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COMPORTAMENTO DO COBRE APLICADO NO SOLO
POR CALDA BORDALESA
FABIANA FERREIRA FELIX
Dissertação apresentada à Escola Superior de
Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São
Paulo, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, Área de Concentração: Solos e Nutrição
de Plantas.
P I R A C I C A B A
Estado de São Paulo - Brasil
Maio - 2005
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COMPORTAMENTO DO COBRE APLICADO NO SOLO
POR CALDA BORDALESA
FABIANA FERREIRA FELIX
Engenheira Agrônoma
Orientador: Prof. Dr. ARNALDO ANTÔNIO RODELLA
Dissertação apresentada à Escola Superior de
Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São
Paulo, para obtenção do título de Mestre em
Agronomia, Área de Concentração: Solos e Nutrição
de Plantas.
P I R A C I C A B A
Estado de São Paulo - Brasil
Maio - 2005
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - ESALQ/USP
Felix, Fabiana Ferreira
Comportamento do cobre aplicado no solo por calda bordalesa / Fabiana Ferreira
Felix. - - Piracicaba, 2005.
74 p. : il.
Dissertação (mestrado) - - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2005.
Bibliografia.
1. Calda bordalesa 2. Cobre 3. Fruticultura 4. Química do solo I. Título
CDD 631.41
“Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte – O autor”
DEDICATÓRIA
A Deus.
A meus queridos pais Francisco e Carolina,
Pelo amor, carinho e compreensão
.
OFEREÇO
A Fernando por fazer parte de minha vida e pelas horas gastas ao meu lado;
A Aparecido pela paciência.
A Dalva por ser uma grande mãe para mim e para minha filha;
A todos que me incentivaram antes e durante a concretização deste projeto de vida.
A Eduarda, minha filha e meu maior projeto.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Arnaldo Antonio Rodella pela orientação, amizade e paciência.
A Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, ao Departamento de Solos e Nutrição de
Plantas e à Coordenação do Programa de Pós-graduação do departamento pela oportunidade.
Ao Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) pela concessão da bolsa de estudos.
Aos Professores Álvaro Pires da Silva, Luis Reynaldo F. Alleoni e Arquimedes Lavorenti pelos
equipamentos, e infra-estrutura disponibilizados no decorrer da pesquisa.
Em especial, a Bibliotecária Eliana Garcia, pela grade ajuda nas correções.
Aos funcionários do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas, em especial ao Luís Silva,
Nancy, Flávia e Jaqueline.
Aos funcionários da Química Ambiental: Rita e Ana pela paciência, ajuda e amizade, Lenita,
Janaina, Angélica, Armelinda, Gertrudes e Vanessa.
Ao Eng. Agrônomo Ivan José Ribeiro Antunes e ao técnico Antônio Marcos Luize do Centro
Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Frutas pelas amostras de solo.
Aos amigos pós-graduandos, em especial a Lucia, Lílian, pela amizade sincera e por tudo o
quanto me ajudaram. Aos colegas: Karina, Susian, Virginia, Letícia, Estevão, Gláucia, Cristiano e Jonas
pelos momentos de descontração e amizade.
Aos estagiários Claudeir (51), Felipe, e minha amiga Carol.
A Márcia que fez o papel de irmã, mãe, conselheira e amiga e a meu grande amigo Mauricio.
E a todos aqueles que direta ou indiretamente ajudaram na conclusão deste trabalho.
Cada um sabe a alegria e a dor
que traz no coração
João Ubaldo Viera
SUMÁRIO
Página
RESUMO................................................................................................................... vii
SUMMARY............................................................................................................... ix
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 3
2.1 Potencialidades da fruticultura no Estado de São Paulo................................ 3
2.1.1 A cultura da uva............................................................................................. 4
2.1.2 A cultura do figo............................................................................................ 6
2.2 Uso de calda bordalesa em frutíferas e conseqüências.................................. 8
2.3 Comportamento do cobre no solo.................................................................. 11
2.3.1 Método de Neubauer...................................................................................... 17
2.3.2 Relações entre alguns materiais e compostos orgânicos e o comportamento
de metais no solo............................................................................................ 18
2.3.2.1 Sistema Ácido Cítrico/Citrato........................................................................ 18
2.3.2.2 EDTA............................................................................................................. 21
2.3.2.3 Torta de filtro................................................................................................. 24
2.3.2.4 Esterco de Galinha......................................................................................... 25
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 28
3.1 Mobilização do cobre aplicado pela calda bordalesa em colunas de solo..... 28
3.1.1 Solos............................................................................................................... 28
3.1.2 Montagem das colunas................................................................................... 29
vi
3.1.3 Aplicação dos tratamentos............................................................................. 31
3.1.4 Coleta dos lixiviados...................................................................................... 32
3.1.5 Análise do solo contido nas colunas.............................................................. 33
3.2. Comportamento do cobre em alguns solos cultivados com frutíferas
tratados com calda bordalesa......................................................................... 34
3.2.1 Análises de solo.............................................................................................. 35
3.2.2 Fracionamento do cobre................................................................................. 36
3.3. Avaliação da disponibilidade do cobre pelo Método de Neubauer
modificado...................................................................................................... 37
3.4. Análise estatística............................................................................................ 38
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 39
4.1 Mobilização do cobre aplicado pela calda bordalesa em colunas de solo...... 39
4.1.1 Análise dos lixiviados..................................................................................... 39
4.1.2 Análise do solo das colunas de lixiviação....................................................... 44
4.1.2.1 pH (H
2
O)......................................................................................................... 44
4.1.2.2 Cobre............................................................................................................... 46
4.2 Avaliação da disponibilidade do cobre pelo Método de Neubauer................. 48
4.2.1 Solos do experimento em coluna..................................................................... 49
4.2.2 Solos coletados em áreas de frutíferas sob aplicação de calda bordalesa........ 50
4.3 Comportamento do cobre em solos cultivados com frutíferas tratados com
calda bordalesa................................................................................................. 53
4.3.1 Teores de Cu total do solo................................................................................ 53
4.3.2 Teor cobre disponível do solo pelo DTPA....................................................... 55
4.3.3 Fracionamento do cobre em amostras de solos de pomares de figo e uva....... 58
5 CONCLUSÕES.................................................................................................... 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 63
COMPORTAMENTO DO COBRE APLICADO NO SOLO POR CALDA BORDALESA
Autora: FABIANA FERREIRA FELIX
Orientador: Prof. ARNALDO ANTÔNIO RODELLA
RESUMO
Apesar da preocupação atual com a contaminação do ambiente, pelo uso
agrícola de resíduos industriais e urbanos, metais pesados podem ser incorporados ao
solo por práticas agrícolas tradicionais como uso de fertilizantes e defensivos.
Objetivando avaliar o comportamento do cobre aplicado ao solo através de calda
bordalesa foram conduzidos ensaios nos quais o fungicida foi aplicado ao solo
acondicionado em colunas, bem como consideradas amostras de solo sob cultura de
frutíferas. A mobilização do Cu foi estudada em experimento com colunas de lixiviação,
feitas de tubos de cloreto de polivinil (PVC), utilizando dois tipos de solos: Latossolo
Vermelho eutroférrico (LVef) e Latossolo Vermelho Amarelo distrófico típico (LVAd).
O cobre aplicado por um material alcalino como a calda bordalesa é relativamente
imóvel no solo, mas pressupõe-se que poderá ser mobilizado pela ação de compostos
orgânicos que atuam como complexantes. Desta forma, foram aplicados como
compostos orgânicos: dois materiais de uso generalizado na agricultura (esterco de
galinha e torta de filtro); um material sintético de elevado poder complexante
(NaH
2
EDTA) e citrato de amônio para representar os agentes quelantes de ocorrência
natural no ambiente. Em adição ao experimento em colunas, para determinar as frações
de cobre presente no solo, foram coletadas amostras de solo na profundidade de 0-20
viii
cm, no município de Louveira, Estado de São Paulo, em pomares de frutíferas onde se
usa rotineiramente calda bordalesa como fungicida. Nesses locais, o teor de Cu do solo
extraído por DTPA variou entre 6,5-34,3 mg Cu kg
-1
, enquanto que o teor de Cu total
variou entre 40,8-108,8 mg kg
-1
. Para avaliar a disponibilidade do Cu nos solos de
Louveira e nos solos do experimento em colunas foi escolhido o método de Neubauer,
pela vantagem de ser um método biológico de determinação da quantidade disponível de
elementos no solo. A lixiviação na coluna do solo LVAd, onde foi aplicado o EDTA,
conseguiu mobilizar 436,5 µg de Cu, massa que representa uma fração muito pequena
do cobre total aplicado ao solo por meio da calda bordalesa. Trata-se, entretanto, de um
valor bastante significativo frente ao que foi removido nos demais tratamentos. Embora
quase não tenha sido mobilizado cobre para fora das colunas, os resultados da análise
química do solo indicaram a movimentação do cobre dos segmentos superiores para os
inferiores, sob a ação dos tratamentos, na faixa de 5,0-48,2 mg Cu. Quanto à absorção de
cobre pelas plantas no experimento de Neubauer, observou-se que a aplicação do EDTA
favoreceu a absorção do cobre pelas plantas de arroz em ambos os solos estudados,
entretanto não influenciou na massa seca das plantas. Já nas amostras dos solos de
Louveira a absorção de cobre diminuiu a massa seca das plantas, tanto quando se
considerou a concentração de cobre no tecido vegetal como a massa total de cobre
absorvido. O Cu absorvido pelas plantas também se correlacionou com teores de cobre
trocável, cobre ligado a carbonato e cobre ligado a óxidos de Fe e Mn, obtidos no estudo
de fracionamento. O extrator DTPA mostrou ainda ser um bom indicador da
disponibilidade de cobre aplicado pela calda bordalesa.
BEHAVIOR OF COPPER APPLIED TO SOIL THROUGH BORDEAUX MIXTURE
Author: FABIANA FERREIRA FELIX
Adviser: Prof. ARNALDO ANTÔNIO RODELLA
SUMMARY
Despite the current concerns regarding the environment contamination by the
agricultural use of industrial and urban wastes, heavy metals can be incorporated to the
soil through traditional fertilizers and defensives. Aiming to evaluate the behavior of
copper applied to the soil through the Bordeaux mixture, trials were carried out in which
the fungicide was applied to the soil packed in columns, as well as samples of soil under
fruit cultures were considered. The mobilization of Cu was studied in experiments with
leaching columns, which consisted of polyvinyl chloride tubes (PVC), using two types
of soil: Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef) e Latossolo Vermelho Amarelo
distrófico típico (LVAd). Copper applied through an alkaline material such as the
Bordeaux mixture is relatively immobile in the soil but it is expected to be mobilized by
the action of organic complexing compounds. This way they were applied as organic
compounds, two materials generally used in agriculture: poultry manure and filter cake;
a synthetic material with high affinity for metals (NaH
2
EDTA) and ammonium citrate in
order to represent the ligants of wide spread occurrence in the environment. In addition
to the experiment in columns and to determine the fractions of copper present in the soil,
0-20 cm samples of soil were collected in grape and fig orchard located in the city of
Louveira , SP, where the Bourdeaux mixture is commonly used as a fungicide. Is these
places the total copper content of the soil extracted by DTPA varied between 40,8-108,8
mg kg
-1
. To evaluate the availability of copper in the soil of Louveira, and in the soils of
x
the column experiment, the Neubauer method was chosen due to the advantage of being
a biological method of determination of the available amount of elements in the soil. The
leaching in the LVAd soil column, where EDTA was applied was able to mobilize 436,5
µg of cu, mass that represents a very small fraction of the total copper applied to the soil
through the Bordeaux mixture. It refers to, subconsequently to a very significant amount
when compared to the quantity obtained through other methods. Although almost no
copper was removed out of the columns, the results of the chemical analysis indicated
the movement of copper from the upper segments to the lower segments, under the
action of treatments, the range of 5-48,2 mg of copper. Regarding the absorption of
copper by plants in the Neubauer experiment it was observed that the application of
EDTA favored the absorption of copper by the rice plants, in both studied soil, however
it didn’t influence the dry mass of plants. In the soil samples from Louvreira, the copper
absorption diminished the total dry mass of the plants, when considered the copper
concentration in the vegetal tissue, as well as the total content of copper absorbed. The
copper absorbed by the plants was correlated to exchangeable copper content as well as
copper linked to carbonate and copper linked to oxides of Fe and Mn, obtained through
the fractioning study. The DTPA extractor proved to be a good indicator of the
availability to plants of copper applied through the Bordeaux mixture.
1 INTRODUÇÃO
A introdução de metais pesados no solo pode ser efetuada através de diferentes
meios, sendo bastante estudadas as aplicações de biossólidos e de resíduos industriais.
Entretanto, práticas agrícolas tradicionais também podem contribuir para levar metais ao
solo, através do uso de fertilizantes minerais, defensivos e mesmo adubos orgânicos,
como esterco de suínos.
Dentre os fungicidas tradicionais utilizados na agricultura destaca-se a calda
bordalesa. Embora seja um fungicida de uso relativamente antigo, é considerado ainda
um dos produtos mais eficientes no combate de parasitas das plantas e doenças como:
mal de Sigatoka em bananeira; antracnose em mamão, manga, uva; entomosporiose em
marmelo; ferrugem em araçá, figo, jabuticaba, goiaba, pêssego; gomose em plantas
diversas; melanose em laranja; verrugose em laranja, abacate e sarna em ameixa, maçã,
pêra e pêssego.
O uso da calda bordalesa tem sido permitido na agricultura orgânica porque,
segundo seus defensores, “o sulfato de cobre é um produto pouco tóxico que contribui
para melhorar o equilíbrio nutricional das plantas”. Deste modo, o produto que parecia
fadado a ser substituído por fungicidas mais modernos, voltou a ser usado devido à
expansão da agricultura orgânica. Entretanto, muitos estudos alertam que o uso intensivo
de calda bordalesa em vinhedos da Europa por mais de 100 anos para combate de míldio
causou aumentos significativos de cobre na camada superficial dos solos.
Com o transcorrer dos anos, sucessivas aplicações de calda bordalesa em solos
de regiões tropicais podem elevar o teor de cobre do solo a níveis preocupantes. É de
interesse, portanto, avaliar o destino e o comportamento no solo do cobre proveniente
desse fungicida tradicional.
2
Qualquer abordagem sobre o comportamento de metais no solo requer
necessariamente o conhecimento das formas sob as quais os mesmos ocorrem. Pode-se
determinar a proporção do metal em diferentes frações da fase sólida, através do
procedimento denominado fracionamento ou extração seqüencial. Por outro lado,
avaliações de biodisponibilidade, sejam através de soluções extratoras ou por meio de
experimentos com plantas são também freqüentemente empregados no estudo de metais
no solo.
Nesse contexto, os principais objetivos do presente estudo são:
avaliar em condições de laboratório, a ação de torta de Filtro e esterco de
Galinha, bem como dos compostos orgânicos NaH
2
EDTA e citrato de amônio, na
mobilização do cobre aplicado por calda bordalesa em colunas de solo;
avaliar o teor total e o teor disponível de cobre em algumas áreas sob cultivo
de frutíferas no Estado de São Paulo, bem como sua distribuição entre as frações da fase
sólida do solo;
estudar a biodisponibilidade do Cu em solos tratados com calda bordalesa,
usando o método de Neubauer modificado;
As hipóteses a serem testadas são:
o cobre aplicado por um material alcalino é relativamente imóvel no solo,
mas pode ser mobilizado pela ação de compostos orgânicos que atuam como
complexantes.
o cobre total se apresenta em teores elevados em solos tradicionalmente
cultivados com frutíferas no Estado de São Paulo, que recebem aplicações freqüentes de
calda bordalesa.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Potencialidades da fruticultura no Estado de São Paulo
Em 2004, o Brasil foi o terceiro produtor mundial de frutas alcançando uma
produção de 38 milhões de toneladas, perdendo apenas para China e Índia. No mesmo
ano, as exportações brasileiras de frutas frescas movimentaram cerca de US$ 370
milhões, com aumento de 10% em relação ao ano anterior. Os principais destinos do
produto brasileiro são os países europeus, as Américas do Norte e do Sul e o Oriente
Médio, além de perspectivas de vendas para o mercado asiático (Revista Globo Rural,
2005).
O Estado de São Paulo é responsável pela maior parte da produção nacional de
frutas (um terço do total), sendo considerado o maior produtor de frutas frescas do
Brasil. O estado detém 77% da produção de laranja, 17% da produção de banana, 36%
da produção de manga, 46% da produção de melancia, 45% da produção de abacate e
31% da produção de goiaba. Considerando-se a média de um emprego por hectare, a
fruticultura gera no Estado de São Paulo cerca de um milhão de empregos só na
produção (Gutierrez, 2000).
Dentre os produtos de relevante importância no âmbito da fruticultura, São
Paulo destaca-se também pela sua produção de uva e figo. O estado é o segundo maior
produtor de uva e de figo do Brasil perdendo apenas para o Rio Grande do Sul.
4
2.1.1 A cultura da uva
A uva é produzida hoje em praticamente todas as regiões do Brasil. Tem grande
importância econômica no sul do país. Em todas as regiões de produção existem
cultivares nobres de mesa e também de vinhos considerados de boa qualidade. No
Brasil, o maior estado produtor de uva, Rio Grande do Sul representa 46% da produção
total brasileira, seguindo-se São Paulo com 21%, Pernambuco e Paraná com 10 % cada
um, Bahia com 8% e outros estados com apenas 5% (IBGE, 2003).
A videira é cultivada comercialmente no Brasil desde o período colonial. No
começo do século XX ocorreu a exploração da Niágara Branca para uva de mesa,
variedade rústica e proveniente dos Estados Unidos. Em 1933, no município de Jundiaí,
SP, em conseqüência de mutação somática em uma planta de Niágara Branca, surgiu a
variedade Niágara Rosada, que transformou toda a estrutura vitícola do Estado de São
Paulo, tornando-o maior produtor de uvas de mesa do Brasil (Pommer et al., 1997).
Fonte: CATI (2005)
Figura 1 – Distribuição Geográfica da Cultura da Uva no Estado de São Paulo
5
A Figura 1 mostra a distribuição geográfica da cultura da uva no Estado de São
Paulo. As regiões de Campinas, Sorocaba e Itapetininga têm áreas de 500 a 1956 hectares
plantados. Entretanto, a região de Campinas é a maior produtora de uvas comum,
respondendo por cerca de 70% da produção e dos pés, sendo ainda nessa região que ficam
os principais municípios produtores, ordenados no Quadro 1 segundo a quantidade
produzida (Brasil, 2000).
Município
Área colhida
(ha)
Produção
(t)
Produtividade
(t/ha)
Participação na
Produção Nacional (%)
Jundiaí 1.800 43.641 24,2 2,8
Indaiatuba 1.350 33.750 25,0 2,2
São Miguel
Arcanjo
1.101 27.722 25,2 1,8
Pilar do Sul 613 17.590 28,7 1,1
Louveira 703 16.000 22,8 1,0
Adaptado de Mapeamento da Fruticultura Brasileira – 2000 (Brasil, 2000).
Quadro 1 – Principais Municípios Produtores de Uva no Estado de São Paulo
Na viticultura paulista as Niágaras são as uvas mais cultivadas, perfazendo uma
área de 7.626 hectares, o que representa 66,3% dos vinhedos (Ghilardi & Maia, 2001).
São várias as doenças e pragas que atingem a videira. Com a introdução das
espécies americanas e da prática de enxertia, muitas delas deixaram de ter importância.
Entretanto, as cultivares européias, consideradas como nobres, estão sujeitas a várias
doenças e sua produção só é possível com um programa intensivo de controle químico.
Dentre as doenças mais importantes que atacam a videira está o míldio, ou
mufa, causada pelo fungo Plasmopara viticola (B.). É uma doença criptogâmica, pois
impede a formação das flores e que ataca a planta por ocasião do seu desenvolvimento
vegetativo. Existem vários produtos químicos recomendados para a prevenção e
eliminação do míldio. Braga (1988) cita os fungicidas Captan, Zineb, Ziram, Maneb,
Orthocide 50 e Acti-dione como preventivos e Metalaxil como curativo recomendados
para a prevenção ou eliminação da doença. Nota-se, entretanto, que os produtores
utilizam ainda em larga escala a calda bordalesa (mistura de sulfato de cobre e cal,
6
diluídos em água) como produto químico preventivo à doença, sendo que a cultivar
Itália necessita de 40 a 50 aplicações anuais (Murayama, 1980).
2.1.2 A cultura do figo
Assim como ocorre para a cultura da uva, a cultura da figueira no Brasil tem
maior expressão econômica nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas
Gerais. Em 2003, a produção de figo no Brasil foi de 25,6 mil toneladas, sendo que mais
de 93 % da produção brasileira de figo está concentrada em três estados: Rio Grande do
Sul com 47 %, São Paulo com 28 %, Minas Gerais com 20 % e os demais estados com 7
% (IBGE, 2003).
Entre 1990 e 1996, foram erradicadas do Estado de São Paulo cerca de 1,5
milhão de figueiras e a produção de figo para indústria foi reduzida de 7.825t para
402,2t; enquanto que a produção de figo para mesa caiu de 10,3 milhões de engradados
para 1,7 milhão, no mesmo período. Tal redução da oferta para a indústria pode ser
atribuída à mudança da principal compradora para o Estado de Goiás, permanecendo
apenas indústrias menores na região. A partir de 1997, pequenos plantios
proporcionaram modesto aumento do número de pés em produção e da produção
paulista de figo para mesa. (Maiorano, 1999).
O Estado de S. Paulo é produtor de figo para mesa, destinada ao mercado
interno, como figo maduro e ao externo como tipo exportação tipo verde ou meio
maduro.
Atualmente a cultura de figo é de grande importância para pequenos produtores
localizados na região de Campinas, principalmente no município de Valinhos, onde se
localizam 51% dos produtores e 73% da produção de São Paulo, tendo atingido, em
2001, valor da produção superior a cinco milhões de reais em nível de produtor (Perez et
al., 2003).
A introdução do figo em São Paulo se deu juntamente com a videira,
marmeleiro, romãzeiras outras espécies, trazidas pelos participantes da primeira
7
expedição de Martin Afonso de Souza em 1532, e logo se estabeleceram junto aos
primeiros povoamentos no planalto paulista (CATI, 2003).
Até o inicio do século XX a cultura da figueira em São Paulo não havia
despertado interesse comercial. Era cultivada apenas nos fundos de quintais e junto à
sede dos sítios e fazendas. Somente a partir de 1910 passou a ser cultivada
comercialmente na região compreendida pelo antigo distrito de Valinhos, ainda
pertencente à Campinas, hoje município de Valinhos e conhecido como a Capital
nacional do Figo Roxo.
O introdutor do figo Roxo em Valinhos foi o Sr. Lino Busatto, imigrante
italiano que chegou ao Brasil por volta de 1898 e teve a iniciativa de mandar vir de uma
região da Itália próxima ao Mar Adriático, algumas mudas de figueiras produtoras de
figos roxo, que encontraram fácil adaptação. Tratadas com cuidado prosperaram e seus
figos, de coloração roxo escura, tornaram-se desde logo conhecidos como "Roxo de
Valinhos" (CATI, 2005).
A cultura da figueira está presente em 48 municípios no Estado de São Paulo,
num total de 226 propriedades, perfazendo 550,5 hectares, para um numero de 749.759
plantas (Figura 2).
Fonte: Cati (2005)
Figura 2 – Distribuição Geográfica Cultivo do Figo Roxo de Valinhos no
Estado de São Paulo
8
Assim como a uva, o figo também teve problemas quanto à ocorrência de
pragas e doenças nas lavouras. As primeiras plantações eram muito atacadas por "brocas
e ferrugem", que provocavam a queda prematura das folhas e o atrofiamento dos frutos,
fazendo com que a safra nunca fosse além de Janeiro.
Graças à contribuição dada por instituições como Escola Superior de
Agricultura “Luís de Queiroz” e do Instituto Biológico foram encontradas soluções para
os problemas fitossanitários da cultura, possibilitando a ampliação da safra. Para isso
foram adotadas práticas cuja condução persistem praticamente até hoje, tais como:
recomendações de podas energéticas, destruição dos ramos podados e emprego de caldas
fúngicas e inseticidas.
2.2 Uso de calda bordalesa em frutíferas e conseqüências
Segundo Ghini (2004) o uso de fungicidas é um dos principais métodos de
controle de doenças de plantas e única forma de controle para diversos problemas
fitossanitários. Seu uso é amplamente difundido em diversas culturas devido à facilidade
de aplicação e aos resultados imediatos obtidos. Entretanto, o uso contínuo pode
promover a seleção de fungos fitopatogênicos resistentes, não mais controlados pelo
fungicida anteriormente eficaz, colocando em risco a eficiência do método.
Conseqüentemente o surgimento de fungos fitopatogênicos resistentes a fungicidas
torna-se um sério problema que pode por em risco o controle dessas doenças de plantas.
Neste caso, pode ser útil o uso de defensivos alternativos, alguns de preparação
caseira, elaborados a partir de substâncias não prejudiciais à saúde humana e ao meio
ambiente, quando manipulados corretamente. Os defensivos alternativos pertencem a um
grupo de formulações que têm como características não favorecer a ocorrência de formas
de resistência a fitoparasitas
1
, baixa toxicidade ao homem e à natureza, eficiência no
combate a artrópodes e microrganismos nocivos, disponibilidade e custo reduzido. Estão
1
Fitoparasita - organismo que, pelo menos em uma fase de seu desenvolvimento, se encontra ligado à
superfície ou ao interior de uma planta, dita hospedeira, do qual obtém a totalidade ou parte de seus
nutrientes.
9
incluídos na categoria, entre outros, os diversos biofertilizantes líquidos, as caldas
Sulfocálcica, Viçosa e Bordalesa, os extratos de plantas e os agentes de biocontrole
(Penteado, 1999).
O princípio destas caldas não é erradicar os insetos ou patógenos, porém
aumentar a resistência e a repelência das plantas. Desta forma, as caldas bordalesa e
sulfocálcica constituem os principais meios de controle alternativo de pragas e doenças
para as plantas cultivadas no processo ecológico e orgânico. O uso dessas caldas é
permitido pela Agricultura Orgânica. A Instrução Normativa 7, de 17 de maio de
1999 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento dispõem sobre normas
para a produção de produtos orgânicos vegetais e animais. Ela foi estabelecida
considerando a crescente demanda de produtos obtidos por sistemas ecológicos,
biológicos, biodinâmicos e agroecológico, a exigência de mercado para tais produtos.
Assim, ela estabelece as normas de produção, tipificação, processamento, envase,
distribuição, identificação e certificação da qualidade de produtos orgânicos, sejam de
origem animal ou vegetal. No que concerne aos meios contra doenças fúngicas, as
seguintes opções são mencionadas no Anexo III – Produção Vegetal (Brasil, 2004), da
referida instrução: Enxofre simples e suas preparações, a critério da certificadora; Pó de
pedra; Um terço de sulfato de alumínio e dois terços de argila (caulim ou bentonita) em
solução a 1 %; Sais de cobre, na fruticultura; Própolis; Cal hidratado, somente como
fungicida; Iodo; Extratos de plantas; Extratos de compostos e plantas; Vermicomposto;
Homeopatia; Calda bordalesa e calda sulfocálcica, a critério da certificadora.
No século XIX, na região de Bourdeaux, na França, surgiu à calda bordalesa,
fungicida usado para o controle de míldio em videiras. A descoberta acidental em 1882
na França, de que a calda, resultante da neutralização de sulfato de cobre com excesso de
hidróxido de cálcio aspergido sobre vinhedos, além de evitar coleta furtiva, pelo aspecto
azulado conferido à folhagem, era ativa contra o míldio da videira, foi o marco histórico
decisivo para início do controle químico de doenças de plantas (Michereff, 2004).
A calda bordalesa é uma suspensão coloidal obtida na mistura de sulfato de
cobre pentahidratado (CuSO
4
.5H
2
O) e suspensão de cal virgem (CaO), que reagindo
com água forma Cu(OH)
2
, proporcionando um meio alcalino. Nessas condições, forma-
10
se um precipitado gelatinoso azulado de hidróxido de cobre, praticamente insolúvel em
água, estabilizado pela adsorção ao sulfato de cálcio, também produzido na mistura. O
hidróxido de cobre forma membranas de precipitação em torno dessas partículas. De
acordo com a tecnologia de preparo a mistura produz vários compostos tais como:
hidróxido de cobre, sulfato de cobre, sulfato de cálcio, sulfato básico de cobre e sulfato
básico duplo de cobre e cálcio (Penteado, 2000). A preparação mais comum da calda
bordalesa se dá na proporção de 1 parte de cal virgem e 1 parte de sulfato de cobre para
100 partes de água. A quantidade de cada ingrediente vai depender do volume final de
calda pretendido.
Atualmente o uso da calda bordalesa vem se intensificando em culturas perenes
principalmente as frutíferas. Epstein & Bassein (2001), estudando a aplicação de
pesticidas de cobre em culturas perenes na Califórnia de 1993 a 1998, observaram que a
intensidade do uso do Cu na Califórnia tem sido relativamente constante ou crescente,
dependendo da cultura. Das doze culturas estudadas, grande aumento na intensidade do
uso do Cu ocorreu nos vinhedos, onde houve um aumento de 70% em termos de kg Cu
km
-2
de área plantada, enquanto a área cultivada com vinhedos aumentou em 10% no
mesmo período.
O acúmulo de cobre em alguns solos agricultáveis acima das quantidades que
são requeridas para o crescimento saudável da planta tem gerado numerosos estudos, os
quais indicam que o uso prolongado de produtos a base de cobre resulta freqüentemente
na contaminação do solo. Li (1994), estudando o efeito em longo prazo da aplicação de
calda bordalesa na cultura da uva em solos da planície costeira no oeste da China,
observou que o teor de Cu extraído por DTPA era de 34,2 mg kg
-1
na superfície do solo
em que se cultivavam uvas por 10 anos.
Florez-Vélez et al. (1996) estudando a distribuição do cobre em um solo
arenoso ácido de vinhedo na Franca, verificou que o uso da calda bordalesa como
fungicida para o controle do míldio em vinhedo, resultou numa acumulação significativa
de Cu no solo de 100 a 1500 mg kg
-1
.
Deluisa et al. (1996) em seu trabalho sobre a poluição de cobre em solos
italianos de vinhedo, verificou que em áreas cultivadas com vinhedos e onde se usava
11
fungicida cúprico, o cobre acumulava-se no perfil do solo em maior quantidade na
camada superficial do solo e diminuía quando atingia as camadas mais profundas. A
concentração média do Cu na camada superficial era, de acordo com o método de
extração utilizado, de aproximadamente quatro (Água Régia), cinco (DTPA) e dois e
meia (CaCl
2
) vezes maior que a de Cu encontrado nas camadas mais profundas.
2.3 Comportamento do cobre no solo
Cobre é um metal maleável, dúctil, de cor vermelha, excelente condutor de
eletricidade e extraído de minérios. Apresenta densidade igual a 8,96 g cm
-3
, que por ser
superior a 5 g kg
-1
o caracteriza como um metal pesado (Malavolta, 1994). Na Tabela
periódica o cobre se localiza no grupo 1B, sendo um metal de transição externa.
Grande parte do cobre da litosfera está combinada com o enxofre na forma de
sulfeto de cobre, que ocorre em rochas principalmente como sulfetos complexos,
facilmente intemperizados e liberam íons Cu
2+
, especialmente em meio ácido (Raij,
1991). É graças ao material de origem, à mineralogia e ao conteúdo da matéria orgânica
que o cobre ocorre em diversas formas no solo e se distribuí entre elas. O cobre ocorre
nos solos adsorvido à superfície dos minerais de argila, óxidos de Fe, Al e Mn e matéria
orgânica.
O teor médio de Cu na litosfera é de 70 mg kg
-1
, sendo geralmente encontrados
nos solos valores entre 2 e 100 mg kg
-1
para teores totais e uma faixa de 1 a 8 mg kg
-1
para teores solúveis. No Estado de São Paulo, os teores totais situam-se entre 2 a 340 mg
kg
-1
, enquanto que os teores solúveis variam entre 0,08-0,80 mg kg
-1
(Camargo et al.,
2001).
Geralmente o cobre é um elemento com pouca mobilidade nos solos, no
entanto, os solos ácidos com baixo teor em matéria orgânica podem ser uma exceção. O
cobre tende a acumular-se no horizonte superficial dos solos e, assim como para os
demais metais encontrados em solos de regiões agrícolas, o aumento das concentrações é
12
resultado da deposição atmosférica, da aplicação de agrotóxicos, resíduos orgânicos e
inorgânicos, fertilizantes e corretivos (Alloway,1995).
É notável o papel da matéria orgânica para mobilização do cobre no solo. A
relação do cobre com a matéria orgânica do solo é especialmente importante devido à
elevada afinidade do elemento por compostos orgânicos, formando complexos solúveis e
insolúveis.
A complexação de metais pela matéria orgânica em solos e ambientes aquáticos
é considerada um dos principais mecanismos que governam a solubilidade e
biodisponibilidade de metais no sistema solo-planta (Ross, 1994). O cobre se fixa à
matéria orgânica no horizonte superficial através de complexação do elemento pelos
ácidos húmicos e ácidos fúlvicos que permitem, pela sua presença, a retenção do cobre
nos solos.
O alto grau de seletividade da matéria orgânica para com o Cu é causado pela
formação de complexos de esfera interna, também referido como adsorção específica
(Guilherme e Anderson, 1998). Em baixas concentrações de Cu na solução, este será
imobilizado principalmente pelos ácidos húmicos, mas à medida que os sítios de ligação
forte vão sendo saturados, uma quantidade maior de Cu será solubilizada pelos ácidos
fúlvicos ou por compostos orgânicos mais simples (McBride, 1989).
Quando adsorvido, o cátion Cu
2+
pode participar de uma interação de natureza
eletrostática não especifica e então se refere ao elemento como estando na forma
trocável. Na solução do solo o cobre pode existir na forma catiônica livre, Cu
2+
, ou na
foram complexada.
A concentração de cobre na forma catiônica livre na solução do solo é
extremamente baixa devido à afinidade que o elemento tem por compostos orgânicos.
Nolan et al. (2003), aplicando a técnica do equilíbrio de Donnan em solos contaminados,
observaram que nos extratos de saturação a proporção de cobre na forma catiônica livre
era 1,2 % do cobre total dissolvido. Do mesmo modo, Vulkan et al. (2000) detectaram
concentrações relevantes de cobre na forma Cu
2+
apenas em extratos de saturação de
solos com pH menor que 6 e com baixos teores de carbono orgânico dissolvido.
13
Embora a concentração de cobre total nos solos seja um indicador útil da
deficiência ou da contaminação do solo, não fornece informações conclusivas sobre seu
impacto ambiental. A disponibilidade de cobre à biota, seja como um nutriente ou como
um elemento tóxico, e sua mobilidade são os fatores mais importantes a serem
considerados ao avaliar seu efeito no ambiente do solo.
Os efeitos referentes à mobilidade, biodisponibilidade e toxicidade dos metais
nos solos dependem das formas que o metal ocorre nos mesmos (Tessier et al., 1979;
Tessier & Campbell, 1988; Karczewska, 1996 e McLaughlin et al., 2000). Essas formas,
ou frações do solo em que os metais se encontram, podem ser identificadas
operacionalmente por procedimentos de extração seqüencial, que utilizam uma série de
reagentes com força solubilizante crescente (Lake et al., 1984). O princípio do
fracionamento baseia-se na premissa de que elementos cada vez mais imóveis na fração
sólida do solo poderem ser extraídos por reativos cada vez menos seletivos (Viets,
1962).
De acordo com Pierrisnard (1996), a extração seqüencial é uma das três formas
de efetuar a extração de elementos em amostras de solo. As extrações únicas que
envolvem uma amostra e um extrator, ou mistura de extratores, são rápidas, econômicas
e dão uma noção dos teores de elementos removidos por determinados reagentes.
Entretanto, as reações envolvidas são influenciadas pela relação sólido-extrator, tempo
de extração e mudanças de pH e ainda pode ocorrer precipitação de metais durante o
processo. As extrações paralelas são realizadas com várias amostras de solo, submetidas
a ação de diferentes reagentes. Se por um lado, não estão sujeitas ao acúmulo de erros do
sistema de extração anterior, apresentam o inconveniente de exigir várias extrações do
teor residual. As extrações seqüenciais são as mais usadas para metais e consistem em
extrações sucessivas executadas em uma única amostra, utilizando extratores cada vez
mais efetivos. Dentre as extrações descritas, esta é considerada como a que fornece
informações mais precisas sobre a distribuição de metais nas frações da fase sólida,
possibilitando inferir sobre a disponibilidade desses elementos.
Diversos fatores podem interferir nostodos de fracionamento. Dentre esses
estão: relação sólido-extrator, seqüência de extração, seletividade dos extratores usados,
14
tempo de contato entre a amostra e o extrator e reabsorção ou precipitação de metais
durante o processo de extração (Ross, 1994).
Sposito et al. (1982) e Ross (1994) destacam a importância da escolha de
extratores seletivos e da marcha de extração no desenvolvimento dos métodos de
fracionamento. A baixa seletividade dos extratores faz com que estes ataquem mais de
uma fração ao mesmo tempo, interferindo no equilíbrio das extrações posteriores. Este
inconveniente é um dos maiores problemas dos métodos de fracionamento, pois
prejudica a eficiência da extração e a confiabilidade dos resultados.
Inúmeros esquemas de fracionamento têm sido testados. Tal variação de
procedimentos se deve ao fato de serem aplicáveis a materiais com características físico-
químicas muito diversas, como tipos diferentes de solos e sedimentos. Na maioria dos
trabalhos envolvendo fracionamento, o procedimento pode ser apenas uma adaptação de
métodos anteriores, desenvolvidos muitas vezes para outras matrizes. Para a correta
escolha ou adaptação do método a ser utilizado, é imprescindível o conhecimento das
características da matriz de onde serão extraídos os metais.
Quantificando o teor de cobre e de outros metais nas suas diferentes frações nos
solos contaminados, e comparando com suas condições naturais, pode-se avaliar a
extensão da ação do homem no ambiente e os riscos a ela associados.
Para estudar a distribuição de metais pesados em 11 solos da Espanha, Cañadas
et al. (1986) realizaram o fracionamento das amostras segundo Tessier et al. (1979). Os
autores verificaram que o Cu e o Cr se ligam preferencialmente aos óxidos de ferro e
manganês, exceto em solos com teores elevados de matéria orgânica. Nesta condição,
tais metais foram encontrados associados à fração matéria orgânica. O Pb e o Cd
apareceram nas formas mais disponíveis como a trocável e a ligada a carbonatos.
No Brasil, Amaral Sobrinho et al. (1997) realizaram o fracionamento de metais
em amostras de solo incubadas com resíduos de siderúrgicos, também utilizando a
metodologia de Tessier et al. (1979) sem a extração da fração trocável. Os autores
verificaram que todos os metais adicionados passaram para formas menos disponíveis
(frações óxido e residual), sendo Ni, Cd e Cu os mais encontrados na fração residual. Os
15
próprios autores identificaram um inconveniente no método: a extração do Pb da fração
óxidos pelo extrator da fração carbonato.
Quando um material é incorporado ao solo, os elementos nele presentes são
incorporados sob diferentes formas químicas, próprias desse material. Em função do
tempo de incorporação e das condições do meio, esses componentes podem sofrer graus
variáveis de transformação até que possam ser considerados como fazendo parte
integrante do solo e não mais do material originalmente aplicado. Em muitos casos
torna-se difícil precisar exatamente quando essa transição ocorreu.
Ao analisar o comportamento do cobre proveniente da calda bordalesa, deve-se
levar em conta que é um material inorgânico e que apresenta pH elevado. Contudo, uma
vez incorporado ao solo, o cobre proveniente desse fungicida poderá interagir com a
fração orgânica do solo e a fração “cobre ligado à matéria orgânica” certamente terá
importância, apesar da fonte do metal ser de natureza inorgânica. Isso se deve à elevada
afinidade do cobre por ligantes orgânicos, conforme salientado anteriormente.
Parat et al. (2002) investigaram o comportamento do cobre em solos do vinhedo
para demonstrar a contribuição da matéria orgânica e de componentes organo-minerais
como fases possíveis para o Cu, e efeitos dos altos teores do Cu em solos do vinhedo.
No fracionamento, realizado em 10 amostras do solo de superfície da região francesa da
Borgonha, observaram que o cobre se concentrou principalmente na fração dos óxidos
amorfos de ferro. As quantidades presentes nas frações residual, orgânica e ligada a
óxidos cristalinos do ferro ocorreram em valores intermediários. Entretanto, as maiores
quantidades de Cu estavam ligadas à matéria orgânica e foram provenientes das
amostras onde o solo estava mais contaminado.
Em solos brasileiros, Nogueirol et al. (2004), realizaram fracionamento em
amostras de dois solos do Rio Grande do Sul, cultivados por mais de 15 anos com uva
que recebeu aplicações de fungicida cúprico. Verificaram que ambos os solos mostraram
teores elevados de cobre, sendo que a maior parte do elemento estava associada à
matéria orgânica, em proporções variando de 70 a 80%.
A fração de cobre do solo que realmente tem significância à vida vegetal é
aquela chamada disponível, ou seja, acessível para ser absorvida pelas raízes das plantas.
16
A fração disponível pode ser associada ou correlacionada com índices geralmente
obtidos por métodos de extração química. As dificuldades no estabelecimento desses
índices são maiores para os micronutrientes, devido aos baixos teores no solo e aos
mecanismos que governam as reações de disponibilidade (Abreu et al., 2001).
A disponibilidade dos íons metálicos na solução do solo depende de uma série
de fatores, tais como: pH, CTC, teor de matéria orgânica, textura e composição do solo,
competição por outros cátions pelos sítios de absorção, etc (Hooda e Alloway, 1996).
Lopes & Carvalho (1988) analisando critérios de diagnose de micronutrientes
para solo e planta verificaram que a maior disponibilidade de cobre está na faixa de pH
5,0 a 6,5. Destacam os autores, que os solos orgânicos, apesar de apresentarem
abundância desse elemento, são os mais prováveis de apresentarem deficiência de cobre,
pois esse metal forma complexos tão estáveis com a matéria orgânica, que somente
pequenas quantidades são disponíveis para as plantas. Já os solos arenosos, com baixos
teores de matéria orgânica, podem se tornar deficientes em cobre em função de perdas
por lixiviação. Os solos argilosos, por sua vez, apresentam menores probabilidades de
apresentarem deficiência. A presença excessiva de outros íons metálicos, como ferro,
manganês e alumínio, reduz a disponibilidade de cobre para as plantas, efeito esse que
independe do tipo de solo.
O sucesso da monitoração de metais pesados no solo depende, em grande parte,
de um método químico eficiente para medir a fração desses elementos colocada à
disposição das plantas. Entre os extratores universais mais utilizados no diagnóstico da
disponibilidade de elementos no solo, estão DTPA, Mehlich 1 e Mehlich 3 (Raij, 1994).
Mantovani et al. (2004) estudaram extratores para avaliação da disponibilidade
de metais pesados em solos adubados com vermicomposto produzidos a partir de lixo
urbano e concluíram que o DTPA extraiu maiores quantidades de Cu. Os autores
também constataram que o DTPA foi o único extrator que detectou efeito significativo
da aplicação do vermicomposto e da calagem nos teores de todos os metais pesados
analisados: Ni, Pb, Cu, Mn e Zn. Quanto ao extrator Mehlich 1, não foi constatado efeito
do vermicomposto nos teores de Cu no solo.
17
Nogueirol et al. (2003), avaliando extratores de cobre em solos da região da
Serra do RS, cultivados por vinhedos por mais de 15 anos, observaram que os teores de
Cu extraído por DTPA diminuíram com o aumento do pH, tanto no Neossolo Litólico
distrófico típico (RLd), como no Cambissolo Húmico alumínico típico. Entretanto, para
os extratores CaCl
2
e Mehlich III houve aumento dos teores de Cu com a diminuição do
pH.
2.3.1 Método de Neubauer
Um teste relativamente rápido para avaliação de disponibilidade de nutriente às
plantas pode ser implementado por meio do chamado experimento de Neubauer que
apresenta a vantagem de ser um método biológico de determinação da quantidade
disponível de elementos no solo.
A técnica original e a interpretação dos dados obtidos pela mesma são descritas
por Neubauer & Schneider
2
e Vandecaveye
3
, citados por Catani & Bergamin Filho
(1961). O método baseia-se na idéia de que um grande número de plântulas crescendo
num volume pequeno de terra absorverá toda quantidade de nutrientes disponíveis num
pequeno espaço de tempo (Mello et al., 1983).
Experimentos de Neubauer são especialmente adequados para comparação de
procedimentos de extração de nutrientes do solo. Grzebisz & Oertli (1993) usaram a
técnica para avaliar o comportamento de sete extratores, entre os quais a solução de
DTPA, na determinação de potássio disponível em dezoito solos.
Materechera (1999) usaram plântulas de trigo que se desenvolveram por 21 dias
para correlacionar teores disponíveis determinados com extratores químicos com a
absorção pelas plantas, encontrando maiores coeficientes de correlação para
2
NEUBAUER, H.; SCHNEIDER. Die nährstoffaufnahme der keimpflanzen und ihre anwendung auf
bestimmung des Nahrstoffgehalts der Böden. Zeitsch. Pflazenernährung und Düngung, 2A,
p.329-362, 1923.
3
VANDECAVETE, S.C. Biological methods of determining nutrients in soil. In: KITCHEN, H.B. (Ed.).
Diagnostic techiniques for soils and crops. Washington: The American Potash Institute, 1948.
p.119-230.
18
macronutrientes e zinco do que para demais micronutrientes. O autor comenta que, a
despeito da dificuldade de extrapolação para condições de campo, a técnica de Neubauer
oferece uma forma barata e rápida se relacionar teores disponíveis de nutrientes com
absorção e crescimentos de plantas.
Da mesma forma, Rupa & Shukla (1999) avaliaram a disponibilidade as plantas
dos elementos cobre e zinco diversos extratores inclusive o DTPA, usando o
experimento de Neubauer.
Também usando um experimento tipo Neubauer, Yu et al. (2004) conseguiram
estabelecer uma extração por meio de resina de troca iônica para estimar o teor de Cr
(VI) no solo com o objetivo de avaliar a fitotoxicidade desta forma de cromo às plantas.
O experimento de Neubauer pode ser empregado não apenas em estudos
envolvendo solo. Vale & Alcarde (1999) utilizaram a técnica citada com o objetivo de
determinar a solubilidade dos micronutrientes em fertilizantes simples comerciais, pelo
uso de extratores químicos, correlacionando-a com a absorção por plantas. Neste
trabalho, as fontes de micronutrientes foram misturadas apenas à areia.
2.3.2 Relações entre alguns materiais e compostos orgânicos e o comportamento
de metais no solo
Tendo em vista que no presente estudo se considerou o efeito de alguns
materiais e compostos orgânicos na mobilização do cobre no solo, serão discutidos a
seguir alguns trabalhos referentes à ação dos mesmos.
2.3.2.1 Sistema Ácido Cítrico/Citrato
Reagentes químicos geralmente são utilizados como extratores de metais
pesados para avaliação de sua fitodisponibilidade em solos tratados com materiais que
contem aqueles elementos. Muitas soluções extratoras normalmente não chegam a
simular as reações que ocorrem próximas às raízes, resultando numa avaliação da
19
fitodisponibilidade dos metais pouco precisa. Ácidos orgânicos de baixo peso molecular
liberados pelas raízes das plantas têm importante papel na solubilização dos metais
pesado originários de materiais como biossólidos (Marschner, 1995).
O ácido cítrico é citado como sendo o mais abundante ácido orgânico na
rizosfera. É um ácido orgânico tricarboxílico, largamente distribuído nas plantas e nos
fluidos e tecidos animais, cuja formula é:
C
COOH
CH
2
COOH
CH
2
COOH
HO
Suas constantes de ionização, expressas em termos de pKa, são sucessivamente:
3,13; 4,76 e 6,40 (Harris, 1995). Pode-se dizer assim, que uma solução de ácido cítrico
ajustada a pH 6,4 conterá 50% de íons citrato e 50% de íon dihidrogênio citrato. A pH
acima de 9 se tem praticamente apenas o ânion citrato trivalente em solução.
Jones et al. (1996) sugeriram que os ácidos orgânicos representam a maior
proporção em relação aos demais componentes dos exudatos radiculares. O acido cítrico
aparece em concentrações relevantes nos exudatos radiculares, sendo por vezes citado
como o mais abundante dos compostos presentes (Gardner et al., 1983; Li et al., 1997).
Os ácidos orgânicos que são excretados pelas raízes das plantas e participam de
mecanismos importantes de disponibilização de nutrientes (Marschner, 1995).
Ahumada (2001) observou que a adição de ácidos orgânicos a solos
contaminados com cádmio e cobre promoveu alteração nas frações em que esses metais
se distribuíam. A presença de íon citrato afetou as frações de cobre trocável, ligada a
carbonatos e associadas a óxidos de manganês.
Soluções de íon citrato têm sido estudadas na remediação de solos
contaminados com metais pesados. Arevalo et al. (2002) conseguiram a remoção de
80% do chumbo presente em solo contaminado por industria de baterias com solução
0,13 mol L
-1
de íon citrato a pH 5,0. Para resolver esse mesmo tipo de problema,
Tawinteung (2005) concluindo que 85, 84 e 74% do chumbo presente foi removido por
EDTA (relação molar 2:1 EDTA : Pb) e soluções 1 mol L
-1
de HNO
3
e 0.2 mol L
-1
de
20
citrato de amônio, respectivamente, após percolação com volume correspondente a 20
volumes de poro.
A remoção de cobre e cádmio de solos contaminados com soluções de ácidos
orgânicos foi estudada por Gao et al., (2003). Verificaram diferenças marcantes entre o
comportamento dos íons citrato e tartarato, sob variações de pH, concentração do íon e
de outros eletrólitos presentes.
Molinari .. (2005), empregaram o processo de ultrafiltração com membrana
para remoção de metais pesados que tinham sofrido complexação do ácido cítrico, tendo
trabalho com solos contaminados por cobre. Estabeleceram as condições químicas ideais
para a complexação do cobre pelo ácido cítrico, determinados por meio de experimentos
realizados com concentrações de 800 mg L
-1
de ácido cítrico e de 200 mg L
-1
de cobre.
Os resultados mostraram que o processo de complexação do íon de cobre pelo ácido
cítrico tem eficiência máxima entre pH 5 e 6, enquanto que a descomplexação ocorre
em pH igual ou menor que 2. Determinaram também que a quantidade máxima de cobre
que pode ser quelatada por 800 mg ácido cítrico L
-1
é igual a 500 mg Cu L
-1
, dando uma
condição de saturação de 0,625 mg Cu
2+
por mg de ácido cítrico (2 mol de Cu
2+
por mol
de ácido cítrico).
No âmbito das análises químicas de insumos de interesse agronômico, o íon
citrato tem grande importância na análise de fertilizantes, tendo sido também empregado
na análise de solo.
A solução neutra de citrato de amônio (CNA) é uma solução tampão
relativamente concentrada, utilizada com o pH ajustado a 7. Surgida em 1871, é
atualmente adotada na avaliação dos adubos fosfatados, determinando com maior
exatidão o fosfato assimilável dos fosfatos acidificados como superfosfatos simples e
triplo, os fosfatos amoniados, como MAP e DAP, entre outros (Vale, 2000).
Almeida (1999) cita que ao solução de CNA a 1% (m/v) foi utilizada por
Bernard Dyer em 1894 para extrair potássio e fósforo de solos, sendo provavelmente um
dos mais antigos extratores de solos que se tem conhecimento.
Alcarde & Ponchio (1979) demonstraram, com bases nas constantes de
estabilidade do ânion citrato, a habilidade que o CNA, ao pH neutro, tem em formar
21
complexos com cátions presentes numa matriz e passiveis de serem disponibilizados,
entre os quais podem ser citados: Ca, Cu, Fe, Mg, Mn, Na e Zn. Os autores ressaltam a
capacidade desse extrator em solubilizar os micronutrientes metálicos.
Objetivando determinar a solubilidade dos micronutrientes presentes em
formulações NPK comerciais, Alcarde e Vale (2003) testaram vários extratores
químicos, inclusive soluções contendo o íon citrato, concluindo que os micronutrientes
B, Zn, Fe, Cu e Mn, contidos em formulações de fertilizantes, solubilizaram-se
diferentemente nos extratores: água, solução de ácido cítrico a 20 g L
-1
e solução neutra
de citrato de amônio (1+9).
Apesar de sua capacidade extratora em solubilizar micronutrientes em
fertilizantes seja conhecida, há poucas pesquisas sobre o uso do citrato de amônio como
extrator de metais pesados.
2.3.2.2 EDTA
A sigla EDTA representa o ácido etilenodiaminotetracético, o agente quelante
sintético mais conhecido e utilizado para diferentes aplicações industriais, agrícolas,
entre outras.
Figura 3 – Molécula do EDTA
O EDTA se coordena a íons metálicos por meio de pares de elétrons não
compartilhados localizados nos átomos de nitrogênio dos dois grupos amino e nos
átomos de oxigênio de cada um dos quatro grupos carboxílicos (Figura 3).
22
A afinidade de um agente quelante por íons metálicos é expressa
numericamente por sua constante de formação K
f
, ou por simplicidade pelo log K
f.
Diversos íons metálicos de interesse agronômico como micronutrientes tem constantes
de formação relativamente elevadas tais como: Fe
3+
, 25,1; Cu
2+
, 18,8; Zn
2+
, 16,5; Fe
2+
,
14,32; Mn
2+
, 13,87; todas expressas como log K
f
.
A formação de quelatos de íons metálicos com EDTA é dependente do pH do
meio. O equilíbrio de dissociação do ácido EDTA de certa forma compete como ao
equilíbrio de formação de complexos. De maneira geral, portanto, o abaixamento do pH
do meio tende a prejudicar a formação de quelatos de EDTA com íons metálicos.
Contudo, a extensão desse prejuízo vai depender da magnitude da constante de formação
do quelato em consideração. Deste modo, quelatos de Fe
3+
e de Cu
2+
são estáveis mesmo
em condições de pH baixo. No sentido oposto, a elevação de pH também pode afetar a
formação de quelatos, mas agora em função do confronto entre o equilíbrio de formação
de quelatos e o equilíbrio de precipitação dissolução dos hidróxidos dos cátions
metálicos envolvidos. Se a tendência de precipitação de um cátion metálico for elevada,
um quelato metálico será destruído devido à formação de um hidróxido muito pouco
solúvel.
O EDTA é comercializado na forma de ácido, H
4
EDTA, que apresenta a
desvantagem de ser um composto muito pouco solúvel. Mais comumente são
empregados seus sais de cálcio e de sódio como: NaH
2
EDTA ou Na
4
EDTA, que são
solúveis em água.
O EDTA foi o primeiro agente sintético usado para manter ferro solúvel em
soluções hidropônicas, embora sua efetividade seja limitada a pH inferior a 6,5 pelas
razões expostas anteriormente. Como as aplicações ao solo são restritas a solos ácidos e
ligeiramente ácidos, fica impedido seu uso para controlar deficiência de micronutrientes
em solos calcários onde elas são mais severas. Quelatos Fe-EDTA são usados
rotineiramente em aplicações foliares como fonte de micronutrientes (Rodella et al.,
2003).
Vassil et al. (1998) estudando o papel do EDTA no transporte e na acumulação
de Pb em mostarda indiana (Brassica juncea L.) observou que o processo é baseado na
23
habilidade que o EDTA tem em transportar Pb para o tecido da planta. Realmente, o
EDTA é um dos quelatos mais eficazes em aumentar a absorção de vários metais,
inclusive o cobre (Deram et al., 2000).
As aplicações de quelatos podem aumentar o risco de poluição da água
promovendo solubilização descontrolada do metal e lixiviação. Embora alguns estudos
mencionem o risco do metal ser lixiviado para alem da zona da raiz, pouca atenção foi
dada à quantificação de tal lixiviação. Uma exceção é o trabalho de Grêcman et al.
(2001) mostrando que o EDTA aumentou a absorção de metais pesados por Brassica
rapa e resultou também na perda por lixiviação de 38, 10 e 56% de Pb, Zn e Cd,
respectivamente, presente em colunas de solo.
Thayalakumaran et al. (2003), investigando a absorção por planta e de
lixiviação do cobre pela adição do EDTA, observaram que a aplicação de EDTA
aumentou a concentração do cobre na planta de 30 a 300 µg g
-1
. Uma maior quantidade
de cobre foi acumulada quando o EDTA era aplicado em diversas doses pequenas, do
que em apenas uma ou duas aplicações.
Através de experimento em colunas, Wu et al. (2004) estudaram a fitoextração
de metais pesados por mostarda da Índia (Brassica Juncea) sob a influência de EDTA na
dose de 3 mmol kg
-1
, bem como a dos ácidos cítrico, málico, e oxálico. A adição de
EDTA aumentou a mobilidade de Cu, e Pb mas não de Zn e Cd, e também aumentou as
concentrações dos metais na planta. A adição dos outros ânions orgânicos citados não
afetou a absorção de metais pela planta. Em experimento de lixiviação, as concentrações
dos metais Pb, Cu, Zn Cd e de carbono orgânico no lixiviado aumentou linearmente em
função da dose de EDTA aplicada ao solo em doses entre 0 e 12 mmol kg
-1
.
A ocorrência de EDTA no ambiente causa preocupação por constituir uma
forma de mobilização de metais pesados pela formação de complexos solúveis. Quando
usado na fitorremediação, corre-se o risco de favorecer a passagem de metal complexado
para o lençol freático, antes que as plantas hiperacumuladoras de metais os absorvam
(Wu et al., 2004). Embora seja uma molécula relativamente complexa, existem
evidências de que possa sofrer biodegradação, o que poderia minimizar pelos menos em
24
parte o risco. Chen et al. (2005) identificaram uma bactéria aeróbica, Burkholderia
cepacia, que teve 91% de eficiência em degradar o complexo Fe-EDTA.
2.3.2.3 Torta de filtro
Nas últimas décadas tem sido dada grande atenção à produção e ao uso na
agricultura de resíduos urbanos e rurais, aliada a uma crescente preocupação com
relação às conseqüências para o ambiente. Muitos materiais orgânicos como esterco de
animal, compostos, tortas de oleaginosas, borras, torta de filtro, entre outros são
depositados no solo para complementar sua fertilidade.
A torta de filtro é um resíduo proveniente do processo de clarificação do caldo
extraído nas moendas, que consiste na retirada de sólidos em suspensão através da
adição de uma suspensão de hidróxido de cálcio, que promove elevação de pH e a
conseqüente floculação das substâncias coloidais. Com a posterior precipitação do
material em suspensão, forma-se um lodo ou borra, que ainda contem quantidades
consideráveis de sacarose a ser recuperada. Para dar consistência física apropriada para
que se execute filtração ou prensagem da borra é necessário se adicionar a ela bagaço de
cana moído e peneirado. Em suma, a torta de filtro consta essencialmente de bagaço de
cana, ao qual forma incorporados compostos orgânicos do caldo de cana tais como:
como pigmentos, proteínas, ceras, bem como fosfato de cálcio.
A composição da torta de filtro varia de acordo com: variedade e condição de
maturação da cana, solo, compostos químicos adicionados ao processo de clarificação do
caldo, entre outros. Dentre os nutrientes principais, nota-se uma predominância de
cálcio, fósforo, mas pouco potássio (Glória, 1992), o que se explica pela diferença de
solubilidade dos compostos formados por esses íons. O potássio passa incólume pelo
processo de clarificação sendo encontrado posteriormente na vinhaça ou restilo, outro
resíduo importante da indústria sucroalcooleira.
Os benefícios da aplicação de torta de filtro ao solo são amplamente
reconhecidos. Rodella et al.(1990) mostraram que a torta de filtro aplicada em área total
25
na dose de 100 t/ha promoveu uma expressiva alteração nas propriedades químicas do
solo, como o aumento dos teores de fósforo, cálcio, carbono orgânico e CTC e a
diminuição do alumínio trocável.
A torta de filtro é um resíduo orgânico muito valorizado na adubação da cultura
da cana-de-açúcar. Para se ter uma idéia da importância do mesmo, considerem-se os
valores citados por Rodella et al. (1990), que relacionou uma produção de 3,3 milhões
de tonelada de torta de filtro à produção de 9 milhões de toneladas de açúcar. Mesmo
produzido nesta grande proporção, o resíduo é em geral utilizado integralmente na
adubação das próprias lavouras da unidade industrial que o produz.
Quando incorporada ao solo em grandes quantidades, a torta de filtro apresenta
propriedades corretivas da acidez do solo, bem como leva até ele quantidades
expressivas de Fe, Mn, Zn e Cu (Cerri et al., 1988). Com a utilização desse resíduo no
solo, elevadas quantidades de macro e micronutrientes são adicionadas anualmente nas
áreas próximas das unidades produtoras, podendo eventualmente com o passar do tempo
elevar os teores desses elementos, que incluem alguns metais pesados (Ramalho, 1996).
Entretanto, Ramalho & Amaral Sobrinho (2001), analisando metais pesados aplicados
ao solo pelo uso de resíduos agroindustriais verificaram que o uso da torta de filtro no
solo Cambissolo, durante 20 anos acarretou aumentos significativos de teores totais de
Cd, Pb, Co, Cr, Cu e Ni. Contudo, esses metais ocorriam em formas químicas pouco
móveis e disponíveis para absorção pelas plantas.
2.3.2.4 Esterco de Galinha
O esterco animal é um fertilizante natural conhecido há muito tempo, sendo o
um dos mais ricos em nutrientes essenciais. Usado em propriedades agrícolas em
substituição parcial da adubação química, o esterco de galinha proporciona efeito
benéfico na microbiota e estruturação e do solo, resultando em aumentos de 20 a 75% na
produtividade de culturas, (Garcia et al.,1983; Colozzi Filho et al.,2000). Entende-se,
portanto, a necessidade de estudos sobre a interação deste material com componentes do
26
solo, já que ele, por ser um material orgânico, contribui para a complexação e adsorção
de íons, alterando a biodisponibilidade dos mesmos (Wagemann,1980).
Quando aplicado ao solo, os materiais orgânicos podem contribuir para o
complexo de cargas elétricas elevando a capacidade de troca catiônica (CTC) do mesmo.
Nesse sentido, Rodella et al.(1995) observaram que a incorporação de esterco de galinha
ao solo elevou a CTC de 13,2 para 37,9 mmol kg
-1
.Para a torta de filtro, os autores
detectaram uma elevação para 23,1 mmol kg
-1
. A elevação de CTC indica o material
orgânico adicionado era ativo do ponto de vista químico e apto, portanto, para interagir
com íons metálicos através de mecanismos de adsorção especifica ou não especifica.
Gimenez (1999) estudou a interação do cobre com esterco de aves, lodo
aeróbico de esgoto doméstico e húmus comercial utilizado para jardinagem e observou
que todos estes compostos atuam quer complexando ou adsorvendo de forma variável o
metal, em função de suas diferentes composições químicas.
Alleoni et al. (2003) estudando a disponibilidade de cobre em função da matéria
orgânica em dois solos com 522 e 475 mg kg
-1
de Cu solúvel em DTPA pH 7,3,
observaram que, apesar da incubação do solo com cama de frango aumentar o teor de
carbono orgânico em ambos os casos, uma esperada redução nos teores de cobre não
ocorreu. Observaram que os teores extraídos por CaCl
2
aumentaram com aumento da
dose de material orgânico. Os autores concluíram que esse comportamento pode ser
explicado pela provável contribuição da cama de frango no fornecimento de cobre.
O esterco de galinha pode, em certos casos, causar preocupação como possível
fonte de metais. Vanderwatt at al. (1994) trabalharam com um esterco apresentando
1196, 944, e 631 mg kg
-1
de Cu, Mn, e Zn, respectivamente, para determinar a
disponibilidade desses metais a plantas de sorgo em experimento em casa de vegetação.
Foi observada toxicidade apenas para manganês, mas em condições de campo,
observaram acúmulo dos elementos citados em área que recebeu 6 Mg ha
-1
de esterco
durante 16 anos.
Miyazawa et al. (2002) estudaram a interação entre cobre, zinco e esterco de
galinha adicionada ao solo e avaliaram a toxicidade desses elementos a plantas de feijão.
Observaram um decréscimo de 20% na massa de matéria seca quando as concentrações
27
de cobre e zinco no solo foram iguais ou superior a 1.0 e 2.0 mmol kg
-1
,
respectivamente. Para essas situações as concentrações na planta foram 13,4 mg kg
-1
para cobre e 224,8 mg kg
-1
para zinco. A solução extratora de cobre do solo que
possibilitou melhor correlação com a extração de metal pela planta foi o extrator
Mehlich 1.
3 MATERIAL E MÉTODOS
Para avaliar o comportamento do cobre aplicado ao solo através de calda
bordalesa foram conduzidos ensaios em condições de laboratório, nos quais o fungicida
foi aplicado ao solo acondicionado em colunas, bem como coletadas amostras de solo
sob cultura de frutíferas.
3.1 Mobilização do cobre aplicado pela calda bordalesa em colunas de solo
O experimento foi conduzido em dois tipos de solo, sob condições de
temperatura ambiente, no Laboratório de Físico-Química do Departamento de Ciências
Exatas, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”/USP.
3.1.1 Solos
Foram considerados dois solos: Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef)
coletado em área cultivada com cana-de-açúcar no município de Santa Bárbara do Oeste
e Latossolo Vermelho Amarelo distrófico típico (LVAd) coletado em área da Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, em Piracicaba, SP. As características físicas
e químicas dos solos estudados são mostradas nas Tabelas 1 e 2, respectivamente.
29
Tabela 1. Caracterização físicas dos solos utilizados nos experimentos
Composição Granulométrica
Solo
Densidade
Argila Silte Areia
g cm
-3
------------ % ------------
LVef 1,06 67 13 20
LVAd 1,19 22 8 70
Os dois solos selecionados para o experimento podem ser considerados como
perfeitamente adequados para representar duas condições contrastantes de
granulométrica. Estas condições determinariam situações distintas de percolação da água
de lixiviação que se planejava fazer passar pelo solo e assim detectar a mobilização do
cobre por diferentes materiais orgânicos.
Tabela 2. Caracterização química dos solos empregados no experiemtos em colunas
Solo pH M.O P K Ca Mg Al H+Al SB CTC V m
CaCl
2
g dm
-3
mg dm
-3
----------------- mmolc kg
-1
----------------- ---- % ---
LVef 5,5 18,6 11,6 15,9 22 9 1,0 39 46,9 85,9 54,6 2,1
LVAd 4,7 15,8 3,7 1,1 13 5 2,7 31 19,1 50,1 38,1 12,4
SB = soma de bases; V = saturação por bases; m = saturação por Al; CTC = capacidade de troca de cátions a pH 7,0.
Com relação aos atributos químicos, entre os que se diferenciam ao confrontar
os dois solos destacam-se: capacidade de troca de cátions, pH e saturação em bases,
entre outros. Em termos gerais, evidencia-se o menor nível de fertilidade do solo LVAd.
3.1.2 Montagem das colunas
Como colunas de lixiviação foram utilizados dois segmentos de tubos de
cloreto de polivinil (PVC) com 96 mm de diâmetro interno e 20 cm de altura, mantidos
unidos por fita adesiva. O segmento inferior era fechado na sua parte inferior com tampa
de PVC à qual se acoplou um tubo plástico, para auxiliar na coleta de solução percolada
através da coluna (Figura 4).
30
Solo
Calda bordaleza
Material orgânico
9,6 cm
Coletor de lixiviado
5 cm
20 cm
20 cm
Solo
Figura 4 – Detalhes da coluna de lixiviação
Os segmentos inferiores de todas as colunas foram preenchidos com solo em
sua condição natural, enquanto que os segmentos superiores foram preenchidos com o
solo incubado com calda bordalesa. Pretendeu-se, desta forma representar o acúmulo do
fungicida na camada superficial de um solo em condições de campo, ao longo de vários
anos de utilização do produto.
Para incubação no solo, foi preparada calda com base no seguinte
procedimento: 200 g de CuSO
4
.5H
2
O foram dissolvidos em 20 L de água ligeiramente
aquecida, aos quais se juntaram m 200 g de CaO, ajustando-se o pH a 7,0 (Florestasite,
2003).
Foram aplicados 3.140 mL de calda bordalesa em 40 kg de solo LVef e de solo
LVAd, quantidade de solo suficiente para preencher todos os segmentos superiores das
colunas, e que corresponde a uma concentração de 200 mg kg
-1
de cobre total no solo.
Obteve-se assim, uma situação similar à contaminação da camada arável do solo em
função de várias aplicações do produto, tomando-se como base os níveis de cobre,
31
detectados no solo, decorrentes da aplicação da calda em condições de campo (Deluisa
et al., 1996; Flores-Vélez, 1996).
Após incubação com a calda, homogeneizou-se bem o solo e deixando que ele
secasse ao ar antes de ser usado para preencher o segmento superior das colunas.
3.1.3 Aplicação dos tratamentos
O cobre aplicado por um material alcalino como a calda bordalesa pressupõe
que o elemento será relativamente imóvel no solo, mas que poderá ser mobilizado pela
ação de compostos orgânicos que atuam como complexantes. Como fontes de
compostos orgânicos foram selecionados os seguintes materiais: esterco de galinha, torta
de filtro, NaH
2
EDTA e citrato de amônio, incluído assim dois materiais orgânicos de uso
generalizado na agricultura, um material sintético de elevado poder complexante, e um
composto químico que pode representar os agentes quelantes de ocorrência natural no
ambiente.
A adição desses materiais foi feita com o objetivo de fornecer ligantes
orgânicos para a complexação do cobre e promover sua possível mobilização através da
coluna de solo nas lixiviações previstas. Deste modo, estabelece-se um confronto entre o
equilíbrio de dissolução dos compostos de cobre presentes na calda bordalesa e o
equilíbrio de formação de complexos orgânicos.
Os tratamentos foram estabelecidos em 4 repetições, segundo esquema fatorial
2 x 5, combinando 2 solos e 4 adições de materiais orgânicos e uma testemunha. O
delineamento estatístico foi inteiramente casualizado.
A torta de filtro e o esterco de galinha foram incorporados aos primeiros 5 cm
do seguimento superior da coluna preenchido com solo tratado com calda bordalesa. A
caracterização química desses materiais forneceu os resultados mostrados na Tabela 3,
empregando métodos analíticos descritos em Brasil (1988) e Rodella & Alcarde (1994).
A torta de filtro e o esterco de galinha foram aplicados em doses
correspondentes a 10 t de C
org
ha
-1
, o que correspondeu a 20,6 g de torta de filtro e 43,0 g
32
de esterco de galinha para cada kg do solo LVef e 18,0 g de torta de filtro e 37,5 g de
esterco de galinha para o solo LVAd. Uma vez incorporados aos solos das colunas, esses
materiais orgânicos foram deixados incubar durante 60 dias, mantendo-se a umidade a
60% da capacidade de retenção total de água do solo.
Tabela 3. Resultados analíticos referentes aos materiais orgânicos estudados
C org. Mat. Org. cinzas N tot. CTC/C CTC C/N Cu Na
Material orgânico
---------------g kg
-1
--------------- mmol c
+
g
-1
mmol c
+
kg
-1
mg kg
-1
g kg
-1
Esterco de Galinha 375 487 445 45 1,21 452 8,3 36 6,1
Torta de Filtro 180 691 252 35 2,94 528 5,1 62 0,3
Os compostos citrato de amônio e o sal dissódico de EDTA não foram
aplicados de uma única vez. Planejou-se a execução de 5 lixiviações com água nas
colunas, espaçadas de 15 dias, para se avaliar a mobilização do cobre. Um dia antes
dessas lixiviações eram aplicados às colunas pertinentes, 50 mL da solução NaH
2
EDTA
0,01 mol L
-1
e 50 mL da solução citrato de amônio 0,01 mol L
-1
. Assim esses compostos
foram aplicados às colunas na quantidade total de 2,5 mmol, a qual corresponde a 80%
da quantidade teoricamente necessária de EDTA para complexar completamente o cobre
aplicado à coluna. As aplicações foram parceladas em função das recomendações de
Thayalakumaran et al. (2003). A Figura 5 mostra a distribuição dos tratamentos para
cada coluna, para ambos os solos utilizados.
3.1.4 Coleta dos lixiviados
Como mencionado anteriormente, no dia seguinte à aplicação das soluções
eram efetuadas lixiviações em todas as colunas. Nesse processo, aplicou-se água
destilada em volume suficiente para saturar o solo e possibilitar a coleta de cerca de 100
mL de lixiviado, sendo que volume exato foi avaliado por pesagem. O volume total de
água aplicado à coluna não foi estabelecido para se relacionar com nenhum valor de
33
precipitação pluviométrica; o objetivo era favorecer a movimentação do cobre através da
coluna.
Solo + calda
bordalesa
Solo natural
Torta de
filtro
Esterco de
galinha
Citrato de
amônio
EDTA testemunha
l
i
xiviado
Figura 5 – Esquema da distribuição dos tratamentos por coluna
Logo após a coleta, os extratos lixiviados foram submetidos à determinação de
pH, condutividade elétrica e sódio. A determinação analítica do carbono foi feita por
meio de oxidação com dicromato de potássio em meio ácido e posterior titulação com
sulfato ferroso amoniacal, tal qual é feito para amostras de solo (Walkley & Black,
1934). A determinação de cobre foi feita por espectroscopia de absorção atômica em
chama ar-acetileno.
3.1.5 Análise do solo contido nas colunas
Após a condução das lixiviações deixou-se o solo secar parcialmente nas
colunas de PVC antes de efetuar a desmontagem das mesmas. Foram então coletadas e
armazenadas separadamente as massas de solo dos dois segmentos das colunas, com e
sem calda bordalesa.
34
Na determinação do teor de cobre solúvel foi empregada extração com DTPA
(acido dietileno-triaminopentacético), conforme descrita por Amacher (1996). Foram
pesados 10g de terra seca ao ar, adicionando-se 20 mL da solução extratora DTPA-TEA
a pH 7,3. Em seguida, a suspensão foi agitada por duas horas a 180 ciclos/min, para que
o equilíbrio pudesse ser atingido. Depois disso, o material foi filtrado obtendo-se o
extrato. A determinação de Cu no extrato foi efetuada por espectrometria de absorção
atômica em chama de ar-acetileno.
Para a determinação de Cu total foi empregado o método EPA-3050 para
determinação de metais da EPA, Environment Protection Agency, (United States, 2003),
aquecendo-se próximo à ebulição por cerca de 15 minutos, 1g de solo e 10 mL de HNO
3
(1+1) e, em seguida, aquecimento com adição de 5 mL de HNO
3
concentrado. No
extrato efetuou-se a determinação do Cu total por espectrometria de absorção atômica.
3.2. Comportamento do cobre em alguns solos cultivados com frutíferas tratados
com calda bordalesa
Foram coletadas amostras de terra no município de Louveira (Latitude - S 23º
5’; Longitude - W 46º 56’) no Estado de São Paulo, em áreas cultivadas por frutíferas
nas quais se usa rotineiramente calda bordalesa como fungicida.
As amostras foram coletadas na profundidade de 0-20 cm em 8 propriedades,
em pomares com Figo Roxo ou Uva Niágara, onde foi aplicada calda bordalesa num
período de 2 a 10 anos (Quadro 2).
Deve ser salientado que este estudo envolveu uma área muito pequena de solos
sob frutíferas do Estado de São Paulo e objetivou essencialmente levantar teores de
cobre em solos sob aplicação rotineira da calda bordalesa e fornecer um termo de
comparação aos valores obtidos no estudo conduzido em colunas. Os resultados das
análises químicas dos solos coletados são mostrados na Tabela 4.
35
Amostra Cultura Tempo de aplicação (anos)
1 Uvas Niágara 2
2 Figo Roxo 2
3 Uvas Niágara 4
4 Figo Roxo 7
5 Uvas Niágara 7
6 Figo Roxo 8
7 Figo Roxo 10
8 Uvas Niágara 10
Quadro 2 – Cultura e tempo de aplicação de calda bordalesa em pomares onde foi
amostrado solo no município de Louveira, São Paulo
De maneira geral, pode-se observar que os atributos químicos dos solos
selecionados são essencialmente similares. Os pomares que tiveram o solo amostrado se
localizam relativamente próximos uns ao outros, em uma região onde predomina o solo
Argissolo Vermelho Amarelo distrófico (AVAd).
Tabela 4. Caracterização química dos solos sob cultivo de frutíferas
C org MO P H+Al K Ca Mg Al SB CTC m V%
Amostra pH
CaCl
2
g kg
-1
mmolc dm
-3
%
1 6,8 14,1 24,2 295,2 10 3,7 125 33 0,7 161,7 171,7 0,4 94,2
2 6,8 8,1 14,0 85,7 13 3,8 81 38 0,5 122,8 135,8 0,4 90,4
3 6,0 14,6 25,1 288,0 24 6,0 90 21 0,7 117,0 141,0 0,6 83,0
4 6,1 17,8 30,7 79,9 17 11,6 63 22 0,7 96,6 113,6 0,7 85,0
5 5,6 12,4 21,4 14,8 24 3,0 36 15 0,6 54,0 78,0 1,1 69,2
6 7,1 11,9 20,5 20,2 10 1,2 71 18 0,7 90,2 100,2 0,8 90,0
7 6,1 15,7 27,0 248,4 20 3,3 99 13 0,8 115,3 135,3 0,7 85,2
8 5,1 11,9 20,5 142,6 38 5,2 45 10 0,9 60,2 98,2 1,5 61,3
SB = soma de bases; V = saturação por bases; m = saturação por alumínio; CTC = capacidade de troca
de cátions a pH 7,0.
3.2.1 Análises de solo
A análise química rotineira de solo para determinação de pH, carbono orgânico,
P, K, Ca, Mg, H+Al foram feitas de acordo Camargo et al. (1986). As determinações dos
teores totais e disponíveis de cobre foram efetuadas conforme procedimentos descritos
em 3.1.5.
36
3.2.2 Fracionamento do cobre
O fracionamento foi utilizado para avaliar a distribuição do cobre nas frações
dos solos sob frutíferas coletados no município de Louveira, onde foi aplicada a calda
bordalesa. Com base nos resultados obtidos, é possível inferir sobre a biodisponibilidade
do metal, uma vez que as frações do metal na fase sólida controlam, em parte, a sua
presença na solução do solo (Candelária & Chang, 1997).
O procedimento utilizado foi o descrito por Kabala e Singh (2001) por sua
simplicidade e eficiência em evidenciar o comportamento do cobre, zinco e chumbo em
áreas próximas a indústrias metalúrgicas. Foram consideradas as frações:
F1: fração trocável + solúvel
Foram pesados 2 g de solo seco ao ar e colocados num tubo de centrifuga de 50
mL. Foram então adicionados: 20 mL de acetato de amônio 1 mol L
-1
a pH 7, agitando-
se por 2 h e centrifugando por 30 min, lavando em seguida com 10 mL de água
deionizada, centrifugando e combinando os sobrenadantes.
F2: fração ligada aos carbonatos
Extraída a partir do resíduo de F1, adicionando-se 20 mL de acetato de amônio
1 mol L
-1
a pH 5, agitando por 2 h e centrifugando por 30 min, lavando com 10 mL de
água deionizada, centrifugando e combinando os sobrenadantes.
F3: fração dos metais sorvidos ou oclusos principalmente nos óxidos de
ferro e manganês
Extraído a partir do resíduo de do resíduo de F2, adicionando-se 20 mL de
cloreto de hidroxilamina 0,04 mol L
-1
em ácido acético 25%, agitando por 6 h a 60ºC em
banho-maria, centrifugando por 30 min, lavado com 10 mL de água deionizada,
centrifugando e combinando os sobrenadantes.
37
F4: fração fortemente ligada à matéria orgânica
Extraído a partir do resíduo de F3, adicionando-se 15 mL H
2
O
2
30% a pH 2
(ajustado com HNO
3
) e agitando por 5,5 h a 80ºC em banho-maria. Após resfriamento,
acrescentou-se 5 mL de acetato de amônio 3,2 mol L
-1
em HNO
3
20%, centrifugando-se
por 30 min, lavando com 10 mL de água deionizada, centrifugando e cominando os
sobrenadantes.
F5: fração residual.
Foi pesado 1g do resíduo do frasco F4 seco, e feita digestão com 10 mL de
HNO
3
7 mol L
-1
em chapa aquecedora por 6 h. Após a evaporação, foram adicionados 1
mL de HNO
3
2 mol L
-1
. Ao final o volume foi completado a 50 mL.
A concentração total de Cu no solo foi determinada em extratos obtidos por
digestão com ácidos nítrico e perclórico a quente.
O cobre foi determinado em todos os extratos do procedimento de
fracionamento por espectrometria de absorção atômica, em chama de ar acetileno. Todas
as soluções padrões de calibração foram preparadas para apresenta composição similar a
dos extratos.
3.3. Avaliação da disponibilidade do cobre pelo Método de Neubauer modificado
O experimento foi conduzido, segundo o procedimento descrito por Catani &
Bergamin (1961), em delineamento inteiramente casualizado, em 4 repetições no
Laboratório do Departamento de Ciências Exatas, Escola Superior de Agricultura “Luiz
de Queiroz”. Os tratamentos corresponderam às amostras de solos cultivados por
frutíferas, bem como amostras dos solos LVef e LVAd retirados das colunas, incubados
com calda bordalesa e submetidas à adição de materiais orgânicos NaH
2
EDTA, citrato
de amônio, torta de filtro e esterco de galinha.
Assim, foram misturados 20 g de terra com 40 g de areia lavada, em placas de
Petri. Sobre a mistura, foram espalhadas 20 g de areia e plantadas 25 sementes de arroz
38
variedade SCS 112 que, em seguida, foram cobertas com 10 g de areia. As sementes
foram tratadas com o fungicida VBN para evitar o desenvolvimento de fungos que
comprometem a germinação e o desenvolvimento das plantas. Cada placa recebeu 16 g
de água. Um ensaio em branco foi preparado plantando-se 25 sementes em 60 g de areia,
cobrindo-se as sementes com mais 10g de areia, e molhando-as com 12 g de água.
As plantas foram colhidas 23 dias depois de germinadas e o material coletado
foi submetido à digestão nitroperclórica e a determinação de Cu foi conduzida por
absorção atômica em chama de ar-acetileno.
3.4. Análise estatística
Para as amostras procedentes do experimento em colunas, a análise de variância
foi efetuada para o esquema fatorial 2 x 5, considerando as variáveis referentes à análise
do lixiviado: pH, condutividade elétrica, carbono orgânico, cobre e sódio. Considerou-se
também variáveis da análise de solo dos segmentos superior e inferior das colunas: cobre
extraído pelo DTPA e cobre total.
A análise de variância também foi efetuada para o ensaio Neubauer
considerando-se as variáveis: cobre extraído pelas plântulas de arroz e concentração do
elemento mesmo na planta.
As análises estatísticas foram realizadas com o auxílio do programa SANEST
(Zonta & Machado, 1991).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Serão apresentados e discutidos os resultados do experimento de aplicação de
calda bordalesa com dois solos em colunas de percolação, bem como resultados de
experimentos com solos coletados em áreas sob culturas de uva e figo, onde calda
bordalesa foi aplicada como defensivo.
4.1 Mobilização do cobre aplicado pela calda bordalesa em colunas de solo
O cobre na calda bordalesa está presente numa forma praticamente insolúvel e
as lixiviações efetuadas representaram uma forma de acelerar a mobilização do
elemento, por meio da passagem pela coluna de uma quantidade relativamente grande de
água, avaliando o efeito de alguns materiais sobre este processo.
4.1.1 Análise dos lixiviados
As diferentes frações de lixiviado coletados foram analisadas quanto às
determinações de pH e teores de cobre, sódio, carbono orgânico e condutividade elétrica,
cujos resultados são apresentados na Tabela 5, como médias de quatro repetições.
Considerando os tratamentos em conjunto, os valores de pH do lixiviado
refletiram o pH do solo, uma vez que o solo LVAd apresenta maior acidez que o LVef.
Dentre os tratamentos, o efeito mais relevante sobre o pH foi do esterco de galinha no
solo LVAd, que proporcionou um nítido abaixamento do pH do lixiviado. Esse efeito é
40
decorrente do processo de nitrificação do nitrogênio amoniacal que é a forma
predominante de nitrogênio no esterco de galinha.
Tabela 5. Caracterização do lixiviados obtidos nas colunas dos solos LVAd e LVef,
onde foi aplicado cobre por meio de calda bordalesa (média de 4 repetições)
Condutividade elétrica Cu C
org
Na
Tratamento pH
mS cm
-1
µg mg
LVAd
Testemunha 5,1 ab 1,9 c 6,2 b 73,7 b 8,6 b
EDTA 5,4 a 1,8 c 436,5 a 93,9 a 11,3 b
Citrato 5,3 a 1,9 c 4,6 b 63,8 b 11,6 b
Torta de Filtro 5,1 ab 3,1 b 6,1 b 38,2 c 8,7 b
Esterco de Galinha 4,6 b 5,2 a 7,9 b 39,2 c 156,2 a
LVef
Testemunha 6,3 ab 5,5 b 7,4 a 33,3
a 8,2 b
EDTA 6,6 a 5,6 b 8,7 a 41,8 a 19,0 b
Citrato 6,6 a 6,2 b 12,1 a 49,3 a 5,9 b
Torta de Filtro 6,2 ab 6,0 b 6,8 a 51,2 a 7,4 b
Esterco de Galinha 6,3 b 8,1 a 6,8 a 44,9 a 78,9 a
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey.
Também a condutividade elétrica dos lixiviados coletados no solo LVef foi
superior ao do solo LVAd, devido a menor concentração de nutrientes neste último solo,
mais arenoso e de menor fertilidade. O efeito do esterco de galinha sobre a
condutividade também pode ser atribuído ao aumento da concentração de íons H
+
, em
decorrência do processo de nitrificação.
O elemento sódio foi determinado nos lixiviados com a intenção de
acompanhar a movimentação do EDTA, uma vez que este agente complexante foi
aplicado ao solo sob a forma de sal dissódico. Contudo, o elemento foi detectado em
decorrência da aplicação do esterco de galinha o que foi inesperado, uma vez que os
materiais orgânicos não tinham sido previamente analisados quanto à determinação
deste íon. Na verdade, o sal NaCl pode ser misturado à ração para melhorar a
palatabilidade ou ainda, aos dejetos das aves para controle de larvas, de modo que a
presença do íon sódio não é justificada.
Vale observar também, que a massa de sódio deslocada da coluna através do
lixiviado esteve em relação direta com o volume de água percolado pela coluna de solo
41
(Figura 6), comportamento esse que está em acordo com a grande mobilidade deste
elemento.
Figura 6 – Remoção acumulada de sódio dos solos LVAd e LVef em função da
quantidade de água acumulada aplicada às colunas de solo tratado com
esterco de galinha
Da quantidade total de sódio aplicada às colunas do solo LVAd, 228 mg, cerca
de 68,5% foi perdido nos lixiviados, enquanto que para o solo LVef essa proporção foi
de 30,1%. Esses valores, bem como os coeficientes angulares das equações da reta
mostrados na Figura 6, servem como um indicativo de como cátions podem ser mais
facilmente lixiviados no solo LVAd, conseqüência de seu menor valor de CTC.
O teor de carbono orgânico foi mais elevado nos lixiviados do tratamento com
EDTA, mas esse efeito é difícil de ser explicado, pois, embora o EDTA seja um íon
orgânico, não reage com o íon Cr
2
O
7
-2
empregado na determinação de carbono orgânico.
solo LVAd
y = 0.26x - 7.71
R
2
= 0.96
solo LVe
f
y = 0.15x - 15.50
R
2
= 0.94
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
100 200 300 400 500 600 700
Volume acumulado de água de lixiviação (mL)
N
a (mg)
42
É provável que a aplicação do EDTA possa ter de algum modo influenciado a
mobilização do carbono orgânico do próprio solo.
O efeito mais interessante detectado por meio da análise química dos lixiviados
foi à mobilização de cobre pelo EDTA, observada apenas no solo LVAd. Conforme será
discutido mais adiante, essa remoção de cobre no lixiviado da coluna do solo de textura
arenosa correspondeu a uma fração muito pequena do cobre total aplicado ao solo por
meio da calda bordalesa, entretanto, em comparação ao que foi removido nos demais
tratamentos, aparece como um valor bastante significativo. Essa remoção através do
lixiviado ocorreu em decorrência da forte complexão do EDTA e pelas condições
químicas e físicas do solo LVAd, que permitiu o transporte do cobre complexado para
fora da coluna. Essas condições de movimentação certamente não ocorreram no solo
LVef.
Outro ponto interessante a ser discutido é que a remoção de cobre das colunas
praticamente se completou logo nas primeiras etapas de lixiviação (Figura 7), quando da
adição dos primeiros volumes de água empregados no estudo de lixiviação. Esse
comportamento contrasta com a mobilização do íon Na
+
discutida anteriormente e pode
ser explicado pela diferença de comportamento químico dos elementos citados no solo.
Fica evidente que o cobre aplicado ao solo não se mobiliza com facilidade, a
não ser na presença de um agente complexante bastante eficiente como o EDTA. Na
presença do íon citrato, ou sob aplicação de matéria orgânica através da torta de filtro e
esterco de galinha, o cobre não foi detectado no lixiviado em quantidade superior à
detectada na testemunha, onde a lixiviação foi efetuada apenas com água destilada.
Pode-se especular que os ligantes orgânicos presentes nos materiais orgânicos não
tinham afinidade suficiente para complexar o cobre ou foram afetados pelo pH do meio.
De qualquer modo a analise é dificultada por não se saber a natureza exata desses
possíveis agentes complexantes.
43
Figura 7 – Remoção de cobre do solo LVAd em função da quantidade de água
acumulada aplicada às colunas onde foi aplicado EDTA
Fica evidente que o cobre aplicado ao solo não se mobiliza com facilidade, a
não ser na presença de um agente complexante bastante eficiente como o EDTA. Na
presença do íon citrato, ou sob aplicação de matéria orgânica através da torta de filtro e
esterco de galinha, o cobre não foi detectado no lixiviado em quantidade superior à
detectada na testemunha, onde a lixiviação foi efetuada apenas com água destilada.
Pode-se especular que os ligantes orgânicos presentes nos materiais orgânicos não
tinham afinidade suficiente para complexar o cobre ou foram afetados pelo pH do meio.
De qualquer modo a analise é dificultada por não se saber a natureza exata desses
possíveis agentes complexantes.
O íon citrato parece ter mostrado uma ligeira tendência de mobilizar cobre
através do lixiviado no solo LVef. Contudo o aumento da concentração não foi
significativo do ponto de vista estatístico.
Nas culturas de figo e uva são aplicadas sobre o solo grandes quantidades de
materiais orgânicos como cobertura. Com o tempo uma fração importante desses
y = 2463,57 e
-0,01565 x
R
2
= 0,81
Volume acumulado de água de lixiviação (mL)
Cu (µg)
50 150 250 350 450 550 650
0
100
200
300
400
500
600
44
materiais se decompõe e certamente possibilita a movimentação de compostos orgânicos
solúveis através do perfil do solo. Tomando como base resultados da análise do lixiviado
no presente estudo parece que o cobre aplicado pela calda bordalesa não tem
translocação muito facilitada pela ação de compostos orgânicos produzidos na
decomposição de resíduos orgânicos e esterco animal.
Já para o EDTA, a mobilização do cobre ocorreu, mesmo que em uma
porcentagem reduzida e apenas no solo arenoso. A introdução de quelantes sintéticos no
solo é uma possibilidade que não pode ser descartada uma vez que eles ocorrem em
águas residuais industriais e urbanas e são relativamente estáveis.
4.1.2 Análise do solo das colunas de lixiviação
4.1.2.1 pH (H
2
O)
Os valores de pH do solo ao final do experimento de lixiviação (Tabela 6)
foram afetados com significância estatística pelos tratamentos estudados, sendo
detectados os efeitos interativos duplos: solo e profundidade, bem como entre solo e
materiais orgânicos e materiais orgânicos e profundidade. De maneira geral,
independentemente da profundidade, no solo LVef não houve efeito significativo dos
materiais orgânicos sobre o pH do solo, enquanto que no solo LVAd o pH foi
significativamente menor quando se aplicou citrato. A aplicação de citrato tendeu a
acidificar o solo, mas o solo LVef resistiu a esse efeito.
Tabela 6. pH (H
2
O) dos solos contidos nas partes superior (0-20 cm) e inferior (20-40
cm) das colunas
Tratamentos LVAd LVef
0-20 cm 20-40 cm 0-20 cm 20-40 cm
Testemunha 6,25 4,84 6,52 5,66
EDTA 6,24 5,01 6,54 5,73
Citrato 5,72 4,87 6,21 5,84
Torta 6,15 4,87 6,42 5,61
Esterco de galinha 6,48 4,73 6,67 5,53
45
A adição do íon citrato pode ter estimulado o desenvolvimento de
microorganismo no solo. Em experimentos de incubação de solo onde a atividade
microbiológica é mais intensa em geral são detectados menores valores de pH de solo no
final do processo.
O pH do solo na camada de 20-40 cm foi menor que na camada de 0-20 cm nos
dois solos, mas o abaixamento de pH no solo LVAd foi mais pronunciado. Assim a
lixiviação causou acidificação no solo do segmento inferior das colunas, sendo que o
solo LVAd foi mais afetado por esse processo por ter uma menor capacidade tampão.
Quanto ao efeito dos materiais adicionados ao solo, na camada de 0-20 cm
observou-se que a aplicação de esterco de galinha resultou em pH significativamente
maior que os demais, enquanto que a aplicação de citrato resultou no pH mais baixo.
Entretanto, quando se considerou a camada de 20-40 cm da coluna a situação se
inverteu. A explicação aqui é que o esterco de galinha apresenta amônia em sua
composição, que sendo uma base causa, como seria de se esperar, a elevação imediata de
pH. Contudo, a amônia sofre também nitrificação transformando-se em NH
4
+
e nesse
processo ocorre à produção de íons H
+
. Assim a lixiviação a adição de esterco de galinha
causa a acidificação da camada inferior do solo, sendo que o próprio lixiviado do solo
tratado com esse material apresentou igualmente o mais baixo pH conforme discutido
anteriormente. Quanto à aplicação de citrato, seu efeito acidificante se restringiu ao
segmento superior da coluna.
O pH do solo durante o transcorrer do experimento em coluna tem importância
pois afeta a interação entre o íon Cu
2+
e possíveis agentes complexantes. Assim, se
materiais orgânicos adicionados ao solo causam abaixamento de pH em processo,
evidentemente, não contribui para a formação de complexos por ligantes que eles
próprios contem ou produzem. É provável que a interação de íon citrato em mobilizar o
cobre possa ter como causa o abaixamento do pH que ele proporcionou.
46
4.1.2.2 Cobre
Os resultados da análise química do solo contido das partes superior e inferior
das colunas (Tabela 7) permitem constatar a movimentação do cobre através do solo sob
a ação dos tratamentos. A analise estática revelou interação tripla com significância
estatística entre: solo, profundidade e materiais orgânicos.
Tabela 7. Teores total e disponível de cobre nos solos LVAd e LVef contidos na parte
superior e inferior das colunas onde foi aplicado cobre pela calda bordalesa
(média de 4 repetições)
Tratamento Cu total Cu-DTPA
Parte superior Parte inferior Parte superior Parte inferior
mg kg
-1
Solo LVAd
Testemunha 200,2 a 2,8 b 104.9 0,7 b
EDTA 175,0 b 26,8 a 93.1 14,8 a
Citrato 192,8 ab 4,1 b 96.3 2,1 b
Torta de Filtro 194,5 ab 4,8 b 119,0 1,2 b
Esterco de Galinha 201,2 a 3,8 b 71.3 0,9 b
Solo LVef
Testemunha 156,5 a 5,2 b 55,6 0,6 b
EDTA 165,8 a 18,5 a 70,7 5,7 a
Citrato 164,5 a 6,8 b 68,7 2,2 ab
Torta de Filtro 172,0 a 6,8 b 51,7 0,8 b
Esterco de Galinha 159,8 a 8,2 b 54,2 0,6 b
Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo Teste de Tukey.
Conforme já observado na analise dos lixiviados, o EDTA aplicado ao solo
LVAd interagiu com o cobre de modo mais evidente e os teores totais do elemento
possibilitam verificar que uma fração significativa se translocou para o segmento
inferior da coluna, ou seja, cerca de 25 mg kg
-1
dos 200 mg kg
-1
Cu aplicados foram
mobilizados do segmento superior para o inferior, quantidade essa que representa 12,5%
do cobre aplicado.
Também no solo LVef uma fração relevante do cobre passou para o segmento
inferior da coluna, mas essa movimentação parece não ter sido suficiente para que o
cobre aparecesse em concentrações importantes nos lixiviados.
47
Os teores de Cu extraídos pelo DTPA estão diretamente relacionados com os
teores totais, sendo que no solo LVef a eficiência de extração foi menor.
Tabela 8. Massa de cobre mobilizada pelo lixiviados e presentes nos segmentos das
colunas ao final do experimento em colunas
Tratamentos Lixiviado Segmento superior Segmento inferior Recup.**.
µg *
% mg * % mg * % %
Solo LVAd
Testemunha 6,1 0,0017 360,4 100,1 5,0 1,4 101,5
EDTA 426,5 0,1185 315,0 87,5 48,2 13,4 100,9
Citrato 4,6 0,0013 347,0 96,4 7,3 2,0 98,4
Torta de Filtro 6,1 0,0017 350,1 97,3 8,6 2,4 99,7
Esterco de Galinha 7,9 0,0022 362,2 100,6 6,8 1,9 102,5
Solo LVef
Testemunha 7,3 0,0023 250,4 78,3 8,3 2,6 80,9
EDTA 8,7 0,0027 265,3 82,9 29,6 9,3 92,2
Citrato 12,1 0,0038 263,2 82,3 10,9 3,4 85,7
Torta de Filtro 6,8 0,0021 275,2 86,0 10,9 3,4 89,4
Esterco de Galinha 6,8 0,0021 255,7 79,9 13,1 4,1 84,0
* massa por coluna
**calculada com base em 360 e 320 mg Cu aplicados às colunas dos solos LVAd e LVef,
respectivamente.
O balanço de massa de cobre no experimento em colunas (Tabela 8) mostrou
uma recuperação adequada da quantidade de cobre aplicado para o solo LVAd, arenoso,
mas não para o solo LVef, argiloso. Essa diferença se justifica porque o teor de cobre
determinado pelo método 3050 da EPA não pode ser considerado exatamente como
total, pois a extração não é suficientemente enérgica. No solo LVef é provável que uma
parte do cobre aplicado tenha interagido com os componentes do solo passando para
uma forma mais fortemente ligada a ponto de não ser detectada na determinação e assim
provocar um menor rendimento na extração do elemento.
Observa-se que, em geral, uma fração muito pequena do cobre aplicado, em
torno de 0,002% foi mobilizada para fora das colunas de solo pelos lixiviados. A
48
exceção foi observada na aplicação de EDTA no solo LVAd, quando 0,12 % do cobre
aplicado saiu da coluna, mas mesmo essa quantidade lixiviada poderia ser considerada
inexpressiva. Uma questão interessante pode ser considerada. Se 13,4 % do cobre
aplicado passou para o segmento inferior da coluna, porque não foi detectada uma maior
quantidade de cobre nos lixiviados? Foi percolada pelo solo uma quantidade
relativamente grande de água, mas apenas nas primeiras porções é que uma quantidade
expressiva de cobre foi detectada. De algum modo, o cobre mobilizado para a porção
inferior da coluna, ainda que sob a forma de complexo com EDTA, parece ter sido retido
por componentes do solo.
4.2 Avaliação da disponibilidade do cobre pelo Método de Neubauer
O emprego de extratores químicos para avaliação do teor de nutrientes
disponível às plantas é um meio rápido e eficiente na rotina da avaliação de fertilidade
dos solos agrícolas. Não deixa de ser verdade também, que é interessante se buscar uma
validação do resultado obtido com uma solução extratora por meio da resposta de uma
planta. Isso pode ser conseguido em ensaios de campo ou ensaio em vasos, meios que,
freqüentemente, podem ser mais morosos que o desejado. O experimento de Neubauer
contorna esse problema.
As avaliações podem ser feitas correlacionando-se teores de nutrientes no solo
extraídos por diferentes meios com parâmetros como altura de plantas, massa vegetal
seca produzida, concentração de nutriente e na planta e quantidade de nutriente extraída
pela planta.
No presente estudo a técnica do experimento de Neubauer foi aplicada aos solos
dos segmentos superiores das colunas do enxerimento de lixiviação bem como aos solos
coletados no campo em pomares de figo e uva sob a aplicação de calda bordalesa.
49
4.2.1 Solos do experimento em coluna
As medidas de massa seca da parte aérea (g), quantidade de Cu na planta (mg) e
concentração de Cu das plantas de arroz crescidas nos solos provenientes dos segmentos
superiores das colunas do enxerimento de lixiviação onde foi aplicado calda bordalesa
são apresentados na Tabela 9.
Tabela 9. Massa seca, massa de cobre extraída e concentração de cobre na parte aérea de
plantas de arroz cultivadas em experimento de Neubauer em solos LVAd e
LVef onde foram aplicados 200 mg de Cu por calda bordalesa
Tratamento
Massa seca da parte
aérea (g)
Cu (mg)
Cu (mg kg
-1
)
LVAd
Testemunha 0,23 a 8,45 b 35,8 c
EDTA 0,21 a 21,00 a 100,3 a
Citrato de amônio 0,24 a 9,40 b 39,1 bc
Torta de Filtro 0,25 a 9,78 b 39,2 bc
Esterco de Galinha 0,17 b 8,62 b 51,0 b
Lvef
Testemunha 0,23 a 8,05 b 35,4 c
EDTA 0,23 a 12,33 a 53,6 a
Citrato de amônio 0,22 a 7,28 b 33,6 bc
Torta de Filtro 0,23 a 8,93 b 38,9 bc
Esterco de Galinha 0,17 b 8,20 b 47,8 b
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de 5 % de significância pelo teste de Tukey.
As medidas de massa seca da parte aérea das plantas de arroz (Tabela 9) não
refletiram de modo expressivo o efeito dos tratamentos. Portanto, neste caso, essa
variável isoladamente não se configurou como um bom índice para ser relacionado com
os teores de cobre no solo.
Isso é de se esperar, uma vez que no período de 23 dias as plântulas de arroz
exploram completamente a pequena quantidade de solo colocada na placas de Petri e não
têm condições de se desenvolverem plenamente. Cumpre ressaltar que, na verdade o
50
objetivo do experimento não é proporcionar um grande desenvolvimento da parte área,
mas sim uma intensiva exploração do solo pelas raízes.
O efeito do EDTA sobre o cobre aplicado ao solo pela calda bordalesa já foi
demonstrado anteriormente na análise de lixiviados e também no experimento Neubauer
ele aparece com destaque (Tabela 9). A diferença marcante, neste caso, é que a
quantidade de cobre absorvida e a concentração de cobre nas plântulas de arroz
demonstram o efeito do EDTA em ambos os solos estudados.
A aplicação do EDTA favoreceu claramente a absorção do cobre pelas plantas
de arroz. Esse aumento de disponibilidade é de certo modo controverso, pois pressupõe a
absorção do elemento sob a forma do complexo Cu-EDTA. Diversos autores debatem
esse ponto, admitindo ou não a entrada de uma molécula relativamente grande de um
complexo através das paredes celulares. As plantas podem atuar como receptores
passivos de metais, pela interceptação e adsorção na raiz, mas por outro lado, as plantas
modificam o pH da rizosfera e liberam agentes complexantes orgânicos, extraindo
metais de complexos metálicos altamente estáveis (Tiffin, 1977).
4.2.2 Solos coletados em áreas de frutíferas sob aplicação de calda bordalesa
As medidas de massa seca da parte aérea (g), quantidade de Cu na planta (mg) e
concentração de Cu das plantas de arroz crescidas nos solos provenientes dos pomares
de frutíferas onde foi aplicado calda bordalesa são apresentados na Tabela 10.
Ao contrário do que foi discutido no item precedente, o experimento de
Neubauer com solos coletados em pomares de frutíferas evidenciou que a absorção de
cobre pelas plantas de arroz teve efeito negativo sobre a massa seca das mesmas (Figura
8), tanto quando se efetuaram correlações considerando a concentração de cobre no
tecido vegetal (R
2
= 0,86) como quando se considerou a massa total de cobre absorvido
(R
2
= 0,63).
51
y = -0,032x + 0,32
R
2
= 0,63
0,15
0,18
0,20
0,23
0,25
3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
Cu (mg )
massa seca da parte aérea (g)
y = -0,004x + 0,278
R
2
= 0,86
0,15
0,18
0,20
0,23
0,25
13,0 18,0 23,0 28,0
Cu (mg kg
-1
)
massa seca da parte aérea (g)
Figura 8 – Massa seca da parte aérea em função da massa de cobre Cu e
concentração de Cu da planta
Tabela 10. Massa seca, massa de cobre extraída e concentração de cobre na parte aérea
de plantas de arroz, cultivadas em experimento de Neubauer empregando solos
sob cultivo de frutíferas e aplicação de calda bordalesa
Cultura Tempo de
aplicação (anos)
Massa seca
parte aérea (g)
Cu
(mg)
Cu
(mg kg
-1
)
Figo Roxo 2 0,22 ab 3,2 b 14,6 cd
Uvas Niágara 2 0,24 a 3,4 ab 14,4 cd
Uvas Niágara 4 0,19 bcd 3,4 ab 18,2 bc
Figo Roxo 7 0,18 bcd 4,2 ab 25,6 ab
Uvas Niágara 7 0,20 abc 4,3 ab 21,0 bc
Figo Roxo 8 0,16 d 4,8 a 31,0 a
Figo Roxo 10 0,19 bcd 4,4 ab 23,8 abc
Uvas Niágara 10 0,22 ab 3,1 b 14,1 cd
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de 5 % de significância pelo teste de Tukey.
Esse efeito negativo pode ser até mesmo visualizado pelo desenvolvimento das
plantas durante o transcorrer do experimento (Figura 9). Efeito semelhante foi
observando por Bertoni et al. (2000) em plantas de arroz inundado tratadas com doses de
sulfato de cobre pentahidratado (0; 0,75; 1,5; 2,25 e 3,0 mg Cu kg
-1
de solo) para avaliar
o efeito do cobre ao crescimento da planta. O efeito das doses de cobre teve efeito
depressivo na produção da massa seca da parte aérea, que decresceu linearmente com as
doses de cobre.
52
Figura 9 – Plantas de arroz aos 11 dias após a germinação contendo diferentes teores
de cobre extraído pelo DTPA, indicados na figura
As quantidades de cobre absorvidas por vaso (mg Cu por vaso) e as
concentrações de cobre nas plantas de arroz (mg Cu kg
-1
) puderam ser relacionadas ao
teor de Cu extraído dos solos pelo DTPA (Figura 10). Isso comprova que a solução
extratora DTPA é adequada para avaliar a disponibilidade do cobre presente no solo em
função da aplicação de calda bordalesa. Também no trabalho de Bertoni et al. (2000)
constatou-se a eficiência do DTPA na predição da disponibilidade de cobre, confirmada
pela correlação altamente significativa entre as concentrações de cobre nos solos pelo
DTPA e as concentrações e acúmulo de cobre na parte aérea e massa seca da parte aérea
das plantas de arroz cultivadas em três solos de várzea. Mesmo a massa seca da parte
aérea não sendo um variável indicada para a seleção de métodos de extração de cobre, os
autores obtiveram que o DTPA apresentou altos coeficientes de correlação com essa
variável.
53
Figura 10 – Concentração e massa de cobre absorvida por plântulas de arroz em
solos cultivados com frutíferas, em função do teor de cobre extraído
por DTPA
4.3 Comportamento do cobre em solos cultivados com frutíferas tratados com
calda bordalesa
A coleta de solos em áreas de exploração comercial de frutíferas foi efetuada
para se ter uma noção da contaminação de solos pela calda bordalesa em condições reais
de campo. Os fungicidas cúpricos podem causar o acumulo de cobre na camada
superficial do solo e os teores atingidos podem ser suficiente mente elevados para causar
toxicidade às plantas (Brun et al., 1998).
4.3.1 Teores de Cu total do solo
O cobre da calda bordalesa ocorre sob formas de baixa solubilidade e, assim, o
teor de cobre total fornece uma boa indicação da contaminação da camada superficial do
solo ao longo dos anos de aplicação do produto.
Os poucos locais amostrados no presente estudo não permitem uma análise
mais profunda da contaminação dos solos da região de Louveira. Contudo, pode-se
y = 0,05x + 2,74
R
2
= 0,86
2,0
3,0
4,0
5,0
5,0 15,0 25,0 35,0
Cobre DTPA (mg kg-1)
Cu Planta (mg)
y = 0,46x + 10,94
R
2
= 0,67
0,0
5,0
10,0
15,0
20,0
25,0
30,0
5,0 15,0 25,0 35,0
Cobre DTPA (mg kg-1)
Cu Planta (mg kg-1)
54
observar que os teores mais elevados de cobre total no solo, apresentados na Tabela 11,
foram encontrados as áreas sob cultivo de uva.
Alloway (1995) aponta o intervalo de 60 a 125 mg kg
-1
Cu como sendo uma
faixa crítica do teor total desse elemento no solo, ou seja, valores acima dos quais há
possibilidade de toxicidade às plantas.
Tabela 11. Teores de cobre total e avaliado pelo extrator DTPA-TEA nas amostras de
solos coletadas em áreas sob frutíferas
Cultura Tempo de aplicação
(anos)
Cu total
mg kg
-1
Cu-DTPA
mg kg
-1
Figo Roxo 2 40,8 6,5
Uva Niágara 2 44,8 12,7
Uva Niágara 4 96,6 17,6
Figo Roxo 7 65,3 18,7
Uva Niágara 7 108,8 30,5
Figo Roxo 8 80,1 34,2
Figo Roxo 10 78,4 33,8
Uva Niágara 10 47,7 9,8
Uma comparação dos teores de cobre dos solos dos pomares com teores dos
mesmos solos em áreas próximas não contaminadas não foi considerada adequada, uma
vez que as culturas se localizavam em áreas de topografia acidentada, não sendo seguro
escolher uma áreas contígua a elas livres da possibilidade de transporte de solo por
erosão.
Marchiori Junior (2002) na região de Araraquara, em Latossolos cultivados
com pomar de citros onde foram aplicados diversos agroquímicos, encontrou valores de
cobre total variando de menos de 0,25 a 93,7 mg kg
-1
. Alguns dos teores obtidos no
presente estudo estiveram acima desse limite superior, o que seria justificado se a
aplicação de cobre em frutíferas ocorrer com maior intensidade que na cultura de citros.
A faixa de concentração de cobre total de 41 a 109 mg kg
-1
(Tabela 11),
observada no presente trabalho, é em geral bastante inferior àquelas encontradas em
estudos conduzidos em outras regiões do mundo. Assim, Flores Vélez et al. (1996)
estudando solos ácidos franceses da região de Beuajolais determinou que o uso de calda
55
bordalesa por mais de 100 anos resultou em uma acumulação significativa de cobre total
no solo, que variou de 100 a 1500 mg kg
-1
. Por outro lado, Brun et al. (1998), para solos
da região vinífera mediterrânea francesa, apresentou um intervalo de 31 a 250 mg kg
-1
Cu total para áreas dos pomares, o qual contrasta fortemente com o intervalo obtido para
áreas consideradas como testemunhas, fora dos mesmos, nas quais o teor do elemento
variou de 14 a 29 mg kg
-1
.
Buscou-se correlacionar o teor de cobre total no solo com o período durante o
qual a calda bordalesa foi aplicada às culturas, mas observou-se apenas para a cultura do
figo uma tendência de maiores teores no solo com a idade do pomar (Figura 12).
4.3.2 Teor cobre disponível do solo pelo DTPA
O teor de cobre extraído pela solução DTPA é considerado como um bom
indicador da fração desse nutriente disponível às plantas. Sabe-se que os micronutrientes
de maneira geral passam, de um caráter de essencialidade para o de toxicidade num
intervalo muito estreito em termos de concentração no solo.
Segundo Raij (1996) os teores de cobre do solo extraídos pelo DTPA e
expressos em mg dm
-3
Cu podem ser classificados como: baixo (0,0-0,2); médio (0,3-
0,8); alto (0,9-1,5), valores esse que servem de guia para recomendação de adubação
com cobre para diferentes culturas no Estado de São Paulo. Adicionalmente, o intervalo
1,6 a 15 mg dm
-3
Cu poderia ser classificado como muito alto.
Esses teores, contudo, são estabelecidos basicamente para subsidiar
recomendações de adubação com cobre e os teores classificados como alto ou muito alto
não tem conotação de efeito tóxico, mas de não necessidade de aplicação do
micronutriente. De qualquer modo, é necessário ser cauteloso na interpretação de
resultados de determinação de micronutrientes no solo, pois, considerando-se as curvas
de respostas de plantas a esses elementos observa-se que, em geral, pouco além das
concentrações consideradas como suficientes ou da região onde a planta não mais
responde, pode ter início abruptamente a região de toxicidade.
56
Não são disponíveis na literatura indicações de teores de cobre extraídos pelo
DTPA que representem toxicidade. Como um possível termo de comparação, pode ser
citado o intervalo 50 a 100 mg dm
-3
de Cu, extraído pela solução 0,05 mol L
-1
EDTA e
ácido acético 0,05 mol L
-1
, proposto por MacNicol & Beckett (1985).
Os teores de Cu disponível avaliados pelo extrator DTPA nas amostras dos
solos cultivados sob frutíferas sob aplicação de calda bordalesa variaram na faixa de 6,5
a 34,2 mg kg
-1
Cu (Tabela 11). Esses valores foram maiores que aqueles encontrados por
Marchiori Junior (2002) pelo mesmo extrator em Latossolo sob cultivo de citros, os
quais variaram entre 0,16 a 13 mg kg
-1
de Cu. Por outro lado, em solos cultivados com
uva por mais de 15 anos na região da Serra no Rio Grande do Sul, foram detectados
teores de cobre pelo DTPA muito mais elevados, 522 e 475 mg kg
-1
de Cu (Alleoni et
al., 2003).
Os teores de Cu total e Cu-DTPA nos solos em estudo foram correlacionados,
verificando-se que, eliminando o valor de duas amostras de maior teor total, obteve-se
um coeficiente determinação (R
2
) igual a 0,95 (Figura 11). Desta forma, a
disponibilidade do Cu para a solução do solo poderia ser inferida a partir da quantidade
total de Cu presente no solo. È provável que para as duas amostras excluídas da
correlação o teor de cobre total incluísse formas de cobre que não ocorreram nos outros
locais considerados. Resultado similar foi obtido por Brun et al. (1998) em estudo com
29 amostras de solos cultivados com videiras no Sul da França, obtendo para Cu
extraído por DTPA um coeficiente de correlação de 0,93 entre teores Cu-total e Cu-
DTPA.
57
y = 0.67x - 20.88
R
2
= 0.95
0
10
20
30
40
50
60
30 50 70 90 110
Cu total ( mg kg
-1
)
Cu DTPA (mg kg-1
Figura 11 – Cobre extraído por DTPA relacionado ao Cu total na camada arável de
solos de pomares cultivados com uva e figo, tratados com calda bordalesa
Conforme mencionada anteriormente, a relação entre tempo de uso de de calda
bordalesa nos pomares de figo e uva e teores de cobre no solo não era manifestados de
forma clara. Contudo, considerando apenas a cultura do figo, observou-se alta correlação
entre tempo de aplicação do fungicida e concentração de Cu total e Cu-DTPA no solo
(Figura 12).
Figo
Cu-Total
y = 5,11x + 31,68
R
2
= 0,92
Cu-DTPA
y = 3,64x - 1,25
R
2
= 0,86
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
0,0 5,0 10,0 15,0
Tempo de aplicação (anos)
Cu mg kg-1
Figura 12 – Cobre extraído por DTPA e Cobre Total na camada arável de solo de
pomares de uva (a) e figo (b) em função da idade se aplica calda
bordalesa sob as culturas
58
O acumulo de Cu na camada arável do solo, devido ao uso intensivo de
fungicidas aplicados aos pomares vinícolas, é destacado em trabalhos tais como Flores
Vélez et al. (1996), Deluisa et al. (1996) e Alleoni et al. (2003).
4.3.3 Fracionamento do cobre em amostras de solos de pomares de figo e uva
O fracionamento de metais é efetuado basicamente para se avaliar o destino do
elemento adicionado ao solo entre seus vários compartimentos, os quais se caracterizam
por diferentes graus de interação com o metal. Essa informação permite ter uma idéia do
comportamento do metal e sua possível entrada nas plantas e movimentação no perfil do
solo.
Quando metais são adicionados ao solo sob a forma solúvel podem se distribuir
de maneira mais imediata nas frações trocável e ligada à matéria orgânica. A calda
bordalesa contém cobre na forma de hidróxido de solubilidade baixa que pode
permanecer no solo nessa condição por um período de tempo relativamente longo.
Ligantes com alta afinidade pelo elemento, como o EDTA por exemplo, podem
sobrepujar essa tendência à insolubilidade, como foi observado no estudo de lixiviação
incluído no presente trabalho, contudo, a mobilização do cobre vai depender do
confronto entre a afinidade do ligante presente no meio para com o cobre e a tendência
do elemento em permanecer insolúvel.
As amostras de solo coletadas em pomares de figo e uva tratados com calda
bordalesa foram submetidas ao fracionamento do cobre, ficando evidente na maioria dos
locais amostrados a predominância do elemento sob formas fortemente ligadas, nas
frações: residual, ligada a óxidos e ligada à matéria orgânica (Figura 13). Nogueirol et
al. (2004) encontraram teores de Cu ligado à matéria orgânica entre 70 a 80% e
associado a óxidos representado entre 7 a 20%, em solos de cultivados com vinhedos por
mais de 15 anos, onde era aplicado fungicida cúprico.
De maneira geral, pode se constatar que o estudo fracionamento confirmou a
expectativas em relação ao comportamento do cobre aplicado pela calda bordalesa.
59
A fração residual, de maneira geral, não possibilita maiores inferências sobre o
comportamento do elemento, visto que representa o elemento que não foi mobilizado
nas frações precedentes, estas sim com caracterizações mais especificas em relação às
ligações do metal com componentes do solo.
A afinidade do cobre em relação à matéria orgânica é bastante conhecida.
Cobre adicionado ao solo na forma solúvel rapidamente deixa de ser mobilizado por
extratores suaves, como solução de CaCl
2
, à medida que o teor de carbono orgânico no
solo aumenta.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
75843261
Solo
Conteúdo de Cobre
F1
F2
F3
F4
F5
Figura 13 – Fracionamento de cobre em solos sob aplicação de calda bordalesa de 2
a 10 anos. F1 (solúvel + trocável), NH
4
OAc 1M, pH 7,0; F2
(carbonatos), NH
4
OAc 1M, pH 5,0; F3 (óxidos), NH
4
OH.HCl 1M em
HOAc 25%, pH 7,0; F4 (mat.org), H
2
O
2
30% em HNO
3
, pH 2,0; F5
(residual), HNO
3
No presente estudo foi possível correlacionar teores de cobre referentes a
algumas frações com a extração de cobre pelo método de Neubauer. As frações residuais
e ligadas à matéria orgânica apresentaram baixos coeficientes de determinação, mas para
as demais frações os coeficientes de determinação foram elevados (Figura 14).
60
y = 6.3736x + 11.574
R
2
= 0.7751
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
Cu - trocável (mg kg
-1
)
Cu planta (mg kg-1)
y = 1.7695x + 13.492
R
2
= 0.8673
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0
Cu-carbonato (mg kg
-1
)
Cu planta (mg kg-1)
y = 0.8319x + 12.315
R
2
= 0.9512
10.0
15.0
20.0
25.0
30.0
35.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0
Cu -ox. Fe/Al (mg kg
-1
)
Cu planta ( mg kg-1
y = 0.7019x + 2.8849
R
2
= 0.8545
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
0.0 1.0 2.0 3.0
Cu-trocavel (mg kg
-1
)
Cu absorvido (mg
)
y = 0.1893x + 3.1175
R
2
= 0.9028
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
0.0 2.0 4.0 6.0 8.0 10.0 12.0
Cu- carbonato (mg kg
-1
)
Cu absorvido (mg
)
y = 0.0878x + 3.0035
R
2
= 0.9628
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0
Cu - ox Fe/Al (mg kg
-1
)
Cu absorvido (mg
)
Figura 14 – Relações entre concentração de cobre na planta e massa de cobre extraído
pela planta e o teor de cobre presente nas frações: trocável; ligada a óxidos
de Fe e Mn e ligada a carbonato
Foi de certo modo surpreendente, a correlação entre as variáveis ligadas à
planta com o teor de cobre ligado aos óxidos de ferro e manganês, que parece ser uma
61
forma de ocorrência de metal pouco disponível as plantas. No entanto o mais altos
coeficientes de determinação foram obtidos justamente para esta forma de ocorrência do
cobre no solo.
Também foi possível correlacionar teores de cobre relativos a algumas frações
trocáveis com o teor de cobre total. O valor de cobre extraível pelo acetato de amônio
representou apenas 5,57% do cobre total do solo, visto que o Cu proveniente da calda
bordalesa é insolúvel e não forma complexos estáveis, já que grande parte do Cu
disponível ocorre em forma quelatadas, o que dificulta a extração com um sal. Ao
contrário, 64,49% do cobre total é extraído pelo DTPA devido a sua capacidade em
forma complexo com o cobre.
Outra informação interessante que se pôde obter a partir das determinações de
teores totais de cobre no solo é que o método 3050 da EPA (UNITED STATES, 2003)
se correlacionou perfeitamente com os valores obtidos pela digestão com ácidos nítrico e
perclórico (Figura 15). Assim um método de digestão mais simples e rápido,
rotineiramente empregado nos laboratórios agronômicos, pode ser utilizado quando da
análise de solo em áreas sob aplicação de calda bordalesa, para a determinação do teor
total de cobre.
y = 0,9247x + 4,8564
R
2
= 0,9737
40
60
80
100
120
40 60 80 100 120
Cu-digestão nitroperclórica mg/ kg
Cu-EPA mg/ kg
Figura 15 – Relação entre teores de cobre total eo solos contaminados com calda
bordalesa determinados a partir de dois extratos: EPA 5030 e digestão
nítrico perclórico
5 CONCLUSÕES
- Sob lixiviação intensa com água, o EDTA proporcionou uma pequena
mobilização do cobre contido na calda bordalesa em de colunas de solo de textura
arenosa. Esterco de galinha, torta de filtro e citrato de amônio não tiveram nenhum
efeito nesse sentido.
- O EDTA promoveu uma movimentação de cobre da parte superior para a
parte inferior de colunas de solo submetidas a lixiviação com água, tanto para solo de
textura arenosa como argilosa.
- Solos de áreas cultivadas com figo onde se aplica calda bordalesa
apresentaram teores de cobre total e cobre extraído do solo por DTPA proporcionais ao
tempo de uso do fungicida.
- A solução extratora de DTPA se mostrou eficiente em predizer a
disponibilidade de cobre as plantas, conforme ficou evidenciado por meio de em
experimentos de Neubauer.
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