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GISELE CESCHIM
COMPORTAMENTO INOVADOR
ENTRE CONSUMIDORES DE PRODUTOS ORGÂNICOS
Dissertação apresentada à Pontifícia
Universidade Católica do Paraná, no
Programa de s-Graduação em
Administração, Área de Concentração:
Administração Estratégica.
Orientador: Prof. Dr. Renato Zancan
Marchetti
CURITIBA
2008
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2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que colaboraram com a realização deste trabalho, em
especial:
- A PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná pelo prêmio
Marcelino Champagnat
- Ao Professor Doutor Renato Zancan Marchetti, pela orientação competente
e objetiva;
- Aos professores Doutores Heitor Kato e Paulo Prado pelas contribuições ao
longo deste trabalho;
- Aos demais professores do Mestrado e secretárias;
- Ao Doutor Moacir Darolt e Diretoria da ACOPA - Associação dos
Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná;
- A Nilsa Gramkow membro da ONG Vida Verde e sócia da Gramkow Bio;
- A professora Sônia Stertz do Programa de s-Graduação em Tecnologia
de Alimentos da UFPR;
- A Engenheira Agrônoma da Secretaria Municipal de Agricultura,
Abastecimento e Meio Ambiente de Colombo, Daniele Aurora Machioski;
- Aos participantes da pesquisa qualitativa e quantitativa, conhecidos e
desconhecidos, que acreditaram no meu trabalho e potencial;
- Aos meus colegas de trabalho;
- A minha irmã, Gislaine Ceschim, que me esperava todos os dias para
voltarmos juntas para casa, que deixava de ir aos bares após a aula porque eu
estava cansada e tinha muitos textos para ler e, que tantas vezes me cobrou por
deixar de sair com ela nas baladas, mas que sempre se mostrou compreensiva e
amiga;
- Ao meu amado, Hiran Antunes, que me apoiou em todos os momentos de
dificuldade, que sorriu comigo nos momentos de conquista e que tantas vezes
“dormiu no sofá” enquanto eu estudava e buscava a conquista dos meus sonhos;
- Aos meus pais, Gilberto Ceschim e Maria Dilvete Mottin Ceschim, que
estavam em todos os momentos ao meu lado, durante os dias e as madrugadas, me
incentivando com palavras e com “lanchinhos” para suportar as longas jornadas de
estudo.
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3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................17
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA..............................................................................17
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA...............................................21
1.3 DEFINIÇÃO DO OBJETIVO GERAL...................................................................21
1.4 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................21
1.5 APRESENTAÇÃO DAS JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA ....................22
1.5.1 Justificativa teórica........................................................................................23
1.5.2 Justificativa prática........................................................................................24
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................25
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA ..........................................................27
2.1 DIFUSÃO DE INOVAÇÕES ................................................................................27
2.1.1 Inovação..........................................................................................................29
2.1.1.1 Inovação em produtos orgânicos ..................................................................34
2.1.2 Os elementos da difusão...............................................................................36
2.1.3 O paradigma de difusão de inovações entre consumidores......................38
2.2.1 O Processo de adoção...................................................................................40
2.2.2 Classificação dos adotantes .........................................................................46
2.3 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE ADOÇÃO........................49
2.3.1 Características pessoais ...............................................................................50
2.3.2 Características psicológicas e psicográficas..............................................53
2.3.2.1 Tendência a inovar........................................................................................54
2.3.2.2 Conhecimento ...............................................................................................57
2.3.2.3 Envolvimento.................................................................................................59
2.3.2.4 Susceptibilidade à influência interpessoal.....................................................63
2.3.3 Características percebidas da inovação ......................................................71
2.3.4 Características a serem utilizadas no modelo de pesquisa .......................76
2.4 PRODUTOS ORGÂNICOS .................................................................................78
2.4.1 O mercado de produtos orgânicos...............................................................81
2.4.2 Razões de consumo e não consumo............................................................83
3 METODOLOGIA ....................................................................................................87
4
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA....................................................................87
3.1.1 Perguntas de Pesquisa..................................................................................87
3.1.2 Modelo conceitual ..........................................................................................88
3.1.3 Hipóteses de Pesquisa ..................................................................................90
3.1.3.1 Características pessoais ...............................................................................91
3.1.3.2 Características psicológicas..........................................................................92
3.1.3.3 Características percebidas da inovação........................................................93
3.1.4 Definição constitutiva e operacional das variáveis do modelo..................95
3.1.4.1 Variáveis Independentes...............................................................................95
3.1.4.2 Variável Dependente...................................................................................101
3.1.5 Definição constitutiva de termos importantes no contexto de pesquisa101
3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA.........................................................................102
3.2.1 Delineamento da pesquisa ..........................................................................102
3.2.2 População e Amostra...................................................................................103
3.2.2.1 Fase qualitativa ...........................................................................................103
3.2.1.2 Fase quantitativa .........................................................................................104
3.2.3 Desenvolvimento dos instrumentos de medida ........................................105
3.2.3.1 Fase qualitativa ...........................................................................................105
3.2.3.2 Fase quantitativa .........................................................................................107
3.2.4 Coleta dos Dados .........................................................................................108
3.2.4.1 Fase qualitativa ...........................................................................................108
3.2.4.2 Fase quantitativa .........................................................................................109
3.2.5 Tratamento dos Dados.................................................................................110
3.2.5.1 Fase qualitativa ...........................................................................................110
3.2.5.2 Fase quantitativa .........................................................................................111
4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS..........................................................112
4.1 ANÁLISE QUALITATIVA...................................................................................112
4.1.1 Caracterização geral da amostra ................................................................112
4.1.2 Características pessoais .............................................................................113
4.1.3 Características psicológicas .......................................................................115
4.1.3.1 Conhecimento – familiaridade .....................................................................115
4.1.3.1.1 Consumidores de produtos orgânicos......................................................115
4.1.3.1.2 Não consumidores de produtos orgânicos ...............................................121
4.1.3.2 Conhecimento – expertise...........................................................................123
5
4.1.3.2 Consumidores de produtos orgânicos.........................................................123
4.1.3.2 Não consumidores de produtos orgânicos ..................................................126
4.1.3.3 Envolvimento...............................................................................................129
4.1.3.4 Tendência a inovar......................................................................................132
4.1.3.4.1 Consumidores de produtos orgânicos......................................................132
4.1.3.4.2 Não consumidores de produtos orgânicos ...............................................134
4.1.3.5 Susceptibilidade a influência interpessoal...................................................136
4.1.4 Características percebidas da inovação ....................................................139
4.1.4.1 Vantagem relativa .......................................................................................139
4.1.4.2 Valor percebido ...........................................................................................140
4.1.4.3 Compatibilidade...........................................................................................141
4.1.4.4 Experimentabilidade....................................................................................143
4.4.4.5 Observabilidade ..........................................................................................143
4.4.4.5 Complexidade .............................................................................................146
4.1.5 Associação de imagens...............................................................................146
4.1.5.1 Características dos consumidores de produtos orgânicos ..........................146
4.1.5.1.1 Consumidores de produtos orgânicos......................................................146
4.1.5.1.1 Não consumidores de produtos orgânicos ...............................................152
4.1.5.2 Locais de consumo de produtos orgânicos .................................................156
4.1.5.2.1 Consumidores de produtos orgânicos......................................................156
4.1.5.2.1 Não consumidores de produtos orgânicos ...............................................159
4.1.6 Principais conclusões da etapa qualitativa ...............................................161
4.2 ANÁLISE QUANTITATIVA ................................................................................164
4.2.1 Análise descritiva.........................................................................................164
4.2.1.1 Caracterização geral da amostra ................................................................165
4.2.1.2 Características pessoais .............................................................................167
4.2.1.3 Características psicológicas........................................................................174
4.2.1.3.1 Conhecimento – familiaridade..................................................................174
4.2.1.3.2 Conhecimento – expertise........................................................................182
4.2.1.3.3 Envolvimento............................................................................................185
4.2.1.3.4 Tendência a inovar...................................................................................187
4.2.1.3.5 Susceptibilidade a influência interpessoal................................................189
4.2.1.4 Características percebidas da inovação......................................................191
4.2.1.4.1 Vantagem relativa.....................................................................................191
6
4.2.1.4.2 Valor percebido ........................................................................................192
4.2.1.4.3 Compatibilidade........................................................................................194
4.2.1.4.4 Experimentabilidade.................................................................................195
4.2.1.4.5 Observabilidade .......................................................................................196
4.2.1.5 Comportamento Inovador............................................................................197
4.2.2 Desenvolvimento das escalas.....................................................................199
4.2.2.1 Características psicológicas........................................................................201
4.2.2.1.1 Envolvimento............................................................................................201
4.2.2.1.2 Tendência a inovar...................................................................................203
4.2.2.1.3 Susceptibilidade a influência interpessoal................................................204
4.2.2.2 Características percebidas da inovação......................................................205
4.2.2.2.1 Vantagem relativa.....................................................................................206
4.2.2.2.2 Valor percebido ........................................................................................206
4.2.2.2.3 Compatibilidade........................................................................................207
4.2.2.2.4 Observabilidade .......................................................................................208
4.2.2.2.5 Experimentabilidade.................................................................................209
4.2.2.3 Comportamento Inovador............................................................................210
4.2.3 Teste de hipóteses .......................................................................................213
4.2.3.1 Características pessoais .............................................................................214
4.2.3.2 Características psicológicas........................................................................218
4.2.3.3 Características percebidas da inovação......................................................223
4.2.3.4 Resumo dos resultados da verificação das hipóteses.................................225
4.2.4 Análises complementares ...........................................................................228
4.2.4.1 Análise de regressão múltipla .....................................................................228
4.2.4.2 Tipologia de consumidores – análise de cluster..........................................232
5 DISCUSSÕES SOBRE OS RESULTADOS .......................................................240
5.1 COMPORTAMENTO INOVADOR.....................................................................240
5.2 CARACTERÍSTICAS PESSOAIS......................................................................241
5.3 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS.............................................................243
5.4 CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS DA INOVAÇÃO.......................................245
5.5 TIPOLOGIA DE CONSUMIDORES – ANÁLISE DE CLUSTER........................246
6 CONCLUSÕES ....................................................................................................249
6.1 CONCLUSÕES FINAIS.....................................................................................249
6.2 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS .........................................................................250
7
6.2 CONTRIBUIÇÕES GERENCIAIS .....................................................................251
6.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
................................................................................................................................253
7 REFERÊNCIAS....................................................................................................255
ANEXO 1: ROTEIRO PARA PESQUISA QUALITATIVA - CONSUMIDORES DE
PRODUTOS ORGÂNICOS.....................................................................................266
ANEXO 2: ROTEIRO PARA PESQUISA QUALITATIVA NÃO CONSUMIDORES
DE PRODUTOS ORGÂNICOS...............................................................................269
ANEXO 3: QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA QUANTITATIVA.........................271
ANEXO 4: CRITÉRIO BRASIL DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA ...................280
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Adoção e difusão do processo de inovação.............................................29
Figura 2 – Matriz de dimensões simbólicas x dimensões tecnológicas.....................32
Figura 3 – As principais relações da difusão entre consumidores.............................39
Figura 4 – Modelos de processo de adoção/difusão.................................................42
Figura 5 – Proposta de modificação para processo de experimentação-adoção......43
Figura 6 – Modelo de processo de inovação de Rogers ...........................................44
Figura 7 – Categorização de adotantes com base na inovatividade .........................48
Figura 8 – Inovatividade: construtos, efeitos e medidas............................................56
Figura 9 – Influências pessoais e de grupo em um indivíduo....................................66
Figura 10 – Benefícios da comunicação boca a boca...............................................68
Figura 11 – Modelo de relação entre as variáveis.....................................................89
Figura 12 – Cartão 1 – Imagem H...........................................................................147
Figura 13 – Cartão 1 – Imagem F ...........................................................................148
Figura 14 – Cartão 1 – Imagem G...........................................................................148
Figura 15 – Cartão 1 – Imagem B ...........................................................................149
Figura 16 – Cartão 1 – Imagem D...........................................................................150
Figura 17 – Cartão 1 – Imagem J............................................................................150
Figura 18 – Cartão 1 – Imagem I.............................................................................151
Figura 19 – Cartão 1 – Imagem E ...........................................................................151
Figura 20 – Cartão 1 – Imagem C...........................................................................154
Figura 21 – Cartão 1 – Imagem A ...........................................................................155
Figura 22 – Cartão 2 – Imagem F ...........................................................................156
Figura 23 – Cartão 2 – Imagem E ..........................................................................157
Figura 24 – Cartão 2 – Imagem G..........................................................................158
Figura 25 – Cartão 2 – Imagem D..........................................................................158
Figura 26 – Cartão 2 – Imagem A ..........................................................................159
9
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Regressão parcial dos resíduos ...........................................................230
Gráfico 2 – Probabilidade normal dos resíduos.......................................................232
10
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Estudos de adoção de inovação no Brasil nos últimos oito anos com foco
em comportamento do consumidor...........................................................................40
Tabela 2 – Características sócio-econômicas...........................................................50
Tabela 3 – Perfis do consumidor inovador ................................................................52
Tabela 4 – Comportamento de comunicação............................................................63
Tabela 5 – Dimensões que afetam a velocidade da difusão .....................................74
Tabela 6 Perfis comparativos entre o consumidor inovador e o não-inovador ou
adotante tardio ..........................................................................................................77
Tabela 7 – Amostra da pesquisa pessoal em profundidade....................................104
Tabela 8 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor,
idade e gênero ........................................................................................................112
Tabela 9 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor,
idade e classe social ...............................................................................................113
Tabela 10 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor,
faixa etária e grau de instrução ...............................................................................113
Tabela 11 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor e
número de pessoas na família ................................................................................114
Tabela 12 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor e
renda familiar aproximada.......................................................................................115
Tabela 13 Produtos orgânicos consumidos pelos consumidores da etapa
qualitativa ................................................................................................................116
Tabela 14 Produtos orgânicos consumidos pelos não consumidores da etapa
qualitativa ................................................................................................................121
Tabela 15 – Conhecimento geral de produtos orgânicos........................................165
Tabela 16 – Experimentação de produtos orgânicos .............................................166
Tabela 17 – Compra de produtos orgânicos ..........................................................166
Tabela 18 Quantidade de consumidores e não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................166
Tabela 19 Motivos de não experimentar / comprar produtos orgânicos dos não
consumidores de produtos orgânicos......................................................................167
11
Tabela 20 Critério Brasil de Classificação Econômica dos consumidores e dos não
consumidores de produtos orgânicos......................................................................168
Tabela 21 Renda familiar dos consumidores e dos não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................168
Tabela 22 Gênero dos consumidores e dos não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................169
Tabela 23 – Responsável pelas compras dos consumidores e dos não consumidores
de produtos orgânicos.............................................................................................169
Tabela 24 Faixa etária dos consumidores e dos não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................170
Tabela 25 Ocupação dos consumidores e dos não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................171
Tabela 26 – Grau de instrução dos consumidores e dos não consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................172
Tabela 27 Estado civil dos consumidores e dos não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................172
Tabela 28 Número de pessoas que moram na residência dos consumidores e dos
não consumidores de produtos orgânicos...............................................................173
Tabela 29 – Número de filhos que moram junto dos consumidores e dos não
consumidores de produtos orgânicos......................................................................173
Tabela 30 Idade dos filhos que moram junto dos consumidores e dos não
consumidores de produtos orgânicos......................................................................174
Tabela 31 Freqüência de compra de produtos orgânicos dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................175
Tabela 32 Tempo de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................175
Tabela 33 – Locais de compra de produtos orgânicos dos consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................175
Tabela 34 Local de almoço dos consumidores e não consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................176
Tabela 35 Ocasiões de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................176
Tabela 36 Locais de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................177
12
Tabela 37 Percentual relativo de produtos orgânicos consumido pelos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................178
Tabela 38 Consumo de produtos orgânicos e convencionais dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................179
Tabela 39 Motivos de consumo apenas dos produtos orgânicos dos consumidores
de produtos orgânicos.............................................................................................179
Tabela 40 Motivos do não consumo de apenas produtos orgânicos dos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................180
Tabela 41 – Hábitos / comportamentos dos consumidores de produtos orgânicos 181
Tabela 42 Principais fontes de informação dos consumidores de produtos
orgânicos.................................................................................................................182
Tabela 43 Conhecimento de produtos orgânicos expertise subjetivo dos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................183
Tabela 44 Conhecimento de produtos orgânicos expertise objetivo dos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................184
Tabela 45 Conhecimento de produtos orgânicos expertise objetivo dos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................185
Tabela 46 – Envolvimento dos consumidores de produtos orgânicos.....................186
Tabela 47 – Tendência a inovar dos consumidores de produtos orgânicos............188
Tabela 48 Susceptibilidade à influência interpessoal dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................189
Tabela 49 Vantagem relativa dos produtos orgânicos percebida pelos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................192
Tabela 50 Valor percebido dos produtos orgânicos pelos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................193
Tabela 51 Compatibilidade dos produtos orgânicos percebida pelos consumidores
de produtos orgânicos.............................................................................................194
Tabela 52 Experimentabilidade dos produtos orgânicos percebida pelos
consumidores de produtos orgânicos......................................................................195
Tabela 53 Observabilidade dos produtos orgânicos percebida pelos consumidores
de produtos orgânicos.............................................................................................196
Tabela 54 Freqüência de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de
produtos orgânicos..................................................................................................198
Tabela 55 – Análise fatorial para envolvimento.......................................................202
13
Tabela 56 – Análise fatorial para tendência a inovar...............................................203
Tabela 57 – Análise fatorial para susceptibilidade à influência interpessoal ...........205
Tabela 58 – Análise fatorial para vantagem relativa................................................206
Tabela 59 – Análise fatorial para características percebidas – valor percebido......207
Tabela 60 – Análise fatorial para compatibilidade...................................................208
Tabela 61 – Análise fatorial para observabilidade...................................................208
Tabela 62 – Análise fatorial para experimentabilidade............................................209
Tabela 63 – Comportamento inovador – Análise de componentes principais.........212
Tabela 64 Ordem e escores de comportamento inovador Análise de
componentes principais...........................................................................................212
Tabela 65 – Classe social e comportamento inovador – ANOVA ..........................215
Tabela 66 – Renda e comportamento inovador – ANOVA.....................................215
Tabela 67 – Idade e comportamento inovador – Correlação .................................215
Tabela 68 – Gênero e comportamento inovador – Teste T....................................216
Tabela 69 – Ocupação e comportamento inovador – ANOVA ...............................217
Tabela 70 – Composição familiar e comportamento inovador – Teste T ...............217
Tabela 71 – Idade dos filhos e comportamento inovador – Teste T........................218
Tabela 72 – Tendência a inovar e comportamento inovador – Correlação ............219
Tabela 73 – Expertise e comportamento inovador – Correlação.............................220
Tabela 74 – Familiaridade e comportamento inovador – Correlação.....................221
Tabela 75 – Envolvimento e comportamento inovador – Correlação.....................222
Tabela 76 Susceptibilidade à influência interpessoal e comportamento inovador
Correlação...............................................................................................................222
Tabela 77 – Vantagem relativa e comportamento inovador – Correlação..............223
Tabela 78 – Compatibilidade e comportamento inovador – Correlação.................223
Tabela 79 – Experimentabilidade e comportamento inovador – Correlação ..........224
Tabela 80 – Obervabilidade e comportamento inovador – Correlação ...................224
Tabela 81 – Valor percebido e comportamento inovador – Correlação ..................225
Tabela 82 – Resumo dos resultados da verificação das hipóteses........................226
Tabela 83 – Análise de regressão – Coeficientes ..................................................229
Tabela 84 – Análise de regressão – Correlação .....................................................231
Tabela 85 – Análise de cluster – Variáveis de características percebidas ..............234
Tabela 86 – Análise de Cluster – Variáveis do Modelo – ANOVA e Tukey.............236
Tabela 87 – Análise de Cluster – Variáveis do Modelo – Teste Qui-Quadrado ......238
14
RESUMO
O presente estudo aborda o comportamento inovador entre consumidores de
produtos orgânicos. O objetivo geral deste estudo é identificar as influências das
características pessoais, das características percebidas dos produtos orgânicos e
das características psicológicas no comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos. Para isso foi desenvolvido um modelo baseado no Paradigma da Difusão
de Inovações entre os consumidores de Gatignon e Robertson (1991).
Adicionalmente ao objetivo geral do estudo desenvolveu-se uma tipologia dos
consumidores de produtos orgânicos considerando as características percebidas da
inovação. A presente pesquisa foi dividida em duas etapas. A primeira foi qualitativa,
com caráter exploratório, composta por 12 entrevistas pessoais em profundidade
com consumidores e não consumidores de produtos orgânicos de Curitiba e Região
Metropolitana. A segunda etapa foi quantitativa, com caráter confirmatório, por
entrevistas pela internet, com 530 participantes, sendo 440 consumidores de
produtos orgânicos e 90 não consumidores. Ambos possuem entre 18 e 70 anos,
pertencem às classes sociais A e B de acordo com o Critério Brasil, residentes em
sua maioria no Estado do Paraná. Os dados obtidos na fase qualitativa foram
analisados pelo método de análise de conteúdo. Já os dados obtidos na fase
quantitativa foram analisados através de diversos métodos estatísticos: análise
fatorial para depuração das escalas, análise de componentes principais para
determinação do escore de comportamento inovador, correlação de Pearson, análise
de variância (ANOVA) e outros para os testes de hipóteses, análise de clusters, para
definição da tipologia de consumidores, entre outros. A partir do modelo proposto foi
comprovada a maioria das hipóteses do estudo referente às características
psicológicas e às características percebidas da inovação. as hipóteses das
características pessoais o foram aceitas, indicando que as características cio-
econômicas, renda, idade, ocupação e composição familiar não influenciam o
comportamento inovador dos consumidores de produtos orgânicos. Destacou-se
neste contexto o conhecimento medido pela familiaridade como melhor variável
preditora, sendo em primeiro lugar considerada a dimensão freqüência de compra,
seguida da dimensão tempo de consumo. Considerando os grupos gerados a partir
das características percebidas da inovação, os consumidores podem ser divididos
pela importância de determinadas características. Três grupos apresentaram
características específicas: atentos aos aspectos concretos do produto; atentos aos
benefícios do produto e; atentos aos aspectos do produto relacionados a relevância
pessoal e social. Os grupos diferenciam entre si por observarem principalmente nas
características do produto, nos benefícios do produto ou na similaridade dos
orgânicos com os seus valores pessoais e valores observáveis. O grupo “atentos
aos benefícios do produto é o mais numeroso, que considera principalmente os
benefícios dos produtos orgânicos, porém é o menos inovador dos três grupos. O
mais inovador é o grupo “atentos aos aspectos concretos do produto” que observa
principalmente o produto em si. Para finalizar são apresentadas as contribuições
teóricas e gerenciais, limitações do estudo e sugestões para futuras pesquisas.
Palavras-chave: Inovação. Orgânicos. Características pessoais. Características
psicológicas. Características percebidas.
15
ABSTRACT
The present study approaches the innovative behavior of the consumers of organic
products. The general objective of this study is to identify the influence of personal
characteristics, of characteristics noticed in the organic products and the
psychological characteristics innovative consumer behavior in relation to organic
products.For that reason it was developed a model based on the Paradigm of the
Diffusion of Innovations among the consumers, by Gatignon and Robertson (1991).
In addition to the general objective of the study, it was developed an organic products
consumers typology, considering the noticed characteristics of innovation. This
research was divided into two stages. The first one was qualitative, exploratory
characteristic, composed by 12 personal depth interviews, with consumers and non
consumers of organic products from Curitiba and surrounding cities, approaching an.
The second stage was quantitative, with a confirmation characteristic, accomplishing
interviews through internet, with 530 participants, being 440 consumers of organic
products and 90 non consumers. Both groups are between 18 and 70 years old,
belong to social classes A and B, in agreement with the Brazilian Criteria and are
residents in their majority in the state of Paraná. The data obtained in the qualitative
phase was analyzed by the method of content analysis. Yet, the data obtained in the
quantitative phase was analyzed through several statistical methods as factorial
analysis, for purification of the scales, analysis of main components, for
determination of the innovative behavior score, correlation of Pearson, variance
analysis (ANOVA) and others for the tests of hypotheses, analysis of clusters and
definition of the consumers' typology, among others. From the proposed model were
proved most of the hypotheses of the study regarding the psychological
characteristics and the noticed characteristics of innovation. Yet, the hypotheses of
the personal characteristics were not accepted, indicating that the socioeconomic
characteristics, income, age, occupation and family composition do not influence the
consumers of organic products’ innovative behavior. It was enhanced in this context
the knowledge measured by the familiarity as the best predictive variable, being
considered in first place the purchase frequency dimension, followed by the time of
consumption dimension. Considering the groups generated from the noticed
characteristics of the innovation, the consumers can be divided by the importance of
certain characteristics. Three groups have presented specific characteristics:
“attentive to the concrete aspects of the product”; “attentive to the benefits of the
product” and; “attentive to the aspects of the product related to the personal and
social relevance”. The groups differ amongst themselves for paying attention mainly
to the characteristics of the product, to the benefits of the product or to the similarity
of the organic ones with their personal values. The group "attentive to the benefits of
the product" is the most numerous, that considers mainly the benefits of the organic
products, however, it is the least innovative of the three groups. The most innovative
is the group "attentive to the concrete aspects of the product" that pays attention
mainly in the product itself. To conclude are presented the theoretical and managerial
contributions, limitations of the study and suggestions for future researches.
Word-key: Innovation. Organic. Personal characteristics. Psychological
characteristics. Noticed characteristics.
16
LISTA DE SIGLAS
ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa
ACP – Análise de Componentes Principais
ACOPA – Associação de Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná
ANOVA – Análise de Variância
ANPAD – Associação Nacional de Pós-graduação
Apex-Brasil – Agência de Promoção das Exportações
CATPCACategorical Principal Components Analysis
CEE – Comunidade Econômica Européia
ECO 92 II Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento
EMA – Encontro de Marketing da ANPAD
ESOMAR – Associação Mundial de Profissionais da Pesquisa
IAPAR – Instituto Agronômico do Paraná
IBD – Associação de Certificação Instituto Biodinâmico
IFOAM – International Federation of Organic Agriculture Movementes
LSE – Levantamento Sócio-econômico
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário
NIP New Involvement Profile
NS – Não sei
OGM – Organismos geneticamente modificados
OTA – Organic Trade Association
RMC – Região Metropolitana de Curitiba
UFSC – Universidade de Santa Catarina
USP – Universidade de São Paulo
17
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho investiga os fatores que influenciam a tomada de decisão de
consumidores para a adoção de produtos orgânicos. É utilizado como referencial
teórico o modelo da Difusão de Inovações.
A seguir esse tema é detalhado e então é apresentado o problema de
pesquisa, objetivo geral e específico, as justificativas teórica e empírica, além da
estrutura do trabalho.
1.1 APRESENTAÇÃO DO TEMA
A partir de meados do século passado os padrões de consumo têm se
alterado em função das novas preocupações com saúde, qualidade de vida e meio
ambiente, por parte dos consumidores. Uma das tendências percebidas no mercado
é a preferência por produtos naturais e produtos orgânicos, por manterem suas
características, proporcionando, no caso dos orgânicos, uma alimentação mais
saudável (BALERINI, 2005).
Encontram-se na literatura acadêmica alguns estudos que tratam do
comportamento de consumo de produtos orgânicos no Brasil. Esses estudos focam
na caracterização e comportamento de consumo (CERVEIRA, CASTRO, 1999 ;
ARCHANJO, BRITO, SAUERBECK, 2001 ; BORGUINI, 2002 ; AZEVEDO et al.,
2003 ; GUIVANT, 2003 ; MONTEIRO et al.., 2004 ; SOUZA, MATA, 2005 ; DAROLT,
2007) e em assuntos que são tratados em conjunto com o consumo, como a
produção dos produtos orgânicos (SCHULTZ, PEDROSO, 2001; MARTINS et al.,
2003 ; BALERINI, 2005 ; ORMOND et al., 2005).
O Ministério de Estado da Agricultura e do Abastecimento - Legislação Art.
87, Parágrafo único, inciso II, da Constituição, define o que é considerado sistema
orgânico de produção agropecuária e industrial:
Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo
aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso de recursos
naturais e sócio-econômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por
18
objetivo a autosustentação no tempo e no espaço, a maximização dos
benefícios sociais, a minimização da dependência de energias não
renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos
artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados - OGM /
transgênicos ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de
produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos, privilegiando
a preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transparência
em todos os estágios da produção e da transformação.
Na década de 70, começaram a surgir no comércio da Europa os primeiros
produtos orgânicos. O movimento se consolidou no final da década de 80, tendo seu
maior crescimento em meados dos anos 90, com o programa instituído pelo Council
Regulation da CEE Comunidade Econômica Européia no documento 2092/91, de
24 de junho de 1991, que estabeleceu as normas e os padrões de produção,
processamento, comercialização e importação de produtos orgânicos de origem
vegetal e animal nos seus estados membros (ORMOND et al., 2002).
Ormond et al. (2002) destacam que no Brasil, ainda na década de 70, a
produção orgânica estava diretamente relacionada com movimentos filosóficos que
buscavam o retorno do contato com a terra como forma alternativa de vida em
contraposição aos preceitos consumistas da sociedade moderna. A comercialização
dos produtos obtidos era feita de forma direta, do produtor ao consumidor.
Com o crescimento da consciência de preservação ecológica e a busca por
alimentação cada vez mais saudável, houve o aumento da clientela dos produtos
orgânicos e, na década de 80, organizaram-se muitas das cooperativas de produção
e consumo de produtos naturais hoje em atividade, bem como os restaurantes
dedicados a esse tipo de alimentação. Na década de 90, alavancados pela ECO 92,
proliferaram os pontos comerciais de venda de produtos naturais e, no final da
década, os produtos orgânicos entraram nos supermercados (ORMOND et al.,
2002).
Os produtos originados de produção orgânica ainda representam uma parte
muito pequena do mercado de alimentos. Apesar do interesse pela alimentação
orgânica estar ainda restrito a uma pequena parcela da população, lentamente, a
crítica ao uso dos agrotóxicos vem ganhando espaço entre produtores agrícolas e
consumidores (ARCHANJO; BRITO; SAUERBECK, 2001). Mas a demanda no
mercado por produtos orgânicos vem crescendo. De acordo com pesquisa do
Projeto Organics Brasil, o mercado de produtos orgânicos cresce em média 45% ao
ano em todo o mundo. E o Brasil segue a linha desse crescimento. Segundo dados
19
estatísticos de 2006 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil
possui cerca de 15 mil produtores que atuam com o cultivo orgânico (FERREIRA,
2008).
Chiarinelli (2007) aponta algumas das razões que o IAPAR Instituto
Agronômico do Paraná apresentou no livro guia do produtor orgânico para as
pessoas consumirem produtos orgânicos: melhora da qualidade de vida, nas
condições do solo e meio ambiente; com o aumento do consumo ocorre a redução
do custo do produto; consumo de alimentos mais saudáveis e de maior valor
nutricional; e colaboração para a valorização dos recursos locais, incentivando o
turismo rural e criando formas alternativas de educação ambiental.
As motivações para o consumo variam em função do país, da cultura e dos
produtos que se analisa. Todavia, observando países como Alemanha, Inglaterra,
Austrália, Estados, França e Dinamarca, percebe-se que existe uma tendência do
consumidor orgânico privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saúde e
sua ligação com os alimentos, em seguida o meio ambiente e, por último, à questão
do sabor dos alimentos orgânicos (DAROLT, 2007).
Segundo Cerveira e Castro (1999) os consumidores declaram que os
produtos orgânicos são mais naturais e saudáveis, reclamam da falta de um maior
número de pontos de compra e acreditam que pagam um preço mais elevado por
esses produtos do que pagariam por produtos convencionais, entretanto, estão
dispostos a arcar com um preço mais alto para dispor desses produtos em sua dieta
alimentar. Eles não demonstram preocupação maior com a dimensão ambiental.
Darolt (2007) descreve que em estudo realizado em quatro países da Europa
(Itália, Inglaterra, França e Alemanha), foi identificado quais as principais razões
para o baixo consumo de produtos orgânicos pela população. Em primeiro lugar os
preços, depois a oferta insuficiente e em terceiro a dúvida em relação à procedência
do produto. A pesquisa indica ainda que apenas 15% dos consumidores estão
sensibilizados a respeito dos alimentos orgânicos. O estudo também mostrou que as
informações para os consumidores ainda são insuficientes em 72% dos casos.
Embora estudos realizados (CERVEIRA, CASTRO , 1999 ; DAROLT 2007)
destaquem a importância da variável saúde como predominante para o consumo de
produtos orgânicos, este estudo pretende identificar quais fatores que influenciam no
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos, considerando o produto
orgânico como uma inovação, bem como, o perfil do consumidor.
20
Para este estudo, será utilizado o paradigma da Difusão de Inovações de
Gatignon e Robertson (1991) como referência teórica. Os autores utilizaram como
base os conceitos fundamentais da teoria de difusão de Rogers (1983) para
definição de seu próprio modelo. Rogers (1983) propôs um modelo composto de
cinco estágios no processo de tomada de decisão para adoção de inovações pelo
consumidor, sendo eles conhecimento, persuasão, decisão, implementação e
confirmação.
Gatignon e Robertson (1991) definiram os principais elementos do paradigma
de difusão de consumo. Em primeiro nível estão as estratégias de marketing para
inovação e as atividades competitivas na categoria de produtos. Em um nível mais
amplo encontra-se o sistema social dentro do qual a inovação se difunde.
Imediatamente anterior ao processo de adoção estão as características pessoais do
indivíduo, as características percebidas da inovação e a susceptibilidade à influência
interpessoal que interagem simultaneamente.
Robertson e Gatignon (1991) mostram que alta renda, alto nível de educação,
idade jovem, atitude positiva em relação a riscos, grande participação social, alta
mobilidade social e o alto grau de liderança são algumas das características que
distinguem inovadores de não-inovadores. Rogers (1983) considera tanto
características sócio-econômicas, como traços de personalidade e comportamento
de comunicação.
Rogers (1995) identifica cinco atributos principais pelos quais uma inovação
pode ser descrita. São eles: vantagem relativa, compatibilidade, complexibilidade,
experimentabilidade e observabilidade. Gatignon e Robertson (1991) consideram
também o custo da inovação.
Gatignon e Robertson (1991) destacam que o papel da influência interpessoal
é um dos assuntos centrais para a literatura do processo de decisão. Ela
compreende a identificação de provedores de informação, o fluxo de informação
dentro de um círculo de indivíduos formando uma rede, a importância e o tipo de
informação fornecida e, a influência dessas informações sobre os receptores.
Neste estudo serão consideradas as características pessoais, as
características percebidas e a susceptibilidade à influência interpessoal exercida
sobre os consumidores e, a influência destas variáveis no comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos. A fim de aprofundar os conhecimentos sobre os
21
fatores que influenciam o comportamento inovador de consumidores em relação a
produtos orgânicos foi desenvolvido esse estudo.
1.2 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA
Conforme apresentado na seção anterior, o tema deste estudo envolve o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos. Mais especificamente,
considerando o contexto brasileiro, pretende-se avaliar quais fatores influenciam o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos pelos consumidores entre
18 e 70 anos. Esta pesquisa parte do paradigma de difusão de inovações entre
consumidores, proposto por Gatignon e Robertson (1991).
Assim, propõe-se o seguinte problema de pesquisa:
Quais são as influências das características pessoais, das características
percebidas nos produtos orgânicos e das características psicológicas no
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos dos consumidores de
produtos orgânicos entre 18 e 70 anos de classes sociais A e B?
1.3 DEFINIÇÃO DO OBJETIVO GERAL
O objetivo geral deste estudo é identificar as influências das características
pessoais, das características percebidas nos produtos orgânicos e das
características psicológicas no comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos por consumidores entre 18 e 70 anos de classes sociais A e B.
1.4 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Pretende-se, por meio deste trabalho, alcançar os seguintes objetivos
específicos:
22
a) Identificar as características pessoais (características sócio-econômicas,
renda, gênero, idade, ocupação e composição familiar) associadas ao
comportamento inovador de consumidores de produtos orgânicos;
b) Identificar as características psicológicas (tendência a inovar,
conhecimento de produtos orgânicos, envolvimento e susceptibilidade à influência
interpessoal), associadas ao comportamento inovador de consumidores de produtos
orgânicos;
c) Identificar as características percebidas nos produtos orgânicos pelo
consumidor (vantagem relativa, compatibilidade, experimentabilidade,
observabilidade e valor percebido) associadas ao comportamento inovador de
consumidores de produtos orgânicos;
d) Identificar o perfil (características pessoais e psicológicas / psicográficas)
dos consumidores de produtos orgânicos;
e) Gerar uma tipologia de consumidores com base nas características
pessoais, nas características percebidas nos produtos orgânicos e nas
características psicológicas e o comportamento inovador de consumidores de
produtos orgânicos;
f) Analisar o impacto relativo das características pesquisadas no
comportamento inovador de consumidores de produtos orgânicos.
1.5 APRESENTAÇÃO DAS JUSTIFICATIVAS TEÓRICA E PRÁTICA
O tema de pesquisa proposto - relacionado à compreensão dos fatores que
influenciam o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos é
relevante tanto para o mercado de trabalho composto por profissionais agrícolas, da
indústria alimentícia e da área de comunicação quanto para a área acadêmica de
marketing e comportamento do consumidor.
23
1.5.1 Justificativa teórica
Procura-se, através deste estudo, ampliar os conhecimentos teóricos em
torno do Paradigma de Difusão de Inovações entre Consumidores, proposto por
Gatignon e Robertson (1991), e da teoria da Difusão de Inovações de Rogers
(1995), considerando o consumo de produtos orgânicos como uma inovação.
Baseado neste referencial teórico é criado um modelo de associações que explica o
comportamento inovador dos consumidores de produtos orgânicos, ainda não
explorado pelos pesquisadores. Embora o campo de difusão de inovações seja um
dos mais estudados na área de marketing, este estudo diferencia-se por explorar o
orgânico, um produto de categoria alimentícia, como uma inovação.
Considerando o principal congresso científico brasileiro na área de
Administração de Empresas, o EnANPAD, abrangendo as edições anuais de 1997 a
2007, foram apresentado apenas três trabalhos relativo ao tema produtos orgânicos.
O primeiro deles, apresentado na edição de 2003, por Martins, Machado,
César, Echeveste, Callegaro e Schultz com o título de “O Perfil da Comercialização
de Produtos Ecológicos no Rio Grande do Sul: O Caso do Arroz
Ecológico/Orgânico”. O outro artigo, datado de 2006, de autoria de Zylbersztajn,
Büttenbender e Sparemberger, tem como título “O Comportamento do Consumidor
de Produtos Orgânicos e Seus Impactos nas Estratégias de Marketing”. O último foi
apresentado na edição de 2007, pelo autor Luiz Henrique de Barros Vilas Boas, com
o título de “Perspectivas de Segmentação para o Mercado de Produtos Orgânicos
com Base na Estrutura de Valores”.
A ANPAD - Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em
Administração também promove o EMA Encontro de Marketing da ANPAD,
realizado nos anos de 2004 e 2006. Na edição de 2006, foi apresentado um trabalho
relacionado ao tema proposto, pelos autores Vilas Boas, Sette, Brito e Abreu com o
título de “Comportamento do Consumidor de Produtos Orgânicos: Uma Aplicação da
Teoria da Cadeia de Meios e Fins”.
Considerando as dissertações de mestrado, destacam-se dois trabalhos. O
estudo de Borguini (2002) pela USP - Universidade de São Paulo com o título
“Tomate (Lycopersicum esculentum Mill) orgânico: o conteúdo nutricional e a opinião
do consumidor” que visou descrever o conteúdo nutricional e as características
24
sensoriais em comparação ao convencional, bem como conhecer o perfil, a opinião e
as atitudes com relação aos alimentos orgânicos. E o trabalho de Balerini (2005)
pela UFSC Universidade de Santa Catarina, intitulado de “Método para
implementação de cadeia produtiva para a comercialização de produtos orgânicos”.
1.5.2 Justificativa prática
Conforme destaca o ex-secretário de Agricultura Familiar do MDA - Ministério
do Desenvolvimento Agrário, e atual secretário da Agricultura do Paraná, Valter
Bianchini, os orgânicos são importantes por fortalecer a agricultura familiar, gerando
mais renda para o agricultor e oferecendo aos consumidores produtos de melhor
qualidade e benéficos à saúde (Ministério do Desenvolvimento Agrário, 2007).
Segundo Rogério Dias, coordenador-geral de Desenvolvimento Sustentável
do MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, aumenta a cada ano
a opção dos grandes produtores rurais pelo mercado de produtos orgânicos. Para
ele, isso vem sendo observado nas feiras que se realizam em todo o país (Jornal do
Estado, 2007). De acordo com a Agência Brasil, dados do ministério mostram que
nos últimos seis anos a produção de orgânicos no Brasil aumentou de 40 mil
toneladas para 300 mil toneladas por ano. Esse tipo de cultura envolve cerca de 20
mil produtores no país e 80% desse total são agricultores familiares (Curitiba terá...,
2007).
O governo quer desenvolver políticas públicas para que o país lidere as
exportações de produtos orgânicos, um mercado em expansão que movimenta
cerca de US$ 30 bilhões por ano no mundo. De agosto de 2006 a janeiro de 2007, o
Brasil exportou US$ 5,5 milhões em orgânicos. O Brasil é o quinto maior produtor
mundial de orgânicos e exporta aproximadamente 60% de sua produção. Os
principais itens vendidos são açúcares, manteiga, café, cacau e frutas frescas e
secas. Os principais compradores são os Estados Unidos (41,2%) e a Holanda
(29,5%), seguidos de Canadá, Japão e Reino Unido (Governo ... , 2007). Dados da
pesquisa do Projeto Organics Brasil, apontam que o mercado de produtos orgânicos
cresce em dia de 45% ao ano em todo o mundo. E o Brasil segue a linha desse
crescimento (FERREIRA, 2008).
25
Segundo Sakate (2007), as principais redes de varejo do país, atentas a um
mercado crescente, mas que apresenta gargalos, têm intensificado as ações para
ampliar as vendas e a base de consumidores de produtos orgânicos. É um
movimento que se insere em um processo de disseminação de artigos de bem-estar.
O Paraná é líder nacional na produção de hortaliças e grãos orgânicos. Em
termos de consumo, no entanto, o estado está distante dos primeiros lugares.
Curitiba foi eleita a primeira cidade a receber investimentos federais para a
construção de um mercado de orgânicos. O lançamento da pedra fundamental
aconteceu em maio de 2006, no estacionamento do Mercado Municipal, onde será
construído um segundo piso para abrigar a ala orgânica, podendo auxiliar no
aumento do consumo de produtos orgânicos na região (CARNIERI, 2006). O ex-
presidente da Associação dos Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná,
atual vice-presidente, Moacir Darolt informou que a procura por produtos orgânicos
no estado é 35% maior que a oferta. A criação do mercado, na opinião dele, pode
fazer com que o interesse aumente (Agência Brasil , 2007).
Diante dessas informações, torna-se essencial ampliar a perspectiva do
consumidor não para a Academia, mas também para os profissionais envolvidos
com produtos orgânicos, que ao conhecerem com mais profundidade o
comportamento de seus consumidores poderão elaborar produtos, serviços e
estratégias de marketing e comunicação mais eficazes.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este projeto de dissertação está organizado em seis partes. A primeira parte
engloba uma breve introdução ao tema do estudo em questão, seguida pela
apresentação do problema de pesquisa, objetivos geral e específicos, bem como as
justificativas teórica e prática.
A segunda parte do projeto expõe a fundamentação teórico-empírica, onde
são abordados os seguintes assuntos: inovação, difusão de inovações, os
elementos da difusão, o paradigma de difusão de inovações entre consumidores,
adoção de inovações, o processo de adoção, classificação dos adotantes e as
26
variáveis que influenciam o processo de adoção (características pessoais,
características percebidas da inovação e características psicológicas).
Na terceira parte do projeto são apresentados os procedimentos
metodológicos empregados na pesquisa. Inclui a especificação do problema com
perguntas de pesquisa, hipóteses de pesquisa, modelo conceitual, definição
constitutiva e operacional das variáveis e definição constitutiva de termos
importantes no contexto de pesquisa; e a delimitação da pesquisa com delineamento
da pesquisa, população e amostra, tipos, coleta e tratamento dos dados.
A quarta parte do projeto apresenta os resultados da pesquisa qualitativa e
quantitativa. Compreende a descrição e a análise dos resultados frente às hipóteses
de pesquisa e questões complementares. A quinta parte discute os resultados
encontrados na quarta etapa.
A sexta parte é composta pelas conclusões e limitações deste trabalho, além
de implicações gerenciais e sugestões para pesquisas futuras. Por último são
apresentadas as referências bibliográficas utilizadas como base para a realização
deste estudo e alguns anexos, contendo os roteiros da pesquisa qualitativa, o
questionário da pesquisa quantitativa e o Critério Brasil de Classificação Econômica.
27
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA
Este capítulo apresenta a teoria da difusão de inovações, visando oferecer
uma sustentação teórico-empírica para o presente trabalho.
Inicialmente é discutido o construto inovação, considerando as diversas
definições na literatura a respeito do tema. Em seguida, são abordados os temas a
difusão de inovações, seus elementos e o paradigma de difusão de inovações entre
os consumidores proposto por Gatignon e Robertson (1991). Posteriormente, trata-
se da adoção de inovações, abrangendo o processo de adoção, a classificação dos
adotantes e as variáveis que influenciam o processo de adoção.
A teoria apresentada procura abranger de maneira sucinta os pontos mais
relevantes, sem esgotar o assunto.
2.1 DIFUSÃO DE INOVAÇÕES
A introdução de produtos e serviços novos é fundamental para o consumidor,
a organização e para a economia em geral. Para o consumidor, produtos e serviços
novos significam o aumento das oportunidades de atender necessidades pessoais,
sociais e ambientais. Para a organização, produtos e serviços novos contribuem com
um mecanismo importante para manter a firma lucrativa e competitiva. Para a
população, produtos e serviços novos representam melhoras potenciais na
qualidade de vida para bilhões de pessoas. A difusão de inovações é a área de
pesquisa que investiga a aceitação de novos produtos pelo consumidor
(SCHIFFMAN ; KANUK, 2000).
Nas primeiras décadas de 1900 a pesquisa de difusão de inovações começou
com uma série de estudos independentes, em que cada disciplina estudava um tipo
de inovação. As pesquisas antropológicas representam a tradição de pesquisa de
inovação mais antiga. Foram identificadas 10 principais tradições que representam a
história da pesquisa da difusão de inovações: antropologia, sociologia, sociologia
rural, educação, saúde pública e medicina sociológica, comunicação, administração
e marketing, geografia, sociologia geral e economia geral. Cada uma dessas
28
tradições consiste em uma disciplina acadêmica ou subdisciplina. Embora cada
abordagem tenha uma natureza, gradualmente foram encontrados aspectos comuns
entre elas. Na década de 1960 começou a ocorrer o intercâmbio entre as disciplinas.
(ROGERS, 1999).
O livro Diffusion of Innovations de Everett Rogers foi a contribuição mais
importante para o estudo das difusões de inovações. Ele foi publicado pela primeira
vez em 1962 e desde então vem sendo adaptado continuamente (Blackwell ; Miniard
; Engel, 2005). De acordo com Rogers (1995, p. 5-6) difusão é “o processo pelo qual
uma inovação é comunicada por meio de certos canais em um determinado tempo
entre um grupo de um sistema social”. Blackwell, Miniard e Engel (2005)
acrescentam que baseado nessa definição, um produto pode ficar disponível por
algum tempo e mesmo assim pode ser visto como novo pelo mercado. Rogers
(1995, p. 6) também define difusão como “um tipo especial de comunicação, em que
a mensagem está relacionada a novas idéias”.
Outros autores apresentam definições semelhantes à de Rogers (1995).
Segundo Solomon (2002, p. 399) a difusão de inovações “refere-se ao processo em
que um novo produto, serviço ou idéia se espalha pela população”. Para Mower e
Minor (2006, p. 284) difusão refere-se “ao processo por meio do qual, idéias,
produtos e serviços inovadores se tornam populares entre a população
consumidora”.
Blackwell, Miniard e Engel (2005) apresentam na figura 1 um modelo que
inclui o processo de difusão, que possui natureza social, e o processo de adoção,
que possui natureza individual, e mostra seus papéis no final de difusão de
inovação. Verifica-se que a difusão de inovação inclui vários estágios:
- Difusão da informação e da comunicação – envolve a comunicação entre o
consumidor e a organização, o profissional de marketing ou um
influenciador de grupo ou pessoal;
- Processo de decisão do consumidor para a inovação o processo pelo
qual um consumidor decide adotar ou rejeitar uma inovação;
- Difusão da inovação ou fim da inovação o efeito cumulativo de quantos
consumidores adotam ou rejeitam uma inovação com o tempo, levando a
sua difusão ou ao seu fim no mercado (BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL,
2005, p. 437).
29
Figura 1 – Adoção e difusão do processo de inovação
Fonte: Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 437)
Schiffman e Kanuk (2000) afirmam que o processo de difusão está
preocupado em como as inovações se propagam, ou seja, como elas são
assimiladas em um mercado. Assim, definem difusão como:
Difusão é o processo pelo qual a aceitação de uma inovação (um novo
produto, um novo serviço, uma nova idéia, ou uma prática nova) é
propagada pelos canais de comunicação (mídia de massa, vendedores ou
conversas informais) até alcançar os membros de um sistema social (o
mercado-alvo) durante certo período. (SCHIFFMAN ; KANUK, 2000, p. 373)
Nessa definição estão incluídos os quatro elementos básicos do processo de
difusão: a inovação, os canais de comunicação, o sistema social e o tempo
(SCHIFFMAN; KANUK, 2000).
2.1.1 Inovação
Segundo Barnett (1953 apud ZALTMAN; LIN, 1971) a inovação é a base de
toda mudança cultural, social e de personalidade. Na literatura sobre difusão de
inovações encontraram-se várias definições sobre inovação. Aguiar Ribeiro (2005)
apresenta a definição do termo inovação que vem do latim inovara e em seu sentido
etimológico pode ser definido como tornar novo, renovar ou introduzir novidade em.
Gatignon e Robertson (1991) destacam que quando são feitas referências ao
conceito de inovação, as citações mais comuns são dos trabalhos de Rogers (1983),
Robertson (1971) e Hirschman (1981).
30
Rogers (1995, p. 11) define inovação como “uma idéia, pratica ou objeto que
é percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade de adoção”. O autor
salienta que não importa se uma idéia é realmente nova ou o. O que define uma
inovação é a reação do indivíduo de novidade percebida diante de uma idéia, ou
seja, se para o indivíduo a idéia é nova, então é uma inovação. Segundo Rogers
(1995) a novidade de uma inovação pode ser demonstrada em termos de
conhecimento, persuasão, ou uma decisão para adoção.
Solomon (2002, p. 399) expõe uma definição semelhante, em que conceitua
inovação como “qualquer produto ou serviço percebido como novo pelos
consumidores”. Zaltman e Lin (1971, p. 656) definem inovação como “qualquer idéia,
prática ou artefato material percebido como novo pela pertinente unidade de
adoção”. Já Gatignon e Robertson (1991, p. 323) definem que inovação é “um
produto ou serviço percebido como novo pelos consumidores dentro de um
segmento de mercado para ter efeitos sobre os padrões de consumo estabelecidos”.
Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 431) também apresentam algumas
definições. A mais utilizada é a de “uma idéia ou produto percebidos pelos potenciais
adotantes como nova”, ou seja, uma inovação de produto ou novo produto é definido
como “qualquer produto recentemente introduzido no mercado ou percebido como
novo no mercado quando comparado aos produtos existentes”. Essa definição é
considerada subjetiva, visto que depende da interpretação particular de um
indivíduo. Outra definição utilizada por Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 431) é a
de que as inovações são “idéias, comportamentos ou coisas qualitativamente
diferentes das que existem”. Dessa forma, as inovações são definidas
objetivamente, embasadas em critérios externos ao adotante, porém o que
representa uma diferença qualitativa não é concreto.
As inovações afetam tanto as empresas como a vida dos consumidores. Para
as empresas podem causar o aumento do lucro, do valor das ações, a melhora na
embalagem, um menor custo de produção, etc. para a vida dos consumidores
pode influenciar na mudança de uma marca, no modo como a pessoas realizam
suas atividades, etc. Por isso, Blackwell, Miniard, Engel (2005) utilizam a
classificação de inovação considerando o impacto desta nos padrões de
comportamentos estabelecidos, conforme apresentado por Robertson (1967) que
define três tipos de inovações:
31
- inovação contínua: tem a menor influência em se tratando de romper
padrões. Abrange o lançamento de um produto no mercado que tenha sofrido
modificações, ao invés de colocar um produto totalmente novo. Exemplos: mudança
nos novos modelos de automóveis, cremes dentais com flúor e cigarros com sabores
– menta, creme, cravo;
- inovação dinamicamente contínua: causa mais efeitos de ruptura do que
uma inovação contínua, apesar de não alterar padrões já estabelecidos. Pode
envolver a criação de um novo produto ou a alteração significativa de um
existente. Exemplos: escova de dentes elétrica e fraldas descartáveis;
- inovação descontínua: requer o estabelecimento de novos padrões de
comportamento. Envolve o lançamento de um produto inteiramente novo
estabelecendo novos padrões de comportamento. Exemplos: televisores e
computadores.
Hirschman (1981) propõe que a inovação pode ser classificada em duas
dimensões: simbólica e tecnológica. Ao definir inovação a autora considera as
dimensões dos atributos que são adicionados aos produtos, ao contrário dos autores
anteriores que focam na comparação de atributos que um produto novo tem ou o
em relação aos anteriores.
A dimensão simbólica sugere um novo significado social, considerando os
atributos intangíveis que o produto possui. A forma física permanece
predominantemente inalterada. Uma inovação simbólica constitui uma redefinição do
significado social. as inovações tecnológicas apresentam atributos tangíveis que
não existiam em produtos da mesma categoria. As inovações tecnológicas podem
ser adotadas em função de características de performance, sendo disseminada
pelas necessidades dos consumidores em relação as suas características técnicas,
ao contrário das inovações simbólicas que consideram o simbolismo social, sendo
disseminada pela necessidade dos consumidores de aprovação social
(HIRSCHMAN, 1981).
A combinação dessas duas dimensões de inovação resulta em uma matriz,
em que as inovações são classificadas nos quadrantes de acordo com seu grau
simbólico e tecnológico, conforme apresentado na figura 2 - matriz de dimensões
simbólicas x dimensões tecnológicas.
No quadrante “A”, alta inovação simbólica mais baixa inovação tecnológica, a
inovação normalmente ocorre por uma nova atribuição a características intangíveis
32
previamente existentes. Exemplos: estilo de cabelo, roupas, jóias, armações de
óculos. na baixa inovação simbólica e alta inovação tecnológica, quadrante “B”, a
inovação acontece pela introdução de novos atributos técnicos. Exemplos:
equipamento médico, computadores, laser, recombinação de DNA. No quadrante
“C”, alta inovação simbólica e tecnológica as dimensões, são usadas em proporções
balanceadas para gerar a diferenciação. São necessárias informações sobre auto-
imagem do consumidor, sua habilidade para perceber mudanças tecnológicas e sua
necessidade de uma melhor performance para prever os padrões de difusão desse
produto. Exemplos: automóveis, televisores, aparelhos de som. E no quadrante “D”,
baixa inovação simbólica e tecnológica, os produtos não estão associados com
nenhum grupo de referência e conferem pouco significado social. Assim, as
inovações tecnológicas m uma grande capacidade de serem descontínuas,
enquanto que as inovações as simbólicas são mais prováveis de serem continua.
Exemplos: fertilizantes, comida para cachorro, ferramentas. (HIRSCHMAN, 1981)
Figura 2 – Matriz de dimensões simbólicas x dimensões tecnológicas
Fonte: Adaptado de Hirschman (1981)
33
Hirschman (1980) tem proposto também que as inovações podem ser
manifestadas não apenas pela adoção de novos produtos, mas também pela
inovação do uso dos produtos já existentes.
Schiffman e Kanuk (2000) apontam que não existe uma definição aceita
universalmente para a expressão inovação de produto ou novo produto, mas sim,
tem-se utilizado várias abordagens para defini-las, que podem ser classificadas
como:
- definições orientadas para a empresa: Considera a novidade de um produto
a partir da perspectiva da empresa de produzir ou inserir o produto no mercado.
Quando o produto é novo para a empresa, ele é considerado novo, mesmo que
tenha sido produzido por outra empresa. Assim, as cópias ou modificações de um
produto concorrente o qualificariam como novo. Essa abordagem é adequada
quando se pretende avaliar um produto novo para empresa, sendo pouco útil
quando o objetivo é entender a aceitação de um produto novo pelo consumidor;
- definições orientadas para o produto: Trata as características inerentes ao
próprio produto e as conseqüências que essas características tendem a ter nos
padrões estabelecidos de uso do consumidor. Essa definição segue os princípios de
Robertson (1967) descritos anteriormente, que considera a extensão em que um
novo produto tende a interromper padrões de comportamento já estabelecidos,
definindo três tipos de inovações de produto: inovação contínua, dinamicamente
contínua e descontínua. Outra definição orientada para o produto considera a
satisfação do consumidor com a apresentação física ou os atributos do produto.
Logo, quanto maior a satisfação, mais alta a classificação desse produto na escala
de novidade. Esse conceito utiliza à classificação dos produtos como artificialmente
novos, marginalmente novos ou genuinamente novos. O produto genuinamente
novo, como telefone celulares, kits domésticos para testes de laboratórios e
máquinas digitais, tem características que satisfazem o usuário de uma maneira
significantemente diferente daquela proporcionada pelo produto mais antigo;
- definições orientadas para o mercado: Avalia a novidade de um produto em
termos de exposição que os consumidores têm ao novo produto. Duas definições
têm sido extensamente usadas nos estudos dos consumidores. A primeira considera
o produto novo se for comprado por um percentual relativamente pequeno (fixo) do
mercado potencial. na segunda, é considerado novo se estiver no mercado por
34
um período relativamente curto (especificado). Mas ambas as definições são
basicamente subjetivas, deixando ao pesquisador a definição do grau de penetração
no mercado ou por quanto tempo o produto pode estar no mercado para ainda ser
considerado como novo;
- definições orientadas para o consumo: “É qualquer produto que um
consumidor potencial julgue ser novo” (SCHIFFMAN; KANUK, 2000, p. 376). A
inovação é baseada muito mais na percepção que o consumidor tem do produto, do
que nas características físicas ou na realidade de mercado. Para os autores, embora
tenha sido defendida por alguns publicitários e profissionais de marketing, a
abordagem orientada para o consumidor teve pouca pesquisa sistemática.
Frente a diversas definições de inovação, para o presente estudo, que visa
analisar o comportamento de consumo de produtos orgânicos, será considerada a
definição de Rogers (1995), Inovação é uma idéia, pratica ou objeto que é percebido
como novo por um indivíduo, dentro de um sistema social.
2.1.1.1 Inovação em produtos orgânicos
Baseado nas definições apresentadas anteriormente os produtos orgânicos
podem ser percebidos como uma inovação. Considerando a definição de Rogers
(1995) os produtos orgânicos podem ser considerados como uma inovação por ser
um produto que pode ser percebido como novo por um indivíduo ou outra unidade
de adoção. O produto orgânico é um produto que pode ser percebido como novo
pelos consumidores dentro do segmento de mercado alimentício, sendo visto como
qualitativamente diferente quando comparado à categoria de produtos alimentícios
existentes, como por exemplo, diet e light e com produtos industrializados que
possuem conservantes.
Robertson (1967) define as inovações em três tipos: inovação contínua,
inovação dinamicamente contínua e inovação descontínua. Blackwell, Miniard e
Engel (2005) apresentam os alimentos orgânicos como uma inovação
dinamicamente contínua. E é assim considerado por envolver a criação de um novo
produto, mas não alterar os padrões estabelecidos de compra ou uso.
35
Rogers (1995) salienta que não importa se uma idéia é realmente nova ou
não. O que define uma inovação é a reação do indivíduo de novidade percebida
diante de uma idéia, ou seja, se para o indivíduo a idéia é nova, então é uma
inovação. A produção de produtos orgânicos pode ser relacionada a origem da
produção de alimentos, em que a produção familiar predominava e não eram
utilizados agrotóxicos nas plantas e nem no solo, porém com a comercialização dos
alimentos essa prática tornou-se quase inexistente nos dias atuais.
O Instituto Biodinâmico (LIMA, 2007) esclarece que o produto orgânico é
natural, mas nem todo produto natural é necessariamente orgânico. Isso porque o
orgânico não é apenas um produto livre de agrotóxicos, é necessário desintoxicar o
solo e substituir os fertilizantes químicos por compostos orgânicos. No caso da
criação animal, feita pelo mesmo princípio, é vetado o uso de herbicidas nos pastos
e carrapaticidas.
Foi na cada de 70 que começaram a surgir no comércio da Europa os
primeiros produtos orgânicos. O movimento se consolidou no final da década de 80,
tendo seu maior crescimento em meados dos anos 90, com o programa instituído
pelo Council Regulation da CEE Comunidade Econômica Européia no documento
2092/91, de 24 de junho de 1991, que estabeleceu as normas e os padrões de
produção, processamento, comercialização e importação de produtos orgânicos de
origem vegetal e animal nos seus estados membros (ORMOND et al., 2002).
Com o crescimento da consciência de preservação ecológica e a busca por
alimentação cada vez mais saudável, houve o aumento da clientela dos produtos
orgânicos e, na década de 80, organizaram-se muitas das cooperativas de produção
e consumo de produtos naturais hoje em atividade, bem como os restaurantes
dedicados a esse tipo de alimentação. Na década de 90, alavancados pela ECO 92,
proliferaram os pontos comerciais de venda de produtos naturais e, no final da
década, os produtos orgânicos entraram nos supermercados (ORMOND et al.,
2002).
Segundo Rogers (1995) a novidade de uma inovação pode ser demonstrada
em termos de conhecimento, persuasão, ou uma decisão para adoção, sendo assim,
o produto orgânico pode ser percebido como uma inovação. Os produtos originados
de produção orgânica ainda representam uma parte muito pequena do mercado de
alimentos. Apesar do interesse pela alimentação orgânica estar ainda restrito a uma
pequena parcela da população, lentamente, a crítica ao uso dos agrotóxicos vem
36
ganhando espaço entre produtores agrícolas e consumidores (ARCHANJO; BRITO;
SAUERBECK, 2001).
Conforme destaca Ormond et al. (2002, p. 28) “a retomada de formas de
cultivo da terra e de algumas antigas práticas rurais, ao contrário do que possa
parecer, não é um retorno ao passado, mas uma visão de futuro que visa recuperar
o domínio do conhecimento e da observação sobre o processo produtivo
agropecuário. É a apropriação de uma avançada tecnologia que possibilita a
produção de alimentos e outros produtos vegetais e animais, estabelecendo um
convívio amigável entre o homem e o meio ambiente, com a mínima intervenção
possível”.
Considerando a visão de Hirschman (1981) os produtos orgânicos
apresentam tanto as dimensões simbólicas como tecnológicas. A inovação
tecnológica é caracterizada pelos atributos tangíveis, como a produção dos
alimentos e criação de animais sem a utilização de agrotóxicos e outros insumos
artificiais tóxicos. a inovação simbólica considera o simbolismo, sendo
disseminada pela necessidade dos consumidores de aprovação social.
2.1.2 Os elementos da difusão
Segundo Rogers (1995, p. 10) “difusão é o processo pelo qual uma inovação
é comunicada por certos canais com o passar do tempo entre os membros de um
sistema social”. Assim, os quatro principais elementos são: inovação, canais de
comunicação, tempo e fator social.
Conforme discutido anteriormente, a inovação é a percepção de uma nova
idéia, prática, serviço ou produto por um indivíduo ou organização. Suas
características são: vantagem relativa, compatibilidade, complexidade,
experimentabilidade e observabilidade (ROGERS, 1995). Essas características
serão discutidas no item 2.4.2.
A agilidade com que uma inovação se propaga em um mercado depende em
grande parte das comunicações entre a empresa e os consumidores, assim como da
comunicação entre os consumidores (SCHIFFMAN ; KANUK, 2000). Esse processo
de difusão envolve uma inovação, um indivíduo ou outra unidade de adoção que tem
37
conhecimento da inovação ou experiência de uso, mais outro indivíduo ou unidade
que não tenha conhecimento da inovação e o canal de comunicação que envolve as
duas unidades. O canal de comunicação é o meio pelo qual mensagens são
transmitidas de um indivíduo ao outro (ROGERS, 1995)
A comunicação de massa, como por exemplo, o rádio, a televisão, o jornal e a
revista, normalmente é o meio mais rápido e eficiente para informar um público de
potenciais adotantes sobre a existência de uma inovação, onde poucos indivíduos
recebem a audiência de muitos. Outro meio utilizado é a comunicação interpessoal.
Ela é mais efetiva em persuadir um indivíduo a aceitar uma nova idéia,
principalmente se os indivíduos possuírem características sócio-econômicas e
educacionais semelhantes (ROGERS, 1995).
O elemento tempo pode ser considerado em três modos: o tempo referente
ao processo de decisão da inovação em que o indivíduo passa do estágio de
conhecimento de uma inovação para a adoção ou rejeição de uma inovação; a
relação de tempo cedo/tarde com que uma inovação é adotada em comparação com
outros membros do sistema social e; as taxa de adoção de uma inovação
normalmente mensurada pelo número de membros de um sistema que adotam a
inovação em um determinado período de tempo, porém, alguns estudos de
comportamento desconsideram o elemento tempo, pois o elemento pode causar viés
por permitir classificações individuais (ROGERS, 1995).
A difusão de um produto novo normalmente ocorre em um cenário social as
vezes chamado sistema social (SCHIFFMAN ; KANUK, 2000). O sistema social é
definido como um conjunto de unidades inter-relacionadas que estão empenhadas
na resolução de problemas, no sentido de atingir um objetivo comum. Os membros
de um sistema social podem ser indivíduos, grupos informais, organizações ou
subsistemas (ROGERS, 1995).
O sistema social é composto de limites dentro dos quais se propagam as
inovações. A orientação de um sistema social tende a influenciar a aceitação e
rejeição de novos produtos. Vários aspectos relacionados ao sistema social afetam a
difusão de inovações, como: estrutura do sistema social, normas, líderes de opinião
e agentes de mudanças, tipos de decisões relativas à inovação e as conseqüências
da inovação (ROGERS, 1995).
Para Schiffman e Kanuk (2000) as orientações de um sistema social podem
ser nacionais quanto à sua esfera de atuação e influenciar os membros de toda uma
38
sociedade, ou podem estar presente no âmbito local e influenciar somente aquelas
pessoas que vivem em uma comunidade específica.
2.1.3 O paradigma de difusão de inovações entre consumidores
Em 1991, Gatignon e Robertson publicaram o artigo “Innovative Decision
Processes baseado nos seus estudos realizados em 1985. O artigo teve como
objetivo enriquecer o paradigma de difusões sugerindo novos direcionamentos de
pesquisa vindo da teoria de decisão cognitiva, análise de redes, e marketing e
estratégias competitivas.
Gatignon e Robertson (1991) utilizaram como base os conceitos fundamentais
da teoria de difusão de Rogers para definição de seu próprio modelo. A figura 3
representa os vários elementos do modelo proposto por Gatignon e Robertson
(1985) descrevendo o paradigma de difusão de inovações entre consumidores.
As linhas cheias entre as caixas correspondem às relações causais
assumidas como existentes pela teoria. Por uma questão de clareza, apenas os
efeitos principais estão representados na figura 3. As linhas tracejadas representam
as relações que provavelmente existam, mas que não estão diretamente
relacionadas à difusão.
Nesse modelo, Gatignon e Robertson (1991) apresentam como principais
elementos do paradigma de difusão de consumo:
- a inovação e suas características;
- o sistema social dentro do qual a inovação se difunde;
- o processo de difusão;
- o processo de adoção individual;
- a influência interpessoal transmitida;
- características pessoais dos inovadores e de outros adotantes;
- estratégia mercadológica para a inovação;
- atividades competitivas na categoria de produtos.
39
Figura 3 – As principais relações da difusão entre consumidores
Fonte: Adaptado de Gatignon e Robertson (1991, p. 137)
A difusão ocorre dentro de um sistema social. Em seguida, a difusão depende
da adoção de cada indivíduo. As decisões de cada indivíduo são influenciadas pelas
características pessoais, características percebidas da inovação, influência
interpessoal e ações de competição e marketing. As ações de competição e
marketing também influenciam a definição das características percebidas da
inovação e afeta o processo de influência interpessoal. É importante destacar que
esse modelo apresentado não é exaustivo e outras interações podem ocorrer.
(GATIGNON ; ROBERTSON, 1985).
Neste estudo serão considerados os seguintes elementos do paradigma
apresentado: as características pessoais, as características percebidas nos produtos
orgânicos, a influência interpessoal e a adoção. Os outros elementos do paradigma
não serão abordados por não serem relevantes a esta pesquisa.
40
2.2 ADOÇÃO DE INOVAÇÕES
Segundo Schiffman e Kanuk (2000) pesquisadores do consumidor que são
especialistas em difusões de inovações têm interesse por entender dois processos
muito relacionados: o processo de difusão e o processo de adoção. “Em sentido
mais amplo, difusão é um processo macro, que diz respeito à penetração de um
produto novo (uma inovação) desde a sua fonte a o público consumidor. Em
contraposição, adoção é um processo micro que enfoca os estágios pelos quais
cada consumidor passa quando decide aceitar ou rejeitar um produto” (SCHIFFMAN
; KANUK, 2000, p. 373). Rogers (1995, p. 21) define adoção como “uma decisão
para se fazer pleno uso de uma inovação, como a melhor solução possível”.
A adoção de inovação com foco no comportamento do consumidor apresenta
alguns estudos recentes no Brasil:
Tabela 1 Estudos de adoção de inovação no Brasil nos últimos oito anos com foco em
comportamento do consumidor
Ano Autores Título Inovação
2007
Ana Flavia Barbosa de
Bello Rodrigues
Comportamento inovador entre usuários
maduros da internet
Internet
2006
Tânia Lima Estratégia e competitividade na adoção de
inovações da moda: o sucesso das marcas
Moda
2005
Fábio Pimenta de
Pádua Júnior
A adoção de inovações em produtos de alta
tecnologia pelos jovens: o caso do telefone
celular
Telefone celular
2005
Maria Stella Aguiar
Ribeiro
Telesaúde no ensino e pesquisa em
psicologia clínica
Cuidados de saúde
à distância
2002
Kleverton Melo de
Carvalho
Rivanda Meira Teixeira
A influência de estratégias promocionais na
adoção de novos produtos: o caso da
indústria farmacêutica
Medicamentos
2000
Alexandre Cabral de
Azevedo
A adoção de inovações pelos consumidores:
o caso do comércio eletrônico via internet
Comércio
eletrônico
Fonte: Dados extraídos de sites de busca.
2.2.1 O Processo de adoção
Para Schiffman e Kanuk (2000) o foco do processo de adoção está nas
etapas pelos quais cada consumidor passa enquanto chega a uma decisão de testar
41
ou não testar o produto ou de continuar a usar ou descontinuar o uso de um produto
novo.
Segundo Etzel, Walker e Stanton (2001) ao serem entendidos esses
processos, uma organização pode obter percepções sobre como um produto é ou
não é aceito pelos consumidores potenciais e quais públicos possivelmente
comprarão um produto logo após sua introdução, um pouco depois ou nunca.
Blackwell, Miniard e Engel (2005) salientam a importância de considerar que
um indivíduo o se move por meio de estágios de adoção ou rejeição de um
produto novo, mas os outros consumidores também se movem pelo processo, e
seus efeitos combinados determinam a difusão ou o fim do produto.
Antil (1988) apresenta os modelos de processo de adoção de produtos
utilizados com maior freqüência, entre eles o AIDA e o de Robertson, conforme
consta na figura 4. Para o autor, a intenção desses modelos não é providenciar uma
descrição de todos os fatores relativos à decisão do produto novo, mas sim focar a
atenção aos principais estágios do consumidor seguindo a direção da adoção ou
rejeição do produto.
O modelo tradicional do processo de adoção composto pelos estágios de
conhecimento, interesse, avaliação, experimentação e adoção ou rejeição, embora
perspicaz em sua simplicidade, não reconhece um estágio de reconhecimento do
problema com que os consumidores se deparam antes de adquirir um conhecimento
das opções potenciais ou soluções, não prepara suficientemente para a rejeição de
um produto após a sua experimentação, não reconhece que a avaliação ocorre por
todo o processo de decisão e não inclui explicitamente uma avaliação pós-compra, a
qual pode levar ao fortalecimento do compromisso de uso ou à decisão de
descontinuar o uso (SCHIFFMAN ; KANUN, 2000).
Baseado nesse modelo, Antil (1988) propôs a adição de duas fases entre a
experimentação e a adoção do produto como solução parcial para essas
deficiências: a experiência direta com o produto para medição das conseqüências e
a avaliação do produto, para a confirmação da decisão. Essa modificação proposta é
exposta na figura 5.
42
Figura 4 – Modelos de processo de adoção/difusão
Fonte: Adaptado de Antil (1988, p. 4)
Segundo Schiffman e Kanuk (2000), o modelo do processo de adoção
tradicional foi atualizado para um modelo geral de tomada de decisão para superar
as limitações discutidas anteriormente, sendo chamado de processo de decisão de
inovação. De acordo com Engel, Blackwell e Miniard (2005) o modelo mais
amplamente utilizado é o de Rogers.
43
Figura 5 – Proposta de modificação para processo de experimentação-adoção
Fonte: Adaptado de Antil (1981, p. 9)
Segundo Rogers (1995) o processo de adoção de uma inovação é o processo
por meio do qual um indivíduo ou outra unidade de adoção passa do primeiro
conhecimento de uma inovação para formar uma atitude em direção à inovação,
para tomar uma decisão de adotar ou rejeitar a inovação, para na seqüência
implementar a nova idéia e assim confirmar essa decisão.
Baseado nessa definição Rogers (1995) propôs um modelo, conforme
representado na figura 6, composto por cinco estágios: conhecimento, persuasão,
decisão, implementação e confirmação.
O conhecimento é o primeiro estágio do processo de decisão. Ele ocorre
quando um indivíduo é apresentado para uma inovação existente e obtém algum
entendimento de como ela funciona. O indivíduo pode exercer tanto um papel
passivo como ativo. O papel passivo ocorre quando o indivíduo é exposto a uma
inovação, conhecendo uma inovação acidentalmente. o ativo ocorre quando o
indivíduo tem a iniciativa de ter conhecimento sobre a inovação. O indivíduo pode
assumir tanto uma exposição seletiva, considerada a tendência de dar atenção às
mensagens de comunicação que estejam de acordo com suas crenças e atitudes,
como uma posição de percepção seletiva, considerada a tendência de interpretar as
mensagens de comunicação de acordo com suas crenças e atitudes. Considerando
44
a necessidade para uma inovação, ela pode tanto preceder uma nova idéia, como
vice-versa. No processo de decisão o indivíduo procura informações visando reduzir
suas dúvidas e incertezas sobre a inovação, entendendo e dando significado a ela.
Assim, existem três tipos de conhecimento: a conscientização do conhecimento é a
informação que um conhecimento existe, vendo como é e quais os princípios do
conhecimento, podendo ocorrer também nos estágios de persuasão e decisão; o
conhecimento do funcionamento consiste nas informações necessárias para se usar
a inovação da maneira correta e; o conhecimento dos princípios são as informações
necessárias para se entender os princípios de funcionamento de uma inovação
(ROGERS, 1995).
Figura 6 – Modelo de processo de inovação de Rogers
Fonte: Adaptado de Rogers (1995, p. 163)
No estágio de persuasão o indivíduo forma uma atitude favorável ou
desfavorável em relação à inovação. Enquanto no estágio de conhecimento o
indivíduo está mais envolvido racionalmente, no de persuasão ele está envolvido
afetivamente, sendo importante à percepção seletiva na determinação do seu
comportamento para o desenvolvimento de uma percepção geral sobre a inovação.
Para desenvolver uma atitude favorável ou desfavorável o indivíduo pode
45
mentalmente aplicar a nova idéia para o seu presente ou antecipar uma situação
futura antes de decidir em adotar ou não a nova idéia, embora nem sempre essa
atitude leve a uma adoção ou rejeição. O indivíduo também procura a opinião de
colegas sobre a inovação, bem como, informações em revistas especializadas,
jornais ou mídia de massa (ROGERS, 1995).
A decisão ocorre quando um indivíduo emprega atividades que o levam a
adotar ou rejeitar uma inovação. A adoção é quando o indivíduo decide fazer uso
pleno da inovação. a rejeição refere-se à decisão de não adotar a inovação. A
adoção pode ser continuada, quando o indivíduo continua a fazer uso da inovação
por tempo indeterminado, ou descontinuada, quando o indivíduo decide rejeitar a
inovação após ter experiência prévia. Da mesma forma, a rejeição pode ser ativa,
quando considera a adoção da inovação, mas então decide por não adotá-la, ou
pode ser passiva, quando nunca considera o uso da inovação. O processo de
adoção pode ser facilitado pelo uso de demonstrações grátis da inovação ou pela
sua exposição feita por um líder de opinião (ROGERS, 1995).
A implementação acontece quando um indivíduo coloca uma inovação em
uso. Ao contrário dos outros estágios que estavam restritos ao exercício mental, a
implementação envolve uma mudança de comportamento. O estágio de
implementação pode levar um longo período de tempo, dependendo da natureza da
inovação. Durante a implementação pode ocorrer a reinvenção, definida como a
intensidade que uma inovação é modificada pelo usuário no processo de adoção ou
implementação. Uma alta intensidade de reinvenção pode levar a uma taxa de
adoção mais rápida e uma maior sustentabilidade da inovação. O estágio de
implementação pode significar o fim do processo de decisão e para outros pode
ocorrer o quinto estágio de confirmação (ROGERS, 1995).
O último estágio é o da confirmação. Nele, os consumidores buscam reforço
para suas decisões a respeito da inovação. Eles podem voltar atrás em decisões
previamente estabelecidas de adoção ou rejeição quando expostos as mensagens
conflitantes sobre a inovação, causando dissonância. Um indivíduo que se sinta em
dissonância tende a reduzir essa condição pela mudança de seu conhecimento,
atitudes ou ação. Três tipos de dissonância: quando o indivíduo torna-se atento a um
sentimento de necessidade e procura informações sobre a inovação para encontrar
o que precisa, ocorrendo isso no estágio de conhecimento; quando o indivíduo
conhece sobre uma nova idéia e tem uma atitude favorável, mas não adota ela,
46
então o indivíduo é motivado a adotar pela dissonância entre o que acredita e o que
está fazendo, ocorrendo no estágio de implementação e; depois da implementação
da inovação, quando o indivíduo procura mais informações que o convença que ele
não deveria ter adotado a inovação, ocorrendo no estágio de confirmação. Nesse
estágio pode ocorrer a descontinuidade, definida como a decisão de rejeitar uma
inovação após tê-la adotado, sendo de dois tipos: descontinuidade de troca,
referente à troca de uma inovação por outra melhor, ou descontinuidade de
desencantamento, que ocorre quando uma idéia é rejeitada devido a insatisfação
por seu desempenho (ROGERS, 1995).
2.2.2 Classificação dos adotantes
Os empresários precisam identificar quais indivíduos têm maior probabilidade
de comprar o novo produto em desenvolvimento. Dentre os aspectos determinantes
estão inclusos a personalidade, sua aversão ou aceitação a riscos, seu status social
e nível de escolaridade. Além das características individuais, outro aspecto que afeta
é o seu papel na família (BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005). Segundo Foxall
e Bhate (1993) essas características, em conjunto com o grau de inovação, fazem
que diferentes tipos de adotantes se comportem de maneira diferente durante os
vários estágios de decisão para novos produtos.
As pessoas em um sistema social não adotam uma inovação todas ao mesmo
tempo. A adoção ocorre numa seqüência ao longo do tempo, possibilitando que os
indivíduos possam ser classificados em categorias de adotantes, sendo eficiente o
uso de categorias de adoção formada por indivíduos que compartilham um grau de
inovatividade semelhante (ROGERS, 1995).
Outro estudo de onze países europeus, feito por Steenkamp, Hofstede e
Wedel (1999) mostra que os consumidores em culturas individualistas o mais
inovadores do que em culturas coletivistas. Porém, segundo Solomon (2002) mesmo
considerando a mesma cultura, nem todas as pessoas adotam uma inovação na
mesma proporção. Algumas adotam inovações com maior rapidez e outras jamais o
fazem.
47
Rogers (1995) propõe o modelo de classificação das categorias de um novo
produto em relação ao tempo de adoção conhecido como curva de “S”. O elemento
tempo desenha a curva da difusão. A adoção de uma inovação normalmente forma
uma distribuição normal, uma curva em forma de sino quando plotada sobre um
gráfico de freqüência. A curva pode assumir uma forma em “S” ao descrever o total
cumulativo de adotantes, representando a adoção de inovação no tempo com os
membros de um sistema social, ou assumir uma curva normal ao descrever os
dados em termos de indivíduos que adotam a cada determinado período de tempo.
Na fase introdutória a porcentagem de consumidores que adotam o produto é
pequena e aumenta devagar. Em seguida, essa porcentagem aumenta e a curva
ascende rapidamente até que metade dos indivíduos de um sistema tenha adotado
a inovação. Depois, cresce gradualmente de maneira mais lenta até que o máximo
de pessoas a tenha adotado (ROGERS, 1995).
O modelo da curva em “S” demonstra que depois que alguns inovadores
adotaram novos produtos, outros podem segui-los, de acordo com o valor da
inovação e outras características do produto. Dessa forma, a taxa de adoção
aumenta à medida que o número de adotantes cresce (RAO ; BASS, 1985).
Conforme mostra a figura 7, Rogers (1995) divide os adotantes em cinco
categorias consideradas tipos ideais: inovadores (2,5% das pessoas), adotantes
iniciais (13,5% das pessoas), maioria inicial (34% das pessoas), maioria tardia (34%
das pessoas) e retardatários (16% das pessoas). Segundo o autor, os tipos ideais
são conceitos fundamentados em observações da realidade que são designados
para tornar possíveis as comparações.
Os inovadores têm fascínio por correr riscos. O interesse por novas idéias os
leva para fora dos círculos de relação locais para relações mais cosmopolitas, sendo
comum à comunicação e amizade entre inovadores, mesmo com a distância
geográfica. O inovador apresenta pré-requisitos: controle de recursos financeiros
para amenizar possíveis perdas decorrentes de uma inovação não lucrativa;
habilidade de entender e aplicar conhecimento técnico complexo; habilidade de
entender e aplicar informações técnicas complexas e; ser capaz de enfrentar um alto
nível de incerteza sobre a inovação no período de adoção. Os inovadores podem até
não ser respeitados pelos outros membros do seu sistema social, mas exercem
papel fundamental no processo de difusão ao lançar novas idéias trazidas de fora do
limite de seu sistema (ROGERS, 1995).
48
Figura 7 – Categorização de adotantes com base na inovatividade
Fonte: Adaptado de Rogers (1995, p. 262)
Blackwell, Miniard e Engel (2005) apontam que as pessoas podem ser
inovadoras para alguns produtos e não para outros. Os consumidores que são
inovadores para muitos produtos são chamados de polimórficos, enquanto que
aqueles que são inovadores para apenas um produto são monofórmicos.
Os adotantes iniciais são mais integrados no sistema social local do que os
inovadores. Esta categoria possui o maior número de lideres de opinião. As pessoas
procuram os adotantes iniciais, que servem como modelos de referência, para
aconselhamento e busca de informações sobre as inovações, fazendo com os
adotantes iniciais procurem sempre tomar decisões cuidadosas sobre as inovações
para manterem a posição de privilégio na transmissão de opiniões e conselhos
(ROGERS, 2005).
A maioria inicial adota idéias um pouco antes da média das pessoas. Apesar
de interagirem freqüentemente, raramente permanecem na posição de líderes de
opinião. É uma categoria numerosa, correspondendo a cerca de um terço de todos
os membros de um sistema, sendo uma importante ligação no processo de difusão
entre os adotantes iniciais e os tardios (ROGERS, 1995).
A maioria tardia adota inovações um pouco depois da média das pessoas.
Também representa cerca de um terço das pessoas. A inovação é vista com cautela
e ceticismo, sendo causada em função da necessidade econômica ou da pressão
49
dos amigos e conhecidos, não adotando antes que a maioria tenha feito (ROGERS,
2005).
Os retardatários são os últimos a adotar uma inovação. Têm como referência
o passado, possuem pouca liderança de opinião e vivem quase isoladas em seu
sistema social. São tradicionalistas e tendem a desconfiar de inovações, suas
maiores fontes são vizinhos, amigos e familiares próximos com valores similares
(ROGERS, 1995).
Schiffman e Kanuk (2000) observam que o modelo proposto por Rogers
(1995) de categorizar os adotantes pode direcionar a conclusão incorreta de que
100% da população acabaria aceitando o novo produto, o que não reflete a
realidade, visto que praticamente nenhum produto se enquadra na necessidade de
todos os consumidores. Por esta razão, os autores sugerem a adição de uma
categoria, a dos não-adotantes.
Para Gatignon e Robertson (1991) as características pessoais dos inovadores
são mais aplicáveis em determinadas categorias de produtos do que em outras. Os
inovadores deveriam ser caracterizados com base numa categorização de produtos.
Dessa forma, não há um tipo de inovador que possa ser aplicado a todas as
categorias de produtos.
2.3 VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM O PROCESSO DE ADOÇÃO
No campo da Adoção de Inovações são apresentadas diversas variáveis que
influenciam o consumidor na decisão para a adoção de uma inovação. Gatignon e
Robertson (1991) destacam em seu modelo proposto três dessas variáveis:
características pessoais, características percebidas da inovação e a influência
interpessoal exercida sobre o consumidor. Nesse trabalho, a dimensão de influência
interpessoal exercida é ampliada, considerando as características psicológicas que
influenciam o processo de adoção.
Suoranta (2005) descreve que numerosas variáveis de diferenças individuais
têm sido estudadas na área de difusão e adoção de inovação incluindo variáveis
demográficas e situacionais, variáveis cognitivas, variáveis relacionadas à
personalidade e de comportamento de comunicação de potenciais adotantes.
50
2.3.1 Características pessoais
As características pessoais “são as características que os consumidores
possuem como indivíduos”. Incluem os traços fisiológicos e biológicos com os quais
a pessoa nasce e também os que ela desenvolve com o tempo, porém cuja origem é
hereditária (SHETH ; MITTAL ; NEWMAN, 1999)
Rogers (1995) expõe que muitas pesquisas foram feitas sobre as variáveis
relativas a inovatividade. O autor resumiu a pesquisa de difusão de uma série de
generalizações em três categorias: características sócio-econômicas, traços de
personalidade e comportamento de comunicação. A tabela 2 apresenta as principais
características sócio-econômicas de acordo com o tipo de adotante, a partir de
estudos realizados por Rogers (1995).
Tabela 2 – Características sócio-econômicas
CARACTERÍSTICA
INOVADOR
NÃO-INOVADOR OU
ADOTANTE TARDIO
Idade Não há diferença Não há diferença
Tempo de educação formal Maior Menor
Probabilidade de ser alfabetizado Maior Menor
Status social Maior Menor
Grau de mobilidade social ascendente Maior Menor
Tamanho de unidades (fazendas, escolas,
companhias, casas, etc.)
Maior Menor
FONTE: Adaptado de Rogers (1995)
Segundo Solomon (2002) os consumidores apresentam comportamentos
distintos baseados em uma série de dimensões demográficas que abrangem sua
idade, gênero, estrutura familiar, classe social e renda, estilo de vida, localização
geográfica, ocupação, tamanho da família, entre outras. As pessoas classificam a si
próprias em grupos baseados no que gostam de fazer, como preferem passar seu
tempo livre e como escolhem gastar sua renda.
Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 361) definem a classe social como
“divisões relativamente permanentes e homogêneas em uma sociedade, nas quais
os indivíduos ou famílias compartilhando valores, estilos de vida, interesses,
riquezas, educação, posição econômica e comportamento semelhantes poderão ser
categorizados”. Segundo os autores, algumas das variáveis concretas que definem
51
as várias classes sociais incluem a ocupação, a instrução, a rede de amizades, a
forma de falar e as posses.
No Brasil, o CCEB, comumente tratado por Critério Brasil, estima o poder de
compra dos indivíduos e famílias urbanas, com base no LSE - levantamento sócio-
econômico do IBOPE, classificando-os por classes econômicas. Seguindo esse
critério, a classe cio-econômica é dividida em classe A1, A2, B1, B2, C1, C2, D e
E.
Schiffman e Kanuk (2000, p. 389) propõem que “é razoável supor que a idade
está relacionada à categoria de produto específica na qual ele inova, entretanto,
pesquisas sugerem que os consumidores inovadores tendem a ser mais jovens do
que os adotantes tardios e não-inovadores”. Já segundo Rogers (1995) não
relação entre idade e comportamento. Em 228 estudos, cerca da metade não
mostrou relação, outra parte mostrou que os inovadores são mais jovens e alguns
indicaram que eles são mais velhos.
Verifica-se que os inovadores possuem maior educação formal e status
social. O status é indicado por meio das variáveis renda, nível de vida, prestígio de
ocupação, posse de bens materiais, entre outras. Provavelmente isso ocorra pelo
alto capital inicial necessário para a aquisição de uma inovação, bem como, pela
capacidade de absorver eventuais perdas. Outro fator é que os primeiros a adotar
acabam ficando com os maiores lucros, dessa forma o adotante inicial fica mais rico
e o tardio fica relativamente mais pobre. Porém, apenas fatores econômicos não são
suficientes para uma explicação completa para o comportamento inovador
(ROGERS, 1995).
Schiffman e Kanuk (2000) também afirmam que os consumidores inovadores
tendem a ser de escala social mais alta, com mais instrução formal, renda pessoal
ou familiar maior e, normalmente um status profissional mais alto do que os
adotantes tardios ou não inovadores. Blackwell, Miniard e Engel (2005) destacam
que o trabalho que os consumidores desempenham afeta consideravelmente o seu
estilo e seus padrões de consumo.
Considerando o ciclo familiar, Wilkes (1995) afirma que começa com o
casamento, passa pela fase de chegada dos filhos e saída destes de casa, passa
pela fase de um eventual divórcio ou falecimento de um cônjuge até chegar à fase
do envelhecimento, sozinho ou acompanhado do cônjuge. Quando presença de
52
crianças em casa a idade destas crianças também afeta consideravelmente as
escolhas de consumo familiares.
A tabela 3 apresenta as principais diferenças expostas por Schiffman e Kanuk
(2000) entre o consumidor inovador e o adotante tardio:
Tabela 3 – Perfis do consumidor inovador
CARACTERÍSTICA INOVADOR
NÃO-INOVADOR OU
ADOTANTE TARDIO
INTERESSE NO PRODUTO Mais Menos
FORMAÇÃO DE OPINIÃO Mais Menos
PERSONALIDADE
Dogmático
Caráter social
Nível ótimo de estímulo
Espírito aventureiro
Risco percebido
Mente aberta
Voltado para si mesmo
Mais alto
Mais
Menos
Mente fechada
Voltado para os outros
Mais baixo
Menos
Mais
CARACTERÍSTICA DE COMPRA E
CONSUMO
Fidelidade à marca
Disposição para negociar
Uso
Menos
Mais
Mais
Mais
Menos
Menos
HÁBITOS DE MÍDIA
Exposição total a revistas
Revistas de interesse específico
Televisão
Mais
Mais
Menos
Menos
Menos
Mais
CARACTERÍSTICAS SOCIAIS
Integração social
Empenho social (ex., mobilidade social, física e
profissional)
Afiliação a grupos
Mais
Mais
Mais
Menos
Menos
Menos
CARACTERÍSTICAS DEMOGRÁFICAS
Idade
Renda
Nível de instrução
Status profissional
Mais jovem
Mais alta
Mais alto
Mais alto
Mais velho
Mais baixa
Mais baixo
Mais baixo
FONTE: Schiffman e Kanuk (2000, p. 390)
Robertson e Gatignon (1991) mostram que alta renda, alto nível de educação,
idade jovem, atitude positiva em relação a riscos, grande participação social, alta
mobilidade social e o alto grau de liderança são algumas das características que
distinguem inovadores de não-inovadores. Muitos estudos evidenciam que os
inovadores podem ser caracterizados pelas variáveis tais como renda, idade,
educação, participação social e propensão a risco causado pela facilidade da coleta
dos dados (DICKERSON , GENTRY, 1983 ; GATIGNON , ROBERTSON, 1991 ;
ROGERS, 1995).
Com o estudo realizado com casais curitibanos, Marchetti (1991) chegou à
conclusão de que os casais inovadores apresentam melhores condições
53
econômicas, normalmente moravam em residências próprias, eram mais ativos
profissionalmente e melhor estabelecidos no seu ciclo de vida.
Para Schiffman e Kanuk (2000) existe uma relação positiva entre
comportamento inovador e uso intensivo. A importância dos consumidores deve-se
por eles serem os primeiros a usar os produtos e por representarem um mercado
substancial em termos de volume. Porém, esses consumidores são mais propensos
a trocar de marca, a usar o produto de maneira diferente ou única e ter reações
positivas às negociações promocionais sugerindo que os inovadores continuarão a
usar determinada marca somente durante o tempo que não tiverem percebido que
exista uma nova alternativa potencialmente melhor. É importante salientar que a
relação das características pessoais com comportamento inovador varia de acordo
com a categoria de produto (SCHIFFMAN, KANUK, 2000 ; GATIGNON ,
ROBERTSON, 1991). Porém, embora não haja um tipo generalizado de inovador
entre diferentes categorias de produtos, evidências de que os consumidores que
inovam em uma categoria específica de produto agiram dessa forma nesta mesma
categoria (SCHIFFMAN ; KANUK, 2000).
As conclusões do estudo de Pimenta de Pádua Jr. (2005) em relação à
adoção de inovações por consumidores de telefones celulares no Brasil sugere que
é possível constatar que não existem relações significativas entre gênero e adoção e
entre renda pessoal e a adoção. Em outras palavras, a adoção de inovações em
celulares independe de sexo e renda pessoal.
O estudo de Bello (2007) apontou quanto à composição familiar que os
respondentes que moram com crianças ou adolescentes são mais inovadores, a
mesmo pela influência sofrida.
2.3.2 Características psicológicas e psicográficas
Antil (1988) aponta que a adoção envolve comprometimento comportamental
e psicológico do consumidor ao longo do tempo. Mower e Minor (2006, p. 128)
apontam que o termo psicografia refere-se a “idéia de descrever (grafia, representar
graficamente) a caracterização psicológica (psico) dos consumidores”. Segundo os
54
autores estudos psicográficos geralmente incluem questões que avaliam o estilo de
vida, suas características de personalidade e demográficas.
Para Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 220) a personalidade é “uma
maquiagem psicológica individual única, que consistentemente influência como a
pessoas responde ao seu ambiente” e a psicografia é “uma técnica operacional de
medição de estilo de vida; ela fornece medidas quantitativas e pode ser usada com
grandes amostras necessárias para definição de segmentos de mercado ... a
psicografia foca no porque comprar” (2005, p.228).
Para Kotler e Armstrong (1993) a personalidade é descrita em termos de
traços e características psicológicas como autoconfiança, respeito, mudança,
autonomia, ordem, adaptação, criatividade, sociabilidade, entre outras. Entre os
fatores psicológicos estão a motivação, a percepção, o aprendizado, as crenças e as
atitudes.
Segundo Schiffman e Kanuk (2000, p. 88) a teoria dos traços “enfoca a
medição da personalidade em termos de características psicológica específica,
chamada traços”. Os autores salientam que testes selecionados de traços
específicos de personalidade estão sendo desenvolvidos especialmente em estudos
de comportamento do consumidor, medindo traços como inovação do consumidor,
considerado como o grau de receptividade de uma pessoa para experiências novas,
novos produtos, novos serviços ou novas práticas.
2.3.2.1 Tendência a inovar
Na literatura de difusão de inovações outro conceito importante é o de
innovativeness”, que pode ser traduzido como inovatividade ou tendência a inovar.
Hauser, Tellis e Griffin (2006) mostram que pesquisas sobre tendência a inovar
focam nas características que diferenciam como rapidamente ou avidamente os
consumidores adotam novos produtos. Para os autores as medidas de tendência a
inovar deveriam identificar aqueles consumidores mais prováveis a adotar novos
produtos de forma que empresas possam realizar esforços de marketing com o
público alvo e melhorar previsões.
55
Para Rogers (1995, p. 22) a tendência a inovar pode ser definida como “o
grau no qual um indivíduo ou outra unidade de adoção adota novas idéias
relativamente mais cedo do que os outros membros de um sistema”. Segundo
Blackwel, Engel e Miniard (2005) a tendência a inovar pode ser medida com base no
tempo de adoção ou calculando-se o número de produtos que um indivíduo comprou
de uma lista pré-determinada na ocasião do estudo, entre outras formas.
Conforme Midgley e Dowling (1978), as técnicas mais usadas para medir
tendência a inovar são a posse de novos produtos e o método transversal, sendo as
duas variações do método do tempo de adoção. A posse de novos produtos define
como inovadores aqueles indivíduos que compram um produto nas primeiras
semanas ou meses após seu lançamento, ou ainda um determinado percentual de
pessoas que são as primeiras a adquirir um produto de um dado mercado. O método
transversal consiste em determinar quantos novos produtos, a partir de uma dada
lista, um indivíduo comprou até o momento da pesquisa.
Midgley e Dowling (1978) apontam que a definição de Rogers (2003) é
essencialmente operacional, ao considerar o tempo que uma pessoa leva para
adotar a inovação sendo difícil também de determinar quando a inovação foi
introduzida. Para Midgley e Dowling (1978, p. 235) a tendência a inovar é definida
como sendo “o grau no qual um indivíduo toma decisões de inovação
independentemente da experiência comunicada por outros”, definindo que a
experiência comunicada por outros “é a informação transmitida entre consumidores
individuais e é geralmente baseada sobre experiências atuais com novos produtos
no uso diário”. Os autores propõem chamar esse construto de tendência a inovar
inata e apontam a conexão entre a tendência a inovar e as taxas de uso da
categoria de produto.
A figura 8 representa o modelo desse construto. O triângulo do lado esquerdo
da figura 8 refere-se aos três níveis de abstração do conceito de inovação. O
triângulo central invertido representa as variáveis intervenientes entre cada um dos
três construtos apresentados. No triângulo do lado direito são apresentadas as
principais técnicas de medida associada a cada construto.
56
Figura 8 – Inovatividade: construtos, efeitos e medidas
FONTE: Adaptado de Midgley e Dowling (1978, p. 238)
Marchetti (1991) ao realizar um estudo com casais curitibanos, baseado no
modelo de Midgley e Dowling (1978) concluiu que os casais inovadores apresentam
valores relacionados à modernidade, atitudes favoráveis a novidades e interesses
em participações sociais.
Midgley e Dowling (1978) apontam que uma das medidas a ser utilizada para
a tendência a inovar é compor um escore de método transversal. Para isso os
respondentes devem responder tanto ao método transversal, como também, uma
bateria de itens diretos, sendo que a correlação dos itens de método transversal
pode ser usado para selecionar os itens mais completos que irão compor o escore
final. Os autores sugerem que os itens devem abranger questões sobre a habilidade
de tomar decisões, independência, uso de comunicação interpessoal, relação com
outras pessoas, etc., tais como: eu tenho dificuldade em decidir se compro ou não
um produto alimentício; eu frequentemente falo com meus amigos sobre novas
aplicações dos produtos; eu confio nos conselhos dos meus amigos quando decido
sobre novas modas.
O estudo de Pimenta de Pádua Jr. (2005) sugere que na mesma direção, que
a teoria da difusão de inovações, incluindo a tendência a inovar, não pode ser
Interesse em categorias de produto
Experiência comunicada
Fatores situacionais
Experiência comunicada
Fatores situacionais
Fatores
Situacio-
nais
Inovação específica por
categorias de produto
Inovação específica para um simples
produto
Caract.
generaliza
da da
inovação
Mét.
transversal
através de
várias
categorias
Método transversal em uma
simples categoria de
produto
Tempo relativo de adoção
Nível de abstração
Alto
In
terme
-
diário
Baixo
Efeitos intervenientes entre o construto e
o tempo relativo de adoção
C
o
n
s
t
r
u
t
o
s
M
e
d
i
d
a
s
d
e
c
o
n
s
t
r
u
t
o
s
57
generalizada a todos os tipos de consumidores e a todos os produtos,
principalmente considerando-se produtos de alta tecnologia. Segundo o autor, a
tendência a inovar pode ser operacionalizada por meio da mensuração da variedade
e intensidade de uso de um produto inovador pelo consumidor. Esses dois fatores
podem ser combinados de modo a formar o escore que permita a ordenação dos
consumidores de acordo com sua tendência a inovar.
Pimenta de Pádua Jr. (2005) utilizou para mensurar a tendência a inovar,
além do método transversal, os seguintes itens: Costumo experimentar marcas
novas diferentes das marcas habituais; Experimento todo produto / serviço novo pelo
menos uma vez; Busco mais informações quando ouço falar sobre um novo produto
ou serviço pela primeira vez; Tenho interesse por informações sobre inovações
tecnológicas; Sou um dos primeiros a adquirir um novo produto/serviço de alta
tecnologia após seu lançamento; Sou um dos primeiros a adquirir novos produtos de
supermercado após seu lançamento; Sou um dos primeiros a adquirir uma roupa
nova após seu lançamento; Quando um novo serviço de telefonia celular torna-se
disponível, sou um dos primeiros a utilizá-lo; Costumo inventar novos usos para
produtos/serviços; Percebo mudanças tecnológicas com facilidade; Freqüentemente
sinto necessidade de uma melhor performance em relação aos produtos/serviços
que utilizo; Assisto a filmes nos cinemas e/ou lançamentos de locadoras; Vou ao
teatro com freqüência; Quando abre uma casa noturna nova, sou um dos primeiros a
ir.
2.3.2.2 Conhecimento
Batra e Ray (1986) mostram que os pesquisadores têm reconhecido que os
processos de atenção e compreensão são fortemente influenciados pelas suas
motivações, habilidades e oportunidades para processar informações importantes
em seu ambiente. Segundo Celsi e Olson (1988) a habilidade é amplamente uma
função da quantidade e do tipo de conhecimento que uma pessoa adquiriu através
de suas experiências. a oportunidade para processar é determinada pelos
aspectos do ambiente imediato, como por exemplo, distrações causadas pelo
barulho ou outros fatores, como quantia, formato e modalidade da informação. E a
58
motivação está relacionada com o envolvimento do consumidor com os estímulos de
informação.
De acordo com Rogers (1995) o conhecimento de uma inovação ocorre
quando um indivíduo é exposto à existência de uma inovação e obtém algum
entendimento sobre seu funcionamento. Segundo o autor, os inovadores são mais
inteligentes e racionais por conseguirem usar de modo mais efetivo os meios para
atingir determinado fim.
Para Gatignon e Robertson (1985) os consumidores com uma estrutura de
conhecimento melhor desenvolvida precisam de esforço cognitivo menor para a
compreensão e avaliação de uma inovação, possuindo maior probabilidade de
adoção mais cedo. São também mais ligados a ciência pelo fato das inovações
serem normalmente resultado de uma pesquisa científica.
Segundo Alba e Hutchinson (1987) o conhecimento do consumidor possui
dois principais componentes: a familiaridade e a expertise. A familiaridade é definida
como “o número de experiências com produtos relacionados que tem sido
acumulado pelo consumidor” (ALBA ; HUTCHINSON, 1987, p. 411). E a expertise
como “a habilidade para executar tarefas relacionadas a um produto de forma bem
sucedida” (ALBA ; HUTCHINSON, 1987, p. 411). Para os autores, existe uma
relação direta entre familiaridade e expertise, em que um aumento na familiaridade
resulta em um aumento na expertise do consumidor em relação a um determinado
produto.
Dubois e Marchetti (1993) apontam que a familiaridade de um consumidor em
relação a uma determinada classe de produtos refere-se à sua experiência passada
adquirida por meio da compra e uso do produto. Para Alba e Hutchinson (1987) a
familiaridade pode ser medida pelas compras similares ou pela utilização do produto
em situações anteriores.
Alba e Hutchinson (1987) dividem a expertise em objetiva e subjetiva. A
expertise objetiva refere-se a quanto o consumidor conhece sobre o produto e a
expertise subjetiva a quanto o consumidor pensa que conhece sobre o produto.
Segundo Gatignon e Robertson (1991) os experts possuem melhor capacidade de
reconhecer impactos atípicos e comparar estímulos diversos. Assim, conseguem
distinguir melhor uma verdadeira novidade frente a diversos estímulos de produtos.
Normalmente, os inovadores são grandes usuários dos produtos em que são experts
e tem experiência significativa em categorias relacionadas.
59
2.3.2.3 Envolvimento
O marco no desenvolvimento metodológico do conceito de envolvimento e
sua mensuração ocorreu em 1985 com o aparecimento dos trabalhos de Zaichkosky
(1985) e de Laurent e Kapferer (1985). Apesar dos dois trabalhos destacarem-se
como sendo as mais significativas contribuições para o entendimento e mensuração
do envolvimento, representam abordagens conceitualmente diferentes. O Personal
Involvement Inventory PII (Zaichkosky, 1985) é uma escala multidimensional que
aborda o envolvimento exclusivamente com relação à relevância percebida que uma
pessoa atribui a um determinado objeto. o Involvement Profile IP (Laurent e
Kapferer, 1985) considera que o envolvimento é um constructo multidimensional que
não deve ser expresso em um único resultado, argumento este que justifica a divisão
da medida em quatro dimensões as quais formam o chamado perfil de envolvimento.
Jain e Srinivassan (1990) propuseram uma escala de envolvimento a partir da
comparação dessas duas principais correntes. A escala New Involvement Profile
(NIP) foi determinada a partir da extração dos três itens que obtiveram melhores
resultados (cargas fatoriais mais elevadas) em cada uma das cinco dimensões
identificadas. Os resultados da avaliação da qualidade da NIP, que justificaram a
redensao das cinco dimensões, comprovam a importância da multidimensionalidade
da escala.
Segundo Celsi e Olson (1988) o envolvimento do consumidor é definido como
a importância percebida ou o interesse pessoal em relação à aquisição, ao consumo
e à disposição de uma mercadoria, serviço ou idéia. Fonseca e Rossi (1998)
destacam a importância da percepção de relevância pessoal, sendo apresentada
como característica fundamental desse conceito. Blackwell, Miniard e Engel (2005)
acrescentam que o consumidor age deliberadamente para reduzir o risco e aumentar
os benefícios obtidos com a compra e o uso.
Blackwell, Miniard e Engel (2005) apontam que o envolvimento varia de alto
para baixo, sendo determinado por quão importante os consumidores percebem o
produto ou o serviço. Assim, quanto mais importante é o produto ou o serviço para o
consumidor, mais motivado ele fica para buscar e se envolver na decisão. Celsi e
Olson (1988) mostram que o envolvimento é ativado e sentido quando as
60
características pessoais intrínsecas (necessidades, valores e autoconceito) são
confrontadas com o estímulo de marketing adequado dentro de uma dada situação.
Mowen e Minor (2006) apontam que à medida que o envolvimento aumenta,
os consumidores têm maior motivação para captar, compreender e elaborar as
informações relevantes para a compra. Diversos fatores influenciam o nível de
envolvimento de um consumidor, sendo sumarizados em fatores pessoais, fatores
físicos e fatores situacionais. Considerando os fatores pessoais, o grau de
envolvimento tende a ser maior quando o resultado da decisão afeta a pessoa
diretamente. Os fatores pessoais abrangem autoconceito, saúde, beleza ou
condição física (BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005).
Os fatores físicos são relacionados às características físicas e de
diferenciação de um objeto (FONSECA ; ROSSI, 1998). Segundo Blackwell, Miniard
e Engel (2005) as marcas ou produtos se tornam mais envolventes se algum
risco percebido na compra e uso deles. Sarin, Sego e Chanvarasuth (2003) apontam
que o risco percebido tem sido definido como a percepção que o consumidor tem em
relação a probabilidade e à magnitude de conseqüências negativas que podem
ocorrer em uma compra. Essas conseqüências podem ser relacionadas a danos
físicos, acidentes, desempenho do produto e perdas psicológicas, de status social,
monetárias, de tempo e de oportunidades futuras.
Estudos sobre risco percebido e experimentação de produtos indicam que o
consumidor inovador tem uma baixa percepção quanto ao risco, sendo ousado ao
assumir riscos (SCHIFFMAN ; KANUK, 2000). Blackwell, Miniard e Engel (2005, p.
113) definem que o risco percebido “representa a incerteza dos consumidores sobre
as potenciais conseqüências positivas e negativas da decisão de compra”. Mostram
também que o risco percebido depende da crença do consumidor quanto a
conseqüências de comprar e consumir um produto, se as conseqüências são más
ou boas e a importância dessa conseqüência para ele próprio.
Os fatores situacionais o referentes ao caráter temporário do qual depende
o aumento da percepção de relevância ou o interesse relacionado a um objeto
(FONSECA ; ROSSI, 1998). O envolvimento situacional inclui fatores, como se o
produto ou serviço será comprado para uso pessoal ou para presentear outra
pessoa, e se será consumido pelo comprador sozinho ou em companhia de outros
(BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005). Dessa forma, o envolvimento com um
produto é alterado em razão da maneira como ele é utilizado.
61
O estudo de Zaichkowsky (1985) apontou que o consumidor reage de forma
diferente quando está comprando vinho para consumo pessoal e quando está
comprando para servir em um jantar festivo, mostrando que o envolvimento pode
aumentar quando são sentidas pressões sociais. O consumidor pode se sentir
pressionado a comprar um vinho mais caro e reconhecido quando se reúne com
amigos do que quando consome sozinho.
O estudo desses três fatores determinantes do envolvimento tem suas raízes
no trabalho de Houston e Rothschild (1977) que visando superar as inconsistências
conceituais até então existentes, desenvolveram uma estrutura que considera o
envolvimento de acordo com as diferentes situações e com as diferenças entre as
pessoas. Essa estrutura resultou na distinção entre envolvimento situacional e
duradouro, classificação aceita pela quase totalidade dos pesquisadores na área.
(FONSECA ; ROSSI, 1999).
Segundo Houston e Rothschild (1977), o envolvimento situacional deriva dos
aspectos de uma situação de compra ou decisão, externos aos indivíduos, e
depende de duas categorias de estímulos (estímulos relacionados ao objeto ou a
questão pela qual o comportamento está direcionado, variando com o nível de
interesse e; estímulos que surgem do ambiente social e psicológico de compra ou
consumo de um produto). E o duradouro refere-se essencialmente ao
relacionamento existente entre um indivíduo e um determinado objeto.
Segundo essa perspectiva, o nível de envolvimento, se abordado de forma
genérica, pode ser determinado tanto por diferenças individuais quanto por fatores
situacionais encontrados pelo consumidor. As diferenças individuais estão
relacionadas aos valores centrais e à identidade do consumidor. Os fatores
situacionais são originados do objeto, da questão pelo qual o comportamento está
direcionado ou mesmo do ambiente social e psicológico da ocasião da compra
(FONSECA ; ROSSI, 1999).
No estudo de Souza, Azevedo Barbosa e Teixeira (2006) verificou-se a
existência de três dimensões de envolvimento do consumidor no consumo de
alimentos, sendo eles: utilidade, prazer e importância. Foi considerada a proposta de
envolvimento apresentada por Zaichkowsky (1985) como base para a mensuração
deste construto. Identificou-se que um alto nível de envolvimento dos indivíduos
no consumo de alimentos, revelando aspectos racionais e emocionais no consumo
de alimentos.
62
Fonseca e Rossi (1999) realizaram um estudo para avaliar a aplicabilidade da
escala New Involvement Profile NIP, desenvolvida por Jain e Srinivasan (2000),
quando utilizada no ambiente brasileiro, mais especificamente na cidade de Porto
Alegre. Foi reaplicada para mensuração do envolvimento do consumidor com oito
tipos diferentes de produtos, considerando uma amostra de 420 entrevistas, sendo
comprovada sua qualidade e robustez através de testes de confiabilidade e de
verificações da validade de conteúdo e construto, englobando validade convergente
e discriminante de cada dimensão.
A escala NIP utiliza cinco dimensões: importância, prazer, valor simbólico,
importância do risco e probabilidade de risco, sendo composta pelos seguintes itens
(FONSECA, ROSSI, 1999):
- Fator relevância: 1. essencial – não-essencial; 2. benéfico – não-benéfico; 3.
desnecessário – necessário;
- Fator prazer: 4. eu não acho prazeroso – eu acho prazeroso; 5. não-
emocionante – emocionante; 6. divertido – não-divertido;
- Fator valor simbólico: 7. fala aos outros sobre mim a minha cara) não
fala aos outros sobre mim (não é minha cara); 8. serve para os outros me julgarem –
os outros não o usariam para me julgar; 9. não passa uma imagem de mim para os
outros – passa uma imagem de mim para os outros;
- Fator importância de risco: 10. é realmente irritante fazer uma compra
inadequada não é irritante fazer uma compra inadequada; 11. uma escolha ruim
não seria um transtorno uma escolha ruim seria um transtorno; 12. pouco a perder
por escolher mal – muito a perder por escolher mal;
- Fator probabilidade de risco: 13. ao comprá-lo, estou certo(a) da minha
escolha – ao comprá-lo, não estou certo(a) da minha escolha; 14. nunca sei se estou
fazendo a compra certa eu tenho certeza de estar fazendo a compra certa; 15. eu
me sinto um pouco perdido(a) ao escolher isto eu não me sinto perdido(a) ao
escolher isto.
Segundo Fonseca e Rossi (1999) a dimensão de importância representa a
relevância, ou seja, a percepção de um significado pessoal no produto e a dimensão
de prazer refere-se ao valor hedônio que o produto proporciona ou ao apelo
emocional nele percebido. Essas duas dimensões correspondem ao envolvimento
duradouro, não temporário, e denotam uma relação do consumidor com o produto
em questão. a dimensão de valor simbólico, apesar de geralmente ser associada
63
ao envolvimento duradouro, dadas as características do produto, pode possuir um
caráter temporário nas situações de produtos sem essas características, mas
relacionados a outros produtos relevantes. As dimensões importância de risco e
probabilidade de risco representam o risco percebido em determinadas situações de
compra, e por isso tendem a possuir um caráter temporário, o que evidencia o
envolvimento situacional. Porém, determinados produtos estão constantemente
vinculados a um tipo de risco, o que representaria um caso de envolvimento
duradouro.
2.3.2.4 Susceptibilidade à influência interpessoal
Segundo Solomon (2002) os consumidores constantemente recebem
mensagens induzindo-os a mudar suas atitudes. Essas tentativas de persuasão
podem variar desde argumentos lógicos até imagens gráficas, e da intimidação dos
pares a incitações de celebridades. E as comunicações fluem em ambos os
sentidos, considerando que o consumidor pode buscar fontes de informação para
saber mais sobre essas opções.
A tabela 5 expõe as principais diferenças do comportamento de comunicação
entre os adotantes iniciais e tardios.
Tabela 4 – Comportamento de comunicação
CARACTERÍSTICA
INOVADOR
NÃO-INOVADOR OU
ADONTANTE TARDIO
Participação social Maior Menor
Interconexões com redes interpessoais
dentro do sistema social
Maior Menor
Cosmopolita Mais Menos
Contato com agentes de mudança Maior Menor
Exposição à mídia de massa Maior Menor
Exposição a canais de comunicação
interpessoal
Maior Menor
Busca de informações sobre inovações Maior Menor
Conhecimento sobre inovações Maior Menor
Grau de formação de opinião Maior Menor
FONTE: Adaptado de Rogers (1995)
Rogers (1995) mostra que os inovadores possuem maior participação social,
interconexões com redes interpessoais dentro do sistema social, contatos com
64
agentes de mudança, exposição à mídia de massa, exposição a canais de
comunicação interpessoal, busca de informações sobre inovações e grau de
formação de opinião que os adotantes tardios. São mais cosmopolitas por viajarem
mais e estarem envolvidos com assuntos que vão além das fronteiras de seu
sistema social.
Os líderes de opinião o mais inovadores dentro de um sistema em que as
normas são mais favoráveis à mudança (ROGERS, 1995). Os inovadores estão
mais expostos às revistas de interesse especializado, dedicadas à categoria do
produto no qual inovam do que à televisão (SCHIFFMAN ; KANUK, 2000).
O papel da influência interpessoal é um dos assuntos centrais para a literatura
do processo de decisão. Ela compreende a identificação de provedores de
informação, o fluxo de informação dentro de um círculo de indivíduos formando uma
rede, a importância e o tipo de informação fornecida, e a influência dessas
informações sobre os receptores (GATIGNON ; ROBERTSON, 1991).
Blackwell, Miniard e Engel (2005) afirmam que é comum que a influência de
um grupo seja o fator principal para as mudanças de estilo de vida, aceitação de
uma nova moda e experimentação e adoção de novos produtos. Os autores expõem
que independentemente da nacionalidade, etnia, raça ou gênero, as influências
pessoais e de grupo alteraram as ações e comportamentos dos indivíduos. Os
esforços para fazer parte de um grupo, para se adequar aos padrões e para agradar
os outros afetam as escolha de vida e as decisões de compra que cada indivíduo
faz. As informações vindas de pessoas com as quais nos identificamos e desejamos
ser iguais possui grande credibilidade.
Gatignon e Robertson (1991, p. 319) citam vários fatores que condicionam a
extensão e o impacto das influências pessoais:
A relevância da informação; o papel desempenhado pela informação dos
membros do sistema social versus o valor de complementaridade de outras
fontes de informação; a direção da informação; a motivação ou intenção de
trocar informações; a forma (visual ou verbal) da comunicação; o sinal
(positivo ou negativo) da informação; e a origem da informação.
Churchill (2000) aponta que os consumidores ao tomar decisões de compra
levam em conta ou consultam vários grupos. A maioria das pessoas sofre influência
de vários grupos de referências, como família, amigos, clubes e organizações
profissionais que consideram ter experiência em determinada área. Os grupos de
65
referência são as pessoas que influenciam os pensamentos, sentimentos e
comportamentos dos consumidores. Solomon (2002) destaca que obviamente,
alguns grupos ou indivíduos exercem uma maior influência do que outros e afetam
uma gama maior de decisões de compra.
Lessig e Park (1978, p. 41) definem grupos de referência como “um indivíduo
ou grupo reais ou imaginários, concebidos como tendo relevância significativa sobre
as avaliações, aspirações ou comportamento de um indivíduo”. Roger (1995) afirma
que os canais interpessoais são mais efetivos em persuadir um indivíduo a aceitar
uma nova idéia, principalmente se os canais forem compostos por dois ou mais
indivíduos que possuam status sócio-econômico, educação ou outro fator importante
em comum.
Segundo Gatignon e Robertson (1991) o nível de influência interpessoal que
o indivíduo exerce depende dos atributos percebidos quanto à fonte de informação e
da natureza de mensagem da comunicação. Os atributos mais importantes de uma
fonte é a credibilidade em primeiro lugar seguida da atratividade, determinada pelo
prestigio individual e afinidade com o receptor. A redução da incerteza se através
de três determinantes: clareza da mensagem, consistência da mensagem em
relação a outras informações e grau de comprometimento da fonte de mensagem
com a atitude recomendada por ela.
Os grupos de referência podem ser compostos tanto de pessoas que o
consumidor realmente conhece, como de pessoas com quem o consumidor pode se
identificar ou admirar. Dessa forma, o consumidor pode não ter nenhum contato
direto como o grupo de referência, mas ele pode influenciar significativamente sobre
os seus gostos e preferências, pois fornecem orientação quanto aos tipos de
produtos usados por pessoas admiradas (SOLOMON, 2002).
Na figura 9, Blackwell, Miniard e Engel demonstram o processo de influência.
Existem três tipos de influências que afetam as decisões: a normativa, de expressão
do valor e informacionais (BLACKWELL , MINIARD , ENGEL, 2005 ; LESSIG, PARK,
1978 ; SOLOMON, 2002).
66
Figura 9 – Influências pessoais e de grupo em um indivíduo
Fonte: Adaptado de Blackweel, Miniard e Engel (2005, p. 423)
A influência normativa ocorre “quando indivíduos alteram seus
comportamentos e suas crenças para atender às expectativas de determinado
grupo” (BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005, p. 416). A compra de um produto
ou serviço é motivada por ele se enquadrar com as preferências ou expectativas de
outras pessoas que são vistas como mediadoras do significado da recompensa e ou
punição pela compra (LESSIG ; PARK, 1978).
As influências de expressão de valor ocorrem quando “a necessidade de
associação psicológica com um grupo causa a aceitação de suas normas, valores
atitudes e comportamentos” (BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005, p. 416). O
indivíduo utiliza a expressão de valor do grupo de referência a fim de expressar e/ou
apoiar seu ego para o mundo exterior. Nesse caso, o grau de especificidade de
coerência ou normas do grupo de referência é irrelevante, o que importa é a imagem
psicológica associada com o grupo se o grupo é real ou imaginário (LESSIG ; PARK,
1978).
As influências informacionais ocorrem “quando as pessoas têm dificuldade em
ter acesso às características de um produto ou marca por meio da sua observação
ou contato(BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005, p. 416). Ela pode ocorrer de
diversos modos: quando um consumidor procura líderes de opinião ou um grupo
67
com o expertise necessário, baseado na observação de comportamentos de outras
pessoas, pelo status da marca ou pela qualidade da marca percebida
individualmente ou pela opinião do grupo (LESSIG ; PARK, 1978).
As influências podem ser transmitidas a indivíduos de várias formas. Com a
observação de como um indivíduo ou grupo se comporta, com os veículos de
comunicação, por meio de publicações especializadas, entre outros. Mas o método
mais eficaz é geralmente a troca de pessoa para pessoa, que permite uma
comunicação mais pessoal e também um feedback do próprio comportamento
(BLACKWELL ; MINIARD ; ENGEL, 2005)
Bearden, Netemeyer e Teel (1989) destacam que os consumidores possuem
diferentes níveis de susceptibilidade à influência interpessoal. A susceptibilidade do
consumidor à influência interpessoal pode ser definida como a necessidade desse
consumidor em identificar e agregar significados à sua imagem pessoal através de
compra e uso de produtos e marcas; como o desejo de conformidade quanto às
expectativas de outras pessoas em relação às suas decisões de compras; e como a
tendência de aprender sobre produtos e serviços pela observação dos outros e/ou
pela busca de informações com outras pessoas.
O boca a boca deve ser considerado especialmente efetivo na difusão de
novos produtos, funcionando de forma complementar aos efeitos da propaganda.
Ikeda (1997) define a comunicação boca a boca como a transmissão informal de
informações de uma pessoa a outra. Para a autora, a comunicação boca a boca é
confiável porque vêm de líderes de opinião, membros de família, amigos e outras
fontes não relacionadas oficialmente com as empresas. Ela é extremamente
poderosa porque a mensagem é percebida como não viesada (ANDRADE ;
MAZZON ; KATZ, 2006).
De acordo com Mowen e Minor (2006) os consumidores podem ser motivados
a buscar informações de outras pessoas em três situações de compras: quando os
produtos são altamente visíveis para outras pessoas, quando o produto é muito
complexo e quando não é fácil testar o produto.
Para Gatignon e Robertson (1991) os principais incentivos para um indivíduo
influenciar o outro quanto a uma decisão de compra são a procura de
reconhecimento e legitimação entre os amigos através do domínio do conhecimento
para justificação da compra e, o status social e o poder, obtidos pelo transmissor
68
estar em posição superior ao do receptor ao ceder informação, demonstrando o
receptor sentimento de gratidão ao transmissor. Os autores apresentam também os
riscos da influência interpessoal para o influenciador ao considerar a probabilidade
de um conselho inapropriado e, especialmente para as novas tecnologias, devido à
incerteza de sua evolução e desempenho com o passar do tempo.
Segundo Gatignon e Robertson (1991) o recebimento de informações tem
seus custos e benefícios. Os benefícios referem-se ao valor da informação recebida,
o alivio da ansiedade e a legitimação social recebida. Já os custos dizem respeito ao
risco de transmissão de informações pobres, incompletas ou errôneas, bem como, o
de assumir uma posição de subordinação em relação ao influenciador, chamado de
custo social. O influenciador ao transmitir um direcionamento demonstrando
conhecimento em um domínio do consumo, normalmente espera uma reciprocidade
de conhecimento em outro domínio do consumo, se isso não ocorre se estabelece
uma relação unilateral de transmissão de informações, o que causa uma posição de
subordinação ao influenciador.
Na figura 10, Blackweel, Miniard e Engel (2005) também apresentam alguns
benefícios da comunicação pessoal tanto para o emissor como para o receptor:
Figura 10 – Benefícios da comunicação boca a boca
Fonte: Blackweel, Miniard e Engel (2005, p. 423)
69
Segundo Churchill (2000) na maioria dos casos, os grupos de referência o
falam diretamente o que os consumidores devem fazer, em vez disso, os
consumidores são influenciados por respeito à opinião do grupo ou preocupação
com os sentimentos do grupo. Normalmente, o resultado é a limitação da busca de
alternativas do consumidor àquelas que o grupo de referência valoriza.
Solomon (2002) afirma que os grupos de referência podem exercer tanto uma
influência positiva quanto uma influência negativa sobre o comportamento de
consumo. Normalmente, os indivíduos moldam seu comportamento de acordo com a
aprovação do seu grupo, agindo de forma coerente com o que pensa que o grupo
espera deles. Em outros casos, no entanto, os consumidores poderão tentar se
distanciar de outras pessoas ou grupos que funcionam como grupos de evitação.
Loureiro et al. (2003) estudaram a influência das comunicações interpessoais
sobre as decisões de compra dos consumidores. No estudo, identificaram que as
comunicações verbais conseguiram influenciar as decisões de compra de parte dos
consumidores pesquisados. Ainda que os resultados obtidos não possam ser
generalizados, devido à utilização de uma amostra não probabilística, indicam que
os consumidores, após uma experiência positiva com um serviço ou produto, são
menos vulneráveis a comunicações verbais negativas.
Kotler e Armstrong (2003) salientam que os membros da família podem
influenciar significativamente o comportamento do comprador. O envolvimento
marido/mulher varia de acordo com a categoria de produto e com o estágio no
processo de compra. A mulher é tradicionalmente a principal agente de compras da
família, principalmente na área de alimentos, produtos domésticos e roupas.
Blackwell, Miniard e Engel (2005) mostram que algumas categorias são
tradicionalmente de domínio feminino, como roupas femininas, roupas infantis e
gêneros alimentícios. O marido é dominante em duas categorias, cortadores de
grama e hardware. E as decisões em conjunto referem-se a decisões sobre viagens,
televisores, geladeiras e mobiliário de sala de estar. As decisões autônomas estão
presentes em categorias que contém jóias femininas, roupas de lazer masculinas,
roupas de trabalho masculinas, equipamentos esportivos, lâmpadas e iluminação,
brinquedos e jogos, tinta para uso interno e papel de parede e bagagem.
Para Bennett e Kassarjian (1975, p. 128) na maioria dos itens de alimentação
são as mulheres que apresentam o papel de porteiras:
70
No lar, é a mulher quem escolhe a maioria dos produtos e das marcas. Sua
decisão pode ser influenciada ou não pelos gastos e paladares de outros
membros da família, seus convidados, e talvez a pelos gostos dos
membros do clube das senhoras da vizinhança, mas o controle da última
porta nos canais de distribuição do produtor ao consumidor está nas mãos
dela. O marido pode até gostar do café forte e do cornflakes doces, mas ela
é quem toma a decisão final sobre a compra e quem seleciona a marca e o
tamanho da embalagem.
Embora ainda sejam aplicáveis os papeis tradicionais de compra, isso vem
mudando com a entrada da mulher no mercado de trabalho inibindo a diferenciação
entre produtos para homens e mulheres (KOTLER, ARMSTRONG, 2003;
BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005). Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005)
as decisões do marido e da mulher tomadas em conjunto são crescentes. Na
decisão de compra da família, tanto o marido, como a esposa e o filho podem
influenciar a decisão de compra.
Para Sandhusen (2003) a família de orientação (pais e irmãos do consumidor)
também influência no comportamento de decisão do consumidor, embora de forma
menos significativa que a família de procriação (marido, esposa e filhos). Essa
influência muitas vezes ocorre de forma inconsciente, por terem sido eles que
forneceram os comportamentos e valores para a religião, política, economia,
sentimentos de ambição pessoal e valor de produtos.
Solomon (2002) expõe que apesar dos consumidores obterem informações
de fontes pessoais, não tendem a simplesmente pedir conselhos sobre compras
para qualquer um, mas sim para pessoas que saibam bastante sobre o assunto, os
líderes de opinião.
Para Rogers (1995) liderança de opinião é o nível que um indivíduo é capaz
de informalmente influenciar a atitude de outros indivíduos ou seu comportamento
visível em uma determinada direção com relativa freqüência. Segundo estudos
realizados pelo autor, os líderes de opinião comparados aos seguidores, possuem
uma maior exposição à mídia de massa, são mais cosmopolitas, têm maior
participação social e status cio-econômico, o mais inovadores e se ajustam
mais profundamente com os sistemas de normas sociais.
Schiffman e Kanuk (2000) apontam que um líder de opinião exerce grande
influência sobre o comportamento do consumidor porque este percebe que o líder
nada tem a ganhar com a transação do produto que estão tratando. E o líder de
opinião normalmente tira proveito psicológico ao fornecer informações sobre um
71
produto, sentindo-se prestigiado por poder fornecer informações ou conselho a outra
pessoa.
Bearden, Netemeyer e Teel (1989) apresentam uma escala para avaliar a
susceptibilidade à influência interpessoal, considerando as influências normativas e
as influências informacionais. As influências normativas compreendem os seguintes
itens: Eu raramente compro estilos da última moda até que eu esteja seguro que
meus amigos aprovaram; É importante que outras pessoas gostem dos produtos e
marcas que eu compro; Quando compro produtos, eu geralmente compro as marcas
que eu penso que os outros aprovariam; Se outra pessoa pode me ver usando um
produto, eu frequentemente compro a marca que ela espera que eu compre; Eu
gosto de saber quais marcas e produtos causam boas impressões às outras
pessoas; eu consigo um senso de pertencimento pela compra de alguns produtos e
marcas que outros compram; Se eu quero ser parecido com alguém, eu
frequentemente tento comprar as mesmas marcas que ele compra; Eu
frequentemente me identifico com outras pessoas comprando as mesmas marcas e
produtos que eles compram. as influências informacionais consideram os itens:
Eu compro um produto ou marca quando tenho certeza, eu frequentemente observo
o que os outros estão comprando e usando; Se eu tenho pouca experiência com um
produto, eu frequentemente pergunto para meus amigos sobre os produtos; Eu
frequentemente consulto outras pessoas para ajudarem a escolher a melhor
alternativa disponível de uma categoria de produto; eu frequentemente busco
informações de amigos ou familiares sobre um produto antes de comprar.
2.3.3 Características percebidas da inovação
Segundo Yetton, Sharma e Southon (1999, p. 55) “as características da
inovação identificam e explicam os impactos da inovação sobre o usuário final”.
Rogers (1995, p. 206) define a taxa de adoção como “a velocidade relativa na
qual uma inovação é adotada pelos membros de um sistema social”. O autor
identifica cinco atributos principais pelos quais uma inovação pode ser descrita,
destacando a importância das percepções individuais dessas características na
previsão da taxa de adoção das inovações. São eles: vantagem relativa,
72
compatibilidade, complexibilidade, experimentabilidade e observabilidade. Além
desses atributos, são propostas outras variáveis que afetam a taxa de adoção: o tipo
da decisão sobre uma inovação, a natureza dos canais de comunicação que
difundem a inovação nos vários estágios do processo de decisão da inovação, a
natureza do sistema social na qual a inovação está sendo propagada e o nível de
promoção dos agentes de mudança na difusão de inovação.
A vantagem relativa é o grau que uma inovação é percebida pelo indivíduo
como melhor do que aquela que a precedeu. O grau de uma vantagem relativa é
normalmente expressa pela rentabilidade econômica, prestígio social e outros
benefícios. O tipo específico de vantagem relativa é determinado pela natureza da
inovação e pelas características do indivíduo (ROGERS, 1995).
Blackwell, Miniard e Engel (2005, p. 434) salientam que a vantagem relativa
“é o grau com o qual os consumidores podem perceber que tal produto oferece
benefícios maiores que o produto atualmente em uso”, tendo maior probabilidade de
serem bem-sucedidos os produtos que apelem fortemente às necessidades do
consumidor. Segundo Pimenta de Pádua Jr. (2005, p. 56) este atributo está
“positivamente relacionado a sua taxa de adoção, ou seja, quanto maior a vantagem
relativa percebida pelos membros de um sistema social, mais rápida será a taxa de
adoção”.
Zaltman e Lin (1971) apresentam esse conceito como retorno de
investimento. Esse atributo destaca-se entre os indivíduos que tem pouca tolerância
a situações de inovação e torna-se necessária uma gratificação pela atitude. O nível
de gratificação varia de acordo com a cultura e de acordo com classe, educação,
motivos de realização e cosmopolitas. Normalmente produtos inovadores requerem
recursos financeiros para o pagamento de um valor elevado, assim, indivíduos com
baixo nível de educação, renda e motivos de realização, tendem a ser menos aptos
a adoções de inovações que não tem um retorno imediato ou uma recompensa
significativa. Este atributo está relacionado positivamente a sua taxa de adoção.
A compatibilidade é o grau que uma inovação é percebida pelo indivíduo
como consistente com os valores existentes, experiências passadas e necessidades
dos adotantes. Uma inovação pode ser compatível ou não com crenças e valores
sócio-culturais, idéias previamente introduzidas e necessidades do consumidor para
a inovação (ROGERS, 1995). Assim, quanto menor for a incerteza e quanto mais se
ajustar às necessidades de um indivíduo, mais a idéia será compatível, estando este
73
atributo positivamente relacionado a sua taxa de adoção (PIMENTA DE PÁDUA JR,
2005). Schiffman e Kanuk (2000) apresentam que um estudo sobre compradores de
aparelhos de CDs e de outros artigos de alta tecnologia em que os fatores principais
que inibem a adoção de um produto são a incompatibilidade e a baixa qualidade do
produto.
A complexidade é o grau que uma inovação é percebida pelo indivíduo como
relativamente difícil de entender e usar. Quanto mais complexo o novo produto for,
mas difícil será para obter sua aceitação (ROGERS, 1995). Algumas inovações que
são facilmente compreendidas são rapidamente adotadas, ao passo que outras, por
serem mais complexas, são adotadas mais vagarosamente. Assim, a complexidade
percebida de uma inovação está negativamente relacionada a sua taxa de adoção
(PIMENTA DE PÁDUA JR, 2005). Schiffman e Kanuk (2000) afirmam que a
complexidade é um item especialmente importante quando se tenta ganhar a
aceitação do mercado para produtos de consumo de alta tecnologia, gerando o
medo da complexidade técnica, o medo de que o produto se torne obsoleto, o medo
da rejeição social e o medo de se machucar fisicamente.
A experimentabilidade é o grau que uma inovação pode ser experimentada de
um modo limitado. A experimentação é uma forma do consumidor dar significado a
uma inovação, descobrir como ela funciona e reduzir as incertezas a seu respeito
(ROGERS, 1995). Este atributo está positivamente relacionado a sua taxa de
adoção.
A observabilidade é o grau no qual os resultados de uma inovação podem ser
observados por outros. Algumas idéias são facilmente observadas e comunicadas,
enquanto outras inovações são difíceis de serem observadas e até mesmo de serem
descritas para outros (ROGERS, 1995). A observação percebida de uma inovação
está positivamente relacionada a sua taxa de adoção. Segundo Schiffman e Kanuk
(2000) os produtos que possuem um alto grau de visibilidade social, como itens da
moda, são difundidos com mais facilidade que produtos de menor visibilidade, como
produtos de higiene pessoal. Da mesma forma, um produto intangível, como um
serviço, é mais difícil de ser promovido do que outro produto tangível.
Para Gatignon e Robertson (1991) o esquema proposto por Rogers (1995) é o
que predomina na área, mas consideram que essas características podem não ser
as mais apropriadas para entender o processo de adoção do consumidor. Os
74
autores propõem um sumário de dimensões para classificar inovações, conforme
apresentado na tabela 5.
Tabela 5 – Dimensões que afetam a velocidade da difusão
Dimensões
Relação com a velocidade da
difusão
O valor da inovação
- Vantagem relativa +
O custo da inovação
- Custo de compra -
- Custo de troca -
A incerteza da inovação
- Padronização +
- Expectativa de duração do ciclo de vida +
O nível de relevância social
- Observabilidade +
- Valor social +
Requisitos para aprendizado do consumidor
- Complexibilidade -
- Compatibilidade +
- Teste +
Concepção do programa de marketing
- Despesas com anúncio em vendas +
- Posicionamento apropriado e segmentação +
- Capacidade para gerar influências sociais +
- Capacidade para gerar testes +
Fonte: Adaptado de Gatignon e Robertson (1991, p. 323)
Verifica-se na tabela 5 que quanto menor a complexibilidade e quanto maior a
vantagem relativa, a compatibilidade, a experimentabilidade e a observabilidade,
maior será a velocidade da difusão (GATIGNON ; ROBERTSON, 1991).
Gatignon e Robertson (1991) consideram o custo da inovação como um dos
maiores determinantes da velocidade de difusão. Definem como principais custos, o
custo de compra e o custo de troca. Para Zaltman e Lin (1971) o custo é uma das
dimensões mais óbvia, dividindo-a em custo financeiro, considerado o valor pago, e,
o social, referente à inclusão, exclusão ou expulsão de um grupo de referência.
A compreensão das expectativas do consumidor também pode ter um
impacto importante nas estratégias de formação de preço em geral. Normalmente,
quanto maior o preço cobrado, menor a probabilidade do consumidor comprar um
determinado produto. Porém, em algumas circunstâncias, os consumidores
desenvolvem expectativas quanto à relação preço qualidade. A qualidade e o
preço percebido se combinam para formar o valor percebido do produto. Assim, o
valor percebido pode ser definido como a compensação que os consumidores fazem
entre a qualidade percebida e o preço ao avaliar um produto (Mowen ; Minor, 2006).
75
Moore e Benbasat (1991) desenvolveram um instrumento para medir as
várias percepções que um indivíduo pode ter ao adotar uma inovação em tecnologia
da informação estações de trabalho pessoal. Além dos cinco atributos mostrados por
Rogers (2003), foram medidos mais três atributos adicionais, sendo eles
voluntariedade, imagem e demonstrabilidade do resultado. A voluntariedade de uso
é caracterizada pelo seu livre arbítrio de uso. A imagem é definida como o grau no
qual o uso de uma inovação é percebido no sentido de melhorar a imagem ou o
status de uma determinada pessoa dentro de seu sistema social. A
demonstrabilidade do resultado representa o grau no qual uma inovação é fácil de
ser comunicada para outras pessoas, sendo similar ao conceito de observabilidade.
Moore e Benbasat (1991) propõem uma escala de oito dimensões composta
por 38 itens e uma escala reduzida de 25 itens. Considerando a escala reduzida, os
autores utilizaram os seguintes itens para medir vantagem relativa, compatibilidade,
experimentabilidade e observabilidade:
- Vantagem relativa: usar um PWS permite realizar minhas tarefas com maior
rapidez; usar um PWS aumenta a qualidade do meu trabalho; usar um PWS faz com
que eu realize o meu trabalho com mais facilidade; usar um PWS aumenta minha
eficiência no trabalho; usar um PWS dá um maior controle sobre o meu trabalho;
- Compatibilidade: usar um PWS é compatível com todos os aspectos de meu
trabalho; eu penso que usar um PWS ajusta bem com o caminho que eu gosto de
trabalhar; usar um PWS se ajusta com o meu estilo de trabalho;
- Experimentabilidade: antes de decidir se eu uso alguma aplicação PWS, eu
posso antes experimentar corretamente; é permitido usar a título de teste bastante
um PWS para ver o que pode ele pode fazer;
- Observabilidade: em meu trabalho, as pessoas vêem PWS sobre as mesas;
PWS não são muito visíveis em minha organização.
Suoranta (2005) utiliza o modelo de Rogers (2005) baseado na vantagem
relativa, compatibilidade, complexibilidade, experimentabilidade e observabilidade
para examinar a inovação na indústria de serviços financeiros, acrescentando o
conceito de risco percebido. O construto de vantagem relativa é associado
principalmente à economia de tempo, esforços e dinheiro; compatibilidade associada
ao grau de compatibilidade com as experiências e valores prévios do consumidor;
complexidade é associada ao grau de dificuldade de uso e de entendimento com o
qual uma inovação é percebida; a possibilidade de observação é associada com os
76
recursos de informação; a experimentabilidade é associada a possibilidade; e o risco
associada a segurança e probidade. O modelo é testado usando uma análise de
regressão. Os resultados encontram que quanto maior a vantagem relativa, a
compatibilidade, observabilidade e a experimentabilidade maior a probabilidade de
adoção. O estudo mostrou também que as pessoas ainda não estão concentradas
no fato do risco que envolve a indústria de serviços financeiros e que a menor
complexidade dos serviços não significa sua maior adoção.
Quanto às escalas existentes, Rogers (1995) o indica o seu uso
incentivando a criação de novas escalas para cada estudo de inovações, pois a
maneira espefica de como cada um dos atributos é expressa varia para cada
estudo, salientando a importância de cada estudo acrescentar atributos que sejam
particulares a si.
2.3.4 Características a serem utilizadas no modelo de pesquisa
Para o presente estudo, serão consideradas as características pessoais, as
características percebidas e as características psicológicas. As características
pessoais serão verificadas pelas características sócio-econômicas, renda, idade,
gênero, ocupação e composição familiar. As características percebidas abrangem
vantagem relativa, compatibilidade, experimentabilidade, observabilidade e valor
percebido. E as características psicológicas consideram a tendência a inovar,
conhecimento de produtos orgânicos, envolvimento e susceptibilidade à influência
interpessoal. Na tabela 6 são apresentas os perfis comparativos entre o consumidor
inovador e o não-inovador, segundo essas características.
Robertson e Gatignon (1991) e Schiffman e Kanuk (1999) apontam que
juventude, alta renda e alto nível de educação são características de indivíduos com
comportamento inovador. Rogers (1995) apresenta que alto nível de educação e
prestígio de ocupação também são características de indivíduos com
comportamento inovador. Pimenta de Pádua Jr. (2005) mostra que não diferença
entre homens e mulheres no comportamento inovador. E Bello (2007) diz que os
indivíduos com filhos em casa apresentam maior comportamento inovador.
77
Tabela 6 – Perfis comparativos entre o consumidor inovador e o não-inovador ou adotante tardio
CARACTERÍSTICA INOVADOR
NÃO-INOVADOR
OU ADOTANTE
TARDIO
AUTOR(ES)
PESSOAIS
Sócio-econômicas Maior Menor Rogers (1995)
Renda Maior Menor Zaltman, Lin (1971)
Rogers (1995)
Robertson ; Gatignon (1991)
Schiffman, Kanuk (2000)
Idade Mais jovem Mais velho Robertson ; Gatignon (1991)
Schiffman, Kanuk (2000)
Gênero Não há diferença Não há diferença Pimenta de Pádua Jr. (2005)
Prestígio de ocupação Maior Menor Rogers (1995)
Schiffman, Kanuk (2000)
Composição familiar
(com filhos)
Maior Menor Bello (2007)
CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS DA INOVAÇÃO
Vantagem relativa Maior Menor Robertson, Gatignon (1991)
Rogers (1995)
Pimenta de Pádua Jr. (2005)
Blackwell, Miniard, Engel
(2005)
Suoranta (2005)
Compatibilidade Maior Menor Robertson, Gatignon (1991)
Rogers (1995)
Schiffman, Kanuk (2000)
Pimenta de Pádua Jr. (2005)
Suoranta (2005)
Experimentabilidade Maior Menor Robertson, Gatignon (1991)
Rogers (1995)
Suoranta (2005)
Observabilidade Maior Menor Robertson, Gatignon (1991)
Rogers (1995)
Schiffman, Kanuk (2000)
Suoranta (2005)
Valor percebido Maior Menor Zaltman, Lin (1971)
Robertson, Gatignon (1991)
PSICOLÓGICAS / PSICOGRÁFICAS
Tendência a inovar Maior Menor Rogers (1995)
Midgley, Dowling (1978)
Hauser, Tellis, Griffin (2006)
Conhecimento Maior Menor Alba, Hutchinson (1987)
Robertson, Gatignon (1991)
Rogers (1995)
Envolvimento Maior Menor Fonseca, Rossi (1999)
Blackwell, Miniard, Engel
(2005)
Mower, Minor (2006)
Susceptibilidade à
Influência interpessoal
Maior Menor Rogers (1995)
Fonte: Elaboração própria, a partir dos autores citados anteriormente
Estudos realizados apresentam que o consumidor que apresenta maior
tendência a inovar (ROGERS , 1995 ; MARCHETTI, 1991 ; HAUSER, TELLIS,
GRIFFIN, 2006), maior conhecimento (GATIGNON, ROBERTSON, 1991; ROGERS,
78
1995), e maior susceptibilidade à influência interpessoal (ROGERS, 1995 ;
BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005) demonstram maior comportamento inovador
e maior envolvimento causa maior adoção (ROSSI, FONSECA, 1999 ; SOUZA,
AZEVEDO BARBOSA, TEIXEIRA, 2006).
Os estudos também demonstram que inovações com alto grau de vantagem
relativa, compatibilidade, experimentabilidade e observabilidade (GATIGNON,
ROBERTSON, 1991; ROGERS, 1995 ; PIMENTA DE PÁDUA JR, 2005) e; baixo
custo (GATIGNON, ROBERTSON, 1991), considerado no estudo pelo valor
percebido, estão relacionados com a taxa de adoção levando a um maior
comportamento inovador.
2.4 PRODUTOS ORGÂNICOS
O Ministério de Estado da Agricultura e do Abastecimento - Legislação Art.
87, Parágrafo único, inciso II, da Constituição, define o que é considerado sistema
orgânico de produção agropecuária e industrial:
Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo
aquele em que se adotam tecnologias que otimizem o uso de recursos
naturais e sócio-econômicos, respeitando a integridade cultural e tendo por
objetivo a autosustentação no tempo e no espaço, a maximização dos
benefícios sociais, a minimização da dependência de energias não
renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos
artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados (OGM) /
transgênicos ou radiações ionizantes em qualquer fase do processo de
produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos, privilegiando
a preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transparência
em todos os estágios da produção e da transformação, visando: a oferta de
produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo
de contaminantes que ponham em risco a saúde do consumidor, do
agricultor e do meio ambiente; a preservação e a ampliação da
biodiversidade do ecossistema natural ou transformado, em que se insere o
sistema produtivo; a conservação das condições físicas, químicas e
biológicas do solo, água e do ar; e, o fomento da integração efetiva entre
agricultor e consumidor final de produtos orgânicos e o incentivo à
regionalização desses produtos orgânicos para os mercados locais.
Assim, todo produto obtido em sistema orgânico de produção agropecuária ou
industrial, seja in natura ou processado, é considerado orgânico. De acordo com o
regulamento CEE 2092/91, as plantas comestíveis ou partes comestíveis de plantas
79
(frutos, sementes, talos, folhas, raízes, etc.) que cresçam de forma espontânea em
áreas naturais, florestas e áreas agrícolas são consideradas um produto orgânico,
quando as áreas onde são encontradas não tenham sido tratadas com produtos
químicos e / ou sintéticos, durante três anos precedentes à colheita. A colheita não
poderá afetar a estabilidade do ecossistema nem prejudicar a conservação das
espécies nativas (ORMOND et al.., 2002).
A conversão de áreas de agricultura convencional para o manejo orgânico é o
método mais utilizado para o cultivo de orgânicos. A mudança de processo de
manejo do solo e de animais se inicia pela suspensão total de insumos sintéticos e
sua substituição por insumos naturais e biodegradáveis renováveis pelo período
necessário à desintoxicação da área. Enquanto a terra e os animais apresentarem
vestígios de agroquímicos ou fertilizantes sintéticos, a sua produção não poderá ser
considerada orgânica (ORMOND et al.., 2002).
No Brasil, a IBD - Associação de Certificação Instituto Biodinâmico, é
responsável pela emissão dos certificados dos produtos orgânicos e possui
reconhecimento internacional através do aval do IFOAM - International Federation of
Organic Agriculture Movementes - que elaborou normas básicas para a agricultura
orgânica, a serem seguidas por todas as suas filiadas, quando da elaboração de
normas próprias (VIEIRA; PAULILLO; ALVES, 2001). O IBD controla e certifica os
produtos orgânicos no país, tanto para consumo interno quanto para exportação.
O Instituto Biodinâmico (LIMA, 2007) esclarece que o produto orgânico é
natural, mas nem todo produto natural é necessariamente orgânico. Isso porque o
orgânico o é apenas um produto livre de agrotóxicos. um elenco de critérios
para que o produto seja considerado orgânico: é necessário desintoxicar o solo e
substituir os fertilizantes químicos por compostos orgânicos. A agricultura orgânica
proíbe o uso de fertilizantes e defensivos químicos e integra técnicas como
adubação verde, rotação de culturas, compostagem entre outras. No caso da criação
animal, feita pelo mesmo princípio, é vetado o uso de herbicidas nos pastos e
carrapaticidas.
Segundo a Dr. Elaine de Azevedo (2007) a forma de manejo animal, dentro
de conceito de orgânico, visa à prevenção de doenças e o fortalecimento do animal.
Admite-se o semi-confinamento respeitando-se, entretanto, o seu bem-estar. O
animal se movimenta em espaço adequado e tem contato com a luz natural,
propiciando o comportamento natural da espécie. A alimentação é variada, com
80
pastagem e grãos de origem orgânica. Se esses procedimentos não forem seguidos,
o alimento não é considerado orgânico.
Para o coordenador da Comissão da Agroindústria de Produtos Orgânicos da
Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Luiz rgio Valle, a divulgação do
conceito de alimentação orgânica não é importante apenas para o consumidor
preocupado com sua saúde, é mais do que isso, é uma filosofia de trabalho que
preserva a produtividade da terra (CARNEIRI, 2006).
Existe comprovação, em estudos e pesquisas científicas, de que o cultivo
orgânico vem em resposta a tudo que está ocorrendo hoje no planeta, constituindo-
se numa alternativa viável para reverter o quadro de desequilíbrio ambiental, através
do uso racional do solo e da água. Com a premissa da produção em harmonia com a
natureza, ou seja, onde a propriedade é vista e tratada como um organismo vivo,
seu resultado não se limita apenas à saúde do indivíduo consumidor, mas à saúde
do ambiente em que se insere o sistema de produção (Chiarinelli, 2007).
Segundo o Codex Alimentarius Comission, a Agricultura Orgânica, também
conhecida como agricultura biológica (França e Portugal), agricultura ecológica
(Espanha, Dinamarca), agricultura natural (Japão) ou agricultura biodinâmica (parte
da Alemanha) caracteriza-se por possuir bases ecológicas, holística, sustentável e
socialmente justa. A ecológica baseia-se no funcionamento do ecossistema agrário e
recorre a práticas, como rotações culturais, adubos verdes, consorciações, luta
biológica contra pragas e doenças, que fomentam o seu equilíbrio e biodiversidade.
A holística baseia-se na interação dinâmica entre o solo, as plantas, os animais e os
humanos, considerados como uma cadeia indissociável, em que cada elo afeta os
restantes. a sustentável busca manter e melhorar a fertilidade do solo a longo
prazo, preservando os recursos naturais solo, água e ar e minimizar todas as formas
de poluição que possam resultar de práticas agrícolas. Além disso, visa reciclar
restos de origem vegetal ou animal de forma a devolver nutrientes à terra,
minimizando deste modo o uso de recursos não-renováveis, atingindo a meta de
depender de recursos renováveis em sistemas agrícolas organizados no âmbito local
e regional. Assim, não se utiliza produto químico sintético como adubos minerais
altamente solúveis, agrotóxicos, reguladores de crescimento e aditivos alimentares
para animais. Considerando a socialmente justa, a agricultura orgânica une os
agricultores e os consumidores na responsabilidade de produzir alimentos e fibras
de forma ambiental, social e economicamente sã e sustentável, bem como preservar
81
a biodiversidade e os ecossistemas naturais. Permite, também, que os agricultores
obtenham uma melhor valorização das suas produções e uma dignificação da sua
profissão, além da possibilidade de permanecerem nas suas comunidades. Garante,
também, aos consumidores, a possibilidade de escolherem consumir alimentos de
produção orgânica, sem resíduos de agrotóxicos e, conseqüentemente, produtos
salubres para eles, contribuindo pela melhoria do ambiente. (CERVEIRA, 2007)
2.4.1 O mercado de produtos orgânicos
Um dos fenômenos de marketing dos últimos anos vem sendo protagonizado
pelos produtos orgânicos, cultivados sem uso de agrotóxicos, insumos químicos e
fertilizantes. Com o duplo apelo do modo de vida saudável e do respeito à natureza,
esses produtos, especialmente os alimentos, deixaram a antiga aura de "naturebas",
consumidos quase exclusivamente por hippies e simpatizantes, para conquistar as
prateleiras de supermercados, as linhas de produção das grandes empresas e uma
legião cada vez maior de consumidores. O leque de oferta dos produtos também se
abriu: além dos tradicionais legumes, verduras e frutas, se vende vinho, café,
cacau, carne, leite e até cosméticos orgânicos. Seu conjunto de virtudes fez com que
os analistas de marketing os incluíssem entre as tendências mais fortes de evolução
da área de consumo. (PAUL, 2007)
Os primeiros movimentos em favor de sistemas orgânicos, que iniciaram na
década de 20, guardam pouca ligação com a agricultura orgânica praticada hoje,
pois inicialmente não havia padrões, regulamentos ou interesse em questões
ambientais e de segurança alimentar. Na década de 70, começaram a surgir no
comércio da Europa os primeiros produtos orgânicos. O movimento se consolidou no
final da década de 80, tendo seu maior crescimento em meados dos anos 90, com o
programa instituído pelo Council Regulation da CEE Comunidade Econômica
Européia no documento 2092/91, de 24 de junho de 1991, que estabeleceu as
normas e os padrões de produção, processamento, comercialização e importação de
produtos orgânicos de origem vegetal e animal nos seus estados membros
(ORMOND et al., 2002).
82
Ormond et al. (2002) destacam que no Brasil, ainda na década de 70, a
produção orgânica estava diretamente relacionada com movimentos filosóficos que
buscavam o retorno do contato com a terra como forma alternativa de vida em
contraposição aos preceitos consumistas da sociedade moderna. A comercialização
dos produtos obtidos era feita de forma direta, do produtor ao consumidor.
Com o crescimento da consciência de preservação ecológica e a busca por
alimentação cada vez mais saudável, houve o aumento da clientela dos produtos
orgânicos e, na década de 80, organizaram-se muitas das cooperativas de produção
e consumo de produtos naturais hoje em atividade, bem como os restaurantes
dedicados a esse tipo de alimentação. Na década de 90, alavancados pela ECO 92,
proliferaram os pontos comerciais de venda de produtos naturais e, no final da
década, os produtos orgânicos entraram nos supermercados (ORMOND et al.,
2002).
Logo, esse crescimento do consumo não está diretamente relacionado com o
valor nutricional dos alimentos, mas aos diversos significados que lhes são
atribuídos pelos consumidores. Tais significados variam desde a busca por uma
alimentação individual mais saudável, de melhor qualidade e sabor, a a
preocupação ecológica de melhorar ou preservar a saúde (ARCHANJO; BRITO;
SAUERBECK, 2001). A reorganização do sistema alimentar e as mudanças que a
agricultura orgânica tem provocado no padrão de consumo mundial surgem como
uma oportunidade de produtores brasileiros expandirem a participação do país no
mercado global, especialmente através da produção de alimentos orgânicos
(VIEIRA; PAULILLO; ALVES, 2001).
Os produtos originados de produção orgânica ainda representam uma parte
muito pequena do mercado de alimentos. Apesar do interesse pela alimentação
orgânica estar ainda restrito a uma pequena parcela da população, lentamente, a
crítica ao uso dos agrotóxicos vem ganhando espaço entre produtores agrícolas e
consumidores (ARCHANJO; BRITO; SAUERBECK, 2001). Mas a demanda no
mercado por produtos orgânicos vem crescendo. O Brasil é o quinto maior produtor
mundial de orgânicos e exporta aproximadamente 60% de sua produção
(Governo..., Folha de São Paulo, 2007). De acordo com pesquisa do Projeto
Organics Brasil, o mercado de produtos orgânicos cresce em média de 45% ao ano
em todo o mundo. E o Brasil segue a linha desse crescimento. Segundo dados
estatísticos de 2006 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Brasil
83
possui cerca de 15 mil produtores que atuam com o cultivo orgânico (FERREIRA,
2008).
Segundo o Jornal Estadão de Hoje Economia e Negócios o mercado de
orgânicos deve ganhar um grande impulso este ano, com a regulamentação da lei
dos orgânicos. Além da assinatura de um decreto presidencial, em 27 de dezembro
de 2007, até o final deste primeiro semestre de 2008 deverão ser publicadas as
instruções normativas com todas as regras para o setor. Para o consumidor, a
grande novidade é a criação de um selo único e oficial para todo o País atestando
que o produto é de fato orgânico. Hoje, o consumidor convive com uma série de
selos de certificadoras, cada qual com a sua exigência. A coordenadora de
agroecologia do Ministério da Agricultura, Tereza Cristina de Oliveira Saminez
explica que o selo único vai facilitar a identificação do produto orgânico pelo
consumidor e informa que o governo prepara ainda uma grande campanha
institucional para divulgar os produtos orgânicos (BARBOSA, 2008)
Especialistas do setor orgânico, entre eles representantes do IFOAM, afirmam
que o mercado orgânico mundial superou 40 bilhões de dólares em 2007. Em
2010, espera-se que a cifra atinja 60 bilhões de lares em todo o mundo. O maior
crescimento de mercado pode ser observado nos Estados Unidos e na Europa. A
instituição americana OTA (Organic Trade Association) estima que o mercado
americano represente 20 bilhões de dólares, um crescimento de 20% em 2007, o
que torna o país o maior mercado do mundo (Mercado..., Planeta Orgânico, 2008).
2.4.2 Razões de consumo e não consumo
As motivações para o consumo variam em função do país, da cultura e dos
produtos que se analisa. Chiarinelli (2007) aponta algumas das razões que o IAPAR
apresentou no livro guia do produtor orgânico para as pessoas consumirem produtos
orgânicos:
1. Você melhora a qualidade de vida da sua família, do produtor e do meio
ambiente;
2. Participa diretamente da melhoria das condições do solo (química, física
e biológica);
84
3. Colabora com a descontaminação e recupera os recursos naturais (água
e solo);
4. Colabora com aproveitamento dos recursos naturais da propriedade
(resíduos animais e vegetais), que ficará menos dependente de insumos e
serviços externos;
5. Incentivando o consumo, você colabora para a diminuição do custo do
produto, pois com o aumento do consumo, haverá uma queda no custo da
produção, melhorando a relação custo/benefício no sistema da produção
orgânica;
6. Consome alimentos mais saudáveis, de maior valor nutricional;
7. Contribui para utilização de práticas conservacionistas na lavoura, como
uso de quebra vento, rotação de culturas, consorciação, adubação verde,
uso de sistemas agroflorestais, pastejo rotativo etc.;
8. Ajuda a aumentar a diversidade na paisagem, agregando valor e
preservando a propriedade produtora;
9. Colabora para a valorização dos recursos locais, incentivando o turismo
rural e criando formas alternativas de educação ambiental.
Segundo Archanjo, Brito e Sauerbck (2001) pode-se afirmar que a produção e
o consumo de alimentos orgânicos estão inseridos em um movimento que propõe
mudanças não apenas no comportamento alimentar, mas também, e especialmente,
na forma de se atuar com relação ao meio ambiente. A divulgação dos perigos dos
agrotóxicos e demais produtos usados na agricultura convencional é apenas um dos
aspectos de um programa mais amplo de educação ambiental.
O estudo realizado por Darolt (2007) sobre o papel do consumidor no
mercado de produtos orgânicos define o consumidor em basicamente dois tipos. O
primeiro tipo são aqueles consumidores mais antigos, que estão motivados, bem
informados e o exigentes em termos de qualidade biológica do produto. Estes
consumidores são os freqüentadores das feiras verdes de produtos orgânicos. Um
segundo tipo, mais recente, ainda pouco estudado, é o consumidor das grandes
redes de supermercados.
Observando países como Alemanha, Inglaterra, Austrália, Estados, França e
Dinamarca, percebe-se que existe uma tendência do consumidor orgânico
privilegiar, em primeiro lugar, aspectos relacionados à saúde e sua ligação com os
alimentos, em seguida ao meio ambiente e, por último, à questão do sabor dos
alimentos orgânicos. No Brasil, parece existir uma tendência semelhante. Segundo
uma pesquisa realizada pelo IBOPE, o consumidor brasileiro está disposto a pagar
mais caro por um produto que não polui o meio ambiente. Uma faixa de 68% do
universo pesquisado fez essa afirmativa, enquanto outra de 24% se mostrou
contrária à idéia. Essa tendência pode ser verificada mesmo na população com
baixa renda familiar (DAROLT, 2007).
85
Para Cerveira e Castro (1999) o principal motivo da opção por produtos
orgânicos é a qualidade dos mesmos no que se referem à saúde. Os consumidores
declaram que os produtos orgânicos tratam de produtos sem contaminação por
agrotóxicos, sendo assim, mais naturais e saudáveis. Também identificam que de
um modo geral, os consumidores consideram que a comercialização dos produtos
orgânicos e suas características o boas, mas reclamam da falta de um maior
número de pontos de compra. Esses consumidores acreditam que pagam um preço
mais elevado por esses produtos do que pagariam por produtos convencionais. Na
verdade, estão dispostos a arcar com um preço mais alto para poderem continuar a
dispor desses produtos em sua dieta alimentar.
Os resultados de Borguini (2002) considerando a opinião do consumidor são
similares aos de Cerveira e Castro (1999). Preocupações com a saúde foram as
principais motivações para a compra de alimentos orgânicos, sendo o fato de serem
considerados livres de pesticidas uma característica importante, citada pelos
entrevistados. Com menor escala, preocupações ambientais e com qualidade dos
produtos também foram citadas como decisivas para a compra de orgânicos.
Borguini (2002) salienta que em seu estudo, as informações obtidas indicam
que existem diferenças relacionadas à qualidade, quando são considerados
atributos como o sabor, o valor nutricional entre outros critérios, mediante
comparação entre os alimentos produzidos pelos todos orgânico e convencional.
Segundo a Dr. Elaine de Azevedo (2007) os alimentos orgânicos de origem animal -
carnes, leite integral e ovos - contém mais fitoquímicos e micronutrientes e seu teor
de gorduras saudáveis é maior. Darolt (2008) mostra que diversos estudos
realizados na Europa corroboram os resultados da pesquisa do IAPAR, mostrando
que as taxas de nitratos nos legumes orgânicos são largamente inferiores a legumes
obtidos por métodos convencionais, sendo que a ingestão diária admissível para
uma pessoa de 70 kg, por exemplo, seria de 350 mg de nitrato, o equivalente a
ingestão de 4 a 9 folhas de alface hidropônica. Porém, os autores destacam a
importância da necessidade de mais pesquisas para conhecer a superioridade do
produto e seus benefícios.
Darolt (2007) descreve que em estudo realizado em quatro países da Europa
(Itália, Inglaterra, França e Alemanha), foram identificadas quais as principais razões
para o baixo consumo de produtos orgânicos pela população. Em primeiro lugar os
preços, depois a oferta insuficiente e em terceiro a dúvida em relação à procedência
86
do produto. A pesquisa indica ainda que apenas 15% dos consumidores estão
sensibilizados a respeito dos alimentos orgânicos. O estudo também mostrou que as
informações para os consumidores ainda são insuficientes em 72% dos casos.
Borguini (2002) destaca os preços e a disponibilidade limitada como fatores
que restringem o consumo de alimentos orgânicos. Em relação à avaliação dos
produtos orgânicos quanto à qualidade, quantidade, diversidade e regularidade, os
resultados de uma pesquisa em Curitiba, realizado por Ruchinski & Brandenburg,
mostraram que os consumidores consideram como problema em primeiro lugar a
falta de regularidade, depois a pouca diversidade e, em seguida, a pouca
quantidade. No que diz respeito à qualidade, não é a a aparência que é levada
em consideração. A maioria dos consumidores considera "bom" os produtos
orgânicos, fator que está relacionado ao valor biológico dos produtos, além do sabor
e frescor dos alimentos orgânicos. Em relação à diversidade, muitos consumidores
declaram que ainda é difícil manter uma dieta orgânica pela falta de produto,
sobretudo frutas, cereais e produtos de origem animal. Além disso, é necessário um
esforço complementar de deslocamento para comprar os produtos que faltam
(DAROLT, 2007).
Archanjo, Brito e Sauerbck (2001) consideram que com o aumento da
produção e consumo de alimentos orgânicos os consumidores esperam melhorar o
acesso a esses produtos e garantir um preço adequado. Para eles, porém, a adoção
da alimentação orgânica não depende apenas do aumento da oferta de produtos
orgânicos. Ela está associada à busca de um estilo de vida que, dentre outras
características, privilegia a manutenção da saúde. Esta procura por uma alimentação
considerada mais saudável vem sendo orientada por conhecimentos científicos
relacionados à saúde do homem e do planeta. O consumo sistemático, portanto,
permanece restrito a uma parcela da população que, devido a seu nível cio-
econômico e cultural, partilha desses conhecimentos.
87
3 METODOLOGIA
Nesta seção, apresenta-se a metodologia proposta para o desenvolvimento
do estudo, incluindo a especificação do problema, com as perguntas de pesquisa, a
definição constitutiva e operacional das variáveis, bem como, a delimitação da
pesquisa, incluindo o seu delineamento, a população e a amostra, os tipos de dados
envolvidos e a metodologia para suas respectivas coleta e análise.
3.1 ESPECIFICAÇÃO DO PROBLEMA
O problema de pesquisa desse estudo está conceituado como: Quais são as
influências das características pessoais, das características percebidas nos produtos
orgânicos e das características psicológicas no comportamento inovador em relação
a produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos entre 18 e 70 anos
de classes sociais A e B?
3.1.1 Perguntas de Pesquisa
Segundo Malhotra (2006, p. 73) as perguntas de pesquisa são “enunciados
aprimorados a partir dos componentes específicos do problema.” A partir do
problema anteriormente descrito, seguem as perguntas a serem respondidas por
essa pesquisa:
a) As características pessoais (características sócio-econômicas, renda,
gênero, idade, ocupação e composição familiar) dos consumidores estão associadas
ao comportamento inovador do consumidor de produtos orgânicos?
b) As características psicológicas (tendência a inovar, conhecimento de
produtos orgânicos, envolvimento e susceptibilidade à influência interpessoal) estão
associadas ao comportamento inovador do consumidor de produtos orgânicos?
88
c) As características percebidas das inovações (vantagem relativa,
compatibilidade, complexidade, experimentabilidade, observabilidade e valor
percebido) estão associadas ao comportamento inovador do consumidor de
produtos orgânicos?
d) Qual o perfil (características pessoais e psicológicas / psicográficas) dos
consumidores de produtos orgânicos?
e) Existem diferentes segmentos de consumidores, tendo em vista as
características pesquisadas?
g) Qual é o impacto relativo das características pessoais, das características
percebidas da inovação e das características psicológicas no comportamento
inovador de consumidores de produtos orgânicos?
3.1.2 Modelo conceitual
Para este estudo são consideras as seguintes variáveis:
- Variável dependente: comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
- Variáveis independentes: características pessoais, características
psicológicas e características percebidas.
As relações entre estas variáveis estão representadas visualmente no modelo
gráfico da figura 11. Segundo o modelo proposto, as características pessoais, as
características psicológicas e as características percebidas (variáveis
independentes) influenciam no comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos (variável dependente).
O modelo proposto nesta pesquisa foi baseado no Paradigma da Difusão de
Consumo de Gatignon e Robertson (1991). Foram considerados os elementos
características pessoais, características percebidas e influência interpessoal. Nesse
trabalho, a dimensão de influência interpessoal exercida é ampliada, considerando
as características psicológicas que influenciam o processo de adoção.
As características pessoais são compostas pelas variáveis características
sócio-econômicas (Critério Brasil), renda, idade, gênero, ocupação e composição
familiar. as características psicológicas foram mensuradas pela tendência a
89
inovar, conhecimento de produtos orgânicos, envolvimento e susceptibilidade à
influência interpessoal.
Figura 11 – Modelo de relação entre as variáveis
Fonte: Elaboração própria, a partir do modelo de Gatignon e Robertson (1991)
Para formar as características percebidas de inovação foram utilizados quatro
atributos principais de Rogers (1995), vantagem relativa, compatibilidade,
experimentabilidade e observabilidade, e, foi adicionado o atributo relacionado ao
preço do produto de Gatignon e Robertson (1991), sendo considerado o valor
90
percebido. Não foi considerada a característica de inovação “complexibilidade” pelo
objeto em estudo se tratar de um produto de baixa complexidade, que não exige
conhecimentos prévios para seu uso. Conforme Schiffman e Kanuk (2000) a
complexidade é um item especialmente importante quando se tenta ganhar a
aceitação do mercado para produtos de consumo de alta tecnologia, gerando o
medo da complexidade técnica, o medo de que o produto se torne obsoleto, o medo
da rejeição social e o medo de se machucar fisicamente, não sendo isto aplicado
aos produtos orgânicos. Na etapa qualitativa foi identificado que os entrevistados
não percebiam a complexidade como característica presente no consumo de
produtos orgânicos.
3.1.3 Hipóteses de Pesquisa
Segundo Gil (2002) a hipótese é uma expressão verbal passível de ser
declarada verdadeira ou falsa. Para uma hipótese ser considerada logicamente
aceitável, deve apresentar determinadas características: ser conceitualmente clara;
ser específica; ter referências empíricas; ser simples; estar relacionada com as
técnicas disponíveis; e estar relacionada com uma teoria.
No campo de Adoção de Inovações são apresentadas diversas variáveis que
influenciam o comportamento inovador dos consumidores. Baseado nos estudos
realizados são propostas as hipóteses desse estudo. Robertson e Gatignon (1991)
apresentam em seu modelo as variáveis características pessoais, as características
percebidas da inovação e a susceptibilidade à influência interpessoal.
Para definição das hipóteses para este trabalho foram analisados, além das
referências teóricas, alguns dados resultantes da fase qualitativa e também da
análise fatorial realizada na fase quantitativa, a fim de utilizar como base para as
hipóteses somente as variáveis de síntese relevantes, referentes às variáveis
independentes. Posteriormente, junto com a descrição dos resultados, são
apresentados os dados da pesquisa que justificaram a formulação destas hipóteses.
Seguem, inicialmente, as justificativas teóricas para cada uma das hipóteses,
divididas pelas variáveis do modelo.
91
3.1.3.1 Características pessoais
Solomon (2002) mostra que os consumidores apresentam comportamentos
distintos baseados em uma série de dimensões demográficas que abrangem sua
idade, gênero, estrutura familiar, classe social e renda, estilo de vida, localização
geográfica, ocupação, tamanho da família, entre outras.
Robertson e Gatignon (1991) e Schiffman e Kanuk (1999) apontam que
juventude, alta renda e alto nível de educação são características de indivíduos com
comportamento inovador. Rogers (1995) apresenta que alto nível de educação e
prestígio de ocupação também são características de indivíduos com
comportamento inovador. Pimenta de Pádua Jr. (2005) mostra que não diferença
entre homens e mulheres no comportamento inovador. E Bello (2007) diz que os
indivíduos com filhos em casa apresentam maior comportamento inovador. Com
base nestes resultados são propostas as seguintes hipóteses:
H1: A categoria social dos consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H2: A renda dos consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H3: A idade dos consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H4: Não diferença entre homens e mulheres no comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos;
H5: O prestígio de ocupação dos consumidores está associado positivamente
com o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H6a: Filhos morando junto com consumidores esassociado positivamente
com o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H6b: Filhos menores de 10 anos de idade morando junto com consumidores
está associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos.
92
3.1.3.2 Características psicológicas
Midgley e Dowlig (1978) apontam que a tendência a inovar refere-se ao grau
no qual uma pessoa toma decisões de inovação independentemente da experiência
comunicada pelos outros. Alba e Hutchinson (1987) mostram que o conhecimento do
consumidor é composto pela familiaridade (número de experiências com produtos
que tem sido acumulado pelo consumidor) e pela expertise (a habilidade para
executar tarefas relacionadas a um produto de forma bem sucedida). Quanto ao
envolvimento, Blackwell, Miniard e Engel (2005) afirmam que varia de alto para
baixo, sendo determinado por quão importante os consumidores percebem o
produto. E segundo Solomon (2002) as pessoas classificam a si próprias em grupos
baseados no que gostam de fazer, como preferem passar seu tempo livre e como
escolhem gastar sua renda.
Estudos realizados apresentam que o consumidor que apresenta maior
tendência a inovar (ROGERS , 1995 ; MARCHETTI, 1991 ; HAUSER, TELLIS,
GRIFFIN, 2006), maior conhecimento (GATIGNON, ROBERTSON, 1991; ROGERS,
1995), e maior susceptibilidade à influência interpessoal (ROGERS, 1995 ;
BLACKWELL, MINIARD, ENGEL, 2005) demonstram maior comportamento inovador
e maior envolvimento causa maior adoção (ROSSI, FONSECA, 1999 ; SOUZA,
AZEVEDO BARBOSA, TEIXEIRA, 2006). Considerando estas afirmações são
propostas as seguintes hipóteses:
H7a: A tendência dos consumidores a serem pioneiros no consumo de
inovações está associada positivamente com o comportamento inovador em relação
a produtos orgânicos;
H7b: A tendência dos consumidores a buscarem inovações está associada
positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H8a: O conhecimento subjetivo dos consumidores sobre produtos orgânicos
está associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H8b: O conhecimento objetivo dos consumidores sobre produtos orgânicos
está associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
93
H8c: A familiaridade dos consumidores sobre produtos orgânicos, pela maior
freqüência de compra, está associada positivamente com o comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos;
H8d: A familiaridade dos consumidores sobre produtos orgânicos, pelo
consumo mais tempo, está associada positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos;
H9a: A percepção de relevância dos produtos orgânicos está associada
positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H9b: A percepção de prazer gerada pelo consumo dos produtos orgânicos
está associada positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H9c: A percepção do valor simbólico dos produtos orgânicos está associada
positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos;
H9d: A percepção de importância de risco dos produtos orgânicos está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H9e: A percepção de probabilidade de risco dos produtos orgânicos está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H10a: A susceptibilidade à influência normativa dos consumidores está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H10b: A susceptibilidade à influência informativa dos consumidores está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos.
3.1.3.3 Características percebidas da inovação
Segundo Yetton, Sharma e Southon (1999, p. 55) “as características da
inovação identificam e explicam os impactos da inovação sobre o usuário final”.
Segundo Rogers (1995) o grau de vantagem relativa normalmente é expressa pela
rentabilidade econômica, prestígio social e outros benefícios. Pimenta Pádua Jr.
94
(2005) afirma que considerando a compatibilidade, quanto menor a incerteza e
quanto mais o produto se ajustar às necessidades de um indivíduo, mais a idéia será
compatível. Rogers (1995) apresenta que a experimentação é uma forma do
consumidor dar significado a uma inovação, descobrindo como ela funciona e
reduzindo as incertezas a seu respeito. Segundo Schiffman e Kanuk (2000) os
produtos que possuem um alto grau de visibilidade social, são difundidos com mais
facilidade que os de pequena visibilidade. Mowen e Minor (2006) mostram que o
valor percebido é a relação entre a qualidade percebida e o preço percebido.
Estudos demonstram que inovações com alto grau de vantagem relativa,
compatibilidade, experimentabilidade e observabilidade (GATIGNON, ROBERTSON,
1991; ROGERS, 1995 ; PIMENTA DE DUA JR, 2005) e; baixo custo
(GATIGNON, ROBERTSON, 1991), considerado no estudo pelo valor percebido,
estão relacionados com a taxa de adoção levando a um maior comportamento
inovador. Baseado nestes resultados são propostas as seguintes hipóteses:
H11: O grau de vantagem relativa percebido pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H12: O grau de compatibilidade percebido pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H13: O grau de experimentabilidade percebido pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos;
H14a: O grau de observabilidade percebido da aparência do consumidor de
orgânicos pelos consumidores está associado positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
H14b: O grau de observabilidade do produto percebido pelo consumidor está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
H15a: O valor percebido pelas características dos produtos orgânicos pelos
consumidores está associado positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos;
95
H15b: O valor percebido pelo custo-benefício dos produtos orgânicos pelos
consumidores está associado positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos.
3.1.4 Definição constitutiva e operacional das variáveis do modelo
Uma variável pode ser definida como um conceito que representa objetos ou
classes, apresentando duas características fundamentais: “são aspectos
observáveis de um fenômeno e devem apresentar variações ou diferenças em
relação ao mesmo ou a outros fenômenos.” (RICHARDSON, 1999, p. 117)
Marconi e Lakatos (2000, p. 175) afirmam que:
Uma variável pode ser considerada uma classificação ou medida; uma
quantidade que varia; um conceito, construto ou conceito operacional que
contém ou apresenta valores; aspecto, propriedade ou fator, discernível em
um objeto de estudo e passível de mensuração. Finalmente, os valores que
são adicionados ao conceito, construto ou conceito operacional, para
transformá-lo em variável, podem ser quantidades qualidades,
características, magnitudes, traços, etc., que se alterem em cada caso
particular e são totalmente abrangentes e mutuamente exclusivos. Por sua
vez, o conceito operacional pode ser um objeto, processo, agente,
fenômeno, problema, etc.
A seguir, são apresentadas as definições constitutivas e operacionais das
variáveis envolvidas nesse estudo.
3.1.4.1 Variáveis Independentes
Características pessoais
DC: “São as características que os consumidores possuem como indivíduos”
(SHETH, MITTAL e NEWMAN, 1999, p. 202).
DO: As características pessoais foram operacionalizadas utilizando as
dimensões características sócio-econômicas, renda, idade, gênero, ocupação e
96
composição familiar. Seguem definições constitutivas e operacionais a cada uma
delas.
Características sócio-econômicas
DC: Segundo Rogers (1995) as características sócio-econômicas são
compostas por tempo de educação formal, status social (renda, nível de vida,
prestígio de ocupação, posse de bens materiais, entre outras), grau de mobilidade
social ascendente e tamanho de unidades (fazendas, escolas, companhias, casas,
etc.)
DO: Os consumidores foram mensurados através do CCEB - Critério de
Classificação Econômica Brasil (classificação brasileira baseada na posse de itens e
escolaridade do chefe de família). O Critério Brasil permite a definição da classe
econômica, segundo o sistema de pontos do Critério Brasil (ABEP, 2007). Nesse
trabalho serão considerados apenas consumidores das classes A e B, identificando-
os dentre destas duas classes entre A1, A2, B1 e B2.
Renda
DC: “produto anual ou mensal de propriedades rurais ou urbanas, de bens
móveis ou imóveis, de benefícios, capitais em giro, empregos, inscrições, pensões
etc.; produto, receita, rendimento” (MICHAELIS on line, 2007).
DO: Foi mensurada por meio de uma variável nominal relacionada a graus de
renda pessoal.
Idade
DC: número de anos de alguém ou de alguma coisa” (MICHAELIS on line,
2007).
DO: Foi verificada a idade por meio de uma questão aberta.
Gênero
DC: “Agrupamento de indivíduos que possuem caracteres comuns”
(MICHAELIS on line, 2007).
DO: Foi mensurada por meio de uma variável nominal dicotômica, feminino e
masculino.
97
Ocupação
DC: Segundo Blackwell, Miniard e Engel (2005) a ocupação compreende o
trabalho que os consumidores desempenham.
DO: Foi identificada a ocupação (profissão) do entrevistado por meio de uma
variável nominal relacionada ao tipo de ocupação, baseado nas categorias de
ocupação da ESOMAR - Associação Mundial de Profissionais da Pesquisa (ABEP,
2007).
Composição familiar
DC: Wilkes (1995) afirma que o ciclo familiar começa com o casamento,
passa pela fase de chegada dos filhos e saída destes de casa, passa pela fase de
um eventual divórcio ou falecimento de um cônjuge até chegar na fase do
envelhecimento, sozinho ou acompanhado do cônjuge.
DO: Foi verificado se a família possui filhos e qual a idade dos filhos.
Características percebidas da inovação
DC: “Identificam e explicam os impactos da inovação sobre o usuário final”.
(YETTON ; SHARMA ; SOUTHON, 1999, p. 55)
DO: Foram avaliadas por cinco características propostas: vantagem relativa,
compatibilidade, experimentabilidade, observabilidade e valor percebido. Seguem
definições constitutivas e operacionais a cada uma delas.
Vantagem relativa
DC: “É o grau no qual o uso de uma inovação é percebido como sendo
melhor que a idéia substituída” (ROGERS, 1995, p. 213).
DO: Foi verificado se o entrevistado percebe alguma vantagem relativa nos
produtos orgânicos, considerando os benefícios de consumo dos produtos
orgânicos, sendo mensurada por meio de uma escala de Likert de dez pontos
(discordo totalmente a concordo totalmente), baseada na escala desenvolvida por
MOORE e BENBASAT (1991), permitindo ser aplicada a qualquer tipo de inovação.
98
Compatibilidade
DC: “É o grau no qual uma inovação é percebida como consistente com os
valores existentes, experiências passadas e necessidades dos adotantes em
potencial” (ROGERS, 1995, p. 224)
DO: Foi verificado se o entrevistado percebe os produtos orgânicos como
consistentes com seus valores, experiências passadas e necessidades, sendo
mensurada por meio de uma escala de Likert de dez pontos (discordo totalmente a
concordo totalmente), baseada na escala desenvolvida por MOORE e BENBASAT
(1991), permitindo ser aplicada a qualquer tipo de inovação.
Experimentabilidade
DC: “É o grau no qual uma inovação pode ser experimentada com certas
limitações” (ROGERS, 1995, p. 243).
DO: Foi verificado se o entrevistado considera que os alimentos podem ser
provados no local de venda, influenciando na compra do produto, sendo mensurada
por meio de uma escala de Likert de dez pontos (discordo totalmente a concordo
totalmente), baseada na escala desenvolvida por MOORE e BENBASAT (1991),
permitindo ser aplicada a qualquer tipo de inovação.
Observabilidade
DC: “É o grau no qual os resultados de uma inovação são visíveis para outras
pessoas” (ROGERS, 1995, p. 244)
DO: Foi verificado se as pessoas percebem quais alimentos são consumidos
pelas outras, sendo mensurada por meio de uma escala de Likert de dez pontos
(discordo totalmente a concordo totalmente), baseada na escala desenvolvida por
MOORE e BENBASAT (1991), permitindo ser aplicada a qualquer tipo de inovação.
Valor percebido
DC: O valor percebido pode ser definido como “a compreensão que os
consumidores fazem entre a qualidade do produto e o preço percebido(Mowen ;
Minor, 2006, p. 57).
DO: O valor percebido dos produtos alimentícios orgânicos foi comparado
com o de alimentos produzidos sem a preocupação da não utilização de agrotóxicos,
de desintoxicação do solo e substituição dos fertilizantes químicos por compostos
99
orgânicos. Para a mensuração foi utilizada uma escala de Likert de dez pontos
(discordo totalmente a concordo totalmente).
Características psicológicas
DC: O termo psicografia refere-se a “idéia de descrever a caracterização
psicológica dos consumidores ... os estudos psicográficos geralmente incluem
questões que avaliam o estilo de vida de um mercado alvo, suas características de
personalidade e demográficas” (MOWER; MINOR, 2006, p. 128)
DO: Para este estudo foram consideradas características psicológicas dos
consumidores pesquisados a tendência a inovar, conhecimento de produtos
orgânicos e susceptibilidade a influência interpessoal. Seguem definições
constitutivas e operacionais a cada uma delas.
Tendência a inovar
DC: “O grau no qual um indivíduo toma decisões de inovação
independentemente da experiência comunicada por outros” (MIDGLEY, DOWLING,
1978, p. 235).
DO: Foi mensurada a tendência a inovar na categoria de produtos
alimentícios considerando os hábitos de consumo de novos produtos. As afirmações
dos respondentes em relação a seus hábitos de consumo serão consideradas pelo
preenchimento de uma escala de Likert de dez pontos (discordo totalmente a
concordo totalmente), baseado nas escala de 14 itens desenvolvida por Pimenta de
Pádua Jr. (2005).
Conhecimento de produtos orgânicos
DC: De acordo com Rogers (1995) o conhecimento de uma inovação ocorre
quando um indivíduo é exposto à existência desta inovação e obtém algum
entendimento sobre seu funcionamento. Alba e Hutchinson (1987) afirmam que o
conhecimento do consumidor possui dois principais componentes: a familiaridade,
definida como “o número de experiências com produtos relacionados que tem sido
acumulado pelo consumidor” (p. 411) e a expertise, definida como “a habilidade para
executar tarefas relacionadas a um produto de forma bem sucedida” (p. 411). Alba e
Hutchinson (1987) dividem a expertise em objetiva e subjetiva. A expertise objetiva
100
refere-se a quanto o consumidor conhece sobre o produto e a expertise subjetiva a
quanto o consumidor pensa que conhece sobre o produto.
DO: A familiaridade foi medida pela freqüência de compra e tempo de
consumo de produtos orgânicos. A expertise foi medida através de questões
objetivas, as quais questionam sobre sua percepção sobre seu próprio
conhecimento e testam o conhecimento do entrevistado sobre produtos orgânicos.
Envolvimento
DC: O envolvimento do consumidor é definido como a importância percebida
ou o interesse pessoal em relação à aquisição, ao consumo e à disposição de uma
mercadoria, serviço ou idéia (CELSI ; OLSON, 1988).
DO: O grau de envolvimento foi mensurado pela escala de New Involvement
Profile NIP desenvolvida por Jain e Srinivasan (1990) e verificada sua
aplicabilidade no contexto brasileiro por Fonseca e Rossi (1999). A escala contém
três itens para cada fator, cada um dos itens dispostos inversamente, considerando
os fatores relevância, prazer, valor simbólico, importância de risco e probabilidade de
risco.
Susceptibilidade a influência interpessoal
DC: A susceptibilidade do consumidor à influência interpessoal é definida
como a necessidade de um consumidor em identificar e agregar significados à sua
imagem pessoal através de compra e uso de produtos e marcas; como o desejo de
conformidade quanto às expectativas de outras pessoas em relação às suas
decisões de compras; e como a tendência de aprender sobre produtos e serviços
pela observação dos outros e/ou pela busca de informações com outras pessoas
(BEARDEN; NETEMEYER ; TEEL,1989).
DO: O grau de susceptibilidade a influência interpessoal, considerando a
categoria de produtos alimentícios, foi medido por meio de escalas para a influência
normativa e informativa baseado na escala de Bearden, Netemeyer e Tell (1989) de
12 itens. O grau de concordância em relação às afirmações propostas na escala
será medido por uma escala de Likert de dez pontos (discordo totalmente a
concordo totalmente).
101
3.1.4.2 Variável Dependente
Comportamento inovador de consumidores de produtos orgânicos
DC: Rogers e Shoemaker (1971) definem comportamento inovador como a o
nível que um indivíduo adota a inovação antes de outros membros do sistema. O
comportamento inovador pode ser medido considerando quantos produtos de uma
lista pré-determinada um indivíduo comprou ou consumiu até a realização da
pesquisa (MIDGLEY, DOWLING, 1978).
DO: Para medição foi gerado um escore de adoção estabelecido para cada
indivíduo, com base na variedade de compra de produtos orgânicos e freqüência de
consumo. Como dimensões da variedade de uso foram considerados vários
produtos orgânicos, indicados pelos entrevistados na fase exploratória da pesquisa.
A escala de freqüência de compra também foi criada a partir das entrevistas na fase
exploratória. A medição dessa variável se deu a partir de questionário com questões
fechadas, através de uma escala ltipla combinando os indicadores variedade de
produtos e freqüência de consumo. Para o tratamento desta questão foi utilizada a
Análise de Componentes Principais - ACP
3.1.5 Definição constitutiva de termos importantes no contexto de pesquisa
A seguir, é apresentada a definição constitutiva e operacional do termo
produtos orgânicos considerados importantes no contexto de pesquisa:
Produtos orgânicos
DC: O produto orgânico é natural, sendo livre de agrotóxicos. É necessário
desintoxicar o solo e substituir os fertilizantes químicos por compostos orgânicos. A
agricultura orgânica proíbe o uso de fertilizantes e defensivos químicos e integra
técnicas como adubação verde, rotação de culturas, compostagem entre outras. No
caso da criação animal, feita pelo mesmo princípio, é vetado o uso de herbicidas nos
pastos e carrapaticidas (LIMA, 2007).
102
DO: Foi identificado se o entrevistado consome produtos orgânicos através de
uma questão objetiva.
3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
3.2.1 Delineamento da pesquisa
A pesquisa foi composta por duas fases. A primeira foi qualitativa através de
entrevistas pessoais individuais em profundidade com roteiros semi-estruturados,
com caráter exploratório. A segunda fase realizada foi a quantitativa, através de
questionários pela internet com questionário estruturado, com caráter confirmatório.
Através do estudo exploratório, é possível desenvolver conceitos de forma
mais clara, estabelecendo prioridades, desenvolvendo definições operacionais e
melhorando o planejamento final da pesquisa. Variáveis necessárias podem não ser
totalmente conhecidas ou não estar totalmente definidas, bem como, podem ser
necessárias encontrar hipóteses para a pesquisa (COOPER; SCHINDLER, 2003).
Uma entrevista em profundidade é uma sessão de discussão individual entre
um entrevistador treinado e um entrevistado. Para a seleção dos entrevistados, os
participantes são escolhidos cuidadosamente, visto que devem possuir algum
conhecimento especializado. A entrevista em profundidade permite uma sondagem
profunda do assunto abordado (HAIR, 2005).
A fase qualitativa possibilitou o levantamento de informações do
comportamento dos consumidores de produtos orgânicos considerando a freqüência
e variedade de produtos orgânicos consumidos. Tem como propósito obter os
subsídios necessários para a elaboração do questionário de pesquisa. As
informações levantadas servirão como base para a elaboração dos itens de escala
referentes ao consumo dos produtos orgânicos e para determinar a escala de
comportamento de consumo em relação aos tipos de produtos orgânicos
consumidos e a freqüência.
Segundo Hair et al. (2005) a testagem é a segunda metade do processo de
pesquisa e a somente um modo de testar as idéias. A idéia deve ser comparada com
103
a realidade ou com as expectativas. Isso é conhecido como pesquisa confirmatória
ou testagem expírica. Os surveys de amostra caracterizam os estudos transversais,
que consideram um período no tempo, investigando uma propriedade para
descrever suas características (HAIR, 2005).
A segunda fase foi quantitativa, realizada por pesquisas de levantamento, tipo
survey, através de entrevistas pela internet, sendo composta por um estudo
descritivo transversal. O objetivo dessa pesquisa é descrever as características
encontradas para as variáveis estudadas e responder as perguntas de pesquisa
proposta.
O nível de análise da pesquisa é o indivíduo e as unidades de análise são os
consumidores entre 18 e 70 anos, residentes no Brasil.
3.2.2 População e Amostra
A população “é um conjunto definido de elementos que possuem
determinadas caractesticas” (GIL, 1999, p. 99). E a amostra é o “subconjunto do
universo ou da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as
características desse universo ou população” (GIL, 1999, p. 99).
A população nesse estudo é caracterizada por indivíduos de ambos os sexos,
de classes A e B, residentes no Brasil. Segundo dados do IBGE da Contagem de
População 2007, a população do Brasil recenseada e estimada é de 183.987.291
habitantes.
3.2.2.1 Fase qualitativa
Na fase qualitativa do estudo a amostra foi composta por 12 entrevistados,
sendo 6 consumidores e 6 não consumidores de produtos orgânicos, entre 18 e 70
anos, de classes A e B, residentes em Curitiba e RMC. A amostra foi selecionada
por conveniência. O procedimento resume-se “em contatar unidades de amostra que
104
sejam convenientes” ao estudo (AAKER; KUMAR; DAY, 2001, p. 393). A amostra foi
composta pelo seguinte perfil:
Tabela 7 – Amostra da pesquisa pessoal em profundidade
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
18 a 34
anos
35 a 54
anos
acima de
54 anos
18 a 34
anos
35 a 54
anos
acima de
54 anos
TOTAL
Feminino 1 1 1 1 1 1
6
Masculino 1 1 1 1 1 1
6
TOTAL 2 2 2 2 2 2
12
FONTE: Dados da Pesquisa
A unidade de análise foi o indivíduo e o alcance da pesquisa foi a cidade de
Curitiba e RMC, no mês de setembro de 2007.
3.2.1.2 Fase quantitativa
Na fase quantitativa, a amostra utilizada foi não-probabilística e por
conveniência (adesão), que o questionário foi disponibilizado na internet. Para
realização do estudo foi escolhido inicialmente o mercado de Curitiba (PR) e Região
Metropolitana. Durante a etapa da pesquisa quantitativa, o universo de mercados
pesquisado foi estendido a todo o Brasil, em função da pesquisa ter sido realizada
pela Internet e a listagem de e-mails possuir contatos de todos os Estados
brasileiros.
A amostra foi composta por consumidores de produtos orgânicos, de ambos
os sexos, entre 18 e 70 anos, residentes no Brasil, pertencentes às classes A e B. O
questionário foi disponibilizado em formulário eletrônico na internet, sendo que cada
computador só pode preencher o questionário apenas uma vez.
Com base em estudos anteriores (AZEVEDO, 2000; GOMES, 2003; MUNIZ,
2005) estimou-se um número mínimo de 400 entrevistados dentro do universo que
voluntariamente preencherão o questionário on-line. O número atingido de
questionários válidos foi de 530 formulários, sendo 440 classificados como
consumidores de produtos orgânicos e 90 como não consumidores de produtos
orgânicos. Para Muniz (2003) o perfil da amostra baseada nessa forma de coleta de
105
dados possui intimidade com o perfil da população internauta brasileira, sendo
necessária cautela na generalização dos dados para o contexto total brasileiro.
O convite para participar da pesquisa da pesquisa foi enviado por e-mail e
também feito pelo orkut, selecionando comunidades de consumidores de produtos
orgânicos. Segundo Malhotra (2006) nos levantamentos pela internet, os
entrevistados podem ser recrutados a partir de banco de dados de respondentes em
potencial. Os entrevistados devem dirigir-se a um determinado endereço na Web
para completar o questionário. Tanto as técnicas de amostragem não-probabilística
quanto as probabilísticas podem ser implementadas na internet. Para evitar erros de
amostragem, o pesquisador deve ter condições de controlar o grupo do qual
seleciona os entrevistados e garantir que o mesmo entrevistado não participe mais
de vez da pesquisa. Isso pode ser obtido com pesquisa Web enviando convites por
e-mail para selecionar entrevistados que são convidados a acessar o site em que a
pesquisa está disponível, sendo que a pesquisa está em um local oculto da rede.
A unidade de análise foi o indivíduo e o alcance da pesquisa foi nacional, nos
dias 28/01/2008 a 18/02/08.
3.2.3 Desenvolvimento dos instrumentos de medida
3.2.3.1 Fase qualitativa
Nesta fase foi desenvolvido um roteiro semi-estruturado de pesquisa com
temas relacionados ao comportamento do consumidor em relação aos produtos
orgânicos, encontrados no referencial teórico e utilizados no modelo proposto no
projeto desta pesquisa. Cada tópico foi abordado com uma pergunta genérica
aberta. De acordo com a resposta do entrevistado, novas perguntas iam sendo feitas
(ou não), até que todos os itens daquele tópico fossem respondidos de maneira
satisfatória. Gil (1999) afirma que em estudos exploratórios é indicado o uso de
entrevistas pessoais com roteiros menos estruturados.
O roteiro é composto por perguntas abertas relativas às características
pessoais, características percebidas dos produtos orgânicos e características
106
psicológicas, conforme consta no anexo 01 e 02. Também foram adicionadas duas
associações de imagens da percepção do entrevistado relacionado às
características dos consumidores de produtos orgânicos e os locais de consumo.
Como filtro para a seleção dos entrevistados das classes A e B utilizou-se o Critério
Brasil de Classificação Econômica e a idade do entrevistado.
As questões do roteiro referente às características pessoais foram aplicadas a
todos os entrevistados, tanto para os consumidores como para os não
consumidores. A parte do roteiro referente às características psicológicas, contendo
as variáveis de conhecimento e tendência a inovar são aplicadas a todos os
entrevistados, tanto para os consumidores como para os não consumidores. a
referente às variáveis envolvimento e susceptibilidade à influência interpessoal foram
feitas apenas aos consumidores de produtos orgânicos. Os itens referentes às
características percebidas da inovação também foram aplicados apenas para os
consumidores de produtos orgânicos.
Para finalizar a entrevista em profundidade utilizou-se a técnica projetiva com
associação de imagens. Para a seleção das imagens foi considerada as informações
de artigos e estudos sobre produtos orgânicos que indicavam o perfil dos
consumidores orgânicos e o locais em que este produto é consumido. Foi solicitado
aos entrevistados, tanto para os consumidores como para os não consumidores de
produtos orgânicos, para selecionarem algumas imagens que eles associavam às
características de consumidores de produtos orgânicos e aos locais de consumo de
produtos orgânicos. Na seqüência eles explicavam os motivos da associação com
cada imagem.
Giglio (2008) aponta que as técnicas projetivas se dividem em diversas
modalidades: associação, construção, conclusão, dramatização, interpretação de
figuras e técnicas da terceira pessoa. Segundo Dias (2008) as técnicas projetivas
são usadas quando o pesquisador considera praticamente impossível aos
entrevistados responderem sobre as reais razões que os levam a assumir certas
atitudes e comportamentos. Muitas vezes as próprias pessoas desconhecem seus
sentimentos e opiniões a respeito de determinado assunto, sendo incapazes de
verbalizar seus verdadeiros sentimentos e motivações. O pesquisador, nesses
casos, apresenta um estímulo ambíguo aos entrevistados e observa suas reações
no relacionamento com esse estímulo.
107
3.2.3.2 Fase quantitativa
Na fase descritiva (quantitativa) a amostra de consumidores foi por adesão,
por meio de questionários estruturados, utilizando um corte transversal. As
entrevistas estruturadas foram realizadas a partir de uma relação fixa de perguntas,
mantendo-se a mesma redação e ordem de perguntas a todos os entrevistados. As
suas principais vantagens são a rapidez; não exigir um preparo tão grande do
entrevistador reduzindo custos e a possibilidade de análise estatística (GIL, 1999).
A composição do questionário quantitativo foi composta em sua maioria por
questões fechadas, medidas através do uso de escala. Segundo Hair (2005), a
elaboração de perguntas fechadas é mais difícil e exige mais tempo de elaboração,
mas facilita a coleta de dados e a entrada de dados, e a análise computacional
torna-se mais fácil, visto que as respostas podem ser pré-codificadas. O objetivo do
questionário é verificar o grau de concordância dos pesquisados em relação às
afirmações que refletem o comportamento de consumo dos produtos orgânicos
mediante as variáveis propostas. No estudo, foram verificadas a validade interna e
confiabilidade das escalas.
Para a escolha das questões de conhecimento foi consultada a engenheira
agrônoma Daniele Aurora Machioski responsável pela área de orgânicos da
Prefeitura Municipal de Colombo. A engenheira agrônoma Daniele indicou o nível de
complexidade das questões e quais das questões sugeridas sobre produtos
orgânicos seriam adequadas perguntar aos consumidores.
Uma primeira versão do questionário completo foi submetida à avaliação de
dois doutores em marketing, e alguns ajustes foram realizados a partir de suas
sugestões. Posteriormente foi realizado um pré-teste com este questionário, com
quatro voluntários, para verificar os ajustes necessários. Após serem feitos esses
ajustes, foram realizados os levantamentos pela internet com a amostra pretendida.
A elaboração do formulário eletrônico ocorreu através de uma empresa que
comercializa páginas na internet e permite que o próprio usuário cadastre a
pesquisa.
Malhotra (2006) destaca que a realização de pesquisas pela internet
apresenta diversas vantagens: os dados podem ser processados na mesma hora em
que entram no sistema; o custo é inferior ao dos levantamentos por telefone e por
108
correio ou ao custo das entrevistas pessoais; a agilidade das respostas por serem
preenchidos por diversas pessoas simultaneamente; e o questionário pode ser
preenchido no tempo e local de cada um, sendo menos inconveniente do que
receber uma chamada telefônica na hora do almoço. Acredita-se que o uso da
internet aumenta os índices de resposta às pesquisas porque pesquisas pela
internet são fáceis de responder, o respondente não conhece a extensão da
pesquisa e os “pulos” entre questões são automáticos, tornando mais fácil transitar
pela pesquisa.
3.2.4 Coleta dos Dados
3.2.4.1 Fase qualitativa
Na fase exploratória (qualitativa) foram coletados dados primários por meio de
entrevistas em profundidade com consumidores e não consumidores de produtos
orgânicos. No total foram realizadas 12 entrevistas pessoais individuais e em
profundidade, baseado em roteiro semi-estruturado de pesquisa. A entrevista é uma
técnica significante que permite o desenvolvimento de uma relação estreita entre o
pesquisador e o entrevistado. A entrevista em profundidade busca saber que, como
e porque algo ocorre, bem como obter dados aprofundados sobre o comportamento
humano (RICHARDSON, 1999).
A pesquisa qualitativa foi composta por seis consumidores e seis não
consumidores de produtos orgânicos. Foram entrevistados seis homens e seis
mulheres, divididos nas faixas etárias de 18 a 34 anos, de 35 a 54 anos e acima de
54 anos. A classe social o foi definida a priori. Todas as entrevistas foram
realizadas pelo autor no mês de setembro nas residências dos entrevistados, os
quais foram escolhidos por conveniência.
Em uma primeira etapa foram realizadas duas entrevistas para pré-testar o
roteiro, uma com consumidor e outra com não consumidor de produtos orgânicos.
Após essas entrevistas foi realizada a inclusão de alguns itens. Com o novo roteiro,
foram realizadas outras 12 entrevistas.
109
A duração das entrevistas variou de 50 a 100 minutos para os consumidores.
para os não consumidores as entrevistas variaram de 20 a 50 minutos. Todas as
entrevistas foram gravadas para posterior transcrição e análise.
3.2.4.2 Fase quantitativa
Foram enviados aproximadamente 7.000 e-mails para moradores do Paraná e
outros estados pertencentes a classe A e B convidando os consumidores a participar
da pesquisa que estava disponível em um site na internet. A maioria dos e-mails
pertencia a moradores do Paraná. Para aplicação da pesquisa pela internet foi
contratada uma empresa especializada em páginas na internet de pesquisa para o
preenchimento on-line de questionários. A empresa possui um sistema de criação de
páginas que permite ao próprio usuário cadastrar o questionário.
Essa relação era formada por listagens de associados de clubes, assinantes
de revistas, cadastro de lojas, entre outros. Foi negociada também a utilização de
uma listagem de consumidores de produtos orgânicos junto a ACOPA Associação
de Consumidores de Produtos Orgânicos do Paraná, sendo enviado 500 e-mails
para estes associados. Também foram convidados a participar da pesquisas
usuários do orkut que participavam de comunidades relacionadas a produtos
orgânicos, compreendendo aproximadamente 500 convites. Os filtros da pesquisa
foram as questões referentes a classe (critério CCEB) e faixa etária.
Como o convite foi realizado tanto por e-mail como pelo orkut, foi possível
conversar virtualmente e aproximar o relacionamento com vários consumidores de
produtos orgânicos, de diversos Estados brasileiros, os quais voluntariamente
contribuíram com a pesquisa com informações adicionais, relativas ao tema de
estudo.
Foram respondidos 541 questionários on-line no período de 28/01/2008 a
18/02/08, sendo 530 deles considerados válidos. Participaram da pesquisa
moradores do Estado do Paraná, Acre, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso
do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul, Santa Catarina. A maior concentração ocorreu no Estado do
Paraná (81%).
110
3.2.5 Tratamento dos Dados
3.2.5.1 Fase qualitativa
A cnica utilizada para a análise dos dados da pesquisa qualitativa foi a
análise de conteúdo de tipo classificatório para análise de respostas a questões
abertas, nomenclatura utilizada por Bardin (2006). Bardin (2006, p. 37) define a
análise de conteúdo como:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
A análise realizada é temática (contagem de um ou vários itens de
significação, numa unidade de codificação previamente determinada), freqüêncial e
quantitativa (unidade de registro escolhida) e transversal (as entrevistas são
recortadas em cada tema-objeto) (Bardin, 2006). Depois de realizado o tratamento
dos resultados é estabelecida a correspondência entre o nível empírico e o teórico.
Segundo Bardin (2006) as técnicas mais utilizadas o do tipo temático e
freqüêncial, considerado o método mais fácil e mais útil numa primeira fase de
abordagem da maioria dos materiais.
Para a análise, as gravações em mp3 foram transcritas pela autora em sua
íntegra no mês de outubro. Em cada entrevista, os temas e seus tópicos foram
inicialmente numerados, para facilitar sua localização posterior. Na seqüência foi
feito um quadro consolidando as respostas de todos os entrevistados por assunto. O
quadro foi estruturado de acordo com as variáveis do estudo, separados por
entrevistados. Deste modo, foi possível analisar o que cada entrevistado respondeu
para cada variável, o que facilitou a interpretação dos dados. Em seguida as
respostas sobre cada assunto foram novamente agrupadas por semelhança no
conteúdo, sendo posteriormente classificadas e quantificadas. A análise foi realizada
a partir destas classificações e das relações entre os conteúdos das respostas. Para
111
ilustrar as análises das questões comportamentais foram acrescentadas neste
trabalho citações literais dos entrevistados.
3.2.5.2 Fase quantitativa
Os dados dos questionários respondidos pela Internet foram automaticamente
transcritos para uma planilha eletrônica. Dos 541 questionários obtidos pela Internet,
4 foram invalidados por não pertencerem às classes sociais delimitadas na pesquisa
(1 pertencia à classe D e 3 deles à classe C) e 7 por terem problemas de
preenchimento. Restaram, portanto, 530 questionários válidos.
Todas as respostas não sei (NS) foram substituídas por um valor neutro,
consideradas como valores faltantes (missing values). Para que o houvesse o
descarte dos casos com algum valor faltante e a amostra fosse por conseqüência
reduzida, posteriormente, para cada cálculo, foram considerados os casos com
respostas completas naquele item. Isso foi possível, considerando-se o fato dos
valores faltantes terem sido proporcionalmente pequenos em cada questão.
Em seguida foram identificadas as variáveis que possuíam questões em
escala invertida e estas foram re-invertidas para as análises que se seguiram. A
análise dos dados quantitativos foi feita por meio do uso de análises estatísticas
multivariadas apropriadas, conforme será apresentado no capítulo de análise dos
dados. Para verificação das associações entre as variáveis do modelo, foram
definidas algumas hipóteses.
As respostas aos questionários foram extraídas do Excel e importadas para o
programa SPSS (Statistical Package for the Social Science), versão 15.0. Este
mesmo programa foi utilizado na análise dos dados.
112
4 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo, os dados são apresentados na ordem em que foram
coletados, a começar pelos dados da fase qualitativa e posteriormente os dados da
fase quantitativa, com suas respectivas análises face ao modelo da pesquisa.
4.1 ANÁLISE QUALITATIVA
A análise apresentada a seguir é dividida em seis seções. Na primeira seção
são descritas as características gerais da amostra, na segunda, terceira e quarta
seções são apresentaa as dimensões subjacentes às variáveis o modelo proposto
neste estudo. A quinta seção apresenta os resultados da associação de imagens
realizadas com os consumidores e não consumidores sobre o perfil dos
consumidores de produtos orgânicos e os locais de consumo destes produtos. Na
sexta seção são sintetizadas algumas conclusões sobre esta parte do estudo.
4.1.1 Caracterização geral da amostra
A pesquisa qualitativa foi composta por doze entrevistas em profundidade.
Dos doze entrevistados, seis são consumidores de produtos orgânicos e seis são
não consumidores. Foram entrevistados seis homens e seis mulheres, divididos nas
faixas etárias de 18 a 34 anos, de 35 a 54 anos e acima de 54 anos.
Tabela 8 – Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor, idade e gênero
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
18 a 34 anos
35 a 54 anos
acima de 54
anos
18 a 34 anos
35 a 54 anos
acima de 54
anos
TOTAL
Feminino 1 1 1 1 1 1 6
Masculino
1 1 1 1 1 1 6
TOTAL 2 2 2 2 2 2 12
FONTE: Dados da Pesquisa
113
4.1.2 Características pessoais
As questões do roteiro referente às características pessoais são aplicadas a
todos os entrevistados, tanto para os consumidores como para os não
consumidores.
De acordo com o Critério Brasil de Classificação Sócio Econômica, segue
apresentada na tabela 2 a divisão dos entrevistados por classe social. Dos
consumidores de orgânicos quatro pertencem a classe A e dois a classe B,
dividindo-se em A1 (2), A2 (2), B1 (1) e B2 (1). Considerando os não consumidores
de orgânicos, três pertencem a classe A e três pertencem a classe B, dividindo-se
em A2 (3), B1(1), B2 (2).
Tabela 9 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor, idade e classe
social
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
18 a 34
anos
35 a 54
anos
acima de 54
anos
18 a 34
anos
35 a 54
anos
acima de 54
anos
TOTAL
Classe A 1 1 2 1 1 1 6
Classe B 1 1 0 1 1 1 6
TOTAL 2 2 2 2 2 2 12
FONTE: Dados da Pesquisa
A maioria dos entrevistados possui curso superior ou mais (9). Conforme
consta na tabela 10, sete entrevistados possuem curso superior e dois deles
possuem pós-graduação. Dos entrevistados que não possuem curso superior
completo (2), um possui segundo grau e o outro primeiro grau. Vale ressaltar que o
entrevistado que possui primeiro grau está na faixa etária acima de 54 anos.
Tabela 10 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor, faixa etária e grau
de instrução
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
18 a 34
anos
35 a 54
anos
acima de 54
anos
18 a 34
anos
35 a 54
anos
acima de 54
anos
TOTAL
Primeiro grau 0 0 0 0 0 1 1
Segundo grau 0 1 0 0 0 0 1
Superior 2 0 1 1 2 1 7
Pós-graduação
0 1 0 1 0 0 2
TOTAL 2 2 1 2 2 2 11
FONTE: Dados da Pesquisa
114
A maioria dos entrevistados que consome produtos orgânicos é casada (4). A
composição familiar dos consumidores de produtos orgânicos varia de três a quatro
pessoas residindo na casa. Dos consumidores casados, um casal possui uma filha
de cinco anos, tendo os outros três casais filhos na média de 20 anos. Os dois
consumidores solteiros ainda moram com a família. Percebe-se que nas residências
que se consome produtos orgânicos, as famílias tendem a ter mais componentes,
conforme demonstra a tabela 11.
Quanto aos não consumidores de produtos orgânicos o estado civil varia,
sendo três não consumidores solteiros, no qual apenas dois moram com a família e
um sozinho, um viúvo que mora sozinho, e dois casais que não possuem filho.
Assim, a composição familiar varia de uma a duas pessoas, sendo uma família
composta por três pessoas e outra por quatro pessoas. Considerando os não
consumidores apenas o homem viúvo possui filhos, mas estes não moram com ele.
Tabela 11 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor e número de
pessoas na família
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
TOTAL
1 pessoa 0 2 2
2 pessoas 0 2 2
3 pessoas 4 1 5
4 pessoas 2 1 3
TOTAL 6 6 12
FONTE: Dados da Pesquisa
Os entrevistados pertencem a ocupações variadas. Entre os consumidores de
produtos orgânicos estão: corretor, arquiteto, atriz e radialista, contadores e
estudante. Os o consumidores são analistas de sistema, professor e vendedor,
administrador de empresas, empresário e aposentado.
A renda familiar dos consumidores está entre R$ 3.500,00 e R$ 30.000,00,
a de não consumidores de orgânicos é inferior a dos consumidores variando entre
R$ 1.500,00 e R$ 8.000,00. A renda familiar dos consumidores é bastante variada
comparada a dos não consumidores. Ela é discriminada na tabela 12.
115
Tabela 12 Número de participantes da etapa qualitativa, por tipo de consumidor e renda familiar
aproximada
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR TOTAL
R$ 1.500,00 0 1 1
R$ 3.500,00 1 1 2
R$ 4.000,00 0 1 1
R$ 5.000,00 2 1 3
R$ 6.000,00 0 1 1
R$ 8.000,00 0 1 1
R$ 10.000,00 1 0 1
R$ 20.000,00 1 0 1
R$ 30.000,00 1 0 1
TOTAL 6 6 12
FONTE: Dados da Pesquisa
4.1.3 Características psicológicas
A parte roteiro referente às variáveis de conhecimento e tendência a inovar
são aplicadas a todos os entrevistados, tanto para os consumidores como para os
não consumidores. a parte referente a envolvimento e susceptibilidade à
influência interpessoal são feitas apenas aos consumidores de produtos orgânicos.
4.1.3.1 Conhecimento – familiaridade
O conhecimento de produtos orgânicos, considerando a familiaridade, foi
verificado tanto com os consumidores, como com os não consumidores.
4.1.3.1.1 Consumidores de produtos orgânicos
A maioria dos produtos orgânicos consumidos são verduras e legumes. Todos
os consumidores de produtos orgânicos (6) compram verduras e legumes. Em
menor quantidade são as frutas (2) e os grãos (1), conforme discriminado abaixo:
O consumo de pelo menos um desses produtos orgânicos é freqüente,
ocorrendo na maioria de 4 a 5 vezes na semana (4) ou todos os dias (2). Uma
entrevistada que consome de 4 a 5 vezes na semana, salientou que seu consumo
116
diminuiu devido à dificuldade de encontrar o produto, já que a feira de orgânicos que
ocorria na sua cidade não acontece mais.
Tabela 13 – Produtos orgânicos consumidos pelos consumidores da etapa qualitativa
Produto Número de citações
Verduras e legumes
Alface 5
Brócolis 5
Tomate 5
Cenoura 3
Couve-flor 2
Folhas em geral 2
Repolho 2
Rúcula 2
Agrião 1
Alho poro 1
Abobrinha 1
Aipim 1
Batata-salsa 1
Berinjela 1
Beterraba 1
Chicória 1
Couve 1
Cebola 1
Escarola 1
Pepino 1
Vagem 1
Frutas
Morango 3
Banana 1
Laranja 1
Maça 1
Pêra 1
Grãos
Açúcar 1
Soja 1
Fonte: Elaboração própria
É unânime entre os consumidores que consumir produtos orgânicos é mais
saudável. Percebe-se no depoimento dos entrevistados uma grande preocupação
em manter a saúde e evitar doenças a longo prazo, conforme verificamos nos
depoimentos:
A quantidade de agrotóxicos que está nos produtos é prejudicial. O produto
perde o sabor natural e a gente consome um produto envenenado.
(Mulher, 59 anos, A2)
Eu acho que a sociedade come absurdamente mal, são inacreditáveis os
efeitos da alimentação, são comprovados, fisicamente, esteticamente. É
obesidade. É a diabete. É a hipertensão. Crianças com oito, nove anos,
tudo diabética...
(Mulher, 46 anos, A1)
117
Um dos entrevistados informa que o motivo de consumir produtos orgânicos é
causado pela influência de sua esposa que realiza a compra dos produtos
orgânicos. O Entrevistado destaca que o orgânico é mais saudável, mas ele não
próprio não tem o hábito de comprar produtos orgânicos. Neste caso, a esposa induz
o marido a consumir determinado alimento, pensando no bem estar da família,
conforme percebido na seguinte frase:
Consumo porque minha esposa diz que faz bem, mas por mim seria
indiferente.
(Homem, 60 anos, A2)
Também é destacado por três entrevistados (1 homem e 2 mulheres) que as
verduras e legumes convencionais possuem muito agrotóxicos. Como o consumo
desses alimentos é freqüente, o alimento orgânico é visto como uma alternativa para
se continuar consumindo esses alimentos com menos riscos.
Além do alimento orgânico ser mais saudável e com menos agrotóxico, outro
motivo apresentado para o consumo de produtos orgânicos é o sabor (4). As
pessoas percebem diferença no sabor entre o produto convencional e orgânico.
O orgânico tem mais sabor, você vai fazer alguma comida, ele é muito
melhor...
(Mulher, 33 anos, B2)
Todos os consumidores consomem alimentos orgânicos em casa e um deles
também consome no restaurante. Verificou-se que dos seis entrevistados, apenas
um não almoça diariamente em casa. A entrevistada que não almoça em casa expõe
que o existem muitas opções de restaurantes que sirvam alimentos orgânicos, e
assim, acaba não tendo escolha e consumindo os produtos convencionais servidos
nos restaurantes próximos ao local de trabalho, mesmo sabendo dos benefícios de
se consumir produtos sem agrotóxicos.
... Lá no trabalho eu fui uma das que fez campanha para salada de frutas,
mais salada, coisa integral, mais opções e na lanchonete eles dizem que
plantam orgânicos. Eles têm uma horta e cultivam orgânicos, mas sendo ou
não eu tenho que comer lá. Mas eu perturbo eles. Mas é aquilo, o tem
tanta saída, então o refinado ganha espaço...
(Mulher, 46 anos, A1)
118
A maioria das pessoas (5) apontou que podem acabar substituindo o alimento
orgânico pelos produtos convencionais. Os motivos o diversos, como a falta de
encontrar no dia o produto orgânico desejado no mercado (1), não existir o produto
como orgânico (1), considerar no momento da escolha a aparência do produto
orgânico e do convencional (1) ou acabar o produto orgânico em casa próximo a
data de compra dos produtos orgânicos (1). Apenas um homem afirmou que os
alimentos que ele consome orgânicos são sempre orgânicos, mesmo que não
encontre o produto no mercado ele não substitui, mas sim, opta por não consumir.
Aqui em casa a gente consome muita, que eu sou frutólogo, de monte. E
provavelmente não são orgânicas, mamão, frutas da época, muito caqui,
laranja, maçã, banana, goiaba, uvas de monte. Consumimos bastante e
nenhum deles é orgânico. A gente dá uma boa lavada e consome.
(Homem, 53 anos, B1)
Eu consumo também produtos convencionais, porque acabaram os
orgânicos e não tem como ir a feira, ou se estou casa de pessoas que não
consomem.
(Mulher, 33 anos, B2)
A maioria dos consumidores (5) é o responsável pela compra dos produtos
orgânicos. Em um dos casos a mãe acompanha a filha nas compras para tornar o
processo mais rápido, elas dividem a lista de produtos e cada uma se responsabiliza
por uma parte das compras. Apenas um dos entrevistados afirmou que a esposa é a
responsável pelas compras, pois compra os produtos orgânicos direto do produtor,
mas as outras compras no mercado é ele quem realiza.
Os locais de compra de produtos orgânicos variam, tendo a possibilidade de
compra em mais de um lugar. São realizadas as compras em supermercados (4),
feiras (3), sites de mercado (1) e direto do produtor (1).
A feira é vista como um meio de conseguir produtos mais frescos e com maior
disponibilidade de produtos. No mercado, ainda a reclamação de possuir uma
pequena variedade de produtos, tornando difícil a compra desses produtos apenas
no mercado (4). Uma alternativa encontrada por um dos entrevistados foi à compra
direto do produtor.
... Nas feiras os produtos são mais fresquinhos, vontade de trazer tudo
para casa, não trago mais porque fiz a experiência de trazer mais e tive
que jogar fora, porque não conseguimos comer tudo...
(Homem, 53 anos, B1)
119
.... No mercado ainda é uma oferta pequena, eles têm muito hidropônicos,
que tem muitas pessoas que consomem com orgânicos. A pessoa vai e
diz que tem bastante, mas daí eu falo que não é, que o hidropônico é feito
na água e explico, pois tem pessoas que não sabem ...
(Mulher, 33 anos, B2)
A entrevistada que utiliza a internet destaca que esse é o seu único meio de
compra. Justifica sua forma de compra pela facilidade, agilidade e praticidade, além
da disposição dos produtos que é mais organizada. Também destaca que realizando
as compras dessa forma, não precisa ir ao supermercado com a filha de 5 anos,
evitando assim a compra de produtos “não saudáveis” por pedido de sua filha.
Compro tudo pela internet, primeiro porque eu amo a internet, poupa tempo,
eu não tenho muito tempo e tenho criança pequena. Com criança pequena
é muito difícil, porque eles querem tudo. Eu acho que a seção de orgânicos
é mais organizada no site do que no mercado, na internet tem por itens ...
você clica nos itens que você quer, e se você fizer por produtos orgânicos
ou geléias, sai tudo...
(Mulher, 46 anos, A1)
A freqüência de compra de produtos orgânicos da maioria das pessoas (5) é
semanal, apenas um entrevistado compra quinzenalmente. Este consumidor salienta
que pela dificuldade de acesso até o produtor, acaba realizando a compra com um
prazo maior de dias entre uma compra e outra. o consumo semanal se deve a
procura de produtos mais frescos (3), ao grande consumo de frutas, verduras e
legumes (3) e a durabilidade dos produtos que compram, pois a durabilidade destes
orgânicos é menor comparada ao de produtos convencionais (1).
O percentual de consumo de produtos orgânicos, comparado ao de não
orgânicos da mesma categoria, varia bastante entre os entrevistados, não sendo
possível fazer uma avaliação. Vale ressaltar que todos os consumidores quando vão
ao mercado sabem se irão ou não comprar produtos orgânicos. Quanto a qual
produto desejam comprar tem uma idéia ou saem de casa com a lista de
compras (2), mas muitas vezes acabam substituindo o produto por não encontrá-lo
(2).
Geralmente e a gente tem uma idéia, claro que se não tem a gente opta
por outro, mas a gente tem uma idéia até pelo que consome. Geralmente
a gente gosta mais de uma verdura e de uma fruta. Então normalmente são
as mesmas coisas. Se têm algum produto diferente, por ser época, a gente
compra. Se não a gente compra as mesmas frutas e verduras.
(Mulher, 33 anos, B2)
120
Quando questionados sobre a compra de produtos orgânicos diferentes dos
que habitualmente compram, verifica-se que ocorre tanto a compra (4) como a não
compra (2) destes produtos. As pessoas (4) compram os produtos orgânicos
diferentes que vêem no mercado por curiosidade e para verificar se o produto é bom
ou não. Dos dois entrevistados que não compram, um homem e uma mulher, ambos
consideram que é pelo hábito, sempre compram o que gostam e precisam. A
entrevistada considera que conhece os gostos da família e compra produtos
diferentes por indicação de uma pessoa conhecida.
considerando a compra de produtos sempre da mesma marca, a opinião
fica dividida, metade dos entrevistados (3) compram sempre as mesmas marcas e a
outra metade (3) costumam diversificar as marcas que utilizam. Os consumidores
que sempre compram as mesmas marcas atribuem isso ao fato da credibilidade da
marca (3) e a pouca oferta de marcas (2). os motivos que levam a não comprar
sempre as mesmas marcas variam: se deve a busca pelo produto mais barato (1), a
procura por melhores produtos (1) e a avaliação da aparência do produto.
Os produtos que a gente sempre compra da mesma marca é porque
estamos acostumados com o produto, você acostuma com aquilo e dnão
troca, acaba virando um hábito, fica com ele e não troca mais.
(Homem, 53 anos, B1)
Variamos. Se você vê lá a marca de produto que você confia a gente
compra por um bom tempo, mas também compramos outros produtos para
experimentar. Se o produto não agradar a gente volta para o produto
anterior.
(Homem, 60 anos, A2)
... Para escolher o produto eu olho a aparência, se eu vejo que ele está bem
conservado, coloridinho, que dá para encarar, eu compro.
(Mulher, 59 anos, A2)
A principal fonte de informação sobre produtos orgânicos é a mídia (6). As
informações são obtidas pela TV (4), jornais (3), internet (3), revistas de saúde (2) e
revistas em geral (1). Porém a metade dos entrevistados (3), todos homens,
reclamam que a informação disponível sobre orgânicos é muito pequena. as
mulheres não apontam essa falta de informação, elas tendem a ler revistas na área
de saúde (2) e sites sobre culinária e alimentos (2). Outra forma de adquirir
121
informações é por meio de amigos (2), forma esta citada apenas pelas mulheres.
Também não se verifica a troca de informações entre amigos por parte dos homens.
A mídia é a que mais contribui, mas as informações poderiam ser bem
melhores, eu acabo comprando pela propaganda no mercado.
(Homem, 34 anos, A1)
houve maior divulgação em jornais e revistas, hoje não vejo tanta
informação. Falta mais produtores no mercado. Falta também apoio do
governo para essa divulgação.
(Homem, 60 anos, A2)
Busco em todos os meios, na Revista Vida Natural, em sites, e eu pratico
yoga, daí a gente troca muitas receitas...
(Mulher, 46 anos, A1)
4.1.3.1.2 Não consumidores de produtos orgânicos
Todos os não consumidores de produtos orgânicos entrevistados,
consumiram produtos orgânicos eventualmente. Os produtos consumidos são
apenas verduras e legumes, variando de uma a três hortaliças experimentadas
por pessoa. Os produtos consumidos são vistos na tabela 14:
Tabela 14 – Produtos orgânicos já consumidos pelos não consumidores da etapa qualitativa
Produto Quantidade
Verduras e legumes
Alface 4
Tomate 2
Agrião 1
Brócolis 1
Broto de feijão 1
Couve-flor 1
Vagem 1
Fonte: Elaboração própria
A freqüência de consumo desses produtos orgânicos varia entre os
entrevistados: ocorre uma vez por mês (1), de 4 a 5 vezes ao ano (3) ou de 6 a 10
vezes ao ano (2). Uma das entrevistadas destaca que além do consumo em casa,
freqüentou cerca de cinco vezes ao ano um restaurante especializado em comida
orgânica, porém ressalta que isso não é um hábito do casal.
122
Os principais motivos que levam ao não consumo freqüente de produtos
orgânicos são os custos do alimento (5) e a disponibilidade de produtos (3). Também
são apontados outros fatores como a disposição dos produtos no mercado (1), a
identificação de que o produto é orgânico (1), a credibilidade do produto quanto a
sua procedência (1) e a falta de informação sobre os benefícios do consumo de
produtos orgânicos (1). Uma entrevistada destacou que ao escolher o produto no
mercado, o fator decisivo é a boa aparência do produto, não considerando outros
fatores, como saúde. Algumas frases são apresentadas para exemplificar esses
motivos:
Os produtos até podem ser orgânicos, porém não estão identificados e o
sei se são ou não orgânicos. Outro motivo é a falta de oferta.
(Mulher, 45 anos, B2)
No mercado o que estiver bonito a gente pega, com uma aparência bonita a
gente acaba comprando. O preço também influência bastante no consumo e
a falta de conscientização, porque a gente sabe que ele faz bem, mas ao
mesmo tempo você não tem aquela informação, uma divulgação mais
precisa, em nível de comercial.
(Mulher, 56 anos, A2)
Um dos não consumidores acrescenta que o fato de almoçar eventualmente
em casa contribui para que não compre produtos orgânicos. Segundo ele, o custo do
produto não compensa pela sua durabilidade. Na maioria das vezes ocorre das
verduras serem jogadas fora por não conseguirem consumir o produto dentro do seu
prazo de consumo.
Verdura dificilmente a gente compra porque estraga na geladeira, as folhas
vão perdendo a qualidade.
(Homem, 29 anos, B1)
Todos os não consumidores de produtos orgânicos são os responsáveis pelas
compras de alimentos da casa. As compras são realizadas na sua maioria em
supermercados (5). Outros locais de compra são as feiras (1) e quitandas (1). O
entrevistado que destaca a preferência pela compra de produtos orgânicos em
feiras, explica que ela é causada pela organização dos produtos, qualidade do
atendimento e dos produtos, menor movimento de pessoas e agilidade.
123
Em supermercado eu evito comprar, a qualidade do produto normalmente
não é tão boa e também acho que geralmente é cheio de gente, o
atendimento é ruim. E em feirinha não, você entra e faz sua compra
tranqüilo, o ambiente é melhor, o lugar é pequeno, votem tudo na mão ...
Quando tem muita gente que compra, normalmente meche muito e estraga
muito ... as pessoas que vão em feira são diferentes, é um outro tipo de
público.
(Homem, 37 anos, A2)
A metade dos entrevistados almoça em restaurantes todos os dias.
Considerando os outros entrevistados, um eventualmente almoça fora de casa, um
almoça cerca de metade da semana em casa e a outra em restaurante, e o outro
almoça em casa diariamente.
4.1.3.2 Conhecimento – expertise
O conhecimento de produtos orgânicos, considerando a expertise, também foi
aplicado com os consumidores e com os não consumidores.
4.1.3.2 Consumidores de produtos orgânicos
As definições referentes a produtos orgânicos para consumidores e para não
consumidores possuem em sua maioria pontos em comum. Os consumidores
apresentaram as seguintes definições:
- Produtos sem agrotóxicos (6)
- Produtos benéficos para a saúde (3)
- Cultivado com produtos naturais (1)
- Produto natural igual à horta que as pessoas têm em casa (1)
Ele é um produto natural, sem agrotóxicos, que você pode consumir sem ter
futuros problemas.
(Homem, 53 anos, B1)
É um produto natural, igual aquela hortinha que a gente tinha em casa
quando a gente era criança, então é um produto limpo de agrotóxicos.
(Mulher, 33 anos, B2)
124
Os consumidores explicam que a produção é feita sem agrotóxicos, com
veneno não nocivo (6) e que são considerados os cuidados de plantio, de coleita, de
transporte e de armazenagem (1). Um entrevistado considera que o produto
orgânico é um produto selecionado e que no próprio mercado o visual do produto
orgânico é diferenciado. Na gôndola o produto está embalado, pesado e com o
preço.
Sabe, sabe, a gente não sabe, tem uma idéia. Sem agrotóxicos, com alguns
cuidados de plantio, de colheita, de transporte, de armazenagem ... é um
produto selecionado ... no mercado os produtos estão separados dos
outros, pesados e com o preço do que você quer. Você chega, pega a
bandejinha e você já sabe que o peso é tanto e o preço é tanto.
(Homem, 34 anos, A1)
É apontado que devido a não utilização de agrotóxicos, eventualmente são
encontrados alguns “caramujos” na verdura, fato que não ocorre nos produtos
convencionais, onde o veneno os matou (2). Outro entrevistado, que realiza a
compra de produtos orgânicos direto no produtor, salienta que o próprio produtor o
explicou que junto à plantação de orgânicos é deixado crescer o mato, pois assim os
predadores que atacariam a plantação, atacam o mato. Além disso, lembra que os
produtores falam que existem uma fiscalização que controla a qualidade dos
produtos e se eles são realmente orgânicos.
... Eu acho que é uma horta normal, sem por nada de agrotóxicos, tanto que
de vez em quando você encontra alguns caramujinhos, essas coisinhas que
se reproduzem na horta normal, coisa que me outros produtos você não
encontra, porque foi o veneno ... sei que o bichinho pode estar por ali e
não vai danificar em nada a minha saúde se eu souber lavar bem e cuidar
na hora de preparar.
(Mulher, 59 anos, A2)
Outra comparação realizada é com as hortas caseiras (2) e as hortas de
antigamente (1). As hortas de antigamente são lembradas por não serem utilizados
produtos químicos, mas sim, restos de produtos naturais, como alimentos, folhas,
etc. Embora sejam utilizadas técnicas diferentes, a entrevistada considera que hoje
ainda se mantém a utilização de produtos naturais no cultivo.
125
... ele é feito sem agrotóxicos, sem nada de veneno, como era feito
antigamente. Eu sei porque eu tive uma horta uma vez na vida, então era
sem nada de produtos, o que minha falava era que colocava café, coisas
assim, claro que hoje é diferente, eles produzem de uma maneira diferente,
mas digamos que era feito como antigamente, sem veneno, sem nada,
eram aquelas coisas caseiras...
(Mulher, 33 anos, B2)
Os consumidores apontam como principal diferença dos produtos
convencionais e orgânicos o sabor (4). Os produtos orgânicos possuem o sabor
mais acentuado (3) e ao comer não se sente o sabor do agrotóxico (3). A aparência
também é diferenciada (4), os alimentos são menores (4), a coloração é acentuada
(2) e é mais uniforme (1). Um dos entrevistados aponta que a aparência do orgânico
não é tão atraente, justamente pelo tamanho pequeno do produto. Além disso, é
destacado que a durabilidade dos produtos orgânicos é menor comparada aos
produtos convencionais que levam conservantes (2).
A cor, a aparência, o visual é diferente. O gosto é diferente. O orgânico
possui mais cor, a vagem é mais verdinha, a casca do tomate é mais
brilhosa, não é aquela coisa fosca, o brócolis, também o tem aqueles
escurinhos, a aparência dela é uniforme, não tem defeito...
(Homem, 34 anos, A1)
Percebe-se que além das características do produto, as mulheres também
levam em consideração aspectos de envolvimento com os produtos orgânicos. Elas
focam na diferenciação do sabor e da aparência por se saber que é um produto
orgânico e nos benefícios para a saúde e para o bem estar físico e psicológico.
Em geral, eu tendo por saber que é orgânico achar mais saboroso, pode ser
até psicológico, como é minha opção ... Eu acho que quem tem uma
alimentação saudável é uma escolha, eu acho o gosto bom não pelo
paladar, mas por tudo que envolve, ele não é isolado do paladar, eu tendo
sempre a achar mais bonito e mais gostoso, agora isso pode ser
influenciado.
(Mulher, 46 anos, A1)
A metade dos consumidores de produtos orgânicos (3) não consome produtos
diet, light e funcionais, não conseguindo fazer uma comparação dessas diferenças,
destes, dois são homens e uma mulher. Um dos entrevistados aponta que ninguém
da família consome, o outro a esposa e filhas consomem e a entrevistada não
consome por possuir alergia a esse tipo de alimento. Os outros três entrevistados
percebem diferenças similares entre os produtos light e diet. Quanto ao diet, aparece
126
o fato de não conter açúcar (2), o gosto predominante do adoçante (1), o sabor
desagradável (1) e a característica de ser um produto processado para se retirar o
açúcar (1). referente ao light aparece o gosto predominante do adoçante (1), o
fato de não ser tão saudável (1), a característica de ser um produto processado para
se retirar a gordura (1) e ser um produto utilizado com o objetivo de emagrecer (1).
O diet é a diferença do açúcar, é tirado o açúcar, é a única diferença que ele
tem, porque ele vai conservante ... o diet por ser diet tem algumas coisas
adicionadas, conservantes e outras coisas para tirar o úcar, que o
orgânico não tem nada disso, você vai comer ele como ele é. Tirou do pé,
tirou do chão, você lava e come...
(Mulher, 59 anos, A2)
Os consumidores ao comparar o produto orgânico com os funcionais, em sua
maioria (3), o percebem diferenças. Dois deles percebem que eles apenas
atendem a função determinada e por isso consomem e uma entrevistada não
consome produtos funcionais.
... Eles atendem a função, diz que é para aquilo, a gente acredita e
consome por isso ...
(Homem, 29 anos, B1)
4.1.3.2 Não consumidores de produtos orgânicos
Os não consumidores apresentaram as seguintes definições para produtos
orgânicos:
- Produtos sem agrotóxicos (3)
- Produtos com menos agrotóxicos (2)
- Terra preparada (2)
- Produtos benéficos para a saúde (1)
- Produto natural igual à horta que as pessoas têm em casa (1)
É um produto mais natural, sem os defensivos. Agora se o que a gente
compra realmente é sem defensivo ou não eu não sei. Pela experiência que
eu tive, fui ver como era o produto orgânico para plantarmos produtos para
consumo, e como a nossa uva era muito próxima de onde seria plantado os
produtos para consumo, eles não seriam orgânicos, porque está muito perto
dos produtos com defensivos, das parreiras e a terra não pode conter
agrotóxico, deve ser preparada...
(Mulher, 56 anos, A2)
127
Verifica-se que alguns não consumidores não possuem o conhecimento do
que realmente é um produto orgânico, ao expressar que os produtos devem possuir
menos agrotóxicos, ao contrário da sua definição, que aponta que um produto
orgânico não pode possuir nenhum agrotóxico. Uma não consumidora ressalta a
falta de divulgação de informações sobre o que são os produtos orgânicos, conforme
vemos na citação:
É um produto mais natural, com menos agrotóxico, feito com menos
agrotóxico. Tem um probleminha por não saber 100% todo o universo do
que é um produto orgânico. Talvez falte informação sobre produtos
orgânicos ou eu não tenho procurado com mais afinco. Pensando no
omega3, todo mundo fala sobre omega3 e você acaba sabendo o que é,
produtos orgânicos não é tanto.
(Mulher, 30 anos, A2)
O conhecimento com a preparação da terra foi apresentado nas
entrevistas com os não consumidores. Vale ressaltar que nem todas as hortas de
casas são orgânicas, visto que algumas pessoas utilizam químicos para a
preparação da terra e crescimento da planta, tais como adubo químico, agrotóxicos,
entre outros.
Percebe-se que os não consumidores não conseguem fazer uma formulação
de como os produtos orgânicos são produzidos, variando entre os entrevistados a
sua descrição. Três, dos seis entrevistados, apresentam maior confiança ao
expressar que sabem como são produzidos os produtos orgânicos. Desses, dois
julgam que os agrotóxicos são substituídos por algo natural ou produzido em estufa.
E um deles mistura a produção de produtos orgânicos com a de produtos
hidropônicos, embora ele afirme e considere que sabe como os orgânicos são
produzidos.
Um dos aspectos positivos dos produtos orgânicos é não ir veneno ... Eu sei
que vai um pouco de agrotóxico na água, mas é bem menos no que no
produto normal, que eles vão com a bomba e sulfato em cima, para dar
produção mesmo e não interessa o bem estar do cliente. Passa na água o
orgânico, é tudo dentro da água, quando você joga o agrotóxico na água a
raiz absorve e claro que pega um pouco, falar que não tem agrotóxico, isso
é besteira, não existe, existe um pouco.
(Homem, 37 anos, A2)
Os outros três afirmam não ter idéia de como ocorre a produção. Um dos não
consumidores considera que é feita uma purificação da terra e utilizado o processo
de adubação com produtos naturais. Outro relaciona a algo primitivo, mais caseiro,
128
em que se prioriza a qualidade e o a quantidade. E um o sabe nem ao menos
como descrever.
Exatamente, exatamente não. Eu sei que você vai purificando a terra,
fazendo um processo de adubação, com produtos naturais, como folhas,
algo assim.
(Mulher, 56 anos, A2)
A maior diferença percebida entre os produtos orgânicos com os
convencionais está no sabor (5) do produto orgânico. É possível sentir o sabor
natural dos alimentos, sem sentir o gosto do agrotóxico (2) e o sabor é mais
acentuado (4). Outro fator marcante é a aparência do produto orgânico (4),
normalmente os alimentos são menores (4) e com maior coloração (2). Também é
destacada a consistência do produto, mais tenra (3) e a menor durabilidade (1).
Apenas um entrevistado não percebe diferenças entre os produtos convencionais e
os orgânicos, mas no geral as diferenças percebidas são similares as dos
consumidores.
O sabor dele é mais acentuado, mais prazer na degustação. A aparência
do produto também, geralmente os produtos que são industrializados, ou
seja, que são modificados, eles ganham uma coloração diferente, eles ficam
com um tamanho diferenciado, enquanto que o produto orgânico ele é de
menor tamanho, com uma coloração mais viva, o que deixa o sabor mais
acentuado. Eu acho que o orgânico mantém as características originais do
produto.
(Mulher, 45 anos, B2)
A maioria dos não consumidores de orgânicos não percebe diferenças (4)
entre os produtos light e diet com os produtos orgânicos, não conseguindo fazer
comparações entre esses produtos, sendo que apenas um percebe diferenças e
outro não consome produtos light e diet. O entrevistado que percebe diferenças
aponta como diferença entre o diet e o produto orgânico apenas a ausência de
açúcar. entre o light e os produtos orgânicos destaca a ausência de gordura e a
diminuição de calorias, sendo estes produtos consumidos por um publico específico
que busca essas características no produto. O outro não consome produtos diet.
o entrevistado que não consome produtos light e diet afirma não consumir esses
produtos, pois apresentam um sabor ruim, muito diferente dos convencionais.
Quanto aos produtos funcionais alguns não percebem diferença (3), outros dizem
129
que apenas atendem a função proposta (2) e um deles não consome esses produtos
(1).
O diet, o light e os funcionais estão no mesmo nível de percepção, você
consome o produto e não sabe o que está consumindo, sabe que é menos
calórico, tem menos gordura, que o funcional faz bem para o corpo, para o
seu aparelho digestivo. As pessoas buscam um alimento que
aparentemente não vão lhe fazer mal
(Homem, 37 anos, A2)
4.1.3.3 Envolvimento
Todos os consumidores (6) apresentam um grau de envolvimento com os
produtos orgânicos, demonstrando vários aspectos que causam o nível de
importância pessoal percebida nos produtos. A principal importância continua sendo
atribuída pela questão da saúde. Por não possuir agrotóxicos é visto como um
alimento que não causa malefícios à saúde, prevenindo doenças futuras.
... É importante porque eu peguei o hábito de consumir essas coisas
orgânicas, pelo menos nesses alimentos eu me livro dos agrotóxicos.
Primeiro fator é a saúde, pela prevenção. Eu consumo orgânicos desde que
eu vi no mercado, percebi a vantagem, deve fazer uns cinco seis anos para
que começou a aparecer esses produtos ... Na verdade você paga um
pouquinho mais caro, mas você acredita que não tem nada de ruim nele.
(Homem, 53 anos, B1)
É citada também a criação do hábito de consumir produtos orgânicos (3) e a
falta gerada quando não consumido o produto, explicitando o envolvimento do
consumidor com o produto. É percebido como importante também pelo fator sabor
(3). Segundo a metade dos entrevistados (3) que citam este aspecto, as pessoas
que consomem orgânicos habitualmente, sente a diferença no sabor. Elas se
acostumam com o gosto e sentem a diferença no paladar, não sentindo tanto prazer
no consumo dos produtos convencionais. Outro fator citado é o aroma do alimento
orgânico. Quando comparado com os produtos tradicionais, é mencionado que na
maioria das vezes os produtos convencionais nem possuem o mesmo aroma do
alimento que se está consumindo.
130
... o sabor é muito diferenciado do outro, como você vai mudando o paladar
acaba ficando mais sensível e quando você sente o cheiro de um produto
orgânico ou de uma fruta, você a diferença e vê que ele está mais
saboroso. Sendo que se for uma fruta tradicional algumas vezes não é nem
o cheiro característico daquela fruta ..
(Mulher, 33 anos, B2)
... dependendo do produto que eu deixasse de consumir eu sentiria falta,
por exemplo, a vagem orgânica é diferente, ela é mais fininha, o tom verde é
mais escuro, se eu não consumir vagem eu sinto falta ...
(Homem, 34 anos, A1)
Outro aspecto considerado é a preservação da vida e da natureza, sendo
estes princípios considerados como uma filosofia de vida (1). É visto como uma
forma de respeito ao mundo, onde precisamos respeitar aos outros para assim
respeitar a si mesmo. É claramente percebido na fala dessa entrevistada, o alto
envolvimento emocional da pessoa com os atributos do produto e os benefícios que
ele gera.
É fundamental, por causa da preservação da vida, da saúde, que é uma
outra filosofia de vida, que busca respeitar mais o mundo, a natureza,
respeitar o ser humano, isso esta acima do comercio, do dinheiro, de tudo.
... O numero de vegetarianos está aumentando por causa desse nível de
consciência, por essa tentativa de respeitar, porque se eu não respeito o
que está em cima da terra, como que eu vou me respeitar, é impossível, tem
que estar unido ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Quando questionados sobre como se sentiam ao consumir produtos
orgânicos é clara a divergência entre a opinião feminina e masculina. As mulheres
voltam-se mais para o lado emocional, todas afirmam que sentem prazer ao
consumir os alimentos orgânicos, relacionando ao sabor do alimento, seus
benefícios e as lembranças que ele trás. Vale destacar que embora elas destaquem
sempre o prazer em um primeiro plano, o prazer é visto como conseqüência dos
benefícios do alimento, que atua fornecendo as vitaminas e as enzimas necessárias
para o bom funcionamento do corpo humano.
Prazer é muito mais do que o gosto, porque alimento é alimento, não é
comida, você não pode comer para matar a sua fome, ... o objetivo do
alimento é trazer enzimas, proteínas, fazer o nosso organismo funcionar ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Eu sinto prazer pelo fato de comer o alimento sentindo gosto ... ao comer
tomate orgânico eu lembro da minha infância, da horta da minha mãe ...
Ele é muito benéfico à saúde. É necessário porque é um produto que você
131
precisa comer, tem vitaminas e você come sem o risco de estar se
intoxicando ...
(Mulher, 59 anos, A2)
os homens fazem uma relação direta com o desempenho do produto e o
custo benefício que ele gera. Todos (3) afirmam que o alimento orgânico é benéfico
e necessário, pois traz resultados diretos na saúde das pessoas (3) e poupa tempo
no preparo do alimento (2).
É necessário comer frutas e verduras e benéfico porque ele não tem
agrotóxico e no decorrer dos anos dá diferença ... Custo benefício.
(Homem, 53 anos, B1)
Ele faz bem para a saúde e é por isso que consumo ... Acabo
considerando a praticidade para a compra do produto, se têm no mercado
eu compro ... A vantagem do orgânico é que não precisa deixar o alimento
de molho e alguns já vem cortado ...
(Homem, 60 anos, A1)
A maioria dos entrevistados também aponta que o fato de consumir produtos
orgânicos demonstra algo deles as outras pessoas, os homens apresentam
aspectos racionais e as mulheres mais sentimentais. Os homens afirmam que o
consumo demonstra que são pessoas preocupadas com a sua saúde atual e a longo
prazo (2) e são inteligentes ao optar pelo consumo de produtos naturais (2). as
mulheres apresentam motivos mais subjetivos mostrando que também estão
preocupadas com sua saúde atual e a longo prazo (3), que valorizam a si mesmas
(1) e buscam alimentos mais saborosos (1).
... As pessoas vêem que você esta se preocupando um pouco mais com a
saúde, pois elas perguntam o porquê que você consome produtos
orgânicos. E percebem que você esta mudando a sua mentalidade e
pensando um pouco mais na sua saúde, e o na saúde agora, mas
daqui a 10, 20, 30 anos ...
(Mulher, 33 anos, B2)
Um dos consumidores não considera que o consumo de produtos orgânicos
demonstre algo as pessoas, principalmente pelo fato das pessoas não saberem
quais alimentos são consumidos pelas outras pessoas.
Não demonstra nada, ninguém sabe que você consome orgânico, você não
fica contanto, não faz diferença para os outros, não demonstra nada. As
pessoas nem ficam sabendo que a gente consome isso.
(Homem, 53 anos, B1)
132
4.1.3.4 Tendência a inovar
A tendência a inovar foi verificada tanto para os consumidores, como para os
não consumidores.
4.1.3.4.1 Consumidores de produtos orgânicos
A maioria dos consumidores (4) considera-se inovador, sendo que dois deles
se consideram muito inovadores (classes A1 e A2) e dois um pouco inovadores
(classes B1 e B2). Os que se consideram altamente inovadores atribuem isso ao fato
de possuir muita curiosidade sobre novidades (2), estar sempre fazendo coisas
diferentes comparado a outras pessoas (2), morar no exterior (1), não utilizar roupas
convencionais, ter seu próprio estilo (1), o gostar de estabelecer padrões (1) e ser
criativa (1).
Sim, isso em todas as áreas, isso é uma característica minha, como eu
brinco ... viajei, morei em outros países, faço teatro, sou atriz, trabalho
com artes, trabalho em um programa de educação e saúde que eu acho
que é inovador, porque poucos lugares têm, custa baratíssimo e chega a
muita gente, acho que sou em todas as áreas, na maneira de me vestir...
(Mulher, 46 anos, A1)
Os dois consumidores que se julgam um pouco inovador salientam que
sempre um pouco de resistência ao novo (2) e que mudar é difícil, mas
necessário (2). Assim, se consideram inovadores por estarem mudando o
comportamento e acrescentando novas coisas em suas vidas.
A resistência por esse novo é meio no começo porque depois que você
acostuma com a novidade você vai embora. Eu sou contador e quando veio
a internet foi um baque, você pensa na máquina, como que eu vou fazer,
como que eu vou saber, mas depois você vai pegando e pensa como que
você não fez assim antes.
(Homem, B1, 53 anos)
133
Os consumidores que não se consideram inovadores (classes A1 e A2) se
definem como tradicionalista (1) e conservador (1). Acreditam que sempre seguem
uma mesma linha de comportamento (2) e não gostam de coisas da moda (1).
Eu não sou uma pessoa moderna, de modernismo, sou uma pessoa
clássica, não gosto de nada de modinha, até minhas roupas são mais
clássicas, eu não me considero inovadora.
(Mulher, 59 anos, A2)
Os consumidores altamente inovadores (2) afirmam que sempre compram
produtos no lançamento, motivados pela curiosidade em experimentar coisas novas.
Esses consumidores também buscam sempre informações sobre produtos que não
conhecem e despertam seu interesse, sendo isso muito comum. Os principais meios
de informação são revistas (2), internet (1) e pessoas especialistas no assunto.
... Sou bastante curiosa, sempre busco coisas novas. Adoro internet, leio
revistas e converso com as pessoas técnicas sobre os assuntos.
(Mulher, 53 anos, A1)
Dos pouco inovadores, um destaca que para comprar produtos no
lançamento vai depender dos estímulos existentes, como uma boa propaganda
mostrando alguém que comprou o produto. o outro pouco inovador destaca
que não compra produtos no lançamento, primeiro ele aguarda a aceitação do
mercado e a redução do preço. Os pouco inovadores normalmente buscam poucas
informações sobre produtos que não conhecem. E o fazem quando realmente
irão utilizar algum produto e então precisam obter mais informações.
Eu espero então abaixar o preço, porque depois que ele começa a vender
um monte ele abaixa e daí você já viu se alguém comprou, já sabe se é bom
ou o, m aqueles que o produto lançou e compram, são os primeiros
da fila para comprar ...
(Homem, 53 anos, B1)
Os consumidores que não se consideram inovador (2) não compram produtos
no lançamento, justificando que primeiro precisam conhecer o produto, checar se o
produto obteve aceitação do mercado e receber indicações de que o produto
realmente é bom e vale a pena adquirir. Esses consumidores também não buscam
informações sobre produtos que não conhecem (2).
134
Eu acho que tudo o que você compra no lançamento você corre o risco de
comprar algo que não funcione. Eu espero primeiro o produto entrar no
mercado, ver se ele é bom mesmo para depois comprar. Eu aguardo
indicação, aguardo falarem que é bom, indicarem.
(Mulher, 59 anos, A2)
4.1.3.4.2 Não consumidores de produtos orgânicos
A maioria dos não consumidores de produtos orgânicos se julga inovador (5),
se descrevendo como altamente inovador (2) e pouco inovador (3). Apenas um dos
não consumidores não se considera inovador, por se considerar uma pessoa mais
velha que não consegue acompanhar o avanço das pessoas mais jovens.
Eu me considero muito antiquado, porque eu já estou ultrapassado. Os
jovens de hoje são muito avançados. E eu não acompanhei a evolução,
estacionei. Não me considero inovador comparado às pessoas mais jovens.
(Homem, 70 anos, B2)
Os altamente inovadores buscam fazer as coisas de modo diferente (2),
mudando o seu comportamento frente a melhores oportunidades (2).
Sou de buscar produtos novos na prateleira. De modificar o meu
comportamento quando uma oferta melhor no mercado. Porque eu acho
que você não busca só um produto, você busca aprimorar a sua saúde com
tudo aquilo que você adquire, então você precisa buscar mudanças, se você
permanece sempre na mesma linha de aquisição, você nunca vai poder
comparar o antes com o depois. Eu gosto de fazer comparações do antes e
depois, descartando o que eu não aprovo e adotando aquilo que eu
considero que é adequado.
(Mulher, 45 anos, B2)
As pessoas que se definem como pouco inovadora explicam que são
inovadoras em algumas coisas e em outras não (3). Porém, os pouco inovadores
também consideram que pessoas inovadoras sempre buscam fazer as coisas de
forma diferente, sempre buscando a melhor alternativa. Percebe-se que embora
essas pessoas considerem-se inovadoras, elas o apresentam esse perfil quanto
ao consumo de produtos alimentícios.
135
Em certos pontos sim em outros sou conservador. Com relação a trabalho,
estudo, casa, família eu sou bem conservador ... Com relação ao consumo
de produtos me considero inovador ...
(Homem, 29 anos, B1)
Apesar da maioria dos não consumidores (5) se considerar inovadora, apenas
dois não consumidores costumam comprar produtos no lançamento, sendo que
ambos precisam ser atraídos por algum estímulo que os leve a comprar o produto.
Os outros não consumidores não compram produtos em lançamento porque
esperam a aceitação do mercado (3), consideram a indicação de outras pessoas
sobre o produto (3), avaliam a necessidade de compra do produto e também levam
em consideração que os produtos em lançamento tendem a ser bem mais caro,
tornando-se mais vantajoso aguardar a redução dos preços (1).
Tem que ter alguém me falando que esse produto é novo, experimente, uma
placa mostrando que é novo, daí você vai lá, procura, o sabor, se é
algo que te agrada. Preciso de um estímulo para experimentar o produto. O
que me leva a comprar um produto é uma propaganda que mostre que
alguém provou e gostou, amostras, uma propaganda bem elaborada.
(Mulher, 30 anos, A2)
A maioria dos não consumidores (4) não busca informações sobre produtos
que não conhece, principalmente por falta de tempo (2) e de interesse (2). um
não consumidor afirma sempre buscar informações, tanto em mídia impressa, como
eletrônica e televisão, destacando que hoje muita informação no mercado sobre
os produtos. Outro não consumidor destaca que busca informações quando
algum produto no mercado e o chama atenção, sendo que a busca de informação
vai variar de acordo com o preço do produto, se for um produto caro ele busca
informações, se for um produto barato ele compra para provar.
... Se nesse primeiro contato eu achar que vale a pena, que vai ser
funcional ou me agrade de momento com certeza vou buscar mais
informações. Isso é, dependendo de acordo com o preço também, se for
algo barato não vou procurar, mas se for algo caro vou ter que me informar
melhor, se vale a pena ou não adquirir o produto ...
(Homem, 29 anos, B1)
136
4.1.3.5 Susceptibilidade a influência interpessoal
A metade dos consumidores de orgânicos (3) fornece informações sobre os
produtos orgânicos a outras pessoas. As informações são fornecidas tanto para a
família (3) como para conhecidos, amigos e parentes (2). É considerado importante
falar sobre os benefícios dos orgânicos (2) e a diferença do seu sabor, normalmente
as pessoas reclamam do gosto dos alimentos convencionais e não compram o
orgânico para substituí-lo por causa do preço (1).
Forneço informações para a família. O que está mais perto da gente, a
gente acaba conversando sobre comida ... acho que com família é mais
fácil, principalmente na hora do consumo.
(Homem, 34 anos, A1)
A outra metade dos consumidores afirma que não fornece informações sobre
produtos orgânicos, pois é um assunto difícil de se falar (3). Quando falado
normalmente é por estar se falando de outro assunto relacionado e lembrar-se de
alguma particularidade sobre os orgânicos (1).
quanto o recebimento de informações da família, parentes e amigos
apenas uma entrevistada citou que recebe. As informações vêm tanto de amigos
que estudam sobre a área de alimentação natural como de um tio que não consome
orgânicos, mas sabe que ela gosta e sempre compra esses alimentos.
Fornecem, tem um tio meu que não consome, mas que quando ele vê
alguma coisa, alguma notícia, ele manda para mim. E os amigos que
estudam comigo, eles estudam muito essa área de alimentação natural,
então eu sempre estou buscando com eles aprender alguma coisa.
(Mulher, 33 anos, B2)
Os consumidores que não recebem informações sobre produtos orgânicos
(5), consideram que as pessoas não costumam falar sobre orgânicos (4), exceto
quando se trata de pessoas que conhecem bastante sobre orgânicos, normalmente
profissionais da área de saúde (2)
Se eu pergunto e ele sabe responder sim. Mas eles virem falar comigo é
muito difícil, exceto a minha amiga nutricionista que tem um filho da mesma
idade que o meu ...
(Homem, 34 anos, A1)
137
... eu acho muito amenidade para falar, sempre que a gente se encontra
com família, você tem outras coisas para falar e nem entra nesse assunto,
isso é mais um assunto se você fosse almoçar na casa de fulano, que eu
tivesse que ajudar ou levar alguma coisa, então comentaria havia levado
algo e que é orgânico e tal, ai tudo bem. Caso contrario, não vejo razão
para entrar em um assunto como esse ...
(Mulher, 59 anos, A2)
Quanto questionados sobre a quem recorrem para obter informações sobre
produtos orgânicos a maioria dos consumidores aponta os amigos (4), mas estes
amigos normalmente são especialistas ou da área de saúde, como agrônomos (1) e
nutricionistas (1). Destaca-se nesse caso a importância da transmissão de
informações boca a boca. Outros meios apontados para a busca de informações são
a internet (2), o tulo do produto (1), as feiras com os produtores (1) e as lojas
especializadas (1),
... As dúvidas que eu tenho sobre os produtos orgânicos eu tiro comigo
mesmo, leio o rótulo, as opções, até porque em mercado você nunca tem
ninguém para te atender. É um absurdo. Eles jogam as coisas nas
prateleiras e você que se vire. Ninguém te auxiliar...
(Mulher, 60 anos, A2)
Muito na internet e onde eu trabalho, na Secretária de Saúde, lá tem um
pessoal bem técnico ... eles são a minha fonte ... E eu procuro, se vejo uma
loja de produtos orgânicos entro e pergunto. A informação, eu acho, existem
bastante, o que falta é o interesse.
(Mulher, 46 anos, A2)
Ocorre uma divergência de opiniões quanto à disponibilidade de informações.
Enquanto uma consumidora diz que existe bastante informação, outro reclama sobre
a escassez de informações, sendo encontrada apenas na internet.
Não tem muita informação sobre produtos orgânicos, de repente é só na
internet mesmo, fora da internet não se tem, as pessoas não comentam e
não tem informações sobre isso.
(Homem, 53 anos, B1)
A observação quanto aos produtos orgânicos que os familiares, os parentes e
os amigos consomem está dividida. Os consumidores que observam (3) falam que
observam tanto no mercado como em casa. os que não observam (3)
138
argumentam que não estão juntos na hora de fazer a compra (3) e não observam no
que as pessoas possuem em casa (2).
Observo. Eu até acho que se tivesse mais oferta eles comprariam mais.
Percebo em algumas pessoas da família uma preocupação, não em todas,
menor que a minha que trabalho com saúde, mas percebo. Uma
preocupação com menos químico, ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Não observo, você nunca está com as pessoas quando compram. E mesmo
quando você vai à casa de um parente, um amigo, não tem as coisas ali, a
não ser fruta que o cara deixa em cima da mesa, outras coisas você não
tem nem condições de saber se compram ou não.
(Homem, 53 anos, B1)
É unânime entre os consumidores. Todos (6) experimentam os produtos
orgânicos que não conhecem, mas que seus parentes ou amigos consomem. Os
motivos são a opinião de pessoas que consumiram o produto e sabem que é bom
(5), a curiosidade por novos produtos (2) e a vontade de comprar tudo o que tem de
alimentos orgânicos (1).
Se alguém indicar a gente compra ... a gente acaba comprando pelo menos
para experimentar e ver se é bom.
(Homem, 53 anos, B1)
... Claro, sem dúvida nenhuma, consumo tudo o que vejo de novo em
orgânicos.
(Mulher, 46 anos, A1)
Os consumidores costumam escolher as marcas de produtos orgânicos pela
indicação / opinião de outras pessoas (4), pela credibilidade da marca (3), após
experimentar os produtos decide a marca que irá comprar (1) e pelo preço (1).
Assim, fica clara a importância que as pessoas dão por saberem que o produto é de
qualidade, que foi consumido e aprovado por outras pessoas e que os
comentários são positivos. Vale ressaltar que uma das consumidoras destacou que
embora considere a credibilidade da marca, nem sempre este é o melhor produto,
mas provavelmente ele tenha sido mais trabalhado comercialmente. dois
consumidores destacam que ao comprar os produtos orgânicos não consideram a
marca, mas sim aparência do produto.
139
... Conhecendo quem produz, pela credibilidade. Se as pessoas falam bem
a gente vai adquirir ...
(Homem, 60 anos, A1)
... que ele é orgânico e tem o rótulo de orgânico, eu vou escolher o
melhor que tem de aparência, independente de marca.
(Mulher, 59 anos, A2)
Eu experimento o produto, pela opinião das pessoas, tem a coisa da marca
que você viu mais e tende a achar aquela marca melhor ... Eu acho que
essa coisa da marca influência demais a gente ... Na verdade porque é mais
famosa, falam bem e a gente acaba acreditando que é melhor, mas é uma
intuição e provavelmente feita para o mercado, porque a embalagem é mais
bacana, o desenho é bem feito ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Os consumidores, em sua maioria (5), são os responsáveis pela decisão da
compra de produtos orgânicos. Apenas um consumidor não realiza a compra de
produtos orgânicos, pois sua esposa compra diretamente dos produtores, mas ele é
o responsável pela compra dos outros produtos alimentícios.
4.1.4 Características percebidas da inovação
Os itens referentes às características percebidas da inovação foram aplicados
apenas para os consumidores de produtos orgânicos.
4.1.4.1 Vantagem relativa
Quando questionados sobre as vantagens percebidas dos produtos orgânicos
em relação aos produtos convencionais, light, diet e funcionais os entrevistados
argumentam que esses produtos seguem a mesma linha, apresentando as mesmas
vantagens. A principal vantagem percebida é o benefício que o consumo de
orgânicos trás para a saúde por não possui agrotóxicos (6).
Enquanto os homens se concentram nos benefícios da saúde e no fato de
não possuir agrotóxicos, as mulheres têm uma visão além. Verifica-se que elas
140
consideram também o valor emocional que está embutido ao consumo desses
produtos. Elas não vinculam o consumo de produtos orgânicos só com a saúde, mas
também ao consumo de produtos integrais (2), práticas do dia-a-dia que contribuam
para a saúde (2), a preocupação com a natureza, a terra (2) e com o futuro das
próximas gerações (2).
... Porque proteger a natureza, a terra? Porque a gente quer uma vida
longa, bem saudável para todas as pessoas e por muitos e muitos séculos,
a agricultura convencional quer o aqui e agora, vendeu muito pode detonar
o que foi, vendeu muito valeu, daqui a cem anos eles não estarão vivos,
quem está fazendo estará morto já...
(Mulher, 46 anos, A1)
4.1.4.2 Valor percebido
Todos os entrevistados consideram que o produto orgânico em geral é mais
caro que os produtos convencionais. Considerando os produtos diet e light as
opiniões variam entre mais caro (2), mais barato (2) e o sabem avaliar (2). os
produtos funcionais são vistos como mais baratos (3) que os orgânicos, sendo que a
metade das pessoas (3) não sabe avaliar.
tem alguns produtos que não tem tanta diferença com os tradicionais,
diminuiu bastante, mas ainda é mais caro, como eu falei do tomate que eu
adoro, tem época que está muito caro, porque o ciclo da natureza é lógico,
não tem o ano inteiro, a não ser que eles coloquem químico porque daí eles
forçam para que naquela época do ano que não era para dar aquele
produto, faz aquele produto nascer, e daí nasce um monte, fica barato, mas
bom não há de ser nem para gente nem para a natureza.
(Mulher, 46 anos, A1)
Mesmo com a diferença de preço entre os produtos orgânicos e as outras
categorias, todos também consideram que é mais vantajoso consumir produtos
orgânicos. As vantagens estão na prevenção de doenças (4), a longo prazo a
pessoa poupa dinheiro por não precisar comprar medicamentos (2), a alimentação é
mais saudável (1), o alimento é mais saboroso (1), a durabilidade de alguns produtos
é maior (1), o aumento da qualidade de vida (1) e o bem-estar familiar (1).
141
Mesmo com essa diferença é ainda vantagem considerando todos os efeitos
colaterais que os produtos convencionais podem causar, principalmente por
poupar de ingerir agrotóxicos, chega o ar, a água que é mal tratada ...
Com o orgânico você já tem uma preocupação a menos, porque grande
parte do que a gente come é verduras ... na minha casa tem todo dia. Quer
dizer, eu tenho que comer alguma coisa que o tenha veneno mesmo. A
importância está em prever a saúde minha e da minha família, o nosso bem
estar.
(Mulher, 59 anos, A2)
É destacado também que o preço superior do produto orgânico é causado
pela diferenciação do processo de produção (3), pela produção em menor escala (1)
e pela pequena quantidade de produtores de produtos orgânicos (1).
... O produtor não tem como concorrer em questões preço, é um processo
diferenciado de produção. Se a gente tivesse mais produtos orgânicos
disponíveis, a gente compraria, não levaria em conta o valor.
(Homem, 60 anos, A2)
4.1.4.3 Compatibilidade
Todos os consumidores (6) consideram que os produtos orgânicos estão de
acordo com suas crenças e valores sócio-culturais, afirmando que suas crenças
estão de acordo com os atributos e as características dos produtos orgânicos. Eles
acreditam que: os produtos orgânicos fazem bem à sua saúde e a de sua família (5),
os produtores devem levar em consideração que a vida deve ser preservada acima
da venda (2), o processo de produção dos alimentos orgânicos auxiliam na
preservação do meio ambiente (2), as pessoas que consomem querem um futuro
mais saudável para si e para as futuras gerações (2) e pessoas com mais privilégios,
com educação, tem a possibilidade de consumir produtos mais caros e
conseqüentemente orgânicos (1).
Eu me afino com a idéia de quem produz orgânicos por causa dessa idéia
de natureza. Para preservar a terra, o ar, a água, eles se preocupam com a
saúde das pessoas. Quem tem essa filosofia do orgânico é porque
entendeu que a vida tem que ser preservada acima da venda...
(Mulher, 46 anos, A1)
142
... Se você cuida bem do seu organismo, você vai cuidar bem de onde você
mora também, então tem gente que diz assim, que o produto é feito com
agrotóxico, que só borrifam o agrotóxico na planta, mas não pensam que vai
chover, vai para a terra, para a água, então é todo um processo que depois
tem conseqüências.
(Mulher, 34 anos, B2)
Há divergências quanto se os produtos orgânicos existentes no mercado
atendem as expectativas e necessidades dos consumidores. Alguns consideram que
sim (3), outros que em parte (2) e outro que não (1). As pessoas que afirmam que
sim, justificam a oferta atual de produtos orgânicos atendem a sua necessidade (3),
mas talvez daqui um tempo elas queiram mais (2) e sintam falta de novos produtos.
Um dos entrevistados ressalta que o que falta são mais locais de venda de produtos
orgânicos, pois os mercados que vendem orgânicos o poucos, mas estes
apresentam bastante variedade de produtos.
... Por enquanto a oferta de produtos atende as minhas necessidades, no
futuro posso querer mais, ainda estamos nos adaptando porque estamos
mudando aos poucos. Talvez quando estivermos mais avançados vamos
pensar que quero mudar aquilo e como fazer, e daí irei sentir falta.
(Mulher, 34 anos, B2)
... Têm poucos locais que vendem orgânicos. É necessário haver mais
supermercados ...
(Homem, 60 anos, A2)
Os entrevistados que consideram que atendem em partes se queixam da
pouca variedade de produtos (2), do alto custo dos produtos (1) e da falta de
divulgação e propaganda dos benefícios dos produtos orgânicos (1). A entrevistada
que julga que não atendem as suas necessidades e expectativas, salienta que
gostaria que existissem todos os produtos na composição dos orgânicos e que o
mercado aderisse à venda destes, incentivando o consumo de alimentos saudáveis,
sem químicos.
... Seria muito bom que voencontrasse todos os produtos disponíveis no
mercado como orgânicos com um preço mais acessível e com uma maior
variedade ...
(Mulher, 59 anos, A2)
Acho que não porque eu queria mais, porque eu queria tudo, nem me
preocupar que não existe orgânico, ta lá, ter uma seção imensa com
absolutamente tudo ...
(Mulher, 59 anos, A2)
143
4.1.4.4 Experimentabilidade
É unânime entre os entrevistados que não é possível experimentar os
produtos orgânicos antes de se comprar, normalmente não se vê a demonstração de
produtos orgânicos nos supermercados e nem nas feiras. Apenas uma das
entrevistadas ressalta que tem uma pequena loja especializa no seu bairro, onde a
proprietária oferece alguns produtos para o cliente ir provando, mas ela ressalta que
essa é a única loja que ela conhece que adota essa prática.
... aqui perto tem uma loja que se chama Casa Verde, são praticamente
produtos naturais, orgânicos e integrais, lá sim, mas é uma loja
pequenininha, de bairro, caseira. Se você falar o que é isso aqui ela te
um pedaço para provar, mas é muito pequeno ...
(Mulher, 46 anos, A1)
4.4.4.5 Observabilidade
A maioria dos entrevistados (5) considera que as pessoas não observam nos
alimentos que as outras pessoas consomem. As pessoas afirmam que vão ao
mercado com as suas listas sem prestar atenção no carrinho dos outros (3) e que a
vida está tão corrida que não tempo para ficar observando na compra dos outros
(2). Um dos entrevistados destaca, porém, que na casa dos outros até pode
perguntar sobre o produto se ele perceber e no restaurante o prato das outras
pessoas até pode chamar atenção, seja pela quantidade de comida ou pela sua
aparência.
Eu sou um que não reparo. Vou ao mercado tão certo com a minha listinha,
que não fico olhando o que os outros compram. Posso reparar assim se for
na casa de alguém e alguém me falar ou eu perceber, mas no mercado não
reparo. Acho que ninguém repara. No restaurante, dependendo do tamanho
do prato reparam, porque o do vizinho sempre é melhor do que o da gente.
O visual do prato também chama bastante atenção.
(Homem, 34 anos, A1)
144
Uma entrevistada acredita que as pessoas reparam, principalmente quando
percebem que você está comprando freqüentemente, questionando os motivos da
compra já que os produtos orgânicos são bem mais caros que os convencionais. Ela
acrescenta que algumas pessoas quando vão até a casa dela e provam o alimento
orgânico percebendo a diferença do sabor.
As pessoas reparam quando vem aqui em casa e comem ... percebendo a
diferença no paladar, pois ela está acostumada a consumir só do tradicional.
Uma amiga certa vez falou que tinha algo estranho na sopa que foi servida,
mas eu sabia que não, pois como todo dia. Ela falou que o gosto era mais
forte.
(Mulher, 32 anos, B2)
O consumo de produtos orgânicos é tanto visto como sinal de status social
(2), como também não (4). O consumo pode ser visto como sinal de status social
devido ao preço do produto (1), a condição econômica e cultural do consumidor (1) e
até mesmo pelo fato dos produtos orgânicos serem expostos em uma seção
separada no mercado (1). Isso pelo fato da pessoa ao comprar os produtos
orgânicos ser vista em uma seção separa dos produtos convencionais, em que o
produto está em uma bandeja, embalado e já com o preço. Vale salientar que ambos
pertencem a classe A1.
No carrinho do mercado é nítido, o alimento vem embalado, na bandeja,
com preço, tudo bonitinho, o não orgânico, tem que colocar num saco,
pesar, então todo mundo vê ou percebe que você está comprando um
produto orgânico, mesmo porque a seção de orgânicos é separada da dos
não orgânicos, então acaba sendo visível para quem quer perceber.
(Homem, 34 anos, A1)
... se você for pensar para uma família mais humilde, daí é ‘incomprável’, a
gente fala que não olha o preço porque é uma família pequena ... eu acho
que é mais por uma condição econômica e cultural. Com certeza o pobre no
Brasil é muito mais gordo, mas é porque ele come mais. Ele pode comer
mais, mas também come pior. Ele praticamente come carboidrato ruim e
gordura. É o que ele pode comprar ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Dos quatro entrevistados que não consideram o consumo de produtos
orgânicos como sinal de status social, dois apontam que apesar de não representar
sinal de status social o produto é mais caro e depende do poder aquisitivo da
pessoa, mas qualquer pessoa pode consumir esses produtos de acordo com os
seus valores e prioridades. Os outros dois apresentam que as pessoas nem vêem o
145
que você consome (1), funcionando como um benefício pessoal para a saúde (2),
sendo determinado o seu consumo ou não pela prioridade aplicada à saúde (2) e da
cultura da pessoa e não propriamente do seu grau de instrução (1).
Não, eu acho que tanto eu como qualquer outra pessoa pode consumir. Eu
posso consumir em uma escala média, outras pessoas podem consumir em
uma escala maior, outro em uma escala menor, eu acho que tudo depende
do seu poder aquisitivo na hora que você for comprar aquele produto. Então
qualquer pessoa pode consumir o produto orgânico, independente da classe
social.
(Mulher, 60 anos, A2)
Não, isso é uma coisa mais pessoal, como ia dar um status se as pessoas
não vem o que a gente você consome, é mais um benefício para a saúde.
(Homem, 53 anos, B1)
A opinião varia quanto ao fato das pessoas comentarem entre si sobre
produtos orgânicos. A entrevistada que considera que as pessoas comentam entre si
afirma que o orgânico é assunto tanto entre as pessoas que consomem como entre
as que o consomem. Quem é adepta ao produto tende a falar mais, mas ela
acredita que muitas pessoas têm vontade de consumir produtos orgânicos, mas não
consomem pelo preço.
... quem é adepto da comida orgânica fala das feiras, que tem tais produtos
... E acredito que tem muita gente que quer comprar os orgânicos e não
compra por causa do preço, pois você gasta com os orgânicos em uma
semana o que você poderia gastar em duas, então de repente a pessoa
escolhe pelo mais barato.
(Mulher, 33 anos, B2)
Os entrevistados que consideram que as pessoas comentam muito pouco
sobre orgânicos entre si (2), justificam que a conversa acontece mais entre as
pessoas que valorizam o bem estar e a saúde (1) e entre as pessoas que tem
curiosidade de saber o porquê do consumo de produtos orgânicos (1).
Muito pouco, no meio mais, com o pessoal do Yoga, na Saúde, mas são
ambientes muito restritos. Mas eu tenho amigos que se preocupam, eu acho
que está mudando...
(Mulher, 46 anos, A1)
os entrevistados que afirmam que as pessoas não comentam entre si
sobre produtos orgânicos (3) afirmam que hoje em dia as pessoas não têm muito
tempo, vivem na correria e acabam não falando sobre esse tipo de assunto.
146
4.4.4.5 Complexidade
Foi unânime entre os entrevistados que o consumo de produtos orgânicos
não apresenta complexidade, por se tratar de produtos alimentícios de fácil preparo
e consumo.
4.1.5 Associação de imagens
Para finalizar a entrevista em profundidade foi solicitado aos entrevistados,
tanto para os consumidores como para os não consumidores de produtos orgânicos,
para selecionarem algumas imagens que eles associavam às características de
consumidores de produtos orgânicos e aos locais de consumo de produtos
orgânicos. Na seqüência eles explicavam os motivos da associação com cada
imagem.
Foram apresentados dois conjuntos de imagens em momentos distintos. No
primeiro momento eles receberam dez imagens, para descrever como seria uma
pessoa que consome produtos orgânicos. No segundo momento eles receberam
mais sete imagens para associar aos locais de consumo em que se verifica o
consumo de produtos orgânicos.
4.1.5.1 Características dos consumidores de produtos orgânicos
4.1.5.1.1 Consumidores de produtos orgânicos
A maioria dos consumidores (5) considera que a imagem H – figura 12
descreve um consumidor de orgânicos. Três deles (dois homens e uma mulher)
selecionaram a imagem por ela retratar simplesmente a prática de exercícios físicos.
147
duas consumidoras salientam que o yoga é uma prática diferente dos exercícios
feitos na academia para cultuar o corpo, o yoga é uma prática de conhecimento do
corpo e de pessoas que se preocupam com o bem estar. Dois destes consumidores
(homens) também escolhem a imagem G – figura 14 relacionando ao mesmo motivo
da imagem H – figura 12.
Figura 12 – Cartão 1 – Imagem H
o outro consumidor (homem) também vincula o consumo de orgânicos à
imagem G – figura 14 com relação às atividades físicas, sem mencionar a imagem H
figura 12 referente ao yoga. considerando a imagem F figura 13 que mostra
jogadores de futebol, dois consumidores relacionam ao alto consumo de proteínas,
destacando que o consumo de orgânicos dependerá do cardápio estabelecido pelo
nutricionista.
... As pessoas estão fazendo exercícios que não são como na academia,
aqui o yoga. Exercícios como esses são feitos por pessoas que tem uma
consciência diferente de cuidar do corpo, que não vão fazer exercícios
pesados como musculação e aeróbica. Ela esfazendo isso para cuidar do
seu bem estar, para dormir melhor, para o organismo funcionar melhor,
cuidando da saúde e do que ingerem ...
(Mulher, 33 anos, B2)
148
Figura 13 – Cartão 1 – Imagem F
Figura 14 – Cartão 1 – Imagem G
Outra associação feita pelos consumidores é com a cultura oriental (3) na
imagem B figura 15. Os orientais se preocupam com a saúde (3), se alimentam
melhor (3), transmitem informações entre eles (1) e sabem quais alimentos
combinam para serem consumidos juntos (1).
149
... Essa porque essa menina é japonesa e japonês gosta muito de orgânico,
o oriental escolhe muito o produto pela facilidade de ter produtos orgânicos,
são muitos unidos, que passam a informação, eles fazem um trabalho que a
gente não faz, passam a informação boca a boca. A mulher tem uma cara
de saudável. É mais magrinha. Tem uma silhueta definida, o é “cheinha”,
por se cuidar mais ...
(Mulher, 59 anos, A2)
Figura 15 – Cartão 1 – Imagem B
Os consumidores (2) relacionam a imagem D figura 16 com qualidade de
vida. Os idosos chegaram até essa idade por preocuparem-se com os alimentos que
consumem, estes transmitem um sentimento de alegria nos seus rostos.
... Esses idosos são aparentemente saudáveis, porque se eles estão rindo
nessa idade é porque realmente estão bem, então você imagina que eles se
preocuparam com a alimentação, comparo com a época do meu pai que
não tinha tantas opções de orgânicos, mas que também não tinha tanto
químico ...
(Mulher, 46 anos, A1)
150
Figura 16 – Cartão 1 – Imagem D
A imagem J figura 17 também é citada por um dos consumidores, pois
apesar de refletir um ambiente de trabalho e concentração a pessoa está com uma
expressão facial feliz, de quem está de bem com a vida.
... A imagem J além de ser uma imagem que eu acredito que seja no lugar
de trabalho, a expressão facial das pessoas é leve, sem tensão, estão de
bem com o mundo. Eles estão sorrindo ou se divertindo, apesar de ser até
um local de trabalho, a fisionomia das pessoas é mais serena, mais
tranqüila, diferente da imagem A que a pessoa está com a cara mais
fechada, testa mais franzina, não está sorrindo ...
(Homem, 34 anos, A1)
Figura 17 – Cartão 1 – Imagem J
151
Dois consumidores selecionam a imagem I figura 18 por estar relacionada
com um momento de lazer em contato com a natureza (1) e por demonstrar que a
pessoa gosta de estar em contato direto com a natureza.
... Essa imagem da família, você que tem algodão, algodão, algodão,
isso é uma imagem que pode induzir a achar que consomem, algodão é
natureza, as cores são verdes, é uma imagem de integração familiar, eu
acho que quem pensa nisso também consome ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Figura 18 – Cartão 1 – Imagem I
A imagem E figura 19 também é escolhida pelos consumidores (2) por
mostrar pessoas sorrindo (1) e por demonstrar uma família feliz, integrada, com
roupas de algodão e cores verdes lembrando a natureza (1).
Figura 19 – Cartão 1 – Imagem E
152
4.1.5.1.1 Não consumidores de produtos orgânicos
A metade dos não consumidores (3) vincula a imagem G figura 14 e H
figura 12 ao mesmo motivo dos consumidores, a pratica de exercícios físicos. Outros
dois não consumidores vinculam a imagem H não apenas a prática de exercícios
físicos, mas sim a um uma prática física diferenciada, em que a preocupação não é
apenas com a aparência estética, mas sim com o funcionamento do seu corpo e a
qualidade de vida.
um não consumidor, destaca que na imagem F figura 13 as pessoas que
estão jogando futebol nesse campo não se preocupam com a alimentação devido a
“barriguinha” do jogador. E para dois não consumidores a prática de exercícios
físicos pesados, em academia, não quer dizer necessariamente que exista
preocupação com a alimentação, pode haver sim a preocupação com a estética
corporal ou servir apenas como lazer.
... Pelo que estou vendo aqui é yoga, ou rpg, alguma coisa assim, isso tem
muito a ver com estilo de vida, a pessoa normalmente tem um diferencial de
vida, qualidade de vida, faz um exercício que a grande maioria da
população não faz ...
(Homem, 37 anos, A2)
... essas pessoas praticando esporte é muito relativo, como na academia
ou jogando futebol, não necessariamente elas se preocupam com a
alimentação ... A pessoa que consome orgânico tem uma preocupação com
o futuro, com o bem estar, a saúde ...
(Mulher, 56 anos, A2)
A imagem I figura 18 é citada pela maioria dos entrevistados (4) pelo
contato com a natureza, ao contrário dos consumidores, em que a imagem foi
relacionada duas vezes. Apesar das quatro citações, apenas um entrevistado
relaciona a natureza com o estilo de vida das pessoas, nos outros casos (3) a
natureza é vista apenas como semelhante aos produtos orgânicos.
... E esse rapaz andando aqui nessa floresta, indica que ele gosta de coisas
naturais, de praticar exercícios ao ar livre... Quem faz caminha tem um estilo
de vida mais saudável, mais zem, mais voltado para o consumo de produtos
naturais, aos produtos orgânicos... Não consomem produtos que envolvem
153
plásticos, que poluem o meio ambiente. Usam embalagem reciclável, coisa
que a maioria da população não faz... O orgânico tem muito a ver com
deixar o mundo melhor para frente ...
(Homem, 37 anos, A2)
Para os não consumidores, a imagem B figura 15 está associada com a
natureza (2), a aparência física saudável da mulher (1), a felicidade (1) e a cultura
oriental (1). Ao contrário dos consumidores que fazem uma forte relação dessa
imagem com a cultura oriental e seu estilo de vida, os não consumidores vinculam a
imagem a aspectos emocionais.
... O consumo de produtos orgânicos traz felicidade, bem estar a tudo que
está a sua volta ...
(Mulher, 45 anos, B2)
... a aparência da mulher, o estilo dela, se vê que não é uma menina tão
nova, mas que tem uma pele bonita, é conservada, pela aparência física
dela ...
(Mulher, 56 anos, A2)
A maioria dos entrevistados (4) também relaciona o consumo de produtos
orgânicos com a imagem D figura 16 em que aparece o casal de idosos. Essa
relação se deve a alegria do casal expressa na imagem (2), pela experiência que
adquiriram e leva ao consumo de produtos mais saudáveis (1) e pelas pessoas
idosas possuírem alguma doença e com isso, terem restrições de alimentação e
uma preocupação maior com os alimentos que ingere buscando qualidade de vida
(1).
... Pelo fato dos dois velhinhos estarem felizes, sorrindo. Se eles estivessem
tristes não associaria. Se eles são felizes eles têm menos doenças. está
associado, tendo menos doenças você leva uma vida mais saudável, mais
tranqüila ...
(Homem, 29 anos, B1)
As crianças são associadas na imagem C figura 20 por metade dos não
consumidores (3), porém todos com impressões diferentes: crianças felizes e
saudáveis pelo consumo de alimentos adequados (1), crianças consumindo
produtos orgânicos por influência dos pais (1) e adultos mais saudáveis pelo
consumo de produtos orgânicos na infância. Vale ressaltar que os consumidores não
fizeram nenhuma associação com a imagem C relacionada a crianças.
154
... Duas crianças rindo, correndo, felizes e saudáveis. Saudáveis por
consumir produtos orgânicos ...
(Homem, 29 anos, B1)
... As crianças também consomem, pois acompanham que os adultos o
para elas comerem. E os pais compram esses produtos pensando nos filhos
...
(Homem, 70 anos, B2)
Figura 20 – Cartão 1 – Imagem C
A metade dos não consumidores (3) selecionaram a imagem E – figura 19 por
representar uma família feliz (3) e estável (1) em que todos os familiares possuem
uma boa aparência física (1) e buscam alimentos saudáveis (1).
... O orgânico traz maior estabilidade na família, sem tanto produto químico
mexendo nos hormônios de cada componente da família ...
(Mulher, 45 anos, B2)
Já a imagem A – figura 21 é vinculada por dois não consumidores a um rapaz
intelectual e inteligente (2), com conhecimento sobre o que são produtos orgânicos,
auxiliando na decisão de quais são os melhores alimentos para se consumir.
... Um rapaz intelectual, que talvez tenha mais percepção do que seria um
produto orgânico, talvez desse mais valor ao que seria um produto orgânico
... Ele daria mais valor porque é uma carinha de boa pinta, tem uma pele
boa, um visual bacana. Se colocar um cara “mal trapilho” aqui, o sabe
nem o que é orgânico, não vai nem dar valor ...
(Homem, 29 anos, B1)
155
Figura 21 – Cartão 1 – Imagem A
Ao finalizar a associação, um dos entrevistados ressalta que qualquer pessoa
pode consumir produtos orgânicos. O consumo ou não de produtos orgânicos será
determinado pela quantidade e qualidade da informação que a pessoa possui sobre
os benefícios dos produtos orgânicos e da importância dispensada a sua saúde.
Qualquer pessoa pode ser adepta a consumo de orgânicos, depende do
conhecimento que ela tem. Talvez todas as imagens aqui mostrem pessoas
que consumam orgânicos. Dependendo de como for feita uma propaganda,
de como as pessoas têm a informação do que é um produto orgânico, se é
para o bem da saúde dela, independente da idade, se mora sozinha ou não,
tende a procurar esses produtos.
(Mulher, 30anos, A2)
Percebe-se que os não consumidores ao realizarem as associações com as
características de pessoas que consomem produtos orgânicos, selecionam um maior
número de imagens que os consumidores. Também é perceptível que entre os
consumidores há um maior consenso dos motivos da seleção das imagens, causado
até mesmo pelo próprio consumo e maior experiência com o produto.
156
4.1.5.2 Locais de consumo de produtos orgânicos
4.1.5.2.1 Consumidores de produtos orgânicos
Um dos consumidores argumenta que os produtos orgânicos podem ser
consumidos em todos os lugares, menos em restaurantes. Justifica que não
como saber se os produtos realmente são orgânicos ou não em restaurantes.
Destaca também que qualquer pessoa pode consumir produtos orgânicos, desde
que tenha consciência dos benefícios do produto orgânico (Imagem E, F e G). Outro
consumidor também destaca que em restaurantes não são oferecidos produtos
orgânicos.
Em qualquer uma das imagens podem ser consumidos produtos orgânicos,
porque independentemente do ambiente, consome produto orgânico quem
quer, quem tem a consciência da qualidade do produto orgânico,
independentemente do lugar ... As imagens de restaurante que ficam mais
difícil, porque você não vai chegar no restaurante e perguntar se o produto é
orgânico...
(Homem, 34 anos, A1)
.. Em restaurante eu acho que não consomem. Normalmente se consome
produtos em casa, não tem outro lugar, fora é fora, você não sabe se é ou
não ...
(Homem, 53 anos, B1)
Figura 22 – Cartão 2 – Imagem F
157
A imagem E figura 23 é a mais associada pelos consumidores aos locais
que se pode consumir produtos orgânicos (5). Sua associação é feita pela
decoração que lembra produtos naturais (2). Também é relacionada com um
ambiente de alto padrão (1), locais sofisticados (1) e pessoas com consciência dos
benefícios que o consumo de produtos orgânicos causa (1).
Figura 23 – Cartão 2 – Imagem E
A imagem G – figura 24 também é lembrada (3) por um ambiente mais
sofisticado (2), por pessoas com consciência dos benefícios de produtos orgânicos
(1), além de ser relacionada ao consumo pelo status social que o produto gera (1). A
imagem F figura 22 aparece relacionada novamente com ambientes mais
sofisticados (1) e por pessoas com consciência dos benefícios de produtos
orgânicos (1).
... A gente associa ainda com ambientes mais sofisticados, isso no Brasil
(Imagem E, F, G) ...
(Mulher, 46 anos, A1)
158
Figura 24 – Cartão 2 – Imagem G
a imagem D figura 25 (4) é associada com uma casa arrumada (3), mais
simples (2), com a valorização do ambiente familiar (1), com uma horta em casa (1)
e por pessoas com consciência dos benefícios de produtos orgânicos (1).
.... Essa imagem tem a carinha de uma cozinha que tem uma horta em
casa, uma casinha simples, arrumadinha, com uma horta ...
(Mulher, 33 anos, B2)
... Esse ambiente retrata simplicidade, porque quem gosta mais do natural
não tem essas preocupações ...
(Mulher, 46 anos, A1)
Figura 25 – Cartão 2 – Imagem D
Apenas uma vez um consumidor faz menção à relação entre a imagem A
figura 26 e um restaurante vegetariano ou de produtos orgânicos.
159
... Esse porque é um buffet com bastante verduras e legumes, que a gente
vê bastante presente nesses restaurantes vegetarianos e orgânicos...
(Mulher, 46 anos, A1)
Figura 26 – Cartão 2 – Imagem A
4.1.5.2.1 Não consumidores de produtos orgânicos
Os não consumidores de produtos orgânicos fazem relações mais
diferenciadas entre si e não tão pontuais. Dois entrevistados relacionam as imagens
D figura 25 e E figura 23 aos locais de produtos orgânicos. Eles consideram que
tanto uma casa mais simples, com baixo poder aquisitivo, como uma casa mais
elaborada, sofisticada, com maior poder aquisitivo podem consumir orgânicos. O que
irá determinar o consumo ou não será a preocupação com a saúde. Outro
entrevistado também relaciona a imagem E figura 23 a um alto padrão de vida e a
um estilo de vida diferenciado.
... Dificilmente você vai até um restaurante que diga oferecemos produtos
orgânicos, nossas saladas são feitas com produtos orgânicos, hoje em dia
eles não estão tratando isso como um diferencial, então eu acho que quem
consome, consome mais em casa, para consumo próprio, tanto em uma
cozinha mais moderna ou não (imagem D e E). Talvez pessoas com maior
poder aquisitivo tenha maior facilidade, mas acredito que quem se preocupa
com saúde não levará isso em conta ...
(Mulher, 30 anos, A2)
... A pessoa que planeja uma cozinha nesse estilo, com um alto padrão,
uma cozinha com tons bem clean, com o vermelho que desperta a fome, o
branco dá a sensação de tranqüilidade, com as cores dá para se perceber o
160
que a pessoa gosta ou não gosta, e aqui dá a sensação que a pessoa tende
a levar um estilo de vida diferenciado (Imagem E) ...
(Homem, 37 anos, A2)
A imagem F figura 22 é relacionada a um padrão de vida elevado, em que
provavelmente o consumo esta relacionada a indicações médicas e qualidade de
vida. É salientado que uma pessoa com baixo padrão de vida não tem condições de
comprar produtos orgânicos para todos os membros da família.
Aqui também, pelo estilo da residência, alto padrão, provavelmente a
pessoa tenha mais consciência do que consumir. Acho que numa grande
maioria são as classes a e b que consomem produtos orgânicos. O poder
financeiro de uma pessoa tem muito a ver com qualidade de vida, mesmo
porque uma pessoa que ganha quatrocentos reais dificilmente vai comprar
um produto orgânico, e normalmente tem mais filhos, com mais bocas para
alimentar, tem que fazer render mais a comida, tudo isso conta no final...
(Homem, 37 anos, A2)
A imagem D figura 25 novamente é associada (3), sendo indicada no total
por quatro não consumidores. Agora é apontada pelo fato de possuir sobre a mesa
uma jarra e utensílios domésticos em verde, lembrando produtos naturais (1), por
lembrar uma casa onde as pessoas compram e preparam a sua refeição (1) e por
aparentar uma casa com um convívio familiar agradável (1).
... Quando a convivência dentro da casa é agradável e todos buscam o
melhor para cada um que está dentro, o consumo de produto orgânico é
passível de utilização ...
(Mulher, 45 anos, B2)
A imagem Gfigura 24 foi vinculada a costumes orientais, pelos quadros nas
paredes, mostrando uma ambiente agradável em que a pessoa consome os
produtos orgânicos como estilo de vida.
Um lugar com toques meio orientais, pelos quadros na parede, um lugar
tranqüilo que transmite tranqüilidade, e que remete a uma pessoa que
consome produtos orgânicos, consumir esses produtos é também um estilo
de vida ... O estilo de vida de quem consome produtos orgânicos é uma
pessoa que procura levar uma vida menos apegada a coisas materiais,
tenta viver cada dia pensando no melhor para si...
(Homem, 37 anos, A2)
A imagem A figura 26 é relacionada a um restaurante vegetariano em que
as pessoas se preocupam em não consumir agrotóxicos (1). A metade dos não
161
consumidores apontam que em restaurantes é difícil o consumo de produtos
orgânicos, pelo preço dos produtos (2) e pela sua dificuldade de divulgação (1).
... Em restaurantes as pessoas não costumam se preocupar com isso, até
pelo preço, eles buscam alimentos mais baratos, e o produto orgânico é
bem mais caro que os outros produtos ...
(Mulher, 56 anos, A2)
4.1.6 Principais conclusões da etapa qualitativa
Considerando as características pessoais, os consumidores de produtos
orgânicos apresentam uma renda superior aos dos não consumidores. Quando se
considera a renda entre os consumidores, ela varia bastante, não seguindo nenhum
padrão. Outra característica que os diferencia diz respeito à composição familiar. As
residências com consumidores de produtos orgânicos possuem maior número de
moradores, variando entre três a quatro pessoas, sendo que os solteiros ainda
moram com a família.
A variedade de produtos consumidos é maior entre os consumidores. Eles
consomem produtos das categorias de verduras e legumes, frutas e grãos. os
não consumidores experimentaram verdura e legumes. Vale ressaltar que todos
os não consumidores consumiram algum produto orgânico anteriormente ou
consomem algo eventualmente.
A freqüência de consumo de produtos orgânicos pelos consumidores é entre
quatro a cinco dias e todos os dias, mas é importante destacar que a maioria deles
(5) pode acabar substituindo o orgânico caso não o encontre no momento em que
desejar, embora sua preferência seja pelos orgânicos. Os principais locais de
compra de orgânicos são supermercados e feiras. os não consumidores quando
consomem ou consumiram orgânicos, a compra é realizada em supermercados.
O conhecimento sobre o que são produtos orgânicos e como são produzidos
é maior entre os consumidores. Tanto para os consumidores como para os não
consumidores, os fatores que mais diferenciam os produtos orgânicos dos
convencionais são o sabor e a aparência do alimento. As consumidoras também
focam em aspectos de envolvimento, como os benefícios para o bem estar físico e
162
psicológico e a associação com lembranças da infância. Considerando os produtos
diet e light os consumidores percebem como diferença o sabor e a finalidade do
produto, não possuir açúcar ou gordura. os não consumidores não percebem
diferença. E considerando os produtos funcionais a maioria dos consumidores e não
consumidores não percebe diferenças.
O envolvimento dos consumidores com os produtos orgânicos está
relacionado aos benefícios que ele trás a saúde e ao sabor do produto. As mulheres
consideram mais o lado emocional, sentindo prazer no consumo dos alimentos e
percebendo seus benefícios. os homens valorizam o custo-benefício, esses
produtos são benéficos e necessários porque influenciam na saúde e poupa tempo
no preparo. A maioria dos entrevistados aponta que o fato de consumir produtos
orgânicos demonstra algo deles as outras pessoas, seguindo a tendência anterior
em que os homens apresentam aspectos mais racionais e as mulheres aspectos
mais emocionais.
A maioria dos consumidores considera-se inovador, alguns sendo muito
inovadores e outros pouco inovadores. Atribuem isso à curiosidade, estilo de vida e
as mudanças que realizam. Os que não se consideram inovadores atribuem isso ao
seu conservadorismo e tradicionalismo. O consumo de produtos em lançamento e a
busca de informações sobre produtos que não conhece são proporcional ao seu
grau inovação, assim os que se consideram mais inovadores compram mais
produtos no lançamento. A maioria dos não consumidores também se julga
inovador, porém a minoria costuma comprar produtos no lançamento e buscar
informações sobre produtos que não conhece. Eles preferem aguardar a aceitação
do mercado, indicações de outras pessoas e a necessidade de compra do produto.
A opinião é dividida quanto ao fornecimento de informações sobre produtos
orgânicos a outras pessoas, metade fornece e a outra metade não. quanto ao
recebimento de informações a maioria das pessoas afirma não receber, consideram
que as pessoas não costumam falar sobre orgânicos. Quando precisam obter
informações sobre produtos orgânicos geralmente recorrem a amigos, que são
especialistas ou da área de saúde.
A metade dos consumidores afirma observar os produtos orgânicos que seus
amigos, parentes e familiares consomem, tanto no mercado como em casa,
enquanto a outra metade não observa. quanto a experimentação de produtos
orgânicos que não conhece, todos costumam experimentar. Considerando à marca
163
do produto, fica evidente a importância que os consumidores dão por saber que o
produto é de qualidade, que foi consumido e aprovado e que os comentários são
positivos. A maioria dos consumidores entrevistados é o responsável pela decisão
de compra dos produtos orgânicos.
Os consumidores percebem as mesmas vantagens relativas dos produtos
orgânicos tanto em relação aos produtos convencionais, como aos diet, light e
funcionais. Os homens focam no fato dos produtos não possuírem agrotóxicos e nos
benefícios a saúde. Já as mulheres consideram também a preocupação com a
natureza, com as gerações futuras e com outras práticas que contribuem para a
saúde e a qualidade de vida.
No geral, os produtos orgânicos o apontados como mais caros que as
outras categorias de produto. Mesmo com esta diferença de preço, todos
consideram vantajosa a compra de orgânicos, principalmente pela prevenção de
doenças e pelo custo-benefício a longo prazo, pelo fato de não precisar comprar
tantos medicamentos. Os consumidores percebem que essa diferença no preço é
causada pela diferenciação no processo de produção e pela escala de produção.
Os consumidores afirmam que os produtos orgânicos são compatíveis com
suas crenças e valores sócio-culturais. O principal aspecto considerado é o bem
estar próprio, da sua família e de futuras gerações. Também é destacada a
importância da preservação da natureza e dos consumidores priorizarem a vida
antes da venda. São divergentes as opiniões quanto ao atendimento dos produtos
orgânicos as necessidades e expectativas dos consumidores. Os que consideram
que atendem a necessidade salientam que hoje consomem alguns produtos
orgânicos, mas daqui um tempo a demanda pode aumentar e o mercado não
atender. Os que atendem em parte reclamam da variedade, custo e da falta de
comunicação sobre os produtos.
É unânime entre os consumidores que não é possível experimentar os
produtos orgânicos antes de comprá-los e que não complexidade no uso destes
produtos. quanto ao status social que o produto representa a opinião varia. A
maioria dos consumidores considera que as pessoas não observam os produtos
orgânicos que as outras pessoas consomem, principalmente por irem ao
supermercado com a lista do que já querem comprar e pela falta de tempo. A
maioria dos consumidores também considera que as pessoas falam pouco ou não
falam sobre produtos orgânicos entre si.
164
As associações das imagens com as características de consumidores de
produtos orgânicos variam tanto entre os consumidores como os não consumidores,
as vinculações recorrentes são com pessoas que praticam esporte e yoga pensando
na saúde, com a cultura oriental, com a qualidade de vida, expressões faciais
alegres e interação com a natureza. as associações com os locais de consumo
feita pelos consumidores e pelos não consumidores está relacionado tanto a
ambientes sofisticados como a casas simples, mas bem arrumadas. Vários
entrevistados ressaltam que é difícil ocorrer o consumo de produtos orgânicos em
restaurantes. Percebe-se, no entanto, que embora os motivos entre os
consumidores e não consumidores sejam similares, os consumidores possuem um
consenso maior na seleção das imagens e seus motivos.
4.2 ANÁLISE QUANTITATIVA
O estudo quantitativo, cujos resultados estão apresentados a seguir, além de
possibilitar o teste de associações entre as variáveis do modelo proposto, também
teve como objetivo a construção de uma tipologia de consumidores de produtos
orgânicos.
Os resultados da fase quantitativa da pesquisa são apresentados neste
capítulo em quatro seções. Primeiramente são apresentadas as análises descritivas
dos resultados gerais relativos aos dados coletados. Em seguida o descritos os
critérios utilizados no desenvolvimento das escalas. Na seqüência são apresentados
os testes relativos às análises do modelo, para verificação das hipóteses de
pesquisa. Por último são descritos os resultados das análises adicionais, incluindo a
segmentação dos consumidores de produtos orgânicos.
4.2.1 Análise descritiva
A análise descritiva contempla a análise de freqüência e estatísticas
associadas a estas distribuições. Segundo Malhotra (2006) as estatísticas mais
comuns associadas a essas distribuições são as medidas de posição (média, moda
165
e mediana), as medidas de dispersão (intervalo, intervalo interquartil, desvio padrão
e coeficiente de variação) e as medidas de forma (assimetria e curtose). No presente
estudo as estatísticas descritivas utilizadas foram a média, desvio padrão, assimetria
e curtose.
A distribuição de freqüência considera uma variável de cada vez, tendo como
objetivo obter uma contagem do número de respostas associadas a diferentes
valores da variável e expressar essas contagens em termos de percentuais. A média
é a medida de tendência central mais usada, é definida pelo valor obtido somando
todos os elementos de um conjunto e dividindo a soma pelo número de elementos. A
assimetria e a curtose servem para avaliar a forma de uma distribuição. O desvio
padrão é uma medida de variação calculada para dados intervalares ou de razão
para indicar a dispersão de uma distribuição. A assimetria é a tendência dos desvios
(a contar da média) serem maiores em uma direção do que na outra direção. A
curtose é uma medida de maior ou menor achatamento da curva definida pela
distribuição de freqüência (MALHOTRA, 2006).
Para a construção das análises descritivas foi utilizado o pacote estatístico
SPSS 15.0 e a planilha eletrônica do Excel.
4.2.1.1 Caracterização geral da amostra
A pesquisa quantitaviva obteve um retorno de 530 entrevistas. A maioria dos
entrevistados (99%) afirmou conhecer ou já ter ouvido falar sobre os produtos
orgânicos.
Tabela 15 – Conhecimento geral de produtos orgânicos
CONHECE OU OUVIU FALAR
Freqüência %
Conhece ou ouviu falar 524 98,87
Não conhece ou não ouviu falar
6 1,13
Total 530 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
166
Dos entrevistados que conhecem ou ouviram falar sobre produtos orgânicos
(99%) 93% já experimentaram produtos orgânicos e 7% nunca experimentaram
produtos orgânicos.
Tabela 16 – Experimentação de produtos orgânicos
(SE CONHECE) EXPERIMENTOU ORGÂNICOS
Freqüência %
Experimentou 485 92,56
Não experimentou 39 7,44
Total 524 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
A maioria dos entrevistados (91%) que experimentou produtos orgânicos
afirma ter comprado produtos orgânicos. Apenas 9% dos entrevistados que
experimentaram produtos orgânicos nunca compraram produtos orgânicos.
Tabela 17 – Compra de produtos orgânicos
(SE EXPERIMENTOU) COMPROU ORGÂNICOS
Freqüência %
Comprou 440 90,72
Não comprou 45 9,28
Total 485 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
Considerando a amostra total de 530 entrevistados, 83% são considerados
consumidores de produtos orgânicos, pois realizam a compra de produtos orgânicos
e 17% são considerados não consumidores por não conhecerem, não
experimentarem ou não comprarem produtos orgânicos.
Tabela 18 – Quantidade de consumidores e não consumidores de produtos orgânicos
CONSUMIDORES X NÃO CONSUMIDORES
Freqüência %
Não conhece produtos orgânicos 6 1,14
Não experimentou produtos orgânicos 39 7,36
Não consumidor
Não compra produtos orgânicos 45 8,49
Consumidor
Compra produtos orgânicos 440 83,02
Total
530 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
Os entrevistados que conhecem ou ouviram sobre os produtos orgânicos
selecionaram até três motivos principais em ordem de importância. Os principais
motivos para não comprarem ou experimentarem os produtos orgânicos é o preço
muito alto dos produtos orgânicos (24%), a falta de curiosidade em experimentá-los
167
(17%), a dificuldade de encontrá-los (16%) e a falta de campanhas informativas
(10%). Este resultado indica que para o aumento da base de consumidores de
produtos orgânicos no país não basta apenas reduzir o preço dos produtos, é
necessário também posicionar os produtos em gôndolas específicas de produtos
orgânicos, promover eventos de degustação, campanhas informativas e de
conscientização, entre outras estratégias de marketing.
Para realizar a ponderação de quesitos em que foi solicitado a indicação de
até três itens em ordem de importância, como por exemplo, na tabela 19, foi
atribuído peso 3 para o primeiro motivo principal, peso 2 para o segundo motivo e
peso 1 para o terceiro motivo.
Tabela 19 Motivos de não experimentar / comprar produtos orgânicos dos não consumidores de
produtos orgânicos
(SE JÁ OUVIU FALAR) PORQUE NÃO EXPERIMENTOU/COMPROU* (N=84)
TOTAL %
O preço do produto orgânico é muito alto
24,00%
Não tive curiosidade em experimentar produtos orgânicos
16,84%
É difícil encontrar produtos orgânicos
15,79%
Falta de campanhas informativas
11,58%
Há pouca variedade de produtos orgânicos
9,89%
Não tive oportunidade de provar produtos orgânicos
6,74%
Falta de segurança sobre a qualidade do produto
5,68%
A aparência do produto orgânico não é boa
4,84%
Não realiza as compras
2,53%
A demanda de produtos orgânicos é maior que a oferta
1,05%
Falta certificação
0,42%
Distância das feiras de produtos orgânicos
0,63%
Total
100,00%
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.1.2 Características pessoais
Nos itens seguintes da análise descritiva, serão consideradas as respostas
dos 440 consumidores de produtos orgânicos (83%) e dos 90 não consumidores de
produtos orgânicos (17%). Entre as características pessoais dos entrevistados,
serão analisadas a classificação sócio-econômica, renda, idade, gênero, ocupação e
composição familiar.
168
Aplicando o Critério Brasil de Classificação Econômica 2008 percebe-se que
a classe dos consumidores e não consumidores é similar, sendo mais concentrada
nas classes A2 e B1. O teste Qui-quadrado (1,329 ; p = 0,722) comprova que não
diferença entre as classes dos consumidores e dos não consumidores. A amostra de
consumidores é composta pelas classes A (56%) e B (44%). Verifica-se uma maior
concentração entre as classes A2 (44%) e B1 (30%). Considerando os não
consumidores a classe está dividida entre A (51%) e B (49%), sendo a maior
concentração de não consumidores nas faixas A2 (38%) e B1 (35%).
Tabela 20 – Critério Brasil de Classificação Econômica dos consumidores e dos não consumidores de
produtos orgânicos
CLASSE
Consumidor Não consumidor
Freqüência % Freqüência %
A1 50 11,36 11 12,22
A2 195 44,32 34 37,78
B1 133 30,23 31 34,44
B2 62 14,09 14 15,56
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 1,329 Sig: 0,722
Fonte: Dados da pesquisa
É importante observar que a maioria dos consumidores (76%) e dos não
consumidores (67%) apresenta uma renda familiar superior a R$ 3.479,36.
Comparando os consumidores com os não consumidores, observa-se que os não
consumidores possuem 33% dos entrevistados com uma renda inferior a R$
3.479,36, percentual superior ao dos consumidores (24%). O teste Qui-quadrado
(4,734 ; p = 0,192) mostra que os consumidores e os não consumidores não diferem
relativamente a renda familiar.
Tabela 21 – Renda familiar dos consumidores e dos não consumidores de produtos orgânicos
RENDA FAMILIAR
Consumidor Não consumidor
Freqüência % Freqüência %
Até R$ 3.479,36 105 23,86 30 33,33
Até R$ 6.563,73 146 33,18 22 24,44
Até R$ 9.733,47 61 13,86 14 15,56
Acima de R$ 9.733,47 128 29,09 24 26,67
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 4,734 Sig: 0,192
Fonte: Dados da pesquisa
169
A amostra apresenta um perfil mais masculino do que feminino, porém não
existe diferença significativa entre os sexos no consumo e no não consumo de
produtos orgânicos.
Tabela 22 – Gênero dos consumidores e dos não consumidores de produtos orgânicos
GÊNERO
Consumidor Não consumidor
Freqüência % Freqüência %
Feminino 202 45,91 31 34,44
Masculino 238 54,09 59 65,56
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 3,986 Sig: 0,060
Fonte: Dados da pesquisa
A maioria dos consumidores (79%) se apresenta como responsável pelas
compras de produtos alimentícios na sua casa. a mairori dos não consumidores
não são os responsáveis pela compra de produtos alimentícios (62%). O teste Qui-
quadrado (65,563 ; p = 0,000) realizado indica que existe diferença significativa entre
o resaponsável pelas compras no consumo e o consumo de orgânicos. Os
entrevistados que não são responsáveis pelas compras (21%), apontam
principalmente a esposa (69%) e a mãe (23%) como sendo os responsáveis,
conforme apresentado na tabela 23.
Tabela 23 Responsável pelas compras dos consumidores e dos não consumidores de produtos
orgânicos
RESPONSÁVEL PELAS COMPRAS
Consumidor Não consumidor
Freqüência % Freqüência %
Entrevistado 347 78,86 34 37,78
Outra pessoa 93 21,14 56 62,22
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 65,563 Sig. 0,000
(SE OUTRA PESSOA) RESPONSÁVEL PELAS COMPRAS
Freqüência % Freqüência %
Esposa 64 68,82 27 48,21
Marido 1 1,08 3 5,36
Mãe 21 22,58 22 39,29
Pai 2 2,15 3 5,36
Sogra
0 0,00
1 1,79
Irmã 2 2,15
0 0,00
Empregada 2 2,15
0 0,00
Tia 1 1,08
0 0,00
Total 93 100,00 56 100,00
Teste Qui-Quadrado: 13,939 Sig: 0,052
Fonte: Dados da pesquisa
170
Os não consumidores também indicam a esposa (48%) e a mãe (39%) como
principais responsáveis da compras. O teste Qui-quadrado realizado (13,939 ; p =
0,052) aponta que não diferença significativa entre qual o responsável pelas
compras entre os consumidores e os não consumidores. Percebe-se assim, a
importância do agente de compra de produtos alimentícios para a efetivação da
compra de produtos orgânicos. Quase 1/3 dos não consumidores de produtos
orgânicos não são responsáveis pela compra de produtos alimentícios.
A maioria dos consumidores está concentrada na faixa etária acima de 40
anos, demonstrando um perfil mais maduro de consumidores de produtos orgânicos.
O resultado dos não consumidores comprova este resultado ao apresentar apenas
38% dos entrevistados nesta faixa etária. O teste Qui-quadrado (31,887 ; p = 0,000)
indica esse resultado demonstrando a diferença significativa da faixa etária no
consumo e o consumo de produtos orgânicos. Conforme é descrito na tabela 24,
a faixa etária dos consumidores está concentrada nas idades acima de 40 anos
(64%). A pesquisa apresentou apenas 36% de entrevistados com até 40 anos. O
inverso ocorre com os não consumidores, 62% tem entre 18 e 40 anos e 38% tem
acima de 40 anos.
Tabela 24 – Faixa etária dos consumidores e dos não consumidores de produtos orgânicos
FAIXA ETÁRIA
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
18 a 30 anos
61 13,86
33 36,67
31 a 40 anos
97 22,05
23 25,56
41 a 50 anos
147 33,41
16 17,78
51 a 60 anos
104 23,64
12 13,34
Acima de 61 anos
31 7,05
6 6,67
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 31,887 Sig: 0,000
Fonte: Dados da pesquisa
A ocupação dos consumidores é composta em sua maioria por cargos de
maior prestigío social do que a dos não consumidores. Cerca de 2/3 da amostra dos
consumidores (35%) é composta por profissional liberal. Na seqüência verifica-se
uma concentração em alta gerência (14%) e donos de empresa (12%). Apenas 3%
da amostra é de dona-de-casa.
Em relação às ocupações dos não consumidores, destaca-se a de média
gerência (20%), profissional liberal (20%) e empregado ou funcionário de escritório
171
(19%). Logo em seguida aparece a de alta gerência (16%) e dono de empresa
(13%). As ocupações são apresentadas na tabela 25. O teste Qui-qudrado (20,914 ;
p = 0,022) indica a diferença significativa entre a ocupação no consumo de produtos
orgânicos.
Tabela 25 – Ocupação dos consumidores e dos não consumidores de produtos orgânicos
OCUPAÇÃO
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
Profissional liberal autônomo 22,50
18,41 11
12,22
Profissional liberal empregado 12,73
17,05 7
7,78
Alta gerência 14,09
12,27 14
15,56
Média gerência 12,27
7,50 18
20,00
Dono de empresa(total ou parcial) ou de comércio
/ autônomos 12,05
6,36 12
13,33
Empregado ou funcionário de escritório 10,91
10,00 18
20,00
Supervisores ou pessoas capacitadas em
trabalho manual 1,14
1,14 1
1,11
Agricultor 1,14
1,14 0
0,00
Estudante 2,50
2,50 5
5,56
Responsável por compras habituais e que toma
conta da casa – dona-de-casa
2,95
2,95 0
0,00
Aposentado ou incapacitado de trabalhar devido a
doença; desempregado ou temporariamente
desempregado 7,73
7,73 4
4,44
Total
440
100,00
90
100,00
Teste Qui-Quadrado: 20,914 Sig: 0,022
Fonte: Dados da pesquisa
Percebe-se que a amostra é composta por um público bem instruíto. Cerca de
2/3 dos consumidores (66%) possuem especialização ou mais. O ensino superior
completo é o grau de instrução de 27% dos consumidores. Apenas 7% possuem
ensino fundamental completo ou ensino médio completo. Metade dos não
consumidores (48%) possui ensino superior completo. 45% dos entrevistados
possuem especialização, mestrado ou doutorado. Similar aos consumidores, apenas
8% dos não consumidores possui ensino fundamental completo ou ensino médio
completo. O teste Qui-quadrado aponta a diferença significativa do grau de instrução
no consumo e não consumo de produtos orgânicos.
172
Tabela 26 – Grau de instrução dos consumidores e dos não consumidores de produtos orgânicos
GRAU DE INSTRUÇÃO
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
Ensino Fundamental completo
2 0,45 1 1,11
Ensino Médio completo
28 6,36 6 6,67
Ensino Superior completo
118 26,82 43 47,78
Especialização
183 41,59 29 32,22
Mestrado
85 19,32 10 11,11
Doutorado
24 5,45 1 1,11
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 18,820 Sig: 0,002
Fonte: Dados da pesquisa
Quanto ao estado civil dos consumidores a maioria é casada (74%), seguido
de solteiros (16%) e separados ou divorciados (10%). Embora a maioria dos não
consumidores também seja casada (58%), é importante observar que 1/3 dos
entrevistados é solteiro (33%). O estado civil dos não consumidores está de acordo
com à faixa etária que apresentou maior percentual, menos de 40 anos. O teste Qui-
quadrado (16,175 ; p = 0,001) aponta esta diferença significativa do estado civil no
consumo e não consumo de produtos orgânicos.
Tabela 27 – Estado civil dos consumidores e dos não consumidores de produtos orgânicos
ESTADO CIVIL
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
Casado
325 73,86 52 57,78
Solteiro
71 16,14 30 33,33
Separado ou divorciado
43 9,77 7 7,78
Viúvo
1 0,23 1 1,11
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 16,175 Sig. 0,001
Fonte: Dados da pesquisa
O número de pessoas que moram na residência é similar entre os
consumidores e não consumidores, não interferindo no consumo de produtos
orgânicos. O mais representativo está entre duas e quatro pessoas, conforme
descrito na tabela 28. Um pequeno percentual dos entrevistados moram sozinhos. O
teste Qui-quadrado mostra que não diferença significativa entre o número de
pessoas que moram na residência no consumo de produtos orgânicos.
173
Tabela 28 Número de pessoas que moram na residência dos consumidores e dos não
consumidores de produtos orgânicos
PESSOAS QUE MORAM NA RESIDÊNCIA
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
Uma 40 9,09 7 7,78
Duas 122 27,73 20 22,22
Três 100 22,73 23 25,56
Quatro 114 25,91 24 26,67
Cinco 53 12,05 12 13,33
Seis 8 1,82 4 4,44
Sete 2 0,45 0 0,00
Oito 1 0,23 0 0,00
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 6,147 Sig. 0,523
Fonte: Dados da pesquisa
59% dos consumidores possuem filhos morando junto. Destes, 40% possuem
um filho morando junto, 44% possuem dois filhos e 15% possuem três filhos. 51%
dos entrevistados possui filhos com faixa etária entre 0 e 10 anos, 72% possui entre
11 e 20 anos e 59% com mais de 20 anos. 41% dos entrevistados não possuem
filhos morando junto. O teste Qui-quadrado (5,387 ; p = 0,028) aponta a diferença
significativa entre o fato de se ter filhos morando junto no consumo de produtos
orgânicos.
Tabela 29 – Número de filhos que moram junto dos consumidores e dos não consumidores de
produtos orgânicos
TEM FILHOS QUE MORAM JUNTO
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
Sim 259 58,86 41 45,56
Não 181 41,14 49 54,44
Total 440 100,00 90 100,00
Teste Qui-Quadrado: 5,387 Sig. 0,028
(SE TEM FILHOS QUE MORAM JUNTO) QUANTOS FILHOS MORAM JUNTOS*
CONSUMIDOR (N= 259) NÃO CONSUMIDOR (N=41)
Freqüência % Freqüência %
Um 102 39,39 13 31,71
Dois 112 43,25 21 51,22
Três 40 15,45 7 17,07
Quatro 3 1,16 0 0,00
Cinco 2 0,77 0 0,00
Total 259 100,00 41 100,00
Teste Qui-Quadrado: 1,903 Sig. 0,754
Fonte: Dados da pesquisa
Os o consumidores possuem um número inferior de filhos comparado com
os consumidores, cerca de 45%, variando de um a três filhos. na tabela 30
174
observa-se que a faixa etária dos filhos é bastante distribuída, assim como para os
consumidores.
Tabela 30 – Idade dos filhos que moram junto dos consumidores e dos não consumidores de
produtos orgânicos
IDADE DOS FILHOS*
CONSUMIDOR (N= 259) NÃO CONSUMIDOR (N=41)
Freqüência % Freqüência %
0 a 5 anos 69 26,85 16 39,02
6 a 10 anos 62 24,12 13 31,71
11 a 15 anos 79 30,74 15 36,59
16 a 20 anos 107 41,63 12 29,27
21 a 25 anos 91 35,41 14 34,15
Mais de 25 anos 60 23,35 6 14,63
Total de citações 468 76
* Resposta múltipla, permite que o entrevistado assinale mais de uma alternativa. O percentual é
calculado considerando o número de respondentes
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.1.3 Características psicológicas
Para identificar as características psicológicas dos entrevistados foi
considerado o conhecimento sobre os orgânicos, o envolvimento com esses
alimentos, a tendência a inovar e a susceptibilidade à influência interpessoal.
4.2.1.3.1 Conhecimento – familiaridade
A freqüência de compra de produtos orgânicos varia bastante entre os
entrevistados, conforme pode se observar na tabela 31. A freqüência de compra que
se destaca é de 1 vez por semana (31%). Na seqüência, estão a freqüência de
menos de 1 vez por semana (23%), uma vez a cada quinze dias (16%) e 1 vez por
mês (15%). É importante observar que apenas 15% dos entrevistados fazem
compras mais de 1 vez por semana.
175
Tabela 31 – Freqüência de compra de produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos
FREQÜÊNCIA DE COMPRA DE PRODUTOS ORGÂNICOS
Freqüência %
Menos de 1 vez por mês 101 22,95
1 vez por mês 67 15,23
1 vez a cada quinze dias 70 15,91
1 vez por semana 135 30,68
2 a 3 vezes por semana 45 10,23
4 a 6 vezes por semana 14 3,18
Todos os dias 8 1,82
Total 440 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
Em relação ao tempo de consumo de produtos orgânicos, 43% dos
entrevistados consome orgânicos a mais de 4 anos, 25% consomem de 1 a 2 anos e
24% de 3 a 4 anos. Somente 8% dos entrevistados consomem a menos de 1 ano.
Tabela 32 – Tempo de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos
TEMPO DE CONSUMO
Freqüência %
Menos de 1 ano 36 8,18
De 1 a 2 anos 109 24,77
De 3 a 4 anos 106 24,09
Acima de 4 anos 189 42,95
Total 440 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
Os locais de compra mais utilizados são os supermercados (80%), as feiras
(46%) e as lojas especializadas (23%). É importante observar que 5% dos
consumidores compram direto do produtor e que 2% dos consumidores possuem um
quintal em casa em que produzem produtos orgânicos.
Tabela 33 – Locais de compra de produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos
LOCAIS DE COMPRA* (N = 440)
Freqüência %
Supermercados 350 79,55
Feiras 207 47,05
Lojas especializadas 100 22,73
Do produtor 24 5,45
Quintal de casa 10 2,27
Hortas 1 0,23
Mercado 2 0,45
Quitandas 2 0,45
Mercearia 1 0,23
Restaurante 1 0,23
Total de citações 798
* Resposta múltipla, permite que o entrevistado assinale mais de uma alternativa. O percentual é
calculado considerando o número de respondentes
176
Fonte: Dados da pesquisa
Aproximadamente 2/3 dos consumidores de produtos orgânicos (64%)
costumam almoçar em casa. Quanto ao hábito de alimentação dos não
consumidores, verifica-se que pouco mais da metade (51%) almoça em restaurante
e a outra metade (49%) tem o hábito de almoçar em casa.
Tabela 34 – Local de almoço dos consumidores e não consumidores de produtos orgânicos
ALMOÇA EM CASA OU RESTAURANTE
CONSUMIDOR NÃO CONSUMIDOR
Freqüência % Freqüência %
Em casa 280 63,64 44 48,89
No restaurante 160 36,36 46 51,11
Total 440 100,00 90 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
Na tabela 35 verifica-se que a principal ocasião de consumo dos produtos
orgânicos é o almoço (91%). Também destaca-se o consumo no jantar (60%). Com
menos concentração aparece o café da manhã (33%) e o lanche (26%).
Tabela 35 – Ocasiões de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos
OCASIÕES DE CONSUMO
Freqüência %
Almoço 401 91,14
Jantar 265 60,23
Café da manhã 145 32,95
Lanche 113 25,68
Recepções 1 0,23
Em viagens 1 0,23
Total 926
Fonte: Dados da pesquisa
Quando questionados sobre os locais de consumo de produtos orgânicos a
maioria dos entrevistados aponta a casa (97%) como local de consumo. Em menor
quantidade aparecem os restaurantes (26%) e as feiras (13%), conforme os dados
da tabela 36.
177
Tabela 36 – Locais de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos
LOCAIS DE CONSUMO (N = 440)
Freqüência %
Em casa 428 97,27
No restaurante 116 26,36
Em ferias 58 13,18
Fazenda/Chácara 4 0,91
No trabalho 6 1,36
Supermercados 3 0,68
Pousadas e hotéis 1 0,23
Na casa de familiares e amigos 3 0,68
Total de citações 619
* Resposta múltipla, permite que o entrevistado assinale mais de uma alternativa. O percentual é
calculado considerando o número de respondentes
Fonte: Dados da pesquisa
Considerando uma relação de produtos orgânicos apresentada (na seqüência
serão descritos os resultados), ver anexo 02 item 1.8, o entrevistado selecionou os
produtos orgânicos que ele costuma consumir, sua frequência (apresentado no item
4.2.1.5) e o percentual consumido comparado com os produtos convencionais.
A distribuição de freqüências mostram que os percentuais mais elevados do
percentual de consumo de produtos orgânicos com convencionais está na faixa de
91 a 100% na maioria dos produtos. Apenas dois produtos na categoria verduras e
legumes aparecem com os percentuais mais elevados na faixa de 1% a 10%, são a
cebola (26%) e o pimentão (26%).Já na categoria frutas, três dos cincos produtos,
apresentraram percentuais de consumo relativo de 1% a 10%: laranja (22%), maça
(24%) e pêra (30%). O mesmo acontece com carne e derivados: carne bovina
(32%), carne de frango (26%) e carne suína (40%).
Analisando a média do percentual relativo verifica-se que a categoria de
verduras e legumes está na média de 50% a 60% de consumo de produtos
orgânicos. Considerando as frutas a média varia de 40% a 64%, as da carne e
derivados de 34% a 64% e os grão de 46% a 59%.
178
Tabela 37 Percentual relativo de produtos orgânicos consumido pelos consumidores de produtos
orgânicos
(SE CONSOME O PRODUTO ORGÂNICO) PERCENTUAL RELATIVO DE CONSUMO
Produto
1 a
10%
11 a
20%
21 a
30%
31 a
40%
41 a
50%
51 a
60%
61 a
70%
71 a
80%
81 a
90%
91 a
100%
Total
% % % % % % % % % % %
Mé-
dia
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
VERDURAS E LEGUMES
Agrião 24,79 4,13 5,37 0,41 17,77 0,83 5,37 2,48 2,07
36,78
100
58,33 38,09 -0,17 -1,57
Abobrinha 23,92 10,05 3,83 0,96 15,31 3,35 5,26 1,91 1,91
33,49
100
55,36 37,91 -0,03 -1,60
Aipim 26,44 6,73 4,81 0,48 12,50 1,92 3,85 2,40 0,96
39,90
100
57,65 39,63 -0,14 -1,69
Alface 17,65 5,12 4,60 1,02 15,60 1,28 5,37 7,16 1,02
41,18
100
64,15 36,45 -0,43 -1,38
Alho poro 24,60 7,94 3,17 1,59 15,87 1,59 4,76 2,38 1,59
36,51
100
56,71 38,87 -0,11 -1,62
Batata-salsa 25,32 8,86 6,33 2,53 17,72 2,53 6,33 1,90 1,90
26,58
100 51,01 36,47 0,16 -1,47
Berinjela 27,96 6,99 3,76 1,61 16,13 4,84 3,76 1,61 1,61
31,72
100
53,30 37,96 0,06 -1,58
Beterraba 23,64 6,36 4,55 0,45 17,73 4,55 3,18 8,18 0,91
30,45
100
56,05 36,84 -0,10 -1,51
Brócolis 20,53 6,62 5,63 0,00 16,56 2,98 4,64 5,30 1,99
35,76
100
59,36 37,28 -0,22 -1,51
Cebola
25,97
5,52 8,29 2,21 17,68 2,76 6,08 3,87 1,66
25,97
100
51,61 36,16 0,12 -1,46
Cenoura 20,28 6,41 8,19 3,20 15,30 1,78 6,41 6,05 2,49
29,89
100
56,65 35,96 -0,07 -1,51
Chicória 24,65 7,04 4,23 2,11 11,27 0,70 5,63 4,23 0,70
39,44
100
58,75 39,15 -0,20 -1,65
Chuchu 21,39 8,67 6,36 3,47 14,45 1,73 4,05 4,05 1,16
34,68
100
56,47 37,68 -0,06 -1,59
Couve 20,66 7,02 4,96 2,89 14,46 2,48 3,72 5,79 1,24
36,78
100
59,24 37,47 -0,20 -1,56
Couve-flor 17,81 9,72 6,07 2,02 20,65 2,02 4,45 4,45 1,21
31,58
100
56,39 35,98 -0,04 -1,48
Escarola 24,70 6,63 4,82 4,22 10,24 2,41 5,42 3,01 1,20
37,35
100
57,27 38,87 -0,12 -1,65
Pepino 22,00 8,00 6,00 4,00 23,00 3,00 5,00 3,00 0,50
25,50
100
51,66 34,78 0,17 -1,32
Pimentão
25,48
6,37 7,64 4,46 21,66 1,27 4,46 2,55 1,27 24,84 100
47,30 35,87 0,33 -1,33
Repolho 21,28 7,45 6,38 2,66 20,21 1,06 7,45 4,26 0,53
28,72
100
54,32 35,90 0,02 -1,45
Rúcula 20,83 6,82 5,30 1,52 10,98 3,03 4,92 4,55 3,03
39,02
100
61,11 37,91 -0,29 -1,56
Tomate 18,06 8,68 9,38 2,78 18,40 4,17 5,56 6,25 2,08
24,65
100
52,44 34,02 0,13 -1,35
Vagem 19,05 11,43 4,29 1,43 17,14 4,29 5,71 4,29 1,90
30,48
100
55,96 36,35 -0,06 -1,49
FRUTAS
Banana 19,55 12,85 10,06 2,79 21,23 0,56 3,35 2,23 2,23
25,14
100
50,07 35,29 0,29 -1,36
Laranja
22,30
15,83 4,32 5,04 18,71 3,60 7,19 4,32 1,44 17,27 100
46,39 33,22 0,35 -1,18
Maça
23,78
15,38 6,29 2,80 20,28 4,20 5,59 1,40 1,40 18,88 100
45,43 33,79 0,43 -1,12
Morango 16,81 7,14 9,24 1,68 17,65 2,10 6,72 2,52 0,84
35,29
100
58,83 35,93 -0,11 -1,50
Pêra
29,91
17,95 4,27 1,71 20,51 1,71 2,56 2,56 0,85 17,95 100
41,11 34,48 0,63 -0,99
CARNES E DERIVADOS
Carne
bovina
32,10
13,58 6,17 1,23 20,99 0,00 1,23 4,94 2,47 17,28 100 41,93 34,95 0,57 -1,11
Carne de
Frango
26,02
14,63 9,76 1,63 11,38 1,63 4,07 4,88 2,44 23,58 100 47,19 36,98 0,36 -1,49
Carne suína
40,38
11,54 3,85 7,69 23,08 1,92 0,00 0,00 0,00 11,54 100 33,37 30,48 1,02 0,19
Leite 21,98 13,19 12,09 2,20 15,38 0,00 1,10 0,00 2,20
31,87
100 50,78 37,99 0,28 -1,58
Ovos 15,47 5,52 7,18 2,21 15,47 2,21 3,87 3,87 1,66
42,54
100 63,88 36,62 -0,37 -1,43
GRÃOS
Café 22,05 14,17 9,45 3,15 22,05 0,79 2,36 3,15 0,00
22,83
100
46,72 34,68 0,43 -1,18
Açúcar 23,42 10,13 7,59 1,27 14,56 1,90 6,96 1,90 0,63
31,65
100
53,22 37,71 0,72 -1,57
Soja 18,10 6,67 9,52 2,86 17,14 1,90 2,86 1,90 0,00
39,05
100
58,46 37,71 -0,12 -1,55
Trigo 19,63 12,15 11,21 2,80 23,36 0,93 0,93 3,74 0,00
25,23
100
49,05 35,02 0,35 -1,27
Feijão 23,64 10,91 6,06 3,64 18,18 2,42 3,64 3,64 0,00
27,88
100
50,87 36,43 0,21 -1,46
Fonte: Dados da pesquisa
179
Em alguns produtos a assimetria é positiva e em outros negativa. Como
existem alguns itens com curvas assimétricas tanto positivas, quanto negativas,
concluiu-se que dependendo do produto, maior ou menor grau de consumo. A
assimetria é positiva principalmente nas frutas, nas carnes e derivados e nos grãos,
demonstrando um menor consumo desses produtos. as verduras e legumes em
sua maioria apresentam uma assimetria positiva, ou seja, maior consumo.
Na seqüência o entrevistado preencheu se consome esses produtos
selecionados apenas do orgânico ou também do convencional. A maioria dos
entrevistados (84%) consome os produtos tanto orgânicos como convencionais.
Somente 6% dos entrevistados tem o costume de consumir estes alimentos apenas
dos orgânicos.
Tabela 38 Consumo de produtos orgânicos e convencionais dos consumidores de produtos
orgânicos
CONSUMO DE PRODUTOS ORGÂNICOS X CONVENCIONAIS
Freqüência %
Consome apenas orgânicos 27 6,14
Consome orgânicos e convencionais 413 93,86
Total 440 100,00
Fonte: Dados da pesquisa
Os entrevistados que consomem esses produtos apenas orgânicos apontam
como principais motivos o produto orgânico ser mais saudável (44%), a melhora na
qualidade de vida da família (25%) e a preocupação com o meio ambiente (19%).
Tabela 39 Motivos de consumo apenas dos produtos orgânicos dos consumidores de produtos
orgânicos
(CONSOME APENAS ORGÂNICOS) MOTIVOS DE CONSUMIR APENAS
PRODUTOS ORGÂNICOS (N=27)
TOTAL %
O produto orgânico é mais saudável
44,44%
Melhora a qualidade de vida da família
25,31%
Preocupação com o meio ambiente
18,52%
O sabor do produto orgânico é melhor
6,17%
A aparência do produto orgânico é melhor
0,62%
O aroma do produto é melhor
2,47%
É socialmente includente
1,85%
Colheita própria
0,62%
Total
100,00%
*Percentual ponderado
Fonte: Dados da pesquisa
180
Considerando os entrevistados que consomem esses produtos tanto
orgânicos como convencionais, apresentam como principais motivos para não
consumirem apenas produtos orgânicos o preço do produto orgânico ser muito alto
(32%), a dificuldade em encontrar produtos orgâncos (28%) e a pouca variedade de
produtos orgânicos (17%). Em menor quantidade aparecem a falta de segurança
sobre a qualidade do produto (8%), a falta de campanhas informativas (6%) e a
aparência do produto orgânico não estar boa no dia em que se faz as compras (5%).
Os resultados estão de acordo com os motivos dos entrevistados que já
conhecem ou ouviram sobre os produtos orgânicos, mas que ainda não compraram
ou experimentaram os produtos orgânicos. Salientando a importância da redução do
preço dos produtos orgânicos, do posicionamento dos produtos em gôndolas
específicas de produtos orgânicos, da promoção de eventos de degustação, das
campanhas informativas e de conscientização, entre outras estratégias de
marketing.
Tabela 40 Motivos do não consumo de apenas produtos orgânicos dos consumidores de produtos
orgânicos
(CONSOME ORGÂNICOS E CONVENCIONAIS) MOTIVOS DE NÃO
CONSUMIR APENAS PRODUTOS ORGÂNICOS (N=413)
TOTAL %
O preço do produto orgânico é muito alto
32,01%
É difícil encontrar produtos orgânicos
28,64%
Há pouca variedade de produtos orgânicos
17,44%
Falta de segurança sobre a qualidade do produto
7,75%
Falta de campanhas informativas
6,23%
A aparência do produto orgânico não está boa no dia em que faz as compras
5,18%
A demanda de produtos orgânicos é maior que a oferta
1,94%
Não é importante consumir apenas produtos orgânicos
0,63%
Nos supermercados não há a informação de que o produto é orgânico
0,08%
Produção orgânica mal conduzida contamina a água até mais que a produção convencional
0,08%
Total
100,00%
*Percentual ponderado
Fonte: Dados da pesquisa
Os entrevistados apresentaram até três principais motivos, tanto para o
consumo apenas de produtos orgânicos, como para o consumo de produtos
orgânicos e convencionais, sendo realizada a ponderação dos itens. Considerando o
comportamento de compra, 77% dos entrevistados concordam que pouca
informação disponível sobre produtos orgânicos. Cerca de metade dos entrevistados
concorda que quando vai ao supermercado sabe se irá comprar produtos
orgânicos (52%) e que sempre que vê um produto orgânico diferente dos que
181
habitualmente costuma comprar para experimentar (50%). a opinião sobre o fato
de sempre comprar as mesma marcas de produto fica dividida, 45% não concordam
e 43% concordam.
Analisando as médias verfifica-se que os entrevistados consideram que
pouca informação sobre produtos orgânicos (7,6). Considerando os dados de desvio
padrão das afirmações de hábito de consumo não se percebe grandes diferenças
entre os itens. Os baixos número de assimetria negativa indicam um leve grau de
concordância com os itens.
Tabela 41 – Hábitos / comportamentos dos consumidores de produtos orgânicos
HÁBITOS / COMPORTAMENTO DE COMPRA (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
Quando vou ao
supermercado já
sei se irei comprar
produtos
orgânicos
34% 14%
52%
100% 3,41% 5,96 3,18 -0,25 -1,26
Sempre que vejo
um produto
orgânico diferente
do que
habitualmente
costumo comprar,
eu compro para
experimentar
34% 16%
50%
100% 1,59% 5,79 2,93 -0,24 -1,12
Eu sempre
compro as
mesmas marcas
de produtos
orgânicos
45%
13%
43%
100% 2,27% 5,08 2,97 -0,04 -1,32
Há pouca
informação
disponível sobre
produtos
orgânicos
16% 7%
77%
100% 2,05% 7,58 2,65 -1,06 0,11
Fonte: Dados da pesquisa
Além das informações divulgadas em meios de comunicação de massa, o
resultado mostra a importância do boca a boca, realizado entre amigos e familiares
na disseminação de informações sobre os produtos orgânicos. Os consumidores
apontam como principal fonte de informações sobre produtos orgânicos os artigos de
saúde (26%). Na seqüência, é citada a internet (16%), os amigos (12%) e os
programas de televisão (12%). Com menos uso, mas ainda expressivos, aparecem
o jornal (10%) e os familiares (10%). Outras fontes menos representativas podem
182
ser vistas na tabela 42. Os entrevistados apresentaram até três principais fontes de
informação, sendo realizada a ponderação dos itens.
Tabela 42 – Principais fontes de informação dos consumidores de produtos orgânicos
PRINCIPAIS FONTES DE INFORMAÇÃO (N = 440)
TOTAL
Artigos de saúde
25,82%
Internet
15,72%
Amigos
12,43%
Programas de televisão
12,27%
Jornal
10,38%
Familiares
10,02%
Telejornal
6,21%
Livros
1,60%
Produtores
1,16%
Ponto de venda
0,80%
Revistas
0,72%
Cursos
0,60%
Associações/Instituições
0,60%
Propagandas
0,40%
Embalagem do produto
0,24%
Médicos
0,16%
Rádio
0,12%
Nenhuma
0,72%
Total
100,00%
*Percentual ponderado
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.1.3.2 Conhecimento – expertise
Ao responder do conhecimento em geral sobre os produtos orgânicos a
opinião ficou dividida: 43% consideram que possuem um alto conhecimento, 41%
possuem médio conhecimento e 16% possuem baixo conhecìmento. A nota média
obtida é de 6,25.
Ao considerar o conhecimento sobre os benefícios dos produtos orgânicos,
percebe-se o aumento do conhecimento: 59% consideram que possuem um alto
conhecimento, 30% possuem médio conhecimento e 12% possuem baixo
conhecìmento. A nota média obtida também aumenta para 6,84.
o conhecimento sobre o processo de produção de produtos organicos é
mais baixo: 37% consideram que possuem um alto conhecimento, 33% possuem
183
médio conhecimento e 30% possuem baixo conhecìmento. A nota média obtida
também diminui para 5,84.
A dispersão ficou similar entre os três itens de conhecimento. A maior
assimetria negativa no item conhecimento sobre os benefício dos produtos orgânicos
demostra um maior conhecimento dos entrevistados relacionado a este item.
Tabela 43 Conhecimento de produtos orgânicos expertise subjetivo dos consumidores de
produtos orgânicos
CONHECIMENTO DE PRODUTOS ORGÂNICOS EXPERTISE SUBJETIVO (N = 440)
Baixo Alto
Muito
Baixo
Baixo
Médio
Alto
Muito
Alto
Itens
1 2 3 4 5 6 7
8 9
10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
Meu
conhecimento
em geral
sobre os
produtos
orgânicos é
16,36% 41,14%
42,50%
100% 0,00% 6,25 2,02 -0,22 -0,06
Meu
conhecimento
sobre os
benefícios
dos produtos
orgânicos é
11,62% 29,84%
58,54%
100% 0,23% 6,84 2,03 -0,42 0,03
Meu
conhecimento
sobre o
processo de
produção dos
produtos
orgânicos é
30,07% 33,26%
36,67%
100% 0,23% 5,84 2,21 0,03 -0,63
Fonte: Dados da pesquisa
Para mensurar o conhecimento objetivo dos entrevistados sobre os produtos
orgânicos foram feitas dez questões objetivas relacionadas aos orgânicos. Conforme
observa-se na tabela 44, as questões de nível fácil apresentaram mais de 77% de
acerto. As questões de nível intermediário obtiveram de 53% a 73% de acerto e a de
nível avançado obtiveram menos acertos, variando de 38% a 50% de acertos.
As questões que apresentaram maior percentual de acerto foram as
relacionadas a agrotóxicos e meio-ambiente: não uso de agrotóxicos (97%), a
colaboração com a preservação do meio-ambiente (95%) e a diferença entre os
produtos orgânicos e hidropônicos (80%). as questões referentes a aspectos
técnicos da produção de produtos orgânicos demonstram maior desconhecimento:
184
liberação de produtos trangênicos para cultivo orgânico (57%), período de
desentoxicação da área (50%), condições da área para plantio (47%).
Tabela 44 Conhecimento de produtos orgânicos expertise objetivo dos consumidores de produtos
orgânicos
CONHECIMENTO DE PRODUTOS ORGÂNICOS – EXPERTISE OBJETIVO (N = 440)
Verdadeira Falsa
Não
sabe
Total
Resposta
correta
NÍVEL FÁCIL
Alimentos orgânicos são produtos
de origem vegetal ou animal que
estão livres de agrotóxicos ou
qualquer outro tipo de produtos
químicos
96,59%
2,50% 0,91% 100,00% Verdadeira
Os produtos orgânicos são
processados para não conter açúcar
na sua composição
21,59%
76,59%
1,82% 100,00% Falsa
A produção de produtos orgânicos
colabora com a preservação do
meio ambiente
95,00%
2,50% 2,50% 100,00% Verdadeira
Produtos orgânicos e hidropônicos
são iguais
2,50%
80,45%
17,05% 100,00% Falsa
NÍVEL INTERMEDIÁRIO
No caso da criação animal, é vetado
o uso de herbicidas nos pastos e
carrapaticidas sintéticos
72,95%
2,95% 24,09% 100,00% Verdadeira
O alimento orgânico é mais nutritivo,
com teores de vitaminas e minerais
mais elevados
52,50%
23,86% 23,64% 100,00% Verdadeira
No Brasil, existem entidades
responsáveis pela emissão de
certificados dos produtos orgânicos
69,55%
2,73% 27,73% 100,00% Verdadeira
NÍVEL AVANÇADO
As plantas que cresçam de forma
espontânea são consideradas como
um produto orgânico, quando as
áreas não tenham sido tratadas com
produtos químicos e/ou sintéticos
durante 3 anos anteriores à colheita
46,59%
15,23% 38,18% 100,00% Verdadeira
Após o período necessário a
desintoxicação da área, mesmo que
a terra e os animais apresentem
vestígios de agroquímicos ou
fertilizantes sintéticos, a sua
composição será considera orgânica
7,95%
49,55%
42,50% 100,00% Falsa
Produtos transgênicos são liberados
para cultivo orgânico
5,00%
57,05%
37,95% 100,00% Falsa
Fonte: Dados da pesquisa
Para classificar os entrevistados em relação ao conhecimento objetivo sobre
produtos orgânicos utilizou-se a técnica estatística da divisão da amostra em quartis,
com 25% dos cados com menor nota classificados como de baixo conhecimento, os
185
50% com nota intermediária classificados como de médio conhecimento, e os 25%
com maior nota classificados como de alto conhecimento. Na tabela 45, verifica-se
que 24% dos entrevistados possui alto conhecimento, tendo acertado de 8 a 10
questões. Os entrevistados que possuem médio conhecimento acertaram de 6 a 7
questões, representando 54% dos entrevistados. E 22% apresentam baixo
conhecimento, tendo acertado no ximo 5 questões. Comparando o conhecimento
objetivo com o conhecimeno subjetivo, percebe-se um maior conhecimento objetivo.
Tabela 45 Conhecimento de produtos orgânicos expertise objetivo dos consumidores de produtos
orgânicos
CONHECIMENTO DE PRODUTOS ORGÂNICOS – EXPERTISE OBJETIVO (N = 440)
Nota Freqüência % % Acumulado
0
1 0,23 0,23
1
1 0,23 0,45
2
5 1,14 1,59
3
20 4,55 6,14
4
23 5,23 11,36
Baixo conhecimento
5
48 10,91 22,27
22,27%
6
76 17,27 39,55
Médio conhecimento
7
66 15,00 54,55
53,86%
8
95 21,59 76,14
9
65 14,77 90,91
Alto conhecimento
10
40 9,09 100,00
23,86%
Total 440 100,00 100,00%
Média 6,97
Desvio Padrão 1,98
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.1.3.3 Envolvimento
A análise sobre envolvimento indícios que possuem fatores de
envolvimento que são considerados pelos entrevistados, porém a outros que não
são importantes. Conforme pode ser analisado na tabela 46, as médias que se
destacam são dos itens referentes a categoria relevância, prazer e importância de
risco. O valor simbólico está em um nível intermediário de concordância. E com
baixa concordância a probabilidade de risco.
Os itens que mais se destacam considerando a média são o fato de ser
benéfico (6,2), necessário (5,4), prazeroso (5,2), essencial (5,1) e irritante fazer uma
compra errada (5,0). As média mais baixas se referem a probabilidade de risco: ao
186
comprá-lo não está certo da escolha (2,35), não sabe se está fazendo a compra
certa (2,95) e se sente perdido ao escolher produtos orgânicos (3,02).
O desvio padrão ficou similar entre os cinco itens de envolvimento. A alta
curtose no item benéfico demonstra a quase hunanimidade dos entrevistados em
relação aos benefícios que o consumo de alimentos orgânicos traz. Quanto a
assimetria, existem alguns itens com curvas assimetricas tanto positivas, quanto
negativas, concluindo-se que dependendo do aspecto avaliado, maior ou menor
grau de envolvimento.
Tabela 46 – Envolvimento dos consumidores de produtos orgânicos
ENVOLVIMENTO (N = 440)
Conc.
Total.
Conc.
Conc.
Ligeira.
Não C./
Nem D.
Conc.
Ligeira.
Conc
Conc
Total.
% % % % % % %
Mé-
dia
Des-
vio
Pa-
drão
Assi-
me-
tria
Cur-
tose
RELEVÂNCIA
Essencial* 23,18 20,91 25,91 15,00 7,95 3,64 3,41 Não-essencial 5,12 1,57 -0,72 -0,00
Benéfico* 53,18 31,59 9,55 1,59 1,36 1,14 1,59 Não-benéfico 6,24 1,16 -2,43 7,15
Desnecessário 1,36 1,14 5,91 22,95 16,82 20,23 31,59 Necessário 5,40 1,45 -0,57 -0,36
PRAZER
Eu não acho
prazeroso
1,82 2,05 6,59 31,59 7,50 21,82 28,64 Eu acho prazeroso 5,21 1,54 -0,43 -0,66
Não-emocionante 4,55 4,09 4,77 59,77 9,55 6,59 10,45 Emocionante 4,27 1,36 0,12 0,76
Divertido* 9,55 4,77 8,41 64,55 3,41 4,32 5,00 Não-divertido 4,29 1,33 0,12 1,17
VALOR SIMBÓLICO
Fala aos outros
sobre mim (é a
minha cara)*
10,23 8,18 13,64 51,36 6,59 5,45 4,55 Não fala aos
outros sobre mim
(não é a minha
cara)
4,30 1,41 0,12 0,37
Serve para os
outros me
julgarem*
5,68 5,00 11,59 54,55 6,82 6,36 10,00 Os outros não o
usariam para me
julgar
3,89 1,43 -0,19 0,47
Não passa uma
imagem de mim
para os outros
6,36 4,32 7,50 50,68 13,18 8,64 9,32 Passa uma
imagem de mim
para os outros
4,23 1,44 -0,09 0,37
IMPORTÂNCIA DE RISCO
É realmente
irritante fazer uma
compra
inadequada*
23,64 20,45 15,23 25,91 5,91 5,45 3,41 Não é irritante
fazer uma compra
inadequada
5,00 1,64 -0,52 -0,44
Uma escolha ruim
não seria um
transtorno
2,73 7,95 13,64 23,86 15,45 19,32 17,05 Uma escolha ruim
seria um
transtorno
4,68 1,65 -0,22 -0,85
Pouco a perder
por escolher mal
1,82 7,50 13,18 21,59 17,50 19,32 19,09 Muito a perder por
escolher mal
4,80 1,62 -0,27 -0,86
PROBABILIDADE DE RISCO
Ao comprá-lo,
estou certo(a) da
minha escolha
36,59 31,59 11,82 8,64 5,00 4,32 2,05 Ao comprá-lo, não
estou certo(a) da
minha escolha
2,35 1,54 1,27 0,90
Nunca sei se
estou fazendo a
compra certa*
3,18 5,00 11,82 18,86 11,14 24,32 25,68 Eu tenho certeza
de estar fazendo a
compra certa
2,95 1,71 0,55 -0,70
Eu me sinto um
pouco perdido(a)
ao escolher isto*
2,73 7,50 10,00 22,05 10,23 21,36 26,14 Eu não me sinto
perdido(a) ao
escolher isto
3,02 1,73 0,45 -0,86
*Itens com escala invertida – estatisticas já consideram inversão
Fonte: Dados da pesquisa
187
4.2.1.3.4 Tendência a inovar
Considerando a análise de freqüência, percebe-se indicações de que os
entrevistados possuem uma tendência inovadora, como no itens de interesse por
informações sobre inovações de alimentos (77%), busca de mais informações
quando ouve falar sobre o produto (70%), costuma experimentar marcas novas
(67%), sente necessidade de facilidade no preparo dos alimentos (59%) e percebe
mudancas nos alimentos com facilidade (56%).
Porém, nos itens em que ele efetiva as ações de tendência a inovar uma
diminuição na concordância: é um dos primeiros a ir quando abre um restaurante
novo (19%), costuma inventar novos usos para produtos alimentícios (22%), é um
dos primeiros a adquirir um novo produto alimentício após seu lançamento (23%), é
um dos primeiros a comprar produtos orgânicos quando se tornam disponíveis (26%)
e experimenta todo produto alimentício pelo menos uma vez (36%).
Analisando os dados de desvio padrão das afirmações de tendência a inovar
não se percebe grandes diferenças entre os itens. A maior dispersão está no item
experimento todo produto alimenticio novo pelo menos uma vez (2,72) com pequena
assimetria positiva (0,06), mostrando assim opiniões distintas sobre este assuntos.
Também similaridade entre os valores de curtose dos itens. Quanto a
assimetria, a metade dos itens apresenta assimetria negativa, ou seja, valores
concentrados no lado direito da curva indicando um alto grau de concordância. A
outra metade apresenta apresentam assimetria positiva, ou seja, valores
concentrados no lado esquerdo da curva, porém não tão alta, indicando
discordância. Como existem alguns itens com curvas assimetricas tanto positivas,
quanto negativas, conclui-se que dependendo do aspecto avaliado, há maior ou
menor grau de tendência inovadora.
188
Tabela 47 – Tendência a inovar dos consumidores de produtos orgânicos
TENDÊNCIA A INOVAR (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
Costumo
experimentar
marcas novas de
produtos
alimentícios
diferentes das
marcas habituais
19% 13%
67%
100% 0,23% 6,78 2,38 -0,72 -0,13
Experimento todo
produto
alimentício novo
pelo menos uma
vez
49%
15% 36% 100% 0,45% 4,83 2,72 0,06 -1,17
Busco mais
informações
quando ouço falar
sobre um novo
produto
alimentício pela
primeira vez
14% 16%
70%
100% 0,68% 7,02 2,32 -0,92 0,38
Tenho interesse
por informações
sobre inovações
de alimentos
12% 11%
77%
100% 0,45% 7,40 2,27 -1,09 0,76
Sou um dos
primeiros a
adquirir um novo
produto
alimentício após
seu lançamento
57%
20% 23% 100% 0,91% 4,29 2,60 0,32 -0,96
Quando um novo
produto orgânico
torna-se
disponível, sou
um dos primeiros
a comprá-lo
55%
19% 26% 100% 1,36% 4,43 2,75 0,32 -1,02
Costumo inventar
novos usos para
produtos
alimentícios
(cremes,
artesanato, etc.)
59%
18% 22% 100% 1,36% 3,90 2,77 0,55 -0,92
Percebo
mudanças nos
alimentos com
facilidade
25% 19%
56%
100% 1,59% 6,31 2,66 -0,48 -0,76
Freqüentemente
sinto necessidade
de facilidade no
preparo dos
alimentos
20% 21%
59%
100% 3,41% 6,62 2,52 -0,63 -0,32
Quando abre um
restaurante, sou
um dos primeiros
a ir
68%
13% 19% 100% 0,68% 3,62 2,58 0,66 -0,72
Fonte: Dados da pesquisa
189
4.2.1.3.5 Susceptibilidade a influência interpessoal
A distribuição de freqüência mostra a alta discordância com a afirmação de
compra das mesmas marcas de produtos alimentícios que a outra pessoa compra se
quer ser parecida com a outra pessoa (83%) e de identificação com outras pessoas
através da compra das mesmas marcas e produtos alimentícios que elas compram
(77%). Isso demonstra que os entrevistados não compram produtos orgânicos para
se identificarem e serem parecidos com as outras pessoas.
Analisando as médias e as assimetrias percebe-se indícios de que os
entrevistados não são influenciados por outras pessoas. Todas as assimetrias são
positivas indicando a discordância com as afirmações. As médias mais altas
atingidas são dos itens de escala invertida, que se referem a buscar informações de
amigos ou familiares sobre um produto orgânico antes de comprar (5) e a consultar
outras pessoas para ajudarem a escolher a melhor alternativa disponível de um
produto orgânico (4,74). O desvio padrão mais alto também é referente a esses dois
itens.
Tabela 48 – Susceptibilidade à influência interpessoal dos consumidores de produtos orgânicos
SUSCEPTIBILIDADE A INFLUÊNCIA INTERPESSOAL (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
Eu raramente
compro
alimentos da
última moda até
que eu esteja
seguro que
meus amigos
aprovaram
51%
25% 24% 100% 1,14% 4,43 2,72 0,30 -0,91
É importante
para mim que
outras pessoas
gostem dos
alimentos que
eu compro
57%
14% 29% 100% 0,23% 4,23 2,94 0,43 -1,14
Quando compro
produtos
orgânicos, eu
geralmente
compro as
marcas que eu
considero que
as outras
pessoas
aprovariam
69%
18% 14% 100% 0,91% 3,35 2,49 0,75 -0,56
190
Eu gosto de
saber quais
marcas e
produtos de
alimentação
causam boas
impressões as
outras pessoas
70%
15% 15% 100% 0,23% 3,24 2,60 0,92 -0,35
Eu me sinto
pertencendo a
um grupo pela
compra de
alguns produtos
e marcas de
alimentos que
eles compram
72%
16% 12% 100% 0,45% 3,04 2,41 0,93 -0,32
Se eu quero ser
parecido com
outra pessoa, eu
geralmente tento
comprar as
mesmas marcas
de produtos
alimentícios que
ela compra
83%
13% 4% 100% 0,68% 2,33 1,97 1,49 1,35
Eu normalmente
me identifico
com outras
pessoas
comprando as
mesmas marcas
e produtos
alimentícios que
eles compram
77%
13% 10% 100% 0,23% 2,78 2,29 1,20 0,39
Para ter certeza
que estou
comprando um
bom produto
orgânico eu
normalmente
pergunto as
outras pessoas
os alimentos que
estão
comprando
68%
12% 19% 100% 0,68% 3,43 2,59 0,72 -0,81
Se eu tenho
pouca
experiência com
um produto
orgânico, eu
frequentemente
pergunto sobre
este produto
para meus
amigos
51%
12% 37% 100% 0,68% 4,66 2,89 0,14 -1,36
Eu raramente
consulto outras
pessoas para
ajudarem a
escolher a
melhor
alternativa
disponível de um
produto
orgânico*
34% 13%
54%
100% 2,05% 4,74 3,09 0,32 -1,26
Eu raramente
busco
informações de
amigos ou
familiares sobre
um produto
orgânico antes
de comprar*
37% 13%
50%
100% 1,36% 5,00 3,04 0,19 -1,30
*Itens com escala invertida – estatisticas já consideram inversão
Fonte: Dados da pesquisa
191
4.2.1.4 Características percebidas da inovação
Para a análise das características percebidas da inovação, foi considerada a
vantagem relativa, o valor percebido, a compatibilidade, a experimentabilidade e a
observabilidade.
4.2.1.4.1 Vantagem relativa
Avaliando a distribuição de freqüências dos itens, as afirmações apontam
para os benefícios que o alimento orgânico traz: consumir produtos orgânicos faz
com que eu ingira menos agrotóxico do que consumir o produto convencional (92%),
consumir produtos orgânicos são mais saudáveis que consumir produtos
convencionais (91%) e consumir produtos orgânicos contribui para a preservação da
natureza mais do que consumir produtos convencionais (85%).
os itens referentes aos aspectos do produto possuem menor concordância
entre os entrevistados: a aparência do produto orgânico é melhor que a do
convencional (41%) e a cor do produto orgânico é mais acentuada (53%). Ao
considerar a vantagem relativa, os entrevistados percebem os aspectos relacionados
à saúde, preservação da natureza e preço do produto dando menos atenção a
aspectos do produto.
Todas as assimetrias o negativas demonstrando que concordância com
as afirmações. Verifica-se uma alta curtose positiva das afirmações consumir
produto orgânico faz com que eu ingira menos agrotóxico do que consumir o produto
convencional (6,1) e consumir produtos orgânicos são mais saudáveis do que
consumir produtos convencionais (5,1).
Destaca-se também a dispersão do desvio padrão da afirmação consumir
produtos orgânicos traz mais lembranças da minha infância do que consumir
produtos convencionais (3,19).
192
Tabela 49 Vantagem relativa dos produtos orgânicos percebida pelos consumidores de produtos
orgânicos
VANTAGEM RELATIVA (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem c. /
Nem d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
Consumir produto
orgânico faz com que
eu ingira menos
agrotóxicos do que
consumir o produto
convencional
4% 4%
92%
100% 2,95% 8,88 1,92 -2,43
6,10
A aparência do
produto orgânico é
melhor que a do
produto convencional
36% 22%
41%
100% 2,50% 5,69 2,71 -0,11
-0,97
A cor dos produtos
orgânicos é mais
acentuada do que
dos produtos
convencionais
18% 29%
53%
100% 6,14% 6,62 2,41 -0,47
-0,48
O sabor dos produtos
orgânicos é melhor
que o do produto
convencional
11% 20%
69%
100% 3,86% 7,64 2,42 -0,99
0,32
Consumir produtos
orgânicos são mais
saudáveis do que
consumir produtos
convencionais
4% 5%
91%
100% 1,59% 8,80 1,79 -2,12
5,11
Consumir produtos
orgânicos permite
chegar a uma idade
avançada com maior
qualidade de vida do
que os produtos
convencionais
8% 18%
75%
100% 5,23% 7,65 2,15 -0,95
0,62
Consumir produtos
orgânicos contribui
para a preservação
da natureza mais do
que consumir
produtos
convencionais
5% 10%
85%
100% 3,41% 8,42 2,00 -1,58
2,45
Consumir produtos
orgânicos traz mais
lembranças da minha
infância do que
consumir produtos
convencionais
30% 23%
48%
100% 2,50% 5,91 3,19 -0,32
-1,22
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.1.4.2 Valor percebido
A maior concordância dos entrevistados está no credo de que estao fazendo
uma boa escolha quando compram alimentos orgânicos (90%). 77% afirmam que
vale a pena comprar alimentos orgânicos mesmo sendo mais caros que os produtos
convencionais.
193
Quando consideradas as afirmações sobre aspectos relacionados ao produto
e não aos benefícios que ele causa, a concordância diminui. 50% concordam que
preço cobrado pelos alimentos orgânicos é compatível com a contribuição que este
produto traz na preservação da natureza e 45% apontam que o preço cobrado pelos
alimentos orgânicos é compatível com a aparência do produto. 49% dos
entrevistados discordam que o preço cobrado pelos alimentos orgânicos é
compatível com qualidade do produto.
Tabela 50 – Valor percebido dos produtos orgânicos pelos consumidores de produtos orgânicos
VALOR PERCEBIDO (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
Acredito que
estou fazendo
uma boa escolha
quando compro
alimentos
orgânicos
4% 6%
90%
100% 0,91% 8,42 1,80 -1,59 3,11
Vale a pena
comprar alimentos
orgânicos mesmo
sendo mais caros
que os produtos
convencionais
13% 10%
77%
100% 2,50% 7,52 2,34 -1,06 0,56
O preço cobrado
pelos alimentos
orgânicos é
compatível com a
qualidade do
produto
49%
20% 31% 100% 2,27% 4,85 2,63 0,19 -0,99
O preço cobrado
pelos alimentos
orgânicos é
compatível com a
aparência do
produto
35% 20%
45%
100% 3,41% 5,78 2,66 -0,21 -1,02
O preço cobrado
pelos alimentos
orgânicos é
compatível com a
contribuição que
este produto traz
na preservação da
natureza
31% 18%
50%
100% 5,91% 6,11 2,74 -0,33 0,24
Fonte: Dados da pesquisa
O baixo desvio padrão (1,8) e a assimetria negativa (1,59) indicam o alto grau
de concordância com a afirmação de que os entrevistados acreditam que estão
fazendo uma boa escolha quando compram alimentos orgânicos. A curtose (3,11)
demostra também a opinião comum entre os entrevistados.
194
4.2.1.4.3 Compatibilidade
A análise das freqüências demonstra a concordância com o ajuste dos
produtos orgânicos ao estilo de alimentação (70%), com o estilo de vida (67%) e
com a existência de produtos orgânicos no mercado para atender as necessidades
pessoais (55%). 43% dos entrevistados não concordam / nem discordam com a
facilidade que o produto organico proporciona na preparação do alimento.
Ao considerar os dados de desvio padrão das afirmações de compatibilidade
não se percebe grandes diferenças entre os itens. As assimetrias são todas
negativas, apontando o grau de concordância com as afirmações.
Tabela 51 – Compatibilidade dos produtos orgânicos percebida pelos consumidores de produtos
orgânicos
COMPATIBILIDADE (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
O produto
orgânico facilita a
preparação do
alimento
31%
43%
27% 100% 7,05% 5,36 2,43 -0,17 -0,49
Os produtos
orgânicos se
ajustam ao meu
estilo de
alimentação
14% 16%
70%
100% 1,82% 7,47 2,45 -0,95 0,13
Os produtos
orgânicos
existentes no
mercado atendem
as minhas
necessidades
31% 14%
55%
100% 1,59% 6,03 2,50 -0,43 -0,74
Consumir
produtos
orgânicos está de
acordo com meu
estilo de vida
13% 19%
67%
100% 0,45% 7,13 2,46 -0,76 -0,03
Fonte: Dados da pesquisa
195
4.2.1.4.4 Experimentabilidade
Verificando as freqüencias constatamos que 46% dos entrevistados
concordam que as campanhas sobre produtos orgânicos motivam a sua
experimentação. Porém apenas 10% concordam que os preços facilitam a
experimentação e 15% concordam com a facilidade de experimentar produtos
orgânicos antes de comprá-los.
As médias dos itens de experimentalidade dão indicios de que os
entrevisados discordam com a facilidade de experimentabilidade dos produtos
orgânicos. A nota média mais alta atingida foi de 6 pontos relacionada a motivação
das campanhas para experimentação dos produtos orgânicos, o que significa que
não há nem concordância e nem discordância com esse item.
A assimetria negativa demonstra o alto grau de discordância dos
entrevistados com a facilidade de experimentação dos produtos antes de comprá-lo
e com o fato do preço dos produtos orgânicos facilitar a experimentação.
Tabela 52 Experimentabilidade dos produtos orgânicos percebida pelos consumidores de produtos
orgânicos
EXPERIMENTABILIDADE (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
É fácil de
experimentar um
produto orgânico
antes de comprá-
lo
71%
14% 15% 100% 2,05% 3,32 2,57 0,94 -0,17
O preço dos
produtos
orgânicos facilita a
sua
experimentação
77%
13% 10% 100% 2,05% 3,00 2,32 1,08 0,30
As campanhas
sobre produtos
orgânicos motivam
a sua
experimentação
27% 27%
46%
100% 2,05% 6,04 2,59 -0,32 -0,72
Fonte: Dados da pesquisa
196
4.2.1.4.5 Observabilidade
Analisando a distribuição de freqüência percebe-se que a observabilidade dos
produtos orgânicos não é uma característica muito perceptível. A maioria dos itens
possui discordância. Nos itens que predomina a concordância, aparece um alto
percentual de nem concordância e nem discordância.
Tabela 53 Observabilidade dos produtos orgânicos percebida pelos consumidores de produtos
orgânicos
OBSERVABILIDADE (N = 440)
Discordo Concordo
Total. Parcial.
Nem
c. /
Nem
d.
Parcial. Total.
Itens
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Total
válidos
NS Média
Desvio
Padrão
Assi-
metria
Cur-
tose
No mercado, as
pessoas reparam
nos produtos
orgânicos que
estou comprando
48%
36% 16% 100% 11,59% 4,18 2,60 0,15 -1,14
Eu observo nos
produtos
orgânicos que as
outras pessoas
estão comprando
47%
24% 30% 100% 2,50% 4,66 2,82 0,09 -1,19
Eu observo nos
produtos
orgânicos quando
vou à casa de
outras pessoas
42%
27% 31% 100% 3,18% 4,94 2,90 0,08 -1,12
Eu compro
produtos
orgânicos que as
outras pessoas
observam que eu
compro
75%
17% 7% 100% 2,73% 2,72 2,36 1,16 0,16
As pessoas que
consomem
produtos
orgânicos são
mais saudáveis
11% 24%
65%
100% 6,36% 7,19 2,17 -0,63 0,08
As pessoas que
consomem
produtos
orgânicos levam
uma vida mais
feliz
19% 40%
41%
100% 11,36% 6,07 2,55 -0,49 -0,30
As pessoas que
consomem
produtos
orgânicos têm
uma pele mais
bonita
14% 40%
47%
100% 13,64% 6,50 2,38 -0,51 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
197
Ao verificar as notas médias de observabilidade verifica-se uma divisão em
dois grupos: um de observabilidade da compra e consumo de produtos orgânicos e
outro de observabilidade das aparência das pessoas que consomem produtos
orgânicos.
As notas médias referentes ao observabilidade de compra e consumo de
produtos orgânicos variam de 2,7 e 4,9 demonstrando que as pessoas não se atem
a esse tipo de observação. as dias entre 6,0 e 7,2 dos itens relacionados a
observabilidade das aparência das pessoas que consomem produtos orgânicos
aponta uma certa concordância com esse aspecto.
Analisando os dados de desvio padrão das afirmações de observabilidade
não se percebe grandes diferenças entre os itens. Se destaca a assimetria positiva
(1,16) do item referente à compra de produtos orgânicos baseado no que as
pessoas observam que compram. Essa assimetria aponta um alto grau de
discordância com esse item.
4.2.1.5 Comportamento Inovador
Conforme pode ser observado na tabela 54, os produtos mais consumidos
são da categoria de verduras e legumes, variando a freqüência de consumo. Os
produtos que se destacam pelo consumo de uma vez por semana são a alface
(28%), o brócolis (21%), a cenoura (22%), o tomate (23%) e a vagem (13%). Com a
freqüência de uma vez a cada quinze dias são a couve (13%) e a couve-flor (17%).
E com uma vez por mês a escarola (12%).
As frutas são menos consumidas do que as verduras e legumes, porém das
cinco frutas sugeridas, três apresentam percentual mais concentrado no consumo
com freqüência de uma vez por semana: banana (16%), laranja (9%) e maçã (9%).
O morango (23%) e a pêra (12%) são consumidos com freqüência inferior a uma vez
por mês.
A categoria de carnes e derivados é a menos consumida. Com distinção do
produto ovos que é consumido pela maioria uma vez por semana (12%), todos os
outros produtos são consumidos menos de uma vez por mês: carne bovina (6%),
carne de frango (7%), carne suína (5%) e leite (5%).
198
Tabela 54 – Freqüência de consumo de produtos orgânicos dos consumidores de produtos orgânicos
FREQÜÊNCIA DE CONSUMO (N = 440)
Menos
de uma
1 por
mês
1 vez
por mês
1 vez a
cada
quinze
dias
1 vez
por
semana
2 a 3
vezes
por
semana
4 a 6
vezes
por
semana
Todos
os dias
Nunca
conso-
me
Total
Produto
% % % % % % % % %
VERDURAS E LEGUMES
Agrião
20,91
12,27 10,45 8,86 1,59 0,68 0,00
45,23
100
Abobrinha
13,64
10,68 9,32 11,36 1,82 0,68 0,00
52,50
100
Aipim
15,45
17,95 7,50 5,45 0,91 0,00 0,00
52,73
100
Alface 14,32 10,68 10,45
28,41
16,59 5,00 3,41 11,14 100
Alho poro
12,73
7,95 3,86 3,41 0,45 0,00 0,23
71,36
100
Batata-salsa
13,64
10,68 7,50 2,95 1,14 0,00 0,00
64,09
100
Berinjela
15,23
8,41 7,95 9,55 0,91 0,23 0,00
57,73
100
Beterraba
13,18
12,73 10,91 8,86 2,95 1,14 0,23
50,00
100
Brócolis 16,36 9,55 17,05
20,23
4,32 0,91 0,23
31,36
100
Cebola
9,55
5,00 6,59 11,59 4,32 2,27 1,82
58,86
100
Cenoura 11,14 8,86 11,14
21,82
6,36 3,18 1,36
36,14
100
Chicória
11,59
6,36 6,14 5,91 2,05 0,23 0,00
67,73
100
Chuchu
11,14
10,91 8,18 6,59 1,59 0,68 0,23
60,68
100
Couve 12,95 12,27
13,41
10,91 4,09 0,91 0,45
45,00
100
Couve-flor 13,18 12,95
16,82
10,00 2,95 0,23 0,00
43,86
100
Escarola 10,45
12,27
5,68 7,05 1,82 0,23 0,23
62,27
100
Pepino
13,18
8,18 7,50 10,45 4,32 1,59 0,23
54,55
100
Pimentão
13,86
9,55 6,14 4,77 2,05 1,59 0,00
62,05
100
Repolho
13,18
10,91 8,86 7,05 2,05 0,68 0,00
57,27
100
Rúcula
16,14
12,05 10,23 14,55 5,45 0,68 0,91
40,00
100
Tomate 10,91 10,23 9,77
22,73
12,27 2,27 1,82
30,00
100
Vagem 10,00 10,45 10,23
12,27
4,55 0,23 0,00
52,27
100
FRUTAS
Banana 8,18 7,05 3,86
15,68
4,32 0,91 0,68
59,32
100
Laranja 7,95 5,45 5,45
9,09
2,73 0,23 0,68
68,41
100
Maçã 7,05 5,68 6,36
9,32
2,50 0,45 1,14
67,50
100
Morango
22,50
13,86 8,86 8,18 0,45 0,23 0,00
45,91
100
Pêra
11,82
7,05 3,41 3,64 0,45 0,23 0,00
73,41
100
CARNES E DERIVADOS
Carne bovina
5,91
4,32 2,95 3,64 1,14 0,00 0,45
81,59
100
Carne de
Frango
6,59
4,77 5,91 7,27 2,95 0,23 0,23
72,05
100
Carne suína
4,55
2,95 2,27 1,82 0,23 0,00 0,00
88,18
100
Leite
4,77
2,73 3,41 2,73 2,05 1,36 3,64
79,32
100
Ovos 5,45 8,41 7,95
12,05
5,68 0,00 1,59
58,86
100
GRÃOS
Café 9,09
10,23
5,23 2,27 0,68 0,45 0,91
71,14
100
Açúcar 12,73
14,55
4,32 1,36 1,14 0,23 1,59
64,09
100
Soja 8,64
9,32
2,05 2,50 1,14 0,00 0,23
76,14
100
Trigo
9,55
8,86 3,18 1,82 0,68 0,00 0,23
75,68
100
Feijão
7,73
12,95 5,00 3,86 3,18 3,18 1,59
62,50
100
Fonte: Dados da pesquisa
199
A categoria grãos também é pouco consumida, variando a freqüência de
consumo de 1 vez por mês, com o café (10%), o açúcar (15%) e a soja (9%), e
menos de uma vez por mês com o trigo (10%) e o feijão (8%).
4.2.2 Desenvolvimento das escalas
Esta seção tem como objetivo apresentar os passos utilizados para o
desenvolvimento das escalas da variável dependente relativa ao comportamento
inovador e das variáveis independentes referentes às características pessoais,
características percebidas e características psicológicas. Entre estes passos está a
depuração das escalas através da avaliação da sua dimensionalidade e verificação
da consistência interna de cada uma delas.
Julgou-se necessária a aplicação da técnica de análise fatorial, visto que as
variáveis independentes são compostas por muitos itens, formando um construto
mais complexo. Maroco define a análise fatorial como
uma técnica de análise exploratória de dados que tem por objetivo descobrir
e analisar a estrutura de um conjunto de variáveis interrelacionadas de
modo a construir uma escala de medida para fatores (intrínsecos) que de
alguma forma (mais ou menos explícita) controlam as variáveis originais.
Em princípio, se duas variáveis estão correlacionadas (e a correlação não é
espúria) essa associação resulta da partilha de uma característica comum
não diretamente observável (2007, p. 361).
O primeiro passo realizado antes de realizar a análise fatorial foi o teste de
normalidade dos dados. Para tanto, foi utilizado os dois testes de normalidade mais
comuns: o de Kolmogorov-Smirnov e Shapiro Wilk. Nenhuma das variáveis
apresentou dados com significância estatística para normalidade (HAIR, 2005).
Embora exista uma pressuposição de normalidade dos dados em análises
multivariadas, as suposições críticas na análise fatorial são mais conceituais do que
estatísticas. Assim, um desvio de normalidade aplica-se apenas no nível que reduz
as correlações observadas.
É necessário que as variáveis estejam correlacionadas para que a análise
fatorial seja apropriada. Vários critérios foram usados para verificar a aplicabilidade
da análise fatorial. Foi realizada a visualização da matriz de correlação, analisando
200
as correlações parciais entre as variáveis, se existem valores verdadeiros nos
dados. A correlação parcial deverá ser pequena, pois a variável pode ser explicada
pelos fatores. Foi realizado também o teste de Bartlett de esfericidade, um teste
estatístico para a presença de correlações entre as variáveis, que fornece a
probabilidade estatística de que a matriz de correlação tenha correlações
significantes entre pelo menos algumas das variáveis, esperando-se um valor alto da
estatística teste. O grau de intercorrelações entre as variáveis e a adequação da
análise fatorial também foi verificada com a medida de adequação da amostra MSA.
Este índice varia de 0 a 1, alcançando 1 quando cada variável é perfeitamente
prevista sem erro pelas outras variáveis, sendo necessário o mínimo de 0,5. (HAIR,
2005). O último teste realizado foi o de Kaiser-Meyer-Olkin KMO, cujos valores entre
0,5 e 1 indicam que a análise fatorial é adequada. Os valores ]0,9-1,0] indicam
excelente, ]0,8-0,9] bom, ]0,7-0,8] médio, ]0,6-0,7] medíocre, ]0,5-0,6] ruim mais
ainda aceitável e menor de 0,50 inaceitável (MAROCO, 2007). Por todos os critérios
utilizados, os dados se apresentaram apropriados para a realização da análise
fatorial.
Baseado nos objetivos da utilização da técnica escolheu-se o método de
análise fatorial denominado de análise de componentes principais. A análise de
componentes é usada quando o objetivo é resumir a maior parte da informação
original a um número mínimo de fatores para propósito de previsão (HAIR, 2005).
Para determinação do número de fatores o pesquisador geralmente começa
com algum critério predeterminado, como o percentual de variância, o critério da raiz
latente ou teste Scree. A seleção do número de fatores é inter-relacionada com uma
avaliação da estrutura, a qual é revelada na fase de interpretação. Assim, diversas
soluções fatoriais com diferentes números de fatores são examinadas antes que a
estrutura seja bem definida (HAIR, 2005). Neste estudo foi utilizado primeiramente o
critério de raiz latente, que considera como significantes os fatores que possuem
raízes latentes (autovalores) maiores que 1 e posteriormente foi utilizado o critério do
teste Scree que considera o ponto no qual o gráfico começa a ficar na horizontal
como indicativo do número máximo de fatores a serem extraídos para verificação.
Visando a maximização das cargas de uma variável em um único fator, foi
realizada a rotação ortogonal denominada Varimax, que maximiza a soma das
variâncias de cargas exigidas da matriz fatorial separando de forma mais nítida os
fatores (HAIR, 2005). Para realizar a escolha das cargas fatoriais consideradas
201
como significantes em cada fator, seguiu-se o critério de identificação de cargas
significantes com base no tamanho da amostra, que pode variar de 0,3 a 0,75. A
significância é baseada em um nível de significância 0,05 e um nível de poder de
80%. Para uma amostra de 350 casos ou mais a carga fatorial mínima recomendada
é de 0,3 (HAIR, 2005). Em seguida foram identificadas as variáveis que apresentam
cargas elevadas sobre o mesmo fator e estas foram reagrupadas por fator. Para as
variáveis com cargas significantes em mais de um fator, foi considerada apenas a
carga mais elevada.
Para cada fator foi calculada a variância explicada e também a variância
acumulada de todos os fatores. Embora seja considera que a soma dos fatores
tenha uma variância explicada de no mínimo 60%, em alguns casos neste estudo
este valor foi inferior ao mínimo, mas os fatores foram mantidos por apresentarem
coerência teórica. Também foi calculado o alfa de Cronbach de cada um deles para
verificar o grau de consistência interna entre as variáveis de cada fator, sendo
normalmente aceitáveis para análises exploratórias os valores acima de 0,6. O alfa
de Cronbach é a medida mais amplamente usada para avaliar a consistência de
uma escala (HAIR, 2005).
4.2.2.1 Características psicológicas
Para características psicológicas é realizada uma análise fatorial para cada
variável independente: envolvimento, tendência a inovar e susceptibilidade à
influência interpessoal.
4.2.2.1.1 Envolvimento
Para as variáveis que representam o envolvimento, o valor do teste de
esfericidade de Barlett foi de 1942,315 e o KMO de 0,808 foi bom. O alfa de
Cronbach foi aceitável para todos os fatores. A variância total explicada também
ficou dentro do aceitável (63,95%).
202
O item ao comprá-lo, não estou certo da minha escolha, apresentou carga
negativa (-0,57), o que indica que os entrevistados ao comprar produtos orgânicos
estão certos da escolha. Dessa forma, esse item se enquadra em relevância,
diferentemente da escala proposta por Jain e Srinivasan replicada por Fonseca e
Rossi (1999), em que o item se enquadrava em probabilidade de risco. Para realizar
os testes de hipóteses é invertida essa escala, alterando o item para ao comprá-lo,
estou certo da minha escolha. Já o item é realmente irritante fazer uma compra
inadequada apareceu isoladamente na sexta dimensão, sendo desconsiderado na
análise. Ao inverter a escala do item ao comprá-lo, não estou certo da minha
escolha, apresenta-se a seguinte análise fatorial:
Tabela 55 – Análise fatorial para envolvimento
ENVOLVIMENTO
Itens Fatores
RELE-
VÂNCIA
PROBABI-
LIDADE
DE RISCO
VALOR
SIMBÓ-
LICO
IMPOR-
TÂNCIA
DE RISCO
PRAZER
Benéfico
0,79
Essencial
0,74
Necessário
0,70
Ao comprá-lo, estou certo da minha
escolha
0,57
Nunca sei se estou fazendo a
compra certa
-0,87
Eu me sinto um pouco perdido ao
escolher isto
-0,87
Serve para os outros me julgarem
0,82
Fala aos outros sobre mim
0,72
Passa uma imagem de mim para os
outros
0,65
Uma escolha ruim seria um
transtorno
0,87
Muito a perder por escolher mal
0,79
Divertido
0,74
Emocionante
0,66
Eu acho prazeroso
0,51
Variância Explicada
16,27% 13,52% 12,47% 11,41% 10,28%
Variância Acumulada
16,27% 29,79% 42,26% 53,67% 63,95%
Alfa de Cronbach
0,731 0,815 0,698 0,679 0,624
KMO Kaiser-Meyer-Olkin
0,808
Teste de Bartlett
1942,315
Fonte: Dados da pesquisa
Comparando a escala de envolvimento com a proposta por Jain e Srinivasan
replicada por Fonseca e Rossi (1999) quase todos os itens foram confirmados. Os
203
itens confirmados foram: relevância (benéfico, essencial e necessário), valor
simbólico (serve para os outros julgarem, fala aos sobre mim, passa uma imagem
para os outros) e prazer (divertido, emocionante e prazeroso). Os itens de
probabilidade de risco aparecem no mesmo fator, ambos, porém com cargas
negativas, sendo considerada então as afirmações sempre sei que estou fazendo a
compra certa e não me sinto perdido ao escolher isto. O item é realmente irritante
fazer uma compra inadequada apareceu isoladamente na sexta dimensão, sendo
desconsiderado na análise.
4.2.2.1.2 Tendência a inovar
Tabela 56 – Análise fatorial para tendência a inovar
TENDÊNCIA A INOVAR
Fatores
Itens
PIONEIRISMO
BUSCA POR
INOVAÇÕES
Sou um dos primeiros a adquirir um novo produto alimentício
após seu lançamento
0,80
Quando abre um restaurante, sou um dos primeiros a ir
0,79
Quando um novo produto orgânico torna-se disponível, sou
um dos primeiros a comprá-lo
0,78
Costumo inventar novos usos para produtos alimentícios
(cremes, artesanato, etc.)
0,65
Experimento todo produto alimentício novo pelo menos uma
vez
0,63
Tenho interesse por informações sobre inovações de
alimentos
0,79
Busco mais informações quando ouço falar sobre um novo
produto alimentício pela primeira vez
0,79
Percebo mudanças nos alimentos com facilidade
0,64
Costumo experimentar marcas novas de produtos alimentícios
diferentes das marcas habituais
0,62
Freqüentemente sinto necessidade de facilidade no preparo
dos alimentos
0,61
Variância Explicada 29,48% 28,07%
Variância Acumulada 29,48% 57,55%
Alfa de Cronbach 0,832 0,780
Kaiser-Meyer-Olkin 0,863
Teste de Bartlett 1629,417
Fonte: Dados da pesquisa
204
Para as variáveis que demonstram tendência a inovar, o valor do teste de
esfericidade de Barlett foi de 1629,417 e o KMO de 0,863 foi bom. O alfa de
Cronbach foi bom para os dois fatores: tendência a experimentar inovações (0,832)
e interesse por inovações (0,780) demonstrando consistência interna. A variância
total explicada ficou bem próxima ao mínimo aceitável (57,55%).
O fator 1, pioneirismo, mostra uma predisposição dos entrevistados em
experimentar inovações relacionadas a alimentação antes da maioria das pessoas.
O fator 2, busca por inovações, retrata a busca dos entrevistados por informações
sobre as inovações na área alimentícia e a atenção dispensada a esses produtos.
4.2.2.1.3 Susceptibilidade a influência interpessoal
O valor do teste de esfericidade de Barlett foi de 2537,04 e o KMO de 0,836
foi bom para as variáveis que demonstram tendência a inovar. O alfa de Cronbach
foi muito bom para identificação com os grupos de referência (0,879) e bom para
auto-suficiência de informações (0,711) demonstrando consistência interna. A
variância total explicada dentro do mínimo aceitável (60,95%).
O fator 1 é composto pelos itens que retratam aspectos de aprovação social
através da conformidade com o grupo de referência causado pelo consumo de
produtos similares, que se enquadra na influência normativa. Logo o fator 1
demonstra a identificação do consumidor com os grupos de referência. O fator 2
referente à influência informacional apresenta a busca de informações sobre
produtos orgânicos.
205
Tabela 57 – Análise fatorial para susceptibilidade à influência interpessoal
SUSCEPTIBILDADE À INFLUÊNCIA INTERPESSOAL
Fatores
Itens
IDENTIFICAÇÃO
COM OS GRUPOS
DE REFERÊNCIA
BUSCA POR
INFORMAÇÕES
Eu gosto de saber quais marcas e produtos de alimentação
causam boas impressões as outras pessoas
0,85
Quando compro produtos orgânicos, eu geralmente compro
as marcas que eu considero que as outras pessoas
aprovariam
0,84
Se eu quero ser parecido com outra pessoa, eu geralmente
tento comprar as mesmas marcas de produtos alimentícios
que ela compra
0,83
Eu me sinto pertencendo a um grupo pela compra de
alguns produtos e marcas de alimentos que eles compram
0,83
Eu normalmente me identifico com outras pessoas
comprando as mesmas marcas e produtos alimentícios que
eles compram
0,79
É importante para mim que outras pessoas gostem dos
alimentos que eu compro
0,68
Para ter certeza que estou comprando um bom produto
orgânico eu normalmente pergunto as outras pessoas os
alimentos que estão comprando
0,55
Eu raramente compro alimentos da última moda até que eu
esteja seguro que meus amigos aprovaram
0,48
Eu raramente busco informações de amigos ou familiares
sobre um produto orgânico antes de comprar*
0,89
Eu raramente consulto outras pessoas para ajudarem a
escolher a melhor alternativa disponível de um produto
orgânico*
0,87
Se eu tenho pouca experiência com um produto orgânico,
eu frequentemente pergunto sobre este produto para meus
amigos
0,57
*Itens com escala invertida – estatisticas já consideram inversão
Variância Explicada 41,18% 19,77%
Variância Acumulada 41,18% 60,95%
Alfa de Cronbach 0,879 0,711
KMO Kaiser-Meyer-Olkin 0,836
Teste de Bartlett 2537,043
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.2.2 Características percebidas da inovação
Para características percebidas da inovação é feita uma análise fatorial para
cada variável independete: vantagem relativa, valor percebido, compatibilidade,
observabilidade e experimentabilidade.
206
4.2.2.2.1 Vantagem relativa
O valor do teste de esfericidade de Barlett foi de 689,324 e o KMO de 0,793
foi médio para as variáveis que demonstram vantagem relativa. O alfa de Cronbach
foi bom os benefícios que os produtos orgânicos causam (0,760) e para o fator
referente à aparência do produto não apresentou o mínimo necessário (0,528) para
a consistência interna. A variância total explicada do primeiro fator ficou em 38,08%,
visto que o fator necessidades não apresenta consistência interna.
O fator 1 é composto por itens que remetem aos benefícios dos orgânicos,
como chegar a uma idade avançada, contribuir para a preservação da natureza, ser
mais saudável, ingerir menos agrotóxicos, possuir um sabor mais gostoso e trazer
lembranças da infância. o fator 2, que não apresentou consistência interna, era
composto por itens que tratam dos aspectos do produto, como a cor e a aparência.
Tabela 58 – Análise fatorial para vantagem relativa
VANTAGEM RELATIVA
Fator
Itens
BENEFÍCIOS
Consumir produtos orgânicos permite chegar a uma idade avançada com maior qualidade
de vida do que os produtos convencionais
0,73
Consumir produtos orgânicos são mais saudáveis do que consumir produtos convencionais
0,73
Consumir produtos orgânicos contribui para a preservação da natureza mais do que
consumir produtos convencionais
0,73
Consumir produto orgânico faz com que eu ingira menos agrotóxico
0,61
O sabor dos produtos orgânicos é melhor que o do produto convencional
0,57
Consumir produtos orgânicos traz mais lembranças da minha infância
0,56
Variância Explicada 38,08%
Alfa de Cronbach 0,760
KMO Kaiser-Meyer-Olkin 0,793
Teste de Bartlett 689,324
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.2.2.2 Valor percebido
O valor do teste de esfericidade de Barlett foi de 694,603 e o KMO de 0,784
foi médio para as variáveis que demonstram o valor percebido. O alfa de Cronbach
foi bom para os dois fatores: características do produto (0,814) e custo-benefício
207
(0,711) demonstrando consistência interna, assim como a variância total explicada
(75,22%).
O fator 1 é composto por itens que abordam as características do produto.
o fator 2 contém itens que tratam do custo-benefício dos produtos orgânicos.
Tabela 59 – Análise fatorial para características percebidas – valor percebido
VALOR PERCEBIDO
Fatores
Itens
CARACTERÍSTICAS
DO PRODUTO
CUSTO-
BENEFÍCIO
O preço cobrado pelos alimentos orgânicos é compatível com a
aparência do produto
0,86
O preço cobrado pelos alimentos orgânicos é compatível com a
qualidade do produto
0,84
O preço cobrado pelos alimentos orgânicos é compatível com a
contribuição que este produto traz na preservação da natureza
0,77
Acredito que estou fazendo uma boa escolha quando compro alimentos
orgânicos
0,90
Vale a pena comprar alimentos orgânicos mesmo sendo mais caros que
os produtos convencionais
0,78
Variância Explicada 43,03% 32,19%
Variância Acumulada 43,03% 75,22%
Alfa de Cronbach 0,814 0,675
KMO Kaiser-Meyer-Olkin 0,784
Teste de Bartlett 694,603
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.2.2.3 Compatibilidade
As variáveis referentes a compatibilidade apresentaram o valor do teste de
esfericidade de Barlett de 334,04 e o KMO de 0,610 foi medíocre. O alfa de
Cronbach foi muito bom para a compatibilidade com os valores (0,813) e para
compatibilidade com as necessidades não apresentou o mínimo necessário (0,400)
para a consistência interna. A variância total explicada do primeiro fator ficou em
44,62%, visto que o fator necessidades não apresentou consistência interna.
O primeiro fator apresenta os itens de compatibilidade com os valores do
entrevistado, considerando o estilo de vida e estilo de alimentação. o segundo
fator, desconsiderado por não apresentar consistência interna, representava as
necessidades atendidas pelos produtos orgânicos, compreendendo os itens de
oferta de produtos existentes no mercado e de facilidade de preparo dos produtos.
208
Tabela 60 – Análise fatorial para compatibilidade
COMPATIBILIDADE
Fator
Itens
VALORES
Consumir produtos orgânicos está de acordo com meu estilo de vida
0,90
Os produtos orgânicos se ajustam ao meu estilo de alimentação
0,89
Variância Explicada 44,62%
Alfa de Cronbach 0,813
KMO Kaiser-Meyer-Olkin 0,601
Teste de Bartlett 334,074
Fonte: Dados da pesquisa
4.2.2.2.4 Observabilidade
As variáveis referentes a observabilidade apresentaram o valor do teste de
esfericidade de Barlett de 1011,59 e o KMO de 0,760 foi médio. O alfa de Cronbach
foi muito bom para a aparência do consumidor de orgânicos (0,885) e bom para
visibilidade do orgânico (0,702) demonstrando consistência interna. A variância total
explicada ficou dentro do aceitável (66,63%).
Tabela 61 – Análise fatorial para observabilidade
OBSERVABILIDADE
Fatores
Itens
APARÊNCIA DO
CONSUMIDOR
DE ORGÂNICOS
VISIBILIDADE
DO
ORGÂNICO
As pessoas que consomem produtos orgânicos têm uma pele mais
bonita
0,92
As pessoas que consomem produtos orgânicos levam uma vida mais
feliz
0,88
As pessoas que consomem produtos orgânicos são mais saudáveis
0,84
No mercado, as pessoas reparam nos produtos orgânicos que estou
comprando
0,77
Eu compro produtos orgânicos que as outras pessoas observam que
eu compro
0,74
Eu observo nos produtos orgânicos que as outras pessoas estão
comprando
0,72
Eu observo nos produtos orgânicos quando vou à casa de outras
pessoas
0,54
Variância Explicada 38,02% 28,61%
Variância Acumulada 38,02% 66,63%
Alfa de Cronbach 0,885 0,702
KMO Kaiser-Meyer-Olkin 0,760
Teste de Bartlett 1011,59
Fonte: Dados da pesquisa
209
Os dois fatores demonstram duas dimensões da observabilidade. O primeiro
fator, aparência do consumidor de orgânicos, diz respeito aos fatores que são
observáveis no consumidor de orgânicos, como aparência da pele, alegria e saúde.
o segundo fator engloba os itens de observabilidade do próprio produto, quando
está sendo realizada a compra ou na própria exposição em casa.
4.2.2.2.5 Experimentabilidade
As variáveis referentes a experimentabilidade apresentaram o valor do teste
de esfericidade de Barlett de 109,98 e o KMO de 0,573 foi aceitável. O alfa de
Cronbach foi muito próximo ao mínimo necessário (0,59), sendo assim considerado
para análise, mas exigindo certa cautela na análise dos resultados. A variância total
explicada foi de 46,96%.
O primeiro fator considera a conseqüência do acesso ao produto para a
experimentabilidade, considerando o preço e a facilidade. o segundo fator seria
composto apenas pelo item as campanhas sobre produtos orgânicos motivam a sua
experimentação, sendo assim desconsiderado para análise.
Tabela 62 – Análise fatorial para experimentabilidade
EXPERIMENTABILIDADE
Fator
Itens
ACESSO AO PRODUTO
O preço dos produtos orgânicos facilita a sua experimentação
0,87
É fácil de experimentar um produto orgânico antes de comprá-lo
0,80
Variância Explicada
46,96%
Alfa de Cronbach
0,59
KMO Kaiser-Meyer-Olkin 0,573
Teste de Bartlett 109,984
Fonte: Dados da pesquisa
210
4.2.2.3 Comportamento Inovador
O objetivo desta etapa é determinar um escore de comportamento inovador
para cada entrevistado, com base na variedade de compra de produtos orgânicos e
a freqüência de consumo. Para o tratamento desta questão foi utilizada a Análise de
Componentes Principais - ACP.
Para a criação do escore de comportamento inovador foi utilizada a Análise
de Componente Principais. A Análise de Componentes Principais m um elevado
grau de flexibilidade e apresenta uma gama alargada de métodos de extração,
rotação e cálculo de escores. (SPSS, 2007).
Maroco (2007) define a Análise de Componentes Principais como uma técnica
de análise exploratória multivariada que transforma um conjunto de variáveis
correlacionadas num conjunto menor de variáveis independentes, designadas por
componentes principais. Ela é normalmente utilizada como um método de redução
de complexidade dos dados. Uma das principais vantagens é permitir resumir a
informação de várias variáveis correlacionadas em uma ou mais combinações
lineares. Estes componentes podem ser usados como escores que resumem a
informação disponível nas variáveis originais.
O ACP permite o cálculo de um escore ponderado pela “raridade” da
categoria correspondente. A ponderação é feita neste estudo a partir da relação de
intensidade x variedade de produtos consumidos. O ACP apresenta como benefícios
a minimização do possível erro de considerar que todas as categorias têm igual peso
na formação do escore final de ordenação, como também, a minimização do
possível erro da ponderação subjetiva de importância com base na opinião de
experts de cada categoria para a composição do escore final, já que através do ACP
os dados qualitativos são tratados a partir da sua estrutura obtida diretamente nas
observações realizadas (MARCHETTI ; PRADO ; PIRES, 1998)
A Análise de Componentes Principais é uma técnica que pode ser aplicada
apenas a variáveis quantitativas. Porém, na maior parte dos estudos de ciências
sociais as variáveis são qualitativas (medidas numa escala nominal ou ordinal). No
presente estudo, a freqüência de consumo foi medida através de uma escala ordinal.
Assim, para solucionar a impossibilidade de utilização de variáveis qualitativas em
estudos tipo ACP, o SPSS implementou um procedimento desenvolvimento por
211
investigadores da Faculty of Social and Behavorial Sciences da Universidade de
Leiden na Holanda. Esse procedimento, designado genericamente por optimal
scaling atribui quantificações numéricas às categorias de cada uma das variáveis
qualitativas e permite o recurso a métodos standard de análise numérica. Os valores
numéricos atribuídos a cada uma das classes das variáveis originais são obtidos, de
uma maneira geral, por um procedimento interativo chamado de método dos
mínimos quadrados alternantes, de tal maneira que as quantificações numéricas
possuam propriedades numéricas (MAROCO, 2007).
Depois de estandardizados, os valores resultantes do optimal scaling são
usados no Categorical Principal Components Analysis CATPCA. Em termos
práticos, é necessário reconhecer que a escala de mensuração para utilizar com o
optimal scaling não é necessariamente a escala em que a variável foi medida, mas
sim a escala em que estas vão ser transformadas. Assim, não existe uma solução
ótima, é necessário fazer várias tentativas antes que os resultados do optimal
scaling façam sentido. A CATPAC é apropriada quando se pretende reduzir a
dimensionalidade de variáveis medidas em escalas diferentes em um ou mais
escores que expliquem uma proporção considerável da informação presente. Com
este procedimento o SPSS atribui valores de optimal scaling a cada uma das
categorias das variáveis sob estudo, de modo que esses valores sejam
relativamente “ótimos” à solução dos componentes principais obtidos (MAROCO,
2007).
Para a determinação do número de componentes são realizadas várias
tentativas. Nestas tentativas, primeiramente são analisadas a variância explicada, os
valores próprios que deveriam se acima de 1 e o alfa de Cronbach. Depois são
verificadas quais variáveis são determinantes na dimensão e definida a que se refere
cada dimensão. Por último, verifica-se um gráfico bi-plot dos escores do objeto.
Diante das análises realizadas para este estudo, decidiu-se pela utilização de uma
única dimensão, que em todas as tentativas realizadas as dimensões
apresentavam produtos de diversas categorias. A variância explicada é de 42,04% e
o alfa de Cronbach é 0,962. Na tabela 63 é possível visualizar o quanto cada
produto está correlacionado.
212
Tabela 63 – Comportamento inovador – Análise de componentes principais
VARIEDADE RELATIVA DE COMPRA E FREQÜÊNCIA DE CONSUMO
Cebola
0,79
Tomate
0,66
Vagem
0,77
Chicória
0,64
Abobrinha
0,76
Escarola
0,63
Beterraba
0,76
Brócolis
0,63
Chuchu
0,76
Alho poró
0,63
Berinjela
0,74
Ovos
0,62
Couve
0,74
Rúcula
0,61
Cenoura
0,74
Trigo
0,59
Repolho
0,73
Carne de frango
0,55
Banana
0,72
Agrião
0,54
Feijão
0,72
Alface
0,53
Aipim
0,71
Morango
0,53
Laranja
0,71
Leite
0,51
Pepino
0,70
Soja
0,49
Pimentão
0,70
Açúcar
0,48
Couveflor
0,70
Café
0,46
Pera
0,67
Carne bovina
0,45
Maça
0,67
Carne suína
0,45
Batatasalsa
0,66
Variança Explicada
42,04%
Alfa de Cronbach
0,96
Fonte: Dados da pesquisa
Os escores mais altos da tabela 64 representam os indivíduos com
comportamento mais inovador, maior taxa de adoção de produtos orgânicos,
enquanto os escores mais baixos representam os indivíduos com comportamento
menos inovadores, menor taxa de adoção de produtos orgânicos.
Tabela 64 – Ordem e escores de comportamento inovador – Análise de componentes principais
VARIEDADE DE COMPRA E FREQÜÊNCIA DE CONSUMO
Ordem Escore Ordem Escore
1 3,11 431 -1,23
2 2,85 432 -1,23
3 2,54 433 -1,23
4 2,49 434 -1,24
5 2,26 435 -1,24
6 2,26 436 -1,24
7 2,25 437 -1,25
8 2,22 438 -1,25
9 2,17 439 -1,25
10 2,10 440 -1,25
Fonte: Dados da pesquisa
213
4.2.3 Teste de hipóteses
Nesta seção são verificadas as hipóteses de pesquisa, com seus respectivos
testes estatísticos de comprovação de resultados. Os testes utilizados para
verificação das hipóteses foram teste t-student, Análise de Variância - ANOVA e
correlação bivariada de Pearson.
Para as variáveis gênero e composição familiar foi utilizado o teste t-student
para amostras independentes. Ele serve para testar se as médias de duas
populações são ou não significantemente diferentes e requer que as duas amostras
tenham sido obtidas aleatoriamente de duas populações e que as variáveis
dependentes possuam distribuição normal e variâncias homógenas. O teste Levene
aplicado junto com o teste t serve para verificar a homogeneidade das variâncias
(MAROCO, 2007).
Já para as variáveis classe, renda e ocupação foi utilizada a ANOVA e o teste
de Tukey. ANOVA serve para realizar a comparação de médias de duas ou mais
populações de onde foram extraídas amostras aleatórias e independentes. Quando
na ANOVA rejeita-se H
0
, pode-se concluir que existe pelo menos uma média
populacional que é significantemente diferente das restantes. Porém, a ANOVA não
indica qual ou quais pares de médias são diferentes. Posteriormente realiza-se o
teste Post Hoc de comparação múltipla de médias que indica quais são as
diferentes. Optou-se por realizar o teste Tukey, considerado um dos mais robustos a
desvios de normalidade e homogeneidade das variâncias para amostras grandes
(MAROCO, 2007).
Para as outras variáveis foi adotado o teste de correlação bivariada de
Pearson. A correlação está relacionada ao grau de associação entre duas variáveis
e varia quanto a sua intensidade e direção. Quanto à direção a correlação pode ser
descrita como positiva ou negativa. Uma correlação positiva indica que os
entrevistados que obtém altos escores na variável X também tendem a obter altos
valores na variável Y, reciprocamente para baixos valores. Já com a correlação
negativa, os entrevistados que obtém altos escores na variável X tendem a obter
baixos escores na variável Y e vice-versa. Esses coeficientes de correlação variam
entre -1,00 e + 1,00. Quanto mais próximo de 1,0 é esse valor, mais forte é a
214
correlação positiva entre as variáveis e quanto mais próximo a -1,0 mais forte é a
correlação negativa entre as variáveis (LEVIN ; FOX, 2004).
4.2.3.1 Características pessoais
Para verificar a influêncisa da características socieconômicas sobre o
comportamento inovador foi realizada a ANOVA. Pela estatística F a variável
apresentou associação significativa com o comportamento consumidor, pois o valor
ρ (Sig =0,036) é menor que o nível de significância α (0,05). Porém, ao realizar o
teste do Tukey, não foi identificada a diferença entre as classes (Sig = 0,152),
existindo uma única dimensão.
Segundo Maroco (2007) é possível que a ANOVA e os testes de
comparações múltiplas cheguem a conclusões diferentes. Isto é, podemos rejeitar a
H
0
na ANOVA e não sermos capazes de detectar diferenças entre pares de dias
pelo teste de comparação ltipla de média. Isso acontece pela ANOVA ser um
teste mais potente (isto é a probabilidade de rejeitar H
0
, corretamente, é maior) do
que as comparações ltiplas (que tem associada maiores probabilidades do erro
de tipo II). Alguns autores defendem que, na maioria dos cenários de investigação, é
absolutamente irrelevante iniciar a análise de médias com uma ANOVA uma vez que
são os testes pos-hoc que permitem identificar os pares de médias significantemente
diferentes. Maroco (2007) diz que a ANOVA protege o pesquisador do erro tipo II
(não rejeitar H
0
quando H
1
é verdadeira) que de um modo geral é maior nos testes
pos-hoc do que na ANOVA.
A ANOVA indica que diferença significativa entre as classes no consumo
de orgânicos. Pelo teste de Tukey, percebemos que a classe A1 é menos inovadora
que A2, embora A2 seja mais inovadora que B1 e assim consecutivamente. Na
tabela 65, percebe-se que diferença entre as classes, porém considerando o
teste Tukey verifica-se que não associação positiva entre as classes e o
comportamento inovador. Assim, a hipótese H1 é rejeitada:
H1: A categoria social dos consumidores está associada positivamente
com o comportamento inovador em relação a produtos orgânicos
215
Tabela 65 – Classe social e comportamento inovador – ANOVA
CLASSE
B2 B1 A2 A1
F Sig.
Médias
Comportamento
Inovador
-0,1795 -0,1299 1,482 -0,0101
N 62 133 195 50
2,873 0,036
Fonte: Dados da pesquisa
Verificando os dados da estatística F na tabela 66, a variável renda não
apresentou associação significativa com o comportamento inovador. O valor ρ (Sig
=0,855) é maior que o nível de significância α (0,05), indicando que não há diferença
significativa entre as médias. O teste de Tukey confirma não haver diferença
significativa entre estas variáveis (Sig = 0,804). Assim, rejeita-se a hipótese H2:
H2: A renda dos consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos
Tabela 66 – Renda e comportamento inovador – ANOVA
RENDA
Até R$
3.479,36
Até R$
6.563,73
Até R$
9.733,47
Acima de R$
9.733,47
F Sig.
Médias
Comportamento
Inovador
0,478 -0,214 -0,810 0,238
N 105 146 61 128
0,258 0,855
Fonte: Dados da pesquisa
A correlação entre idade e comportamento inovador, na tabela 67,
apresentou-se não significativa. Dessa forma, rejeita-se a hipótese H3:
H3: A idade dos consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos
Tabela 67 – Idade e comportamento inovador – Correlação
IDADE
Variável N
Correlação Sig.
Idade 440 0,092 0,053
Fonte: Dados da pesquisa
Na tabela 68 foi aplicado o teste t para amostras independentes com teste de
Levene para verificação da homogeneidade de variâncias, considerando o fato de
homens e mulheres apresentarem comportamentos de inovação iguais.
216
Tabela 68 – Gênero e comportamento inovador – Teste T
GÊNERO
Feminino Masculino
T Sig.
Médias
Comportamento
Inovador
0,2183 -0,1853
N 202 238
-4,298 0,000
Fonte: Dados da pesquisa
Como o valor ρ (Sig = 0,460) do teste de Levene é maior do que o nível de
significância (0,05) as variâncias são consideradas iguais. Como a significância do
teste t (0,000) para variância é menor do que α (0,05), rejeita-se a hipótese nula,
mostrando que diferença entre homens e mulheres no comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos. Assim rejeita-se a hipótese de pesquisa de que os
grupos são iguais em relação ao comportamento inovador, H4:
H4: Não diferença entre homens e mulheres no comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
É possível que esse resultado tenha sido influenciado pela categoria de
produto pesquisada, sendo normalmente a mulher o agente de compra deste tipo de
produto.
A influência da ocupação do comportamento inovador, apresentada na tabela
69, pela estatística F apresentou associação significativa com o comportamento
consumidor, valor ρ (Sig =0,018) é menor que o nível de significância α (0,05).
Porém, novamente ao realizar o teste do Tukey, não foi identificada a diferença entre
as classes (Sig = 0,440), existindo uma única dimensão.
Mesmo considerando a ANOVA percebe-se que o prestígio de ocupação não
altera o comportamento inovador. Por exemplo, supervisores possuem perfil mais
inovador do que gerentes e donos de empresa. O profissional liberal empregado
possui perfil mais inovador do que o autônomo. Assim, a hipótese H5 é rejeitada:
H5: O prestígio de ocupação dos consumidores está associado
positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
217
Tabela 69 – Ocupação e comportamento inovador – ANOVA
OCUPAÇÃO
F Sig.
Estudante
Dona de casa
Aposentado
Empregado
Agricultor
Profissional Liberal
Empregado
Profissional Liberal
Autônomo
Supervisores
Média gerência
Alta gerência
Dono de empresa
Médias
Comporta
mento
Inovador
0,4448
0,4796
-0,0567
-0,3021
0,3578
0,1789
0,1383
0,3426
-0,0199
-0,3288
-0,0085
N
11 13 34 48 5 56 99 5 54 62 53
2,182
0,018
Fonte: Dados da pesquisa
Os resultados são similares aos da pesquisa qualitativa que não identificou
diferenças quanto à ocupação dos entrevistados.
Para testar se o fato dos consumidores de produtos orgânicos terem filhos ou
não morando junto influenciam no seu comportamento inovador, foi aplicado o teste t
para amostras independentes com teste de Levene para verificação da
homogeneidade de variâncias.
Como o valor ρ (Sig = 0,004) é menor do que o nível de significância (0,05) as
variâncias são consideradas diferentes. Na tabela 70, como a significância do teste t
(0,116) para variância é maior do que α (0,05), não existe diferença estatisticamente
significativa entre os dois grupos. Logo, aceita-se a hipótese nula e rejeita-se a
hipótese de pesquisa de que os grupos são diferentes em relação ao
comportamento inovador, H6:
H6a: Filhos morando junto com consumidores está associado
positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
Tabela 70 – Composição familiar e comportamento inovador – Teste T
COMPOSIÇÃO FAMILIAR
Têm filhos Não têm filhos
T Sig.
Médias
Comportamento
Inovador
0,0609 -0,0872
N 259 181
1,575 0,116
Fonte: Dados da pesquisa
218
Também foi verificado se o fato de possuir crianças em casa (filhos até 10
anos) está relacionado ao comportamento inovador. Como o valor ρ (Sig = 0,842) é
maior do que o nível de significância (0,05) as variâncias o consideradas iguais.
Como a significância do teste t (0,837) para variância é maior do que α (0,05), tabela
71, não existe diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Logo,
aceita-se a hipótese nula e rejeita-se a hipótese de pesquisa de que os grupos o
diferentes em relação ao comportamento inovador, H6:
H6b: Filhos menores de 10 anos de idade morando junto com
consumidores está associado positivamente com o comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos
Tabela 71 – Idade dos filhos e comportamento inovador – Teste T
FILHOS ATÉ 10 ANOS
Têm filhos Não têm filhos
T Sig.
Médias
Comportamento
Inovador
0,790 0,507
N 94 165
0,205 0,837
Fonte: Dados da pesquisa
Esses resultados estão de acordo com a pesquisa qualitativa, que foi
composta tanto por entrevistados que possuíam filhos, como pelos que não
possuíam. No decorrer da pesquisa qualitativa, foi citado diversas vezes pelos
entrevistados que as pessoas consomem produtos orgânicos pensando tanto em
seu bem estar próprio como o da sociedade em geral, não focando apenas no bem-
estar dos filhos.
4.2.3.2 Características psicológicas
As correlações de tendência a inovar e comportamento inovador , embora
baixas, apresentaram-se positivas e significativas na tabela 72. As pessoas que têm
tendência a inovar também tendem a ter comportamento mais inovador. Logo,
aceita-se as hipóteses H7a e H7b:
219
H7a: A tendência dos consumidores a serem pioneiros no consumo de
inovações está associada positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
H7b: A tendência dos consumidores a buscarem inovações está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Tabela 72 – Tendência a inovar e comportamento inovador – Correlação
TENDÊNCIA A INOVAR
Variável N
Correlação Sig.
Pioneirismo 413 0,266 0,000**
Busca por inovações 413 0,191 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
Esse resultado está de acordo com o da etapa qualitativa em que os
consumidores que se declaram altamente inovadores atribuíram seu comportamento
ao fato de possuir muita curiosidade sobre novidades e estar sempre fazendo coisas
diferentes comparado a outras pessoas. Os altamente inovadores também
declararam que sempre compram produtos no lançamento motivados pela
curiosidade em experimentar coisas novas e que sempre buscam informações sobre
produtos que não conhecem, salientando que essa busca por informações é
freqüente.
O conhecimento do consumidor foi medido através da expertise e
familiaridade. A correlação entre o comportamento inovador e a expertise foi medida
por duas variáveis. A primeira, referente ao conhecimento objetivo, é composta pela
nota atribuída aos respondentes conforme seus acertos nas questões de
conhecimento objetivo sobre os produtos orgânicos, sendo as notas maiores
atribuídas aos consumidores que mais acertaram as perguntas e as notas menores
ao que menos tiveram acertos. A segunda, referente ao conhecimento subjetivo, é
representada pelo escore decorrente das respostas de auto-avaliação dos
consumidores relacionado ao seu conhecimento sobre produtos orgânicos (o que ele
pensa que conhece), sendo os escores mais altos atribuídos aos consumidores que
consideram que conhecem mais sobre produtos orgânicos e vice-versa.
Conforme a tabela 73, o teste mostra que as correlações de ambas as
variáveis mostram-se positivas e significativas. A correlação mais forte está no
expertise subjetivo, logo, aqueles que consideram que conhecem mais a internet
220
também tendem a ter comportamento mais inovador. Assim, ambas as hipóteses
são aceitas H8a e H8b:
H8a: O conhecimento subjetivo dos consumidores sobre produtos
orgânicos está associado positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
H8b: Consumidores com maior expertise objetivo sobre produtos
orgânicos demonstram mais comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
Tabela 73 – Expertise e comportamento inovador – Correlação
CONHECIMENTO - EXPERTISE
Variável N
Correlação Sig.
Expertise objetivo (notas) 440 0,251 0,000**
Expertise subjetivo (escore geral) 438 0,385 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
A pesquisa qualitativa também apontou que o conhecimento sobre produtos
orgânicos era maior entre as pessoas que consumiam mais produtos orgânicos. Eles
conseguiam transmitir maior riqueza de detalhes sobre os produtos. O mesmo
acontece ao fato de expressarem que possuem conhecimento sobre o assunto
A familiaridade e o comportamento inovador foi medida por duas variáveis,
freqüência de compra e tempo de consumo, conforme a tabela 74. Ambas as
variáveis apresentam-se significativas e positivas. A freqüência de compra
apresentou uma alta correlação e também foi destaque na etapa qualitativa, que
apresentou alta freqüência. Assim, aceitam-se as hipóteses H8d e H8e:
H8c: A familiaridade dos consumidores sobre produtos orgânicos, pela
maior freqüência de compra, está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos
H8d: A familiaridade dos consumidores sobre produtos orgânicos, pelo
consumo a mais tempo, está associada positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
221
Tabela 74 – Familiaridade e comportamento inovador – Correlação
CONHECIMENTO – FAMILIARIDADE
Variável N
Correlação Sig.
Freqüência de compra 440 0,575 0,000**
Tempo de consumo 440 0,373 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
O envolvimento do consumidor foi medido considerando as dimensões
relevância, prazer, valor simbólico, importância de risco e probabilidade de risco. Na
tabela 75, apenas o fator referente a importância de risco não apresentou
significância estatística, não podendo assim afirmar se o comportamento inovador
aumenta ou não de acordo com o grau de envolvimento. Assim, rejeita-se a hipótese
H9d por não apresentar significância estatística:
H9d: A percepção de importância de risco dos produtos orgânicos está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Os itens relevância, prazer, valor e importância de risco apresentaram
correlação positiva. Assim, aceitam-se as hipóteses H9a, H9b, H9c e H9e.
H9a: A percepção de relevância dos produtos orgânicos está associada
positivamente com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
H9b: A percepção de prazer gerada pelo consumo dos produtos
orgânicos está associada positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
H9c: A percepção do valor simbólico dos produtos orgânicos está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
H9e: A percepção de probabilidade de risco dos produtos orgânicos
está associada positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
222
Tabela 75 – Envolvimento e comportamento inovador – Correlação
ENVOLVIMENTO
Variável N
Correlação Sig.
Relevância 440 0,280 0,000**
Probabilidade de risco 440 0,193 0,002**
Valor simbólico 440 0,158 0,000**
Prazer 440 0,146 0,000**
Importância de risco 440 0,074 0,120
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
A susceptibilidade à influência interpessoal foi medida pela influência
normativa e a influência informativa. Na tabela 76, a influência normativa não
apresentou significância estatística. a influência informativa apresentou
significancia, porém com baixa correlação, demonstrando que a influência
informativa contribui para o comportamento inovador. Assim, a hipótese 10a é
rejeitada e a hipótese 10b é aceita.
H10a: A susceptibilidade à influência normativa dos consumidores está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
H10b: A susceptibilidade à influência informativa dos consumidores está
associada positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Tabela 76 – Susceptibilidade à influência interpessoal e comportamento inovador – Correlação
SUSCEPTIBILIDADE À INFLUÊNCIA
INTERPESSOAL
Variável N
Correlação Sig.
Influência normativa 422 0,070 0,076
Influência informativa 422 0,104 0,017*
(*) Significante a 0,05
Fonte: Dados da pesquisa
A rejeição da hipótese referente a influência informativa vai ao encontro de
alguns indicios presentes na etapa qualitativa. Nela, a maioria dos entrevistados
salientou que não recebe informações sobre produtos orgânicos de parentes e
amigos, pelo fato das pessoas não costumarem falar sobre produtos orgânicos.
Porém foi comentado pelos entrevistados sobre a necessidade de divulgação de
informações sobre produtos orgânicos.
223
4.2.3.3 Características percebidas da inovação
A vantagem relativa, tabela 77, medida pela dimensão benefícios do produto
apresentou correlação significativa e positiva. Assim, quando a vantagem relativa do
produto é percebida ela leva a um comportamento inovador. A hipótese H11 é
aceita:
H11: O grau de vantagem relativa percebido pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Tabela 77 – Vantagem relativa e comportamento inovador – Correlação
VANTAGEM RELATIVA
Variável N
Correlação Sig.
Benefícios do produto 364 0,334 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
Assim como na etapa qualitativa, destacou-se como vantagem relativa os
benefícios que o produto orgânico gera ao consumidor, tanto para a sua saúde,
como para o meio-ambiente.
Da mesma forma, a compatibilidade medida pela correlação dos valores do
consumidor com o comportamento inovador apresentou correlação significativa e
positiva na tabela 78. Assim, quando a compatibidade do produto é percebida, ela
também leva a um comportamento inovador. Então, a hipótese H12 é aceita:
H12: O grau de compatibilidade percebido pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Tabela 78 – Compatibilidade e comportamento inovador – Correlação
COMPATIBILIDADE
Variável N
Correlação Sig.
Valores do consumidor 396 0,393 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
Foi unânime entre os consumidores da etapa qualitativa que os produtos
orgânicos estão de acordo com suas crenças e valores sócio-culturais, afirmando
que suas crenças são relacionadas aos atributos e as características dos produtos
224
orgânicos. Na qualitativa, foi destacado que os produtos orgânicos fazem bem a sua
saúde e a de sua família, que os produtores devem levar em consideração que a
vida deve ser preservada acima da venda, que o processo de produção dos
alimentos orgânicos auxilia na preservação do meio ambiente e que as pessoas que
consomem querem um futuro mais saudável para si e para as futuras gerações.
Conforme a tabela 79, a experimentabilidade do produto, medida pela
facilidade de acesso ao produto, apresentou correlação positiva e significativa.
Quando é possível a experimentabilidade do produto tende a causar um
comportamento inovador. A hipótese H13 é aceita:
H13: O grau de experimentabilidade percebido pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Tabela 79 – Experimentabilidade e comportamento inovador – Correlação
EXPERIMENTABILIDADE
Variável N
Correlação Sig.
Acesso ao produto 414 0,291 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
A observabilidade é medida por duas dimensões: pela aparência do
consumidor e pela observação do produto, seja em casa ou no supermercado.
Ambas as dimensões possuem correlações significativas e positivas, apresentadas
na tabela 80. Assim, a hipótese H14a e H14b são aceitas:
H14a: O grau de observabilidade percebido da aparência do consumidor
de orgânicos pelos consumidores está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos orgânicos
H14b: O grau de observabilidade do produto percebido pelo consumidor
está associado positivamente com o comportamento inovador em relação a
produtos orgânicos
Tabela 80 – Obervabilidade e comportamento inovador – Correlação
OBERVABILIDADE
Variável N
Correlação Sig.
Aparência do consumidor 336 0,371 0,000**
Produto 336 0,222 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
225
Embora na etapa qualitativa a maioria dos consumidores tenha comentado
que as pessoas não observam os alimentos que as outras consomem, a etapa
quantitativa apontou que as pessoas com maior comportamento inovador observam
tanto a aparência das pessoas que consomem os produtos orgânicos, como o
produto em si, no local de compra e de consumo.
E o valor percebido também é medido por duas dimensões: pelo valor
percebido nas características do produto e no custo-benefício percebido. Ambas as
dimensões são positivas e significantes, sendo as hipóteses H15a e H15b aceitas,
conforme tabela 81:
H15a: O valor percebido pelas características dos produtos orgânicos
pelos consumidores está associado positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
H15b: O valor percebido pelo custo-benefício dos produtos orgânicos
pelos consumidore es associado positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
Tabela 81 – Valor percebido e comportamento inovador – Correlação
VALOR PERCEBIDO
Variável N
Correlação Sig.
Características do produto 401 0,200 0,000**
Custo-benefício 401 0,344 0,000**
(**) Significante a 0,01
Fonte: Dados da pesquisa
Na etapa qualitativa também foram apresentados aspectos de ambas as
dimensões, salientando que mesmo o produto orgânico sendo mais caro o custo-
benefício é superior, como no caso da prevenção de doenças e bem-estar familiar,
como nas características do próprio produto, sendo mais saboroso e durável.
4.2.3.4 Resumo dos resultados da verificação das hipóteses
Na tabela 82 são apresentadas todas as hipóteses e respectivos resultados:
226
Tabela 82 – Resumo dos resultados da verificação das hipóteses
VARIÁVEL
HIPÓTESES VERIFICAÇÃO
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
SÓCIO-ECONÔMICAS H1
A categoria social dos consumidores está associada
positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
REJEITADA
RENDA H2
A renda dos consumidores está associada positivamente
com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
REJEITADA
IDADE H3
A idade dos consumidores está associada positivamente
com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
REJEITADA
GÊNERO H4
Não há diferença entre homens e mulheres no
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
REJEITADA
OCUPAÇÃO H5
O prestígio de ocupação dos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos
REJEITADA
H6a
Filhos morando junto com consumidores está associado
positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
REJEITADA
COMPOSIÇÃO
FAMILIAR
H6b
Filhos menores de 10 anos de idade morando junto com
consumidores está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
REJEITADA
CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
H7a
A tendência dos consumidores a serem pioneiros no
consumo de inovações está associada positivamente
com o comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
TENDÊNCIA A INOVAR
H7b
A tendência dos consumidores a buscarem inovações
está associada positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
ACEITA
H8a
O conhecimento subjetivo dos consumidores sobre
produtos orgânicos está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
H8b
O conhecimento objetivo dos consumidores sobre
produtos orgânicos está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
H8c
A familiaridade dos consumidores sobre produtos
orgânicos, pela maior freqüência de compra, está
associada positivamente com o comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos
ACEITA
CONHECIMENTO
DE PRODUTOS
ORGÂNICOS
H8d
A familiaridade dos consumidores sobre produtos
orgânicos, pelo consumo a mais tempo, está associada
positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
ACEITA
H9a
A percepção de relevância dos produtos orgânicos está
associada positivamente com o comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos
ACEITA
H9b
A percepção de prazer gerada pelo consumo dos
produtos orgânicos está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
H9c
A percepção do valor simbólico dos produtos orgânicos
está associada positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
ACEITA
ENVOLVIMENTO
H9d
A percepção de importância de risco dos produtos
orgânicos está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
REJEITADA
227
orgânicos
H9e
A percepção de probabilidade de risco dos produtos
orgânicos está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
H10a
A susceptibilidade à influência normativa dos
consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
REJEITADA
SUSCEPTIBILIDADE À
INFLUÊNCIA
INTERPESSOAL
H10b
A susceptibilidade à influência informativa dos
consumidores está associada positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS DA INOVAÇÃO
VANTAGEM RELATIVA H11
O grau de vantagem relativa percebido pelos
consumidores está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
COMPATIBILIDADE H12
O grau de compatibilidade percebido pelos consumidores
está associado positivamente com o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos
ACEITA
EXPERIMENTABILIDA-
DE
H13
O grau de experimentabilidade percebido pelos
consumidores está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
H14a
O grau de observabilidade percebido da aparência do
consumidor de orgânicos pelos consumidores está
associado positivamente com o comportamento inovador
em relação a produtos orgânicos
ACEITA
OBSERVABILIDADE
H14b
O grau de observabilidade do produto percebido pelo
consumidor está associado positivamente com o
comportamento inovador em relação a produtos
orgânicos
ACEITA
H15a
O valor percebido pelas características dos produtos
orgânicos pelos consumidores está associado
positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
ACEITA
VALOR PERCEBIDO
H15b
O valor percebido pelo custo-benefício dos produtos
orgânicos pelos consumidore está associado
positivamente com o comportamento inovador em
relação a produtos orgânicos
ACEITA
Fonte: Dados da pesquisa
Nenhuma das hipóteses de pesquisa referente às características pessoais foi
aceita. Assim, as hipóteses H1, H2, H3, H4, H5, H6 e H6b foram rejeitadas.
Quanto às características psicológicas, todas as hipóteses de tendência a
inovar (H7a e H7b) e conhecimento de produtos orgânicos foram aprovadas (H8a,
H8b, H8c, H8d). As hipóteses H9a, H9b, H9c e H9e de envolvimento foram aceitas e
a H9d, dimensão importância de risco, foi rejeitada. O fator susceptibilidade de
influência interpessoal rejeitou a influência normativa (H10b) e aceitou a influência
informativa (H10b).
Todas as hipóteses relacionadas às características percebidas da inovação
(H11, H12, H13, H14a, H14b, H15a e H15b) foram confirmadas.
228
4.2.4 Análises complementares
Para verificação das hipóteses utilizou-se o teste de correlação. Como análise
complementar realizou-se uma análise de regressão múltipla com o método de todas
as variáveis e uma análise de cluster para identificar possíveis grupos distintos de
consumidores baseado nas características percebidas de produtos orgânicos.
4.2.4.1 Análise de regressão múltipla
Após verificadas as hipóteses, julgou-se necessário realizar adicionalmente
um teste de regressão múltipla com o método de inclusão de todas as variáveis, com
o objetivo de estabelecer o nível de contribuição de cada uma das variáveis.
Atualmente, o termo regressão linear define um conjunto vasto de técnicas
estatísticas usadas para modelar relações entre variáveis e predizer o valor de uma
variável dependente (ou de resposta) a partir de um conjunto de valores
independentes (ou preditora), ou seja, pretende determinar a influência de uma ou
mais variáveis (independentes) como influênciadoras ou capazes de prever o
comportamento de outra (dependente) (MAROCO, 2007).
Para análise de regressão multipla foram consideradas as variáveis referentes
as características percebidas da inovação e as características psicológicas,
utilizando a regressao simultânea, em que todas as variáveis o colocadas
simultâneamente na equação. O modelo formado explica 41,1% (R
2
= 0,411) da
variaçao do comportamento inovador. Ao realizar a ANOVA verificou-se que o
modelo apresenta grande significância estatística (p = 0,000), com um valor de F
(10,747) superior ao valor crítico para os graus de liberdade apresentados.
O próximo passo foi a determinação de quais das variáveis incluídas no
modelo contribuem para a previsão do comportamento inovador. Esta informação é
fornecida na tabela 83, na coluna Beta e na coluna Sig. A variável que apresenta
maior contribuição é a de freqüência de compra (B = 0,351 e Sig 0,000). As outras
variáveis que apresentam uma contribuição ligeiramente menor são respectivamente
tempo de consumo (B = 0,206 e Sig 0,000), experimentabilidade (B = 0,157 e Sig
229
0,005) e visibilidade do produto orgânico (B = 0,118 e Sig = 0,039). As duas
primeiras variáveis preditoras do modelo proposto pertencem as características
percebidas da inovação e as outras duas as características percebidas da inovação.
Destaca-se assim, a importância da familiaridade para o comportamento inovador de
produtos orgânicos.
Tabela 83 – Análise de regressão – Coeficientes
Coeficientes não
padronizados
Coeficientes
padronizados
Colinearidade
Modelo
B
Erro
padrão Beta
t Sig.
Tolerância
(Constante)
-1,134
0,257
-4,418
0,000
Tendência a inovar –
Pioneirismo
0,071
0,056
0,070
1,273
0,204
0,677
Tendência a inovar –
Busca por inovações
0,034
0,056
0,032
0,597
0,551
0,723
Conhecimento –
Expertise subjetivo
0,052
0,061
0,050
0,844
0,400
0,573
Conhecimento –
Expertise objetivo
-0,029
0,029
-0,055
-1,004
0,316
0,678
Conhecimento –
Familiaridade –
Freqüência de compra
0,230
0,036
0,351
6,331
0,000
0,667
Conhecimento –
Familiaridade – Tempo
de consumo
0,205
0,052
0,206
3,967
0,000
0,760
Envolvimento –
relevância
0,083
0,071
0,076
1,159
0,248
0,482
Envolvimento – prazer
0,028
0,052
0,027
0,543
0,587
0,843
Envolvimento – valor
simbólico
-0,025
0,053
-0,026
-0,475
0,635
0,703
Envolvimento –
importância de risco
0,032
0,049
0,031
0,645
0,519
0,887
Envolvimento –
probabilidade de risco
0,064
0,053
0,061
1,220
0,224
0,812
Susceptibilidade à
influência normativa
-0,035
0,057
-0,034
-0,613
0,541
0,664
Susceptibilidade à
influência informativa
0,034
0,051
0,032
0,672
0,502
0,883
Vantagem relativa
0,052
0,077
0,052
0,679
0,498
0,344
Compatibilidade
0,010
0,080
0,009
0,119
0,905
0,347
Experimentabilidade
0,157
0,055
0,157
2,847
0,005
0,674
Observabilidade
aparência
do consumidor
0,097
0,075
0,098
1,295
0,196
0,360
Observabilidade
visibilidade do
produto orgânico
0,118
0,057
0,118
2,074
0,039
0,633
Valor percebido –
características do
produto
-0,060
0,063
-0,055
-0,954
0,341
0,611
Valor percebido – custo
benefício
-0,048
0,094
-0,045
-0,507
0,612
0,256
Variável dependente: Comportamento inovador
Fonte: Dados da pesquisa
230
A análise dos resíduos também pode ser usada como indicadores de
normalidade das variáveis do modelo (HAIR, 2005). O gráfico 01 apresenta a
regressao parcial padronizada dos resíduos através de um histograma e mostra a
existência de uma curva próxima a normal.
Gráfico 1 – Regressão parcial dos resíduos
Regresão parcial padronizada dos resíduos
420-2
Freqüência
40
30
20
10
0
Variável dependente: Comportamento inovador
Mean =3,65E-16
Std. Dev. =0,965
N =293
Fonte: Dados da pesquisa
O gráfico 02 permite visualizar a probabilidade normal dos resíduos. Os
valores estão ao longo da diagonal sem desvios substanciais ou sistemáticos, o que
significa que os resíduos são considerados de uma distribuição normal. Assim, pode-
se afirmar que a variável estatística de regressão satisfaz a suposição de
normalidade.
É necessário avaliar também o grau de multicolinearidade das variáveis,
medidos através da correlação entre as variáveis independentes do modelo. Caso
ocorra a multicolinearidade o processo de estimação dos efeitos individuais das
variáveis torna-se mais difícil. Além disso, uma redução no poder preditivo
coletivo das variáveis independentes no modelo (HAIR, 2005). Na tabela 84,
constam as correlações entre as variáveis incluídas no modelo:
231
Tabela 84 – Análise de regressão – Correlação
Correlação de
Pearson
Tendência a inovar
Pioneirismo
Tendência a inovar
Busca por
inovações
Conhecimento –
Expertise subjetivo
Conhecimento –
Expertise objetivo
Conhecimento –
Familiaridade –
Freqüência de
compra
Conhecimento –
Familiaridade –
Tempo de consumo
Envolvimento –
relevância
Envolvimento –
prazer
Envolvimento –
valor simbólico
Envolvimento –
importância de
risco
Envolvimento –
probabilidade de
risco
Susceptibilidade à
influência
normativa
Susceptibilidade à
influência
informativa
Vantagem relativa
Compatibilidade
Experimentabilidade
Observabilidade –
aparência do
consumidor
Observabilidade –
visibilidade do
produto orgânico
Valor percebido –
características do
produto
Valor percebido –
custo benefício
Tendência a inovar –
Pioneirismo
1 -0,009 0,247 0,191 0,143 0,078 0,123 0,155 0,157 -0,01 0,078 0,395 0,062 0,229 0,284 0,295 0,191 0,309 0,193 0,117
Tendência a inovar –
Busca por inovações
1 0,314 0,196 0,245 0,165 0,287 0,047 0,073 0,185 0,061 0,013 0,091 0,334 0,380 0,027 0,322 0,091 0,089 0,294
Conhecimento –
Expertise subjetivo
1 0,475 0,310 0,335 0,309 0,047 0,198 0,064 0,349 0,011 -0,004 0,343 0,418 0,194 0,296 0,149 0,189 0,367
Conhecimento –
Expertise objetivo
1 0,260 0,264 0,347 0,124 0,186 -0,032 0,194 0,054 -0,029 0,334 0,341 0,178 0,380 0,084 0,234 0,332
Conhecimento –
Familiaridade –
Freqüência de compra 1 0,372 0,345 0,069 0,241 0,162 0,184 0,031 0,017 0,274 0,439 0,109 0,373 0,083 0,107 0,429
Conhecimento –
Familiaridade –
Tempo de consumo 1 0,222 0,072 0,103 0,024 0,185 -0,113 0,009 0,167 0,285 0,066 0,256 -0,037 0,073 0,29
Envolvimento –
relevância 1 -0,008 0,073 0,045 0,090 0,015 0,125 0,549 0,504 0,133 0,519 0,009 0,241 0,593
Envolvimento –
prazer
1 0,093 0,012 0,005 0,095 0,084 0,208 0,198 0,134 0,259 0,121 0,169 0,158
Envolvimento –
valor simbólico
1 -0,014 0,047 0,159 -0,087 0,216 0,343 0,217 0,348 0,217 0,278 0,310
Envolvimento –
importância de risco
1 0,045 -0,097 0,054 0,166 0,097 -0,11 0,065 -0,050 -0,082 0,148
Envolvimento –
probabilidade de risco 1 -0,083 -0,045 0,187 0,252 0,084 0,184 -0,016 0,075 0,230
Susceptibilidade à
influência normativa 1 0,047 0,116 0,131 0,245 0,119 0,452 0,087 0,041
Susceptibilidade à
influência informativa 1 0,095 0,038 0,034 0,114 0,122 0,108 -0,048
Vantagem relativa
1 0,581 0,048 0,64 0,081 0,273 0,713
Compatibilidade
1 0,172 0,604 0,109 0,298 0,721
Experimentabilidade
1 0,226 0,343 0,410 0,042
Observabilidade –
aparência do
consumidor 1 -0,016 0,452 0,573
Observabilidade –
visibilidade do produto
orgânico 1 0,137 0,055
Valor percebido –
características do
produto 1 0,116
Valor percebido –
custo benefício
1
Correlação significante a 0,05
Fonte: Dados da pesquisa
232
Gráfico 2 – Probabilidade normal dos resíduos
Observados (Prob)
1,00,80,60,40,20,0
Esperados (prob)
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Variável dependente: Comportamento inovador
Fonte: Dados da pesquisa
Na tabela 83, a coluna tolerância apresenta o complemento do coeficiente de
determinação (1 - R
2
). Ele também auxília na identificação da multicolinearidade. Se
o valor for próximo de zero, indica fortes indícios de multicolineaidade, como o
modelo apresentas valores acima de zero, demonstra que não indicios de
multicolinearidade.
4.2.4.2 Tipologia de consumidores – análise de cluster
Como análise complementar também foi elaborada uma análise de cluster a
fim de identificar possíveis grupos distintos de consumidores baseado nas
características percebidas de produtos orgânicos. A análise de cluster ou de grupo é
uma técnica exploratória de análise multivariada que permite agrupar sujeitos ou
variáveis em grupos homógenos relativamente a uma ou mais variáveis. Cada
observação pertencente a um determinado cluster é similar a todas as outras
pertecentes a esses cluster e é diferente das observações pertencentes aos outros
cluster (MAROCO, 2007).Para realização da análise de cluster foram considerados
303 casos válidos. Na análise de cluster, os agrupamentos de caso foi feito usando
a distância euclidiana. Esta medida de dissemelhança trica mede o comprimento
da reta que une duas observações. Quanto menor é a distância euclediana, maior é
233
a proximidade entre dois indivíduos (MAROCO, 2007). Segundo Hair (2005) a
distância mais comumente utilizada é a distância euclediana.
Existem basicamente duas técnicas análiticas de análise de clusters, o
agrupamento hierárquico e o o-hierárquico de clusters. O método utilizado neste
estudo foi o agrupamento hierárquico. As técnicas hierárquicas recorrem a passos
sucessivos de agregação dos sujeitos considerados individualmente, cada sujeito é
um cluster, e depois estes vão sendo agrupados de acordo com as suas
proximidades, ou pelo contrário todos os sujeitos são, iniciados, agrupados num
único cluster e depois o divididos em subgrupos de acordo com as suas medidas
de distância (MAROCO, 2007).
Os métodos hierárquicos de agrupamento de cluster diferem essencialmente
no modo como estas distâncias, após o passo inicial são calculados. O método
utilizado foi o método de Ward que não calcula distância e os métodos são formados
de modo a minimizar a soma dos quadrados dos erros. Em cada um dos passos do
algoritimos, os clusters retidos são aqueles, de todos os possíveis, com a menor
soma dos quadrados dos erros (MAROCO, 2007).
A aglomeração dos casos é representado pelo dendograma, uma
representação gráfica que coloca os casos em um dos eixos e no outro eixo os
passos do agrupamento hierárquico. Baseado na análise visual optou-se por dividir
em 5 agrupamentos distintos. Este número de grupos foi considerado parcimínioso e
em linha com a teoria no que tange a definição de número de agrupamentos.
Segundo Hair (2005) para a escolha do número de grupos pode-se começar o
processo de agrupamentos pela especificação de considerações práticas,
selecionando a melhor alternativa depois de avaliar todas. Na análise final, porém, é
melhor computar várias soluções diferentes e então decidir entre as soluções
alternativas pelo uso de um critério a priori, julgamento prático, senso comum ou
fundamentação teórica.
Baseado na divisão em cinco grupos, criou-se uma nova variável a qual
classifica os casos pelo grupo a qual pertencem. O primeiro grupo é composto por
78 consumidores, o segundo por 70, o terceiro por 43, o quarto por 68 e o quinto e
último por 44 consumidores.
Foi realizada uma ANOVA para verificar se existem diferenças entre os cinco
grupos para cada uma das variáveis e para identificar quais variáveis mais
contribuem para cada cluster. Todas as vaiáveis mostram-se significativas. As
234
variáveis referentes a experimentabilidade e vantagem relativa são as que
apresentam maior valor F, sendo as mais significativas na definição dos
agrupamentos.
Para complementar foi realizado um teste de Tukey entre cada um dos cinco
grupos para melhor analisar as diferenças de cada grupo. Foi utilizado o teste Tukey
considerando o número de casos diferentes entre os grupos. Para facilitar a
interpretação dos dados e definição de uma tipologia, foi elaborada a tabela 85,
destacando os grupos com notas mais altas. As cores de cada variável indicam que
não há diferenças entre as médias da mesma cor.
Tabela 85 – Análise de cluster – Variáveis de características percebidas
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3 Grupo 4
Grupo 5
Desa-
tentos
Pouco
atentos
Atentos
aos
aspectos
concretos
do
produto
Atentos
aos
benefí-
cios do
produto
Atentos aos
aspectos do
produto
relacionados
a relevância
pessoal e
social
N 78 70 43 68 44
F
Sig.
Valor percebido –
características do produto
-0,628 -0,125
0,905
-0,205 0,859 46,320 0,000
Valor percebido –
custo-benefício
-1,115 -0,125 0,030
0,771
0,626 88,713 0,000
Observabilidade
aparência do consumidor
-1,083 -0,231 0,482 0,465
0,988
81,399 0,000
Observabilidade
visibilidade do produto
-0,246 -0,154
1,199
0,286 -0,402 25,124 0,000
Vantagem relativa
-1,276 -0,043 0,168
0,705
0,676
100,435
0,000
Compatibilidade
-1,039 -0,121 0,363 0,629
0,908
89,810 0,000
Experimentabilidade
-0,347 -0,167
1,715
-0,602 0,751
104,184
0,000
Fonte: Dados da pesquisa
Analisando os dados da tabela, percebe-se uma grande diferença entre o
grupo 1 e o grupo 5, sendo o primeiro destacado por não reparar nas caracteristicas
e o grupo 5 por considerar quase todas as características. O grupo 2 é o mais
próximo ao grupo 1, que aparece percebendo algumas características, porém muito
menos do que os outros 3 grupos. os grupos 3 e 4 se igualam no momento que
percebem características específicas dos produtos orgânicos, se diferenciando
justamente pelo tipo de características. O grupo 3 considera as características do
próprio produto. O grupo 4 percebe as características ligadas ao benefícios que o
seu consumo e produção pode trazer a si próprio, a natureza ou sociedade. O grupo
5 apesar de perceber várias características, destaca-se pela observação da
235
aparência (saudável, pele bonita e feliz) de quem consome os orgânicos e também
da relação dos seus valores com os dos propostos pelo consumo de produtos
orgânicos.
Com base nesta análise nomeou-se os grupos da seguinte maneira:
Grupo 1 (N = 78) Desatentos: Os consumidores pertencentes a este grupo
são aqueles que não observam nenhuma das características dos produtos
orgânicos. Vale destacar que esse é o grupo com mais integrantes.
Grupo 2 (N = 70) Pouco atentos: Os menos desatentos percebem um pouco
de algumas características, porém não destacam-se na percepção de nenhuma
característica em especial. É o segundo grupo mais numeroso.
Grupo 3 (N = 43) Atentos aos aspectos concretos dos produtos: Os
atentos aos produtos são os consumidores que prestam mais atenção as
características do produto em si. Destaca-se pela percepção do valor percebido
baseado nas características do produto, pela observabilidade dos produtos seja na
hora da compra, seja na casa de alguma pessoa e pela experimentabilidade dos
produtos. Não dão tanta atenção aos benefícios do produto e a relação entre os
seus próprios valores e os percebidos pelos produtos orgânicos.
Grupo 4 (N = 68) Atentos aos benefícios dos produtos: Os atentos aos
benefícios é composto pelos consumidores que observam os benefícios que o
consumo de produtos orgânicos podem causar. Destacam-se as características de
valor percebido baseado no custo-benefício e na vantagem relativa. Em menor
intensidade esse grupo atenção a característica compatibilidade, que está
relacionada aos valores da pessoa com os valores dos produtos orgânicos. Dos três
grupos que percebem as características (atentos aos produtos, atentos aos
benefícios e atentos aos valores) este é o grupo com mais consumidores.
Grupo 5 (N = 44) Atentos aos aspectos do produto relacionados a
relevância pessoal e social: Participam deste grupo os consumidores que mais
percebem as características dos produtos orgânicos. Em destaque está a percepção
dos seus valores com os dos produtos orgânicos, embora percebam também as
características dos produtos e os seus benefícios.
236
Tabela 86 – Análise de Cluster – Variáveis do Modelo – ANOVA e Tukey
Grupo
1
Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Dimensões
Desa-
tentos
Pouco
atentos
Atentos
aos
aspectos
concretos
do
produto
Atentos
aos
benefí-
cios do
produto
Atentos aos
aspectos do
produto
relacionados
a relevância
pessoal e
social
N
78 70 43 68 44
F Sig
Comportamento
inovador
-0,582 -0,198 0,640 0,195 0,415 16,338
0,000
CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
Idade (não significativa) 1,872 0,115
CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
Tendência a
inovar -
pioneirismo
-0,248 -0,116 0,753 0,065 0,368 9,608 0,000
Tendência a
inovar - busca
por inovações
-0,451 -0,328 0,189 0,432 0,410 14,140
0,000
Conhecimento -
expertise
objetivo
5,782 7,100 7,791 7,500 8,205 17,688
0,000
Conhecimento -
expertise
subjetivo
-0,488 -0,250 0,408 0,326 0,676 17,090
0,000
Conhecimento -
familiaridade -
freqüência de
compra
2,167 2,671 3,302 3,750 3,727 15,796
0,000
Conhecimento -
familiaridade -
tempo de
consumo
2,590 2,957 3,070 3,235 3,432 6,722 0,000
Envolvimento –
relevância
-0,873 -0,111 0,086 0,455 0,645 34,127
0,000
Envolvimento –
prazer
-0,208 -0,073 0,155 0,095 0,414 3,477 0,009
Envolvimento –
valor simbólico
-0,408 -0,190 0,421 0,274 0,441 9,852 0,000
Envolvimento –
importância de
risco
-0,093 -0,003 -0,274 0,145 0,019 1,304 0,005
Envolvimento –
probabilidade
de risco
-0,283 -0,136 0,053 0,155 0,434 5,092 0,001
Susceptibilidade
à influência
normativa
-0,157 -0,023 0,761 0,063 -0,072 7,081 0,000
Susceptibilidade
à influência
informativa
(não significativa) 0,606 0,658
Fonte: Dados da pesquisa
237
Após a categorização dos grupos foram realizados testes de análise de
variância com teste de Tukey em relação as variáveis atitudinais e comportamentais
e também para a característica pessoal idade, tabela 86. Já o teste Qui-Quadrado,
tabela 87, foi aplicado para as variáveis referentes as características pessoais. O
teste do Qui-Quadrado serve para testar se duas ou mais populações independentes
diferem relativamente a uma determinada característica, ou seja, se a freqüência
com que os elementos da amostra se dividem pelas classes de uma variável nominal
categorizada é ou não igual. O objetivo desses testes é realizar análises explicativas
em relação aos grupos definidos.
Segundo Cardello et al. (2000), o estudo do comportamento do consumidor
tem se baseado em duas classes de variáveis dependentes: as variáveis atitudinais
e as comportamentais. Em relação as atitudinais, encontram-se estudos que
envolvem medidas afetivas, como a aceitação, a preferência do consumidor por
determinado produto, entre outras. As variáveis comportamentais incluem medidas
de escolha, compra e consumo do produto.
O primeiro teste realizado verificou as diferenças dos grupos considerando a
variável comportamento inovador, apresentando-se significativa. O grupo mais
inovador é o dos consumidores atentos aos aspectos concretos do produto, seguido
dos consumidores atentos aos aspectos do produto relacionados a relevância
pessoal e social. Os desatentos e os pouco atentos são os que apresentam menor
perfil inovador.
Em seguida, foram verificadas as diferenças dos grupos considerando as
variáveis atitudinais e comportamentais relacionadas as características pessoais e
características psicológicas. As variáveis idade e susceptibilidade à influência
informativa não apresentaram significância. Vale destacar que nos testes anteriores,
ao contrário deste, a susceptibilidade à influência interpessoal informativa
apresentou significância estatística.
O grupo dos desatentos não representa destaque pela percepção de
nenhuma característica em específico, pelo contrário, é o que menos percebe todas
as características. O grupo dos pouco atentos também não destaca-se em nenhuma
das variáveis, apresentando um valor um pouco maior quando comparado com o
grupo dos desatentos.
238
Tabela 87 – Análise de Cluster – Variáveis do Modelo – Teste Qui-Quadrado
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Dimensões
Desatentos
Pouco atentos
Atentos aos
aspectos
concretos do
produto
Atentos aos
benefícios do
produto
Atentos aos
aspectos do
produto
relacionados a
relevância
pessoal e
social
N 78 70 43 68 44
Qui-
qua-
drado
Sig
A1 7 4 7 8 3
A2 34 34 27 30 22
B1 25 21 9 17 13
Sócio-
econômicas
B2 12 11 10 13 6
7,804 0,800
Até R$
3.479,36 18 16 14 17 10
Até R$
6.563,73
26 28 14 17 14
Até R$
9.733,47 8 13 6 11 14
Renda
Acima de R$
9.733,47
8 13 6 11 6
10,474 0,575
Feminino
33 24 24 40 20
Gênero
Masculino
45 46 19 28 24
10,418 0,034
Estudante 1 0 4 3 1
Dona de casa 1 2 1 1 1
Aposentado 8 2 6 5 3
Empregado 7 9 7 7 5
Profissional
liberal
empregado 10 9 4 8 8
Profissional
liberal
autônomo 14 12 7 10 10
Média
gerência
11 10 3 8 5
Alta gerência 11 11 4 14 3
Dono de
empresa
7 8 5 10 6
Supervisores 1 2 0 0 0
Ocupação
Agricultor 1 0 0 1 2
34,321 0,723
Sim 41 43 23 41 23
Composição
familiar - com
filhos
Não 37 27 20 27 21
2,059 0,725
Sim 15 16 6 18 5
Composição
familiar -
filhos
menores de
10 anos
Não 26 27 17 23 18
4,141 0,387
Fonte: Dados da pesquisa
O grupo dos atentos aos aspectos concretos produtos é mais susceptível à
influência normativa, considerando a opinião de outras pessoas na escolha de
produtos alimentícios. Apresenta maior tendência a inovar em relação a pioneirismo,
ou seja, é um dos primeiros a comprar novos produtos alimentícios. o grupo dos
atentos aos benefícios do produto apresenta maior tendência a inovar buscando
novidades sobre produtos alimentícios. Também se destaca por maior familiaridade
pela freqüência de compra e alto envolvimento com a importância de risco.
239
O grupo dos atentos aos aspectos do produto relacionados a relevância
pessoal e social é o que considera mais fatores. Apresenta alto expertise tanto
objetivo quanto subjetivo, mostrando que considera e também tem conhecimento
sobre os produtos orgânicos. Apresenta maior tempo de consumo e também maior
envolvimento com os produtos, abrangendo quatro dos cinco fatores de
envolvimento: relevância, prazer, valor simbólico e probabilidade de risco.
Apenas o teste qui-quadrado de gênero mostrou-se significativo. Os grupos
dos desatentos e dos pouco atentos são composto por mais homens (58% e 66%)
do que mulheres (42% e 34%). Ao contrário, o grupo dos atentos aos aspectos
concretos produtos e dos atentos aos benefícios dos produtos são mais femininos
(56% e 59%) do que masculinos (44% e 41%). O grupo dos atentos aos aspectos do
produto relacionados a relevância pessoal e social é um pouco mais masculino
(55%) do que femininos (45%). Assim, não diferença entre os grupos em relação
à classe sócio-econômica, a renda e a ocupação, bem como, quanto à composição
familiar. Percebe-se com isso, que as mulheres apresentam um perfil mais
perceptivo das características dos produtos orgânicos do que os homens, embora o
grupo dos atentos aos aspectos do produto relacionados a relevância pessoal e
social sejam composto por um pouco mais de homens.
240
5 DISCUSSÕES SOBRE OS RESULTADOS
A seguir o avaliados os resultados obtidos na pesquisa, estabelecendo
suas relações com a teoria e com os objetivos do estudo.
5.1 COMPORTAMENTO INOVADOR
Para definição do comportamento inovador, foi medido o grau de adoção de
produtos orgânicos para cada indivíduo, com base na variedade de compra de
produtos orgânicos e freqüência de consumo. A análise de componentes principais
originou o escore que resume a informação disponível nas variáveis variedade de
compra e freqüência de consumo, ordenando os entrevistados de acordo com o seu
grau de adoção. O escore de comportamento inovador obtido para cada entrevistado
foi então utilizado para contrastar as variáveis do modelo.
Considerando os dados descritivos do consumo de produtos orgânicos,
percebeu-se, que o consumo de produtos orgânicos é um mercado a ser explorado,
tanto considerando a variedade de produtos que os consumidores consomem, como
a sua freqüência. Segundo Sakate (2007), as principais redes de varejo do país,
atentas a um mercado crescente, mas que apresenta gargalos, têm intensificado as
ações para ampliar as vendas e a base de consumidores de produtos orgânicos.
Mesmo com esse investimento, considerando o estado do Paraná, por exemplo, que
é líder nacional na produção de hortaliças e grãos orgânicos, em termos de
consumo, está distante dos primeiros lugares, sendo uma oportunidade de expansão
de mercado (CARNIERI, 2006).
Dos 37 produtos listados, apenas 9 (24%) são consumidos por mais de 50%
dos entrevistados, 19 (51%) apresentam penetração entre 30% e 50% e 9 (24%)
possuem penetração inferior a 30%. Os produtos com maior consumo são referentes
a verduras e legumes: alface (89%), tomate (70%), brócolis (69%), cenoura (64%),
rúcula (60%), couve-flor (56%), couve (55%), agrião (55%) e o morango (54%). Os
menos consumidos se dividem entre várias categorias, como grãos, carnes e
241
derivados e frutas: carne suína (12%), carne bovina (18%), leite (21%), soja (24%),
trigo (24%), pêra (27%), carne de frango (28%), café (29%) e alho poro (29%).
Quando verificada a freqüência de consumo, a maioria dos itens apresenta
percentual mais representativo no item menos de uma vez por mês (59%), sendo
que nenhum dos produtos apresentam maior percentual nas freqüências de
consumo superiores a 1 vez por semana (2 a 3 vezes por semana, 5 a 6 vezes por
semana e todos os dias).
Vale ressaltar que os dados da pesquisa são similares aos dados da pesquisa
do Projeto Organics Brasil, apontando que o mercado de produtos orgânicos cresce
em média de 45% ao ano em todo o mundo. E o Brasil segue a linha desse
crescimento (FERREIRA, 2008).
5.2 CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
Todas as hipóteses referentes às características pessoais foram rejeitadas. A
a questão relativa a idade não foi comprovada, não sendo possível afirmar se
consumidores mais jovens têm ou não comportamento mais inovador considerando
a taxa de adoção de produtos orgânicos.
Considerando as características cio-econômicas foi rejeitada a hipótese de
que consumidores com característica cio-econômica elevada demonstram maior
comportamento inovador. Vale destacar que a pesquisa foi realizada com indivíduos
enquadrados no Critério Brasil nas classes A e B, representando assim, uma
população com maior renda. Não consideramos no estudo, indivíduos pertencentes
à classe C, D e E que possuem uma remuneração bem inferior. Segundo Iniberto
Hamerschmidt (2008), Coordenador Estadual de Agricultura Orgânica da EMATER-
PR, a quantidade produzida de produtos orgânicos ainda é insuficiente para garantir
a alimentação segura a toda a população e o preço é distorcido a chegar ao
consumidor.
O mesmo acontece com renda. Os resultados mostram que o perfil inovador
de produtos orgânicos não é alterado pela renda, indo contra a teoria proposta
(ZALTMAN , LIN , 1971 ; ROGERS, 1995 ; ROBERTSON , GATIGNON, 1991 ;
SCHIFFMAN ; KANUK, 2000), mas de acordo com os resultados de Pimenta Pádua
242
Jr. (2005) e da pesquisa qualitativa. Esse fato pode ser explicado pela crescente
preocupação das pessoas com sua saúde e pelo tipo de inovação estudada, visto
que o produto o representa um alto custo, conforme destacado na etapa
qualitativa.
Indo contra a teoria proposta (PIMENTA DUA JR., 2005) a pesquisa
mostrou que as mulheres apresentam um perfil mais inovador do que os homens.
Isso pode ser causado pelo fato das mulheres serem mais ligadas a compra de
alimentos e serem na maioria das vezes as responsáveis pelo preparo da
alimentação. Blackwell, Miniard e Engel (2005) e Kotler e Armstrong (2003) afirmam
que algumas categorias são tradicionalmente de domínio feminino, como roupas
femininas, roupas infantis e gêneros alimentícios.
Ao contrário da teoria (ROGERS, 1995 ; SCHIFFMAN ; KANUK, 2000 ;
BELLO, 2007) o prestigio de ocupação e a composição familiar também não afetam
o comportamento inovador de produtos orgânicos. Os resultados são simialres aos
da pesquisa qualitativa que não identificou diferenças quanto à ocupação dos
entrevistados e nem ao fato de terem filhos. Na qualitativa, tanto as famílias com
filhos pequenos, como sem filhos, mostraram-se preocupados com o seu bem-estar
e da família. No estudo de Cerveira e Matos (1999) também foi identificada a
importância da saúde pessoal e familiar.
Comparando o perfil do consumidor e não consumidor, ele se diferencia em
poucos aspectos. Quanto ao estado civil os não consumidores são em sua maioria
solteiros, mais jovens, o são eles os responsáveis pelas compras. Comparando o
local de almoço, em casa ou no restaurante, o consumidor de orgânicos apresenta
um número superior de pessoas que almoçam em casa (64%), quando comparado
ao não consumidor (49%). Diferem também quanto ao fato de terem filhos, os
consumidores têm mais filhos (59%) que os não consumidores (46%). São
semelhantes quanto a renda familiar, classe cio-econômica, grau de instrução e
número de pessoas em casa.
243
5.3 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
As duas hipóteses relacionadas a tendência a inovar foram aceitas. O
comportamento inovador está ligado tanto com o tempo de adoção do produto
alimentício, como com a busca por novidades relacionadas a produtos de
alimentação. Embora, de acordo com Migdley e Dowling (1978), um indivíduo com
tendência a inovar não apresente necessariamente comportamento inovador, este
estudo mostrou uma grande influência da tendência a inovar dos respondentes em
seu comportamento inovador. O resultado está de acordo com a teoria de Roger
(1995) que define a tendência a inovar como o grau no qual um indivíduo ou outra
unidade de adoção adota novas idéias relativamente mais cedo do que os outros
membros de um sistema.
Todas as hipóteses referentes ao conhecimento de produtos orgânicos foram
aceitas com boas correlações. A análise de regressão múltipla mostrou que o
conhecimento medido pela familiaridade com as dimensões tempo e freqüência de
consumo são as que mais contribuem para o modelo proposto. Para Alba e
Hutchinson (1987), existe uma relação direta entre familiaridade e expertise, em que
um aumento na familiaridade resulta em um aumento na expertise do consumidor
em relação a um determinado produto.
A familiaridade, medida pela freqüência de compra, apresentou uma alta
correlação. E a familiaridade, medida pelo tempo de consumo, apresentou média
correlação. o expertise subjetivo, referente ao que a pessoa pensa que conhece,
apresentou uma média correlação e o expertise objetivo, o que a pessoa realmente
conhece, apresentou pequena correlação. Os resultados estão de acordo com a
teoria. Para Gatignon e Robertson (1985) os consumidores com uma estrutura de
conhecimento melhor desenvolvida precisam de esforço cognitivo menor para a
compreensão e avaliação de uma inovação, possuindo maior probabilidade de
adoção mais cedo (ALBA ; HUTCHINSON, 1987).
A teoria aponta que quanto maior o envolvimento do consumidor com o
produto, maior será o comportamento inovador (Mowen , Minor, 2006 ; Blackwell,
Miniard, Engel, 2005). A maioria das hipóteses relacionada ao envolvimento foi
aceita, demonstrando que no geral o envolvimento influência o comportamento
inovador em relação a produtos orgânicos. As hipóteses relacionadas a
244
envolvimento demonstram que quanto maior for a relevância, o prazer, o valor
simbólico e a probabilidade de risco maior o comportamento inovador. O mesmo
ocorreu no estudo de Souza, Azevedo Barbosa e Teixeira (2006) em que foi
identificado que há um alto nível de envolvimento dos indivíduos no consumo de
alimentos, revelando aspectos racionais e emocionais no consumo de alimentos.
O fator relevância, que apresentou maior correlação entre os fatores de
envolvimento, representa a percepção de um significado pessoal no produto. O fator
prazer, com correlação mais baixa entre os quatro fatores, diz respeito ao valor
hedônico que o produto proporciona ou ao apelo emocional. Ambas correspondem
ao envolvimento duradouro e denotam uma relação do consumidor com o produto. O
valor simbólico é normalmente associado ao envolvimento duradouro, dadas às
características do produto. os fatores importância de risco e probabilidade de
risco representam o risco percebido em determinadas situações de risco, e por isso
tendem a ter um caráter temporário (FONSECA ; ROSSI, 1999). A probabilidade de
risco é o segundo fator com maior correlação e a importância de risco não
apresentou significância.
Para Bearden, Netemeyer e Teel (1989) a susceptibilidade do consumidor à
influência interpessoal pode ser definida como a necessidade desse consumidor em
identificar e agregar significados à sua imagem pessoal através de compra e uso de
produtos e marcas; como o desejo de conformidade quanto às expectativas de
outras pessoas em relação às suas decisões de compras; e como a tendência de
aprender sobre produtos e serviços pela observação dos outros e/ou pela busca de
informações com outras pessoas.
Os resultados sobre a susceptibilidade à influência interpessoal demonstram
que os consumidores com maior influência informativa realmente têm um
comportamento mais inovador. Logo, foi identificado que os consumidores buscam
informações sobre os produtos orgânicos. a hipótese referente à influência
normativa não apresentou correlação com o comportamento inovador. Desta forma
não se pode afirmar que a identificação com os grupos de referência tenha relações
positivas ou negativas com o comportamento inovador.
245
5.4 CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS DA INOVAÇÃO
Em consonância com a teoria, a pesquisa confirmou todas as hipóteses de
pesquisas formuladas que relacionavam características percebidas da inovação e
comportamento do consumidor. As características percebidas da inovação foram
compostas pela vantagem relativa, compatibilidade, experimentabilidade,
observabilidade e valor percebido. A terceira e a quarta variável que mais
contribuem para o modelo proposto é a experimentabilidade e a visibilidade do
produto orgânico, dimensões estas referente a observabilidade.
Para os entrevistados, a vantagem relativa é percebida principalmente pelos
benefícios que causam o consumo de orgânicos, como a contribuição para a
preservação da natureza, benefícios à saúde e o próprio sabor do produto. A
compatibilidade prevê a relação do consumo de orgânicos com os valores pessoais.
A experimentabilidade expressa a facilidade de provar produtos orgânicos. A
observabilidade é composta tanto pela aparência dos consumidores como a
observação do produto. E por último, o valor percebido está relacionado as
características do produto (aparência, qualidade e produção que contribui para a
preservação da natureza) e ao custo-benefício do produto.
Outros estudos sobre produtos orgânicos, não relacionados a adoção de
inovações, também apontam que os consumidores declaram que os produtos
orgânicos são mais naturais e saudáveis, reclamam da falta de um maior número de
pontos de compra e acreditam que pagam um preço mais elevado por esses
produtos do que pagariam por produtos convencionais, entretanto, estão dispostos a
arcar com um preço mais alto para dispor desses produtos em sua dieta alimentar
(CERVEIRA ; CASTRO, 1999)
Foi observado em relação aos consumidores pesquisados que as inovações
com maior grau de vantagem relativa, de compatibilidade e experimentabilidade
conduzem a maior comportamento inovador. Inovações com maior grau de
observabilidade, seja pela aparência do consumidor ou pela observação do produto,
e, com maior valor percebido, pelas características do produto e pelo custo-
benefício, também conduzem a maior comportamento inovador. Assim, quanto maior
a vantagem relativa, a compatibilidade, a experimentabilidade, a observabilidade
(GATIGNON ; ROBERTSON, 1991 ; ROGERS, 1995 ; SUORANTA, 2005 ;
246
PIMENTA DE PÁDUA JR, 2005) e o valor percebido (ZALTAMN ; LIN, 1971 ;
GATIGNON ; ROBERTSON, 1991) maior é o comportamento inovador.
5.5 TIPOLOGIA DE CONSUMIDORES – ANÁLISE DE CLUSTER
Além das conclusões da pesquisa apresentadas, a partir do modelo
proposto neste estudo, foram realizadas algumas análises adicionais, entre as quais
a construção de uma tipologia de consumidores orgânicos com base nas
características percebidas dos produtos orgânicos. Nesta pesquisa, foram
identificados 5 grupos com perfis distintos de consumo de produtos orgânicos, os
quais foram nomeados de:
Desatentos: Os consumidores pertencentes a este grupo são os que menos
percebem as características dos produtos orgânicos. Não se destacam por não
observar nenhuma característica percebida. É o grupo mais numeroso.
Pouco atentos: Quando comparado com o grupo dos desatentos, eles
percebem um pouco das mais características, mas também não se destacam por
nenhuma característica específica. É o segundo grupo mais numeroso.
Atentos aos aspectos concretos do produto: Este é o grupo que apresenta
maior comportamento inovador. Os atentos aos aspectos concretos dos produtos
são os consumidores que prestam mais atenção às características do produto em si.
Destaca-se pela percepção do valor percebido baseado nas características do
produto, como a aparência e a qualidade. Pela observabilidade dos produtos, seja
na hora da compra, seja na casa de alguma pessoa, bem como, no fato das pessoas
observarem os produtos orgânicos que ela própria está comprando. E também pela
experimentabilidade dos produtos. Não dão tanta atenção aos benefícios do produto
e a relação entre os seus próprios valores e os percebidos pelos produtos orgânicos.
Eles mostram um comportamento pioneiro ao comprar e consumir inovações mais
cedo do que outros consumidores e demonstram que sofrem maior influência dos
seus grupos de referências. Este grupo é o que menos considera a importância de
risco, não se importando com o fato de realizar uma compra inadequada,
considerando assim à influência sofrida por outras pessoas. Também apresentam
um alto conhecimento sobre produtos orgânicos e envolvimento com valor simbólico,
247
estando abaixo apenas do grupo dos atentos aos aspectos do produto relacionados
a relevância pessoal e social. Nesse grupo um pouco mais de mulheres do que
homens.
Atentos aos benefícios dos produtos: Reparam nos benefícios que o
consumo de produtos orgânicos pode causar. em o valor percebido baseado no
custo-benefício, o qual considera a superioridade dos produtos orgânicos,
justificando a sua compra. Também percebem a vantagem relativa através da
possibilidade de chegar a uma idade mais avançada, de poder consumir produtos
mais saudáveis, lembrar da época de infância e contribuir com a natureza. Em
menor intensidade esse grupo atenção a característica compatibilidade, que está
relacionada aos valores da pessoa com os valores dos produtos orgânicos. Dos três
grupos que percebem as características (atentos aos aspectos concretos do produto,
atentos aos benefícios dos produtos e atentos aos aspectos do produto relacionados
a relevância pessoal e social) este é o grupo com mais consumidores e o que menos
demonstra comportamento inovador, embora se destaquem por buscar inovações e
pela freqüência de compra dos produtos. O tempo de consumo também é alto, se
aproximando bastante do grupo dos atentos aos aspectos do produto relacionados a
relevância pessoal e social. Apresentam maior envolvimento com a importância de
risco ao considerar os transtornos e as perdas de escolher mal um produto na hora
da compra. Predomina nesse grupo as mulheres.
Atentos aos aspectos do produto relacionados a relevância pessoal e
social: Participam deste grupo os consumidores que mais percebem as
características dos produtos orgânicos. Em destaque está a percepção dos seus
valores com os dos produtos orgânicos e as características visíveis que o consumo
de produtos orgânicos traz, embora percebam também as características dos
produtos e os seus benefícios, pertencentes aos dois grupos anteriores. O grupo
está em segundo lugar ao considerar o grau de comportamento inovador. Destaca-
se pelo alto conhecimento sobre produtos orgânicos e sobre a afirmação de
conhecer bastante sobre orgânicos. É o grupo que apresentam maior tempo de
consumo e envolvimento. Abrange o envolvimento das dimensões relevância,
prazer, valor simbólico e probabilidade de risco. Aparece nesse grupo um número
um pouco maior de homens do que mulheres.
248
Considerando os cinco grupos não diferença entre os grupos em relação à
classe sócio-econômica, a renda e a ocupação, bem como, quanto à composição
familiar.
O resultado demonstra que os consumidores de produtos orgânicos reparam
nas características dos produtos, diferenciando-se pelos tipos de características
percebidas. Alguns reparam mais nas características do próprio produto, outros nos
benefícios que o consumo acarreta e outros na relevância pessoal e social dos
produtos orgânicos, considerando também as características do produto e seus
benefícios, porém com menos intensidade. Dos três grupos que percebem as
características dos produtos orgânicos, o grupo mais numeroso é o dos atentos aos
benefícios do produto.
249
6 CONCLUSÕES
Neste capítulo são destacadas as principais conclusões desta dissertação,
baseado nos resultados obtidos a partir das pesquisas, sendo também apresentadas
algumas implicações teóricas e gerenciais, bem como, limitações do estudo e
sugestões para futuras pesquisas no mesmo tema.
6.1 CONCLUSÕES FINAIS
Considerando o modelo proposto neste trabalho, identificou-se que o
comportamento inovador entre os consumidores de produtos orgânicos, está
relacionado às características percebidas da inovação e as características
psicológicas. As características pessoais não alteram o seu comportamento
inovador. Assim, o comportamento inovador de produtos orgânicos não está
relacionado com as características sócio-econômicas, renda, idade, ocupação e
composição familiar. O comportamento inovador apenas altera ao considerar o
gênero, sendo as mulheres mais inovadoras nesta categoria de produtos.
Descobriu-se que o comportamento inovador de produtos orgânicos está
muito mais relacionado com as características percebidas da inovação do que com
as características psicológicas. Das caractesticas psicológicas as que apresentam
maior associação referem-se ao conhecimento dos produtos orgânicos. Este
resultado está de acordo com outros resultados da pesquisa quantitativa e
qualitativa que apontam a falta de divulgação de informações sobre produtos
orgânicos, fazendo com que as pessoas não consumam este tipo de produto,
também pelo desconhecimento.
As outras variáveis das características psicológicas tratam da tendência a
inovar, envolvimento e susceptibilidade à influência interpessoal. Na tendência a
inovar o pioneirismo apresentou maior correlação com o comportamento do que a
busca por inovações. O envolvimento é mais forte ao tratar do fator relevância
demonstrando o valor pessoal relacionado à categoria de orgânicos. A influência
interpessoal só apresentou significância ao considerar a busca por informações
250
sobre os produtos, não considera assim, a influência sofrida pelos grupos de
referência ao consumir produtos orgânicos.
As duas dimensões que mais contribuem para o modelo proposto fazem parte
das caractéristicas psicológicas. Ambas relacionadas ao conhecimento. A
familiaridade medida pela freqüência de compra e o tempo de consumo são
determinantes no comportamento inovador. Na seqüência aparecem duas variáveis
relacionadas as características percebidas da inovação, sendo o comportamento
inovador de produtos orgânicos bastante influênciado pela experimentabilidade e
pela observalididade, considerando a visibilidade do produto orgânico no momento
da compra e do consumo.
Considerando os grupos gerados a partir das características percebidas da
inovação, verifica-se que os consumidores podem ser divididos pela importância de
determinadas características. Os três grupos formados diferenciam por repararem
principalmente nas características do produto, nos benefícios do produto e
principalmente na similaridade dos valores. O grupo mais numeroso é aquele que
considera principalmente os benefícios dos produtos orgânicos, sendo o menos
inovador dos três grupos. O mais inovador é o grupo que repara principalmente no
produto em si.
Estudos apontam que os fatores pelo qual se dividiram os grupos são
apresentados como relevantes na motivação para o consumo de produtos orgânicos
pelos consumidores, justificando a divisão dos consumidores nos grupos
apresentados (CERVEIRA, CASTRO, 1999 ; ARCHANJO, BRITO, SAUERBECK,
2001 ; CHIARINELLI, 2007 ; DAROLT, 2007).
6.2 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS
O Paradigma da Difusão de Consumo de Gatignon e Robertson (1991), teoria
sobre a qual este trabalho é baseado, bem como, a teoria da Difusão de Inovações
de Rogers (1995), apontam que as decisões de cada indivíduo são influenciadas
pelas características pessoais, características percebidas da inovação e influência
interpessoal. A pesquisa apontou que na categoria de produtos orgânicos as
características pessoais não afetam a decisão. Porém confirma-se a influência
251
exercida pelas características percebidas da inovação e a susceptibilidade à
influência interpessoal ao considerar a comprovação da maioria das hipóteses
apresentadas neste estudo.
Com isso, entende-se que o modelo proposto neste trabalho a partir das
pesquisas desses autores, assim como as hipóteses e questões abordadas, ao
considerar as características psicológicas e as características percebidas da
inovação podem ser apropriadas no estudo dos consumidores de produtos
orgânicos, sob a luz destas teorias, tornando clara a contribuição teórica aqui
contida.
considerando as características pessoais, são apresentadas algumas
justificativas para a rejeição das hipóteses. A pesquisa mostrou que a renda, a
classe social e a ocupação não inferem no comportamento inovador de produtos
orgânicos. Isto está de acordo com a afirmação de Cerveira e Castro (1999) de que
consumidores de produtos ornicos eso longe de constituir um segmento
homogêneo, em termos sociais, econômicos e ideológicos.
Quanto ao gênero, a pesquisa mostrou que as mulheres apresentam um perfil
mais inovador do que os homens. Isso pode ser causado pelo fato das mulheres
serem mais ligadas a compra de alimentos e serem na maioria das vezes as
responsáveis pelo preparo da alimentação. Esse resultado está de acordo com a
afirmação de Blackwell, Miniard e Engel (2005) de que algumas categorias são
tradicionalmente de domínio feminino, como roupas femininas, roupas infantis e
gêneros alimentícios.
O estudo é de grande contribuição por ser um estudo original, abordando o
comportamento inovador considerando os produtos orgânicos, uma categoria
alimentícia. Anteriormente não foram realizados estudos que abordassem o
comportamento inovador de produtos alimentícios, mais especificamente, de
produtos orgânicos.
6.2 CONTRIBUIÇÕES GERENCIAIS
O estudo também contribuiu para a expansão do conhecimento sobre os
motivos que causam o consumo de produtos orgânicos, encontrando similaridades e
252
diferenças a outros estudos realizados. Reforça a idéia do consumo de orgânicos
por questões de saúde, bem-estar e preservação da natureza. E destaca que
independentemente da renda, classe social e ocupação as pessoas apresentam
preocupações quanto ao tipo de alimento que estão consumindo.
Do ponto de vista gerencial, o conhecimento mais profundo dos consumidores
de orgânicos permite às empresas interessadas desenvolverem ações específicas
para atrair a atenção desse blico, bem como, desenvolver ações que motivem os
consumidores de alimentos convencionais a consumir produtos orgânicos.
A pesquisa, realizada apenas com consumidores de classes A e B, mostrou
que entre esse público a classe não interfere no consumo, variando assim a
variedade e freqüência de consumo independemente da classe. Considerando as
faixas de renda, chega-se a mesma conclusão. Assim, pode-se trabalhar com as
motivações percebidas por cada consumidor visando gerar o aumento do consumo.
A pesquisa apontou também a mulher como maior consumidora de produtos
orgânicos, podendo ser trabalhado como um segmento.
Os consumidores apresentraram além do preço alto, a dificuldade em
encontrar produtos orgânicos e a pouca variedade de produtos como fatores
responsáveis por não consumirem apenas produtos orgânicos. A dificuldade de
encontrar produtos reforça outro motivo apontado, a falta de campanhas informativas
(que aparece em quinto lugar). Assim, para ampliar a base de consumidores de
produtos orgânicos no país não basta apenas reduzir o preço dos produtos, é
necessário também posicionar os produtos em gôndolas específicas de produtos
orgânicos, promover eventos de degustação e campanhas informativas e de
conscientização. Este resultado está de acordo com as indicações de especialista
que afirmam o mesmo (Só..., Folha de São Paulo, 2008). A pesquisa também aponta
como principais meios de informação sobre os produtos orgânicos os artigos de
saúde, internet, amigos e programas de televisão, indicando algumas mídias que
podem ser utilizadas e também o boca-a-boca.
Um ponto bastante forte na pesquisa foi a preocupação com a saúde e o
consumo pela ausência de agrotóxicos no produto. Surge com isso a oportunidade
de se trabalhar os valores nutricionais dos produtos, o não uso de agrotóxicos e os
benefícios a médio e longo prazo para a natureza.
A tipologia desenvolvida neste trabalho pode contribuir com as indústrias
alimentícias no desenvolvimento de seus produtos de acordo com as características
253
percebidas pelos consumidores. Também serve para auxiliar na comunicação e
divulgação dos produtos, permitindo que os profissionais de comunicação e
marketing possam destacar as principais características percebidas de acordo com o
perfil de cada público.
Comparando o perfil dos consumidores de produtos orgânicos com os de
produtos convencionais, percebe-se que um mercado importante a se trabalhar
corresponde a um público mais jovem, solteiro, que almoça fora e não é o
responsável pelas compras de produtos alimentícios. Considerando que este perfil
será o futuro comprador de produtos alimentícios, destaca-se a importância de criar
estratégias de marketing específicas para esse target, para que ele perceba as
vantagens do consumo de produtos orgânicos e crie o hábito de consumi-los.
Ressalta-se a importância também de trabalhar com os outros perfis de
consumidores de produtos convencionais, visto que o mercado de produtos
orgânicos é um mercado em expansão.
6.4 LIMITAÇÕES DA PESQUISA E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS
O presente estudo apresenta algumas limitações. A pesquisa quantitativa foi
intencional, utilizando uma listagem de e-mail para convidar as pessoas a
participarem da pesquisa e também comunidades do orkut, pelo preenchimento da
pesquisa ser realizado pela internet. Devido a disponibilidade de listagens de e-
mails, a maioria dos consumidores pesquisados pertence ao estado do Paraná, não
abrangendo todos os estados brasileiros, não representando proporcionalmente a
população. Sugere-se assim a aplicação da pesquisa em outros estados, utilizando
uma amostra probabilística, para que os resultados possam ser generalizados.
A aplicação pela internet também fez com que as pessoas com perfil de não
acessar a internet não tenham participado da pesquisa, que o convite foi feito por
e-mail e por mensagens enviadas aos integrantes de comunidades de produtos
orgânicos inscritas no orkut. Assim, as pessoas que não possuem certa habilidade
com a informática e acesso a internet não participaram da pesquisa.
Os consumidores pesquisados pertencem as classes A e B, não permitindo
assim o conhecimento da realidade dos consumidores pertencentes às classes C, D
254
e E. Um outro estudo abrangendo todas essas classes pode apontar se existem
diferenças no comportamento inovador de produtos orgânicos entre essas classes,
podendo assim verificar também se as características pessoais irão apresentar
diferenças, ao contrário do que aconteceu com as classes A/B. Podem ser
realizados também estudos abordando a inovação de outros produtos alimentícios,
identificando assim se diferenças nas características percebidas da inovação e
nas características psicológicas que levem a adoção da inovação.
Sugere-se também a realização de uma pesquisa com os não consumidores
para confrontar com os resultados dos consumidores. Embora neste estudo tenham
sido aplicadas algumas questões com os não consumidores o retorno foi muito
baixo, sendo interessante expandir a amostra para que os resultados possam ser
generalizados.
Tendo os resultados deste estudo apontado claramente a existência de outras
variáveis com forte relação com o comportamento inovador, acredita-se ser
interessante também investigar outras possíveis variáveis não contempladas no
modelo proposto neste estudo, como a liderança de opinião, entre outros.
255
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266
ANEXO 1: ROTEIRO PARA PESQUISA QUALITATIVA -
CONSUMIDORES DE
PRODUTOS ORGÂNICOS
1. AQUECIMENTO
Estou realizando um estudo que investiga os fatores que influenciam a tomada de decisão de
consumidores para a adoção de produtos orgânicos. Gostaria de conversar com você para saber a
sua opinião sobre alguns aspectos relacionados a alimentos orgânicos e ao comportamento de
compra de produtos.
a) Você consome produtos orgânicos?
2. RAZÕES DE CONSUMO OU NÃO CONSUMO / FAMILIARIDADE
a) Quais produtos orgânicos você consome?
b) Por que você consome estes produtos orgânicos?
c) Com que freqüência você consome este produto?
d) Em quais ocasiões você consome produtos orgânicos? Em casa, no restaurante, em feiras?
e) Você também consome estes produtos sem serem orgânicos? Por quê? Comente.
3. HÁBITOS / COMPORTAMENTO DE COMPRA
a) Quem na sua casa costuma fazer as compras de produtos orgânicos?
b) Onde você costuma comprar os produtos orgânicos (supermercados, feiras, lojas especializadas)?
c) Com que freqüência você compra estes produtos?
d) Comparando os produtos orgânicos com os não orgânicos, quanto você compra de cada um? (tudo
orgânico, meio-a-meio, 30%, etc.)
e) Quando vai ao mercado, você já sabe se irá comprar produtos orgânicos ou não?
f) (Se já sabe que irá comprar) E sabe quais tipos de produtos orgânicos irá comprar? Comente.
g) Quando vocêno mercado um produto orgânico diferente dos que habitualmente compra, você o
compra para experimentar? Por quê?
h) Você costumar comprar sempre as mesmas marcas de produtos? Comente.
i) Quais são suas principais fontes de informação sobre produtos orgânicos? Amigos, familiares,
mídia?
j) Na mídia, quais os meios que consulta mais sobre produtos orgânicos? (jornal, revista, TV, rádio)
4. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
4.1. CONHECIMENTO DE PRODUTOS ORGÂNICOS / EXPERTISE
a) O que é para você um produto orgânico?
b) Você sabe explicar sobre são produzidos os produtos orgânicos? Comente.
c) Como você avalia o seu conhecimento sobre produtos orgânicos? Comente.
d) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os tradicionais? Comente.
e) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os diet? Comente
f) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os light? Comente.
g) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os funcionais? Comente.
5. CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS
5.1. VANTAGEM RELATIVA
a) Você considera que os produtos orgânicos são melhores que os produtos alimentícios disponíveis
no mercado? Você percebe alguma vantagem? Quais?
b) Se comparados com os alimentos industrializados “tradicionais”? E com os diet? E light? E com os
funcionais?
c) Os produtos orgânicos são mais caros que os outros produtos? Se comparado aos “tradicionais”?
E aos light? E diet? E os funcionais? Comente.
267
d) (Se são mais caros) Vale a pena comprar produtos orgânicos mesmo com a diferença de preço?
Por que?
5.2. COMPATIBILIDADE
a) Você considera que os produtos orgânicos estão de acordo com suas crenças e valores sócio-
culturais?
b) E como é o seu estilo de vida atual?
d) Os produtos orgânicos existentes no mercado atendem as suas expectativas e necessidades
pessoais? Por quê? O que está faltando?
5.3. EXPERIMENTABILIDADE
a) Você tem facilidade de experimentar algum produto orgânico antes de comprá-lo? Comente.
5.4. OBSERVABILIDADE
a) Você acha que as pessoas reparam nos alimentos que as outras pessoas compram/consomem?
No mercado? Em casa? No restaurante? Comente.
b) E você acha que consumir produzir produtos orgânicos é sinal de status social? Comente.
c) As pessoas comentam entre si sobre os produtos orgânicos? Comente.
6. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
6.1. ENVOLVIMENTO
a) Consumir produtos orgânicos é importante para você? Comente
b) Como você se sente ao consumir produtos orgânicos? Sente prazer? Emoção? Diversão? É
benéfico consumir produtos orgânicos? E é necessário?
c) O fato de você consumir produtos orgânicos demonstra algo as pessoas sobre você? Comente.
6.2. TENDÊNCIA A INOVAR
a) Você se considera uma pessoa inovadora? Comente.
b) Você busca informações sobre produtos que não conhece? Comente.
c) (Se busca informações) Junto a quem você busca essas informações?
d) Você costuma comprar produtos já no lançamento? Comente.
6.3. LIDERANÇA DE OPINIÃO / SUSCEPTIBILIDADE À INFLUÊNCIA INTERPESSOAL
a) Você costuma fornecer informações a sua família, parentes e amigos sobre produtos orgânicos?
Comente.
b) A sua família, parentes e amigos fornecem informações sobre produtos orgânicos a você?
c) Quando você busca informações sobre produtos orgânicos a quem recorre?
d) Você observa os produtos orgânicos que seus familiares, parentes e amigos compram? Comente.
e) Você experimenta os produtos orgânicos que não conhece, mas que seus parentes ou amigos
consomem? Comente.
f) Como você escolhe as marcas que você compra? Você considera a opinião de outras pessoas?
Quais?
g) Em sua casa, quem toma a decisão final sobre quais produtos orgânicos comprar? Comente.
7. ASSOCIAÇÃO DE IMAGENS
Agora iremos considerar algumas imagens para responder as duas perguntas seguintes:
a) Você associa o consumo de produtos orgânicos com que tipo de pessoas? Como é uma pessoa
que consome produtos orgânicos? Quais suas características? Associe a três imagens considerando
a ordem de importância. Comente. (CARTÃO 1)
b) Em quais locais as pessoas costumam consumir produtos orgânicos? Associe a duas imagens.
Comente. (CARTÃO 2)
8. CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
268
8.1. IDADE
a) Qual é a sua idade?
8.2. OCUPAÇÃO
a) Qual a sua ocupação atual?
b) E seu grau de instrução?
8.3. RENDA
a) Você é casado (a)?
b) Têm filhos?
c) Qual a idade deles?
d) Contando com você, quantas pessoas moram nesta casa?
e) Qual é a sua renda familiar?
8.4. CLASSE SÓCIO-ECONÔMICA
a) Dos itens que eu vou ler, você me diz quais você tem em casa e quantos possui?
Não tem 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
Vídeo cassete ou DVD
Rádios
Banheiros
Automóveis
Empregadas mensalistas
Máquinas de lavar
Geladeira
Freezer, independente ou 2º porta da geladeira
b) Qual é o grau de instrução do chefe da família?
8.5 CONTATO
a) Nome:
b) Endereço:
c) Telefone:
269
ANEXO 2: ROTEIRO PARA PESQUISA QUALITATIVA NÃO CONSUMIDORES
DE PRODUTOS ORGÂNICOS
1. AQUECIMENTO
Estou realizando um estudo que investiga os fatores que influenciam a tomada de decisão de
consumidores para a adoção de produtos orgânicos. Gostaria de conversar com você para saber a
sua opinião sobre alguns aspectos relacionados a alimentos orgânicos e ao comportamento de
compra de produtos.
a) Você consome produtos orgânicos com freqüência?
2. RAZÕES DE CONSUMO OU NÃO CONSUMO / FAMILIARIDADE
a) Você já consumiu produtos orgânicos anteriormente?
b) (Se já consumiu) Quais produtos você já consumiu? Quantas vezes? Com qual freqüência?
c) (Se já consumiu) Por que você não consome mais produtos orgânicos?
d) (Se não consumiu) Por que você não consome produtos orgânicos?
e) É você o responsável pelas compras em sua casa?
f) (Se não) Você costuma ir a mercados ou feiras comprar alimentos? Que tipo de alimentos?
g) Você almoça fora?
3. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
3.1. CONHECIMENTO DE PRODUTOS ORGÂNICOS / EXPERTISE
a) O que é para você um produto orgânico?
b) Você sabe explicar sobre são produzidos os produtos orgânicos? Comente.
c) Como você avalia o seu conhecimento sobre produtos orgânicos? Comente.
d) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os tradicionais? Comente.
e) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os diet? Comente
f) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os light? Comente.
g) Você percebe alguma diferença entre os produtos orgânicos e os funcionais? Comente.
4. CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS
4.1. TENDÊNCIA A INOVAR
a) Você se considera uma pessoa inovadora? Comente.
b) Você busca informações sobre produtos que não conhece? Comente.
c) (Se busca informações) Junto a quem você busca essas informações?
d) Você costuma comprar produtos já no lançamento? Comente.
5. ASSOCIAÇÃO DE IMAGENS
Agora iremos considerar algumas imagens para responder as duas perguntas seguintes:
a) Você associa o consumo de produtos orgânicos com que tipo de pessoas? Como é uma pessoa
que consome produtos orgânicos? Quais suas características? Associe as imagens. Comente.
(CARTÃO 1)
b) Em quais locais as pessoas costumam consumir produtos orgânicos? Associe as imagens.
Comente. (CARTÃO 2)
6. CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
6.1. IDADE
a) Qual é a sua idade?
6.2. OCUPAÇÃO
270
a) Qual a sua ocupação atual?
b) E seu grau de instrução?
6.3. RENDA
a) Você é casado (a)?
b) Têm filhos?
c) Qual a idade deles?
d) Contando com você, quantas pessoas moram nesta casa?
e) Qual é a sua renda familiar?
6.4. CLASSE SÓCIO-ECONÔMICA
a) Dos itens que eu vou ler, você me diz quais você tem em casa e quantos possui?
Não tem 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 1 2 3 4
Vídeo cassete ou DVD 0 2 2 2 2
Rádios 0 1 2 3 4
Banheiros 0 4 5 6 7
Automóveis 0 4 7 9 9
Empregadas mensalistas 0 3 4 4 4
Máquinas de lavar 0 2 2 2 2
Geladeira 0 4 4 4 4
Freezer, independente ou 2º porta da
geladeira
0 2 2 2 2
b) Qual é o grau de instrução do chefe da família?
7.5 CONTATO
a) Nome:
b) Endereço:
c) Telefone:
271
ANEXO 3: QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA QUANTITATIVA
APRESENTAÇÃO
A presente pesquisa faz parte de um projeto acadêmico que dará origem a uma Dissertação de Mestrado da
PUCPR sobre a adoção de produtos orgânicos. Todos os dados fornecidos serão tratados como confidenciais e
somente o pesquisador terá acesso individualizado às respostas. Não existe resposta certa ou errada. O
importante é a sua opinião. Siga as instruções de cada questão e clique na opção que melhor represente o seu
caso.O tempo médio para responder o questionário completo é de aproximadamente 25 minutos.Agradeço
antecipadamente pela sua colaboração.
1. CONSUMO DE PRODUTOS ORGÂNICOS
1.1 Você é o responsável pelas compras de produtos de alimentação em sua casa?
( ) Sim (PULE P/ QUESTÃO 1.3)
( ) Não
1.2. (Se não) Quem é o principal responsável pelas compras de alimentação em sua casa?
( ) Esposa
( ) Marido
( ) Filhos
( ) Mãe
( ) Pai
( ) Empregada
( ) Outro. Qual? ___________________________
1.3. Você conhece ou já ouviu falar sobre produtos (alimentos) orgânicos?
( ) Sim
( ) Não / Nunca ouviu falar (PULE P/ O BLOCO 9)
1.4. (Se sim) Você já experimentou produtos orgânicos?
( ) Sim
( ) Não (PULE P/ QUESTÃO 1.6)
1.5. (Se já experimentou) Você já comprou produtos orgânicos?
( ) Sim (PULE P/ QUESTÃO 1.7)
( ) Não
1.6. (Se nunca comprou/experimentou produtos orgânicos) Porque você não experimentou/comprou produtos
orgânicos anteriormente? Assinale até três principais motivos em ordem de importância.
( ) É difícil encontrar produtos orgânicos (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) A aparência do produto orgânico não é boa (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) O preço do produto orgânico é muito alto (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) Há pouca variedade de produtos orgânicos(PULE P/ O BLOCO 9)
( ) Não tive curiosidade em experimentar produtos orgânicos (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) Não tive oportunidade de provar produtos orgânicos (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) A demanda de produtos orgânicos é maior que a oferta (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) Falta de campanhas informativas (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) Falta de segurança sobre a qualidade do produto (PULE P/ O BLOCO 9)
( ) Outro. Qual? __________________________________________ (PULE P/ O BLOCO 9)
1.7. (Se já comprou) Com que freqüência você compra produtos orgânicos?
( ) Menos de 1 vez por mês
( ) 1 vez por mês
( ) 1 vez a cada quinze dias
( ) 1 vez por semana
( ) 2 a 3 vezes por semana
( ) 4 a 6 vezes por semana
( ) Todos os dias
272
1.8. Assinale a freqüência com que você consome os produtos relacionados abaixo. Deve ser assinalada a
opção nunca consome para os produtos listados que você o consumir. Em seguida, você deve preencher o
percentual de compra do produto orgânico comparando-o com a compra de produtos convencionais. Por
exemplo: se você consome 70% de agrião orgânico e 30% de agrião convencional, preencha 70.
Freqüência semanal Produto
Menos
de uma
1 por
mês
1 vez
por
mês
1 vez a
cada
quinze
dias
1 vez
por
seman
a
2 a 3
vezes
por
seman
a
4 a 6
vezes
por
seman
a
Todos
os
dias
Nunca
conso
me
% de
compra
do
produto
orgânico
compara
do com
o
produto
convenci
onal
VERDURAS E LEGUMES
Agrião
Abobrinha
Aipim
Alface
Alho poro
Batata-salsa
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cebola
Cenoura
Chicória
Chuchu
Couve
Couve-flor
Escarola
Feijão
Pepino
Pimentão
Repolho
Rúcula
Tomate
Vagem
FRUTAS
Banana
Laranja
Maça
Morango
Pêra
CARNES E DERIVADOS
Carne bovina
Carne frango
Carne suína
Leite
Ovos
GRÃOS
Café
Açúcar
Soja
Trigo
1.9. Você compra esses produtos apenas orgânicos ou compra do convencional também?
( ) Apenas orgânicos
( ) Orgânicos e convencionais (PULE P/ QUESTÃO 1.11)
273
1.10. (Se consome apenas orgânicos) Porque você consome apenas produtos orgânicos? Assinale até três itens
em ordem de importância. Enumere de 1 a 3, sendo 1 o motivo principal. (resposta múltipla)
( ) A aparência do produto orgânico é melhor (PULE P/ O BLOCO 2)
( ) O sabor do produto orgânico é melhor (PULE P/ O BLOCO 2)
( ) O aroma do produto é melhor (PULE P/ O BLOCO 2)
( ) O produto orgânico é mais saudável (PULE P/ O BLOCO 2)
( ) Preocupação com o meio ambiente (PULE P/ O BLOCO 2)
( ) Melhora a qualidade de vida da família (PULE P/ O BLOCO 2)
( ) Outro. Qual? __________________________________________ (PULE P/ O BLOCO 2)
1.11. (Se consome orgânicos e convencionais) Por que você não consome apenas produtos orgânicos? Assinale
até três itens em ordem de importância. Enumere de 1 a 3, sendo 1 o motivo principal. (resposta múltipla)
( ) A aparência do produto orgânico não está boa no dia em que faz as compras
( ) O preço do produto orgânico é muito alto
( ) É difícil encontrar produtos orgânicos
( ) A demanda de produtos orgânicos é maior que a oferta
( ) Falta de campanhas informativas
( ) Falta de segurança sobre a qualidade do produto
( ) Há pouca variedade de produtos orgânicos
( ) Outro. Qual? __________________________________________
2. HÁBITOS / COMPORTAMENTO DE COMPRAS
2.1. Em quais locais você consome produtos orgânicos? (Resposta múltipla)
( ) Em casa
( ) No restaurante
( ) Em feiras
( ) Outro local. Qual? __________________________________________
2.2. Em quais ocasiões você consome produtos orgânicos? (Resposta múltipla)
( ) Café da manhã
( ) Almoço
( ) Lanche
( ) Jantar
( ) Outra situação. Qual? __________________________________________
2.3. Onde você costuma comprar produtos orgânicos? (Resposta múltipla)
( ) Supermercados
( ) Feiras
( ) Lojas especialistas
( ) Outro local. Qual? __________________________________________
2.4. Há quanto tempo você consome produtos orgânicos?
( ) Menos de um ano
( ) De 1 a 2 anos
( ) De 3 a 4 anos
( ) Acima de 4 anos
3. HÁBITOS / COMPORTAMENTO DE COMPRAS
3.1. Quais são suas principais fontes de informação sobre produtos orgânicos? Assinale até três itens em ordem
de importância. Enumere de 1 a 3, sendo 1 a principal fonte de informação. (resposta múltipla)
( ) jornal
( ) telejornal
( ) programas de televisão
( ) familiares
( ) amigos
( ) internet
( ) artigos de saúde
( ) outra fonte de informação. Qual? __________________________________________
3.2. Atribua uma nota de 1 a 10, sendo 1 a nota mais baixa e 10 a nota mais alta, considerando o seu nível de
concordância com as afirmações seguintes de acordo com os seus hábitos de compras.
274
A nota 1 = discordo totalmente e 10 = concordo totalmente. Se não souber, assinale a coluna NS.
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não concordo/
Nem discordo
Concordo
Parcialmente
Concordo
totalmente
NS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Quando vou ao supermercado já
sei se irei comprar produtos
orgânicos
Sempre que vejo um produto
orgânico diferente do que
habitualmente costumo comprar,
eu compro para experimentar
Eu sempre compro as mesmas
marcas de produtos orgânicos
pouca informação disponível
sobre produtos orgânicos
4. CONHECIMENTO DE PRODUTOS ORGÂNICOS – EXPERTISE
4.1. Atribua uma nota de 1 a 10, sendo 1 a nota mais baixa e 10 a nota mais alta, considerando o seu nível de
conhecimento com as afirmações seguintes de acordo com o seu conhecimento de produtos orgânicos.
A nota 1 = muito baixo e 10 = muito alto. Se não souber, assinale a coluna NS.
Muito
baixo
Baixo Médio Alto Muito
Alto
NS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Meu conhecimento em geral sobre os
produtos orgânicos é
Meu conhecimento sobre os benefícios dos
produtos orgânicos é
Meu conhecimento sobre o processo de
produção dos produtos orgânicos é
4.2 As afirmações seguintes são sobre produtos orgânicos. Você deve responder se considera as afirmações
verdadeiras, falsas ou não sabe o que significam.
Verdadeira Falsa Não sabe
Alimentos orgânicos são produtos de origem vegetal ou animal que
estão livres de agrotóxicos ou qualquer outro tipo de produtos
químicos
A produção de produtos orgânicos colabora com a preservação do
meio ambiente
As plantas que crescem de forma espontânea são consideradas como
um produto orgânico, se as áreas não tenham sido tratadas com
produtos químicos e/ou sintéticos durante 3 anos anteriores à colheita
No caso da criação animal, é vetado o uso de herbicidas nos pastos e
carrapaticidas sintéticos
O alimento orgânico é mais nutritivo, com teores de vitaminas e
minerais mais elevados
No Brasil, existem entidades responsáveis pela emissão de
certificados dos produtos orgânicos
Produtos orgânicos e hidropônicos são iguais
Após o período necessário a desintoxicação da área, mesmo que a
terra e os animais apresentem vestígios de agroquímicos ou
fertilizantes sintéticos, a sua composição será considera orgânica
Produtos transgênicos são liberados para cultivo orgânico
Os produtos orgânicos são processados para não conter açúcar na
sua composição
275
5. ENVOLVIMENTO
5.1. Pensando no produto orgânico, você o considera como:
Escolha entre as duas alternativas de cada linha a que melhor descreve a forma que você considera o produto
orgânico. Por exemplo: você considera o produto orgânicos como essencial ou como não-essencial?
Depois de escolher, assinale se “concorda totalmente”, “concorda” ou “concorda parciamente”.
Por exemplo: Se considera como essencial, assinale os códigos da esquerda, se concorda parcialmente 1,
concorda – 2 ou concorda totalmente – 3. Já se considera como não essencial, assinale os códigos da esquerda,
se concorda parcialmente – 5, concorda – 6 ou concorda totalmente – 7.
Se nenhuma das duas alternativas estiverem de acordo com a sua opinião, assinale a opção Não concordo/Nem
discordo.
Concordo
totalmente
Concordo
Concordo
parcialmente
Não concordo /
Nem discordo
Concordo
parcialmente
Concordo
Concordo
Totalmente
1 2 3 4 5 6 7
Essencial Não-essencial
Benéfico Não-benéfico
Desnecessário Necessário
Eu não acho prazeroso Eu acho prazeroso
Não-emocionante Emocionante
Divertido Não-divertido
Fala aos outros sobre mim (é
a minha cara)
Não fala aos outros sobre
mim (não é a minha cara)
Serve para os outros me
julgarem
Os outros não o usariam
para me julgar
Não passa uma imagem de
mim para os outros
Passa uma imagem de mim
para os outros
É realmente irritante fazer
uma compra inadequada
Não é irritante fazer uma
compra inadequada
Uma escolha ruim não seria
um transtorno
Uma escolha ruim seria um
transtorno
Pouco a perder por escolher
mal
Muito a perder por escolher
mal
Ao comprá-lo, estou certo(a)
da minha escolha
Ao comprá-lo, não estou
certo(a) da minha escolha
Nunca sei se estou fazendo
a compra certa
Eu tenho certeza de estar
fazendo a compra certa
Eu me sinto um pouco
perdido(a) ao escolher isto
Eu não me sinto perdido(a)
ao escolher isto
6. CARACTERÍSTICAS PERCEBIDAS DOS PRODUTOS ORGÂNICOS
6.1. Atribua uma nota de 1 a 10 considerando o seu nível de concordância com as afirmações seguintes de
acordo com as características percebidas dos produtos orgânicos.
A nota 1 = discordo totalmente e 10 = concordo totalmente. Se não souber, assinale a coluna NS.
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não concordo
/ Nem
discordo
Concordo
Parcialmente
Concordo
totalmente
NS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Os produtos orgânicos são mais caros que os produtos
convencionais
Eu observo nos produtos orgânicos que as outras
pessoas estão comprando
276
Consumir produtos orgânicos são mais saudáveis do
que consumir produtos convencionais
Os produtos orgânicos existentes no mercado atendem
as minhas necessidades
Eu compro produtos orgânicos que as outras pessoas
observam que eu compro
Consumir produto orgânico faz com que eu ingira
menos agrotóxicos do que consumir o produto
convencional
Consumir produtos orgânicos traz mais lembranças da
minha infância do que consumir produtos tradicionais
É fácil de experimentar um produto orgânico antes de
comprá-lo
A aparência do produto orgânico é melhor que a do
produto convencional
Vale a pena comprar alimentos orgânicos mesmo
sendo mais caros que os produtos convencionais
Os produtos orgânicos se ajustam ao meu estilo de
alimentação
O sabor dos produtos orgânicos é melhor que o do
produto convencional
No mercado, as pessoas reparam nos produtos
orgânicos que estou comprando
O preço dos produtos orgânicos facilita a sua
experimentação
Consumir produtos orgânicos está de acordo com meu
estilo de vida
Acredito que estou fazendo uma boa escolha quando
compro alimentos orgânicos
As campanhas sobre produtos orgânicos motivam a sua
experimentação
Consumir produtos orgânicos permite chegar a uma
idade avançada com maior qualidade de vida do que os
produtos convencionais
Eu observo nos produtos orgânicos quando vou à casa
de outras pessoas
As pessoas que consomem produtos orgânicos são
mais saudáveis
O preço cobrado pelos alimentos orgânicos é
compatível com a aparência do produto
Consumir produtos orgânicos contribui para a
preservação da natureza mais do que consumir
produtos convencionais
As pessoas que consomem produtos orgânicos levam
uma vida mais feliz
As pessoas que consomem produtos orgânicos têm
uma pele mais bonita
O preço cobrado pelos alimentos orgânicos é
compatível com a qualidade do produto
O produto orgânico facilita a preparação do alimento
A cor dos produtos orgânicos é mais acentuada do que
dos produtos convencionais
O preço cobrado pelos alimentos orgânicos é
compatível com a contribuição que este produto traz na
preservação da natureza
7. TENDÊNCIA A INOVAR
7.1. Atribua uma nota de 1 a 10, sendo 1 a nota mais baixa e 10 a nota mais alta, considerando o seu nível de
concordância com as afirmações seguintes.
A nota 1 = discordo totalmente e 10 = concordo totalmente. Se não souber, assinale a coluna NS.
277
8. SUSCEPTIBILIDADE À INFLUÊNCIA INTERPESSOAL
8.1. Atribua uma nota de 1 a 10, sendo 1 a nota mais baixa e 10 a nota mais alta, considerando o seu nível de
concordância com as afirmações seguintes.
A nota 1 = discordo totalmente e 10 = concordo totalmente. Se não souber, assinale a coluna NS.
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não concordo/
Nem discordo
Concordo
Parcialmente
Concordo
totalmente
NS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Costumo experimentar marcas novas de
produtos alimentícios diferentes das marcas
habituais
Experimento todo produto alimentício novo que
vejo pelo menos uma vez
Busco mais informações quando ouço falar
sobre um novo produto alimentício pela primeira
vez
Tenho interesse por informações sobre
inovações de alimentos
Sou um dos primeiros a adquirir um novo
produto alimentício após seu lançamento
Quando um novo produto orgânico torna-se
disponível, sou um dos primeiros a comprá-lo
Costumo inventar novos usos para produtos
alimentícios (cremes, artesanato, etc.)
Percebo mudanças nos alimentos com facilidade
Freqüentemente sinto necessidade de facilidade
no preparo dos alimentos
Vou a feiras de alimentos com freqüência
Quando abre um restaurante, sou um dos
primeiros a ir
Discordo
totalmente
Discordo
parcialmente
Não concordo/
Nem discordo
Concordo
Parcialmente
Concordo
totalmente
NS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Eu raramente compro alimentos da última moda
até que eu esteja seguro que meus amigos
aprovaram
É importante para mim que outras pessoas
gostem dos alimentos que eu compro
Quando compro produtos orgânicos, eu
geralmente compro as marcas que eu considero
que as outras pessoas aprovariam
Eu gosto de saber quais marcas e produtos de
alimentação causam boas impressões as outras
pessoas
Eu me sinto pertencendo a um grupo pela
compra de alguns produtos e marcas de
alimentos que eles compram
Se eu quero ser parecido com outra pessoa, eu
geralmente tento comprar as mesmas marcas de
produtos alimentícios que ela compra
278
9. CARACTERÍSTICAS PESSOAIS
9.1. Qual é a sua idade?
___________
9.2. Sexo:
( ) Feminino
( ) Masculino
9.3. Qual é a sua ocupação atual?
( ) Alta gerência, diretores com 6 ou mais subordinados
( ) Profissional liberal autônomo
( ) Profissional liberal empregado
( ) Alta gerência, diretores com 5 ou menos subordinados
( ) Média gerência, gerentes com 6 ou mais subordinados
( ) Média gerência, gerentes com 5 ou menos subordinados
( ) Dono de empresa(total ou parcial) ou de comércio / autônomos com 6 ou mais subordinados
( ) Empregado ou funcionário de escritório
( ) Dono de empresa(total ou parcial) ou de comércio / autônomos com 5 ou menos subordinados
( ) Estudante
( ) Empregado ou funcionário de escritório que realiza trabalho externo
( ) Fazendeiro ou Pescador
( ) Responsável por compras habituais e que toma conta da casa – dona-de-casa
( ) Supervisores ou pessoas capacitadas em trabalho manual
( ) Outros – Trabalhadores manuais sem capacitação (pedreiros, serventes,etc.)
( ) Aposentado ou incapacitado de trabalhar devido a doença; desempregado ou temporariamente
desempregado
9.4. Qual é o seu grau de instrução?
( ) Analfabeto
( ) Ensino Fundamental completo
( ) Ensino Médio completo
( ) Ensino Superior completo
( ) Especialização
( ) Mestrado
( ) Doutorado
9.5. Qual é o seu estado civil?
( ) Solteiro
( ) Casado
( ) Separado ou divorciado
( ) Viúvo
9.6. Você tem filhos que moram com você?
( ) Sim
( ) Não
9.7. (Se sim) Quantos?
( ) Um.
( ) Dois.
Eu normalmente me identifico com outras
pessoas comprando as mesmas marcas e
produtos alimentícios que eles compram
Para ter certeza que estou comprando um bom
produto orgânico eu normalmente pergunto as
outras pessoas os alimentos que estão
comprando
Se eu tenho pouca experiência com um produto
orgânico, eu frequentemente pergunto sobre
este produto para meus amigos
Eu raramente consulto outras pessoas para
ajudarem a escolher a melhor alternativa
disponível de um produto orgânico
Eu raramente busco informações de amigos ou
familiares sobre um produto orgânico antes de
comprar
279
( ) Três.
( ) Quatro.
( ) Cinco
( ) Mais de Cinco. Quantos? ______
9.8. (Se sim) E qual a idade?
9.9. Contando com você, quantas pessoas moram nesta casa?
( ) Uma
( ) Duas
( ) Três
( ) Quatro
( ) Cinco
( ) Mais de Cinco. Quantas? ______
9.10. Na maioria dos dias você almoça em casa ou em restaurante?
( ) Em casa
( ) No restaurante
9.11. Qual é a sua renda familiar (some a renda de todos os integrantes da família)?
( ) Até R$ 2.012,67
( ) Até R$ 3.479,36
( ) Até R$ 6.563,73
( ) Acima de R$ 9.733,47
9.12. Dos itens abaixo, quais você tem em casa e quantos possui?
Não tem 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores
Vídeo cassete ou DVD
Rádios
Banheiros
Automóveis
Empregadas mensalistas
Máquinas de lavar
Geladeira
Freezer, independente ou 2º porta da geladeira
9.13. Qual é o grau de instrução do chefe da família?
( ) Analfabeto/ até 3a Série Fundamental
( ) 4a. Série Fundamental
( ) Fundamental completo
( ) Médio completo
( ) Superior completo
9.14. Cidade: __________________________________________________
9.15 Estado: __________________________________________________
9.16. Nome: __________________________________________________ (não obrigatório)
9.17. Endereço: __________________________________________________ (não obrigatório)
9.18. Telefone: __________________________________________________ (não obrigatório)
9.19. E-mail: __________________________________________________ (não obrigatório)
280
ANEXO 4: CRITÉRIO BRASIL DE CLASSIFICAÇÃO ECONÔMICA
Livros Grátis
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