Download PDF
ads:
FLAVIA MAZZOLI DA ROCHA
COMPARAÇÃO ENTRE A TOXICIDADE PULMONAR
DE PARTÍCULAS DE ORIGEM URBANA E DE
QUEIMA DE CANA-DE-AÇÚCAR
Dissertação submetida à Pós-graduação do Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro visando à
obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas (Fisiologia).
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
COMPARAÇÃO ENTRE A TOXICIDADE PULMONAR DE
PARTÍCULAS DE ORIGEM URBANA E DE QUEIMA DE CANA-DE-
AÇÚCAR
FLAVIA MAZZOLI DA ROCHA
ORIENTADORA: DÉBORA SOUZA FAFFE
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-graduação em Cncias
Biológicas (Fisiologia), Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obteão
dotulo de Mestre.
APROVADA POR:
________________________________________________________________
Prof. Walter Araújo Zin
Prof. Titular UFRJ
_________________________________________________________________
Prof
a
. Regina Coeli dos Santos Goldenberg
Prof
a
. Adjunta UFRJ
_________________________________________________________________
Prof
a
. Claudia dos Santos Mermelstein
Prof
a
. Adjunta UFRJ
_________________________________________________________________
Prof
a
. Vânia Maria Correa da Costa – Revisora e Suplente Interna
Prof
a
. Adjunta UFRJ
_________________________________________________________________
Prof. Robson Coutinho Silva – Suplente Externo
Prof. Adjunto UFRJ
Rio de Janeiro
Março de 2008
ads:
Rocha, Flavia Mazzoli da
Comparação entre a toxicidade pulmonar de partículas de origem urbana
e de queima de cana-de-açúcar / Flavia Mazzoli da Rocha. Rio de Janeiro:
UFRJ / IBCCF, 2008.
xix, 149 f. : il. ; 31 cm.
Orientadora: Débora Souza Faffe
Dissertação (mestrado) UFRJ/IBCCF, Programa de Pós -
Graduação em Ciências Biológicas, Fisiologia, 2008.
Referências bibliográficas: f. 93-110
1. Poluição do ar. 2. Mecânica respiratória - fisiologia. 3 Biomassa. 4.
Material particulado - toxicidade. 5. Saccharum. 6. Camundongos. 7.
Fisiologia tese. i. Faffe, Débora Souza. ii. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, IBCCF, Programa de Pós-Graduação Ciências Biológicas, Fisiologia.
iii. Comparação entre a toxicidade pulmonar de partículas de origem urbana
e de queima de cana-de-açúcar.
O presente trabalho foi realizado no Laboratório de Fisiologia da Respiração do
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro
na vigência de auxílios concedidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP),
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
(FAPERJ), Conselho de Ensino para Graduados e Pesquisa da UFRJ (CEPG-
UFRJ), Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX), e Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Aos meus pais e à minha querida irmã, pelo
amor, paciência, imensa dedicação e apoio em
todos os momentos de minha vida.
AGRADECIMENTOS
Nesta importante fase da minha vida, não poderia deixar de agradecer a
todas as pessoas que, de alguma forma, me ajudaram no decorrer deste trabalho.
À Profª. Débora Souza Faffe, por todos os momentos que se dedicou a mim,
sempre me auxiliando e compartilhando sua sabedoria em todas as etapas deste
trabalho, pela oportunidade de estar realizando este desejo, pela confiança, pela
compreensão nos momentos difíceis, pela atenção a qualquer momento que
precisasse, sempre ouvindo as minhas dúvidas, por sempre me incentivar e com isto
aumentar ainda mais minha vontade de aprender, pelo exemplo profissional que
tanto admiro e, sobretudo, pela pessoa maravilhosa que me recebe sempre com boa
vontade. Muito obrigada pela oportunidade e confiança depositada em mim.
Ao Prof. Walter Araújo Zin, por seus ensinamentos, conselhos e auxílios, por
sua disponibilidade em ajudar e pela oportunidade de poder estar aqui.
Ao Prof. Paulo Hilário do Nascimento Saldiva, pela imensa ajuda neste
trabalho, desde a obtenção das partículas utilizadas até a interpretação de dados,
além da essencial ajuda na fase de elaboração do artigo.
Ao Prof. Olaf Malm, pela análise das partículas e paciência em resolver
minhas dúvidas.
À colaboradora do Laboratório de Poluição Aérea Experimental, Regiani
Carvalho de Oliveira, pela análise do tamanho das partículas.
Ao colaborador, Marcos Abdo Arbex, pelas amostras das partículas e
informações sobre características da coleta.
À colaboradora do Laboratório de Fisiologia da Respiração, Clarissa Bichara
Magalhães, pela análise das lâminas e por sua fiel amizade.
Às alunas Mariana Alonso e Tatiana Mesquita, pela presença sempre alegre e
dedicada durante os experimentos, onde tanto me ajudaram.
Aos colaboradores do Laboratório de Radioisótopos Eduardo Penna Franca,
Rodrigo Meire e JoRicardo Tomás, pela análise da composição das partículas e
pela ajuda na compreensão das mesmas.
Aos queridos colegas do Laboratório de Fisiologia da Respiração, pela
preocupação, compreensão, paciência, carinho e, também, pelos momentos de
descontração. Com certeza, nesses poucos dois anos e meio de convivência no
laboratório, foram criados laços de amizade que perdurarão para o resto da vida.
Que a vida lhes retorne em dobro todas as coisas boas que fizeram por mim.
Aos funcionários do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, em especial
aos cnicos de laboratório Sr. Antônio Carlos de Souza Quaresma e ao Sr. João
Luiz Coelho Rosas Alves, sempre dispostos a ajudar.
Aos meus queridos e maravilhosos pais, Luiz Carlos e Fátima, pelo amor,
educação e criação, amizade e tamanha ajuda, sem a qual eu não estaria aqui. Amo
vocês.
À minha querida irmã, Fernanda, pela amizade, carinho, compreensão e
paciência. Amo você demais.
Aos meus avós, Manoel e Lídia, que tanto amo, pela preocupação, ajuda e
carinho ao longo de minha vida.
Ao meu namorado, José Sigiliano Gomes Neto, pelo amor, ajuda nos
momentos difíceis, carinho, amizade, respeito e compreensão. Agradeço a você pela
enorme contribuição neste trabalho, por me fortalecer internamente e por tanto me
incentivar desde a seleção para o mestrado e até quando Deus quiser.
E, finalmente, a Deus, pela excelente família e amigos que tenho, por me
proporcionar saúde e, finalmente, por tudo que sou.
RESUMO
COMPARAÇÃO ENTRE A TOXICIDADE PULMONAR DE PARTÍCULAS DE
ORIGEM URBANA E DE QUEIMA DE CANA-DE-AÇÚCAR
Introdução: A queima de biomassa é uma fonte importante e crescente de material
particulado, principal componente urbano da poluição do ar ambiente. Nós
avaliamos a toxicidade das partículas produzidas pela queima de cana-de-açúcar e
comparamos os resultados com massa equivalente de partículas provenientes de
poluição urbana.
Métodos: Camundongos BALB/c fêmeas receberam instilação intranasal (i.n.) única
de 15 µL de água destilada (C, n=9) ou 15 µg de partículas totais suspensas (PTS)
da cidade de São Paulo, origem urbana (SP, n=9) ou de queima de cana-de-açúcar
(Bio, n=11), em 15 µL de água destilada. Vinte e quatro horas após a instilação, a
mecânica pulmonar (elastância estática, componente elástico da viscoelasticidade e
as variações de pressão resistiva, viscoelástica e total) foi determinada pelo método
de oclusão ao final da inspiração. Os pulmões foram fixados para análise histológica
(HE), sendo determinada fração de área de colapso alveolar, bem como celularidade
total e diferencial. As concentrações de metais e hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPA) foram determinadas no material particulado de ambas as origens.
Resultados: Todos os parâmetros da mecânica pulmonar aumentaram de forma
semelhante nos dois grupos poluição quando comparados com o controle, exceto a
pressão resistiva das vias aéreas, que aumentou significativamente apenas em Bio.
Ambos os grupos de poluição apresentaram significativo aumento da fração de área
de colapso e influxo de lulas polimorfonucleares no parênquima pulmonar em
relação ao C. A análise da composição das partículas mostrou maiores
concentrações de HPA nas partículas originadas de tráfego e maiores níveis de
metais nas de queima de biomassa.
Conclusão: Nosso estudo demonstrou que uma única e baixa dose de partículas
ambientais, produzidas por tráfego ou por queima de biomassa, induziu significativa
alteração na mecânica e histologia pulmonares em camundongos. As alterações do
parênquima foram semelhantes nos dois grupos poluição, enquanto que a mecânica
das vias aéreas foi mais afetada por partículas de biomassa. Nossos resultados
indicam que as partículas de queima de biomassa são, no mínimo, tão tóxicas
quanto as de origem urbana.
Palavras-chave: Queima de Cana-de-açúcar, Material Particulado, Poluição Aérea,
Mecânica Pulmonar.
Rio de Janeiro
Março, 2008
ABSTRACT
COMPARATIVE RESPIRATORY TOXICITY OF PARTICLES PRODUCED BY
TRAFFIC AND SUGAR CANE BURNING
Introduction: Biomass burning is an important and increasing source of particulate
matter, a major component of air pollution. We explored the toxicity of particles
produced by sugar cane burning and compared these effects with equivalent mass of
traffic-derived particles.
Methods: Female BALB/c mice received a single intranasal instillation (i.n.) of either
15 µL distilled water (C, n=9) or total suspended particles (TSP) from the city of São
Paulo, an urban area (SP, n=9) or biomass burning-derived TSP (Bio, n=11) at 15 µg
in 15 µL distilled water. Lung mechanical parameters (static elastance, elastic
component of viscoelasticity, and total, resistive and viscoelastic pressures) and
histology (HE) were analyzed 24 hours after instillation. Fraction area of alveolar
collapse and cellularity were determined in lung parenchyma. Metal concentration
and polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH) metabolites of the two TSP sources
were determined.
Results: All mechanical parameters increased similarly in both pollution groups
compared with control, except airway resistive pressure, which increased only in Bio.
Both TSP groups showed significantly higher fraction area of alveolar collapse, and
influx of polymorphonuclear cells in lung parenchyma than C. TSP composition
analysis showed higher concentrations of PAH in traffic derived TSP and higher trace
metals in biomass TSP.
Conclusion: We demonstrated that a single low dose of ambient particles, produced
by traffic and biomass burning, induces significant alterations in lung mechanics and
histology in mice. Parenchymal changes were similar after both particle sources
exposure, whereas airway mechanics was more affected by biomass-derived
particles. Our results indicate that biomass particles were at least as toxic as those
produced by traffic.
Key-words: Sugar cane burning; Particulate matter; Air pollution; Lung mechanics.
Rio de Janeiro
March, 2008
ÍNDICE
FICHA CATALOGRÁFICA ............................................................................................. iii
AGÊNCIAS FINANCIADORAS ...................................................................................... iv
AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... vi
RESUMO ....................................................................................................................... ix
ABSTRACT ..................................................................................................................... x
ÍNDICE ........................................................................................................................... xi
ÍNDICE DE FIGURAS ..................................................................................................... xiv
ÍNDICE DE TABELAS .................................................................................................... xvi
ABREVIATURAS ............................................................................................................ xvii
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................
01
1.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA ............................................................................. 02
1.1.1 Aspectos gerais ...................................................................................... 02
1.1.2 Material particulado ................................................................................ 09
1.1.3 Toxicidade do material particulado ...................................................... 15
1.1.4 Queima de biomassa .............................................................................. 19
1.2 MECÂNICA RESPIRATÓRIA ............................................................................ 23
1.2.1 Noções básicas ...................................................................................... 23
1.2.2 Estudo da mecânica respiratória .......................................................... 27
2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................
36
3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 38
3.1 OBJETIVO GERAL ............................................................................................ 39
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 39
4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................
40
4.1 ANIMAIS UTILIZADOS ........................................................................................ 41
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS ................................... 41
4.3 AMOSTRA DAS PARTÍCULAS ......................................................................... 43
4.4 MECÂNICA RESPIRATÓRIA ................................................................................ 44
4.4.1 Método de oclusão ao final da inspiração ............................................... 48
4.5 ESTUDO HISTOGICO E MORFOMÉTRICO .................................................. 51
4.5.1 Fixação e preparo das lâminas para microscopia óptica .................... 51
4.5.2 Análise histológica e morfométrica ........................................................ 52
4.6 ANÁLISE DAS PARTÍCULAS .............................................................................. 53
4.6.1 Análise de metais ................................................................................. 53
4.6.1.1 Filtração ........................................................................................... 54
4.6.1.2 Extração total ................................................................................... 54
4.6.2 Análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos .......................... 55
4.6.2.1 Extração ............................................................................................ 56
4.6.2.2 Purificação ........................................................................................ 56
4.6.2.3 Fracionamento .................................................................................. 57
4.6.2.4 Condições cromatográficas .............................................................. 58
4.6.2.5 Quantificão ....................................................................................
4.6.3 Análise da distribuição de freqüência do diâmetro das partículas .......
58
59
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................... 59
5 RESULTADOS ...........................................................................................................
60
5.1 MECÂNICA RESPIRATÓRIA ............................................................................
5.2 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E MORFOMÉTRICA ........................................
61
65
5.2.1 Análise qualitativa .................................................................................... 65
5.2.2 Análise quantitativa ................................................................................... 67
5.3 ANÁLISE DAS PARTÍCULAS ............................................................................. 71
5.3.1 Freqüência de distribuição do diâmetro das partículas ...................... 74
6 DISCUSSÃO ...........................................................................................................
76
7 CONCLUSÕES .......................................................................................................
89
8 PERSPECTIVAS FUTURAS ...................................................................................
91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................................
93
ANEXOS .................................................................................................................... 111
Anexo I Parâmetros da mecânica pulmonar em cada animal .................................... 112
Anexo II Percentual de áreas normais e colapsadas em cada animal ....................... 114
Anexo III Celularidade total e diferencial em cada animal ......................................... 115
Anexo IV Concentração de metais nas partículas ..................................................... 116
Anexo V Concentração de HPA nas partículas ......................................................... 117
Anexo VI Manuscrito da Environmental Research (Status: em revisão) ...................
117
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Classificação do material particulado de acordo com diâmetro
aerodinâmico ......................................................................................................
Figura 2. Relação entre tamanho e massa das partículas ............................
10
13
Figura 3. Deposição de partículas durante respiração nasal ...........................
Figura 4. Deposição de partículas durante respiração oral ...........................
Figura 5. Modelo linear unicompartimental ......................................................
Figura 6. Modelo do método de oclusão ao final da inspiração .......................
Figura 7. Modelo de molas e amortecedores para interpretação da mecânica
do sistema respiratório .....................................................................................
Figura 8. Montagem experimental da mecânica in vivo ...................................
Figura 9. Método de oclusão ao final da inspiração ..........................................
Figura 10. Retículo para quantificação dos parâmetros morfométricos ............
Figura 11. Esquema da metodologia utilizada na análise dos HPA ....................
Figura 12. Variações de pressão necessárias para vencer os componentes
resistivo, viscoelásticos/inomogêneos pulmonares e pressão total exercida
contra os componentes viscosos e viscoelásticos do pulmão............................
Figura 13. Elastância estática e componente elástico da viscoelasticidade do
pulmão
......................................................................................................................
Figura 14. Fotomicrografias do parênquima pulmonar .....................................
Figura 15. Fração de área de alvéolos normais e colapsados no parênquima
pulmonar ..........................................................................................................
14
14
29
30
32
47
50
53
55
63
64
66
68
Figura 16 Percentual de células polimorfonucleares e mononucleares e
celularidade total ..............................................................................................
Figura 17. Correlação entre parâmetros funcionais e histológicos ..................
Figura 18. Distribuição de metais contidos nas partículas ...............................
Figura 19. Distribuição de HPA contidos nas partículas ..................................
Figura 20. Freqüência de distribuição do diâmetro das partículas ..................
69
70
72
73
75
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Padrões de qualidade do ar para os principais poluentes ...................
Tabela 2. Padrões nacional e internacional de qualidade do ar .........................
04
06
Tabela 3. Característica física das partículas e sua concentração em massa ....
Tabela 4. Fluxo e volume dos animais utilizados nos grupos experimentais .........
12
62
ABREVIATURAS
E – componente elástico da viscoelasticidade
P – variação de pressão
P1 – variação de pressão relativa ao componente viscoso pulmonar
P2 – variação de pressão relativa ao componente viscoelástico e/ou inomogêneo
pulmonar
Ptot – variação de pressão total pulmonar
V – variação de volume gasoso mobilizado
ANTR – antraceno
B[a]A – benzo[a]antraceno
B[a]P – benzo[a]pireno
B[b]F – benzo[b]fluoranteno
B[k]F – benzo[k]fluoranteno
BALF – fluido do lavado broncoalveolar
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CRF – capacidade residual funcional
Crs – complacência do sistema respiratório
CVF – capacidade vital forçada
DPOC – doença pulmonar obstrutiva crônica
E – elastância
Edyn – elastância dimica do pulmão
EPA – Environmental Protection Agency
Est elastância estica do pulmão
Est,Lcomponente elástico do pulmão
Est,wcomponente elástico da parede torácica
FEF
25-75%
- fluxo expiratório forçado entre 25 e 75% da CVF
FLUO – fluoranteno
HE – hematoxilina e eosina
HPA hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
i.n. – intranasal
i.p. – intraperitoneal
IARC International Agency for Research on Cancer
MNcélulas mononucleares
NAAQSNational Ambient Air Quality Standards
NAFnaftaleno
P – pressão
PEEP – pressão positiva ao final da expirão
PEF – pico de fluxo expiratório
Pel pressão de retrão elástica do pulmão
Pi – pressão pulmonar no ponto de inflexão
PIR pireno
PLpressão transpulmonar
PM – material particulado
PM
10
material particulado de diâmetro aerodinâmico entre 2,5-10 µm
PM
2,5
material particulado de diâmetro aerodimico entre 0,1-2,5 µm
Pmáx – pressão máxima ou de pico inspiratório
PMN – células polimorfonucleares
ppm – partículas por milhão
Pres – pressão resistiva
Ptr pressão traqueal
PTS – partículas totais suspensas
R – resistência do sistema respiratório
Raw – resistência de vias aéreas
Req – resistência do equipamento
Rinit,L – resistência intrínseca do pulmão
Rinit,w – resistência intrínseca da parede torácica
Rinit,rs – resistência intrínseca do sistema respiratório
ROS espécies reativas de oxigênio
rpm – rotações por minuto
Rtis – resistência tecidual
Rtot – resistência pulmonar total
Rrs – resisncia do sistema respiratório
T
I
tempo inspiratório
V’ – fluxo aéreo
VEF
1
volume expiratório forçado no primeiro segundo
V
T
volume corrente
WHO World Health Organization
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
1.1 POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
1.1.2 Aspectos gerais
Estudos epidemiológicos e experimentais demonstram associação entre
poluição do ar atmosférico e aumento da morbi-mortalidade por doenças
respiratórias (SCHWARTZ & DOCKERY, 1992; BRAGA et al., 2000; SCHWARTZ et
al., 2001), com piora da função pulmonar e aumento do número de internações
hospitalares por sintomas respiratórios (LIN et al., 1999; FUSCO et al., 2001), bem
como exacerbação de doenças pulmonares como asma (ETZEL et al., 2003; KO et
al., 2007b), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (MAYER & NEWMAN,
2001; KO et al., 2007a), infecção pulmonar (LIN, M et al., 2005; MEDINA-RAMÓN et
al., 2006) e câncer de pulmão (POPE III et al., 2002; LADEN et al., 2007).
O primeiro episódio de poluição atmosférica diretamente relacionado a danos
à saúde humana ocorreu em Londres, Inglaterra, em 1952. Nesse período, uma
inversão de temperatura levou a significativo acúmulo de poluentes atmosféricos
emitidos pela queima de combustíveis fósseis. Esse fenômeno foi associado a um
abrupto aumento na taxa de mortalidade, resultando em aproximadamente 4000
óbitos além do esperado para o período (LOGAN, 1953). Cerca de 50% do aumento
na mortalidade foi principalmente atribuído a casos de bronquite e pneumonia.
Depois do estudo de Logan (1953), outros episódios de pico de poluição do ar
também foram correlacionados com efeitos adversos à saúde. Em 1930, no Vale de
Meuse, parte da Bélgica permaneceu coberta por fumaça durante cerca de cinco
dias. A partir do terceiro dia, milhares de pessoas evoluíram com sintomas
respiratórios, como tosse, dispnéia e edema pulmonar. Os mais afetados foram
idosos, asmáticos e cardiopatas, sendo registrados mais de 60 óbitos (NEMERY et
al., 2001). Outro episódio de inversão térmica ocorreu em 1948 em Donora, pequena
cidade industrializada da Pensilvânia, quando uma fumaça, carregada de
particulados e outros compostos industriais, alterou a visibilidade local e afetou a
saúde da população. Cerca de 6000 dos 14000 habitantes evoluíram com sintomas
respiratórios, 400 necessitaram de hospitalização e 20 óbitos foram registrados
(HELFAND et al., 2001).
A fumaça de Londres, cujo nível de material particulado (PM) e dióxido de
enxofre (SO
2
) excederam 1000 µg/m
3
(STERN et al., 1984), se tornou um marco
histórico no que diz respeito à associação de doenças respiratórias e poluição
atmosférica, estimulando pesquisas para melhor entender os efeitos da poluição
sobre a saúde humana, bem como para o estabelecimento de medidas e índices de
controle de qualidade do ar. Em 1956 foi aprovado o The Air Pollution Control Act of
London, com o objetivo de reduzir a liberação de poluentes e melhorar a qualidade
do ar em Londres (LIOY & ZHANG, 1999). Outros países e cidades fizeram o
mesmo. Em 1970, a Environmental Protection Agency (EPA) e o Clean Air Act
Amendments of the United States introduziram o National Ambient Air Quality
Standards (NAAQS), estabelecendo padrões de qualidade do ar para os principais
poluentes (Clean Air Act, 1971) (Tabela 1).
Tabela 1: Padrões de qualidade do ar para os principais poluentes.
Poluente Tempo de Exposição Padrão EPA Primário
g/m
3
)
Ozônio 8 horas 157 (0,08 ppm)
Monóxido de Carbono 1 hora
8 horas
40.000 (35 ppm)
10.000 (9 ppm)
Dióxido de Nitrogênio Anual 100 (0,05 ppm)
Dióxido de Enxofre 24 horas
Anual
365 (0,14 ppm)
80 (0,03 ppm)
Chumbo Trimestral
1,5
Partículas Inaláveis
(PM
10
)
24 horas
Anual
150
50
Partículas Finas ou
Respiráveis (PM
2,5
)
24 horas
Anual
65
15
Partículas totais
suspensas (PTS)
24 horas
Anual
260
75
EPA: Environmental Protection Agency; ppm: partícula por milhão.
Fonte: Clean Air Act (CAA), 1971.
Estratégias para atingir os padrões determinados levaram a significativo
aumento de métodos e técnicas para controle de poluição e medidas visando à
redução de emissão de poluentes no ar, com conseqüente diminuição dos
problemas relacionados à poluição. No entanto, o sucesso obtido no controle de
poluentes emitidos por fontes de combustão e outras com conhecido padrão de
acumulação, como o CO, não foi acompanhado por redução de emissão de ozônio e
material particulado fino (NATIONAL AIR QUALITY AND EMISSIONS TRENDS
REPORT, 1993). Adicionalmente, o aparecimento de novos componentes, a
poluição fotoquímica, produção de óxido de nitrogênio por crescente número de
veículos motorizados, bem como alteração de composição e distribuição de
partículas aéreas contribuíram para que a poluição do ar re-emergisse como tema
central para a saúde pública (BRUNEKREEF & HOLGATE, 2002).
Estudos mostraram que, mesmo em valores abaixo dos níveis até então
estabelecidos pelos órgãos responsáveis, a poluição continuava afetando de forma
significativa a vida dos seres vivos, sendo estes saudáveis ou portadores de
doenças respiratórias prévias (POPE III et al., 1995; LIN et al., 1999; POPE III, 2000;
BRUNEKREEF & HOLGATE, 2002). Pope III (2000) descreveu aumento de
mortalidade em situações de ausência de episódios agudos de poluição, com níveis
de material particulado abaixo de 150 µg/m³, em diversas partes do mundo. A partir
dessas observações, novos padrões foram instituídos pelos órgãos responsáveis,
incluindo EPA (US EPA, 2004) e World Health Organization (WHO AIR QUALITY
GUIDELINES, 2005), estabelecendo novos e inferiores limites de qualidade do ar na
tentativa de minimizar estes efeitos. No Brasil, a Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB, 1997), agência de controle de meio ambiente,
estabeleceu padrões nacionais de qualidade do ar (Tabela 2).
Tabela 2: Padrões nacional e internacional de qualidade do ar.
Poluente Tempo de
Exposição
Padrão CETESB
g/m
3
)
Padrão EPA
g/m
3
)
Padrão WHO
g/m
3
)
Partículas Totais
em Suspensão
24 horas
MGA
150
60
-
-
-
-
Partículas
Inaláveis (PM
10
)
24 horas
MAA
150
50
70
-
50
20
Partículas Finas
(PM
2,5
)
24 horas
MAA
-
-
35
15
25
10
Fumaça 24 horas
MGA
100
40
-
-
-
-
Dióxido de
Enxofre
3 horas
24 horas
MGA
100
40
365 (0,14 ppm)
80 (0,03 ppm)
20
-
Dióxido de
Nitrogênio
1 hora
MGA
190
100
-
100 (0,05 ppm)
200
40
Monóxido de
Carbono
1 hora
8 horas
40.000 (35 ppm)
10.000 (9 ppm)
40.000 (35 ppm)
10.000 (9 ppm)
-
-
Ozônio 1 hora
8 horas
160
-
-
157 (0,08 ppm)
-
100
CETESB: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental; EPA: Environmental
Protection Agency; MAA: Média aritmética anual; MGA: Média geométrica anual; ppm:
partículas por milhão; WHO: World Health Organization.
Fonte: CETESB, 1997; US EPA, 2004; WHO Air Quality Guidelines, 2005.
A industrialização urbana contribuiu muito para a piora da qualidade do ar
desde o seu surgimento. Em relação ao Brasil, São Paulo, centro mais
industrializado da América Latina, apresenta cerca de 3.000.000 de automóveis. A
CETESB calcula que os veículos automotivos sejam as principais fontes de poluição
atmosférica na cidade (CETESB, 1989), associados à presença de poucas áreas
verdes e existência de uma barreira de edifícios altos. Estes poluentes, resultantes
de combustão e utilizados para gerar energia e transporte, são divididos em quatro
categorias (KAMPA & CASTANAS, 2007): metais pesados; gases poluentes (como
SO
2
, NO
x
, CO, ozônio e compostos orgânicos voláteis, incluindo os benzenos);
poluentes orgânicos persistentes (como dioxinas); e materiais particulados, que
parecem ser os principais responsáveis pelos efeitos adversos à saúde (NATIONAL
AIR QUALITY AND EMISSIONS TRENDS REPORT, 1993; BRUNEKREEF &
HOLGATE, 2002).
Em diferentes partes do mundo, estudos epidemiológicos conduzidos em
áreas com predomínio de poluição de origem industrial e automotiva demonstram
associação entre poluição e mortalidade em um período de 24 h por todas as causas
e por causas cardiopulmonares (SCHWARTZ & MARCUS, 1990; SCHWARTZ &
DOCKERY, 1992; SALDIVA et al., 1995; KELSALL et al., 1997; POPE III, 2000;
DOMINICI et al., 2007). Essa associação, inicialmente observada no início dos anos
90, recebeu críticas quanto à presença de fatores de interferência, como estação do
ano, temperatura e umidade relativa. No entanto, novos estudos controlados para
efeitos temporais, clima e poluentes associados, bem como por métodos estatísticos
mais refinados e análises combinadas de diferentes cidades (multicity studies)
confirmaram os achados iniciais (BRAGA et al., 2000; POPE III, 2000).
A relação entre poluição e mortalidade em um período de 24 h, quando
analisada separadamente para concentração total de partículas suspensas (PTS),
dióxido de enxofre (SO
2
), dióxido de nitrogênio (NO
2
) e monóxido de carbono (CO),
mostrou-se principalmente associada aos níveis de material particulado, sugerindo
ser este o principal preditor de risco (SCHWARTZ & MARCUS, 1990; SALDIVA et
al., 1995; SCHWARTZ et al., 1996; KELSALL et al., 1997; SCHWARTZ et al., 2001).
Diferentes autores demonstraram, ainda, que o material particulado representa fator
de risco para mortalidade cardiopulmonar mesmo em concentrações relativamente
baixas, abaixo dos limites de padrão de qualidade do ar determinados pelas
agências reguladoras (POPE III, 2000; SCHWARTZ et al., 2001). Esses achados
motivaram o interesse na forma da relação resposta-exposição, gerando inúmeros
estudos com diferentes estratégias de modelagem estatística, conduzidos tanto em
uma única cidade como em múltiplas cidades (POPE III, 2000). Os resultados
convergem para uma relação resposta-exposição quase linear, sem evidência de um
limiar para observação do efeito causado pelo material particulado sobre a
mortalidade em um período de 24 h (DANIELS et al., 2000; SCHWARTZ &
ZANOBETTI, 2000; SCHWARTZ et al., 2001, 2002).
O material particulado (PM) representa também importante fator contribuinte
para doenças respiratórias. Os efeitos observados incluem aumento de sintomas
respiratórios (PETERS et al., 1997; LIN et al., 1999); diminuição da função pulmonar
(KAN et al., 2007); aumento do número de admissões em unidades de emergência e
internações hospitalares por doenças respiratórias (FUSCO et al., 2001; FARHAT et
al., 2005), como pneumonia (MEDINA-RAMÓN et al., 2006), asma (LEE et al., 2006;
KO et al., 2007b) e DPOC (SCHIKOWSKI et al., 2005; KO et al., 2007a); aumento da
morbidade respiratória caracterizada por absenteísmo do trabalho ou escola ou
outras restrições de atividade, e aumento de mortalidade de origem cardiopulmonar
(POPE III et al., 1995). Esses efeitos adversos têm sido observados com níveis de
particulados presentes em várias cidades, incluindo algumas com níveis abaixo dos
padrões estabelecidos pelas agências de controle da qualidade do ar (POPE III et
al., 1995; MARTINS et al., 2002; DOMINICI et al., 2007).
O aumento na concentração de partículas no ar ambiente tem sido
relacionado à redução de capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado
no primeiro segundo (VEF
1
) e pico de fluxo expiratório (PEF) (PETERS et al., 1997;
KAN et al., 2007; MCCREANOR et al., 2007), sendo descrito queda de 3,4% na CVF
e 1,6% de VEF
1
para um aumento de 10 µg/m
3
de PM (ACKERMANN-LIEBRICH et
al., 1997). Enquanto que Frye et al. reportaram aumento de 4,7% na CVF em
associação a uma redução de 50 µg/m
3
nos níveis de PM (FRYE et al., 2003).
Crianças e idosos constituem população particularmente sensível aos efeitos
respiratórios associados à poluição (PEEL et al., 2005, 2007; LEE et al., 2006;
BATESON & SCHWARTZ, 2008; OFTEDAL et al., 2008). Evidências também
sugerem maior susceptibilidade de indivíduos com doenças prévias, como
hipertensão, DPOC e asma (SHEPPARD et al., 1999; ZANOBETTI et al., 2000;
ETZEL et al., 2003; MCCREANOR et al., 2007; PEEL et al., 2007).
1.1.2 Material particulado
Desde 1970, quando o material particulado (PM) foi apontado como um dos
principais poluentes a ser controlado pelo Clean Air Act, a concentração de PM nos
EUA tem sido monitorada (OSTRO & CHESTNUT, 1998). O PM é uma mistura de
partículas líquidas e gasosas de diferentes origens e tamanhos em suspensão no ar,
sendo o principal componente urbano da poluição aérea. As partículas são
classificadas de acordo com seu diâmetro aerodinâmico em grossas, finas e
ultrafinas. As partículas grossas são aquelas com diâmetro aerodinâmico entre 2,5 e
10 µm (PM
10
), as finas apresentam diâmetro entre 0,1 e 2,5 µm (PM
2,5
) e as
ultrafinas 0,1 µm (DONALDSON et al., 2001; TAO et al., 2003). Um quarto grupo,
denominado nanopartículas, é constituído por partículas com diâmetro aerodinâmico
de 0,010 µm a 0,056 µm (SHI et al., 2001; KITTELSON et al., 2004; LIN, C et al.,
2005; DUFFIN et al., 2007) (Figura 1). O termo partículas totais suspensas (PTS) se
refere a todas as partículas coletadas numa amostra de ar, sendo compostas tanto
por partículas grossas, finas e ultrafinas, como por nanopartículas e seus
componentes.
Figura 1. Classificação do material particulado de acordo com seu diâmetro aerodinâmico
(DONALDSON et al., 2001).
Em geral, as partículas de maior diâmetro aerodinâmico, também
denominadas partículas inaláveis, são geradas por processos mecânicos. Essas
partículas se depositam predominantemente na nasofaringe e orofaringe, podendo
penetrar nos pulmões, onde são, então, removidas pelo clearance mucociliar e
deglutidas, ou ainda, eliminadas por processos mecânicos como tosse e espirro. Em
Ultrafina
Fina
Grossa
0,01
0,1 1 2,5 10 µm
10 100 1000 2500 10000 nm
contrapartida, as partículas finas e ultrafinas, conhecidas como partículas
respiráveis, são geradas por combustão, condensação ou reações químicas, sendo
encontradas na fumaça de queima de madeiras, de carvão e de petróleo,
provenientes da exaustão de motores. Diferentemente das partículas grossas, as
partículas respiráveis apresentam tempo mais longo de suspensão na atmosfera
(dias e semanas) e dispersão mais uniforme em zonas urbanas, depositando-se nas
vias aéreas extratorácicas ou, dependendo do fluxo de ar e da difusão, penetrando
nas pequenas vias aéreas e alvéolos, onde persistem por semanas ou meses
(DUSSELDORP et al., 1995; PETERS et al., 1997; BROWN et al., 2002; TAO et al.,
2003). As partículas finas e ultrafinas podem ser eliminadas pelo sistema muco-ciliar,
funcionante desde a traquéia proximal aos bronquíolos terminais ou, então, ser
fagocitadas por macrófagos, quando depositadas nas regiões alveolares
(DONALDSON & STONE, 2003). Acredita-se que apenas as partículas ultrafinas
alcancem o parênquima pulmonar em número suficiente para causar danos ao
sistema respiratório (DONALDSON et al., 2001).
A maior capacidade de deposição alveolar das partículas ultrafinas é atribuída,
em parte, à sua maior concentração. A concentração das partículas se refere ao
número ou massa de partículas por unidade de volume (µg/m
3
). Para uma
determinada massa, as partículas ultrafinas possuem uma área de superfície de 10
2
a 10
3
vezes maior do que as partículas finas e, aproximadamente, 10
5
vezes maior
do que as grossas (HARRISON & YIN, 2000; DONALDSON & STONE, 2003)
(Tabela 3). Essa razão, massa por área de superfície, pode influenciar a toxicidade
das partículas no sistema respiratório, uma vez que uma grande área de superfície
por massa permitiria maior transporte de metais catalíticos e outros componentes
adsorvidos à sua superfície (HITCHINS et al., 2000; SHI et al., 2001), aumentando,
assim, a toxicidade pulmonar do PM.
Tabela 3: Características físicas de nuvem de partículas com concentração no ar de 10
µg/m
3
de massa, sendo composta por partículas de vários diâmetros. O número de
partículas por unidade de volume no ar aumenta consideravelmente com a área de
superfície por unidade de volume de ar, associado à redução do tamanho da partícula.
Concentração em
massa no ar (µg/m
3
)
Diâmetro da
partícula (µm)
Partículas /
mL de ar
Área de superfície da
partícula (µ
3
/mL de ar)
10
2 1,2
24
10
0,5 153 120
10
0,02 2400000 3016
Fonte: DONALDSON et al., 2001.
A figura abaixo ilustra a relação entre número de partículas, área de superfície
e grau de deposição em regiões de troca gasosa (KITTELSON et al., 2004) (Figura
2). Podemos observar que partículas finas e ultrafinas contribuem de forma
significativa, em número e em área de superfície, quando comparadas às partículas
grossas.
Figura 2. Relação entre tamanho e massa das partículas e suas respectivas deposições no
sistema respiratório (KITTELSON et al., 2004).
Além da influência exercida pelo diâmetro aerodinâmico na deposição
alveolar, a penetração das partículas também será alterada pelo padrão respiratório
utilizado, resultando em diferentes mecanismos de deposição como: (a) impactação,
predominante para partículas de maior diâmetro aerodinâmico na nasofaringe; (b)
sedimentação, deposição de partículas intermediárias em bronquíolos terminais e
respiratórios, como resultado da ação da gravidade ou (c) difusão, movimento
randômico, em zigzag, de partículas 0,1 µm de diâmetro, resultante da força
exercida por moléculas de gás até as pequenas vias aéreas e alvéolos. A
penetração de partículas nos pulmões, e a quantidade de deposição por
sedimentação e difusão, podem ser aumentadas durante respirações lentas e
profundas. O exercício provoca aumento de freqüência respiratória que, por sua vez,
aumenta a deposição por impactação (RAABE, 1999). Estudos relatam deposição de
0%, 15% e 25% de PM
10
, PM
2,5
e partículas ultrafinas, respectivamente, durante
respiração nasal, demonstrando a eficiência da filtração nasofaringea (Figura 3). Por
outro lado, em respirações orais ocorre grande deposição de partículas na região de
troca gasosa, inclusive aquelas 10 µm, como mostra a figura 4 (CHENG et al.,
1989, 1990).
Figura 3. Deposição de partículas durante uma respiração nasal com FR = 15 ciclos por
minuto e V
T
= 750 mL (CHENG et al., 1989; RAABE, 1999).
Figura 4. Deposição de partículas durante uma respiração oral com FR = 15 ciclos por
minuto e V
T
= 750 mL (CHENG et al., 1990; RAABE, 1999).
1.1.3 Toxicidade do material particulado
Além dos efeitos das partículas relacionados ao seu diâmetro aerodinâmico e
sua conseqüente capacidade de deposição alveolar, a composição específica do PM
também pode estar relacionada à sua toxicidade. Todo material particulado contém
material biológico, compostos orgânicos, hidrocarbonetos, íons, aerossóis ácidos,
gases reativos e metais adsorvidos ou ligados a um centro carbonáceo. O PM
10
é
constituído primariamente por material biológico, material da crosta e sal, enquanto
que o PM
2,5
consiste primariamente de metais, hidrocarbonetos e partículas
secundárias formadas por reações químicas com poluentes gasosos. A composição
específica do PM em determinado local depende da localização geográfica, clima,
estação do ano e fontes de poluição (TAO et al., 2003).
Morbidade e mortalidade têm sido associadas com todas as frações de PM
(POPE III et al., 2002; LADEN et al., 2000, 2006), embora associações específicas
apresentem resultados controversos. Estudos examinando tanto PM
10
quanto PM
2,5
demonstraram maior associação de morbi-mortalidade com níveis de PM
2,5
do que
PM
10
(SCHWARTZ et al., 1996; CIFUENTES et al., 2000), outros identificaram
associação apenas com PM
2,5
mas não com PM
10
(ANDERSON et al., 2001; POPE
III et al., 2002), enquanto que alguns autores não demonstraram associação
individual com PM
10
ou PM
2,5
(LIPFERT et al., 2000). Acréscimos de 1,5% e 0,4% na
mortalidade são descritos para um aumento de 10 µg/m
3
na concentração de PM
2,5
(SCHWARTZ et al., 1996; LADEN et al., 2000, 2006) e de PM
10
(LADEN et al.,
2000), respectivamente. De forma semelhante, diminuição de 0,73% no risco de
mortalidade pode ser observada para cada 10 µg/m
3
de redução de PM
2,5
,
mostrando que estes efeitos são, em parte, reversíveis (LADEN et al., 2000, 2006).
Embora alguns investigadores tenham relacionado apenas PM
10
com mortalidade
(DOCKERY et al., 1992; OSTRO et al., 1999), a maior parte das evidências indica
que partículas finas e ultrafinas sejam as principais frações bioativas da poluição por
material particulado (PM) (TAO et al., 2003). De fato, frações finas e ultrafinas
correspondem a mais de 50% da composição do PM
10
(ANDERSON et al., 2001;
DONALDSON & STONE, 2003). O PM ultrafino seria potencialmente mais
patogênico, em virtude de sua grande capacidade de deposição nos alvéolos,
penetração no interstício pulmonar e grande área de superfície (PETERS et al.,
1997; CIFUENTES et al., 2000; DOMINICI et al., 2007).
Apesar de ser tema de intensa investigação, os mecanismos envolvidos na
associação entre material particulado e efeitos adversos à saúde permanecem
desconhecidos. Achados epidemiológicos de efeitos tóxicos e pró-inflamatórios
relacionados ao material particulado têm sido reproduzidos experimentalmente (NEL
et al., 2001). A inalação ou instilação de PM provoca resposta inflamatória em
modelos animais e em humanos (LI et al., 1997; KENNEDY et al., 1998; CLARKE et
al., 1999, 2000a,b; GHIO & DEVLIN, 2001; GHIO et al., 2001), caracterizada por
liberação de citocinas derivadas de macrófagos e pneumócitos, e concomitante
recrutamento de neutrófilos (FERIN et al., 1992; LI et al., 1996, 1997; KENNEDY et
al., 1998). A exposição a PM aumenta a expressão de genes relacionados à
ativação de NF-κB, incluindo TNF-α, TGF-β e IL-6 (SHUKLA et al., 2000; STONE et
al., 2000).
Radicais livres e estresse oxidativo têm sido extensamente implicados na
resposta inflamatória associada à exposição ao material particulado (DONALDSON
& STONE, 2003; DONALDSON et al., 2005; PEREIRA et al., 2007). Evidências
sugerem que (i) o material particulado apresenta propriedades oxidantes, (ii) provoca
alterações dependentes de oxidação in vitro em células críticas ao processo
inflamatório (e.g., macrófagos alveolares, células epiteliais e granulócitos
polimorfonucleares), (iii) bem como provoca efeito pró-inflamatório in vivo
dependente de oxidação. Muitos mediadores inflamatórios induzidos pela exposição
a PM são regulados por fatores de transcrição sensíveis a redox, como NF-κB, AP-1
e C/EBP, sugerindo um aumento da produção de espécies reativas de oxigênio
(ROS) após exposição a PM (JIMENEZ et al., 2000; LI et al., 2002; GONZALEZ-
FLECHA, 2004; DONALDSON et al., 2003; OHYAMA et al., 2007). A capacidade de
gerar ROS estaria relacionada à maior área de superfície da partícula,
independentemente de sua composição (BROWN et al., 2000). No entanto,
evidências sugerem que metais e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA),
principais constituintes do PM, possam atuar sinergicamente, produzindo ROS
(PARK et al., 2006; KAMPA & CASTANAS, 2007; OHYAMA et al., 2007).
Dentre os metais, os mais encontrados nos particulados são Cr, Co, Ni, Mn,
Zn, Cu, e, principalmente, Fe (GURGUEIRA et al., 2002). Este último se encontra
presente em maiores concentrações nas partículas de queima de combustíveis
fósseis, se comparado aos demais metais (PARK et al., 2006). Muitos trabalhos
epidemiológicos mostram influência da exposição ocupacional a metais sobre os
parâmetros espirométricos, com diminuição de VEF
1
, CVF ou PEF associados à
inalação crônica de Pb (BAGCI et al., 2004; HONG et al., 2007), Mn (BOOJAR &
GOODARZI, 2002; HONG et al., 2007), Zn (LAGORIO et al., 2006) e Fe
(DUSSELDORP et al., 1995; SEATON et al., 1995; ROEMER et al., 2000).
Adicionalmente, a instilação intratraqueal de ferro, associado a partículas ultrafinas,
potencializa o recrutamento de células no lavado broncoalveolar, efeito não
observado após instilação isolada de Fe (WILSON et al., 2002). Alguns metais
também são conhecidos por induzir efeitos pró-oxidativos e pró-inflamatórios (PARK
et al., 2006). Gurgueira et al. (2002) observaram presença de estresse oxidativo em
estudo in vivo após inalação de partículas ultrafinas contendo metais como Mn, Fe,
Cu e Zn. A presença de Fe nas partículas parece exercer maior importância na
formação de ROS do que os demais metais (PARK et al., 2006; GHIO & COHEN,
2005).
Em relação aos compostos orgânicos, 16 HPA o considerados
particularmente importantes no monitoramento ambiental de poluentes orgânicos
prioritários: acenafteno, acenaftileno, antraceno, benzo[a]antraceno, benzo[a]pireno,
benzo[b]fluoranteno, benzo[ghi]perileno, benzo[k]fluoranteno, criseno,
dibenzo[a,h]antraceno, fenantreno, fluoranteno, fluoreno, indeno[1,2,3-c,d]pireno,
naftaleno e pireno (US EPA, 1987). Atenção especial tem sido dada aos HPA
portadores de atividade carcinogênica, incluindo benzo[a]antraceno,
benzo[b]fluoranteno, benzo[j]fluoranteno, benzo[k]fluoranteno, benzo[a]pireno,
dibenzo[k]antraceno e indeno[1,2,3-c,d]pireno (CASTAÑO-VINYALS et al., 2004).
Dentre esses, o benzo[a]pireno apresenta atividade carcinogênica 10-100 vezes
maior do que os demais HPA (SORENSEN et al., 2003).
A formação de HPA tem sua origem na combustão incompleta da matéria
orgânica, sendo influenciado principalmente por fatores como temperatura e
pressão. Deste modo, incêndios florestais e de campos, assim como a queima de
combustíveis fósseis, representam importantes fontes de HPA para o meio
ambiente. Porém, as maiores emissões de HPA provêm de processos industriais
ligados à produção de aço e alumínio, exaustão de incineradores, resíduos sólidos
industriais, e atividades petroquímicas (SISINNO et al., 2003). As concentrações de
HPA podem variar de dezenas de ng/m
3
, em áreas não poluídas ou pouco poluídas,
a centenas de ng/m
3
em regiões de maior poluição (KURE et al., 1997; CASTAÑO-
VINYALS et al., 2004). Compostos orgânicos, incluindo os benzenos, têm sido
associados à formação de ROS e peroxidação lipídica (SORENSEN et al., 2003),
induzindo estresse oxidativo em macrófagos alveolares (HIURA et al., 1999) e
células epiteliais, com conseqüente produção de IL-8 e indução de apoptose (LI et
al., 2002). Adicionalmente, os HPA se distribuem pelos tecidos, onde são
biotransformados em intermediários quimicamente ativos. Esses intermediários
podem se ligar ao DNA por ligação covalente (adutos de DNA), gerando mutação ou
iniciando processo tumoral. A formação de adutos de DNA é considerada essencial
para o potencial carcinogênico desses compostos (SORENSEN et al., 2003;
CASTAÑO-VINYALS et al., 2004).
1.1.4 Queima de biomassa
O planeta convive com outra fonte crescente de poluição, além da gerada por
queima de combustíveis fósseis, que atinge preferencialmente os países em
desenvolvimento: a queima de biomassa. A queima de biomassa se refere à queima
de qualquer matéria de origem vegetal ou animal (ARBEX et al., 2004), presente
tanto em ambientes internos como externos, e representa um contribuinte central
para o aumento de partículas em suspensão no ar.
A queima de biomassa em ambientes internos existe desde a pré-história,
permanecendo até os dias de hoje com a utilização de queima de carvão e madeira
no preparo de alimentos e aquecimento de residências. A exposição a essa fumaça
em ambientes fechados tem sido associada a infecções respiratórias agudas em
crianças e em portadores de DPOC, pneumoconioses, infecção respiratória aguda
das vias aéreas inferiores e efeitos adversos na gestação (JOHNSON & ADERELE,
1992; ARBEX et al., 2004). Esta prevalência é mais freqüente em países em
desenvolvimento, onde mulheres acompanhadas de seus filhos permanecem horas
do dia cozinhando em ambientes mal ventilados. Na Índia, 18 necropsias realizadas
em mulheres não fumantes expostas à queima de biomassa em ambientes internos
mostrou alta prevalência de enfisema pulmonar e bronquiectasia, e baixos índices de
bronquite crônica e tuberculose (PADMAVATI & JOSHI, 1964). Estudos mostram
redução da CVF (BEHERA et al., 1994) e da relação VEF
1
/CVF (REGALADO et al.,
2006) em mulheres que utilizam queima de biomassa se comparado com mulheres
que utilizam gás no preparo de alimentos. Adicionalmente, crianças expostas à
queima de biomassa no ambiente doméstico apresentam redução de CVF e VEF
1
semelhante àquelas expostas à fumaça de cigarro (RINNE et al., 2006).
A queima de biomassa em ambientes externos merece atenção ainda maior.
Em 1997, vários incêndios florestais ocorreram em diferentes regiões do sudoeste
asiático, levando a aumento do número de atendimentos hospitalares por asma
brônquica, bronquite crônica e infecção respiratória aguda, devido à elevada
concentração de material particulado suspenso (HELL & GOLDAMEER, 2001; KUNII
et al., 2002). No Brasil, além do desmatamento florestal e queima de campo para
cultivo, uma nova fonte de queima de biomassa em ambientes externos se iniciou
com a crise mundial de petróleo de 1970. A procura por combustíveis alternativos
levou ao desenvolvimento do uso do álcool, extraído da cana-de-açúcar. Desde
então, o cultivo da cana aumentou consideravelmente no Brasil. A monocultura da
cana-de-açúcar é hoje uma realidade em diversas regiões do nosso país. Duas
regiões do estado de São Paulo estão entre os maiores produtores de cana:
Araraquara e Piracicaba. Periodicamente, a palha da cana é queimada, espalhando
nuvens de fumaça composta de partículas de fuligem preta, “fuligem da cana” (SIH,
1997; ARBEX et al., 2004; JARDIM & NASCIMENTO, 2007). Atualmente, 70% da
cana-de-açúcar produzida no país é queimada antes da colheita manual, para a
produção de álcool (ARBEX et al., 2007). A queima dos canaviais, que ocorre nos
meses de maio a novembro, polui a atmosfera com a liberação de monóxido de
carbono, ozônio, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio e toneladas de material
particulado (ARBEX et al., 2004; ZHANG & SMITH, 2007).
Com a crescente utilização do álcool como combustível em veículos
automotores, houve uma melhora na qualidade do ar nos grandes centros urbanos
(ARBEX et al., 2000). Porém, o inverso ocorreu com a qualidade do ar das regiões
produtoras de cana-de-açúcar (ARBEX et al., 2004), assim como em populações
vizinhas (SIH, 1997). Relatórios da CETESB, emitidos em 1986 e 1999, sobre a
qualidade do ar em Araraquara, mostraram um importante aumento da poeira total
em suspensão no período da safra da cana-de-açúcar, em comparação com o
período de entre-safra (ARBEX et al., 2004). Estudo prévio demonstrou ser a queima
de biomassa a principal fonte de partículas das áreas produtoras de cana durante os
períodos de queima (LARA et al., 2001). A maior fonte das partículas emitidas
durante a queima de biomassa se concentra na categoria de ultrafinas (< 0,1 µm)
(SCHWELA et al., 1999). Arbex et al. demonstraram recentemente (ARBEX et al.,
2007) que mesmo durante o período de queima, a concentração média de PTS em
Araraquara se mantém abaixo do padrão de qualidade do ar recomendado pelas
agências reguladoras. No entanto, nesses períodos o nível médio de PTS
representa o dobro do encontrado fora dos períodos de queima.
A Organização Mundial da Saúde sugere que incêndios florestais produzem
efeitos respiratórios adversos, incluindo aumento no número de admissões em
unidades de emergência e hospitalizações (SCHWELA et al., 1999). Na cidade de
Araraquara, com 192.000 habitantes, a queima de cana-de-açúcar tem sido
associada com aumento de visitas a unidades de emergência para terapia inalatória
(ARBEX et al., 2000), aumento do número de internações hospitalares de crianças e
idosos por doenças respiratórias (CANÇADO et al., 2006), bem como, aumento de
admissão hospitalar por asma (ARBEX et al., 2007). Adicionalmente, estudo
epidemiológico no Estado de São Paulo, comparando 3000 crianças moradoras do
centro de São Paulo (expostas à poluição urbana), de Piracicaba (expostas à
poluição pela queima de cana-de-açúcar) e de Tue Batatais (zonas rurais livres
de poluição), verificou exacerbação de doenças respiratórias, como asma, bronquite
e pneumonia, nas zonas de poluição em comparação a Tupã e Batatais. Os
resultados dos estudos indicam que a poluição pela queima de biomassa atinge
níveis suficientemente altos para causar efeitos adversos à saúde da população
exposta, de forma semelhante à observada na zona urbana (SIH, 1997; ARBEX et
al., 2000; CANÇADO et al., 2006; ARBEX et al., 2007). Os efeitos respiratórios
adversos foram observados um dia após o aumento nas concentrações de PTS,
permanecendo praticamente inalterados até 5 dias após a exposição (ARBEX et al.,
2007). De forma semelhante ao descrito no material particulado de origem urbana
(DANIELS et al., 2000; SCHWARTZ & ZANOBETTI, 2000; SCHWARTZ et al., 2001,
2002), o risco relativo para admissões hospitalares por asma apresentam uma
relação dose-resposta com a poluição por queima de biomassa, sem a presença de
um limiar mínimo (ARBEX et al., 2007).
1.2 MECÂNICA RESPIRATÓRIA
1.2.1 Noções básicas
A respiração constitui um processo cíclico que envolve certo trabalho
mecânico por parte dos sculos respiratórios para a movimentação do sistema
respiratório. O sistema respiratório é formado por dois componentes: pulmão e
parede torácica. Como parede torácica subentende-se todas as estruturas que se
movem durante o ciclo respiratório à exceção dos pulmões. A pressão motriz,
gerada pela contração muscular durante a inspiração, precisa vencer forças de
oposição, tais como: a) forças elásticas dos tecidos pulmonares e parede torácica; b)
forças resistivas resultantes do fluxo de gás pelas vias aéreas e movimentação das
moléculas constituintes dos tecidos pulmonar e da parede torácica (D’ANGELO et
al., 1994); c) forças viscoelásticas dos tecidos pulmonares e da parede torácica; d)
forças plastoelásticas responsáveis pela histerese (HILDEBRANDT, 1970); e) forças
inerciais (dependentes da massa dos tecidos e dos gases) (MEAD, 1961); f) forças
gravitacionais (incluídas nas forças elásticas) (MILIC-EMILI, 1977); g) forças de
distorção da parede torácica. Contudo, durante a respiração basal, as forças
inerciais e de distorção da parede são consideradas desprezíveis (RODARTE &
REHDER, 1986).
A elasticidade constitui uma propriedade da matéria que permite ao corpo
retornar à sua forma original após ter sido deformado por uma força sobre ele
aplicada. Um corpo perfeitamente elástico, como uma mola, obedeceà Lei de
Hooke, ou seja, a variação de comprimento é diretamente proporcional à força
aplicada até que seu limite elástico seja atingido. Em visão tridimensional, teríamos
volume proporcional à pressão.
O tecido pulmonar e a parede torácica possuem propriedades elásticas e
obedecem à Lei de Hooke, ampliada, de modo que quanto maior a pressão motriz,
maior o volume de gás inspirado. A inclinação da curva volume-pressão ou a relação
entre a variação de volume gasoso mobilizado (V) e a pressão motriz necessária
para manter o sistema respiratório insuflado é conhecida como complacência do
sistema respiratório (Crs). Logo, Crs = V/Pel,rs, onde Pel,rs corresponde à pressão
de retração elástica do sistema respiratório.
Cabe ressaltar que, ao invés de complacência, é freqüentemente utilizada a
elastância. Esta corresponde ao inverso da complacência (Ers = 1/Crs), ou seja, é a
relação entre a variação de pressão e o volume mobilizado resultante. O cálculo da
elastância do sistema respiratório apresenta vantagens, que as elastâncias do
pulmão (EL) e da parede torácica (Ew) são adicionadas diretamente: Ers = EL + Ew,
enquanto que se somam os inversos das complacências: 1/Crs = 1/CL + 1/Cw.
Dois fatores respondem pelo comportamento elástico do pulmão. Um deles
corresponde aos componentes elásticos do tecido pulmonar (fibras elásticas e
colágenas). Acredita-se que o comportamento elástico do pulmão não dependa do
simples alongamento das fibras de tecido conjuntivo, mas, principalmente, do seu
arranjo geométrico. Todas as estruturas pulmonares encontram-se interligadas pela
trama de tecido conjuntivo pulmonar, de forma que, quando insuflação, todos
esses componentes se dilatam. Esse fenômeno é denominado “interdependência”,
que contribui para manter todos os espaços aéreos abertos.
Além das propriedades elásticas dos tecidos pulmonares, os pulmões ainda
apresentam um importante fator que contribui para as suas características elásticas:
a tensão superficial exercida pelas moléculas que recobrem a zona de troca gasosa.
A tensão superficial em uma interface ar-líquido aparece porque as moléculas do
líquido são atraídas com maior intensidade ao longo da superfície do próprio líquido
do que para a fase gasosa acima deste. A tensão superficial pode ser definida como
a força que age sobre uma linha imaginária de 1 cm de comprimento na superfície
de um líquido. Essa tensão surge, porque as forças de atuação entre as moléculas
do líquido são muito maiores do que aquelas entre líquido e gás, resultando em que
a área líquida torna-se a menor possível.
Em uma estrutura esférica como uma bolha de sabão, a tensão superficial
tem a propriedade importante de gerar pressão no interior da bolha. A relação entre
a tensão superficial na parede e a pressão desenvolvida dentro da bolha de sabão é
dada pela Lei de Laplace. Essa afirma que, para cada superfície de uma bolha, a
pressão (P) é igual ao dobro da tensão (T) dividida pelo raio (r), ou, para ambas as
superfícies, P = 4T/r. Entretanto, quando somente uma interface está envolvida,
como em um alvéolo esférico revestido por líquido na sua face interna, o numerador
tem o número 2 em lugar de 4. Considerando-se dois alvéolos de diferentes
tamanhos conectados através de uma via aérea comum, e com tensão superficial
semelhante, pode-se depreender, com base na Lei de Laplace, que a pressão no
alvéolo menor seria maior do que no alvéolo maior. Desta forma, os alvéolos
menores esvaziar-se-iam nos maiores, resultando em vários alvéolos colapsados e
outros hiperinsuflados. Contudo, isso não ocorre nos pulmões normais, pois a tensão
superficial do surfactante, líquido de composição protéica ( 10%) e, principalmente,
fosfolipídica ( 90%) secretado pelos pneumócitos tipo II, é consideravelmente
menor do que a da solução salina que recobre as mucosas pulmonares. Dessa
forma, um equilíbrio entre os alvéolos maiores e menores, com uma mesma
pressão mantida em seus interiores.
Durante a movimentação do sistema respiratório, quando ocorre fluxo de gás,
um elemento adicional ao elástico precisa ser vencido pela pressão motriz: a
resistência. A resistência do sistema respiratório (Rrs) pode ser calculada dividindo-
se Pres,rs pelo fluxo aéreo. Pres,rs é a pressão resistiva do sistema respiratório, ou
seja, a pressão necessária para vencer seus componentes resistivos.
Semelhantemente à complacência, e pelas mesmas razões, a resistência do sistema
respiratório pode ser subdividida em seus componentes pulmonar e de parede.
A resistência pulmonar pode ser subdividida em dois subcomponentes: a
resistência das vias reas (Raw), que depende do fluxo de ar no interior dos
pulmões, e a resistência tecidual (Rtis), determinada pelas perdas energéticas
geradas pela viscosidade (isto é, atrito) pertinentes à movimentação do pulmão. A
resistência das vias reas pode ser influenciada pela geometria da árvore
traqueobrônquica, pelo volume pulmonar, pela complacência das vias aéreas, pela
viscosidade do gás inspirado e pela musculatura lisa dos brônquios. A resistência
tecidual depende da velocidade de deslocamento, tanto durante a inspiração como
na expiração. A resistência da parede torácica também é determinada pelas perdas
energéticas geradas pela viscosidade pertinente à movimentação das moléculas que
constituem os tecidos da parede torácica.
Além dos componentes elásticos e resistivos, o sistema respiratório
apresenta, também, propriedades viscoelásticas, que atuam no tecido pulmonar e na
parede torácica. A viscoelasticidade foi descrita, a partir do comportamento de fios
de seda, por Wilhelm Weber em 1835. Esse tipo de material obedece à lei da
proporcionalidade entre a força aplicada e o alongamento resultante (Lei de Hooke),
porém apenas por um curto período de tempo após a aplicação da força. Quando a
carga permanece por um tempo prolongado, o alongamento passa a aumentar
continuamente. O alongamento tempo-dependente representa uma propriedade
universal, presente em vários tecidos animais (DORRINGTON, 1980).
Substâncias viscoelásticas, quando mantidas sob deformação constante,
apresentam queda da tensão, chamada de relaxamento de tensão (stress
relaxation), ou simplesmente, relaxamento, quando o corpo é estirado. Por outro
lado, sob tensão constante, o corpo tende a se deformar continuamente com o
decorrer do tempo, fenômeno chamado creep. É importante notar que esta
deformação não é irreversível, mas sim reprodutível, podendo ser repetida, desde
que seja precedida por um período de tempo onde o material permaneça em
condições de repouso, a fim de apagar a memória do evento anterior. Do ponto de
vista morfofuncional, a viscoelasticidade ocorre ao nível do tecido pulmonar e da
parede torácica e permite o intercâmbio de energia (pressão) entre o componente
elástico e o resistivo. Por exemplo, durante uma pausa inspiratória, a energia
potencial (pressão) acumulada no componente elástico pode ser dissipada sob a
forma de calor pelo componente resistivo.
1.2.2 Estudo da mecânica respiratória
Na tentativa de compreender a complexidade do sistema respiratório e seus
componentes (pulmão e parede torácica), além dos diversos mecanismos envolvidos
durante a respiração foram utilizados modelos matemáticos relativamente simples,
que se aproximam ao máximo da realidade. Para isso, faz-se necessária a
interpretação fisiológica de variáveis mensuráveis como fluxo, volume e pressão na
abertura das vias aéreas.
O modelo mais simples é composto por 2 elementos, uma resistência
(representada por um tubo) e uma elastância (representada por um balão) (Figura
5). Esse modelo baseia-se na assertiva de que as propriedades mecânicas do
sistema respiratório independem do volume pulmonar e do fluxo, e que os fatores
inerciais são desprezíveis. Considerando-se o sistema respiratório normal, esse
modelo pode ser utilizado, e tornou-se tão popular que geralmente refere-se à
equação a ele associada como "equação de movimento do sistema respiratório".
Essa equação é dada por P(t) = E.V(t) + R.V’(t), onde, em qualquer instante t, E e R
são, respectivamente, a elastância e a resistência do sistema respiratório e P
representa a pressão motriz capaz de produzir volume (V) e fluxo aéreo (V’).
Entretanto, apesar do modelo de compartimento único continuar sendo amplamente
utilizado, não é possível empregá-lo com precisão para o estudo da mecânica em
presença de doenças pulmonares, sendo necessário um modelo de dois ou mais
compartimentos, que apresentem diferentes constantes de tempo para descrever o
comportamento mecânico do sistema respiratório. Além disso, essa equação de
movimento não explica o decaimento lento da pressão traqueal observado após
oclusão das vias aéreas ao final da inspiração (DON & ROBSON, 1965; BATES et
al., 1985a,b), a dependência de freqüência de R e E na faixa de 0-2 HZ (HANTOS et
al.,1986, 1987; BARNAS et al., 1987; BATES et al., 1989; BRUSASCO et al., 1989),
bem como a presença de histerese na curva volume-pressão quase-estática em
pulmões isolados (SIMILOWSKI & BATES, 1991).
Passa-se, então, ao estudo da mecânica respiratória utilizando-se modelos
bicompartimentais que consideram a heterogeneidade de distribuição de gás nos
pulmões (MEAD, 1961) e a viscoelasticidade dos tecidos (MOUNT, 1955).
Figura 5. Modelo linear unicompartimental. Representação anatômica (A), elétrica (B) e
reológica (corpo de Voigt, C). R, resistência do sistema respiratório; E, elastância do sistema
respiratório; V, variações de volume; P, pressão.
Na década de 60 foram descritos os primeiros modelos bicompartimentais
para estudo da mecânica respiratória, que associavam a natureza
multicompartimental do sistema respiratório à heterogeneidade da distribuição de
gás nos pulmões (OTIS et al., 1956; MEAD, 1969) ou à viscoelasticidade dos tecidos
(MOUNT, 1955).
Em 1985, Bates et al. representaram o modelo, originalmente proposto por
Mount, na forma de um modelo físico composto por elementos elásticos
representados por molas e por elementos resistivos expressos por amortecedores
(BATES et al., 1985b). Os autores realizaram uma análise teórica do comportamento
não homogêneo do sistema respiratório submetido à ventilação mecânica com fluxo
inspiratório constante, seguida por oclusão súbita das vias aéreas. Imediatamente
após a oclusão ocorre uma queda rápida da pressão traqueal (P1), indo do seu
valor máximo (Pmax) até um ponto de inflexão (Pi), seguida por uma queda lenta
(P2) até atingir um platô, que corresponde à pressão de retração elástica do
sistema respiratório (Pel), como mostrado na Figura 6.
A
B
C
VOLUME
(L)
FLUXO
(L/s)
PRESSÃO
TRAQUEAL
(cmH
2
O)
V
T
INSP
OCLUSÃO
LIBERAÇÃO
Pi
Pel
Pmáx
5s
Figura 6. Modelo do método de oclusão ao final da inspiração. Registros de volume, fluxo
aéreo e pressão traqueal em função do tempo. INSP, inspiração; V
T
, volume corrente;
Pmáx, pressão máxima ou de pico inspiratório; Pi, pressão pulmonar no ponto de inflexão;
Pel, pressão de retração elástica do pulmão.
O modelo de Bates et al. é constituído por dois submodelos, pulmão e parede
torácica, apresentando um arranjo em paralelo, uma vez que o submetidos à
mesma variação de volume (Figura 7). A subunidade pulmonar consiste de um
amortecedor, representando a resistência das vias aéreas (Rinit,L) em paralelo com
um corpo de Kelvin, que consiste de uma mola representando a elastância estática
(Est,L) em paralelo com um corpo de Maxwell, caracterizado por uma mola,
componente elástico (E2,L), e um amortecedor, componente resistivo (R2,L),
dispostos em série. E2,L, R2,L e a constante de tempo correspondente
(τ2,L=R2,L/E2,L) estimam as propriedades viscoelásticas do pulmão. a
subunidade da parede torácica é representada por uma resistência (Rinit,w) e pelo
corpo de Kelvin, caracterizado pela elastância estática da parede torácica (Est,w) e
pelos parâmetros que correspondem a viscoelasticidade (E2,w, R2,w e τ2,w).
Quando esse modelo é alongado (afastamento das duas barras horizontais) a
uma velocidade constante (v), a carga da mola E2 aumenta com o tempo (Ti) e a
velocidade do amortecedor R2 se aproxima da velocidade de alongamento (v),
assim, a força exercida pela mola E2 aproxima-se de R2.v. Se uma manobra de
“interrupção de fluxo” for realizada, o movimento relativo das duas barras horizontais
cessa. Com isso, o comprimento da mola E2 diminui gradualmente até atingir seu
comprimento de equilíbrio. Logo, nesse modelo, o decaimento pressórico lento
(P2), observado após a interrupção do fluxo, é interpretado como equivalente ao
relaxamento da mola E2, resultando em dissipação calórica de energia no
amortecedor R2.
Baseado no modelo de Bates et al. (BATES et al., 1988), a queda de pressão
que ocorre imediatamente após a oclusão das vias aéreas, durante a insuflação
pulmonar com fluxo constante, fornece a variação de pressão do sistema respiratório
que seria obtida na ausência de desigualdades da constante de tempo e stress
relaxation, ou seja, o componente viscoso ou homogêneo do sistema respiratório. A
queda mais lenta da pressão, que ocorre subseqüentemente até ser atingindo o
platô, reflete a pressão dissipada em decorrência da viscoelasticidade e/ou
inomogeneidade do sistema, as quais são determinadas, respectivamente, pelo
stress relaxation e pendelluft (BATES et al., 1985a; 1988).
Figura 7. Modelo de molas e amortecedores para interpretação da mecânica do sistema
respiratório com a técnica de interrupção do fluxo, proposto por Bates et al. (Bates et al.,
1985). Pulmão e parede torácica apresentam um componente resistivo (Rinit,L e Rinit,w,
respectivamente) em paralelo com um corpo de Kelvin; este composto por componente
elástico (Est,L e Est,w, respectivamente), representando a elastância estática dos dois
compartimentos, em paralelo com um corpo de Maxwell, conjunto de amortecedor e mola
em série (R2,L E2,L, e R2,w E2,w, respectivamente), os quais representam o
comportamento viscoelástico. A distância entre as duas barras horizontais é análoga ao
volume pulmonar (V) e a tensão entre elas é análoga da pressão na abertura das vias
aéreas (P).
“Stress relaxation pulmonar” é a capacidade do pulmão de se adaptar a uma
insuflação mantida, apresentando redução da pressão em função do tempo. Quando
permanece sob um comprimento constante (volume), o pulmão pode alterar sua
tensão com o tempo, logo, o gradiente de pressão diminui progressivamente. O
stress relaxation ocorre após alterações súbitas do comprimento, strain. Nesse caso,
súbito significa que o tempo necessário para o estiramento é menor do que a
constante de tempo (
τ
2
= R
2
.C
2
). O stress relaxation depende do realinhamento da
matriz extracelular e de perdas de energia nos tecidos pulmonares e na interface ar-
líquido (HORIE & HILDEBRANDT, 1971). o pendelluft é a transferência de um
pequeno volume de gás dos compartimentos pulmonares de maior pressão para os
compartimentos de menor pressão, representando o reajuste estático das diferenças
regionais de volume pulmonar resultantes de desigualdades de constante de tempo
(OTIS et al., 1956; BATES et al., 1985a).
Vários fatores contribuem para o stress relaxation no pulmão, como o
fenômeno de abertura e fechamento das vias reas e espaços alveolares, e as
perdas de energia nos tecidos e na interface ar-líquido. As fibras de colágeno e
elastina, isoladamente, apresentam pouca adaptação ao estiramento, mas o arranjo
da matriz fibro-elástica apresenta contribuição significativa para este fenômeno
(HORIE & HILDEBRANDT, 1971). Alguns autores ressaltam o papel da interface ar-
líquido como o principal determinante do stress relaxation no pulmão (HORIE &
HILDEBRANDT, 1971).
O comportamento não homogêneo da parede torácica não está
completamente esclarecido. A parede torácica pode se comportar como um sistema
de dois compartimentos, um de baixa complacência, representado pela caixa
torácica e outro de complacência mais elevada, o abdômen (PESLIN et al., 1975).
Além disso, a pressão intrapleural não é uniforme em toda a cavidade torácica,
sendo afetada pela contração do diafragma e pela movimentação do abdômen
(D’ANGELO et al., 1974). As propriedades mecânicas do sistema respiratório podem
sofrer influência da parede abdominal, ajudando a explicar a queda não homogênea
da pressão pleural após a oclusão das vias aéreas (ZIN et al., 1989). A abertura
extensa da parede abdominal leva ao aumento da elastância e resistência,
provavelmente secundário à redistribuição de volumes gasosos no pulmão (ZIN et
al., 1989).
O primeiro estudo em animais realizado de acordo com o proposto por Bates
et al. (BATES et al., 1985b), com subdivisão do sistema em seus componentes
pulmonar e de parede, foi realizado por Saldiva et al. em 1987 (SALDIVA et al.,
1987). Posteriormente, outros trabalhos também demonstraram a contribuição
significativa da parede torácica para as desigualdades do sistema respiratório
(AULER et al., 1987; ZIN et al., 1989; D´ANGELO et al., 1994; MOREIRA et al.,
1997; MACEDO-NETTO et al., 1998; ROCCO et al., 1999), comprovando que elas
podem ser atribuídas aos componentes pulmonar e de parede.
O método de oclusão das vias aéreas após insuflação com fluxo constante
não é capaz de determinar a contribuição relativa do pendelluft (desigualdades de
constantes de tempo) e do stress relaxation (componente viscoelástico) para o
desenvolvimento da queda lenta observada na pressão traqueal (BATES et al.,
1985a; 1988; KOCHI et al., 1988b). No entanto, vários autores acreditam ser a maior
contribuição representada provavelmente pelo stress relaxation (BATES et al., 1988;
KOCHI et al., 1988a; SIMILOWSKI et al., 1991).
No final dos anos 80, foi demonstrada, através do método de oclusão ao final
da inspiração, a dependência das resistências pulmonares, de parede e do sistema
em relação ao fluxo e volume (KOCHI et al., 1988a,b). Em condições de isovolume,
as resistências intrínsecas pulmonares (Rinit,L), da parede (Rinit,w) e do sistema
respiratório (Rinit,rs) aumentam linearmente com o aumento do fluxo, enquanto que
a pressão necessária para vencer a viscoelasticidade e/ou inomogeneidade e o
pendelluft (P2,L P2,w e P2,rs) aumenta progressivamente, mas a variação deste
crescimento decai, chegando a zero (SIMILOWSKI et al., 1989). Em outras palavras,
se fosse possível calcular uma resistência utilizando-se esses valores de pressão e
fluxo no momento da oclusão, ela cairia com a elevação do fluxo. Na situação de
isofluxo, aumentando-se o volume, Rinit,L, Rinit,w e Rinit,rs decrescem, enquanto
que P2,L P2,w e P2,rs aumentam de modo similar àquele obtido em situação de
isovolume (KOCHI et al., 1988a,b; D’ANGELO et al., 1989; SIMILOWSKI et al.,
1989).
Em 1988, o modelo de oclusão ao final da inspiração foi validado através de
estudos experimentais utilizando-se cápsulas posicionadas em pontos diferentes da
superfície pleural. Ao medir diretamente a pressão alveolar, comprovou-se ser esta
homogênea através dos pulmões, apresentando pico de pressão coincidente com o
ponto de inflexão (Pi) observado na curva de pressão traqueal. Logo, a pressão
alveolar mostra comportamento semelhante ao encontrado na segunda fase da
pressão traqueal, a de queda lenta. Tal observação indica que a variação de
pressão responsável pela queda lenta (P2) ocorre em conseqüência a um
fenômeno nas vias aéreas bem distais, alvéolo e tecido pulmonar. Logo, P2 é uma
manifestação do comportamento tecidual de adaptação ao estresse (BATES et al.,
1988; SALDIVA et al., 1992).
Apesar de haver diversas técnicas para analisar a mecânica do sistema
respiratório, nos últimos anos o método de oclusão ao final da inspiração vem sendo
bastante utilizado, tanto em animais, quanto em seres humanos anestesiados
(BATES et al., 1985b; AULER et al., 1987; SALDIVA et al., 1987; D’ANGELO et al.,
1989, 1994; MACEDO-NETO et al., 1998; ROCCO et al., 1999; CORRÊA et al.,
2001). Este todo foi empregado no presente trabalho, por fornecer informações
individualizadas sobre o componente pulmonar e permitir a análise de suas
propriedades elástica, viscosa e viscoelástica.
JUSTIFICATIVA
2 JUSTIFICATIVA
A relação entre poluição do ar ambiente e aumento da morbidade de doenças
respiratórias está bem estabelecida em áreas de poluição urbana, onde as principais
fontes poluentes são tráfego e indústrias. No entanto, pouco se sabe sobre os
efeitos da queima de biomassa, que se apresenta como fonte crescente de material
particulado, o componente central da poluição aérea. Esse problema é de particular
importância para o Brasil, uma vez que a procura por fontes alternativas de
combustível levou a significativo aumento do plantio de cana-de-açúcar e, hoje, 70%
dessa produção é queimada antes da colheita manual, para produção de álcool.
O potencial impacto dos efeitos adversos da queima de biomassa começou
a ser observado em estudos epidemiológicos nas áreas de Piracicaba e Araraquara,
São Paulo, com aumento do número de admissões hospitalares por sintomas
respiratórios nos períodos de queima. Esses achados iniciais fortalecem a
necessidade de melhor entendimento dos efeitos e mecanismos envolvidos na
associação entre queima de biomassa e alterações respiratórias (ARBEX et al.,
2000; MARTINS et al., 2002; CANÇADO et al., 2006; REGALADO et al., 2006;
RINNE et al., 2006; ARBEX et al., 2007).
O presente trabalho estuda os efeitos da exposição aguda a partículas totais
suspensas (PTS) provenientes da queima de cana-de-açúcar sobre as propriedades
elásticas, resistivas e viscoelásticas e/ou inomogêneas pulmonares, bem como
sobre a histologia do pulmão em um modelo murino. Os efeitos respiratórios são
comparados com os provocados por exposição semelhante à PTS de origem
urbana, sendo também determinada a presença de metais e hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos no PTS originado das duas fontes de poluição.
OBJETIVOS
3 OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Verificar se a exposição à dose ambientalmente relevante de partículas
derivadas da queima de cana-de-açúcar provoca, agudamente, efeitos prejudiciais
ao sistema respiratório, e comparar esses efeitos com aqueles relacionados à
partículas de origem urbana.
Fornecer suporte experimental para observações epidemiológicas de
associação entre efeitos respiratórios e queima de cana-de-açúcar.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Através de uma única instilação intranasal de partículas totais suspensas de
duas fontes distintas de poluição, objetivamos:
a) avaliar, pelo método de oclusão ao final da inspiração, as propriedades
elásticas, resistivas e viscoelásticas e/ou inomogêneas do pulmão;
b) estudar as alterações morfométricas e a celularidade total e diferencial no
parênquima pulmonar e
c) avaliar a composição das partículas totais suspensas das duas fontes de
poluição (de origem urbana e de queima de cana-de-açúcar).
MATERIAIS E MÉTODOS
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 ANIMAIS UTILIZADOS
Vinte e nove camundongos BALB/c fêmeas adultas, 25-30 g, oriundas do
biotério do Laboratório de Fisiologia da Respiração do Instituto de Biofísica Carlos
Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro foram utilizados no estudo.
Os animais receberam cuidados conforme o guia preparado pelo Comitê de
Cuidados e Uso dos Animais de Laboratório do Conselho Nacional de Pesquisas
dos Estados Unidos (U.S. Department of Health and Humane Services, 1985). O
protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Avaliação do Uso de Animais
em Pesquisa (CAUAP) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade
Federal do Rio de Janeiro.
4.2 CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS EXPERIMENTAIS
Os camundongos foram divididos aleatoriamente em três grupos
experimentais:
a) Grupo controle (C, n=9): os animais receberam 15 µL de água destilada
instilados por via intranasal (i.n.);
b) Grupo SP (n=9): os animais receberam dose única (i.n.) de 15 µg (em 15
µL de água destilada) de partículas totais suspensas (PTS) provenientes
da cidade de São Paulo, cuja principal fonte de material particulado é o
tráfego, e
c) Grupo Bio (n=11): os animais receberam dose única (i.n.) de 15 µg (em 15
µL de água destilada) de partículas totais suspensas (PTS) provenientes
da cidade de Araraquara, coletadas durante período de queima de cana-
de-açúcar.
A seleção da dose de PTS administrada baseou-se na concentração média
de PTS observada nas áreas estudadas. Em Araraquara, os níveis de PTS atingem
cerca de 60 µg/m
3
durante a estação de queima (ARBEX et al., 2007), enquanto que
a média em 24 h de PTS na área urbana da cidade de São Paulo é de
aproximadamente 120 µg/m
3
(CETESB, 2006). Logo, a dose acumulada de PTS em
24 h inalada por um camundongo nessa concentração ambiental é cerca de 2 µg em
Araraquara e 4 µg em São Paulo, considerando que um camundongo inspira 0,03
m
3
de ar em 24 horas. Considerando que apenas uma fração do PTS administrado
por instilação nasal atinge a região alveolar, a dose utilizada é ambientalmente
relevante.
Para a instilação intranasal os animais foram anestesiados com sevofluorano
e se recuperaram rapidamente do procedimento.
Todos os animais foram analisados 24 horas após a instilação, sendo
submetidos à análise de mecânica respiratória e histologia.
Após a realização da medida de mecânica respiratória in vivo, os animais
foram sacrificados e tiveram seus pulmões removidos para análise da morfometria
pulmonar e quantificação da celularidade total e diferencial, realizada no Laboratório
da Fisiologia da Respiração.
A análise quantitativa da composição do material particulado das duas
diferentes origens foi realizada no Laboratório de Radioisópotos Eduardo Penna
Franca, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, Universidade Federal do Rio de
Janeiro, sendo determinadas as concentrações de alguns metais e de alguns
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPA).
4.3 AMOSTRA DAS PARTÍCULAS
As partículas totais suspensas no ar foram coletadas em filtros de fibra de
vidro, utilizando um amostrador de médio volume, que operava em uma velocidade
de fluxo de 200 L/min (Handy-Vol, Energética, Rio de Janeiro, Brasil). As PTS de
origem urbana foram coletadas na cidade de São Paulo, Brasil, nos jardins da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, localizada na interseção de
duas movimentadas avenidas no centro da cidade. Neste local, 89% das partículas
finas são derivadas de tráfego (CETESB, 2006). As PTS provenientes da queima de
biomassa foram coletadas na área urbana da cidade de Araraquara, Brasil, nos dias
de queima de cana-de-açúcar. Em São Paulo, as partículas podem ser consideradas
de origem predominantemente de tráfego de veículos automotores. Por outro lado, a
queima de biomassa é a principal fonte de material particulado em Araraquara
durante os períodos de queima de cana-de-açúcar (LARA et al., 2001).
Os filtros foram pesados antes e após um período de 24 h de coleta das
partículas. A diferença de peso do filtro (g) corresponde à massa de PTS coletado
(ARBEX et al., 2007). Temperatura e umidade relativa foram respectivamente de
24,5
o
C e 71,22%, em São Paulo (7 fevereiro, 2006) e 24,6
o
C e 43% em Araraquara
(22 agosto, 2003) durante a coleta. As partículas foram, então, extraídas dos filtros
em água destilada via agitação em um sonicador ultrassônico por aproximadamente
oito horas. A proporção final partícula:volume foi 1:1 (1 µg:1 µL), sendo utilizados 15
µg de massa de PTS em 15 µL da solução final.
4.4 MECÂNICA RESPIRATÓRIA
Vinte e quatro horas após a instilação intranasal, os animais foram sedados
com diazepam (1 mg i.p.), pesados (balança Filizola, modelo BR, Indústrias Filizola
SA, SP, Brasil) e, então, anestesiados com pentobarbital sódico (20 mg/kg i.p.).
Depois de anestesiados, os animais foram colocados em uma pequena mesa
sob foco cirúrgico em decúbito dorsal, sendo seus membros fixados por
esparadrapo. Os membros superiores foram mantidos estendidos a 90 graus em
relação ao corpo e os membros inferiores estendidos em diagonal. Após o
posicionamento cirúrgico, foi realizada traqueotomia com introdução de jelco 20G
(com 32 mm de comprimento e 0,80 mm de diâmetro interno), sendo a cânula fixada
à traquéia por meio de fios de algodão. Os animais foram paralisados com injeção
intravenosa de brometo de pancurônio (0,4 mg/kg).
Os camundongos foram, então, acoplados a um ventilador de fluxo constante
(Samay VR15, Universidad de la Republica, Montevideu, Uruguai) com freqüência
de 100 incursões respiratórias por minuto e volume corrente (V
T
) de 0,2 mL.
Após a adaptação ao respirador, os animais foram submetidos à incisão
cirúrgica por tesoura na linha média do abdômen justo abaixo do apêndice xifóide. A
incisão foi estendida, superficialmente, ao longo da parede torácica sobre o esterno,
sendo, então, a pele do animal retirada por tração lateral. A seguir, a incisão
abdominal foi estendida lateralmente, para a esquerda e para a direita, seguindo o
bordo inferior das costelas até atingir a linha axilar anterior, bilateralmente. Com a
cavidade abdominal aberta, foi possível visualizar o diafragma, que foi perfurado e
secionado segundo a mesma orientação da abertura da parede abdominal. Antes da
perfuração do diafragma foi instalada pressão positiva ao final da expiração (PEEP)
de 2 cmH
2
O, a fim de evitar o desenvolvimento de colapso pulmonar e atelectasias
(POWERS et al., 1973; SALDIVA et al., 1992; RODRIGUES et al., 1993).
Após a retirada do diafragma, a parede torácica foi removida por incisões
longitudinais bilaterais ao nível da linha axilar anterior, em toda sua extensão, e
incisão superior, abaixo da clavícula.
O ventilador foi ajustado previamente para gerar uma pausa de 5 segundos
ao final da inspiração. Foram tomados cuidados especiais para a manutenção de
volume (V
T
= 0,2 mL) e fluxo (V’= 1 mL/s) constantes em todos os animais, a fim de
evitar os efeitos de diferentes fluxos, volumes e tempo inspiratório nas variáveis
medidas (KOCHI et al., 1988a,b; SIMILOWSKI et al., 1989).
O tubo traqueal foi conectado a um pneumotacógrafo para pequenos animais,
como descrito por Mortola e Noworaj (MORTOLA & NOWORAJ, 1983), para medida
de fluxo aéreo (V'), sendo o respirador acoplado à outra extremidade do
pneumotacógrafo. O pneumotacógrafo é constituído por uma cânula metálica com
duas saídas laterais conectadas a um transdutor diferencial de pressão, Validyne MP
45-2 (Engineering Corp, Northridge, CA, EUA), para medida de fluxo aéreo, sendo o
volume corrente obtido por integração do sinal de fluxo. Através de outra saída
lateral, a via aérea foi conectada a um transdutor diferencial de pressão Validyne
MP45-2 (Engineering Corp, Northridge, CA, EUA) para medida da pressão traqueal
(Ptr).
Uma vez que modificações abruptas no diâmetro não existiram no nosso
circuito, os erros de medida da resistência ao fluxo foram provavelmente evitados
(LORING et al., 1979; CHANG & MORTOLA, 1981). O espaço morto do
equipamento foi de 0,3 mL. Todos os sinais foram condicionados e amplificados em
um polígrafo Beckman tipo R (Beckman, Schiller Park, IL, EUA). Os sinais de
pressão e fluxo foram passados através de filtros Bessel passa-baixa de 8 los
(902LPF, Frequency Devices, Haverhill, MA, EUA), convertidos (DT-2801A, Data
Translation, Malboro, MA, EUA) de analógicos para digitais e armazenados em um
computador. Todos os dados foram coletados usando-se o software LABDAT (RHT-
InfoData Inc., Montreal, Quebec, Canadá) (Figura 8).
Durante os experimentos evitou-se ao máximo a manipulação da cânula
traqueal com aspirações e insuflações, para eliminar possíveis interferências sobre
os parâmetros medidos.
Os parâmetros da mecânica respiratória foram determinados 24 horas após a
instilação intranasal de água destilada (C), PTS de origem urbana (SP) ou PTS
derivado da queima de biomassa (Bio), sendo obtidos através do registro de 10
ciclos respiratórios pelo método da oclusão ao final da inspiração (descrito a seguir).
Figura 8. Montagem experimental consistindo de:
1 - Cilindro de ar comprimido.
2 - Válvula redutora de pressão.
3 - Ventilador de fluxo inspiratório constante composto por duas válvulas solenóides.
4 - Pneumotacógrafo.
5 - Peça em “T” para medida de pressão nas vias aéreas.
6 - Cânula traqueal.
7 - Mesa cirúrgica.
8 - Transdutor diferencial de pressão para medida de pressão nas vias aéreas.
9 - Transdutor diferencial de pressão para medida de fluxo.
10 - Polígrafo de oito canais para condicionamento e amplificação dos sinais de fluxo e
pressão.
11 - Filtros
passa-baixa Bessel de 8 pólos
.
12 - Conversor analógico-digital de 12 bits.
13 - Microcomputador.
4.4.1 Método de oclusão ao final da inspiração
A mecânica respiratória foi avaliada pelo método de oclusão ao final da
inspiração (BATES et al., 1985a), que permite analisar separadamente os
componentes elástico, resistivo e viscoelástico e/ou inomogêneo do sistema
respiratório.
No animal com o tórax aberto, a Ptr é, na realidade, a pressão transpulmonar
(PL), logo todos os parâmetros medidos correspondem à mecânica pulmonar. Após
a oclusão das vias aéreas ao final da inspiração, sob fluxo constante, ocorre uma
queda súbita da PL até um ponto de inflexão (Pi), a partir do qual o decaimento da
pressão assume caráter mais lento, atingindo um platô em sua porção terminal. Esta
fase de platô corresponde à pressão de retração elástica do pulmão (Pel). A
diferença de pressão que caracteriza a queda rápida inicial (P1), representada pela
diferença entre a pressão máxima inicial (Pmax) e o ponto a partir do qual a queda
se torna mais lenta (Pi), corresponde ao componente viscoso pulmonar. A segunda
variação de pressão (P2), representada pela queda lenta, do Pi ao platô (Pel),
reflete a pressão dissipada para vencer os componentes viscoelástico (stress
relaxation) e/ou inomogêneo (pendelluft) do tecido pulmonar. A soma de P1 e P2
fornece a variação total de pressão no pulmão (Ptot) (Figura 9).
As elastâncias estática (Est) e dinâmica (Edyn) do pulmão foram obtidas
dividindo-se Pel e Pi, respectivamente, pelo volume corrente. O componente elástico
da viscoelasticidade (E) foi, então, obtido pela diferença entre Edyn e Est.
Para a realização da oclusão, o aparelho utiliza uma válvula com tempo de
fechamento definido (10 ms). Como este fechamento não é absolutamente
instantâneo, o volume nunca cai a zero imediatamente após a oclusão, propiciando,
assim, a existência de um pequeno fluxo. Este fluxo será responsável pelo aumento
do volume pulmonar e, conseqüentemente, de Pi e Pel. Por isso, foi feita correção
de acordo com Kochi et al. (1988a).
As seguintes fórmulas foram utilizadas na análise da mecânica pulmonar:
Onde:
P1 = variação de pressão utilizada para vencer o componente viscoso
P2 = variação de pressão relativa ao componente viscoelástico e/ou inomogêneo
Ptot = variação de pressão total Pmáx = pressão máxima atingida
Pi = pressão no ponto de inflexão Pel = pressão de retração elástica
Est = elastância estática Edyn = elastância dinâmica
E = componente elástico da viscoelasticidade
V
T
= volume corrente T
I
= tempo inspiratório
V’= fluxo inspiratório
P1 = Pm
á
x
Pi
P2 = Pi
Pel
Ptot =
P1
+
++
+
P2
Est = Pel/V
T
Edyn = Pi/V
T
E = Edyn -
Est
T
I
= V
T
/V’
P1
P2
1,2
5
1,0
0
0,5
0
0,
20
0,
PL (cmH
2
O)
Pel
Pmax
Pi
A resistência total do equipamento (Req), incluindo a cânula traqueal, foi
previamente aferida através da aplicação de fluxos de ar ao sistema, com
concomitante registro das variações de pressão (P). Uma vez que Req = P/V’, a
resistência do equipamento corresponde ao coeficiente angular da curva PxV’. A
Req, constante até fluxos de 26 mL/s (bem acima da faixa de fluxos utilizada no
presente experimento), foi de 0,12 cmH
2
O.mL
-1
.s
-1
. A variação de pressão
determinada pelo equipamento (Peq = Req.V’) foi subtraída das pressões resistivas
do pulmão, de tal forma que os resultados representam suas propriedades
mecânicas intrínsecas.
Figura 9. Método de oclusão ao final da inspiração. Registros dos sinais de fluxo aéreo,
volume (V) e pressão transpulmonar (PL) em função do tempo. Os pulmões foram
ventilados com volume corrente de 0,2 mL e fluxo aéreo de 1 mL/s. O platô foi alcançado
após uma pausa inspiratória de 5 s. Após a oclusão das vias aéreas, uma queda rápida
na PL (P1) que corresponde a Pmax Pi, pressão dissipada para vencer o componente
viscoso do pulmão, seguida por uma queda lenta (P2), pressão dissipada para vencer os
componentes viscoelástico e/ou inomogêneo do pulmão, até um ponto de equilíbrio elástico,
representado pela pressão de retração elástica pulmonar (Pel). A linha de base do registro
de pressão corresponde à pressão positiva ao final da expiração (PEEP) de 2 cmH
2
O. Ins,
inspiração. V
T
, volume corrente.
4.5 ESTUDO HISTOLÓGICO E MORFOMÉTRICO
4.5.1 Fixação e preparo das lâminas para microscopia óptica
Após a determinação da mecânica pulmonar, os animais foram heparinizados
(veia cava inferior, 1000 IU) e tiveram a aorta abdominal e a veia cava seccionadas,
gerando uma hemorragia maciça, que rapidamente levou os animais ao óbito. A
traquéia foi ocluída com linha de algodão ao final da expiração. Os pulmões foram
perfundidos com solução salina (NaCl a 0,9%) e, posteriormente, com solução
Millonig modificada (100 mL de HCHO à 40%, 900 mL de água destilada, 18,6 g de
NaH
2
PO
4
, e 4,2 g de NaOH, pH = 7,4) durante aproximadamente um minuto. Para
tal, um scalp (19G) foi introduzido no ventrículo direito e conectado ao frasco
contendo a solução de perfusão, a 50 cm de altura. A porção abdominal do esôfago
foi identificada e isolada, sendo presa por uma pinça hemostática. As estruturas do
pescoço foram dissecadas com liberação das vias aéreas. A pinça que prendia o
esôfago foi suavemente tracionada para cima, permitindo separá-lo das estruturas
aderidas à parede torácica posterior. Com todas as estruturas individualizadas, a
traquéia foi secionada acima do local ligado pelo fio e, posteriormente, o esôfago foi
separado do conjunto por leve tração. Os pulmões foram removidos en bloc e
fixados em solução Millonig modificada.
Depois da fixação, o material foi processado como de rotina para estudo
histológico e emblocado em parafina, obtendo-se, então, cortes histológicos com 3
µm de espessura.
As lâminas contendo os cortes pulmonares foram coradas com hematoxilina e
eosina (HE) e analisadas por microscopia óptica (Axioplan, Zeiss, Oberkochen,
Alemanha), segundo seus aspectos qualitativos e quantitativos.
4.5.2 Análise histológica e morfométrica
As minas com os cortes pulmonares montados foram analisadas por
microscopia óptica (microscópio Axioplan, Zeiss, Oberkochen, Alemanha) tanto
qualitativa quanto quantitativamente. Para a análise qualitativa, toda a superfície da
lâmina foi observada com todas as estruturas pulmonares representadas, em
aumento de 100x.
A análise quantitativa foi realizada através da técnica convencional de
contagem de pontos (point-couting) (GUNDERSEN et al., 1988), utilizando uma
ocular acoplada ao microscópio contendo um sistema de referência de 100 pontos e
50 linhas dispostos em paralelo (Figura 10).
Em um aumento de 200x foram avaliados de cinco a dez campos aleatórios e
não coincidentes por lâmina. Foi quantificada a fração de área ocupada por alvéolos
normais e colapsados (WEIBEL, 1990), onde o número de pontos que caíam em
área de alvéolo normal ou colapsado, respectivamente, foi dividido pelo total de
pontos contados em cada campo analisado e expresso sob a forma de percentual.
Em um aumento de 1000x foram avaliados de cinco a dez campos aleatórios
e não coincidentes por lâmina para quantificação da celularidade total e do número
de células polimorfonucleares (PMN) e mononucleares (MN) no tecido pulmonar. O
número de PMN e MN foi computado como percentual de pontos totais que caíam
sobre o tecido pulmonar. Para tal, foi computado o número de pontos que caíam
sobre células PMN ou MN no septo alveolar de cada campo analisado. O total de
pontos sobre cada tipo celular foi, então, dividido pelo número total de pontos que
caíam sobre área de tecido pulmonar (descontando-se pontos sobre espaços
aéreos) e os valores expressos como percentual de PMN ou MN no tecido pulmonar
(PICANÇO et al., 2004; SANTOS et al., 2006).
Os valores finais foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM)
de 6 lâminas por grupo, sendo cada animal representado por apenas uma lâmina.
Figura 10. Retículo com 100 pontos e 50 linhas utilizado para análise histológica.
4.6 ANÁLISE DAS PARTÍCULAS
4.6.1 Análise de metais
Os experimentos de extração/solubilização dos metais pesados presentes no
particulado retido no filtro foram conduzidos sob o princípio básico de expor o
material em solução ácida, visando a obter um extrato com volume final aferido, no
qual os metais estejam solubilizados.
Todos os metais foram analisados em espectrofotômetro por absorção
atômica de chama (modelo AA 1475, Varian, Austrália), seguindo padrões de
recomendação (VARIAN, 1981) e estudos anteriores do Laboratório de
Radioisótopos na Universidade Federal do Rio de Janeiro (TRINDADE et al., 1981;
AZCUE et al., 1988). Todos os nossos resultados estiveram acima dos limites de
detecção (ng/mL) para os extratos: Cd (2,4), Cr (7,3), Cu (3), Fe (5), Mn (3), Ni (22) e
Zn (1,4), calculados de acordo com Slavin et al. (SLAVIN et al., 1972).
4.6.1.1 Filtração
Na filtração para a obtenção do particulado em suspensão (após a
determinação do volume inicial), as amostras de água refrigerada foram filtradas em
membrana Millipore (diâmetro do poro de 0,45 µm) com auxílio de uma bomba de
vácuo. Cada filtro, previamente pesado e seco em estufa (70
o
C) por 1 hora, foi
mantido em um dessecador até a filtração, realizada em bomba de vácuo. Após a
filtração, o material foi seco a 70
o
C.
4.6.1.2 Extração total
Depois de determinada a massa filtrada, foi realizada a digestão do material
particulado. Para estimar o conteúdo total de metais pesados no particulado, as
amostras foram transferidas para cadinhos de teflon em banho de areia a quente,
digeridas com 5 mL de HNO
3
65% (P.A.), sendo, então, levadas à evaporação.
Adicionou-se então 5 mL de HCl 37% (P.A.), levando-se mais uma vez ao
ponto de secura da amostra e, finalmente, solubilizando o extrato com HCl 0,1 M. O
volume final aferido, com auxílio de uma proveta de vidro, foi de 15 mL deste último
ácido diluído. As amostras foram, então, armazenadas em frascos plásticos em
geladeira até o momento da análise no espectrofotômetro.
4.6.2 Análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos
A análise de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos das partículas retidas
nos filtros se baseia em técnicas cromatográficas de separação, divididas em quatro
etapas principais: extração, purificação, fracionamento e determinação dos
poluentes por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE, do inglês HPLC)
(Figura 11). Para cada amostra, foi analisado um branco, que acompanhou todas as
etapas descritas abaixo.
Figura 11. Esquema da metodologia utilizada para análise de hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos.
2 gramas de peso seco (p.s.) em ultra-som
(banho quente) com n-hexano/acetona (3 x
20 min)
Coluna cromatográfica aberta com agente
dessulfurizante (Al
2
O
3
/Na
2
SO
3
/NaOH em 11%
de água)O)
Coluna cromatográfica aberta
contendo sílica gel
Modelo: RF-10 (Shimadzu AxL, Corp, Kyoto, Japão)
Bombas: LC-10AT e LC-10AS.
Coluna: CLC-ODS: 25 cm; 4,6 mm d.i.; 5 µm; 120 Å.
Fase móvel: acetonitrila/água (80:20 v/v)
Fluxo: 1,5 mL.min-1
Extração
Purificação
Fracionamento
CLAE_F
L
4.6.2.1 Extração
Matrizes, como particulado, apresentam uma gama de substâncias orgânicas
associadas, principalmente adsorvidas às partículas minerais. Para um melhor
desempenho na extração de poluentes orgânicos com polaridades distintas, se faz
necessário a utilização de solventes orgânicos com polaridades intermediárias.
Solventes como acetona, diclorometano, n-hexano e acetonitrila são amplamente
utilizados na extração desses contaminantes (PASTOR et al., 1997; TORRES et al.,
1999).
Neste estudo foram pesados dois gramas de peso seco (p.s.) de amostra de
partículas em tubos de vidro. Os tubos foram vedados com tampas de Teflon e
identificados. Cada amostra foi extraída, adicionando-se uma mistura de 12 mL de n-
hexano/acetona (3x 20 minutos) utilizando um aparelho de ultra-som em banho
quente (~90
o
C). Para cada extração, a proporção da mistura era alterada da
seguinte forma: 1) 1:4 v/v n-hexano/acetona; 2) 1:1 v/v n-hexano/acetona; 3) 4:1 v/v
n-hexano/acetona. Foi adicionado 1 mL de isooctano para cada etapa. Após cada
lavagem, as amostras foram centrifugadas a 1800 rpm por 15 minutos e
posteriormente transferidas para balões de vidro.
4.6.2.2 Purificação
O extrato adquirido das matrizes contém poluentes como hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos, mas também outros compostos que podem aumentar o ruído
analítico, dificultando a quantificação cromatográfica futura. Japenga et al. (1987)
desenvolveram técnicas cromatográficas de purificação para poluentes orgânicos,
utilizando reagentes com ação dessulfurizante (adaptado por TORRES et al., 1999).
Este agente é composto de uma mistura de óxido de alumínio impregnado por uma
solução aquosa de sulfito de sódio e hidróxido de sódio, em uma quantidade mínima
de água (11%).
Para a etapa de purificação, os extratos foram previamente concentrados em
evaporador rotatório para 1 mL. Após concentrado, cada extrato foi transferido para
uma coluna cromatográfica aberta, empacotada com 7 g de agente dessulfurizante
(Al
2
O
3
/Na
2
SO
3
/NaOH
em 11% de água). Primeiramente, a coluna foi ativada pela
eluição de 20 mL de n-hexano. O primeiro solvente eluído foi descartado. A coluna
foi eluída, posteriormente, com 20 mL de n-hexano. Por fim, o eluato purificado foi
recolhido e avolumado em balões volumétricos de 50 mL. As amostras foram
armazenadas em freezer (-10
o
C) para a etapa seguinte.
4.6.2.3 Fracionamento
O fracionamento é uma etapa de separação, que facilita a análise e posterior
quantificação das substâncias em estudo. A outra vantagem da técnica de
fracionamento é preservar o equipamento cromatográfico, principalmente a coluna
do aparelho (CLAE-FL), contra possíveis compostos mais reativos.
Para o fracionamento de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, foi retirada
uma alíquota de 20 mL de cada amostra. Consecutivamente, as amostras
purificadas foram concentradas em evaporador rotatório para 1 mL e transferidas
para uma coluna cromatográfica aberta, contendo 3 g de sílica gel. A sílica gel foi
previamente lavada com n-hexano em ultra-som por 20 min e seca em estufa (60
o
C)
por 12 h. Duas eluições foram realizadas: a primeira, foi eluída com 7 mL de n-
hexano e posteriormente descartada, este procedimento tem o objetivo de retirar
qualquer outro contaminante orgânico que possa atrapalhar a identificação futura de
hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, na segunda eluição foram usados 35 mL de
n-hexano/éter (3:1; v/v) para cada amostra. Ao fim da eluição, as amostras foram
concentradas em evaporador rotatório até a secura e solubilizadas em 0,5 mL de
acetonitrila.
4.6.2.4 Condições cromatográficas
As amostras foram analisadas em um cromatógrafo líquido de alta eficiência
(CLAE) acoplado a um detector de fluorescência, modelo RF-10 (Shimadzu AxL,
Corp, Kyoto, Japão) com duas bombas LC-10AT e LC-10AS, e coluna CLC-ODS: 25
cm; 4,6 mm d.i.; partícula com 5 µm e poro de 120 Å. A fase vel é composta por
uma mistura de acetonitrila/água (80:20 v/v) com fluxo isocrático de 1,5 mL.min
-1
. O
detector foi programado em oito etapas de comprimento de onda para
excitação/emissão: 255/325; 253/350; 333/390; 287/462; 280/430; 294/404 300/500
e 300/421. Para análise de cada amostra, foi injetada uma alíquota de 20 µL. Foram
analisados 8 hidrocarbonetos policíclicos aromáticos neste estudo: naftaleno (NAF),
fluoreno (FLUO), antraceno (ANTR), pireno (PIR), benzo[a]antraceno (B[a]A),
benzo[b]fluoranteno (B[b]F), benzo[k]fluoranteno (B[k]F) e benzo[a]pireno (B[a]P).
4.6.2.5 Quantificação
Utilizou-se o software Borwin 1.2 para a integração dos cromatogramas e
cálculo de concentração dos compostos. Para a identificação dos compostos,
comparou-se o tempo de retenção de cada um com o cromatograma de uma
solução padrão. A quantificação dos HPA foi baseada na curva de calibração de
uma solução padrão.
4.6.3 Análise de distribuição de freqüência do diâmetro das partículas
Um segmento dos filtros de fibra de vidro foi utilizado para análise por
microscopia eletrônica de varredura. Dez campos não-coincidentes foram
fotografados e a distribuição de diâmetro de 1022 partículas amostradas em
Araraquara e 1746 partículas coletadas em São Paulo foi determinada por sistema
de análise de imagem (Image-Pro Plus 4.1; Media Cybernetics, Silver Spring, MD).
4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os valores finais foram expressos como média ± erro padrão da média (EPM).
Inicialmente os dados foram submetidos ao teste de Kolmogorov-Smirnov
(com correção de Lilliefors) para avaliar a normalidade de suas distribuições. A
seguir foi aplicado o teste da mediana de Levene para verificar a igualdade de
variâncias. Se ambas as condições fossem satisfatórias, era aplicada one-way
ANOVA, seguida do teste de Tukey para comparações múltiplas, quando
necessário. Em caso negativo, o teste não-paramétrico Kruskal Wallis ANOVA
seguido de teste de Dunn era empregado.
Os parâmetros de morfometria e celularidade foram submetidos à
transformada arcoseno, para posteriormente serem comparados.
Correlação entre os parâmetros funcionais e morfométricos foi determinada
pelo teste de Spearman.
Em todos os testes, o nível de significância considerado foi de 5%. As
análises estatísticas foram realizadas pelo programa Sigma Stat 3.11 (Systat
Software, Inc. San Jose, CA, USA).
RESULTADOS
5 RESULTADOS
5.1 MECÂNICA RESPIRATÓRIA
No intuito de avaliar os efeitos da exposição a diferentes tipos de poluição
sobre a função pulmonar em camundongos saudáveis, foram medidos os
parâmetros da mecânica pulmonar in vivo.
Os valores de volume e fluxo utilizados durante o experimento são mostrados
na tabela 4 e não variaram significativamente entre os grupos estudados.
As diferenças entre os parâmetros de mecânica pulmonar (Est, E, P1, P2
e Ptot) observadas entre os animais do grupo C e dos grupos SP e Bio estão
representadas nas figuras 12 e 13. Os valores de P2 e Ptot dos grupos poluição
aumentaram de forma semelhante, sendo significativamente maiores do que os do
grupo C. Entretanto, apenas o grupo Bio apresentou aumento do componente
resistivo (P1), quando comparado ao grupo C. o foi observada diferença
significativa entre os grupos poluição (Figura 12).
A figura 13 mostra aumento de Est e E nos animais que receberam
instilação de PTS de origem urbana e de queima de biomassa em relação ao
controle. Assim como o observado nos valores de pressões, não houve diferença
entre os grupos SP e Bio.
Os dados da mecânica pulmonar de cada animal separadamente são
apresentados no anexo I.
Tabela 4: Fluxo e volume nos animais dos grupos controle e poluição
.
Fluxo (mL/s) Volume (mL)
C
1,00 ± 0,01 0,19 ± 0,01
SP
1,00 ± 0,00 0,20 ± 0,01
Bio
1,00 ± 0,01 0,20 ± 0,01
Os valores representam média ± EPM de 10 determinações por animal de 9-11 animais por
grupo. C, animais submetidos à instilação intranasal de 15 µL de água destilada; SP e Bio,
camundongos submetidos à instilação intranasal de 15 µg de PTS de origem urbana ou de
queima de biomassa, respectivamente. As medidas foram realizadas 24 horas após a
instilação.
Figura 12. Variações de pressão pulmonar necessárias para vencer os componentes
resistivo (P1) e viscoelástico/inomogêneo (
P2) e pressão total exercida contra os
componentes viscosos e viscoelásticos do pulmão (
Ptot) de 10 determinações por animal
de 9-11 animais por grupo. Os valores são expressos em mediana com os limites do
interquartil 25-75 e os valores máximo e mínimo de animais dos grupos C (n = 9), SP (n = 9)
e Bio (n = 11) analisados 24 h após instilação intranasal de 15 µL de água destilada (C) ou
15 µg de PTS de origem urbana (SP) ou de queima de biomassa (Bio), respectivamente.
*significativamente diferente de C (p<0,05).
SP
C
Bio
*
*
*
*
*
1
0
2
3
1
0
2
3
1
0
2
3
4
P (cmH
2
O)
tot
1
2
Figura 13. Elastância estática (Est) e componente elástico da viscoelasticidade do pulmão
(
E) de 10 determinações por animal de 9-11 animais por grupo. Os valores são expressos
em mediana com os limites do interquartil 25-75 e os valores máximo e mínimo de animais
dos grupos C (n = 9), SP (n = 9) e Bio (n = 11) analisados 24 h após instilação intranasal de
15 µL de água destilada (C) ou 15 µg de PTS de origem urbana (SP) ou de queima de
biomassa (Bio), respectivamente. *significativamente diferente de C (p<0,05).
Est (cmH
2
O/mL)
0
20
40
60
E (cmH
2
O/mL)
0
4
8
12
16
SP
C
Bio
*
*
*
*
5.2 ANÁLISE HISTOPATOLÓGICA E MORFOMÉTRICA
Visando a fundamentar os achados funcionais e avaliar o comprometimento
tecidual seguido à administração intranasal das PTS de origem urbana e de queima
de biomassa foram realizadas análises qualitativas e quantitativas no tecido
pulmonar.
5.2.1 Análise qualitativa
A figura 14 apresenta fotomicrografias do parênquima pulmonar dos grupos
C, SP e Bio. Podemos notar que a administração de PTS provocou inflamação do
parênquima pulmonar, evidenciada pela presença de espessamento de septo
alveolar e aumento de celularidade, em ambos os grupos que receberam PTS. Além
disso, esses animais apresentaram áreas de colapso alveolar em comparação com o
grupo controle.
Figura 14. Fotomicrografias de parênquima pulmonar (200x) coradas com hematoxilina-
eosina. As fotos são representativas de animais do grupo controle (A) e de pulmões
retirados 24 horas após a instilação intranasal de 15 µg de PTS de origem urbana (B) ou de
queima de biomassa (C), respectivamente. Setas indicam áreas de colapso. Barras = 100
µ
m
.
100 µm
B
A
100 µm
C
100 µm
5.2.2 Análise quantitativa
A figura 15 apresenta a análise morfométrica do parênquima pulmonar dos
animais dos grupos controle e poluição. Vinte e quatro horas após a instilação
intranasal de PTS, se observou um aumento significativo de colapso alveolar nos
grupos SP e Bio comparado ao grupo C. O aumento das áreas de colapso foi
acompanhado por redução do percentual de áreas normais. o houve diferença
entre os grupos SP e Bio. Os dados de cada animal separadamente são
apresentados no anexo II.
Visando a avaliar o efeito de partículas ambientais na resposta inflamatória,
quantificamos a celularidade total e diferencial no parênquima pulmonar (Figura 16).
Foi observado influxo de células PMN. O aumento de PMN foi semelhante nos
grupos SP e Bio, e significativamente maior do que o controle. Houve redução do
percentual de células MN nos grupos poluição, no entanto, a redução percentual de
MN foi secundária ao aumento relativo de PMN, uma vez que não houve queda do
número absoluto de MN por campo. Os dados de cada animal separadamente são
apresentados no anexo III.
O aumento da elastância estática pulmonar, observado nos grupos que
receberam instilação de PTS, se correlacionou com o aumento da área de colapso
alveolar (Figura 17).
Figura 15. Fração de área de alvéolos normais e colapsados no parênquima pulmonar de
camundongos analisados 24 h após instilação intranasal de 15 µL de água destilada (C) ou
15 µg de PTS de origem urbana (SP) ou de queima de biomassa (Bio). Os valores
correspondem à média + EPM de 5-10 campos por lâmina de 6 animais por grupo, em um
aumento de 200x. *significativamente diferente de C (p<0,05).
Normal
% área tecido
0
20
40
60
80
100
Colapso
*
*
*
*
C
SP
Bio
Figura 16. Percentual de células polimorfonucleares (PMN) e mononucleares (MN) e
celularidade total (Cel tot) em relação à área de tecido no pulmão de camundongos
analisados 24 h após instilação intranasal de 15 µL de água destilada (C) ou 15 µg de PTS
de origem urbana (SP) ou de queima de biomassa (Bio). Os valores correspondem à média
+ EPM de 5-10 campos por lâmina de 6 animais por grupo, em um aumento de 1000x.
*significativamente diferente de C (p<0,05).
MN
Cel tot
% células / área tecido
0
10
20
30
40
50
*
*
*
PMN
*
C
SP
Bio
Figura 17. Correlação (teste de Spearman) entre elastância estática pulmonar e fração de
área de colapso alveolar em camundongos que receberam instilação intranasal de 15 µL de
água destilada (C) ou 15 µg de PTS de origem urbana (SP) ou de queima de biomassa
(Bio). Cada ponto representa a média de 10 determinações de elastância e 5-10 campos
histológicos por animal, de 6 animais por grupo. r: coeficiente de correlação. p = 0,002.
% Colapso Alveolar
0 10 20 30
Est (cmH
2
O/mL)
0
20
40
60
C
SP
Bio
p = 0,002
r = 0,670
5.3 ANÁLISE DAS PARTÍCULAS
A quantidade de metais nos particulados de diferentes origens está ilustrada
na figura 18. Observamos que tanto PTS de origem urbana como de queima de
biomassa apresentam grande quantidade de ferro, zinco, manganês e níquel, em
comparação com os outros metais. Entretanto, as partículas provenientes da queima
de biomassa, de forma geral, apresentaram maiores concentrações de metais do
que as de origem urbana. Os dados das amostras de PTS são apresentados no
anexo IV.
A figura 19 apresenta a distribuição de hidrocarbonetos policíclicos
aromáticos (HPA) nas duas amostras de PTS. O material particulado originado da
queima de biomassa apresentou quantidade total de HPA relativamente menor do
que o observado nas partículas de São Paulo, com pequenas concentrações de
pireno, benzo[b]fluoranteno e benzo[k]fluoranteno em relação ao PTS de origem
urbana. Além disso, concentrações de antraceno, benzo[a]antraceno e
benzo[a]pireno foram encontradas apenas nas PTS de origem urbana. É importante
lembrar que o benzo[a]pireno, encontrado em maior concentração entre todos os
HPA no PTS de origem urbana, e ausente no PTS derivado de biomassa, constitui o
benzeno de maior atividade carcinogênica. Os dados das amostras de PTS são
apresentados no anexo V.
Figura 18. Distribuição de metais contidos em partículas totais suspensas coletadas em
São Paulo (PTS-SP) e área de queima de biomassa (PTS-Bio). ppm, partícula por
milhão.
Metais
Ni Zn Mn Pb Fe Co Cd Cr Totais
0
1
2
3
8
12
16
PTS-SP
PTS-Bio
ppm (x10
4
)
Figura 19. Distribuição de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos contidos em partículas
totais suspensas coletadas em São Paulo (PTS-SP) e em área de queima de biomassa
(PTS-Bio). HPA: hidrocarbonetos policíclicos aromáticos; NAF: naftaleno; FLUO:
fluoranteno; ANTR: antraceno; PIR: pireno; B[a]A: benzo[a]antraceno; B[b]F:
benzo[b]fluoranteno; B[k]F: benzo[k]fluoranteno; B[a]P: benzo[a]pireno.
ng/g (x10
3
)
HPA
NAF FLUOANTR PIR B[a]A B[b]F B[k]F B[a]PTotais
0
1
2
3
4
5
PTS-SP
PTS-Bio
5.3.1 FREQÜÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO DO DIÂMETRO DAS PARTÍCULAS
A figura 20 ilustra a freqüência de distribuição do diâmetro dos dois tipos de
partículas utilizadas. Nas partículas de origem urbana e nas PTS de queima de
biomassa, a média do diâmetro foi de 5,54 µm (variando de 0,37 µm a 106,7 µm) e
3,21 µm (variando de 0,39 µm a 33,6 µm), respectivamente.
Figura 20. Freqüência de distribuição de diâmetro das partículas oriundas de Araraquara
(biomassa) e de São Paulo (tráfego) de mais de 1000 partículas de cada amostra.
DISCUSSÃO
6 DISCUSSÃO
O presente estudo mostra que a exposição aguda à baixa dose de partículas
totais suspensas (PTS) derivadas da queima de cana-de-açúcar provoca alterações
pulmonares funcionais e histológicas, caracterizadas por aumento dos componentes
elástico, resistivo e viscoelástico, acompanhado por inflamação pulmonar e colapso
alveolar. Com exceção do efeito sobre a mecânica de vias aéreas, o particulado
derivado da queima de biomassa induziu alterações semelhantes às observadas
com exposição à PTS urbano, apesar de apresentarem diferenças em suas
composições.
Uma parte importante da interpretação dos resultados de uma pesquisa
biológica é a cuidadosa seleção da espécie animal a ser utilizada. Existe uma
enorme variedade de espécies animais disponíveis e, como regra geral, a espécie
filogeneticamente mais próxima à humana possui a melhor correlação clínica. Os
modelos experimentais auxiliam na compreensão dos fenômenos naturais e
possibilitam o estudo de estruturas e órgãos de difícil acesso em seres humanos.
Ainda, a possibilidade de controlar as variáveis ambientais, sociais e patológicas em
animais de experimentação justificou, no nosso experimento, a escolha de pequenos
animais. Espécies de camundongo e rato têm sido utilizadas para avaliar os efeitos
cardiopulmonares da poluição ambiental (DYE et al., 2001; GURGUEIRA et al.,
2002; RIVERO et al., 2005; SAYES et al., 2007). Sendo assim, escolhemos
camundongos BALB/c fêmeas adultas, os quais são largamente utilizados para
estudos com poluição e o necessitam de um período muito longo de tempo para
se encontrarem em condições de uso após seu nascimento. Neste estudo, a
utilização de cerca de dez camundongos por grupo foi suficiente para detectar
diferenças significativas entre os mesmos.
Os efeitos respiratórios observados no presente trabalho foram induzidos por
dose única e baixa de partículas totais suspensas (PTS) de origens distintas. A dose
administrada foi baseada na concentração média de PTS na cidade de São Paulo
(120 µg/m
3
) correspondendo ao total de partículas inaladas em 24 h. Essa dose é
significativamente menor do que as doses geralmente utilizadas em estudos
experimentais com material particulado, apresentando, assim, maior relevância
ambiental, pois corresponde aos níveis de exposição regular da população das
áreas estudadas. Camundongos expostos a altas concentrações de partículas
ultrafinas de carbono (300-400 µg/m
3
) apresentam aumento de espécies reativas de
oxigênio (ROS), caracterizando quadro inflamatório (GURGUEIRA et al., 2002;
ANDRE et al., 2006). No entanto, as propriedades infamatórias de partículas
ultrafinas parecem ser mediadas por sua alta penetração no interstício pulmonar,
independentemente da sua composição química, fazendo com que um excesso de
partículas possa induzir, per se, uma reação inflamatória não-específica (BROWN et
al., 2000). Esse efeito foi evitado em nosso estudo. Adicionalmente, diferentes
autores relatam aumento de morbi-mortalidade associada à poluição, mesmo na
ausência de episódios agudos de poluição, com níveis de material particulado
abaixo de 150 µg/m
3
(POPE III, 2000; BRUNEKREEF & HOLGATE, 2002). A
descrição de uma relação dose-resposta quase linear entre poluição e efeitos
adversos à saúde, bem como, ausência de limiar, reforça a importância de estudos
utilizando baixas doses de poluentes (DANIELS et al., 2000; SCHWARTZ &
ZANOBETTI, 2000; SCHWARTZ et al., 2002). Em Araraquara, a concentração
média de PTS durante o período de queima permanece abaixo do padrão de
qualidade do ar, apesar de corresponder ao dobro das concentrações observadas
nos períodos de não-queima (ARBEX et al., 2007). Esse ponto ressalta a relevância
do uso de baixa dose de PTS no presente trabalho. Estudos prévios acerca de
efeitos de queima de biomassa, em sua maioria, avaliaram incêndios florestais, que
constituem eventos de curta duração com altas emissões de material particulado
(DUCLOS et al., 1990; ADITAMA, 2000; EMMANUEL, 2000; HELL & GOLDAMEER,
2001; KUNII et al., 2002; MOTT et al., 2005). Por outro lado, nas regiões produtoras
de cana-de-açúcar, os níveis de PTS duplicam no período de queima em
comparação ao período de não-queima, perdurando por seis meses a cada ano,
caracterizando, assim, episódios longos e regulares de exposição com baixas
concentrações de partículas (LONG et al., 1998; ARBEX et al., 2007).
Em nosso trabalho, foram administradas partículas totais suspensas, que
incluem particulados de diversos diâmetros. Estudos recentes têm dado maior
importância a partículas finas e ultrafinas ao invés de grossas ou PTS, em virtude de
sua maior capacidade de deposição alveolar. Trabalhos prévios mostram que 80-
95% das partículas emitidas durante a queima de biomassa se concentram na
categoria de finas e ultrafinas (WARD et al. 1997; SCHWELA et al., 1999;
EMMANUEL, 2000; LARA et al., 2001; US EPA, 2004), distribuição semelhante à
observada no presente estudo (Figura 20). Paralelamente, a queima de biomassa
representa a principal fonte de partículas nas áreas produtoras de cana-de-açúcar,
durante os períodos de queima (LARA et al., 2001; ZHANG & SMITH, 2007).
Portanto, é razoável assumir que variações diárias de PTS podem ser utilizadas
como meio de avaliar as variações diárias de partículas finas e ultrafinas,
caracterizadas por maior capacidade de deposição alveolar e indução de danos nas
vias aéreas (ETZEL et al., 2003; ARBEX et al., 2007).
Nossos resultados confirmam o conceito de que partículas ambientais
induzem inflamação pulmonar aguda, como caracterizado por alterações na
mecânica e histologia pulmonares (Figuras 12 a 16). Focalizamos nossas medidas
na resposta aguda produzida por exposição a partículas, permitindo 24 h para o
desenvolvimento da reação inflamatória. Estudos epidemiológicos (BRAGA et al.,
2001, 2002), incluindo aqueles com foco em material particulado derivado de queima
de cana-de-açúcar (CANÇADO et al., 2006; ARBEX et al., 2000, 2007), indicam um
período de 24 horas entre exposição e aparecimento de efeitos respiratórios
adversos.
Adicionalmente à baixa dose, nosso estudo utilizou instilação intranasal. Além
de mais fisiológica, a respiração nasal caracteriza-se por maior retenção de
partículas nas regiões extratorácicas (nasofaringe e traquéia). Mukae et al. (2001)
observaram resposta inflamatória difusa tanto nas pequenas vias reas como nos
alvéolos de coelhos saudáveis após instilação intratraqueal de PM
10
, duas vezes por
semana, durante três semanas. As partículas de PM
10
encontravam-se distribuídas
por todo o pulmão e estavam presentes nos macrófagos alveolares (< 5% do volume
citoplasmático). Os resultados obtidos foram comparados com uma análise prévia,
realizada com instilação intranasal (TERASHIMA et al., 1997). A concentração de
macrófagos alveolares foi cerca de três vezes maior quando realizada instilação
intratraqueal, confirmando uma maior deposição de partículas no epitélio alveolar.
Portanto, a escolha da instilação intranasal, além de ser mais representativa da
respiração utilizada por seres humanos expostos à poluição, evitou, potencialmente,
uma superestimativa dos resultados.
O material particulado de origem urbana, coletado na cidade de São Paulo,
pode ser considerado de origem predominantemente de tráfego de veículos
automotores, resultando da queima de combustíveis fósseis. as partículas
provenientes da queima de biomassa foram coletadas na área urbana da cidade de
Araraquara, em dias de queima de cana-de-açúcar. A queima de biomassa constitui
uma fonte crescente e regular de liberação de toneladas de material particulado em
Araraquara nos períodos de queima de cana-de-açúcar. No presente estudo, nós
mostramos que uma única instilação intranasal de baixa dose de partículas tanto de
origem urbana como de queima de biomassa gerou aumento dos parâmetros da
mecânica pulmonar, além de aumento significativo de colapso alveolar e influxo de
células PMN no parênquima pulmonar.
O aumento das pressões necessárias para vencer os componentes elásticos
(Est) e viscoelástico e/ou inomogêneos (P2) indica um enrijecimento pulmonar.
Embora não haja na literatura análises experimentais da mecânica pulmonar após
exposição à queima de cana-de-açúcar, estudos epidemiológicos observaram
alteração de parâmetros espirométricos após exposição a PM urbano e de queima
de biomassa (BEHERA et al., 1994; SAHA et al., 2005; REGALADO et al., 2006;
RINNE et al., 2006). Saha et al. (2005), ao avaliar o efeito da queima de madeira no
preparo de alimentos em residentes da Índia, observaram redução de VEF
1
, FEF
25-
75%
e PEF, principalmente em mulheres, em comparação àquelas que utilizavam
forno a gás. Resultado semelhante foi observado no xico, em mulheres expostas
à queima de madeira, com redução de VEF
1
, VEF
1
/CVF, além de tosse e
expectoração. Todas as mulheres avaliadas apresentavam grau moderado de
obstrução de vias aéreas (REGALADO et al., 2006), situação também observada em
crianças, que permanecem junto às suas mães durante o preparo de alimentos
(RINNE et al., 2006). Entretanto, o aumento da pressão resistiva (P1) foi observado
apenas em camundongos instilados com PTS proveniente de queima de biomassa,
sugerindo maior comprometimento das vias aéreas (BATES et al., 1988b; SALDIVA
et al., 1992). Estudos epidemiológicos recentes observaram piora dos sintomas
respiratórios após exposição à queima de biomassa, principalmente em pessoas
portadoras de doenças obstrutivas das vias aéreas, como DPOC (LONG et al., 1998;
RAMÍREZ-VENEGAS et al., 2006; LIU et al., 2007) e asma (LONG et al., 1998;
ARBEX et al., 2007), com redução significativa de VEF
1
e da relação VEF
1
/CVF
(RAMÍREZ-VENEGAS et al., 2006), bem como aumento no número de admissões
hospitalares por asma (PARK et al., 2005; ARBEX et al., 2007).
Os achados funcionais descritos acima foram acompanhados por alterações
morfológicas do parênquima pulmonar evidenciadas na microscopia óptica, que se
estabeleceram de forma similar nos dois grupos poluição. No parênquima pulmonar,
houve recrutamento de células PMN em ambos os grupos de poluição (Figura 14).
Influxo de neutrófilos e aumento de células no fluido do lavado broncoalveolar foram
previamente relatados, 24 horas após instilação de 500 µg de PM
10
urbano em
voluntários saudáveis (GHIO & DEVLIN, 2001). Esse comportamento também se
assemelha ao descrito em outros estudos experimentais, com recrutamento de
neutrófilos polimorfonucleares e macrófagos alveolares 24 horas após instilação
intratraqueal de 500 µg (OBERDÖRSTER et al., 1992) e de 380 µg/m
3
(ANDRÉ et
al., 2006) de partículas ultrafinas, em ratos saudáveis. Vale ressaltar, no entanto,
que no presente estudo as alterações inflamatórias e de morfometria pulmonares
foram induzidas por dose significativamente menor de material particulado.
Apesar de uma correlação estatisticamente significativa só ter sido atingida
entre a presença de colapso e variação de Est (Figura 17), o colapso alveolar
(Figura 14 e 15), observado após administração de PTS de ambas as origens,
acarreta heterogeneidade do parênquima pulmonar, contribuindo potencialmente
para o aumento de P2, E e Est. Outros fatores também podem ter contribuído
para esse aumento, como distorção dos alvéolos patentes, o processo inflamatório
desencadeado e disfunção do surfactante pulmonar (LIU et al., 1996). Estudo
anatomopatológico realizado em habitantes de regiões montanhosas da Nova Guiné
expostos à queima de biomassa em ambiente interno, demonstrou enfisema
centrolobular, espessamento pleural e fibrose pulmonar (MASTER, 1974). Outros
autores também observaram espessamento de septo alveolar em ratos, após
exposição crônica a 1 ou 10 mg/m
3
de partículas de fumaça de madeira (TESFAIGZI
et al., 2002).
Poluentes aéreos que interagem com componentes do surfactante, como
proteínas e fosfolipídeos, podem prejudicar a secreção de surfactante pelos
pneumócitos tipo II ou modificar sua composição, gerando instabilidade e colapso
alveolar (SRIVASTAVA & MISRA, 1986; CHAUHAN & MISRA, 1991; MÜLLER et al.,
1998). Estudos experimentais reportaram previamente que a inalação de metais
(como Fe, Cd, Ni e Co) aumenta a secreção de fosfolipídeos, principalmente
dipalmitoilfosfatidilcolina, nos pulmões (JOHANSSON et al., 1983). Além disso, os
componentes do material particulado, em especial metais e HPA, estão envolvidos
na formação de estresse oxidativo (PARK et al., 2006; OHYAMA et al., 2007).
Um dos mecanismos pelo qual o material particulado lesa os pulmões pode
ser atribuído, em parte, ao seu conteúdo de metais (PRAHALAD et al., 2000, 2001;
ROEMER et al., 2000). Em nossos resultados, observamos que o PTS derivado da
queima de biomassa apresentou maior concentração total de metais do que o de
origem urbana (Figura 18). Além disso, o metal em maior concentração nos dois
tipos de poluição foi o Fe, sendo sua concentração ainda maior no PTS biomassa.
Estes resultados se assemelham aos de um recente estudo avaliando a toxicidade
de partículas ultrafinas provenientes de Dunquerque, cidade industrializada da
França (BILLET et al., 2007). Billet et al. observaram que o metal em maior
concentração também foi o Fe. Este último tem sido descrito como o principal metal
envolvido na formação de estresse oxidativo (PARK et al., 2006), por gerar ROS
(SMITH & AUST, 1997) e facilitar a conversão de ânion superóxido (O
2
-
) e peróxido
de hidrogênio (H
2
O
2
) em íons hidroxila (OH
-
) (STOHS & BAGCHI, 1995). Os efeitos
subseqüentes incluiriam disfunção do surfactante (CHAUHAN & MISRA, 1991), dano
epitelial, aumento da permeabilidade e resposta inflamatória, que podem resultar em
prejuízo da função pulmonar normal (ROEMER et al., 2000; SOUKUP et al., 2000;
BERGAMASCHI et al., 2001; DYE et al., 2001; LAGORIO et al. 2006; HONG et al.,
2007). Outros metais de transição como Cu, Ni, Co e Cr também são conhecidos por
gerar ROS, como H
2
O
2
, O
2
-
e OH
-
, iniciando processo inflamatório (STOHS &
BAGCHI, 1995). A fase inicial da resposta pulmonar à exposição a partículas parece
ser influenciada por metais individualizados, enquanto que a persistência da
resposta refletiria a complexidade da interação entre os diferentes metais (DREHER
et al., 1997; ANTONINI et al., 2004).
Ainda em relação à composição dos particulados, as concentrações de HPA,
particularmente benzo[a]antraceno, benzo[b]fluoranteno, benzo[j]fluoranteno,
benzo[k]fluoranteno, benzo[a]pireno, dibenzo[k]antraceno e indeno[1,2,3-c,d]pireno,
são consideradas de potencial risco carcinogênico de acordo com IARC (CASTAÑO-
VINYALS et al., 2004). No presente estudo, somente benzo[b]fluoranteno e
benzo[k]fluoranteno foram detectados em ambas as amostras de PTS, enquanto que
os demais estiveram presentes apenas no PTS de origem urbana. Concentrações de
benzo[a]pireno (B[a]P) (benzeno de maior atividade carcinogênica) foram
encontradas apenas na amostra de PTS oriunda de São Paulo, assim como
benzo[a]antraceno, confirmando os altos níveis de HPA nos grandes centros
urbanos. Diferentemente de nossos achados, Godoi et al. observaram altas
concentrações de HPA, inclusive de B[a]P, em seu estudo também realizado em
Araraquara (GODOI et al., 2004). De acordo com Caricchia et al. (1999), pode
ocorrer perda de HPA de partículas coletadas em filtros quando analisados 24 h ou
mais após a coleta. Os filtros utilizados neste trabalho ultrapassaram este tempo
desde a sua coleta na cidade de Araraquara ou São Paulo até sua análise realizada
no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho. Dessa forma, níveis de HPA em ambas
as amostras podem ter sido subestimados. A presença de HPA em particulados tem
sido associada à indução de inflamação, formação de ROS, produção de
interleucinas e apoptose celular (LI et al., 2002; SORENSEN et al., 2003), tanto em
macrófagos alveolares (HIURA et al., 1999) quanto em células epiteliais (LI et al.,
2002). Estudos sobre a retenção pulmonar de HPA em solução após instilação
intratraqueal em ratas indicaram que eles são rapidamente absorvidos pelo trato
respiratório (WOLFF et al., 1989). Todavia, HPA inalados são predominantemente
absorvidos sob a forma de partículas de fuligem, estando adsorvidos principalmente
em partículas ultrafinas, penetrando nas células do epitélio brônquico, onde são
metabolizados, ativados e biotransformados (SORENSEN et al., 2003; CASTAÑO-
VINYALS et al., 2004). Acredita-se que a elevada produção de adutos de DNA
(seqüências de DNA alteradas) nas células implique em efeito mutagênico (AKCHA
et al., 2000). Um desses indícios está na mutação da proteína p53, responsável pelo
controle da proliferação celular em mamíferos, quando exposta ao B[a]P (BINKOVÁ
et al., 2000). Binková et al. observaram indução de adutos de DNA, seguido de
indução de proteína p53, em fibroblastos pulmonares após exposição a
benzo[a]pireno e dibenzo[a]pireno.
Ao avaliar a toxicidade relativa de partículas coletadas em áreas com
diferentes fontes de poluição tráfego ou queima de cana-de-açúcar visamos a
abordar os riscos potenciais da queima de biomassa e, também, avaliar um ponto
crítico na pesquisa de material particulado: o papel da composição da partícula na
determinação de sua toxicidade. A identificação da toxicidade relativa de
constituintes das partículas é crucial para o melhor entendimento da patogênese da
lesão induzida por material particulado. Como demonstrado nas figuras 18 e 19, as
partículas oriundas de São Paulo e Araraquara apresentam composição distinta.
Como regra geral, partículas produzidas por tráfego apresentaram maior conteúdo
de HPA do que as geradas por queima de biomassa, enquanto que a última mostrou
conteúdo de metal relativamente maior do que as derivadas de tráfego. É importante
ressaltar que as duas amostras testadas no presente estudo foram coletadas do ar
ambiente. Logo, não é possível excluir a contribuição de outras fontes sobre a
composição do particulado.
Os parâmetros de mecânica respiratória foram medidos pelo método de
oclusão ao final da inspiração. Esse método permite a identificação dos
componentes elástico, resistivo e viscoelático e/ou inomogêneo da mecânica
pulmonar (BATES et al., 1985b, 1988). A pressão viscoelástica e a elastância
estática aumentaram de forma semelhante nos grupos SP e Bio (Figuras 12 e 13).
No entanto, apenas em Bio houve aumento da pressão resistiva (que reflete
resistência de vias aéreas) em comparação com o grupo controle (Figura 13).
Nossos resultados indicam que os dois tipos de partículas induzem respostas
biológicas diferentes em termos de mecânica de vias aéreas. Essa observação
provavelmente não se relaciona à diferença de distribuição ao longo do trato
respiratório, uma vez que ambas as partículas apresentaram distribuição de
freqüência de diâmetro semelhante (Figura 20), além disso, a via de administração
foi similar nos dois casos. Dessa forma, teoricamente, diferenças na composição do
material particulado podem ter contribuído para as alterações na resposta das vias
aéreas. Por outro lado, os parâmetros relacionados ao parênquima pulmonar distal,
como propriedades elásticas e viscoelásticas, o apresentaram diferenças entre a
exposição a partículas de tráfego ou biomassa. Coerentemente, ambos os tipos de
partículas induziram a mesma magnitude de recrutamento de células
polimorfonucleares no septo alveolar (Figuras 14 e 16). Embora a simples análise
química das partículas, como empregado no presente trabalho, o permita o
estabelecimento de correlação direta entre composição e efeito, vale ressaltar que a
preponderância de metais (biomassa) ou de HPA (tráfego) na composição das
partículas pode induzir alterações semelhantes nos componentes elástico e
viscoelástico pulmonares, enquanto que a resistência de vias aéreas centrais foi
alterada apenas em animais expostos à biomassa. O efeito mais amplo das
partículas de biomassa reforça o potencial papel dos metais na determinação da
toxicidade do material particulado (SOUKUP et al., 2000; DYE et al., 2001;
MOLINELLI et al., 2002).
Até o presente, não há estudos experimentais avaliando a mecânica pulmonar
após exposição à queima de cana-de-açúcar. As semelhanças observadas no
presente trabalho entre a toxicidade respiratória aguda das partículas de origem
urbana e das provenientes da queima de biomassa suportam os achados obtidos em
um recente estudo epidemiológico (CANÇADO et al., 2006). No trabalho de Cançado
et al., aumentos de 10 µg/m
3
de PM
2,5
e 43 µg/m
3
de PM
10
, durante o período de
queima de cana-de-açúcar, foram associados a acréscimo de 21% e 31% nas
admissões hospitalares por sintomas respiratórios em crianças e idosos,
respectivamente. Esses efeitos foram significativamente maiores do que os
observados nos períodos de não-queima e semelhantes aos obtidos em áreas de
poluição urbana.
O presente estudo foi pioneiro em avaliar a função pulmonar em um modelo
de poluição atmosférica induzida por partículas provenientes da queima de cana-de-
açúcar.
CONCLUSÕES
7 CONCLUSÕES
- Uma única instilação intranasal de baixa dose de partículas ambientais, de origem
urbana ou de queima de cana-de-açúcar, induz alterações significativas da
mecânica pulmonar in vivo, acompanhadas por inflamação pulmonar e colapso
alveolar em camundongos saudáveis.
- Apesar de apresentarem composições diferentes, caracterizadas por maior
concentração de metais no PTS derivado de biomassa e maior concentração de
HPA no PTS de origem urbana, os dois particulados induziram grau semelhante de
inflamação e efeito funcional similar sobre o parênquima pulmonar. No entanto, a
mecânica das vias aéreas foi mais afetada pelo PTS derivado de queima de
biomassa.
- Nossos resultados fornecem suporte experimental para observações
epidemiológicas de associação entre efeitos respiratórios e queima de cana-de-
açúcar, mesmo em concentrações abaixo dos padrões de qualidade do ar e em
curto espaço de tempo após a exposição.
- Nosso estudo mostra que as partículas provenientes da queima de cana-de-açúcar
são, no mínimo, tão tóxicas quanto às de origem urbana.
PERSPECTIVAS
FUTURAS
8 PERSPECTIVAS FUTURAS
Esse foi um estudo inicial sobre os efeitos respiratórios da queima de
biomassa, que mostrou ser pelo menos tão xica quanto à poluição urbana. Os
efeitos observados corroboram e ampliam achados epidemiológicos prévios. No
entanto, vários outros pontos ainda necessitam ser melhor estudados, como:
a) efeitos respiratórios associados à exposição sub-crônica e crônica a
partículas de biomassa;
b) associação entre exposição à queima de biomassa e doenças prévias, como
asma e DPOC;
c) mecanismos de lesão envolvidos, incluindo ativação de NF-κB e análise de
apoptose celular, e
d) análises mais detalhadas da composição do material particulado, bem como
modelos experimentais capazes de avaliar a participação de diferentes
componentes na toxicidade do material particulado.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACKERMANN-LIEBRICH, U.; LEUENBERGER, P.; SCHWARTZ, J.;
SCHLINDLER, C.; MONN, C.; BOLOGNINI, G.; BONGARD, J.P.; BRÄNDLI, O.;
DOMENIGHETTI, G.; ELSASSER, S.; GRIZE, L.; KARRER, W.; KELLER, R.;
KELLER-WOSSIDLO, H.; KÜNZLI, N.; MARTIN, B.W.; MEDICI, T.C.;
PERRUCHOUD, A.P.; SCHÖNI, M.H.; TSCHOPP, J.M.; VILLIGER, B.;
WÜTHRICH, B.; ZELLWEGER, J.P.; ZEMP, E. Lung function and long term
exposure to air pollutants in Switzerland. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 155:
122-129, 1997.
ADITAMA, T.Y. Impact of haze from forest fire to respiratory health: Indonesian
experience. Respirology 5:169-174, 2000.
AKCHA, F.; IZUEL, C.; BUDZINSKI, H.; BURGEOT, T.; NARBONNE, J.F.
Enzymatic biomarker measurement and study of DNA adduct formation in B[a]P-
contaminated mussel, Mytilus galloprovincialis. Aquatic Toxicol. 49: 269-287,
2000.
ANDERSON, H.R.; BREMMER, S.A.; ATKINSON, R.W.; HARRISON, R.M.;
WALTERS, S. Particulate matter and daily mortality and hospital admissions in
the west midlands conurbation of the United Kingdom: associations with fine and
coarse particles, black smoke and sulphate. Occup. Environ. Med. 58: 504-510,
2001.
ANDRE, E.; STOEGER, T.; TAKENAKA, S.; BAHNWEG, M.; RITTER, B.; KARG,
E.; LENTNER, B.; REINHARD, C.; SCHULZ, H.; WJST, M. Inhalation of ultrafine
carbon particles triggers biphasic pro-inflammatory response in the mouse lung.
Eur. Respir. J. 28:275-285, 2006.
ANTONINI, J.M.; TAYLOR, M.D.; LEONARD, S.S.; LAWRYK, N.J.; SHI, X.;
CLARKE, R.W.; ROBERTS, J.R. Metal composition and solubility determine lung
toxicity induced by residual oil fly ash collected from different sites within a power
plant. Mol. Cell. Biochem. 255: 257-265, 2004.
ARBEX, M.A.; BÖHM, G.M.; SALDIVA, P.H.N.; CONCEIÇÃO, G.M.S.
Assessment of the effects of sugar cane plantation burning on daily counts of
inhalation therapy. J. Air Waste Manage. Assoc. 50: 1745-1749, 2000.
ARBEX, M.A.; CANÇADO, J.E.D.; PEREIRA, L.A.A.; BRAGA, A.L.F.; SALDIVA,
P.H.N. Queima de biomassa e efeitos sobre a saúde. J. Bras. Pneumol. 30: 158-
175, 2004.
ARBEX, M.A.; MARTINS, L.C.; DE OLIVEIRA, R.C.; PEREIRA, L.A.; CANÇADO,
J.E.; SALDIVA, P.H.; BRAGA, A.L. Air pollution from biomass burning and asthma
hospital admissions in a sugar cane plantantion area in Brazil. J. Epidemiol.
Community Health 61: 395-400, 2007.
AULER-JR., J.O.; ZIN, W.A.; CALDEIRA, M.P.; CARDOSO, W.V.; SALDIVA, P.H.
Pre- and postoperative inspiratory mechanics in ischemic and valvular heart
disease. Chest 92: 984-990, 1987.
AZCUE, JMP; PFEIFFER, WC; FISZMAN, M AND MALM, O. Heavy metal
removal from different water treatment plants, in Rio de Janeiro state, Brazil.
Environ. Technol. Letters 9: 429-436, 1988.
BAGCI, C.; BOZKURT, A.I.; CAKMAK, E.A.; CAN, S.; CENGIZ, B. Blood lead
levels of the battery and exhaust workers and their pulmonary function tests. Int.
J. Clin. Pract. 58: 568-572, 2004.
BARNAS, G.M.; YOSHINO, K.; LORING, S.H.; MEAD, J. Impedance and relative
displacement of relaxed chest wall up to 4 Hz. J. Appl. Physiol. 62: 71-81, 1987.
BATES, J.H.T.; ABE, T.; ROMERO, P.V.; SOTO, J. Measurement of alveolar
pressure in closed-chest dogs during flow interruption. J. Appl. Physiol. 67: 488-
492, 1989.
BATES, J.H.T.; DECRAMER, M.; CHARTRAND, D.; ZIN, W.A.; BÖDDENER, A.;
MILIC-EMILI, J. Volume-time profile during relaxed expiration in the normal dog.
J. Appl. Physiol., 59: 732-737, 1985a.
BATES, J.H.T.; LUDWIG, M.S.; SLY, P.D.; BROWN, K.; MARTIN, J.G.;
FREDBERG, J.J. Interrupter resistance elucidated by alveolar pressure
measurement in open-chest normal dogs. J. Appl. Physiol. 65: 408-414, 1988.
BATES, J.H.T.; ROSSI, A.; MILIC-EMILI, J. Analysis of the behavior of the
respiratory system with constant inspiration flow. J. Appl. Physiol. 58: 1840-
1848, 1985b.
BATESON, T.F.; SCHWARTZ, J. Children’s response to air pollutants. J. Toxicol.
Environ. Health A. 71: 238-243, 2008.
BEHERA, D.; JINDAL, S.K.; MALHOTRA, H.S. Ventilatory function in nonsmoking
rural Indian women using different cooking fuels. Respiration 61(2): 89-92, 1994.
BERGAMASCHI, E.; DE PALMA, G.; MOZZONI, P.; VANNI, S.; VITTORIA, V.;
BROECKAERT, F.; BERNARD, A.; MUTTI, A. Polymorphism of quinone-
metabolizing enzymes and susceptibility to ozone-induced acute effects. Am. J.
Respir. Crit. Care Med. 163: 1426-1431, 2001.
BILLET, S.; GARÇON, G.; DAGHER, Z.; VERDIN, A.; LEDOUX, F.; CAZIER, F.;
COURCOT, D.; ABOUKAIS, A.; SHIRALI, P. Ambient particulate matter (PM
2,5
):
Physicochemical characterization and metabolic activation of the organic fraction
in human lung epithelial cells (A549). Environ. Research 105: 212-223, 2007.
BINKOVÁ, B.; GIGUÈRE, Y.; RÖSSNER-JR, P. DOSTÁL, M.; SRÁM. R. The
effect of dibenzo[a,h]pyrene and benzo[a]pyrene on human diploid lung
fibroblasts: the induction of DNA adducts, expression of p53 and p21(WAF1)
proteins and cell cycle distribution. Mutation Res. 471: 57-70, 2000.
BOOJAR, M.M.; GOODARZI, F. A longitudinal follow-up of pulmonary function
and respiratory symptoms in workers exposed to manganese. J. Occup.
Environ. Med. 44: 282-290, 2002.
BRAGA, A.L.F.; SALDIVA, P.H.N.; PEREIRA, L.A.A.; MENEZES, J.J.C.;
CONCEIÇÃO, G.M.S.; LIN, C.L.; ZANOBETTI, A.; SCHWARTZ, J.; DOCKERY,
D.W. Health effects of air pollution exposure on children and adolescents in Sao
Paulo, Brazil. Pediatr. Pulmonol. 31: 106-113, 2001.
BRAGA, A.L.F.; ZANOBETTI, A.; SCHWARTZ, J. Do respiratory epidemics
confound the association between air pollution and daily deaths? Eur. Respir. J.
16: 723-728, 2000.
BRAGA, A.L.F.; ZANOBETTI, A.; SCHWARTZ, J. The effect of weather on
respiratory and cardiovascular deaths in 12 U.S. cities. Environ. Health
Perspect. 110: 859-863, 2002.
BROWN, D.M.; STONE, V.; FINDLAY, P.; MACNEE, W.; DONALDSON, K.;
Increased inflammation and intracellular calcium caused by ultrafine carbon black
is independent of transition metals or other soluble components. Occup. Environ.
Med. 57: 685-691, 2000.
BROWN, J.S.; ZEMAN, K.L.; BENNETT, W.D. Ultrafine particles deposition and
clearance in the healthy and obstructed lung. Am. J. Respir. Crit. Care Med.
166: 1240-1247, 2002.
BRUNEKREEF, B.; HOLGATE, S.T. Air pollution and health. Lancet 360: 1233-
1242, 2002.
BRUSASCO, V.; WARNER, D.O.; BECK, K.C.; RODOARTE, J.R.; REHDER, K.
Partitioning of pulmonary resistance in dogs: effect of tidal volume and frequency.
J. Appl. Physiol. 66: 1190-1196, 1989.
CANÇADO, J.E.D.; SALDIVA, P.H.N.; PEREIRA, L.A.A.; LARA, L.B.L.S.;
ARTAXO, P.; MARTINELLI, L.A.; ARBEX, M.A.; ZANOBETTI, A.; BRAGA, A.L.F.
The impact of sugar cane-burning emissions on the respiratory system of children
and the elderly. Environ. Health Perspect. 114: 725-729, 2006.
CARICCHIA, A.M.; CHIAVARINI, S.; PEZZA, M. Polycyclic aromatic
hydrocarbons in the urban atmospheric particulate matter in the city of Naples
(Italy). Atmospheric Environ. 33: 3731-3738, 1999.
CASTAÑO-VINYALS, C.; D’ERRICO, A.; MALATS, N.; KOGEVINAS, M.
Biomarkers of exposure to polycyclic aromatic hydrocarbons from environment air
pollution. Occup. Environ. Med. 61: e12, 2004.
CETESB, 1989. Relatório da qualidade do ar na região metropolitana de São
Paulo e em Cubatão. http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/relatorios.asp.
CETESB, 2006. Relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo.
http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/relatorios.asp.
CETESB. Relatório de qualidade do ar no estado de São Paulo. Publicação
CETESB. Série de relatórios/ CETESB ISSN 0103-4103, São Paulo, 1997.
CHANG, H.K. & MORTOLA, J.P. Fluid dynamics factors in tracheal pressure
measurement. J. Appl. Physiol. 51: 218-225, 1981.
CHAUHAN, S.S.; MISRA, U.K. Elevation of rat pulmonary, hepatic and lung
surfactant lipids by fly ash inhalation. Biochem. Pharmacol. 41: 191-198, 1991.
CHENG, Y.S.; YANADA, Y.; YEH, H.C. Deposition of ultrafine aerosols in a
human oral cast. Aerosol Sci. Tech. 12: 1075-1081, 1990.
CHENG, Y.S.; YANADA, Y.; YEH, H.C. Diffusional deposition of ultrafine aerosols
in a human nose cast. J. Aerosol Sci. 19: 741-752, 1989.
CIFUENTES, L.A.; VEGA, J.; KÖPFER, K. Effect of the fine fraction of particulate
matter versus the coarse mass and other pollutants in daily mortality in Santiago,
Chile. J. Air Waste Manage. Assoc. 50: 1287-1298, 2000.
CLARKE, R.W.; CATALANO, P.J.; COULL, B.; KOUTRAKIS, P.; KRISHNA
MURTY, G.G.; RICE, T.; GOLDLESK, J.J. Age-related responses in rats to
concentrated urban air particles (CAPs). Inhal. Toxicol. 12: 73-84, 2000a.
CLARKE, R.W.; CATALANO, P.J.; KRISHNA MURTY, G.G.; SIOUTAS, C.;
PAULAUKIS, J.; COULL, B.; FERGUSON, S.; GOLDLESK, J.J. Urban air
particulate inhalation alters pulmonary function and induces pulmonary
inflammation in a rodent model of chronic bronchitis. Toxicol. 11: 637-656, 1999.
CLARKE, R.W.; COULL, B.; REINISCH, U.; CATALANO, P.J.;
KILLINGSWORTH, C.; KOUTRAKIS, P.; KAVOURAS, I.; KRISHNA MURTY,
G.G.; LAWRENCE, J.; LOVETT, E.; WOLFSON, M.; VERRIER, R.; GOLDLESK,
J.J. Inhaled concentrated ambient particles are associated with hematological and
bronchoalveolar lavage changes in canines. Environ. Health Perspect. 108:
1179-1187, 2000b.
CLEAN AIR ACT, C.A.A., 1971. Federal Register 36: 8186.
CORRÊA, F.C.F.; CIMINELLI, P.B.; FALCÃO, H.; ALCÂNTARA, B.J.C.;
CONTADOR, R.; MEDEIROS, A.S.; ZIN, W.A.; ROCCO, P.R.M. Respiratory
mechanics and lung histology in normal rats anesthetized with sevoflurane. J.
Appl. Physiol. 91: 803-810, 2001.
D’ANGELO, E.; CALDERINI, E.; TORRI, G.; ROBATTO, F.M.; BONO, D.; MILIC-
EMILI, J. Respiratory mechanics in anesthetized paralyzed humans: effects of
flow, volume, and time. J. Appl. Physiol. 67: 2556-2564, 1989.
D'ANGELO, E.; PRANDI, E.; TAVOLA, M.; CALDERINI, E.; MILIC-EMILI, J.
Chest wall interrupter resistance in anesthetized paralyzed humans. J. Appl.
Physiol. 77: 883-887, 1994.
D'ANGELO, E.; SANT'AMBROGIO, G.; AGOSTONI, E. Effect of diaphragm
activity or paralysis on distribution of pleural pressure. J. Appl. Physiol. 37: 311-
315, 1974.
DANIELS, M.J.; DOMINICI, F.; SAMET, J.M. ZEGER, S.L. Estimating particulate
matter-mortality dose-response curves and threshold levels: an analysis of daily
time-series for the 20 largest US cities. Am. J. Epidemiol. 152: 397-406, 2000.
DOCKERY D.W.; SCHWARTZ, J.; SPLENGER, J.D. Air pollution and daily
mortality: associations with particulates and acid aerosols. Environ. Res. 59: 362-
373, 1992.
DOMINICI, F.; PENG, R.D.; ZEGER, S.L.; WHITE, R.H.; SAMET, J.M. Particulate
air pollution and mortality in the United States: did the risks change from 1987 to
2000? Am. J. Epidemiol. 166: 880-888, 2007.
DON, H.F.; ROBSON, J.G. The mechanics of the respiratory system during
anesthesia. Anesthesiology 26: 168-178, 1965.
DONALDSON, K.; STONE, V. Current hypotheses on the mechanisms of toxicity
of ultrafine particles. Ann. Ist. Super Sanità 39: 405-410, 2003.
DONALDSON, K.; STONE, V.; BORM, P.J.A.; JIMENEZ, L.A.; GILMOUR, P.S.;
SCHINS, R.P.F.; KNAAPEN, A.M.; RAHMAN, I.; FAUX, S.P.; BROWN, D.M.;
MACNEE, W. Oxidative stress and calcium signaling in the adverse effects of
environmental particles (PM
10
). Free Radic. Biol. Med. 34: 1369-1382, 2003.
DONALDSON, K.; STONE, V.; CLOUTER, A.; RENWICK, L.; MACNEE, W.
Ultrafine particles. Occup. Environ. Med. 58: 211-216, 2001.
DONALDSON, K.; TRAN, L.; JIMENEZ, L.A.; DUFFIN, R.; NEWBY, D.E.; MILLS,
N.; MACNEE, W.; STONE, V. Combustion-derived nanoparticles: a review of their
toxicology following inhalation exposure. Part. Fibre Toxicol 2: 10, 2005.
DORRINGTON, K.L. The theory of viscoelasticity in biomaterials. In: The
mechanical properties of biological materials (XXXIV Symposium of the
Society for Experimental biology). Cambridge: Cambridge University Press, 1980,
p.289-314.
DREHER, K.L.; JASKOT, R.H.; LEHMANN, J.R.; RICHARDS, J.H.; MCGEE, J.K.;
GHIO, A.J.; COSTA, D.L. Soluble transition metals mediate residual oil fly ash
induced acute lung injury. J. Toxicol. Environ. Health 50: 285-305, 1997.
DUCLOS, P.; SANDERSON, L.M.; LIPSETT, M. The 1987 forest fire disaster in
California: assessment of emergency room visits. Arch. Environ. Health 45: 53-
58, 1990.
DUFFIN, R.; MILLS, N.L.; DONALDSON, K. Nanoparticles – a thoracic toxicology
perspective. Yonsei Med. J. 48: 561-572, 2007.
DUSSELDORP, A.; KRUISE, H.; BRUNEKREEF, B.; HOFSCHREUDER, P.;
MEER, G.; VAN OUDVORST, A.B. Associations of PM
10
and airborne iron with
respiratory health of adults living near a steel factory. Am. J. Respir. Crit. Care
Med. 152: 1932-1939, 1995.
DYE, J.A.; LEHMANN, J.R.; MCGEE, J.K.; WINSETT, D.W.; LEDBETTER, A.D.;
EVERITT, J.I.; GHIO, A.J.; COSTA, D.L. Acute pulmonary toxicity of particulate
matter filter extracts in rats: coherence with epidemiologic studies in Utah Valley
residents. Environ. Health Perspect. 109: 395-403, 2001.
EMMANUEL, S.C. Impact to lung health of haze from forest fires: the Singapore
experience. Respirology 5: 175-182, 2000.
ETZEL, R.A. How environmental exposure influence the development and
exacerbation of asthma. Pediatrics 112: 233-239, 2003.
FARHAT, S.C.L.; PAULO, R.L.P.; SHIMODA, T.M.; CONCEIÇÃO, G.M.S.; LIN,
C.A.; BRAGA, A.L.F.; WARTH, M.P.N.; SALDIVA, P.H.N. Effect of air pollution on
pediatric respiratory emergency room visits and hospital admissions. Braz. J.
Med. Biol. Res. 38: 227-235, 2005.
FERIN, J.; OBERDÖRSTER, G.; PENNEY, D.P. Pulmonary retention of ultrafine
and fine particles in rats. A. J. Respir. Cell. Mol. Biol. 6: 535-542, 1992.
FRYE, C.; HOELSCHER, B.; CYRYS, J.; WJST, M.; WICHMANN, H.E.;
HEINRICH, J. Association of lung function with declining ambient air pollution.
Environ. Health Perspect. 111: 383-387, 2003.
FUSCO, D.; FORASTIERE, F.; MICHELOZZI, P.; SPADEA, T.; OSTRO, B.;
ARCÀ, M.; PERUCCI, C.A. Air pollution and hospital admissions for respiratory
conditions in Rome, Italy. Eur. Respir. J. 17: 1143-1150, 2001.
GHIO, A.J.; COHEN, M.D. Disruption of iron homeostasis as a mechanism of
biologic effect by ambient air pollution particles. Inhal. Toxicol. 17: 709-716,
2005.
GHIO, A.J.; DEVLIN, R.B. Inflamatory lung injury after bronchial instillation of air
pollution particles. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 164: 704-708, 2001.
GHIO, A.J.; KIM, C.; DEVLIN, R.B. Concentrated ambient air particles induce mild
pulmonary inflammation in healthy human volunteers. Am. J. Respir. Crit. Care
Med. 162: 981-988, 2001.
GODOI, A.F.L.; RAVINDRA, K.; GODOI, R.H.M.; ANDRADE, S.J.; SANTIAGO-
SILVA, M.; VAECK, L.V.; GRIEKEN, R.V. Fast chromatographic determination of
polycyclic aromatic hydrocarbons in aerosol samples from sugar cane burning. J.
Chromatography 1027: 49-53, 2004.
GONZÁLEZ-FLECHA, B. Oxidant mechanism in response to ambient air
particles. Mol. Aspects Med. 25: 169-182, 2004.
GUNDERSEN, H.J.G.; BENDTSEN, T.F.; KORBO, L.; MARCUSSEN, N.;
MOLLER, A.; NIELSEN, K.; NYENGAARD, J.R.; PAKKENBERG, B.;
SORENSEN, F.B.; VESTERBY, A. Some new, simple and efficient
stereological methods and their use in pathological research and diagnosis.
APMIS 96: 379-94, 1988.
GURGUEIRA, S.A.; LAWRENCE, J.; COULL, B.; KRISHNA MURTHY, G.G.;
GONZÁLES-FLECHA, B. Rapid increases in the steady-state concentration of
reactive oxygen species in the lungs and heart after particulate air pollution
inhalation. Environ. Health Perspect. 110: 749-755, 2002.
HANTOS, Z.; DAROCZY, B.; SUKI, B.; GALGOCZY, G.; CSENDES, T. Forced
oscillatory impedance of the respiratory system at low frequencies. J. Appl.
Physiol. 60: 123-132, 1986.
HANTOS, Z.; DAROCZY, B.; SUKI, B.; NAGY, S. Low frequency respiratory
mechanical impedance in the rat. J. Appl. Physiol. 63: 36-43, 1987.
HARRISON, R.M.; YIN, J. Particulate matter in the atmosphere: which particle
properties are important for its effects on health? Sci. Total Environ. 249: 85-
101, 2000.
HELFAND, W.H.; LAZARUS, J.; THEERMAN, P. Donora, Pennsylvania: an
environmental disaster of the 20
th
century. Am. J. Public Health 91: 553, 2001.
HELL, A.; GOLDAMEER, J.G. Smoke –haze pollution: a review of the 1997
episode in South East Asia. J. Regional Environ. Change 2001.
HILDEBRANDT, J. Pressure-volume data of cat lung interpreted by a
plastoelastic, linear viscoelastic model. J. Appl. Physiol. 28: 365-372, 1970.
HITCHINS, J.; MORAWSKA, L.; WOLFF, R.; GILBERT, D. Concentrations of
submicrometre particles from vehicle emissions near a major road. Atmosph.
Environ. 34: 51-59, 2000.
HIURA, T.S.; KASZUBOWSKI, M.P.; LI, N.; NEL, A.E. Chemicals in diesel
exhaust particles generate reactive oxygen radicals and induce apoptosis in
macrophages. J. Immunol. 163: 5582-5591, 1999.
HONG, Y.C.; HWANG, S.S.; KIM, J.H.; LEE, K.H.; LEE, H.J.; LEE, K.H.; YU,
S.D.; KIM, D.S. Metals in particulate pollutants affect peak expiratory flow of
schoolchildren. Environ. Health Perspect. 115: 430-434, 2007.
HORI, T. & HILDEBRANDT, J. Dynamic compliance, limit cycles, and static
equilibrium of excised cat lung. J.Appl. Physiol. 31: 423-430, 1971.
JAPENGA, J.; WAGENAAR, W.J.; SMEDES, F.; SALOMONS W. A new, rapid
clean-up procedure for the simultaneous determination of different groups of
organic micropollutants in sediments; application in two European estuarine
sediment studies. Environ. Technol. Letters. 8: 9-20, 1987.
JARDIM, J.R.; NASCIMENTO, O. Respiratory health in Brazil. Chronic Respir.
Dis. 4: 45-49, 2007.
JIMENEZ, L.A.; THOMPSON, J.; BROWN, D.A.; RAHMA, I.; ANTONICELLI, F.;
DUFFIN, R.; DROST, E.M.; HAY, R.T.; DONALDSON, K.; MACNEE, W.
Activation of NF-kappaB by PM
10
occurs via an iron-mediated mechanism in the
absence of IkappaB degradation. Toxicol. Appl. Pharmacol. 166: 101-110,
2000.
JOHANSSON, A.; CAMNER, P.; JARSTRAND, C.; WIERNIK, A. Rabbit lungs
after long-term exposure to low nickel dust concentration. Environ. Res. 30: 142-
151, 1983.
JOHNSON, A.W.; ADERELE, W.I. The association of household pollutants and
socio-economic risk factors with the short-term outcome of acute lower respiratory
infections in hospitalized pre-school Nigerian children. Ann. Trop. Paediatr. 12:
421-432, 1992.
KAMPA, M.; CASTANAS, E. Human health effects of air pollution. Environ.
Pollut. 1-6, 2007.
KAN, H.; HEISS, G.; ROSE, K.M.; WHITSEL, E.; LURMANN, F.; LONDON, S.J.
Traffic exposure and lung function in adults: the atherosclerosis risk in
communities study. Thorax 62: 873-879, 2007.
KELSALL, J.E.; SAMET, J.M.; ZEGER, S.L.; XU, J. Air pollutionand mortality in
Philadelphia, 1974-1988. Am. J. Epidemiol. 146:750-762, 1997.
KENNEDY, T.; GHIO, A.J.; REED, W.; SAMET, J.; ZAGORSKI, J.; QUALY, J.;
CARTER, J.; DAILEY, L.; HOIDAL, J.R.; DEVLIN, R.B. Copper-dependent
inflammation and nuclear factor-kappaB activation by particulate air pollution. Am.
J. Respir. Cell. Mol. Biol. 19: 366-378, 1998.
KITTELSON, D.B.; WATTS, W.F.; JOHNSON, J.P. Nanoparticle emissions on
Minnesota highways. Atmospheric Environ. 38: 9-19, 2004.
KO, F.W.S.; TAM, W.; WONG, T.W.; CHAN, D.P.S.; TUNG, A.H.; LAI, C.K.W.;
HUI, D.S.C. Temporal relationship between air pollutants and hospital admissions
for chronic obstructive pulmonary disease in Hong Kong. Thorax 62: 779-784,
2007a.
KO, F.W.S.; TAM, W.; WONG, T.W.; LAI, C.K.W.; WONG, G.W.K.; LEUNG, T.F.;
NG, S.S.S.; HUI, D.S.C. Effects of air pollution on asthma hospitalization rates in
different age groups in Hong Kong. Clin. Exp. Allergy 37: 1312-1319, 2007b.
KOCHI, T.; OKUBO, S.; ZIN, W.A.; MILIC-EMILI, J. Chest wall and respiratory
system mechanics in cats: effects on flow and volume. J. Appl. Physiol. 64:
2636-2646, 1988b.
KOCHI, T.; OKUBO, S.; ZIN, W.A.; MILIC-EMILI, J. Flow and volume dependence
of pulmonary mechanics in anesthetized cats. J. Appl. Physiol. 64: 441-450,
1988a.
KUNII, O.; KANAGAWA, S.; YAJIMA, I.; HISAMATSU, Y.; YAMAMURA, S.;
AMAGAI, T.; ISMAIL, I.T. The 1997 haze disaster in Indonesia: its air quality and
health effects. Arch. Environ. Health 57:16-22, 2002.
KURE, E.H.; ANDREASSEN, A.; OVREBA, S. ET AL. Benzo[a]pyreno-albumin
adducts in human exposed to polycyclic aromatic hydrocarbons in an industrial
area of Poland. Occup. Environ. Med. 54: 662-666, 1997.
LADEN, F.; HART, J.E.; SMITH, T.J.; DAVIS, M.E.; GARSHICK, E. Cause-
specific mortality in the unionized U.S. trucking industry. Environ. Health
Perspect. 115: 1192-1196, 2007.
LADEN, F.; NEAS, L.M.; DOCKERY, D.W.; SCHWARTZ, J. Association of fine
particulate matter from different sources with daily mortality in six U.S. cities.
Environ. Health Perspect. 108: 941-947, 2000.
LADEN, F.; SCHWARTZ, J.; SPEIZER, F.E.; DOCKERY, D.W. Reduction in fine
particulate air pollution and mortality. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 173: 667-
672, 2006.
LAGORIO, S.; FORASTIERE, F.; PISTELLI, R.; IAVARONE, I.; MICHELOZZI, P.;
FANO, V.; MARCONI, A.; ZIEMACKI, G.; OSTRO, B.D. Air pollution and lung
function among susceptible adult subjects: a panel study. Environ. Health 5: 11,
2006.
LARA, L.B.L.S.; ARTAXO, P.; MARTINELLI, L.A.; VICTORIA, R.L.; CAMARGO,
P.B.; KRUSCHE, A.; AYRES, G.P.; FERRAZ, E.S.B.; BALLESTER, M.V.
Chemical composition of rainwater and anthropogenic influences in the Piracicaba
river basin, southeast Brazil. Atmosph. Environ. 35: 4937-4945, 2001.
LEE, S.L.; WONG, W.H.S.; LAU, Y.L. Association between air pollution and
asthma admission among children in Hong Kong. Clin. Exp. Allergy 36: 1138-
1146, 2006.
LI, N.; WANG, M.; OBERLEY, T.D.; SEMPF, J.M.; NEL, A.E. Comparison of the
pro-oxidative and proinflammatory effects of organic diesel exhaust particle
chemicals in bronchial epithelial cells and macrophages. J. Immunol. 169: 4531-
4541, 2002.
LI, X.Y.; GILMOUR, P.S.; DONALDSON, K.; MACNEE, W. Free radical activity
and pro-inflammatory effects of particulate air pollution (PM
10
) in vivo and in vitro.
Thorax 51: 1216-1622, 1996.
LI, X.Y.; GILMOUR, P.S.; DONALDSON, K.; MACNEE, W. In vivo and in vitro
pro-inflammatory effects of particulate air pollution (PM
10
). Environ. Health
Perspec. 105: s1279-s1283, 1997.
LIN, C.A.; MARTINS, M.A.; FARHAT, S.C.L.; POPE III, C.A.; CONCEIÇÃO,
G.M.S.; ANASTÁCIO, V.M.; HATANAKA, M.; ANDRADE, W.C.; HAMAUE, W.R.;
BÖHM, G.M.; SALDIVA, P.H.N. Air pollution and respiratory illness of children in
São Paulo, Brazil. Paediatr. Perinat. Epidemiol. 13: 475-488, 1999.
LIN, C.C.; CHEN, S.J.; HUANG, K.L. Characteristics of metals in
nano/ultrafine/fine/coarse particles collected beside a heavily trafficked road.
Environ. Sci. Technol. 39: 8113-8122, 2005.
LIN, M.; STIEB, D.M.; CHEN, Y. Coarse particulate matter and hospitalization for
respiratory infections in children younger than 15 years in Toronto: a case-
crossover analysis. Pediatrics 116: e235-e240, 2005.
LIOY, P.J.; ZHANG, J. Lung Biology in Health and Disease. In: Air pollutants
and the respiratory tract. Editado por SWIFT, D.L. & FOSTER, W.M. 1999; vol.
128, cap. 1, p. 1-33.
LIPFERT, F.W.; MORRIS, S.C.; WYZGA, R.E. Daily mortality in the Philadelphia
metropolitan area and size-classified particulate matter. J. Air Waste Manage.
Assoc. 50: 1501-1513, 2000.
LIU, M.; WANG, L.; LI, E.; ENHORNING, G. Pulmonary surfactant given
prophylactically alleviates an asthma attack in guinea-pigs. Clin. Exp. Allergy 26:
270-275, 1996.
LIU, S.; ZHOU, Y.; WANG, X.; WANG, D.; LU, J.; ZHENG, J.; ZHONG, N.; RAN,
P. Biomass fuels are the probable risk factor for chronic obstructive pulmonary
disease in rural South China. Thorax 62: 889-897, 2007.
LOGAN, W.P.D. Mortality in the London fog incident, 1952. Lancet 1: 336-338,
1953.
LONG, W.; TATE, R.B.; NEUMAN, M.; MANFREDA, J.; BECKER, A.B.;
ANTHONISEN, N.R. Respiratory symptoms in a susceptible population due to
burning of agricultural residue. Chest 113: 351-357, 1998.
LORING, S.H.; ELLIOT, E.A.; DRAZEN, J.M. Kinetic energy loss and convective
acceleration in respiratory resistance measurements. Lung 156:33-42, 1979.
MACEDO-NETO, A.; SANTOS, L.V.; MENEZES, S.L.; PAIVA, D.S.S.; ROCCO,
P.R.M.; ZIN, W.A. Respiratory mechanics after prosthetic reconstruction of the
chest wall in normal rats. Chest 113: 1667-1672, 1998.
MARTINS, L.C.; LATORRE, M.R.; SALDIVA, P.H.; BRAGA, A.L. Air pollution and
emergency room visits due to chronic lower respiratory diseases in the elderly: an
ecological time-series study in São Paulo, Brazil. J. Occup. Environ. Med. 44:
622-627, 2002.
MASTER, K.M. Air pollution in New Guinea. Cause of chronic pulmonary disease
among stone-age natives in the Highlands. JAMA 228: 1653-1655, 1974.
MAYER, A.S.; NEWMAN, L.S. Genetic and environmental modulation of
chronic obstructive pulmonary disease. Respir. Physiol. 128: 3-11, 2001.
MCCREANOR, J.; CULLINAN, P.; NIEUWENHUIJSEN, M.J.; STEWART-
EVANS, J.; MALLIAROU, E.; JARUP, L.; HARRINGTON, R.;
SVARTENGREN, M.; HAN, I.K.; OHMAN-STRICKLAND, P.; CHUNG, K.F.;
ZHANG, J. Respiratory effects of exposure to diesel traffic in persons with
asthma. N. Engl. J. Med. 357: 2348-2358, 2007.
MEAD, J. Contribution of compliance of airways to frequency-dependent behavior
of lungs. J. Appl. Physiol. 26: 670-673, 1969.
MEAD, J. Mechanical properties of lungs. Physiol. Rev. 41: 281-330, 1961.
MEDINA-RAMÓN, M.; ZANOBETTI, A.; SCHWARTZ, J. The effect of ozone and
PM
10
on hospital admissions for pneumonia and chronic obstructive pulmonary
disease: a national multicity study. Am. J. Epidemiol. 163: 579-588, 2006.
MILIC-EMILI, J. Ventilation. In: Regional differences in the lung. New York,
N.Y., Academy Press Inc. Editado por WEST, J.B. 1977; cap. 4, p. 167-199.
MOLINELLI, A.R.; MADDEN, M.C.; MCGEE, J.K.; STONEHUERNER, J.G.;
GHIO, A.J. Effect of metal removal on the toxicity of airborne particulate matter
from the Utah Valley. Inhal. Toxicol. 14: 1069-1086, 2002.
MOREIRA, L.M.; GOBBI, C.; FEIJÓ, M.; ROCCO, P.R.M.; ZIN, W.A. Mechanical
and morphometry after pneumoperitoneum in normal rats. Eur. Respir. J., 10:
1321-1326, 1997.
MORTOLA, J.P.; NOWORAJ, J.A. Two-sidearm tracheal cannula for respiratory
airflow measurements in small animals. J. Appl. Physiol. 55: 250-253, 1983.
MOTT, J.A.; MANNINO, D.M.; ALVERSON, C.J.; KIVU, A.; HASHIM, J.; LEE, T.;
FALTER, K.; REDD, S.C. Cardiorespiratory hospitalizations associated with
smoke exposure during the 1997, Southeast Asian forest fires. Int. J. Hyg.
Environ. Health 208: 75-85, 2005.
MOUNT, L.E. The ventilation flow - resistance and compliance of rat lungs.
J. Appl. Physiol. 127:157-167, 1955.
MUKAE, H.; VINCENT, R.; QUINLAN, K.; ENGLISH, D.; HARDS, J.; HOGG, J.C.;
VAN EEDEN, S.F. The effect of repeated exposure to particulate air pollution
(PM
10
) on the bone marrow. Am. J. Respir. Crit. Care Med. 163: 201-209, 2001.
MÜLER, B.; SEIFART, C.; BARTH, PJ. Effect of air pollutants on the pulmonary
surfactant system. Eur. J. Clin. Invest. 28: 762-777, 1998.
NATIONAL AIR QUALITY & EMISSIONS TRENDS REPORT, 1993. EPA 454,R-
94-026, OAQPS. Research Triangle Park, NC: US Environmental Protection
Agency, EPA.
NEL, A.E.; DIAZ-SANCHES, D.; LI, N. The role of particulate pollutants in
pulmonary inflammation and asthma: evidence for the involvement of organic
chemicals and oxidative stress. Curr. Opinion Pulmon. Med. 7: 20-26, 2001.
NEMERY, B.; HOET P.H.M.; NEMMAR A. The Meuse Valley fog of 1930: an air
pollution disaster. Lancet 357: 704-708, 2001.
OBERDÖRSTER, G.; FERIN, J.; GELEIN, R.; SODERHOLM, S.C.;
FINKELSTEIN, J. Role of the alveolar macrophage in lung injury: studies with
ultrafine particles. Environ. Health Perspect. 97: 193-199, 1992.
OFTEDAL, B.; BRUNEKREEF, B.; NYSTAD, W.; MADSEN, C.; WALKER, S.E.;
NAFSTAD, P. Residential outdoor air pollution and lung function in
schoolchildren. Epidemiol. 19: 129-137, 2008.
OHYAMA, M.; OTAKE, T.; ADACHI, S.; KOBAYASHI, T.; MORINAGA, K. A
comparison of the production of reactive oxygen species by suspended
particulate matter and diesel exhaust particles with macrophages. Inhal. Toxicol.
19: 157-160, 2007.
OSTRO, B.; CHESTNUT, L. Assessing the health benefits of reducing particulate
matter air pollution in the United States. Environ. Res. 76: 94-106, 1998.
OSTRO, B.D.; HURLEY, S.; LIPSETT, M.J. Air pollution and mortality in the
Coachella Valley, California: a study of PM
10
dominated by coarse particles.
Environ. Health Perspect. 81: 231-238, 1999.
OTIS, A.B.; MCKERROW, C.B.; BARTLETT, R.A.; MEAD, J.; MCILROY, M.B.;
SELVERSTONE, N.J. Mechanical factors in distribution of pulmonary ventilation.
J. Appl. Physiol. 8: 427-443, 1956.
PADMAVATI, S.; JOSHI, B. Incidence and etiology of chronic cor pulmonale in
Delhi: a necropsy study. Chest 46: 457-463, 1964.
PARK, J.W.; LIM, Y.H.; KYUNG, S.Y.; AN, C.H.; LEE, S.P.; JEONG, S.H.; JU,
Y.S. Effects of ambient particulate matter on peak expiratory flow rates and
respiratory symptoms of asthmatics during Asian dust periods in Korea.
Respirology 10: 470-476, 2005.
PARK, S.; NAM, H.; CHUNG, N.; PARK, J-D.; LIM, Y. The role of iron in reactive
oxygen species generation from diesel exhaust particles. Toxicol. 20: 851-857,
2006.
PASTOR, A.; VÁSQUEZ, E.; CISCAR, R.; GUARDIA, M. Efficiency of the
microwave-assisted extraction of hydrocarbons and pesticides from sediments.
Analytica Chimica Acta 344: 241 - 249, 1997.
PEEL, J.L.; METZGER, K.B.; KLEIN, M.; FLANDERS D.; MULHOLLAND, J.A.;
TOLBERT, P.E. Ambient air pollution and cardiovascular emergency department
visits in potentially sensitive groups. Am. J. Epidemiol. 165: 625-633, 2007.
PEEL, J.L.; TOLBERT, P.E.; KLEIN, M. METZEGER, K.B.; FLANDERS, W.D.;
TODD, K.; MULHOLLAND, J.A.; RYAN, P.B.; FRUMKIN, H. Ambient air pollution
and respiratory emergency department visits. Epidemiol. 16: 164-174, 2005.
PEREIRA, C.E.L.; HECK, T.G.; SALDIVA, P.H.N.; RHODEN, C.R. Ambient
particulate air pollution from vehicles promotes lipid peroxidation and
inflammatory responses in rat lung. Braz. J. Med. Biol. Res. 40: 1353-1359,
2007.
PESLIN, R.; PAPON, J.; DUVIVER, C.; RICHALET, J. Frequency response of the
chest: modeling and parameter estimation. J. Appl. Physiol. 39: 523-534, 1975.
PETERS, A.; WICHMANN, H.E.; TUCH, T.; HEINRICH, J.; HEYDER, J.
Respiratory effects are associated with the number of ultrafine particles. Am. J.
Respir. Crit. Care Med. 155: 1376-1383, 1997.
PICANÇO, M.R.; SOARES, R.M.; CAGIDO, V.R.; AZEVEDO, S.M.F.O.; ROCCO,
P.R.M.; ZIN, W.A. Toxicity of a cyanobacterial extract containing microcystins to
mouse lungs. Braz. J. Med. Biol. Res. 37: 1225-1229, 2004.
POPE III, C.A. Invited commentary: particulate matter-mortality exposure-
response relations and threshold. Am. J. Epidemiol. 152: 407-412, 2000.
POPE III, C.A.; BATES, D.V. RAIZENNE, M.E. Health effects of particulate air
pollution: time for reassessment? Environ. Health Perspect. 103: 472-482, 1995.
POPE III, C.A.; BURNETT, R.T.; THUN, M.J.; CALLE, E.E.; KREWSKI, D.; ITO,
K.; THURSTON, G.D. Lung cancer, cardiopulmonary mortality, and long-term
exposure to fine particulate air pollution. JAMA 287: 1132-1141, 2002.
POWERS, S.R.; MANNAL, R.; NECLERIO, M.; ENGLISH, M.; MARR, C.;
LEATHER, R.; UEDA, H.; WILLIANS, G.; CUSTEAD, W.; DUTTON, R.
physiologic consequences of positive end-expiratory pressure (PEEP) ventilation.
Ann. Surg. 178: 265-271, 1973.
PRAHALAD, A.K.; INMON, J.; DAILEY, L.A.; MADDEN, M.C.; GHIO, A.J.;
GALLAGHER, J.E. Air pollution particles mediated oxidative DNA base damage in
a cell free system and in human airway epithelial cells in relation to particulate
metal content and bioreactivity. Chem. Res. Toxicol. 14: 879-887, 2001.
PRAHALAD, A.K.; INMON, J.; GHIO, A.J.; GALLAGHER, J.E. Enhancement of
2’-deoxyguanosine hydroxylation and DNA damage by coal and oil fly ash in
relation to particulate metal content and availability. Chem. Res. Toxicol. 13:
1011-1019, 2000.
RAABE, O.G. Respiratory exposure to air pollutants. In: Air pollutants and the
respiratory tract. Editado por SWIFT, D.L.; FOSTER, W.M. 1999; vol. 128, cap.
2, p. 39-68.
RAMÍREZ-VENEGAS, A.; SANSORES, R.H.; PÉREZ-PADILLA, R.; REGALADO,
J.; VELÁZQUEZ, A.; SÁNCHES, C.; MAYAR, M.E. Survival of patients with
chronic obstructive pulmonary disease due to biomass smoke and tobacco. Am.
J. Respir. Crit. Care Med. 173: 393-397, 2006.
REGALADO, J.; PÉREZ-PADILLA, R.; SANDORES, R.; RAMIREZ, J.I.P.;
BRAUER, M.; PARÉ, P.; VEDAL, S. The effect of biomass burning on respiratory
symptoms and lung function in rural mexican women. Am. J. Respir. Crit. Care
Med. 174: 901-905, 2006.
RINNE, S.T.; RODAS, E.J.; BENDER, B.S.; RINNE, M.L.; SIMPSON, J.M.;
GALER-UNTI, R.; GLICKMAN, L.T. Relationship of pulmonary function among
women and children to inddor air pollution from biomass use in rural Ecuador.
Respir. Med. 100: 1208-1215, 2006.
RIVERO, D.H.R.F.; SOARES, S.R.C.; LORENZI-FILHO, G.; SAIKI, M.;
GODLESKI, J.J.; ANTONANGELO, L.; DOLHNIKOFF, M.; SALDIVA, P.H.N.
Acute cardiopulmonary alterations induced by fine particulate matter of São
Paulo, Brazil. Toxicol. Sci. 85: 898-905, 2005.
ROCCO, P.R.M.; FONSECA, S.M.S.; PINTO, A.P.; MEDEIROS, A.S.; ZIN, W.A.
Effects of prosthetic reconstruction of the abdominal wall on respiratory
mechanics in rats. Respir. Physiol. 115: 35-43, 1999.
RODARTE, J.R. & REHDER, K. Dynamics of respiration. In: The respiratory
system. Mechanics of breathing. Editado por MACKLEN, P.T.; MEAD, J. 1986;
The American Physiological Society, Bethesda; vol. 3, cap. 10, p. 131-144.
RODRIGUES, A.C.M.; MOREIRA, L.F.P.; SOUZA, C.L.; PETTERSEN, P.C.D.;
SALDIVA, P.H.N.; ZIN, W.A. Effects of thoracotomy on respiratory system, lung,
and chest wall mechanics. Chest 104: 1882-1886, 1993.
ROEMER, W.; HOEK, G.; BRUNEKREEF, B.; CLENCH-AAS, J.; FORSBERG,
B.; PEKKANEN, J.; SCHUTZ, A. PM
10
elemental composition and acute
respiratory health effects in European children (PEACE project). Eur. Respir. 15:
553-559, 2000.
SAHA, A.; RAO, N.M.; KULKARNI, P.K.; MAJUMDAR, P.K.; SAIYED, H.N.
Pulmonary function and fuel use: a population survey. Respir. Res. 6:127, 2005.
SALDIVA, P.H.; CARDOSO, W.V.; CALDEIRA, M.P.; ZIN, W.A. Mechanics in rats
by end-inflation occlusion and single-breath methods. J. Appl. Physiol. 63:1711-
1718, 1987.
SALDIVA, P.H.; POPE III, C.A.; SCHWARTZ, J.; DOCKERY, D.W.;
LICHTENFELS, A.J.; SALGE, S.M.; BARONE, I.; BÖHM, G.M. Air pollution and
mortality in elderly people: a time-series study in Sao Paulo, Brazil. Arch.
Environ. Health 50: 159-163, 1995.
SALDIVA, P.H.; ZIN, W.A.; SANTOS, R.L.; EIDELMAN, D.H.; MILIC-EMILI, J.
Alveolar pressure measurement in open-chest rats. J. Appl. Physiol. 72: 302-
306, 1992.
SANTOS, F.B.; NAGATO, L.K.; BOECHEM, N.M.; NEGRI, E.M.; GUIMARÃES,
A.; CAPELOZZI, V.L.; FAFFE, D.S.; ZIN, W.A.; ROCCO, P.R. Time course of
lung parenchyma remodeling in pulmonary and extrapulmonary acute lung injury.
J. Appl. Physiol. 100: 98-106, 2006.
SAYES, C.M.; REED, K.L.; WARHEIT, D.B. Assessing toxicity of fine and
nanoparticles: comparing in vitro measurements to in vivo pulmonary toxicity
profiles. Toxicol. Sci. 97: 163-180, 2007.
SCHIKOWSKI, T.; SUGIRI, D.; RANFT, U.; GEHRING, U.; HEINRICH, J.;
WICHMANN, H-E.; KRÄMER, U. Long-term air pollution exposure and living close
to busy roads are associated with COPD in women. Respir. Res. 6: 152, 2005.
SCHWARTZ, J. ZANOBETTI, A. Using meta-smoothing to estimulate dose-
response trends across multiple studies, with application to air pollution and daily
death. Epidemiol. 11: 666-672, 2000.
SCHWARTZ, J.; BALLESTER, F.; SAEZ, M.; PÉREZ-HOYOS, S.; BELLIDO, J.;
CAMBRA, K.; ARRIBAS, F.; CAÑADA, A.; PÉREZ-BOILLOS M.J.; SUNYER, J.
The concentration-response relation between air pollution and daily deaths.
Environ. Health Perspect. 109: 1001-1006, 2001.
SCHWARTZ, J.; DOCKERY, D.W. Increased mortality in Philadelphia associated
with daily air pollution concentrations. Am. Rev. Respir. Dis. 145: 600-604, 1992.
SCHWARTZ, J.; DOCKERY, D.W.; NEAS, L.M. Is daily mortality associated
specifically with fine particles? J. Air Waste Manag. Assoc. 46: 927-939, 1996.
SCHWARTZ, J.; LADEN, F.; ZANOBETTI, A. The concentration-response relation
between PM(2.5) and daily deaths. Environ. Health Perspect. 110: 1025-1029,
2002.
SCHWARTZ, J.; MARCUS, A. Mortality and air pollution in London: a time-series
analysis. Am. J. Epidemiol. 131: 185-194, 1990.
SCHWELA, D.H.; GOLDAMMER, J.G.; MORAWSKA, L.H.; SIMPSON, O. Health
guidelines for vegetation fire events – guideline document. Geneva: WHO, 1999.
SEATON, A.; MACNEE, W.; DONALDSON, K.; GODDEN, D. Particulate air
pollution and acute health effects. Lancet 345: 176-178, 1995.
SHEPPARD, L.; LEVY, D.; NORRIS, G. LARSON, T.V.; KOENIG, J.Q. Effects of
ambient air pollution on non-elderly asthma hospital admissions in Seattle,
Washington, 1987-1994. Epidemiol. 10: 23-30, 1999.
SHI, J.P.; EVANS, D.E.; KHAN, A.A.; HARRISON, R.M. Sources and
concentration of nanoparticles (< 10 nm diameter) in the urban atmosphere.
Atmosph. Environ. 35: 1193-1202, 2001.
SHUKLA, A.; TIMBLIN, C.; BERUBE, K.; GORDON, T.; MCKINNEY, W.;
DRISCOLL, K.; VACEK, P.; MOSSMAN, B.T. Inhaled particulate matter causes
expression of nuclear factor (NF)-κB related genes and oxidant-dependent NF-
kappaB activation in vitro. Am. J. Respir. Cell. Mol. Biol. 23: 182-187, 2000.
SIH, T.M. Vias aéreas inferiores e a poluição. J. Pediatr. 73: 166-170, 1997.
SIMILOWSKI, T.; BATES, J.H. Two-compartment modeling of respiratory system
mechanics at low frequencies: gas redistribution or tissue rheology? Eur. Respir.
J. 4: 353-358, 1991.
SIMILOWSKI, T; LEVY, P.; CORBEIL, C.; ALBALA, M.; PARIENTE, R.;
DERENNE, J.P. Viscoelastic behavior of lung and chest wall in dogs determined
by flow interruption. J. Appl. Physiol. 67: 2219-2229, 1989.
SISINNO, C.L.S.; NETTO, A.D.P.; REGO, E.C.P.; LIMA, G.S. Hidrocarbonetos
policíclicos Aromáticos em resíduos sólidos industriais: uma avaliação preliminar
do risco potencial de contaminação ambiental e humana em áreas de disposição
de resíduos. Caderno de Saúde Pública 19: 671-676, 2003.
SLAVIN, S.; BARNETT, W.; CRASSWELLER, P.O. Atomic Absorption
Newsletter 11: 37, 1972.
SMITH, K.R.; AUST, A.N. Mobilization of iron from urban particulates leads to
generation of reactive oxygen species in vitro and induction of ferritin synthesis in
human lung epithelial cells. Chem. Res. Toxicol. 10: 828-834, 1997.
SORENSEN, M.; AUTRUP, H.; MOLLER, P.; HERTEL, O.; JENSEN, S.S.;
VINZENTS, P.; KNUDSEN, L.E.; LOFT, S. Linking exposure to environmental
pollutants with biological effects. Mutation Res. 544: 255-271, 2003.
SOUKUP, J.M.; GHIO, A.J.; BECKER, S. Soluble components of Utah Valley
particulate pollution alter alveolar macrophage function in vivo and in vitro. Inhal.
Toxicol. 12: 401-414, 2000.
SRIVASTAVA, P.K.; MISRA, U.K. Phosphatidylcholine metabolism in lung
microsomes and lung surfactant of rats exposed intratracheally to coal fly ash. J.
Toxicol. Environ. Health 18: 471-481, 1986.
STERN, A.C.; BOUBEL, R.W.; TURNER, D.B.; FOX, D.L. In: Fundamental of air
pollution. 2.ed. Orlando, FL: Academic Press, 1984, 1 p.
STOHS, S.J.; BAGCHI, D. Oxidative mechanism in the toxicity of metal ions. Free
Radical Biol. Med. 18: 312-336, 1995.
STONE, V.; TUINMAN, M.; VAMVAKOPOULOS, J.E.; SHAW, J.; BROWN, D.;
PETTERSON, S.; FAUX, S.P.; BORM, P.; MACNEE, W.; MICHAELANGELI, F.;
DONALDSON, K. Increased calcium influx in a monocytic cell line on exposure to
ultrafine carbon black. Eur. Respir. J. 15: 297-303, 2000.
TAO, F.; GONZALEZ-FLECHA, B.; KOBZIK, L. Reactive oxygen species in
pulmonary inflammation by ambient particulates. Free Radic. Biol. Med. 35: 327-
340, 2003.
TERASHIMA, T.; WIGGS, B.; ENGLISH, D.; HOGG, J.C.; VAN EEDEN, S.F.
Phagocytosis of small carbon particles (PM
10
) by alveolar macrophages
stimulates the release of polymorphonuclear leukocytes from bone marrow. Am.
J. Respir. Crit. Care Med. 155: 1441-1447, 1997.
TESFAIGZI, Y.; SINGH, S.P.; FOSTER, J.E.; KUBATKO, J.; BARR, E.B.; FINE,
P.M.; MCDONALD, J.D.; HAHN, F.F.; MAUDERLY, J.L. Health effects of
subchronic exposure to low levels of wood smoke in rats. Toxicol. Sci. 65: 115-
125, 2002.
TORRES, J.P.M.; MALM, O.; VIEIRA, D.R.V.; JAPENGA, J.; KOOPMANS, G.
Organochlorinated compounds and polycyclic aromatic hydrocarbons
determination in sediments from tropical rivers in Brazil. Ci. Cult. J. Braz. Assoc.
Advanc. Sci. 51: 54-59, 1999.
TRINDADE, H.A.; PFEIFFER, W.C.; LONDRES, H.; COSTARIBEIRO C.L.
Atmospheric concentration of metals and total suspended particulates in Rio de
Janeiro. Environ. Sci. Technol. 15: 84-89, 1981.
US EPA, 1987. Risk Assessment Guidelines of 1986. EPA/600/8-87/045.
Washington, DC:U.S.
US EPA, 2004. Air quality criteria for particulate matter.
http://oaspub.epa.gov/eims/eimscomm.getfile/p_download_id=435945
VARIAN AA 1275-1475 series Spectrophotometers Service Manual. Varian
Techtron Pty. Limited Australia, 1981.
WARD, D. Review of smoke components in United State Department of
Agriculture (USDA): health hazards of smokes. Recommendations of the
Consensus Conference. Missoula, 1997.
WEIBEL, E.R. Morphometry: stereological theory and practical methods. In:
Models of Lung Disease – Microscopy and Structural Methods. Editado por
GIL, J. 1990; Marcel Dekker. New York. vol. 47, p. 199-247.
WHO AIR QUALITY GUIDELINES, 2005. Report in a working group meeting,
Bonn, Germany, outubro, 2005.
WILSON, M.R.; LIGHTBODY, J.H.; DONALDSON, K.; SALES, J.; STONE, V.
Interactions between ultrafine particles and transition metals in vivo and in vitro.
Toxicol. Appl. Pharmacol. 184: 172-179, 2002.
WOLFF, R.K.; GRIFFITH, W.C.; HENDERSON, R.F.; HAHN, F.F.; HARKEMA,
J.R.; REBAR, A.H.; EIDSON, A.F.; MCCLELLAN, R.O. Effects of repeated
inhalation exposures to 1-nitropyrene, benzo[a]pyrene, Ga
2
O
3
, particles, and SO
3
alone and combinations on particle clearance, bronchoaveolar lavage fluid
composition, and histopathology. J. Toxicol. Environ. Heath 27: 123-138, 1989.
ZANOBETTI, A.; SCHWARTZ, J.; DOCKERY, D.W. Airborne particles are a risk
factor for hospital admissions for heart and lung disease. Environ. Health
Perspect. 108: 1071-1077, 2000.
ZHANG, J.J.; SMITH, K.R. Household air pollution from coal and biomass fuels in
China: measurements, health impacts and interventions. Environ. Health
Perspect. 115: 848-855, 2007.
ZIN, W.A.; MARTINS, M.A.; SILVA, P.R.; SAKAE, R.S.; CARVALHO, A.L.;
SALDIVA, P.H. Effects of abdominal opening on respiratory system mechanics in
ventilated rats. J. Appl. Physiol. 66: 2496-2501, 1989.
ANEXOS
ANEXO I: PARÂMETROS DA MECÂNICA PULMONAR EM CADA ANIMAL DOS
GRUPOS C, SP E BIO.
C
Fluxo Volume
C1
1,00 0,20
C2 1,00 0,20
C3 1,01 0,20
C4 1,00 0,19
C5 1,00 0,18
C6 1,00 0,19
C7 1,00 0,21
C8 0,99 0,18
C9
1,00 0,19
Média
1,00 0,19
DP
0,01 0,01
EPM
0,00 0,00
n
9,00 9,00
DP/Média
0,53 4,11
SP
Fluxo Volume
SP1 1,01 0,21
SP2 1,00 0,20
SP3 1,00 0,19
SP4 1,00 0,20
SP5 1,00 0,19
SP6 1,00 0,20
SP7 1,00 0,19
SP8 1,00 0,19
SP9 1,00 0,21
Média
1,00 0,20
DP
0,00 0,01
EPM
0,00 0,00
n
9,00 9,00
DP/Média
0,39 2,80
Bio
Fluxo Volume
Bio1 1,01 0,20
Bio2 1,00 0,21
Bio3 1,00 0,19
Bio4 0,99 0,18
Bio5 1,01 0,19
Bio6 1,00 0,20
Bio7 1,00 0,20
Bio8 1,00 0,19
Bio9 1,00 0,20
Bio10 0,99 0,19
Bio11 1,00 0,19
Média
1,00 0,20
DP
0,01 0,01
EPM
0,00 0,00
n
11,00 11,00
DP/Média
0,52 3,07
C
Est E P1 P2 Ptot
C1
23,34 6,12 0,33 1,21 1,55
C2 21,20 4,75 0,52 0,95 1,48
C3 20,62 5,86 0,47 1,16 1,64
C4 19,10 4,91 0,32 0,95 1,27
C5 20,81 7,04 0,44 1,30 1,73
C6 22,48 5,14 0,31 1,00 1,31
C7 21,29 5,49 0,43 1,15 1,59
C8 24,68 6,28 0,31 1,16 1,47
C9
18,14
5,21 0,44 0,98 1,41
Mediana
21,20 5,49 0,43 1,16 1,48
25%
20,24 5,08 0,32 0,97 1,39
75%
22,70 6,16 0,45 1,18 1,60
n
9,00 9,00 9,00 9,00 9,00
SP
Est E P1 P2 Ptot
SP1 33,98 6,41 0,57 1,32 1,88
SP2 34,80 11,17 1,06 2,24 3,30
SP3 26,48 6,69 0,38 1,29 1,67
SP4 30,03 9,25 0,48 1,81 2,29
SP5 18,68 10,02 0,46 1,93 2,39
SP6 30,59 5,90 0,68 1,17 1,85
SP7 24,94 5,28 0,50 1,01 1,52
SP8 50,11 10,60 0,71 2,01 2,73
SP9 24,58 5,34 0,58 1,10 1,68
Mediana
30,03 6,69 0,57 1,32 1,88
25%
24,85 5,76 0,48 1,15 1,68
75%
34,18 10,17 0,69 1,95 2,47
n
9,00 9,00 9,00 9,00 9,00
Bio
Est E P1 P2 Ptot
Bio1 30,45 6,14 0,66 1,22 1,87
Bio2 28,33 6,43 0,64 1,33 1,97
Bio3 26,55 6,42 0,75 1,24 1,99
Bio4 43,50 9,17 1,27 1,69 2,95
Bio5 38,14 9,83 0,39 1,86 2,56
Bio6 33,32 6,88 0,60 1,35 1,95
Bio7 43,24 8,88 0,67 1,77 2,44
Bio8 33,23 7,08 0,94 1,35 2,30
Bio9 28,36 6,44 0,70 1,30 2,00
Bio10 47,56 10,54 0,76 2,01 2,80
Bio11 37,53 7,95 0,74 1,51 2,25
Mediana
33,32 7,08 0,70 1,36 2,25
25%
28,88 6,43 0,64 1,31 1,97
75%
41,97 9,08 0,75 1,75 2,40
n
11,00 11,00 11,00 11,00 11,00
ANEXO II: PERCENTUAL DE ÁREAS NORMAIS E COLAPSADAS EM CADA
ANIMAL DOS GRUPOS C, SP E BIO.
C
%NORM.
%COLAP.
C1
91,30 8,70
C2 95,12 4,88
C3 86,70 10,07
C4 98,08 1,92
C5 93,37 6,63
C6 96,11 3,89
Média
93,45 6,01
DP
3,69 2,79
EPM
1,50 1,14
n
6 6
DP/Média
3,94 46,34
SP
%NORM.
%COLAP.
SP1
79,20 19,21
SP2
84,96 15,04
SP3
89,51 8,75
SP4 88,26 11,74
SP5 88,20 11,80
SP6 76,57 23,43
Média
84,45 14,99
DP
4,90 4,98
EPM
2,00 2,03
n
6 6
DP/Média
5,80 33,21
Bio
%NORM.
%COLAP.
Bio1 76,89 21,73
Bio2 83,66 16,34
Bio3 83,78 15,38
Bio4 84,47 15,53
Bio5 87,10 11,58
Bio6 76,57 23,43
Média
82,08 17,33
DP
3,95 4,03
EPM
1,61 1,65
n
6 6
DP/Média
4,81 23,28
ANEXO III: CELULARIDADE TOTAL E DIFERENCIAL EM CADA ANIMAL DOS
GRUPOS C, SP E BIO.
C
PMN MN TECIDO
%PMN
%MN TOTAL%
C1 2,13 12,63 28,25 5,01 29,14 34,14
C2 1,00 10,00 21,75 3,07 30,69 33,76
C3 1,63 12,13 25,00 4,27 31,48 35,75
C4 1,00 17,00 28,25 2,06 36,76 38,81
C5 1,13 15,63 22,88 2,77 39,44 42,21
C6 2,50 15,38 26,50 5,52 34,59 40,10
Média 1,56 13,80 25,44 3,78 33,68 37,46
DP 0,58 2,40 2,49 1,24 3,60 3,14
EPM 0,24 0,98 1,02 0,51 1,47 1,28
n 6 6 6 6 6 6
DP/Média 37,17
17,43 9,80 32,81 10,70 8,37
SP
PMN MN TECIDO
%PMN
%MN TOTAL%
SP1 5,63 12,00 24,63 13,30 28,55 41,85
SP2 5,50 11,50 30,63 11,45 24,16 35,61
SP3 5,00 13,63 28,75 10,54 28,72 39,26
SP4 4,50 16,63 28,13 9,68 29,44 39,12
SP5 4,00 10,38 26,38 9,80 25,45 35,25
SP6 4,25 12,00 24,38 10,32 29,60 39,91
Média 4,81 12,19 27,15 10,85 27,65 38,50
DP 0,61 1,15 2,25 1,24 2,08 2,35
EPM 0,25 0,47 0,92 0,51 0,85 0,96
n 6 6 6 6 6 6
DP/Média 12,70
9,45 8,27 11,43 7,53 6,10
Bio
PMN MN TECIDO
%PMN
%MN TOTAL%
Bio1 5,88 11,38 30,00 12,35 24,07 36,42
Bio2 5,25 11,75 30,38 11,09 24,90 35,99
Bio3 6,50 13,00 30,38 13,03 25,91 38,94
Bio4 4,50 12,88 27,38 10,11 28,59 38,71
Bio5 3,75 14,25 28,25 8,14 30,96 39,10
Bio6 3,75 13,75 27,75 8,25 30,40 38,65
Média 4,94 12,83 29,02 10,50 27,47 37,97
DP 1,04 1,02 1,26 1,87 2,67 1,26
EPM 0,42 0,41 0,52 0,76 1,09 0,52
n 6 6 6 6 6 6
DP/Média 20,97
7,91 4,35 17,79 9,70 3,32
ANEXO IV: CONCENTRAÇÃO DE METAIS NAS PARTÍCULAS DE ORIGEM
URBANA (PTS-SP) E DE QUEIMA DE BIOMASSA (PTS-BIO).
Metais PTS-SP (ppm)
PTS-Bio (ppm)
Níquel 1119,17 2410,71
Zinco 4663,21 8571,43
Ferro 93264,25 135267,86
Manganês 3108,81 5142,86
Chumbo 310,88 428,57
Cobre 93,26 160,71
Metais Totais 10,273 15,229
ANEXO V: CONCENTRAÇÃO DE HIDROCARBONETOS POLICÍCLICOS
AROMÁTICOS (HPA) NAS PARTÍCULAS DE ORIGEM URBANA (PTS-SP) E DE
QUEIMA DE BIOMASSA (PTS-BIO).
HPA PTS-SP (ng/g) PTS-Bio (ng/g)
Naftaleno - -
Fluoreno - -
Antraceno 414,5 -
Pireno 829,0 357,1
Benzo[a]Antraceno 621,8 -
Benzo[b]Fluoranteno 829,0 357,1
Benzo[k]Fluoranteno 621,8 357,1
Benzo[a]Pireno 1450,8 -
HPA Totais 4766,8 1071,4
ANEXO VI: MANUSCRITO DA ENVIRONMENTAL RESEARCH (Manuscrito ID: ER-
07-234R1; Status: em revisão).
Comparative respiratory toxicity of particles produced by
traffic and sugar cane burning
Flavia Mazzoli-Rocha
a
, Clarissa Bichara Magalhães
a
, Olaf Malm
b
, Paulo Hilário
Nascimento Saldiva
c
, Walter Araujo Zin
a
, Débora Souza Faffe
a
a
Laboratory of Respiration Physiology,
b
Laboratory of Radioisotopes, Carlos Chagas Filho
Institute of Biophysics, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro;
c
Laboratory of
Experimental Air Pollution, Department of Pathology, School of Medicine, University of São
Paulo, São Paulo, Brazil.
Correspondence address: Débora Souza Faffe
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho – C.C.S.
Av. Carlos Chagas Filho s/n
Ilha do Fundão
21941-902 – Rio de Janeiro – RJ
Brazil
tel: (+5521) 2562-6557
fax: (+5521) 2280-8193
Abstract
The impact of particle emissions by biomass burning is increasing throughout the
world. We explored the toxicity of particulate matter produced by sugar cane burning and
compared these effects with equivalent mass of traffic-derived particles. For this purpose,
BALB/c mice received a single intranasal instillation of either distilled water (C) or total
suspended particles (15 µg) from an urban area (SP group) or biomass burning-derived
particles (Bio group). Lung mechanical parameters (total, resistive and viscoelastic pressures,
static elastance, and elastic component of viscoelasticity) and histology were analyzed 24
hours after instillation. Trace elements and polycyclic aromatic hydrocarbons (PAHs)
metabolites of the two sources of particles were determined. All mechanical parameters
increased similarly in both pollution groups compared with control, except airway resistive
pressure, which increased only in Bio. Both exposed groups showed significantly higher
fraction area of alveolar collapse, and influx of polimorphonuclear cells in lung parenchyma
than C. The composition analysis of total suspended particles showed higher concentrations of
PAHs and lower concentration of metals in traffic than in biomass burning-derived particles.
In conclusion, we demonstrated that a single low dose of ambient particles, produced by
traffic and sugar cane burning, induced significant alterations in pulmonary mechanics and
lung histology in mice. Parenchymal changes were similar after exposure to both particle
sources, whereas airway mechanics was more affected by biomass-derived particles. Our
results indicate that biomass particles were at least as toxic as those produced by traffic.
Keywords: Sugar cane burning; Particulate matter; Air pollution; Lung mechanics
This study was supported by: The Centers of Excellence Program (PRONEX-
MCT/FAPERJ), The Brazilian Council for Scientific and Technological Development
(MCT/CNPq), The Carlos Chagas Filho Rio de Janeiro State Research Supporting Foundation
(FAPERJ), Ministerio de Ciencia y Tecnologia (SAF 2005-0110) and Ministerio de Sanidad y
Consumo (CibeRes, ISCiii CB06/12).
This study was approved by the Ethics Committee of the Carlos Chagas Filho Institute
of Biophysics, Health Sciences Center, Federal University of Rio de Janeiro. All animals
received humane care in compliance with the “Principles of Laboratory Animal Care”
formulated by the National Society for Medical Research and the “Guide for the Care and Use
of Laboratory Animals” prepared by the National Academy of Sciences, USA.
1. Introduction
The adverse effects of ambient particles on human health have been documented in
different parts of the world (Schwartz and Dockery, 1992; Hoek and Brunekreef, 1994;
Saldiva et al., 1994; Pope et al., 1995; Hoek et al., 1997; Lin et al., 1999; Laden et al., 2000;
Braga et al., 2001; Schwartz et al., 2001) by studies conducted in areas where automotive and
industrial sources are dominant. On the other hand, studies on the effects of ambient particles
produced by biomass burning, such as forest fires or during rudimentary harvesting processes,
are much less frequent (Long et al., 1998; Phonboon et al., 1999; Arbex et al., 2000).
Biomass burning is a major contributor to toxic gases and the build-up of total
suspended particles (TSP) throughout the world, leading to high levels of air pollution in
developing countries (Schwela et al., 1999). Although there are few epidemiological studies
on this subject, a relationship between biomass burning and increased emergency room visits
has been reported in different cities (Schwartz et al., 1993; Lipsett et al., 1997; Long et al.,
1998; Arbex et al., 2007). In Brazil, 70% of the country’s sugar cane plantation is burnt
before manual harvesting for biofuel production. It has been reported that burning is the major
source of fine and ultrafine particles in sugar cane producing areas during the burning seasons
(Lara et al., 2001). In the city of Araraquara, São Paulo State, Brazil, sugar cane burning has
been associated with increased emergency room visits for inhalatory therapy (Arbex et al.,
2000; Arbex et al., 2007) as well as with hospital admissions due to respiratory diseases in
children and in the elderly (Cançado et al., 2006). Air quality in the cities located in the sugar
cane area of the State of São Paulo deteriorates dramatically during the burning season, the
levels of ambient particles more than doubling during harvesting (Cançado et al., 2006; Arbex
et al., 2007). In contrast to forest fires accidents, usually brief events with extremely high
concentrations of particulate matter, populations in areas surrounded by sugar cane
plantations are exposed to particles generated by continuous biomass burning for at least 6
months a year (Arbex et al., 2007).
Further works on the consequences of biomass-derived particles are necessary.
Annually, 7,500–8,600 Tg of dry material is emitted to the atmosphere around the world by
the process of burning (Cançado et al., 2006) and this problem is expected to worsen even
further, either because of fires facilitated by ongoing climate changes or due to the increasing
interest in biofuel production in areas, like Brazil, that still burn sugar cane plantations before
harvesting (Arbex et al., 2000). In this study, we aimed to further explore in an animal model
the toxicity of particles produced by sugar cane burning. Low doses of particles (total
suspended particles, TSP) collected during periods of sugar cane burning were administered
by a single nasal instillation to mice, and acute changes in lung mechanics and histology were
evaluated. The findings were compared with equivalent mass of traffic-derived particles. Our
results indicate that biomass derived particles were at least as toxic as those produced by
traffic.
2. Materials and methods
2.1. Animal preparation
Twenty-nine female BALB/c mice (25-30 g) were randomly divided into 3 groups. In
the control group (C), animals received a single intranasal instillation (i.n.) of 15 µL of sterile
distilled water. SP and Bio groups received 15 µg of particle mass in 15 µL of sterile distilled
water i.n. from either an urban area (traffic-derived source) or from sugar cane burning origin,
respectively. All animals were analyzed 24 hours after instillation. For intranasal instillation
mice were anesthetized with sevoflurane, and sterile distilled water or suspended particles
were gently instilled in their snouts with the aid of a precision pipette. The animals recovered
rapidly after instillation.
2.2. Particle sampling
Total suspended particles were sampled with fiber glass filters, using a medium
volume sampler, which operated at a flow rate of 200 liters/minute (Handy-Vol, Energética,
Rio de Janeiro, Brazil). Traffic-derived particles were collected in São Paulo, Brazil, at the
gardens of the São Paulo Medical School, which is located in downtown at the intersection of
two busy streets. In this location, receptor modeling has reported that 89% of fine particles are
emitted by traffic (Cetesb, 2006). Biomass-derived particles were sampled in the urban area of
Araraquara, Brazil, in days of sugar cane burning. In São Paulo, particles could be considered
as predominantly generated by traffic, whereas biomass burning is the major source of
particles in sugar cane producing areas during the crop-burning periods (Lara et al., 2001).
Filters were weighed before and after a 24 h period of sampling and the difference in
weight yielded particle mass. Temperature and relative humidity were 24.5
0
C and 71.22%,
respectively, in São Paulo (Feb 7, 2006) and 24.6
0
C and 43% in Araraquara (Aug 22, 2003)
during collection. Particles were extracted in distilled water by ultrasonication in a water bath
during approximately 8 h. A suspension of 15 µg of either biomass or traffic-derived particles
in 15 µL of distilled water was instilled in each animal.
2.3. Particle analysis
The atmospheric suspended particles were digested in a HNO
3
-HClO
4
mixture and
after dissolution were brought to a final volume of 15 mL of HCl 0.1M. The extract was
analyzed by flame atomic absorption spectroscopy (VARIAN AA1475, Varian, Inc., Palo
Alto, CA, USA) following recommended standard operating procedures (Varian, 1981) and
previous reports of our group (Trindade et al., 1981; Azcue et al., 1988). Cadmium (Cd),
Chromium (Cr), Cooper (Cu), Iron (Fe), Manganese (Mn), Nickel (Ni), Zinc (Zn) and Lead
(Pb) were measured and the results expressed as µg.g
-1
of particles. The results were far above
the detection limits (ng.mL
-1
) of the tests: Cd (2.4), Cr (7.3), Cu (3), Fe (5), Mn (3), Ni (22)
and Zn (1.4) calculated as previously reported (Slavin et al., 1972).
For polycyclic aromatic hydrocarbons (PAH) extraction, 2 g of particles were
extracted consecutively with 12 mL of an acetone/n-hexane mixture (4/1: 1/1 and 1/4; v/v)
using an ultrasonic bath set at 90
o
C for 20 minutes. One milliliter of isooctane was added
prior to each PAH extraction step. The extracts were filtered and combined in a glass flask.
The combined extracts were concentrated to 1 mL by vacuum rotatory evaporation. All
solvents used in these experiments were residue-analysis quality; reagents were supplied by
Tedia Co. (Fairfield, OH, USA). All glassware was rinsed three times with HPLC grade
acetone prior to analysis.
In order to avoid potential interferences such as humic materials and elemental
sulphur, the combined extracts were passed through a chromatography column filled with 7 g
of Al
2
O
3
/Na
2
SO
3
deactivated with
11% of water (Japenga et al., 1987; Torres et al., 1999).
Twenty milliliters of n-hexane were used to elute PAHs from the cleanup column. The
cleaned extracts were concentrated to 1 mL by vacuum rotary evaporation and then eluted
through another chromatography column filled with silica gel 60 (70-230 mesh ASTM) with
35 mL of n-hexane/ethyl ether (3:1; v/v). The eluents were concentrated by vacuum rotary
evaporation until dry and then diluted with 0.5 mL of acetonitrile.
An aliquot of 20 µL of the acetonitrile extract was analyzed using a high performance
liquid chromatograph (LC-10AS, Shimadzu Co., Kyoto, Japan) equipped with a fluorescence
detector (RF-10 AxL, Shimadzu Co., Kyoto, Japan). The separation was performed on a
Shimadzu CLC-ODS II column (180.0 x 4.1 mm i.d.), with 5 µm of particle size and pores of
120 Å. The isocratic run was completed with a mobile phase composed of water:acetonitrile
mixture (20:80; v/v). The detector was programmed with eight Ex/Em wavelength steps:
255/325; 253/350; 333/390; 287/462; 280/430; 294/404 300/500 and 300/421. The following
PAHs were analyzed: naphthalene, fluorene, anthracene, pyrene, benz[a]anthracene,
benzo[b]fluoranthene, benzo[k]fluoranthene, benzo[a]pyrene (B[a]P). The PAHs detection
limits in particulate extracts were calculated as being three times the standard deviation of the
blank concentrations. The detection limits ranged from 0.01 ng.g
-1
and 0.47 ng.g
-1
for the
other PAH compounds.
The PAHs standard reference material was obtained from the National Institute of
Standards and Technology (NIST, Gaithersburg, MD, USA) (No. 1647c). PAHs recovery was
evaluated using reference material of marine sediment provided by the Institute for
Environmental Studies (IVM, Amsterdam, The Netherlands). The mean PAHs recovery
ranged from 65.3 to 87.2% and the coefficients of variation were below 15%.
A segment of the fiber glass filter was analyzed by scanning electron microscopy. Ten
non-coincident microscopic fields were photographed and the diameter distribution of 1022
particles sampled in Araraquara and 1746 particles collected in São Paulo was determined by
computer-aided image analysis.
2.4. Pulmonary mechanics
Twenty-four hours after distilled water or particle administration the animals were
sedated with diazepam (1 mg i.p.), anesthetized with pentobarbital sodium (20 mg.kg body
weight
-1
i.p.), tracheotomized, and a snugly fitting cannula (0.8 mm id) was introduced into
the trachea. The animals were then paralyzed with pancuronium bromide (0.4 mg/kg) and the
anterior chest wall was surgically removed. A pneumotachograph (1.5 mm ID, length = 4.2 cm,
distance between side ports = 2.1 cm) (Mortola and Novoraj, 1983) was connected to the tracheal
cannula for the measurements of airflow (V’). Lung volume (V
T
) was determined by flow signal
integration. The pressure gradient across the pneumotachograph was determined by means of a
Validyne MP45-2 differential pressure transducer (Engineering Corp, Northridge, CA, USA).
The flow resistance of the equipment (Req), tracheal cannula included, was constant up to flow
rates of 26 mL.s
-1
and amounted to 0.12 cmH
2
O.mL
-1
.s. Equipment resistive pressure (= Req.V’)
was subtracted from pulmonary resistive pressure so that the present results represent intrinsic
values. Transpulmonary pressure was measured with a Validyne MP-45 differential pressure
transducer (Engineering Corp, Northridge, CA, USA). All signals were conditioned and
amplified in a Beckman type R Dynograph (Schiller Park, IL, USA). Flow and pressure signals
were also passed through 8-pole Bessel filters (902LPF, Frequency Devices, Haverhill, MA,
USA) with the corner frequency set at 100 Hz, sampled at 200 Hz with a 12-bit analog-to-digital
converter (DT2801A, Data Translation, Marlboro, MA, USA), and stored on a microcomputer.
All data were collected using LABDAT software (RHT-InfoData Inc., Montreal, Quebec,
Canada).
Lung resistive (P1) and viscoelastic/inhomogeneous (P2) pressures, total pressure
drop (Ptot = P1 + P2), static elastance (Est), and elastic component of viscoelasticity (E)
were computed by the end-inflation occlusion method (Bates et al., 1985; Bates et al., 1988).
Briefly, after end-inspiratory occlusion, there is an initial fast drop in transpulmonary pressure
(P1) from the pre-occlusion value down to an inflection point (Pi) followed by a slow pressure
decay (P2), until a plateau is reached. This plateau corresponds to the elastic recoil pressure of
the lung (Pel). P1 selectively reflects airway resistance in normal animals and humans and P2
reflects stress relaxation, or viscoelastic properties of the lung, together with a small contribution
of time constant of alveoli (Bates et al., 1988; Saldiva et al., 1992). Lung static elastance (Est)
was calculated by dividing Pel by the tidal volume. E was calculated as the difference between
static and dynamic elastances, and reflects the elastic component of viscoelasticity (Bates et al.,
1985; Bates et al., 1988).
2.5. Histological study
Heparin (1000 IU) was intravenously injected immediately after the determination of
pulmonary mechanics. The trachea was clamped at end-expiration, and the abdominal aorta
and vena cava were sectioned, yielding a massive hemorrhage that quickly killed the animals.
Hence, the lungs were fixed at end-expiratory lung volume by vascular perfusion with
buffered formaldehyde (10%) and removed en bloc. Then, lungs were embedded in paraffin,
and two 3-µm-thick longitudinal slides from the left lung were cut and stained with
hematoxylin-eosin.
Morphometric analysis was performed with an integrating eyepiece with a coherent
system made of a 100-point and 50 lines (known length) grid coupled to a conventional light
microscope (Axioplan, Zeiss, Oberkochen, Germany). The fraction areas of collapsed and
normal alveoli were determined by the point-counting technique at a magnification of x400
across ten random non-coincident microscopic fields per animal. Points falling on normal or
collapsed alveoli were expressed as percentage of total points of the grid (Gundersen et al.,
1988). Polymorpho (PMN) and mononuclear (MN) cells, and pulmonary tissue were
evaluated at x1000 magnification across 10 random non-coincident microscopic fields in each
animal. Points falling on PMN and MN cells were counted, and divided by the total number
of points falling on tissue area in each microscopic field (Gundersen et al., 1988).
2.6. Statistical Analysis
SigmaStat 9.0 statistical software package (SYSTAT, Point Richmond, CA, USA) was
used. The normality of the data (Kolmogorov-Smirnov test with Lilliefors’ correction) and the
homogeneity of variances (Levene median test) were tested. If both conditions were satisfied,
one-way ANOVA test followed by Tukey Test was used to assess differences among groups.
In the negative case, Kruskal-Wallis ANOVA was used followed by a Dunn’s Test.
Associations between mechanical and morphological parameters were tested by Spearman’s
correlation test. In all instances the significance level was set at 5% (p < 0.05).
3. Results
Metal composition of the analyzed particulate matters is presented in Table 1. Traffic-
derived particles showed a high concentration of Fe, followed by Zn. The same profile was
observed in biomass particles. However, the total concentration of metals was higher in the
latter particulate matter than in the traffic-generated ones.
Particulate PAH concentrations are shown in Table 2. In contrast with metal
composition, the average concentration for total PAH was lower in biomass-derived particles
than in traffic-derived ones. In the latter higher levels of pyrene, benzo[b]fluoranthene, and
especially, of benzo[a]pyrene were observed. In those produced by sugar cane burning the
concentrations of pyrene, benzo[b]fluoranthene, and benzo[k]fluoranthene were similar,
whereas benzo[a]pyrene was not detected. Figure 1 depicts the frequency distribution of
diameters of particles sampled in the two study locations. In São Paulo and Araraquara the
median particle diameters were 5.54 µm (range 0.37 to 106.7 µm), and 3.21µm (range 0.39 to
33.6 µm), respectively. We did not observe smaller particles, probably because they were
trapped deeper in the fiber glass fiber or, even, were not retained by this filtering media.
The survival rate was 100% in all groups during and after intranasal instillation.
All mechanical parameters (P2, Ptot, E and Est) increased similarly in SP and Bio
groups compared with control, excepting P1, which increased only in Bio compared with C
(Figs. 2 and 3). Pulmonary mechanics did not differ between groups exposed to different
particulate matters.
Exposure to traffic- or biomass burning-derived particles increased similarly the
fraction area of alveolar collapse and polymorphonuclear (PMN) cell influx into the lung
parenchyma compared with C. On the other hand, a decrease in the mononuclear cell content
was observed in both SP and Bio groups in relation to control (Table 3 and Fig. 4).
Static elastance was positively correlated with the fraction area of alveolar collapse, all
groups included (Fig. 5). Spearman’s correlation coefficient equaled 0.670 and p = 0.002.
4. Discussion
In the present study we showed that a single intranasal instillation of a low dose of
total suspended particles from both urban and sugar cane burning areas elicited a significant
increase in alveolar collapse and influx of polymorphonuclear cells in lung parenchyma,
accompanied by an increase in mechanical parameters.
We administered a low dose of particles to our animals, aiming to avoid the effects of
particle overload, an event that, per se, may induce a non-specific inflammatory reaction. In
addition, low dosage reflects more precisely the adverse pulmonary consequences of ambient
particle concentrations. In Araraquara, average TSP levels increase to about 60 µg/m
3
during
the burning season (Arbex et al., 2007), while annual mean of TSP in São Paulo approximates
120 µg/m
3
(Cetesb, 2006). Thus, the accumulated 24-hour dose of TSP received by a mouse
at this ambient concentration is about 2 µg in Araraquara and 4 µg in São Paulo, considering
that a mouse inspires 0.03 m
3
of air in 24 hours. Knowing that only a fraction of the TSP
administered by nasal instillation reaches the alveolar region, we assumed that the dose used
in this study is environmentally relevant. Experimental studies on air pollution frequently use
high doses of particles, and, hence, a low dose allowed the observation of the pulmonary
effects induced by levels of particles usually observed in the real world.
Our results support the concept that ambient particles induce acute respiratory
inflammation, as characterized by changes in pulmonary mechanics and lung histology. We
focused our measurements on the acute response elicited by particle exposure, allowing 24
hours for the development of the inflammatory reaction. In addition, time series studies
(Braga et al., 2001; Braga et al., 2002), including those focusing on sugar cane derived
biomass (Cançado et al., 2006; Arbex et al., 2000 and 2007), indicate that a 24 hour lag
occurs between exposure and respiratory adverse effects.
By evaluating the relative toxicity of particles collected in areas with different sources
traffic and sugar cane burning we aimed to address the potential health risks of biomass
burning, as well as trying to address a critical issue of particle research: the role of particle
composition in determining their toxicity. The identification of the relative toxicity of particle
constituents is crucial for better understanding the pathogenesis of particle-induced injury, as
well as to establish emission control policies aiming to preserve public health. Indeed, as
depicted in Tables 1 and 2, particle composition differs in the two sampling sites. As a general
rule, particles produced by traffic presented a higher content of PAHs than those generated by
sugar cane burning, whereas the latter showed higher relative metal content than those
produced by traffic. It is important to note that the two samples tested in the present study
were collected from ambient air. Thus, it is not possible to exclude the contribution of other
sources to particle composition. Receptor models with chemical mass balance made on
particles collected at the same site of the present study indicate that approximately 89% of
fine particles are derived from traffic (Cetesb, 2006), while a previous study (Lara et al.,
2001) showed that burning is the major source of particles in sugar cane producing areas
during the crop-burning periods. The aforementioned data support the assumption that
particles collected in São Paulo and Araraquara (during the sugar cane harvesting) are
generated, predominantly, by traffic and biomass burning, respectively.
Respiratory mechanical parameters were measured by the end-inflation occlusion
method. This method allows the identification of elastic, resistive, and viscoelastic and/or
inhomogeneous lung mechanical components (Bates et al., 1985; Bates et al., 1988).
Viscoelastic pressure and static elastance increased similarly in SP and Bio groups (Figs. 2
and 3). However, only Bio increased resistive pressure (that reflects airway resistance) in
comparison with the control group (Fig. 3).
Our results indicate that the two types of particles induce different biological
responses in terms of airway mechanics. This observation is probably not related to
differences in distribution along the respiratory tract, since the diameter distribution of both
particles is similar (Fig. 1) and the administration route was the same in both cases. Thus,
theoretically, differences in particle composition may be an explanation for the changes in
airway response. On the other hand, parameters related to distal pulmonary parenchyma, such
as viscoelastic and elastic properties, did not disclose significant differences between traffic
and biomass particles. Coherently, both particle types promoted recruitment of PMN cells of
the same magnitude in the alveolar walls (Table 3, Fig. 4). Although the simple chemical
analyses of the particles, such as those employed in the present study, cannot lead to a direct
correlation between particle chemistry and effects, it is noteworthy that the preponderance of
either metals (biomass burning) or PAHs (traffic generated material) in particle composition
can induce similar elastic and viscoelastic pulmonary changes, while central airway resistance
was higher only in the animals exposed to biomass. The broader effect of biomass particles
reinforces the potential role of metals in determining particle toxicity (Soukup et al., 2000;
Dye et al., 2001; Molinelli et al., 2002).
According to Müller et al. (1998) surfactant secretion by type II pneumocytes is
impaired after inhalation of air pollutants. Additionally, exposure to fly ash has been reported
as modifying surfactant composition (Srivastava and Misra, 1986; Chauhan and Misra, 1991)
and rheology (Anseth et al., 2005). These effects could lead to alveolar instability and
collapse, as reported herein. Accordingly, we found a positive correlation (Spearman’s r =
0.670, p = 0.002) between lung elastance and the fraction area of alveolar collapse, as shown
in Fig.5.
The similarities in acute respiratory toxicity between traffic and biomass particles
are supported by a recent epidemiologic study conducted by our group (Cançado et al., 2006).
We found that respiratory morbidity associated with ambient levels of PM
2.5
during biomass
burning, was, at least, of the same magnitude of that observed for the same increment of
traffic or industrial sources. This finding indicates the necessity of conducting studies
focusing in greater detail on the toxicity of biomass produced particles.
In conclusion, we demonstrated that a single low dose of ambient particles produced
by traffic or sugar cane burning induced significant alterations in pulmonary mechanics and
lung histology in mice. Parenchymal changes were similar in both groups exposed to
particles, whereas airway mechanics was more affected by biomass particles. Thus, biomass
particles were at least as toxic as particles produced by traffic.
Acknowledgments
The authors are grateful to Regiani Carvalho de Oliveira for conducting particle size
measurements, Marcos Abdo Arbex, for providing the particle samples, and Joao Luiz Coelho
Rosas Alves and Antonio Carlos de Souza Quaresma for their skillful technical assistance.
References
Anseth, J.W., Goffin, A.J., Fuller, G.G., Ghio, A.J., Kao, P.N., Upadhyay, D., 2005. Lung
surfactant gelation induced by epithelial cells exposed to air pollution or oxidative stress.
Am. J. Respir. Cell. Mol. Biol. 33, 161-168.
Arbex, M.A., Böhm, G.M., Saldiva, P.H.N., Conceição, G.M.S., 2000. Assessment of the
effects of sugar cane plantation burning on daily counts of inhalation therapy. J. Air &
Waste Manage. Assoc. 50, 1745-1749.
Arbex, M.A., Martins, L.C., Oliveira, R.C., Pereira, L.A.A., Arbex, F.F., Cançado, J.E.D.,
Saldiva, P.H.N., Braga, A.L.F., 2007. Air pollution from biomass burning and asthma
hospital admissions in a sugar cane plantation area in Brazil. J. Epidemiol. Community
Health 61, 395-400.
Azcue, J.M.P., Pfeiffer, W.C., Fiszman, M., Malm, O., 1988. Heavy metal removal from
different water treatment plants, in Rio de Janeiro state, Brazil. Environ. Tech. Lett. 9,
429-436.
Bates, J.H.T., Rossi, A., Milic-Emili, J., 1985. Analysis of the behavior of the respiratory
system with constant inspiratory flow. J. Appl. Physiol. 58, 1840-1848.
Bates, J.H.T., Ludwig, M.S., Sly, P.D., Brown, K.A., Martin, J.G., Fredberg, J.J., 1988.
Interrupter resistance elucidated by alveolar pressure measurements in open-chest normal
dogs. J. Appl. Physiol. 65, 408-414.
Braga, A.L.F., Saldiva, P.H.N., Pereira, L.A.A., Menezes, J.J.C., Conceição, G.M.S., Lin,
C.L., Zanobetti, A., Schwartz, J., Dockery, D.W., 2001. Health effects of air pollution
exposure on children and adolescents in Sao Paulo, Brazil. Pediatr. Pulmonol. 31, 106-
113.
Braga, A.L.F., Zanobetti, A., Schwartz, J., 2002. The effect of weather on respiratory and
cardiovascular deaths in 12 U.S. cities. Environ. Health Perspect. 110, 859-863.
Cançado, J.E.D., Saldiva, P.H.N., Pereira, L.A.A., Lara, L.B.L.S., Artaxo, P., Martinelli, L.A.,
Arbex, M.A., Zanobetti, A., Braga, A.L.F., 2006. The impact of sugar cane-burning
emissions on the respiratory system of children and the elderly. Environ. Health Perspect.
114, 725-729.
Chauhan, S.S., Misra, U.K., 1991. Elevation of rat pulmonary, hepatic and lung surfactant
lipids by fly ash inhalation. Biochem. Pharmacol. 41, 191-198.
CETESB, 2006. Relatório de qualidade do ar no Estado de São Paulo.
http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/relatorios.asp.
Dye, J.A., Lehmann, J.R., McGee, J.K., Winsett, D.W., Ledbetter, A.D., Everitt, J.I., Ghio,
A.J., Costa, D.L., 2001. Acute pulmonary toxicity of particulate matter filter extracts in
rats: Coherence with epidemiologic studies in Utah Valley residents. Environ. Health
Perspect. 109(3), 395-403.
Gundersen, H.J., Bendtsen, T.F., Korbo, L., Marcussen, N., Moller, A., Nielsen, K.,
Nyengaard, J.R., Pakkenberg, B., Sorensen, F.B., Vesterby, A., 1988. Some new, simple
and efficient stereological methods and their use in pathological research and diagnosis.
APMIS 96, 379-394.
Hoek, G., Brunekreef, B., 1994. Effects of low-level winter air pollution concentrations on
respiratory health of Dutch children. Environ. Res. 64, 136-150.
Hoek, G., Schwartz, J., Groot, B., Eilers, P., 1997. Effects of ambient particulate matter and
ozone on daily mortality in Rotterdam, the Netherlands. J. Arch. Environ. Health 52, 455-
463.
Japenga, J., Wagenaar, W.J., Smedes, F., Salomons W., 1987. A new, rapid clean-up
procedure for the simultaneous determination of different groups of organic
micropollutants in sediments; application in two European estuarine sediment studies.
Environ. Tech. Lett. 8, 9-20.
Laden, F., Neas, L.M., Dockery, D.W., Schwartz, J., 2000. Association of fine particulate
matter from different sources with daily mortality in six U.S. cities. Environ. Health
Perspect. 108, 941-947.
Lara, L.B.L.S., Artaxo, P., Martinelli, L.A., Victoria, R.L., Camargo, P.B., Krusche, A., 2001.
Chemical composition of rainwater and anthropogenic influences in the Piracicaba river
basin. Atm. Environ. 35, 4937-4945.
Lin, C.A., Martins, M.A., Farhat, S.C., Pope, C.A. III, Conceição, G.M.S., Anastácio, V.M.,
Hatanaka, M., Andrade, W.C., Hamaue, W.R., Bohm, G.M., Saldiva, P.H., 1999. Air
pollution and respiratory illness of children in Sao Paulo, Brazil. Paediatr. Perinat.
Epidemiol. 13, 475-488.
Lipsett, M., Hurley, S., Ostro, B., 1997. Air pollution and emergency room visits for asthma
in Santa Clara County, California. Environ. Health Perspect. 105, 216-222.
Long, W., Tate, R.B., Neuman, M., Manfreda, J., Becker, A.B., Anthonisen, N.R., 1998.
Respiratory symptoms in a susceptible population due to burning of agricultural residue.
Chest 113, 351-357.
Molinelli, A.R., Madden, M.C., McGee, J.K., Stonehuerner, J.G., Ghio, A.J., 2002. Effect of
metal removal on the toxicity of airborne particulate matter from the Utah Valley. Inhal.
Toxicol. 14, 1069-1086.
Mortola, J.P., Novoraj, A., 1983. Two-sidearm tracheal cannula for respiratory airflow
measurements in small animals. J. Appl. Physiol. 55, 250-253.
Müler, B., Seifart, C., Barth, PJ., 1998. Effect of air pollutants on the pulmonary surfactant
system. Eur. J. Clin. Invest. 28, 762-777.
Phonboon, K., Paisarn-uchapong, O., Kanatharana, P., Agsorn, S., 1999. Smoke episodes
emissions characterization and assessment of health risks related downwind air quality-
case study, Thailand. In: WHO Health Guidelines for Vegetation Fire Events. Geneva:
World Health Organization 334-358.
Pope, C.A. III, Dockery, D.W., Schwartz, J., 1995. Review of epidemiologic evidence of
health effects of particulate air pollution. Inhal. Toxicol. 7, 1-8.
Saldiva, P.H.N., Zin, W.A., Santos, R.L.B., Eidelman, D.H., Milic-Emili, J., 1992. Alveolar
pressure measurement in open-chest rats. J. Appl. Physiol. 72, 302-306.
Saldiva, P.H.N., Lichtenfels, A.J.F.C., Paiva, P.S.O., Barone, I.A., Martins, M.A., Massad, E.,
1994. Association between air pollution and mortality due to respiratory diseases in
children in São Paulo, Brazil: a preliminary report. Environ. Res. 65, 218-225.
Schwartz, J., Dockery, D.W., 1992. Increased mortality in Philadelphia associated with daily
air pollution concentrations. Am. Rev. Respir. Dis. 145, 600-604.
Schwartz, J., Ballester, F., Saez, M., Pérez-Hoyos, S., Bellido, J., Cambra, K., Arribas, F.,
Canada, A., Perez-Boillos M.J., Sunyer, J., 2001. The concentration-response relation
between air pollution and daily deaths. Environ. Health Perspect. 109, 1001-1006.
Schwartz, J., Slater, D., Larson, T.V., Pierson, W.E., Koenig, J.Q., 1993. Particulate air
pollution and hospital emergency room visits for asthma in Seattle. Am. Rev. Respir. Dis.
147, 826-831.
Schwela, D.H., Goldammer, J.G., Morawska, L.H., Simpson, O., 1999. Health guidelines for
vegetation fire events – guideline document. Geneva: WHO.
Slavin, S; Barnett, W., Crassweller, P.O., 1972. Atomic Absorption Newsletter 11, 37.
Soukup, J.M., Ghio, A.J., Becker, S., 2000. Soluble components of Utah Valley particulate
pollution alter alveolar macrophage function in vivo and in vitro. Inhal. Toxicol. 12, 401-
414.
Srivastava, P.K., Misra, U.K., 1986. Phosphatisylcholine metabolism in lung microsomes and
lung surfactant of rats exposed intratracheally to coal fly ash. J. Toxicol. Environ. Health
18, 471-481.
Torres, J.P.M., Malm, O., Vieira, D.R.V., Japenga, J., Koopmans, G., 1999.
Organochlorinated compounds and polycyclic aromatic hydrocarbons determination in
sediments from tropical rivers in Brazil. Ci. Cult. J. Braz. Assoc. Advanc. Sci. 51, 54-59.
Trindade, H.A., Pfeiffer, W.C., Londres, H., CostaRibeiro, C.L., 1981. Atmospheric
concentration of metals and total suspended particulates in Rio de Janeiro. Environ. Sci.
Technol. 15, 84-89.
Varian, A.A., 1981. 1275-1475 series Spectrophotometers Service Manual. Varian Techtron
Pty. Limited Australia.
US EPA, 2004. Air quality criteria for particulate matter.
http://oaspub.epa.gov/eims/eimscomm.getfile/p_download_id=435945.
Ward, D., 1997. Review of smoke components in United State Department of Agriculture
(USDA): health hazards of smokes. Recommendations of the Consensus Conference.
Missoula.
FIGURE LEGENDS
Fig 1. Frequency distribution of particle diameter in total suspended particles sampled in
Araraquara (biomass) and São Paulo (traffic).
Fig 2. Lung static elastance (Est) and elastic component of viscoelasticity (E) in mice
intranasally instilled with sterile distilled water (C) or 15 µg of traffic-derived total suspended
particles (SP) or biomass burning-derived particles (Bio). Measurements were performed 24
hours after exposure. Box plot of 9-11 animals in each group (10-15 determinations per
animal). Boxes show interquartile (25-75%) range, whiskers encompass range, and horizontal
lines represent median values. *Values significantly different from C (p<0.05).
Fig 3. Pressures spent against resistive components of lung mechanics in mice intranasally
instilled with sterile distilled water (C) or 15 µg of traffic-derived total suspended particles
(SP) or biomass burning-derived particles (Bio). Ptot: total pressure variation, P1 and P2:
pressure spent to overcome resistive and viscoelastic/inhomogeneous mechanical
components, respectively. Measurements were performed 24 hours after exposure. Box plot
of 9-11 animals in each group (10-15 determinations per animal). Boxes show interquartile
(25-75%) range, whiskers encompass range, and horizontal lines represent median values.
*Values significantly different from C (p<0.05).
Fig 4. Photomicrografs of lung parenchyma from mice intranasally instilled with sterile
distilled water (C group, panel A) or 15 µg of traffic-derived total suspended particles (SP
group, panel B) or biomass burning-derived particles (Bio group, panel C). Samples were
obtained 24 h after instillation and stained with hematoxylin-eosin.
Fig 5. Correlation (Spearman´s) between lung static elastance (Est) and alveolar collapse in
mice intranasally instilled with sterile distilled water (C) or 15 µg of traffic-derived total
suspended particles (SP) or biomass burning-derived particles (Bio). Measurements were
performed 24 hours after exposure. r: Spearman’s correlation coefficient. p = 0.002
Table 1
Metals contained in total suspended particles collected from São Paulo (traffic source) and
Araraquara (biomass burning source).
Metals Traffic (ng.g
-1
) Biomass (ng.g
-1
)
Ni 1119 2411
Zn 4663 8571
Fe 93264 135268
Mn 3109 5143
Pb 311 429
Co 93 161
Cd 19 38
Cr 155 268
Table 2
Policyclic aromatic hydrocarbons (PAHs) contained in total suspended particles collected
from São Paulo (traffic source) and Araraquara (biomass burning).
PAHs Traffic (ng.g
-1
) Biomass (ng.g
-1
)
Naphthalene - -
Fluorene - -
Anthracene 414.5 -
Pyrene 829.0 357.1
Benzo[a]anthracene 621.8 -
Benzo[b]fluoranthene 829.0 357.1
Benzo[k]fluoranthene 621.8 357.1
Benzo[a]pyrene 1450.8 -
Total PAHs 4766.8 1071.4
Table 3
Morphometrical parameters and cellularity in lung parenchyma
Groups Normal area (%) Alveolar collapse (%) PMN (%) MN (%)
C
93.45 ± 1.50 6.01 ± 1.14 3.78 ± 0.51 33.68 ± 1.47
SP
84.45 ± 2.00* 14.99 ± 2.03* 10.85 ± 0.51 * 27.65 ± 0.85 *
Bio
82.08 ± 1.61* 17.33 ± 1.65* 10.50 ± 0.76 * 27.47 ± 1.09 *
Values are mean ± SEM of 6-9 animals in each group. Data were gathered from ten random,
non-coincident fields per mouse. In C group, sterile distilled water was intranasally instilled
(15 µL). In SP and Bio groups, mice received total suspended particles (TSP) from the city of
São Paulo and TSP from a biomass burning area, respectively (15 µg). PMN: fraction area of
polymorphonuclear cells, MN: fraction area of mononuclear cells. * Values significantly
different from C (p<0.05).
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo