Download PDF
ads:
CIBELLE BATISTA GONDIM
COMPETÊNCIAS GERENCIAIS RELEVANTES E EM
DESENVOLVIMENTO NO SETOR HOTELEIRO DE JOÃO PESSOA - PB
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Programa de Pós-Graduação em Administração
Mestrado em Administração
João Pessoa – PB
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
CIBELLE BATISTA GONDIM
COMPETÊNCIAS GERENCIAIS RELEVANTES E EM
DESENVOLVIMENTO NO SETOR HOTELEIRO DE JOÃO PESSOA - PB
Dissertação apresentada ao curso de Mestrado
em Administração da Universidade Federal da
Paraíba, na área de Organizações e Recursos
Humanos, em cumprimento parcial das exigências
para obtenção do título de mestre em
Administração.
Orientadora: Profª. Célia Cristina Zago, Doutora.
João Pessoa – PB
2008
ads:
3
CIBELLE BATISTA GONDIM
COMPETÊNCIAS GERENCIAIS RELEVANTES E EM DESENVOLVIMENTO NO
SETOR HOTELEIRO DE JOÃO PESSOA – PB
Dissertação aprovada com distinção em 05 de Março de 2008.
_____________________________________
Célia Cristina Zago, Doutora
Orientadora – UFPB
____________________________________ ________________________________________
Sandra Leandro Pereira, Doutora Kátia Virgínia Ayres, Doutora
Examinadora – UFPB Examinadora – UFPB
João Pessoa – PB
2008
4
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e grandes amigos, Romberg e Liége, que sempre estiveram
presentes em minha vida, dando todo o apoio necessário e muito amor, o que
certamente foi essencial para a conquista deste sonho.
A duas pessoas muito especiais, Rafael e Lenilde, pela torcida e pelos
incentivos constantes que foram fundamentais durante todo o caminho percorrido até
aqui.
Às minhas irmãs Rafaela, Gabriela, Daniele e Adriana e a meu irmão Romberg
que iluminam minha vida e me estimulam a buscar sempre o melhor caminho.
Ao meu querido companheiro Kiko pela incrível paciência, dedicação e carinho
constantes, que contribuíram para a conclusão de mais esta etapa em minha vida.
Aos meus avôs Ramiro e Geraldo e a minhas avós Creuza e Laura que são
meus grandes exemplos de vida e cujo amor irei carregar comigo para sempre.
A todos os familiares e amigos que não foram aqui citados, mas que contribuíram
direta ou indiretamente para a concretização deste objetivo.
A minha querida orientadora, professora Célia Cristina Zago, pelo apoio, pela
amizade, pela enorme paciência e atenção, que foram imprescindíveis para a
realização deste trabalho.
A todos aqueles que foram meus professores, durante o mestrado em
Administração da Universidade Federal da Paraíba, por terem contribuído para a minha
formação profissional. Em especial, agradeço às professoras Sandra Leandro Pereira
e Kátia Virgínia Ayres por aceitarem, gentilmente, fazer parte da Banca Examinadora;
e também a professora Cláudia Medianeira Cruz Rodrigues pelas contribuições no
processo de qualificação deste trabalho.
Aos meus colegas de sala do mestrado por terem tornado nosso processo de
aprendizagem repleto de boas lembranças. Em especial, agradeço a Karla e a
Eduardo, que se tornaram meus amigos de verdade.
E, sobretudo, agradeço a Deus, que sempre me deu forças para seguir em frente
e para continuar buscando melhorar como pessoa.
5
Se você quer um ano de prosperidade, cultive trigo.
Se você quer dez anos de prosperidade, cultive árvores.
Se você quer cem anos de prosperidade, cultive pessoas.
Provérbio Chinês.
6
GONDIM, C. B. Competências Gerenciais Relevantes e em Desenvolvimento no
Setor Hoteleiro de João Pessoa – PB. 2008. 203 p. Dissertação (Mestrado em
Administração) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2008.
RESUMO
A crescente competitividade no mercado de trabalho do setor hoteleiro vem
exigindo dos gestores uma busca constante de novas competências que atendam as
demandas de suas funções específicas. Considerando a escassez de estudos no setor
em questão, sobre quais seriam estas competências gerenciais e como as mesmas
vêm sendo desenvolvidas, optou-se pela realizão da presente pesquisa com o intuito
de suprir essa lacuna teórica detectada. Sendo assim, tal trabalho tem como objetivo
identificar as competências existentes e em desenvolvimento consideradas relevantes,
para a Gestão no setor hoteleiro de João Pessoa – PB. Para tanto, realizou-se um
estudo de casos múltiplos em três empresas de médio porte do setor hoteleiro do
município mencionado. Durante todo o trabalho, optou-se pela utilização do Diagrama
de Recursos de Competências, proposto por Ruas (2001), como referencial teórico,
sendo o conceito de Competências subdividido em Conhecimentos, Habilidades e
Atitudes. Após a revisão bibliográfica, foi realizada uma pesquisa de campo a partir da
aplicação de questionários, que contou com a participação de 14 gestores dessas
organizações. Para o tratamento dos dados coletados foi adotada a técnica de análise
de conteúdo por temas, considerando quatro variáveis: 1) Perfil de Formação
Profissional; 2) Cursos e Treinamentos para o Desenvolvimento Gerencial; 3)
Competências Gerenciais; e 4) Aquisição e Desenvolvimento de Competências
Gerenciais. Seguindo uma abordagem quanti-qualitativa, inicialmente os dados foram
analisados por empresa, e depois foi realizada uma síntese geral destes - o que
permitiu compará-los com as informações obtidas na revisão teórica. Dentre os
principais resultados obtidos encontram-se os recursos de competências mencionados
como relevantes, segundo a percepção dos gestores, e a partir da revisão teórica
realizada - incluindo um total de 15 conhecimentos; 11 habilidades; e 30 atitudes.
Concluiu-se ainda que, as competências identificadas como relevantes para o
segmento hoteleiro caracterizam-se como “multifuncionais”, sendo comuns aos
diferentes cargos gerenciais e setores analisados. Dentre as competências em
desenvolvimento, duas foram mencionadas como resultantes tanto dos cursos
oferecidos pelas organizações, quanto daqueles buscados pelos gestores por iniciativa
própria, que são: “saber atender às expectativas dos clientes” e “saber cultivar
relacionamentos interpessoais”. Além disto, a prática diária da profissão foi considerada
a forma de aprendizagem mais importante para o desenvolvimento de competências,
segundo a percepção dos participantes da pesquisa.
Palavras-chave: Competências Gerenciais; Desenvolvimento Gerencial; Aprendizagem
Individual; Setor Hoteleiro.
7
GONDIM, C. B. Relevant and Developing Management Competencies in the Hotel
Sector of João Pessoa – PB. 2008. 203 p. M.S.c. Thesis (Master’s Degree in
Management) – Federal University of Paraíba, João Pessoa, 2008.
ABSTRACT
The growing competitiveness in job market of the hotel sector has been requiring
from its managers a constant search for new competencies that attend the demands of
its specific functions. Considering the shortage of studies in this sector about which
would be these competencies or how they have been developed, it was decided to do
this research with the aim of filling this detected theoretical gap. Thus, this research has
the aim of identifying the existing and developing competencies considered relevant to
the Management of the hotel sector of João Pessoa – PB. In order to do so it was
developed a study of multiple cases of three middle sized companies of the hotel sector
in the mentioned city. During all work, the usage of the Resources Competencies
Diagram, proposed by Ruas (2001), was chosen as theoretical reference, being the
concept of Competencies subdivided in Knowledges, Abilities and Attitudes. After the
bibliographical review, a field research was developed with the application of
questionnaires, which had the participation of 14 managers of these organizations. It
was used the theme based content analysis technique, considering four variables: 1)
Profile of the Vocational Training; 2) Courses and Trainings for the Managerial
Development; 3) Management Competencies; and 4) Acquisition and Development of
Management Competencies. Following a quanti-qualitative approach, the data were
initially analyzed by company, then it was developed a general sinthesis of them – what
made possible to compare them with the information obtained in the theoretical review.
Among the main results obtained we find the resources of competencies mentioned as
relevant, according to the perception of the managers, and according to the theoretical
review developed – including a total of 15 knowledges; 11 abilities; and 30 attitudes. It is
concluded that the competencies identified as relevant to the hotel sector are
characterized as “multifunctional”, they are common to different managerial posts and
analyzed sectors. Among the developing competencies, two were mentioned as results
both of courses offered by the organizations and of courses searched by the managers
themselves, which are: “knowing how to meet the customs expectations” and “knowing
how to cultivate interpersonal relationships”. Besides, the daily practice of the profession
was considered the most important way of learning for the development of
competencies, according to the perception of participants of the research.
Keywords: Management Competencies; Managerial Development; Individual Learning;
Hotel Sector.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Diagrama de Recursos de Competências.......................................................43
Figura 2: O Modelo de Treinamento do Know-how em RH............................................48
Figura 3: Modelo Analítico de Pesquisa .......................................................................106
9
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Processo de Desenvolvimento de Competências Individuais .......................54
Quadro 2: Principais recursos de competências utilizados pelos empresários de
serviços ..........................................................................................................................62
Quadro 3: Conhecimentos considerados relevantes de acordo com a revisão teórica..66
Quadro 4: Habilidades consideradas relevantes de acordo com a revisão teórica ........67
Quadro 5: Atitudes consideradas relevantes de acordo com a revisão teórica..............67
Quadro 6: Classificação do porte das empresas segundo o número de empregados ...90
Quadro 7: Recursos de competências gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes da Empresa A........................................................................................114
Quadro 8: Recursos de competências gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes da Empresa B........................................................................................125
Quadro 9: Recursos de competências gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes da Empresa C........................................................................................135
Quadro 10: Conhecimentos (Gerais e Teóricos) considerados relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica ..........................158
Quadro 11: Conhecimentos (Operacionais) considerados relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica ..........................159
Quadro 12: Conhecimentos (do Ambiente) considerados relevantes pelos respondentes
das três empresas e de acordo com a revisão teórica .................................................162
Quadro 13: Habilidades (Experiência Profissional Associada) consideradas relevantes
pelos respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica.................165
Quadro 14: Atitudes (Atributos Profissionais - Tácitos) consideradas relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica ..........................168
Quadro 15: Atitudes (Atributos Pessoais) consideradas relevantes pelos respondentes
das três empresas e de acordo com a revisão teórica .................................................170
Quadro 16: Conhecimentos gerenciais considerados relevantes pelos respondentes das
três empresas e/ ou pela revisão teórica......................................................................181
Quadro 17: Habilidades gerenciais consideradas relevantes pelos respondentes das
três empresas e/ ou pela revisão teórica......................................................................182
Quadro 18: Atitudes gerenciais consideradas relevantes pelos respondentes das três
empresas e/ ou pela revisão teórica.............................................................................182
10
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Distribuição dos sujeitos da pesquisa por faixa etária ...............................140
TABELA 2: Distribuição dos sujeitos da pesquisa por gênero......................................141
TABELA 3: Distribuição dos participantes da pesquisa segundo gênero e nível de
escolaridade.................................................................................................................142
TABELA 4: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com ensino superior incompleto de
acordo com o gênero e a área de formação.................................................................143
TABELA 5: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com ensino superior completo de
acordo com o gênero e a área de formação.................................................................144
TABELA 6: Distribuição dos sujeitos da pesquisa segundo gênero e tempo de atuação
em Hotelaria.................................................................................................................145
TABELA 7: Distribuição dos participantes da pesquisa por gênero e tempo de exercício
na função gerencial atual .............................................................................................147
TABELA 8: Distribuição dos sujeitos da pesquisa por gênero e por conhecimento de
Língua Estrangeira .......................................................................................................148
TABELA 9: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com conhecimento de apenas uma
Língua Estrangeira de acordo com o gênero e grau de domínio do idioma citado.......149
TABELA 10: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com conhecimento de mais de uma
Língua Estrangeira de acordo com o gênero e grau de domínio do idioma citado.......150
11
LISTA DE ABREVIATURAS
A&B – Alimentos e Bebidas.
CIPA - Comissão Interna para a Prevenção de Acidentes.
EMBRATUR - Instituto Brasileiro de Turismo.
FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
IH – Instituto de Hospitalidade.
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada.
MPOG - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
MTUR - Ministério do Turismo.
OMT - Organização Mundial de Turismo.
PEA – População Economicamente Ativa.
PIS Empresa - Programa de Integração Social para Empresa.
PNT - Plano Nacional de Turismo.
RH – Recursos Humanos.
SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
SEFIP - Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência
Social.
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.
UH’s – Unidades Habitacionais.
12
SUMÁRIO
RESUMO..........................................................................................................................6
ABSTRACT......................................................................................................................7
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................8
LISTA DE QUADROS......................................................................................................9
LISTA DE TABELAS.....................................................................................................10
LISTA DE ABREVIATURAS..........................................................................................11
SUMÁRIO ......................................................................................................................12
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................14
1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA..................................................................................23
1.2. OBJETIVOS ............................................................................................................29
1.2.1. Objetivo Geral ......................................................................................................29
1.2.2. Objetivos Específicos ...........................................................................................29
1.3. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................30
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................35
2.1. COMPETÊNCIAS: EVOLUÇÃO, PRINCIPAIS CONCEITOS E NÍVEIS DE
COMPREENSÃO...........................................................................................................35
2.2. DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS..................................45
2.3. COMPETÊNCIAS E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM INDIVIDUAL...............52
2.4. COMPETÊNCIAS EM SERVIÇOS E O SETOR HOTELEIRO................................57
2.5. EQUIPE GERENCIAL DO SETOR HOTELEIRO: AS FUNÇÕES E
COMPETÊNCIAS DOS CINCO SETORES ...................................................................69
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS...................................................................86
3.1. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO: PESQUISA QUANTI-QUALITATIVA....................86
3.2. UNIVERSO DE PESQUISA, AMOSTRA E DELIMITAÇÃO GEOGRÁFICA ...........89
3.3. INSTRUMENTO DE PESQUISA, COLETA E ANÁLISE DOS DADOS...................93
3.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA.............................................................................103
4. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA .................................................................107
4.1. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS - EMPRESA A .......................................107
4.2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS - EMPRESA B .......................................117
4.3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS - EMPRESA C.......................................128
13
4.4. DESCRIÇÃO E SÍNTESE DOS DADOS DA PESQUISA......................................139
CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................179
REFERÊNCIAS............................................................................................................186
APÊNDICES ................................................................................................................194
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE PESQUISA APLICADO .....................................194
APÊNDICE B – EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS POR
EMPRESA....................................................................................................................199
14
1. INTRODUÇÃO
No Brasil, a representatividade do setor de serviços na economia tem despertado
o interesse crescente pelo mesmo, que emprega milhões de pessoas no país, e cujo
sucesso está relacionado essencialmente com a qualidade do atendimento oferecido,
ou seja, com a preparação de sua mão-de-obra.
A qualidade de um serviço prestado depende diretamente da experiência
vivenciada pelo consumidor no momento de sua ocorrência, sendo os profissionais
envolvidos nesse processo, os grandes responsáveis por seu resultado final.
Considerando tal característica, as organizações que prestam serviços devem atentar
para a necessidade de investir no desenvolvimento de seu “capital” mais importante, as
pessoas que as integram.
Um setor econômico que depende essencialmente da prestação de serviços ao
consumidor é o setor turístico que envolve inúmeras atividades como hospedagem,
alimentação, transportes, eventos, dentre outras.
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto de Hospitalidade (1999), para
que as organizações do setor turístico consigam se manter competitivas no Brasil é
necessário que invistam em três quesitos fundamentais: em sua infra-estrutura, no
marketing e, sobretudo, na qualidade dos serviços prestados. Verifica-se, portanto, que
15
investir no desenvolvimento adequado da mão-de-obra é um fator primordial para a
prestação de um serviço de qualidade, e conseqüentemente, para aumentar a
competitividade das organizações turísticas no mercado brasileiro.
A importância do setor turístico para o Brasil fica evidente se for considerado o
montante previsto no Orçamento Geral da União para o Ministério do Turismo em 2007,
que alcançou o valor de R$ 368,74 milhões. Ao contabilizar também as emendas
parlamentares – que em 2006 totalizaram R$ 1,45 bilhão para o setor – alcança-se um
investimento da ordem de aproximadamente R$ 1,8 bilhão (para promoção, infra-
estrutura turística e capacitação de mão-de-obra), constituindo um recorde histórico
para a atividade (MTUR, EMBRATUR e FGV, 2007).
Outra pesquisa que demonstra a relevância do setor foi realizada pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Tal estudo intitulado “Sistema de Informações
sobre o Mercado de Trabalho no Setor Turismo: caracterização da mão-de-obra formal
do setor turismo com estimativas baseadas nos dados da RAIS de 2004”, mostra que
no período de Janeiro de 2005 a Maio de 2006, foram criados 54,6 mil empregos
formais no setor turístico, o que representa um crescimento da ordem de 7,6%, em 17
meses (IPEA, 2006).
Dentre os subsistemas que compõem a atividade turística, merece destaque o
segmento de hospedagem por sua enorme importância sócio-econômica para o
desenvolvimento do turismo, como demonstram os dados apresentados a seguir.
Segundo o relatório “Economia do Turismo: Análise das Atividades
Características do Turismo (ACT) 2003”, no referido ano, o segmento de hospedagem
reuniu 22.392 estabelecimentos no país, representando 6,36% do total de empresas
pertencentes às ACT; e foi responsável pelo emprego direto e indireto de 235.822
16
pessoas em todo o Brasil, ou 11,27% do total de pessoas ocupadas nas ACT.
Ocupando, portanto, o segundo lugar dentre as atividades características do turismo,
com relação ao número de empresas e de pessoal ocupado, ficando atrás apenas do
setor de alimentação nos dois indicadores citados (IBGE, MPOG, MTUR e EMBRATUR,
2007).
Além disso, no Plano Nacional de Turismo (PNT) 2007/2010, produzido pelo
Ministério do Turismo (2007), é apresentada uma previsão dos investimentos privados
voltados para o segmento hoteleiro até 2009, que alcançam o montante de R$ 3,6
bilhões, o que corresponde, segundo estimativas do plano, a um aumento de 26.324
unidades habitacionais (UH’s) na capacidade hoteleira do país, sendo 10.964 UH’s
adicionais na região Nordeste. De acordo o referido plano, isso significaria um aumento
no número de empregos diretos existentes nos meios de hospedagem, com a previsão
de 16.288 vagas a mais no país, sendo 8.955 só na região Nordeste.
Esses números promissores geram grande expectativa com relação à geração
de emprego e renda no segmento de hospedagem, mas a crescente competitividade no
mercado de trabalho também é uma realidade que permeia essa atividade. Dentre
vários outros fatores responsáveis por tal competitividade pode-se mencionar: o
processo de globalização; a reestruturação produtiva; a diminuição do número de
empregos formais; os elevados índices de desemprego e de trabalhos informais,
terceirizados, temporários ou em condições precárias; acompanhados de uma maior
exigência de qualificação da mão-de-obra.
Outro fator que contribui para o aumento da competitividade no segmento de
hospedagem é que, por vezes, o mesmo é visto como uma oportunidade atrativa de
17
trabalho, o que ocasiona a migração da mão-de-obra de outros setores econômicos
tradicionais, como indústria e comércio, para trabalhar nessa atividade.
Com a insegurança gerada pela crescente competitividade no mercado de
trabalho do segmento de hospedagem, os profissionais acabam sendo impulsionados a
buscarem o desenvolvimento de novas competências que possibilitem sua
empregabilidade. O termo empregabilidade pode ser compreendido como a capacidade
ou condição de uma pessoa em manter-se empregada por possuir um conhecimento,
serviço ou produto que possa ser usufruído por empresas, ou até mesmo, por grupos e
indivíduos isolados (NERI, 2005).
No Brasil, mesmo verificando que algumas organizações hoteleiras investem no
desenvolvimento de seu capital humano, cada vez mais, os indivíduos têm sido
pressionados a se aperfeiçoarem e a buscarem o autodesenvolvimento, como forma de
manter sua empregabilidade (BITENCOURT e BARBOSA, 2004; BOFF e ABEL, 2005).
Assim como ocorre nas atividades que envolvem a prestação de serviços, no
segmento hoteleiro, as oportunidades de emprego costumam aumentar para os
profissionais com níveis mais altos de educação e treinamento (OMT, 2003). Entretanto,
o modelo de treinamento tradicional que se baseava na oferta de uma formação
exclusivamente técnica, já não atende às expectativas das empresas, pois as mesmas
buscam profissionais mais qualificados e que possam oferecer respostas mais rápidas
às demandas do mercado e das próprias organizações.
O próprio tema da qualificação profissional ganhou uma nova configuração
graças à emergência da produção flexível, surgindo assim, a partir de 1940, até
aproximadamente 1970, com a crise do paradigma taylorista-fordista, a noção de
competência (OLIVEIRA, 2006).
18
Sendo assim, a princípio demandava-se do trabalhador que esse fosse capaz de
atender a qualificação exigida e definida para o posto de trabalho ocupado, com tarefas
prescritas e programadas. Posteriormente, a demanda produtiva passou a se
concentrar na capacidade dos trabalhadores em colaborar de maneira criativa e
comprometida com a empresa, sendo exigido dos mesmos uma maior capacidade de
raciocínio, mais autonomia intelectual, pensamento crítico, iniciativa, e capacidade de
resolver problemas. Portanto, o foco que inicialmente concentrava-se na produção,
passou a ser voltado para o resultado, sendo a organização do trabalho baseada em
metas, responsabilidades e, sobretudo, na multifuncionalidade (RUAS, 2005; FORNARI,
2006).
Verifica-se assim que o modelo de formação profissional tradicional, que primava
pelo desenvolvimento de habilidades específicas para o desempenho de certa
ocupação, passou a não atender mais à nova demanda produtiva. Tal mudança de foco
que vem ocorrendo na produção e no ambiente de trabalho, repercute internamente nas
empresas, exigindo dessas e das pessoas que as compõem, o desenvolvimento de
competências que possibilitem o sucesso organizacional (VARGAS, VIEIRA FILHO e
VIEIRA, 2006).
Em alguns países como no Canadá, no Reino Unido e em outras nações
européias, as atividades relacionadas ao setor turístico – incluindo o segmento hoteleiro
- já encontram suporte na educação para a criação de “perfis” de empregos com base
em competências. Nos Estados Unidos também já são formulados programas de
educação profissional que se concentram nas competências consideradas
fundamentais para os estudantes que desejam obter sucesso profissional no setor
(OMT, 2003).
19
Entretanto, no Brasil, os profissionais do setor turístico como um todo, têm
recebido críticas quanto à inadequação das suas formações perante as exigências
atuais do mercado de trabalho (FORNARI, 2006). Além disso, verifica-se uma escassez
de estudos no campo do turismo que possibilitem conhecer as competências individuais
condizentes com as exigências desse setor produtivo e que já estejam sendo
desenvolvidas pelos profissionais que atuam nessa atividade (PIMENTA, 2004;
FORNARI, 2006).
Como destaca a OMT (2003, p. 229), em setores envolvidos com a atividade
turística, como é o caso do segmento de hospedagem, “torna-se cada vez mais
importante estabelecer os padrões de competência para cada ocupação como forma de
aumentar a produtividade dos funcionários e proporcionar uma vantagem competitiva
no mercado global”.
Torna-se mister, portanto, o desenvolvimento de pesquisas que possam
contribuir para a identificação das competências que estão sendo realmente
demandadas para os profissionais do setor turístico, e, mais especificamente, para
aqueles envolvidos com o segmento de hospedagem.
Excluindo a responsabilidade que cabe a cada indivíduo sobre seu
autodesenvolvimento, a capacitação e o desenvolvimento de pessoas nas organizações
possui grande influência também dos dirigentes e gestores, que se tornam cada vez
mais responsáveis e co-participantes desse processo de estímulo ao crescimento
pessoal e profissional de seus colaboradores.
Além dos gestores possuírem tal responsabilidade de incentivar os demais
funcionários sob sua coordenação a buscarem um desenvolvimento constante de novas
20
competências, os mesmos também exercem uma grande influência sobre o
comportamento das equipes que gerenciam (MARRAS, 2000).
Como salientam Hayes e Ninemeier (2005), na indústria hoteleira, o
comportamento dos funcionários reflete o comportamento dos gestores, sendo
importante que os mesmos busquem um aprimoramento constante para o
desenvolvimento de competências, servindo inclusive de exemplo para o restante dos
demais colaboradores da empresa.
Além disso, nas empresas do segmento de hospedagem, os gestores exercem
um papel de fundamental importância já que são os responsáveis pela implementação
das estratégias organizacionais, respondendo pelos objetivos específicos de receita e
metas operacionais dos setores que administram (ISMAIL, 2004; CASTELLI, 2001).
Constatando a influência exercida pelos gestores sobre o comportamento dos
demais funcionários, e o importante papel exercido por esses para o sucesso
organizacional, optou-se nesta pesquisa pela identificação das competências existentes
e em desenvolvimento consideradas relevantes para a gestão no segmento hoteleiro.
Pretende-se contribuir com o presente estudo para o aprimoramento teórico
sobre o tema, através do conhecimento das competências gerenciais importantes para
o referido setor produtivo, a partir da percepção dos gestores que já atuam nesse
mercado de trabalho. Com o levantamento das competências gerenciais existentes e
que estão sendo desenvolvidas no segmento hoteleiro, torna-se possível contribuir com
uma futura melhoria dos programas de ensino destinados à formação de profissionais
interessados em ingressar nessa atividade econômica.
Para o alcance do objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa de campo junto
a três empresas do setor hoteleiro localizadas no município de João Pessoa – Paraíba,
21
que contou com a participação de 14 gestores. Para um melhor esclarecimento sobre o
conteúdo desta pesquisa, são apresentados a seguir a estrutura do trabalho elaborado,
e seus respectivos conteúdos.
O Capítulo 1 - intitulado Introdução - apresenta o tema em estudo, através de
sua contextualização inicial, explica sobre a maneira como o mesmo encontra-se
organizado, e seqüencialmente, reúne as etapas de definição do problema, objetivos da
pesquisa e justificativa.
O Capítulo 2 aborda a Fundamentação Teórica, dividida em cinco sub-
capítulos que versam sobre os seguintes assuntos:
1. O conceito de competência (sua evolução, principais conceitos e níveis de
compreensão);
2. Uma breve contextualização da evolução dos conceitos e práticas
relacionados à área de treinamento e desenvolvimento (T&D) de pessoas
nas organizações, enfatizando a questão do desenvolvimento de
competências gerenciais na atualidade;
3. O processo de aprendizagem individual, e a relação do mesmo com o
desenvolvimento de novas competências;
4. Uma análise objetiva do setor hoteleiro, e das competências associadas à
prestação de serviços;
5. E ainda, a apresentação das principais funções exercidas pelas equipes
gerenciais responsáveis pelos cinco setores focalizados nesta
dissertação, em uma tentativa de enumeração das principais
competências gerenciais encontradas na revisão teórica, e relacionadas a
esses departamentos.
22
O Capítulo 3 refere-se aos Procedimentos Metodológicos adotados para a
realização da pesquisa. Essa etapa é composta pela definição do método de
investigação – de caráter quanti-qualitativo; pela apresentação do universo de
pesquisa, de sua amostra e da delimitação geográfica definida para sua realização; e
ainda, pela apresentação do instrumento de pesquisa adotado, e da forma como os
dados foram coletados e analisados. Em seguida, foram apresentadas as delimitações
necessárias para a realização do trabalho de campo. O capítulo encerra-se com a
apresentação do Modelo Analítico de Pesquisa, que visa demonstrar de forma clara a
correlação existente entre os objetivos propostos, as variáveis selecionadas para a
análise dos dados coletados, e seus respectivos elementos indicadores.
No Capítulo 4 é feita a Análise dos Dados da Pesquisa, onde são
apresentados e analisados os resultados obtidos inicialmente por empresa
separadamente. Em um segundo momento, uma síntese geral dos dados coletados nas
três empresas é realizada, visando alcançar os objetivos propostos neste trabalho.
O Capítulo 5 encerra a dissertação apresentando as principais Conclusões da
pesquisa, bem como, Sugestões para a realização de futuras investigações sobre o
tema estudado.
Além dos capítulos apresentados, compõem a dissertação: as Referências
consultadas durante sua elaboração; e os Apêndices - que reúnem o Instrumento de
Pesquisa utilizado para o levantamento de dados (ver Apêndice A – página 194); e um
modelo dos quadros formulados para uma melhor análise do conteúdo das respostas
obtidas na pesquisa de campo (ver Apêndice B – página 199).
23
1.1. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
O turismo “compreende as atividades que realizam as pessoas durante suas
viagens e estadas em lugares distintos ao de seu entorno habitual, por um período de
tempo consecutivo inferior a um ano, com fim de lazer, negócios, e outros motivos”
(EMBRATUR e MTUR, 2006, p. 234).
Sendo assim, as empresas que compõem o setor hoteleiro prestam serviços
essenciais para o desenvolvimento do turismo, e são consideradas como elementos
constitutivos de sua infra-estrutura básica, já que atendem às necessidades primárias
de descanso e alojamento, fundamentais durante o período de estadia dos visitantes na
destinação turística (CASTELLI, 1992; OMT, 2001).
De acordo com definição proposta pelo SEBRAE (2002, p. 13):
Equipamentos de Hospedagem são estruturas físicas edificadas e
funcionalmente equipadas e qualificadas para recepção, alojamento,
alimentação, entretenimento e prestação de serviços complementares que
devem ser ofertados aos turistas (hóspedes) através de uma equipe de
funcionários treinados e aptos para tal finalidade.
Apesar da enorme importância da oferta de instalações físicas de qualidade na
hotelaria, o principal produto oferecido por esta, possui natureza intangível e consiste
na hospitalidade e no “calor humano” dos serviços prestados pelos profissionais da
área aos seus clientes.
Como o consumo do serviço de hospedagem é simultâneo à sua produção
(inseparabilidade entre produção e consumo), os serviços ofertados são percebidos
pelos clientes como uma “experiência”, o que torna seus resultados imprevisíveis e
heterogêneos, variando conforme as necessidades e expectativas dos consumidores.
Tal característica mencionada cria um certo grau de insegurança no momento da
24
“entrega” do serviço, o que requer ainda mais, um bom nível de profissionalismo por
parte dos funcionários desse setor (BENI, 1998; OMT, 2001; OMT, 2003; PETROCCHI,
2002; TUCH e SPOLON, 2001).
Como a prestação de um serviço de qualidade é um fator de crucial importância
para o segmento de hospedagem, torna-se essencial, que os profissionais que exercem
funções gerenciais no setor, desempenhem suas atividades primando pela eficiência e
sem fazer uso do “amadorismo”, prática que ainda costuma ser utilizada, já que a
preocupação com a profissionalização na área é relativamente recente (PIMENTA,
2004).
Mesmo sendo relativamente recente, o aumento da preocupação com a
profissionalização do setor pode ser confirmado, ao analisar o significativo crescimento
do número de cursos no país voltados para tal segmento:
Há pouco mais de 20 anos, não havia no Brasil nenhum curso de nível superior
voltado para a formação de trabalhadores do setor de Turismo e Hospitalidade.
Atualmente, há 12 cursos de nível superior, além de cursos técnicos com
duração média de 2 anos, ministrados por 130 instituições que oferecem cursos
de hospitalidade e de 250 que oferecem programações para turismo. A
proliferação de cursos é, portanto, conseqüência direta das expectativas de
aumento de oportunidades de trabalho, relacionada a uma conscientização do
setor quanto à projeção de melhoria da qualidade dos serviços (SENAC
NACIONAL, 2002, p. 25).
Apesar desse crescimento do número de cursos voltados à formação de
profissionais para no setor turístico, e mais especificamente, para o segmento hoteleiro,
os mesmos vêm sendo criticados por não atenderem às exigências do atual mercado
de trabalho. Como evidencia Trigo (2000), o mercado impõe desafios bastante
complexos para o processo de formação profissional, sendo de fundamental
25
importância o estabelecimento de um quadro conceitual de competências que atendam
às suas reais necessidades.
Para os profissionais do turismo que estão ingressando no mercado de trabalho,
alcançar uma posição de destaque na administração de uma empresa do segmento
hoteleiro torna-se um verdadeiro desafio. Ocupar um cargo gerencial requer uma série
de competências específicas e, sobretudo, preparação (ISMAIL, 2004). Entretanto,
ainda existe uma lacuna na produção teórica sobre o tema “competências gerenciais”
no campo do turismo, predominando dentre os estudos desenvolvidos nessa área a
idéia de formação e de qualificação profissional tradicionais (FORNARI, 2006).
De acordo com um levantamento realizado por Brandão (2006) – onde foram
analisadas diversas pesquisas sobre o tema Competências Humanas no Trabalho e
nas Organizações – “constatou-se a predominância de estudos que buscam identificar
competências relevantes a determinados papéis ocupacionais, bem como daqueles que
procuram diagnosticar necessidades de desenvolvimento de competências”
(BRANDÃO, 2006, p. 1). Entretanto, como enfatiza o autor, ainda existe uma carência
de investigações empíricas que possam contribuir para o enriquecimento desse tema.
Essa carência de estudos sobre o tema, sobretudo, no campo do turismo - e da
hotelaria, em especial – mostra que trazer tal discussão à tona pode contribuir para o
aprimoramento teórico desse assunto, e conseqüentemente, para a melhoria dos
cursos voltados para a educação e formação de profissionais da área.
Apesar desse trabalho não possuir a pretensão de esgotar completamente o
assunto, ou de suprir totalmente a carência salientada (BRANDÃO, 2006; FORNARI,
2006), deve ser visto como um passo essencial e inicial para uma melhor compreensão
sobre o tema proposto. Para que fosse possível realizar esse estudo inicial, tornou-se
26
necessária a delimitação geográfica da pesquisa de campo, que foi realizada no
município de João Pessoa – Paraíba.
Surge, então, a questão principal que esta pesquisa buscará responder que
seria: quais são as competências gerenciais consideradas relevantes e que estão
sendo desenvolvidas no segmento hoteleiro de João Pessoa - PB?
Para responder a esse questionamento, é interessante levantar inicialmente o
perfil de formação profissional dos gestores que estão atuando no setor hoteleiro -
inclusive para conhecer à área de formação desses, o tempo de experiência
profissional, dentre outros aspectos importantes. Dessa necessidade deriva a primeira
questão específica deste estudo que seria: qual é o perfil de formação profissional
dos gestores-participantes da pesquisa?
Além dessas questões, verifica-se dentre as organizações do setor hoteleiro uma
carência de investimentos planejados que estejam voltados para o desenvolvimento de
competências em seus funcionários, que sejam articuladas com as exigências do
mercado, e que contribuam para um aprimoramento da administração hoteleira (SENAC
NACIONAL, 2002).
Algumas empresas ainda não reconhecem devidamente a importância das
competências gerenciais e de seu desenvolvimento, havendo uma tendência em
algumas organizações em investirem em programas de treinamento convencionais que
se destinam à qualificação profissional, sendo, portanto, mais voltados para o recurso
de competência “conhecimentos” (domínio cognitivo) e para a educação formal
(CARBONE et al., 2005; ODERICH, 2005; VARGAS, VIEIRA FILHO e VIEIRA, 2006;
RESENDE, 2004).
27
A questão da responsabilidade pelo planejamento e investimento no
desenvolvimento gerencial vem mudando de enfoque. Se antes predominava uma idéia
de ‘obrigatoriedade’ por parte das empresas em investir no futuro de seus
colaboradores, as novas exigências do mercado atual já não permitem uma postura
passiva dos mesmos. Os gestores devem assumir também a responsabilidade pelo seu
próprio desenvolvimento – e por sua empregabilidade - independentemente das
organizações (MARRAS, 2000).
Em empresas com condições financeiras restritas, que são orientadas para a
prestação de um serviço de qualidade, e que estão sujeitas a mudanças constantes -
como é o caso de algumas organizações do setor hoteleiro - há uma tendência maior
em repassar aos indivíduos a responsabilidade pelo seu próprio desenvolvimento.
Sendo assim, o papel das organizações constituiria em proporcionar condições
adequadas para o desenvolvimento gerencial, cabendo, entretanto, aos próprios
gestores o esforço e a atitude de buscar oportunidades de desenvolvimento
(ANTONELLO, 2004a).
A partir dessa discussão sobre as ações de treinamento e desenvolvimento
empreendidas pelas organizações e pelos próprios gestores para o aprimoramento de
competências, surge a segunda questão específica necessária para o alcance do
objetivo principal proposto neste estudo que seria: quais são os cursos e
treinamentos que estão sendo empreendidos pelas organizações e buscados
pelos gestores para o desenvolvimento de competências?
Partindo da análise da literatura voltada para o estudo do turismo, verifica-se que
o conceito de competência vem sendo utilizado, mesmo que de forma ainda bastante
heterogênea com relação ao seu sentido. Freqüentemente, a adoção do termo
28
competência na literatura acadêmica específica, é associada à percepção do conceito
referente à qualificação profissional tradicional. Entretanto, tal fato não se restringe à
discussão teórica.
Segundo Dutra et al. (2006), os profissionais em geral possuem diferentes
interpretações sobre a noção de competências, e essa análise semântica diversificada
pode causar impactos na aplicação prática do conceito. Uma pesquisa realizada por
esses autores junto a um grupo de profissionais de recursos humanos de alta
qualificação e que atua em grandes organizações brasileiras, constatou, dentre outros
resultados, que existe uma “concentração de parte dos respondentes em torno da
percepção da competência como sendo a qualificação das pessoas e da sua
capacidade para atender as especificidades de uma determinada posição na empresa”
(DUTRA et al., 2006, p. 1).
Mesmo considerando a heterogeneidade de interpretações sobre tal conceito,
para identificar as competências gerenciais relevantes para o segmento hoteleiro, torna-
se essencial responder a terceira questão específica desta pesquisa que seria: quais
são as competências consideradas relevantes para a gestão no segmento
hoteleiro encontradas a partir de levantamento teórico, e de acordo com a
percepção dos próprios gestores-participantes?
Para que seja possível conhecer também as competências que estão sendo
desenvolvidas, ou que os gestores que atuam no segmento hoteleiro pesquisado,
gostariam ou sentem a necessidade de desenvolver, surge outra questão específica,
que seria: quais são, dentre as competências gerenciais consideradas relevantes,
aquelas que os sujeitos da pesquisa gostariam de possuir, desenvolver ou
29
aprimorar, e quais as formas de aprendizagem consideradas mais importantes
pelos mesmos para o alcance desse propósito?
A partir das questões formuladas, pretende-se alcançar os objetivos propostos,
que são apresentados a seguir.
1.2. OBJETIVOS
1.2.1. Objetivo Geral
Identificar as competências existentes e em desenvolvimento, consideradas
relevantes para a Gestão no setor hoteleiro de João Pessoa – PB.
1.2.2. Objetivos Específicos
Conhecer o perfil de formação profissional dos gestores participantes da
pesquisa;
Levantar informações sobre os cursos ou treinamentos empreendidos pelas
organizações e buscados pelos respondentes da pesquisa para o
desenvolvimento gerencial;
Identificar as competências gerenciais do segmento de hospedagem, obtidas
através de levantamento teórico, e aquelas consideradas relevantes, de acordo
com a percepção dos participantes da pesquisa;
Verificar dentre as competências gerenciais consideradas relevantes, aquelas
que os sujeitos da pesquisa gostariam de possuir, desenvolver ou aprimorar, e
quais as formas de aprendizagem consideradas mais importantes pelos mesmos
para o alcance desse propósito.
30
1.3. JUSTIFICATIVA
A justificativa teórica e prática para o estabelecimento dos objetivos propostos
neste estudo, bem como, os principais fatores que evidenciam sua relevância e
contribuição são apresentados a seguir.
Com o aumento da competitividade, as empresas do segmento hoteleiro
sofreram alterações gradativas em suas estruturas para atender às novas necessidades
e desejos de sua clientela atual, cada vez mais exigente (CARVALHO, 2000;
CASTELLI, 1992; COOPER et al., 2001).
Como as competências variam de acordo com as diferentes organizações e os
contextos institucionais onde elas estão inseridas, torna-se essencial identificar as
categorias de competências gerenciais teoricamente estabelecidas, bem como, aquelas
consideradas relevantes, a partir da percepção dos gestores envolvidos nos diversos
tipos de atividades (ODERICH, 2005).
Um estudo como este, que pretende contribuir para a ampliação do
conhecimento sobre as competências existentes, e que estão sendo desenvolvidas,
consideradas relevantes para a gestão no segmento de hospedagem, pode trazer
benefícios teóricos atendendo a carência de estudos existente no campo do turismo e
da hotelaria sobre esse tema (FORNARI, 2006).
Outro fator que justifica a realização de tal estudo consiste na potencial
contribuição que o mesmo poderá trazer - a partir do aprimoramento do conhecimento
sobre as competências gerenciais importantes para o segmento de hospedagem – para
os cursos de educação e formação de profissionais interessados em ingressar nessa
atividade (TRIGO, 2000; FORNARI, 2006).
31
Após a realização de amplo levantamento teórico, foram encontradas algumas
pesquisas que abordam o tema “desenvolvimento de competências”, e que são
comentadas brevemente a seguir, para esclarecer ainda mais as possíveis
contribuições do presente estudo.
Dentre as pesquisas encontradas, algumas focalizam as competências de
gestores de empresas de pequeno porte (TEIXEIRA e MORRISON, 2004; LEIRIA,
2002).
De acordo com as principais conclusões da pesquisa aplicada por Teixeira e
Morrison (2004) - junto aos gestores de pequenos empreendimentos do setor hoteleiro
de Sergipe - os empresários ainda não perceberam a necessidade de buscar um
desenvolvimento de competências de forma contínua e sistemática. Ainda existe entre
os mesmos a crença de que a atividade hoteleira é relativamente simples, e de que as
novas competências gerenciais podem ser aprendidas apenas pela prática. Outro
aspecto apontado pelos empresários foi a inadequação dos cursos tradicionais de
treinamento direcionados à gestão de empresas hoteleiras, oferecidos por algumas
instituições, já que esses não atenderiam mais às reais necessidades do setor.
Esses dois aspectos - o “amadorismo” dos gestores e o descrédito dos
treinamentos gerenciais tradicionais - reforçam a necessidade de pesquisas como esta,
que possibilitem um maior conhecimento sobre o tema em questão; que abordem
contextos diferenciados – nesse caso, em outras localidades, como João Pessoa – PB;
e que possam servir como subsídio para uma possível reformulação das competências
gerenciais que vêm sendo desenvolvidas pelos cursos de educação e formação
tradicionais, que já não atendem às reais exigências do mercado de trabalho.
32
Outra pesquisa encontrada aborda o tema das competências de trabalhadores
do nível operacional no setor hoteleiro, a partir de um estudo de caso em uma empresa
de hospedagem de Belo Horizonte – MG (VARGAS, VIEIRA FILHO e VIEIRA, 2006).
Uma das conclusões apontadas por tal estudo consiste na crescente oferta de mão-de-
obra qualificada no setor hoteleiro, que conforme os autores, seria uma conseqüência
direta do aumento dos cursos técnicos e de graduação em Turismo e Hotelaria. Tal
crescimento no mercado do número de pessoas mais qualificadas - que buscam
trabalho no setor hoteleiro - vem ocasionando uma substituição de funcionários com
baixa qualificação, por profissionais mais preparados, tanto no nível operacional, quanto
no gerencial.
Outra conclusão do referido estudo de caso foi que, mesmo havendo uma maior
valorização do desenvolvimento de novas competências pelas empresas, isso não vem
sendo acompanhado por uma melhor remuneração de seus trabalhadores. Para os
autores, “o que se percebe é uma tendência de redução das diferenças entre as
competências dos diversos cargos do nível operacional, e o aumento das exigências
dos conhecimentos, habilidades e atitudes para o conjunto dos cargos” (VARGAS,
VIEIRA FILHO e VIEIRA, 2006, p. 49). Como essa pesquisa foi realizada em apenas
uma empresa mineira, e seus resultados não podem ser generalizados, despertam
ainda mais a necessidade de estudos que permitam conhecer a situação dos
trabalhadores do nível gerencial – como o proposto no presente trabalho.
Um outro estudo realizado na Paraíba objetivou analisar o perfil real e o
desejável das competências dos administradores ou dos futuros administradores –
nesse caso, os egressos do Curso de Administração - considerando a percepção dos
representantes das instituições que integram o processo de captação desses (ZAGO,
33
SOUZA e BEZERRA, 2007). As principais conclusões extraídas de tal estudo apontam
para a necessidade de se (re)pensar algumas questões ligadas ao ensino no campo da
Administração, principalmente com relação ao aperfeiçoamento das competências dos
estudantes. Sendo assim, tal pesquisa não aborda a questão das competências no
âmbito do segmento de hospedagem, especificamente, reforçando a necessidade de
realização do estudo aqui proposto.
Por fim, outra pesquisa voltada para o tema “desenvolvimento de competências”
foi realizada no município de Natal – RN, junto aos coordenadores dos cursos de
Turismo e aos gestores de recursos humanos de algumas empresas do setor hoteleiro,
com o intuito de comparar as competências que vêm sendo desenvolvidas nesses
cursos, com aquelas exigidas pelo mercado de trabalho (FORNARI, 2006).
Tal pesquisa identificou um conjunto de competências relevantes para os
profissionais que desejam ingressar no segmento hoteleiro de Natal – RN, de acordo
com a percepção dos entrevistados – essas competências são utilizadas, inclusive,
como referencial teórico no presente trabalho. Sendo assim, a realização do estudo
proposto justifica-se para ampliar a discussão sobre o tema, pois se propõe a conhecer
a percepção de alguns gestores – de cinco departamentos distintos – que já atuam no
mercado de trabalho em questão.
Após essa breve explanação sobre alguns estudos similares, ou que contribuem
para o aprimoramento da discussão sobre o tema “desenvolvimento de competências”,
conclui-se que a realização desta pesquisa se justifica, já que a mesma está voltada
para o desenvolvimento de competências gerenciais em organizações hoteleiras de
médio porte, e insere-se no contexto do mercado paraibano, mantendo assim certo
grau de originalidade.
34
A realização da pesquisa proposta mostra-se necessária também pelo reduzido
número de estudos voltados para a identificação das competências gerenciais que vêm
sendo desenvolvidas pelos profissionais que atuam na área de gestão hoteleira. Sendo
assim, tem o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento teórico sobre o tema, e
conseqüentemente, para a melhoria das práticas de desenvolvimento de competências
gerenciais.
35
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. COMPETÊNCIAS: EVOLUÇÃO, PRINCIPAIS CONCEITOS E NÍVEIS DE
COMPREENSÃO
Diversos estudos enfatizam a necessidade de mudanças contínuas nas
organizações para que consigam se manter competitivas diante de um ambiente
crescentemente globalizado, e marcado por transformações rápidas e profundas.
Dentre as mudanças no ambiente que vêm trazendo repercussões internas para as
organizações, pode ser destacada a nova postura dos consumidores na atualidade. Os
mesmos exigem produtos diferenciados que atendam a suas necessidades e desejos
pessoais e que, além disso, possuam uma série de valores intangíveis agregados como
segurança, exclusividade, status, auto-realização, dentre outros (PACHECO et al.,
2006).
Para atender às expectativas de clientes cada vez mais exigentes, as
organizações precisam que seus funcionários também se transformem, assimilem
novos conhecimentos, se atualizem, mudem suas atitudes, enfim, desenvolvam novas
competências. Sendo assim, na área de gestão de pessoas, e principalmente, na
subárea de capacitação e desenvolvimento, um novo modelo de gestão começa a
36
ganhar espaço. Esse modelo baseia-se na gestão por competências, e confere a
possibilidade de mensuração, aplicação e desenvolvimento de competências
indispensáveis aos propósitos estratégicos das organizações (DUTRA, 2004).
O modelo de gestão por competências procura incorporar aspectos diversos da
administração estratégica e da teoria baseada em recursos, havendo assim uma
evolução no estudo organizacional que passa a considerar tanto as influências do
ambiente externo, quanto as capacidades internas das empresas. Portanto, a vantagem
competitiva das organizações está relacionada com a capacidade dessas empresas em
identificar, construir e desenvolver novas competências através do processo de
aprendizagem (CARBONE et al., 2005).
Duas vertentes principais envolvendo o estudo do conceito de competências
podem ser destacadas, sendo uma voltada para o processo de educação e
aprendizagem, e a outra focalizando o planejamento estratégico das organizações. A
partir da junção das duas perspectivas, surge uma nova visão da gestão de pessoas
dentro das organizações, que se preocupa com o aprimoramento humano, através da
aprendizagem e do desenvolvimento de competências individuais; alinhado com a
obtenção de competitividade para as empresas, apoiada na vertente estratégica e no
desenvolvimento de competências organizacionais (NERI, 2005; TRASATTI e COSTA,
2005).
Mesmo considerando a importância do desenvolvimento de competências
individuais condizentes com as organizacionais - já que ambas são mutuamente
influenciadas – o presente estudo focaliza-se na primeira vertente proposta pelos
autores supracitados, que aborda o desenvolvimento de competências individuais. Para
que seja possível entender o processo de desenvolvimento de competências, torna-se
37
mister analisar a evolução do próprio conceito de competência e seus níveis de
compreensão.
Segundo Oderich (2005) e Resende (2004), as competências podem ser
estudadas a partir de diferentes níveis de compreensão: o nível estratégico (que se
refere à dimensão corporativa, ou às competências organizacionais); o funcional (que
remete à dimensão de grupos e áreas da empresa); e o gerencial (competências
individuais relacionadas à atividade gerencial).
Considerando o âmbito organizacional, Prahalad e Hamel (1995, p. 235)
introduziram o conceito de competências essenciais (core competences) que seriam “as
habilidades que permitem à empresa oferecer um benefício fundamental ao cliente”.
Portanto, uma competência essencial é aquela que dificilmente pode ser imitada por
empresas concorrentes, por possuir uma complexa harmonização entre habilidades de
produção e tecnologias individuais, que oferece benefícios reais para os consumidores,
e que permite o acesso a diferentes mercados (PRAHALAD e HAMEL, 2000).
Tal visão é congruente com os preceitos da teoria sobre recursos da firma
(resource based view of the firm), que considera que a “competência seria, assim, a
capacidade de combinar, misturar e integrar recursos em produtos e serviços”
(FLEURY, 2002, p. 57).
As competências organizacionais podem ser diferenciadas, de acordo com
Zarifian (1999) em: competências sobre processos (conhecimentos sobre o processo de
trabalho); competências técnicas (conhecimentos específicos sobre o trabalho a ser
efetivado); competências sobre a organização (saber organizar os fluxos de trabalho);
competências de serviço (saber conjugar a competência técnica à prestação de um
serviço diferencial); e as competências sociais (o “saber ser”, que incluiria atitudes que
38
sustentam os comportamentos das pessoas como: autonomia, responsabilização e
comunicação).
Já as competências funcionais estão associadas às relações sociais
estabelecidas em determinada equipe de trabalho, que resultam em um atributo
diferencial relacionado ao grupo, e não apenas aos indivíduos que o compõem. Sendo
assim, a competência coletiva se manifesta de forma sinérgica, resultando em algo a
mais do que a simples soma das competências individuais de seus membros
(CARBONE et al., 2005; LE BOTERF, 1999).
Por sua vez, as competências gerenciais - que estão enquadradas no nível
individual e relacionam-se ao exercício das funções de gestão - podem ser
compreendidas como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
necessárias para que o gerente desenvolva suas atribuições e responsabilidades em
situações diversas, agregando valor econômico e social para a organização em que
atua, para ele próprio e para o meio em que vive (DUTRA, 2001; FLEURY e FLEURY,
2001a; ODERICH, 2005; TRASATTI e COSTA, 2005).
Considerando que as competências individuais devem agregar valor econômico
e social para as organizações e para as pessoas, verifica-se, portanto, que as mesmas
são sempre contextualizadas, podendo ser conceituadas como “um saber agir
responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir conhecimentos,
recursos e habilidades” (FLEURY e FLEURY, 2001b, p. 188).
A capacidade de “entrega” do indivíduo à empresa, proposta por Dutra (2001),
complementa esse conceito de competência no nível individual. Para o autor, as
diferentes áreas ocupacionais, os tipos de negócios e de carreira, também exercem
39
influência sobre os diferentes “conjuntos de entregas” necessárias dentro das
organizações.
Apesar do termo competência ser usualmente aplicado como um adjetivo para
referir-se a um profissional que possui um bom desempenho, o mesmo tem assumido
um significado novo dentro dos contextos organizacionais atuais. Para Ferreira (2005,
p. 128), o conceito mais simples e comumente utilizado para definir o termo
competência é o de que essa é “formada pelo conjunto de conhecimentos, habilidades
e atitudes (CHA)”. Entretanto para o mesmo autor, tal explicação proposta por Thomas
Durand pode ser considerada suficiente apenas para o contexto teórico em que foi
originado.
Para Fleury (2002) foi McClelland que deu início ao debate sobre competência
entre psicólogos e administradores ao publicar em 1973 o artigo “Testing for
competence rather than intelligence” (Testando por competências em vez de
inteligência). Fleury (2002) destaca que, McClelland associa o conceito de competência
a uma característica subjacente ao indivíduo e relacionada com o desempenho superior
desse na realização de certa tarefa ou em determinado momento.
Segundo Dutra (2004), um dos grandes expoentes para a estruturação do
conceito de competência é Boyatzis (1982), que afirma que partindo da caracterização
das demandas exigidas para determinado cargo dentro de uma organização, seria
possível traçar os comportamentos e as ações desejadas. Portanto, esse teria sido um
dos primeiros estudiosos a se preocupar com a percepção do contexto e com a idéia de
“entrega” pessoal, defendida por Dutra (2004) para o alcance de um desempenho
competente.
40
Boog (2002) também defende a idéia de que a competência pode ser entendida
como resultante do alinhamento entre o “saber fazer” e o “querer fazer” - podendo ser
tal aspecto associado ao conceito de ‘entrega’ já definido; o que contribuiu para a
distinção entre os termos conhecimentos, habilidades e experiências, educação,
motivação e comprometimento.
Ao associar o conceito de competência a um conjunto de capacidades humanas
(conhecimentos, habilidades e atitudes) que permitiriam um bom desempenho, os
autores tendem a percebê-la como um estoque de recursos que o indivíduo possui.
Essa é a visão da maioria dos autores americanos que acreditam na “importância de se
alinharem as competências às necessidades estabelecidas pelos cargos, ou posições
existentes nas organizações” (FLEURY e FLEURY, 2001b, p. 185).
Tal visão estaria fundada nos princípios do taylorismo-fordismo que passou a
sofrer algumas críticas por não atender as necessidades do mundo de trabalho atual,
de acordo com a visão de alguns pesquisadores franceses (FLEURY e FLEURY,
2001b).
Como enfatiza Fleury (2002), o conceito de competência que emergiu entre os
franceses (a partir dos anos 90) preocupava-se em ir além do conceito de qualificação.
Uma das definições mais importantes dentro dessa visão, é a proposta por Le Boterf
(1999) que associa a competência à ação. De acordo com essa idéia, a competência
individual resultaria da combinação de recursos, e da maneira como cada pessoa
mobiliza e aplica os mesmos, resultando em um desempenho superior. Para Le Boterf
(1999), tais recursos também são essenciais para o desenvolvimento de novas
competências, e podem ser subdivididos em:
Conhecimentos (gerais, teóricos, operacionais e acerca do ambiente);
41
Habilidades (operacional, experiencial e relacional cognitivo);
Atitudes (atributos pessoais e relacionais);
Recursos fisiológicos (energia e disposição);
E recursos do ambiente (sistemas de informação e bancos de dados).
Por considerar que esse desdobramento dos recursos de competência proposto
por Le Boterf (1999) possui uma maior complexidade, para a análise dos dados da
pesquisa foi considerada a divisão apresentada por Ruas (2001). Para o autor, os
recursos de competências são: os conhecimentos (SABER); as habilidades (SABER
FAZER); e os atributos ou atitudes (SABER SER/ AGIR), e os mesmos podem ser
subdivididos conforme explicado a seguir:
Recursos com base nos conhecimentos
: reúne um conjunto de informações
agrupadas em três subdivisões: “Conhecimentos gerais e teóricos, que
englobam conhecimentos objetivos como conceitos, disciplinas teóricas e
conhecimentos aplicados; “Conhecimentos operacionais”, relacionados com a
descrição de como se deve fazer determinada tarefa, que procedimentos e
métodos gerenciais devem ser adotados, dentre outros; e “Conhecimentos do
ambiente”, que compreendem o conhecimento sobre o cenário político e
econômico que envolve a organização, e como este afeta as ações empresariais
e o conhecimento sobre a concorrência, as redes de comercialização, os
produtos, a matéria-prima utilizada e os processos organizacionais.
Recursos com base nas habilidades
: implica em saber como fazer determinado
trabalho, sendo determinado pela capacidade prática de realização. Essas
42
habilidades podem ser adquiridas através de treinamento ou de experiência
vivenciada, e correspondem a “Experiência prática associada”, que envolve o
conhecimento de regras sobre procedimentos, habilidade de comunicação,
dentre outras habilidades associadas diretamente aos conhecimentos tácitos –
de como fazer algo.
E recursos com base nos atributos ou atitudes
: podem ser subdivididos em
“Atributos profissionais”, que resultam de experiências práticas ou ações
gerenciais vivenciadas, que proporcionam as pessoas a capacidade de perceber
aspectos e situações que estão além dos métodos e procedimentos formais,
utilizando-os em contextos distintos com êxito; e “Atributos pessoais”, que apesar
de sua importância dentre os recursos, são os mais difíceis de identificar, pois
dependem da observação do comportamento dos indivíduos no momento de
interação entre estes no ambiente organizacional. Alguns exemplos podem ser
citados, como: disposição para atuar em grupo, iniciativa, senso de
responsabilidade, confiança em si mesmo, imaginação, criatividade, abertura
para mudanças, habilidade de negociação e comunicação, etc.
Tal divisão detalhada dos recursos de competências pode ser visualizada na
classificação proposta por Ruas (2001, p. 20), mostrada a seguir - Figura 1 (página 43).
43
Figura 1: Diagrama de Recursos de Competências
Fonte: Ruas (2001, p. 20)
Retomando a construção teórica sobre o conceito de competência entre os
franceses, outro autor de destaque é Zarifian (1999) que aponta as mudanças
emergentes no mundo do trabalho como justificativa para o surgimento do modelo de
competências como proposta de gestão organizacional. Considerando a visão francesa
do conceito de competência, Fleury (2002, p. 54) destaca que:
O trabalho não é mais o conjunto de tarefas associadas descritivamente ao
cargo, mas se torna o prolongamento direto da competência que o indivíduo
mobiliza em face de uma situação profissional cada vez mais mutável e
complexa. Esta complexidade de situações torna o imprevisto cada vez mais
cotidiano, rotineiro.
No caso do debate brasileiro sobre o assunto, inicialmente predominou a visão
americana de que a competência é algo que os indivíduos possuem, sendo seguida de
SABER
(Conhecimento)
SABER FAZER
(Habilidades)
SABER SER/ AGIR
(Atributos/ atitudes)
Conhecimentos gerais e
teóricos
Conhecimentos operacionais
Conhecimento do ambiente
Experiência Profissional Associada
Atributos Profissionais (Tácitos)
Atributos Pessoais
44
contribuições propostas por autores franceses, o que possibilitou o surgimento de
novos enfoques e perspectivas (FLEURY e FLEURY, 2001b).
No Brasil, portanto, o conceito de competência passou a ser entendido como o
conjunto de recursos (conhecimentos, habilidades e atitudes) necessários para o
exercício de determinada atividade, e ainda, como o desempenho expresso pelo
indivíduo em certo contexto, em termos de comportamentos e realizações, decorrentes
da aplicação desses recursos no trabalho (CARBONE et al., 2005).
Entretanto, não há um entendimento pacífico sobre o assunto como afirma Le
Boterf (1999), pois se trata de um conceito em construção, complexo e dinâmico. Como
algumas pesquisas realizadas apontam, no ambiente organizacional brasileiro, o
emprego do conceito de competências continua possuindo um caráter flexível e
heterogêneo, e o mesmo sofre adaptações de acordo com as necessidades surgidas, e
por vezes, fica restrito apenas à sua concepção (RUAS, 2005; ODERICH, 2005).
Apesar do conceito de competência nem sempre ser adotado formalmente pelas
empresas, o mesmo se encontra cada vez mais difundido e internalizado através de
práticas organizacionais, como por exemplo, nas atividades direcionadas ao
desenvolvimento humano. Sendo assim, mesmo que existam diferentes concepções
sobre o conceito, percebe-se uma convergência no sentido de relacionar ao termo
competência, a busca de um desenvolvimento pessoal e profissional que proporcionaria
um desempenho individual superior no ambiente de trabalho (TRASATTI e COSTA,
2005).
A partir da compreensão do conceito de competência, de sua evolução, e dos
diferentes níveis em que pode ser aplicado (individual, grupal e organizacional), passa-
se a questão central desta pesquisa que se refere à identificação das competências
45
existentes e em desenvolvimento consideradas relevantes para o exercício da função
gerencial no setor hoteleiro (segmento da atividade turística, selecionado para a
realização do estudo).
Como o objetivo da pesquisa inclui também a identificação das competências
gerenciais em desenvolvimento no setor em questão, torna-se essencial compreender
como ocorre o processo de aquisição e desenvolvimento de competências. Para tanto,
inicialmente é apresentada uma breve contextualização da evolução conceitual e das
práticas de formação profissional que marcaram a função de treinamento e
desenvolvimento (T&D) nas organizações, com o intuito de facilitar a diferenciação
entre a visão tradicional baseada na concepção taylorista-fordista, da proposta atual de
desenvolvimento de competências, focalizando, nesse caso, o nível gerencial.
2.2. DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS
Desde o século XVIII, nos primórdios do trabalho industrial, já havia uma
preocupação relacionada à preparação dos trabalhadores para o aumento da eficácia
do processo produtivo. Entretanto, a atenção dedicada à capacitação profissional
ganhou força com o crescimento do trabalho especializado a partir de 1880, quando o
treinamento passou a ser sistematizado para garantir uma atualização das habilidades
dos trabalhadores, diminuindo o tempo gasto para a produção e a quantidade de erros
cometidos durante esse processo (MALVEZZI, 1994).
O aumento da complexidade do processo produtivo fez com que houvesse uma
maior preocupação com a habilitação dos trabalhadores dentro do próprio local de
trabalho, desde o final do século XIX. Isto aconteceu com o advento da Administração
Científica (com Taylor, Fayol e Ford), que trouxe algumas abordagens da engenharia
46
para a administração do processo produtivo, aumentando a preocupação com
indicadores do trabalho, como o tempo e o custo (TRASATTI, 2005). Nesse período
predominou a existência dos chamados Departamentos Pessoais (ou Administração de
Pessoal), que consideravam os trabalhadores como fatores de produção, que
envolviam custos como qualquer outro recurso, e que por tal razão, deveriam ser
administrados de maneira racional (FISHER, 2002).
Segundo a teoria da Administração Científica, a execução das tarefas deveria
obedecer a determinados padrões considerados ideais por maximizar a eficiência da
produção. Fica evidente que o treinamento dos trabalhadores estava voltado para o
perfeito exercício das tarefas, ou know-how, que na definição de Trasatti (2005, p. 40)
seria “a capacidade de realizar a tarefa de acordo com o padrão de resultado e o tempo
definidos pelo planejamento”.
Com o progresso da industrialização, esse sistema que tinha como base o cargo
de trabalho ocupado, foi se desenvolvendo a partir do surgimento de novas técnicas de
treinamento e desenvolvimento (T&D) que agrupavam as diferentes funções das
fábricas de acordo com suas características semelhantes (ALBUQUERQUE e
OLIVEIRA, 2001).
Com o movimento das Relações Humanas e de Desenvolvimento Organizacional
(durante as décadas de 60 e 70), os temas comportamentais passaram a influenciar os
programas de treinamentos, apesar da concepção mecânica e simplista proposta pelo
taylorismo-fordismo continuar tendo influência sobre os mesmos, durante o século XX,
em muitas empresas (VERGARA e RAMOS, 2002).
A psicologia industrial também trouxe contribuições para a função de T&D, na
medida em que passou a considerar o trabalhador como um ser composto de
47
habilidades e traços de personalidade. Conforme afirma Trasatti (2005), tal contribuição
da psicologia permitiu a criação de “perfis profissiográficos”, que determinavam um
conjunto de características de personalidade e de habilidades (motoras e cognitivas)
exigido para a realização de tarefas específicas.
A utilização desse “perfil” passou a determinar não só a escolha “das pessoas
certas para os cargos certos”, como também os tipos de treinamentos a serem
aplicados para a aquisição do know-how necessário para um melhor desempenho em
funções específicas (ver Figura 2 – página 48).
Como salienta Malvezzi (1994, p. 23), “a defasagem entre o perfil e o indivíduo
indicava a necessidade de treinamento”. Dessa forma, os treinamentos profissionais
eram baseados nos requisitos exigidos pelos cargos, e contribuíam para o controle do
desempenho a partir do perfil previamente estabelecido como parâmetro esperado
durante o planejamento.
A psicologia industrial absorveu ainda as conclusões dos estudos realizados em
Hawthorne, que evidenciavam que o indivíduo, como sendo parte de um grupo social
mais amplo, teria seu desempenho influenciado não apenas por suas capacidades
físicas, mas também por sua capacidade social. Sendo assim, outros fatores passaram
a ser considerados como motivação, expectativas, valores, dentre outros aspectos
comportamentais, justificando assim a separação do conceito de capacitação
profissional em dois processos: treinamento e desenvolvimento.
48
Figura 2: O Modelo de Treinamento do Know-how em RH
Fonte: TRASATTI (2005, p. 45).
Além disso, a capacitação passa a não significar apenas o treinamento de
habilidades e o desenvolvimento de conhecimentos, englobando também a
identificação do funcionário com a empresa. De tal forma que, a manutenção do
contrato de trabalho passa a depender do requisito: “fidelidade + dedicação =
sobrevivência”. Tal paradigma, que valorizava a relação das pessoas com seus cargos
e níveis hierárquicos, caracterizou a área de recursos humanos até meados dos anos
80 (MALVEZZI, 1994; ODERICH, 2005; TRASATTI, 2005).
PLANOS DE
TREINAMENTOS E
CUSTEIO DOS
INVESTIMENTOS
APROVAÇÃO DA
DIRETORIA
NECESSIDADES
DE TREINAMENTO
CONDUÇÃO E
ACOMPANHAMENTO
DOS PLANOS DE
TREINAMENTO
PERFIL DO
CARGO
NECESSIDADES
APONTADAS
PELAS
“CHEFIAS”
POLÍTICAS DE
TREINAMENTO E
DESENVOLVIMENTO
49
Uma das principais contribuições da escola de Relações Humanas foi o
reconhecimento do papel de mediador dos gerentes de linha entre a empresa e seus
funcionários. Com isso, a Administração de Recursos Humanos passa a se preocupar
com o desenvolvimento gerencial, para o surgimento de lideranças capazes de
participar dos processos de avaliação de desempenho, e do estímulo ao
desenvolvimento das pessoas envolvidas no processo produtivo. O papel gerencial nas
organizações passou a ser mais complexo do que comandar pessoas e coordenar
ações, adquirindo responsabilidades crescentes também sobre o desenvolvimento das
equipes e das ações conjuntas, sobre o processo de inovação, e sobre a disseminação
de conhecimentos sobre a empresa, o ambiente e o mercado de trabalho. (FISHER,
2002; PACHECO et al., 2006).
Apenas por volta dos anos 70 e 80, é que a abordagem estratégica passou a
influenciar a gestão de recursos humanos, e a partir dessa visão dois aspectos foram
enfocados: a filosofia de participação dos empregados e o gerenciamento da cultura
organizacional. Sendo assim, a função de recursos humanos passa a ser de
responsabilidade de todos os níveis da organização, e as decisões relacionadas ao
setor de RH devem se adaptar as estratégias organizacionais (FLEURY e FLEURY,
2001a). Sendo assim, “as verdades sobre a gestão do comportamento humano
deixaram de ser gerais para se tornar um problema do negócio e de sua estratégia”
(FISHER, 2002, p. 25).
Esse novo paradigma passou a emergir como forma de adaptação às mudanças
que ocorriam no ambiente organizacional, e se baseava na substituição do controle
sobre o processo de negociação, para o controle sobre os resultados obtidos, sendo o
novo contrato de trabalho dependente do requisito: “resultados = oportunidades”.
50
Portanto, a capacitação passa a se tornar um investimento em know-why, já que para a
consecução dos resultados estratégicos das empresas, as pessoas são requisitadas a
desenvolverem mais autonomia e passam a depender de suas condições subjetivas -
como auto-estima, autocrítica, identidade profissional, dentre outras (MALVEZZI, 1994;
TRASATTI, 2005).
Como Silva (2005) afirma, o modelo de gestão por competências caracteriza-se
por um alinhamento definitivo entre as políticas de gestão de pessoas às estratégias
organizacionais. Com relação às práticas gerenciais de treinamento e desenvolvimento,
o mesmo autor destaca que a gestão por competências funcionaria como uma ponte de
ligação entre as novas exigências do contexto produtivo e a educação dos
trabalhadores. Passa a existir uma preocupação com a formação geral do indivíduo, e
de acordo com Fleury (2002), o investimento em desenvolvimento seria a forma mais
utilizada de pensar o processo de aprendizagem e disseminação de novas
competências.
Até a década de 80, a responsabilidade sobre o desenvolvimento dos indivíduos
recaía, geralmente, sobre a organização, havendo uma tendência em orientar os
programas de aperfeiçoamento de acordo com os interesses organizacionais. Dessa
maneira, nem sempre os conteúdos dos programas de treinamento e desenvolvimento
atendiam as verdadeiras necessidades ou aos anseios profissionais de seus
funcionários (MARRAS, 2000).
Por outro lado, quando o indivíduo é designado a arcar com a responsabilidade
de seu próprio desenvolvimento, o mesmo pode direcionar suas escolhas para
interesses pessoais, que nem sempre condizem com as necessidades organizacionais.
Portanto, as organizações devem praticar uma forma de desenvolvimento que atenda a
51
duas premissas: ao interesse organizacional - considerando o estágio de
desenvolvimento da empresa, sua cultura, tecnologia e metas traçadas para médio e
longo prazo - e ao interesse do indivíduo - sendo importante considerar seus projetos
pessoais de desenvolvimento profissional (MARRAS, 2000; ODERICH, 2005;
OLIVEIRA, 2006; OMT, 2003).
Dentre outros aspectos, portanto, o processo de desenvolvimento deve incluir
necessariamente um feedback, e considerar a preparação e orientação individual, além
de contemplar aspectos como a qualidade de vida e a realização pessoal e profissional
dos sujeitos envolvidos (ODERICH, 2005).
Para Dutra (2001, p. 45-46), “podemos definir o desenvolvimento de um indivíduo
como ‘a capacidade de assumir atribuições e responsabilidades em níveis crescentes
de complexidade’”. Sendo assim, o desenvolvimento, por ter uma visão de médio a
longo prazo, permitiria o despertar das potencialidades do indivíduo para o alcance de
resultados desejados. Para Pacheco et al. (2006) o processo de desenvolvimento das
pessoas nas organizações inclui os treinamentos, e vai além desses, pois também
compreende o autodesenvolvimento, processo que é intrínseco a cada indivíduo, e que:
Contempla o desenvolvimento da pessoa como um todo, reporta-nos às várias
formas de aprendizagem e, conseqüentemente, não se restringe ao ambiente
da sala de aula, mas a diferentes espaços e mídias que estão ao alcance de
todos (PACHECO et al., 2006, p. 30).
Como afirmam Brandão e Guimarães (2001) o desenvolvimento consiste no
aprimoramento das competências internas disponíveis na organização, e esse ocorreria
no nível individual, por meio da aprendizagem. Portanto, a aprendizagem envolveria “a
assimilação de conhecimentos e a aquisição de habilidades intelectuais (domínio
52
cognitivo), o desenvolvimento de habilidades manipulativas (domínio psicomotor), e a
internalização de atitudes (domínio afetivo)”, ou seja, o desenvolvimento de
competências (CARBONE et al., 2005, p. 97).
Partindo da compreensão do desenvolvimento de competências como um
processo que deve ser contínuo, e que resulta de ações de aprendizagem constantes,
estabeleceu-se como um dos objetivos específicos desse estudo, o levantamento de
informações sobre os cursos ou treinamentos empreendidos pelas organizações
analisadas, e aqueles buscados pelos respondentes da pesquisa, para o
desenvolvimento gerencial. Assim, para identificar as competências gerenciais em
desenvolvimento no setor hoteleiro em questão, torna-se necessário anteriormente,
identificar tais ações de desenvolvimento gerencial mencionadas.
Após essa breve explanação sobre a evolução das práticas de formação
profissional que marcaram a função de treinamento e desenvolvimento (T&D) nas
organizações ao longo do tempo, torna-se relevante compreender melhor como ocorre
o processo de desenvolvimento de competências através do aprendizado individual,
assunto tratado a seguir.
2.3. COMPETÊNCIAS E O PROCESSO DE APRENDIZAGEM INDIVIDUAL
Como salientam diversos autores, o processo de aprendizagem dentro das
organizações pode ocorrer em três níveis distintos: no nível individual; no nível do grupo
- quando tal processo é partilhado por seus integrantes; e no nível da organização - que
percorre os demais níveis até ser formada uma memória organizacional resultante da
institucionalização de informações compartilhadas entre seus membros (ANTONELLO,
2004a; FLEURY e FLEURY, 2001b; FLEURY e OLIVEIRA JÚNIOR, 2002).
53
Na presente pesquisa é enfatizada a aprendizagem que ocorre na perspectiva
dos indivíduos, que “pode ser assim pensada como um processo de mudança,
provocado por estímulos diversos, mediado por emoções, que pode vir ou não a
manifestar-se em mudança no comportamento da pessoa” (FLEURY e FLEURY, 2001b,
p. 191).
Sendo assim, o processo de aprendizagem é bastante complexo e envolve
momentos de conhecimento, mesclados com emoções resultantes de situações
positivas ou negativas, que levam à construção de memórias. Dessa forma, o ser
humano desenvolve diversas formas de aprendizagem, através da leitura, do contato
com outras pessoas, da prática, dos erros cometidos, daquilo que ouve, do que
observa, e de situações que vivencia, dentre outras maneiras (FLEURY e OLIVEIRA
JÚNIOR, 2002).
Como uma das primeiras tentativas de compreender o processo de
aprendizagem individual, alguns estudos destacam o ciclo de aprendizagem vivencial,
proposto por Kolb, em 1984. Para o autor, a aprendizagem ocorreria em um ciclo
seqüencial envolvendo: a experiência concreta; observações e reflexões; a formação de
conceitos abstratos; e a experimentação ativa – ou teste das implicações dos conceitos
em novas situações (ANTONELLO, 2004a; ODERICH, 2005).
Fleury e Fleury (2001b), inspirados em Le Boterf, sugerem o Quadro 1 (página
54) que associa alguns tipos de competências individuais às formas mais adequadas
para o seu desenvolvimento através de diferentes processos de aprendizagem dentro
das organizações. Como pode ser observado no Quadro 1 (página 54), além da
educação formal e continuada, alguns tipos de conhecimentos - sobre os
54
procedimentos; empírico; social; e cognitivo - requerem a experiência prática e social
para que possam ser desenvolvidos.
Quadro 1: Processo de Desenvolvimento de Competências Individuais
Tipo Função Como Desenvolver
Conhecimento teórico Entendimento, interpretação Educação formal e continuada
Conhecimento sobre os
procedimentos
Saber como proceder
Educação formal e experiência
profissional
Conhecimento empírico Saber como fazer Experiência profissional
Conhecimento social Saber como comportar-se
Experiência social e
profissional
Conhecimento cognitivo
Saber como lidar com a
informação, saber como
aprender
Educação formal e continuada,
e experiência social e
profissional
Fonte: FLEURY e FLEURY (2001b, p. 192).
Sobre as diversas maneiras de desenvolver competências, Antonello (2004b)
destaca que as formas de aprendizagem geralmente são compreendidas como formais
e informais (ou não-formais). As aprendizagens formais são aquelas compreendidas
como realizadas intencionalmente, através de estabelecimentos de ensino, por
exemplo; e as informais ocorrem por meio de práticas do cotidiano ou em espaços não-
educacionais – o que no Quadro 1 (página 54) remete às experiências empíricas
obtidas no ambiente de trabalho ou no meio social. Entretanto, a autora explica que
podem ocorrer situações informais em momentos de aprendizagem formal, assim como,
podem existir elementos formais em situações de aprendizagem informal.
55
Alguns exemplos de instrumentos geralmente utilizados pelas organizações para
o desenvolvimento de seus gestores, que incluem formas de aprendizagem formal e
informal, são mencionados a seguir:
Leituras periódicas monitoradas; workshops constantes sobre temas
atualizados ou problemas emergentes; sessões de brainstroming; exercícios de
liberação / estimulação de criatividade; palestras sobre economia mundial,
marketing, política etc., com conferencistas de renome (in company) seguidas
de debates; viagens de estudo e observação em países estrangeiros; debates
sobre cultura e desenvolvimento organizacionais e seus componentes e prática
de modelos de liderança (MARRAS, 2000, p. 267).
Antes de optar por um desses instrumentos ou formas de aprendizagem, é
interessante que as organizações estejam atentas para algumas premissas que
permeiam o estudo da andragogia, que se refere à arte e ciência de orientar adultos
para aprender. Tais premissas reconhecem a aprendizagem na fase adulta como um
processo de mudança e de amadurecimento psicológico e social, como mostrado a
seguir (PACHECO et al., 2006, p. 22):
Necessidade de conhecer
: o adulto sabe, mais do que ninguém, da sua
necessidade de conhecimento e, para ele, a maneira de colocar em prática tal
conhecimento no seu dia-a-dia é fator determinante para o seu comprometimento
com os eventos educacionais;
Autoconceito
: além de ter consciência de sua necessidade de conhecimento, o
adulto é capaz de suprir essa carência de forma independente. Ele tem
capacidade plena de se autodesenvolver;
Experiência
: constitui a base da aprendizagem para o adulto. É a partir dela que
ele se dispõe, ou se nega, a participar de algum programa de desenvolvimento.
O conhecimento do facilitador, o livro didático, os recursos audiovisuais, entre
56
outros, são recursos que, por si só, não garantem influenciar o indivíduo adulto
para a aprendizagem. Esses recursos, portanto, devem ser vistos como
referenciais opcionais, colocados à disposição para livre escolha;
Prontidão para aprender
: o adulto está pronto para aprender o que decide
aprender. Sua seleção de aprendizagem é natural e realista. Em contrapartida,
ele se nega a aprender o que outros lhe impõem como sua necessidade de
aprendizagem;
Orientação para aprendizagem
: para a pessoa adulta, a aprendizagem é algo
que tem significado para o seu dia-a-dia, e não apenas retenção de conteúdos
para futuras aplicações;
Motivação
: a motivação do adulto para a aprendizagem está na sua própria
vontade de crescimento e não é provocada por estímulos externos vindos de
outras pessoas.
Com relação à premissa da andragogia referente à “prontidão para aprender”,
Senge (1990) afirma que, mesmo que o ser humano adulto tenha naturalmente uma
propensão a aprender e a explorar novas situações, a grande maioria das organizações
age de forma a controlar o comportamento das pessoas, ao invés de propiciar
condições favoráveis ao aprendizado.
Sendo assim, o foco inicial do processo de aprendizagem nas empresas deveria
se concentrar na identificação dos objetivos e projetos profissionais de cada indivíduo –
ou seja, em sua “necessidade de conhecer” - para só depois focalizar seus esforços no
nível grupal, e finalmente, no organizacional.
57
Outra importante premissa da andragogia é o “autoconceito”. Como afirma
Antonello (2004a) o autoconhecimento constitui o maior potencial para a aprendizagem
individual, já que requer tanto uma determinação da imagem que um indivíduo possui
de si mesmo (auto-imagem), quanto o feedback de outras pessoas sobre sua
competência (ou incompetência).
A seguir é realizada uma revisão teórica sobre as competências gerenciais
consideradas relevantes para o setor de serviços, e mais especificamente, para o setor
hoteleiro, visando ao alcance dos objetivos propostos nesta pesquisa.
2.4. COMPETÊNCIAS EM SERVIÇOS E O SETOR HOTELEIRO
Quando se aplica o conceito de competência aos profissionais do setor de
serviços - e mais especificamente àqueles que pertencem à atividade turística - torna-se
adequado considerar uma série de fatores que podem influenciar o momento de
“entrega” dos recursos de competência durante o processo de trabalho.
O turismo é um negócio essencialmente baseado em serviços e os visitantes
dependem constantemente de outras pessoas para o atendimento de suas
necessidades básicas e de lazer. Para que um destino turístico consiga ter sucesso,
portanto, a qualidade da experiência vivenciada pelo turista durante o momento de
prestação de um serviço é essencial, e além disto, determina se o mesmo irá retornar
ou não ao lugar visitado. Para alcançar essa qualidade, entretanto, é necessário
considerar que:
O turismo é também o negócio da hospitalidade e, portanto, quando o serviço é
prestado, a cortesia é importante. (...) O profissionalismo, a habilidade, a
eficiência e a cortesia como características do serviço não acontecem no vácuo,
58
mas sim como resultado de investimentos em educação e treinamento. (OMT,
2003, p. 225).
O ato de servir possui um caráter de pessoalidade, e a materialização da
prestação do serviço é acompanhada por um contexto imprevisível, que exige uma
mobilização constante de “saberes” para a tomada de iniciativas que gerem resultados
positivos (SÁ, 2005).
Lovelock e Wright (2001, p. 5) definem o serviço como “um ato ou desempenho
oferecido por uma parte à outra”, que resulta de um processo composto por uma gama
expressiva de intangibilidade. Para Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000), o serviço deve
ser compreendido como um composto de elementos tangíveis e intangíveis, pois
depende para a sua execução de uma instalação de suporte (ou estrutura física) e de
bens facilitadores.
Algumas características dos serviços podem afetar diretamente a qualidade da
experiência vivenciada pelo cliente no momento de sua “aquisição”. A primeira delas
refere-se exatamente à sua intangibilidade. Como esclarecem Dias e Cassar (2005), o
consumidor potencial de um serviço geralmente cria certa expectativa antecipada sobre
aquilo que irá usufruir. Tal expectativa gera para o prestador do serviço um grau de
insegurança que deve ser contornado por uma melhor preparação da mão-de-obra
responsável por sua “produção”.
Os mesmos autores salientam ainda que, o serviço é inseparável de sua fonte
provedora, ou seja, sua produção ocorre simultaneamente ao seu consumo. Nesse
caso, “o treinamento de pessoal assume um papel extremamente relevante – seja para
que haja uma certa padronização na oferta do serviço ou, então, para que se torne mais
significativa a existência de formas de controle da satisfação do cliente” (DIAS e
59
CASSAR, 2005, p. 82). Apesar de não ser possível padronizar completamente o serviço
ofertado, as organizações devem tentar minimizar possíveis falhas que venham a
ocorrer, ou ainda, preparar melhor sua mão-de-obra para que não ocorram diferenças
exacerbadas de comportamentos que possam inviabilizar o negócio.
Desta forma, como explica Anjos (2004), a maneira como o serviço é prestado
constitui uma das variáveis analisadas pelos clientes para a avaliação geral da
qualidade do serviço ofertado. Existe, portanto, uma tendência de quanto maior for a
participação dos consumidores durante o processo de “produção” do serviço, maior
deve ser a preocupação da empresa com a preparação dos funcionários que estarão
interagindo com os mesmos.
No segmento hoteleiro, portanto, os setores com maior visibilidade e que
interagem diretamente com os clientes – como Recepção, Eventos, Governança e A&B
- devem receber uma atenção maior por parte da organização do que aqueles cujas
atividades não sofrem um julgamento direto pelo cliente e podem ser mais
padronizadas – como o Setor de RH, por exemplo (HAYES e NINEMEIER, 2005;
ISMAIL, 2004).
Relacionada a tal característica, existe ainda outro aspecto nos serviços que
deve ser considerado, que se trata do alto grau de subjetividade existente no processo
de prestação de serviços. O “momento do consumo” decorre das condições de como
estarão os clientes e os prestadores de serviço. Como os consumidores participam
efetivamente do processo simultâneo de produção e consumo, seu resultado final torna-
se individualizado, ou seja, varia de uma pessoa para outra (ANJOS, 2004; DIAS e
CASSAR, 2005).
60
Outra característica dos serviços refere-se a sua perecibilidade. Já que os
serviços não são produtos “armazenáveis”, as organizações que lidam com esse tipo de
bem intangível devem utilizar estratégias criativas que possibilitem um equilíbrio entre
sua oferta e correspondente demanda. Atentas a tal aspecto, as empresas podem
evitar a sobrecarga de sua mão-de-obra com uma demanda superior a sua capacidade
de atendimento, ou ainda, evitar prejuízos pela falta ou escassez de consumidores que
“cubram” os investimentos realizados pela organização para a manutenção de suas
operações (ANJOS, 2004; DIAS e CASSAR, 2005).
Tal preocupação em equilibrar a oferta e a demanda deve estar presente,
principalmente, em segmentos da atividade turística que estão suscetíveis ao fenômeno
da sazonalidade, como é o caso do setor hoteleiro. Fornari (2006) ressalta que durante
as altas temporadas, é comum entre as empresas do setor a contratação de novos
funcionários para atender ao crescimento da demanda. Entretanto, isso acarreta a
contratação de recursos humanos inadequados ou pouco capacitados, que acabam
causando uma queda acentuada na qualidade dos serviços prestados. Nesse período,
verifica-se ainda, um aumento da concorrência no setor, já que profissionais
pertencentes a outras atividades de produção acabam migrando para o setor de turismo
(SCHLÜTER, 2002).
Para Anjos (2004) os serviços são caracterizados também por um alto grau de
variabilidade (ou heterogeneidade), já que irão depender das pessoas envolvidas no
processo, do momento de prestação do serviço e da forma como esse é ofertado.
Segundo a autora, a alta heterogeneidade pode trazer tanto benefícios, quanto
desafios, para as empresas do setor hoteleiro. O desafio principal está relacionado à
impossibilidade de padronização completa dos resultados, o que pode ser mais bem
61
efetivado na produção de bens tangíveis. Por outro lado, frente às exigências de
flexibilização do mercado atual, tal variabilidade dos serviços pode ser transformada em
uma vantagem competitiva pela organização. Isto porque o resultado da prestação de
serviços pode se adequar às situações específicas, se adaptando às necessidades de
cada cliente atendido. Essa prática facilita a “personalização” do serviço oferecido, e
garante uma maior “fidelização” dos consumidores.
É importante destacar que, todas essas características dos serviços devem ser
consideradas pelo o setor hoteleiro, já que:
As empresas prestadoras de serviço devem apostar fundamentalmente na
qualidade do elemento humano, já que a excelência do serviço, condição da
competitividade e sobrevivência da empresa, depende de como esse elemento
humano está interagindo com os clientes (CASTELLI, 2001, p. 29).
Após considerar todas as peculiaridades dos serviços mencionadas, surge uma
preocupação em identificar quais são as competências consideradas importantes para
os profissionais do setor de serviços, e mais especificamente, para aqueles que
pertencem ao setor hoteleiro. Após a realização de amplo levantamento bibliográfico,
foram encontradas algumas pesquisas que podem oferecer, ainda que parcialmente,
tais informações.
Uma pesquisa realizada por Leiria (2002, p. 52), junto a um grupo de
empresários de organizações de pequeno porte, localizadas na região metropolitana de
Porto Alegre, demonstrou que, de acordo com a percepção dos mesmos, as principais
competências gerenciais dos empresários do setor de serviços são: “conhecimentos
sobre técnicas de administração”; “visão estratégica”; “motivar as pessoas”;
62
“persistência”; “visão de mercado”; “sensibilidade para gerenciar equipes”;
“curiosidade”; “criatividade”; “transparência”; “credibilidade no mercado”; e “ética”.
Tais competências gerenciais, apontadas pelos empresários como importantes
para o setor de serviços, são complementadas pelos principais recursos de
competências que os mesmos costumam utilizar para a realização de suas funções,
como mostrado no Quadro 2 (página 62).
Quadro 2: Principais recursos de competências utilizados pelos empresários de
serviços
Conhecimentos Gerais e
Teóricos
Planejamento; metas;
indicadores gerenciais; novas
tecnologias.
Conhecimentos Operacionais
Controles gerenciais e
operacionais (registros
contábeis, fluxo de caixa, relação
de clientes e fornecedores).
Saber
(Conhecimento)
Conhecimentos do Ambiente
Legislação; mercado;
concorrência; inovação; perfil
dos clientes.
Saber Fazer
(Habilidade)
Experiência Profissional
Associada
Saber dar um diferencial ao seu
negócio; saber encontrar
soluções eficazes para os
clientes.
Atributos Profissionais
(tácitos)
Saber vender o seu produto;
saber motivar a equipe; saber
conquistar novos clientes.
Saber Ser/ Agir
(Atitude)
Atributos Pessoais
Ética; responsabilidade social;
persistência; criatividade;
comprometimento com o
negócio.
Fonte: Adaptado de LEIRIA (2002, p. 58); e RUAS (2001, p. 20).
Um estudo realizado pela OMT (2002, p. 177) sobre motivação e qualificação
dos empregados da hotelaria, enfatiza a importância para a prestação de um serviço de
63
qualidade nesse segmento, das chamadas “habilidades sociais”, principalmente, para
os trabalhadores de front line – que lidam diretamente com os clientes - que são:
“capacidade de comunicação verbal e gestão”; “habilidade para perceber as
expectativas do cliente”; “cuidado com o aspecto exterior”; “amabilidade, atenção e
simpatia”; “comportamento homogêneo”; “capacidade e atitude de assessoramento e
informação”; “conhecimento dos desejos dos clientes habituais”; e “lealdade aos
interesses da empresa”.
Essas “habilidades sociais” - como foram chamadas pela OMT (2002) -
correspondem às competências, que podem ser distribuídas em conhecimentos,
habilidades e atitudes, de acordo com o esquema proposto por Ruas (2001).
Para os profissionais do setor turístico, de um modo geral, Trigo (2000, p. 53) cita
algumas competências exigidas pelo mercado de trabalho que podem complementar as
mencionadas anteriormente, como: “espírito de iniciativa, autonomia, criatividade”;
“saber onde e como buscar a informação”; “saber outras línguas e culturas”; e “cultivar
relações interpessoais”.
Outra pesquisa, realizada por Fornari (2006) junto aos gestores de RH de nove
hotéis localizados no Pólo Turístico Via Costeira, em Natal – RN, trouxe algumas
observações interessantes sobre as competências consideradas importantes de acordo
com a percepção desses gerentes, para os profissionais do setor turístico. A autora
dividiu as competências em: competências vinculadas à formação; competências
vinculadas ao trabalho - à personalidade; e competências vinculadas ao trabalho - à
atividade. Como afirma Fornari (2006, p.86), os gestores de RH consideraram, por
unanimidade, como “muito importante” as competências abaixo:
Competências vinculadas à formação
: “ter domínio de idiomas”.
64
Competências vinculadas ao trabalho – à personalidade
: “ser ético”; “estar
motivado”; “ser paciente”; e “respeitar as pessoas”.
Nesse caso, dentre as competências vinculadas ao trabalho, na subcategoria
relacionada à atividade, nenhuma foi selecionada por unanimidade. Outras
competências marcadas como “muito importante” pela maioria dos gestores (de 5 a 8)
foram (FORNARI, 2006, p. 86):
Competências vinculadas à formação
: “possuir raciocínio lógico para analisar e
diagnosticar situações”; e “especializar-se na profissão com cursos”.
Competências vinculadas ao trabalho – à personalidade
: “ser criativo com
capacidade de adaptar-se as mudanças”; “aprender a aprender e ter uma ampla
formação cultural”; “ser líder”; “ser empreendedor”; “ser determinado, ter
confiança em si mesmo”; e “ter disposição para a profissão (ter inclinação e
vocação para lidar com os sentimentos das pessoas)”.
Competências vinculadas ao trabalho – à atividade
: “saber prestar serviços com
qualidade”; “ter conhecimentos técnicos (dominar as funções operacionais do
setor)”; “saber utilizar as novas tecnologias e equipamentos”; “saber utilizar as
ferramentas da comunicação e expressão”; “ter iniciativa”; e “saber trabalhar em
equipe”.
A partir da análise das pesquisas desenvolvidas por Trigo (2000), por Leiria
(2002), pela OMT (2002) e por Fornari (2006) foram formulados três quadros – sendo
65
um para cada recurso de competência (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes) – com
base na Figura 1 (página 43), proposta por Ruas (2001).
Com isso foi possível agrupar as competências encontradas na revisão teórica e
consideradas relevantes para o setor de serviços de uma maneira geral, e mais
especificamente para o segmento hoteleiro.
Os quadros elaborados – Quadro 3 (página 66), Quadro 4 (página 67) e Quadro
5 (página 67) - são utilizados na análise geral dos dados da pesquisa para identificar
quais competências são consideradas relevantes para o setor hoteleiro de João Pessoa
– PB, parte do objetivo geral da presente pesquisa. Para o alcance de tal objetivo, foi
estabelecida a Variável 3 referente às Competências Gerenciais.
Como pode ser observado, em cada um dos quadros apresentados, as
competências mencionadas pelos autores foram “condensadas”, já que algumas
competências são equivalentes ou idênticas, sofrendo variação apenas na forma como
são mencionadas pelos autores.
66
Quadro 3: Conhecimentos considerados relevantes de acordo com a revisão
teórica
CONHECIMENTOS GERAIS E TEÓRICOS
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Saber outras línguas e culturas
Saber estabelecer estratégias
Ter conhecimento teórico relacionado à área de Administração
Ter conhecimento sobre novas tecnologias
CONHECIMENTOS OPERACIONAIS
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter conhecimento técnico e operacional do setor onde trabalha
CONHECIMENTOS DO AMBIENTE
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter conhecimento sobre a legislação
Ter conhecimento sobre o mercado onde a empresa atua
Ter conhecimento sobre a concorrência
Ter conhecimento sobre o perfil dos clientes
Ter conhecimento sobre as inovações do setor
Fonte: Adaptado de TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006).
67
Quadro 4: Habilidades consideradas relevantes de acordo com a revisão teórica
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL ASSOCIADA
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Capacidade de assessoramento e informação
Saber atender às expectativas dos clientes
Saber trabalhar em equipe
Saber analisar e interpretar informações
Saber utilizar as novas tecnologias e equipamentos
Fonte: Adaptado de TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006).
Quadro 5: Atitudes consideradas relevantes de acordo com a revisão teórica
ATRIBUTOS PROFISSIONAIS (TÁCITOS)
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter postura profissional
Saber motivar as pessoas
Ser um bom líder
Saber se adaptar às situações vivenciadas no trabalho
Saber conquistar novos clientes
68
ATRIBUTOS PROFISSIONAIS (TÁCITOS) - CONTINUAÇÃO
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter cuidado com o aspecto exterior
Especializar-se na profissão com cursos
Ser empreendedor
ATRIBUTOS PESSOAIS
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Saber cultivar relacionamentos interpessoais
Agir com transparência, autenticidade e honestidade
Ter calma e paciência
Ser ético
Ser simpático
Ser criativo
Ser persistente e determinado
Ter equilíbrio emocional
Saber como se comunicar com clareza
69
ATRIBUTOS PESSOAIS - CONTINUAÇÃO
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ser (ou estar) motivado
Ter curiosidade
Ter credibilidade no mercado
Ter lealdade aos interesses da empresa
Ter responsabilidade social
Fonte: Adaptado de TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006).
Tais competências são também utilizadas como base para uma associação
dessas com as funções gerenciais dos cinco setores estudados na pesquisa proposta,
como poderá ser visualizado a seguir.
2.5. EQUIPE GERENCIAL DO SETOR HOTELEIRO: AS FUNÇÕES E
COMPETÊNCIAS DOS CINCO SETORES
Segundo a OMT (2003), alguns países orientam-se para o desenvolvimento de
padrões de qualificação baseados em habilidades multifuncionais (nesse caso, de
competências multifuncionais). As competências são consideradas multifuncionais
quando são comuns a diferentes ocupações, funções e setores empresariais (OMT,
2003). Os estudos de Trigo (2000), de Leiria (2002), da OMT (2002) e de Fornari (2006)
enumeram competências que são relevantes para o setor de serviços, ou para o setor
70
turístico mais especificamente, não fazendo distinções entre as diversas possibilidades
de cargos gerenciais encontrados nesses setores – como, por exemplo, entre um gestor
do segmento de hospedagem, e um do segmento de alimentação. Tais pesquisas,
portanto, consideram e enumeram competências multifuncionais.
Para que seja possível compreender melhor, as competências gerenciais dos
cinco departamentos estudados que compõem o setor hoteleiro, seqüencialmente são
abordadas, de maneira sucinta, suas principais funções, fazendo uma correspondência
dessas com as competências multifuncionais encontradas na revisão teórica (TRIGO,
2000; LEIRIA, 2002; OMT, 2002; FORNARI, 2006).
Como explicam Hayes e Ninemeier (2005), as funções dos gestores de um hotel
não sofrem grandes variações no tocante ao atendimento aos hóspedes de acordo com
o tamanho do estabelecimento – ou seja, as funções exercidas pelo gestor da
Recepção, por exemplo, seguem certos padrões de operacionalização que são
observáveis tanto em grandes, quanto em pequenos empreendimentos hoteleiros,
entretanto, quanto maior a quantidade de apartamentos (ou UH’s) em um hotel, maior é
a exigência de funcionários, e conseqüentemente, aumenta o número de gestores que
passam a trabalhar em funções mais especializadas.
Segundo Ismail (2004, p. 102-103), a maioria dos hotéis que prestam serviços
completos possui seis departamentos funcionais principais
1
: Hospedagem - onde estão
inseridas a Recepção e a Governança, dentre outros setores; Alimentos e Bebidas;
Controladoria; Recursos Humanos; Engenharia e Manutenção; e Vendas, Marketing e
Eventos.
1
Os setores que são estudados nesta pesquisa foram destacados em negrito.
71
Esse autor explica, entretanto, que não existe um critério único para todos os
hotéis, podendo haver algumas variações nos departamentos mencionados.
Geralmente, os setores de um estabelecimento hoteleiro costumam ser
classificados ou divididos de acordo com as funções neles desempenhadas. Esses
setores podem ser agrupados em dois conjuntos de departamentos mais abrangentes,
como salientam Hayes e Ninemeier (2005).
Os departamentos de linha de frente são aqueles que geralmente estão
envolvidos na frente de comando (ou front line), e cujos gerentes possuem grande
responsabilidade sobre as principais decisões tomadas no hotel, e que podem
influenciar o sucesso organizacional. Como exemplos podem ser citados: a Recepção,
a Governança, o setor de A&B e o setor de Eventos. E os departamentos de apoio são
aqueles responsáveis pela prestação de informações e por apoiarem as decisões dos
gerentes de linha de frente. Como exemplos podem ser mencionados: o setor de
Recursos Humanos e o de Contabilidade.
Iniciando o breve estudo sobre as funções gerenciais de cada um dos cinco
departamentos estudados, as principais atribuições do gestor da Recepção, de acordo
com o SEBRAE (2001, p. 28), são:
Responde à gerência geral ou à gerência de operações do hotel sobre a
execução dos serviços de seus colaboradores e o alcance de metas e objetivos
do seu departamento;
Garante a qualidade dos serviços, além da eficiência dos funcionários, dos
recursos e dos resultados financeiros;
72
Deve conhecer técnicas de recursos humanos, administração e ter condições de
orientar seus subordinados sobre os serviços prestados ao hóspede;
Supervisiona o trabalho dos recepcionistas, caixas, mensageiros, manobristas e
capitão-porteiro, além das “amenities” reservadas para o serviço VIP;
Realiza o bloqueio de apartamentos nas reservas individuais e em grupo;
Resolve situações imprevistas seja atribuindo apartamentos para clientes
especiais ou determinando mudanças;
Vistoria as unidades já reservadas antes da chegada dos hóspedes.
A partir da análise das funções enumeradas pelo SEBRAE (2001) para o gestor
da Recepção, torna-se possível evidenciar dentre as competências reunidas na revisão
teórica – ver Quadro 3 (página 66), Quadro 4 (página 67) e Quadro 5 (página 67) –
alguns recursos de competências com maior relação com as atribuições citadas, que
seriam:
Conhecimentos
:
o Conhecimentos Gerais e Teóricos
: “saber outras línguas e culturas”; “ter
conhecimento teórico relacionado à área de Administração” e “ter
conhecimento sobre novas tecnologias”.
o Conhecimentos Operacionais
: “ter conhecimento técnico e operacional do
setor onde trabalha”.
o Conhecimentos do Ambiente
: “ter conhecimento sobre o perfil dos
clientes”.
Habilidades
:
73
o Experiência Profissional Associada
: “capacidade de assessoramento e
informação”; “saber atender às expectativas dos clientes”; “saber trabalhar
em equipe” e “saber analisar e interpretar informações”.
Atitudes
:
o Atributos Profissionais (Tácitos): “saber motivar as pessoas”; “ser um bom
líder”; “saber se adaptar às situações vivenciadas no trabalho”; e “ter
cuidado com o aspecto exterior”.
o Atributos Pessoais
: “saber cultivar relacionamentos interpessoais”; “ter
calma e paciência”; “ser simpático” e “saber como se comunicar com
clareza”.
Já as atribuições e responsabilidades do gestor da Governança, que também
pertence ao departamento de Hospedagem, segundo Castelli (2001, p.207-214), são:
Conhecer minuciosamente as normas estabelecidas pela direção do hotel e, em
conseqüência, saber até onde vai sua autoridade e responsabilidade;
Saber delegar atribuições a seus subordinados;
Dirigir, controlar e supervisionar as atividades do pessoal nos andares e na
lavanderia;
Criar um bom ambiente de trabalho;
Preparar planos de trabalho e escala de revezamento do pessoal;
Cuidar dos uniformes e do asseio pessoal;
Atender as solicitações especiais dos hóspedes (repassadas pela Recepção);
74
Tomar os cuidados necessários para supervisionar a chegada, estada e saída
dos hóspedes VIPS ou de grupo;
Articular o trabalho relativamente à situação em que se encontram os
apartamentos: arrumados, sendo arrumados, bloqueados, etc;
Organizar e controlar a rouparia dos andares;
Realizar inventários de roupas;
Controlar e administrar o estoque e gasto dos produtos;
Supervisionar a arrumação dos apartamentos;
Inspecionar o estado dos apartamentos;
Resolver situações de emergência (exemplo: roubo de pertences dos hóspedes);
Providenciar reparos;
Saber tratar casos especiais (exemplo: incêndios);
Saber cuidar dos objetos esquecidos pelos hóspedes;
E supervisionar e controlar todo o processo de lavagem.
Fazendo uma correlação entre as funções gerenciais da Governança
mencionadas por Castelli (2001), com as competências agrupadas na revisão teórica, a
partir de Trigo (2000), de Leiria (2002), da OMT (2002) e de Fornari (2006) podem ser
destacados os seguintes recursos gerenciais considerados relevantes para esse setor:
Conhecimentos
:
o Conhecimentos Gerais e Teóricos: “ter conhecimento teórico relacionado
à área de Administração”.
75
o Conhecimentos Operacionais
: “ter conhecimento técnico e operacional do
setor onde trabalha” – sendo que a maior parte das funções enumeradas
por Castelli (2001) se “enquadra” nessa competência.
o Conhecimentos do Ambiente
: “ter conhecimento sobre a legislação” e “ter
conhecimento sobre o perfil dos clientes”.
Habilidades
:
o Experiência Profissional Associada
: “saber atender às expectativas dos
clientes” e “saber trabalhar em equipe”.
Atitudes
:
o Atributos Profissionais (Tácitos)
: “saber motivar as pessoas”; “ser um bom
líder”; “saber se adaptar às situações vivenciadas no trabalho” e “ter
cuidado com o aspecto exterior”.
o Atributos Pessoais
: “saber cultivar relacionamentos interpessoais”; “ter
calma e paciência”; “ser ético”; “ser simpático” e “ser criativo”.
Como explicam Hayes e Ninemeier (2005), as funções de um gestor de A&B no
segmento hoteleiro, são praticamente idênticas às utilizadas para gerenciar os mesmos
serviços em outros estabelecimentos, como bares e restaurantes, por exemplo.
Marques (2003, p. 228-229) afirma que são responsabilidades do gestor de A&B:
Quanto aos setores que supervisiona:
o É responsável por todo o processo de compras para o Restaurante e para
os estoques de comidas e bebidas;
76
o Responsabiliza-se pela qualidade do serviço e pela satisfação dos
clientes;
o Torna-se ainda o responsável final pela organização dos eventos, pela
mise-en-place do setor e a limpeza dos locais;
o É responsável pelo estoque de louças, talheres e cristais (limpeza,
estocagem, reposição), procurando otimizar o valor total das quebras de
materiais;
o É responsável pelo estoque das roupas de mesa e uniformes utilizados no
Restaurante e setores afins;
o É responsável pelo aprimoramento das normas de trabalho no seu setor;
o Controla os custos de pessoal da área sob seu comando;
o É responsável pelas estatísticas e documentos do setor (fichas técnicas,
mapas de controle, custos operacionais, etc).
No Restaurante, torna-se responsável por:
o Fundo de Caixa;
o Mapas de Caixa;
o Faturamento ao cliente: entrega dos valores recebidos diariamente,
identificação dos clientes com crédito autorizado e entrega das faturas a
crédito à Recepção;
o Arquivo no setor e entrega dos duplicados de comandas para controle à
Contabilidade;
o Manutenção, boa apresentação do setor e bom funcionamento dos
equipamentos que lhe estão confiados;
77
o Uma vez por ano, apresentar à Gerência Geral as suas necessidades e
previsões de investimentos, definindo prioridades;
o Acompanhar a evolução dos custos no seu setor, propondo alterações de
preços sempre que achar necessário, de forma a manter a rentabilidade e
competitividade no mercado.
Quanto aos serviços administrativos:
o Aplica as leis de trabalho, de higiene e segurança no seu setor;
o Mantém atualizados e afixados os preços (menus de Bar/ Restaurante,
etc), respeitando os regulamentos;
o É responsável pelo preenchimento e entrega de todos os documentos
administrativos relativos ao departamento, tais como: relatórios de
presença, borderôs de caixa, etc.
Quanto à organização departamental:
o Planeja o trabalho do setor: horários, folgas, férias, eventos, etc;
o Prevê com antecedência o número e tipo de pessoal necessário para
execução dos trabalhos;
o Realiza sessões de formação e estabelece o plano de treinamento para o
seu setor;
o Participa da seleção do seu pessoal e apresenta os candidatos ao gerente
geral, tomando com este a decisão final;
o Cuida do acolhimento e da integração de novos funcionários do setor;
o Promove reuniões de orientação com os seus funcionários, conforme a
freqüência exigida;
o Propõe à Gerência Geral prêmios ou advertências para sua equipe;
78
o Efetua regularmente reuniões de treinamento ou informação com o seu
pessoal, mantendo um espírito de diálogo;
o É responsável ainda pelo comportamento e apresentação do pessoal do
setor.
Quanto à promoção e vendas:
o Tem responsabilidade pelo acolhimento e satisfação dos clientes;
o Recebe as reclamações verbais, tratando daquelas que podem ter uma
solução imediata e transmitindo rapidamente à Gerência Geral aquelas
que mereçam análise mais detalhada;
o Informa a direção geral das sugestões e observações feitas pelos clientes;
o É responsável pela dinamização dos diferentes pontos de vendas;
o Utiliza sempre atitude profissional em relação às vendas e treina sua
equipe para agir de forma idêntica em todos os locais onde vendas sejam
realizadas.
Fazendo a mesma relação entre as funções gerenciais do setor de A&B citadas
por Marques (2003), com as competências agrupadas a partir da revisão teórica - como
foi realizado com os outros setores anteriormente - os seguintes recursos de
competências podem ser destacados como importantes para o gestor de A&B:
Conhecimentos
:
o Conhecimentos Gerais e Teóricos: “saber outras línguas e culturas”; e “ter
conhecimento teórico relacionado à área de Administração”.
79
o Conhecimentos Operacionais
: “ter conhecimento técnico e operacional do
setor onde trabalha” – esta competência reúne a maioria das funções
enumeradas por Marques (2003).
o Conhecimentos do Ambiente
: “ter conhecimento sobre a legislação”; “ter
conhecimento sobre o mercado onde a empresa atua”; “ter conhecimento
sobre o perfil dos clientes”; e “ter conhecimento sobre as inovações do
setor”.
Habilidades
:
o Experiência Profissional Associada: “saber atender às expectativas dos
clientes”; “saber trabalhar em equipe”; e “saber analisar e interpretar
informações”.
Atitudes
:
o Atributos Profissionais (Tácitos)
: “ter postura profissional”; “saber motivar
as pessoas”; “ser um bom líder”; “saber se adaptar às situações
vivenciadas no trabalho”; “saber conquistar novos clientes”; e “ter cuidado
com o aspecto exterior”.
o Atributos Pessoais
: “saber cultivar relacionamentos interpessoais”; “ter
calma e paciência”; “ser ético”; “ser simpático”; “ser criativo” e “saber como
se comunicar com clareza”.
Com relação ao gestor do setor de Eventos de um hotel, esse pode
simplesmente locar espaços para que outras empresas do ramo organizem e executem
os eventos, ou ainda, ele mesmo pode captar e organizar os eventos. Caso ocorra essa
segunda opção, Castelli (2001, p. 593-594) explica que o gestor deve ser responsável
80
pelas seguintes fases de um evento: planejamento, realização e avaliação. Tais etapas
são detalhadas a seguir:
Planejamento: após a definição da data de realização do evento, as seguintes
tarefas devem ser executadas:
o Preparação e expedição de correspondência;
o Confecção de peças artísticas e impressos;
o Remessa de circulares e cartas informativas;
o Recebimento e controle das inscrições;
o Confirmação e bloqueio das reservas no hotel;
o Definição da sistemática de trabalho a ser adotada durante o
desenvolvimento do evento;
o Contratação de espetáculos e serviços artísticos;
o Providenciar: os materiais para os participantes; as montagens e as
instalações; equipamentos diversos para sinalização; decoração; serviços
de apoio logístico; de vigilância e segurança; de transporte; de tradução
simultânea; exposições e estantes; programação social; divulgação e
quadro de pessoal.
Realização: as tarefas mais significativas durante a realização dos eventos são:
o Coordenar os serviços de secretaria;
o Controlar o material de secretaria;
o Fiscalizar: os serviços de recepção; a sala de imprensa; as salas para as
comissões técnicas; o serviço de tradução simultânea; os equipamentos
audiovisuais; o apoio logístico; e o serviço de apoio externo.
81
Avaliação: uma vez concluído o evento, cabe ao gestor ainda:
o Realizar vários trabalhos complementares relativos a: serviços de
secretaria e divulgação pós-evento; desmontagens; reconstruções; e
serviços burocráticos;
o E captar e registrar a satisfação do cliente.
A partir da correlação entre as funções gerenciais do setor de Eventos
enumeradas por Castelli (2001), e as competências reunidas através da revisão teórica
(TRIGO, 2000; LEIRIA, 2002; OMT, 2002; FORNARI, 2006), os seguintes recursos de
competências podem ser destacados:
Conhecimentos
:
o Conhecimentos Gerais e Teóricos
: “saber outras línguas e culturas”;
“saber estabelecer estratégias”; e “ter conhecimento sobre novas
tecnologias”.
o Conhecimentos Operacionais
: “ter conhecimento técnico e operacional do
setor onde trabalha” – esta competência também agrupa a maioria das
funções enumeradas por Castelli (2001) para o gestor do setor de
eventos.
o Conhecimentos do Ambiente
: “ter conhecimento sobre o perfil dos
clientes”; e “ter conhecimento sobre as inovações do setor”.
Habilidades
:
82
o Experiência Profissional Associada
: “capacidade de assessoramento e
informação”; “saber atender às expectativas dos clientes”; “saber trabalhar
em equipe”; e “saber utilizar as novas tecnologias e equipamentos”.
Atitudes
:
o Atributos Profissionais (Tácitos): “ser um bom líder”; “saber conquistar
novos clientes”; e “ter cuidado com o aspecto exterior”.
o Atributos Pessoais
: “saber cultivar relacionamentos interpessoais”; “ser
simpático”; “ser criativo”; “saber como se comunicar com clareza”; e “ter
credibilidade no mercado”.
Por fim, o último setor analisado é o Departamento de RH que também possui
funções gerenciais que são comuns às várias empresas onde pode ser encontrado.
Entre suas tarefas centrais estão: o planejamento e a administração de um programa
de RH que inclui recrutamento, seleção, avaliação, promoção e outras mudanças de
status dos funcionários (ISMAIL, 2004). Além de tais funções gerais, o gestor de RH
possui as seguintes atividades específicas, segundo Hayes e Ninemeier (2005, p. 77):
Participa do planejamento geral e da criação de políticas para obtenção de
serviços de RH eficazes;
Comunica as políticas aplicáveis a todos os níveis da organização por meio de
boletins, reuniões e contato pessoal;
Entrevista candidatos, avalia qualificações e classifica pedidos de emprego;
Recruta e filtra os candidatos para a ocupação de vagas;
Revê as solicitações de emprego das pessoas qualificadas;
83
Reúne-se com os gerentes e supervisores das áreas para tratar de questões
relativas a pessoal, incluindo rebaixamentos e as demissões de funcionários
efetivos;
Desenvolve e fornece atividades de orientação e treinamento e coordena essas
atividades com gerentes de todas as áreas;
Estabelece e mantém um sistema de avaliação de desempenho eficaz e fornece
assistência aos supervisores das áreas na realização de avaliações dos
funcionários;
Mantém os arquivos pessoais dos funcionários;
Supervisiona os funcionários da equipe na área de RH diretamente e por meio
de subordinados;
Realiza as tarefas relacionadas e empreende os projetos especiais de RH que
lhe forem designados.
Efetivando a mesma correlação - já realizada com os demais setores - entre as
funções e competências gerenciais, verifica-se que os seguintes recursos de
competências merecem destaque, no caso do gestor de RH:
Conhecimentos
:
o Conhecimentos Gerais e Teóricos: “saber estabelecer estratégias”; e “ter
conhecimento teórico sobre novas tecnologias”.
o Conhecimentos Operacionais
: “ter conhecimento técnico e operacional do
setor onde trabalha”.
o Conhecimentos do Ambiente
: “ter conhecimento sobre a legislação”.
84
Habilidades
:
o Experiência Profissional Associada
: “saber trabalhar em equipe”; e “saber
analisar e interpretar informações”.
Atitudes
:
o Atributos Profissionais (Tácitos): “saber motivar as pessoas”; e “ser um
bom líder”.
o Atributos Pessoais
: “saber cultivar relacionamentos interpessoais”; “agir
com transparência, autenticidade e honestidade”; “ser ético”; “saber como
se comunicar com clareza”; e “ter lealdade aos interesses da empresa”.
A partir da avaliação das funções de cada cargo gerencial descrito, constatou-se
que existe uma evidente ligação das mesmas com as competências reunidas a partir da
revisão teórica – ver Quadro 3 (página 66), Quadro 4 (página 67) e Quadro 5 (página
67).
Vale salientar ainda, que a relação estabelecida entre as funções e
competências gerenciais foi feita considerando os principais recursos de competências
que possuíam uma ligação mais evidente com as funções gerenciais mencionadas
pelos autores estudados (SEBRAE, 2001; CASTELLI, 2001; MARQUES, 2003; HAYES
e NINEMEIER, 2005). Isso não significa que as competências omitidas sejam menos
importantes para cada um dos cargos gerenciais analisados.
Além disso, foi possível verificar que cada departamento possui uma
multiplicidade de responsabilidades e de deveres, e todos eles dependem uns dos
outros para o fornecimento de um serviço de qualidade para o consumidor final.
85
Percebe-se, portanto, que a abordagem proposta pela OMT (2003) sobre a
possibilidade de desenvolvimento de competências multifuncionais mostra-se adequada
para a análise das competências gerenciais nesta pesquisa - já que a maioria dos
recursos de competências aparece como relevante para mais de um cargo gerencial do
setor hoteleiro abordado por este estudo. Sendo assim, as competências gerenciais
reunidas a partir da revisão teórica são adotadas mais adiante para a análise da
Variável 3, e para o alcance dos objetivos propostos.
Seqüencialmente, os procedimentos metodológicos para a realização da
pesquisa de campo são detalhados.
86
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Além da revisão bibliográfica apresentada, para que fosse possível um maior
levantamento de informações sobre os assuntos relacionados ao estudo proposto, uma
pesquisa de campo foi realizada com o intuito de avaliar as experiências e vivências de
um determinado contexto social específico, verificando a aplicação da teoria à realidade
(MICHEL, 2005). Os procedimentos metodológicos utilizados são detalhados a seguir.
3.1. MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO: PESQUISA QUANTI-QUALITATIVA
Como visto na fundamentação teórica, Oderich (2005) ressalta que existem
diferenças enormes entre as organizações, considerando os seguintes aspectos: sua
localização, seu ramo de atuação, as condições mercadológicas a que são submetidas
e outros fatores intervenientes - como o ambiente social, cultural e político no qual
estão inseridas. Estas diferenças exigem a criação de categorias de competências
gerenciais distintas, e para que seja possível conhecê-las, optou-se por uma pesquisa
de enfoque quanti-qualitativo, que permite uma maior interpretação e contextualização
do tema estudado.
Vergara (2005, p. 257) esclarece que as pesquisas classificadas como
qualitativas “contemplam a subjetividade, a descoberta, a valorização da visão de
87
mundo dos sujeitos”; suas amostras são geralmente intencionais - por tipicidade ou por
acessibilidade; os dados são coletados através de técnicas pouco estruturadas; sua
análise é predominantemente de cunho interpretativo; e os resultados obtidos
geralmente não podem ser generalizados, sendo condizentes apenas com a realidade
observada.
Dellagnelo e Silva (2005) salientam que, no Brasil, vem aumentando entre os
pesquisadores da Administração a utilização da abordagem qualitativa para o
desenvolvimento de estudos organizacionais. Entretanto, para que tais pesquisas
alcancem alguma credibilidade acadêmica, torna-se essencial, a observação de
procedimentos metodológicos estruturados.
Segundo Gomes e Araújo (2005), muitos estudos organizacionais utilizam-se de
procedimentos metodológicos estritamente quantitativos. Entretanto, com o intuito de
preencher as lacunas verificadas nas pesquisas quantitativas, cada vez mais, os
métodos qualitativos vêm ganhando espaço nas ciências sociais. Como complementam
tais autores, a união dessas duas abordagens vem sendo proposta como uma solução
para os problemas encontrados quando apenas uma delas é utilizada.
Como Dencker (1998) explica, a maioria das pesquisas qualitativas tem como
objetivo o preenchimento de lacunas no conhecimento teórico já existente. São,
portanto, indicadas para situações onde a teoria não é suficiente para a solução de
problemas, sendo necessária, a realização de uma pesquisa de campo. Por sua vez, a
utilização de métodos quantitativos, associados à abordagem qualitativa, pode auxiliar
em uma melhor interpretação dos dados encontrados em campo. Como explicam
Richardson et al. (1999, p. 70), “o método quantitativo representa, em princípio, a
intenção de garantir a precisão dos resultados, evitar distorções de análise e
88
interpretação, possibilitando, conseqüentemente, uma margem de segurança quanto às
inferências”.
É mister esclarecer que, na presente pesquisa, a utilização do método
quantitativo restringiu-se à análise da Variável 1 (apresentada adiante), cujos dados
coletados foram tratados através de uma técnica estatística simples, através do
estabelecimento de percentuais.
Além de obedecer a uma abordagem quanti-qualitativa, a pesquisa proposta
pode ser caracterizada, com relação a sua modalidade, como exploratória, já que
procura levantar informações sobre um assunto pouco conhecido, dando subsídios para
estudos futuros mais aprofundados (RICHARDSON et al., 1999). Pode ser classificada
também como descritiva, pois se propõe a descrever fatos ou fenômenos em sua
natureza e características, buscando observar, registrar e estabelecer relações entre
variáveis (MICHEL, 2005; DENCKER, 1998).
De acordo com Godoy (1995) existem pelo menos três diferentes possibilidades
oferecidas pela abordagem qualitativa: 1) a pesquisa documental; 2) o estudo de caso;
e 3) a etnografia. Apenas a segunda possibilidade foi adotada nesta pesquisa, sendo
que ao invés de analisar um único caso, foram estudadas três empresas do mesmo
ramo de atuação (selecionadas a partir de critérios pré-estabelecidos mostrados
adiante), caracterizando-se, portanto, como estudo de casos múltiplos. Como esclarece
Dencker (1998, p. 155), “o objeto do estudo de caso, por sua vez, pode ser um
indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou até mesmo
uma situação”.
Godoy (1995) explica ainda que, o método de estudo de caso visa ao exame
detalhado de um ambiente, de um sujeito, ou de uma situação em particular, sendo
89
adotado geralmente quando os fenômenos analisados são atuais, e só fazem sentido
dentro de um contexto específico.
Conforme esclarece Dencker (1998), algumas etapas devem ser cumpridas para
o desenvolvimento de uma pesquisa do tipo qualitativa. Tais etapas seriam:
Negociação para obter acesso ao campo
: essa fase foi realizada antes da
construção e definição dos procedimentos metodológicos adotados e do
instrumento de pesquisa a ser aplicado - ou seja, antes da elaboração do projeto
de pesquisa. Entretanto, diversas alterações tiveram que ser efetivadas – nos
procedimentos metodológicos, no tipo de instrumento de pesquisa, e nos
próprios objetivos pretendidos - devido a dificuldades impostas pelos gestores
das organizações estudadas, durante a realização da pesquisa de campo. Tais
dificuldades são relatadas ao longo do texto.
Período exploratório
: fase de imersão no problema de pesquisa. Tal etapa foi
composta, principalmente, pela construção da fundamentação teórica, que deu
subsídios para a posterior análise dos resultados obtidos na pesquisa de campo.
E investigação focalizada
: refere-se à coleta sistemática dos dados da pesquisa.
Os procedimentos seguidos para a realização dessa etapa, são detalhados a
seguir.
3.2. UNIVERSO DE PESQUISA, AMOSTRA E DELIMITAÇÃO GEOGRÁFICA
A estrutura básica do setor turístico é composta pelos seguintes segmentos:
“Alojamento”, “Alimentação”, “Agências de Viagens”, “Atividades Recreativas”, “Aluguel
de Automóveis”, “Transportes Rodoviários” e “Transportes Aéreos” (SENAC
NACIONAL, 2002). O setor de alojamento, estando diretamente relacionado à
90
necessidade de deslocamento e acomodação das pessoas, pode ser destacado como
um dos subsistemas mais importantes e representativos da economia turística (BENI,
2003; CASTELLI, 1992; COOPER et al., 2001; OMT, 2003), sendo por esta razão
escolhido para a realização do referido estudo.
De acordo com pesquisa intitulada “Meios de Hospedagem: Estrutura de
Consumo e Impactos na Economia” (FIPE, MTUR, EMBRATUR e SEBRAE, 2006, p.
7)
2
, foram registradas 229 empresas pertencentes ao setor hoteleiro no Estado da
Paraíba, em 2002. Dentre estas empresas: 206 possuíam até 19 funcionários; 18
empresas tinham de 20 a 49 funcionários; três possuíam de 50 a 99 funcionários; e
apenas duas organizações tinham 100 ou mais funcionários.
No Brasil, de acordo com a classificação oficial proposta pelo SEBRAE (2003),
as organizações do setor de serviços que possuem até nove funcionários são
consideradas micro-empresas; as que possuem de 10 a 49 empregados, são
consideradas empresas de pequeno porte; as que possuem de 50 a 199 funcionários,
são consideradas de médio porte; e as organizações com 200 ou mais colaboradores
são consideradas de grande porte – ver o Quadro 6 (página 90).
Quadro 6: Classificação do porte das empresas segundo o número de
empregados
Porte da Empresa Setor de Serviços
Micro Até 09 empregados
Pequena Até 49 empregados
Média Até 199 empregados
Grande Acima de 200 empregados
Fonte: SEBRAE (2003).
2
Verificar que o ano de publicação da referida pesquisa foi 2006, apesar dos dados serem de 2002.
91
Para a realização da pesquisa, foram adotados os seguintes quesitos para a
delimitação do universo estudado:
Empresas consideradas de médio ou grande porte: ou seja, que possuem
mais de 50 pessoas em seu quadro de funcionários (ver Quadro 6 – página 90).
Tal critério foi adotado com o objetivo de selecionar as organizações que
possuem uma divisão mais definida de funções em seu organograma, e para
que fosse possível encontrar os cinco setores que foram pesquisados:
Departamento de RH; Recepção; Governança; Eventos; e Alimentos & Bebidas.
Organizações do setor de hospedagem localizadas no município de João
Pessoa - PB.
Sendo assim, verificou-se que na Paraíba existem três empresas que possuem
de 50 a 99 funcionários, e duas organizações com 100 ou mais funcionários. Portanto,
existem apenas cinco empresas do segmento de hospedagem no Estado paraibano
que podem ser consideradas de médio ou grande porte. Dentre essas cinco empresas,
três encontram-se localizadas em João Pessoa.
Os cinco setores definidos acima são geralmente encontrados nos
organogramas das empresas hoteleiras de médio ou grande porte, e a escolha desses
levou em consideração: o fato de possuírem um maior número de funcionários em sua
composição; e por lidarem direta ou indiretamente com a prestação de serviços
essenciais aos clientes, sendo seus gestores responsáveis pelo controle da qualidade
do “produto” final oferecido. No caso do Departamento de RH (nomenclatura utilizada
nas empresas em questão), apesar de não ter um contato direto com os clientes, sua
92
participação na pesquisa foi considerada essencial por estar relacionado com as
práticas de gestão de pessoas dentro das organizações.
O número reduzido de organizações participantes da pesquisa se justifica pela
inexistência de uma quantidade maior de empresas na cidade de João Pessoa, que
sejam consideradas de médio ou grande porte. Como mencionado anteriormente, tal
critério estabelecido atende ao propósito de trabalhar com organizações que possuam
em sua estrutura ou organograma, os cinco setores estudados.
Dessa forma, o universo de pesquisa é composto pelos funcionários das três
organizações - que se enquadraram nos critérios estabelecidos - que estavam
exercendo, no momento de realização da pesquisa de campo, a função de gestores dos
cinco setores previamente definidos. A princípio, portanto, o universo seria composto
por 15 gestores, sendo cinco de cada empresa. Entretanto, durante a coleta de dados,
o cargo de gestor do setor de Governança de uma das empresas (Empresa A)
encontrava-se vago. O motivo foi esclarecido pelo gestor de RH do hotel, que informou
que a referida empresa está passando por um processo de “arrendamento”, ficando a
critério dos novos proprietários, a futura contratação de um funcionário para a ocupação
do cargo mencionado. Sendo assim, a amostra - representativa do universo
selecionado - ficou composta por um total de 14 gestores.
Portanto, de acordo com classificação proposta por Richardson et al. (1999, p.
161), trata-se de uma amostra do tipo não-probabilística - intencional ou de seleção
racional, como esclarecido a seguir:
Os elementos que formam a amostra relacionam-se intencionalmente de acordo
com certas características estabelecidas no plano e nas hipóteses formuladas
pelo pesquisador. Se o plano possuir características que definam a população,
93
é necessário assegurar a presença do sujeito-tipo. Desse modo, a amostra
intencional apresenta-se como representativa do universo. Entende-se por
sujeitos-tipos aqueles que representam as características típicas de todos os
integrantes que pertencem a cada uma das partes da população.
O tipo de amostra escolhido é considerado o mais apropriado para estudos
exploratórios, que objetivem a geração de teorias ou uma compreensão mais ampla e
qualitativa do processo social analisado (GUMMESSON, 1991).
A seguir são detalhados outros aspectos referentes à pesquisa de campo.
3.3. INSTRUMENTO DE PESQUISA, COLETA E ANÁLISE DOS DADOS
Inicialmente, o instrumento de pesquisa elaborado para a coleta de dados foi
uma entrevista do tipo semi-estruturada (apresentada no projeto de dissertação),
entretanto, algumas dificuldades foram impostas pelos gestores de Recursos Humanos
das três empresas à realização das entrevistas pela pesquisadora. Em uma das
empresas, as entrevistas foram proibidas sem justificativa. E nas demais, a falta de
tempo disponível por parte dos gestores para a participação nas entrevistas dificultou a
utilização desse tipo de instrumento de coleta de dados.
Para que a pesquisa de campo fosse realizada, optou-se pela utilização de
questionários já estruturados e baseados nos principais temas estudados
(apresentados a seguir). Os questionários (ver Apêndice A – página 194) foram
impressos e entregues aos gestores, o que exigiu uma breve explicação em seu início,
contendo os objetivos da pesquisa e um agradecimento pela colaboração dos
participantes. Em cada questão houve uma preocupação em dar instruções detalhadas
para seu preenchimento, inclusive contendo esclarecimentos resumidos sobre
94
conceitos abordados na pesquisa (como conhecimentos, habilidades e atitudes, por
exemplo).
Antes da entrega dos questionários aos gestores de cada setor, o instrumento foi
lido e revisado pela pesquisadora, juntamente com cada um dos três gestores de RH,
para verificar se as questões estavam formuladas de maneira clara. Após algumas
alterações finais, os questionários foram entregues a cada gestor-participante.
Como afirma Dencker (1998), o questionário busca obter informações sobre as
variáveis investigadas em uma amostra pré-estabelecida, a partir de perguntas
elaboradas de maneira sistemática e ordenada. As questões foram elaboradas com
base nas quatro variáveis estudadas (apresentadas adiante). Vários tipos de perguntas
foram utilizados, como mostrado a seguir:
Perguntas Fechadas: são perguntas com alternativas fixas, utilizadas no início
do questionário para a formação de um perfil profissional dos participantes;
Perguntas Abertas: oferecem aos entrevistados uma maior liberdade de
expressar suas opiniões. Esse tipo de pergunta foi o mais utilizado no
questionário, já que se trata de uma pesquisa qualitativa que buscou valorizar as
percepções dos respondentes sobre os temas abordados;
Perguntas Encadeadas: quando a resposta a uma questão depende do que foi
respondido em uma pergunta anterior à mesma. Esse tipo de pergunta permitiu
um maior aprofundamento das informações coletadas;
E Pergunta com Ordem de Preferência: que solicita ao respondente a
enumeração dos itens citados por ordem de importância, de acordo com sua
95
percepção. Tal tipo de pergunta foi utilizado na última questão, referente às
principais formas de aprendizagem individual.
Para a análise dos dados coletados, foi adotada a técnica de análise de
conteúdo por temas (ou análise temática), que “consiste em isolar temas de um texto e
extrair as partes utilizáveis, de acordo com o problema pesquisado, para permitir sua
comparação com outros textos escolhidos da mesma maneira” (RICHARDSON et al.,
1999, p. 243). A análise temática é uma das possibilidades da técnica de análise de
conteúdo, que de acordo com Bardin (1977, p. 42) pode ser definida como:
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/ recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens.
Para Dellagnelo e Silva (2005) existem diversas definições para a análise de
conteúdo, predominando por vezes uma perspectiva quantitativa, e em outras uma
visão qualitativa. A definição apresentada por Bardin (1977) foi adotada para esta
pesquisa por ser uma das mais conhecidas e utilizadas nos estudos organizacionais, e
por se apoiar em uma busca de significados que vai além das mensagens concretas e
explicitadas nos textos escritos coletados. Para a aplicação dessa técnica buscou-se
manter uma perspectiva qualitativa, já que, no caso estudado, considera-se que uma
abordagem puramente quantitativa não traria grandes significados para uma pesquisa
do tipo social (DELLAGNELO e SILVA, 2005).
96
Nesta pesquisa a análise de conteúdo seguiu as orientações de Bardin (1977),
Dellagnelo e Silva (2005) e Richardson et. al. (1999), e as etapas desse processo
podem ser divididas em:
Pré-análise:
Nesse momento se procede a uma leitura geral do material coletado (textos
escritos pelos respondentes). Como explicam Dellagnelo e Silva (2005) tal etapa
consiste em uma organização do material, onde o pesquisador deve se deixar “invadir
por impressões e orientações” iniciais. Na referida fase, o material coletado na pesquisa
foi organizado e separado por empresas, e posteriormente, os mesmos foram reunidos
para uma análise geral. Foram elaborados quadros por questão para uma análise mais
detalhada de cada tema analisado, dentro de cada uma das variáveis (ou categorias) -
ver quadros no Apêndice B (página 199) para melhor esclarecimento.
Exploração ou Análise do material:
Etapa considerada fundamental para a pesquisa, já que as possibilidades de
inferências e interpretações dependem muito do que for realizado pelo pesquisador
nesse momento. É nessa fase que o conteúdo do material é codificado. A organização
da codificação inclui três etapas essenciais: a determinação das unidades de registro; a
escolha das regras de numeração; e a definição das categorias de análise
(RICHARDSON et. al., 1999).
A unidade de registro ou contexto pode ser: a palavra, o tema (unidade de
registro adotada para esta pesquisa), o objeto ou referente, o personagem, o
documento ou item (BARDIN, 1977).
A análise por temas tem sido bastante utilizada nas pesquisas organizacionais,
tanto para o estudo de motivações, opiniões, atitudes e crenças; quanto para a análise
97
das respostas a perguntas abertas em um questionário (DELLAGNELO e SILVA, 2005;
RICHARDSON et. al., 1999) - sendo assim, ideal para o propósito de tal trabalho.
Após a escolha da unidade de registro, procede-se geralmente à quantificação
ou enumeração, que consiste na identificação da quantidade de vezes que tal unidade
aparece em um texto. Essa etapa é mais comum em pesquisas quantitativas, mas no
presente estudo foi adotada apenas para a análise da Variável 1 - referente ao “Perfil
de Formação Profissional” dos gestores-participantes.
Por se tratar de uma pesquisa qualitativa, optou-se para a análise das demais
variáveis pela identificação da intensidade com que as unidades são mencionadas no
texto. Isso foi feito a partir: da análise dos tempos verbais utilizados para expressar as
opiniões escritas (futuro, condicional, imperativo, etc); e da identificação dos itens
presentes ou ausentes no texto analisado - tomando como referencial para isso, as
informações apresentadas e desenvolvidas na fundamentação teórica.
Considerou-se ainda, para a análise das respostas coletadas, a direção das
opiniões expressas (favorável, desfavorável ou neutra). Para finalizar a etapa de
codificação, procedeu-se a categorização ou classificação do conteúdo dos dados.
As categorias referem-se às variáveis estudadas (descritas adiante). Essas
foram estabelecidas antes da realização da pesquisa de campo - o que Vergara (2005)
chama de Grade Fechada de Análise – e sua definição e correlação com o assunto
pesquisado encontra-se mais detalhada ao longo da própria fundamentação teórica.
Interpretação:
Essa última fase consiste no momento de maior reflexão, o que permite a
interpretação dos dados coletados. Com base na fundamentação teórica desenvolvida,
o pesquisador deve buscar: estabelecer relações; verificar possíveis contradições; e
98
compreender o fenômeno estudado (DELLAGNELO e SILVA, 2005). Para Patton (1990,
p. 383), a “interpretação envolve explicar os achados, responder questões, anexar
significância a resultados particulares e colocar padrões num quadro analítico”. Tal
momento da análise depende muito do pesquisador, de sua capacidade de julgamento,
de sua criatividade, e, sobretudo, de seu conhecimento teórico sobre o assunto
estudado.
As variáveis selecionadas para a fase de categorização foram definidas com
base nos objetivos da pesquisa e na revisão teórica realizada (ver Modelo Analítico de
Pesquisa – página 106). As variáveis são descritas a seguir:
VARIÁVEL 1: Perfil de Formação Profissional
A Variável 1 refere-se ao “Perfil de Formação Profissional” dos gestores-
participantes, e corresponde ao primeiro objetivo específico da pesquisa, que tem o
intuito de levantar informações importantes sobre os respondentes, incluindo
indicadores como: setor de trabalho; faixa etária; gênero; grau de instrução (nível de
escolaridade e área de formação); tempo de experiência no setor hoteleiro; tempo de
exercício da função de gestor; e conhecimento de línguas estrangeiras. Para
operacionalização de tal variável, foram formuladas sete questões (sendo três
fechadas, três abertas, e uma mista) correspondentes a cada uma das informações que
se pretende levantar.
A partir dessa variável torna-se possível conhecer o perfil pessoal de cada
participante, e algumas ações de formação profissional que os mesmos já efetivaram ou
vêm realizando (como cursos de graduação e de língua estrangeira, por exemplo), e
99
que repercutem no desenvolvimento de recursos de competências que podem melhorar
seu desempenho na função gerencial que exercem.
De acordo com Fleury e Fleury (2001) – ver Quadro 1 (página 54) – as
competências podem ser desenvolvidas através da educação formal, da experiência
profissional e da experiência social do indivíduo. Considerou-se, portanto, para a
definição da Variável 1, que a partir da análise do perfil de formação profissional dos
gestores participantes da pesquisa, seria possível conhecer o somatório de suas
vivências pessoais, sociais e profissionais, através dos indicadores supramencionados.
VARIÁVEL 2: Cursos e Treinamentos para o Desenvolvimento Gerencial
O estudo da Variável 2, intitulada “Cursos e Treinamentos para o
Desenvolvimento Gerencial”, permitirá conhecer alguns indicadores como: os cursos
oferecidos pelas empresas para as funções gerenciais analisadas; dentre tais cursos
identificar aqueles cujos gestores tiveram a oportunidade de participar; as contribuições
desses cursos para o desenvolvimento de competências segundo a percepção dos
gestores; e ainda, os cursos ou ações empreendidas pelos participantes para seu
autodesenvolvimento. Para a operacionalização dessa variável foram formuladas quatro
questões abertas, sendo cada uma delas referente a um dos indicadores mencionados.
VARIÁVEL 3: Competências Gerenciais
A Variável 3 é composta pelos temas referentes aos “recursos de competências”
– ou seja, conhecimentos, habilidades, e atitudes - considerados mais importantes na
opinião dos gestores para o exercício de sua função no setor a que pertence. Para a
operacionalização de tal variável foram formuladas três questões abertas, cada uma
abordando um dos recursos citados.
100
VARIÁVEL 4: Aquisição e Desenvolvimento de Competências Gerenciais
Considerando as premissas que orientam a aprendizagem de indivíduos adultos,
ou da chamada andragogia (PACHECO et al., 2006) – detalhadas na fundamentação
teórica - um dos objetivos específicos estabelecidos na dissertação consiste em
verificar dentre as competências gerenciais consideradas relevantes, aquelas que os
sujeitos da pesquisa gostariam de possuir, desenvolver ou aprimorar, e quais as formas
de aprendizagem consideradas mais importantes pelos mesmos para o alcance desse
propósito.
Para a operacionalização da Variável 4, intitulada “Aquisição e Desenvolvimento
de Competências Gerenciais”, foram elaboradas três questões abertas, e uma pergunta
com ordem de preferência, que são detalhadas a seguir:
o “Competências que o gestor não possui e sente necessidade de
desenvolver”: considerando as premissas de que os indivíduos sabem da
sua “necessidade de conhecer” e possuem um “autoconceito”;
o “Contribuições dos cursos para a função gerencial”: identificando as
competências em desenvolvimento no setor hoteleiro, a partir das
contribuições dos cursos oferecidos pelas empresas e buscados pelos
gestores; e levando em consideração as premissas de que os indivíduos
possuem “orientação para a aprendizagem” e “experiência”;
o E as “formas de aprendizagem para o desenvolvimento de competências”:
objetivando identificar dentre diversos meios de aprendizagem (formais e
informais), quais os gestores consideram mais relevantes para o
desenvolvimento de competências. Considerando as premissas de que os
adultos possuem “prontidão para aprender” e “motivação”, optou-se por
101
listar dez formas de aprendizagem – com base em Marras (2000) e
Antonello (2004a) - para que os respondentes atribuíssem um grau de
importância decrescente para as opções que consideram mais relevantes
para o seu próprio aprendizado, e conseqüente desenvolvimento de
competências. As formas de aprendizagem listadas foram:
Na prática diária da profissão;
Através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas;
Através de outros meios de comunicação: como TV, rádio, Internet;
No convívio social com amigos, familiares, e com a sociedade, de
um modo geral;
Através de viagens de estudo e observação de outras culturas;
No convívio com seus superiores e/ ou outros gestores;
No convívio com os colegas de trabalho do seu setor e/ ou
subordinados;
Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa por conta
própria;
Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa e que são
proporcionados pela empresa;
Através de palestras, congressos e/ ou outros eventos de que
participa.
Nessa última questão solicitou-se aos gestores que enumerassem as formas de
aprendizagem por ordem decrescente de importância - sendo o número 1
102
correspondente à forma de aprendizagem mais importante, e o número 10,
referendo-se a menos importante.
Para que fosse possível estabelecer tal ordem de importância, utilizou-se um
método de cálculo simples: após a soma dos números atribuídos pelos respondentes
em cada item listado, aqueles cujo resultado da soma foi menor, correspondem aos
considerados mais importantes. Em caso de empate no resultado da soma, foram
considerados mais importantes aqueles com mais números menores.
Exemplificando este critério, a forma de aprendizagem mais importante na
opinião unânime do grupo foi: “Na prática diária da profissão”. Tal item foi enumerado
por todos com o número 1 – correspondente ao item mais importante – obtendo como
resultado da soma o número 4.
As identidades das empresas e dos participantes da pesquisa foram
resguardadas como forma de aumentar a confiabilidade das informações coletadas, e
de acordo com solicitação realizada pelos gestores de RH - que autorizaram a
aplicação dos questionários, apenas sob tais condições. Sendo assim, durante a
análise dos dados, as respostas dos gestores entrevistados foram separadas de acordo
com os setores a que pertencem, e as empresas foram nomeadas como: “Empresa A”,
“Empresa B” e “Empresa C”.
Ao final do presente capítulo é apresentado o Modelo Analítico de Pesquisa (ver
Figura 3 – página 106) que orientou a definição das variáveis estudadas e,
conseqüentemente, o tratamento e a análise dos dados coletados para o alcance dos
objetivos propostos.
103
3.4. DELIMITAÇÃO DA PESQUISA
Inicialmente é importante esclarecer que, como o presente trabalho objetiva
estudar as competências no nível gerencial (ou individual), não são focalizadas as
competências organizacionais, nem tampouco, as competências funcionais (ou de
grupo) – mesmo reconhecendo a importância e a necessidade de haver um
alinhamento estratégico entre as mesmas para o sucesso organizacional.
Da mesma forma, com relação ao processo de aprendizagem, focalizou-se na
parte teórica da pesquisa, a aprendizagem que ocorre no nível individual, não sendo,
portanto, objeto de estudo deste trabalho, a aprendizagem que ocorre no nível
organizacional ou no nível grupal. Vale esclarecer ainda que a pesquisa de campo
realizada não teve como intuito medir o grau de aprendizagem dos gestores
participantes, limitando-se apenas a conhecer as formas de aprendizagem
consideradas mais relevantes para o desenvolvimento de competências, de acordo com
a percepção dos respondentes.
Sobre o tema desenvolvimento de competências, por sua vez, buscou-se
analisar as práticas organizacionais adotadas para o desenvolvimento dos gestores
(como cursos e/ ou treinamentos oferecidos pelas empresas), bem como, as ações
empreendidas por esses para um autodesenvolvimento.
Além disto, a pesquisa de campo foi direcionada apenas aos gestores de cinco
setores, de cada uma das três empresas estudadas, que são: o Departamento de
Recursos Humanos; a Recepção; a Governança; o setor de Alimentos e Bebidas (A&B);
e o de Eventos.
104
Tais departamentos foram selecionados considerando sua relevância para o
setor hoteleiro; por exercerem atividades relacionadas direta ou indiretamente com a
prestação de serviços; e/ ou por possuírem um maior número de funcionários em sua
composição. Sendo assim, tal estudo dedica-se apenas aos departamentos citados,
não abordando os demais setores geralmente existentes em uma empresa hoteleira -
que se dedicam às funções de: Contabilidade; Segurança; Portaria; Almoxarifado;
Promoção e Vendas; dentre outros (CASTELLI, 1992; MARQUES, 2003).
Antes de iniciar a análise dos dados coletados, é interessante esclarecer que, no
início da pesquisa de campo existia a intenção de aplicar também a análise documental
como um método de estudo. Por tal motivo, alguns documentos foram solicitados às
empresas estudadas - como forma de ampliar algumas informações interessantes para
o alcance dos objetivos estabelecidos no presente trabalho – a saber:
O organograma da empresa: objetivando verificar a estrutura da organização e a
forma como os departamentos analisados encontram-se distribuídos;
A descrição dos cargos gerenciais estudados: com o intuito de ampliar as
informações com relação às funções e competências gerenciais relacionadas a
cada departamento;
E a lista de cursos e treinamentos (oferecidos pelas empresas aos gerentes em
questão).
Entretanto, tais documentos não foram apresentados pelas organizações, que
alegaram não possuir o registro dessas informações por escrito. Além da falta de
documentos, a demora ocorrida para a devolução dos instrumentos de pesquisa foi
105
outra dificuldade encontrada durante a realização da mesma – os questionários foram
entregues aos gestores no dia 20 de junho de 2007, e devolvidos para a pesquisadora
apesar de sua insistente solicitação, apenas no dia 14 de agosto do mesmo ano.
Algumas dificuldades encontradas para a realização da pesquisa de campo
foram determinantes também para a delimitação da utilização do conceito de
competência gerencial. Após visita prévia aos três hotéis que foram estudados, para
avaliar a possibilidade de realização da pesquisa, em nenhum deles foi autorizada a
consulta aos hóspedes no interior ou nas proximidades das empresas. O acesso
solicitado pela pesquisadora aos relatórios de sugestões e reclamações dos clientes
também foi negado pelos gestores consultados, que alegaram serem tais documentos
confidenciais e “internos” às organizações.
Diante da impossibilidade de avaliar a opinião dos clientes sobre a efetiva
competência dos gestores das empresas analisadas - ou seja, o grau de “entrega”
dessas competências pelos profissionais à organização (ou outputs); no presente
estudo foi focalizado apenas o conjunto de recursos (ou inputs) considerados
relevantes para o exercício das funções gerenciais estudadas, de acordo com a
percepção dos sujeitos entrevistados. Para a análise dos dados, portanto, foi adotada
como parâmetro a divisão dos recursos de competências proposta por Ruas (2001) –
ver Figura 1 (página 43).
É importante esclarecer ainda, que os dados obtidos em campo foram tabulados
manualmente, já que as respostas obtidas nas questões abertas do instrumento de
pesquisa não viabilizaram seu processamento computadorizado. As respostas foram
divididas por empresa, especificando cada um dos setores separadamente, e
respeitando as categorias (ou variáveis) estabelecidas.
106
Figura 3: Modelo Analítico de Pesquisa
Objetivo
Geral
Objetivos
Específicos
Variáveis
Elementos
Indicadores
Metas
Propostas
Identificar as competências existentes e em desenvolvimento, consideradas relevantes para a Gestão no setor hoteleiro de
João Pessoa – PB.
OE1:
Conhecer o perfil de
formação profissional dos
gestores participantes da
pesquisa.
OE2:
Levantar informações sobre
os cursos ou treinamentos
empreendidos pelas
organizações e buscados
pelos respondentes da
pesquisa para o
desenvolvimento gerencial.
OE3:
Identificar as competências
gerenciais do segmento de
hospedagem, obtidas através
de levantamento teórico, e
aquelas consideradas
relevantes, de acordo com a
percepção dos participantes.
OE4:
Verificar dentre as competências
gerenciais consideradas
relevantes, aquelas que os
sujeitos da pesquisa gostariam
de possuir, desenvolver ou
aprimorar, e quais as formas de
aprendizagem consideradas
mais importantes pelos mesmos.
Perfil de Formação
Profissional
Cursos e Treinamentos para
o Desenvolvimento Gerencial
Aquisição e Desenvolvimento
de Competências Gerenciais
Competências Gerenciais
Setor de trabalho
Faixa etária
Gênero
Grau de instrução
Tempo de experiência
no setor hoteleiro
Tempo de exercício da
função de
gestor
Conhecimento de
Língua Estrangeira
Cursos oferecidos pela
empresa para função
gerencial
Cursos oferecidos pela
empresa dos quais
participou
Impactos positivos dos
cursos para a função
gerencial
Cursos que participa
por iniciativa própria
Conhecimentos*
Habilidades*
Atitudes*
* Considerados relevantes para o
exercício da função gerencial,
segundo a percepção dos
próprios gestores, e a partir da
revisão teórica.
Competências que o
gestor não possui e
sente necessidade de
desenvolver
Contribuições dos
cursos para a função
gerencial
Formas de
aprendizagem para o
desenvolvimento de
competências
Implicações e recomendações resultantes da pesquisa
Identificar as competências existentes e em desenvolvimento, consideradas relevantes para a Gestão no setor hoteleiro de
João Pessoa
PB.
Análise e Interpretação dos dados
107
4. ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA
Inicialmente é apresentada uma caracterização sucinta de cada empresa,
acompanhada da descrição e análise dos dados obtidos na pesquisa por organização,
e posteriormente, é feita uma análise geral com o intuito de alcançar os objetivos
propostos neste estudo.
4.1. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS - EMPRESA A
A Empresa A é considerada de médio porte, de acordo com a classificação
adotada pelo SEBRAE (2003), por possuir mais de 50 funcionários. Essa organização
possui diversas unidades habitacionais (UH’s), um restaurante, um centro de
convenções (com dois auditórios principais) e um parque aquático, dentre outras
instalações à disposição de seus hóspedes.
O hotel encontrava-se, no período de realização da pesquisa de campo, sem um
gestor responsável pelo setor de Governança. O gerente de RH justificou essa falta,
alegando que o empreendimento estaria passando por um processo de arrendamento,
e que a futura contratação de um funcionário para tal função ficaria sob
responsabilidade dos novos proprietários. Sendo assim, são apresentadas as
informações obtidas nos demais setores a seguir.
108
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS - EMPRESA A
A Variável 1 refere-se ao perfil de formação profissional dos gestores-
participantes. Responderam aos questionários aplicados os gestores dos seguintes
setores: Departamento de RH, Recepção, Eventos, e A&B. Com relação a idade, os
gestores desses setores possuíam respectivamente: 45, 35, 34 e 41 anos. A média da
idade dos gestores é, nesse caso, de aproximadamente 38 anos. Dos quatro
participantes, dois são do gênero masculino – do Departamento de RH e do setor de
A&B - e dois do feminino – Recepção e Eventos.
Analisando o nível de escolaridade dos respondentes verificou-se que dois
possuem apenas o 2° Grau Completo (responsáveis pelos setores de Recepção e
A&B). O gestor de RH afirmou possuir o Grau Incompleto em andamento (curso:
Administração de Empresas); e a gerente de Eventos possui 3° Grau Completo (curso:
Serviço Social). É interessante destacar que a única entrevistada com curso superior
completo, não é formada em uma área relacionada diretamente ao setor.
Referindo-se ao tempo de experiência de trabalho no setor de hospedagem, o
menor período mencionado foi de 10 anos (Recepção), e o maior de 15 anos (A&B)
com uma média de 12 anos de experiência, analisando todos os membros do grupo.
Com relação ao tempo de exercício do cargo administrativo atual: o gestor de RH
possui mais tempo de experiência na função (totalizando 12 anos); seguido pela
gerente da Recepção (com 06 anos); pelo chefe de A&B (com 04 anos e 05 meses); e
pela responsável pelo setor de Eventos (com apenas 11 meses no cargo).
Concluindo a análise da Variável 1, os participantes responderam sobre o
conhecimento de língua estrangeira e o grau de domínio de cada língua mencionada.
109
Dois gestores afirmaram possuir um domínio razoável de Inglês (Recepção e A&B); um
disse possuir pouco domínio dessa mesma língua (Eventos); e o outro respondeu que
não possui conhecimento de língua estrangeira (Setor de RH). É interessante destacar
que os gestores dos setores que prestam atendimento direto ao público possuem, pelo
menos, um nível razoável de conhecimento da língua inglesa. Tal informação é
favorável para a organização, já que na pesquisa realizada por Fornari (2006), o
conhecimento de outras línguas foi uma das competências consideradas mais
importantes por todos os gestores de RH – pertencentes ao setor hoteleiro - que
participaram do referido estudo.
A Variável 2 aborda os cursos e treinamentos voltados para o desenvolvimento
gerencial. O primeiro tema analisado dentro dessa categoria diz respeito aos cursos (ou
treinamentos) oferecidos pelas organizações para cada uma das funções gerenciais
específicas, que os participantes têm conhecimento. Dois gestores – sendo um do setor
de A&B e o outro da Recepção - afirmaram que nenhuma atividade deste tipo foi
oferecida pela empresa em questão.
A gestora de Eventos mencionou um curso oferecido pela organização em
parceria com o SEBRAE referente ao tema “Qualidade Total” e outro treinamento
direcionado para as “Vendas”. Além de também mencionar o curso sobre “Qualidade
Total” aplicado pelo SEBRAE, o gestor de RH citou os seguintes treinamentos: CIPA
(Comissão Interna para a Prevenção de Acidentes); SEFIP (Sistema Empresa de
Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social); treinamento “Passe
Legal”; e PIS Empresa (Programa de Integração Social para Empresa). Todos os
cursos citados pelo último respondente são realmente direcionados para o exercício de
sua função gerencial, que exige, dentre outras competências, o conhecimento das leis
110
trabalhistas (CLT – Consolidação das Leis do Trabalho) e de todos os procedimentos
legais que devem ser cumpridos para a contratação de funcionários (HAYES e
NINEMEIER, 2005).
Dando seqüência a análise da Variável 2, o tema seguinte remete aos cursos (ou
treinamentos) oferecidos pela empresa, dos quais os gestores tiveram a oportunidade
de participar efetivamente. Os mesmos gestores que responderam na pergunta anterior
que a organização não ofereceu curso (ou treinamento) algum reafirmaram suas
respostas, repetindo que nenhuma atividade deste tipo foi realizada. A gestora de
Eventos disse ter participado dos dois cursos mencionados anteriormente por ela: o de
“Qualidade Total” e o de “Vendas”. Já o gestor de RH, por sua vez, participou apenas
do treinamento “Passe Legal” e do PIS Empresa, não mencionando os demais cursos
citados por ele anteriormente.
Percebe-se a partir da análise dos dois temas anteriores que a empresa A
investe pouco no treinamento de seus funcionários, já que dois gestores - do setor de
A&B e da Recepção - não chegaram a participar de nenhum treinamento, mesmo
possuindo mais de quatro anos de exercício no cargo atual. Para Castelli (2001), Anjos
(2004) e Dias e Cassar (2005), tal investimento é essencial para ampliar a
competitividade da organização, principalmente, considerando a importância da
preparação da mão-de-obra para a prestação de um serviço de qualidade em setores
que pertencem à linha de frente, como é o caso do setor de A&B e da Recepção.
O terceiro tema analisado trata dos impactos positivos dos cursos (ou
treinamentos) oferecidos pela empresa para o exercício das funções gerenciais,
considerando a percepção dos respondentes sobre os possíveis benefícios. As
111
respostas dos gestores de A&B e Recepção, confirmam que nenhum treinamento foi
oferecido, e que, portanto, nenhuma opinião pode ser emitida a esse respeito.
Na percepção da gestora de Eventos, os dois cursos que teve a oportunidade de
participar trouxeram contribuições para gestores e funcionários, de um modo geral,
ampliando seus conhecimentos com relação aos temas “organização” e “planejamento”,
dentre outros (não mencionados). A resposta do gestor de RH não esclareceu
claramente que benefícios foram proporcionados pela participação nos cursos citados.
O mesmo afirmou apenas que os cursos trouxeram “conhecimentos e aperfeiçoamento
das tarefas ao cargo”, referindo-se a sua posição gerencial.
O último tema da Variável 2 inclui as ações que os gestores vêm empreendendo
por iniciativa própria para a melhoria de sua formação profissional atualmente (noção
de autodesenvolvimento). O gestor de RH mencionou dois cursos, sendo um de
Informática (não especificado), e outro sobre o tema “Legislação Trabalhista”. Além
desses, pode ser considerado também o curso de Administração que tal gestor afirmou
estar fazendo, como uma forma de buscar o autodesenvolvimento.
As gerentes da Recepção e do setor de Eventos mencionaram apenas o curso
de língua inglesa. Interessante salientar o comentário feito pela gestora da Recepção
que enfatizou a importância do conhecimento de uma língua estrangeira (nesse caso,
do inglês) para sua área de trabalho - o que destaca mais uma vez a relevância de tal
competência para o setor hoteleiro. O gerente de A&B, por sua vez, mencionou apenas
ações informais como “viagem à São Paulo, visitas, eventos, feiras, congressos,
palestras, etc”.
A Variável 3 engloba as Competências Gerenciais (Conhecimentos, Habilidades
e Atitudes) consideradas relevantes pelos participantes para o exercício de suas
112
funções gerenciais. Ao final da descrição das competências, estas são organizadas de
acordo com o esquema dos recursos de competência proposto por Ruas (2001) –
Figura 1 (página 43) - para uma melhor visualização.
Dentro do tema conhecimentos, cada gestor mencionou aquilo que considera
importante para sua área específica. O gestor do departamento de RH afirmou ser
importante dominar a legislação trabalhista (referindo-se em especial a CLT), ter noções
sobre treinamento, “técnica humana” e relação interpessoal.
A chefe de Recepção respondeu ao quesito referindo-se a qualidade no
atendimento, a capacidade de saber ouvir, e a agilidade na prestação do serviço, como
competências necessárias para o exercício de sua função. Nota-se, em ambos os
casos, que houve uma certa confusão entre os conceitos de “conhecimentos” (saber),
de “habilidades” (saber fazer) e de “atitudes” (saber ser/ agir) pelos respondentes,
apesar das explicações feitas no rodapé do questionário – ver Apêndice A (página 194).
A responsável pelo setor de Eventos mencionou exemplos de conhecimentos
operacionais e do ambiente (RUAS, 2001), como pode ser visto no trecho a seguir:
conhecer bem o mercado onde a empresa atua, como também particularidades do
setor de eventos (cerimonial, etiqueta, planejamento das atividades, etc)”.
Já o gestor de A&B enumerou uma série de conhecimentos gerais e teóricos, e
alguns operacionais, todos voltados para o seu setor de atuação, como pode ser
conferido no trecho a seguir: “conhecimentos sobre alimentos e bebidas, sobre cozinha,
copa, confeitaria, compras, vendas, custos, lucros, recursos humanos, e sobre todo o
material necessário para o funcionamento do setor”.
O segundo tema da Variável 3 direciona-se a análise das habilidades gerenciais
consideradas importantes na opinião dos participantes da pesquisa. O gestor de RH
113
citou como habilidades: “boa disciplina; autoconhecimento e transparência; e
informações funcionais”. A gestora da Recepção mencionou o atendimento às
expectativas dos hóspedes; e a segurança em responder a questionamentos desses
como habilidades importantes para sua função.
Por sua vez, a gestora de eventos enumerou as seguintes habilidades: liderança;
calma; ética; postura profissional; conhecer bem o produto de seu trabalho; e
adaptabilidade às situações vivenciadas no ambiente de trabalho. Por fim, o gestor de
A&B citou como habilidades necessárias: “habilidade na cozinha e outros setores do
restaurante; habilidade com a equipe; montagem de coquetéis; coffe-break e eventos
em geral”.
Encerrando a Variável 3, são descritas as respostas dos participantes sobre o
tema atitudes gerenciais relevantes. Para o gestor de RH, as principais atitudes seriam:
ter cautela e saber analisar as informações para a tomada de decisão. Segundo a
gestora da Recepção, as atitudes relevantes para sua função seriam: simpatia; rapidez
no atendimento; e capacidade de solucionar problemas. Para o gestor de A&B as
atitudes mais importantes seriam: “ser objetivo; ser criativo; ser autêntico; ser líder; ser
disciplinado; ser pontual; e ser honesto”. A gestora do setor de eventos não respondeu
ao quesito.
No Quadro 7 (página 114), as competências citadas pelos gestores da Empresa
A foram distribuídos de acordo com a classificação proposta por Ruas (2001). Como
alguns recursos de competências foram “trocados” pelos gestores, os mesmos tiveram
que ser categorizados pela pesquisadora, como pode ser percebido no Quadro 7
(página 114), mostrado a seguir.
114
Quadro 7: Recursos de competências gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes da Empresa A
Conhecimentos (SABER)
Conhecimentos Gerais e Teóricos
Ter noções de treinamento e de relações públicas.
Conhecimentos Operacionais
Conhecer particularidades do setor onde trabalha
e informações operacionais de sua função.
Conhecimentos do Ambiente
Conhecer a legislação trabalhista; conhecer bem o
mercado onde a empresa atua; conhecer bem o
produto do seu trabalho.
Habilidades (SABER FAZER)
Experiência Profissional Associada
Saber ouvir; atendimento às expectativas dos
clientes; ter habilidade na execução de suas
operações funcionais.
Atitudes (SABER SER/ AGIR)
Atributos Profissionais (tácitos)
Ter postura profissional; adaptabilidade às
situações vivenciadas no trabalho; ter cautela e
saber analisar as informações para a tomada de
decisões; ser pontual; ser objetivo; ser um bom
líder; agir com segurança ao prestar uma
informação.
Atributos Pessoais
Saber cultivar relacionamentos interpessoais; ter
boa disciplina; autoconhecimento; transparência;
calma; ética; simpatia; honestidade; criatividade;
autenticidade.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
A Variável 4 refere-se à aquisição e desenvolvimento de competências
gerenciais. O primeiro tema analisado remete às competências mencionadas pelos
gestores que estes ainda não possuem e que sentem a necessidade de desenvolver.
Respondendo à questão, o gestor de RH mencionou que gostaria de ter conhecimento
de um idioma estrangeiro. A chefe de Recepção afirmou ter dificuldade em solucionar
problemas, principalmente quando a empresa não lhe oferece autonomia para isso. A
gestora de Eventos admite que precisa desenvolver mais a calma. E o gestor de A&B
deixou a questão em branco. As três competências citadas (conhecimento de idioma
115
estrangeiro; calma; e capacidade de solucionar problemas) também foram mencionadas
na revisão teórica como fundamentais para o setor hoteleiro.
Prosseguindo com a análise da Variável 4, perguntou-se aos respondentes se os
cursos (ou treinamentos) oferecidos pela empresa contribuíram para o desenvolvimento
das competências gerenciais mencionadas por eles durante a pesquisa, e de que
maneira isso ocorreu. A gerente da Recepção não respondeu a questão, possivelmente
por já ter afirmado em respostas anteriores que a empresa não proporcionou
treinamento algum para sua função. O gestor de A&B reafirmou que a empresa não
proporcionou curso (ou treinamento) para sua função, não havendo, portanto,
contribuição para o desenvolvimento gerencial.
De acordo com a percepção do gerente de RH, os treinamentos lhe ofereceram a
capacidade de associar a necessidade de planejamento estrutural e o
acompanhamento do mercado. Para a gestora de Eventos, os treinamentos permitiram
a ampliação de conhecimentos – não especificados – e a fizeram despertar para a
necessidade de uma busca constante pelo desenvolvimento de novas competências,
sendo esse um requisito essencial para se manter competitivo no mercado de trabalho.
O tema seguinte refere-se aos cursos que os gestores participam por conta
própria, e as possíveis contribuições que os mesmos podem trazer para o
desenvolvimento das competências gerenciais mencionadas durante a pesquisa.
Referindo-se, possivelmente, ao curso de informática do qual participa, o gestor de RH
disse que o curso tem contribuído para seu aprendizado de como realizar “pesquisas na
Internet e correlacionados”. A gestora de Eventos, que estuda inglês, salientou que o
curso tem contribuído para o desenvolvimento de uma competência essencial – que é o
116
domínio de um outro idioma - não apenas para sua função específica, como para sua
formação profissional de uma maneira geral.
A gestora da Recepção também mencionou o domínio de um outro idioma como
uma contribuição do curso de inglês do qual participa. Por fim, o gestor de A&B, que
havia mencionado uma série de atividades informais – como viagens e participações
em feiras e eventos – afirmou que essas têm contribuído para melhorar seu
atendimento e sua postura perante os funcionários; para a organização de eventos;
para detectar “novidades” para a cozinha; para a elaboração de cardápios mais
funcionais; e para o planejamento de custos; dentre outras melhorias.
A última questão da Variável 4, aborda as formas de aprendizagem que vêm
contribuindo para que os participantes desenvolvam as competências gerenciais
mencionadas por eles durante a pesquisa. A seguir é apresentada a relação das formas
de aprendizagem marcadas pelos respondentes de acordo com sua ordem de
importância – sendo que o método adotado para tal ordenação foi detalhado nos
procedimentos metodológicos da pesquisa:
1. “Na prática diária da profissão”;
2. “No convívio com seus superiores e/ ou outros gestores”;
3. “Através de outros meios de comunicação como: TV, rádio, Internet”;
4. “Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa por conta própria”;
5. “Através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas”;
6. “Através de palestras, congressos e/ ou outros eventos de que participa”;
7. “No convívio com os colegas de trabalho do seu setor e/ ou subordinados”;
8. “No convívio social com amigos, familiares, e com a sociedade, de um modo
geral”;
117
9. “Através de cursos (ou treinamentos) de que participa e que são proporcionados
pela empresa”;
10. “Através de viagens de estudo e observação de outras culturas”.
Analisando as cinco primeiras opções consideradas mais importantes pelo grupo,
foi possível verificar que existe uma tendência em valorizar formas de aprendizagem
informais ou que exigem a busca voluntária por parte dos entrevistados para seu
desenvolvimento – como leituras, consultas aos meios de comunicação, e cursos
procurados por conta própria.
A “prática diária da profissão” e o “convívio com os superiores e/ ou outros
gestores” aparecem como as duas formas de aprendizagem consideradas mais
importantes na percepção dos gestores, o que confirma o alto grau de empirismo – ou
aprendizado baseado na experiência prática - que permeia o setor hoteleiro (PIMENTA,
2004). É interessante esclarecer que, o aprendizado resultante da prática diária da
profissão é tão importante no setor turístico, quanto aquele derivado de cursos formais,
sendo que um campo não exclui o outro, e ambos se complementam (TRIGO, 2000).
Vale salientar ainda que, a pouca importância atribuída aos “cursos oferecidos
pela empresa” pode estar relacionada ao fato de que metade dos gestores não
participou de atividade alguma desse tipo patrocinada pela organização em questão.
4.2. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS - EMPRESA B
A Empresa B também pode ser classificada como uma organização de médio
porte, segundo o SEBRAE (2003). Tal hotel dispõe de uma infra-estrutura composta
por: várias unidades habitacionais (UH’s), piscinas, sauna, salão de jogos, bares,
118
restaurante, salões para eventos, auditório, dentre outros serviços à disposição dos
hóspedes.
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS - EMPRESA B
O primeiro quesito da Variável 1 – que corresponde ao Perfil de Formação
Profissional dos gestores-participantes – se refere aos setores de trabalho, que neste
caso inclui os cinco departamentos estudados: Recepção, Governança, Setor de RH,
A&B e Eventos. A segunda questão correspondente à idade dos respondentes revelou
que os mesmos – com exceção da gestora de Eventos que deixou o item em branco -
possuem respectivamente: 30, 36, 45 e 47 anos. Sendo assim, a idade média dos
participantes da Empresa B é de aproximadamente 39 anos – estando bem próxima a
média da Empresa A. De acordo com o terceiro item analisado, dos cinco
respondentes, três são do gênero masculino, e dois do feminino – sendo as mulheres
responsáveis pelos setores de Eventos e de Governança.
O tema seguinte relaciona-se com o grau de instrução dos gestores. Segundo
com as informações fornecidas, três gestores possuem o 3° Grau Completo, e dois
possuem o 3° Grau Incompleto em andamento. O gestor de RH é formado em
Administração e os gestores de A&B e de Eventos possuem formação em Turismo –
sendo que a última afirmou possuir também pós-graduação em Gestão Hoteleira.
Dentre os que ainda não concluíram o 3° Grau estão os gestores da Recepção – que
está cursando Direito e possui o nível técnico em Hotelaria - e da Governança – que
está cursando Hotelaria.
Analisando o nível de escolaridade dos participantes é possível perceber que
todos possuem alguma formação - curso superior ou técnico - diretamente relacionada
119
ao setor de hospedagem – ou seja, Turismo, Hotelaria ou Administração. Tais dados
são condizentes com a crescente preocupação com a profissionalização no segmento
de hospedagem - o que, de acordo com o SENAC NACIONAL (2002), vem se refletindo
no aumento da oferta de cursos superiores e técnicos direcionados a atividade.
O quinto quesito da Variável 1 aborda o tempo de experiência dos gestores no
setor hoteleiro. As respostas obtidas demonstram uma grande variação. O maior tempo
de serviço entre os participantes foi o do gestor de A&B com 28 anos de experiência em
hotelaria. O menor tempo, correspondente a 04 anos de experiência, foi o dos gestores
de RH e Eventos. A gestora da Governança afirmou possuir 09 anos de experiência no
setor e o chefe de Recepção disse possuir 06 anos e 06 meses de trabalho nesse ramo
de atividade. Apesar de todos possuírem um tempo considerável de experiência em
hotelaria – com no mínimo 04 anos - quando questionados sobre o tempo de exercício
da função gerencial na respectiva organização, foram obtidas as seguintes respostas
(com exceção da gestora de Eventos que deixou o item em branco): o chefe de
Recepção ocupa a função gerencial há 07 meses; a de Governança há 01 ano e 06
meses; o de A&B há 02 anos; e o de RH há 04 anos (o mesmo tempo que possui de
experiência no setor hoteleiro).
O último tema analisado dentro da Variável 1 corresponde ao conhecimento de
alguma língua estrangeira e respectivo grau de domínio do idioma mencionado. Todos
os gestores afirmaram possuir pelo menos um domínio razoável de alguma língua
estrangeira. Os gestores de RH e de Governança mencionaram possuir um domínio
razoável de Inglês. Já a chefe de Eventos afirmou possuir um bom domínio de
Espanhol. Por sua vez, os gestores da Recepção e de A&B citaram três línguas cada,
como especificado a seguir:
120
Recepção: bom domínio de Inglês e Espanhol; e domínio razoável de outra
língua (não mencionada);
A&B: bom domínio de Inglês e Espanhol; e domínio razoável de Francês.
Os dados obtidos nesse quesito demonstram que os gestores da Empresa B
estão cientes da importância do conhecimento de línguas estrangeiras para aqueles
que trabalham na atividade turística (TRIGO, 2000; FORNARI, 2006). Destacam-se,
nesse caso, os setores que possuem um maior envolvimento direto com a prestação de
serviço aos consumidores – Recepção e A&B – e que necessitam de tal competência
durante o exercício de suas funções, sobretudo para o atendimento de turistas
estrangeiros.
A Variável 2 remete à análise dos cursos e treinamentos voltados para o
desenvolvimento gerencial. No primeiro item, os gestores foram questionados sobre os
cursos (ou treinamentos) que a Empresa B direcionou para suas respectivas funções. E
no segundo quesito, eles destacaram dentre os cursos mencionados, aqueles que
tiveram a oportunidade de participar. As respostas obtidas foram iguais para os dois
questionamentos em cada um dos casos, e são descritas a seguir.
Apenas o gestor de A&B – que está há 02 anos no cargo – afirmou não ter
conhecimento de treinamento algum ofertado para sua função; e não ter
conseqüentemente, participado de cursos oferecidos pela organização. A gestora da
Governança – há 01 ano e meio na função – mencionou a oferta pela empresa de dois
cursos, dos quais também participou, sendo um voltado para o tema “cerimonial” e
outro sobre “etiqueta”. A gestora de Eventos mencionou um curso sobre “treinamento
na qualidade do atendimento”, do qual participou. O gestor de RH - com 04 anos na
121
empresa - citou apenas um curso específico para sua função e do qual também
participou, sobre gestão de recursos humanos. Por fim, o chefe da Recepção
mencionou um curso sobre “marketing e atendimento” oferecido pela empresa, e do
qual teve a oportunidade de participar.
Sobre os impactos positivos que os cursos mencionados trouxeram para o
exercício de suas funções, as respostas evidenciam que, de uma maneira geral, os
gestores ficaram satisfeitos com os conhecimentos adquiridos, como pode ser visto nos
trechos citados a seguir. Importante perceber que cada impacto positivo mencionado
pelos participantes está relacionado ao tema ou assunto abordado nos correspondentes
cursos dos quais afirmaram participar:
Resposta da gestora de Eventos que participou do treinamento sobre qualidade
no atendimento: “um treinamento sempre agrega valores ao exercício de uma
função; no meu caso, ampliei meu interesse em conhecer o perfil do meu cliente,
e assim, passei a atender seus desejos e superar suas expectativas”;
Resposta do gestor de RH referindo-se ao curso sobre gestão de pessoas
:
melhor percepção e sensibilidade na resolução de problemas relacionados com
as pessoas no que se refere ao clima organizacional”;
Resposta do chefe de Recepção que cursou o treinamento sobre marketing e
atendimento: “a venda da imagem do hotel como prestador de serviços e
técnicas de atendimento”;
Resposta da gestora da Governança sobre os impactos positivos alcançados
com os cursos de etiqueta e cerimonial
: “fortaleceu para adquirir uma postura
adequada para minha função”;
122
E o gestor de A&B que afirmou não ter participado de curso oferecido pela
empresa, deixou a questão em branco.
Encerrando a análise da segunda variável, os gestores foram questionados
sobre as ações que eles vêm empreendendo por iniciativa própria para seu
desenvolvimento. Sobre esse tema, três gestores afirmaram que não estão envolvidos
em atividades por conta própria: o gestor da Recepção justificou sua resposta,
alegando falta de tempo disponível para isso; e os gestores do setor de Eventos e de
RH afirmaram apenas que não estão participando de treinamento ou atividade no
momento. O chefe do setor de A&B mencionou apenas atividades de aprendizagem
informal, como “leituras diárias de obras pertencentes à área”. Por fim, a gestora da
Governança citou o curso de Hotelaria que está fazendo, e a participação em palestras
sobre temas ligados à governança e liderança.
Antes de dar início a análise da Variável 3, é interessante destacar que, apesar
de constar no instrumento de pesquisa utilizado uma explicação detalhada sobre cada
um dos recursos de competências - conceitos de “conhecimentos”, “habilidades” e
“atitudes” – as respostas emitidas pelos participantes revelam que houve certa
“confusão” de conceitos. O que alguns citaram como conhecimentos, por exemplo,
outros encaram como habilidades ou como atitudes, ou vice-versa. Sendo assim, para
melhor visualização, após a descrição dos recursos de competências destacados pelos
participantes, um quadro foi formulado com base no esquema proposto por Ruas
(2001), como feito na análise da Empresa A.
O estudo da Variável 3 inicia-se com o tema referente aos conhecimentos
considerados importantes pelos gestores para o exercício de suas funções. Sobre esse
123
assunto as opiniões foram diversificadas. O gestor de RH foi o único que não
respondeu ao item. Os demais citaram alguns conhecimentos, como descrito a seguir.
O gerente da Recepção mencionou o conhecimento de línguas estrangeiras; de
gestão hoteleira; e, principalmente, de atividades relacionadas ao atendimento ao
público. A gestora de Eventos citou como conhecimentos: a capacidade de liderar; de
trabalhar em equipe, e de negociar. A gestora da Governança afirmou que para sua
função é importante ter o domínio do funcionamento do setor, para saber o que pode
exigir de seus subordinados, e para delegar suas respectivas funções. Por fim, o gestor
de A&B afirmou ser relevante conhecer técnicas relacionadas ao seu setor específico e
de negociação de vendas, assim como, saber desenvolver relacionamentos
interpessoais.
O segundo tema analisado refere-se às habilidades consideradas relevantes
pelos gestores. Mais uma vez, o gestor de RH não respondeu à questão. As respostas
dos demais foram diferenciadas. O gestor de A&B enumerou as funções administrativas
de “planejamento, controle, liderança e organização” como sendo as habilidades
relevantes de acordo com sua percepção.
A gestora de Eventos também mencionou algumas funções gerenciais, não se
referindo às habilidades específicas de seu cargo. Sua resposta foi bastante detalhada,
conceituando cada função gerencial citada por ela, como mostrado a seguir: “... as
habilidades de um gerente se subdividem em conceitual, técnica, administrativa e
relações humanas. Conceitual: analisar e interpretar informações; Técnica: habilidade
do conhecimento, instrumentos técnicos de um campo científico; Adm.: planejamento,
organização e controle; Relações Humanas: compreender e interagir-se com outras
pessoas eficazmente”.
124
O gestor da Recepção destacou como habilidades relevantes: a capacidade de
liderar equipes e de saber delegar corretamente as funções de seus subalternos; e
ainda, a habilidade de fiscalizar as atividades dos funcionários de outros setores. Estas
habilidades citadas pelo mesmo foram mencionadas anteriormente pelos gestores da
Governança e de Eventos como conhecimentos – o que reforça a confusão existente
entre participantes sobre os conceitos dos recursos de competências.
Por fim, a gestora da Governança respondeu a esse quesito afirmando que
considera como habilidades relevantes para sua função: “ter jogo de cintura, pensar
rápido e ter muita segurança no que faz e diz”.
Ao analisar o terceiro tema da Variável 3, que corresponde às atitudes essenciais
para o exercício das funções gerenciais, foi possível verificar que os participantes
demonstraram possuir opiniões diversificadas sobre o assunto. O gestor de RH afirmou
que “ter bom senso” é uma atitude importante para seu cargo. O chefe da Recepção
mencionou como atitudes “segurança, criatividade e paciência”. Ao responder a esse
quesito, a gestora da Governança afirmou ser fundamental agir com clareza na
comunicação com seus subordinados, explicando aos mesmos, por exemplo, o que
deve ser feito e o que será exigido, para evitar problemas futuros.
O gerente de A&B destacou como atitudes importantes: a facilidade no
relacionamento interpessoal; ter liderança proativa; e equilíbrio emocional. Por fim, a
gestora de Eventos respondeu que considera como atitudes relevantes: saber
estabelecer estratégias, tomar decisões, e coordenar e administrar opiniões divergentes
sobre um mesmo assunto. Como uma forma de organizar as inúmeras competências
enumeradas pelos gestores, alguns recursos de competências foram categorizados,
como pode ser visualizado no Quadro 8 (página 125).
125
Quadro 8: Recursos de competências gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes da Empresa B
Conhecimentos (SABER)
Conhecimentos Gerais e Teóricos
Ter conhecimento de línguas estrangeiras; saber
como planejar, controlar, organizar e liderar; saber
como estabelecer estratégias.
Conhecimentos Operacionais
Ter noções de gestão hoteleira; ter conhecimento
sobre técnicas de negociação e vendas; ter
conhecimento sobre as operações do setor.
Conhecimentos do Ambiente
-
Habilidades (SABER FAZER)
Experiência Profissional Associada
Saber atender ao público; saber negociar; ter
habilidade para trabalhar em equipe; saber
analisar e interpretar informações; saber como
delegar funções.
Atitudes (SABER SER/ AGIR)
Atributos Profissionais (tácitos)
Ser um líder proativo; saber agir com segurança
no que faz e diz.
Atributos Pessoais
Saber como estabelecer relacionamentos
interpessoais; ter bom senso; “jogo de cintura”;
paciência; criatividade; equilíbrio emocional; e
saber como se comunicar com clareza.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Iniciando a análise da Variável 4 – “Aquisição e Desenvolvimento de
Competências Gerenciais” – no primeiro quesito foi solicitado aos gestores que
destacassem as competências que os mesmos ainda não possuem e que gostariam de
desenvolver. Respondendo à questão, o gerente da Recepção citou a paciência; o
chefe do setor de A&B mencionou a capacidade de estabelecer relacionamentos
interpessoais; e a gestora da Governança afirmou que gostaria de ser mais exigente.
Os demais gestores não citaram competência alguma. Nos três casos que responderam
ao quesito, foram enumerados atributos pessoais, que podem ser relacionados ao que
Le Boterf chama de “conhecimento social” (ver Quadro 1 – página 54). De acordo com o
126
quadro proposto, o desenvolvimento de conhecimento social ocorre através da própria
experiência profissional e social de cada indivíduo (FLEURY e FLEURY, 2001b).
Seqüencialmente, os participantes foram questionados sobre as possíveis
contribuições que os cursos (ou treinamentos) oferecidos pela empresa trouxeram para
o desenvolvimento das competências por eles mencionadas, e de que maneira isso
ocorreu. Dois gestores deixaram o item em branco – os chefes dos setores de RH e
A&B. Os demais respondentes afirmaram que os cursos trouxeram conhecimentos
relevantes para suas respectivas funções, e reconheceram a importância que tais
cursos tiveram para sua formação profissional.
Alguns exemplos mencionados de contribuição significativa dos cursos revelam
como resultado positivo uma melhoria no atendimento que os gestores podem oferecer
ao público. É interessante destacar que a gestora da Governança salientou em sua
resposta a necessidade de ampliação do número de cursos oferecidos pela empresa
para os funcionários de uma maneira geral.
Quando questionados sobre as contribuições advindas dos cursos dos quais
participam por conta própria, dois participantes deixaram o item em branco – o gestor
de RH e o da Recepção. Os demais mencionaram que os cursos trouxeram novos
conhecimentos contribuindo para a prática do dia-a-dia. Entretanto, apenas a gestora
da Governança elencou alguma contribuição efetiva de um dos cursos que participa,
como pode ser visto em seu depoimento: “sim, por exemplo, o curso de Hotelaria é
totalmente voltado para minha área não só governança, como A&B, recepção, custos.
Facilitando meu desempenho como governanta”.
O último tema analisado na Variável 4 remete às formas de aprendizagem que
vêm contribuindo – por ordem de importância atribuída - para o desenvolvimento de
127
competências gerenciais, de acordo com a percepção dos participantes. O resultado
obtido nessa questão é apresentado a seguir, respeitando a seqüência decrescente de
importância (como já explicado na análise da Empresa A):
1. “Na prática diária da profissão”;
2. “No convívio com seus superiores e/ ou outros gestores”;
3. “Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa por conta própria”;
4. “No convívio com os colegas de trabalho do seu setor e/ ou subordinados”;
5. “Através de palestras, congressos e/ ou outros eventos de que participa”;
6. “Através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas”;
7. “Através de outros meios de comunicação como: TV, rádio, Internet”;
8. “Através de cursos (ou treinamentos) de que participa e que são proporcionados
pela empresa”;
9. “No convívio social com amigos, familiares, e com a sociedade, de um modo
geral”;
10. “Através de viagens de estudo e observação de outras culturas”.
Assim como os gestores da primeira organização analisada, todos os
participantes da Empresa B, elegeram por unanimidade a opção “Na prática diária da
profissão” como a forma de aprendizagem mais importante para o desenvolvimento de
competências gerenciais.
Dentre as cinco formas de aprendizagem consideradas mais importantes, três
referem-se ao aprendizado do tipo informal, que é desenvolvido no ambiente de
trabalho, e através do convívio social com outros funcionários (sejam esses superiores
128
ou subordinados). Isso reforça, mais uma vez, a relevância que a experiência prática
possui para os trabalhadores das empresas do setor hoteleiro (TRIGO, 2000).
A opção que menciona os cursos realizados por iniciativa própria aparece entre
as formas de aprendizagem consideradas mais relevantes, o que sugere uma tendência
em valorizar o autodesenvolvimento. Em contraposição, os cursos e treinamentos
oferecidos pela empresa - que foram reconhecidos como importantes pelos
participantes em uma das questões anteriores - aparecem nesse quesito entre as
formas de aprendizagem consideradas menos relevantes para o desenvolvimento de
competências.
Esses resultados nos remetem à reflexão de que para que os cursos oferecidos
pelas empresas despertem o interesse de seus participantes, e sejam considerados
relevantes para o aprendizado de novas competências, é importante que seu conteúdo
não seja direcionado apenas aos interesses organizacionais, mas que considere
também as necessidades e os objetivos profissionais dos funcionários que deles
participam (MARRAS, 2000; ODERICH, 2005; OLIVEIRA, 2006).
4.3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS - EMPRESA C
A Empresa C é considerada, segundo a classificação adotada na pesquisa,
como uma empresa de médio porte (SEBRAE, 2003), e sua infra-estrutura é composta
por diversas unidades habitacionais (UH’s), salão de jogos, piscina, playground, sauna,
salas para eventos ou reuniões, restaurante, bar, dentre outros serviços.
129
ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS - EMPRESA C
O primeiro quesito da Variável 1 que corresponde ao Perfil de Formação
Profissional dos gestores, diz respeito aos setores aos quais pertencem, que incluem: o
Departamento de RH; a Recepção; a Governança; o setor de A&B; e o de Eventos.
Com relação à idade dos mesmos, as respostas obtidas foram respectivamente:
38, 29, 55, 40 e 31 anos. A idade média dos participantes também foi nesse caso de
aproximadamente 38 anos. Com relação ao gênero, dos cinco respondentes da
Empresa C, apenas o gestor da Recepção é homem. Dentre as três organizações
estudadas, apenas nessa a predominância feminina foi registrada nos cargos
gerenciais.
O tema seguinte aborda o nível de escolaridade dos respondentes. Nesse caso,
dois participantes possuem o 3º Grau Completo e os demais possuem o 3º Grau
Incompleto em andamento. O gestor da Recepção concluiu o curso de Administração
Hoteleira e a gestora de A&B possui graduação em Nutrição. A chefe do departamento
de RH está fazendo atualmente o curso de Administração; a gerente de Eventos, o
curso de Gestão Financeira; e a gestora da Governança está cursando Pedagogia.
Apenas as duas últimas respondentes estão participando de cursos não relacionados
diretamente aos setores que gerenciam. Percebe-se, assim, que os gestores da
Empresa C possuem um bom nível de escolaridade.
Com relação ao tempo de experiência no setor hoteleiro, em ordem decrescente
de tempo de serviço estão a gestora do setor de RH com 13 anos; seguida pela gestora
da Governança com 12 anos; pelo chefe de Recepção com 10 anos; pela gerente de
130
Eventos com 07 anos; e finalmente, pela gestora de A&B com apenas 08 meses de
experiência no setor.
Já quando questionados sobre o tempo de exercício do cargo gerencial que
ocupam atualmente, responderam possuir o mesmo tempo apontado na questão
anterior as gestoras do setor de RH (13 anos) e de A&B (08 meses). Os responsáveis
pela Recepção e pela Governança afirmaram que estão no cargo há 05 e 06 anos
respectivamente, o que corresponde à metade do tempo de experiência no setor
hoteleiro que mencionaram no quesito anterior. A chefe de Eventos não respondeu à
questão.
O último tema da Variável 1 corresponde ao conhecimento de língua estrangeira
e ao grau de domínio que os participantes possuem dos idiomas mencionados. Dentre
os respondentes, apenas a gestora da Governança afirmou não dominar idioma
estrangeiro. A gestora do setor de RH afirmou possuir pouco domínio de Espanhol; a de
A&B disse ter um domínio razoável de Inglês; e os demais citaram mais de um idioma -
Recepção: bom domínio de Inglês e Espanhol; e Eventos: pouco domínio de Inglês e
Espanhol.
É interessante notar que os gestores que são responsáveis pelos setores que
possuem um contato maior com o público – A&B, Recepção e Eventos – afirmaram
possuir, pelo menos, pouco domínio de Inglês. O domínio desse idioma vem sendo
cada vez mais valorizado no setor hoteleiro brasileiro, tendo em vista o crescente
aumento no número de turistas estrangeiros que visitam o país (MTUR, 2007).
A Variável 2 – “Cursos e Treinamentos para o Desenvolvimento Gerencial” -
inicia-se com a análise dos cursos (ou treinamentos) oferecidos pela empresa para os
cargos gerenciais, cujos respondentes possuem conhecimento. Antes da descrição dos
131
mesmos, é relevante destacar que quando questionados sobre os cursos dos quais
tiveram a oportunidade de participar, os cinco respondentes afirmaram que participaram
de todos os cursos oferecidos pela empresa que são apresentados a seguir.
A gestora de RH participou de cursos sobre “gestão financeira”; “gestão de
pessoas”; e “programas empresariais” – não especificados; o chefe de Recepção citou
um curso “motivacional”; um curso técnico na área de hotelaria; e outro proporcionado
pelo SEBRAE – também não especificados; a responsável pelo setor de Eventos citou
um curso de “controle e qualidade no atendimento”; a gerente de A&B mencionou um
curso para manipuladores de alimentos” e um “curso de gerenciamento de setores”; e
a gerente da Governança afirmou ter participado dos seguintes cursos: “Gestão
Hoteleira para Hotéis e Pousadas (SEBRAE); Qualidade em atendimento (SEBRAE);
Relações Humanas no trabalho; e outros”.
Sobre a percepção dos gestores, acerca dos impactos positivos causados pelos
cursos ofertados pela empresa para o exercício de suas funções, todos os participantes
da pesquisa enumeraram aspectos positivos como: conhecimentos de novas
metodologias para utilização no trabalho; atualização sobre o setor; melhoria e aumento
da qualidade dos serviços; e conhecimentos específicos para certos setores – como no
caso da gestora da Governança, que destacou os conhecimentos adquiridos sobre
vigilância sanitária; higiene básica; e conhecimentos gerenciais.
A partir da análise dos depoimentos, foi possível verificar que todos os cinco
gestores tiveram a oportunidade de participar de pelo menos um curso, e mencionaram
aspectos positivos resultantes desta participação para o aprimoramento de suas
funções.
132
Quando questionados sobre os cursos que vêm buscando por iniciativa própria,
apenas um respondente – a gestora do setor de RH – disse não estar participando de
curso formal algum. Como pode ser visto no trecho extraído de sua resposta, a mesma
vem buscando outras formas de aprendizagem informal: “atualmente não participo, mas
procuro me atualizar de outra forma, como literatura, Internet e outras novidades
voltadas as minhas rotinas diárias”. Entretanto, pode ser considerado nesse quesito, o
curso de Administração que essa gestora vem fazendo atualmente, e que a mesma
mencionou anteriormente.
O gestor da Recepção respondendo ao mesmo quesito mencionou o curso de
Inglês; a gerente de A&B disse estar participando de um curso de especialização – não
especificado; a gestora de Eventos destacou os cursos de idiomas estrangeiros, sobre
gestão financeira e gestão de RH, dentre outros; e a gestora da Governança, por sua
vez, elencou alguns cursos sobre temas variados como pode ser visto a seguir:
Planejamento em Turismo, projetos Públicos em turismo; Organização de Eventos;
Relações Humanas”.
A partir da análise das respostas oferecidas, verificou-se que os gestores da
Empresa C demonstram certa preocupação em buscar o autodesenvolvimento, mesmo
que seja a partir de práticas informais de aprendizagem.
Partindo para a análise da Variável 3, os gestores foram questionados
inicialmente sobre os conhecimentos que consideram relevantes para o exercício de
suas funções na organização. Nesse quesito, os respondentes da Empresa C citaram
alguns conhecimentos gerais, operacionais e do ambiente, de acordo com a divisão
proposta por Ruas (2001) – ver Figura 1 (página 43). Tais conhecimentos podem ser
visualizados nos depoimentos citados adiante.
133
A gestora de RH disse ser importante ter conhecimento sobre as leis trabalhistas
e sobre “recursos humanos como um todo”; o chefe da Recepção afirmou ser
importante ter “conhecimento turístico, administrativo, técnico e contábil“; assim como o
anterior, a gerente de A&B mencionou os “conhecimentos administrativos”,
acrescentando “conhecimentos nutricionais e conhecimentos de gerenciamento”; a
gestora de Eventos salientou ser relevante ter domínio sobre seu setor de trabalho e
saber utilizar “a Internet e outros programas relacionados à área de informática”; por
fim, a gestora da Governança respondeu ser importante dominar os serviços realizados
em seu setor, assim como, manter-se atualizada em sua área.
Como pode ser verificado mais adiante, houve também uma confusão entre os
conceitos de conhecimentos, habilidades e atitudes, e para uma melhor organização e
visualização dos dados, alguns recursos foram categorizados de acordo com a divisão
proposta por Ruas (2001) – ver Figura 1 (página 43).
Exemplificando tal confusão entre conceitos, quando questionada sobre as
habilidades consideradas relevantes, a gestora da Governança mencionou os serviços
realizados por seu setor – ou suas funções; como pode ser visto no trecho a seguir
extraído de seu depoimento: “... atuo nas seguintes funções: parte de hospedagem:
camareira, serviços gerais, lavanderia e manutenção”.
Outras competências mencionadas como habilidades pelos gestores da Empresa
C foram: ter conhecimento de como lidar com empregados e empregador na condução
de problemas do dia-a-dia (gestora de RH); saber prestar atendimento ao público,
oferecer um serviço especializado e ter motivação (gestor da Recepção); saber se
expressar “para obter o melhor dos colegas de trabalho” (gestora de Eventos); e ter
bom senso e saber estabelecer uma comunicação interpessoal (gestora de A&B).
134
Dentre as atitudes mencionadas pelos respondentes da Empresa C,
predominaram os atributos profissionais relacionados à capacidade de liderança e de
trabalho em equipe – atitude citada por quatro gestores (com exceção do chefe de
Recepção, que mencionou apenas a capacidade de atender ao público).
Relacionado a esses atributos, alguns ainda afirmaram ser importante: saber
respeitar os subordinados; valorizar o trabalho realizado por esses; e ser capaz de
cobrar resultados, estando disposto, entretanto, a conversar sobre possíveis
“deficiências” no serviço realizado. Outros atributos pessoais elencados foram: ser
compreensivo e agir com tranqüilidade.
A seguir os recursos de competências citados pelos participantes da Empresa C
são apresentados de acordo com o esquema elaborado por Ruas (2001) e apresentado
na Figura 1 (página 43) – ver a seguir Quadro 9 (página 135).
O primeiro tema da Variável 4 refere-se às competências que os gestores
citaram anteriormente, e que afirmam não possuir ou que sentem a necessidade de
desenvolver. Duas participantes (a gestora de RH e a de A&B) afirmaram que gostariam
de desenvolver a capacidade de agir com mais rigidez ou de forma mais enérgica em
determinadas situações – principalmente no momento de liderar uma equipe.
As gestoras de Eventos e da Governança mencionaram a necessidade de
desenvolver mais paciência e compreensão durante as relações profissionais,
respectivamente. O responsável pelo setor da Recepção não citou competências
específicas, e salientou apenas que busca se manter atualizado.
135
Quadro 9: Recursos de competências gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes da Empresa C.
Conhecimentos (SABER)
Conhecimentos Gerais e Teóricos
Ter conhecimento teórico relacionado à área de
recursos humanos, de turismo e de administração
ou gerenciamento.
Conhecimentos Operacionais
Ter conhecimento técnico e operacional.
Conhecimentos do Ambiente
Ter conhecimento sobre as leis trabalhistas.
Habilidades (SABER FAZER)
Experiência Profissional Associada
Ter habilidade para lidar com empregados e
empregador diante de problemas diários; saber
cobrar resultados de seus subordinados; ter
habilidade para atender ao público e para prestar
um serviço especializado.
Atitudes (SABER SER/ AGIR)
Atributos Profissionais (tácitos)
Capacidade de liderança e de trabalhar em equipe.
Atributos Pessoais
Ser motivado; saber se expressar ou manter uma
comunicação interpessoal; ter bom senso; agir
com tranqüilidade e compreensão.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
O tema seguinte trata das possíveis contribuições que os treinamentos e cursos
oferecidos pela organização em questão trouxeram para o desenvolvimento de
competências gerenciais, de acordo com a percepção dos participantes.
Todos os gestores responderam ao quesito de forma afirmativa, salientando a
importância dos cursos (ou treinamentos) ministrados pela empresa, sobretudo, com
relação a alguns aspectos citados como: para a atualização dos conhecimentos e
procedimentos necessários para a profissão, e conseqüente melhoria dos serviços
prestados; e para a condução e resolução de problemas diários, melhorando o
relacionamento com os demais colegas de trabalho.
136
Tal valorização dos cursos pelos gestores fica evidente em alguns dos
depoimentos transcritos para exemplificação: “todos os cursos e qualificações são
sempre bem vindos, pois estamos sempre em mudanças na área profissional”; e “todos
os cursos são muito válidos em todos os setores da empresa e cada funcionário que faz
deve fazer com grande prazer, pois com certeza terá um bom rendimento em cada
curso”.
As respostas dos gestores com relação às possíveis contribuições para o
desenvolvimento de competências resultantes dos cursos (ou treinamentos) que os
mesmos têm buscado por conta própria, também foram positivas. Todos mencionaram
contribuições dos cursos para a aquisição de novos conhecimentos e melhoria da
qualidade dos serviços prestados.
Alguns depoimentos revelam a consciência dos gestores sobre a importância de
buscar uma atualização constante, tanto para a melhoria de sua formação profissional,
quanto para o desempenho da própria empresa, como pode ser visto a seguir: “sim,
pois quanto mais graduado for o funcionário, mais qualificada a empresa onde trabalha
passa a ser”; e ainda, “todos os cursos que busco por conta própria tem sido de grande
importância para a minha área. Cada vez que concluo um curso, me sinto realizada no
que faço”.
Foi possível verificar na análise dos dois últimos temas, que tanto os cursos
oferecidos pela empresa, quanto àqueles buscados pelos próprios gestores receberam
avaliações positivas.
De acordo com Marras (2000) e Antonello (2004a), mesmo existindo uma
tendência nas empresas em transferirem a responsabilidade do aprendizado para os
profissionais, torna-se essencial que as organizações busquem contribuir para o
137
desenvolvimento de seus funcionários, oferecendo oportunidades que sejam
interessantes para os mesmos e para objetivos organizacionais. A avaliação positiva
feita pelos gestores sobre os cursos ofertados pela Empresa C, sugere que a mesma
vem oferecendo tais oportunidades de desenvolvimento.
No último item da Variável 4, referente às formas de aprendizagem consideradas
mais relevantes para o desenvolvimento de novas competências gerenciais, de acordo
com a percepção dos participantes, foi obtido o seguinte resultado por ordem
decrescente de importância:
1. “Na prática diária da profissão”;
2. “Através de outros meios de comunicação como: TV, rádio, Internet”;
3. “Através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas”;
4. “No convívio com os colegas de trabalho do seu setor e/ ou subordinados”;
5. “Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa por conta própria”;
6. “No convívio social com amigos, familiares, e com a sociedade, de um modo
geral”;
7. “Através de cursos (ou treinamentos) de que participa e que são proporcionados
pela empresa”;
8. “No convívio com seus superiores e/ ou outros gestores”;
9. “Através de palestras, congressos e/ ou outros eventos de que participa”;
10. “Através de viagens de estudo e observação de outras culturas”.
Assim como nas outras empresas, a opção “Na prática diária da profissão” foi
apontada como sendo a forma de aprendizagem mais importante na opinião da maioria
dos respondentes da Empresa C – sendo que apenas a gestora de Eventos não
138
enumerou esse item como o mais relevante. Tal tipo de aprendizagem, derivado da
prática profissional, estaria de acordo com o ciclo de aprendizagem proposto por Kolb
em 1984 (apud ANTONELLO, 2004a; ODERICH, 2005), que se inicia com a experiência
concreta, gerando a partir desta, observações e reflexões para a formação de conceitos
abstratos, que seriam novamente aplicados na experimentação ativa em novas
situações.
Outro aspecto também verificado nas demais organizações foi que mais uma
vez, os gestores enumeraram os cursos que buscam por conta própria como mais
relevantes do que aqueles oferecidos pela empresa para o desenvolvimento de
competências gerenciais. Isso reflete a importância que os objetivos profissionais e
pessoais dos gestores possuem para o processo de aprendizagem, sendo essencial
que as organizações observem tal aspecto no momento em que optam pelo
investimento em cursos ou treinamentos para seus funcionários.
Se as empresas investem em treinamentos apenas voltados para os objetivos
organizacionais, podem não conseguir o efeito desejado junto aos seus colaboradores,
por não despertarem o interesse dos mesmos pelo que está sendo ensinado. O ideal,
portanto, é que os cursos sejam ofertados considerando os interesses de todos os
envolvidos, ou seja, da empresa e dos funcionários que irão participar de tal processo
de aprendizagem (ANTONELLO, 2004a; MARRAS, 2000).
Por fim, é relevante destacar que dentre as primeiras cinco formas de
aprendizagem consideradas mais importantes pelos gestores da Empresa C, quatro são
caracterizadas como informais, e apenas uma baseia-se no aprendizado formal –
“através de cursos (ou treinamentos) de que participa por conta própria”. Entretanto,
139
todas as cinco formas de aprendizagem consideradas mais relevantes, nesse caso,
dependem da iniciativa de cada indivíduo para a busca de seu autodesenvolvimento.
4.4. DESCRIÇÃO E SÍNTESE DOS DADOS DA PESQUISA
Nesta etapa da pesquisa são apresentados e analisados os dados coletados nas
três empresas em conjunto. Para que fosse possível um melhor detalhamento das
considerações mais relevantes observadas na análise dos dados coletados, as quatro
variáveis são analisadas separadamente.
VARIÁVEL 1: PERFIL DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Para o estudo da primeira variável foram elaboradas algumas tabelas que
permitem uma melhor visualização dos dados e uma análise quantitativa dos mesmos -
como explicado nos procedimentos metodológicos, essa quantificação foi utilizada
apenas para a Variável 1, referente ao perfil de formação profissional dos participantes
da pesquisa.
A primeira questão, referente aos setores que são gerenciados pelos
respondentes da pesquisa, serviu apenas como um filtro para composição da amostra,
formada pelos gestores dos setores de RH, A&B, Recepção, Governança e Eventos, de
cada uma das três empresas estudadas. Apenas na Empresa A, um dos setores ficou
sem representação por não haver no momento de realização da pesquisa um gestor no
setor de Governança da referida organização.
Conforme pode ser verificado na Tabela 1 (página 140) – referente à idade dos
gestores - o maior percentual obtido entre os participantes da pesquisa encontra-se na
faixa etária entre 36 e 46 anos, totalizando 42,9% do grupo. Dentre os seis gestores
140
que compõem esse grupo, três são responsáveis pelo setor de RH, dois pelo setor de
A&B, e um pela Governança.
TABELA 1: Distribuição dos sujeitos da pesquisa por faixa etária
Idade Freqüência Percentual - %
25 a 35 anos 5 35,7
36 a 46 anos 6 42,9
47 a 57 anos 2 14,3
Brancos 1 7,1
Total 14 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Logo em seguida com 35,7% do total estão os gestores com idade entre 25 e 35
anos. Os dois mais novos administradores possuem 29 e 30 anos - ambos do gênero
masculino - e são responsáveis pelo setor da Recepção. Foram encontrados ainda dois
sujeitos com idade entre 47 e 57 anos – sendo um gestor do setor de A&B, e outro da
Governança - representando 14,3% do grupo pesquisado; e apenas uma gestora não
respondeu à questão.
Com relação ao gênero dos participantes, a porcentagem encontrada revela a
predominância de mulheres nos cargos administrativos estudados, atingindo um total
de 57,1%, contra 42,9% de homens – ver Tabela 2 (página 141).
De acordo com uma pesquisa realizada por Leone e Baltar (2006), intitulada
Economia e Mercado de Trabalho no Brasil”, apesar da maior parte da população
economicamente ativa (PEA) brasileira ainda ser constituída por homens, são as
mulheres que vêm conseguindo ingressar com maior facilidade no mercado de trabalho
141
nacional. Segundo dados do referido estudo, entre 2004 e 2006, a taxa de ingresso das
mulheres foi de 3,2% ao ano, enquanto a dos homens ficou em 1,9%. Como concluído
em tal pesquisa, as áreas em que a participação feminina mais cresceu nos últimos
anos foram na Educação, nos Serviços de Assistência Social e na Hotelaria. Sendo
assim, a realidade encontrada na pesquisa de campo realizada reflete esse
crescimento das mulheres no setor hoteleiro apontado no estudo mencionado.
TABELA 2: Distribuição dos sujeitos da pesquisa por gênero
Gênero Freqüência Percentual - %
Masculino 6 42,9
Feminino 8 57,1
Total 14 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Na Tabela 3 (página 142) é possível observar o nível de escolaridade dos
participantes da pesquisa, divididos também com relação ao gênero. O resultado obtido
demonstra que a maioria dos gestores possui o 3º Grau (ou Ensino Superior) Completo
ou Incompleto em andamento, sendo cada um desses casos representados por 42,85%
dos respondentes. Somente dois gestores – ou 14,3% do grupo – possuem apenas o
Ensino Médio; e nenhum possui só o Ensino Fundamental.
Os dados revelam que os gestores das empresas estudadas possuem um bom
nível de escolaridade, o que se torna um aspecto positivo para as organizações. Foi
possível verificar também que dentre os seis gestores com Ensino Superior Incompleto
em andamento: um encontra-se no grupo com idade entre 47 e 57 anos; três pertencem
à faixa etária de 36 a 46 anos; e dois possuem entre 25 e 35 anos. Isso demonstra que
142
existe a preocupação entre os gestores com o autodesenvolvimento, já que vêm
buscando a conclusão de um curso superior, não importando a faixa etária a qual
pertencem. Os cursos que os referidos gestores vêm fazendo são especificados na
Tabela 4 (página 143).
TABELA 3: Distribuição dos participantes da pesquisa segundo gênero e nível de
escolaridade
Freqüência
Escolaridade
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Ensino
Fundamental
0 0 0 0
Ensino Médio 1 1 2 14,3
Ensino Superior
Incompleto
2 4 6 42,85
Ensino Superior
Completo
3 3 6 42,85
Total 6 8 14 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
De acordo com os dados fornecidos, dois gestores estão cursando
Administração, representando 33,2% do referido grupo; e os demais estão distribuídos
um a um nos seguintes cursos: Hotelaria, Gestão Financeira, Direito e Pedagogia.
Apenas os dois últimos cursos não possuem ligação direta com a função gerencial
exercida. O respondente que está cursando Gestão Financeira é responsável pelo setor
de Eventos, e, portanto, sua formação pode auxiliar diretamente na função gerencial
exercida.
143
TABELA 4: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com ensino superior incompleto
de acordo com o gênero e a área de formação
Freqüência
Área de
formação
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Administração 1 1 2 33,2
Hotelaria 0 1 1 16,7
Gestão
Financeira
0 1 1 16,7
Direito 1 0 1 16,7
Pedagogia 0 1 1 16,7
Total 3 3 6 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
A Tabela 5 (página 144) foi elaborada considerando apenas os gestores com
Ensino Superior Completo – seis pessoas no total, sendo três mulheres e três homens -
e revela as áreas de formação de tais participantes. Com relação a esse tema, o grupo
mostrou-se bastante diversificado, sendo dois gestores formados em Turismo – ou
33,2% do total; e os demais formados (cada um) nas seguintes áreas: Administração;
Administração Hoteleira; Serviço Social; e Nutrição.
É possível verificar a partir dos dados coletados que a maioria possui formação
em áreas diretamente relacionadas ao setor de hospedagem. No caso da gestora
formada em Nutrição, a mesma pertence ao setor de Alimentos & Bebidas, o que torna
pertinente sua admissão para a referida função. Já a gestora formada em Serviço
Social é responsável pelo setor de Eventos, sendo o único caso onde a formação
superior não possui relação direta com a função exercida.
144
TABELA 5: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com ensino superior completo
de acordo com o gênero e a área de formação
Freqüência
Área de
formação
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Turismo 1 1 2 33,2
Administração 1 0 1 16,7
Administração
Hoteleira
1 0 1 16,7
Serviço Social 0 1 1 16,7
Nutrição 0 1 1 16,7
Total 3 3 6 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Ao questionar sobre o tempo de atuação em Hotelaria, levou-se em
consideração o período completo de experiência do participante no segmento de
hospedagem, independentemente da função exercida por esse dentro da organização.
Com isto, buscou-se verificar o tempo de serviço desses profissionais no setor
hoteleiro especificamente, já que dentre as competências gerenciais consideradas
relevantes, de acordo com Leiria (2002), encontram-se os conhecimentos referentes ao
ambiente - nesse caso, conhecimento sobre: legislação; mercado; concorrência;
inovações do setor; e perfil dos clientes - que requerem um certo tempo de experiência
profissional para se desenvolverem.
145
TABELA 6: Distribuição dos sujeitos da pesquisa segundo gênero e tempo de
atuação em Hotelaria
Freqüência
Tempo de
atuação em
Hotelaria
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Menos de 1 ano 0 1 1 7,1
1 a 2 anos 0 0 0 0
3 a 4 anos 1 1 2 14,3
5 a 6 anos 1 0 1 7,1
7 a 8 anos 0 1 1 7,1
9 a 10 anos 1 3 4 28,7
11 a 12 anos 1 1 2 14,3
13 a 14 anos 0 1 1 7,1
Acima de 15
anos
2 0 2 14,3
Total 6 8 14 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Como enfatiza Pimenta (2004), a experiência no setor tem sido o requisito mais
considerado para a contratação de funcionários nos empreendimentos hoteleiros,
sendo mais valorizado que as referências profissionais e o domínio de outro idioma, por
exemplo.
A Tabela 6 (página 145) revela que 28,7% dos respondentes possuem de 9 a 10
anos de atuação no setor hoteleiro; e a porcentagem de 14,3% se repete nos seguintes
períodos de tempo: de 3 a 4 anos; de 11 a 12 anos; e acima de 15 anos. O restante
encontra-se distribuído por unidade nos demais períodos de tempo, com exceção do
146
período de 1 a 2 anos, sem nenhum respondente. Sendo assim, a grande maioria –
representada por 11 gestores - possui pelo menos 5 anos de experiência no setor
hoteleiro.
Como é visto mais adiante, os participantes da pesquisa destacaram a prática
diária da profissão como a forma de aprendizagem considerada mais importante,
segundo a percepção dos mesmos. Sendo assim, quanto maior for o tempo de
experiência no setor e no cargo ocupado, provavelmente maior será a oportunidade de
vivenciar experiências que permitam tal aprendizado na prática.
A questão seguinte trata exatamente sobre o tempo de exercício dos
participantes na função gerencial atual. Como pode ser observado na Tabela 7 (página
147), o maior percentual, de 21,45%, aparece tanto na opção referente ao tempo de 5 a
6 anos de experiência no cargo em questão, quanto no item “menos de 1 ano”. Dentre
os respondentes com menos de 1 ano de experiência estão: a chefe do setor de
Eventos da Empresa A; o gestor da Recepção da Empresa B; e a gerente de A&B da
Empresa C.
O segundo percentual, representando 14,3% do grupo, aparece nos seguintes
períodos de tempo: de 1 a 2 anos, e de 3 a 4 anos. Os dois gestores com maior tempo
de experiência – um possui de 11 a 12 anos na função, e a outra de 13 a 14 anos –
pertencem ao setor de Recursos Humanos – da Empresa A e da Empresa C,
respectivamente. Além desses, dois participantes deixaram a questão em branco.
Diferentemente da Tabela 6 (página 145) - que mostrou que 11 participantes
possuem pelo menos 5 anos de experiência no setor hoteleiro, ou 78,6% do grupo - a
Tabela 7 (página 147) evidencia que a maioria dos gestores – representada por 71,4%
do total, sendo 5 homens e 5 mulheres – ocupa o cargo atual há no máximo 6 anos.
147
TABELA 7: Distribuição dos participantes da pesquisa por gênero e tempo de
exercício na função gerencial atual
Freqüência
Tempo de
exercício da
função
gerencial
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Menos de
1 ano
1 2 3 21,45
1 a 2 anos 1 1 2 14,3
3 a 4 anos 2 0 2 14,3
5 a 6 anos 1 2 3 21,45
7 a 8 anos 0 0 0 0
9 a 10 anos 0 0 0 0
11 a 12 anos 1 0 1 7,1
13 a 14 anos 0 1 1 7,1
Acima de
15 anos
0 0 0 0
Branco 0 2 2 14,3
Total 6 8 14 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Com relação ao conhecimento de algum idioma estrangeiro (ver Tabela 8
página 148), 85,7% dos gestores afirmou ter conhecimento de pelo menos uma língua –
com destaque para o Inglês, citado por seis participantes do grupo (ver Tabela 9 –
página 149). Os dois respondentes que não possuem conhecimento de idioma
estrangeiro pertencem aos setores de RH e Governança. Por serem setores que não
lidam diretamente com os consumidores estrangeiros, diminui a exigência, nesses
148
casos, de profissionais com o domínio de outros idiomas (CASTELLI, 2001; ISMAIL,
2004; HAYES e NINEMEIER, 2005).
TABELA 8: Distribuição dos sujeitos da pesquisa por gênero e por conhecimento
de Língua Estrangeira
Freqüência
Conhecimento
de Língua
Estrangeira
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Sim 5 7 12 85,7
Não 1 1 2 14,3
Total 6 8 14 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Dentre os 12 gestores que afirmaram ter algum conhecimento de língua
estrangeira: 66,7% marcaram apenas um idioma – Inglês ou Espanhol; e 33,3%
disseram dominar mais de uma língua. A Tabela 9 (página 149) mostra em detalhes os
participantes pertencentes a esse primeiro grupo; enquanto na Tabela 10 (página 150),
é possível observar o segundo grupo em questão. É interessante destacar também que
todos os gestores da Empresa B afirmaram ter algum conhecimento de língua
estrangeira.
Dentre os oito gestores com conhecimento de apenas uma língua estrangeira, o
maior índice, de 37,5%, aparece em dois grupos – cada um formado por duas mulheres
e um homem: os que possuem pouco domínio de Inglês; e aqueles com domínio
razoável desta mesma língua. Os participantes desse grupo, portanto, não possuem
bom domínio de Inglês. Dentre os demais gestores, que marcaram o idioma Espanhol:
um possui pouco domínio desta língua, e o outro afirmou ter bom domínio.
149
TABELA 9: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com conhecimento de apenas
uma Língua Estrangeira de acordo com o gênero e grau de domínio do idioma
citado
Freqüência
Idiomas
Citados
Grau de
Domínio
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Pouco
Domínio
1 2 3 37,5
Domínio
Razoável
1 2 3 37,5
Inglês
Bom Domínio 0 0 0 0
Pouco
Domínio
0 1 1 12,5
Domínio
Razoável
0 0 0 0
Espanhol
Bom Domínio 0 1 1 12,5
Total 2 6 8 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Dos quatro gestores que afirmaram conhecer mais de um idioma (ver Tabela 10
– página 150): dois pertencem a Recepção – da Empresa B e da Empresa C; um ao
setor de Eventos – da Empresa C; e o outro gerencia o setor de A&B – da Empresa B.
Sendo assim, nenhum gestor da Empresa A tem conhecimento de mais de um idioma.
A Tabela 10 (página 150) mostra ainda que, dentre os participantes com
conhecimento de mais de um idioma: 50% dominam duas línguas (Inglês e Espanhol) –
sendo que um gestor possui bom domínio dos idiomas mencionados; e a outra, pouco
domínio - e os outros 50%, além de possuírem bom domínio de Inglês e Espanhol,
afirmaram ter um domínio razoável de outro idioma – sendo um do setor de A&B, e
outro da Recepção, ambos pertencentes a Empresa B.
150
TABELA 10: Distribuição dos sujeitos da pesquisa com conhecimento de mais de
uma Língua Estrangeira de acordo com o gênero e grau de domínio do idioma
citado
Freqüência
Idiomas
Citados
Grau de
Domínio
Homens Mulheres
Totais Percentual - %
Pouco
Domínio
0 1 1 25
Domínio
Razoável
0 0 0 0
Inglês e
Espanhol
Bom Domínio 1 0 1 25
Pouco
Domínio
0 0 0 0
Domínio
Razoável
0 0 0 0
Inglês,
Espanhol e
Outro
Idioma
Bom Domínio 2* 0 2* 50
Total 3 1 4 100
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
OBS: As freqüências marcadas com asterisco (*) correspondem aos dois gestores com bom
domínio de Inglês e Espanhol e com domínio razoável de outra língua.
É essencial destacar que, todos os gestores das três empresas responsáveis
pela Recepção, pelo setor de A&B e de Eventos disseram ter, pelo menos, pouco
domínio de uma língua estrangeira. Estes setores mencionados lidam diretamente com
o público, sendo essencial para o exercício de suas funções, e para a prestação de um
serviço de qualidade, o conhecimento de outros idiomas (TRIGO, 2000; FORNARI,
2006).
VARIÁVEL 2: CURSOS E TREINAMENTOS PARA O DESENVOLVIMENTO
GERENCIAL
O primeiro tema analisado nessa variável diz respeito aos cursos (ou
treinamentos) que as empresas estudadas ofereceram para seus gestores até o
151
momento de realização da presente pesquisa. O segundo tema remete a participação
dos respondentes nos cursos mencionados no item anterior. O tema seguinte refere-se
aos impactos positivos dos cursos oferecidos pela empresa para suas funções, de
acordo com a percepção dos respondentes. Por sua vez, o quarto tema direciona-se
aos cursos buscados por iniciativa própria dos gestores. Por existir uma relação entre
os temas, os mesmos são analisados conjuntamente a seguir.
No caso da Empresa A, dois gestores afirmaram desconhecerem a existência de
cursos oferecidos pela organização para seus respectivos cargos – gestores de A&B e
da Recepção. Conseqüentemente, os mesmos também não participaram de
treinamento algum proporcionado pela empresa, e não puderam emitir opinião sobre os
impactos positivos que tais cursos teriam para suas funções.
É interessante destacar, que um deles possui seis anos de experiência no cargo
- gerente da Recepção – e o outro, quatro anos e cinco meses – chefe de A&B; e como
ambos são responsáveis por setores de grande importância para o hotel, já poderiam
ter recebido algum tipo de incentivo por parte da empresa para o desenvolvimento de
novas competências gerenciais durante esse extenso período de tempo.
Quando questionados sobre alguma iniciativa para seu autodesenvolvimento, a
gestora da Recepção limitou-se a citar um curso de Inglês do qual participa por conta
própria; e o gerente de A&B mencionou apenas ações informais – como a participação
em congressos, feiras, palestras, e outros eventos.
Os outros dois gestores da Empresa A, afirmaram ter conhecimento dos
seguintes cursos (ou treinamentos) oferecidos pela organização: “Qualidade Total –
SEBRAE”; “Vendas”; CIPA (Comissão Interna para a Prevenção de Acidentes); SEFIP
152
(Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social);
“Passe Legal”; e PIS Empresa (Programa de Integração Social para Empresa).
Um deles, com apenas 11 meses na função – responsável pelo setor de Eventos
– participou dos dois cursos que mencionou, nesse caso, o de “Qualidade Total” e o de
“Vendas”. Ambos possuem ligação com o exercício de sua função - já que tal gestora
lida com a negociação e organização de eventos diretamente com o público consumidor
e com outras empresas – e foram avaliados positivamente pela mesma, que citou como
contribuições para sua função o desenvolvimento de conhecimentos relacionados à
área de planejamento e organização. Quando questionada sobre os cursos que vem
participando por vontade própria, mencionou apenas um curso de Inglês.
O outro gestor da Empresa A – do setor de RH – apesar de ter mencionado cinco
cursos oferecidos pela organização dos quais possui conhecimento, afirmou ter
participado de apenas dois treinamentos – o “Passe Legal” e o “PIS Empresa” – durante
os doze anos de experiência que possui no cargo em questão. Assim como a
respondente anterior, esse gestor emitiu uma avaliação positiva com relação às
contribuições obtidas a partir dos dois cursos. O mesmo afirmou ainda estar
participando por conta própria de um curso na área de Informática, e de outro que versa
sobre “legislação trabalhista”.
Dentre os respondentes da Empresa B, apenas um gestor – de A&B - disse
desconhecer a existência de cursos ofertados pela organização. Além de não ter
participado de curso algum, o mesmo gestor deixou a questão sobre os impactos dos
cursos em branco. Esse respondente afirmou que também não está participando de
curso algum por iniciativa dele, limitando-se apenas a leituras de obras pertencentes à
sua área para a busca de seu autodesenvolvimento.
153
Cada um dos demais gestores citou um curso oferecido pela Empresa B, todos
relacionados com o exercício de sua função como pode ser visto adiante – com
exceção da gestora da Governança que mencionou dois cursos. Os cursos
enumerados foram: “cerimonial” e “etiqueta” pela gestora da Governança; “qualidade no
atendimento” pela gerente de Eventos; “marketing e atendimento” pelo chefe da
Recepção; e “gestão de recursos humanos” pelo gestor de RH.
É importante salientar, que no caso da Empresa B, além da relação existente
entre os assuntos dos treinamentos oferecidos e as funções gerenciais exercidas pelos
respondentes, todos emitiram avaliações positivas sobre os impactos gerados pelos
cursos para o exercício de suas respectivas profissões.
Entretanto, quando esses quatro gestores foram questionados sobre as
atividades que vêm desenvolvendo para a melhoria de suas competências gerenciais, a
maioria dos participantes disse não estar participando de cursos por conta própria –
sendo que um deles alegou falta de tempo disponível para tal iniciativa. Apenas a
gestora da Governança citou um curso de Hotelaria e algumas palestras em sua área
como atividades que vem buscando para seu autodesenvolvimento.
Com relação aos cinco participantes da Empresa C, todos mencionaram pelo
menos um curso oferecido pela organização do qual tiveram a oportunidade de
participar. Dentre os temas dos treinamentos elencados estão: “gestão financeira”,
“gestão de pessoas”, e “programas empresariais” (gerente de RH); curso “motivacional”,
“da área de hotelaria”, e outro oferecido pelo SEBRAE não especificado (chefe de
Recepção); “controle e qualidade no atendimento” (responsável por Eventos); curso
para “manipulação de alimentos” e de “gerenciamento de setores” (gerente de A&B);
154
“gestão hoteleira para hotéis e pousadas”, “qualidade em atendimento”, e “relações
humanas no trabalho” (gestora da Governança).
Como foi possível observar, os cursos citados também possuem relação direta
com o exercício das funções gerenciais analisadas e foram avaliados positivamente por
todos gestores, que enumeraram uma série de benefícios advindos de tal experiência
de aprendizagem. Considerando que os cinco gestores da Empresa C possuem um
bom nível de escolaridade (sendo dois com Ensino Superior Completo; e três com
Ensino Superior Incompleto em andamento), a avaliação favorável dos cursos
oferecidos pela empresa demonstra que existe nessa certo grau de preocupação com
relação ao desenvolvimento profissional de seus funcionários.
Com relação à busca de cursos por iniciativa própria, todos os gestores da
Empresa C mencionaram alguma atividade da qual vêm participando para a melhoria
de seu desempenho profissional. Com exceção da gestora de RH que mencionou
apenas atividades informais que vem utilizando para seu autodesenvolvimento, os
demais gestores citaram uma série de cursos relacionados às áreas de Turismo,
Hotelaria ou Administração. É interessante destacar ainda que, dois gestores afirmaram
que estão participando de cursos de idiomas estrangeiros, ambos responsáveis por
setores que prestam atendimento direto ao público, nesse caso, Recepção e Eventos.
Além dos cursos e treinamentos descritos nessa variável, podem ser
acrescentados os cursos superiores que os gestores das três empresas mencionaram
na Variável 1, como formas de desenvolvimento que os participantes buscam por conta
própria.
155
VARIÁVEL 3: COMPETÊNCIAS GERENCIAIS
Para efeito de organização e comparação das competências, o Diagrama de
Recursos de Competências, proposto por Ruas (2001) foi utilizado como base para a
construção dos quadros analisados nesta variável – ver Figura 1 (página 43).
Foi elaborado um quadro para cada recurso de competência – “Conhecimentos”,
“Habilidades” e “Atitudes” - comparando todas as competências citadas pelos gestores-
participantes das três organizações estudadas, com aquelas resultantes das pesquisas
encontradas na revisão teórica
3
- incluindo apenas as competências citadas por: Trigo
(2000), Leiria (2002); OMT (2002) e Fornari (2006).
É interessante esclarecer que, mesmo verificando que algumas competências
encontradas na revisão teórica não aparecem nos depoimentos dos gestores das três
empresas, isso não implica no desconhecimento ou na desvalorização da competência
omitida pelos participantes da pesquisa. Como foram utilizadas questões abertas no
instrumento de pesquisa, alguns gestores podem ter esquecido de mencionar alguma
competência no momento em que preencheram o questionário. Sendo assim, qualquer
comentário realizado sobre a omissão de competências por parte dos respondentes,
não afeta a relevância que as mesmas possuem, algo já comprovado pelas teorias
desenvolvidas sobre o assunto.
No Quadro 10 (página 158) foram organizados os recursos de competências
referentes aos “Conhecimentos Gerais e Teóricos”, de acordo com a proposta de Ruas
(2001). Dentre as seis competências que compuseram tal grupo, duas foram
mencionadas apenas pelos participantes dessa pesquisa – Empresas A e C, não sendo
3
Observar que nos quadros formulados, os recursos de competências mencionados pelos participantes
da pesquisa ou pela teoria são representados pelos quadrados “preenchidos” ou “coloridos”.
156
encontrada na revisão teórica referência às mesmas, que seriam “ter conhecimento
teórico relacionado à área de RH”; e “ter conhecimento teórico relacionado à área de
Turismo”.
Apesar desses serem conhecimentos gerais e teóricos, por vezes associados
apenas a determinados setores – como ao departamento de RH, no primeiro caso – as
duas áreas (RH e Turismo) oferecem informações importantes para o exercício das
funções gerenciais analisadas no presente trabalho.
É comum encontrar, por exemplo, autores que ressaltam que as funções de RH
devem ser conhecidas por todos aqueles que venham a exercer algum cargo de
liderança dentro das organizações, como pode ser visto na afirmação a seguir:
As atividades de RH nos hotéis são realizadas por dois grupos de funcionários.
O primeiro grupo é formado pelos gerentes de linha de frente e o segundo,
pelos profissionais da área de RH. As atividades dos gerentes de linha de frente
incluem a decisão final a respeito da seleção de candidatos, orientações
específicas sobre a área e treinamento contínuo. Eles também devem realizar
atividades de supervisão, avaliações de desempenho, escalas e aplicações de
disciplina. (HAYES e NINEMEIER, 2005, p. 75).
O conhecimento de línguas e culturas estrangeiras foi citado como uma
importante competência gerencial nos estudos realizados por Trigo (2000) e por Fornari
(2006). Nesse caso, apenas alguns gestores da Empresa B ressaltaram esse
conhecimento, em suas declarações, como sendo uma competência relevante, apesar
de outros respondentes das Empresas A e C mencionarem os cursos de línguas dentre
aqueles que vêm buscando por conta própria para seu desenvolvimento.
Um conhecimento foi mencionado por Leiria (2002) e por alguns participantes
das Empresas B: “saber estabelecer estratégias”; e outro pela mesma autora e por
gestores das Empresas B e C: “ter conhecimento teórico relacionado à área de
157
Administração”. Ambos estão relacionados a qualquer cargo gerencial, pois são
consideradas funções básicas dos administradores: o planejamento, a organização, a
gestão de pessoas, a direção, o controle e a avaliação (HAYES e NINEMEIER, 2005).
Por fim, apenas um conhecimento geral aparece somente na pesquisa realizada
por Leiria (2002), sendo que nenhum participante do estudo o mencionou, que seria:
“ter conhecimento de novas tecnologias”.
Segundo Petrocchi (2001) e Pimenta (2004), alguns avanços tecnológicos vêm
impactando fortemente os processos de produção no setor hoteleiro, o que exige de
seus funcionários uma maior preocupação com a adaptação a tais mudanças, através
do desenvolvimento de novas competências relacionadas à referida área.
Torna-se mister destacar que, como mostrado no Quadro 1 (página 54) -
elaborado por Fleury e Fleury (2001b) inspirados em Le Boterf – os “conhecimentos
teóricos” requerem para o seu desenvolvimento uma educação formal e continuada, o
que exige dos gestores a participação constante em cursos ou treinamentos formais
destinados a tal objetivo. Analisando a situação dos participantes da pesquisa,
verificou-se que a maioria vem participando de cursos de nível superior, ou de cursos
de idiomas, o que se enquadra nessa possibilidade de desenvolvimento de
conhecimentos teóricos através da educação formal e continuada.
158
Quadro 10: Conhecimentos (Gerais e Teóricos) considerados relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica
CONHECIMENTOS (SABER)
COMPETÊNCIAS
CONSIDERADAS RELEVANTES
CONHECIMENTOS GERAIS E TEÓRICOS
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRlGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Saber outras línguas e culturas
Saber estabelecer estratégias (visão estratégica)
Ter conhecimento teórico relacionado à área de RH
Ter conhecimento teórico relacionado à área de Turismo
Ter conhecimento teórico relacionado à área de Administração
Ter conhecimento sobre novas tecnologias
Fontes: Dados da pesquisa, 2007; TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006);
RUAS (2001).
Por sua vez, os “Conhecimentos Operacionais” que são analisados a seguir –
mostrados no Quadro 11 (página 159) – estão relacionados ao que Le Boterf chamou
de “conhecimentos sobre procedimentos”, e exigem além da educação formal, certa
experiência profissional (FLEURY e FLEURY, 2001b) – ver Quadro 1 (página 54). Com
relação ao tempo de experiência dos participantes da pesquisa no setor hoteleiro,
verificou-se que 78,6% do grupo possui pelo menos 5 anos de experiência profissional,
o que atende ao requisito mencionado para o desenvolvimento de conhecimentos
operacionais.
159
Quadro 11: Conhecimentos (Operacionais) considerados relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica
CONHECIMENTOS (SABER)
COMPETÊNCIAS
CONSIDERADAS RELEVANTES
CONHECIMENTOS OPERACIONAIS
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRIGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter conhecimento técnico e operacional do setor onde trabalha
Ter conhecimento sobre técnicas de negociação e vendas
Ter noções sobre gestão hoteleira
Fontes: Dados da pesquisa, 2007; TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006);
RUAS (2001).
Dentre os três conhecimentos operacionais agrupados na presente pesquisa (ver
Quadro 11 - página 159) merece ser destacada a competência: “ter conhecimento
técnico e operacional do setor onde trabalha”. Tal conhecimento foi mencionado por
alguns gestores das três empresas, e aparece nos estudos de Leiria (2002) e Fornari
(2006).
Dois conhecimentos operacionais citados por gestores da Empresa B, não
aparecem entre as obras utilizadas para comparação, que seriam “ter conhecimento
sobre técnicas de negociação de vendas”; e “ter noções sobre gestão hoteleira”.
O primeiro conhecimento embora esteja mais relacionado a alguns cargos
gerenciais que outros – sendo mais importante para os setores que lidam com vendas,
como Recepção, Eventos e A&B – merece destaque especial para o setor hoteleiro, já
que o “produto” ofertado é formado por um conjunto de experiências que depende
160
diretamente do desempenho do prestador de serviços durante o processo de
negociação (DIAS e CASSAR, 2005).
O segundo conhecimento refere-se às noções operacionais de Administração
Hoteleira. Para os gestores do segmento de hospedagem torna-se essencial
compreender a interdependência existente entre os diversos setores de um hotel, já
que o desempenho de determinado serviço está geralmente condicionado a execução
correta de outras funções e serviços (CASTELLI, 2001; ISMAIL, 2004).
O Quadro 12 (página 162) reúne os “Conhecimentos do Ambiente”. Dentre os
seis tipos de conhecimentos citados, três foram coletados exclusivamente a partir da
revisão teórica, e um foi enumerado apenas por alguns gestores da Empresa A. Com
relação a esse último, que trata do “conhecimento sobre o produto de seu trabalho” -
apesar de não ter sido encontrado dentre as teorias selecionadas para efeito de
comparação nos quadros elaborados – é interessante ressaltar sua importância para os
gestores, já que os mesmos necessitam possuir certa familiaridade com o “produto” ou
resultado de seu trabalho, como mostram as funções gerenciais descritas na revisão
teórica (SEBRAE, 2001; CASTELLI, 2001; MARQUES, 2003; HAYES e NINEMEIER,
2005).
Dentre as competências encontradas apenas na teoria, o estudo realizado por
Leiria (2002) destaca como conhecimentos relevantes “ter conhecimento sobre a
concorrência”; e “ter conhecimento sobre as inovações do setor”. Tais conhecimentos
são extremamente importantes para qualquer empresa que busca manter sua
competitividade no mercado. Para os gestores torna-se interessante acompanhar as
inovações de seu setor de trabalho, assim como, observar o comportamento de seus
concorrentes, já que essas são informações importantes para o estabelecimento de
161
estratégias competitivas, que garantam a prestação de um serviço de qualidade
(PETROCCHI, 2001).
Outra competência que aparece apenas nas teorias revisadas se refere ao
conhecimento sobre o perfil dos clientes (LEIRIA, 2002; OMT, 2002). Já que no
segmento hoteleiro os consumidores exercem um papel fundamental no processo
simultâneo de produção e consumo de um serviço, o resultado desse irá depender de
cada pessoa envolvida. Torna-se essencial, portanto, para uma melhor
“personalização” do serviço prestado que os gestores tenham conhecimento sobre o
perfil do público que estão atendendo – quais são suas expectativas, desejos, a
regularidade com que utilizam os serviços da empresa, dentre outros aspectos (ANJOS,
2004; DIAS e CASSAR, 2005).
Mais uma vez, é interessante destacar que o fato de tais competências não
terem sido mencionadas pelos participantes, não implica na desvalorização das
mesmas.
O conhecimento sobre a legislação, com destaque especial para as leis
trabalhistas, foi mencionado por alguns respondentes das Empresas A e C, e pelo
estudo realizado por Leiria (2002). Esse conhecimento possui grande importância,
sobretudo, para o setor de RH, responsável por fiscalizar o cumprimento das leis
governamentais na contratação, demissão e pagamento dos funcionários da empresa,
por exemplo (ISMAIL, 2004).
O último “Conhecimento do Ambiente”, também apontado na pesquisa de Leiria
(2002), e mencionado como relevante por alguns gestores da Empresa A, remete ao
conhecimento do mercado onde a empresa atua. As empresas sofrem influências
advindas do ambiente externo e necessitam acompanhar as tendências do mercado
162
para se manterem competitivas. Cabe aos gestores, portanto, manterem-se atentos a
tais mudanças ambientais para a busca de novas competências que permitam aos
mesmos manterem sua empregabilidade (ODERICH, 2005; NERI, 2005).
Quadro 12: Conhecimentos (do Ambiente) considerados relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica
CONHECIMENTOS (SABER)
COMPETÊNCIAS
CONSIDERADAS RELEVANTES
CONHECIMENTOS DO AMBIENTE
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRIGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter conhecimento sobre a legislação
Ter conhecimento sobre o mercado onde a empresa atua
Ter conhecimento sobre o produto do seu trabalho
Ter conhecimento sobre a concorrência
Ter conhecimento sobre o perfil dos clientes
Ter conhecimento sobre as inovações do setor
Fontes: Dados da pesquisa, 2007; TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006);
RUAS (2001).
No Quadro 13 (página 165) foram agrupadas onze habilidades relacionadas à
“Experiência Profissional Associada”, de acordo com a classificação de Ruas (2001).
Dentre essas habilidades, apenas seis foram mencionadas pelos participantes do
estudo, e três foram coletadas na revisão teórica. Dentre as habilidades enumeradas
apenas pelos gestores-participantes da pesquisa estão:
163
“Saber ouvir” e “ter habilidade na execução de suas operações funcionais”
citadas por alguns gestores da Empresa A. A primeira está intrinsecamente
relacionada à capacidade de prestar atenção às pessoas envolvidas no processo
de comunicação. Já a segunda complementa, de certa forma, o conhecimento
operacional referente às funções exercidas em cada setor. A diferença estaria
em “colocar em prática” os conhecimentos operacionais e técnicos da função;
“Saber negociar” e “saber como delegar funções” foram habilidades
mencionadas por alguns gestores da Empresa B. A habilidade para os negócios
também complementa outro conhecimento operacional, nesse caso, sobre as
técnicas de negociação e vendas – ou seja, saber como utilizar tal conhecimento
na prática diária da profissão. A outra habilidade está direcionada a própria
função de liderança, que exige certa capacidade de coordenar as atividades de
outros funcionários;
Já os participantes da Empresa C citaram: “ter habilidade para lidar com
empregados e empregadores diante de problemas diários” e “saber cobrar
resultados de seus subordinados”. Essa última competência também integra, de
certa maneira, a habilidade de liderança - referindo-se a função gerencial de
fiscalizar o desempenho dos funcionários sob sua responsabilidade (SEBRAE,
2001; CASTELLI, 2001; MARQUES, 2003; HAYES e NINEMEIER, 2005). Já a
primeira habilidade possui ligação com a facilidade de estabelecer
relacionamentos interpessoais para a resolução de problemas - que está entre as
atitudes que são apresentadas mais adiante.
164
As três habilidades encontradas apenas na revisão teórica foram:
A “capacidade de assessoramento e informação” citada pela OMT (2002) e por
Trigo (2000), dentre as competências consideradas essenciais para os
profissionais do setor turístico como um todo. No caso da hotelaria, os gestores
devem estar preparados para esclarecer dúvidas e oferecer informações
solicitadas pelos hóspedes, que geralmente encontram-se em um destino
diferente de seu local de moradia, necessitando de um maior apoio nesse
sentido;
“Saber analisar e interpretar informações” e “saber utilizar as novas tecnologias e
equipamentos”, mencionadas na pesquisa de Fornari (2006). A primeira
complementa a “capacidade de assessoramento e informação”, apesar de estar
mais voltada para a utilização correta das informações coletadas, por intermédio
de sua compreensão. Já a segunda habilidade complementa o conhecimento
geral e teórico referente às novas tecnologias, citado por Leiria (2002).
Como mostra o Quadro 13 (página 165), restaram, portanto, duas habilidades
que foram salientadas como relevantes tanto pelos participantes da pesquisa, quanto
pelas teorias revisadas. Merece destaque, a habilidade de “saber atender às
expectativas dos clientes” que foi mencionada pelos gestores das três empresas, por
Leiria (2002), pela OMT (2002) e por Fornari (2006).
Para colocar em prática essa habilidade os gestores necessitam ter
“conhecimento do perfil dos clientes” (LEIRIA, 2002; OMT, 2002) – ver Quadro 11 –
(página 159) – o que indica que os gestores apenas esqueceram de mencionar esse
conhecimento, já que citaram a habilidade relacionada ao mesmo.
165
Quadro 13: Habilidades (Experiência Profissional Associada) consideradas
relevantes pelos respondentes das três empresas e de acordo com a revisão
teórica
HABILIDADES (SABER FAZER)
COMPETÊNCIAS
CONSIDERADAS RELEVANTES
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL ASSOCIADA
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRIGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Saber ouvir
Capacidade de assessoramento e informação
Ter habilidade na execução de suas operações funcionais
Saber atender às expectativas dos clientes
Ter habilidade para lidar com empregados e empregador diante
de problemas diários
Saber cobrar resultados de seus subordinados
Saber trabalhar em equipe
Saber analisar e interpretar informações
Saber negociar
Saber como delegar funções
Saber utilizar as novas tecnologias e equipamentos
Fontes: Dados da pesquisa, 2007; TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006);
RUAS (2001).
166
A outra habilidade - encontrada nas respostas de alguns gestores da Empresa B,
e no estudo de Fornari (2006) – remete a capacidade de trabalhar em equipe. Como
destaca Pimenta (2004, p. 43), “trabalhar em equipe, de maneira cooperativa, é o que
permite a um grupo de pessoas integrar os conhecimentos e as habilidades de cada um
e, concomitantemente, superar suas próprias deficiências, para atingir um objetivo”.
Como a função gerencial exige necessariamente a coordenação de outras pessoas e o
trabalho em equipe para o alcance de objetivos organizacionais, essa habilidade
também merece grande destaque (ISMAIL, 2004).
Partindo para a análise das “atitudes” consideradas relevantes, são
apresentados inicialmente os doze atributos profissionais encontrados, que foram
reunidos no Quadro 14 (página 168). Desses atributos, cinco foram encontrados
somente a partir da revisão teórica, e são comentados a seguir:
Para Leiria (2002) são atributos gerenciais importantes: “saber motivar as
pessoas” e “saber conquistar novos clientes”. Ambos estão relacionados a outros
conhecimentos e habilidades. O primeiro está ligado à habilidade de liderança,
enquanto o outro requer o conhecimento do mercado; do perfil dos clientes; e a
habilidade para atender às expectativas dos consumidores;
De acordo com a OMT (2002), os profissionais de turismo, de um modo geral,
devem “ter cuidado com o aspecto exterior”. Esse atributo está relacionado à
higiene e a cuidados básicos com a aparência e com a postura. Esses são
componentes da comunicação não-verbal que possuem grande influência sobre
a percepção que as pessoas desenvolvem a respeito de outras (PIMENTA,
2004). Sendo assim, é interessante para os gestores transmitirem um cuidado
167
com sua imagem, respeitando determinadas normas de conduta que as próprias
organizações já se preocupam em estabelecer;
Segundo mostra o estudo de Fornari (2006) são importantes atributos gerenciais:
“ser empreendedor” e “especializar-se na profissão com cursos”. O termo
empreendedor pode ser compreendido aqui em sentido amplo, incluindo todas
“as atividades de quem se dedica à geração de riquezas, seja na transformação
de conhecimentos em produtos ou serviços, na geração do próprio conhecimento
ou na inovação em áreas como marketing, produção, organização, etc”
(CHAGAS, 1999, p. 43). E o atributo de buscar “especializar-se na profissão com
cursos”, possui relação com o conceito de autodesenvolvimento, tratado no
presente trabalho.
Outros três atributos profissionais foram enumerados apenas pelos respondentes
da Empresa A, que seriam: “ser pontual”; “ser objetivo”; e “agir com cautela para a
tomada de decisão”. Tais atitudes estariam relacionadas diretamente ao atributo “ter
postura profissional”, que também foi mencionado por alguns participantes da mesma
empresa, e que encontra apoio na pesquisa de Fornari (2006), como sendo uma
competência essencial para os gestores do setor de serviços, de um modo geral.
Outra atitude também mencionada por Fornari (2006) e por alguns gestores da
Empresa A foi “saber se adaptar as situações vivenciadas no ambiente de trabalho”. A
capacidade de adaptação é requisito fundamental para os gestores do setor hoteleiro
que constantemente são postos à prova, graças à suscetibilidade do segmento a
diversos fatores externos – como a sazonalidade, por exemplo – e devido à
heterogeneidade característica do setor de serviços (ANJOS, 2004).
168
Quadro 14: Atitudes (Atributos Profissionais - Tácitos) consideradas relevantes
pelos respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica
ATITUDES (SABER SER/ AGIR)
COMPETÊNCIAS
CONSIDERADAS RELEVANTES
ATRIBUTOS PROFISSIONAIS (TÁCITOS)
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRIGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Ter postura profissional
Saber motivar as pessoas
Ser pontual
Ser objetivo
Ser um bom líder
Agir com segurança
Saber se adaptar às situações vivenciadas no trabalho
Agir com cautela para a tomada de decisões
Saber conquistar novos clientes
Ter cuidado com o aspecto exterior
Especializar-se na profissão com cursos
Ser empreendedor
Fontes: Dados da pesquisa, 2007; TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006);
RUAS (2001).
169
Alguns gestores das Empresas A e B se referiram ao atributo “agir com
segurança” como sendo relevante para o exercício de suas funções, o que
complementa algumas habilidades encontradas nas teorias estudadas, como por
exemplo, a “capacidade de assessoramento e informação” (OMT, 2002; TRIGO, 2000).
Por fim, o atributo profissional que foi mencionado por gestores das três
organizações, por Leiria (2002) e por Fornari (2006), e que merece destaque é “ser um
bom líder”. Esse atributo mais amplo é essencialmente importante para os gestores,
pois além de incluir outras competências, está associado a estímulos e “incentivos que
podem motivar as pessoas para a realização da missão, da visão e dos objetivos
empresariais” (LIMONGI-FRANÇA e ARELLANO, 2002, p. 261).
No Quadro 15 (página 170) foram agrupadas as atitudes (ou atributos) pessoais,
que segundo Ruas (2001), seriam as mais difíceis de identificar, já que dependem da
observação do comportamento das pessoas no momento em que ocorre a interação
social. Reunindo um total de dezoito competências, as atitudes pessoais compõem o
maior grupo de recursos obtidos a partir da pesquisa de campo e do levantamento
teórico. Dessas atitudes, quatro foram citadas apenas pelos participantes da pesquisa,
que são:
“Ser disciplinado” e “ter autoconhecimento”, na percepção de alguns gestores da
Empresa A;
“Ter bom senso”, para alguns respondentes das Empresas B e C;
E “ter ‘jogo de cintura’”, segundo alguns participantes da Empresa B.
170
Quadro 15: Atitudes (Atributos Pessoais) consideradas relevantes pelos
respondentes das três empresas e de acordo com a revisão teórica
ATITUDES (SABER SER/ AGIR)
COMPETÊNCIAS
CONSIDERADAS RELEVANTES
ATRIBUTOS PESSOAIS
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRIGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Saber cultivar relacionamentos interpessoais
Ser disciplinado
Ter autoconhecimento
Agir com transparência, autenticidade e honestidade
Ter calma e paciência
Ser ético
Ser simpático
Ser criativo
Ser persistente e determinado
Ter bom senso
Ter “jogo de cintura”
Ter equilíbrio emocional
171
ATRIBUTOS PESSOAIS (CONTINUAÇÃO)
EMPRESA
A
EMPRESA
B
EMPRESA
C
TRIGO
(2000)
LEIRIA
(2002)
OMT
(2002)
FORNARI
(2006)
Saber como se comunicar com clareza
Ser (ou estar) motivado
Ter curiosidade
Ter credibilidade no mercado
Ter lealdade aos interesses da empresa
Ter responsabilidade social
Fontes: Dados da pesquisa, 2007; TRIGO (2000); LEIRIA (2002); OMT (2002); FORNARI (2006);
RUAS (2001).
Dentre os atributos pessoais que são considerados relevantes pelos gestores de
apenas uma das empresas, e que também são mencionados por só um dos autores
estudados estão:
“Agir com transparência, autenticidade e honestidade”, citado no estudo de Leiria
(2002) e por alguns representantes da Empresa A;
“Ser simpático”, mencionado por alguns gestores da Empresa A e pela OMT
(2002);
“Ter equilíbrio emocional”, atributo considerado relevante por alguns dos
respondentes da Empresa B e pela OMT (2002);
E “ser (ou estar) motivado”, como uma atitude pessoal importante para os
gestores da Empresa C, e segundo o estudo de Fornari (2006).
172
Por sua vez, apenas cinco atributos pessoais aparecem somente na revisão
teórica, o que não interfere em sua importância já reconhecida por outras pesquisas:
“Ser persistente e determinado”, segundo Leiria (2002) e Fornari (2006);
“Ter curiosidade”; “ter credibilidade no mercado” e “ter responsabilidade social”,
atributos citados por Leiria (2002);
E “ter lealdade aos interesses da empresa” para Leiria (2002) e para a OMT
(2002), o que em alguns estudos pode aparecer como um dos aspectos
relacionados ao conceito de comprometimento.
Por fim, os cinco atributos pessoais que foram mais citados, tanto pela teoria,
quanto pelos participantes da pesquisa, e que, portanto, merecem atenção são:
“Saber cultivar relacionamentos interpessoais”, atitude considerada relevante, de
acordo com a percepção dos gestores das Empresas A e B e por Trigo (2000).
Cada vez mais, como enfatiza Casado (2002), os estudos organizacionais vêm
destacando positivamente os profissionais que possuem esse atributo pessoal, já
que o trabalho em grupo pode proporcionar o alcance de resultados vantajosos
para as empresas, além do compartilhamento de informações entre seus
membros. Além disso, as empresas que prestam serviços ao público devem se
preocupar com a contratação de pessoas que tenham uma maior facilidade em
se relacionar, já que o resultado final depende diretamente da experiência
vivenciada no momento de “entrega” do serviço aos clientes (ANJOS, 2004);
“Ser ético”, atitude citada por alguns dos respondentes da Empresa A, por Leiria
(2002) e por Fornari (2006). Tal preocupação com a adoção de uma postura
173
ética vem ganhando espaço dentro das organizações que já despertaram para a
importância de uma boa imagem perante a opinião pública, como sendo uma
condição necessária para a garantia de seu sucesso no mercado atual (LEIRIA,
2002);
Outra atitude mencionada pelos gestores das três empresas e por Fornari (2006)
foi “ter calma e paciência (agir com tranqüilidade e compreensão)”. Tal atributo
pessoal apareceu, inclusive, dentre as competências que os gestores afirmaram
que sentem a necessidade de desenvolver. A mesma está associada à
capacidade de desenvolver relações interpessoais; a prática da liderança; e a
inúmeras outras competências que exigem das pessoas um certo controle
emocional perante as dificuldades encontradas no dia-a-dia;
“Ser criativo” surgiu dentre as atitudes consideradas relevantes pelos
respondentes das Empresas A e B, e nos estudos de Leiria (2002), Fornari
(2006) e Trigo (2000). Como destaca Pimenta (2004, p. 120) “as empresas
competem para atrair pessoas mais propensas a ser criativas, e que possam
contribuir para o capital intelectual das empresas”. A criatividade dos funcionários
se tornou, portanto, uma ferramenta diferencial para as organizações que
almejam garantir sua competitividade perante a concorrência atual bastante
acirrada;
A última atitude foi considerada importante por alguns gestores das Empresas B
e C, pela OMT (2002) e por Fornari (2006), e refere-se a “saber como se
comunicar com clareza”. Casado (2002) explica que as organizações oferecem
diversas possibilidades de comunicação, e para sua sobrevivência e
174
aprimoramento, dependem de processos de comunicação que sejam claros,
fidedignos e apropriados às inúmeras situações. No caso dos gestores, a
capacidade de se comunicar com clareza irá influenciar os relacionamentos
estabelecidos com seus superiores, subordinados, demais colegas de profissão,
e principalmente, com os clientes da empresa onde trabalha.
Ao considerar as atitudes profissionais e pessoais como competências
relacionadas aos chamados conhecimentos “empíricos” e “sociais”, de acordo com a
teoria proposta por Le Boterf – ver Quadro 1 (página 54) – conclui-se que seu
desenvolvimento está condicionado às experiências sociais e profissionais vivenciadas
pelos gestores (FLEURY e FLEURY, 2001b).
VARIÁVEL 4: DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS GERENCIAIS
O primeiro tema analisado na Variável 4 trata das competências gerenciais que
os respondentes afirmaram não possuir, mas que sentem a necessidade de
desenvolver para o exercício de suas funções. Dentre as competências mencionadas
nesse quesito pelos gestores das três empresas estão:
“Ter conhecimento de língua estrangeira”;
“Ter habilidade para a resolução de problemas”;
“Ter calma e paciência”;
“Saber cultivar relacionamentos interpessoais”;
“Ser mais exigente”;
“Saber agir com mais rigidez ou de forma mais enérgica em determinadas
situações, sobretudo, no momento de liderar uma equipe”.
175
A primeira competência citada refere-se a um conhecimento geral e teórico; a
segunda a uma habilidade; e as demais podem ser consideradas como atitudes –
sendo que as duas últimas atitudes não haviam sido mencionadas nos quesitos
anteriores, que compõem a Variável 3.
O item analisado a seguir remete às possíveis contribuições que os cursos
ofertados por cada organização trouxeram para o desenvolvimento de competências
gerenciais, na percepção dos participantes. Dentre o total de gestores, três afirmaram
não ter participado de atividade alguma de aprendizado proporcionada pela empresa
onde trabalha, e por este motivo não mencionaram contribuições nesse quesito. Dentre
esses gestores, dois pertencem a Empresa A, e um é funcionário da Empresa B. É
interessante salientar, que apenas na Empresa C, todos os gestores afirmaram ter
participado de algum curso ou treinamento oferecido pela organização, e a avaliação
dos cursos mencionados foi por unanimidade positiva.
Reunindo as respostas obtidas nas três empresas, podem ser elencadas as
seguintes contribuições citadas pelos respondentes para o exercício de suas funções:
“Ampliação e atualização de conhecimentos e procedimentos relevantes para o
exercício das funções gerenciais (não especificados)”;
“Contribuição para a melhoria do atendimento ao público”;
“Melhoria do relacionamento com os demais colegas de trabalho”;
“Facilidade para a condução e resolução de problemas diários”;
“Capacidade de associar a necessidade de planejamento estrutural e o
acompanhamento do mercado”;
176
E “despertar para a necessidade de busca constante pelo desenvolvimento de
novas competências”.
O tema subseqüente engloba as contribuições advindas dos cursos que os
respondentes buscaram por conta própria para o desenvolvimento de competências
gerenciais, considerando a percepção dos mesmos. Apenas dois gestores da Empresa
B deixaram esse item em branco. Os demais, apesar de não mencionarem
contribuições de maneira específica, disseram que os cursos têm contribuído:
Para o aprendizado de outro idioma;
Para ampliar os conhecimentos com relação às novas tecnologias, como
Internet, por exemplo;
Para melhorar o atendimento aos clientes;
Para a melhoria de sua postura perante os funcionários subordinados;
Ampliação da capacidade de detectar novidades que surgem no mercado para
os setores específicos;
E para a melhoria do nível de escolaridade, trazendo como conseqüência uma
maior valorização profissional no setor.
Para a análise do último item da Variável 4 - sobre as formas de aprendizagem
consideradas mais relevantes pelos gestores para o desenvolvimento de competências
- as opções foram colocadas em ordem de importância de acordo com uma média geral
obtida nas três empresas, como mostrado adiante:
1. “Na prática diária da profissão”;
177
2. “No convívio com seus superiores e/ ou outros gestores”;
3. “Através de outros meios de comunicação como: TV, rádio, Internet”;
4. “Através de cursos (ou treinamentos) de que participa por conta própria”;
5. “Através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas”;
6. “No convívio com os colegas de trabalho de seu setor e/ ou subordinados”;
7. “Através de palestras, congressos e/ ou outros eventos de que participa”;
8. “No convívio social com amigos, familiares, e com a sociedade, de um modo
geral”;
9. “Através de cursos (ou treinamentos) de que participa e que são proporcionados
pela empresa”;
10. “Através de viagens de estudo e observação de outras culturas”.
Como mostra a enumeração apresentada, a prática diária da profissão
permaneceu em primeiro lugar, como sendo a forma de aprendizagem considerada
mais importante pelos gestores. Os três itens seguintes (números 2, 3 e 4) ficaram na
realidade “empatados” em termos de importância. Os itens 2 e 3 referem-se a métodos
de aprendizagem informais, que resultam da experiência social e profissional no
ambiente de trabalho (FLEURY e FLEURY, 2001b); e da obtenção de informações
através dos meios de comunicação de massa, respectivamente. Já o item 4 remete aos
cursos que os participantes buscam de acordo com seus próprios interesses de
desenvolvimento e aprendizagem.
Completando as cinco formas de aprendizagem consideradas mais importantes,
o item 5 – “através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas” - também
depende da vontade dos indivíduos para sua realização, constituindo-se como uma
forma de autodesenvolvimento.
178
Em penúltimo lugar, aparecem os cursos (ou treinamentos) proporcionados pelas
organizações. Isso ocasiona certa contradição, já que de um modo geral os cursos que
as empresas ofereceram foram avaliados positivamente pelos gestores que tiveram a
oportunidade de participar dos mesmos.
Em todas as empresas analisadas, o aprendizado que ocorre “através de
viagens de estudo e observação de outras culturas” aparece como sendo o item menos
importante de acordo com a percepção dos gestores para o desenvolvimento de novas
competências. Os baixos salários pagos no setor hoteleiro (OMT, 2003), podem
dificultar a realização desse tipo de investimento para o aprendizado de novas
competências por parte dos gestores.
179
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
Encerrando este estudo, são apresentadas as principais conclusões resultantes
da análise geral da pesquisa de campo, para o alcance dos objetivos propostos, e
sugestões para futuros estudos.
Com relação ao primeiro objetivo específico da pesquisa, dentre outros aspectos,
foi possível concluir que a maioria dos gestores encontra-se na faixa etária de 36 a 46
anos; é formada por mulheres; seis possuem o Ensino Superior Completo – e dentre
esses, dois são formados em Turismo; e seis possuem o Ensino Superior Incompleto,
em andamento. Além disso, a maioria dos respondentes possui, pelo menos, 5 anos de
atuação no segmento hoteleiro; e ocupam o cargo gerencial atual há, no máximo, 6
anos. Verificou-se ainda que, a maioria dos participantes tem conhecimento de pelo
menos uma língua estrangeira – com destaque para o Inglês mencionado por seis
gestores.
A partir da análise dos cursos de nível superior que os gestores já concluíram ou
que estão em andamento, pode-se concluir que os gestores vêm desenvolvendo, pelo
menos, dois recursos de competências - mencionados como relevantes ao longo da
pesquisa - a partir desses cursos, que seriam: “ter conhecimento teórico relacionado à
180
área de Turismo”; e “ter conhecimento teórico relacionado à área de Administração”.
Outra competência que vem sendo desenvolvida é “saber outras línguas”, já que dentre
os 14 gestores-participantes, 12 afirmaram ter conhecimento de, pelo menos, um
idioma estrangeiro; e quatro ainda mencionaram o fato de estarem participando por
iniciativa própria de cursos voltados para o ensino dessa competência.
Considerando o segundo objetivo específico da pesquisa, verificou-se que dos
14 gestores que compõem a amostra estudada, apenas três afirmaram não ter
participado de cursos oferecidos pela organização onde trabalha – sendo dois da
Empresa A, e um da Empresa B. Os respondentes que tiveram a oportunidade de
participar de algum curso ou treinamento ofertado pelas empresas emitiram avaliações
positivas sobre os resultados desses para o desenvolvimento de competências
gerenciais, o que Antonello (2004a) destaca como condição essencial para o sucesso
organizacional.
Dentre os cursos que os participantes buscaram por conta própria para o
desenvolvimento de competências destacam-se: os cursos de Inglês; de Informática e
Legislação Trabalhista; e alguns cursos superiores e de nível técnico. Além desses,
algumas atividades informais foram mencionadas: como a participação em eventos e
leituras de obras literárias.
Atendendo ao terceiro objetivo específico proposto e respondendo ao objetivo
geral da pesquisa foram elaborados três quadros, sendo cada um deles destinado a um
dos recursos de competências. Tais quadros reúnem todas as competências
mencionadas, tanto pelos participantes da pesquisa, quanto, pelas teorias revisadas –
ver Quadro 16 (página 181); Quadro 17 (página 182); e Quadro 18 (página 182).
181
Fazendo uma análise das competências gerenciais encontradas nas teorias
estudadas e na pesquisa de campo, fica evidente a complexidade desse processo de
“mapeamento”. Considerando que a omissão de algumas competências pelos gestores,
pode ser resultante apenas de “esquecimento” no momento de preenchimento dos
questionários, não se descartou a relevância dos recursos de competências
encontrados apenas na revisão teórica realizada.
No Quadro 16 (página 181) foram agrupados os conhecimentos gerenciais
considerados relevantes, como mostrado a seguir:
Quadro 16: Conhecimentos gerenciais considerados relevantes pelos
respondentes das três empresas e/ ou pela revisão teórica
Conhecimentos (SABER)
Conhecimentos Gerais e Teóricos
Saber outras línguas e culturas; Saber estabelecer
estratégias; Ter conhecimento teórico relacionado
à área de RH; Ter conhecimento teórico
relacionado à área de Turismo; Ter conhecimento
teórico relacionado à área de Administração; Ter
conhecimento sobre novas tecnologias.
Conhecimentos Operacionais
Ter conhecimento técnico e operacional do setor
onde trabalha; Ter conhecimento sobre técnicas
de negociação e vendas; Ter noções sobre gestão
hoteleira.
Conhecimentos do Ambiente
Ter conhecimento sobre a legislação; Ter
conhecimento sobre o mercado onde a empresa
atua; Ter conhecimento sobre o produto do seu
trabalho; Ter conhecimento sobre a concorrência;
Ter conhecimento sobre o perfil dos clientes; Ter
conhecimento sobre as inovações do setor.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Por sua vez, as habilidades gerenciais encontradas nesse estudo foram
agrupadas no Quadro 17 (página 182), apresentado adiante:
182
Quadro 17: Habilidades gerenciais consideradas relevantes pelos respondentes
das três empresas e/ ou pela revisão teórica
Habilidades (SABER FAZER)
Experiência Profissional Associada
Saber ouvir; Capacidade de assessoramento e
informação; Ter habilidade na execução de suas
operações funcionais; Saber atender às
expectativas dos clientes; Ter habilidade para lidar
com empregados e empregador diante de
problemas diários; Saber cobrar resultados de
seus subordinados; Saber trabalhar em equipe;
Saber analisar e interpretar informações; Saber
negociar; Saber como delegar funções; Saber
utilizar as novas tecnologias e equipamentos.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
Compondo o maior grupo de recursos de competências encontrado na referida
pesquisa, as atitudes gerenciais – totalizando 30 atributos, sendo 12 profissionais e 18
pessoais - foram reunidas no Quadro 18 (página 182). Observa-se, portanto, que houve
uma predominância de atitudes dentre os recursos de competências agrupados.
Quadro 18: Atitudes gerenciais consideradas relevantes pelos respondentes das
três empresas e/ ou pela revisão teórica
Atitudes (SABER SER/ AGIR)
Atributos Profissionais (tácitos)
Ter postura profissional; Saber motivar as
pessoas; Ser pontual; Ser objetivo; Ser um bom
líder; Agir com segurança; Saber se adaptar às
situações vivenciadas no trabalho; Agir com
cautela para a tomada de decisões; Saber
conquistar novos clientes; Ter cuidado com o
aspecto exterior; Especializar-se na profissão com
cursos; Ser empreendedor.
Atributos Pessoais
Saber cultivar relacionamentos interpessoais; Ser
disciplinado; Ter autoconhecimento; Agir com
transparência, autenticidade e honestidade; Ter
calma e paciência; Ser ético; Ser simpático; Ser
criativo; Ser persistente e determinado; Ter bom
senso; Ter “jogo de cintura”; Ter equilíbrio
emocional; Saber como se comunicar com clareza;
Ser (ou estar) motivado; Ter curiosidade; Ter
credibilidade no mercado; Ter lealdade aos
interesses da empresa; Ter responsabilidade
social.
Fonte: Dados da pesquisa, 2007.
183
A partir da análise das competências gerenciais identificadas como relevantes
nessa pesquisa, conclui-se que as mesmas podem ser caracterizadas como
“multifuncionais”, sendo comuns aos diferentes cargos gerenciais e setores analisados
dentro do segmento hoteleiro. Essa conclusão confirma a afirmação da OMT (2003, p.
230), que estima que “70% das habilidades básicas de um cargo sejam comuns a
diferentes ocupações e setores, e até 90% para cargos gerenciais”.
Nesse caso, o que pode variar é o nível de exigência ou de necessidade de
desenvolvimento de cada competência para cada um dos setores estudados. Por
exemplo, a exigência por profissionais com conhecimento de idiomas estrangeiros é
maior dentre setores como a Recepção, a Governança, o departamento de A&B, e o de
Eventos, que por terem contato direto com o público, necessitam desenvolver tal
competência para a prestação de um serviço de maior qualidade (ISMAIL, 2004;
HAYES e NINEMEIER, 2005).
Com relação ao último objetivo específico proposto foi possível observar que,
dentre as competências que os gestores afirmaram que ainda não possuem, mas que
sentem a necessidade de desenvolver, encontram-se: “ter conhecimento de língua
estrangeira”; “ter habilidade para a resolução de problemas”; “ter calma e paciência”;
“saber cultivar relacionamentos interpessoais”; “ser mais exigente”; e “saber agir com
mais rigidez ou de forma mais enérgica em determinadas situações, sobretudo, no
momento de liderar uma equipe”. De acordo com Pacheco et al. (2006), um dos
princípios da andragogia, consiste na capacidade do adulto em saber, melhor do que
ninguém, quais são as suas necessidades de conhecimento. Sendo assim, essas seis
competências mencionadas pelos gestores refletem uma necessidade detectada a
partir de sua experiência prática na profissão.
184
Para responder ao objetivo geral da pesquisa, foram analisadas as contribuições
resultantes dos cursos oferecidos pelas empresas, cujos gestores tiveram a
oportunidade de participar, e os impactos positivos gerados pelos cursos que os
mesmos buscam por iniciativa própria. Foi possível verificar a partir dessa análise que
duas competências estão sendo desenvolvidas em ambas as situações, de acordo com
a percepção dos gestores: “saber atender às expectativas dos clientes” e “saber cultivar
relacionamentos interpessoais”.
Analisando as formas de aprendizagem consideradas mais importantes para o
desenvolvimento de competências, de acordo com a percepção dos gestores,
constatou-se que dentre as cinco primeiras – por ordem decrescente de importância –
quatro podem ser classificadas como informais, a apenas uma como aprendizagem
formal – referente aos cursos (ou treinamentos) buscados pelos gestores por conta
própria. Todas, no entanto, dependem da vontade própria dos gestores para seu
desenvolvimento. Como revelado na pesquisa também, a prática diária da profissão foi
mencionada como a forma de aprendizagem mais relevante para o desenvolvimento de
competências, na percepção dos gestores das três empresas.
Finalizando o presente estudo, torna-se interessante mencionar algumas
sugestões para a realização de pesquisas futuras que estejam direcionadas para o
tema “desenvolvimento de competências”, que seriam:
Identificar competências que venham a se tornar relevantes para o futuro,
levando em consideração as novas tendências que permeiam o setor hoteleiro;
Realizar um estudo sobre a “entrega” efetiva de competências gerenciais no
setor hoteleiro, considerando para isso a percepção daqueles envolvidos no
processo de “produção” e “consumo” dos serviços prestados;
185
E avaliar que formas de aprendizagem vêm sendo mais efetivas para o
desenvolvimento de competências, e para a melhoria do desempenho dos
gestores, a partir do acompanhamento sistemático desses em seu ambiente de
trabalho.
Considerando também que foi detectada certa dificuldade dentre os gestores na
distinção dos três recursos de competências, havendo certa “confusão” sobre seus
conceitos – mesmo que esses tenham sido colocados nos instrumentos de pesquisa
(ver Apêndice A – página 194) - outra sugestão para a realização de estudos futuros
refere-se a um “nivelamento” (ou esclarecimento) desses conceitos junto aos
respondentes antes ou durante a coleta de dados.
186
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Lindolfo Galvão; OLIVEIRA, Patrícia Morilha. “Competências ou
Cargos: uma análise das tendências das bases para o instrumental de recursos
humanos”. In: Caderno de Pesquisas em Administração, São Paulo, v. 8, n. 4, out./dez.,
2001.
ANJOS, Sara Joana Gadotti dos. Serviços Integrados no Turismo: um modelo de
gestão para o setor de hotelaria. 2004. 211 f. Tese (Doutorado em Engenharia de
Produção). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, da Universidade
Federal de Santa Catarina – UFSC, Florianópolis - SC, 2004. Disponível em:
<http://teses.eps.ufsc.br/defesa/pdf/7022.pdf>. Acesso em: 02/07/2007.
ANTONELLO, Cláudia Simone. “O Autodesenvolvimento e a Perspectiva da
Aprendizagem Organizacional”. In: BITENCOURT, Cláudia (org.) et al. Gestão
Contemporânea de Pessoas: novas práticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre:
Bookman, 2004a.
_______. “As Formas de Aprendizagem utilizadas por Gestores no Desenvolvimento de
Competências”. In: ENANPAD 2004 - Curitiba. Anais do Enanpad - CD ROOM, 2004b.
BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.
BENI, Mário Carlos. Análise Estrutural do Turismo. 2ª. ed. São Paulo: Editora SENAC
São Paulo, 1998.
_______. Globalização do Turismo: megatendências do setor e a realidade brasileira.
São Paulo: Aleph, 2003.
BITENCOURT, Cláudia; BARBOSA, Allan C. Queiroz. “A Gestão de Competências”. In:
BITENCOURT, Cláudia (org.) et al. Gestão Contemporânea de Pessoas: novas
práticas, conceitos tradicionais. Porto Alegre: Bookman, 2004.
BOFF, Luiz Henrique; ABEL, Mara. “Autodesenvolvimento de Competências: o caso do
trabalhador de conhecimento como especialista”. In: RUAS, Roberto Lima;
ANTONELLO, Cláudia Simone; BOFF, Luiz Henrique (orgs.). Os Novos Horizontes da
Gestão: aprendizagem organizacional e competências. Porto Alegre: Bookman, 2005.
187
BOOG, Gustavo. “Desenvolver o Gerente”. In: BOOG, Gustavo; BOOG, Magdalena
(orgs.). Manual de Gestão de Pessoas e Equipes. São Paulo: Gente, 2002.
BOYATZIS, Richard E. The Competent Manager: a model for effective performance.
New York: John Wiley & Sons, 1982.
BRANDÃO, Hugo Pena. “Competências no Trabalho e nas Organizações: uma análise
da produção científica brasileira”. In: ENANPAD 2006 – Salvador - BA. Anais do
Enanpad - CD ROOM, 2006.
BRANDÃO, Hugo Pena; GUIMARÃES, Tomás de Aquino. “Gestão de Competências e
Gestão de Desempenho: tecnologias distintas ou instrumentos de um mesmo
constructo?” In: Revista de Administração de Empresas. V. 41, n. 1, p. 8-15. São Paulo:
Jan/ Mar, 2001.
CASADO, Tânia. “O indivíduo e o grupo: a chave do desenvolvimento”. In: FLEURY,
Maria Tereza L. (org.). As Pessoas na Organização. São Paulo: Editora Gente, 2002.
CASTELLI, Geraldo. Administração Hoteleira. Caxias do Sul: EDUCS, 1992.
CARBONE, Pedro Paulo et al. Gestão por Competências e Gestão do Conhecimento.
Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
CARVALHO, Virgílio Nelson da Silva. “Turismo e Hotelaria desenvolvendo a Economia”.
In: LAGE, Beatriz helena gelas; MILONE, Paulo César (orgs.). Turismo: Teoria e
Prática. São Paulo: Atlas, 2000.
CHAGAS, Fernando Celso Dolabela. Oficina do empreendedor: a metodologia de
ensino que ajuda a transformar conhecimento em riqueza. São Paulo: Cultura Editores
Associados, 1999.
COOPER, Chris et al. Turismo: princípios e prática. 2ª. ed. Porto Alegre: Bookman,
2001.
DELLAGNELO, Eloise Helena Livramento; SILVA, Rosimeri Carvalho. “Análise de
Conteúdo e sua Aplicação em Pesquisa em Administração”. In: VIEIRA, Marcelo Milano
Falcão; ZOUAIN, Deborah Moraes. Pesquisa Qualitativa em Administração: teoria e
prática. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Pesquisa em Turismo: planejamento, métodos e
técnicas. 9ª ed. São Paulo: Futura, 1998.
DIAS, Reinaldo; CASSAR, Maurício. Fundamentos do Marketing Turístico. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.
DUTRA, Joel Souza et al. “Absorção do Conceito de Competência em Gestão de
Pessoas: a percepção dos profissionais e as orientações adotadas pelas empresas”. In:
ENANPAD 2006 – Salvador - BA. Anais do Enanpad - CD ROOM, 2006.
188
DUTRA, Joel Souza. Competências: Conceitos e Instrumentos para a Gestão de
Pessoas na Empresa Moderna. São Paulo: Atlas, 2004.
_______. “Gestão de Pessoas com Base em Competências”. In: DUTRA, Joel Souza
(org.) et. al. Gestão por Competências: um modelo avançado para o gerenciamento de
pessoas. São Paulo: Editora Gente, 2001.
FERREIRA, José. “Reflexões sobre o Conceito de Competências”. In: NERI, Aguinaldo
(org.). Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade. 2ª. ed. Campinas, SP:
Papirus, 2005.
FISHER, André Luiz. “Um resgate conceitual e histórico dos modelos de gestão de
pessoas”. In: FLEURY, Maria Tereza L. (org.). As Pessoas na Organização. São Paulo:
Gente, 2002.
FITZSIMMONS, J. A.; FITZSIMMONS, M. J. Service Management: operations, strategy,
and information tecnology. 2ª ed. USA: Irwin/ McGraw-Hill, 1998.
FLEURY, Maria Tereza L. “A Gestão de Competência e a Estratégia Organizacional”.
In: FLEURY, Maria Tereza L. (org.). As Pessoas na Organização. São Paulo: Editora
Gente, 2002.
FLEURY, Afonso; FLEURY, Maria Tereza L. Estratégias Empresariais e Formação de
Competências. 2ª. ed. São Paulo: Atlas, 2001a.
_______. Construindo o conceito de competência. RAC, Edição Especial, 2001b.
Disponível em: < http://www.anpad.org.br/rac_vol_05_edesp_frames.html>. Acesso em:
12/ Jun/ 2006.
FLEURY, Maria Tereza L.; OLIVEIRA JÚNIOR, Moacir de Miranda. “Aprendizagem e
Gestão do Conhecimento”. In: FLEURY, Maria Tereza L. (org.). As Pessoas na
Organização. São Paulo: Editora Gente, 2002.
FORNARI, Ivanna Schenkel. Educação Superior em Turismo: o profissional de turismo
frente às competências exigidas pelo mercado de trabalho do setor hoteleiro em Natal.
2006. 171 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Programa de Pós-Graduação
em Administração, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Natal -
RN, 2006. Disponível em:
<http://bdtd.bczm.ufrn.br/tedesimplificado/tde_arquivos/24/TDE-2006-11-20T125205Z-
398/Publico/IvannaSF.pdf>. Acesso em: 02/12/2007.
FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS (FIPE); MINISTÉRIO DO
TURISMO (MTUR); INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO (EMBRATUR); SERVIÇO
BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). Meios de
Hospedagem: Estrutura de Consumo e Impactos na Economia. Apresentação dos
Resultados – Resumo Executivo. São Paulo: 2006. Disponível em:<
http://200.189.169.141/site/br/dados_fatos/impacto_MH/downloads.php>. Acesso em:
01/ Mar/ 2007.
189
GODOY, Arilda S. “Pesquisa Qualitativa: tipos fundamentais”. In: Revista de
Administração de Empresas, v. 35, n. 3. mai./jun., 1995, p. 20-29.
GOMES, Fabrício Pereira; ARAÚJO, Richard Medeiros de. Pesquisa Quanti-Qualitativa
em Administração: uma visão holística do objeto em estudo. Disponível em:<
http://www.ead.fea.usp.br/Semead/8semead/resultado/trabalhosPDF/152.pdf>. Acesso
em: 23/02/2008.
GUMMESSON, E. Qualitative Methods in Management Research. London: Sage
Publications, 1991.
HAYES, David; NINEMEIER, Jack D. Gestão de Operações Hoteleiras. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO (EMBRATUR); MINISTÉRIO DO TURISMO
(MTUR). Anuário Estatístico EMBRATUR 2006. Volume 33. 242p. Disponível em:
<http://200.189.169.141/site/arquivos/dados_fatos/Anuario/anuario_2006___4versao_int
ernet_dados_2005(08_03_07).pdf>. Acesso em: 01/ Mar/ 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE); MINISTÉRIO DO
PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO (MPOG); MINISTÉRIO DO TURISMO
(MTUR); INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO (EMBRATUR). Economia do
Turismo: Análise das Atividades Características do Turismo 2003. Estudos e Pesquisas:
Informação Econômica n.5. Rio de Janeiro: 2007. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/industria/economia_turismo/economi
a_turismo.pdf>. Acesso em: 26/ Fev/ 2007.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Sistema de Informações
sobre o Mercado de Trabalho no Setor Turismo: caracterização da mão-de-obra formal
do setor turismo com estimativas baseadas nos dados da RAIS de 2004. IPEA, 2006.
Disponível em:
<http://www.ipea.gov.br/sites/000/2/estudospesq/turismo/Proposta_Metodologica_Indica
dores.pdf>. Acesso em: 13/11/2007.
INSTITUTO DE HOSPITALIDADE (IH). Instituto de Hospitalidade: certificação da
qualidade profissional para o setor de turismo. Bahia: Análise & Dados, 1999.
Disponível em:
<http://www.sei.ba.gov.br/publicacoes/publicacoes_sei/bahia_analise/analise_dados/pdf
/turismo/pag_101.pdf>. Acesso em: 20/12/2007.
ISMAIL, Ahmed. Hospedagem: Front Office e Governança. São Paulo: pioneira
Thomson Learning, 2004.
LE BOTERF, Guy. Competénce et navigation professionnelle. Paris: Éditions
d’Organisation, 1999.
LEIRIA, Ana Maria Lovato. As Competências do Empresário da Empresa de Pequeno
Porte: um breve estudo sobre um grupo de empresários vencedores do Prêmio talentos
190
Empreendedores na região Metropolitana de Porto Alegre. 2002. 70 f. Dissertação.
(Mestrado Executivo em Administração). Programa de Pós-Graduação em
Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Disponível em:
<http://volpi.ea.ufrgs.br/teses_e_dissertacoes/td/000821.pdf>. Acesso em: 15/ Nov/
2007.
LEONE, Eugênia; BALTAR, Paulo. “Economia e Mercado de Trabalho no Brasil”. 2006.
In: REVISTA VEJA. ed. 2039 – ano 40 – nº 50. São Paulo: Editora Abril, 19 de
dezembro de 2007.
LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina; ARELLANO, Eliete Bernal. “Liderança, poder e
comportamento organizacional”. In: FLEURY, Maria Tereza L. (org.). As Pessoas na
Organização. São Paulo: Editora Gente, 2002.
LOVELOCK, C. H.; WRIGHT, L. Serviços: marketing e gestão. São Paulo: Saraiva,
2001.
MALVEZZI, Sigmar. “Do Taylorismo ao Comportamentalismo: 90 anos de
desenvolvimento de recursos humanos”. In: BOOG, Gustavo G. (org.). Manual de
Treinamento e Desenvolvimento. 2ª. ed. São Paulo: Makron Books, 1994.
MARQUES, J. Albano. Introdução à Hotelaria. Bauru, SP: EDUSC, 2003.
MARRAS, Jean Pierre. Administração de Recursos Humanos: do operacional ao
estratégico. 3ª. ed. São Paulo: Futura, 2000.
MICHEL, Maria Helena. Metodologia e Pesquisa Científica em Ciências Sociais: um
guia prático para acompanhamento da disciplina e elaboração de trabalhos
monográficos. São Paulo: Atlas, 2005.
MINISTÉRIO DO TURISMO (MTUR); INSTITUTO BRASILEIRO DE TURISMO
(EMBRATUR); FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV). III Pesquisa Anual de
Conjuntura Econômica do Turismo. Brasília/ DF: MTUR, Março/ 2007.
MINISTÉRIO DO TURISMO (MTUR). Plano Nacional de Turismo 2007/2010: uma
viagem de inclusão. Brasília/ DF: MTUR, 2007. Disponível em:
<http://www.turismo.gov.br/>. Acesso em: 18/12/2007.
NERI, Aguinaldo. “Competências para a Maturidade Profissional”. In: NERI, Aguinaldo
(org.). Gestão de RH por Competências e a Empregabilidade. 2ª. ed. Campinas, SP:
Papirus, 2005.
ODERICH, Cecília. “Gestão de Competências Gerenciais: noções e processos de
desenvolvimento”. In: RUAS, Roberto Lima; ANTONELLO, Cláudia Simone; BOFF, Luiz
Henrique (orgs.). Os Novos Horizontes da Gestão: aprendizagem organizacional e
competências. Porto Alegre: Bookman, 2005.
191
OLIVEIRA, Roberto Veras de. “Qualificação Profissional: um campo em disputa”. In:
OLIVEIRA, Roberto Veras de (org.). Qualificar pra quê? Qualificar pra quem? Do Global
ao Local: o que se espera da qualificação profissional hoje. São Paulo: Fundação
UNITRABALHO Campina Grande: EDUFCG, 2006.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO (OMT). Introdução ao turismo. São Paulo:
Roca, 2001.
_______. “Motivación y Cualificación de los Empleados de la Hostelería”. In:
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO (OMT). Recursos Humanos em Turismo: um
nuevo paradigma. Madrid/ España: OMT, 2002.
_______. “Planejamento e Desenvolvimento de Recursos Humanos em Turismo”. In:
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO TURISMO (OMT). Turismo Internacional: uma
perspectiva global. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2003.
PACHECO, Luzia et al. Capacitação e Desenvolvimento de Pessoas. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2006.
PATTON, M. Q. Qualitative evaluation and research methods. Thousand Oaks: Sage,
1990.
PETROCCHI, Mário. “Programa de Formação Profissional”. In: PETROCCHI, Mário.
Gestão de Pólos Turísticos. São Paulo: Futura, 2001.
PIMENTA, Maria Alzira. Gestão de Pessoas em Turismo: Sustentabilidade, Qualidade e
Comunicação. Campinas, SP: Editora Alínea, 2004.
PRAHALAD, C. K; HAMEL, Gary. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para
obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. 2ª. ed. Rio de Janeiro:
Campus, 1995.
_______. “A competência essencial da corporação”. In: ULRICH, Dave. (org.). Recursos
Humanos Estratégicos: novas perspectivas para os profissionais de RH. 3ª. ed. São
Paulo: Futura, 2000.
RESENDE, Enio. A Força e o Poder das Competências - Conecta e Integra:
competências essenciais, competências das pessoas, competências de gestão,
competências organizacionais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004.
RICHARDSON, Roberto Jarry et al. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3ª. Ed. São
Paulo: Atlas, 1999.
RUAS, Roberto Lima. Gestão das Competências Gerenciais e a Aprendizagem nas
Organizações. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2001.
_______. “Gestão por Competências: uma contribuição à estratégia das organizações”.
In: RUAS, Roberto Lima; ANTONELLO, Cláudia Simone; BOFF, Luiz Henrique (orgs.).
192
Os Novos Horizontes da Gestão: aprendizagem organizacional e competências. Porto
Alegre: Bookman, 2005.
SÁ, André Eysen de. Certificação de Competências Profissionais para o Turismo: uma
análise do segmento de bares e restaurantes de Salvador – BA. 2005. 162 f.
Dissertação. (Mestrado em Administração). Núcleo de Pós-Graduação em
Administração, Universidade Federal da Bahia (UFBA). Disponível em:
<http://www.adm.ufba.br/disserta/mesprof/publicacoes/dissertacao/andre_sa.pdf>.
Acesso em: 10/ Mar/ 2007.
SCHLÜTER, R. G. Desenvolvimento do Turismo: as perspectivas na América Latina. In:
THEOBALD, W. (org.). Turismo global. 2ª ed. São Paulo: SENAC São Paulo, 2002.
SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina. 2ª. ed. São Paulo: Best Seller, 1990.
SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE).
A Recepção em Hotelaria. Brasília: Editora SEBRAE, 2001.
_______. Balcão SEBRAE on line. 2003. Disponível em: <
http://www.sebrae.com.br/br/mpe%5Fnumeros/empresas.asp>. Acesso em: 03/ Mar./
2007.
_______. Indicadores do turismo: João Pessoa – Paraíba – Agosto de 2001 a Maio de
2002. João Pessoa: SEBRAE / FUNDAC, 2002. 49p. Disponível em: <
http://www.sebraepb.com.br:8080/bte/download/Turismo/379_1_Arquivos_indicadores.p
df> Acesso em: 09/ Jun/ 2006.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC NACIONAL).
Caracterização de Setores de Atividades Econômicas – Turismo e Hospitalidade:
mercado de trabalho e atuação do Senac na área do PRODETUR/ NE II. Centro de
Análises, Estudos e Pesquisas / Caep Diretoria de Planejamento: Agosto de 2002.
SILVA, Marco Antonio Costa da. A Utilização da Gestão por Competências: estudo de
caso em duas empresas. 2005. 124 f. Dissertação. (Mestrado em Engenharia de
Produção). Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção, Universidade
Federal de São Carlos, São Carlos. Disponível em:
<http://www.bdtd.ufscar.br/tde_arquivos/1/TDE20060206T08:31:29Z784/Publico/DissM
ACS.pdf>. Acesso em: 15/ Nov/ 2006.
TEIXEIRA, Rivanda Meira; MORRISON, Alison. Desenvolvimento de empresários em
empresas de pequeno porte do setor hoteleiro: processo de aprendizagem,
competências e redes de relacionamento. RAC, v. 8, n.1, Jan/ Mar, 2004. Disponível
em: < http://www.anpad.org.br/rac_vol_08_n_01_frames.html>. Acesso em: 12/ Jun/
2006.
TRASATTI, Sidney Roberto. “Treinamento de competências funcionais: moldando o
futuro organizacional pelas pessoas”. In: NERI, Aguinaldo (org.). Gestão de RH por
Competências e a Empregabilidade. 2ª. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
193
TRASATTI, Sidney Roberto; COSTA, Maria Inês. “Administração de Recursos Humanos
por Competências: a gestão do novo contrato entre pessoas e empresas do terceiro
milênio”. In: NERI, Aguinaldo (org.). Gestão de RH por Competências e a
Empregabilidade. 2ª. ed. Campinas, SP: Papirus, 2005.
TRIGO, L. G. G. “A Importância da Educação para o Turismo”. In: LAGE, B. Turismo:
Teoria e Prática. São Paulo: Atlas, 2000.
TUCH, David Lord; SPOLON, Ana Paula Garcia. “Planejamento Hoteleiro”. In:
ANSARAH, Marília G. dos Reis. Turismo: como aprender, como ensinar. 2ª. ed. São
Paulo: editora SENAC / SP, 2001.
VARGAS, Ivanete de Deus S.; VIEIRA FILHO, Nelson A. Quadros; VIEIRA, Adriane.
“Formação Profissional e Desenvolvimento das Competências em Hotelaria”. In: DIAS,
Reinaldo; VIEIRA FILHO, Nelson A. Quadros (orgs.). Hotelaria e Turismo: elementos de
gestão e competitividade. Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.
VERGARA, Sylvia Constant. Métodos de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas,
2005.
VERGARA, Sylvia Constant; RAMOS, David Ricardo Moreira. “Motivos para a Criação
de Universidades Corporativas – estudo de casos”. In: Revista de Administração
Mackenzie, São Paulo: Mackenzie, v. 3, n. 2, p. 79-98, 2002.
ZAGO, Célia C.; SOUZA, Cynara C. B. de; BEZERRA, Larissa A. Martins.
“Competências Profissionais do Administrador: uma análise comparativa entre a
necessidade do mercado e a formação dos Administradores da Paraíba”. In:
Gestão.Org: Revista Eletrônica de Gestão Organizacional. Número 14. v.5 n.2, 2007.
ZARIFIAN, Philippe. Objectif Compétence. Paris: Liaisons, 1999.
194
APÊNDICES
APÊNDICE A – INSTRUMENTO DE PESQUISA APLICADO
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Programa de Pós-Graduação em Administração
Mestrado em Administração
Prezados Gestores,
Como mestranda do Curso de Pós-Graduação em Administração da UFPB,
tenho desenvolvido como pré-requisito para a conclusão do mesmo uma pesquisa de
dissertação intitulada: “Aprendizagem e Desenvolvimento de Competências Gerenciais
no Setor Hoteleiro de João Pessoa - PB”. Por este motivo venho solicitar sua
colaboração nesta pesquisa, respondendo as perguntas do questionário em anexo.
O questionário possui perguntas simples, e que objetivam conhecer sua
percepção sobre os temas tratados. Suas respostas serão confidenciais, e não é
necessária sua identificação, nem a identificação de sua empresa. No início da
entrevista pediremos apenas o fornecimento de algumas informações genéricas para
que possamos traçar um perfil de sua formação profissional através das respostas
obtidas.
Após a finalização deste trabalho estaremos colocando o mesmo à sua
disposição, caso seja de vosso interesse.
Agradecemos antecipadamente sua colaboração.
Atenciosamente,
Cibelle Batista Gondim
Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Administração da UFPB
João Pessoa, 20 de Junho de 2007.
195
Questionário
As perguntas a seguir visam traçar um perfil profissional genérico dos
participantes desta pesquisa, bem como, conhecer sua opinião sobre alguns temas
relacionados ao desenvolvimento de competências gerenciais.
Em algumas questões, basta marcar um “X” na opção correspondente a seu
perfil profissional. Para as demais perguntas, solicitamos que sua resposta seja feita por
extenso. Lembramos que não é necessário identificar-se!
1. Setor de Trabalho:
( ) Departamento de RH ( ) Recepção ( ) Eventos ( ) A&B ( ) Governança
2. Idade: ___________
3. Gênero:
( ) Masculino ( ) Feminino
4.Grau de Instrução ou Nível de escolaridade:
( ) 1 Grau Incompleto ( ) 1 Grau Completo
( ) 2 Grau Incompleto ( ) 2 Grau Completo
( ) 3 Grau Incompleto – Curso: ______________________
( ) 3 Grau Completo – Curso: ______________________
( ) Nível Técnico – Curso: ______________________
( ) Pós-Graduação – Curso: ______________________
5. Tempo de experiência no setor hoteleiro: _____________________
6. Tempo de exercício da função de gestor neste setor do hotel: __________________
7. Conhecimento de Língua Estrangeira:
( ) Não ( ) Sim*
*Em caso afirmativo, qual ou quais línguas estrangeiras você domina, e o grau de
domínio? Nesta questão mais de uma opção pode ser marcada:
LÍNGUA
ESTRANGEIRA
GRAU DE DOMÍNIO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA MARCADA
( ) INGLÊS
( ) Pouco domínio ( ) Domínio razoável ( ) Bom domínio
( ) ESPANHOL
( ) Pouco domínio ( ) Domínio razoável ( ) Bom domínio
( ) FRANCÊS
( ) Pouco domínio ( ) Domínio razoável ( ) Bom domínio
( ) OUTRA
( ) Pouco domínio ( ) Domínio razoável ( ) Bom domínio
196
8. Quais os cursos (ou treinamentos) proporcionados pela empresa, e que foram
direcionados para sua função gerencial, que você tem conhecimento?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
9. Dentre estes cursos (ou treinamentos) proporcionados pela empresa, de quais
você participou?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10. De acordo com sua percepção, que impactos positivos estes cursos (ou
treinamentos) proporcionados pela empresa de que você participou, trouxeram para
o exercício de sua função como gestor?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
11. Que outras ações você vem empreendendo para a melhoria de sua formação
profissional atualmente? Ou seja, de que cursos (ou treinamentos) você vem
participando atualmente por iniciativa própria?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
12. Em sua opinião, quais seriam os conhecimentos
4
(saberes) mais importantes
para o exercício de sua função, enquanto gestor do setor onde trabalha?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4
Em outras palavras, o que você deve saber ou conhecer para exercer a função de gestor do setor onde trabalha.
197
13. Em sua opinião, quais seriam as habilidades
5
(saber-fazer) mais relevantes
para a sua função gerencial nesta empresa?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
14. E que atitudes
6
(saber-ser) você poderia citar como importantes para o
exercício de sua função gerencial específica?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
15. Considerando os conhecimentos, as habilidades e as atitudes (ou seja, as
competências) que mencionou acima como importantes para sua função gerencial,
quais você ainda não possui e sente necessidade de desenvolver?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
16. Na sua percepção, os cursos (ou treinamentos) oferecidos pela empresa têm
contribuído para o desenvolvimento destas competências gerenciais que considera
importantes para sua função? De que maneira?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5
O que você deve saber fazer na prática para exercer a função de gestor do setor onde trabalha.
6
Ou seja, que tipos de comportamentos ou formas de agir você considera importante para sua função como
gestor.
198
17. E os cursos (ou treinamentos) que você vem buscando por conta própria têm
contribuído para o desenvolvimento destas competências gerenciais, de acordo com
sua percepção? De que maneira?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
18. De que maneira você acredita que vem desenvolvendo e aprendendo estas
competências? Ou seja, através de que formas de aprendizagem? Para facilitar sua
resposta, a seguir são apresentadas algumas formas de aprendizagem e solicito
que as enumere de 1 a 10 em ordem decrescente de importância, sendo o número
1 atribuído à forma de aprendizagem mais importante, e o número 10 a menos
importante, conforme sua percepção:
Na prática diária da profissão. ( )
Através de leituras periódicas de livros, jornais e/ ou revistas. ( )
Através de outros meios de comunicação: como TV, rádio, Internet. ( )
No convívio social com amigos, familiares, e com a sociedade, de um modo geral.
( )
Através de viagens de estudo e observação de outras culturas. ( )
No convívio com seus superiores e/ ou outros gestores. ( )
No convívio com os colegas de trabalho do seu setor e/ ou subordinados. ( )
Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa por conta própria. ( )
Através dos cursos (ou treinamentos) de que participa e que são proporcionados
pela empresa. ( )
Através de palestras, congressos e/ ou outros eventos de que participa. ( )
Obrigada por sua colaboração!
199
APÊNDICE B – EXEMPLO DE ORGANIZAÇÃO DOS DADOS COLETADOS POR
EMPRESA
Variável 1: Perfil de Formação Profissional
Respostas das Questões por Setores do Hotel
Número das
Questões
Departamento
de RH
Recepção Eventos A&B Governança
01
Departamento de
RH
Recepção Eventos A&B
-
02
45 anos 35 anos 34 anos 41 anos
-
03
Masculino Feminino Feminino Masculino
-
04
3° Grau
Incompleto –
Curso:
Administração
2° Grau
Completo
3° Grau
Completo –
Curso:
Serviço
Social
2° Grau
Completo
-
05
12 anos 10 anos
10 anos e 08
meses
15 anos
-
06
12 anos 06 anos 11 meses
04 anos e
05 meses
-
07
Não
Sim – Inglês
(Domínio
Razoável)
Sim – Inglês
(Pouco
Domínio)
Sim –
Inglês
(Domínio
Razoável)
-
200
Variável 2: Cursos e Treinamentos para o Desenvolvimento Gerencial
Respostas das Questões por Setores do Hotel
Número das
Questões
Departamento
de RH
Recepção Eventos A&B Governança
08
“CIPA –
Comissão Interna
para Prevenção
de Acidentes;
5 “S”: Qualidade
Total (SEBRAE);
SEFIP – Sistema
Empresa de
Recolhimento do
FGTS e
Informações à
Previdência
Social;
Treinamento
Passe Legal; PIS
Empresa –
Programa de
Integração
Social”.
“Nenhum”.
“Qualidade
Total
(SEBRAE);
Vendas”.
“Nenhum
treinamento
foi
oferecido”.
-
09
“Treinamento
Passe Legal; PIS
Empresa –
Programa de
Integração
Social”.
“Nenhum”.
“Estes citados
acima”.
“Não
houveram
cursos”.
-
10
“Conhecimentos
e
aperfeiçoamento
das tarefas ao
cargo”.
-
“Não só para
as lideranças,
como
também p/ os
demais
funcionários,
trouxe uma
idéia de
organização,
planejamento,
etc.”.
“A empresa
não
proporcionou
nenhum
treinamento
no período
em que fui
funcionário”.
-
11
“Curso de
Informática e de
Legislação
Trabalhista”.
“Estou
cursando o 5°
estágio no
curso de
inglês. É de
fundamental
importância
p/ a área que
trabalho”.
“Inglês”.
“Viagem à
São Paulo,
visitas,
eventos,
feiras,
congressos,
palestras,
etc.”.
-
201
Variável 3: Conhecimentos, Habilidades e Atitudes
Respostas das Questões por Setores do Hotel
Número das
Questões
Departamento
de RH
Recepção Eventos A&B Governança
12
“Domínio
legislação (CLT),
treinamento,
técnica humana e
relação
pessoais”.
“Qualidade
no
atendimento,
saber ouvir e
procurar
agilizar o
atendimento”
“Conhecer bem
o mercado onde
a empresa atua,
como também
particularidades
do setor de
eventos
(cerimonial,
etiqueta,
planejamento
das atividades,
etc.), onde
desempenho
minha função”.
“Conhecimento
total de
alimentos e
bebidas,
conhecimento
copa, cozinha
em geral,
confeitaria,
compras,
vendas,
custos, lucros,
recursos
humanos,
conhecimento
de todo
material
necessário
para o bom
funcionamento
do setor, etc.”.
-
13
“Boa disciplina,
auto-
conhecimento e
transparência,
informações
funcionais”.
“Atender
todas as
espectativas
do hóspede e
ter segurança
nas
respostas”.
“Ter ‘poder’ de
liderança,
calma, ética,
postura
profissional,
conhecer muito
bem
especificamente
o produto com o
qual trabalho,
jogo de cintura
nas várias
situações
vividas no dia-
a-dia do
trabalho”.
“Habilidade na
cozinha e
outros setores
do restaurante,
habilidade com
a equipe,
montagem de
coquetéis,
coffe-break e
eventos em
geral”.
-
14
“Cautela, análise
das informações
para tomada de
decisão”.
“Simpatia,
rapidez no
atendimento,
tentar
solucionar os
problemas,
que por
ventura
aparecerem”.
-
“Ser objetivo,
ser criativo, ser
autêntico, ser
líder, ser
disciplinado,
ser pontual,
ser honesto”.
-
202
Variável 4: Aquisição e Desenvolvimento de Competências Gerenciais
Respostas das Questões por Setores do Hotel
Número das
Questões
Departamento
de RH
Recepção Eventos A&B Governança
15
“Conhecimentos
de idioma”.
“A maior
dificuldade
que temos é
tentar
solucionar
problemas
que não
depende de
nós”.
“Calma”. “Nenhuma”.
-
16
“Associação de
planejamento
estrutural p/
acompanhamento
de mercado”.
-
“Sim. A
medida em
que amplia
horizontes em
termos de
conhecimento,
desperta a
consciência
de que há
necessidade
de melhorar
mais e mais
para poder
competir no
meio em que
atuamos”.
“Não porque
a empresa
não
proporcionou
nenhum
treinamento”.
-
17
“Pesquisa na
Internet e
correlacionados”.
“Sim, Tendo
domínio de
um outro
idioma”.
“Não
exatamente p/
minha função
específica,
mas para a
minha
formação
profissional no
geral, pois
trata-se do
curso de
inglês”.
“Melhoria do
atendimento,
postura aos
funcionários,
organização
dos eventos,
novidade
para
cozinha,
cardápios
funcionais,
custos, etc.”.
-
203
Questão 18: Enumeração por ordem de importância atribuída
Formas de
aprendizagem
Departamento
de RH
Recepção Eventos A&B Governança
Na prática
diária da
profissão.
1 1 1 1 -
Através de
leituras
periódicas de
livros, jornais e/
ou revistas.
9 4 2 9 -
Através de
outros meios
de
comunicação:
como TV, rádio,
Internet.
3 2 5 8 -
No convívio
social com
amigos,
familiares, e
com a
sociedade, de
um modo geral.
7 6 10 4 -
Através de
viagens de
estudo e
observação de
outras culturas.
10 5 9 5 -
No convívio
com seus
superiores e/
ou outros
gestores.
4 7 3 2 -
No convívio
com os colegas
de trabalho do
seu setor e/ ou
subordinados.
8 8 4 7 -
Através dos
cursos (ou
treinamentos)
de que
participa por
conta própria.
5 3 7 6 -
Através dos
cursos (ou
treinamentos)
de que
participa e que
são
proporcionados
pela empresa.
2 10 6 10 -
Através de
palestras,
congressos e/
ou outros
eventos de que
participa.
6 9 8 3 -
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo