coeficiente de curvatura dos
agregados reciclados empregados no sistema viário da USP Leste
Autor
Dimensão
característica
máxima dos grãos
[mm]
Porcentagem que
passa na peneira
0,42mm [%]
C
u
C
c
NBR 15115
(ABNT, 2004)
63,5 10 a 40 10
não
consta
PMSP/SP
ETS-001
(PMSP, 2003)
50,0 10 a 30 10 1 a 3
Esta pesquisa
(material de
laboratório)
50,0 21,2 53 0,30
Santo André (1) 50,0 9,8 26 11,23
Santo André (2) 50,0 10,3 25 1,50
Santo André (3) 50,0 22,8 148 1,14
Santo André (4) 50,0 23,2 144 1,41
Santo André (5) 50,0 19,7 60 0,98
Santo André (6) 50,0 26,7 250 0,72
São Bernardo (1) 50,0 35,6 167 1,00
São Bernardo (2) 50,0 23,5 145 0,35
De acordo com a Tabela 5.24, todas as amostras ensaiadas atenderam ao projeto de
pavimentação do sistema viário da USP Leste quanto à dimensão característica
máxima dos grãos, igual a 50mm. Em relação à porcentagem passante na peneira
0,42mm, apenas a amostras Santo André (1) não atendeu, apresentando menos de
10%. Todas as amostras também apresentaram C
u
maior que 10, caracterizando um
material não uniforme conforme a NBR 15115 (ABNT, 2004). Os C
c
obtidos
indicaram que quatro amostras não são consideradas bem graduadas, pois se
encontram fora dos limites prescritos pela PMSP/SP ETS-001 (PMSP, 2003).
Além da análise granulométrica prevista no controle tecnológico, a empresa
fiscalizadora da obra coletou em dois pontos amostras de agregado reciclado após a
compactação da camada. Teve-se o objetivo de avaliar possíveis modificações na
granulometria do material depois do processo de compactação.
131
O ensaio de granulometria foi feito sem lavagem e utilizando apenas as seis peneiras
previstas na NBR 7181 (ABNT, 1984) mencionadas. As duas amostras ensaiadas são
provenientes da usina recicladora localizada em Santo André, correspondente às
amostras Santo André (1) e Santo André (2). O material foi retirado da camada de
sub-base, nos pontos correspondentes às distâncias de 0,190km e 0,230km,
respectivamente. Destaca-se que a energia de compactação prevista em projeto é de
no mínimo 95% da modificada. As curvas granulométricas obtidas são apresentadas
na Figura 5.17.
0
20
40
60
80
100
0,01 0,1 1 10 100
Abertura das peneiras [mm]
Porcentagem passante [%]
Santo André (1) - antes compactação Santo André (2) - antes compactação
Santo André (1) - depois compactação Santo André (2) - depois compactação
Figura 5.17: Granulometria dos agregados reciclados empregados no sistema viário
da USP Leste depois da compactação da camada de sub-base
Pela Figura 5.16 apresentada anteriormente, amostras de agregado reciclado de
mesma origem apresentavam granulometrias iniciais distintas. Contudo, analisando a
Figura 5.17, é possível verificar que depois da compactação, as amostras tornam-se
mais similares granulometricamente. Este efeito proporcionado pela compactação é
altamente benéfico, pois homogeneíza materiais. Isto reforça a importância da
energia de compactação elevada, obtendo-se a maior quebra dos grãos possível
durante a execução, para que durante a vida útil do pavimento este problema seja
minimizado, evitando possíveis afundamentos ou mesmo rupturas indesejadas.
132
As amostras de agregado reciclado analisadas depois da compactação em campo
atendem a norma NBR 15115 (ABNT, 2004) referente à porcentagem passante na
peneira 0,42mm e ao C
u
. Quanto ao C
c
, o material não pode ser considerado bem
graduado, pois os valores continuam para ambas as amostras abaixo de 1. A Tabela
5.25 apresenta os resultados obtidos.
Tabela 5.25: Resultados de porcentagem passante na peneira 0,42 mm e C
u
dos
agregados reciclados empregados no sistema viário da USP Leste
Amostra
Dimensão
característica
máxima dos
grãos [mm]
Porcentagem que
passa na peneira
0,42mm [%]
C
u
C
c
NBR 15115
(ABNT, 2004)
63,5 10 a 40 10
não
consta
PMSP/SP
ETS-001
(PMSP, 2003)
50,0 10 a 30 10 1 a 3
Santo André (1) -
depois compactação
0,190km
50,0 25,3 79 0,93
Santo André (2) -
depois compactação
0,230km
50,0 26,6 71 0,86
5.4.1.2 Forma dos grãos
De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), devem ser realizadas no mínimo três
determinações da forma dos grãos a cada lote equivalente a 700m
2
de camada
acabada. Como o pavimento da USP Leste possui uma largura de aproximadamente
sete metros, para a extensão de 1.020 metros de pavimento aqui analisada, deveriam
ser realizadas aproximadamente 10 ensaios para análise da forma. De acordo com os
relatórios de acompanhamento, para este trecho em estudo foi feito apenas um ensaio
de determinação da forma.
A amostra coletada para determinação da forma é proveniente da usina recicladora
de São Bernardo do Campo. Não foi especificado pela empresa fiscalizadora qual
método de ensaio foi adotado.
133
De acordo com o relatório de acompanhamento, para o agregado reciclado analisado
observou-se a presença de 24,2% de grãos lamelares. Este resultado atende a NBR
15115 (ABNT, 2004) que recomenda no máximo 30% de grãos lamelares.
Contudo, em conseqüência da falta de repetições de ensaios, não se pode afirmar que
a forma do agregado reciclado utilizado no pavimento do sistema viário da USP
Leste foi controlada.
5.4.1.3 Compactação
Com relação à compactação, a NBR 15115 (ABNT, 2004) prescreve que devem ser
realizadas no mínimo três determinações, a cada lote equivalente a 2.000m
2
de
camada acabada. No caso da pista de 1.020 metros aqui estudada, deveriam ser
realizados quatro ensaios de compactação. Segundo os relatórios de
acompanhamento da obra, foram realizados seis ensaios.
A compactação foi realizada conforme a NBR 7182 (ABNT, 1986), na energia
intermediária, utilizando o cilindro metálico grande. O relatório não apresentou
detalhes tanto sobre as curvas de compactação obtidas, como sobre a eventual
substituição de materiais retidos na peneira 19,0mm. Também não são informados os
locais de coleta e aplicação das amostras. Os agregados reciclados submetidos aos
ensaios são provenientes de Santo André e de São Bernardo do Campo. A Tabela
5.26 apresenta os resultados obtidos com os ensaios de compactação no controle
tecnológico dos materiais.
134
Tabela 5.26: Resultados dos ensaios de compactação dos agregados reciclados
empregados no sistema viário da USP Leste
Amostra Energia Umidade ótima [%]
Peso específico
aparente seco
máximo [kN/m
3
]
intermediária 14,6 17,6
Esta pesquisa
(material de
laboratório)
modificada 13,5 18,2
Santo André (1) intermediária 13,4 17,7
Santo André (2) intermediária 13,5 16,8
Santo André (3) intermediária 15,3 17,7
Santo André (4) intermediária 16,3 17,6
São Bernardo (1) intermediária 15,5 18,1
São Bernardo (2) intermediária 15,3 18,8
Pelos resultados apresentados, é possível observar uma pequena variação entre os
valores de umidade ótima e peso específico aparente seco máximo dos agregados
reciclados. Os resultados de campo foram bastante similares aos do material
estudado em laboratório.
5.4.1.4 Índice de suporte Califórnia
De forma análoga à compactação, a NBR 15115 (ABNT, 2004) recomenda que
sejam realizados ensaios de índice de suporte Califórnia e de expansão a cada lote
equivalente a 2.000m
2
de camada acabada, com no mínimo três determinações. Para
os 1.020 metros deveriam ser realizados quatro ensaios. No entanto, os relatórios de
acompanhamento da obra indicaram que foram executados seis.
As amostras submetidas aos ensaios de índice de suporte Califórnia e de expansão
foram as mesmas do ensaio de compactação apresentadas no item 5.4.1.3. Os ensaios
foram realizados conforme a NBR 9895 (ABNT, 1987) e os resultados são
apresentados na Tabela 5.27.
135
Tabela 5.27: Resultados de índice de suporte Califórnia e expansão dos agregados
reciclados empregados no sistema viário da USP Leste
Amostra Energia ISC [%] Expansão [%]
intermediária 73
(u)
0
Esta pesquisa
(material de
laboratório)
modificada 117
(u)
0
Santo André (1) intermediária 84 0
Santo André (2) intermediária 53 0
Santo André (3) intermediária 59 0
Santo André (4) intermediária 63 0
São Bernardo (1) intermediária 49 0
São Bernardo (2) intermediária 70 0
(u)
Valores médios
Analisando a Tabela 5.27, é possível concluir que os agregados reciclados
apresentam valores de ISC variáveis. As amostras Santo André (2), Santo André (3)
e São Bernardo (1) não possuem índice de suporte Califórnia suficiente para serem
utilizadas na camada de base, de acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004) que
recomenda no mínimo ISC igual a 60%. Contudo, estes materiais podem ser
empregados em sub-bases, pois possuem ISC maior que 20%. Além disso, destaca-se
o fato de que os agregados reciclados não apresentaram expansão.
Observou-se na obra a presença expressiva de solo na mistura São Bernardo (1), com
mais de 35% passante na peneira 0,42mm. Este fator fez com que o ISC tivesse seu
valor reduzido. A prática que possa vir ser estabelecida de mistura de solo deve ser
evitada nas usinas recicladoras, pois estes materiais não são selecionados e podem
prejudicar sobremaneira os resultados. A mistura de agregados reciclados e solo pode
ser realizada, segundo a técnica do solo-brita, empregando nestes casos solos
exclusivamente lateríticos. A mistura deve ser processada em pista, com a seleção de
solo feita pela projetista ou fiscalizadora, não pela usina recicladora, a não ser que
esta possua laboratório de solos montado e conhecimento técnico sobre o assunto.
136
5.4.2 Controle tecnológico de execução
A apresentação dos resultados do controle tecnológico de execução é separada em
análise da umidade e análise do grau de compactação.
Os resultados apresentados são referentes a extensão de 1.020 metros aqui analisada,
compreendendo amostras de agregados reciclados de duas proveniências: Santo
André e São Bernardo do Campo.
5.4.2.1 Umidade
De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), devem ser realizados ensaios para
conferir a umidade do agregado reciclado a cada 700m
2
de pista, imediatamente
antes da compactação. Para a extensão de 1.020 metros de pavimento aqui analisada,
deveriam ser realizadas no mínimo 10 verificações de umidade para a camada de
sub-base e 10 para a base. De acordo com os relatórios de acompanhamento, para
este trecho em estudo foram conduzidas nove determinações da umidade: três na
camada de sub-base e seis na camada de base.
As amostras empregadas nas camadas, cujas umidades antes da compactação foram
controladas, são as amostras Santo André (1), Santo André (4) e São Bernardo (2).
Estas amostras são as mesmas submetidas aos ensaios de controle dos subitens 5.4.1.
A Tabela 5.28 apresenta os resultados de umidade de compactação observados em
campo, com as respectivas variações em relação à umidade ótima.
137
Tabela 5.28: Resultados do controle da umidade de compactação dos agregados
reciclados empregados nas camadas de base e sub-base do sistema viário da USP
Leste
Amostra
Local
[km]
Camada
Umidade
ótima
[%]
Umidade de
compactação
[%]
Variação de
umidade
[%]
Santo André
(1)
0,190 base 13,4 15,2 +1,8
Santo André
(1)
0,210 base 13,4 14,9 +1,5
Santo André
(1)
0,230 base 13,4 15,9 +2,5
São Bernardo
(2)
0,570 sub-base 15,3 14,7 -0,6
São Bernardo
(2)
0,760 base 15,3 14,9 -0,4
Santo André
(4)
0,940 sub-base 16,3 15,5 -0,8
Santo André
(4)
0,940 base 16,3 15,0 -1,3
Santo André
(4)
0,970 sub-base 16,3 14,9 -1,4
Santo André
(4)
0,970 base 16,3 14,7 -1,6
Analisando os valores de umidade das camadas de base e sub-base compactadas em
campo, verifica-se que a variação de umidade ficou entre 2,5 acima e 1,6 abaixo da
ótima. De acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004), o teor de umidade da mistura
em campo deve ficar no intervalo entre ±1,5% em relação à umidade obtida com o
ensaio de laboratório. Assim, a variação da umidade de compactação de campo não
se encontrou em todos os pontos dentro dos limites da norma.
Com a variabilidade dos agregados reciclados, a quebra dos grãos proporcionada
pela compactação pode fazer com que o material demande mais água para atingir seu
peso específico aparente seco máximo. O aumento da quantidade de partículas finas
implica na alteração da umidade de compactação em campo. Desse modo, não é
desejável que o material tenha umidade menor que a obtida previamente em ensaio
laboratorial de compactação. Portanto, a determinação da umidade em campo deve
ser considerada apenas um indicativo, sendo importante a avaliação estrutural da
camada do pavimento.
138
Os locais em que a umidade ficou abaixo da ótima correspondem a um segmento que
teve sua compactação prejudicada. Este fato ficou claro com os ensaios de avaliação
estrutural apresentados ainda neste capítulo.
5.4.2.2 Grau de compactação
A NBR 15115 (ABNT, 2004) prescreve que o controle de compactação seja
conduzido a cada 50m de pista, imediatamente após a compactação, alternando borda
direita, eixo e borda esquerda. O controle dos 1.020 metros deveria apresentar cerca
de 20 determinações do grau de compactação. No entanto, os relatórios de
acompanhamento apresentam para este segmento apenas nove ensaios realizados:
três na camada de sub-base e seis na base. Agregados reciclados provenientes de
Santo André e São Bernardo do Campo constituem as camadas dos locais
controlados. A Tabela 5.29 apresenta os resultados obtidos.
Tabela 5.29: Resultados do controle de compactação dos agregados reciclados
empregados nas camadas de base e sub-base do sistema viário da USP Leste
Amostra
Local
[km]
Camada
Peso
específico
aparente seco
máximo
[kN/m
3
]
Peso
específico
aparente
seco campo
[%]
G. C.
(v)
[%]
Santo André (1) 0,190 base 17,7 18,0 101,5
Santo André (1) 0,210 base 17,7 18,1 101,9
Santo André (1) 0,230 base 17,7 17,9 100,8
São Bernardo (2) 0,570 sub-base 18,8 19,2 102,2
São Bernardo (2) 0,760 base 18,8 19,2 102,3
Santo André (4) 0,940 sub-base 17,6 17,5 99,7
Santo André (4) 0,940 base 17,6 17,7 101,0
Santo André (4) 0,970 sub-base 17,6 17,3 98,6
Santo André (4) 0,970 base 17,6 17,9 102,2
(v)
Grau de compactação com relação à energia intermediária empregada no laboratório e prescrita na
norma. No entanto, no caso do projeto, foi solicitado no mínimo 95% da energia modificada.
139
Observando os resultados da Tabela 5.29, verifica-se que em dois locais da sub-base
o grau de compactação obtido ficou abaixo dos 100%. Entretanto, para o conjunto
das nove amostras, a relação apresentada na equação (15) é atendida.
Nos segmentos correspondentes aos locais 0,570km, 0,760km, 0,940km e 0,970km,
apesar da umidade estar abaixo da ótima, os resultados com o frasco de areia
acusaram um grau de compactação acima de 100%. Contudo, pela avaliação
estrutural apresentada ainda neste capítulo, observou-se que em alguns destes locais,
as camadas com agregado reciclado tiveram uma compactação ineficiente, pois não
atenderam a recomendação de projeto de aumentar a energia de compactação com
relação ao solicitado na NBR 15115 (ABNT, 2004).
Geralmente, o controle de compactação de materiais convencionais permite que
sejam inferidas algumas propriedades geotécnicas determinadas previamente em
laboratório. No caso do agregado reciclado, estas propriedades não podem ser
deduzidas por ensaios simples de campo, em função das particularidades intrínsecas
deste material.
Os estudos laboratoriais são executados com mais cuidado e seleção. Por exemplo,
no caso do agregado aqui estudado, a parcela retida na peneira 19,0mm é separada
para a determinação da umidade ótima. Em campo, o material apresenta-se de forma
integral, ocasionando uma quebra dos grãos com a compactação diferente do
acompanhado em laboratório. Esta alteração na granulometria pode implicar no
aumento de partículas finas, influenciando na umidade ótima. Além disso, muitas
pesquisas têm mostrado uma grande dificuldade na determinação de um teor de
umidade ótima para agregados reciclados, pois a natureza do material é muito
variável e depende da amostragem.
Estes fatos reforçam que métodos de controle normalmente utilizados para materiais
convencionais não são satisfatórios e/ou suficientes para o agregado reciclado de
resíduo sólido da construção civil. Assim, tratando-se de material de grande potencial
de variabilidade de absorção de água, peso específico e de graduação, é
140
recomendável que se controle a deformabilidade ou a resistência, e não parâmetros
indiretos como o peso específico aparente seco e a umidade de compactação. Estes
são apenas indicativos.
5.4.3 Dynamic Cone Penetrometer
Os ensaios com o DCP não foram realizados ao longo de toda a extensão de 1.020
metros. Os locais e a camada da superfície sobre a qual foram realizados os ensaios
são apresentados na Tabela 5.30.
Tabela 5.30: Locais e superfície do pavimento do sistema viário da USP Leste onde
foram realizados os ensaios com o DCP
Local [km] Faixa
Camada da
superfície
Material da camada
da superfície
0,440 esquerda sub-base agregado reciclado
0,450 eixo sub-base
agregado reciclado
0,460 direita sub-base agregado reciclado
0,470 eixo sub-base
agregado reciclado
0,480 eixo sub-base
agregado reciclado
0,490 esquerda sub-base
agregado reciclado
0,610 eixo reforço de subleito solo laterítico
0,680 eixo base agregado reciclado
0,690 direita base agregado reciclado
0,700 eixo base agregado reciclado
Seção-tipo
3
0,710 esquerda reforço de subleito solo laterítico
0,830 esquerda subleito solo natural
0,850 eixo subleito solo natural
0,870 esquerda subleito solo natural
0,890 eixo subleito solo natural
Seção-tipo
4
0,900 direita subleito solo natural
Os locais onde foram realizados os ensaios entre 0,440km até 0,710km
correspondem à seção-tipo 3 (item 3.2 deste trabalho – Figura 3.2). Os levantamentos
entre os locais 0,830km e 0,900km correspondem à seção-tipo 4 (item 3.2 deste
141
trabalho – Figura 3.2) e foram feitos diretamente sobre o subleito, antes do
recebimento do “rachão de entulho”.
As penetrações realizadas sobre as camadas superiores permitiram que fossem
também avaliadas as camadas subjacentes. Por exemplo, o ensaio realizado sobre a
camada de base possibilitou a identificação da camada de sub-base e de reforço de
subleito, por ter levado a profundidades de penetração do cone que atingiram as
camadas subjacentes.
A análise do subleito só foi possível entre os locais 0,830 km e 0,900 km,
correspondentes à seção-tipo 4 (item 3.2 deste trabalho – Figura 3.2). Nos locais
entre 0,440 km e 0,710 km, apesar do subleito ter sido alcançado com o ensaio DCP,
este se apresentava muito contaminado pelo solo laterítico utilizado no reforço.
Dessa forma, ficou difícil avaliar os resultados obtidos no subleito neste segmento,
que não condiziam com o solo de fundação previamente caracterizado pelas
sondagens realizadas.
Por meio do ensaio DCP é possível determinar as espessuras das camadas da
estrutura. A Figura 5.18 ilustra uma das curvas do DCP e a forma de identificação
das diferentes camadas para o local 0,690km. O ensaio neste ponto foi executado
sobre a camada de base. As alterações na inclinação da curva DCP permitem que
sejam identificadas as mudanças de camada.
142
0
100
200
300
400
500
600
700
0 102030405060708090100
Número de golpes
Profundidade [mm]
Base de agregado reciclado
Sub-base de agregado reciclado
Reforço de subleito com solo laterítico
Subleito natural
Figura 5.18: Curva DCP e determinação das espessuras das camadas do local
0,690km
Analisando a Figura 5.18 verifica-se que foram identificadas neste ponto 0,690km
quatro camadas: base, sub-base, reforço de subleito e subleito. As espessuras médias
obtidas por meio do DCP para o segmento entre 0,440km e 0,710km, correspondente
à seção-tipo 3 (Figura 3.2), são apresentadas na Tabela 5.31.
Tabela 5.31: Espessuras das camadas do pavimento do sistema viário da USP Leste
obtidas por meio do DCP entre os locais 0,440km e 0,710km
Seção-
tipo
Camada
Espessura de
projeto
[mm]
Espessura
média obtida
pelo DCP
[mm]
Desvio
padrão [mm]
Coeficiente
de variação
[%]
3 Base 150 149 5 3,4
3 Sub-base 150 155 9 5,8
3
Reforço de
subleito
200 221 13 5,9
De acordo com a Tabela 5.31, os coeficientes de variação indicam que as espessuras
das camadas do pavimento foram praticamente constantes ao longo deste segmento
do sistema viário da USP Leste. As espessuras médias verificadas com o DCP foram
próximas às espessuras projetadas. Em outros locais não controlados pelo DCP
143
ocorreram variações nas espessuras, em função de dificuldades que surgiram ao
longo da obra e que exigiram algumas alterações.
Além da espessura, a curva DCP permite determinar a quantidade de golpes
necessária para a penetração, verificando-se a resistência das camadas. Esta
resistência é avaliada pelo índice de penetração DPI. Os valores médios de DPI, bem
como os desvios padrão e coeficientes de variação para o trecho monitorado são
apresentados na Tabela 5.32.
Tabela 5.32: Valores de DPI obtidos para as camadas do pavimento do sistema viário
da USP Leste entre os locais 0,440km e 0,900km
Seção-
tipo
Camada
DPI médio
[mm/golpe]
Desvio padrão
[mm/golpe]
Coeficiente de
variação
[%]
3 Base 4,62 0,08 1,7
3 Sub-base 5,53 1,32 23,9
3
Reforço de
subleito
9,07 2,60 28,7
4
Subleito antes de
receber “rachão
de entulho”
115,22 15,47 13,4
Quanto menor o valor de DPI, maior é a resistência da camada à penetração.
Analisando os resultados apresentados, é possível verificar que o DPI médio da
camada de base é menor do que o DPI médio da camada de sub-base. Como as duas
camadas são constituídas pelo mesmo material (agregado reciclado) e espessura
(150mm), este fato indica uma compactação mais eficiente na camada de base, por
apresentar-se mais resistente que a sub-base e ter uma melhor camada de suporte
para promover o serviço de compactação. Além disso, analisando o desvio padrão e o
coeficiente de variação, percebe-se uma homogeneidade maior na camada de base.
Contudo, a escassez de amostras na camada de base, não permite que seja garantida a
sua uniformidade ao longo de toda a extensão.
Quanto ao DPI médio da camada de reforço de subleito, o material empregado foi
um solo laterítico, que se apresentou menos resistente que a camada de sub-base. O
144
alto coeficiente de variação do DPI na camada de reforço de subleito indica que a
eficiência da compactação não foi contínua ao longo da obra. O subleito da seção-
tipo 4 (Figura 3.2), que foi analisado antes de receber o “rachão de entulho”,
apresentou um DPI médio muito elevado (115,22mm/golpe), indicando a baixa
capacidade de suporte do solo de fundação, influenciando na dificuldade de
compactação do reforço do subleito.
Resultados de DPI normalmente são analisados por meio de correlações. Algumas
correlações com índice de suporte Califórnia encontradas na bibliografia consultada
são apresentadas na Tabela 5.33. Os valores de ISC são em % e os de DPI em
mm/golpe.
Tabela 5.33: Correlações entre DPI e índice de suporte Califórnia in situ para
diferentes materiais verificadas na bibliografia consultada
Material Local Modelo obtido Autor
Solo residual de
granito das classes
A-2-4, A-4, A-7-6
(w)
Santo Amaro da
Imperatriz/ SC
Brasil
ISC = 512,64 / DPI
1,25
Trichês e
Cardoso
(1999)
Resíduos de
construção civil do
tipo misto
Floranópolis/SC
Brasil
ISC = 126,35 / DPI
0,6354
(x)
Kryckyj e
Trichês
(2000)
Solo laterítico
argiloso LG’
Maringá/PR
Brasil
ISC = 257,04 / DPI
1,091
Lima
(2000)
Não foi especificado
o tipo de material
África do Sul ISC = 427,56 / DPI
1,280
Kleyn
(1975)
ISC = 292 / DPI
1,12
(y)
Materiais granulares
e coesivos
Estados Unidos
ISC = 1 / (0,017019 DPI)
2
(z)
U.S. Army
Corps of
Engineers
(1994)
5
(w)
Classificação HRB (Highway Research Board), correlação desenvolvida para ISC sem imersão
(x)
Correlação obtida em laboratório para condição não saturada
(y)
Correlação para materiais com ISC > 10%
(z)
Correlação para materiais com ISC < 10%
5
Retirado de Siekmeier et al. (1999) apud Webster et al. (1994). WEBSTER, S.L.; BROWN, R. W.;
PORTER, J. R. Force projection site evaluation using the Electric Cone Penetrometer and the
Dynamic Cone Penetrometer. Technical Report GL-94-17, U. S. Waterways Experimental Station,
1994.
145
Os valores médios de ISC obtidos pelas equações apresentadas são apresentados na
Tabela 5.34 de acordo com cada camada.
Tabela 5.34: Cálculo do índice de suporte Califórnia in situ para diferentes materiais
conforme correlações com o DPI verificadas na bibliografia consultada
Índice de suporte Califórnia [%]
Seção-
tipo
Camada
Trichês e
Cardoso
(1999)
Kryckyj
e Trichês
(2000)
Lima
(2000)
Kleyn
(1975)
U.S. Army
Corps of
Engineers
(1994)
3 Base - 48 - 60 53
(y)
3 Sub-base - 43 - 52 46
(y)
3
Reforço
de subleito
37 - 26 29 27
(y)
4 Subleito 1,4 - 1,5 1,0 0,3
(z)
(y)
Calculados com o modelo para materiais com ISC > 10%
(z)
Calculados com o modelo para materiais com ISC < 10%
Analisando os resultados apresentados na Tabela 5.34, observa-se que a correlação
desenvolvida por Kryckyj e Trichês (2000) para resíduos da construção civil
indicaram um ISC menor que o modelo do U.S. Army Corps of Engineers (USACE).
Ao empregar o DCP é muito importante estabelecer correlações para o material
estudado, pois adotar correlações criadas para materiais diferentes torna os valores de
ISC distantes da realidade do campo. De acordo com a bibliografia internacional
consultada, geralmente emprega-se as correlações do (USACE), por ter sido
estabelecida para uma grande variedade de materiais granulares e coesivos. Além
disso, as correlações USACE consideram o ISC do material obtido em laboratório,
pois as equações diferem para materiais com ISC maior ou menor que 10%.
Neste trabalho, para todos os DPI obtidos, entre os locais 0,440km e 0,710km
(correspondente à seção-tipo 3 – Figura 3.2), foram calculados os ISC pelo método
do USACE para cada camada avaliada. Os resultados são apresentados em forma
gráfica na Figura 5.19.
146
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0,440 0,450 0,460 0,470 0,480 0,490 0,610 0,680 0,690 0,700 0,710
Locais [km]
Índice de suporte Califórnia [%]
USACE
Base Sub-base Reforço de subleito
Figura 5.19: Resultados de ISC pelo modelo do USACE (1994) para as camadas do
pavimento analisadas entre os locais 0,440km e 0,710km
Para cada camada aplicou-se o modelo do USACE e fez-se uma análise estatística
determinando o ISC médio, desvio padrão, coeficiente de variação e ISC mínimo
estatístico. O ISC mínimo estatístico é calculado pela expressão (17):
n
S
ISCISC
médiomín
×
=
29,1
(17)
onde:
ISC
mín
: índice de suporte Califórnia mínimo estatístico;
ISC
médio
: índice de suporte Califórnia médio;
S: desvio padrão;
n: número de amostras.
Para atender as condições de projeto, o ISC mínimo estatístico deve ser maior que o
ISC especificado para a camada. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela
5.35.
147
Tabela 5.35: Valores de ISC médio, desvio padrão, coeficiente de variação e ISC
mínimo estatístico obtidos para as camadas submetidas a ensaios DCP entre os locais
0,440km e 0,710km, utilizando o modelo USACE
Seção-
tipo
Camada
ISC de
projeto
[%]
ISC
médio
USACE
[%]
Desvio
padrão [%]
Coeficiente
de variação
[%]
ISC
mínimo
[%]
3 Base 60 53 1 1,9 52
3 Sub-base 20 46 13 27,6 40
3
Reforço de
subleito
10 27 10 37,6 23
Pelos resultados apresentados é possível verificar que aplicando o modelo de
correlação do USACE, o agregado reciclado da base não atingiu o valor de ISC de no
mínimo 60% para emprego em camadas de base de pavimentos com N<10
6
(ABNT,
2004). As outras camadas atenderam o projeto, pois na sub-base e no reforço de
subleito o ISC ficou maior que 20% e 10%, respectivamente.
Assim, conclui-se que o DCP é uma importante ferramenta no controle tecnológico
durante a construção de pavimentos, por permitir que seja prevista e estimada a
uniformidade da compactação e a capacidade de suporte da camada.
5.4.4 Falling Weight Deflectometer
Os resultados obtidos com o FWD nas quatro seções-tipo de pavimento construídas
no campus da USP Leste foram estudados separadamente. Cada trecho
correspondente a uma seção-tipo foi considerado um segmento homogêneo. Os
segmentos homogêneos (Seg. Hom.) são apresentados na Tabela 5.36. É importante
ressaltar que dentro do segmento homôgeneo 3 foram desconsideradas as bacias de
deflexão medidas entre 0,260km e 0,330km, trecho onde foi empregado o material
asfáltico fresado sobre a camada de base, como relatado no item 3.4 deste trabalho.
148
Tabela 5.36: Segmentos homogêneos analisados neste trabalho (cotas em cm)
Seg.
Hom.
Extensão
[km]
Seção-tipo
Seg.
Hom.
Extensão
[km]
Seção-tipo
1
0,000
a
0,160
20 15 10 10
2
0,160
a
0,240
20 15 10 10
3
0,240
a
0,720
20 15 1015
4
0,720
a
1,020
20 15 15 10
A Figura 5.20 apresenta as bacias de deflexão média medidas na faixa esquerda, eixo
e faixa direita do pavimento do primeiro segmento homogêneo. Este segmento
correspondente à seção-tipo 1, que possui brita graduada simples na camada de base
e agregado reciclado na camada de sub-base.
149
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20406080100120
Distância [cm]
Deflexões medidas [10
-2
mm]
Faixa esquerda Eixo Faixa direita
Figura 5.20: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 1 – seção-tipo 1
Pelo gráfico apresentado é possível observar que há uma diferença entre as faixas
direita e esquerda e o eixo. O eixo apresenta o menor valor de deflexão logo abaixo
da aplicação da carga. Esta variação das bacias de deflexão mostra que a
compactação não foi homogênea ao longo da seção transversal do pavimento, ou
ainda que a drenagem precária do pavimento influencia no aumento das deflexões
junto às bordas.
As bacias de deflexão médias do segundo segmento homogêneo, correspondente à
seção-tipo 2 com base e sub-base de agregado reciclado, são apresentadas na Figura
5.21. O gráfico contém a média dos levantamentos das faixas esquerda, direita e
eixo.
150
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20406080100120
Distância [cm]
Deflexões medidas [10
-2
mm]
Faixa esquerda Eixo Faixa direita
Figura 5.21: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 2 – seção-tipo 2
Observando a Figura 5.21 verifica-se que a média das deflexões medidas logo abaixo
do ponto de aplicação da carga nas faixas direita e esquerda e no eixo encontram-se
em torno de 50x10
-2
mm. As bacias de deflexão média apresentam-se muito
semelhantes. Este fato indica uma boa homogeneidade na compactação.
A Figura 5.22 apresenta as bacias de deflexão médias obtidas no segmento 3, seção-
tipo 3, que também possui base e sub-base de agregado reciclado.
151
0
10
20
30
40
50
60
70
80
020406080100120
Distância [cm]
Deflexões medidas [10
-2
mm]
Faixa esquerda Eixo Faixa direita
Figura 5.22: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 3 – seção-tipo 3
Pela Figura 5.22 observa-se que as médias das deflexões máximas medidas nas
faixas direita e esquerda e no eixo apresentam-se mais elevadas que nos segmentos 1
e 2, indicando uma compactação deficiente no segmento 3.
A Figura 5.23 apresenta as bacias de deflexão médias medidas no quarto segmento
homogêneo, que possui a seção-tipo 4 com “rachão de entulho”.
152
0
10
20
30
40
50
60
70
80
020406080100120
Distância [cm]
Deflexões medidas [10
-2
mm]
Faixa esquerda Eixo Faixa direita
Figura 5.23: Bacias de deflexão médias medidas em campo para o segmento
homogêneo 4 – seção-tipo 4
O quarto segmento apresentou as bacias de deflexão médias com os menores valores
de deflexão. Apesar do pavimento da seção-tipo 4 ter a mesma estrutura da seção-
tipo 3, a presença do “rachão de entulho” melhorou a resposta do pavimento quanto à
deformabilidade. Houve uma queda nos valores de deflexões, em função do emprego
do “rachão de entulho”, que possibilitou uma compactação mais eficiente das
camadas superiores.
A Tabela 5.37 apresenta um resumo dos valores médios de deflexão máxima (d
0
), de
deflexão afastada a 25cm da carga (d
25
) e do raio de curvatura (R
c
), para as faixas
esquerda e direita, e eixo dos quatro segmentos homogêneos.
153
Tabela 5.37: Valores de d
0
, d
25
e R
c
médios da faixa esquerda, do eixo e da faixa
direita para os segmentos homogêneos das quatro seções-tipo aqui analisadas
Segmento
Homogêneo
Faixa
d
0
[x10
-2
mm]
d
25
[x10
-2
mm]
R
c
[m]
esquerda 46 28 178
eixo 43 26 206
1
direita 50 34 211
esquerda 49 33 190
eixo 50 34 195
2
direita 50 35 234
esquerda 64 37 117
eixo 56 35 151
3
direita 58 38 173
esquerda 46 25 184
eixo 38 22 224
4
direita 39 23 227
Analisando os resultados apresentados, é possível verificar que as deflexões e os
raios de curvatura nas seções-tipo 1 e 2 são muito similares, demonstrando que o
comportamento da brita graduada simples (seção-tipo 1) e do agregado reciclado
(seção-tipo 2) são próximos.
No terceiro segmento, a compactação do agregado reciclado foi um pouco deficiente,
observando-se deflexões mais elevadas e raios de curvatura menores. Este fato
aponta o aumento da deformabilidade em função da compactação deficiente.
O quarto segmento, pertinente a seção-tipo 4, apresenta os melhores resultados. As
deflexões são baixas e os raios de curvatura elevados. Assim, o emprego do “rachão
de entulho” no subleito melhorou as condições de compactação.
Para cada segmento homogêneo, foram calculadas as deflexões características do
eixo, faixa esquerda e faixa direita. A deflexão característica é calculada pela
expressão (18):
Sdd
médio
ticacaracterís
+=
0
(18)
154
onde:
d
característica
: deflexão característica do segmento homogêneo, em [10
-2
mm];
d
0 médio
: deflexão máxima média do segmento homogêneo, em [10
-2
mm];
S: desvio padrão.
No caso do pavimento da USP Leste, a deflexão característica de cada segmento
homogêneo deveria ser menor que a calculada por método teórico utilizando-se o
programa computacional ELSYM5, durante o dimensionamento. Foi analisada a
estrutura de pavimento da seção-tipo 3, utilizando-se os módulos apresentados na
Tabela 4.6, e verificou-se uma deflexão máxima d
0
de 65x10
-2
mm (d
projeto
) e um raio
de curvatura de 189 metros.
Para conferir se os valores de deflexão característica atendiam ao recomendado pelos
órgãos rodoviários, foram calculadas as deflexões máximas admissíveis pelo modelo
do método DNER PRO 011/79 (DNER, 1979) apresentada na expressão (19).
Nd
adm
log176,001,3log =
(19)
onde:
d
adm
: deflexão máxima admissível medida sobre a camada de revestimento, em
[10
-2
mm];
N: número de solicitações do eixo padrão de 8,2 toneladas durante o período de
projeto.
Para o cálculo das deflexões admissíveis foi utilizado um N igual a 10
6
. Os
resultados obtidos são apresentados na Tabela 5.38.
155
Tabela 5.38: Valores de d
0 médio
, d
característica
, d
projeto
e d
adm
calculadas pelo método
DNER PRO 011/79 (DNER, 1979)
Deflexões [x10
-2
mm]
Segmento
homogêneo
Faixa
d
0 médio
d
característica
d
projeto
PRO 011
d
adm
esquerda 46 54
eixo 43 52
1
direita 50 65
65 90
esquerda 49 56
eixo 50 54
2
direita 50 60
65 90
esquerda 64 74
eixo 56 68
3
direita 58 70
65 90
esquerda 46 58
eixo 38 47
4
direita 39 48
65 90
Pelos resultados apresentados é possível verificar que todos os segmentos
homogêneos tiveram deflexões características menores que as deflexões admissíveis
calculadas pelo método DNER PRO 011/79 (DNER, 1979). Entretanto, o segmento
homogêneo 3 não teve deflexões características abaixo das deflexões esperadas pelo
projeto. Este fato reforça que as camadas de base e sub-base com agregado reciclado
no segmento homogêneo 3 não tiveram uma compactação eficiente.
A Figura 5.24 apresenta uma comparação das bacias de deflexão médias medidas no
eixo durante o 2º levantamento deflectométrico, para os segmentos homogêneos 1 e
2.
156
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões medidas [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 1 Eixo - segmento homogêneo 2
Figura 5.24: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 1 e 2
Pela Figura 5.24 observa-se que as bacias de deflexão médias medidas no eixo,
indicaram uma diferença entre os segmentos 1 e 2. O subleito apresenta-se mais
resistente no eixo, o que influenciou na queda da deflexão máxima (d
0
). Não foi
encontrada uma explicação para este fato nos relatórios de controle tecnológico da
obra. Não se sabe se houve troca de solo no segmento homogêneo 1 para viabilizar o
acesso à obra dos caminhões, uma vez que este trecho tem início nas proximidades
da portaria (Portão 2), um local baixo perto de um canal de água.
Na Figura 5.25 são apresentadas as bacias de deflexão médias medidas no eixo para
os segmentos homogêneos 2 e 3.
157
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões medidas [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 2 Eixo - segmento homogêneo 3
Figura 5.25: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 2 e 3
Comparando as bacias das seções-tipo 2 e 3, as deflexões e os raios de curvatura são
diferentes, sendo a deflexão máxima maior e o raio de curvatura menor na seção 3.
Este fato reforça que o desempenho do agregado reciclado depende de uma
compactação eficiente.
A Figura 5.26 ilustra as bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos 3 e 4 (seção-tipo 3 e seção-tipo 4).
158
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões medidas [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 3 Eixo - segmento homogêneo 4
Figura 5.26: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 3 e 4
É possível verificar uma grande diferença entre as bacias de deflexão média do
segmento homogêneo 3 e do segmento homogêneo 4. Apesar de terem a mesmas
camadas de reforço de subleito, sub-base, base e reforço de subleito, a presença do
“rachão de entulho” sobre o subleito melhorou muito a resposta da estrutura quanto à
deformabilidade, reduzindo a deflexão e aumentando o raio de curvatura.
A Figura 5.27 faz uma comparação entre as bacias de deflexão médias dos
segmentos homogêneos 1, 2 e 4.
159
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões medidas [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 1 Eixo - segmento homogêneo 2 Eixo - segmento homogêneo 4
Figura 5.27: Análise das bacias de deflexão médias medidas no eixo para os
segmentos homogêneos 1, 2 e 4
Observando a Figura 5.27 é possível verificar que as bacias dos segmentos
homogêneos 1, 2 e 4 apresentam a mesma forma, tanto que os raios de curvatura são
altos e próximos: 206m, 195m e 224m, respectivamente. Este fato indica o
comportamento similar da camada de base nestes três segmentos. A menor deflexão
máxima é a do segmento homogêneo 4, correspondente a seção-tipo com “rachão de
entulho” sobre o subleito. Por meios destes resultados é possível concluir que o
emprego do “rachão de entulho” melhorou a resposta da estrutura quando submetida
ao carregamento.
Da mesma forma, como citado anteriormente, as pequenas diferenças entre as
deflexões nos segmentos homogêneos 1 e 2 são em conseqüência da alteração na
capacidade de suporte do subleito.
5.5 Discussão sobre o comportamento em campo
São apresentados os resultados obtidos com as retroanálises das bacias de deflexão
medidas por meio do programa computacional ELSYM5. Cada bacia de deflexão
medida no eixo do pavimento do sistema viário da USP Leste foi retroanalisada.
160
Da Figura 5.28 a Figura 5.31 são apresentadas a média das bacias de deflexão
medidas no eixo do pavimento e a média das bacias de deflexão calculadas por
retroanálise.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 1 Eixo - segmento homogêneo 1 - retroanálise
Figura 5.28: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média das
bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 2 Eixo - segmento homogêneo 2 - retroanálise
Figura 5.29: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 2
161
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 3 Eixo - segmento homogêneo 3 - retroanálise
Figura 5.30: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 20 40 60 80 100 120
Distância [cm]
Deflexões [x10
-2
mm]
Eixo - segmento homogêneo 4 Eixo - segmento homogêneo 4 - retroanálise
Figura 5.31: Análise da média das bacias de deflexão medidas no eixo e da média
das bacias de deflexão calculadas por retroanálise para o segmento homogêneo 4
Pelas figuras apresentadas é possível verificar que na média as bacias de deflexão
calculadas por retroanálise ficaram semelhantes às bacias medidas em campo. Com
relação aos módulos de resiliência, a Tabela 5.39 apresenta os valores obtidos para
cada camada dos quatro segmentos homogêneos analisados (quatro seções-tipo).
162
Tabela 5.39: Módulos de resiliência das camadas dos quatro segmentos analisados
determinados por retroanálise das bacias de deflexão medidas no eixo do pavimento
Detalhe da
seção-tipo
Segmento
homogêneo
Camada
M
R
[MPa]
Desvio
padrão
[MPa]
Coef.
de
variação
[%]
revestimento 3000 306 10
base 336 39 12
sub-base 316 50 16
reforço de
subleito
201 34 17
20 15 10 10
1
subleito 156 27 17
revestimento 3056 167 5
base 333 35 11
sub-base 294 46 16
reforço de
subleito
177 33 19
20 15 10 10
2
subleito 114 24 21
revestimento 2579 473 18
base 255 71 28
sub-base 238 78 33
reforço de
subleito
176 54 31
20 15 1015
3
subleito 127 38 30
revestimento 2629 499 19
base 336 73 22
sub-base 314 61 19
reforço de
subleito
212 26 12
20 15 15 10
4
subleito 193 24 12
163
O módulo de resiliência do concreto asfáltico apresentou diferenças ao longo dos
segmentos, em função do asfalto-borracha utilizado ser fornecido por diferentes
companhias: os segmentos homogêneos 1 e 2 receberam asfalto-borracha da Greca
Distribuidora de Asfalto Ltda. e as seções-tipo 3 e 4 da Petrobras Distribuidora S.A.
Pela retroanálise, verificou-se que para os segmentos homogêneos 1 e 2 os valores
encontrados de módulo de resiliência para a brita graduada simples e para o agregado
reciclado na camada de base são de 336MPa e 333MPa, respectivamente. Este fato
indica que o comportamento da brita graduada simples (segmento homogêneo 1) e
do agregado reciclado (segmento homogêneo 2) são similares em campo. As
camadas de sub-base de agregado reciclado para estes dois segmentos apresentaram
valores também similares: 316MPa (segmento homogêneo 1) e 294MPa (segmento
homogêneo 2). Os coeficientes de variação dos módulos das camadas de base e sub-
base destes dois segmentos são muitos semelhantes (cerca de 12% para a base e 16%
para a sub-base). O reforço de subleito composto por solo laterítico e o subleito dos
segmentos homogêneos 1 e 2 tiveram módulos de resiliência altos, em relação ao
esperado. Acredita-se que isto ocorreu em função ou do período de estiagem quando
feito o levantamento deflectométrico ou que foi executada uma espessura maior de
solo selecionado para o reforço de subleito que aquela de projeto. Pode ser ainda que
tenha ocorrido durante a obra contaminação do subleito com o solo do subleito, o que
implicou em uma melhora na resposta da estrutura.
Quanto ao segmento homogêneo 3, em conseqüência da compactação deficiente, o
módulo de resiliência encontrado foi mais baixo. A camada de base ficou com
255MPa e a sub-base com 177MPa. Acredita-se que se a compactação tivesse sido
intensificada, acarretaria em uma redução nos valores de deformabilidade da
estrutura. O reforço do subleito e o subleito apresentaram módulos elevados, em
função do período de seca em que foi feito o ensaio com o FWD ou que a espessura
de reforço de subleito esteja maior que a especificada no projeto.
No segmento homogêneo 4, o módulo de resiliência do agregado reciclado na
camada de base ficou igual ao da brita graduada simples na base da seção-tipo 1, ou
164
seja, 336MPa. A camada de sub-base também apresentou um módulo de resiliência
elevado, 314MPa. Novamente é demonstrado o excelente comportamento do
agregado reciclado, quando submetido a uma compactação eficiente. Para a camada
de reforço de subleito foi obtido um módulo alto de 212MPa. Já a analise do subleito,
fica comprometida, pois ela engloba o “rachão de entulho”, por isso um módulo de
193MPa.
Utilizando os valores apresentados na Tabela 5.39, calculou-se para cada camada do
pavimento os módulos de resiliência máximos M
R
+ (M
R
médio mais desvio padrão)
e mínimos M
R
- (M
R
médio menos desvio padrão). A Tabela 5.40 apresenta os
valores obtidos.
Tabela 5.40: Variações dos módulos de resiliência de cada camada dos quatro
segmentos homogêneos analisados determinados por retroanálise das bacias de
deflexão medidas no eixo do pavimento
Segmento homogêneo
Camada
M
R
[MPa]
1 2 3 4
M
R
+ 3306 3222 3052 3128
Revestimento
M
R
- 2694 2889 2106 2130
M
R
+ 374 369 327 410
Base
M
R
- 297 298 184 263
M
R
+ 366 341 316 375
Sub-base
M
R
- 266 248 159 254
M
R
+ 235 210 230 239
Reforço de
subleito
M
R
- 167 144 122 186
M
R
+ 183 138 165 217
Subleito
M
R
- 129 90 89 169
Observando os resultados apresentados na Tabela 5.40, é possível verificar que as
variações nos módulos de resiliência na camada de base dos segmentos 1 e 2 são
praticamente iguais. Assim, o agregado reciclado e a brita graduada simples
apresentam comportamento mecânico similares. Os módulos de resiliência maiores
do agregado reciclado na camada de base foram observados no segmento homogêneo
165
4 e os menores no segmento homogêneo 3, em função da melhora da resposta da
estrutura com aplicação do “rachão de entulho” e da compactação deficiente no
segmento homogêneo 3.
166
6. CONCLUSÕES, RECOMENDAÇÕES E SUGESTÕES
São realizadas discussões e tecidas conclusões a partir dos resultados laboratoriais,
observações e dados de campo, bem como da retroanálise das bacias de deflexão,
procurando avaliar a aplicabilidade dos agregados reciclados de RCD como material
de pavimentação e a possibilidade de inferência de comportamento de campo por
meio dos ensaios de laboratório. É analisada a aplicabilidade da especificação
brasileira de uso do agregado reciclado em pavimentação, enfocado os pontos
essenciais para a avaliação do material e controle de obra, bem como sugerindo
alterações ou complementações.
Por meio do estudo laboratorial com o agregado reciclado de Santo André, verificou-
se que este é um material do tipo misto. A análise da natureza dos materiais
constituintes da fração graúda da amostra indicou como materiais predominantes os
cimentícios, com 55,3% (concretos e argamassas), e cerâmicos (telhas, tijolos, pisos
e azulejos) com 29,4%. Foi identificada ainda a presença de 1,6% em massa de
materiais indesejáveis de diferentes origens, estando de acordo com a NBR 15115
(ABNT, 2004). Muitos ensaios mostraram que a composição do agregado reciclado é
um aspecto muito importante no seu emprego, pois influencia diretamente suas
propriedades físicas. A predominância de materiais cimentícios, participando com
mais de 50% do total, tem sido verificada por vários autores que trabalharam com os
materiais reciclados da cidade de São Paulo.
A análise da massa específica dos grãos retidos na peneira 4,8mm apresentou
resultados muito variáveis de acordo com a natureza dos materiais. Os materiais de
natureza cimentícia apresentam massa específica dos grãos de 2,75g/cm
3
e aqueles
de natureza cerâmica resultaram em 2,55g/cm
3
(telhas e tijolos) e 2,50g/cm
3
(pisos e
azulejos). A massa específica dos agregados retidos na peneira de 4,8mm foi de
2,69g/cm
3
, obtida por média ponderada. Os grãos passantes na peneira 4,8mm
apresentaram uma massa específica maior, 2,74g/cm
3
, em conseqüência da redução
da porosidade pela britagem ou quebra nesta fração mais fina.
167
A absorção de água dos grãos retidos na peneira 4,8mm também depende muito da
natureza dos materiais, de forma similar à massa específica dos grãos desta mesma
fração. Verificou-se que os materiais cerâmicos, como telhas e tijolos, apresentam
uma absorção elevada, de aproximadamente 20,7%. Os materiais cerâmicos com
revestimentos impermeabilizantes, como pisos e azulejos, já apresentam absorção de
11,1%. Os cimentícios apresentam-se com absorção de 11,5%, mostrando ainda
porosidade, porém inferior aos cerâmicos de telhas e tijolos. Para as britas, foram
observadas absorções médias de 3,8%, mostrando valores próximos aos obtidos
normalmente com gnaisse ou granito britado, acrescido de pequena quantidade de
argamassa cimentícia, que eleva um pouco a porosidade do conjunto. Assim, fica
claro que quanto maior a concentração de materiais cerâmicos muito porosos, como
telhas e tijolos, maior será a absorção do conjunto agregado reciclado, e menor a
massa específica dos grãos. Estes resultados interferem diretamente na compactação.
A natureza dos materiais afeta ainda a forma dos agregados. De acordo com o estudo
em laboratório, o agregado reciclado de Santo André apresentava antes da
compactação 38,8% de grãos lamelares. A análise, considerando a natureza dos
materiais, indicou que 79,5% dos grãos lamelares são materiais cerâmicos (telhas,
tijolos, pisos e azulejos). Já 55,7% dos grãos com forma cúbica são compostos em
sua grande maioria por materiais cimentícios (63,4% do total desta natureza). Assim,
quanto maior a concentração de materiais cerâmicos, maior é a tendência do
agregado reciclado em apresentar grãos com forma lamelar; quanto maior a
concentração de materiais cimentícios, maior é a tendência do agregado reciclado em
apresentar grãos com forma cúbica. Esta característica é essencial para entendimento
do arranjo dos grãos e do volume de vazios que este material apresentará em campo,
após a compactação. O comportamento do material compactado é muito afetado
pelas características deste arranjo, decorrente da forma e natureza dos constituintes.
Outro aspecto considerado neste trabalho foi o efeito da energia de compactação nas
propriedades físicas e mecânicas do agregado reciclado. Em laboratório foi
verificado que a graduação do material é alterada com a compactação, e depende
ainda da energia aplicada. Após a compactação na energia intermediária, o material
168
sofre quebras expressivas; com a energia modificada estas quebras continuam
ocorrendo. As frações que sofreram maiores modificações foram aquelas entre as
peneiras 25,0mm e 19,0mm, após o emprego da energia modificada. Com o aumento
de energia intensificou-se a quebra mais significativa em peso dos agregados
graúdos, com produção de agregados de menor dimensão e finos. A maior
porcentagem de finos passantes da peneira 0,075mm pode ser proveniente de todas
as frações, que por atrito durante a compactação, mostram desprendimento desses
finos. Em campo foi também verificada a modificação na graduação após a
compactação. Os agregados reciclados fornecidos pela usina de Santo André
apresentavam diferentes distribuições granulométricas iniciais. Contudo, observou-se
que após a compactação em campo, os materiais tiveram uma tendência a tornarem-
se com distribuições granulométricas mais similares. Ou seja, o emprego de materiais
que não são originalmente bem graduados leva a quebras significativas provocadas
pelo menor entrosamento inicial, até chegarem a uma tendência à estabilização das
rupturas dos agregados, por aumento da resistência ao cisalhamento do material
obtido pela compactação. Assim, a compactação leva a uma produção maior de
agregados de menor dimensão e de finos, tornando o material com tendência a ser
mais bem graduado. Desta forma, a seleção ou recusa do material baseado
essencialmente na granulometria original pode ser um critério equivocado.
Evidentemente há de se limitar certas frações e distribuições que levariam a
dificuldades de compactação e comportamento não adequado como material de
pavimentação, porém deve-se estar atento às alterações granulométricas após a
compactação.
O estudo em laboratório da influência da energia de compactação na forma do
agregado mostrou que as principais alterações devem ocorrer já nos primeiros
golpes. Após o emprego da energia intermediária, a porcentagem de grãos com
forma cúbica aumentou (de 55,7% para 68,0%) e de grãos lamelares diminui (de
38,8% para 29,0%). Com o emprego da energia modificada não foram observadas
diferenças consideráveis em relação ao uso da energia intermediária.
169
Estes fatos apresentados nos dois últimos parágrafos ilustram e esclarecem a
importância de se controlar as propriedades físicas do material após a sua
compactação. Inicialmente o agregado reciclado pode não estar de acordo com a
especificação ou norma. Contudo após a sua compactação e a ocorrência das
quebras, o material se transforma e pode passar a atendê-la, e vice-versa.
Os resultados obtidos com o programa experimental em laboratório e no campo
indicaram a grande influência e importância da energia de compactação nas
propriedades mecânicas do agregado reciclado. Por meio dos ensaios de
compactação realizados em laboratório com o agregado reciclado de Santo André,
foram obtidas curvas com o formato típico de sino. De acordo com a bibliografia
consultada, é difícil obter uma curva de compactação típica para agregados
reciclados. As umidades ótimas encontradas e pesos específicos aparentes secos
máximos foram de 14,6% e 17,6 kN/m
3
, e 13,5% e 18,2 kN/m
3
para as energias
intermediária e modificada, respectivamente. Estes valores estão próximos ao
verificado na literatura revisada para agregados mistos e ao obtido pela empresa
fiscalizadora da obra para as diferentes amostras de agregados reciclados
empregados em campo.
Por meio do controle de compactação em campo verificou-se que para as camadas
executadas com agregado reciclado a variação de umidade de campo não ficou
dentro dos limites da NBR 15115 (ABNT, 2004). Entretanto, este controle da
umidade é questionável, já que a energia de compactação proporciona uma quebra no
material, aumentando a quantidade de partículas mais finas e a superfície específica,
fazendo com que o material demande mais água para continuar o processo de
compactação. Além disso, apesar de ter sido atingido o grau de compactação de
100% para a camada de base com agregado reciclado, ficou claro pelo levantamento
deflectométrico que a compactação foi deficiente em alguns locais. Este fato reforça
que métodos de controle normalmente utilizados para materiais convencionais não
são satisfatórios e/ou suficientes para o agregado reciclado de resíduo sólido da
construção civil. Assim, para um material com grande variabilidade de natureza e de
graduação original, a umidade e o peso específico aparente seco controlados em
170
campo devem ser considerados meramente parâmetros indicativos, não limitantes,
sendo importante e essencial a avaliação estrutural da camada do pavimento
compactada. O grau de compactação e a umidade de campo não são propriedades
índices e suficientes para inferência do comportamento do material em campo.
Foi possível observar a influência da energia de compactação nos ensaios de índice
de suporte Califórnia. Houve um aumento considerável deste indicador de resistência
com o aumento da energia empregada: o agregado reciclado de Santo André
apresentou 73% para a energia intermediária e 117% para a energia modificada.
Apesar dos resultados terem sido dispersivos (coeficiente de variação de 19% e
22%), Pinto (1964) observou coeficientes de variação entre 6,0% e 33,9% para
materiais convencionais (solos e misturas granulares). Assim, o agregado reciclado
está dentro desta faixa de variação. Novamente neste quesito, o ISC é apenas um
indicativo de resistência e deve ser utilizado para estabelecer mínimos requeridos.
Valores abaixo do especificado não podem indicar a presença excessiva de finos ou
de finos expansivos. Porém, não se pode hierarquizar diretamente e simplesmente
pelo ISC os materiais reciclados que apresentem ISC acima do mínimo requerido. A
presença de agregados de grandes dimensões, com 50mm de diâmetro equivalente,
por exemplo, pode induzir a valores de ISC elevados pela forma como é conduzido o
ensaio, não refletindo propriamente que materiais com maiores ISC apresentarão
menor deformabilidade ou maior rigidez, comparativamente a materiais com
menores ISC, mas acima do mínimo.
Os ensaios de índice de suporte Califórnia realizados no controle tecnológico dos
materiais de campo mostraram que algumas amostras de agregado reciclado não
tiveram índice de suporte Califórnia de 60%, valor indicado para serem empregados
em camada de base, de acordo com a NBR 15115 (ABNT, 2004). Este fato pode ser
explicado em função da presença de solo nos agregados reciclados provenientes de
São Bernardo do Campo, com mais de 35% de materiais passantes na peneira
0,42mm.
171
A realização do ensaio com o DCP iniciando a partir de diferentes camadas do
pavimento permitiu controlar as espessuras das mesmas. Verificou-se que as
espessuras das camadas do pavimento foram praticamente constantes ao longo do
segmento do sistema viário da USP Leste analisado. As espessuras médias
verificadas com o DCP foram próximas às espessuras projetadas. Com relação ao
índice de penetração, foi possível verificar que o DPI médio (DCP Penetration
Index) da camada de base é menor (4,62mm/golpe) do que o DPI médio da camada
de sub-base (5,53mm/golpe), embora ambas sejam constituídas de agregado
reciclado. Este fato pode ser explicado em função da compactação ter sido mais
eficiente na camada de base do que na sub-base, devido ao suporte oferecido pela
camada subjacente. A camada de reforço de subleito, composta por solo laterítico,
apresentou-se menos resistente que a camada de sub-base, pois seu DPI médio
(9,07mm/golpe) foi menor que o da camada de sub-base (5,53mm/golpe). O alto
coeficiente de variação do DPI na camada de reforço de subleito indica que a
eficiência da compactação não foi contínua ao longo da obra, pois a camada
apresentava-se mais resistente em alguns locais, e menos resistente em outros, devido
principalmente à capacidade de suporte do subleito, muito variável. O subleito do
trecho com a seção-tipo 4 (Figura 3.2) foi analisado no estado natural, antes de
receber o “rachão de entulho”, e apresentou um DPI médio muito elevado
(115,22mm/golpe), denotando a baixíssima capacidade de suporte do solo de
fundação. No entanto, a escassez de locais ensaiados não permite garantir uma boa
avaliação da heterogeneidade do solo ao longo de toda a extensão. O DCP é um
ensaio que deveria ser empregado para a avaliação de subleitos e mesmo de camadas
de solo, tanto para projeto como para controle.
Com relação ao índice de suporte Califórnia mínimo obtido pela correlação com o
DPI do método USACE (1992), o agregado reciclado não atingiu valor maior que
60% na camada de base (52%). Este trecho, onde foram realizados os levantamentos
sobre a camada de base, corresponde ao segmento homogêneo 3, que teve uma
compactação deficiente, como constatado pelo levantamento deflectométrico.
Embora não se tenha feito uma programação de ensaios para relacionar o ISC com o
DPI, os resultados observados mostram que o desenvolvimento de correlações do
172
ISC com DPI pode levar a bons resultados para o controle de compactação em
campo. A introdução de controle de deflectométrico ou de rigidez não destrutivo
seria o mais indicado pela facilidade de realização de uma bateria de ensaios e da
correlação direta com o comportamento. Acredita-se que a introdução no Brasil de
ensaios do tipo LWD (Light Weight Deflectometer) seja indicada para este material.
O levantamento deflectométrico feito com o equipamento FWD sobre a camada de
rolamento com concreto asfáltico, permitiu verificar que a bacia de deflexão obtida
para o trecho com brita graduada simples na camada de base (segmento homogêneo
1) ficou semelhante à bacia obtida para o segmento com agregado reciclado
(segmento homogêneo 2) como material de base. Os raios de curvatura encontrados
para os dois trechos reforçam que o desempenho do agregado reciclado é similar ao
material convencional, no caso a brita graduada simples. Com a retroanálise foi
possível verificar que os valores de módulo de resiliência obtidos para a brita
graduada simples (segmento homogêneo 1) e para o agregado reciclado (segmento
homogêneo 2) na camada de base foram praticamente idênticos, de 336MPa e
333MPa, respectivamente.
No terceiro segmento (segmento homogêneo 3), onde a compactação do agregado
reciclado foi menos eficiente, foi observada uma deflexão mais elevada e uma
redução no raio de curvatura. O módulo de resiliência obtido por retroanálise para o
agregado reciclado na camada de base nestas condições de estado foi de 255MPa.
Acrescente-se que neste trecho há locais onde o material de base continha mais finos
que os demais. Este fato pode ter levado à redução da eficiência da compactação e de
módulo de resiliência.
O quarto segmento (segmento homogêneo 4) apresentou a bacia média com os
menores valores de deflexão. Apesar do pavimento da seção-tipo 4 ter a mesma
estrutura da seção-tipo 3, a presença do “rachão de entulho” sobre o subleito de solo
mole reduziu a deformabilidade das camadas. O “rachão de entulho” possibilitou
uma melhor compactação das camadas de reforço de subleito, e por conseqüência as
de sub-base e de base. O módulo de resiliência do agregado reciclado na camada de
173
base foi igual ao da brita graduada simples no segmento homogêneo 1, de 336MPa.
A intensificação da compactação resultou em uma redução nos valores de
deformabilidade da estrutura como um todo.
Em laboratório, os ensaios de módulo de resiliência apresentaram uma melhora no
comportamento do agregado reciclado de Santo André com a compactação na
energia modificada. O módulo de resiliência para a energia intermediária variou de
160 a 440MPa, e para a energia modificada, ficou entre 200 a 500MPa, de acordo
com o estado de tensões durante o ensaio. Observou-se ainda que apesar do agregado
reciclado estudado em laboratório nesta pesquisa apresentar coesão, devido à
presença de finos e de uma possível cimentação entre as partículas pela presença de
atividade pozolânica, o módulo de resiliência é ainda bastante dependente da tensão
de confinamento. Este fato demonstra que a coesão é um fator que colabora na
resistência deste material, mas não prepondera na resistência ao cisalhamento. Os
resultados de módulo de resiliência obtidos em laboratório foram muito similares aos
valores obtidos em campo pela retroanálise das bacias de deflexão, nas condições de
estado de compactação e de tensões aplicadas. No caso de agregados reciclados de
RCD, os ensaios laboratoriais predizem com bastante fidelidade o comportamento
em campo.
Os ensaios triaxiais com cargas repetidas conduzidos em laboratório indicaram uma
influência da energia de compactação na resistência à deformação permanente do
agregado reciclado. Para um mesmo estado de tensões (σ
d
/σ
3
= 6,0), observou-se
uma maior resistência à deformação permanente para o agregado reciclado
compactado na energia modificada. Quando submetido a diferentes estados de
tensões, o agregado reciclado compactado na energia modificada apresentou menores
deformações permanentes para relações σ
d
/σ
3
menores, como era de se esperar. Com
relação à brita graduada na mesma granulometria obtida após a compactação do
agregado reciclado, verificou-se uma deformação maior na brita, para o nível de
tensões σ
d
/σ
3
= 2,0. Quando comparado com outros materiais disponíveis na
literatura, como laterita e brita na faixa A do DNER, o agregado reciclado apresentou
deformação permanente inferior, mesmo quando submetido a um nível de tensões
174
mais elevado. Este fato pode ser explicado em função da coesão e pelo elevado
ângulo de atrito, devido à elevada abrasão superficial destes grãos combinada ao
entrosamento entre os agregados de diferentes dimensões após quebra, contribuindo
para o aumento da resistência à deformação permanente. Observe-se que passa a ser
essencial nos resultados de deformação permanente a natureza, a forma dos
agregados, o arranjo dos grãos e a própria distribuição granulométrica após quebra
pela compactação, neste caso importantíssimo aspecto para as propriedades
mecânicas dos agregados reciclados. Todos os estudos indicam a necessidade de
compactação na energia modificada dos agregados reciclados, o que deveria ser
considerado em uma futura revisão da NBR 15115 (ABNT, 2004).
Ao aplicar a teoria do shakedown foi possível verificar que a maioria dos corpos-de-
prova apresentou uma resposta intermediária, estando no limite B. Durante os
primeiros ciclos de carregamento a deformação permanente é elevada, mas decresce
com as sucessivas aplicações de carga, até ter um aumento constante. Apenas um
corpo-de-prova apresentou uma resposta elástica, estando no limite A do shakedown
(σ
d
/σ
3
= 2,0), enquanto um corpo-de-prova teve um comportamento intermediário
entre nível B e C (σ
d
/σ
3
= 6,7) onde poderia ter ocorrido a ruptura, caso o ensaio
fosse levado a um número maior de ciclos. A estabilização de comportamento à
deformação permanente, caracterizada pelo estado A, pode ser alcançada limitando-
se o estado de tensões – ou seja, empregando este material em camadas de sub-base
ou ainda subjacentes – ou aumentando-se a energia de compactação.
Recomendações:
Com relação ao dimensionamento de estruturas com agregados reciclados, o índice
de suporte Califórnia não é o melhor parâmetro para ser utilizado. Seus valores são
muito variáveis, principalmente quando o material contém grande quantidade da
fração pedregulho. Contudo, o ISC é um ensaio muito difundido no meio rodoviário,
o que colabora para o emprego do agregado reciclado em pavimentos. Assim,
paralelo à determinação do ISC, é interessante sempre determinar o módulo de
resiliência do material e fazer uma análise mecanicista por método teórico.
175
A variabilidade dos agregados reciclados é uma questão que muitas vezes dificulta o
seu emprego em camadas de pavimentos. No entanto, esta pesquisa mostrou que
mesmo este material tendo grande potencial de variação nas suas propriedades
físicas, controlando a execução é possível ter um pavimento com bom desempenho.
É indispensável o uso de energia modificada.
As normas e as especificações para uso de agregado reciclado em camada de
pavimentos devem compreender a determinação da composição do agregado
reciclado. Este fator é importante, pois permite estimar propriedades físicas do
material, como por exemplo, se apresentará maior índice de vazios ou se terá
tendência a apresentar partículas lamelares. Além disso, as propriedades físicas do
agregado reciclado devem ser controladas após a compactação. Os responsáveis pela
fiscalização devem estar sempre atentos à suscetibilidade de alterações dos
agregados reciclados com a compactação. A repetibilidade de ensaios do controle
tecnológico deve ser respeitada, caso contrário não é possível controlar um material
neste nível de potencial de variabilidade.
Como constatado também por Molenaar e van Niekerk (2002), o comportamento
mecânico da estrutura depende diretamente da compactação eficiente do agregado
reciclado. Ainda que a graduação e a composição muitas vezes sejam parâmetros de
difícil controle, a compactação eficiente é possível de ser realizada e fiscalizada a um
custo baixo. A compactação eficiente deve ser um aspecto de fundamental
importância no controle tecnológico, pois as quebras devem ocorrer durante o
processo construtivo e não ao longo da vida útil do pavimento.
Como o controle de compactação em campo por métodos tradicionais como o frasco
de areia, pode não se apresentar satisfatório para agregados reciclados, é importante
controlar a deformabilidade da estrutura. Pode ser empregado o LWD, ou a viga
Benkelman ou ainda o FWD. Outro método de controle indicado é o DCP para
estimar o índice de suporte Califórnia em campo, já que este parâmetro é utilizado no
projeto de camadas de pavimentos com agregados reciclados. De acordo com a
literatura revisada, o modelo de correlação do USACE (1992) é empregado para
176
diferentes materiais, no entanto, é importante desenvolver pesquisas para determinar
modelos mais apropriados para agregados reciclados.
Pelos resultados de módulo de resiliência observados em laboratório neste trabalho,
na literatura revisada e pelo obtido por retroanálise, o módulo de resiliência de
agregados reciclados do tipo misto está em torno de 200MPa a 300MPa. Este valor
de módulo é comumente encontrado para britas graduadas simples. No entanto, um
fato preocupante é a deformação permanente deste material. Neste trabalho
verificou-se que não houve uma estabilização da deformação permanente com o
tempo, apesar de apresentar uma tendência a um aumento pequeno e constante.
Assim, para emprego em camada de base, o tráfego deve ser conhecido e é
aconselhável a verificação da deformação permanente para as condições em campo.
Para uso em camadas de sub-base, o agregado reciclado é uma boa alternativa,
garantindo uma redução da deformabilidade da estrutura quando bem compactado.
Sugestões para trabalhos futuros:
Continuar o monitoramento e a avaliação estrutural do pavimento da USP
Leste ao longo do tempo;
Verificar a influência do aumento da concentração de materiais cerâmicos
(telhas, tijolos, pisos e azulejos) nas propriedades mecânicas do agregado
reciclado;
Verificar a influência da redução da dimensão característica máxima do
agregado reciclado;
Continuar o estudo da deformação permanente de agregados reciclados,
verificando se ocorre quebra de partículas (alterações na granulometria) com
o aumento do nível de tensões e do número de repetições do carregamento;
Analisar a deformação permanente utilizando a teoria do shakedown
submetendo os corpos-de-prova a repetições de carregamento maiores;
Definição de controles tecnológicos de materiais e de execução mais
adequados para a construção de vias com agregados reciclados.
177
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ANEXOS
Croqui USP Leste
0,200km
0,100km
0,000km
Desenho:
Fabiana Leite
Escala:
Sem escala
Croqui do sistema viário
Título:
01/03
Campus da USP Leste
Folha:
Local:
Croqui USP Leste
Desenho:
Fabiana Leite
Escala:
Sem escala
Croqui do sistema viário
Título:
02/03
Campus da USP Leste
Folha:
Local:
0,300km
0,400km
0,500km
0,600km
Croqui USP Leste
Base e Sub-base de agregado reciclado + Reforço de suleito de solo
laterítico + "Rachão de entulho" sobre subleito
Seção-tipo 3 / caso 3
Base de agregado reciclado + Sub-base de agregado reciclado +
Reforço de subleito com solo laterítico + subleito natural
Seção-tipo 2 / caso 2.2
Legenda
Desenho:
Fabiana Leite
Escala:
Sem escala
Croqui do sistema viário
Título:
03/03
Campus da USP Leste
Folha:
Local:
E
d
i
f
í
c
i
o
1
N
A
v
e
n
i
d
a
p
a
r
a
l
e
l
a
a
R
o
d
o
v
i
a
A
i
r
t
o
n
S
e
n
n
a
700 m
800 m
900 m
1000 m
Borda
Direita
Borda
Esquerda
Levantamento deflectométrico
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
[km]
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
0,000 64 48 37 26 14 9 5 71 48 35 23 14 9 7 59 45 36 28 18 13 9
0,010 -------433021151088-------
0,020 44 30 23 17 13 9 5 45 31 22 15 10 8 8 37 28 23 18 12 8 8
0,030 43 28 19 13 9 6 3 31 22 17 13 8 6 6 34 23 18 13 8 7 6
0,040 56 36 25 17 11 7 3 37 27 20 14 9 7 6 41 29 22 15 9 7 5
0,050 45 31 23 16 9 6 3 40 29 21 13 8 6 5 40 31 24 17 11 8 6
0,060 47 34 25 18 11 7 4 35 25 19 14 9 6 6 51 40 32 24 16 12 10
0,070 48 32 24 15 10 6 3 49 35 26 19 14 11 10 50 36 29 21 14 11 9
0,080 45 32 25 18 13 9 5 46 34 26 19 14 10 9 45 34 28 20 13 9 7
0,090 53 37 27 18 11 8 4 43 31 23 16 10 7 7 46 35 27 20 13 9 7
0,100 49 37 29 22 14 7 5 50 36 25 17 10 8 6 44 32 26 19 12 9 7
0,110 40 29 22 15 10 7 3 52 36 26 18 11 8 7 44 33 26 19 13 10 8
0,120 45 30 22 15 11 7 4 38 26 20 15 10 9 8 41 32 26 20 15 11 10
0,130 34 24 18 14 10 8 4 36 25 20 15 10 9 8 46 36 30 23 17 13 11
0,140 36 24 18 14 11 8 4 34 26 21 17 12 10 9 56 44 37 28 20 16 13
0,150 43 31 24 18 13 9 4 40 28 23 17 13 11 10 49 39 34 27 21 16 14
0,160 493425191410 5 3426221814121064514233241815
0,170 563930231712 6 5138332618151342332823171311
0,180 392925191511 5 53383225201613322422181311 9
0,190 43 30 24 17 12 8 4 46 35 29 22 16 14 11 37 29 24 18 13 10 9
0,200 46 34 26 18 11 8 4 46 29 22 15 11 9 7 50 38 31 23 15 11 9
0,210 493629231612 6 46363024171412413125181210 8
0,220 58 42 33 25 18 12 6 49 35 28 21 15 11 9 46 36 30 22 16 12 10
0,230 493628231712 6 5340322518141175594937261813
0,240 564437302315 8 5845372820151377604835241713
0,340 765543322212 7 6551423222161150383226191411
0,350 - - - - - - - 383024191410 9 - - - - - - -
0,360 644636271810 6 5238302317131059463930211511
Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões existentes [0,01mm]
Faixa Esquerda Faixa Direita
Deflexões existentes [0,01mm]
Eixo
Levantamento deflectométrico
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
[km]
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
0,370 - - - - - - - 48352821161210 - - - - - - -
0,380 583827201410 5 5536292315131064514334231713
0,390 - - - - - - - 53403123171210 - - - - - - -
0,400 563727201510 5 47352822161311634838281812 9
0,410 - - - - - - - 513931231612 9 - - - - - - -
0,420 46 29 20 14 10 7 4 46 31 24 17 11 9 7 56 45 38 30 21 15 12
0,430 - - - - - - - 5034261812 9 8 - - - - - - -
0,440 57 40 29 20 13 8 4 63 46 36 25 16 11 9 72 52 40 30 20 14 11
0,450 - - - - - - - 704735241612 9 - - - - - - -
0,460 785236251711 7 6244332316121076594938251712
0,470 - - - - - - - 624434251611 9 - - - - - - -
0,480 835841281811 6 8358443018131092665340261813
0,490 - - - - - - - 80584533211411 - - - - - - -
0,500 62 41 29 20 13 8 5 65 45 33 22 14 10 8 61 43 34 24 14 9 7
0,510 - - - - - - - 664937261611 9 - - - - - - -
0,520 78 54 39 27 18 11 6 66 47 36 25 15 11 9 60 45 36 27 17 11 8
0,530 - - - - - - - 624838271712 9 - - - - - - -
0,540 53 30 20 13 10 7 4 71 53 42 31 20 14 11 48 37 29 22 14 9 8
0,550 - - - - - - - 63463526181310 - - - - - - -
0,560 62 45 32 21 13 9 4 49 32 24 17 13 10 9 52 38 30 22 14 12 9
0,570 - - - - - - - 5537261610 8 7 - - - - - - -
0,580 60 40 29 20 14 9 5 47 32 23 16 10 8 7 42 32 26 19 13 10 9
0,590 - - - - - - - 4833241711 9 8 - - - - - - -
0,600 53 34 24 16 10 7 3 57 41 32 24 16 11 9 47 33 25 18 12 9 7
0,610 - - - - - - - 4733241610 8 7 - - - - - - -
0,620 684939312314 8 5335251710 8 7 54403426181411
0,630 - - - - - - - 75513827181311 - - - - - - -
0,640 684936271912 6 5438302317131159433526181411
Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões existentes [0,01mm]
Faixa Esquerda Faixa Direita
Deflexões existentes [0,01mm]
Eixo
Levantamento deflectométrico
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
[km]
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
0,650 -------52362822161211-------
0,660 60 39 28 22 17 11 6 45 30 23 17 12 10 8 33 24 19 14 9 7 6
0,670 -------44271811876-------
0,680 53 30 19 12 8 6 3 47 27 17 10 7 6 6 60 39 27 17 10 8 7
0,690 -------49322113876-------
0,700 6842281811 8 4 47322315 9 7 6 493729211410 8
0,710 -------7147362617129-------
0,720 7750332111 7 434231812 8 6 5 5636261610 8 7
0,730 -------54382515975-------
0,740 48302013 8 6 3 47302214 8 6 6 49332214 9 7 6
0,750 -------47302113865-------
0,760 64372515 9 6 3 46271811 6 4 4 55312214 8 5 5
0,770 -------54322112654-------
0,780 66382313 8 5 3 45281911 6 4 4 41282114 9 6 5
0,790 -------40261811654-------
0,800 54332315 9 6 3 43261913 9 7 6 4732241610 8 6
0,810 -------43261811765-------
0,820 54322013 8 5 3 44292114 9 7 6 4331241813 9 8
0,830 -------34221510765-------
0,840 4929201410 7 4 36231710 7 6 5 3927211510 8 6
0,850 -------42261812976-------
0,860 48302013 9 6 3 34241913 8 6 5 3825201511 8 7
0,870 -------38261913865-------
0,880 46292114 9 6 3 31221612 8 6 5 372621161311 9
0,890 -------34231712865-------
0,900 58362415 8 5 325191511 8 6 5 413125191411 9
0,910 -------41272114976-------
0,920 25171410 7 5 338261913 8 6 6 3122181410 9 7
Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões existentes [0,01mm]
Faixa Esquerda Faixa Direita
Deflexões existentes [0,01mm]
Eixo
Levantamento deflectométrico
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
[km]
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
0,930 -------26181410876-------
0,940 28 23 20 16 12 8 4 22 17 13 10 8 6 6 30 22 19 15 11 9 8
0,950 -------24181511866-------
0,960 37 28 22 17 12 8 4 32 24 20 14 10 8 6 23 17 14 12 9 7 5
0,970 -------25191612976-------
0,980 43 25 16 11 8 6 3 41 25 19 12 8 6 6 47 26 17 12 7 6 5
0,990 -------422719141087-------
1,000 34251914117421131075552615129766
1,010 -------48352823171411-------
1,020 453428231818 7 3223201815131139292521171413
Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões existentes [0,01mm]
Faixa Esquerda Faixa Direita
Deflexões existentes [0,01mm]
Eixo
Retroanálise: Eixo
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
Módulos de Resiliência [MPa]
Revestimento Base Sub-base Reforço de Sub Subleito
[km]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa]
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d
120
d
0
d
20
d
30
d
45
d
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d
90
d
120
0,000
2000
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200
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200
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3000
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200
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200
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150
250
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200
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3000
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200
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100
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0,140
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100
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150
200
200
150
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3000
100
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200
200
150
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100
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250
200
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100
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90
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150
180
200
120
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200
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200
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200
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200
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250
250
200
120
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300
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150
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100
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150
300
150
180
200
120
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Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões calculadas [0,01mm]
Retroanálise: Eixo
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
Módulos de Resiliência [MPa]
Revestimento Base Sub-base Reforço de Sub Subleito
[km]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa]
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0
d
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d
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d
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d
0
d
20
d
30
d
45
d
65
d
90
d
120
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150
350
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150
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150
350
150
150
200
100
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3000
100
300
150
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180
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Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões calculadas [0,01mm]
Retroanálise: Eixo
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
Módulos de Resiliência [MPa]
Revestimento Base Sub-base Reforço de Sub Subleito
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R
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Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões calculadas [0,01mm]
Retroanálise: Eixo
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
Módulos de Resiliência [MPa]
Revestimento Base Sub-base Reforço de Sub Subleito
[km]
M
R
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M
R
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Posição Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões calculadas [0,01mm]
Retroanálise: Faixa Direita
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
Módulos de Resiliência [MPa]
Revestimento Base Sub-base Reforço de Sub Subleito
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
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[MPa] Esp.
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M
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Retroanálise: Faixa Esquerda
Data do levantamento: 27/11/2006
Rodovia: USP Leste
Módulos de Resiliência [MPa]
Revestimento Base Sub-base Reforço de Sub Subleito
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
[MPa] Esp.
[mm]
M
R
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64 43 31 22 15 9 5 62 43 32 22 15 9 6
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Segmento
homogêneo
Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões calculadas [0,01mm]
Deflexões existentes [0,01mm] Deflexões calculadas [0,01mm]
Segmento
homogêneo
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