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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE ECONOMIA
PATRÍCIA BORGES DE OLIVEIRA
COMPETITIVIDADE E SALDOS COMERCIAIS DA INDÚSTRIA
AGROALIMENTAR NO BRASIL
UBERLÂNDIA
2005
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PATRÍCIA BORGES DE OLIVEIRA
COMPETITIVIDADE E SALDOS COMERCIAIS DA INDÚSTRIA
AGROALIMENTAR NO BRASIL
UBERLÂNDIA
2005
Dissertação apresentada ao
Instituto de Economia,
Universidade Federal de
Uberlândia, sob orientação do
Professor Doutor Clésio
Louren
ç
o Xavier.
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3
A minha família e aos meus amigos,
com todo o carinho.
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Clésio Lourenço Xavier, por ter aceitado o desafio de me
orientar neste trabalho após a ida do prof. Márcio Holland para os Estados
Unidos e sobretudo por sempre ter me recebido em sua sala carinhosamente.
À minha família por ter me incentivado sempre e em especial meu
agradecimento as duas mulheres mais importantes da minha vida: mamãe e
vovó.
Ao prof. Márcio Holland pelo interesse cosntante no meu tema de trabalho e
pela sua amizade. Mais que isso: obrigada pela oportunidade de ter participado
de importantes projetos de pesquisa científica nesta casa e por tudo o mais. Não
fosse isso, não estaria desenvolvendo hoje este trabalho.
À Monalise por ter me auxiliado sempre que precisei de uma palavra carinhosa e
por não ter me faltado nas horas mais difícies. Sua amizade estará para sempre
guardada em meu coração.
Aos meus dois grandes amigos de mestrado Fernando Dalbão Carvalho e
Thaís Alves Guimarães por serem tão companheiros nesta etapa de minha vida.
À Luciane e Pauliana minhas melhores amigas da graduação que sempre me
incentivaram e colaboraram de sobremaneira para o desenvolvimento desta
dissertação de mestrado.
Aos alunos bolsista do NEA pelo ambiente agradável de trabalho e, em especial
à Samantha, por sua dedicação sempre que solicitada por mim.
5
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Brasil: Inflação – IGP-DI Mensal (1990-2004)............................................................13
Gráfico 2 - Relação entre a Taxa de Juros-Over/Selic e a Taxa de Câmbio-Efetiva Real Mensal
(07/1994-09/2004)..............................................................................................................13
Gráfico 3 - Brasil: Exportações Agrícolas Totais em US$ milhões FOB(1992-
2001)...................................................................................................................................16
Gráfico 4 - Soja em Grão - Valor Exportado em US$ Milhões (1997-2002)..................................28
Gráfico 5 - Complexo Soja - quantidade produzida em Ton.........................................................31
Gráfico 6 - Óleo de Soja - Valor Exportado em US$ Milhões (1997-2002)..................................34
Gráfico 7 - Brasil: Carnes e seus principais segmentos- Valor Exportado em US$ milhões (1997-
2002)...................................................................................................................................35
Gráfico 8 - Brasil: Carnes e seus derivados - Valor Exportado em US$ milhões (1997-
2002).............................................................................................................................................36
Gráfico 9 - Brasil: Carne de Frango - Valor Exportado em US$ milhões (1997-2002)..................41
Gráfico 10 – Brasil: Carne Bovina - Valor Exportado em US$ milhões (1997-2002)....................42
Gráfico 11- Brasil: Açúcar - Valor Exportado em US$ milhões (1997-2002).................................45
Gráfico 12 – Evolução do preço do açúcar demerara em Nova York em centavos de US$/libra
peso (1997/98 – 2002/03)...................................................................................................46
Gráfico 13 – Suco de Laranja Brasileiro - Produção x Preços......................................................48
Gráfico 14 – Suco de Laranja Brasileiro - Valor Exportado, em US$ milhões (1997-2002)..........49
Gráfico 15 – Café em Grão- Valor Exportado, em US$ milhões (1997-2002)..............................52
Gráfico 16 – Brasil: Café Não Grão- Valor Exportado, em US$ milhões (1997-2002)..................53
Gráfico 17 – Brasil: Market-Share do Setor Suco de Laranja (1997-2002)...................................69
Gráfico 18 – Brasil: Market-Share do Setor Açúcar (1997-2002)..................................................71
Gráfico 19 – Brasil: Market-Share do Setor Café (1997-2002).....................................................73
Gráfico 20 – Brasil: Market-Share do Setor Soja (1997-2002)......................................................75
Gráfico 21 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Suco de Laranja (1997-
2002)...................................................................................................................................82
Gráfico 22 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Açúcar (1997-2002)...........84
Gráfico 23 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Café (1997-2002)...............85
Gráfico 24 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Soja (1997-2002).............87
Gráfico 25 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Suco de Laranja (1997-
2002)...................................................................................................................................95
Gráfico 26 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Açúcar (1997-2002).............97
Gráfico 27 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Café (1997-2002)................99
Gráfico 28 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para a Soja em Grão (1997-2002).........101
6
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Exportações dos Principais Complexos Agropecuários em US$ milhões (1997-
2002).................................................................................................................................15
Tabela 2 - Valor das Exportações, Importações e Saldo Comercial do Agronegócio Brasileiro e
Demais Setores em US$ milhões (1997-2002)................................................................19
Tabela 3 - Evolução das Taxas de Crescimento do PIB*Brasil (1995-2003)................................20
Tabela 4 – Brasil: Participação nas exportações mundiais, totais e agrícolas em US$
milhões(1997-2002)..........................................................................................................21
Tabela 5 - Evolução da Balança Comercial Brasileira em US$ Milhões Fob (1995-2003)...........21
Tabela 6 – Potencial de produção de grãos no Brasil (1997/98-2002/03)....................................23
Tabela 7 – Soja: Oferta e Demanda Mundiais em milhões de toneladas (1997/98-2002/03).......26
Tabela 8 – Comércio Internacional e Oferta Mundial de Soja em Grão em milhões de toneladas
(1997/98-2002/03)............................................................................................................26
Tabela 9- Soja: Comparação entre os principais países produtores (1997/98-2002/03)..............27
Tabela 10 Consumo Mundial de Soja em Grão em milhões de toneladas
(1997/98 - 2002/03) .........................................................................................................29
Tabela 11 – Farelo de Soja: Oferta e Demanda Mundiais em milhões de toneladas (1997/98-
2002/03)...........................................................................................................................30
Tabela 12 – Complexo Soja: Balanço de Oferta e Demanda Brasileira em milhões de toneladas
(1997/98-2003/04)............................................................................................................30
Tabela 13 – Consumo Mundial de Farelo de Soja em milhões de toneladas (1997/98-
2002/03)............................................................................................................................31
Tabela 14 – Consumo Mundial de Óleo de Soja em milhões de toneladas (1997/98-
2002/03)............................................................................................................................32
Tabela 15 – Comércio Internacional de Óleo de Soja em milhões de toneladas (1997/98-
2002/03)............................................................................................................................33
Tabela 16 – Balanço Mundial da Suinocultura em milhões de toneladas (1997 – 2002)..............37
Tabela 17 - Balanço da Suinocultura no Brasil (1993-2001).........................................................38
Tabela 18 – Produção Mundial de Carne de Frango em milhões de toneladas (1997 – 2002)....39
Tabela 19 – Balanço da Avicultura Brasileira: Carne de Frango (1993-2001) .............................40
Tabela 20 - Exportações Brasileiras de Frango* Por Destino (1998-2001)..................................41
Tabela 21 - Balanço Mundial de Carne Bovina em milhões de toneladas (1997-2002).............43
Tabela 22 - Balanço da Bovinocultura no Brasil em milhões de toneladas (1992-2001)..............44
Tabela 23 - Açúcar: Balanço Mundial em milhões de toneladas (1997/98-2002/03)....................46
Tabela 24 - Balanço de Oferta e Demanda Brasileira de Suco de Laranja em milhões de
toneladas (1997/98 a 2002/03).........................................................................................47
Tabela 25 - Suco de Laranja – Oferta e Demanda nos Estados Unidos em milhões de
toneladas..........................................................................................................................49
Tabela 26 - Café: Oferta e Demanda Mundiais em mil sacas de 60 kg........................................51
Tabela 27 - Café - Oferta e Demanda Brasileiras em milhões de toneladas (1997/98-
2002/03)............................................................................................................................52
Tabela 28 - Café¨: Exportações Brasileiras – Ranking por Destino (1997-2002) .........................54
Tabela 29 - Café Solúvel: Exportações Brasileiras –Ranking por Destino (1999-
2002).................................................................................................................................54
Tabela 30 - Relação de Produtos da Indústria Agroalimentar.......................................................58
Tabela 31 - Produtos Analisados (1997-2002)..............................................................................59
Tabela 32 - Diagrama da Matriz de Competitividade....................................................................64
Tabela 33 - Brasil: Market-share no Mercado Mundial (1997-2002).............................................65
Tabela 34 - Brasil: Market-Share do Setor Carnes (1997-2002)...................................................67
Tabela 35 - Brasil: Market-Share do Setor Soja (1997-2002).......................................................75
Tabela 36 - Brasil: Vantagem Comparativa Revelada (1997-2002) – Produtos Selecionados.....77
Tabela 37 - Brasil: Vantagem Comparativa Revelada do Setor Carnes (1997-2002)...................79
Tabela 38 - Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Soja (1997-2002).................91
Tabela 39 - Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial (1997-2002)...............................................93
Tabela 40 - Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial do Setor Carnes (1997-
2002)...........................................................................................................................................101
Tabela 41 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Soja (1997-2002)...............108
Tabela 42 - Brasil: Padrão de Especialização – dados consolidados (1997-2000)....................111
Tabela 43 – Brasil: Matriz de Competitividade dos Principais Produtos Agroalimentares (1997-
2000)..............................................................................................................................111
7
Tabela 44 – Brasil: Padrões de Especialização e Vantagem Comparativa (1997-2000)............113
Tabela 45 – Brasil: Direção de Comércio - Crescimento e Participação na Pauta por regiões/
países (1998-2003).........................................................................................................118
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 10
1 – A DINÂMICA E A NATUREZA DOS PRINCIPAIS SETORES EXPORTADORES
AGROALIMENTARES BRASILEIROS NO PERÍODO RECENTE ............................................. 12
1.1 O PLANO REAL E A AGRICULTURA ....................................................................................... 12
1.2 - ANÁLISE DO DESEMPENHO DA AGRICULTURA NO BRASIL NO PERÍODO RECENTE .................... 18
1.3. ANÁLISE DA COMPETITIVIDADE EXTERNA DOS PRINCIPAIS SETORES AGROALIMENTARES NO
BRASIL........................................................................................................................................ 25
1.3.1 - Soja ........................................................................................................................... 26
1.3.2 - Carnes ....................................................................................................................... 34
1.3.3 - Açúcar ....................................................................................................................... 44
1.3.4 - Suco de Laranja ........................................................................................................ 47
1.3.5 - Café ........................................................................................................................... 51
2 – COMPETITIVIDADE E DESEMPENHO COMERCIAL DOS PRINCIPAIS PRODUTOS
AGROALIMENTARES BRASILEIROS........................................................................................ 56
2.1 METODOLOGIA ................................................................................................................... 56
2.1.2 – Elaboração de Indicadores....................................................................................... 60
2.2 - ANÁLISE DOS INDICADORES DE COMPETITIVIDADE EXTERNA PARA O BRASIL .......................... 65
2.2.1 – Market-Share ou Indicador de Posição de Mercado ................................................ 65
2.2.2 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Carnes no período de 1997-200266
2.2.3 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Suco de Laranja no período de
1997-2002............................................................................................................................. 68
2.2.4 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Açúcar no período de 1997-200270
2.2.5 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Café no período de 1997-2002... 72
2.2.6 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Soja no período de 1997-2002 ... 74
2.3 VANTAGEM COMPARATIVA REVELADA (VCR)....................................................................... 77
2.3.1 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Carnes no período de 1997-2002 79
2.3.2 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Suco de Laranja no período de
1997-2002............................................................................................................................. 81
2.3.3 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Açúcar no período de 1997-2002. 83
2.3.4 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Café no período de 1997-2002 .... 85
2.3.5 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Soja .............................................. 87
2.4 CONTRIBUIÇÃO AO SALDO COMERCIAL (CS) ........................................................................ 90
2.4.1 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Carnes ........................................... 92
2.4.2 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Suco de Laranja............................. 94
2.4.3 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Açúcar............................................ 97
2.4.5 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Soja.............................................. 100
2.5 MATRIZ DE COMPETITIVIDADE E SALDOS COMERCIAIS NO BRASIL ....................................... 103
2.5.1 Padrões de especialização para os principais setores agroalimentares do Brasil ... 104
2.5.2 Padrão de Especialização e Vantagens Comparativas Reveladas dos Principais
Setores Agroalimentares no Período 1997-2000 ............................................................... 112
3 - COMPETITIVIDADE: DESTINO DE COMÉRCIO E BARREIRAS NÃO-TARIFÁRIAS À
INDÚSTRIA AGROALIMENTAR BRASILEIRA......................................................................... 116
3.1 DESTINO DE COMÉRCIO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS.................................................. 116
3.2 AS BARREIRAS NÃO-TARIFÁRIAS APLICADAS AOS PRINCIPAIS PRODUTOS AGROALIMENTARES
BRASILEIROS NO MERCADO INTERNACIONAL............................................................................... 119
3.3 - AS BARREIRAS NÃO-TARIFÁRIAS APLICADAS PELOS MERCADOS MAIS IMPORTANTES DO MUNDO
AOS
PRINCIPAIS PRODUTOS AGROALIMENTARES BRASILEIROS NO PERÍODO RECENTE................. 123
3.3.1 –As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pelo Estados Unidos sobre os Principais
Produtos Agroalimentares Brasileiros no Período Recente............................................... 124
3.3.2 –As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pela União Européia sobre os Principais
Produtos Agroalimentares Brasileiros no Período Recente............................................... 126
3.3.3 – As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pelo Japão sobre os Principais Produtos
Agroalimentares Brasileiros no Período Recente .............................................................. 131
9
CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 133
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................... 136
ANEXO A .................................................................................................................................... 142
ANEXO B .................................................................................................................................... 149
10
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a dinâmica e a natureza
de alguns produtos selecionados dentro do setor agroalimentar brasileiro no
período recente, envolvendo o intervalo temporal 1997 a 2002. O ano de 1997 é
a referência para nossa análise porque as transformações macroeconômicas
pelas quais o país passou (estabilização da economia, liberalização comercial e
financeira) já tinham avançado significativamente.
O setor agroalimentar compõe parte significativa do chamado
agronegócio nacional que, por sua vez, é o setor da economia que,
principalmente após o ano 2000, tem contribuído para a obtenção do saldo
comercial brasileiro. Dessa forma, analisar a natureza e a dinâmica de
competitividade desses segmentos agroalimentares é fundamental para
compreender a sua contribuição ao saldo comercial.
Sendo assim, a investigação centra-se em torno da questão: os produtos
agroalimentares que o país mais exporta apresenta uma contribuição ao saldo
comercial compatível com a sua competitividade?
O primeiro capítulo aborda a evolução do comércio exterior brasileiro e a
natureza de setores que apresentam um desempenho exportador positivo, em
termos de competitividade internacional como: a soja e seus derivados, carnes
(bovina, suína e de frango), açúcar, suco de laranja e café. Nesta parte, também
são analisados os impactos da desvalorização cambial brasileira sobre o
comércio exterior com o intuito de captar os efeitos da mesma sobre os
principais produtos destinados para a exportação. Em linhas gerais, o capítulo
busca salientar como a economia brasileira depende em grande parte do
desempenho exportador desses segmentos agroalimentares.
No segundo capítulo, os principais indicadores de comércio internacional
e uma matriz de competitividade são elaborados e examinados de acordo com o
objetivo deste trabalho dando continuidade a mensuração do grau de
competitividade da indústria agroalimentar brasileira. Vale destacar que a matriz
de competitividade apresentada serve para averiguar a tendência de mercado
dos principais compradores mundiais, a especialização produtiva brasileira
nesse segmento e o desempenho econômico nacional desses setores.
11
O terceiro capítulo, em primeiro lugar, caracteriza a natureza do destino
de comércio desses produtos agroalimentares no mesmo período. O segundo
objetivo deste capítulo busca examinar a natureza dos mecanismos de proteção
comercial implementados pelos países mais desenvolvidos no tocante às
importações nacionais desses produtos no período sob investigação e em que
medida, essas barreiras comerciais, essencialmente barreiras não-tarifárias,
condicionam o crescimento das exportações dos produtos agroalimentares
selecionados no período sob investigação.
12
1 – A DINÂMICA E A NATUREZA DOS PRINCIPAIS SETORES
EXPORTADORES AGROALIMENTARES BRASILEIROS NO PERÍODO
RECENTE
O desenvolvimento deste capítulo contempla duas partes: inicialmente,
mostra a evolução do comércio exterior brasileiro e a natureza de setores que
apresentam um desempenho exportador positivo. Este método serve como uma
primeira aproximação da estrutura agroexportadora nacional, bem como os seus
efeitos sobre a expansão das exportações e importações do país.
Em segundo lugar, discrimina o impacto da desvalorização cambial,
ocorrida em janeiro de 1999 com o intuito de captar os efeitos da mesma sobre
os principais produtos destinados para a exportação. Em linhas gerais, o
capítulo busca salientar como, a economia brasileira depende em grande parte
do desempenho exportador da balança agrícola, que por sua vez, em muito tem
contribuído para a recuperação da economia nacional.
Por isso, examinar o comportamento de setores exportadores
considerados chaves para a economia e os efeitos da desvalorização cambial
brasileira sobre eles constituem um dos elementos determinantes para o
desempenho da balança comercial brasileira no período recente.
1.1 – O Plano Real e a Agricultura
Em 1994, a economia brasileira passa a operar em um ambiente
macroeconômico mais favorável ao crescimento econômico. Isso se deve,
essencialmente, ao desempenho do Plano Real no controle da inflação,
conforme gráfico 1. Segundo Gasques (2004), o fim de mais de uma década de
crise inflacionária trouxe tranqüilidade para a agricultura, pois neste ambiente
mais estável, compromissos financeiros não eram mais atrelados a taxa geral de
inflação.
13
Gráfico 2 – Relação entre a Taxa de Juros-Over/Selic e Taxa de Câmbio-
Efetiva Real* Mensal (07/1994-09/2004)
65,00
75,00
85,00
95,00
105,00
115,00
125,00
135,00
145,00
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3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
Taxa de câmbio - efetiva real Taxa de juros - Over / Selic
Nota: *Taxa de Câmbio - efetiva real - INPC - exportações - manufaturados - índice (média
2000 = 100)
Fonte: Elabora
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Gráfico 1 – Brasil: Inflação - IGP-DI Mensal (1990-2004)
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40
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60
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1
Fonte: Elaboração própria a partir de dados básicos da SECEX/MDIC (www.mdic.gov.br).
14
Todavia, se por um lado, a agricultura beneficiou-se do sucesso do
combate à inflação, por outro lado, ela teve de se defrontar com uma política
econômica que lhe era desvantajosa. O setor teve que conviver com uma taxa
de juros real elevada e uma taxa de câmbio mantida em patamar baixo, mesmo
após a desvalorização cambial em 1999 (ver gráfico 2).
Bresser Pereira (2003, p. 15 e 17) ao examinar a macroeconomia do
Brasil após 1994 afirma que :
A taxa de juros básica real é desproporcionalmente alta no Brasil
porque desde o final dos anos 80, o Banco Central deixou-se capturar
internacionalmente pela ortodoxia econômica convencional, e
internamente pelos rentistas ou rendeiros e agentes que vivem de
comissões ou taxas de administração do mercado financeiro. (...) A
taxa de câmbio por sua vez, tende a ser baixa no Brasil devido a um
conjunto de interesses populistas e pela política convencional de
controle da aceleração da inflação. (BRESSER PEREIRA, 2003; p. 15
e 17).
Essa situação desencadeou o desequilíbrio do balanço de pagamentos
brasileiro e por conseqüência, constituiu uma armadilha para o crescimento
econômico. Esta armadilha revela-se no fato de que toda vez que o Banco
Central decide baixar a taxa de juros, a economia volta a dar sinais de
crescimento e o déficit em conta corrente aumenta. Como esta situação sempre
traz desequilíbrios para o balanço de pagamentos, as autoridades monetárias
estão determinadas a impedir que a taxa de câmbio suba, até mesmo porque há
pressões inflacionárias, ainda que temporárias, sobre a estrutura de preços,
então, a taxa de juros volta a subir.
É importante notar ainda que o Brasil é fortemente dependente de capital
estrangeiro, por isso, geralmente qualquer choque externo pressiona a taxa de
câmbio do país para cima, aumentando a relação da dívida pública/PIB, e afeta
de maneira negativa a percepção da solvência do setor público, e também o
risco-país
1
.
A variável risco-país tem papel importante no comportamento de curto e
longo prazo da taxa de câmbio brasileira, assim como a taxa de juros doméstica
1
Ver Holland & Vieira (2003) para a relação entre taxa de juros, risco-país e probabilidade de
default no Brasil no período recente.
15
nos períodos de flutuação
2
. Nesse sentido, há especificidades na dinâmica da
taxa de câmbio no Brasil. Uma delas é o fato da política macroeconômica ser
guiada por uma taxa de câmbio flutuante administrada (com o uso de reservas
internacionais e juros) e meta inflacionária e pelo comportamento de variáveis
externas como o risco-país (Holland & Vieira 2004).
Conforme mencionado anteriormente, a política cambial mudou em 1999,
quando houve uma redução do fluxo de capitais para o país e uma tendência à
depreciação do câmbio. Os agentes econômicos entediam que o governo não
dispunha de reservas internacionais suficientes para defender a política cambial
vigente de um possível ataque especulativo. Então, era uma questão de tempo,
pra que a mudança de regime cambial se concretizasse
3
.
Com a desvalorização cambial, esperava-se que os produtos agrícolas de
exportação brasileiros que possuem forte inserção no mercado internacional
apresentassem uma melhora nos resultados da balança comercial,
principalmente com o crescimento das exportações. De fato, o que ser viu nesse
período foi o crescimento das exportações dos principais produtos
agroalimentares, como por exemplo, a soja, cacau, café, açúcar, suco de laranja
e carnes (tabela 1).
2
Refere-se aos meses que antecederam a mudança do regime cambial brasileiro ocorrida em
janeiro de 1999 até o momento atual.
3
Segundo Bresser Pereira (idem), o país saiu de um regime de taxa de câmbio fixo, valorizada,
para uma política de câmbio flutuante, ainda associada a alta apreciação, mas em menor grau.
Tabela 1 -Exportações dos Principais Produtos Agroalimentares em US$
milhões (1997-2002)
Ano Soja -1 Cacau - 2 Café - 3 Açúcar - 4 Suco de
laranja
Carnes - 5
1997 5.729 116 3.094 1.770 1.003 1.563
1998 4.755 140 2.576 1.941 1.262 1.598
1999 3.784 95 2.441 1.911 1.235 1.933
2000 4.197 101 1.761 1.199 1.019 1.917
2001 5.296 94 1.393 2.286 812 2.869
2002 6.009 139 1.385 2.094 869 3.125
Notas: 1- Inclui grão, farelo, óleo bruto e refinado.
2- Inclui amêndoas, manteiga, licor e torta.
3- Inclui café solúvel.
4- Inclui açúcar cristal, refinado e demerara.
5- Inclui carnes, miúdos e conservas de bovinos, suínos e aves.
Fonte: Elaboração
ria a
artir de dados básicos do SECEX/MDIC .
www.mdic.
g
ov.br
)
.
16
As exportações agrícolas apresentam uma trajetória de crescimento
crescente, como pode ser visto pelo gráfico 3. No entanto, observa-se que o
período 1997-1999 foi marcado por recorrentes turbulências internacionais – as
crises russa, asiática e brasileira em 1997, 1998 e 1999 respectivamente -
durante os quais houve um ligeiro declínio das exportações do setor agrícola.
A crise financeira asiática em 1997, seguida da moratória russa em
meados de 1998 e dos efeitos contágio desta última teve impacto negativo
sobre as vendas externas brasileira. Essa retração nas exportações agrícolas
refletiu em grande parte as direções assumidas pela política econômica ao
longo do período e que afetaram o preço das commodities.
Além da deterioração dos termos de troca, as exportações sofreram os
efeitos da retração de mercados de destino importantes para os produtos
agrícolas, em particular a América do Sul, região especialmente atingida pela
drástica mudança do ambiente internacional a partir da moratória russa.
Entretanto, como se observa no gráfico 3 a tendência das exportações agrícolas
é de crescimento após a desvalorização cambial em 1999.
Gráfico 3 - Brasil: Exportações Agrícolas Totais em US$ milhões FOB(1992-
2001)
35.505
38.344
43.102
45.886
47.747
52.944
51.140
48.011
55.086
58.223
35.450
38.450
41.450
44.450
47.450
50.450
53.450
56.450
1992
1993
1994
19
95
1996
1997
1998
1999
2000
2
001
Fonte: Elaboração própria a partir de dados básicos do SECEX/MDIC. (www.mdic.gov.br)
17
Este fato, em grande medida, deve-se ao grau de especialização da
economia brasileira, que por sua vez, é relativamente especializada no setor
agroalimentar. Em termos de competitividade internacional, o Brasil apresenta
desempenho positivo nas exportações agrícolas, em produtos como soja, milho,
açúcar, suco de laranja, café, derivados de cacau e carnes bovinas, de aves e
suína. Adicionalmente, as exportações do setor agroalimentar têm sustentado o
crescimento econômico brasileiro nos últimos anos, ou pelo menos, evitado que
a queda fosse ainda maior.
Entretanto, Saes, Nunes & Sousa (1999) afirmam que os impactos sobre a
atividade agrícola foram distintos para os diferentes produtos agroalimentares
que compõem a pauta de exportações brasileira. Analisando-se inicialmente a
participação das exportações dos produtos relacionados, verifica-se que aqueles
com maior inserção no mercado internacional, como era de se esperar, foram os
mais beneficiados com a depreciação da moeda nacional.
Na agropecuária, claramente evidenciou-se o efeito direto, referente aos
setores café e soja, que por apresentarem parte mais significativa da produção
destinada à exportação, foram diretamente beneficiados pela desvalorização, e
assim sendo, absorveram o estímulo da alta dos preços de exportação. Ao
mesmo tempo, também foi possível constatar que os mesmos setores café, soja,
mais o setor cana-de-açúcar, foram indiretamente beneficiados pela demanda
interna dos setores agroindustriais da indústria do café, da fabricação de óleos
vegetais e do açúcar.
Para os demais setores, os resultados indiretos foram menores, mas ainda
existentes, como é o caso do milho e bovinos e suínos, que se relacionaram
com o grupo de setores agroindústrias ligados à alimentação, menos
favorecidos pelo processo de desvalorização. Segundo Oliveira (2002), "a
resposta negativa desses setores pode ser explicada pelo fato deles possuírem
uma posição mais voltada para o mercado interno e pela menor relação deles
com setores de exportação" (Oliveira, 2002).
No caso dos setores bovinos e suínos, o impacto foi relativamente menor
que o observado para os demais setores porque estão conectados com a
indústria do abate de animais, que apresentou um percentual de volume
exportado pequeno. Para o caso do milho, a sua relação pulverizada com os
setores agropecuários (bovinos e suínos), atendendo assim as necessidades do
18
consumo interno e com setores agroindustriais (beneficiamento da produção
vegetal), determinou a sua pequena parcela destinada para a exportação.
Gasques et alli (2004) afirma que se não bastasse isso, ocorreu um
aumento da abertura comercial e a desregulamentação de setores importantes
para a agricultura. O governo saiu de setores como o açúcar, álcool, café, leite e
trigo permitindo o aumento da concorrência dentro do setor agrícola (a jusante e
a montante) e entre o setor e os demais setores da economia. Esse fato
conjugado com a maior concorrência vinda do exterior, decorrente da maior
abertura comercial e a da taxa de câmbio valorizada, atingiu o setor agrícola
como um todo e foi magnificada em razão da maior exposição de nossos
mercados aos países do Mercosul.
Em resumo, a economia brasileira é relativamente especializada em
produtos agroalimentares, em termos de competitividade internacional. Sendo
assim, a próxima seção buscará investigar em que medida o dinamismo das
exportações agroalimentares do país no mercado internacional tem sido
fundamental para sustentar desempenho satisfatório da pauta de exportações
brasileiras no período recente.
1.2 - Análise do Desempenho da Agricultura no Brasil no Período Recente
Nos últimos anos, como destacado na seção anterior, o crescimento das
exportações deve-se, em parte, aos impactos da desvalorização da taxa de
câmbio sobre a balança comercial. Em particular o vigor exportador agrícola ou
do chamado agronegócio nacional
4
.
Na tabela 2, o papel fundamental das exportações desse setor
agroexportador na expansão e manutenção das vendas externas totais do Brasil
é apresentado. A receita das vendas externas do agronegócio é bastante
relevante e mostra o quanto este segmento contribui expressivamente para as
exportações gerais, e mesmo, ao eliminar o segmento bens de capital, o setor
4
O agronegócio compreende setores intensivos em recursos naturais de origem animal, vegetal
e mineral: têxteis (fibras vegetais e animais), carnes (bovinas, aves, suínas e pescado), café e
outros estimulantes (chás e cacau), açúcar, frutas e sucos, cereais e oleaginosas/ leguminosas
(soja, milho, trigo, arroz, feijão), flores e ornamentais e produtos florestais (madeira, borracha,
celulose e outros) e fumo. (Instituto de Economia Agrícola - IEA/SP, 2002).
19
continua representando uma parcela significativa da composição das
exportações brasileiras. Em média essa participação tem variado entre 38% e
45%.
Com base no exposto constata-se que o desempenho da balança
comercial brasileira depende em grande medida do esforço exportador agrícola.
Diferentemente do saldo total geral, o saldo comercial do agronegócio é sempre
positivo durante o período analisado, embora, o déficit recorrente da balança
comercial diminua consideravelmente em 1999 com a desvalorização cambial
brasileira e, finalmente reverta o sinal em 2001 quando os efeitos de
competitividade para o setor exportador se amplificam
A tabela 3 mostra que, em média, as taxas de crescimento do PIB do
setor agropecuário tem um papel de destaque no PIB Brasil e muito tem
contribuindo para a recuperação do crescimento econômico do país.
Comparativamente, a taxa de crescimento do PIB agropecuário é a maior para
Tabela 2 - Valor das Exportações, Importações e Saldo Comercial do
Agronegócio Brasileiro e Demais Setores em US$ milhões (1997-2002)
Discriminação 1997 1998 1999 2000 2001 2002
EXPORTAÇÃO
A: Agronegócios 24.964.219 23.052.115 21.664.966 21.778.713 25.007.401 26.063.793
B: Agronegócios
(exceto bens de
capital/insumos)
23.871.701 22.001.708 20.936.831 21.046.416 24.234.303 25.210.473
C: Total Geral 52.994.341 51.139.862 48.011.444 55.085.595 58.222.642 60.361.786
% A/C 47,1 45,1 45,1 39,5 43,0 43,2
% B/C (Exceto bens
de capital)
45,0 43,0 43,6 38,2 41,6 41,8
IMPORTAÇÃO
A: Agronegócios 12.688.685 12.278.026 9.109.132 9.473.184 8.560.573 7.681.914
B: Agronegócios
(exceto bens de
capital/insumos)
9.156.980 8.951.670 6.316.815 6.370.650 5.350.070 4.914.904
C: Total Geral 59.747.227 57.714.365 49.210.314 55.783.343 55.572.176 47.240.488
% A/C 21,2 21,3 18,5 17,0 15,4 16,3
% B/C (exceto bens
de capital)
15,3 15,5 12,8 11,4 9,6 10,4
SALDO
Agronegócios 12.275.534 10.774.089 12.555.834 12.305.529 16.446.828 18.381.879
Demais Setores da
Economia
14.714.721 13.050.038 14.620.016 14.675.766 18.884.233 20.295.569
Total Geral -6.752.886 -6.574.503 -1.198.870 -697.748 2.650.466 13.121.298
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do Instituto de Economia Agrícola
(www.iea.sp.gov.br).
20
todos os anos analisados conforme a tabela mostra, exceto para os anos 1996,
1997 e 2000.
Em 1999, ela tem aproximadamente nove vezes o valor da taxa de
crescimento do PIB total quando atinge 7,4%. Em termos de participação
relativa observa-se pela tabela que a taxa do PIB agropecuário é muito superior
a do PIB total toda vez que o mesmo atinge valores abaixo de 2%. Isto parece
indicar que o crescimento econômico do país é sustentado exclusivamente pelo
setor agropecuário em anos onde o desempenho da economia é fraco ou nulo.
As participações das exportações agrícolas são tão importantes para o
país que a parcela das mesmas perante o comércio mundial é muito
representativa. Enquanto o Brasil detém aproximadamente 1% das exportações
totais mundiais, as exportações agrícolas brasileiras correspondem em média a
3% (tabela 4).
Dessa forma, o dinamismo das exportações de produtos agroalimentares
é fundamental para compreender a evolução das exportações totais do Brasil no
mercado mundial e, conseqüentemente, o seu desempenho sobre o saldo
comercial do país no período recente.
Tabela 3 - Evolução das Taxas de Crescimento do PIB*Brasil (1995-
2003**)
Discriminação 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Agropecuária 4,1 3,1 -0,8 1,9 7,4 3,0 5,7 5,5 5,0
Indústria 1,9 3,3 4,7 -1,5 -1,6 4,9 -0,3 2,6 -1,0
Extrativa Mineral 3,7 6,0 4,8 8,0 5,0 11,1 3,9 6,7 2,8
Transformação 2,0 2,1 4,5 -3,7 -1,6 5,4 1,0 3,6 0,7
Construção Civil -0,4 5,2 7,6 1,4 -3,2 3,0 -2,6 -1,8 -8,6
Serv.Ind.Util. Publ. 7,6 6,0 5,9 3,8 2,5 4,1 -5,6 3,0 1,9
Serviços 1,3 2,3 2,6 1,1 1,9 3,7 1,9 1,6 -0,1
Comércio 8,5 1,8 3,0 -5,1 0,3 4,7 1,5 -0,2 -2,6
Transportes 6,6 2,6 3,9 5,1 0,6 5,6 5,2 3,4 -0,8
Comunicações 22,9 10,9 5,0 13,6 21,3 16,5 9,9 9,8 0,1
Administração Pública 0,8 1,4 1,7 1,9 2,8 1,1 0,8 1,7 0,5
Instituição Financeira -8,1 2,5 3,2 -0,6 0,9 3,5 0,3 2,1 0,1
PIB 4,2 2,7 3,3 0,1 0,8 4,4 1,3 1,9 -0,2
Nota: * Base: Ano Anterior = 100
** Dados Preliminares
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE/Departamento de Contas Nacionais
(www.ibge.gov.br
)
21
Os dados da tabela 5 corroboram esta hipótese, pois como se pode
observar os produtos básicos e os semi-manufaturados são importantes para as
vendas externas brasileiras e para a composição do saldo comercial do país no
período recente.
Em parte, como aponta a seção anterior, a desvalorização cambial
constitui um dos fatores responsáveis pelo desempenho positivo desses
segmentos no período sob investigação. Entretanto, existem outros elementos
Tabela 4 – Brasil: Participação nas exportações mundiais, totais e
agrícolas em US$ milhões(1997-2002)
Ano Exportações Totais Exportações Agrícolas
Mundiais Brasil % Mundiais Brasil %
1997 5.416 52,99 0,98 596,22 18,3 3,07
1998 5.346 51,14 0,96 568,39 17,07 3,00
1999 5.556 48,01 0,86 547,48 15,98 2,92
2000 6.266 55,09 0,88 552,25 15,47 2,80
2001 6.021 58,22 0,97 554,13 18,43 3,33
2002 6.272 60,36 0,96 582,53 19,44 3,34
Notas: Exportações mundiais, tanto totais quanto agrícolas,
baseadas em cálculos das tabelas II.1, II.2 e
IV.6 da publicação International Trade Statistics (2003) da OMC.
Tabela 5 - Evolução da Balança Comercial Brasileira em US$ Milhões Fob
(1995-2003)
DISCRIMINAÇÃO 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
EXPORTAÇÃO 46.506 47.747 52.994 51.140 48.011 55.086 58.223 60.362 73.084
Básicos 10.969 11.900 14.474 12.977 11.828 12.561 15.342 16.952 21.179
Produtos Industrializados 34.711 35.026 37.672 37.507 35.311 41.027 41.144 41.965 50.597
Semi- Manufaturados 9.146 8.613 8.478 8.120 7.982 8.499 8.244 8.964 10.944
Manufaturados 25.565 26.413 29.194 29.387 27.329 32.528 32.900 33.001 39.653
Operações Especiais 826 821 848 656 872 1.498 1.737 1.445 1.308
IMPORTAÇÃO 49.972 53.301 59.746 57.746 49.272 55.835 55.572 47.240 48.260
Mat.-Primas e Bens Intermediários 22.509 24.560 26.014 26.813 24.042 28.495 27.340 23.448 25.797
Bens de Consumo 10.916 9.768 11.232 10.728 7.418 7.381 7.148 5.909 5.538
Comb. e Lubrificantes 5.219 6.220 5.824 4.107 4.257 6.357 6.276 6.240 6.577
Bens de Capital 11.328 12.753 16.676 16.098 13.555 13.602 14.808 11.643 10.348
SALDO -3.466 -5.554 -6.752 -6.606 -1.261 -749 2.651 13.122 24.824
Fonte:Elaboração própria a partir de dados básicos do SECEX/SDP (www.mdic.gov.br).
22
que explicam o desempenho satisfatório dos produtos agrícolas brasileiros no
comércio exterior.
Nesta parte do capítulo, investigam-se os outros fatores que contribuem
para o crescimento das exportações dos principais setores exportadores do
segmento agrícola. Em outras palavras, os setores objetos desta dissertação –
soja e seus derivados, carnes, açúcar, suco de laranja e café - serão
examinados em um nível maior de detallhamento.
Nesta perspectiva, a pesquisa realizada pela Embrapa e outras
instituições públicas e privadas constituem a mais evidente e decisiva
contribuição à expansão e desenvolvimento da produção agrícola e pecuária
nos últimos anos.
As taxas médias anuais de crescimento apresentadas pela agropecuária
estão entre as mais elevadas da economia. Entre 1980 e 2002, a produção de
avicultura cresceu 223%, a bovinocultura 125% (Pinaza, 2003; apud Gasques
2004).
A importância da pesquisa para a agricultura fica mais nítida quando são
feitas estimativas de produção no Brasil, por exemplo, grãos. O potencial de
produção e produtividade dos produtores brasileiro são traduzidos pelos
números expressivos obtidos pela tabela 6. Com base na tecnologia já
disponível e que vem sendo usada por parte dos produtores brasileiros, a
produção de grãos poderia atingir cerca de 122 milhões de toneladas no ano
safra 2002/2003 em quase 44 mil ha resultando em uma produtividade de 2.794
kg/ha segundo estimativas feita pelo governo através Conab.
Gasques et alli (2004) afirma que a Embrapa procura otimizar o uso de
seus recursos humanos, materiais e financeiros para a geração de pesquisa
para a agropecuária. Dessa forma:
A Embrapa tem papel líder na geração e na difusão de inovações para o
setor agrícola, sendo responsável direta pela possibilidade de expansão
da fronteira agrícola para as regiões do cerrado.Paralelamente, há uma
série de instituições públicas, agências estaduais e universidades, bem
como algumas firmas privadas no país que também contribuem com o
aperfeiçoamento da pesquisa, porém, a Embrapa, com sua rede de
articulações e com a respeitabilidade que suas ações lhe propiciaram, é
a instituição de referência para a pesquisa e para os negócios em
agropecuária (GASQUES ET ALLI 2004, p. 35).
23
Tabela 6 – Potencial de produção de grãos no Brasil (1997/98-2002/03)
Produto 1997/98 1998/99 1999/2000 2000/01 2001/02 2002/03
Produção (em milhões de ton)
Algodão - Caroço 763,4 923,8 1.187,4 1.521,9 1.244,9 1.364,8
Amendoim 183,5 172,4 171,6 196,7 189,4 174,9
Arroz 8.462,9 11.582,2 11.423,1 10.386,0 10.626,1 10.427,7
Aveia 196,9 286,9 194,1 330,7 284,7 358,6
Cevada 302,3 314,8 319,3 283,0 234,8 283,2
Feijão 2.231,6 2.895,7 3.097,9 2.592,4 2.983,0 3.261,3
Girassol 15,8 49,0 97,4 56,3 71,0 58,6
Milho 30.187,8 32.393,4 31.640,5 42.289,7 35.280,7 47.384,0
Soja 31.369,9 30.765,0 32.344,6 38.431,8 41.916,9 52.066,6
Sorgo 630,0 612,8 781,4 895,7 798,2 1.569,9
Trigo 2.187,7 2.402,8 1.658,4 3.194,2 2.913,9 5.127,3
Triticale - - - - 138,8 212,5
Brasil 76.558,7 82.437,9 83.029,9 100.266,9 96.760,6 122.380,0
Produtividade (Em Kg/ha)
Algodão - Caroço 1.335 2.142 2.291 2.834 2.690 3.010
Amendoim 1.835 1.783 1.650 1.921 2.017 2.070
Arroz 2.605 3.012 3.106 3.197 3.300 3.270
Aveia 1.030 1.406 875 1.331 1.110 1.420
Cevada 1.923 2.306 2.117 2.013 1.524 2.522
Feijão 558 627 719 668 699 751
Girassol 1.274 1.106 1.679 1.522 1.350 1.356
Milho 2.650 2.589 2.480 3.260 2.864 3.580
Soja 2.384 2.367 2.395 2.751 2.567 2.818
Sorgo 1.807 1.535 1.439 1.784 1.629 2.275
Trigo 1.373,2 1.251,8 1.468,1 1.710,2 2.051,6 2.415,5
Triticale - - - - 1.335 2.216
Brasil 2.187 2.234 2.195 2.649 2.406 2.794
Produtividade (Em Kg/ha)
Algodão - Caroço 1.335 2.142 2.291 2.834 2.690 3.010
Amendoim 1.835 1.783 1.650 1.921 2.017 2.070
Arroz 2.605 3.012 3.106 3.197 3.300 3.270
Aveia 1.030 1.406 875 1.331 1.110 1.420
Cevada 1.923 2.306 2.117 2.013 1.524 2.522
Feijão 558 627 719 668 699 751
Girassol 1.274 1.106 1.679 1.522 1.350 1.356
Milho 2.650 2.589 2.480 3.260 2.864 3.580
Soja 2.384 2.367 2.395 2.751 2.567 2.818
Sorgo 1.807 1.535 1.439 1.784 1.629 2.275
Trigo 1.593 1.919 1.130 1.868 1.420 2.123
Triticale - - - - 1.335 2.216
Brasil 2.187 2.234 2.195 2.649 2.406 2.794
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da Conab (www.conab.gov.br).
24
Gasques et alli (2004) complementa a sua análise sobre o desempenho
do agronegócio brasileiro ressaltando que ao lado da pesquisa, o financiamento
e a organização também tem papel destacado no crescimento da atividade
agropecuária. A questão do financiamento dos recursos necessários à atividade
agropecuária inicia-se pela obtenção de crédito de custeio. Atualmente o país
tem basicamente duas estruturas de crédito: a cédula do produto rural (CPR) e o
sistema de trocas de produtos por insumos industriais.
A CPR é um título criado pelo Banco do Brasil que a indústria usa em
grande intensidade em seus financiamentos como forma de contrato. Os
encargos financeiros desse título variam entre 25% e 30% ao ano e constituem
um problema para o produtor devido a seu elevado custo. Por isso a alternativa
para a grande maioria dos tomadores de recursos para financiar suas atividades
agropecuárias tem sido recorrer à indústria.
A participação das empresas no que se refere a crédito de custeio
permitiu a introdução de um mecanismo ágil de financiamento e de aquisição de
insumos e produtos agropecuários. Mas a retomada do crédito de investimento
pelo BNDES
5
no país foi mais importante, pois possibilitou a expansão da
demanda de máquinas agrícolas no período mais recente (2000 a 2002).
Outro ponto considerado essencial por Gasques et alli (2004) para o
sucesso do setor no país, além das políticas macroeconômicas, da tecnologia e
do financiamento dos recursos necessários à atividade agropecuária é a
organização do agronegócio.
Da mesma forma, a organização do agronegócio tem possibilitado uma
busca da redução de custos na produção de commodities. De acordo com
Wedekin (2002) as commodities tradicionais dependem de um amplo volume de
operação para a obtenção de custos unitários de produção e distribuição
menores. A maneira proposta para corrigir essas falhas do mercado, em seu
entender, é construir vantagens comparativas baseadas principalmente na
tecnologia e na inovação e não no menor custo de fatores. Em outras palavras,
a organização do agronegócio é essencial para a expansão da atividade no
país.
5
A instituição do Moderfrota foi fator determinante para o aumento da demanda por máquinas
agrícolas e o conseqüente impulso sobre as suas vendas.
25
Um segundo enfoque de Wedekin (2002) é a proposta de adotar um novo
modelo que promova o fortalecimento do setor: o agricluster
6
. Este conceito
incorpora a metodologia do agronegócio e dos arranjos locais. Assim, a função
do agricluster segundo o autor é fortalecer a competitividade das localidades
que têm na atividade boa parte de sua estrutura produtiva.
Assim, em termos gerais, os resultados positivos do setor agrícola
condicionam grande parte do saldo comercial do país. Mas o país concentra o
seu comércio em poucos produtos agrícolas e isso traz grande preocupação
quanto a mudanças no comércio internacional exigindo a busca por
diferenciação de produtos e até mesmo o desenvolvimento de novos produtos,
como afirma Ferraz & Haguenauer (1996).
A próxima seção analisará o dinamismo dos produtos agroalimentares
que o país mais exporta relacionando os impactos das mudanças
macroeconômicas no mercado doméstico e internacional sobre esses produtos
no período sob investigação neste trabalho. Para tal, os dados de comércio
exterior são tratados de maneira a permitir comparações com outras economias
do resto do mundo.
1.3. Análise da Competitividade Externa dos Principais Setores
Agroalimentares no Brasil
Esta seção visa analisar a competitividade externa dos principais setores
agroexportadores no Brasil, considerando os seguintes produtos: soja, carnes,
açúcar, suco de laranja e café. É importante ressaltar que análise da soja
envolverá soja em grão, farelo de soja e óleo de soja e o grupo carnes, por sua
vez, corresponde a carne bovina, de frango e suína. A análise inicia-se por uma
visão do comportamento recente das exportações desses produtos agrícolas
diante do cenário macroeconômico nacional e internacional.
6
O autor parte do conceito de Michael Porter sobre clusters: concentrações geográficas de
empresas, de determinado setor de atividade e companhias correlatas, como os fornecedores de
insumos especiais ou provedores de infra-estrutura especializada.
26
1.3.1 - Soja
A partir do ano de 2000 tem sido surpreendente o desenvolvimento da
soja em todo o planeta. A produção mundial do grão de soja da ordem de 158
milhões de toneladas, na safra 1997/98, atingiu 195 milhões de toneladas na
safra 2002/03. Esse aumento de produção se deveu à elevada expansão da
demanda nos principais países consumidores do grão de soja e seus derivados,
ver a tabela 7.
O consumo no mesmo período saltou de 145 milhões para 192 milhões
de toneladas. Tal cenário resultou em uma abertura cada vez maior para a
participação de novos players no mercado da soja. Nesse período, em
consoância com a maior demanda mundial pela soja, principalmente China,
União Européia e Japão, a presença da soja brasileira fortaleceu-se no mercado
mundial, tanto em termos de produção quanto de exportações (tabela 8).
Tabela 7 – Soja: Oferta e Demanda Mundiais em milhões de toneladas
(1997/98-2002/03)
Ano 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
Soja
Produção 158.082 159.841 159.914 175.194 184.422 195.817
Importação 37.773 38.673 46.287 53.398 54.351 62.083
Consumo 145.220 158.677 159.824 171.857 183.968 192.341
Exportação 39.766 38.055 45.670 53.880 53.365 62.704
Preço (US$/t) 241,4 184,3 182,2 173,9 175 213,7
Fonte:Elabora
ç
ão
p
p
ria a
p
artir do AGRIANUAL
(
2004
)
.
Tabela 8 – Comércio Internacional e Oferta Mundial de Soja em Grão em
milhões de toneladas (1997/98-2002/03)
Importação
1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
China 2,9 3,8 10,1 13,24 10,45 18,2
União Européia 15,1 18,8 14,2 17,44 18,3 17,45
Japão 4,9 4,8 5 4,77 5,02 5,15
Exportação
Estados Unidos 23,76 21,9 26,53 27,1 28,95 28,03
Brasil 8,75 8,93 11,16 15,47 15 20,93
Argentina 3,23 3,23 4,13 7,41 6 9,3
Produtores
Estados Unidos 73,17 74,6 72,22 75,05 78,67 74,3
Brasil 32,5 31,3 34,2 39 43,5 52,5
Argentina 19,5 20 21,2 27,8 30 35,5
Fonte:Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
27
O Brasil já era o segundo maior produtor e exportador mundial de soja
7
,
atrás apenas dos Estados Unidos e à frente da Argentina, em 2001. A evolução
da produção de soja brasileira no comércio mundial é notável, o país aumentou
em 20 milhões de toneladas a sua produção de soja durante o período
analisado, passando de 32,5 milhões de toneladas no ano safra 1997/98 para
52,5 milhões de toneladas no ano safra 2002/03 (tabela 8).
Conforme a tabela 9 destaca, não houve apenas um persistente
crescimento nas vendas externas do complexo soja no período analisado, pois a
produção e a produtividade nacional também apresentaram resultados
expressivos. Há uma expansão da produção brasileira, com destaque especial
às exportações de soja em grão e farelo de soja, em toneladas entre 1997 e
2002.
Vale destacar que, em geral, a participação expressiva tanto do Brasil
quanto da Argentina na produção de soja é sustentada pela sua maior
capacidade de incorporação de novas áreas de produção, bem como por sua
maior competitividade, em relação aos custos de produção
8
. Nesse sentido, a
7
Atualmente é o principal produtor e exportador do produto mundialmente.
8
O avanço da Argentina e do Brasil pode não ser explicado unicamente por fatores climáticos
favoráveis, solos privilegiados e vantagens tributárias, mas também ao avanço da tecnologia
aplicada na cultura, entre as quais a transgenia no caso da Argentina. O Brasil é o único grande
produtor da oleaginosa que ainda não liberou totalmente a produção de tipos transgênicos. Esse
é um diferencial que poderá traduzir-se em um melhor preço recebido pelos produtores
Tabela 9- Soja: Comparação entre os principais países produtores
(1997/98-2002/03)
Ano 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
Argentina
Área (mil ha) 6.954 8.180 8.638 10.401 11.405 12.532
Produção (mil ton) 8.732 20.000 20.136 26.883 30.000 35.000
Produtividade (kg/ha) 2.694 2.445 2.331 2.585 2.630 2.793
Brasil
Área (mil ha) 13.158 12.995 13.508 13.970 16.329 18.446
Produção (mil ton) 31.370 30.765 32.345 38.432 41.917 51.308
Produtividade (kg/ha) 2.384 2.367 2.395 2.751 2.567 2.781
Estados Unidos
Área (mil ha) 27.968 28.507 29.318 29.303 29.532 29.202
Produção (mil ton) 73.177 74.599 72.225 75.057 78.672 74.291
Produtividade (kg/ha) 2.616 2.617 2.463 2.561 2.664 2.544
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
28
produção brasileira de soja possui capacidade mais do que suficiente para
sustentar o ritmo de crescimento aqui descrito.
Gráfico 4 - Soja em Grão - Valor Exportado em US$ Milhões (1997-2002)
2.452,43
2.178,48
1.593,29
2.187,88
2.725,51
3.031,98
1.590,00
1.890,00
2.190,00
2.490,00
2.790,00
3.090,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA Instituto de
Economia Agrícola (www.iea.sp.gov.br)
Em 2002, as vendas externas de soja em grão atingiram nível recorde de
US$ 3.031,98 milhões. Esse crescimento representa uma significativa expansão
das quantidades exportadas, que possibilitaram a superação do valor recorde de
US$ 2.452,43 milhões comercializado com o exterior em 1997 e, ao mesmo
tempo, a consolidação da recuperação da receita obtida em 1999 (US$ 1.593,29
milhões), conforme mostra o gráfico 4.
É importante também destacar que o fator desvalorização cambial foi um
dos principais fatores responsáveis pelo recente aumento de produção e
conseqüentemente das exportações brasileiras como já mencionado
anteriormente. Contudo, outras variáveis têm sido determinantes para esse
processo: a elevação das compras efetuadas pela China, atualmente o principal
brasileiros, graças à demanda crescente por soja não transgênica, principalmente por parte dos
países europeus e do Japão. (AGRIANUAL, 2004)
29
comprador mundial do produto e a elevação da demanda global da União
Européia
9
, foram importantes para a consolidação do crescimento das
exportações de soja em grão brasileiras.
Nos últimos anos, a China manteve o surpreendente ritmo de crescimento
no consumo de soja, tanto na forma de grãos como de seus derivados. Na safra
2002/03 seu consumo de soja foi acima tanto do consumo brasileiro quanto do
argentino. O consumo chinês correspondeu a 17% da demanda mundial,
totalizando 33 milhões de toneladas (ver tabela 10).
A tabela 10 mostra também que os Estados Unidos e a Argentina são
importantes consumidores de soja em grão no mundo, porém como mostrou a
tabela 9, as produções internas desses países são suficientes para o consumo
interno de soja em grão.
Por outro lado, a exportação do produto brasileiro em direção ao Estados
Unidos é prejudicada por uma competição desleal praticada pelo governo norte-
americano: os subsídios aplicados à produção de soja. Situação semelhante
ocorre na União Européia, quinta maior consumidora do produto, em média,18
milhões de toneladas por ano no período recente.
9
A União Européia tende a intensificar o uso de rações elaboradas a partir de produtos de
origem vegetal devido o problema do "mal da vaca louca", registrado em território europeu.
Tabela 10 – Consumo Mundial de Soja em Grão em milhões de toneladas
(1997/98-2002/03)
Consumidores
1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
Estados Unidos 47,7 48,7 47,4 49,2 50,87 47,81
China 15,5 20 22,9 26,7 28,31 32,93
Brasil 21,5 22,6 23 24,7 26,91 30,66
Argentina 13,7 18,4 18 18,4 22,06 25,68
União Européia 16,6 16,6 15,3 18,35 19,23 18,41
Japão 5 5 5,05 5,1 5,21 5,4
México 3,6 4 4,1 4,5 4,65 5
Índia 5,4 6 5,2 5,3 5,4 4
Indonésia 2,2 2,4 2,7 2,3 2,28 2,44
Canadá 2,1 2,1 2,2 2,42 2,17 2,31
Taiwan 2,4 2,2 2,3 2,4 2,45 2,31
Tailândia 0,9 1,3 1,4 1,6 1,79 2
Outros 8,6 9,4 10,4 11,04 12,62 13,57
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
30
De acordo com a tabela 11, a produção mundial de farelo de soja cresceu
fortemente: 1997/98 a produção era de 98 milhões de toneladas enquanto na
safra 2002/03, a quantidade produzida do produto passou para 131 milhões de
toneladas. O consumo, por sua vez, atingiu 132 milhões de toneladas na safra
2002/03 praticamente o mesmo volume produzido de farelo de soja.
No caso do Brasil, do mesmo modo que o desempenho (produção e
exportação) de soja em grão e óleo de soja surpreenderam, dentre os produtos
da soja, como ilustra a tabela 12, as vendas externas de farelo de soja também
cresceram a partir de 2000.
Tabela 12 – Soja: Balanço de Oferta e Demanda Brasileira em milhões de
toneladas (1997/98-2003/04)
Discriminação 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04
Soja em Grãos
Produção 31.370,0 30.765,0 32.344,6 38.431,8 41.916,9 52.017,5 50.188,2
Consumo 22.400,0 22.300,0 21.420,0 23.630,0 27.300,0 30.800,0 31.910,0
Exportação 9.288,0 8.917,0 11.517,0 15.675,0 16.000,0 20.300,0 22.000,0
Preço (R$/t) 288,04 231,46 282,4 290,81 370,82 556,71
Farelo de Soja
Produção 16.590,0 16.511,0 15.800,0 17.538,0 20.145,0 22.300,0 22.997,0
Consumo 5.900,0 6.300,0 6.800,0 7.200,0 7.600,0 8.100,0 8.800,0
Exportação 10.447,0 10.431,0 9.375,0 10.800,0 12.800,0 14.500,0 14.500,0
Preço (R$/t) 288,26 204,16 276,71 336,37 441,25 553,9
Óleo de Soja
Produção 3.990,0 3.971,0 3.800,0 4.218,0 4.845,0 5.400,0 5.531,0
Consumo 2.740,0 2.780,0 2.860,0 2.950,0 2.960,0 3.100,0 3.300,0
Exportação 1.367,0 1.433,0 1.100,0 1.400,0 1.800,0 2.400,0 2.500,0
Preço (R$/t) 746,9 853,1 823,7 626,2 909,6 1635,6
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
Tabela 11 – Farelo de Soja: Oferta e Demanda Mundiais em milhões de
toneladas (1997/98-2002/03)
Farelo de Soja
Produção 98.017 106.979 107.510 116.486 125.315 131.537
Importação 34.055 35.338 36.061 38.139 43.650 45.039
Consumo 99.073 106.204 109.226 117.788 126.416 131.967
Exportação 32.858 34.873 35.366 37.185 42.263 44.559
Preço (US$/t) 196,5 148,4 175,3 185,4 180 195,5
Fonte:Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
31
Esse crescimento, em grande parte, é em decorrência da inesperada
ampliação da demanda pelo produto por países da União Européia e do
crescimento significativo do consumo de farelo de soja por parte da China,
conforme mostra a tabela 13.
O crescimento do mercado chinês foi importante no crescimento das
exportações de farelo de soja brasileiro no mercado mundial porque a demanda
dos Estados Unidos durante todo o período sofre constantes variações e, mais
que isso: há inúmeras restrições de acesso ao mercado norte-americano
(Magalhães, 1998).
Tabela 13 – Consumo Mundial de Farelo de Soja em milhões de toneladas
(1997/98-2002/03)
Consumidores
1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
União Européia 24,56 27,26 26,67 28,54 30,92 30,64
Estados Unidos 26,21 27,81 27,53 28,71 30,01 29,16
China 10,9 11,42 12,6 15,04 15,3 19
Brasil 6,1 6,65 7,2 7,55 8 8,3
México 3,07 3,3 3,53 3,8 4,05 4,45
Japão 3,74 3,65 3,66 3,55 4,06 4,24
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
Gráfico 5 - Complexo Soja - quantidade produzida em Ton
8,34
9,28
8,91
11,52
15,68
15,97
10,02
10,45
10,43
9,36
11,26
12,52
1,12
1,36
1,30
0,91
1,39
1,70
0,90
2,90
4,90
6,90
8,90
10,90
12,90
14,90
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
SOJA FARELO ÓLEO
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/SP Instituto de
Economia Agrícola (www.iea.sp.gov.br).
32
Em vista disso, a receita das quantidades exportadas de farelo de soja
tem aumentado crescentemente dado que as cotações do produto foram
beneficiadas pela expansão da demanda mundial de farelo nos últimos três
anos. As exportações brasileiras, em 2001, mostram que as vendas externas de
farelo somaram US$ 2.066 milhões, cifra acima de 1999 (US$ 1.503,57). O
motivo foi o aumento no preço do farelo de soja, conforme mostrou a tabela 12 e
nos volumes embarcados que totalizaram 11,26 milhões de toneladas em 2001
(gráfico 5).
Todavia, conforme mostra a tabela 14 o mercado de óleo de soja em bruto
não apresentou o mesmo desempenho exportador no mercado mundial no
mesmo período, pois o consumo mundial do produto não cresceu. De acordo
com Ferraz & Kupfer (1996b), esse cenário de baixa taxa de crescimento, em
grande parte, é devido ao estancamento da demanda internacional de óleos
saturados. No mundo todo, há uma mudança de hábitos alimentares que
deslocam a demanda de óleos considerados de alto teor de gordura em direção
a óleos com baixos níveis de gorduras saturadas.
A tabela 14 mostra o consumo mundial de óleo de soja e pode-se observar
que os países que apresentam maior incremento de consumo é a China e a
Índia. O Brasil também apresenta um crescimento significativo do consumo
desse óleo.
Tabela 14 – Consumo Mundial de Óleo de Soja em milhões de toneladas
(1997/98-2002/03)
Consumidores
1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
Estados Unidos 7 7,1 7,3 7,35 7,7 7,75
China 3 3,1 2,87 3,26 4 5,41
Brasil 2,75 2,85 3 3,07 3,1 3,14
Índia 1,1 1,8 1,6 2,2 2,4 2,61
União Européia 1,71 1,7 1,5 2 2,01 2,01
México 0,7 0,77 0,79 0,83 0,94 1,16
Irã 0,62 0,81 0,,78 0,84 0,9 0,96
Japão 0,67 0,67 0,7 0,68 0,7 0,73
Bangladesh 0,25 0,47 0,47 0,5 0,51 0,53
Egito 0,2 0,21 0,31 0,38 0,4 0,45
Coréia do Sul 0,25 0,33 0,34 0,37 0,41 0,42
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
33
Contudo, países desenvolvidos como os Estados Unidos e a União
Européia têm mantido um consumo praticamente inalterado durante o mesmo
período, o que indica a saturação per capita do consumo de óleos e gorduras.
A tabela 15 mostra os fluxos de exportação e importação dos principais
países participantes do mercado mundial. O Brasil é o segundo maior
exportador de óleo de soja atrás apenas da Argentina no período analisado. Do
lado das importações é significativo o aumento das importações de países como
a China e a Índia seguidos por outros países em desenvolvimento como Irã,
México, Egito e Bangladesh. Conforme comentou Ferraz & Kupfer (1996 b) os
países considerados mais pobres são os que mais consomem gordura saturada
no mundo.
Nesse período, as vendas externas brasileiras de óleo de soja em bruto
cresceram 38,5% em 2001 e 62,7% em 2002, totalizando US$ 415 e 300
milhões, respectivamente, motivadas pela ampliação dos embarques que se
contrapôs à queda verificada em 1999 (-22,03%) e 2000 (-46,9%) (ver gráfico 6).
Desse modo, após um ciclo de preços baixos, que deprimiu as vendas
externas
10
, as exportações de óleo de soja brasileiro cresceram 38,5% e 62,7%,
totalizando US$ 415 e 300 milhões, respectivamente, nos anos 2001 e 2002. É
preciso que se considere, no entanto, que o potencial de crescimento do
10
O pico dessa fase foi 1999/00 onde as exportações brasileiras caíram 22,03% e 46,9% respectivamente.
Tabela 15 – Comércio Internacional de Óleo de Soja em milhões de
toneladas (1997/98-2002/03)
Importação
1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
Índia 0,24 0,83 0,79 1,4 1,55 2
China 1,65 0,95 0,55 0,08 0,37 1,3
Irã 0,7 0,96 0,76 0,85 0,9 0,95
Bangladesh 0,26 0,51 0,48 0,5 0,51 0,53
Egito 0,16 0,18 0,28 0,33 0,32 0,36
México 0,1 0,11 0,12 0,08 0,16 0,32
Exportação
Argentina 2,09 3,13 3,03 3,21 3,73 4,45
Brasil 1,19 1,38 1,15 1,53 1,77 2,36
União Européia 1,04 1,05 1,05 1,1 1,09 1,03
Estados Unidos 1,39 1,07 0,62 0,63 1,14 0,99
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
34
mercado nacional não tem estimulado as firmas do setor a adotarem uma
política mais agressiva de exportação.
Em síntese, o Brasil conseguiu liderança ou participação expressiva no
mercado mundial de soja em grão e de produtos agroindustriais da soja e os
produtos da soja têm representado, em média, cerca de 9% do valor total das
exportações brasileiras no período analisado. Esses números mostram a
importância econômica dos setores agroindustriais da cadeia de soja para as
exportações brasileiras.
1.3.2 - Carnes
O setor de carnes foi um dos que mais se destacou no período estudado.
Em 2001, o Brasil consolidou-se como o segundo maior produtor de carne
Gráfico 6 – Óleo de Soja - Valor Exportado em US$ Milhões (1997-2002)
531,62
723,61
564,20
414,92
675,05
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA Instituto de Economia
Agrícola (www.iea.sp.gov.br)
35
bovina do mundo, o quarto exportador mundial de carne suína e o segundo
maior de carne de aves (AGRIANUAL, 2004).
As divisas obtidas nesses segmentos representaram cerca de 11,51% do
saldo comercial obtido com as exportações de todo o agronegócio nacional em
2001, de US$ 19 bilhões, resultado que garantiu o superávit da balança
comercial naquele ano em US$ 2,6 bilhões (idem).
Nesta perspectiva, o saldo comercial em 2001 do total de carnes
(incluindo outras carnes), US$ 2,5 bilhões, ficou atrás apenas das divisas
obtidas com a soja e seus derivados US$ 5,1 bilhões, dos quais 53,4% oriundos
de soja em grão (ibidem).
Neste grupo, os processos produtivos são referência no mercado
internacional devido a rápida transferência tecnológica, possível graças aos
sistemas integrados de produção, que garantiu aos processos de produção
destaque entre os países de mais alta produtividade no mundo (ANUALPEC,
2002).
Gráfico 7 – Brasil: Carnes e seus principais segmentos- Valor Exportado em
US$ milhões (1997-2002)
475,05
626,28
828,81
827,81
1.063,03
1.159,96
227,00
195,36
94,02
128,22
64,92
76,01
248,05
430,92
734,79
699,58
998,11
1.083,95
60,00
260,00
460,00
660,00
860,00
1.060,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Carne Bovina Carne de Frango Carne Suína
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/ SP Instituto de Economia
Agrícola (www.iea.sp.gov.br)
.
36
Nesse sentido, conforme informações disponíveis no Ministério de
Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o Brasil exporta aves para cerca
de setenta países e suínos para doze, entre inteiros e cortes, congelados e
industrializados.
Por isso, a indústria nacional incrementou suas exportações
significativamente a partir de 2001, como mostra o gráfico 7. Os embarques
somados de aves e suínos naquele ano (1,5 milhões de toneladas),
representam 66% do total de carnes exportado em 2001.
No ano de 2001, as exportações totalizaram US$ 2.879 milhões (superior
a 2000, US$ 1.916 milhões). Isto é, o setor proporcionou receita adicional de
quase US$ 1,0 bilhão em 2001, como pode ser visto no gráfico 8, a seguir. Mais
que isso: as exportações de carnes e seus derivados também obtiveram um
crescimento superior a 100,00% em média se considerarmos o todo o período
sob investigação, passando de US$ 1.570,78 milhões em 1997 para US$
3.144,54 milhões em 2002.
Gráfico 8 – Brasil: Carnes e seus derivados - Valor Exportado em US$
milhões (1997-2002)
1.570,78
1.590,07
1.903,75
1.916,07
2.878,41
3.144,54
1.550,00
1.750,00
1.950,00
2.150,00
2.350,00
2.550,00
2.750,00
2.950,00
3.150,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/ SP Instituto de
Economia Agrícola ( www.iea.sp.gov.br)
.
37
Neste contexto, a competitividade da indústria agroalimentar de carnes do
Brasil preocupa os grandes exportadores mundiais, devido à capacidade local
de expandir a atividade, em especial nos últimos anos. Há abundante oferta de
matérias – prima (milho e farelo de soja), sobretudo na região Centro – Oeste,
orientando a produção brasileira de carne em direção a sua fronteira agrícola.
Nesta perspectiva, o sucesso da cadeia de grãos determina a sustentação do
complexo carnes, em especial, a avicultura e a suinocultura. (ANUALPEC, 2002)
Por isso, as oportunidades brasileiras para a exportação de produtos
bovinos, avícolas e suínos surgem à medida que o consumo mundial de
proteína animal atinge níveis fortemente elevados. Atualmente, o desafio é
continuar a produzir em quantidade e com alta qualidade para atender ao
crescimento da demanda mundial.
Tabela 16 – Balanço Mundial da Suinocultura (1997-2002)
Países 1997 1998 1999 2000 2001* 2002**
PRODUTIVIDADE *** 15,5 15,8 15,1 15,3 15,4 15,4
União Européia 17,9 18 18,2 17,9 18,1 18,1
Estados Unidos 15,1 15,1 15,3 16,2 15,9 16,3
China 16,3 16,5 15,2 15,4 15,5 15,4
Brasil 8,7 8,8 9,4 9,5 9,7 9,8
CONSUMO****
73.750 78.600 81.200 81.000 83.000 84.540
China
35.810 38.720 40.060 40.420 42.410 43.200
União Européia
15.020 15.840 16.300 16.170 16.300 16.540
Estados Unidos
7.630 8.300 8.600 4.500 8.300 8.450
Rússia
3.220 3.010 3.080 2.660 2.590 2.690
Japão
2.130 2.140 2.120 2.230 2.180 2.200
Brasil
1.470 1.580 1.720 1.810 1.870 1.950
PRODUÇÃO****
74.450 79.660 82.070 81.660 83.610 84.930
China
35.960 38.840 40.050 40.310 42.400 43.200
União Européia
16.050 17.390 18.060 17.580 17.420 17.800
Estados Unidos
7.830 8.620 8.760 8.600 8.540 8.690
Brasil
1.540 1.690 1.830 1.970 2.120 2.240
Polônia
1.540 1.650 1.670 1.630 1.530 1.570
Rússia
1.570 1.510 1.490 1.500 1.510 1.530
Japão
1.280 1.280 1.270 1.270 1.250 1.240
IMPORTAÇÃO****
5.780 6.140 6.870 3.220 3.170 3.320
Rússia
820 725 800 470 600 630
União Européia
3.300 3.500 3.740 40 60 60
Japão
780 770 920 990 920 940
Estados Unidos
280 320 370 440 410 430
Hong Kong
180 250 260 300 330 360
Notas: * Preliminar
** Previsão
*** Leitões por matriz
**** Mil toneladas de equivalente-carcaça
Fonte: Elaboração própria a partir do ANUALPEC (2002).
38
Tabela 17 - Balanço da Suinocultura no Brasil (1993-2001)
ANOS EXPORTAÇÕES IMPORTAÇÕES PRODUÇÃO CONSUMO
INTERNO
M* US$ M **Ton M* US$ M **Ton M **Ton M** Ton
1993 87 47 11,0 5 1.535 1.493
1994 72 38 14,0 7 1.619 1.588
1995 92 37 35,0 15 1.760 1.737
1996 135 69 27,0 6 1.752 1.690
1997 155 70 34,0 10 1.701 1.640
1998 161,0 89,0 33,0 8,3 1.711 1.630
1999 123,0 88,0 28,0 6,8 1.946 1.865
2000 172,0 128,0 22,0 6,6 2.217 2.096
2001 359,0 266,0 22,0 7,0 2.240 1.981
Nota: * Milhões de dólares.
** Milhões de toneladas.
Fonte: Elabora
ç
ão
p
p
ria a
p
artir de dados da ANUALPEC
(
2002
)
No entanto, apesar da busca de novos mercados internacionais,
incremento das exportações e fidelização de clientes, o mercado interno ainda
representa uma importante parcela do segmento de carnes. Nessa perspectiva,
reside aí um dos grandes desafios para o setor que nos últimos anos vem
apresentando um crescimento do consumo persistente, ainda que aquém do
presenciado pela carne de frango, que teve o seu consumo duplicado na década
de noventa.
A carne suína é a mais consumida no mundo e tem papel fundamental na
sustentação do crescimento acelerado da população mundial. Em 2001, o
consumo mundial de suínos atingiu a expressiva marca de 83 milhões de
toneladas (ver tabela 16) e os quatro maiores produtores mundiais de carne
suína são a China, com 42,4 milhões de toneladas, os Estados Unidos (8,5
milhões), a União Européia
11
com 17,42 milhões e o Brasil com 2,12 milhões de
toneladas. Juntos, eles representam 80% da produção mundial.
Contudo, entre estes países apenas o Brasil apresenta as características
essenciais para o desenvolvimento da atividade, ao reunir os atributos de
competitividade e qualidade de produto e por possuir a maior fronteira agrícola e
agroindustrial do mundo: o Centro-Oeste.
11
Se considerarmos a União Européia (EU-15) como um só país.
39
Tabela 18 – Produção Mundial de Carne de Frango em milhões de
toneladas (1997-2002)
Países 1997 1998 1999 2000 2001* 2002*
PRODUÇÃO 38,1 38,8 41,45 43,14 44,14 45,42
Estados Unidos 12,27 12,52 13,37 13,7 13,91 14,27
União Européia 7,49 6,78 6,61 6,65 6,79 7
Brasil 4,46 4,49 5,52 5,98 6,28 6,61
China 2,65 3,45 4,4 5 5,2 5,35
Japão 1,12 1,01 1,07 1,01 1,08 1,08
CONSUMO 37,4 38,2 40,71 42,25 42,75 43,68
União Européia 6,46 6,14 6 6,08 6,25 6,47
Estados Unidos 5,6 5,4 6,11 6,55 6,68 6,8
China 3,03 3,84 5 5,53 5,63 5,75
Brasil 3,81 3,88 4,6 5,04 5,15 5,26
Japão 1,17 1,7 1,62 1,78 1,76 1,77
Rússia 1,47 1,3 1,27 1,37 1,5 1,56
Árabia Saudita 0,68 0,69 0,72 0,72 0,78 0,81
IMPORTAÇÃO 4,2 3,9 4,2 4,42 4,4 4,54
Rússia 1,28 1,02 0,92 0,99 1,08 1,1
China 0,73 0,72 0,91 0,99 0,9 0,9
Japão 0,27 0,59 0,57 0,72 0,66 0,69
Árabia Saudita 0,29 0,27 0,37 0,34 0,4 0,42
Hong Kong 0,27 0,29 0,39 0,26 0,25 0,26
União Européia 0,27 0,15 0,16 0,19 0,2 0,25
Notas: * Preliminar
** Previsão
Fonte: Elaboração própria a partir do ANUALPEC (2002)
Isso revela a capacidade do país produzir suínos a menores custos, com
condições de exportá-los para o resto do mundo de forma eficiente e atender a
sua demanda crescente. Na tabela 17, apresentam-se as características
individuais do segmento no Brasil, quanto ao consumo, a produção e as
exportações e importações.
A tabela 17 confirma a expansão das exportações de carne suína
brasileira, que totalizaram US$ 359 milhões, em 2001, representando um
acréscimo de pouco mais de 100% acima do valor obtido em 2000. Para tal, o
volume exportado saltou de cerca de 128 mil toneladas para 266 mil toneladas,
um aumento de 113,2%, ainda que os preços do produto tenham se mantido
estáveis. A carne suína alcançou em 2001 a sua maior taxa de crescimento,
entre 1997 e 2002, inferior apenas à média do período, (187,71%).
40
Todavia, a despeito do desempenho satisfatório das exportações de
carnes brasileiras no período analisado, é preciso ponderar, sobretudo no caso
da carne de aves, que o Brasil foi beneficiado em 2001 pela forte queda no
consumo de carne bovina na Europa, devido ao “mal da vaca louca” e à febre
aftosa diminuindo o consumo europeu deste tipo de carne (ver tabela 18).
Por isso, as exportações de carne de frango mostram elevado grau de
recuperação no mesmo período. Assim, após os problemas sanitários na Europa
e a conseqüente normalização do mercado internacional de carnes, as
empresas brasileiras souberam aproveitar a oportunidade e mesmo com uma
taxa média de crescimento menor mantiveram o nível das exportações de
frango. Entre inteiros e pedaços a indústria nacional nunca exportou tanto como
em 2001, conforme tabela 19.
O gráfico 9 mostra que as exportações de carne de frango, em 2001,
atingiram US$ 128.222 milhões de dólares, receita superior a apresentada em
2000 (US$ 94.018 milhões de dólares). Em 2002, foram registrados US$ 76.007
milhões de dólares, um bom resultado em relação a 2001 (US$ 64.921 milhões
de dólares).
Embora, a análise do gráfico 9 indique que a receita obtida pelo Brasil
com as exportações de carne de frango tenham sido descendente durante o
período sob investigação, na verdade, de 1997-2002, a taxa média de
Tabela 19 – Balanço da Avicultura Brasileira: Carne de Frango (1993-2001)
ANOS EXPORTAÇÕES
INTEIROS PEDAÇOS
PRODUÇÃO CONSUMO INTERNO
M* US$ M** Ton M* US$ M**Ton M **Ton M** Ton
1993 341,1 353,5 223,0 156 3.143 2.634
1994 290 291,2 313,2 189,8 3.411 2.930
1995 252,1 222,4 377,3 201,8 4.050 3.626
1996 368,4 294,7 471,7 274,1 4.052 3.483
1997 450,6 373,8 425,2 275,6 4.461 3.812
1998 383,8 365,1 355,1 247,3 4.854 4.241
1999 424,1 422,3 451,3 348,2 5.526 4.755
2000 360,6 470,5 445,1 436,3 5.981 5.074
2001 502,0 580,2 789,6 669,1 6.564 5.315
Nota: * Milhões de dólares.
** Milhões de toneladas.
Fonte: Elaboração própria a partir do ANUALPEC (2002).
41
crescimento do valor das vendas externas de carne de frango, em média, foi de
58%.
Gráfico 9 – Brasil: Carne de Frango - Valor Exportado em US$ milhões
(1997-2002)
227,002
195,36
94,018
128,222
64,921
76,007
64,00
84,00
104,00
124,00
144,00
164,00
184,00
204,00
224,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte : Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/ SP Instituto de
Economia A
g
rícola
(
www.iea.s
p
.
g
ov.br
)
Tabela 20– Exportações Brasileiras de Frango* Por Destino (1998-2001)
1998 1999 2000 2001
M* US$ M** Ton M* US$ M** Ton M* US$ M** Ton M* US$ M** Ton
INTEIROS 383.817 365.134 424.118 422.340 360.591 470.478 502.034 580.223
Arábia Saudita
171.973 160.367
200.815 207.726 156.678 198.466 220.305 243.388
Rússia
15.978 16.091
4.891 6.610 9.180 13.883 44.702 59.711
Japão
4.667 3.717
4.791 3.851 3.527 3.513 7.059 6.365
Hong Kong
4.165 4.123
5.594 7.452 2.734 4.619 4.898 5.569
SUB - TOTAL A
196.783 184.298
216.091 225.639 172.119 220.481 276.964 315.033
PEDAÇOS 355.108 247.343 451.320 348.241 445.147 436.268 789.624 669.065
Arábia Saudita
13.881 7.627
15.857 9.439 13.044 9.089 16.315 12.283
Rússia
383 491
67.394 94.070 3.561 6.884 22.790 37.223
Japão
120.778 69.643
152.210 96.690 115.301 105.757 159.153 124.272
Hong Kong
51.548 68.321
67.394 94.070 60.052 107.974 64.937 109.648
SUB - TOTAL B
186.590 146.082
302.855 294.269 191.958 229.704 263.195 283.426
SUB- TOTAL (A+B) 383.373 330.380 518.946 519.908 364.077 450.185 540.159 598.459
TOTAL 738.925 612.478 875.438 770.582 805.737 906.746 1.291.658 1.249.288
% SUB - TOTAL
(A+B)/TOTAL
51,88 53,94 59,28 67,47 45,19 49,65 41,82 47,90
Nota: * Milhões de dólares.
** Milhões de toneladas.
Fonte: Elaboração própria a partir do ANUALPEC (2002).
42
Sem dúvida os principais mercados de destino para a carne de frango
brasileira estão expandindo: em 2000 o Brasil exporta aves para Arábia Saudita,
Japão e Hong Kong, que juntos importaram quase 50% do total exportado de
frango pelo país. A Rússia também se destacou entre os clientes brasileiros de
carne de frango, mas os outros três países alcançaram níveis importados muito
superiores nos últimos anos, conforme tabela 20.
A partir da análise do gráfico 10, observa-se que a carne bovina nacional
também apresentou uma das suas melhores fases para exportação em 2001,
apesar da queda de 24,8% nos preços e do foco de febre aftosa encontrado no
Estado brasileiro do Rio Grande do Sul (ANUALPEC, 2002).
Nesse sentido, as vendas externas deste produto não foram prejudicadas
em 2001 e cresceram 28,42% valor apenas inferior ao crescimento apresentado
pelo setor em 1998 (31,84%) e 1999 (32,34%). Com isso, a carne bovina
Gráfico 10 – Brasil: Carne Bovina - Valor Exportado em US$ milhões (1997-
2002)
475,05
626,28
828,81
827,81
1.063,03
1.159,96
470,00
570,00
670,00
770,00
870,00
970,00
1.070,00
199
7
1
9
9
8
1999
200
0
2
0
0
1
2002
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/ SP Instituto de
Economia Agrícola (www.iea.sp.gov.br)
43
brasileira conquistou um alto índice de crescimento das exportações no período
analisado (150%).
A tabela 21 ilustra o desempenho da bovinocultura de corte do Brasil na
última década, proporcionando ao país a posição, de segundo maior produtor de
carne bovina do mundo, em 2001 (7,32 milhões de toneladas).
Desse modo, o Brasil ampliou as suas exportações de carne bovina e
passou a ameaçar o principal exportador de carne bovina mundial, a Austrália,
bem como os outros exportadores como os Estados Unidos, o Canadá, a Nova
Zelândia e a Argentina, atingindo os principais compradores do produto no
mercado mundial são países da Europa (União Européia), o Japão e os Estados
Unidos.
Em 2001, como mostra a tabela 22 foram registrados US$ 990.903
milhões em vendas externas de carne bovina (carne bovina industrializada e in
natura), proporcionando uma receita de quase 1 bilhão de dólares em 790
milhões de toneladas de carne bovina embarcados para o mercado
internacional, naquele ano.
De outro lado, as importações reduziram-se à metade, passando de 114
milhões de toneladas (US$ 103.500) em 1997 para 38 milhões de toneladas em
2001 (US$ 57.995) e, ao mesmo tempo, o crescimento da produção de carne
Tabela 21 – Produção Mundial de Carne Bovina em milhões de toneladas
(1997-2002)*
Países 1997 1998 1999 2000 2001 2002
Produção 49,7 49,44 50,16 50,53 49,52 49,94
Estados Unidos 11,71 11,8 12,12 12,29 11,95 11,62
União Européia 7,8 7,51 7,56 7,46 6,89 6,93
Brasil 6,5 6,56 6,69 6,93 7,32 7,32
China 4,4 4,79 5,05 5,32 5,6 5,88
Argentina 2,97 2,6 2,84 2,88 2,86 2,9
Austrália 2,6 2,61 2,51 2,58 2,64 2,72
Rússia 2,32 2,09 1,9 1,84 1,7 1,67
Canadá 1,07 1,15 1,3 1,24 1,22 1,2
Nova Zelândia 0,66 0,62 0,56 0,6 0,64 0,68
Importação 6,03 6,06 6,62 5,015 4,8 5,08
Estados Unidos 1,06 1,2 1,3 1,37 1,4 1,41
Japão 0,92 0,95 0,96 1,03 0,94 0,96
União Européia 1,88 1,85 2,02 0,45 0,4 0,44
Nota: * Equivalente carcaça.
Fonte: Elaboração própria a partir do ANUALPEC (2002).
44
bovina no país acompanhou a demanda interna apresentada no período
analisado, conforme mostra a tabela 22.
Portanto, o Brasil têm consolidado a sua posição no mercado mundial de
carnes com impactos positivos sobre o saldo comercial local, apesar das
barreiras comerciais impostas à carne brasileira nos principais mercados
importadores, como por exemplo, a União Européia e os Estados Unidos.
1.3.3 - Açúcar
A variação positiva das exportações de açúcar em bruto e refinado entre
1997 e 2002 foi de quase 18,6%. A receita com as quantidades exportadas de
açúcar brasileiro saltaram de US$ 1.774 milhões no ano de 1997 para US$
2.104 milhões em 2002 (gráfico 11). A exceção foi o ano de 2000, que
apresentou queda nas vendas externas do açúcar e o produto apresentou uma
taxa recorde de decrescimento de 37,24% em relação ao ano de 1999.
Com umas das menores safras, decorrentes da estiagem que atingiu o
país no início do ano de 2000, o produtor de açúcar cortou suas exportações
Tabela 22 – Balanço da Bovinocultura no Brasil em milhões de toneladas
(1992-2001)
Exportações Importações Produção Consumo
Interno
Industrializada In Natura Total Total Total Total
Ano
M ton* M** US$ M ton* M** US$ M ton* M** US$ M ton* M** US$ M ton* M** ton*
1992 318 281.369 124 283.276 442 564.645 114 103.500 6.168 5.765
1993 322 301.474 129 271.426 451 572.900 48 44.000 6.094 5.805
1994 274 287.465 102 268.090 376 555.555 86 111.739 6.768 6.603
1995 238 292.873 49 180.780 287 473.653 121 169.585 6.794 6.653
1996 219 236.323 61 194.305 280 430.628 139 175.678 6.402 6.226
1997 219 231.816 68 196.295 287 428.111 112 196.553 6.504 6.213
1998 265 296.233 105 276.595 370 572.828 79 156.362 6.562 6.063
1999 345 318.106 196 443.835 541 761.941 42 71.128 6.697 6.200
2000 309 251.884 245 503.296 554 755.180 57 98.171 6.930 6.179
2001 311 252.098 479 738.805 790 990.903 38 57.995 7.322 6.531
Nota: * Milhões de toneladas de equivalente carcaça.
** Milhões de dólares
Fonte: Elaboração própria a partir do ANUALPEC (2002)
45
priorizando o mercado interno que estava com preços melhores. O Brasil
reduziu suas exportações em até cinco milhões de toneladas e, com isto, o
saldo açucareiro naquele ano foi de US$ 1,20 bilhão, queda de 42% ante os
US$ 1,96 bilhão registrados em 1999 (AGRIANUAL, 2004).
Ao contrário do ocorrido em 2000, quando as exportações de açúcar
diminuíram fortemente, em 2001, houve uma expressiva recuperação. As
vendas externas atingiram o recorde de US$ 2.279 milhões, valor 90,06%
superior ao realizado em 2000, de US$ 1.199 milhões.
Em volume, as exportações cresceram 71,8%, ao passar também da
quantidade recorde de 6,5 milhões de toneladas, em 2000, para 11,2 milhões de
toneladas, em 2001.
A explicação dessa elevação nas quantidades exportadas é devido à
recuperação dos preços internacionais desde meados de 2000 pela quebra da
safra anterior, o que estimulou o produtor a direcionar parte de sua produção ao
exterior e à forte desvalorização cambial em 2001, que tornou ainda mais
competitivo o açúcar brasileiro (gráfico 12).
Gráfico 11 – Brasil: Açúcar - Valor Exportado em US$ milhões (1997-2002)
1.773,99
1.943,48
1.910,73
1.199,14
2.279,07
2.103,65
1.190,00
1.390,00
1.590,00
1.790,00
1.990,00
2.190,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio do IEA/ SP Instituto de Economia
Agrícola (www.iea.sp.gov.br
).
46
A tabela 23 mostra que a produção brasileira de açúcar, em 2002/03,
seguiu as boas condições do ano anterior. Com isso, o Brasil atualmente é o
Gráfico 12 – Evolução do preço do açúcar demerara em Nova York em
centavos de US$/libra peso (1997/98 – 2002/03)
8,81
6,16
7,92
8,37
6,44
7,52
6,15
6,65
7,15
7,65
8,15
8,65
1
9
9
7
/
9
8
1
9
9
8
/
9
9
1
9
9
9
/
0
0
2
0
0
0
/
0
1
2
0
0
1
/
0
2
2
0
0
2
/
0
3
Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004)
Tabela 23- Açúcar: Balanço Mundial em milhões de toneladas (1997/98-
2002/03)
Países 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03
Produção 125,48 131,25 136,83 130,65 134,87 143,5
Brasil 15,7 18,3 20,1 17,1 20,4 23,76
Índia 14,59 17,43 20,22 20,48 20,47 20,1
União Européia 19,3 17,82 19,49 18,52 16,18 18,66
China 8,63 8,96 7,52 6,85 8,3 9,48
Estados Unidos 7,27 7,59 8,2 7,96 7,17 7,62
Consumo 122,75 124,82 127,57 130,44 135,07 136,7
Índia 16,7 16,97 17,29 17,84 19,76 20,75
União Européia 14,3 14,25 14,52 14,06 14,33 14,45
Brasil 8,8 9,1 9,1 9,25 9,45 9,64
China 9,01 8,9 8,47 8,65 9,05 9,12
Estados Unidos 8,9 9,08 9,05 9,3 9,25 8,7
Rússia 4,96 4,99 6,13 6,84 7,04 6,6
Importação 33,43 36,4 36,26 38,82 37,96 38,19
Rússia 4,21 5,4 5,17 5,65 4,85 4,5
União Européia 1,83 1,87 1,78 1,84 2,08 2,1
Estados Unidos 1,96 1,65 1,48 1,44 1,38 1,51
Fonte:Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004)
47
principal produtor e exportador mundial de açúcar. Entretanto, conforme mostra
o gráfico 11, as vendas externas apresentaram, em relação ao ano safra
200/2001, uma queda de 7,70%.
Apesar disso, as exportações do açúcar brasileiro poderia ser bem
maiores para em alguns países, não fosse o mercado internacional
extremamente protegido e sustentado por fortes subsídios governamentais.
Dessa forma, o crescimento das vendas externas do produto depende muito
mais do protecionismo europeu e dos Estados Unidos do que de outras
variáveis. Na União Européia e nos Estados Unidos existem barreiras como as
tarifas de embarques que dificultam o crescimento do volume de exportações
brasileiras.
1.3.4 - Suco de Laranja
O Brasil é responsável por fornecer aproximadamente 80% de todo o
suco de laranja concentrado e congelado consumido no mundo. A evolução da
citricultura do Estado brasileiro de São Paulo fez com que o país se
consolidasse com líder mundial na produção e exportação de suco de laranja.
As exportações brasileiras de suco acompanharam o mesmo ritmo de
crescimento da produção da fruta, permitindo ao país ganhar mercado
Tabela 24 – Balanço de Oferta e Demanda Brasileira de Suco de Laranja em
milhões de toneladas (1997/98 a 2002/03)
Volume Total Exportação Estoque Final Preço NYBOT
Produção
Procesado FCOJ** FCOJ FCOJ Deflac. FCOJ
Ano*
(mil cxs) (mil cxs) Ton Ton Ton (US$€/lb
1997/98
423,79 318 1.382,61 1.217,00 3444,42 99,01
1998/99
331,28 279,17 1.163,20 1.096,00 395,65 110,19
1999/00
390,74 280 1.191,49 1.130,99 439,06 93,56
2000/01
340,95 265 1.113,44 1.234,27 297,4 79,09
2001/02
286,67 222,21 922,03 1.055,27 134,99 89,5
2002/03* 345,022 281,15 1.176,34 1.077,26 199,07 92,55
Notas:* Ano Safra = Julho a junho.
** O suco de laranja, em inglês, frozen concentrate orange juice (FCOJ) à concentração de
66° Brix.
Fonte:Elabora
ç
ão
p
p
ria a
p
artir do AGRIANUAL
(
2004
)
48
internacional. Praticamente toda a produção de laranja no país se destina ao
processamento para a obtenção do suco, cuja maior parte é exportada. No ano
safra 1997/98 a produção brasileira da fruta atingiu 424 milhões de caixas. Até
hoje representa o recorde da produção nacional de laranja (tabela 24).
Houve, diante dessa produção, um descompasso entre oferta e demanda
da fruta, o que gerou um grande aumento do excedente estocado de suco no
final dos anos 90. Nem o aumento da demanda pelas exportações do suco foi
suficiente para conter o excedente. No último ano da safra da década de 90,
(1999/00), havia um total de volume processado de suco de laranja de
aproximadamente 1,2 milhões de toneladas, ver gráfico 13.
Outro fato importante no período analisado foi a grande recuperação da
produção norte-americana de suco de laranja. Como mostra a tabela 25, os
Estados Unidos ficaram menos dependentes do suco brasileiro. Por exemplo, no
ano safra 2001/02 a produção de suco de laranja norte-americana foi de mais de
1 milhão de toneladas (1.001,10 milhões de toneladas) para um nível de
consumo de cerca de 1.030,40 milhões de toneladas. Com isso, o mundo não
Gráfico 13 –Suco de Laranja Brasileiro - Produção x Preços
1.218.000
1.360.000
1.197.000
978.000
1.306.000
99,01
110,19
93,56
79,09
89,5
975.000
1.025.000
1.075.000
1.125.000
1.175.000
1.225.000
1.275.000
1.325.000
1
9
9
7
/
9
8
1
9
9
8
/
9
9
1
9
9
9
/
0
0
2
0
0
0
/
0
1
2
0
0
1
/
0
2
(milhões de toneladas)
79
84
89
94
99
104
109
114
119
(US$/lb)
PRODUÇÃO Preços
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
49
absorveu todo o suco produzido e a conseqüência foi a queda contínua dos
preços do suco no mercado internacional.
Somem-se a isso os problemas fitosanitários, mais intensos a partir do
ano de 2000, como a “clorose variegada dos citros” (CVC) e o amarelinho,
doenças causadas por bactérias, que representaram dificuldades e custos
adicionais para os produtores brasileiros de laranja. Como resultado da crise dos
últimos anos da década de noventa, a produção de laranja diminuiu
significativamente (ver tabela 24).
Tabela 25 – Suco de Laranja – Oferta e Demanda nos Estados Unidos em
milhões de toneladas
Ano 1997/98 1998/99 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03*
Produção 1.106 879,16 1.071,71 966,75 1.001,10 858,04
Importação 216,68 245,8 241,36 183,46 134,23 199,16
Exportação 105,41 106,84 103,51 87,19 128,89 98,87
Consumo 1.195,30 1.017,55 1.130,11 1.025,30 1.030,40 1.048,02
Nota: Atualização Março de 2003.
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
Gráfico 14 - Suco de Laranja Brasileiro - Valor Exportado, em US$ milhões
(1997-2002)
1033,629
1284,839
1254,674
1051,115
868,486
1079,832
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/ SP Instituto de
Economia Agrícola (www.iea.sp.gov.br).
50
Como reflexo desta redução da oferta de fruta, o mercado, novamente,
passou a ser comprador e as indústrias foram aos poucos diminuindo seus
estoques de suco. As processadoras mantiveram as exportações e, à medida
que produziam mais suco, a sua receita com as vendas externas aumentavam
(gráfico 14). Entretanto, os preços de suco ainda não refletirem a recuperação
do setor e o desempenho do produto no comércio exterior brasileiro é apenas
satisfatório.
Considerando-se que os Estados Unidos é o maior consumidor mundial
do produto é natural que o principal destino das exportações do suco de laranja
congelado e concentrado brasileiro seja o país norte-americano. Entretanto, as
restrições tarifárias impostas ao suco de laranja brasileiro no mercado
estadunidense têm dificultado as vendas externas brasileiras.
Em 2000, por exemplo, o suco de laranja concentrado reconstituído foi
objeto de tarifa específica de US$ 0,0785 / litro (equivalente ad valorem: 56%).
Adicionalmente, desde 1970 o estado norte-americano da Flórida, principal
produtor de laranja e suco naquele país, sobretaxa os produtos cítricos
importados do Brasil em US$ 40 por tonelada, pois o suco nacional já paga uma
tarifa aduaneira de US$ 418 por tonelada. Em 2004, o governo brasileiro saiu
vitorioso de um processo contra essa sobretaxa após celebrar um acordo com o
governador do estado estadunidense da Flórida. Atualmente os importadores do
suco de laranja brasileiro podem optar por pagar apenas um terço dessa tarifa
(Folha de São Paulo, 29/05/2004).
A redução da participação brasileira no mercado norte-americano foi de
20% em menos de uma década, passando de 91%, em 1992, para 71%, em
1999. Sem as restrições tarifárias, calcula-se que o Brasil ocuparia todo o
mercado americano e o ganho total seria de pouco mais de US$1 bilhão
(Oliveira, 2003).
Neste contexto, o maior desafio a ser enfrentado pelo setor cítrico (suco
de laranja) brasileiro está no aumento das exportações nos próximos anos,
sabendo que o consumo nos principais mercados do produto (regiões e nações
mais desenvolvidas) é apenas vegetativo. Nesse sentido, a busca por novos
mercado é essencial para o país continuar a impulsionar as suas vendas
externas e fortalecer-se como forte exportador de suco de laranja.
51
1.3.5 - Café
O Brasil por suas vantagens comparativas é reconhecido mundialmente
como um dos países mais competitivos na cafeicultura. No período analisado, o
mercado mundial de café comportou-se de acordo com a variação dos estoques
mundiais, os quais refletem as quantidades ofertadas e demandas da
mercadoria. O preço se ajustou de forma a equilibrar essas quantidades.
Conforme mostra a tabela 26 a sintonia entre a produção mundial de café e o
preço originou um excedente estocável da mercadoria considerável em todo o
período analisado, resultado direto de excesso de oferta do produto e queda de
preços.
Por eficiência de seus produtores e como resultado de vantagens
comparativas, o Brasil é mundialmente reconhecido como um dos países mais
competitivos na cafeicultura. Mas, por outro lado, também se reconhece as
fragilidades, em especial no âmbito da comercialização, que expõe os
cafeicultores aos impactos da forte oscilação dos preços do produto,
caracterizando o mercado de café como sendo um mercado cíclico.
Na pauta de exportações brasileiras de café, predomina o grupo de
produtos básicos (representando entre 86% e 91% do valor exportado no
período), que é formado quase que completamente por café não-torrado, não-
descafeinado e em grão.
Tabela 26 - Café: Oferta e Demanda Mundiais em mil sacas de 60 kg
Ano Produção Exportação Consumo Estoque Preço* US$/saca)
1996/97 103,78 84,51 101,10 46,04 197,69
1997/98 97,68 77,9 102 41,73 161,2
1998/99 108,4 84,8 105,55 44,63 114,95
1999/00 113,43 92,44 104,29 53,77 106,26
2000/01 116,58 90,4 107,95 62,4 65,39
2001/02 110,1 86,82 108,3 64,2 52,01
2002/03** 119,9 88,97 110,98 73,12 65
Notas: * Média do preço da bolsa de Nova York (NYBOT) deflacionado pelo CPU.
**Estimativa
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
52
Em vista disso, no período compreendido entre 1997 a 2002, o valor das
exportações brasileiras de café em grão apresentou acentuada tendência de
queda como descreve o gráfico 15. Em grande parte devido aos preços
recebidos pelos exportadores, que diminuíram ao longo de todo o período
analisado, com a maior queda ocorrendo em 2001 (tabela 27).
Em contraste, de acordo com Vicente (2003), “a quantidade exportada
cresceu continuamente entre 1997 e 2002, com exceção do ano 2000, em que
Gráfico 15 - Café em Grão- Valor Exportado, em US$ milhões (1997-2002)
2.749,10
2.335,29
2.233,00
1.562,53
1.212,55
1.201,40
1.200,00
1.400,00
1.600,00
1.800,00
2.000,00
2.200,00
2.400,00
2.600,00
2.800,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do IEA/ SP Instituto de Economia
Agrícola (www.iea.sp.gov.br
).
Tabela 27 - Café - Oferta e Demanda Brasileiras em milhões de toneladas
(1997/98-2002/03)
Anos Exportação Produção Consumo Interno
Preço ESALQ/BM&F R$ /sc ***
1997/98
14.773 23.617 11.500
382,12
1998/99
22.129 35.496 12.200
257,27
1999/00
20.580 32.475 12.700
279,36
2000/01
19.131 35.371 13.200
182,8
2001/02
24.402 33.988 13.600
136,05
2002/03 29.478 48.749 13.900 153,09
a
: *** Média de preços para o café arábica tipo 6/bebida dura para melhor deflacionado pelo IGP-DI.
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
53
houve queda de 21% na quantidade exportada em comparação com 1999. No
período 1997 a 2002, a quantidade exportada aumentou 65%.”
No grupo de produtos manufaturados, o café solúvel, mesmo
descafeinado, representa de 91% a 93% do valor exportado. O comportamento
das quantidades exportada de café solúvel diminuiu abruptamente em 1998,
cerca de 30% em relação a 1997, apresentando tendência de crescimento
desse ano em diante, mas não atinge em 2002 a mesma receita de 1997, US$
384.874 milhões (gráfico 16).
De acordo com Vicente (2003), para compensar os preços (em US$ FOB)
observados, para o grupo de manufaturados diminuíram bem menos do que os
do café em grão
12
, acumulando perdas de 54% no período, segundo dados do
Instituto de Economia Agrícola (2003). Portanto, as exportações de café com
maior valor agregado cresceram muito menos, embora os preços no mercado
internacional mostrem queda muito menor do que as do café em grão.
12
O comportamento das quantidades exportadas do produto, entre 1997 e 2002,
aumentou 79%, enquanto os preços (em US$ FOB) caíram 76%.
Gráfico 16 – Brasil: Café Não Grão- Valor Exportado, em US$ milhões (1997-
2002)
384,87
271,06
230,88
221,61
204,53
183,40
180,00
210,00
240,00
270,00
300,00
330,00
360,00
390,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
54
A Alemanha, os Estados Unidos e, a Itália e o Japão são os principais
destinos do café exportado pelo Brasil no período analisado (tabela 28). Vicente
(2003) expressa isso ao argumentar que a “União Européia é o destino mais
importante do café exportado pelo Brasil, representando 53% do valor total em
2002, com destaque para Alemanha (39% do total da União Européia) e Itália
(16% do total da União Européia). Em seguida aparece os Estados Unidos (87%
do total do NAFTA) e a Ásia, respondendo por 10% do valor exportado pelo
Japão (86% das compras).”
É interessante destacar que os dois primeiros (Alemanha e Itália) desses
blocos de países são compradores de produtos básicos (café em grão). Os
produtos de café industrializados têm como principal mercado a Europa Oriental
(36% do valor total), com a Federação da Rússia representando 38% das
aquisições desse grupo dentro do bloco. Em seguida, aparece a Ásia (excluído
o Oriente Médio), com 23% do valor exportado, em especial o Japão, destino de
72% do valor das exportações do grupo de manufaturados para essa região.
Tabela 28- Café¨: Exportações Brasileiras – Ranking por Destino (1998-2002)
1998 1999 2000 2001 2002
Países
M*US$ Ton** M* US$ Ton** M* US$ Ton** M* US$ Ton** M* US$ Ton**
Alemanha 370,32 156,85 446,03 240,17 268,02 161,63 239,06 242,65 121,87 150,78
Estados Unidos 367,95 170,93 469,54 281,86 219,42 138,37 148,88 168,38 74 110,88
Itália 256,88 99,02 192,62 99,48 173,9 99,85 135,16 121,05 56,13 68,35
Japão 226,85 83,74 183,2 93,61 154,16 86,09 105,84 94,62 46,53 49,54
Notas: ¨Café torrado ou não, descafeinado ou não, em grão e moído.
* Milhões de dólares.
** Milhões de toneladas
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
Tabela 29- Café Solúvel: Exportações Brasileiras –Ranking por Destino (1999-
2002)
1999 2000 2001 2002
Países
M* US$ Ton** % Ton M* US$ Ton** % Ton M* US$ Ton** % Ton M* US$ Ton** % Ton
Rússia 56,33 11,34 2,58 33,18 7,18 15,78 35,7 10,37 18,70 25,03 8,27 14,66
Estados
Unidos
39,99 10,57 24,07 41,86 11,22 24,66 28,93 11,44 20,63 24,27 10,37 18,38
Alemanha 20,25 4,56 10,38 20,43 5,38 11,83 15,66 5 9,02 19,95 6,87 12,17
Japão 15,99 2,59 5,90 17,9 3,04 6,68 16,68 3,6 6,49 15,91 3,49 6,18
Total 211,11 43,92 100,00 201,5 45,49 100,00 185,52 55,45 100,00 167,01 56,43 100,00
Notas: * Milhões de dólares.
** Milhões de toneladas
Fonte: Elaboração própria a partir do AGRIANUAL (2004).
55
O crescimento nas exportações de café solúvel, de 2000 a 2002, deve-se
basicamente às compras dos Estados Unidos (24,66%, 20,63% e 18,37%,
respectivamente), que foi o principal destino dessas mercadorias, ao lado da
Rússia (que representaram 15,78%, 18,70% e 14,65% do valor nesses anos).
Portanto, quanto ao café solúvel, verifica-se no período analisado uma
concentração ainda maior no destino das exportações (tabela 29).
Em resumo, o crescimento das exportações do café brasileiro no
mercado internacional no período recente esteve condicionado a crise dos
preços do final da década de noventa e ao crescimento da demanda por de
cafés diferenciados dos tipos expresso e gourmet no mercado mundial,
principalmente dos Estados Unidos.
Neste contexto, pode-se concluir que o desempenho satisfatório no
comércio exterior apresentado pelos produtos agroalimentares que o país mais
exporta tem sido possibilitado pelo avanço da tecnologia no campo e o
conseqüente aumento de produtividade e melhoria da qualidade e pela posição
significativa que o país ocupa no mercado mundial em vários desses produtos
no período recente.
Em síntese, o Brasil detém liderança ou participação expressiva no
mercado mundial de produtos como a soja em grão e seus derivados, carnes,
açúcar, suco de laranja e café. Daí a importância relativa dos mesmos no total
das exportações brasileiras e conseqüentemente no saldo comercial do país.
O próximo capítulo tem por objetivo caracterizar a natureza da
competitividade externa dos produtos agroalimentares mais importantes da
pauta de exportação brasileira, considerando o dinamismo do mercado
internacional, através da análise de três indicadores de competitividade (Market-
Share, Vantagem Comparativa Revelada e Contribuição ao Saldo).
Ao mesmo tempo, procurou-se avaliar a convergência das exportações
dos produtos agroalimentares selecionados à dinâmica das exportações
mundiais (critério de setores em crescimento, oportunidades perdidas, setores
em declínio e setores em retrocesso).
Nota-se que com isso buscará responder o argumento-síntese deste
trabalho: a existência de vantagens comparativas reveladas e market-shares
elevados nesses produtos representam uma contribuição ao saldo comercial do
país proporcional a esta competitividade?
56
2 – COMPETITIVIDADE E DESEMPENHO COMERCIAL DOS PRINCIPAIS
PRODUTOS AGROALIMENTARES BRASILEIROS
Este capítulo tem como objetivo observar o desempenho da
competitividade externa dos principais setores agroalimentarse do Brasil, e no
segundo momento averiguar a evolução dos principais compradores mundiais e
a especialização produtiva brasileira nesses segmentos, no período de 1997-
2002.
Nesse sentido, este capítulo tem por objetivo, em primeiro lugar, estimar
um conjunto de indicadores de comércio exterior para os principais produtos
agroalimentares brasileiros e, em segundo lugar, construir uma matriz de
competitividade para esses produtos com o intuito de avaliar o dinamismo de
mercado da indústria agroalimentar brasileira.
A primeira seção destaca, num primeiro momento, como foi realizada a
coleta das informações estatísticas utilizada neste trabalho. Em seguida, são
demonstrados a construção dos indicadores de competitividade e o
procedimento de elaboração da matriz de competitividade para os principais
produtos agroalimentares do país.
2.1 – Metodologia
A metodologia de análise da competitividade agroalimentar adotada no
presente trabalho basicamente considera elementos de análise ex-post, como o
market share. A posição e a dinâmica dos principais países competidores nos
mercados de destino dos produtos agroalimentares selecionados é também
considerada na análise.
Assim, o primeiro passo para a análise da competitividade agroalimentar
dos setores em estudo foi definir o que se entende por setor agroalimentar nas
estatísticas de comércio internacional, tendo como referência os parâmetros
tipológicos desenvolvido por Pavitt (1984).
57
Este critério de agregação permite distinguir alguns grupos de indústrias,
dentre eles o grupo da indústria intensiva em recursos naturais, onde se
encontra a Indústria Agroalimentar.
Desse modo, a taxonomia desenvolvida por Pavitt, envolve os seguintes
grupos de indústrias: a) Indústria intensiva em trabalho: indústrias têxteis,
confecções, couro e calçados entre outros, caracterizados pelo fato de serem
apenas absorvedores líquidos dos processos de inovação por não gerarem
novas tecnologias; b) Indústria intensiva em escala: indústria automobilística,
siderúrgica e os bens eletrônicos, caracterizados por serem empresas
oligopólicas com elevada intensidade de capital e ampla economia de escala; c)
Fornecedores especializados: bens de capital sob encomenda e equipamentos
de engenharia e são caracterizados pela elevada obtenção de economias de
escopo; d) Indústria intensiva em P&D: setores da química fina, componentes
eletrônicos, telecomunicações e indústria aeroespacial, os quais são
caracterizados por atividades inovativas diretamente relacionadas com elevados
gastos em P&D, e são seus produtos são altos difusores de tecnologia.
A princípio, com o auxílio de um tradutor
13
foram incluídos nesta definição
as atividades agrícolas e pecuárias primárias e os setores agroindustriais
compreendidos nos capítulos 0 (alimentos e animais vivos), 1 (bebidas e
tabaco), 21 (couros e peles), 22 (sementes oleaginosas), 248 (madeira simples
trabalhada), 263 (algodão), 268 (Lã e cabelos de animais), 4 (gorduras e
azeites), e 6 (produtos florestais) da Classificação Padrão Internacional para o
Comércio (SITC/UNCTAD)
14
, revisão 3 (tabela 30).
Entretanto, apesar da relação que compreende o setor agroalimentar
totalizar 30 (trinta) produtos como apresentado na tabela 30, posteriormente
muitos desses setores selecionados foram excluídos da análise, por entender-se
que não se tratavam de segmentos chaves para a economia brasileira e, por
sua vez, não corroboravam para a melhor problematização do tema estudado.
13
Tradutor elaborado por NEIT/UNICAMP - Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia.
14
A classificação de comércio padrão internacional, SITC (Standard International Trade
Classication), preparada pela divisão de estatística das Nações Unidas, permite a desagregação
de diversos bens de uma economia a partir de um código alfabético numérico. No caso, uma
desagregação a três dígitos, corresponde a um nível de desagregação de dados significativo,
adequado a estudos setoriais. Disponível em:<< www.intracen.org
>>
58
Tabela 30 – Relação de Produtos da Indústria Agroalimentar
Cód. Produto
016 Carne e miúdos congelados
017 Carne e miúdos diversos congelados
022 Leite e creme
023 Manteiga
024 Queijo e coalho
046 Trigo, farinha e farinha refinada
047 Outros Cereais (farinha e pó)
048 Cereais
056 Vegetais preparados e preservados
058 Frutas preparadas e preservadas
059 Frutas e sucos vegetais
062 Balas e doces de açúcar
073 Chocolate e produtos
081 Ração para animais (forragem)
091 Margarina e gordura
098 Produtos comestíveis, mantimentos
111 Bebidas não alcoólicas NES
112 Bebidas alcoólicas
223 Sementes oleaginosas para outros óleos
248 Madeira simples trabalhada (ex.: travessas para vias férreas)
263 Algodão
268 Lã, cabelos de animais (exceto mechas penteadas)
411 Óleos animais
421 Óleos vegetais e gorduras leves
422 Óleos vegetais não leves
431 Óleos animais processados
633 Manufaturas de cortiça
634 Chapas e compensado de madeira, "melhorada" ou regenerada, etc
635 Manufaturas de madeira
642 Papéis e papelões recortados em forma determinada
Fonte: SITC/UNCTAD- International Trade Center. Disponível em (www.intracen.org)
Assim, em um primeiro momento, após a coleta dos dados, foram
realizados os seguintes procedimentos:
Desagregação dos dados importações e exportações brasileiras e
mundiais de três dígitos para quatro dígitos.
O acompanhamento da evolução dos dados coletados nos principais
setores exportadores agroalimentares.
59
Nesses termos, foram selecionados para a análise de competitividade
entre as diversas categorias de produtos agroalimentares
15
listadas, os setores
que apresentaram para o período 1997-2002 um saldo comercial positivo e uma
participação nas exportações agroalimentares brasileira superior a 1% no
mesmo período (tabela 31).
Na tabela 31 estão representados os principais produtos agroalimentares
brasileiros, os quais, o país detém competitividade e desempenho comercial
significativo em termos de exportações agrícolas e, portanto, esses segmentos
têm um papel fundamental no saldo comercial brasileiro no período recente.
Nesse sentido, o capítulo 2 oferece os instrumentos para mensuração da
competitividade e do desempenho comercial destas categorias para o país. Para
isso, são elaborados indicadores que examinarão a evolução dos produtos
agroalimentares considerados chaves para a economia brasileira no mercado
internacional.
Mais uma vez cabe ressaltar que o objetivo deste trabalho é mostrar se
vantagens comparativas reveladas e market-shares elevados traduzem em
contribuição ao saldo comercial na mesma intensidade para os principais
produtos agroalimentares brasileiros.
15
Para maiores detalhes e verificação da magnitude das exportações brasileiras dos setores
agroalimentares, pode-se consultar o Anexo A deste trabalho.
Tabela 31 – Produtos Analisados (1997-2002)
Cód. Produto
0111 Carne bovina e miúdo congelados
0113 Carne de porco e miúdo congelados
0114 Carne de Aves
0591 Suco de laranja
061 Açúcar
0711 Café cru em grão
0712 Café não grão
081 Farelo de soja
2222 Soja em grão
4211 Óleo de soja
Fonte: Dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000 e 1998-2002)
60
2.1.2 – Elaboração de Indicadores
O segundo passo adotado após selecionar os produtos nos quais o país
apresenta as suas principais vantagens comparativas foi a apuração dos dados
e a elaboração de indicadores de competitividade e desempenho comercial para
o Brasil. A principal preocupação com essa análise é identificar o movimento de
comércio dos produtos agroalimentares que mais contribuem para o saldo
comercial do país e nos quais o Brasil se encontra especializado.
A partir dessa sistematização dos dados anuais de 1997 a 2002 tornou-se
possível à elaboração de indicadores de competitividade e desempenho, como:
o índice de contribuição ao saldo, o índice de vantagens comparativas
reveladas, o market share.
Os indicadores de competitividade utilizados neste trabalho são
detalhados a seguir:
a) Market Share (MS)
O indicador de Market Share setorial (MS), utilizado foi o mais simples
possível, isto é:
k
ik
X
X
MS =
Onde:
ik
X representam as exportações do grupo setorial k pelo país i;
k
X
são as exportações mundiais do grupo setorial k.
Como é expresso em porcentagem, os valores do indicador variam
entre zero e 100. Quanto mais alto for esse valor, maior é a intensidade de
participação do país como exportador no comércio internacional do produto
selecionado.
b) Vantagem Comparativa Revelada (VCR)
=
X
X
X
X
VCR
k
i
ik
Onde:
ik
X representam as exportações do grupo setorial k pelo país i;
61
k
X são as exportações mundiais do grupo setorial k;
i
X são as exportações totais do país i;
X são as exportações mundiais totais.
De acordo com Dalum; Laurse & Villussen (1996) este indicador, revela
que um país i possui uma vantagem comparativa com um produto do grupo
setorial k em relação à economia mundial quando o índice de VCR encontra-se
acima da unidade. No entanto, isso só ocorrerá se o país i possuir uma parcela
do mercado de exportação do grupo setorial k superior à sua participação no
mercado mundial de todos os produtos; ou ainda, se a participação do grupo
setorial k nas exportações totais de todos os produtos do país i for superior à
mesma participação referente à economia mundial.
Por outro lado, os índices de Vantagem comparativa Revelada e Market
Share, são indicadores de estruturas relativas. Em outras palavras, o índice de
VCR é uma medida da estrutura relativa que considera apenas as exportações
do país i, enquanto, o índice de MS constitui um indicador de performance ou
competitividade internacional das exportações de um país i.
Segundo Holland e Xavier (2003, p. 17) “O VCR representa uma variável
de resultado, constituindo numa tentativa de captar no âmbito do mercado os
efeitos finais do comércio internacional, sem que exista nenhuma interação
compulsória entre oferta de fatores e tais efeitos.”
Todavia, o indicador de Vantagem Comparativa Revelada (VCR),
inicialmente desenvolvido por Balassa (1965) apud Holland e Xavier (2003),
apresenta outra restrição estatística muito mais séria: os resultados obtidos,
assume valores entre 0 e , não respeitando a hipótese de normalidade do
termo erro presente em toda análise de regressão.
Laursen e Engedal (1995) apud Dalum; Laursen; Villumsen (1996)
apresentaram um método estatístico denominado, índice de vantagem
comparativa simétrico (VCR –1 / VCR +1), definindo o intervalo de confiança
entre –1 e +1 para solucionar o problema de assimetria presente na construção
do índice de VCR. A vantagem desse método, segundo Laursen, é que “esta
medida é a melhor das alternativas discutidas acerca da hipótese de
normalidade do termo erro da regressão, uma vez, que agora o índice de VCRS
poderá captar tanto alterações abaixo como acima da unidade.”
62
Em virtude disso, a problemática envolvendo o índice de VCR, foi
desenvolvido um outro indicador de vantagens comparativas, pelo Centro de
Estudos Prospectivos em Informações Internacionais (CEPII – França), com
base no saldo comercial de um país i e não apenas no fluxo das exportações,
denominado Contribuição ao Saldo (CS).
c) Contribuição ao Saldo
Este indicador parte do suposto que, o saldo comercial do país ou região
se distribui entre os distintos setores ou produtos segundo seus respectivos
pesos no comércio exterior do país ou região.
A comparação entre o saldo comercial real e o saldo teórico ou esperado,
que considera os pesos dos setores ou produtos no comércio total do país, nos
dá uma medida das vantagens e desvantagens comparativas dos distintos
produtos.
Valores positivos do indicador assinalam a presença de vantagem
comparativa para um setor ou produto; valores negativos indicam uma
desvantagem do país no setor ou produto considerado. O indicador de
contribuição ao saldo expressa então o perfil de especialização de um país e
assume a seguinte forma:
(
)
()()
[]
()()
[]
()()
[]
iikkiiii2
iikk1
21i
MX/MX/2MX/MX100 S
/2MX/MX100 S
:Onde
SSPIB 1000 CS
+++=
+=
÷
=
Sendo
k
X e
k
M são respectivamente as exportações e importações do
produto ou setor k efetuadas pelo país i,
i
X
e
i
M
são respectivamente as
exportações e importações totais do país i.
63
A novidade no indicador CS, em relação ao indicador tradicional de
vantagem comparativa, é que ele considera as importações. Mas, tal qual o
antigo indicador de VCR, o indicador de contribuição ao saldo expressa uma
vantagem comparativa relativa “ex-post”, ou seja, revela a competitividade dos
países a partir da intensidade dos fatores de produção.
Por outro lado, é de suma importância, considerando os produtos
agroalimentares selecionados, identificar o impacto dessa especialização sobre
os saldos comerciais do país ou, em outras palavras, avaliar a sua matriz de
competitividade. Para isso utilizamos uma ferramenta de análise adicional: um
programa computacional desenvolvido pela CEPAL (Comissão Econômica para
América Latina e o Caribe) denominado TradeCan 2002.
Vale destacar que a matriz de competitividade apresentada serve para
averiguar a evolução dos principais compradores mundiais no mercado
internacional, a especialização produtiva brasileira nesse segmento e o
desempenho econômico nacional desses setores.
Assim, mediante os produtos selecionados para a análise optou-se por
trabalhar com um maior nível de desagregação (4 dígitos). A informação
estatística comercial para esta análise, então, encontra-se codificada na revisão
2 do software TradeCan 2002.
A representação gráfica da matriz de competitividade pode ser
visualizada através da tabela 32. Pode-se observar que a matriz é representada
por dois eixos e duas posições em cada eixo. Os produtos com um sinal positivo
no tempo na porcentagem de importações se denominam produtos dinâmicos
(RD). Produtos com um sinal negativo no tempo em porcentagem de
importações, por sua vez, são denominados produtos estáticos (RE).
O programa distingue quatro tipos de posições dos produtos de um país
na demanda de comércio internacional: setores em crescimento, setores em
declínio, setores em retrocesso e setores em oportunidades perdidas.
64
A interpretação da análise do tipo de competitividade (análise de matriz)
pode ser usada responder questionamentos acerca da estrutura produtiva de
um país num dado período de tempo. Em outras palavras, um país que tenha
entre os seus produtos agroalimentares segmentos que estejam classificados
como dinâmicos ou muito dinâmicos no comércio internacional detém uma
vantagem competitiva maior porque além do espaço que existe nesses
mercados para a ampliação do volume exportado, há a possibilidade de
obtenção de preços mais elevados e ou mais estáveis frente a outros produtos
agroalimentares menos dinâmicos.
Finalmente, após o levantamento dos dados necessários à construção
desses indicadores de competitividade externa e apresentada a metodologia da
matriz de competitividade, tendo como referência o período sob investigação,
perseguiremos o objetivo deste capítulo na próxima seção: a evolução dos
índices dos referidos indicadores e examinar o padrão de especialização dos
produtos agroalimentares selecionados.
Tabela 32 – Diagrama da Matriz de Competitividade
Produtos Estagnados –
(RE)
Produtos Dinâmicos +
(RD)
Setores em
Declínio
Setores em
Crescimento
Setores em
Retrocesso
Oportunidades
Perdidas
Porcentagem de
- importações
+
Fonte: TradeCan 2002
+
Participação no
mercado
Porcentagem de
Exportações
Especialização
-
65
2.2 - Análise dos Indicadores de Competitividade Externa para o Brasil
Nesta seção analisaremos, por um lado, a evolução dos índices dos
indicadores de competitividade mencionados na seção anterior em relação aos
principais produtos agroalimentares apresentados e, por outro lado,
realizaremos um estudo sobre o padrão de especialização e competitividade
nacional. Em termos gerais, tal matriz competitiva indicará a relação existente
entre o padrão de especialização e a posição de um país específico, no caso o
Brasil, a partir de mudanças no padrão do mercado mundial.
Deste modo, a evolução do perfil de especialização agroalimentar
brasileiro no comércio internacional pode ser observado conjuntamente com os
indicadores de competitividade desempenho externo.
2.2.1 – Market-Share ou Indicador de Posição de Mercado
Os resultados comparativos do índice de market-share para os principais
produtos agroalimentares do Brasil estão apresentados na tabela 33 a seguir. O
indicador de market-share mostra, por meio de seus valores positivos e
relativamente elevados para vários produtos, que o Brasil ocupa uma posição
significativa no mercado mundial.
Tabela 33 – Brasil: Market-share no Mercado Mundial (1997-2002)
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0111 Carne bovina fresca e resfriada 0,61% 0,72% 1,37% 2,08% 3,36% 3,31%
0112 Carne bovina congelada 2,83% 4,55% 6,11% 5,94% 9,70% 9,18%
0122 Carne de Porco 1,44% 1,87% 1,40% 1,87% 3,48% 4,84%
0123
A
ves domésticas, carne e miúdos 11,16% 10,43% 13,32% 12,65% 17,37% 19,73%
0174
A
ves domésticas, preservadas e preservadas nes* 0,60% 1,28% 1,52% 1,86% 2,62% 3,28%
0175 Carne de Porco, preservada, preservada nes* 0,85% 1,03% 1,00% 1,04% 1,44% 0,37%
0176 Carne bovina preservadas, preservada nes* 24,78% 28,72% 34,08% 28,63% 31,16% 32,22%
0591 Suco de laranja 41,60% 45,65% 46,46% 42,11% 41,55% 44,97%
061
A
çúca
r
14,92% 17,63% 23,41% 15,15% 23,84% 62,99%
071 Café 35,09% 30,82% 40,62% 34,92% 33,12% 30,62%
0812 Farelo de soja #DIV/0! 1,19% 0,59% 0,32% 1,13% 0,77%
2222 Soja em grão 21,91% 24,54% 21,18% 24,09% 26,43% 28,45%
4211 Óleo de soja 15,72% 17,73% 19,91% 15,25% 18,75% 21,38%
Nota: *nes é não especificada.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000
e 1998-2002)
66
Este é o caso do açúcar, café, carne de aves domésticas, suco de laranja
e soja. A posição em relação à carne bovina é de um país que tem buscado
ampliar a sua cota de mercado no comércio mundial do produto, o que pode ser
visto pela evolução deste indicador (Gasques e Da Conceição, 2002).
Entretanto, os resultados revelam um aspecto preocupante pelo fato de
estarmos perdendo posição no mercado mundial de café e suco de laranja
16
.
Note-se que, particularmente no caso do café, o índice de market-share tem-se
reduzido acentuadamente no período analisado. Embora, para outros produtos,
tais como carnes, açúcar e soja, o país encontra-se num processo de melhoria
de sua posição no mercado mundial.
A evolução desse indicador no período recente em relação a esses
produtos é apresentada no próximo item em maiores detalhes com o intuito de
melhor captar as variações percentuais e as especificidades de cada um no
mercado internacional.
2.2.2 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Carnes no
período de 1997-2002
O indicador market-share revela alguns pontos importantes sobre o setor
carnes do país. Nos últimos anos há uma evolução significativa deste indicador
para os produtos analisados. Note que o principal destaque é grupo de carne
bovina preservada e preservada não especificada que detém os maiores valores
do índice de market-share no grupo carnes no comércio internacional.
De acordo com a tabela 34, a evolução da carne bovina preservada e
preservada não especificada ou preservada demonstra que o país detém em
média 30% do mercado mundial de carne bovina preservada e preservada não
especificada entre 1997 e 2002.
O segmento de carne bovina considerada “in natura” também tem
surpreendido no mesmo período, pois o país melhorou a sua participação no
mercado mundial de carne bovina fresca: em 1997 a participação brasileira
16
Para alguns autores isso ocorre devido as barreiras não tarifárias exigidas em mercados compradores
importantes como os Estados Unidos e a União Européia.
67
neste segmento foi de 0,61% frente a 3,31% em 2002. No mesmo sentido, as
exportações de carne bovina congelada também apresentaram crescimento
significativo, com o Brasil detendo quase 10% do mercado mundial do produto
em 2002 (tabela 34).
Outro destaque é o grupo de aves domésticas, pois em 2002, o Brasil
detinha 19,73% do mercado mundial da carne de aves domésticas inteiras e
pedaços (tabela 34). As exportações brasileiras de carne de frango com certeza
representam uma importante parcela neste segmento. O país tem ampliado a
sua venda externa deste produto nos últimos anos.
Contudo, a participação nacional no segmento de aves domésticas,
preservadas e preservadas não especificadas não demonstra o mesmo ritmo de
crescimento, apesar de também ter tido um forte crescimento no período entre
1997 e 2002, passando de 0,60% para 3,28% respectivamente.
A tabela 34 mostra também a evolução do índice de market-share da
carne suína no período considerado. Em 2002, a carne de porco nacional
ocupava quase 5% do mercado internacional deste produto e a posição do país
tem melhorado significativamente no período recente. Por outro lado, a
participação brasileira no mercado de carne de porco preservada e preservada
não especificada reduziu sua participação para 0,37% no ano de 2002.
Por último, vale considerar que com a desvalorização cambial os
produtos com forte inserção externa, como a carne, sofreram um impacto
positivo, porém não imediato, como observa a descrição realizada nesta seção.
Tabela 34 – Brasil: Market-Share do Setor Carnes (1997-2002)
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0111 Carne bovina fresca e resfriada 0,61% 0,72 1,37% 2,08% 3,36% 3,31%
0112 Carne bovina congelada 2,83% 4,55% 6,11% 5,94% 9,70% 9,18%
0122 Carne de Porco 1,44% 1,87% 1,40% 1,87% 3,48% 4,84%
0123
A
ves domésticas, carne e miúdos 11,16% 10,43% 13,32% 12,65% 17,37% 19,73%
0174
A
ves domésticas, preservadas e preservadas nes* 0,60% 1,28% 1,52% 1,86% 2,62% 3,28%
0175 Carne de Porco, preservada, preservada nes* 0,85% 1,03% 1,00% 1,04% 1,44% 0,37%
0176 Carne bovina preservadas, preservada nes* 24,78% 28,72% 34,08% 28,63% 31,16% 32,22%
Nota: *nes é não especificada.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000 e
1998-2002)
68
Por outro lado, o país procurou ampliar o seu market-share através da
incorporação de tecnologias que garantissem a qualidade da carne bovina, ao
lado de políticas de promoção ao produto brasileiro no mercado mundial. Assim,
o marketing também representou um instrumento poderoso nesse processo,
pois o país tem aumentado os gastos com publicidade para promover os
produtos nacionais e os benefícios deste tipo de recurso vem sendo obtidos com
a ampliação do número de países importadores de carne, principalmente a
carne bovina nos últimos anos.
Em síntese, para todos os cálculos feitos neste estudo sobre o market-
share no mercado mundial os produtos do grupo “carne" apresentaram ganhos
de competitividade expressivos. O país vem ocupando as melhores posições no
cenário internacional e superando países como os Estados Unidos e a Austrália
no comércio de carnes fresca, congelada e resfriada
17
.
2.2.3 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Suco de
Laranja no período de 1997-2002
O Brasil apresenta a melhor posição mundial do setor, mas os resultados
dos anos 2000 e 2001 revelaram um fato preocupante: o país perdeu posição no
mercado mundial de suco de laranja. O gráfico 17 ilustra essa trajetória
descendente de perda de market-share do produto brasileiro.
De 1997 a 2002, o indicador de market-share apresentou evolução
decrescente, atingindo o nível inferior a 40%, patamar em que se manteve por
dois anos consecutivos. De 2001 em diante, o setor mostrou recuperação da
posição mundial, ocasião em que o indicador voltou a 45%, nível observado no
início da série, conforme também o gráfico 17.
A perda de importância relativa do suco de laranja entre os anos 1999 e
2001 pode ser explicada pelo fato de que o produto apresenta forte inserção no
mercado internacional, e com a desvalorização da moeda doméstica em relação
17
O Brasil em 2004 já ocupa a posição de líder mundial no volume exportado de carne bovina, posição na
qual o país deve permanecer até 2005, segundo o departamento de agricultura dos Estados Unidos.
69
ao dólar, houve uma expectativa de maior oferta do produto brasileiro no
mercado internacional.
Este ponto é bem explicitado no trabalho de Saes, Nunes & Sousa
(1999), os quais enfatizam que em decorrência da desvalorização cambial os
preços internos dos produtos brasileiros comercializáveis no mercado
internacional apresentaram uma valorização.
Como conseqüência, o aumento das cotações internas dessas
commodities induziram a um aumento da produção e então, a competição
tornou-se mais acirrada nos mercados internacionais, na medida que os
exportadores brasileiros passaram a querer exportar mais, mesmo sem os
preços em moeda estrangeira dos produtos com forte inserção no mercado
internacional como o suco de laranja se elevarem (Saes, Nunes & Sousa,
1999).
Neste sentido, para o mercado mundial absorver maiores volumes é
preciso que os preços em moeda sofram uma queda. Assim, a magnitude da
queda dos preços internacionais vai depender da oferta e da demanda. Há que
considerar também que as maiores quedas de preços internacionais deverão
Gráfico 17 – Brasil: Market-Share do Setor Suco de Laranja (1997-2002)
41,60%
45,65%
46,46%
42,11%
41,55%
44,97%
41,55%
42,05%
42,55%
43,05%
43,55%
44,05%
44,55%
45,05%
45,55%
46,05%
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
70
ser verificadas nos mercados em que a participação do Brasil é expressiva,
como é o caso do suco de laranja, por exemplo (idem).
Esperava-se, no entanto, que o efeito da elevação dos preços internos
fosse maior que a queda dos preços no mercado internacional e assim
favorecesse o produtor nacional, mas os preços do suco de laranja
apresentaram uma queda considerável e que só se recuperaram após 2002.
(ibidem).
Outro fator determinante para a perda de posição no mercado mundial
desse produto é a presença de barreiras tarifárias e não tarifárias nos principais
mercados importadores. Este assunto será tratado no próximo capítulo em
maiores detalhes. Por enquanto,vale dizer que os Estados Unidos e a União
Européia utilizam práticas de dumpping em relação ao produto brasileiro e que
nos últimos anos tem sido recorrente a discussão sobre práticas de subsídios e
antidumpping no setor pelos organismos internacionais de comércio, como a
OMC.
Em síntese, o suco de laranja brasileiro detém uma posição significativa
no comércio mundial, apesar das barreiras comerciais, e sendo assim, espera-
se uma contribuição ao saldo comercial do país compatível com tal
competitividade.
2.2.4 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Açúcar no
período de 1997-2002
O maior destaque em termos de aumento de posição brasileira no
mercado mundial é o açúcar. Segundo Helfand e Rezende (2001 apud Da Silva;
Carvalho; Da Silva; 2003) grande parte desse desempenho pode ser explicada
pela remoção das restrições quantitativas à exportação em meados da década
de 1990.
Com base nos valores do indicador de market-share apresentados pelo
gráfico 18, o açúcar brasileiro apresentou uma melhoria significativa de sua
posição no mercado mundial em todo o período analisado.
71
De fato, os valores desse indicador apresentaram uma evolução
considerável, passou de 14,92% em 1997 para 63% em 2002. A única exceção
foi o ano de 2000, onde o produto apresentou uma redução na sua participação
no mercado internacional, passando de 23,41% em 1999 para 15,15% em 2000
(o seu menor valor desde 1997).
O trabalho de Gasques e Da Conceição (2002) fornece uma explicação
possível para isso: “a desvalorização da moeda nacional ocorrida em janeiro de
1999 alterou o mix de produção de açúcar e de álcool combustível”.
É conhecido que as decisões quanto à venda de açúcar tanto no
mercado externo quanto no interno dependem do valor da taxa de câmbio.
Deste modo, uma mudança na taxa de câmbio que implique em uma
desvalorização da moeda doméstica traz um encarecimento das importações de
petróleo, e assim, pode ocorrer uma redução das exportações do açúcar em
detrimento do álcool.
Da mesma forma, toda vez que houver um aumento significativo do preço
do açúcar no mercado internacional, os produtores brasileiros dimensionam os
efeitos desse aumento sobre as margens da atividade agrícola e então avaliam
se é vantajoso exportar mais açúcar. O resultado de uma decisão favorável a
Gráfico 18 – Brasil: Market-Share do Setor Açúcar (1997-2002)
14,92%
17,63%
23,41%
15,15%
23,84%
62,99%
14,50%
19,50%
24,50%
29,50%
34,50%
39,50%
44,50%
49,50%
54,50%
59,50%
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000
e 1998-2002
)
72
elevação das vendas externas do produto será a redução da produção do álcool
combustível.
No médio prazo, entretanto, a produção de açúcar brasileiro aumentou.
Basta, para tanto, notar que em 2002 o país atingiu 63% do mercado mundial do
produto. O Brasil teve a possibilidade de realizar exportações a preços mais
vantajosos e aumentou as vendas externas do produto.
O desafio agora é continuar a melhorar a posição brasileira no mercado
internacional de açúcar, visto que o país enfrenta uma forte competição do
açúcar europeu subsidiado nos principais mercados compradores
18
.
Portanto, como vimos nesta seção o açúcar brasileiro também detém
uma posição de grande destaque no cenário internacional, resta saber se a sua
contribuição ao saldo comercial é compatível com a sua competitividade.
2.2.5 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Café no período de
1997-2002
Em uma primeira observação geral acerca do desempenho do café
brasileiro no comércio exterior, pode-se dizer que houve uma perda relativa de
posição do produto no mercado mundial. O indicador de market-share apresenta
uma variabilidade muito elevada ao longo do período analisado para o café.
A evolução desse indicador é apresentada no gráfico 19, que mostra que
a única exceção na trajetória da perda de posição de mercado internacional do
produto brasileiro foi o ano de 1999. Um ano excepcional para as vendas
externas de café nacional, naquele ano o café brasileiro obteve 40,62% do
mercado mundial, pois devido a desvalorização cambial brasileira ocorrida em
janeiro daquele ano, produtos com forte inserção no mercado internacional,
como o caso do café, apresentaram consideráveis vendas no mercado externo.
Contudo, os resultados do market-share dos anos seguintes, como pode
ser visto novamente no gráfico 19, deixam claro que os impactos positivos da
desvalorização cambial sobre o café não produzem os mesmos efeitos de antes
18
No capitulo 3 este assunto será tratado em maiores detalhes.
73
e a perda de posição no mercado mundial retorna e, a partir de então, o ritmo é
acelerado sendo que em 2002 atinge um mínimo de 30,62%.
Em grande parte a perda de participação no mercado internacional do
café brasileiro segundo Saes e Nakazone (2002) deve-se ao fato de que em
2000 o Brasil implementou um rígido controle de embarques de café na tentativa
de sustentar o preço internacional do café. Contudo, os preços continuaram em
queda com o ingresso no mercado de café de outras origens, ao contrário do
que ocorria no passado, em que a posição monopolista do Brasil criava
dificuldade de substituição do produto. Como resultado o país foi
paulatinamente, reduzindo a sua participação no mercado mundial.
Outro fato que contribuiu para a redução da participação brasileira no
mercado mundial de café foi a persistência em exportar café em grão ao invés
de café processado, como por exemplo, o café solúvel
19
. O país apostou no
crescimento do mercado mundial de café cru enquanto que na realidade o que
19
Como vimos no capítulo anterior.
Gráfico 19 – Brasil: Market-Share do Setor Café (1997-2002)
35,09%
30,82%
40,62%
34,92%
33,12%
30,62%
30,60%
31,60%
32,60%
33,60%
34,60%
35,60%
36,60%
37,60%
38,60%
39,60%
40,60%
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000 e
74
se verificou foi o crescimento da demanda mundial de cafés processados como,
por exemplo, o café solúvel.
Em síntese, estratégias empresariais equivocadas sobre as vendas
externas de café no mercado internacional provocaram a perda paulatina de
posição do café brasileiro no mercado mundial. Mesmo assim, a posição do pais
no mercado internacional ainda é significativa e sendo assim espera-se que a
sua contribuição ao saldo comercial seja compatível a sua participação no
mercado mundial.
2.2.6 – Análise do Indicador Market-Share para o Setor Soja no período de
1997-2002
A soja em grão apresentou uma melhora acentuada desse indicador ao
longo do período analisado. Contudo, os derivados da soja (farelo e óleo bruto)
também têm apresentado uma variabilidade muito grande na participação do
Brasil no comércio internacional de soja, como mostra o gráfico 20.
O óleo de soja é o produto que apresentou desempenho menos
significativo em termos de participação no mercado internacional. A posição
brasileira é apenas marginal nesse mercado, pois os índices desse indicador
são muito reduzidos em comparação aos outros derivados da soja.
A evolução do market-share da soja em grão e do farelo de soja, ao
contrário, de acordo com o gráfico 20, foi muito parecida. Basicamente, o
mesmo tipo de comportamento, diferindo apenas em relação ao momento da
inversão da trajetória.
Por outro lado, se avaliarmos o setor soja (soja em grão, farelo e óleo de
soja) em maiores detalhes, verificamos que a soja em grão foi o destaque desse
setor, pois obteve o maior valor de market-share entre os produtos do grupo
soja: em média apresentou índices superiores a 20% durante todo o período
analisado neste trabalho. A participação brasileira neste segmento aumentou,
principalmente após 1999, alcançando um valor máximo de 28,45% do mercado
externo em 2002 (tabela 35).
75
No caso do farelo de soja nota-se que os números parecem indicar que a
posição brasileira no mercado mundial ficou estável. Veja-se que a tabela 35
revela que esse indicador apresentou grandes oscilações durante todo o
período analisado.
De 1997 a 1999 ganhou participação de mercado em um ritmo e
magnitude crescente passando de 15,72% em 1997 para 19,91% em 1999, mas
no ano seguinte atinge o seu menor valor ao longo do período analisado
(15,25%). Em 2001, novamente, inicia uma trajetória de crescimento (18,75%), e
da mesma forma atinge o seu maior valor no ano seguinte (21,38%).
Tabela 35 – Brasil: Market-Share do Setor Soja (1997-2002)
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0812 Farelo de soja 15,72% 17,73% 19,91% 15,25% 18,75% 21,38%
2222 Soja em grão 21,91% 24,54% 21,18% 24,09% 26,43% 28,45%
4211 Óleo de soja 1,32% 1,19% 0,59% 0,32% 1,13% 0,77%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002
)
Gráfico 20 – Brasil: Market-Share do Setor Soja (1997-2002)
15,72%
17,73%
19,91%
15,25%
18,75%
21,38%
21,91%
24,54%
21,18%
24,09%
26,43%
28,45%
1,32%
1,19%
0,59%
0,32%
1,13%
0,77%
0,00%
5,70%
11,40%
17,10%
22,80%
28,50%
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Farelo de soja Soja em grão Óleo de soja
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
76
Para o óleo de soja, como mencionado anteriormente, verifica-se o pior
desempenho em termos de participação no mercado mundial. Em geral, a
participação desse produto no mercado internacional nunca passou de cerca de
1%. O pior momento para o óleo de soja brasileiro foi o biênio 1999-2000, a
posição do país no mercado mundial era da ordem de 0,59% e 0,32% (tabela
35).
Segundo Gasques & Da Conceição (2002) a taxa de câmbio, foi um fator
importante para estimular as exportações da soja e seus derivados. O câmbio
mudou severamente a relação de preços entre o denominado complexo soja
(soja em grão, farelo de soja e óleo de soja) e o milho, seu principal concorrente
na agricultura.
Com o crescimento da demanda por grãos utilizados na alimentação de
suínos e aves, que no período recente também vem apresentando um
crescimento acentuado de suas participações no comércio mundial de carnes, a
posição brasileira do setor soja no comércio mundial tem sido beneficiada dado
a sua ampliação (AGRIANUAL, 2004).
Em resumo, quando analisado isoladamente o indicador de market-share
revelou resultados importantes para cada segmento agroalimentar selecionado
neste trabalho. Em primeiro lugar, o indicador de market-share mostrou, por
meio de seus valores positivos e relativamente elevados para vários produtos,
que o Brasil ocupa uma posição significativa no mercado mundial. Este é o
caso do açúcar, da soja e da carne bovina e aves domésticas.
Da mesma forma, esse indicador também apresentou valores negativos
da participação brasileira no mercado mundial de setores selecionados cuja
importância para o saldo comercial é significativa, pois como o indicador é
expresso em porcentagem, quanto mais baixo for o seu valor, menor é o
impacto que o produto exerce sobre o saldo comercial do país. O café é o
principal exemplo da perda de market-share do Brasil no mercado internacional.
Portanto, visto que a maioria desses produtos tem posição de destaque
no comércio exterior, vários são os sinais preliminares de que a sua contribuição
ao saldo comercial do país deve ser proporcional a sua competitividade.
Contudo, outro indicador de competitividade deve ser incorporado na
análise para que a hipótese central deste trabalho seja ou não comprovada: o
índice de Vantagem Comparativa Revelada.
77
As comparações são relevantes para posicionarmos a competitividade
dos setores agroalimentares selecionados no período considerado são
apresentadas na próxima seção.
2.3 – Vantagem Comparativa Revelada (VCR)
O indicador de vantagem comparativa fornece uma medida da estrutura
relativa das exportações de uma região. Esse indicador revelou alguns pontos
importantes sobre os principais produtos agroalimentares do país. A tabela 36
mostra a evolução da competitividade dos produtos analisados no mercado
mundial.
Os resultados da tabela 36 indicam uma evolução de aumento da
vantagem comparativa de 1997 a 1999 para todos os produtos analisados e de
alta variabilidade de 1999 a 2002 para alguns produtos selecionados, como o
suco de laranja, açúcar, café e os produtos do setor soja.
Tabela 36 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada (1997-2002) – Produtos
Selecionados
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0111 Carne bovina fresca e resfriada 0,55 0,67 1,42 2,08 3,00 3,00
0112 Carne bovina congelada 2,57 4,27 6,31 5,94 8,67 8,32
0122 Carne de Porco 1,30 1,76 1,44 1,87 3,11 4,39
0123
A
ves domésticas, carne e miúdos 10,13 9,79 13,74 12,65 15,53 17,90
0174
A
ves domésticas, preservadas e preservadas nes* 0,54 1,20 1,57 1,86 2,34 2,97
0175 Carne de Porco, preservada, preservada nes* 0,78 0,97 1,03 1,04 1,29 0,33
0176 Carne bovina preservadas, preservada nes* 22,50 26,94 35,18 28,61 27,86 29,23
0591 Suco de laranja 37,76 42,83 47,96 42,08 37,14 40,80
061
A
çúca
r
13,54 16,54 24,16 15,14 21,31 57,15
071 Café 31,85 28,92 41,93 34,90 29,61 27,78
0812 Farelo de soja 1,20 1,12 0,61 0,32 1,01 0,70
2222 Soja em grão 19,89 23,02 21,86 24,08 23,62 25,80
4211 Óleo de soja 14,27 16,64 20,55 15,24 16,76 19,40
Nota: *nes é não especificada.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000
e 1998-2002)
78
Entretanto, como o indicador de vantagem comparativa revelada é uma
variável de resultado, às vezes o país pode estar perdendo vantagem
comparativa em algum setor porque a média de exportações de todos os
produtos do país está aumentando.
Há estudos como o de Dalum; Laurse & Villussen (1996) que lembram
que do ponto de vista metodológico, o índice de VCR foi originalmente
desenvolvido por Balassa (1965) para comparar a especialização comercial
relativa dos diferentes setores de um país com um outro parceiro comercial
observado entre um grande grupo de países como, por exemplo, os países que
compõem a OCDE.
Sendo assim, deve-se lembrar que o indicador de vantagem comparativa
revelada é uma medida relativa da estrutura das exportações que considera ao
mesmo tempo a performance das exportações setoriais de um dado produto e o
desempenho comercial do país no mercado mundial. Por isso, a sua análise
requer ressalvas, pois mudanças de comportamento do índice de VCR no
mínimo pode estar indicando muito mais do que perda de competitividade no
setor ou produto selecionado.
Neste caso, a mudança de comportamento deste indicador verificada a
partir de 1999 para alguns produtos selecionados, pode estar associada com o
aumento das exportações de todos os produtos da pauta de exportação agrícola
brasileira devido a desvalorização cambial ocorrida em janeiro daquele ano no
Brasil.
O trabalho de Saes, Nunes & Sousa (1999) indica que, do ponto de vista
do desempenho das exportações, os produtos que seriam os mais beneficiados
com a desvalorização cambial seriam aqueles com forte inserção no mercado
internacional e cuja estrutura de custos não fosse fortemente alicerçada em
bens e serviços com alta sensibilidade à taxa de câmbio. O café seria um
exemplo desta situação.
Portanto, esperava-se que houvesse aumento da vantagem comparativa
principalmente de produtos como o café, a soja, o açúcar e o suco de laranja. É
importante destacar que o preço destes produtos agrícolas é formado no
mercado internacional e, conseqüentemente, eles são muito sensíveis à taxa de
câmbio.
79
Outro ponto que vale destacar é que o Brasil é o principal produtor
mundial nesses setores e com a desvalorização cambial houve uma grande
oferta internacional destas commodities, alterando conseqüentemente a
estrutura de preços relativa de tais produtos. Houve queda de preço para a
maioria delas e o país apresentou uma redução do valor das vendas externas
destes produtos logo após a desvalorização cambial.
Como a estrutura do índice de vantagem comparativa revelada é
constituída pela performance das exportações setoriais do país no mercado
mundial, quando há uma queda nesta relação o valor do índice de VCR diminui.
Conforme se verificou através da análise dos produtos relacionados na tabela
36, os quais se notou uma perda relativa de competitividade após o ano de 1999
para alguns produtos. Daí o fato de no próximo item a análise desse indicador
ter sido feita mais detalhadamente para cada setor envolvido neste trabalho.
2.3.1 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Carnes no período de
1997-2002
A evolução do perfil de especialização brasileira no comércio
internacional de carnes pode ser observada na tabela 37. De 1997 a 2002, o
indicador de vantagem comparativa revelada indica um crescimento das
vantagens comparativas para a carne bovina fresca e vantagem comparativa em
carne bovina congelada e carne bovina preservada.
Tabela 37 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada do Setor Carnes (1997-
2002)
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0111 Carne bovina fresca e resfriada 0,55 0,67 1,42 2,08 3,00 3,00
0112 Carne bovina congelada 2,57 4,27 6,31 5,94 8,67 8,32
0122 Carne de Porco 1,30 1,76 1,44 1,87 3,11 4,39
0123
A
ves domésticas, carne e miúdos 10,13 9,79 13,74 12,65 15,53 17,90
0174
A
ves domésticas, preservadas e preservadas nes* 0,54 1,20 1,57 1,86 2,34 2,97
0175 Carne de Porco, preservada, preservada nes* 0,78 0,97 1,03 1,04 1,29 0,33
0176 Carne bovina preservadas, preservada nes* 22,50 26,94 35,18 28,61 27,86 29,23
Nota: *nes é não especificada.
Fonte: Elabora
ç
ão
p
p
ria a
p
artir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS
(
1996-2000 e
80
A análise da tabela 37 permite inferir ainda que, pelo menos em 2000,
houve perda de competitividade da carne bovina brasileira congelada e carne
bovina preservada e preservada não especificada. Veja nesse período que o
valor do indicador de vantagem comparativa revelada caiu para 5,94 e 28,61
respectivamente. Isso se deveu principalmente a redução da quantidade
exportada dos principais produtos da pauta agrícola. A partir daí, os dois
segmentos recuperaram competitividade no mercado internacional voltando a
sua trajetória de crescimento.
Por outro lado, a tabela 37, também, mostra que no caso da carne suína
preservada houve crescimento da vantagem comparativa brasileira até o ano de
2000, mas com uma clara evolução de estagnação. A partir daí, também há uma
alta variabilidade desse indicador, pois no ano seguinte há um expressivo
aumento das vantagens comparativas brasileiras, porém, em 2002, o indicador
VCR atinge a marca de 0,33 o seu menor valor no período analisado neste
trabalho.
Com relação à carne de porco há uma trajetória ascendente do indicador
de vantagem comparativa revelada. Com exceção de 1999 quando o indicador
atinge um dos seus menores valores (1,44), esse indicador passa de um valor
de 1,30 em 1997 para 4,39 em 2002, denotando o forte crescimento da
competitividade da carne de porco brasileira no comércio externo (tabela 37).
De outro lado, para a carne de aves domésticas “in natura” inteiro e
pedaços o indicador VCR apresentou também uma redução da competitividade
brasileira nesse segmento para dois anos consecutivos, 1999 e 2000. A partir
daí obteve um crescimento expressivo desse indicador que atinge em 2002
(17,90) a sua maior cotação durante todo o período analisado.
Entretanto, dada a alta concentração desse segmento em poucos
produtos, pode-se dizer que a carne de frango é provavelmente o maior
responsável pelo desempenho do segmento aves domésticas na ampliação da
competitividade brasileira do produto. Esse produto contou com expressivos
ganhos de produtividade e com a queda dos preços da soja e do milho,
utilizados na alimentação das aves (Helfand e Rezende, 2001 apud Da Silva et
alli, 2003).
Por isso, a carne de aves domésticas preservadas, ao contrário de todas
as demais carnes pesquisadas neste trabalho, apresentou uma trajetória
81
ascendente de crescimento do índice de vantagem comparativa para todo o
período analisado, saindo de um valor de 0,54 em 1997 para 2,97 em 2002.
Diante desse diagnóstico, numa primeira observação geral, os resultados
apresentados do VCR para o segmento carnes na média são elevados e
permitem concluir que o avanço da participação do país no mercado mundial
nesse segmento no período recente, através da ampliação e recuperação de
market-shares, como visto na seção anterior, deve-se em grande parte a
existência de vantagens comparativas comprovadas para este setor. Este ponto
é explicitado no trabalho de Ferraz & Kupfer (1996 b), o qual cometa a
existência comprovada de vantagens comparativas comprovadas para o setor
carnes.
Ao mesmo tempo, comprova parte do argumento-síntese deste trabalho:
os principais produtos agroalimentares que o Brasil exporta possuem fortes
vantagens comparativas e os maiores market-shares.
2.3.2 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Suco de Laranja no
período de 1997-2002
Algumas alterações importantes nos valores do indicador de vantagem
comparativa revelada aconteceram no período recente para o suco de laranja
concentrado e congelado (SLCC) brasileiro, apesar do país ser sempre
reconhecido como líder mundial na produção do produto.
A análise da competitividade do suco de laranja concentrado congelado
como mostra o gráfico 21 passou por três fases distintas no período recente. Na
primeira de 1997 a 1999 ocorreu a ampliação da competitividade brasileira. A
fase seguinte, de 1999 a 2001 é caracterizada pela redução acentuada do valor
desse indicador. A fase mais recente iniciada em 2002, também, é de
crescimento da competitividade do suco de laranja (AGRIANUAL, 2004).
Entretanto, quando se tomam as informações em conjunto é possível
observar que os resultados apresentados revelam alguns pontos importantes na
evolução desse indicador, especialmente nos anos(1999/2001). Isso ocorre
porque o índice de VCR é diretamente influenciado pela evolução do indicador
82
de market-share, conforme mencionado no inicio desta seção, o qual claramente
atinge o seu valor máximo em 1999 e o seu valor mínimo em 2001.
Observando-se os resultados da primeira fase que esse indicador
apresentou para o Brasil, o produto brasileiro apresenta um crescimento em
termos de valor desse indicador de competitividade, passando de 37,76 em
1997 para 47,96 no ano de 1999, o que pode ser visto pelos valores desse
indicador no gráfico 21.
Por outro lado, na fase seguinte observa-se uma queda acentuada do
VCR entre 1999 e 2001. O indicador de vantagem comparativa revelada
apresenta o seu menor valor (37,14) em 2001 (gráfico 21). Isso acontece porque
o suco de laranja concentrado e congelado brasileiro perde importância relativa
no mercado mundial, como mencionado anteriormente.
Por fim, a partir de 2002, novamente o indicador de vantagem
comparativa revelada volta a apresentar uma trajetória de crescimento, mas sem
Gráfico 21 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Suco
de Laranja (1997-2002)
37,76
42,83
47,96
42,08
37,14
40,80
37,00
38,00
39,00
40,00
41,00
42,00
43,00
44,00
45,00
46,00
47,00
48,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
83
conseguir atingir o mesmo patamar do primeiro ciclo de crescimento do início do
período analisado neste trabalho.
De outra parte, deve-se observar também, que o suco de laranja
concentrado congelado brasileiro depara-se com uma série de restrições
comerciais que afetam o desempenho do setor. Nos principais mercados o
produto é taxado, sendo penalizado, em alguns casos, com tarifas superiores a
70% do seu valor (Cooutinho, Kupfer & Farina, 2002).
Mesmo assim, o produto brasileiro vem aumentando as suas exportações
e a sua participação no mercado internacional no período recente, como vimos
na seção anterior. Com isso, é se esperar que a sua contribuição ao saldo
comercial do país seja proporcional a sua competitividade, pois é inegável a
importância do suco de laranja concentrado congelado na pauta de exportações
do Brasil.
2.3.3 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Açúcar no período de
1997-2002
O Brasil é uma das principais forças que influenciam o mercado
internacional de açúcar. É o maior exportador mundial do produto se
considerarmos os países da União Européia individualmente e, além disso,
detém vantagens competitivas reconhecidas internacionalmente. Apesar disso,
o produto esteve sujeito a importantes oscilações em termos de competitividade
no período recente. O gráfico 22 mostra o comportamento do açúcar brasileiro
em relação ao indicador de vantagem comparativa.
Vale observar que, a evolução desse indicador apresentou, também, três
fases distintas em sua trajetória. O gráfico 22 revela as três fases do ciclo desse
indicador. De 1997 a 1999 o valor do indicador VCR esteve em um ritmo
crescente, passando de 13,54 em 1997 para 24,16 em 1999. Ainda que no ano
seguinte esse valor tenha se reduzido a seu valor mínimo de 15,14.
Em grande parte, a perda relativa de competitividade do produto tenha
sido devido à desvalorização da moeda doméstica que alterou a relação entre
produção de açúcar e álcool como mencionado na seção anterior. Na última
84
fase deste ciclo (2001 a 2002), o produto voltou a recuperar a sua
competitividade e em 2002 atinge o valor máximo desse indicador (57,15).
Outro ponto, necessário a destacar é que este produto também sofre
restrições no mercado internacional haja vista que os seus principais
concorrentes nesse mercado, por exemplo, os países da União Européia
utilizam de importantes subsídios para financiar a sua produção interna.
Dessa forma fica evidente que a alta competitividade do produto nacional,
nem sempre é traduzida em maior inserção do açúcar brasileiro no mercado
mundial. Como se pôde observar na seção anterior a posição brasileira nesse
mercado mundial também apresentou as mesmas oscilações. Esses resultados
demonstram que o desempenho nacional nesse segmento depende da
conjuntura internacional, leia-se da remoção das barreiras não tarifárias que
prejudicam a melhoria da posição do país nesse mercado.
Em síntese, tomando os indicadores de market-share e vantagem
comparativa revelada como referência, tem-se que o açúcar brasileiro mesmo
Gráfico 22 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Açúcar
(1997-2002)
13,54
16,54
24,16
15,14
21,31
57,15
13,50
18,50
23,50
28,50
33,50
38,50
43,50
48,50
53,50
58,50
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
85
perdendo competitividade em mercados internacionais importantes no período
recente, as suas exportações têm aumentado, conforme visto no capítulo 1, e
conseqüentemente espera-se que a sua contribuição ao saldo comercial do país
seja compatível a competitividade apresentada.
2.3.4 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Café no período de
1997-2002
Embora o Brasil seja considerado muito competitivo na produção rural de
café, há que se considerar alguns aspectos relevantes sobre a competitividade
brasileira nesse segmento. No período recente, a análise do indicador de
vantagem comparativa revelada indica que o café brasileiro, além da perda de
posição relativa no mercado mundial, também, tem perdido competitividade.
Gráfico 23 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Café
(1997-2002)
31,85
28,92
41,93
34,90
29,61
27,78
27,00
29,00
31,00
33,00
35,00
37,00
39,00
41,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
86
Percebem-se, assim, as mesmas mudanças importantes verificadas na
seção anterior, ou seja, os valores desse indicador em média apresentam as
mesmas oscilações em relação as vendas externas brasileiras, Como pode ser
visto pelo gráfico 23 o café nacional vem perdendo importância relativa, e a sua
trajetória é claramente decrescente em dois momentos no período analisado:
(1997-1998 e 1999-2002) e sendo crescente em apenas um período 1998-1999.
De 1997 a 1998 a queda observada da competitividade do café brasileiro
foi pouco acentuada, pois o valor desse indicador passou de 31,85 em 1997
para 28,92 no ano seguinte. Em 1999 o produto atinge o valor máximo desse
indicador (41,93), resultado da desvalorização cambial ocorrida em janeiro
daquele ano, conforme pode ser visto também pelo gráfico 23.
A razão para a perda de competitividade do café brasileiro a partir de
1999 deve-se em grande parte ao cumprimento do acordo de retenção firmado
pelo setor, que visava forçar o aumento dos preços internacionais (Saes &
Nakazone, 2002). Conforme vimos no primeiro capítulo e na seção anterior
deste capítulo, a adoção dessa estratégia era esperada em todos os principais
países exportadores de café, fato não verificado na prática. Como o Brasil a
sustentou, perdeu market-share e conseqüentemente competitividade no
mercado internacional.
Outro destaque, é que devido ao fato dos dados das exportações de café
estarem agregados, não são percebidas determinadas mudanças que possam
estar ocorrendo nas vendas externas do café brasileiro. Uma delas é que no
mercado mundial o Brasil é tido como um fornecedor de quantidade (café em
grão), ao passo que os cafés de outros países, por exemplo, Colômbia são
valorizados pela qualidade.
Os cafés industrializados (café solúvel, torrado e moído), é o café que
mais tem crescido internacionalmente no período recente. Neste segmento, o
Brasil tem perdido espaço por exportar essencialmente café cru, como
mencionado na seção anterior.
Por isso, de acordo com Saes & Nakazone (2002, p.59) o principal
desafio para o setor é conseguir mostrar para o consumidor internacional a
qualidade do café brasileiro e coordenar ações para não só vender quantidade,
mas também especialidades.
87
Em resumo, a perda de importância relativa do café também ocorre
quando se toma o indicador de vantagem comparativa, o qual apresenta as
mesmas variabilidades ao longo de todo o período analisado. Da mesma forma,
espera-se que a sua contribuição ao saldo comercial do país seja proporcional a
sua competitividade, dado que os resultados desses dois indicadores são os
mais elevados dentre os produtos agroalimentares selecionados.
.
2.3.5 – Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Soja
Os valores apresentados para o indicador de vantagem comparativa
revelada mostram que a soja em grão e o farelo de soja têm vantagens
competitivas importantes, mas o óleo de soja detém apenas um crescimento
relativo de sua vantagem competitiva no período considerado. O gráfico 24
ilustra esse comportamento do setor soja para o período recente.
Gráfico 24 – Brasil: Vantagem Comparativa Revelada para o Setor Soja
(1997-2002)
14,27
16,64
20,55
15,24
16,76
19,40
19,89
23,02
21,86
24,08
23,62
25,80
1,20
1,12
0,61
0,32
1,01
0,70
0,00
4,80
9,60
14,40
19,20
24,00
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Farelo de soja Soja em grão Óleo de soja
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002
)
88
Um dos traços mais característicos da competitividade do setor soja no
período recente é que o setor soja até 1999 apresentava oscilações desse
indicador, porém a partir daquele ano a trajetória do indicador VCR é crescente
para todos os produtos do setor soja.
De 1997 a 1999 a soja em grão estava perdendo competitividade no
mercado internacional. Com a desvalorização cambial ocorrida no início de 1999
o produto recuperou a sua competitividade no mercado mundial e ampliou as
suas vantagens comparativas reveladas e atingiu o valor máximo do indicador
VCR em 2002 (25,80). A única exceção foi o ano de 2001 onde houve um
decréscimo desse indicador, em parte, devido ao crescimento das exportações
de seus derivados (farelo e óleo de soja) e oscilações de taxa de câmbio que
interferem diretamente sobre a dinâmica da soja em grão.
Em relação ao óleo de soja observa-se pelo gráfico 24 que na média o
produto apresentou vantagens competitivas para o período considerado neste
trabalho. O maior destaque em termos de aumento de competitividade foi o
biênio 1997-1998 (1,20 e 1,12 respectivamente), pois nos outros anos os
valores do indicador VCR foi menor do que a unidade, sendo assim, nota-se
uma perda relativa de competitividade neste segmento.
Uma possível explicação para isso seria o fato de que as exportações de
soja em grão têm sido incentivadas, em detrimento dos seus derivados (farelo e
óleo de soja). Segundo Da Silva et al (2003) desde 1997, a exportação do grão
de soja tornou-se mais vantajosa que a do produto processado graças à
redução do ICMS sobre a exportação de produtos in natura (Lei Kandir), além
do fato de ter a tarifa de 0% para o ingresso na União Européia e no Japão,
enquanto que o farelo e o óleo de soja continuam a se taxados.
Diante desse diagnóstico, mesmo o farelo de soja brasileiro sendo de
melhor qualidade que o estadunidense, o seu principal concorrente no mercado
mundial, as exportações do produto estão condicionadas as facilidades de
importação da soja não processada.
Daí a perda de competitividade relativa do produto, embora a
competitividade do farelo de soja não tenha sido tão penalizada quanto o óleo
de soja com a ampliação da competitividade da soja em grão, conforme mostra
a tabela 44. Entre 1999 e 2002 o produto apresentou os melhores índices de
competitividade para o país.
89
A partir de 1999, ano da desvalorização da moeda doméstica, a
competitividade do óleo de soja brasileiro aumentou muito. Naquele ano o valor
do indicador VCR atinge o seu máximo (24,08), apesar do ano seguinte
apresentar uma ligeira queda em seu valor (23,62). Essa queda no valor desse
indicador provavelmente deve-se a fatores conjunturais (preço internacional da
soja em grão, volume ofertado nacional e internacional). Muito embora, o
produto apresente uma trajetória crescente para esse indicador no período entre
1999 e 2002.
Por outro lado, vale destacar que a oferta abundante de soja
20
, a alta
produtividade e o potencial de crescimento da produção nesta região constitui
fatores chaves para o aumento da competitividade não apenas para a soja em
grão como também para os setores de esmagamento e refino do produto, na
medida em que o principal custo de produção industrial é a soja em grão.
Nesse sentido, as políticas governamentais e a dinâmica do setor
conjugados com a conjuntura internacional constituem fatores essenciais para o
sucesso do setor soja (soja em grão, farelo de soja e óleo de soja) do país no
mercado mundial do produto (AGRIANUAL, 2004).
Em síntese, embora os resultados dos indicadores de competitividade
market-share e vantagem comparativa apresentem as mesmas oscilações ao
logo do período analisado, e que para a soja e seus derivados represente uma
perda de competitividade relativa, os valores observados são significativos na
média, em especial para a soja em grão. Portanto, espera-se que uma
contribuição ao saldo comercial do país compatível à competitividade externa do
complexo soja (soja em grão, farelo de soja e óleo de soja).
Neste contexto, há uma convergência entre os resultados do indicador de
vantagem comparativa revelada e do índice de market-share, para todos os
produtos agroalimentares selecionados no período sob investigação. Isso é
possível porque tanto o indicador de vantagem comparativa revelada quanto o
de market-share constituem variáveis de estrutura relativa, como mencionado na
primeira seção deste capitulo.
20
A produção de soja deslocou-se para a região Centro-Oeste do país onde encontrou maiores
possibilidades de crescimento. Além disso, a produtividade do grão, a partir da década de 1990, obteve
ganhos de produtividade importantes, derivados não só pelo aumento da área plantada, mas também
através da incorporação de novas tecnologias.
90
Portanto, a análise dos índices de market-shares e vantagem
comparativa revelada requerem ressalvas, pois mudanças de comportamento do
índice de MS e VCR no mínimo pode estar indicando muito mais do que perda
de competitividade no setor ou produto selecionado.
No caso do índice de vantagem comparativa revelada, o país pode estar
perdendo vantagem comparativa em algum setor porque a média de
exportações de todos os produtos do país está aumentando, pois o indicador de
vantagem comparativa revelada é uma variável de resultado, conforme visto no
início desta seção.
Neste caso, a mudança de comportamento deste indicador verificada a
partir de 1999 para alguns produtos selecionados (açúcar, suco de laranja, café
e soja e seus derivados) pode estar associada com o aumento das exportações
de todos os produtos da pauta de exportação agrícola brasileira devido à
desvalorização cambial ocorrida em janeiro daquele ano no Brasil.
Todavia, problemática à parte envolvendo a estrutura de análise desses
dois indicadores de competitividade, a verdade que os produtos agroalimentares
que o país mais exporta apresenta as maiores e melhores vantagens
comparativas e market-shares. Mas será que esses produtos apresentam uma
contribuição ao saldo comercial do país proporcional a sua competitividade?
Em virtude disso, a próxima seção buscará averiguar em que medida os
produtos agroalimentares selecionados contribuem ao saldo comercial do país
no período sob investigação.
2.4 – Contribuição ao Saldo Comercial (CS)
Esta seção tem como objetivo estabelecer uma interação entre a
competitividade dos produtos agroalimentares que o país mais exporta e os
saldos comerciais, mediante a utilização de um indicador específico de saldos
comerciais setoriais e totais: o indicador de contribuição ao saldo comercial.
Conforme visto na primeira seção, o indicador de contribuição ao saldo,
expressa o perfil de especialização de um país, pois a lógica presente no
indicador de contribuição ao saldo desenvolvido pelo CEPII (Centro de Estudos
de Economia Internacional) não é simplesmente a participação relativa de cada
91
setor no saldo comercial, envolvendo também o saldo setorial efetivo, ou seja, a
participação das importações de cada setor no saldo comercial total.
Mais que isso: o ponto de partida do índice CS é a utilização de um
recurso analítico denominado “saldo teórico”, o qual nada mais é que o saldo
global de um país “j” distribuído de maneira equiproporcional entre os diversos
setores presentes na balança comercial deste país. A partir daí, calculam-se os
desvios dos saldos efetivos (absolutos) setoriais em relação a este “saldo
teórico” (Xavier, 2000, p.39).
Dessa forma, valores positivos do indicador assinalam a presença de
vantagem comparativa para um setor ou produto; valores negativos indicam uma
desvantagem do país no setor ou produto considerado.
A tabela 38 mostra a evolução do indicador de contribuição ao saldo no
período recente para os produtos agroalimentares selecionados. Pode-se
observar, em primeiro lugar, que no período 1997-1998 verificou-se a presença
de desvantagens competitivas para apenas dois produtos: a carne bovina e o
farelo de soja.
Embora esta situação tenha sido verificada apenas em dois momentos
para ambos os produtos: 1997 e 1998 no caso da carne bovina e em 1997 e
2000 para o farelo de soja, pois os valores do índice de contribuição ao saldo
aumentaram a partir daí para este produto (tabela 38).
Tabela 38 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial (1997-2002)
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0111 Carne bovina fresca e resfriada -0,21407 -0,05170 0,13676 0,16437 0,31240 0,40504
0112 Carne bovina congelada -0,01738 0,24727 0,59077 0,53813 0,94817 0,92820
0122 Carne de Porco 0,07918 0,20315 0,22102 0,27896 0,68279 0,90734
0123
A
ves domésticas, carne e miúdos 0,62044 1,06588 1,77931 1,50696 2,75004 2,77965
0174
A
ves domésticas, preservadas e preservadas nes* 0,00522 0,01940 0,03519 0,04242 0,08659 0,11316
0175 Carne de Porco, preservada, preservada nes* 0,00405 0,01316 0,01680 0,01766 0,02985 0,00802
0176 Carne bovina preservadas, preservada nes* 0,15357 0,40487 0,61299 0,43178 0,49678 0,57714
0591 Suco de laranja 0,68376 1,74503 2,39507 1,77236 1,66586 2,01203
061
A
çúca
r
1,18407 2,67336 3,69617 2,04290 4,48700 4,10013
071 Café 2,12687 3,59078 4,76098 3,05799 2,79102 2,67157
0812 Farelo de soja -0,00006 0,00359 0,00193 -0,00001 0,00470 0,00038
2222 Soja em grão 0,96459 2,89228 2,92973 3,53355 5,10725 5,43516
4211 Óleo de soja 0,25381 0,98722 1,18904 0,55651 0,92516 1,36941
Nota: *nes é não especificada.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
92
Em segundo lugar, pode-se dizer que ao incorporar na análise da
competitividade externa dos principais produtos agroalimentares selecionados a
variável contribuição ao saldo comercial, verifica-se que, em geral, todos os
produtos analisados no período sob investigação apresentam uma contribuição
positiva ao saldo comercial do país, entretanto, os produtos que se destacaram
com os maiores índices de market-share e vantagem comparativa revelada ano
se sobressaíram em termos de contribuição ao saldo comercial. Este é o caso
do açúcar, suco de laranja e café.
As evidências são, portanto, de que a contribuição ao saldo comercial
desses produtos não foi na mesma intensidade da competitividade apresentada
no mercado mundial ao longo do período analisado.
Baseados nisso, os próximos itens examinarão cada segmento
agroalimentar selecionado para avaliar em que medida a participação positiva
no saldo comercial dos mesmos reflete o grau de competitividade apresentado
nas seções anteriores.
2.4.1 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Carnes
Com base nos resultados representados na tabela 39para o indicador de
contribuição ao saldo comercial pode-se concluir que o setor carne apesar dos
diferentes desempenhos apresentou uma grande heterogeneidade interna:
alguns produtos tiveram um valor negativo, como é o caso da carne bovina,
enquanto outros, por exemplo, as carnes de porco e aves doméstica
apresentaram uma contribuição positiva ao saldo comercial ao longo de toda o
período estudado.
Nesta perspectiva, a contribuição ao saldo comercial negativa da carne
bovina esteve localizada, principalmente em 1997, na carne fresca/resfriada
(-0,214) e congelada (-0,017) em 1997. O desempenho negativo da carne
bovina focalizou apenas na carne fresca e resfriada (-0,052) em 1998.
O grande destaque no segmento da carne bovina corresponde a carne
bovina congelada que apresentou um crescimento considerável do indicador de
93
contribuição ao saldo comercial ao longo do período estudado conforme mostra
a tabela 39.
A tabela 39 mostra, também, que a carne de aves doméstica apresentou
a maior contribuição positiva ao saldo comercial ao longo de todo o período. Em
2002 alcançou o valor máximo de 2,78. De outro lado, dentre as carnes
processadas (aves doméstica, suína e bovina), a carne preservada de aves
doméstica, também, obteve um bom desempenho em termos de contribuição ao
saldo comercial, só perdendo para a carne bovina preservada que apresentou
índices positivos e crescentes em uma magnitude maior (o ponto máximo desse
indicador 0,613 ocorreu em 1999).
Em relação à carne de porco, nota-se através da tabela 39que os índices
de contribuição ao saldo comercial são positivos e crescentes para todo o
período examinado neste trabalho. Por outro lado, a carne suína preservada
apresentou índices desse indicador muito reduzidos em comparação a carne
bovina e de aves domésticas preservadas.
Em síntese, houve uma inversão de sinal, negativo para positivo, do
indicador contribuição ao saldo comercial no segmento carne bovina dentro do
grupo carnes no período sob investigação. Deste modo, pode-se dizer que o
setor carnes apresentou uma contribuição positiva ao saldo comercial nesse
mesmo período. Da mesma forma, a evolução desse indicador demonstrou que
houve uma ampliação do índice de contribuição ao saldo comercial do grupo
carnes.
Tabela 39 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial do Setor Carnes (1997-
2002)
Cód. Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0111 Carne bovina fresca e resfriada -0,214 -0,052 0,137 0,164 0,312 0,405
0112 Carne bovina congelada -0,017 0,247 0,591 0,538 0,948 0,928
0122 Carne de Porco 0,079 0,203 0,221 0,279 0,683 0,907
0123
A
ves domésticas, carne e miúdos 0,620 1,066 1,779 1,507 2,750 2,780
0174
A
ves domésticas, preservadas e preservadas nes* 0,005 0,019 0,035 0,042 0,087 0,113
0175 Carne de Porco, preservada, preservada nes* 0,004 0,013 0,017 0,018 0,030 0,008
0176 Carne bovina preservadas, preservada nes* 0,154 0,405 0,613 0,432 0,497 0,577
Nota: *nes: não especificada.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000 e
1998-2002)
94
Essas informações são consolidadas quando os outros indicadores de
competitividade (MS e VCR), são incorporados na análise. Quando se tomam as
informações entre os indicadores de competitividade (MS, VCR, CS) identifica-
se que o grupo carnes não se sobressaiu em termos de contribuição ao saldo
comercial.
Entretanto, o indicador MS faz parte do cálculo do indicador de vantagem
comparativa revelada (VCR), apesar de poder ser analisado isoladamente, logo
há certa estabilidade entre os dois indicadores. De fato, o grupo carnes
apresentou valores elevados nas análises efetuadas e, portanto comprovaram a
a competitividade brasileira nesse segmento em relação ao mercado mundial.
No entanto, há uma tendência de perda de importância desse produto quando
incorpora-se na análise o índice CS, pois a contribuição ao saldo comercial
apesar de ter sido positiva não foi compatível com a competitividade
apresentada para o grupo carnes.
Todavia, no que se refere ao indicador de contribuição ao saldo
comercial, destaca-se que esse índice não se baseia apenas no fluxo de
exportações, mais no saldo comercial de um país, expressando o seu perfil de
especialização no mercado internacional, conforme visto no início deste
capítulo.
Deste modo, há que se considerar o comportamento das importações
brasileiras de carnes, bem como as importações totais do país no período
analisado, para poder compreender o porque da baixa contribuição ao saldo
comercial do país do grupo carnes.
2.4.2 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Suco de Laranja
O suco de laranja concentrado e congelado é um produto fortemente
vinculado à exportação e apresentou uma contribuição positiva e crescente
entre 1997 e 2002. A única exceção é o período 2000-2001, em decorrência da
95
desvalorização cambial doméstica ocorrida em janeiro de 1999
21
, como pode ser
visto pelo gráfico 25.
O gráfico 25 mostra que esse indicador teve um acréscimo significativo
em 1999 (2,40), sendo o valor máximo apresentado entre 1997 e 2002.
Entretanto, como se viu em 2000 e 2001 não houve uma ampliação da
contribuição ao saldo comercial, pelo contrário, a contribuição ao saldo
comercial do suco de laranja concentrado e congelado foi positiva, mas
decrescente (1,77 e 1,67 respectivamente).
21
Como mencionado em seções anteriores, essa mudança de regime cambial trouxe
importantes reflexos para este setor, pois a maior competitividade do produto brasileiro no
mercado internacional influenciou a o preço internacional do suco de laranja dado que o país é o
maior produtor mundial deste produto e quaisquer alterações na economia doméstica penalizam
a cotação do produto. Como resultado, a receita das exportações e o saldo comercial reduziram
substancialmente em seguida á desvalorização da moeda brasileira.
Gráfico 25 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Suco de
Laranja (1997-2002)
0,68
1,75
2,40
1,77
1,67
2,01
0,68
0,88
1,08
1,28
1,48
1,68
1,88
2,08
2,28
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000 e
1998
-
2002)
96
Em 2002 a trajetória descendente desse indicador é revertida (2,01) e,
portanto, o índice de CS volta a apresentar um valor positivo e crescente, porém
não com a mesma magnitude registrada em 1999 (gráfico 25).
Cabe ressaltar, que as explicações para esses fatos podem ser
encontradas não apenas no ciclo de preços desfavorável dessa commoditty no
mercado internacional e nas barreiras de comércio impostas pelos países
desenvolvidos, mas também na estrutura rígida do comércio externo brasileiro
(Ferraz, Kupfer & Iootty 2004, p.7).
Baseado nessa concepção, os autores declaram que as commodities
agrícolas são responsáveis em grande parte pelo superávit comercial do país;
suas exportações tem aumentado uniformemente enquanto que suas
importações não são significativas, mas nas indústrias de commodities, como
por exemplo, a indústria de suco de laranja concentrado e congelado, apesar
das suas exportações ter expandido uniformemente, as suas importações e
exportações são muito equilibradas.
Como se sabe, a composição do índice de contribuição ao saldo
comercial envolve também a participação das importações de cada setor no
saldo comercial total de um país refletindo assim a especialização desse país no
comércio internacional. Deste modo, pode-se concluir que a contribuição ao
saldo comercial do suco de laranja foi positiva, porém baixa em relação a sua
competitividade.
De fato, segundo de Ferraz, Kupfer & Iootty (2004, p.17), no segmento de
suco laranja concentrado e congelado (FCOJ) as firmas brasileiras controlam a
fase de processo e coordenação associados à logística (plantações de laranja e
firmas empacotadoras). As capacidades de coordenação brasileiras são tão
desenvolvidas que clientes importantes, como Coca-Cola, transferiram a
gerência das suas unidades de produção nos Estados Unidos, para uma
companhia brasileira.
No entanto, esta mudança foi em grande parte motivada pela
necessidade de contornar as restrições de importação impostas pelos Estados
Unidos ao produto brasileiro. Assim, a maioria das firmas ativas mudaram para o
sul dos Estados Unidos, adquirindo ou investindo em unidades de processo
novas e até mesmo em algumas plantações no território norte-americano.
97
2.4.3 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Açúcar
Em termos gerais, a contribuição ao saldo comercial desse produto
apresentou valores positivos e crescentes durante o período compreendido
entre 1997 e 2002.
A grande exceção foi o ano 2000, naquele ano o açúcar brasileiro
apresentou uma queda brusca no valor desse indicador, mas nos anos
seguintes recuperou a sua trajetória crescente, apesar de em 2002 novamente
ter tido uma ligeira queda no índice de contribuição ao saldo comercial.
Essas oscilações são demonstradas através da análise do gráfico 26. Em
1999 o açúcar obteve o ponto máximo de sua contribuição positiva ao saldo
comercial na primeira etapa da trajetória crescente do indicador CS (3,70), mas
em 2000, o que se vê é uma queda brusca desse indicador (2,04). Essa
transformação deveu-se principalmente à desvalorização cambial brasileira em
1999 e a conseqüente redução do volume de açúcar brasileiro exportado
22
.
22
O açúcar brasileiro como já foi mencionado em seções anteriores não teve o seu preço
doméstico elevado em relação ao preço internacional devido à desvalorização cambial brasileira
realizada em janeiro de 1999, pois com a mudança da taxa de câmbio a produção de açúcar
direcionou-se para o mercado interno ao invés do mercado externo.
Gráfico 26 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Açúcar
(1997-2002)
1,18
2,67
3,70
2,04
4,49
4,10
1,18
1,68
2,18
2,68
3,18
3,68
4,18
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-2000 e
1998-2002)
98
De 2001 a 2002 o indicador de contribuição ao saldo comercial atinge
uma magnitude considerável em comparação aos produtos analisados neste
trabalho até então. Em 2001, apresenta uma contribuição ao saldo comercial de
4,49 e constitui o maior valor desse indicador durante o período analisado.
Contudo, em 2002 apresenta uma ligeira queda em seu valor (4,10), mas
permanece acima de 4,00 (gráfico 26).
Do mesmo modo, considerando os resultados dos índices de market-
share e de vantagem comparativa revelada apresentados pelo açúcar brasileiro
verifica-se que a sua contribuição ao saldo comercial ainda que positiva e
expressiva dentre os produtos agroalimentares selecionados não foi na mesma
intensidade ou compatível com a sua competitividade.
É importante novamente destacar, que a magnitude do índice de
contribuição ao saldo apóia-se não apenas no fluxo de exportações, como
também, na participação das importações setoriais do produto e totais de um
país. Nesse sentido, pode-se dizer que o açúcar brasileiro apresentou uma
contribuição ao saldo comercial positiva, porém baixa em relação a sua
competitividade.
2.4.4 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Café
As análises do setor café para o saldo comercial são apresentadas pelo
gráfico 27. De acordo com os resultados apresentados verifica-se que o período
1997 a 2000 é caracterizado pela existência de uma dualidade desse indicador.
Em primeiro lugar, o ritmo de crescimento do indicador CS entre 1997 e
1999 é muito forte. Entretanto, novamente, o ano 2000 traz transformação no
valor desse indicador para o setor café, pois o que o que se verificou é uma
reversão brusca da trajetória de crescimento do indicador CS. A partir daí, a
contribuição ao saldo comercial deste setor permanece positiva, mas
decrescente.
Os valores apresentados permitem-nos observar, ainda que o produto
também apresenta perda de competitividade neste indicador no período recente,
apesar de em 1999 o café ter atingido o ponto máximo de contribuição ao saldo
99
comercial (4,76), como também pode ser demonstrado pela análise do gráfico
27.
Em 2000, como já mencionado anteriormente, o café brasileiro
apresentou uma contribuição positiva, mas decrescente (3,06). A forte variação
desse indicador indica que o produto, também, foi penalizado pela
desvalorização da moeda brasileira de 1999. O fraco desempenho desse
indicador para o setor café fica mais evidente, quando se considera os extremos
da série. Verifica-se que o valor do indicador CS era de 2,13 em 1997 contra
2,67 em 2002 (gráfico 27).
Em síntese, é importante lembrar que o setor café apresenta uma
contribuição ao saldo comercial positiva e, do mesmo modo que o setor açúcar,
de grande destaque dentre os demais produtos agroalimentares selecionados
no período sob investigação. Contudo, conforme discutido nesta seção quando
se considera o conjunto dos indicadores de competitividade estudados neste
Gráfico 27 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Café
(1997-2002)
3,59
4,76
3,06
2,79
2,67
2,13
2,43
2,73
3,03
3,33
3,63
3,93
4,23
4,53
4,83
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
100
trabalho (MS, VCR e CS) identifica-se que a sua contribuição ao saldo comercial
não é proporcional a sua competitividade.
Todavia, é preciso observar que esses indicadores não são
imediatamente comparáveis entre si porque utilizam metodologias distintas,
como o enfatizado durante toda essa seção. O índice de contribuição ao saldo
comercial não considera apenas o fluxo de exportações, como os indicadores de
competitividade: market-share (MS) e vantagem comparativa revelada (VCR).
Para seu cálculo leva-se em consideração o fluxo de importação.
Deste modo, a análise da contribuição ao saldo comercial do produto
açúcar brasileiro deve ser vista como positiva, porém não se sobressai em
termos da grande participação brasileira no mercado mundial de açúcar e das
vantagens comparativas reveladas demonstradas nas seções anteriores.
2.4.5 – Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Soja
É importante notar que a dinâmica do indicador de competitividade
contribuição ao saldo comercial para o setor soja indica que entre 1997 e 2002
não houve ampliação da distância relativa dos níveis de competitividade no
interior deste setor. Entretanto, o período recente caracterizou-se por apresentar
uma forte heterogeneidade interna no tocante ao nível de contribuição ao saldo
comercial como ilustra o gráfico 28.
A soja em grão foi o produto que apresentou a trajetória positiva e
crescente mais suave desse indicador tanto no setor soja quanto para todos os
produtos examinados neste trabalho, conforme mostra o gráfico 28.
Por outro lado, deve ser destacado que mesmo a soja em grão detendo
uma contribuição positiva e crescente, em geral, para esse indicador, em alguns
momentos, há importantes oscilações no índice de contribuição ao saldo
comercial. De 1997 a 1998 o valor desse indicador evoluiu de 0,98 para 2,89
respectivamente (tabela 40).
101
Com a desvalorização cambial brasileira em 1999, o valor do indicador de
contribuição ao saldo comercial teve um ligeiro aumento (2,93). Isto se deve
essencialmente ao fato de que o produto ser um produto com forte inserção no
mercado internacional e com a desvalorização cambial teve a sua
competitividade ampliada (tabela 40).
A tabela 40 mostra que, a partir de 2000, a soja em grão obteve uma
contribuição positiva e crescente ao saldo comercial atingindo em 2002, atinge o
ponto máximo do indicador CS (5,44). Além disso, naquele ano, este valor
Gráfico 28 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para a Soja em Grão
(1997-2002)
-0,00006 0,00359 0,00193 -0,00001 0,00470 0,00038
0,96459
2,89228
2,92973
3,53355
5,10725
5,43516
0,25381
0,98722
1,18904
0,55651
0,92516
1,36941
-0,00006
0,99994
1,99994
2,99994
3,99994
4,99994
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
Farelo de soja Soja em grão Óleo de soja
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
Tabela 40 – Brasil: Contribuição ao Saldo Comercial para o Setor Soja
(1997-2002)
Cód Produtos 1997 1998 1999 2000 2001 2002
0812 Farelo de soja -0,00006 0,00359 0,00193 -0,00001 0,00470 0,00038
2222 Soja em grão 0,96459 2,89228 2,92973 3,53355 5,10725 5,43516
4211 Óleo de soja 0,25381 0,98722 1,18904 0,55651 0,92516 1,36941
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de Comércio Exterior do software PC-TAS (1996-
2000 e 1998-2002)
102
representava não apenas o maior índice de contribuição ao saldo comercial no
setor soja, mas também dentre todos os produtos examinados neste trabalho.
A tabela 40 ilustra também como se comportou o indicador CS para os
derivados da soja durante o período recente. Como se pode observar, o farelo
de soja não apresentou uma contribuição ao saldo comercial positiva em dois
momentos: em 1997 (-0,00006) e 2000 (-0,00001). Sendo assim, a variabilidade
dos valores desse indicador para o farelo de soja é enorme ao longo do período
analisado neste trabalho. Alem do mais, o produto apresentou os menores
índices do indicador CS dentre os produtos do setor soja.
Em relação ao óleo de soja os valores apresentados de contribuição ao
saldo comercial não são tão suaves quanto os da soja em grão, mas também
possui a mesma trajetória crescente desse indicador como mostra a tabela 40. A
única exceção foi o ano 2000 que apresentou uma queda brusca no valor do
indicador de contribuição ao saldo comercial (0,56).
Considera-se assim na análise desse indicador para os setores
exportadores do complexo soja, conforme sublinhado durante esta seção, o fato
de que mesmo com uma contribuição ao saldo positiva, os produtos do setor
soja apresentam uma baixa contribuição ao saldo comercial.
Em uma análise mais geral, para a média de comportamento dos
indicadores de market-share, vantagem comparativa e de contribuição ao saldo,
entre 1997 e 2002 observa-se uma alta relação entre a participação das
exportações brasileiras no mercado mundial dos setores agroalimentares
selecionados e as suas vantagens comparativas. Contudo, nota-se também uma
baixa relação deste desempenho competitivo com o índice de contribuição ao
saldo comercial do país para esses produtos.
Este ponto é enfatizado também no trabalho de Holland & Xavier (2003).
Esses dois autores consideram que é notório, que a grande maioria dos setores
exportadores brasileiros apresenta contribuição baixa ou negativa ao saldo
comercial, mesmo que apresente uma razoável participação nos mercados
internacionais e vantagens comparativas.
Mais que isso: existem estudos como o de Ferraz, Kupfer & Iootty (2004)
que mostram os efeitos em termos de competitividade da indústria brasileira no
contexto de liberalização econômica do período 1990-2002. Esses autores
revelam que houve uma desorganização das cadeias produtivas locais, dado
103
que apenas em algumas áreas da atividade industrial brasileira os prognósticos
de crescimento eram altos, pois as indústrias responderam às mudanças
impostas pela liberalização econômica ampliando capacidade produtiva.
De outro lado, esses autores declaram que o comércio externo expandiu
substancialmente, mas a natureza da inserção da indústria brasileira não
mudou, e a estrutura de comércio externo brasileira é muito rígida, ou seja,
relativamente concentrada em poucas firmas em cada atividade industrial.
Nesse sentido, conforme visto nas seções anteriores, a indústria de
commodities, tem tido expansão uniforme no comércio exterior, mas as suas
importações e exportações são equilibradas, ou seja, as importações têm uma
participação relevante nessa indústria. Este é o caso, por exemplo, da indústria
da carne, do suco de laranja e do açúcar brasileira.
Essas evidências permitem concluir, então, que os setores exportadores
agroalimentares selecionados cujas exportações são elevadas, apresentaram
uma contribuição ao saldo abaixo do seu potencial e, portanto, estão em uma
situação sub-ótima.
Entretanto, o não aproveitamento das potencialidades competitivas
desses segmentos pode estar associada com a especialização produtiva
brasileira ou mesmo devido à existência de barreiras comerciais que prejudicam
a inserção destes produtos no mercado externo e, conseqüentemente, a sua
contribuição ao saldo.
A próxima seção tem o objetivo qualificar a natureza do tipo de
especialização dos produtos agroalimentares que o país mais exporta e estudar
a sua relação com a competitividade apresentada por esses setores no período
recente.
2.5 – Matriz de Competitividade e Saldos Comerciais no Brasil
Os setores agroalimentares selecionados indicam um padrão de
especialização nas exportações do mercado internacional. Nesta perspectiva,
104
esta seção identificará em que medida o padrão de especialização desses
produtos no mercado mundial condiciona o saldo comercial do país.
Para tanto, o procedimento adotado foi calcular a matriz de
competitividade brasileira, a partir de um software desenvolvimento pela divisão
de estatística da Cepal, denominado: TradeCan 2002. Esta ferramenta de
trabalho mostra o comportamento dos principais produtos agroalimentares
brasileiros em relação à dinâmica da demanda mundial, verificando se os
mesmos são sensíveis ao período e ao nível de agregação.
Neste trabalho foi utilizada a matriz de competitividade e especialização
que se encontram neste software para verificar a estrutura produtiva brasileira e
o comportamento dos principais produtos agrícolas do país.
Este tipo de matriz conforme o nível de agregação previamente escolhido
relaciona a especialização dos produtos de um país no mercado mundial com a
porcentagem das importações mundiais desses produtos no tempo.
Adicionalmente, escolheu-se o nível de agregação a 4 dígitos para melhor
caracterizar o desempenho dos produtos agroalimentares aqui analisados.
Nesta perspectiva, com base na ferramenta de análise disponível, o
próximo item qualificará o padrão de especialização dos principais setores
agroalimentares do Brasil.
2.5.1 Padrões de especialização para os principais setores agroalimentares
do Brasil
Neste item construiu-se a matriz de competitividade para o Brasil
incluindo os seus principais setores agroalimentares, buscando investigar se a
especialização competitiva do Brasil no mercado mundial (porcentagem de
exportações) nestes setores e, ao mesmo tempo, relacionando os grupos
setoriais destacados com a evolução dos índices de contribuição ao saldo
comercial do país e com a suas vantagens competitivas e a posição no mercado
mundial que ocupam no mercado internacional.
105
A matriz de competitividade indica a posição competitiva de um país em
um determinado grupo setorial e sua correlação com o dinamismo desse grupo
setorial no comércio internacional a partir de uma determinada zona de
referência geográfica (Mandeng, 1991; apud: Xavier, 2000, p. 75).
Nesta perspectiva, a metodologia utilizada neste trabalho seguirá aquela
tipologia construída em Mandeng (1991) e Fajnzbzylberg (1991) e desenvolvida
por Xavier (2000). Dessa forma dentro da matriz de competitividade, a
agregação dos grupos setoriais será a seguinte:
Setores em retrocesso: representando o grupo de setores no qual
ocorre uma taxa de crescimento abaixo da média do mercado mundial
seguida de uma diminuição de market-share do Brasil nestes setores;
Setores em declínio: indicando o grupo de setores com taxa de
crescimento abaixo da média do mercado mundial nos quais ocorre
um crescimento dos market-shares das exportações brasileiras;
Setores em crescimento: representando o grupo de setores que
apresentam, simultaneamente, uma taxa de crescimento acima da
média do mercado mundial e um aumento dos market-shares do
Brasil nestes setores;
Oportunidades perdidas: representa setores dinâmicos no mercado
mundial no qual as exportações brasileiras apresentam perdas de
market-shares.
Uma diferença importante deste trabalho em relação ao trabalho acima
citado é que será considerado como zona de referência o mercado mundial e
não apenas o mercado da OCDE, em face da investigação empreendida neste
trabalho não se restringir apenas a evolução da competitividade dos setores
agroalimentares destacados.
Em vista disso, a matriz competitiva indicará a relação existente entre a
dinâmica relativa dos setores agroalimentares brasileiros que mais exportam e a
posição do Brasil no mercado mundial.
A interpretação desta tipologia é direta, exceto no caso dos setores em
declínio. Neste particular, Bauman & Neves (1998, p.9 apud Xavier, 2000, p.32)
registrou que:
106
Ganhar competitividade em “setores em declínio” não significa
necessariamente um resultado negativo para o padrão de
especialização do país, à medida que a perda de dinamismo destes
setores no comércio internacional pode ser apenas temporária e de
curto prazo. Um padrão de especialização com uma proporção elevada
destes “setores em declínio” somente será negativo para o país
exportador se ocorrer um desvio de recursos de setores dinâmicos no
comércio exterior para estes setores, resultando, provavelmente, em
uma proporção menor de setores em “crescimento” e maior de setores
em “oportunidades perdidas”. Da mesma forma, uma redução na
proporção de “setores em declínio” não é necessariamente positiva,
pois pode significar um aumento em “setores em retrocesso”.
Em outra direção, a utilização da matriz de competitividade possui uma
elevada sensibilidade às características do período selecionado e ao nível de
agregação setorial utilizado. Esta limitação metodológica foi enumerada por
Fajnzylberg (1991) apud Xavier (2000, p. 33).
Para os propósitos deste trabalho, os setores o nível de agregação
setorial foi a quatro dígitos, e o período escolhido foi 1997-2000. Com isso, os
anos centrais desta análise são respectivamente, os anos 1997 e 2000.
Todavia, os dados sobre comércio exterior de todos os anos, se referem
ao ano central de uma série de três anos. A única exceção é 2000 que é o
último ano no programa TradeCan 2002 e é uma média de dois anos. Deste
modo, 1997 é a média anual das importações do período 1996-1998 e assim por
diante.
De acordo com o software TradeCan 2002, a vantagem de trabalhar com
médias móveis de três anos, em lugar dos usuais dados anuais, é evitar as
flutuações cíclicas e enfatizar as mudanças estruturais. Por isso, a matriz de
competitividade construída pelo programa TradeCan 2002 representa uma
análise das evoluções estruturais de padrão de comércio a longo prazo do Brasil
e não a competitividade setorial de curto prazo dos produtos agroalimentares
destacados.
107
Em razão dessa limitação, a análise da matriz de competitividade não
será desenvolvida para o mesmo período considerado neste trabalho, ou seja,
1997-2002. Diante disso, através da análise do padrão de especialização
brasileiro verificaremos se os setores agroalimentares que mais exportam além
de serem aqueles que não apresentam uma contribuição ao saldo comercial
proporcional à sua competitividade são ao mesmo tempo, classificados como
setores dinâmicos do ponto de vista da demanda internacional.
Segundo Rodrigues & Torres (2003, p. 25) em tais casos, se observa um
maior espaço para o crescimento das exportações em volume e, principalmente,
em valor, dado que os produtos dinâmicos tendem a alcançar, de uma maneira
geral, melhores preços nos mercados internacionais.
Por isso, dada a tendência histórica de deterioração dos preços dos
produtos básicos entre os quais se encontram diversas commodities agrícolas,
por exemplo, a soja em grão, a especialização em produtos com demanda
internacional crescente permite obter melhores preços e, assim, sustentar um
melhor desempenho competitivo nos mercados externos (Idem).
A partir disso, a tabela 41 apresenta os dados consolidados sobre o
padrão de especialização do Brasil para o período investigação disponível neste
software (1997-2000). Vale dizer, em primeiro lugar, procurou-se analisar a
posição competitiva do Brasil no mercado mundial em todos os segmentos
produtivos classificados no programa. Em outros termos, procurou-se, constatar
se as exportações do país concentram-se significativamente nos setores
classificados como dinâmicos do ponto de vista da demanda internacional.
A tabela 41 mostra claramente que, em 1997, as exportações brasileiras
encontravam-se concentradas nos setores em declínio, os quais representaram
Tabela 41 – Brasil: Padrão de Especialização – dados consolidados (1997-2000)
Padrão de Especialização Setor País 1997 2000
Setores em Crescimento Dinâmico Competitivo 11,22% 19,89%
Setores em Declínio Não dinâmico Competitivo 50,44% 52,20%
Oportunidades Perdidas Dinâmico Não competitivo 10,77% 9,00%
Setores em Retrocesso Não dinâmico Não competitivo 27,57% 18,91%
Total 100,00% 100,00%
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do sofware TradeCan 2002.
108
cerca de 50% (50,44%) do valor das exportações para o mercado mundial
durante o período considerado nesta análise.
É importante ressaltar que, o trabalho de Xavier (2000) utilizando a
mesma metodologia obteve resultado semelhante para os setores em declínio
do Brasil (48,34), embora comparasse períodos distintos
23
.
Além disso, o padrão de especialização brasileiro revelou forte
competitividade em setores não dinâmicos no comércio internacional. Em média,
cerca de 78% das exportações do país estavam concentradas em produtos cuja
demanda internacional é decrescente (setores em declínio e setores em
retrocesso).
Por outro lado, o fato do país ter ampliado as suas exportações naqueles
setores cuja taxa de crescimento encontra-se abaixo da média do mercado
mundial, não significa um limite ao crescimento das exportações porque pode
estar ocorrendo uma falta de dinamismo destes setores no mercado mundial
apenas no curto prazo.
De outro lado, pode estar ocorrendo mesmo no curto prazo, uma
transferência de recursos de setores dinâmicos (setores em crescimento e
oportunidades perdidas) para estes setores, constituindo-se então em uma
restrição alocativa presente no padrão de especialização, a qual limita o
crescimento das exportações (Xavier, 2000, p. 77).
Por fim, a tabela 41 mostra também que a participação de setores em
declínio no padrão de especialização brasileiro no ano 2000 teve uma ligeira
ampliação (52,20%). Todavia, outras importantes constatações podem ser feitas
a partir da comparação entre os dois períodos.
Em primeiro lugar, os setores considerados não dinâmicos (setores em
declínio e setores em retrocesso) diminuíram a sua participação no tipo de
especialização brasileira, passando de quase 78% em 1997para 71% em 2000.
Em segundo lugar, houve uma ampliação da participação dos setores em
crescimento, de 11,22% em 1997 para 19,89% em 2000. Com isso, a
23
Xavier (2000), comparou a média do período 1992-84 contra a média de 1993-1995.
109
participação daqueles setores que são considerados dinâmicos do ponto de
vista da demanda internacional cresceu (de 21,99% para 28,89%).
Em terceiro lugar, os setores com oportunidades perdidas terem atingido
uma proporção mínima de 9% do valor das exportações em 2000. De acordo
com Xavier (2000) isso não se constitui em limites à expansão das exportações
no curto prazo porque existem setores agrícolas e de insumos, os quais o país
possuí dinamismo no comércio internacional, mas cujos graus de oportunidades
não são aproveitados pela especialização do Brasil nesse período.
Em quarto lugar, os setores competitivos (setores em crescimento e
setores em declínio) ampliaram a sua participação de cerca de
aproximadamente 62% em 1997 para 70% em 2000. Enquanto, os setores não
competitivos (oportunidades perdidas e setores em retrocesso) ocuparam no
mesmo período 38% e 28%, respectivamente.
Em outros termos, a redução do valor das exportações do país nos
setores em retrocesso representa uma característica positiva do padrão de
especialização do Brasil nesse período, com o deslocamento de parcela de sua
capacidade de produção para setores dinâmicos (idem).
Em quinto lugar, os setores em retrocesso representaram no período
analisado uma proporção relativamente significativa das exportações,
considerando tratar-se de setores não dinâmicos no mercado internacional onde
o país possui uma posição não competitiva (ibidem).
Portanto, o padrão de especialização do Brasil no período 1997-2000
parece não apresentar restrições em termos de competitividade, embora possa
ter ocorrido restrições alocativas, com os setores em declínio impedindo um
crescimento mais pronunciado dos setores em crescimento.
Não obstante, é preciso destacar que a natureza dos setores em declínio
e em retrocesso do padrão de especialização do Brasil nesse período é
abrangente e envolvem setores diversos da economia baseados em recursos
naturais, intensivos em escala e ciência e tecnologia
24
.
24
Para maiores detalhes consulte a tabela do Anexo B, a qual apresenta os resultados para
esses setores considerados e mostra também que dos setores agroalimentares estudados neste
110
Verificando-se o que mais se destaca na categoria “setores em declínio”,
destaca-se os setores agroalimentares estudados neste trabalho. Por isso, a
tabela 42 apresenta o padrão de especialização dos seguintes setores
agroalimentares: carne bovina (código 0111), carne de porco (código 0113),
aves domésticas e seus miúdos (código 0114), suco de frutas e vegetais (código
0585), açúcar e melado (código 061), café e seus substitutos (código 071),
tortas de sementes oleaginosas (código 0813), soja (código 2222) e óleo de soja
(código 4232).
Aliás, os resultados apresentados pela tabela 42 confirmam os anteriores
(tabela 41), ou seja, o valor das importações dos produtos agroalimentares que
o país mais exporta para o mercado mundial expresso como porcentagem do
valor total das importações mundiais diminuíram no período entre 1997 e 2000.
Daí, a classificação desses como setores estagnados do ponto de vista da
demanda internacional (setores em declínio e setores em retrocesso).
trabalho estão incluídos na categoria “setores em retrocesso”: farelo de soja (0813) e óleo de
soja (4232).
Tabela 42 – Brasil: Matriz de Competitividade dos Principais Produtos
Agroalimentares (1997-2000)
Porcentagem de
Exportações (Pe%)
Porcentagem de
Importações (Pi%)
Código Produtos Classificação
1997 2000 1997 2000
0111 Carne bovina Setores em Declínio 0,44 0,83 0,25 0,24
0113 Carne de porco Setores em Declínio 0,28 0,23 0,21 0,17
0114 Aves domésticas e seus miúdos Setores em Declínio 1,34 1,40 0,13 0,12
0585 Suco de frutas e legumes Setores em Declínio 2,95 3,26 0,12 0,11
061 Açúcar e mel Setores em Declínio 1,65 1,62 0,24 0,16
071 Café e seus substitutos Setores em Declínio 5,02 4,07 0,31 0,21
0813 Tortas de sementes oleaginosas Setores em Retrocesso 4,74 3,13 0,19 0,13
2222 Soja Setores em Declínio 3,77 3,84 0,20 0,16
4232 Óleo de soja Setores em Retrocesso 1,31 0,44 0,07 0,04
Notas: Porcentagem de Exportações: Representa o valor das exportações do produto i do Brasil
no mercado mundial, como uma porcentagem do total das exportações do Brasil no
mercado mundial.
Porcentagem de Importações: Representa o valor das importações do produto i no
mercado importador (mundo) expresso como porcentagem do valor total das importações
do mercado importador mundial.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do sofware TradeCan 2002.
111
Por fim, a tabela 42 chama a atenção para dois setores agroalimentares
que se encontram classificados como setores em declínio: café (071) e soja
(2222). Os resultados da porcentagem de exportações apresentados por estes
produtos constituem os maiores valores para o mercado mundial em 2000,
respectivamente, 4,07% e 3,84%.
Por outro lado, a despeito da diminuição das importações mundiais
desses produtos, verifica-se uma ampliação da cota de mercado ou do market-
share do Brasil para a maioria desses grupos setoriais. A expansão desse
indicador é mais relevante, como mostra a tabela 43, para a carne bovina que
apresentou um crescimento da cota de mercado expressivo (CmVar=79,70%).
De 1997 para 2000 a participação brasileira neste segmento passou de 1,79%
para 3,22%.
Destacou-se nessa ampliação da cota de mercado, também, o açúcar e a
soja. No caso do açúcar a expansão foi de 34,09%, resultado da expansão do
valor apresentado em 1997 de 6,85% para quase 9,20% em 2000. No que diz
respeito à soja, o Brasil aumentou a sua participação no mercado internacional
em 17,70%, pois esse indicador obteve um valor de 22,08% em 2000 contra
18,76% em 1997.
Para todos os demais produtos a evolução desse indicador não é
relevante, principalmente para o óleo de soja (CmVar=-47,67%) e, em menor
Tabela 43 – Brasil: Padrões de Especialização e Cota de Mercado (1997-2000)
Cota de Mercado (Cm%)
V
ariação da Cota
de Mercado
(CmVar%)
Código Produtos Classificação
1997 2000 1997-2000
0111 Carne bovina Setores em Declínio 1,79 3,22
79,70
0113 Carne de porco Setores em Declínio 1,34 1,28
-4,39
0114 Aves domésticas e seus miúdos Setores em Declínio 10,14 11,07
9,25
0585 Suco de frutas e legumes Setores em Declínio 24,29 26,28
8,16
061 Açúcar e mel Setores em Declínio 6,85 9,19
34,09
071 Café e seus substitutos Setores em Declínio 16,31 17,79
9,12
0813 Tortas de sementes oleaginosas Setores em Retrocesso 24,95 22,42
-10,14
2222 Soja Setores em Declínio 18,76 22,08
17,70
4232 Óleo de soja Setores em Retrocesso 19,71 10,32
-47,67
Nota: Cota de Mercado: Representa o valor das exportações do produto i do Brasil no mercado
importador mundial, como uma porcentagem do valor total das importações do produto i do
mercado mundial.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do sofware TradeCan 2002.
112
medida, para outros dois segmentos: carne de porco (CmVar=-4,39%) e torta
de sementes oleaginosas (CmVar=-10,14%).
Cabe ressaltar que, estes setores são importantes do ponto de vista da
composição do saldo comercial do país, conforme visto no primeiro capítulo.
Mais que isso: a análise da competitividade dos setores destacados
empreendida nas seções anteriores deste capítulo revelou que o país ainda
detém as maiores e melhores vantagens comparativas reveladas e market-
shares para esses segmentos agroalimentares, a despeito da diminuição
relativa dos níveis médios desses indicadores para alguns desses produtos no
período recente (1997-2002).
Diante disso, considerando o escopo deste trabalho, o próximo item
buscará relacionar o padrão de especialização dos grupos setoriais
especificados com a evolução do índice de especialização ou vantagem
comparativa revelada.
Em outros termos, queremos saber o que ocorre quando se incorpora a
variável especialização ou vantagem comparativa revelada na análise do padrão
de especialização daqueles setores. Para tanto, o item a seguir relata em
maiores detalhes esta interação para os setores agroalimentares destacados.
2.5.2 Padrão de Especialização e Vantagens Comparativas Reveladas dos
Principais Setores Agroalimentares no Período 1997-2000
No item anterior verificou-se uma redução significativa da porcentagem
dos produtos agroalimentares especificados no mercado mundial em relação ao
total das importações mundiais no período 1997-2000 que envolveu todos os
setores. Em outros termos, independentemente da cota de mercado ter
diminuído ou aumentados todos são setores que não possuem dinamismo no
mercado internacional.
Dessa forma, os produtos analisados agroalimentares neste trabalho
estão classificados em setores em declínio e setores em retrocesso, conforme
mostrou a tabela 42. No entanto, o país possui vantagens competitivas
relevantes em todos os segmentos agroalimentares relacionados neste trabalho,
113
apesar da perda de competitividade relativa verificada em produtos como, por
exemplo, o café como visto nas seções 2.2 e 2.3 deste capítulo.
Nesta perspectiva, conforme mostra a tabela 44, que a taxa de variação
percentual de especialização do país nos produtos destacados cresceu
expressivamente para praticamente todos setores especificados como setores
em declínio no período 1997-2000. As exceções são os setores classificados
como em retrocesso, os derivados da soja, tortas de sementes oleaginosas
(EsVar=-3,29%) e o óleo de soja (EsVar=-43,68%).
Quando se observa a magnitude das taxas de crescimento da
especialização brasileira apresentada pela tabela 44, nota-se que as maiores
taxas dessa variável foram determinadas pelos setores carne bovina e açúcar.
Nestes casos, os setores apresentaram valores expressos em porcentagem da
especialização brasileira maiores que 30% no período 1997-2000.
No caso da carne bovina, de 1997-2000 a especialização do país nesse
produto ampliou-se de 10,22% em 1997 para 12,02% em 2000. Um crescimento
de (EsVar=93,39%) no período 1997-2000. O açúcar, por sua vez, apresentou
uma taxa de crescimento da especialização do país expressiva de
(EsVar=44,31%), passando de 6,91% em 1997 para 9,97% em 2000.
Tabela 44 – Brasil: Padrões de Especialização e Vantagem Comparativa
(1997-2000)
Especialização (Es%)
Variação da
Especialização
(EsVar%)
Código Produtos Classificação
1997 2000 1997-2000
0111 Carne bovina Setores em Declínio 10,22 12,02 93,39
0113 Carne de porco Setores em Declínio 1,80 3,49 2,89
0114 Aves domésticas e seus miúdos Setores em Declínio 1,35 1,39 17,57
0585 Suco de frutas e legumes Setores em Declínio 24,50 28,51 16,40
061 Açúcar e mel Setores em Declínio 6,91 9,97 44,31
071 Café e seus substitutos Setores em Declínio 16,44 19,31 17,43
0813 Tortas de sementes oleaginosas Setores em Retrocesso 25,15 24,32 -3,29
2222 Soja Setores em Declínio 18,91 23,95 26,67
4232 Óleo de soja Setores em Retrocesso 19,88 11,19 -43,68
Nota: Especialização: Compara a cota de mercado de um país A para o produto i com a cota de
mercado total do país A . Caso a participação do mercado do produto for maior que a
participação do mercado total, diz que o país A é especializado no produto i. Caso
contrário, diz que o país A não é especializado no produto i.
Fonte: Elabora
ç
ão
p
p
ria a
p
artir de dados de comércio exterior do sofware TradeCan 2002.
114
Adicionalmente, produtos como a soja (EsVar=26,67%), carne de aves
domésticas (EsVar=17,57%), o café (EsVar=17,43%) e suco de frutas e vegetais
(EsVar=16,40%) também apresentaram um crescimento significativo, no período
recente, como mostra a tabela 44. Por outro lado, de acordo com a tabela 54, a
menor taxa de crescimento da especialização do país foi no setor carne de
porco (EsVar=2,89%) nesse mesmo período.
A constatação inicial para os segmentos especificados na tabela 54
revela que a cota de mercado ou o market-share do país para quase todos
produtos agroalimentares relacionados é maior do que a cota de mercado total
do Brasil no mercado mundial. Isso significa que houve um forte e relevante
crescimento da posição brasileira no mercado mundial desses produtos no
período recente determinado pela ampliação das exportações brasileiras.
Portanto, é preocupante o fato do Brasil ser altamente especializado em
produtos agroalimentares que apresentam taxa de crescimento abaixo da média
do mercado mundial, pois esses grupos setoriais, sua maioria, são commodities
agrícolas.
É importante ressaltar que a preocupação neste ponto é positiva porque
os produtos agroalimentares especificados são importantes para o saldo
comercial do país e, ao mesmo tempo, dada a tendência histórica de
deterioração dos preços dos produtos básicos, dentre eles as commodities
agrícolas, a especialização em produtos com demanda internacional crescente
permitiria o país obter melhores preços e, assim, sustentar um melhor
desempenho competitivo nos mercados externos (Rodrigues & Torres, 2003).
Em linhas gerais, a inclusão da variável especialização na análise apenas
confirmou um padrão de especialização apresentado no primeiro item desta
seção, ou seja, a alta concentração das exportações desses produtos
agroalimentares no conjunto setores em declínio.
Nesta perspectiva, os resultados dessas análises reforçam a hipótese de
que as características dos padrões de especialização importam para explicar a
evolução das exportações e, conseqüentemente, do saldo comercial brasileiro
no período recente.
Nesse sentido, verificou-se que as exportações dos setores
agroalimentares selecionados tem aumentado em produtos cuja participação no
mercado internacional está diminuindo ou mesmo regredindo (tortas de
115
sementes oleaginosas e óleo de soja), indicando a não convergência das suas
exportações ao dinamismo do mercado internacional.
Portanto, em termos gerais, as análises dos indicadores de
competitividade e do padrão de especialização dos grandes setores
exportadores agroalimentares brasileiros revelaram que efetivamente temos as
maiores vantagens comparativas reveladas e os melhores market-shares
naqueles setores, mas essa elevada competitividade não resulta em uma
contribuição ao saldo comercial proporcional.
Todavia, tal distanciamento dos setores dinâmicos no mercado
internacional, verificado através da matriz de competitividade manifestou apenas
um lado da existência de restrições ao crescimento das exportações setoriais
agroalimentares brasileiras.
As barreiras comerciais, essencialmente as não-tarifárias aplicadas aos
produtos agroalimentares selecionados representam um outro condicionante
importante das vendas externas desses produtos no período recente nos
principais mercados do mundo.
Conforme visto no capítulo 1 deste trabalho, quando se observou a
evolução das exportações brasileiras neste período, notou-se que seu
crescimento foi determinado em parte pelas barreiras não-tarifárias.
Além disso, no próximo capitulo identifica-se o destino de comércio
desses produtos no comércio exterior com o intuito de complementar a análise
da competitividade externa dos principais setores agroalimentares do país.
Em resumo, o capitulo que se segue identificará em que medida essas
barreiras não-tarifárias determinam o desempenho comercial dos produtos
selecionados e ao mesmo tempo identificará o destino de comércio dos referidos
segmentos no período recente.
116
3 - COMPETITIVIDADE: DESTINO DE COMÉRCIO E BARREIRAS NÃO-
TARIFÁRIAS À INDÚSTRIA AGROALIMENTAR BRASILEIRA
Neste capítulo analisa-se inicialmente, o destino de comércio dos fluxos
de exportações dos principais setores agroalimentares do Brasil para o mercado
internacional no período investigado (1997-2002), objetivando complementar a
análise da competitividade externa dos principais setores agroalimentares do
país no período recente.
Em seguida, procura-se examinar a natureza dos mecanismos de
proteção comercial implementados pelos países desenvolvidos no tocante às
importações nacionais dos produtos agroalimentares destacados no período sob
investigação.
3.1 – Destino de Comércio das Exportações Brasileiras
Esta seção tem por objetivo a análise do market-share dos principais
produtos agroalimentares brasileiros por região, a fim de verificar a direção de
comércio exterior desses produtos no período recente.
A análise baseou-se em dados da Secretaria de Comércio Exterior
(SECEX) para os anos de 1998 a 2003. Os dados, portanto, irão refletir as
peculiaridades do destino de comércio dos produtos agroalimentares mais
importantes da pauta de exportação do Brasil no período recente, os quais,
conforme visto neste trabalho, são determinantes para o saldo comercial do
país.
Sendo assim, o desempenho satisfatório do comércio exterior brasileiro
em relação aos produtos agroalimentares que mais se destacam na composição
do saldo comercial brasileiro no período recente tem sido relacionado à
diversificação geográfica das exportações do país no mercado internacional.
De acordo com as informações da Fundação Centro de Estudos de
Comércio Exterior (FUNCEX), novos parceiros têm aumentado importância em
117
nossa pauta, destacadamente alguns grandes países em desenvolvimento:
China, Rússia, México e Índia.
Em 2001, houve uma ampliação dos embarques desses produtos com
destino a mercados não tradicionais, como as vendas de grão de soja para a
China. De outro lado, nos mercados tradicionais, como os países da União
Européia, a doença da vaca louca contribuiu para o crescimento das vendas de
carnes e de farelo de soja
25
(idem).
Entretanto, isso fica mais evidente quando observamos períodos mais
longos de tempo por exemplo, os anos posteriores a 1998, quando a
desvalorização cambial deu novo impulso às vendas externas do país. A tabela
45, a seguir mostra que, de fato, estes países vêm ganhando importância em
nossa pauta exportadora neste período.
Nesta comparação, a tabela 45 deixa claro o diferencial de desempenho
dos denominados novos mercados em relação aos demais países ou regiões,
com taxas de crescimento que variam de 18,3% a.a. no caso da Rússia até 38%
a.a. no caso da China, contra 7,4% a.a. das exportações totais. Entre os
mercados tradicionais, destaca-se o desempenho bastante positivo das vendas
25
Utilizado como ração de origem vegetal.
Tabela 45 – Brasil: Direção de Comércio - Crescimento e Participação na
Pauta por regiões/ países (1998-2003)
C
rescimento (%a.a) Peso na Pauta (%)
Mercados Tradicionais
M
édia 1998-2003 1998 2003
Total 7,4 100,0 100,0
União Européia 4,2 28,8 24,8
Países Baixos 9,1 5,4 5,8
Alemanha 0,9 5,9 4,3
Reino Unido 7,2 2,6 2,6
Japão 1,0 4,3 3,2
Estados Unidos 11,4 19,3 23,1
Demais da América Latina 5,2 6,7 6,1
Argentina (7,5) 13,2 6,2
Novos Mercados 109,3 5,4 12,9
China 38,0 1,8 6,2
Rússia 18,3 1,3 2,1
México 22,3 2,0 3,8
Í
ndia 30,7 0,3 0,8
Fonte: Elaborado pela SECEX a partir de dados da FUNCEX.
118
para os EUA (11,4% a.a.), bem como o resultado fortemente negativo da
Argentina (-7,5% a.a.), fruto da crise cambial e da forte queda de seu nível de
atividade (ibidem).
Como resultado deste desempenho diferenciado, os quatros países que
compõem o denominado grupo dos “novos mercados” viram sua participação na
pauta exportadora brasileira mais do que dobrar entre 1998 e 2003, passando
de apenas 5,4% para 12,9%. Destaque para a China, cuja participação cresceu
de 1,8% em 1998 para 6,2% em 2003. Com isso, assumiu a terceira posição no
ranking do país em 2003 e está prestes a superar a Argentina. O México já é o
sexto maior parceiro, a Rússia o 14º e a Índia apenas o 26º (tabela 55).
No outro extremo, destaca-se a pequena participação das exportações
brasileiras para os mercados dos países tradicionais no período sob
investigação. De 1998 a 2003 os países que integram esse grupo viram seu
peso na pauta de exportações brasileira reduzir-se em dez pontos percentuais,
respondendo em 2003 por pouco mais de 76%, como mostra a tabela 55.
Dentre eles, apenas os Estados Unidos foram capazes de aumentar sua
participação de forma significativa, de 19,3% em 1998 para 23,1% em 2003.
Coincidentemente, a queda da participação da União Européia foi da mesma
magnitude do ganho norte-americano, de cerca de quatro pontos percentuais. A
Argentina, por sua vez, viu sua participação cair para menos da metade (de
13,2% a.a. para 6,2% a. a.).
Não obstante, é importante destacar que conforme a hipótese levantada
por Nonnemberg (1998) as exportações brasileiras para blocos econômicos
como a União Européia vêm enfrentando uma concorrência cada vez mais forte,
se não desleal, de rivais intrablocos comerciais.
Na mesma perspectiva, Xavier (2000, p.55) ressalta para o período 1993-
95 que o fato do mercado asiático ter ampliado sua absorção nas exportações
brasileiras de alimentos, matérias-primas e manufaturas básicas, constituiu em
um aspecto positivo do padrão de especialização brasileiro à medida que ocorre
uma maior diversificação e menor dependência de mercados específicos,
mesmo considerando que estes setores tem baixo dinamismo tecnológico.
Portanto, no curto prazo, a perda generalizada de market-share do Brasil
na União Européia não deve significar uma restrição ao crescimento das
exportações do país em virtude do maior crescimento dos outros mercados. Por
119
outro lado, a diminuição do market-share em mercados altamente dinâmicos
pode estar significando a entrada de novos concorrentes de outros países
nesses mercados e, portanto, uma redução da competitividade do país nos
setores em que isso tem ocorrido (Xavier, 2000 p. 56).
É muito importante assinar também que, a mudança de perfil dos
destinos das exportações do país no período recente pode quase que
integralmente ser explicada pelo diferencial de crescimento do PIB dos países,
como proxy do crescimento de sua demanda doméstica.
Portanto, como via de regra, o crescimento das exportações dos produtos
agroalimentares selecionados, no período sob investigação, foi mais elevado
quanto maior foi a taxa de crescimento média anual do PIB nos países de
destino. Baseado nisso, pode-se concluir que o desempenho satisfatório obtido
pelos produtos agroalimentares deve-se em grande parte ao crescimento das
economias asiáticas, principalmente da China, cujas importações de produtos
agroalimentares, por exemplo, soja em grão, foi determinante para o
crescimento das vendas externas do país no mercado internacional, conforme
visto no capítulo inicial deste trabalho.
Diante de tal constatação, a conquista de novos mercados constituiu em
um aspecto positivo para que o desempenho das exportações brasileiras de
produtos agroalimentares não fosse mais prejudicado pela elevação das
barreiras não-tarifárias fartamente utilizadas pelos Estados Unidos, União
Européia e Japão e que vão além dos aspectos legítimos no período recente.
3.2 – As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas aos Principais Produtos
Agroalimentares Brasileiros no Mercado Internacional
As políticas comerciais aplicadas por países/regiões em produtos de
origem agrícola, são o centro das discussões sobre comércio internacional e
crescimento no período recente. Esta seção analisará os impactos de um tipo
específico de protecionismo muito comum praticado atualmente no comércio
exterior: as barreiras não-tarifárias.
120
Em muitos casos essas políticas não se chocam com normas
internacionais, como as da OMC (Organização Mundial de Comércio) às quais o
Brasil aderiu, mas ao mesmo tempo, constituem importantes barreiras ao
crescimento das exportações do país, sendo responsáveis em parte pelo
desempenho brasileiro no comércio exterior (IEDI, 2000).
Nesta perspectiva, o conjunto de barreiras comerciais não-tarifárias
incidentes sobre as exportações é amplo. Prazeres (2002, p.61) acrescenta que
essas barreiras são dissimuladas sem dificuldade, justamente pela variedade
de formas que estes tipos de barreiras podem tomar, e por isso coibir tal prática
é uma meta complexa e constituem a grande preocupação no período recente,
pois ameaçam os acordos existentes e diminuem o grau de liberdade do
comercio exterior.
Prazeres (2002, p.62) também avança dizendo que no âmbito da OMC
um Estado membro tende a tomar medidas de proteção como as barreiras não-
tarifárias, pois as tarifárias são facilmente identificadas. Contudo as barreiras
não-tarifárias, embora reduzidas a poucas hipóteses lícitas, tendem a ser cada
vez mais utilizadas.
Na literatura e trabalhos internacionais, normalmente são consideradas
barreiras não-tarifárias as medidas e os instrumentos de política econômica que
afetam o comércio entre dois ou mais países, incidindo diretamente sobre a
quantidade importada e que dispensam o uso de mecanismos tarifários (MDIC,
2003).
Nesse sentido, Barral (2002, p. 19) define como barreiras não-tarifárias as
seguintes formas: proibições, cotas, mecanismos regulatórios e subsídios. Este
último é considerado como a mais polêmica barreira não-tarifária aplicada às
exportações no período recente
26
.
Analisando o comércio exterior brasileiro no período recente, pode-se ver
as dificuldades que essas modalidades de barreiras comerciais, impõem às
exportações de produtos agroalimentares produzidos no Brasil. Têm-se,
26
O subsídio é um benefício econômico concedido pelo governo à produtores ou exportadores
com o objetivo de torná-los mais competitivos. O subsídio pode ser concedido diretamente
(desembolso monetário) ou indiretamente. Pode ser na forma de isenção, quando o produtor não
paga o imposto, ou na forma de restituição, quando o produtor paga o imposto e depois o recebe
de volta (MDIC, 2003).
121
evidentemente, sérios problemas na exportação de produtos, como por
exemplo, a carne, o suco de laranja e a soja dentre outros.
Em linhas gerais, as barreiras não-tarifárias têm tido uma progressiva
elevação no período recente, particularmente as barreiras técnicas e as medidas
de controle sanitárias e fitossanitários. Nos três principais mercados mundiais –
União Européia, Estados Unidos e Japão – essas barreiras não-tarifárias são
utilizadas fartamente para limitar o ingresso de produtos de origem vegetal e
animal em seus respectivos mercados (MDIC, 2003)
Considera-se, para fins práticos, barreiras técnicas como aquelas
decorrentes da intervenção direta do poder público do país importador, através
da regulamentação técnica, e ao mesmo tempo das exigências dos
compradores quanto ao cumprimento de normas pré-estabelecidas
internacionalmente através de acordos internacionais. (CNI; MDIC; AEB, 2003).
Nesta linha pode-se dizer que as barreiras técnicas são resultados de
exigências técnicas estabelecidas pelos compradores para os produtos ou
serviços, seja em relação às suas características intrínsecas, seja pela
necessidade de ter, de alguma forma, de demonstrar o atendimento a esses
requisitos (por exemplo, a realização de ensaios ou inspeções).
Neste tipo de abordagem está implícito que as barreiras técnicas podem
ser superadas e que nem sempre as barreiras técnicas são ilegítimas. Nesse
sentido, se estes regulamentos estiverem sendo destinados a assegurar que os
produtos ou serviços fornecidos nesses mercados atendam a requisitos de
segurança de pessoas e bens, saúde, segurança sanitária e fitossanitária,
prevenção da concorrência desleal, proteção do meio ambiente, segurança
nacional, entre outros, então seus objetivos são considerados legítimos,
conforme definido no Acordo sobre Barreiras Técnicas (TBT) da OMC.
Entretanto, no caso dos alimentos, por regra geral, não se consideram
como medidas sanitárias ou fitossanitárias: as prescrições em matéria de
rotulagem, as exigências e considerações acerca do valor nutritivo dos mesmos,
as normas de qualidade e a regulamentação de sua embalagem. Todas estas
exigências se sujeitam às disposições do Acordo TBT (Presser & Almeida, 2003
p. 9).
122
Por isso, Presser & Almeida (2003, p.9) acrescenta que essa matéria é
regulamentada de forma mais extensiva pelo Acordo sobre Medidas Sanitárias e
Fitossanitáia (SPS) da OMC:
Os regulamentos que se referem à contaminação microbiológica dos
alimentos, ou em que se estabelecem níveis autorizados de resíduos
de pesticidas ou medicamentos veterinários, ou em que se
identificam os aditivos alimentícios autorizados, ficam sujeitos ao
Acordo SPS, que também se faz extensivo a certas prescrições em
matéria de embalagem e rotulagem, se elas guardarem relação direta
com a inocuidade dos alimentos.
Adicionalmente, Presser & Almeida (2003, p.9) comentam ainda que no
caso do acordo SPS, é difícil fazer a separação entre medidas tomadas para
atingir propósitos ambientais e medidas de proteção à vida e à saúde humana,
animal e vegetal, pois todas podem ser consideradas como promotoras do
desenvolvimento sustentável.
Em muitos casos as medidas SPS que limitam o acesso aos mercados
dos países importadores, em especial aquelas que procuram assegurar maior
inocuidade dos alimentos, estão relacionadas a problemas ambientais nos
países exportadores (Jha, 2002 apud, Presser & Almeida, 2003 p.9).
Por outro lado, o objetivo fundamental do Acordo SPS é assegurar o
direito de todo governo à garantia do nível de proteção sanitária que considere
apropriado, e não usar esse direito para fins protecionistas, através da
imposição de obstáculos ao comércio internacional (Presser & Almeida, 2003 p.
16).
Conforme visto anteriormente, vale enfatizar que a adoção de barreiras
não-tarifárias aplicadas sobre os produtos brasileiros de origem alimentícia em
mercados importantes tem prejudicado as exportações do país no período
recente, a despeito das barreiras tarifárias terem reduzidos e dos acordos
comerciais internacionais (TBT e SPS) celebrados pela OMC.
123
Dessa forma, faz-se necessário investigar como estas barreiras protegem
o mercado interno dos mercados tradicionais e tidos como os mais importantes
do mundo: Estados Unidos, União Européia e Japão.
A próxima seção tem por objetivo investigar como essas barreiras são
estabelecidas pelo governo e mercado desses países/regiões e, ao mesmo
tempo, examinar em que medida esta multiplicidade de exigências cria sérias
dificuldades de acesso aos mercados e gera custos adicionais crescentes, até
inviabilizando o acesso dos produtos agroalimentares brasileiros selecionados.
3.3 - As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pelos Mercados Mais
Importantes do Mundo aos Principais Produtos Agroalimentares
Brasileiros no Período Recente
O principal caminho para a ampliação para o crescimento é ampliação do
comércio internacional. Não obstante, à medida que cresce o comércio
internacional, as relações comerciais entre os países sofrem inúmeras
transformações e o aprimoramento destas relações as torna mais complexas e
estimula o uso, cada vez mais intenso e preciso, de mecanismos de proteção às
economias nacionais, como visto na seção anterior.
Nesta perspectiva, Azevedo (2003) destaca que o benefício conquistado
no comércio internacional com a redução de entraves, tarifas, subsídios,
questões aduaneiras, etc. se contrapõe ao surgimento de outras barreiras, mais
sutis, de difícil identificação, mas com a mesma função: proteger mercados.
Desta maneira, quem pretender exportar para determinados mercados,
se quiser ter sucesso, deverá atender a certos requisitos consagrados. Várias
destas barreiras não eram percebidas antes devido à existência de elevadas
tarifas que, por si só, já inviabilizavam o comércio.
Diante disso, esta seção trata de analisar esta situação sob o ponto de
vista da competitividade e do acesso aos mercados dos países mais
desenvolvidos (Estados Unidos, União Européia e Japão) e das exportações
dos produtos agroalimentares mais importantes do país.
124
3.3.1 –As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pelo Estados Unidos sobre os
Principais Produtos Agroalimentares Brasileiros no Período Recente
A pauta dos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos que
sofre restrições através da imposição de barreiras técnicas, compõem-se
basicamente de carnes, soja, sucos e café não torrado em grãos (MDIC, 2002).
Denota-se assim, que tais produtos recaem numa classe bastante
peculiar, que motiva posturas protecionistas, a dos produtos agrícolas. Assim,
percebe-se que tais barreiras seriam erigidas com base em padrões sanitários
ou fitossanitários, ou ainda, em restrições quanto ao método de produção,
embalagem e ainda transporte, restringindo o acesso dos produtos brasileiros
ao mercado norte-americano.
No mercado norte-americano, por exemplo, a carne suína sofre a
aplicação de medidas sanitárias (contaminação de rebanhos por febre aftosa e
peste suína africana)
27
, não havendo entendimento no tocante aos padrões
sanitários necessários para garantir tal comércio. Da mesma forma, as
exportações de carne bovina acabam prejudicadas diante da não equivalência
dos processos de verificação sanitária e o não reconhecimento de áreas livres
ou de baixa intensidade de enfermidades (Lima, 2003).
A proibição por razões sanitárias e por doença animal afeta também os
exportadores de carne de aves. As carnes de aves brasileiras in natura, bem
como os produtos à base de carne de ave não cozidos, então proibidos de
entrar nos EUA. A proibição baseia-se na alegação de contaminação pela
doença de New Castle. De outro lado, a carne de frango do Brasil enfrenta outra
restrição no mercado estadunidense: o subsídio. O Brasil é muito competitivo
neste setor. O quilo do frango no mercado brasileiro custa em média R$ 2,00,
enquanto nos EUA o preço chega a ser mais que o dobro (US$ 2,00) mesmo
com fortes subsídios (MDIC, 2003 apud Oliveira, 2003).
Em resumo, as carnes brasileiras sofrem inúmeras restrições sanitárias e
com os subsídios praticados no mercado norte-americano. Não há, no entanto,
27
Para a APHIS, o Brasil não é um país/área livre de cólera suína (hog cholera), doença
visicular suína (swine vesicular disease), rinderpest (tipo de peste bovina), sendo considerado,
aindaum país/área afetada pela febre suína africana (african swine fever).
125
iniciativas concretas para entendimentos sanitários entre Brasil e Estados
Unidos.
Um setor que pode alcançar melhores resultados no mercado norte-
americano é o suco de laranja concentrado e congelado (SLCC). O Brasil é o
principal exportador desse produto no mercado mundial e considerando que os
Estados Unidos são o maior consumidor mundial, é natural que o principal
destino das exportações do suco de laranja congelado e concentrado brasileiro
seja o país norte-americano, como visto no capítulo 1.
Entretanto, as restrições tarifárias impostas ao suco de laranja brasileiro
no mercado estadunidense têm dificultado as vendas externas brasileiras. O
produto brasileiro é penalizado duplamente, em primeiro lugar, com a imposição
de uma tarifa ad valorem que chega a 56% e em segundo lugar, por uma tarifa
específica. O suco de laranja brasileiro para entrar na Flórida recolhe 2,7
centavos de dólar por galão (US$40/t) como taxa de equalização. Esta tarifa
específica está sendo contestada na justiça norte-americana pelos importadores
e, ao mesmo tempo, pelo Brasil que solicitou a abertura de um comitê de
arbitragem junto a OMC para julgar a referida taxa imposta pela Flórida
28
(Coutinho, Kupfer & Farina, 2002).
Outro fator que reduz a competitividade do suco de laranja concentrado e
congelado é o bloco econômico NAFTA , em que o México, competidor nas
exportações do produto, se beneficia de tarifas especiais para a entrada no
mercado norte-americano. Enquanto o Brasil paga aproximadamente 56% de
tarifa para exportar suco de laranja concentrado e congelado para os Estados
Unidos, o México recolhe cerca de 30%, aumentando assim, a sua
competitividade (idem).
Não obstante, os Estados Unidos possuem dois acordos de preferências,
um anti-drogas (Bolívia, Equador, Colômbia e Peru) e outro com o Caribe.
Apenas a Costa Rica, em função dessa preferência exporta um volume
significativo de suco de laranja concentrado e congelado para os norte-
americanos, podendo impactar as exportações brasileiras, pois nestes acordos
as exportações são isentas de tarifas (Ibidem).
28
Em maio de 2004 os Estados Unidos reduzem a barreira contra o suco brasileiro e o Brasil encerra a
disputa na OMC. O acordo com o Estado da Flórida permitiu que os importadores de suco de laranja
optassem por pagar apenas um terço da tarifa de equalização.
126
Os Estados Unidos também adotam políticas comerciais que subsidiam
as exportações da cadeia da soja (soja em grão, farelo de soja e óleo de soja).
Essas políticas prejudicam as exportações da soja brasileira e seus derivados
para os mercados desses países, ao mesmo tempo em que competem
deslealmente com as exportações brasileiras para outros países (Magalhães,
1998).
Por último, cabe salientar, que o órgão que regula produtos alimentícios e
farmacêuticos nos Estados Unidos (FDA), divulgou nova regulamentação sobre
a lei de bioterrorismo imposta em 2002. Segundo Barbieri (2003) essa nova
regulamentação passará a exigir, dentre outras coisas, notificação prévia da
chegada do produto aos portos ou aeroportos norte-americanos, registro dos
estabelecimentos que compõem a cadeia produtora e do agente procurador nos
Estados Unidos (pessoas físicas ou jurídicas, residentes nos Estados Unidos,
que responderão pelo produto em território norte-americano).
Inquestionavelmente, as novas exigências trarão consigo a
obrigatoriedade de reajustes nas formas usuais de exportação e implicarão em
novos e maiores custos para os exportadores brasileiros.
Em síntese, inúmeras exigências sanitárias e fitossanitárias são aplicadas
pelos Estados Unidos aos produtos de origem agroalimentar brasileiros mais
competitivos no mercado mundial. Essas barreiras não-tarifárias comprometem,
ao mesmo tempo, o crescimento das exportações dos produtos brasileiros
nesse mercado e o saldo comercial do país, pois esses produtos apresentam
uma contribuição importante na composição ao saldo comercial do Brasil,
conforme visto nos capítulos anteriores deste trabalho.
3.3.2 –As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pela União Européia sobre os
Principais Produtos Agroalimentares Brasileiros no Período Recente
A União Européia é o maior mercado consumidor brasileiro de produtos
de origem agroalimentar. No entanto, das importações de produtos alimentícios
feitas pela União Européia, 30% são afetadas por pelo menos um tipo de
barreira não-tarifária. Nesse sentido, as mais comuns são as proibições, as
127
salvaguardas especiais e a aplicação de licenças de importação automáticas
que variam de acordo com a época do ano e o produto (Oliveira, 2003).
As carnes brasileiras sofrem entraves significativos para entrar no
mercado europeu (necessidade de licenças de importação automáticas e
salvaguardas), isso quando não são totalmente proibidas.
As exportações brasilerias de cortes nobres de carne bovina direcionados
ao mercado da União Européia têm que obedecer a quota de 5 mil toneladas
com tarifa reduzida de 20%, quantidades excedentes à quota possuem alíquotas
variando de 12,8% euros/tonelada a 12,8% euros/tonelada.
As exportações devem ser acompanhadas de um “certificado de
autenticidade” emitido pela autoridade competente do país. Em reação aos
pedidos brasileiros de aumento de quota, a União Européia tem respondido que
isso somente poderá ser negociado no contexto do próximo ciclo de
negociações multilaterais de comércio.
A carne bovina brasileira com osso está proibida de entrar no mercado
europeu sob a alegação de contaminação por febre aftosa, mesmo as
provenientes de áreas consideradas livres da doença (SECEX, 2001).
Nesse sentido, o mercado europeu tem uma posição semelhante à dos
Estados Unidos quando se trata de imposições em decorrência da incidência de
doenças sanitárias que afetam os rebanhos brasileiros, como a febre aftosa.
Da mesma forma, as carnes suínas in natura e os produtos suínos não-
cozidos ou não-curados por mais de seis meses, provenientes do Brasil, não
encontram entrada no mercado europeu, devido a uma alegada contaminação
pela peste suína clássica (SECEX, 2001).
A União Européia proíbe também a importação de animais e de carne de
animais aos quais tenham sido administrados certos hormônios de crescimento,
embora testes científicos tenham comprovado que o uso desses hormônios em
dosagens preestabelecidas não é prejudicial ao consumo humano. Estas
restrições têm determinado redução na importação de carne bovina e de
produtos à base de carne bovina e de miúdos (Oliveira, 2003).
Da mesma forma o Brasil possui quota atual de 7500 toneladas,
originariamente eram 15500t com tarifa zero (Acordo Bilateral Brasil-União
Européia sobre Sementes Oleaginosas), mas devido à sua incorporação na
Lista Consolidada da União Européia, Lista LXXX, junto à OMC esse benefício
128
foi estendido aos demais membros da Organização Mundial de Comércio,
resultando para o Brasil a quota de 7500t, com tarifa específica em geral 50%
inferior à normal (MDIC, 2000).
Verifica-se falta de transparência na distribuição de quotas, sendo as
quotas administradas pelos importadores, fazendo com que os exportadores
não tenham meios para conferir se seus embarques estão total ou parcialmente
dentro dos limites da quota. A isso se agrega a fixação de preços de referência
acima do mercado para entrada na Europa (idem).
As importações de açúcar e de frutas processadas também sofrem
restrições de acesso ao mercado europeu, pois tem que passar por licenças de
importação automáticas para entrar na União Européia. Além disso, no caso do
açúcar, as exportações européias compete deslealmente com as exportações
brasileiras para esses países e para outros países devido aos elevados
subsídios concedidos aos produtores pelos governos dos países da União
Européia (idem).
Em 1996, a União Européia atribuiu ao Brasil, Cuba e terceiros países
quota anual para importação de açúcar de cana em bruto destinado ao refino,
em compensação pelas perdas resultantes da ampliação da União Européia
(Áustria, Finlândia e Suécia). A quota é de 23.930 toneladas à tarifa de 98
euros/t. A tarifa extra-quota é de 339 euros/ton, valor considerado proibitivo pela
própria Comissão. O Brasil é o único país no Mercosul com uma quota de
importação no mercado comunitário (Iibidem).
A União Européia é o principal importador de suco de laranja concentrado
e congelado no mercado internacional. Mas, assim como os Estados Unidos, a
União Européia também sobretaxa a entrada do produto brasileiro, podendo
variar entre 12% a mais de 70% (Coutinho, Kupfer & Farina, 2002).
As exportações de café solúvel brasileiro para o mercado comunitário
está perdendo “market share” em decorrência da isenção tarifária total de que
nossos principais concorrentes entre os países em desenvolvimento gozam no
mercado da UE, em função, seja do Acordo de Kotonou com os ACPs (Côte
d’Ivoire), seja do “regime drogas” do SGP (Colômbia, Costa Rica, Equador, etc).
Recentemente, o Governo brasileiro apresentou pedido de consultas formais à
UE, no âmbito da OMC, sobre o “regime drogas” do SGP comunitário, que
confere isenção de tarifas sobre as importações comunitárias provenientes de
129
países que têm envidado esforços na luta contra as drogas, notadamente os
países andinos. No dia 09 de novembro de 2000, teve lugar em Genebra a
primeira rodada das referidas consultas biltarais sobre o assunto. (FUNCEX,
2000).
Em resumo, o desempenho dos principais produtos agroalimentares
brasileiros no mercado europeu seria mais satisfatório caso não existisse essas
barreiras não-tarifárias. Diante de tal constatação, o crescimento das
exportações desses produtos é determinado em grande parte pelo destino de
comércio e as barreiras não-tarifárias existentes.
Todavia, os países da União Européia aplicam restrições, de ordem local,
que não são divulgadas pela Comissão Européia e não podem ser detectadas
pela Organização Mundial de Comércio (OMC).
Esse conjunto de barreiras comerciais não-tarifárias incidentes sobre as
exportações agroalimentares brasileiras não divulgadas compreende uma
infinidade de medidas, algumas delas que não possuem, a princípio, fins
protecionistas. É o caso, por exemplo, das regras de certificação para
importação de alimentos para animais que são objeto de total harmonização no
âmbito da União Européia, mas as autoridades francesas exigem o cumprimento
de requisitos adicionais, o que seria tolerado pela Comissão Européia, tornando-
se um inconveniente para as autoridades competentes brasileiras (FUNCEX,
2000).
A proibição do governo francês por razões sanitárias também constitui em
um entrave às exportações brasileiras de carne de aves. As vendas externas de
aves para o mercado francês são condicionadas à emissão de certo número de
certificados, o que tem dificultado a entrada do produto brasileiro no mercado
francês (idem).
Embora, a França possua uma solução provisória, pela qual países extra-
comunitários, como por exemplo, o Brasil, podem exportar aves para outro país
da União Européia, o qual, após conceder o certificado sanitário, reexportar o
produto para França. Todavia, as próprias autoridades francesas reconhecem o
inconveniente da solução provisória adotada por seu país.
As autoridades suecas efetuam inspeções em produtos de toda origem,
brasileiros ou não, em conformidade com as resoluções adotadas pela União
Européia. Uma das poucas exceções às diretivas comunitárias implementadas
130
naquele país é a inspeção para detecção de salmonela, à qual devem ser
submetidas todas as importações de carnes provenientes de países com os
quais a Suécia não tenha assinado acordo específico.
A Suécia e a Finlândia são os únicos países, à diferença dos demais da
União Européia, que exigem tal procedimento, porém a entidade sanitária sueca
manifestou interesse de estabelecer um “equivalent agreement” com o
Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA) do
Ministério da Agricultura e Abastecimento sobre padronização de métodos
específicos de inspeção para detectar salmonela, com vistas à homologação do
certificado brasileiro, mas no momento, cada carregamento de carne brasileira é
inspecionado (FUNCEX, 2000).
De outro lado, para exportar carne preparada de aves para o Reino Unido
(carne de aves, adicionados ingredientes, por exemplo, temperos, sal e água, de
tal forma que não percam as características de frescas), os estabelecimentos de
terceiros países precisam de aprovação prévia do Ministério de Agricultura
britânico (MAFF).
Esta exigência tem por base o regulamento para alimentos importados de
1984 e o regulamento para exportação e importação de produtos de origem
animal de 1996 (emenda em 1998), deste país, requer-se confirmação das
autoridades veterinárias brasileiras de que o estabelecimento em questão
cumpre com os requisitos estabelecidos na Diretiva 94/65/CE (FUNCEX, 2000).
Muito embora, essa exigência constitua-se em uma inconveniência,
normalmente, não gera maiores dificuldades para os exportadores, de vez que o
número de aves é relativamente reduzido e na ocorrem muitas mudanças na
relação de empresas autorizadas, mas houve no passado casos de atrasos e
perda de qualidade do produto brasileiro no porto daquele país devido a essa
exigência.
Nesta perspectiva, os casos pontuais citados neste traballho de barreiras
não-tarifárias aplicadas à importação de bens agrícolas pela União Européia são
exemplos dos mecanismos de proteção aplicados pela União Européia
distorcem a concorrência de produtos agrícolas no mercado internacional.
131
3.3.3 – As Barreiras Não-Tarifárias Aplicadas pelo Japão sobre os
Principais Produtos Agroalimentares Brasileiros no Período Recente
O Japão é o terceiro maior importador dos produtos brasileiros agrícolas,
respondendo por 3,2% das exportações totais do país, entre o grupo de países
denominado “mercados tradicionais”, conforme mostrou a primeira seção deste
capítulo.
De uma forma geral, os produtos estrangeiros encontram grandes
dificuldades para entrar no mercado japonês por conta das normas e
regulamentos adotados por esse país. Em muitos casos, as normas adotadas
pela indústria japonesa são normas particulares, isto é, diferentes das
internacionais (Oliveira, 2003).
As importações de carnes no Japão sofrem restrições em decorrência
dos critérios japoneses referentes a aditivos. Vários aditivos, reconhecidos
internacionalmente como seguros para a saúde humana, não são admitidos no
Japão. A carne de frango brasileira, por exemplo, não entra no Japão sob a
alegação de contaminação por resíduos de nicarbazina (SECEX, 2001).
No mesmo sentido, Oliveira (2003, p.23) comenta que estão proibidas as
importações de carne bovina in natura, com osso ou desossada brasileira no
Japão devido à constatação de febre aftosa em alguns pontos do Brasil. O
mesmo argumento é utilizado contra as importações de carne suína. Esse fato
contraria as disposições do acordo SPS da OMC que prevê o reconhecimento
de áreas livres de doenças sanitárias e fitossanitárias.
Neste contexto, Oliveira (2003, p.23) acrescenta que a legislação
japonesa prevê ainda, por exemplo, que a importação de preparações de
vegetais requer um certificado fitossanitário emitido pela autoridade competente
do país exportador. Adicionalmente, esses produtos só podem ser importados
por portos específicos.
Portanto, no comércio dos principais produtos agroalimentares
selecionados neste trabalho a adoção de medidas de controle sanitárias e
fitossanitários, passou a ser condição indispensável para garantir acesso ao
mercado japonês.
Em linhas gerais, os principais parceiros comerciais do Brasil como
Estados Unidos, União Européia e Japão se utilizam fartamente desses
132
instrumentos legítimos de proteção para discriminar ou coibir a entrada dos
produtos agroalimentares brasileiros que apresentam forte competitividade a
seus respectivos mercados.
Por outro lado, segundo informações da Fundação Centro de Estudos de
Comércio Exterior (FUNCEX), novos parceiros têm ganhado importância em
nossa pauta, destacadamente alguns grandes países em desenvolvimento:
China, Rússia, México e Índia.
Haja visto, que no período recente o desempenho satisfatório do
comércio exterior brasileiro em relação aos produtos agroalimentares
selecionados tem sido relacionado à diversificação geográfica das exportações
do país no mercado internacional.
Portanto, o destino de comércio das exportações desses produtos vem se
modificando e os mercados internacionais os quais praticam medidas de caráter
protecionista que vão além dos aspectos legítimos tem perdido posição no
ranking das exportações brasileiras no período recente, como veremos na
próxima seção.
133
CONCLUSÕES
O propósito central deste trabalho foi o de pesquisar se os setores
agroalimentares que mais exportaram no período recente são efetivamente
aqueles em que o Brasil apresenta maiores market-shares (MS) e as melhores
vantagens comparativas reveladas (VCR) e, ao mesmo tempo, se são aqueles
que apresentam os mais elevados índices de contribuição ao saldo comercial do
país.
O primeiro capítulo deste trabalho indicou o desenvolvimento dessa
dissertação ao buscar caracterizar o desempenho da agricultura brasileira no
período recente, e consequentemente, a competitividade externa dos produtos
agroalimentares que o país mais exportou nesse mesmo período.
Como vimos, concluiu-se neste capítulo inicial, que o Brasil é
relativamente especializado em produtos agroalimentares e, em termos de
competitividade internacional, o país detém liderança ou participação expressiva
no mercado mundial de produtos como a soja em grão, farelo de soja, carnes,
açúcar, suco de laranja e café.
Em virtude disso, pode-se dizer que as exportações dos referidos
produtos são fundamentais para a composição do saldo comercial do país. Por
isso, ainda no primeiro capítulo começou-se a investigar a competitividade
externa desses produtos, ainda que essa análise tenha sido caracterizada com
mais propriedade no capítulo seguinte com a construção de indicadores de
competitividade (market-share, vantagem comparativa revelada e contribuição
ao saldo comercial) para os setores envolvidos nesta pesquisa.
Em termos gerais, a análise da competitividade e desempenho comercial
dos principais produtos agroalimentares brasileiros no capítulo 2, revelaram
uma convergência entre os resultados dos indicadores de competitividade
market-share e vantagem comparativa revelada para todos os produtos
agroalimentares selecionados no período sob investigação com o argumento-
síntese deste trabalho: os produtos que o país mais exporta apresenta as
mehores vantagens comparativas e maiores market-shares.
As evidências seriam, portanto, de que a contribuição ao saldo comercial
desses produtos seria na mesma intensidade da competitividade apresentada
no mercado mundial ao longo do período analisado.
134
Contudo, ao incorporar na análise da competitividade externa dos
principais produtos agroalimentares selecionados a variável contribuição ao
saldo comercial, verificou-se que, em geral, todos os produtos analisados no
período sob investigação apresentam uma contribuição positiva ao saldo
comercial do país, mas não proporcionais aos índices de market-share e
vantagem comparativa revelada. Este é o caso do açúcar, suco de laranja e
café. Isso ocorre porque o indicador de contribuição ao saldo comercial não se
baseia apenas no fluxo de exportações, mais no saldo comercial de um país,
expressando o seu perfil de especialização no mercado internacional.
O não aproveitamento das potencialidades competitivas desses
segmentos poderia estar associado com o seu padrão de especialização ou
mesmo com a existência de barreiras comerciais que prejudicam a inserção
destes produtos no mercado externo em grande medida no período recente.
Aliás, a análise do padrão de especialização do Brasil através da matriz
de competitividade revelou que o ritmo de crescimento das exportações dos
produtos agroalimentares brasileiros selecionados não acompanhou a dinâmica
das exportações mundiais. O Brasil tem aumentado a sua posição no mercado
internacional em produtos cuja importação no mercado mundial está diminuindo
ou até mesmo regredindo no período recente (setores em declínio e setores em
retrocesso).
Todavia, tal distanciamento dos setores dinâmicos no mercado
internacional, verificado através da matriz de competitividade manifestou apenas
um lado da existência de restrições ao crescimento das exportações setoriais
agroalimentares brasileiras.
As barreiras comerciais, essencialmente as não-tarifárias aplicadas aos
produtos agroalimentares selecionados representam um outro condicionante
importante das vendas externas desses produtos no período recente nos
principais mercados do mundo.
Conforme visto no capítulo 1 deste trabalho, quando se observou à
evolução das exportações brasileiras neste período, notou-se que seu frágil
crescimento foi determinado em parte pelas barreiras não-tarifárias.
O capítulo 3 sintetizou de maneira geral as principais barreiras não-
tarifárias aplicadas pelos parceiros comerciais mais importantes do Brasil:
135
Estados Unidos, União Européia e Japão. Esses mercados, como se viu, são
aqueles que mais se utilizam desses instrumentos de proteção para discriminar
ou coibir a entrada dos produtos agroalimentares brasileiros que apresentam
forte competitividade a seus respectivos mercados.
Entretanto, a análise do destino de comércio desses produtos revelou que
novos parceiros têm aumentado importância em nossa pauta de exportações
agroalimentares, destacadamente alguns grandes países em desenvolvimento:
China, Rússia, México e Índia.
Baseado nisso, pôde-se concluir que o desempenho satisfatório obtido
pelos produtos agroalimentares deve-se em grande parte ao crescimento das
economias asiáticas, principalmente da China, cujas importações de produtos
agroalimentares, por exemplo, soja em grão, foi determinante para o
crescimento das vendas externas do país no mercado internacional, conforme
visto no capítulo inicial deste trabalho.
Finalmente, a partir das conclusões obtidas acima, acerca da
competitividade dos setores agroalimentares selecionados, é possível dizer que
mesmo com elevadas vantagens comparativas e market-shares, esses setores
apresentam uma baixa contribuição ao saldo comercial do país.
136
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142
ANEXO A
1997 1998 1999
PRODUTOS
X M SC X M SC X M SC
011 - CARNES E SEUS DERIVADOS (1) 1.570.778 273.289 1.297.489 1.590.071 239.851 1.350.220 1.903.753 129.768 1.773.985
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 2,96 0,46 -19,21 3,11 0,42 -20,54 3,97 0,26 -147,97
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 6,29 2,15 10,57 6,90 1,95 12,53 8,79 1,42 14,13
0591- SUCO DE LARANJA 1.033.629 1.569 1.032.060 1.284.839 2.256 1.282.583 1.254.674 1.063 1.253.611
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 1,95 0,00 -15,28 2,51 0,00 -19,51 2,61 0,00 -104,57
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 4,14 0,01 8,41 5,57 0,02 11,90 5,79 0,01 9,98
061 - AÇÚCAR E SEUS DERIVADOS (3) 1.773.991 2.050 1.771.941 1.943.482 77 1.943.405 1.910.732 47 1.910.685
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 3,35 0,00 -26,24 3,80 0,00 -29,56 3,98 0,00 -159,37
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 7,11 0,02 14,43 8,43 0,00 18,04 8,82 0,00 15,22
0711- CAFÉ CRU EM GRÃOS 2.749.098 1.122 2.747.976 2.335.289 912 2.334.377 2.232.998 1.276 2.231.722
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 5,19 0,00 -40,69 4,57 0,00 -35,51 4,65 0,00 -186,15
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 5,19 0,00 -40,69 4,57 0,00 -35,51 4,65 0,00 -186,15
0712- CAFÉ NÃO GRÃO 384.874 2.118 382.756 271.058 300 270.758 230.877 29 230.848
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,73 0,00 -5,67 0,53 0,00 -4,12 0,48 0,00 -19,26
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 1,54 0,02 3,12 1,18 0,00 2,51 1,07 0,00 1,84
081 - FARELO DE SOJA 2.680.885 77.591 2.603.294 1.750.111 28.428 1.721.683 1.503.571 11.021 1.492.550
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 5,06 0,13 -38,55 3,42 0,05 -26,19 3,13 0,02 -124,50
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 10,74 0,61 21,21 7,59 0,23 15,98 6,94 0,12 11,89
2222 - SOJA EM GRÃO 2.452.427 262.313 2.190.114 2.178.475 201.955 1.976.520 1.593.293 82.155 1.511.138
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 4,63 0,44 -32,43 4,26 0,35 -30,06 3,32 0,17 -126,05
143
Continuação
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 9,82 2,07 17,84 9,45 1,64 18,35 7,35 0,90 12,04
4211 - ÓLEO DE SOJA (5) 596.682 68.760 527.922 832.837 134.845 697.992 686.273 74.805 611.468
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 1,13 0,12 -7,82 1,63 0,23 -10,62 1,43 0,15 -51,00
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 2,39 0,54 4,30 3,61 1,10 6,48 3,17 0,82 4,87
044 - MILHO EM GRÃO 65.872 80.152 -14.280 24.635 196.623 -171.988 14.744 89.466 -74.722
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,12 0,13 0,21 0,05 0,34 2,62 0,03 0,18 6,23
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,26 0,63 -0,12 0,11 1,60 -1,60 0,07 0,98 -0,60
048- CEREAIS (2) 169.305 1.620.101 -1.450.796 62.315 1.930.463 -1.868.148 125.263 1.411.339 -1.286.076
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,32 2,71 21,48 0,12 3,34 28,42 0,26 2,87 107,27
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,68 12,77 -11,82 0,27 15,72 -17,34 0,58 15,49 -10,24
057 - FRUTAS FRESCAS 293.545 266.253 27.292 283.769 257.190 26.579 317.294 159.517 157.777
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,55 0,45 -0,40 0,55 0,45 -0,40 0,66 0,32 -13,16
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 1,18 2,10 0,22 1,23 2,09 0,25 1,46 1,75 1,26
072 - CACAU (4) 186.680 111.650 75.030 208.522 105.923 102.599 159.182 131.081 28.101
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,35 0,19 -1,11 0,41 0,18 -1,56 0,33 0,27 -2,34
A
GRONEGÓCIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,75 0,88 0,61 0,90 0,86 0,95 0,73 1,44 0,22
A
LGODÃO 1.340 765.542 -764.202 5.395 532.836 -527.441 6.470 359.937 -353.467
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,00 1,28 11,32 0,01 0,92 8,02 0,01 0,73 29,48
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,01 6,03 -6,23 0,02 4,34 -4,90 0,03 3,95 -2,82
FIBRAS DE ANIMAIS (LÃ) 11.642 2.221 9.421 10.264 1.972 8.292 4.439 1.799 2.640
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,02 0,00 -0,14 0,02 0,00 -0,13 0,01 0,00 -0,22
144
Continuação
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,05 0,02 0,08 0,04 0,02 0,08 0,02 0,02 0,02
LEITE 9.536 462.455 -452.919 8.192 519.428 -511.236 7.883 445.519 -437.636
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,02 0,77 6,71 0,02 0,90 7,78 0,02 0,91 36,50
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,04 3,64 -3,69 0,04 4,23 -4,75 0,04 4,89 -3,49
FRUTAS 1.425.779 442.000 983.779 1.643.863 448.117 1.195.746 1.660.169 337.383 1.322.786
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 2,69 0,74 -14,57 3,21 0,78 -18,19 3,46 0,69 -110,34
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
%
FRUTAS PROCESSADAS 1.132.234 175.747 956.487 1.360.094 190.927 1.169.167 1.342.875 177.866 1.165.009
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 2,14 0,29 -14,16 2,66 0,33 -17,78 2,80 0,36 -97,18
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 4,54 1,39 7,79 5,90 1,56 10,85 6,20 1,95 9,28
SUCO DE UVA 33.713 61.978 -28.265 19.686 72.630 -52.944 21.236 81.490 -60.254
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,06 0,10 0,42 0,04 0,13 0,81 0,04 0,17 5,03
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,14 0,49 -0,23 0,09 0,59 -0,49 0,10 0,89 -0,48
SUCOS DE OUTRAS FRUTAS 37.807 43.639 -5.832 33.252 57.231 -23.979 46.161 34.951 11.210
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,07 0,07 0,09 0,07 0,10 0,36 0,10 0,07 -0,94
A
GRONEGÓCIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,15 0,34 -0,05 0,14 0,47 -0,22 0,21 0,38 0,09
FRUTAS FRESCAS 293.545 266.253 27.292 283.769 257.190 26.579 317.294 159.517 157.777
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,55 0,45 -0,40 0,55 0,45 -0,40 0,66 0,32 -13,16
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 1,18 2,10 0,22 1,23 2,09 0,25 1,46 1,75 1,26
LARANJA 23.092 462 22.630 14.359 1.397 12.962 21.108 467 20.641
BRASIL 52.994.341 59.747.227 -6.752.886 51.139.862 57.714.365 -6.574.503 48.011.444 49.210.314 -1.198.870
% 0,04 0,00 -0,34 0,03 0,00 -0,20 0,04 0,00 -1,72
145
Continuação
A
GRONEG
Ó
CIOS 24.964.219 12.688.685 12.275.534 23.052.115 12.278.026 10.774.089 21.664.966 9.109.132 12.555.834
% 0,09 0,00 0,18 0,06 0,01 0,12 0,10 0,01 0,16
2000 2001 2002
PRODUTOS
X M SC X M SC X M SC
011 - CARNES E SEUS DERIVADOS (1) 1.916.072 157.549 1.758.523 2.878.407 92.965 2.785.442 3.144.537 102.184 3.042.353
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 3,48 0,28 -252,03 4,94 0,17 105,09 5,21 0,22 23,19
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 8,80 1,66 14,29 11,51 1,09 16,94 12,06 1,33 16,55
0591- SUCO DE LARANJA 1.051.115 2.219 1.048.896 868.486 968 867.518 1.079.832 2.227 1.077.605
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 1,91 0,00 -150,33 1,49 0,00 32,73 1,79 0,00 8,21
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 4,83 0,02 8,52 3,47 0,01 5,27 4,14 0,03 5,86
061 - AÇÚCAR E SEUS DERIVADOS (3) 1.199.136 35 1.199.101 2.279.072 288 2.278.784 2.103.646 32 2.103.614
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 2,18 0,00 -171,85 3,91 0,00 85,98 3,49 0,00 16,03
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 5,51 0,00 9,74 9,11 0,00 13,86 8,07 0,00 11,44
0711- CAFÉ CRU EM GRÃOS 1.562.526 1.501 1.561.025 1.212.545 1.632 1.210.913 1.201.403 1.608 1.199.795
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 2,84 0,00 -223,72 2,08 0,00 45,69 1,99 0,00 9,14
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 2,84 0,00 -223,72 2,08 0,00 45,69 1,99 0,00 9,14
0712- CAFÉ NÃO GRÃO 221.614 75 221.539 204.533 410 204.123 183.396 583 182.813
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,40 0,00 -31,75 0,35 0,00 7,70 0,30 0,00 1,39
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 1,02 0,00 1,80 0,82 0,00 1,24 0,70 0,01 0,99
081 - FARELO DE SOJA 1.650.509 16.117 1.634.392 2.065.192 35.969 2.029.223 2.198.860 58.275 2.140.585
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 3,00 0,03 -234,24 3,55 0,06 76,56 3,64 0,12 16,31
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 7,58 0,17 13,28 8,26 0,42 12,34 8,44 0,76 11,65
146
Continuação
2222 - SOJA EM GRÃO 2.187.879 132.707 2.055.172 2.725.508 137.559 2.587.949 3.031.984 174.671 2.857.313
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 3,97 0,24 -294,54 4,68 0,25 97,64 5,02 0,37 21,78
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 10,05 1,40 16,70 10,90 1,61 15,74 11,63 2,27 15,54
4211 - ÓLEO DE SOJA (5) 358.794 34.683 324.111 503.333 22.345 480.988 778.059 52.711 725.348
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,65 0,06 -46,45 0,86 0,04 18,15 1,29 0,11 5,53
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 1,65 0,37 2,63 2,01 0,26 2,92 2,99 0,69 3,95
044 - MILHO EM GRÃO 14.843 179.886 -165.043 506.302 62.317 443.985 276.125 35.025 241.100
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,03 0,32 23,65 0,87 0,11 16,75 0,46 0,07 1,84
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,07 1,90 -1,34 2,02 0,73 2,70 1,06 0,46 1,31
048- CEREAIS (2) 101.756 1.342.536 -1.240.780 140.929 1.380.973 -1.240.044 78.407 1.307.748 -1.229.341
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,18 2,41 177,83 0,24 2,49 -46,79 0,13 2,77 -9,37
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,47 14,17 -10,08 0,56 16,13 -7,54 0,30 17,02 -6,69
057 - FRUTAS FRESCAS 364.381 142.659 221.722 339.693 136.989 202.704 362.477 101.629 260.848
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,66 0,26 -31,78 0,58 0,25 7,65 0,60 0,22 1,99
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 1,67 1,51 1,80 1,36 1,60 1,23 1,39 1,32 1,42
072 - CACAU (4) 166.094 94.333 71.761 178.452 63.273 115.179 207.610 126.001 81.609
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,30 0,17 -10,28 0,31 0,11 4,35 0,34 0,27 0,62
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,76 1,00 0,58 0,71 0,74 0,70 0,80 1,64 0,44
A
LGODÃO 35.971 325.955 -289.984 164.189 97.438 66.751 97.719 64.826 32.893
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,07 0,58 41,56 0,28 0,18 2,52 0,16 0,14 0,25
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
147
Continuação
% 0,17 3,44 -2,36 0,66 1,14 0,41 0,37 0,84 0,18
FIBRAS DE ANIMAIS (LÃ) 2.762 1.692 1.070 5.554 1.246 4.308 6.369 1.009 5.360
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,01 0,00 -0,15 0,01 0,00 0,16 0,01 0,00 0,04
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,01 0,02 0,01 0,02 0,01 0,03 0,02 0,01 0,03
LEITE 14.050 378.305 -364.255 25.716 184.519 -158.803 41.420 252.798 -211.378
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,03 0,68 52,20 0,04 0,33 -5,99 0,07 0,54 -1,61
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,06 3,99 -2,96 0,10 2,16 -0,97 0,16 3,29 -1,15
FRUTAS 1.506.710 302.669 1.204.041 1.275.196 290.272 984.924 1.526.799 221.488 1.305.311
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 2,74 0,54 -172,56 2,19 0,52 37,16 2,53 0,47 9,95
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
%
FRUTAS PROCESSADAS 1.142.329 160.010 982.319 935.503 153.283 782.220 1.164.322 119.859 1.044.463
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 2,07 0,29 -140,78 1,61 0,28 29,51 1,93 0,25 7,96
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 5,25 1,69 7,98 3,74 1,79 4,76 4,47 1,56 5,68
SUCO DE UVA 19.227 80.980 -61.753 16.293 77.188 -60.895 12.552 62.148 -49.596
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,03 0,15 8,85 0,03 0,14 -2,30 0,02 0,13 -0,38
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,09 0,85 -0,50 0,07 0,90 -0,37 0,05 0,81 -0,27
SUCOS DE OUTRAS FRUTAS 49.587 24.677 24.910 32.378 23.185 9.193 51.193 21.281 29.912
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,09 0,04 -3,57 0,06 0,04 0,35 0,08 0,05 0,23
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,23 0,26 0,20 0,13 0,27 0,06 0,20 0,28 0,16
FRUTAS FRESCAS 364.381 142.659 221.722 339.693 136.989 202.704 362.477 101.629 260.848
148
Continuação
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,66 0,26 -31,78 0,58 0,25 7,65 0,60 0,22 1,99
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 1,67 1,51 1,80 1,36 1,60 1,23 1,39 1,32 1,42
LARANJA 15.248 369 14.879 27.538 317 27.221 8.125 402 7.723
BRASIL 55.085.595 55.783.343 -697.748 58.222.642 55.572.176 2.650.466 60.361.786 47.240.488 13.121.298
% 0,03 0,00 -2,13 0,05 0,00 1,03 0,01 0,00 0,06
A
GRONEG
Ó
CIOS 21.778.713 9.473.184 12.305.529 25.007.401 8.560.573 16.446.828 26.063.793 7.681.914 18.381.879
% 0,07 0,00 0,12 0,11 0,00 0,17 0,03 0,01 0,04
Notas: (1) Inclui carnes, miúdos e conservas de bovinos, suínos e aves.
(2) Inclui trigo em grão, farinha de trigo, arroz, feijão, outros cereais para consumo direto e outros cereais/oleaginosas.
(3) Inclui açúcar cristal, refinado e demerara.
(4) Inclui amêndoas, manteiga, e pasta.
(5) Inclui óleo bruto, refinado e outros óleos de soja.
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do Instituto de Economia Agrícola (IEA/SP).
ANEXO B
Porcentagem de
Exportações
Código Produto Classificação Ano Base Ano Final
1997 2000
0742 Mate Setores em Declínio 1997 2000 0,07464008 0,05732919
2816 Aglomerados de mineral de hierro Setores em Declínio 1997 2000 2,04545513 2,04207767
2654 Sisal y otras fibras del género ágaves Setores em Declínio 1997 2000 0,03740872 0,02642979
2815 Mineral de hierro y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 5,35234575 4,87948927
0585 Jugos de frutas y de legumbres Setores em Declínio 1997 2000 2,94847356 3,25625870
6712 Arrabio, hierro colado y fundición especular en lingotes, bloques Setores em Declínio 1997 2000 0,77080983 0,73863548
2222 Soya Setores em Declínio 1997 2000 3,77343248 3,83860533
0711 Café sin tostar o tostado, con o sin cafeína Setores em Declínio 1997 2000 4,62940675 3,78727686
0611 Azúcar sólida, sin refinar Setores em Declínio 1997 2000 1,18452753 0,99978795
2731 Piedras de construcción y de talla Setores em Declínio 1997 2000 0,38859258 0,38638395
4233 Aceite de semilla de algodón Setores em Declínio 1997 2000 0,01048352 0,02279152
0114 Aves de corral muertas y sus despojos comestibles Setores em Declínio 1997 2000 1,33576783 1,39804450
0149 Otros conservas de carnes Setores em Declínio 1997 2000 0,65939611 0,87013936
2613 Seda cruda Setores em Declínio 1997 2000 0,09291072 0,06747209
2784 Asbesto Setores em Declínio 1997 2000 0,07025283 0,05062838
2877 Minerales de manganeso y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 0,11054226 0,09804724
0612 Azúcar refinada Setores em Declínio 1997 2000 0,42220354 0,53805884
6932 Alambre de púa de hierro o aero, u otr. p/ cercas Setores em Declínio 1997 2000 0,01072225 0,01233403
0115 Carne equina Setores em Declínio 1997 2000 0,05436005 0,05155290
6114 Cueros de bovinos y equinos Setores em Declínio 1997 2000 1,27286584 1,25349333
6716 Ferroaleaciones Setores em Declínio 1997 2000 0,97202229 0,86734474
2782 Arcilla y otros minerales refractarios, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,37338950 0,43044129
2873 Minerales de aluminio y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 0,48819970 0,56518495
2516 Pulpa química de madera, soluble Setores em Declínio 1997 2000 0,09388328 0,10821809
6254 Neumáticos p/ motocicletas y bicicletas Setores em Declínio 1997 2000 0,07762954 0,07810687
6113 Cueros de becerro (excepto los del subgrupo 6118) Setores em Declínio 1997 2000 0,10758910 0,07767256
150
Continuação
6342 Madera terciada Setores em Declínio 1997 2000 0,52450284 0,74133222
6841 Aluminio y sus aleaciones, en bruto Setores em Declínio 1997 2000 2,31797955 2,15677425
6638 Manufacturas de asbesto Setores em Declínio 1997 2000 0,06113300 0,07470379
2919 Otras materias de origen animal, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,29554795 0,31730682
2483 Madera no de coníferas, aserrada, cepillada Setores em Declínio 1997 2000 0,72307820 0,82962457
5322 Extractos curtientes de origen vegetal Setores em Declínio 1997 2000 0,05720446 0,04738525
8731 Medidores de suministro/producción de gases/líquidos/electric. Setores em Declínio 1997 2000 0,04982211 0,06881616
6747 Planchas y chapas de acero estañado Setores em Declínio 1997 2000 0,26998635 0,23518802
0722 Cacao en polvo sin azucarar Setores em Declínio 1997 2000 0,02980646 0,03014447
0577 Nueces comestibles Setores em Declínio 1997 2000 0,37605330 0,32871418
2460 Madera para pulpa Setores em Declínio 1997 2000 0,21388886 0,19027819
7431 Bombas de aire y de vacío, y compresores de aire u otros gases Setores em Declínio 1997 2000 0,82159711 0,87132272
8510 Calzado Setores em Declínio 1997 2000 3,16300021 2,93437560
6252 Neumáticos p/ automóviles y camiones Setores em Declínio 1997 2000 0,40224102 0,47524890
0111 Carne bovina Setores em Declínio 1997 2000 0,44441617 0,83324367
0576 Higos Setores em Declínio 1997 2000 0,00811857 0,00824358
2632 Borra de algodón ("linters") Setores em Declínio 1997 2000 0,00283950 0,00669629
6613 Piedras de construc.y de talla, trabajadas Setores em Declínio 1997 2000 0,15798171 0,25106260
2518 Pulpa química de madera, al sulfito Setores em Declínio 1997 2000 0,03343916 0,05113290
5981 Productos quimicos extraidos de madera o resinas naturales Setores em Declínio 1997 2000 0,05634147 0,05422750
6724 Barras empaquetadas, lingotes, bloques, masas Setores em Declínio 1997 2000 0,01248659 0,02658709
7112 Aparatos auxiliares para calderas del subgrupo 7111 Setores em Declínio 1997 2000 0,00183730 0,02084052
6624 Ladrillos, baldosas, tejas, tubos y productos similares Setores em Declínio 1997 2000 0,28283842 0,32774896
2872 Minerales de níquel y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 0,00792079 0,10950848
5239 Productos químicos inorgánicos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,06872951 0,06961922
0574 Manzanas Setores em Declínio 1997 2000 0,03168667 0,11061907
7259 Partes y piezas sueltas p/ máq. grupo 725 Setores em Declínio 1997 2000 0,05432118 0,11978216
7933 Buques y demás embarcaciones destinados al desguace Setores em Declínio 1997 2000 0,00789578 0,01106421
6413 Papel y cartón kraft Setores em Declínio 1997 2000 0,32837327 0,29669212
6731 Varillas para trefilar de hierro o acero Setores em Declínio 1997 2000 0,23540555 0,21356238
5913 Herbicidas p/ venta al por menor Setores em Declínio 1997 2000 0,17379670 0,13877568
151
Continuação
0619 Otros azúcares en forma sólida (jarabes, caramelo) Setores em Declínio 1997 2000 0,03263156 0,06150563
9710 Oro no monetario (excepto minerales y concentrados de oro) Setores em Declínio 1997 2000 0,87884027 0,90847311
0579 Frutas, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,20372732 0,31838721
6951 Herramientas de mano Setores em Declínio 1997 2000 0,01938377 0,02052918
2482 Madera de coníferas aserrada, cepillada Setores em Declínio 1997 2000 0,46545559 0,66963657
8946 Armas no militares y municiones para las mismas Setores em Declínio 1997 2000 0,03502141 0,03816133
6781 Tubos de fundición Setores em Declínio 1997 2000 0,01497846 0,01823513
6123 Piezas para calzado Setores em Declínio 1997 2000 0,14385122 0,13590156
7493 Arboles de transmisión, cigueñales Setores em Declínio 1997 2000 0,46200031 0,51798418
6623 Ladrillos refractarios y otr. mat. refractarios Setores em Declínio 1997 2000 0,07641031 0,07555279
5831 Polietileno Setores em Declínio 1997 2000 0,46311463 0,58553918
2331 Caucho sintético Setores em Declínio 1997 2000 0,22435777 0,21975672
6793 Manufacturas en bruto de acero o hierro forjado o estampado Setores em Declínio 1997 2000 0,02875474 0,04553724
0620 Artículos de confitería, sin cacao Setores em Declínio 1997 2000 0,07826610 0,11206435
6121 Artículos de cuero natural, artificial o regenerado para máquinas Setores em Declínio 1997 2000 0,00072717 0,00083352
0615 Melazas Setores em Declínio 1997 2000 0,01430037 0,01524108
6251 Neumáticos p/ automóviles Setores em Declínio 1997 2000 0,30015698 0,35601470
6519 Hilados de fibras textiles, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,05762501 0,06994964
5911 Insecticidas p/venta al por menor Setores em Declínio 1997 2000 0,07224965 0,06417757
7752 Refrigeradores y congeladores de alimentos Setores em Declínio 1997 2000 0,12360288 0,17027677
6353 Obras de carpintería y piezas de armazones para edificios Setores em Declínio 1997 2000 0,18161724 0,23231252
6931 Alambre retorcido, cables, cordajes, cordones, trenzas, eslingas Setores em Declínio 1997 2000 0,06850364 0,07508883
6746 Planchas y chapas, s/más elab. que laminación, espesor < 3 mm Setores em Declínio 1997 2000 0,47231613 0,49816974
0980 Productos y preparados comestibles, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,13117712 0,43007753
5323 Sustancias curtientes orgánicas Setores em Declínio 1997 2000 0,01090101 0,01054220
6637 Productos refractarios (p.e. crisol,tobera,pipeta,etc) Setores em Declínio 1997 2000 0,02268729 0,02319362
5121 Alcoholes acíclicos Setores em Declínio 1997 2000 0,33610174 0,30466107
2786 Escorias, batiduras y desperdicios similares, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00265478 0,01385088
6644 Vidrio colado, laminado, estirado o soplado simplemenmte desbasta Setores em Declínio 1997 2000 0,03669410 0,06664468
6924 Barriles, tambores, bidones, cajas y recipientes similares Setores em Declínio 1997 2000 0,14036503 0,13029818
1223 Tabaco manufacturado (para fumar o mascar y rapé) Setores em Declínio 1997 2000 0,01165203 0,03018156
152
Continuação
6732 Barras y varillas (excepto para trefilar) Setores em Declínio 1997 2000 0,28783086 0,25163199
6713 Polvos, granallas o esponja Setores em Declínio 1997 2000 0,03052693 0,03508454
6515 Hilados de fibras sintéticas p/ venta al por menor, contenido >85 Setores em Declínio 1997 2000 0,00246617 0,00277685
2785 Cuarzo, mica, feldespato, espato flúor, criolita y quiolita Setores em Declínio 1997 2000 0,01634514 0,01653478
6349 Madera simplemente cortada n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00245113 0,00355233
0582 Frutas o partes confitadas Setores em Declínio 1997 2000 0,00158821 0,00330631
0113 Carne porcina Setores em Declínio 1997 2000 0,27903974 0,23351614
9510 Vehíc.blindados de combate/armas guerra/municiones/part.armas, n. Setores em Declínio 1997 2000 0,07858444 0,07486742
6782 Tubos "sin soldadura" Setores em Declínio 1997 2000 0,18210731 0,14202856
5225 Otras bases inorgánicas Setores em Declínio 1997 2000 0,14545031 0,13305750
7283 Otras máq. y ap. p/ mineria Setores em Declínio 1997 2000 0,09159493 0,10323094
6579 Productos especiales de materias textiles Setores em Declínio 1997 2000 0,00549233 0,00549002
2671 Fibras artificiales para hilados Setores em Declínio 1997 2000 0,03686796 0,04029467
5922 Sustancias albuminoideas; colas Setores em Declínio 1997 2000 0,17746153 0,17453881
7372 Laminadores, sus cilindros, partes, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,05595305 0,05040451
2911 Huesos/cuernos/marfil/pezuñas/garras/coral/conchas y prod. sim. Setores em Declínio 1997 2000 0,00831466 0,00775704
7271 Maqu. p/molinería y p/tratamiento de cereales y legumbres secas Setores em Declínio 1997 2000 0,00938548 0,00893359
5914 Desinfectantes, raticidas p/ venta al por menor Setores em Declínio 1997 2000 0,01747266 0,01934969
2924 Plantas, árboles, matas Setores em Declínio 1997 2000 0,01388099 0,02382018
3351 Vaselina y ceras minerales Setores em Declínio 1997 2000 0,01206418 0,02432580
7751 Lavadoras y secadoras de ropa Setores em Declínio 1997 2000 0,04607203 0,08423578
5311 Materias tintóreas orgánicas y sintéticas Setores em Declínio 1997 2000 0,15247704 0,16049845
5139 Acidos carboxílicos de función alcohol Setores em Declínio 1997 2000 0,08393965 0,08814641
0252 Huevos de aves sin cáscara Setores em Declínio 1997 2000 0,00576841 0,00496097
0571 Frutas cítricas Setores em Declínio 1997 2000 0,05765592 0,06204984
7711 Transformadores eléctricos Setores em Declínio 1997 2000 0,14538741 0,13799485
6577 Artículos textiles p/ máquinas y fábricas Setores em Declínio 1997 2000 0,04744868 0,05578095
6596 Alfombras, esteras de otros mat. textiles, Setores em Declínio 1997 2000 0,02631896 0,02534358
2742 Piritas de hierro sin tostar Setores em Declínio 1997 2000 0,00044929 0,00039342
5832 Polipropileno Setores em Declínio 1997 2000 0,15207045 0,16036420
2929 Otras materias de origen vegetal, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,04955077 0,04954674
153
Continuação
0589 Frutas prep. o conservadas en otra forma, n.e.p., con/sin alcohol Setores em Declínio 1997 2000 0,07976547 0,07359572
5849 Otros derivados químicos de la celulosa Setores em Declínio 1997 2000 0,03289618 0,02563132
6282 Correas de transmisión y transporte Setores em Declínio 1997 2000 0,03760374 0,03430376
2450 Leña y carbón vegetal Setores em Declínio 1997 2000 0,00332455 0,00511066
0572 Otros frutas agrias Setores em Declínio 1997 2000 0,00876700 0,02219707
7421 Bombas aspirantes e impelentes (excepto partida 74281) Setores em Declínio 1997 2000 0,00799331 0,02221370
6842 Aluminio y sus aleaciones, labrados Setores em Declínio 1997 2000 0,25493981 0,35270369
2232 Nueces y almendras de palma Setores em Declínio 1997 2000 0,00043566 0,00040708
7732 Equipo aislante eléctrico Setores em Declínio 1997 2000 0,05260848 0,05159107
7362 Máquina-herramientas p/ conformar metales Setores em Declínio 1997 2000 0,05326548 0,07573357
6996 Artículos diversos de metales comunes Setores em Declínio 1997 2000 0,04979087 0,05373225
0360 Crustáceos y moluscos pelados o no, frescos, refrig. o congel. Setores em Declínio 1997 2000 0,18072232 0,26638406
6899 Metales comunes, n.e.p., y cermetas en bruto Setores em Declínio 1997 2000 0,02529178 0,03358973
5147 Compuestos de función carboxiamida Setores em Declínio 1997 2000 0,04662296 0,05851308
2925 Semillas y esporas p/ siembra Setores em Declínio 1997 2000 0,02888968 0,03286838
5542 Productos orgánicos tensoactivos Setores em Declínio 1997 2000 0,10796182 0,11543620
0564 Harinas finas/sémolas/copos de patatas, frutas y legumbres, n.e.p Setores em Declínio 1997 2000 0,00403193 0,00466719
7371 Equipos p/ acería, fundición y metalurgia y sus partes Setores em Declínio 1997 2000 0,02271882 0,01671648
0251 Huevos de aves con cáscara Setores em Declínio 1997 2000 0,01579448 0,01178806
6733 Angulos, perfiles y secciones (excepto carriles) Setores em Declínio 1997 2000 0,04650596 0,07553431
7252 Máq. y ap. p/ trabajar pasta de papel, papel y cartón Setores em Declínio 1997 2000 0,02239051 0,03063388
6513 Hilados de algodón Setores em Declínio 1997 2000 0,10635775 0,09396887
6516 Hilados de fibras sintéticas discontinuas, contenido < 85% Setores em Declínio 1997 2000 0,04280499 0,04431838
0730 Chocolate y preparados de cacao, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,07019376 0,07803067
2685 Crines y otros pelos ordinarios Setores em Declínio 1997 2000 0,00016131 0,00045102
6822 Cobre y sus aleaciones, labrados Setores em Declínio 1997 2000 0,14697979 0,19426039
5312 Luminóforos orgánicos sintéticos; índigo natural; lacas colorante Setores em Declínio 1997 2000 0,00914321 0,01129996
0350 Pescado seco, salado, ahumado Setores em Declínio 1997 2000 0,03306889 0,03388456
7188 Máq. y motores n.e.p. (mot.viento, ruedas hidráulicas, turb.hidrá Setores em Declínio 1997 2000 0,03670685 0,03759788
5419 Productos farmacéuticos, excepto medicamentos Setores em Declínio 1997 2000 0,06203474 0,06575769
6770 Alambre, revestido o no, no aislado Setores em Declínio 1997 2000 0,04877591 0,04324448
154
Continuação
6974 Utensilios domésticos, y sus partes, de metales comunes. Setores em Declínio 1997 2000 0,05369160 0,06247196
7591 Partes y accesorios destinados al grupo 751 y subgrupo 7518 Setores em Declínio 1997 2000 0,07748465 0,10422468
7414 Refrigeradores y eq. de refrig. industrial (eléct. y de otro tipo Setores em Declínio 1997 2000 0,06844846 0,07878240
6418 Papel y cartón, estucado, revestido, coloreado, decorado o impres Setores em Declínio 1997 2000 0,14344011 0,14351819
7422 Bombas centrífugas (excepto partida 74281) Setores em Declínio 1997 2000 0,03165658 0,02996053
7272 Maq. de otro tipo p/ elaborar alimentos; y sus partes, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,05492155 0,04464204
6424 Papeles y cartones cortados en forma determinada, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,02596721 0,03221772
5629 Abonos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,06217258 0,06746008
0484 Productos de panadería Setores em Declínio 1997 2000 0,03473112 0,07731869
3354 Betún, coque de petróleo y mezclas bituminosas, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01822290 0,03433004
7491 Rodamientos de todas clases Setores em Declínio 1997 2000 0,13191427 0,12362392
2332 Caucho regenerado Setores em Declínio 1997 2000 0,00108416 0,00145435
7784 Herramientas electromecánicas, de uso manual; y sus partes Setores em Declínio 1997 2000 0,06097062 0,06303157
6210 Materiales de caucho Setores em Declínio 1997 2000 0,06130225 0,07045875
7921 Helicópteros Setores em Declínio 1997 2000 0,00547835 0,02110140
0129 Otras carnes y despojos n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00030705 0,00049746
0341 Pescado fresco o refrigerado Setores em Declínio 1997 2000 0,05927173 0,07406480
0548 Productos vegetales n.e.p., frescos o secos Setores em Declínio 1997 2000 0,00816824 0,00992675
5145 Compuestos de función amina Setores em Declínio 1997 2000 0,04196774 0,04101790
0575 Uvas Setores em Declínio 1997 2000 0,02359347 0,03058792
7761 Tubos de televisión de rayos catódicos Setores em Declínio 1997 2000 0,08363201 0,08256667
0014 Aves de corral Setores em Declínio 1997 2000 0,00934158 0,00789268
5622 Abonos minerales o químicos fosfatados Setores em Declínio 1997 2000 0,00764440 0,00535988
2874 Minerales de plomo y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 0,00241454 0,00507435
7219 Máquinas y aparatos agrícolas, n.e.p., y sus partes, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01473007 0,01603386
0583 Compotas, jaleas, mermeladas, purés y pastas Setores em Declínio 1997 2000 0,00489988 0,00594040
8821 Productos químicos y acces. p/ flash al por menor Setores em Declínio 1997 2000 0,03073820 0,03791483
0586 Frutas conservadas temporalmente Setores em Declínio 1997 2000 0,01421479 0,01311904
5334 Barnices y lacas; pinturas al temple; Setores em Declínio 1997 2000 0,06395285 0,06674165
6649 Vidrios, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,03337824 0,04925338
5852 Otras materias plásticas artificiales, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00293622 0,00609051
155
Continuação
5335 Preparados colorantes p/ cerámica,vidrio y pintura artística Setores em Declínio 1997 2000 0,03389283 0,03249157
2672 Desperdicios de fibras artificiales Setores em Declínio 1997 2000 0,00060138 0,00140653
8732 Cuentarrevoluciones no eléctr. Setores em Declínio 1997 2000 0,01386474 0,01735653
6421 Cajas, bolsas, envases, archivadores Setores em Declínio 1997 2000 0,05897597 0,06241240
0142 Salchichas y otros preparados de carne enlatados Setores em Declínio 1997 2000 0,00795457 0,00828579
6651 Envases, tapones, ampollas, termos Setores em Declínio 1997 2000 0,01759342 0,02284052
2119 Cueros y pieles, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00241574 0,00206391
0544 Tomates frescos o refrigerados Setores em Declínio 1997 2000 0,00707471 0,02345208
6573 Tejidos y productos textiles bañados o impregnados Setores em Declínio 1997 2000 0,04716143 0,05363361
7416 Otros ap. y dispositivos indus. p/ calentar o enfriar aire Setores em Declínio 1997 2000 0,07835491 0,08925451
5982 Preparados antidetonantes, antioxidantes,etc Setores em Declínio 1997 2000 0,03251483 0,02814611
5543 Productos de limpieza p/muebles, calzado,pisos, metales Setores em Declínio 1997 2000 0,00257843 0,00578448
6760 Carriles y elementos para vías férreas Setores em Declínio 1997 2000 0,00768310 0,00753928
2879 Minerales de otros metales comunes no ferrosos y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 0,00480503 0,01535074
0481 Granos de cereales, ("preparados alimenticios para el desayuno") Setores em Declínio 1997 2000 0,01150525 0,01388134
7126 Máquinas de vapor de agua u otros vapores Setores em Declínio 1997 2000 0,00697629 0,00417676
7367 Otr. máq.-herramientas p/trab. metales o carburos metálicos, n.e. Setores em Declínio 1997 2000 0,04136940 0,03570237
6582 Velas, toldos solares, tiendas y artículos para acampar, en tela Setores em Declínio 1997 2000 0,00442959 0,00685996
0741 Té Setores em Declínio 1997 2000 0,01460438 0,01330354
7492 Artículos de grifería y órganos similares Setores em Declínio 1997 2000 0,14955962 0,14922518
2741 Azufre Setores em Declínio 1997 2000 0,00338028 0,00580362
7499 Otras partes y accesorios de maquinaria, no eléctricos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,08411565 0,08227515
5169 Productos químicos orgánicos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01542284 0,01675152
2926 Bulbos, tubérculos y rizomas de plantas floríferas o de follaje Setores em Declínio 1997 2000 0,02121458 0,02548706
8989 Partes y accesorios para instrumentos musicales Setores em Declínio 1997 2000 0,00064470 0,00500055
2633 Desperdicios de algodón, sin cardar ni peinar Setores em Declínio 1997 2000 0,00116877 0,00154057
2221 Cacahuetes (manies) verdes Setores em Declínio 1997 2000 0,00357663 0,00509638
2789 Minerales en bruto, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01171699 0,01302727
3232 Coque y semicoque Setores em Declínio 1997 2000 0,00350303 0,01249424
0573 Plátanos (incluso verde) Setores em Declínio 1997 2000 0,02927381 0,03436247
6612 Cementos Setores em Declínio 1997 2000 0,01335022 0,02264366
156
Continuação
8463 Ropa interior de punto o ganchillo, de fibras sintéticas Setores em Declínio 1997 2000 0,02260229 0,01343408
2481 Traviesas para vías férreas Setores em Declínio 1997 2000 0,00001242 0,00069288
5829 Otros productos de condensación, policondensación o poliadición Setores em Declínio 1997 2000 0,01548762 0,02350110
5824 Poliamidas Setores em Declínio 1997 2000 0,01750766 0,02329156
7518 Máquinas de oficina, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,04292315 0,04982869
5232 Otros sales y persales metálicas de ácidos inorgánicos Setores em Declínio 1997 2000 0,02457605 0,02690622
8922 Diarios, revistas y publicaciones periódicas, ilustrados o no Setores em Declínio 1997 2000 0,02350818 0,02351184
7368 Portapiezas y dispositivos p/ máq.-herramientas Setores em Declínio 1997 2000 0,00612664 0,00864879
2882 Otras chatarras de metales comunes no ferrosos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,02087396 0,03622833
5825 Poliuretanos Setores em Declínio 1997 2000 0,00785229 0,00885276
7263 Máquinas para fundir y componer Setores em Declínio 1997 2000 0,00614770 0,00558923
6633 Manufacturas de materias minerales, n.e.p. (excepto cerámicas) Setores em Declínio 1997 2000 0,01744236 0,01905210
0342 Pescado congelado Setores em Declínio 1997 2000 0,02289603 0,03957753
8932 Artículos sanitarios y de tocador de materias plásticas Setores em Declínio 1997 2000 0,00568391 0,00555500
6611 Cal Setores em Declínio 1997 2000 0,00062632 0,00102520
7922 Aeronaves con propulsión mecánica, tara < a 2.000 kgs Setores em Declínio 1997 2000 0,00269124 0,00121635
2238 Semillas y frutas oleaginosas, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00104771 0,00110568
8741 Inst. topografía/hidro./navegación/meteorología/hidrol./geofísica Setores em Declínio 1997 2000 0,01147113 0,01991211
8973 Joyas de oro, plata y artículos de orfebrería y platería Setores em Declínio 1997 2000 0,06179391 0,05958313
8745 Instr. y apar. de medición, de control y científicos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01000791 0,01109469
5833 Poliestireno y sus copolímeros Setores em Declínio 1997 2000 0,03969477 0,04315500
6552 Tejidos de punto o ganchillo, de fibras distintas de las sintétic Setores em Declínio 1997 2000 0,03887905 0,04160745
7929 Partes p/ aeronaves del grupo 792 Setores em Declínio 1997 2000 0,09243640 0,11227841
2665 Fibras sintéticas para hilados Setores em Declínio 1997 2000 0,01558428 0,01447753
5836 Polímeros acrílicos, pol. metacrílicos y copol. acrilmetacrílicos Setores em Declínio 1997 2000 0,01813803 0,01945216
5163 Esteres inorgánicos y sus sales Setores em Declínio 1997 2000 0,00228252 0,00340589
7247 Máquinas y aparatos para el lavado Setores em Declínio 1997 2000 0,01371797 0,01171696
8459 Ropa exterior de vestir de otro tipo, de punto o ganchillo Setores em Declínio 1997 2000 0,04648116 0,06363844
6832 Níquel y sus aleaciones, labrados Setores em Declínio 1997 2000 0,00294365 0,00570232
7281 Máq. y herramientas especiales p/determinadas industrias; y parte Setores em Declínio 1997 2000 0,02062797 0,02365868
7148 Turbinas de gas, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01189352 0,01521157
157
Continuação
6975 Artículos sanitarios interiores de metales comunes Setores em Declínio 1997 2000 0,00215663 0,00368943
0422 Arroz molido o pulido Setores em Declínio 1997 2000 0,01054947 0,01053739
2631 Algodón, sin cardar ni peinar Setores em Declínio 1997 2000 0,01253531 0,01639996
0488 Preparados de harina p/ niños o usos dietéticos Setores em Declínio 1997 2000 0,00519350 0,00806378
8921 Libros, folletos, mapas y esferas impresos Setores em Declínio 1997 2000 0,02499451 0,02700871
6912 Estructuras y partes de estructuras de aluminio Setores em Declínio 1997 2000 0,00247113 0,00622141
6643 Vidrio estirado o soplado, sin labrar Setores em Declínio 1997 2000 0,00049021 0,00061596
8928 Impresos, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,01775451 0,02015080
7264 Máquinas de imprimir Setores em Declínio 1997 2000 0,00864229 0,01303425
8982 Instrumentos musicales de otro tipo Setores em Declínio 1997 2000 0,00482929 0,00473201
0545 Otras legumbres frescas o refrigeradas Setores em Declínio 1997 2000 0,00591378 0,02151740
7373 Máq. y ap. p/ soldar, y sus partes Setores em Declínio 1997 2000 0,00926603 0,01049144
1124 Alcohol etílico Setores em Declínio 1997 2000 0,02213189 0,02132873
2682 Lana de oveja y cordero, desgrasada Setores em Declínio 1997 2000 0,00193804 0,00156372
8452 Vestidos/faldas/conjuntos p/mujeres/niñas/bebés, de punto/ganchil Setores em Declínio 1997 2000 0,00396277 0,00503458
7213 Máquinas y aparatos de lechería y sus partes, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00127097 0,00138948
6531 Tejidos de fibras sintéticas continuas Setores em Declínio 1997 2000 0,01803656 0,01993364
7753 Lavadoras de vajilla Setores em Declínio 1997 2000 0,00159455 0,00253352
2471 Troncos de coníferas Setores em Declínio 1997 2000 0,00623618 0,00762773
8983 Discos de fonógrafo y otras grabaciones Setores em Declínio 1997 2000 0,03574714 0,04775880
0230 Mantequilla Setores em Declínio 1997 2000 0,00077870 0,00434257
7628 Otros radiorreceptores Setores em Declínio 1997 2000 0,00836678 0,01278619
0541 Patatas frescas o refrigeradas (excl. batatas) Setores em Declínio 1997 2000 0,00024950 0,00240653
8830 Películas cinematográficas impresionadas y reveladas Setores em Declínio 1997 2000 0,00050419 0,00052386
8935 Artículos para iluminación eléctrica, de materias plásticas Setores em Declínio 1997 2000 0,00019995 0,00029500
0616 Miel natural Setores em Declínio 1997 2000 0,00030041 0,00066245
7411 Gasógenos y generadores de gas de agua o gas pobre Setores em Declínio 1997 2000 0,00076146 0,00065600
2655 Abacá Setores em Declínio 1997 2000 0,00007012 0,00005618
8443 Ropa interior p/ mujeres, niñas y bebés, de tejidos Setores em Declínio 1997 2000 0,00117667 0,00163337
0121 Tocino, jamón y otras carnes de cerdo Setores em Declínio 1997 2000 0,00091586 0,00179150
6538 Tejidos de fibras regeneradas, discontinuas ,contenido < 85% Setores em Declínio 1997 2000 0,00258563 0,00202606
158
Continuação
0344 Filetes de pescado congelados Setores em Declínio 1997 2000 0,00577103 0,00700530
8947 Otros artículos para deportes y atracciones de feria, etc. Setores em Declínio 1997 2000 0,01106869 0,01293213
8441 Camisas p/ hombres y niños, de tejidos Setores em Declínio 1997 2000 0,01216188 0,01276907
4244 Aceite de almendra de palma Setores em Declínio 1997 2000 0,00068095 0,00080659
6593 Alfombras de tejidos Kelim, Soumak y Karamanie Setores em Declínio 1997 2000 0,00001587 0,00012942
0112 Carne ovina y caprina Setores em Declínio 1997 2000 0,00161965 0,00233237
0452 Avena sin moler Setores em Declínio 1997 2000 0,00042080 0,00027814
0421 Arroz con cáscara Setores em Declínio 1997 2000 0,00010343 0,00128852
0240 Queso y cuajada Setores em Declínio 1997 2000 0,00478622 0,00982878
8942 Juguetes para niños, juegos de salón, etc. Setores em Declínio 1997 2000 0,03109482 0,04485822
0459 Mijo, alpiste, sorgo y otros n.e.p. sin moler Setores em Declínio 1997 2000 0,00078363 0,00099242
8951 Artículos de oficina y papelería, de metales comunes Setores em Declínio 1997 2000 0,00033480 0,00068619
8981 Pianos y otros instrumentos de cuerda Setores em Declínio 1997 2000 0,00057608 0,00078336
7441 Carretillas automóviles Setores em Declínio 1997 2000 0,00123316 0,00568357
7648 Equipo de telecomunicaciones, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00483002 0,00509752
8924 Tarj.postales/tarj.felic.ilust./calcomanías, impresas cualq.proce Setores em Declínio 1997 2000 0,00087537 0,00092934
8482 Prendas y accesorios de vestir de materias plásticas o de caucho Setores em Declínio 1997 2000 0,00164532 0,00299330
6592 Alfombras y tapices de punto Setores em Declínio 1997 2000 0,00037631 0,00138289
7267 Otras máq. de imprimir y máq. y ap. auxiliares de imprenta Setores em Declínio 1997 2000 0,00197878 0,00172756
6543 Tejidos de lana de ovino o de pelos finos de animal, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00033799 0,00076151
8121 Calderas p/ calefac. central Setores em Declínio 1997 2000 0,00149429 0,00258200
6539 Tejidos aterciopelados y de oruga de fibras artificiales Setores em Declínio 1997 2000 0,00032430 0,00040821
0483 Macarrones, espaguetis y similares Setores em Declínio 1997 2000 0,00128754 0,00160984
2772 Abrasivos naturales, n.e.p. Setores em Declínio 1997 2000 0,00051763 0,00048811
3222 Otras variedades de hulla Setores em Declínio 1997 2000 0,00040315 0,00854342
8994 Paraguas, bastones y artículos similares y sus partes Setores em Declínio 1997 2000 0,00080821 0,00075757
2666 Cables para discontinuos de fibras sintéticas Setores em Declínio 1997 2000 0,00015148 0,00032199
5838 Intercambiadores iónicos del tipo de polimerización o copolimer. Setores em Declínio 1997 2000 0,00006380 0,00022757
0223 Leche y crema frescas Setores em Declínio 1997 2000 0,00094346 0,00173335
6594 Alfombras, esteras de lana o de pelos finos de animal Setores em Declínio 1997 2000 0,00011725 0,00040402
2690 Ropa vieja y trapos Setores em Declínio 1997 2000 0,00035311 0,00033591
159
Continuação
8435 Blusas p/ mujeres, niñas y bebés, de tejidos Setores em Declínio 1997 2000 0,00263713 0,00278996
2712 Nitrato sódico natural Setores em Declínio 1997 2000 0,00000026 0,00002318
2120 Pieles finas sin curtir Setores em Declínio 1997 2000 0,00012550 0,00032216
2224 Semillas de girasol Setores em Declínio 1997 2000 0,00019920 0,00035736
8429 Ropa exterior de otro tipo para hombres y niños, de tejidos Setores em Declínio 1997 2000 0,00125663 0,00249522
4235 Aceite de oliva Setores em Declínio 1997 2000 0,00022051 0,00060113
7622 Radiorreceptores portátiles Setores em Declínio 1997 2000 0,00028915 0,00090790
0460 Sémola y harina de trigo Setores em Declínio 1997 2000 0,00012934 0,00013860
2871 Minerales y concentrados de cobre Setores em Declínio 1997 2000 0,00066652 0,00106684
8811 Cámaras fotográficas; flash; sus partes y accesorios Setores em Declínio 1997 2000 0,00140215 0,00156790
0013 Porcinos Setores em Declínio 1997 2000 0,00011140 0,00022064
8471 Accesorios de vestir, de tejidos Setores em Declínio 1997 2000 0,00033187 0,00042714
6541 Tejidos de seda Setores em Declínio 1997 2000 0,00016308 0,00013631
5241 Elementos químicos e isótopos, Setores em Declínio 1997 2000 0,00011992 0,00046580
2875 Minerales de zinc y sus concentrados Setores em Declínio 1997 2000 0,00001141 0,00002637
4314 Ceras de orig.anim.o veg. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,11541816 0,07281262
0813 Tortas de semillas oleaginosas+B3 Setores em Retrocesso 1997 2000 4,73875771 3,13217263
1213 Residuos de tabaco Setores em Retrocesso 1997 2000 0,08410379 0,05939253
1212 Tabaco desnervado Setores em Retrocesso 1997 2000 1,80035052 1,34694452
6725 Desbastes cuadrados o rectang. y llánton Setores em Retrocesso 1997 2000 2,69041845 2,22272647
0712 Extractos, esencias y concentrados de café y preparados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,38703201 0,28367599
4232 Aceite de soya Setores em Retrocesso 1997 2000 1,31387260 0,43759755
6511 Hilados de seda Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05224107 0,03685138
1211 Tabaco, sin desnervar Setores em Retrocesso 1997 2000 0,18839079 0,13885212
5114 Derivados sulfonados o nitrosados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,07061750 0,04926722
6673 Otr. piedras preciosas/semipreciosas en bruto, talladas s/engarze Setores em Retrocesso 1997 2000 0,23555613 0,19274002
0811 Heno y forraje Setores em Retrocesso 1997 2000 0,20765238 0,11747205
0723 Manteca y pasta de cacao Setores em Retrocesso 1997 2000 0,24938799 0,17360062
6575 Bramantes, cordeles, cuerdas y cordajes y sus manufacturas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,13476305 0,10670705
7831 Autobuses de pasajeros Setores em Retrocesso 1997 2000 0,45599529 0,38521462
5842 Nitratos de celulosa Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02278473 0,01611207
160
Continuação
2922 Goma y lacas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02511608 0,02020101
5221 Elementos químicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,33705184 0,27011974
5513 Aceites esenciales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,13771104 0,09209796
6871 Estaño y sus aleaciones, en bruto Setores em Retrocesso 1997 2000 0,13342212 0,07190299
0812 Residuos provenientes molienda maíz Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05449703 0,02390450
7139 Partes y piezas sueltas p/motores de los subg. 7132, 7133 & 7138 Setores em Retrocesso 1997 2000 1,39424756 1,36056709
2614 Capullos y borras de seda Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01351665 0,00495837
7841 Chasis equipados con motores Setores em Retrocesso 1997 2000 0,14345025 0,10342971
6341 Maderas aserradas longitudinalmente Setores em Retrocesso 1997 2000 0,19279495 0,12179226
6960 Cuchillería Setores em Retrocesso 1997 2000 0,22594831 0,21562257
7223 Tractores orugas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05072873 0,02343743
7428 Otras bombas p/ líquidos y elevadores de líquidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,36704827 0,29386976
6727 Desbastes en rollos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,72462753 0,50456447
7234 Maquinaria de construcción y minería, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,68490000 0,52769802
4312 Aceites y grasas de orig. anim. o veg. hidrogen. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04934618 0,03100721
6744 Planchas y chapas, sin más elab. que laminación espesor > 4.75mm Setores em Retrocesso 1997 2000 0,55719342 0,20012222
7211 Máq., aparat. y artef. agrícolas y hortícolas p/ trabajar suelos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,10415852 0,04987693
6415 Papel y cartón, en rollos o en hojas, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,62647302 0,46903264
6794 Manufacturas en bruto de hierro o acero colado Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05674957 0,05184246
6576 Cascos y formas p/ sombreros Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00208332 0,00141907
8822 Películas/placas/papel fotografíco, impresionados o no, y revelad Setores em Retrocesso 1997 2000 0,43180658 0,36954771
7233 Apisonadoras de propulsión mecánica Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03147084 0,01802844
2512 Pulpa mecánica de madera Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01950040 0,01290919
7251 Máq. y ap. p/ fabricar pulpa celulósica y papel o cartón Setores em Retrocesso 1997 2000 0,08443491 0,02958736
6112 Cueros artificiales o regenerados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00462843 0,00421324
4234 Aceite de cacahuete (maní) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01236873 0,00546657
5983 Productos químicos orgánicos, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04525205 0,03972438
8952 Plumas, lápices y plumas fuentes Setores em Retrocesso 1997 2000 0,10460511 0,09060300
6259 Otros bandajes y cámaras de aire Setores em Retrocesso 1997 2000 0,11770485 0,08696882
5113 Derivados halogenados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,11581011 0,10087436
5146 Compuestos aminados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,18816677 0,13035527
161
Continuação
5722 Detonadores, mechas y cápsulas fulminantes Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00922449 0,00791084
5841 Celulosa regenerada Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01224031 0,00751509
6522 Tejidos de algodón blanqueados, mercerizados y teñidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,31023270 0,26533910
5414 Alcaloides vegetales, naturales o reproducidos por síntesis Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02864407 0,02154205
7243 Máquinas de coser, sus partes y piezas sueltas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,11301129 0,06971809
7212 Maquinaria cosechadora y trilladora Setores em Retrocesso 1997 2000 0,23765208 0,10862901
0752 Especias (excepto pimienta y pimiento) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02263412 0,02158504
7451 Herramientas y máq.-herram. neumáticas manuales (no-eléct.) y par Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06610144 0,05937887
7162 Motores, generadores eléctricos y grupos electrógenos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,35726455 0,31768415
8442 Ropa interior (excepto camisas) p/ hombres y niños, de tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03108856 0,02182974
7832 Tractores de carretera p/ semi-remolques Setores em Retrocesso 1997 2000 0,17129228 0,14973327
7429 Partes y piezas sueltas del grupo 742 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,11996985 0,08360662
7224 Tractores de ruedas (excepto partida 74411 y subgrupo 7832) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,25992260 0,10883734
6745 Planchas/chapas, s/más elab. que laminación, 3 a 4.75 mm de espes Setores em Retrocesso 1997 2000 0,09047991 0,06779808
6783 Otros tubos (excepto conduc. hidroeléctricas de alta presión) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,17012126 0,12356093
6118 Cueros, especialmente preparados o acabados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00736630 0,00571289
4313 Acidos grasos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02458404 0,02000255
2239 Harinas y sémolas de semillas o frutas oleaginosas, sin desgrasar Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00513872 0,00234572
6631 Piedras para pulir, amolar, afilar Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02931696 0,02139162
2472 Troncos no de coníferas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,10747544 0,06596019
6652 Obj. de vidrio p/servicios de mesa, cocina, escritorio, adornos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06655786 0,05496370
6665 Vajilla y otr.art. uso doméstico o de tocador, de otr.mat. cerámi Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02959403 0,02448502
7369 Partes y accesorios exclusivos p/a máq.-herramientas del grupo 73 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,09957825 0,06654805
6785 Accesorios de tubería Setores em Retrocesso 1997 2000 0,07796804 0,06126965
6861 Zinc y sus aleaciones, en bruto Setores em Retrocesso 1997 2000 0,11822803 0,05321566
7248 Máq. y ap. p/trab. pieles y cueros (inc. calzado); y partes, n.e. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01038938 0,00622681
8991 Artículos y manufacturas tallados o moldeados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00986952 0,00529906
5122 Alcoholes cíclicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01175366 0,00738306
6666 Obj. fantasía p/ornamentación de loza, porcelana u otr.mat.cérami Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03081398 0,02231590
6130 Peletería curtida Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02110654 0,01060595
6572 Tejidos de fibras aglutinadas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06102418 0,04525917
162
Continuação
8999 Artículos manufacturados, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03979456 0,03692572
6954 Utiles intercambiables p/herramientas de mano o máq.- herramienta Setores em Retrocesso 1997 2000 0,13604675 0,12070302
6749 Otras planchas y chapas de hierro Setores em Retrocesso 1997 2000 0,29434570 0,16850702
5821 Fenoplastos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00945242 0,00825720
6921 Depósitos, cisternas, cubas y otros Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01238808 0,00931171
5921 Almidones y féculas, inulina y gluten de trigo Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01363313 0,01057661
6549 Tejidos, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00585133 0,00264177
7111 Calderas generadoras de vapor de agua Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02590273 0,00860419
6953 Otras herramientas de uso manual Setores em Retrocesso 1997 2000 0,07584930 0,06508693
6116 Cueros de otras pieles Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01750725 0,01093951
6115 Cueros de ovinos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02208391 0,01194659
5224 Oxidos metálicos de zinc/cromo/manganeso/hierro/cobalto/titanio/p Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02950515 0,02336325
6417 Papeles y cartones ondulados, estampados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04076528 0,01937010
5222 Acidos inorgánicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05316361 0,03754410
4249 Aceites fijos de origen vegetal, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00883174 0,00665164
6129 Otros artículos de cuero natural, artificial o regenerado Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00999686 0,00555364
7449 Partes y piezas del subgrupo 7442 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,17343396 0,11999275
4311 Aceites de orig. anim. o veg. cocidos, oxid., deshidr. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00918284 0,00300977
5826 Resinas de epóxidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03863407 0,02207743
7782 Lámparas eléctricas, tubos, de rayos UV e IR, de arco Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06467237 0,05900528
6911 Estructuras y partes de estructuras de hierro y acero Setores em Retrocesso 1997 2000 0,08647994 0,06883025
5721 Pólvora y otros explosivos preparados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00475057 0,00262855
0721 Cacao en grano Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06351854 0,02133470
4113 Aceites, grasas y mantecas de origen animal, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02027785 0,00843133
7452 Otras máquinas no eléctricas y sus partes, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,18831687 0,13722328
5835 Copolímeros de cloruro de vinilo y del acetato de vinilo Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00611495 0,00162523
5834 Cloruro de polivinilo Setores em Retrocesso 1997 2000 0,15232766 0,07866224
5137 Acidos monocarboxílicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,07534663 0,06082473
7439 Partes y piezas de los subgrupos 7435 & 7436 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,08344707 0,06482812
6935 Telas metálicas, enrejadas, rejillas, tejidos para refuerzos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01345875 0,01128314
7244 Máquinas y aparatos para el hilado Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04667890 0,02506452
163
Continuação
0914 Margarina y otras grasas comestibles n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01283545 0,00760410
5138 Acidos policarboxílicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06493275 0,03893591
7442 Máquinas y aparatos de elevación Setores em Retrocesso 1997 2000 0,15180906 0,08528557
6992 Cadenas y sus partes, de hierro o acero Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02083857 0,01109861
7757 Aparatos electromecánicos de uso doméstico Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05947645 0,05038271
6514 Hilados de fibras sintéticas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,10325402 0,07914301
5413 Antibióticos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,05044536 0,04426895
5162 Compuestos de función aldehído, cetona y quinona Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02937905 0,02241315
2783 Sal común Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00931838 0,00624494
6512 Hilados de lana o de pelo animal Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03303108 0,02055753
0819 Otros alimentos preparados para animales, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,06262436 0,04852790
6571 Fieltro y artículos de fieltro Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00409322 0,00370163
6521 Tejidos de algodón sin blanquear ni mercerizar Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03441442 0,02147982
7138 Motores de combustión interna, de émbolo, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04469854 0,03058329
5989 Productos y preparados químicos, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,20312074 0,18734147
2686 Desperdicios de lana de oveja, cordero y otros pelos de animales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00158237 0,00062352
6542 Tejidos lana de ovino o de pelos finos, peso > 85% Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02515965 0,01185078
5839 Otros productos de polimerización y copolimerización Setores em Retrocesso 1997 2000 0,13453998 0,11680090
5827 Silicona Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01576161 0,01325042
2111 Cueros de bovinos y equinos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03827428 0,01525016
6560 Tules, encajes, bordados, cintas pasamanería y otros Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02923933 0,02090688
7361 Máquina-herramientas p/ cortar metales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,08127486 0,05247244
5231 Sales y persales metálicas de ácidos inorgánicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02322681 0,01510803
6664 Art. de uso doméstico o de tocador, vajillas de porcelana o loza Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01284405 0,00851590
6618 Mat. de construc.de asbestocemento y fibrocemento Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00502305 0,00435817
7119 Partes y piezas sueltas, n.e.p., p/ subgrupos 7111 & 7112 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00710051 0,00538154
7512 Máq. de calcular/contabilidad/franquear/emitir billetes y caj.reg Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03075651 0,01701116
5123 Fenoles y fenoles-alcoholes Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02087813 0,01189398
4242 Aceite de palma Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03541576 0,02073945
6635 Lanas de escorias, de roca y otras Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00785221 0,00517450
4236 Aceite de girasol Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00968397 0,00628647
164
Continuação
1222 Cigarrillos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,45306722 0,03866472
6821 Cobre y sus aleaciones, refinados y sin refinar, en bruto Setores em Retrocesso 1997 2000 0,16595468 0,04993103
6993 Acces. de metales comunes empleados en confección y art. de viaje Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00641302 0,00508706
2112 Pieles de becerro Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00789601 0,00109591
6517 Hilados de fibras regeneradas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02539414 0,00870689
1123 Cerveza Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03198538 0,01786166
0371 Pescado preparado o en conserva, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02586056 0,02166953
7413 Hornos industriales y de laboratorio, etc., y sus partes, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01998466 0,01409642
0440 Maíz sin moler Setores em Retrocesso 1997 2000 0,09367455 0,03195829
2681 Lana de oveja y cordero, grasienta Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02272674 0,00485566
7435 Centrifugadoras Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00693282 0,00289794
4239 Otros aceites fijos de origen vegetal, líquidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00989718 0,00436165
7269 Part. y piezas, n.e.p., de máq.inc.part. 72631 y subg. 7264 y 726 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01329950 0,00888022
8998 Pequeñas manufacturas y artículos de tocador, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01512355 0,01086673
5154 Compuestos sulfuro- orgánicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03610627 0,01083411
0470 Otras sémolas y harinas de cereales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00241562 0,00099924
5822 Aminoplastos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00461283 0,00345763
7284 Maq. y ap. mecánicos especiales p/determinadas industrias y parte Setores em Retrocesso 1997 2000 0,18828037 0,13935644
2659 Fibras textiles vegetales, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00296964 0,00012044
7822 Vehículos automotores especiales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00895047 0,00739632
6595 Alfombras, esteras de mat. textiles artificiales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01231820 0,00983845
5621 Abonos minerales o químicos nitrogenados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03667214 0,01336005
5411 Provitaminas y vitaminas, naturales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01461087 0,00932903
8483 Prendas de vestir de peletería Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00636917 0,00208929
8742 Inst. de dibujo, trazado y sus partes Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04163128 0,03520036
7511 Máq. de escribir y máq. para autenticar cheques Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01540314 0,00041899
8933 Art. de adorno y objetos p/ el arreglo personal en mat. plásticas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00050133 0,00022395
7239 Partes y piezas sueltas, n.e.p., (p/maq. y eq. part. 72341 a 7234 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01366118 0,00853805
6811 Plata, en bruto Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01170462 0,00905691
7853 Sillones de ruedas p/ inválidos, motorizados o no Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01767024 0,01463111
6536 Tejidos de fibras regeneradas, discontinuas, contenido > 85% Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01241121 0,00189311
165
Continuação
6419 Papel y cartón convertidos, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00395146 0,00288161
0546 Legumbres congeladas o conservadas temporalmente Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01469025 0,01308288
6863 Zinc y sus aleaciones, labrados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00218255 0,00145734
0118 Otras carnes o despojos comestibles Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00211476 0,00128533
7246 Máquinas y aparatos auxiliares p/ maq.textil Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00628055 0,00379868
2820 Chatarra de hierro y acero Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03592568 0,01427317
6411 Papel de periódico Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02910368 0,01721821
7758 Aparatos electrotérmicos, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02784646 0,02573149
5837 Acetato de polivinilo Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00334696 0,00126410
6253 Neumáticos p/ aviones Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00047352 0,00022253
6534 Tejidos de fibras sintéticas discontinuas, contenido < 85% Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01376764 0,00797225
0565 Legumbres preparadas o en conserva, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01005433 0,00674449
0913 Manteca y otras grasas de cerdo y aves de corral Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00041086 0,00021520
6999 Prod. s/manuf. y art. de tungsteno/molibdeno/tántalo/magnesio Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00537810 0,00327703
6597 Trenzas y artículos similares Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00195279 0,00041692
0542 Leguminosas secas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00777163 0,00290466
6330 Manufacturas de corcho Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00327192 0,00143358
0814 Harinas de carne, o pescados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00637209 0,00265458
7129 Partes y piezas sueltas p/ subgrupo 7126 Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00508302 0,00196169
7412 Quemadores Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00224621 0,00117967
6852 Plomo y sus aleaciones, labrados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00043951 0,00019762
6535 Tejidos de fibras regeneradas continuas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00341990 0,00194558
3353 Brea y coque de brea Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00042189 0,00024788
7268 Máq. y ap. p/ encuadernar, partes y piezas sueltas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00147566 0,00100611
2114 Pieles de cabra y cabritilla Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00047453 0,00002823
8481 Prendas y accesorios de vestir de cuero Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01132008 0,00616493
7163 Convertidores rotativos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00033013 0,00008570
0561 Legumbres secas/deshidratadas/evaporadas (exc. las leguminosas) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00874006 0,00112530
8812 Cámaras cinematográficas, proyectores; partes y accesorios, n.e.p Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00060979 0,00045134
7742 Aparatos de rayos X Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01212747 0,00630400
2732 Yeso natural y calcinado Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00095787 0,00068991
166
Continuação
8842 Gafas y monturas de gafas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00595821 0,00486868
1221 Cigarros y charutos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00415843 0,00090202
8852 Relojes de mesa o de pared y sus mecanismos y partes Setores em Retrocesso 1997 2000 0,01368101 0,00367463
2687 Lana de oveja/cordero/otros pelos de animales, cardados/peinados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00101862 0,00022977
2634 Algodón cardado o peinado Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00032543 0,00005594
2927 Flores y follaje, cortados Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00460153 0,00366669
6591 Linóleos y similares para suelos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00032306 0,00013183
8423 Pantalones y prendas análogas p/ hombres y niños, de tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,04756416 0,01286139
8310 Bolsas, maletines, maletas, etc Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02003160 0,01281006
2320 Caucho natural Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00454067 0,00242202
2225 Semillas de sésamo Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00041622 0,00027466
7932 Buques y embarcaciones civiles Setores em Retrocesso 1997 2000 0,03457474 0,00648752
9410 Animales vivos, n.e.p., (incluso los de parques zoológicos) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00034398 0,00026097
8484 Sombreros y guarniciones p/ los mismos, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00209933 0,00167845
2117 Pieles de oveja y cordero sin su lana Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00277525 0,00016825
6545 Tejidos de yute Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00014387 0,00006078
7245 Telares y máquinas para tejer Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00393295 0,00185096
8421 Sobretodos y otros abrigos p/ hombres y niños, de tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00165308 0,00061877
8433 Vestidos p/ mujeres, niñas y bebés, de tejido Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00192667 0,00154404
5157 Sulfamidas, sultonas y sultamas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00459628 0,00072188
2667 Fibras sintéticas cardadas o peinadas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00122209 0,00008380
8424 Americanas/chaquetas lig. y prend. anál. p/hombres/niños, tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00317817 0,00094484
3221 Antracita Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00064980 0,00022188
1121 Vino de uvas (incluido el mosto) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02219375 0,00410991
2734 Cantos y piedras trituradas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00054751 0,00025922
0011 Bovinos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00267557 0,00092389
6532 Tejidos de fibras sintéticas discontinuas. contenido >85% Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00061901 0,00054550
5843 Acetatos de celulosa Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00039323 0,00009114
8422 Trajes completos para hombres y niños, de tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00743384 0,00054021
2923 Fibras vegetales empleadas en cestería o espartería Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00007729 0,00003233
2640 Yute y otras textiles de liber,n.e.p.,en rama o elaboradas pero s Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00004287 0,00001357
167
Continuação
8431 Abrigos y chaquetas p/ mujeres, niñas y bebés, de tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00171302 0,00093846
8432 Trajes sastre y conjuntos, p/ mujeres, niñas y bebés, de tejidos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00024928 0,00016636
0482 Malta, tostado o no Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00047955 0,00015095
5623 Abonos minerales o químicos potásicos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00138609 0,00055465
7524 Unidades de almacenamiento digital central (principal) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00772707 0,00722825
0412 Otro trigo sin moler Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02413047 0,00089584
2116 Pieles de oveja y cordero con su lana Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00051151 0,00002963
8851 Relojes de bolsillo y de pulsera y sus mecanismos y cajas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00226709 0,00125633
0224 Leche y crema, conserv. concentr.o edulcoradas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00667362 0,00055226
3224 Turba Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00011183 0,00004143
0430 Cebada sin moler Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00034809 0,00016462
8941 Cochecitos para niños y sus partes, n.e.p. Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00008439 0,00005125
2713 Fosfatos de calcio naturales Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00148495 0,00008146
0012 Ovinos y caprinos Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00106988 0,00003650
4243 Aceite de coco (copra) Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00408541 0,00005178
6851 Plomo y sus aleaciones, en bruto Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00039390 0,00005447
4111 Grasas y aceites de pescado Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00004287 0,00001379
0411 Trigo duro, sin moler Setores em Retrocesso 1997 2000 0,02249011 0,00011001
7612 Receptores de televisión en monocromo Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00006883 0,00001387
3415 Gases de carbón, de agua, pobre y otros similares Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00000274 0,00000004
2814 Piritas de hierro tostadas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,07225409 0,00000001
5249 Otras materias radiactivas y conexas Setores em Retrocesso 1997 2000 0,00001603 0,00000041
Fonte: Elaboração própria a partir de dados de comércio exterior do sofware TradeCan 2002.
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