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ÉRICO MARCOS DE VASCONCELOS
COMPORTAMENTO DOS CIRURGIÕES-DENTISTAS DAS UNIDADES
BÁSICAS DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO QUANTO À
PREVENÇÃO E AO DIAGNÓSTICO PRECOCE DO CÂNCER BUCAL
São Paulo
2006
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Érico Marcos de Vasconcelos
Comportamento dos cirurgiões-dentistas das Unidades Básicas de
Saúde do município de São Paulo quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce do câncer bucal
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo
para obter o título de Mestre, pelo Programa
de Pós-Graduação em Odontologia.
Área de Concentração: Diagnóstico Bucal
Sub-área: Semiologia
Orientador: Prof. Dr. Jayro Guimarães Junior
São Paulo
2006
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Vasconcelos EM. Comportamento dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de
saúde do município de São Paulo quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do
câncer bucal [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da
USP; 2006.
São Paulo, 01/09/2006
Banca Examinadora
1) Prof. Dr. Jayro Guimarães Junior
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
2) Prof. Dr. Sérgio Spinelli Silva
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
3) Prof. Dr. Paulo José Bordini
Titulação: _________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura: __________________________
DEDICATÓRIA
À memória do paciente Patriolino Parente que, através da sua doença e do seu
sofrimento, iluminou meus pensamentos e caminhos, despertando-me para a
problemática e incumbindo-me da importante tarefa de atuar na prevenção e
diagnóstico precoce do câncer bucal no serviço público odontológico.
Aos meus pais, Lucídio e Berenice, e à minha querida família, por tudo o que fizeram
e ainda fazem por mim, minha admiração e gratidão pela compreensão, carinho,
presença e apoio ao longo do período de elaboração deste trabalho.
À Juliana G. Bittencourt de Vasconcelos, pelo apoio à realização do mestrado e por
tudo o que representou, e ainda representa, pra mim.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Jayro Guimarães Junior, pelo ser humano que é, incansável na luta
pelos seus ideais, um intelectual a serviço da sociedade; pelo exercício da paciência,
muitas vezes solicitada, pelo imenso apoio dado ao longo de toda a minha história
no Mestrado ... meu “muito obrigado” jamais vai refletir concretamente a imensa
gratidão e a admiração que guardo por você.
Ao Prof. Dr. Sérgio Spinelli Silva, minha primeira referência na Semiologia, alguém
que me abriu as portas da academia, me apoiando e me tratando sempre com muito
carinho; por isso e por tudo o que sou hoje, meu eterno abraço e meus sinceros
agradecimentos.
Ao Prof. Dr. Paulo José Bordini, pela amizade e atenção, desde os momentos de
graduação até hoje, participando comigo na pós-graduação.
Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Frias, da Disciplina de Odontologia Social da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, pela amizade e pelo
imenso apoio na análise estatística dos dados deste estudo.
À Dra. Maria da Candelária Soares, Coordenadora de Saúde Bucal da Secretaria
Municipal de Saúde de São Paulo, pela sensibilidade e pelo apoio na realização da
pesquisa.
À Dra. Nídia Martinelli, Coordenadora de Saúde Bucal da Fundação Zerbini/InCor,
pelo imenso apoio dado à coleta dos dados desta pesquisa, pela grande amizade e
pelos caminhos que hoje trilhamos juntos na idéia do Saúde da Família.
Ao Dr. Vicente e Dr. Mário da Coordenação de Saúde da Região Sudeste da
Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, pela grande ajuda na sensibilização
dos diretores para esclarecer os objetivos e a relevância do presente estudo.
Aos Professores Gilberto Marcucci, Esther Birman, Geraldo Santos, Fernando
Silveira, Norberto Sugaya, Dante Migliari e Ilan Weinfeld, da Disciplina de
Semiologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, pelo
contato e orgulho do aprendizado obtido por meio de seus ensinamentos; à todos, a
minha mais profunda gratidão.
Aos Professores Celso Augusto Lemos Junior e Mônica Lotufo, colegas da
época de clínica, meu carinho pela amizade e aprendizado compartilhado.
Aos Professores Artur Cerri, Bernadete de Oliveira Maciel e Luiz Fernando
Innocencio, pela formação em Semiologia durante os tempos de graduação, pela
grande amizade e por representar hoje mais um fruto do trabalho e da dedicação de
vocês.
Ao amigo Eduardo de Souza César, Prefeito do município de Ubatuba, ao também
amigo Marcos da Silveira Franco, Secretário Municipal de Saúde de Ubatuba, e
aos companheiros de Equipe Técnica desta Secretaria, Jair Souza, Neílton
Lima, Denise Rinehart, Mirza Zanon e Dilei Nascimento, meus mais sinceros
agradecimentos pela compreensão nos instantes de ausência, mesmo quando
presente fisicamente.
Aos colegas de mestrado e funcionários da Disciplina de Semiologia da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, minha admiração, alegria
pela amizade e meus agradecimentos pelos bons momentos vividos e as tantas
formas de ajuda.
À Sras. Aguida, Vânia e demais funcionários da Biblioteca da Faculdade de
Odontologia da Universidade de São Paulo, meus agradecimentos pelo apoio na
conclusão desse documento.
À amiga Renata Ramos Martins, pela grande amizade e as mais diversas formas
de apoio e paciência dispensadas ao longo dos desafios vividos com muita alegria
em Ubatuba-SP.
A todos os meus amigos que, de alguma maneira, participaram comigo de mais
esta missão, compreendendo os meus instantes de “caverna” e me apoiando.
.
[...] faz parte da energia do Universo a sincronicidade. O acreditar faz a diferença e o
sincronismo da vida dá conta do resto. Basta a pessoa traçar com seu pensamento
determinadas metas, que o Universo conspira a seu favor, impelindo-o em direção à
vitória [...] o limite do alcançar está na mesma proporção do seu acreditar... depende
apenas de você.
Nuno Cobra
Vasconcelos EM. Comportamento dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de
saúde do município de São Paulo quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do
câncer bucal [Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da
USP; 2006.
RESUMO
Este estudo teve como objetivo conhecer as ações que os cirurgiões-dentistas das
unidades básicas de saúde do município de São Paulo têm desenvolvido quanto à
prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal, além de suas percepções para
a realização de tais ações, a fim de analisar o comportamento destes profissionais a
cerca das questões relativas a esta morbidade. A maioria dos diagnósticos de
câncer bucal é feita em estágios avançados em São Paulo, cidade que possui as
maiores taxas de incidência nacionais, semelhantes a de outras regiões do mundo.
O cirurgião-dentista exerce um papel fundamental e estratégico no combate aos
fatores ligados ao aparecimento desse agravo. Foram enviados, em março de 2005,
885 questionários aos cirurgiões-dentistas das 286 unidades básicas de saúde de
São Paulo, via Correio. Foi feito um banco de dados utilizando o software de
informática Epi Info – versão 6.04b. Participaram da pesquisa 282 profissionais,
(taxa de resposta de 32%), em sua maioria do sexo feminino, com mais de 20 anos
de graduação, com perfil generalista e que possui outros vínculos empregatícios.
Além do baixo grau de conhecimento constatado quanto aos fatores de risco ligados
à etiologia e às condições bucais em relação a possível evolução para um câncer
bucal, a maioria dos participantes expôs limitações relevantes quanto às práticas
relativas ao apoio à cessação do hábito do tabagismo e etilismo e às aptidões para
executarem citologia esfoliativa e biópsia. Verifica-se a necessidade de se propor
políticas públicas de enfrentamento do câncer bucal em São Paulo, que considere o
aprimoramento dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde em relação
a esse problema e a melhor estruturação desses locais para a pronta realização dos
exames complementares para fins diagnósticos.
Palavras-Chave: Câncer bucal – Prevenção – Diagnóstico precoce – Atenção
primária – Unidades Básicas de Saúde
Vasconcelos EM. Dentists behaviour from basic health units of the city of São Paulo
related to oral cancer prevention and early diagnosis [Dissertação de Mestrado]. São
Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2006.
ABSTRACT
The purpose of this study was to know the actions that dentists from basic health
units of the city of São Paulo have been developing for the prevention and early
diagnosis of oral cancer, besides their perceptions for the accomplishment of such
actions, in order to analyze the behavior of these professionals about these subjects
in relation to this morbidity. Most of the diagnosis of oral cancer is made in advanced
stages in São Paulo that possesses the largest national incidence taxes, similar to
other areas of the world. The primary health care dental professional plays a
fundamental and strategic role against the linked factors related to the greater
appearance of this malignant neoplasm. Eight hundred and eighty-five dentists from
286 basic health units of the city of São Paulo were surveyed in march 2005. It was
made a database using the computer software Epi Info, version 6.04b. Two hundred
and eighty-two professionals have answered the questionnaires (a response rate of
32% was obtained) and their majority composed by female general dental
practitioners, with more than 20 years of graduation and that have other kinds of
employment. Besides the low degree of knowledge verified for the risk factors linked
to the etiology and the oral conditions in relation to a possible evolution for an oral
cancer, most of the participants exposed relevant limitations as for the relative
practices to support tobacco and alcohol cessation as for the accomplishment of
esfoliative cytology and biopsy. It is verified the need of proposing public policies to
face the problem of oral cancer in São Paulo, which considers not only the technical
improvement of the primary health care dental practitioners but also the best
structuring of those places for the ready accomplishment of the complemental exams
to leading final diagnosis.
Key-works: Oral cancer – Prevention – Early diagnosis – Primary health care – Basic
health units
LISTA DE FIGURAS
Figura 5.1 - Distribuição dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde,
segundo as subprefeituras do município de São Paulo.........................48
Figura 5.2 - Distribuição dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde que
responderam ao estudo, de acordo com as subprefeituras do município
de São Paulo .........................................................................................49
Figura 5.3 - Distribuição dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde que
não responderam ao estudo ou cujos questionários permaneceram sem
devolução, de acordo com as subprefeituras do município de São
Paulo.......................................................................................................49
Figura 5.4 - Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto em relação ao fato destes se
encontrarem adequadamente capacitados para detectar lesões
cancerizáveis .........................................................................................54
Figura 5.5 - Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato destes se
encontrarem adequadamente capacitados para realizarem citologia
esfoliativa...............................................................................................54
Figura 5.6 - Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato destes se
encontrarem adequadamente capacitados para realizarem biópsia .....55
Figura 5.7 - Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao ensino que obtiveram
durante a graduação em relação ao tema câncer bucal........................56
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 12
2 REVISÃO DA LITERATURA ..............................................................
15
2.1 Epidemiologia do câncer..................................................................................15
2.2 Epidemiologia do câncer bucal........................................................................17
2.3 Dados hospitalares sobre câncer bucal..........................................................20
2.4 O diagnóstico precoce e os casos avançados de câncer bucal...................21
2.5 Taxas de sobrevida do câncer bucal...............................................................23
2.6 Atraso no diagnóstico do câncer bucal ..........................................................24
2.7 Terapêutica do câncer bucal............................................................................26
2.8 Saúde e os níveis de prevenção ......................................................................27
2.9 Papel dos Serviços e profissionais de saúde quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce do câncer bucal ...................................................................28
2.10 Papel do cirurgião-dentista na detecção e diagnostico precoce do câncer
bucal.........................................................................................................................29
2.11 Etiopatogenia do câncer bucal ......................................................................31
2.12 Perfil do cirurgião-dentista quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce
do câncer bucal .......................................................................................................35
2.13 Gestão da saúde pública no município de São Paulo..................................37
2.14 O contexto e as atitudes para a prevenção e diagnóstico precoce do
câncer bucal ............................................................................................................40
3 PROPOSIÇÃO .................................................................................... 42
4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................
43
5 RESULTADOS....................................................................................
48
6 DISCUSSÃO .......................................................................................
59
7 CONCLUSÕES ................................................................................... 81
REFERÊNCIAS......................................................................................
84
APÊNDICES...........................................................................................
92
ANEXOS................................................................................................
100
12
1 INTRODUÇÃO
Os números relativos aos casos de câncer bucal no Brasil vêm assumindo
uma trajetória ascendente ao longo dos últimos anos. Segundo os últimos dados das
estimativas de incidência por câncer no Brasil, relativos ao ano de 2006, o câncer
bucal ocupa o quinto lugar entre as pessoas do sexo masculino e o sétimo lugar
entre aquelas do sexo feminino, excetuando-se os casos de pele não-melanoma
(BRASIL, 2005a).
No município de São Paulo, as estimativas do Instituto Nacional do Câncer
para o câncer bucal entre as pessoas do sexo masculino e feminino ocupam o
quinto e oitavo lugares, respectivamente, com taxas brutas de incidência de 19,45
casos por 100.000 pessoas para os homens e 5,05 casos por 100.000 pessoas para
as mulheres
(BRASIL, 2005a).
Apesar de a cavidade bucal ser considerada como um local de fácil acesso,
não necessitar de tecnologias de ponta para a realização de exames preventivos e a
população exposta aos fatores de risco ser bem conhecida, a maioria dos
diagnósticos é feita em estágios avançados, o que influi no tempo e na qualidade de
vida dos pacientes (ALONGE; NARENDRAN, 2003; BRASIL, 2002; KOWALSKI et
al., 1991; MASHBERG, 2000; PITIPHAT et al., 2002).
Quando diagnosticado nos estágios iniciais, o câncer bucal apresenta uma
das mais altas taxas de sobrevida em cinco anos (82%), dentre outros cânceres,
caindo para 46% quando há o envolvimento dos gânglios linfáticos e para 21%
quando há ocorrência de metástases (BRASIL, 2003a). Segundo dados do Instituto
Nacional do Câncer (2002), o diagnóstico do câncer de boca e faringe é feito em
13
estágios avançados em 60% dos casos. Essa ocorrência tem estreita relação com o
atraso no diagnóstico do câncer bucal (WUNSCH FILHO, 2002).
Neste cenário, o problema “câncer bucal” assume características alarmantes
com a clara inexistência de políticas públicas de saúde que contemplem a
coletividade, sobretudo nas fases de prevenção, detecção e diagnóstico precoce. É
possível perceber o quanto seria economizado, em termos financeiros, temporais e
emocionais, e quantas vidas seriam salvas, se o câncer bucal pudesse ser
diagnosticado e tratado a tempo de possibilitar um êxito na cura, sem maiores
repercussões estéticas e funcionais
(DIAS; SAMPAIO, 2003).
O diagnóstico precoce das lesões bucais com potencial de malignização,
denominadas cancerizáveis, é crucial para a melhoria das taxas de sobrevida, sendo
considerado o melhor tratamento para o câncer desta região. O cirurgião-dentista
assume invariavelmente um papel de destaque e estratégico na identificação dessas
lesões, principalmente aqueles que atuam nas unidades básicas de saúde, locais
onde realizam ações nos níveis de prevenção primária e secundária (HOLLOWS;
McANDREW; PERINI, 2000; HOLMES et al., 2003; MACPHERSON et al., 2003;
MASHBERG, 2000; PETERSEN, 2003).
Ao trabalhar em unidades básicas de saúde, o cirurgião-dentista aproxima-
se da realidade das pessoas da comunidade, podendo conhecer seus hábitos e
costumes e identificar os saberes populares em torno das questões relacionadas aos
cuidados com a saúde bucal que esses detêm, além das necessidades de
tratamento requeridas (HOLMES et al., 2003; HOLLOWS; McANDREW; PERINI,
2000).
As ações direcionadas à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer
bucal assumem importância ímpar, pois são exatamente nestes níveis de prevenção
14
em que elas são mais eficazes, eficientes e efetivas para a população (ARAÚJO
FILHO et al., 1998; CLOVIS; HOROWITZ; POEL, 2002a; GORSKY; DAYAN, 1995;
HAYASSY, 1998; HOLLOWS; McANDREW; PERINI, 2000; JORDÁN et al., 1999;
KOWALKI et al., 1991).
Devem ser estrategicamente pensadas e realizadas para que possam
facilitar aos indivíduos as informações necessárias ao auto-exame da cavidade bucal
e de transmitir os conhecimentos científicos relativos aos fatores de risco que,
segundo a literatura, estão mais relacionados à gênese do câncer bucal, dentre
outras ações (CLOVIS; HOROWITZ; POEL, 2002a; HOLMES et al., 2003;
KOWALSKI et al., 1991).
Urge o momento para que políticas públicas e ações estratégicas para a
identificação das populações mais suscetíveis a esta morbidade sejam
implementadas, a fim de minimizar as graves conseqüências geradas por esta
doença e de reverter a mórbida realidade que o Brasil atualmente apresenta
(BRASIL, 2002; CLOVIS; HOROWITZ; POEL, 2002a; KERR; CRUZ, 2002; NAGAO;
WARNAKULASURIYA, 2003).
15
2 REVISÃO DA LITERATURA
Optou-se por dividir em subtítulos os diversos assuntos abordados nesse
capítulo como forma de facilitar o entendimento e propiciar a melhor compreensão
do conteúdo.
2.1 Epidemiologia do câncer
O câncer é considerado um importante problema de saúde pública em
países desenvolvidos e em desenvolvimento e tido como o responsável por mais de
seis milhões de óbitos a cada ano, representando cerca de 12% de todas as causas
de morte no mundo (GUERRA; MOURA GALLO; MENDONÇA, 2005; KLIGERMAN,
2002; PETERSEN et al., 2005).
Maiores taxas de incidências de câncer são encontradas nos países
desenvolvidos, embora haja atualmente uma tendência ascendente da ocorrência de
casos novos nos países em desenvolvimento. Dos dez milhões de casos novos
anuais de câncer, cinco milhões e meio são diagnosticados nestes últimos
(GUERRA; MOURA GALLO; MENDONÇA, 2005; PETERSEN et al., 2005).
O câncer representa atualmente a terceira mais importante causa de morte
na população masculina brasileira, de qualquer idade, após as doenças
cardiovasculares e as causas externas. Entre as mulheres e homens com mais de
40 anos, a doença constitui-se na segunda mais importante causa de morte,
16
seguindo-se aquelas decorrentes por doenças cardiovasculares (WUNSCH FILHO;
MONCAU, 2002).
Em 2000, as neoplasias malignas foram responsáveis por 12,7% dos
946.392 óbitos registrados no Brasil, sendo que 53,4% deles ocorreram entre
homens e 46% entre as mulheres (CERVI; HERMSDORFF; RIBEIRO, 2005;
WUNSCH FILHO; MONCAU, 2002).
O Ministério da Saúde estimou que, no ano de 2006, ocorrerão em todo o
Brasil 472.050 casos novos, sendo esperados 234.570 casos para o sexo masculino
e 237.480 casos para o sexo feminino
(BRASIL, 2005a).
A distribuição dos casos novos de câncer, segundo localização primária, é
bem heterogênea entre estados e capitais do país. As regiões Sul e Sudeste
apresentam as maiores taxas brutas de incidência, enquanto que as regiões Norte e
Nordeste mostram taxas mais baixas. As taxas da região Centro-Oeste apresentam
um padrão intermediário (BRASIL, 2005a).
No município de São Paulo, os óbitos por neoplasias malignas apresentam
uma tendência crescente desde o ano de 2000. Dados do Sistema de Informações
sobre Mortalidade do Ministério da Saúde, de 2003, informam que estas foram as
responsáveis pelos óbitos de 12.035 pessoas, ante os 11.515 referidos no ano de
2000, representando a segunda causa de morte nesta cidade, atrás apenas das
doenças do aparelho circulatório (BRASIL, 2005a).
Segundo Guerra, Moura Gallo e Mendonça (2005), a distribuição
epidemiológica do câncer no Brasil sugere uma transição em andamento,
envolvendo um aumento entre os tipos de câncer normalmente associados ao alto
status sócio-econômico - câncer de mama, próstata e cólon e reto - e,
simultaneamente, a presença de taxas de incidências persistentemente elevadas de
17
tumores geralmente associados com a pobreza - câncer de colo de útero, pênis,
estômago e cavidade bucal.
2.2 Epidemiologia do câncer bucal
Mundialmente, os cânceres de cabeça e pescoço correspondem a 10% dos
tumores malignos, sendo o sexto mais prevalente em todo o mundo.
Aproximadamente 40% dos cânceres dessa localização ocorrem na cavidade bucal,
os quais apresentam uma distribuição variável nas diferentes regiões do mundo. A
incidência do câncer bucal é particularmente alta entre homens, devido à interação
entre o hábito do tabagismo e o consumo de bebidas alcoólicas, sendo considerado
o oitavo mais comum em todo o mundo (EPHROS; LEDERMAN, 2002; GUERRA;
MOURA GALLO; MENDONÇA, 2005; KOWALSKI; NISHIMOTO, 2000; PETERSEN,
2003; PETERSEN et al., 2005).
O carcinoma de origem epitelial, denominado epidermóide, espinocelular ou
de células escamosas, é a neoplasia maligna mais freqüente da cavidade bucal,
representando 90 a 95% dos cânceres bucais. A porcentagem restante refere-se a
sarcomas, melanomas e tumores malignos de glândulas salivares (CARPENTER;
SILVERMAN Jr., 2001; KERR; CRUZ, 2002; OGDEN; MACLUSKEY, 2000).
As taxas de incidência de câncer bucal também são maiores em países
desenvolvidos que nos países subdesenvolvidos. Aproximadamente, 30 mil casos
novos de câncer de boca e faringe são diagnosticados nos Estados Unidos a cada
ano, o que representa cerca de 4% de todas as causas de morte ocorridas neste
18
país, mais do que aquelas motivadas por outras neoplasias, tais como a doença de
Hodgkin e melanoma (EPHROS; LEDERMAN, 2002; FREIJE; KUMAR, 2001;
HOROWITZ et al., 2000; NAGAO; WARNAKULASURIYA, 2003; SILVERMAN Jr.,
2001; YELLOWITZ et al., 2000).
No Reino Unido, a incidência do câncer bucal vem assumindo uma
trajetória ascendente ao longo dos últimos anos. Atualmente, representa 5% de
todas as neoplasias malignas notificadas, com aproximadamente 3.500 casos novos
por ano (HUMPHRIS; IRELAND; FIELD, 2001; MACPHERSON et al., 2003;
McCANN; MACPHERSON; GIBSON, 2000; SANDERSON; IRONSIDE, 2002).
O leste, oeste e sudeste europeu e Oceania são outras regiões geográficas
com altas taxas de incidência de câncer bucal no mundo. A América Latina e o
Caribe possuem taxas de incidência intermediárias deste câncer, embora haja uma
variação entre estas taxas nos países que compõem estas regiões (WUNSCH
FILHO, 2002).
Nos países do sudeste asiático, tais como a Índia, o câncer bucal é o mais
comum entre os homens e o terceiro entre as mulheres. Do total de 50 mil casos
novos de câncer de cabeça e pescoço diagnosticados anualmente na Índia, mais da
metade surge na cavidade bucal e faringe. As altas taxas de incidência presentes
estão diretamente relacionadas aos comportamentos de risco da população tais
como o vício do fumo, o uso do cigarro sem fumaça e o consumo do álcool
(EPHROS; LEDERMAN, 2002; PETERSEN, 2003).
O uso do tabaco misturado ao “betel quid” ou “pan” ocorre com freqüência
nesta região, pois mascar o “pan” faz parte da cultura e varia de acordo com os
costumes locais e preferências individuais. Os componentes do “pan” consistem da
folha de betel, noz de areca cortada em fatias, cal preparado de pedra calcária ou de
19
coral e “catechu”, um extrato resinoso da árvore de acácia com alto conteúdo de
tanino (SUMMERS; WILLIAMS; CURZON, 1994).
No Brasil, os números de casos de câncer bucal assumem um papel de
destaque. Em Porto Alegre foram observadas altas taxas de incidência de câncer de
boca, ajustadas por idade pela população mundial, em ambos os sexos de
8,3:100.000 em homens e de 1,4:100.000 em mulheres, encontrando-se entre as
mais elevadas do mundo (FRANCESCHI et al., 2000).
Em um estudo conduzido para investigar a ocorrência de câncer de boca e
faringe em população residente nas cinco regiões do Brasil, verificou-se que a taxa
de incidência mais alta, ajustada por idade pela população mundial, destes dois tipos
de câncer combinados, encontrava-se em São Paulo (25,3:100.000 em homens e
4,9:100.000 em mulheres), achado semelhante a de outras regiões do mundo que
apresentavam alta incidência destes cânceres (WUNSCH FILHO, 2002).
Informações mais atualizadas dos Registros de Câncer de Base
Populacional, ligados ao Instituto Nacional do Câncer, de 16 localidades
participantes, no período de 1991 a 2001, mostram que os maiores valores das
taxas médias anuais de incidências, ajustadas por idade por 100 mil homens, foram
constatados em São Paulo (7,6), Distrito Federal (6,6) e Salvador (4,6). Na
população feminina, as maiores taxas foram observadas nas cidades de Natal (3,3),
São Paulo (2,3) e João Pessoa (1,8) (BRASIL, 2003b).
Para o ano de 2006, foram estimados 13.470 casos novos de neoplasias
malignas de cavidade bucal em todo o país, sendo 10.060 casos para o sexo
masculino e 3.410 para o sexo feminino, o que as coloca como a quinta neoplasia
maligna em incidência no sexo masculino e a sétima no sexo feminino, excetuando-
se pele não-melanoma (BRASIL, 2005a).
20
Para o Estado de São Paulo, 5.710 casos novos de neoplasias malignas de
cavidade bucal foram estimados para o ano de 2006, sendo 4.330 casos para o sexo
masculino e 1.380 casos para o sexo feminino, o que as fazem ser a quinta
neoplasia maligna em incidência no sexo masculino e a oitava no sexo feminino,
excetuando-se pele não-melanoma, nesses dois locais (BRASIL, 2005a).
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da
Saúde, apontam que, no período de 1996 a 2003, no município de São Paulo, houve
3.403 óbitos por residência por neoplasia maligna de cavidade bucal e faringe,
sendo que os homens foram acometidos em 82,9% dos casos e a faixa etária de 55
a 64 anos a mais prevalente, com 29,6% do número total de óbitos registrado
(BRASIL, 2005b).
No período de 2000 a 2004, foram registrados 2.159 óbitos por residência
no município de São Paulo causados por neoplasias malignas de lábio, cavidade
bucal e faringe, o que representou 3,8% do total de neoplasias registradas. A região
Leste foi a que apresentou maior porcentagem de óbitos ao longo deste tempo, com
cerca de 4,5% do total de casos, seguida das regiões Norte (4,3%), Sul (4%),
Sudeste (3,8%) e Centro-oeste (2,5%) (BRASIL, 2005b).
2.3 Dados hospitalares sobre câncer bucal no Brasil
Ao analisar os dados do Sistema de Informações Hospitalares do Sistema
Único de Saúde (SUS), relativos às neoplasias malignas do lábio, cavidade bucal e
faringe e às neoplasias malignas de traquéia, brônquios e pulmões, no período de
21
2000 a 2004, em São Paulo, observa-se que o número de internações por
neoplasias malignas de lábio, cavidade bucal e faringe foi 14,6% maior que o de
neoplasias malignas de traquéia, brônquios e pulmões, com 5.157 e 4.407,
respectivamente (BRASIL, 2005b).
O valor total gasto com internações por neoplasias malignas de lábio,
cavidade bucal e faringe foi também cerca de 20% superior ao gasto com as
internações por neoplasia maligna de traquéia, brônquios e pulmões. Em média,
foram gastos neste período R$ 946.566,00 e R$ 757.756,80, respectivamente.
(BRASIL, 2005b).
2.4 O diagnóstico precoce e os casos avançados de câncer bucal
Embora os cânceres de boca e faringe sejam preveníveis, eles ainda
permanecem como o maior desafio aos programas de saúde bucal (CLOVIS;
HOROWITZ; POEL, 2002b; OGDEN; MACLUSKEY, 2000; PETERSEN, 2003).
O diagnóstico precoce do câncer bucal não deveria apresentar grandes
dificuldades uma vez que a região é de fácil acesso, que pode ser visualizada até
em espaços abertos, e não necessita de equipamentos especiais e de tecnologias
de ponta para a realização de exames preventivos e complementares para
elucidação diagnóstica. No entanto, a maioria das lesões não é diagnosticada até
que atinjam fases avançadas da doença (ALONGE; NARENDRAN, 2003; CLOVIS;
HOROWITZ; POEL, 2002a, 2002b; HOLLOWS; McANDREW; PERINI, 2000;
HOROWITZ et al., 2000; PITIPHAT et al., 2002).
22
Pitiphat et al. (2002) verificaram que mais de 60% dos casos não foram
diagnosticados até que atingissem o estádio clínico II ou mais da classificação TNM
de tumores malignos. Acreditaram, ainda, que um maior atraso no diagnóstico
pudesse estar relacionado a estágios mais avançados da doença, mas apenas os
casos classificados como TNM IV corresponderam a esta hipótese.
Em um estudo realizado no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em
1998, 57% dos casos de câncer bucal foram diagnosticados em estádios clínicos
avançados (TNM III – 12% e TNM IV – 45%) da doença. Apenas 43% (TNM I – 6% e
TNM II – 37%) dos casos foram diagnosticados em estágios iniciais (ARAÚJO
FILHO et al., 1998).
Em um estudo retrospectivo realizado no Instituto do Câncer do Estado do
Ceará, por um período de quatro anos, verificou-se que foram registrados 291 casos
novos de câncer bucal, dentre os quais 189 eram do sexo masculino e 102 do sexo
feminino. Destes, 79% apresentavam-se em fases avançadas da doença enquanto
apenas 21% se encontravam em estágios iniciais (SOUZA; SOUZA, 2003).
Faria et al. (2003) realizaram um estudo com pacientes em um hospital
universitário brasileiro e verificaram que dos 354 casos registrados 50,2% foram
diagnosticados em estádios clínicos avançados, enquanto apenas 13,8% das lesões
foram diagnosticadas no estádio clínico I.
Dados da Fundação Oncocentro revelam que, entre 2000 e 2004, houve o
registro de 2.678 casos de câncer de lábio, cavidade bucal e faringe de pessoas
residentes no município de São Paulo. Destes, 1.563 (58,4%) se encontravam em
estádios clínicos avançados da doença, sendo 318 (20,4%) casos diagnosticados
como TNM III e 1.245 (79,6%) diagnosticados como TNM IV (SÃO PAULO, 2005a).
23
2.5 Taxas de sobrevida do câncer bucal
O câncer bucal possui uma das mais baixas taxas de sobrevida em cinco
anos dentre os principais tipos de câncer, incluindo pele, mama, próstata e colo de
útero (PITIPHAT et al., 2002).
Pacientes diagnosticados em estádios clínicos precoces (TNM I ou II)
apresentaram uma taxa de sobrevida de cinco anos de aproximadamente 80%,
enquanto 40% dos pacientes diagnosticados em estádios clínicos avançados (TNM
III ou IV) sobreviveram por mais de cinco anos (CRUZ et al., 2002).
Holmes et al. (2003) reuniram dados de 51 pacientes recentemente
diagnosticados com câncer bucal em um hospital americano e verificaram que 63%
destes foram diagnosticados precocemente, com estádios clínicos TNM I ou II.
Segundo um estudo realizado no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba-PR,
no período de 1990 a 1992, com pacientes com câncer bucal tratados neste hospital,
as taxas de sobrevida variaram de 29% para pacientes em estádio IV a 74,4% para
pacientes em estádio I (BRASIL, 2002).
Mashberg (2000) relatou um desapontamento ao observar que nas duas
últimas décadas, as taxas de sobrevida para o câncer bucal permaneceram
inalteradas durante este período em aproximadamente 40 a 50%, enquanto que as
taxas de sobrevida para os cânceres de mama, próstata, cólon e melanoma
aumentaram consideravelmente, especialmente devido ao trabalho dos profissionais
de saúde nos níveis de atenção primária e secundária, quanto à detecção e ao
diagnóstico precoce destas morbidades.
24
O diagnóstico precoce é crucial para a melhoria das taxas de sobrevida
daqueles acometidos pelo câncer bucal. Possibilita uma abordagem terapêutica mais
conservadora, com menor tempo de recuperação e um prognóstico mais favorável.
Pacientes em estágios clínicos iniciais chegam a apresentar taxas de sobrevida
quatro vezes maiores que aqueles com nódulos metastáticos (CLOVIS; HOROWITZ;
POEL, 2002a, 2002b; HOLLOWS; McANDREW; PERINI, 2000; HOROWITZ et al.,
2001; KUJAN et al., 2006; PITIPHAT et al., 2002).
2.6 Atraso no diagnóstico do câncer bucal
Outro fator que interfere diretamente na incidência do câncer bucal e na
melhoria das taxas de sobrevida dos pacientes é o atraso no diagnóstico desse
agravo, entendido, por alguns pesquisadores, como o tempo decorrido entre o
aparecimento dos primeiros sinais e sintomas e o diagnóstico final, obtido através de
exame complementar (GORSKY; DAYAN, 1995; HOLLOWS; McANDREW; PERINI,
2000; ONIZAWA et al., 2003; PITIPHAT et al., 2002).
Diversos estudos relatam que um dos principais fatores que interferem no
atraso do diagnóstico do câncer bucal diz respeito ao atraso do próprio paciente em
buscar os serviços de saúde, em especial a assistência médica e/ou odontológica,
após o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas. Muitas questões podem estar
relacionadas a este atraso como a falta de conhecimento da seriedade da condição
presente, a auto-medicação como suporte para o alívio dos sintomas, o medo de ir
25
ao dentista, e também, a dificuldade de acesso a estes serviços (HOLLOWS;
McANDREW; PERINI, 2000; McCANN et al., 2000; ONIZAWA et al., 2003).
O atraso relativo ao profissional de saúde refere-se ao tempo dispendido
desde a chegada do paciente ao serviço de saúde até o instante em que o
diagnóstico final de câncer bucal é obtido. Estabelece relação com o modo como
este sistema organiza seus fluxos de encaminhamentos de pacientes e os recursos
materiais e humanos para prover os exames complementares para elucidação
diagnóstica (ONIZAWA et al., 2003; PITIPHAT et al., 2002).
Gorsky e Dayan (1995) em um estudo sobre o atraso no diagnóstico de
câncer bucal realizado em Israel, verificaram que 10% dos pacientes foram
diagnosticados durante o primeiro mês, enquanto que 53% tiveram seu diagnóstico
após quatro meses.
Em outro estudo no Reino Unido, apenas 39% dos pacientes foram
atendidos em um período de até quatro semanas após o aparecimento dos primeiros
sinais e sintomas e 29% após três meses (HOLLOWS; McANDREW; PERINI, 2000).
Onizawa et al. (2003) realizaram uma pesquisa revisando 152 prontuários
médicos de pacientes com carcinoma epidermóide e verificaram que nenhuma
relação significante ficou estabelecida entre o atraso causado pelo paciente,
enquanto que o profissional que realizou o primeiro contato com o paciente teve um
papel determinante para a ocorrência do atraso no diagnóstico. Estes autores
destacaram ainda a importância do cirurgião-dentista nesse processo, enfatizando
sua formação e a sua posição estratégica como o profissional de saúde que,
algumas vezes, recebe o paciente pela primeira vez no sistema de saúde.
26
2.7 Terapêutica do câncer bucal
A maioria das pessoas acometidas pelo câncer bucal é de faixa etária ainda
economicamente ativa e tem o seu diagnóstico feito em estágios clínicos avançados
da doença, quando o prognóstico é grave, a terapia é mais complexa e as
possibilidades de cura são reduzidas (LEÃO et al., 2005; MACPHERSON et al.,
2003; MASHBERG, 2000).
O tratamento do câncer bucal envolve a utilização de recursos terapêuticos
complexos e de alto custo, com resultados estéticos pouco satisfatórios, dadas às
mutilações na região de cabeça e pescoço e o conseqüente comprometimento social
implicado (CANTO; HOROWITZ; CHILD, 2002; McCANN et al., 2000; McCANN;
MACPHERSON; GIBSON, 2000; ORD; BLANCHAERT JR., 2001).
Nevola e Carvalho (2000), a partir da análise dos gastos com o tratamento
de 46 pacientes com tumores malignos avançados de cabeça e pescoço, tratados
com radioterapia e/ou quimioterapia, concluíram que o tratamento em pacientes com
estádio clínico avançado do câncer requer equipamentos e recursos tecnológicos
sofisticados, onde os custos são muito mais expressivos que os benefícios
terapêuticos, resultando em uma sobrevida de duração e qualidade desapontadoras
a um custo desproporcional.
27
2.8 Saúde e os níveis de prevenção
A Constituição Federal do Brasil de 1988 reconhece, no artigo 196, que a
saúde “é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação” (BRASIL, 2003c).
Leavell e Clark (1976), em seu livro “Medicina Preventiva”, sistematizaram a
base conceitual da medicina preventiva. Neste, o conceito de prevenção foi definido
por estes autores como a “ação antecipada, baseada no conhecimento da história
natural a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença”.
A prevenção apresenta-se em três fases: primária, secundária e terciária. A
prevenção primária é a realizada no período de pré-patogênese, onde há surgimento
das “primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente ou em
qualquer outro lugar”. O conceito de promoção da saúde aparece como um dos
níveis da prevenção primária, conceituado como “medidas destinadas a desenvolver
uma saúde ótima”. Um segundo nível da prevenção primária seria a proteção
específica “contra agentes patológicos ou pelo estabelecimento de barreiras contra
os agentes do meio ambiente” (LEAVELL; CLARCK, 1976).
A fase da prevenção secundária também se apresenta em dois níveis: o
primeiro, diagnóstico e tratamento precoce e o segundo, limitação do dano. Por fim,
a prevenção terciária que diz respeito às ações de reabilitação (LEAVELL; CLARCK,
1976).
28
2.9 Papel dos serviços e profissionais de saúde quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce do câncer bucal
Sabe-se que o papel dos serviços de saúde, especialmente o do SUS,
quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal é extremamente
relevante, devendo propiciar condições para que os profissionais desempenhem tais
ações (SÃO PAULO, 2002).
Tendo em vista a relevância da detecção e do diagnóstico precoce do
câncer bucal, os profissionais de saúde devem atuar com o objetivo de conhecer as
populações de risco mais suscetíveis ao aparecimento de lesões bucais suspeitas,
proporcionar uma maior facilidade de acesso aos serviços de saúde para a
realização dos exames preventivos, consolidando a necessidade e a importância do
seu trabalho no primeiro nível de atenção do SUS, tais como nas unidades básicas
de saúde, a fim de atuarem minimizando o impacto dos diagnósticos realizados, em
sua maioria, em estágios avançados da doença (BERCHT, 1994; LEÃO et al., 2005).
O câncer bucal apresenta características que favorecem a detecção
precoce como a maior incidência em populações com idade acima de 40 anos, o
acometimento em pessoas tabagistas mais predominantemente, que consomem
bebidas alcoólicas com freqüência, que possuem más condições de saúde bucal e
fazem uso de uma dieta pobre em proteínas e vitaminas (BRASIL, 2002; KOWALSKI
et al., 1991).
Vários autores concordam que as pessoas vitimadas pelo câncer bucal no
Brasil pertencem a grupos sociais menos favorecidos economicamente e que são
pouco suscetíveis a programas de prevenção, particularmente os homens, pelas
29
mais diversas razões, não aderindo às propostas de trabalho dos profissionais que
atuam nos serviços de saúde (BERCHT, 1994; HAYASSY, 1998; KOWALSKI et al.,
1991).
As unidades básicas de saúde, consideradas como as “portas de entrada”
do SUS para a população, devem reunir cirurgiões-dentistas com o potencial de
desenvolver, entre outras atribuições, ações educativas e preventivas em saúde
bucal, exame acurado da cavidade bucal e tecidos adjacentes, a eliminação de
fatores irritantes locais, encaminhando para tratamento os casos necessários
conforme o sistema de referência implantado local ou regionalmente (BERCHT,
1994; CAVALARI, 2004; SÃO PAULO, 2002, 2004b).
É possível verificar que os profissionais que atuam nas unidades básicas de
saúde, especificamente nos níveis de prevenção primária e secundária, possuem
condições oportunas para realizarem ações e práticas relacionadas à prevenção e
ao diagnóstico precoce do câncer bucal (McCANN et al., 2000; SÃO PAULO, 2002,
2004b).
2.10 Papel do cirurgião-dentista na detecção e no diagnóstico precoce do
câncer bucal
O cirurgião-dentista exerce um papel crucial na detecção e no diagnóstico
precoce do câncer bucal, sobretudo por primariamente atuarem num campo de ação
onde as lesões cancerizáveis se desenvolvem, devendo assumir uma postura ativa
que vise, em suas práticas cotidianas, examinar atentamente a cavidade bucal de
30
seus pacientes, agindo como quem pesquisa por lesões bucais suspeitas (CLOVIS;
HOROWITZ; POEL, 2002a, 2002b; GELLRICH et al., 2003; KOWALSKI et al., 1991;
KUJAN et al., 2006; LANGDON, 1995; McCANN; MACPHERSON; GIBSON, 2000;
SOARES DE LIMA et al., 2005).
É seu papel ainda, como profissional da área da saúde, articular
movimentos a favor de políticas que procurem identificar as pessoas mais expostas
aos fatores de risco relacionados ao aparecimento do câncer bucal e propiciar o seu
acesso aos conhecimentos relativos à prevenção e aos exames preventivos
(CLOVIS; HOROWITZ; POEL, 2002a; KOWALSKI et al., 1991; McCANN;
MACPHERSON; GIBSON, 2000; SOARES DE LIMA et al., 2005;
WARNAKULASURIYA et al., 1999).
Pesquisadores relatam que são poucos os profissionais que realizam
rotineiramente ações de prevenção e os exames preventivos junto às populações
sobre o câncer bucal e que a principal conseqüência disto é a ocorrência do
diagnóstico tardio da maioria dos casos. A maioria destes profissionais não se sente
confiante em detectar o câncer bucal em estágios iniciais, referindo a falta de
treinamento adequado como a causa mais importante (McCANN; MACPHERSON;
GIBSON, 2000; McCANN et al., 2000; MACPHERSON et al., 2003).
A detecção e o diagnóstico precoce desse agravo refletem diretamente na
redução da morbidade e diminuição do número de mortes por câncer bucal
(CAVALARI, 2004; FIELD et al., 1995; SILVERMAN Jr., 2001).
31
2.11 Etiopatogenia do câncer bucal
O controle do câncer bucal requer não tão somente o conhecimento da
história natural da doença em questão, mas também o entendimento quanto à
influência dos fatores ambientais, sociais, econômicos e culturais implicados na
população em que se atua (PETERSEN, 2003).
Soares de Lima et al. (2005) revelaram que o câncer bucal está relacionado
com causas ambientais, em 80% dos casos e que, portanto, esse quadro poderia ser
evitado se houvesse uma abordagem extra-muros mais freqüente dos cirurgiões-
dentistas, que buscasse esclarecer especialmente à população mais exposta aos
riscos e hábitos perniciosos à saúde bucal os devidos cuidados necessários,
considerando o meio onde esta vive.
O tabaco e o álcool são dois dos mais importantes fatores de risco para o
desenvolvimento do câncer de boca e faringe (BRASIL, 2002; BROTHWELL;
ARMSTRONG, 2004; LEITE; KOIFMAN, 1999; LEWIN; NORELL; JOHANSSON,
1998; MORENO-LÓPEZ et al., 2000; SHAM et al., 2003).
O fumo é um dos mais potentes agentes cancerígenos conhecidos que o
ser humano introduz voluntariamente no organismo. Seu uso quer fumado (cigarro,
cachimbo, charuto, cigarro de palha), mascado (fumo de rolo) ou aspirado (rapé),
constitui um dos principais fatores de risco do câncer de boca, faringe, laringe,
esôfago, pulmão e bexiga, o que é confirmado por estudos epidemiológicos em todo
o mundo (BRASIL, 2002; JOHNSON, 2001; SHAM et al., 2003).
Podem ser identificadas mais de 4.700 substâncias tóxicas no tabaco e na
fumaça que dela se desprende, das quais 60 apresentam ação carcinogênica
32
conhecida. A exposição contínua ao calor desprendido pela combustão do fumo
potencializa as agressões sobre a mucosa da cavidade bucal. Dependendo do tipo e
da quantidade do tabaco usado, os tabagistas apresentam uma probabilidade quatro
a 15 vezes maior de desenvolver câncer de boca do que os não-tabagistas (BRASIL,
2002; KIRCHENCHTEJN; CHATKIN, 2004).
A taxa de mortalidade do câncer de boca é similar para qualquer forma de
tabaco usada. Existe uma forte relação entre a quantidade de tabaco usada por dia
e a duração do período de exposição (relação dose-resposta), diminuindo o risco
com a cessação do tabagismo (BRASIL, 2002).
O tabagismo influi diretamente para o aumento da carga de câncer de
pulmão no Brasil, mas também para o aumento da incidência de outros tipos de
câncer, tais como de laringe, esôfago, boca e faringe, os dois últimos principalmente
se associado a consumo de álcool e precárias condições de nutrição, outros fatores
de risco muito comuns neste país (GUERRA; MOURA GALLO; MENDONÇA, 2005).
De acordo com o Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e
Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis, realizado pela
Coordenação de Epidemiologia e Informação da Secretaria Municipal de Saúde de
São Paulo, que teve como objetivo estimar a magnitude da exposição a
comportamentos e fatores de risco para doenças e agravos não transmissíveis, a
cidade que se destacava por bons índices numa perspectiva nacional em 1989
quanto ao tabagismo, deixou de ocupar esta posição devido aos altos indicadores
entre mulheres e homens fumantes regulares de cigarro obtidos nesse primeiro
estudo (SÃO PAULO, 2004a).
Atualmente, já existem evidências sobre o potencial carcinogênico do álcool
para as pessoas, diferentemente do passado, quando não se conseguia estudar as
33
correlações do álcool com o câncer bucal, pela dificuldade que se tinha de encontrar
um número significativo de pacientes que somente bebiam e não faziam uso do
tabaco (GREENWOOD et al., 2003; HASHIBE et al., 2003; LOCKHART; NORRIS
JR.; PULLIAM, 1998).
Segundo Brasil (2002), o consumo de bebidas alcoólicas aumenta cerca de
nove vezes o risco de câncer de boca, e quando associado ao tabagismo, esse risco
torna-se 35 vezes maior. Diversos estudos confirmam o sinergismo do consumo do
álcool e do tabaco na carcinogênese de tumores da boca, faringe e esôfago. A ação
do álcool facilita a atuação dos agentes carcinogênicos presentes no cigarro (CRUZ
et al., 2002; KERR; CRUZ, 2002).
Dados recentes a respeito do uso do tabaco e do álcool obtidos pelo
inquérito domiciliar de saúde na cidade de São Paulo, no ano de 2003, realizados
pela Universidade de São Paulo, Universidade de Campinas e Universidade do
Estado de São Paulo, Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São
Paulo, em parceria com a Secretaria Municipal de São Paulo, evidenciam a alta
prevalência de fumantes nesta cidade sendo que, entre 18 e 29 anos, o número de
homens fumantes é duas vezes maior que o de mulheres fumantes. Quanto à
freqüência de ingestão de bebida alcoólica em pessoas com 18 anos ou mais, o
sexo masculino predomina em relação ao sexo feminino cerca de três vezes mais,
quanto ao beber de uma a três por semana. Quase o dobro das mulheres referiu não
ingerir bebidas alcoólicas comparado aos homens (SÃO PAULO, 2005b).
Outro fator associado às alterações genéticas que estão relacionados à
etiologia do câncer bucal é a mutação do gene p53. O p53 é uma das proteínas que
controla o ciclo celular e ocupa um ponto chave no desencadeamento desse
processo, retardando a divisão celular para que ocorra o reparo ou mesmo
34
impedindo-a através de apoptose. Esta proteína demonstra ter um papel
fundamental na carcinogênese oral, pois apresenta freqüentes mutações,
relacionadas a fatores de risco como o tabaco e o álcool, dentre outros (NOGUEIRA
et al., 2004; VENTURI; CABRAL; LOURENÇO, 2004; WUNSCH FILHO; GATTÁS,
2001).
Um estudo realizado no Instituto de Prevenção do Câncer do Ceará com
pacientes com lesões bucais suspeitas que foram submetidos à biopsias detectou a
expressão da proteína p53 em 55,8% dos cânceres bucais e o hábito de fumar
apresentou uma correlação altamente significativa com a expressão desta,
sugerindo que este carcinógeno estimule a síntese de p53 para reparar os danos ao
DNA por ele provocados (NOGUEIRA et al., 2004).
Não é possível estabelecer uma relação causal entre a irritação crônica
mecânica e o desenvolvimento do câncer de boca. Há controvérsias sobre essa
relação. Sabe-se, porém, que estes irritantes, representados por dentes fraturados,
com cárie, em má posição, com bordas cortantes, combinados com outros fatores,
poderiam atuar como agentes co-carcinogênicos na gênese das neoplasias
malignas da boca (LOCKHART; NORRIS JR.; PULLIAM, 1998).
A eritroplasia e a leucoplasia são duas das principais condições bucais que
mais possuem potencial para evoluir para um câncer bucal. A eritroplasia apresenta-
se sob a forma de placa avermelhada, que geralmente é bem delimitada,
homogênea, brilhante e assintomática e pode ocorrer em associação com a
leucoplasia, conhecida como eritroleucoplasia ou leucoplasia salpicada (BRASIL,
2002; HASHIBE et al., 2003; NEVILLE et al., 1998).
A leucoplasia é uma das lesões cancerizáveis mais comuns. Apresenta-se
clinicamente sob a forma de placa ou manchas esbranquiçadas na mucosa bucal,
35
geralmente assintomáticas e que não são removíveis por raspagem. O tabaco é um
fator preponderante no desenvolvimento da leucoplasia (BRASIL, 2002; HASHIBE et
al., 2003; NEVILLE et al., 1998).
O líquen plano é uma doença dermatológica crônica que frequentemente
afeta a mucosa bucal e possui baixo potencial de malignização. Clinicamente,
apresenta-se como placas esbranquiçadas múltiplas, bilaterais, ocasionalmente
erosadas (BRASIL, 2002; NEVILLE et al., 1998).
2.12 Perfil do cirurgião-dentista quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce
do câncer bucal
Diversos estudos analisaram o perfil do cirurgião-dentista que atua, ou não,
na atenção primária, quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal
(ALONGE; NARENDRAN, 2003; CLOVIS; HOROWITZ; POEL, 2002a, 2002b;
GREENWOOD; LOWRY, 2001; HOROWITZ et al., 2000; HOROWITZ et al., 2001;
KUJAN et al., 2006; LEÃO et al., 2005; McCANN et al., 2000; MACPHERSON et al.,
2003; YELLOWITZ et al., 2000).
McCann et al. (2000), em um estudo realizado na Escócia, investigaram as
práticas preventivas relativas ao câncer bucal dos cirurgiões-dentistas que atuavam
na atenção primária a fim de determinar necessidades de treinamento ou não
desses profissionais. 63% referiram sentir-se pouco confiantes em detectar o câncer
bucal e 43% disseram sentir-se seguros em relatar os achados suspeitos com os
pacientes.
36
Em um estudo de Horowitz et al. (2000), 508 cirurgiões-dentistas do Estado
de Maryland, nos Estados Unidos, foram pesquisados em relação aos seus
conhecimentos, opiniões e práticas no que diz respeito à prevenção e detecção
precoce do câncer bucal. Os resultados apontaram que os profissionais não realizam
sistematicamente os exames preventivos de câncer bucal e que ações
governamentais devem ser desenvolvidas para aprimorar o trabalho com os fatores
de risco que estão mais relacionados ao aparecimento do câncer bucal.
Yellowitz et al. (2000), obtiveram informações de 3.200 cirurgiões-dentistas
quanto aos seus níveis de conhecimento sobre os fatores de risco para o câncer de
boca e faringe e procedimentos diagnósticos. Cerca de 30% dos profissionais
relataram corretamente os locais mais acometidos pelo câncer bucal e que muitos
são diagnosticados tardiamente. O estudo sugere ainda a necessidade de um
aprimoramento profissional quanto aos conhecimentos sobre câncer bucal.
Em um estudo com dentistas generalistas dos Estados Unidos, verificou-se
que estes profissionais abordaram cinco dos oito itens da anamnese pesquisados
quanto à história médica dos pacientes e que todos conduzem exames preventivos
em pacientes com 40 anos ou mais nas primeiras consultas (HOROWITZ et al.,
2001).
Ao comparar cirurgiões-dentistas e médicos quanto aos conhecimentos
sobre câncer bucal, encontrou-se que os primeiros provavelmente façam o
diagnóstico precoce de câncer bucal antes que os médicos, apesar dos dois grupos
demonstrarem bons conhecimentos relativos ao tema (GREENWOOD; LOWRY,
2001).
Em um estudo no Canadá, os cirurgiões-dentistas pesquisados afirmaram
que não reconheciam a eritroplasia e a leucoplasia como as mais prováveis na
37
associação com a etiologia do câncer bucal (CLOVIS; HOROWITZ; POEL, 2002a,
2002b).
Cirurgiões-dentistas do Estado do Texas, nos Estados Unidos, discordaram
que estão adequadamente capacitados para orientar seus pacientes a
interromperem os hábitos do tabagismo e etilismo, apesar de alguns terem referido
que estão aptos para proverem esse trabalho quanto ao primeiro (26%) e ao
segundo (11%) (ALONGE; NARENDRAN, 2003).
2.13 Gestão da saúde pública no município de São Paulo
A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, gestora do SUS, é a
responsável pela formulação e implantação de políticas, programas e projetos que
visem promover, proteger e recuperar a saúde da população (SÃO PAULO, 2006).
As Coordenadorias de Saúde das subprefeituras de São Paulo são
gestoras do SUS em suas áreas de abragência, por delegação da Secretaria
Municipal de Saúde, e estão divididas em cinco regiões (SÃO PAULO, 2006).
A região Centro-oeste abrange as subprefeituras de Butantã, Lapa,
Pinheiros e Sé. A região Leste contém as subprefeituras de Cidade Tiradentes,
Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus e São Miguel
A região Norte é composta pelas subprefeituras da Casa Verde/Cachoeirinha,
Freguesia do Ó/Brasilândia, Jaçanã/Tremembé, Perus, Pirituba, Santana/Tucuruvi e
Vila Maria/Vila Guilherme. A região Sul abrange as subprefeituras de Campo Limpo,
Capela do Socorro, Cidade Ademar, M´Boi Mirim, Parelheiros e Santo Amaro. A
38
região Sudeste contém as subprefeituras de Aricanduva/Formosa/Carrão, Ipiranga,
Jabaquara, Mooca, Penha, Vila Mariana e Vila Prudente/Sapopemba (SÃO PAULO,
2006).
Dados do Diagnóstico Mínimo por Coordenadoria Regional de Saúde do
município de São Paulo, de abril de 2005, mostram que a região Sudeste é a mais
populosa, com 2.499.294 habitantes, seguida das regiões Leste e Norte. A região
que possui a maior porcentagem de idosos é a Centro-oeste com 15,7%, seguida da
região Sudeste com 13,7% (SÃO PAULO, 2006).
Quanto aos dados sócio-econômicos, as regiões Sul e Leste se destacam
por possuírem uma porcentagem maior de população favelada (16,8%) e uma
população com menos anos de estudo e renda menor que R$ 400,00,
respectivamente (SÃO PAULO, 2006).
Segundo a Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005), um estudo foi
realizado por professores de Economia em São Paulo para conhecer os bairros
desta cidade com o melhor índice econômico de qualidade de vida, que pretendia
descrever a qualidade de vida em cada uma das 31 subprefeituras da capital. Esta
pesquisa cruzou informações do censo realizado pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística do ano 2000, da Fundação Sistema Estadual de Análise de
Dados, das subprefeituras e da Secretaria de Estado da Segurança de São Paulo e
foi construída a partir da análise de dez dimensões que espelhariam a qualidade de
vida em uma cidade, como o acesso a cultura e lazer, demografia, educação,
habitação, infra-estrutura urbana, meio ambiente, renda, saúde, segurança e justiça
e o uso dos transportes.
O bairro de Pinheiros, por ser caracterizado como o de acesso mais fácil à
educação e saúde, por possuir o maior número de áreas arborizadas, opções de
39
cultura e lazer, além de segurança satisfatória e o menor déficit habitacional e de
infra-estrutura, foi eleito como aquele com melhor qualidade de vida em São Paulo,
seguido dos bairros Vila Mariana, Lapa, Santo Amaro e Sé. O bairro considerado
com pior qualidade de vida foi o de Parelheiros.
A principal causa de morte no município é a doença isquêmica do coração,
seguida pelas doenças cérebro-vasculares. Os homicídios são a segunda causa de
morte na região Sul e a terceira na região Leste (SÃO PAULO, 2006).
O município de São Paulo possui 382 unidades básicas de saúde. A região
Leste tem o maior número de unidades (107), seguida pela Sul (86), Sudeste (83),
Norte (76) e Centro-oeste (30) (SÃO PAULO, 2006).
Dados do ano de 2004 mostram que a taxa de acesso à primeira consulta
odontológica aos usuários do SUS é ainda bastante baixa. A região que exibiu a
menor taxa foi a Sul, com 2%, seguida da região Leste (3,4%), Sudeste (4,2%) e
Norte (4,4%). A região Centro-Oeste apresenta uma taxa que destoa positivamente
dentre as demais com 40,5% (SÃO PAULO, 2006).
De acordo com dados recentes do Inquérito de Saúde do município de São
Paulo, divulgados no Boletim da Coordenação de Epidemiologia e Informação no. 1,
de julho de 2005, segundo o uso de serviços de saúde quanto ao motivo de procura-
atendimento realizado, tipo de serviço, fonte de financiamento e escolaridade,
observou-se que as consultas odontológicas evidenciaram o menor percentual de
utilização de serviços de saúde na capital, com 11,9%, certamente motivada pela
baixa oferta, em especial de adultos e idosos. Verificou-se também que cerca de
60% dos custos das consultas odontológicas foram cobertos com recursos dos
próprios pacientes, segundo o tipo de fonte pagadora (SÃO PAULO, 2005c).
40
2.14 O contexto e as atitudes para a prevenção e o diagnóstico precoce do
câncer bucal
Em função do contexto apresentado, é possível destacar a importância das
atividades de prevenção primária que combatem o câncer bucal, tais como o
controle do uso de tabaco, redução do consumo de álcool e estímulo à dieta com
qualidade nutricional e à prática de atividades físicas regulares, com a finalidade de
eliminação ou diminuição, de maneira eficiente, eficaz e efetiva, dos fatores de risco
associados ao câncer bucal, no cotidiano dos profissionais de saúde, em especial do
cirurgião-dentista (GUERRA; MOURA GALLO; MENDONÇA, 2005; KUJAN et al.,
2006; LEÃO et al., 2005).
Uma efetiva política de controle do câncer bucal no Brasil deve considerar
também a situação sócio-econômica e as desigualdades existentes nas diversas
regiões do Brasil, sendo que as ações programáticas devem se dar também no
contexto da prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis e de promoção da
saúde (GUERRA; MOURA GALLO; MENDONÇA, 2005; KUJAN et al., 2006; LEÃO
et al., 2005).
É importante gerar condições para a manutenção do nível adequado de
conhecimento dos profissionais de saúde bucal, sobretudo daqueles que atuam nos
níveis de prevenção primária e secundária, por meio da realização sistemática de
programas de educação continuada sobre o tema câncer bucal, a fim de buscar o
aprimoramento do diagnóstico desta morbidade e a melhoria dos índices de
sobrevida da população acometida por tal agravo (HOROWITZ et al., 2000; KUJAN
41
et al., 2006; LEÃO et al., 2005; McCANN et al., 2000; McCANN; MACPHERSON;
GIBSON, 2000; MACPHERSON et al., 2003).
A prevenção e o diagnóstico precoce podem, definitivamente, salvar vidas
(PETERSEN, 2003).
42
3 PROPOSIÇÃO
Este estudo tem como objetivo conhecer as ações que os cirurgiões-dentistas
das unidades básicas de saúde do município de São Paulo têm desenvolvido quanto
à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal, além das percepções que
estes profissionais possuem para a realização de tais ações. Através dele, ter-se-á a
oportunidade de analisar o comportamento destes profissionais neste município em
relação à prevenção e o diagnóstico precoce desta morbidade.
Tal investigação se faz necessária pela importância do papel que o cirurgião-
dentista assume nas unidades básicas de saúde quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce das lesões bucais suspeitas, objetivando evidenciar a
realização, ou não, de tais ações e reconhecer quais os fatores limitantes para a sua
operacionalização.
43
4 MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo seguiu a mesma proposta metodológica das pesquisas
realizadas com cirurgiões-dentistas que atuam na atenção primária de outras regiões
do mundo, sobre os seus conhecimentos e percepções a respeito da prevenção e do
diagnóstico precoce do câncer bucal (ALONGE; NARENDRAN, 2003; HOROWITZ et
al., 2000; MACPHERSON et al., 2003; McCANN et al., 2000; YELLOWITZ et al.,
2000).
O público-alvo foram os cirurgiões-dentistas que atuavam nas 286 unidades
básicas de saúde do município de São Paulo, discriminadas por nome e endereço
em um documento fornecido pela Coordenação de Saúde Bucal da Secretaria
Municipal de Saúde de São Paulo em março de 2005.
No primeiro semestre de 2004, um primeiro contato com a Coordenação de
Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde, da gestão 2000/2004, se
concretizou quando a análise da viabilidade e a relevância do estudo proposto foram
verificadas e atestadas. Foi sugerido o encaminhamento do projeto de pesquisa ao
Comitê de Ética da Secretaria Municipal de Saúde para apreciação e julgamento,
cuja manifestação não apresentou qualquer restrição (Anexo A).
Encaminhamos o presente projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, que também não
manifestou restrições (Anexo B).
Com a sucessão da gestão e entrada de outros profissionais na Coordenação
de Saúde Bucal desta Secretaria, em janeiro de 2005, foi realizado um novo contato
44
para informá-la do estudo, por meio de uma apresentação, e solicitar seu apoio para
a realização e a divulgação deste aos diretores das unidades básicas de saúde.
Este questionário havia sido previamente testado, em setembro de 2004, com
os cirurgiões-dentistas que atuam nas unidades de saúde da família do Programa
Saúde da Família do município de Jundiaí-SP.
Uma relação com os endereços das unidades básicas de saúde do município
de São Paulo que continham cirurgiões-dentistas atuando foi solicitada para o início
da fase de coleta de dados. Todos os questionários foram codificados no intuito de
registrar a participação dos profissionais, segundo as regiões administrativas,
subprefeituras e as unidades básicas de saúde do município de São Paulo.
As correspondências foram enviadas uma única vez às unidades básicas de
saúde em março de 2005, via Correio, contendo uma carta destinada aos diretores
destas orientando-os a como procederem com os documentos enviados, como os
questionários da pesquisa que continham em anexo o termo de consentimento livre
e esclarecido, explicando a natureza da pesquisa, em quantidade equivalente ao
número de cirurgiões-dentistas atuantes na unidade e um envelope selado para a
devolução dos documentos ao autor deste (Apêndices A, B e C).
O fluxo estabelecido levava em consideração o recebimento do envelope pelo
diretor da unidade básica de saúde que, ao ler o documento endereçado a ele e
consentir com a realização da pesquisa, deveria conduzir os questionários aos
cirurgiões-dentistas de sua unidade, explicando-lhes a respeito da relevância da
pesquisa e sensibilizando-os a participarem. Aqueles profissionais que desejassem
participar deveriam preencher e retornar os questionários ao diretor que, após a
devida conferência, encaminharia os documentos preenchidos por meio do envelope
selado, via Correio.
45
O questionário aplicado possuía 24 questões de múltipla escolha e foi dividido
em sete partes.
A primeira parte analisou as seis primeiras questões que se referiam à
identificação dos cirurgiões-dentistas com relação ao sexo, idade, tempo de
graduação, realização ou não de cursos de pós-graduação lato e/ou stricto sensu,
localização da unidade básica de saúde no município de São Paulo em que atuavam
e se trabalhavam em algum outro local.
A segunda parte do questionário buscou analisar o comportamento dos
profissionais com relação à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal, por
meio das questões um a quatro, que visavam conhecer as ações que os
profissionais de saúde bucal realizavam na unidade básica de saúde quanto ao
exame dos tecidos moles na primeira consulta, durante a anamnese, uso do tabaco
e do álcool e respectiva conduta e se conhecia alguma técnica para apoiar pacientes
na interrupção do hábito do tabagismo e etilismo.
A terceira parte abrangia as questões cinco e seis e tinham como proposta
identificar o grau de conhecimento dos cirurgiões-dentistas quanto à importância dos
fatores relacionados à etiologia do câncer bucal e quanto às condições bucais
relacionadas à evolução para um câncer.
Assim como nos estudos de Clovis, Horowitz e Poel (2002a, 2002b), Horowitz
et al. (2000) e Yellowitz et al. (2000), os conhecimentos relativos a estas duas
situações assinalados corretamente no presente estudo foram valorados em um
ponto. Tanto em relação aos fatores ligados à etiologia do câncer bucal como às
condições bucais quanto à possível evolução para essa morbidade, o participante
que assinalou de zero a dois itens corretamente teve o seu grau de conhecimento
46
classificado como baixo, de três a cinco, classificado como médio e de seis a sete,
na questão cinco, e de seis a oito, na questão seis, classificado como alto.
O total de pontos obtido por meio dos itens apontados corretamente nestas
duas situações produziu uma outra informação quanto ao grau de conhecimento
geral dos cirurgiões-dentistas relativo ao diagnóstico precoce do câncer bucal. O
profissional de saúde bucal que acertou de zero a nove itens foi classificado como
possuindo grau baixo de conhecimento, de dez a treze, grau médio e de 14 a 15,
grau alto.
A quarta parte do questionário, através das questões sete, nove, onze e treze,
tinha o objetivo de conhecer as percepções que estes profissionais possuíam em
relação aos seus conhecimentos sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer
bucal, no que diz respeito às aptidões para detectar lesões cancerizáveis, aptidões
para realizar citologia esfoliativa e biópsia e quanto ao ensino obtido durante a
graduação sobre este tema.
A quinta parte buscou conhecer, por meio das questões dez e doze, as
condições que as unidades básicas de saúde ofereciam para a realização dos
exames complementares para fins de diagnóstico, como a citologia esfoliativa e a
biópsia.
A sexta parte procurou verificar as práticas dos cirurgiões-dentistas quanto à
prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal, com relação ao tempo e o
local para o encaminhamento dos pacientes com lesões bucais suspeitas, à
realização de algum trabalho em sua unidade sobre prevenção deste agravo e à sua
participação em campanhas de prevenção do câncer bucal na vacinação da gripe
para os idosos.
47
A sétima parte do questionário analisou a participação dos profissionais em
cursos sobre câncer bucal nos últimos tempos e os seus desejos quanto à
disponibilização de mais cursos sobre esse tema.
Foram consideradas três situações quanto à devolução dos questionários ao
autor do estudo para a contabilização e análise estatística dos dados.
Convencionou-se como participantes do estudo os questionários respondidos pelos
cirurgiões-dentistas até 30 de junho de 2005, que se encontravam devidamente
preenchidos e cujo termo de consentimento livre e esclarecido estava assinado.
Foram classificados como não participantes do estudo os questionários retornados
em branco e/ou com o termo não assinado e aqueles cujos envelopes selados,
contendo os documentos da pesquisa, não foram devolvidos.
A análise dos dados foi realizada através do estudo das informações contidas
nos questionários respondidos durante a fase de coleta. Esta análise foi realizada
através de procedimentos estatísticos e expressa em números absolutos e
percentuais, apresentados através de gráficos. Foi feito um banco de dados
utilizando o software de informática Epi Info – versão 6.04b.
Foram enviados 885 questionários e devolvidos 282. Não foram
contabilizados 598 questionários, sendo que 124 foram retornados em branco e/ou
com o termo de consentimento livre e esclarecido não assinado e 474 não foram
devolvidos.
Cinco correspondências apresentaram problemas, tais como a devolução pela
não existência de cirurgiões-dentistas em duas unidades básicas de saúde e três
delas que não alcançaram o destinatário devido a erros nos endereços das unidades
básicas de saúde, contidos no documento fornecido pela Coordenação de Saúde
Bucal da Secretaria Municipal de Saúde.
48
5 RESULTADOS
O presente estudo reuniu informações quanto ao comportamento dos
cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde do município de São Paulo
quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal.
Foram enviados 885 questionários aos cirurgiões-dentistas atuantes nas
unidades básicas de saúde, de acordo com as regiões administrativas do município
de São Paulo, onde desempenhavam suas ações (Gráfico 5.1).
216
212
195
160
97
0
50
100
150
200
250
Sudeste Norte Leste Sul Centro-
Oeste
Gráfico 5.1 – Distribuição dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde, segundo
as regiões administrativas do município de São Paulo (Secretaria Municipal de
Saúde de São Paulo-SP)
Do total, 216 (24,4%) questionários foram enviados aos cirurgiões-dentistas
da região Sudeste, 212 (23,9%) para a Norte, 195 (22%) para a Leste, 160 (18,1%)
para a Sul e 97 (11%) para a Centro-Oeste.
Após correção das distorções presentes na lista de cirurgiões-dentistas
atuantes nas unidades básicas de saúde (não-existência desses profissionais nas
unidades e erros contidos nos endereços destas), foi considerado o envio de 880
questionários.
49
Participaram do estudo, respondendo aos questionários enviados, 282
profissionais, distribuídos pelas regiões administrativas do município de São Paulo, o
que representou uma taxa de resposta de 32%, conforme evidencia o gráfico 5.2.
84
72
61
51
14
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Sudeste Norte Leste Sul Centro-
Oeste
Gráfico 5.2 – Distribuição dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde que
responderam ao estudo, de acordo com as regiões administrativas do
município de São Paulo
Houve 124 (14,1%) cirurgiões-dentistas que não participaram do estudo,
retornando os questionários em branco e 474 (53,9%) profissionais que não
devolveram os questionários enviados ao autor da pesquisa. O gráfico abaixo mostra
a distribuição dos cirurgiões-dentistas, segundo as subprefeituras do município de
São Paulo, que se apresentaram nessas duas condições.
38
94
31
109
21
113
16
93
18
65
0
20
40
60
80
100
120
Sudeste Norte Leste Sul Centro-
Oeste
Não responderam
Permaneceram sem
resposta
Gráfico 5.3 – Distribuição dos cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde que não
responderam ao estudo ou cujos questionários permaneceram sem
devolução, de acordo com as regiões administrativas do município de São
Paulo
50
Dentre o total de questionários enviados aos cirurgiões-dentistas das
unidades básicas de saúde do município de São Paulo, a região administrativa que
predominou pela não participação do estudo, com 38 (4,3%) questionários
retornados em branco foi a Sudeste e a região administrativa do município de São
Paulo que mais permaneceu sem devolução foi a região Leste, com 113 (12,8%)
questionários.
A taxa obtida por meio da soma das porcentagens de questionários não
respondidos (14,1%) e daqueles que permaneceram sem devolução (53,9%) pelos
cirurgiões-dentistas foi de 68%, o que representou um total de 594 questionários que
se apresentaram em alguma dessas duas condições.
Quanto à região administrativa do município de São Paulo em relação ao total
da amostra selecionada, a região Norte de São Paulo foi aquela cujos cirurgiões-
dentistas menos participaram do estudo (15,8%), seguida das regiões Leste (15,2%),
Sudeste (14,9%), Sul (11,3%) e Centro-Oeste (9,3%).
Em relação ao total de cirurgiões-dentistas por subprefeitura, a região que
menos participou do estudo foi a Centro-Oeste, com 85,5% dos profissionais,
seguida das regiões Leste (68,7%), Sul (68,1%), Norte (66%) e Sudeste (61,1%).
Quanto às subprefeituras, foram registradas a não-participação de todos os
profissionais de saúde bucal de seis delas, dentre as 31 analisadas, que foram
Pinheiros e Sé (região Centro-Oeste), Parelheiros e Santo Amaro (região Sul), Perus
(região Norte) e Jabaquara (região Sudeste). A subprefeitura de Ermelino
Matarazzo, localizada na região Leste, foi a que menos respondeu ao estudo, com
90,5% dos cirurgiões-dentistas.
51
Com relação à caracterização da amostra participante do estudo, verificou-se
quanto ao sexo que, dentre os participantes, 199 (70,6%) eram do sexo feminino,
enquanto 83 (29,4%) eram do sexo masculino.
Quanto ao tempo de graduação dos cirurgiões-dentistas, 93 (33%) tinham
sido graduados nas Faculdades de Odontologia há mais de 20 anos, 68 (24,1%)
estavam graduados há 16 e 20 anos, 39 (13,8%) tinham entre 11 a 15 anos de
graduação, 42 (14,9%) tinham entre seis a dez e 40 (14,2%) possuíam menos que
cinco anos de graduação.
Dentre o total de profissionais que responderam ao estudo, 132 (46,8%)
relataram não possuir pós-graduação. 125 (44,3%) profissionais referiram serem
especialistas, dez (3,5%) disseram possuir grau de mestrado, cinco (1,8%)
doutorado, três (1,1%) pós-doutorado e sete (2,5%) não responderam.
Duzentos e vinte e cinco (79,8%) cirurgiões-dentistas relataram que
trabalhavam em outros locais, além daquele onde desempenhavam suas ações nas
unidades básicas de saúde, enquanto 57 (20,2%) profissionais dedicavam-se
exclusivamente a este trabalho na rede municipal. Dentre os profissionais que
trabalhavam em outros locais, 127 (45%) atuavam em consultório odontológico
próprio, 34 (12,1%) em consultório odontológico de outras pessoas, dividindo-o com
outros profissionais ou como contratado, 17 (6%) desempenhavam ações tanto em
consultório odontológico próprio como em consultório odontológico de outras
pessoas e 104 (36,9%) trabalhavam em outros locais que não os referidos na
questão.
Verificou-se que 227 (80,5%) cirurgiões-dentistas responderam que
realizavam sempre o exame dos tecidos moles nas cavidades bucais de seus
52
pacientes nas consultas iniciais, 41 (14,5%) ocasionalmente e 13 (4,6%) apenas
quando havia queixa do paciente.
Cento e setenta e quatro (61,7%) cirurgiões-dentistas referiram perguntar aos
pacientes rotineiramente, durante a anamnese, com qual freqüência seus pacientes
fumavam ou ingeriam bebidas alcoólicas. Oitenta e seis (30,5%) relataram que
algumas vezes realizavam tal conduta, dez (3,5%) raramente e 12 (4,3%) nunca
fizeram esse questionamento.
Dentre aqueles que disseram que sempre realizavam o exame dos tecidos
moles da cavidade bucal de seus pacientes nas consultas iniciais, 148 (52,5%)
perguntavam rotineiramente, durante a anamnese, se os pacientes fumavam ou
ingeriam bebidas alcoólicas e 68 (24,1%) cirurgiões-dentistas relataram que
questionavam algumas vezes.
Verificou-se que 211 (75,1%) profissionais referiram desconhecer as técnicas
utilizadas para ajudar os pacientes a interromperem o hábito do tabagismo,
enquanto 70 (24,9%) já obtiveram estas informações.
Quanto às técnicas utilizadas para ajudar os pacientes a interromperem o
hábito do etilismo, 224 (79,4%) cirurgiões-dentistas referiram desconhecê-las,
enquanto 58 (20,6%) já tiveram acesso a estas informações.
Em relação aos profissionais que relataram que sempre realizavam o exame
dos tecidos moles da cavidade bucal de seus pacientes nas consultas iniciais,
verificou-se que 170 (60,3%) desses não foram informados sobre as técnicas
utilizadas para ajudar os pacientes a abandonarem o tabagismo e que 178 (63,1%)
referiram não terem sido informados sobre as técnicas utilizadas para ajudar os
pacientes a abandonarem o etilismo.
53
Quanto aos graus de importância de cada fator de risco no que diz respeito à
etiologia do câncer bucal, o tabagismo (98,2%) e o álcool (95,4%) foram as
situações que a maioria dos participantes mais apontou corretamente. A idade do
paciente foi a terceira condição mais corretamente apontada, com 57,1%, seguida
da infecção bacteriana (30,8%), infecção fúngica (23,7%), infecção viral (24,8%) e o
trauma, com 8,9%, situação que a maioria mais apontou equivocadamente como
fator de risco ligado à etiologia do câncer bucal.
Em relação aos graus de importância de cada uma das condições bucais para
a possível evolução para um câncer bucal, a leucoplasia (89%) foi a doença que a
maioria apontou mais corretamente, seguida da língua geográfica, com 83%. A
eritroplasia foi a terceira condição bucal mais corretamente apontada, com 68,4%.
Dentre todos os participantes, 66% acertaram que as aftas não são importantes para
a evolução para um câncer bucal, seguidas do líquen plano (37,6%), da candidose
crônica (27,3%), do nevo branco esponjoso (13,8%) e da estomatite nicotínica, que
obteve apenas um percentual de 7,1% de acerto.
Quanto ao grau de importância dos fatores de risco que estabelecem relação
com a etiologia do câncer bucal, a partir dos valores atribuídos às respostas
assinaladas corretamente pelos cirurgiões-dentistas que participaram do estudo,
verificou-se que a maioria deles (70,2%) foi classificada como possuindo um grau
médio de conhecimento, 23,8% baixo e apenas 6% classificados com um grau alto
de conhecimento.
Em relação ao grau de importância das condições bucais quanto a possível
evolução para um câncer, encontrou-se nesse estudo que a maioria dos
participantes (67,4%) possuiu um grau médio de conhecimento, 18,8% baixo e
13,8% classificados com um grau alto de conhecimento.
54
Ao obter-se o total dos valores atribuídos às duas situações, foi possível
observar que 85,5% dos cirurgiões-dentistas do presente estudo foram classificados
como possuindo um grau baixo de conhecimento, 14,2% um grau médio e apenas
um profissional (0,4%) classificado com um grau alto de conhecimento.
O gráfico 5.4 mostra à percepção dos cirurgiões-dentistas quanto em relação
ao fato destes se encontrarem adequadamente capacitados para detectar lesões
cancerizáveis.
35
182
38
24
1
0
50
100
150
200
Concorda plenamente
Concorda
parcialmente
Discorda
parcialmente
Discorda plenamente
Não sabe
Gráfico 5.4 – Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato destes se encontrarem
adequadamente capacitados para detectar lesões cancerizáveis
O gráfico 5.5 evidencia a percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato
destes se encontrarem adequadamente capacitados para realizarem citologia
esfoliativa.
53
101
43
74
8
0
20
40
60
80
100
120
Concorda plenamente
Concorda
parcialmente
Discorda parcialmente
Discorda plenamente
Não sabe
Gráfico 5.5 – Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato destes se encontrarem
adequadamente capacitados para realizarem citologia esfoliativa
55
Verificou-se que 80 (28,4%) cirurgiões-dentistas que disseram concordar
parcialmente com o fato de estarem adequadamente capacitados para realizar
citologia esfoliativa, referiram concordar parcialmente quanto ao fato de estarem
adequadamente capacitados para detectar lesões cancerizáveis.
O gráfico 5.6 mostra a percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato
destes se encontrarem adequadamente capacitados para realizar biópsia.
32
84
50
108
6
0
20
40
60
80
100
120
Concorda
plenamente
Concorda
parcialmente
Discorda
parcialmente
Discorda
plenamente
Não sabe
Gráfico 5.6 – Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato destes se encontrarem
adequadamente capacitados para realizar biópsia
Quanto às percepções dos profissionais relativas ao fato de estarem
adequadamente capacitados para realizarem biópsia e à aptidão para detectar
lesões cancerizáveis, verificou-se que 70 (24,9%) cirurgiões-dentistas disseram
concordar parcialmente com o fato de estarem adequadamente capacitados para
realizar biópsia, assim como referiram concordar parcialmente com a aptidão para
detectar lesões cancerizáveis.
O gráfico 5.7 exibe a percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao ensino
que obtiveram durante a graduação em relação ao tema câncer bucal.
56
45
159
64
12
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Muito bom
Bom
Ruim
Muito ruim
Não sabe
Gráfico 5.7 – Percepção dos cirurgiões-dentistas quanto ao ensino que obtiveram durante a
graduação em relação ao tema câncer bucal
Cento e seis (37,6%) cirurgiões-dentistas que acreditavam que o ensino
apreendido durante a graduação sobre o tema câncer bucal foi bom disseram que
concordavam parcialmente com o fato de estarem adequadamente capacitados para
detectar lesões cancerizáveis.
Dentre os participantes do estudo, 204 (73,1%) disseram que as unidades
básicas de saúde onde atuavam não lhes ofereciam condições de fazer uma
citologia esfoliativa, enquanto que 75 (26,9%) não concordavam com este ponto de
vista.
Duzentos e quinze (76,5%) profissionais disseram que as unidades básicas
de saúde onde atuavam não lhes ofereciam condições de fazer uma biópsia,
enquanto que 66 (23,5%) não concordavam com este ponto de vista.
Com relação às práticas profissionais quanto ao encaminhamento de
pacientes com lesões bucais suspeitas, verificou-se nesse estudo que 50,4% dos
cirurgiões-dentistas referiram observar o paciente pelo período de duas semanas
para depois encaminhar e que quase a metade dos profissionais participantes 133
(47,2%) encaminhava para a Disciplina de Semiologia ou Estomatologia de alguma
Faculdade de Odontologia. Cento e dezenove (42,2%) disseram também que
57
costumavam encaminhar pacientes para um profissional especialista que atende em
outra unidade básica de saúde.
Dos cirurgiões-dentistas que referiram encaminhar os pacientes após um
período de observação de duas semanas, 113 (79,6%) disseram que realizavam
sempre os exames dos tecidos moles da cavidade bucal de seus pacientes nas
consultas iniciais. Dentre os 119 (42,2%) profissionais que relataram que fariam o
encaminhamento de pacientes com lesões bucais suspeitas na mesma consulta, 98
(82,3%) referiram que realizavam sempre os exames dos tecidos moles da cavidade
bucal de seus pacientes nas consultas iniciais.
Cento e oitenta e oito (67,4%) profissionais disseram que havia algum
trabalho sendo realizado em suas unidades básicas de saúde que tivesse como
objetivo a prevenção do câncer bucal, ante os 91 (32,6%) que relataram situação
contrária.
Duzentos e sessenta e seis (94,3%) cirurgiões-dentistas referiram que já
participaram das campanhas de prevenção do câncer bucal realizadas
concomitantemente às campanhas de vacinação de idosos contra a gripe, enquanto
que apenas 16 (5,7%) ainda não tinham participado.
Quanto à participação dos cirurgiões-dentistas em cursos sobre algum tema
relacionado ao câncer bucal, verificou-se que 256 (90,8%) deles disseram que já
haviam participado e 26 (9,2%) profissionais relataram que ainda não o fizeram.
Destes que já realizaram algum curso sobre esse tema, 140 (49,6%) referiram que
isso ocorreu há menos de 12 meses, 103 (36,5%) disseram que fizeram esse curso
entre um a quatro anos atrás e 11 (3,9%) relataram que há cinco anos ou mais não
fazem um curso sobre câncer bucal.
58
Em relação ao desejo dos participantes do presente estudo que o Serviço
disponibilizasse cursos de atualização sobre câncer bucal, 274 referiram que
gostaria que essa chance lhes fosse proporcionada, enquanto apenas sete
profissionais (2,5%) não expressaram esta vontade.
O perfil do cirurgião-dentista participante desse estudo é, portanto, composto
por uma profissional do sexo feminino, que tem mais de 20 anos de graduação em
Odontologia, generalista e que possui outros vínculos empregatícios, além daquele
exercido no serviço público odontológico.
Dentre o total de participantes, 39% pertenciam à região Sudeste, a que mais
predominou no estudo e das dez subprefeituras que menos responderam, seis
pertenciam à região Leste.
59
6 DISCUSSÃO
Este trabalho discorre num contexto em que variados fatores estão
interferindo de modo importante para a tendência ascendente dos números de casos
novos de câncer bucal no Brasil.
Ao longo das últimas décadas, verifica-se o declínio da fecundidade,
juntamente com um maior controle das doenças potencialmente fatais, o que gerou
um aumento da expectativa de vida e o conseqüente envelhecimento da população
brasileira. Segundo Paes (2004), a previsão para o ano de 2025 é de que a
participação dos idosos, pessoas com 65 anos e mais, seja equivalente a 9,2% da
população brasileira.
Concomitantemente a esse processo de transição demográfica, destacam-
se ainda as transições epidemiológica e nutricional, caracterizadas pelo processo de
urbanização e as mudanças sócio-econômicas, alimentares e no estilo de vida da
sociedade atual, que ocasionaram modificações relevantes no perfil de morbi-
mortalidade nos últimos 20 anos (CERVI; HERMSDORFF; RIBEIRO, 2005; PAES,
2004).
Neste cenário, o aumento do número de casos novos de câncer vem
assumindo um papel preocupante e já constitui a segunda causa de morte por
doença no Brasil, atrás apenas das doenças cardiovasculares.
Os casos de câncer bucal em São Paulo chamam a atenção e, tendo em
vista a realidade que se consolida em todo o território nacional quanto à crescente
incidência desse tipo de câncer, vê-se a necessidade de conhecer os possíveis
fatores que estejam contribuindo para o estabelecimento desta situação no
60
município de São Paulo, que detém as maiores taxas no Brasil e semelhantes às de
outros países do mundo, a fim de que sejam articuladas providências para combater
essa condição.
Considerando as atuais evidências quanto à porcentagem de casos de
câncer bucal diagnosticados em estágios avançados e as situações decorrentes
deste fato, tais como as repercussões funcionais, estéticas e sociais que os
pacientes sofrem a partir da terapia submetida e as baixas taxas de sobrevida em
cinco anos constatadas, este estudo pretende contribuir para uma análise deste
quadro a partir do olhar acurado para as ações que o cirurgião-dentista desenvolve
quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce desta morbidade nas unidades
básicas de saúde do município de São Paulo.
Este profissional da saúde bucal exerce um papel primordial no que diz
respeito à prevenção do câncer dessa localização em todos os âmbitos, em especial
quando atua nos níveis de prevenção primária e secundária, o que ocorre nestas
unidades, propondo ações que possam reconhecer os pacientes mais suscetíveis ao
aparecimento da doença e práticas que busquem diagnosticar precocemente lesões
bucais suspeitas.
Uma taxa de resposta de 32% foi obtida neste estudo, a partir da devolução
dos questionários e do termo de consentimento livre e esclarecido, devidamente
preenchidos e assinados, respectivamente, o que representa aproximadamente um
terço dos cirurgiões-dentistas da amostra selecionada. Esta taxa poderia ter sido
melhorada se os diretores da maioria das unidades básicas de saúde tivessem
tomado conhecimento a respeito da realização da pesquisa e do envio dos
documentos aos seus cuidados, já que muitos estabeleceram contato telefônico
61
solicitando informações acerca do envio dos questionários para o seu local de
trabalho.
Vê-se que esta baixa taxa pode ter sido o resultado tanto da falta de
interesse dos profissionais de saúde bucal em participar desse estudo bem como
conseqüência do não conhecimento destes quanto à realização da pesquisa, a partir
do instante em que os diretores não lhes informaram sobre essa.
A baixa participação dos cirurgiões-dentistas neste estudo coincidiu com a
baixa taxa de resposta encontrada por pesquisadores, como Alonge e Narendran
(2003) que obtiveram 40% e Horowitz et al. (2000) com 50%, que também enviaram
questionários via Correio.
Horowitz et al. (2000) e Yellowitz et al. (2000) concordaram que as
pesquisas que são realizadas por meio de correspondências normalmente obtêm
maior devolutiva de pessoas que têm um maior conhecimento sobre o tema e que
estão mais envolvidas com este de algum modo. Isto traz à tona uma reflexão
importante quanto às ações que a maioria dos cirurgiões-dentistas que não
participaram desse estudo (68%) está desenvolvendo nas unidades básicas de
saúde quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal na cidade de
São Paulo.
A falta de interesse em participar de estudos como esse provoca uma
preocupação relativa ao cenário que se agrava a cada ano nesse município, pois,
assim como Alonge e Narendran (2003) constataram em sua pesquisa, induz a um
pensamento que os profissionais de saúde bucal não estão atentos ao problema
câncer bucal em suas práticas cotidianas, refletido no receio em participar e verificar
que seus conhecimentos podem não estar atualizados a respeito do assunto.
62
Quanto ao sexo, a grande participação de cirurgiões-dentistas do sexo
feminino foi marcadamente importante (70,6%), o que difere da maioria dos outros
estudos, porém, coincide com a única pesquisa brasileira a respeito da atuação
desses profissionais quanto à prevenção e o ao diagnóstico precoce do câncer
bucal, realizada no Estado de Pernambuco por Leão et al. (2005), que obteve 52%
de participação predominantemente feminina. Em São Paulo, isso estabelece
relação com o maior número de profissionais cirurgiões-dentistas do sexo feminino
registrados no Conselho Regional de Odontologia desse Estado (1.846 profissionais
a mais que o sexo masculino) e que voltam suas ações para a área da saúde
pública (BRASIL, 2006b).
Os profissionais de saúde bucal com mais de 20 anos de tempo de
graduação predominaram neste e nos diversos estudos analisados (ALONGE;
NARENDRAN, 2003; KUJAN et al., 2006; MACPHERSON et al., 2003). O ano de
graduação dos profissionais variou entre 1959 e 2004 no presente estudo, enquanto
em Greenwood e Lowry (2001) foi de 1970 a 1997 e em Clovis, Horowitz e Poel
(2002a) entre 1980 a 1997.
McCann et al. (2000) encontraram um percentual de 33% de profissionais
formados com mais de 20 anos, coincidentemente semelhante ao obtido nesta
pesquisa. Apenas Leão et al. (2005) verificaram que os participantes de seu estudo
tinham, em média, 16 anos de tempo de graduação.
Leão et al. (2005) referiram que os profissionais que possuíam 16 ou mais
anos de tempo de graduação em Odontologia, atuando na área da saúde pública,
detinham um melhor conhecimento dos aspectos relevantes e mais relacionados ao
aparecimento do câncer bucal e outras doenças.
63
Assim como na pesquisa realizada por Kujan et al. (2006), que verificaram
que a maioria dos cirurgiões-dentistas participantes era generalista (71,5%), o
presente estudo também predominou pela participação de profissionais que não
realizaram nenhuma pós-graduação (46,8%), logo seguidos pelos cirurgiões-
dentistas especialistas (44,3%).
O número de profissionais de saúde bucal que se dedicavam apenas ao
serviço público odontológico encontrado nesta pesquisa foi pequeno (20,2%),
próximo ao percentual encontrado por Kujan et al. (2006), com 21,7%. Este índice
encontrado é bem menor que o verificado no estudo de Leão et al. (2005), onde 38%
dos cirurgiões-dentistas atuavam exclusivamente neste âmbito. Quase 80% dos
participantes desta pesquisa trabalhavam em outros locais, além do trabalho
desempenhado nas unidades básicas de saúde, o que corroborou com os achados
de Leão et al. (2005), que obtiveram um percentual de 62% de profissionais em
situação semelhante.
A região Norte do município de São Paulo foi a que menos participou do
presente estudo em relação ao total da amostra selecionada e, de acordo com o
Índice Econômico de Qualidade de Vida dessa cidade, das sete subprefeituras da
região Norte com melhor qualidade de vida, seis situam-se entre a 13ª. e 27ª.
colocações, dentre as 31 estudadas.
A subprefeitura de Ermelino Matarazzo, localizada na região Leste, foi a
que menos respondeu ao estudo, com 90,5% dos cirurgiões-dentistas, e foi
classificada como sendo de média qualidade de vida. As subprefeituras de Itaquera
e Campo Limpo, ambas pertencentes à região Leste e Sul, respectivamente,
classificaram-se em terceiro e sétimo lugares entre aquelas que menos responderam
64
a este estudo e obtiveram qualidades de vida média e baixa, de acordo com a
pesquisa.
Este estudo constatou que entre as dez subprefeituras que menos
participaram, seis pertenciam à região Leste, classificada como sendo uma das
regiões que possuem condições sócio-econômicas mais desfavoráveis do município
de São Paulo, como o alto índice de população favelada e famílias com renda
mensal abaixo de R$ 400,00, o que corroborou com a constatação de McCann et al.
(2000) e Macpherson et al. (2003), que verificaram que os não-participantes de seus
estudos também atuavam em regiões com privações importantes no âmbito sócio-
econômico.
De acordo com um levantamento feito através do Programa Tabnet Win32
2.2: PRO-AIM - Sistema de Informação de Mortalidade, do número de óbitos por
residência causados por neoplasias malignas de lábio, cavidade bucal e faringe,
obtido por subprefeituras da cidade de São Paulo, no período de 2000 a 2004, as
regiões Sudeste e Norte, com quatro subprefeituras cada, foram as que
apresentaram o maior percentual (34,7%) de óbitos ocasionados por tais neoplasias,
de todas as neoplasias registradas nessas regiões, entre as dez primeiras
subprefeituras.
As subprefeituras de Vila Prudente/Sapopemba, com 6,2%, Penha (6,1%) e
Ipiranga (5,2%) e Moóca (4,7%), pertencentes à região Sudeste, obtiveram um
percentual total de óbitos por neoplasias malignas de lábio, cavidade bucal e faringe
de 17,5% em relação a todos os óbitos ocorridos por neoplasias durante o período
de 2000 a 2004, ocupando o primeiro, segundo, terceiro e quarto lugares,
respectivamente.
65
As subprefeituras de Santana/Tucuruvi, com 5,2%, Vila Maria/Vila
Guilherme (4,3%), Freguesia do Ó/Brasilândia (4,2%) e Pirituba (3,5%), pertencentes
à região Norte, obtiveram um percentual total de óbitos por neoplasias malignas de
lábio, cavidade bucal e faringe de 17,2% em relação a todos os óbitos ocorridos por
neoplasias durante o período de 2000 a 2004, ocupando o terceiro, quinto, sexto e
nono lugares, respectivamente.
A região Centro-Oeste do município de São Paulo foi a que apresentou
melhores índices de qualidade de vida, segundo o Índice Econômico de Qualidade
de Vida, com quatro subprefeituras classificadas entre as dez melhores colocadas.
As subprefeituras de Pinheiros, Lapa, Sé e Butantã ocuparam o primeiro, terceiro,
quinto e nono lugares, respectivamente. Esta região registrou apenas a presença de
uma subprefeitura entre as dez com maior número de óbitos por neoplasias
malignas de lábio, cavidade bucal e faringe. A subprefeitura de Butantã ocupou a
nona colocação, com um percentual de 3,6% em relação a todos os óbitos ocorridos
por neoplasias durante o período de 2000 a 2004.
Sete entre as dez subprefeituras que menos participaram do estudo
situavam-se entre as que apresentaram maior número de óbitos por neoplasias
malignas de lábio, cavidade bucal e faringe em relação a todos os óbitos ocorridos
por neoplasias durante o período de 2000 a 2004, na cidade de São Paulo e apenas
duas, dentre as dez subprefeituras que mais participaram do estudo, situavam-se
entre as que apresentavam menor número de óbitos por neoplasias malignas de
lábio, cavidade bucal e faringe em relação a todos os óbitos ocorridos por neoplasias
durante o período de 2000 a 2004, neste mesmo local. Verificou-se não ser possível
inferir que haja uma relação direta entre os profissionais que não participaram do
estudo e a maior ocorrência de óbitos por câncer bucal no município de São Paulo,
66
em virtude daquelas subprefeituras que mais participaram do estudo terem obtido
também grande número de óbitos por neoplasias malignas de lábio, cavidade bucal
e faringe registrados no período acima citado.
A subprefeitura de Vila Prudente/Sapopemba foi a segunda maior
participante do estudo e foi a que registrou o maior número de óbitos por neoplasias
malignas de lábio, cavidade bucal e faringe em relação a todos os óbitos ocorridos
por neoplasias na subprefeitura, no período de 2000 a 2004. Isto demonstra que
algum trabalho em relação à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal
pode ter sido realizado também e, portanto, um maior número de diagnósticos
positivos dessa condição surgido e encaminhado e/ou tratado nos centros de
referência existentes no município.
Quanto à freqüência com que os cirurgiões-dentistas realizavam o exame
dos tecidos moles da cavidade bucal de seus pacientes nas consultas iniciais,
verificou-se, nesse estudo, que 80,5% deles realizavam sempre este procedimento,
o que corroborou com os estudos de Horowitz et al. (2000) que encontraram
percentual similar (81%) da realização deste exame, nas consultas iniciais, mas
apenas em pacientes com 40 anos e mais.
Kujan et al. (2006) referiram também que a grande maioria dos profissionais
de saúde bucal de sua pesquisa (92%) realizava sistematicamente o exame dos
tecidos moles da cavidade bucal dos pacientes com 40 anos e mais, assim como
Clovis, Horowitz e Poel (2002a) verificaram que a maioria dos profissionais de saúde
bucal pesquisados, 70,7%, relatou que realizava sempre o exame dos tecidos moles
da cavidade bucal dos pacientes com 40 anos e mais, mas que 10% de todos os
cirurgiões-dentistas, ainda, não realizavam este exame nos pacientes nas consultas
iniciais.
67
Apenas 14,5% dos cirurgiões-dentistas desse estudo referiram que
realizavam o exame dos tecidos moles da cavidade bucal dos pacientes
ocasionalmente, um valor abaixo do encontrado por Macpherson et al. (2003) que
relataram que 38% assim o fazem. Horowitz et al. (2001) verificaram que a
realização dos exames dos tecidos moles da cavidade bucal dos pacientes variou
desde o momento até a ordem das áreas a serem examinadas, o que contrasta com
o protocolo passo-a-passo sugerido pelo Instituto Nacional de Saúde Americano
para esse tipo de conduta.
Desse estudo, 61,7% dos profissionais referiram que perguntavam aos
pacientes, durante a anamnese, se fumavam ou ingeriam bebidas alcoólicas.
Horowitz et al. (2000), Clovis, Horowitz e Poel (2002b) e Kujan et al. (2006) também
verificaram que a maioria dos cirurgiões-dentistas questionava seus pacientes a
respeito do uso atual de tabaco e álcool. Horowitz et al. (2000) relataram que 90% e
60% dos cirurgiões-dentistas perguntavam aos pacientes se eram fumantes e se
ingeriam bebidas alcoólicas, respectivamente. Clovis, Horowitz e Poel (2002b) e
Kujan et al. (2006) encontraram valores semelhantes para ambas as situações, o
primeiro 88% e 42,8% e o segundo 87,4% e 58,8%.
McCann et al. (2000) e Macpherson et al. (2003), no entanto, verificaram
percentuais bem abaixo dos constatados pelos pesquisadores anteriores. McCann et
al. (2000) referiram que apenas 19% dos cirurgiões-dentistas questionavam os
pacientes rotineiramente se fumavam, 25% raramente e 42% nunca haviam
perguntado. Quanto ao uso freqüente do álcool, apenas 3% dos profissionais
relataram que perguntavam rotineiramente, 27% às vezes e 69% raramente ou
mesmo nunca haviam questionado.
68
Macpherson et al. (2003) verificaram que 19% dos cirurgiões-dentistas
rotineiramente perguntavam aos pacientes quanto ao uso do tabaco e 49%
ocasionalmente, enquanto 3% apenas questionavam-nos quanto ao uso do álcool e
68% raramente ou nunca haviam perguntado.
Buscou-se conhecer entre os profissionais de saúde bucal desse estudo, os
conhecimentos que possuíam quanto às técnicas utilizadas para ajudar os pacientes
a abandonarem o tabagismo e etilismo. Dentre todos os participantes, 75,1% dos
cirurgiões-dentistas referiram desconhecer as técnicas para apoiarem os pacientes
na cessação do tabagismo, enquanto 24,9% já haviam obtido estas informações.
Quanto ao etilismo, 79,4% desses profissionais relataram desconhecer as técnicas
para apoiarem os pacientes na cessação do etilismo, enquanto 20,6% já tiveram
acesso a estas informações.
No estudo de McCann et al. (2000), apenas 2% dos profissionais tinham
adquirido algum conhecimento sobre o aconselhamento aos pacientes tabagistas e
56% manifestaram o desejo em receber algum tipo de treinamento.
Menos que 10% dos cirurgiões-dentistas concordaram que estão
adequadamente treinados para prover ações educativas para a cessação do
tabagismo entre os pacientes, apesar da maioria dos profissionais avaliarem a
história de tabagismo entre estes com freqüência (CLOVIS; HOROWITZ; POEL,
2002a).
Alonge e Narendran (2003) verificaram que a maioria dos cirurgiões-
dentistas pesquisados discordou que estão adequadamente treinados para
apoiarem os pacientes tanto na cessação do tabagismo como do etilismo. Mesmo
assim, 26% desses profissionais concordaram que estão capacitados para
69
promoverem a cessação do tabagismo e 11% para a cessação do etilismo entre os
pacientes.
Macpherson et al. (2003) constataram que apenas 3% a 1% dos cirurgiões-
dentistas referiram que receberam treinamento para aconselharem seus pacientes a
interromperem os hábitos de tabagismo e etilismo, respectivamente.
Kujan et al. (2006) verificaram que 59,2% dos profissionais de saúde bucal
pesquisados, relataram que aconselham seus pacientes sobre os riscos do
tabagismo e do uso freqüente do álcool para todos que referiram alguma história
anterior desses hábitos. Quando comparados os cirurgiões-dentistas especialistas e
generalistas quanto à realização de ações para apoiarem os pacientes na cessação
desses hábitos, um percentual maior entre os especialistas foi encontrado (73,2%
versus 41,2%).
Em Horowitz et al. (2000), 28% dos cirurgiões-dentistas concordaram que
estão adequadamente treinados para prover ações de suporte aos pacientes para a
cessação do tabagismo e 50% dos profissionais referiram que necessitam ser
adequadamente treinados para apoiarem à cessação deste hábito.
Horowitz et al. (2001) referiram que a falta de tempo dos profissionais de
saúde bucal durante as suas rotinas para prover ações de educação em saúde bucal
ou aconselhamento com relação à prevenção do câncer bucal e detecção precoce
foi um dos principais fatores informados por estes para a não-realização de ações de
combate ao câncer bucal no Estado de Maryland, nos Estados Unidos.
Com relação aos graus de importância de cada fator de risco no que diz
respeito à etiologia do câncer bucal, o tabagismo (98,2%) e o álcool (95,4%) foram
as situações que a maioria dos participantes mais apontou corretamente, assim
70
como ocorreu nas pesquisas de Yellowitz et al. (2000) e Clovis, Horowitz e Poel
(2002a), com 99,7% e 92,7% e 99,4% e 90,4%, respectivamente.
Quanto aos graus de importância de cada uma das condições bucais para a
possível evolução para um câncer bucal, a eritroplasia e a leucoplasia foram, nessa
ordem, as condições bucais mais corretamente apontadas pelos cirurgiões-dentistas
dos estudos de Clovis, Horowitz e Poel (2002a) e Yellowitz et al. (2000), com 49% e
37%, respectivamente, o que difere do presente estudo onde a leucoplasia, com
89%, foi a condição bucal cujos cirurgiões-dentistas mais corretamente apontaram
como ligada à evolução para um câncer bucal e a eritroplasia apenas a terceira
condição bucal mais corretamente apontada, com 68,4%.
O trauma e a estomatite nicotínica foram as duas situações que
apresentaram menor percentual de acerto entre os participantes da pesquisa, o que
não corroborou com os achados de McCann et al. (2000) e Macpherson et al.
(2003). Lockhart, Norris Jr. e Pulliam (1998), concluíram, a partir de um estudo que
avaliou 99 pacientes com câncer bucal em estágio avançado, que os aspectos
dentais, relativos às arestas pontiagudas de elementos dentais com grandes
destruições coronárias e restos radiculares, e protéticos, tais como as bordas de
próteses totais ou parciais, podem ocasionar irritações crônicas importantes, mas
com baixo potencial para gerar malignidade. Esses autores afirmaram ainda que
outros estudos prospectivos devam ser realizados para estabelecer melhor esta
relação.
A estomatite nicotínica é uma condição encontrada em tabagistas, mais
comum em pessoas que fumam cachimbos e charutos. Desenvolve-se em resposta
ao calor e acomete em grande parte dos casos a região do palato duro. Não é tida
como lesão cancerizável e tem bom prognóstico, que tem o seu desaparecimento
71
ligado à interrupção do hábito (NEVILLE et al., 1998). A maior associação de
importância entre os participantes estabelecida entre essa condição e a evolução
para o câncer bucal talvez tenha se dado em virtude da relação intrínseca que o
fumo mantém com a etiologia deste agravo.
Quanto ao grau de importância dos fatores de risco que estabelecem
relação com a etiologia do câncer bucal, verificou-se que a maioria dos cirurgiões-
dentistas (70,2%) possuiu um grau médio de conhecimento, 23,8% baixo e apenas
6% classificados com um grau alto de conhecimento. Estes dados corroboraram com
os achados de Clovis, Horowitz e Poel (2002a), cujos cirurgiões-dentistas
apresentaram também um grau médio de conhecimento e que predominou quando
comparado aos graus baixo e alto. No entanto, no presente estudo, o grau médio se
sobressaiu em quase 50% a mais em relação ao grau baixo e quase 55% a mais
que o grau alto de conhecimento que nessa pesquisa.
Yellowitz et al. (2000) constataram entre as respostas fornecidas pelos
profissionais de saúde bucal em relação aos conhecimentos sobre os fatores de
risco, um percentual maior (35,2%) para o grau alto e semelhante entre os graus
baixo e médio, diferentemente dos valores encontrados no presente estudo.
Em relação ao grau de importância das condições bucais quanto a possível
evolução para um câncer, encontrou-se nesse estudo que a maioria dos
participantes (67,4%) possuiu um grau médio de conhecimento, 18,8% baixo e
13,8% classificados com um grau alto de conhecimento. Novamente, verificou-se
uma semelhança no perfil dos conhecimentos dos profissionais de saúde bucal
dessa pesquisa e a de Clovis, Horowitz e Poel (2002a), cujos valores dos graus
médios de conhecimento também se apresentaram mais altos quando comparados
com os outros graus (alto e baixo), porém, quantitativamente menores. Comparando
72
esses achados com os de Yellowitz et al. (2000), verificou-se que foram encontrados
nesse último, valores maiores para o grau baixo de conhecimento (37,3%) entre os
cirurgiões-dentistas.
Ao obter-se o total dos valores de cada uma das duas condições, foi
possível observar que 85,5% dos cirurgiões-dentistas do presente estudo foram
classificados como possuindo um grau baixo de conhecimento, 14,2% um grau
médio e apenas um profissional (0,4%) classificado com um grau alto de
conhecimento. Clovis, Horowitz e Poel (2002a) constataram que o grau baixo
predominou (35,1%) em relação aos graus médio (34,3%) e alto (30,6%), assim
como ocorreu no presente estudo, contudo, em valores bem menores do que
aqueles alcançados nesse.
O grande percentual de cirurgiões-dentistas que atuam nas unidades
básicas de saúde do município de São Paulo com grau baixo de conhecimento em
relação a soma dos valores obtidos dos fatores de risco ligados à etiologia do câncer
bucal e às condições bucais quanto a possível evolução desse, demonstram a
extrema necessidade de rever os conceitos da atuação desse profissional no que
tange ao papel dele na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer bucal, apesar
de 90,8% afirmarem terem participado de algum curso sobre esse tema e 49,6%
desses profissionais informado que o realizaram nos últimos 12 meses.
Com relação às percepções dos cirurgiões-dentistas quanto ao fato desses
encontrarem-se adequadamente capacitados para detectar lesões cancerizáveis,
verificou-se que 64,5% referiram concordar parcialmente com esse ponto de vista e
que a maioria desses profissionais (76,9%) relatou concordar que está
adequadamente capacitada para detectar lesões cancerizáveis, seja plenamente ou
parcialmente.
73
Apenas Clovis, Horowitz e Poel (2002a) referiram que a maioria dos
cirurgiões-dentistas (56,7%) disse estar apta para detectar lesões cancerizáveis,
mas que um terço desses profissionais discordou possuir esta aptidão, mais
plenamente do que parcialmente.
Tanto McCann et al. (2000) como Macpherson et al. (2003) verificaram que
um percentual menor de cirurgiões-dentistas demonstrou estar apto e confiante para
detectar lesões cancerizáveis. Os primeiros referiram que apenas 38% estavam
muito confiantes ou confiantes e que 17% desses profissionais relataram falta de
confiança. Já os últimos autores encontraram que 44% dos cirurgiões-dentistas
sentiram-se moderadamente confiantes na detecção de lesões cancerizáveis.
Foi possível verificar que, tanto em relação à aptidão dos cirurgiões-
dentistas para realizar citologia esfoliativa e as condições que a unidade básica de
saúde onde atuam oferece para a realização de tal exame complementar, quanto à
aptidão desses profissionais para fazer biópsias e as condições que a unidade
básica de saúde oferece para a realização desse exame, a maioria dos cirurgiões-
dentistas referiu que está mais preparada para fazer citologias esfoliativas (54,6%)
do que biópsia (40,1%) e que as unidades básicas de saúde do município de São
Paulo não lhes oferecem condições para possibilitar a realização desses exames,
tanto para citologia esfoliativa (73,1%) como para biópsia (76,5%).
Apesar do maior número de profissionais terem referido que estavam mais
preparados para fazer citologia esfoliativa que biópsia, torna-se oportuno ressaltar
que a citologia esfoliativa não é o exame complementar de primeira escolha, na
maioria dos casos. Sua indicação é feita quando há algum impedimento para realizar
biópsia, dentre outras situações em que é formalmente indicada.
74
O grande número de cirurgiões-dentistas que discordaram, plena ou
parcialmente, quanto ao fato de estarem adequadamente capacitados para
realizarem citologia esfoliativa (41,4%) e biópsia (56%), verificado nesse estudo,
expõe uma realidade preocupante. Viu-se que, apesar dos conhecimentos relativos
às teorias e práticas destes exames complementares serem considerados e
ensinados durante a formação desse profissional e que a realização de tais
procedimentos deve ser da atribuição de cada cirurgião-dentista, grande parte deles
encontra limitações e que já estão inerentes em sua conduta.
A rotina estabelecida nos Sistemas Municipais de Saúde para o
encaminhamento de pacientes com a indicação para a realização de exames
complementares para fins de diagnóstico pode ser a principal razão para a
ocorrência desse quadro que este estudo observou. Este fluxo induz a um
pensamento de que estes procedimentos não são da atribuição do cirurgião-dentista
generalista e que, portanto, este não deve se ater mais às preocupações relativas à
manutenção dos conhecimentos pertinentes à área da Estomatologia, obtidos
durante a sua graduação, já que há um outro profissional específico para isso.
A impossibilidade de providenciar a pronta realização do exame
complementar em um paciente com lesões bucais suspeitas na unidade básica de
saúde mais próxima de sua residência, pelo cirurgião-dentista com quem mantém
contato e está mais vinculado, gera uma perda de tempo potencialmente importante
e de oportunidade, além de provocar gastos desnecessários, incômodos e
expectativas, nesse e em seus familiares, quanto à condição bucal que apresenta,
causada pela não-resolutividade em âmbito local. Isto é alarmante, pois pode
propiciar a ocorrência de maiores atrasos nos diagnósticos de câncer bucal.
75
A necessidade do cuidado de um cirurgião-dentista especialista reforça a
idéia de que este é o profissional que efetivamente poderá resolver seu problema,
podendo conduzi-lo a um pensamento em que, sempre que ocorrer algo semelhante
novamente, seja com ele próprio ou com familiares e/ou amigos, ele tenderá buscar
atenção odontológica diretamente com este cirurgião-dentista, o que fortalece a idéia
do modelo de atenção à saúde odontológico hegemônico no Brasil, centrado na
doença e na especialidade.
Outra situação que remete a reflexão diz respeito ao menor percentual de
utilização de serviços de saúde na capital alcançado pelas consultas odontológicas
(11,9%), dentre todos os outros serviços ofertados, divulgado recentemente pela
Secretaria Municipal de Saúde, e justificado pela baixa oferta desse Serviço aos
pacientes adultos e idosos. Nesse instante, surge o seguinte questionamento: até
que ponto essa dificuldade de acesso dessa população, mais acometida pelo câncer
bucal, às consultas odontológicas no município de São Paulo não está interferindo
na maior incidência de casos e no diagnóstico em estágios avançados desta
morbidade? Vê-se a necessidade de mais estudos prospectivos para esclarecer
essa relação.
Ao constatar a presença de lesões bucais suspeitas nos pacientes,
considerando a anamnese, a história médica do paciente, a história da doença atual
e as hipóteses de diagnóstico e observadas as devidas condições e oportunidades
para a realização destes dois exames, o cirurgião-dentista que atua nas unidades
básicas de saúde encontra a possibilidade de executá-los diante da presença desse
cenário adequado. Isso o conduzirá a necessidade da manutenção constante dos
conhecimentos relativos à área da Estomatologia e o manterá mais preparado para
lidar com estes casos.
76
Kowalski et al. (1991) afirmaram que ninguém mais que os cirurgiões-
dentistas têm a possibilidade de fazer diagnóstico precoce do câncer bucal.
Lydiatt (2002) em um estudo com cirurgiões-dentistas generalistas, observou
que 60% destes relataram que devem, mas não realizam biópsias e isso ocorreu
devido ao fato dos profissionais não se sentirem habilitados para realizar tal
procedimento.
Cavalari (2004) acredita na necessidade de se conscientizar socialmente os
profissionais de saúde bucal quanto a este problema, devido ao fato de observar que
muitos não estão devidamente preparados para atuar no diagnóstico precoce,
esclarecendo-os da necessidade da incorporação do hábito de examinar
criteriosamente todos os pacientes, independente de queixas específicas, e da
realização de exames complementares como a citologia esfoliativa e a biópsia.
Todos os esforços devem ser feitos no sentido de prover aos cirurgiões-
dentistas das unidades básicas de saúde, ainda que generalistas, as condições
ideais para a realização dos exames complementares para fins de diagnóstico das
lesões bucais suspeitas.
Quanto às percepções dos cirurgiões-dentistas quanto ao ensino que
obtiveram durante a graduação em relação ao tema câncer bucal, constatou-se que
79,1% dos cirurgiões-dentistas avaliaram positivamente (muito bom e bom) o ensino
obtido durante a graduação sobre câncer bucal, enquanto que 27% desses
avaliaram negativamente (ruim e muito ruim) a apreensão desse conteúdo durante o
curso de Odontologia que realizaram.
Isso corroborou com os achados de Horowitz et al. (2000) e Kujan et al.
(2006). Estes últimos verificaram que a maioria dos cirurgiões-dentistas de sua
pesquisa classificou o ensino da graduação sobre câncer bucal como muito bom e
77
bom, sendo que 51% dos profissionais classificaram-no como suficiente, 40,5%
como insuficiente e 7% afirmaram não poder classificar o ensino obtido.
Horowitz et al. (2000) relataram que apenas 78% dos cirurgiões-dentistas de
seu estudo classificaram o ensino obtido durante a graduação como muito bom e
bom e apenas 20% como ruim e muito ruim.
Alonge e Narendran (2003) verificaram que os profissionais de saúde bucal
participantes de seu estudo que classificaram o ensino da graduação como favorável
referiram concordar que seus conhecimentos pertinentes à prevenção e ao
diagnóstico precoce sobre câncer bucal encontravam-se mais atualizados que
aqueles que classificaram o ensino obtido na graduação como desfavorável.
Quanto ao tempo para o encaminhamento, os achados desse estudo
corroboraram com as pesquisas de McCann et al. (2000) e de Macpherson et al.
(2003). Esses autores coincidentemente referiram que 54% dos cirurgiões-dentistas
observavam as lesões bucais suspeitas pelo período de duas a três semanas para
depois encaminharem, após a não-remissão do quadro.
Importante verificar que pouco mais de 40% dos cirurgiões-dentistas do
presente estudo relatou que faria o encaminhamento de pacientes com lesões
bucais suspeitas na mesma consulta. Esse fato confirma a preocupação excessiva
dos profissionais quanto às lesões bucais suspeitas em suas práticas e que, muitas
vezes, refletem um não-reconhecimento, que ocorre pelo não-conhecimento, das
condições benignas apresentadas por estas (muitas alterações da normalidade) e
que dependendo do fluxo estabelecido para o encaminhamento de pacientes com
lesões bucais suspeitas no Sistema de Saúde do município, pode gerar um acúmulo
de pacientes nos centros especializados, ocasionando uma série de desconfortos
aos pacientes e gerando gastos desnecessários ao Sistema.
78
Com relação ao local para onde os profissionais encaminhavam os
pacientes com lesões bucais suspeitas, Alonge e Narendran (2003) encontraram que
praticamente todos os cirurgiões-dentistas sentiam-se aptos para encaminhar seus
pacientes nessas condições para um especialista na área. Nos estudos de
Greenwood e Lowry (2001) e Kujan et al. (2006), a maioria dos profissionais
pesquisados preferiu encaminhar seus pacientes para um cirurgião especialista em
traumatologista buco-maxilo-faciais.
O encaminhamento para a Disciplina de Semiologia ou Estomatologia de
alguma Faculdade de Odontologia referido pela maioria dos profissionais desse
estudo pode ser reflexo de algumas situações importantes e que merecem maior
atenção. Uma série de fatores contribuem para a ocorrência dessa situação como,
dentre eles, o fato dos profissionais saberem os dias em que, sistematicamente,
estas Disciplinas assistem aos pacientes com lesões bucais suspeitas, pela
demanda por pacientes que esta tem, pela autoridade e competência dos
professores que compõem o corpo docente e, sobretudo, pela efetiva resolutividade
do caso apresentado pelo paciente, sem ônus financeiro para o paciente.
Esse fluxo pode ser resultado também da inexistência de uma referência
estabelecida e articulada para os casos de pacientes com lesões bucais suspeitas
no Sistema de Saúde, cujo cirurgião-dentista acaba preferindo encaminhar para esta
Disciplina de alguma Faculdade próxima, ou não, à região onde atua. Trata-se, na
verdade, do meio mais eficaz e eficiente quando há o surgimento de pacientes
apresentando estas condições.
Esta conduta pode ainda gerar uma idéia de que esse campo de
conhecimento não mais pertence ao alcance das ações dos cirurgiões-dentistas
generalistas, que foi o perfil dos profissionais que participaram desse estudo, e que
79
havendo esta alternativa, estes não devem mais se ater aos conhecimentos que
adquiriram e às especificidades dos procedimentos relativos à elucidação
diagnóstica. Tal situação pode contribuir para o atraso no diagnostico de câncer
bucal dos pacientes com lesões bucais suspeitas.
O encaminhamento de pacientes para as Disciplinas de Semiologia ou
Estomatologia de Faculdades de Odontologia gera a percepção de outras situações,
ainda. É possível observar que, raramente, é verificada a prática do
encaminhamento de pacientes aos cirurgiões-dentistas especialistas na área de
Estomatologia, como há comumente em outras especialidades da área da
Odontologia, o que faz com que o Serviço oferecido gratuitamente pelas clínicas
destas Faculdades das Universidades, voltado especialmente aos pacientes da
camada populacional mais desfavorecida social e economicamente, também seja
freqüentado por pessoas de maior poder aquisitivo.
Constata-se com bastante freqüência também a prática do encaminhamento
de pacientes com lesões bucais suspeitas para profissionais da área médica, tais
como os otorrinolaringologistas, profissionais da área da saúde importantes para o
trabalho conjunto na prevenção do câncer bucal. Porém, torna-se oportuno
sobressaltar a relevância do papel do cirurgião-dentista nesse contexto e a
possibilidade de indicar encaminhamentos para esse profissional, já que este está
mais apropriado dos conhecimentos pertinentes à área da Estomatologia e cujo
campo de saber e práticas abrangem a área que é acometida pelas lesões
cancerizáveis.
A adesão da maioria dos cirurgiões-dentistas nas ações relativas à
prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal no âmbito das unidades
básicas de saúde, referida por meio de suas participações nas campanhas de
80
prevenção do câncer bucal, quando na ocasião das campanhas de vacinação dos
idosos contra a gripe, da existência de trabalhos sendo realizados com esses
objetivos e o desejo expresso de que o Serviço disponibilize cursos de atualização
sobre câncer bucal, fala a favor da possibilidade de se articular ações para a
educação continuada desses profissionais quanto a esse tipo de câncer, tendo em
vista a relevância de seus papéis nesse processo, a fim de corresponder tanto em
relação às expectativas expressas por eles como pela necessidade de aprimorar os
conhecimentos técnicos relativos à área da Estomatologia, demonstrada pelo
presente estudo.
81
7 CONCLUSÕES
Quanto às ações que os cirurgiões-dentistas das unidades básicas de saúde
do município de São Paulo têm desenvolvido quanto à prevenção e ao diagnóstico
precoce do câncer bucal, verificou-se que:
1. a maioria dos participantes (80,5%) realizava o exame dos tecidos moles
da cavidade bucal dos seus pacientes nas consultas iniciais;
2. a maioria dos cirurgiões-dentistas (61,7%) perguntava aos pacientes,
durante a anamnese, se fumavam ou ingeriam bebidas alcoólicas;
3. a maioria dos profissionais desconhecia as técnicas para apoiarem os
pacientes na cessação do tabagismo (75,1%) e do etilismo (79,4%);
4. a maioria dos participantes (50,4%) observava os pacientes com lesões
bucais suspeitas pelo período de duas semanas para depois encaminhar e
quase a metade costuma encaminhá-los para a Disciplina de Semiologia ou
Estomatologia de alguma Faculdade de Odontologia;
O baixo grau de conhecimento (85,5% dos participantes) quanto aos fatores
de risco ligados à etiologia do câncer e às condições bucais mais relacionadas à
evolução para esse agravo, pode estar repercutindo na não-identificação de lesões
bucais suspeitas e no agravamento da realidade do câncer bucal no município de
São Paulo, a partir da ocorrência de atrasos no diagnóstico do câncer bucal, com a
conseqüente realização de terapias mais invasivas, mutilantes e mais custosas para
o SUS.
82
Em relação às percepções que os cirurgiões-dentistas possuem para a
realização das ações de prevenção e diagnóstico precoce do câncer bucal,
observou-se que:
1. a maioria deles (76,9%) disse que concordava quanto ao fato de estar
adequadamente capacitada para detectar lesões cancerizáveis, sendo que
64,5% dos profissionais apontaram que concordavam parcialmente;
2. a maioria dos participantes disse que estava mais preparada para realizar
citologia esfoliativa (54,6%) do que biópsia (40,1%) e grande parte deles
disseram que discordavam, plenamente ou parcialmente, quanto ao fato de
estarem capacitados para realizarem tanto uma citologia esfoliativa (41,4%)
como uma biópsia (56%);
3. a maioria dos profissionais (79,1%) avaliou positivamente, como muito
bom e bom, o ensino obtido durante a graduação sobre o câncer bucal.
4. a maioria dos cirurgiões-dentistas referiu que as unidades básicas de
saúde onde atuam não ofereciam condições, tanto para realizar citologia
esfoliativa (73,1%) como biópsia (76,5%);
Quanto à análise do comportamento dos cirurgiões-dentistas que atuam nas
unidades básicas de saúde do município de São Paulo quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce do câncer bucal, verificou-se que, apesar de terem referido
atuar de modo condizente quanto às indagações nas consultas iniciais e de terem se
considerado adequadamente capacitados para detectar lesões cancerizáveis,
grande parte apresentou limitações extremamente relevantes em relação às
práticas, ao não saber lidar com as ações de apoio à cessação do tabagismo e
etilismo e ao discordar que não se sentem aptos para realizarem citologia esfoliativa
e biópsia.
83
Vê-se a urgente necessidade de se propor uma política pública de combate
ao câncer bucal no município de São Paulo, que considere a necessidade de
aprimorar o conhecimento dos cirurgiões-dentistas que atuam nas unidades básicas
de saúde, tendo em vista o papel fundamental e estratégico que naturalmente lhes
está atribuído na prevenção e no diagnóstico precoce dessa morbidade nesse
âmbito, e de apoiar a realização de tais ações nestas unidades, proporcionando
condições adequadas para a execução dos exames complementares e amenizando
os desgastes emocionais, temporais e financeiros gerados pela conduta do
encaminhamento.
84
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92
APÊNDICE A – Carta aos Diretores das Unidades Básicas de Saúde
Universidade de São Paulo
Faculdade de Odontologia
ORIENTAÇÕES AO SR. (A) DIRETOR (A) DA
UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE
ESTUDO: Comportamento dos cirurgiões-dentistas das Unidades Básicas de Saúde do
município de São Paulo quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal
As informações abaixo são para esclarecer e pedir sua participação voluntária neste
estudo que tem por finalidade conhecer as ações que os cirurgiões-dentistas das Unidades
Básicas de Saúde do município de São Paulo têm desenvolvido quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce do câncer bucal, além das percepções que estes profissionais possuem
para a realização das mesmas.
Reconhecemos a importância do papel que o cirurgião-dentista assume nas Unidades
Básicas de Saúde quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce das lesões bucais suspeitas, e
gostaríamos de evidenciar a realização, ou não, de tais ações e reconhecer quais os fatores
limitantes para a sua operacionalização.
Esta carta tem a função de orientar o(a) Sr.(a) Diretor(a) como proceder com os
documentos para a coleta dos dados desta pesquisa. Além deste instrumento, fazem parte do
conteúdo desta correspondência os questionários e os termos de consentimento livre e
esclarecido, em quantidade equivalente ao número de cirurgiões-dentistas que atuam nesta
Unidade, destinados ao seu preenchimento, e um envelope selado para o reenvio dos
documentos ao autor da pesquisa.
Para otimizar a coleta das informações em tempo hábil para esta pesquisa, sugerimos
ao(à) Sr.(a) Diretor(a) a seguinte rotina: destine os documentos, o questionário e o termo de
consentimento livre e esclarecido, grampeados e numerados, aos cirurgiões-dentistas que
atuam em sua Unidade, esclarecendo-os quanto à pesquisa e sua relevância, convidando-os à
leitura do termo de consentimento livre e esclarecido. Àqueles que desejarem participar da
pesquisa, devem preencher este documento e responder todos os itens do questionário.
Oriente os participantes do estudo para procederem às respostas em local apropriado e
que, somente após o total preenchimento dos documentos, devem retorná-los ao(à) Sr.(a)
Diretor (a).
93
Devido à premência de tempo e a necessidade de tabular os dados dentro do prazo
exigido pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, solicitamos que a
correspondência com as respostas seja enviada o mais breve possível.
Trata-se de uma pesquisa importante para a Secretaria Municipal de Saúde de São
Paulo, no sentido de evidenciar uma realidade a cerca das ações relativas à prevenção e o
diagnóstico precoce do câncer bucal e de auxiliá-la no planejamento destas ações e na
consolidação do Sistema Único de Saúde.
Gostaríamos de agradecer ao(à) Sr.(a) Diretor e a todos os profissionais envolvidos
neste trabalho pela atenção dispensada na coleta dos dados desta pesquisa, o que, de fato, fará
com que este estudo alcance os objetivos propostos. Os principais resultados deste serão
enviados posteriormente a V. Sa., afim de que possa verificar a realidade em torno do
comportamento dos cirurgiões-dentistas frente a esta morbidade.
Caso necessite de maiores esclarecimentos, a qualquer momento durante o andamento
da pesquisa, entre em contato com o pesquisador através de telefone e/ou e-mail,
disponibilizados abaixo. Qualquer questão, dúvida, esclarecimento ou reclamação sobre os
aspectos éticos desta pesquisa, solicitamos ainda que entre em contato com o Comitê de Ética
em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Av. Lineu Prestes,
2227, CEP 05508-000, São Paulo-SP) e/ou da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo
(Rua General Jardim, 36 – 2 andar – Telefone: 3218-4043 – e-mail:
São Paulo, Março de 2005.
Responsável pelo Projeto: _______________________________________________
ÉRICO MARCOS DE VASCONCELOS
CRO nº. 67.093
Mestrando em Diagnóstico Bucal, subárea Semiologia, da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP)
Endereço: Avenida Lineu Prestes, 2227, CEP 05508-000, São Paulo-SP
A/C Departamento de Estomatologia – Disciplina de Semiologia
Telefone: (11) 9981-0706
E-mail para contato: [email protected]
94
APÊNDICE B - Questionário
a) Sexo: ( ) M ( ) F
b) Idade: ________ anos c) Tempo de Graduado: ________ anos
d) Pós-graduação: ( ) Não tenho ( ) Especialização ( ) Mestrado
( ) Doutorado ( ) Livre-Docência
e) Em qual região de São Paulo sua Unidade de Saúde está localizada:
( ) Norte ( ) Sul ( ) Centro ( ) Leste ( ) Oeste
f) Você trabalha em algum outro local?
( ) Sim ( ) Não
Onde: ( ) Em consultório odontológico próprio
( ) Em consultório odontológico de outras pessoas, dividindo-o com
outros profissionais ou como contratado
( ) Ambos
( ) Outros: _______________________________________________
1. Com que frequência você realiza o exame dos tecidos moles da cavidade bucal
do seu paciente, nas consultas iniciais:
( ) Sempre
( ) Ocasionalmente
( ) Quando há queixa do paciente
2. Você pergunta aos seus pacientes se eles fumam ou bebem, durante a
anamnese?
( ) Rotineiramente
( ) Algumas vezes
( ) Raramente
( ) Nunca
Qual sua conduta ao saber que seus pacientes fumam ou bebem, quando
perguntados durante a anamnese?
( ) Nenhuma ( ) Orienta ( ) Encaminha
( ) Outros _____________________________________________________
3. Você já foi informado sobre as técnicas utilizadas para ajudar os pacientes a
abandonarem o tabagismo?
( ) Sim ( ) Não
95
Se SIM, qual técnica você utiliza: __________________________________
4. Você já foi informado sobre as técnicas utilizadas para ajudar os pacientes a
abandonarem o etilismo?
( ) Sim ( ) Não
Se SIM, qual técnica você utiliza: __________________________________
5. Marque com um “X” o grau de importância de cada fator de risco no que diz
respeito à etiologia do câncer bucal:
Importante
Moderadamente
Importante
Não é
Importante
Não Sei
Idade do
paciente
Álcool
Infecção
bacteriana
Trauma
Infecção
fúngica
Tabagismo
Infecção viral
6. Marque com um “X” o grau de importância de cada condição bucal quanto a
possível evolução para um câncer
:
Importante
Moderadamente
Importante
Não é
Importante
Não Sei
Aftas
Candidíase
crônica
Eritroplasia
Estomatite
nicotínica
Leucoplasia
Língua
geográfica
Líquen plano
Nevo branco
esponjoso
96
7. Em relação à afirmativa: “Estou adequadamente capacitado(a) para detectar
lesões cancerizáveis”. Você:
( ) Concorda plenamente
( ) Concorda parcialmente
( ) Discorda parcialmente
( ) Discorda plenamente
( ) Não sei
8. Para o encaminhamento de algum paciente portador de lesões bucais suspeitas,
você:
( ) Faria o encaminhamento na mesma consulta
( ) Observaria pelo período de 2 semanas para depois encaminhar
( ) Observaria pelo período de 3 a 4 semanas para encaminhar
( ) Esperaria por mais de 5 semanas para encaminhar
9. Em relação à afirmativa: “Estou adequadamente capacitado(a) para realizar uma
citologia esfoliativa”. Você:
( ) Concorda plenamente
( ) Concorda parcialmente
( ) Discorda parcialmente
( ) Discorda plenamente
( ) Não sei
10. Sua Unidade Básica de Saúde lhe dá condição de fazer uma citologia
esfoliativa?
( ) Sim ( ) Não
11. Em relação à afirmativa: “Estou adequadamente capacitado(a) para realizar
uma biópsia”. Você:
( ) Concorda plenamente
( ) Concorda parcialmente
( ) Discorda parcialmente
( ) Discorda plenamente
( ) Não sei
12. Sua Unidade Básica de Saúde lhe dá condição de fazer uma biópsia?
( ) Sim ( ) Não
97
13. Como você classificaria o ensino que obteve durante a sua graduação em
relação ao tema “Câncer Bucal”:
( ) Muito bom
( ) Bom
( ) Ruim
( ) Muito ruim
( ) Não sei
14. Para quem você costuma encaminhar seus pacientes com lesões bucais
suspeitas:
( ) Para um médico
( ) Para um cirurgião-dentista especialista que rotineiramente atende na
Unidade Básica de Saúde em que trabalha
( ) Para um cirurgião-dentista especialista que atende em outra Unidade
Básica de Saúde
( ) Para o consultório particular de cirurgião-dentista especialista em
Estomatologia
( ) Para a Disciplina de Semiologia de alguma Faculdade de Odontologia
( ) Para um hospital de referência mais próximo da Unidade de Saúde
( ) Outros: _____________________________________________________
15. Existe atualmente algum trabalho sendo realizado em sua Unidade de Saúde
que tenha como objetivo a prevenção do câncer bucal:
( ) Sim ( ) Não
16. Você já participou de cursos sobre algum tema relacionado ao “Câncer Bucal”:
( ) Sim ( ) Não
Em caso positivo
, quando? ( ) Menos de 12 meses ( ) Há 5 anos ou mais
( ) De 1 a 4 anos ( ) Nunca fiz
17. Você gostaria que seu Serviço disponibilizasse cursos de atualização sobre
“Câncer Bucal”?
( ) Sim ( ) Não
18. Você já participou das campanhas de prevenção do câncer bucal realizadas
concomitantemente às campanhas de vacinação de idosos?
( ) Sim ( ) Não
98
APÊNDICE C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Universidade de São Paulo
Faculdade de Odontologia
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESTUDO: Comportamento dos cirurgiões-dentistas das Unidades Básicas de Saúde do
município de São Paulo quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer bucal
Você está sendo convidado (a) a participar da pesquisa acima citada. O documento abaixo
contém as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua colaboração
neste estudo será de muita importância para nós e não causará nenhum prejuízo a você,
podendo você desistir a qualquer momento.
As informações abaixo são para esclarecer e pedir sua participação voluntária neste
estudo que tem por finalidade conhecer as ações que os cirurgiões-dentistas das Unidades
Básicas de Saúde do município de São Paulo têm desenvolvido quanto à prevenção e ao
diagnóstico precoce do câncer bucal, além das percepções que estes profissionais possuem
para a realização das mesmas.
Reconhecemos a importância do papel que o cirurgião-dentista assume nas Unidades
Básicas de Saúde quanto à prevenção e ao diagnóstico precoce das lesões bucais suspeitas, e
gostaríamos de evidenciar a realização, ou não, de tais ações e reconhecer quais os fatores
limitantes para a sua operacionalização.
O diagnóstico da realidade sobre a atuação do cirurgião-dentista no combate à
prevenção do câncer bucal no município de São Paulo, sobretudo no reconhecimento das
dificuldades que este possa ter para a realização deste trabalho, é um dos benefícios diretos
que este estudo pretende alcançar, dentre outros.
Não haverá quaisquer despesas financeiras, nem riscos ou desconfortos, àqueles que
desejarem participar da pesquisa durante a realização dos procedimentos.
Retorne ao autor da pesquisa, por meio dos Correios, o questionário e o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, devidamente preenchidos, sendo este último assinado,
utilizando-se do envelope selado, contido na correspondência, em um prazo de até 7 dias após
o recebimento desta.
As informações obtidas não serão utilizadas para divulgar a sua identidade e tais dados
somente serão utilizados para este estudo. Caso necessite de maiores esclarecimentos, a
99
qualquer momento durante o andamento da pesquisa, entre em contato com o pesquisador
através de telefone e/ou e-mail, disponibilizados abaixo.
Qualquer questão, dúvida, esclarecimento ou reclamação sobre os aspectos éticos
desta pesquisa, solicitamos ainda que entre em contato com o Comitê de ética em Pesquisa da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (Av. Lineu Prestes, 2227, CEP
05508-000, São Paulo-SP) e/ou da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (Rua General
Jardim, 36 – 2 andar – Telefone: 3218-4043 – e-mail: [email protected] .
Após ler estas informações e de ter as dúvidas suficientemente esclarecidas pelo
pesquisador, tem-se a sua concordância em participar de forma voluntária neste estudo.
São Paulo, Fevereiro de 2005.
Voluntário ou representante legal: _____________________________________________
Documento de identificação (RG, CPF ou CRO): _________________________
Responsável pelo Projeto: ____________________________________________________
ÉRICO MARCOS DE VASCONCELOS
CRO nº 67.093
Mestrando em Diagnóstico Bucal, subárea Semiologia, da
Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP)
Endereço / Telefone / E-mail para contato:
Avenida Lineu Prestes, 2227, CEP 05508-000, São Paulo-SP
A/C Departamento de Estomatologia – Disciplina de Semiologia
(11) 9981-0706
100
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da Secretária Municipal de Saúde de São Paulo
101
ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade
de São Paulo
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