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Soélis Teixeira do Prado Mendes
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Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Letras - Estudos Lingüísticos - da Faculdade
de Letras da Universidade Federal de Minas
Gerais, como requisito parcial à obtenção do título
de Doutora em Lingüística
.
Área de Concentração: Lingüística
Linha de Pesquisa: Linha B – Estudo da Variação e
Mudança Lingüística
Orientadora: Profa. Dra. Maria Antonieta A. de M.
Cohen
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2008
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Ao Agnaldo Henrique F. Prado, que tão cedo partiu....
5
Agradecimentos
Você (não) sabe
o quanto eu caminhei
prá chegar até aqui (...)
Agradeço: aos meus pais, em especial minha mãe por acreditar na educação como um
bem precioso; ao Luiz Tadeu, mais que um marido, um grande companheiro, pela
cumplicidade, apoio incondicional e incentivo a minha entrada para o mundo das
Letras, principalmente quando optei pela vida acadêmica. Nesses últimos quatro anos,
sei que fomos privados de muitas coisas.... e agradeço pela sua paciência; aos meus
irmãos, em especial à Soraia e à Sara, aos sobrinhos, parentes e aos amigos, por
tentarem, de alguma forma, entender minha reclusão social; aos meus sogros, Nelma
Clemente e José Severino Mendes, pela amizade e carinho; ao Humberto César pelas
instruções e sugestões de como bem aproveitar os recursos da informática; à Tila pela
amizade, confiança e orientação pontual; à Maria Cândida pelas “orientações” e
sugestões; à Dora pelo apoio e incentivo; à Evelyne pelo apoio à concessão da bolsa-
PDEE; à Mônica e ao Júlio Vitorino pela generosa tradução do italiano; ao Charles
Gonçalves pela sua valiosa contribuição tecnológica; ao Programa de Pós-Graduação
dos Estudos Lingüísticos, na pessoa do Prof. Dr. Luiz Francisco; aos funcionários do
POSLIN, em especial Geralda e Cida; às funcionárias do Arquivo do Museu do Pilar de
Ouro Preto, Sueli Perucci e Carmem Lemos, da Casa de Borba Gato, Carla Starling e do
Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Mariana, Luciana Assunção pela valiosa
colaboração na busca dos manuscritos; à Profa. Maria Rita Marquilhas pela acolhida na
Universidade de Lisboa e orientação; aos colegas da Residência da Paz, em especial
Hayda Kadri e Francesca Negro, pelos momentos divertidos que passamos em Lisboa;
à FAPEMIG pela concessão da bolsa de estudos e à CAPES pela bolsa-sanduíche; a
Deus pela minha perseverança; e a muitas outras pessoas que direta ou indiretamente
contribuíram para a realização desta pesquisa.
A cada uma dessas pessoas tenho um agradecimento especial, mas não lhes direi muito,
porque as palavras, nessas horas, não alcançam o meu sentimento de gratidão.
6
Minas Gerais
João Guimarães Rosa
Minas é uma montanha, montanhas, o espaço erguido, a constante emergência, a verticalidade
esconsa, o esforço estático; a suspensa região – que se escala. Atrás de muralhas, através
de desfiladeiros – passa um, passa dois, passa quatro, passa três... – por caminhos retorcidos,
ela começa, como um desafio de serenidade. Aguarda-nos amparada, dada em neblinas,
coroada de frimas, aspada de epítetos:
Alterosas, Estado montanhês, Estado mediterrâneo,
Centro, Chave da Abóbada, Suíça brasileira, Coração do Brasil, Capitania do Ouro, a Heróica
Província, Formosa Província.
O quanto que envaidece e intranqüiliza, entidade tão vasta, feita
de celebridade e lucidez, de cordilheira e História. De que jeito dizê-la? MINAS: patriazinha.
Minas – a gente olha, se lembra, sente, pensa. Minas – a gente não sabe. (...)
A que via geral se divulga e mais se refere, é a Minas antiga, colonial, das comarcas
mineradoras, toda na extensão da chamada Zona Mineralógica, a de montes de ferro, chão de
ferro, água que mancha de ferrugens e rubro a lama e as pedras de córregos que dão
ainda lembrança da formosa mulher subterrânea que era a Mãe do Ouro, deparada nas
grupiaras, datas, cavas, lavras, bocas da serra, à porta dessas velhas cidades feitas para e
pelo ouro, por entre o trabeculado de morros, sob picos e atalaias, aos dias longos em
nevoeiro e friagem, ao sopro de tramontanas hostis ou ante a fantasmagoria alva da
corrubiana nas faces de soalheiro ou noruega, num âmbito que bem congrui com o peso de
um legado severo, de lástimas avaliadas, grandes sinos, agonias, procissões, oratórios,
pelourinhos, ladeiras, jacarandás, chafarizes, realengos, irmandades, opas, letras e latim, retórica
satírica, musas entrevistas, estagnadas ausências, músicas de flautas, poesias do reesvaziado –
donde de tudo surde um hábito de irrealidade, hálito do passado, do mais longe, quase um
espírito de ruínas, de paradas aventuras e problemas de conduta, um intimativo nostalgir-se, a
melancolia que coerce, que vem de níveis profundos.
Essa – tradicional, pessimista ainda talvez, às vezes casmurra, ascética, reconcentrada, professa
em sedições – a Minas geratriz, a do ouro, que evoca e informa, e que lhe tinge o nome; a
primeira a povoar-se e a ter nacional e universal presença, surgida dos arraiais de acampar
dos bandeirantes e dos arruados de fixação do reinol, em capitania e província que de golpe,
no Setecentos, se proveu de gente vinda em multidão de todas as regiões vivas do país,
mas que, por conta do ouro e dos diamantes, por prolongado tempo se ligou diretamente à
7
Metrópole de além-mar, como que através de espacial tubulatura, fluindo apartada do Brasil
restante. (...)
Só e no mais: sem ti, jamais nunca! – Minas, Minas Gerais, inconfidente, brasileira, paulista,
emboaba, lírica e sábia, lendária, épica, mágica, diamantina, aurífera, ferrífera, ferrosa, férrica,
balneária, hidromineral, jê, puri, acroá, goitacá, goiana, cafeeira, agrária, barroca, luzia, árcade,
alpestre, rupestre, campestre, del-rei, das minas, do ouro das minas, das pretas minas, negreira,
mandingueira, moçambiqueira, conga, dos templos, santeira, quaresmeira, processional, granítica de
ouro em ferro, siderúrgica, calcária, das pirambeiras, serrana bela, idílica, ilógica, translógica,
intemporal, interna, leiteira, do leite e da vaca, das artes de Deus, do caos claro, malasarte,
conjuradora, adversa ao fácil, tijucana, januária, peluda, baeteira, tapiocana, catrumana, fabril,
industriosa, industrial, fria, arcaica, mítica, enigmática, asiática, assombrada, salubre e salutar,
assobradada, municipal, municipalíssima, paroquial, marília e heliodora de pedra-sabão, de hematita
compacta, de sabedoria, de Borba Gato, Minas Joãopinheira, Minas plural, dos horizontes, de terra
antiga, das lapas e cavernas, da Gruta de Maquiné, do Homem de Lagoa Santa, de Vila Rica,
franciscana, barranqueira, bandoleira, pecuária, retraída, canônica, sertaneja, jagunça, clássica,
mariana, claustral, humanista, política, sigilosa, estudiosa, comum, formiga e cigarra, labiríntica,
pública e fechada, no alto afundada, toucinheira, metalúrgica, de liteira, mateira, missionária, bentae
circuncisa, tropeira, borracheira, mangabeira, comboieira, rural, ladina, citadina, devota, cigana,
amealhadora, mineral e intelectual, espiritual, arrieira, boiadeira, urucuiana, cordisburguesa,
paraopebana, fluminense-das-velhas, barbacenense, leopoldinense, além-paraibana, itaguarense,
curvelana, belorizontina, do ar, do lar, da saudade, doceira, do queijo, do tutu, do milho e do
porco, do angu, do frango com quiabo, Minas magra, capioa, enxuta, groteira, garimpeira,
sussurrada, sibilada, Minas plenária, ima e âmago, chapadeira, veredeira, zebuzeira, burreira,
bovina, vacum, forjadora, nativa, simplíssima, sabida, sem desordem, sem inveja, sem realce,
tempestiva, legalista, legal, governista, revoltosa, vaqueira, geralista, generalista, de não navios, de
não ver navios, longe do mar, Minas sem mar, Minas em mim: Minas comigo. Minas.
8
Resumo
A partir da transcrição e análise de 14 processos-crime, autos de devassas e sumários de
testemunhas de querela, escritos em Vila Rica e Vila Real de Sabará, na primeira
metade do século XVIII, período que marca a colonização das Minas Geraes,
desenvolveu-se a seguinte tese: nesses manuscritos existem indícios de oralidade em
combinações de unidades lexicais restritas.
Para essa comprovação, foram estabelecidos objetivos específicos, os quais destacamos:
comprovar que os processos-crime possuem uma dupla concepção discursiva: escrita e
oral; montar um corpus representativo dos depoimentos de testemunhas, coletados nos
arquivos de Ouro Preto e Sabará; preparar esse material com edição fidedigna para
análise lingüística e propor normas para transcrição dos manuscritos; caracterizar as
circunstâncias sócio-histórico-administrativas nas quais o escrivão era nomeado e
atuava como um agente de escrita; fazer uma análise das práticas de letramento e o uso
da escrita da emergente sociedade mineira colonialista, na primeira metade do século
XVIII; comparar autos de devassas civis com eclesiásticas a fim de verificar se haveria
alguma diferença entre um e outro processo; levantar e analisar quantitativa e
qualitativamente combinações lexicais restritas do corpus e procurar localizá-las em
outros corpora, a fim de ser delineado o raio de uso das estruturas.
Esses objetivos foram tratados em 05 Capítulos, a partir dos quais chegou-se a seguinte
conclusão: das 23 combinações lexicais restritas localizadas no corpus sob análise, dez
não foram localizadas nos corpora – constituídos por diferentes gêneros textuais de
variadas épocas e lugares - nos quais procedemos as buscas. Este fato e as questões
sócio-histórico-administrativas, nas quais os escrivães estavam inseridos, foram
considerados fortes evidências de que essas combinações ou possuíam um raio de uso
mais reduzido em relação às outras combinações, estando mais circunscritas à oralidade
e ainda não haviam sido registradas pela escrita; ou foram formas inovadoras criadas
no momento do depoimento.
9
Abstract
Starting with the transcription and analysis of fourteen crime proceedings, official
reports (autos de devassas) and summaries of witnesses of disputes (sumários de
testemunhas de querelas), written in the cities of Vila Rica and Vila Real de Sabará, in
the first half of the 18th century, a period that marked the colonization of the state of
Minas Gerais, the following thesis was developed: the language of these manuscripts
present indications of orality in combinations of restricted lexical units.
To verify this thesis, the subsequent specific objectives were established: to prove that
the crime processes possess a double discursive conception, verbal and written; to build
a representative corpus of the depositions of witnesses, collected in the archives of
Ouro Preto and Sabará; to prepare this material with a trustworthy edition for linguistic
analysis and propose norms for transcription of the manuscripts; to characterize the
social, historical and administrative circumstances in which the notary was nominated
and acted as a writing agent; to make an analysis of literacy and the use of written
language of the emergent colonialist society of Minas Gerais in the first half of the 18th
century; to compare civil with ecclesiastic official reports in order to verify if there were
any difference between them; to investigate and to analyze quantitatively and
qualitatively restricted lexical combinations of the corpus and look for them in other
corpora, in order to delineate the range of use of the structures.
These objectives were studied in five chapters, from which it can be concluded: of the
23 located restricted lexical combinations in the corpus under analysis, ten had not been
located in the corpora - composed of different textual genres of various dates and
locations - in which the searches were made. This fact and the social, historical and
administrative context in which the notaries were inserted were considered strong
evidence that these combinations had a more reduced range of than others. They were
more circumscribed to orality and were not yet registered in writing; or they were
innovative forms created at the moment of the deposition.
10
Listas
Listas de gráficos, quadros e tabelas
Gráfico 1 – Oralidade e escrita conforme o meio e a concepção discursiva.
Gráfico 2 – Fala e escrita no contínuo dos gêneros textuais.
Gráfico 3 – Representação da oralidade e escrita pelo meio de produção e concepção
discursiva.
Gráfico 4 – Representação do contínuo dos gêneros textuais na fala e na escrita.
Gráfico 5 – O contínuo do letramento.
Quadro 1 - A relação polarizada.
Quadro 2 - Gêneros textuais distribuídos conforme o meio de produção e a concepção
discursiva.
Quadro 3 – Os inquéritos judiciais distribuídos conforme o meio de produção e a
concepção discursiva.
Quadro 4 – Relação de escrivães dos sumários de testemunhas e dos autos de devassa.
Quadro 5 – Nível de assinaturas x nível de letramento x ocupação profissional – Vila
Rica e Vila de Sabará.
Quadro 6 – Nível de assinatura dos juízes.
Quadro 7 – Concordância nominal variável nas devassas civis.
Quadro 8 – Concordância verbal variável nas devassas civis.
Quadro 9 – Caracterização dos sumários de testemunhas de querela.
Quadro 10 – Caracterização dos autos de devassa
Quadro 11 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Carlos Abreu.
Quadro 12 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Luiz Silva e Souza.
Quadro 13 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Antonio M. da Silva Tobo.
Quadro 14 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Manoel de Barros Rocha.
Quadro 15 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Manuel Vas Fagundes.
Quadro 16 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Bento de Araujo Pereira.
Quadro 17 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Jorge Furtado de Mendonça
Quadro 18 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Ambrozio R. da Cunha.
Quadro 19 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Domingos T. da Costa.
Quadro 20 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Antonio J. da Cunha.
Quadro 21 - Alfabeto do manuscrito – escrivão Antonio Carlos Moreira de Sampaio.
11
Quadro 22 - Alfabeto do manuscrito – escrivão José Rabello Andrade.
Quadro 23 – Alfabeto do manuscrito – escrivão Manoel da Costa de Oliveira.
Quadro 24 - Número de ocorrência de combinações de unidades lexicais.
Quadro 25 – Banco de dados do PHPB-Rio.
Quadro 26 - Banco de dados do CLP-UA.
Quadro 27 - Banco de dados obras lexicográficas.
Quadro 28 – Ocorrência de CLR no corpus.
Tabela 1 – População da Província de Minas Gerais.
Tabela 2 – População da Comarca de Sabará em 1776.
Tabela 3 – Mappa de população da Provincia de Minas Geraes no anno de 1821.
Tabela 4 – Ocupações das testemunhas – Vila Rica e Sabará.
Tabela 5 – Relação dos grandes comerciantes de Vila Rica.
Tabela 6 – Relação dos grandes comerciantes de Vila Real de Sabará.
Tabela 7 – Relação dos pequenos comerciantes de Vila Rica.
Tabela 8 – Relação dos pequenos comerciantes – comércio volante – de Vila Rica.
Tabela 9 – Relação dos caixeiros de Vila Rica.
Tabela 10 – Relação de artesãos e artífices de Vila Rica.
Tabela 11 – Relação de artesão e artífices de Sabará.
Tabela 12 – Relação de mineradores de Vila Rica.
Tabela 13 – Relação de mineradores de Sabará.
Listas de abreviaturas:
AR – Antigo Regime
CL – Combinação Lexical
CLR – Combinação Lexical Restrita.
12
Sumário
Introdução ...............................................................................................
13
Capítulo 1
A relação escrita-oralidade.
1.1 Introdução .................................................................................................
18
1.2 Escrita e oralidade.....................................................................................
18
1.2.1 A escrita como representação da fala .......................................................
18
1.2.2 Escrita e oralidade : diferentes pólos ........................................................
23
1.2.3 A visão do contínuo tipológico .................................................................
26
1.2.3.1 Uma nova visão do contínuo tipológico ...................................................
29
1.3 A relação escrita-oralidade em pesquisas diacrônicas ..............................
40
Capítulo 2 As Vilas do Ouro: Vila Rica e Vila Real do Sabará
2.1 Introdução .................................................................................................
48
2.2 A descoberta do ouro ................................................................................
48
2.2.1 A criação das primeiras vilas ....................................................................
51
2.3 A ocupação e o povoamento das Vilas do Ouro .......................................
53
2.3.1 A imigração portuguesa ............................................................................
58
2.4 Formação da sociedade .............................................................................
60
2.4.1 A nobreza da terra e ocupação socioeconômica .......................................
63
2.5 A composição da administração na América portuguesa - século XVIII
- redes clientelares, autoridades e hierarquias ..........................................
75
2.5.1 A estrutura da administração na América portuguesa ..............................
77
2.5.2 O ofício do cargo público ........................................................................
78
2.5.2.1 Funcionários da administração da justiça ...............................................
80
2.5.3 Requisitos necessários à ocupação do cargo ............................................
89
Capítulo 3 As práticas de letramento nas Minas Geraes
3.1 Introdução .................................................................................................
92
3.2 O letramento e seus níveis ........................................................................
92
3.3 Práticas de letramento e escrita no Antigo Regime portuguesa................
95
3.3.1 Ensino – aprendizagem da leitura e escrita e suas práticas no Antigo
Regime ......................................................................................................
96
3.3.1.1 O método de alfabetização ........................................................................
96
3.3.1.2 Sobre as práticas da leitura e escrita..........................................................
100
3.3.2 A relação entre alfabetização, leitura e escrita e estrutura
sócioprofissional ......................................................................................
103
3.3.3 Análise do nível de letramento através da assinatura ...............................
105
3.4 Práticas de leitura e escrita na América portuguesa, especificamente nas
Minas do Ouro, na primeira metade do século XVIII...............................
111
3.4.1 A leitura e escrita na sociedade portuguesa ..............................................
111
3.4.2 A leitura e escrita nas Minas do ouro .......................................................
113
13
3.4.2.1 Por que fazer o levantamento da concordância variável ? ........................
117
Capítulo 4 Análise dos manuscritos: Inquirição-Devassa e Sumário de
Testemunha de Querela
4.1 Introdução .................................................................................................
135
4.2 O processo criminal ..................................................................................
137
4.2.1 A acusação, a inquirição de delito e as testemunhas ................................
138
4.2.1.1 Querela ......................................................................................................
138
4.2.1.2 Devassa .....................................................................................................
140
4.2.1.3 A inquirição de testemunhas .....................................................................
145
4.2.2 As partes constitutivas da devassa e do sumário de testemunhas .............
154
4.3 A transcrição dos manuscritos ..................................................................
158
4.3.1 Classificação e caracterização da escrita dos manuscritos setecentistas ..
159
4.3.2 A edição diplomática dos manuscritos ..............................................
161
4.3.2.1 Normas propostas para a edição................................................................
162
4.3.2.2 Apresentação dos manuscritos ..............................................................
163
Capítulo 5 Combinação de unidades lexicais: discussão e análise dos dados
5.1 Introdução .................................................................................................
195
5.2 Combinação de unidades lexicais .............................................................
195
5.2.1 Discussões .................................................................................................
195
5.2.2 A combinação lexical restrita como inovação lingüística.........................
201
5.3 Combinação de unidades lexicais: tratamento dos dados .........................
204
5.3.1 A análise semântica das combinações lexicais ........................................
204
5.3.1.1 Separando as combinações restritas das combinações livres ..................
205
5.3.2 Combinação lexical restrita : descrição da estrutura interna,
classificação e análise morfossintática e/ou semântica ............................
266
5.3.3 Combinação lexical restrita e a oralidade ou prática social interativa ......
279
6.0 Conclusão ..............................................................................................
288
7.0 Referências e Fontes ...............................................................................
291
14
Introdução
Como começar pelo início,
se as coisas acontecem antes de acontecer?
Clarice Lispector
Não existe uma outra forma de pesquisar uma língua oral pretérita que não seja através
de textos escritos, já que a contribuição da tecnologia com a invenção dos gravadores é
algo recente. Por isso, nesse tipo de estudo, uma questão básica sempre se coloca, seja
de forma explícita ou subliminar: qual o grau de representatividade que os textos
escritos têm da língua oral do período em que foram exarados? Desde o mestrado, no
qual trabalhamos com textos orais contemporâneos e textos escritos da língua
portuguesa do século XVIII, essa questão sempre nos pareceu provocativa e se
transformou no mote desta pesquisa de doutorado.
O nosso interesse pelo estudo da história da língua portuguesa nas Minas Gerais
remonta à graduação, quando colaboramos com o projeto de pesquisa da Profa. Maria
Antonieta A.M. Cohen - BTLH - Banco de textos para pesquisa em lingüística
histórica, pesquisando com dados de Barra Longa – MG. Como se tratava de uma
cidade colonizada em período contemporâneo à Vila Rica, e nos mostrou ser uma fonte
para conhecimento da língua portuguesa de uma sincronia passada, acreditávamos que a
Vila do Ouro poderia nos fornecer ainda mais dados para esse conhecimento. Foi então
que nos enveredamos pela história colonial de Minas.
As primeiras investidas que fizemos pelo passado histórico nos mostrava um quadro
interessante. A administração portuguesa, nos primeiros 50 anos da colonização, era um
caos; para nos limitarmos a alguns casos, tínhamos: homens bons, que não sabiam ler e
nem escrever, eram eleitos juízes ordinários; vereadores que mal assinavam os próprios
nomes; vendas de cargos públicos, e escrivães que eram indicados por governadores. A
partir dessa situação aparentemente “caótica”, acreditávamos na possibilidade de
levantar documentos localizados em arquivos de Ouro Preto (ex-Vila Rica) através dos
quais conheceríamos, enviesadamente, parte do português falado à época naquela
região. A nossa linha de raciocínio era: se, nos dias atuais, as pessoas que têm pouco
15
grau de letramento deixam traços de oralidade nos textos que produzem, por que seria
diferente com pessoas da administração portuguesa na Colônia?
Diversos gêneros textuais foram analisados e, por fim, elegemos os autos de devassas;
primeiramente, porque possuíam características interessantes aos estudos diacrônicos:
eram datados, assinados e possuíam a localização em que foram exarados. Além disso,
tratava-se de tomada de depoimentos o que se mostrava um quadro “sociolingüístico”
interessante.
Uma vez escolhido o gênero textual para o corpus da pesquisa, era preciso definir o
período a ser estudado, e quais seriam as cidades em cujos arquivos faríamos o
levantamento do material. Como era do nosso interesse conhecer mais sobre a língua
portuguesa nos primeiros 50 anos da colonização, decidimos pelo período de 1700 a
1750. Conforme historiadores, com a ascenção do Marquês de Pombal, a política
portuguesa passou por um processo de restauração, de fortalecimento, de organização,
enfim por diversas mudanças que alcançaram a América Portuguesa, e, a partir da
segunda metade do XVIII, sob influência das idéias iluministas, delineou-se uma
administração mais profissional (WEHLING & WEHLING, 2000). Nosso interesse era
estudar as três primeiras Comarcas fundadas na Capitania de São Paulo e Minas do
Ouro: Vila Rica, Rio das Velhas (Vila Real de Sabará) e Rio das Mortes (São João del
Rey). No entanto, nessa última não localizamos autos de devassas produzidos na
primeira metade do século XVIII, por esse motivo ela não fará parte desta pesquisa,
apenas Vila Rica e Vila Real de Sabará. No entanto, elas não serão analisadas
comparativamente, o objetivo é apenas tomá-las como as Comarcas da Capitania mais
populosas, em especial Vila Rica.
Em princípio, não tínhamos uma determinada estrutura lingüística a ser localizada no
corpus para a nossa pesquisa; o dado lingüístico a ser estudado surgiu após vários
contatos com os autos de devassas e, finalmente, depois de transcrito o primeiro
processo, datado de 1725. Dois fatos nos chamaram a atenção, no texto referente ao
depoimento da vítima, anotado pelo escrivão, e no texto escrito pelo próprio juiz
ordinário. Neles havia uma estrutura lexical recorrente restilhando com huma pistolla,
mas, nos depoimentos das testemunhas, em vez desse uso lexical, os depoentes
afirmaram que o “réuatirando com uma pistola (...). Além disso, em alguns
16
depoimentos havia o uso de aRando fogo, para expressar o que a vítima, o juiz e outras
testemuhas chamaram de não deu fogo.
A partir desse quadro sócio-histórico, de dados lingüísticos e do contato com outros
processos, desenvolvemos a tese de nossa pesquisa: nos processos-crime - autos de
devassas e sumários de testemunhas - das Minas do Ouro há indícios de oralidade
através de combinações de unidades lexicais. As hipóteses são as seguintes:
1 - na relação contínua entre oralidade-escrita fatores como genêros textuais,
grau de letramento e condições de produção contribuem para o registro de indícios de
oralidade;
2 – se os escrivães possuíam pouco conhecimento de leitura e escrita, na tomada
de depoimentos, era possível que, por meio de estruturas lexicais, fossem localizados
traços de oralidade;
3 – historicamente, os eclesiásticos possuem um contato constante com a
palavra escrita; então a possibilidade de os textos produzidos por eles possuírem
indícios de oralidade deveria ser menor que nos textos dos escrivães civis.
Para alcançarmos o objetivo geral da pesquisa _ comprovar que é possível levantar
nos manuscritos sob análise indícios de oralidade _ traçamos os seguintes objetivos
específicos: comprovar que os processos-crime possuem uma dupla concepção
discursiva: oral e escrita; montar um corpus representativo dos depoimentos de
testemunhas, coletados nos arquivos de Ouro Preto e Sabará; preparar esse material com
edição fidedigna para análise lingüística e propor normas para transcrição dos
manuscritos; caracterizar as circunstâncias sócio-histórico-administrativas nas quais o
escrivão era nomeado e atuava como um agente de escrita; fazer uma análise das
práticas de letramento e o uso da escrita da emergente sociedade mineira colonialista,
na primeira metade do século XVIII; comparar autos de devassas civis com eclesiásticas
a fim de verificar se haveria alguma diferença entre um e outro processo; levantar e
analisar quantitativa e qualitativamente combinações lexicais restritas do corpus e
compará-las em outros corpora, a fim de delinearmos o raio de uso das estruturas.
A metodologia utilizada para realização da pesquisa constou das seguintes etapas:
Para a montagem do corpus: os 14 inquéritos produzidos no período de 1700-1750,
tanto em Sabará quanto em Vila Rica, foram localizados no Arquivo do Pilar, em
17
Ouro Preto, e na Casa Borba Gato, em Sabará. Este número de inquéritos não possui
uma justificativa específica trata-se de uma quantidade que julgamos ser razoável para
alcançar os objetivos pretendidos, pois é preciso considerar que os inquéritos,
principalmente os de Vila Rica, são extensos e possuem, em média, 30 fólios (frente e
verso), já os de Sabará são menores e contêm, em média, 06 fólios (frente e verso).
Antes de serem transcritos, tais documentos foram digitalizados, usando-se, para tanto,
uma câmera digital; no entanto, as imagens tiveram de ser tratadas através do photo
shop, programa do Word. O uso desse recurso foi necessário porque, às vezes, em
função do estado de conservação do documento, a imagem não é muito nítida, daí a
necessidade de ampliar, clarear ou escurecer determinado fragmento do fólio.
Em seguida foi feita a transcrição diplomática dos manuscritos que consiste numa
reprodução do texto manuscrito, preservando as características originais e respeitando-
o em sua integridade: na grafia, nas abreviações, nas ligaduras, em todos os sinais e
lacunas, preservando, inclusive, quaisquer erros do escriba ou escrivão (SPINA, 1994),
pois queríamos proceder a um mínino de interferência no texto. Para esta transcrição,
foi proposto um conjunto de normas que atendesse a essa demanda; assim, foi feita
uma adaptação das Normas para transcrição de documentos manuscritos para a
história do português do Brasil de Cambraia et al. (2001).
E, finalmente, era necessário que o documento possuísse características próprias para
um texto a ser pesquisado, diferentemente daqueles que são simplesmente editados, e,
para tanto, providenciamos-lhe uma formatação com a numeração de linhas na margem
esquerda de 5 em 5 (Cf. COHEN et al, 1998).
Para o levantamento e tratamento dos dados: todas as combinações de unidades
lexicais cujos significados, numa primeira leitura, não era iguais à soma dos
significados de cada constituinte foram analisadas, e, posteriormente, foram separadas
em dois grupos: combinação lexical restrita e combinação livre. Em seguida foram
consultados bancos de textos diacrônicos coevos e não coevos ao nosso corpus, quais
sejam: o primeiro conjunto de textos, cartas pessoais, comerciais, documentos oficiais e
peças populares portuguesas, fazem parte do Projeto para uma História do Português
Brasileiro – equipe do Rio de Janeiro (PHPB-Rio), disponível no site:
18
http://www.letras.ufrj.br/phpb-rj/; outra consulta foi feita ao banco de dados do
PROHPOR-UFBA (Programa para a História da Língua Portuguesa da Universidade
Federal da Bahia) que é composto por documentos oficiais e que fazem parte do
projeto PHPPB (História do Português da Paraíba); o outro conjunto de textos faz parte
do Corpus Lexicográfico do Português, projeto de investigação de textos antigos, em
especial textos dicionarísticos, sediado na Universidade de Aveiro, Portugal, e
disponibilizado através do endereço http://clp.dlc.ua.pt/Corpus.aspx. Finalmente, a
última consulta foi feita às obras lexicográficas de Raphael Bluteau, de 1712, e de
Moraes e Silva de 1813. As combinações de unidades lexicais foram sendo
recategorizadas à medida que foram analisados bancos de textos e, posteriormente, as
obras lexicográficas. Ao final, foram selecionadas as CLR consideradas, nesta tese,
como indícios de uma prática social interativa nas Minas Geraes.
Os objetivos específicos foram tratados em cada um dos 05 capítulos que compõem a
presente tese. No Capítulo 1, discute-se como a relação escrita-oralidade foi sendo
desenvolvida pela Lingüística Aplicada e de que forma esses estudos contribuíram para
esta pesquisa diacrônica. No Capítulo 2, é feita uma incursão pela história da criação
das Vilas do Ouro e da formação da sociedade; além de fazermos um esboço da política
administrativa da Coroa na América Portuguesa, analisando de que forma ela atuou na
ocupação de cargos de escrivães/tabeliães. No Capítulo 3, são discutidos os métodos de
alfabetização no Antigo Regime português e as práticas de letramento em Portugal e
nas Minas Geraes. A partir daí, os escrivães são categorizados com grau regular de
letramento, e os padres-escrivães, com grau alto de letramento. Também é feito um
cotejo entre devassas civis e eclesiásticas no qual levantamos uso de concordância
variável naqueles processos, mas não nestes. No Capítulo 4, são feitas considerações
acerca dos processos-crime, numa primeira parte, e, numa segunda, apresentam-se
alguns dados paleográficos dos manuscritos, além da apresentação das normas
propostas para a transcrição.. Finalmente, no Capítulo 5, os dados são apresentados e
exaustivamente analisados de forma a confirmar a tese da presente pesquisa.
19
1 A RELAÇÃO ESCRITA-ORALIDADE
Falo assim sem saudade
Falo assim por saber
Se muito vale o já feito
Mais vale o que será
E o que foi feito é preciso conhecer
Para melhor prosseguir.
M. Nascimento &
F. Brant
1.1 INTRODUÇÃO
Neste Capítulo, procuraremos mostrar como a relação oralidade-escrita foi sendo
analisada e considerada com a evolução das discussões sobre linguagem. Inicialmente,
veremos como essa relação era considerada na civilização antiga e daí damos um salto
até Saussure, chegando até os anos 80 em que as duas modalidades foram definidas de
forma polarizada. Essa visão foi revista, pois constatou-se a necessidade de considerar,
nessa relação, os gêneros textuais dispostos num contínuo. Em seguida, estabelece-se
que os gêneros orais e escritos aproximam-se ou distanciam-se de um dos pontos do
contínuo, a depender de alguns fatores como concepção de letramento e condições de
produção.
Logo depois, veremos como pesquisas diacrônicas lidaram com essa relação escrita-
oralidade, e como esta pesquisa pretende analisar essa relação.
1.2 ESCRITA E ORALIDADE
1.2.1
A escrita como representação da fala
A discussão sobre a relação entre fala e escrita não é uma questão contemporânea,na
verdade, pode-se dizer que ela se coloca desde a invenção da escrita. Sem recuarmos
tanto na história, verificamos que a invenção do alfabeto grego, a partir do fenício, foi
considerada pelos gregos, conforme Havelock (1996), a mais eficiente como sistema
de escrita comparado aos anteriores. Isso porque esse sistema de signos, conforme o
autor, como era capaz de identificar os componentes abstratos das sílabas, criou um
instrumento:
de eficiência particular para a transcrição da língua grega, língua em que o
componente vocálico da sílaba tinha uma dimensão maior em comparação com
o uso das línguas semíticas, e que portanto reforçava uma identificação mais
20
pronta da diferença entre uma vogal e seu acompanhamento consonantal.
(1996, p.96)
1
O que aqui observamos é a crença de que o alfabeto grego, em comparação com os
sistemas anteriores a ele, permitia uma reprodução fônica mais fiel à língua oral grega.
O próprio Quintiliano, da tradição ortografista latina, acreditava que o papel das letras
era o de conservar os sons e que, por isso, elas deveriam representar aquilo que se tinha
a dizer (DESBORDES, 1996).
Tais crenças nos permitem inferir que, na Antigüidade, tanto os gregos como os latinos
viam a escrita como uma representação fônica da fala. Entretanto, Desbordes (1996,
p.24), contrária a idéia de que os antigos confundiam o oral com o escrito, afirma que
essa representação (ou modelo, cópia) apenas tinha "o mérito de ser uma fonografia tão
exata e transparente quanto possível". Segundo a autora, essa representação fonográfica
era tão consciente que havia diferentes propostas para melhorá-la e, dentre elas,
Debordes cita o caso de César que propunha a escrita do genitivo de Pompeius com três
is, Pompeiii e de Verrius Flaccus que sugeriu representar o emudecimento de [m] final,
escrevendo apenas a metade da letra M. Essa tendência, no entanto, reconhece os seus
limites (DESBORDES, 1996). A autora defende a idéia de que os antigos apenas
refletiam sobre a versão alfabética da escrita que "dá uma existência autônoma a
unidades que, salvo exceção, não são isoladamente produzíveis no oral." (1996, p.27).
Nos estilos literários da Antigüidade, a relação entre a língua oral e a escrita
ultrapassava a relação fonema/grafema, pois, segundo Auerbach (1972), a diferença
entre essas modalidades era "muito mais consciente", haja vista que a doutrina de
variados gêneros de estilo não permitia o uso da língua falada corrente nos textos,
exceto para as comédias populares; e fora esse caso era necessário dela ‘afastar-se’. O
estudo da língua literária na Antigüidade é muito mais viável que a falada, pois “só por
obra do acaso foi que se conservaram alguns vestígios”. Esses vestígios, fontes antigas e
diretas do latim vulgar e que permitem reconstituir uma imagem desse latim, são
localizados em diferentes textos: nas comédias de Plauto (200 a.C.), nas cartas de
Cícero, em fragmentos satíricos de Petrônio, nas garatujas (ou pichações) de muros, e
1
Embora, mais adiante, o próprio autor defenda a idéia de que nenhum sistema de alfabeto seja capaz de
reproduzir a fala.
21
até mesmo, segundo Auerbach, em textos de assuntos técnicos e práticos, cujos autores
não eram “pessoas que possuíssem uma formação literária”, pois, em função do
assunto, eles eram obrigados a “servirem-se de termos e locuções da língua corrente.”
(pág. 54). Já nas epigrafias, o uso de um latim literário ou clássico ou de um latim
corrente ou vulgar estava condicionado ao local em que essas inscrições foram
produzidas e ao nível de conhecimento do seu autor (CORASSIN, 1998/99).
Segundo Corassin (1998/99, p. 208) em seu estudo sobre o "uso da escrita na epigrafia
latina", as inscrições epigráficas "oficiais", _ textos políticos, administrativos, jurídicos
e religiosos _ colocadas em espaço público pelas autoridades, eram "corretas tanto pela
linguagem quanto pela execução bem cuidada, pois eram feitas pelos lapicidas mais
competentes e experientes". Entretanto, prossegue a autora, existe diferença no que se
refere a esse registro, quando se desloca do centro em direção à periferia do Império,
"pois as áreas mais afastadas tendiam a apresentar diferenças regionais na elaboração
das inscrições em relação a Roma ou a zonas mais romanizadas." A autora registra que
algumas categorias de epígrafes "constituem um testemunho valioso da língua não-
literária de sua época e de seu local de origem" (1998/98, p. 208); quanto a isso, a
história da formação das línguas românicas bem o demonstra.
Conforme se sabe, não foi o latim escrito que serviu de base às línguas românicas, mas
o vulgar ou o latim falado. Esse latim, que para muitos estudiosos, dentre eles Meyer-
Lübke (cf. SILVA NETO, 1957), poderia ter sua história reconstruída através das
línguas românicas, não era utilizado na língua escrita. O registro dessa modalidade da
língua, na opinião de Silva Neto (op. cit.), é uma contradição, "pois se trata em
essência de uma língua falada". Entretanto, prossegue o autor, "há traços vulgares,
traços de língua falada em determinada espécie de textos: são êles condicionados por
necessidades estilísticas, descuidos, ou imperfeita preparação de certos escritores"
(SILVA NETO, 1957, p. 09). Essa documentação escrita são as inscrições epigráficas,
das quais tratamos anteriormente, principalmente as tumulares, os graffitti de Pompeios
e as chamadas tábuas execratórias (tabellae defixionum). Tais testemunhos não
significam, segundo Silva Neto, "que os artífices que as gravavam tivessem intenção de
esculpi-las em linguagem vulgar; mas como não possuíam suficiente instrução,
deixavam escapar e resvalar fenômenos da sua linguagem pessoal, da sua linguagem
falada" (1957, p. 100).
22
Se considerarmos apenas essas afirmações de Silva Neto, é possível acharmos que,
para ele, somente os textos produzidos por aqueles que "não possuíam suficiente
instrução" é que seriam os testemunhos do latim vulgar. Entretanto, mais adiante em sua
obra, o autor nos dá mostras de textos, geralmente cartas familiares, que foram feitos
por famosos escritores através dos quais também se coletam traços de um latim vulgar.
Segundo ele, ao "grande escritor Marco Túlio Cícero devemos algumas informações
interessantes a respeito da língua falada", pois, embora fosse muito rigoroso nas
construções textuais, "era menos rigoroso na correspondência". No poeta Catulo, nota
Silva Neto, também são coletados traços originários da língua falada, além do
Imperador Augusto que, em alguns textos, usava uma linguagem "mais próxima da
corrente."
Toda essa discussão explicita que não é recente o empreendimento de pesquisadores
para estudar a língua falada, no caso o latim vulgar, nos registros escritos; para tanto,
conforme já observaram, em tempos passados, os estudiosos da história das línguas
românicas, é preciso considerar que há um conjunto de fatores que atuam
simultaneamente para o levantamento e (re)construção dessa língua: caracterização
sócio-histórica dos “escreventes”, tipos de textos, condições de produção, entre outros.
Retornando à discussão acerca da representatividade da oralidade pela escrita, via
relação fonema/grafema, verificamos que essa visão permaneceu presente entre os
neogramáticos. Hermann Paul (1983)
2
acreditava que, em alguns casos, a escrita
possuía mais vantagens que a fala, e em outros esta levava mais vantagens que aquela.
Entretanto, defendia a idéia de que a escrita intermediaria a relação entre o investigador
e a língua oral, por isso deveria ser-lhe o objeto de estudo, embora asseverasse que a
“escrita não só não é a própria língua, como de modo nenhum se lhe adapta.” (1983, p.
393). Ou seja, para Paul, a escrita não acompanha a evolução fonética da fala, porque
naquela não há uma continuidade sonora que propicie a relação entre a imagem acústica
e a significação. Segundo ele, para que essa relação ocorra, é preciso que haja um uso
“firme” da ortografia, para que a associação seja imediata e direta. Entretanto, faz a
seguinte ponderação: quanto maior o uso da ortografia, maior a invariabilidade desta e
maior a discrepância entre fala e escrita. Por outro lado, quanto mais oscilante for esse
uso, menor a possibilidade da associação direta.
Saussure, de acordo com o Cours de Linguistique Genérale
3
, fez uma análise crítica
dessa representação da língua oral pela escrita. Ele, ao contrário dos neogramáticos,
2
Tradução de Maria Luisa Schemann. 2ª. ed. Lisboa: F.C. Gulbenkian, 1983.
3
Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein. 13ª.ed. SP: Cultrix, 1987.
23
defendia que "língua e escrita são dois sistemas distintos de signos" e que a razão da
segunda é representar a primeira, que é, em última instância, o objeto de análise do
lingüista. Entretanto,
(...) a palavra escrita se mistura tão intimamente com a palavra falada, da qual
é a imagem, que acaba por usurpar-lhe o papel principal; terminamos por dar
maior importância à representação do signo vocal do que ao próprio signo.
(1987, p. 34)
A partir disso, Saussure criticava o prestígio dado à escrita em detrimento da fala e,
dentre outras causas, creditava à língua literária essa primazia, em função de outros
aparatos escritos que a sustentam: as gramáticas, dicionários, o livro (didático). Isso,
para ele, não levava em consideração o fato de que a fala, na ordem cronológica dos
acontecimentos humanos, é mais primária que a escrita.
Finalmente, mais adiante, levantou uma série de questões e exemplos que justificavam
o desacordo entre a grafia e a pronúncia. E para citar apenas um exemplo, já que os
demais, na nossa opinião, são decorrentes deste, a língua evolui freqüentemente e a
escrita não acompanha essa evolução, daí encontrarmos, segundo o lingüista, diferenças
entre aquilo que se pronuncia e o seu registro escrito. Saussure afirmava que o
resultado prático disso era que a "escrita obscurece a visão da língua" e que, além disso,
"quanto menos a escritura representa o que deve representar, tanto mais se reforça a
tendência de tomá-la por base", (1987, p. 40).
Câmara Jr (1961, p. 13), influenciado pelos estudos de Saussure, acreditava que a
circunstância essencial da linguagem é a de que ela pode ser falada ou escrita, sendo,
então, "dois tipos distintos da exposição lingüística". Segundo o autor, "a linguagem
escrita não passa de um sucedâneo, de um Erzats da fala"; ou seja, para ele, "os sons
que essencialmente constituem a linguagem humana" serão apenas "evocados
mentalmente" através de símbolos gráficos. O autor também criticava, a exemplo do
que fez Saussure, a primazia dada à escrita, uma vez que a fala é mais básica por ser
uma expressão oral. Segundo Câmara Jr., na oralidade existe uma "enorme riqueza
de recursos que facilitam extraordinariamente a comunicação lingüística", tais como: a
altura da emissão vocal, o timbre de voz, "a entoação das frases", etc; já na escrita, que
para ele é "uma espécie de linguagem mutilada", tais recursos "devem ser substituídos
por uma série de outros". Assim, "o jogo de pausas e cadências" deve ser recriado pelo
24
leitor, através dos sinais de pontuação. O autor encerra o tópico com a máxima
"Ninguém escreve como fala", (1961, p. 68).
1.2.2 Escrita e oralidade: diferentes pólos
Nas décadas de 70-80, pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, como a
Antropologia, Sociologia e Psicologia, analisaram a relação oralidade-escrita e
acabaram, de alguma forma, por estabelecer polaridades entre elas. Tais pesquisas
"enfatizaram o caráter oral da linguagem e as profundas implicações, em todos os
níveis, da introdução da escrita em culturas tradicionais", (GALVÃO; BATISTA,
2006)
4
. Na presente retrospectiva, vamos nos limitar a apresentar e discutir algumas
dessas pesquisas.
Goody (1977) investigou como as categorias de pensamento mudaram no espaço e no
tempo. Para ele, a aquisição da língua foi crucial não só para o conjunto das instituições
sociais, mas para todo o comportamento normativo e, a partir disso, era necessário
determinar qual a extensão da atividade cognitiva que a língua permite e estimula. O
autor defendia que depois da aquisição da língua oral e de sua redução a formas
gráficas, a política, a educação, a economia, enfim, o pensamento humano
desenvolveram-se consideravelmente.
Olson (1977), numa proposta de examinar as conseqüências do alfabetismo no
domínio da língua escrita, através da discussão do locus do significado _ se no texto
escrito ou no conhecimento partilhado dos falantes _ chega a conclusão de que a escrita
é uma ferramenta poderosa para construção de uma teoria abstrata e coerente da
realidade. A oralidade, segundo ele, é, por sua vez, um instrumento limitado para
explorar idéias abstratas, e é muito mais adequada às situações concretas e ações
práticas. Ou seja, para Olson, a escrita é uma entidade autônoma, enquanto a oralidade
é mais dependente do contexto.
Ong (1998)
5
, que estabeleceu uma comparação entre o pensamento e sua expressão
verbal na cultura oral e na cultura escrita, acaba por colocar em pontos extremos cada
uma das modalidades. E para ficar em apenas algumas diferenças estabelecidas pelo
4
In: <www.scielo.br> acessado em 12/06/2007 .
5
Tradução de Enid Abreu Dobránszky. Campinas: Papirus, 1998.
25
autor, destacamos: as estruturas orais, segundo ele, fazem mais uso de elementos
pragmáticos; já nas estruturas manuscritas, os elementos sintáticos são os mais
utilizados. Além disso, a escrita estabelece uma divisão na sociedade entre a "alta"
linguagem, controlada pela escrita, e a "baixa" linguagem que, excluída da escrita, é
controlada pela oralidade (GALVÃO; BATISTA, 2006). Ong, embora valorizasse e
reconhecesse a linguagem oral como natural e de primordial importância, acreditava
que a escrita, como tecnologia, fosse capaz de ampliar as possibilidades da linguagem,
além de reestruturar o pensamento.
Ochs (1979) propõe que entre a escrita e a fala existem diferenças entre discurso
planejado e não-planejado, respectivamente. Ou seja, o discurso não-planejado, como
está relacionado à espontaneidade, é aquele que não foi organizado e pensado antes de
sua produção, exibindo estruturas mais simples, adquiridas em fases anteriores ao
desenvolvimento da fala. Já no discurso relativamente planejado, que foi anteriormente
organizado, aparecem estruturas mais complexas. De acordo com Decat (1984), para
Ochs e outros autores, no discurso relativamente não-planejado ou informal predomina
o modo pragmático, ou seja, predominam estruturas de coordenação frouxa; enquanto o
outro discurso caracteriza-se pelo modo sintático, com maior predomínio da
subordinação compacta; isto é, estruturas com encaixamentos. Decat, em seu estudo,
discorda de Ochs e sugere, antevendo uma outra visão da relação oralidade-escrita, que
há uma mesclagem de características entre uma e outra língua, conforme discutiremos
na próxima subseção.
Halliday (1989) defende a idéia de que a escrita não é capaz de traduzir, por meio de
suas marcas (no caso, os sinais de pontuação), a riqueza do potencial expressivo da
oralidade, deixando de lado contribuições prosódicas e paralingüísticas. Por outro lado,
a oralidade não possui marcas para indicar os limites de uma frase ou de um parágrafo,
nem o início ou o fim de uma citação. O autor ainda estabelece uma outra diferença: a
maior densidade lexical da escrita e a maior complexidade gramatical da fala.
Para ele, como na escrita existe a necessidade de se nomearem as ações, eventos e quem
os realiza, há uma maior densidade lexical, dada a maior freqüência de itens lexicais do
que gramaticais. A fala, por sua vez, representa os fenômenos como processos que
estão sendo realizados por alguém ou que estão acontecendo. Para isso, é necessário,
26
além do verbo, uma oração com os elementos que o acompanham, tais como os
participantes, a modalidade, etc. Além disso, um mesmo conteúdo expresso por uma
oração nominal pode precisar de duas ou três orações não-nominalizadas. Isso leva
Halliday (1989) a defender a idéia da maior complexidade gramatical da fala. Ou seja,
como os processos ocorrem em uma seqüência, a fala exige uma maior quantidade de
orações.
Em resumo, podemos dizer que os estudos desses autores, embora sejam de diferentes
áreas do conhecimento, possuem algo em comum: apresentam dicotomias estritamente
polarizadas que atribuem à escrita maior autonomia e supremacia, conforme quadro
abaixo:
Quadro 1
A relação polarizada
fala escrita
pensamento concreto pensamento abstrato
raciocínio prático raciocínio lógico
contextualizada descontextualizada
implícita explícita
redundante condensada
não-planejada planejada
predominância do "modus pragmático" predominância do "modus sintático"
fragmentada não-fragmentada
incompleta completa
pouca densidade informacional densidade informacional
predominância de frases curtas, simples ou
coordenadas
predominância de frases complexas, com
subordinação abundante
pequena freqüência de passivas emprego freqüente de passivas
poucas nominalizações abundância de nominalizações
menor densidade lexical maior densidade lexical
dependente autônoma
imprecisa precisa
não-normatizada normatizada
Adaptado de KOCH (2000, p. 62) e MARCUSCHI (2001a, p. 27).
Nessa perspectiva, a fala, usada para fins comunicativos na modalidade oral,
caracteriza-se pelo uso da língua na sua forma de sons sistematicamente articulados e
significativos, e pelos aspectos prosódicos que envolvem uma série de recursos
expressivos de outra ordem: a gestualidade, os movimentos do corpo e a mímica. Já a
escrita, usada para fins comunicativos com certas especificidades materiais, caracteriza-
se por sua constituição gráfica. Sob esse ângulo e com base no QUADRO 1, chega-se
27
à conclusão de que a escrita é o resultado de um processo, sendo, então, estática;
enquanto a fala é o processo, sendo, então, dinâmica.
Essa visão polarizada, conforme Marcuschi (2001a, p. 42), baseia-se no código e não
nas características dos textos produzidos; ou seja, não considera os usos discursivos e
as condições de produção textual. O autor entende condição de produção como "a
atividade de produtores/receptores de textos situados em contextos reais e submetidos
a decisões que seguem estratégias nem sempre dependentes apenas do que se
convencionou chamar de sistema lingüístico." Na presente pesquisa, vamos
acrescentar a essa noção o grau de letramento dos agentes sociais envolvidos na
produção dos inquéritos judiciais; mais a frente isso será melhor explicitado.
Grande parte das pesquisas citadas anteriormente foi feita com base em textos de
conversação espontânea (da oralidade) em comparação com textos em prosa expositiva
(da escrita), e, nesses casos, é de se esperar que ambas se oponham. Isso porque não só
pertencem a fenômenos discursivos, em princípio distintos, mas especificamente
porque pertencem a gêneros diferentes. Essa diferenciação está ligada aos processos, às
condições e aos objetivos de produção textual nos quais tais gêneros foram produzidos.
Assim, as características apresentadas no QUADRO 1 acima colocam a conversação
espontânea e o artigo acadêmico nas extremidades de uma linha reta. Mas é preciso
considerar que, no intervalo entre esses extremos, há um contínuo no qual situam-se
diferentes gêneros, que se aproximam de uma ou de outra ponta. Ou seja, nem todas as
características estabelecidas com base no ideal da escrita são típicas de uma ou de
outra modalidade. Com base nisso, lingüistas de fins da década de 80 e 90 estabelecem
a visão do contínuo tipológico entre essas modalidades.
1.2.3
A visão do contínuo tipológico
Numa corrente contrária à visão polarizada da oralidade-escrita, a partir dos anos 80,
pesquisadores defendem a tese de que a fala e a escrita possuem mais semelhanças
que diferenças, e por isso ambas estão inseridas num contínuo tipológico.
Tannen (1982,1984) propõe diferenças entre as estratégias das duas modalidades que
para ela são fundamentais: i) a fala depende quase que exclusivamente do contexto,
enquanto a escrita é descontextualizada; ii) os recursos paralingüísticos e não-verbais
28
(gesto, entonação, conhecimento compartilhado, etc.) permitem a coesão na linguagem
oral, já na escrita a coesão se dá através de elementos lexicais (conjunções, locuções
conjuntivas, dêiticos, etc.) e de estruturas sintáticas complexas. Embora reconheça as
particularidades de ambas as modalidades, afirma que estratégias da fala podem ser
encontradas na escrita, tal como podem ser encontradas estratégias da escrita num texto
oral mais tenso. Segundo a autora, as diferenças formais ocorrem em função do gênero e
do registro lingüístico, e não em função da modalidade.
Chafe (1982) analisa duas modalidades pertencentes ao extremo de um contínuo _
língua oral informal e língua escrita formal _ e chega à conclusão de que, apenas nesse
caso extremo, existem diferenças que são definidas a partir de fragmentação e
integração do discurso. Tannen (1985), ampliando a discussão do contínuo tipológico,
analisa uma narrativa escrita e outra falada referentes ao mesmo evento produzidas por
uma mesma pessoa. Segundo ela, na narrativa escrita, a participante da pesquisa fez uso
de um "conjunto de traços que são esperados na escrita, juntamente com outros que
são esperados na fala." Especificamente, a versão escrita apresenta traços de
complexidade sintática, o que Chafe (1982), analisando textos escritos expositivos,
chamou de ‘integração’; mas, além disso, nessa versão, Tannen detectou traços de
‘envolvimento’, que Chafe encontrou numa conversação casual, tais como: repetição
de palavras e frases, discursos diretos, etc. Após fazer uma análise desses "achados", a
autora propõe a noção de um contínuo oral/escrito, ou mais precisamente, um contínuo
de foco no envolvimento pessoal/conteúdo da mensagem. Em outras palavras, para ela,
a oralidade partilha traços com a escrita, quando o foco está no conteúdo (por
exemplo, em uma aula); já a escrita possui mais traços em comum com a fala, quando
o foco está na relação interpessoal. Tanto para Chafe (1982) como para Tannen (1985),
o envolvimento que o falante/ escritor tem com seu ouvinte/leitor no evento é que vai
definir as características comuns entre ambas as modalidades.
Entre nós, Decat (1984), com objetivo de checar a validade da dicotomia planejado x
não-planejado proposta por Ochs (1979), chega a conclusão de que há uma mesclagem
de características entre os pólos - escrita e oralidade - e que a predominância de uma
ou de outra característica dependerá de diferentes fatores, dentre eles: o tópico do
discurso, a maior ou menor tensão do falante no momento da comunicação, o grau de
intimidade entre o falante e ouvinte, etc. Segundo a autora:
29
Não se pode deixar de reconhecer que existem diferenças entre esses
discursos; essas diferenças, no entanto, não deverão servir para colocá-los
em pontos opostos, mas para estabelecer uma gradação entre os diversos
estilos de fala
. (DECAT, 1984, p. 130)
Biber (1988) não separa em grupos distintos textos orais de textos escritos. Ao
contrário disso, reúne diferentes gêneros orais e escritos que possuem alguma relação
entre si, sob seis diferentes dimensões: (i) produção com interação vs. produção
informacional; (ii) preocupações narrativas vs. não-narrativas; (iii) referências explícitas
vs. referências dependentes do contexto; (iv) expressão explícita de persuasão vs. não-
explícita; (v) informação abstrata vs. não-abstrata; elaboração informacional 'on-line' vs.
informação elaborada. Dessa forma, o autor procura verificar se existe alguma relação
entre os gêneros agrupados nessas dimensões específicas. Em suma, para ele, não há
qualquer caracterização lingüística ou situacional da fala e da escrita que seja verdadeira
para todos os gêneros falados e escritos, pois os representantes de um gênero e de outro
podem ser muito similares ou diferentes entre si. Segundo o autor, não é possível uma
caracterização homogênea da fala e da escrita nas suas relações, o que implica tratá-las
numa escala contínua. Em outras palavras, no contínuo tipológico, há gêneros orais e
escritos muito semelhantes (conferência e artigo acadêmico; conversa entre amigos e
carta familiar, entre outros) e outros muito distintos (bate-papo x artigo acadêmico ou
um seminário x bilhete), e isso ocorre porque não há homogeneidade na relação
oralidade/escrita.
O trabalho de Koch & Österreicher
6
(apud ÖSTERREICHER, 1994) chama a atenção
para o fato de que a diferença entre tais modalidades devem ser analisadas sob duas
perspectivas fundamentais. A primeira diz respeito ao meio utilizado para a
comunicação; isto é, um enunciado pode se manifestar através do meio sonoro ou
gráfico. A segunda está ligada ao modo da concepção discursiva que pode ser oral ou
escrito. Assim, temos o seguinte esquema :
meio sonoro modo da oral
de concepção
manifestação gráfico discursiva escrito
6
KOCH, P.; ÖSTERREICHER, W. Gesprochene sprache in der Romania: Französisch, Italienisch,
Spanisch. Tübingen, Niemeyer, 1990.
30
Para os autores, a oposição medial entre fônico e gráfico representa uma dicotomia bem
definida: o enunciado ou é fônico ou é gráfico. Já as diferenças na concepção
lingüística cobrem um contínuo limitado por dois extremos que vão desde expressões
típicas orais muito informais, chamadas de linguagem de proximidade ou imediatez
comunicativa, para extremamente elaboradas ou linguagem de distância, de acordo com
o gráfico abaixo :
Concepção discursiva
oral escrita
Sonoro
Meio Gráfico
Gráfico 1Oralidade e escrita conforme o meio e a concepção discursiva
(Adaptado de ÖSTERREICHER, 1994)
Todas as pesquisas apresentadas nesta seção propõem uma nova visão que permite
observar a fala e a escrita numa relação de semelhança, e não mais de diferenças,
abandonando as dicotomias polarizadas de até então. Ou seja, os autores propõem que
entre as duas modalidades há um contínuo no qual a oralidade partilha de mais traços
com a escrita, quando o foco está no conteúdo; já a escrita possui traços em comum com
a oralidade, quando o foco está no interlocutor. No entanto, também essa visão do
contínuo passou a ser revista, porque subliminarmente, diziam os críticos, ainda
vigorava a polaridade entre oralidade-escrita, e postulou-se a necessidade de levar em
conta uma série de elementos que se interpenetram nessa relação; é isto que vamos
discutir na próxima seção.
1.2.3.1 Uma nova visão do contínuo tipológico
1.2.3.1.1 Oralidade-escrita e os gêneros textuais
Marcuschi (2001a) propõe um modelo de análise do contínuo no qual oralidade e
letramento são consideradas práticas sociais com características próprias, mas que não
se referem a dois sistemas lingüísticos diferentes, (o termo letramento será melhor
discutido na seção seguinte; por ora esclarecemos que se trata de práticas sociais
ligadas à leitura e à escrita (SOARES, 2003a). Marcuschi assume que fala e escrita,
nesse modelo, são modalidades de uso da língua, embora as relações sintáticas em
ambas sejam "de ordem um pouco diferente".
31
O autor também propõe que as diferenças sejam analisadas a partir de gêneros textuais,
os quais, segundo Bakhtin (1992, p. 262), são "tipos relativamente estáveis de
enunciados, marcados sócio-historicamente", visto que estão diretamente relacionados
às diferentes situações ou esferas sociais. O gênero, que constitui uma classe aberta,
possui uma existência concreta expressa em diferentes designações e se manifesta em
textos orais e escritos (MARCUSCHI, 2001b). O autor acredita que as diferenças entre
fala e escrita se dão num contínuo tipológico das práticas sociais de produção textual,
no qual existe um conjunto de variações em diferentes planos, conforme demonstra o
gráfico a seguir:
Gêneros da Escrita GE1, GE2 ...GEn ESCRITA
FALA Gêneros da Fala GF1, GF2...GFn
Gráfico 2Fala e escrita no contínuo dos gêneros textuais (adaptado de
MARCUSCHI, 2001a)
O GRAF.2 mostra as duas modalidades da língua _ a fala e a escrita _ e seus diversos
gêneros textuais (GE, GF) que estão dispostos seqüencialmente num contínuo,
respectivamente, na fala e na escrita. Cada uma das linhas verticais representa o limite
de cada gênero textual, que, posto um ao lado do outro, se afasta de um dos pontos de
referência e se aproxima do outro. O GF1 caracteriza uma espécie prototípica da fala,
sendo a conversação espontânea um tipo de texto genuinamente oral. GE1, por sua vez,
caracteriza uma espécie prototípica da escrita, e a publicação acadêmica em revista
32
específica ou em livro é seu representante. O GRAF.2 sugere, portanto, que existem
textos escritos que se situam, no contínuo, mais próximos ao pólo da fala, assim, como
há textos falados que mais se aproximam do pólo da escrita formal.
Como GE1 e GF1 estão dispostos em pontos diferentes do contínuo, Marcuschi (2001a)
sugere que eles não devem, por conseguinte, ser elementos de uma comparação, a
menos que o objetivo seja determinar diferenças entre eles. Para essa comparação, o
autor sugere analisar/confrontar outras produções de diversos domínios discursivos em
condições naturais e espontâneas de GF1 e GE1, ou em situações formais de GF1 e
GE1, nesse caso seriam constatadas menos diferenças. Concordamos que haja textos
orais mais próximos do pólo da escrita ou gêneros escritos mais próximos do pólo da
fala, mas gostaríamos de acrescentar que categorias de texto de um mesmo gênero
podem apresentar proximidades diferentes. Isto é, no Capítulo 3, vamos cotejar dois
textos de um mesmo gênero, inquéritos judiciais – civil e eclesiástico- pertencentes ao
corpus desta pesquisa, que parecem ser diferentes quanto ao uso da concordância
variável. Sem aprofundarmos muito na questão, apenas adiantamos que um texto
“pende” para o pólo da fala, enquanto o outro, para o da escrita.
No intervalo entre os diversos domínios discursivos das duas modalidades, os textos se
entrecruzam sob muitos aspectos e, muitas vezes, constituem domínios mistos. Para
analisar as relações mistas ou mescladas que há entre os gêneros oral e escrito,
Marcuschi (2001 a) parte do modelo proposto por Koch & Österreicher (1990), do qual
já falamos anteriormente, no que diz respeito às duas perspectivas que distinguem fala-
escrita: a primeira relaciona-se ao meio utilizado para a comunicação; isto é, um
enunciado pode se manifestar através do meio sonoro ou do meio gráfico, e a segunda
está ligada à concepção, ou ao modo como o discurso foi concebido: oral ou escrito.
Analisemos o gráfico a seguir :
33
concepção (oral)
Meio (sonoro)
E
concepção
(escrita)
Gráfico 3Representação da oralidade e escrita pelo meio de produção e
concepção discursiva. (adaptado de MARCUSCHI, 2001a, p. 39)
Por meio desse GRÁF. 3 podem ser feitas as seguintes análises: o domínio “a” é o
tipicamente falado, seja em função do meio, seja em função da concepção discursiva; o
domínio “d”, que representaria a contraparte de “a”, é o tipicamente escrito. Já os
domínios “b” e “c” referem-se aos domínios mistos, ou seja, aqueles nos quais se
dariam as mesclas de modalidades (MARCUSCHI, 2001 a, p. 39). O autor, então,
distribui os gêneros conversação espontânea, artigo científico, notícia de TV e entrevista
publicada na Revista Veja, no QUADRO abaixo:
Quadro 2
Gêneros textuais distribuídos conforme o meio de produção e a concepção discursiva
.
Meio Concepção discursiva Gênero textual
sonoro gráfico oral escrita
Domínio
Conversação espontânea
x x a
Artigo científico
x x d
Notícia de TV
x x c
Entrevista publicada na Veja
x x b
Os gêneros ‘notícia de TV’ e ‘entrevista publicada na Veja’ pertencem aos domínios “c”
e “b”, sendo, então, mistos, ou seja, tanto o meio como a concepção discursiva possuem
características dos domínios “a” e “d”. O autor então declara que o contínuo dos
gêneros textuais distingue e correlaciona os textos de cada modalidade _ fala e escrita_
F
F
E
Meio(gráfico)
a
d
b
c
34
quanto às estratégias de formulação textual. Tais estratégias, segundo Marcuschi,
determinam o contínuo das características que produzem as variações das estruturas
textual-discursivas, seleções lexicais, estilo, grau de formalidade, etc. O GRÁF. 4
abaixo apresenta os gêneros considerados pelo autor como mistos e que estão
distribuídos dentro da figura pontilhada. Entende-se como estratégia de formulação
textual os procedimentos discursivos aos quais os interlocutores recorrem para resolver,
contornar, ultrapassar e impedir problemas ou barreiras de compreensão no
desenvolvimento da construção enunciativa (HILGERT, 1996); mas, nesta tese, essas
estratégias serão entendidas como o uso da estrutura lingüística, que pode ou não ser
uma opção de uso por parte do falante/enunciador.
Gráfico 4 – Representação do contínuo dos gêneros textuais na fala e na escrita.
(MARCUSCHI, 2001a, p. 41).
Agora vejamos se a denominação dada aos gêneros de domínios mistos (aqueles cuja
concepção discursiva é diversa da manifestação) é suficiente para nomear o gênero
textual _ inquéritos judiciais civis e eclesiásticos _ que faz parte do corpus da presente
35
pesquisa. Se alocarmos tais textos num quadro semelhante ao de no. 3, teremos uma
situação diversa, porque a concepção discursiva deles é dupla, conforme:
Quadro 3
Os inquéritos judiciais distribuídos conforme o meio de produção e a concepção
discursiva.
Meio Concepção discursiva Gênero textual
sonoro gráfico oral escrita
Domínio
Inquéritos judiciais civis
x x x b,c
Inquéritos judiciais eclesiásticos
x x x b,c
Em ambos os casos, a concepção discursiva é escrita, porque, conforme veremos no
Capítulo 4, a confecção de um auto de devassa seguia uma espécie de modelo e era
constituído pelo sumário e termo de abertura; auto de corpo de delito ou fé de ferida;
assentada; testemunhos; conclusão; pronúncia; termo de data; conta e as vistas,
(LEMOS, 2003). Já os sumários de testemunhas, mais breves que as devassas, eram
constituídos apenas do termo de abertura; testemunhos; conclusão; termo de data e a
conta. Para a construção de cada uma dessas partes, o tabelião seguia um ritual baseado
numa tradição discursiva cuja orientação era dada pelas Ordenações do Reino de
Portugal
7
, e em alguns inquéritos civis encontramos resquícios de expressões latinas nos
termos de abertura:
i) (...) elledito Juis lheReseberaodito | autodedevasa quemandara | fazer elhoResebera Sedenqua |
antumtanto quantodedi | reitoheradeResebere (...) [ linhas 39-40];
ii) (...) queelledito juis|ordenario Mandarafaser| ex oFisio
porparte dajustisa| (...) [ linhas759-760].
Mas nos testemunhos apenas nas partes inicial e final há uma estrutura formular e
recorrente em todas os processos, conforme: (as partes destacadas marcam a presença
do modelo)
Eperguntadoelletestemunhapelo | conteudonoautodecorpode | dellito disse quesabe
peloouvir dizer | aAntonio GomesdeMello, Sua mulher | eSogra quea m[†.]lher dePedroEnes | Pelloma
daSylva, eqoutras pessoas| muitas, que em cazadoditoAnto|nio GomesdeMello estava huma | mullata por
nome Suzana Maria, | quetratava comoEscrivaõ da | camara davilladocarmo Luis da | FonsecaRibeiro,
equeindo o morto|acazadeste perguntandolhepor | ella, lhe dissera oquelheparecera| equeporessa cauza,
lheescrevera| o[†.]orto humacarta adita Mullata, | dequeella naõficarasatisfeita | detalsortequepublica
Mente des| compuzeraaodito morto | dizendo[corroída] que [corroída] naõ fosse ||
[corroídas] homem [†........] [†.......]| omandaramorrer [corroídos] | eque comestaspalavras ficara |
Su[corroído] detal Sorte quedella sepRezumira avia tensaõ | queem(sy) [†..........], equeoutro | Sim andava
napertençaõ de | cazarcomella hum AmaroDom
es
. | official decarapina comotambém | omesmodefu(n)to,
equeadita mul- | lata Seacomselharacom odito Amaro | Dom
es
., equeseentendia ser este o mal | feitor, eque
7
Ordenações são as ordens, decisões ou normas jurídicas avulsas e compilações de antigas leis
portuguesas em códigos_ Afonsino, Manuelino e Filipino _ e que vigoraram em Portugal do século XV
ao XIX.
36
por esta cauza Setremia | comofoi emocaziaõ destadevassa | ouvindodizer queseestavatirando | seaSustara
eRetirara equeeste | malleficio ofizera humcarijó,
oumullato | queelletestemunhanaõconhecede | mandodododi
to
. AmaroDomingues | eque outroSim ouvira
aJosedacosta | viandante nocaminho camarada | deAiraõ deoLiveira morador emCaza | dePaschoal
Correa, queodito Jose | dacosta vira estarodito Amaro | Domingues conversandocom | humcarijo,
emtalforma que| pelasações quefazia edepoisdo | dellito feito entendia queninguem ||
[corroída a 1ª. linha] | [corroídas] odito carijo pelaapRi | ençaõ que[corroído]dito Josedacosta
fize[corroído] | dasaçoes quemuito observava | emaes naõdissedodito auto eassi | noucom odito Juis
ordinario | Luis daSylvaesouzaoescrfevy | [AP-2055-2073]
A parte central é a única que não segue um modelo, porque se altera a cada depoimento,
o que torna o texto mais livre e mais imprevísivel em relação às outras partes do
processo. Em função disso, vamos admitir que a concepção de grande parte desses
testemunhos é oral, uma vez que o texto escrito surge a partir de depoimentos dados por
meio da inquirição do juiz ordinário e/ou do escrivão à testemunha. Tanto os sumários
de testemunhas, quanto as devassas civis e eclesiásticas possuem essa dupla concepção
discursiva: as partes que contém textos formulares têm como origem um texto escrito; já
nos testemunhos teremos, em grande parte, uma origem oral.
Tendo em vista tais peculiaridades, verifica-se que é necessário ampliar a definição de
gêneros mistos ou mesclados dada por Marcuschi (2001a). Assim, para os objetivos
desta tese, admitiremos como mistos ou mesclados os gêneros que possuem uma
dupla concepção discursiva _ oral e escrita _ e que se manifestam apenas através
de um dos meios de produção, o gráfico. Essa caracterização que fizemos dos textos
que compõem o corpus de nossa pesquisa (textos de dupla concepção discursiva) vai de
encontro à posição do gênero inquéritos indicada no GRAF 4. Isso porque, de acordo
com ele, esse gênero estaria mais próximo do ponto da modalidade FALA; no entanto,
achamos que os inquéritos, em função das características discutidas, devem estar
contidos na figura pontilhada do gráfico na qual constam os gêneros mistos ou
mesclados.
Como os inquéritos civis (autos de devassa e sumário de testemunhas) sob análise nesta
pesquisa estão sendo considerados gêneros mistos, ou que possuem uma dupla
concepção discursiva, e que se manifestam através do meio gráfico, questionamos se
nesses gêneros, em especial na parte de concepção oral, não seria possível detectar
indícios de oralidade na formulação da escrita, e que fatores poderiam interferir nessa
operação. Essas questões serão retomadas e desenvolvidas nos Capítulos 3 e 5.
37
Até aqui vimos que o modelo de Marcuschi (2001a) apresentou limitações para análise
de nosso corpus, dado que o foco de sua análise não é a diacronia, mas é possível fazer
algumas adaptações. Na presente pesquisa, vamos assumir que as semelhanças e
diferenças entre escrita-oralidade se dão num contínuo tipológico de diferentes gêneros
textuais que, colocados um ao lado do outro, se afastam de um dos pontos de referência
e se aproximam do outro, em função de características próprias do gênero (concepção
discursiva e meio de produção), aliadas a outras questões que estão imbricadas nessa
relação, conforme será visto a seguir.
1.2.3.1.2 Escrita-oralidade, gêneros textuais e letramento
Antes de avançarmos, gostaríamos de fazer considerações acerca de como letramento
será entendido nesta tese, isso porque como bem afirmou Hasan (1996, p. 377) “Um
problema com a palavra letramento é que ela está semanticamente saturada (...).”
8
, pois
"significa coisas diversas ao longo da história e coisas diversas na mesma época",
(MARCUSCHI, 2001b, p. 25). Não é nossa intenção fazer uma apresentação exaustiva
dos diferentes conceitos desse termo, pois vamos nos restringir àqueles que melhor se
adequam às nossas análises.
De acordo com Soares (2003a), dizer o que é letramento exige que se reúna numa única
definição tudo o que o termo envolve, que é uma ampla variedade de "conhecimentos,
habilidades, capacidades, valores, usos e funções sociais", (2003a, p. 65). Letramento
envolve duas grandes dimensões: a individual e a social. Segundo Wagner
9
(apud
SOARES, 2003a), a primeira focaliza a simples "posse individual das tecnologias
mentais complementares de ler e escrever". Já na segunda dimensão, letramento é um
"conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se
envolvem em seu contexto social." (SOARES, 2003a). Assim, como subjaz à presente
pesquisa a concepção de língua como:
um fenômeno heterogêneo (com múltiplas formas de manifestação), variável
(dinâmico, suscetível a mudanças), histórico e social (fruto de práticas
sociais e históricas), indeterminado sob o ponto de vista semântico e
sintático (submetido às condições de produção) e que se manifesta em
situações de uso concretas como texto e discurso
. (MARCUSCHI,
2001, p. 43)
vamos nos basear na dimensão social do letramento, definido por Soares (2003a).
Entretanto, conforme postula Graff (1995), o grande problema é o de reconstruir, seja
no passado ou no presente, os contextos de leitura e escrita, pois as atividades sociais
que envolvem a língua escrita dependem da natureza e estrutura da sociedade. No
8
"One problem with the word Literacy is that it is semantically saturade (...)" (HASAN, 1996, p.377)
9
WAGNER, D.A. Ethno-graphies: an introduction. Internacional Journal of the Sociology of Language,
v. 42, 1983.p.5-8.
38
Capítulo 3, faremos uma discussão sobre as práticas sociais da leitura e escrita nas
Vilas do Ouro, na primeira metade do século XVIII, e esperamos com isso deixar mais
clara a dimensão social do letramento daquela sociedade.
Assumiremos, então, a partir de Marcuschi (2001a), que oralidade e letramento são
práticas sociais; e fala e escrita, modalidades de uso da língua. Isso implica entender
oralidade como uma prática social interativa, utilizada para fins comunicativos, que
se manifesta sob diferentes meios ou gêneros textuais fundados na realidade sonora.
Ela pode se manifestar em diferentes contextos de uso desde situações informais às
mais formais. Mas é preciso considerar que, como bem postulou Zumthor (2001), uma
sociedade, dependendo de seu contexto cultural, pode ser de oralidade primária e
imediata que não comporta nenhum contato com a escrita; mista que procede da
existência de uma cultura escrita, mas cuja influência do escrito permanece externa,
parcial e lenta; e finalmente a oralidade segunda que procede de uma cultura letrada e
na qual "toda expressão é marcada mais ou menos pela presença da escrita." (p. 18).
A partir disso e conforme trataremos no Capítulo 3, podemos dizer que a incipiente
sociedade mineira do século XVIII possuía características de uma sociedade de
oralidade mista, já que os eventos de letramento, ou "atividades que têm textos escritos
envolvidos seja para serem lidos ou para se falar sobre eles" (BARTON
10
, apud
MARCUSCHI, 2001b, p. 37), não eram uma prática corriqueira entre a população,
como acontece na sociedade contemporânea, embora, nos inquéritos sob análise,
encontremos, em dois depoimentos, sendo um em Vila Rica e outro em Sabará,
indícios que sugerem uma prática de letramento entre a população, conforme:
i) (...) queacauza deste|foraoexessoquefesaoditonego foy por|estetrazer humacartadoseusenhor|adita
amullataemais (...) [CBG -Linhas 3295-3297];
ii) (...) eelleTestemunha LeuhumaCarta que|aditta MadaLenaduarte escrevera aCaetano
Duarte|filhodaSobreditta emquelhepedialhevalesse (...) [CBG - Linhas 4702-4704]
iii) (...) equeporessa cauza, lheescrevera| o[.]orto humacarta adita Mullata, | dequeella
naõficarasatisfeita (...) [AP -Linhas 2054-2055]
Esses vestígios não eliminam a possibilidade de uma sociedade de oralidade mista,
porque nas Minas Geraes, no período sob análise, “o domínio das letras era apanágio
de menos da metade da população” (ANTUNES, 2004, p. 184). E ter “domínio das
letras” significava saber ler e escrever simultaneamente, pois, conforme veremos no
10
BARTON, D. The social nature of writing. In: BARTON, D.; IVANIC, R (eds.). Writing in the
community. Londres: Sage, 1991.
39
Capítulo 3, era muito comum no Antigo Regime português, assim como em toda a
Europa, saber escrever, sem saber ler, havendo apenas leitores de oitiva
letramento, outra prática social, será aqui entendido como um evento que envolve
diferentes práticas de escrita e leitura, nas suas mais variadas formas na sociedade, que
abrange uma habilidade mínima de escrita até a capacidade de análise de processos
judiciais, tal como faziam os ouvidores nas Minas do século XVIII. Definimos
habilidade mínima de escrita como a capacidade de os depoentes, nos inquéritos sob
análise, assinarem de forma imperfeita ou rudimentar
11
. Assim, admitimos que essas
testemunhas podem ser consideradas letradas, mas com baixo grau de letramento,
conforme veremos nos Capítulo 3, na medida em que eram leitores de oitiva. Isso
porque, nas Minas Setecentistas, aquele que não detinha a habilidade de leitura tomava
conhecimento do grafado através da leitura de outrem; ou seja, de alguma forma havia a
inserção desse sujeito no mundo da escrita, mesmo que indiretamente. Em suma,
entenderemos nesta tese que um sujeito letrado é aquele que participa de eventos de
letramento e não apenas aquele que faz uso formal da escrita.
Já a fala e a escrita, aqui entendidas como modalidades de uso da língua, são assim
definidas. A fala, que se situa no plano da oralidade, refere-se a "uma forma de
produção textual-discursiva" com finalidade comunicativa na modalidade oral, apenas
fazendo uso do aparato disponível pelo próprio ser humano. Sua característica essencial
é o uso da língua "na sua forma de sons sistematicamente articulados e significativos",
além dos aspectos prosódicos e recursos expressivos, tais como a gestualidade, os
movimentos do corpo e a mímica (MARCUSCHI, 2001a, p. 26). E, finalmente, a
escrita, que se situa no plano do letramento, refere-se a "um modo de produção textual-
discursiva para fins comunicativos com certas especificidades materiais e se caracteriza
por sua constituição gráfica", por meio do alfabeto, apesar de também envolver recursos
de outra ordem (MARCUSCHI, 2001a, p. 26). Como já mencionamos, trata-se de uma
modalidade de uso complementar à fala.
A proposta feita por Marcuschi (2001a), como já dito, não é suficiente para análise de
nosso corpus, uma vez que, além da limitação já discutida, o autor não deixa explícito
qual o papel do letramento na análise das semelhanças/diferenças entre oralidade-
escrita. Assim em 2001b, com base nas críticas de Street (1993) ao contínuo tipológico,
Marcuschi apresenta uma nova visão desse contínuo.
11
Magalhães (1994) estabelece uma escala de assinaturas em cinco níveis, sendo a assinatura imperfeita
ou rudimentar de nível 2. No Capítulo 3, este assunto será novamente abordado.
40
A análise de Street (1993, 1995) tem por base trabalhos etnográficos que estudam o uso
da escrita na sociedade, e, ele, especificamente, quer discutir as relações de poder ali
existentes. Com isso contrapõe o modelo autônomo, que acredita na supremacia da
escrita, ao modelo ideológico de letramento, segundo o qual a escrita assume
significados específicos para um grupo, conforme o contexto e a instituição em que ela
foi adquirida. Para essa contraposição, o autor também se utiliza da discussão
estabelecida por Besnier
12
(apud STREET, 1993), de acordo com quem é inadequado
dizer que as atividades de oralidade e escrita estejam enfileiradas ao longo de um
contínuo, porque diferem de forma complexa e multidimensional seja em uma
comunidade, seja de uma comunidade para outra. Isso ocorre porque o valor dado ao
letramento varia conforme o contexto social em que está inserido, daí ele sugerir que
existem múltiplos letramentos. Street (1993) não ignora que existam diferenças típicas
entre a escrita e a oralidade, mas, segundo ele, na discussão sobre essa relação é preciso
introduzir as noções de "eventos de letramento" - atividades nas quais estão envolvidos
textos escritos, seja para serem lidos seja para se falar sobre eles - "práticas de
letramento" - modos culturais estabelecidos a partir da utilização do letramento - e
"práticas comunicativas" - atividades sociais por meio das quais a linguagem ou a
comunicação é produzida - (MARCUSCHI, 2001b, p. 37-38).
A análise de Street (1993, 1995) é interessante à nossa pesquisa porque (i) sugere
analisar a relação escrita-oralidade pelo viés do letramento ou letramentos; (ii) os
diferentes usos sociais da escrita são delimitados ou realçados culturalmente nas
diferentes sociedades
13
. No entanto, ao contrário do autor, não vamos abandonar a idéia
do contínuo que há nessa relação e tampouco vamos questionar as relações de poder
pressupostas pelo uso da escrita, embora, conforme será discutido no Capítulo 3,
reconheçamos que aquele que a "dominava" gozava de um certo prestígio na incipiente
sociedade mineira.
A partir dessas questões, Marcuschi (2001b) propõe que o contínuo não seja entendido
como uma continuidade ou linearidade de características semelhantes ou diferentes de
ambas as práticas sociais. Este deve ser visto como uma relação gradual em que uma
série de elementos se interpenetram, "seja em termos de função social, potencial
cognitivo, práticas comunicativas, contextos sociais, nível de organização, seleção de
formas, estilos, estratégias de formulação, aspectos constitutivos, formas de
manifestação e assim por diante." (2001b, p. 35-36). Na análise desse contínuo gradual
da oralidade-escrita, propõe o autor que sejam consideradas a relação de gêneros
12
BESNIER, N.' The linguistic relationship of spoken and written Nukulaelae registers', Language, no.
64, p. 707-736.
13
No Capítulo 3 esse assunto será amplamente discutido.
41
textuais, modalidades lingüísticas e práticas comunicativas no contexto dos eventos e
no contexto das práticas de letramento socialmente situadas (MARCUSHI, 2001b).
Esta será, portanto, a postura que adotaremos para analisar as diferenças e semelhanças
entre escrita-oralidade nos inquéritos, acrescida da análise do grau de letramento dos
atores sociais envolvidos na produção dos processos.
Para análise da relação entre escrita-oralidade manifesta nos inquéritos judiciais,
produzidos em Minas Gerais na primeira metade do século XVIII, objetos de pesquisa
desta tese, vamos caracterizar os eventos e práticas de letramento na incipiente
sociedade mineira (Capítulo 3) para que, juntamente com dados sócio-históricos de
escrivães e testemunhas (Capítulo 2) possamos propor níveis de letramento desses
atores. Uma vez feito isso, vamos relacionar esse nível de letramento com a produção
dos inquéritos civis e eclesiásticos, para tanto o gênero será analisado quanto à sua
constituição sócio-histórica, estruturação interna (Capítulo 4) e modalidade lingüística,
especificamente, concordância verbal e, nominal; (Capítulo 3); finalmente, no Capítulo
5, verificaremos a existência de combinações de unidades lexicais restritas como
indício de uma prática social interativa nas Vilas do Ouro.
1.3 A RELAÇÃO ESCRITA-ORALIDADE EM PESQUISAS DIACRÔNICAS
O trabalho diacrônico tem como fonte única de pesquisa a língua escrita manifesta no
período sob análise, ao contrário da sincrônica contemporânea, que conta com o
respaldo do falante para confirmar ou não a hipótese do pesquisador. Assim, grande
parte dos diacronistas estudam fenômenos do sistema lingüístico da época à qual
pertencem os documentos que lhe servem como corpus, sem especificar, diretamente,
se se trata de uma estrutura típica da escrita ou da oralidade do período analisado, mas
do sistema lingüístico. É o que constatamos nas pesquisas (para citarmos apenas
algumas delas) de Bianchet (1996) que analisou a oscilação entre os modos indicativo e
subjuntivo em orações completivas objetivas diretas em dados escritos do português
contemporâneos e em dados do latim. Dias (2002) analisou a variação do rótulo
categorial do 'Particípio Passado' (PP) nas funções predicativas (predicativo do sujeito e
predicativo do objeto direto) e adnominal em dados de língua portuguesa escrita dos
séculos XX, XIX e XVIII. Leal (2005) pesquisou, em dados de língua escrita, a variação
do complemento [de+infinitivo]~[Ø+infinitivo] em cinco períodos da língua
portuguesa, português arcaico, português clássico, português setecentista, português
oitocentista e português moderno contemporâneo. Duchowny (2007), após editar obra
42
De Magia (Ms. Laud Or. 282), analisou características do português arcaico aljamiado
através da compreensão dos grafemas bet, vet e vav como equivalentes ao <b> e <v> do
português arcaico não aljamiado.
Há também pesquisas diacrônicas que comparam dados de oralidade contemporânea
com dados de língua escrita pretérita. Para ficarmos em apenas algumas delas, citamos
Penna (1998) que investigou, em dados do português contemporâneo, oralidade
(entrevistas, aulas de culinária, debates) e escrita (textos da escritora mineira Adélia
Prado), o emprego do terceiro pronome tônico como objeto direto, o ele-acusativo.
Numa volta ao passado, através de documentação notarial do português arcaico, a
autora constatou, nesse período da língua, a existência desse fenômeno. Isso mostrou,
dentre outras questões, que o uso atual do ele-acusativo possui origem antiga, sendo
uma continuidade de uma estrutura pretérita. Mendes (2000), que comparou dados do
português oral contemporâneo (entrevistas sociolingüísticas) com dados de língua
escrita pretérita (cartas de sesmaria e registros de batismos), verificou que a ausência de
artigo definido antes de nomes próprios é uma estrutura que remonta a um estágio
pretérito da língua portuguesa. Alkmim (2001) pesquisou negativas sentenciais no
dialeto mineiro, em dados de língua oral (entrevistas sociolingüísticas) e de
documentos representativos dos séculos XIX e 1ª metade do XX (peças de teatro de
autores mineiros.). A autora constatou que a variação entre as construções [Não V] e
[Não V Não] constitui uma mudança lingüística, que foi confirmada em análise no
tempo real. Com relação à origem da construção [Não V Não], verificou-se que o
segundo não era um item que não fazia parte da oração. Posteriormente, foi
gramaticalizado, perdendo na fala, a pausa; e na escrita, a vírgula.
Outras pesquisas, no entanto, buscam, através de textos escritos numa fase pretérita da
língua, dados de oralidade manifestos em tais textos. Ou conforme Österreicher (1996),
buscam
evidências de oralidade, porque na escrita, por definição, nunca encontramos o
oral em estado autêntico (e vice-versa, acrescentamos). A presente tese também possui
este objetivo: analisar a relação escrita-oralidade em manuscritos do século XVIII,
identificando combinações lexicais restritas como indiciativas de oralidade ou prática
social interativa nas Vilas do Ouro. A nossa hipótese é de que tais combinações sejam
uma inovação lexical, porque é nesse tipo de prática, a oralidade, que, segundo Labov
(1975), aparecem inovações na estrutura da língua, e apenas depois de um dado
43
período serão ou não utilizadas por um grupo maior de falantes/leitores. No caso desta
pesquisa, acredita-se que as condições de produção textual, grau de letramento do
escrivão, características do próprio gênero e fatores sócio-históricos permitiram o
registro gráfico das combinações lexicais restritas sob análise.
A seguir, apresentaremos algumas pesquisas que também tiveram esse intento,
apontando em que aspectos elas se distanciam ou se aproximam da análise que
propomos para o tratamento da manifestação ou dos vestígios de oralidade. Österreicher
(1994, 1996, 1997 e 1998) reconhece que a escrita e a oralidade não podem ser analisadas
dicotomicamente, ou seja, de forma polarizada. Para ele a única dicotomia que há entre essas
modalidades é quanto ao meio de comunicação :
o enunciado ou é fônico ou é gráfico. No
que diz respeito ao modo de concepção ou verbalização do enunciado, tem-se uma
gradação ou um contínuo limitado por dois extremos: imediatez comunicativa
(oralidade) x distância comunicativa (escrita). A partir disso, estabelece tipologias de
fontes textuais nas quais dados de imediatez comunicativa podem ser encontrados:
textos produzidos por semi-alfabetizados; textos de falantes bilíngües em situações nas
quais uma língua domina a outra; textos cuja intenção do autor é se aproximar do nível
intelectual de seus leitores, entre outros.
A partir disso, o autor analisa a Crónica de la Conquista del Perú, datada do século
XVI e escrita por um autor (soldado) semi-alfabetizado, e localiza itens léxicos que
não foram identificados em textos coevos à Crónica ou em dicionários históricos.
Segundo ele, isso se deve porque tais itens possuíam uma marca diastrática muito forte
e somente eram utilizados na oralidade, e se eles se manifestaram nesse texto é porque
o autor ainda não possuía as técnicas da escrita, para "filtrar" tais itens.
A linha de raciocínio de Österreicher muito se aproxima daquela que vamos seguir
nesta pesquisa. Duas são as diferenças entre a proposta desse autor e a nossa:
primeiramente, na sua visão de contínuo tipológico os textos (ou gêneros) apenas se
encontram dispostos um ao lado do outro e se aproximam ou distanciam de um dos
eixos; na nossa análise, o distanciamento ou a proximidade de um dos pontos de
referência ocorrem em função de características próprias do gênero (concepção
discursiva e meio de produção), aliada a outras questões que estão imbricadas nessa
relação, especificamente o grau de letramento dos envolvidos com a produção escrita.
44
Outra diferença que há é o fato de não considerarmos a prática da escrita isolada da sociedade,
uma vez que tratar o agente da escrita como semi-alfabetizado é caracterizá-lo individualmente
(SOARES, 2003b). Ao lidarmos com o conceito de letramento, as práticas de leitura e escrita
são analisadas na sociedade na qual o escrivão está inserido, e, a partir disso, estabelecemos
graus de letramento; ou seja, o escrivão pode ser letrado ou alfabetizado e possuir um grau
regular de letramento, com uma prática de escrita corriqueira, mas uma baixa prática de leitura.
Isso, conforme veremos no Capítulo 3, pode interferir na produção textual.
Pessoa (1997, 2001) estabelece um corpus a partir de anúncios de jornais que
circulavam em Recife na primeira metade do século XIX, com objetivo de identificar
traços de concepção discursiva oral em estruturas lingüísticas: léxico, morfologia,
sintaxe. O autor baseia-se no modelo proposto por Koch & Österreicher sobre meio
sonoro/gráfico e concepção discursiva oral/escrita e na teoria das passagens de
Schlieben-Lange
14
(apud PESSOA, 2001), e propõe duas perspectivas:
(i) um texto concepcionalmente escrito pode ser realizado pelo meio sonoro,
seja o caso de uma leitura em voz alta; ou um texto concepcionalmente oral pode ser
realizado pelo meio gráfico, seja o caso de uma transcrição. Nessas situações, segundo
Pessoa, tais passagens afetam apenas o meio, a concepção original é preservada. De
outra forma,
(ii) há passagens que afetam a concepção, como é o caso de um texto
concepcionalmente oral que é transformado em escrito; ou um texto realizado pelo meio
gráfico, para parecer um texto oral, como os diálogos de textos narrativos. Este
processo, como "não se concretiza plenamente, gerando um texto a meio caminho entre
o oral e o escrito", é o que vai interessar Pessoa na análise dos textos jornalísticos.
Primeiramente, não concordamos com a análise feita em (i), segundo a qual a
concepção é preservada, pois a questão não nos parece ser tão trivial assim. Nesse
processo da transcrição, segundo Marcuschi (2001 a), um texto oral transcrito "perde
seu caráter originário e pessoal e passa por uma neutralização devido à
transcodificação", contudo, adverte o autor, "é necessário considerar que há uma
atividade onipresente na atividade de transcrição, que é a compreensão", pois "sempre
14
SCHLIEBEN-LANGE, B. La construction des champs déictiques dans lá sémioralité. In: DEYCK,
R.Van. (éd.) Diachronie et variation linguistique. La deixis temporelle, spatiale et personelle.
Communication et Cognition. p. 115-128, 1995.
45
transcrevemos uma dada compreensão que temos do texto oral." (2001, p. 51). Ou seja,
mesmo que a neutralização ocorra em função da alteração do código ou do meio, de
alguma forma a concepção original sofrerá algum tipo de interferência por parte do
outro, já que não existe uma transcrição “neutra”ou "pura" (2001, p. 53).
A perspectiva (ii) o escasso grau de letramento dos vários indivíduos a quem era dada
"a oportunidade de escreverem a sua palavra" levou o autor a reunir anúncios de jornais
do século XIX escritos em Recife. A análise proposta por Pessoa apresenta uma série
de fenômenos que, em sua opinião, seriam típicas de oralidade. No entanto, ao fazer
isso, o autor desconsidera o contínuo tipológico, no qual se baseia, e retoma a
dicotomia polarizada entre oralidade e escrita. Se o objetivo do autor era pontuar
características lingüísticas da oralidade nos anúncios de jornal, era necessário,
conforme Marcuschi (2001a), confrontar textos de outros gêneros que também fossem
de concepção mesclada.
Uma outra pesquisa diacrônica que discute a relação escrita-oralidade em manuscritos é
a de Barbosa (1999). Este autor, com base em Biber (1988, 1995), propõe contrastar
tipos de texto pela distribuição sintática das formas gerúndio e infinitivo gerundivo em
três macro-categorias de manuscritos não-literários do Brasil Colônia de fins do século
XVIII: de um lado, textos de circulação oficial, produzidos em função da administração
pública, e de outro, textos de circulação particular, produzidos pela administração ou
interesse privados ou por instituições não governamentais. O contexto geral dos
documentos que formam os corpora de sua pesquisa, focalizados em características da
situação comunicativa entre remetente e o destinatário dos papéis, funciona como
ponto de partida
_
uma dimensão externa à escrita
_
para a correlação entre 1) "marcas
textuais ligadas à literacidade do português clássico, a etimologização da grafia versus
índices de oralidade, e 2) uma marca lingüística, que vem a ser a distribuição da forma
nominal gerúndio." (BARBOSA, 1999, p. 89).
Esse trabalho também lida com fontes primárias tal como o fazemos em nossa pesquisa.
Entretanto, a relação escrita-oralidade é tratada de modo diverso: Barbosa elegeu um
fenômeno lingüístico como típico da oralidade do período dos manuscritos, paralelo à
etimologização da escrita versus índices de oralidade a fim de estabelecer uma
tipologia textual. Em nossa pesquisa, fizemos um movimento ao contrário,
46
privilegiamos um gênero textual de dupla concepção discursiva, associado ao grau de
letramento daqueles que o produziram e a outros fatores, para, a partir desses textos,
analisar combinações lexicais restritas como índice de oralidade, conforme será
discutido no Capítulo 5. Por uma questão metodológica, este dado lingüístico foi
"descoberto" no corpus de nossa pesquisa; ao contrário de Barbosa, não sabíamos de
antemão que fenômeno estudar.
Marquilhas (2000) analisa depoimentos prestados e assinados perante os tribunais do
Santo Ofício da inquisição portuguesa do século XVII. Esses documentos foram
escritos por "mãos inábeis"
15
, ou seja, pessoas com baixo nível de alfabetização, e elas,
segundo a autora, na ânsia de tornarem a ortografia mais coerente, deixaram registradas:
(...) inovações fonéticas com repercussões fonológicas como a geral elevação
do vocalismo átono pretónico, a paragoge atlântico-setentrional de schwa, a
simplificação centro-meridional da africada palatal surda, a palatização, no
mesmo domínio dialectal, de /s/ implosivo, a monotongação meridional de /ej/,
a centralização do mesmo ditongo na região de Lisboa e a admissão meridional
de /i/ paragógico
. (MARQUILHAS, 2000, p. 311)
Em nenhum momento a autora discute a relação oralidade-escrita do ponto de vista do
contínuo tipológico; na verdade, essa questão nem se coloca. Seu ponto de partida, para
verificar as variedades dialetais faladas pelos "mãos inábeis" e que foram "captadas"
pela escrita, foram os aspectos paleográficos da escrita que indicam um baixo nível de
alfabetização e a psicogênese dos textos escritos por crianças na fase inicial da
alfabetização. No início de nossa pesquisa, acreditávamos que os escrivães dos
inquéritos civis, que compõem nosso corpus, também seriam "mãos inábeis";
entretanto, com o decorrer do trabalho da transcrição, essa crença foi perdendo força.
Interessa-nos averiguar o nível de letramento dos atores sociais que contribuíram para a
construção dos inquéritos, especificamente os escrivães e as testemunhas. Subjaz a esse
interesse a idéia de que o nível de letramento do indivíduo contribui para o maior ou
menor policiamento de inserção de formas do oral na sua escrita (KATO, 1993). Por
isso, optamos por analisar a relação escrita-oralidade pelo viés do letramento, ou das
práticas da escrita e leitura.
Finalmente, apresentamos o trabalho proposto por Rolf Eberenz (2003) En busca de la
palabra viva en las actas de la inquisición. Nessa pesquisa, o autor destaca quais são as
15
Tradução dada pela autora para <<scripteurs maladroits>> de Blanche-Benveniste, 1994.
47
partes constitutivas dos expedientes inquisitoriais, elegendo, como interessantes para
análise de indícios de oralidade, aquela que contém os relatos das testemunhas e alguns
diálogos entre o acusado e a testemunha. Segundo ele, é possível, nesta parte,
estabelecer três níveis de análise: (i) a pragmática, pela interação entre os
interlocutores dos diálogos; (ii) a estrutura discursiva interna de cada intervenção e (iii)
a morfossintaxe e o léxico “supostamente coloquiais".
Em nossa pesquisa, conforme mencionamos neste Capítulo e voltaremos a discutir
sobre isso no Capítulo 4, os processos judiciais dividem-se em 10 partes, e a que
contém os relatos das testemunhas é a mais interessante à nossa pesquisa. No entanto,
conforme será visto no Capítulo 3, aquelas mais recheadas de fórmulas podem
apresentar estratégias da oralidade, ou uso de uma estrutura lingüística - concordância
variável - , que pode ou não ser uma opção por parte do enunciador. Eberenz também
sugere que a parte dos testemunhos seja a mais interessante para esse tipo de pesquisa,
porque possui um discurso mais direto, daí a possibilidade de serem encontradas marcas
de oralidades. No entanto, diferentemente de nosso trabalho, o autor não lida com o
letramento ou mesmo alfabetismo dos envolvidos na produção do relato. Além disso,
embora reconheça os trabalhos de Wulf Österreicher (sobre os quais já falamos nesta
seção), não discute a relação escrita-oralidade disposta num contínuo tipológico, nem
mesmo reconhece que as atas da inquisição, assim como os inquéritos judiciais da
presente pesquisa, possuem uma dupla concepção discursiva, o que justifica a
importância da parte dos depoimentos para uma pesquisa de vestígios de oralidade.
Conforme procuramos deixar claro neste Capítulo, não atribuímos superioridade à
oralidade ou à escrita, nem postulamos que essas práticas sejam vistas de forma
dicotômica e estanque. Não obstante, reconhecemos que cada uma delas possui
características próprias. Consideramos que a oralidade, por atestar variações
individuais, regionais e sociais, e, em geral, pautar-se por algum desvio da norma
padrão, é um fator de identidade social e regional, o que pode facilmente levar à
estigmatização do indivíduo. Já a escrita, pelo fato de ser geralmente pautada pelo
padrão da língua, oferece uma menor possibilidade para essa estigmatização
(MARCUSHI, 2001a). A análise de combinações lexicais restritas nos inquéritos
judiciais das Minas Setecentistas está relacionada a essa característica peculiar da
48
oralidade. Isto é, vamos defender nesta pesquisa que tais combinações ou são de uso
mais restrito à oralidade ou são uma inovação lexical, porque é nesse tipo de prática,
que, segundo Labov (1975), aparecem inovações na estrutura da língua, e apenas
depois de um dado período serão ou não utilizadas por um grupo maior de
falantes/leitores; no Capítulo 5, vamos discutir mais profundamente esse assunto.
A seguir, faremos uma síntese histórica da formação e composição da incipiente
sociedade mineira, com destaque para o grande afluxo de portugueses às Vilas do Ouro:
Vila Rica e Vila de Sabará. Para além disso, vamos discutir de que forma se dava a
investidura nos cargos da Justiça, em especial de tabeliães ou escrivães. Os dados sócio-
históricos acerca dos escrivães e testemunhas, que também serão discutidos nesta parte
da tese, servirão como base para propormos níveis de letramento desses atores sociais,
e, a partir disso, termos condições de relacionar tais níveis com a produção dos
inquéritos judiciais, para, então, analisarmos as combinações de unidades lexicais.
49
2
AS
VILAS
DO
OURO
: VILA RICA E VILA REAL DO
SABARÁ
A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras
e a meterem-se por caminhos tão ásperos como são os das minas,
que dificultosamente se poderá dar conta do número das pessoas que
atualmente lá estão..
André João Antonil
2.1 INTRODUÇÃO
Não existe história sem problemas, e eles devem ser analisados à luz da própria época
que os criou, daí dizer que "a História é filha de seu tempo" (BLOCH, 2002). Esse é,
na verdade, o motivo que nos levou a dedicar, neste Capítulo 2, a um esboço da história
da fundação das Vilas do Ouro - Vila Rica e Vila Real de Sabará - e da formação da
sociedade que lhes deu anima. Entendemos que, para estudar o assunto a que nos
propusemos, qual seja a análise, em inquéritos judiciais produzidos por tabeliães na
primeira metade do século XVIII, de combinações de unidades lexicais restritas, como
índice de oralidade ou prática social interativa em Minas Colônia, seria necessário
comprendermos em que contexto histórico todos os relatos de testemunhas foram
engendrados.
Para isso, vamos discutir a descoberta das terras do ouro pelos bandeirantes, a ocupação
das Vilas, dando ênfase à grande emigração que a região sofreu, principalmente de
portugueses, e à formação "hierárquica" da sociedade mineira. Finalmente, vamos
analisar a administração pública no que tange à ocupação dos ofícios, especificamente
de juízes ordinários e tabeliães/escrivães do judiciário.
2.2 A DESCOBERTA DO OURO
Várias expedições ou bandeiras, seduzidas pela convicção de que o Brasil deveria ter
minas de metais e pedras preciosas, deixaram inicialmente a Capitania de Porto Seguro,
a partir da segunda metade do século XVI, em direção às terras do que hoje
chamamos Minas Gerais (BOTELHO, 2003). Dentre todas as bandeiras, a de 1674,
chefiada por Fernão Dias Paes, o Governador das Esmeraldas, teve maior
importância.
50
Essa expedição foi a responsável pela expansão dos sertões brasileiros, pela abertura do
território mineiro à exploração, além de ter contribuído para os achados auríferos, "dos
quais, provavelmente, participaram alguns dos seus integrantes." (BOTELHO, 2003, p.
46). Fernão Dias, em julho de 1674, partiu de São Paulo para o interior em busca de
esmeraldas, percorrendo todo o sertão por mais de sete anos. Seguiu o caminho trilhado
por André de Leão em 1601 e foi até as cabeceiras do Rio das Velhas. Mas,
diferentemente deste, o Governador das Esmeraldas fixou-se por longos períodos em :
Vituruna, Paraopeba, Sumidouro do Rio das Velhas, Roça Grande,
Tucambira, Itamerendiba, Esmeraldas, Mato das Pedrarias e Serra Fria (...)
fixando assim definitivamente as escalas da rota, beneficiando-a para as
bandeiras posteriores e, afinal, iniciando o povoamento da região
devassada.
(MAGALHÃES, 1978, p. 83)
Por volta de 1682, Manuel de Borba Gato, genro de Fernão Dias, como estava
implicado em assassinato, ficou refugiado por algum tempo. Pouco depois, seguiu em
direção à região do rio das Velhas, na então Sabarabuçu, e descobriu ouro de aluvião
em grande quantidade (BOXER, 2000
16
). Manteve-se em segredo esse achado, mas não
demorou muito para que a notícia fosse divulgada, mesmo que de forma parcial.
Existem controvérsias quanto à origem dos descobridores do ouro dessa região; há
autores que creditam esse achado a alguns aventureiros, vindos da Bahia através dos
rios São Francisco e das Velhas, mas, para uma maioria, o crédito deve ser feito a
bandeirantes paulistas (BOXER, 2000). Seja como for, mesmo aqueles que não
atribuem a Borba Gato a responsabilidade pela descoberta, acreditam que ele tenha
colocado "ordem nos povoados que mais tarde formariam a famosa Vila Real do
Sabará" (LIMA JÚNIOR, 1962, p. 83).
Em 1693, Antônio Rodrigues Arzão, outro bandeirante, partiu de Taubaté, embrenhou-
se pelos sertões do Casca e direcionou-se para o Espírito Santo, levando algumas
amostras de ouro de um matiz mais escuro, encontradas no Ribeirão Tripuí. Ao retornar
a São Paulo, instruiu seu cunhado, Bartolomeu Bueno, a buscar o metal nos sertões
(BOTELHO, 2003). Assim, nos anos posteriores, várias foram as expedições em busca
desse ouro. Em 1697, o coronel Salvador Furtado Mendonça descobriu o ribeirão do
Carmo, "onde erigiu as primeiras cabanas do arraial ao longo da praia" e "no ouro das
bateias fervilhavam granitos côr de aço." (VASCONCELOS, 1948, p. 182). Em junho
16
Tradução de Nair Lacerda. 3ª. ed. RJ: Nova Fronteira, 2000.
51
de 1698, Antônio Dias avistou o Itacolomi: "Estava descoberto o Ouro Prêto."
(VASCONCELOS, 1948, p. 187). Entretanto, há quem afirme que tal descoberta tenha
se efetivado em 1699, com o bandeirante Padre João de Faria.
A partir daí, "O rush de aventureiros, saídos de São Paulo, de Pernambuco, da Bahia,
do Rio e de além-mar, intensificou-se então assombrosamente." (MAGALHÃES,
1978, p. 136). Com a descoberta do ouro pelos bandeirantes, vários homens de
Portugal _ procedentes, pela maior parte, do Arcebispado de Braga (Minho e Trás-os
Montes), dos Bispados do Porto, de Coimbra e de Lamego (Douro e as Beiras) e, em
alguns casos, do Arcebispado de Lisboa e dos Bispados de Angra (Açores) e de Évora
(Alentejo) (CARRATO, 1968)_ e do restante da América portuguesa se instalaram nos
sertões auríferos em busca de um enriquecimento rápido. Ou seja, era "inevitável que
os paulistas não pudessem permanecer isentos de desafios, na posse das jazidas, e um
enxame de aventureiros e desempregados de todos os recantos da Colônia convergiu
para a região." (BOXER, 2000, p. 65). Com a riqueza do ouro e a posição que
desfrutavam, os paulistas, na visão de Carrato (1968), "tornaram-se arrogantes" e:
como vivião abastados de Indios, que tinhão trazido do Sertão e de
grande número de escravos, que com o ouro tinhão comprado, se
fizerão notavelmente poderosos, chegando alguns a tanta soberania, que
fallando com os forasteiros os tratavão por vós, como se fossem escravos.
(1968, p. 3)
Sabe-se que a convivência entre os descobridores e os "forasteiros" não foi pacífica, e,
como disputavam a posse da região, houve hostilizações de ambas as partes. Com isso,
pequenos incidentes serviram de pretexto para a Guerra dos Emboabas
17
, que se
estendeu de 1707 a 1709 (ROMEIRO, 2003). Com o fim do conflito, os paulistas
perderam o controle político da região e foram praticamente expulsos do paraíso
aurífero pelo líder dos forasteiros, Manuel Nunes Viana; com isso partiram para outras
descobertas (CARRATO, 1968; BOXER, 2000; ROMEIRO, 2003). Mais tarde, porém,
o então Governador Antônio de Albuquerque tentou estabelecer uma convivência mais
pacífica entre os paulistas remascentes e os emboabas mais cordatos (CARRATO,
1968).
17
Nome de origem tupi _ Mbuãb _ que quer dizer aves que têm penas até os pés. "Como os reinóis
usavam calças ou polainas que lhes cobriam o peito dos pés, ao contrário dos paulistas que andavam
descalços, estes lançaram mão da palavra emboaba para associá-los, de forma pejorativa, a pinto
calçudo.", (ROMEIRO, 2003, p. 152).
52
2.2.1 A criação das primeiras vilas
A região das Minas, antes desse episódio da guerra, pertencia à capitania da qual
também faziam parte São Paulo e Rio de Janeiro, cabendo a esse último atuar como o
centro administrativo. A estrutura político-administrativa dessa região era bastante
modesta e dominada pelos paulistas
18
. Com o fim dos embates entre os dois grupos,
criou-se a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro que, inicialmente, foi dividida em
três comarcas. Além disso, ficou estabelecida a criação de vilas dos núcleos
mineradores que possuíam um grande número de população. Com essa medida, a Coroa
portuguesa conseguiria garantir a arrecadação dos quintos e manter o controle político
sobre a região (ROMEIRO, 2003). O Governador da Capitania, Antônio Albuquerque
Coelho de Carvalho, depois de examinar diversos arraiais, erigiu as três primeiras vilas
(PAULA, 1965):
a) Vila Real de Nossa Senhora do Carmo de Albuquerque, nome alterado, por ordem
do rei, para Leal Vila do Ribeirão do Carmo: criada em 08 de abril de 1711, sendo
instalada em 05 de julho.
19
b) Vila Rica de Albuquerque, nome que também sofreu alteração para Vila Rica;
criada em 08 de julho de 1711.
Praça deVila Rica - século XVIII - Desenho de J.F. de Almeida Prado
20
Entre montanhas de imensa altura e delas rodeada em forma que a vista se não
pode estender por quebrada alguma, se levantou esta Vila e suposto que
abatida pela profundidade em que está situada a maior parte dela, é mais
soberba e opulenta que todas, assim pela freqüência dos comerciantes, como
pela finança das suas minas, mormente da inacessível serra desta
tapanhuacanga, em cujas fraldas se encontra e descansa, a qual serra é um
Potosi de ouro. Mas por falta de águas no verão não enriquece a todos os que
18
Nome dado aos indivíduos vindos do Planalto de Piratininga e de Taubaté, conforme Romeiro (2003).
19
Conforme explicado na Introdução desta pesquisa, esta Vila e a Comarca do Rio das Mortes não fazem
parte do universo de nossa pesquisa; por isso, não apresentamos quaisquer comentários acerca delas.
20
In: < www.descubraminas.com.br/destinosturisticos> acesso em 14/04/2006.
53
nela mineram, suposto que os remedeia. E esta Vila falta de tudo o que
depende de agricultura, assim, que todo o mantimento lhe vem dos já ditos
campos, por distância de três, quatro, cinco léguas.
(LIMA JR., 1965, p. 226)
c) Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará; criada em 17 de julho de 1711.
Planta da Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, século XVIII. Extraído da obra "Em
torno da História de Sabará", de Zoroastro Vianna Passos.
21
No princípio desta Vila, pela parte que olha para o Sul, corre o Rio das Velhas
a lavar-lhes as margens; e a este rende vassalagem o Rio do Sabará, que
saindo-lhe aqui ao segundo, só se despoja do seu nome com o tributo de suas
águas (rodeando este a Vila pelas bandas de Leste e do Norte). Correm ambos
turvos, porque atualmente neles se minera; mas raras vezes saem os mineiros
lucrados, porque não correspondem os haveres ao ordinário dispêndio, sendo
assim que as terras desta Comarca são abundantíssimas de todos os frutos, os
quais nelas se compram por menos da metade que nas Minas Gerais. A Vila
está situada em território aprazível e os moradores se tratam com muito
luzimento e porque tem em suas fazendas amenos pastos, conservam com
pouca despesa muita cavalaria. A esta Vila, vem parar todas as carregações
que saem da Bahia e Pernambuco, pela estrada dos Currais, Rio de São
Francico e nela, antes que em outra parte, entram os gados (comuns sustento
destas Minas e quase reputado como o mesmo pão). Essa Vila está em altura
de 19 graus e 52 minutos."
(LIMA JR., 1965, p. 227)
Em 1714, esse mesmo governador providenciou a criação das comarcas, com a
definição de seus respectivos termos (FEU DE CARVALHO, 1917):
i) Rio das Velhas _ Vila Real de Sabará. Esta era composta pelas seguintes freguesias:
Nossa Senhora da Conceição da Barra do Sabará; Santo Antônio da Roça Grande;
Raposos; Congonhas; Santo Antônio do Rio Acima; Rio das Pedras; Curral Del-Rei; e
pelos seguintes arraiais: Pompeu; Lapa; Minhocas; Arraial Velho; São Sebastião dos
Macacos; Santa Rita do Rio Acima; São Vicente; Abóboras; Paraopeba. (LIMA JR,
1962).
21
In: www.fafich.ufmg.br/~berima/l..html
54
ii) Rio das Mortes _ São João del Rey;
iii) Vila Rica _ esta, segundo Lima Júnior (1962), era composta pelas seguintes
freguesias: Morro do Ramos; Antônio Dias de Ouro Preto; Morro de Antônio Dias;
Padre Faria; Tacoaral; Itatiaia; Congonhas (do Campo); Itaberaba; Carijós (antiga
Queluz, atual Conselheiro Lafaiete); Ouro Branco; Santo Antonio da Casa Branca;
Cachoeira do Campo; São Bartolomeu e Itaubira (atual Itabirito).
Com a criação das vilas, a "Coroa institucionalizou um espaço para a atuação das elites
locais e a condução dos interesses que representavam, com os camaristas eleitos para
um mandato trienal" (ROMEIRO, 2003, p. 14), além de institucionalizar a rotatividade
dos eleitos.
2.3 A OCUPAÇÃO E O POVOAMENTO DAS VILAS DO OURO
As condições geográficas e a forma de recolhimento das riquezas minerais regularam a
ocupação e o povoamento em Minas Gerais (COSTA, 1979). A primeira fase da
exploração foi caracterizada pelo ouro de aluvião e se deu, inicialmente, nos córregos
e, posteriormente, nos rios. Entretanto, nesse tipo de atividade era muito comum o
abandono de uma área em detrimento de outra que apresentasse maiores perspectivas de
ganho. Em função disso, o explorador era nômade e, conseqüentemente, a população
apresentava-se mais dispersa (COSTA,1979).
À medida que o ouro de aluvião se escasseava, os mineradores, que até então
exploravam o leito dos rios, passaram a procurá-lo nas margens. Embora essa atividade
fosse mais complexa que a anterior, ela ainda não permitia a fixação do mineiro, que
vivia em acampamentos, que eram abandonados tão logo fosse necessário (COSTA,
1979). Pode-se dizer que, até esse momento, a população era móvel e inconstante, as
vilas não passavam de pequenos grupos de barracas de mineiros e "não havia
praticamente nenhuma autoridade governamental." (SCHWARTZ & LOCKHART,
2002, p.429). Apenas a partir de 1720, como o ouro passou a ser explorado nas
montanhas, os homens passaram a radicar-se à terra e com isso grande parte da
população das Minas já não era nômade : "organizava-se a sociedade e a justiça civil
começava a firmar-se." (COSTA, 1979, p. 10).
55
Tal como mencionamos anteriormente, a exploração do ouro movimentou um grande
afluxo de homens: colonos de toda a América portuguesa e, principalmente, os reinóis
vindos de Portugal, especificamente do Norte. Nessa corrente migratória mesclavam-se
homens de todas as raças e de diferentes condições sociais, conforme registra a
antológica citação do jesuíta Antonil (1997, p. 167):
Cada ano, vêm nas frotas quantidade de portugueses e de estrangeiros, para
passarem às minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil, vão
brancos, pardos e pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem. A
mistura é de toda a condição de pessoas: homens e mulheres, moços e
velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos, e religiosos de
diversos institutos, muitos dos quais não têm no Brasil convento nem casa.
Também não faltaram a esse contingente alguns aventureiros ingleses, irlandeses,
holandes e franceses, principalmente nos primeiros anos antes do controle real. Além
disso, "Os judeus e cristãos novos, bandos imensos de ciganos, atiraram-se para as
terras ultramarinas, buscando a fortuna e a redenção na largueza dos sertões infindos,
onde dificilmente chegariam as importunações do Santo Ofício." (LIMA JR. 1965, p.54)
Em Minas houve, na verdade, dois grandes movimentos populacionais : uma imigração
européia voluntária vinda do litoral e especificamente, conforme veremos na próxima
seção, do Norte de Portugal. Mas é preciso considerar que, dentre esses "voluntários",
havia os colonos precedentes das zonas açucareiras do Nordeste e de outras regiões do
Brasil (BOXER, 2000; MARCÍLIO, 2004). "Da Bahia vieram também numerosos
brancos e mestiços, reinóis e nortistas que, com os de S. Paulo formaram as bases
estáveis da primeira etapa do povoamento mineiro." (LIMA JR., 1965, p.122). O
movimento migratório desses colonos foi tão grande que a economia agrícola pré-
existente na América portuguesa chegou a ficar abalada (COSTA, 1981).
O outro movimento populacional está relacionado à imigração forçada vinda do litoral
da África, principalmente de Gana e Nigéria, que compunha a mão-de-obra escrava
(SCHWARTZ & LOCKHART, 2002). No período compreendido entre 1735 e 1760,
cerca de 160 mil escravos teriam entrado na capitania, totalizando uma média anual de
cerca de 6.500 africanos (MARCÍLIO, 2004). Mas a Coroa tentou frear, através de
decretos e determinações, a entrada de escravos e instituiu barreiras para a importação
interna e externa desse tipo de mão-de-obra; no entanto, essas medidas não surtiram o
efeito desejado. A migração indígena na certa deve ter sido muito reduzida uma vez
56
que, dentre as fontes pesquisadas, nenhuma delas apresenta dados numéricos acerca
dessa população.
A corrida aurífera atraiu um grande afluxo de pessoas para a Capitania de Minas. Como
veremos na próxima seção, na primeira metade do século XVIII, foram,
aproximadamente, 175 mil reinóis que se deslocaram para a região e, no período de
1735 a 1760, foram 160 mil escravos. Não dispomos de dados demográficos referentes
à primeira metade do século XVIII de Vila Rica e Sabará, apenas vamos tê-los para o
ano de 1776 (conforme será visto a seguir.). Sabe-se que, no período da descoberta do
ouro, 1697-1698, houve uma grande taxa de óbitos em conseqüência da fome que
assolou a região; além disso, no período seguinte, 1700-1701, vários homens foram
dizimados em função de outra crise de fome severa. Segundo as fontes pesquisadas,
apenas a partir da segunda metade do século XVIII, em função da política mercantilista
do Marquês de Pombal
22
, foi feito um recenseamento na América portuguesa; mas,
como esse período ultrapassa o escopo da presente pesquisa, que vai de 1700 a 1750, as
informações aqui apresentadas servem apenas como parâmetro de análise do período
que nos interessa.
De acordo com o levantamento relativo ao ano de 1776, o índice populacional da
região das Minas era o seguinte:
TABELA 1
População da Província de Minas Geraes
Brancos 70.769 22%
Pardos 82.000 26%
Pretos 167.000 52%
Total 319.769 100%
Fonte: Revista do Archivo Publico Mineiro, 1899, p.294.
Esses dados, porém, não nos permitem visualizar, separadamente, os índices referentes
às duas Vilas sob análise nesta pesquisa. Higgins (1999, p. 48), porém, que se baseou
em diferentes fontes primárias, nos informa que Sabará, no mesmo ano da TAB.1,
apresentava o seguinte quadro populacional:
22
Conforme discutido na Introdução desta pesquisa, o Marquês de Pombal, em 1750, assumiu o poder
em Portugal e instituiu uma série de reformas, e uma delas foi a realização dos primeiros recenseamentos
dos habitantes das cidades e vilas coloniais, (MARCÍLIO, 2004).
57
TABELA 2
População da comarca de Sabará, em 1776
n
o
. de indivíduos livres
ano n
o
. de escravos brancos não-brancos
1776 47.122 47% 14.394 14% 37.878 39%
Total 99.394
Fonte: HIGGINS, K. J. (1999, p. 48)
De acordo com Maxwell (1978, p. 110
23
), nessa época, Sabará, que era uma região de
grandes fazendas de gado e onde havia "alguns ricos filões de ouro", possuía uma
menor proporção de homens brancos e, em contrapartida, um maior número de negros,
o que a qualificava como a "comarca mais densamente povoada da capitania".
Mas, no que se refere à população de Vila Rica para o mesmo ano, não dispomos de
dados. Todavia, é possível imaginarmos o caudaloso número de pessoas que habitavam
essa Vila, principalmente no período em que o ciclo do ouro estava no auge.
Em 1821, foi feito outro recenseamento, desta vez mais abrangente, certamente fruto da
política do Marquês de Pombal, conforme dados a seguir:
TABELA 3
Mappa de População da Provincia de Minas Geraes tirado no anno de 1821
População Livre Escravos
Brancos Mulatos Pretos Mulatos Pretos
Comarcas
H M H M H M H M H M
Total
Ouro Preto 6.645 6.694 9.638 16.660 4.000 5.000 1.672 1.532 15.291 8.441
Total
1
13.339 26.298 9.000 3.204 23.732
75.573
Sabará 11.445 10.609 21.252 21.261 6.376 7.357 .2274 2.518 22.550 13.878
Total
2
22.054 42.513 13.733 4.792 36.428
119.520
Fonte : Revista do Archivo Publico Mineiro, 1899, p.744.
Mesmo que o ano a que se referem os dados da TAB. 3 ultrapasse o escopo da presente
pesquisa, tais informações servem para fazermos algumas análises. Verificamos, a partir
desses dados, que havia uma maior concentração da população livre e escrava em
Sabará, que em Vila Rica. Numa análise superficial, tais dados surpreendem, uma vez
23
Tradução de João Maia. 3a. ed. RJ : Paz e Terra, 1978.
58
que Vila Rica deveria se apresentar mais populosa que Sabará, já que ela foi a mais
importante das Minas e atraiu um grande número de imigrantes, conforme já
mencionamos; além de ter prosperado de tal forma que, em 1721, tornou-se a sede do
governo da Capitania (COSTA, 1979). Entretanto, é preciso lembrar que, durante as
décadas de 1760 e 1770, a produção aurífera entrou em declínio na mesma proporção
em que as jazidas de aluvião se esgotaram, e a conseqüência disso foi um processo,
mesmo que lento, de declínio demográfico e de reassentamento em outras áreas de
atração econômica (MARCÍLIO, 2004; MAXWELL, 1978).
Os mineiros passaram a procurar as poucas áreas de terra fértil na região das
Minas ou dirigiram-se para leste - zona da mata, de terras mais ricas -, para as
áreas de plantio do sul ou demandaram os campos criatórios situados a oeste.
(COSTA, 1979, p. 15)
Além disso, se compararmos a TAB.1 com a TAB.3, pode-se inferir que grande
parcela da população da região das Minas se concentrava, em fins do século XVIII, nas
duas comarcas sob análise e mais especificamente em Vila Rica, uma vez que, para a
região do diamante _ atual Dimantina _ , a Coroa havia imposto estritas limitações de
exploração, o que, talvez, pode ter inibido um grande afluxo de pessoas.
Finalmente, pode-se fazer a seguinte análise: se, em 1821, ano em que a cata do ouro
não atraía grande número de pessoas, a soma da população de ambas as Vilas totalizava
195.093, e se em 1776, ano em que também a febre aurífera já estava amenizada, e a
Província de Minas Gerais totalizava 319.769 pessoas, a população dessas Vilas, na
época do grande "rush aurífero", deveria ser em um número fabuloso, seja de brancos
ou de não-brancos. Isso talvez justifique o que nos informa Lima Jr. (1965), referente à
primeira metade do século XVIII. De acordo com esse historiador, em 1720, a Capitania
de São Paulo e Minas do Ouro possuía "cerca de 250 mil habitantes dos quais,
aproximadamente cem mil brancos, cinqüenta mil escravos africanos e cem mil pardos
e mestiços", e em 1738 esse número subiu para "trezentas mil almas". (1965, p. 62). Na
certa, esse contingente deveria estar concentrado nas duas Vilas sob análise, e mais
especificamente, em Vila Rica, devido a tudo que se afirmou anteriormente. Todo esse
contingente populacional fez da Capitania no período colonial, e da Província na época
do Império, a mais populosa do Brasil (PAULA, 2000).
59
Esses índices nos chamam a atenção para a grande presença de brancos, provavelmente
uma maior quantidade de portugueses do reino, ou de outras partes do Brasil colonial.
Tal fato nos autoriza dizer que, nas Minas, a Língua Portuguesa detinha o maior
domínio dentre seus habitantes, embora o número de negros, mulatos ou pardos tenha
sido maior que o de brancos. Isso porque é preciso considerar que os portugueses eram
um grupo dominante e detentor de prestígio social, já que representavam a Corte e,
após o conflito com os bandeirantes, ficaram ainda mais poderosos. Essa questão é
muito relevante para o uso lingüístico, pois, conforme se sabe, a variedade lingüística
típica de um grupo social, que detém algum tipo de influência numa dada região, se
impõe como marca de prestígio, e isso faz determinar a atitude dos falantes de outros
grupos face a sua própria variedade. (LABOV, 1975; GNERRE, 1998).
2.3.1 - A imigração portuguesa
O descobrimento das Minas provocou uma fuga maciça da população portuguesa,
sobretudo da parte noroeste daquele país. Sobre isso D. Luís da Cunha (diplomata na
época de D. João V) fez o seguinte comentário: "O Brasil não sangra menos a Portugal,
porque sem embargo de já não ser livre a cada qual passar àquele Estado sem
passaporte, (...), contudo furtivamente se embarcam os que ao cheiro das Minas querem
lá ir buscar sua vida." (SERRÃO, 1977).
Não há dados estatísticos oficiais que confirmem o número de portugueses que
partiram para as Minas, mas, segundo Godinho (1971, 1977), durante os primeiros 60
anos do século XVIII, a corrida para o ouro provocou em Portugal a saída de,
aproximadamente, 600.000 indivíduos, numa média anual de 8 a 10 mil indivíduos.
Jaime Cortesão
24
(apud SERRÃO, 1977) apenas se limita a dizer que, ao longo do
século XVIII, o número de imigrantes era de "algumas centenas de milhares de
indivíduos". Boxer (2000), no entanto, contesta a hipótese de um número muito
elevado, pois, para ele :
Considerando o volume de embarcações ocupadas no comércio do Brasil, e
a limitada capacidade de transporte de muitos desses navios, é duvidoso que
mais de cinco ou seis mil pessoas tenham emigrado de Portugal no decorrer
de um ano - e nem todas elas se destinaram às minas. (...) A cifra anual,
durante o tempo da corrida do ouro, seria de três ou quatro mil pessoas,
mas, ainda assim, tal número era um escoamento considerável para um país
pequeno como Portugal, principalmente por se tratar, na maioria, de homens
válidos (BOXER, 2000, p. 72).
24
CORTESÃO, J. A colonização do Brasil. Lisboa . 1969.
60
No entanto, Marcílio (2004, p. 322) acredita que foi mesmo volumoso o número de
portugueses e, segundo ela, em 1700, Portugal registrava uma população de cerca de 2
milhões de pessoas e, durante o século XVIII, "aproximadamente 400 mil partiram para
o Brasil"; mas é preciso considerar que esses dados se referem a toda América
portuguesa, e não especificamente à região das Minas do ouro. Achamos, no entanto,
que se seguirmos o raciocínio de Boxer, que nos parece coerente, segundo o qual a
média anual de portugueses seria de 3.500 pessoas, teremos um número de 175 mil
reinóis que emigraram para as Minas, apenas durante os primeiros cinqüenta anos do
século XVIII.
Seja como for, é preciso considerar que o Minho, a província portuguesa de maior
densidade populacional à época, sofreu uma baixa tão grande de habitantes que coube à
Coroa decretar, em 1720, uma limitação à emigração, que só poderia ser efetivada com
passaporte fornecido pelo governo (BOXER, 2000; MARCÍLIO, 2004). Entretanto, tal
decreto não foi considerado, o que produziu, por parte da Coroa, considerações deste
teor:
... não tendo sido bastantes as providências, que até ao presente tenho dado
nos decretos de 25 de Novembro de 1709 e de 19 de Fevereiro de 1711, para
se proibir que deste Reino passe para as Capitanias do Estado do Brasil a
muita gente que todos os anos se ausenta dele, principalmente da província
do Minho, que, sendo a mais povoada, se acha hoje em estado, que não há a
gente necessária para a cultura das terras, nem para o serviço dos Povos...
(apud, SERRÃO, 1977, p. 107-108)
Em 1732, o Conselho Ultramarino manifestou ao Rei o aumento da população branca
na América portuguesa :
A fama dessas riquezas convida os vassalos do Reino a passarem-se para o
Brasil e procurá-las; e ainda que por uma Lei, se quis dar providências a esta
deserção, por mil modos se vê frustrado o efeito dela e passam para aquele
Estado muitas pessoas, assim do Reino como das ilhas, fazendo esta
passagem ocultamente, negociando este transporte com os mandantes dos
navios e seus oficiais, assim, nos de guerra, como nos mercantes, ou com
fraudes que se fazem à lei, procurando passaportes com pretextos e
carregações falsas. Por este modo se despovoará o Reino e em poucos anos
virá o Brasil a ter tantos vassalos brancos como tem o Reino.
(apud LIMA JR., 1965, p. 58-59)
Vale registrar que a Coroa adotou outras medidas para conter a corrida para o ouro,
entretanto, foram todas infrutíferas. Em 1742, o Conde de Galveias observou que
inúmeros emigrantes de Portugal e das ilhas do Atlântico tinham como objetivo a Bahia,
61
Pernambuco, Maranhão e, principalmente, o Rio de Janeiro por permitirem um acesso
mais rápido à região das Minas (RUSSELL-WOOD, 2004).
Diferentes pesquisas acerca da composição da população portuguesa existente na região
das Minas demonstram um predomínio da região Norte na naturalidade dos reinóis.
Carrato (1968), a partir da análise de devassas eclesiásticas dos anos de 1733-34 e 1763
referentes às Comarcas do Rio das Mortes e Vila Rica, verificou que grande parte das
210 testemunhas eram de origem portuguesa provenientes, pela maior parte, do Norte
(Arcebispado de Braga, Minho e Trás-os-Montes, dos Bispados do Porto, de Coimbra e
de Lamego, Douro e as Beiras, e, às vezes, do Arcebispado de Lisboa e dos Bispados de
Angra (Açores) e de Évora, Alentejo. Costa (1979), trabalhando com os dados sobre a
população de Vila Rica, encontrou entre os portugueses dessa localidade um percentual
de 68,1% de homens vindos do Norte. Furtado (1999), que investigou os comerciantes
portugueses estabelecidos em Minas da primeira metade do XVIII, verificou que 77,4%,
num total de 128, também eram originários do Norte. Finalmente, Almeida, que
pesquisou a estrutura produtiva e a hierarquização social de Minas Colonial, verificou
que 89% dos 94 portugueses presentes nos dados de sua pesquisa também eram naturais
das províncias do Norte. Somente 11% eram provenientes da região central daquele país
e ninguém vinha do Sul.
Em nossa pesquisa, procedemos a análise dos Sumários de Testemunhas da Vila de
Sabará e verificamos que, das 23 testemunhas, 78% eram de origem portuguesa
provenientes, na sua maioria, do Bispado do Porto, Arcebispados de Braga e de Lisboa,
e alguns outros do Bispado de Angra, Santarém e de Coimbra. Esse mesmo tipo de
análise, no entanto, não pôde ser feita para as testemunhas das devassas de Vila Rica,
pois nelas a origem dos depoentes não é mencionada. Todavia, como os números
apresentados pelas pesquisas citadas anteriormente reforçam a idéia de um predomínio
dos homens naturais do Norte português no movimento de emigração para o Brasil,
acreditamos que as testemunhas arroladas nessas devassas também sejam provenientes,
na sua maioria, dessa mesma região.
2.4 FORMAÇÃO DA SOCIEDADE
Como se tratava de uma incipiente sociedade, é preciso analisá-la, segundo Silveira
(1997), sob três aspectos. Em primeiro lugar, a ocupação dos territórios se deu sob o
62
signo de regras institucionais e padrões sociais diversos, conflituosos e indefinidos. Em
segundo, a estruturação dessa sociedade esteve intimamente ligada às peculiaridades da
economia aurífera o que implicou, dentre outros, em bruscos e profundos movimentos
demográficos, conforme já se disse nesta tese, de paulistas, baianos, portugueses e
africanos, e a conseqüente expulsão do elemento indígena (SILVEIRA, 1997). Com isso
a corrida para ouro propiciou a primeira imigração espontânea em massa que a América
portuguesa havia recebido em qualquer das suas partes.
Com um contingente de pessoas de "toda casta", essa população vai se formando
bastante heterogênea, e a hierarquia social que começou a se formar teve um traço
diferenciado das demais no Brasil Colônia (BUARQUE DE HOLANDA, 1968).
Segundo o autor, "a escala social refaz-se naturalmente, à medida que parece
estabilizar-se o povoamento em núcleos fixos"; entretanto, acrescenta, há uma
diferença, "a escala é a mesma, contudo, não são os mesmos indivíduos que se
distribuem pelos degraus" (pág.296). De fato, se considerarmos o que (i) nos informam
Boxer (2000) e Schwartz & Lockhart (2002), de acordo com quem grande parte dos
homens minhotos e outros do Norte de Portugal, apesar de pertencerem a diferentes
camadas e condições, eram, acentuadamente, de camponeses ou de outros "status
inferior"; e que (ii) a sociedade mineira da época apresentava-se fluida, conforme
veremos a seguir, pode ser que a análise de Buarque de Holanda seja verdadeira,
embora seja necessário considerar outras variáveis.
Buarque de Holanda (1968) faz uma comparação entre a hierarquização social ocorrida
na 'terra da lavoura' com a que ocorreu nas 'terras do ouro'. Naquela, a distribuição dos
elementos nas camadas sociais dependia apenas do maior ou menor poder aquisitivo do
proprietário ou do candidato a proprietário. Já nas 'terras do ouro' não se exigia do
candidato, para receber as 'datas minerais', a posse de 'bens pecuniários'. Entretanto,
Souza (2004) oferece um outro tipo de análise. Segundo ela, a concessão de datas
minerais dependia da quantidade de escravos possuídos e, com isso, os grandes
senhores recebiam as maiores extensões. Assim, "mais da metade das lavras estavam
concentradas nas mãos de menos de 1/5 dos proprietários de negros.", (SOUZA, 2004,
p.27). Souza vai além e, segundo ela, "a constituição democrática da sociedade mineira
poderia se reduzir numa expressão: um maior número de pessoas dividiam a pobreza."
63
(SOUZA, 2004, p.29). Aliás, para a autora, a pobreza e a conturbação social marcaram
o período colonial da mineração.
O terceiro aspecto diz respeito ao tipo de sociedade que ali estava se formando. Imbuída
dos valores contraditórios da organização social que havia em Portugal, esta possuía
tanto traços de uma sociedade estamental, como de uma sociedade de classes. No
primeiro tipo, devido à herança do Antigo Regime a sociedade derivaria de critérios
simbólicos como honra e privilégios, tendo como figura destacada o nobre, que nutria
um certo desprezo aristocrático pelo trabalho. Já no segundo, em função da lógica
mercantilista que transformava o acúmulo de riquezas numa forma de ascenção social,
a estratificação seria pautada por critérios referentes à vida material (SILVEIRA,
1997). Na verdade, as Minas experimentaram a formação de classes e a adoção de
valores burgueses, concomitantemente à apropriação das concepções corporativas para
a organização da vida material e simbólica, típicas de uma sociedade estamental.
Reconhecer isso significa levar em conta:
(...) o peso dos valores corporativos em sua estruturação, sendo incontáveis
os conflitos de precedência e de honra nas cerimônias públicas ou nas
relações cotidianas. (...). Dentre os lugares-comuns que pautavam os
conflitos desse gênero, estava o dever de manter a palavra empenhada, sinal
público de constância e superioridade aristocrática que distinguia e creditava
os indivíduos. (SILVEIRA, 1997, p. 291).
O pertencimento às irmandades, "associação de homens leigos, estabelecida mediante
Estatuto ou Compromisso, que impunha aos irmãos uma série de deveres e direitos"
25
era uma forma dessa apropriação corporativa, mas que também refletia uma
hierarquização social.
A população estava distribuída predominantemente por centros urbanos nos quais as
atividades primárias ensejavam uma série de funções terciárias, e isso propiciou uma
camada média, intermediária. Tal camada era dedicada a profissões urbanas, cujo
trabalho era livre e autônomo, e, muitas vezes, recebia-se um salário em troca de
serviços (FIGUEIREDO, 1993, p. 27). Para Buarque de Holanda (1968), é essa
diversidade de "aptidões profissionais" que servirá para alocar os vários elementos em
camadas sociais e isso se refez naturalmente, à medida que o povoamento se
estabilizava em núcleos fixos. De acordo com Silveira (1997, p. 291), a elite nas Minas
25
ROMEIRO, A. Irmandade e Ordem Terceira. In: ROMEIRO, A; BOTELHO, 2003.
64
era "constituída por proprietários que procuravam diversificar seus negócios investindo
num só tempo em lavras, na produção agropecuária, em atividades comerciais e no
controle de cargos públicos."
2.4.1 - A nobreza da terra e a ocupação socioeconômica
Na sociedade do Antigo Regime em Portugal, havia dois tipos de nobreza: uma que se
assentava na hereditariedade, chamada nobreza natural, e a nobreza civil ou política que
dependia de vontade régia; isto é, o rei concedia a condição de nobreza a alguém que
lhe prestava algum tipo de serviço, com isso "ser nobre significava a nobilitação de
plebeus pelos seus serviços ao monarca." (SILVA, 2005, p. 18). Já a história da
nobreza colonial é marcada por serviços prestados pelos vassalos e por mercês
concedidas pelos monarcas em forma de ofícios, cargos da justiça e da fazenda, etc.
(Esse assunto será melhor tratado na seção 3 adiante). Essa concessão era feita sob duas
formas: o rei, por escrito, declarava alguém "fidalgo, cavaleiro, ou simplesmente
nobre", a outra ocorria quando "fosse conferida a um
indivíduo alguma dignidade, posto
ou emprego que de ordinário costume andar em gente nobre." (SILVA, 2005, p. 18).
Historicamente, convencionou-se chamar de "nobreza da terra" os homens bons que
eram os coloniais, conforme Reis e Vianna (2001), proprietários de terras, escravos e
gado, que compunham e elegiam o senado da câmara da vila; com isso eles constituíam
a elite proprietária e social da região (FURTADO, 1999). Possuir terras significava, nas
Minas do século XVIII, ter poder, e essa foi a primeira grande identidade entre a
sociedade de corte portuguesa e a sociedade mineira. Esta última, no entanto, não se
caracterizava como nobre, porque não possuía a nobreza européia, mas o dinheiro serviu
tanto para caracterização dessa nobreza da terra, como para a "adoção de hábitos e o
modus vivendi metropolitanos." (VALADARES, 2002, p. 300)
Tradicionalmente, esses homens não poderiam exercer ofício mecânico, ser
comerciantes e possuir sangue infecto (isto é, não poderiam ser judeus, negros ou
mulatos). Aliás, conforme Furtado (1999), a ausência de limpeza de sangue impedia
qualquer forma de concessão de honrarias e, por conseguinte, de ascensão social. Em
Minas, entretanto, tudo isso é preciso ser visto com reservas. Nos primeiros anos, com
o "baixo padrão geral dos migrantes a Minas Gerais", havia uma "escassez crônica de
candidatos adequados para os cargos municipais", assim a falta de homens brancos
65
ensejou que "vistas grossas" fossem feitas no que dizia respeito à questão de mulatos
servirem ao Senado (RUSSELL-WOOD, 1977, p. 38). Essa tolerância foi condenada
pelo Rei e, em 1725, foi promulgada uma lei proibindo a presença de homens de cor nos
cargos municipais; no entanto, isso não foi seguido. "Contanto que o aspirante não
fosse escuro demais, era antes a riqueza e não a cor a permanecer como critério
principal, no que se referia aos cargos municipais em Minas Gerais." (BOXER, 2000,
p. 192). "A riqueza, mais que a nobreza, marcava as eleições camarárias." (SILVA,
2005). Entretanto, é bom que se diga que, em alguns casos, o preconceito racial, nas
Gerais, era o limite para a mobilidade social (SILVEIRA, 1997).
No que diz respeito à ocupação socioeconômica de seus habitantes, havia mineiros,
negociantes e também muitos artesãos/artífices dos mais variados tipos. Havia ainda
aqueles que se dedicavam às atividades agrícolas, principalmente na Vila Real de
Sabará, embora nossos dados não confirmem essa informação, conforme TAB. 4; mas
essa atividade também se praticava em Vila Rica (Cf. COSTA, 1979). Em um
levantamento feito a partir das devassas civis de Vila Rica e sumários de testemunhas da
Vila de Sabará, que são objeto de análise na presente pesquisa, encontramos as
seguintes ocupações:
TABELA 4
Ocupações das testemunhas - Vila Rica e Sabará -
Tipo Vila Rica Sabará Total %
agricultor-minerador 01 0 01 0,5%
artesão ou artífice 63 11 74 31,0%
carreira militar 10 0 10 4,0%
comerciante 69 07 76 32,0%
liberal 02 0 02 1,0%
minerador 32 04 36 15%
outros 06 0 06 2,5%
roceiro 12 01 13 5,0%
sem especificação 20 01 21 9%
Total 215
1
24
2
239
3
100%
Fontes: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto e Sumários de Testemunhas de Querela –
Casa Borba Gato- Sabará (MG)
Em Vila Rica, de acordo com os dados, as três ocupações mais numerosas são de
comerciantes, 69 ou 33% do total
1
; artesãos/artífices, 63 ou 29%; e mineradores, 32 ou
15%. Na Vila Real de Sabará, temos as mesmas ocupações, porém em diferente ordem
de grandeza: artesãos/artífices, 11 ou 46% do total
2
; comerciantes, 07 ou 30%; e
66
mineradores, 04 ou 17%. Esses dados se aproximam, de alguma forma, à pesquisa
desenvolvida por Carrato (1968) em devassas eclesiásticas das Comarcas de Vila Rica e
Rio das Mortes (São João del Rei ), referentes aos anos de 1733-34 e 1763. A partir de
210 testemunhas, o autor levantou a seguinte ordem de ocupações : comerciantes, 29%;
artesãos, 23%; agricultores, 21% e mineradores, 13%. Exceto para o caso dos
agricultores
26
, pode-se dizer que as outras ocupações eram as que mais absorviam os
habitantes das Minas.
Como um dos objetivos deste Capítulo é o de sabermos como se deu, em linhas gerais,
a formação socioeconômica das Minas, faremos, a seguir, uma breve descrição das
três ocupações que possuem maior número testemunhas. Comecemos pelos
comerciantes
27
. Em Minas havia universos distintos dessa categoria: os negociantes de
grosso trato, isto é aqueles que se dedicavam ao grande comércio e às atividades
financeiras (FURTADO, 1999); outros que se dedicavam ao comércio atacadista e
varejista, cujos negócios eram realizados em estabelecimentos fixos; e os pequenos
comerciantes de comestíveis, de venda a varejo, estabelecidos em vendas e tavernas nos
morros e nos serviços minerais (FURTADO, 1999). Nos relatos analisados, objetos da
presente pesquisa, 76 testemunhas ou 32% do total
3
, sendo 69 em Vila Rica e 07 em
Sabará, se dedicavam ao comércio.
Os primeiros, ou seja, os negociantes de grosso trato e os atacadistas e varejistas,
faziam parte da elite comercial e eram, na maioria das vezes, cristãos-novos, (BOXER,
2000), e homens brancos portugueses, conforme nossos dados. Nos relatos, objetos da
presente pesquisa, há depoimentos de 41 testemunhas que "viviam de seu negócio" ou
de suas "logeas", que eram estabelecimentos de maior porte e para os quais era
necessário maior investimento de capital (FURTADO, 1999), sendo 34 em Vila Rica, e
07 em Sabará, conforme TAB 5 e 6 abaixo. Nesse grupo não existiam mulheres e nem
homens não-brancos o que confirma a posição de Furtado (1999), de acordo com quem,
os grandes comerciantes eram apenas homens brancos. (Nas devassas e sumários, os
escrivães, ao que nos parece, apenas indicariam a cor da testemunha se se tratasse de
um não-branco; caso contrário esse dado nem era mencionado.). Aqueles que faziam
26
Provavelmente essa ocupação tenha sido mais expressiva na pesquisa de Carrato (1968) em função de
ele ter pesquisado o ano de 1763, época em que a "febre do ouro" já havia abaixado, e as atividades
econômicas das Minas haviam se ampliado ainda mais.
27
Optou-se por iniciar a análise social a partir desse grupo, por ser o mais numeroso.
67
parte desse grupo se enriqueciam e procuravam ter acesso aos símbolos de prestígio
nos quais se baseava a sociedade mineira, embora ambos já pertencessem à elite
comercial.
TABELA 5
Relação dos grandes comerciantes de Vila Rica
Testemunha Grandes comerciantes
Antonio Pires de Carvalho Botica
28
Francisco da Silva Fionte Loge
Manoel Joam Loge
Domingos de Andrade Loge de fasenda seca
Monoel Lourenço Soares Loge de fasenda seca
Manoel do Couto Loge de fasenda seca
Antonio Carvalho Silva Negocio
Antonio de Abreu Nogueira Negocio
Antonio da Silva Negocio
Antonio da Silva
29
Negocio
Antonio Gil de Aravio Negocio
Antonio Gomes Negocio
Antonio Pereira Negocio
Ayres Dornelles Negocio
Bernardo Ventura de Amorim Negocio
BernardoAlves Negocio
Domingos da Foncequa Negocio
Feleziano de Oliveira Negocio
Fernando da Mota Negocio
Gaspar Martins de Aguiar Negocio
Gonsallo Afonso Villella Negocio
Honorato Barselon Negocio
Joaõ Vieira Brito Negocio
João Alves Pereyra Negocio
Joaõ Francisco do Coi to Negocio
Joaquim Roiz Lima
Negocio
Joseph Martins Leitaõ
Negocio
JosepH Roiz Pontes
Negocio
Jozeph Moraes de Lima Negocio
Manoel Carvalho dos Santos Negocio
Manoel Teixeira Lemos Negocio
Manoel da Costa Guimarais Negocio
Manoel Moreira Bello Negocio
Manoel Vallis Boas Negocio
Total 34
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
28
Inserimos nesse grupo o único proprietário de uma botica, porque, segundo historiadores, pode ser
considerada uma loja; isto é, um estabelecimento de maior porte.
29
Essas testemunhas, embora tenham nomes e ocupações idênticos, não se referem a mesma pessoa.
68
TABELA 6
Relação dos grandes comerciantes de Vila Real do Sabará
Testemunha Grandes comerciantes
Bernardino da Motta Bazillo Loge
Joaquim da Costa Paiva Negocio
Antonio Ferreira da Silva Negocio
Joze da Costa Bayaõ Negocio
Jose de Souza Ferreira Negocio
Antonio Vas ferreira Negocio
Bento Pacheco Negocio
Total 07
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG)
Em um outro grupo havia os pequenos comerciantes, e, em muitos casos, esse tipo de
comércio era dirigido "pelos estratos mais baixos da comunidade de comerciantes,
muitas vezes mulheres escravas" e por homens brancos, solteiros, possuidores de pouco
cabedal (FURTADO, 1999, p. 241). Ao contrário dos grandes negociantes, os vendeiros
e vendeiras eram mal vistos pela população, porque as "vendas de morro" eram
consideradas um lugar de baderna, e porque havia, entre eles, mulheres
30
e escravos,
tornando o perfil desse grupo bastante heterogêneo.
Nos relatos, apenas localizamos essa categoria entre as testemunhas de Vila Rica, num
total de 24, conforme TAB 7 abaixo. De acordo com nossos dados, nesse grupo apenas
as mulheres eram "preta forra" ou "parda forra", para os homens não é feito nenhum
registro quanto à cor da pele, por isso acreditamos que todos eles eram brancos. Nesse
grupo, reunimos, sob uma mesma categoria, aqueles que viviam de sua agência, que
foram identificados como vendeiros ou vendeiras, com os que viviam de sua venda,
porque, segundo Bluteau (1712, p. 143), agência era o "officio, cuidado, occupaçaõ
daquelle, que faz os negocios de alguem, como seu." Além disso, nesta pesquisa
concordamos com os historiadores consultados, em cujos trabalhos é possível inferir
que lidar com "negócio" era o mesmo que lidar com o comércio.
30
Muitas vezes, as mulheres "vendeiras" eram acusadas pelas autoridades coloniais de prática de
prostituição e, em função à obediência aos preceitos morais e religiosos, não possuíam boa reputação
frente à sociedade (FIGUEIREDO, 1993).
69
Tabela 7
Relação dos pequenos comerciantes de Vila Rica
Testemunha Pequenos comerciantes
Antonio Joaõ Machado Agencia
Bernardo Alves da Neiva Agencia
Manoel Gomes Peyxoto Agencia
Manoel Roiz Li ma Agencia
Pedro Alves da Sylva Agencia
Sebastiaõ Pereira Agencia
Isabel do Rosario Agencia
Joanna da Sumpçaõ Agencia
Marianna de Pugas Agencia e taboleyro de sua escravas
Anna Pinto Venda
Antonia da Costa Venda
Joanna Fernamdes Lima Venda
Joanna Lopes Venda
Andre Alves de Abreu Venda
Antonio Dias da Costa Venda
Antonio Veira Jordam Venda
Bento Martins de Masedo Venda
Domingos Venda
Domingos Borges Venda
João da Sylva Lima
Venda
Mathias Gonçalves Venda
Miguel Filgueiras Venda
Pedro Carvalho Venda
Thome de Almeyda Venda
Total 24
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
No grupo dos pequenos comerciantes havia ainda aqueles que se dedicavam ao
comércio volante, os chamados mascateiros; os viandantes, que transportavam
mercadorias importadas de São Paulo e Rio de Janeiro, e os tratantes, que levavam
carregamentos e cobravam dívidas em toda a América portuguesa (BOTELHO, 2003).
Esse grupo ocupava uma posição social menos prestigiada do que aqueles que possuíam
comércio fixo, além disso não era bem visto pela sociedade, pois "a condição de
itinerantes sempre trazia suspeitas sobre esses homens." (FURTADO, 1999, p. 263).
Apenas nas devassas de Vila Rica foram localizadas testemunhas que se dedicavam a
esse tipo de comércio, num total de 06, conforme TAB 8 abaixo; todos eram homens e,
ao que nos parece, brancos.
70
Tabela 8
Relação dos pequenos comerciantes - comércio volante - de Vila Rica
Testemunha Pequenos comerciantes
Jozephe Gomes Branquinho Andante no caminho de Minas
Simaõ Teixeira Andante no caminho do Rio de Janeiro
José da Costa Viandante no caminho de Minas
Leonardo Jozeph Mascate de fazenda seca
João Antunes Braga Cobranças
Manoel de Oliveyra Portugal Carregações do Rio para Minas
Total 06
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
É possível encaixar nesse grupo, isto é, numa categoria inferior de comerciantes, os
caixeiros, ou aqueles que representavam seus senhores à frente da loja (FURTADO,
1999). Segundo Furtado, para ocupar esse cargo, eram "recrutados homens, brancos,
portugueses, solteiros, letrados, na faixa de idade entre vinte e trinta anos" (1999, p.
253); de fato, as 05 testemunhas arroladas possuíam uma média de 22 anos e eram
homens brancos (mas não podemos afirmar se se tratava de portugueses, pois essa
informação não foi fornecida pelas devassas). Mas, segundo Boxer (2000), esta era
uma categoria inferior e que também era muito mal vista na época. Nos relatos, apenas
localizamos esses caixeiros, homens de cor branca, nas devassas de Vila Rica, num
total de 05, conforme TAB 9 abaixo.
Tabela 9
Relação dos caixeiros de Vila Rica
Testemunha Tipo de ocupação
Antonio de Araujo Caixeiro
Antonio Martins Lima Caixeiro
Daniel Gomes Lima Caixeiro
Luis de Souza Caixeiro
Pedro Martins Dias Estar em uma venda
Total 05
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
Conforme discutimos anteriormente, os grandes comerciantes não poderiam ser
considerados homens bons e fazer parte da "nobreza da terra" ou da elite colonial,
porque viviam de seu próprio trabalho e esse meio de vida era menosprezado pelos
"nobres". Além disso, esses comerciantes sofriam um estigma social pelo fato de
também serem vistos como descendentes de judeus que se converteram em cristãos-
novos, para que pudessem escapar da Inquisição. Entretanto, como a sociedade mineira
daquele século vivia entre os valores de honrarias e os de acúmulo de riqueza, essa
classe se identificava com a camada livre-branca-proprietária, que possuía muito
71
prestígio, além de usufruir dos mesmos elementos que garantiam a nobreza no mundo
colonial (FURTADO, 1999). Em vista disso, vamos admitir nesta tese que os grandes
comerciantes _ que totalizaram 41 testemunhas em nosso corpus _ faziam parte dessa
elite colonial.
A segunda ocupação de maior índice entre as testemunhas, de acordo com os relatos
pesquisados, foi a dos artesãos e artífices. Essa atividade, condenada pelas elites
brancas, era relegada a escravos e a mulatos forros, porque os ofícios "carregavam a
condenação do trabalho manual". Nesse grupo incluíam-se também os
desclassificados, isto é, indivíduos à margem da ordem social que eram homens livres
pobres de cor branca e parda (SOUZA, 2004). Como esse grupo exercia ofício
mecânico e grande parte dos artífices e artesãos era, freqüentemente, analfabeta,
conforme mencionam as fontes pesquisadas, e provinha dos segmentos mais baixos,
tais pessoas eram impedidas de obter privilégios e cargos na sociedade do Antigo
Regime, e isso também ocorria nas Minas (VAINFAS, 2000; ROMEIRO, 2003;
MENESES, 2003). Nos relatos analisados, encontramos um total de 74 testemunhas que
viviam de algum tipo de ofício desse grupo, sendo 63 em Vila Rica e 11 em Sabará,
conforme TAB 10 e 11 abaixo. Dentre eles nenhuma das testemunhas era mulher, o que
confirma a análise de Figueiredo (1993), de acordo com quem elas não exerciam esse
tipo de ofício, a não ser quando se tratava de uma atividade mais feminina, como
parteira ou costureira. Deste total de 74, apenas 05 eram pretos forros ou pardos forros.
TABELA 10
Relação de artesãos e artífices de Vila Rica (continua)
Testemunha Artesãos e artífices
Adrião Vieyra Lesensiado - arte de sirurgia
Andre Lourenso Sapateiro
Antonio Alves Vieyra da Cunha
Alfaiate
Antonio de Meyrelles Rebello Alfaiate
Antonio de Pima Sapateiro
An tonio Fernandes da Costa Sapateiro
Antonio Ferreyra Medina Ferreiro
Antonio Francisco do Santos Carpinteiro
Antonio Frr
a
de Carvalho Pedreiro
Antonio Gonçalves Lima Arte de boticário
Antonio Gonçalves Martins Alfaiate
Antonio GonçaLves Ramos Sapateiro
Antonio José Ramos Ferrador
Antonio Manoel Carpinteiro
72
TABELA 10
Relação de artesãos e artífices de Vila Rica (conclusão)
Testemunha Artesãos e artífices
Antonio Monteyro lima Sapateiro
Antonio Moreyra de Abreu Ferrador
Antonio Ramos da Crus Torneiro
Antonio Ribeiro da Costa Alfaiate
Antonio Varella Serralheiro
Bernardo Ribeyro Canudo Alfaiate
Bertthollameu Moreyra da Costa Argencia de escrever em escritorios de letrados
Bras gonçalves Sapateiro
Costodio lopes Carapina
Damiao Fernandes Carpinteiro
Domingos da Silva Ferreiro
Domingos Henriques Dias Alfaiate
Domingos Machado de Asevedo Alfaiate
Felizcesar de Meneses Ferreiro
Henrique Ribeiro de Carvalho Carpinteiro
Joam de Macedo Sapateiro
Joam de Souza Sapateiro
Joam Fernandes Guimarais Alfaiate
Joaõ Alves Barrados Barbeiro
Joao Correa Lanhozo Carpinteiro
Joao da Cunha Vellozo Alfaiate
Joaõ Ferreyra da Costa Lesenciado
Joao Lopes Ferreiro
Joã Lopes da Cruz Ferreiro
Joaõ Lopes de Souza Ferreiro
Joaõ Rodrigues de Oliveyra Ferreiro
Jose Fn
o
Sapateiro
Jose Gomes da Crus Ferreiro
Joseph Henriques da Silva Arte da sirurgia
Joseph Pinto de Azevedo Pedreiro
Joseph Toscano Barreto Arte butica
Lourenço Cordeyro Alfaiate
Lourenso Diogo Sapateiro
Lucas Machado Sapateiro
Luis de Faria Sapateiro
Manoel C. Francisco Cirurgiao
Manoel de Oliveyra Ramos Alfaiate
Manoel Gonçalves Correa Sapateiro
Manoel Barreto Alfaiate
Manoel da Costa Peyxotto Pedreiro
Manoel Fernandes Oficio de trabalhar
Manoel Francisco Lisboa Carpinteiro
Manoel Gonsalves da Cruz Sapateiro
Manoel Lopes da Sylva
Ferreiro
Manoel Roiz Velho Pedreiro
Miguel Cardozo Sapateiro
Miguel Lopes de Araujo Carpinteiro
Selvesttre Roiz Sapateiro
Verissimo de Souza Celeiro
Total 63
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
73
TABELA 11
Relação de artesãos e artífices de Sabará
Testemunha Artesãos e artífices
Antonio Joze Guimaraeins Alfaiate
Antonio Jose dos Banhos Motta Escrevente
Antonio Pereira Ferrador
Costodo Martins Lopes Alfaiate
Gergorio da Costa Sapateiro
Gonsallo Gomes Alfaiate
Joaõ Pedro de Aguiar Ferrador
Jose de Souza Pedreiro
Joze Ribeiro Ferrador
Manoel Goncalves da Cunha Caldeireiro
Manoel Gonsalves Torres Alfaiate
Total 11
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG)
E, finalmente, a terceira maior ocupação das testemunhas é a da mineração. Essa
categoria se dividia em dois grandes grupos: aqueles que eram proprietários das minas
ou lavras e cuja mineração era feita pelos escravos, e os que "viviam de minerar". A
esse último grupo parecia pertencer "gente assalariada, trabalhando a jornais ou
garimpando aqui e ali." (CARRATO, 1968, p.8). Era o faiscador um minerador
autônomo sem escravos que, na maioria das vezes, tratava-se de homens livres e pobres
– entre brancos, mulatos e mestiços – e sobretudo forros e escravos jornaleiros
(PAULA, 2000; BOXER, 2000; REIS, 2006). Esses faiscadores, em função da natureza
da atividade a que se dedicavam, eram dotados de grande mobilidade física, e isso fazia
com que fossem constantemente associados a pessoas sem oficio, sem ocupação certa,
vagabundos, errantes. Essa reputação suspeitosa fazia com que as autoridades os
confundissem, de forma estratégica ou não, com escravos fugitivos, quilombolas ou
contrabandistas, (REIS 2006).
Nos relatos pesquisados, 36 testemunhas, 15% do total
3
(TAB 4), sendo 32 em Vila
Rica e apenas 04 em Sabará, ou eram "faiscadores" ou "viviam de minerar", em cujo
trabalho empregavam-se poucos instrumentos, já que se tratava de uma pequena
extração. Em contrapartida não havia entre esses depoentes aqueles que "viviam de
suas lavras" para cuja mineração era necessário investimento de maior vulto. Em
função disso, é possível dizer que as testemunhas arroladas tanto nas devassas quanto
nos sumários não pertenciam ao grupo dos mineradores mais abastados, ver TAB 12
e 13 abaixo, mas àquele dos desclassificados. Nesse grupo havia 04 mulheres pretas
74
forras e 02 homens, sendo um preto forro e outro pardo forro, e as 30 restantes seriam
homens brancos.
TABELA 12
Relação de mineradores de Vila Rica
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
TABELA 13
Relação de mineradores de Sabará
Testemunha Mineradores - Sabará
Alexandre de Olebeira de Braga Vive de fazer suas bateas
Domingos da Cunha Fernandes Vive de minerar
Pedro Ferreira de Morais Vive de minerar
Paullo Ferreira de Almeida Vive de sua faisqueira
Total 04
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG)
Testemunha Mineradores
Joao Pereira Vive de sua faisqueira
Manoel Martins da Lus Vive de sua faisqueira
Geronimo de Souza de Brito Vive de minerar
Tiago Cabral Vive de minerar
Arcenio de Maris Machado Vive de minerar
Bento de Macedo Vive de minerar
Fructuoso Pereyra de Souza Vive de faiscar com seus negros
Joseph Correa Vive de minerar
Pedro Alves Rozeyro Vive de minerar
Balthazar de Lima Guimarais Vive de minerar
Joseph Dias de Sampayo Vive de minerar
Anselmo de Souza Villas Boas Vive de sua faisqueira
Francisco Marques de Carvalho Vive de sua faisqueira
Manoel de Tavora Vive de sua faisqueira
Tereza de Jesuz Vive desua faisqueira
Antonio Leyte Toscano e Sylva Vive de minerar
Manoel Barreto Vive de seu officio de mineiro
Antonio de Frei tas Guimaraes Vive de minerar
Antonio Ferreira Velho Vive de minerar
Bento Gomes da Silva Vive deminerar
Joam Camello Dias Vive de minerar
Joam Dias Gonsalves Vive deminerar
Joam Gomes da Costa Vive de minerar
Joseph Tavares França Vive de minerar
Luiza de Abreu Vive de sua faisqueira
Manoel Alé Coelho Vive de minerar
Manoel Dias Jorge Vive de minerar
Manoel Martins
Vive de minerar
Manoel Martins Barboza
Vive de minerar
Rosa Gonsalves do Pillar Vive de minerar
Roza Ribeiro Vive de sua faisqueira
Vericimo da Comseipsom Vive de minerar
Total 32
75
Como as ocupações das demais testemunhas perfazem um percentual de apenas 22%
do total
3
, além de se apresentarem bastante diversificadas _ dentre elas os militares,
capitães-do-mato, roceiros , conforme TAB 4 Ocupações das testemunhas - Vila Rica e
Sabará, não teceremos comentários tal como o fizemos para os grupos dos
comerciantes, artesãos e artífices e mineradores.
A partir da análise das tabelas acerca da ocupação das 218
31
testemunhas arroladas nos
inquéritos judiciais de Vila Rica e Sabará, verificamos que uma pequena parcela,
apenas 19%, pode ser considerada como pertencente à elite colonial e, portanto, deveria
gozar de algum prestígio junto à incipiente sociedade mineira, embora pesasse, sobre
essa categoria, o estigma de ser cristão-novo. Os demais depoentes, ou 81%, eram
trabalhadores livres e pobres, homens brancos, negros, mulatos, pardos, e mulheres
negras e pardas que, por diferentes razões, não eram bem aceitos pela sociedade de
então. Conforme bem demonstrou Laura Mello e Souza, havia mais pobreza que
riqueza nas Minas, os declassificados eram:
uma camada social onde os papéis dos indivíduos eram transitórios e
flutuantes, onde os homens livres pobres entravam e saíam da
desclassificação, convivendo estreitamente com escravos, com quilombolas,
com artesãos modestos, com roceiros pobres, com mineradores miseráveis.
Havia muitas características comuns entre eles: a cor da pele - negra, parda,
vermelha, acobreada, branca às vezes - (2004, p. 292)
É preciso sempre considerar que Minas, no século XVIII, foi marcada pela sua fluidez
social. Isto é, sua organização não compreendia apenas senhores e escravos, pois a
mineração dava oportunidade ao enriquecimento rápido. Os escravos poderiam se
beneficiar, trabalhando por conta própria e conquistando sua alforria, e os mestiços
compunham uma classe intermediária atuando como artesãos, músicos, pintores e
escultores; e havia, também, alguns homens brancos despossuídos. Mas, como bem
lembram Schwartz & Lockhart (2002), a vida era dominada pela elite branca; os
mulatos, embora tivessem conquistado um lugar especial, sofriam restrições e
discriminação, e a "pirâmide social repousava mais uma vez sobre o trabalho escravo."
(p. 436).
A partir desta análise, adequada aos objetivos desta tese, acerca da criação das Vilas do
Ouro e da formação da sociedade que as compunha, vamos, na próxima seção, discutir e
31
Deduzimos, do total de 239, 21 testemunhas para as quais não foi apresentada a ocupação.
76
analisar, também conforme ao interesse deste estudo, como era a administração
"pública" portuguesa nessas Vilas e de que forma os escrivães ou tabeliães,
responsáveis pelo registro dos depoimentos nas devassas e em sumários, eram inseridos
nesse contexto.
2.5 A COMPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO NA AMÉRICA PORTUGUESA
SÉCULO XVIII : REDES CLIENTARES, AUTORIDADES E HIERARQUIAS
Ao analisarmos uma parte da historiografia ‘clássica’ brasileira quanto à administração
na América portuguesa no século XVIII, observamos duas posições extremas. Por um
lado, tem-se a visão de Prado Jr. (1972) de acordo com quem a colonização baseou-se
no modelo metropolitano cujo sistema administrativo era insensível à particularidade
do meio, havendo sempre ajustes locais. Segundo ele, como havia uma excessiva
centralização em Lisboa, aliada à complexidade dos órgãos administrativos e à
indistinção de competências e funções dos ocupantes dos cargos, a máquina
administrativa, além de burocrática, era ineficiente e inexistia na maior parte do
território da Colônia. Conforme o autor, como o objetivo da Metrópole era o de
explorar economicamente a Colônia, os funcionários também assim o fizeram. Em
linhas gerais, para Prado Jr., houve uma transposição do modelo europeu para a
Colônia, mas a incapacidade de Portugal para perceber a especificidade colonial
comprovou a ineficiente administração local.
No outro extremo, há a posição de Faoro (1976), que é mais sociológica e política, ao
contrário da de Prado Jr., que possui uma dimensão mais econômica. Segundo aquele
autor, o poder administrativo metropolitano, embora tivesse sido transportado para o
Brasil, não sofreu ajustes locais; houve, segundo ele, um prolongamento da burocracia
portuguesa para a Colônia. A colonização, de acordo com Faoro, foi sendo constituída
por intermédio de leis, alvarás, regimentos, etc. o que implica dizer a existência de uma
centralização administrativa; ou seja, o Estado tudo dominava e se sobrepunha a uma
realidade por meio de regras organizadas para abarcar as diversas situações.
Hespanha (2001, p. 168), entretanto, vê ambas as posições como detentoras de um
"discurso narrativo e nacionalista" e, segundo o historiador português, nessas duas
visões:
77
(...) a Coroa portuguesa desempenhava um papel catártico de intruso estranho,
agindo segundo um plano “estrangeiro” e “imperialista”, personificando
interesses alheios, explorando as riquezas locais e levando a cabo uma política
agressiva de genocídio em relação aos locais, por sua vez considerados
basicamente solidários, sem distinção de elites brancas e população nativa.
Ainda segundo o autor, a partir disso, tem-se um "branqueamento das elites coloniais,
que são tidas como objetos (e não sujeitos) da política colonial". Com base na
"economia moral do dom" ou "redes clientelares", critica a imagem tradicional de um
Império centrado, dirigido e controlado, de forma unilateral, pela Coroa portuguesa.
De acordo com Hespanha (1993), o dom, que fazia parte do Antigo Regime,
caracterizava-se por ser de natureza gratuita, mas que perdia o caráter de
espontaneidade e se transformava "em unidade de uma cadeira infinita de actos
beneficiais", (1993, p.382). Segundo o autor, a atividade de dar baseava-se no seguinte
tripé: dar, receber e restituir. Tais atos serviam de base às relações sociais e, a partir daí,
às relações políticas. O historiador português afirma que a capacidade de deliberar
benefícios e "sua fiabilidade no modo de retribuição dos benefícios recebidos" estavam
atreladas ao poder político. O autor também defende que os benefícios não possuíam
apenas uma dimensão econômica, com isso "este carácter incerto do montante da dádiva
instituía um campo indefinido de possibilidades de retribuição", (1993, p.382), e que
tais relações – as redes clientelares – eram profundamente enraizadas na sociedade e
formavam o próprio tecido social.
Informa-nos Fragoso (2001) que tais práticas foram transmitidas às ‘conquistas’
portuguesas e a "Coroa concedia postos administrativos ou militares – governador,
provedor da fazenda etc.– que podiam proporcionar, além dos vencimentos, privilégios
mercantis" (p.44). Entretanto, a concessão de mercês não se limitava apenas à
aristocracia, estendia-se, também, a pessoas de origem não-nobre ou antigos soldados
(FRAGOSO, 2001). Ainda segundo o autor, o que era mais ‘lucrativo’ àquele que
recebia as benesses na forma de ofício eram menos os salários recebidos da fazenda real
do que os emolumentos que o recebedor poderia auferir do cargo ocupado, e isso
permitia a formação de fortunas, além de mobilidade social.
Já que havia concessão de mercês para postos administrativos e isso propiciava uma
mobilidade social, é interessante analisarmos o cargo público na América portuguesa.
78
Vamos, antes, conhecer a formação da estrutura da administração na Colônia, na qual
esse cargo se inseria.
2.5.1 - A estrutura da administração na América portuguesa
A administração portuguesa, segundo Prado Jr. (1972), era assim formada: as
capitanias - maior unidade administrativa da colônia - eram classificadas em principais
e subalternas, e embora o autor não mencione a que categoria pertencia a Capitania de
São Paulo e Minas do Ouro, presume-se que, pela importância que assumira em função
da descoberta do ouro, fosse uma Capitania Principal. Todas elas dividiam seus
territórios em comarcas (inicialmente em Minas Geraes havia 03 comarcas), que, por
sua vez, eram compostas por termos. A sede desses termos encontrava-se nas vilas ou
cidades respectivas. Os termos dividiam-se em freguesias, circunscrição eclesiástica
que formava a paróquia, sede de uma igreja paroquial e que servia tamm para a
administração civil. Finalmente, as freguesias dividiam-se em bairros, circunscrição
mais imprecisa, cuja principal função era a organização das ordenanças.
Quanto às autoridades e hierarquias administrativas, tinha-se:
Na Capitania, o chefe supremo era o governador cuja função era essencialmente
militar, além de ser o cabeça de toda administração local. Vale acrescentar, porém, que
ele era um agente da Metrópole na Colônia e atuava de acordo com os interesses reais.
Demais autoridades da colônia:
- As Relações (Alta Corte) eram compostas, ao mesmo tempo, pelos órgãos judiciário e
administrativo. O governador, embora fosse presidente, era apenas um participante; os
outros membros das Relações não eram seus subordinados;
- Intendências do ouro e Mesas de inspeção - segundo Prado Jr. (1972), o governador,
legalmente, não possuía nenhuma interferência nesses dois últimos órgãos.
Os demais órgãos da administração poderiam ser agrupados nos setores (I) militar, (II)
geral e (III) fazendário. No setor (II), que se referia à administração geral/ civil e a
questões propriamente administrativas e de justiça, cuja discussão é a que nos interessa,
vale ressaltar que, segundo Prado Jr., também houve uma 'confusão de poderes e
atribuições', pois as mesmas autoridades não só se ocupavam dos negócios de ambos os
79
subsetores, como não havia diferença substancial no modo de agir num e noutro
terreno.
O Senado da Câmara ou Conselho Municipal era componente integral e vital da
administração pública em Portugal e no seu Império. Ele representava, junto com a
Relação (Alta Corte) e a Fazenda Real (Tesouro), as autoridades judiciais, militares,
eclesiásticas e Santa Casa de Misericórdia (RUSSELL-WOOD, 1977). A sede do
senado era nas vilas ou cidades, além do termo respectivo. Normalmente era composta
por um ou dois juízes ordinários (sendo um deles o presidente da câmara), três ou mais
vereadores, procurador, tesoureiro e escrivão eleitos pelos 'homens bons' - "pessoas
gradas do termo e da vila que figuram em listas especialmente feitas para esse fim"
(PRADO JR, 1977, p. 315). A eleição era feita anualmente, para um período de três
anos, através do sistema indireto, nas “oitavas do natal do ultimo anno de seus
mandatos” (FLEIUSS, 1922, 34). Esses membros, no nível local, exerciam funções
jurídicas, políticas, fiscais e administrativas (RUSSELL-WOOD, 1977).
À Câmara do Senado cabia nomear :
a) Juiz almoçatel;
b) Juízes vintenários ou de vintena - com jurisdição nas freguesias;
c) Funcionários internos: secretário, escrivão, síndico, etc., mas esses funcionários
também poderiam ser escolhidos pela Coroa.
Mas em todos os negócios da Câmara havia uma intervenção de outras autoridades. "O
governador também se imiscui nos assuntos municipais. Há cargos que, embora de
nomeação da Câmara, é ele quem provê, como o de escrivão mandando juramentá-lo e
dar-lhe posse." (PRADO JR., 1972, p.317), (grifos nossos). Ora, o escrivão da câmara
era aquele que, dentre várias atribuições, também deveria auxiliar "o ouvidor ou juízes
ordinários nas funções de Justiça" (SALGADO, 1985, p.139), tirando "quaisquer
inquirições e devassas", e como essas intervenções de fato existiram, fruto talvez das
relações de doação de benefícios ou mercês, é preciso questionar acerca da investidura
a cargos públicos naquele período; e é sobre esse assunto que vamos discutir a seguir.
2.5.2 O ofício do cargo público
O cargo público na administração colonial pertencia ao rei e poderia ser distribuído
"pelo próprio governo metropolitano ou, por delegação, pelos vice-reis e governadores
80
gerais." (WEHLING & WEHLING, 2000, p.143). Exercer uma atividade pública rendia
ao ocupante do cargo uma situação de preeminência na comunidade, e sobre isso afirma
Furtado (1993, p.78) a "administração colonial, civil ou militar, foi forma segura de
ascensão social e por isso seus postos eram cobiçados para familiares e amigos." Ainda
segundo a autora, por meio da investidura em cargos públicos era possível receber
privilégios e, a partir disso, aqueles que tinham o poder de distribuí-los criavam "redes
de clientelismo" e favores, desenvolvendo, assim, o tecido social dessa sociedade. Se o
pai ou avô ocupou um ofício real, mesmo que fosse modesto, isso era considerado um
fator positivo ao ingresso em diferentes cargos; ou seja, esse fato, por si só, já se
constituía "num elemento de ascenção social." (WEHLING & WEHLING, 2000,
p.143).
Segundo Hespanha (2001, p.182), havia a patrimonialização dos ofícios e a sua venda
era formalmente proibida em Portugal. A administração no Brasil, porém, "conheceu
outra forma singular de combinar interesses sociais e poderes administrativos: a
venalidade dos ofícios." Além disso, a criação de novos ofícios pelos governadores foi
proibida e, para aqueles já existentes, poder-se-iam nomear serventias, mas não
oferecê-las em propriedade. Entretanto, no início do XVII, foi estabelecido, através de
um decreto real, que novos cargos (criados ou a serem criados, salvo os da Fazenda)
deveriam ser entregues àqueles que tivessem oferecido "algum donativo à Fazenda".
Mais tarde, os ofícios passaram a ser vendidos em leilão, a quem mais oferecesse,
embora, segundo Hespanha, isso não caracterizasse uma venda efetiva, já que o valor
pago era tido como uma doação, "correspondendo ao dever de gratidão para com o rei
que lhe concedera o ofício." E tudo isso, podemos dizer, ‘retroalimentava’ a política das
redes clientelares. Entretanto, depois de 1767, a venda foi limitada às serventias cujo
pagamento era calculado sobre o terço do rendimento avaliado, além de um donativo
prefixado; depois, o leilão foi substituído pela venda a preço fixo (HESPANHA, 2001,
p.185). No Rio de Janeiro, segundo Hespanha, o leilão também foi estendido às
serventias dos ofícios de justiça.
Dentre as características do ofício na Colônia, segundo Wehling & Wehling (2000),
podemos citar: a patrimonialidade (embora houvesse as vendas de cargos); o uso
privado da função pública; o predomínio da fidelidade pessoal; a multiplicidade das
funções; a estabilidade; a associação com o enobrecimento e a ausência de
81
especialização profissional. Dentre todas essas características, as duas últimas são as
que mais nos chamam a atenção. Exceto para os ofícios poucos significativos, o cargo
público era o mais eficaz instrumento de ascensão social, e no Brasil esse papel de
promoção social foi ainda mais importante, "dando já ao primeiro ocupante foros de
nobreza de fato e beneficiando de modo significativo seus descendentes." (WEHLING
& WEHLING, 2000, p.145), conforme já discutimos aqui..
Na estrutura administrativa da América portuguesa o cargo de tabelião/escrivão do
judicial, comparado ao de juízes e/ou ouvidores, talvez fosse o de menor
proeminência, uma vez que pertencia a um setor intermediário, conforme Wehling &
Wehling (2000); entretanto questionamos : o fato de o ocupante desse cargo ser um
usuário da escrita não lhe garantiria um certo prestígio na incipiente sociedade
colonial mineira? No Capítulo 3 procuraremos responder a essa questão.
Quanto à "especialização profissional", segundo os autores, apenas ao clero, para as
funções superiores de justiça, exigia-se o título de "letrado", ou seja, uma formação em
direito civil ou canônico pela Universidade de Coimbra; entretanto, para as demais
funções, isso não ocorria, pois a "competência era adquirida pela experiência do cargo";
isto é, "saber de experiência feito", (2000, p.144-145). Na justiça comum, os juízes
ordinários eram "Totalmente desprovidos de experiência em assuntos legais"
(RUSSELL-WOOD, 1977, p. 39), apesar de Lemos (2003), cujo trabalho
circunscreveu-se ao período de 1750-1808, questionar essa falta de experiência.
Entretanto, concordamos com a análise Russell-Wood (1977), pois ela está mais voltada
para o início do período colonial, que é o mesmo de nossa pesquisa.
2.5.2.1 Funcionários da administração da justiça
2.5.2.1.1 Juiz ordinário ou da terra
Três homens bons eram eleitos pelo povo, congregado no adro da igreja, e aquele que
recebesse “mais vozes” ou votos era designado juiz ordinário; os outros dois se
tornavam vereadores, sendo essa eleição confirmada pelo Ouvidor, que falava em nome
do Governador. Atuava como juiz de primeira instância, embora não precisasse ser
bacharel, e usava uma vara vermelha, quando saía em público, sob pena de multa a
cada vez que, sem ela, se encontrasse (SEGURADO, 1970). Como os homens bons do
lugar possuía o regimento da cidade, presidia à vereança, conforme já mencionado;
82
substituía os juízes de órfãos; processava feitos de qualquer quantia sobre bens de raiz e
bens móveis; dava audiência duas vezes na semana e, quando estivesse ausente,
impedido ou doente, era substituído pelo mais idoso dos vereadores. Este fato é
ilustrado pelo sumário de testemunha da Vila de Sabará no qual o juiz ordinário, como
estava impedido de atuar, foi substituído por : PedroRodriguesdefaria breadormais|velho
edeprezente juishordenarionoempedemento|doatual [CBG- Linhas 4494-4495]
.
Relativamente à jurisdição criminal, julgava os feitos das injúrias verbais, da
almoçataria e de furto de escravos, sem apelação ou agravo. Em lugares com “mais de
200 vizinhos”, que era o caso de Vila Rica e Vila Real de Sabará, a alçada ia até 6.000
réis; e quanto ao furto de escravos a quantia era de 400 réis. Não levava dinheiro algum
das partes, “sob pena de o pagarem nove vezes, metade para o accusador e metade
para o lesado”,(FLEIUSS, 1922).
Finalmente, em casos em que a parte ou testemunha não soubesse ou não podia assinar,
bastava “o sinal do Juiz com a fé do Tabellião, em que faça menção de como o
quereloso não sabia, ou não podia assinar.” (5º. LIVRO DAS ORDENAÇÕES,
TÍTULO 117). Mas nas inquirições sob análise, as testemunhas masculinas que não
sabiam assinar, faziam-no com um X e cabia ao escrivão assinar por elas, deixando ou
não registrado que a testemunha não sabia assinar, conforme:
(i) (...)eolnaõdesedoditoautodequere|llaquetodolhefoilidoedeclaradopello|
ditojuishordenario omocoalseasegnou|dehumacruspornaõsaverescrevereuAnto
|niojozedacunhaToboleaõqueescrevy| Faria
| de
Paullo + ferr
a
deAlmda| [CBG-Linhas 4529-4534 ]
(ii) (...)
ealnaõ|dise nem docustume easignou|Seutestemunho comoditto Juis|EuJorge Furtado
deMendomça|escrivaõ queoescrevy|
De
Motta
Mathias + Gonçalves| [AP- Linhas 3062-3066]
Como as testemunhas mulheres dos depoimentos sob análise não sabiam assinar, cabia
ao juiz ordinário fazê-lo, mas em alguns casos o próprio escrivão assinava por ela,
conforme:
(i) (...) per elle dito juis ordinario|comquem asinou, edosCostumes nada|euBentodeAraujoPereyra Evy|
dates
ta
83
Abreu
An
ta
+ daCosta|| [AD-Linhas 2777-2780]
(ii) (...) ealnaõdise doauto|quetodolhefoylido edeclaradopello|
Pello ditojuis ordinario queasegnou|porellanaõsaber lernemescreverporser|mulher (...)
FernandodaMotta
[AD-Linhas 3553-3555]
Havia aqueles casos em que o escrivão assinava pela testemunha por ela estar
incapacitada, conforme:
(i) comocoalasegnou euAntonio jozeda | cunhaescrevaõqueoescrevy declaroqueasegnou| deCruzsem
embargo desaverfazeroseunome mas| porlhetremer amaõenaõ poder asegnar oSobredito odeClarey|
de
Brazaõ D
os
+ daCunhafrz | [CBG- Linhas 4379-4382]
2.5.2.1.2 Tabelião ou escrivão do judicial
Os primeiros tabeliães foram os notários apostólicos que atuavam em causas
relacionadas à igreja, também chamados tabeliães de notas eclesiásticas.
Posteriormente, esses agentes, tanto os do paço como os de notas, encarregavam-se de
atos judiciais do povo e de contratos particulares. Com o passar dos tempos, o tabelião
do judicial foi designado de escrivão (SEGURADO, 1970). Entretanto, segundo Barros
(1950), os tabeliães do judicial correspondiam a escrivães do juízo onde serviam, mas,
de modo geral, apenas os escrivães dos juízes gerais de primeira instância recebiam o
nome de tabeliães.
Nesta tese, em função da possibilidade diversa de nomear esse profissional, vamos nos
referir a ele como tabelião, escrivão ou escrivão do judicial; para além disso, em nosso
corpus encontramos três categorias de nomes usados pelos próprios serventuários na
escrita dos autos, conforme abaixo :
i) (...) asegnoueuAntonio | jozedacunhaescrevaõqueoescrevy [CBG-Linha 4348 ]
ii) (...) eeujoseRabelloAndradeescrivãdJudecial queoescry [CBG- Linha 4706]
Talvez o serventuário em (i) fosse um escrivão da Câmara que, conforme Salgado
(1985), também poderia auxiliar o ouvidor ou juízes ordinários nas funções de Justiça,
tais como "tirar quaisquer inquirições e devassas", o que justificaria o nome atribuído.
Em algumas vezes, o serventuário se referia a si próprio de duas formas, conforme:
84
iii) (...) euToballi amaodi ontenomeadofui|vindoesendoahi pelledi to juis ordi|nario comigoes crivam
foramemque|ridas [AP-Linhas 3605-3607]
Esse cargo era nomeado pelos membros da Câmara, embora, conforme já discutido, o
governador também pudesse nomeá-lo. Entretanto, segundo Fleiuss (1922), aqueles
que prestassem serviço à justiça, para serem titulados, necessitavam de uma nomeação
régia. Em vista disso, resolvemos consultar fundos de arquivos para a localização de
nomeações dos escrivães que atuaram na redação dos processos sob análise.
Dos 14 processos _ querelas e devassas _ que compõem o nosso corpus, há um total de
13 escrivães, conforme quadro abaixo:
Quadro 4
Relação de escrivães dos sumários de testemunhas e dos autos de devassas
Referência
32
Escrivão
CBG-1743a, 1743b - 1744a
Linhas 4269-4581
Antônio José da Cunha
CBG-1744/1747
Linhas 4582-4679
Antonio Carlos Moreira de Sampaio
CBG-1745
Linhas 4680-4763
José Rabello Andrade
CBG-1750
Linhas 48474965
Manoel da Costa de Oliveira
AP-1725 e AP-1727
Linhas 1 - 1227
Carlos de Abreu
AP-1731a
Linhas1228-1639
Manoel de Barros da Rocha / Manoel Vas Fagundes
AP-1731b
Linhas 1640-2188
Luiz Silva e Souza / Antonio Martins da Silva Tobo
AP-1735
Linhas 2189-2861
Bento de Araújo Pereira
AP-1743
Linhas 2862-3590
Jorge Furtado de Mendonça / Ambrosio Rodrigues da
Cunha
AP-1750
Linhas 3591-4268
Domingos Thome da Costa
Como pode ser visto, há três inquéritos de Vila Rica nos quais dois escrivães atuaram,
quais sejam: o auto de devassa AP-1731a, AP-1731b e AP-1743; já há outros nos quais
um mesmo escrivão atuou como serventuário, em Sabará, CBG-1743a, 1743b-1744,
CBG-1744/1747; e, em Vila Rica , AP-1725 e AP-1727.
Numa consulta ao fundo Livro de Chancelaria de Dom João V, pertencente ao acervo
da Torre do Tombo, e aos fundos Códices do Brasil e Documentos Avulsos Capitania
32
A leitura desta coluna é feita da seguinte forma: CBG - Casa Borba Gato – arquivo de Sabará – AP -
Arquivo do Pilar em Vila Rica, atual Ouro Preto - onde foram localizados os sumários de testemunhas e
os autos de devassa, respectivamente; os anos se referem à data do processo e as linhas indicam a
localização do processo no corpus da pesquisa anexado.
85
de Minas Gerais pertencentes ao acervo do Arquivo Histórico Ultramarino, ambos em
Lisboa, buscamos localizar as nomeações/indicações desses tabeliães/escrivães, mas
apenas conseguimos localizar os seguintes:
- Ambrosio Rodrigues da Cunha, dada em 1742 :
Dom João por graça de D’Elrey de Portugal & Faço| saber aosq esta ma Provisaõ virem q tendo resp
to
ame| Representar Thomaz Fran
co
T
am
do judicial e nottas de V
a
. Nova|da Raynha (...) nas minas geraes q
eufora servido fazer|lhem
ce
de serventia do d
o
. Off
o
. per tempo de mais 7 annos por causa de parecer
queixas qoimposibilitavaõ aexerci|tar od
o
off
o
comprontidão lheheera per isso ter hum escrevente
juramentado na forma q eu tinha facultado aoutros off
os
emrezão doq mepedia lhe concedesse agra|ça de
poder ter a Ambrosio Roiz da cunha por seu escre|vente e visto seu requerimento e Informação q o Juiz de
India (...) deu da capacidade do mesmo Ambrozio Roiz da Cunha, hey porbem q elle sirva de Escrevente
jura|mentado na forma da ordenação ao supp
te
pello q mando | ao meu governador e capp
ao
general da
capitania das minas e mais ministros e pesoas aqm tocar cumpra (...) |Lixboa 15 de M
ço
de 1742.
33
- Antonio Carlos Moreyra de Sampayo, dada em 1734:
Snor
Diz Antonio Carlos Moreyra deSampayo, q elle esta servindo combom|procedim
to
; esem crime,
comoconstadaCertidaõ; a folha corrida, q|appresenta, o officio deEscrivaõ dos orfaõs de villa Real
daConcey-|çaõ do Sabará noRio das velhas, eporq selhe [†...] estando no|anno de provimento de q
vsMag
de
lhefas mçe [†......] continuar|a d
a
. Serventia|| P
a
.Vmag
de
. lhe faça m
o
mandar passar provisam|
por mais hu anno p
a
. continuar na serventia|pagando a fas
a
. Real e (tirar) de rendit
o
. do d
o
. Off
o
.|naforma
das ordens de V.Mg
de
. |ERM
er
.
34
- Bento de Araújo Pereira, dada em 1733:
BentodeAraujo|Pereyra| Tabaliaõ de v.|Rica p tres na|nos|Decreto ePor|taria|
DomJoaõ Etca. Façosaber aos q estaminhaProvisaõ|virem q euheyporbem fazer m
ce
. (alemdeoutra),
aBen|to deAraujo Pereyra deserventia do officio deTaba|lliaõ do publico judecial enotas
devillaRicadoouro|preto (paraserviço) por tempo de tres annos sendo|qsejaoactual pRovimento comq está
servindo o |mesmo officio Manoel vasfagundes comdeclara-|raçaõ q no fim decadahum dos d
os
.
annoscontribuirá com a 3ª. p
te
. de tudo oq Render dentro do d
o
.tem-|po o Refferido officio p
a
. o q dará
fiança idonea (...)| O Secr
o
. Bernardo dasilva|emLix
a
. 30 de Julho de 1733.
35
- Carlos de Abreu, dada em 1723 :
T
am
. deV
a
. Rica p| hum anno| EuElRey façosaber aosq esta minha Provisaõ|virem q tendo Respeito
aCarllos deAbreu n
al
.daCi|dade deBraga eseachar nestaCorte eternotisia|estar vago a serventia doofficio
deTabaliaõ do|publico judicial enotas deVillaRica da Com
ca
.|do ouropReto que servia Joaõdasilva [†......]||
oqualseacha NestaCorte eameRepRezentar| Comcorrer em Nelle os Requisitosnecessarios| (porter)
apratica judicial ehaver servido o officio| deescrivaõ das execusoens da CidadedeBra|ga deqhé
pRoprietario SeuPay Gaspardeo-|Liveyra emquesetem(saido) Com RectopRo-|cedimento eaboasatisfaçaõ,
Cumprindo as ordens| dealguas delligencias q por ocasiaõ dosseus of|ficios lheforaõ cometidas domeu
serviço,ser-|vindome tambemde soldado particullar desde|oprinsipio daguerra atheo fim della pedindo-|me
(ohouvesse) naserventia elle portempode|humanno Etendo a tudo concideraçaõ Hey
por|bemfaserlhem
de
.
Doofficio deTabaliaõ dopubli|co judicial e notas deVilla Rica daComarca| do ouropReto portempodehum
anno Comdecla|raçaõ q nofim delle Contribuirá comaterça| parte
detudo o q Render dentro do dito
tempo|o d
o
. Comoqual haverá o ordenado que|lhetocar /seotiver/etodos os ospRoes epercalços q|
33
Arquivo da Torre do Tombo - Livro de Chancelaria de D.João V L.102, fl.192 – Registro Geral de
Mercês.
34
Arquivo Histórico Ultramarino – AHU – Documentos Avulsos Capitania de Minas Gerais – Caixa 25 e
26, anos 1733-1734.
35
Livro de Chancelaria de D. João V, Livro 24, página 343. Registro Geral de Mercês.
86
direytamente lhepertencerem Pelloq mando ao|Meugov.
er
eCapp.
m
gn
l
dacapp
nia
. das Minas ma-|is
Ministros epesoas q tocar lhedempossedo-|d
o
. officio, elhedeixemservir eexercitar, ehaver| o d
o
.
Ordenado, se[†......] etodos os pRoes e percalços| comodito hé eellejurará em minha chancelaria| naforma
costumada dequesefara asento nas|costas destaProvisaõ quesecumprirá integram
te
.|comonelleseconthem
semdevida algua aqual vallerácomo Carta semembargodaordenaçaõ| soL
o
.R
o
. ff
o
. (ao emcontr
o
.)
epagoudenovodereyto|quinze milrs qsecarregaraõ do [†.......]|Correa deMoura a fl152 edeufiança
nolivro|delas eoutratanta quantia afl 23 v
o
. eoutra|apagandomais q render o dito officio
comoto|doseuconhecimento emforma Registado no Registo|geral a fl 166. Manoel gomes dasilva
(oficiem)|Lixa. A10de Abril de1723 o secretro|Andrelopes =Rey=||
36
- Manuel Vas Fagundes, dada em 1730 :
Tabaliaõ deVa|Rica por tresan-|nos|| DomJoaõ Etca. Faço saber aos q estaminhaProvizaõ virem q tendo|
Respeito Manoel vas Fagundes me haver servindo que (tem)|despachado pellos seus prim
os
. serviços
naocupaçaõ de Cirur|giaõ mor do Estado daIndia por espaçode dez annos e27 di|as continuados de 13 de
outr
o
. deMayo de1716 the 29 de Mayo de|1726 fazendo nodecurso do Refferido tempo varias armadas|
ecampanhas ecurandocomLouvavel caridade edesvello|as feridas [†...] aos quaes asestia tambem no q
[†...] a medicina nafalta dooficio mor
Comgr
de
. Aseitação detodos|pella m
ta
. Sciencia q tem a suaarte achandosse naempRe|za declarada naqual
continuou [†.....] doofficio|mor acudindoacura dos feridos edamesmasortede|| (rebaste) q houve equerendo
o inimigo atacarnos, tomouporsua| conta laberar hua pessoa decompanha com aquallhefez| gr
de
. Danno
portandosse pellejas com m
to
. vallor (...)| Hey por bem fazerlhe m
ce
. emsatisfaçaõde|seusserviços
daserventiade hum dos officios detabaliaõ|dopublico judicialenotas deVilla Rica q ocupava|Carllos de
Abreu portempodetres annos comdeclaraçaõ|q no fim de cadahum delles contribuira com a 3ª.| p
te
.
Detudo o que Rendar dentrodo d
o
. tempo o Refferido off.|p
a
. o q darafiança idonea naforma q
tenho(Rezoluto)|comoqualhavera o ordenado q lhe tocar/seohouver| etodas os proes epercalços q
dereytam lhe[†...]|Pello q mando ao meugov
or
. e cappm. gr
l
. dacappitania| dasMinas emais membros a q
tocar dempossea|Manoelvazfagundes do Refferido officio (...) (...) Antonio de souza P
ra
. o fez emLix
a
a
15 de Novembro|de1730 osenhor ManoelCaetanoLopes |oescrivaõ||
37
[grifos nossos]
Como se vê, do total de 13 escrivães apenas localizamos, em Lisboa, cinco documentos:
cartas de provisões de ofícios ou pedidos de prorrogação no cargo por parte dos
escrivães interessados.
Ambrosio Rodrigues da Cunha - recebeu a provisão e mercê da Coroa para
continuação no cargo de escrevente juramentado, por mais um ano, para atuar em Vila
Nova da Rainha, atual Caeté, que fazia parte da comarca da Vila de Sabará.
Antonio Carlos Moreyra de Sampayo - recebeu a provisão e mercê da Coroa
para continuação no cargo de escrivão de órfãos, por mais um ano, na Vila do Sabará.
Conforme será discutido no Capítulo 4, o escrivão de órfão também poderia auxiliar o
juiz ordinário.
Bento de Araújo Pereira - recebeu a provisão e mercê da Coroa para ocupar
o cargo de tabelião do público judicial e notas, por três anos, em Vila Rica, em
substituição a Manoel Vas Fagundes.
Carlos de Abreu - recebeu a provisão e mercê da Coroa para ocupar o cargo de
tabelião do público judicial e notas de Vila Rica, por um ano (1723-1724); no entanto,
36
Arquivo Histórico Ultramarino – AHU – Códices do Brasil – Rolo 175 – no. 131-132 – ano 1727-1732.
37
Arquivo Histórico Ultramarino – AHU – Códices do Brasil – Rolo 175 – no. 131-132 – ano 1727-1732
87
deve ter recebido prorrogação de cargo, pois, conforme consta do QUADRO 4, ele
atuou em autos de devassas nos anos de 1725 e 1727 . Segundo consta, ele já possuía a
experiência no cargo de escrevente, cujo proprietário era o pai, em Braga, sua cidade
natal. Além disso, esse escrivão serviu à Coroa como soldado particullar desde|oprinsipio
daguerra atheo fim della
. Esse episódio retrata bem a política das redes clientelares de que
tratamos anteriormente.
Manuel Vas Fagundes - recebeu a provisão e mercê da Coroa para ocupar o
cargo de tabelião do público judicial e nota, por três anos, em Vila Rica. Essa mercê
também é oriunda das redes clientelares, pois esse escrivão atuou como
Cirurgiaõ mor do
Estado da India por espaço de dez annos e27 dias continuados
e, por isso, era preciso fazerlhe m
ce
.
em satisfaçaõ de seus serviços da serventia de hum dos officios detabaliaõ do publico judicial e notas de
Villa Rica.
De todos esses beneméritos da mercê da Coroa, o único que, parece-nos, não possuía
experiência como escrevente era este último, Manuel Vaz Fagundes, já que atuava
como cirurgião mor. Na parte conclusiva da presente pesquisa 5, vamos verificar se há
alguma relação entre a ocorrência de combinações lexicais restritas nos inquéritos
produzidos e a experiência desses escreventes.
Fizemos essa mesma busca no Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte, e em
arquivos de Ouro Preto e Sabará, mas não conseguimos localizar as nomeações para os
demais escrivães. Daí surgirem alguns questionamentos que o próprio contexto
histórico permite-nos fazer: teriam sido esses outros escrivães, cujas nomeações não
foram localizadas, indicados por governadores locais? Teriam sido esses cargos
adquiridos por meio de outra forma que não a nomeação? Segundo os historiadores,
conforme já discutimos nesta tese, tais ofícios não eram transmitidos hereditariamente e,
para vendê-los ou renunciá-los, era preciso licença régia. Se houvesse a venda sem essa
licença, apesar de as Ordenações Afonsinas proibirem esse tipo de transação, o
vendedor perdia, “além do preço, o officio, que o comprador tambem não poderia
haver” (BARROS, 1950, p. 405). O mesmo consentimento era necessário para arrendá-
los a outrem ou repassá-los a filho ou a genro; “uma vez concedida, e embora não se
realizasse, entendia-se nomeado o filho primogenito.” (FLEIUSS, 1922, p. 39).
88
Em Minas, Manuel Nunes Viana, que, em 1708, foi líder da facção mineira na
sangrenta "guerra dos Emboabas", além de ter sido aclamado governador interino de
toda região mineira, "mal era alfabetizado" e recebeu a mercê da Coroa de um cargo de
escrivão da Ouvidoria de Sabará, no ano de 1726. Entretanto, este cargo foi dado depois
em serventia a Antonio Jardim (VASCONCELOS, 1948; NOVINSKY, 2001;
ROMEIRO, 2007). Talvez esse não fosse um fato isolado, e pode ser que alguns dos
cargos dos escrivães de nossa pesquisa, para os quais não localizamos nomeação régia,
tenham sido conquistados do mesmo modo: por meio das redes clientelares, ou seja,
indiretamente. Talvez o tempo e a pouca preservação de documentos históricos tenham
dado cabo dos registros dessas nomeações; ou pode ser que ainda precisam ser
localizados em alguma gaveta.
A partir desse caso ilustrativo, é necessário discutirmos, conforme será feito no
Capítulo 3, qual era a concepção em vigor acerca de um estado de alfabetização nesse
período, além de questionarmos as habilidades exigidas daqueles que exerceriam um
cargo público, e isso será feito na próxima seção. Antes, vamos analisar quais eram as
atribuições do tabelião, conforme as Ordenações do Reino, de 1603.
De acordo com o regimento dos tabeliães (que se encontra, devidamente transcrito,
neste volume em formato de CDROM), criado a partir da reformulação das Ordenações
do Reino, feita em 1603, no que diz respeito às inquirições e/ou devassas, esses agentes
deveriam:
i) comparecer à casa do juiz de fora ou ordinário e nela permanecer por três horas na
parte da manhã e na parte da tarde;
ii) ser substituídos, quando fossem suspeitos em alguma causa, pelo tabelião de notas;
sendo esse também suspeito, seria substituído pelo escrivão da câmara; se também
fosse suspeito, um tabelião do local mais próximo seria o responsável pela escrita da
“dita causa”;
iii) ser “muy prestes, & diligentes” nas audiências para as quais eram solicitados,
escrevendo “todos os autos, que perãte os Iuizes passarem, & todos os que a bem de
justiça pertence fazer, & escrevere o que a seus officios toca, & o que lhes for mãdado
89
pelos Iuizes, ou requerido pelas partes” de forma que nenhuma delas seja prejudicada,
“sob pena de privação de Officios”;
iv) escrever “os termos dos feitos que lhes forem distribuydos, muyto declaradamente,
& menos prolixo que poder ser põdo sempre em cada termo o dia, mes, & anno,
juntamente, & o seu nome sob pena de privação dos officios.” .
v) ser “muy prestes para irem com os Iuizes, ou por seu mandado fazer quaesquer autos,
que pertencerem a bem da justiça, & a tirar quaesquer enquirições, que pelos juizes for
mandado, assi devassas, como judiciaes, geraes, & especiaes, em todo os maleficios,
assi por parte da justiça, como a requerimento das partes damnificadas. As quaes
inquirições, devassas lhes serão pagas”.
vi) perguntar às testemunhas no começo de seus ditos e testemunhos pelo costume e
idade, quando se tratasse de inquirições judiciaes; já nas devassas gerais e especiais essa
pergunta seria feita ao fim de cada testemunho, “sob pena de perderem os Officios, e
nunca os mais haverem.” (1º. LIVRO DAS ORDENAÇÕES, T.79).
vii) escrever “nihil”, quando a testemunha nada dissesse a respeito do caso; mas essa
expressão apenas deveria aparecer no fim de cada testemunho. Além disso, “depois de
acabar de screver todos os artigos, em que a testemunha disse alguma cousa, fará hum
capitulo, em que dirá assi: E perguntado por tal artigo, e tal, declarando-se sómete per
numero, assim como, primeiro, segundo e terceiro, a todos disse nihil.” (5º. LIVRO
DAS ORDENAÇÕES, TÍTULO 117). O tabelião ou escrivão que não seguisse essas
ordens perderia o ofício.
vi) ter um “livro enquadernado de quadernos iguaes, de tantas folhas hum, como outro,
& de papel de hua marca, & grandeza para nelles escreverem as querelas obrigatorias, q
pellos juizes, & justiças forem recebidas aos querelosos, nos casos em que por nossas
ordenações o devem ser. O qual livro serà assinado, & numerado pelo juiz da terra,
sabendo ler, & escrever, & nam sabendo, o serà pelo seu superior. E o Tabelião que o
contrario fizer, & for compreendido em malicia, ou negligencia, perderà o officio”;
90
vii) “nam pòr, nem escrever, nem deixar de escrever mais palavras, ou menos, das que
lhe forem ditas pelos querelosos. As quase depois de terem escritas, lhes leram todas de
verbo ad verbum, perante o juiz que a querela recebe. E depois de lida assi a querela,
serà assinada pelo quereloso, & pelo juiz. E o Tabelião que o contrario fizer perca logo
o officio, & seja preso, para lhe mandarmos dar a pena de falso, ou outra qual ouuermos
por bem.”
viii) escrever tudo o que as testemunhas disserem e “não screvão outras razões, nem
acrescentem mais palavras, que as que as partes disserem, nem diminuão cousa alguma,
e screvão o caso pela maneira, que a parte o contar, e mais não. E fazendo o contrario,
percão logo os Officios, e sejão presos, para lhes mandarmos dar a pena de falsarios, ou
outra, que houvermos por bem.” (5º. LIVRO DAS ORDENAÇÕES, TÍTULO 117).
Por ora, apenas apresentamos essas atribuições, mas grande parte delas será retomada
no Capítulo 4, porque vamos verificar, através da análise das devassas/sumários de
testemunhas, se elas foram seguidas pelos escrivães/tabeliães.
Passemos agora a discutir os requisitos necessários para ocupação de cargos públicos.
2.5.3 Requisitos necessários à ocupação do cargo
Havia alguns requisitos que eram comuns a todos aqueles pretendentes a um ofício
público. Tais requisitos ou eram explícitos em lei ou eram implícitos pelo contexto
social; os mais gerais eram : "ser maior de vinte e cinco anos ou emancipado, ser
mentalmente capaz, ser católico e pertencer ao sexo masculino" (WEHLING &
WEHLING, 2000, p.151). Para exercer o cargo de juiz ordinário, como já discutimos
em outra seção, não era necessário ser bacharel; aliás muitos são os casos relatados
pelos historiadores que indicam que tais juízes não eram nem mesmo "alfabetizados"
(apesar de, conforme discutiremos no próximo Capítulo, esse tipo de conceito ser muito
relativo).
Para servir o ofício de tabelião do judicial, era necessário ao candidato:
“1º, prestar exame perante a Mesa do Desembargo do Paço, que averiguava se os
candidatos sabiam ler e escrever bem;
2º, ter carta regularmente passada pela mesma Mesa, para os respectivos
direitos;
91
3º, prestar juramento de bem servir seu officio perante o escrivão da Chancelaria
Mór do Reino, incorrendo nas penas da lei os que serviam sem carta e sem
regimento;
4º, prestar fiança de 30$ nas cidades, 20$ nas villas e 10$ nos conselhos e terras
chans, (...) ;
5º, registar o signal publico e possuir regimento, carta ou provimento, bem
como a escriptura da fiança, que lhe poderia ser exigida pelo corregedor em sua
correição;
6º, ser maior de 25 annos, casado, ou casar-se dentro de um anno, sob pena de
perder a serventia do officio, não pode ser delle privado senão por culpa
officialmente provada ou incapacidade notória.”
(FLEIUSS, 1922, p. 39)
Gostaríamos de chamar a atenção para a exigência de «saber ler e escrever», uma vez
que, conforme veremos no Capítulo 3, os domínios da leitura e da escrita sobrepostos
na mesma pessoa, ainda no século XVIII, “não deixavam de constituir actividades
diferenciadas, adquiridas com diferente nível de capacitação e tendendo a escrita a
especializar-se na caligrafia.” (MAGALHÃES, 1994, p. 187), mas, antes desse período,
o aprendizado não era simultâneo; ou seja, primeiramente aprendia-se a ler, e depois, a
escrever. Para além disso, é preciso considerar que, nas Minas do século XVIII, ter o
domínio das letras era privilégio de muito poucos, ou seja "menos da metade da
população". Assim, saber ler e escrever, mesmo que de forma rudimentar, já conferia
ao indivíduo certa distinção social. "No que tange à Justiça, aquele que dominasse as
letras encontrava-se apto para o exercício de um cargo de tabelião, por exemplo."
(ANTUNES, 2004, p. 182).
Há uma questão que Wehling & Wehling (2000) levantam sobre a competência,
dedicação e eficiência dos ocupantes de cargos públicos e, segundo eles, isso ficava
muito a desejar, embora houvesse algumas ‘ilhas de competência’, "quer a título
pessoal, quer em determinados setores, como a cúpula da justiça e da fazenda", (2000,
p.155). Os autores ainda afirmam que, a partir da segunda metade do XVIII, sob
influência das idéias iluministas, vai sendo delineada uma administração mais
profissional, que acentua a competência e dedicação, mas aí, nesse caso, ultrapassam-se
os limites de nossa pesquisa.
No próximo Capítulo, faremos uma discussão sobre a educação em Portugual no
Antigo Regime, especialmente no século XVIII, além de propormos uma discussão
ampla sobre letramento e sobre as práticas de letramento em Portugal, no Brasil
Colônia e na incipiente sociedade das Minas Geraes. Uma vez esboçado esse "mapa",
seremos capazes de avaliar o nível de letramento dos atores envolvidos na produção dos
92
inquéritos, para, então, analisarmos as combinações de unidades lexicais restritas como
índice de oralidade ou prática social interativa de oralidade nos manuscritos sob
análise.
93
3 As práticas de letramento em
Minas Geraes
3.1 INTRODUÇÃO
Conforme discutimos no Capítulo 2, grande parte dos portugueses que vieram para as
Minas do Ouro eram do sexo masculino da zona rural do Norte de Portugal, e que
fazem parte, de alguma forma, do quadro das testemunhas, juízes ordinários e escrivães
dos inquéritos sob análise nesta pesquisa. Além desses, havia também indivíduos de
diferentes partes do Brasil Colônia, especialmente de São Paulo. Seria usual entre essas
pessoas o exercício da escrita e da leitura, seja nas Minas seja na região de origem
delas? qual a relação dessa prática (ou a ausência dela) na elaboração dos processos-
crime sob análise?
Nas seções que seguem vamos responder a essas e a outras questões que levantamos
em capítulos anteriores. É necessário, no entanto, explicitarmos qual a concepção de
letramento que subjaz à presente pesquisa; é o que faremos a seguir.
3.2 O LETRAMENTO E SEUS NÍVEIS
Um problema com a palavra letramento é que ela está semanticamente saturada
(tradução livre)
38
(HASAN, 1996, p. 377), essa saturação pode ser proveniente das
diferentes abordagens que o tema propicia. Desde o Capítulo 1, estamos nos remetemos
à questão do letramento e na seção sobre escrita, oralidade, gêneros textuais e
letramento apresentamos nossa posição quanto a esse tema. Assumimos o discurso de
Soares (2003a) sobre a necessidade de se reunir numa única definição tudo o que o
termo envolve, que é uma ampla variedade de "conhecimentos, habilidades,
capacidades, valores, usos e funções sociais", (2003a, p. 65). Para além disso, o tema
envolve duas grandes dimensões: a individual e a social; essa última, como já discutido
naquela seção, nos interessa mais de perto porque entende letramento como um
"conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se
envolvem em seu contexto social." (SOARES, 2003a).
Mas que relações escondem os temas letramento, ser letrado, ser alfabetizado, ser
analfabeto? O termo letramento qualifica o estado ou condição daquele "que não só
38
One problem with the word Literacy is that it is semantically saturade (...).
94
sabe ler e escrever, mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita."
(SOARES, 2003a, p. 36). A partir disso, Soares apresenta as seguintes relações : a
pessoa que é alfabetizada e letrada, além de saber ler e escrever, faz uso das práticas
sociais da leitura e escrita e nelas se envolve; já a pessoa analfabeta não sabe ler e nem
escrever. Por outro lado, existem aquelas pessoas que são alfabetizadas, isto é, que
sabem ler e escrever, mas não fazem uso da leitura e da escrita; ou seja, são pessoas
não-letradas, que não vivem no estado ou na condição de quem sabe ler e escrever;
enfim são indivíduos em cujo quotidiano não há a prática da leitura e da escrita
(SOARES, 2003a).
Tfouni (2001), no entanto, aponta para a existência de diferentes letramentos; ou seja,
numa sociedade letrada, em que "as atividades de leitura e escrita estão na base de quase
todas as outras atividades" (2001, p. 57), é possível que mesmo sem a presença da
alfabetização, haja letramento, embora seja num nível mais baixo
39
. Mas como esse
tema deve ser analisado "segundo as necessidades e condições sociais específicas de
determinado momento histórico e de determinado estágio de desenvolvimento."
(SOARES, 2003a, p.80), para a presente pesquisa precisamos analisar o contexto sócio-
histórico da época sob análise, para, então, construirmos uma definição de letramento
mais adequada a esse contexto.
No Capítulo II, já explicitamos o período ao qual nossa pesquisa se restringe, que é a
primeira metade do século XVIII, início da colonização das Minas do Ouro. Na
oportunidade, discutimos que grande parte da população dessa nova capitania era
proveniente do norte de Portugal, embora houvesse colonos de outras regiões do Brasil.
Neste Capítulo 3, interessa-nos apontar o nível de letramento das pessoas que formavam
o tecido social da incipiente Minas e que fazem parte dos processos-crime, para, no
Capítulo 5, estabelecermos uma relação entre esse nível e indícios de oralidade _
combinações de unidades lexicais restritas _ na construção dos inquéritos. Na seção a
seguir, analisaremos o estado de alfabetização da população d'além mar e, para tanto,
recorreremos a Magalhães (1994) cuja pesquisa tem como locus a região rural
portuguesa, em especial o Norte, durante o período do Antigo Regime (AR), que
abrange 1620 a 1807.
39
A autora quer com isso dizer que, nesse tipo de sociedade, até as crianças em fase da aquisição oral
"sabem decodificar palavras escritas "interessantes", como COCA-COLA..." (TFOUNI, 2001, p. 57).
95
O processo de alfabetização no Antigo Regime português fundava-se numa
aprendizagem diferenciada para a leitura e escrita. De modo geral, o aprendiz era
iniciado à leitura para, posteriormente, aprender a escrever; e isso era comum tanto na
Espanha (FRAGO, 1993) como na França e na Inglaterra (CHARTIER, 2001). Muitas
vezes, as camadas sociais que não ultrapassavam a fase inicial da alfabetização,
principalmente as meninas e as crianças pobres que já se encontravam fisicamente
habilitadas para o trabalho manual, embora não soubessem delinear o nome, podiam
saber ler (MARQUILHAS, 2000). Mesmo nesses casos, conforme os padrões da época,
o indivíduo era considerado alfabetizado; ou seja, embora possuísse um nível
rudimentar de assinatura, sabia ler, sendo, então, alfabetizado (MAGALHÃES, 1994).
Para dar conta dessa situação histórica, vamos considerar, com base em Tfouni (2001),
que, num mesmo contexto histórico, não se pode dizer que todas as pessoas estejam no
mesmo nível de desenvolvimento, como parece ser o caso das testemunhas, escrivães e
juízes ordinários dos inquéritos sob análise; daí a autora propor que letramento seja
analisado sob o ponto de vista de um contínuo, conforme esquema a seguir :
...............................................................
letramento .............................................................
menos letrado mais letrado
+ alfabetização
Gráfico 5- O contínuo do letramento (adaptado de TFOUNI, 2001, p. 56)
De acordo com esse gráfico, nas diferentes gradações possíveis nesse eixo estariam
distribuídas as pessoas em dado momento histórico. Vamos, então, admitir, juntamente
com a autora, a existência de níveis de letramento; ou seja, no ponto extremo MENOS
LETRADO
encontram-se aquelas pessoas que não são alfabetizadas, mas reconhecem
elementos da escrita; no extremo oposto (MAIS LETRADO), tem-se aquelas pessoas que são
alfabetizadas e cujas práticas de leitura e escrita são triviais no dia-a-dia; já no intervalo
entre um ponto e outro há diferentes situações. Esse gráfico será retomado mais adiante,
quando formos analisar o nível das assinaturas dos atores envolvidos na produção dos
96
inquéritos judiciais. Antes disso, contudo, é preciso verificar: existiam práticas de
leitura e escrita no Portugal antigo? Vamos responder à essa questão na seção seguinte
e, numa outra, analisaremos essa mesma situação na América portuguesa,
especificamente nas Minas.
3.3 PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NO ANTIGO REGIME PORTUGUÊS
Justino de Magalhães (1994), por meio da análise de escalas de assinaturas, investigou
as práticas de Ler e escrever no mundo rural do antigo regime (AR) português e
constatou :
a) que não havia uma rede escolar no AR, mas em alguns municípios ou
concelhos havia uma tradição de ensino das "Primeiras Letras":
junto aos cabidos, conventos, abadias e outras comunidades religiosas, essa
prática regular do ensino era uma forma de iniciação à aprendizagem de Gramática
Latina e da própria música;
ordinandos e clérigos exerciam, regularmente, juntamente com o ensino da
catequese, uma atividade de iniciação à leitura e à escrita;
junto a alguns escrivães ou tabeliães, oficiais de mesteres, "ofícios não vis" e
com estabelecimento fixo _ barbeiros (sangradores, cirurgiões), boticários, mestres
alfaiates_ e no seio das próprias famílias havia uma prática regular de iniciação à leitura
e de prática da escrita, mesmo que fosse apenas a assinatura.
Ele também constatou :
b) que o acesso ao alfabeto se dava de duas formas: por meio de cartilha ou
através de um quadro mural com o ABC em maiúsculo e minúsculo; ou através da
composição/decomposição do respectivo nome próprio. Essa última maneira não
permitia ao indivíduo ultrapassar o nível da "semi-alfabetização". Os indivíduos que se
encaixavam nessa situação por vezes perdiam a capacidade de assinantes, mantendo-se,
no entanto, como leitores;
c) que fora dos espaços urbanos, o acesso à leitura e à escrita era mais seletivo,
apesar de ter havido setores sócioprodutivos que faziam uso dessas práticas com
regularidade: proprietários de bens de raiz e/ou móveis que assumiam alguma função de
poder na comunidade;
d) que apenas a partir do século XVIII foi crescente a preocupação com o
ensino e a qualidade da escrita. Isso se manifesta seja pela quantidade de manuais
publicados; seja porque eram necessários escrivães mais habilitados às novas exigências
97
da burocracia e da contabilidade pública e privada; seja para atender aos anseios dos
eclesiásticos e de outros setores letrados, seja com o objetivo de definir e organizar um
programa de instrução/formação e de um enquadramento pedagógico, social e cultural;
e) que havia uma grande correspondência entre estrutura sócioprofissional e o
nível de alfabetização: viver na cidade e ser proprietário de bens próprios, de raiz ou
móveis, na maioria das vezes, eram traços típicos de indivíduo alfabetizado; já entre os
médios e pequenos comerciantes a situação era irregular, os mestres e oficiais de
ourives usualmente eram alfabetizados, mas o mesmo não ocorria com os mestres de
ofício;
f) que nobres, eclesiásticos e monges, membros das profissões liberais, letrados,
grandes comerciantes (negociantes) com estabelecimento e grandes proprietários de
bens fundiários eram alfabetizados. Entretanto, os nobres, embora pudessem por si
próprios fazer uso de práticas de leitura e escrita quotidianamente, nutriam certo
desprezo pela escrita e, freqüentemente, recorriam a um escrivão (ou secretário)
privativo para essa finalidade.
As conclusões de Magalhães despertam interesse à presente tese, por dois motivos;
primeiramente, porque o período de seu trabalho, séculos XVII a XVIII, envolve a
época em que tanto os escrivães quanto as testemunhas portuguesas dos inquéritos (ou
pelo menos parte deles) sob análise foram, provavelmente, alfabetizados. Segundo,
porque, por meio dessas conclusões, poderemos analisar, obliquamente, qual era a
situação dessas pessoas quanto às práticas de letramento na incipiente sociedade
mineira. Todavia, para tornar mais fácil a discussão, agruparemos os tópicos que
guardam semelhanças entre si. Assim, (a), (b), (c) e (d), que se referem ao ensino-
aprendizagem e práticas de leitura e escrita, serão tratados na próxima seção; a seguir
trataremos de (e) e (f), que discutem a relação entre a estrutura sócioprofissional,
alfabetização e leitura/escrita.
3.3.1
Ensino-aprendizagem da leitura e escrita e suas práticas no AR
3.3.1.1 O método de alfabetização
No AR havia dois tipos de alfabetização: o mais ortodoxo era organizado com base no
processo didático-pedagógico da soletração, além de partir dos valores dos caracteres
do alfabeto para a silabação. Era um método mais lento e a diferença temporal que havia
entre a aprendizagem da leitura e a da escrita, "largamente documentada e recomendada
98
por autores da época", permitia que muitos aprendizes abandonassem a escola sem
escrever convenientemente (MAGALHÃES, 1994).
Esse processo apenas se concretizava quando o aluno "fosse capaz de transcrever com
correcção ortográfica e rigor caligráfico diversos tipos de traslados" (MAGALHÃES,
1994, p. 81). Chamamos a atenção para essa "correcção ortográfica", já que a história
da ortografia da língua portuguesa possui três períodos: o fonético, o pseudo-
etimológico e o simplificado, e apenas nesse último, no início do século XX, é que
surgiu uma ortografia oficial (COUTINHO, 1962). O que não significa a ausência
daqueles que, no decorrer desse processo, não tenham discutido esse assunto: no século
XVI, Duarte Nunes de Leão na Ortografia e Origem da Língua Portuguesa; Fernão
de Oliveira em sua Grammatica da Lingoagem Portuguesa; João de Barros na
Gramatica da Lingua Portuguesa; no século XVII, Madureira Feijó em sua
Orthographia ou Arte de escrever, e pronunciar com acerto a lingua portugueza, dentre
outros. Essa "correcção ortográfica" deveria, então, variar de "mestre" para "mestre", e
conseqüentemente, as "habilidades da escrita" também eram variáveis .
Formalmente o ensino escolar iniciava-se pelo latim e, posteriomente, passava-se ao
vernáculo, mas isso não impedia que os estratos urbanos e nobres recorressem a mestres
que ministrassem as bases do vernáculo. Os abecedários latinos apresentavam as letras
do alfabeto em diferentes caracteres: romanos, cursivos, maiúsculas, minúsculas; a
seguir apresentavam as sílabas e depois as orações habituais: pater, ave Maria, credo,
benedicite. O ato de recitar em voz alta essas preces já configurava o aprendizado da
leitura. Na verdade, o indivíduo reconhecia o elemento gráfico e com as freqüentes
recitações em público memorizava o texto (MAGALHÃES, 1994). Mas na certa não
havia compreensão, pois, atualmente, sabe-se que o reconhecimento da
correspondência grafema-fonema não é suficiente para que a construção do sentido se
efetive. O êxito do aprendizado da leitura depende da capacidade de utilização de
diversos níveis de conhecimento, inclusive da estrutura da língua materna (KLEIMAN,
1999; KOCK & ELIAS, 2006). Entretanto, apesar de reconhecermos que a concepção
de ler do passado, aos olhos de hoje, é questionável, vamos assumi-la, tal como
faremos com a definição do que era ser uma pessoa alfabetizada em Portugal do AR.
99
O outro processo era menos ortodoxo, não contava com materiais didáticos, e o método
seguia da "oralidade (fonia) para a escrita (grafia)"; além disso baseava-se na imitação e
memorização, e o nome próprio era o ponto de partida ao aprendizado. Admite-se que
os aprendizes, por meio desse método, possuíam uma leitura "balbuciada" e estavam no
nível de "leitores auditivos". Este estatuto ("leitor de ouvido") conferia ao seu portador,
inclusive à mulher, a capacidade de servir como testemunha em processos judiciais ou
administrativos (exceto nos assentos de batismo ou casamento, para as mulheres)
(MAGALHÃES, 1994). Em nossos processos-crime, apenas os autos de devassa de
Vila Rica apresentam 14 mulheres-testemunhas, ex-escravas, que não sabiam escrever
nem assinar o próprio nome.
Esse segundo método era muito freqüente no ambiente doméstico, onde "operava-se a
verdadeira aprendizagem básica do português (vernáculo)", sendo comum à mulher e
àqueles que não se dispunham a prosseguir nos estudos com a gramática latina
(MAGALHÃES, 1994). Como era um método mais típico do ambiente doméstico, era
feito, em grande parte, por indivíduos sem preparação suficiente e menos ainda
específica: escrivães, curas, sacristães, barbeiros, sangradores e bacharéis, todos esses
poderiam ser um "mestre" das primeiras letras. Somente em fins do século XVIII,
instituiu-se um corpo profissional vocacionado e preparado para esse trabalho,
(MAGALHÃES, 1994).
Os escreventes profissionais e os tabeliães também ensinavam a sua arte, mas tanto a
aprendizagem quanto o aperfeiçoamento careciam de um longo processo prático,
sempre sob o acompanhamento do escriba-mestre (MAGALHÃES, 1994, p. 189).
Como a imitação era um característica desse método, a prática constante da assinatura
possibilitava uma melhora considerável da escrita, quer na segurança e destreza do
traço, quer na arrumação, simetria e homogeneidade das palavras. Esse mesmo
procedimento observa-se no desempenho de cargos nos quais o contato com a escrita
era freqüente :
....as pessoas envolvidas nestas circunstâncias tendem a ser chamadas a
assumirem outras responsabilidades sociais, função após função, mesmo que
não tenham passado ao estádio de assinantes. (MAGALHÃES, 1994, p.
237)
Considerando que dentre esses cargos estivesse o de escrivão e que a especialização
profissional nas funções da justiça, cuja "competência era adquirida pela experiência
do cargo"; isto é, "saber de experiência feito" (WEHLING & WEHLING, 2000, p.144-
100
145), conforme discutimos no Capítulo 2, é possível fazer a seguinte inferência: o
indivíduo poderia adquirir as primeiras letras através desse segundo método, ou através
do primeiro com a ajuda de escrivão profissional, e cujo processo de aprendizado era
longo e dependente da presença do mestre, e, ao mesmo tempo, aprendia uma profissão,
cuja competência do registro escrito e de outras eram desenvolvidas ao longo de sua
experiência profissional. Como a prática das redes clientelares, ou da política do "dom"
que se baseava em dar, receber e retribuir favores, era algo comum no AR, esse
aprendiz, depois de um tempo, poderia receber do Rei, como mercê, uma carta de
provisão para ocupar o cargo de escrivão fosse na Metrópole fosse na América
portuguesa. Se essa análise procede, é possível que alguns dos escrivães dos inquéritos
sob análise tenham trilhado esse caminho.
Somente no decorrer do século XVIII, em função do Iluminismo e da política
pombalina, os saberes básicos de ler, escrever e contar tornaram-se institucionalizados.
Desenvolveu-se com isso uma cultura escrita com base na aritmética e na caligrafia,
com fins precípuos de suprir necessidades de chancelaria, administração, burocracia e
contabilidade. Corriam paralelos dois processos de alfabetização: um clerical com base
na leitura e escrita, que vigorava nos períodos precedentes; outra laico com base na
escrita e na contabilidade. Mas essa mudança na certa não atingiu os escrivães dos
nossos inquéritos, uma vez que a essa altura eles já estavam atuando profissionalmente,
seja num primeiro momento em Portugal, seja, posteriormente, em Minas.
A discussão aqui estabelecida nos leva a propor que o processo de alfabetização pelo
qual, provavelmente, passaram os agentes da justiça e as testemunhas (ou pelo menos
parte delas), que participam dos inquéritos sob análise, teve apoio, primeiramente, no
método da leitura e, posteriormente, no da escrita. A escolarização, no entanto, não era
uma generalidade entre a população, ou uma minoria aprendia na escola, em grande
parte das vezes com padres, ou se aprendia em ambiente doméstico com indivíduos de
diferentes profissões. Havia aqueles que davam seqüência aos estudos com a gramática
latina, mas também havia os que interrompiam o processo ao adquirir rudimentos da
escrita do próprio nome, ou nem mesmo chegavam a esse estágio e apenas se limitavam
a adquirir alguns conhecimentos de leitura. Se o quadro era esse, quais eram as
práticas de leitura e escrita no AR? Quem detinha a habilidade de ler e escrever? Na
subseção a seguir, trataremos de responder a essas questões.
101
3.3.1.2 Sobre as práticas da leitura e escrita
Magalhães (1994, p. 27) é enfático: "Pouco se sabe sobre as práticas de leitura", dado
que ler e escrever, conforme já discutido em várias passagens neste Capítulo, não eram
atividades nem simultâneas e nem privadas para a globalidade da população portuguesa.
Mas já nos séculos XVII e XVIII a escrita passou a ter uma sensível valorização "face
ao oral".
Os comerciantes elaboravam <<um livro>>, um rol de clientes devedores e as
pessoas tinham noção clara da função e do valor do registo gráfico, da
<<palavra escrita>>. A leitura era geralmente um acto comunitário, fosse no
espaço paroquial, fosse no interior de uma comunidade religiosa, fosse no
seio de algumas famílias. A fim de facilitarem a leitura em voz alta, os livros
apresentam no voltar de cada página, uma ou duas palavras repetidas.
(MAGALHÃES, 1994, p. 149).
Numa consulta a mil testamentos, referentes ao período de fins do XVII a fins do XVIII,
pertencentes à população rural, Magalhães verificou uma quase ausência de livros ou
de outros elementos da cultura escrita, exceção somente para livros de catecismo ou
saltério. Apesar disso, havia tanto uma consciência e "uma representação sócio-cultural
em relação à representação escrita da palavra", (p. 149), quanto uma familiarização com
a linguagem escrita, apesar de parte da população praticar a leitura auditiva ou
comunitária. Esse tipo de leitura era uma prática comum, em fins da Idade Média, em
comunidades monocais e em exercícios religiosos:
A leitura em voz alta de determinado texto, particularmente da vida dos
santos, era comum na igreja católica, vale dizer nos conventos e na igreja.
As pessoas, além disso, eram amplamente habituadas a escutar alguns
sermões - uma prática receptiva que não é absolutamente óbvia, que
constituía um fato culturamente adquirido.
40
(Tradução livre) (SCHENDA
& FIGLIOZZI, 1987
41
apud MAGALHÃES, 1994).
Entre os leigos, as leis, as sentenças judiciais e os avisos públicos eram difundidos
através do pregão, pois pressupunha-se uma identidade entre ler e ouvir ler. Mas, em
muitos casos, a lei era interpretada por alguém que não sabia assinar e não praticava a
leitura de forma individual, apenas coletivamente, (MAGALHÃES, 1994).
Os suportes para a circulação da palavra escrita eram escassos, mas havia as Cartilhas
para aprender a ler, embora sua difusão entre a população tenha sido diminuta (cf.
MAGALHÃES, 1994), além do livro religioso ou o Catecismo. Esse último era mais
40
La lettura a voce alta di determinati testi, particolarmente delle vite dei santi, era già uso comune nella
chiesa cattolica, vale dire nei conventi e nelle chiese. La gente inoltre era ampiamente abituada all'ascolto
dei sermoni - uma prassi ricettiva tutt'altro che scontata, che costituisce un fatto culturalmente acquisito.
41
SCHENDA, R.; M.C. FIGLIOZZI. Folklore e letteratura popolare. Roma: Ist. della Enciclopedia
Italiana, 1987.
102
editado no século XVII e deveria fazer parte de todas as casas onde houvesse pelo
menos uma pessoa que soubesse ler; eram essas as instruções de um dos bispos de
Coimbra. Havia, então, dois tipos de público: os de obras religiosas e de estudo. Nesse
mesmo período, em Lisboa, começaram a ser divulgadas as folhas volantes ou
manuscritas que tinham como alvo "um público com menos recursos económicos e
menos exigente na apresentação", isso porque "o papel desse género é escuro,
quebradiço, ferroso e amarelado, prestes a romper-se" (MAGALHÃES, 1994, p. 153).
Para Lisboa (2005, p. 281), o manuscrito era eficaz porque correspondia "à
sensibilidade e ao registro próprio (adequado) da voz", e porque ele possuía uma
"capacidade de se dar a ler."; isto é, ele prendia a atenção pelo efeito de proximidade
que criava no leitor. Por efeito de proximidade entendemos, nesta tese, o uso de uma
linguagem mais acessível a esse leitor sem os recursos da retórica, por analogia ao que,
atualmente, verificamos nos tablóides.
Prosseguindo, esses folhetos não eram conhecidos apenas pela leitura direta, eles
"ecoavam", "falava-se deles" (LISBOA, 2005, p. 282). Aliás, é preciso lembrar que os
primeiros contatos com a escrita, na educação do AR, se deram através dos manuscritos
e só numa fase posterior, com o avanço dos estudos, é que o aprendiz tinha acesso às
letras impressas; aquele que abandonava o aprendizado não chegava a esse tipo. Em
outras palavras, o manuscrito era mais acessível principalmente dentre aqueles que
tiveram rudimentos de aprendizagem de leitura e escrita. Talvez isso também explique
a eficácia desses manuscritos entre a maioria da população de Lisboa.
Na segunda metade do século XVII, surgem a revista e o jornal, (Mercúrio de Lisboa,
Gazeta de Lisboa, Mercúrio Histórico de Lisboa)
42
e, no XVIII, a informação
manuscrita se apropria do modelo desses suportes e passa a divulgar as gazetas em
forma de carta. Entretanto, como Portugal não havia a tradição de produzir e distribuir
regularmente esse tipo de notícia, "a circulação dos manuscritos fazia-se de forma
difusa" (LISBOA, 2005, p. 289). Em outras palavras, nem todos tinham acesso a eles. A
carta também foi muito utilizada nos séculos XVII e XVIII, mas somente no XIX sofreu
um impulso qualitativo, sobretudo em função do aumento da escolarização da
população, permitindo um uso privado e sigiloso. Isso porque, em Lisboa, era comum a
contratação "de moços de escolas", "para escreverem e lerem cartas de namorados",
42
Cf. BELO, A. 2004. In: www.scielo.br; acessado em 25/01/2008.
103
(MAGALHÃES, 1994, p. 160). Um outro suporte no qual havia elementos da cultura
escrita era o texto da lei e toda a sua regulamentação, explicitação e formas de
aplicação/execução, além dos testamentos, autos e sentenças (termos). Somente a partir
de 1820, os textos legislativos passam a circular sob a forma de texto impresso. Até
então, leis, alvarás e decretos eram trasladados por copiadores dos concelhos e coutos.
Até agora, vimos que a presença mais marcante de suportes nos quais circulava a letra
escrita no meio rural restringia-se aos textos religiosos e a outros produzidos no
âmbito da Igreja Católica, além de textos legais e testamentos, depoimentos, autos e
sentenças; enquanto os outros aqui mencionados circunscreviam à capital lusitana.
Mas não podemos nos esquecer de que, no século XVII e "sobretudo a partir de meados
do século XVIII" (ABREU, 2005, p. 185), a censura portuguesa, capitaneada pelo
Santo Ofício, era bastante atuante e proibia a edição e circulação de "textos heréticos
(ou imorais, ou supersticiosos)". A vigilância à leitura contava com o apoio da
população que era impelida à delação, sob pena de ser excomungado aquele que se
calava (MARQUILHAS, 2000). Essa ação repressora, aliada ao pequeno número de
leitores do AR, na certa inibia, ainda mais, a circulação da palavra impressa, embora
acreditemos que houvesse quem burlasse o sistema, tal como ocorria na América
portuguesa, principalmente na segunda metade do XVIII. Magalhães (1994) acredita
que essa proibição da circulação de livros e o preço proibitivo para aquisição de
materiais escritos permitem inferir que a prática de copiar livros não tenha ficado
restrita aos monges e eclesiásticos. Todavia, como os papéis são vulneráveis, é possível
que a memória sobre uma prática da leitura e de escrita no quotidiano tenha se perdido,
lamenta o autor.
Entre todos os que circulavam nesse contexto sócio-histórico, os eclesiásticos, desde os
fins da Idade Média, eram considerados os que sabiam ler e escrever numa habilidade
simultânea; embora, no decorrer do século XVII, houvesse referências à necessidade de
ordinandos que soubessem ler. Mas o nível da cultura escrita dos clérigos evoluiu
gradualmente no decurso do AR, uma vez que "a formação do Seminário” reforçou e
melhorou “a prática da escrita" (MAGALHÃES, 1994, p. 208).
Dentre a população em geral, a escrita e a leitura, como procuramos deixar claro nesta
seção, não eram habilidades que poderiam ser encontradas, simultaneamente, em todos
104
aqueles que foram alfabetizados, seja na escola, seja em ambiente doméstico. A leitura,
exceto para os eclesiásticos, não era atividade individual e corriqueira entre a
população, especialmente no meio rural; já em Lisboa era um pouco mais difundida,
mas também de forma coletiva. Mas em que medida essa situação interferia nas
atividades profissionais dos indivíduos? Vamos procurar discutir essa questão na
próxima seção.
3.3.2 A relação entre alfabetização, leitura e escrita e estrutura sócio-
profissional.
Na transição da Idade Média para a Moderna, a escrita passou por um processo de
secularização e de ampliação das suas funções para além da estruturação e fixação de
textos religiosos e legislativos. Isso desencadeou duas conseqüências, inicialmente
ocorreu uma profissionalização dos "escreventes", tabeliães e notários, e, em segundo
lugar, deu-se a elitização das práticas da escrita, que se estendeu do domínio dos
clérigos para o domínio das elites urbanas: grandes comerciantes, juristas e médicos. Já
no Antigo Regime português, com a profissionalização da escrita, a apropriação da
cultura do registro gráfico passou a estar mais presente no quotidiano das pessoas (em
comparação à Idade Média), especificamente no centro urbano em oposição ao rural
(MAGALHÃES, 1994).
A cultura escrita se impôs de forma diferenciada e hierarquizada na relação entre os
grupos sociais, seja pela via científica e cultural, seja pela via da participação sócio-
administrativa. Com isso acentuou-se a cisão entre o exercício das artes liberais e dos
ofícios mecânicos: de um lado tinha-se a situação dos ourives que alçaram para um
estatuto de 'ofício nobre', contra o de ofício mecânico; por outro havia os grandes
proprietários que juntamente com o primeiro grupo de oficial "apresentavam alto índice
de alfabetização" (MAGALHÃES, 1994, p. 264). Em fins do século XVII, segundo
Fernandes (1994) :
O destino profissional do indivíduo impunha em grande parte o seu destino
escolar. No âmbito das actividades profissionais é diminuto o número de
profissões técnicas em que a habilitação mínima de "Primeiras Letras" é
requerida como condição da aprendizagem. Os ofícios manuais e a lavoura
eram fundamentalmente trabalho braçal, exceptuadas profissões artísticas
como as de pintor, escultor ou ensamblador em que a componente
intelectual exigia um mínimo de preparação literária. Em contrapartida, era
nos sectores de comércio, administração e serviços, bem como nas
profissões inferiores e médias da área da saúde que a necessidade de tais
habilitações se fazia sentir com maior premência. (p. 55).
105
As profissões, para cuja prática do exercício não eram exigidas as primeiras letras,
estavam mais presentes no ambiente rural, embora também pudessem fazer parte do
meio urbano. Mas, independentemente desses ambientes, havia aquelas instâncias
orgânicas que fomentavam a alfabetização no mundo rural, que eram as câmaras
formadas pelo juiz-presidente (ordinário ou de fora), vereadores e os escrivães do
judicial. Durante muito tempo no AR e mesmo na América portuguesa, conforme
discutido no Capítulo 2, era comum que os juízes ordinários apresentassem insufiência
na leitura e na escrita, mas normalmente eram pessoas "com um contacto regular e
<<conscientizado>> com a mensagem escrita - leitores de outiva, assinantes."
(MAGALHÃES, 1994, p.209). Entretanto, essa não parece ser a situação dos juízes
ordinários dos inquéritos analisados nesta tese, pois, conforme será visto em seguida,
eles possuíam um índice de 4/5 de assinatura, o que indica a posse de um bom nível de
leitura e escrita. A menos que esses sejam casos de pessoas que, após uma prática
constante da assinatura, adquiriam uma melhora considerável da escrita, quer na
segurança e destreza do traço, quer na arrumação, simetria e homogeneidade das
palavras, conforme discutimos na subseção anterior.
Já os escrivães, entre os oficiais e mesmo entre os detentores de cargos públicos, eram
os únicos a quem era exigida a habilidade de ler e de escrever. Entretanto, saber
escrever, no AR, conforme já discutido neste estudo, era uma habilidade ligada à
caligrafia ou ao desenho de uma letra bem cuidada cuja morfologia deveria ser uniforme
e elegante; prova disso é o fato de muitos tabeliães ou escrivães terem desenvolvido
"verdadeiros tratados da escrita", ou seja, tratados de caligrafia (MAGALHÃES, 1994,
p. 209). Além disso, a habilidade da escrita também relacionava-se a uma "correcção
ortográfica" que deveria, no entanto, variar de "mestre" para "mestre", conforme
discutimos nesta tese.
Muito pouco ou quase nada tem-se a respeito das práticas de escrita e, menos ainda, de
leitura no Portugal do AR, como deve ter ficado claro nesta seção. Nos dizeres de
Barata (1993), conhecem-se bibliotecas, mas pouco se sabe sobre o que realmente se
lia, e menos ainda sobre as formas de penetração da leitura. Conhece-se a legislação
sobre o assunto que foi sendo produzida desde o século XV, mas a representatividade
ou a qualidade da prática da leitura é ainda problemática. Ainda segundo a autora, na
iconografia, o livro é raríssimo e quase só está presente em algumas esculturas
106
funerárias, onde se representa, em algumas gravuras, a devoção do defunto como
marca do poder real ou como elemento de identificação dos evangelistas. Vê-se, então,
que não se trata de uma iconografia que remeta à prática de leitura em Portugal.
Essa situação levou Magalhães, a exemplo de outros pesquisadores portugueses, a
verificar um coeficiente de correlação entre profissão e a qualidade da assinatura. Para
tanto estabeleceu cinco níveis paleográficos de assinaturas conjugados com escalas de
funções sócio-profissional-administrativas e níveis de leitura e escrita. O autor
reconhece a fragilidade desse indicativo para revelar o nível de alfabetização de uma
determinada sociedade; no entanto, apóia-se na limitação do próprio objeto pesquisado
quanto ao tempo e espaço e afirma: "para a generalidade dos alfabetizados, a assinatura
é de si a principal e única marca escrita que resta.", (p. 25).
Partindo também desta máxima: "a assinatura é a marca que resta", vamos utilizar, nesta
tese, a proposta do autor, a fim de estabelecermos uma relação entre a assinatura,
práticas de letramento e funções sócio-profissional-administrativas das testemunhas, e
juízes dos inquéritos sob análise. Quanto aos escrivães, curiosamente não dispomos de
assinaturas de todos eles, mas apenas a escrita do nome quando no encerramento de
algum depoimento. Mas eles não se encaixam nessa máxima, uma vez que há o texto
por eles produzido. Não faremos uma análise paleográfica da escrita desses
profissionais, para avaliar-lhes o nível de alfabetização, tal como o fizeram Barbosa
(1999) e Marquilhas (2000), cujo resumo da pesquisa foi apresentado no Capítulo 1.
Nossa proposta é, para o caso dos escreventes, analisarmos, mesmo que de forma
oblíqua, a prática de leitura em Minas colonial, além de procedermos a uma análise,
mesmo sem ser exaustiva, da variação de concordância nominal e verbal nos
documentos sob análise, tendo em conta que a ausência da marca de plural é, segundo
Naro e Scherre (2007), mais prototípica da formulação oral de um dialeto não-padrão. A
hipótese que subjaz a esta análise da variação é a de que a prática de letramento intensa
- leitura e escrita - pode inibir a interpenetração de estratégias de formulação do
discurso oral no escrito, no caso, a concordância variável.
3.3.3 Análise do nível de letramento através da assinatura
Os níveis referentes à paleografia das assinaturas propostos por Magalhães são:
107
Nível 1 - não-assinatura (sinal/assinatura) - nessa situação incluem-se aqueles que
firmam "de cruz" ou com um "x" e aqueles que tão pouco chegam a pegar no
instrumento de escrito, em especial o caso da mulher.
Nível 2 - assinatura imperfeita e rudimentar que se configura uma "mão guiada" e
"traço memorizado". Em geral possui os seguintes traços: letras soltas e toscamente
desenhadas; ausência de harmonia de conjunto; uso de abreviaturas que não permitem
decifrar a palavras; predomínio do traço retilíneo descendente e uso indiscriminado de
maiúsculas e minúsculas.
Nível 3 - assinatura normalizada, completa, podendo ser abreviada. Em geral, possui os
seguintes traços : uso criterioso e correto das maiúsculas; as abreviaturas, quando
existentes, tendem a uma estilização que permite a decifração do nome ou sobrenome;
há uma preocupação com o alinhamento e uma harmonia do conjunto na busca pelo uso
adequado do espaço para o registro de toda a assinatura.
Nível 4 - assinatura caligráfica. Em geral, possui os seguintes traços: todas as letras
estão corretamente desenhadas e ligadas; essas ligações e o ductus das letras são
corretamente conduzidos
Nível 5 - assinatura personificada. Em geral, possui os seguintes traços: traço, ritmo e
cadência individualizados; equilíbrio; perfeição e marcas pessoais, estilo.
Em resumo, a escala de níveis de assinaturas proposta é:
Nível 1 - sinal/assinatura; não-assinatura;
Nível 2 - Assinatura incompleta; rudimentar; traço amestrado;
Nível 3 - Assinatura completa; normalizada;
Nível 4/5- Assinatura personalizada, caligráfica, estilizada e criativa.
A partir dessa escala de assinaturas, Magalhães propôs uma escala de níveis de leitura e
de escrita como marca de alfabetismo, a qual adaptamos para esta pesquisa, que é a
seguinte:
108
Escala de níveis de alfabetização
Nível 1 - não escreve; leitor de oitiva
43
;
Nível 2 - lê com incorreções e apenas assina o nome de forma rudimentar;
Nível 3 - lê aceitavelmente e escreve com incorreções;
Níveis 4/5- lê e escreve bem com correção, propriedade, estilo e mestria.
A partir dessas escalas, o autor propõe uma relação entre níveis de assinaturas x nível
de alfabetismo (letramento) x ocupação profissional. Nesta tese, fizemos esses mesmos
procedimentos e encontramos os seguintes resultados (neste quadro não foram
consideradas as testemunhas que “disseram nada”)
44
:
Quadro 5
Nível de assinaturas x nível de letramento x ocupação profissional
- Vila Rica e Vila de Sabará -
Níveis Total
1
1 2 3 4/5
Ocupação
profissional
VR VS %
45
VR V
S
% VR VS % VR VS %
Artesãos-artíficies 10 1
15
10 2
17
19 4
34
20 4
34
70
34%
Comerciantes 14 0
24
5 0
8
19 4
39
14 3
29
59
28%
Mineradores 12 3
45
1 0
3
5 0
15
11 1
37
33
16%
Outros 3 0
13
2 0
8
4 1
21
14 0
58
24
12%
Sem especificação 3 0
15
0 1
5
14 0
70
2 0
10
20
10%
46 21 70 69 Total
2
22% 10% 35% 33%
206
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto e Sumários de Testemunhas de Querela – Casa
Borba Gato- Sabará (MG).
Esse quadro nos permite fazer diferentes análises para ambas as Vilas do Ouro. De
modo geral, no que diz respeito aos níveis de letramento e de assinatura, verificamos
que os níveis 3 (35%) e 4/5 (33%) cujos portadores, respectivamente, lêem
aceitavelmente e escrevem com incorreções e lêem e escrevem bem com propriedade e
estilo são, praticamente, a maioria entre as testemunhas. A diferença entre o terceiro
lugar, que é o nível 1 cujos portadores não sabem escrever e são leitores de oitiva, e o
segundo é razoável e não chega a ser muito saliente, apenas de 11%. Já o nível 2, cujos
portadores lêem com incorreção e apenas assinam o nome de forma rudimentar, está
mais distante tanto do primeiro e segundo lugares, como do terceiro.
43
Essa categoria foi acrescentada a essa escala nesta tese.
44
A análise das assinaturas encontra-se em CDROM anexado a esta tese.
45
Para obtenção desse percentual, somaram-se as colunas VR e VS, e o resultado foi dividido pelo Total
1
.
109
No que diz respeito à ocupação profissional versus níveis de assinatura e de letramento,
verificamos que:
a) dentre os artesãos e artífices, que é a ocupação de 70 das 206 testemunhas
dos inquéritos (ou 34%), os níveis 3 e 4/5 de letramento e de assinatura correspondem
ambos a 34%, que é o dobro da diferença entre esses níveis e os de número 1 e 2, que
são, respectivamente, 15% e 17%. Já entre esses dois últimos níveis, a diferença é
pequena, apenas de 2%;
b) para a segunda ocupação mais numerosa dentre as testemunhas, a dos
comerciantes, o quadro indica que 39% dos depoentes possuíam um nível 3 de
letramento e de assinatura; ou seja, liam aceitavelmente e escreviam com incorreções,
e possuíam uma assinatura completa e normalizada; 29% das testemunhas
comerciantes possuíam um nível 4/5 _ liam e escreviam bem com correção,
propriedade, estilo e mestria; e possuíam uma assinatura personalizada, caligráfica,
estilizada e criativa. Mas a diferença desse segundo lugar para o terceiro (24%),
representado pelo nível 1 - que se refere àquelas pessoas que não sabiam escrever,
assinavam com um cruz ou com um "x" e eram leitores de oitiva - não é muito
significativa. Já a diferença do quarto lugar, o nível 2 com 8%, para o terceiro é um
pouco mais saliente : 16%;
c) para a terceira ocupação mais numerosa dentre as testemunhas dos inquéritos
sob análise, o quadro demonstra que dos 33 mineradores, 45% dos depoentes possuíam
o nível 1 de assinatura e de letramento; mas também vale dizer que a diferença desse
para o segundo lugar, representado pelo nível 4/5 com 37% , não é muito grande, apenas
de 8%. Já o nível 3 com 15%, que ocupa o terceiro lugar, possui uma diferença bem
significativa em relação a esse segundo lugar, 22%. O quarto lugar ocupado pelo nível
2 com 3% possui uma saliente diferença em relação ao terceiro: 12% e em relação aos
segundo e primeiro lugares, 35% e 42%, respectivamente. Tal como foi feito no
Capítulo 2, apenas vamos fazer análise para as três ocupações mais numerosas.
Uma análise superficial desse quadro pode propor que a afirmação feita por Fernandes
(1994) e indicada na subseção 3.3.2 deste Capítulo, merece ser questionada. Segundo
ele, os ofícios manuais, representados nesta tese pelos artesãos e artífices, seriam
realizados por pessoas destituídas das "primeiras letras", e o quadro acima aponta para
outra realidade. Isso porque 34% das testemunhas com essa ocupação possuíam o nível
mais alto de letramento e de assinatura. No entanto, se recorrermos ao Capítulo 2 e
110
analisarmos a TAB. 10, constataremos que, nesta tese, sob essa nomenclatura,
encontram-se profissões designadas à época como liberais: cirurgiões, boticários,
escrivão e escrevente em escritórios alheios para cujas práticas exigia-se, segundo
Fernandes, o domínio dessas "Primeiras letras" (embora essa concepção de "domínio"
deva ser analisada sob o ponto vista histórico-social). Além disso, segundo o autor, para
algumas das atividades de artesãos a componente intelectual exigia um mínimo de
preparação literária, que era a de pintores, marceneiros e escultores.
Com relação aos comerciantes, afirma Villalta (1997, p. 354), “Muitos dos comerciantes
europeus estabelecidos no Brasil eram rústicos, não sabiam sequer ler e escrever; tendo
começado do nada, ao se tornarem ricos, conservavam-se no mesmo estado"
46
. Mas o
que a análise das assinaturas mostra é outro quadro. Tal ocupação, dividida em grande e
pequeno comerciante, possuía um grupo heterogêno. Os grandes ou negociantes de
grosso trato e os atacadistas e varejistas, conforme discutimos no Capítulo 2, faziam
parte da elite comercial e eram, na maioria das vezes, cristãos-novos (BOXER, 2000) e
homens brancos portugueses. Em contrapartida, os pequenos comerciantes eram
compostos "pelos estratos mais baixos da comunidade de comerciantes, muitas vezes
mulheres escravas" e por homens brancos, solteiros, possuidores de pouco cabedal
(FURTADO, 1999, p. 241). Tais dados podem justificar os índices de 39 e 29% dos
níveis 3 e 4/5 de letramento e assinatura, e de 24% para o nível 1 e de 8% para o nível 2.
Finalmente, a ocupação de mineradores, conforme discutiu-se no Capítulo 2, era
também dividida em 02 grupos: os proprietários das minas ou lavras e cuja mineração
era feita pelos escravos, e os que "viviam de minerar" que era "gente assalariada,
trabalhando a jornais ou garimpando aqui e ali." (CARRATO, 1968, p.8). Era o
faiscador um minerador autônomo sem escravos que, na maioria das vezes, eram
homens livres e pobres – entre brancos, mulatos e mestiços – e sobretudo forros e
escravos jornaleiros (PAULA, 2000; BOXER, 2000; REIS, 2006). Esses dados sócio-
históricos na certa justificam o índice de 45% do nível 1 para as testemunhas que
possuíam essa ocupação. Por outro lado, há o índice de 37% para o nível 4/5, o mais
alto nível de letramento e de assinatura, o que nos chama a atenção, uma vez que,
conforme já mencionado nesta tese, não faz parte de nossos inquéritos testemunhas
46
VILLALTA, Luís C. O que se fala e o que se lê: língua, instrução e leitura, 2007, p.354.
.
111
proprietárias de minas ou lavras. Ou seja, tais mineradores eram pessoas de maior
cabedal e, provavelmente, mais letradas.
E, finalmente, vamos analisar o QUADRO 6 abaixo que apresenta o nível de letramento
e de assinaturas dos juízes.
Quadro 6
Nível de assinaturas dos juízes
Juiz
Vila Rica
07
Níveis 4/5
Vila de Sabará 05
Total 12
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto e Fonte: Sumários de Testemunhas
de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG).
Como se pode ver, os juízes ordinários possuíam o mais alto nível de letramento e de
assinatura. Conforme já discutimos neste Capítulo, esse dados, de certa forma, seguem
na contramão de tudo que já se discutiu acerca desse profissional. Isso porque,
conforme vimos no Capítulo 2, para alguns historiadores, inclusive da educação, esses
juízes eram, na sua maioria, analfabetos, (ou para os termos desta pesquisa, com
baixíssimo grau de letramento), leitores de oitiva e careciam da ajuda dos escrivães para
a leitura dos processos.
Gostaríamos de fazer algumas considerações sobre o nível de assinaturas dos juízes e
das testemunhas. Conforme discutimos na seção anterior, a prática constante da
assinatura possibilitava uma melhora considerável da escrita, quer na segurança e
destreza do traço, quer na arrumação, simetria e homogeneidade das palavras. Além
desse dado, é bom lembrarmos o que discutimos no Capítulo 2 acerca da formação da
sociedade das Minas do Ouro. Tal como mencionamos, houve a contribuição de um
contingente de pessoas de "toda casta". No entanto, "a escala social refaz-se
naturalmente, à medida que parece estabilizar-se o povoamento em núcleos fixos";
entretanto, havia uma diferença, "a escala é a mesma, contudo, não são os mesmos
indivíduos que se distribuem pelos degraus" (HOLANDA, 1968, pág. 296). Donde
podemos inferir que, como a busca pelo ouro movimentou um grande número de
pessoas, colonos e principalmente reinóis, muitos desses deveriam ter outro tipo de
ocupação profissional em sua terra natal, para a qual era exigida a habilidade de escrita
e leitura, e atuaram nas Vilas do Ouro em outro segmento profissional, seja como
112
mineradores, comerciantes ou juízes. Sabe-se, inclusive, que dentre esse contingente
havia padres e clérigos, que conheciam muito além de rudimentos de uma assinatura.
Esse dado sócio-histórico talvez justifique a situação paradoxal encontrada no
QUADRO 5. De acordo com ele, a classe dos mineradores apresenta o maior número
de testemunhas com nível rudimentar de assinatura e letramento (nível 1) e, por outro
lado, também apresenta o maior número de testemunhas com melhor nível de
assinatura e letramento. Ou seja, como essa era a classe que estava diretamente
envolvida com a “cata do ouro”, talvez tenha sido a que mais atraiu pessoas de
diferentes estratos sociais.
3.4 PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA NA AMÉRICA PORTUGUESA,
ESPECIFICAMENTE NAS
MINAS DO OURO, NA PRIMEIRA METADE DO
SÉCULO XVIII
3.4.1 A leitura e escrita na América portuguesa
Nesta seção, não faremos uma ampla abordagem sobre a leitura e escrita de cada região
do Brasil Colônia, porque nosso interesse restringe-se às Minas do Ouro, e, além disso,
não há na bibliografia pertinente referência a esse assunto para o período em questão.
As pesquisas nas quais nos baseamos apresentam resultados obtidos a partir da análise
de posse de livros registrada em inventários. Todavia, é preciso fazer duas advertências:
primeiramente, os próprios pesquisadores em cujo trabalho nos baseamos alertam para a
impossibilidade de “resgatar genuínas manifestações dos leitores reinóis e coloniais”
(VILLALTA, 1999); segundo que não nos interessarão, nesta tese, os títulos das obras
lidas, mas apenas as categorias ou tipologias as quais pertenciam essas obras e quem
eram os seus possuidores.
As pesquisas demonstram que nas bibliotecas, durante os séculos XVI e XVII, os livros
em circulação eram principalmente literários ou de cunho religioso e que, além disso, os
maiores acervos atendiam às práticas rotineiras dos colégios jesuíticos (VILLALTA,
1999). O século XVIII, porém, segundo Araújo (1999), diferiu do XVII, quanto à
tendência e a comportamentos de leitura no Brasil, não só em quantidade, mas em
qualidade de títulos e assuntos. Mas essa diferença somente encontra respaldo a partir
do governo de Marquês de Pombal, pois o XVIII, em Portugal, “é, pendularmente, o da
segunda metade, com o Pombal e todo o conjunto de reformas responsáveis pela
circulação polêmica de idéias” (ARAÚJO, 1999, p. 68). O trabalho de Araújo, que
113
promoveu um exaustivo levantamento e uma minuciosa pesquisa, abrangendo todo o
país desde o século XVI ao XIX, sobre o Perfil do leitor colonial, apresenta dados
interessantes. Segundo ele, o perfil de leituras no Brasil Colônia, no período do XVII ao
XIX, é de natureza recorrente ou especializada, ou seja:
o magistrado tinha livros de Direito; o padre, os de Religião; o militar, os de
Legislação portuguesa, Ordenações do Reino e seus Repertórios e muito
mais os de Religião; o doutor em Medicina, ou Cirurgião, tinha os livros
próprios de sua especialidade. Fora deste quadro, leitores seriam os
pequenos proprietários, os fazendeiros, os boticários – vendedores
profissionais de livros de Farmácia, Química e Medicina. Enfim, leitores
potenciais seriam os cidadãos de relevo social, aqueles da estreita fatia
detentora do poder econômico. Dentre os pretos forros – circunstância muito
freqüente nos séculos XVIII e XIX – que alinhavavam entre seus bens ouro,
prata, imóveis e escravos, muitos poucos deles tinham livros. Quando
tinham, eram obras, em geral, pertencentes à Religião.
(ARAÚJO, 1999, p. 241)
No entanto, é preciso considerar que, conforme Villalta (1999), também havia a leitura
dos chamados livros proibidos pelo Santo Ofício. Mas tanto a posse quanto a leitura
desse tipo de livro eram um privilégio desfrutado em ambientes privados, e sua
ostentação em público era proibida, (VILLALTA, 2007). Segundo Araújo, à medida
que se aproxima o século XIX, o universo de leitura apresenta-se mais eclético e
variado, aparecendo títulos em história, geografia, descrição de viagens, ciências
naturais, ciências políticas e sociais, química, física, matemática, etc.
“Ao contrário do que muitas vezes se supõe, a colônia portuguesa da América não
desconhecia a utilidade e os encantos dos livros.” Essa afirmação é feita por Márcia
Abreu (2001), em seu artigo “Leituras no Brasil”. A autora, em consulta à
documentação produzida pelos órgãos de censura instalados em Portugal e no Rio de
Janeiro, entre meados do século XVIII e meados do século XIX, verificou que obras de
todos os gêneros, de todas as épocas e de todas as nacionalidades aportavam na cidade
carioca criando, segundo ela, uma grande dispersão de títulos em circulação. Ela
também afirma que “não há como negar a ampla difusão da leitura de romances no final
do século XVIII e início do XIX."
As constatações feitas por Abreu (2001), conforme se viu, referem-se ao Rio de Janeiro
e cobrem bem o período entre a segunda parte do XVIII e início do XIX, período
posterior ao desta pesquisa, que é limitada à primeira metade do XVIII. Já a pesquisa
feita por Araújo (1999) mostra, em linhas gerais, o perfil do leitor ao período
demandado por esta tese. Tratava-se de padres, militares, médicos e bacharéis; ou seja,
114
um leitor articulado com doutrina, ofício ou profissão. De certa forma, a pesquisa de
Villalta (1999) que lidou com inventários de Mariana, no período de 1714 e 1822,
também apresenta como público leitor o mesmo levantado por Araújo.
Provavelmente, esse reduzido perfil de leitores para o período sob análise deve ter como
uma das causas, pelo menos para o caso dos colonos, o fato de o único ensino formal
existente no Brasil, até meados do século XVIII, ter sido oferecido pela Companhia de
Jesus. Tal ensino foi altamente elitista, só atendendo a uma ínfima camada de jovens
brancos das famílias da elite colonial, (MARCÍLIO, 2004). Em função disso, segundo
Marcílio (2004), “Ler e escrever não eram condição generalizada de vida social”; na
verdade, conforme Lajolo & Zilberman (2002) isso vai se dá muito posteriormente, com
o projeto de independência política. Tal projeto, “acalentado por algumas elites e
generosamente compartilhado pelo povo, foi decisivo, no Brasil, para o
desenvolvimento da leitura e da escrita como práticas sociais.” (2002, p. 107).
Do que vimos sobre a leitura no Brasil Colônia, podemos dizer que essa prática não era
comum a toda população, sendo restrita a alguns segmentos da sociedade. E quanto a
Minas Geraes? Qual seria a prática de leitura nessa Capitania e nas Vilas do Ouro
durante a primeira metade do XVIII? É o que vamos discutir na próxima subseção.
3.4.2 A leitura e escrita nas Minas do Ouro
Em análises de inventários em Dimantina, Furtado (1996) verificou que apenas padres
e funcionários graduados da Real Extração manifestaram a posse de livros. Já Villalta
(1999) que pesquisou 911 inventários na cidade de Mariana, referentes ao período de
1714 a 1822, classificou em nove categorias os inventariantes detentores de livros:
clérigos, advogados, boticários, cirurgiões, mercadores, licenciados (a área de atuação
não lhes foi especificada no documento), militares de ordenança ou de tropa paga,
proprietários de bens imóveis sem ofício patente; inventariados sem ofício, patentes ou
bens imóveis. A disposição dessas categorias obedece a ordem dos maiores possuidores
de livros ao de menor número. Ou seja, de todas essas categorias os clérigos eram os
que mais possuíam livros, seguidos pelos advogados, boticários e assim sucessivamente.
115
Num período semelhante, em Vila Rica, os possuidores de livros eram clérigos,
militares, bacharéis. Já a categoria dos médicos, no entanto, não constavam dos
inventários consultados. Em Sabará, a situação também não era muito diferente, exceto
para o caso dos médicos que, nessa Vila, eram possuidores de livros. Os clérigos,
militares, cirurgiões eram os que mais possuíam essas obras (ARAÚJO, 1999).
Segundo Villalta, a composição das bibliotecas dessas categorias, de modo geral,
confirma a hipótese de que o livro era um elemento essencial ao exercício da profissão
de advogados, médicos e de funcionários públicos dos altos escalões (VILLALTA,
2007), tal como ocorria nas outras terras da Colônia (ARAÚJO, 1999). Mas, além
desses, havia também os livros proibidos que, desde o século XVI, eram adquiridos
pelos leitores que possuíam algum tipo de privilégio, conforme falado anteriormente
(VILLALTA, 1999). Apenas a partir de fins do XVIII, surgiram as obras relacionadas
às Letras, segundo Araújo (1999). No entanto, é preciso considerar que, embora
houvesse um predomínio de proprietários de livros com um perfil elitizado, não se pode
excluir “totalmente a possibilidade de indivíduos situados em posição inferior da escala
social terem acesso à propriedade de bibliotecas” (VILLALTA, 1999, p. 362).
Villalta também faz, para Mariana, uma análise da proporção de proprietários de livros
no número total de inventariados, que, segundo o autor, variou ao longo do período: até
1755, essa proporção oscilou entre 5,12% e 8,33%, caindo a seguir para 6%. Já no
período entre 1806 e 1822, atinge-se o nível mais elevado: 11%. Tais números
comprovam a hipótese do autor, segundo a qual, do século XVI ao XVII, “observam-se
a força do medo em relação aos livros e, durante o déculo XVIII, a progressiva
substituição desse temor por uma valorização.” (p. 347). Essa valorização do livro foi
concomitante à da escola, e isso se deve, segundo Villalta, ao florescimento de uma
civilização do meio urbano; mas isso apenas ocorreu a partir de meados do século
XVIII. Sendo assim, no período sob análise, o livro ainda não era utilizado pela
população, de modo geral, como instrumento para o conhecimento, mas, sobretudo,
como objeto de ornamentação. Isto é, havia muitas casas nas quais as estantes
"aparentavam ter livros", mas, na verdade, não os tinham (VILLALTA, 1999).
Entendemos, com isso, que a posse de livros, mesmo que falsos, era o reconhecimento
de seu valor, todavia ostentava um pseudoconhecimento.
116
As pesquisas que nos servem de base para a discussão estabelecida nesta seção nos
aponta para um dado interessante. Dos 911 inventários de Mariana analisados por
Villalta (1999) e dos "mais de 12 mil documentos mineiros" analisados por Araújo
(1999) - embora seja necessário destacar que nem todos esses se referem às Vila Rica e
Vila de Sabará - em momento algum as pesquisas indicam os tabeliães e/ou escrivães
como leitores nas Minas Colônia, ou pelo menos possuidores de livros. Em princípio,
seria possível supor que tais agentes poderiam fazer parte do grupo a que Villalta
denominou de "funcionários públicos de alto escalão"; no entanto, isso não procede
porque, como vimos no Capítulo 2, esse cargo pertencia a um setor intermediário da
estrutura administrativa na Colônia, conforme Wehling & Wehling (2000).
A discussão estabelecida até agora e o GRÁF. 5 O contínuo do letramento, apresentado
por Tfouni (2001), nos levam a propor a seguinte análise para a prática de letramento
_ leitura e escrita _ dos atores envolvidos na elaboração dos processos-crime objeto
desta pesquisa (além dos eclesiásticos):
a) dentre as 206 testemunhas arroladas nos processos-crime, apenas 07, ou 3%,
possuíam uma das profissões pertencentes aos inventariantes proprietários de livros. O
que nos permite entender que a prática de leitura individual talvez não estivesse
muito presente no cotidiano dos depoentes, apesar de duas das três maiores ocupações
profissionais possuírem nível 3 de letramento - cujos portadores liam aceitavelmente e
escreviam com incorreções. Ou seja, embora tivessem a capacidade de ler
"aceitavelmente" , não nos parece que o faziam com regularidade.
Se tomarmos o intervalo do contínuo de letramento, em cujas extremidades temos, de
um lado, o MENOS LETRADO, e de outro o MAIS LETRADO que compreende o estado de mais
alfabetizado e nele distribuirmos os dados do QUADRO 5 - nível de assinaturas
x nível de letramento x ocupação profissional - e a lista de proprietários de livros,
vamos verificar que, conforme Tfouni já havia mencionado, existem diferentes graus de
letramento naquela incipiente sociedade. Entre as testemunhas temos:
i) há aqueles que estão próximos à extremidade dos menos letrados, tendo,
então, baixo grau de letramento, como é o caso do nível 1 com 22%, mas que, na
certa, eram leitores de oitiva;
117
ii) há os alfabetizados, que sabiam ler e escrever, mas que não faziam uso diário
da leitura e da escrita (SOARES, 2003a), como é o caso dos portadores do nível 3 (a
grande maioria) com 35%; e cuja posição na linha do contínuo é exatamente no meio,
tendo, então, um grau médio de letramento;
iii) e, finalmente, há aqueles que possuíam um nível 4/5 de letramento com 33%
(que liam e escreviam bem com correção, propriedade, estilo). Dentre esses, encontram-
se os 07 depoentes que pertecem à lista de proprietários de livros. A posição na linha
do contínuo ocupada por essas testemunhas é um pouco depois do meio, tendo, então,
um grau regular de letramento.
b) os tabeliães/escrivães, por outro lado, tinham em sua prática cotidiana o uso da
escrita, mas a leitura, na certa, se restringia a dos processos; pelo menos é o que nos
levam a acreditar as pesquisas consultadas, já que não foram encontrados inventariantes
pertencentes a essa classe como possuidores de livros, nem mesmo de obras
relacionadas ao ofício. Recorrendo-se ao contínuo, esses agentes ocupam a porção
esquerda do gráfico, mas teriam um grau regular de letramento, ou seja, faziam uso,
em seu quotidiano profissional, da prática da escrita, mas uma baixa prática da leitura.
c) os juízes ordinários, conforme vimos nesta tese, possuíam o mais alto nível de
letramento e de assinatura; ou seja, liam e escreviam bem com correção, propriedade,
estilo e mestria. Mas, no que diz respeito à posse de livros, tamm não consta das
pesquisas consultadas que esta classe era possuidora de obras. É preciso, no entanto,
lembrar que os juízes ordinários eram escolhidos entre os "homens bons" da sociedade
local, os quais faziam parte da elite proprietária e social da região, conforme discutimos
no Capítulo 2. Então, é muito provável que esses "homens bons" fossem advogados,
médicos, cirurgiões, militares, licenciados, boticários; ou seja, aquelas profissões que
faziam parte dos inventariantes que declararam possuir livros.
Assim, se levarmos em conta que esses juízes tinham a escrita como uma prática usual e
que eles podem ser considerados como os “homens bons" detentores de livros, é
possível dizer que eles possuíam um alto grau de letramento.
d) os clérigos ocupavam, no contínuo do letramento, a extrema esquerda do gráfico, o
que indica que eram os mais alfabetizados e mais letrados; isto é, faziam uso das
práticas sociais da leitura e escrita e nelas se envolviam (SOARES, 2003a). Isso se
118
deve, primeiramente, à forte tradição na manipulação do poder organizador da escrita
(MARQUILHAS, 2000), o que lhes facultava, no Antigo Regime português, o poder de
ensinar as primeiras letras no ensino "formal"; e, em segundo lugar, ao fato de terem
sido os grandes possuidores de livros, conforme discutimos anteriormente. Tudo isso,
então, nos autoriza a dizer que essa classe era a que possuía um alto grau de
letramento, dentre todos os que formavam a incipiente sociedade das Minas Geraes.
De todos esses os que mais nos interessam são as testemunhas e os escrivães, já que,
conforme será discutido no Capítulo 4, a tomada de depoimento era direta, não
havendo uma retextualização da fala da testemunha por parte do juiz ordinário.
47
Mas,
além desses, há também o grupo dos clérigos, que são os responsáveis pelas devassas
eclesiásticas que nos servem de contraponto às devassas civis.
Esse contraponto nos é interessante porque, conforme dissemos em seções anteriores,
para o caso dos escrivães, em vez de analisarmos o grau de letramento por meio da
assinatura, temos a produção da devassa ou sumário de testemunha, mesmo porque
nem todos assinaram o processo, mas apenas registraram o próprio nome como o
escrivão responsável. Assim, definimos que procederemos a uma análise, mesmo sem
ser exaustiva, da variação de concordância nominal e verbal nos documentos sob
análise, tomando como contraponto, além das regras estabelecidas pelos gramáticos
João de Barros (1540) e Amaro de Roboredo (1619), as devassas eclesiásticas. Na
próxima subseção vamos nos deter nesse assunto.
3.4.2.1 Por que fazer o levantamento da concordância variável?
A utilização dos textos produzidos pelos escrivães-clérigos como contraponto àqueles
produzidos pelos civis tem como base a afirmação de Magalhães: "A análise da cultura
escrita dos eclesiásticos afigura-se como uma hipótese de trabalho fundamental a fim de
criar um referente para o conhecimento das práticas de escrita doutros grupos sociais."
(1994, p. 208).
Conforme discutido no Capítulo 2, as leis do Antigo Regime português exigiam que os
ocupantes dos cargos de escrivães ou tabeliães soubessem ler e escrever (apesar de a
concepção dessas habilidades, conforme vimos neste Capítulo, ser, naturalmente, muito
47
Para maiores informações sobre essa retextualização do juiz, sugerimos a leitura da dissertação de
ALVES, V. C. S. F. (1992)
119
diferente dos dias atuais). Mas, no caso das Minas setecentistas, conforme Antunes
(2004), eram poucos os que possuíam tais habilidades, e aquele que soubesse escrever
poderia ser um tabelião. No caso dos clérigos, segundo Magalhães (1994), a cultura
escrita era uma exigência por parte da Igreja e, no século XVIII, havia uma
intensificação na vigilância por parte dos Prelados; além disso, "a formação do
Seminário reforça e melhora a prática da escrita" (1994, p. 208). Ora, se retomarmos a
discussão que fizemos para a proposição do grau de letramento dos escrivães e dos
clérigos, vamos relembrar que os escrivães, embora fizessem da prática da escrita uma
atividade usual devido a sua ocupação, a prática da leitura desses agentes, por outro
lado, nos pareceu se restringir a dos processos. Isso porque os ocupantes desse cargo
não constam como proprietários de livros, nem mesmo de obras de ofício, conforme
análises de inventários feitas por historiadores. Isso então nos levou a identificar-lhes
com um grau de letramento regular, que se diferencia do alto grau de letramento dos
clérigos, pela prática usual tanto da escrita como da leitura desses últimos.
A análise da concordância variável se justifica por dois motivos: primeiramente,
porque, quando fizemos a transcrição dos 14 processos civis, esse fenômeno sintático,
embora não fosse recorrente na escrita de todos os escrivães e nem tivesse uma
ocorrência muito saliente, levantou-nos a seguinte questão: se, nos dias atuais, essa
concordância variável é mais prototípica dos gêneros orais (NARO & SCHERRE,
2007), em especial do português não-padrão, é possível que também o fosse no
português antigo? Uma outra questão para análise dessa variação é o fato de
entendermos, nesta tese, que esse fenômeno pode ser entendido como uma estratégia de
formulação textual oral, conforme discutiremos a seguir. Daí o questionamento: o que
explicaria a presença desse fenômeno na escrita daqueles escrivães?
A proposta é fazer um levantamento de dados extraídos do corpus, tendo por base as
regras prescritas pelos gramáticos de então: João de Barros (1540) e Amaro de
Roboredo (1619). Mas é preciso deixar claro que esse arrolamento não será exaustivo,
no sentido de levantar quantitativamente, para cada documento do corpus, todas as
formas canônicas típicas da variante padrão para uma comparação com as formas não-
padrão. Apenas levantaremos o número de ocorrência da concordância variável nos
processos sob análise.
120
Seria interessante se verificássemos outras estratégias de formulação textual que, nesta
tese, conforme discutimos no Capítulo 1, são entendidas também como procedimentos
discursivos aos quais os interlocutores recorrem para resolver, contornar, ultrapassar e
impedir problemas ou barreiras de compreensão no desenvolvimento da construção
enunciativa (HILGERT, 1996). Tais estratégias são a repetição, a correção, o
parafraseamento, entre outros, que, conforme Marcushi (2006, p. 219), estão mais
presentes na oralidade. Entretanto, não o faremos por dois motivos: primeiramente,
porque isso exigiria um volume maior de inquéritos eclesiásticos, do que aqueles que
fazem parte desta pesquisa, além de outros gêneros textuais do século XVIII. Essa
compilação seria necessária para verificarmos se tais estratégias seriam ou não
encontradas em textos de concepção discursiva simples ou dupla. Em segundo lugar, é
preciso considerar que lidamos com uma sincronia passada da língua e desconhecemos
se havia em gramáticas do século XVIII ou anteriores ou em manuais "para aprender a
ler, escrever e contar" instruções de que essas estratégias deveriam ser evitadas no
momento da escrita.
A estratégia de formulação textual que vamos analisar é o uso de estrutura lingüística -
concordância nominal e verbal -, que pode ou não ser uma opção por parte do
falante/enunciador; já que para ela encontramos prescrições de uso nos gramáticos
João de Barros (1540) e Roboredo (1619).
3.4.2.1.1 O que diziam os gramáticos
O Methodo Grammatical para todas as Linguas de Amaro de Roboredo, publicado em
1619, foi uma nova proposta de ensino do latim, fazendo uso da língua materna, o que
tornaria o ensino das línguas clássicas mais rápido (FÁVERO, 1996, p. 42). Por isso o
escolhemos, isto é, por ter sido uma obra publicada no século XVII e utilizada no
ensino-aprendizagem. Além disso, nesse período, conforme discutimos nas primeiras
seções deste Capítulo, os atores sociais de origem portuguesa envolvidos na elaboração
dos processos-crime sob análise, e que passaram por uma educação "mais formal"
talvez tenham feito uso desse material. A outra obra é a Grammatica da Lingua
Portuguesa, de João de Barros, publicada em 1540, "destinada aos alunos das escolas
secundárias" (FÁVERO, 1996, p. 34), sendo, então, a precursora como gramática
pedagógica. Além disso, conforme Leite (2007), esse gramático não era "tão afeito ao
aproveitamento da linguagem popular e (...) era preconceituoso quanto a isso" (p. 95);
121
por isso o escolhemos. Isto é, porque ele estava mais preocupado com as regras de uma
norma culta. Sobre a concordância, diz ele:
Duas cousas aqueçem à construiçam: concordáncia, e regimento.
Concordáncia e huã cõueniencia de duas dições correspondentes huã à outra
em numero, em genero: em càso, pessoa, ou em alguã destas cousas. Em
numero, genero, e càso: como o aietiuo cõ seu sustãtiuo. Em genero,
numero, e pessoa: como, o relativo e antecedente. Em numero e pessoa:
como o nominativo e uerbo. (JOÃO DE BARROS, 1540, p. 30)
Para Roboredo (1619): "O solecismo he hum desconcerto, ou desigualdade das partes
da Oração entre si encontrando as Concordias, & regencias." (1619, p. 230). Ambos os
gramáticos estavam preocupados, conforme se depreende da parte introdutória dessas
obras, com "o falar sem erros". Portanto, é pertinente dizer que tais regras faziam parte
do "bom português" ou do "português padrão" da época, e o falante, ao "desconsiderá-
las", fosse na fala ou na escrita, estaria "a cometer um erro de solecismo" e a utilizar as
regras de um outro uso lingüístico não-padrão, mais popular. O que nos permite inferir
que, para o português atual, o uso da concordância variável é uma continuidade do
passado, haja vista que esse uso era/é relacionado à linguagem mais popular, mais
coloquial, e, por isso, sofria/sofre mais estigmas.
3.4.2.1.2 O uso da concordância variável no corpus da pesquisa
Conforme já se falou, vamos proceder a um cotejo entre as devassas civis e as
eclesiásticas no que diz respeito ao fenômeno da concordância. Essa comparação terá
como eixo norteador o que discutimos no Capítulo 1; ou seja, o fato de as semelhanças
e diferenças entre oralidade-escrita se darem num contínuo tipológico de diferentes
gêneros textuais que, colocados um ao lado do outro, se afastam de um dos pontos de
referência e se aproximam do outro, seja em função de características próprias do
gênero (concepção discursiva e meio de produção), seja em função de outras questões
que estão imbricadas nessa relação: as condições de produção textual, associadas às
práticas e eventos de letramento dos envolvidos nessa produção. Ambos os tipos de
inquéritos judiciais (civis e eclesiásticos) possuem a mesma concepção discursiva: oral
e escrita (Cf. Capítulo 1) e as mesmas condições de produção (Cf. Capítulo 4); ou seja,
o registro do depoimento, por parte do escrivão civil ou eclesiástico, ocorria
simultaneamente à fala da testemunha. O que diferencia tais agentes da escrita são as
práticas e eventos de letramento (leitura e escrita) de cada um deles.
122
Conforme sobejamente se sabe, (i) "Agentes como escolarização alta, contato com a
escrita, meios de comunicação de massa, nível socioeconômico e origem social altos
concorrem, em geral, para o aumento na fala e na escrita da taxa de ocorrência de
formas canônicas" (MOLLICA, 2007, p. 41, grifos nossos.); (ii) "(...) o convívio com a
língua escrita [tem] como conseqüências mudanças no uso da língua oral, nas estruturas
lingüísticas e no vocabulário." (SOARES, 2003 a, p. 38); iii) e finalmente, (iii) o nível
de letramento do indivíduo contribui para o maior ou menor policiamento de inserção
de formas do oral na sua escrita (KATO, 1993). Ou seja, quanto maior o grau de
letramento do escrevente, espera-se que também seja maior o uso da variante padrão, a
depender de algumas variáveis, como o tipo de gênero textual e as condições de
produção, mas, em geral, essa é a regra. A hipótese que subjaz à comparação que será
feita é a de que o convívio parcial dos escrivães com a prática de letramento (lembrando
que instituímos-lhes um grau regular de letramento) também pode interferir na inserção
de formas da prática social interativa ou oralidade na escrita, no caso, a concordância
variável; havendo uma maior variação no uso de estruturas da língua padrão e não-
padrão.
Já com relação aos textos produzidos pelos clérigos, como mantinham uma prática de
letramento corriqueira, o que lhes garantiu, nesta tese, o mais alto grau de letramento,
espera-se que esse contato com a escrita tenha lhes propiciado um maior uso de formas
canônicas ou de língua padrão.
Se conseguirmos identificar essa variação da forma canônica nas devassas civis e não a
encontrarmos nas eclesiásticas, esse será mais um dado que fortalecerá nossa hipótese
de que a oralidade dos inquéritos judiciais não está restrita à concepção discursiva, mas
encontra-se também na estrutura lingüística do texto. O que justificaria a presença de
combinações lexicais restritas no corpus sob análise (questão central da tese, conforme
será analisado e discutido no Capítulo 5) como indício de oralidade. Isso porque a nossa
hipótese é a de que nos manuscritos há combinações que podem ser consideradas uma
inovação lexical, pois é nesse tipo de prática, a oralidade, que, segundo Labov (1975),
aparecem inovações na estrutura da língua, e apenas depois de um dado período serão
ou não utilizadas por um grupo maior de falantes/leitores.
123
A ausência da marca de plural em sintagmas nominais e/ou verbais é um fenômeno
lingüístico que, no PB atual, é mais característico de gêneros orais. Em trabalho recente
sobre as Origens do Português Brasileiro, Naro & Scherre (2007), a partir da análise da
concordância variável, procuram:
identificar as raízes lingüísticas românicas e lusitanas que insistem em
permanecer em nossas bocas e em nossas falas e que, com mais intensidade,
se revelam nas falas e nas bocas dos brasileiros que tiveram pouco acesso
aos bancos escolares ou que habitam as áreas urbanas e as periferias das
grandes cidades." (p. 17).
Segundo os autores, os dialetos não-padrão do português brasileiro atual, em especial a
língua falada, apresentam, de forma generalizada, a concordância variável de número
verbo/sujeito, de número entre os elementos do sintagma nominal e a concordância
variável de número no sintagma predicativo (NARO & SCHERRE, 2007). Tal
fenômeno tem, como variáveis sociais, "o grau de escolarização e/ou o contraste rural-
urbano", (p. 46). Para o português europeu, Mira Mateus também reconhece essa
variação, pelo menos nos anos 50; segundo ela, "são frequentes na LP [língua popular]
as faltas de concordância, consideradas erros do ponto de vista gramatical", Mira
(1954)
48
(apud NARO & SCHERRE, 2007).
3.4.2.1.3 Apresentação dos dados
Gostaríamos de, mais uma vez, deixar claro que essa apresentação de dados e de
comentários não é a questão central de nosso trabalho. Esse procedimento servirá
apenas para reforçar a nossa tese de que a manifestação da oralidade se dá nos processos
sob análise, não só na concepção discursiva, mas também na estrutura lingüística do
texto. Portanto, não será feita uma análise quantitativa e qualitativa à exaustão, pois
pretendemos apenas apresentar as ocorrências e fazer comentários.
Quadro 7
Concordância nominal variável nas devassas civis
(continua)
item Documento
/ N
o
. de linha
Dados
1 AP -1725
Linhas - 624-625
...logoporelleForaco | omfesado haverFei(to) todo | odellitoaoqueixozo
elheto | maraO SINCOENTAESENCODO | BROIS queh(a)viaRoubadoao|
queixozo (...)
2 AP - 1735
Linhas:
2746-2747
...foraõ apresentadas dascoais|Seus nomes DITO idades eCostumes|Saõ
osqueaodiantesesegue deque|paraconstar fis estetermo (...)
48
MIRA, M.H.F. da G. Algumas contribuições para um estudo da fonética, morfologia, sintaxe e léxico
da linguagem popular de Lisboa. Licenciatura em Filologia Românica. LISBOA: Faculdade de Letras,
Universidade de Lisboa, 1954.
124
Quadro 7
Concordância nominal variável nas devassas civis
(continua)
item Documento
/ N
o
. de linha
Dados
3 AP - 1743
Linhas:
3203-3204
...osenhordonegro sequeixaraqueosho|mens dePadre faria
nãqueriaõjurar averdade puis lhetinhãdadonoseu|negro
noDIAEHORAMENCIONADOno|auto (...)
4 AP – 1743-
Linhas:
3227-3228
...EpReguntadoelletestemunhapellocon|theudonoautodedevassad
ese que|ouviradizer Publicamente
quenoDIA|EHORAMENSIONADOnoauto derahu|cappitaõ
domato (...)
5 AP- 1743
Linhas:
3305-3307
...EpReguntadoelletestemunha
pellocomthe|udonoautodedevassadese
quenoDIA|EHORAMENSIONADOnoauto (...)
6 AP – 1743
Linhas:
3535 -3538
...EpReguntada elle
testemunha|pellocontheudonoReferime|toque nella fez
aTestemunha|RosaMaria crioulla Respondeu|quehera Menos ver
dade OS REFERIMENTO|quenella sehaviafeito (...)
7 AP –1750
Linhas:
3847 -3849
...dera Manoel Perei rade|souza comhu facam deP ran xa
na|caradocapi tan Francis correada|silva de querezultou
ofazerlheAS|FERIDA quedeclaraoauto (...)
8 AP – 1750
Linhas:
4003 -4005
...nacara docapitam Francis co correada|silva quedella rezul
digo dasilvade|querezultou ofazerlhe AS FERIDA
de|[corroídas]danoauto (...)
9 AP – 1750
Linhas:
4087-4089
...dera Manoel|Perei radesouza comhu
facamdepran|xanacaradocapi tam Francis co|correadasilva
dequeresultouoha|verlhe fei to ASFERIDAquedeclarava|aoauto
(...)
10 CBG – 1744b
Linhas:
4613-4614
...sabe tam|bempor ser notorio epor humdosdi tos|| dosdi tos
QUER ELLA DO lhedizer que seu|Camarada tinha
amarradoodito Macho (...)
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG); Autos de
Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
Segundo João de Barros (1540, p. 31), “As dições q coue em numero genero e cáso
sam os nomes sustantiuos com os seus aietiuos.” Roboredo (1619, p. 71), além de
também fazer essa prescrição, acrescenta "Como o Genero Masculino seja o mais
nobre, & despois delle o Feminino, precedendo muitos Sustantivos, concordará o
seguinte Adjectivo com o Sustantivo mais chegado, ou com o Sustantivo de Genero
mais nobre, que fica mais afastado." Nos dados acima, vemos que as regras de ambos os
gramáticos são parcialmente consideradas. Já nas devassas eclesiásticas não foram
encontradas estruturas com concordância variável no SN.
Percebemos que a marca do plural, nos dados das devassas civis, diferentemente do que
preconizaram os gramáticos da época, encontra-se em diferentes elementos e posições
do SN, o que é muito comum no português não-padrão atual (Cf. NARO & SCHERRE,
125
2007); também verificamos que essas estruturas apresentam-se em variação seja na
parte dos testemunhos, seja nas partes mais formulares. Então vejamos:
.1. A marca está presente apenas no elemento que ocupa a 1ª. posição do SN à esquerda
do núcleo, que está no singular, tais como:
1) EpReguntada elle testemunha|pellocontheudonoReferime|toque nella fez
aTestemunha|RosaMaria crioulla Respondeu|quehera Menos ver dade OS REFERIMENTO|quenella
sehaviafeito (...) (núcleo) [AP-3535-3538]
2) dera Manoel Perei rade|souza comhu facam deP ran xa na|caradocapi tan Francis correada|silva de
querezultou ofazerlheAS|FERIDA quedeclaraoauto (...) [AP-3847-3849]
(núcleo)
3) nacara docapitam Francis co correada|silva quedella rezul digo dasilvade|querezultou ofazerlhe AS
FERIDA de|[corroídas]danoauto (...) [AP-4003-4005]
(núcleo)
4) dera Manoel|Perei radesouza comhu facamdepran|xanacaradocapi tam Francis co|correadasilva
dequeresultouoha|verlhe fei to ASFERIDAquedeclarava|aoauto (...) [AP-4987-4089]
(núcleo)
Variação
Na mesma devassa em que foram extraídos os dados (1), (2), (3), e (4) acima há
também o SN (5) abaixo em que tanto o núcleo como o 1º. elemento à esquerda desse
núcleo estão no plural.
v) dera Mano|elPerei radesouza comhu facamde|pranxa nacara docapitam Francisco co|rreadasilva deque
rezultou ofazerlhe| AS FERIDAS
que declaraoautomas o|motivo (AP – Linhas 4200-4202)
(núcleo)
.2. A marca está presente apenas no 1º. elemento à direita do núcleo, que se encontra no
singular, assim como o 1º. elemento à direita desse núcleo:
5) logoporelleForaco | omfesado haverFei(to) todo | odellitoaoqueixozo elheto | maraO
SINCOENTAESENCODO | BROIS queh(a)viaRoubadoao (...) [AP-624-625]
(núcleo)
Variação
Na mesma devassa, nas linhas 677-679, temos esse mesmo SN em que tanto os
elementos à esquerda como os da direita encontram-se no plural:
6) eque | deexando porMortolheRouba | aratudoquanto elleleva | va ecomeFeito lheforaoacha | dOS
SICOENTAESINCO
DOBR(O)IS | Deoiro
(núcleo)
126
.3. A marca está presente em quase todos os elementos do SN, exceto no 3º. à esquerda
do núcleo, que também está no plural:
7) foraõ apresentadas dascoais|SEUS NOMES DITO IDADES ECOSTUMES|Saõ
osqueaodiantesesegue deque|paraconstar fis estetermo (...) (núcleo)
[AP- 2746-2747]
Variação
Nessa mesma devassa temos esse mesmo SN no qual, diferentemente de (7), todos os
elementos da esquerda do núcleo estão no plural, concordando com o núcleo.
8) por parte do ALcaydedesta|Villa Luis Gonçalves Magro foraõ|[†.]presentadas, das coais seus nomes||
Nomes ditos idades eCostumes|são osque aodiantesesegue... (AP-Linhas 2437-2439)
(núcleo)
Nas devassas eclesiásticas, encontramos essa mesma estrutura de SN, no qual os
adjetivos concordam com o substantivo que está no plural:
9) por|elleforaõ perguntadas devasamen.
te
as|tes.
tas
abaixo asinadas d(e)cuios nomes||
NOMES DITOS E IDADES ECOSTUMES saõ os qaodi|anteseseguem deqfis estetermo
[CM-linhas 5030-5032]
.4. A marca está presente nos 1º. e no 2º. elementos à esquerda do núcleo, que se
apresenta no singular:
10) sabe tam|bempor ser notorio epor humdosdi tos|| dOSDI TOS QUER ELLA DO lhedizer que
seu|Camarada tinha amarradoodito Macho (...) (núcleo)
[CBG-Linhas 4613-4614]
Variação
Nesse mesmo sumário de testemunhas há uma estrutura em variação com (10) acima,
em que o núcleo e os elementos à esquerda estão todos no plural:
11) equeichando sse disso odi to|quer ellante disseraõ OS DITOSQUERELLADOS|ManoelPerreira
eAntonio ferr eira aodi|toquer ellantequedandolheeste seis|oytavas lhe hiria buscar oseuMacho ... [CBG-
linhas 4823-4824]
.5. A marca não se encontra em nenhum elemento do SN:
12) osenhordonegro sequeixaraqueosho|mens dePadre faria
nãqueriaõjurar averdade puis lhetinhãdadonoseu|negro nODIAEHORAMENCIONADOno|auto (...)
(núcleo) [AP-3203-3204]
13) EpReguntadoelletestemunhapellocon|theudonoautodedevassadese que|ouviradizer Publicamente
quenODIA|EHORAMENSIONADOnoauto derahu|cappitaõ domato (...)
(núcleo) [AP-3227-3238]
14) EpReguntadoelletestemunha pellocomthe|udonoautodedevassadese
quenODIA|EHORAMENSIONADOnoauto (...) [AP-3305-3307]
(núcleo)
127
Variações
Na mesma devassa, temos esse mesmo SN em que há a marca de plural no 1º.
elemento à direita do núcleo, e, por ser composto, um dos itens pode estar no plural
também, conforme:
15) queouvira dizeraal|gunsseusvenzenhospRincipalmentejoaõ| dasylva quederaõemhunegronODIA|
EHORAS
MENSIONADOS noauto [AP-linhas - 3216-3217]
(núcleo)
16) paraellasegurarhumaNegra|mandouBuscarporhuescravoseu|nODIAHORAS
MENSIONADOSnoauto
oque|emcasadella ditamullata [AP-linhas - 3255-3256] ( núcleo)
17) dise que|ouviradizer publ[†.]camentequenODIA|EHORA
SMENSIONADOSnoauto derahum|cappitã
[AP-linhas - 3270-3271] (núcleo)
18) dise queou|viradizerPublicamente quenODIAHORAS
|MENSIONADOSnoauto sederã
asfaca|daseporretadas emhunegro núcleo [AP-linhas -3286-3287]
19) EpReguntadoellaTestemunha pello|comtheudonoautodevasamente|dise queouviradizer|publicamente
que|nODIAEHORAS
MENSIONADOSnoauto [AP-linhas -3328-3329]
(núcleo)
20) queouviradiser|Publicamente nODIA EHORA
MENSIONA|DOSnoauto [AP-linhas - 3346-3347]
(núcleo)
21) quenODIAEHORAS
MENSIO|NADOSnoauto [AP-linha – 3362]
(núcleo)
22) EpReguntadoelleTestemunhapello|Contheudonoautodadevasadise
que|ouviradizerpublicamentesederaõ|nO DIA EHORAS
MENSEONADOSnoau|to
(núcleo)
humasPancadasemhunegro [AP-linhas - 3398-3399]
23)AsistiaemcasadeMariannadePuguas|mulherpardamoradoranopadrefaria|
cujomomeellaTestemunhaIgnoranODIA|EHORAS
MENSIONADOSnoauto [AP-linhas 3439-3440]
(núcleo)
Em outra devassa, AP-1750 [Linhas-3591-4268], há um SN com características
semelhantes a esses apresentados anteriormente; ou seja, nele há a marca de plural no
1º. elemento à direita do núcleo composto e um dos itens está no plural:
24) ouviradi zer geral|mente que noNOUTE EHORAS DECLORODAS|noouto [AP-linha 3634]
(núcleo)
25) devasa mente dise dise que ou|| que NA NOUTE EHORAS DECLARADAS no|auto
(núcleo) [AP-Linhas 3676-3679]
26) com Theudo noauto dadevasa|devasamente dise que naNOUTE|EHORAS DECLARADAS noauto
ouvira|ella tes te munha dizer (núcleo) [AP-Linhas 3692-3693]
27) Sabia|peloou vir dizer publi ca mente| quenaNOUTE EHORASDECLARADAS|noauto dera Manoel
(núcleo) [AP-Linha 3709]
O levantamento acima, mesmo que se refira a um reduzido número de dados, mostra
que essa regra da concordância nominal padrão não era categórica entre os escrivães.
128
Esses dados evidenciam um uso variável dessa estrutura lingüística na escrita, como
índice de oralidade nos documentos sob análise.
Agora vejamos o levantamento feito para a concordância verbal.
Quadro 8
Concordância verbal variável nas devassas civis (continua)
item Documentos
/ N
o
. de linha
Dados
01 AP – 1725
Linhas :
765-767
...Ma|andarafazeresteautodede|vasa paraporelle Serempe|erguntadas
ASTESTEMUNHAS|quedocasoSOUBESE paraser|ponido odelinquente
na|formadalei elogooditojuis|...
02 AP – 1731a
Linha : 1638
...Não es tava pago doque HE TOCADAS CUS|TAS des ta V
a
. Rica...
03 AP – 1735
Linhas:
2244-2246
...e|pReguntadas astestemunhas aodiante|quepor parte do Alcayde desta|villa
Luis Gonçalves Magro foraõ|aprezentadas das coais Seus nomes|ditos idades
eCostumes Saõ OS QUE AO-|DIANTE SESEGUE, deque paraConstar|fiz
este termo...
04 AP – 1735
Linhas :
2314-2315
...foraõ aprese[corroído]|tadas das coais Seus nomes ditos|idades,
eCostumes, saõ OS QUE AODIAN|TESESEGUE deque para constar fis|este
termo ...
05 AP- 1735
Linhas ;
2378-2379
...Magro foraõ a|prezentadas das coais Seus nomes di|tos idade eCostumes
São OSQUE ADIA|NTE SESEGUE deque paraConstar fis|este termo...
06 AP- 1735
Linhas :
2435- 2438
...foraõ|[†.]presentadas, das coais seus nomes|| Nomes ditos idades
eCostumes|são OSQUE AODIANTESESEGUE, deque|paraConstar fizeste
termo...
07 AP- 1735
Linhas :
2492-2494
...foraõ|aprezentadas das coais seus nomes|ditos idades eCostumesSaõ
OSQUE AO-|DIANTE SESEGUE dequeparaConstar|fiz este termo...
08 AP- 1735
Linhas :
2548-2550
...foraõ|apresentadas dascoais seus nomes|ditos idades eCostumes saõ
OSQUEAODI-|ANTESESEGUEdeque para constar fiz|estetermo...
09 AP- 1735
Linhas :
2626-2627
...Magroforaõ apRe|zentadasdascoais Seus nomes|ditos idadeseCostumes são
OSQUE|AODIANTE SESEGUE doquepara|Constar fis este termo...
10 AP- 1735
Linhas :
2685-2688
...foraõ apresentadas dascoais Se|[†..] nomesditos idades ecostumes||
ECostumes São OSQUEAODIENTE|SESEGUE deque paraConstarfiz|este
termo...
11 AP- 1735
Linhas :
2746-2747
...foraõ apresentadas dascoais|Seus nomes dito idades eCostumes|Saõ
OSQUEAODIANTESESEGUE deque|paraconstar fis estetermo...
12 AP- 1735
Linhas :
2803-2804
...foraõ apresentadas dasCoais Se-|us nomes ditos idades eCostumes
Saõ|OSQUEAODIANTESESEGUE deque para|constar fiz este termo...
13 AP- 1743
Linhas :
3451-3453
...esendoahypore|lle comigoescrivaõ fora
Imque|ridaepReguntadaaTestemunha|Referido
cujoSEUNOMEJDADEE|DITOCOSTUME HEoqueadiante|sesegue...
14 AP- 1743
Linhas :
3475-3477
...comigoescrivã foy
Inqueri|daepReguntadaaTestemunha|ReferidadequeOSEUS
NOMEJDADE|DITOCOSTUMESESEGUEaodiante|dequefesestetermo ...
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG) e Autos de Devassas –
Arquivo do Pilar – Ouro Preto
129
Quadro 8
Concordância verbal variável nas devassas civis (conclusão)
item Documentos
/ N
o
. de linha
Dados
15 CBG- 1473a
Linhas:
4276-4278
...eporguntadas astestemunhas que porparte doque | relante franciscoferreira
dasunsaõ foraõ aprezentadas | dascoais osseusdetos nomes saõ OS QUE
SESEGUE eu An | tonio josedacunhaescrevaõ...
16 CBG- 1743b
Linhas:
4409-4412
...foraõ emqueridas eporguntadas astestemunhasque| porparte doalcaide
foraõnoteficadas dascoaes| os seusdetosnomes eIdadesecostumessaõOSQUE|
SESEGUEeuAntonio jozedacunha...
17 CBG – 1744a
Linhas:
4558-4561
...foraõenqueridas eporguntadasastestemunhas|queporparte
doquerelanteforaõaprezenta|dascoaesoseusdetosnomeseIdadesecostumes|saõOS
QUESESEGUE dequedetudo...
18 CBG - 1745
Linhas:
4686-4687
...dondeeu|escrivaõ aodeantenomeadofui vindo eahi pello|detto juis, FOI
PERGUNTADAS EEMQUERIDAS ASTESTE|MUNHAS docreLante
Caetano DuarteCriollo...
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG) e Autos de Devassas –
Arquivo do Pilar – Ouro Preto
Vejamos os dados abaixo:
19) ...Ma|andarafazeresteautodede|vasa paraporelle Serempe|erguntadas
ASTESTEMUNHAS|quedocasoSOUBESE paraser|ponido odelinquente na|formadalei elogooditojuis|;
(sujeito) [AP-1725 - 765-767]
20) ...epergun | taremastestemunhasaodi | antedeClaradas cujos nomes | idadescostumes SAOOSQUESE
| SEGUEdoqueparadetudocons | tarporeste pResentetermo [AP-1725-Linhas: 90-91]
21) ... ...chegueiparaco | omelleseperguntaremaste | estemunhasaodeantede |claradas cuios nomes eda |
desSam ASQUE AODIANTESE | SEGUE doque paradetudo |constar Fizeste pResenteter | mo ...[AP-
1725 – Linhas 311-313]
22) e|pReguntadas astestemunhas aodiante|quepor parte do Alcayde desta|villa Luis Gonçalves Magro
foraõ|aprezentadas das coais Seus nomes|ditos idades eCostumes Saõ OS QUE AO-|DIANTE
SESEGUE, deque paraConstar|fiz este termo; (sujeito)
[AP-1735 - 2244-2246]
23) foraõ aprese[corroído]|tadas das coais Seus nomes ditos|idades,
eCostumes, saõ OS QUE AODIAN|TESESEGUE deque para constar fis|este termo;
(sujeito) [AP-1735 -Linhas 2314-2315]
24) Magro foraõ a|prezentadas das coais Seus nomes di|tos idade eCostumes
São OSQUE ADIA|NTE SESEGUE deque paraConstar fis|este termo;
(sujeito) [AP-1735 -Linhas 2378-2379]
25) foraõ|[†.]presentadas, das coais seus nomes|| Nomes ditos idades eCostumes|são
OSQUE AODIANTESESEGUE, deque|paraConstar fizeste termo
(sujeito) [AP-1735 -2435-2438]
26) foraõ|aprezentadas das coais seus nomes|ditos idades eCostumesSaõ OSQUE AO-|DIANTE
SESEGUE dequeparaConstar|fiz este termo; (sujeito)
[AP-1735 –Linhas 2492-2494]
130
27) foraõ|apresentadas dascoais seus nomes|ditos idades eCostumes saõ OSQUEAODI-
|ANTESESEGUEdeque para constar fiz|estetermo; (sujeito)
[AP-1735 – Linhas 2548-2550]
28) Magroforaõ apRe|zentadasdascoais Seus nomes|ditos idadeseCostumes são
OSQUE|AODIANTE SESEGUE doquepara|Constar fis este termo;
(sujeito) [AP-1735 - Linhas - 2626-2627]
29) foraõ apresentadas dascoais Se|[†..] nomesditos idades ecostumes|| ECostumes São
OSQUEAODIENTE|SESEGUE deque paraConstarfiz|este termo;
(sujeito) [AP-1735 - Linhas 2685-2688]
30) foraõ apresentadas dascoais|Seus nomes dito idades eCostumes|Saõ
OSQUEAODIANTESESEGUE deque|paraconstar fis estetermo;
(sujeito) [AP-1735 - Linhas 2746-2747]
31) foraõ apresentadas dasCoais Se-|us nomes ditos idades eCostumes
Saõ|OSQUEAODIANTESESEGUE deque para|constar fiz este termo (..)
(sujeito) [AP-1735 - Linhas 2803-2804]
Segundo Naro & Scherre (2007), a ausência da marca de plural no verbo é mais
freqüente na oralidade em contextos fônicos menos salientes, mesmo que os sujeitos
estejam antepostos ou à esquerda do verbo. Os dados acima, embora sejam escritos,
apresentam comportamento semelhante aos dados orais, uma vez que a oposição
singular/plural de
SOUBESSE/SOUBESSEM e SEGUE/SEGUEM não é tão evidente.
Variação
Encontramos, para esse contexto fônico menos saliente, um uso variável em outros
processos-crime do corpus :
32) ... esendoahy por elle ditojuisordinario foraõ|pReguntadas devassamente ASTESTEM|UNHAS
queadianteSESEGUEM comosseus|nomesejdadesecostumes dequefizeste| termo [AP-1743 - linhas 3167-
3169];
33)... dacoaloseu detonomeeIdade| ecostumessaõOSQUESESEGUEMdequefesestetermo| deasentada
[CBG-1743a – Linhas 4355-4356]
34) ... foramperguntadaseInque|ridas astestemunhas quepor(parte)|doquerellanteJoamBaptistade|Aguiar
foramapresentadasCujosditos|nomesIdadesCustumes enaturali|dades
samOSQUEAODIANTESESEGUEM|doquefis estetermodeasemtada [CBG-1744b -Linhas 4589-4592]
35)... docreLante Caetano DuarteCriollo|porquemforaõ aprezentadas deCujos dittos Idades
nomes|naturalidade eCustumes saõ OSQUEAODIA(NTE)|SESEGEN dquefisesteTermo [CBG-1745 -
linhas 4687-4689]
36)... foramaprezentadas CUJOSDITOS NOMES|IDADESCUSTUMES ENATURALIDADES
SESEGUEMdequefis estermo deassentada| ...[CBG-1747-Linhas 4773-4775]
37).. as testemunhas destadevasadevasamente (...)| foramapezentadas cuios nomes ditos|idades ecus tu
mes SomOS QUEAODI|ANTESESEGUEM dequeparacons tar| fes estetermo [AP-1750- Linhas
3607-3610];
131
38) .. as tes temunhas des tadevasa|devasamente quepelloes crivom|doAl caide des tavi lla
ManoelRodri|gues deTovoronos foram apre zentadas|cuios ditos nomes idades teses custu|mes
somOSQUEAODI ANTE SESESEGUEM|eudomingos ... [AP-1750- Linhas 3726-3728]
39) ...temunhas Seguintes queperparte|do es cri vamdoAl cai de des ta (villa)de|vasamene nos foram
aprezentadas|cuios di tos nomes i dades teses ecustumes|samOSQUEAODI ANTE
SESEGUEMdo|mingos...[AP-1750- Linhas 3822-3824]
40) ...astes temunhas aodi an tedes ta|devasadevasamente cuios nomes di|tos custumes idades teses
SamOSQUEA|DEANTESESEGUEM dequeparacons tar|fis estetermo... [AP-1750-Linhas 3896-3898]
41)... as tes te munhas des tadevasadeva|samente quepelloes crivamdoAl cai|desdestavillanos foramapre
zentadas|cuios nomes ditos idades tezes elle ecus tumes|samOSQUEAODI ANTE SESEGUEM
dequepa|racoms tarfis este termo...[AP-1750-Linhas 3954-3957]
42)...as testes te munhas des ta|devasadevasa mente quepelloes|crivam doal caidedes tavilla nos
fo|ramaprezentadas cuios di tos nomes i da|des teses cus tu mes SamOS QUEAODI|ANTE
SESEGUEM eudomingos ...[AP-1750-Linhas 4016-4019]
43)... astestemu|nhas seguintes destadevasa devasa|mente que pelloes crivamdoAl cai de|nos foram
apresentadas cuios di tos no|mes idades teses ecustu mes samOSQUEAO|DI ANTESESEGUEMdequep
aracons tar|fiz estetermo...[AP-1750-Linhas 4074-4077]
44)... as tes|testemunhas Seguintes quepelloalcai|denos foramapre zentadas cuios nomes|di tos idades ecus
tus mes SamOSQUEAODI|ANTE SESEGUEM Domingos...[AP-1750-Linhas 4208-4210]
45)... as testemunhas que pello quer elante CaetanoFe|rreyraCoutto foraõ apRez entadas das quaes seos
nomes|ditos Idades ecostumessam OS QUE AODI ANTESESEGUEM|dequefis estetermo ...[CBG-
1750-Linhas 4853-4855]
Nas devassas eclesiásticas, encontramos esse mesmo tipo de estrutura com sujeito e
verbo no plural :
46) por|elleforaõ perguntadas devasamen.
te
as|tes.
tas
abaixo asinadas d(e)cuios nomes||
nomes ditos e idades eCostumes SAÕ OS QAODI|ANTESESEGUEM deqfis estetermo [CM-linhas
5030-5032]
47)... ASTESTEMUNHAS QUE AO DIANTE SE SEGUEM deque mandey fazer este termo que
assgney eeuP. Antonio...[CM-1738 – Linhas 5134-5135]
Segundo Naro & Scherre (2007, p. 111-112), sujeito à esquerda do verbo favorece
concordância explícita, sujeito à direita do verbo favorece a variante zero de plural; “e
elementos verbais com maior saliência fônica na relação singular/plural tendem a
apresentar mais plural explícito”. No entanto, nos sintagmas abaixo destacados, temos
48) Não es tava pago doque HE tocadas CUS|TAS des ta V
a
. Rica (AP – linha-1638)
(sujeito)
Nesse caso, a saliência fônica não foi determinante para a presença do plural do
elemento verbal
SÃO; certamente a ocorrência do sujeito CUSTAS à direita do verbo
tenha sido mais favorecedor da variante zero de plural.
132
49)...esendoahypore|lle comigoescrivaõ fora Imque|ridaepReguntadaaTestemunha|Referido
cujoSEUNOMEJDADEE|DITOCOSTUME HEoqueadiante|sesegue dequefesesteTermo...
(sujeito) (AP- Linhas 3451-3453)
Nesse caso, havia duas circunstâncias favorecedoras da marca de plural, segundo os
autores, o sujeito à esquerda do verbo e a relação da saliência fônica do singular/plural
HE/SÃO. Mas como eles próprios afirmam “zeros plurais precedentes tendem a
desencadear zeros plurais subseqüentes” (2007, p. 112); ou seja, no sujeito
SEUNOMEJDADEE|DITOCOSTUME não há qualquer marca de plural, daí a inexistência
dela no verbo HE.
No QUADRO 8 da concordância verbal, os itens de 03 a 12 e de 15 a 17 mostram
dados em que a saliência fônica (são) indica a marca de plural, apontando para a
existência de variação também nesse ambiente.
E, finalmente, este QUADRO também confirma a análise de Naro & Scherre (2007)
sobre a colocação do sujeito à direita do verbo que favorece a marca zero de plural,
conforme:
50) dondeeu|escrivaõ aodeantenomeadofui vindo eahi pello|detto juis, FOI PERGUNTADAS
EEMQUERIDAS ASTESTE|MUNHAS docreLante Caetano DuarteCriollo
(sujeito)
Variação
Esse mesmo tipo de estrutura é encontrado em sentenças semelhantes, nas quais o verbo
SER, em concordância com seu sujeito, encontra-se no plural:
51) ondeeuescrivaõ|aodiantenemeadoVim esendo|ahi por elledi toDoutor Juis ordi|nario
FORAMPERGUNTADOS EINQUERIDAS|ASTES TEMUNHAS
[†]|| [CBG- linhas 4770-4771)
(sujeito)
52) aonde euescr[corroído]vaõ aodi antenomeadovim|esendo ahy por elle FORAÕ INQUERIDAS
EPREGUNTADAS|AS TESTEMUNHAS
[CBG/1750 - linhas 4852-853)
(sujeito)
Nas devassas eclesiásticas, encontramos essa mesma estrutura com sujeito e verbo no
plural :
53) por|elleFORAÕ PERGUNTADAS devasamen.
te
AS|TES.
TAS
abaixo asinadas d(e)cuios nomes||
(sujeiro) [CM -linha 5030]
Segundo João de Barros (1540, p. 31), “Tem mais o nome hua concordançia, quando
está em o caso nominatiuo: que á de couir com o uerbo, em numero e pessoa, como
quando digo, eu amo.” Tal como vimos para os casos de concordância variável
133
nominal, esse levantamento que fizemos apresenta um reduzido número de dados, mas,
de qualquer forma, também aponta para a existência de variação de concordância verbal
na escrita dos escrivães. Nas devassas eclesiásticas, não localizamos nenhum dado
relacionado à concordância variável. Apenas identificamos uma construção passiva em
que o verbo não concorda com o sujeito, que está no plural: 54)... foraõ noteficadas
astestemunhas ao diante nomeadas easignadas, paraque asim nesta devaça davezita cujos nomes
cognomes, officios, patrias, moradas, idades, ecustumes saõ nafor ma que emseus lugares sedecLara
,
de que tudo fizeste termo (CM - linhas 5141-5144).
Na verdade, a construção passiva também foi localizada nas devassas civis :
55) elledito Juis lheReseberaodito | autodedevasa quemandara | fazer elhoResebera Sedenqua | antumtanto
quantodedi | reitoheradeResebereMan |daraqueNOMIASETESTEM|UNHAS quedocasosoubese|em...
(AP - linhas 39-41) (sujeito)
56) vio ellatestemunha| dizer adefuncta Maria, vindo da|RuadeRozario, junto aportadoLe-|senciado
JozedeSaõ Boa ventura, Lu-|gar emqueSEDEVIDE OSCAMINHOS hum|para aRuadeSima, eoutro, para
a Rua|debaixo (sujeito)
[AP - linhas 2256-2258]
João de Barros e Amaro de Roboredo, que tomaram a língua latina como referência para
construção de suas gramáticas, informam que na língua portuguesa "não ha vozes
passivas". Mas na subdivisão dos verbos, João de Barros trata dos verbos pessoais
(ativos e neutros) e dos impessoais que "sam de duas maneiras, a huus chámam da uóz
autiva, e outros da uóz passiva", (p. 18). Tais verbos :
"sempre denotam auçam cõ generalidáde de obrar: e própriamente uem de
todolos os uerbos neutros ausolutos. Nós nam temos estes uerbos mas
quando falámos per este módo tomámos o uerbo e a terçeira pessoa do
numero singular, e este pronome da terçeira pessoa, Se, (...) (p. 19)
Não vamos aqui tecer maiores comentários acerca desse assunto, mas, de acordo com
esses gramáticos, o verbo nesse tipo de construção deveria ficar na 3a. pessoa do
singular seguido do pronome se, o que nos leva a afirmar que tanto o clérigo-escrivão
quanto os escrivães civis aplicaram a regra pescrita à época.
Consideremos as seguintes questões,
se (1) as pesquisas em que Naro & Scherre (2007) se baseiam, sejam elas portuguesas
ou brasileiras, apresentam uma relação entre a concordância variável e o português
falado não-padrão da sincronia contemporânea, o que nos permite entender que esse
fenômeno é mais característico de uma prática social interativa para fins comunicativos
134
que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora
(MARCUSCHI, 2001a, p. 25);
se (2) no discurso dos gramáticos João de Barros e Amaro de Roboredo, que tomamos
como defensores de um uso mais normativo, no século XVI e XVII, respectivamente,
pode ser inferida uma crítica à fala popular, em especial no texto de Roboredo, que
apresenta de forma impositiva nove regras, dentre elas às de concordância, para o bem-
escrever, destinadas ao principiante a fim de que ele pudesse “compor sem solecismo”
(FÁVERO, 1996, p. 47);
se (3) uma das variáveis para o entendimento das diferenças do comportamento da
concordância nominal é o grau de escolarização (NARO&SCHERRE, 2007), e
acrescentamos a concordância verbal;
se (4) os escrivães civis foram, neste Capítulo, caracterizados com o grau regular de
letramento e em cujos processos foram localizados casos de concordância variável, ao
contrário das devassas eclesiásticas que não apresentaram esses dados e cujos escrivães
foram caracterizados com alto grau de letramento;
Então, podemos afirmar que a concordância variável no português antigo também era
mais característica da oralidade.
Essas evidências reforçam a nossa hipótese de que a manifestação da oralidade se dá
nos processos civis sob análise, não só na concepção discursiva, mas também na
estrutura lingüística do texto. Se nesses manuscritos foram localizadas estruturas de um
português falado, também neles é possível que haja combinações lexicais restritas que
possam ser consideradas uma inovação lexical, pois, segundo Labov (1975), a
oralidade é mais propensa à manifestação de inovações na estrutura da língua, e apenas
depois de um dado período serão ou não utilizadas por um grupo maior de
falantes/leitores
Os dados levantados mostram que a variação na concordância verbal e nominal no
período antigo da língua portuguesa não é aleatória, mas motivada por fatores de ordem
sintática e morfo-fônica, além de fatores extralingüísticos, como a natureza dos textos e
o grau de letramento dos agentes da escrita. Por isso, afirmamos que, além do grau de
letramento regular dos escrivães, é preciso considerar as condições de produção da
escrita, já que os depoimentos eram tomados à medida que as testemunhas fossem
135
relatando os fatos, e os tabeliães não dispunham de tempo para proceder a uma revisão
de seus textos, conforme será visto no Capítulo 4.
No Capítulo seguinte, vamos apresentar, na primeira parte, as definições dos dois tipos
de processo criminal - o auto de devassa e querela - com base na legislação vigente,
então contida nas Ordenações do Reino português, além de fazermos considerações
"legais" acerca do ato de inquirir testemunhas e de como deveria ser o ritual para essa
inquirição. Ainda nesta parte, vamos verificar se os escrivães/tabeliães atendiam a todas
as determinações das leis portuguesas para a tomada e registros de depoimentos. Em
seguida, serão fornecidas informações sobre a transcrição dos manuscritos.
136
4 ANÁLISE DOS MANUSCRITOS : INQUIRIÇÃO-
DEVASSA E SUMÁRIO DE TESTEMUNHAS DE QUERELA
“Se alguem ferirem de noite, ou lhe fazerem outra alguma cousa ou sem-
razom, se elle nom ouver prova, pode-o provar desta maneira, a saber, se
braadar de noite, quando o ferirem, dizendo, ferem suam, ou esto me faz, se
alguns homees saaem aas janelas, ou aas portas, e veem estar na rua
aquelle, de que o ferido dá voz, e de que braada, fica assy provado.”
Ord. Afonsinas, T.60, §1, 1786, p. 372
4.1 – INTRODUÇÃO
Na discussão que propusemos nos capítulos anteriores e, em especial, no posterior,
sempre nos recorremos aos dados extraídos dos processos-crime, que fazem parte do
nosso corpus. Neste Capítulo, vamos nos concentrar nesses manuscritos. Inicialmente,
com base nas leis portuguesas vigentes no Antigo Regime, vamos discutir as
características dos tipos processuais com os quais lidamos: a devassa civil e a querela.
Em seguida, faremos uma discussão sobre a inquirição das testemunhas e, ao mesmo
tempo, será feito um cotejo entre o que era determinado pela lei e a prática do
tabelião/escrivão. Em outros termos, verificaremos se o agente da escrita seguia as
determinações da lei para a tomada de depoimentos, tendo por base os autos desta
pesquisa. Num segundo momento, serão fornecidas informações acerca da edição dos
manuscritos proposta nesta tese.
Conforme já discutimos em algumas passagens desta pesquisa, faz parte do corpus 14
processos-crime, sendo 07 autos de devassas, coletados no Arquivo do Pilar de Ouro
Preto e 07 sumários de testemunhas de querela, coletados na Casa de Borba Gato de
Sabará. O objetivo inicial era trabalhar com processos que tivessem uma datação
mais próxima do início da colonização das Minas Geraes - fins do Seiscentos, início do
Setecentos - no entanto isso não foi possível. Conforme discutimos no Capítulo 2,
somente a partir de 1720, a justiça civil começou a firmar-se nas Minas. Esse fato
aliado a outros talvez justifiquem o porquê de não termos encontrado em diferentes
arquivos, de Minas Gerais e de Lisboa, inquéritos anteriores a essa data. Assim,
procuramos levantar os manuscritos com datação mais recuada e, dentre os que
localizamos no Arquivo do Pilar, o mais antigo e em melhores condições de manuseio
137
foi o de 1725. Já na Casa de Borba Gato, Sabará, deparamo-nos com duas questões:
primeiramente, nesse arquivo não foram localizados autos de devassa, mas sumários de
testemunhas de querela; e o outro fato é a datação, pois o documento mais recuado data
de 1743. No entanto, tais questões não interferiram na realização da pesquisa. Isso
porque, nas devassas, conforme trataremos adiante, a parte que mais nos interessa são os
depoimentos das testemunhas, que também constam dos sumários, conforme veremos a
seguir. Quanto às datas, também não interferiram na pesquisa, uma vez que fazem parte
do período analisado: 1700 a 1750.
Os documentos transcritos encontram-se reunidos num volume à parte desta tese, e
conforme constam das normas que adotamos para a edição, as linhas foram enumeradas
de 5 em 5 e de forma contínua. Desse modo, para identificação de cada processo nessa
transcrição, daremos, a seguir, a indicação do documento e os números das linhas a que
se referem.
Autos de Devassa –
A
Arquivo do
P
Pilar Localização-Linhas
Códice : 449 auto : 9452 ano : 1725 1 -750
Códice : 438 auto : 9059 ano : 1727 751-1227
Códice : 445 auto : 9348 ano : 1731a 1228-1639
Códice : 181 auto : 3328 ano : 1731b 1640-2188
Códice : 447 auto : 9394 ano : 1735 2189-2861
Códice : 449 auto : 9477 ano : 1743 2862-3590
Códice : 278 auto : 5801 ano : 1750 3591-4268
Sumários de Testemunhas de Querela Localização-Linhas
Casa Borba Gato
Ano: 1743a 4269-4402
Ano: 1743b 4403-4488
Ano: 1744a 4489-4581
Ano: 1744b 4582-4679
Ano: 1745 4680-4763
Ano: 1747 4764-4846
Ano: 1750 4847-4965
138
Conforme mencionamos no Capítulo 3, fazem parte deste corpus as devassas
eclesiásticas ou seculares, que apenas serviram como contraponto às civis no que se
refere à concordância variável, e também elas encontram-se transcritas, conforme
Autos de Devassas Eclesiásticas – Cúria de Mariana Localização-Linhas
1730 4966-5014
1731 5015-5119
1738 5120-5344
A seguir, discutiremos o processo criminal com base nas Ordenações portuguesas do
Antigo Regime.
4.2 O PROCESSO CRIMINAL
Pereira e Souza (1806) com base nas Ordenações
49
Afonsinas, Manuelinas e Filipinas,
que vigoraram em Portugal, especificamente estas últimas, entre o século XVII até o
XIX, e também no Brasil “onde só foram definitivamente revogadas em 1 de Janeiro de
1917” (SERRÃO, s/d, p. 210), apresenta as Primeiras Linhas sobre o processo criminal
e nas quais vamos nos basear.
50
Um processo criminal era uma ordem legítima
observada nos juízos criminais que tratavam de fatos que ofendessem “a paz pública,
ou os direitos dos Cidadãos” (PEREIRA E SOUZA, 1806, p. 18). Tais juízos eram
constituídos por, pelo menos, três pessoas : “Juiz, Réo, Escrivão”. A jurisdição
criminal, que era o poder de conhecer os crimes cometidos e julgá-los através de uma
decisão, era realizada em foro criminal, que poderia ser civil e/ou eclesiástico ou
secular. As causas criminais eram públicas, quando intentadas por qualquer pessoa do
povo; ou particulares, quando intentadas pelas partes ofendidas.
Segundo Almeida (1973), as Ordenações Afonsinas admitiram as querelas, oriundas dos
antigos costumes, mas também as inquirições-devassas do direito canônico, que
predominaram no processo criminal por envolver pecado. Dessa forma, mantiveram-se :
a acusação, que se inscrevia pelo auto de querela; a denúncia, que não se inscrevia
49
Ordenações, num sentido amplo, referem-se a leis e tradicionalmente foram adotadas com duplo
sentido: “ ora significando ordens, decisões ou normas jurídicas avulsas, com caráter regimental ou não;
ora significando as colectâneas que dos mesmos preceitos se elaboraram, ao longo do direito português.”
(SERRÃO, s/d, p. 205).
50
As informações aqui fornecidas quanto a este assunto _ processo criminal _ restringir-se-ão ao período
sob análise, qual seja, a primeira metade do século XVIII.
139
porque se tratava de uma delação secreta, e finalmente a inquirição-devassa de regra ex-
officio. Como nos interessam apenas o primeiro e terceiros tipos, vamos nos ater a eles.
4.2.1
A acusação, a inquirição de delito e as testemunhas
4.2.1.1 Querela
Do latim querela, de queri (queixar-se a alguém), tem o mesmo sentido de queixa ou de
acusação (DE PLÁCIDO E SILVA, 1984). Segundo Pereira e Souza (1806), este era
um tipo de delação feito em juízo competente acerca de algum fato criminoso, por
interesse particular (quando feita pelas partes ofendidas) ou público
51
(quando feita por
qualquer pessoa do povo.). Na terminologia adotada pelas Ordenações do Reino, a
querela era simples ou perfeita. Aquela referia-se a uma queixa ou denúncia sem a
prestação do juramento, nomeação de testemunha e prestação de fiança às perdas e
danos decorrentes da acusação, quando injusta ou falsa. A perfeita era uma queixa ou
denúncia feita com juramento e, se fosse cumprida, era cercada de todas as demais
formalidades e exigências legais (DE PLÁCIDO E SILVA, 1984). A querela diferia da
devassa no que diz respeito à citação do réu, pois enquanto nesta ele apenas era citado
após serem ouvidas as testemunhas, naquela a citação era feita após lavrado o auto, e as
formalidades do juramento e nomeação de duas ou três testemunhas terem sido
realizadas.
Segundo Gomes (1766, p.267), se alguma pessoa quisesse “querelar de outra” deveria
fazer uma petição ao juiz, onde se declarava “o nome, appellido, ou occupação do
delinquente, e a fórma, em que fez o delicto; e também se declara a morada do
delinquente”; além do “lugar, hora, dia, e tempo, em que fez o delicto, para se saber se
he dentro do anno, e dia, em que a querela tem lugar.” Como nesta pesquisa apenas
lidamos com o sumário das testemunhas, que, posteriomente, deveria compor os autos
do processo, não dispomos das respectivas petições, mas, no início da inquirição, fazia-
se menção ou ao auto de querela propriamente dito (o que ocorre na maioria dos casos),
ou à petição feita ao juiz pelo querelante, conforme:
i)
EPorguntado elle testemunhapellocomteudo no|autodaquerella dese que Save pello ouvir dezer
ava|reaspesoas (...) [CBG- Linhas 4505-4506];
51
Segundo Pereira e Souza (1806, p. 34), “Antigamente as Accusações dos crimes entre nós erão de dois
modos: humas erão com rancura, outras sem rancura. Aquellas tinhão lugar quando o Réo era apanhado
em fragante delicto. O Accusador trazia a Juizo o corpo de delicto, e vinha gritando sobre o Agressor.” A
partir disso, originou-se a querela “a qual he um estabelecimento peculiar do nosso Reino”.
140
ii) EpReg untado elleTestemunha pello contheudo|napet i çaõ d o querel ante Caet ano Fer r
eyraCou|tto desse quesabep ello ver (...) [CBG-Linhas 4866-4867].
Os casos para os quais tiravam-se querelas eram:
(i) “apostasia”; (ii) “sortilegio”; (iii) lesa-magestade; (iv) roubo de estrada; (v) morte de
homem; (vi) cópula “com mulher de ordem, ou de diferente seita, ou com criada
daquelle com quem se vive, ou com mulher daquelle perante quem se requer”; (vii)
incesto; (viii) sodomia; (ix) lenocídio; (x) falsidade; (xi) “fogo em pães ou vinhas”; (xii)
“furto de cem réis”; (xiii) “ferimento ao pai, ou mai”; (xiv) “assuada”; (xv)
arrombamento de cadeia; (xvi) violação de muros da cidade ou de vila; (xvii) “falta de
guarda de prezos”; (xviii) moeda falsa; (xix) testemunho falso; (xx) bigamia; (xxi)
mancebia de casados; (xxii) mancebia de clérigo; (xxiii) “crime de rufião”; (xxiv)
quebra de degredo; (xxv) fuga de cativos; (xxvi) introdução de “cousas defezas em
terras de infiéis”; (xxvii) “resgate em S.José de Minas, ou ás partes da Guiné”; (xxviii)
“arrancamento d’arma na Corte, em Procissão, ou na Igreja”; (xxix) blasfemia; (xxx)
“tiro com bésta, ou espingarda, ainda sem ferimento”; (xxxi) resistência; (xxxii) cárcere
privado; (xxxiii) fuga da cadeia; (xxxiv) feridas abertas e ensangüentadas, “ou nodoas
inchadas, ou denegridas”.
52
(xxxv) adultério; (xxxvi) “cortamento d’arvore fructifera”;
(xxxvii) “crime de bultão”; (xxxviii) uso de armas proibidas; (xxxix) “defloração de
mulher, que não exceda a 17 anos; (xxxix) ladrão de cem reis, ou dahi para cima.”
Pereira e Souza (1806, p.38) nos chama a atenção para o fato de que muitos dos casos
que procediam querellas também poderiam proceder devassas, “podendo a Parte
offendida escolher este meio independente do procedimento da Justiça”.
A queixa propriamente dita deveria conter as seguintes partes: (i) “o juramento de
calumnia”; (ii) “os nomes do queixoso, e do Querelado”; (iii) “o reconhecimento da
pessoa do queixoso”; (iv) “a nomeação das testemunhas”; (v) “a declaração do tempo, e
lugar do delicto”; (vi) “a causão fidejusoria quando he dada por Pessoa do Povo”; (vii)
“a subscrição do juiz, e do queixoso” (PEREIRA E SOUZA, 1806).
52
Nesse caso era necessário declarar qual a parte do corpo foi agredida e se as feridas estavam “abertas e
rotas em sangue, couro, e carne cortada, e pouco mais, ou menos, o tamanho delas.” Além disso, era
necessário registrar qual instrumento foi utilizado na agressão, e “se foy de proposito, caso pensado, rixa
velha, ou rixa nova, e se era antes o deliquente inimigo do queixoso.” Entretanto, tratando-se de pequenas
feridas, “em que não haja couro, e carne cortada, não mandará o Juiz tomar queréla, nem de nódoas, e
pizaduras pequenas, pois podem neste caso, (...) usar da acção de injuria” (GOMES, 1766, p.267-268).
141
Além disso, a querela deveria ser emitida dentro de um ano, após o fato ocorrido. As
testemunhas do sumário da querela, que não poderiam exceder o número de três ou
quatro e não ser substituídas por outras, deveriam apresentar-se dentro de vinte dias
contados a partir da emissão da petição. Passado esse período, o queixoso poderia,
dentro do mesmo ano em que ocorreu a queixa, apresentar, contra o “delinquente”, um
“libello” (GOMES, 1766). Todos os autores consultados não fazem qualquer
comentário acerca do prazo de duração da querela, ao contrário da devassa, conforme
será visto a seguir. Antes, porém, vamos verificar se os fatos que ensejaram a produção
dos sumários de querelas e o número de testemunhas estão conformes ao que era
estabelecido por lei
53
.
Quadro 9
Caracterização dos sumários de testemunhas de querela.
Referência – (Sabará)
(Linha 4269
à linha 4965)
Motivo No.
Testemunhas
1743a
(Linhas: 4269-4402)
Ferimento feito com faca no ombro e nas costas da negra
Antonia, com descrição das feridas.
4
1743b
(Linhas 4403 – 4488)
Pancadas com ferimentos feitos com espádua de pranxa em
Joana Maria de Jesus
3
1744a
(Linhas 4489-4581)
Reclamação de dívida com tomada do bem: uma escrava. 4
1744b
(Linhas 4582-4679)
Roubo de cavalo. 3
1745
(Linhas 4680-4763)
Cárcere privado de Magdalena Duarte, preta forra. 4
1747
(Linhas 4764-4846)
Roubo de cavalo. 3
1750
(Linhas 4847-4965)
Fuga de escravos. 3
Fonte: Sumários de Testemunhas de Querela – Casa Borba Gato- Sabará (MG)
Comentários : O número das testemunhas está conforme ao que era prescrito; quanto
aos motivos, apenas o que foi expresso em 1744a não é contemplado pelos casos acima
descritos, mas também não se configura caso de devassa, pelo menos as fontes
consultadas não o mencionam, conforme veremos a seguir.
4.2.1.2 Devassa
A devassa era “a informação do delicto tomada por authoridade do Juiz para castigo
dos delinquentes, e conservação do socego público” (PEREIRA E SOUZA, 1806, p.
20). Havia dois tipos: as “geraes”, que eram expedidas sobre delitos incertos, e as
53
Não verificaremos se a data de emissão dos sumários de testemunhas estava conforme ao que era
preconizado pela lei em vigor, porque, para isso, seria necessária a consulta à petição, e como já foi
mencionado, esse tipo de documento não faz parte de nosso corpus.
142
“especiaes” que supunham a existência do delito, mas desconhecia-se o agressor;
ambas só poderiam ser tiradas em casos expressamente determinados em lei. Mas em
nota o autor faz a seguinte declaração :
As vezes o Príncipe comette a algum seu Magistrado o tirar Devassa de alguns
casos, ainda que não sejão de Devassa. (...) Requer-se porém para isso especial
Decreto, e não he da competencia do Tribunal do Desembargo dispensar na
Lei a esse respeito sem preceder Consulta. (1806, p. 21)
Isso porque, segundo ele, as devassas geraes eram “perigosas”, pois permitiam que
fossem feitas calúnias a “victimas inocentes”; já as especiaes, como deveriam preceder
ao corpo de delito, eram mais toleráveis. Vê-se, então, que parecia haver, por parte da
Justiça portuguesa, um controle quanto à emissão de tais expedientes. As geraes
deveriam ser tiradas no princípio do ano ou “em certos, e determinados tempos”, e
encerradas num prazo de trinta dias após ter iniciado o processo; e apenas os juízes de
fora, os ordinários ou os corregedores tinham a incumbência de tirá-las.
As devassas especiaes deveriam ser expedidas nas seguintes situações:
(i) homicídio; (ii) “força de mulher”; (iii) “fogo posto”; (iv) fuga de prezo; (v)
arrombamento de cadeia ou de portas; (vi) moeda falsa; (vii) resistência; (viii) “tirada
do prezo do poder da Justiça”; (ix) cárcere privado; (x) “furto de valia de marco de
prata, ou na estrada, ou no ermo”; (xi) arrancamento de arma na igreja, procissão ou na
corte; (xii) aleijão de algum membro; (xiii) “ferimento de noite, ou no rosto”; (xiv)
“ferimento com besta, arcabuz, ou espingarda”; (xv) “assuada”; (xvi) bofetada; (xvii)
“açoites em mulher”, (xviii) assassinato, mesmo que não seja seguido de morte; (xix)
“propinasão de veneno, ainda que se não siga morte”; (xx) desafio; (xxi) “pôr cornos,
junto das casas de pessoas casadas”; (xxii) “danno em horta, ou pomar a requerimento
da Parte”; (xxiii) “fazer, ou publicar sátiras, e libellos famosos”; (xxiv) “quebra de
mercadores dolosos”; e finalmente (xxv) casamento de pessoas, que tem bens da coroa
sem licença régia. “O simples uso, ou rito de arma de fogo sem ferimento, não he caso
de Devassa, mas só de Queréla.” (PEREIRA E SOUZA, 1806, p 26).
Essas devassas deveriam ser iniciadas dentro do prazo de oito dias depois “do
sucesso”, exceto no caso de incêndio ou quando o réu era preso em flagrante delito; e
encerradas trinta dias após o delito ter sido cometido. Entretanto, Gomes (1766) alerta
para o fato de que nem sempre era possível terminá-las nesse prazo, “pelo muito que ha
por fazer em outros negocios”; no entanto, adverte, “terá cuidado o Juiz que ao menos
143
dentro dos 30 tire tantas testimunhas, quantas bastarem para pronunciar-se o R.” Elas
deveriam ser tiradas pelos juízes do território; isto é, pelos corregedores nas respectivas
comarcas e pelos juízes de fora, ou ordinários nas cidades ou nas villas e seus
respectivos termos, onde o delito foi cometido (PEREIRA E SOUZA, 1806).
Tanto nas geraes como nas especiaes deveriam ser inqueridas 30 testemunhas, exceto
em casos de incêndio, de “furto de pequena entidade”, de “danno em horta, ou pomar”
ou em casos “dos fogos de polvora”; para esses eram suficientes oito testemunhas.
Havia, no entanto, algumas questões pontuais
acerca das testemunhas que deveriam ser
consideradas. Assim, caso alguma testemunha fosse referida no depoimento de outrem
também esta deveria ser inquerida, mesmo que excedesse o número estabelecido.
Depois de encerrada a devassa, quaisquer depoimentos eram considerados nulos.
Finalmente, tanto nas geraes como nas especiaes as perguntas relacionadas ao
costume
54
apenas eram feitas no fim do juramento.
Mas as devassas geraes ou especiaes poderiam ser anuladas nos seguintes casos: (i)
quando não constava do corpo de delito; (ii) quando não precedia denuncia ou legitimos
indicios; (iii) quando não se expressavam a causa, lugar e tempo do delito; (iv) quando
não fosse tirada ou concluída dentro do prazo legal; (v) quando o número de testemunha
não fosse preenchido; (vi) quando fosse tirada em casos não expressos pela lei; (vii)
quando uma segunda devassa fosse tirada e não fosse precedida de provisão; (viii)
quando as testemunhas “não forão perguntadas pelo proprio Juiz”; (ix) quando o Juiz
fosse incompetente ou inimigo do réu “ou de outro modo suspeito”; e finalmente (x)
quando o escrivão que tirou a devassa fosse suspeito (PEREIRA E SOUZA, 180
6).
Como dissemos, as devassas eram procedimentos ex-officio, ou seja, o juiz poderia, por
conta própria, iniciá-las. Entretanto, essa iniciativa, conforme Buzaid
55
, se por um lado
era um bem, porque zelava pelos superiores interesses da sociedade na repressão do
54
De acordo com o Primeiro Livro das Ordenações Filipinas, Título LXXXVI, perguntar às testemunhas
pelo costume indicava se elas tinham “divido ou cunhadio com alguma das partes, e em que gráo, e se”
tinham “tão estreita amizade, ou odio tão grande a alguma dellas, por que” deixavam “de dizer a verdade.
E se receberam de alguma dellas ou de outrem em seu nome algumas dadivas, e se foram rogadas, ou
subornadas, que dissessem em favor de alguma das partes (...)” ( 1786 , p.204).
55
BUZAID, Alfredo. Origem do Despacho Saneador. Disponível <
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3256.> acesso em 21/03/2005
144
crime, por outro lado podia ser, nas mãos de uma judicatura menos imparcial, um
perigoso instrumento de perseguição a inocentes. Nesse sentido ela diferia da querela
que, conforme vimos, era de iniciativa particular ou pública.
A fim de verificarmos se os procedimentos judiciais para emissão de tais devassas, por
parte dos juízes ordinários e seus tabeliães, estavam conformes ao que acabamos de
ilustrar, vamos analisar cada uma das inquirições expedidas em Vila Rica, que
compõem parte do corpus da presente pesquisa. Para isso, serão analisados o tipo de devassa,
o motivo da denúncia, as datas do delito, de abertura e de encerramento do processo e o número de
testemunhas.
Quadro 10
Caracterização dos autos de devassa.
Tipo Data Ref. (V.Rica)
(1- 4268)
1
Motivo
Especial
c/ c. delito
Geral Delito Abert Encer
to
No.
Test.
ano:1725
(1-750)
Tentativa de homicídio e
roubo; solicitada pela parte;
agressor mencionado.
x
Fé as
feridas
07/04 14/03 20/06 30
ano:1727
(751-1227)
Ex-officio; ferimento feito à
noite, contra Manuel
Rodrigues da Costa; agressor:
incerto.
x
“Exame
feito nas
feridas”
10/04 24/04 15/06 30
ano: 1731
(1228-1639)
Ex-offício; assassinato do
soldado de mato, João da
Costa Crioulo; agressor:
incerto
x
Corpo de
delito
21/02 09/03 20/04 31
ano: 1731
(1640-2188)
Ex-offício; assassinato de
Francisco Freitas; agressor:
incerto
x
Testemu-
nhos de
ferida
21/02 30/03 20/04 30
ano: 1735
(2189-2861)
Ex-offício; Ferimento feito a
Maria Gonçalves, seguido de
morte;
agressor : incerto
x
Exame de
corpo de
delito
09/05 10/05 23/06 30
ano: 1743
(2862-3590)
Ex-offício; Ferimento no rosto
e cabeça de Antonio Nação
Angola; agressor: incerto;
x
Fé as
feridas
04/10 08/10 23/12 34
ano:1750
(3591-4268)
Ferimento feito no rosto de
Francisco Correa; solicitada
pela parte; agressor: Manoel
Pereira.
x
Notefica-
ção de
ferida
16/04 17/04 22/05 30
1
Localização em linhas dos processos-crime no corpus: a primeira numeração marca o início, a segunda, o fim.
Fonte: Autos de Devassas – Arquivo do Pilar – Ouro Preto
Comentários : (i) pelas características que apresentam, os autos dos anos de 1725 de
1750 deveriam ter sido emitidos como uma querela, por terem sido solicitados pela
parte ofendida e não se tratar de uma deliberação ex-offício do juiz. Mas, como vimos,
esse tipo de procedimento era possível, já que a parte ofendida poderia escolher o meio
145
de denúncia. Além disso, no auto de 1725 o próprio escrivão faz a seguinte declaração:
... porserdeomesedio| voluntario (...) |ejuntamente defurto taõ | gravisimo eporqualquer | dos ReFeridos
casostenhaem | coredo empenaCapitalepor | quanto oca[†.]o hera dedevasa... [AP Linhas 28-31]
(ii)
com relação à data de abertura do processo, apenas os autos de 1725 e de 1727 não
cumpriram os prazos exigidos, uma vez que as datas deveriam ser respectivamente,
15/04 e 18/04; ou seja, oito dias após a realização do delito; (iii) com relação à data de
encerramento do processo, todos teriam desrespeitado a lei, já que nenhum deles foi
encerrado 30 dias após o delito, não fosse “por huma Ley novissima”, segundo a qual
“naõ há tempo limitado para finalizar as devassas” (GOMES, 1766, p. 271); (iv)
finalmente, a quantidade de testemunhas está conforme ao que era preconizado, exceto
pelos autos de 1731a e 1743 nos quais alguns depoentes fizeram referência remissiva a
outros testemunhos, que tiveram, então, de se apresentar.
Além dessas devassas civis, havia também as eclesiásticas ou seculares que eram
visitações ordinárias de responsabilidade episcopal, pois cabia ao bispo “identificar e
castigar os inimigos da Fé” (LUNA; COSTA, 1982, p.79). Nos primeiros tempos da
colônia, as populações do território de Minas estavam sob a jurisdição do bispado do
Rio de Janeiro, e, a partir de 1745, essa jurisdição ficou a cargo do bispado de Mariana,
mas desde 1721 essas devassas esquadrinharam a vida da população mineira (LUNA;
COSTA, 1982). Assim, para coibir atitudes heréticas, pelo menos uma vez por ano, um
“reverendo visitador”, acompanhado de um padre-escrivão, “deveria percorrer um
trajeto que incluísse algumas freguesias” (FIGUEIREDO, 1993, p. 143). Uma vez
montada a “Mesa de Visitação”, convocava-se um determinado número de moradores
considerados idôneos sob o ponto de vista religioso, a fim de que fossem submetidos a
um interrogatório que continha 40 quesitos ou artigos. Nesses tais artigos mencionava-
se um enorme conjunto de práticas tidas como heréticas, na verdade, crimes contra fé, e
à medida que os quesitos eram pronunciados,
(...) o depoente apontava as pessoas da comunidade a quem vira, ouvira dizer,
ou simplesmente suspeitara de ter cometido o delito anunciado. No transcurso
do depoimento, o escrivão registrava sistematicamente em um livro de visita
os dados da testemunha, seu relato pessoal, às vezes minucioso, às vezes não,
dos crimes denunciados e o nome das pessoas ou grupos apontados na
narrativa.
(FIGUEIREDO, 1993, p.143-144)
146
Abaixo apresentamos excertos de depoimentos de devassas eclesiásticas, tiradas na Vila
de Sabará, em que os depoentes indicavam pessoas da comunidade que cometiam
alguns dos delitos anunciados.
(i) (...)Esendolhe perguntadopellos itens doEditaldavezita dise qsabe por|ser publico qDomingos
Rodrigues feitor|deAnt
o
. Ramos anda comcubinado com| escandalocomhuma preta Joana escra|va
deFran
co
. deMoura ... [CM -Linhas 5054-5056];
(ii) Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios da vizita quelheforão Lidos aodessimosetimo
disse que Francisco Rodrigues Monteyro digo Ro driguez da Cruz Solteyro morador na Rua do Piolho
desta villa anda aman|| anda amancebado com Ana Maria Mulata forra moradora no Sapanha Acan|ga da
mesma Villa entrando continuamente em caza della de quem tem|huma filha oque elle testemunha sabe
pello ter visto alem de ser publico eno|torio nesta Villa. | [CM -Linhas 5189-5195]
O número de testemunhas para essas devassas, ao contrário das civis, não era fixo; e
antes que apresentassem seu testemunho deveriam, tal como nas devassas comuns, jurar
sobre os santos evangelhos, e a seguir deveriam se identificar com nome, profissão e
idade (AFONSO, 1985).
Nesta pesquisa, as devassas eclesiásticas são utilizadas apenas como contraponto às
civis no que diz respeito ao uso da concordância variável (questão discutida no Capítulo
3); em função disso, não teceremos maiores comentários acerca da estrutura formal
desse tipo de inquérito.
4.2.1.3 A inquirição de testemunhas
As testemunhas das devassas civis e dos sumários deveriam ser pessoas idôneas para
certificar a verdade de seus depoimentos. Serviam como “prova claríssima” quando
eram (i) em número legítimo, em cada inquirição específica, sendo três ou quatro para a
querela, e trinta para as inquirições-devassas; (ii) juradas; (iii) contestes; (iv)
fidedignas :
Não basta porém que as Testemunhas não nos queirão enganar. He preciso que
ellas não se enganem a si mesmas. Assim a fé que se deve á testemunha deve
ser regulada não só pelo interesse que ella tem de dizer ou não dizer a verdade,
mas também pela sua capacidade, e mais circunstância da sua organização.
(PEREIRA E SOUZA, 1806, p. 143)
(v) individuais:
Não basta affirmar o facto; mas he preciso individuar as circunstâncias
substanciaes delle como o lugar, o modo, e o tempo. Daqui vem que quando a
Testemunha depõe de vista deve o Inqueredor perguntar-lhe o tempo, e lugar
em que vio, e se estavão alli outras pessoas que tambem virão; e quando depõe
de ouvida, em que tempo, e a quem ouvio.
(PEREIRA E SOUZA, 1806, p. 143)
(vi) concludentes.
147
De modo geral, qualquer pessoa poderia depor, exceto por questões “de natureza”
humana; ou seja, eram proibidos (i) “os furiosos, e mentecaptos”; (ii) “os impuberes”,
exceto em casos “graves”; (iii) “os pródigos” e (iv) “os mudos e surdos de nascimento”.
Havia também aqueles que eram proibidos por lei : (i) os escravos, exceto quando
“reputados livres”, ou quando se tratasse de questões domésticas ou não houvesse outra
forma de saber a verdade; (ii) os mouros ou judeus; (iii) “os inimigos capitaes” e (iv) os
presos (PEREIRA E SOUZA, 1806).
Havia casos em que as testemunhas não serviam como prova; isto é, quando se tratava
(i) de uma única testemunha; (ii) de testemunhas singulares:
Entre as testemunhas que não contestão há humas que effectivamente se
contradizem, outras que se auxilião nos seus ditos, outras que depõem de
factos totalmente diversos. Daqui vem que a singularidade das Testemunhas
se divide em obstativa, adminiculativa, e diverficativa. (...)
(PEREIRA E SOUZA, 1806, p. 146).
(iii) ou de testemunhas defeituosas, isto é, os menores de 20 anos; e aqueles que
possuíssem alguma relação de parentesco com a parte “até quarto grao”, “amigos
íntimos, ou especiaes”, os empregados, exceto quando se tratava de assuntos domésticos
ou se, “ao tempo do juramento”, não mais o fossem, e aqueles que depunham com
“affectação”; aquelas que possuíam relação “de ódio”, ou seja, os inimigos, os parentes
do inimigo, aqueles que se ofereciam para “jurar espontaneamente, porque se presumem
inimigos”, e os que ameaçavam a parte de que jurariam contra ela; aquelas pessoas
ditas como “infames”: os bandidos, as meretrizes, “os “falidos de má fé”, “os ebrios por
habito”, “os jogadores por officio ou tafues”. Em função disso recomendava-se
perguntar sobre o “costume”; ou seja, se a testemunha tinha “divido, ou cunhado com
alguma das partes, e em que gráo,” e se tinha “tão estreita amizade, ou odio tão grande a
alguma dellas”, que deixariam de dizer a verdade. Além disso, era preciso saber se a
testemunha havia recebido “algumas dadivas, e se forão rogadas, ou sobornadas”, para
que dissessem em favor de alguma das partes.
Apesar dessas recomendações, verificamos no corpus e encontramos, em dois sumários
de querela de Vila Real de Sabará e em uma devassa de Vila Rica, testemunhas que
possuíam algum grau de parentesco ou outro tipo de relação com a parte interessada,
mas cujos depoimentos parecem ter sido acatados, uma vez que não encontramos
nenhuma declaração de impedimento por parte das autoridades judiciais:
148
i) (...) Domingos Martins parente natural de Vianna arsebis pado|deBraga (...) edoscostumesdesenadadese
Ser compadre|do querellado ... [CBG- Linhas 4499-4503];
ii) (...) Manoel gonsalves torres natural dasidadedoPor | to(...) edoscostumes dese ter sido caixeiro |
doquerelante sem embargo do que diria averdade doque | soubeçe docazo| ... [CBG-Linhas 4279-4289];
iii) (...) Joaõ vieira Brito morador na | AgoaLimpa (...) edocostume disse s[corroídos] parentedomorto
[†........] [†..] [corroído] | mas que semembargo juravaa| verdade ...[AP-Linhas 1928-1945];
Com relação à idade, as testemunhas das devassas de Vila Rica ou estavam no limite
estabelecido por lei, ou acima dele; já nos sumários de querela de Sabará havia três
depoentes menores de 20 anos, cujos depoimentos não sofreram nenhum tipo de
embargo, pelo menos isso não foi constatado, conforme:
i) ...Gergorio dacosta natural desta Villa dosabara| emorador nesta Villa dosabara que Vive deseu
ofecio|desapateiro deIdade quedese ser dedezoito annospou| co mais ou menos (...) [AP -Linhas 4335-
4336]
ii) ...Antonio Pereira naturaldesta Vella enellamo|rador quedeprezente Vivedeaprenderooficio|deferrador
deIdade quedeseser dedezaseis annos pou|comais oumenos (...) [AP -Linhas 4433-4435];
iii) ...Gonsallogomes Criollo forro natural deSantaLuzia|emorador noditto aRayal quevive dseuoficio
deAlfajate|deIdade quedisse ser dedezoitto annos pouco mais ou|menos (...) [CBG -Linhas 4738-
4739].
De acordo com o 1º. Livro das Ordenações, título 86, antes de as testemunhas serem
questionadas, deveriam jurar sobre o livro dos Santos Evangelhos, no qual colocavam a
mão direita, afirmando que diriam a verdade do que soubessem, acerca do que fosse
perguntado. Esse juramento, sobre o qual o tabelião ou escrivão dava “sua fé”, era dado
perante a parte, contra quem era chamada a depor. Feito o juramento a testemunha dava
seu depoimento secretamente, “sem nenhuma das partes delle ser sabedor, até as
inquirições serem abertas e publicadas.” Nas querelas e devassas sob análise, há esse
tipo de juramento, mas não há registro de “fé” dos tabeliães, conforme abaixo :
i) (...) Paullo fereira deolmeidaPardoforro natural|dasedadedoRio dejaneiro (...)
testemunhajuradaaossantos|evangelhosemhumlibrodelles
emquepos|Suamaõdereitaepormeteudezerverda|dedoquesoubeçe elhefoceporguntado
aos|costumesdesenada| [CBG -Linhas 4516-4521]
ii) (...) Jozedacos taBayaõ natural dafreguezia|desantoAndredeAncede Concelho Bayaõ|BispadodoPorto|
(...) testemunhajuradaaossantos|eVangelhosemhumLivro delles quepelloditojuis lhefoydado
emquepos|Suamaõdi rei taeprometeodi zer|Verdadedoquesoubesseelhefo|seperguntado [AP -Linhas
4619-4624]
149
As perguntas eram feitas “de viva voz cada huma separadamente, e não em turma e
especificamente a cada hum dos artigos escrevendo-se os seus ditos por extenso, e não
por remissivamente”, (PEREIRA E SOUZA, 1806). De acordo com o Primeiro livro
das Ordenações, título 86, os “enqueredores” deveriam “ser entendidos e diligentes em
seus Officios”, de forma que soubessem perguntar e inquirir as testemunhas sobre
aquilo a que foram convocadas, e “tudo o que disserem [as testemunhas] screverá o
Tabellião, ou Scrivão, que a inquirição screver.” Uma informação dessa natureza levou-
nos a acreditar que, no momento da tomada de depoimento, um quarto elemento, além
do juiz ordinário, tabelião e testemunha, figuraria na cena: o inquiridor. Entretanto, as
Ordenações, no título 60, deixam explícito que também o juiz e/ou escrivão poderiam
fazer inquirições, já que determinam “sempre perguntem as testemunhas no começo de
seus ditos e testemunhos pelo costume e idade. E nas devassas (...) perguntem pelo
costume no fim de cada testemunho (...)”. Paralelo a isso, Gomes (1766, p. 307) declara
que, nos casos crimes, deveria “o Juiz por si mesmo perguntar as testimunhas das
querélas, denuncias, devassas, accusaçoens, e mais casos civeis”. Analisando os
inquéritos que compõem o corpus da presente pesquisa, em nenhum deles constata-se
ou explicita-se a figura desse quarto elemento, ou a inquirição era feita pelo juiz
ordinário, ou simultaneamente pelo juiz e pelo escrivão, conforme:
i) (...) esendo ahi por elledito Juis comigo EsCrivaõ|foraõ devassa mente emqueridas, e|pReguntadas
astestemunhas aodiante (...) [AP -Linhas 2243-2246];
ii) (...) ojuis Ordinario Mano|el Rodrigues Coelho | fui vindoho|EsCrivaõ pera efeyto deSetirar|aDevassa
(...) e|Logoporelleditojuisordina|rio mefoiordenadoedetremi|nado que fizesseesteauto|| AutodeDevassa
peradevassamente| porelle Serem preguntados tes|temunhas damorte (...) [AP -Linhas 1242-1247];
iii) (...) ocaPitaõmorjozeferreirabra | zaõ juishordenareo este prezenteanno esendo | ahy
pelloditojuishordenario foraõemqueredas | eporguntadas astestemunhas [CBG -Linhas 4275-4276].
Com relação às perguntas que deveriam ser feitas às testemunhas, o Primeiro Livro das
Ordenações determinava aos inquiridores que perguntassem:
declaradamente polo que sabem dos artigos, e não perguntaraõ por cousa
alguma, que seja fóra do que nelles se contém, e da materia, e caso delles. E se
disserem que sabem alguma cousa daquilo, por que são perguntadas,
perguntem-lhes como o sabem. E se disserem, que o sabem de vista,
perguntem-lhes em que tempo e lugar o virão, e se stavão ahi outras pessoas,
que também o vissem. E se disserem que o sabem de ouvida, perguntem-lhes a
quem o ouvirão, e em que tempo e lugar. E todo o que disserem, fação screver,
150
fazendo-lhes todas as outras perguntas, que lhes parecerem necessarias, per
que melhor e mais claramente se possa saber a verdade
. (ORDENAÇÕES,
T.86,)
Procederemos a uma análise desses depoimentos a fim de verificar se as orientações
dadas pelas Ordenações, no que diz respeito ao tipo de pergunta que deveria ser feita,
foram seguidas. O corpus da presente pesquisa é composto por 14 autos, sendo 07
devassas emitidas em Vila Rica e 07 sumários de querelas de Vila Real de Sabará; há
um total de 239 depoimentos, sendo 24 referentes às querelas, e 215 referentes às
devassas. Entretanto, teremos de excluir 33 depoimentos dessa última inquirição cujas
testemunhas “nada disseram”, restando para análise 206 depoimentos.
Segundo as instruções da lei, se as testemunhas soubessem do fato porque o viram,
deveriam os inquiridores perguntar-lhes em que tempo e lugar o virão, e se no local do
crime estavam outras pessoas, que também o vissem; ou se soubessem por meio de
outrem, deveriam ser questionadas quanto a quem o ouvirão, e em que tempo e lugar.
Ou seja, para cada caso, três outras questões deveriam ser feitas. Numa consulta e
análise dos depoimentos, verificamos que não há registro explícito dessas perguntas,
mas é possível observar, através de pistas lingüísticas, isto é, por meio das respostas
dadas, se elas foram feitas. Para verificarmos isso, foram estabelecidos quadros (que se
encontram anexados a esta tese) nos quais há três colunas: numa identificamos a
testemunha e a referência do inquérito, nas outras duas analisamos se foram dadas
respostas ao conjunto das três perguntas, que foram geradas em função do “saber de
ver” ou do “saber de ouvir dizer”, e verificamos que:
i) em 02 ou 1,0% dos depoimentos de Vila Rica, ou a testemunha, Manuel Barreto,
como foi citada por uma outra, apenas se resguardou, afirmando que não disera
cousaalguma doquelle|Jurou pois naõ veyo digo nã|vioatalcontendaquehouve| só Simoquelhedise foy
queo|talcappitaõdoMato puxara por|huma Faca paraelleReferido, no|mesmo dia dacontenda
emais|naõdeclarou sobreoReferimento (...) [AP -Linhas 3486-3489];
ou a outra, Roza Ribeiro, não
deixou claro como soube do delito: dese que es tandoella| tes temunha emSuacaza que
[corroídas]|aope da de domingos hen ri ques donde|| donde SuSedeu o dar Manoel Per ei ra|deSouza
comofacam dePon xa naca|radocapitam Francis co correadasil|va deque lhefi zera as feridas decla|radas
noauto mas omotivo quete|ve para lhedaronom Sabeelletes|temunhaeal nomdi se dodi to nem| dos custu
mes (...) [AP -Linhas 3749-3758];
151
ii) em 15 ou 7,0% do total de depoimentos, as testemunhas souberam do caso por meio
das duas formas - “saber de ver” ou do “saber de ouvir dizer” – e as três perguntas que
deveriam ser respondidas: em que tempo e lugar o virão, e se estavam no local outras
pessoas, que também o vissem; ora uma, ora outra foram respondidas;
iii) em 18 ou 9,0% do total de depoimentos, as três perguntas, que deveriam ser feitas
fosse em função do “saber de ver”, fosse pelo “saber de ouvir dizer”, foram todas
respondidas;
iv) em 17 ou 8,0% do total de depoimentos, infere-se, através da construção textual, que
as testemunhas souberam do caso por meio de outrem, mas nenhuma das três perguntas
foram respondidas;
v) em 26 ou 13,0% dos depoimentos, apenas duas perguntas foram respondidas;
vi) em 129 ou 62% do total de depoimentos, apenas uma pergunta foi respondida;
sendo que, desse total, 87 ou 67% das testemunhas afirmavam que sabiam por|ser
publico enotorio ou porque ouviram dizer publica mente avarias Pesoas.
Numa análise superficial, poderíamos dizer que as instruções feitas pelas Ordenações
não foram seguidas conforme deveriam, uma vez que apenas 9% das testemunhas
responderam às três perguntas; e a maioria, ou 91% delas, apenas se referiu a um ou a
dois dos questionamentos. Entretanto, achamos que tal análise não procederia por dois
motivos: (i) se houve quem respondesse às três perguntas, é porque elas foram feitas,
embora tenham sido parcialmente respondidas; (ii) se uma grande maioria dos
depoimentos - 62% - teve apenas uma pergunta respondida, é preciso levar em conta
que a testemunha dizia saber do fato porque ele era público e notório; e, na certa, as
perguntas que seguiam poderiam ser dispensadas uma vez que sendo público e notório,
o questionamento quanto a quando e onde ouviu seria praticamente sem valor. Isso,
então, nos permite dizer que o inquiridor – o juiz e/ou o escrivão ou o juiz – seguiram
instruções dadas pelas Ordenações do Reino.
Além disso, as instruções determinavam que os inquiridores atentassem para aspectos
psicológicos e físicos dos depoentes:
152
E attentem bem com que aspecto e constancia fallão, e se varião, ou vacillão,
ou mudão a côr, ou se se torvão na falla, em maneira, que lhes pareça, que são
falsas, ou suspeitas. E quando assi o virem, ou sentirem, devem-no notificar ao
Julgador do feito, se for no lugar, onde se tirar a inquirição: e se for absente,
mandarão aos Scrivães, ou Tabelliães, que screvão as ditas torvações e
desvairos das testemunhas, a que acontecer (...) E fazendo outras perguntas
afóra as conteúdas nesta Ordenação, ou não fazendo todas estas, por esse
mesmo feito o Enqueredor perca o Officio, e nunca mais o haja; e o Tabellião,
ou Scrivão, que as screver, seja suspenso até nossa mercê. (Idem)
Entretanto, em nenhum dos depoimentos que constituem o corpus desta pesquisa há
esse tipo de registro. Isso nos leva a pensar nas seguintes possibilidades : ou as
testemunhas em questão não alteravam seus comportamentos, e então não havia como
descrevê-los; ou os inquiridores (juízes ordinários e/ou escrivães) não levavam em conta
tais instruções.
No Capítulo 2, foram apresentadas as atribuições legalmente exigidas dos escrivães, e
aqui vamos retomá-las, com excertos de depoimentos que ilustram o caso, para verificar
se o agente público seguia as instruções que lhe eram passadas. Não apresentaremos
todos os registros, porque não achamos que isso seja necessário ao objetivo desta tese.
No que diz respeito à tomada de depoimentos das testemunhas, eles deveriam perguntar
aos depoentes, no começo de seus ditos e testemunhos, pelo costume e idade, quando
se tratasse de inquirições judiciaes; já nas devassas gerais e especiais essa pergunta seria
feita ao fim de cada testemunho, “sob pena de perderem os Officios, e nunca os mais
haverem.” (1º. LIVRO DAS ORDENAÇÕES, T.79). Nos sumários de querela e
devassas sob análise, temos:
a) Joaquim dacostaPaiva natural dasedadedelisboa|(...) |deIdadeque
deseserdeVinteeoutoannospou|comaisoumenostestemunhajuradaaossan|tosevangelhos
emquepossuamaõdereitaeporme|teudizer Verdade doqueSoubeçe elhefocepergun|tado edoscostumes
desenada| [CGB -Linhas 4562-4566];
b) JosephPintodeazevedo mora|dornooiropReto destavilla (...) | edeseterdeidadede vinteeouto|anos (...)
emaisnaõ|desenemdos costumesese|aSinoucomojuiseuca|arllosdeAbreuescrivaõ que|oescrevy (...)
[AP -Linhas 934-943]
Verificamos que, nos sumários de querela da Vila de Sabará - CBG -, a recomendação
das Ordenações é seguida, pois os dados referentes à idade e aos costumes são
expressos no início do depoimento. Já nas devassas de Vila Rica - AP -, a
recomendação é parcialmente seguida, isso porque apenas os dados referentes aos
153
costumes são registrados ao fim de cada testemunho, mas a idade dos depoentes é
expressa no início do depoimento.
Quando a testemunha não declarasse nada a respeito, caberia ao escrivão indicar tal
fato ao fim de cada testemunho, por meio da expressão latina “nihil”, nada. Além
disso, “depois de acabar de screver todos os artigos, em que a testemunha” dissesse
“alguma cousa, fará hum capitulo, em que dirá assi: E perguntado por tal artigo, e tal,
declarando-se sómente per numero, assim como, primeiro, segundo e terceiro, a todos
disse nihil.”, sob pena de perder o ofício aquele tabelião que não o fizesse (5º. LIVRO
DAS ORDENAÇÕES, TÍTULO 117). Nas devassas sob análise, não havia
questionamentos acerca de “artigos”, nem mesmo nas devassas eclesiásticas. Nas civis
questionava-se sobre o “comtheudo” da devassa; além disso, a expressão latina não
apareceu em nenhum dos dois tipos, o registro dessa ausência de informação era feito
em português, conforme abaixo:
a) Perguntadoelletestemu|nhapellocomtheudo noautoda|devasadise
nadaeseasinou|nemdoscostumeseucarllos|DeAbreuescrivaõ queoes|cry|
[AP -Linhas 947-949];
b) E perguntado elle teste|munha pello contheudo|no auto da de Vasa deçe|nada nem dos Custumes
que|tudo lhe foi Lido edeclarado|por elle dito Juis ordinario| [AP -Linhas 1378-1379]
d) E sendo lhe perguntado pellos itens o|Edital da vizita dise nada (...) [CM-Linha 5049]
Como nos sumários de testemunhas de querelas produzidos em Sabará, conforme vimos
na seção anterior, o queixoso deveria indicar três ou quatro testemunhas para
confirmação da queixa, provavelmente não justificaria esse comportamento por parte
delas nesse tipo de inquirição.
Uma outra exigência feita aos escrivães quanto ao registro do depoimento era “nam pòr,
nem escrever, nem deixar de escrever mais palavras, ou menos, das que lhe forem ditas
pelos querelosos.”, e depois de tudo dito deveriam os escrivães ler todo o depoimento
para a testemunha, que, por sua vez, assinaria o texto, confirmando o dito. E se isso não
fosse cumprido, o tabelião perderia “o officio” , seria preso por ter dado “a pena de
falso, ou outra qual ouuermos por bem.” Ao fim de cada depoimento na querela ou
devassa sob análise, há a presença desse registro, sem exceção, conforme amostras
abaixo:
154
a) (...)eolnaõ dese|dodito autodaquerella que
todolhefoilido|edeclaradopelloditojuisordenario|comocoalasegnoueuAntoniojosedacu|
nhaTobaleaõqueoescrevy| [CBG – Linhas 4512-4514]
b) (...)emais|Naõ desse doautodaDeva|ssaquetodolhefoilido ede|cLarado pelloJuiz
com|quemSeaSegnouEuMa|Noel deBarros [AP- Linhas 1293-1294]
O mesmo se dava com as eclesiásticas:
a) (...) e mais naõ disse deste|nem dos mais eaocustume disse nada assgnou com oReverendo
Senhor|Diretor vizitador e euS. Antonio Joze de Moura que oescrevy| (...) [CM- Linha- 5136-5137]
E finalmente, em reforço ao que é solicitado no item anterior, pede-se aos tabeliães o
registro atento e fiel a tudo aquilo dito pelas testemunhas e “não screvão outras razões,
nem acrescentem mais palavras, que as que as partes disserem, nem diminuão cousa
alguma, e screvão o caso pela maneira, que a parte o contar, e mais não. E fazendo o
contrario, percão logo os Officios, e sejão presos, para lhes mandarmos dar a pena de
falsarios, ou outra, que houvermos por bem.” (5º. LIVRO DAS ORDENAÇÕES,
TÍTULO 117). Vejamos os excertos abaixo:
a) ... epReguntado elletestemunha pelloCon|theudo noautodedevassa (...) que nodia emqueoauto trata||
Trata tivera huas Resois comhua es|crava doLesensiadoAntonio de|Lavedrene chamada Maria gonça[†...]|
porem que esta odescompozera de|palavras emjuriosas chamandolhe ma|roto, efilhodaputa (...)
[AD – L 2651-2657]
b) ... Porguntadoelle[corroídos]temunha pello comteudo no | autodaquerella daquerelante joanna Maria
dejesus | dese (...) ouvio gritar pellas novepara asdes| horasdanoute dizendo aquereLante aquediL Rey
que|memata Luiz Pinheiro ... [CBG-Linhas 4455-4459]
c) ... eoutrosim ouvioellates|munha di zernomes maocasi aõ emque|suSedera odelli toque oditocapitaõ|gri
tavadi zendo obebado dei xate es tar|quehas de hir emsua corrente ealnon|desedo ... [AP- Linha 4089-
4091]
Esses três fragmentos mostram que os tabeliães acataram ao que lhes era solicitado: em
(a) o escrivão houve por bem registrar as palavras emjuriosas pronunciadas pelo
depoente, talvez porque entendesse que isso reforçaria o argumento da testemunha; já
em (b) e (c) os escrivães não fizeram uso do discurso indireto, como o fez a grande
maioria, inclusive eles próprios em outros depoimentos, preferiram antes o direto,
talvez em respeito ao que lhes era solicitado : “e screvão o caso pela maneira, que a
parte o contar, e mais não.”
A nossa pretensão com essas análises era verificar se as prescrições feitas pelas
Ordenações foram seguidas pelos tabeliães, e constatamos que, de modo geral, os
155
inquéritos analisados nesta pesquisa atenderam ao que foi preconizado, com pequenas
exceções; a única não seguida foi aquela referente aos aspectos psicológicos das
testemunhas que o escrivão/tabelião deveria registrar, mas, para essa questão, já
apresentamos nossa análise. Afinal, o que mais interessa a esta pesquisa são as
prescrições feitas quanto à fidelidade ao depoimento das testemunhas, pois não era
permitido nem o acréscimo nem a redução daquilo que era pronunciado por elas. Mas
um dado curioso, para o qual gostaríamos de chamar a atenção, são as punições. Em
grande parte das prescrições, informa-se que o tabelião perderia o ofício se não
seguisse o determinado. Já nos itens em que se pede o respeito às palavras do depoente,
além dessa punição, o tabelião poderia ser preso sob a acusação de falsário.
Como não dispomos de gravação dos testemunhos, não nos é possível comparar dado
oral com dado escrito para confirmarmos ou não se o discurso sofria alguma alteração
por parte dos tabeliães. Mas há questões factuais que nos levam a propor que os
profissionais da escrita respeitavam o depoimento e procuravam, de certo modo, se
restringir às palavras da testemunha: por um lado, temos os três últimos excertos que
representam bem essa questão, pelos motivos que já expusemos; em segundo lugar, a
pena para a desobediência a essa prescrição era mais rigorosa que as outras. Acresce-se
a isso o fato de alguns desses tabeliães, como vimos no Capítulo 2, terem recebido o
cargo do rei, a quem deviam obediência e prestação de contas.
Esse respeito dado às palavras dos depoentes contribuirá, juntamente com outros
argumentos, para reforçar a nossa tese de que, nos documentos sob análise, existem
indícios de oralidade ou de uma prática social interativa da comunidade de falantes da
incipiente sociedade mineira.
4.2.2
As partes constitutivas da devassa e do sumário de testemunha.
Conforme já vimos no Capítulo 2, um auto de devassa, de acordo com Lemos (2003),
seguia uma espécie de modelo e era constituído por dez partes: (a seguir,
apresentaremos cada uma delas, ilustrando-as com dados de nosso corpus).
(i) sumário – apresentação do crime por parte do escrivão:
Autto DeDevasa queReque|reo Miguel Marques De |Masedo comtra francisco| Pinto|
156
esCrivaõ Carllos DeAbreu| AnnodoNasimento de| Nososenhorjesuschristode| milesetesentos eVinte|
esinco anos aos Setedias| domesdeAbril demil esete| sentosevedigo deAbril do| dito ano nestaVilla de
No|osasenhora dopillardo||Dopillardoiro [corroídos]tos nasca | asasdaCamara Della ahi | adondeasiste
depresente | ojuis queserve estepresente | anopellaVeriasam Domin | gosfrancisco Deoliveiraahi |
adondeeuesCrivaõ foivi | ndo ahiestava pResente Mi | guel Marques Moradorde | pResente nestavilla
Pesoa | Reconhesidademimescrivaõ | eporellefoiRequerido aelle | d[†.]itojuis hordenario queelle | queria
eRequeria aelledito | juis hordenario quelhetira | sedevasa comtra Francisco | Pinto quedepResenteseacha |
ava preso nesta Villa ... [Linhas 5-15)
(ii) termo de abertura – a autuação, na qual o juiz ordinário dava conhecimento do
delito, com dados sobre o dia, hora e local, no caso das especiais, ou o fato suposto que
em função do dever de ofício deveria indagar; no caso das devassas gerais, mandava
que se procedesse a investigação:
Dis Miguel Marques de Macedo assistente nesta [corroído] | que sendo em os quatorze dias do mes de m
co
prox[†...]|passado indo deviagem p
a
. aCid
e
. daBahia de compa[†..]ia | com hum Fran
co
. Pinto aquem
Levava hum ca[†...]| allugado Sabendo osup
do
. queosup
te
. Levava dinheiro | aleivozam
te
. o terminou
matar eRoubar ecom efeito | chegando aoSitio dondechamaõ o Lana pouco mais | oumenos restilhando
com hua pistola ao sup
te
. enão dando | fogo tirou dehua faca ecom ellalhedeu Sinco fa[corroído]adas |
todas no pescosso e deixando o por morto o tirou do | Caminho e Lancou no matto ea Rombando h[†..]ca
| nastra em courada emq o Sup
te
. Levava o Seudinhe | ro e [†..]medio q importavaõ omilhor decoatro
mil | Cruzados hos Roubou etudo omais q o Sup
te
. Levava | carregou fugindo lhe qfoy prezo evindo
apregumta |comfessou o Referido maleficio eporq este se fais m
to
. | aggravante aSim por Ser
dehomecidio voluntário | pois na sua vontade aSim oentendeo o Sup.
do
eoleivou | por ir deSocieda
e
.
ecomcapade amizade ejuntam
te.
de | furto tao gravissimo epor quoalq
r
. dos Referidos crimes | esta In
cursso empena Capital ehe cazo de devassa |
Proceda lhe na | P. Vm
ce
. Seja Servido attendendo a[corroídos] |
devaça e Seques | dos delictos eSerem dedevasa proceder [corroídos] |
Tro q’Requere | na fr
a
. dalei e oSequestro nos bens q’[corroídos] |
D. [corroída] fará no Ju do sup
do
eprovado oq’ baste proceder [corroídos]
[corroídos] ordinr
o
| conforme odir
to
ejustiça ||
P
ço
. [corroída] [†..]servansia do desp
o
. | do D
or
. ouvidor g
L
| sepRo seda nadevasa | p
lo
. cazos Refiridos
na | pitiçaõ Retro V
a
. Rica | 7 de Abril de 1725 a
s
|
Oliv
ra
. | [AP- Linhas 53-78]
(iii) auto de corpo de delito ou fé as feridas ou certidão- nesta parte há uma descrição
das feridas de que a vítima fora acometida;
Feoasferidas|
PortoFeeuCarllos DeAbreu |Tabalião dopublico Judesial | enot as porsuaMagestade |
queDeos goarde que nodia | quinze domes deMarso pRo|ximo pasado foia porta doDou |
torouvidorgeraldestaVilla | ahiestava em hua Rede o que | eixozo MiguelMarques oqu | ualtinha Sinco
facadas nopes |cosoque Segundo paresiam | seremfeitas comfaca deponta | dequedetudodoufe V
a
. Rica qui
| nze deM
co
. de 1725 a
s
|Carllos DeAbreu|| [AP-Linhas 79-84].
(iv) assentada - indicavam-se o dia e local em que os depoimentos estavam sendo
tomados, além do nome do juiz ordinário, tabelião e, às vezes, o registro do alcaide
157
responsável pela notificação das testemunhas; esse procedimento era repetido a cada
interrupção das inquirições:
asentada|
Aossetediasdo mesdea | bril demelesetesentosevin | teesinco anosnestavilla | DeNosasenhora dopillar |
Dooiropreto nasCazasdaca | maradella ahiadondeaseste | ojuis
hordinario Domingos | FranciscoDeoliveira ahiado | ondeeuesCrivaõ fuiVindo para | efeitodesetirarem
epergun | taremastestemunhasaodi | antedeClaradas cujos nomes | idadescostumes Saoosquese |
seguedoqueparadetudocons | tarporeste pResentetermoca | arllosDeAbreu esCrivaõque | oescrevy| [AP-
Linhas 86-92].
(v) testemunhos trata-se dos depoimentos propriamente ditos, sob o juramento dos
Santos Evangelhos, o ritual discursivo era marcado pela qualificação das testemunhas
– nome, cor (em nosso corpus esse dado nem sempre aparece), condição social, local de
morada, ofício, idade e, em algumas vezes, fazia-se referência ao estado civil e à
procedência da testemunha; a seguir perguntava-se sobre o conhecimento do fato.
Joseph desouza expostoMora|dornaRuadireita deAn|toniodias destavilla teste|munhaaquemelledito Juis
lhe Deraojuramentodossantos|evangelhos emque ellepossua | maodireita elheemcaregou|quediseseverdade
aoque|lhefoseperguntado ediseserde|idade detrinta eoutoanosaos|costumesdisenada| Eperguntado
elletestem|unhapelloComtheudo noa|autodadevasadoqueixozo|diseque [AP-Linhas 171-175]
Em todos os testemunhos seguia-se esse ritual discursivo até o diseque, a partir daqui é
dada voz às testemunhas; o encerramento é feito pela volta do discurso marcado pelas
fórmulas, seguidas das assinaturas do juiz e da testemunha : emais|naodise
dadittadevasa|quetudolheforalidoedeCla | radoporelleditojuiscom|quem seasenoueucarllos |
DeAbreuesCrivãqueoes|crevy
Oliv
ra
Joseph Desouza exposto| [AP - Linhas 186-188]
(vi) conclusão – encerramento da devassa por parte do escrivão:
TermodeComcCluzam|
AosDozediasdo mesdea | brildemil esetesentos | eVinteesenco anosnesta |
VilladeNosasenhorado | pellardooiro preto nasca | azasdamoradademim | escrivaõquesamnadita | Villa
ahifezestadevasaco | omCluza aojuis hordenario | DomingosFranciscoDeolivei | eira doqueparadetudo |
constarFizeste | pResenteter | moCarllos DeAbreuescri | vaõo queoesCrvy| [AP- Linhas 700-705]
(vii) pronúncia - trata-se da sentença dada pelo juiz ordinário depois do exame do corpo
de delito e inquirição das testemunhas:
Clo|
Obriga esta devassa aFran
co
| Pinto aqueprezo selivre p
a
oqueseje | recomendado nacadeia adondeseacha |
eo escrivaõ opasara aRol dos cul | pados V
a
Rica 12 deAbril de | 1725
a
Dom
os
Fran
co
deoLiv
ra
[Linhas AP -706-710)
(viii) termo de data:
AosTrezedias domesde | Abril [corroído]emilesetesentos | evi[corroídas] sinco anosnest[corroído] ||
NestaVilladeNosasen | horado pellardooiro pRe | tonasCasasdaCasada | Camaradella ahiadonde |
158
aSesteojuis hordenario Do | mingosFrancisco Deoliveira | aheporelle meFoidada estade |
avasacomasuasentensa | emellaescritodepronunsea | asam que
Mandaraque | SecompReseegoardadecomo | emellaseComthemdoque | paradetudoConstarFiz |
estepRezentetermoCarllos | DeAbreuesCrivaõ queoes |cry|| [Linhas AP - 711-719]
(ix) conta – tratava-se do registro dos gastos com o processo:
Conta|
Autuaçaõo eRazaetermos 9 ½ 7
Da p
te
|
Petiçaõo ____________________________ ¼
Emqueredorias e asentadas ____________ 8
Conta _____________________________ ½
1 8/8 ¼ 7
emportam as custas | destes autos dezouto outa | vas e hu coarto e sete vinteis | deouro salvo erro
emportam os quintos destas | Custas coatro outavas emeia e |
tres vinteis de ouro ____________________ 4 ½ 3|
Somao custas e gastos ______________ 23|8 02
Somaõo custas e quintos vim | ta tres outavas edois vin | teis salvo erro Vila Rica | 18 [corroído]e ABril de
1725
Jacques
(x) vistas – tratata-se de uma espécie de auditoria feita nos processos pelos ouvidores:
V
ta
emcorr
am
Junctas Escri|vaõ á esta devaca o auto|eperguntas q se fizeraõ|ao R: de q se faz mençaõo|no
auto desta devaca E ou|tro sim deve junctar o au|to de sequestro; ou Cert
am
|da delig
a
q se faz; ou
se|achassem bens, ou naõ V
a
|r[corroídas]a em Junho 20 de 1725|Pacheco|V
ta
em corr
am
deve|mostrar
Cumprido opro –|
vso
feito em corr
am
eoutro|Sy declarar Se o R. Se|acha por Sentença Livre|o que fará em
tr
o
de outo|dias V
a
Rica de Mayo|8 de 1732| Pass[corroídos]|| [Linhas AP -735-741]
Já os sumários de testemunhas, mais breves que as devassas, eram constituídos apenas
de 05 partes, cujas características são as mesmas das partes da devassa:
(i) termo de abertura
Aos Vinte esinco deasdemes deoutubrode | annode nasimento denosoSenhorjezuscresto | demil
esetecentosecorenta etres emcazasdemo | radademim
escrevaõaodeantenomeadoesen|
doondes eacahava ocaPitaõmorjozeferreirabra | zaõ juishordenario este prezenteanno esendo | ahy
pelloditojuishordenario foraõemqueredas | eporguntadas astestemunhas que porparte doque | relante
franciscoferreira dasunsaõ foraõ aprezentadas | dascoais osseusdetos nomes saõ os que sesegue eu An |
tonio josedacunhaescrevaõqueescrevy | [CBG- Linhas 4272-4278]
(ii) testemunhos
Manoel gonsalves torres natural dasidadedoPor | to emorador deprezente morador nesta Villa queVive |
deseuofecio dealfaate de idadeque dese ser devinte | annospouco maisoumenos testemunha juradaaos |
santos evangelhos emhum libro delles emque pos sua | maõ dereitaepormeteu dizer Verdade doque
Soubeçe | elhefoçe porguntado edoscostumes dese ter sido caixeiro | doquerelante sem embargo do que
diria averdade doque | soubeçe docazo| EPorguntado elle testemunha pello conteudo| doauto daquerella
doquerelante francisco ferreira|dasunçaõ dise que [ Linhas CBG- 4279-4286];
...emais naõdesedoautodeque|rellatodolhefoi lido edeclaradopello detojois|
hordenario comocoalasegnoueuAntonio joze|dacunhaescrevaõ queoescrevy|
Brazaõ
M
el
. G
l
. Torres| [CBG -Linhas 4310-4312]
159
(iii) conclusão
CLo|
Obriga este Sumario dett.
as
ao negro Jose Cobu escravo| de ThomeDias S.
a
oescrivaõ opaçe ao Rol dos
culpados e| paceLogo m
do
p
a
Ser preso V
a
Rial 5 de 9
bro
de1743|
Jozeph Ferr
a
Brazaõ| [CBG – Linhas 4392-4395]
(iv) termo de data
T
ro
de datta|
Aos desaseis dias domes deJunhodemilesetecen|tos esinco enta annos nestavillaReald nossase|nhorad
aconceyçaõ dosabara ecazas demorad ado|Douttor JosePinhey ro Juiz ordinario d esta|Villa aondeeu es
crivaõ aodiantenomeado meacha|va esend oahy por ell emeforaõ dados estes autos com|asua sentença
supra que mandousecumpRasse|eg uardase ecomonelleseconthemedeclarad oque|fis estetermo d edataeu
Manoel daCostadeoLi|veyr aescrevaõ dojudecialpesccrevy| | [CBG – Linhas 4947-4953]
(v) conta – nem todos os sumários apresentam esta parte.
Conta ao Juis
Distrib. ejuramen
to
. do autto_______________________ ¼ 8-
Assentada e Tes t
as
_________________________ ¾ 40
Deita Carta ___________________________________ ½
Soma 1/8 ½ 20|
Ao Es cr
am
|
Rasa do Sumario, eautto ___ 1 ¼
Definitio ______________ 80
Tr
os
em
dos
________________ ¼
Soma ____ 1 ¼ 80
Aotodo ____ 3/8 ¼ 40
Pinhe
ro
| [CBG- Linhas 4954-4965]
A natureza formular de todas as partes tornam o texto dos processos-crime repetitivo e
previsível; o que, em princípio, não poderia interessar à presente pesquisa. No entanto,
a parte dos testemunhos, embora nela também encontremos fórmulas de abertura e de
encerramento do discurso, é mais flexível que as demais, já que ali se dá voz às
testemunhas. Isso porque, como se verifica, o escrivão desprende-se dos rituais desse
tipo de escrita no momento da tomada do depoimento, no qual não era permitido “pòr,
nem escrever, nem deixar de escrever mais palavras, ou menos, das que lhe forem ditas
pelos querelosos.” Assim, de todas as partes da devassa e do sumário, é no testemunho
que esperamos encontrar indícios de oralidade através de combinações lexicais
restritas. Passemos agora à transcrição dos documentos.
4.3 A TRANSCRIÇÃO DOS MANUSCRITOS
Nesta seção, vamos fazer uma breve discussão sobre a escrita dos processos-crime e, em
seguida, trataremos da transcrição desses documentos.
160
4.3.1
Classificação e caracterização da escrita dos manuscritos
setecentistas
Antes de discutirmos este assunto, gostaríamos de nos apoiar nas palavras de Nunes
(1969, p. 11), com relação à dificuldade de obter maiores dados acerca da escrita do
século XVIII. Segundo ele, “(...) a maioria dos compêndios emudece, e deixa-nos
desamparados, ao atingir os começos do século XVI”. Com efeito consultamos os
álbuns de paleografia e diplomática de diferentes autores - Eduardo Borges Nunes,
Avelino de Jesus Costa e João José Alves Rodrigues et al. - e todos eles encerram as
informações no século XVI ou XVII. Exceção feita a Nunes (1969) que, no volume I de
sua obra, anuncia que os séculos XVII em diante seriam tratados no volume II que,
infelizmente, não chegou a ser concluído. Entretanto, faz algumas considerações acerca
desse tipo de escrita que ele chama de letras modernas.
Segundo o autor, como é usada a pena fina e flexível, instala-se “um barroquismo quase
delirante, uma espécie de arte-pela-palavra”; “na letra em si, opera-se uma
simplificação extrema uma forte degradação gráfica nos aspectos funcional, de
legibilidade, e estético.” Os tipos base reduzem-se a praticamente dois: um caligráfico
moderado e “um cursivo que evita sê-lo em demasia.” (NUNES, 1969, p. 14,15). Mas
esse tipo de caracterização não nos é suficiente; assim, recorremos a autores espanhóis_
J.C. Galende e E. Ruiz _ e então conseguimos obter dados descritivos que nos
permitem, de alguma forma, caracterizar a escrita dos manuscritos.
Para o estabelecimento da periodização da escrita latina há autores que seguem
diferentes critérios : cronológicos, geográficos, lingüísticos e gráficos. No entanto, é
preciso que haja uma combinação entre eles para que se proponha uma classificação
mais eficaz (GALENDE, 2000). Assim, analisando as classificações estabelecidas por
diferentes paleógrafos, vamos verificar que apenas um determinado grupo propõe uma
categoria diferenciada para a escrita dos documentos sob análise. Para aqueles que
seguem critérios histórico, cronológico e cultural, trata-se de uma escrita moderna que
vai do século XV ao XVIII. Já para Galende, que se baseia no critério gráfico, propõe
que o período humanístico seja dividido em duas fases. Assim, seguindo esse autor, a
escrita dos nossos manuscritos setecentistas pertenceria ao humanístico tardio que vai
do século XVI até a primeira metade do XVIII.
161
Ruiz (2000), por sua vez, defende que existem dois tipos de escrita humanística: a
direita (humanística redonda) e a inclinada (cursiva ou itálica), que possui variedades:
inclinada, cancileresca e bastarda. Esta última, segundo Ruiz, foi utilizada na Espanha
em fins do século XVI até o começo do século XVIII, além de ter sido muito difundida
nos manuais de escrever. Esse também parece ser o caso de Portugal, pois é o que
registra o manual de 1722 Nova Escola para aprender a ler, escrever e contar de
Manoel de Andrade de Figueiredo, calígrafo português. A partir disso, podemos dizer
que a escrita dos processos-crime sob análise é classificada como escrita humanística
bastarda
.
No entanto, é preciso que se diga que a escrita desses processos não se mantém
uniforme até o fim da sentença. De modo geral, observamos uma escrita mais
cuidadosa nas partes iniciais sumário e termo de abertura e, às vezes, na fé às feridas;
no entanto, no decorrer do processo, em especial nos testemunhos, a escrita já não
oferece esse cuidado e apresenta dubiedade de leitura de alguns dos grafemas, conforme
apontaremos adiante. A seguir, vamos apresentar um excerto de termo de abertura de
uma das devassas de Vila Rica e, posteriormente, um dos testemunhos da mesma
devassa para que possamos verificar a diferença:
162
Fonte : Arquivo do Pilar códice: 449; auto: 9452, ano: 1725 [linhas 5-8]
A seguir apresentaremos um fragmento de um dos testemunhos:
Fonte : Arquivo do Pilar códice: 449; auto: 9452, ano: 1725 [linhas 647-651]
Na certa, o contexto de produção desses processos interferia na escrita dos escrivães,
pois cabia a eles, à medida que o depoente apresentava seu testemunho, anotar tudo que
dissessem. Já nos sumários de testemunhas de Sabará não há essa diferenciação do
estilo da escrito, o que não impede, entretanto, de haver dubiedade na leitura dos
grafemas.
4.3.2
A edição diplomática dos manuscritos
Apesar de procedermos a uma reprodução digital dos manuscritos, faremos também
uma reprodução diplomática, pois, conforme Spina (1994, p. 85) :
(...) a reprodução fotográfica, por mais requintada que seja a sua técnica, não
substitui completamente o original, pois não nos dá conta do material empregado, da
mudança de tinta, das rasuras e das manchas, que possam existir no original,
pormenores de muita utilidade na sua compreensão
_ (...)
163
Além dessas questões há de se acrescentar que, muitas vezes, um leitor comum pode
não conseguir fazer a interpretação paleográfica, daí a necessidade da edição
diplomática. Este tipo de edição, na qual há um baixo grau de mediação (NARDELLI,
2005), consiste numa reprodução do texto manuscrito, preservando as características
originais e respeitando-o em sua integridade: na grafia, nas abreviações, nas ligaduras,
em todos os sinais e lacunas, preservando, inclusive, quaisquer erros do escriba ou
escrivão (SPINA, 1994). Optou-se por esse tipo de edição, porque queremos proceder a
um mínimo de interferência no texto, e sabe-se que qualquer alteração já é uma interpretação :
A função do editor é, adoptando critérios bem fundamentados, claros e consistentes,
proceder a essa “transplantação” inflingindo o mínimo de distorções à realidade
textual original, ou inflingindo as estritamente necessárias para preencher o seu
objectivo editorial específico
. (MARTINS, 2001, p. 43).
Mas não se pode perder de vista que, não obstante todo o cuidado rigoroso por parte do
editor, “uma edição diplomática já constitui uma interpretação subjetiva, pois deriva da
leitura que um especialista faz do modelo” (CAMBRAIA, 2005, p. 94).
4.3.2.1 Normas propostas para a edição
Para elaboração dessas normas, baseamos na proposta feita por Cambraia et al (2001)
fazendo algumas adaptações para a nossa proposta de trabalho.
1. A transcrição procurará ser fiel ao texto original;
2. As abreviaturas não serão desdobradas;
3. Não será estabelecida fronteira de palavras que venham escritas juntas nem se
introduzirá hífen ou apóstrofo onde não houver.
56
Exemplos: “adondeeu”;
“porellefoiRequerido”; “Comellalhedeu”; “dedevasa”;
4. A pontuação e acentuação originais serão mantidas.
5. Será respeitado o emprego de maiúsculas e minúsculas como se apresentam no
original. No caso de alguma variação física dos sinais gráficos resultar de fatores
cursivos, não será considerada relevante. Assim, a comparação do traçado da mesma
letra deve propiciar a melhor solução;
57
6. Quando a leitura paleográfica de uma palavra for duvidosa, a sua transcrição será
feita entre parênteses redondos simples : ( );
56
Cf. CAMBRAIA et al., 2001, p.553-555.
57
Idem.
164
7. Os numerais, tanto indo-arábicos como romanos, serão transcritos na sua forma
original;
8. As intervenções de terceiros no documento original e seu estado de conservação
serão apontadas antes da transcrição;
9. As anotações de outro punho, as alterações e borrões de tinta serão informados em
nota;
10. Os caracteres cuja leitura for impossível serão transcritos como pontos dentro de
colchetes precedidos pela cruz † (o número de pontos é o de cacteres não legíveis) (cf.
CAMBRAIA, 2005, p. 128). Entretanto, quando não for possível identificar esse
número, apenas será registrada a cruz;
11. Palavra(s) danificada(s) por corrosão de tinta, umidade, rasgaduras ou corroídas por
insetos ou outros será(ão) indicada(s) entre colchetes, assim: [corroída] ou [corroídas].
Em se tratando de um trecho de maior extensão danificado pelo mesmo motivo será
indicada entre colchetes a expressão [corroída + de 1 linha];
12. A divisão das linhas do documento original será preservada, ao longo do texto, na
edição, pela marca de uma barra vertical: | entre as linhas. A mudança de fólio será
indicada com duas barras verticais: ||
58
13. As páginas serão numeradas de acordo com o documento original, indicadas, nesse
caso, entre duas barras verticais, além de apresentar o estado do fólio. Exemplos:
||fl.76r. ||; || fl.76 v. ||;
14. Se o original não for numerado ou estiver ilegível sua numeração, os números
acrescentados serão impressos entre colchetes, indicando-lhes o estado do fólio.
Exemplos: [fl.18 r.]; [fl.18v.];
15. Na edição, as linhas serão numeradas de 5 em 5 a partir da quinta, considerando,
inclusive, o título. Essa numeração será colocada à margem direita da mancha, à
esquerda do leitor. Será feita de maneira contínua por documento.
59
16. As assinaturas simples ou as rubricas do punho de quem assina serão sublinhadas. Já
aquelas marcadas com um X, além de se apresentarem sublinhadas, serão marcadas pelo
tipo itálico.Exemplos: “Jozeph Ferr
a
Brazaõ” e De Fructuoso+ Pr
a
. de Souza|
17. Os espaços em branco deixados pelo escrivão serão assim identificados: [espaço];
18. Os fragmentos de frases ou palavras que foram suprimidos pelo escrivão serão
indicados em nota.
58
Com base em CAMBRAIA, C. N. et al. (2001)
59
Idem.
165
4.3.2.2 Apresentação dos manuscritos
Esses manuscritos possuem apenas um testemunho e são apógrafos, pois os escrivães
deveriam se basear no modelo instituído pela lei portuguesa e nos depoimentos das
testemunhas. Em algumas passagens do texto, o punho do escrivão é substituído pelo
punho do juiz ordinário, quando este, depois de ouvidas as testemunhas, oferece a
sentença; e, na parte final, há uma espécie de fiscalização feita por ouvidores. Para
esses dois últimos casos, em função da recorrência de uma estrutura textual, supõe-se
que também se trate de punhos apógrafos; como o texto dessas autoridades não
constituía o foco de interesse desta tese, não nos debruçamos com muito rigor sobre ele.
A seguir forneceremos informações sobre cada um dos 14 processos-crime,
obedecendo à ordem cronológica; primeiramente serão apresentados os 07 autos de
devassas de Vila Rica, em seguida os 07 sumários de testemunhas de Vila Real do
Sabará. Também serão apresentados um quadro contendo o alfabeto do punho do
escrivão (ou escrivães, pois os documentos no. 3,4 e 6 foram registrados por dois
escrivães), com base no qual a transcrição foi feita; além de também apresentarmos
quais foram os grafemas que propiciavam uma leitura dúbia. Quanto à transcrição e à
imagem do documento serão apresentadas em volume à parte.
01) Fonte documental : Arquivo Histórico Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento: Devassa ex-officio – códice: 449 – auto: 9452 - 1
o
Ofício - ano – 1725
Intervenções de terceiros: No fólio 1r, na margem esquerda superior, estão registrados com
lápis preto os números dos códice e auto, seguidos do número do fólio. Nos fólios seguintes,
encontram-se, na margem direita da metade da página, os números do códice e do auto,
seguidos do número do fólio, quando se trata do recto; já no verso, há apenas o número do fólio
seguido da letra v, na margem esquerda. Além disso, há duas outras intervenções feitas, tal
como as anteriores, no período atual: o nome Francisco encontra-se sublinhado a lápis e na
margem direita, no formato paisagem, foi registrado 725 que, provavelmente, indica o ano do
documento.
Estado do documento: A margem superior de todos os fólios encontram-se corroídas e, em
alguns casos, o canto inferior direito da margem inferior nos fólios de paginação rector
encontra-se também corroído; e os respectivos versos desses fólios estão com o canto inferior
esquerdo da margem inferior também nesse mesmo estado. Tais corrosões comprometem
parcialmente a leitura dos fólios. Além disso, há vários fólios em que ocorre a opistografia, o
que dificulta a leitura do testemunho.
166
Resumo do processo: Miguel Marques requereu devassa contra Francisco Pinto por roubo e
tentativa de assassinato, em 1725.
Quadro 11
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Carlos de Abreu
A-a
8r-361
5r-195
Q-q
5r-197
B-b
5v-211
5v-206
R-r
5r-193
5v-223
C-c
5v-204
5v-211
S-s
5v-208
7r-305
D-d
7v-339
5r-199
T-t
24v-1269
5r-196
E-e
7v-320
5v-206
U-u
5v-205
F-f
1v-31
2r-66
V-v
7r-312
5r-194
G-g
25v-1325
5v-219
X-x
5v-210
H-h
5r-195
Y-y
10v-523
I-i
2r-59
6r-234
Z-z
1v-35
167
J-j
2v-84
1v-19
L-l
22v-1157
5v-220
M-m
5r-192
5v-206
N-n
5r-194
5v-204
O-o
5r-205
P-p
6r-252
5r-197
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <s> no meio de sílaba (ou de palavra , já que as fronteiras não são desfeitas) possui traços
semelhantes ao <g>;
b) o <v>, em alguns vocábulos, se assemelha a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
c) o <a>, em alguns vocábulos, possui traços semelhantes ao <o>;
d) o <j>, <J> e o <I>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes;
e) o <o>, em alguns vocábulos, se assemelha a um <e>;
c) o <f> e o <F>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes;
e) o <z>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <s>;
f) o <i> em alguns vocábulos assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não; assim,
optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não está
com o pingo, é lido com <e>; se está com o pingo, é lido como um <i>;
168
g) o traçado do <N> é feito a partir de um <S> e de um <s> que é grafado no meio de sílaba ou
de palavra quando as fronteiras não são desfeitas;
h) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes formas
e na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
02) Fonte documental : Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento : Devassa ex-offício - códice : 438 - auto: 9059 – 1º. Ofício - ano : 1727
Intervenção de terceiros: no fólio 1r, na margem esquerda superior, estão registrados com
lápis preto os números do códice e do auto, seguidos do número do fólio. Nos seguintes,
encontram-se, na margem direita da metade do fólio, os números do códice e do auto, seguidos
do número do fólio, quando se tratar do rector; já no verso, há apenas o número do fólio seguido
da letra v, na margem esquerda. Além disso, há uma etiqueta colada no fólio 1r, no meio da
página, também indicando os números do códice e do fólio. No texto, na parte em que está
identificado o tipo de documento, o nome de Manoel Rodrigues está sublinhado a lápis.
Estado do documento: O fólio 1r possui corrosões ao longo da margem esquerda e,
praticamente, em todos os fólios seguintes; também neste primeiro, a margem superior
encontra-se corroída; além disso a margem inferior de praticamente todos os fólios também se
encontra nessa situação e, em todos os casos, a leitura do texto fica, em parte, comprometida.
Resumo do processo: Devassa ex-offício para apurar o autor das feridas feitas com espada em
Manoel Rodrigues da Costa, das quais morreu; em 1727.
Como o escrivão Carlos de Abreu, da devassa anterior, também foi o responsável pela escrita
deste manuscrito de 1727, não apresentaremos o alfabeto e a lista de grafemas.
03) Fonte documental : Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento : Devassa ex-offício - códice : 181 - auto: 3328 – 2º. Ofício - ano : 1731a
Intervenção de terceiros: No fólio 1r, nas margem esquerda superior, estão registrados com
lápis preto os números do códice e do auto, seguidos do número do fólio. Nos seguintes,
encontram-se, na margem direita da metade da página, os números do códice e do auto,
seguidos do número do fólio, quando se ratar do rector; já no verso, há apenas o número do
fólio seguido da letra v, na margem esquerda.
Estado do documento : Em quase todos os fólios, as extremidades da margem superior estão
corroídas, comprometendo, em algumas partes, a leitura; há algumas corrosões em diferentes
partes do corpo de todos os fólios, o que compromete, em parte, a leitura. Além disso, a leitura
dos fólios fica comprometida em função da opistografia.
169
Resumo do processo: Devassa ex-offício para apurar o assassinato do soldado do mato João da
Costa; em 1731.
Quadro 12
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Luis Silva e Souza
A-a
2r-6
1r-8
Q-q
1v-35
B-b
5r-218
3v-150
R-r
8v-384
1r-8
C-c
1r-9
11v-528
S-s
1v-29
10v-486
D-d
22v-1150
3r-111
T-t
8r-372
3v-137
E-e
1r-15
1r-7
U-u
1r-15
F-f
1r-12
1r-12
V-v
4r-166
5r-219
G-g
8r-370
1r-15
X-x
9r-410
1r-17
H-h
1v-31
1r-5
Y-y
1v-33
I-i
3r-113
5r-220
Z-z
11r-503
1v-29
J-j
1r-8
5v-243
170
L-l
1r-15
9v-438
M-
m
1r-8
1r-10
N-n
15r-704
1r-16
O-o
1r-8
P-p
1r-8
4r-167
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <v>, em alguns vocábulos, se assemelha a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
b) o <s> e o <c>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes a um <i> sem o pingo;
c) o <i> em alguns vocábulos assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>, se está com o pingo, é lido como um <i>;
d) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
e) o <c>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <C>; e em outros se assemelha a um <i>
sem o pingo;
f) o <m>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <M>; e em outros se assemelha a um <u>;
g) o <n>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <N> ou a um <u>;
h) o <J>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <L>;
i) o <h>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <E>;
j) os segmentos /bre/ possuem traços semelhantes a /bu/;
l) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes formas
e na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
171
Quadro 13
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Antonio Martins da Silva Tobo
A-a
19r - 891
19v - 909
Q-q
19v - 919
B-b
20r - 962
19v - 907
R-r
19v - 909
19v - 912
C-c
19v - 920
S-s
19r - 894
19r - 891
D-d
19v - 930
19v - 917
T-t
19v - 913
19v - 918
E-e
19r - 899
19v - 914
U-u
19v - 930
F-f
19v - 920
V-v
19v - 908
G-g
19v - 912
X-x
H-h
19v - 895
19r - 895
Z-z
20r - 946
I-i
19r - 895
19v - 909
1 -2
J-j
19r - 897
19v - 920
3-4
L-l
20r - 943
5-6
172
M-m
20r - 949
20r - 943
7-8
N-n
19 r - 390
19v - 912
9-10
O-o
20r - 959
0
P-p
20r - 959
19v- 918
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
b) o <z>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <s>;
c) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
d) o <i> em alguns vocábulos assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>, se está com o pingo, é lido como um <i>.
e) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes formas
e na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
04) Fonte documental : Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento : Devassa ex-offício – códice: 445 - auto : 9348 – 1º. ofício
- data : 1731b
Intervenções de terceiros: No fólio 1r, há o registro de um <J> feito com lápis azul; ainda
nessa página o nome João da Costa encontra-se sublinhado com lápis azul; além disso, também
nesse fólio, assim como em todos os fólios de versão rector, na margem superior estão
registrados com lápis preto os números dos códice e auto, seguidos do número do fólio. Nos
seguintes, na versão verso, há apenas o número do fólio seguido da letra v, na margem esquerda.
Estado do documento: Bom estado, com algumas corrosões na parte central da margem
inferior de todos os fólios, o que compromete em parte a leitura do testemunho; há algumas
outras corrosões em diferentes partes de alguns fólios. Em todos eles há duas manchas na
173
margem esquerda, que não chegam a comprometer a leitura do testemunho. Além disso, a
leitura deste documento fica comprometida, em alguns fólios, em função da opistografia.
Resumo do processo: Devassa ex-offício para apurar o assassinato Francisco deFreitas; em
1731.
Quadro 14
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Manoel de Barros da Rocha
A-a
1v-40
1v -30
Q-q
7r-296
3v-115
B-b
1r-12
1v-39
R-r
1r-17
1v- 44
C-c
1v-35
4r-151
S-s
4r-157
4r-157
D-d
1v-38
1v-33
T-t
1v-39
1v-43
E-e
1r-22
1v-43
U-u
1v-45
F-f
3v-111
1v-36
V-v
3r-81
4r-131
G-g
1v-42
X-x
5v-222
H-h
1v-43
Y-y
1v-38
I-i
4r-156
Z-z
1v-30
J-j
3r-101
174
4v-167
4r-156
L-l
1v-40
3v-108
M-m
1r-7
3v-115
N-n
1v-35
1v-38
O-o
1r-20
5r-207
P-p
4r-131
1v-27
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <z>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <s>;
b) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
c) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v>;
d) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
Quadro 15
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Manoel Vas Fagundes
A-a
8r-360
7r-319
Q-q
7r-315
B-b
8r-360
7v-349
R-r
7r-307
8r-360
175
C-c
7r-309
S-s
7r-313
8v-401
D-d
8v-391
7r-308
T-t
7r-310
7r-322
E-e
7r-317
7r-317
U-u
7r-321
F-f
8r-379
7r-315
V-v
7r-308
8r-360
G-g
7v-338
X-x
H-h
7v-326
Y-y
I-i
7v-329
7r-307
Z-z
10r-501
8v-393
J-j
7r-313
L-l
7r-321
8r-383
M-m
8r-382
7v-343
N-n
7v-344
7r-311
176
O-o
7r-316
P-p
7v-340
7r-317
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
b) o <e>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <a>;
c) o <L>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <l>;
d) o <u>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
e) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
05) Fonte documental : Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento: Devassa ex-offício - Códice: 447 - Auto: 9394 - 1
o
. Ofício - Data: 1735
Intervenções de terceiros: no fólio 1r., próximo à margem direita, estão registrados a lápis: o
ano do crime, os números do códice e do auto; além disso, na segunda parte desse fólio, há o
registro do no. 735, referindo-se, provavelmente, ao ano do documento; com lápis azul foi
registrada a letra <M> e sublinhado o nome /Maria Gonçalves/. Há também uma etiqueta
colada indicando os números do códice e do auto. Nos demais fólios, encontram-se, na parte
posterior da margem direita, os números do códice e do auto, seguidos do número do fólio,
quando se trata de rector; já no verso do fólio, há apenas o número do fólio, seguido de <v>.
Estado do documento: Bom estado, embora haja algumas manchas nos cantos superior e
inferior da margem esquerda e algumas corrosões que chegam a comprometer a leitura do
testemunho. Além disso, há fólios cuja leitura torna-se difícil em função da opistografia.
Resumo do processo: Devassa ex-offício para apurar o autor das feridas feitas na escrava Maria
Gonçalves, das quais faleceu; em 1735.
Quadro 16
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Bento de Araújo Pereira
A-a
Q-q
177
4v-166 4r-162 3r-105
B-b
3v-121
4r-157
R-r
4r-159
4r-162
C-c
4v-171
4v-179
S-s
3v-118
4v-166
D-d
3r-93
7r-330
T-t
4v-180
4r-162
E-e
2r-51
4r-156
U-u
4r-158
F-f
4v-192
3r-112
V-v
5r-217
4v-194
G-g
4r-160
4v-166
X-x
2r-65
H-h
20v-1174
4r-155
Y-y
4v-185
I-i
3r-104
4v-177
Z-z
3v-119
J-j
3r-94
4v-192
L-l
1r-06
3r-105
M-m
4r-161
3r-104
178
N-n
4v-166
4r-161
O-o
5r-211
4v-179
P-p
4r-159
3v-114
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e> ;
b) o <r>, o <t> e o <z>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes;
c) o <J>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <j>;
d) o <o>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>;
e) o <z>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <s>;
f) o <i>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>, se está com o pingo, é lido como um <i>;
g) o <v>, em alguns vocábulos, se assemelha a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
h) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
06) Fonte documental : Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento: Devassa ex-offício - códice: 449 - auto: 9477 – 1º. Ofício
- data: 1743
Intervenções de terceiros : no fólio 1r., no intervalo entre a identificação do documento e o
início do texto, estão registrados com lápis de cor azul e preta : o ano do crime, o nome da
vítima e os números do códice e do auto e além disso, foram feitos alguns traços verticais que
destacam o nome da vítima; além de uma letra <A>, num módulo maiúsculo e grande.
também uma etiqueta colada indicando os números do códice e do auto. Nos demais fólios,
encontram-se, na parte posterior da margem direita, os números do códice e do auto, seguidos
do número do fólio, quando se trata de rector; já no verso do fólio, há apenas o número do
fólio, seguido de <v>.
179
Estado do documento : em bom estado, embora apresente nos cantos direito e esquerdo da
margem superior e inferior, respectivamente, corrosões que comprometem em parte a leitura do
testemunho. Além disso, há fólios cuja leitura torna-se difícil em função da opistografia.
Resumo do processo: Devassa ex-offício para apurar o autor das feridas feitas no escravo
Antônio de nação Angola; em 1743.
Quadro 17
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Jorge Furtado de Mendonça
A-a
3r-109
3r-108
Q-q
3v-140
B-b
7v-604
3r-111
R-r
3r-89
3r-97
C-c
3r-77
3r-100
S-s
3r-82
3r-82
D-d
3r-76
3r-96
T-t
3r-102
E-e
3r-104
3r-104
U-u
3r-108
F-f
3r-95
3r-103
V-v
3v-139
3r-74
G-g
3r-95
3v-158
X-x
3r-175
H-h
5r-349
3r-118
Y-y
3r-88
I-i
3v-181
Z-z
3r-116
180
7v-585
J-j
3r-89
3r-75
L-l
3v-150
3v-155
M-m
3r-89
3r-91
N-n
3r-93
O-o
3r-83
3r-88
P-p
3r-95
3r-89
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
b) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
c) o <c>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>;
d) o <E> , em alguns vocábulos, assemelha-se a um <H>;
e) o <I> assemelha-se a um <J>;
f) o <r> e o <s> ( escrito em fim de palavra) possuem traços semelhantes;
g) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
Quadro 18
Alfabeto do manuscrito - Escrivão : Ambrosio Rodrigues da Cunha
181
A-a
9r-700
9r-685
Q-q
8r-634
B-b
8r-636
9v-735
R-r
9v-721
9r-694
C-c
9v-719
9v-737
S-s
10v-783
9v-716
D-d
9v-713
9r-686
T-t
8r-637
8r-626
E-e
8r-643
9v-729
U-u
8r-639
F-f
8r-634
8r-626
V-v
9r-690
G-g
8r-625
X-x
9r-691
H-h
8r-621
Y-y
9v-726
I-i
9v-739
Z-z
J-j
11r-819
8r-639
L-l
182
9r-690
M-m
8r-626
9v-714
N-n
8r-621
8r-644
O-o
9v-713
P-p
9r-692
8r-639
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
b) o <e>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <a>;
c) o <z>, em alguns vocábulos se assemelha a um <s>;
d) o <i>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>, se está com o pingo, é lido como um <i>;
e) os grafemas <rr>, em alguns vocábulos, assemelham-se a um <m>;
f) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes formas,
e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
g) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v>.
07)
Fonte documental : Arquivo Histórico do Museu da Inconfidência – Casa do Pilar
Documento : Devassa - ex-offício - Códice: 278 - Auto : 5801 - 1
o
.Ofício - Data :1750
Intervenções de terceiros: no fólio 1r, na margem esquerda superior, estão registrados com
lápis preto os números dos códice e auto, seguidos do número do fólio. Nos fólios seguintes,
encontram-se, na margem direita da metade da página, os números do códice e do auto,
seguidos do número do fólio, quando se trata do rector; já no verso, há apenas o número do
fólio seguido da letra v, na margem esquerda. Além disso, há duas outras intervenções feitas, tal
como as anteriores, no período atual : uma delas é a grafia de uma letra <D> sobre o texto, feita
183
com lápis azul; a outra feita na margem esquerda, próximo ao fim do texto, trata-se de uma
rubrica feita a lápis.
Estado do documento: Em bom estado, com ressalvas: existem algumas manchas no fólio 1r,
no canto superior esquerdo e na margem superior de todos os fólios também há manchas; a
partir do fólio 2r, no canto esquerdo da margem inferior há corrosões que, de alguma forma,
interferem na leitura. Além disso, há fólios cuja leitura torna-se difícil em função da
opistografia.
Resumo do processo: Devassa ex-offício para confirmar que Manoel Pereira de Souza foi o
autor das feridas feitas em Francisco correa dos Santos; em 1750.
Quadro 19
Alfabeto do manuscrito - Tabelião Domingos Thome da Costa
A-a
2r-31
4v-236
Q-q
3v-162
B-b
3v-155
3v-158
R-r
1r-3
3v-157
C-c
7v-444
4r-179
S-s
2r-22
3v-155
D-d
5r-251
3v-158
T-t
2r-26
4v-217
E-e
4r-193
4v-230
U-u
5r-260
F-f
2r-25
2r-28
V-v
2r-38
2r-40
G-g
2r-38
2r-40
X-x
4r-204
184
H-h
2v-85
3v-163
Y-y
5r-275
I-i
4r-185
4v-219
Z-z
4r-175
J-j
4v-217
4r-197
L-l
7r-414
3r-114
M-m
2r-32
4v-230
N-n
4r-176
O-o
3v-156
P-p
2r-23
3v-159
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
b) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
c) o <y> e o <s> grafado no meio da palavra ou em fim de sílaba possuem traços semelhantes;
d) o <b> e o <f>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes;
e) o <rr> e o <u>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes;
f) o <j>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <i>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <j>;
185
g) o <b>, <f> e o <t>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes;
h) os segmentos <re>, em alguns vocábulos, assemelham-se ao grafema <rr>;
i) o <s> em fim de sílaba e no meio de palavra possui traços semelhantes ao <i> sem o pingo;
nesse caso foi lido como <s>;
j) o <i>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>, se está com o pingo, é lido como um <i>;
l) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes formas,
e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
08)
Fonte documental: Arquivo Casa de Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de querela - ano : 1743a
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica, que não parece ter sido feita pelo mesmo
punho do manuscrito. (Não
há registro de números nos fólios-verso)
Estado do documento: Em bom estado de conservação, embora haja algumas corrosões que
não chegam a comprometer a leitura do texto; na margem inferior de alguns fólios há
manchas que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do Processo: Sumário de testemunha de querela – os escravos do querelado Tomé
Dias Silva deram várias facadas na escrava do querelante Francisco Ferreira; em 1743.
Quadro 20
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Antônio José da Cunha
A-a
72r-81
72r-79
Q-q
72r-84
B-b
71v-66
72r-86
R-r
71r-09
C-c
72v-133
72r-97
S-s
74r-206
72r-92
186
D-d
72v-135
72r-89
T-t
72r-82
E-e
72r-98
U-u
72r-11
F-f
72r-85
V-v
71r-04
72r-85
G-g
72r-97
72r-104
X-x
72r-107
H-h
72r-82
Y-y
I-i
71v-68
72r-110
Z-z
72r-88
J-j
74r-215
72r-88
L-l
74r-234
72r-115
187
M-m
71r-15
72r-92
N-n
72r-93
O-o
72r-79
P-p
72r-104
71r-10
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <i> em alguns vocábulos assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>, se está com o pingo, é lido como um <i>;
b) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <o>;
c) o <q> e o <g>, em alguns vocábulos, possuem traços semelhantes.;
d) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
09)
Fonte documental: Arquivo Casa de Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de querela - ano : 1743b
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica. (Não há registro de números nos fólios-verso]
Estado do documento: Em bom estado de conservação; entretanto, há algumas corrosões que
não comprometem a leitura do texto, mas a margem inferior de alguns fólios possui manchas
que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do processo: Sumário de testemunha de querela : Joanna Maria de Jesus sofreu várias
pancadas de Luis Pinheiro; em 1743.
Como o escrivão Antônio José da Cunha, da devassa anterior, também foi o responsável pela
escrita deste manuscrito de 1743b, não apresentaremos o alfabeto e a lista de grafemas.
188
10)
Fonte documental: Arquivo Casa de Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de querela - ano : 1744
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica, que não parece ter sido feita pelo mesmo
punho do manuscrito. (Não há registro de números nos fólios verso.)
Estado do documento: Em bom estado de conservação, embora haja algumas corrosões que
não chegam a comprometer a leitura do texto; na margem inferior de alguns fólios há
manchas que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do processo: Sumário de testemunha de querela : José Nogeira raptou a escrava de
Antônio Pereira de Souza para pagamento de dívida; em 1744.
Como o escrivão Antônio José da Cunha também foi o responsável pela escrita deste
manuscrito de 1744, não apresentaremos o alfabeto e a lista de grafemas.
11)
Fonte documental: Arquivo Casa de Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de querela - ano : 1744b
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica, que não parece ter sido feita pelo mesmo
punho do manuscrito. (Não há registro de números nos fólios verso]
Estado do documento: Em bom estado de conservação, embora haja algumas corrosões que
não chegam a comprometer a leitura do texto; na margem inferior de alguns fólios há
manchas que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do processo: Sumário de testemunha de querela : seqüestro de cavalo do Capitão João
Baptista de Aguiar, feito por Manoel Pereira e Antônio Ferreira.
Quadro 21
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Antonio Carlos Moreira de Sampaio
A-a
84v-25
85r-74
Q-q
84v-32
B-b
84v-24
84v-39
R-r
84v-25
85r-57
189
C-c
84v-37
84v-50
S-s
84v-40
85r-69
D-d
84r-05
T-t
84r - 01
E-e
84v-35
84v-27
U-u
84v-26
F-f
84v-22
84v-31
V-v
85r-80
84v-29
G-g
84v-29
X-x
84r-09
H-h
84v-36
Y-y
84v-25
I-i
85r-69
84v-27
Z-z
85r-73
J-j
84v-22
84v-31
L-l
84v-40
85r-84
190
M-m
85r-82
84v-24
N-n
84v-35
O-o
86v-163
85r-89
P-p
84v - 24
84v-24
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <I> e o <J> possuem traços semelhantes;
b) o <v>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <u>. Para fins de transcrição, sempre que
ocorre esse caso, adotamos o grafema <v> ;
c) como, em alguns vocábulos, o círculo do grafema <o> não é totalmente fechado, ele se
assemelha a um <e>;
d) O <s>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <z>;
e) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
12)
Fonte documental: Arquivo Casa de Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de Querela - ano : 1745
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica, que não parece ter sido feita pelo mesmo
punho do manuscrito. (Não há registro de números nos fólios verso]
Estado do documento: Em bom estado de conservação, embora haja algumas corrosões que
não chegam a comprometer a leitura do texto; na margem inferior de alguns fólios há
manchas que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do processo: Sumário de testemunha de querela - cárcere privado de Magdalena
duarte, feito por José dos Santos; em 1745.
191
Quadro 22
Alfabeto do manuscrito - Escrivão José Rabello Andrade
A-a
90r-05
90v-27
Q-q
90v-32
B-b
91r-57
90v-40
R-r
90v-40
91r-53
C-c
90r-13
90v-29
S-s
90r-06
91v-76
D-d
91r-47
90r-08
T-t
90v-24
90v-40
E-e
90v-32
U-u
90v-25
F-f
90v-26
90v-42
V-v
91r-51
G-g
91v-76
90v-23
X-x
90v-35
H-h
90v-24
Y-y
91r-50
I-i
Z-z
91v-90
192
90v-42 90v-25
J-j
90v-35
90r-08
L-l
91r-48
91v-76
M-m
91r-47
90v-32
N-n
92r-99
90v-35
O-o
90v-40
P-p
90r-08
91r-44
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) o <t>, em alguns vocábulos, aparece sem o traço horizontal da haste vertical,e isso o torna
semelhante ao <l> ;
b) o <o>, em alguns vocábulos, como não se apresenta completamente fechado em um círculo,
mas apenas uma parte, assemelha-se a um <i> sem o pingo;
c) o <u>, em alguns vocábulos, como as duas hastes desse grafema não são feitas, assemelha-se
a um <i> sem o pingo;
193
d) o <i>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido com <e>; se está com o pingo, é lido como um <i>;
e) o <n>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <i> sem o pingo;
f) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes formas,
e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
13)
Fonte documental: Arquivo Casa de Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de testemunhas - ano : 1747
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica, que não parece ter sido feita pelo mesmo
punho do manuscrito. (Não há registro de números nos fólios verso]
Estado do documento: Em bom estado de conservação, embora haja algumas corrosões que
não chegam a comprometer a leitura do texto; na margem inferior de alguns fólios há
manchas que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do processo: Sumário de testemunha de querela – Roubo de cavalo de Luiz Antonio
de Barros, feito por Joze Gomes Falcam.
Como o escrivão Antonio Carlos Moreira de Sampaio, da devassa de 1744b, também foi o
responsável pela escrita deste manuscrito de 1747, não apresentaremos o alfabeto e a lista de
grafemas.
14) Fonte documental : Arquivo Casa Borba Gato – Sabará
Documento : Sumário de testemunhas - ano : 1750
Intervenções de terceiros: Na margem superior, no canto esquerdo dos fólios de paginação
rector há, além do número do fólio, uma rubrica, que não parece ter sido feita pelo mesmo
punho do manuscrito. (Não há registro de números nos fólios verso]
Estado do documento: Em bom estado de conservação, embora haja algumas corrosões que
não chegam a comprometer a leitura do texto; na margem inferior de alguns fólios há
manchas que comprometem parcialmente a leitura.
Resumo do processo: Sumário de testemunha de querela - O casal Joze Bezerra e Jozefa Penta
Sayo ajudou os escravos de Caetano Ferreyra Couto, Maximiniano e Santos, a fugirem; em
1750.
Quadro 23
Alfabeto do manuscrito - Escrivão Manoel da Costa de Oliveira
194
A-a
152r-88
152r-111
Q-q
150v-01
B-b
151r-15
151r-29
R-r
152r-114
152r-113
C-c
150v-02
152r-116
S-s
151v-57
152r-92
D-d
151r-45
T-t
151r- 27
E-e
151r-27
152r-115
U-u
152r-113
F-f
151r-15
151r-33
V-v
150v-05
151r-29
G-g
151r-34
X-x
151r-31
H-h
151r-41
Y-y
151r-28
I-i
151r-38
152r-110
Z-z
151r-42
150v-02
195
J-j
152r-102
151v-54
L-l
152r-111
152r-101
M-m
152r-105
151r-37
N-n
152r-111
O-o
152r-99
P-p
151r-15
151r-29
As indicações abaixo de cada figura indicam em que fólio rector ou verso – e em que linha o grafema se
encontra no manuscrito.
Grafemas que apresentaram dificuldades à leitura
a) como, em alguns vocábulos, o círculo do grafema <o> não é totalmente fechado, ele se
assemelha a um <e>;
b) o <a>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>;
c) o <a>, em pouquíssimos vocábulos, pode ser lido como um <u> ;
d) o <i>, em alguns vocábulos, assemelha-se a um <e>, podendo estar com o pingo ou não;
assim, optamos pelo seguinte procedimento: se ele possui traços semelhantes ao um <e> e não
está com o pingo, é lido como <e>; se está com o pingo, é lido como <i>;
e) os sinais diacríticos que marcam a nasalidade das vogais apresentam-se sob diferentes
formas, e, na impossibilidade de representar todas elas, optamos por um mesmo sinal : < ~>.
No volume no qual constam as imagens e as transcrições dos manuscritos, constam
também excertos de devassas eclesiásticas que foram parcialmente transcritas. Isso
196
porque o objetivo da apresentação dessas devassas circunscreveu-se ao cotejo delas com
as civis no que diz respeito à variação da concordância. No entanto, para elas não
apresentaremos informações sobre : intervenções de terceiros; estado do documento,
alfabeto do punho do escrivão e, finalmente, os grafemas de leitura dúbia, apenas as
informações referenciais.
Fonte documental : Arquivo da Cúria de Mariana
Documentos : Devassas eclesiásticas - ano : 1730; 1731 e 1738.
Trata-se de termos de conclusão e registros de visitações em Vila Rica e Villa do
Sabará.
No próximo capítulo, vamos apresentar e analisar os dados extraídos desses
manuscritos: as combinações de unidades lexicais livres e restritas.
197
5 COMBINAÇÕES DE UNIDADES LEXICAIS: DISCUSSÃO
E ANÁLISE DOS DADOS
Nous avons tous l'impression que la liberté
dans l'utilisacion des mots est absolue, que les
constraintes dans le choix sont inexistantes et
que nos possibilités sont sans limites.
André Clas (1994, p. 576)
5.1 INTRODUÇÃO
Conforme procuramos deixar explícito nos capítulos precedentes, os processos-crime
(sumários de testemunhas e devassas civis) que compõem o corpus desta pesquisa
possuem uma dupla concepção discursiva: oral e escrita. Em outros termos, tais
processos têm como concepção (ou origem) discursiva tanto o texto escrito, porque
seguem um modelo instituído pelas leis portuguesas do Antigo Regime, como o texto
oral, já que a testemunha apresenta sua versão dos fatos via oralidade ou prática social
interativa. Quanto à forma de manifestação, essa se dá por meio do registro escrito feito
pelos tabeliães/escrivães.
No entanto, queremos também mostrar que essa manifestação da prática social
interativa não só se apresenta na concepção discursiva, mas também na estrutura
lingüística da superfície do texto. No Capítulo 3, discutimos a presença, nas devassas
civis, de concordância variável, que é mais típica dos gêneros orais fundados na
realidade sonora, como um indício de oralidade nesse tipo de documento. Neste
Capítulo, vamos proceder à análise de combinações de unidades lexicais livres e
restritas, com ênfase nessas últimas. Posteriormente, vamos demonstrar que existem,
no grupo de combinações lexicais restritas analisadas, aquelas que deixam entrever,
nos processos-crime de Vila Rica e Vila Real de Sabará, fragmentos de uma prática
social interativa dos falantes da incipiente Minas Geraes.
5.2 COMBINAÇÕES DE UNIDADES LEXICAIS
5.2.1 Discussões
Durante a transcrição dos manuscritos, chamou-nos a atenção a recorrência, seja num
mesmo inquérito seja em outros, das estruturas lingüísticas [1] e [2] descritas a seguir.
Por ora, apenas apresentamos esses casos para mostrar em que contextos tais estruturas
198
ocorrem; em seção adequada todos os dados coletados serão devidamente apresentados
e analisados.
[1] haviaõ dado no(...) - que, no contexto em que ocorre, significa bater em alguém,
conforme será visto em outra seção.
Epreguntado elletes temunha|pello comTheudo noauto dadeva|sadevasa mente dise quesomen|tesabia
pelloouvir di zer que haviaõ|dado nocapitam Francis co correa|dasilva (AP -Linhas 3777-3779);
[2] tivera Humas Razoes – que, de acordo com o contexto em que ocorre, quer dizer
ter uma discussão, atrito ou conflito com alguém.
Só Sim sabiapeloouvir dizer|qu[corroído] odefuntotivera Humas Razoes|Com Humfeitor dePedroEnes
(AP -Linhas 1711-1712);
A estrutura [1] está localizada em sete dos 14 inquéritos, e apenas um deles foi coletado
na Casa de Borba Gato (Sabará), CBG- 1743; e os demais no Arquivo do Pilar de
Ouro Preto : AP-1725; AP-1727; AP-1731a; AP-1735; AP-1743 e AP-1750, num total
de 67 ocorrências. Já a de número [2] apenas foi localizada em três dos 14 inquéritos
coletados no Arquivo do Pilar de Ouro Preto : AP- 1731a, AP 1735; AP 1750, num
total de 33 ocorrências.
O que mais nos chamou a atenção nessas estruturas, além do número de ocorrência, foi
o significado delas. Ou seja, interessou-nos pesquisar de que forma a combinação de
dois ou mais itens lexicais resulta na construção de um outro significado.
Inicialmente, em função do sentido que cada um desses agrupamentos projetava,
acreditávamos que esses eram expressões idiomáticas presentes em manuscritos do
século XVIII. Ao fazermos um levantamento teórico acerca desse assunto, deparamo-
nos com diferentes termos e conceitos correspondentes a esse tipo de fenômeno, fato
confirmado por Iriarte Sanromán:
(...) não há acordo na hora de classificar este tipo de fenómenos, o que
reflecte numa multiplicidade terminológica que acentua ainda mais o
problema. Assim, em autores e épocas diferentes, deparamos com termos
como frasema, colocação, solidariedade lexical, modismo, locução, frase
feita, expressão idiomática, idiomatismo, expressão fixa, lexia complexa,
unidade fraseológica, fraseologismo, sintagma, expressão ou construção
fossilizada, etc., que são utilizados para referir-se ao mesmo conceito ou a
conceitos diferentes. (2000, p.180)
199
Acerca disso, Mel'chuk
60
(apud IRIARTE SANROMÁN, 2000) questiona por que,
apesar de muitos anos de pesquisa no campo da fraseologia, não se elaboraram
definições formais de conceitos pertinentes. Segundo ele, estabeleceu-se uma tipologia
formal das expressões idiomáticas, mas ainda não haviam chegado a um nome genérico
universalmente aceito.
Grande parte da teoria consultada está mais direcionada para elaboração de dicionários,
o que foge à proposta desta tese. No entanto, há um trabalho que, embora também
esteja voltado para questões lexicográficas, pareceu-nos mais adequado à nossa
proposta de pesquisa. Iriarte Sanromán (2000), que, conforme vimos, faz uma crítica às
diferentes terminologias para classificar os mesmos fenômenos, adotou o modelo
teórico de Mel'chuk, de acordo com quem :
as regras da língua produzem centenas e até milhares de Representações
Semânticas possíveis, entre as quais o falante poderá escolher aquilo que lhe
convier. Por sua vez, seleccionada uma Representação Semântica, as regras
da língua poderão produzir milhares ou milhões de Representações
Fonéticas. (apud IRIARTE SANROMÁN, 2000, p. 181).
A partir disso, define-se que existem dois tipos de combinações de unidades lexicais:
as combinações livres e as combinações restritas. Essa forma livre está mais
relacionada ao seguimento das regras da sintaxe de uma língua. As combinações
restritas se dividem em: colocações (semifrasemas) e combinações fixas (frasemas ou
expressões idiomáticas). Na colocação é possível que um dos lexemas que a constitui
conserve seu sentido original, o que a torna diferente de uma combinação fixa, cujos
constituintes perdem seu significado original. Nesta tese também seguiremos esse
raciocínio para diferenciarmos um tipo de estrutura da outra.
Agora vejamos, mais detalhadamente, como é o modelo proposto por Mel'chuk (apud
IRIARTE SANROMÁN, 2000) para classificação das combinações livre e fixa.
A) combinação lexical livre : é um sintagma composto por dois ou mais lexemas A e B
"cujo significado é a soma regular (ou a união lingüística) dos significados dos lexemas
constituintes 'A + B'” (p. 182). Esse tipo de combinação é, então, produzida a partir de
uma representação conceitual dada, aplicando, sem restrições, qualquer regra geral da
língua. Segundo Iriarte, essa combinação é totalmente composicional e pode "ser
substituída por qualquer outra combinação suficientemente sinónima", (p. 182). Em
60
MEL'CHUCK, I.A. Phrasemes in Language and Phraseology in Linguistics. Everaert, 1995.p. 167-
232.
200
outras palavras, uma combinação de unidade lexical é livre quando seus componentes
são selecionados conforme as regras de seleção da língua "arbitrariamente escolhidos".
B) combinação lexical restrita : esse tipo se divide em:
B1) frasemas pragmáticos - possuem significado transparente, mas são fixados com
relação a uma determinada situação: bom dia; feliz natal; a sua saúde, etc. (exemplos
oferecidos pelo autor)
B2) frasemas semânticos - são divididos em: frasemas completos (ou expressões
idiomáticas), semifrasemas (ou colocações) e quase-frasemas.
frasemas completos ou expressões idiomáticas: uma expressão idiomática AB
é uma combinação de dois ou mais lexemas A e B, cujo significante é a soma regular
dos significantes dos lexemas constituintes /A + B/, mas cujo significado não é a união
regular de A e B, mas um significado diferente 'C', que não inclui nem 'A' nem 'B'.
semifrasemas ou colocações: uma colocação ou semifrasema AB é uma
combinação de dois ou mais lexemas A e B, “cujo significante é a soma dos
significantes dos lexemas constituintes /A + B/, mas em cujo significado 'X' estão
incluídos o significado do lexema A mais um significado 'C' ('X' = A+C), de tal forma
que o lexema B que exprime 'C' não é selecionado livremente.", (p. 188) Mas, segundo
o autor, a natureza de 'C' distingue quatro tipos de colocações:
1) há colocações que são formadas por verbo operador ou verbo-suporte mais
nome _ V
suporte
+ N_ (tal verbo não possui um significado léxico, cumpre funções
puramente estruturais.
61
). Para ilustrar, o autor apresenta o seguinte exemplo (cuja fonte
não é mencionada) em dar um passeio o lexema A (passeio), que mantém intacto o seu
significado, é seguido por um outro lexema B (dar), que se esvazia de significado,
atuando apenas como verbo suporte.
2) numa colocação do tipo ódio mortal, (a fonte dessa expressão não é
mencionada pelo autor) o elemento B (mortal) não está vazio de significado, uma vez
que, no dicionário, B possui o correspondente significado 'C' (intenso, vivo
62
), mas esse
sentido, segundo o autor, só é "actualizado em combinação com o lexema A e não pode
ser exprimido por qualquer sinónimo de B." (p. 189). Isto é, no entendimento de Iriarte,
61
Cf. Iriarte Sanromán, 2000, p. 188.
62
No Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis, esse significado mencionado pelo autor não foi
localizado, mas tem-se 'capital, profundo', que, na nossa avalição, são sinônimas.
201
fora da colocação AB, B (mortal) não seria usado para exprimir 'C' (intenso). Ou seja,
dada uma colocação AB, B é semanticamente = C, somente em AB.
3) numa colocação do tipo sorriso amarelo (a fonte dessa expressão não é
mencionada pelo autor), o segundo elemento B (amarelo) não está vazio de significado,
e o sentido 'C', que exprime ('forçado, contrafeito'), não aparece no dicionário
consultado por ele, cuja referência não é feita. Para Iriarte, amarelo com a acepção de
'forçado, contrafeito' não figura no dicionário, porque esse lexema apenas ocorre com
sorriso. No entanto, consultamos o Dicionário de Língua Portuguesa Michaelis e tal
acepção foi localizada no verbete amarelo
4 CONTRAFEITO: RISO AMARELO. SM., embora só
esteja em combinação com o lexema riso. Isso nos leva a acreditar que aqui temos um
caso similar ao anterior; ou seja, fora da colocação AB sorriso amarelo, o lexema B
amarelo não possui a acepção de
CONTRAFEITO em outra colocação.
4) finalmente, numa colocação do tipo nariz aquilino, o elemento B (aquilino)
não está vazio de significado, e o sentido 'C' 'curvo como bico de águia' aparece no
dicionário, consultado por Iriarte, como acepção do lexema B. No dicionário que
consultamos, no verbete aquilino, também há uma acepção semelhante a essa
encontrada pelo autor 'recurvo como o bico da águia : nariz aquilino.' Segundo Iriarte,
esse adjetivo, com tal acepção, só combina com nariz. Novamente, acreditamos que
esse é um caso como o de 2, ou seja, fora da colocação AB nariz aquilino, o lexema B
aquilino não possui a acepção de RECURVO COMO O BICO DA ÁGUIA em outra colocação.
Na análise que fizemos dos exemplos dados pelo autor, a partir da consulta a um
dicionário publicado no Brasil, achamos que os tipos (3) e (4) anteriores possuem a
mesma estrutura de significação que (2); ou seja, ao que nos parece, apenas há dois
tipos de colocações (1) e (2), que são:
1 - colocação formada por verbo-suporte [que não possui um significado léxico e
cumpre funções puramente estruturais] + nome = V
suporte
+ N ;
2 - colocações do tipo AB, tal que, semanticamente, B = C, mas apenas em AB.
Finalmente, o último tipo de frasema semântico:
quase-frasema : esse se refere àqueles frasemas que, além de conservarem os
significados dos lexemas constituintes, acrescenta-se um novo sentido que não é o
resultado da soma dos sentidos desses lexemas. Para exemplificar, o autor cita dar o
202
peito, nesse caso além dos sentidos típicos dos lexemas há um outro que é
"alimentar".
No que diz respeito à colocação, Iriarte alerta para a confusão que é feita entre a
colocação (um tipo de combinação lexical restrita) e a combinação freqüente de dois ou
mais lexemas. É claro, adverte o autor, que uma colocação é também uma combinação
freqüente de lexemas, mas nem toda combinação freqüente é uma colocação. Ele ainda
lembra que existem combinações totalmente livres e que são formadas de acordo com as
regras da sintaxe.
Mesmo que tenhamos algumas restrições ao trabalho de Iriarte Sanromán, em função de
estar voltado para questões lexicográficas, lidar com dados de uma sincronia
contemporânea da língua, ao contrário do nosso que lida com uma sincronia passada, e
não mencionar, em nenhum momento, se a fonte de seus dados é língua oral ou
escrita, vamos adotá-lo para esta pesquisa pelos motivos que listamos a seguir. O autor
parte do critério semântico, sem propor que sejam feitos testes de combinabilidade ou
de inserção dos quais falaremos adiante; além disso, reconhece que não é muito fácil
distinguir entre combinações livres e as colocações, pois “não existem compartimentos
estanques, e muitas vezes a classificação vai depender da análise semântica que se faça
de cada expressão.” (p. 175), ou seja, dependerá da análise feita pelo pesquisador. Essa
última questão proposta por Sanromán é interessante a esta tese, porque lidamos com
um estágio pretérito da língua, que, no processo de evolução, pode sofrer alterações
em sua estrutura, o que deve interferir na distinção que propusermos entre a
combinação livre e a restrita. No entanto, sabemos que esse fato pode ser relativizado,
pois nessa evolução lingüística nem toda a estrutura se modifica, caso contrário o
corpus desta pesquisa, cujos textos foram escritos no século XVIII, seria
incompreensível.
Para análise de dados de língua antiga, não adotaremos os critérios de classificação de
combinações lexicais da língua contemporânea, com a aplicação de testes de inserção e
de combinabilidade, porque, conforme discutimos no Capítulo 4, os dados foram
recolhidos de inquéritos produzidos, em sua maioria, por mãos e vozes portuguesas que
ajudaram a formar o corpo social das Minas do século XVIII. Dois fatos derivam disso:
1
o
.) estamos lidando com uma sincronia passada da língua que, na evolução dos
203
tempos, conforme se sabe, sofre ou não alterações nos níveis fonético, morfossintático,
semântico e pragmático; 2
o
.) é preciso considerar que o léxico é a testemunha de uma
sociedade em seu tempo e em sua época (MATORÉ, 1953); e que o significado é,
conforme se sabe, uma construção social. Assim, trocar ou inserir constituintes à
estrutura analisada, conforme sugerem tais testes, seria lidar com dados criados por
introspecção o que fugiria aos princípios da Lingüística Histórica, aos quais nossa tese
está ligada. De acordo com esses princípios, o estudo da história de uma língua deve se
basear em "dados reais de língua", que são, por definição, aqueles que se manifestam
verdadeiramente nos corpora sob análise do pesquisador.
Neste Capítulo faremos uma busca das combinações lexicais sob análise em diferentes
gêneros textuais coevos e não coevos ao corpus e em obras lexicográficas, sendo uma
coeva e a outra não coeva ao corpus. Nessa busca faremos um cotejo entre o significado
que construirmos para essas combinações, com base no contexto de ocorrência, com
aqueles que se manifestarem no conjunto de textos pesquisados. O que subjaz a essa
metodologia é o fato de que a localização de combinações em outro corpus é um
indicativo de que a essa estrutura já estava disseminada nas duas modalidades da
língua: oralidade e escrita. Dentre esse conjunto de textos-parâmetro, teremos, por um
lado, as obras lexicográficas, que serão o representante máximo dos gêneros que, no
contínuo tipológico, mais se aproximam da ESCRITA do período que estudamos,
século XVIII; e, em outro extremo, cartas familiares e peças populares portuguesas,
pertencentes ao corpus do PHPB-Rio, que serão os gêneros que mais se aproximam do
pólo da FALA. Todavia, se houver alguma combinação lexical extraída de nosso
corpus e que não for localizada em todo o material pesquisado, isso será considerado
um forte indício ou “denúncia” de rastros de uma prática social interativa realizada
nas Minas na primeira metade do século XVIII.
Como o nosso objetivo é verificar de que forma a combinação de dois ou mais itens
lexicais resulta no esvaziamento semântico de um ou de todos os constituintes, para a
construção de um outro significado, as combinações livres, por definição, não nos
interessarão; apenas as combinações lexicais restritas (frasemas, semifrasemas, e
quase-frasemas).
5.2.2 A combinação lexical restrita como inovação lingüística
204
Para os estudiosos do léxico, uma combinação lexical restrita, em especial os frasemas,
ou expressões idiomáticas, é algo formado previamente, e que os falantes “não vão
criando suas próprias combinações ao falarem, apenas utilizam combinações já criadas e
reproduzidas repetidamente no discurso, e que já foram sancionadas pelo uso”
63
. Para
Zuluaga (1998), não existem fraseologismos ocasionais; isto é, segundo ele, é possível
que unidades sofram uma alteração, mas essas alterações podem converter-se em
verdadeiras UFs [unidades fraseológicas] somente depois que se fixam e se
generalizam; quer dizer, depois que se institucionalisam; e, nesse caso, se convertem
em variantes da UF original ou constituem uma mudança desta”
64
. Para os objetivos
desta pesquisa, as combinações extraídas do corpus que sejam institucionalizadas e
sancionadas pela escrita não são de nosso interesse, o nosso foco são aquelas
indicativas de um uso oral; pois acreditamos que, em algum momento na história da
língua, combinações sejam criadas pelo falante em sua comunidade de fala.
O léxico de uma língua dinâmica é um sistema aberto e seu acervo se renova com
constância (BIDERMAN, 2001; ALVES, 1994). O neologismo, nome dado a essa
renovação vocabular, ocorre nos níveis conceptual e formal. No primeiro caso, "trata-se
de uma acepção nova que se incorpora ao campo semasiológico de um significante
qualquer"; já no segundo, há a introdução no idioma de uma palavra nova, que pode
ser um termo vernáculo ou um empréstimo estrangeiro (BIDERMAN, 2001, p. 206).
Também é possível, segundo a autora, que esse neologismo seja uma lexia complexa
(nos termos desta pesquisa, combinação livre e/ou semifrasema e/ou quase-frasema) ou
uma expressão idiomática (nesta tese, frasema). Para Biderman, a gíria, entre as
formações vernáculas, "é uma criação popular que nasce da busca de maior
expressividade" e acrescenta :
É da essência da linguagem oral buscar o máximo de expressividade: assim
os usuários da língua a consideram, com frequência, desgastada e
descolorida, o que os leva a inventarem novos matizes metafóricos e
metonímicos para palavras velhas, ou a inventarem novas formas que eles
julgam corresponder melhor àquilo que pretendem dizer. (2001, P. 207)
63
"...no van creando sus propias combinaciones originales de palabras al hablar, sino que utilizan
combinaciones ya creadas y reproducidas repetidamente en el discurso, que han sido sancionadas por el
uso." (CORPAS PASTOR, 1997, p. 35).
64
. "...alteracións poden convertese en verdadeiras UFs soamente se se fixan e xeneralizan, é dicir, se se
institucionalizan, e, neste caso, se se converten en variantes da UF orixinal ou constituen un cambio
desta." (ZULUAGA, 1998, p. 17).
205
Nesta pesquisa, não tratamos de gíria, mas de combinações lexicais restritas (CLR), e
mais especificamente daquelas que, caso não sejam encontradas no material pesquisado,
possam ser vistas como sendo o resultado da invenção de um sentido novo para palavras
velhas (seja para todos os constituintes dessa combinação ou para apenas um deles) que
os falantes "julgam corresponder melhor àquilo que pretendem dizer." Acreditamos que
tais combinações, caso existam, podem ter sido criadas/inventadas no momento em que
o depoimento da testemunha estava sendo tomado; ou então que já eram de uso corrente
na prática social interativa daquela comunidade, mas que, por questões que serão
retomadas na parte conclusiva deste trabalho, ensejaram no registro dessas
combinações nos manuscritos do século XVIII.
Embora não nos ocupemos de mudança em progresso, acreditamos ser possível
comparar o surgimento de uma CLR com os mecanismos de mudança sonora propostos
por Labov (1972). Assim como uma grande maioria das variantes inovadoras (LABOV,
1975), essas CLR manifestam-se na prática social interativa de algumas pessoas, depois
propagam-se e passam a ser adotadas por um grupo maior de falantes. Mas também é
possível que a segunda parte desse processo seja abortada e não chegue ao fim. Essa
comparação proposta vai ao encontro do que afirma Biderman (2001) acerca do
caminho percorrido pelo neologismo até ser dicionarizado, ou seja, até ser oficialmente
utilizado pela escrita:
O neologismo, uma vez criado, é lançado dentro da grande corrente vital de
evolução da língua. Será incorporado a um campo semântico e começará a
sofrer influxos dos seus vizinhos de significação. A combinação léxica no
discurso e as conotações estilísticas também imprimirão a ele matizes novos,
ampliando o seu halo de significação. Passará assim a fazer parte da
semântica evolutiva da língua. Entretanto, nem sempre a vida de um
neologismo é longa. Por vezes, é bem efêmera como sói acontecer com as
gírias. Ele se pode tornar duradouro quando dicionarizado. De fato, o
dicionário como depositário físico do tesouro léxico abstrato da língua atua
como arquivo fixador das lexias orais que poderiam morrer facilmente,
senão fosse esse arquivo que as recolhe e preserva, às vezes, por séculos. O
processo de dicionarização de um neologismo reflete a continuidade do seu
uso no vocabulário geral. Ou seja, o vocábulo novo só é dicionarizado
quando ele já foi aceito por toda a comunidade que fala aquela língua. (p.
212).
Essas questões serão retomadas quando da análise dos dados.
206
5.3 COMBINAÇÕES DE UNIDADES LEXICAIS : O TRATAMENTO DOS
DADOS
Para o tratamento dos dados, faremos uma análise semântica das combinações a fim de
separarmos a livre da restrita; uma outra análise para classificar as combinações
restritas em: frasema, semifrasema e quase-frasema; e finalmente será feita uma análise
morfossintática e semântica que justifique essa classificação.
5.3.1 Análise semântica das combinações lexicais
Conforme já se discutiu, numa combinação livre, os itens constituintes que formam o
sintagma mantêm independentes seus significados, o que não ocorre com a combinação
restrita, cujo sentido de um ou de todos os constituintes se perde. Faremos, a seguir,
uma análise semântica dos dados retirados do corpus, para identificarmos, a partir do
contexto em que ocorrem, o que seja uma combinação restrita e uma combinação livre.
Como nosso interesse é analisar apenas as combinações lexicais restritas, as livres não
serão consideradas.
Para tanto, adotaremos os seguintes procedimentos: inicialmente, as combinações de
unidades lexicais sob análise serão apresentadas nos fragmentos do contexto de uso,
com todas as suas ocorrências no corpus. O significado dessas combinações será
construído nesta tese com base nesse contexto. É possível, no entanto, que o próprio
corpus apresente esse significado, porque há testemunhas que se referem ao evento
questionado, fazendo uso de outras seleções lexicais que serão tomadas como
sinônimas. Nesse caso, essa forma sinônima servirá como referência para a nossa
construção de sentido e/ou poderá ser o significado da estrutura sob análise. A partir
disso, é possível ser feita uma primeira distinção entre os dois tipos de combinações
lexicais.
Em seguida, faremos uma consulta a bancos de textos coevos ou anteriores ao século
XVIII e verificaremos se as combinações lexicais extraídas do corpus desta pesquisa
são encontradas em tais textos. Caso sejam localizadas, é necessário verificar se os
significados construídos em nossa pesquisa são encontradiços nos textos consultados.
Posteriormente, faremos uma consulta a obras lexicográficas do século XVIII para
checarmos se as combinações lexicais sob análise já se encontravam “dicionarizadas”
à época, e qual o sentido que lhes foi atribuído. Caso a combinação não seja localizada,
207
verificaremos, nessas obras, o significado de cada item da estrutura, pois não se pode
abandonar o fato de que somos falantes da língua portuguesa contemporânea,
analisando um estágio pretérito dessa mesma língua. Além disso, tal procedimento
pode contribuir para a distinção que faremos entre uma combinação livre, em que os
constituintes do sintagma se associam e cujos significados se mantêm distintos, de uma
combinação restrita, cujo significado pode não ser igual à soma dos significados de
cada item do sintagma ou apenas ser igual ao significado de um dos itens.
Conforme já mencionamos, ao localizarmos alguma combinação lexical restrita nos
bancos de textos e/ou nas obras lexicográficas, tal “descoberta” poderá nos levar a
admitir que essa CLR já era institucionalizada e sancionada pela oralidade e pela
escrita. Do contrário, caso não seja localizada em ambas as fontes, teremos um forte
indício de que se trata (i) de uma forma inovadora que foi inventada/criada no momento
do depoimento e que as mãos de um escrivão, em função de algumas questões que serão
retomadas e discutidas na parte conclusiva, registraram; ou (ii) trata-se de uma estrutura
usual entre os falantes, e que, provavelmente, ainda não havia sido registrada pela
escrita; de qualquer forma, sendo (i) ou (ii), esta pesquisa estará apontando para rastros
de uma prática social interativa da incipiente sociedade mineira.
5.3.1.1 Separando as combinações restritas das combinações livres
Para seleção dos dados no corpus, baseamo-nos no critério semântico; isto é,
levantamos todas as combinações cujo significado, numa primeira leitura, pareceu-nos
não ser igual à soma de todos ou de quase todos os constituintes da estrutura. No quadro
abaixo são apresentadas todas as combinações sob análise com o número de vezes que
elas ocorrem no corpus (foram computadas além da ocorrência da combinação em
análise, as variantes gráficas e lexicais, apresentadas logo adiante). Posteriormente, será
feita uma análise semântica mais apurada, a fim de separarmos as combinações restritas
das livres.
Quadro 24
Ocorrência de combinações unidades lexicais
(continua)
item Combinação unidade lexical N
o
.
ocor.
item Combinação unidade lexical N
o
.
ocor.
1 amarrou coa dor dooso
01
22 dera(...) porretadas
04
2 andaõ pagados
01
23 dera(...) Relhadas
02
3 andar (...) amigado
02
24 descompusera de palavras
07
4 andar (...) aspedradas
01
25 deu Sepultura
01
208
Quadro 24
Ocorrência de combinações unidades lexicais
(conclusão)
item Combinação unidade lexical N
o
.
ocor.
item Combinação unidade lexical N
o
.
ocor.
5
andava de Ryxa
01
26 estaõ naocaziaõ dosoçego
01
6 andava paraCasar
03
27 estarpegado em
01
7 andavão(...) aRufados
02
28 fazer o execeso
02
8 andouBrigando
01
29 fazia Recanto
01
9 aRando fogo
10
30 hindo (...) emcompanhia
10
10 auzen[†.]andoçe (...) fogetiva
mente
01
31 impenhar (...) asbarbas.
02
11 Capadeamisade
02
32 metermaõaespada
02
12 dandolhe parte
01
33 não tinha barbas parapagar
02
13 dar(...) bofetadas
01
34 niqueito no pecadodo Sexto
01
14 deitar atras de
01
35 oque estava feito naõ avia
Remedio
01
15 dei xate es tar
01
36 Rebantava de paixaõ
02
16 dera(...) estocadas
56
37 Restilhando comhuapistolla
02
17 dera(...) asfacadas
21
38 Sahira (...)aoCaminho
03
18 dera (...) asferidas
10
39 terez ehaveres
01
19 dera (...) pancadas
09
40 tivera(...) humas resoeis
36
20 dera com (+ instrumento) em
32
41 tratava deshonestamente Com
01
21 dera(...) em
09
42 virou atras (della)
01
5.3.1.1.1 A construção do sentido a partir do contexto de ocorrência
Para apresentação desses significados, vamos proceder do seguinte modo: a combinação
lexical que servirá como item de análise terá mantidas a grafia e estrutura sintática
conforme o texto original, e será registrada em negrito e em itálico. No entanto, é
possível que haja variações grafemáticas no registro dessas combinações e, nesse caso,
teremos dois procedimentos : (i) caso haja mais de duas variações, a que for mais
recorrente no corpus será mantida; (ii) se houver apenas duas variações será
privilegiada, para servir como tópico de análise, aquela que, no corpus, aparecer
primeiramente. A seguir serão apresentadas as variantes grafemáticas e as lexicais –
VGrf; VLx; logo depois, serão apresentadas as estruturas que, no corpus, são sinônimas
à combinação sob análise (ESin); a ausência dessas formas será representada pelo
símbolo Ø. Em seguida, apresentaremos o significado da combinação lexical que foi
construído nesta tese com base no contexto de ocorrência e nas estruturas sinônimas;
finalmente, serão apresentados todos os excertos do corpus em que figuram a
combinação sob análise, as variantes grafemáticas e as estruturas sinônimas - ESin - (os
209
excertos serão identificados com a fonte documental e o número de linha em que se
localizam no corpus.). A apresentação dos dados ficará assim disposta : combinação
lexical na forma original + VGrf + VLX + ESin + significado construído + dados
extraídos do corpus.
1. amarrou coa dor dooso – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
amarrara
Violenta mente; atou
com muita força e de forma violenta, causando dor profunda.
01) ... e tirara ao ditto negro vio llemta|mente parafora daditta casa aRencã|do aditta faca edizendo
quehaviade|acabar oditto negro emais aquem lhe|acudise eComefeitto oamarrou coa|dor dooso
porbastante espasso the casa|do Padre Antonio daRocha capelaõ denossaSenhora daPiedade ... (AP-
Linhas - 2989-2993)
02) ...hindo Magdalena|Duarte preta Curana eforra paraCazadeManoelMoreia| dos Reis doAreyal deSanta
Luzia dondehemoradora eno|Caminho aamarrara ocreLado Violenta mente ea|trozera paraestaVilla
para Tapanhuacanga... (AP -Linhas 4700-4703)
03) ... hindo Mag dalena|Duarte pretaforra deaRajal deSanta Luzia ondehe
moradora|parCasa dehumConpadre seuqueVive (no)doditto aRayal|chamadoManoelMoreira amatar
humCapado lheSahira|aoCaminho ocreladojosedossantos vioLenta mente aama|rrara, trazendoa
paraesta Villa... (AP -Linhas 4728-4731)
2. andaõ pagados - VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; estavam pagos há algum tempo.
01) ...o querelanteCaeta|no Fer rey raCoutto he senhor eposuhidordedoes|cr ioullos chamados
Maxeminiano esantos os|quaes lhe andaõ pagados hatempos equehumdelles|trasia... (CBG- Linhas
4867-4869)
3. andar (...) amigado - VGrf:Ø;VLx: andavaamigado; ESin:
andaamansebado; viver
ou estar amancebado.
01) ... poresteseachar|emcasadella por serPublecoenotorio an|dar comellaamigado equerer comella||
Comellacasar oditocappitãdoMato... (AP -Linhas 3292-2395)
02) ...a ditade|| DePuguas comestocappitaõ doMatto| oqualasistiaemcasadadita comella|andavaamigado
ecompertencois de|casarcomella... (AP -Linhas 3370-3373)
03) ... este disealletestemu|nhaforaoquedera aspancadaseferi|das mensionadasnoauto emhune|gro
deManoelAntunesdefaria|delle (asdar) aporta aditaPuguas com|aqual andaamansebado ecomella|| (AP -
Linhas 3384-3387)
04) ...este disealletestemu|nhaforaoquedera aspancadaseferi|das mensionadasnoauto emhune|gro
deManoelAntunesdefaria|delle (asdar) aporta aditaPuguas com|aqual andaamansebado ecomella||
Comellapercasar... (AP -Linhas 3384-3389)
4. andar (...)as pedradas - VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; andar, caminhar arremessando
pedras.
01) ...massim vio|andar oditocappitaõdoMato aspedradas naRua| aodepois docasosusedido ... (AP -
Linhas 3334-3335)
210
5. andava de Ryxa - VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; estava em disputa, em briga.
01) ... ouvio elletestemunha avarias pesoas que oquerelado | andava deRyxa comaquerelante emais naõ
dese... (AP -Linhas 4467-4468)
6. andava paraCasar - VGrf: andava (...) de cazar; VLx: anda para casar; ESin:
andava napertençaõ de cazar; estar para casar; querer Comellacasar;
pertendecomela casar; querer casar, estar Justa para casar; estava com a pretensão
de se casar.
01) ...equeoutro | Sim andava napertençaõ de | cazarcomella hum AmaroDom
es
. | official decarapina ...
(Linhas AP -2060-2061)
02) . ...eLá estarodito capitã de|mato oquaL por estar para casar comaditta|Pugas edesComfiar deque
oditto negro|Levase outros Recados aella... (AP -Linhas 2956-2957)
03) ... e desComfiar odi|to capitaõ deMato que oditto escri|to hera aoutrofim porRezaõ
deestarpa|racasarcom aditta parda... (AP -Linhas 2997-2998)
04) ...por Rezaõ deSiumes que teve deSeuSe|nhor omandar Levarhu escritto ahuã|Marianna dePugas
molherparda com| que andava paraCasar... (AP -Linhas 3020-3022)
05) ... eachandose naCasa della omes|| Della [†.]mesmo tempo huLuis Pa|checo que anda para casar
comella... (AP -Linhas 3058-3060)
06) ... poresteseachar|emcasadella por serPublecoenotorio an|dar comellaamigado equerer comella||
Comellacasar oditocappitãdoMato... (Linhas 3292-2395)
07) ... queasestia emcasadeMarianna|dePuguasmulherparda moradora|noaRayaldepadre faria
oqualPu|blecamentedizerquepertendecomella|casar e foraeste oquederaasPancadas||... (AP -Linhas
3418-3420)
08) ...eesta|lheRespondera queestavadentro|nasuacasa enaõ viraCouza|alguma eque hemenos
verdade|dizerse queocappitaõ doMato asistia|emcasadellaReferida edamesma|sortedestar Justa
paracasarcom|elleporquem (tem)taltenção ... (AP -Linhas 3542-3545)
7. andavão(...) aRufados - VGrf:
Ø;VLx: andava (...) aRufado; ESin:
Ø; estavam
irritados.
01) ...com|aqual tambemtratava Tiago cabral|por cuja causa andavão como eufa-|digo como
aRufadoshumcomoou-|tro ... (AP -Linhas 1684-1685)
02) ...eque vio|elleTHestemunha quedepois deste|cazo andava odito AMaroDo| mingues aRufado
comode|funto pelloSobredito... (AP - Linhas 2112-2114)
8. andouBrigando - VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; esteve discutindo com alguém.
01) ...nodia ehoramensiona |dosnoautoqueandouBrigando|aMariannadePugas
comoseuami|gocapittaõdoMato... (AP -Linhas 3346-3348)
211
9.aRando fogo - VGrf:
erando fogo
;
oRando fogo; VLx: Ø; ESin
:
naopegandofogo;
enão dando fogo; [a arma que] não pegou fogo, não deu tiro.
01) ...ecomeFeito chegando | aositio chamadodolana | ahiemhumcapao atirara | humtiro odito
FranciscoPin|to aoqueixozo earandofogo | logopuxara dehuaFaca elhe | derasinco facadas (no)pes | coso
eode[†.]xara coaziMorto | (AP -Linhas 102-104);
02) ...echegandoaositio dola | ana emhumCapom mais | aBaixo odito delenquente | lheatirara humtiro
porde|tras delle earando fogo | e[corroído]irando para traz ... (AP -Linhas 178-179)
03) ... chegando aositio | chamadodolana termo de | estavilla mais aBaixo em | hum capam ahilheatirara |
o dito delenquente humtiro | pordetras eoRandoFogo |oescrava seforalogoaelle | comhuafaca ... (AP -
Linhas 198-200);
04) ... chegandoaositio dolana|mais aBaixo termodesta|Villa ahielheatirara hum|tiro pordetrasdelle e
aRa|ndofogo logoseforaaelle|queixozo comhuafacaelhe| (Linhas 218-220);
05) ...eRoubado aoqueixozo Manoel | Marques nositio cha[corroídos] || chamado dolanamais a | Baixo
emhumCapameque | lhetinha atirado humtiro | comhuao ClavinaequeaRa | ndofogo logoseforaaodito |
queixozo... (AP -Linhas 239-242);
06) ... chegandoaositio dola | ana quehedotermodesta | Villa mais aBaixo emhum | Ca[corrídos]m dera
odito delinque | [corroídos]t[corroído] humtiro pordetras | [corroídas] aodito quei[corroídos] ||
queixozoeerandofogo logoSe | foraaelle lhedera Sincofa | cadasnopescoso ... (AP -Linhas 323-327);
07)...chega | andoaositio chamadodo | lana maisaBaixo emhumca | pamlheatirara por detras |
dasSuascostashumtiro | equeaRandofogo oescravo | logosefora aelle elhedera |c[corroído]mhuafaca...
(AP -Linhas 381-383 );
08) ... echegando | aositio dolana mais aBa | aixo emhumcapamlheati |rarapellas suascostashum | tiro
equeaRandofogologo | Seforaaelle comhuafaca | (AP -Linhas 401-402);
09) ... echega | andoaositio dolana mais | aBaixo emhumcapam ahi | por detras dodito queixozo |
lhequezera darhumtiro ea | Rando fogo arma logose | Foraelle elhedera comhuã | facadeponta... (AP -
Linhas 503-506);
10) ... che | gandocomelle aositio cha | madodolana mais aBaixo | emhumcapam|odito Moso |
Fecandopordetraslhequizera | atirarhumtiro eRandofogo | aditaarma defogologosefora | aelleditoqueixozo
... (AP -Linhas 548-550);
11) ...chegando aosit[corroídos] |dondechamao olana Pouco | mais oumenos Restilhan |
docomhuapistolla aelledito | queixozo enaopegandofogo tirou | Dehuafaca ecomellalhedeu |
SincoFacadas ... (AP -Linhas 20-22);
12) ...Levava dinheiro | aleivozam
te
. o terminou matar eRoubar ecom efeito | chegando aoSitio
dondechamaõ o Lana pouco mais | oumenos restilhando com hua pistola ao sup
te
. enão dando | fogo
tirou dehua faca ... (AP -Linhas 56-58 )
10. auzen[†.]andoçe(...) fogetiva mente: VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; fugindo.
01) ... que hindoemcaminhoparaodescobrimento|dosertaõ auzen[†.]andoçe dondeasestia fogetiva
mente| oquerelado lhe tomara anegra... (CBG -Linhas 4506-4508)
212
11. Capadeamisade VGrf:
capade amizade
; VLx: Ø; ESin:
Ø; falsa amizade..
01) ...aSim porserdeomesedio| voluntario pois na Sua |Vontade aSimoemtendeo | ealeivozia
porhirdesosiada | de e comaCapadeamisade | ejuntamente defurto taõ | gravisimo... (AP -Linhas 27-29)
02) ... eporq este se fais m
to
. | aggravante aSim por Ser dehomecidio voluntário | pois na sua vontade
aSim oentendeo o Sup.
do
eoleivou | por ir deSocieda
e
. ecomcapade amizade ejuntam
te.
de | furto tao
gravissimo... (AP -Linhas 63-65)
12. dandolhe parte - VGrf/VLx:
Ø; ESin
:
Ø; fornecendo informação a alguém.
01) ...mandoueste a[corroído]lle testemu|nha acaza doquereladoTome diasdaselva alevarlhe|asobredita
negra ferida dandolhe parte doqueos ne|gros doquerelado lhe aviaõ feito... (CBG -Linhas 4290-4292)
13. dar (...) bofetadas – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; esbofetear .
01) ... eomotivoque teve parai[corroídas]|queodi to Perei ra mandaradar per|| Mandara dar perhu
negroSeu duas bo|fetadas em hu (Ermom) branco ... (AP -Linhas 3985-3987)
14. deitar atras deVGrf/Lx:
Ø; ESin
:
Correr (...) atras de; correr atrás de alguém.
01) ... Logo dahi apoucos passos vira elle|testemunha puxar pella espada|aodito Carvalho edeitar atras
dane|gra Maria gonçalves ... (AP -Linhas 2364-2366)
02) ...e logo no mesmo tempo [corroídas]|vio ellestestemunha vio meter maõ[corroídos]|| Maõ aespada
aelledito Manoel|Francisco, eCorrer atras dadita negra... (AP -Linhas 2297-2300)
03) ... esaltando elle testemunhapor huma ge|nella fora amais aSobredita negra correu hum|dossobreditos
negros atras danegra doquerelante.. (CBG -Linhas 4325-4327)
15. dei xate es tar – VGrf/Vlx:
Ø; ESin:
Ø; aguarda-te!(tipo de intimidação)
1) ...eoutrosim ouvioellates|munha di zernomes maocasi aõ emque|suSedera odelli toque oditocapitaõ|g ri
tavadi zendo obebado dei xate es tar|quehas de hir emsua corrente ealnon|desedodi to... (CBG -Linhas
4325-4327)
16. dera (...) estocadas - VGrf:
Ø; VLx: lhetinhadado asdi|tasestocadas; haviaõ
dadohuaestocada; dar adita estocada; dar lhe hua estocada (...) comhuaespada ESin:
dar comhua espada hua estocada; deu hua estocadacoma suaespada; darlhe comsua
espadahua estocada; comasua espada ao modo de faca elhederahua estocada; metera
hua estocada; ferira alguém com o uso de espada.
01) .... quesecomtaraõ dezde|ocorente mespellasnove|orasdaNoite Sederahuã|estocada nagarganta
eou|tramascostas aManoel|Rodriguesdacosta...( AP -Linhas 761-763)
213
02) ...vira|estarferido odito Manoel|Rodriguesdacosta comhuã|feridanasgoellas
eoutra|nascostasdesendoquemo|(era)equelhetinhadado asdi|tasestocadas odito delin|quente ...( AP -
Linhas 806-809)
03) ... edesera|paraodito queixozo dizen|dolhe Seerapedroluz[†...]e|logolhedera huaoestocada|nagraganta
eoutranas|costas ... (AP -Linhas 820-822)
04) ... quethomas|Barbosa oFesialdecara|pina deraduasestocadas|emManoelRodrigues| ... (AP -Linhas
830-832)
05) ... quethomas|Barboza oFesialdecarpi|enteiro deraduasesto|cadasemManoel Rodri|gues
nanoitedequesetra|ta ... (AP -Linhas 888-889)
06) ... quesabepor|serpublicoquethomasBarboza|oFesialdecarpinteiro mora|dorn ocaquende
deraduas|es[†.]ocadas em ManoelRo|drigues... (AP -Linhas 910-911)
07) ... quethemasBarbosa|oFesialdecarpinteiro mera|dornocaquende dera duas|estocadas
emManoelRo|drigues... (AP -Linhas 928-929)
08) ... quesabeporser|publicoqueThemasBarbosa|oFesialdecarpinteiro mora|adernocaquende
deraduas|estocadas emManoelRo|drigues...( AP -Linhas 938-939)
09) ... pelloouvir dizer agaspar|Martens quepResensiara|quethomasBarboza oFesial|decarpinteiro dera
duas|estocadas emManoelRo|drigues... (AP -Linhas 952-953)
10) ... quethomasBar|bozaoFesialdeCarpinteiro|moradornocaquende|deraduas
estocadasem|ManoelRodrigues ...( AP -Linhas 970-971)
11) ... publicoque thomas|Barbosa oFesialdeCarpinte|eiromoradornocaquende|deraduasestocadasem|
ManoelRodrigues... (AP -Linhas 980-982)
12) ... que|thomasBarbo[corroído]a oFesialde|carp[corroído]nteiro m[corroídos]adorn[corroído]||
nocaquende deraduas|estocadas emManoelRo|drigueshuaonagraganta|outra nascostas (AP -Linhas 989-
992)
13) ... publicoenotorio|quethemasBarbozaoFesial|decarpenteiro morador|nocaquende
deraduas|estocadasemManoelRo|drigues... (Linhas 1008-1009)
14) ... enotorio|quethomasBarboza oFesial|decarpinteiro deraduas|estocadas
emManoel|Rod[corroídos]gues ... (AP -Linhas 1016-1017)
15) ... quethe|masBarboza oFesialdecar |pinteiro moradornoca|quendedera
duasestoca|dasemManoelRodri|gues (AP -Linhas 1026-1027)
16) ... quethomas BarbozaoFe|sialdecarpinteiro morador|nocaquende deraduas|estocadas
emManoel|Rodrigues...( AP -Linhas 1044-1045)
17) ... que|ThomasBarboza oFesial|decarpinteiro deraduas|estocadas emManoel|Rodrigues ...( AP -
Linhas 1054-1055)
18) ... chegarathemasBarboza|ofesialdecarpinteiro elhe|diseraqueSeacazoerape|(droalvilho) elogolhedera
duas|estocadas hu[†..]nagraganta|eoutranascostas...( AP -Linhas 1064-1065)
19) ... disequesabe|porserpublico notorioque|themasBarboza oFesial|decarpinteiro deraduas|estocadas
emManoel|Rodrigues huanagraga|antaout[†.]a nascostas... (AP -Linhas 1081-1082)
20) ... digothomasBarboza|oFisialdeCarpenteiro mora|dornocaquende dera
em|Manoel
gonsalvesRdigo|emManoel Rodrigues duas|estocadas huanopescoso|eoutra nascostas ... (AP -Linhas
112-113)
214
21) ... que thomasBa|arbozaNunes oFesialdeca|arpenteiro moradornocaque|endederaem
ManoelRodri|guesduas estocadashuã no|pescoso outra nascostas... (AP -Linhas 1123-1125)
22) ...quethomasBarboza|oFesialdecarpinteiro dera|emManoelRodriguesdu|uasestocadas huanagra|ganta
eMais naodise ...( AP -Linhas 1134-1135)
23) ... ahichegara themasBarbeza|oFesialdecar pinteiro elhederaduasestocadas huã|nopescoso
eoutranasCostas|emais nãodise... (AP -Linhas 1150-1152)
24) ... disequesabe por serpu|blico quethemasBarbeza dera|nanoite dequeoartigo tra(ta)|digodequeadevasa
trata em|Manoelgonsalves digoMa|anoelRodriguesdacosta|huaestocada nagraganta|eoutra nas costas...
(AP -Linhas 1158-1161)
25) ... diseque SabepellovereFama|quethomas Barbosa docaquen|de dera emManoelRodriguis|duas
estocadas huãnagragan|ta eoutranascostas ... (AP -Linhas 1166-1168)
26) ... desequesabeporserpu| blicoquethemasBarbozaoFe|Sialdecarpinteiro merador|nocaquende
deraemManoel|Rodrigues nanoitedequetrata|oauto dadevasa duas estoca|dashuanopescoso
eoutra|nascostas... (AP -Linhas 1177-1179)
27) ... quethomasBar|bozaoFesialdeCarpenteiro|moradornocaquende dera|duasestocadas
emManoel|Rodrigues... (AP -Linhas 1188-1189)
28) ... no dia nove doCorrente mes| pellas Sinco horas datarde pouco mais|oumenos haviaõ
dadohuaestocada em|hua negra Crioula por nome Maria gon-|çalves... (AP -Linhas 2199-2201)
29) ... que nodia nove doCorrente| haviaõ dado hua estocada nadita negra| mandou vir asuapResença
oLesensiado|JosephCorreadeAndrade (AP -Linhas 2220-2222)
30) ... tinha comfeçado por|Suaboca o ter morto hua negra cri|oula por nome Maria Gonçalves
es|CravadeAntonio deLavedrene|comhua estocada quelhedera em|odia, que no autofaz mençaõ|| (AP -
Linhas 2324-2327)
31) ... epor naõ ver daSua |porta aparte paradonde tinha f[†.]|gido adita Maria gonçalves eoditoC(ar)|valho
hir atras della por ser Rua (diver|ca) naõ vio dar adita estocada nadi|ta negra porem ouvio geral mente|
dizer queodito Carvalho lhetinha da|do hua estocada pellaparte esquer|da donde no outrodia falecera...
(AP -Linhas 2345-2349)
32) ... eouvio Logo| dizer avarias pesoas queoditoSoL|dado derahua estocada nadita negra|daqual
falecera nodia Seguinte| (AP -Linhas 2366-2367)
33) ... Manoel FranciscodeCarva|lho morador aoRozario tivera huas Rezois com hua negra
doLesensiado|Antonio deLavedrene chamada Ma|ria Gonçalves das quais Resultou o dar|hua estocada
nadita negra... (AP -Linhas 2406-2408)
34) ... no diaemqueo auto faz menção|tivera oSoldado Dragaõ Mano|elFranciscodeCarvalho; huas
resois|comhua escravadoLesensiadoAn|tonio deLavedrene, chamada Maria Gonçalves das quais
Resultara|o dito SoLdado dar hua estocada|nadita negra, daqual falecera|... (AP -Linhas 2422-2425)
35) ... edascoais|Rezoins Resultou odar lhe hua estocada|nadita negra, edella falecera no dia|Seguinte...
(AP -Linhas 2465-2466)
36) ... Manoel FranciscodeCarva|lhoSoLdado Dragaõ dera hua estoca|da nodia emqueo auto trata
em|hua escravadoLesensiado ... (AP -Linhas 2673-2674)
37) ... eque|pellas ditas Resois tivera aoCasiaõ de|lhedar hua estocada doqual falece|rao...( AP -Linhas
2790-2791)
38) ... equepo[corroído]|esta odescompor forte mente depa|lavras emjuriozasas lhederahua estoca|da,
daqual falecera nodia Seguin|te... (AP -Linhas s 2816-2817)
215
39) ... doque Resultara dar lhehua|estocada deque falecera ... (AP -Linhas 2831-2833)
40) ... quederaduas estocadas|thomasBarboza oFesialde|carpinteiro
moradorno|caquendecomhuaoespada|huaonagragantaeoutra|nascostas...( AP -Linhas 850-852)
41) ... thomas|BarbozaoFesialdeCar|pinteiro moradornoca|quendedera duas esto|cadasaodito
ManoelRo|drigueshuaonagraganta|eoutranascostascomhuã|espada ... (AP -Linhas 861-862)
42) ... ahichegara|comhuaoespada thomasBar|boza oFesialdecarpinteiro|elhedera
duasestocadas|huaonagraganta eoutra|napadacostas... (AP -Linhas 873-874)
43) ... que oSoLdado Dra|gaõ Manoel Francisco deCarvalho|tivera huas Rezoins Rezoins comMa|ria
Gonçalves escrava de Antonio|deLavedrene, edas coais Rezultou o po|xar pellaSua espada, edar hua
es|tocada nanegra deque Setrata a|qual falecera... (AP -Linhas 2387-2390)
44) ... nodia em|que o autofas menção tivera huas|Rezoeis Manoel FranciscodeCarvalho|comhua escrava
deAntonio deL(a)|vedrene chamada Maria Gonça|| Gonçalves das coais Resultou dar lhe|hua estocada
nadita negra com|huaespada ... (AP -Linhas 2478-2482)
45) ...que elle tivera|huas Resoeis comhua escrava doLesensi|ado Antonio deLavedrene chamada|Maria
gonçalves nodia emque o au|to trata dasquais elle ditoCarvalho|atirara adita negra Maria comasua|espada
ao modo de faca elhederahua|estocada... (AP -Linhas 2534-2537)
46) ... Manoel Francisco deCarvalho Sol|dado Dragaõ tivera huas Resoeis no| dia emque o autofas
mençaõ [†...]|hua escravadeAntonio deLave|drene chamadaMaria Gonçalves|das quais Resultou dar lhe o
dito SoL|dado comhua espada hua estoca|da da qual falecera ...( AP -Linhas 2559-2561)
47) ... soLdadoDragão, que|[†..]te tivera huas Rezoeis comhuaescra||[†..]doLesenciado Antonio
deLavedrene| chamadaMaria gonçalves,
porem|que estaodesafiara com Resois e|palavras, das quais Resultou queodito|Carvalho lhe deu hua
estocadacoma|suaespada ... (AP -Linhas 2575-2578)
48) ... quenodia emqueo auto trata (ti)|vera este huas Rezoins comhuaes|crava deAntonio
deLavedrene|chamadaMaria gonçalves a qual|lhefalara mal eo descompusera|depalavras, dasquais
Resultouelle|ditoCarvalho puxar pellaSua |espada, edarlhehua estocada ...( AP -Linhas 2593-2596)
49) ... Ouvir dizer aManoelFrancis|[†.]o deCarvalhoSoldado Dragaõ que|este tivera huas Resoeis no dia
emque|o auto trata comhua escrava de|Antonio deLavedrene chamada|Mariagonçalves, das quais,
Rezois|Resultou odarlhe odito ManoelFran|ciscodeCarvalho comsua espadahua|estocada... (AP -
Linhas 2610-2613)
50) ... dasquais Resois [†]||Rezultou dar lhe odito Manoel Fran|[†...]codeCarvalho huaestocada
com|[†..]maespada
nadita negra ...( AP -Linhas 2637-2640)
51) ...pellas quais Rezois|(sesegera) elhedera comasua espada|hua estocada, porem que naõ emten|dia
aofendesse, aqual falecera ... (AP -Linhas 2657-2658)
52) ... dasquais elle lhe derahua|estocada comasuaespadadaqual|falecera no dia Seguinte ... (AP -
Linhas 2698-2699)
53) ... daqual Resultou odarlhe|hua estocada comasua espada equeno-|dia Seguinte, falesera adita negra
... (AP -Linhas 2715-2716)
54) ... dasquais Re|| Rezultou odar lhe comasuaespada|[†.]mhua digo asua espada huaes|[†...]ada daqual
falecera nodia Se|guinte ... (AP -Linhas 2732-2734)
55) ... eeste emfadado comadita ne|gra puxara pellasua espada, eeste emfadado comadita ne|gra puxara
pellasua espada, elhe|deracomella huaestocada, daqual|Viera afalecer daqual|Viera afalecer ... (AP -
Linhas 2758-2759)
216
56) ... poremque esta|omal tratara depalavras emjuriozas|por cujacausa, puxara pellasua espa|da elhe
deracomella huaestocada|dequefalecera nodiaSeguinte ...( AP -Linhas s 2773-2775)
57) ... elogo no mesmo tempo|Ouvio elletestemunhadizer avarias|pesoas que odito lhe metera hua
es|tocada nadita negra, daqual fa[†..]|cera|nodia Seguinte ...( AP -Linhas 2449-2450)
17. dera (...) asfacadas - VGrf:
lhedera muitas fachadas; VLx: tinhadado asfacadas;
dera huas pooucasdefacadas; darem Varias facadas; assobreditas facadas Sederaõ
ESin: Ø; ferira alguém com o uso de faca.
01) ...echegando | nositio chamadodolana ma|ais aBaixo emhumcapam | ahilhedera muitas fachadas |
oditoDelinquente aoqueixozo | equelhederasinco nopes | coso ... (AP -Linhas 151-153)
02) ... queelle | foramesmooque tinhadado | asfacadas emoqueixozo Mi | guelMarques (AP -Linhas 354-
355)
03) ... Seforaaelle comhuafaca |
Depontaelhederasincofa | cadasnopescosoeodeixara | porMorto ... (AP -Linhas 402-403)
04) ... ter | modestavilla mais aBaixo | emhumcapam dera huas po | oucasdefacadas nopescoso |
Doqueixozo queforaosinco | (AP -Linhas 421-422)
05) ... emhumcapamderaodito | Camaradadelinquente | emoqueixozo SencoFacadas |
nopescosoComhuaFaca de | pontaqueodeixara por | Morto ... (AP -Linhas 486-488)
06) ... Foraelle elhedera comhuã | facadeponta Sincofacadas | nopescoso eodeixara por | Morto... (AP -
Linhas 505-506)
07)... echegandoComelle aositio | chamadodolana mais aBa | aixoemhumcapam ahedera | oditoMoso
SincoFacadas | nopescosodo queixezo ... (AP-Linhas 524-525)
08) ... termodestavilla mais | aB[corroído]ixo emhumcapam De | eracomhuafacadadeponta | Sinco
[†....]dasnopescoso | doqueixozo odito delinque | ente... (AP -Linhas s 439-440)
09) ... logosefora | aelleditoqueixozo lhedera | Com ocoixe daClavina naca | besaeodeitara porterra |
edepois lhedera hu[corroído]sfacadas | nopescoso... (AP -Linhas 550-552)
10) ... echegando aosi | tio dolana mais aBaixo em | humcapam ahilhederaSin | cofacadas nopescoso...
(AP -Linhas 572-573)
11) ... oSeufateoechegan | doaositio chamadodolana | ahilhedera odito Mosocom | panheiro doqueixozo
huas | facadasnopescoso... (AP -Linhas 586-587)
12) ... lhemostrara aFaca eforaacha | daequehera amesmacom | quedera Sencofacadasno |
[corroídas]escosodoqueixozo... (AP -Linhas 626-627)
13) ... elletinha dadoasfacadas || noqueexoso nopescoso ...( AP -Linhas 675-676)
14) ... estechegando | aositio dolana ahilhe derasi | encoFacadas nopescosoque... (AP -Linha 692)
15) ... Indo aReconher os ditos ne|groshumdestes lhedera huã| facada dequemorrera... (AP -Linhas
1212-1213)
16)... dise que coando Sodeu oReferidocazo de darem|Varias facadas em anegra Antonia escrava
doquerelan|te... (CBG -Linhas 4287-4288)
217
17) ... naprezenca delle testemunhacomfecou |hum negro doquerelante pornomejose cobu|que oque
estava feito já naõ avia Remedio que| elle fora queellefora oquedera asfacadasnane| gra Antonia... (CBG
Linhas 4300-42302)
18) ... eouvio elle|testemunha dizer aalgumaspesoas que assobreditas facadas Sederaõ denoute... (CBG
Linhas 4306-4307)
19) ... esaltando elle testemunhapor huma ge|nella fora amais aSobredita negra correu hum|dossobreditos
negros atras danegra doquerelante elhe deu|duasfacadas outres asaver huma emhum onbro eou|tra
nobozio eaoutra naõesta serto adonde foi elle tes|temunha conheseu onegro quedeu asobreditas facadas|
ocoal sechama joze... (CBG Linhas 4325-4329)
20) ... nodia decLa|rado noauto daquerella deraõ emhuma negra|doquereLante Varias facadas eque
omal feitor|forahum ...( CBG Linhas 4342-4343)
18. dera (...) asferidas – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
fazerlhe as feridas; ferira alguém.
01) ... diseque oqueixozo estevera|curandoseemsuacasa|dasferidas edesia quelhos|dera odelinquente
Fran|ciscopinto... (AP -Linhas 174-176)
02) ...sahira pesoa que|emsuacasa estava edera duas feridaz|nacara dodito negro decouro ecarnecorta|da
eoutras nacabeça com bastantes porro-|tadas nascostas... (AP -Linhas 2876-2878)
03)... ouviradizer Publicamente quenodia|ehoramensionadonoauto derahu|cappitaõ domato cujones digo
cujono|meelleTestemunhajgnora dera|asferidaseporretadas emhunegro|... (AP -Linhas 3227-3229)
04) ... ouviradizer publ[†.]camentequenodia|ehorasmensionadosnoauto derahum|cappitã
deMatoasferidas eporretadasnelle|| Nelle emhuesCravodeManoelAntu|nesdefaria ...( AP -Linhas 3270-
3275)
05) ... emcasadella ditamullata Seachavahu|cappitãdoMattocujonomeelleTeste|munhajgnora eeste
deranoditone|groasferidas mensionadas ...( AP -Linhas 3256-3258)
06) ... que|nodiaehoras mensionadosnoauto dera|humcappitaõ doMato asferidas epanca|dasmensionadas
nelleemhumnegro|... (AP -Linhas 3329-3331)
07) ... que|nodiaehoras mensionadosnoauto dera|humcappitaõ doMato asferidas epanca|dasmensionadas
nelleemhumnegro|... (AP -Linhas 3329-3331)
08) ...disealletestemu|nhaforaoquedera aspancadaseferi|das mensionadasnoauto emhune|gro
deManoelAntunesdefaria|delle (asdar) aporta aditaPuguas com|aqual andaamansebado ... (AP -Linhas
3384-3386)
09) ... queasestia emcasadeMarianna|dePuguasmulherparda moradora|noaRayaldepadre faria
oqualPu|blecamentedizerquepertendecomella|casar e foraeste oquederaasPancadas|| Pan[†.]adaseferidas
mensionadas [†.]o.. (AP -Linhas 3418-3422)
10) ... nonoute ehoras declorodas|noouto dera Manoel Perei radesouza|no capitom Francis co correa aferi
da|quedeclara omes moauto ... (AP -Linhas 3635-3636)
11) ... dera Manoel|Perei radesouza comhu facamdepran|xanacaradocapi tam Francis co|correadasilva
dequeresultouoha|verlhe fei to asferidaquedeclarava|aoauto... (AP -Linhas 4088-4090)
12) ... deraManoel Perei ra|desouza com hum focam depran xa na|caradoCapitam Francis cocorreda|silva
deque rezultou ofazerlhe afe|rida declarada noauto... (AP -Linhas 4107-4109)
218
13) ... deraMa|noel Perei radesouza moradornomorro|doouroPodredes tavi lla comhu fa|camdepranxa
nacarado capitao Fra|ancis cocorreadasilva deque rezultou|fazerlheas feri das quedeclaraoauto... (AP -
Linhas 4164-4166)
14) ... dera Mano|elPerei radesouza comhu facamde|pranxa nacara docapitam Francisco co|rreadasilva
deque rezultou ofazerlhe| as feridas que declaraoauto... (AP -Linhas 4194-4196)
15) ... disequeSabia porlho|dizer omes moManoel Perei radesouza| q (d)avacomhu facam depranxa
nacara|docapitam Francis cocorreadaSilva|deque rezoltou fazerlhe as feri das|quedeclara o auto... (AP -
Linhas 4218-4220)
16) ... tampouco ovio | dizer que os negros doquerelado nomeados noautodaque | rella se achaçem no
comflito exceto o negro joze cobu | ocoal he Publico enotorio fora oquefizera asferidas | anegra
doquerelante... (CBG -Linhas 4369-4371)
19. dera (...) pancadas - VGrf: Ø; VLx:
havia dadohuas pancadas;
lhedarasditasPancadas; ditaspancadas quedeuocapittaõ ; ESin:Ø; espancara .
01) ... que ella|defuncta vinha dizer aseuSenhor|que, elle lhe havia dadohuas pancadas|nas
partesdoCaquende donde ambos|vinhaõ ... (AP -Linhas 2259-2261)
02) ... que|nodiaehoras mensionadosnoauto dera|humcappitaõ doMato asferidas epanca|dasmensionadas
nelleemhumnegro|... (AP -Linhas 3329-3331)
03) ... foraoque|dera asferidasepancadas emensiona|dasnelle emhuescravo ... (AP -Linhas 3341-3342)
04) ...disealletestemu|nhaforaoquedera aspancadaseferi|das mensionadasnoauto emhune|gro
deManoelAntunesdefaria|delle (asdar) aporta aditaPuguas com|aqual andaamansebado ... (AP -Linhas
3384-3386)
05) ... eperterdesComfi| anca queonegrolhetrariaalgumRecado|adoseusenhor
foraacausadelhedarasditas|Pancadas emaisnãdise ... (AP -Linhas 3389-3391)
06) ... ouviradizerpublicamentesederaõ|no dia ehorasmenseonadosnoau|to
humasPancadasemhunegro|equequelhosderafora hucappitaõ|domatocujonome... (AP -Linhas 3400-
3402)
07) ... queasestia emcasadeMarianna|dePuguasmulherparda moradora|noaRayaldepadre faria
oqualPu|blecamentedizerquepertendecomella|casar e foraeste oquederaasPancadas|| Pan[†.]adaseferidas
mensionadas [†.]o.. (AP -Linhas 3418-3422)
08) ... etambe|sediz queacauzaporlh dig queacausadas|ditaspancadas quedeuocapittaõ
doMato|foracomsiumes... (AP -Linhas 3424-3426)
09) ... nonoute edias decla rad(a) s no|auto dera Manoel Perei radeSou za|huapancada n[†.]cara docopi
tam Fran|cis co correadasilvaque para lhadar|mandara per hu Seues cravo aSuaca|zaabus cor ofacam
ealnomdise ... (AP -Linhas 3622-3624)
20. dera(...) com (+ instrumento) em - VGrf: Ø; VLx: tinha dado comhua faCa; dar
comhu pa
՜
o; dandolhe(...) comasmaõs; deradepran xacom hu facam; dera com hu
facam depranxa; dar comofacam dePon xa; dera (...) com hu facom de rasto; ESin:
dera (...) depranxa (essa forma está sendo entendida como sinônima de dar com a faca
219
ou com um facão, porque pranxa é a parte plana desses instrumentos com a qual se bate
em alguém); batera com o uso de algum instrumento : facão, faca, mão, pau.
01) ... que na noute ehoras declaradas no|auto dera Manoel Perei radeSouza| com hu facam dePranxa
emoca|pitamFrancis co correa daSilva|nacasadeque lhe fizeraaferida|... (AP -Linhas 2680-3682)
02) ... ouvira di|zer avarias pesoas que oditto capitão|de mato fora oqueferira oditto ne|gro elletinha dado
comhua faCa| como tambem ouvio elletestemunha... (AP -Linhas 2924-2925)
03) ... eso sim ouviodizer ava|rias pesoas que este mesmo hequetinha|dado no ditto negro comhua faca
eque|também lhevira dar comhu pa՜o epre|guntando elle testemunha aCauza|lhediseraõ... (AP -Linhas
2970-2972)
04) ... eoamarrara elhe|dera munta pancada porbastamte |espasso querendo lhe outrosim darcom| aditta
faca Senaõ fora elle testemu|nha... (AP -Linhas 2997-2998)
05) ... ealle tes|temunha lhehavia dedar comaditta|faca eque outro sim ouvio dizer... (AP -Linhas 3018-
3019)
06) ... Sahindo huhome queestavaden|tro dacasa dadita Pugas elhedera|nodito negro com hua faca ... (AP
-Linhas 3108-3109)
07) ... vio elle|testemunha emSanguemtado e|omesmo LuisdetaL ahindadandolhe|pella Rua adiante
comasmaõs eaL|naõdise... (AP -Linhas 3137-3139)
08)... echegandoodi tonegro lhoem|tregou oqual hera facamdearas|tar elhe dera nodi to correa com
elle|nacara deque lhefi zeraaferi da |quedeclara... (AP - Linhas 3655-3657)
09) ... ouvira|ella tes te munha dizer que Manoel|Perei radesouza deradepran xacom|hu facam nacara
docapitam Fran|cis co correadasilva[†..] ... (AP - Linhas 3694-3695)
10) ... quenanoute ehorasdeclaradas|noauto dera Manoel Perei rade|souza com hu facam
depranxana|cara docapitam Francis co correa|dasilva ... (AP - Linhas 3710-3711)
11) ... Sobia pe|lloouvir di zer publi ca menteque|nas oras declaradas noauto deraMa|noel Perei
radesouza com ofacamde|Pranxa nacara docapi taoFrancis|co... (AP - Linhas 3740-3742)
12) ... donde SuSedeu o dar Manoel Per ei ra|deSouza comofacam dePon xa naca|radocapitam Francis
co correadasil|va ... (AP - Linhas 3757-3758)
13) ... dera Manoel|Perei ra[corroídas]Souza
com hu facam en[corroída]|ocapi tam Francis co
correadasil[corroídas]|| daSilva quere zultaraofazer lhe|as feridas... (AP - Linhas 3793-3796)
14) ... que nanoute ehoras decla|radas noauto dera Manoel Perei|radesouza com hu facom de
rasto|nacaradocapitam Francisco ...( AP - Linhas 3808-3809)
15) ... quena nouteehoras declaradas|| declaradas noauto dera Manoel Pe|rei radeSouza comhu facamde
ras to|dePran xa nacara docapitaoFran|cis cocoreadasilva... (AP - Linhas 3834-3835)
16) ... queSa|bia pelloouvir di zerg eral men|te que nanouteehoras declarados|noauto dera Manoel Perei
rade|souza comhu facam deP ran xa na|caradocapi tan Francis correada|silva... (AP - Linhas 3848-3850)
17) ... queSa|bia pelloouvir di zerg eral men|te que nanouteehoras declarados|noauto dera Manoel Perei
rade|souza comhu facam deP ran xa na|caradocapi tan Francis correada|silva... (AP - Linhas 3848-3850)
220
18) ... achandose o capitamFrancis co|correadasilva io gando emcaza de|domingos hen ri ques
deraManoel P[corroída]|rei radesouza comhumfacam naca|radeP[corroídas] di to correa ... (AP - Linhas
3909-3910)
19) ... dise queelle|testemunha havia vi s to humdes tes|dias nacasadocapitam Francis co co|rreadasilva
cuio lhahavia dado|Manoel Perei radesouza com hum facam... (AP - Linhas 3925-3927)
20) ... quenodia ehoras declaradas noauto|o u vira elle testemunha dizer publi|camente Havia mda(d)o
nocapitam Fran|cis cocorrea daSilva com facom|nacaradenoute equequem lheha|via dado aquellaferida
foraMa|noel Perei radesouza...( AP - Linhas 3943-3945)
21)...Mano|el Perei radesouza mandara per hu|Pretoseu aSuacasaabus car hu fa|com e com efei
to[corroídas]lhe dera[corroída]nocapi tom Francis co correadasilva|| Francis co correadaSilva dep ran
xa|deque rezultou... (AP - Linhas 3966-3970)
22) ... desequeSabia|pello ouvir di zer publi ca menteque|nodia ehoras declarados noauto dera|Manoel
Perei ra deSouza comhu fa|com depranxa nacara docapi tonFran|cis co... (AP - Linhas 3985-3987)
23) .. disequesabia pello|ouvir di zer pub lli ca mente queno|dia ehoras quede clara oauto deraMa|noel
Perei radeSouza morador names|maparage comhu facom depran xa|nacara ... (AP - Linhas 4003-4004)
24) ... sabia pello ouvir di[corroídas] geral mente que|Manoel Perei radeSouza morador nomo|rro destavi
lla havia dado nocapitam|Francis cocorreadasilva comhu facon|depranxa nacara ... (AP - Linhas 4029-
4031)
25) ... queSabia pello| ouvir publi camente quenodia|ehoras declaradas noauto dera Mano|el Perei
radesouza morador nomorro|dest[corroído]vi lla com hum facomnaca|ra docapitam Francis
[corroídos]correadasil||... (AP - Linhas 4043-4045)
26) ... ouvir dizer publli ca mente|que nodia ehoras declaradas noauto|que Manoel Perei ra deSouza
dera|comhum facam nacara do capitam|Francis co correadaSilva ... (AP - Linhas 4061-4063)
27) ... devasamentedeSe que nodiaeho|ras declarados no auto dera Manoel|Perei radesouza comhu
facamdepran|xanacaradocapi tam Francis co|correadasilva ... (AP - Linhas 4088-4089)
28) ... diseque nas horas de|claradas noauto deraManoel Perei ra|desouza com hum focam depran xa
na|caradoCapitam Francis cocorreda|silva ... (AP - Linhas 4106-4108)
29) ... evira que Mano el Pe|rei rasouza mandar por hu seues|cravo [corroídos]abus car hu facam
[corroídas]|comefei to vindo dera come[corroídas]|| deracomelle depranxa nacara do ca|pitam Francis
co correadaSilva... (AP - Linhas 4134-4138)
30) ...
deraMa|noel Perei radesouza moradornomorro|doouroPodredes tavi lla comhu fa|camdepranxa
nacarado capitao... (AP - Linhas 4164-4165)
31)... queSabiapelloou|vir dizer geral mente quenanouteeho|rasquedeclara oauto dera Manoel Pe|rei ra
deSouzacomhu fa camde pranxa|nacaradocapitam Francis cocorreada... (AP - Linhas 4178-4179)
32)... queSabiapelloou|vir dizergeral menteque nanoutee|horas qudeclaraoauto dera Mano|elPerei
radesouza comhu facamde|pranxa nacara docapitam... (AP - Linhas 4194-4195)
33)... disequeSabia porlho|dizer omes moManoel Perei radesouza| q (d)avacomhu facam depranxa
nacara|docapitam... (AP - Linhas 4218-4219)
21. dera(...) em - VGrf:
Ø; VLx: dar no; deraõemhunegro; tinhadadoenhum negro;
haviaõdado no; deraõ nanegra; ESin:
da(r)porHumnegro; lhenaõdava; lhe naõ vio
221
dar; lhedera; lhehaverdado; lhas Viadar; lhetinhãdadono; lhedar; lheaviadado;
batera em alguém.
01) ... Só | ouvira dizer daquemsenaõLem | braque Antonio Gomes amo |
doditodefunto lhemanda(ra) | da(r)porHumnegro, equeeste | disseralhenaõdava, eodito || (AP - Linhas
1869-1870)
02) ... eCorrer atras dadita negra|porem como a Rua fazia Recanto lhe naõ|vio dar; só sim ouvira dizer
que adita|negra ... (AP - Linhas 2299-2300)
03) ... ouvio elle testemunha|dizer quefora omesmo quelhederaque|seusenhor tambemherabranco
eque|por ter hido aSeu mandado eodittoho-|mem lhehaverdado oditto SeuSenhor|oCastigaria eque asim
mais Sabe|pello ver que depois depassar oditto| negro passara tambem oditto home|queSediz lhedera
oquaLSegundo|aopareser delle testemunha sechama|Luis Pacheco ... (AP - Linhas 2944-2950)
04) ... [†.]mesmo tempo huLuis Pa|checo que anda para casar comella co-|mesara este adar no ditto negro
deSor|te que lhefes asferidas epizaduras| ... (AP - Linhas 3060-3061)
05) ...o qual|negroelletestemunha vio comasfe|ridas mensionadasnoauto porem|naõlhas Viadar mas ...
(AP - Linhas 3182-3183)
06) ... sequeixaraqueosho|mens dePadre faria nãqueriaõjurar averdade puis lhetinhãdadonoseu|negro
nodiaehoramensionadono|auto... (AP - Linhas 3203-3204)
07) ... queouvira dizeraal|gunsseusvenzenhospRincipalmentejoaõ| dasylva quederaõemhunegronodia|
ehorasmensionados noauto masque|lhenaõdisera quemforaoquelhedera|... (AP - Linhas 3216-3218)
08) ... emRezaõ quedizem|tiveraocappitaõdoMattoparalhedar|foraparadar humacartadodito An|tunes...
(AP - Linhas 3230-3232)
09) ... quelletinhaempRes|tado aditaMullataeque quelhedera|forahumcappi
deMattocujonome|ellatestemunhajgnora... (AP - Linhas 3290-3291)
10) ... nodia ehoramensiona|dosnoauto queandouBrigando|aMariannadePugas
comoseuami|gocapittaõdoMato equetinhadadoen|hum negro... (AP - Linhas 3346-3348)
11) ... antesdeentrar|paradentro dera oditocappitaõ no ne|gro elhefizeraasferidas
episaduras|mensionadas.. (AP - Linhas 3368-3369)
12) ... deva|sadevasa mente dise quesomen|tesabia pelloouvir di zer que haviaõ|dado nocapitam Francis
co correa|dasilva dequelhe rezul toufazer| as feridas declaradasnoauto... (AP - Linhas 3779-3781)
13) ... dise que nunca ouvio dizerque| oquerante mandase dar nanegra doque digo que| oquerelado
mandase dar nanegradoqueraLante|francisco ferreira dasunçaõ senaõ ao mesmo que | relante francisco
fereira nem tampouco ovio | dizer... (CBG - Linhas 4367-4369)
14) ... etambem ouvio dizer |aoCoxeiro doquerelante pornome Manoelgonsalves Gomes | que este tinha
ouvido dizer que coando deraõ nanegra do| quereLante ... (CBG - Linhas 4374-4375)
15) ... eaomesmo tempo comesou adezer aque|
relante que hera Luiz Pinheiro oquelheaviadado|
eelletestemuha naõvio asferidas ... (CBG - Linhas 4427-4428)
16) ... ouvio dezer aAntonio Migueis Pinheiro que odito| Luiz Pinheiro lheavia comfecado
foraoquederana|quereLante e mais naõdese... - (CBG -Linhas 4444-4446)
Foram excluídos dessa relação os fragmentos cujo complemento verbal pode ser
recuperado pelo contexto, são eles:
222
01) ... das quais, Rezois|Resultou odarlhe odito ManoelFran|ciscodeCarvalho comsua
espadahua|estocada porem que naõ emtendia
a|matasse eella falecera nodiaSeguin|te, porem queadita negra o tratara|mal depalavras por
cujacausa|lhedera, oqueSabe pelloOuvir dizer| (AP -Linhas 2612-2615)
02) ... sederãhumas|PancadasemhumNegro comhumafaca|queforahumcappitaõ doMatoquelhedera
cujo|nomeelleTestemunhajgnora... (AP -Linhas 3307-3308)
03) ... dera|humcappitaõ doMato asferidas epanca|dasmensionadas
nelleemhumnegro|deManoelAntunesdefariaporeste|vir acasadeMariannadePugas
mu|lherparda BuscarhumasCorrentes demã|dodoseusenhor poremella Testemunha|| Testemunha (não)dig
Testemunhalhenaõ|Viadarcomoditotem ... (AP -Linhas 3339-3334)
04) ... ouviradizerpublicamentesederaõ
|no dia ehorasmenseonadosnoau|to
humasPancadasemhunegro|equequelhosderafora hucappitaõ|domatocujonome... (AP -Linhas 3400-3402)
05) ...foraoque|dera asferidasepancadas
emensiona|dasnelle emhuescravo dosurdodo|Morroque dig
doMorrocujo nomenaõ|sabe eacausa
queocappitaõdoMato|tiveraparadarnoditonegronaõsabelle|testemunha ... (AP -Linhas 3341-3344)
06) ... nonoute edias decla rad(a) s no|auto dera
Manoel Perei radeSou za|huapancada n[†.]cara docopi
tam Fran|cis co correadasilvaque para lhadar|mandara per hu Seues cravo aSuaca|zaabus cor ofacam
ealnomdise ... (AP -Linhas 3622-3624)
07) ... nonoute ehoras declorodas|noouto dera Manoel Perei radesouza|no capitom Francis co correa aferi
da|quedeclara omes moauto [†......]doodi to|correaem caza de do mingos Henri ques|mos omoti voque
teveparalhadar|nomsabeelle testemunha ... (AP -Linhas 3635-3668)
08) ...donde SuSedeu o dar
Manoel Per ei ra|deSouza comofacam dePon xa naca|radocapitam Francis co
correadasil|va deque lhefi zera as feridas decla|radas noauto mas omotivo quete|ve para lhedaronom
Sabeelletes|temunha... (AP -Linhas 3757-3759)
22. dera (...) porretadas - VGrf: haviaõ dadohumporrotadas;VLx:
sederã
(...)porretadas; ESin:
Ø; batera com um porrete em alguém.
01) ... ouviradizer Publicamente quenodia|ehoramensionadonoauto derahu|cappitaõ domato cujones digo
cujono|meelleTestemunhajgnora dera|asferidaseporretadas emhunegro|... (AP -Linhas 3227-3229)
02) ... ouviradizer publ[†.]camentequenodia|ehorasmensionadosnoauto derahum|cappitã deMatoasferidas
eporretadasnelle|| Nelle emhuesCravodeManoelAntu|nesdefaria ...( AP -Linhas 3270-3275)
03) ... dise queou|viradizerPublicamente quenodiahoras|mensionadosnoauto sederã
asfaca|daseporretadas emhunegro... (AP -Linhas 3286-3288)
04) ... setinha |queixado osurdodoMorro quehaviaõ da|dohumporrotadas emhuseune|gro ... (AP -Linhas
3463-3464)
23. dera(...) Relhadas - VGrf: Ø; VLx: tinha dadohumas Relhadas
; ESin
:
Ø; batera
com o relho.
223
01)... equeSo Sim ou[corroídos]ra | d[corroídos] queodefuntoteve[corroídos][corroído]umas | Razoes
comhum (comesao), equelhe | derahumas Relhadas, deque lhepedi- | raodefuntoperdaõ ... (AP -Linhas
1771-1773)
02) ... Equeoutrossim omes | modefuntolhedisseraaelletes - | temunha que tinha dadohumas | Relhadas
emhum feitordePedro || (AP -Linhas 2022-2023)
24. descompusera de palavras - VGrf: descompozera de palavras emjuriosas; VLx:
odescompor forte mente depalavras emjuriozas; descompor forte mente depalavras;
ESin:
desafiara com
Resois epalavras;
descomposera
de palavras emjuriosas;
descompor forte mente depalavras; descomposera; tratara mal depalavras; palavras
emjuriosas comqueomal tratara; maltratara, ofendera alguém com duras palavras.
01) ...DeCarvalhosoLdadoDragão, que|[†..]te tivera huas Rezoeis comhuaescra||[†..]doLesenciado
Antonio deLavedrene| chamadaMaria gonçalves, porem|que estaodesafiara com Resois e|palavras, das
quais Resultou queodito|Carvalho lhe deu hua estocadacoma|suaespada ... (AP -Linhas 2575-2578)
02) ... quenodia emqueo auto trata (ti)|vera este huas Rezoins comhuaes|crava deAntonio
deLavedrene|chamadaMaria gonçalves a qual|lhefalara mal eo descompusera|depalavras, dasquais
Resultouelle|ditoCarvalho puxar pellaSua |espada, edarlhehua estocada ... (AP -Linhas 2593-2596)
03) ...quenodia emqueo auto trata (ti)|vera este huas Rezoins comhuaes|crava deAntonio
deLavedrene|chamadaMaria gonçalves a qual|lhefalara mal eo descompusera|depalavras, dasquais
Resultouelle|ditoCarvalho... (AP -Linhas 2594-2597)
04) ...a|matasse eella falecera nodiaSeguin|te, porem queadita negra o tratara|mal depalavras por
cujacausa|lhedera, oqueSabe pelloOuvir dizer|... (AP -Linhas 2613-2615)
05) ...que nodia emqueoauto trata|| Trata tivera huas Resois com hua es|crava doLesensiadoAntonio
de|Lavedrene chamada Maria gonça[†...]|porem que esta odescompozera de|palavras emjuriosas
chamandolhe ma|roto, efilhodaputa... (AP -Linhas 2653-2658)
06) ...tivera huas Resois comhua es|crava doLesensiadoAntonio de|Lavedrene chamada Maria
gonça[†...]|porem que esta odescompozera de|palavras emjuriosas chamandolhe ma|roto, efilhodaputa
... (AP -Linhas 2655-2657)
07) ... eesta|[†........] por palavras emjuriosas|| Emjuriosas comqueomal tratara|oqueSabe pello ouvir
dizer aodito|Carvalho (AP -Linhas 2717-2719)
08) ... poremque esta|omal tratara depalavras emjuriozas|por cujacausa, puxara pellasua espa|da elhe
deracomella huaestocada|dequefalecera nodiaSeguinte...( AP -Linhas 2773-2775)
09) ... tivera huas Rezois comhua escrava [corroídos]|Lesensiado AntoniodeLavedrene
[corroídos]|madaMariagonçalves, equepo[corroído]|esta odescompor forte mente depa|lavras
emjuriozasas lhederahua estoca|da... (AP -Linhas 2815-2818)
10)... equepo[corroído]|esta odescompor forte mente depa|lavras emjuriozasas lhederahua estoca|da,
daqual falecera nodia Seguin|te ... (AP -Linhas 2816-2817)
11) ...Padre Antonio daRocha capelaõ denossaSenhora daPiedade doquaL| ouvio elletestemunha
dizerqueo di|to capitaõ demato odescomposera|pellodito Padre (queacudir) ao|ditto negro (AP -Linhas
2993-2995)
25. deu Sepultura – VGrf/VLx:
Ø; ESin
:
Ø; sepultou, enterrou.
224
01) ... pRincipiando Logoaferida | abotarSangue, de Sortequeo | Lançara até aSepultura que |
Selhedeunafreguezia deSanto | Antonio docampo, emaes | naõdisse dodito auto ... (AP -Linhas 1779-
1801)
26. estaõ naocaziaõ dosoçego – VGrf/VLx:
Ø; ESin Ø; eram altas horas da noite.
01) ...ouvio elle|testemunha dizer aalgumaspesoas que assobreditas facadas Sederaõ denoute emcaza
dehuma molata aco|al naõ conhese eque comoditomal feitor hiaõ mais ne|digo mal feitor estaõ naocaziaõ
dosoçego mais negros mas| que não Savenemouvio deser dequem heraõ escravos|... (CBG -Linhas 4306-
4310)
27. estarpegado em – VGrf/VLx:
Ø; ESin: Ø; estar atracado com alguém.
01)...viraelle|Testemunhaestarpegado emhuNe|gro Antonio
naçaõAngollaEs||EsCravodeManoelAntunesdeFaria|aportadeMarianadePuguas morado|ranopadrefaria
humcappitãdoMato |porNomeLuisPacheco... (AP -Linhas 3177-3181)
28. fazer o exesso - VGrf:
Ø; VLx: exessoquefes; ESin
:Ø; cometer ou praticar algum
crime.
01) ...por serPublecoenotorio an|dar comellaamigado equerer comella|| Comellacasar
oditocappitãdoMato|epellamesmaRezaõ queacauza deste|foraoexessoquefesaoditonego foy por|estetrazer
humacartadoseusenhor|adita amullata... (AP -Linhas 3293-3298)
02) ... esobre es tedizer|alli tiveran huas pequenas rezoins|mas quenaõ era paraodi to Perei ra|fazer
oexecesosequesequefazia ealnamdi se... (AP -Linhas 4142-4144)
29. fazia Recanto – VGrf/VLx:
Ø; ESin: Ø; fazia curva.
01) ...vio ellestestemunha vio meter maõ[corroídos]|| Maõ aespada aelledito Manoel|Francisco, eCorrer
atras dadita negra |porem como a Rua fazia Recanto lhe naõ|vio dar; só sim ouvira dizer que
adita|negra... (AP -Linhas 2297-2301)
30. hindo (...) emcompanhia - VGrf: indo (...) emcompanhia; VLx:
hiaemsuacompanhia; foraemcompanhia; ESin:
endode Viagem decom panhia; indo
deviagem de compa[†..]ia ; hia de companhia; hindo de companhiaeCamarada;
hirdesosiadade; ir deSocieda
e
. endodecamarada; acompanhando alguém numa
viagem.
01) ... a Re | zamdasua queixa heraque | sendo emoscatrozediasdo | mesdeMarso destepResente| ano
endode Viagem para | acidade daBahia decom | panhia comhumfrancisco | Pinto... (AP -Linhas 15-16)
02) ... aSim porserdeomesedio| voluntario pois na Sua |Vontade aSimoemtendeo | ealeivozia
porhirdesosiada | de e comaCapadeamisade | ejuntamente defurto taõ | gravisimo (AP -Linhas 27-29)
225
03) ...Dis Miguel Marques de Macedo assistente nesta [corroído] | que sendo em os quatorze dias do mes
de m
co
prox[†...]|passado indo deviagem p
a
. aCid
e
. daBahia de compa[†..]ia | com hum Fran
co
. Pinto ...
(AP -Linhas 53-55)
04) ... eporq este se fais m
to
. | aggravante aSim por Ser dehomecidio voluntário | pois na sua vontade
aSim oentendeo o Sup.
do
eoleivou | por ir deSocieda
e
. ecomcapade amizade ejuntam
te.
de | furto tao
gravissimo... (AP -Linhas 63-65)
05) ... emodiaCatroze|domesdeMarso pRoximopa|Sado indo elledestavilla | emcompanhia
dellepara|aCidade daBahiaelhele|vavahumCavalloaluga|do ... (AP -Linhas 76-77)
06) ...edePoroura | dis queodito delinquente | lhedisera quehia de compa | nhia comoditoqueixozo | emais
naodeporoueseasin|oueucarllosDeAbreues (AP -Linhas 137-139)
07) ... equehiaemsuacom | panhiaelhetinha alugado | hum c[corroído]valloseuemquele|avavaoSeufato...
(AP -Linhas 246-247)
08) ... queelle | foramesmooque tinhadado | asfacadas emoqueixozo Mi | guelMarques emositio do | lana
mais aBaixo emhumca | paohindoelle emsuacompa | anhaparaacedadedaBa | hia... (AP -Linhas 354-356)
09) ... desequeelle | testemunha foraemcom | panhia deoutrossoldados | mais oprenderaodito delin |
quente... (AP -Linhas 622-623)
10) ... dadevasadoqueixozodiseque | elletestemunha foraemcom | panhia deoutrossoldadosma | ais... (AP
-Linhas 671-672)
11) ...nellaquesendo emodiaca | trozedomesdeMarsoprosi | mopasado hindodesta Villa | oqueixozo
MiguelMarques | paraaCidade daBahia de |companhiaeCamarada | comhum Francisco Pinto ... (AP -
Linhas 148-150)
12) ...elleouvira dizer aomesmoque | eixozo quandoVieraCurarse | dasferidas queendoelledeca |
maradacomhummoso paraaci | dadedaBahia ... (AP -Linhas 690-691)
31. impenhar (...) asbarbas - VGrf:
apemhara as barbas;VLx: Ø; Esin:
Ø; tomar as
barbas como garantia de pagamento.
01) ...Só Sim ouvir dizer aalgumaspes|soas, quetivera odito morto humas|R[corroído]zoes cujas
elletestemunha(pRe|Zuniara), dosque digo pRezuniara| comhumfeitor dePedro Enes chamado|[espaço]
decujasRazoes Re-|Zultara o impenhar lhe odito fe[corroído]tor|asbarbas, dizendoquelhohavia|depagar
... (AP -Linhas 1679-1683)
02) ...Só Sim sabiapeloouvir dizer|qu[corroído] odefuntotivera Humas Razoes|Com Humfeitor
dePedroEnes eque|este lheapemhara asbarbas|eque tambemsabepelomesma|Razaõ
quedocasodeAntonio|Gomes... (AP -Linhas 1711-1712)
32. metermaõaespada - VGrf/VLx:
Ø; ESin
:
puxar pella espada; poxar pellaSua
espada; puxar a espada.
01) ... e logo no mesmo tempo [corroídas]|vio ellestestemunha vio meter maõ[corroídos]|| Maõ aespada
aelledito Manoel|Francisco ... (AP -Linhas 2296-2299)
02) ... vio ellatestemunha, metermaõ|aespada, odito Manoel Francisco|deCarvalho, ehir Seguindo adita
[†..]|ria gonçalves... (AP -Linhas 2344-2345)
226
03) ... Logo dahi apoucos passos vira elle|testemunha puxar pella espada|aodito Carvalho edeitar atras
dane|gra Maria gonçalves ... (AP -Linhas 2364-2366)
04) ... que oSoLdado Dra|gaõ Manoel Francisco deCarvalho|tivera huas Rezoins Rezoins comMa|ria
Gonçalves escrava de Antonio|deLavedrene, edas coais Rezultou o po|xar pellaSua espada, edar hua
es|tocada nanegra deque Setrata a|qual falecera ... (AP -Linhas 2387-2390)
05) ... vira elletestemunha estandoasuapor|ta ter huasResoeis Manoel Francis|codeCarvalho,
comhuaescravade|Lecenciado Antonio deLavedrene| chamadaMaria gonçalves, dos|quais Resultou o
puxar pellaespa|da odito Carvalho, edeitar atras da|dita negra ... (AP -Linhas 2445-2448)
06) ... quenodia emqueo auto trata (ti)|vera este huas Rezoins comhuaes|crava deAntonio
deLavedrene|chamadaMaria gonçalves a qual|lhefalara mal eo descompusera|depalavras, dasquais
Resultouelle|ditoCarvalho puxar pellaSua |espada, edarlhehua estocada... (AP -Linhas 2593-2595)
07) ... eeste emfadado comadita ne|gra puxara pellasua espada, elhe|deracomella huaestocada,
daqual|Viera afalecer ... (AP -Linhas 2758-2759)
08) ... poremque esta|omal tratara depalavras emjuriozas|por cujacausa, puxara pellasua espa|da elhe
deracomella huaestocada|dequefalecera nodiaSeguinte... (AP -Linhas 2773-2775)
09) ... só Simoquelhedise foy queo|talcappitaõdoMato puxara por|huma Faca paraelleReferido... (AP -
Linhas 3488-3489)
33. não tinha barbas parapagar - VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; não tinha honra ou
barbas para pagar o que devia.
01) ...ea|cauza queouve paraodi to Perei rafa|zeraquelle malleficio naseradeque|achandose elle tes
temunhaiu gondode|Prasei rocomodi to correa com trao mes|moManoel Perei radSouza desera|es
tequeelle correa não tinha barbas|parapagar per ci oSeuprasei ro... (AP -Linhas 4139-4142)
34. niqueito no pecadodo Sexto - VGrf/VLx:
Ø; ESin
:
Ø; adúltero.
01) ... não Sabia quem [corroída] | feito [†.......] estemalleficio, | porSer omortobomsugeito, | mas queera
niqueito no pecadodo | Sexto... (AP -Linhas 1935-1936)
35. oque estava feito já naõ avia Remedio – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; fato consumado
para o qual não havia solução.
01)
...eCoanto quechegaramemtrou|(aõ) berguaroCazo prendendo eexzaminandoosdetos| negros elogo
naprezenca delle testemunhacomfecou |hum negro doquerelante pornomejose cobu| que
oque estava feito já naõ avia Remedio que| elle fora queellefora oquedera asfacadasnane| gra Antonia...
(CBG -Linhas 4299-42302)
36. Rebantava de paixaõ - VGrf:
aReb[
.]ntava oSeucorasam; VLx: Ø; ESin:
moreria
dePaixaõ; matava de repente e com rancor.
227
01) ...comfesara publica | mente quetinhafeito otal | delito equeoforaeFizeranositio | doLana eque
oatentara | odiabo equeoRebantava | DePaixaõ Seonaofizese ema | ais naodise daditadevasa ... (
AP -
Linhas 281-283)
02) ...quelhetinha dadoasfaca | daseRoubado aSimodinhe | eirocomooNegro eacanas | tra eoquenella
levava | equefora odiabo que(a) ate | entara equeseacaso naofize | seoReferido queaReb[.]ntava |
oSeucorasam emais naõ | disedodito autodedevasa... (AP -Linhas 297-300)
03) ...lheperguntara elletestemun | ha porqueRezaotinhafeito | talcrime Responderaque | oatentara odiabo
afazer | talabsurdo equeseonaoFize | era quemoreria dePaixaõ | ealnaodise daditadevasa |... (AP -Linhas
266-268)
37. Restilhando comhuapistolla – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
atirara(...) hum tiro; dera
(...) humtiro; atirando, dando um tiro com uma pistola.
01) ...ecomefeitochegando aosit[corroídos] |dondechamao olana Pouco | mais oumenos Restilhan |
docomhuapistolla aelledito | queixozo enaopegandofogo tirou | Dehuafaca ecomellalhedeu |
SincoFacadas todasnopes | coso... (AP -Linhas 20-21)
02) ...ecom efeito | chegando aoSitio dondechamaõ o Lana pouco mais | oumenos restilhando com hua
pistola ao sup
te
. enão dando | fogo tirou dehua faca ecom ellalhedeu Sinco fa[corroído]adas ... (AP -
Linhas 56-59)
03) ...ecomeFeito chegando | aositio chamadodolana | ahiemhumcapao atirara | humtiro odito
FranciscoPin|to aoqueixozo earandofogo (AP -Linhas 102-103)
04) ...odito delenquente | lheatirara humtiro porde|tras delle earandolhefogo ... (AP -Linhas 178-179)
05) ... chegando aositio | chamadodolana termo de | estavilla mais aBaixo em | hum capam ahilheatirara |
o dito delenquente humtiro | pordetras ... (AP -Linhas 198-199)
06) ... chegandoaositio dolana|mais aBaixo termodesta|Villa ahielheatirara hum|tiro pordetrasdelle e
aRa|ndofogo ...( AP -Linhas 218-220)
07) ... nositio cha[corroídos] || chamado dolanamais a | Baixo emhumCapameque | lhetinha atirado
humtiro | comhuao Clavina ...( AP -Linhas 239-242)
08) ...e come | feito chegandoaositio dola | ana quehedotermodesta | Villa mais aBaixo emhum |
Ca[corrídos]m dera odito delinque | [corroídos]t[corroído] humtiro pordetras | [corroídas] aodito
quei[corroídos] || (AP -Linhas 322-325)
09) ... equechega | andoaositio chamadodo | lana maisaBaixo emhumca | pamlheatirara por detras |
dasSuascostashumtiro | (AP -Linhas 381-382)
10) ... echegando | aositio dolana mais aBa | aixo emhumcapamlheati |rarapellas suascostashum | tiro...
(AP -Linhas 401-402)
11) ... Fecandopordetraslhequizera | atirarhumtiro eRandofogo | aditaarma defogologosefora |
aelleditoqueixozo lhedera | (AP -Linhas 549-550)
38. Sahira (...) aoCaminho - VGrf: Ø; VLx:
Sahio aoCaminho; ESin:
Ø; surgir ou
aparecer alguém.
228
01) ... hindoMagdalenaDuarte preta Curanaeforra doReyal|deSantaLuzia ondeheramoradora paraCasa
dehumConpadee|SeuchamadoManoelMoreira dos Reis quemoraforadoditto|aReyal lheSahira
oCreladoaoCaminho evioLeita mente|aprendeo ... (CBG -Linhas 4715-4717)
02) ... hindo Mag dalena|Duarte pretaforra deaRajal deSanta Luzia ondehe moradora|parCasa
dehumConpadre seuqueVive (no)doditto aRayal|chamadoManoelMoreira amatar humCapado
lheSahira|aoCaminho ocreladojosedossantos... (CBG -Linhas 4728-4731)
03) ... hendo MadalenaDuarte preta Curana paraCasa|dehumconpadeseuchamadoManoel Moreira
dosReis|quemoraforadoditto aRajaldeSantaLuzia onde|aditta MagdalenaDuarte
pretaforra hemoradora|lheSahio aoCaminho oCreladojosedossantos... (CBG -Linhas 4743-4746)
39. terez ehaveres VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; posses, propriedades.
01) ...emuytomenos conhess eoquerelado Joze|Bezerra edamesmasorte naõ sabeos terez|ehaveres
deCaetano FerreyraCoutto aquem|So conhess epello nome ... (CBG -Linhas 4930-4931)
40. tivera (...) humas resoeis - VGrf: tivera Humas Razoes; tinha tido humas rezoes
Limitadas; quetendohumas Razões; ter Razoes; tivera huas Rezoies, tivera huas
Rezoins; tivera huas Rezois; tivera huas resois; ter huasResoeis; tivera huas Resoins;
tivera huas Resois; tiverahuas rezoeis; VLx: teve umas Razoes; tinha tido humas
rezoes Limitadas; quetendohumas Razões; ter Razoes; ter Rezoins; tiveran huas
pequenas rezoins; ESin:
Ø; ter uma discussão, atrito ou conflito com alguém.
01) ...Só Sim ouvir dizer aalgumaspes|soas, quetivera odito morto humas|R[corroído]zoes cujas
elletestemunha(pRe|Zuniara), dosque digo pRezuniara| comhumfeitor dePedro Enes... (AP -Linhas 1679-
1681)
02) ...Só Sim sabiapeloouvir dizer|qu[corroído] odefuntotivera Humas Razoes|Com Humfeitor
dePedroEnes... (AP -Linhas 1711-1712)
03) ...equeSo Sim ou[corroídos]ra | d[corroídos] queodefuntoteve[corroídos][corroído]umas | Razoes
comhum (comesao)... (AP -Linhas 1771-1772)
04) ... | que o[corroído]vira dizer tinha tido o(morto) | humas rezoes Limitadas comodito | feitor,
emaes naõdisse ... (AP -Linhas 1911-1912)
05) ...queoutro Sim ouvira dizer aJacin-|tomoreira quetendohumas | Razões comodito Antonio |
Gomes... (AP -Linhas 1938 -1940)
06) ... disse | nada comquanto aoReferimento | disse que sem embargodeter Razoes | ComAntonio
deMello elletes - | temunha ... (AP -Linhas 1965-1966)
07) ... vio ellatestemunha ter adita defuncta|Maria Gonçalves escrava deAntonio|deLavedrene ter Rezoins
com Manoel|FranciscoCarvalho ... (AP -Linhas 2339-2341)
08) ... disse queSabe pe|llo ver quenodia deque o autotra|ta tivera huas Rezoies, Manoel
Fran|ciscodeCarvalhoSoLdado Dragão|com Maria Gonçalves... (AP -Linhas s 2361-2363)
09) ... queSabe pello ouvir dizer a|varias pessoas que oSoLdado Dra|gaõ Manoel Francisco
deCarvalho|tivera huas Rezoins Rezoins comMa|ria Gonçalves ... (AP -Linhas 2387-2388)
229
10) ... Manoel FranciscodeCarva|lho morador aoRozario tivera huas Rezois com hua negra
doLesensiado|Antonio deLavedrene chamada Ma|ria Gonçalves das quais Resultou o dar|hua estocada
nadita negra... (AP -Linhas 2406-2408)
11) ... no diaemqueo auto faz menção|tivera oSoldado Dragaõ Mano|elFranciscodeCarvalho; huas
resois|comhua escravadoLesensiadoAn|tonio deLavedrene, chamada Maria Gonçalves ... (AP -Linhas
2422-2425)
12) ... vira elletestemunha estandoasuapor|ta ter huasResoeis Manoel Francis|codeCarvalho,
comhuaescravade|Lecenciado Antonio deLavedrene| chamadaMaria gonçalves, dos|quais Resultou o
puxar pellaespa|da odito Carvalho, edeitar atras da|dita negra... (AP -Linhas 2445-2448)
13) ... Sabe, pello Ou|vir dizer aManoel FranciscodeCarva|lho SoLdado Dragaõ que este tivera|huas
Rezoins comhua escrava, doLesen|(sia)do Antonio deLavedrene ... (AP -Linhas 2462-2463)
14) ... Sabe pelloouvir| dizer, eser publico, que nodia em|que o autofas menção tivera huas|Rezoeis
Manoel FranciscodeCarvalho|comhua escrava deAntonio deL(a)|vedrene ... (AP -Linhas 2478-2479)
15) ... no dia|dequeo auto fas mençaõ Manoel-|FranciscodeCarvalhoSoLdadoDra|gão tiverahuas Resoeis
comhuaescra|vadoLesenciado Antonio deLavadre|ne ... (AP -Linhas 2502-2504)
16) ... tiverahuas Resoeis comhuaescra|vadoLesenciado Antonio deLavadre|ne chamada Maria gonçalves
das|quais Resoeis Rezultou odito Carvalho|darlhe com asua espada, aomodo|defacada hua estocada... (AP
-Linhas 2503-2506)
17) ... nodia emque o au|tofas mençaõ tivera Manoel Fran|ciscodeCarvalho SoLdado Dragaõ huas|
Resoins comhua escrava doLesenciado|Antonio deLevedrene chamada Ma|ria gonçalves... (AP -Linhas s
2517-2519)
18) ... tivera Manoel Fran|ciscodeCarvalho SoLdado Draghuas| Resoins comhua escrava
doLesenciado|Antonio deLevedrene chamada Ma|ria gonçalves das quais Resultoudar lhe|odito carvalho
hua estocada com asua|espada nadita negra... (AP -Linhas 2518-2520)
19) ... Sabe pello ou|vir dizer aManoel Francisco deCar-|valho SoLdado Dragaõ, que elle tivera|huas
Resoeis comhua escrava doLesensi|ado Antonio deLavedrene chamada|Maria gonçalves... (AP -Linhas
2534-2535)
20) ... Manoel Francisco deCarvalho Sol|dado Dragaõ tivera huas Resoeis no| dia emque o autofas
mençaõ [†...]|hua escravadeAntonio deLave|drene ...( AP -Linhas 2559-2560)
21) ... que Sabe pelloOuvi[r]|dizer aManoel ranciscodeCarva[corroídos]||DeCarvalhosoLdadoDragão,
que|[†..]te tivera huas Rezoeis comhuaescra||[†..]doLesenciado Antonio deLavedrene| (AP -Linhas 2573-
2576)
22) ... DeCarvalhosoLdadoDragão, que|[†..]te tivera huas Rezoeis comhuaescra||[†..]doLesenciado
Antonio deLavedrene| chamadaMaria gonçalves...( AP -Linhas 2575-2576)
23) ... quenodia emqueo auto trata (ti)|vera este huas Rezoins comhuaes|crava deAntonio deLavedrene
...( AP -Linhas 2593-2595)
24) ... que|este tivera huas Resoeis no dia emque|o auto trata comhua escrava de|Antonio deLavedrene
chamada|Mariagonçalves, das quais, Rezois|Resultou odarlhe odito ManoelFran|ciscodeCarvalho comsua
espadahua|estocada ... (AP -Linhas 2610-2613)
25) ... nodia em|que o auto fas mençaõ tivera Mano|elFranciscodeCarvalho SoLdado Dra|gaõ huas
Resois comhuaescravade|AntoniodeLavedrene ... (AP -Linhas 2635-2637)
26) ...Ouvir dizer, a|[†.]anoel FranciscodeCarvalho SoLdado|Dragão, que nodia emqueoauto trata|| Trata
tivera huas Resois comhua es|crava doLesensiadoAntonio de|Lavedrene ... (AP -Linhas 2652-2655)
230
27) ... Manoel FranciscodeCarva|lhosoLdado Dragaõ, emodia deque|o autofaz mençaõ, tivera huas
Rezois|comhua escravadoLesensiadoAnto|nio deLavedrene ... (AP -Linhas 2696-2698)
28) ... Sabe pelloOuvir|dizer aManoel Francisco deCarva|lhoSoldado Dragaõ, que este tivera|huas
Resoies nodia emque o auto trata|comhua escrava doLesensiado Anto|nio ... (AP -Linhas 2713-2714)
29) ... Manoel Francisco|deCarvalho SoLdado Dragaõ tive|rahuas Rezois comhua escrava ... (AP -Linhas
2730-2731)
30) ... SoLdado Dragaõ que este nodia em|que oauto trata tiverahuas Rezoeis com|huaescrava
doLesensiado Antonio ... (AP -Linhas 2756-2757)
31) ... que emodia que no auto trata|tivera Manoel FranciscodeCarvalho|huas Rezois comhua
escravadoLesen|ciadoAntonio ...( AP -Linhas 2771-2772)
32) ... hum Soldado de Dra|gaõ tivera huas Resois com hua escra|vadoLesensiado AntonioLavadre|ne...(
AP -Linhas 2788-2789)
33) ... Soldado Draga[corroído]|tivera huas Rezois comhua escrava [corroídos]|Lesensiado
AntoniodeLavedrene.. (AP -Linhas 2814-2815)
34) ... Francisco deCarvalho SoLdado [†..]agaõ, tivera huas Resois comhua|[†..]crava
dolesensiadoAntonio de|[La]vedren[†.]... (AP -Linhas 2831-2833)
35)... dese|quesabiapor lhodizerem varias pe|soas que Manoel Perei ra deSou|za tiverahuas rezoeis com
ocapitaõ| Francis cocorrea... (AP -Linhas 3863-3864)
36) ... esobre es tedizer|alli tiveran huas pequenas rezoins|... (AP -Linhas 4142-4143)
41. tratava deshonestamente Com – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; tinha relacionamento
imoral com alguém.
01) ...eque tambem ouvira|dizer avarias pessoas queodefunto|tratava deshonestamente
Com|Humamullata dePedroEnes com|aqual tambemtratava Tiago cabral... (AP -Linhas 1683-1685).
42. virou atras (della) – VGrf/VLx:
Ø; ESin:
Ø; foi atrás de alguém.
01) ...que ella|defuncta vinha dizer aseuSenhor|que, elle lhe havia dadohuas pancadas|nas
partesdoCaquende donde ambos|vinhaõ, enomesmo tempo Sevirou| odito SoLdado atras della, eella
fogin|do lhe meteu aespada... (AP -Linhas 2260-2263).
A partir dos significados que construímos, apresentaremos a primeira separação das
estruturas lexicais em dois grupos: combinações restritas e combinações livres, sem, no
entanto, fazer as devidas considerações. Isso somente será feito quando todos os textos
coevos ou não-coevos e lexicográficos forem consultados, uma vez que tal distinção
pode sofrer algum tipo de alteração, à medida que tais textos sejam consultados. Mais
adiante, quando já tivermos as combinações devidamente categorizadas, e descartadas
as livres, procederemos a uma análise morfossintática e/ou semântica das restritas,
procurando explicar por que se dividem em frasemas, semifrasemas e quase-frasemas.
231
Assim, tomando por base a definição de cada tipo de combinação (combinação lexical
livre : sintagma composto por dois ou mais lexemas A e B "cujo significado é a soma
regular _ ou a união lingüística_ dos significados dos lexemas constituintes 'A +
B' "; Combinação lexical restrita : sintagma composto por dois ou mais lexemas A e B,
cujo significado possui algum tipo de restrição.), nessa primeira categorização,
teremos: uma única combinação cujo significado é igual à soma regular dos
significados dos constituintes - andar as pedradas. (andar = caminhar; às pedradas =
arremessando pedras) - . Nas demais combinações sempre há algum tipo de restrição,
para a qual, conforme anunciado, não serão feitos comentários por agora, apenas mais
adiante.
Combinação lexical livre:
1. andar as pedradas: andar, caminhar arremessando pedras em alguém.
Combinações lexicais restritas:
1. amarrou coa dor dooso - atou com muita
força e de forma violenta, causando dor
profunda.
2. andaõ pagados -
estavam pagos há algum
tempo.
3. andar (...) amigado - viver ou estar
amancebado.
4. andava de Ryxa - estava em disputa, em
briga.
5. andava paraCasar - estava com a pretensão
de se casar.
6. andavão (...) aRufados - estavam
irritados.
7. andouBrigando - esteve discutindo com
alguém.
8. aRando fogo - [a arma que] não pegou fogo,
não deu tiro.
9. auzen[†.]andoçe (...) fogetiva mente:
fugindo.
10. Capadeamisade falsa amizade.
11. dandolhe parte - fornecendo informação a
alguém.
12. dar (...) bofetadas - esbofetear .
13. deitar atras de - correr atrás de alguém.
14. deixate es tar – aguarda-te !(tipo de
intimidação).
15. dera (...) estocadas - ferira alguém com o
uso de espada.
16. dera (...) asfacadas - ferira alguém com o
uso de faca.
17. dera (...) asferidas - ferira alguém.
18. dera (...) pancadas - espancar .
19. dera com (+ instrumento) em- batera com
o uso de algum instrumento : facão, faca, mão
ou pau.
20. dera (...) em - batera em alguém.
21. dera (...) porretadas - batera com um
porrete em alguém.
22. dera (...) Relhadas - batera com o relho.
23. descompusera de palavras - maltratara,
ofendera alguém com duras palavras.
232
24. deu Sepultura - sepultou; enterrou.
25. estaõ naocaziaõ dosoçego – eram altas
horas da noite.
26. estarpegado em - estar atracado com
alguém.
27. fazer o exesso - cometer ou praticar algum
crime.
28. fazia Recanto - fazia curva.
29. hindo (...) emcompanhia - acompanhar
alguém numa viagem.
30. impenhar (...) asbarbas - tomar as barbas
como garantia de pagamento.
31. metermaõaespada - puxar a espada.
32. não tinha barbas parapagar - o tinha
honra ou barbas para pagar o que devia.
33. niqueito no pecadodo Sexto - adúltero.
34. oque estava feito já naõ avia Remedio –
fato consumado para o qual não havia solução.
35. Rebantava de paixaõ - matava de repente e
com rancor.
36. Restilhando comhuapistolla - atirando,
dando um tiro com uma pistola.
37. Sahira(...) aoCaminho - surgira ou
aparecera alguém.
38. terez ehaveres - posses, propriedades.
39. tivera (...) humas resoeis - tivera uma
discussão, atrito ou conflito com alguém.
40. tratava deshonestamente Com - tinha
relacionamento imoral com alguém.
41. virou atras (de) -
foi atrás de alguém.
Conforme se vê, a maioria das combinações foi, nessa primeira distinção, classificada
como restrita; mas vejamos se essa classificação se manterá depois da consulta aos
bancos de textos e às obras lexicográficas.
5.3.1.1.2 A consulta a bancos de textos
O primeiro conjunto de textos faz parte do Projeto para uma História do Português
Brasileiro – equipe do Rio de Janeiro (PHPB-Rio), disponível no site :
http://www.letras.ufrj.br/phpb-rj/
. O corpus diacrônico desse banco é composto por
transcrições fidedignas de impressos do século XIX e edições diplomático-
interpretativas de manuscritos dos séculos XVIII e XIX. Para os objetivos desta
pesquisa, apenas faremos uma consulta aos textos do século XVIII, num total de 74, que
estão distribuídos nos seguintes gêneros textuais:
i) Tipo: COAP - cartas oficiais da administração pública – total de textos: 09
São documentos datados de 1736, 1768, 1769, 1773, 1774, 1791 e 1796, cujos
autores/escreventes são brasileiros ou portugueses, escritos em São Paulo,
Araçariguama, Bahia, Mogimirim, Sítio São J. Atibaia, Rio de Janeiro e em
MBOY* (Brasil).
ii) Tipo: CC- cartas de comércio – total de textos : 18
233
São documentos datados de 1793, 1794 e 1798, cujos autores/escreventes são
brasileiros ou portugueses, escritos em Maranhão, Bahia, Pará, Pernambuco e Rio de
Janeiro. Também fazem parte desse grupo as Cartas comuns, num total de 03 textos,
datadas de 1782, 1794 e 1978, escritos em Paraíba do Norte, Curitiba e Paraíba, a
nacionalidade do autor/escrevente não é mencionada.
iii) Tipo: DO -documentos oficiais - total de textos : 14
São documentos datados de 1768, 1773, 1774, 1776, 1784, 1789, 1791 e 1796, todos
foram escritos no Rio de Janeiro e a nacionalidade do autor/escrevente não é
mencionada.
iv) Tipo: DP-CP - documentos particulares – cartas pessoais - total de textos: 19
São documentos datados de 1720, 1768, 1770, 1772, 1773, 1774, 1776, 1797 e 1790,
alguns autores/escreventes são de origem portuguesa, mas outros não foram
mencionados; escritos em Porto Alegre, Acaraí, Rio de Janeiro, Bahia.
v) Tipo: PPP - Peças populares portuguesas
65
- total de textos : 14
As peças são as seguintes :
Novo entremez intitulado A escola de amor, 1783;
As filhozes do entrudo feitas em caza de Pantufo Rombo Sapateiro, e sua mulher, 1785;
Os fulares da Paschoa, 1785;
Novo entremez intitulado As loucuras da velhice, 1786;
Dezengano dos rapazes, ou successos da serração da velha, 1786;
Novo entremez intitulado O estudante Bazofio, e desgraçado, 1787;
Pequena peça intitulada A casa desordenada, ou O Barbeiro de Bandurra , 1788;
Novo entremez intitulado O casamento sem esperanças, de dous velhos, 1788;
Novo entremez intitulado Dezenganos para os homens, não se fiarem em mulheres,
1788;
Novo, e divertido entremez intitulado A grande desordem de huma velha com um
peralta, 1790;
Entremez intitulado As industrias de Galopim, ou o magico fingido, 1790;
65
Disponível em < http://www.letras.ufrj/laborhistorico/ >, acessado em: 05/07/08.
234
Novo e gracciozo entremez intitulado Novas industrias de amor proveitozas aos
amantes, 1793;
Pequena pessa intitulada A casa de Pasto, 1794;
Novo entremez intitulado A dama prezumida por querer sempre andar á moda, 1794.
O outro banco de dados acessado foi o do PROHPOR-UFBA (Programa para a História
da Língua Portuguesa da Universidade Federal da Bahia) que é composto por
documentos oficiais, que fazem parte do projeto PHPPB (História do Português da
Paraíba). Eles totalizam 42 documentos, datados de 1774 a 1780, escritos em Recife, a
maioria deles, em Olinda e na Paraíba. São requerimentos, cartas, listas, pareceres,
certificados de patente, relações de presos, atas de reunião, notificações, atestados,
mensagens do Príncipe Regente, listas de escravos libertados, Fundo de Emancipação
de vários municípios.
Finalmente, o outro conjunto de textos faz parte do Corpus Lexicográfico do
Português, projeto de investigação de textos antigos, em especial textos dicionarísticos,
sediado na Universidade de Aveiro, Portugal, e disponibilizado através do endereço
http://clp.dlc.ua.pt/Corpus.aspx. Do conjunto de textos lexicográficos acessaremos as
obras de :
i) PEREIRA Bento; GERMANO, M. de S. Prosodia in vocabularium bilingue,
Latinum, et Lusitanum digesta... / Auctore Doctore P. Benedicto Pereyra... Septima
editio auctior, et locupletior ab Academia Eborensi, Eborae: ex Typographia
Academiae, 1697.
ii) PEREIRA, Bento. Thesouro da lingua portugueza. Eborae, ex Typographia
Academiae, 1697;
Como as demais obras são em língua latina e, diferentemente da Prosodia, não é uma
edição bilíngüe, não as consultaremos. Já os textos denominados paralexicográficos
serão todos acessados nesta pesquisa, são eles :
i) ROBOREDO, Amaro. Porta de linguas ou modo muito accomodado para as
entender publicado primeiro com a tradução Espanhola. Agora acrescentada a
235
Portuguesa com numeros interliniaes, pelos quaes possa entender sem mestre estas
linguas o que as não sabe [...]. Lisboa: Pedro Crasbeeck, 1623.
ii) DELICADO, António. Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs / pello
lecenciado Antonio Delicado, Prior da Parrochial Igreja de Nossa Senhora da
charidade, termo da cidade de Euora. Lisboa: officina de Domingos Lopes Rosa, 1651.
iii) PEREIRA, Bento. Florilegio dos modos de fallar, e adagios da lingoa portuguesa:
dividido em duas partes, em a primeira das quaes se poem pella ordem do Alphabeto as
Frases Portuguesas, a que correspondem as mais puras, & elegantes Latinas: na
segunda se poem os principaes adagios Portugueses, com seu Latim proverbial
correspondente. Pera se ajuntar a Prosodia, & Thesouro Portugues, como appendiz, ou
complemento. Lisboa: Paulo Craesbeeck, & à sua custa, 1655 (a licença da Ordem é de
1653). (Publicado juntamente com a Prosodia e o Thesouro, a partir de 1661.)
iv) ROLLAND, Francisco. Adagios, proverbios, rifãos e anexins da lingua portugueza
tirados dos melhores authores nacionaes, e recopilados por ordem alfabetica / por F.
R. I. L. E. L. Lisboa: Typ. Rollandiana, 1780.
Para a consultar os bancos de dados, será utilizada a ferramenta de busca LOCALIZAR
do programa WORD; para tanto não faremos uma combinação de todos os itens da
estrutura, apenas mandaremos buscar ou localizar um dos constituintes; a preferência
será dada a substantivos ou a adjetivos. Caso a combinação seja constituída apenas por
verbos, a forma infinitiva será a preferida; mas as formas flexionadas do verbo principal
da combinação também serão utilizadas; além disso, também indicaremos a raiz do
verbo para aumentar as chances de localização. Já para a consulta ao banco das obras
paralexicográficas será utilizada a própria ferramenta de busca que é disponibilizada
pelo site, e por meio dela é possível fazer a busca por uma palavra, uma combinação de
palavras ou por uma seqüência de palavras.
A seguir apresentaremos as combinações lexicais sob análise, que foram encontradas
nos corpora, com os significados que lhes atribuímos nesta tese, seguidas dos
fragmentos textuais extraídos dos bancos de dados. Abaixo de cada fragmento
verificaremos se o sentido que construímos nesta tese pode ser atribuído às
236
combinações localizadas nos excertos das obras consultadas, e se a categorização feita
na seção anterior deve ser levada adiante.
Antes de procedermos à análise, gostaríamos de esclarecer que, no corpus pertencente
ao PROHPOR-UFBA, não foram localizadas quaisquer combinações lexicais que nos
servem de análise nesta pesquisa. Em relação aos outros bancos de textos, aqueles
pertencentes ao PHPB- Rio, principalmente as peças populares portuguesas, e os textos
paralexicográficos, pertencentes aos Corpus Lexicográfico de Português da
Universidade de Aveiro, principalmente as obras de Bento Pereira de 1697, Francisco
Rolland, 1780 e de António Delicado, de 1651, foram os que mais forneceram dados.
1. dandolhe parte - fornecendo informação a alguém.
01) ....Dou parte aVossa Excelência que tendo eu anotícia que osoldado Jozê Gonçalvez [M]a[l]io
andava agora deprezente mal emcaminhado ...
COAP; 1769; (PHPB-Rio).
02) ... veremos oque devemos fazer pois todo omeu dezejo he fazer= lhe avontade vossa merce dara
parte daminha hida aoSenhor Alexandre Joze Gareiro meu Bom amigo ...
CC; 1798; (PHPB-Rio).
03) ...por ter chegado antecedentemente a Charrua como já dei parte aV ossa Ex celência q ue
trouçe cartas daSecretaria de Est ado...
DO; 1773; (PHPB-Rio).
04) Communico, as, avi, atum. Fazer commum, communicar, dar partes.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Em todos os fragmentos o sentido que construímos recebe acolhida. Nos três primeiros
excertos, percebemos a clara intenção de que alguém foi ou será informado de algum
assunto; o último excerto, como se apresenta no formato de um dicionário, deixa
explícita a definição. Essa análise reforça a categorização dessa combinação, feita
anteriormente, como CLR, já que, ao que tudo indica, houve esvaziamento semântico de
um dos constituintes. Mais a frente voltaremos a essa questão.
2. dar (...) bofetadas - esbofetear .
01) Dar bofetadas, id est, esbofetear a alguem, encher de bofetadas.
PEREIRA, 1697. Prosodia..
O sentido que construímos é o mesmo atribuído por Pereira. Isso então reforça a
categorização feita para essa combinação como CLR, já que o verbo DAR esvazia-se de
sentido e serve apenas como verbo suporte; mais adiante voltaremos a essa questão.
237
3. dera (...) pancadas - espancara.
01) ...eno domingo mandando eu amisa, oque fez foi procurar adouz da Sua parSelidade antiga, eSepo
sera no pátio de São Bento, aespera dodito escrivão, que Seachava
ouvindo misa, no mesmo Convento, para em Sahindo lhe dar muita pancada, oque ofaria Senão
ouveSe quem aCudise...
COAP; 1769; (PHPB-Rio).
02) Espancar. Espancar a alguem, id est, moer com pancadas, dar pancadas em alguem.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
No texto (01) é possivel inferir o sentido que construímos para a combinação, o texto
(2), como se apresenta no formato de um dicionário, deixa mais explícita a definição;
isso reforça a categorização feita para essa combinação como CLR, já que o verbo DAR
esvazia-se de sentido e serve apenas como verbo suporte; mais adiante voltaremos a
essa questão.
4. dera com (+ instrumento) em - batera com o uso de algum instrumento : facão, faca,
mão ou pau.
01)...Pasp. Bello, bello, isso he o que me agrada, dar com a ponta do pé, nestas prozumidas, que só
cuidaõ em saber as modas que ha, as cazas aonde se fazem assembleias, e sentaõ, que de tudo devem
zombar... PPP; 1788; (PHPB-Rio)
Verificamos que o sentido que construímos para essa combinação é encontrado nessa
peça teatral popular portuguesa; isso reforça a categorização feita para essa combinação
como CLR, já que o verbo DAR esvazia-se de sentido e serve apenas como verbo
suporte; mais adiante voltaremos a essa questão.
5. dera (...) em - batera em alguém.
01) ...Thom. Que será isto?
Aprend. Acudão a meu Mestre, que lhe estão massando o corpo.
Barbeiro fugindo, e hum homem com a toalha, e meia barba feita.
Hom. Oh cão vá esfollar seu avô torto.
querendo dar-lhe.
Rob. Valhão-me, senhoras, em louvor do meu mandolino...
PPP; 1788; (PHPB-Rio).
02) ...Ger. Quem me acode, quem me acode? Tacaõ, Thomé, Fauítino, Jorge, Antonio, Domingos, venhaõ
todos, tragaõ pistolas, clavinas, espingardas, varapáos, xuços, e dardos para dar nestes ladrões, que
pertendem roubar a minha caza....
PPP; 1793; (PHPB-Rio).
03) Cabra mocha deu na outra.
DELICADO, 1651. Adagios...
Tanto nas duas peças teatrais quanto nos Adagios... a combinação lexical DAR EM
possui o sentido que construímos : bater em alguém; isso reforça a categorização feita
238
para essa combinação como CLR, já que o verbo DAR esvazia-se de sentido e serve
apenas como verbo suporte; mais adiante voltaremos a essa questão.
6. descompusera de palavras - maltratara, ofendera alguém com duras palavras.
01) Affrontar de palavra, id est, aggravar de palavra, tratar mal de palavra, fender de alto a baxo com
palavras, adoestar com palavras affrontosas.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Nesse fragmento, que é mais uma definição que um excerto de texto, não há a
combinação lexical sob análise; na verdade, ele apresenta uma estrutura sinônima que
foi encontrada no corpus, conforme : tratara mal depalavras e palavras emjuriosas
comqueomal tratara. Como as tomamos por sinônimo de descompusera de palavras,
por enquanto vamos admitir que o sentido que construímos é encontrado nessa obra.
Então a categorização como CLR permanece; mais adiante voltaremos a essa questão.
7. estão naocaziaõ dosoçego – eram altas horas da noite.
01) ...Tecla. Senhora, que historia he esta? diga, que saber pertendo; porque sendo madrugada sahio da
cama, e lá dentro naõ quiz sequer responder-me, e veio louca correndo?
Lesb. Hontem á boca da noute, da janella estive vendo que o meu amante Lidoro com outro certo sugeito
neste citio passeava; e por infalivel tenho que só para me fallar seria: oh que portento! sou feliz, sou
disgraçada: feliz quando chego a vello, disgraçada em naõ lograllo, e mais ainda se o perco. (...)
Rand. Toda a noite andei rondando, (Sem as ver, e vai aclarecendo a Scena.) e vi a caza em socego; mas
hontem ali de tarde rondava hum certo sugeito aqui este citio, e logo delle naõ fiz bom projecto: se acazo
será peralta, que me ande aqui pelo cheiro da pupilla? ou se será... Randulfo, ter olho aberto. Todos em
caza ainda dormem, naõ me agrada este silencio: senti rumor! oh de lá! (...)
Rand. Sendo eu hum pouco afoito amodo que tenho medo; mas seja o que for invisto. Que faz aqui
Cavalheiro?
Lesb. Eu te arrenego! naõ vê? Naõ nos conhece? está cego? (...)
Rand. As horas saõ de socego. Senhora Tecla cuidado: Lesbina, vai para dentro.
PPP; 1790. (PHPB-Rio).
02)
...Est. Meu Pai, são horas de socego, v. m. póde recolher-se com a sua Esposa, e cada hum de nós
faça o mesmo.
Pol. São horas, são, vamos senhora Angela, e com este enredo dá fim o casamento sem esperanças, de
dous velhos...
PPP; 1788; (PHPB-Rio).
Numa análise mais superficial, poderíamos entender que a combinação lexical em
questão se refere apenas ao sintagma dosoçego, já que os outros itens lexicais não
aparecem nos fragmentos das peças populares portuguesas. No entanto, vamos admitir
que ocaziaõ e horas são, nesses contextos, formas sinônimas. Isso porque entendemos
que horas de socego em (1) e em (2) quer se referir a altas horas da noite, ocasião em
que muitas pessoas já estão recolhidas aos seus aposentos. Essa análise nos leva a
239
reduzir a combinação para ocaziaõ dosoçego; mas, mesmo assim, a classificação dessa
combinação como CLR, será levada adiante; mais a frente voltaremos a essa questão.
8. estarpegado em - estar atracado com alguém.
01) Inhaereo, es, haesi, sum. Pegarse, arrimarse, estar pegado, arrimado, pregado, & estar dentro unido.
1. b. Cic.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Nesse fragmento não conseguimos recuperar o sentido que construímos para o
sintagma estarpegado em, pois diferentemente do dado acima, nos nossos dados, temos
dois humanos que, conforme nossa análise, estão atracados um ao outro, possivelmente
numa luta corporal, conforme: ..viraelle|Testemunhaestarpegado emhuNe|gro Antonio
naçaõAngollaEs||EsCravodeManoelAntunesdeFaria|aportadeMarianadePuguas morado|ranopadrefaria
humcappitãdoMato |porNomeLuisPacheco... (AP -Linhas 3177-3181).
O que prevalecerá nesse caso é a análise que do dado fizemos; sendo assim, a
classificação feita para essa combinação como CLR continua valendo, já que o
partícipio PEGADO parece ter assumido outro significado; mais adiante voltaremos a
essa questão.
9. fazia Recanto - fazia curva.
01) Recanto. Angulus, i.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Embora não tenhamos excerto de texto, mas uma definição apresentada pela Prosodia,
é possível, de alguma forma, relacionarmos angulus à curva. No dado do corpus, a
testemunha afirma não ter visto o crime, porque sua rua, como não era em linha reta, e
num determinado ponto era angular, ou seja, fazia uma curva, impediu-lhe de assistir à
cena do crime, conforme ...vio ellestestemunha vio meter maõ[corroídos]|| Maõ aespada aelledito
Manoel|Francisco, eCorrer atras dadita negra |porem como a Rua fazia Recanto lhe naõ|vio dar; só sim
ouvira dizer que adita|negra... (AP -Linhas 2297-2301).
Isso nos leva a repensar a
categorização que havíamos atribuído a essa combinação. Numa primeira análise, a
classificamos como CLR, pois acreditávamos que o nome RECANTO, juntamente com o
verbo
FAZER, assumira um sentido diferente do que essa palavra possui hoje “1.canto
ou lugar mais afastado, menos à vista; 2. p. ext. lugar onde alguém se esconde.”
66
. No entanto, ao
66
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
240
que tudo leva a crer, essa combinação fazia recanto nada mais é que associação livre
entre o verbo e seu complemento; mais adiante voltaremos a essa questão.
10. hindo (...) emcompanhia - acompanhando alguém numa viagem.
01) ...Lesb. Tambem eu, se o meu rapaz me naõ enganar, hei de ir em sua companhia ter descanço: o
servir naõ he vida: tambem quero saber o gosto que tem o ser dona da casa, quero saber o como he doce
o mandar.
PPP; 1790; (PHPB-Rio).
02) Socialiter, Adv. Em companhia, acompanhando, amigavelmente. Horat. Art. Cederet, aut quarta
socialiter: hic & in Acci. Ir em companhia com passos iguais
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Se excluirmos o sintagma preposicionado numa viagem da definição que construímos,
vamos perceber que acompanhar alguém é encontradiço tanto no texto (1), como no
texto (2). No entanto, o verbo HIR em (1) esvazia-se semanticamente, servindo apenas
de verbo suporte a em sua companhia; já em (2) o verbo possui o sentido lexical de
deslocar-se de um lugar a outro. Essa análise nos leva a acreditar que essa combinação
seja um tipo especial de CLR. Mas vejamos se essa análise permanecerá depois que
consultarmos as obras lexicográficas.
11. oque estava feito já naõ avia Remedio - fato consumado para o qual não havia
solução.
01) ...asi que cheguey a estaVila emtreguey ao Juiz ordinario a portaria que trusse mandou odito os
Seos officiais enão Custou poco para Convencer ovelho para lhes tirar os esCravos que Levou todo hu
dia, mas o teve Outro remedio Senão emtregalos deCu jos estou de posse delles; que eternamente
fiCa naminha Lembranca; daboa Justissa eCaridade...
COAP; 1773; (PHPB-Rio).
02) ...Digaõ, vosses sabem ler?
Os dois. Escrever he que sabemos.
Tiburcio.Ora naõ está má o centurio: Vosses já trazem dinheiro?
Florindo.Eu já sei dizer amor.
Fernando.Eu agora he que o soletro.Florindo bate na mesa.
Tiburcio. Sim senhor, eu vou a isso,a ensinalos já começo, vejo-me taõ perseguido, que naõ ha outro
remedio...
PPP; 1783; (PHPB-Rio).
03)...Man. Mas sempre, ou mais tarde, ou mais cedo se descobrem as trapraças.
Estu. Não tenhas receio, porque quando se souber quem eu sou, já eu estou casado com a filha deste
Letrado, e já não tem remedio; mas cala-te que ahi vem o Letrado...
PPP; 1787. (PHPB-Rio).
04) ...Balb. Estou no maior desgosto, não ha caso como o que me succede, estou capaz de dar em mim,
pois he huma cousa que não tem remedio pela preça com que estou.
Christ. Pois o que he que succedeo?...
PPP; 1788; (PHPB-Rio).
05) Para mal, que hoje acaba, nam há remedio, o da menham nam basta.
241
DELICADO, 1651. Adagios...
06) Para Mal, que hoje acaba, naõ ha remedio, o da manhã naõ basta.
ROLLAND, 1780. Adagios, proverbios...
Esses 06 excertos nos levam a revisitar a combinação sob análise, pois pensávamos que
se tratava de uma sentença oque estava feito já naõ avia Remedio; no entanto, pela
recorrência do sintagma naõ avia Remedio nos textos da 2ª. metade do século XVII e
da 2ª. metade do XVIII, é preciso fazer essa consideração. Mas isso não impediu que o
sentido que construímos fato consumado para o qual não havia solução fosse
encontrado nos fragmentos acima. Mesmo assim, a categorização feita para essa
combinação como CLR deve ser levada adiante, já que apenas REMEDIO, ao que tudo
indica, assumiu um outro significado; mais adiante voltaremos a essa questão.
12. Sahira (...) aoCaminho - surgira ou aparecera alguém.
01) Encontrar, sair ao encontro, sair ao caminho, sair contra, opporse, resistir. Salust.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Embora (1) não seja um fragmento de texto, por meio do qual seria possível analisar e
comparar o sentido da estrutura, mas um texto definitório, a definição apresentada não
recupera o sentido que construímos para sair ao caminho. Como falantes e leitores do
português contemporâneo, o estranhamento que nos causou essa primeira combinação,
quando lemos o manuscrito, seria o mesmo se, no mesmo contexto, ocorresse sair ao
encontro. Os contextos de nosso corpus nos levam a entender tal estrutura como
sinônimo de surgir ou aparecer alguém. Por enquanto, deixemos como está, depois de
consultarmos as obras lexicográficas do século XVIII, veremos qual será o nosso
procedimento. Então permanece a categorização feita anteriormente para essa
combinação como CLR; mais adiante voltaremos a essa questão.
13. terez ehaveres - posses, propriedades.
01) * Habentia, ae, f. g. Os haveres, as riquesas. 1. b. Non.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
Embora (1) não seja um fragmento de texto, por meio do qual seria possível construir
um sentido para a combinação em questão, chama-nos a atenção o fato de nele apenas
constar o lexema HAVERES recuperando, de alguma forma, o sentido que atribuímos a
TEREZ EHAVERES. Acreditamos que a causa para isso é uma questão etimológica, pois,
conforme Nascentes (1966, p. 724), “TER do lat. tenere “segurar”, através das formas
242
teer, teer, suplantou habere. O que se segura na mão, possui-se.” Essa combinação
lexical foi categorizada anteriormente como CLR, mas, ao que tudo indica a
combinação desses dois itens reforça a etimologia de ambos, então, temos aqui uma
combinação lexical livre. Vejamos se a consulta às obras lexicográficas confirma essa
análise e, por extensão, essa combinação.
14. tivera (...) humas resoeis - tivera uma discussão, atrito ou conflito com alguém.
01) ...equerendo eu Castigar, Selevantou Contra mim, com huâ faca, epau, Sem- Se querer emtregar ao
Castigo, por ultimo SeRendeu, eopus de tronco, que foi o castigo que lhedei, enomesmo dia Soltei,
epareSendo aEle que Seria por acuzação, que Semeavia feito, como esta Suspeita, nodia Sabado, foi
tomar Satisfa ção ao escrivão dacamera, honde medizem que tiverão Rezoins, eo dezafiara, eno
domingo mandando eu amisa, oque fez ...
COAP; 1769; (PHPB-Rio).
Nesse fragmento, a combinação tiverão Rezoins também possui o mesmo sentido -
tivera uma discussão, atrito ou conflito com alguém - que atribuímos a ela, com base
em nossos dados. Vamos manter a categorização feita a essa combinação como CLR,
pois, ao que tudo indica, apenas Rezoins teve seu significado modificado; mais adiante
voltaremos a essa questão.
15. tratava deshonestamente Com - tinha relacionamento imoral com alguém.
01) ...Denuncia a Vossa Senhoria o Padre Ignacio Rodriguez Barboza Paracho da aldea de Mboŷ ao
indio Ma- noeL Branco, o qual vive puplicamente amancebado com Ignacia Rodriguez ambos cazados,
de cujo illicito trato já sairam comprehendidos na vizita do Paracho ...
CAAP; 1768; (PHPB-Rio).
02) Protervio, is. Perder a vergonha, viver, & tratar lasciva, & desavergonhadamente.
PEREIRA, 1697. Prosodia...
No texto (1) o substantivo TRATO nos possibilita recuperar o sentido de
relacionamento, o adjetivo ILLICITO apenas o especifica. Em outros termos, parece-nos
que o verbo
TRATAR é que possuía o sentido que apresentamos acima, o advérbio ou o
adjetivo, no caso do nome
TRATO, apenas reforçam o sentido pejorativo. De fato, nos
dados do corpus de nossa pesquisa, temos apenas o verbo TRATAR, propiciando esse
mesmo significado, sem estar especificado por nenhum advérbio, conforme : ...eque
tambem ouvira|dizer avarias pessoas queodefunto|tratava deshonestamente Com|Humamullata
dePedroEnes com|aqual tambemtratava Tiago cabral... (AP -Linhas 1683-1685).
Não obstante, é
possível se advogar a favor do contexto; isto é, que a elipse do advérbio não interferiria
243
na construção do sentido, já que o contexto contribuiria para tal. Mas, como ainda falta
fazer a consulta às obras lexicográficas, posteriomente voltaremos a essa questão.
A partir de todas essas análises feitas, vamos rever a categorização das combinações
(restritas e livres) feita anteriormente. Das 42 combinações lexicais, 41 foram
consideradas CLR e apenas uma andar as pedradas foi classificada como
combinação livre. Isso porque, no sentido que lhe atribuímos, o verbo andar mantém
seu significado lexical de – caminhar - e o sintagma adverbial as pedradas pode ser
entendido como o modo que o sujeito do verbo andava pelas ruas, ou seja,
arremessando pedras em alguém. Em outros termos, o significado dessa combinação é
a soma regular dos significados dos lexemas constituintes desse sintagma.
Outras combinações, no entanto, a partir da consulta aos bancos de textos, deverão ser
recategorizadas como livres, são elas:
1.fazia recanto - conforme discutimos anteriomente, acreditávamos que o nome
RECANTO, juntamente com o verbo FAZER, assumira um sentido diferente do que essa
palavra possui hoje “1.canto ou lugar mais afastado, menos à vista; 2. p. ext. lugar onde alguém se
esconde.”
No entanto, ao que tudo leva a crer essa combinação fazia recanto nada mais é
que associação livre entre o verbo e seu complemento, já que os significados de cada
item se mantiveram.
2. terez ehaveres – conforme já discutimos, a análise etimológica que fizemos dessa
combinação nos levou a definir que a combinação desses dois itens reforça a etimologia
de ambos; então, o que aqui temos é uma combinação lexical livre, já que, assim, como
o caso acima, os significados de cada item se manteve.
Então, até agora, das 42 combinações lexicais 03 foram categorizadas como livres e as
restantes continuam como combinações lexicais restritas. Analisemos a seguir as obras
lexicográficas: Vocabulario Portuguez e Latino de Raphael Bluteau (1712-1728) e o
Diccionario da Lingua Portugueza de Antonio de Moraes Silva (1813).
5.3.1.1.3 A consulta às obras lexicográficas
244
A obra de Bluteau constituída de 08 volumes teve os dois primeiros publicados em
1712, e os demais até 1721, e no período de 1727 e 1728 foram impressos mais dois
volumes de Supplemento. De acordo com Murakawa (2006, p. 29), esta obra, que foi
concebida e realizada no século XVII, retrata “o Portugal dessa época e sua sociedade”.
Segundo Verdelho (2002, p. 22), foi confeccionada com o intuito de oferecer ao leitor
um vocabulário bilíngüe _ português e latim_; entretanto, como a referência à língua
latina é "tão pouco significativa", este Vocabulario pode ser considerado
"essencialmente monolíngüe". Para além disso, apresenta um "abundantíssimo corpus
lexical português, com uma pormenorizada explicitação referencial e semântica."
(VERDELHO, 2002, p. 22). Em função desse corpus "é considerado por alguns o
primeiro dicionário de língua portuguesa" (NUNES, 2006, p. 183).
As obras que fazem parte desse corpus abundantíssimo são da época seiscentista, na sua
maioria, apesar de escritores quinhentistas serem freqüentemente citados,
(MURAKAWA, 2006). Além de obras de cunho “eminentemente religioso”, há também
outros tipos de obras: roteiros, itinerários de viagens, obras moralistas, obras de
investigação histórica, sobre os feitos portugueses e história das religiões, muitas dessas
escritas por religiosos; obras de cronistas quinhentistas - João de Barros, Diogo do
Couto e Damião de Góis - além de poesias épicas; da poesia lírica há poucos
representantes, há também algumas obras do teatro português; embora constitua uma
raridade há também obras científicas – medicina, matemática, navegação científica,
arquitetura e arte militar, astronomia, geografia e cosmografia - a maioria dessas obras
foi escrita por jesuítas “e leigos inovadores”; há ainda obras sobre caça e alta volateria,
cavalaria, gramática, léxico, ortografia, música, jurisprudência e política; por fim,
devem ser citadas obras sobre economia, política e social. No total, Bluteau montou um
corpus de referência de, aproximadamente, 406 obras de autores dos séculos XVI e
XVII, o autor “reuniu em seu trabalho lexicográfico o patrimônio cultural de então,
malgrado algumas omissões ocorridas, provavelmente por causa alheias a sua vontade.”
(MURAKAWA, 2006, p. 37).
Para nossa pesquisa, fazemos uso da imagem digitalizada do facsímile de 1712,
preparada pela equipe da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, além de também
consultarmos o site http://clp.dlc.ua.pt/inicio.aspx - corpus lexicográfico do português,
no qual consta essa obra.
245
O Diccionario de Moraes Silva teve sua primeira edição em 1789, portanto, fins do
século XVIII, e é considerado uma "reedição actualizada e reduzida de dez para dois
volumes, da obra de Bluteau." Na segunda edição, de 1813, Moraes Silva "se atribui a
plena autoria mas, na realidade, a identificação da sua autoria é incontestável desde a
primeira edição." Trata-se de uma obra que retira entradas lexicais do Vocabulario
correspondentes à nomenclatura enciclopédica, onomástica e histórica e introduz cerca
de 22.000 novos itens, (VERDELHO, 2002, p. 22-27). Este Diccionario teve várias
reedições que foram atualizadas, e o autor participou "desse processo enriquecedor" , de
modo exclusivo, até a 2a. edição. Em 1922, no primeiro centenário da Independência do
Brasil, Laudelino Freire organizou e publicou o fac-símile dessa segunda edição que
nos serve nesta pesquisa.
Com relação ao corpus que serviu de fonte a esse autor, trata-se do mesmo exemplário
de que se serviu Bluteau, “com algumas supressões e acréscimos feitos”
(MURAKAWA, 2006, p. 38). Algumas obras, que não foram consultadas pelo padre
francês, fazem parte do dicionário de Moraes, conforme nos diz Murakawa, “várias
obras de autores importantes da vida cultural portuguesa nos séculos XVI e XVII”.
Toda a obra de Camões foi utilizada por Moraes, ao contrário de Bluteau, que apenas se
serviu do poema épico. Também obras cujos autores foram perseguidos pela
Inquisição, ao contrário do Vocabulario, serviram de fonte documental para a produção
de Moraes Silva. Este também acrescentou obras científicas que, na época de Bluteau,
ainda não haviam sido publicadas em Portugal. O corpus montado por Moraes também
é constituído por obras de legislação portuguesa, além de alvarás, éditos, editais,
regimentos, acordos, posturas e forais. Além dessas, há também obras de autores
desconhecidos como a Arte de Furtar, o Auto do Dia do Juízo, História de Isea,
Dedução Cronológica e Analítica, Martirológio Romano (MURAKAWA, 2006).
Essas obras nos servirão como consulta para análise de itens lexicais extraídos de
textos setecentistas, porque são "os primeiros grandes dicionários de língua
portuguesa" (NUNES, 2006, p. 183) e que foram produzidos no século XVIII, mesma
época dos textos de nosso corpus. Embora a edição do Diccionario de Moraes Silva da
qual nos servimos pertença ao século XIX, posterior ao período desta pesquisa, e tenha
sofrido, nessa edição, alguns acréscimos de vocábulos feitos pelo próprio autor,
246
insistimos com a sua referência, porque a primeira edição pertence ao XVIII. Ou seja,
apesar de a obra ter sido atualizada, isso não a torna muito diferente daquela que foi
editada em 1789, pois, conforme Murakawa (2006, p. 39), “Embora Morais tenha
elaborado sua obra no século XVIII, a grande maioria dos autores do corpus de seu
dicionário é do século XVII, e em menor quantidade dos séculos XII ao XV.” .
Mas, mais importante que essas questões, é o fato de essas obras se basearem em um
corpus que bem representa a época a que pertencem ou anterior a ela. Isso torna esses
dicionários um suporte composto de fragmentos de gêneros textuais que, se distribuídos
no GRAF 4 – representação do contínuo dos gêneros textuais na fala e na escrita -
apresentado no Capítulo 1, estariam mais próximos do pólo da ESCRITA. Essa descrição
dos corpora de ambas as obras lexicográficas que acabamos de fazer servirá como
evidência de que, uma vez localizadas nesses dicionários as combinações lexicais sob
análise, elas poderão ser reconhecidas como institucionalizadas pelo uso escrito e oral.
Por ora, vamos dizer que o fato de não serem localizadas nessas obras algumas dessas
combinações é um forte indicativo de que o item analisado era, pelo menos, de uso
mais restrito. Passemos à análise dos dados.
O procedimento a ser adotado nesta subseção é o de verificar se as combinações que nos
servem de análise nesta pesquisa são localizadas nessas obras. Assim, a exemplo do que
fizemos para os bancos de textos, vamos consultar uma a uma dessas combinações, e
aquelas que forem encotnradas serão transcritas e, posteriormente, analisadas. Mas caso
não sejam localizadas, verificaremos o significado que os autores atribuíram a cada
constituinte do sintagma. Esse procedimento se justifica porque, apesar de termos feito
uso do contexto para a construção do sentido, é possível que nossa leitura como
falantes e leitores do português contemporâneo atribua um outro significado que não
era usual à época, e isso poderia interferir na classificação das combinações.
1. amarrou coa dor dooso - atou com muita força e de forma violenta, causando dor
profunda.
Não foi localizada essa combinação nas obras; a consulta feita a cada verbete não nos
apresenta ou não sugere algum sentido figurado que propicie o sentido que
construímos. Com isso, confirmamos a classificação feita anteriormente para essa
247
combinação como CLR, já que o significado global não é igual à soma do significado
de cada constituinte.
Exceto para andar as pedradas, que será analisada separadamente, as combinações a
seguir, como possuem em sua estrutura o verbo ANDAR, serão analisadas juntamente,
depois de apresentadas as concepções dos lexicógrafos.
2. andaõ pagados -
estavam pagos há algum tempo.
Não há citação dessa combinação em ambas as obras, seja em um ou outro em verbete.
3. andar (...) amigado - viver ou estar mancebado.
01) Andar amigado com mulher. Vid. Amancebado. tom. I. do Vocabulario.
Bluteau, 1712-1728.
02) amigar : amancebar
Moraes Silva, 1813.
4. andava paraCasar - estava na pretensão de se casar.
Não há citação dessa combinação em ambas as obras, seja em um ou outro em verbete.
5. andava de Ryxa - estava em disputa, em briga.
01) Briga : Briga de palavras. Rixa, ae. Fem. Jurgium - Bluteau, 1712-1728.
02)
Rixa : briga, discordia - Moraes Silva, 1813.
6. andavão(...) aRufados - estavam irritados.
01) Indignado, cõ mostras da paixão interior no semelhante.
Bluteau, 1712-1728.
02) Arrufar-se : enfadar-se levemente com alguém: Andava arrufado com o filho.
Moraes Silva, 1813.
7. andouBrigando - esteve discutindo com alguém.
01) briga : palavra gotica, que significava ajuntamento de gente, porque os Godos se ajuntavão em certos
lugares, (...)
Bluteau, 1712-1728.
02) Pendencia, peleja de razões, ou a ferir.
Moraes Silva, 1813.
248
Em todas essas combinações, o verbo ANDAR perde seu significado lexical de -
“passear. Caminhar. Passar por alguma parte quando se faz jornada”, conforme Bluteau
ou “mover-se sobre as pernas”, conforme Moraes Silva - para servir como verbo
suporte. Isto é, o componente verbal serve apenas como um portador gramatical das
determinações verbais: infinitivo; 3ª. pes.pl. pretérito perfeito do indicativo; 3ª. pes.pl.
presente do indicativo; 3ª. pes.sing. pretérito perfeito do indicativo; 3ª. pes. sing. pret.
imperfeito do indicativo, respectivamente.
No entanto, essa “perda do significado lexical” de andar é constitutiva de sua origem,
pois o vocábulo latino ambitare de que ele provém era “frequentativo”, segundo
J.P.Machado; ou seja é de sua natureza esse comportamento semântico e gramatical.
Zuluaga (1998) chama esse tipo de combinação verbonominal de PVG – perífrases
verbais gramaticais - que apenas servem para expressar categorias gramaticais; nos
casos analisados, andar também marca o aspecto verbal iterativo das estruturas. Esse
tipo de combinação é diferente das PVLs – perífrase verbal lexical – que criam lexemas
verbais compostos, tal como veremos com as estruturas de DAR + SN.
Diante dessa análise, é preciso repensar na classificação que atribuímos a essas
combinações, que deixam de ser restritas para ser livres.
8. andar (...) as pedradas -
andar, caminhar arremessando pedras.
01) De acordo com que verificamos em Bluteau, a locução às pedradas sempre faz referência a jugar ou dar huma
pedrada a alguem.
02) Pedrada: golpe com pedra atirada;
Moraes Silva, 1813.
Conforme já havíamos verificado, esse sintagma é uma associação livre entre os
constituintes, pois o significado lexical de cada constituinte - andar = caminhar; às
pedradas = arremessando pedras - é mantido no significado global da estrutura. Trata-
se, então, de uma combinação livre.
9. aRando fogo - [a arma que] não pegou fogo, não deu tiro.
01) Errou o tiro, atirando o alvo.
Bluteau, 1712-1728.
02) Errar o alvo, o tiro.
249
Moraes Silva, 1813.
A combinação sob análise não foi localizada nas obras, assim, à primeira vista, pode-se
suspeitar que (1) e (2) não estejam relacionados a ela, mas não se trata disso. Numa
consulta feita ao Novo Diccionario da Lingua Portugueza. Critico e Etymologico
67
,
localizamos: ARRAR. ant. V. Errar.; ou seja, o verbo arrar, descoberto no corpus de nossa
pesquisa, é a forma mais antiga de errar; isso justifica a forma variante erandofogo que
encontramos nos manuscritos. Uma outra questão que precisa ser discutida é a grafia de
aRando, no corpus, com /R/, e nas obras lexicográficas com duplo /r/. Isso se dá,
porque, segundo Fachin (2007), que pesquisou o grafema “erre” e seus alógrafos na
representação das vibrantes em manuscritos do século XVIII, era “comum o erre
grande em situação intervocálica em punho de certos escribas” para a representação da
vibrante múltipla; o que justifica a presença desse “erre” maiúsculo entre as duas
vogais /a/ em aRando.
Feitas essas discussões, passemos à análise do significado. O contexto e os depoimentos
das testemunhas nos levaram a atribuir para aRando fogoo sentido de [a arma que]
não pegou fogo, não deu tiro, que não é o mesmo sentido em (1) e (2) acima. Porém,
insistimos nesse significado, porque, conforme o depoimento das testemunhas, o
criminoso atirou na vítima, mas como a arma não funcionou, ele avançou contra o
queixozo, dando-lhe cinco facadas. Ora, entendemos que se ele tivesse errado o tiro,
poderia ter insistido numa segunda tentativa; no entanto, isso não ocorreu, ele fez uso
de outra arma, uma faca, porque a arma “não deu fogo”, vejamos : ...Sendoemodia
dequetrata |omesmoauto foraoditoque | eixozo dejornada paraacida |dedaBahiaemcompanhia|
dehumFranciscoPinto aque|mlevava humCavallhoalu|gado emquelhelevavaseu|Fato ecomeFeito
chegando | aositio chamadodolana | ahiemhumcapao atirara | humtiro odito FranciscoPin|to aoqueixozo
earandofogo | logopuxara dehuaFaca elhe | derasinco facadas (no)pes | coso eode[†.]xara coaziMorto |
(AP - Linhas 100-105)
Essa análise, então, nos leva a permanecer com a classificação feita anteriormente para
aRando fogo como uma CLR, porque no significado global está contido apenas o
significado de fogo = tiro e não contém de aRando= desacertar, conforme Moraes
Silva.
67
CONSTANCIO, F. S. Novo Diccionario da Lingua Portugueza. Critico e Etymologico. 10a. ed. Paris:
E.Belhatte, 1873, p. 112.
250
10. auzen[†.]andoçe (...) fogetiva mente: fugindo.
Essa combinação não foi localizada em Bluteau ou em Moraes Silva. Decidimos
verificar o significado de cada constituinte e constatamos que (1) o advérbio
“fogetivamente” não consta da macroestrutura de tais obras; aliás, mesmo nos textos
pertencentes aos bancos de dados consultados, esse item não foi localizado; (2) em
Bluteau há uma definição de fugitivo, que, apesar de não ser o vocábulo em questão,
parece pertencer ao mesmo campo semântico de fogetivamente, por isso decidimos
considerá-lo. Assim, segundo o autor, é fugitivo : cousa, que passa depressa, como se fugira, que
dura pouco, que pouco se logra, no entido natural, & moral
; para Moraes, é aquele Que foge, ou
passa rapidamente, fugaz
(...). A partir dessas definições, retornamos ao texto original e
constatamos que era preciso rever o sentido que havíamos construído para a
combinação auzen[†.]andoçe (...) fogetiva mente, pois pareceu-nos mais adequado ao
contexto o significado: auzentou-se por pouco tempo, vejamos : ...ouvir dezer ava|reaspesoas
eaomesmoquerelante Antonio pereira|desouza que hindoemcaminhoparaodescobrimento|dosertaõ
auzen[†.]andoçe dondeasestia fogetiva mente| oquerelado lhe tomara anegra (CBG -Linhas 4506-4508)
Essa análise nos leva a rever nossa categorização anterior. Assim essa combinação
deixa de ser vista como restrita para ser classificada como livre, já que, no significado
global do sintagma, permanecem os significados individuais dos constituintes.
11. Capadeamisade – falsa amizade.
Em Bluteau, no verbete ALEIVOSO, encontramos:
01) Aleivoso. Aquelle, que faz mal a alguem debaixo da capa de amizade.
E numa consulta ao verbete CAPA, localizamos:
02) Capa : apparecia, Pretexto.
Em Moraes Silva, apenas encontramos essa referência em:
03) Capa, fig. Pretexto.
Verificamos que o sintagma em questão já se encontrava dicionarizado em Bluteau e
que o significado que construímos é, de alguma forma, localizado em (1), (2) e (3), o
que reforça a classificação feita anteriormente como CLR. Isso porque tanto em Bluteau
quanto em Moraes CAPA é definida como um tipo de vestimenta, mas este,
diferentemente daquele, indica que Pretexto é uma leitura figurada de
CAPA; já
AMIZADE possui em ambos os autores o sentido de benevolência, amor entre duas
pessoas. Ou seja, FALSA AMIZADE não é igual à soma do significado de CAPA +
251
AMIZADE
, portanto, trata-se, de fato, de uma combinação lexical restrita, já que um dos
constituintes teve seu significado alterado. Mais tarde voltaremos a essa questão.
12. dandolhe parte - fornecendo informação a alguém.
01) Dar a alguém parte do que tem succedido. Avisar. Merecemos que nos deis parte do que intentais.
Bluteau, 1712-1728.
02) Não há citação dessa combinação em Moraes , seja em um ou outro em verbete.
Tal como ocorreu na análise dos textos dos bancos de dados, o significado que
construímos para essa combinação é o mesmo que ocorre nessas obras. Numa consulta a
dicionários etimológicos verificamos, segundo José Pedro Machado (1987), que o
verbo DAR, do latim dare, possui as seguintes acepções: outorgar, conceder; confiar,
entregar; apresentar, fornecer, oferecer, doar; permitir, fazer concessão; pôr, colocar;
fazer que; trazer, causar, produzir; expor, dizer, declarar, imputar. Já o vocábulo
parte, segundo J. Corominas (2003)
68
, de origem latina partis, da qual também provém
particeps que associado a capere, ‘tomar’ deu origem a “tomar parte” e logo “dar parte
de uma notícia” (p. 442). Considerando todas essas questões etimológicas, verificamos
que, no sentido construído, estão presentes tanto o sentido lexical do verbo DAR -
fornecer – como do SN PARTEnoticiar, informar.
Essa análise nos leva a rever a classificação que havíamos feito para essa combinação
(CLR), pois como o significado global de dandolhe parte é a soma dos significados de
cada constituinte, trata-se de uma combinação livre.
13. dar (...) bofetadas - esbofetear.
1) Dar bofetadas a alguem
Esbofetear : dar muitas bofetadas
Bluteau, 1712-1728
02) Dar uma bofetada.
Esbofetear : Dar bofetões.
Moraes Silva, 1813
Conforme se vê, o significado que construímos é localizado nessas obras, tal como
verificamos nos textos dos bancos de dados. Isso, então, confirma a categorização CLR
que atribuímos a ela, já que nenhuma das acepções do verbo DAR mencionadas na
combinação anterior está contida no significado global do sintagma; nesse caso, assim
68
11ª. reimpressão da 3ª. edição.
252
como no anterior, esse verbo esvaziou-se semanticamente, servindo de suporte
gramatical nessa combinação. Mais adiante voltaremos a essa questão
14. deitar atras de - correr atrás de alguém.
Não foi localizada essa combinação nas obras; a consulta feita a cada verbete não nos
apresenta ou não sugere algum sentido figurado que possibilite esse tipo de construção
e significado que a ela atribuímos. Segundo Bluteau, Deitar, lançar, jogar; para Moraes,
DEITAR Lançar alguma pessoa de sorte, que descance sobre o corpo ao comprido para repousar, &c.
Com isso, a classificação feita para essa combinação continua a mesma: CLR, já que o
verbo deitar assumiu um outro sentido nesta combinação. Mais adiante voltaremos a
essa questão.
15. deixate estar - aguarda-te! (tipo de intimidação).
(1) Deixai-vós estar. Dando-lhe certo tonilho, hé ameça. Bluteau, 1712-1728
(2) Deixai-vós estar : com um certo tom: é ameça. Moraes Silva, 1813.
Constatamos que o significado que construímos é localizado em ambos os autores. E,
conforme se vê, o significado global não é igual a soma dos significados de cada
constituintes; percebe-se que os verbos deixar e estar assumem outro sentido nessa
combinação. Isso, então, reforça a nossa análise anterior na qual a classificamos como
combinação restrita.
16. dera (...) estocadas - ferira alguém com o uso de espada.
01) Estocada é a ferida, que se faz com a ponta da espada; dar huma estocada.
Bluteau, 1712-1728
02) Golpe de estoque. Fig. Golpe de ponta com a espada, florete. “dandolhe de estocadas:” hoje diremos:
dando-lhe estocadas.
Moraes Silva, 1813
Conforme se vê, a combinação sob análise é recorrente em ambas as obras; a definição
de estocada oferecida por Bluteau merece algumas considerações. Estoque, segundo
Moraes, fora um tipo de espada curta e, a sua época, era “espada a mais comprida”.
Com base nisso, fazemos as seguintes conjecturas: parece-nos que o golpe feito com a
ponta da espada passou a nomear o ato de ferir alguém com essa arma, criando, assim,
o substantivo estocada. Para nomear a ação da estocada, o verbo estoquear, registrado
por Moraes Silva, foi, ao que nos parece, preterido pelos falantes que “optaram” pelo
uso do verbo
DAR seguido do sintagma nominal UMA ESTOCADA. (Sabemos que não se
253
trata apenas de uma questão de “opção”, por isso o uso da aspas, pois fatores
sociolingüísticos também podem influenciar tal uso.) A julgar pelas 93 ocorrências da
estrutura DAR + SN(-ADA
sufixo
), sendo dar (...) bofetadas 01; dar (...) estocadas, 56; dar (...) as
facadas, 21; dar (...) as pancadas, 09
; dar (...) porretadas, 04; dar (...) relhadas, 02; no corpus de
nossa pesquisa, essa parecia ser uma estrutura muito produtiva, daí essa “opção”.
Com relação à classificação dada anteriormente a essa combinação, vamos ter de revê-
la. De acordo com J.P. Machado (1987), este verbo possui dentre outros significados
causar, produzir, e na combinação sob análise ele não atua como verbo suporte, mas
como verbo relacional, já que seu sentido lexical está atuando. Em outros termos, se,
conforme Bluteau, estocada é o nome da ferida, entende-se dar (...) estocada, como –
causar ou produzir uma ferida usando uma espada. Essa análise nos leva a reclassificar
essa combinação como livre, já que seus constituintes mantiveram seus significados
originais.
17. dera (...) asfacadas - ferira alguém com o uso de faca.
01) Facada: ferida, feyta com a faca.
Henrique III. Rey de França, prometteo ao Duque de Guisa o perdaõ, & depois de commungar, para com
este sacrilego engano attrahillo, mandou-o chamar, com pretexto de querer conferir com elle hü segredo
de grande importancia, & o fez matar; mas este mesmo Rey, pouco depois morreo de huma facada, que
hum miseravel Frade lhe deu, no tempo que estava lendo as cartas, que lhe entregàra. (Heródoto) [Esta
citação é encontrada no verbete perjurio]
Bluteau, 1712-1728.
02) Facada : ferida feita com a faca.
Moraes Silva, 1813
Bem se vê que o significado construído para esse sintagma é localizado em (1) e em (2).
Essa combinação possui uma situação muito parecida com a anterior (dar (...) estocada)
e também merece que sejam feitas algumas considerações. Procuramos nesses dois
autores e em todos os textos do banco de dados a que tivemos acesso, inclusive nas
obras lexicográficas e paralexicográficas do banco de dados Corpus Lexicográfico
Português, o verbo esfaquear. No entanto, ao contrário do caso anterior, esse verbo,
segundo A.G. Cunha
69
, passou a fazer parte do vocabulário da língua portuguesa
somente na 2ª. metade do século XIX, época posterior ao período de nossa pesquisa. Se
essa informação procede, justifica-se o uso de DAR + SN(-ADA
sufixo
) (as facadas) para
designar o ato; além disso, conforme já dissemos, esse sintagma parecia ser muito
69
CUNHA, A.G. da. Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa. RJ : Nova Fronteira,
1982.
254
produtivo quando se pretendia nomear a ação de golpear alguém ou algo com o uso de
algum instrumento.
Novamente, temos de rever a classificação feita para essa combinação como CLR. A
mesma situação descrita para o caso anterior se mantém aqui. Isto é, de acordo com J.P.
Machado (1987), este verbo possui dentre outros significados causar, produzir, e na
combinação sob análise ele não atua como verbo suporte, mas como verbo relacional, já
que seu sentido lexical está atuando. Essa análise nos leva a reclassificar essa
combinação como livre, já que seus constituintes mantiveram seus significados
originais.
18. dera (...) asferidas - ferira alguém.
01) Fazer huma ferida a alguem.
Bluteau, 1712-1728
02) Não há citação dessa combinação em Moraes, seja em um ou outro em verbete.
A combinação sob análise não foi localizada nessas duas obras e nem mesmo nos textos
dos bancos de dados consultados; há apenas a referência acima fazer huma ferida a alguém
em Bluteau. Esse foi, na verdade, o significado que atribuímos ao sintagma em questão,
visto que ferira alguém extraído do corpus da pesquisa foi tomado como sinônimo de
dera as feridas. Apesar de o verbo FERIR já se encontrar nas obras lexicográficas
consultadas e talvez fosse corrente na prática social interativa, os falantes novamente
“optam” pela produtiva estrutura DAR + SN, mesmo que, nesse caso, o SN não seja um
instrumento com o qual se golpeia alguém, mas o resultado dessa ação, que é fazer
uma ferida.
No entanto, considerando que o verbo DAR, conforme J.P.Machado (1987), possui
dentre outros significados causar, produzir, nessa combinação sob análise ele não atua
como verbo suporte, mas como verbo relacional, já que seu sentido lexical está atuando.
Assim, é preciso que seja revista a classificação que fizemos, pois em vez de CLR,
trata-se de uma combinação livre, já que os constituintes mantiveram seus significados
originais.
19. dera (...) pancadas – espancar.
01) Espancar : dar com pao. Maltratar com pancadas. Dar pancadas em alguém.
255
Bluteau, 1712-1728
02) Espancar : Dar pancadas, mòer com as pancadas, zurzir.
Moraes Silva, 1813
O
significado que construímos para essa combinação é localizado em ambas as obras.
Nesse caso, como nenhuma das acepções etimológicas do verbo DAR manifesta-se no
significado do sintagma, ele esvaziou-se semanticamente, servindo de verbo suporte
nessa combinação. Isso então reforça a categorização feita para essa combinação como
CLR. Mais adiante voltaremos a essa questão.
20. dera (...) com (+ instrumento) em - batera com o uso de algum instrumento :
facão, faca, mão ou pau.
01) Pao: Dar com hum páo. Bluteau, 1712-1728
02) Não há citação dessa combinação em Moraes Silva , seja em um ou em outro em verbete.
Embora haja a ocorrência da combinação sob análise na obra de Bluteau, não é dado um
sentido para essa construção, ao contrário do que ocorre nas peças populares
portuguesas, pertencentes ao banco de textos do PHPB-Rio, em que localizamos o
sentido que construímos para essa combinação. Essa ausência nas obras lexicográficas
não impede a categorização feita para essa combinação como CLR, já que nenhuma das
acepções etimológicas do verbo DAR manifesta-se no significado do sintagma. Também
aqui o verbo DAR esvaziou-se semanticamente, servindo de verbo suporte nessa
combinação. Mais adiante voltaremos a essa questão.
21. dera (...) em - batera em alguém.
01) Dar em alguem : ferir
Tanger bestas. Dar nellas com vara, ou outra cousa semelhante, para as governar. (Adágios Portugueses)
Estou resoluto a dar nelles, em sendo dia claro. (Quint.Curt.)
Bluteau, 1712-1728
02) Dar em alguem: accusar, delatar.
Moraes Silva, 1813.
Em Moraes não localizamos o sentido que construímos para essa combinação, mas em
Bluteau ele foi encontrado - mais nas citações de outros verbetes que propriamente na
definição dada - . Essa localização do sentido construído também se deu nos textos dos
bancos de dados _ peças populares portuguesas e nos Adágios. Isso reforça a
categorização que atribuímos a ela: CRL; já que nenhuma das acepções etimológicas
do verbo DAR manifesta-se no significado do sintagma. Também aqui o verbo DAR
256
esvaziou-se semanticamente, servindo de verbo suporte nessa combinação. Mais adiante
voltaremos a essa questão.
22. dera (...) porretadas - batera com um porrete em alguém.
01) Porrada. Pancada dada com porra, ou cachaporra, ou (como dizem outros) cachamorra.
Bluteau, 1712-1728
02) Porretada. V. porrada, golpe. Porrada: (hoje t. obsceno) golpe de porra, ou clava (páo curto com
cabeça, ou peça semelhante de ferro, com que se brigava, para massar as armas, onde não era fácil entre
lança.). Hei-de-vos dar meya duzia de porradas.
Moraes Silva, 1813
Pelo que vemos, porretada era forma variante de porrada que, por sua vez, conforme
dados de nosso corpus, possuía outra variante a porrotada (haviaõ dadohumporrotadas)
que, combinada com o produtivo sintagma DAR + SN(-ADA
sufixo
), nomeia a ação de bater
em alguém com um instrumento, a porra ou clava. Tentamos localizar em todo o
material de consulta uma forma verbal sintética que desse nome a essa ação: porrar?
porrear? no entanto, não a localizamos, (talvez não houvesse; pelo menos no registro
escrito.). Nossa análise nos leva a creditar, novamente, à produtividade dessa estrutura
(além de outras questões que não nos competem discutir nesta tese) como um fato
motivador para nomear ações de golpear alguém ou algo com o uso de algum
instrumento.
Novamente, confirmamos a classificação feita para essa combinação como CLR, já que
nenhuma das acepções etimológicas do verbo DAR manifesta-se no significado do
sintagma. Também aqui o verbo
DAR esvaziou-se semanticamente, servindo de verbo
suporte nessa combinação. Mais adiante voltaremos a essa questão.
23. dera (...) Relhadas - batera com o relho.
01) Relho : cinto, com que antigamente as mulhres nobres da Lusitania costumavaõ cingirse.
Bluteau, 1712-1728
02) Relho. Césto, cinto matronal.
Moraes Silva, 1813
Essa combinação, conforme se vê, não foi localizada nessas obras e nem mesmo nos
bancos de dados. Relho era o nome dado a um tipo de cinto (e instrumento para bater
em algo/alguém), e o verbo relhar, que nomeia essa ação, passou a fazer parte de nosso
257
vocabulário somente em 1899, segundo A.G. Cunha. Se esse dado procede, talvez
justifique a ausência desse verbo nos dois dicionários do século XVIII e nos bancos de
dados a que tivemos acesso para esta pesquisa. Novamente, teremos o mesmo
expediente; isto é, como o sintagma DAR + SN(-ADA
sufixo
) parecia ser muito produtivo
para nomear esse tipo de ação (bater em alguém com algum tipo de instrumento), o
falante acaba por “optar” por ela. No entanto, parece que essa combinação, ao
contrário de dar as facadas e dar estocada, ainda não havia sido registrada na escrita,
pelo menos é o que inferimos diante da negativa em encontrar tal combinação em todos
os textos aqui pesquisados.
Novamente, confirmamos a classificação feita para essa combinação como CLR, já que
nenhuma das acepções etimológicas do verbo DAR manifesta-se no significado do
sintagma. Também aqui o verbo DAR esvaziou-se semanticamente, servindo de verbo
suporte nessa combinação. Mais adiante voltaremos a essa questão.
24. descompusera de palavras - maltratara, ofendera alguém com duras palavras.
01) Descompor alguem com palavras
Descomporse em palavras
Descompor tudo. Miscere, ac turbare omnia. Cic. Descompor com palavras.
Injuriar. Dizer mal, mal tratar de palavras
Bluteau, 1712-1728
02) Descompor: Afrontar, injuriar com palavras, ou acção.
Moraes Silva, 1813.
Não vamos levar em conta o fato de o sintagma verbal descompor ser regido pelas
preposições
DE e COM, como em descompusera de palavras na combinação sob análise
e Descompor com palavras na citação da obra lexicográfica. Isso porque tal fato não
interfere em nossa análise, pois percebemos que o significado construído nesta tese é
localizado em ambas as obras, apesar das diferentes preposições. A definição dada
pelas obras nos faz rever a classificação feita a essa combinação como restrita, pois o
significado global - maltratara, ofendera alguém com duras palavras – é igual à soma
dos significados de cada constituinte do sintagma; trata-se, então, de uma combinação
livre.
25. deu Sepultura - sepultou; enterrou.
01) Sepultar hum defunto: darlhe sepultura
258
Tentyritas. Povos moradores na Ilha Tentyra, no rio Nilo. Elles, indaque pequenos do corpo, tinhaõ tanto
dominio sobre os Crocodilos, que a cavallo nelles passeavaõ pelo rio, posto que elles repugnassem,
procurando morder, e os traziaõ a terra; e só com a voz os obrigavaõ a vomitar algum corpo, que de
pouco antes tivessem tragado, para se lhe dar sepultura. (Plin. Lib. 8, cap. 25)
02) Dar sepultura a hum morto, ou dar hum corpo à sepultura.
Bluteau, 1712-1728
03) Dar sepultura ao morto, enterrallo, jazigo.
Moraes Silva, 1813.
Como se vê, em ambas as obras, há a localização do sentido que construímos; isso então
confirma a classificação que fizemos: para essa combinação como CLR; já que
nenhuma das acepções etimológicas do verbo DAR manifesta-se no significado do
sintagma. Também aqui o verbo DAR esvaziou-se semanticamente, servindo de verbo
suporte nessa combinação. Mais adiante voltaremos a essa questão.
26. estarpegado em - estar atracado com alguém.
01) Pegado: unido com materia pegadiça. Pegado com grude; Pegado: semelhante, pouco differente;
Pegado: contiguo, proximo visinho; Pegado: junto.
- O commum dos Faquires traz unicamente por vestidura huma corda, com que se cingem, na qual está
pegado hum pedaço de panno, que cobre o que a modestia naõ permitte, que se deixe à vista. [localizado
no verbete FAQUIR]
- Cic. Abaixo da lingoa vem o estomago, que està pegado às raizes della.
Bluteau, 1712-1728
02) fig. Aferrado, v.g. pegado à opinião; a alguém por affeição: aos divertimentos; às vaidades.
Moraes Silva, 1813.
Tal como nos textos dos bancos de dados, nessas obras também não conseguimos
localizar o sentido que construímos para o sintagma estarpegado em; mas vamos
insistir com nossa leitura porque nos depoimentos das testemunhas nos processos sob
análise, sempre há referência a humcappitãdoMato porNomeLuisPacheco que deu
várias pancadas e porrotadas no negro Antonio; daí a inferência de que ambos
estivessem atracados um com o outro, e não apenas juntos ou contíguos, como sugere a
definição dos lexicográficos acima. Sendo assim, a classificação feita para essa
combinação como CLR continua valendo, já que o partícipio PEGADO parece ter
assumido outro significado; mais adiante voltaremos a essa questão.
27. fazer o exesso - cometer ou praticar algum crime.
01) Fazer Exesso: Crime, delicto
Executor, que naõ recebe embargos, que segundo Direito se haõ de receber, faz excesso. excesso. Acçaõ,
que excede os limites prescritos á razaõ.
Bluteau, 1712-1728
259
02) fig. Crime, delicto, acção, em que se excede a Lei para mal.
Moraes Silva, 1813.
Segundo Moraes Silva, o sentido figurado exesso era entendido como Crime, delicto, em
Bluteau há também a mesma referência, embora não haja menção a sentido figurado.
Assim, verificamos que o significado construído nesta tese é encontradiço em ambos os
autores; e a classificação que fizemos para essa combinação como CLR será levada
adiante, já que o seu significado global não é igual à soma dos significados de todos os
itens.
28. fazia Recanto - fazia curva.
01) Recanto. Termo duplicativo de canto. Angulus, i. Masc.§ Retirouse para o ultimo recanto de Italia.
Bluteau, 1712-1728
02) Recanto. Canto, lugar retirado.
Moraes Silva, 1813.
As definições aqui oferecidas para recanto como canto, ou lugar retirado, apenas
reforçam nossa análise feita anteriormente. Isso porque uma rua que faz recanto, faz
uma curva e, por que não dizer, forma um canto. Então, como afirmamos
anteriormente, trata-se de uma combinação livre fazia recanto, já que os constituintes
permanecem com seus significados originais.
29. hindo (...) emcompanhia - acompanhando alguém numa viagem.
01)Acompanhar, ou accompanhar : Fazer companhia
Na entrada lexical COMPANHIA não encontramos referência a IR EM COMPANHIA.
Mas localizamos em outro verbete uma citação na qual há presença dessa combinação
:
Catharticus, a, um. Cels.{ Que indo em companhia dos Catharticos confortassem a parte. Andrade 2.
parte Apologet. pag. 44.}
- Bluteau, 1712-1728
02) Acompanhar : Ir em companhia de alguém, por obrigação, obsequio, ou pompa.
Moraes Silva, 1813.
Na análise anterior, achamos que essa combinação é um tipo especial de CLR, já que
o verbo IR ora esvaziou-se semanticamente, ora seu significado lexical estava atuando.
Em (1) acima reforça-se a idéia de que o significado lexical de IR - deslocar-se de um
lugar a outro - está atuando; mas em (2) o verbo parece esvaziar-se semanticamente, já
que não há expressa ação de movimentar-se. Nos dados da pesquisa, temos : endode
Viagem para | acidade daBahia decom | panhia comhumfrancisco | Pinto; indo deviagem p
a
. aCid
e
.
260
daBahia de compa[†..]ia | com hum Fran
co
. Pinto ; indo elledestavilla | emcompanhia
dellepara|aCidade; lhedisera quehia de compa | nhia comoditoqueixozo; equehiaemsuacom |
panhiaelhetinha alugado; hindoelle emsuacompa | anhaparaacedadedaBa | hia; elle | testemunha
foraemcom | panhia deoutrossoldados; hindodesta Villa | oqueixozo (...) | paraaCidade daBahia de
|companhiaeCamarada | comhum Francisco Pinto;
Nos dados coletados do corpus, o verbo IR não teve seu significado lexical esvaziado,
ao contrário disso, de acordo com o contexto em que ocorrem essas combinações, há
uma indicação de movimento, de deslocamento por parte do envolvido. Toda essa
discussão nos permite fazer a seguinte análise: dependendo do contexto em que ocorre,
pode ser uma combinação lexical restrita, se o verbo esvaziar-se semanticamente,
servindo apenas de suporte a em companhia. Ou poderá ser uma combinação livre,
porque o significado lexical do verbo estará atuando, e como o significado de em
companhia é acompanhar, o significado global da combinação será igual à soma dos
significados de cada constituinte, como é o caso dos dados da tese. Em outras palavras,
hir em companhia ou hir de companhia, já que a presença de uma ou outra preposição
não altera nossa análise, é uma combinação lexical livre. Nesse caso, o sentido dessa
combinação é: ir ou seguir viagem acompanhando alguém.
30. impenhar (...) asbarbas - tomar as barbas como garantia de pagamento.
1) Empenhar : deixar, ou dar em penhor.
Bluteau, 1712-1728
02) Dar alguma coisa em penhor
Moraes Silva, 1813.
Conforme Leite de Vasconcelos (1925)
70
, no passado a barba era um sinal de virilidade
e por isso passou a ser considerada um documento de honra, servindo “para ser dada
em penhor.” Considerando essa questão e o fato de a sociedade das Minas Setecentistas,
conforme discutimos no Capítulo 2, ter em alta estima a honra, vamos reconsiderar a
classificação que fizemos anteriormente para essa combinação e categorizá-la como
livre, uma vez que cada constituinte manteve seu sentido original.
No entanto, ao que parece, essa combinação livre passou, com o correr dos tempos, a
ser uma combinação restrita, pois, conforme Nascentes (1966) em seu Tesouro da
Fraseologia Brasileira,
EMPENHAR AS BARBAS é “dar o mais valioso penhor ao assumir
70
VASCONCELOS, J.L. de. A barba em Portugal : estudo de etnografia comparativa. Lisboa: Imprensa
Nacional, 1925
261
um compromisso de honra.” (p. 30) , e, provavelmente, trata-se de um sentido
metafórico.
31. metermaõaespada - puxar a espada.
01) Espada : puxar , ou tirar pella espada. Meter mão a espada
Puxar, ou tirar pella espada. Meter maõ a espada
Bluteau, 1712-1728
02) Metter mão a espada; tirá-la em acto de brigar.
Moraes Silva, 1813.
Como se vê, o significado que construímos é localizado em (1) e (2). Isso então
confirma a classificação CLR que fizemos para essa combinação; já que o significado
global da estrutura é igual à soma dos significados de alguns constituintes; mais adiante
voltaremos a essa questão.
32. não tinha barbas parapagar - não tinha honra ou barbas para pagar o que devia.
Não foi localizada essa combinação nas obras; a consulta feita a cada verbete não nos
apresenta ou não sugere algum sentido figurado que possibilite esse tipo de construção
e significado construído.
Levando em conta a discussão que estabelecemos anteriormente para impenhar(...)
asbarbas sobre a relação entre barba e honra, acreditamos que a estrutura sob análise é
ambígua, pois no contexto em que essa combinação ocorre, não há como saber se a
pessoa citada tinha ou não tinha barbas. Se ele as tivesse, podemos entender a estrutura
no sentido metafórico, então seria uma combinação restrita. Isso porque seu oponente
quis dizer que, embora tivesse barba, não tinha honra para fazer o pagamento; ou seja,
como a barba era indicativo de honra, se a pessoa, por alguma razão não tinha honra,
não tinha barbas.
Se, ao contrário, ele não tivesse barbas, era um homem desonrado, (conforme afirma
Leite de Vasconcelos (1925), um homem sem barba, era um homem sem honra); então
não ele não poderia dar as barbas como garantia de pagamento. Nesse caso seria uma
combinação livre.
33. naõ avia Remedio - não havia solução.
01) Gurgutuô minha vida. Anexim chulo. O mesmo, que Acabouse, naõ tem remedio.
262
Acabouse, Està feito. Não tem mais remedio.
Bluteau, 1712-1728
02) fig. Meio, expediente, com que se atalha, e cura o mal, o dano, e se supre a falta, ou acode á
necessidade, ou se indeniza; auxilio.
Moraes Silva, 1813.
De acordo com a consulta que fizemos aos textos dos bancos de dados, verificamos que
que a estrutura oque estava feito já naõ avia Remedio deveria ser reduzida para naõ
avia Remedio, já que este sintagma é o que mais ocorre nos bancos de dados e também
nessas obras lexicográficas. Novamente, localizamos o significado que construímos
para essa combinação, reforçando a categorização _ CLR _ que lhe atribuímos, já que o
significado global da estrutura é igual à soma dos significados de alguns constituintes;
mais adiante voltaremos a essa questão.
34. niqueito no pecadodo Sexto - adúltero.
Não foi localizada essa combinação nas obras; a consulta feita a cada verbete não nos
apresenta ou não sugere algum sentido figurado que possibilite esse tipo de construção
e significado. O vocábulo niqueito - ao que aparece, forma variante de niquento -, tem
origem em nica, do latim nihil, que quer dizer insignificância; ninharia, conforme
apontam vários dicionários etimológicos. Mas, numa consulta ao dicionário de
Laudelino Freire (1954), além desses dados também consta gir. Cópula carnal. Essa
informação, associada ao SPrep no pecadodo Sexto e ao contexto do corpus nos
permitiram construir o significado adúltero para essa combinação, senão vejamos:
O pecadodo Sexto faz referência ao Sexto Mandamento das Leis de Deus : Não
cometerás adultério (Êx. 20,14)
71
; desse mandamento advém o pecado contra a
castidade: “Entre os pecados gravemente contrários à castidade é preciso citar a
masturbação, a fornicação, a pornografia e as práticas homossexuais.”
72
. A testemunha,
em cujo depoimento há essa combinação lexical, afirma que a vítima, Francisco de
Freitas, embora fosse bomsugeito, era niqueito no pecadodo Sexto; ou seja, fornicava
com a mulher do próximo. Isso porque, segundo a testemunha, ele fora assassinato por
causa de uma mulata que também “tratava”, isto é, tinha relacionamento illicito, com o
71
Bíblia Sagrada. Petrópolis: Vozes, 1990. p. 103.
72
Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã. BH: Ed. da Divina Misericórdia, 1998. p. 28-29.
263
Escrivão da Câmara de Mariana (Ribeirão do Carmo). Em outros termos, a vítima
apesar de ser bomsugeito era um adúltero.
Todos esses dados reforçam a classificação – CLR - feita anteriomente para essa
combinação, já que o significado global da estrutura não é igual à soma dos significados
dos constituintes; mais adiante voltaremos a essa questão.
35. ocaziaõ dosoçego - altas horas da noite.
01) Socego: Quietação. Descanço. Trãquillidade do espirito. Occasiaõ: tempo;
Bluteau, 1712-1728
02) Socego: quietação, descanço, tranquilidade do espirito, e do corpo adormecido, fora de assão, lida,
inquietação, e desasocego. Occasiaõ: oportunidade de tempo, ou lugar para se fazer alguma coisa.
Moraes Silva, 1813.
De acordo com a consulta que fizemos aos textos dos bancos de dados, verificamos que
que a estrutura estaõ naocaziaõ dosoçego deveria ser reduzida para ocaziaõ dosoçego,
que foi encontrada nos textos dos bancos de dados. Mas mesmo com a redução, não
localizamos essa combinação nas obras lexicográficas, e a definição dada para o
verbete Socego nos permite relacionar
tranquilidade do espirito, e do corpo adormecido com
altas horas da noite, ocasião ou tempo em que se recolhe aos aposentos (tal como é
citado nas peças populares portuguesas do banco de textos de PHPB-Rio). Essa análise
novamente confirma a categorização - CLR - dada a essa combinação, já que o
significado global não é igual à soma dos significados de cada constituinte. Mais
adiante voltaremos a essa questão.
36. Rebantava de paixaõ - matava de repente e com rancor.
01) Arrebatar. Levar com força, cõ violencia.
Paixão. Qualquer movimento da alma, bem, ou mal regulado. Paixaõ da ira. Homem arrebatado, que não
sabe ter maõ na sua paixão.
Bluteau, 1712-1728
02) Arrebatar. Tirar de repente, e com violencia. Dizemos, fig. que a morte arrabata, i.e., leva de
repente, e subitamente.
Paixão. O amor, ira, odio, aversão, ou qualquer appetite, e affecto immoderado, e violento.
Moraes Silva, 1813.
Se considerarmos (i) o sentido figurado a morte arrabata, i.e., leva de repente, e
subitamente, (ii) o uso, por parte de uma das testemunhas, da estrutura moreria
dePaixaõ [...Responderaque | oatentara odiabo afazer | talabsurdo equeseonaoFize | era quemoreria
dePaixaõ | ...],
que tomamos como estrutura sinônima da combinação sob análise, e (iii) o
264
sentido denotativo dado pelos autores para paixão, verificaremos que o significado que
construímos para Rebantava de paixaõ nos faz confirmar a categorização dada a essa
combinação: CLR; já que o significado global não é igual à soma dos significados de
todos os constituitnes.
37. Restilhando comhuapistolla - atirando, dando um tiro com uma pistola.
Não foi encontrada essa combinação nas obras; na consulta aos verbetes isoladamente,
não foi localizada a lexia Restilhando. Consultamos vários dicionários, inclusive
etimológicos, da Língua Portuguesa e Castelhana e constatamos que restilhando
(*restilhar) muito provavelmente, segundo José Pedro Machado (1987), é proveniente
de rastilho, que, por sua vez é de origem castelhana – rastillo. Consultado o
Diccionario dela lengua espanola, verificamos que rastillo é forma variante de
rastrillo: ‘peça de aço cortada que as armas de fogo possuíam, por meio da qual corria
a pedra de quartzo para fazer explodir o fogo’
73
(Tradução Livre). Percebe-se, então,
que restilhando é um empréstimo do castelhano, e que sofreu, além da mudança
fonética – rastrillo (rastillo?) > restilhar - , da mudança de categoria S
ubstantivo
V
erbo
,
uma mudança semântica, pois, de acordo com os depoimentos das testemunhas dos
manuscritos, *restilhar / restilhando é forma sinônima de atirando, dando um tiro.
Com isso, a categorização que atribuímos a esse sintagma como uma combinação
lexical restrita deve ser levada adiante; mais a frente voltaremos a essa questão.
38. Sahira (...) aoCaminho - surgira ou aparecera alguém.
01) Sahir ao encontro, ou sahir ao caminho a alguem. Encontro.{(Quando lhe Sahio ao caminho hü
Anjo. Vieyr. tom. 1. pag. 500.)}
Bluteau, 1712-1728
02) Em Moraes Silva, não localizamos essa combinação, seja no verbete caminho ou em sair, neste
último há apenas sair ao encontro, vir encontrar; mas não se faz menção a sair ao caminho como forma
sinônima, tal como aparece em Bluteau.
Na análise que fizemos anteriormente nos textos dos bancos de dados, não localizamos
o significado que atribuímos a essa combinação. Na nossa leitura, se o crelado saiu ao
caminho de Magdalena Duarte ele surgiu a sua frente de forma inesperada: ...
73
‘Pieza de acero rayada que tenian las *armas de fuego de chispa, em la qual hería el pedernal para hacer
saltar el fuego a la cazoleta’. (REAL ACADEMIA ESPANOLA, 1947)
265
hindoMagdalenaDuarte preta Curanaeforra doReyal|deSantaLuzia ondeheramoradora paraCasa
dehumConpadee|SeuchamadoManoelMoreira dos Reis quemoraforadoditto|aReyal lheSahira
oCreladoaoCaminho evioLeita mente|aprendeo ... (CBG Linhas 4715-4717).
No entanto, depois de
consultadas as obras lexicográficas, verificamos novamente a ocorrência não do
significado que construímos, mas aquele constatado anteriormente; ou seja, sair ao
encontro, encontrar.
Numa outra consulta à obra de Bluteau, checamos a definição de encontro: a acçaõ de se
encontrar no caminho com alguem; sahir ao encontro a alguem; que sahe ao encontro a alguem.
Depois
de analisada essa definição, fizemos a seguinte relação : alguém x que sai e se
encontra com alguém y no caminho; essa conjectura talvez justifique a combinação
sair ao caminho, e por extensão o fato de ela ser tomada como sinônima de encontro.
Tudo isso nos leva a alterar o sentido que construímos anteriormente para : encontrar
com alguém no caminho.
Toda essa análise reforça a categorização feita anteriormente para essa combinação:
CLR, pois, numa consulta a um dicionário etimológico de A.G. Cunha, não
conseguimos levantar um étimo comum entre encontro e caminho. Em outros termos o
significado global de Sahira (...) aoCaminho não é igual à soma dos significados de
cada constituinte.
39. terez ehaveres - posses, propriedades.
01) Haveres: riquezas. Fazenda. Ter. Absolutamente, & por antonomasia val o mesmo que ser rico.
Bluteau, 1712-1728
02) Não há registros em Moraes Silva.
A consulta a essas obras vem reforçar a categorização que fizemos anteriormente para
essa combinação, de fato o significado atribuído a terez ehaveres é igual à soma dos
significados de T
ER e HAVER, pois tanto um como outro significam propriedades,
posses, riquezas. Conforme já dissemos anteriormente, esses vocábulos possuem uma
relação etimológica relacionada à posse, então não há um esvaziamento semântico de
ambos os constituintes. Ao que tudo indica, a combinação desses dois itens reforça a
etimologia de ambos, então, temos aqui uma combinação lexical livre.
40. tivera (...) humas resoeis - tivera uma discussão, atrito ou conflito com alguém.
01) Ter razões com alguém. Pelejar, conteder, disputar. Tiveraõ razões hus com outros.
Bluteau, 1712-1728
266
02) Ter razões com alguem; disputar, ter palavras.
Moraes Silva, 1813.
Tal como nos textos dos bancos de dados, nessas obras lexicográficas também
localizamos o significado que construímos para a combinação tivera (...) humas resoeis.
No entanto, procedemos a uma consulta a dicionários etimológicos e verificamos (1)
conforme Corominas (1954), razão é derivado de razoar que, no judeu espanhol é
‘acusar, reprender’; (ii) Laudeline Freire (1954) informa que o vocábulo razões, no
plural, refere-se a “questões, contendas, altercações, zangas.”; (iii) já Fontinha (1957)
afirma que arrozar, também derivado de razoar, possui (ou possuía), no Minho –
região norte de Portugal – o significado de zangar-se; irritar-se; (iv) finalmente, J.P.
Machado (1987) informa que razão, vem do latim ratione; quanto à grafia, diz ele,
“Creio que razão era forma imposta pela cultura, uma espécie de semi-latinismo, ao
passo que rezão nada mais seria do que evolução de outra, com largo uso no século de
quatrocentos. Razão chegou, na escrita, ao século XVII.” A partir desses dados
etimológicos, verificamos que o vocábulo rezões, com maior recorrência no nosso
corpus, é mais antigo que razões, e que este é mais erudito que aquele. Para além disso,
constatamos que esta forma no plural possui um significado muito próximo do que
construímos nesta tese; que, aliás, é reforçado pela presença, por vias etimológicas, dos
traços sêmicos [+zangar-se, +irritar-se]. O dado sociolingüístico fornecido por Fontinha
é interesssante, pois, como discutimos no Capítulo 2, grande parte dos portugueses que
vieram para o Brasil e, em especial, para as Vilas do Ouro, eram da região do Minho, e
com eles também veio, naturalmente, seu uso lingüístico.
Todos esses dados etimológicos nos fazem alterar o rótulo que atribuímos a essa
combinação: de lexical restrita para combinação livre. Isso porque no significado que
construímos ter uma discussão, atrito ou conflito com alguém não há dessemantização
de quaisquer constituintes para a construção de um outro sentido. Ou seja, o significado
global é igual à soma dos significados de todos os constituintes.
41. tratava deshonestamente Com - tinha relacionamento imoral com.
01) Trato illicito. Amizade peccaminosa, amancebamento.
Bluteau, 1712-1728
02) Tratar amores com alguem, telos.
Moraes Silva, 1813.
267
Conforme consta dessas obras, o verbo tratar possuía diferentes acepções, dentre elas
(2) acima; no entanto, quando se referia a algum relacionamento que socialmente era
“contra a moral e os bons costumes”, o SV era especificado por um Sadv., conforme
dados do nosso corpus [... queodefunto|tratava
[SV]
deshonestamente
[Sadv.]
Com|Humamullata
dePedroEnes...];
ou então o SN, como em TRATO de (1) acima, era especificado por um
Sadj. ILLICITO. Ao que nos parece, o que determina o tipo de relação é o especificador,
já que o próprio verbo ou o nome por si sós já indicam que se trata de um
relacionamento. Tudo isso nos leva a repensar na categorização - CLR - que
atribuímos a essa combinação; pela significação apresentada, que é a soma dos
significados de cada item constituinte, esse sintagma nada mais é que uma combinação
livre.
42. virou atras (della) - foi atrás de alguém.
Não foi localizada essa combinação nas obras; a consulta feita a cada verbete não nos
apresenta ou não sugere algum sentido figurado que possibilite esse tipo de construção
e significado construído. Com isso, permanece a categorização feita anteriormente para
essa combinação: CLR; mais adiante voltaremos a essa questão.
A partir da comparação dos significados que construímos com aqueles encontrados nos
textos de bancos de dados e nas obras lexicográficas do século XVIII, as combinações
sob análise ficaram assim categorizadas:
Combinações livres
1. andaõ pagados -
estavam pagos há algum tempo.
2. andar (...) amigado - viver ou estar amancebado
3. andar (...) as pedradas -
andar, caminhar arremessando pedras.
4. andava de Ryxa - estava em disputa, em briga.
5. andava paraCasar - estava na pretensão de se casar.
6. andavão (...) aRufados - estavam irritados
7. andouBrigando - esteve discutindo com alguém
8. auzen[†.]andoçe (...) fogetiva mente: fugindo.
9. dera (...) estocadas - ferira alguém com o uso de espada.
10. dera (...) asfacadas - ferira alguém com o uso de faca.
11. dera (...) asferidas - ferira alguém.
12. dandolhe parte - informando alguém de algo.
13. descompusera de palavras - maltratara, xingara alguém com duras palavras.
14. fazia Recanto - fazia curva.
268
15. hindo (...) emcompanhia - acompanhar alguém numa viagem.
16. impenhar (...) asbarbas - tomar as barbas como garantia de pagamento.
17. terez ehaveres - posses, propriedades.
18. tratava deshonestamente Com - tinha relacionamento ilícito com alguém.
19. tivera (...) humas resoeis - tivera uma discussão, atrito ou conflito com alguém.
Combinações lexicais restritas
1. amarrou coa dor dooso - atou com muita força e de forma violenta, causando dor profunda.
2. aRando fogo - falha da arma que não pegou fogo, não deu fogo.
3. Capadeamisade falsa amizade.
4. dar (...) bofetadas - esbofetear .
5. deitar atras de - correr atrás de alguém.
6. deixate estar – aguarda-te! (tipo de intimidação)
7. dera (...) em - batera em alguém.
8. dera(...) com (+ instrumento) em - batera com o uso de algum instrumento: facão, faca, mão ou pau.
9. dera (...) pancadas - espancar .
10. dera (...) porretadas - batera com um porrete em alguém.
11. dera (...) Relhadas - batera com o relho.
12. deu Sepultura - sepultou; enterrou.
13. estarpegado em - estar atracado com alguém.
14. fazer o exesso - cometer ou praticar algum crime.
15. metermaõaespada - puxar a espada.
16. naõ avia Remedio - não havia solução.
17. não tinha barbas parapagar – não tinha honra ou barbas para pagar o que devia.
18. niqueito no pecadodo Sexto – adúltero.
19. ocaziaõ dosoçego – altas horas da noite.
20. Rebantava de paixaõ - matava de repente e com rancor.
21. Restilhando comhuapistolla - atirando, dando um tiro com uma pistola.
22. Sahira(...) aoCaminho - surgira ou aparecera alguém.
23. virou atras (della) - foi atrás de alguém.
Na próxima seção, faremos uma classificação das combinações restritas em
semifrasemas, frasemas e quase-frasemas.
5.3.2
Combinação lexical restrita: descrição da estrutura interna,
classificação e análise morfossintático e/ou semântica
269
Nesta seção, faremos uma descrição da estrutura interna de cada combinação e, a seguir,
esses sintagmas em frasemas (pragmáticos e/ou semânticos _ frasemas, semifrasemas e
quase-frasemas). Uma vez feita essa classificação, procuraremos explicar
morfossintática e/ou semanticamente porque ela foi categorizada em determinado tipo.
Borba (2003), numa análise de sintagmas fixos do português contemporâneo, verifica
que internamente essas estruturas podem ser um S
intagma
N
ominal
, um S
intagma
Prep
osicionado
.
ou um S
intagma
V
erbal
(sendo um verbo pleno ou suporte). Em se tratando de um SN, ele
pode ser introduzido por verbo suporte _V
sup
(ser, estar, ficar, ter). Para a descrição
interna das CLR, aquelas que em sua estrutura possuir um constituinte representado
pelas reticências dentro dos parênteses angulares (...) faremos a descrição de todos os
excertos do corpus que contiver essa combinação, inclusive as estruturas que
chamamos de variantes grafemáticas e lexicais; as estruturas sinônimas não serão
descritas.
Para análise morfossintática e/ou semântica, conforme cada caso, as combinações
poderão ser examinadas do ponto de vista da teoria dos traços semânticos (Cf.
WAUGH, 1977; COHEN, 1986/1089; TOTARO, 1998; LIMA, 2003); também será
utilizada a proposta de Zuluaga (1998) para a formação dos semifrasemas verbo-
nominais : as perífrases verbais lexicais – PVL; e a proposta de Roncollato (2001
74
),
para a formação das metáforas que geram expressões idiomáticas, nos termos desta
pesquisa, que geram frasemas. Em outros termos, segundo a autora, há uma
dessemantização dos itens constituintes da expressão, e cada palavra perde seu
significado ou função nominativa própria ou original e adquire uma nova função
designativa.
Então, cada CLR será (a) descrita internamente; (b) classificada em tipos e (c)
analisada morfossintática e/ou semanticamente.
1.amarrou coa dor dooso - atou com muita força e de forma violenta, causando dor
profunda.
74
Embora a teoria da autora seja para analisar apenas as expressões idiomáticas (frasemas), achamos que
ela pode também se ajustar aos semifrasemas.
270
(a) amarrou
SV
+ coa dor dooso
SPREP
;
(b) O significado atou com muita força e de forma violenta, causando dor profunda
contém apenas o significado do lexema amarrou = atou; já que ao Sprep coa dor
dooso, foi atribuído um significado metafórico. Por isso essa combinação restrita foi
classificada como uma colocação ou semifrasema, pois houve uma restrição de sentido
em um de seus constituintes.
(c) Os dois constituintes se ligam sintaticamente: SV + Sprep; no entanto,
semanticamente isso não se dá : dor dooso não possui o traço sêmico [+ objeto flexível]
que serve para amarrar. Na verdade, ocorre uma dessemantização de cada item, que
assume outro sentido. A compreensão da metáfora que se constrói é possível porque,
além do contexto em que ocorre, há aqui uma relação entre imagens mentais e formação
metafórica (RONCALLATO, 2001):
Percurso de formação - imagem mental: o osso ou tecido ósseo é coberto por várias
camadas de outros tecidos >>> analogia : o osso está mais profundo em relação à
primeira camada de tecidos >>> metáfora : amarrar com muita força e violentamente
pode alcançar os ossos e feri-los, o que causará muita dor >>> semifrasema : amarrou
coa dor dooso
2. aRando fogo - [a arma que] não pegou fogo, não deu tiro.
(a).aRando
SADJ
+ fogo
SN
(b) CLR : semifrasema - no significado global está contido apenas o significado de
fogo = tiro e não contém aRando= desacertar, conforme Moraes Silva;
(c) Os constituintes se ligam sintaticamente : o Sadj (arando) que espefica o SN (fogo);
segundo Zuluaga (1998), alguns fraseologismos (nos termos desta pesquisa
combinações lexicais) podem ser criados a partir de outros, que são reformulados; no
caso em tela, de acordo com Moraes Silva, a expressão errar o tiro também possuía o
sentido figurado de não conseguir o que se desejava: perder. É possível então, seguindo
Zuluaga, que esse sentido figurado de errar o tiro tenha sido reformulado para explicar
o que ocorreu com a arma; ou seja, ela não deu fogo ou não atirou, conforme se
desejava ou se esperava.
3. Capadeamisade falsa amizade
(a) capa
SN
+ deamisade
SPREP
271
(b) CLR: semifrasema - no significado global não está contido o significado de CAPA
- tipo de vestimenta - conforme Bluteau e Moraes Silva - apenas o lexema amizade é
retomado.
(c) Os constituintes se ligam sintaticamente: o Sprep (deamisade) que especifica o SN
(capa). A relação semântica se dá por meio de processo metafórico, já que a função da
capa não é proteger contra algo cujo traço sêmico seja [+sentimento]. No entanto,
conseguimos compreender essa CLR porque, além do contexto em que ocorre, aqui
também há uma relação entre imagens mentais e formação metafórica:
Percurso de formação - imagem mental: a capa é uma peça do vestuário que fica sobre
outras peças >>> analogia : como a capa encobre todo o corpo ela pode propiciar uma
falsa imagem de quem a utiliza >>> metáfora : um falso amigo usa uma capa
deamisade. >>> semifrasema : capa deamisade.
4. dar (...) bofetadas - esbofetear.
5. dera (...) pancadas - espancar .
6. dera (...) porretadas - bater com um porrete em alguém.
7. dera (...)Relhadas - batera com o relho.
Como todas essas combinações possuem um mesmo tipo de estrutura, ou seja, DAR +
SN(-ADA
sufixo
), vamos analisá-las juntamente.
(a) descrição interna
dar (...) bofetadas :
...Mandara dar
SV
+ perhu negroSeu
SPREP
+
duas bo|fetadas
SN
...(AP -Linhas 3985)
dera (...) pancadas :
... havia dado
SV
+ huas pancadas
SN
... (AP -Linhas 2259)
... dera
SV
+ humcappitaõ doMato
SN
+ asferidas epanca|das
SN
... (AP -Linhas 3329)
... dera
SV
+ asferidasepancadas
SN
... (AP -Linhas 3341)
...dera
SV
+ aspancadaseferi|das
SN
... (AP -Linhas 3384)
... daras
SV
+ ditas|Pancadas
SN
... (AP -Linhas 3389)
... deraõ
SV
+ no dia ehorasmenseonadosnoau|to
SPREP
+
humasPancadas
SN
... (AP -Linhas 3400-3402)
... dera
SV
+ asPancadas
SN
.. (AP -Linhas 3418)
... as|ditaspancadas
SN
+ quedeu
SV
+ ocapittaõ doMato
SN
... (AP -Linhas 3424-3425)
... dera
SV
+ Manoel Perei radeSou za
SN
+ |huapancada
SN
... (AP -Linhas 3622)
dera (...) porretadas:
272
... dera
SV
+ asferidaseporretadas
SN
+ emhunegro
SPREP
... (AP -Linhas 3228-3229)
... dera
SV
+ hum|cappitã deMato
SN
+ asferidas eporretadas
SN
+ nelle
SPREP
...( AP -Linhas 3270-3271)
... sederã
SV
+ asfacadaseporretadas
SN
+ emhunegro
SPREP
... (AP -Linhas 3286-3288)
... haviaõ dado
SV
+ humporrotadas
SN
+ emhuseune|gro
SPREP
... (AP -Linhas 3463-3464)
dera (...)Relhadas:
... dera
SV
+ humas Relhadas
SN
... (AP -Linhas 1771)
... tinha dado
SV
+ humas Relhadas
SN
+ emhum feitordePedro
SPREP
... (AP -Linhas 2022-2023)
(b)/(c) Todas essas combinações foram classificadas como lexicais restritas –
semifrasema - pois nelas houve alguma restrição do sentido do verbo DAR, vejamos :
- em dar (...) bofetadas = esbofetear e em dera (...) pancadas = espancar o verbo
esvaziou-se semanticamente de seu significado lexical, para servir como verbo suporte.
Isto é, o componente verbal serve apenas como um portador gramatical das
determinações verbais: dar (...) bofetadas – ação infinita; dera (...) pancadas : 3ª.pes.
sing. do pretérito perfeito do indicativo. Nos respectivos significados, retoma-se a raiz
dos segundos elementos da combinação [bofet- e panc-] sobre as quais recai a carga
semântica do verbo formado;
- em dera (...) porretadas e em dera (...) Relhadas o verbo tamm assume outro
significado: bater em alguém com o uso de algum instrumento. No significado global,
retoma-se o a raiz dos segundos elementos da combinação [porret- e relh-].
8. deitar atras de - correr atrás de alguém.
9.virou atras (della) - foi atrás de alguém.
Como nesses dois sintagmas os verbos são regidos pela mesma preposição atras
vamos analisá-los juntamente.
(a) deitar
SV
+ atras de
SPREP
virou
SV
+ atras della
SPREP
(b) Ambas as estruturas foram classificadas como CLR – semifrasema - já que nos
respectivos significados globais não estão contidos os significados lexicais de deitar –
lançar alguma pessoa de sorte, que descanse sobre o corpo ao comprido para
repousar; lançar, botar - e de virar - por a cousa noutra postura; mudar; converter; no
significado apenas contém as preposições atras + de.
273
(c) Sintaticamente SV se liga a um Sprep; já no nível semântico é preciso fazer uma
análise dos traços de deitar e virar e da preposição atrás, para entendermos por que
esses verbos foram interpretados como correr e ir, respectivamente. Os verbos deitar e
virar possuem o traço sêmico [+ movimento] tal como correr e ir; no entanto, não
possuem o traço [+ deslocar-se de um lugar a outro], mais característico de correr e ir;
a preposição atras possui como traço sêmico (dentre outros) [+ em seguimento a]. O
que parece justificar o significado de DEITAR ATRAS e VIRAR ATRAS como CORRER
ATRAS
e IR ATRAS, respectivamente, é uma “conformidade semântica” (COHEN,
2007, p. 41) entre esses verbos e a preposição. Ou seja, o traço [+movimento] de
DEITAR e VIRAR se conforma ao traço [+ em seguimento a] de ATRAS, o que propicia
o sentido que atribuímos a eles.
10. dei xate estar - aguarda-te! (tipo de intimidação).
(a) dei xate
SV
+ es tar
SV
(b) CLR: frasema – o significado global dessa combinação não contém o significado
individual dos dois constituintes.
(3) sintaticamente tem-se dois verbos em que o segundo complementa o primeiro; para
compreender esse sintagma semanticamente é preciso criar uma relação entre imagens
mentais e formação metafórica, já que a falta do complemento de estar compromete a
compreensão da estrutura..
Percurso de formação - imagem mental: deixar-se estar ou ficar de sobreaviso>>>
analogia: aguardar >>> metáfora : deixar-se estar é aguardar. >>> semifrasema :
deixate estar.
11. dera (...) com (+ instrumento) em - batera com o uso de algum instrumento: facão,
faca, mão ou pau.
12. dera (...) em - batera em alguém.
Como essas duas combinações possuem em seus significados o verbo BATER e são
regidas pela preposição EM, vamos analisá-las juntamente:
(a) descrição interna
dera (...) com (+ instrumento) em
... dera
SV
+ Manoel Perei radeSouza
SN
+ com hu facam dePranxa
SPREP
+ emoca|pitamFrancis co
correa daSilva
SPREP
|... (AP -Linhas 2680-2682)
274
... tinha dado
SV
+ comhua faCa
SPREP
... (AP -Linhas 2924)
... dar
SV
+ comhu pa՜o
SPREP
... (AP -Linhas 2970)
... dar
SV
+ com aditta faca
SPREP
... (AP -Linhas 2998)
... havia dedar
SV
+ comaditta|faca
SPREP
... (AP -Linhas 3018)
... dera
SV
+ nodito negro
SPREP
+ com hua faca
SPREP
... (AP -Linhas 3108-3109)
... dando
SV
+ lhe
SN
+ pella Rua adiante
SPREP
+ comasmaõs
SPREP
+ ... (AP -Linhas 3137-3139)
...dera
SV
+ nodi to correa
SN
+ com elle|nacara
SPREP
... (AP - Linhas 3655-3657)
... dera
SV
+ Manoel Perei radesouza
SN
+ com hu facam depranxa
SPREP
+ nacara docapitam Francis co
correa|dasilva
SPREP
... (AP - Linhas 3710-3711)
... dera
SV
+Manoel Perei radesouza
SN
+ com ofacamdePranxa
SPREP
+ nacara docapi taoFrancisco...
SPREP
(AP - Linhas 3740-3742)
... dar
SV
+ Manoel Per ei ra|deSouza
SN
+ comofacam dePon xa
SPREP
+ naca|radocapitam Francis co
correadasil|va
SPREP
... (AP - Linhas 3757-3758)
... dera
SV
+ Manoel|Perei ra[corroídas]Souza
SN
+ com hu facam
SPREP
+ en[corroída]|ocapi tam Francis
co correadasil[corroídas] daSilva
SPREP
... (AP - Linhas 3793-3796)
... dera
SV
+ Manoel Pereiradesouza
SN
+ com hu facom de rasto
SPREP
+ nacaradocapitam Francisco
SPREP
... ( AP - Linhas 3808-3809)
... dera
SV
+ Manoel Perei radeSouza
SN
+ comhu facamde ras to|dePran xa
SPREP
+ nacara
docapitaoFrancis cocoreadasilva
SPREP
... (AP - Linhas 3834-3835)
... dera
SV
+ Manoel Perei radesouza
SN
+ comhu facam deP ran xa
SPREP
+ nacaradocapi tan Francis
correada|silva
SPREP
... (AP - Linhas 3848-3850)
... dera
SV
+ Manoel Perei rade|souza
SN
+ comhu facam deP ran xa
SPREP
+ na|caradocapi tan Francis
correada|silva
SPREP
... (AP - Linhas 3848-3850)
... dera
SV
+ Manoel P[corroída]rei radesouza
SN
+ comhumfacam
SPREP
+ nacaradeP[corroídas] di to
correa
SPREP
.... (AP - Linhas 3909-3910)
... havia dado
SV
+ Manoel Perei radesouza
SN
+ com hum facam
SPREP
.. (AP - Linhas 3925-3927)
... Havia mda(d)o
SV
+ nocapitam Francis cocorrea daSilva
SN
+ com facom
SPREP
+ nacara
SPREP
...( AP -
Linhas 3943-3945)
... dera
SV
+ Manoel Perei ra deSouza
SN
+ comhu fa|com depranxa
SPREP
+ nacara docapi tonFrancis
co
SPREP
... (AP - Linhas 3985-3987)
.. dera
SV
+ Manoel Perei radeSouza
SN
+ (...) comhu facom depran xa
SPREP
+ nacara
SPREP
... (AP -
Linhas 4003-4004)
... havia dado
SV
+ nocapitam|Francis cocorreadasilva
SN
+ comhu facondepranxa
SPREP
+ nacara
SPREP
...
(AP - Linhas 4029-4031)
... dera
SV
+ Manoel Perei radesouza (...)
SN
+ com hum facom
SPREP
+ nacara docapitam Francis
[corroídos]correadasil
SPREP
... (AP - Linhas 4043-4045)
275
... dera
SV
+ comhum facam
SPREP
+ nacara do capitam|Francis co correadaSilva
SPREP
... (AP - Linhas
4061-4063)
... dera
SV
+ ManoelPerei radesouza
SN
+ comhu facamdepran|xa
SPREP
+ nacaradocapi tam Francis
cocorreadasilva
SPREP
... (AP - Linhas 4088-4089)
... dera
SV
+ Manoel Perei radesouza
SN
+ com hum focam depran xa
SPREP
+ na|caradoCapitam Francis
cocorredasilva
SPREP
... (AP - Linhas 4106-4108)
... dera
SV
+ Manoel Perei radesouza
SN
+ (...) comhu fa|camdepranxa
SPREP
+ nacarado capitao
SPREP
...
(AP - Linhas 4164-4165)
... dera
SV
+ Manoel Perei ra deSouza
SN
+ comhu fa camde pranxa
SPREP
+ nacaradocapitam Francis
cocorreada
SPREP
... (AP - Linhas 4178-4179)
... dera
SV
+ ManoelPerei radesouza
SN
+ comhu facamde|pranxa
SPREP
+ nacara docapitam
SPREP
... (AP -
Linhas 4194-4195)
... (d)ava
SV
+ comhu facam depranxa
SPREP
+ nacara|docapitam
SPREP
... (AP - Linhas 4218-4219)
dera (...) em
... dar
SV
+ no ditto negro
SPREP
... (AP - Linhas 3060)
... tinhãdado
SV
+ noseunegro
SPREP
.. (AP - Linhas 3203)
... deraõ
SV
+ emhunegro
SPREP
... (AP - Linhas 3216)
... tinhadado
SV
+ em hum negro
SPREP
... (AP - Linhas 3346)
... dera
SV
+ oditocappitaõ
SN
+ no negro
SPREP
.... (AP - Linhas 3368)
.. haviaõ dado
SV
+ nocapitam Francis co correa dasilva
SPREP
... (AP - Linhas 3779)
... mandase dar
SV
+ nanegra
SPREP
... (CBG - Linhas 4368)
... deraõ
SV
+ nanegra
SPREP
... (CBG - Linhas 4375)
... dera
SV
+ naquereLante
SPREP
... (CBG -Linhas 4444-4446)
(b)/ (c) Combinação: semifrasema – em ambos os casos, o verbo
DAR sofre uma
restrição de sentido assumindo outra significação: bater em alguém e bater com o uso
de algum instrumento, respectivamente. Sintaticamente, falta à estrutura dera
SV
em X
SPREP
o outro complemento verbal (O
bjeto
D
ireto
) que seria preenchido por um SN. No
entanto, essa “ausência” não interfere na construção do sentido do sintagma, pois dois
fatores interferem nesse processo: (i) o contexto em que esse sintagma ocorre; e não
estamos nos referindo a situações em que o OD foi mencionado anteriormente, e por
inferência poderia ser recuperado. Na verdade, referimo-nos ao evento narrado, em que
a ação dos personagens permite ao ouvinte/leitor construir o sentido para a estrutura;
(ii) uma outra explicação é o fato de esse verbo, ao assumir o significado de bater em
276
alguém , assume também a categoria verbal de BATER, ou seja, um V
erbo
T
ransitivo
I
ndireto
. Já a combinação dera
SV
com X
SPREP
em X
SPREP
se diferencia do caso anterior
apenas porque há o indicativo do instrumento com o qual se bateu em alguém, marcado
sintaticamente pela presença do Sprep. com X.
13. deu Sepultura - sepultou; enterrou.
(a) deu
SV
+ Sepultura
SN
(b)/(c) Essa combinação foi classificada como lexical restrita - semifrasema - pois nela
houve alguma restrição do sentido do verbo DAR, que se converteu num portador
gramatical de 3ª. pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo; a raiz do
segundo constituinte do sintagma sepult- será retomada no significado global e na
qual recairá a carga semântica do verbo “formado”.
Essa estrutura marcada por DAR + SN é chamada de PVL – perífrases verbais lexicais –
que formam lexemas verbais compostos ou predicados complexos e “estão a meio
caminho entre verbos auxiliares e verbos plenos.” (ZULUAGA, 1998),
14. estarpegado em - estar atracado com alguém.
(a) estar
SV(CÓPULA)
+ pegado
SN
+ em X
SPREP
.
(b) CLR : semifrasema - como já se discutiu, nesta combinação apenas o SN pegado
assumiu um significado diferente daquele encontrado nas obras de consulta.
Sintaticamente, trata-se de um SV(cópula) que se liga ao seu SN. Semanticamente, para
compreender o significado construído, além do contexto, é preciso que o sujeito e o
complemento de estarpegado em possuam o traço [+ humano]:
...
viraelle|Testemunhaestarpegado emhuNe|gro Antonio naçaõAngollaEs||
EsCravodeManoelAntunesdeFaria|aportadeMarianadePuguas morado|ranopadrefaria humcappitãdoMato
|porNomeLuisPacheco... (Linhas 4178-4182).
Isso porque nos corpora consultados essa
combinação possui o sentido de estar junto ou próximo de e tanto o sujeito quanto o
complemento possuem o traço [- humano].
15. fazer o exesso - cometer ou praticar algum crime.
(a) fazer
SV
+ o execeso
SN
(b) CLR: semifrasema - conforme já visto, exesso perdeu seu significado de
superioridade, sobejo, avantagem (MORAES SILVA, 1813) e adquiriu um outro, o
277
de crime; assim, no significado global está contido apenas o significado lexical do
verbo fazer = praticar.
(c) sintaticamente, tem-se um SV que se liga a um SN. Para compreendê-la
semanticamente é preciso fazer uma relação entre imagens metais e formação
metafórica:
Percurso de formação - imagem mental: infringir a lei é exceder-se no
comportamento >>> analogia : infração = excesso >>> metáfora : infringir a lei é
exceder-se ou fazer o excesso >>> semifrasema : fazer o exesso.
16. metermaõaespada - puxar a espada.
(1) meter
SV
+ maõ
SN
+ a espada
SPREP
.
(2) CLR : semifrasema. Os significados de metter = por, conforme Moraes Silva e
Bluteau, e de mão = parte do corpo, conforme Moraes Silva e Bluteau, não estão
contidos no significado da combinação.
(3) Sintaticamente, tem-se um SV que se liga a um SN e a um SPREP. Esse tipo de
sintagma metermaõ (em que o verbo se liga ao SN sem a “interferência’ do artigo
definido) parece ter o mesmo comportamento gramatical do SN nu objeto em
construções do tipo "buscar menino no colégio", que Saraiva (1997) pesquisou.
Segundo a autora, a incorporação sintática e semântica do SN nu objeto - verbo +
sintagma nominal - expressa uma idéia unitária de ação; no entanto, em "buscar menino
no colégio" os constituintes buscar e menino mantêm seu significado lexical. Em
metermaõ os constituintes, ao se associarem, sofrem um processo de dessemantização,
e adquirem um outro significado: puxar. Novamente, recorremos à relação entre
imagens mentais e formação metafórica.
Percurso de formação - imagem mental: por a mão na espada >>> analogia : numa
briga, mete-se a mão na bainha e puxa-se a espada >>> metáfora : meter a mão à
espada, é puxá-la. >>> semifrasema : metermaõaespada.
17. naõ avia Remedio - não havia solução.
(a) naõ avia
SV
+ Remedio
SN
(b) CLR: semifrasema – o significado de remedio = medicamento para reparar a saúde,
conforme Bluteau e Moraes Silva, não consta do significado da combinação.
(c) sintaticamente, tem-se um SV que se liga a um SN (o verbo mais seu complemento);
no nível semântico, um dos constituintes - Remedio - sofre um processo de
278
dessemantização e adquire uma nova função designativa : solução. Também nesse caso,
há uma relação entre imagens metais e formação de metáforas.
Percurso de formação - imagem mental: o remédio é um medicamento que cura as
dores do corpo >>> analogia : solução de problemas >>> metáfora: para um problema
de difícil resolução não há remédio >>> semifrasema : naõ avia Remedio.
18. não tinha barbas parapagar - não tinha honra ou barbas para pagar o que devia.
(a) não tinha
SV
barbas
SN
parapagar
SPREP
.
(b) conforme já discutimos, esse sintagma nos ofereceu duas possibilidades de
categorização: combinação livre ou restrita - semifrasema. Nesse último caso o
significado deve ser tomado como não tinha honra para pagar o que devia; pois barba
deve ser entendida metaforicamente como honra.
(c) sintaticamente, tem-se um SV que se liga aos seus complementos SN e Sprep.;
para uma análise semântica é preciso considerar a relação entre imagens mentais e
formação metafórica:
Percurso de formação - imagem mental: ter barbas é sinal de honra >>> analogia :
barba = honra = pagamento de dívida >>> metáfora: não ter barbas é não pagar o que
deve. >>> semifrasema : não tinha barbas parapagar .
19. niqueito no pecadodo Sexto - adúltero.
(a) niqueito
SN
+ no pecadodo Sexto
SPREP
(b) CLR : frasema; o significado dessa combinação não é igual à soma dos significados
dos constituintes. Conforme vimos, niqueito possuía um sentido figurado de Cópula
carnal; o pecado do Sexto (Mandamento) é a prática contra a castidade; disso é que
resultou o significado - adúltero.
(c) sintaticamente, tem-se um SN ligado ao seu especificador Sprep. Para uma análise
semântica, é preciso perceber o processo metafórico da construção do significado:
Percurso de formação - imagem mental: niqueito é copulador canal. O pecado contra a
castidade “desobedece” ao sexto mandamento “não cometerás adultério.>>> analogia :
o copulador carnal que “trata” com a mulher do próximo é um adúltero >>> metáfora :
um niqueito peca contra o sexto mandamento. >>> frasema : niqueito no pecadodo
Sexto.
20. ocaziaõ dosoçego – Altas horas da noite.
279
(a) ocaziaõ
SN
+ dosoçego
SPREP
(b) CLR: frasema; também nessa combinação houve uma dessemantização dos
constituintes : ocaziaõ = tempo; soceço = tranquilidade do espirito, e do corpo
adormecido, que passaram a designar, por meio de um processo metafórico, tarde da
noite ou alta noite.
(3) Sintaticamente tem-se um SN que se liga ao seu especificador Sprep. Para
compreender o significado que lhes atribuímos, além do contexto em que ocorrem [De
acordo com a testemunha, era noite e estavam naocaziaõ dosoçego quando, na casa de
uma mulata, alguns negros derão facadas na vítima.], é preciso estabelecer a relação
entre imagens mentais e a formação da metáfora: altas horas da noite.
Percurso de formação - imagem mental: Altas horas da noite é momento de pouco ou
de nenhum barulho.>>> analogia : tempo/ocasião=momento de sossego. >>> metáfora :
altas horas da noite é tempo/ocasião de sossego. >>> frasema : ocaziaõ dosoçego.
21. Rebantava de paixaõ - matava de repente e com rancor.
(a) Rebantava
SV
+
de paixaõ
SPREP.
(b) CLR : frasema. Conforme discutimos anteriomente, esse significado não é igual à
soma dos significados de todos os constituintes.
(c) Sintaticamente, tem-se um SV que se liga ao seu complemento Sprep. Para
compreendê-la no nível semântico, podemos dizer que houve a reformulação de outros
fraseologismos (no caso desta pesquisa, de outros frasemas). Segundo Moraes Silva, à
sua época: “Dizemos, fig. Que a morte arrebata.”, em Bluteau tem-se o seguinte adágio
: “ Homem arrebatado, que não sabe ter mão na sua paixão.” Então, seguindo Zuluaga
(1998), é possível que esses “fraseologismos” tenham sido associados e reformulados,
dando origem e Rebantava de paixaõ. Retomando o contexto do corpus, segundo a
testemunha, o réu afirmara que cometeu o crime, porque o diabo o atentara e disse-lhe
que se não o fizesse, o Rebantava de paixaõ; ou seja, o mataria de repente e com
rancor.
22. Restilhando comhuapistolla - atirando, dando um tiro com uma pistola.
(a) Restilhando
SADJ
+ comhuapistolla
SPREP.
(b)/(c) Conforme discutimos anteriormente, Restilhando, ao que tudo indica, é um
empréstimo do castelhano que sofreu mudanças nos níveis fonético/fonológico,
morfológico e semântico. Em função disso, é que atribuímos à combinação a categoria
280
de lexical restrita – semifrasema - , visto que de Rastrillo (ou rastillo?) - nome de uma
peça da arma responsável pela explosão do fogo – originou-se Restilhando nome dado
à ação de dar o tiro, atirar, conforme mostram os dados de nosso corpus.
23. Sahira (...) aoCaminho - encontrar com alguém no caminho.
(a) ... Sahira
SV
+ oCrelado
SN
+ aoCaminho
SPREP
... (CBG -Linhas 4716)
... Sahira
SV
+ aoCaminho
SPREP
+ ocreladojosedossantos
SN
... (CBG -Linhas 4729)
... Sahio
SV
+ aoCaminho
SPREP
+ oCreladojosedossantos
SN
... (CBG -Linhas 4744)
(b)/(c) CLR : semifrasema. Sintaticamente tem-se um SV que se liga ao um Sprep. e/ou
um SV que se liga a um SN e a um SPREP. Para compreender o significado que fomos
levados a construir, é preciso retomar a definição dada por Bluteau para encontro = a
acçaõ de se encontrar no caminho com alguem; sahir ao encontro a alguem; que sahe
ao encontro a alguem. O que parece ter havido foi uma junção de duas estruturas e o
apagamento de alguns constituintes : encontrar no caminho + sahir ao encontro >> sair
ao caminho = encontrar alguém.
Das 42 combinações lexicais que foram analisadas, 19 delas, ou 45%, foram
classificadas como livres; as 23 restantes, ou 55%, foram classificadas como restritas.
Essa classificação, no entanto, foi sendo construída à medida que os bancos de textos e
as obras lexicográficas foram sendo consultadas. No início da análise, isto é, quando
apenas consideramos os significados que construímos com base no contexto em que
ocorriam as combinações, a proporção foi de 01, ou 2,0% para combinações livres; e
de 41, ou 98%, para as restritas. Essa diferença robusta se deve a alguns fatores,
vejamos.
Primeiramente, é preciso retomar a observação feita por Iriarte Sanromán (2000), de
acordo com quem, não é muito fácil distinguir entre combinações livres e as
colocações ou semifrasemas, uma vez que "não existem compartimentos estanques, e
muitas vezes a classificação vai depender da análise semântica que se faça de cada
expressão." (p. 175); ou seja, dependerá da análise feita pelo pesquisador. Isso de fato
ocorreu quando estávamos diante de uma combinação que nos causou algum
estranhamento, por se tratar de uma estrutura que contrasta com nossa competência
lingüística contemporânea. Um exemplo disso é a estrutura tivera (...) resoeis, que foi
281
uma das que mais nos chamou a atenção quando de nossos primeiros contatos com o
corpus.
Nas primeiras análises, feitas a partir do sentido que construímos e a partir da consulta
ao banco de texto, tivera (...) resoeis foi considerada CLR; na análise feita a partir da
consulta às obras lexicográficas e a dicionários etimológicos verificou-se que essa
categorização deveria ser revista para combinação livre. Isso se deu porque
constatamos que havia um traço semântico “genético” entre arrazoar e rezão, ambos
originados de razoar. Esse primeiro vocábulo, nas terras do Minho, região de onde
saíram tantos portugueses que vieram fincar o pé em Minas e colonizá-la, significa (ou
significava) zangar-se; irritar-se. A partir disso, refizemos a categorização porque não
havia quaisquer restrições de sentido para resoeis; tratava-se, na verdade, de uma
combinação livre na qual cada constituinte mantinha suas significações individuais no
significado global da estrutura. Além desse caso, também auzen[†.]andoçe fogetiva
mente; descompusera de palavras; tratava deshonestamente Com; impenhar asbarbas.
Outra questão que queremos salientar é o fato de não termos localizado em nossos
dados frasemas pragmáticos, aqueles que possuem significado transparente, mas são
fixados com relação a uma determinada situação; e os quase-frasemas, que, além de
conservarem os significados dos lexemas constituintes, apresentam um novo sentido
que não é o resultado da soma dos sentidos desses lexemas. Portanto, em nosso corpus
apenas foram encontradas combinações livres e restritas do tipo: frasema e
semifrasema.
Na última seção, vamos discutir sobre as combinações lexicais restritas que nos
apontam para rastros de uma oralidade ou prática social discursiva da comunidade de
falantes das Vilas do Ouro, no século XVIII.
5.3.3
Combinação lexical restrita e a oralidade ou prática social
interativa
Neste Capítulo, analisamos 42 combinações lexicais cujos significados foram
construídos a partir do contexto em que se manifestaram. O procedimento seguinte à
essa construção foi localizar em 124 gêneros textuais diferentes as combinações
282
extraídas do corpus da pesquisa, além de verificar se o significado que lhes atribuímos
era localizado nesses corpora. Era necessária essa localização, porque, como lidamos
com textos de uma sincronia passada, era possível que atribuíssemos um sentido que
não fosse adequado às estruturas, e isso invalidaria a classificação das combinações em
restritas e/ou livres. Não obstante, sabemos que nossa competência como falantes e
leitores da língua portuguesa contemporânea não foi totalmente neutralizada durante a
construção dos significados das combinações, apesar de todo o cuidado que procuramos
ter.
Numa distribuição desses 124 gêneros textuais num contínuo tipológico, tomando
como referência o GRAF. 4 Representação do contínuo dos gêneros textuais na fala e
na escrita, do Capítulo 1, que possui num extremo a FALA e num outro a ESCRITA,
teremos, de modo geral, a seguinte situação: os gêneros cartas pessoais e peças
populares portuguesas estão mais próximos do extremo da FALA. Já as cartas
oficiais da administração pública; documentos oficiais; cartas de comércio e as obras
lexicográficas são gêneros que mais se aproximam do pólo da ESCRITA; os demais,
que são as obras de António Delicado, Bento Pereira e Francisco Rolland, ora se
aproximam do eixo mais próximo da escrita, ora do eixo mais próximo da fala; isso
porque lidam com adágios, provérbios, anexins populares. Essa localização dos
gêneros nesse gráfico pode nos servir de referencial apenas para verificarmos em qual
ou quais gêneros foram localizadas mais combinações e quais foram elas. Desde já
queremos deixar claro que isso não servirá como ponto crucial para nossa tese.
Uma vez localizada a estrutura e feita a devida análise, as classificações das
combinações foram sendo alteradas até que, finalmente, chegamos a 19 combinações
livres e 23 restritas. Nos quadros abaixo vamos apresentar as combinações restritas,
cujo significado é semelhante ao que construímos, e que foram localizadas nos corpora,
com a indicação da fonte. Para facilitar a análise, vamos fazer um quadro para cada
banco de textos, assim entendidos : PHPB-Rio, CLP-UA e obras lexicográficas.
283
Quadro 25
Banco de dados do PHPB-Rio
PPP
Peças Populares
Portuguesas
COAP
Cartas oficiais da
administração pública
CC
Cartas
Com.
DO
Doc.
Oficiais
DP-CP
Doc. Part.
Cartas Pess.
dera em 02 dera as pancadas 01
dera com 01 naõ avia Remedio 01
ocaziaõ dosoçego 02
naõ avia Remedio 03
Total 08 02 0 0 0
(total ocorrência: 10)
Quadro 26
Banco de dados CLP - UA
Obras de B.Pereira Obra de F. Rolland Obra de A Delicado
dar bofetadas 01 naõ avia Remedio 01 dera em 01
dera aspancadas 01 naõ avia Remedio 01
Sahira aoCaminho 01
Total 03 Total 01 Total 02
(total ocorrência: 06)
Quadro 27
Obras lexicográficas
Obra de R. Bluteau Obra de Moraes Silva
Capadeamisade 01 deixate estar 01
deixate estar 01 dera pancadas 01
dera em 01 deu Sepultura 01
dera com 01 metermaõaespada 01
dera pancadas 01 dera porretadas 01
deu Sepultura 01
fazer o exesso 01
metermaõaespada 01
naõ avia Remedio 01
Sahira aoCaminho 01
Total 10 Total 05
(total ocorrência: 15)
As análises que fazemos desses quadros são:
(i) as fontes que mais apresentaram CLR, cujos significados são semelhantes
aos que construímos nesta pesquisa, são, pela ordem, Obra de R. Bluteau,
com 10 ocorrências; PPP, com 08 ocorrências; Obra de Moraes Silva, com
05 ocorrências;
(ii) Bluteau, conforme já mencionado neste Capítulo, consultou um grande
número de obras - 406 - de diferentes épocas - séculos XVI e XVII - para
284
elaboração de seu Vocabulario, o que pode explicar o maior número de
ocorrências das CLR nesse dicionário;
(iii) as três combinações mais recorrentes nos corpora são, pela ordem: naõ avia
Remedio (07 vezes); dera aspancadas (04 vezes) e dera em (03 vezes);
(iv) nas obras do banco de dados do CLP, que classificamos como um suporte
de gêneros que estão próximos do pólo da fala, e também do pólo da escrita
localizamos apenas 07 CLR, sendo a mais recorrente aquela cuja estrutura é
encabeçada pelo verbo DAR, originando DAR
SV
+ SN (+ SPREP.);
(v) os sintagmas que são encabeçados pelo verbo
DAR, que aparecem 14 vezes
no conjunto do textos, apontam para a produtividade desse tipo de estrutura;
(vi) finalmente, se relacionarmos gênero textual, que na relação gradual do
contínuo está mais próximo do pólo da fala ou do pólo da escrita, com uso
de CLR, pode-se supor que se trata de um uso lexical mais típico de gêneros
próximos do pólo da escrita. Isso porque, em termos quantitativos, ocorrem
17 vezes, sendo 15 vezes nas obras lexicográficas e 02 nas COAP; já nos
gêneros próximos do pólo da fala, essas CLR apenas ocorreram 08 vezes nas
PPP, e nos DC-PC não ocorreram nenhuma vez. . No entanto, essa situação
nos leva a propor que a ocorrência dessas 13 CLR nesses corpora é uma
forte evidência de que elas possuíam um raio de uso muito abrangente, por
pertencer à memória coletiva dos falantes/testemunhas e por já ser
institucionalizada pela escrita.
O quadro a seguir indica o número de vezes que as CLR ocorrem no corpus desta
pesquisa:
Quadro 28
Ocorrência de CLR no corpus
(continua)
item
Combinação unidade lexical N
o
. ocor.
1 amarrou coa dor dooso 01
2 aRando fogo 10
3
Capadeamisade 02
4
dar(...) bofetadas 01
5 deitar atras de 01
6
deixate es tar 01
7
dera (...) pancadas 09
8
dera com (+ instrumento) em 32
9
dera(...) em 09
10
dera(...) porretadas 04
285
Quadro 28
Ocorrência de CLR no corpus (conclusão)
item
Combinação unidade lexical N
o
. ocor.
11 dera(...) Relhadas 02
12
deu Sepultura 01
13
ocaziaõ dosoçego 01
14 estarpegado em 01
15
fazer o execeso 02
16
metermaõaespada 02
17 não tinha barbas parapagar 02
18 niqueito no pecadodo Sexto 01
19
naõ avia Remedio 01
20 Rebantava de paixaõ 02
21 Restilhando comhuapistolla 02
22
Sahira (...)aoCaminho 03
23 virou atras (della) 01
Comparando os QUADROS 25, 26 e 27 com 28, verificamos que das CLR em negrito,
que são as localizadas nos corpora consultados, apenas naõ avia Remedio possui
maior número de ocorrência, 07 vezes no banco de textos, e apenas 01 vez em nosso
corpus; as outras, também em destaque, ocorreram mais vezes no corpus da pesquisa.
Ao propormos uma relação entre freqüência de ocorrência dessas 9 CLR com
depoimento das testemunhas, veremos que:
1. amarrou coa dor dooso ocorreu apenas 01 vez na devassa AP 1743 do escrivão
não nomeado(?) Jorge Furtado; depoimento de Antonio Gonçalves Ramos,
artesão, nível 3 de letramento;
2. aRando fogo ocorreu 10 vezes na devassa AP 1725 do escrivão nomeado Carlos
de Abreu; depoimentos de Callisto M. de Morais, S/E, nível 3 de letramento;
Joseph de S. Exposto, S/E, nível 4/5 de letramento; Antonio da C. Ribeiro, S/E,
nível 3 de letramento; Lourenso Moreira, artesão, nível 4/5 de letramento;
Manoel M. Vas, soldado, nível 4/5 de letramento; Antonio da S. Roza, S/E,
nível 3 de letramento; Antonio de Magalhais, S/E, nível 3 de letramento;
Gonsallo Lopes, S/E, nível 1 de letramento; Christovão P. Ferreira, soldado,
nível 4/5 de letramento; Joseph G. Branquinho, pequeno comerciante, nível 4/5
de letramento.
3. deitar atras de ocorreu apenas 01 vez na devassa AP 1735 do escrivão nomeado
Bento de Araújo; depoimento de Henrique R. de Carvalho, artesão, nível 4/5 de
letramento;
286
4. dera (...) Relhadas ocorreu 02 vezes na devassa AP-1731b do escrivão não
nomeado(?) Luiz Silva e Souza; depoimentos de Sebastiaõ Pereira, pequeno
comerciante, nível 1 de letramento; Anastacio Velho Mello, S/E, nível 3 de
letramento;
5. estarpegado em ocorreu apenas 01 vez na devassa AP 1743 do escrivão
nomeado Ambrózio R. da Cunha, no depoimento de Berthollameu Moreyra da
Costa, artesão, nível 4/5 de letramento;
6. niqueito no pecadodo Sexto ocorreu apenas 01 vez na devassa AP-1731b do
escrivão não nomeado(?) Luiz Silva e Souza; depoimento de Joaõ V. Brito,
grande comerciante, nível 2 de letramento;
7. Restilhando comhuapistolla ocorreu 2 vezes na devassa AP 1725 do escrivão
nomeado Carlos de Abreu; no depoimento da vítima Miguel Marques Macedo; e
no texto de punho do juiz ordinário Domingos Francisco Oliveira, nível 4/5 de
letramento;
8. virou atras della ocorreu apenas 01 vez na devassa AP 1735 do escrivão
nomeado Bento de Araújo; depoimento de Ilena Ramos, S/E, nível 1 de
letramento;
9. Rebantava de paixaõ ocorreu 1 vez na devassa AP 1725 do escrivão nomeado
Carlos de Abreu; no depoimento de Manoel Borges Barros, S/E, nível 4/5 de
letramento.
Não é possível estabelecer uma relação entre o uso de CLR com ocupação profissional,
porque essa informação não é fornecida para 10, ou 53%, das 19 testemunhas. Quanto
ao nível de letramento dessas testemunhas e o uso de CLR também não estabelecemos
uma relação, porque, embora a maioria dos depoentes possua o mais alto nível de
letramento, na lista de profissionais que dispunham de maior número de livros,
conforme discutimos no Capítulo 2, não constava nenhuma das profissões das nove
testemunhas arroladas acima. Quanto à relação entre o escrivão ser ou não nomeado
pela Coroa Portuguesa e o registro dessas CLR, também não se mostra muito
relevante; no entanto, não podemos perder de vista tudo que discutimos nesta tese
acerca das formas e das exigências para a ocupação desse cargo, dos métodos de
alfabetização no Antigo Regime português, e do nível de letramento atribuído a esses
agentes nesta pesquisa.
287
Estabelecendo outra comparação entre os quadros anteriores, verifica-se que das 23
CLR, 13 foram localizadas nesses corpora:
1 Capadeamisade falsa amizade
2 dar bofetadas - esbofetear.
3 dei xate estar - aguarda-te! (tipo de intimidação).
4 dera em - batera em alguém.
5 dera com (+ instrumento) em - batera com o uso de algum instrumento: facão, faca, mão ou pau.
6. dera (...) pancadas - espancar .
7. dera porretadas - bater com um porrete em alguém.
8. deu Sepultura - sepultou; enterrou.
9. fazer o exesso - cometer ou praticar algum crime.
10. metermaõaespada - puxar a espada.
11. naõ avia Remedio - não havia solução.
12. ocaziaõ dosoçego – Altas horas da noite.
13. Sahira aoCaminho - encontrar com alguém no caminho.
As demais, que não foram localizadas,
1. amarrou coa dor dooso - atou com muita força e de forma violenta, causando dor profunda.
2. aRando fogo - [a arma que] não pegou fogo, não deu tiro.
3. deitar atras de - correr atrás de alguém.
4. dera (...) Relhadas - batera com o relho.
5. estarpegado em - estar atracado com alguém.
6. não tinha barbas parapagar - não tinha honra ou barbas para pagar o que devia.
7. niqueito no pecadodo Sexto - adúltero.
8. Restilhando comhuapistolla - atirando, dando um tiro com uma pistola.
9. virou atras della - foi atrás de alguém.
10. Rebantava de paixaõ - matava de repente e com rancor
são as que mais interessam a esta tese, exceto pela combinação não tinha barbas
parapagar que, conforme mencionado anteriormente, possui uma classificação
ambígua : livre e restrita, e por isso não vamos considerá-la.
Relembremos as palavras de Biderman acerca da expressividade da linguagem oral:
É da essência da linguagem oral buscar o máximo de expressividade: assim
os usuários da língua a consideram, com frequência, desgastada e
descolorida, o que os leva a inventarem novos matizes metafóricos e
metonímicos para palavras velhas, ou a inventarem novas formas que eles
julgam corresponder melhor àquilo que pretendem dizer. (2001, P. 207)
Concordamos com a autora e reforçamos essa posição, afirmando que os falantes, no
momento da escrita, também podem fazer uso de sua criatividade em especial naqueles
288
gêneros mais próximos da fala; já nos outros gêneros, principalmente aqueles mais
próximos do pólo da escrita e que, por isso, ficam mais “engessados” em função da
padronização que se exige da língua escrita, a criatividade fica mais limitada; ou seja,
acreditamos que o próprio gênero tende a limitar essa criatividade, que leva os falantes
“a inventarem novos matizes metafóricos e metonímicos para palavras velhas, ou a
inventarem novas formas que eles julgam corresponder melhor àquilo que pretendem
dizer”. O tipo de gênero com o qual lidamos nesta tese, os processos-crime, que
possuem uma dupla concepção discursiva - oral e escrita - que se aproxima ora de um
extremo do contínuo, ora de outro, nos permitiu flagrar a reinvenção da língua,
principalmente nas partes em que era dada a voz às testemunhas. No Capítulo 4,
mostramos as partes do processo-crime que têm como concepção discursiva a escrita -
o texto formular que seguia a lei vigente; e a concepção discursiva oral - o depoimento
das testemunhas.
Defendemos que essas 9 CLR que não figuram nos corpora nos quais procedemos as
buscas representam essa criatividade ou esse máximo de expressividade, que é da
essência da linguagem oral, conforme postula Biderman (2001). Em cada uma delas
observamos um novo matiz para um dos constituintes que o falante julgava ser uma
palavra velha, conforme vimos na seção passada. Conforme constatamos, o fato de as
13 CLR figurarem nos corpora de diferentes gêneros textuais de variadas épocas e
lugares, em especial nas obras de Bluteau e Moraes Silva, é uma evidência de que elas
eram de uso mais generalizado no português antigo, seja na escrita, seja na oralidade.
Esse dado reforça a nossa defesa de que as 9 CLR ou possuíam um raio de emprego e
uso (Cf. ÖSTERREICHER, 1996) mais reduzido em relação a essas outras
combinações, estando mais circunscritas à oralidade e ainda não haviam sido registradas
pela escrita; ou são formas inovadoras que foram criadas no momento do depoimento.
Um outro dado que reforça essa defesa é a baixa ocorrência dessas combinações,
conforme QUADRO 28, no qual as CLR não estão destacadas. Exceto para aRando
fogo que aparece no depoimento de 10 testemunhas, entre as 35 do processo, as demais
ocorrem 01 ou 02 vezes, sendo que, nesse último caso, elas aparecem em depoimentos
diferentes do mesmo processo.
Poder-se-ia argumentar, no entanto, que a ausência dessas 9 CLR seria uma lacuna dos
corpora utilizados, seja em função da quantidade ou do gênero selecionado; mas essa é
289
uma questão que sempre perseguirá o diacronista: o corpus nunca será suficiente para
dar conta da língua (aliás, também o será para a análise sincrônica contemporânea?).
Por isso defendemos que essas 9 combinações lexicais restritas são rastros ou indícios
de uma prática discursiva interativa na incipiente sociedade mineira:
No plano do vocabulário, onde é mais direto o impacto da cultura e da
civilização, e onde a mudança se opera com maior agilidade, embora também
com maior transitoriedade, podem ser mais facilmente rastreados os passos da
infiltração da língua oral. Edith Pimentel (1992, p. 21)
290
6 CONCLUSÃO
Esta pesquisa procurou mostrar que é possível estudar a relação escrita-oralidade em
manuscritos de língua pretérita desde que, conforme já anunciavam os estudiosos da
história das línguas românicas, “seja considerado um conjunto de fatores” que atuam
simultaneamente para esse estudo: análise da concepção discursiva dos gêneros textuais,
caracterização sócio-histórica na qual se envolvem os “escreventes”, as condições de
produção textual, entre outros. Esse foi o nosso empreendimento para comprovar que
nos manuscritos produzidos na primeira metade do século XVIII, início da colonização
de Minas Geraes, existem indícios de oralidade em combinações lexicais restritas.
Assim, a partir de cada um desses fatores, apresentamos as seguintes conclusões:
1) os processos-crime, gênero textual estudado nesta tese, possuem uma dupla
concepção discursiva: escrita - restrita às partes formulares; oral - ligada aos
testemunhos dos depoentes, para os quais direcionou-se o foco de nossa pesquisa. Mas
vejamos como os fatores externos contribuíram para comprovar a nossa tese.
2) a análise sócio-histórica da criação das Vilas do Ouro mostrou-nos que:
a) grande parte da sociedade que estava se formando era composta por
portugueses vindos da região do Minho, que trouxe para as Minas um uso lingüístico
regional;
b) a sociedade dessas Vilas, imbuída de valores contraditórios, devotava respeito
a valores simbólicos como honra, privilégios e a palavra dada;
c) ocupar cargo na administração colonial era forma de ascensão social e, para
tanto, contava-se, inclusive, com as redes clientelares, por meio das quais negociavam-
se cargos públicos como os de escrivão;
d) para atuar nesse cargo não era necessária experiência, mas apenas as
habilidades de ler e escrever, algo que não era muito comum à sociedade de então;
e) como não localizamos a nomeação de todos os escrivães dos processos sob
análise, é possível que alguns deles tenham adquirido o cargo através das redes
clientelares, mesmo que sua habilidade de ler e escrever tenha sido aprimorada com a
prática da profissão;
291
3) a análise das práticas de letramento em Portugal e nas Minas mostrou-nos que:
a) as habilidades de ler e escrever não eram adquiridas simultaneamente e havia
diferentes métodos de alfabetização. Era possível que, no ambiente doméstico, escrivães
ensinassem a arte de escrita, e, como se tratava de um método mais demorado, muitos
alunos, ao fim do processo, também aprendiam uma profissão;
b) a prática de leitura individual entre as pessoas no AR era nula; apenas os
eclesiásticos possuíam a habilidade simultânea de ler e escrever;
c) na análise do nível de assinaturas das testemunhas dos processos sob análise,
em relação à atividade profissional, constatou-se que a grande maioria lia
aceitavelmente e escrevia com incorreções; apesar de a grande maioria de mineradores
não saber escrever, sendo “leitores de ouvido”;
d) a prática de leitura nas Minas Geraes era mais restrita a uma elite colonial,
com destaque para os clérigos; os escrivães não constam do levantamento feito pelos
historiadores consultados. Esses dados contribuíram para caracterizar os escrivães com
um grau regular de letramento e os padres-escrivães com um grau alto de letramento;
e) para verificar se essa diferença atuaria na tomada de depoimentos,
constatamos que nos textos dos escrivães civis foram encontrados casos de
concordância variável, reforçando nossa tese de que havia indícios de oralidade nesses
documentos. No entanto, não foram localizados casos de variação de concordância em
extos dos clérigos-escrivães;
4) a análise das características dos processos-crime mostrou-nos que:
a) a condição de produção textual dos escrivães não permitia um cuidado maior
com a escrita, pois, à medida que a testemunha era inquirida pelo juiz ordinário ou pelo
escrivão, este deveria registrar o depoimento;
b) segundo as instruções legais vigentes à época, para o registro do depoimento,
o escrivão deveria seguir determinadas regras, sob pena de perder o cargo. Num
confronto entre o que dizia a lei e o que foi no texto registrado, verificamos que o
tabelião ficava atento aos rigores legais. Dentre essas instruções, houve aquela que mais
interessou a esta tese: o escrivão deveria ser fiel às palavras da testemunha, sem
acrescentar ou reduzir dados. A pena para o descumprimento dessa lei era, além da
perda do cargo, a prisão sob a acusação de falsário. Esse rigor parecia ser levado a
sério, visto que localizamos em alguns depoimentos a presença de discursos diretos, por
292
meio dos quais a testemunha reproduz a fala da vítima; além de também constar
palavras emjuriosas ditas pela vítima ao seu algoz e reproduzidas pela testemunha.
Todos esses dados sócio-históricos aliados à característica do gênero de dupla
concepção discursiva (oral e escrita) foram considerados evidências de que os escrivães,
ao tomarem o depoimento das testemunhas, deixaram registrados indícios de oralidade
ou prática social interativa da sociedade que se formava nas Minas Geraes, através de
combinações lexicais restritas. Também afirmamos que, embora o estudo da análise da
variação da concordância não tenha sido o foco central da pesquisa, a localização desse
fenômeno nos textos dos escrivães civis também é um indício de oralidade presente nos
manuscritos.
A partir da discussão feita na última seção do capítulo anterior, propomos que a relaçao
entre gênero textual e ocorrência de CLR pode ser percebida da seguinte forma: se a
combinação lexical for institucionalizada e de uso corrente, pode ser manifestada em
qualquer gênero. Por outro lado, se houver um conjunto de fatores, tais como os que
aqui analisamos, que interfiram na produção textual, os processos-crime ou os registros
de testemunhos são mais favoráveis ao registro de CLR de uso restrito à oralidade, seja
porque ainda não haviam sido registradas pela escrita, seja porque se trata de formas
inovadoras criadas no momento do depoimento.
Esperamos que a presente pesquisa tenha contribuído para a Lingüística Histórica no
sentido de novamente confirmar que manuscritos não-literários, em especial os
processos-crime, servem para análise lingüística, apesar das recorrentes fórmulas
presentes nesse tipo de texto. Este trabalho espera ter corroborado as pesquisas
passadas quanto à possibilidade de estudo de indícios de oralidade em textos escritos,
desde que algumas variáveis sejam consideradas. Por fim, espera-se que os indícios de
língua oral detectados nesta pesquisa possam contribuír para o conhecimento da língua
portuguesa que foi trazida para as Minas do Ouro, no período que marca o início de sua
colonização.
Às vezes é preciso parar,
mesmo que ainda não se tenha acabado!
J. Lyons
293
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Livro 1730
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Ordenações do Reyno. [11] f.; 2º. (28 cm). Lisboa: s.n., 1603.
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- Sumário de Testemunha de Querela – Casa de Borba Gato
Anos : 1743a; 1743b; 1744ª; 1744b; 1745; 1747; 1750
314
6[fl.1r]
75
(n)o. 126
M
co
. [corroídos] 1725 an
s76
N.
38 Juis n
o
31
Autto DeDevasa queReque|reo Miguel Marques De |Masedo comtra francisco| Pinto|
esCrivaõ Carllos DeAbreu| AnnodoNasimento de| Nososenhorjesuschristode| milesetesentos eVinte|
esinco anos aos Setedias| domesdeAbril demil esete| sentosevedigo deAbril do| dito ano nestaVilla de
No|osasenhora dopillardo||
75
A lista com as abreviaturas desfeitas encontra-se no fim da transcrição.
76
Esses caracteres encontram-se parcialmente corroídos.
315
[fl. 1v]
77
78
Dopillardoiro [corroídos]tos nasca | asasdaCamara Della ahi | adondeasiste depresente | ojuis queserve
estepresente | anopellaVeriasam Domin | gosfrancisco Deoliveiraahi | adondeeuesCrivaõ foivi | ndo
ahiestava pResente Mi | guel Marques Moradorde | pResente nestavilla Pesoa |
Reconhesidademimescrivaõ | eporellefoiRequerido aelle | d[†.]itojuis hordenario queelle | queria
eRequeria ae
79
lledito | juis hordenario quelhetira | sedevasa comtra Francisco | Pinto
quedepResenteseacha | ava preso nesta Villa ea Re | zamdasua queixa heraque | sendo emoscatrozediasdo
| mesdeMarso destepResente| ano endode Viagem para | acidade daBahia decom | panhia
comhumfrancisco | Pinto aquem levava hum | cavallo alugado Sabendo | esteque elle queixozo leva | ava
levava dinheiro alei | voza mente odetrimenou | MatareRoubar ecomefeito||
77
No meio da margem superior parece haver uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função
de corrosão no local.
78
Na margem direita superior há um 2 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho do texto.
79
Este grafema encontra-se rasurado, mas isso não impediu sua leitura.
316
[fl.2r]
80
ecomefeitochegando aosit[corroídos] |dondechamao olana Pouco | mais oumenos
Restilhan | docomhuapistolla aelledito | queixozo enaopegandofogo tirou | Dehuafaca
ecomellalhedeu | SincoFacadas todasnopes | coso edeixandoo porMorto |
otiroudoCaminho| eolansou | nomato eaRombandohuã| canastra emcoirada emque |
elledito deNunsiante levava|oSeudinheiro eRemedio que | Inportavão oMilhor decoatro
| milCruzados lhosRoubou | etudo omais queoSuplica| n[†.]elevava etudol[†.]vouefo |
gindo forapReso eVindo a pRe | guntas comfesouoReferido | malafisio eporqueesteSe|
fazia muito Aggravante | aSim porserdeomesedio| voluntario pois na Sua |Vontade
aSimoemtendeo | ealeivozia porhirdesosiada | de e comaCapadeamisade | ejuntamente
defurto taõ | gravisimo eporqualquer | dos ReFeridos casostenhaem | coredo
empenaCapitalepor | quanto oca[†.]o hera dedevasa||
80
Na margem superior direita está grafado um 2, mas não sabemos se se trata do mesmo punho do texto.
317
[fl.2v]
deDevasalh[†.]Req[†...]ra quelhe | mandasetomarseuautode | devasa epRosedese aella para | comaverdade
das testemun | has Sercastigado odelequen | te comformefosededereito | e justisa e quelhoResebese |
elogoelledito Juis hordenario | lhedeuojuramentodossan | tos evangelhos emqueelle | possua
maodireitaesubca | argodelle lheemCaregouque | deBaixo doditojuramento | SeRequeriaestadevasa
|comtraoqueixozo Semodio| nem afeisomma elogofoidito | quejurava aossantosevan | gelhos emcomo
Requeriaadita | devasacomtraaqueix [corroídos] bem| everdadeira mente elogo | elledito Juis
lheReseberaodito | autodedevasa quemandara | fazer elhoResebera Sedenqua | antumtanto quantodedi |
reitoheradeResebereMan |daraquenomiasetestem | unhas quedocasosoubese |em elogoporelleforam no |
miadas portestemunhas | ojoaodesouza aocabodaes | coadra Manoel Mendes | etressoldados Seuscompa
| anheiros equeportestava ||
318
[fl.3r]
81
82
equeportestava deNomea|arasmais quedocasosoube |semelogoeuesCrivaõ onote | fiquei
paraquecasoprese |ntasedentrodotermoda |leicomcomenasamdesetomar| oefeito pella jus
83
stisa e SeaSino |
oucomoditojuis hordenario | eucarllosDeAbreuescriv
aõ | queo escrey |
Oliv
ra
Miguel Marques Massedo||
84
81
Na margem superior direita está grafado um 3, mas não sabemos se se trata do mesmo punho do texto.
82
No meio da margem superior parece haver uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função
de corrosão no local.
83
Os grafemas <us> encontram-se rasurados.
84
O fólio 3v encontra-se em branco.
319
[ fl.4r]
85
86
Destrebueda a ela | de Abreu | Oliv
ra
Dis Miguel Marques de Macedo assistente nesta [corroído] | que sendo em os quatorze dias do mes de m
co
prox[†...]|passado indo
87
deviagem p
a
. aCid
e
. daBahia de compa[†..]ia | com hum Fran
co
. Pinto aquem
Levava hum ca[†...]| allugado Sabendo osup
do
. queosup
te
. Levava dinheiro | aleivozam
te
. o terminou
matar eRoubar ecom efeito | chegando aoSitio dondechamaõ o Lana pouco mais | oumenos restilhando
com hua pistola ao sup
te
. enão dando | fogo tirou dehua faca ecom ellalhedeu Sinco fa[corroído]adas |
todas no pescosso e deixando o por morto o tirou do | Caminho e Lancou no matto ea Rombando h[†..]ca
| nastra em courada emq o Sup
te
. Levava o Seudinhe | ro e [†..]medio q importavaõ omilhor decoatro
mil | Cruzados hos Roubou etudo omais q o Sup
te
. Levava | carregou fugindo lhe qfoy prezo evindo
apregumta |comfessou o Referido maleficio eporq este se fais m
to
. | aggravante aSim por Ser
dehomecidio voluntário | pois na sua vontade aSim oentendeo o Sup.
do
eoleivou | por ir deSocieda
e
.
ecomcapade amizade ejuntam
te.
de | furto tao gravissimo epor quoalq
r
. dos Referidos crimes | esta In
cursso empena Capital ehe cazo de devassa |
88
Proceda lhe na | P. Vm
ce
. Seja Servido attendendo a[corroídos] |
devaça e Seques | dos delictos eSerem dedevasa proceder [corroídos]
|
Tro q’Requere | na fr
a
. dalei e oSequestro nos bens q’[corroídos] |
D. [corroída] fará no Ju do sup
do
eprovado oq’ baste proceder [corroídos]
[corroídos] ordinr
o
| conforme odir
to
ejustiça ||
P
ço
.
85
Na margem superior direita está grafado um 4, mas não sabemos se se trata do mesmo punho do texto.
86
Mudança para o punho do juiz ordinário : Oliveira.
87
Este vocábulo está escrito entre as linhas.
88
Punho de autor desconhecido.
320
[fl.4v]
[corroída] [†..]servansia do desp
o
. | do D
or
. ouvidor g
L
| sepRo seda nadevasa | p
lo
. cazos Refiridos na |
pitiçaõ Retro V
a
. Rica | 7 de Abril de 1725 a
s
|
Oliv
ra
. |
Feoasferidas|
PortoFeeuCarllos DeAbreu |Tabalião dopublico Judesial | enot as porsuaMagestade |
queDeos goarde que nodia | quinze domes deMarso pRo|ximo pasado foia porta doDou |
torouvidorgeraldestaVilla | ahiestava em hua Rede o que | eixozo MiguelMarques oqu | ualtinha Sinco
fa
89
cadas nopes |cosoque Segundo paresiam | seremfeitas comfaca deponta | dequedetudodoufe V
a
. Rica
qui | nze deM
co
. de 1725 a
s
|Carllos DeAbreu||
89
Os grafemas <fa> estão rasurados, mas isso não lhes impede a sua leitura.
321
[fl.5r]
90
91
asentada|
Aossetediasdo mesdea | bril demelesetesentosevin | teesinco anosnestavilla | DeNosasenhora dopillar |
Dooiropreto nasCazasdaca | maradella ahiadondeaseste | ojuis
hordinario Domingos | FranciscoDeoliveira ahiado | ondeeuesCrivaõ fuiVindo para | efeitodesetirarem
epergun | taremastestemunhasaodi | antedeClaradas cujos nomes | idadescostumes Saoosquese |
seguedoqueparadetudocons | tarporeste pResentetermoca | arllosDeAbreu esCrivaõque | oescrevy|
Callisto ManoeldeMorais | moradornestavilla naRua | Nova della testemunhaoque |emelle ditojuis
hordinario lhe | deraojuramento dossantos | evangelhos emque ellepos | Sua maodireita elheemca |
aregouque disese Verdade | [†.]oquelhe fose perguntado | ediseserdeidade detrin[†.]aeco|atroanos
aoscostu[†.]esdisenad[†.]||
90
No meio da margem superior parece haver uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função
de corrosão no local.
91
Na margem superior à direita há um 5 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho.
322
[fl.5v]
92
Eperguntado elle[†.]estemun | hapelloComtheudo noauto | dadevasa diseque ouvira |
dizer publica mentenesta | Villa avarias Pesoasque | Sendoemodia dequetrata
|omesmoauto foraoditoque | eixozo dejornada paraacida |dedaBahiaemcompanhia|
dehumFranciscoPinto aque|mlevava humCavallhoalu|gado emquelhelevavaseu|Fato
ecomeFeito chegando | aositio chamadodolana | ahiemhumcapao atirara | humtiro odito
FranciscoPin|to aoqueixozo earandofogo | logopuxara
93
dehuaFaca elhe | derasinco
facadas (no)pes | coso eode[†.]xara coaziMorto | eaodepois oaRastara para |humcorogo
elheRoubara | tudoquantolevavaeomes | mocazoquefesdelle[†.]eco|omfesara publica
mente | aquemoqueria ouvire | queoutrosimdesera omes |m[†.]delequente que
Seac[corroídos]o | onao [†...]atase odiabo [†.]a | [corroídas]aelles fazen[corroído]o||
92
No meio da margem superior, na parte central, parecer haver uma rubrica, mas sua leitura está
comprometida em função de corrosão no local.
93
Os grafemas <xa> estão rasurados, mas isso não impediu sua leitura.
323
[fl. 6 r]
94
95
fazend[corroído]aconta dequeja | otinhaMorto ealnaodise|daditadevasa quetoda
lhe|ForalidaedeClarada pore|elledito Juis hordinario com | quemseasinoueucarllos |
DeAbreuesCrivã queoes | crevy|
Oliv
ra
Calixto M
el
de Morais|
Joaodesouza moradorno | morrodoDeostelivre teste|munhaaquem elle Juis lhe |
deraojuramentodossantos|evangelhosemqueelle possua | maodireita esubcargodelle |
lheemcaregouquedisese|verdadeaoque lhefoseper|guntadoediseserdeidadede |
trintaesincoanoseaoscostumes | disenada |
EPerguntado elletestemun|ha pelloComtheudo noauto | daDevasa desequesendoe |
[corroído]modiadeClarado nella | deseque oSeusitio chama | dodeBoa vista queheno | Caminho
doRiodejaneiro|dotermodesta Villa ahiche ||
94
Na margem esquerda posterior há um 6 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho do
texto.
95
No meio da margem superior parece haver uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função
de corrosão no local.
324
[fl.6v]
96
ahichegara[corroído] odito seusetio|pellas Sinco horasdatarde | hum homem chamado digo | datarde hum
homemeem | SuaCompanhia levava | humNegro eC
97
omeFeito ahise | aRanchara edormira ese|endopella
Manhã nodia | Seguintequeheraoquinse | oudesaseis domesdeMar|so
estandoelletestemunha|fallandocomodelinquente | ahichegara humhomemelhe | desera quetinham
morto|no dia Seguinte ahumhome|emequeo[†.]inhao Roub
98
ado | aquelesoResponderaodito|delenquente
queheraFalso|oRoubaremaoditohomem | mas oMatollo
eraverdade|poiselleMataraecomeFei|tologoelletestemunha opRe|endera elheachara trez mil |
etantoscruzados equetudo|comfesara otinhaFeito aSim | aMorte comooRoubo aSim|odinheiro
comooNegro
99
| emais quelevava oqueix|oz[corroído]enodiaseguinte foraõ | ossoldados decavallo
em[corroído]||
96
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
97
Este grafema encontra-se rasurado, mas isso não impede a sua leitura.
98
Esse grafema encontra-se rasurado, mas isso não impede a sua leitura.
99
Nesse vocábulo há um borrão de tinta, mas isso não impede a sua leitura.
325
[fl. 7r]
100
101
De cavallo emseguimento | dellepara opRenderporor | demdeSuaexsellansea te | endonotisia dequeestava |
pRezonoseusitio oforambus | careComeFeito lhoemtre | garacomotambemodinhe|eiroque lhofora achado |
emais naodise dodito auto | dedevasa quetodolhefora|lidoedeClarado porelle | ditoJuis comquemseasinou
| eucarllos DeAbreu es | crivaõ queoescrev edePoroura | dis queodito delinquente | lhedisera quehia
de
102
compa | nhia comoditoqueixozo | emais naodeporoueseasin|oueucarllosDeAbreues|crivãqueoesCrevy|
Oliv
ra
Joaõ de Souza|
Reis Mundo RodriguesRoza | moradornestaVilla testem | unhaaquemo dito Juis lhedera
| ojuramento dossantosevan|gelhosemquepossua maodi|r[corroído]ita
elheemCarregouquedise | severdade doquelhefos[corroído]per|guntadoediseserdeidade
de[corroídos]|intaesinco anosaos Costumesdise|nada||
100
No meio da margem superior parece haver uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função
de corrosão no local.
101
Na margem superior do canto esquerdo há um 7 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
102
Os grafemas <de> encontram-se com borrão de tinta.
326
[fl.7v]
EPerguntado elletestemun | hapelloComtheudonoauto | daDevasa doqueixozo diseque | elletestemunha
ouvira di|zer avarias Pesoasdesta | Villa eherapublico enotorio | nellaquesendo emodiaca |
trozedomesdeMarsoprosi | mopasado hindodesta Villa | oqueixozo MiguelMarques | paraaCidade daBahia
de |companhiaeCamarada | comhum Francisco Pinto | aquemodito queixozo tinha | alugado humCavallo
emque |
levavaoSeufato echegando | nositio chamadodolana ma|ais aBaixo emhumcapam | ahilhedera muitas
fachadas | oditoDelinquente aoqueixozo | equelhederasinco nopes | coso edeixara por Morto [†....] |
eoaRastara aodepois para | humcorogo desviado daes|trada eoRoubara detudo | quanto levava aSimoseu |
escravo comohuacanastra | e[corroída]ecoirada ecomodin[corroído]e|[corroídos] que
levavaque[corroída]|[corroídas]omesmo ||
327
[fl.8r]
103
104
omes[corroído]odeliquente que | elletinhaFeito odito delito | damorteeRoubo e maisnã |
disedaditadevasaquetu | dolheforalidoedeClara|doporelle dito Juis hordina|ario
ComquemSeasinou|eucarlosDeAbreuescrivaõ | queoescrev |
Oliv
ra
Raymundo Roiz’ Roza|
asentada|
Aossetediasdo mesdeAbril|demilesetesentosevinte|esincoanos nestaVillade|Nosasenhora dopillar
do|oiropRetonasCazasdamora|dadacazadaCamaraado|ondeasesteojuiz hordina|ario
DomingosFrancisco|Deoliveira ahiadondeeu | escrivaõ Foivindo paraeFe|eito
deseperguntaremaste|stemunhas aodiantede|claradas doqueparae |
[corroído]udoconstarFizestepRese|entetermoCarlosDeAbre|uescrivã queoesc[corroídos]vy ||
103
No meio da margem superior há uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função de
corrosão no local.
104
Na margem superior no canto direito há um 8 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
328
[fl. 8v]
105
Joseph desouza expostoMora|dornaRuadireita deAn|toniodias destavilla teste|munhaaquemelledito Juis
lhe Deraojuramentodossantos|evangelhos emque ellepossua | maodireita elheemcaregou|quediseseverdade
aoque|lhefoseperguntado ediseserde|idade detrinta eoutoanosaos|costumesdisenada|
Eperguntado elletestem|unhapelloComtheudo noa|autodadevasadoqueixozo|diseque oqueixozo
estevera|curandoseemsuacasa|dasferidas edesia quelhos|dera odelinquente Fran|ciscopinto
emodiaCatroze|domesdeMarso pRoximopa|Sado indo elledestavilla | emcompanhia dellepara|aCidade
daBahiaelhele|vavahumCavalloaluga|do emquelevava oSeufa|atto echegandoaositio dola | ana
emhumCapom mais | aBaixo odito delenquente | lheatirara humtiro porde|tras delle earandolhefogo |
e[corroído]irando para traz od[corroído]to|queixozo logoSeforaaelle ||
105
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu. No
meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
329
[fl. 9 r]
106
107
aelle e[corroído]he[corrroído]erasinco facadas|nopescoso eodeixara porm[corroído]|orto
eaodepois oaRastara|paraFora daestrada eofora|deitaremhumcorogo elhe|Roubara
tudoquantocom|Sigolevava aSimdinhe|eiro quehera tresmileta|ntos
108
cruzados
ehumNe|gro ehuaCanastra emais|naodise dadittadevasa|quetudolheforalidoedeCla |
radoporelleditojuiscom|quem seasenoueucarllos | DeAbreuesCrivãqueoes|crevy
Oliv
ra
Joseph Desouza exposto|
Antonio D(a)
109
Costa Ribeiro mora |dornaRuadireita deAnto | nio dias testemunhaaquem |
elleditojuislhederaojura | mento dossantosevangelhos | emqueelleposua maodire|eita
elheemCaregouquedise|seVerdade aoquelhefose | perguntado ediseserdeidade | deVinteesete anos
aoscostumes|[corroído]isenada ||
106
No meio da margem superior parece haver uma rubrica, mas sua leitura está comprometida em função
de corrosão no local.
107
Na margem esquerda no canto superior há um 9 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
108
O traço destes grafemas <ntos> estão mais fortes que os demais.
109
Este grafema encontra-se rasurado, o que impede sua leitura de forma fiel.
330
[fl. 9v]
110
EPerguntado elletestemun |hapelloComtheudo noauto | dadevasa doqueixozo dise | quesendo digo
disequeelletes|temunha ouviradizer | aVarias PesoasdestaVilla | ehera
pubrico enotorio que|Sahindo destavilla oqueixozo|emodiaCatrozedomesde | MarsopRoximo pasado para
| acidade daBahia emSua|companhia levava hum mo | sochamado odequeoauto | trato quelevava humseu |
cavalloalugado aodito que|eixozo emqueeste levava
111
| oSeufato chegando aositio | chamadodolana termo
de | estavilla mais aBaixo em | hum capam ahilheatirara | o dito delenquente humtiro | pordetras
eoRandoFogo |oescravo seforalogoaelle | comhuafaca elhederasin|coFacadas pellopescosoeode | eixara
porMorto eoRastara | paraforaDaestrada eode | eitara emhumCorogo elhe | Roubara aodepois
tudoqua|[corroídos]tolevava ejuntamente | [corroídas] testemunha ||
110
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
111
Os grafemas <va> estão rasurados, mas isso não impede a sua leitura.
331
[fl. 10 r]
112
113
testemunhadizerquedisera|oditodelenquinte quetinha | Comfesadoquefizera odito | dellito emais naodise
doa | autodadevasaquetoda|lheforalidaedeClaradopore|elledito Juis comquemseasi |
noueuCarllosDeAbreues | crivaõqueoesCrvy |
Oliv
ra
Antonio da costa ribr
o
|
olesensiado LourensoMore|eira moradornestaVilla|em Antonio dias testemun | haaquemelledito Juis
lhedera|ojuramentodossantoseva|angelhosemque elepossua|
maodireita subcargodelle|lheemcaregouquedisesever|dadeaoquelhefose pergun|tadoe deseserdeidade
deco|arentaesinco anosaoscos|tumesdisenada |
EPerguntado elletestemun|hapelloComtheudo noauto|dadevasadoqueixozo dise|
queelletestemunha ouvi|radezeraodito queixo[corroídos] que|Sahindodesta Villa
no[corroída]|catroze [corroidas||
112
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
113
Na margem superior no canto esquerdo, há um 10 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
332
[fl. 10v]
114
DaBahiaequeems[corroído]acompa|anhialevava hum Mosocha|mado Francisco Pinto
quelhe|levava humCavalloaluga | doemquelevava oSeufa | ato chegandoaositio
dolana|mais aBaixo termodesta|Villa ahielheatirara hum|tiro pordetrasdelle e
aRa|ndofogo logoseforaaelle|queixozo comhuafacaelhe|deraodelinquente
Sinco|faC
115
adas nopescosoeodeixara| porMorto eaRastara pa|arahumcorogo desviado
da | estrada elheRoubaratudoqua|antolevava como tambem | hera publico enotorio nesta
| Villa oReferido equeomes | mo delenquente comfesa | avafizera odelito daMorte |
eRouboemais naodiseda | ditadevasaquetodalhefora | lidaedeClarada porelle | ditojuis
comquem seasino | oueuCarllosDeAbreu |escrivaõ queoescrvy |
Oliv
ra
Lour
co
. Moreyra Vjanna||
114
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
115
Este grafema está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
333
[fl. 11 r]
116
117
ManoelMendes deVas |comsellos Soldado digocabo | deescoadra dacampanhia |
DoCapitamJoaodealmeida | deVascomsellos testemun | haaquemelleditojuis hordi | nario lhe
deraojuramento|dossantosevangelhosemque | ellepossua mao direitaelhe | emcaregouque Disese Verda |
deaoquelhefose perguntado | ediseserdeedade devintesin | coanosaoscostumesdisenada |
EPerguntado elletestem | unhapelloComtheudonoa | autodadevasadoqueixozo | dise queelletestemunha |
ForadeMandado deSua | exsellensiaCommais tressol | dados aprenderod[corroído]linque | ente
ecomeFeito partindo | destavilla nodiaquinze | domesdeMarsoproximop
118
a | Sado disequechegandoaosi |
tio chamadodaboa Vista | ahiacharao oditodelenque | ente Francisco Pinto esendo | pReso logo
esteComfesara |
aelletestemunhae eaos mais | Seuscompanheiros queelle
119
| tinha Morto nodiaCatroze | eRoubado
aoqueixozo Manoel | Marques nositio cha[corroídos] ||
116
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
117
Na margem superior no canto direito, há um 11 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
118
Este grafema encontra-se rasurado, mas isso não impede sua leitura.
119
Esses vocábulos encontram-se rasurados, mas isso não impede sua leitura.
334
[fl. 11v]
120
chamado dolanamais a | Baixo emhumCapameque | lhetinha atirado humtiro | comhuao ClavinaequeaRa |
ndofogo logoseforaaodito | queixozo elhe dera SincoFa | cadas pellopescoso eodeixara | porMorto
eoARastara | paraForadaestrada eode |[†..]tara
emhumcorogo edipo | ois oRoubara detudo qua | antolevava elheachara | elle testemunha sincoenta |
esincodoBreis deouroca | dahum desinco moedas ema | ais onegro ehuacanastraem | coirada
equehiaemsuacom | panhiaelhetinha alugado | hum c[corroído]valloseuemquele|avavaoSeufato oqueixozo
| equetinha Saido destaVilla | comodito queixozo emais naõ | dise doditoautodadevasa |
quetodolheforalido edecla |
radaporelledito juis hordina |arioComquem SeaSinou | eucarllosDeAbreu escrivaõ| queoescrvy|
Oliv
ra
M
el
MendesdeVas
cos
||
120
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
335
[fl.12 r]
121
122
Asentada|
AossetediasdomesdeAbril | demil esetesentosevinte | esincoanos nestavilladeNo |
osasenhora doPillardooi
123
ro | pretonasCazasdamoradadas | CazasdaCamaraaahiadonde |
aSesteoJuis hordinario Dom | ingosDeoliveiraahiadonde | euescrevaõ foivindo para |
Seperguntarastestemunhas | aodiantedeClaradas doque | paradetudo constarFizeste |
pResentetermoCarllosde | Abreuescrivaõqueoescrevy |
oforiel JoooVieiramora | dornestavilla testemun | haaquemelleditoJuis hordina | ario
lhedeuojuramentodos | Santosevangelhos emquee | ellepossua maodireitasu | bcargodeles lheemcaregou |
que deseseverdade aoque | lhefoseperguntado ediseser | deedadedeCoarenta edois |
anosaoscostumesdisenada ||
121
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
122
Na margem superior no canto direito, há um 12 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
123
Este grafema está rasurado o qual, ao que tudo indica, foi feito a partir de um <u>, e optamos pela
leitura do vocábulo com <i> em função da presença do pingo.
336
[fl.12v]
124
EPerguntado elletestemunha | pelloComtheudo noauto da | devasa doqueixozo diseque |
elletestemunha estando elle | testemunha emcazadoCapitaõ | DeCavallos
JozephRodrigues | nodia queossoldados trou | xeraõ pResoaodelinquente | lheperguntara
elletestemun | ha porqueRezaotinhafeito | talcrime Responderaque | oatentara odiabo
afazer | talabsurdo equeseonaoFize | era quemoreria dePaixaõ | ealnaodise daditadevasa |
quetoda lheforaledaede | Clarada porelledito emque | redo[corroído]Comquemseasina |
araeuCarllosDeAbreues | crivaõqueoescrevy|
Oliv
ra
Joaõ Vieyra Carneiro|
Manoel BorgesBarros mor| ador nooiro pretodestavilla |
125
testemunhaaquemelledito| Juis lhe
deuojuramento dos | Santosevangelhosem que | ellepossua maodireita e lhe em | [corroído]ar[corroídos]ou
quedisese verdade
126
| ed[corroídos]e[corroído]erdeedade detrentae[corroído]um | [corroídas]
[corroídos]umes disenad[corroído] ||
124
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
125
Os grafemas iniciais <te> estão com borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
126
Este vocábulo está com um traçado mais forte que os demais em função da tinta.
337
[fl. 13 r]
127
128
EPerguntadoelletestemun | hapelloComtheudonoauto [corroído]a |
Devasadoqueixozodise quese | endo emhumdiadomes pasa | dodeMarso
pRoximopasado |estandoelletestemunhaem | CazadoDoutor ouvedorge |
eraldestaComarca ahichega |ara pReso odelinquente ena | salladodito Doutorouvidor |
geralcomfesara publica | mente quetinhafeito otal | delito equeoforaeFizeranositio |
doLana eque oatentara | odiabo equeoRebantava | DePaixaõ Seonaofizese ema | ais
naodise daditadevasa | quetoda lheforalidaede | Clarada porelle ditojuis |
hordinariocomquemsea | Senou euCarllosDeAbreu | oescrivaõqueoescrvy|
Oliv
ra
Manoel Borges Barros|
JozephDeAraujoCoreamora | doremAntonio diasdesta | Villa testemunha aqueme |
elleditojuis lheemcaregouque | [corroído]diseseverdade aoquelhefo | oseperguntado
ediseserdeeda[corroído]e |[corroído]evinte eouto anosaoscostu | mesdisenada ||
127
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
128
Na margem superior no canto esquerdo há um 13 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
338
[fl. 13v]
129
EPerguntado elletestemunha | pelloComtheudonoautoda | devasadoqueixozodiseque |
elletestemuha | pelloComtheudonoautoda | devasadoqueixozodise que | elletes temunha
Forachama | dodeMandado doDoutor | ouvidorgeral destaVilla | nomespasado
emdezaseis de | ellepouco mais oumenos | paraserdepozit
130
ario dehu |
umpoucodedinheiro que | heraoque odelinquente | tinhafortado aoqueixozo | queforaõ
tres miletantos |cruzados ecomefeito Vira | ellettestemunha nasalla | dodito
Doutorouvidorgera
131
| alnaocasiao dasperguntas | quefez aodito delanquente |
elendoselheodito termode | perguntas Seeraq[†....]| aSe[corroído] Respondera quesim |
equelhetinha dadoasfaca | daseRoubado aSimodinhe | eirocomooNegro eacanas | tra
eoquenella levava | equefora odiabo que(a)
132
ate | entara equeseacaso naofize |
seoReferido queaReb[†.]
133
ntava | oSeucorasam emais naõ | disedodito autodedevasa |
quetodolheforalido ede |clarado porelleditojuis |[corroídos]dinario comquems[corroído]
| a[corroídos] eucarllos de ||
129
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
130
Este grafema está com rasura, mas isso não impediu sua leitura.
131
O grafema <v> está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
132
Como este grafema encontra-se rasurado, não sabemos se se trata de um <a> ou <o> ou outro grafema.
133
Este grafema encontra-se com um traçado mais forte em função da tinta, propiciando dupla leitura:
<e> ou <a>.
339
[fl 14r]
134
135
Carllos DeAbreuesCrivaõ queoescrvy|
Oliv
ra
Jozeph de Araújo Correia|
asentada|
Aos Nove dias do mes de | Abril demil esetesentose | Vinteesinco anos nestavella |
DeNosasenhoradopellardo | oiro preto nasCasasdemo | radadacasa daCamara |
ahiadonde aSiste ojuiz hor | denario DomengosFrancisco |Deoliveira ahiadondeeu |
euescri[†.]ao chegueiparaco | omelleseperguntaremaste | estemunhasaodeantede
|claradas cuios nomes eda | desSam asque aodiantese | Segue doque paradetudo
|constar Fizeste pResenteter | mo Carllos DeAbreuescri | vao queoesCrvy ||
134
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
135
No canto direito da margem superior, há um 14 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
340
[14v]
136
Antonio Dasilveira daRoza | moradornooiro podrete | ermodestaVillatestemunha | aquemelledito Juis
lhedera | ojuramentodossantosevange | lhosemqueelle | possuamaõ |
direita esubcargodellelheemca |aregouquedeseseverdade ao | quelhefoseperguntadoediseser |
deVinteehumanos aoscostumes | disenada|
EPerguntadoelle testemunha | pelloComtheudo noautodade | evasadise queelletestem | unha ouvira
dizeraVarias | Pesoas destaVilla ehera pu | blico enotorio comotambe | emo[corroído]vio dizer
aomesmoque | eixozo queindo elledestaVilla | emodiaCatroze
domesdeMa | arso eemsuaCompanhiale | vava aodelinquente fra | ancisco Pinto quelhelevava |
humcavallo alugado emque | hiaofato doqueixozo e come | feito chegandoaositio dola | ana
quehedotermodesta | Villa mais aBaixo emhum | Ca[corrídos]m dera odito delinque |
[corroídos]t[corroído] humtiro pordetras | [corroídas] aodito quei[corroídos] ||
136
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
341
[fl.15 v]
137
138
queixozoeerandofogo logoSe | foraaelle lhedera Sincofa | cadasnopescoso dasquaisode | eixara porMorto
eoaRastara | paraforadaestrada eoforade | eetaremhumcorogo elhefurtou | aodepois tudoquantolevava |
Comsigo aSim humNegro como | huacanastraemCoiradae
139
| emquelevavaoSeuDinheiro | emais naodise
dodito auto | dadevasa quetodoslhefora | lidoedeClarado porelledito | Juis hordenarioComquem | Seasinou|
euCarllosDeAbre | uescrivaõ queoescrvy|
Oliv
ra
Antonio Sylvr
a
daR[corroído]za|
FranciscodaCostaPonteses | crivao davaradoMeirinho | dafasendaReal destaVilla | testemunhaaquemelle
dito Juis | hordinario lhederaojurame | ntodossantosevangelhos | emqueellepossua | maodire | [corroído]ita
elheemCaregouquedesese | verdade
aoquelhef[corroídos]ep[corroído] | [corroído]untado edeseserdeeda[corroídas] | vi[corroído]te
eo[corroído]to [corroídas] ||
137
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu. No
meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
138
No canto direito da margem superior há um 15 grafado, mas não sabemos se se trata do punho do
mesmo texto.
139
Este grafema foi feito a partir de um <d>, criando uma rasura.
342
[fl. 15v]
140
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudonoa | utodadevasadoqueixozo dise |
queouveraelletestemunha | dizernestaVilla aVariasPe | soas queodelenquentedera |
huasfacadasnoqueixozo no
141
| pescoso queforaosinco eque|odeixara porMorto eaodepo|ois oRoubara
detudoqua | ntolevava emais naodise | dadita devasa quetodalhe | foralidaedeClaradoporelle | ditojuis
hordenarioComque | mseasinoueuCarllosDe |Abreuescrivaõ queoescrvy|
Oliv
ra
Fran
co
daCostaPontes|
ManoeldePasosvieira
142
| moradornestavillatestem | unhaaquemelledito Juis hordi | nario
lhedeuojuramentodos | Santosevangelhos emque | ellepossua maodireitaelheem | caregouquedisese
verdade | aoquelhefose perguntado | [corroídos]diseserdeidadedetrintaesinco | a[corroídos]os
aoscostumesdisenada ||
140
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
141
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 4 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
142
Os grafemas <ieira> estão com um traçado mais forte em função da tinta.
343
[fl.16 r]
143
144
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudonoa | autodaDevasadoqueixozo | deseelletestemunhaqueou |
viradizer aomesmodelin | quente FranciscoPinto em |
CasadoDoutorouvedorge | eraldestavilla naoCaziaõo | emqueViera preso queelle | foramesmooque
tinhadado | asfacadas emoqueixozo Mi | guelMarques emositio do | lana mais aBaixo emhumca |
paohindoelle emsuacompa | anhaparaacedadedaBa | hia equelhetinha alogado | humcavalloemque oquei |
xozolevavaoSeufato eque | lhederaassincofacadas | nopescosoequeodeixando | porMorte oaRastarafora |
daestrada e deitara emhum | corogoqueaodepois fogira | comhum Negro doqueixozo | emais
huacanastraquele | vava edentrodella oSeu | denheiro quetudo elleRou | bara equeforaodiabo que |
oatentara emais nam dise | doditoautodadevas[corroído]que | todolheforalidae[corroídas]||
143
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
144
No canto direito da margem superior, há um 16 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
344
[fl.16v]
145
edeClaradoporelleditojuis | hordenarioC omquemse | aSinoueuCarllosDeAbreu |
escrivaõqueoescrvy|
Oliv
ra
M
el
dePassos Vieira|
asentada|
AosNovediasdo mesde | Abril esetesentosevinte | esencoanosnestavilla de |
Nosasenhoradopillar do | oiro pReto nascazasdamora | dadacazadaCamara della |
aheadonde aSeste ojuis hor | denarioDomengosFrancisco |
De[corroído]liveiraparaefeito dese | perguntarastestemunhas | aodiantedeClaradasdoque
| paradetudoConstar fizeste pResentetermoCarllosDeAbre | euescrivaõo queoescrvy ||
145
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
345
[fl.17 r]
146
147
Antonio deMagalhais | moradornestavilla teste| munhaaquem elledito Juis | lheemcaregouquediseseve |
erdade aoquelhefose pergun | tadoedeseserdeedade devinte | eseteanosaoscostumesdise | nada
EPerguntadoelletestemun | hapellocomtheudonoa | autodadevasadoqueixozo | deseelletestemunha
ava
148
rias | Pesoasdestavilla eomesmo | queixozo quehindo elle dejor | nadaparaacidadedaBa | hia
nodiaCatrozedomespa | sadodeMarso emsuacom | panhialevava humFran | ciscoPintoquelhelevava |
humcavallo alugadoemque | hiaoSeufacto equechega | andoaositio chamadodo | lana maisaBaixo
emhumca | pamlheatirara por detras | dasSuascostashumtiro | equeaRandofogo oescravo | logosefora aelle
elhedera |c[corroído]mhuafaca Depontasinco | facadas
queodeixa[corroído]a p[corroídos] | mo[corroído]to edepois [corroída]||
146
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
147
No canto superior da margem direita há um 17 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
148
Este grafema está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
346
[fl.17v]
149
oaRastara paraforadaes | tradaeodeitara emhumcoro | goedepois SeforaemBora |
Roubandolhe tudoquanto | comsigolevava aSimhum
150
es | cravo
151
comodinheiro quele | evava
emhuaCanastraem | Coirada emais naodise da | doditoautodadevasaque | todolheforalidoedeClarado |
152
porelleditojuis hordenario| comquemseasinoueucar| llosDeAbreuesCrivaõque| oescrvy|
Oliv
ra
An
to
deMagalhaens|
Gonsallolopesmorador | naRuanovadestavilla | testemunhaaquemelle | ditojuis lhedeuojuramento |
dossantosevangelhosem | queellepossua maodireita | esubcargodelle lheemcaregou | quedeseseverdade
aoque | lhefoseperguntado ediseser | deidade detrinta anosaos
153
| costumesdisenada ||
149
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
150
Este grafema está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
151
Este grafema está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
152
O olho do <p> e a metade da circunferência do <o> estão com o traçado mais forte que os demais
grafemas, mas não sabemos precisar se isso ocorreu em função da tinta ou de uma rasura.
153
Estes grafemas estão rasurados, mas isso não impediu a leitura.
347
[fl.18 r]
154
155
EPerguntadoelletestemun | hapelloComtheudo noauto | daDevasadoqueixozo dise |
queelletestemunha ouvira | dizeravariasPesoas quehin | dodestavilla oqueixozo nodia |
dequeoautofasmensampa | araaCidadedaBahia em | companhia levavaComsigo | odelinquente
f
156
ranciscoPin | toporlhelevara Seufato | emhumCavalloseuquelhe | haviaalugado echegando | aositio
dolana mais aBa | aixo emhumcapamlheati |rarapellas suascostashum | tiro equeaRandofogologo |
Seforaaelle comhuafaca |
Depontaelhederasincofa | cadasnopescosoeodeixara | porMorto edepois oaRas | tara para fora daestrada |
eodeitara emhumcorogo | elhefurtara tudoquanto | leva[†.]aComsigo aSimhum | escravo comodinheiro
que | Levava emhuaCanastra | emcoirada emais naodise | daditadevasaque todalhe | foralidoedeClarado
porelle | ditojuis hordenario Co[corroídos] [corroídas]| [corroída]seaSinou [corroídas] ||
154
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
155
No canto direito da margem superior há um 18 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
156
Este grafema possui traços mais fortes que os demais.
348
[fl.18v]
157
CarllosDeAbreuescrivaõo|queoescrvy|
Oliv
ra
Degon + salloLopes|
Julliaodasilva morador | naRuanova daPas teste | munhaaquemelledito Juis | lhedera ojuramento dossa |
antosevangelhos emque | ellepossua maodireitaesub | cargodelle lheemcaregou | quediseseverdade
aoquelhe | foseperguntado ediseserdei | dade devinte
ehumanosaos | costumesdisenada|
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudonoa | autodadevasa doqueixozo |dise queelletestemunha |
ouviodizer avaroasPe | soasdestavilla queoque | eexozo MiguelMarques | partiradestaVilla emodia |
catroze domes deMarsode | estepResente anoparaaci | dadedaBahia eemSua | Companhialevava hum |
M[corroído]so chamado francis[corroído] | P[corroído] quelhelevavaoSeu | [corroídas]||
157
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
349
[fl.19 r]
158
159
quelhehavia alugado eche | gandoaositio Dolana ter | modestavilla mais aBaixo | emhumcapam dera huas
po | oucasdefacadas nopescoso | Doqueixozo queforaosinco | odito Delenquente francisco | Pinto
eodeixara porMorto | eoaRastara paraforada | estrada eodeitara emhum | Corogo edepoisfogira elhe|
Roubara tudoquantoleva |
avaaSimdinheirocomo | humescravo emais naõ | disedoditoautodadevasa | quetodolheforalidoede |
Claradoporelle ditojuis hor | denarioComquemseasina | araeuCarllosDeAbreues | crivaõ | queoescrvy|
Oliv
ra
Joaõ dassilvaJulliam|
ThomegonsalvesdaCosta | moradornaRua Novade | estaVilla testemunhaaque | emelleditoJuis lhedeu
ojura | mentodossantosevangelhos | [corroído]m que possua
maodireita | elheem[corroído]aregouque desesever | [corroído]ade deseserdeedade d[corroídas|
si[corroídas]co na[corroídas]||
158
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
159
No canto direito da margem supeior, há um 19 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho.
350
[fl.19v]
160
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudo noa | autodadevasadoqueixozo | Miguel
161
Marques deseque
| elletestemunha ouvio dize | ernestaVilla que oqueixozo | partiradesta Villa nodia |
catrozedomesdeMarsopro | ximopasado paraacidade | DaBahia eemsuacompa | nhialevava emsuacom |
panhia humMosochama | do franciscoPinto quele | avavahumseuCavalloalu | gadoaodito queixozo adonde
| levavaoSeufato echega | andoaositio chamadodola | na termodestavilla mais | aB[corroído]ixo
emhumcapam De | eracomhuafacadadeponta | Sinco [†....]dasnopescoso | doqueixozo odito delinque | ente
franciscoPinto edi|pois odeitara porMorto | emhumcorogo elheRouba|aratudo
quantoComsigole | vava emais naodisedo | ditoautodadevasaqueto | do lheforalidoedeClaradopore |
elledito Juis hordenarioCom | q[corroído]emseaSinaraeu Carl[corroídos]s | [corroídas] esCrivaõqueoes ||
160
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
161
Os grafemas <gue> estão com uma mancha de tinta, mas isso não impede sua leitura.
351
[fl. 20 r]
162
163
queoescrvy|
Oliv
ra
Thome Gonçalves daCosta|
Asentada|
Aos Novediasdo mesde | Abrildemilesetesentose | Vinteesinco anosnesta |
VelladeNosasenhorado | pellardoouropreto nasca | azasdamoradadaCaza |
dacamaradestavilla ahia | dondeasieste ojuis hordina | ario DomingosFrancisco De |
oliveira ahiadonde euescrivaõ|foivindo paraefei[corroído]deseti | raremastestemunhas
[corroído]odi | iante deClaradasdoquepa | ara detudoConstar fizeste | presente
termoCarllosdeAbreu | euescrivaõoqueoescrvy|
IgnasioFrancisco morador | naRuaNova destaVilla | testemunhaaquemelledito | Juis lhederaojuramentodos
| Santosevangelhos emqueelle | possua maodireita e[corroídas | [corroídas] e ||
162
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu. No
meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
163
No canto direito da margem superior há um 20 grafado, mas não sabemos se se trata do punho do
mesmo autor.
352
[fl. 20v]
pergu[†..]adoediseserdeedade |de deVinte e Coatro anosaos | Costumesdesenada|
EPerguntadoelletestemun | hapelloComtheudonoauto | dadevasadoqueixozo Miguel | Marquesdise
elletestemunha | queouviodizer aVarias Pe | soasquehindodesta Villa | paraacidade daBahia | nodiaCatroze
domesdeMa | arsoproximo pasado eemsua | Companhia levava hum | Moso chamadofrancisco Pin | to
quelevavahumCavallo| alugado aodito queixozo em | quelevava oseufatto che | gandoaositio
cha|madodolana quehedoter | mo des[corroído]avilla emhumcapaõ | mai[corroído] aBaixo ahidira odito |
Camarada noditoqueixozo | comhuaFaca deponta nopes | coso elhefezerasinco feridas | eodeixara
porMortoeoaRas | tara paraforadaestrada | eodeitara emhumcorogo | elheRoubara tudoquanto le | eva
164
va
[†.]heoqueouvio dize | ernodia queVeio pResoodito | Delinquente emais naodise | daditadevasaquetodalhe
| [corroída]lidaedeClarada pore | [corroídas] hordinari [corroído] [corroída]||
164
Este grafema está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
353
[fl.21 r]
165
166
Comquemseasinoueuca | arllosDeAbreu esCrivaõ | queoesCrvy|
Oliv
ra
IgnacioFrancisco|
DomingosdeReis mestre | Cavelleira moradorna | Ruadireita daCazada | camara
destavillateste | emunhaaquemelledito emque | redordigoaquemelledito | Juis lhedeuojuramentodos |
Sant
167
osevangelhos emque | ellepossua maodireita elhe | emca aregouquedeseseverdade |
aoquelhefoseperguntado edise| serdeedade devinte enove | anosaoscostumesdesenada|
EPerguntado elletestem | unhapello Comtheudonoa | autodadevasadoqueixo |
zoMiguelMarques dise | queouvira diz[†.]raVarias | PesoasdestaV[†.]lla equehera | publico enotorio nella
que | hindodestaVilla paraaci | dadedaBahia oqueixozo | MiguelMarques nodiaca |
trozed
168
omesdeMars[corroído] [corroídas]||
165
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
166
No canto direito da margem superior há um 21 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
167
Este grafema está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
168
Este grafema está parcialmente corroído, mas isso não impede sua leitura.
354
[fl.21v]
169
equeemsuaCompanhiale | vava humMoso chama | do Francisco Pinto queleva |
avahumCavalloseualugado | emquenelle levava ofato | doqueixezo echegandocome | elle aositio
170
chamadodola | ana mais aBaixo pegado | emhumcapamderaodito | Camaradadelinquente | emoqueixozo
SencoFacadas | nopescosoComhuaFaca de | pontaqueodeixara por | Morto edepois oaRastara |
parahumcorogoelheRou | baratudoquantolevava | ealnaodisedoditoautoda | devasaquetodo lheforalido |
edeClarado porelledito | juis hordenarioComque | emseasinaraeuCarllos | DeAbreuesCrivaõqueoes |crvy|
Oliv
ra
Domingos doReis|
Christ[†.]vaoPinto ferraõ | soldadodeCavallo daca[†..] |[corroídas] JozephRodrigues De[corroídos]i
|[corroídas]ratestemunhaaquemo | [corroídas] lhedeu[corroídos]jura[corroídos]||
169
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
170
Os grafemas <aos>, em função de borrão da tinta, está com o traçado mais forte que os demais.
355
[fl.22 r]
171
dossantosevangelhosemque | ellepossua maodereita elhe | emcaregouque deseseverdade | aoque
Selheperguntaseediseser | deedade deVinte esinco anosaos costumesdesenada|
EPerguntadoelletestemun | hapelloComtheudonoauto | dadevasadoqueixozoMi | guelMarquesquedise
queelle | testemunhaouveradizer | avareasPesoas eherapubli |
coenotorio nestaVilla que | partendodella o queixozo | paraacedadedaBahia no | diacatroze deMausopRoxi
| mopasado emsuaCompanhia | levava hum Moso quelhe | levavaoSeufato emhum | Cavalloseuquehavia
aluga | doaoditoqueixozo echega | andoaositio dolana mais | aBaixo emhumcapam ahi | por detras dodito
queixozo | lhequezera darhumtiro ea | Rando fogo arma logose | Foraelle elhedera comhuã | facadeponta
Sincofacadas | nopescoso eodeixara por | Morto edipois oaRastarapa | arahumcapaõ
oucoro[corroído]oe[corroída] | Roubar[corroído] [corroídas] ||
171
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
356
[fl. 22v]
172
LevavaaSemhumNegroco | omooiroquelevavaema | ais naodese doditoautode | devasaquetodo lheforalido
| edeClaradoporelleditojuis|hordenarioComquemsea | SinaraeuCarllosDeAbre| uescrivaõqueoescrvy|
Oliv
ra
Christovaõo PintoFerras|
JozephMartins Campos | moradornestavellaselda | dodaCompanhiadoCapitaõ |
DeCavallosJozepheRodrigues | Deoliveira testemunhaaque | melle ditojuis lhedeuojurame | ento
[corroído]ossantosevangelhose | emqu[†.]ellepossua maodire | eetaesubcargodele
173
lheemca |
aregouquedeseseVerdade | aoquelhefoseperguntadoe | deseserdeedade detrinta anos |
doscostumesdesenada|
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudonoa | autodadevasadoqueexo[corroído] | Mi
guelMarquesdise que |[corroído]lle[corroídos]stemunhaoouvira[corroído]i | ze[corroído]
avariasPesoasdesta |[corroídas] em[corroído]torione[corroído]la ||
172
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
173
O grafema <b> está borrado de tinta, mas isso não impediu sua leitura.
357
[fl.23 r]
174
175
Nellaquesahindo destavilla | o queixozo paraaCedadeda | Bahia nodiaCatrozedomes |
DeMarso emsuaCompanhia | levavahumMoso quelhe | tinhaalugadoCavallo | emquelevava oSeufato
176
|
echegandoComelle aositio | chamadodolana mais aBa | aixoemhumcapam ahedera | oditoMoso
SincoFacadas | nopescosodo queixezo ede | eixara porMorto edepois | oaRastara parahumcorogo | edepois
lhefurtara tudoqua | antoComsigolevavaemais | naodesedodetoauto dadeva | saqueto dolheforaledoede |
Claradoporelle ditojuis hor | dinarioComquemseasina | araeuCarllosDeAbreues | crivaõqueoesCrvy|
Oliv
ra
JozephMiz’ Campos|
Asentada|
AosNovediasdo mesde | Abrildemil esetesentos | [corroído]vint[corroído]esinco
[corroídas]||
174
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
175
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
176
Os grafemas <fa>, em função de borrão da tinta, estão com o traçado mais forte que os demais.
358
[fl.23v]
177
NestaVelladeNosasenhora | Dopellardooiro pRetonasca | asasdaCamaradellaahiado |
ondeaseste ojuis hordenario DomingosFrancisco Deolivee | eira aheadondeeuesCrivaõ |
fuiVindoparaefeito deper | guntarastestemunhasaodian | tedeClaradascomodito Juis |
doqueparadetudoConstar | fizeste prezentetermocarllos| DeAbreuescrivaõ queoescrvy|
JozephgomesBranquinho | andantenoCaminho destas | Minas testemunhaaqu[†.]me |
elledito Juis
178
lhederaojurame | entodossantos evangelhos | emqueellepossua mao dereita | esubcargodelle
lheemcaregou | quedeseseverdade aoque | lhefoseperguntado edeseser | deidade deVenteeseteanos |
aoscostumesdesenada|
EPerguntado elletestemunha | [corroída]oComtheudo no auto |
d[corroído]de[corroído]asadoqui[corroído]ozo dise | que [corroídas] ||
177
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
178
Os grafemas <uis> estão rasurados, mais isso não lhes compromete a leitura.
359
[ fl.24 r]
179
180
aVariasPesoasdestaVilla | ehera publicoenottorio
181
que | fasendojornadadestavilla | paraaCidade daBahia
em | Suacompanhialevava hum | Moso
182
quelhetinhaalugado| humCavallo emquelevava | oSeufatoodito
qu[†.]ixozo che | gandocomelle aositio cha | madodolana mais aBaixo | emhumcapam|odito Moso |
Fecandopordetraslhequizera | atirarhumtiro eRandofogo | aditaarma defogologosefora | aelleditoqueixozo
lhedera | Com ocoixe daClavina naca | besaeodeitara porterra | edepois lhedera hu[corroído]sfacadas |
183
nopescoso eodeixara [corroído]ormor | toeoaRastara parahumcor | go eSeausentara elheRou |
baratudoquantolevava | emais naodise doditoauto | dadevasaquetoda lhefora | lidaedeClaradaporelledito |
Juis hordenario comquem | SeasenoueuCarllosDeAbreu | escrivaõque oescrvy|
Oliv
ra
Jozeph Gom[corroído]||
179
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
180
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
181
Os grafemas <tt> possuem um borrão de tinta, mas impediu sua leitura.
182
A primeira haste do grafema <m> está com um traçado maior que os demais em função de um borrão
da tinta.
183
O grafema <n> possui borrão de tinta, mas isso não impediu sua leitura.
360
[ fl.24v]
184
T
o
. aSentada|
Aos Dezdiasdo mesde | Abrildemilesetesentos | eVenteesinco anosnesta |Villa
DeNosasenhorado | pellardooiro pReto nascazas | damorada dacazadaCama | ara
adondeasisteoJuis hordi | nario Domingos Francisco | Deoliveera aheadondeeues |
crivaõofoivindo paraeFe | eito deperguntarastestem | unhasaodiantedeClaradas |
doqueparadetudoConstar | Fezeste presente termocar | llosdeAbreuesCrivaõqueoes
|crvy|
PaulloMachadoCrespo | morador nestavilla
185
teste | munhaaquemelledito Juis | lhedeuojuramento
dossan|tosevangelhosemqueelle | possua maodereitaesubca | argodelle lheemcaregouque | deseseverdade
aoquelhefose | perguntado edeseserdeedade |
[corroído]evinteedois anosaoscos | t[corroído]mes[corroída]nada ||
184
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
185
O grafema <t> possui um borrão de tinta, mas isso nãoi impediu sua leitura.
361
[fl. 25 r]
186
187
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudonoa | autodadevasadoqueixo | zo MiguelMarquesdise |
quepartendo estedestavilla | paraacidade daBahia | emsuaCompanhialevava | humMoso quelhelevava |
aSeufato emhumCavallo|Seuquehavia alugado | aoqueixozo echegando aosi | tio dolana mais aBaixo em |
humcapam ahilhederaSin | cofacadas nopescoso queode | eexara por Morto aodito que | eixozo eaodepois
oaRasta | ara para fora daestrada | porMorto eodeitara em | humcorgoelheRou[corroído]aratu |
doquantoComsigolevava | emais naõ dise dodito | autodadevasa quetodo
188
| lheforaledaedeClarado |
porelledito Juis hordinario | Emqueseasinoueucar | llosDeAbreuescrivaõque | oescrvy|
Oliv
ra
Paulo DeCarvalhoCrespo||
186
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
187
No canto direito da margem superior há um 20 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
188
Estes grafemas estão com o traçado mais forte que os demais, em função de borrão de tinta.
362
[fl. 25v]
189
GaspardeVillas boas de | estaVilla testemunhaaque | emelledito Juis lheemcaregou |
quediseseverdadeaoquelhe | foseperguntadoediseserdei | dade decoarenta anosaoscos | tumesdesenada|
Perguntado elletestem | unha pelloComtheudonoa | autodadevasa doqueixozo |
deseelletestemunhaquehera | publico enotorio nestavilla | queindodella paraacidade | daBahiaoqueixozo
emsua | companhia levava humMo | so quelhetenhaallugado hum | cavalloemque o queixozo | levava
oSeufateoechegan | doaositio chamadodolana | ahilhedera odito Mosocom | panheiro doqueixozo huas |
facadasnopescoso eodei[†.]
190
a | ara porMorto edepois oaRas | tara para foradaestrada | eo[d]eitara emhum
corogo elhe | Roubara tudoquanto levava | edepois opRenderaeveio pa |[corroídas]ar (n)estavilla pReso e
com[corroído]fe | [corroídas]erfeito o[corroído]ito delit[corroído] | emais naõ [corroídos]se dodito
a[corroídos]o ||
189
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
190
Como este grafema está rasurado, não sabemos se se trata de um <x> ou de um <t>.
363
[fl.26 r]
191
192
doditoAutodadevasaque | todolheforaledoedeClarado | porelledetoJuishordenario | comquemseaSinoueuca
| arlosDeAbreuesCrivaõque | oescrvy|
Oliv
ra
Gaspar de V
as
boas Jacome|
ManoelRodriguespontes
193
| moradornooiro pRetode | estavilla testemunhaaque | emelledito Juis
hordinario lhe | deraojuramentodossantos | evangelhosemqueellepos | Sua maodireita esubcargo |
dellelheemcaregouquedese | severdade aoquelhefoseper | guntadoedeseserd
194
eedade
|deVenteeCoatroanosaoscos | tumesdesenada|
Epe(r)gunt(a)do
195
elletestem | unha pelloComtheudonoa | auto dadevasa doqueix | ozodise que
Sendoemom
196
es | deMauso pRoximopasado | estando elletestemunha | emcaza
doDoutorouvid[corroídos]|gerald[corroído]stavilla nodi[corroído]em | quev[corroídos] prezo [corroído]
que ||
191
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
192
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
193
O grafema <o> dos vocábulos /Manoel / e / Rodrigues/ sofreu borrão de tinta.
194
O grafema <d> sofreu borrão de tinta.
195
Os grafemas <r> e <ta> sofreram borrão de tinta.
196
Os grafemas <omes> estão com borrão de tinta, mas isso não impede a leitura.
364
[ fl. 26v]
197
aheComfesara
198
haverFeito | odellito aoque[corroído]xozo aSim | comodeClara oautodade | avasaemais
naodise do | detoautoque todolhefora | ledoedeClarado porelle | detoJuis
199
comquemseasina |
araeuCarllosDeAbreues | crivaõqueoescrvy|
Oliv
ra
Mano
el
Roiz Pontes|
Asentada|
AosdezdiasdomesdeAbril | demelesetesentosevente | esencoanosnestaVillade |
NosasenhoradoPellardo | oiropreto nascazasdaC[†]za | daCamara dellaahiaadonde |
asiste oJuis hordinario Domi | ingosFrancisco Deoliveira | aheadonde euescrevaõfoi
|Vendo paraeFeito depergun | tarastestemunhasaodiante | DeClaradas comodito Juis |
DoqueparadetudoConstar | fezeste pResente termocarllos | DeAbreuesCrivaõ
queoescrvy ||
197
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
198
O grafema <f> sofreu borrão de tinta.
199
O grafema <t> sofreu borrão de tinta.
365
[ 27 r]
200
201
MatheusPereirasoldado | dacompanhia doCapitam | DeDragois JooodeAlme | eida
testemunhaaquem | elledito Juis lhederaojura | mento dossantosevangelhos | emqueellepossuamaodire |
eitaelheemCaregouquedise | seVerdade aoquelhefose| perguntado edeseserdeedade |deVenteesinco
anosaosCostumes | desenada
Perguntadoelletestemun | hapelloComtheudonoauto | dadevasa doqueixozo Mi | guel Marques desequeelle
| testemunha foraemcom | panhia deoutrossoldados | mais
oprenderaodito delin | quente esendoac(h)ado no | Sitio doIrmaodePau[corroído]loRo | drigues
logoporelleForaco | omfesado haverFei(to) todo | odellitoaoqueixozo elheto | marao sincoentaesencodo |
Brois queh(a)viaRoubadoao | queixozo edepois vindopello | Sitio dondefizera odilito | lhemostrara aFaca
eforaacha | daequehera amesmacom | quedera Sencofacadasno | [corroídas]escosodoqueixozo eque | fora
achadaacanastra ||
200
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
201
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
366
[ fl.27v]
202
aCanastranoMato eoutra | Roupa quehia dentro fora | della Solta noMato etudo | desera queotinhafeito ede
| eexadoporMorto aoditoque | eixozo equeforaodi(a)boque | atentara emais naodise |
doditoautodadevasaque | todolheforaledoedeClara | do porelle deto Juis hordena |
ariocomquemse[†.]sin[†.]|araeucarllosDeAbreues | crevaõqueoescrvy|
Oliv
ra
DeMathe+us Pr
a
|
AntoneoFernandesfontes | moradoranooeropReto desta |Villatestemunhaaquem | elleditoJuis hordinaro
lhe | deraojuramentodossa | antoseVangelhos emque | ellepossua maodireita | esubcargodelle lheemca |
203
aregouquediseseverda | deaoque lhefosepergun | tado edese serdeedade |detrinta anos aoscostumes |
desenada ||
202
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
203
Este grafema está com rasura, mais isso não lhe impede a leitura.
367
[fl. 28 r]
204
205
EPerguntadoelletestem | unhapelloComtheudono | autodadevasadoque | eixozo
MeguelMarques | desequeelletestemunha | ouver[†.]dezerajooodesouza | moradornoseusitio que |
foiadonde pRendeoaodito | delinquente equeellelogo | comfesara haverMorto ao | queixozo porem que
onaõ | Roubara emais naodise | doditoautodedevasaque | todolheforalidoedeClara | doporelledetojuis
hordenario | comquemseasenoueuca | arllosDeAbreuesCrevaõque | oescrvy|
Oliv
ra
Antonio Frz’ Fontes|
BalthesarBorgesdealme | eedasoldadeCavalloda | Companhia dejooodealme | eedadevasComsellos testem
| unhaaquemelledito Juishor | denario lhedeuojuramento | dossantosevangelhosemque | ellepossua
maodereetaesub | cargo delle lheemCaregou |[corroídas]deseseverdade [corroídas]ser d[corroído]|de
deCorenta anosaoscostu | mes
desenada ||
204
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
205
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
368
[fl. 28v]
206
EPerguntadoelletestem | unhapelloComth(e)
207
udonoa | autodadevasadoqueixozo |
MeguelMarquesdesequehe | erapublico enotorio nesta | Vell(a) queodito delinque | ente
tinhaComfesadopu | bleca mente haverFeeto todo | odellto comtheudoedeClara | donoauto dadevasaemais
| naodesedelle que todolhe | foraledo edeClaradopore | elledetoJuis hordenarioco | omquemseasenaraeuca |
arllosDeAbreuesCrivaõque | oescrvy|
Oliv
ra
B
ar
Borges de Alm
da
|
asentada|
AoshonzediasdomesdeAbril
208
| demil esetesentos eVente | esencoanos nestaVilla deNo | osasenhora
dopillardooiro | pRetonascasasdamoradade | JoaoFerreira Froios Soldado |
deCavallodaCompanhia do | Capitam JozepheRodrigues |[corroído]hiadonde euescrivaõ foi |
vind[corroído] porestardoente | Decom[corroídos]queparaiso ||
206
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
207
Este grafema está com borrão de tinta, o que lhe compromete a leitura.
208
Próximo a esse vocábulo, na margem direita, há um 8 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho.
369
[fl. 29 r]
209
210
queparaiso medeuojuis ho | ordinario DomingosFran |cescoDeoliveira doquepa | aradetudoConstarfezeste
| prezentetermoCarllosde | Abreuescrivaõ queoescrvy|
JoaoFerreira soldadodacom | panhiadoCapetamdeCavallos | Jozephe Rodrigues testemun | haaquem eudey
ojura | mentodossantosevangelhos| porvertudedaComesam | amemconsedidaelhedise | quedeseseverdade
aocomthe | udonadevasa edeseserdeida | de deventeesetesanosaos | costumesdesenada|
ePerguntado elletestemun | hapelloComtheudo noauto | dadevasadoqueixozodiseque | elletestemunha
foraemcom | panhia deoutrossoldadosma | ais nodia dezaseis domesde |
MarsoporordemdeSuaexse | lensia apRenderodelenque | ente ecomeFeito Sendoacha | doprezo logoporelle
foraco | omfesadotodo ocomtheudo | [corroído]odito [corroído]utoda[corroídos]saqu[corroído] | elletinha
dadoasfacadas ||
209
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
210
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
370
[fl. 29v]
211
noqueexoso nopescoso nositio de | Clarado nomesmoauto eque | deexando porMortolheRouba |
aratudoquanto elleleva | va ecomeFeito lheforaoacha | dos
Sicoentaesinco doBr(o)is | Deoiro desencoemoedas ema | ais meiamoedadeoero que | oeraquetinha
furtado aoque | eixso emais humescravo|etudomais quelevava em | huacanastra emcoirada | emaes
naodesedodito auto | dade[†.]asaquetodolhefora | ledoeseasinoucomojuis | euCarllosdeAbreuescrivaõ |
queoescrvy|
Oliv
ra
Joaõo Frr
a
Froes|
Antonio dealmeida morador | emAntonio Dias testemunha | aquemelledito Juishordina | ario lhedera
ojuramento | dossantos evangelhosem
212
| que elle possua maodirei | taesubcargodelle lheenca | aregouque
deseseverda | deaoque lhefosepergunta | doedeseserdeidadede trinta | e se[corroido]s anos aoscostumes
dise | na[corroídos] ||
211
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
212
Os grafemas <eva> ficaram com traços mais fortes que os demais em função da tinta.
371
[fl. 30 r]
213
214
215
EPerguntadoelletestemun | ha pelloComtheudonoauto | dadevasa doqueixozo deseque |
elleouvira dizer aomesmoque | eixozo quandoVieraCurarse | dasferidas queendoelledeca |
maradacomhummoso paraaci | dadedaBahia quelhelevava | humcavalloalugadoemque | levava oSeufato
estechegando | aositio dolana ahilhe derasi | encoFacadas nopescosoque | odeixara pormortoedepois |
oaRastara parahumcorogo | elhefurtara tudoquantoleva | va aSim oiro enegro etudooma | ais emais
naodesedodito auto | edadevasaque lheforalido ede | claradoporelle ditojuis com | quemseasenara
eucarllos | DeAbreuescrivaõ | queoescrvy|
Oliv
ra
An
to
deAlm
da
||
213
A escrita deste fólio, e apenas deste, foi feita com uma tinta mais escura .
214
No meio da margem superior há uma rubrica e, ao que tudo indica, parece pertencer ao escrivão
Carlos de Abreu, já que a tinta usada tanto na assinatura como no texto são semelhantes.
215
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
372
[fl. 30v]
216
TermodeComcCluzam|
AosDozediasdo mesdea | brildemil esetesentos
217
| eVinteesenco anosnesta |
VilladeNosasenhorado | pellardooiro preto nasca | azasdamoradademim | escrivaõquesamnadita | Villa
ahifezestadevasaco | omCluza aojuis hordenario | DomingosFranciscoDeolivei | eira doqueparadetudo |
constarFizeste | pResenteter | moCarllos DeAbreuescri | vaõo queoesCrvy|
Clo|
218
Obriga esta devassa aFran
co
| Pinto aqueprezo selivre p
a
oqueseje | recomendado nacadeia
adondeseacha | eo escrivaõ opasara aRol dos cul | pados V
a
Rica 12 deAbril de | 1725
a
Dom
os
Fran
co
deoLiv
ra
219
p[corroídos]tonoRol | dos Culpados|
AosTrezedias domesde | Abril [corroído]emilesetesentos | evi[corroídas] sinco anosnest[corroído] ||
216
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
217
Na margem direita, próximo a este vocábulo, grafou-se ½ , mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
218
Mudança para o punho do juiz ordinário Domingos Francisco de Oliveira.
219
Este texto, feito, ao que nos parece, pelo punho do escrivão Carlos de Abreu, encontra-se na margem
esquerda, próximo ao texto do juiz.
373
[fl.31 r]
220
221
NestaVilladeNosasen | horado pellardooiro pRe | tonasCasasdaCasada | Camaradella ahiadonde |
aSesteojuis hordenario Do | mingosFrancisco Deoliveira | aheporelle meFoidada estade |
avasacomasuasentensa | emellaescritodepronunsea | asam que
Mandaraque | SecompReseegoardadecomo | emellaseComthemdoque | paradetudoConstarFiz |
estepRezentetermoCarllos | DeAbreuesCrivaõ queoes |cry||
220
No meio da margem superior há uma rubrica e, ao que tudo indica, parece pertencer ao escrivão
Carlos de Abreu.
221
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
374
[fl. 31v]
222
Conta|
Autuaçaõo eRazaetermos
9 ½ 7
Da p
te
|
Petiçaõo ____________________________ ¼
Emqueredorias e asentadas ____________ 8
Conta _____________________________ ½
1 8/8 ¼ 7
emportam as custas | destes autos dezouto outa | vas e hu coarto e sete vinteis | deouro salvo erro
emportam os quintos destas | Custas coatro outavas emeia e |
tres vinteis de ouro ____________________ 4 ½ 3|
Somao custas e gastos ______________ 23|8 02
223
Somaõo custas e quintos vim | ta tres outavas edois vin | teis salvo erro Vila Rica | 18 [corroído]e ABril de
1725
Jacques
224
V
ta
emcorr
am
Junctas Escri|vaõ á esta devaca o auto|eperguntas q se fizeraõ|ao R: de q se faz
mençaõo|no auto desta devaca E ou|tro sim deve junctar o au|to de sequestro; ou Cert
am
|da delig
a
q se faz;
ou se|achassem bens, ou naõ V
a
|r[corroídas]a em Junho 20 de 1725|Pacheco|
225
V
ta
em corr
am
deve|mostrar
Cumprido opro –|
vso
feito em corr
am
eoutro|Sy declarar Se o R. Se|acha por Sentença Livre|o que fará em
tr
o
de outo|dias V
a
Rica de Mayo|8 de 1732|
Pass[corroídos]
||
226
222
Mudança para o punho de Jaques.
223
O número 0 encontra-se rasurado.
224
Mudança para o punho de Pacheco.
225
Mudança para o punho de Passos.
226
No original, estes dois textos estão lado a lado.
375
[fl. 32 r]
227
228
Satis fazendo aoprovimento | doDoutor Sebastiaõ deSouza | Machado ouvidor geral | ecoRegedor des
tacomar | ca Certifico que Reven | do o meucartorio naõ achei | autodepreguntas feitaao | Reo
nemdeSocresto emenos | fe de diligencia Seçelhe | tinhaõ ounaõ achado bens | nemisome foi emtregue |
comodito Cartorio etaõ | bem naõ achei autodelivra | mento doditoReo eamar | gem valendo delle no Rol |
dos Culpados estahuma | cota que dis estaprezo | e outramaes a baixo que | dis fugio dacadea tbem |
paraoReferido naverda | decomfedellameaCino | Villa Rica 16 de maio de| 1732
Manoel vas Fagundes||
227
O local onde deveria haver uma número grafado encontra-se corroído.
228
Mudança para o punho do escrivão Manoel Vas Fagundes.
376
[fl.1r]
229
230
Autodedevasa queexoFisio tiro|ouojuisordinario Manoel|Ferreira agrellos doFerimen|enteFeito aManoel
Rodrigues|
es.
am
Carlos deAbreu|
Anno doNasimento|DeNososenhorjezuschristo|demil esetesentos eVinte|eseteanosaos
Vinteecoa|trodiasdomes deAbrildo|ditoano nestavilla deNosa|Senhoradopillar dooiro|pRetonascasas
dojuis ordi|nario Manoel Ferreira| [corroído]gr[corroídos]os ahiadonde eu[corroída]||
229
No canto esquerdo da margem superior foram feitas as seguintes anotações : N. 129 | 29| NMR| e
VI[corroídas], mas não sabemos se se trata do mesmo punho do texto.
230
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
377
[fl.1v]
231
euescrivaoFoipResente|paraeFeito desefaseresteau|todedevasa queelledito juis|ordenario Mandarafaser| ex
oFisioporparte dajustisa|porquantolhechegarasua|notisia quesendo
nanoite|dequentaFeira de em[†.]
232
doe|nsas quesecomtaraõ dezde|ocorente mespellasnove|orasdaNoite
Sederahuã|estocada nagarganta eou|tramascostas aManoel|Rodriguesdacosta morador|nocaquende
estandoaporta|daIgreia doRozario eporser|ocasodedevasa porserde|Noite eFicarodito desorte|quecoonstava
Morto Ma|andarafazeresteautodede|vasa paraporelle Serempe|erguntadas
astestemunhas|quedocasosoubese paraser|ponido odelinquente na|formadalei
elogooditojuis|Resebeooditoauto eseasinou|eucarlosdeAbreuesCrivaõ|queoescrevy|
Mano
el
frr
a
Agrellos CarllosdeAbreu||
231
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
232
Como há uma rasura feita a partir de um <d> , não sabemos se se trata do grafema <e> ou <a> ou de
outro.
378
[fl.2r]
233
Ex[†.]ame feito nasferidas|doferido|
Aos vinte ecoatrodiasdomes|deAbrildemilesetesentos|eVinteeseteanosnestaVilla|
deNosasenhoradopillardo|oiropRetonascasas damoradas|doMestredecampoPedrode|aFonseca Neves
ahiaonde|estavaojuisordenarioMa|anoel Ferreira agrellosahi|Mandara verasua
pResensa|oferidoManoelRodregues|paraselheFazerex zam[†.]
234
nas|feridas
emandaravirtam|bemaSuapResensa osorgiã
235
|ManoelcarneiroF
o
queFoi|oqueasistio
apremeiracura|dofirido ecomeFeito Sifiser|ramenasditasFeridas tin|haoditoferido
huaoestocada|nonosdagraganta jafuca|da esemlesaoalguã desfor|meaopResente eoutra napa|direita
jafucada aopresente|equeavendo (sonta) naprime|iracura naoacharao que |oi[corroído]evaseperigodeMorte
asquais|(feridas) naotinhao desf[corroídos]ã||
233
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
234
Em função de uma rasura, não sabemos se se trata do grafema <e> ou <a>.
235
O grafema <a> está rasurado e, por isso, não sabemos se depois dele há um grafema <o>.
379
[fl.2v]
236
asquaes(vede)quedouFe|aSemodeclarouoditosor|giao
deBaixodojuramento|quelhedeuoJuis ecomellese|aSinoueucarllosdeAbreu|escrivao queoescrey|
Mano
el
. frr
a
. Agrellos M
el
.CarnRF
o
||
236
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
380
[fl.3r]
237
aSentada|
Aosvinteecoatrodiasdomes|deAbrildemelesetesentos|evinteesete
anosnestavi|lladeNosasenhoradopilla|ardooiropReto
nocaquende|digonascasasdamorada|doMestredeCampoPedrode|aFonseca neves
ahidondeestava|ojuisordenario ManoelFerreira| Agrellosahiadonde
euescrevã|foipResenteparaeFeitodeserem|perguntadasastestemunhas|
aodiantedeclaradasdequepa|aradetudoconstarfisestetermo|CarllosdeAbreuescrevaõ
queoes|cry|
Valerio dacosta morador|nocaquendedestavillaque|viveeasisteemcasadeseu
238
|Paiolesenseado
Sebastiao|dacosta edeseter desoutoa|anos Testemunhajurada ao
239
|Santosevangelhos emqueelle|possua
maodereita|
Perguntadoelletestem|[†.]nhapellocomtheudonoauto|dadevasadevasamente|diseque
Sabepellover[corroída] ||
237
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
238
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 1 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
239
Como há uma rasura, não sabemos se o grafema <s> foi escrito.
381
[fl.3v]
240
quesendonanoite eorasdeque|Sefesmensomnoautoda|devasa quechegandoelleteste|emunha aIgreia
doRosario|Vira estaraporta della Ma|anoelRodreguesdacosta|etambemestava emcostado|aportadaIgreia
thomasBar|boza oF[†.]sialdeCarapina|comhuãespadanua eSea| (amentado)elletestemunha|daIgreia
parasuacasa vira|averBulha eaRueido aope|daIgreia noadrodellaevira|estarferido odito
Manoel|Rodriguesdacosta comhuã|feridanasgoellas eoutra|nascostasdesendoquemo|(era)equelhetinhadado
asdi|tasestocadas odito delin|quente thomasBarbosao qual|janaovio dondedeantes|otinhavisto
etambemouvio|
241
diseragasparMartins que|lhevio dar eerapublico eno|torio emaisnaodise
nem|doscostumeseseasinouco|omojuis eucarllos deAbre|euescrivã queoescry|
frr
a
Valerio Da Costa||
240
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu. No
meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
241
Na margem direita, próximo a este vocábulo, estão grafados <(R) vinda.>
382
[fl.4r]
242
GasparMartinsdeaguiar|morador nestavilla que|vivedoseunegocio edise|terdeedade trintaesinco|anos
TestemunhaReFerida
243
|ejurada aosantosevange
244
|lhos|
Perguntadoelletestemun|nhapellocomtheudonoauto|dadevasadevasa mente|desequesabe
pelloVerque|Sendonasorasenoite de|quetrata oauto dise queesta|ando elletestemunha apor|tadaIgreia
deNosasen|horadoRosario
doCaquen|deCo
245
mversandocomMa|anoelRodriguesdacosta|ahichegarathomasBarboza|
oFesialdecarapina mora|dornocaquende edesera|paraodito queixozo dizen|dolhe
Seerapedroluz[†...]e|logolhedera huaoestocada|nagraganta eoutranas|costaseseRetiroulogo
fogin|doqueFiseracomhuaes|pada emaisnaodisene|emdoscostumeseasin|oucomojuis
eucarllos|DeAbreuescrevaõ que|oes[corroído]y|
frr
a
G
ar
Mis deAg
ar
||
242
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
243
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 2 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
244
Este grafema está com rasura, mas isso não compromete sua leitura.
245
Este grafema está com rasura, mas isso não compromete sua leitura.
383
[fl.4v.]
246
BentoMartinsdeMase|domoradornocaquende|quevivedesuavenda edise|
247
terdeidade detrintaeouto|anos
Testemunhajurada|aosantosevangelho |
Perguntadoelletestemun|hapellocomtheudonoauto|dadevasadise quesabepe|elloouvirdeser
avesenhan|saeserpublico quethomas|Barbosa oFesialdecara|pina
deraduasestocadas|emManoelRodrigues|nanoitedequetrataoau|tohuaonagraganta eou|
248
tranascostas emais
naõ|desinemdoscostumesese|aSenoucomojuiseuca|arllosdeAbreuescrivaõ|queoescry|
frr
a
BentoMiz de Maçedo|
aSentada|
Aos vint
249
eCoatodiasdo|mesdeAbrildemilesete|Sentosevinteeseteanos|nestavilladeNosasenhorado|pillar
dooiropReto nascasasda|morada dePedroaFonse[corroída]a|Nevesahi[corroído]donde
eu[corroído]escr[corroído]|[corroídas]juisordi[corroídos]||
246
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
247
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 3 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
248
O grafema <a> do vocábulo <nas> está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
249
O grafema <t> está com um borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
384
[fl. 5r]
250
o[corroído]dinar[corroídos]noFerreira agre|llosparaeFeitodeseremper|guntadas
astestemunhasaodi|antodeclaradasdoqueparade|tudoconstarFesestetermocar |llosdeAbreuescrevaõ
queoescry|
ManoelValisBoa mora|dor nocaquendedesta|villa quevive doseu
251
|Negocio edisetersincoe|entaeseisanos
Testemun|hajuradaao santosevangelhos|
Perguntadoelletestem|unha pellocomtheudono|autodadevasa
diseque|Sabepelloouvirdizer|atodaasuavesinhansa|aomesmoManoelRodri|gues
quesendonanoite|dequefasmensao oauto|quederaduas estocadas|thomasBarboza oFesialde|carpinteiro
moradorno|caquendecomhuaoespada|huaonagragantaeoutra|nascostas emais
naodise|nemdoscostumes esea|aSinoucomojuis eucar|llosdeAbreuescrevaõ que|oescry|
frr
a
M
el
Vas lis Boas||
250
Como a margem superior está corroída, não há indicação de rubrica.
251
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 4 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
385
[fl.5v]
252
Damiaofernandesmora|dornocaquende quevive|doSeuoFesiodeCarpintei|
253
eiro edireitadeidade trenta|anos
Testemunhajuradaao|santosevangelhos emquepos|Sua mao direita|
Perguntadoelletestemun|hapellocomtheudonoauto|dadevasadise
quesabepe|lloouvirdeseraManoel|Rodrigues comotambem|avesenhansaque
thomas|BarbozaoFesialdeCar|pinteiro
254
moradornoca|quendedera duas esto|cadasaodito
ManoelRo|drigueshuaonagraganta|eoutranascostascomhuã|espada
nanoitedeque|fasmensaooauto emais|naodisenemdoscostumes| [†.]seaSinou
comojuis|eucarllosdeAbreuescri|vaoqueoescry|
frr
a
deDa + miao fernandes|
255
Olesensiado Manoelcarn|eiroF
o
moradornocaque|[corroído]endequevive doseuoFesio|sorgiaõ
diseterde[corroído]dade|[corroídas] esi[corroídos] anos [†...]||
252
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
253
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 5 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
254
Este grafema está rasurado, mas isso não impediu sua leitura.
255
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 6 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
386
[fl.6r]
256
munhajurada aossantoseva|angelhosemquepossuamaõ|direita|
Perguntadoelletestem|unhapellocomtheudonoa|autodadevasa diseque|S[†.]bepello ouvirdiser
asua|vezenhansa que(he)aopede|NosasenhoradoRozario|quesendonanoite deque|trata oauto estando
Ma|anoelRodrigues Dacosta|qu[†.]éto ePasiFico aporta|daIgreiadeNosasen|horadoRozario
ahichegara|comhuaoespada thomasBar|boza oFesialdecarpinteiro|elhedera duasestocadas|huaonagraganta
eoutra|napadacostasemais naõ|disenemdoscostumes ese|aSinoucomoJuis euca|arllosdeAbreuescrvaõ
que|oescry|
frr
a
M
el
CarnRF
o
|
aSentada|
Aos venteecoatrodiasdo|mesdeAbreldemil esete|Sentosevinteeseteannos nesta Villa de nosa Sen(hora)||
256
Como a margem superior está corroída, não há indicação de rubrica.
387
[fl.6v]
257
DeNosasenhora do pillar (do oiro) |pRetonascasasdamoradadePedro|deaFonseca
Nevesahiadondeeues|crivãfoipResente comojuis ordi|nario ManoelFerreira
agrellos|paraseremperguntadasasteste|unhasaodiantedeClaradasdoque|
paraconstarFezestetermocarllos|deAbreuescrevaõqoescy| [espaço]
Manoeljoam morador|nocaquende
258
destavilla|quevivedesualogeedise|
259
tertrinta anos|poucoma|ais
oumenos|
Perguntado elletestem|unhapelloComth(e)udono|autodadevasa disequesa|beporserpublico
quethomas|Barboza oFesialdecarpi|enteiro deraduasesto|cadasemManoel Rodri|gues nanoitedequesetra|ta
huanagraganta|eoutranapadascostas da|partedireita estandoodito|ManoelRodriguesase|entadoaporta
deNosa|SenhoradoRozario emais|naodisenemdoscostumes|eseasinoucomojuis|eucarllosdeAbreues|crivaõ
queoescry|
frr
a
Manoel Jam ||
257
Aqui não há indicação de rubrica.
258
A haste vertical do grafema <q> está rasurada e, ao que nos parece, foi feita a partir da cauda do
grafema <g>.
259
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 7 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
388
[fl. 7r]
260
ManoelMartinsdalus|moradornocaquende|destavilla quevive desua|faisqueira
desiterdeidade
261
|
262
trintaes[†.]eisanos Testemun|hajurada aosantosevangelhos|
Perguntadoelletestemun|hapellocomtheudo noauto|dadevasadise
quesabepe|lloouvirdizerasuavezen|hansaeserpublico quethomas|Barboza
oFecialdecarpin|teiromoradornocaque|ende (dera)duasestocadas|emManoel Rodrigues
do|ditoseteonanoite declara|danoauto huanagraganta|eoutranascostas napadere|eita estando odito
Manoel|Rodrigues asentadoaporta|doRozario emais naodise|nemdoscostumes eseasinou|comojuis
eucarllosdeAbreu|escrevaõ queoescrvy|
frr
a
Manoel Miz dalus|
PedroCarvalho morador|nocaquende quevive|deSuavenda edeseter
[corroídos]|[†...]outoanos Testemu [corroídos][†..]||
260
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
261
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 8 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
262
O grafema <r> está com borrão de tinta, mas isso não compromete sua leitura.
389
[fl.7v]
263
Testemunhajurad[corroído] aosantos|evangelhos|
Perguntadoelletestemun|hapellocontheudonoauto|dadevasadise
quesabepor|serpublicoquethomasBarboza|oFesialdecarpinteiro mora|dorn
264
ocaquende
deraduas|es[†.]ocadas em ManoelRo|drigues huanagragante|outranascostas
nanoite|dequesetrata estando asenta|doaportadeNosasenhora|doRozario oditoManoel|Rodrigues emais
naodise|nemdoscostumes eseaseno|oucomojuis eucarllosde|AbreuesCrevaoqueoes|vry|
frr
a
Pedro Cravalho|
aSentada|
Aos
Venteecoatrodiasdo|mesdeAbrildemilesete|Sentosevinteeseteanos|nestavilladeNosasenhora|dopillardooiro
pRetonascasasde|morada dePedrodeaFonseca Ne|ves ahiadonde euescrevaõFoi|pResentecomojuis
ManoelFe|reiraagrellos
paraserenpergun|tadasastestemunhasdeclaradas|aodiantedoq[corroído]eparaConstarfes|
EstetermocarllosdeAbreues|[corroídos]vaõ qu[corroído]oescry||
263
Aqui não há indicação de rubrica.
264
Este grafema está com borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
390
[fl.8r.]
265
ManoelBarretomorador|nocaquendedestavilla|quevive doseuoFisio deal|faiateedeseterdeidade
vin
266
|teesincoanos Testemunha|jurada aosantosevangelhosem|quepossua maodireeita|
Perguntadoelletestemun|hapellocomtheudonoauto|dadevasadise quesabeper|serpublico
quethemasBarbosa|oFesialdecarpinteiro mera|dornocaquende dera duas|estocadas
emManoelRo|drigueshuanaga
267
rganta|eoutra
268
snascostas
269
Nanoite|dequetrata oauto emais|
270
não
desenemdoscostumes|eSeasinoucomojuiseuca|arllosdeAbreuesCrivaõ|queoescry|
frr
a
Manoel Barretos|
JosephPintodeazevedo mora|dornooiropReto destavilla que
271
|vivedoseuoFesio
dePedreiro|edeseterdeidadede vinteeouto|anos Testemunhajurada
ao|Santosevangelhosemquepos|Su[corroído]maodireita||
265
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
266
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 10 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto. (O número 9 não foi localizado)
267
Este grafema está com rasura, mas isso não impede a sua leitura.
268
Idem.
269
No primeiro traço vertical do grafema <N> há uma rasura, mas isso não impede a sua leitura.
270
Este grafema está com borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
271
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 11 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
391
[fl.8v]
272
Perguntadoelletestemun|hapellocomtheudonoautoda|devasadise
quesabeporser|publicoqueThemasBarbosa|oFesialdecarpinteiro mora|adernocaquende deraduas|estocadas
emManoelRo|drigues huaonagraganta|eoutranascostasnanoitede|quesetrata
aportadeNosa|SenhoradoRozario emaisnaõ|desenemdos
costumesese|aSinoucomojuiseuca|arllosdeAbreuescrivaõ que|oescrevy
Jozeph pinto deazevedo|
frr
a
|
Antonio gomes morador|nocaquende destavilla que|
273
vivedoseunegosio edese|terdeidade
trintaecoa|troanos Testemunhajura|daaosantosevangelhos|
Perguntadoelletestemu|nhapellocomtheudo noautoda|devasadise
nadaeseasinou|nemdoscostumeseucarllos|DeAbreuescrivaõ queoes|cry|
An
to
Gomes CardoZo|
[corroído]declarouquesabia p[corroído]lloo[corroído]vi[corroído]||
272
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
273
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 12 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
392
[fl.9r]
274
pelloouvir dizer agaspar|Martens quepResensiara|quethomasBarboza oFesial|decarpinteiro dera
duas|estocadas emManoelRo|drigues duasestocadashuao|nagragantaeoutra
nas|cos[†.]asnanoitedequesetrata|estando
asentandoaportado|Rozario emais naodisene|emdoscostumes eseasinou|comojuis
eucarllosdeAbree|euescrevaõ queoescry|
frr
a
An
to
Gomes CardoZo|
aSentada|
Aos venteecoatrodiasdo|mesdeAbrildemilesetese|entoseventeesete
anos|nestavilladeNosasenho|radopellardooiro
pRetonas|casasdamoradade(mestre)|decampoPedrodeaFonseca|Nevesahiadondeestavaojuis|ordenario
Manoel Ferreira|agrellos ahiadonde euescrevaõ|foivindo ahiforampergunta|dasastestemunhas
aodionte|declaradas doqueparadetu|doconstar fesestetermoeucar|llos [corroído]eAbreuescrevaõ
q[corroídos]eoe[corroídos]||
274
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
393
[fl. 9v]
275
JozephMoraesdelemos|morador nocaquende|
276
destavillaquevivedeseu|negosio edeseterVinteedois|anos
Testemunhajurada aosa|ntosevangelhos|[espaço]
Perguntadoelletestemunha|pellocomtheudonoautoda|devasa diseque Sabepello|ouv(i)r
dizeravariasPesoas|eserpublico quethomasBar|bozaoFesialdeCarpinteiro|moradornocaquende|deraduas
estocadasem|ManoelRodrigues huã|nagraganta eoutranascos
277
|tas nanoite dequetrata|oautoemais
naodisene|emdoscostumes eseasino|oucomojuiseucarllos|deAbreuescrivaõ queoes|cry|
frr
a
Jozeph Moreyra deLemos|
Antonio Manoel morador|
278
nocaquende destavilla que|vivedoseuoFisio
decarpin|teirodeseterdeedade devinte|eseteanos T[corroído]stemunhajurada|[corroído]osantosevangelhos||
275
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
276
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 13 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
277
O grafema <a> do vocábulo <nas> está com borrão de tinta, mas isso não compromete sua leitura.
278
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 14 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
394
[fl. 10r]
279
Perguntado elletestem[†.]
280
n|hapellocomtheudo noauto|dadevasadesequesabe|porser publicoque
thomas|Barbosa oFesialdeCarpinte|eiromoradornocaquende|deraduasestocadasem|
ManoelRodrigueshuã|nagragante eoutranascos|tas
nanoitedequesetrata|emaisnaodisenemdos|costumeseseasinoucom|ojuiseucarllosdeAbreu| escrvaõ
queoescry|
frr
a
An
to
Manoel|
ManoelFernandesmora|dor nocaquendedesta villa|quevive d(e)SeuoFisio
281
|detrabalhar edeseterdeida|de
trentaeseteanos Teste|munhajurada aosantoseva|ngelhos|
Perguntadoelletestem|unhapellocomtheudonoau|todadevasadise quesabe|porserpublico enoterio
que|thomasBarbo[corroído]a oFesialde|carp[corroído]nteiro m[corroídos]adorn[corroído]||
279
Na margem superior, embora haja uma corrosão, verifica-se o registro de uma rubrica e, tal como nos
fólios anteriores, deve pertencer ao escrivão Carlos de Abreu.
280
Este grafema está marcado como ilegível porque, em função de uma rasura, não se sabe se se trata de
um <u> ou <a>.
281
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 15 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
395
[fl. 10v]
282
nocaquende deraduas|estocadas emManoelRo|drigueshuaonagraganta|outra nascostas nanoite|dequesetrata
estandoase|entadonaporta doRozario|emais
naodisenemdosco|ostumeseseasinoueuca|arllosdeAbreuescrivaõ|queoescry|
frr
a
deMel + fernandes|
aSentada|
Aos Vinteecoatrodiasdo|mesdeAbrildemilesete|Sentos
evinteeseteanos|nestavilladeNosasen|hora dopillar dooiro pReto|
nascasasdamoradado|Mestredecampo Pedrode|aFonseca Neves
paraeFeito|digoNevesahiadondeestava|ojuisordenario
ManoelFerrera|Agrellosahiadondeeuescrevaõ|foipRezenteparaeFeito
desere|emperguntadasastestemun|nhasaodiantedeClaradasdoque|
paraconstarFesestetermocarllos|deAbreuescrevaõqoescrvy|
Antonio veera Jordammo|
283
oradornocaquendeque|vivedesuavenda deseter|vinteesinco anos
Testemun|nhajurada aosantos[corroídos]angelhos||
282
Na margem superior há um borrão de tinta sobre uma rubrica que, ao que tudo indica, pertence ao
escrivão Carlos de Abreu.
283
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 16 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
396
[fl. 11r]
284
Perguntadoelletestem|unhapelloComtheudono|autodadevasadisequesa|abeporser
publicoenotorio|quethemasBarbozaoFesial|decarpenteiro morador|nocaquende
deraduas|estocadasemManoelRo|drigues huã
nagraganta|eoutranascostasemais|naodisenemdocostumes|eSeaSinoucomojuis|eucarllos
deAbreuescrivaõ|queoescry|
frr
a
An
to
Ver
a
Jordam|
Joaodacunhavellozo mora|dornocaquendedesta
285
|villaque VivedoseuoFe|esiodealFaiate
deseter|Vinteesete anos Testemun|hajurada aossantosevange|lhos|
Perguntado elletestem|unha pellocomtheudono|autodadevasa diseque|Sabeporserpublico
enotorio|quethomasBarboza oFesial|decarpinteiro deraduas|estocadas emManoel|Rod[corroídos]gues
hua[corroído]nagragan|[corroídos]eoutra nas costas||
284
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
285
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 17 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
397
[fl. 11v]
286
nanoitedequesetrataesta|andoasentado aporta doRo|zario
emaesnaodesene|emdoscostumeseseasinou| comojuiseucarllosdeAbre|euescrevaoque oescry|
frr
a
João daCunhabellozo|
ManoelMoreira Bello|morador nocaquende|
287
quevevedoseunegosio|ediseter Sincoenta
anos|Testemunhajurada aosan|tosevangelhos|
Perguntadoelletestemun|ha pellocomtheudo noauto|dadevasadise quesabeper|Serpublico enotorio
quethe|masBarboza oFesialdecar
288
|pinteiro moradornoca|quendedera duasestoca|dasemManoelRodri|gues
huao nagraganta|outranascostas estando|asentadoaporta doRozario|emais naodisenemdos|costumes
eseasinouComo|ojuis eucarllosdeAbreues|crivaoqueoescrvy|
frr
a
M
el
Mor
a
B[corroídos]||
286
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
287
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 18 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
288
O grafema <c> está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
398
[fl.12 r]
289
aSentada|
Aos
venteecoatrodiasdo|mesdeAbrildemilesetesen|tosventeeseteanosnesta|villadeNosasenhoradopi|llardooirop
Retonascasasda|moradadePedrodeaFonseca
ne|vesahiadondeestavaojuisordi|nareoManoelFerreira
agrellosahi|adondeeuescrevaoFoipRezente|paraeFeitodeserempergunta|dasastestemunhasaodiantede|clarad
asdoqueparadetudoco|onstarFesestetermoCarllosdeAbreue|crevaõqoescr|
JoaoLopes moradorno|oiropRetodestavilla que
290
|vivedoseuoFesio de Ferre|eiro
edeseterdeidade trinta|edoesanos Testemunhaju|radaaosantosevangelhose|emquepossuamaodireita|
Perguntadoelletestem|unhapellocomtheudonoa|autodadevasa dise quesa|beporserpublico
enotorio|quethomas BarbozaoFe|sialdecarpinteiro morador|nocaquende deraduas|estocadas
emManoel|Rodrigues huaonagraganta|eoutra
291
nascostas
nanoite|declarada noautoestando|[corroído]Sentado aporta da[corroídas]||
289
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu,
embora esteja parcialmente corroída.
290
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 19 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
291
O grafema <t> está com borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
399
[fl. 12v]
292
naportadoRozario emais|naodesenemdoscostumes|eseasinou comojuis
euca|arllosdeAbreuescrevaõque|oescrvy|
de + Joaolopes
frr
a
|
Domingosdasilva mora|dor nestavillaquevive|
293
doSeuoFisio
decarpinteiro|edeseterdeidade trintaanos|Testemunhajurada aosan|tosevangelhos|
Perguntadoelletestemun|hapelloComtheudonoauto|dadevasadisequesabe|porser publicoenotorio
que|ThomasBarboza oFesial|decarpinteiro deraduas|estocadas emManoel|Rodrigues huanagragan|taoutra
nascostas nanoi|oitedequetrata oauto|emais
naodisenemdos|costumeseseasinoucom|ojuiseucarllosdeAbreu|escrevaõ queoescry|
frr
a
D
os
daSilva||
292
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu,
embora esteja parcialmente corroída.
293
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 20 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
400
[fl.13r]
294
Joaocorrealanhozomorador|nocaquendedestavilla que|vivedoseuoFisio decarpin
295
|teiro ediseterdeidade
Vente|ehumanos Testemunhajura|daaosantosevangelhosemque|possua maodereita|
Perguntadoelletestem|unhapellocomtheudonoau|todadevasa dise quesabe|perserpublico etambem
vio|queestando ManoelRodri|gues asentado aporta de|NosasenhoradoRozario na|noitedequetrata
oautoahi|chegarathemasBarboza|ofesialdecarpinteiro elhe|diseraqueSeacazoerape|(droalvilho)
elogolhedera duas|estocadas
hu[†..]nagraganta|eoutranascostasemais|naodisenemdosCostumes|eseasinoucomojuiseu|
carllosdeAbreuescrivã|queoescry|
frr
a
Joaõ Coreya Lanhozo|
aSentada|
Aos vinteecoatrodiasdo(mes)|(de)[corroído]bril demil e sete[corroídos] ||
294
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu,
embora esteja parcialmente corroída.
295
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 21 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
401
[fl. 13v]
296
setesentosventeesete[corroído]nos|nestaVillanascasasdamor[corroído]da|dePedrodeaFon seca Neves
ahiado|ondeestavaojuis ordinario Ma|anoelFerreiraagrellos ahiadonde|euescrevaoFoipRezente
paraeFe|eitodeseremperguntadasasteste|munhasaodiantedeClaradasdeque|
paraconstarfesestetermocarllos|deAbreuescrevaõ queoescry|
MiguellopesdeAraujo mo|orador nacaquende|
297
destavellaquevive
deseuo|oFesiodecarpenteiro dise|terdeidadevinteetres|anos Testemunhajurada ao|Santosevangelhos|
Perguntado elletesemun|hapellocomtheudo noauto|dadevasa disequesabe|pors
298
erpublico
notorioque|themasBarboza oFesial|decarpinteiro deraduas|estocadas emManoel|Rodrigues
huanagraga|antaout[†.]a nascostasna|noite dequesetrata
emais|naodisenemdoscostumes|SeaSinoucomojuis|eucarllosdeAbreuescrevaõ|que oescrvy|
frr
a
De + Miguellopesde|Ar
o
||
296
Aqui não há indicação de rubrica.
297
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 22 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
298
Este grafema encontra-se rasurado, mas isso não impede sua leitura.
402
[fl. 14r]
299
Comclusam|
Aos vinteecoatrodiasdomes|deAbrildemilesetesentos|evinteesete anosnesta|villa deNosa
Senhora|dopellardooiropReto nascasas|dePedrodeaFonsecanevesahi|adondeestavaojuis
ordenario|ManoelFerreira
agrellosahilhe|fesestadevasaConcluzadoque|paraconstarfesestetermocarllos|deAbreuescrevaõ queoescry|
Clo|
300
Obrigam as ttest
as
pergun|tadas athomas Barboza off
e
.|deCarpinte
o
oescrivaõ opace|aoRol dos culpados
eas hor|dens nel
a
p
a
.Ser prezo Villa|Rica 24 deAbril de1727|
Mano
el
Frr
a
Agrellos|
301
Aos vinteecoatrodiasdo| m[corroídos]deAb[corroídos]ildemil[corroídos]te|[corroídas]tos
[corroído]vente[corroídos]sete [corroídas]||
299
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
300
Mudança para o punho do juiz ordinário Manoel Ferreira Agrellos.
301
Mudança para o punho do escrivão Carlos de Abreu.
403
[fl. 14v]
302
anos nestavilladeNosasenhoran[corroídos]|dopillardooiro pRetonascasasda|amoradademimesCrivaõ
(quesõ)|naditavilla
a[†.]igonascasasda|moradadePedrodeaFonseca Ne|vesahiadonde estavaojuisor|dinario
ManoelFerreiraagrelloz|ahiadondeeuescrevaõ foivindo|paraeFeitodeserem
pergunta|dasastestemunhasaodiante|declaradasdoqueparaconsta|
AntonioFranciscodosantos|morador nocaquendeque|
303
vivedoseuoFisio
decarpinte|eiroediseser deidadedetrinta|eseis anos Testemunhajura|daaosantosevangelhosem|quepossua
maodireita|
Perguntado elletestemunha|pellocomtheudo noautodade|vasadise quesabeporserpu|blicoenotorio
quethomas|Ribeiro digothomasBarboza|oFisialdeCarpenteiro mora|dornocaquende deraem|Manoel
gonsalvesRdigo|emManoel Rodrigues duas|estocadas huanopescoso|eoutra nascostas nanoite|dequeoauto
trata aportade|NosasenhoradoRozario|[corrooídos]acaquende emais naõ|dise dadita devasa[corroídas]||
302
Aqui não há indicação de rubrica.
303
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 23 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
404
[fl.15r]
304
nemdoscostumes eSeasino|oucomojuis eucarllos|DeAbreuescrivaõ queoes|cry|
frr
a
An
to
fran
co
do s
tos
|
JoaoPereira moradornoca
305
|quendedestavilla quevive|deSuafaisqueira edeseter|deidadecoarenta anos
Testem|unha jurada aosantosevange|lhosemquepossua maodireita|
Perguntadoelletestemunha|pellocomtheudo noautodade|vasadise quesabeperserpu|blico enotorio que
thomasBa|arbozaNunes oFesialdeca|arpenteiro moradornocaque|endederaem ManoelRodri|guesduas
estocadashuã no|pescoso outra nascostas esta|andoasentado noadrodaIgr|reiadeNosasenhora doRoza|ario
emais naodise nemdos|costumes eseasinoucomojuis|eucarllosdeAbreuesCrivã|queoescryde|
de+ JoaoP
ra
| frr
a
||
304
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
305
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 24 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
405
[fl.15 v]
306
Henrique Ribeiro deCarvalho|morador nocaquendede|estavilla que vivedoseuoFi|siodecarpinteiro ediseter
dei|dade decoarenta anos testem|unhajurada aosantosevange|lhos|
Perguntado elletestemunha|pellocomtheudo noautodade|vasadeseque erapublico
eno|torio quethomasBarboza|oFesialdecarpinteiro dera|emManoelRodriguesdu|uasestocadas
huanagra|ganta eM
307
ais naodise nem|doscostumes eseasinouco|omojuis euCarllosdeAbre|euescrevaõ
queoescry|
frr
a
Henriq Rib
e
DeCarval|
aSentada|
Aos vinteecoatro diasdomes|deAbrildemil esetesentos|vintesete anos
nestavilla|deNosasenhoradopellarde|oiropReto nascasasdePedrodea|aFonseca Neves
ahiadondeesta|avaojuis ordinario Manoel|fereiraagrellozahiadondeeuescri|[corroído]aoFoipResente
paraseremper|guntadas[corroídas]est[corroído]mun[corroído]aou|[corroídas]dec
[corroídos]adasdoque[corroídas]||
306
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 25 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
307
Este grafema está rasurado, mas isso não impede a sua leitura.
406
[fl. 16r]
308
ManoelgonsalvesdaCruz|moradornocaquende|quevive daSeuofisio desa|pateiro ediseter deidade
trin
309
|taeseisanos Testemunhaju|radaaosantosevangelhos|
Perguntado elletestemunha|pellocomtheudo noautodade|vasadise
quesabepelloouvir|dizeraManoelRodrigues e|gasparMartins queestava|Junto comelles nanoite de|quetrata
oauto aporta de|NosasenhoradoRozario|ahichegara themasBarbeza|oFesialdecar pinteiro
elhederaduasestocadas huã|nopescoso eoutranasCostas
310
|emais nãodisenemdos|costumes
eseasinoueuComoju|uiseucarllosdeAbreues|crivaõ queoescry|
frr
a
Manoel Glz' dacrus|
Manoelteixeira lemos morador
311
|nocaquende quevive deseune|gosio edise terdeidade trintaesin|coanos
Testem[corroído]unhajuradaaosa|antos evangelhos||
308
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu,
embora esteja parcialmente corroída.
309
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 26 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
310
O grafema <t> está rasurado, mas isso não impediu sua leitura.
311
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 27 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
407
[fl.16v]
312
Perguntado elletestemunha|pellocomtheudonoautodade|vasadisequesabe por serpu|blico
quethemasBarbeza dera|nanoite dequeoartigo tra(ta)|digodequeadevasa trata em|Manoelgonsalves
digoMa|anoelRodriguesdacosta|
313
huaestocada nagraganta|eoutra nas costas noadroda|capelladoRozario
emais naõ|diseeseasinoueucarllos deAbreuescrevaõ queoescrydos|costumesdesenada|
frr
a
deMlteixe
ra
+ lemos|
314
Manoeldasilva moradorno|oiropReto aSistenteemcasade|diogo VasdeFreitas edeseterdei|dadeventeedois
anos Testemu|nhajurada aosantosevan|gelhos|
Perguntado elleTestemunha|pello comtheudo noautodadeva|asa diseque SabepellovereFama|quethomas
Barbosa do
315
caquen|de dera emManoelRodriguis|duas estocadas huãnagragan|ta eoutranascostas
nanoite|dequesetrata [corroídas]a porta||
312
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu,
embora esteja parcialmente corroída.
313
O traço do grafema <h> apresenta-se mais forte que os demais em função da tinta.
314
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 28 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
315
O grafema <c> parece ter sido feito a partir de um <q>, o que ocasionou uma rasura.
408
[fl.17r]
316
doRozario emais naodeseese|aSinoucomojuis eucarllosde|Abreuescrevaõ
queoescryaos|costumesdesenada|
frr
a
M
el
dassylva|
Danielgomeslima morador|natrabesadafug(ima) destaVi
317
|lla quevive desercaixeirode|Antonio
lopesdasilva edisete|erventeesincoanos Testem|unhajurada aosantosevange|lhos|
Perguntado elletestemunha|pello comtheudo
noautodade|vasadesequesabeporserpu| blicoquethemasBarbozaoFe|Sialdecarpinteiro merador|nocaquende
deraemManoel|Rodrigues nanoitedequetrata|oauto dadevasa duas estoca|dashuanopescoso
eoutra|nascostas noadro doRozario|pellasnoveorasdaNoite|emais naõ dise eseasinou|comojuis
euCarllosdeAbreu|escrevao queoescryaoscostu|umesdesenada|
frr
a
Danyel gomes Lima||
316
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
317
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 29 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
409
[fl.17v]
318
Francisco dasilvaF(i)onteasca|da moradornooiropRetode|estavilla queVevedesualoge|ediseterdeidadede
trintaedois|anos Testemunhajurada aosa|
319
antosevangelhosen quepos|Sua maodereita|
Perguntado elletestemunhape|llocomtheudonoauto dadevasa|disequesabepello ouverdizer|avariasPesoas
quethomasBar|bozaoFesialdeCarpenteiro|moradornocaquende dera|duasestocadas emManoel|Rodrigues
nanoitedequetrata|adevasa aporta daIgreia de| Nososenhora doRozario huã|nagraganta
eoutranascostas|SemlheFazermalalgumema|aisnaodisenemdoscostumes|eseasinoucomojuis
eucarllos|deAbreuescrevaõ queoescry|
frr
a
Fran
co
. daSilva FonteAscada|
ConClusam|
Aos DesasetediasdomesdeMa|[corroído]i[†.]demilesetesentosevinte|[corroído]eteano
[corroído]nestavilla[corroídas]||
318
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
319
Os grafemas <ant> estão com borrão de tinta, mas isso não lhes compromete a leitura.
410
[fl.18r]
320
deNosasenhoradopillar|dooiropreto nascasasdamo|oradademimescrivaõ que|Somnadita villa
ahifezesta|devasaconcluzaaojuis|ordinario
ManoelFerrera|agrellosdequeparadetudo|constarfesestetermocarllos|DeAbreuescrivaõ queoes|cry|
Clo|
321
Acreçe mais as tt
as
Porgun|tadas contra omesmo Reo|atras pernunçiado, Villa|Rica 17 deMayo de 1727|
Mano
el
Fr
a
Agrellos|
322
Aos desasetediasdomesde|Maiodimilesetesentose|venteesete anos
nestavilla|deNosasenhoradopillar|dooiropRetonascasasda|moradadojuisordenario|
Manoel Ferreiraagrellos||
320
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
321
Mudança para o punho do juiz ordinario Manoel Ferreira Agrellos.
322
Mudança para o punho do escrivão Carlos de Abreu.
411
[fl. 18v]
323
AgrellosporellemeFoidad[corroído]|estadevasacomoasuapor|Nunsiasomemellesescri|tacomoemellesecomt
he|emdoqueparadetudoconsta|arfizestetermoCarllosde|Abreuescrevaõ queoescry|
324
V
ta
emcorr:
ano
V
a
: Rica em|Junho 15 de1727|
Pacheco|
325
V
ta
. em corr.
am
deve declarar| OEscrivaõ Se o R: pronunçiado|Seacha Livre por Sentença
eSepella|dilligençia q fizer vier em conhecim
to
.|que o naõ está Passar nesse as ordens|Neccssarias p
a
. q
e
Seja prezo|V
a
. Rica de Mayo 8 de 1732|
[SZAdo]
326
Sa tis fazendo aoprovim
to
do D
or
||
323
No meio da margem superior há uma rubrica feita, provavelmente, pelo escrivão Carlos de Abreu.
324
Mudança para o punho de Pacheco.
325
Mudança para o punho de Szado.
326
Mudança para o punho de Manoel Vas Fagundes.
412
[fl.19r]
ouvidor g
al
. CoRegedor des ta|Comarca Sebastião deSouza|Machado certefico que|ex zaminando o
meucar to|rio eRol dos culpados nelle|achei oaçento do Reo comaco|margem que dis prezo|eoutra mais
abaixo que|dis Remetido p
a
. aBahia e|emformando me achei no|ticia queasim hera fala|Referido
naVerdade e em|fé declara acima Villa Ri|ca 9 demaio de 1732|
Manoel Vas Fagundes||
413
[fl.1r]
1731
|
327
No. 191| Juis Estvistas|
Pella Jus
te
. | esta devaça e|
N
o
. 4| pago meya p
te
. |
N. 25
| dasCustas.V
a
. Ric[corroído] |
N
o
.5| 5 de Agosto de 17[corroído]4|
LGaleao|
Auto deDevassa queExoficio| Ti[corroídas] Juis ordinario ManoelRodrigues|Coelho
daMortefeytaahumNegro por|Nome João da Costa Crioullo eSoldado do|Matto queseachou Morto
Nomorro des|ta villa porsima daRuaNova|
Escrivão M
el
. de Barros da Rocha|
ANNo doNasimentode Nosso|Senhor JezusChris demil eSette centos|etrinta ehum
annos aosvinte|eNovediasdomes deMarçodo dito|annonestavillaRicade
nossaSe|nhoradopillardoouropretoe|nasCazasdaCamaradella ahy/
328
adon|deasisteojuis
Ordinario Mano|el Rodrigues Coelho/
329
fui vindoho|EsCrivaõ pera efeyto
deSetirar|aDevassa aodeantedecLarado e|Logoporelleditojuisordina|rio
mefoiordenadoedetremi|nado que fizesseesteauto||
327
No canto superior da margem direita há registrado o número 1, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do autor do texto.
328
Esta barra inclinada consta do original.
329
Idem.
414
[fl.1v]
autodeDevassa peradevassamente| porelle Serem
preguntadas tes|temunhas damorte
quelhehavia|chegado anotissia Se fizeraa|humpreto
SoLdadodoMato e|crioullo chamado JoãodaCos|tae
Nomorrodestavil[corroídas]sima|daRua Nova Seachara
morto|No dia
seisdoCorrentepellamanhã|aoqualSeacharaõ
asferidas|decLaradas noautodeCorpo de|Delito
aodiante junto e feyto pe|llo Tabelleaõ
meuantessesorCarlos| deAbreu eLogoEuescrivaõ|fis
esteautodeDevassap[corroída]ra|porelleSerempregonta
dos|testemunhos, eLogoelle dito|Juisordinario
Recebeo o|dito auto quaSegnou Co|Migoescrivaõ
Manoel|deBarrosdaRocha escri|vaõqueoescrevy e
asig|ney|
Coelho Manoel de Barros da Rocha||
415
[fl.2r]
Auto decorpo dedelito q’ Sefez emJoaõ|dacosta Negrocrioullo esoldado doMa|to moradornomorro|
A[corroído]svinte eSeisdias domes deMa|arsodemilesetesentostrinta|ehumanos
nestavilladeNosase|nhoradopillardooiropreto nomoro|destavilla porsima daRuanova|ahiadonde euescrivão
fui vindoc|omojuis ordinarioManoelRodri|gues coelho ahi estava Morto hum|Negro Crioullo chamado
Joao da|Costa soLdadodoMato emorador|no morro oqualtinha huaferida|pegado ateta direita da largura
detres|dedos que Cortoufoinacarne pene|trante queestava saindo porella|a pontadobofe efoiConhesido
pellas|testemunhas abaixo asinadasque|er[†.] oproprio qfoifrancisco Soaresdo|Morro Andre daSilva da
mes|maparaige qSeasenarao comojuis| euCarllos deAbreu Correaoque|o escrevy|
Coelho|
De fran
co
+ Soares de Andre + da Silva|
Juis||
330
330
O fólio 2v encontra-se em branco.
416
[fl.3r]
ASentada|
EAos Vinte eNovedias domes| deMarco demil eSetecentos| etrentaE hum annos
nesta|Villa Rica denossaSenhora| dopillar doouropreto e nas| Cazas daCamara della ahy| adonde aSiste
ojuis ordina|rio Manoel Rodrigues coe|lho fuy vindo EuEscrivaõ pe|raefeytodeSerem pRegunta|dosas
testemunhas nestade|vassa aodiante declaradas|doque pera Constar fis es|tetermodeaSentada
adonde|EuEscriva digo deaSentadaEu|Manoel deBarros daRocha|Escrivaõ que oEscrevy|
331
BentodeMacedo morador|Nomorro destavilla que|vive deminerar dehidade
que|disseser de trinta ecoatroannos|testemunhajurada aos San|tos eVangelhos aquem
odito| Juis deuojuramentodelle|em humashora[corroído] [corroída]
emqueelle|posSuamaõ direytaeSu||
331
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 2, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
417
[fl.3v]
332
Direyta esubcargo delle|pormeteo dizer ver dade do|queSoubesse elhefoce|pReguntado|
Preguntadoaelletestemu|nha pello contheudo noau|to daDevassa desse queSa|bia
333
pelloouvir dizer aFran|ciscodeMacedo queeste ouvi|ra dizer naõ Sabia Seao|Capitam
doMato Hu fola|nodematos queEstandoeste|Comodefunto este tal Ca|pitam omandaraa
Reco|nher HunsNegros oqual |Indo aReconher os ditos ne|groshumdestes lhedera huã|
facada dequemorrera emais|Naõ desse doautodaDeva|ssaquetodolhefoilido ede|cLarado
pelloJuiz com|quemSeaSegnouEuMa|Noel deBarros daRocha|Escrivaõ que o Escrevy|
Coelho Bento de Macedo|
334
Arcenio de Maris Macha|do morador no ouro podre||
332
Na margem superior, na parte central, há o registro de um <J>, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
333
O olho do grafema <p> encontra-se com borrão de tinta, mas isso não compromete sua leitura.
334
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 2, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
418
[fl.4r]
Podrequevive deminerar|dehidade quedisse tertrinta|eSete outrinta eouto pou|comais oumenos
Testemunha|Jurada aosSantos evange|lhos em quelle pos Suamaõ|direyta quepellodito juis| lhefoi
dadoem Humas Horas|Subcargodellepormeteo|dizer ver dadedoquesoube|sseelhefossepReguntado|
Preguntadoalletestemu|nhapello contheudonoauto| dadevassa disse que Sabia|pello ver
queSendo nodia|digo nanoute do dia vinte|eSeis doCorrente Seachava|elleTestemunha
noSumedou|ro donde nooutro dia vindo|sseRecolhendo peraSua|caza achara aotal negro
mor|to enaõ Sabe quem o ma|tara ouconcorrera peraotal|dellito emais naõ disse dodito|
auto de devassaquetodolhe|foi Ledo pello juis nem|dos Costumes
eSeaSegnou|comelledito [corroídos]is EuMa||
419
[fl.4v]
Manoel deBarros daRocha|Escrivaõ queoEscrevy|
Coelho Arcenio de Moris M
do
. |
335
Antonio Pires deCarva|lho morador nomorro desta
336
|villa quevive deSua boti|ca
hidade quedisseter vin|teeSete annos Teste|munhaaquem odito Juiz deu|oJuramento
dossantos evan|gelhos emhunas horas delles|emqueelleposSua maõ|dEreyta eSub
cargodelle|pormetia dizerverdadedo|queSoubesse|
Preguntado aelle teste|munha pellocontheudono|auto dadevassadesseque|Sabia nodia decLarado|noauto
decorpododellito|as outo horasdanoute ou|viraelle (ahy)Testemunha| Huns gritos mas naõ Soube|
aquehora [†.]ooutrodia Se|Imterrompeo naquellave|zenhança oterssefeyto oma|Leficio
declaradonodito|auto ema[corroído]s naõ dessedelle||
335
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 3, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
336
Os grafemas <ta> encontram-se com uma mancha, mas isso não impediu a leitura.
420
[fl.5r]
Dellenemdoscostumes eSe|aSegnou comodito Juis|EuManoel deBarros da|Rocha
Escrivaõ queo Escre|vy
Coelho Antonio Pires de Carv
o
|
337
JosephCorrea Morador no|ouropodre que vive de|minerar dehidadequedesse|Serde trinta
etresannos|Testemunhajurada aosSan|tos evangelhos aquemelle| dito Juis odeu emhumas|horas
dellesSubcargo delle|por tudo dizer a verdade|do que Soubesse|
Preguntado a elle tes|temunha pello conthe| udonoautoda devassadisse|queSabia pelloouvir dizer|quenodia
decLarado noau|todaDevassa Sosudera|omataram dous
Negros|aHumCrioullo capitam|domato indo esteaReco|nhecellos masquenaõ Sa|be quemforaõ os mal
fey|tores nem [corroído]uem por [corroído]ste||
337
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 4, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
421
[fl.5v]
Este mallefuo concorresse|comajudafavor ouconulho|emais naõ desse dodito auto|nemdoscostumes
eSeaSi|gnoucom oJuis EuManoel|deBarros daRochaEscrivaõ|queoEscrevy|
Coelho
Joseph Correa da S
a
|
338
Manoel Gomes Peyxoto|Morador noouropodreque|vive deSuaagencia dehida|dequedesse ter vinte
annos|Testemunha aquem odito|Juis deu oJuramento dos|Santos evangelhos em| hum(a)shoras delles
eSubcargo|dille por metio dezer verda|dedoqu Soubesse|
PreguntadoaelleTestemunha|pellocontheudonoautoda|devassadisse queSabia|queSendo
nodia decLarado|nodito auto ouvradizer|ahu capitam domato cama|radadodito defunto|
quelhe tinhaõ morto Seu|Companheiro Cujo M[†.]Le|ficio fizer[corroídos] dous negros||
338
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 5, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
422
[fl. 6r]
Negros aquemodetode|funtohia Reconhecer mas|quenaõsabia
quemheraõ|nemdequemSeriaõ eMais| naõ disse dodito autoque| todolhefoi Lidoe decLara|do nem
doscostumes ese|aSignou comoJuis Eu|Manoel deBarros da|Rocha Escrivão que oes|crevy|
Coelho
Manoel Gomes Peixoto|
339
Fructuoso PereyradeSouza|morador noOuropodreque| vive defais car comSeusne|gros
ehomem pardo eforo|dehidadeque disse ter coa|renta annos poucomais|ou menos
Testemunhaaquem|odito juis deuJuramentos|dosSantos evangelhos em|hum ashoras
emqueelle pos|SuaMaõ direyta Sub cargo|dellepor metio dizer verda|dedoqueSoubesse|
PreguntadoaelleTestemu|nha pello [corroído]ontheudo no [coorídos]tos||
339
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 6, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
423
[fl.6v]
Contheudonoauto dadevassa|dessequeSabe Pello
ouvir Dizer|queSetinha morto
ahum|capitam domato Cujo Ma|Leficio fezeraõ dous
Negros|que hinora elleTestemunha| dequem sejaõ
equenaõ
sobe|quemcomcorressecomajudafa|vorouconulho
paraotal|M[†.]Leficio emais naõ disse|dodito auto
nemdoscostumes|eSeaSignoucomojuis Eu| Manoel
deBarros daRocha|Escrivaõ que o Escrevy|
Coelho De Fructuoso+ Pr
a
. de Souza|
340
Pedro ALves Rozeyro Mora|dor nestavilla que vive demi|nerar
dehidadequedesseSer|deSesenta eseis annos Tes|temunhajurada aosSantos|evangelhos
aquemodito Juis|deuojuramento dellesSub cargo delle por metio
dezer|VerdadedoqueSoubesse|
Preguntado a elle TesteMunha pello Contheudo|noauto da[corroídos]vassa disseque||
340
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 7, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
424
[fl.7r]
que ouvira dezer quemataraõ|HumNegro abayxodoouropodre|emais naõ disse dodito
autos|quetodolhefoy Lido edecLarado|pello dito juis nemdoscostumes|eSeaSignou
comojuis EuMa|noelde Barrosda RochaEs|crivaõ queoEscrevy|
Coelho Pedro Alz Rozro. Eu da quiem| diante| Teni
23|
341
342
343
Miguel Filgueiras morador em|a Rua nova des ta Villa que| Vive de Sua Venda de I
da|de que dice ser de Vinte e|dois annos Tes temunha Jura|da aos santos aVange
lhos|aquem odito Juis ordenario deu|o Jura mento delles Socargo|do Coal prometeo di
zer ver [corroídos] |a verdade doque lhe foçe per|guntado|
E perguntado elle teste|munha pello contheudo|no auto da de Vasa deçe|nada nem dos
Custumes que|tudo lhe foi Lido edeclarado|por elle dito Juis ordinario|Comquem
aquiaçinou eeu|Manoel Vas Fagundes es|crivaõ que [corroída]o[corroídos]crevy |
Coelho Miguel Filgueira||
341
A partir desse fragmento, todas as testemunhas passam a ser numeradas (iniciando-se pelo no. 8)
342
Mudança para o punho do escrivão : Manoel Vas Fagundes.
343
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um83, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
425
[fl.7v]
344
Lucas Machado morador|nesta villa naRua nova| que Vive doseu ofiçio desa|pateiro de Idade que di|çe
ser de vinteedois annos| pouco mais ou menos Tes|te mu nh[†.] Jurada aos san|tos e vange lhos aquem
o|ditoJuis or di nario deu|o Juramento emhum li|vro delles Socargo do coal|promiteo dizer a verda|de do
que lhe foçe pergun|tado|
Perguntado elle tes temu|nha pello contheudo no|auto da devaca diçe que|ou viradi zer
que hum|Negro que andava conhu|ma pega nope o matara|digo ma ta ra aJoaõ da|Cos ta
Soldado do mato|mas que elle tes temunha naõ|Sabe dequem hera o negro|dapega eque
ouviradi|zer pu blica mente o que|dito tem emais não diçe|nem dos cus tu mes que
tudo|lhe foi li do edeclarado por|elle dito Juis ordinario com|quem aqui açinou e eu
Ma|noel Vas Fagundades escrivaõ|que o es crevy|
Coelho Lucas Machado||
344
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 9, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
426
[fl.8r]
345
Bernardo Alves da Neiva mora|dor emaRua nova desta vi|lla quevive de sua Argencia|de Idade que
diçe ser de vinte|edois annos pouco mais ou|me nos Tes temunha Jura|da aos Santos evangelhos|aquem
elle dito Juis ordina|rio deu o Juramento em hum| Li vro delles Socargo docoal|prometeo di zer a ver
dade|doque soubeçe e lhes
foçe|perguntado|
E perguntado elle Teste|munha pello contheudo na|de vaça diçe nada nem|doscustumes que tudo lhe foi
|Lido ede clarado por elle|dito Juis com quem Se acinou|e eu Manoel Vas Fagun|des es cri vaõ que
oescrevy|
Coelho
Bernardo Alz da Neyva |
346
Manoel Roiz Velho morador|emaRuaNova des ta Villa|que veve doseu oficio dePe|drei ro de Idade
que diçe ser|de Çeçemta enovepouco|mais ou menos Tes temunha|Jurada aos Santos evange|lhos,
aquemelledito Juis ordi|nareo deo o [corroídos]ramento em||
345
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 10, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
346
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 11, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
427
[fl. 8v]
Deuo Juramento em Hum Livro|delles socargo docoal prome|teo de di zer a ver dade do que lhes
foçeperguntado|
Eperguntado elletes te|mu nha pello contheudo no|auto dadevaça diçe nada|nem dos custumes que tudo
lhe|foi li do ede clarado per e|lle dito Juis com quem aqui a|cinou eeu Manoel vas|Fagundes es crivaõ que
o es|crevy|
Coelho
ManoeL Roiz VeLho|
347
Antonio Pereira mora|dor noPadrefaria des|ta Villa que vive deseu| Negocio de I dade quedi|ce çer de
vinte esinco|an nos pouco mais ou me|nos Tes temunha Jurada|aos Santos e vange lhos a|quem elle deto
Juis ordi|nario deuo Ju ra mento|em Hum Livro de lles Socar|go docoal p r o meteo de di|zer a verdade
do que lhes|foçe per guntado|
Ep er guntado elle tes te|munha pello contheudo|[corroído]oauto da [corroído]evaça dice nada||
347
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 12, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
428
[fl.9r]
Nada que tud[†.] lhefoi lido ede|Clarado porelle di to Juis|Com quem aqui açinou eeu|
Manoel Vas Fagundes escri|vaõ que oes crevy|
Coelho Antonio P
a
. |
348
Antonio Carvalho Silva mo|rador em Antonio dias des|ta Villa que vive deseu
ne|gocio de I dadeque diçe çer|deCorenta annos pouco|mais ou menos Tes te|mu nha Jurada aos Santos|e
Vangelhos aquem elle|di to Juis ordi na rio deuo|Juramento emHumLivr[†.]|delles SoCargodocoalpro|me
teo de di zer aver da|de|
Eper guntado elles Tes te|munhapello contheudo|noau to dadevaça diçe|nada nem dos Cus tu mes
que|tudo lhe foi lido edeclarado|porelle dito Juis comquemaq|ui açinou e eu Manoel Vas|Fagundes es
crivaõ queoes cre|vy|
Co[corroídos]
An
to
. Cara
o
Silvas||
348
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 13, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
429
[fl.9v]
349
Luis deFaria morador|nes ta Villa que vive doseu|ficio desapatei ro de|I dadeque diçe ser de de zoi|to
annos pouco mais ou me|nos Tes temunha Jurada|aos Santos eVangelhos a|quem elle dito Juis ordi|nario
deu o Juramento|em hum Li vro delles Socargo|doCoal pro me tio dizer|aver dade doque lhes
foçe|perguntado|
Eperguntado elle Tes|temunha pello Conthe|udo noautodade Vaça di|çi nada nem dos custumes|que Tudo
do lhefoi Li do edeclara|do per elle di to Juis com quem aqui aci|nou eeu Manoel Vas Fagundes es
crivaõ|que oes cre vy|
Coelho
Luis deFarias|
350
JosepH Roiz Pon tes mo rador|em São Chiata no que vive de seu|ne goçio de Ida deque diçe ser
de|Vinte annos pouco mais ou|menos Tes te munha ju rada|aos Santos evangelhos, aquem| elle di to Juis
ordi nario deu|o [corroídos]ramento [corroído]m um livro delles||
349
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 14, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
350
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 15, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
430
[fl.10r]
EnHum Livro delles Socar|go docoal p rome teo
dizer|aver dade doque lhe foçeper|guntado|
E perguntado elle Tes te|munha pello contheudo no|auto da devaça diçe nada|nem dos cus tumes, que tudo
lhe|foi Li do edeclarado per|elle dito juis com quem aqui a|çi nou e
eu Manoel Vas|Fagundes es crivaõ que|oes crevy|
Coelho
Jozep
h
Roiz Ponttes|
351
Manoel Roiz Li ma morador|em Antonio dias que vive|de Sua Argençia de I dade|que diçe ser de
vinteehuman|nos pouco mais ou menos Tes|temu nha Jurada aos santos|evangelhos aquem elle dito|Juis
ordi nario deu o Jura|mento em Hum Livro delles so|Car go do coal prometeo di|Zer a ver|dadede que
lhefoçe per|guntado|
Eperguntado elle tes te munha|pello contheudo no auto da deva|ça diçe nada
[corroído]em dos Custumes||
351
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 16, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
431
[fl.10v]
Nem dos Cus tumes que tu do lhe foi|Lidoedeclarado por elle di to Juis|Com quem aqui açinou e eu
Ma|noel Vas Fagundes es crivão|que oes crevy|
Coelho
Manoel Roiz Lima||
352
Joseph Martins Leitaõ|morador nesta Villa que vi|vedeseu negoçio de Idade|de vin te edois an nos
pouco|mais ou menos Tes temunha|Jurada Aos Santos evange|lhos aquem elle dito Juis orna|rio deuo
Juramento dos San|tos eVangelhos SoCargo delle| promoteo di zer verdadedo|que lhes foçe perguntado|
Epe rguntado elle Tes temu|nhapello contheudo no au|to da devaça diçe nada nem|dos Cus tumes que
tudo lhefoi|Li do edeclarado per elle|dito Juiz com quem a sinou e|eu Manoel Vas Fagundes|es Crivão que
oes Crevy|
Coelho
Joseph Miz Leitaõ|
353
Antonio Varella morador no a|Raol dos Paulis tas em Antonio|dias que vive doseu ofiçio
de|Sar[corroído]lhei ro [corroída] I dade quedi||
352
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 17, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
353
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 18, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
432
[fl.11r]
De idade que diçe ser pouco co|mais ou menos Tes temunha|Juradaaos santos
evange|lhos aquem elle dito Juiz or|di nario Deu oJuramento com|Hum Livro delles Socargo do|Coal
prometeo di zer a verda|de doque lhes foçe pergunta|do|
Eperguntado elle Testemu|nha pello contheudo noauto|da de Vaça diçe nada nem|dos Cus tumes que tudo
lhefoi|lido edeclarado por elle dito|Juiz com quem asinou e eu
Ma|noel Vas Fagundes es crivaõ| queoes crevy|
Coelho
Antonio Varella|
354
Bernardo Ventura deAmorim|morador eem An to nio dias des|ta Villa de I dade digo que vive|de seu
negoçio de Idade que|diçe ser de vinteeçeis annos|Tes temunha Jurada aos san|tos evangelhos, a quem
elle di|to Juis ordinario deu ojura|mento em Hum livro deles Socar|godocoal prometeo di zer
a|verdadedoq[corroídas]lhe foçe [corroída]ergun||
354
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 19, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
433
[fl.11v]
Doque lhe foçeper guntado|
Epergunta do elle Testemunha|pello contheudo no auto dade|Vaça diçe nada nem dos Cus|Tumes quetudo
lhe foi lido ede|Clarado por elle dito Juis com|quem (acinou) e eu Manoel Vas Fagundes es crivaõ o
es|Crevy|
Coelho
Bernardo Ventura Amorim|
355
J oa quim Roiz Lima morador|em Antonio dias qu vive doseu|neg ocio de I dade que diçe ser de|vinte
eçeis pouco mais oume|nos Tes temunha juradaaos san|tos eVangelhos aquem elle di|to Juiz or di na rio
deuo Ju|ramento em Hum livro de|lles soCargo do coal prome|teo di zer a ver da de doque|lhe foçe p er
gun tado|
Eper guntado elletes temu|nha pello contheudo no au|to da devaça diçe, nada|nen dos Cus tumes que
tudo lhe|foi Li do edeclarado por elle| dito Juiz com quemaquiaçinou|e eu Manoel Vas Fagundes| es
[corroído]ivaõ que [corroída] [corroídos]crevy||
355
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 20, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
434
[fl 12r]
Coelho
Joaquim Roiz Lima
356
An to nio Frr
a
deCarvalho|mora dor no Padre Faria| des ta Villa que vive de|seuoifiçio dePedreiro|de I
dade quediçe ser de trinta|e tres annos pouco mais|ou menos Tes temunha | Jurada aos santos evan|gelhos
aquem elle dito Juis| or dinario deu o Jura|mento em Hum Li vro de|lles Socargo docoal p r o me| teo di
Zer a ver dade doque|lhes foçe p er g untado|
E p er guntado elle tes| temunha pello contheudo no auto dade vaça| dice nada, nem dos cus| tumes que tu
do lhe foi Li do| edecla rado per elledi|to Juis com quemaquiacinou|e eu Manoel vas Fagundes| es c ri vaõ
que oes crevy|
Coelho
De + Antonio frr
a
decarvalho|
356
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 21, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
435
[fl. 12v]
357
Fernando da Mo ta morador no|Padre faria des ta Villa|que vi ve deseu negoçio| de I dade que diçe ser
decoren|ta ecete pouco mais|oumenos Tes temunha| Jurada aos Santos eVan|gelhos aque elle dito Juis|or
di na rio deu oJura|mento em Hum Li vro de|lles SoCargo docoal pro|meteo dizer a ver da de|doquelhes
foçe per g un|tado|
E per gunta tado elle Tes te|munha pello comtheudo|noautodadevaçadiçe| nada nem dos custumes|que
tudo lhe foi Li do ede|cla rado perelle di to Juis|ordi na rio com
quemaSi|nou eeuManoel vas Fa|g undes es cri vaõ que oes cre vy|
Coelho
Fernando da Mota|
358
Manoel car valho dos San tos mo|ra dor no Padre faria des ta|Vi lla que viv[corroída] deseunegocio||
357
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 22, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
358
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 23, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
436
[fl.13r]
De Seu negocio de I dade que|diçe Ser de trin tae cinco|annos pouco mais ou menos|Tes
temunhaJuradaaos|Santos evangelhos aquem|elle di to Juis ordi na rio|deu oJuramento em Hum
livro|delles socargo docoal pro|meteo dizer aver dadedoq|ue lhes foçe per gun tado|
E p erg untado elle Tes te|munha pello comtheudo|noauto da devaça diçe na|da nem dos cus tu mes que| tu
do lhe foi li do edeclara|do por elle di to Juis com quem|Se açinou e eu Manoel|Vas fagundes es cri vaõ
que| oes crevy|
Coelho
Mel.Carv
o
Mor
a
dos S
tos
|
359
BalTHaZar deLimagui|marais morador noRibei|raõ docarmo quevive de|minerar de I dade quediçe Ser
corenta edois an|nos pouco mais pouco menos|Tes temunha J urada|aos San tos evangelhos a|quem elle di
to Juis or di|nario deuo Juramento|em hum Liv[corroído]odelles Socargo||
359
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 24, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
437
[fl.13v]
SoCargo docoal p rometeo|di Zer a ver dade doque lhes|foçe per g untado|
Eperguntado elle Tes|temunha pello conthe|udo no au to da devaça|diçe nada nem dos cus|tumes que tudo
lhefoi lido|edeclarado por elledi|toJuis comquem açinou|eeu Manoel vas Fagun|des es cri vaõ que oes
cre|vy|
Coelho
Ba
L
deLima Guim
r
|
360
Manoel daCos ta gui marais|morador nes ta Villaque|Vive de seu negoçio deIda|de que diçe Ser de trin
taeçin|Co annos pouco mais pouco me|nos Tes temunha Ju rada|aos Santos evangelhos aquem|elle di to
Juis ordi nario|deuo Juramento em Hum li|vro delles Socargo docoal pro|meteo di zer aver dade
doque|lhesfoce per guntado|
Eper g untado elle Tes te||
360
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 25, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
438
[fl.14 r]
Elle Tes temunhapello|Comtheudo no au to dade|Vaça diçe nada nemdos|cus tumes que tudo lhe foi li|do
e declarado por elledi|to Juis com quem açinou e|eu Manoel vas Fagun|des es cri vão que oes crevy|
Coelho
M
el
da Csttagum|
361
JosepH HenRiques dasilva|morador nesta Villaque|vi ve da sua Arte da sirur|gia deI dade que diçe ser|
detrin ta eceis annos pouco|mais menos Testemu|nha Jurada Aos santos evan|g e lhos aquem elle di to
Juis| ordi na rio deu o Jura|mento em Hum livro delles|Socargodocoal p r o meteo|di zer a ver dade
doque|lhes foçe per g untado|
Eper guntado elle Tes te|munha pello contheudo noauto dadevaça diçe|nada, nem dos dos Cus tumes|
que tu do lhefoi Li do edeclara|do por elle dito Juis ordina||
361
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 26, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
439
[fl.14v]
ordinario com quem aquiaçinou|eeu Manoel vas Fagundes|es crivaõ que oes crevy|
Jozeph Henriques da Sylva|
362
Damiaõ Francisco daCos ta mo|rador nes ta Villa deI dade|q, di go que vi ve da Sua ocupa|çaõ
decasereiro de I dade|que di çe ser corentaannos pouco mais ou menos Tes te|munha Jurada aos santos
e|Vangelhos a quem elle dito Juis|dor di na rio deu o
Juramen|to dos Santos evangelhos em|Hum livro delles Socargo do|Coal p r ometeo di zer a ver|dade|
E per guntado elles Tes te|munhapello comtheudo|noauto dadevaça diçena|da nem dos cus tumes que|tudo
lhe foi li do edeclara|do porelle di to Juis comquem|açinou eeu
Manoel vas|Fagundes es cri vaõ que oes|Crevy
Damiaõ F
co
da Costta|
Coelho||
362
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 27, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
440
[fl.15r]
363
Antonio gil de Aravio morador nes|ta villa que vive deseu nego|Çio de I dade que diçe ser de
vinte|eçeis annos pouco mais ou menos|Tes temunha Jurada aos san|tos e
vangelhos aquem elledi|to juis ordi nario deu o Jura|mento em Hum li vro delles|SoCargo docoalprometeo
di|Zeraverdadedoque lhes|foçe preguntado|
Ep erguntado elleTes|temu nhapello comthe|udo noautodadevaça|diçe nemdos cus| tumes que tudo
lhefoi li do e dec larado porellidi|to Juis com quem aquiçinou|eeu Manoel vas Fagun|des es crivaõ queoes
crevy|
Coelho
Antonio Gil de Ar
o
||
364
363
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 28, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
364
O fólio 15v encontra-se em branco.
441
[fl.16r.]
365
Joaõ Francis co doCoi to mo|rador em Antonio dias que|Vive deSeu negoçio de Ida|de que diçe ser de
trintaeçe|te annos pouco mais ou me|nos Testemunha Jurada|aos Santos evangelhos aquem|elle dito Juiz
ordinario deu|ojuramento em Hum livro|de lles SoCargo do coal pro|meteo dizer a verdade do|que lhefoçe
perguntado|
Ep er gun tado elle Tes|temunha pello conthe|udo no Au to da devaça|diçe que ouvi ra di zer|que na tal
parage de|clarada no auto da devaça|seaCHara Hum negro|morto mas que não Sabe|elle Tes temu nha
quem o|mataçe nem concorr|eçe comaJuda fa vor ou|Conçelho p
a
. otal male|ficio e mais não dice nem|dos
Custumes que tudo lhe|foi lido edeclarado por|elle di to Juiz comquemaqui|açinou e eu Manoel Vas
Fagundes es crivaõ que oes crevy|
Coelho Joaõ Francisco do Couto||
365
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 29, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
442
[fl. 16v]
366
JosepH Dias deSampayo|morador no morro des ta|Villa que vi ve de mina|rar de I dade que diçe
Ser|detrinta ecoa tro annos|Tes te munha Ju rada|aos Santos evange lhos a|quem elle di to Juis or dina|rio
deu o Jura mento em|Hum Livro delles Socargo docoal p r o me teo di zer|a ver dade doque lhes foçe|per
gunt tado|
E per gun tado elleTes|te munha pe llo comthe|udo noau todadeva|ça diçe na da nemdos|Cus tu mes que
tudo lhefoi|Lido edeclarado per elle| di to Juis comquem|aquiaçi nou eeu Mano|el Vas Fagundes es cri|
vaõ queoes crevy|
Coelho
Joseph Dias SPayo||
366
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro de um 30, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
443
[fl. 17r]
Aos vinte enove do mes de|de zembro de mil eÇetesen|tos e trinta ehum annos nes|ta
Villa Rica de Noça se|nhora doPillar do ouro|preto eu es crivão fis es|ta de vaça conclu
za|ao Juiz ordi nario Mano|el Rodrigues coelho para|defirir aella como lhe|parecer Jus
tiça Mano|el Vas Fagundes es cri|vaõ que oes crevy|
CL
o
|
367
Obriga esta devassa ahu negro, cujo nome|eS
r
. Seignora q. trazia huã pega emhum|pea
r
. oEscrivão fará
deLigencia por saber oso=|bred
o
. epassara as ordens n
as
. Villa Rica 31 de Dezr
o
. de 731. |
Coelho|
368
Aos trin ta ehum de de zem bro|de mil ece te sentos e trin tae hum|an nos nes ta Villa Ricade
Noça|Senhora doPillar do ouro pre|to ecazas da morada demim [corroídos]||
367
Mudança para o punho do juiz Manoel Rodrigues Coelho.
368
Mudança para o punho do escrivão Manuel Vas Fagundes.
444
[fl. 17v]
Digo de morada do Juiz ordi|nario Manoel Roiz Coelho|ahi porelle me foi em tregue|das suas maos as
minhas adeva|sa Re tro com a sua pronun|ciaçaõ pera perella se|ti rarem as ordes neçe carias|na forma da
di ta pronunçi|açaõ dequefis es te Termo eu|Manoel vas Fagundes es|crivaõ que oes crevy|
369
V
ta
. em Corr
am
. deve oEscrivaõ|de clarar se se fêz diligencia algua|para Se vir nocon heciment
o
dnome|do Escravo de q. Setrac ta, ou de|Seu S
r
. V
a
. Rica de Mayo|7 de 1732|
370
Sebastiaõ de Souza Machado|
Sa tis fazendo ao Pro vi mt
o
.|do Dou tor ouVidor geral e co|Regedor des ta Comarca Se|bas tiaõ de Souza
Machado|Certefico que tenho fei to|dade ligencia por saber|o nome do es cravo deque setra|ta este prezen
te naõ achei||
369
Mudança para o punho do ouvidor geral Sebastiaõ de Souza Machado.
370
Retorno ao punho do escrivão Manoel Vas Fagundes.
445
[fl. 18r.]
quem medeçe delle no ticia al|guma faça oRefe rido|na ver da de e (em sedella) me|acinei Villa Rica 8 de
maio|de 1732|
Manoel vas Fagundes|
Escrivaõ|
Autuaçaõ Raza tr
os
. mandados ___________________ 90.6
Juis
Inqueredorias ________________________________ 9.000
Off
es
.
Notificações _________________________________ 22.250
Contaz ________________________________ 1.500
V
a
. Rica 31 de Dezr
o
. de 731 ______________
41.750
*Coelho
Não es tava pago doque he tocadas Cus|tas des ta V
a
. Rica 24 de novembro de 1734|
Fagundes||
446
[fl.1r.]
371
372
Devaça da morte feita [corroído] Fran
co
| de Freitas na parage[corroído] da Ajuda||
ANNonassimento denossosenhor|JESUSchristo demil setecentos [corroídos]ta|ehum
aos[corroído]rintadias domesdeAbril|dodito ann no aRayaldaAgoaLim-|pa
[corroídos]cazasdemoradadePedroEnes| adonde foi vindo o Juis ordinário|Manoel
Rodrigues coelho comigo|Escrivaõ aodiante nomeado para|efeito de Setirar devassadamorte|feita
aFrancisco[corroída] Freitas por lhe|haver (che)gado anoticia ohaviaõ|Morto naparagemdaAjuda,| ELogo
373
pelodito Juis ordinário|foi mandadovir ásuapResença a|Ayres d[corroídos]lles, Simão Teixeira, e|
Ant[corroído] Joaõ Machado, aquem|deuojur[corroídos]mentod[corroído]s SantosEvange-|lhos
emhumLivro delles emque|pozeraõsuasmaõs direitas, para|quedebaix odele declarassem seti-|nhaõ visto
aodito defunto eque|feridas tinha, eem que paragem|Recebido porluis oditoescrivam ||
371
No canto superior da margem direita, há um número registrado, mas, em função de corrosões, apenas é
possível identificar o 4. Mais abaixo, há o registro do no. [corrídos]58, e logo a seguir, encontram-se
registradas as letras MINC; e ao lado dessas há registrado N6 e na outra margem, encontra-se N3.
372
Na margem direita, logo abaixo da identificação feita por terceiros do documento, encontra-se
registrado N.3, e em função da cor da tinta e dos traçados da escrita, tais registros foram feitos pelo
mesmo punho do texto.
373
O grafema <p> está parciamente corroído, mas isso não compromete a sua leitura.
447
[fl 1v]
deb[corroído]xo odell[corroído] [corroídos]clararaõ que oditode|funt[corroído] [corroídos] omataram
comhum|tiro quelhederaõ daparte esquerd[corroído] de|cujo
tir[corroído] Selhefizeraõ Seteburacos,|que (seprezuniu) serem perdigo(tos)|(nopes)] cosso Humburaco
departe|aparte que tambem sepRezumia|ser deballa, Enomeyodo peito tinha|Huma facada, de cujas
feridas f[corroído]le-| cera, oqual malleficio sefizera|nodia vinte ehum deFevereiro|destepRezenteanno,
Edecomo|assim odisseraõ assinaraõ comodito|Juis ordinario, que mandoufazer| esteauto
paraporluzepergun|tar(uns)testemunhos devassa|Mente Luiz dasilvaesouza| oescrevy|
Manoel Roiz coelho
Ayres dornelles
Antonio Joaõ Machado
deSimaõ + Teixeira
||
448
[fl.2r.]
Aos trinta dias domesde Ma[corroídos]co|demil setecentostrinta[corroída]annos|noaRayal daagoaLimpa,
cazas|demoradadePedroEnes dondeeu|Escrivaõ aodeante nomeado fui|Com o Juis ordinario, ahi
(por)elle|foraõperguntadas testemunhas|que devassa Mente setiraõ esta|d[corroído]vaça Cujos
nomesedades (teses)|teor pertences (odito) saõ os|Seguintes deque fiz esteter-|
mo Luiz da Sylvaesouza|oescrevy |
Antonio Joaõ Machadomorador|Neste aRayaldaAgoaLimpa que|vive desuaagencia
deidadequedisse|sertrinta eseisannos poucomaes|oumenos testemunha jurada|
aosSant[corroído]sEvangelhosque|Recebeo epRome(t)eo dizer|Verdade|
Eperguntadoelletestemunha|pelo conteudonoautodedevassa|disse quesabepeloouvirdizer a(v)arias||
449
[fl 2v.]
pes[corroído]oasquenodia(declarado) noauto|suced[corroído]ra omatarem a Francisco de|Freitas
374
masnaõsabequem of[corroído]zesse|Só Sim ouvir dizer aalgumaspes|soas, quetivera odito morto
humas|R[corroído]zoes cujas elletestemunha(pRe|Zuniara), dosque digo pRezuniara| comhumfeitor
dePedro Enes chamado|[espaço]
decujasRazoes Re-|Zultara o impenhar
375
lhe odito fe[corroído]tor|asbarbas ,
dizendoquelhohavia|depagar, eque tambem ouvira|dizer avarias pessoas queodefunto|tratava
deshonestamente Com|Humamullata dePedroEnes com|aqual tambemtratava Tiago cabral|por cuja causa
andavão como eufa-|digo como aRufadoshumcomoou-|tro, equesepRezume faria odito Mal-|leficio
oumandalo fazer
Eoutro|Sim ouvira dizer queotal Tiagocabral|queria aodefunto porcauzadadita|mullata, equeentende
elletestemu-|nhaque o dito cabral era capas de|fazerodito malleficio, mas queelle|testemunha, onaõ
certifica Eoutro|Sim ouvira dizer que Antonio Gomes|ammo queforadoditodefunto|omandara matar, Mas
queelle||
374
O grafema<e> possui um borrão, porque a cauda do <s> ficou com o traçado da parte posterior mais
grosso em função da tinta.
375
O grafema <n> está com rasura, mas isso não impediu sua leitura.
450
[fl 3r.]
testemunha [corroída a 1ª. linha]|[†......] malleficio, nem para |elle lheSentecapacidade [corroído]
maes|naõ disse dodito auto nem docostu|me eassinou comodito Juis or-|dinario
LuizdaSilvaeSouzaoescre|vy porimpedimento do [corroídos]lliaõ|oquem(fora) |
Coelho
Antonio João Machado |
Ayres dornelles morador noaRayalda|AgoaLimpa que vive de seunegocio|de Idadequedisseser de
detrintaedousannos|testemunha jurada aosSantos|Evangelhosque Recebeoemhum|Livrodelles
epRometeodizer|Verdade|
Eperguntadoelletestemunhapelo |Conteudonoauto dadevassa ecorpo|dedellito disse quenodia
declaradonoau|to Sucederaomata[corroídos]m aFrancisco|de(Fr)eitas masquenaõsabe quem con-|corresse
comajudafavorouconulho|para odito malleficio , emaeisnaõ|disse
376
nemdecostume, eassinou com|dito
Juis ordinario LuisdaSilva|eSouza oescrevy| Ayres dornelles
||
376
O grafema <n> está com rasura, mas isso não impediu sua leitura.
451
[fl.3v]
Domingos [corroídas] mo[corroídos]|dor [corroída] freguezia deSãoBar|tolomeu quevive
desuavend[corroída]|deidadedecincoentaequat[corroídos]oan|nospoucomaesoumenos
teste|munhajuradaaossantos|EvangelhosqueRecebeoe(pR)
377
ometeo dizer verdade ||
Eperguntadoelle testemun[corroídos]|peloconteudono auto decorpo|dedellito disse
quenodiadeclarado|noauto sucederaamortedeque|setrata, naparagemdaajuda,|masquenaõsabequem ofize-
|ra, Só Sim sabiapeloouvir dizer|qu[corroído] odefuntotivera Humas Razoes|Com Humfeitor dePedroEnes
eque|este lheapemhara asbarbas|eque tambemsabepelomesma|Razaõ quedocasodeAntonio|Gomes,
Se[corroída]fizera omalleficio|mas queelletestemunha Sabepela|MesmaRazaõ queheHomem ver-|dadeiro,
edeboacomenica e naõ|Sabequem concorressecomajuda|favorou conulho p
a
. odito malle|ficio e maes naõ
disse doditoaut[corroído]||
377
Estes grafemas sofreram rasura e sua leitura fica comprometida.
452
[fl. 4r.]
[corroídaa 1ª. linha]|com odito Juis ordin[corroídos] Luis|dasilvaesouza oescrevy|
Coelho
Domingos|
SimaõTeixeira andante[corroída]ca-| minho do RiodeJaneiro quevive de|seunegocio deida de
quedisseserdetrinta|equatroannos testemunhajura|daaos Santos Evangelhos que|RecebeopRometeo
dizer|Verdade |
Eperguntadoelletestemunhapelo|conteudonoautodecorpodedelli-|to disse quesabe
quenodiadeclarado|noauto Sucederaamorte dequesetrata|Masquenaõsabe
quemconcorresse|comajudafavorouconulho, emaes|naõdisse
378
nemdocostume, eassinoucom
379
|odito Juis
ordinario LuizdaSilva|eSouzaoescrevy |
Coelho
DeSimaõ+Teixeira |
AntoniodaSilva morador na|freguezia deSaõBartolomeuque|Vive deseu negocio deidadequedisse|Ser
decincoentaedousannos pouco||
378
O grafema <n> está com rasura, mas isso não impediu sua leitura.
379
A curva posterior do grafema <c> encontra-se com borrão de tinta, mas isso não impediu sua leitura.
453
[fl.4v.]
[corroído]ouco ma[corroídas] [corroída] [corroída] [corroídos]temunha | jur[ada] aosSantosEvangelhos |
queRecebeo epRometeod[corroídos] | Verdade |
Ep[corroídos]guntadopeloconteudonoauto | decorpodedellito ed(evass)a disse que |
Sabeporserpublico, enotorio que | nodia deClarado noautodade[corroído]ssa | disse digo
dadevassasucedera omata- | rem aFranciscodeFreitas, masque | naõsabe quefizera semelheante |
Malleficio, nemquemparaelle | Concorresse comajudafavor, ou | Conulho, emaesnaõdisse nem |
docostume easinou comodito | Juis ordinario LuizdaSilvaesouza | oescrevy |
Coelho
An
to
da Silva |
AntoniodaSilva morador na | freguezia deSãoBartolomeu que | Vive deseunegocio, deidadeq[u]disse |
serde vinteecinco annos teste- | MunhajuradaosSantos Evange- | lhosqueRecebeo e pRometeudi |
Zerverdade|
Eperguntadoelletestemunhapelo ||
454
[fl. 5r.]
peloconteudo [corroída] | vassa disse quesabe pelover [corroída] no|
di[corroídos]declaradonoautodadevassa | Sucederaomatarem aFrancisco | deFreitas,
equenaõsabequemofi- | Zera, Só Sim ouviradizer ahum | pardoal fayate, cujo nome (lhe) naõ | Lembra,
quequem mataraodefun- | toforahum Tiago Cabral, emaes | naõdisse,
380
nemdocostume, eassinou |
comodito Juis ordinario Luís | da Silvaesouzaoescrevy |
Coelho
An
to
DaSiLva |
JoãoBaptista
381
Morador nesteaRa- | yaldaAgoaLimpa, quevivedesua | Roça deidadequedisseser devinte |
ecinco annos testemunhajura- | daaosSantosEva[corroído]gelhosque | Recebeoeprometeo dizer | Verdade
|
Eperguntadopeloconteudono | auto dedevassadissequesabia pelo | ouvir dizer publica mente que ||
380
O grafema <n> está com rasura, mas isso não impede sua leitura.
381
Sobre o grafema <o>, há uma mancha de tinta devido à opistografia.
455
[fl. 5v]
[corroída a 1ª linha]|[†....]matarem aFr[corroído]n[corroídos]|codeFreitas dehumtiro ehu[corroído]a |
facada, masquenaõsabequem | ofizera, nemconcorrese para | estemalleficio comajuda favor |
ou[corroído]nulho emaesnaõdisse do | dito auto, nemdocostume eassinoucomodito Juis ordinario
LuisdaSylvaeSouzaoescrevy |
Coelho
João Bautista|
SebastiaõPereira morador | NesteaRaayaldaAgoaLimpa que | Vive desuaagencia deidadequedisse |
serdetrinta annos testemunha | jurada aosSantosEvangelhos | queRecebeoemhum Livrodeles |
queRecebeoepRo(me)teodizer ver
de
. |
Eperguntadoelletestemunhapelo | Conteudonoautodadevassa d[corroído]sse |
quesabepeloouvir dizer que nodia | declarado no autodadevassasucedera | omataremaFranciscodeFreitas, |
Masquenaõsabequemofizesse (nem) | quemparaestemalleficio concorres[corroídos] ||
456
[fl. 6r.]
[corroídas] favorou | (conulho), equeSo Sim ou[corroídos]ra | d[corroídos]
queodefuntoteve[corroídos][corroído]umas | Razoes comhum (comesao) , equelhe |
derahumas Relhadas, deque lhepedi- | raodefuntoperdaõ, equeoutrossim |
382
ouvira tambemdizer
que(hum)ca- | rijodigo dizer queSedizia quehum | Carijo fizeraomalleficio de | MandatodeFelizardo
Gomes
383
Ir | maõdeAntonio Gomes pordescon- | fiar delle Huma
384
mullata quedizem | tinha,
emaesnaõdissedoditoauto | Nemdocostume, eassinou comodi- | toJuís ordinario Luís da Silvaesouza |
oescrevy |
Coelho
DeSeb
am
+Pereira |
Geronimo Ribeiro da costa morador | naparagem daAjuda freguezia deSaõ | Bartolomeu, quevive
desuaRoça, | e Lavras deidade detrinta
385
eoitoannos | poucomaes, oumenos testemunha|
juradaaosSantosEvangelhosque | Recebeo, epRometeodizerverdade |
Eperguntadoelletestemunha||
382
Sobre o grafema <r> há um borrão de tinta, mas isso não impediu sua leitura.
383
No original, esse nome está sublinhado e seguido de um X.
384
O grafema <m> está rasurado, mas isso não impede sua leitura.
385
O grafema <t> da sílaba /ta/ está rasurado, mas isso não impede sua leitura
457
[fl 6v.]
[corroída a 1ª. linha] | dis[corroído]eq[corroído]esabepelover queno[corroída] | dec[corroídos]do noauto
Sucedera | omatarem aFranciscode(Freitas)| masquenaõ sabe quem(fossecom)| osagressores
[corroído]estedellito, nemquem | pa(r)aelleconcorressecomajuda | favorouconulho, ESó Sim | Vio elle
testemunha/
386
que naoca |Ziaõ que (oforma) buscar doLugar | donde sucedera omalleficio para | o
aRayal deSaõ Bartolomeu edelá | para estedaAgoalimpa para | CazadeAyres (d)ornelles passandose | Com
ocorpo pelafronteira deSeu | Sitio delle testemunh[corroído], fora este | ver asferidas dodito defunto, que
es- | tava cubertocomhuma Rede em | quhia nochaõ, elle testemunha | odesco brira elhevira asferidas,
Suas | Sembotarem Sangue; Logo nas | costasdelle testemunha, chegaraõ | dous negros deAntonio
amoquefora | dodito defunto, assimquechegaraõ | aope docorpo, deRepente comessou | aferida dopeito
abotar Sangue | tendo estadoseco Semacatar, | Noque Reparara elletestemunha||
386
Esta barra inclinada consta do original.
458
[fl. 7r.]
[corroída a 1ª. linha] | Confuzaõ eassim m[corroídos] | v[corroídos] dizer que(logo) [†.....] (ocorpo)| dagoa
Limpa Seputara gente | (avello), pRincipiando Logoaferida |
abotarSangue, de Sortequeo | Lançara até aSepultura que | Selhedeunafreguezia deSanto | Antonio
docampo, emaes | naõdisse dodito auto, Nemdocostu- | me eassinou comodito Juiz | ordinario Luiz
daSilvaesouza | oescrevy |
Coelho
Ger
o
.Ribr
o
daCosta |
Matheus deMedeiros Bitancur morador | naAjuda freguezia deSaõBar tolomeu | que vivedesuaRoça
deidade dequarenta | ecinco annos testemunhajurada | aosSantosEvangelhos, queRecebeo | epRometeo
dizer verdade |
Eperguntadoelletestemunhapelocon- | teudonoauto decorpo dedellito disse | que Sabia peloouvir dizer ||
459
[fl.7v]
q[corroídos]nodia [corroídos]do[corroído]oauto[corroídas]|
[corroída]omataremaFranciscode | Freitas naparagemdaAjudacom | humtiroehumafacada mas |
quenaõsabe quem fossecom osdellin | quentes, nemquemparaeste | Malleficio concorressecom |
ajudafavorou(conulho), eSó | Sim ouvio, o aqueeixa senaõLembra | elle testemunha, quetinhaõ passado |
paraaquellaparagemhum | carijo, ehum negrocomduas | armasdefogo, masque
aodepoissou- | beraelletestemunha
387
queeraõ de | HumparentedeYeronimo | Ribeiro, que vinhaõ
dehumadeligen- | cia doSabará dehirem apRender | Humamulla- | taquetinhafur - | tadoaotalparente
dodito Ye- | ronimo Ribeiro, emaesnaõ disse | dodito autonemdoCostume, | eassinoucomodito Juis
ordinario | Luis daSilva eSouza oescrevy |
Coelho
Matheus demideiros Bitancur |
Yeronimo Barbosa deMoralles ||
387
O segunto <t> do vocábulo /testemunha/ encontra-se parcialmente corroído, mas isso não impediu sua
leitura.
460
[fl.8 r.]
[†......] M[corroído]rador [na] agoaLimpa | quevive desuaRoça deida[corroídos] dequa- |
rentaannospoucomaesoume- | nos testemunhajuradaaos | SantosEvangelhosqueRece(beo)
epRometeodizerverdade |
Eperguntado elletestemunhapelo | conteudo noautodecorpode | dellito disse que sabe peloouvir dizer |
quenodia declara donoautosuce- | dera amorte dequesetra ta, mas | quenaõSabe | quem concorresse |
Comajudafavor, ouconulho | paraestemalleficio, SoSim ou | vira dizer ahum Francisco que |
porSobrenome naõ (perca) Ir - | maõdeAntonio GomesdeMello, | eFelizardo Gomes, que Hum Bernar- |
do digo Hum Alferes, quemorava | abaixo deConstantino dePaqua de | cujo nome SenãoLembra,
queeste
388
| disseraSabia quemtinha morto | aodito FranciscodeFreitas e | maes naõdisse dodito auto nem |
doCostume ea(ssi)nou com o ||
388
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um registro da letra <R>, mas não sabemos se se
trata do mesmo punho do texto.
461
[fl. 8v]
Comodito [corroída][corroídos]dinario [corroída]| Silvaesouza o- | escrevy |
Yen
o
Barb
a
demos |
Aosquatrodias domes de Abril demil | SeteCentostrinta ehumannos em | estavilla Rica ecazas
demoradado | Juiz ordinario ManoelRodrigues | coelho ahi porelle comigo Escri | vaõ foraõ enqueridas
asteste | Munhasseguintes deque | fiz este termo Luiz daSilva e Souzaoescrevy |
Francisco Gonçalvesdacunhamora | dor áPontedosTaboes que vive desuaRoça | deidade dequarenta
na(n)os testemu- | nha juradaaosSantos Evange- | lhosqueRecebeoepRometeo | dizerVer dade |
Eperguntado elletestemunhapelo | conteudonoautodecorpodedelli | todisse queSabepeloouvir
dize[corrroído] | quenodiadeclaradonodito ||
462
[fl.9r.]
[corroídas] dito auto [corroídas] matar[†..] aFran
co
| [corroída] Freitas, masque naõsabe [corroídos]mfi - |
Zesseestemallefic[corroído]o, nemquem |
paraelleconcor[corroídos]ssecomajuda | f[corroído]vor ouconulho Só Sim ouvira
389
| aMatheusLuiz que
ante lhetinha dito | hum mullatopor nomeMi - | guel cujoSo breNomelhenaõLem - | bra, offici àlde ça
pateiro Morador
390
|adiante daagoaLimpa vizinho deAle - | Xandredematos, que este tal mullato | dissera
que seoLevassemajuramento, | declararia dequemera Humapa- | tronaque seachava
naTocaya emque| mataraõ aodito Freitas, emaes naõ | disse dodito auto, nemdocostu - | Me eassina com
odito Juiz or- | dinario LuizdaSylva eSouza | oescrevy |
Coelho
DeFran
co
+ G
ÇL
. daCunha|
Aos novedias domesdeAbril demil | Setecentostrintae hum annos | Nestavilla Rica ecasasdemorada |
doJuiz ordinario ManoelRo- | drigues Coelho dondeeuEscrivaõ |
aodiantenomeadofuivindo | ahiporelleforaõ (enqueridas) ||
389
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 2 registrado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
390
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há o registro de um <R> , mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto.
463
[fl. 9v.]
[corroída a 1ª.linha] | de [corroídas] feses(tetermo) | Luizdasilvaesouza oe[corroído] | crevy |
Antonio Joaõ Cristello moradoremSanto | Antonio daCazabranca quevivede | suaRoça deidededetrinta e
quatroannos | testemunhajuradaaosSan - | tos Evangelhos queRecebeo | eprometeo dizer verdade |
Eperguntadoelletestemunha | peloconteudo noautodecorpo | dedellito disse que nodia deClarado |
noautodito Sucederaomatarem | aFranciscodeFreitas, maesnaõsabe | quemfizera estemalleficio nem |
quemparaelleconcorressecom | ajudafavor (o)
391
uconulho Só | ouvira dizer daquemsenaõLem | braque
Antonio Gomes amo |
doditodefunto lhemanda(ra) | da(r)porHumnegro, equeeste | disseralhenaõdava, eodito ||
391
Este grafema encontra-se com borrão de tinta, e isso colocou em dúvida sua leitura.
464
[fl. 10r]
[corroídas] lhedissera | qu[corroído]omata[corroídos]e emaesnaõdise| dodito auto,
nemdoco[corroído]tume | eassinoucomoditoJuiz or - | dinario Luiz daSylvaesouza | oescrevy |
Coelho
An
to
Joaõ Cristella |
Aos trezedias domes deAbril demilsete | Centostrinta ehum noaRayaldaagoa
392
| Limpa, ecazasdemorada
deAyresdor -| nelles, ahi porele digo ahi donde es - | tava pouzado o Juiz ordinario | manoel Rodrigues
coelho, ahi | porelleforaõ [corroído]nqueridas as | testemunhas seguintes de | quefezestetermo Luiz |
daselvaesouzaoescrevy |
Feleziano deoLiveira morador naagoa | Limpa quevive deseunegocio dequarenta | anno[corroído]
testemunhajurada | aosSantosEvangelhos que|RecebeoepRometeodizer ||
392
O grafema <a> inicial de <agoa> encontra-se rasurado porque foi feito a partir do olho do grafema
<g>, mas isso não impediu sua leitura.
465
[fl. 10v]
dizerverdade |
Eperguntadoelle testemunhapelo | Conteudonoautodecorpode |dellito disse quenadaSabia emaes | naõ
disse nemdo costumeeassinou | comodito Juis ordinario Luis | daSylvaesouza oescrevy |
Coelho
Feliziano deoliva|
ManoelFernandesJardim morador | paraabandadaajuda quevivedesua | Roça deidade detrintaecinco annos
| testemunha juradaaosSan - | tosEvang[corroído]lhos que Recebeo | epRometeo dizerverdade |
Eperguntadopeloconteudo noauto | decorpodedellito dissequenadaSa- | bia, eassinouc[corroído]modito
Juis ordi - | Nario Luiz daSilva eSouza oescrevy |
Coelho DeM
el
Frz' + Jardim|
Fellizardo Gomes deMello morador naagoaLimpa que vive desuafazenda | deidadedequarentaannos tes - |
temunhajuradaaosSantos | Evangelhos queRecebeoepro | Meteo dizer verdade ||
466
[fl.11r.]
(Verdade) |
Eperguntadoelletestemunhapelo | conteudonoautodecorpodedellito | dissequenadasabia, eassinou
comodito | Juis ordinario Luiz daSilvaesouza | oescrevy |
Coelho
Filizardo Gomes deMello|
Miguelcardozomorador nafregue | Zia deSãoBartolomeu que vive de | seuofficio deçapateiro de idade |
detrinta eseteannos testemunha | juradaaosSantosEvangelhos | queRecebeoe pRometeo di | Zerverdade |
Eperguntadoelletestemunhapelo | conteudonoauto decorpodedellito | dissequenadaSabia, ePerguntado |
pelo Referimentodatestemunha | FranciscoGonçalves dacunha, que indo elletestemunhaparaoouro |
pReto, encontrara ahumfeitor dePedro | Enes cujo nome lhenaõ Lembra, lhevio
393
| elletestemunha
humabruaquinha | decourodeboy defeitio dehumapa - | trona, aqual | foraaqueSeachou na ||
393
Na margem esquerda, próximo a esses vocábulos a um X registrado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
467
[fl. 11v]
Na Tocaya [corroídas] | que o[corroído]vira dizer tinha tido o(morto) | humas rezoes Limitadas comodito
| feitor, emaes naõdisse, eassinou | comodito Juis ordinario Luis | da Sylvaesouzaoescrevy |
Coelho
Miguel Cardozo|
PedroEnes moradornagoaLimpa
394
| que vive desuaRoça deidade decincoenta | annos testemunhajurada |
aosSantosEvangelhos que | Recebeo epRometeodizer | verdade |
Eperguntadoelle testemunha pelo | conteudo noautodecorpodedellito |
dissequenadasabia, emaes naõ disse | nemdecostume eassinou comodito | Juis ordinario
LuizdaSilvaesouza | oescrevy |
Coelho Pedro Hnnes Souza|
Aos dezoito diasdomes de Abril | demilsetecentosetrinta | humannos
395
nesta vilaRica |
denossasenhoradoPillar||
394
O grafema <o> do vocábulo <ágoa> está com borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
395
Os grafemas <os> estão com borrão de tinta, mas isso não compremete sua leitura.
468
[fl.12r.]
[corroídas] emcasas | demorada doJuiz ordina[corroídoso | ManoelRodrigues coelho |
do[corroído]deeuEscrivão aodiante | Nomeadofui ahi porelle | foraõenqueridas astes | temunhas Seguintes
cujos | Nomes idades (motivos)costu- | Meseditos Saõ doqueSese - | guem dequefezestetermo | Luiz
daSilvaesouzaoescrevy |
Joaõ vieira Brito morador na | AgoaLimpa freguezia desanto | Antonio docampo
quevivede | seunegocio de idade detrinta | edousannos testemunhaju - | radaaosSantosEvangelhos |
queRecebeoe pRometeo dizer | Verdade
[corroído]perguntadoelletestemunha | pelo conteudonoautodecorpo | dedellito disse que Sabepeloouvir |
digo quenadaSabia, Só Sim ou | vira dizer [corroído] Anastacio G
o
sMo
396
| Irmaõ deAntonio
GomesdeMello||
396
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um <R> mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
469
[fl. 12v.]
[corroída a 1ª. linha] | [corroídas] [corroída] não Sabia quem [corroída] | feito [†.......] estemalleficio, |
porSer omortobomsugeito, | mas queera niqueito no pecadodo | Sexto, eque naõ fazia muita | assistenca
emcaza dodito Anto- | Nio Gomescom quemassestia sen - | doseu feitor, eque odefuntose(a | cautelava)
dodito Antonio Gomes,|
397
equeoutro Sim ouvira dizer aJacin-|tomoreira quetendohumas | Razões
comodito Antonio | Gomes, lhedisser[†.]
398
que posto era | Má homem nuncamataranin|guem nem
omandara fazer, | oqueresponderaodito Anto - | Nio Gomes, que Seacazohumapessoa | fazia alguma
couzaoumanda - |vafazer sem conciderar oquefa - | Zia, quesempreporfim tinhaseu | aRependimento,
emaes naõdisse | dodito auto, edocostume disse s[corroídos] parentedomorto [†........] [†..] [corroído] |
mas que
semembargo juravaa| verdade, eassinou comodito Juis Luis | daSilvaesouzaoescrevy |
Coelho
Joaõ Vir
a
Brito||
397
Na margem esquerda próximo a esse vocábulo, há um <R> , mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
398
Este grafema foi apagado em função de borrão de tinta.
470
[fl.13r.]
(Aos) Vinteesetedias domes deA[corroídos] | mil setecentos tr[corroídos]ta e[corroído]um annos |
n[corroídos]tavillaRica doouropRet[corroído] | ecazasdemorada doJuis ord
o
| Manoel Rodrigues Coelho, |
ahi poreellecomigoescrivaõ | aodiante nomeado foraõ en- | quiridas astestemunhas se - | guintes
dequefezestetermo | Luiz daSylvaesouza oes | crevy |
Yeronimo deSouza deBrito m
r
. | noRibeiro daAjuda freguezia | deSaõ Bartolomeu, que vive deminerar |
deidadedequarenteannos teste - | MunhajuradaaosSantos | Evangelhos queRecebeo e | pRometeo dizer
verdade |
Eperguntadoelletestemunha | pelloconteudonoautodo ||
471
[fl.13v.]
[corroídas] corpodede[corroídos] diss[corroído] quenaõ | Sabi[corroído] maes naõ disse nemdocostu- | me
[†.....] odito juis ordi- | [†.....][†....] da Silva eSouzaoescrevy |
Coelho
Geronymo deSouzaBrito|
Jacinto Mor.
ra
Freire morador | freg
a
. de SantoAntonio dacazabran | ca que vive deseu engenho deidade
dequa | renta eSete annos testemunha| juradaaos SantosEvange- | hosqueRecebeo, epRome |
teodezerverdade |
E[corroído]erguntado elletestemunhapelo | Conteudo noautodecorpo | (dedilo) Referimento dateste |
munha Joaõ vieira Brito, disse | nada comquanto aoReferimento | disse que sem embargodeter Razoes |
ComAntonio deMello elletes - | temunha dissera quenuncaman | dara matar forafóra de Todo | omao
Sentido porquesabeelle | testemunha que nunca Mata | ra ninguem, nemomandara ||
472
[fl.14r.]
mandar[corroído] fazer equena[corroído] s[corroídos] | peloconhecerha [corroídos][corroída]| aoditoAn
tonioGomes, Mas | quevindo para estavilla seen-|
contraracomBernardo Alves| esetelhedissera, queamorte fora | feita porRespeito dehuma femea | emaes
naõ disse dodito auto nem | docostume, eassinou comodito | Juis ordinario Luis daSilvae | souzaoescrevy
|
Coelho
Jacinto Mor
a
Freyre|
Verissimodesouza moradorna | freg
a
. deSaõ Bartolomeu que| Vivedeseuofficio
decelleiro deidade | trentaeseteannos testemunha | juradaaosSantos Evange | lhos queRecebeoepRometeo
dizerverdade |
Eperguntado elletestemunha | peloconteudo noautodecorpo | dedellito [†...]| Sabia ||
473
[fl. 14v]
em[corroído]es naõ (disse) doditoauto | [nemdoc]ostume eassinou | comodito Juis ordinario | Luis
daSilvaeSouzaoescrevy |
Coelho
Verissimo deSsouza|
BernardoAlves Morador | nafreg
a
deSanto Antonio| dacazaBranca que vive | denegocio deidade
dequarenta | annos testemunhajurada | aosSantos Evangelhos que | RecebeoepRometeodizer | Verdade |
Eperguntadoelletestemunha | peloconteudonoautodecor - | podedellito, referimentoda | testemunha
Jacinto Mor
ra
| Freire, disse quenaõSabiaquem | matasse aFrancis
o
deFreitas, ne[corroído] | quemparaeste
malleficio | concorressecomajudafa - | vorouconulho, Só Sim ||
474
[fl. 15r]
Sim ouv[corroído]radizer a Fr. An
o
. D[corroído] | M[corroído]
r
nafreg
a
deSant[corroído] [corroídas]
cazaBranca, queemcazadeAnt
o
. | GomesdeMello
estavahuma mullata | quetinha dous filhos, eoamigo dito | MoravanoRibeiraõ, equeindo | omorto
acazadelle, lheperguntara | este comoestava adita Mul[corroído]ata | lhe Responderaoditomortoquefa- |
Zia comoasmaes, equequeixan-|dose otalamigo damullata, cujo | NomeSeignora á mesma mullata |
emdizer que ditas Razoes demanda - | raaditamullata matar aodito | FranciscodeFreitas, emaesnaõ |
dissedodito auto
nemdocostu - | Meeassinou comodito Juis | ordinario LuisSilvaesouza | oescrevy |
Coelho
Bernardo Alves |
Antonio deAbreuNogueira|Morador no Rio das velhasque|Vive deseunegocio deidade ||
475
[fl. 15v.]
[corroído] [corroídos]rent[corroídos] cinco annos po[corroídos] | maes[corroídos]os testemunha |
juradaaosSantosEvan | gelhosqueRecebeo epRo - | meteudizerverdade|
Eperguntadoelletestemunhapelo | Conteudo Noautodecorpodedelli- | to disse quenadaSabia, nemquem |
para estemalleficio concorresse | comoajudafavorouconulho | Eperguntadopelo Referimento | da
testemunhaBernardo | Alves, disse que era verdade oque | tinha dito adita testemunha, mas|
399
que
ellestemunha ouvira | pela mesma forma ahumcapa - | teiro, que assistia emcazade | costodio Pereira, cujo
nome |
elletestemunhaignora, emaes | Naõ disse nemdocostume, eas - | Noucomodito Juis ordi | Nario Luis da
SilvaeSouza oescrevy |
Coelho
An
t
deABreuNogueira||
399
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um <R> registrado, mas não sabemos se se trata do
punho do mesmo texto.
476
[fl. 16r.]
ANastacio [corroído]elho deM[corroído]llo M[corroído]rad[corroídos] | naagoaLimpa que vive
de[corroído]uaRoça | deidade dequarentaeseteannos |
testemunhajuradaaosSantos | EvangelhosqueRecebeoepRo | Meteodizer verdade |
Eperguntadoelletestemunha | peloconteudo noautodecorpo | dedellito disse que nadaSabia |
Nemquemparaestemalleficio | concorressecom ajuda favor | ouconulho Eperguntadopelo | Referimento
datestemunha| Joãovieira Brito dissequeera | verdadeoquetinhadito, mas | que eraporque odito Antonio |
GomesdeMello o
RepRiendia aodito | Mortoseufeitor, porlhefaltar | asuaobrigaçaõ nassisten[corroídas] doseu | Serviço
Equeoutrossim omes | modefuntolhedisseraaelletes - | temunha que tinha dadohumas | Relhadas emhum
feitordePedro ||
477
[fl. 16v]
dePedroEnes [corroído] [†....]Segnora | [corroídas][†....]nça Manoelde | Briem Eque outrossim ouvira |
dizer avarias pessoas queodefunto | Senaõ renhia bem comTiago | Cabral, porSedizer dandose | emeste
humaporrtada aqual | dera odefunto, equeporesta | cauza faria odito Tiago cabral | este malleficio, emaes
naõ disse | Nem docostume, eassinoucom | odito Juis ordinarioLuis da | Sylvaesouza oescrevy |
Coelho
Anastacio velho de Mello|
Jose Fn
o
. morador
400
no Rio das velhas | que vivedeseu officio deçapateiro |
de[corroído]dadedequarentahumannos | testemunhajuradaaosSan | tosEvan gelhosqueRecebeo, e |
pRometeodizer verdade | Eperguntadoelletestemunha ||
400
O grafema <d> está com uma mancha de tinta, mas isso não impediu sua leitura.
478
[fl.17r]
[corroída] testemunha [corroídos]loconteu[corroídos] | Noautodecorpoded[corroído]lli[corroídos] | disse
quesabe peloouvir dizer · aAyresdornelles eaoutras pessoas | Mas que hum carijo matara| aodito Fran
o
.
deFreitas, cujo | Malleficio Mandarafazer | humamullata doEscrivaõ | daCamara de Ribeiraõ, que | estava
emCazadeAntonio | Gomes, equesempReouvira | dizer queda dita cazalhesahira | omal, eque
nestaformaatinha | outrosim Respondido ao Refe - | rimento das testemunhas Ber - | NardoAlves,
Antonio
401
de | Abreu, emaes naõdisse dodito | autonem docostume eassi - | Noucomodito Juis ordi
o
. |
Luiz daSilvaesouzaoescrevy |
Coelho
DeJose + Fr
a
. |
Tiagocabral moradornaagoa | Limpa que v[corroídos] demi[corroído]erar ||
401
Este vocábulo encontra-se com borrão de tinta, mas isso não compromete a leitura.
479
[fl. 17v]
[corroídas] detrintaetres annos | [corroído]ou[corroído] [corroídos]aes oumenos teste | munha
juradaaosSantos | evangelhosqueRecebeo | epRometeodizerverdade |
Eperguntadoelletestemunhapelo | conteudonoautodecorpode | dellito disse quesabe
peloouvir dizer | aAntonio GomesdeMello, Sua mulher | eSogra quea m[†.]lher
402
dePedroEnes | Pelloma
daSylva, eqoutras pessoas| muitas, que em cazadoditoAnto|
403
nio GomesdeMello estava huma | mullata
por nome Suzana Maria, | quetratava comoEscrivaõ da | camara davilladocarmo Luis da | FonsecaRibeiro,
equeindo o morto|acazadeste perguntandolhepor | ella, lhe dissera oquelheparecera| equeporessa cauza,
lheescrevera| o[†.]orto humacarta adita Mullata, | dequeella naõficarasatisfeita | detalsortequepublica
Mente des| compuzeraaodito morto | dizendo[corroída] que [corroída] naõ fosse ||
402
Como há uma rasura, não é possível definir se se trata do grafema <o> ou <u>.
403
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 4, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
480
[fl. 18r]
[corroídas] homem [†........] [†.......]| omandaramorrer [corroídos] | eque comestaspalavras ficara |
Su[corroído] detal Sorte quedella sepRezumira avia tensaõ | queem(sy) [†..........], equeoutro | Sim andava
napertençaõ de | cazarcomella hum AmaroDom
es
. | official decarapina comotambém | omesmodefu(n)to,
equeadita mul- | lata Seacomselharacom odito Amaro | Dom
es
., equeseentendia ser este o mal | feitor, eque
por esta cauza Setremia | comofoi emocaziaõ destadevassa | ouvindodizer queseestavatirando | seaSustara
eRetirara equeeste | malleficio ofizera humcarijó,
oumullato | queelletestemunhanaõconhecede | mandodododi
to
. AmaroDomingues | eque outroSim ouvira
aJosedacosta | viandante nocaminho camarada | deAiraõ deoLiveira morador emCaza | dePaschoal
Correa, queodito Jose | dacosta vira estarodito Amaro | Domingues conversandocom | humcarijo,
emtalforma que| pelasações quefazia edepoisdo | dellito feito entendia queninguem ||
481
[fl. 18v]
[corroída a 1ª. linha] | [corroídas] odito carijo pelaapRi | ençaõ que[corroído]dito Josedacosta
fize[corroído] | dasaçoes quemuito observava | emaes naõdissedodito auto eassi | noucom odito Juis
ordinario | Luis daSylvaesouzaoescrfevy |
Coelho
ThiagoCabral deFreytas |
Capitaõ FranciscoManuel dacosta | Morador nafregueziade sãoBarto- | lomeu que vive desuaRoça
deidade | Cincoentaannospoucomaesou | Menos testemunhajurada | aosSantosEvangelhos que |
RecebeoepRometeo dizer | verdade|
Eperguntadoelletestemunhapelo | conteudo noautodecorpodedellito | disse queSabepeloouvir dizer queno|
di[corroído] declaradonoditoautoSucedera | omataremaFranciscodeFreitas, | equeesta ofizera humcarijo |
por humas poucasdeoitavas que | lhederaõ EqueoutroSim | estando elletestemunhaemsua ||
482
[fl.19r]
[corroídos]suacaz[corroído]eposs[corroídos]r [corroído]hum [†....] | carijo, elhepergunta[corroídos]
[corroídos]onde | MoravaIeyeronimo Ribeiro | dacosta, equeelletestemunha | lhoinssinuara,
mostrandolhedonde | era, equeoutrossim lhecontara | aodepoes (erão)fora acazadodito | Ieyeronimo
Ribeiro, equelog[corroídos]| Nooutrodia S[corroído]cederaamorte |emaesnaõdisse nemdocostume, |
eassinoucomod
o
. Juis ord
o
. Luis daSylvaesouza oescrevy |
Coelho
Fran
co
Manoel da Costa|
404
ANtonio gomesdemello|morador emafreguezia|deSanto Antoniodocampo|destetermo quevive deSeu
|Ingenho THestemunha Ju|radaaosSantos evangelhos|quepellodito Juis lheforaõ | [†....] Livrodelles |
Emquepos ssuamaodireyta | ta epormeteo dezer ver dade|equesseriade Idadedeco|renta ecoatro annos
pouco|maes ou m[corroídos]s E||
404
Mudança para o punho do escrivão Antoneo Martins da Silva Tobo.
483
[fl. 19v.]
EpRegun[corroídos]ael[corroído]e THes[corroídos]|nh[corroído] [corroído]elo comtheudonoa[corroído]to
dadevassa devassamente | dissequessabeporlhodizer Jose|phedacosta viandante do|caminho do Rio de
Janey|ro que este vira paSar hum bas|tardo fuscocomo mullato|Junto comhum negro oqual|(Mude) a
[†....] carijo (Lavo) enegro armas as costas deespin|gardas, equenodiaemque os|virapassar peraapasagem |
adondeSuSedeo amorte ouvi|raotiro edepois dodito tiro veio |(nconheSimento) dequeohavia | morto ao d
o
defunto cujo seachou|morto peraaparagem peradonde| tinhão hido osd
os
epera
405
donde|tinha ouvido (allõ)
do tiro de|go depois
deste Eoutrosim|desse quessabe por em cazade|lle THestemunha seachar huna|Mullata por nome
Zuzana|Maria aqualSeachava apa|Labrada peracazar com hum|Carapina AMaro Domingues|eadita
Mullata seprestava|do defunto dezendoque[corroído]ste tinha|dadoparte dodito casamento|aoescrevam
daCamar ada|Vill[corroído] docarmo Luis dafonSe||
405
Acima do grafema <p> está sobrescrito o grafema <a>.
484
[fl. 20r]
[corroído]|Mullat[a] dessera [corroída]|homem lho [corroído]|defunto per odito escrivam
da|Camaralheescrever humacar | ta emqueellaSena[†.......]| (deubem) - cuja queyxa queyxa foi|adita
Mullata aodito AMaro|Domingos emqueestavapa|racazar - mas daqueyxa oSabee|lle THestemunha por
lho dizer Sua | companheyra eSogra eque vio|elleTHestemunha quedepois deste|cazo andava odito
AMaroDo| mingues aRufado comode|funto pelloSobredito eporhumas|estorias queantigamente tinhan|tido
Sobre huma mulher mun|dana - Equedepois daReferida quey|xaqueadita Mullata fez|aodito carapina
AMaro Dom
es
.|heque matarão aodefunto de|queSetrata - Equetambem ou|vira dizer ahumfilho de Pedro
E|nes que odito carapina estivera|comverssando emSsanto Anto|niodacasa Branca equehefa|ma publica
quecomcorreo, p(er)a|adita morte emaes nãode|ssedodito auto dedevaSa que|todo lhefoy lido edeclarado
por|ele dito Juis em que não ossegnou| (eos)custumes deSenado Anto|neo Martins da Silva To|bo
Li[corroídas] o[corroída] por ||
485
[fl. 20v]
[corroídas] | [corroídas] Silva||
Coelho
Antoniogomesde Mello|
406
Jose daCosta viandante no caminho|des tas Minas quevive deseunegocio|testemunhajurada
aossantos|Evangelhosque RecebeoepRo-|meteo dizer verdadedeidade|de vinteequatroannos pouco|Maes
oumenos|
Eperguntado elle testemunha|peloconteudonoautode corpo|dedellito disse que naõSabiaquem| fizera otal
malleficio, eque|Só Sim estandoelleteste-
|MunhaemcazadeMatheus|deMedeiros, vira passarhumnegro|ehumcarijo perguntando|adonde morava
JoseFernandes,|equedahi atresouquatrohoras|ouvira ostiros dondesefizera|omalleficio, e maes
naõdisse|eSendo perguntadopeloRe-|ferimento da te[corroído]temunha||
406
Retorno ao punho do escrivão Luis da Silva e Souza.
486
[fl.21r.]
dates[corroídos]mun[corroídos] Tiagocabral|dissequenadatinhaadizer So|Sim vira
abruaquinha|queLevava o negro indocom|ocarijo, queconheçeo|depoes(s)eramina emaes|naõ disse dodito
auto|eassinoucomodito|Juis ord
o
Luis dasilva|esouzaoescrevy|
Coelho
De Jose + daCosta|
Dameão FranciscodaCosta|Carcereiro dacadeadesta|Villadeidade dequarenta|annos testemunha|jurada
aosSantosEvan-|gelhos queRecebeoepR[corroído]meteo dizer
verdade|Eperguntado pelloconteudo||
487
[fl.21v]
noauto [corroídos]orpode[corroída]|disse [corroída]daemaes nãodisse|Nemdocostumeeassinou|
ComoditoJuis ord
o
.|Luis dasilvaesouza oescrevy |
Coelho
Damiaõ Fr
co
.da Costta |
Etiradas astestemunhas | acima fiz estadevaça | (com licencaaoJuis) ord
o
.|Mel. Rd. Coelho deque|fiz este
tr
o
. Luisdasilva |esouzaoescrevy |
Sza
. |
407
Obriga esta devassa aSuzana Maria q.assistia|emcazadeAn
to
Gomes, eaofeitor de P
o
. Ennes cujo|nome
Saberá oEscrivaõ passando-os a Rol, e asor-|dens necessarias p
a
.
Serem pRezos: V
a
. Rica.|
Coelho |
408
Aosvinte dias domes|deAbril demil setecentos|trintaehumannos nesta||
407
Mudança para o punho do juiz Manoel R. Coelho.
408
Retorno para o punho do escrivão Luis da Silva e Souza.
488
[fl.22r.]
VillaRica [corroídas]|eCazasdemor[corroídos]a [corroídas]|ordinario [corroídas]|Rodrigues foilhe a
[†...]|ellemefoidada esta|devassacomosuapRo-|meça
[†........] deque fizeste termo| Luis dasilvaesouza|oescrevy||
489
[fl 22v.]
409
[corroídas] Juis ord
o
|
Inqueredorias, ejuram
tos
________________12000
Caminho ___________________________ 8000 21.750
Conta ______________________________ 750
Souza
DoEscrivaõ
Autuaçõa Raza ______________ 8-
Jr
os
as. ____________________ 2.685 18.685
am
o
. ______________________ 8.000
________
40.435
Soma quarenta mil|quatrocentos mil ecinco|juis V
a
. Rica 23 de|dedezr
o
. de1731
Coelho||
409
Mudança para o punho do juiz Manoel R. Coelho.
490
[fl.23r]
410
Obriga Mais este Summario a Am[corroídos]|Rodrigues Official deCarapina oE[corroídos]vaõ opasse
aRol, eas maes ord ens|Neccessarias para que seja preso ede- |clarará se os pronunciados pelo
Juis|ordinario se achaõ livres per sens[corroído]|ça oquefara pena de Inspençaõ de|seu offiçio
VCrr
am
. de Mayo 7 de|1732 | Sza Mel.|
411
Por se FequeRevendo oRol | dos culpados naõ acheicul|pa dosup
te
. lançado no Rol|dos culpados
destecar torio|Por cujacauza em Ver tudo do|Pro vi mento Retro doDoutor|ou vi dor geral Se bas tiaõ|de
Souza machado oLançei|nomeu Rol dos culpados odito|AmaroRoiz oficial decarapina|Enoque Respeita
aSuzanaMaria|Ja çeahia|lançada no dito Rol|ecepaçou orden lan
to
. indo p
a
. Ser|prezaeaAmaro perzente me
naõ cos ||
410
Punho de Sza. Mel.
411
Punho do escrivão Manoel Vaz Fagundes.
491
[fl. 23r]
[corroídas] | [corroídas] [†....] nem della tendo|notiçia|
E ofis t
e
.de P.Ennes fis di|ligenciaa aSaber seu no|me enaõ achei quem dis|cubriçe paraoRefe|tido nav
erdade een|fe della meaçino| Villa | Rica 8 demaio de 1732.
Manoel vaz Fagundes ||
492
[fl.1r.]
1735 M
io
1735
Auto dedevassa que mandoufa|zer o Juis ordinario osargento mor|DomingosdeAbreuLisboa,
pellaferida|feita a hua negra Crioula chamada|Maria Gonçalves EsCrava do Lesensiado Antonio
deLavedrene, deque veyo afale-|cer.
Esc
am
. Ar
o
.
AnnodoNasimento deNosso|Senhor JESUS christo demil seteCentos etrin|ta esinco annos, aos des dias do
mes deMa-|yo dodito anno nesta villaRica, deNossa|SenhoradoPillardoOuropReto, emCasas|demorada
dojuis ordinario osargento mor|Domingos deAbreu Lisboa, esendoahi|per elle dito Juis foy mandado
amimEs|Crivão fazer este auto, porlhehaver vindo| anotisia que no dia nove doCorrente mes| pellas Sinco
horas datarde pouco mais|oumenos haviaõ dadohuaestocada em|hua negra Crioula por nome Maria gon-
|çalves escrava doLesensiadoAntonio de|Lavedrene, equeSeachava comperigo de|vida adita negra, epara
Sesaber toda|verdade doCaso, eSeaveriguar quem|[corroídas] este comcorreu comajudafavor,
ou|[corroída](m)andou elledito Juis fazer|[corroídas] para por elle pReguntar tes||
493
[fl.1v]
Preguntar testemunhas devassamen[corroídas]| SobreoCaso Recontado, eSepRoceder com|tra osCulpados
com todas as penas (Civis)|eCrimes quepello caso mereserem de|quefis esteauto quelledito Juis|Ordinario
aSinou comigoEsCrivaõ|Bento deAraujoPereyraEsCrivaõ que| OEscrevy eassiney.|
Bento deAr
o
.Pr
a
.|
Domingos de Abreu Lx.||
494
[fl.2r.]
Auto deCorpo dedellito feito a|hua negra Crioula por nome M
a
GLz'|escrava do Lesensiado An
to
. de
Lavedrene.|
Anno doNassmento deNosso se|JESUS christo demilsette Centos|etrinta esinco annos aos des dias do|mes
deMayo dodito anno nesta|villaRica deNossaSenhorado|Pillar
doOuro pReto, emCasas de|morada doLesensiado Antonio de|Lavedrene, aonde, eu Escrivaõ aodian|te
nomeadofuy vindo com o Juis ordinario|osargento mor Domingos deAbreuLisboa|eachandose ahi hua
negra por nome Maria|Gonçalves Crioula escrava dodito Antonio de Lavidrene, por haver vindo anotissa
dodito|Juis ordinario que nodia nove doCorrente| haviaõ dado hua estocada nadita negra| mandou vir
asuapResença
oLesensiado|JosephCorreadeAndrade, aoquallhedefe-|rio ojuramento dos Santos evangelhos
em|humLivro delles sobreCargo doqual lheem|carregou visse eexaminase o corpodadita|negra,
edeClarasse asferidas queachasse| ter eo perigodellas, e Recebido porelledito Si-|rurgiaõ o dito juramento,
vindo, eexaminan|do ocorpo dadita negra lhe achou ter hua|[corroída] penetrante doTamanho
dehua|[corroídas] no vaõ dopeito da
parte esquerda|[corroída] oSegundo atreceyra costella||
495
[fl. 2v.]
Costellacomtando debaixo para(sima)|doquedetudo dese minhafé Ser| naformaReferida,
dequedetudofez|este auto que elledito, Juis asinou|comod
o
.Sirurgiaõ ecomas testemunhas que|pResentes
Seacharaõ Luis Pereyra daCosta|eJoaõ daCrus Frota, eLuis GonçalvesMagro|todos moradores nesta villa,
eeu Bento de Araujo PereyraEsCrivaõ
queoEscrevy|
BentodeAr
o
. Pr
a
.|
Domingos deAbreu Lx
a
. |
Luiz Pr
a
. da costa |
João daCrus Frota
JozephCorr
a
deAndr
e
.|
Luis Magro
||
496
[fl. 3r.]
Aos des deas domes deMayo|demil setteCentos etrinta esinco|annos nestavillaRica
deNossa
412
|SenhoradoPillar doOuro pReto|emCasas demorada doLesensiado|Antonio deLavedrene
adondeSeacha|vao Juis ordinario oSargento mor|Domingos deAbreuLisboa, esendo ahi por elledito Juis
comigo EsCrivaõ|foraõ devassa mente
emqueridas, e|pReguntadas astestemunhas aodiante|quepor parte do Alcayde desta|villa Luis Gonçalves
Magro foraõ|aprezentadas das coais Seus nomes|ditos idades eCostumes Saõ os que ao-|diante Sesegue,
deque paraConstar|fiz este termo eu Bento deAraujo|PereyraEsCrivaõ que oEsvy|
ILena Ramos pReta forra, moradora|nesta villa deidade quedisse ser de|vinte oyto annos pouco mais
oumenos|aquem elle dito Juis ordinario defe|rio ojuramento dos Santtos evange|lhos emhuashoras, delles
emque pos|(sua) maõ direyta Sobrecargodoqual|(lhe) emcarregou dissese averdade do|(q)ue Soubesse,
elhefoce pReguntado||
412
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, está registrada <Can> ue, em função do traçado da letra,
foi feito pelo mesmo punho do texto.
497
[fl. 3v.]
PreguntadooquepRometiofa[corroído)| [espaço]
EpReguntada ellatestemunha pello con|theudo no auto dedevassadevassamen(te)|disse que Sabia pellover
que nodia de|nove doCorrente mes deMayo pellas|Sinco horas datarde vio ellatestemunha| dizer adefuncta
Maria, vindo da|RuadeRozario, junto aportadoLe-|senciado JozedeSaõ Boa ventura, Lu-|gar
emqueSedevide osCaminhos hum|para aRuadeSima, eoutro, para a Rua|debaixo, doOuro pReto, vindo a
dita das|partes doRozario, humSoLdado por|nome Manoel Francisco, que ella|defuncta vinha dizer
aseuSenhor|que, elle lhe havia dadohuas pancadas|nas partesdoCaquende donde ambos|vinhaõ, enomesmo
tempo Sevirou| odito SoLdado atras della, eella fogin|do lhe meteu aespada, pella parte|direytadehua
ilharga, deCuja ferida|Sabe ella testemunha falecera adita|negra Maria, emais naõ desse,
dodito|autodedevassaquetodalhefoylida|edeClarado por elledito juis ordinario|rio
comquem asinou, edosCostu(mes)|disse nada, eeu BentodeArau(jo)||
498
[fl.4r.]
AraujoPereyraEsCrivaõ queoEs|crevy|
dates
ta
Abreu ILena + Ramos|
Antonio Gonçalves Martins mora|dor na Rua direyta junto aolugar do|dellito, que vive deseuofficio
deAL|faate deidade quedisseser devin|teesinco annos pouco mais
oumenos|aquem elledito Juis ordinario defe|rio ojuramento dos Santos evangelhos|emhuashoras delles
emque pos Sua|maõ direytasobrecargodoqual lhe|emcarreg[†..] dissese averdade doque|soubesse,
elhefoce pReguntado oque|prometeo fazer|epReguntado elletestemunha pello|contheudo no
autodedevassadevassa|mente disse queSabe por Ser publi|co, enotorio, epello ouvir dizer aseu|vezinho
oReverendoPadre Mano|elGomes, que no dia de nove doCorren|te mes deMayo, pellas Sinco
horas|datardepouco mais oumenos, mete|[r]a hum Soldado chamado Mano-|[corroído] Francisco hua
espada por hum braço|[corroído] porhua ilharga emhua negra, (do)||
499
[fl. 4v.]
Negra doLesenciado Antonio deLa[corroídos]|drene chamadaMaria Crioula, das quais| feridas Sabe
ellestestemunhafalesera an|tes depassar vinte equatrohoras, emais|naõ dissedodito autodedevassa
quetodo|lhefoylido edeClarado por elledito Juis|Ordinario comquem asinou, eeu Bento|todigo asinou
edoCostumesdisse|nada, euBento deAraujoPerey|raEsCrivaõ queoEscrevy|
Abreu
Antonio GLz|
OLesensiado Joaõ Ferreyrada Costa mora|dor junto aoLugar daContenda, ene|lla Boticario deidade
quedisseser de|Trintaedois annos, pouco mais ou me-|nos aquem elle dito Juis ordinario de|ferio
ojuramento dos Santtos, evange|lhos emhuashoras delles emque pos Sua|maõ direyta sobrecargo doqual
lhe em|carregou dissese averdade doque Sou|besse elhe foce pReguntado oque pRome|teo fazer.|
epReguntado elletestemunha pelloCon-|theudo no autodedevassa devassa men|tedissequeSabe pellover,
que osoLdad|do Manoel Francisco, junto da por ta|delletes temunha, atirara comhua pe|dra anegra
Crioula, escrava deAnto[corroídos]|deLavradene, e logo no mesmo tempo [corroídas]|vio ellestestemunha
vio meter maõ[corroídos]||
500
[fl.5r.]
Maõ aespada aelledito Manoel|Francisco, eCorrer atras dadita negra
|porem como a Rua fazia Recanto lhe naõ|vio dar; só sim ouvira dizer que adita|negra quando fora
fogindo semete|ra em Casa de Joaõ deSequeyra, eque outras Suas parasseyras, ounegras lhe|(e) diseraõ
quefoce para casaque es|tavaferida, e que Sabe elletestemu-|nhaqueadita negra Maria falesera|dentro em
vinte, emenos devinte|equatro horas dehua estocada, emais naõ disse dodito auto
dedevassaquetodo|lhefoylido edeClarado por elleditojuis|Ordinario comquemasinou,
edosCostu
413
|mesdisse nada, eeuBento deAraujo|PereyraEsCrivaõ queoEscrevy|
Abreu
Joaõ Frr
a
daCosta|
Aos dois dias do mes de Junho demil|setteCentos etrinta esinco annos nesta
414
|VillaRica
deNossaSenhoradoPillar|doOuro pReto emCasas demoradado|Juis ordinario osargento mor Do.|mingos
deAbreu Lisboa, esendo ahi|por elle dito Juis comigo EsCrivaõ foraõ|Devassa mente emqueridas,
epreguntadas astestemunhas aodiante quepor|parte doALcayde desta villa Luis Gon||
413
Na entrelinha, há o registro do número 1.
414
Na margem direita há esta rubrica Tamo
e
, que pelo traçado pertence ao mesmo punho do texto.
501
[fl. 5v.]
Gonçalves Magro foraõ aprese[corroído]|tadas das coais Seus nomes ditos|idades,
eCostumes, saõ os que aodian|tesesegue deque para constar fis|este termo eu Bento deAraujoPereyra
EsCrivaõ queoEscvy|
Antonio deMeyrelles Rebello morador|nesta villa que vive deseuofficio de ALfaate deidade que
disserser|dequarenta annos pouco mais oume|nos aquem elle dito juis ordinario|deferio ojuramentodos
Santos, evan|gelhos emhuas horas delles emque|pos Sua maõ direyta S
415
obre cargo|do qual lhe
emcarregou dissese aver|dadedoqueSoubesse, elhe foce pRe|guntado o que prometeo fazer.|
EpReguntado elletestemunha pellocon|theudo no autodedevassa devassa mente|disse que Sabe pelloOuvir
dizer a varias pesoas que Manoel Francisco|deCarvalho morador doRozario SoL-|dado Dragão
dehuadascompanhias|destas minas tinha comfeçado
por|Suaboca o ter morto hua negra cri|oula por nome Maria Gonçalves es|CravadeAntonio
deLavedrene|comhua estocada quelhedera em|odia, que no autofaz mençaõ||
415
Este grafema está com o traço mais forte que os demais, em função da tinta.
502
[fl. 6r]
[†...] queSabe pella rezão que dito|tem, emais naõ dissedodito au|to de devassa
quetodolhefoylido|edeClaradoporelleditojuis ordina|rio comquemasinou,
eeuBen|todeAraujoPereyradeEsCrivaõ queoEscvy|
Abreu
Ant
o
. deMeyrelles Reb
o
.|
Joannalopes preta forra moradora nes|tavilla, quevive desua venda deida|dequedisseser de trinta annos
pouco|mais oumenos, aquem elledito Juis|ordinario deferio o juramento dos San|ttos, evangelhos emhuas
horas delles|emque pos Sua maõ direytasobre|cargo doqual lhe emcarregou dissese|averdade
doquesoubesse, elhe foce pre|guntado o que prometeofazer.| epReguntada ella testemunha pello
con|theudo no auto dedevassa devassa(men)|tedisse que Sabe ellatestemunha pe-|llo ver que no dia deque
o auto trata|vio ellatestemunha ter adita defuncta|Maria Gonçalves escrava deAntonio|deLavedrene ter
Rezoins com
Manoel|FranciscoCarvalhoSoLdado Dragão|decujas pRocedeo atirarlhe odito com|[†] pedra comaqual
anaõ pRejudi-|[†] mas sim logo no mesmo tempo||
503
[fl. 6v.]
Tempo, vio ellatestemunha, metermaõ|aespada, odito Manoel Francisco|deCarvalho, ehir Seguindo adita
[†..]|ria gonçalves, epor naõ ver daSua |porta aparte pa
416
radonde tinha f[†.]|gido adita Maria gonçalves
eoditoC(ar)|valho hir atras della por ser Rua
(diver|ca) naõ vio dar adita estocada nadi|ta negra porem ouvio geral mente| dizer queodito Carvalho
lhetinha da|do hua estocada pellaparte esquer|da donde no outrodia falecera, eoque|tudoSabe pellaRezaõ
quedito tem e|mais naõ disse dodito autodedevassa|quetodolhefoylido, edeClarado por|elledito juiz
ordinario, comquem a|sinou, edosCostumes dessenada, eeu|BentodeAraujoPereyraoEsCrivaõ|queoEsvy|
dates
ta
Abreu
Joana + Lopes|
HenriqueRibeyrodeCarvalho, morador|nestavillaque vive deseuofficio|deCarapina deidade
quedisse|serdesincoentaannos, pouco ma|is ou menos equem elle dito Juis ordi-|nario deferio ojuramento
dos Santtos|evangelhos emhuas horas delles em|que pos Sua maõ direytasobrecargo|doqual lhe
emcarr(e)gou dissese averda|de doqueSoubesse, elhefoce pregun|tado oquepRometeo fazer.|
EpReguntado elletestemunha pelo||
416
Sobre este <a>, há um outro <a> feito pelo mesmo punho.
504
[fl. 7r.]
PelloContheudo no autodedevassade|vassamentedisse queSabe pe|llo ver quenodia deque o autotra|ta
tivera huas Rezoies, Manoel Fran|ciscodeCarvalhoSoLdado
Dragão|com Maria Gonçalves escrava de|Antonio deLavedrene, das quais| Resultara atirarlhe comhuas
pedras|comasquais a não ofendera, porem|Logo dahi apoucos passos vira elle|testemunha puxar pella
espada|aodito Carvalho edeitar atras dane|gra Maria gonçalves, eouvio Logo| dizer avarias pesoas
queoditoSoL|dado derahua estocada nadita negra|daqual falecera nodia Seguinte|oque Sabe pella Rezão
que dito tem| emais naõ
disse dodito autodedeva|saquetodohefoylido edeClaradoporelledito juis ordinario com|quemasinou
edoscostumesdisse|nada, eeuBentodeAraujoPe|reyraEsCrivão que oEsvy|
Abreu
HenriqueRi
o
deCarv
o
.|
Aosdois dias domes de Junho demil|SetteCentos etrinta esinco annos nes|ta villaRica
deNossaSenhora doPillar|doOuro Preto, emcazas demorada dojuis ordinario osargento mor
Domingos|deAbreu Lisboa, esendoahi porelledito juis comigo EsCrivão forão deva|ssa mente
Emqueridas, epreguntadas||
505
[fl. 7v.]
epreguntadas as testemunhas aodian|te quepor parte do Alcaydedesta| villa Luis gonçalves Magro foraõ
a|prezentadas das coais Seus nomes di|tos idade eCostumes
São osque adia|nte sesegue deque paraConstar fis|este termo euBento deAraujoPe|reyra EsCrivão
queoEscrevy.|
Antonio José Ramos morador nesta|villaquevive deseuofficio de ferrador|deidadequedisseser detrinta
annos|pouco mais ou menos equemelledi-|to Juis ordinario deferio ojuramento|dos Santos evangelhos
emhuashoras|delles emque pos Sua maõ direyta|Sobrecargo doqual lhe emcarregou|dissese a verdade
doqueSoubesse elhe|foce preguntado o que prometeo fa|zer.|
epReguntado ellestetemunha pello contheudo no auto dedevassa devassa men|te disse queSabe pello ouvir
dizer a|varias pessoas que oSoLdado Dra|gaõ Manoel Francisco deCarvalho|tivera huas Rezoins Rezoins
comMa|ria Gonçalves escrava de
Antonio|deLavedrene, edas coais Rezultou o po|xar pellaSua espada, edar hua es|tocada nanegra deque
Setrata a|qual falecera nooutro dia, enao||
506
[fl. 8r.]
EnaoCaziaõ dego dia, ouvio elletes|temunha dizer ao mesmo Manoel|FranciscodeCarvalho, que tinha
morto|adita negra, efizera amenção na|forma em que a matara comaSua|espada o queSabe pellaResaõ
que|dito tem, emais naõ disse dodito|auto dedevassaquetodolhefoy|lido edeClaradopor elledito Juis or-
|dinario comquemasinou edoCostu|mesdisse nada eeuBento de|AraujoPereyraEscrivaõ que|OEsvy|
Abreu
Antoniojoseph ramos||
OLesensiado ADrriaõ vieyra, morador|nestavilla que vive deSua arte de|Sirurgia
deidade quedisseser de|Trintaesinco annos pouco mais|oumenos aquemelledito Juis ordina|rio deferio
ojuramentodosSanttos|evangelhos emhuas horas delles emque|pos Sua maõ direytasobrecargodo-|qual lhe
emcarregoudissese a verda|dedoqueSoubesse, elhe foce pregunta|dooqueprometeo fazer.|
EpReguntado elletestemunha, pello con|theudo no auto dedevassa devassamen|[†..]
disse que Sabe pello Ouvir dizer|a varias pessoas, que oSoldado Dragão||
507
[fl.8v.]
Dragaõ Manoel FranciscodeCarva|lho morador aoRozario tivera huas Rezois com hua negra
doLesensiado|Antonio deLavedrene chamada Ma|ria Gonçalves das quais Resultou o dar|hua estocada
nadita negra nodia|queo auto trata, daqual falecera no|dia Seguinte, emais naõ disse do|dito
autodedevassaquetodolhefoy|lido edeClarado por
elledito Juis or|dinario comquem, assinou edos cos|tumes disse nada, euBentodeAraujoPereyraEscrivaõ
que|oEsvy|
Abreu
Adriam vieyra|
Manoel deTavora morador noCaquen|dedestavilla quevive desuafais|queyradeidade quedisseser detrin|ta
annos pouco mais oumenos|aquem elledito Juis ordinario
deferio|ojuramento dos Santtos, evangelhos| emhuas horas delles emque pos Sua|maõ direytasobre
cargodoqual lhe|emcarregou dessese a verdadedoque|Soubesse elhe foce preguntado oque|prometeo
fazer.|
EpReguntado ellestestemunha pello|contheudo noauto dedevassa de|vassa mente disseque Sabe pe||
508
[fl. 9r.]
PelloOuvir dizer,eser publico que|no diaemqueo auto faz menção|tivera oSoldado Dragaõ
Mano|elFranciscodeCarvalho; huas resois|comhua escravadoLesensiadoAn|tonio deLavedrene, chamada
Maria Gonçalves das quais Resultara|o dito SoLdado dar hua estocada|nadita negra, daqual falecera|
noOutrodia, oqueSabe pella Re-|zão quedito tem, emais naõ disse|dodito autodedevassa que todo lhe
foy|lido edeClarado, per elledito Juis|Ordinario comquemasinou edos Costumes dessenada eeu
Bento|deAraujoPereyraEsCrivão que|oEsvy|
dates
ta
Abreu
M
el
. + detavora
Aosdois dias do mes de Junho|demil setteCentos etrintaesinco an|nos nestavillaRica
deNossaSenho|radoPillar doOuropReto emCasas de|moradadojuis ordinario osargento mor Domingos
deAbreu Lisboa esen|doahi perelledito Juis comigoEsCri|vaõ foraõ devassa mente
emqueridas|epreguntadas atestemunhas aodi-|ante que por parte do ALcaydedesta|Villa Luis Gonçalves
Magro foraõ|[†.]presentadas, das coais seus nomes||
509
[fl. 9v.]
Nomes ditos idades eCostumes|são osque aodiantesesegue, deque|paraConstar fizeste termo eu Ben|to
deAraujoPereyraEscrivaõ que|oEsvy|
Antonio GonçalvesLima, morador nesta|villa, que vive de sua Arte de
417
botica|rio deidadequedisseser de
daza|nove annos pouco mais ou menos e|quem elledito Juis ordinario deferio|ojuramento doSanttos,
evangelhos|emhuashoras delles emquepos Sua|maõ direytasobre cargodoqual lhe|emcarregou dessese
averdade doque|soubesse, elhefoce perguntado oque|prometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pellocon|theudo no autodedevassadevassa|mente disse que Sabe pellover|que
no dia de que o auto faz mençaõ|vira elletestemunha estandoasuapor|ta ter huasResoeis Manoel
Francis|codeCarvalho, comhuaescravade|Lecenciado Antonio deLavedrene| chamadaMaria gonçalves,
dos|quais Resultou o puxar pellaespa|da odito Carvalho, edeitar atras da|dita negra,
elogo no mesmo tempo|Ouvio elletestemunhadizer avarias|pesoas que odito lhe metera hua es|tocada
nadita negra, daqual fa[†..]|cera|nodia Seguinte oqueSabe||
417
Este vocábulo está rasurado, mas isso não impediu sua leitura.
510
[fl.10r.]
Sabe pella Rezaõ quedito tem e|mais naõ dise dodito autodedeva|sa quetodolhefoy lido, edeClarado| por
elledito Juis Ordinario comquem| asinou edoscostumes dissenada
eeu|BentodeAraujoPereyraEs|Crivaõqueoesvy|
Abreu
Ant
o
. Gl. Lima |
Antonio Ramos daCrus, morador|noCaquendedesta villa, que vive deseu|officio detorneyro deidade
quedisse| ser de quarentaequatro annos pouco mais oumenos aquem elledito|Juis ordinario deferio
ojuramentodos|Santtos evangelhos, emhuashoras de|lles emque pos Sua maõ direytasobre|cargo doqual
lheemcarregou
dissese|averdadedoqueSoubesse, elhefoce|preguntado oqueprometeofazer.|
EpReguntado elletestemunha pello|contheudo no autodedevassadeva|sa mentedisse que Sabe, pello Ou|vir
dizer aManoel FranciscodeCarva|lho SoLdado Drag que este tivera|huas Rezoins comhua escrava,
doLesen|(sia)do Antonio deLavedrene, chamada|Mariagonçalves emodiadeque||
511
[fl. 10v.]
Deque o auto faz menção edascoais|Rezoins Resultou odar lhe hua estocada|nadita negra, edella falecera
no dia|Seguinte, eoqueSabepor lhecon|feçar, odito SoL dado Manoel (Fran)|cisco, emais naõ disse dodito
auto de|devassaquetodolhefoy Lido, edeCla|rado por elledito Juis ordinario com|quemasinou, edos
costumes dissena|da,
eeuBentodeAraujoPe|reyraEsCrivaõ queoEscrevy|
Abreu
Ant
o
. Ramos dacrus|
TerezadeJESUZ pRetaforra, mora|dora nestavilla, que vive desua fa-|is queyradeidade quedisseser
de|Trinta esinco annos pouco mais ou|menos aquem elle dito Juiz ordinario|deferio ojuramento do
Santtos, e|vangelhos emhuas horas delles emque|pos Sua maõ direyta Sobrecargo|doqual lhe emcarregou
disseseaver|dade doquesoubesse, elhe foce pregun|tado o que prometeo fazer.|
epReguntada ellatestemunha pellocon|theudo no auto dedavassadevassa|mente disse queSabe pelloouvir|
dizer, eser publico, que nodia em|que o autofas menção tivera huas|Rezoeis Manoel
FranciscodeCarvalho|comhua escrava deAntonio deL(a)|vedrene chamada Maria Gonça||
512
[fl.11r.]
Gonçalves das coais Resultou dar lhe|hua estocada nadita negra com|huaespada, daqual falecera no-|dia
Seguinte, oqueSabepella|ditaRezão, emais naõ disse dodito|autodedevassaquetodo lhefoyli-|do,
edeclarado, por elledito Juis or|dinario comquem assinou, edoCostumes|disse nada, eeu
BentodeAraujo|PereyraEsCrivaõ queoescrevy| dates
ta
Abreu
Tereza + de JEsus|
Aos dois dias do mes de Junho demil se|tteCentos etrinta, esinco annos nes|ta villa Rica
deNossaSenhorado|Pillar doOuropReto emcazas de|morada
do Juis ordinario osargento mor Domingos deAbreuLisboa, esen|doahi por elledito Juis comigoEs|Crivaõ
foraõ devassa mente emqueri|das, epReguntadas astestemunhas ao|diante quepor parte doALcayde des-
|tavillaLuis Gonçalves Magro foraõ|aprezentadas das coais seus nomes|ditos idades eCostumesSaõ osque
ao-|diante sesegue dequeparaConstar|fiz este termo euBento deAraujo|PereyraEsCrivaõ queoEsvy|
Jose Gomes daCrus morador nestavi-|(la) quevive deSeu officio deferreyro||
513
[fl.11v.]
Deferreyro deidade quedisse serde|trinta annos pouco mais ou menos|aquemelleditojuis ordinario de|ferio
ojuramento dosSanttos evan|gelhos emhuas horasdelles emque|posSua maõ direytasobrecargodo|qual lhe
emcarregou dissese aver|dadedoqueSoubesse, elhe foce pRe|guntado o que prometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pelloCon|theudo no auto dedevassa devassa|mentedisse queSabe pelloouvir
di-|zer, eserpublico, enotorio que no dia|dequeo auto fas mençaõ Manoel-
|FranciscodeCarvalhoSoLdadoDra|gão tiverahuas Resoeis comhuaescra|vadoLesenciado Antonio
deLavadre|ne chamada Maria gonçalves das
418
|quais Resoeis Rezultou odito Carvalho|darlhe com asua
espada, aomodo|defacada hua estocada, daqual|Resultou o falecer nodia Seguinte|adita negra Maria,
oqueSabe por|ser notorio, e mais naõ dissedo dito|autodedevassa quetodo lhefoy lido|edeClarado, por elle
dito juis ordinario|com quem asinou, edosCostumes disse| nada, eeuBento deAraujo Pe|reyraEsCrivaõ
queoEsvy|
Abreu
Jozeph gomes daCrus||
418
Na margem direita, acima desse vocábulo, está registrado o número 3, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
514
[fl. 12r.]
Isabel doRosario pReta forra morado|(ra) nestavilla que vive desua agencia|(de)idade
quedisseserdetrintaannos|pouco mais ou menos aquemelledi|tojuis ordinario deferio
ojuramen|todos Santtos evangelhos emhuas|horas delles emque pos sua mão direy|ta sobrecargodoqual lhe
emcarregou|dissese averdade doqueSoubesse, e|lhefoce preguntado o que prometeo|fazer.|epReguntada
ellatestemunha pelloCon|theudo no autodedevassadevassamen|tedesequeSabe, pelloOuvir dizer e|ser
publico, que nodia emque o au|tofas mençaõ tivera Manoel Fran|ciscodeCarvalho SoLdado Dragaõ huas|
Resoins comhua escrava doLesenciado|Antonio deLevedrene chamada Ma|ria gonçalves das quais
Resultoudar lhe|odito carvalho hua estocada com asua|espada nadita negra pella parte es|querda, daqual
falecera nodiaSe|guinte, oqueSabe pella Resão quedi-|to tem, emais naõ desse dodito
autode|devassaquetodolhefoy lido edeClarado|por elle dito Juis ordinario com quem|asinou,
edoscostumes dissenada, eeu BentodeAraujo
419
PereyraEsCri-|vaõ queoEsvy|
datas
ta
.
Abreu
Isabel + doRozario||
419
A cauda do grafema<j> ficou com um traçado bem forte, o que fez com o grafema posterior, <o>,
ficasse também com um traçado mais forte.
515
[fl. 12v.]
Antonio MoreyradeAbreu mo|rador nestavillaque vive deseuof(icio)|deferrador deidade quedisseser|de
vinte oytoannos pouco mais ou|menos aquem elledito Juis ordina|rio
deferio ojuramento dos Santtos|evangelhos emhuas horas dellas em|que pos Sua maõ direyta
Sobre|cargodoqual lhe emcarregou disse|se averdade doqueSoubesse elhe|foce pReguntado o que
prometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pello|contheudo no auto dadevassadeva|samente disse que Sabe pello ou|vir
dizer aManoel Francisco deCar-|valho SoLdado Dragaõ, que elle
tivera|huas Resoeis comhua escrava doLesensi|ado Antonio deLavedrene chamada|Maria gonçalves
nodia emque o au|to trata dasquais elle ditoCarvalho|atirara adita negra Maria comasua|espada ao modo
de faca elhederahua|estocada, daqual falesera nodia Se|guinte oqueSabe porlhocontar omes|mo Manoel
FranciscodeCarvalho, ae|lle testemunha, oqueSabepella Resaõ|quedito tem, emais naõ disse dodito au|to
dedevassaquertodolhefoy lido|edeClaradopor elledito juis ordinario|comquemassinou edosCostumes
de|senada eeuBentodeAraujo|PereyraEsCrivaõ que oEsvy|
Abreu
An
o
. Mor
a
. deAbreu||
516
[fl. 13r.]
Aosdois dias domes deJunhode|milsetteCentos etrintaesinco|annos nesta
villaRicadeNossaSe-|nhoradoPillar doOuropReto emCasas|demorada dojuis ordinario osargen-|to mor
Domingos deAbreuLisboa|esendoahi por elledito Juis ordinario ComigoEsCrivaõ foraõ
devassamenteem|queridas epreguntadas astestemunhas aodiante quepor parte doAlcayde des|tavillaLuis
Gonçalves Magro foraõ|apresentadas dascoais seus nomes|ditos idades eCostumes saõ osqueaodi-
|anteseseguedeque para constar fiz|estetermo eeuBento deAraujo Pe|reyraEsCrivaõ queoEsvy|
Thome deAlmeyda moradornoCa-|quendedestavillaquevivedesua|venda deidade que desseserde|trinta
annos pouco mais oumenos a|quem elledito Juis ordinario defe|rio ojuramento dos Santtos,
evangelhos|emhuashoras delles emque pos Sua maõ direytasobrecargo doqual lhe em|carregou dessese
averdadequeSou|besse elhefoce
preguntado oquepRome|teofazer.|
epreguntado elletestemunhapello|Contheudo no auto dedevassadevassa|[†...]te disse queSabe pelloouvir
di-|[†...] eserpublico que Manoel||
517
[fl. 13v.]
Manoel Francisco deCarvalho Sol|dado Dragaõ tivera huas Resoeis no| dia emque o autofas mençaõ
[†...]|hua escravadeAntonio deLave|drene chamadaMaria Gonçalves|das quais Resultou dar lhe o dito
SoL|dado comhua espada hua estoca|da da qual falecera adita negra|nodiaSeguinte oqueSabe por|ser
notorio, emais naõ disse dodito|autodedevassaquetodolhefoy lido|edeClaradopor elle dito Juis ordina|rio
comquemasinou, edosCostumes|dessenada, eeuBentodeAraujo|PereyraEsCrivaõ queoEsvy|
Abreu
Thome dealmeida|
PedroAlves dasylva, morador|nestavilla que vivedesuaagencia|deidade quedisse ser devinte|equatro
annos, pouco mais ou me|nos aquem elledito Juis ordinario
420
|deferio ojuramento dosSanttos evan|gelhos
emhuashoras delles emquepos|Sua maõ direytaSobrecargo doqual|lheemcarregou dissese averdade
deque|soubesse elhefoce preguntadooquepRo|meteofazer.|
epReguntado ellestestemunha pelloCon|theudo no auto dedevassadevassa|mente disse que Sabe
pelloOuvi[r]|dizer aManoel FranciscodeCarva[corroídos]||
420
O grafema <o> está com uma rasura, mas isso não impediu sua leitura.
518
[fl.14r.]
DeCarvalhosoLdadoDragão, que|[†..]te tivera huas Rezoeis comhuaescra||[†..]doLesenciado Antonio
deLavedrene| chamadaMaria gonçalves,
porem|que estaodesafiara com Resois e|palavras, das quais Resultou queodito|Carvalho lhe deu hua
estocadacoma|suaespada, daqual falesera adita|negra nodiaSeguinte oqueSabe|elletestemunha por
lhoConfeçar-|odito ManoeL FranciscodeCarvalho|emais naõ disse dodito auto dedevassa|quetodo
lhefoylido edeClaradopor|elle dito Juis ordinario comquem|asinou, edoscostumes disse nada
e|euBento deAraujo PereyraEs|Crivaõ queoEsvy|
pedro Alves dasilva|
Abreu|
Joaõ Rodrigues deOLiveyra, morador|nestavillaquevive deseuofficio de|ferreyro
deidadequediseserdevin|teesinco annos pouco mais ou menos|aquemelleditojuis
ordinario deferio|ojuramentodosSantos evangelhos|emhuashorasdelles emqueposSua|maõ direytasobre
cargodoqual lhe|emcarregou dessese averdade doque|soubesse, elhefoce
pReguntadooque|pRometeofazer.|
epReguntado elletestemunhapelloCon|theudo no autodedevassadevassa|[†.]ente dissequeSabe pello ouvir||
519
[fl.14v.]
Ouvir diser diser aManoelFran|ciscodeCarvalho SoLdadoDragaõ|quenodia emqueo auto trata (ti)|vera
este huas Rezoins comhuaes|crava deAntonio deLavedrene|chamadaMaria gonçalves a qual|lhefalara mal
eo descompusera|depalavras, dasquais Resultouelle|ditoCarvalho puxar pellaSua |espada, edarlhehua
estocada, da|qual falecera nodiaSeguintepo-|remque naõ emtendia que
ama|tasse, oqueSabe pello Ouvir dizer|aoditoManoelFranciscodeCarva|lho, emais naõdessedodito
auto|dedevassa quetodolhefoy lido|edeClarado por elledito Juis ordi|nario comquemasinou
edosCos|tumesdissenada eeuBentode|AraujoPereyraEsCrivaõ que|
421
oEsvy|
Abreu
João Rois deoliveyra|
BernardoRibeyro Canudo, mora|dor nestavilla que vive deseuofficio|deAlfaate deidade que
disseser|detrinta esinco annos pouco mais ou|menos aquem elle dito juis ordinario|deferio
ojuramentodosSantos evan|gelhos emhuas horas delles emquepos|sua maõ
direytasobrecargodoqual|lhemcarregou dessese averdadedoque|soubesse elhefoce preguntado,
oque|prometeo fazer.||
421
Na margem direita, próximo a esse vocábulo há um 4, mas não sabemos se se trata do mesmo punho
do texto.
520
[fl. 15r.]
EpReguntado elletestemunha pello|contheudo no autodedevassade|[†.]assamente dise que Sabe
pe|[†.]loOuvir dizer aManoelFrancis|[†.]o deCarvalhoSoldado Dragaõ que|este tivera huas Resoeis no dia
emque|o auto trata comhua escrava de|Antonio deLavedrene chamada|Mariagonçalves, das quais,
Rezois|Resultou odarlhe odito ManoelFran|ciscodeCarvalho comsua espadahua|estocada porem que naõ
emtendia
a|matasse eella falecera nodiaSeguin|te, porem queadita negra o
422
tratara|mal depalavras por
cujacausa|lhedera, oqueSabe pelloOuvir dizer|aomesmo Manoel FranciscodeCarvalho|oqueSabe pella
Resão quedito tem|emais naõ dissedodito autodedevassaquetodolhefoy lido, edeClarado por elledito Juis
ordinario comquem| asinou, edosCostumes desse nada|eeu Bento deAraujoPereyra|EsCrivaõ queoEsvy|
Abreu
Bernardo Ribeiro canudo|
Aos dois dias do mes de Junho de|mil setteCentos etrinta esincoan-|nos nestavillaRica
deNossaSenhora|doPillar doOuropReto emcasasdemo-|radado juis ordinario osargentomor|Domingos
deAbreu Lisboa esendoahi|por elledito Juis ordinario comigo Es|[†.]rivão foraõ devassamente
emqueridas||
422
As primeiras sílabas <tra > estão com rasura, mas isso não impediu a sua leitura.
521
[fl.15v.]
emqueridas epReguntadas astes|temunhas aodiante nomeadasque|por parte doALcayde destavilla|Luis
Gonçalves Magroforaõ apRe|zentadasdascoais Seus nomes|ditos idadeseCostumes são osque|aodiante
Sesegue doquepara|Constar fis este termo, euBento|deAraujoPereyraEsCrivaõ que|oEsvy|
Manoel deOliveyra Ramos mo|rador naRua desima desta villa|que vivedeseuofficio
deAlfaate|deidade que disse ser devinte esinco|annos pouco mais oumenos aquem|elle dito juis ordinario
deferio ojura|mento dosSanttos evangelhos em|huashoras delles emque pos sua maõ|direytasobreCargo
doqual lhe emcar|regoudessese averdade doqueSou|besse elhefoce pReguntado oquepRo|meteofaser.|
epReguntado elletestemunha pello|Contheudo noautodedevassadeva|samente desse que Sabe pello
ouvir|dizer publica mente, que nodia em|que o auto fas mençaõ tivera Mano|elFranciscodeCarvalho
SoLdado Dra|gaõ huas Resois comhuaescravade|AntoniodeLavedrene chamada [†..]|riagonçalves,
dasquais Resois [†]||
522
[fl. 16r.]
Rezultou dar lhe odito Manoel Fran|[†...]codeCarvalho huaestocada com|[†..]maespada nadita negra
Ma|[†..]a dequefalecera nodiaSeguinte|oqueSabe pella Rezaõ
queditotem|emais naõ desse do dito auto dede|vassaquetodolhefoy lido edeClara|do por elle dito Juis
ordinario com|quem asinou, edosCostumes desse|nada, eeuBento deAraujo|PereyraEsCrivaõ queoEsvy|
dates
ta
Abreu
Mel. + deOliv
a
Ramos|
Antonio FerreyraMedina mo-|rador nestavilla quevivedeseuofficio|deferreyro
deidadequedesseser de|trintaetres annos pouco mais oume|nos aquemelle dito Juis ordinario|deferio
ojuramentodosSanttos, evan|gelhos emhuas horas delles emquepos|Sua maõ direytasobreCargo doqual|lhe
emcarregou dissese, averdade|doqueSoubesse, elhefoce pReguntado|oquepRometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pelloCon|theudo noautodedevassa, devassamen|te disse queSabe pelloOuvir
dizer, a|[†.]anoel FranciscodeCarvalho SoLdado|Dragão, que nodia emqueoauto trata||
523
[fl.16v.]
Trata tivera huas Resois com
423
hua es|crava doLesensiadoAntonio de|Lavedrene chamada Maria
gonça[†...]|porem que esta odescompozera de|palavras emjuriosas chamandolhe ma|roto, efilhodaputa ,
pellas quais Rezois|(sesegera) elhedera comasua espada|hua estocada, porem que naõ emten|dia
aofendesse, aqual falecera no|dia Seguinte da mesma ferida|oque sabe elletestemunha pello|Ouvir dizer ao
mesmo ManoelFranciscodeCarvalho, oqueSabe pella Re-|saõ que dito tem-|emais naõ disse dodi|to
autodedevassaque todo lhefoy li-|do edeClarado, por elledito Juis or|dinario comquem asinou
edosCos|tumes disse nada, eeu Bento|AraujoPereyraEsCriv
queoEs|crevy|
Abreu
Antonio Frr
a
. Medina|
Joanna daSumpçaõ pRetaforra|moradora nesta villa, que vivede|sua agencia deidadequedeseser|detrinta
annos apouco mais oumenos|aquem elledito juis ordinario deferio|ojuramento dos Santos
evangelhos|emhuahorasdelles emquepos Sua|maõ
direytasobreCargo doqua lhe|emcarregoudissese a verdadedoque|soubesse elhefoce pReguntado
oque|prometeofazer.||
423
Este grafema está com borrão de tinta, mas isso não impede sua leitura.
524
[fl.17r.]
EpReguntadaellatestemunha|[†.]elloContheudo no auto dadevassa|[†..]vassamentedissequeSabepe|[†..]
Ouvir dizer eser publico enoto-|[†..]o que Manoel FranciscodeCarva|lhoSoLdado Dragaõ dera hua
estoca|da nodia emqueo auto trata em|hua escravadoLesensiado Antonio|deLavedrene chamada Maria
gon|çalves, daqual falecera nodia Se|guinte, evira ellatestemunha hir aem|terrar adita Maria
eoqueSabepe|lla Resaõ que dito tem emais naõ disse|dodito auto dedevassaquetodolhe|foy lido,
edeClarado, por elledito Ju-|is ordinariocomquemasinou edos|Costumesdisse nada,
euBento|deAraujoPereyraEsCrivaõ que |oEsvy|
dates
ta
Joanna + daSumpçaõ|
Aos dois dias do mes de Junhode mil|setteCentos etrinta esinco annos nes|tavillaRica
deNossaSenhorado|PillardoOuro pReto, emcasasde|morada dojuis ordinario osargen|to mor Domingos
deAbreu Lisboa|esendo ahi por elledito Juis ordina|rio comigoEsCrivaõ devassa mente em|queridas,
epreguntadas astestemu|nhas aodiante quepor parte do
AL|cayde destavilla Luis gonçalves Ma|gro foraõ apresentadas dascoais Se|[†..] nomesditos idades
ecostumes||
525
[fl.17v.]
ECostumes São osqueaodiente|Sesegue deque paraConstarfiz|este termo
euBentodeAraujo|PereyraEscrivaõqueoEscrevy|
Anselmo deSouza Villas boas mo|rador nestavilla quevive desua faisqueyra deidade
quedisse ser detrin|taedois annos pouco mais oume|nos aquemelledito Juis ordinario|deferio
ojuramentodosSanttos|evangelhos emhuashorasdelles|emquepos Sua maõ dereyta|sobrecargodoqual lhe
emcarre|goudissese averdadedoqueSou|besse elhefoce pReguntadooque pRo|meteofazer.|
epReguntado ellestestemunha pelloCon-|theudo no auto devassadevassamen-|te disse que Sabe pelloOuvir
diser eser|notorio que Manoel FranciscodeCarva|lhosoLdado Drag, emodia deque|o autofaz mençaõ,
tivera huas Rezois|comhua escravadoLesensiadoAnto|nio deLavedrene, chamadaMaria|gonçalves,
dasquais elle lhe derahua|estocada comasuaespadadaqual|falecera no dia Seguinte, oqueSa-|be
elletestemunha pelloOuvir avarias|pesoas, asquais o ouviraõ aodito Mano-
424
| el
FranciscodeCarvalho, oqueSabe pe|lla Rezaõ que dito tem emais naõ disse do|dito auto dedevassaquetodo
lhe foy|lido, edeClarado, por elledito (†....]||
424
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um o número 5, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
526
[fl.18r.]
[†.]uis ordinario comquemasinou, edos|Costumes dise nada, eeuBentode|AraujoPereyraEsCrivaõ
que|[†..]crevy|
Abreu
AnselmodessouzaV
a
. Boas|
Francisco Marques deCarvalho mo|rador nestavilla, quevive desua fa|isqueyradeidade que dise ser
de|quarenta edois annos pouco mais|oumenos aquem elledito Juis |ordinario deferio ojuramento|dosSantos
evangelhos emhuas|horasdellesemquepos Sua maô|direytasobrecargo docoal lhe em|carregoudisssee
averdadedoque|soubesse elhefoce pReguntado oque|pRometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pelloCon|theudo no auto dedevassa devassa|mente disse que Sabe
pelloOuvir|dizer aManoel Francisco deCarva|lhoSoldado Dragaõ, que este tivera|huas Resoies nodia
emque o auto trata|comhua escrava doLesensiado Anto|nio deLavedrene chamada Maria|Gonçalves,
daqual Resultou odarlhe|hua estocada comasua espada equeno-|dia Seguinte, falesera adita negra
por|emquenaõ emtendia
amatase, eesta|[†........] por palavras emjuriosas||
527
[fl. 18 v.]
Emjuriosas comqueomal tratara|oqueSabe pello ouvir dizer aodito|Carvalho, emais naõ desse dodito
auto|dedevassa quetodalhefoylida e[†..]|Clarada eporelledito juis ordinario|Comquemasinou,
edoscostumes de-|senada, eeuBento deAraujo|Pereyra EsCrivaõ queoescrevy
425
|
Abreu
Fran
co
MarquesdeCarvalho|
Joaõ Lopes desouza, morador nesta|Villa quevivedeseuofficio de fe-|rreyro deidade, que disseser detrin|ta
ehum digo ser deCorenta ehum|annos pouco mais ou menos aquem|elledito Juis ordinario deferio
ojura|mentodosSanttos evangelhos em|huas horas delles em que pos Sua maõ| direytasobreCargodoqual
lhe em|carregou dissese
averdadedoque|soubesse elhe foce pReguntado oque|pRometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pelloCon-|theudo no auto dedevassa devassa|mente disse que sabe
pelloOuvir| diser avarias pesoas, que nodia em|que o auto trata, Manoel Francisco|deCarvalho SoLdado
Dragaõ tive|rahuas Rezois comhua escrava do|Lesensiado Antonio deLavedrene
cha[†..]|daMariagonçalves, dasquais Re||
425
Os grafemas <o>, <s> e <c> do vocábulo <escrevy> estão borrados com a tinta, mas isso não impediu
a sua leitura.
528
[fl. 19r.]
Rezultou odar lhe comasuaespada|[†.]mhua digo asua espada huaes|[†...]ada daqual falecera nodia
Se|guinte oqueSabe pella Resaõ que|dito tem, emais naõ dissedoditoau|[†..]dedevassa quetodo lhefoylido,
e|deClarado por elleditojuis ordina|riocomquem asinou edosCostumes|dissenada, euBento
deAraujo|PereyraEsCrivaõ queoEsvy|
dates
ta
Abreu
Joaõ + Lopes desouza|
Aos dois dias do mes de Junho de|milsetteCentos etrintaesinco an|nos nestavillaRicadeNossaSe-
|nhoradoPillardoOuropReto emca|zasdemoradademim EsCrivaõ ao-|diante nomeado, esendo ahi
digo|demoradadojuis ordinario osargen-|to mor Domingos deAbreuLisboa|esendoahi per elledito Juis
ordinario|ComigoEsCrivaõ foraõ devassamente|emqueridas epReguntadas astestemu|nhas aodiante
queporparte doAl-|cayadedestavillaLuis gonçalves Ma|gro foraõ apresentadas dascoais|Seus nomes dito
idades eCostumes|Saõ osqueaodiantesesegue deque|paraconstar fis estetermo
eeu|BentodeAraujoPereyraEscrivaõ|queoEsvy|
Joaõ Alves Barrados, morador nesta|[†..]llaquevivedeseu oficio deBar||
529
[fl.19v.]
DeBarbeyro deida quediseser de|vinte enove annos pouco mais oume|nos aquem elledito Juis
ordinario|deferio ojuramentodosSanttos|evangelhos emhuashoras delles em|que pos Sua maõ
dereytasobreCargo|doqual lhe emcarregoudissese|averdadedoqueSoubesse,
elhefoce|pReguntadooquepRometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pelloCon-|theudo noautodedevassa devassa|mentedisse queSabe pello
Ouvir|dizer aManoel Francisco deCarvalho|SoLdado Dragaõ que este nodia em|que oauto trata tiverahuas
Rezoeis com|huaescrava doLesensiado Antonio
de|LavedreneChamada Maria gonçal-|ves, eeste emfadado comadita ne|gra puxara pellasua espada,
elhe|deracomella huaestocada, daqual|Viera afalecer, nodiaseguinte oque|sabe pelloOuvir dizer aodito
Manoel|Francisco, emais naõ desse dodito au|todedevassaquetodolhefoylido|edeClaradas pellodito juis
ordinario|comquemasinou edosCostumes di|se nada, eeuBentodeAraujo|PereyraEscrivaõ queoEsvy|
Abreu
Joaõ Alv Barrados||
530
[fl. 20r]
Antonia daCostapReta forra, mora|[corroída]adoranestavilla, quevive de|[corroída]a venda deidade
quedisseser|trinta edois annos pouco mais|[corroída]menos aquem elledito juis ordi-|[corroído]ario deferio
ojuramento, dosSantos|[corroído]vangelhos emhuas horas delles em|quepos Suamaõ
direytasobrecar|godoqual lhe
emcarregoudissese|averdadedequesoubesse elhefoce|pReguntadooque prometeofazer.|
epReguntadoellatestemunha pello|Contheudo noauto devassa devassamen|te disse queSabe per ser
publico, eno-|torio que emodia que no auto trata|tivera Manoel FranciscodeCarvalho|huas Rezois
comhua escravadoLesen|ciadoAntonio deLavedrene chamada|Maria gonçalves, poremque esta|omal
tratara depalavras emjuriozas|por cujacausa, puxara pellasua espa|da elhe deracomella
huaestocada|dequefalecera nodiaSeguinte|cujo mesmo dissera, elle dito aella|testemunha, oque Sabe pella
Rezaõ|que dito tem, emais naõ disse, dodito|auto dedevassa quetodolhefoy lido|edeClarado per elle dito
juis ordinario|comquem asinou, edosCostumes
nada|euBentodeAraujoPereyra Evy|
dates
ta
Abreu
An
ta
+ daCosta||
531
[fl. 20v.]
Honorato Barselon morador ne[corroídos] villa que vivedeseu negocio deida[corroídos]|dequarenta edois
annos, pouco m[corroídos]|oumenos aquemelledito juis[corroídos]|dinario deferio,
ojuramentodos[corroídos]|tos evangelhos, emhuashoras dell[corroídos]|emquepos Sua maõ
direytasobre|cargodoqual lhemcarregou dissese|averdadedoqueSoubesse elhefoce|preguntado
oquepRometeo fazer.|
epReguntado elletestemunha pelloConthe|udo no auto dedevassadevassa men|tedisse queSabe pelloOuvir
dizer e|ser notorio, que nodia emqueoauto|faz mençaõ hum Soldado de Dra|gaõ tivera huas Resois com
hua escra|vadoLesensiado AntonioLavadre|ne chamada Mariagonçalves, eque|pellas ditas Resois tivera
aoCasiaõ de|lhedar hua estocada doqual falece|raoqueSabepelloOuvir dizer, emais| naõ disse dodito
autodedevassaquetodo|lhefoylido edeClarado, por elle dito juis|ordinario
comquemasinou, edoscos|tumes disse nada eeuBentode|AraujoPereyraEscrivaõ, queoEsvy|
Honorato Barcellon|
Abreu|
Aos dois dias domes de Junhode|mil setteCentos etrintaesinco an||
532
[fl. 21r.]
[corroído]nnos nestavillaRica deNossa|[corroídos]nhora doPillar doOuropReto em|[corroídos]sas
demorada do juis ordinario o-|[corroídos]argento mor Domingos deAbreu|[corroído]isboa, esendo ahi por
elledito juis|[corroído]omigoEsCrivaõ foraõ devassa mente|
426
emqueridas, epReguntadas astestemu|nhas
aodiante que por parte doAl-|caydedestavilla Luis GonçalvesMa|groforaõ apresentadas dasCoais Se-|us
nomes ditos idades eCostumes Saõ|osqueaodianteSesegue deque para|constar fiz este termo
euBentode|AraujoPereyraEsCrivaõ queoEs|crevy|
DomingosMachado deAsevedo|morador nesta villa que vivedeseu| officio deAlfaate deidade que|desseser
detrintaetres annos pouco|mais oumenos aquem elledito Juis|ordinario deferio ojuramentodos|Santos
evangelhos emhuashoras|delles emquepos sua maõ direyta|sobre cargodoqual lheemcarregou|dessese
averdade doquesoubesse, elhe|foce pregun|tado o que prometeofazer|
epReguntado elle testemunha pello|Contheudo, no autodedevassa devassa|mente disse queSabe pello
Ouvir dizer|[†.] ser publico, que nodia emque o auto||
426
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, está registrado o número 6, mas não sabemos se se trata
do mesmo punho do texto..
533
[fl. 21v.]
Autofaz mençaõ Manoel Fra[corroídos]|co deCarvalho Soldado Draga[corroído]|tivera huas Rezois
comhua escrava [corroídos]|Lesensiado AntoniodeLavedrene [corroídos]|madaMariagonçalves,
equepo[corroído]|esta odescompor forte mente depa|lavras emjuriozasas lhederahua estoca|da, daqual
falecera nodia Seguin|te oqueSabe pella Rezaõ quedito tem| emais naõ disse dodito auto dedevasa|quetodo
lhefoy lido edeClarado por|elle juis ordinario comquem a|sinou edosCostumes
dissenada, eeu|BentodeAraujoPereyraEsCri|vaõ queoEsvy|
Domingos Machadi Aze|
Abreu|
Manoel Gonçalves Correa morador| nesta villa quevive deseuofficio de|Sapateyro deidade quedisseserde|
trinta esetteannos pouco mais ou|menos aquem elledito juis
ordina|rio deferio ojura mento dos Santtos|evangelhos emhuashorasdelles|emque pos Sua maõ direyta
sobre|Cargodoqual lhe emcarregou dissese|averdade doqueSoubesse, elhefoce|pReguntado oque
prometeofazer.|
epReguntado elletestemunha pello|contheudo no autodedevassa de|vassamente disse queSabe pello ou||
534
[fl. 22r.]
[†..u]vir dizer avarias pessoas, que no|[†...] emque o autofaz mençaõMa|[†...]l Francisco deCarvalho
SoLdado [†..]agaõ, tivera huas Resois comhua|[†..]crava dolesensiadoAntonio de|[La]vedren[†.]
427
,
chamada Maria gon|calves doque Resultara dar lhehua|estocada deque falecera emais naõ|disse dodito
autodedevassa que|todo lhefoylido edeclarado porelle|dito Juis ordinariocomqueasi-|nou edoscostumes
disse nada
428
eeu|BentodeAraujoPereyraEs|Crivaõ queoEsvy|
dates
ta
Abreu
Mel. + GLoCorrea |
Te
r
deC
sam
|
Aos tres dias domesde|Junho demil setteCentos, etrinta|esinco annos
nestavillaRica|deNossaSenhora doPillar|doOuropReto, emCasas demorada|do Juis ordinario osargento
mor|Domingos deAbreu Lisboa, esen|do ahi fiz estadevassa concluza|aelledito Juis, paraasentenciar||
427
Em função de uma rasura, a leitura desse grafema ficou comprometida.
428
Há uma mancha de tinta neste local, mas que não chega a comprometer a leitura da palavra.
535
[fl. 22v.]
Asentenciar comolhe pareser[†...]|tissa deque paraConstar fiz [†....]| termo euBento deAraujo
[†.....]|raEsCrivaõ|queoEsvy|
C
lo
|
429
430
OBrigaestadevassa aManoel Fran
co
.| deCarv
o
. SoLdado Dragaõ a q sejapRezo| eq edacadea
seLivre p
a
q oescrivaõ opasse|aoRoL dos culpados eOrdens necessearias|p
a
ser pRezo V
a
. Rica em 3
deJunhode 1735 a|
V
ta
. em Corre
am
. V
a
.| Domingos de Abre Lx
a
.|
Rica 22 de Fever
o
. de
1737
431
[Silva
]
Tr
o
dedata|
432
Aostresdias demildejunhodemil|settesentos etrintaesinco anos
nesta|VillaRicadeNossaSenhoradoPillar|deOuropReto, emcasas demoradasdo|Juis ordinario
osargentomorDomin|gos deAbreuLisboa, esendoahi porelle|dito juis mefoydada estadevassa, com|oseu
despacho, epRonunciaçaõ supra que|mandousecumprice egordasse como ne|lleseconthem,
dequeparaConstar fizeste|termo euBentodeAraujo Pereyra|EsCrivaõ queoEsvy||
429
Mudança para o punho do juiz Domingos de Abreu Lisboa.
430
Parte deste grafema encontra-se manchado em função da tinta.
431
Mudança para o punho de Silva.
432
Mudança para o punho do escrivão Bento de Araujo Pereyra.
536
[fl. 1r]
N
o
. 450
433
1743
434
Auto de devassa q
exoff
o
. mandou|fazerojuis ordinario ocoroneL|Antonio Dias dacosta pelloferi|mento
feito emAntonio NaçãAn|gola escravo deM
el
. Antunesde|Faria
Anno do Nasimento deNoso|Senhor Jesu christo demil setecentosco|rentaetres aos oyto dias domesde
outubro|nestavillaRica deNossaSenhoradoPillar|doouropReto emcasas deapozentadoria|dojuis ordinario
ocoroneL Antonio Dias|daCostaonde eu EsCrivaõ aodiante nome|adofuy vindo, esendoahi porelledito
Juis|foy mandado amemescrivaõ fazereste|auto dedevasa por lhechegaranotisia que|no dia coatro
docorrente mes pellas desho|ras demanhã pouco mais oumenos hindo|Antonio denaçao Angola escravo
deMa|noelAntunesdeFaria, morador no mo|rro doPadreFaria demandadododito|seuSenhor
acasadeMarianna dePu|gas molherparda moradora noditoPadre||
433
Sobre esse número há uma rasura, o que nos impede de afirmar a exatidão de nossa leitura.
434
Na margem direita há uma rubrica representada, ao que nos parece, pela grafema <R>.
537
[fl.1v]
PadreFaria abuscarhuascorrentes que|lhehavia empRestado sahira pesoa que|emsuacasa estava edera duas
feridaz|nacara dodito negro decouro ecarnecorta|da eoutras nacabeça com bastantes porro-|tadas
nascostas, como melhor constadacer|tidaõ junta, e como ocaso heradedevasa|pereseremasferidas feitas
nacara mandou|elledito Juis ordenario fazer este auto|dedevasa peraporellesetirar
testemunhas|devasamente, eservir noconhecimento de|quemfesoReferido deLito, ouperaelle|comcorreu
comajudafavor, ouconulho|eserempunidas ecastigadas comaspenas|crimes, eciveis queperdereyto saõ
empostas|aosagresores dequedetudofiz esteautoque|elledito Juis ordinario asinoucomigo|Bento deAraujo
PereyraTabeLiaõ que|oEsCrevy|
Costa
BentodeArPra||
538
[fl.2r.]
435
Bento deAraujo PereyraTabeLeam do|publico judecial, enotas nestavillaRi|cadeNossa SenhoradoPelar
doouropReto|eseutr
o
. perSMag
de
&
a
. Porto fé emco|mo hoje no dia data desta veyo am
as
pResen|ça
Antonio Naçaõ Angola escravo de|Manoel Antunes deFaria morador no mo|rro dod
o
. P
e
.Fa oq
l
. negro lhe
vi huaferida|nasombrancelha do olho esquerdo decouro, ecar|necortada deLargura dedous dedos verten|do
bastanteSangue, eoutra tambem nacara|namaçaõ doRosto daparte esquerda do tama|nhodehua unha
decouro carnecortada Lan-|çando bastante Sangue e nacabeça dap
te
ez|querda outraferida decouro
carnecortada tam|bem vertendoSangue deLargura dehu dedo|enascostas emsima do hombro esquerdo
hua|contusaõ que tema mais dehumpalmo m.
to
|enchada com escalabradura nomeyo easim|mais outra
contusaõ porSima daespa|dua esquerda digo dereyta deLargurade|coatro dedos m
to
. enchada com
escalabradura|no meyo quemostravaõ serfeitas comperrete|enodedo peLegar dam
esquerda outraferida|tambem decouro carnecortada deLarguradehum|dedo com Sangue, eporpasar o
Referido naverdade|emeserpedidaapResente apaseyhoje V
a
.Rica|4 de 8br
o
de1743|
436
BentodeAr
o
Pr
a
.||
437
435
Na margem direita posterior, há um 2 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo
próprio punho do texto.
436
No original, este fragmento encontra-se sublinhado.
437
O fólio 2v encontra-se em branco.
539
[fl. 3r.]
438
439
Sumario do auto dedevaça|que ex officio mandoufazer ojuis
440
|ordinario oCoronel
Antonio Dias
441
|daCosta pelloferimento feito aAn|tonio nasam Agolla escravo|de Manoel Antunes
deFaria|
Aos dezaseis diasdo mes deoutubro|demiL esetecentos coremta etresannos|nesta villa Rica
denossaSenhora doPi|llar do Ouro prettonosapozentos ecasasda|morada do Juiz
ordinario osargento mor|Fernando daMottaSendo ahi measentey|comoditto Juis apreguntar eemquerir
tes|temunhas que devassa mente nosforã|apresentadas pello aLcayde destavilla|Joaõ Marques Ribeyro
nosforã aprese|tadasnesta devassa dosquaisSeusno|mesdittos idades custumes tudoheoque|sesegue
eparaconstarfisestetermoeu|JorgeFurtado deMendonça escrivã|oescrevy|
Joam Fernandes Guimarais moradorna|aguaLimpa do Padre Faria que vive de|Seu officio deaLfayate
deidade que|dise Ser detrinta etres annos pouco mais|oumenos testemunha Jurada aosSan|tos evangelhos
emhuLivro delles que|pello ditto Juiz lhefoi emcarregado e|por elle aCeyto noquaL posSua mã di|reyta
pRometeu diser verdade doque|soubese elhefose pReguntado.|
EpReguntado aelletestemunha pello com|theudo no auto dadevassa devassamen|te dise queSabepello
verque no dia men|cionado no auto estando ellestemu|nhaemSuaCasa via passar onegro An|tonio nassã
Angolla dequesetrata|todo emSanguentado pella cara a|baixo ejunto aelle hu homem pornome|Antonio
que usa deSer capitaõ dima|to dando lhe no ditto negro comhubor|dã aSimpella cabessa como
pello|maisCorpo eque outro
sim ouvira di|zer avarias pesoas que oditto capitão|de mato fora oqueferira oditto ne|gro elletinha dado
comhua faCa|como tambem ouvio elletestemunha|dizer publica mente que aCausaque|para isto
houverafoi portermanda|do oSenhor do ditto negro este acasa|deMarianna dePugas molherpar|da buscar
huaCorrente queelletinha|emprestado, eLá estar oditto capitão||
438
Na margem direita posterior, há um 3 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo
próprio punho do texto.
439
Mudança de punho _ escrivão Jorge Furtado de Mendonça.
440
O traçado da curva inferior deste grafema apresenta-se mais forte que os demais traços.
441
Idem à nota anterior.
540
[fl.3v.]
Oditto capitaõ deMato e[†..](scomtido)|deque oditto negro hiria comalguns ou|tros Recados do ditto
SeuSenhor para|
442
com aditta Marianna dePugas
443
porsiu|mes que della teve porSedizer
quecome|Lacasava ealnã dise do ditto auto|que todo lhefoi Lido edecLaradopello|ditto Juis enem
docustume eaSignou|seu testemunho eu Jorge Furtado deMendonça escrivã queoescrevy|
Costa
Joaõ Frzguimes|
Antonio Alves Vieyra daCunha mo-|rador no Padre faria destavilla quevi|ve deSeuoficio deaLfaiate de
idade| que dise Ser detrinta etres para trinta|equatro annospouco mais oumenos tes|temunha Jurada
aosSantos evange|lhos enhuLivro delles quepello ditto|Juis lhefoi emCarregado eporelle a|ceito noquaL
posSua maõ direyta pro-|meteu
dizerverdade doqueSoubese|elhefose preguntado.|
Epreguntado aelletestemunhapello|comtheudo no auto dadevassa deva|sa mente dise estando elle
testemu|nha emSua casa vira passaronegro|Antonio nassã angolla escravo deMa|noeL Antunes de Faria
comhua feri|da nacara que mostrava Serfeita com|faca Lamssando della quantidade|deSangue eisto no dia
mencionado| no auto eque outro sim ouvio dizer|ao ditto negro para hu homem comque|vinha oquaL
ouvio elle testemunha|dizer quefora omesmo quelhederaque|seusenhor tambemherabranco eque|por ter
hido aSeu mandado eodittoho-|mem lhehaverdado oditto SeuSenhor|oCastigaria eque asim mais
Sabe|pello ver que depois depassar oditto| negro passara tambem oditto home|queSediz lhedera
oquaLSegundo|aopareser delle
testemunha sechama|Luis Pachecocapitã domato com|hua espingarda ascostas equetã|bem Ouvio dizer
que o ditto capitã| deMato Junto aporta doPadre|Antonio daRocha capellã denossa|Senhora daPiedade
dera no|ditto negro munta pancada eque|acausa que para isto teve fora mã|dar oSenhor do ditto negro
eeste a|casa deMarian[†.]nadaPugasbuscar|huã corrente q[†.]elhehavia empres||
442
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há o registro do número 1, mas não sabemos se se
trata do mesmo punho do texto.
443
No original há, nesse local, uma mancha de tinta como conseqüência da opistografia.
541
[fl. 4r.]
444
Emprestado eLá estarodito capitã de|mato oquaL por estar para casar comaditta|Pugas edesComfiar deque
oditto negro|Levase outros Recados aella do ditto seu|Senhor heque dera noditto negro eaL|non dice do
ditto auto dedevassa ne|do custume easignou Seu testemu|nho comoditto juisEu JorgeFurta
445
|do
deMendonça escrivaõ queoescrevy|
Costa
Antonio Als Vyr
a
daCunha|
Antonio Dias daCosta morador naAgua|Limpa doPadre faria desta villa que|vive deSua venda deidade
quedise|ser devinte outo para vinte noveannos|pouco mais oumenos testemunhaju|rada aosSantos
evangelhos emhuLi|vro delles que pello ditto Juis lhefoi|dado epor elle aseyto noqualposSua|maõ direyta
eprometeu
dizerverdade|doqueSoubeçe elhefose preguntado|
E pregumtado aelletestemunhapello|comtheudo no auto dadevaça devaca|mente dise que estando
asuaporta no|dia menCionado no auto vira passar|hum negro cujo nome ignora esomente|ouvio dizerhera
captivo| deManoeL|Antunes deFaria todo emSanguen-|tado pella cara com algumas feridas|oquaL vinha
amarrado etrasido por|hucapitã demato
oquaL tambem|ignora onome eso sim ouviodizer ava|rias pesoas que este mesmo hequetinha|dado no ditto
negro comhua faca eque|também lhevira dar comhu pa՜o epre|guntando elle testemunha
aCauza|lhediseraõ alguas pesoas quefora por|causa dehuamullata cujo nome|ignora eaL naõ dise do ditto
auto ene|docustume eaSegnou como ditto
446
|JuisoSeutestemunho eujorge Fur|tado deMendonça escrivaõ
queoes|crevy| Antonio dias daCosta
|
Costa|
AntonioGonçaLves Ramos morador|naagua Limpa do Padre faria home|pardo que vive deseu oficio
deSapa|teyro deidade trinta annos pouco|mais oumenos testemunha Jurada|aosSantos evangelhos
emhuLivro|delles quepello ditto Juis lhefoi|emcarregado [†.]por elleaseyto noquaL posSuamd[†.]reyta
prometeudizer||
444
Na parte posterior da margem direita está grafado o número 4, mas não sabemos precisar se foi
produzido pelo mesmo punho do texto.
445
Na margem direita, abaixo do 4, há um 2 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo
mesmo punho do texto.
446
Na margem direita inferior está grafado um 3, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo mesmo
punho do texto.
542
[fl. 4v.]
Eprometeu dizerverdade [†.]oquesoube|se elhefose preguntado.|
Epreguntado aelle testem[†.]nha pello|comtheudo no auto dadevassa devaca|memte dise queSabepello
verque estã|do elle testemunha trabalhando pello|seu oficio emSua casa vira vir hu| negro deManoeL
Antunes de Faria|pornome Antonio nassaõ angolla
todo|emSanguemtado pella cara comaL|guas feridas nella ehuaSobre hum|olho oquaL SeRecolheu acasa
delletes|temunha dizen doquelheacudisse pois|oqueriaõ matar emetendose para dem|tro daditta casa
emtrara Logo apos|delle hu capitaõ demato cujo nome|ignora comhua espingarda nam|ehu porrete
comhuã faca naaLgibey|ra e tirara ao ditto negro vio llemta|mente parafora daditta casa aRencã|do aditta
faca edizendo
quehaviade|acabar oditto negro emais aquem lhe|acudise eComefeitto oamarrou coa|dor dooso
porbastante espasso the casa|do Padre Antonio daRocha capelaõ denossaSenhora daPiedade doquaL|
ouvio elletestemunha dizerqueo di|to capitaõ demato odescomposera|pellodito Padre (queacudir) ao|ditto
negro eque aResaõ quepara isto| teve fora pello ditto negro Levarhu| escritto doditto SeuSenhor ahuã
parda|
chamada Marianna dePugas pello|
447
quaLlhepedia huãcorrente quelhe|havia emprestado e desComfiar
odi|to capitaõ deMato que oditto escri|to hera aoutrofim porRezaõ deestarpa|racasarcom aditta parda
eaLnaõdise|do ditto auto enem do custume ea|SegnouSeutestemunho como ditto|Juis eu Jorge furtado
deMen-|donça escrivaõ queoescrevy|
Costa
Antonio glvs Ramos|
Joam deMacedo moradornaaguaLim|pa do Padre faria destavilla que vive|deseu officio deSapateyro
deidade|quedice ser devimteequatro annos|pouco mais oumenos testemunha|Jurada aosSantos evangelhos
em|huLivro delles quepello ditto Juis|lhefoi emcarregado noquaLposSua|maõ direyta eprometeu
dizerverda|dedo quesoubese
elhefosepreguntado|Epreguntado a[†.]lletestemunhape||
447
Na margem esquerda inferior, há um 4 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo
próprio punho do texto.
543
[fl.5r.]
448
Pello comtheudo noauto dadevassa|devassa mente dise que estando elle|testem[†.]nha emsua casa
trabalhando|pello seu officio vira vir hu negro de|Manoel Antunes deFaria aoquaLigno|ra onome bastante
menteferido pella|cara eCabessa Lansando quanti
dade|deSangue eemtrara pella casa delle|testemunha pedindo lhe quelheacudi|se queoqueriã matar e
(após) elle entra|ra hu capitaõ demato que mora no| caquende doquaL ignora onome eviolle|ta mente
comhuã faca namaõ e huã|cravina pegara doditto negro eolansa|ra fora daditta casa eoamarrara elhe|dera
munta pancada porbastamte |espasso querendo lhe outrosim darcom| aditta faca Senaõ fora elle
testemu|nha eoutros mais queo estrovaraõ mo-|tivo porque oditto capitaõ demato| travara pendencia por
Rezois comelle|testemunha dizendo lheque lhe (empres)|tava oditto negro eque Seacomodase|quando naõ
ao ditto negro ealle tes|temunha lhehavia dedar comaditta|faca eque outro sim ouvio dizer que|to
dasasdittas feridas queonegro Ja|trasia como asque emsua presença|sefezeraõ fora oditto capitaõ
demato|por Rezaõ deSiumes que teve
deSeuSe|nhor omandar Levarhu escritto ahuã|Marianna dePugas molherparda com| que andava paraCasar
eque oditto|escrito Segundo elle testemunha ouvio| dizer avariaspesoas hera mandarpedir|huacorrente que
oditto ManoelAn|tunesSenhor doditto negro havia em|prestado aditta parda hondeSeacha|va namesma
oCasiaõ oditto capitaõ deMato eaLnaõ dise do ditto auto quetodolhefoi Lido edecLarado
449
|pello ditto
Juis
enem do custume| eaSignou Seutestemunho eu|Jorge Furtado deMendonça escrivã|queoescrevy|
Joam demacedo|
Costa|
AosCatorze diasdomes denove|bro de miL eseTecentoscorentae|tresannosnestavilla Rica
denossa|Senhora doPillardo ouro preto|nosapozentos eCasasdamoradadoJuisor|dina[corroídos]o osargento
mor|Fernando daMota Eomde eues||
448
Na margem direita posterior há um 5 grafado, mas não sabemos precisar se este foi produzido pelo
próprio punho do texto.
449
Na margem direita inferior, há um 5 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo mesmo
punho do texto.
544
[fl.5v]
Escrivaõ foi vindo esend[†.]ahipello|ditto Juiscomigo foraõ d[†.]vassa me|te Inqueridasas testemunhas
que pello|aLcayde desta villa nosforaõ apresen|tadas
dasquaisSeusnomes dittosi|dadesCustumes eoquedepozeraõ nes|ta devassa heoqueSeSegue
epara|constarfiz estetermo Eu JorgeFur|tado deMendonça escrivaõ que|oescrevy|
MonoeL Lourenço Soares morador|noPadre Faria desta villa quevive|deSuaLoge defazendaSeca
deidade|Setenta etres annos pouco mais ou|menos testemunhajurada
aosSantos|evangelhos emhu Livro dellesquepello|ditto Juislhefoi dado eporelleaseytopro-|meteu
dizerverdade doquesoubeseelhe|fose pReguntado.|
Epreguntado aelle testemunha|pello comtheudo no auto dadevassa|devassa memte dise quenaõSabena|da
eaLnaõ dise ne do custume easig|nouSeutestemunho como ditto juis|ordinario porquem lhefoi Lido
ede|cLarado
450
oditto auto eu Jorge Fur|tado
deMendomça escrivã que|oescrevy|
Motta
Mel LoureyroSoares|
Mathias Gonçalves moradorno Pa|dre Faria desta villa quevive de|Sua venda deidade que diçe serde|trinta
eSete annos pouco mais ou|menostestemunha Jurada aosSan|tosEvangelhos emhulivro delles|quepello
ditto Juislhefoi emcarre|gado epor
elleseyto no quaL pos|Sua maõ direyta eprometeu dizer|verdadedo que Soubese elhefose|pregumtado.|
Epregumtado aelletestemunha|pello comtheudo no auto dadevasa|devassa mente dise queSabepello|ouvir
dizer aMarianna dePugas|eaoutrasmais variaspesoas queque|mandando ManoeLAntunes de|Faria ahu Seu
escravo pornome|Antonio Angolla acasa della mes|ma Mariana dePugas buscar|huascorrentes
quelhehaviaempRes|tado eachandose naCasa della omes||
450
Na margem esquerda, na parte central, há um 6 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido
pelo próprio punho do texto.
545
[fl.6r]
Della [†.]mesmo tempo huLuis Pa
451
|checo que anda para casar comella co-|mesara este adar no ditto
negro deSor|te que lhefes asferidas epizaduras| queconstaõ do ditto auto, etambem| digo doditto auto que
todo lhefoi Lido|edecLrado pello ditto Juis ealnaõ|dise nem docustume easignou|Seutestemunho
comoditto Juis
452
|EuJorge Furtado deMendomça|escrivaõ queoescrevy|
De
Motta
Mathias + Gonçalves|
AntonioMartinsLima morador|noPadre Faria quevive deSercoi|xeiro de Rama deRamos Rabello|deidade
vinte ehuannos pouco|mais oumenos testemunha Jurada|aosSantos Evangelhos quepello|ditto Juislhefoi
dado emhuLivro|delles noquaLposSuamaõ direyta e|prometeu dizer verdade doqueSoube|seelhefose
preguntado.|
Epreguntado aelle testemunha|pello comtheudo noauto dadevassa|devassa mente dise
queSabepello|ouvirdizerpublica mente queman|dando ManoeL Antunes deFaria a hu|Seuescravo
pornomeAntonio nasã|angolla acasa deMarianna de|Pugasconhu escritto abuscar hua|corrente quelhetinha
emprestado|eque chegando oditto negro acasa|daditta Pugas comoditto Recado escritto|sahira hu capitaõ
deMa-|to pornomeLuis detaL edera noditto|negro varias pancadas eBordoadas|doquelhe Rezultara ferillo
grave me|te ealnaõ dise doditto auto queto|dolhefoi Lido edecLarado pello di|to Juisordinario enem
docustume
453
|easignouSeutestemunHoeeu |JorgeFurtado deMendomça escri|vãoqueoscrevy|
Motta
AntonioMiz՜Lima|
AosCatorzediadomesde novem|bro demiLesetecemtoscorenta|etresannos nestavilla Rica denosa|senhora
doPillardo Ouropretonos|aposentosecartorio ahondeeu digonos|aposentos ecasasdemorada dojuiso|dinario
oSar[corroído]ento morFernando|daMotta homdeeuescrivaõ foivindo||
451
Na margem direita posterior há um 6 grafado, mas não sabemos precisar se este foi produzido pelo
próprio punho do texto.
452
Na margem direita, abaixo do 6, há um 7 grafado, mas não sabemos precisar se este foi produzido
pelo próprio punho do texto.
453
Na margem direita inferior há um 8 grafado, mas não sabemos precisar se este foi produzido pelo
próprio punho do texto.
546
[fl.6v]
vindo measentey com o ditto Juis apregu|tareimquirir testemunhas que pelo al|cayde desta Villa Joaõ
Marques Ribey|ro nosforaõ devassa mente apresemtadas|nesteauto
dedevassa dasquaisSeusnome|jdadescustumes eoque depozeraõheoque|sesegue epara
constarfizestetermoeu|JorgeFurtado deMendonçaescrivaõ|queoescrevy|
ManoeL deOLiveyra PortugaL|morador noPadre Faria desta villa|que vive decarregasais do Rio
paraes|tasminas deidade trinta eSeisan|nospouco mais oumenostestemunha|JuradaaosSantos Evangelhos
emhu| Livro delles que pello ditto
Juis|lhefoi emcarregado eporelleaseyto|prometeu dizer verdade doqueSou|bese elhefose preguntado
eaesta|digo elhefose preguntado.|
454
Epreguntado aelle testemunha|pello comtheudo no auto dadeva|sa quetodo lhefoi Lido edecLara|do
pello ditto Juisdevassa mente| dise nada enem docustume eaSig|nouSeutestamunho comoditto|juiseu
JorgeFurtadodeMen-|
455
domça escrivaõ
queescrevy|
de
Motta
Mel. + deoLiv
Ra
PortugaL|
Luis deSouza moradornoPadre|Fariadesta Villa que Vive deSer|coixeiro deManoeL gonçaLves de|idade
quediseser devinte annos|testemunha Jurada aosSantos
evangelhos|emhu Livro dellesquepello ditto Juisor|dinario lhefoi emcarregado oqualaseitou|eprometeu
dizer verdade doqueSoubese.|
Epreguntado aelle testemunha|pellocomtheudo no auto dadevassa|devassa mente dise queSabepello|ouvir
dizer ajoaõ daCosta queno dia|menCionado noauto mandando Ma|noeLAntunes deFaria por huSeu|negro
Antonio nassaõ angolla buscar|acasa
deMarianna dePugas huas|correntesquelhehavia empresta|do Sahindo huhome queestavaden|tro dacasa
dadita Pugas elhedera|nodito negro com hua faca deque||
454
Na margem esquerda há grafado um <R>, mas não sabemos precisar de foi feito pelo escrivão Jorge
Furtado de Mendonça.
455
Na margem esquerda central há um 9 grafado, mas não sabemos precisar se este foi produzido pelo
próprio punho do texto.
547
[fl. 7r]
Dequelhefizera alguasferidastu
456
|do porSiumes que teve do Senhor|do ditto negro pormandarpara casa
com|aditta Pugas porem que ignora ono-|me dodiLiquente eaLnaõdice|do ditto auto enemdoCustume
ea|SignouSeutestemunho comodi
457
|to Juis porquem todo lhefoi Lido|e decLrado oditto auto Eu
Jorge|Furtado deMendomça escrivaõ|queoescrevy|
Motta
Luis desouza|
Domingos deAndrade moradorno|Padre Faria destavilla que Vive|deSuaLoge de fasendaSeca deida|de
corenta esincoannos testemunha|jurada aosSantos Evangelhos
emhu Livro| delles que pello ditto Juislhefoi dado|noqual posSuamaõ direyta eprometeu|dizer verdade
doquesoubeçe elhefose pre|gumtado
Epregumtado aelletestemunhape|Locomtheudo noauto dadevassa|devassa mente dise queSabepello ou|vir
dizer avariaspesoas que no dia|menCionado no auto sedera emca|zadeMarianna dePugas varias|pancadas
emhu escravo deMano-|eLAntunes
deFaria porem queig|nora comque foi edamesmasorte os|nomestamto doditto escravo como|do dilinquente
eomaiscontheudo|noauto, quetodo lhefoi Lido edecla|rado pello ditto Juis eaLnaõdice ene|docustume
easignou Seutes
458
|temunhoeu|Jorge Furtado de|Mendonça escrivaõ queoescrevy|
Motta
Domingos de Andrade|
ManoelLopes da Sylva morador|noPadre Faria destavilla quevive|deSeuofficio deFerreyro deidade|trinta
eSinco annospoucomais|oumenostestemunha Juradaaos|santosEvangelhosemhulivro|dellesquepello ditto
Juislhefoi da|do noquaLposSua maõ direyta epro-|meteudizer verdade
doquesoubese|elhefosepreguntado|Epreguntado aelletestemunha pello||
456
Na margem direita posterior há um 7 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos precisar se foi produzido pelo próprio punho do texto.
457
Na margem direita, abaixo do 7, há um 10 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo
próprio punho do texto.
458
Na margem direita inferior 11 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo próprio punho
do texto.
548
[fl. 7v]
Pello comtheudonoautodedevaca|devasa mente dise queSabepello|ver quehu Luis detaL capitaõ de|Mato
no dia menCionado noauto|dera varias pancadas emhu escravo|deManoeLAntunes deFaria cujo|nome
ignora aoquaL escravo vio elle|testemunha emSanguemtado e|omesmo LuisdetaL ahindadandolhe|pella
Rua
adiante comasmaõs eaL|naõdise doditto auto enedocus|tume eaSignou Seutestemunho| comoditto
juisordinario Eu Jor|geFurtado deMendomça escrivaõ|queoescrevy|
459
Motta Manoel Lopes daSjlva|
Aos desaseis diasdo mes deno|vembro demiL esete centos coremta|etresannos nesta
villa Rica denosa|SenhoradoPillardo Ouropretto nosa|posentoseCartorio digo
Casasdamorada|doJuisordinario osargento morFernando|damotta hondeeuescrivaõfoi vindo esendo|ahi
pello ditto Juis comigo foraõ Inqui|ridas epreguntadas astestemunhasque|porpartedo Alcayde
JoãoMarquesRi|beyro devassa mentenosforaõ apresemta|das neste auto de devassa dosquaisSeus| nomes
custumesidades eoque
depozeraõ|heoseguinte eu JorgeFurtado deMendon|çaescrivaõ queoescrevy|
ManoeL do couto morador noPadre| faria desta Villa quevive deSualogea|defasenda Seca deidade
decorenta annos|pouco mais oumesnostestemunha|JuradaaosSantos Evangelhosemhu li|vrodellesnoquaL
posSuamaõ direyta|eporelle aseyto prometeu dizerverdade|doquesoubese elhefose pregumtado|
Epreguntado aeletestemunha pello|comtheudo noauto dadevassa deva|sa mente dise quesabe pello
ouvir|dizer aJoaõBarreto moradornoditto Lu|gardePadre Faria quenodia comtheu|do noauto dera hu
capitã deMato|aoqual ignora onome varias porrotadas|emhu negro pornome Antonio nasaõ|angolla
escravadeManoelAntunes|deFaria dasquais RezuLtara ferillo|gravemente eisto porRespeyto deMa|
460
(Pello) Tes
ta
que|queheManoelBar|retoRefenda| Mota||
459
Na margem esquerda, próximo a esta assinatura, há um 12 grafado, mas não sabemos precisar se foi
produzido pelo próprio punho do texto.
460
No original, este texto de autoria do escrivão Jorge Furtado de Mendonça e a assinatura do juis
ordinário Fernando Mota encontram-se na margem esquerda.
549
[fl. 8r]
DeMarianna dePugas molherparda|ealnaõ dice do ditto auto quetodo lhefoi|Lido edecLarado pello ditto
Juis comque
461
|asignou seutestemunho enemdocus|tume Eeu JorgeFurtado deMendo|saescrivaõ
462
queoescrevy|
Motta
Manoel do couto|
Asentada|
463
AosvinteehudiasdomesdeNovembro|demilsetecentos equarentaetresannos|nestaVilla
RicadeNosasenhoradoPilar|douropretoemascasasdeste denciado |juisordinario
osargentoMorFernaõ|dodaMota dondeeuescrivaõ fuyVindo|esendoahy por elle
ditojuisordinario foraõ|pReguntadas devassamente astestem|unhas queadianteseseguem
comosseus|nomesejdadesecostumes dequefizeste| termoeuAmbrosio
Rodriguesdacunha|Escrivãqueoescrevy|
464
BertthollameuMoreyradacostamora|dornopadreFaria quevivedesua ar|gencia deesCrever emesCritorios
de|letrad[†.]s nestamesmavilla
dejdade|quediseserdevinteeseis annosTeste|munha juradaaossantosevange|lhosemhulivro delles
emquepos|suamaõ epRometeu dizer verdade|doquelhefosepReguntadonoautode|devassade (dedadevasa)|
EpReguntadoelleTestemunhape|llocontheudo no auto dedevasadisse|quesabepellover
quenodiaehoramen|sionadonoautodedevasa viraelle|Testemunhaestarpegado
emhuNe|gro Antonio naçaõAngollaEs||
461
Na margem direita posterior há um 13 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos precisar se foi produzido pelo próprio punho do texto.
462
Na margem direita, abaixo do 13, há um 15 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo
mesmo punho do texto.
463
Mudança de punho _escrivão Ambrósio Rodrigues da Cunha
464
Os grafemas <ll> encontram-se com rasura, mas isso não impediu a leitura.
550
[fl. 8v.]
EsCravodeManoelAntunesdeFaria|aportadeMarianadePuguas morado|ranopadrefaria humcappitãdoMato
|porNomeLuisPacheco|oqualE(sCravo)
465
|(amarradoparaomorro) aseusenhor o qual|negroelletestemunha
vio coma
466
sfe|ridas mensionadasnoauto porem|naõlhas Viadar masouv
467
io diser ao|mesmocappitã
doMatto
queellelhetinha|(dado)tresPancadas emais naõdise|nemdocostumesasignouseujura|digo dise
doditoautoquetudolhefoy lido|edeclaradopellojuisordinario com|asegnouseujuramento
edoscustumes|disenada euAmbrosioRodriguesda|cunhaescrevãoqueoescrevy|
468
Motta Bar
meu
Mor
a
daCosta|
AntonioLeyteToscano esylvamorador|nopadrefariaque vivedeminerar|dedadequediseserdesincoenta
ehuannos|testemunhajuradaaos santos evã|(g)elhos emhulivrodelles
emquepos|suamaõdireytaepRometeudiserdoquesou|bese elhefosepReguntado|
EpReguntadopellocontheudonoautode|devassadisse
nadanemdoscostumes|easegnouseujuramentocomellejuis|
469
ordinario
euAmbrosioRodrigues|daCunhaescrivãoqueoescrevy|
Motta
An
to
Leyte ToscanodeSylva||
465
Como este vocábulo encontra-se com rasura, a sua leitura ficou comprometida.
466
No original, sobre esse vocábulo há uma mancha de tinta como conseqüência da opistografia, mas não
chega a comprometer a sua leitura.
467
O grafema <v> está rasurado, mas isso não lhe impediu a leitura.
468
Na margem esquerda há um 14 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido pelo próprio
punho do texto.
469
Na margem esquerda posterior há um 15 registrado, mas não sabemos precisar se este foi produzido
pelo próprio punho do texto.
551
[fl.9r]
JoaõAlves Pereyra moradornopa|drefaria quevivedeseunegociocomca|vallaria vendendo varios
generos|defasenda dejdadequediseserdetrinta|
anosTestemunhajuradaaossan|tosevangelhosemhulivrodellesen|quepossuamaõ
direytapRometeu|dizerverdadedoquelhefosepRegun|tado|
EpReguntadoelletestemunhapello|contheudonoautodadevassa dise|queouviradizer
aalgumaspesoasque|osenhordonegro sequeixaraqueosho|mens dePadre faria
nãqueriaõjurar averdade puis lhetinhãdadonoseu|negro nodiaehoramensionadono|auto equenaõ
queriaõdiser quemlheti|nhafeitooditomaleficio emaisnão|disedoautoquelhefoylidoedeclarado|pello
juisnemdoscostumeseasegnou|seujuramentocomellejuisordi|nario euAmbrosio Rodriguesda
470
|cunha
escrivaõoescrevy|
Motta
João Alves P
ra
.|
DomingosBorgesmoradornopadre|fariaquevivedesuavendadejdade| quediseser
detrintaequatroannos|PoucomaisouMenos
Testemunha|juradaaossantosevangelhosem|hulivrodellesemquepossuamão|direytapRometeudizer verdade
do|quelhefosepReguntado|
EpReguntadoelleTestemunha|pellocontheudonoauto dedevassa||
470
Na margem direita há um 16 grafado, mas não sabemos se se trata do mesmo puinho do texto.
552
[fl. 9v]
Dedevassadise queouvira dizeraal|gunsseusvenzenhospRincipalmentejoaõ|
471
dasylva
quederaõemhunegronodia| ehorasmensionados noauto masque|lhenaõdisera quemforaoquelhedera|mais
naõdisedoautoquelhefoylidoede|claradopellojuis ordinario nemdosCos|tumes easignou juramento|eu
Ambrozio
RodriguesdaCunha|escrivãqueoescrevy|
472
Motta Domingos Borges|
Lourenço cordeyro moradornopadre|faria quevivedeseuofficio deAlfa|yate deidadequediseserde
vinteeno|veannosPoucomais ouM
473
enos|testemunhajuradaaossantos|evangelhosemhulivrodelles|
emquepossuamaõdireytaepRom
474
eteu|digo pRometeudizeraverdadedoque|lhefosepReguntado|
EpReguntadoelletestemunhapellocon|theudonoautodedevassadese que|ouviradizer Publicamente
quenodia|ehoramensionadonoauto derahu|cappitaõ domato cujones digo cujono|meelleTestemunhajgnora
dera|asferidaseporretadas emhunegro|AntonioAngolla Escravo deManoel|Antunesdefaria emRezaõ
quedizem|tiveraocappitaõdoMattoparalhedar|foraparadar humacartadodito
An|tunesemcasadeMariannadePuguas|comaqual oditocappita[†.]doMatoqueria|casar
emaisnaõdisedoautoquetodo||
471
Na margem esquerda posterior está grafado o vocábulo Refondu que, em função dos traços
paleográficos, foi escrito pelo escrivão Ambrozio Rodrigues da Cunha.
472
Na margem esquerda, na parte central, há um 17 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido
pelo próprio punho do texto.
473
Este grafema está rasurado, mas isso não lhe impediu a leitura.
474
Idem à nota anterior.
553
[fl.10r]
que [†.]odo lhefoylidoedeclaradopellojuis|ordinario nemdoscostumes
comoqual|segnouseujuramento euAmbro|zioRodriguesdacunha escrivãqueo|
475
escrevy|
Motta
Lourenço cordeiro|
DomingosPereyra moradornopad[†.]efa|ria ecampitaõdoMato dequevive dejda|dequedeseserde
sencentaesinco annos|Testemunhajuradaaossantosevam|
gelhosemhulivrodellessemquepos|suamãdireytaepRometeudizer
verda|dedoquelhefosepReguntado|EpReguntadoelleTestemunhapellocon|theudonoautodedevassadise
nada|nemdoscostumes easegnouseujurame|to comelle dito juisordinario comhuma crus
eeuAmbrosioRodriguesda|cunhaescrevãqueoescrevy
476
|
de
Motta
Domingos + Pereyra|
JoaõAntunesBragamoradornopadre|fariaquevivedesuas cobrançasdejdade|quediseserdetrintaequatroannos
Pouco|mais
ouMenostestemunhajurada|aossantosevangelhosemhulivrode| llesemquepossuamaõdireyta
eprome|teudizerverdadedoquelhefosepRe|guntado|
EpReguntadoelletestemunhapello|contheudo noautodedevasadise|queouvira dizer
aMariannadePuguas|mulherpardamoradoranopadrefaria||
475
Na margem direita, há um 18 grafado, mas não sabemos se foi produzido pela mesmo punho do texto.
476
Na margem direita, abaixo da parte central, há um 19 grafado, mas não sabemos se foiu produzidfo
pelo mesmo punho do texto.
554
[fl.10v]
Faria vesinhodelleTestemunha queten|dolheempRestado ManuelAntunesdefaria|hunsferros
paraellasegurarhumaNegra|mandouBuscarporhuescravoseu|nodiahorasmensionadosnoauto
oque|emcasadella ditamullata Seachavahu|cappitãdoMattocujonomeelleTeste|munhajgnora eeste
deranoditone|groasferidas mensionadas noauto ea|apareserdelletestemunha
acausadedar|noditoNegro seriaporterCiumesdo|senhordelleemResaõdoditoCappitaõ|doMatto
andaramigadocomadita|Mullata emaisnaõdisedoditoauto|quelhefoylidoedeclaradopellojuis|ordinarionem
doscostumeseasig|nouseu juramento eeuAmbrozio|Rodriguesdacunha escrivaõ
que|
477
oescrevy|
Motta
Joaõ Antunes Braga|
Felizcesar deMenesespRetoforro mo|radornopadrefariaque
vivedeseu|officiodesapateyro|dejdadequedeseser|devinteesincoannosPoucomais|
ouMenosTestemunhajuradaaossan|tosevangelhosemhuLivrodelles|emquepos
suamaõdireytapRometeu|dizerverdadedoquelhefosepReguntado|
EpReguntadoelletestemunhapellocon|theudonoautodedevasa dise que|ouviradizer
publ[†.]camentequenodia|ehorasmensionadosnoauto derahum|cappitã deMatoasferidas eporretadasnelle||
477
Na margem esquerda, na parte central, há um 20 grafado, mas não sabemos precisar se foi produzido
pelo mesmo punho do texto.
555
[fl.11r.] [†..]
Nelle emhuesCravodeManoelAntu|nesdefaria aportaouemcasadeMarianna|dePuguaspretaforra poreste
viracasade|lla demandadodeseusenhorBuscarhu|masCorrentesdeferro quelhehavia
478
em|pRestado cujo
nomedoditocappitãdo|Mato Ignora emaisnaõdisedoditoauto|quelhefoylidodeclarado todo
pellodito|Juisordinariocomoqualasignou|seujuramento
euAmbrosioRodri|guesdacunhaesCrivaõ oescrevy
479
|
Motta
Fellis CesarDeMeneses|
JoaõLopesdaCruz moradornopadrefaria|quevive digodaCrus pardoforromora|dornopadrefaria
officialferreyrode|jdadequediseser
dedezonoveannos|testemunhajuradaaossantose|vangelhosemhulivrodelles
emquepos|sumaõdireytapRometeudizerverda-|dequelhefosepReguntado.|
EpReguntadoelletestemunhapelloconthe|udonoautodedevassa dise queou|viradizerPublicamente
quenodiahoras|mensionadosnoauto sederã asfaca|daseporretadas emhunegro deManoel|Antunesdefaria
emecazadeMarianna|dePuguas mulherparda porestevir|demandadoseusenhor
aBuscarhumas|correntesdeferro quelletinhaempRes|tado aditaMullataeque quelhedera|forahumcappitã
deMattocujonome|ellatestemunhajgnora poresteseachar|emcasadella por serPublecoenotorio an|dar
comellaamigado equerer comella||
478
Nesse vocábulo, nos grafemas <vi> há uma rasura, mas isso não chega a comprometer a sua leitura.
479
Na margem direita, há um 21 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
556
[fl.11v]
Comellacasar oditocappitãdoMato|epellamesmaRezaõ queacauza
deste|foraoexessoquefesaoditonego foy por|estetrazer humacartadoseusenhor|adita amullataemais
naõdesedoauto|quetodolhefoylidoedeclaradopellodi|to juis ordinarionem
dosCo
480
tumes|easignouseujuramento euAmbro|zioRodriguesdacunhaescrivaõ o|
481
escrevy|
Motta
Joaõ Lopes daCrus|
Antonio Monteyro
limamoradornopadre|fariaquevivedeseuofficiodesapateyro|dejdadequedeserdesemtoedo[†..]ann
482
os|Teste
munhajuradaaos santosevange|lhosemhulivrodelles
emquepossua|maõdireytapRometeudiserverdade|doquelhefosepReguntado.|
EpReguntadoelletestemunha pellocomthe|udonoautodedevassadese
quenodia|ehoramensionadonoauto ouvirae|lleTestemunhadizer sederãhumas|PancadasemhumNegro
comhumafaca|queforahumcappitaõ doMatoquelhedera cujo|nomeelleTestemunhajgnora oqual se|achava
emopadrefaria emcasade|humaMullata por nomeMarianna|dePuguasemaisnaõdesedoauto
que|tudolhefoylido edeclarado pelloditojuis|[†.]ordinarionemdoscostumes
easegnou|seujuramento comhumaCruzcom|ojuis ordinario
483
euAmbrozioRodrigues|dacunhaEscrivaõoescrevy|
de
Motta
Ant + Montr
o
Lima||
480
Como o grafema <t> está rasurado, não foi possível perceber se o grafema <s> foi grafado.
481
Na margem esquerda há um 22 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do
texto.
482
Sobre esse vocábulo e atingindo o vocábulo <santos> um borrão de tinta, mas que não chega a
comprometer a sua leitura.
483
Na margem esquerda, na parte inferior, há um 23 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo
mesmo punho do texto.
557
[fl. 12r]
AndreAlvesdeAbreu moradornopadre|faria quevive[†..]suavendadejdade|quediseser
devinteeseteannosTeste|munhajurada aossantosevangelhos|emhulivrodelles
emquepossuamã|direytaepRometeudizer verdadedoquelhe|fossepReguntado|
EpReguntadoelleTestemunhapellocom|theudonoautodedevassa
disenadane|doscostumeseasignouseujuramento|comelleditojuis ordito pello digo ditojuis|ordinario
pelloquallhefoylidoedeclarado|oditoauto euAmbrozio
Rodriguesda|cunhaescrivã queoescrevy
484
|
Motta
Andre Alves deabreu|
JoannaFernamdeslimaPretoforromo|radoranopadrefaria dejdadeque digo|
Padrefariaquevivedesuavendade|jdadequedeseserdetrintaannosPouco|comaisoumenos
Testemunhajuradaa|osssantosevangelhosemhulivrodelles|emquepossua
maõdireytaepRometeu|dizerverdade doquelhefosepReguntado|
EpReguntadoellaTestemunha pello|comtheudonoautodevasamente|dise queouviradizer|publicamente
que|nodiaehoras mensionadosnoauto dera|humcappitaõ doMato asferidas epanca|dasmensionadas
nelleemhumnegro|deManoelAntunesdefariaporeste|vir acasadeMariannadePugas
mu|lherparda BuscarhumasCorrentes demã|dodoseusenhor poremella Testemunha||
484
Na margem direita, há um 24 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
558
[fl. 12v]
Testemunha (não)dig Testemunhalhenaõ|Viadarcomoditotem massim vio|andar oditocappitaõdoMato
aspedradas naRua| aodepois docasosusedido masLogonomes|(moheraocaso)que parahisso|teverã
foy|porhaversiumes
emtreocappitaõdoMa|toeosenhordonegro comaditaMarianna|dePuguas ealnaõdise
doautoquetodo|lhefoylidoedeclarado pelloditojuis|ordinario queasegnou por ella sermu|lhe
naõsaberescrever euAmbro|zioRodriguesdacunhaEscrivaõque|
485
oescrevy|
Fernando da Mota|
AnnaPinto pRetaforraquevive|desuavendamoradoranopadre|faria deIdadequediseser devinte
para|VinteesincoannosPoucomais ou|menostestemunhajurada
aosan|tosevangelhosemhulivrodellesem|quepossuamaõdireytaepRometeu|dizerverdade
doquelhefosepReguntado|
EpReguntadoellaTestemunha
486
digo|ellaTestemunha pellocomtheudodonoau|todevassamentedise
queouviradiser|Publicamente nodia
ehoramensiona|dosnoauto queandouBrigando|aMariannadePugas comoseuami|gocapittaõdoMato
equetinhadadoen|hum negro porem nemellaTestemu|nhasabedequeheraonegro nemos|vioBrigar
eMenossabeonomedo|cappitaõ doMatto ealnaõdise doauto|quetodolhefoylido edeclaradopello||
485
Na margem esquerda, há um 25 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do
texto.
486
Sobre o grafema <n> há um borrão de tinta.
559
[fl. 13r]
Pello ditojuis ordinario queasegnou
487
|porellanaõsaber lernemescreverporser|mulher
euAmbrozioRodriguesda|cunhaescrivãqueoescrevy
488
|
FernandodaMotta|
RosaMariadaEmCarnaçaõ pReta|forra moradorano digo moradoranopadre|fariaquevivedesuaCartuxa
dejda|dequediseser
devinteesincoannosPou|
comaisouMenostestemunhajurada|aosSantosevangelhosemhulivrode|llesemquepossuamaõdireytaepRome|
teudizer verdadedoquelhefosepRegu|tado|
Epreguntadaellatestemunhapello|comtheudonoautodevasamente dise quesabe porlhedizer
Mariannapuguas
489
|mulherparda quenodiaehorasmensio|nadosnoauto
vieraasuacasa one|grodeclarado nelle BuscarhumasCor|rentes quelhehaviaemprestado
Mano|elAntunesdefarioasenhordoditonegro|oqualestava dapartedeforadaportada|ditaMariannadePuguas
sentado|comhuescritonamaõ queparaella|Maria paraselheemtreguaremasditas|correntes
evendodeforaparaadita|casa ocappitaõ doMatocujonomeella|Testemunhajgnora antesdeentrar|paradentro
dera
oditocappitaõ no ne|gro elhefizeraasferidas episaduras|mensionadas nodeditoautoqueMesiel|Jose ter
duvidas [†...............] a ditade||
487
Na margem direita posterior, há um 13 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
488
Na margem direita posterior, há um 26 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho
do texto.
489
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há o grafema <R>, que não parece ter sido feito pelo
mesmo punho do texto, pois além de a tinta ser mais escura, seus traços paleográficos não são os
mesmos daqueles feitos pelo escrivão.
560
[fl.13v]
DePuguas comestocappitaõ doMatto| oqualasistiaemcasadadita ecomella|andavaamigado ecompertencois
de|casarcomella eisto hemuytoPublico|enotorio emais naõdisedoditoauto|quetodolhefoy
lidodeclaradopello|ditojuis ordinario queporelanaõsaber|escrever emResaõ deser mulher asi|gnou
elleditojuis euAmbrozio|Rodriguesdacunhaescrivaõ queo|
490
escrevy|
Fernando da Motta|
AntoniodePimamoradornopadre|faria quevivedeseuoffeciodesapa|teyrodejdade
quediseserdevinte|seteannostestemunha juradaa|ossantosevangelhos
emhulivrode|llesemquepossuamaõ direytapRome|teudizerverdadedoquelhefosepRe|guntado|
EpReguntadoelletestemunhape|llocomtheudonoautodedevassa|dise quesabepelloouvir
dizeraocappitaõ|doMatocujonomejgnora oqualasis|tiaemcasadeMariannadePuguas|mulherparda este
disealletestemu|nhaforaoquedera aspancadaseferi|das mensionadasnoauto emhune|gro
deManoelAntunesdefaria|delle (asdar) aporta aditaPuguas com|aqual andaamansebado ecomella||
490
Na margem esquerda há um 27 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do
texto.
561
[fl.14r.]
Comellapercasar eperterdesComfi
491
| anca queonegrolhetrariaalgumRecado|adoseusenhor
foraacausadelhedarasditas|Pancadas
emaisnãdisedoautoque|todoslhefoylidoedeclaradopello ditojuis|ordinarionemdoscostumes
easign|ouseujuramento euAmbrozioRo|driguesdacunhaescrivaõquoesc|revy
492
|
Motta
Antonio do pina|
Costodiolopes moradornopadrefa|riaofficialdecarapenha dig decarapina|dejdade
quediseserdeventeeoytoan|nosPoucomaisouMenosTestemu|
nhajuradaaossantosevangelhos|emhulivrodellesemquepossua|maõdireyta
epRometeudeserverdade|doquelhefosepReguntado|
EpReguntadoelleTestemunhapello|Contheudonoautodadevasadise que|ouviradizerpublicamentesederaõ|no
dia ehorasmenseonadosnoau|to
humasPancadasemhunegro|equequelhosderafora hucappitaõ|domatocujonomeellesTestemunha|jgnora
aportadehumaMarianna|dePuguasMulherparda ePublica|mentesedisque (este) casar comella|ditaPuguas
porem
493
elleTestemunha||
491
Na margem direita posterior há um 14 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
492
Na margem direita há um 28 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
493
Sobre o grafema <m> há uma rasura que compromete parcialmente a sua leitura.
562
[fl 14v.]
PoremelleTestemunhanaõou|viodizerdequehera oditonegro so|
agoraemtrandoparestejuramento|ouvira dizer quehera dehu surdodo|morroemaisnaõdise
doautoque|tudolhefoylidodedeclaradopello|ditojuisordinario nemdoscostu|meseasegnou seujuramento eu|
AmbrozioRodriguesdacunha es|crivã dizerdig escrivaõqueo|esCrevy|
494
Motta
Costodio Lopes|
Brasgonçalves pRetoforromorador|nopadre faria quevive deseuofficio|desapateyro dejdade
quedeseserdetrinta|eseteannos
Testemunhajuradaaos|santosevangelhosemhulivrodelles|emquepossuamaõdireytaepRometeu|dizerverdade
doquelhefosepRegunta|do|
EpReguntadoelleTestemunhapello|
comtheudonoautodedevasadise|queouviradizerPublecamente que|humcappitaõdeMatoqueeelleteste|munha
conhesemas jgnoralheono|me queasestia emcasadeMarianna|dePuguasmulherparda
moradora|noaRayaldepadre faria oqualPu|blecamentedizerquepertendecomella|casar e foraeste
oquederaasPancadas||
494
Na margem esquerda há um 29 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do
texto.
563
[fl.15r.]
Pan[†.]adaseferidas mensionadas [†.]o
495
|auto emhunegro dosurdo domorro
por|nomeManoelAntunes porestevir|BuscarhumasCorrentesdemandado|deseusenhor acazadaditaPurguas
asqua|is lhetinhamemprestado oditosurdo etambe|sediz queacauzaporlh dig queacausadas|ditaspancadas
quedeuocapittaõ doMato|foracomsiumesquetinha doditosur|do poreste tambem fallar
algumtempo|comaditaParda
emaisnaõdisedo|autoquetodolhefoylidodeeclarado pe|lloditojuisordinario n
496
emdos|digonemdoscostumes
easegnouju
497
|ramentocomhumacrus eeu|AmbrozioRodriguesdacunha|escrivaõqueoescrevy|
de
Motta
Bras + gonçalves|
ManoeldacostaPeyxotto mora|dornopadre faria quevivedeseuoffi|ciode Pedreyro
dejdadequediseserde|quarentaannos Testemunhajuradaaossan|tosevangelhosemhulivrodelles|emque
possuamãdireytaepRometeu|dizerverdadedoquelhefosepReguntado|do|
EpReguntadoelletestemu[corroído]hapello|comtheudonoautodedevasadise|quesabepello ou[†.]ir
dizerPublecamente|quehucappitãdoMato queasistia em||
495
Na margem direita posterior há um 15 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
496
Sobre este grafema há uma rasura, mas que não chega a comprometer sua leitura.
497
Na margem direita há um 30 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
564
[fl.15v]
AsistiaemcasadeMariannadePuguas|mulherpardamoradoranopadrefaria|
cujomomeellaTestemunhaIgnoranodia|ehorasmensionadosnoauto foraoque|dera asferidasepancadas
em
498
ensiona|dasnelle emhuescravo dosurdodo|Morroque dig doMorrocujo nomenaõ|sabe eacausa
queocappitaõdoMato|tiveraparadarnoditonegronaõsabelle|testemunha emais naõ disedodito|auto
quetodolhefoylido edeclarado|pello ditojuisordinario edosCostu
499
|mes desenada
easignouseujurame|toeuAmbrozioRodrigues dacunha|oescrivaõqueoescrevy|
Motta
Manoel Da Costta Peixoto|
Asentada|
AosvinteeseisdiasdomesdeNo|vembro demil
esetecentosequarenta|etresannosnestavillaRicadeNossa|SenhoradoPillardoouropRetoem|ascasasdeaposent
adoriadojuis|ordenarioosargentomorFernamdoda|Motadeondeeuescrivã aodeante|nomeadofoyvindo
esendoahypore|lle comigoescrivaõ fora Imque|ridaepReguntadaaTestemunha|Referido
cujoseunomejdadee|ditocostume
heoqueadiante|seseguedequefesesteTermoAm| broz[†´.]oRodriguesdacunhaescri|vaõqueoescrevy||
498
Sobre a grafema <m> há uma rasura, mas não compromete a sua leitura.
499
Na margem esquerda há um 31 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do
texto.
565
[fl.16r]
Joaõdasylvalima morador
500
|nopadreFaria quevivedese|desuaven
501
da dejdadeque
deseserde|quarentaannosPoucomaisou|MenosTestemunha Referidaejura|da
aossantosevangelhosemhu|livrodedellesemquesuamaõ|direytaepRometeudizerverdade| doReferimento
quenelafes aTeste|munha DomingosBorges|
EpReguntado elleTestemunhapello|ConTheudonoReferimento que|nella
fezaTestemunhaDoming
502
os|Borges disequehouveraTresSomanas|Poucomais emSuaprezença setinha
|queixado osurdodoMorro quehaviaõ da|dohumporrotadas emhuseune|gro doqualnaõsabe onome
equenomes|ma ocasiaõ emque aviaoditojuy|so elletestemunha ReferidaRe|acontara odito
DomingosBorges|seuvizinho digoReferida aconta|ra aoditoDomingosBorgesseuve|zinho emais naõ
oReferimento|quetodolhefoylidoedeclaradopello|ditojuisordinario comoq
503
uaL | asignouseu juramento
nem||
500
Na margem direita posterior há um 16 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
501
Sobre o grafema <n> foi feita uma rasura, mas não compromete a sua leitura.
502
Sobre o olho do grafema <g> foi feita uma rasura, mas que não compromete a sua leitura.
503
Sobre o olho do grafema <q> há uma corrosão, mas que não compromete a sua leitura.
566
[fl. 16v.]
Juramentonem doscostumes|euAmbrozioRodriguesda|cunha Escrivaõoqueoescrevy|
504
Motta Joaõ da Silva Lima|
Asentada|
Aosdeseseisdiasdomesdedezembro|demilesetecentos
equarentaetres|annosnestavillaRicadeNossaSenho|rado
PilardoouropRetoemascasas|deaposentadoriadojuisordinario|osargentoMorFernandoda
Motta|dondeeuescrivaõadiantemo|mead
505
ofuy vindoe(senhy) porelle|comigoescrivã foy
Inqueri|daepReguntadaaTestemunha|Referidadequeoseus
Nomejdade|ditocostumesesegueaodiante|dequefesestetermo
euAmbro|zioRodriguesdacunhaescrivã|queoescrevy|
Tes
ta
Referida|
ManoelBarretomorador|aBayxo doPadrefariaquevi|vedeseuofficiode Mineyro dejda|dequediseser detrinta
annosPou|comaisoumenostestemunha|juradaaossantosevangelhosem|hulivrodellesemquepossua|maõdireyt
aepRometeudizer|verdade|[espaço] EpReguntadoelle||
504
Na margem esquerda há um 32 grafado, mas não sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do
texto.
505
O grafema <d> foi feito sobre um graferma <f>, causando uma rasura.
567
[fl.17r.]
EpReguntadoelletestemu[†.]nha
506
|Referida pelloReferimento|quenellafezatestemunhaMa|noel doCouto
Respondeo quenaõ
507
|disera cousaalguma doquelle|Jurou pois naõ veyo digo
nã|vioatalcontendaquehouve| só Simoquelhedise foy queo|talcappitaõdoMato puxara por|huma Faca
paraelleReferido no|mesmo dia dacontenda emais|naõdeclarou sobreoReferimento|easegnou
oseudepohimentocom|ellejuis ordinario dequelhe|foylido edeclaradooReferimento|euAmbrozio
Rodriguesdacu|nhaescrivaõ queoesCrevy|
Mattos
Mel. Barretos||
508
506
Na margem direita posterior há um 17 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
507
Há aqui um borrão de tinta, mas que não chega a comprometer a leitura do texto.
508
O fólio 17 v encontra-se em branco.
568
[fl. 18r]
509
Joaõ Marques Ab
r
Alcayde destaV
a
e|
510
SeuTr
o
.(ta)
Certifico q foy do P
e
faria eti|rando jnformaçoes por varias peçoas|p
a
Ver Seme dar a not
a
de Joaõ
daC|osta Tes
ta
Riferida emhua devassa|dehu negro doSurdo do morro doquaL ha|viaReferido Luis
deMoura enen a |este [†......] se achar forada|terra n em ah in da pella aLgua|q me deei no
ta
algua dd
o
Joa
daCos|ta m
or
para que Mes contar nas|epor palavraReferida naverdade|[†....] V
a
Rica desaei|eis de deze
bro
de1743
511
|
Joaõ Marques Ab
r
|
512
Tr
o
dec
lar
|
Aosdesasetediasdomesdede|zembrodemilesetecentosequarentaetresannosnestavilla
Ri|cadeNossasenhoradoPillar doou|ropReto emosapozentosdonde|euesCrivã escreveuesta|devasa com
(luzao)
juis|ordenarioosargentomorFer|namdodaMotaparaasentencear||
509
Texto produzido por outro punho _ João Marques Abreu.
510
Na margem direita posterior há um 18 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto
511
No original este ano encontra-se sublinhado.
512
Texto produzido pelo punho do escrivão Ambrozio Rodrigues da Cunha.
569
[fl. 18v.]
AsentenciarComolhe|deveser justiçadequefizeste|ter moeuAmbrozio Rodrigues dacunhaescrivã
queoesCrevy|
Cl
o
|
513
Obriga esta devassa a Luis Pacheco|capitaõ do Mato M
or
noP
e
Faria emca-
|sadeMarianna dePugas a q
l
por ser|referida neste summario por Rosa M
a
da|Encarn
am
, será ainda
perguntada (primeira)|se as ordens m
as
p
a
ser pReso, eao Rol|eosculpados. V
a
. Rica 18. deDez
o
. de|1743.
JEAn
or
Motta|
514
Tr
o
deda
ta
|
AosdezanovediasdomesdeDezem|brodemilesetecentosequarentaetres|
annosnestavillaRicadeNossasen|horadoPillardeouropReto emas|c
515
asasdeapozentadoriadojuis
ordi|nar[†.]oosargento MorFernamdo|daMota dondeusCrivãaodian|tenomeadofuy
Vindoesendo|ahyporellemefoyemtregueesta||
513
Texto produzido pelo punho de JEA
or
. ........
514
Texto produzido pelo punho do escrivão Ambrozio Rodrigues da Cunha.
515
A partir do grafema <p>, o escrivão fez um <c>.
570
[fl.19r]
emtregueestadevassacom[†.]seu
516
|Despachjo nerllapostodeque
[corroídas]Consta|fisesteTermoeuAmbrozioZRodriguesdacunhaescrivãque| oesCrevy|
Asentada|
Aosvinteetresdias
domesdeDezem|brodemilesetecentosequarenta|etresannosnestaVillaRicade|Nossasenhorado Pillar
doouropRe|toemascasas deapozentado|riadojuis ordinarioosargen|tomor FernamdodaMota|dondeeuescrivã
aodianteno|meado fuyvindo esendo ahy|porelle commigoesCrivã|f
517
oy ajmquerida
epReguntada|aoTestemunhaaodiante|de
518
queparaconstar fiz esteter|moeuAmbrosio
Rodrigues|dacunhaescrivãqueoesCre|vy|
Marianna de
519
Pugas parda|forra moradora noPadreFaria|quevivedesua agencia
e|Tab[†.]
520
bleyro desuaesCravas dejdade||
516
Na margem direita posterior há um 18 grafado, indicando, parece-nos, o número do fólio, mas não
sabemos se foi produzido pelo mesmo punho do texto.
517
A haste posterior do grafema <f> possui um borrão de tinta.
518
No texto original, o escrivão parece ter feito um grafema <n> e, a partir dele, o grafema <d>.
519
A haste do grafema <P> está com o traçado mais forte que os outros.
520
Em função de um borrão de tinta, fica incerta a leitura desse grafema: <a> ou <o>.
571
[fl.19v.]
Dejdadequedeseser
521
detrintaannos|Poucomais ouMenos
522
Testemunha|Referidaejuradaaosantose|vangelhosemhu livro delles|emquepossuam
direytaepRo|meteudizer ver dade|
EpReguntada elle testemunha|pellocontheudonoReferime|toque nella fez
aTestemunha|RosaMaria crioulla Respondeu|quehera Menos ver dade os Referimento|quenella
sehaviafeito emRezaõ de|quenessaoCaziaõ naõ estavaella|Referida emsuacasa mas Sim noBomSucesso
edoCazoSu|sedido naõ vio nemSabiaCouza|alguma efallandose nelle pRegun|taraellaReferida oReferente
se|viraoupRezenciara otalcazo eesta|lheRespondera queestavadentro|nasuacasa enaõ viraCouza|alguma
eque hemenos verdade|dizerse queocappitaõ doMato asistia|emcasadellaReferida edames
523
ma|sortedestar
Justa paracasarcom|elleporquem (tem)taltenção
tem|tido emais nãodise doReferimento|quetudolhefoy ledodeclaradopello||
521
Este grafema, para ser grafado, aproveitou-se o traço alongado para direita do <e> e apenas cortou-se
um traço em sentido diagonal, simulando-se o traço que corta a haste vertical do <r>.
522
O traço horizontal do grafema <T> está com o traçado mais forte que os outros.
523
Há nesse local uma mancha de tinta devido à opistografia.
572
[fl 20r]
Pelloditojuisordinario oqu[†.]la|segnou porella ser mulheren[†.]saber|esCrever nemler
euAmbrozioRo|d[†.]
524
iguesdacunhaescrivãqueoescr[†.]|vy|
Fernando da Motta|
Tr
o
decl
om
|
Logonodito diameseanno|atrasdeclaradonestaditavilla|RicadeNossaSenhora doPillardoou|ropReto
emascasasdeaposentado|riadojuisordinario
osargento|MorFernamdodaMota eSendoahy|lhefisestadevassacom(c)lusa
deque|fezestetermoeuAmbrozioRo|driguesdacunha esCrivãque|esCrevy|
Clo|
525
Nam obriga esta devassa mais que ho já prossessado|oquaL seja preso naforma mandada. V
a
. Rica 23
de Dez. 1743|
JEAn
or
Motta|
526
Tr
o
dedata|
Aos trintadiasdomesdeDezem||
524
Há um borrão de tinta sobre os grafemas <dr>, que apenas dificulta a leitura do <r>
525
Alteraçaõ de punho : JEAn
or
.
526
Alteração de punho : Ambrozio Rodrigues da Cunha.
573
[fl. 20v]
De[†.]embrodemilesetecentosequa|rentaetresannosnestavillaRi|
cadeNossasenhoradoPillardeouropRe|toemascasasdeaposentadoriado|
juisordinarioosargentomor|Fernamdo daMatadondeeu|EsCrivãaodiantenomeado|fuyvendoSendoahy
porelle|mefoyementregue estadevaca|com oseusdespachosRetrode|quefezeste
termoeuAmbro|zioRodriguesdacunhaescri|vãqueoescrevy|
527
devese as custas destadevaça ao escr
am
B
to
deAr Pra. |
528
SeLr
o
do escrivao Ar
o
|
Tas |
Raza ________ ________ 6/8 e'|
4|
Tr
os
comais _____________
- e 3 2|
4|
_______________
7 - - 3 2|
Ao (algo)
de
de 32
529
ttetas 17
24 2
V
a
. Rica 6 dema
o
de 1744|
Frr
a
.||
527
Houve alteração de tinta e de punho que, em função de traços paleográficos, pertence a JEAn
or
.
528
Alteração de punho : Frr
a
.
529
Esse número encontra-se rasurado.
574
[fl.21r.]
530
Certefico q no tefiquey trintae|otra tes
tas
p
a
esta devassa todas|em suas peçoas (eprovar de)
pacuj[†.]|preste q asigney hoje V
a
. |Rica desaseis de outuBro de 1743
531
|
Alcayde| João Marques Ab|
532
V
ta
em corr
em
dez 44|
Mal|
533
V
tas
em Residencia|doSr. CaetanoFur|tadodemen
ça
V
a
. |Rica 27 deMarço|de1745
534
|
Calltras||
530
Texto feito pelo punho de João Marques Abreu.
531
No original este número encontra-se sublinhado.
532
Texto feito pelo punho de quem o assina: Mal.
533
Texto feito pelo punho de quem o assina : Calltras.
534
No original estes números encontram-se sublinhados.
575
[fl. 1r]
DomingosThomedaCosta Taballiao|dopubllico judeci al enotas nes tavi lla|Ri cadeNosaSenhorado Pillar
douro Pre|to eseuter mo centifi coque nodia dada|tades ta veyo oami nhapre zensa ocapitao|Fr
co.
correa
dos
o.
oqual ti nha nafase|direi ta namasam do Ros to huã pi za dura e|feri da que mos trava ter lansado
algu|sangue que i
xandosedequelhehavia|fei to aquelle malleficio Manoel Pe|rei radesouza em a noute que secom ta| vam
dezaseis do pre zen te mes pellas des|horas paraas honzedanoute emcaza|ded
os
hen ri ques dias
(pasar)tendo na|verdade emtudoquemeasi g no|V
a
Ri cae Abril 17 d17
535
50 edou mi nha|feever adi tafe ri
da naformaaSema|
Domingos ThomédaCosta
||
535
No original, este número encontra-se sublinhado.
576
[fl 2r.]
Asentada|
Aos dezouto dias domes deAb|ril de mil esetecentos cemcomta|annos nes tavilla
RicadeNoSaSenho|radoPillardoouroPreto emcazas de|moradado juis ordi ma rio oSargento|Mor Thomas
gomes deFigueredodonde|euToballi amaodi ontenomeadofui|vindoesendoahi pelledi to juis ordi|nario
comigoes crivam
foramemque|ridas epreguntadas as testemunhas destadevasadevasamente quepelloes cri|vamdoAl caide
des tavillaeseutermo|Manoel Rodrigues deTavoranos| foramapezentadas cuios nomes ditos|idades ecus tu
mes Somos queaodi|anteSeSeguem dequeparacons tar| fes estetermodeasentadaeudo
mingos|ThomedocostaTaballiomqueoescvi|
Gonsallo Afonso vi llella mo
536
|rador noouroP od redes tavi lla|quevi vedeseunegocio deidade|quediseser
devi nte cin coannos|pouco mais
537
ou menos tes te munha|aquemodi to juis ordi nario
deFe|riouoiuramentodosSantos evan|gelhos emhuas Horas delles emquepos|suamamdi rei
taSobcoregodoqual lhe |emcaregouiuraseoverdade doquefoce|foseelhe preguntado eRecebidope|elle
538
odito iu ramento
asimoprometeu|Fazer|
Epreguntadoelle tes te munhape|llocomtheudo noautodadevasa de|vasamente dese qu[†.]Sobia
pello|ouvir di zer avarias pesoos que nanou||
536
Na margem esquerda, logo depois dessa frase, há o numeral 1 grafado, mas não sabemos precisar se
ele foi produzido pelo próprio punho do texto.
537
Esse vocábulo encontra-se rasurado, mas sua leitura não chega a ficar comprometida.
538
Os grafemas <ll> foram feitos sobre o grafema <d>, criando uma rasura.
577
[fl.2v.]
que nonoute edias decla rad(a)
539
s no|auto dera
540
Manoel Perei radeSou za|huapancada n[†.]cara
541
docopi tam Fran|cis co correadasilvaque para lhadar|mandara per hu Seues cravo aSuaca|zaabus cor
ofacam ealnomdise do|dito auto nemdos cus tumes quetudo|lhefoi lledoedeclarado pellodito juis|ordi
nariocomquemasignoueudo|mingos Thomedacos ta Tabolleanque|oes crevy.|
F
do
G
lo
Afonsovilella |
542
An tonio Fernandes dacos ta morador|noo u
543
ropodre des tavi lla quevivede|seuofi cio deSapatei ro
deidadequedi|seSer devinte e dous annos poucomais|oumenos tes temunha aquemodi to iuis|or di noria
deferiu oiu ramento dos San| tos Evangelhos emhuas horas delles emque|pos S uamomdi rei ta Sob
corregodoqual|lhe emcarregou iuroSeaverdadedoque|soubese elhefose preguntado erecebi|doperelleodi to
iu ramento aSimopro me|teufazer|
Epreguntadoelle tes temunhapello|comTheudonoouto dadevasade|vasomente dese queouviradi zer
geral|mente que nonoute ehoras declorodas|noouto dera Manoel Perei radesouza|no capitom Francis co
correa aferi da|quedeclara omes moauto [†......]doodi to|
544
correaem caza de do mingos Henri ques|mos
omoti voque teveparalhadar|nomsabeelle testemunha nen|o[†.]uviradi zer opesoaalguaeal
non|disedodi to auto nem dos cus tu mes que|tudolhe [corroídas]lli doedeclarado pellodi to|juis or di nario
comquemasig
545
|nou eu domingos Thomedacos ta||
539
Sobre esse grafema há uma rasura,o que não nos permite afirmar se se trata de <a> ou <o>.
540
Esse grafema sofreu uma rasura, mas isso não compromete a sua leitura.
541
O grafema <r> encontra-se rasurado, mas isso não impede sua leitura.
542
Na margem esquerda, próximo a esse fragmento, há um 2 grafado, mas não sabemos precisar se foi
feito pelo mesmo punho do texto.
543
O grafema <u> foi feito sobre o <r>, causando uma rasura no local.
544
Na margem esquerda, próximo a esse local, foi feita uma rubrica, mas não sabemos afirmar se se trata
do mesmo punho do texto, e que se encontra riscada.
545
Sobre os fragmentos <quemasig|(...)omedacos(...) > há uma mancha, mas que não compromete a
leitura dessa passagem.
578
[fl. 3r]
dacostatoballiamqueoescrevy|
Fg
do
An
to
Fernandes daCosta|
Domingos henri quesdias morador
546
|no ouroPodredes ta vi llaquevivede|seu oficio deAl fai atadei
dade|quediseSer dequarentaedous pa|raquarentaetres onnos poucomais|oumenos Tes temunhaiuradaaos
Santos|Evangelhos emhuas horas delles emque|pos Suamandi rei ta sob caregodoqual|lheemcaregouodi to
iuis iuraseaverdade|doqueSoubeseelhefosepreguntado e|Recebido porelle oditoiuramento|emquepos
Suamaõ direi tapro meteu| dizerverdadedoquesoubeseelhefose|Preguntado|
Epreguntado elletes te munhape|llocomTheudo noautodadevasa|devasomente dese desequeochan|dose
emca za delle tes temunhao|capi tam Francis corredaSilva|seri am des horas danou tecompou|cade firensa
seando qui etoepa|ci fi co eachandosetombemMano|el Perei radesouza oqual mandan|do per hu es
cravoseubus car hum|facam para seir embora parasua|caza echegandoodi tonegro lhoem|tregou oqual
hera facamdearas|tar elhe dera nodi to correa com elle|nacara deque lhe
547
fi zeraaferi da |quedeclara oauto
ea[corroídas]mdi se do|di to autonemdos custumes quetu||
546
Na margem direita, próximo a esse fragmento, há um 3 grafado, mas não sabemos precisar se foi feito
pelo mesmo punho do texto.
547
Como esse vocábulo encontra-se rasurado, sua leitura fica comprometida.
579
[fl.3v]
que tudolhe foi llido e declaradope|llodi to juis ordi nario comquema|signoueudomingos
Thomedocost[†.]|Taballiamq[†.]eoes crevi|
Fg
do
Domingos Henrique Dias|
Asentada|
Aos dezouto dias domes deAbril|demil eSetecentos cencoentaonnos|nes
tavillaRicadeNoSaSenhorado|Pillardoouro Preto emcasas demora|dadoiuis ordi nario oSargento
Mor|Thomas gomes deFigueiredo dondeeuTa|ballianaodi ante nomeadofui vendo|esendoahi porelledi
tojuis comigo Taba|lliaõ foramEmque ri das epregunta|das astes temunhas Seguintes quepor|partedo Al
cai de diziaque(pu)partedo|es crivomdoalcaide des tavilla Manoel|Rodrigues Tavaranos foram apre
zen|tados cuios di tos nomes idades teses e| cus tumes Somos queaodi anteSese|guem euDomingos
Thomedacosta|Toballi omqueoes crevy|
548
Joseph ToscanoB arreto morador|ao tamque doMorro do ouroPodre|
549
des tavi lla quevive desu ar te
buti cadei dadeque deseser de|vinte e(cinque)annos pou com ais|oumenos tes te|munhaiu radaaos Santos
Evangelhos|emhuas horas delles emquepos Sua mam| di rei ta sobcorrgodoqual lheemcarre|gouodi to juis
iu raseaverdadeeRe|cebidoperelleodi to juramento aSim|oprometeu fazer doqueSoubese
elhefo|sepreguntado|
Epreguntadoelletes temunha|pellocom [†..]eudonoauto dadevasa|devasa mente dise dise que ou||
548
Próximo a esse nome está grafado um <x>.
549
Na margem esquerda, próximo a esse fragmento, há um 4 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
580
[fl.4r]
que na noute ehoras declaradas no|auto dera Manoel Perei radeSouza| com hu facam dePranxa
emoca|pitamFrancis co correa daSilva|nacasadeque lhe fi
zeraaferida|quedeclaraoauto denoute mas| omotivo que paraisoouvenon|sabeelle tes temunhaeal
namdi|sedodi to auto nemdos cus tu mes|que tudolhefoi llido edeclarado|pelloditojuis ordinario
comque|masignoueu domingos Thome da|costaTaballi am queoes crevi |
Fg
do
JosephTosCanoBarretto|
I zabel Morei rada comSei
550
|sam Pretaforra moradora no|ouroPodre des tavi lla quevi ve|deseus es
cravos nafais quei rade|idade quedeseser dequarenta esin coannos poucomais oumenos|tes
temunhaaquemodi to Juis or|dinario deFeriu oiuramento dos San|tos Evangelhos emhuas horas delles
emque|posSua mamdi rei tasob carregodoqual lhe|emcaregou iuraseaverdade
doquesou|beseelhefosepregumtado eRecebidoper|elleodi to iu ramento aSemoprometeu|Fazer|
Epreguntado ellates temunha|pello com Theudo noauto dadevasa|devasamente dise que nanoute|ehoras
declaradas noauto ouvira|ella tes te munha dizer que Manoel|Perei radesouza deradepran xacom|hu facam
nacara docapitam Fran|cis co correadasilva[†..] que lhefizera|as feri das declaradas noauto como||
550
Na margem direita, próximo a esse fragmento, há um 5 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
581
[fl.4v]
Eomotivoque paraiso ouveo(nom)|sabeella tes temunha ealnamdi|sedodi toauto nos dos cus tumes
que|tudolhe foi llido edeclaradopellodi|to juis ordi nario oqual perellaser|mulher asignouu comoseu
nome|emtei rodomi ngos Thomedacosta|Toballeanqueoesvy|
Thomás gomes de fg
do
|
551
Joamgomes dacos ta PretoForro|morador noouroPodredes tavi|llaque vi vede mi nerar
deida|dequedeseserdequarenta
552
annos|pou comais oumnos tes te munha|aquem odi to juis or di nario
defe|riu oiuramento dos Santos Evangelhos|emhuas horas delles emque pos Suaman| di rei ta Sob
caregodoqual lheemca|rregou iuraseaverdade do quesoube|seelhefose preguntado eRecebidopor e|lleodi
to juramento
aSemoprometeu|Fazer doqueSoubesseelhefose preguntado|
Epreguntadoelle tes temunha|pellocomTheudo noauto dadeva|sadevasa mentedese que Sabia|peloou vir
dizer publi ca mente| quenanoute ehorasdeclaradas|noauto dera Manoel Perei rade|souza com hu facam
depranxana|cara docapitam Francis co correa|dasilva deque rezul tou ofazer|lheaferi dadeclarada noauto
e|motivoquetivera para fazer
otal|malleficio fora per dizerodi to Pe|reira [corroídas] de Mandardar|em Manoel Martins ao
553
quer
[corroídas]|dera o di to capitam Francis co||
551
Na margem esquerda, próximo a esse fragmento, há um 6 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
552
Abaixo dos grafemas <ta> há uma corrosão no papel, mas que não chega a comprometer a leitura do
vocábulo.
553
Em função do traço mais forte para o traçado vertical superior do grafema <F> da linha de baixo, a
leitura dessa sílaba ficou comprometida.
582
[fl.5r]
Francis co rreadaSilvaque naõ fi zese| tal edes te di zer foi q(u)e rezultou odi to|Perei ra lhedar comoia di
to tem eal|namdi sedoditoauto nemdos cos tu|mesquetudo lhefoi llidoedeclarado|pellodi to juis ordi
nariocomquem|asignoueu Domingos Thomedacos|ta Taballiomqueoes cvi|
de
Fg
do
Joaõ + gomes dacosta|
Asentada|
Aos de zo uto dias domes de Abril|demil esete centos ceincoenta a|nnos nes tavi
llaRicadeNoSaSenho|radoPillardoouroP reto emcasa de|moradado juis or di nario oSargento|Mor Thomas
gomes deFigueiredo donde|eues crivamaodi ante nomea
554
do fui|vindo esendo ahi por elledi to Juis
comi|goes crivamforam Emqueri das epregun|tadas as tes temunhas
555
des tadevasa|devasamente
quepelloes crivom|doAl caide des tavi lla ManoelRodri|gues deTovoronos foram apre zentadas|cuios ditos
nomes idades teses custu|mes somosqueaodi ante SeSe
556
Seguem|eudomingos Thomedacos ta Toballi
ao|queoes ci|
Joamdesouza morador notan|queaopeda Botica doouro Podre
557
|des ta vi lla quevivedeseuofi|cio de
sapatei ro deidadequedi se|ser devinte tresparavinteequa|troannos poucomais oumenos
tes|temunhaaquemo dito iuis ordinario|de Feriuoiuramento dosSantos E|vangelhos emhuas horas delles
emquepos|suamamdi rei ta Sob[corroídos]doqual|lheemcarregouodi to juis ordi
nario|iuraseaverdadedoquesoubese||
554
O grafema <a> foi feito num módulo maior que os outros grafemas, porque foi produzido sobre os
grafemas <de>, criando uma rasura.
555
O grafema <m> sofreu uma rasura, mas isso não impediu-lhe a leitura.
556
Depois do grafema <e> há uma rasura, e a partir dela foi feita a curva inferior do <S>.
557
Na margem direita, próximo a esse fragmento, há um 7 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
583
[fl.5v.] doqueSoubese
elhefoSepregun tado|erecebido perelleodi to iuramento aSim|oprometeufazer|Epreguntado elletes
temunha|pellocom Theudonoauto dadeva|sadevasamente quena oras digo|devasamente deseque Sobia
pe|lloouvir di zer publi ca menteque|nas oras declaradas noauto deraMa|noel Perei radesouza com
ofacamde|Pranxa nacara docapi taoFrancis|cocorreadasilvadeque re zul tou o|fazerlhe aferidaqueo mes
moauto de|clara eomoti voqueparaiso ouve|oonamsabe elletestemunha eal|namdisedodi to nemdos
custumes|quetudolhefoi llido edeclaradope|lodi to juis ordi nariocomquen|asignou eu domingos
Thomeda|costaTaballiamque o es crvi|
Fg
do
Juaõ desouza|
558
Roza Ri bei ro P retaForra mora|doranoouroPodre des tavi llaque|vivede sua fais quei
radeidadeque|deseserde trintaecinco annos pou|comais oumenos temunha aquemo|di to juis ordi nario
deFeriu oiu rame|ntosdos Santos Evan gelhos emhuas ho|ras delles emquepos sua momdi rei ta| so b
carregodoquaLlheemcaregou iu|raseaverdade doquesoubeseelhefo|sepreguntadooquea
559
Sim
prometeu|Fazer| Epreguntado ella
560
tes te munhapello|comTheudo no auto dadevasa
de|vasa [corroídas]dese que es tandoella| tes temunha emSuacaza que [corroídas]|aope da de domingos
hen ri ques donde||
558
Na margem esquerda, próximo a esse fragmento, há um 8 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
559
Este grafema foi feito em tamanho grande, embora seja minúsculo, porque está rasurado.
560
O grafema <a> está rasurado, mas não chega a comprometer sua leitura.
584
[fl.6r] donde SuSedeu o dar
Manoel Per ei ra|deSouza comofacam dePon xa naca|radocapitam Francis co correadasil|va deque lhefi
zera as feridas decla|radas noauto mas omotivo quete|ve para lhedaronom Sabeelletes|temunhaeal nomdi
se dodi to nem| dos custu mes quetudo lhefoi llidoe|declarado pellodi to juis ordi nario|comquea
Signoucom oseunomeen|tei roperser molher eudomingos|Thomedacos taTaballi amqueoes|vi Thomas
gomez de fig
do
|
Asentada| Aos de zouto dias
domes deAbril|demil esete centos ecimcoentaannos|nes tavillaRi cadeNoSaSenhora doPi|llardoouroPreto
emcasas demorada|do juis or di nario oSargento mor
561
Tho|mas gomes deFi gueiredo dondeeues
crivã|aodi onte nomeadofui vendoesendo|ahi porelle dito juis or di nario comigo|Toba lliaom foram
Emqueri das e pregun|tadas as teste munhas des tadevasade|vasa mentequepelloes crivamdoalcai|de
destavi llaManoel Rodrigues Tava|ronos foram aprezentadas cuios di tos no|mes e idades teses e custumes
Samosque|aodianteseseguen eudomingos Thome|dacostaTaballiamqueesci|
Manoel Martins morador no ou
562
|roPodredes tavillaquevive de|mi nerar deidadeque dise
563
ser de|senta
etantos annos pouco mais ou|menos tes temunhaiuradaaosSan|tos Evangelhos emhum[corroídas]elles
em
564
|[corroída]uepos Suamomdi[corroídas]aSobcarego|[corroída]oqual lheemca(re)gouodi to Juis ordi||
561
Nesta linha, na inferior e na posterior há uma mancha de tinta como resultado da opistografia.
562
Na margem direita, próximo a este fragmento, há um 9 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
563
Este grafema está rasurado, mas isso não lhe impediu a leitura.
564
Na margem direita, próximo a este fragmento, foi grafado um <x>, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
585
[fl.6v] (Emcaregou) odi to juis
ordi nario juraseaverdade doqueSoubeseelhefose|Preguntado eRecebi do perelleodi toiu|ramentoaSim
prometeufazer|Epreguntado elletes temunha|pello comTheudo noauto dadeva|sadevasa mente dise
quesomen|tesabia pelloouvir di zer que haviaõ|dado nocapitam Francis co correa|dasilva dequelhe rezul
toufazer| as feridas declaradasnoauto eque|lhefi zeraoqualle Malleficio hu Ma|noel Perei
radesouzaealnomdi se|
565
dodito auto nemdos custumes que|tudolhefoi llidoedeclaradopello|ditojuis
comquemoasi g nou eu|domingos Thomedacos taTaballi|amquoes cri|
Fig.
do
Mel Mm|
566
An tonio deFrei tas gui ma|rari
567
P retoForro morador noou|ro P adre
568
des tavi lla quevi ve|deminerar
deidade quedise ser|deci ncoenta annos pouco mais|oumenos tes temunha iurada aos San|tos Evangelhos
em huas horas delles aquem|odi to juis ordinario deFeriuoiura|mentodos Santos Evangelhos emhuas
horas|delles emquepos Sua maõ di rei tapprome|teudi zerverdadedoqueSoubese
elhefo|sepreguntadooqueaSimpro meteufazer| EPreguntado elle tes te munha|pellocomTheudo noauto
dadeva|sadevasa mente dise queelle|testemunha ouvira di zerpublli|camentequenanoute ehoras de|claradas
noauto dera Manoel|Perei ra[corroídas]Souza com hu facam en[corroída]|ocapi tam Francis co
correadasil[corroídas]||
565
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo está registrado o no. 2, que está sublinhado,; mas não
sabemos se se trata do mesmo punho do texto.
566
Na margem esquerda, próximo a este fragmento, há um 10 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
567
O traçado destes dois grafemas <ri> encontra-se mais forte que os outros em função da tinta que foi
alterada.
568
Parte deste vocábulo <adre> encontra-se com o traçado mais forte pelo mesmo motivo expresso na
nota anterior.
586
[fl.7r.] daSilva quere
zultaraofazer lhe|as feridas declaradas noauto eo|motivoqueparaiso ouveomon|sabeelleelletes temunha
ealnam|disedodito auto nemdos cus tu mes|quetu dolhefoi lli doedeclarado|pellodi to juis ordi nario
comquem|aSignou eudomingos Thomeda|costaTaballiamque oes crevi|
de
Fg
do
Anto. + deFrei tas g
es
.|
L eo nar do Jozeph
569
morador noou|roPodredes ta vi llaquevivedeSer
570
|mos cate deFasendaSeca
deidade|quedeseser devinte annos poucomais|oumenos tes temunha aquemo di to|Juis ordi nario deferiu
oiuramento|dos Santos Evangelhos emhu li vrode|lles emquepos Sua mamdi rei ta epro|me teudi zer
averdade doqueSoubesee|lhefosepreguntado eRecebidopeelle|odi to iuramento aSimopro
meteufazer|Epreguntado elletes temunha|pellocomTheudo noauto dadeva|sadevasamente
disequesabia|pellover que nanoute ehoras decla|radas noauto dera Manoel Perei|radesouza com hu facom
de rasto|nacaradocapitam Francis coco|rrea dasilva deque re zultaraofa|zerlhe as feridas declaradas
noau|to oquesusedera emcasadedo|mingos Henri ques alfai atemo|rador nomes mo ouro Podre mas|queelle
di to Henri ques paraisto nam| com correu emenos sabe omotivo|queparaisto ouve eal nandi sedodi|toauto
nemdos cus tumes que tudo|lhefoi lli do edeclara[corroídas] di to|juis ordi nario comquemasi|gnou
eudomingos Thomedacosta||
569
Este vocábulo, inicialmente, foi grafado como <Jo ze>, mas foi modificado para [Joseph], provocando
uma rasura.
570
Na margem direita, próximo a esse fragmento, há um 11 grafado, mas não sabemos precisar se se trata
do mesmo punho do texto.
587
[fl.7v] domingos
ThomedaCostaTaballi|amqueoescri|
Fg
do
Lionardo Jozeph|
Asentada| Aos de zouto
dias domes deAbril|demil esete centos ecincoentaannos|nes tavi llaRicade
NosaSenhorado|PillardoouroPreto emcasas demora|dadojuis ordi nario oSargentoMorTho|masgomes
deFiguei redo dondeeuT a|balliamaodi ante nomeado fui vindo| esendoahi porelledi to juis comigo es
cri|vam foramemqueri das epreguntadas|astes temunhas Seguintes queperparte|do es cri vamdoAl cai de
des ta (villa)de|vasamene nos foram aprezentadas|cuios di tos nomes i dades teses
ecustumes|samosqueaodi ante SeSeguemdo|mingos Thomedacos ta Taballion|queoes cri|
571
Antonio Ribei ro da costa mo|rador notamquedes tavi lla que|vive deseuoficio de Al fai
ate|deidadequedeseser devintequa|troannos poucomais oumenos tes|temunha iurada aos Santos Evan|g
elhos emhuas horas delles emquepos|suamamdi rei ta Sob caregodoqual|lheemcaregou iurase averdade
do|quesoubeseelhefosepreguntadoere|cebidoporelle odi to juramento aSim|oprometeuFazer|
Epreguntadoelletes te munhape|llocomTheudo noauto dadevasa|devasamentedise queelletes te|munha
[corroída] dizer publicamente|quena nouteehoras declaradas||
571
Na margem esquerda, próximo a esse fragmento, há um 12 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
588
[fl.8r] declaradas
572
noauto
dera Manoel Pe|rei radeSouza comhu facamde ras to|dePran xa nacara docapitaoFran|cis cocoreadasilva
deque rezultara|fazerlhe as ferida declaradanoauto|mas omotivo queparaisto ouve onaõ|sabeelletes
temunha eal namdi se|dodito auto nemdos cus tumes quetu|dolhefoi llido edeclarado pellodi to|Juis ordi
nario comquemaSignou| eudomi ngos Thomeda cos tataba|lliamqueoes cri|
Fg
do
An.
to
Ribr.
o
daCosta g
es
.|
Andre Lou renso morador no
573
|tamque doouroPodre des tavilla|quedeseofi cio desopatei
rode|idadequedeseser devinte cin|coannos pouco mais ou menos tes|temunha aquemodi to Ju is odi|nario
deFeriuoiuramento dos San|tos Evangelhos emhuas horas deles em|quepossua mondi rei taeprometeu|di
zerverdade do quesou beseelhefo|sepreguntado e recebido perelleodi |to iu ramento aSimopro meteufazer|
Epreguntado elletes temunha|pellocomTheudo noauto dade|vasadevasa mente dese queSa|bia pelloouvir
di zerg eral men|te que nanouteehoras declarados|noauto dera Manoel Perei rade|souza comhu facam deP
ran xa na|carad
574
ocapi tan Francis correada|silva de querezultou ofazerlheas|ferida quedeclaraoauto
porem|omotivoqueparaiso ouve onaõ|[corroída]abia elle tes te[corroída]a ealnon|[corroída]sedodi to auto
nemdos cus tu||
572
Há uma rasura no grafema <l>.
573
Na margem direita, próximo a esse fragmento, há um 13 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
574
O grafema <d> sofreu uma rasura.
589
[fl.8v.]
Nemdos cus tu mes quetudolhe|foi llidoedeclarado pellodi to|Juis odi nario comquem aSig
nou|eudomingos [†..]omeda costaTaba|lliamqueoescri|
Fg
do
Ande loureno|
Domingos daFonçequa mora|dor notanque do ouro P o dre des|tavi llaquevive deseu negocio|deidade
quediseser detrinta|
575
ehu para trintaedous tes temu|nhaaquemodi to Juis ordi nario|deFeriuoiu ramento
dosSantos Evan|gelhos emhuas horas delles emquepos|sua mamdi rei taSob carregodoqual|lhe
emcaregouiu raseaverdadedoque|soubeseelhefose Preguntado eRecebi|doperelle odi to iu ramento
aSimoPro|meteuFazer| Epreguntado elletes temunha|pello comTheudo noautodade|vasasa devasa devasa
mente dese|quesabiapor lhodizerem varias pe|soas que Manoel Perei ra deSou|za tiverahuas rezoeis com
ocapitaõ| Francis cocorrea mas Seaquelle|(deu nes te) onaõ Sabeelle teste|munha eal naomdise dodi to
au|tonemdos custumes quetudo|lhefoi lli doedeclarado pellodi|juis ordi nario comquemasi|gnou eudo
mingos Thomedacos|taTaballi amqueoes vi|
de
Fg
do
Dm. + daFon
ca
.|
(com)cluzaõ|
Aos de zouto di asdo mês de[corroída]||
575
Na margem esquerda, próximo a esse fragmento, há um 14, mas não sabemos se se trata do mesmo
punho do texto.
590
[fl. 9r]
domes deAbril demil esetecentos|cincoenta annos nes tavi lla|Ri cadeNoSa SenhoradoPillardo|ouroPreto
emcasas demoradado|Juis ordi nario oSargento Mor|Thomasgomes deFigueiredo esen|doahi lhefis
estadevasa comclu|za dequeparacons tarfis este|termo decom
576
cluzam eudo mingos|Thomedacos ta
Toballiamque|oes crevi|
Cl
o
|
577
O brigao as tt
as
. desta devassa ate aqui per|guntadas aMel. Pereirad eSouza mora|dor no ouro Podre
oescrivaõ o passe aRol|dos culpados, eas ordens necessarias p
a
. ser|Logo prezo V
a
. Rica 18. de Abril de
1750.|
578
Ass
or
.|
queiros
579
Fg.
do
|
data|
Aos de zouto dias do mês deAbril|de mil esete centos ecincoenta|annos nes tavi llaRi
cadeNosaSe|nhoradoP i llardo ouro P reto emca|zas de moradado Juis ordi nario o sar|gentoMor Thomas
gomes deFigueiredo|dondeeuT o balli omaodi anteno|meado fui vindo esendoahi perelle|ditoJuis
meforamdados es tes autos|emasua per nucia retro quemandou
580
|quese (compus)egoardase
aSimda|maneiraquem[corroídas]emde|[corroída]fis es tetermo[†....] eudomingos|Thomedacos taTaballiam
queoes cvi.| Asentada|
Aos vin teihumdias domes deAbril|demil esete ce[corroídas]tos cincoentaannosnes|tavilla Rica
deNosaSenhoradoPi llar|doouroPretoemcasade moradade|mimTaballi aomaodi antenomeado|esendoahi
pdigo esendo emcasas demor|radado iuis ordi nario oSargentoMor Tho|masgomes deFigueiredo dondeeu
Ta ba|lliamao di antenomeadofui vi mdo|esendoahi perelledi to juis comigo
es|crivamforamemqueridasepregun|tadas astes temunhas aodi an tedes ta|devasadevasamente cuios nomes
di|tos custumes idades teses Samosquea|deanteseseguem dequeparacons tar|fis estetermo deasentadado
mingos|Thomedacostaqueoes cri.|
581
Manoel dias Jorge
morador nomo|rro daja co tinga des tavilla quevive|demi nerar deidadequediseser de|quorentaacincoannos
poico m ais ou|menos testemunha aquemodi to iuis| ordi nario de Feriuoiu ramentodos|santos Evangelhos
enhuas horas delles| emquepos sua momdi rei ta sobcarego|doqual lheemcarregouodi to iuis
iu|raseaverdadedoqueSoubeseelhefo|sepreguntado eRecebidoperelle odi to|iu ramentoasimoprometeu
fazer| Epreguntadoelle testemunhape|llo comtheudonoauto
dadevasa|devasamente dise quesabia pello|ouvir dizer publi ca mente que|na nouteehoras declaradas
noau|to achandose o capitamFrancis co|correadasilva io gando emcaza de|domingos hen ri ques
576
Este grafema <m> sofreu uma rasura, mas isso não lhe comprometeu a leitura.
577
Mudança para o punho do juiz ordinário: Thomas Gomes de Figueiredo.
578
No original, este ano encontra-se sublinhado.
579
Escrito pelo punho de Queirós.
580
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, foi grafado um <m> e como os seus traços
paleográficos são semelhantes ao desse mesmo grafema produzido pelo escrivão deste texto, inclusive a
tinta é da mesma cor, afirmamos que essa letra foi grafada pelo mesmo punho do presente texto, ou seja,
do escrivão Domingos T. da Costa.
581
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 15 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
591
deraManoel P[corroída]|rei radesouza comhumfacam naca|radeP[corroídas] di to correa dequelhe|re
zultou fazeras feri das quedecla||
592
[fl.10r] declarados noauto mas
omotivoquepa|raiso ouve onaõ Sabia elletes te munha|som semdeclarou q[corroído]eodito Perei ra
he|morador no mes mo m[corroído]rro ealnam di sedo|ditoautonemdos cus tu mes quetudolhe|foi
llidoedeclararado pello di to juis ordi|nario comquemasi g nou eudomin|gos Thomedacos ta Taballi
amqueoescre|vi|
Fg
do
Manoel Dias Jorge|
Antonio Ferrei raVelho morador
582
|asi mado tanque do morrodes tavilla|quevive de mi nerar
deidadeque|diseser dequorenta ecencoannos pou|comais oumenos tes te munha aque|modito Emqueridos
degoodi to juis|or di nario deFeriu oiu ramento dos Santos|evangelhos emhuas horas delles emquepos|sua
mandi rei taSobcaregodoqual lheen|caregouiuraseaverdade doqueSoube|seelhefose preguntado erecebido
p
erelle|odi to iuramentoemqueposSuamandi|rei taeasimoprometeufazer doquesou|beseelhefosepreguntado|
Epreguntado elle tes temunha|pellocomTh
583
eudo noautodade|vasadevasa mente dise queelle|testemunha
havia vi s to humdes tes|dias nacasadocapitam Francis co co|rreadasilva cuio lhahavia dado|Manoel Perei
radesouza com hum facam achandose os di tos iogando em|casa de domi ngos he n ri ques denou|te as
horas quedeclara oauto mas|omotivo quepara isso ouveononsa|beelle tes te munha(s)
Sabeque|oditoManoel Perei radeSouza hemo||
582
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, há um 16 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
583
O grafema <h> está com borrão de tinta, mas isso não lhe compromete a leitura.
593
[fl.10v] he morador no di to
Morro eal nandi se|dodi to auto dadevaSa nemdos cus tumes|quetudo lhefoi lli[corroído]o edeclarado
pellodit[corroído]|Juis or dinario comquem aSi g nou eu|domi ngos Thomeda costaTabolli am|queoes
crevi|
Fg
do
Antonio F
ra
Velho|
Joamdi as gonsal ves Pretoforro|morador noouroPodre des tavi lla|quevive deminerar deidade
que|diseserdequarentaecinco annos pouco|mais ou menos tes te munha [†......]mo|
584
dito Juis ordi nario
deFeriuoiurame|ntodosSantos Evangelhos emhuas horas|delles emqueposS ua mamdi rei
tasob|caregodoqual lheemcarregou iuerase|averdadedoquesoubeseelhefosepre|guntadoeRecebido
perelleodi toiurame|entoasimpro meteu fazer doquesou|beseelhefosepreguntado| Epreguntado elle
teste munha|pello comTheudo noauto dadeva|sadevasa mente deseque sabia|quenodia ehoras declaradas
noauto|o u vira elle testemunha dizer publi|camente Havia mda(d)o nocapitam Fran|cis cocorrea daSilva
com hu facom|nacaradenoute equequem lheha|via dado aquellaferida foraMa|noel Perei radesouza
morador na|mes maparagem mas omotivo que|parai so ouve onamsabeelleteste|munha eal namdisedodi
toautoda|devasanemdos cus tumes quetudo|lhefoi lli dodeclaradopellodi to iuis|ordi nario comquemasig
585
noueudo|mingos [corroídas]cos taqueoescr[corroída]
Fg
do
Joaõ + dias gonsalves||
584
Na margem esquerda, próximo a este vocábulo, há um 17 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
585
No grafema <s> há uma rasura.
594
[fl.11r] Asentada|
Aos vinte ehumdias domes deAbril|d[corroída]mil esete centos ecincoentaannos|nes tavillaRi
cadeNoSaSenhoradoPillar|doouroPreto emcazasde moradado Juis or|dinario oSargento Mor Thomas
gomes de|Figueiredo dondeeuTaballiamaodi ante|nomeadofui vindoesendo ahi por elle|dito juis
foramemqueridas epregunta|das as tes te munhas des tadevasadeva|samente que
586
pelloes crivamdoAl
cai|desdestavillanos foramapre zentadas|cuios nomes ditos idades tezes elle ecus tumes|samosqueaodi
ante seseguem dequepa|racoms tarfis este termodeasentadaeu|Domingos Thomeda cos taTaballiam
que|oes crvi| Manoel Martins Barboza
Preto|Forro morador no ouro Podre do Morro des|tavi llaquevivede minerar deida
587
|dequedi seser
decentoannos pouco|mais ou menos tes temunha aquemo|di tojuis ordi nario deFeriuoiu rame|nto dos
Santos Evangelhos emhuas Horas|delles emquepos Suamamdi rei taSob|caregouqual lhe
emca(re)gouiurase|averdadedoqueSoubeseelhefose|perguntadooqueasimprometeu fa|zer| Epreg untado
elle tes te munha|pellocomTheudo noauto dadevasa|devasa mente dise quesabia pello|ouvir di zer publi ca
mente que no|dia ehoras declarados noauto Mano|el Perei radesouza mandara per hu|Pretoseu
aSuacasaabus car hu fa|com e com efei to[corroídas]lhe dera[corroída]nocapi tom Francis co
correadasilva||
586
Na juntura dos grafemas <q> e <u> há um rasura.
587
Na margem direita, próximo a este vocábulo, há um 18 grafado, mas não sabemos precisar se se trata
do punho do mesmo texto.
595
[fl.11v] Francis co
correadaSilva dep ran xa|deque rezultou f[corroído]zerlheaferidadecla|radanoauto naca[corroídos]equeodi
to Perei ra|obraraaquelle[corroído]xseso
588
perseachar em|bri ag rado eomotivoqueteve paraiso onaõ|sabia
elletes te munha eal nomdi se|dodi toautodadevasa nemdos cus tus|mesquetudo lhefoi llido
edeclarado|pellodi to juis ordi nario comquema|signoueudo mingos ThomesdacostaTa|balliamqueoes
crvi|
de
Fig
do
Mel Mir + Barboza|
Vericimoda comSei psom morador|
589
asimadotanque doMorrodes tavi lla|quevi ve de mi nerar
deidadeque|di se ser detrintaedous annos pouco|mais oumenos tes temunha aquen|odi to juis ordi nario
deFeriuoiurame|entodosS antos Evangelhos em huã horas|delles em queposSua mam di rei ta
Sobca|rregodoqual lhe emcarregou iuraseaver|dade doquesoubeseelhefose pregunta|eRecebido perelle odi
to iuramento|assim oprometeufazer doquesoubese|elhefose preguntado| Epreguntado elle tes te
munha|pello com Theudo noautodadevasa|devasa mente dise desequeSabia|pello ouvir di zer publi ca
menteque|nodia ehoras declarados noauto dera|Manoel Perei ra deSouza comhu fa|com depranxa nacara
docapi tonFran|cis cocorre adasi lva deque rezultou|ofazer [corroídas] feri daquedeclarouoau|to
eomotivoque teve parai[corroídas]|queodi to Perei ra mandaradar per||
588
No primeiro <s> há uma rasura; o escriváo, inicialmente, escreveu o vocábulo com <c>, depois a
corrigiu.
589
Na margem esquerda, próximo a este vocábulo, há um 19 grafado, mas não sabemos se se trata do
punho do mesmo texto.
596
[fl.12 r] Mandara dar perhu
negroSeu duas bo|fetadas em hu (Ermom) branco chamado|fullano Mar tins equemedindo odi to
590
|capi
tam di zendo que iso naõ erabom|pois hera hu mho mem Velho per estemoti|voforaqueodi to lhedera
como ia di to|tem oqual Manoel Perei radeSouza|seachava embri agrado ealnon dise|dodi to auto nemdos
cus tumes quetu|dolhefoi lli doedeclarado pellodi to juis|or di nario comque maSi g nou eudo|mi ngos
Thomedacos ta Toballi amque|oes crevi|
Fg
do
Veriçimo daCon
am
|
Joam ca mellodi as morador na
591
|Jocotingado morrodes tavillaque|vivede minerar
deidadequedise|serdequarentaesincoannos pouco|mais oumenosteste munhaaquem|odito juis ordi nario
deFeriu oiuradame|ntodos S antosEvangelhos emhuas ho|ras delles emquepos sua mamdi rei
taso|bcarregodoqual lhe emcarregouodi to|Juis iurasea
592
verdade doqueSoubese elhe|foSepreguntado
oqueaSimopro meteu|fazer| Epreguntado elle tes te munha pe
593
|llocomTheudo noauto
dadevasa|devasa mente disequesabia pello|ouv
594
ir di zer pub lli ca mente queno|dia ehoras quede clara
oauto deraMa|noel Perei radeSouza morador names|maparage comhu facom depran xa|nacara docapitam
Francis co correada|silva quedella rezul digo dasilvade|querezultou ofazerlhe as ferida
595
de|[corroídas]danoauto eq[corroídas]ouvi|radizer geral mentecomodi to tem que|odi to ManoelPerei ra
deSouzaseacHa||
590
Na margem esquerda, próximo a este vocábulo, há um 4 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
591
Na margem direita, próximo a este vocábulo, há um 20 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
592
O grafema <a> está rasurado.
593
Na margem direita, próximo a este vocábulo, foi grafado um <x>, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
594
O grafema <v> está rasurado.
595
O grafema <a> parece ter sido feito sobre um <as>, o que causou uma rasura.
597
[fl.12v] Seachava embreagado eal
nondise|dodi to auto nemdos cus tu mes queto|lhefoi llido ede[corroído]laradopello di to ius|or di nario
comquem asignoueudomin|gos Thomedacos ta Taballi amqueoes c[corroídas]i|
Fg
do
JoaõCamillo dias|
Asentada| Aos vinte ehum
diasdomes de Abril|de mil esetecentos ecincoenta ann os|nes tavi lla Ri cade
NoSaSenhorado|PillardoouroPreto emcasas demora|dado juis or di nario oSargentoMorThomas gomes
deFigueredo dondeeuTaba|lliamaodi an te nomeado fui vindo|es endoahi per elledi to juis comi go|es
crivam foramemqueri das epre|guntadas as testes te munhas des ta|devasadevasa mente quepelloes|crivam
doal caidedes tavilla nos fo|ramaprezentadas cuios di tos nomes i da|des teses cus tu mes Samos
queaodi|ante seseguem eudomingos Thome|dacostaTaballi amqueoes crevi|
596
Ocapi tamMor
Bentogomes|dasilva morador no morrodes ta|vi llaquevi ve deminerar deidade|quedeseser de seSenta
ehum annos|poucomais oumenos tes te munha|iuradaaossantos Evangelhos emhuas|horas delles emquepos
Sua mamdi rei|tasobcarregodoqual lheemcaregou|jurase
ave[corroído]dadedoqueSoubeseelhe|fosepreguntado erecebido per elleodi|toiu ramento debai xodelle
desede|ria ave[corroídos]adedoque Soubese elhefo|se preg[corroídas]| Epreguntado elletestemunha||
596
Na margem esquerda, próximo a este vocábulo, há um 21 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
598
[fl.13r] Elle testemunha
pellocomTheudo no|autodadevasade[corroídas]Samentediseque|sabia pello ouvir di[corroídas] geral
mente que|Manoel Perei radeSouza morador nomo|rro destavi lla havia dado nocapitam|Francis
cocorreadasilva comhu facon|depranxa nacara do di to correadaSilva|deque rezultou osaver lhe fei to
aferi|daquedeclaraoauto nacaraeal nondi|sedodi to auto nem dos cus tu mes quetu|do lhefoi llido
edeclaradopellodito iuis|or di nario comquemasignoueudo|mingos ThomedacostaTaballi amque|oes crevi|
Fgdo
Bento Gomes dasilva|
Manoel Alé coelho morador no morro
597
|dajacotinga des tavi lla quevivede|minerar deidadequediseser
detrin|taequa troannos pouco mais ou me|nos tes te munhaiu radaaosSantos e|vangelhos emhuas horas
delles em|queposSuamamdi rei ta Sobcarregodoqual|lhe em caregou iuraseaverdadedo|quesoubesse elhe
fosepreguntado e|recebidoper ele oditoiu ramento em|quepos sua mamdi rei ta pro meteu|dizeraverdade
doqueSoubesse elhe|fosepreguntado| Epreg untado elle tes
temunhape|llo com Theudonoauto dadevasa|deva sa mentedise queSabia pello| ouvir publi camente
quenodia|ehoras declaradas noauto dera Mano|el Perei radesouza m
598
orador nomorro|dest[corroído]vi lla
com hum facomnaca|ra docapitam Francis [corroídos]correadasil||
597
Na margem direita, próximo a este vocábulo, há um 22 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
598
O grafema <m> está rasurado, mas isso não impediu sua leitura.
599
[fl. 13v] Francis co cor
readaSil va deque rezultou|ofazerlheaferida[corroído]quedeclara oauto e|ontem es teveel[corroidos]es
temunha comodi to|correa elh
599
edera nacara hu paxo emsima|daferi da eoMoti
600
voque teve odi to
Perei|raparaaquelle mallefi cio ononSabia|elle tes temunha eal namdi sedodi to|auto nemdos cus tu mes
quetudo lhefoi|lli do edeclaradopello di to juis ordi na|rio comquemasignou eudomingos|Thomedacosta
Taballi am que oes cre|vi|
Fg
do
M
el
AlCoelho|
601
P edro Martins dias morador na|Rua nova des tavi lla que vive dees|tar emhuã venda de Antonio
Simo|eis deolivei ra deidadequedeseser|devinteedous annos pouco mais ou|menos tes temunha aquemodi
to iuis|ordinario deFeriuoiu ramentodos|santos Evangelhos emhuas horas delles|emquepos Sua mamdi rei
ta Sobcarre|godoqual lhemcarregou juraseeverda|dedoquesoubesse elhefosepregunta|doeRecebidoporelle
odito iuramento em|quepos suamam di rei taprome teudi|zer verdadedoque Soubesseelhefose|preguntado|
Epreguntado elletes te munha|pello comTheudo noautodadevasa|devasa mentedise que Sabia pe|llo ouvir
dizer publli ca mente|que nodia ehoras declaradas noauto|que Manoel Perei ra deSouza dera|comhum
facam nacara do capitam|Francis co correadaSilva dequerezultou|fazer [corroídas]da queomes
mo[corroída]uto|declara eomotivoqueouve paraodi||
599
O grafema <h> está rasurado, mas isso não impediu sua leitura.
600
A primeira haste do grafema <m> possui um borrão de tinta.
601
Na margem esquerda, próximo a este grafema, há um 23 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
600
[fl.14r] Paraodito malle ficio
foraper rezon|deseachar omes mo [corroida]bado equequasi|sempre aSemov[corroídos]va eal nandi
se|dodi to auto nemdos cus tu mes quetu|dolhefoi lli doedeclaradopellodi to iuis|ordi nario comquem aS i
gnoueudo|mi ngos ThomedacostaTaballi om que oes crvi|
DFg
do
Pedro Martis Dias|
Asentada|
Aos vinte edous dias domes deAbril|de mil esetecentos ecincoentaannos|nes tavi lla Ri
cadeNosaSenhorado|PillardoouroPreto emcasas demora|dadojuis ordi nario oSargento Mor|Thomas
gomes deFigueiredo domdeeu|Taballi amaodi ante nomeadofui vi|ndoesendoahi per elledi to juis
foram|emqueri das epreguntadas astestemu|nhas seguintes destadevasa devasa|mente que pelloes
crivamdoAl cai de|nos foram apresentadas cuios di tos no|mes idades teses ecustu mes samosqueao|di
anteseseguemdequep aracons tar|fiz estetermoeu domin gos Thomeda|cos taTaballiamqueoes crevi|
Rosag onSalves doPi llar P reta
602
|Forra moradora noouro Podredes|tavi lla quevi ve de mi nerar
dei|dadequedeseser de cin coentaao|nnos pou comais ou menos tes temu|nhaaquemodi to Juis ordi
nariode|feriuoiu ramento dos santos evan|gelhos emhuas horas delles emquepos|suamamdi rei ta
sob[corroídos]godoqual|[corroídos]caregou iurase averdade|doque SoubeseelhefoSepreguntad[corroído]||
602
Na margem direita, próximo a este vocábulo, há um 24 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
601
[fl.14v] Elhefosepreguntado
eRecebidoper|elleoditoiuram[corroídos]to aSimoprometeu|fazer| Epreguntadaellates te
temunha|pelocomTheudo noauto dadevasa|devasamente noauto dadevasa|devasamentedeSe que
nodiaeho|ras declarados no auto dera Manoel|Perei radesouza comhu facamdepran|xanacaradocapi tam
Francis co|correadasilva dequeresultouoha|
603
verlhe fei to asferidaquedeclarava|aoauto eoutrosim
ouvioellates|munha di zernomes maocasi aõ emque|suSedera odelli toque oditocapitaõ|g ri tavadi zendo
obebado dei xate es tar|quehas de hir emsua corrente ealnon|desedodi to auto nem dos cus tu mes|quetudo
lhefoi llidoedeclarado pe|llodi to juis ordi nario comquema|si gnoueudomingos Thomedacosta|Toballi am
queoes [†....]edeclaraque|odi to juis aSi g nouoseunomeemtei|roporser mulher sobredito odeclarei|
Thomás gomez de Fg
do
|
604
LuizadeAbreu Preta Forra mora|dora noouro Podredes tavi llaque|vi ve deSuafais
queiradeidade|quedeseser decincoentaannos|poucomais ou menos tes temunha|aquemodi to juis ordi
nariodefe|riuoiu ramento dosSantos Evan|gelhos emhuas horas delles emquepos|suam[corroídas]ta
Sobcaregodoqual|lhemcar[corroída]gouodi to iuis [corroídas]|verdadedoqueSoubeseelhefo||
603
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 5 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
604
Na margem esquerda, próximo a esse vocábulo, há um 25 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
602
[fl.15v] doqueSoubeseelhefoSe
preguntado|erecebidoperelle dito iuramento|emqueposSuam[corroídos]di rei ta prome|teudi
zerdadedoqueSoubeseelhef[corroídos]|sepreguntado| Epreguntado elletes te
munha|pellocom Theudo noauto dadevasa|devaSa mente diseque nas horas de|claradas noauto
deraManoel Perei ra|desouza com hum focam depran xa na|caradoCapitam
605
Francis cocorreda|silva
deque rezultou ofazerlhe afe|rida declarada noauto oquesabia|comoia di to ti nhapello ouvir dizer que|
aames marezao sabiaque odi ca| pi taõ correa gri tava dizendolheque|ohaviadedesterrar
eomotivoque|paraiso ouve onomsabia elletes|te munha eol nondise dodi to auto|nemdos custumes
quetudo lhefoi|llidoedeclarado pellodi to juis or|di nario que perellaser mulher a|si g nou comoseu
nomeemtei|roeudomingos Thomas da costa|Taballi amqueoes crvi|
Thomás gomes de Fg
do
|
Asentada| Aos vinteedous dias
domes deAbril|demil esetecentos cincoentaa|nnos nes ta vi llaRi cadeNoSaSen|[corroídos]doPi
llardo[corroídas] retoen|casas de moradado juis ordi nario||
605
A curva inferior do grafema <C> está com um traçado mais grosso em função da tinta que causou um
borrão.
603
[fl.15v] ordi nario oSargento
MorThomas go|mes deFi gueired[corroído] domdeeuT aballi|amaodi ante no[corroídos]eado fui
vindoesen|doahi porelle de[corroído]o juis comigoes cri|vam foramemque ri das epregu[corroído] tadas
as teste munhas Seguintes des ta|devasadevasamente quepelloal cai|dedes tavi lla nos foramapre
zentadas|cuios ditos nomes di tos idadesecustu|mes samos que aodi ante SeSeguen|dequepara cons tar fiz
estetermo de|aSentadaeudo mingos Thomeda|costaToballi amqueoes crvi| ManoelFrancis co Lis boa
morador|nes tavi lla quevive deSeuofi cio|decar pi ntei rodeidade quediseser|de cin coenta poucomais
oumenos tes|temunha aquem odit to Emqueredor|digo
606
aquemodi tojuis ordi nario de|Feriu oiu ramento
dos S antosEvan|gelhos em huas horas delles emquepos|suamamdi rei tasobcarrego lheemca|rrego uodi to
iuis iurase averdadedo|quesoubeseelhefosepreguntado|e recebido per elle odi to
iuramento|asimoprometeuFazer| Epreguntadoelle tes temunha|pello com
Theudo no autodadevasa|devasa mente dise que achandose|elle tes temunha emcasa dedomi ngos|henri
ques no ouro Podre des tavi lla|emcasa domde su sedeu o dellitode|quesetrata evira que Mano el Pe|rei
rasouza mandar por hu seues|cravo [corroídos]abus car hu facam [corroídas]|comefei to vindo dera
come[corroídas]||
606
Na escria dos grafemas <go> houve uma alteração na cor da tinta.
604
[fl.16r] deracomelle depranxa nacara
do ca|pitam Francis co correadaSilva Semque|es te tivesedado moti[corroído]o atal ex ceSo ea|cauza
queouve paraodi to Perei rafa|zeraquelle malleficio naseradeque|achandose elle tes temunhaiu
gondode|Prasei rocomodi to correa com trao mes|moManoel Perei radSouza desera|es tequeelle correa
não tinha barbas|parapagar per ci oSeuprasei ro quee|raelletes temunha esobre es tedizer|alli tiveran huas
pequenas rezoins|mas quenaõ era paraodi to Perei ra|fazer oexecesosequesequefazia ealnamdi se|dodi to
autonemdos cus tumes quetu|dolhefoi llidoedeclarado pellodi to|Juis ordi nario comque mosi g noueu|do
mi ngos Thomedacos taTaballiaõ|queoes crevi|
Fg
do
ManoelFran
co
Lx
a
|
Aos vinte dias domes deMaio de|mil esete centos cencoentaannos| nestavilla Rica deNosa
Senhorade|Pillar doouro Preto emcazasde|moradadoius ordi nario oSargen|to MorThomasgomes
deFigueiredo|dodeeuT aballianaodi antenome|adofui (vento) esendo ahi porelle|ditoiuis comigo
Taballiamfo|ramemqueridas epreguntadas| as tes temunhas destadevasade|[corroídas]ente
quepel[corroídas]de|[corroídas]llaeseutermoAntonio Joze||
605
[fl.16v] Antonio Joze Ferei ra
foraoque zultou[corroído]|eudomingos Thomedacos ta q ueoes|vi| Antonio deAraujo morador na
Rua|nova destavi llaquevive desercaixei|ro deAn tonio henri quesdeidadeque (deser)|devi nteetres annos
poucomais ou menos|testemunha iuradaaos Santos Evange|lhos emhuas horas delles emqueposSua|mam
direi ta sobcarrgo doqual lheem|carregou odi to juis iuraseaverda|dedoque soubese
607
elhefose pregun|tado
oqueasimprometeuFazer|depois de resebidoodi to oiuramen|to doquesoubeseelhefosepreguntado|
Epreguntadoelle tes temunha|pellocomTheudo noauto dadevasa|devasamente disequeSabia pello|ouvir
dizergeral mentequenanou|teehoras quedeclaraoauto deraMa|noel Perei radesouza
moradornomorro|doouroPodredes tavi lla comhu fa|camdepranxa nacarado capitao Fra|ancis
cocorreadasilva deque rezultou|fazerlheas feri das quedeclaraoauto|eal namdesedeste
nemdocustume|quetudo lhefoi llido edeclaradope|llodi to iuis ordi nario com quemasi|gnoueudo mingos
ThomedacostaToballiamqueoes crvi|
Fg
do
Ant
o
. deAraujo||
607
O grafema <u> está rasurado; parece-nos que, em seu lugar, seria feito um <b>.
606
[fl.17r] Selves ttreRoiz
F[corroídos] morador na Rua|nova
608
des tavi lla [corroídos]vive deSeuoficio|deSapatei
rodeidadequediseser cincoen[corroídos]|annospoucomais oumenos tes te munha|iuradasaos Santos
Evangelhos enhuas ho|ras delles emquepos suamam direitaso|bcarrgodoqual
lheemcaregouiurase
609
|averdadedoquesoubeseelhefosepregun|tadoeRecebido porelleodi to iurame|nto
asimo promes teu fazer doqueSou|beselhefosepreguntado| Epreguntado
elletestemunhape|llocomTheudonoauto dadevasade|vaSamentedise queSabiapelloou|vir dizer geral mente
quenanouteeho|rasquedeclara oauto dera Manoel Pe|rei ra deSouzacomhu fa camde
pranxa|nacaradocapitam Francis cocorreada|silvamas omotivoqueparaiso ouve|onosabia elleteste munha
eal nan|diseododito auto nemdos cus tus mes que|todolhefoi llidoedeclaradopellodi to|Juis ordi nario
comquem aSegnou|eudomingos Thome dacostaToballi|amqueoes crvi|
Fg
do
Silvestre Roz Frne|
Lourensodiogo
610
morador na Rua no|vades tavi lla quevivedeseuofi|cio deSapatei ro
deidadequedise|Serde vinte cincoparavinte seis annos|poucomais oumenos tes te munhaiu|[corroídas]
Santos Evange[corroídos]emhuas|[corroída]delles emquepos Suamandirei ta||
608
O grafema <a> está rasurado.
609
Sobre os grafemas <se> há um borrão de tinta.
610
O grafema <d> encontra-se rasurado.
607
[fl.17v] direi ta
Sobcarego do qual lhemca|regouodito iuis [corroídos]rase averdadedo|queSoubesee[corroídos]fose
preguntado|eresebidoporelleodi to iuramento[corroídos]|quepos Suamam direi taprometeu|dizer ver
dadedoque Soubeseelhe|
611
fosepreguntado aos cus tus medego elhe|fose
612
preguntado| Epregumtado
elletestemunhape|llocomtheudo noauto dadevasa|devasamente dese queSabiapelloou|vir dizergeral
menteque nanoutee|horas qudeclaraoauto dera Mano|elPerei radesouza comhu facamde|pranxa nacara
docapitam Francisco co|rreadasilva deque rezultou ofazerlhe| as feridas que declaraoautomas o|motivo
quepara iso ouve onamsabia|elle testemunhaeal namdiesedo di|to auto nemdos cus tus mesquetudolhe|foi
llidoedeclarado pellodito Juis ordi|nario comquemasi g noueudomin|gos
ThomedacostaTaballeamqueoes|cvi|
de
Fg
do
Lourenço + Diogo| Asentada|
Aos vintedias domes deMaio|demil esetecentos ecincoenta|annos nes tavilla Rica deNosase|nhoradoPillar
doouroPretoen|casas demorada do iuis ordina|rio oSargento mor Thomas|gomes deFigueiredo
dondeeu|Taballi[corroídos] aodiante no[corroídos]|esendo ahi porelle dito iuisor||
611
Na margem esquerda, próximo a este vocábulo, há um 6 grafado, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
612
O grafema <f> encontra-se com borrão de tinta.
608
[fl.18r] [corroído]Sendoahi nomes
mo (aodiante)dego|ah
613
i porelledi to iuis comigo escrevao fo|ramemqueridas epreg
614
untadas as
tes|testemunhas Seguin
615
tes quepelloalcai|denos foramapre zentadas cuios nomes|di tos idades ecus tus
mes Samosqueaodi|ante seseguem Domingos Thomeda|CostaTaballi am que oes crvi| JosephTavares
França morador nes|tavi llaquevivedeminerar deidade|quedeseserdetrintaesete annos pou|comais oumenos
testemunhaiura|daaos Santos Evangelhos emhuas horas|delles emquepos Sua mam di rei
taso|bcarregodoqual lheemcarregouodito|Juis iuraseaverdadedoqueSoube|seelhefo
616
sepreguntado e
Recebidopor|elleodi to iuramento asimoprometeu|Fazer doquesoubeseelhefosepregun|tado|
Epregunta doelleteste munha|pellocomTheudo no auto dadevasa|devasamente disequeSabia porlho|dizer
omes moManoel Perei radesouza| q (d)avacomhu facam depranxa nacara|docapitam Francis
cocorreadaSilva|deque rezoltou fazerlhe as feri das|quedeclara o auto eomotivoquepa|raiso ouve foi o
fazer lheodito correa|fal tar atensan ealnamdise dodito
617
|auto nemdos cus tus mes quetudolhe|foi lli
doedeclarado pellodito iuis com|quem asig noueudo mingos Thome|da costaTaballiamqueoes crvi| Fg
do
Joseph Tavares Fr
ca
||
613
Este grafema encontra-se rasurado.
614
Os grafemas <eg> estão parcialmente corroídos.
615
Os grafemas <in> estão parcialmente corroídos.
616
O grafema <o> encontra-se rasurado.
617
Os grafemas <o> encontram-se rasurados.
609
[fl.18 v]
T
ro
decomcluzaõ|
Aos vinte dias domes deMaio de|mil esetecentos cincoentaannos|nes tavi llaRi ca
deNosaSenhorado|PillardoouroPreto emcasas demora|dademimT oballi amaodi ante|nomeadoesendo ahi
fosodigosen|doahi fasodegoesen|doahi fasoes tadevasa comcluzaao| Juis ordi nario osargento Mor
Thomas| gomes deFigueiredo paraa des pachar como|lhepareser ius tisa dequeparadetu|docoms tar fis
este termo decomclu|zameudomingos Thomedacosta|Toballi amque oes cri|
Clo|
618
Acrecem em CuLpa
as tes.
has
denovo pregun=|tadas, ao pronunciado M
el
. P
ra
de Souza, e|o Escrivaõ observe oq. está mandado
(apr)| V
a
.R
a
. de Mayo 20 de 1750: |Thomás gomes deFgdo|
619
VAMM
or
| Jozé Mad
ra
BellodeCarvalho|
620
data| Aos vinte dias domes deMaio [corroídas]|setecentos cincoentaannos nes [corroídas]|lla Ri
cadeNosa Senhora doPillar doouro||
618
Mudança para o punho do juiz ordinário Thomás Gomes de Figueiredo.
619
Mudança para o punho de José M.B. de Carvalho
620
Mudança par ao punho do escrivão Domingos Thome da Costa.
610
[fl. 19r] PillardoouroPreto emcasas
demora|dadoiuis ordi nario oSargen to Mor|Thomasgomes deFigu
621
eiredo dees|crivamaodi antenomeado
fui vindo|esendoahi na mes maaudi [†.....] digo|esendoahi porelledi to juis mefoi da|doaSuaper nunçia
retroque mandou
622
|queSecompusegoardeseaSemda|mes maforma emanei rapellose|comtem
edeclaradequeparadetudo|cons tarfis estetermo dedataeudo|mingos ThomedacostaTaballi na|queoes cri||
621
O grafema <u> encontra-se parcialmente corroído.
622
Na margem direita, próximo a esse vocábulo, foi grafado um <m>, mas não sabemos se se trata do
mesmo punho do texto.
611
[fl.19v]
623
Conta|
(Selavio) doescrivaõ|
At. eRaz ______________________________________ 6 1/9 h|
Asentat
os
. ____________________________________ 1 - 2|
7/
1
8 .9| juis
Emqr
es
. easent
os
. 8 ¼
Conta ____________ ¼ Lg Fg
do
|
Ofisiais das|notificasois -| de 30 tes t
as
____ 15| 3 3/8
as
. |
V
a
. Rica 21 deMaio|de1750 Fg
do
|
624
V
a
. emcorr
em
de1751| Mato|
625
V
tas
. emVRica do [†...]CaetanodaCostaMattos|pizaduras [†......]
cazosdedevas|nem [†........] como encuia|aferida efiz na [†......]| eposto delicto , por ser
declarada|cun[†...]m
to
.ne largura e aSim foi|tal [†.......] [†......] [corroídas]| (Correia)||
623
Mudança para o punho do juiz ordinário Thomás Gomes Figueiredo.
624
Mudança para o punho de Mato.
625
Mudança para o punho de Correia.
612
[fl.20r]
626
V
ta
em Seg
da
. Resid
a
da d
or
Caetano daCosta|M[corroído]toso e [†.......] em se fazerem os exames|com
declaração da quali
de
. das feridas p
a
se|saber se o sam, ou sãmde arranhaduras
627
| Va. Rica 19 de sbr
o
. de
1756| R
do
|
628
Recebi de Manoel pereira deSoiza dias| a nota [†..] [†......]
que mepagou eme|pertensiam das noteFica coesdas|tes temunhas que juram nade|vaca emque o di to
pereiraFicou|(cupado) no Ferimento Fei to aFra|ncis co coreia dasil va epor [†...]|[†....]esatis Feito do
que me[†..]|[†..] da di ta devaca as[†...] este de|minha seteca evista V
a
Rica|no (mes) dejulho demil esete
cento|cincoenta anos| Manoel R. deMoreira
| Sam does [†....]|[†...]||
626
Mudança para o punho de R
do
.
627
Palavra rasurada.
628
Mudança para o punho de Manoel R de Moreira.
613
||fl.71r.||
Somario detes temunhas da querella que da francis |
coferreira dasunçaõ detomedias Selva morador |
nosmacacos edeseuses cravos |
Aos Vinte esinco deasdemes deoutubrode | annode nasimento denosoSenhorjezuscresto
| demil esetecentosecorenta etres emcazasdemo | radademim
escrevaõaodeantenomeadoesen|
doondes eacahava ocaPitaõmorjozeferreirabra | zaõ juishordenario este prezenteanno
esendo | ahy pelloditojuishordenario foraõemqueredas | eporguntadas astestemunhas
que porparte doque | relante franciscoferreira dasunsaõ foraõ aprezentadas | dascoais
osseusdetos nomes saõ os que sesegue eu An | tonio josedacunhaescrevaõqueescrevy |
Manoel gonsalves torres natural dasidadedoPor | to emorador deprezente morador nesta
Villa queVive | deseuofecio dealfaate de idadeque dese ser devinte | annospouco
maisoumenos testemunha juradaaos | santos evangelhos emhum libro delles emque pos
sua | maõ dereitaepormeteu dizer Verdade doque Soubeçe | elhefoçe porguntado
edoscostumes dese ter sido caixeiro | doquerelante sem embargo do que diria averdade
doque | soubeçe docazo|
EPorguntado elle testemunha pello conteudo| doauto daquerella doquerelante francisco
ferreira|dasunçaõ dise que coando Sodeu oReferidocazo de darem|Varias facadas em
anegra Antonia escrava doquerelan|te asestia elle testemunha encaza do mesmo
querelan|te noaRaaldoscongonhas servindo deseu coixei|ro evindo asobredita negra
ferida para caza deseu sen|hor Sobredito querelante mandoueste a[corroído]lle
testemu|nha acaza doquereladoTome diasdaselva alevarlhe|asobredita negra ferida
dandolhe parte doqueos ne|gros doquerelado lhe aviaõ feito epara este acurar das| ditas
feridas echegondoocaza doquereladoecon|tandolhe ocazo este lheRespondeu naõ savia
o[corroído]ue| oseusnegros tevesem feito tal m[corroído]leficio masque|esperaçe
elletestemunha que Vi[corroído]bem os sobredi|tos negros para averguar ocazo
ecomefeit[†.]||
614
[fl.71 v.]
esperaceelletestemunha que chegacemosnegros| do querelado eCoanto
quechegaramemtrou|(aõ) berguaroCazo prendendo eexzaminandoosdetos| negros elogo
naprezenca delle testemunhacomfecou |hum negro doquerelante pornomejose cobu| que
oque estava feito já naõ avia Remedio que| elle fora queellefora oquedera
asfacadasnane| gra Antonia escrava doquerelante elogo oque|relante amarrou oditonegro
eo asoutou naprezen|ca delle testemunha efecou metido emhuma corren|te eas feridas
que tinha aditenegra asVio elleteste|munha ascoais heraõ osseguintes ascoais heraõ
huma| ferida nascostas penetrante eoutra emhum honbro|ascoais mostravaõ serfeitas
comfaca eouvio
elle|testemunha dizer aalgumaspesoas que assobreditas facadas Sederaõ denoute emcaza
dehuma molata aco|al naõ conhese eque comoditomal feitor hiaõ mais ne|digo mal
feitor estaõ naocaziaõ dosoçego mais negros mas| que não Savenemouvio deser dequem
heraõ escravos| enaõ ouvio dizer que osobredito querelado Tome dias com|correse para
otal malefecio emais naõdesedoautodeque|rellatodolhefoi lido edeclaradopello detojois|
hordenario comocoalasegnoueuAntonio joze|dacunhaescrevaõ queoescrevy|
Brazaõ M
el
. G
l
. Torres|
ALexandre deoLebeira debraga natural da|Villa damauxa Bispado deper nambuco ede
pre| [corroído]ente morador noaRaol dascongonhas que Vive| de fazer suas bateas
deIdadeque dese ser devinte| annospoucomais oumenos testemunhaju|radaaossantos
evangelhos emhumlibro delles| emquep[corroído]s sua maõ dereita
epormeteudizer|Verdade doque
soubeçe elhe foçeporguntado| edoscostumes dise nada asobredetatestemunha he|coreio|
EPorguntado elletes temunhapelloconte|udo noauto daquerella doquerelante fran|cisco ferreira dasunçaõ
diseque save pelloVer| [†.]ue es tando elle testemunha nos macacos emcaza||
615
||fl.72 r.||
emcaza dehuma molata por nome joze fa| Maria forra junto comanegra do quere Lante|
por nome Antonia lhe bateraõ aporta coatro| negros esaltando elle testemunhapor
huma ge|nella fora amais aSobredita negra correu hum|dossobreditos negros atras
danegra doquerelante elhe deu|duasfacadas outres asaver huma emhum onbro eou|tra
nobozio eaoutra naõesta serto adonde foi elle tes|temunha conheseu onegro quedeu
asobreditas facadas| ocoal sechama joze cobu es cravo detome dias enaõ| conheseu os
mais negros por ser denoute enaõ Save quem| mais comCorece paraotal molefecio
emais naõdese| doautodaquerella quetodolhe foi lido edecLarado| pellodito juis
hordenario comocoal asegnou eu| Antoniojoze dacunha escrevaõ queescrevy declaro|
queasegnou de huma crus pornaõ saverescrever| sobredito adeclarei|
de
Brazaõ
Alexandre X deolibera debraga|
Gergorio dacosta natural desta Villa dosabara| emorador nesta Villa dosabara que Vive deseu
ofecio|desapateiro deIdade quedese ser dedezoito annospou| co mais ou menos testemunha juradaaos
santos|evangelhos emhum libro delles emquepos sua maõ| dereita epormeteu dizerVerdade doquesoubeçe
elhe fo|çe por guntado edoscostumesdisenada|
EPorguntadoelletestemunha pelloconteudo| noautodaquerella doquerelante francisco
|ferreira dasunçaõ dise que save pello ouvir da[corroída]| tapuia por nome Alexandre
deolibeira braga eahum| moLato aquem naõSave onome que nodia decLa|rado noauto
daquerella deraõ emhuma negra|doquereLante Varias facadas eque omal feitor|forahum
negro detomedias pornome jozecobu|comalguns negros queoocompanhavaõ oscoais
senaõ |conheseraõ nem elesave dequem focem escravos por| ser denoute eficaramfora
dap(or)ta dac(a)sa de (huma) | molata adonde Sosedeu ocazo emais naõ dese| doauto
daquerella quetodolhefoi Lido |edeclarado pello dito Juiz hordenario com ||
616
[fl.72 v.]
hordenario comocoaL asegnoueuAntonio | jozedacunhaescrevaõqueoescrevy|
Brazaõ
Gregorio daCosta|
Aos coatro deasdomes denobembro doannodena| simentodenosoSenhorjezuscristo 7
demilesete| centosecorentaetresannos nesta VellaReal | denosasenhora dacomseecaõ
dosabara emcazas | deapouzentadoriadocapitaõ morjoze ferrei | rabrazaõjuishordenario
esteprezente anno| poreleiçaõnaformadeahordenaçaõnesta Villa|eseutermo esendo ahy
pelloditojuishorde|nario foi emquereda eporguntaatestemunha| Domingos
daCunhafernandes quepormimescry |vaõfoi noteficada dacoaloseu detonomeeIdade|
ecostumessaõosqueseseguemdequefesestetermo| deasentada euAntonio
jozedaCunhaescry| vaõ dojudecealenotasquescrevy|
Domingos dacunhafernandes naturaldaIlha|dofaial emoradordeprezente noaRaoldascom|[corroídos]nhas
que Vive deminerar deIdadequedese| ser deCorentaenove annospoucomaisou |
menostestemunhajuradaaossantos| evangelhos
emhumlibrodellesemquepos|Suamaõdereitaepormeteu dizerverda|dedoqueSouvese elhefoçe
porguntadoedos|costumesdesenada|
EPorguntado ellestestemunha pellocomte| udo dapetiçaõ doquereLante francisco ferreira||
617
||fl. 73 r.||
fereira dasunçaõ dise que nunca ouvio dizerque| oquerante mandase dar nanegra doque digo que|
oquerelado mandase dar nanegradoqueraLante|francisco ferreira dasunçaõ senaõ ao mesmo que | relante
francisco fereira nem tampouco ovio | dizer que os negros doquerelado nomeados noautodaque | rella se
achaçem no comflito exceto o negro joze cobu | ocoal he Publico enotorio fora oquefizera asferidas |
anegra doquerelante declarados noautodequerella| porcuia causa oquerelado tendo noticea docazo
asoutara| aodito negro Rigoroza mente enosasoutes comfeçara odito| negro que tinha feito odito
malefeçio etambem ouvio dizer |aoCoxeiro doquerelante pornome Manoelgonsalves Gomes | que este
tinha ouvido dizer que coando deraõ nanegra do| quereLante emhuma coza onde estava nosMacacos |
estão mais negros aRodadaCasa masquesenaõ savia| adequemhera equesofora conhesido oSobredito|
jozecobu eol naõ desedoautodequerellaque| todo lhefoi lido edeclaradopelloditojuishorde|nario
comocoalasegnou euAntonio jozeda | cunhaescrevaõqueoescrevy declaroqueasegnou| deCruzsem
embargo desaverfazeroseunome mas| porlhetremer amaõenaõ poder asegnar oSobredito odeClarey|
de
Brazaõ D
os
+ daCunhafrz |
Comclusaõ|
Aos sincodeasdomesdenobembrodoa|nnodenasimentodenosoSenhorje|zuscresto demelsetecentoseCorenta|
etresannos nestaVellaRealdenosasenho|radaComseiçaõdosabara
emcasasdemo|radademim escrevaõ aodiantenomeado|esendoahy feseste Somareo
Comclu|zo aocapitaõ mor Joseferreirabrazaõ juiz| hordenario estepresenteano [†.]||
618
[fl. 73 v.]
porta aSentecearcomolhe pareeserjus|teca dequedetudofesestetermo
decom|cluzaõeuAntoniojosedacunhaescre|vaõqueescrevy|
CLo|
629
Obriga este Sumario dett.
as
ao negro Jose Cobu escravo| de ThomeDias S.
a
oescrivaõ opaçe ao Rol dos culpados e| paceLogo m
do
p
a
Ser preso V
a
Rial 5 de 9
bro
de1743|
Jozeph Ferr
a
Brazaõ|
630
Declara|
Aossincodeas domes denobembrodoannodena|simentodenosoSenhorjesuscristodemil|
esetecentosecorentaetres
annosnestaVillaReal|denosaSenhoradacomseicaõdosabaraemcazas|
demoradasdoCapitaõ morjoseferreirabrazaõ|juishordenarioestepresenteannoesendo|ahy
pelloditojuishordenario mefoidado este|libro comasua Pornuncia Retro dequedetudo
fis|este termodeclara euAntonio Jose dacunhaes|crevaõ queoescrevy||
629
Mudança para o punho do juiz ordinário Joseph Ferreira Brazão.
630
Mudança para o punho do escrivão : Antonio Jose da Cunha.
619
|| fl.74 r.||
Somario daquerella q da Joana Maria| dejezus deLuis Pinheiros
AosVinte edoesdegoaosVinteetresdeasdo| mesdenobembro demiLesetecentoseco|
rentaetres annos nestaVillaReaLdenosa| SenhoradaConseicaõdosabaraem cazas
demorada| demimescrevaõ aod[corroído]ntenomeado ondeseachavao| capitaõmor
jozeferreira
brazaõjuishodenareoeste| prezente annoesendoahy pellodito juishordena| rio foraõ
emqueridas eporguntadas astestemunhasque| porparte doalcaide foraõnoteficadas
dascoaes| os seusdetosnomes eIdadesecostumessaõosque| sesegueeuAntonio
jozedacunhaescrevaõque|escrevy|
JoaõPedro deaguiar natural desam bar tholameu|daxar neca bispado delysboa
631
em orador
nesta Vella| que Vive deseu ofecio de ferrador deIdade que dese ser| devinteecoatro annos
poucomaisoumenos| testemunhajurada aossantosevangelhos| emhumlibrodellesemquepos suamaõderei| ta
epormeteudezer Verdadedoquesoubesseelhe| foceporguntadoedoscostumesdesenada|
EPorguntadoelletestemunhapellocomteudo| noauto daquerella daquerelante joanna Maria| dejesus dese
que estandoelle testemunha emcoza| dePedroferreira demorais pellasnove para asdeshoras| danoute ouvio
elletestemunha gritar chamando por el Rey | Sobre Luis Pinheiro ovio ao mesmo tempo amotenad(a)|
depancadas esahindo aporta emais os mais quenadita| caza Seachavaõ ecoanto queabriraõ aporta Vio
elle| testemunha aquerelante ehum bulto oc(o)al naõ conhe| seu eeste pegou nocapote quelhetinha cahido
noxam |
epartio acorrer eaomesmo tempo comesou adezer aque| relante que hera Luiz Pinheiro oquelheaviadado|
eelletestemuha naõvio asferidas porserdenoute| ealnaõdesedoautodequerella quetodo| lhefoi Lido
edeclarado pelloditojuishor| denario comocoal asegnou euAntonio||
631
O grafema <y> está com uma mancha de tinta, mas isso não impede sua leitura.
620
[fl. 74 v.]
Antonio Jose dacunhaescrevaõ queescrevy|
Brazaõ JoaõPedroAguiar|
Antonio Pereira naturaldesta Vella enellamo|rador quedeprezente Vivedeaprenderooficio|deferrador
deIdade quedeseser dedezaseis annos pou|comais oumenos
testemunhajuradaaossantose|Vangelhosemhum librodelles
emquepossuamaõde|reitaepormeteuedezerverdadeedoscostumes|desenada
EPorguntado elletestemunha pelloconteudo|noauto dequerella doquerelante Luis
Pinheiro|digodaquerelante joanaMariade jesus desequena|noute deontem quesecontavaõ Vinte edois
docorente|meseanno estando elletestemunha emcasade Pedro|ferreirademorais adonde asiste (ouviu) gritar
pella|Vos dIL Rey quelheacodisem sobreluis Pinheiro esa| hindo aRua porhultimo detodos vio gritar
aquere |lante Sobre Luiz Pinheiro Semembargo que onaõ| vio por chegar depois detodos enaõvio
aquerelante| ferida porserdenoute ehoie quesecontam Vinte| etres ouvio dezer aAntonio Migueis Pinheiro
que odito| Luiz Pinheiro lheavia comfecado foraoquederana|quereLante e mais
naõdesedoautodequerella| quetodolhefoilidoedeclaradopellodetojuis| hordenario comocoalasegnou
euAntonio| josedacunhaescrevaõqueescrevy|
Brazaõ
Antonio Pr
a
|
Pedroferreira demorais naturaldasedadede| Lisboa emoradornesta Vella quenellaVive| deminerar
deIdadequedeseserdecorenta| eseteannos pouco mais oumenos testemu||
621
|| fl. 75 r.||
Testemunhajuradaaossantosevangelhos| emhumlibrodellesemquepossuamaõ de|
reitaepormeteudezerverdadedoquesou | beçe elhefoçe porguntado edoscostumesdese|
nada
EPorguntadoelle[corroídos]temunha pello comteudo no | autodaquerella daquerelante joanna Maria
dejesus | dese quesave pello Ver que nodia dehontem quesecomta| vaõ Vinte edois doprezente meseanno
estando elle teste | munha emsuaCaza ouvio gritar pellas novepara asdes| horasdanoute dizendo
aquereLante aquediL Rey que|memata Luiz Pinheiro [†.]acodindo emcontinenteelle| testemunha vio estar
donde Luiz pinheiro emaquerelan| te eaCodindo apartar ouvio algumas pancadas que pella| saõdellas
paresiam deespada depranxa aoque logo gri| tou elle testemunha que deixaçe amolher equesefoçe|
embora oquelogo fes eaomesmo tempo seagarrou ao| querelado huma negra daquerelante echegandose |
elle testemunha aope apartou adeta negra dandolhe| hum empuxou edise elle testemunha ao querelado
Luis pi | nheiro quesefoçe embora oquelogo fes eelle testemunha | oConheceu queheraoproprio Luis
Pinheiro que sem embargo| deser denoute avia (ahinda) Lua emais digo lua ehoie| ouvio elletestemunha
avarias pesoas que oquerelado | andava deRyxa comaquerelante emais naõ dese
do|autodaquerellaquetodolhefoi lido edecLaradope|llodetojuis hordenariocomocoalassegnoueu |Antonio
JosedaCunha escrevaõqueoescrevy|
Brazaõ
PedroFerr
a
deMorais|
Aos Vinteetresdiasdomesdenobembrodemil| esetecentosecorentaetresannos nestaVellaRe|
aldenosaSenhoradaComseicaõdosabaraemca| zasdemoradademim escrevaõ aodeontenomea| dofeseste
Somario comcluzo aocapitaõmorJose| ferreirabrazaõjuizhordinario esteprezen| te annoesendoahy pello
digo ahy feseste Somario| Comcluso para osentecear como lhepareserjusti||
622
[fl.75 v.]
justicadequefesesetermodecomcluzaõ| euAntonio jozedacunhaescrevaõquees| crevy|
632
Obriga este Suma[corroídos] de tt
es
. aprezaõ eSebra| m
do
aLuis Pinheiro eoescrivaõ o paçe ao Rol
dos|cuLpados eas ordens nesecarias p
a
ser prezo V
a
Rial| 23 de 9
bro
de 1743|
Jozeph Frr
a
Brazaõ |
633
AosVinteetres deasdomesdenobenbro| doannodenasimentodenosoSenhorjesus|
cristodemilesetecentosecorentaetresannos| nestaVillaRealdenosaSenhoradaconseicaõ|
dosabaraemcazasdemoradasdemimescrevaõao| deantenomeadoesendo ahypello
capitaõmor|Jozeferreirabrazaõjuizhordenariodesteprezen|te anno
porellemefoidadoestesomariocomasua|pornuncia Retro quemandousecompresehe|
guardosecomonellasecomtem dequefes|
estetermoeuAntonioJosedaCunhaescrevaõqueescrevy||
632
Mudança para o punho do juiz ordinário : Joseph Ferreira Brazão.
633
Mudança poara o punho do escrivão : Antônio José da Cunha.
623
||fl.78r||
Somario de querella que da Antonio Pereira desouza dejoze|nogeira|
Aos Vinteecoatrodias domes deAbrel do anno
denasi|mentodenosoSenhorjezuscrestodemilesetecentos|ecorentaecoatro annos
nestaVellaRealdenosa|Senhora dacomseecaõdosabara emcazasdeapouzen|tadorea
dePedroRodriguesdefaria breadormais|velho edeprezente juishordenarionoempedemento|doatual
esendoahy porelle detojuishordenariofo|raõ emqueredas eporguntadas astestemunhasque|porparte
doquerelante Antonio Pereira desouza|foraõ aprezentadas dascoais os seus detosnomes saõ|oquesesegue
euAntoniojozedacunha escrevaõ que|escrevy|
Domingos Martins parente natural de Vianna arsebis pado|deBraga emorador [†]asoledade que Vivedesua
Rosa em|genho deIdadequedeseserdetrinta eseis annos pouco|mais oumenos tes temunha
juradaaossantosevan|gelhos emhumlibro delles
emquepossuamaodereta|epormeteudezerVerdadedoquesoubeçeelhefoçe por|guntado
edoscostumesdesenadadese Ser compadre|do querellado|
EPorguntado elle testemunhapellocomteudo no|autodaquerella dese que Save pello ouvir dezer
ava|reaspesoas eaomesmoquerelante Antonio pereira|desouza que
hindoemcaminhoparaodescobrimento|dosertaõ auzen[†.]
634
andoçe dondeasestia fogetiva mente|
oquerelado lhe tomara anegra dequesetrata porlhaes|tar devendo oquerelante eque Vindo com ella
para|esta Villa fezera Segurançaporhordemjudiçial|porlhanaõ
a[corroídas]er querido emtregar oquerelanteamiga||
634
Este grafema encontra-se rasurado, tanto pode se tratar de um <d> como um <t>. Nesse caso optamos
por identificá-lo como ilegível.
624
[fl.78v]
amigavelmente tendolhepedidooquerelado|emRio dasVelhas abaixo lhodeceeResebece oseu|
creditoVestolhonaõpoderpagar eolnaõ dese|dodito autodaquerella que
todolhefoilido|edeclaradopelloditojuisordenario|comocoalasegnoueuAntoniojosedacu|
nhaTobaleaõqueoescrevy|
Faria
Dom
os
M
r
Pat
e
|
Paullo fereira deolmeidaPardoforro natural|dasedadedoRio dejaneiroedeprezentemora|dor noaRaol Velho
deIdadequedeseserdecorenta|annospoucomais oumenos Vive desua|fahisqueira
testemunhajuradaaossantos|evangelhosemhumlibrodelles
emquepos|Suamaõdereitaepormeteudezerverda|dedoquesoubeçe elhefoceporguntado
aos|costumesdesenada|
EPorguntado elletestemunhapellocomteudo|noautodaquerella doquerelante
AntonioPereira|desequesavepelloverque axandose elletestemunha|nomorro degasparsoares
dondeoquerelante asestia|deprezente ahy xegara oquereladoepegara
na|negradequesetrata dezendolhepertencia por lha|naõaverpagooquerelante queVindo este de| fora
lhedesera oquereladolhepagaçe asuadivida|coando naõlhetrazia adeta escravapordutoda| mesmadivida
edepois dealgumas devidas (Vieira)|oquereladoparaesta Vellatrazendocomsigo ames|maescrava
eolnaõdesedoditoautodequere|llaquetodolhefoilidoedeclaradopello|
ditojuishordenario
comocoalseasegnou|dehumacruspornaõsaverescrevereuAnto|niojozedacunhaToboleaõqueescrevy|
de
Faria
Paullo + ferr
a
deAlmda|
Manoelcoelhocarneiro natural dafregue|ziadesaõPedro deagrella bispadodoPorto|emorador noscordeiros
deste termodeIdade|quedeseserdetr[†]ntaenoveannospouco|mais oumenos
testemunhajuradaaos|santosevangelhos emhumlibrodelles|quepossuamaõdereita eprometeudezerver||
625
||fl.79r||
Verdade doquesoubeceelhe foce porguntado|edoscostumesdesenada|[espaço]
EPorguntado elletestemunha pelloComte|udonoauto daquerella doquerelanteAnto|nio Pereira dese
quesave pelloouvir dizer| Publicamente quesendo oquerelanteAntonio Pe|reira desouza moradoremRio
dasbelhasabaixo|ahy foraoquerelado Varias Vezes pedir lhe lhe pagaçe|asuadivida
oulheemtragaceasuanegra oquenunca|quizera fazeroquerelante portestandopagarlhecom|berevidade
poremqueaodepoisSeobezentara para| omorrodegaspar Soares donde oquereladopor
avizos|queporcartaaselhefez dequeoquerelante fogia epe|gara naescravadeque Setrata edesera
aoquerelante|quelhedese oourodasua devidacoandonaõ trazia asua|escrava equecomo oquerelantelhe naõ
deraouro|trouxeracomoefeito asuaescrava paraesta
Vella|dondeadepozetouporordemjudicial ealnaõ dese|doautodaquerella que todolhefoelido edecla|rado
pellodeto juishordenariocomocoalasi|gnoue eu Antoniojozedacunha Toboleaõque|oescrevy|
Faria
M
el
coelh Carn|
Aos Vinteesetedeasdomes deabrel demilesete|centosecorentaecoatro annos nesta
Villade|nosaSenhoradacomseicaõdosabaraemcasas demora|da dePedroRodrigues defaria breador mais
Velho este|prezenteanno ejuishordenarionoempedimento|doatual
esendoahypellodetojuishordenario|foraõenqueridas eporguntadasastestemunhas|queporparte
doquerelanteforaõaprezenta|dascoaesoseusdetosnomeseIdadesecostumes|saõos
quesesegue dequedetudo este termoeu|Antonio josedacunhaqueoescrevy|
Joaquim dacostaPaiva natural dasedadedelisboa|emoradornesta VillaqueVevedeseunegocio|deIdadeque
deseserdeVinteeoutoannospou|comaisoumenostestemunhajuradaaossan|tosevangelhos
emquepossuamaõdereitaeporme|teudizer Verdade doqueSoubeçe elhefocepergun|tado edoscostumes
desenada|
Eporgu(n)tadoelletestemunha pellocomteudo||
626
||fl.79v||
comteudonoautodequerella dise quehindo elle|testemunha aomorrodegasparSoares acobrardo|que(re)lante
humadeveda quelhedevia eoutros|portecularesmais ouvira dizer queoquerelado|tinhahidoadetaparaiem
etrouxeraanegraque|avia Vendido ao querelante ealnaõdesedoauto|daquerella
quetodolhefoilidoedeclaradope|llodetojuishordenario comocoalasegnou eu|Antonio josedaCunha
Toboleaõqueoescrevy|
Faria
Joaquim Costa Payva|
Aos Vinteesetedeasdomesdeabril|demelesetecentos ecorentaecoatro|annos nesta
VellaRealdenosasenhora|daconseiçaõ dosabara fis este Sumario|comcluzoaoDoutorDigo comcluzo
aPe|dro Rodregues defaria breador mais Velhoe|juis hordenario esteprezente annopa|ra aSentecear
comolhepareser dereito|ejustiça dequefes estetermodecom|cluzaõ eeuAntonio
jozedacunhaescrevaõ|queoescrevy|
635
Não obriga este Sumario detestemunhas apasararol alguã Es-|tas as [†..] testemunhas V
a
. Real em Abril
25 de1744|
Pedro RuizFaria||
635
Mudança para o punho do juiz ordinário: Pedro Rodrigues Faria.
627
||fl. 84r||
Sumario detestemunhas daque|rellaque dá ocap
tam
Joam Bap
ta
|de Aguiar de M
el
P
ra
eAn
to
f
ra
|moradoresnoArayal des
ta
Luzia|
Aos dose dias domes deoutubro de|milesetecentos ecorentaecoatroannos|nesta
villaRealdenosasasenhoradaConcei|pcamdesabaraemCasas demoradado Alfe|res
AlexandredeoLiveyraBragajuis or|di nario estepresente anno nestaVilla|Realeseutermo
ondeeuescrivamao|diantenomeado(vim e)sendoahipor|ellejuis foramperguntadaseInque|ridas
astestemunhas quepor(parte)|doquerellanteJoamBaptistade|Aguiar
foramapresentadasCujosditos|nomesIdadesCustumes enaturali|dades
samosqueaodianteseseguem|doquefis estetermodeasemtada|euAntonio
carLosMoreiradesam|Payoescrivamoescrevy||
Braga
Joam Baptista Aguiar
628
[fl.84v]
JosedesouzaFer r ei r anatural|da Fregueziasomchris tovaõ deLou|redo BispadodoPorto morador
no|ArayaldesantaLuzia termodesta|Vellaquevive
deseunegossio|deIdadequedisse ser desesentaannos|testemunhajuradaaossantos|EVangelhosemhumLivro
de|llesemquepossuamaõdireita|epellodi tojuislhefoydado
epro|meteodizerVerdadedoquesoube|sseelheFosseperguntado edocus|tumedi ssenada| [espaço]
Eperguntado elletestemunha|pellocontheudonoautodaquerella|doquerellanteoCapi
tamJoamBa|ptista deAguiar disequesabe por|ser publico enotorio no ARayal de|SantaLuzia queemdias
domes des e|ptembro passadodopresenteanno|desaparessera humMachodoquerellan|te havia dias
equeichando sse disso odi to|quer ellante disseraõ os ditosquerellados|ManoelP
636
erreira eAntonio ferr
eira aodi|toquer ellantequedandolheeste seis|oytavas lhe hiria buscar oseuMacho pois sa|biaõ
dondeelleestava quehiriaõ sinco ou|Seis Legoas dedis t[†]nçia, eLogo no mesmo|dia sabeelletestemunha
por ser publico|enotorio foy achado oditoMacho ama|rrado junto comoutro Caballo deoutro do|no no
Recanto doquintal dos mesmos Mano|el PereyraeAntonio ferreira e sabe tam|bempor ser notorio epor
humdosdi tos||
636
Este grafema parece ter sido feitoa partir de um <f>.
629
||fl.85r||
dosdi tos quer ella do lhedizer que seu|Camarada tinha amarradoodito Macho|seo afim doquer ellante
lhedar al|guas oytavas deouro ealnaõ disse|doditoautoquetodolhefoy
Lido|edeclararadopelloditojuisordinario com|quemasignoueuAntonio
CarLosMo|reiradesamPayoescrivamqueoes crevy|
Braga
JosedSouza Frr
a
|
Jozedacos taBayaõ natural dafreguezia|desantoAndredeAncede Concelho
Bayaõ|BispadodoPortomoradorno Arayalde|SantaLuzia quevivedeseu negossio|deIdadequedisseser
detrintaesinco|annostestemunhajuradaaossantos|eVangelhosemhumLivro delles que pelloditojuis
lhefoydado emquepos|Suamaõdi rei taeprometeodi zer|Verdadedoquesoubesseelhefo|seperguntado
edoCustumedissenada|
Eperguntadoelletestemunha|pellocontheudonoauto daque|relladoquerellante
oCapitamjoaõ|BaptistadeAguiar dissequesabe|pelloVer que emdias domes desetem|brodopresenteanno
trazendo oquerellan|te hum Machoquetem nos pastos do|ARayal desantaLuzia faltandolhe|alguns dias
sem ter noticia delle apare|sseram ManoelPereyra eAntonio|ferreira ambosmoradores noditoARa|yal
dizendo lhe lhedesse seisoyta(vas)|deouro que elles lhehiriaõ buscar oma|cho queandava dois tres
Legoa[corroído]||
630
[fl.85v]
Legoas, eLogo nomesmo dia ehora avistan|doalguas pissoas aoquerellantequeoseu|Machoestava amar r
ado atrasdoquin|taldosdi tos quer ellados
fora oquere| llantejuntocomelletestemunha|aditaparage eatrasdacazadosquer
ella|dosachara oseuMacho amarrado ehum|Rapascom ellepelloCabresto ealnaõ di|ssedodi
toautoquetodolhefoyLido|edecLaradopellodi tojuis ordinar io|comquemasignoueuAntonio
car|LosMoreiraesamPayo escrivam|oescrevy|
Braga
JozedaCostaBaiaõ|
Antonio fer reira dasilva natural daIlha|desamMiguel BispadodeAngra
morador|emoARayaldesantaLuziaquevi vede|Seunegossio deIdade quediseser detrin|taehumannos
poucomais oumenos|testemunha Juradaaossantos eVan|gelhosemhumLivro dellesemque|possuamaõ direi
taeprometeudi zer|Verdadedoquesoubesseelhefosseper|guntadoedocustumedissenada|
Eperguntadoelletestemunha|pellocontheudonoautodaquerelladoquerellante
ocapitamjoaõ|BaptistadeAguiar disse que sabe pello|Ver que emdias domes desetembro|dopresenteanno
trazendo oquerellan|te hum machoquetem nospastos|doARayal desantaLuzia efaltando||
631
||fl.86r||
efaltandolhealguns dias semter noticia|delle aparesseram ManoelPereyra|eAntonio ferr ei ra, ambosmor
ador es|noditoARayaldizendolhe lhedesse|Seis oytavas deouroqueelles lhehaviaõ|buscar
omachoqueandava dahi muitoLon|gejuntoasMucanbas eLogo nomes|modia ehora avi zandoalguas
pesso|asaoquer ellante queoseuMacho es|tavaamarrado atrasdoquintal dos|quer ellados foraoquerellante
Jun|tocomelletestemunha eoutraspe|ssoas mais aditaparage eatrasdacaza|dosquer
elladosacharaoseuMacho|amarrado Comhum Cabres to esabe ou|trossim pelloouvir
dizer e queichar aMa|ximo homenpardo morador no Arayal|desantaLuzia que(porsobrenaõparca)|que
oquer elladoAntonio ferreira otin|haapanhadoemsimadehumcaballo|seu ealnaõdisse
doditoautoqueto|dolhefoyLidoedeclaradopello|ditojuis Comquemasignou eu|Antonio CarLosMor eira
desamPayo|escrivamoescrevy|
Braga
Antonio Fr
a
dasilva|
Aos dosedias demes deoutubrodemil|esetecentosecorenta
ecoatroannos|nestavillaRealdenossasenhora|daConcei pcam dosabara emcazas|demorada
demimescrivaõaodian|tenomeado fis estesumario|de testemunhascomcluzos aoAl|feresdeAcaballos
Alexandre||
632
[fl.86v]
AlexandredeoLiveyr aBragajuis|Ordinario estepresenteannop[†..]|adespachar comoforjusticadeque|fis
estetermodeConcluzaõeeu|Antonio carLosMoreiradesampayo|escrivamqueoescrevy|
637
Obrigaõ as test
as
deste Sumario aprizaõ eLivram
to
aManoel|pereira eAn
to
fr
a
moradores noArrayal de
S
ta.
Luzia oes|crivaõ ospase aoRol dos Culpados eas ordens nesesarias| p
a
serem prezos V
a
. Real 12
de8br
o.
de1744a|
Alex
e
deoLiv
ra
Braga|
638
Aosdosesias domes deoutubro|demilesetecentosecorentaecoatro|annosnestavillaReal em casas
de|moradademimescrivam fis este|sumario conclusos ao Alferes|Al digo emcasasdemorada
dojuis|ordinario Alexandredeoliveyra|Braga
onde[†...............]|esendoahi por elle mefoydado|estesumario comapresencia|asima dequefis
estetermo|de[†.....]Antonio carlosMoreira|de sampayoescrivamoescrevy||
637
Alteração para o punho do juiz ordinário : Alexandre de Oliveira Braga
638
Alteração o punho do escrivão : Antonio Carlos Moreira Sampaio
633
||fl.90r||
Sumario deTestemunhas decrella que|daCaetano Duarte Criollo filh[†.]|deMagdalena Duarte preta
deNaõ|curana| [espaço]
Aos dezasete dias doms deFevr
o
demil seteCentos|quar(e)nta eSinco annos nesta VillaReal
de|NossasnhoradaCoceiõ deSabara emcasas demorada|doCapitaõ
MorPedrofernandesvieira juis ordenario|oprezenteannonestaVillaeseuTermo dondeeu|escrivaõ
aodeantenomeadofui vindo eahi pello|detto juis, foi perguntadas eemqueridas asTeste|munhas docreLante
Caetano DuarteCriollo|porquemforaõ aprezentadas deCujos dittos Idades nomes|naturalidade eCustumes
saõ osqueaodia(nte)|Sesegen dquefisesteTermodeaSentada
eeu|JoseRabelloAndradaescreõdojudecial|queescry| [espaço]
Costodo Martim Lopes natural dafreguisia deSam|Tiago defryeiro termodacidadedoporto arsibi||
634
[fl.90v]
arcibispado debraga morador noaRayal deSanta Luzia|termodestaVillaquevi[corroído]e deseuoficio
deAlfejate|deIdade
639
quedisse ser deVinteeSeteannos pouco mais oumenos = eperguntado digo anno|
[espaço]
eperguntado elleTestemunha pelloContheudonoautto decr[corroído]|lla dise queSabe perser publico
enotorio quenodia dois [corroída]| prezente mes deFevereiro doprzente anno, hindo Magdalena|Duarte
preta Curana eforra paraCazadeManoelMoreia| dos Reis doAreyal deSanta Luzia dondehemoradora
640
eno|Caminho aamarrara ocreLado Violenta mente ea|trozera paraestaVilla para Tapanhuacanga
aonde|atem fixada emhumacaza Semadeixar falar com|pessoaalguma, eelleTestemunha LeuhumaCarta
que|aditta MadaLenaduarte escrevera aCaetano Duarte|filhodaSobreditta emquelhepedialhevalesse por|
estar fixada enhumacaza aondenaõ(via) Sol(nem)|Lua emais naõ dise doditto autto
quetodolhefoy|LidoedecLarado pelloditto juis
ComquemaSignou|eeujoseRabelloAndradeescrivãdJudecial queoescry|
Vr
a
Custodio Mart Lopes|
JozeRibeiro natural doMorroVermelho desteComarqua|epresente morador noaRajal deSantaluzia desta
desta Villa|queVive deseuoficio dferradordIdadequedisse ser|dVinte ehumannos pocomais oumeos||
639
Os grafemas <da> apresentam-se com um traçado mais grosso que os demais do texto, mas isso não
impede sua leitura.
640
Este grafema encontra-se rasurado, mas isso não impede sua leitura.
635
||fl.91r.||
eperguntado elleTestemunha pelloContheudo noauto|decrella disse que sabeporserpublico enotorio
que|Sendoemdiadois domes defeverio dopresente anno|hindoMadaglenaDuarte preta Curanaeforra
doReyal|deSantaLuzia ondeheramoradora paraCasa dehumConpadee|SeuchamadoManoelMoreira dos
Reis quemoraforadoditto|aReyal lheSahira oCreladoaoCaminho evioLeita mente|aprendeo
eaCondoziu
641
paraestaVilla, ondeSabe pell[†.]Refe|redorezaõ atem enhumaCasa emais naõdisse doditto
auto|quetodo lhefoyLido edecLarado pellodittojuis ordenario|comquemaSegnoueujoseRabelloAndrada
escraõ|dojudecialqueoescevy| [espaço]
Vr
a
Jose Ribo desu|
Bernardino daMottaBazillo natural deV
a.
deSantarem| emorador noaRajal deSantaLuzia Termodesta Villa
quevive|desuaLogea deIdadequedisseser deVinte eSinco annos|poucomais oumenos| [espaço]
eperguntado elleTestemunha pelloContheudo noautto decrella|disse queSabeporserpublico enotorio
queSendoemodia|dois doprzentemes deFevr
o.
doprzente anno, hindo Mag dalena|Duarte pretaforra
deaRajal deSanta Luzia ondehe
moradora|parCasa dehumConpadre seuqueVive (no)doditto aRayal|chamadoManoelMoreira amatar
humCapado lheSahira|aoCaminho ocreladojosedossantos vioLenta mente aama|rrara, trazendoa paraesta
Villa aonde Sabe pellaResaõ|queditto tem afix ara enhumaCaza sem adeix ar falar|compessoaalguma
pellasualingua porser dogentio||
641
Este grafema está rasurado e parece ter sido feito sobre um <o>
636
[fl.91v.]
dogentio defachadamina emais naõdisse do|ditto autto quetodo lhefoyLido edecLaradopello|detto juis
comquemasegnou eeujozeRabello|deAndradeescrivãodojudecialqueoescrevy|
V
ra
Bernardino DamottaBo|
Gonsallogomes Criollo forro natural deSantaLuzia|emorador noditto aRayal quevive
dseuoficio deAlfayate|deIdade quedisse ser dedezoitto annos pouco mais oumenos|
[espaço]
eperguntado elleTestemunha pelloContheudo noautto|decrella disse queSabe porserpublico enotorio
que|Sendonodia dois domes deFevr
o.
dprsente anno| hendo MadalenaDuarte preta Curana
paraCasa|dehumconpadeseuchamadoManoel Moreira dosReis|quemoraforadoditto aRajaldeSantaLuzia
onde|aditta MagdalenaDuarte
pretaforra hemoradora|lheSahio aoCaminho oCreladojosedossantos evi|oLenta mente aprendeo
eaconduzio paraesta Villa|ondeSabepellaRezaõqueditto tem seachafexa|da(em)humaCaza
SemqueoCreladoadeixe sahir|foradella nemfalarcompessoaalguma emais|naõ disse doditto autto
quetodolhefoi lidoede|cLaradopelloditto juis com
quemaSignou|eeujoseRabelloAndradeescrevaõdjudecial|queoescevy gonsalo gomes dacostta|
V
ra
| deConclusão||
637
[fl.92r.]
Dconclusão|
Aos dezasete dias domes deFevereiro demil|SeteCentos equarentaeSincoannos
nestavilla|Real deNossasenhoradaConseiãodoSabara emcasas|demoradademimescrivaõ aodiantenomeado
fis|esteSumario Concluzo eoCapitaõ mor Pedrofernandes|Vieira Juiz ordenario opresenteanoo nesta
Vellaeseu|termoparaoSentenciarcrellaporserjutis deque|fisesteTermodeConclusaõ
eujoseRabelloandrade|escrõdjudecialoescrevy|
Clo|
642
Heis aquerella pornella perfalta do Requizito daLey visto|dar oquerelante como cada hum dopovo,
efazendosecerto|oqdeclara pormayor aviriguaçaõ eimformação Seproceda edevasa|V
a
R
l
. 27 deFev
o.
de1745|
Vr
a
.|
642
Alteração para o punho do juiz ordinario : Pedro Fernandes Vieira.
638
||126r||
Sumario deteste unhas daquerella|que da Luis Antonio deBarros contra|ocap
am
Jozegomes falcam|
[espaço]
Aos dezoytodias demesdeoutubro de|milesete centos ecorentaesete annos|nesta villaReal
denossasenhoradaCon|ceicaamdosabera emcasademoradado|Doutor Joze Pinheiro juis
ordinario|esteprezente anno nesta ditaVilla|Realeseu termo ondeeuescrivaõ|aodiantenemeadoVim
esendo|ahi por elledi toDoutor Juis ordi|nario foramperguntados eInqueridas|astes temunhas [†]||
639
[fl.126v.]
DoquerellanteLuis Antonio deBa|rros foramaprezentadas Cujosditos nomes|IdadesCustumes
enaturalidades seseguemdequefis estermo
deassentada|eeuAntonioCarlos MoreiradesamPa|yoescrivamdojudeçial queoescrevy|
Antonio Vas ferreira natural dafregue|zia desamPedrofins deferreira Conrrado|cidadedo Porto morador
daoutrabanda|dapontedo Pacie encia destavillaquevi|Vedeseu negossio
deIdadequedisseser|desincoentaeseis annos testemunhajura|daaossantoseVangelhos em
humLivro|dellesemquepos suamaõdireitaeprome|teudi zerVerdadedoquesoubesse
elhe|fosseperguntadodocustumedisse|nada| [espaço]
Eperguntado elletestemunhapello|contheudonoauto daquerella doquerellan|te Luis Antonio de Barros
dissequesabepello|Ver quesendooquerelantesenhor epe|ssuidor dehum cavallo Rozilho quetrazia|aopasto
lhedesaparesseranodia oyto do pre|zentemes sem ter no t i cia maes delle eque|Sendo nodiatrezedomesmo
mes foravis to|oquerella domontado digooquerellado|Jozegomesfal cam montado nelle eque|hindo
oquerellante emseuseguimento|trousseraaoquerellado comsigo the aporta|delletestemunha donde seapeou
comfe|ssandonaõ ser ocavallo seu epedindo hum|pretoparalheLevar asellathe aPaci ençia|premvendo
queoquerellante seRetirara|destavilla pegou omesmo querellado|naselladebai cho do capote
Levandoa|paraaspartes doPaciençia Correndo| [†] dodito autoquetodo lhe||
640
||fl.127r||
lhefoyLidoedeclaradopellodito dou|tor Jui ordi nario ComquemasignoueeuAntonio CarlosMoreira
deSam|Payooescrivamdojudecial oescrevy|
Pinh
ro
A
to
neodfrr
a
|
Antonio Jozeguimaraeins natural davilla| degui maraeins doAr cebis pado deBraga
mo|rador daoutrabanda daponte doPaciencia|termodestavillaquellevive deseuoffi|cio dealfaathe
deIdadequedisseser|deVinteehumannos testemunhaju|radaaossantoseVangelhos
emhum|Livrodellesemquepossuamaõ di rei ta|eprometeudi zerverdadedoquesou|besseelhefosse
perguntado edocustu|medissenada| [espaço]
EPerguntadoelletestemunha pello|contheudonoautodaquerella deque|rellante Luis
Antonio deBarros|dissequesabepellover quesendoeste|senhor epessuidorde hum caballo Ro|zillo
Lansiando aopastolhedes aparesse|ranodiaoyto do presentemes equesendo|nodiatreze foravis
t[corroído]aoquerellado Josego|mesfal cam montadonelle equeindo|oquerellante comoutras
pessoasemseu|Segui mento oapanharaõ quedes montan|do oquerellado delle
evendoqueoque|rellanteVinhaaestaVilachamar
hum|offeçial dejustica pegaraoquerellado da |sella querendoa Levar deBaicho doca|pote peraoPaci ençia
depois deter Confe|ssadonaõser ocavallo seu ealnaõdi|ssedodi toautoquetodo lhefoyLi|doedecLradopellodi
todoutor|juis ordinario comquemasignou|eeuAntonio Carlos M[†.......]||
641
[fl.127v.]
DesamPayoescrivamdojudecial|oescrevy||
Pinh
ro
An
to
Joze gujmes|
Manoelgoncal vesdaCunha natural|daVilla deEyxo BispadodeCoimbra emo|rador em VillaRica
edeprezentenestavilla|queVivedeseuoffiçio deoffecial decal|dei r ei ro
deIdadedetrintaeoytoannos|poucomais
oumenostestemunhaju|radaaossantoseVangelhosemhum|Livrodelles
emquepossuamaõdirei|taeprometeudizerverdadedoque|Soubesseelhefosseperguntado
edoCus|tumedissenada|[espaço]
EPerguntadoelletestemunhapello|contheudonoautodaquerelladoquerellan|teLuis
AntoniodeBarrosdissesabe|pelloVer quesendoestesenhor (e)pessuidor|dehumcavalloRozilhoquetrazia
aoPas to|lhedesapareseranodiaoyto
doprezente|mes equesabepelloouvir dizer aAntonio|Deas fer r ei ra eaAntonioJozeguimaraeis|queotal
cavalloseacharaempoder doque|rellado Josegomesfalcam quehia monta|donelle
pellocaminhodoARayalVelho|dondefoyapanhadopelloquerellante eou|traspessoasmais
ealnaõdissedoditoauto|quetodolhefoyLidoedecLaradopello|ditoDoutor Juis ordi nario
Comaquemasi|gnoueuAntonio carlosMoreirade|samPayoescrivamdojudecial oescrevy|
Pinh
ro
Mel gel dacunha|
Aos desoytodias domesdeoutubrode|[†] [†...............]||
642
||fl.128r||
annosnestavillaRealdenossasenhora|radaConceipcamdosabara
emCa|zasdemoradademim escrivamaodi|antenomeado fis estesumario|detestemunhas Concluzo ao
Dou|tor JozePinheiro Juis or di nar io este|prezenteannosnestaditaVillaReal|eseu ter mo para osentenciar
deque fis estetermo deConcluzaõeeu|antonio CarlosMoreiradesamPayo|escrivamdojudecial queoescrevy|
Cl
o
|
643
Obrigaõ as tes t
as
. Deste Sumario aJosé|Gomes FaLcaõ, oEscr
am
. oLanse no RoL dos|cuLpados, eas
ordens necessarias p
a
. Ser preso|V
a
Real 18 de outubro de 1747|
JozePinh
ro
|
644
Aosdesoytodias domes deoutubrode|mil esetecentos
ecorentaeseteannos|nestaVillaRealdenossasenhoradaCon|Ceipcamdosabaraem
Casasdemorada|doDoutor Juis ordinario JozePinheiro|dondeeuescrivamvimesendoahi
por|ellemefoydadoes[corroído]e Livrodesumario|Comapronuncia
asimaquemandava|secomprasecomonellaseconthem ede|tudofisestetermoAntonio
CarLosMorei|radesamPayoescrivamqueoescrevy||
643
Alteração de punho para o juiz ordinário: Jozé Pinheiro.
644
Alteração para o punho do escrivão : Antonio Carlos Moreira Sampaio.
643
[fl.150v.]
Sumario deT estemunhas daquerella que|dá Caetano Frr
a
Coutto deJoze Bezerr aesuam
hr
|Jozefa Penta|
Sayo o autto no D
o
delles aP128| [espaço]
Aos quinzede as domesdeJunho demil esetecen|tos esinco enta annos nesta VillaReal denossase|nhora d
aconceyçaõ dosabar a ecazas d emor ad a do|Douttor Joz
ePinhey[corroídos] Juis or dinar io dest aditta|Villa aonde euescr[corroído]vaõ aodi
antenomeadovim|esendo ahy por elle foraõ Inqueridas epReguntadas|as testemunhas que pello quer
elante CaetanoFe|rreyraCoutto foraõ apRez entadas das quaes seos nomes|ditos Idades ecostumessam os
que aodi anteseseguem|dequefis estetermo deasentada euManoelda|Costa d
eoLiveyraescrivaõdojudecialoescrevy||
644
||fl.151r||
Bento Pacheco natural daFreguesia de| Sam Joaõ docabido Arcebispado de Braga|emorador emocor
raldelRey Termodesta|Villa quevive deseu negocio deIdade|que dess eserd eSamcoentaannos pouco|mais
ou menos Testemunha aquemodito DoutorJu|is or d in ario deffer io ojuramento dos Santos Evan|gelhos
emhumLivro delles emqueposSua maõdirey|tasob cargo doqual lheem carregou desess eaverda|dedoques
oubesse elh efossepReguntado eRecebido|per elle o dito j ur am ento assim opRometeo
fazer|aocostumedess enada|| [espaço]
EpReg untado elleTestemunha pello contheudo|napet i çaõ d o querel ante Caet ano Fer r eyraCou|tto
desse quesabep ello ver que o querelanteCaeta|no Fer rey raCoutto he senhor eposuhidordedoes|cr ioullos
chamados Maxeminiano esantos os|quaes lhe andaõ pagados hatempos equehumdelles|trasia
emhumapernahumapega deferro|conformes ocostume nestePaes por cas tigo|par aos escravos Rebel des
equedamesma|sortesabe queos taes es cravos heraõ amparados|porhum Mulato por nome
JozeBezerra|quehecasado comhuma Irmã dos mesmos|creoullos aos quaes o dito Mulato JoseBeze|rra Sus
t entava amparava eajudava que|aelleTestemunha
lhepederahumaLemede|Zendo quehera pa[.]a aopontarhuns anZoez|edepois lheconfesara
omesmoquerelad o que|comatalLyma havia cortadoapega does|cr avo doquer el anteque atrasia
eelleTeste|munha tambemveo que omes mocreoullo|janaõ trasea apegocomo deantes comellao ti|nhavisto
equeoutrosy
tambemsabeelle|Testemunha que oquerellado Sabia muy[corroídos]|bem que est[corroído]s
crioullosandavaõ [†]| [...] doquerelado []||
645
[fl.151v.]
dapetesamdoquer elantenemdocostume as|senou comoditoD outtor Juis or dinario eeu|ManoeldaCostad
eoLiveyraescrevaõ dojudecial|oescrevy|
Pinh
ro
Bento Pacheco|
JosedeSouza naturaldaVilladachamu ca|Patriárchado deLisboa emoradornestaVilla|quevivedeseo offisio
dePedreyro deIdadeque|diss eser de venteeoyto annos testemunhaaquem|o d ito D o uttorJuis or d inario
defferio ojuramento|dos Santos Evan g elhos emhumLivro delles emquepos|Suamaõ dereytasobcargo d
oquallheemcarregoudisese|averdade doquesoubesse elhefosse
pReguntado e Re|ceb idopor elle o d itojuramento asimopRometeo|fazer naforma emquelhehera
emcarregado e ao co|tume diss enada| [espaço]
EpReguntad oelleTestemunhapello con|theud o napit es am do quer elanteCaetano|Ferrey raCoutto diss e
quees tando elleT estemu|nha nodiadehoje em caza do Douttor JoseTelles|daselvanestavilla ahy
chegaraoquer elaneCa|etanoFerrey raCoutto elhed eseraaelleTeste|munha emais aAntonio Josedos
Banhos|quechegasem ambosacasadoDouttor JoseCaeta|nodeoLivey ra paraouvir oque aeste
estava|dezendo hum hom em quecom elleseachava|eque endo elle Test(e)munhacom effeyto
acaza|doditoDouttor JoseCaetano ouviraelleTeste|munha ahumhomem quenaõconhessesosim|ouviadizer
sechamavaBento Pacheco mas que| naõ sabes ehe
asim ounaõ elheouviradizer|queamulher dehum Mulato por nome Joze|B ez er ra lhehavia pedido huma
Lima para|afearhuns anzoes edepo[corroído]s lhe disera quechama|..] [.......] haviaõ
tirad[corroído]hua(paya) doquer|[]||
646
||fl.152r.||
Andreomaes names ma forma quelhedeclara|noautto daquerella mas queellesTestemunha|naõ sabesefoy
asimounaõ por quesomente o|ouvio comodittotem ao talBento Pacheco|Sehe queasim sechama quefoy
quem[corroído]dar|amfir macaõ parasefazer oRequer[corroído]men|to desta querella poes tambem
elleTestemunha|naõ sabenem conhesse quemsejao querelado|JozeBezerranemd ondeasiste emuyto
menos|Sabe demais cousaalguma d oautto daquerella|Senaõ pello ouvirdizer como dito tem ao tal|homen
ealnaõ desse nem docostume easinou|comoditoDoutor Juis ordinario dehuma| crus por naõsaber escrever
eeuManoeldaCos|ta deoLiveyra escrevaõ do judecialoescrevy|
De
Pinh
ro
Joze + deSouza|
Antonio Josedos Banhos Motta| natural da Freguezia desam Joaõ daFos|Bespado doPorto emorador nesta
villa que|vive d eser es crevente
deIdadequedesseser|detrintaenoveannos testemunhaaquem|o dito Douttor Juis ord inario deffereo
ojuramen|to dos Santos Evangelhos emhumLivro d elles em|
que pos Sua maõ direyta
645
sobo cargod
oquallheem|carreg ou desese averd ade doquesoubesse elhefo|se pReguntado eRecebed opor elle o d eto
juramen|toasimopRometeo fazernaformacomquelhehera|emcar reg ado aos costumesdissenada|
EpRegunta do elleTestemunhapellocon|tehudo napeteçaõ oquerelanteCaetano| FerreyraCoutto disse
queelleTestemunha|chamarahoje oquerelanteCaetano
Ferre[corroído]ra|Coutto pe din dolhe fosse acasa doDoutor Jos[corroído]|Caetano
d[corroído]oLi[corroído]eyra para ouvir huma [corroído]|Za []||
645
Há uma mancha sobre este grafema, mas isso não impede sua leitura.
647
[fl.152v.]
elleTestemunhaacasadoditoDouttor vira estar|humhomem enformando
docontheudonestaque|rella pelaqual enformaçaõ se Regulou o mes|moDouttor parafazer apetessaõ mas
queelle|Testemunha naõsabeseheounaõ verdadeoque|declaraoauttodaquerella por quenaõ conhesse
a|oditohomem queinformava nemocomo Secha|ma emuytomenos conhess eoquerelado Joze|Bezerra
edamesmasorte naõ sabeos terez|ehaveres deCaetano FerreyraCoutto aquem|So conhess epello nome
epello ter Visto nes|tavillaalgumas Vezes ealnaõ disse dcontheu|do napetesamesnou com o
ditoDouttor|Juis or d inario eeuManoel daCostadeoLi|vey raes crevaõ do Judecialoescrevy|
Pinhe
ro
An
to
Joze do B
os
Mottas|
Tr
o
decon cluzaõ|
Aos quinzedeas domesdeJunho de|mil esse ecentos e sencoentaannos nesta|Villa |realdenoss
asenhoradaconcey ção dosa|b ar a ecazas dem orad adoDouttor JozePinhey|ro Juis or din ario desta
ditaVilla aonde|eu escrevaõ adi antenomeado vim esendo|ahy fis este Sumario de testemunhas
con|cluzoparaosentenciar comolheparecer jus|tiss a de que fes estetermo deconcluzão eu|Manoel daCosta
deoLiveyra
escrevaõdoju|decialoescrevy|[]||
648
||fl.153r.||
646
Oqr depo em as tes te pague oquerelante|ascus tasVaReL deSabara 16 dejun-|ho de 1750| Joze
Pinhero|
647
Suposto qye napRonunçia|naõ obrigou aggravo oquere|lante p
a
o Dr Corregedor da
coma|estevepRo[.....]|mandavabregar||
T
ro
de datta|
Aos desaseis dias domes deJunhodemilesetecen|tos esinco enta annos nestavillaReald nossase|nhorad
aconceyçaõ dosabara ecazas demorad ado|Douttor JosePinhey ro Juiz ordinario d esta|Villa aondeeu es
crivaõ aodiantenomeado meacha|va esend oahy por ell emeforaõ dados estes autos com|asua sentença
supra que mandousecumpRasse|
648
eg uardase ecomonelleseconthemedeclarad oque|fis estetermo d
edataeu Manoel daCostadeoLi|veyr aescrevaõ dojudecialpesccrevy|
Conta ao Juis
Distrib. ejuramen
to
. do autto_______________________ ¼ 8-
Assentada e Tes t
as
_________________________ ¾ 40
Deita Carta ___________________________________ ½
Soma 1/8 ½ 20|
Ao Es cr
am
|
Rasa do Sumario, eautto ___ 1 ¼
Definitio ______________ 80
Tr
os
em
dos
________________ ¼
Soma ____ 1 ¼ 80
Aotodo ____ 3/8 ¼ 40
Pinhe
ro
|
646
Alteração para o punho do juiz ordinário : José Pinheiro.
647
Alteração para o punho do escrivão : Manoel da Costa Oliveira.
648
Na margem esquerda, próximo a este vocábulo, há registrado o grafema <m> que, em função dos
traços, pode-se dizer foi feito pelo punho deste texto.
649
||fl. 86 r||
649
V
o
termo enforma que fes Antonio de Medeyros
Aos vinte eoito dias do mes deAbril de mil eSetecentos etrinta|annos nesta Freguezia de NossaSenhora
doRosario doSumidouro nas |Cazas donde(e)stavapouza oReverendoSenhor Doutor vizitador Ma|noel da
Rosa Coutinho apareceo Antonio deMedeyros morador|em Itacolomi noteficado aSua ordem para
Satisfação daculpa|que lhe Resultou dadevasada vizita desta Freg
a
ao qualodito|Senhor admoestou
emprimeyroLapssodeconcubinato naForma|do Sagr. concil Trident. que detodo se aparte da ilicita
comoni|cação que temcom Anna bastarda forra enão converse mais com|ella empublico ousecreto nem
entre emcaza della nem acon|sinta nasua nem lhe mandedadivas prezentes ou Recados|efaça detodo cessar
oescandalo doseupecado conciderando|as gravissimas ofensas que nacontinuação delle fas aDeos|nosso
Senhor eo manifesto perigo aque expoem aSuaSal|vação perSeverando em tão miseravel estado com
comina|cão deSer com mayor Rigor castigado, e cenSurado elheman|dou que em(torno) deSeis dias
oLançasse fora desua casa compe|na de exc.
am
mayor fes aculpa judecial aceitou admoestaçaõ|e prometeo
imenda foy condenado em duas oitavas emeia deou|roquepagoudequetudo Sefes estetermo que
asignoucom| oReverendoSenhor Doutor vizitador eeuPadrePaulo|Rodrigue Adam Secretario davizita
queoescrevy|
D
r
.Cout
o
. Anto. + de Medeyros|
Termo enforma qye fes Manoel deespindola|
Aos vinte eoito dias do mes deAbril de mil eSetecentos, etrin|a annos nestaFreguezia deNossa
Senhora do Rosario doSumidou|ro nas cazas donde estavapouzado oReverendoSenhor Doutor
|vizitador Manoel daRosa Coutinho apareceo Manoel de espindola||
649
Na margem superior esquerda há uma rubrica, cuja leitura está comprometida em função de corrosão .
650
||fl. 86v||
espindola morador noBrumado noteficado aSua ordem|para Satisfação daculpa quelhe Rezultou dadevasa
davizita|desta (Freg
a
) aoqual odito Senhor admoestou emprimeyro Lapsso|de concubinato naforma
doSagr. Concil Trident quedetodo se apar|te dailicita comonicaçaõ que tem com Arcângela parda
suaescra|va enão converSe mais com ella, em publico o(u)secreto nem|e(n)tre em caza della nem
aconsinta naSua, efaça detodocessar|oescandalo doSeupecado conciderando as gravissimas
ofensasque|nacontinuação dellefas aDeos nosso Senhor, eomanifestope|rigo aque expoem aSuaSalvação
perSeverando emtaõ mise|ravel estado com cominaçaõ deSer com mayor Rigor castigado|e censurado
elhe mandouque emtermo deSeis dias aLançasse|fora deSua casa sub pena de exc.
am
mayor fes a culpa
Judicial|eaceitou admoestação eprometeo imenda foy condenado em|duas oitavas, emeia deouro que
pagou dequetudoSefes este|termoqueasignou comoReverendo Senhor Doutor vizitador |eeuoPadr(e)Paulo
Rodrigues Adam Secretario da vizita que|oescrevy|
D
r
.Cout
o
. M
el
. Spinola de Casto|
Termo quefes Heytor Mendes Gago
Aos vinte, enove dias do mes deAbril de mil eSetecentos etrinta |annos nestaFreguezia deNossaSenhora
do Rosario doSumidour|nas Cazas donde estava pouzado oReverendo Senhor Doutor vizita|dor Manoel
daRosaCoutinho apareceo, Heytor Mendes Gago mo|rador no Rocha noteficado aSua ordem
paraSatisfação dacul|pa que lhe Rezultou dadevassa davizita destaFreg
a
. aoqual|o dito Senhor
admoestou(na)forma deconSentidor do pecado|de suas escravas, e faça detodo cessar oescandalo
conside|rando as gravissimas ofensas q(u)enacontinuação dellefas aDeos|nosso Senhor eomanifesto
perigo aque expoem aSuaSalvação|Sendocauza dos pecados desuas escravas, e por elle foy|aceitava
admoestação eprometia imenda dequetudoSe||
651
||fl. 54r.||
650
O D
tor.
Manoel deAndrade (Vuarnegue) Chantre|da See doRio deJan.
ro
Vigario Geral deste Bis|padoenelle
juiz das justificaçoes cazam
tos
|cappelas eRezidoos pelloIlmo. S.
or
D.Fr. An
to
|deGuadalupe BispodoRio
deJan.
ro
e|todasuadeosezi edo Cons.
o
deS. Mg
de
|Ds.
o
G.
de
&.
a
Fasosaber qaopr
ro
dia domes
deAbril demil esetesentos etrinta ehum|annos vizitei pesoalm.
te
aIgr
a
Matris|
deN.S
ra
doPilar doOuro preto (e)mpre|zença doR.
do
Parocho da d
ta
Igr
a
emais
irmandades epesoas qse declarão prezen|tes fis prosisaõ dedefuntos vizitei os S.
tos
|oleos Pia Baptismal,
Altares e para|m.
tos
delles e prosedendo naforma de|
direito entrei aperguntar devasam.
te
|test.
tas
de qtudosefes este termo eeu|João daFon.
ca
de Fig.
do
escriv
da|vezita qoescrevy|
Dr. M
el
. deAndr
a
. Vuang.|
Asintada
Aos dous dias domes de Abril demil e|setesentos etrinta ehum annos nesta|
Villa Rica doOuropreto em cazas deasis|tencia do m.
to
R.
do
D.
tor
Vigario Geral por|elleforaõ perguntadas
devasamen.
te
as|tes.
tas
abaixo asinadas d(e)cuios nomes||
650
Na margem superior esquerda há uma rubrica feita pelo Dr. Manoel de Andrade Vuarnegue.
652
||fl. 54v||
nomes ditos e idades eCostumes saõ os qaodi|anteseseguem deqfis estetermo eeu|João daFon.
ca
d(e)Fig.
do
escrivaõ dave|zita qoescrevy|
Test.
a
|
Antonio Ramos cazado enatural da|VilladeAlcobasa emorador nestafreg.
a
|aondevive deseuofiço
deMarsineiro|test.
a
iurada aos S.
tos
Evangelhos deida|de dequarenta edous annos|Esendolhe perguntado
pellos itens do|Edital davezita dise nada easinou com o d
to
.|Menistro eeudigo edeclarou qsabe por|ser
publico qAntonio Guedes morador adi|ante doRozario andaComcubinadocom|
escandalocomhua mulata cuio nome|naõ sabe; Item dise qsabe por ser publico|
qJoão P.
ra
hera consentidor qasua escrava|Esperasa andasecomcubinada Com hu|alferes cuio nome
naõsabe ealnaõ dise|easinou como d.
to
Menistro eeu Joaõ|daFon.
ca
deFig.
do
escrivaõ davezita |qoescrevy|
D
r
.Vuang. An
to
. Ramos da C(rus)|
Manoel Luiz solteiro enatural da|Sid.
e
de Lx.
a
(e)morador nestafreg.
a
q.vive|desua agensia test.
a
juradaaos
S.
tos
||
653
|| fl. 55r.||
Evangelhos deidade devinteeoutoannos|pouco mais oumenos| Esendolhe perguntado pellositens
doEdit|taldavesita dise nada easinoucomod
to
.|ministro eeuJoaõ daFon
ca
. deFig
do
. es|crivaõ davesita
qoescrevy|
D
r
.Vuang. De M
el
. + Luiz|
Manoel Ant
o
. (daSilv
ra
.) enatural de (Golegam)| emorador nestafreg
a
. qvive deseu tra| balhotest
a
. iurada
aos s
tos
. Evangelhos|deidade devinteesincoannos pou|comaisoumenos|
Esendolhe perguntadopellos itens doEditaldavezita dise qsabe por|ser publico qDomingos Rodrigues
feitor|deAnt
o
. Ramos anda comcubinado com| escandalocomhuma preta Joana escra|va deFran
co
.
deMoura; itemdise|qsabe qosmais (qtodos) escravos de|Ant
o
. Ramos andaõ amançebados| (ums) comutros
eseus
or
os naõ| reprehende ealnaõ dise easinou| comod
to
. menistroeeuJoaõ da Fon
ca
. deFig
do
. escriv
davesita|qoescrevy.|
D
r
.Vuang. Manoel Ant
o
.|
Antonio deMeireles Ribeiro casado|enatural dacid
e
. doP(orto)||
654
||fl. 55v||
emorador nessa freg
a
. qvive deseune|gosio test
a
. iurada aos s
tos
. Evangelhos |deidadedetrintaeseis
annos|Esendolheperguntadopelos itens| doEdital davezita dise qsabepor|ser publico qGregorio deMattos
[†] andacomcubinadocomhua molher|branca (cuio) nomenaõ sabe; itemdise|qsabepor ser publico qoCp
tam
.
Ant
o
. Cae|tanodesa anda comcubinado comhua|mulata Joanadeq
m
. tratacomescan|dalo eanda (pisada)
delle, itemdise|qsabe por ser publico qBernardo Ri| beiro andacomcubinado comhua mula|ta qmora
noCaquendeqhaes can|dalo; item dise qsabe por ser publico|qM
el
. Carn
ro
. anda
comcubinadocom|huamulata Joana (qfurtou) deq
m
.|temhufilho qBaptizou em seu no|me; item dise qsabe
por ser publico|qM
el
. Phelipe Vendime andacom|cubinado comhua molher Ant
a
. qtra|ta (etem desua maõ);
itemdise qsa|bepor ser publico qod
r
. Ant
o
. Joseph|andacomcubinado comhua Leo|nor itemdise qsabe por
ser publico|qAnt
o
. Dasilva Porto anda comcubi|nadocomhuapreta por nome (Agos)|tinha; item dise
qsabe por ser publico qJoseph Correa dasilva||
655
||fl.56r.||
andacomcubinado com hua mulataporno|meTherezaRomana; itemdise qsabe(porlho)|ver qLourenço Dias
Roza deu tres mil cru|zados aiuro mas declarou ser arisco, eq|vencendose orisco enaõ tendo
(ordenador)||comqpagar lhodeixouficar nasuamaõ|com obrigaçaõ delhe pagar outavas de|ouropor (milró)
eqodito devedor se|chama JosephCardososHomem (noforquim)|eqouvio dizer qAnt
o
. Lopes dLeaõ cos|
tumadar d
o
. comuzuras, eqomesmo|ouviodizer deAnt
o
. dasilvaPorto, eal| naõ dise easinou com od
to
.
menistro| eeuJoaõ daFon
ca
deFig
do
. escrivaõ| da vezita qoescrevy|
D
r
.Vuang. Ant
o
. deMeyrelles Rib
ro
. |
Franco. (Meria) da(Fg
ro
) enatural de (oliven|sadoAlenteio) emorador nesta freg
a
.|qvive desua agencia
test
a
. iura|daaos S
tos
. Evangelhos de idade|detrintaannos| esendolheperguntadopellos|itens
doEditaldavezita dise|qsabe pelloverqM
el
. Pinho Feit
o
|andaamasebado com huamolher|cazada por nome
Luisa deLemos|casada com Fran
co
. xavier; item dise qsabepor ser publico qFran
co
.|Roizs.
andacomcubinado comhua||
656
||fl. 56v.||
pretaescravade Fran
co
. de(Fanora) item dise|qsabepor ser publico qAnt
o
guedes an|da comcubinado
comhua mulata q|trosedorio deJan
ro
., item dise qsabe|qhu caldeireiro qmora naladeira des|ta freg
a
. aq
m
.
chamaõ ocaldeireiro (novo) por lhe naõ saber onome andacomcu|binado comhuapreta Ignacia
qhe|lavandeira eqsabe pello dizeremes|(mocunheçer)ealnaõ dise easinou|comod
to
. menistro, eeuJoaõ
daFon
ca
. deFig.
do
escrivaõ davezita qoes|crevy|
D
r
.Vuang. Fran
co
. Mexia Migueni
PedroFran
co
(Coelho) enatural des.verisimo|Arsebispado deBragaemorador nesta|freg
a
. aonde vive
deseutraalho test
a
. iuradaaos S
tos
. Evangelhos deida|de detrintaannos| Esendolheperguntadopellos
itens|doEditaldavezita dise qsabepello|ouvir dizer publicame
te
. qoCpt
am
| Basthezar daFon
ca
morador
noCaquen|deanda comcubinado comhua mu|latapor nome Anna; item dise qsa|ber por ser publico qAnt
o
.
guedes an|dacomcubinadocomhua mulata|por nome (Boreta), item dise qsabe| por ser publicoqM
el
.
Fern
des
. Caldei||
657
||fl.57r||
reiro novo andacombubinado comhuapreta| por nome Ignacia, item dise qsabe por| ser publico qhua
escrava deJoaõ P
ra
. por|nomeEsperança andacomcubinada|comhu Alferes cuio nome naõ sabe|eqod
to
.
seus.
or
oconsente, itemdiseq|sabe por ser publico qM
el
. Pinto anda|comcubinado comhua Luzia deLemos|
molher casada ealnaõ dise easinou|comod
r
. menistroeeuJoaõ daFon
ca
.|deFig
do
. escrivaõ davezita
qoes|crevy|
D
r
.Vuang. Pedro Fran
co
. |
Joaõ Alvares Nogueira casado enatu|ral dasi
de
. dorio deJan
ro
. emorador nestafreg
a
. qvive
deseuoffiçiode|Alfaiate test
a
iuradaaos S
tos
. Evan|gelhos deidadede trinta esenco|annos poucomais
oumenos|Esendolheperguntado pellos itens doEditaldavezita diseqsabe por|ser publico qFelis Gomes
andacomcubinado com M
a
.Josepha (parda)|itemdise qsabepor ser publico q|Joaõ Pinho caixeiro
andacomcubi|nadocomhua bastardapor nome|Anna, itemdiseqsabe pellamesma| resaõ qM
el
. dasilva
andacomcu|binadocom M
a
. Theresa parda||
658
||fl. 36 v.||
Frg
a
. de Nossa Snr
a
daConceyçaõ da Villa do Sabará
O R
do
. D
r
. Francisco Pinheyro da Fonseca Comis sario doSancto Officio Benefficiado naCollegiada de
Saõ Pedro daCida de deCoimbra, e naCapella da Sanctissima Trindade da Sé de Lame go Vezitador
ordinario dito da esta Capitania das Minas pello Ilustrissi mo eReverendissimoSenhor Dom Frey
Antonio de Guadalupe por mer ce de Deos e daSanctaSe Apostolica Bispo deste Bispado deSaõ Se
bastiaõ doRio deJaneyro edaConsulta deSuaMagestade queDeos go arde &
a
. Faço Saber que aos
catorze dias do mes deJunho de miL Setecen tos trinta eoito annos vizitei pessoaL mente esta Igreja
Matriz deNossa Senhora daConceyçaõ daVilla do Sabara emprezença doseu Reverendo vigario
della oDiretor Lourenço Joze de Duyros coimbra, cLerigos, confra (ria) Nobreza mais povo della; fiz
a prociçaõ dos deffunctos, Vizitei oSacrario Pia BaptismaL Sanctos OLios, Altares, Imagens,
Sanchrestia, eornamen tados daditta Igreja, e proce dendo naforma dedireito a devaça foraõ por mim
devaça mente perguntadas astestemunhas que ao diante se seguem deque mandey fazer este termo que
assgney eeuP. Antonio Joze de Moura Secretario da Vezeta que oescrevy
Pinh[corroído]|
Aos vinte dias do mes deJunho de miL sete centos etrinta eoito annos nesta villa doSabara e cazas
onde estava pouzado oReverendo Senhor Dout(o)r Vezitador Francisco Pinheyro da Fonseca Sendo
euSecretario da vizita taõ bem ahy pelo Meyrinho da Vezeta ManoelSeco foraõ noteficadas
astestemunhas ao diante nomeadas easignadas, paraque asim nesta devaça davezita cujos nomes
cognomes, officios, patrias, moradas, idades, ecustumes saõ nafor ma que emseus lugares sedecLara, de
que tudo fizeste termo euP.Anto nio Joze deMoura Secretario da Vezita que oescrevy|
Diogo Fernandes Alves SoLteyro homem de negocio naturaL dafregue guizia de Saõ Tiago de
Valpedres Bispado doPorto morador nesta Villa teste munha noteficada aquem oReverendoSenhor
Doutor vizitador deu jura mento dos Sanctos Evangelhos em quepossua maõ direita e prometeo dizer
verdade do que lhefosse perguntado de idade quedisseser de sincoen taeoito annos
Eperguntado elletestemunha pelos interrogatorios davizita que lhe ||
||fl. 37 r.||
que lhe foraõ lidos disse nada easignou com oReverendoSenhor Diretor vizitador eeu S
o
. Antonio
Jozede Moura Secretario da vizita que oescrevy|
Pinheiro
Diogo Frz Alz|
Pedro Nolasco de Mendonça SoLteyro que vive deseu negocio naturaL daCidade| doRio deJaneiro
morador nesta Villa testemunha noteficada aquem o Reve rendo deu ojuramento dosSanctos
Evangelhos emque pos sua maõ direita eprometeo dizer verdade ao que lhefosse perguntado| de idade
que disseser de trinta e tres annos|
Eperguntado elle testemunha pellos interrogatorios davizita quelheforaõ Li dos disse nada easignou com
oReverendoSenhor Diretor Vizitador eeuS
o
.| Antonio Joze de Moura Secretario davizita que oescrevy |
Pinheiro
Pedro Nolasco deMendonça|
659
Antonio Francisco Nogueyra SoLteyro home de negocio naturaL da Villa de Nugueyra Bispado de
Coimbra morador nesta Villa tstemunha noteficada aquem oReverendoSenhor Diretor Vizitador deu
ojuramento dosSanctos evangelhos em quepos sua maõ direita eprometeo dizer verdade doquefosse
pergun tado deidade que disseser de quarenta e dois annos.|
Eperguntado elletestemunha pelos interrogatorios que lheforaõ lidos| disse nada eassignou com
oReverendoSenhorDiretor Vizitador eeuS
o
. Antonio Jozede Moura queoescrevy|
Pinheiro
Antonio Fran
co
|
Gregorio Moreyra dos Sanctos Cazado Ferreyro natural daCidade do Porto mora nesta Villa
testemunha noteficada aquem oReverendo Senhor Diretor Vizitador deu ojuramento dosSanctos
Evangelhos emquepois sua maõ derey ta e prometeo dizer verdade do quelhefosse pergun tado de
idade que disseser de quarenta e dous annos.|
Eperguntado elle testemunha pellos interrogatorios da vizita que lheforaõ lidos disse nada easignou
com oReverendoSenhor Diretor vizitador eeuS
o
. An|tonio Joze deMoura que oescrevy o decLaro que
asignou com huaCruz| por naõ saber escrever oseu sobreditto|
de
Pinheiro Greg + Moreyra doS
tos
.|
Henrique deAbreu soLteyro que vive de sua agensia naturaL daCida de de Vizeu morador nesta villa
testemunha noteficada aquem oReve rendoSenhor Diretor Vizitador deu ojuramento dosSanctos
Evangelhos em que pos sua maõ direita eprometeo dizer verdade doquelhe fosse pergunta do de idade
que disseser de trinta eoito annos| Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios da vizita
quelheforão Lidos aodessimosetimo disse que Francisco Rodrigues Monteyro digo Ro driguez da
Cruz Solteyro morador na Rua do Piolho desta villa anda aman||
660
||fl. 37v.||
anda amancebado com Ana Maria Mulata forra moradora no Sapanha Acan|ga da mesma Villa entrando
continuamente em caza della de quem tem|huma filha oque elle testemunha sabe pello ter visto alem de
ser publico eno|torio nesta Villa. |
Disse mais que Jeronimo Pinto Solteyro oLeyro morador aponte deIo|do Velho, arabalde desta Villa anda
amancebado com Antoia de Moura MuLa|ta forra entrando continuamente em caza delle causando
notorio escan|dallo havera sinco annos que hepublico este concubinato doquaL tem|havido hum filho e
que sabe por ser publico enotorio, e mais naõ disse deste|nem dos mais eaocustume disse nada assgnou
com oReverendo Senhor|Diretor vizitador e euS. Antonio Joze de Moura que oescrevy|
Pinheiro
Henrique de Abreu |
Manuel daSilveyra SoLteyro Roceyro natural daIlha Terceyra Bis|pado de Angra morador noRio do
Peyxe desta freguezia testemunha noteficada|aquem oReverendo SenhorDiretor vezitador deu juramento
dosSanctos|Evangelhos emque pos sua maõ direita eprometeo dizerverdade doque|lhefosseperguntado
deidade que disseser de quarenta annos.|
Eperguntado elle testemunha pellos interrogatorios davizita quelheforaõ li|dos Aovigessimooitavo disse
que osPadres VaLerianio da Cunha e Verissi|mo Monteyro capelaes pagos da capella do Pompeo desta
freguezia faLtão| etem faLtado aensinar doutrina como manda a PastoraL desua Illustrissi|ma, e o padre
Valeriano aalguns annos aensenou aLguas vezes mas de |prezente onaõ faz oque elle testemunha sabe
pello ver e prezenciar|emais naõ disse deste nem dos mais aocustume disse nada
eassgnoucom|oReverendoSenhorDiretor vizitador eeuS. Antonio Joze deMoura que|oescrevy|
Pinheiro
M
el
. da Silveira|
Francisco Pereyra Correa Solteyro Roceyro naturaL da Villa dePontadeLima|Arcebispado de Braga
morador nas Roças Novas desta freguezia testemunha|noteficada aquem oReverendoSenhorDiretor
vizitador deu oj
uramento dos|Sanctos evangelhos emque pos sua maõ direita eprometeo dizer
verdade|doque lhefosseperguntado de idade quedisse ser de trinta e oito annos|
Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios davizita quelheforaõ|Lidos dise nada eassignou com
oReverendo Senhor Diretor vizitador eeu|oS. Antonio joze deMoura que oescrevy|
Pinheiro
Fran
co
P
ra
Correa|
ManoeL Rodrigues Villarinho Solteyro Roceyro naturaL da freguezia de|Saõ Cosme doArcebispado de
Braga morador nesta freguezia testemunha|noteficada aquem oReverendoSenhorDiretor (ve)zitador deu
ojuramen|to aosSanctos Evangelhos emque pos sua maõ direita eprometeo dizer| verdade doque lhefosse
perguntado de idade que dise ser de vinte e|sinco annos|
Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios davezita quelheforaõ|lidos aodessimo setimo disse que
ManoeL da SiLveyra Solteyro morador|noRio doPeyxe desta freguezia anda amancebado com Mariana
negra|digo Mariana parda forra quetem emsua Caza cauzando notorio es||
661
||fl. 38r.||
notorio escandallo eso apoucos dias aLargoufora oque sabe pello ouvir dizer|geralmente, emais naõ disse
nada easignoucom oReverendo Senhor Diretor vizitador eeu S. Antonio Joze de Moura que oescrevy|
Pinheiro
M
a
R
es
Vills|
O Tenente ManoeL Gomes da Motta Solteyro Mineyro natural da freguezia| de Saõ Payo da Pica
deRegalhados Arcebispado deBraga morador nesta villa|testemunha noteficada aquem
oReverendoSenhor Diretor vezitador deuju|ramento dos Sanctos Evangelhos emque pos sua maõ direita
eprometeu|dizer verdade doque lhefosse perguntado deidade que disse ser de qua|renta eSinco annos.|
Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios da vezita quelheforaõ|Lidos disse nada eassignou com
oReverendoSenhor Diretor vizitador eeu|o S. Antonio Joze de Moura queoescrevy |
Pinheiro
M
el
Gomes deMotta|
ManoeL da Fonseca FiLgueyras SoLteyro Mineyro naturaL da freguezia de|Sancta OLaria de Margaride
Arcebispado deBraga morador nesta Villa Tes|temunha noteficada aquem oReverendoSenhorDiretor
vizitador deu juramento dos Sanctos Evangelhos em que pos sua| maõ direita eprometeo dizer verdade
aoque lhefosse perguntado deidade|que disse ser de quarenta e sete annos |
Pinheiro
M
al
. da Fon
ca
Filgueyra|
Antonio Francisco da Sylva SoLteyro Fereyro naturaL da freguezia de San|cta Christina de Mansorey
Bispado do Porto morador no Pompeu desta freguezia tes|temunha noteficada aquem oReverendo Senhor
Diretor vezitador deu jura|mento dos Sanctos Evangelhos emquepossua maõ direita eprometeo|dizer
verdade doquelhefosse perguntado de idade quedisseser de sin|coenta e dous annos.|
Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios davezita quelheforaõ| lidos aodessimosetimo disse que
Manoel daSilveyra desta freguezia an|da amancebado com Mariana Pardaforra que tem emsuacaza
cau|zando notorio escandallo quepor ser publico elletesteunha o sabe. | Disse mais que (Je)ronimo
ferreyra SoLteyro semofficio morador no| Pompeu desta freguezia anda amancebado com Ivanna
ferreyra para|da negraforra do mesmo arrayal entrando hum emcaza do outro com|notorio escandallo que
por ser publico elletestemunha osabe. |
Disse mais que Ivã Francisco Guimaraes SoLteyro Sapateyro mora|dor no Arrayal doPompeu
destafreguezia anda amancebado com Fran|cisca negraforra desta freguezia aquaL tem deportas adentro
com noto||
662
||fl. 38v.]
notorio escandallo queporserpublico elletestemunha over osabe|
Disse mais que Custodio Francisco Porto do arrayal do Pompeo des|ta freguezia anda amancebado com
Ivanna negra Mina suaescrava que| [] consigo daqual teve já hum filho causando notorio escandallo|que
por ser publico elletestemunha osabe|
Ao vigesimooitavo disse que os Padres Capelaes da Capella do |Pompeu Valeirano daCunha e Virissimo
Monteyro naõ ensinaõ a |doutrina aos seus [] nos Domingos e dias Santos como saõ obri|gados oque
elle testemunha sabe pello ver e prezenciar, e mais naõ|disse eaocustume dissenada easignou com
oReverendo Senhor Diretor vezitador com hua Cruz por naõ saber escrever eeu oS. Antonio Jo|ze de
Moura Secretario da vezita queoescrevy|
de
Francisco Pinheiro da Fon
ca
Ant + Fr
co
da S
a
. |
Manoel da Costa Braga Viuvo quevive defasqeyra naturaL da|freguezia de Sancta Maria de Panoyas
Arcebispado de Braga morador|nesta Villa testemunha noteficada aquem oReverendoSenhor Dire|tor
vizitador deu juramento dosSanctos Evangelhos emque pos| sua maõ direita e prometeo dizer verdade
daoquelhefosse pergun|tado de idade que disse ser de sincoenta edous annos.|
Eperguntado elletestemunha pellos interrogatorios da Vizita que lhefo|raõ Lidos aodessimosetimo disse
que Jeronimo Pinto SoLteyro morador| (no) Arrayal do Piolho desta Villa anda amancebado com Antonia
de| Moura Mulata forra de quem tem hum filho cauzando notorio escandallo|que por ser publico
elletestemunha osabe, e mais naõ disse desta eaocus|tume disse nada eassgnou com oReverendoSenhor
Diretor vizitador| eeu S
o
. Antonio Jose de Moura que oescrevy decLaro que asig|nou comhua Cruz por
naõ saber escrever sobreditto que escrevy |
de
Pinheiro
M
LL
+ da Costa Braga |
Joaõ Baptista deSá soLteyro oficial deALfayate naturaL da| freguisia de Saõ Nicolao Bispado de Verselhe
Estado deMilaõ mo| rador nesta villa testemunha notificada aquem oReverendose|nhor Doutor vizitador
deu ojura mento dosSanctos Evangelhos em|quepossua maõ dir[.]yta eprometeo dizer verdade
doquelhe|fosse perguntado deidadequedesseser de quarenta e dous an|nos.|
Eperguntado elletestemunha pellos inter[corroído]ogatorios da Vizitaque|lheforaõ Lidos aodessimosetimo
disse que [corroído]JeronimoPinto Pays|eBritto morador aponte de Ivaõ velho desta villa
andaconcubina|docom Antonia deMoura parda forra damesma villa daqual| [...] humfilho cauzando
notorio escandallo quepor publico elle|testemunhasabe.|Disse mais que Francisco Rodrigues daCruz
soLteyro morador no|Arrayal doPiolho desta villa andaamancebado com Anastacia||
663
||fl. 39r.||
Anastacia mulataforra damesma Villa aqualdelle[....] adelle tem hum|filho causando notorio escandallo
que por publico elletestemunhasabe.| Disse mais que JeronimoFerreyra solteyro no [] destafregue|zia
andaamancebado com JoannaferreyraParada negraforra comquemja[]|com culpado navezita pasada
cauzando notorio escandallo oqueelle teste|munhasabe por ser publico vox efama nestavilla.| Disse mais
que ManoelFrancisco solteyro vendeyro asistente naRua|doPiolho desta freguezia anda amancebado com
Andreya negraforra sua|vizinha entrando hum emcaza dooutro com notorio escandalloquepor publi|co elle
testemunha osabe.|Disse mais que Manoel daSylveyrasolteyro destafreguezia anda|amancebado com
Mariana Parda aqual temtido nasuacompa|nhia tida emanteuda porsua concubina detal sorte queha poucos
tem|pos elleteste munha lhefeshuasaya dePinhella para (adilla) Mula|ta que omesmo lhemandoufazer elhe
truse asmedidas quetudofaz|publico oseu pecado epor isso elle testemunhaosabe, emais naõ disse des|ta
nem dosmais eaocustume disse nada easignou com oReverendo|senhorDoutor vizitador eeuP.Antonio
joze deMouraqueoescrevy|
Pinheiro
JoaõBap
ta
desa||
Custodio Peyreyra Mauricio cazado Seleyro natural dafreguesia deSaõ|Romaõ deMouriz Bispado doPorto
morador nesta villa testemunha no|teficada a quem oReverendosenhorDout(o) vesitador deu juramento
dos|Santos Evangelhos emquepos dua maõ direita eprometeo dizer verda|de doquelhefosse perguntado
deidade quedisseser de vinte eseis na|nos
Eperguntado ele testemunha pellos interrogatorios davisita quelheforaõ|lidos aodessimosetimo disse que
Antonio Lopes villas boas morador| noArrayal da Alagoa desta villa anda amanseba(do) com
Thereza|Negraforra que tem em sua caza aqual (pella) trata como concubina| cauzando emtudo notorio
escandallo quepor publico elle testemunha| osabe|
Disse mais Manoel Antonio solteyroCarapina morador naAlagoa|destafreguezia anda amancebado com
[espaço] negra sua captiva| dequem tinhahumfilho cauzando notorio escandalo epor(isso)
elleteste|munhaosabe|
Disse mais que Joaõ deFaria Braga solteyro Mercador morador| neste Arrayal daIgreja grande anda
amancebado com (Rella) negra|forra que tem emsua [corroídos] ealguas vezes [....] mas sempre p(o) sua
conta|causando notorio escandallo eporisso elle testemunha osabe|
Disse mais que LeonardoCoelhoFerreyra solteyro morador noLar|go daIgreja grande destavilla anda
amancebado com Theresa escra|vadaCrioulla Natalia desta Villa daqual tem hum filho entrando| esta
quase todos osdias emcasa delle com notorio escandallo queporpublico elle testemunha osabeDisse mais||
664
Lista de abreviaturas desfeitas
Ag
a
r
.............. Aguiar
aleivozam
te
. . aleivozamente
Alm
da
........... Almeida
Alz ............... Alvez
am
o
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........... Capitam
Carn ............. Carneiro
Carpinte
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...... Carpinteiro
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cazam
tos
........ cazamentos
Cert
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........ Certamente
Cid
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. ............. Cidade
Clo ............... Conclusão
conhecim
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. .. conhecimento
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.......... Conselho
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........... corrente ano
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. ................ morador
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..... Muito / muitos
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............... novembro
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Ribeiro/Ribeiro
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Snr
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S
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/ S. ........... Secretario/Secretario
665
so=|bred
o
...... sobredito
Socieda
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. ...... Sociedade
SPayo .......... SamPayo
S
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.................. Senhor
s
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................ Santos
sup
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. ........... suplicado
sup
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. ............ suplicante
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. ................. tabelião (?)
T
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Termo / termo /termo
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testemunhas / testemunha
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a
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. ............ Vila Rica
V
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......... Vistas /Vista
Vas
cos
........... Vasconcelos
Ver
a
.............. Veera
666
Análise da assinatura das testemunhas – nível de letramento
I – Autos de Devassas – Arquivo do Pilar
AD_ 449/9452/1725
Total de testemunhas : 30
nível
juiz: Domingos F. de Oliveira
4/5
fl. níve
l
testemunha: Calixto M. Morais
(S/E)
6r 3
testemunha: João de Souza
(S/E)
7r 3
testemunha : Raymundo R. Roza
(S/E)
8r 4/5
testemunha: Joseph S. Exposto
9r 4/5
667
(S/E)
testemunha: Antonio da Costa Ribeiro
(S/E)
10r 3
testemunha: Lourenço M. Vjanna
(artesão e artífice)
10v 4/5
testemunha: Manoel M. de Vasconcelos
(soldado)
11v 4/5
testemunha: João V. Carneiro
(S/E)
12v 3
testemunha: Manoel B. Barros
(S/E)
13r 4/5
668
testemunha: Joseph de Araújo Correia
(S/E)
14r 3
testemunha: Antonio S. da Rosa
(S/E)
15r 3
testemunha: Fco. da Costa Pontes
(artesão e artífice)
15v 4/5
testemunha: Manoel P. Vieira
(S/E)
16v 4/5
testemunha: Antônio de Magalhaes
(S/E)
17v 3
18v 1
669
testemunha: Gonsallo + Lopes
(S/E)
testemunha: João da Silva Julliam
(S/E)
19r 3
testemunha: Thome G. Costa
(S/E)
20r 3
testemunha: Ignacio Francisco
(S/E)
21r 3
testemunha: Domingos dos Reis
(mestre de cavalaria)
21v 3
testemunha: Christovaõ P. Ferras
22v 4/5
670
(soldado)
testemunha: Joseph M. Campos
(soldado)
23r 3
testemunha: Joseph G. Branquinho
(pequeno comerciante - ambulante)
24r 4/5
testemunha:Paulo de C. Crespo
(S/E)
25r 3
testemunha: Gaspar de V. Boas Jacome
(S/E)
26r 3
testemunha: Manoel R. Pontes
(S/E)
26v 4/5
testemunha: Matheus + Pereira
(soldado)
27v 1
671
testemunha: Antonio F. Fontes
(S/E)
28r 3
testemunha: Basthesar B. de Almeida
(soldado)
28v 4/5
testemunha: João F. Froes
(soldado)
29v 3
testemunha: Antonio de Almeida
(S/E)
30r 4/5
AD _ 438/9059/1727
Total de testemunhas : 30
nível
672
juiz: Manoel F. Agrellos
4/5
fl. nível
testemunha: Valerio da Costa
(S/E)
3v 3
testemunha: Gaspar M. de Aguiar
(grande negociante)
4r 3
testemunha: Bento M. de Macedo
(pequeno comerciante)
4v 3
testemunha: Manoel Vales Boa
(grande comerciante)
5r 3
673
testemunha: Damião + Fernandes
(artesão e artífice)
5v 1
testemunha: Manoel C. Francisco
(artesão e artífice)
6r 4/5
testemunha: Manoel Joam
(grande comerciante)
6v 3
testemunha: Manoel M. da Lus
(minerador)
7r 3
7v 3
674
testemunha: Pedro Carvalho
(pequeno comerciante)
testemunha: Manoel Barretos
(artesão e artífice)
8r 3
testemunha: Joseph P. de Azevedo
(artesão e artífice)
8v 3
testemunha: Antonio G. Cardoso
(grande comerciante)
9r 4/5
testemunha: Joseph M. de Lemos
(grande comerciante)
9v 4/5
10r 3
675
testemunha: Antonio Manoel
(artesão e artífice)
testemunha: Manoel + Fernandes
(outro)
10v 1
testemunha: Antonio V. Jordan
(pequeno comerciante)
11r 3
testemunha: João da Cunha Bellozo
(artesão e artífice)
testemunha: Manoel M. Bello
(grande comerciante)
11v 3
4/5
12v 1
676
testemunha: João + Lopes
(artesão e artífice)
testemunha: Domingos da Silva
(artesão e artífice)
3
testemunha: João C. Lanhozo
(artesão e artífice)
13r 3
testemunha: Miguel + Lopes Araújo
(artesão e artífice)
13v 1
testemunha: Antonio F. dos Santos
(artesão e artífice)
15r 2
677
testemunha: João + Pereira
(minerador)
1
testemunha: Henrique R. de Carvalho
(artesão e artífice)
15v 4/5
testemunha: Manoel G. da Crus
(artesão e artífice)
16r 3
testemunha: Manoel Teixeira + Lemos
(grande negociante)
16v 1
testemunha: Manoel da Sylva
(S/E)
testemunha: Danyel G. Lima
17r 4/5
3
678
(pequeno comerciante- caixeiro)
testemunha: Francisco da Silva F. Ascada
(grande negociante)
17v 4/5
AD _181/3328/1731
Total de testemunhas : 31
nível
juiz: Manoel R. Coelho
4/5
fl. nível
testemunha: Antonio J. Machado
(pequeno comerciante)
testemunha: Ayres Dornelles
(grande comerciante)
3r 4/5
3
testemunha : Domingos
(pequeno comerciante)
4r 3
679
testemunha: Simão X Teixeira
(pequeno comerciante - ambulante)
1
testemunha: Antonio da Silva
(grande comerciante)
4v 2
testemunha: Antonio da Silva
(grande comerciante)
5r 3
testemunha: Joao Bautista
(outros)
5v 2
testemunha : Sebastiam + Pereira
(pequeno comerciante)
6r 1
testemunha: Geronimo R. da Costa
(outro)
7r 4/5
testemunha: Matheus de M. Bitancur
(outro)
7v 4/5
8v 4/5
680
testemunha: Yerononimo B. de Moralles
(outro)
testemunha: Fran
co
+ G. da Cunha
(outro)
9r 1
testemunha : Antonio João Cristella
(outro)
10r 4/5
testemunha : Miguel Cardoso
(artesão e artífice)
11v 4/5
testemunha: João Vieira Brito
(grande comerciante)
12v 2
testemunha : Jacinto M. Freyre
(outro)
14 r 3
testemunha : Bernardo Alves
(grande comerciante)
15r 4/5
testemunha: Antonio Abreu Nogueira
15v 3
681
(grande comerciante)
testemunha: Anastácio V. de Mello
(outro)
16v 3
testemunha: José + Ferreira
(artesão e artífice)
17 r 1
testemunha: Thiago Cabral de Freytas
(minerador)
18v 4/5
testemunha: Francisco M. da Costa
(outro)
19r 4/5
testemunha: Antonio G. de Mello
(outro)
20v 4/5
testemunha: José + da Costa
(pequeno comerciante - ambulante)
21r 1
AD_445/9438/1731b
682
Total de testemunhas : 30
juiz: Manoel R. Coelho
4/5
fl. nível
testemunha: Bento de Macedo
(minerador)
3v 3
testemunha: Arcenio de M. Machado
(minerador)
4v 3
testemunha: Antonio P. de Carv
o
.
(grande comerciante)
5r 4/5
testemunha: Joseph C. da Silva
(minerador)
5v 4/5
testemunha: Manoel G. Peixoto
6r 3
683
(pequeno comerciante)
testemunha: Fructuoso + P
ra
. Souza
(minerador)
6v 1
testemunha: Pedro A. Rozeyro
(minerador)
7r 4/5
testemunha: Lucas Machado
(artesão e artífice)
7v 3
testemunha: João F
co
. do Couto
(grande comerciante)
16r 4/5
AD_ 447/9394/1735
Total de testemunhas : 30
fl. nível
juiz: Domingos A. Lisboa
1v
4/5
testemunha: Ilena + Ramos
4r 1
684
(S/E)
testemunha: Antonio G. Martins
(artesão e artífice)
4v 3
testemunha: João F. da Costa
(artesão e artífice)
5r 4/5
testemunha: Antonio de M. Rebello
(artesão e artífice)
6r 4/5
testemunha: Joana + Lopes
(pequeno comerciante)
6v 1
testemunha: Henrique R. de Carvalho
(artesão e artífice)
7r 4/5
testemunha: Antonio J. Ramos
(artesão e artífice)
8r 4/5
testemunha: Adriam Vieyra
(artesão e artífice)
8v 2
testemunha: Manoel + de Tavora
9r 1
685
(minerador)
testemunha:Antonio G. de Lima
(artesão e artífice)
10r 4/5
testemunha: Antonio R. da Crus
(artesão e artífice)
10v 4/5
testemunha: Tereza + de Jesus
(mineradora)
11r 1
testemunha: Joseph G. da Cruz
(artesão e artífice)
11v 3
testemunha: Isabel + do Rozario
(pequena comerciante)
12r 1
testemunha:Antonio Moreyra de
Abreu
(artesão e artífice)
12v 4/5
testemunha: Thome de Almeida
(pequeno comerciante)
13r 3
14r 3
686
testemunha: Pedro Alves da Silva
(pequeno comerciante)
testemunha: João R. de Oliveyra
(artesão e artífice)
14v 2
testemunha: Bernardo R. Canudo
(artesão e artífice)
15r 3
testemunha:Manoel + de O. Ramos
(artesão e artífice)
16r 1
testemunha: Antonio F. Medina
(artesão e artífice)
16v 2
testemunha: Joanna + da Assumpção
(pequena comerciante)
17r 1
testemunha:Anselmo de S. V. Boas
(minerador)
18r 4/5
testemunha: Francisco M. de Carvalho
18v 3
687
(minerador)
testemunha: João + Lopes de Souza
(artesão e artífice)
19r 1
testemunha: João Alves Barrados
(artesão e artífice)
19v 4/5
testemunha: Antonia + da Costa
(pequena comerciante)
20r 1
testemunha: Honorato Barcellon
(grande comerciante)
20v 4/5
testemunha: Domingos M. de Asevedo
(artesão e artífice)
21v 4/5
testemunha: Manoel + Gonçalves
Correa
(artesão e artífice)
22r 1
AD _ 449/9477/1743
Total de testemunhas : 34
nível
Juiz : Fernando da Mota
4/5
688
fl. níve
l
testemunha: João F. Guimaraes
(artesão e artífice)
3v 3
testemunha:Antonio Alves G. da Cunha
(artesão e artífice)
testemunha : Antonio Dias da Costa
(pequeno comerciante)
4r 3
4/5
testemunha : Antonio Gonçalves Ramos
(artesão e artífice)
4v 3
testemunha: Joam de Macedo
(artesão e artífice)
5r 2
testemunha: Mathias + Gonçalves
(grande comerciante)
testemunha : Antonio Martins Lima
(pequeno comerciante)
6r 1
4/5
7r 3
689
testemunha: Luis de Souza
(pequeno comerciante)
testemunha : Domingos de Andrade
(grande comerciante)
3
testemunha: Manoel Lopes da Sylva
(artesão e artífice)
7v 3
testemunha : Manoel do Couto
(grande comerciante)
8r 2
testemunha : Bartolomeu M. da Costa
(artesão e artífice)
8v 4/5
testemunha : João Alves P
ra
.
(grande comerciante)
9r 2
testemunha: Domingos Borges
(pequeno comerciante)
9v 3
testemunha: Lourenço Cordeiro
(artesão e artífice)
10r 3
testemunha: João Antunes Braga
10v 4/5
690
(pequeno comerciante - ambulante)
testemunha: Fellis Cesar de Meneses
(artesão e artífice)
11r 4/5
testemunha: João Lopes da Crus
(artesão e artífice)
testemunha: Ant. + Montr
o
. Lima
(artesão e artífice)
11v 4/5
1
testemunha : Joanna F. Lima
(pequena comerciante)
12v 1
testemunha : Ana Pinto
(pequena comerciante)
13r 1
testemunha: Rosa Maria Encarnação
(pequena comerciante)
13v 1
testemunha: Antonio do Pina
(artesão e artífice)
14r 2
testemunha: Costodio Lopes
(artesão e artífice)
14v 2
testemunha: Bras + Gonçalves
(artesão e artífice)
15r 1
testemunha: Manoel da Costta Peixoto
(artesão e artífice)
15v 3
691
Mariana de Pugas
(pequena comerciante)
20r 1
AD _ 278_5801_1750
fl. nível
juiz : Thomaz G. da Silva
4v 4/5
fl. nível
testemunha: João da Silva Lima
(pequeno comerciante)
16r 2
testemunha: Manoel Barretos
(minerador)
17r 3
testemunha: Gonsallo Afonso Vilella
(grande comerciante)
2v 3
testemunha: Antonio Fernandes da
Costa
3r 4/5
692
testemunha: Roza Ribeiro
(mineradora)
6r 1
(artesão e artífice)
testemunha: Domingos Henriques Dias
(artesão e artífice)
3v 3
testemunha: Joseph Toscano Barreto
(artesão e artífice)
4r 4/5
testemunha: Izabel M. Conceição
(mineradora)
4v 1
testemunha: Joam Gomes da Costa
(minerador)
5r 1
testemunha: Joam de Souza
(artesão e artífice)
5v 3
693
testemunha: Manoel Martins
(minerador)
6v 2
testemunha: Antonio de F. Guimaraes
(minerador)
7r 1
testemunha: Leonardo Jozeph
(pequeno comerciante- ambulante)
7v 4/5
testemunha: Antonio Ribeiro da Costa
(artesão e artífice)
8r 3
testemunha: Andre Lourenso
(artesão e artífice)
testemunha: Domingos da Fonceca
(grande comerciante)
8v 2
1
10r 4/5
694
testemunha: Manoel Dias Jorge
(minerador)
testemunha: Antonio FerreiraVelho
(minerador)
testemunha: Joam Dias Gonçalves
(minerador)
10v 4/5
1
testemunha: Manoel Martins Barboza
(minerador)
11v
1
testemunha: Vericimo da Comseipsom
(minerador)
12r 4/5
testemunha: Joaõ Camello Dias
12v 4/5
695
(minerador)
testemunha : Bento Gomes da Silva
(minerador)
13r 4/5
testemunha: Manoel Alé Coelho
(minerador)
13v 4/5
testemunha: Pedro Martins Dias
(pequeno comerciante-atendente em
venda)
14r 3
testemunha: Rosa Gonçalves
(mineradora)
14v 1
testemunha: Luiza de Abreu
(mineradora)
15v 1
testemunha : Manoel Francisco Lisboa
(artesão e artífice)
16r 4/5
696
testemunha: Antonio de Araujo
(pequeno comerciante - caixeiro)
16v 4/5
testemunha: Selvesttre Roiz
(artesão e artífice)
17r 2
testemunha: Lourenso Diogo
(artesão e artífice)
17v 1
testemunha: Joseph Tavares França
(minerador)
18r 4/5
Sumários de Testemunhas de Querela - Casa de Borba Gato – Sabará
ST_ 1743a
fl. nível
juiz: Joseph F. Brasão
73v 4/5
fl. nível
71v 4/5
697
testemunha: Manoel Gonçalves Torres (artesão e artífice)
testemunha: Alexandre de O. de Braga (minerador)
72r 1
testemunha : Gregorio da Costa (artesão e artífice)
72v 2
testemunha : Domingos da Cunha Fernandes (minerador)
73r 1
ST_ 1743 b
juiz:idem (1743a)
fl. nível
74v 3
698
testemunha: João Pedro de Aguiar (artesão e artífice)
testemunha: Antônio Pereira (artesão e artífice)
74v 4/5
testemunha: Pedro F. de Morais (minerador)
75r 4/5
ST _ 1744 a
fl. nível
juiz: Pedro R. Faria
79v 4/5
fl. nível
699
testemunha: Domingos Martins Parente (outro)
78v 3
testemunha: Paullo F. de Almeida (minerador)
78v 1
testemunha : Manoel Coelho Carneiro (S/E)
79r 2
testemunha: Joaquim da Costa Paiva (grande comerciante)
79v 4/5
ST_ 1744b
fl. nível
86v 4/5
700
juiz: Alexandre de O. Braga
fl. nível
testemunha: José de Souza Ferreira (grande comerciante)
85r 3
testemunha: Joze da Costa Bayão (grande comerciante)
85v 3
testemunha: Antonio Ferreira da Silva (grande comerciante)
86r 3
ST- 1745
fl. níve
l
juiz: Pedro F. Vieira
92r 4/5
701
fl. nível
testemunha: Custodio Martins Lopes (artesão e artífice)
90v 4/5
testemunha: Joze Ribeiro (artesão e artífice)
91r 3
testemunha: Gonçallo Gomes (artesão e artífice)
91v 3
testemunha: Bernardino da Motta Bazillo (grande
comerciante)
91v 4/5
ST- 1747
fl. nível
juiz: José Pinheiro
128r 4/5
702
fl. níve
l
testemunha: Antonio Vas Ferreira (grande comerciante)
127r 3
testemunha: Antonio Joze Guimarães (artesão e artífice)
127v 3
testemunha: Manoel Gonçalves da Cunha (artesão e artífice)
127v 2
ST- 1750
fl. níve
l
juiz: José Pinheiro (idem)
fl. nível
testemunha: Bento P. Gomes (grande comerciante)
151v 4/5
152r 1
703
testemunha: Jose de Souza (artesão e artífice)
testemunha: Antonio Jose dos Banhos Motta (artesão e artífice)
152v 4/5
704
Análise das características dos processos-crime, conforme as Ordenações Portuguesas
Quadro 1
ST-CBG-1743ª
Inquiridor : Juiz ordinário - Capitaõ mor Joze Ferreira Brazaõ
Escrivão : Antonio joze da Cunha
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Alexandre de Olebeira
de Braga
quando : no dia da agressão
onde/pessoa: nos macacos emcaza||
dehuma molata por nome joze fa|
Maria forra junto comanegra do quere
Lante| por nome Antonia
Domingos da Cunha
Fernandes
de quem nunca ouvio dizerque, mas
ouvio dizer aoCoxeiro doquerelante
pornome Manoelgonsalves Gomes
quando e onde: não foram citados
Gergorio da Costa de quem: Alexandre deolibeira braga
eahum| moLato aquem naõSave onome
quando e onde: não foram citados
Manoel G. Torres quando : Sodeu oReferidocazo (...)
onde : encaza do mesmo querelan|te
noaRaaldoscongonhas;
pessoas : não foram citadas.
Quadro 2
ST-CBG-1743b
Inquiridor : Juiz ordinário - Capitaõ mor Joze Ferreira Brazaõ
Escrivão : Antonio joze da Cunha
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Antonio Pereira quando : 22 de novembro de 1733
onde/pessoas : emcaza
|
dePedroferreira demorais pellasnove
para asdeshoras
|
danoute ouvio
elletestemunha gritar chamando por el
Rey
Joaõ Pedro de Aguiar quando : no dia da agressão
onde /pessoas : estandoelle testemunha
emcaza
|
dePedroferreira demorais
Pedro Ferreira de
Morais
quando : Vinte edois doprezente
meseanno
onde : estando elle teste | munha
emsuaCaza
pessoas : Luis Pinheiro
Quadro 3
ST-CBG-1744 a
Inquiridor : Juiz ordinário - PedroRodrigues de Faria
Tabelião : Antonio Joze da Cunha
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Domingos Martins
Parente
de quem : va|reaspesoas
eaomesmoquerelante Antonio
pereira|desouza
quando e onde : Não foram citados
Joaquim da Costa
Paiva
quando: hindo elle|testemunha
aomorrodegasparSoares
acobrardo|que[corroídos]lante (mas a
data não é citada)
705
onde/pessoas: não foram citados
Manoel Coelho
Carneiro
de quem/quando/onde : save
pelloouvir dizer| Publicamente
Paullo Ferreira de
Almeida
onde : nomorrodegaspar soares
pessoas: o querelante, o querelado e a
negra
quando : não foi citado
Quadro 4
ST-CBG-1744 b
Inquiridor : Juiz ordinário - Alferes Alexandre de Oliveyra Braga
Escrivão : Antonio Carlos Moreira de Sampayo
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Antonio Ferreira da
Silva
quando : emdias domes
desetembro|dopresenteanno
pessoas : oquerellan|te;
ManoelPereyra eAntonio|ferreira
onde : não foi citado
Jose de Souza Ferreira
de quem: sabepor|ser publico enotorio
onde : no ARayal de|SantaLuzia
quando : não foi citado
Joze da Costa Bayaõ quando : emdias domes
desetem|brodopresenteanno
pessoas : oquerellan|te;
ManoelPereyra eAntonio|ferreira
onde : não foi citado
Quadro 5
ST-CBG-1745
Inquiridor : Juiz ordinário - Capitaõ Mor Pedro Fernandes Vieira
Escrivão do judicial : Jose Rabello Andrade
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Bernardino da Motta
Bazillo
de quem/quando/onde : Sabe perser
publico enotorio
Costodo Martins
Lopes
de quem/quando/onde : Sabe perser
publico enotorio
Gonsallo Gomes
de quem/quando/onde : Sabe perser
publico enotorio
Joze Ribeiro
de quem/quando/onde : Sabe perser
publico enotorio
Quadro 6
ST-CBG-1747
Inquiridor : Juiz ordinário Doutor Joze Pinheiro
Escrivão do judicial : Antonio Carlos Moreira de Sampayo
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Antonio Joze
Guimaraeins
quando/onde/pessoas : não foram
citados
Antonio Vas Ferreira quando/onde/pessoas : não foram
citados
Manoel Goncalves da
Cunha
de quem : aAntonio|Deas fer r ei ra
eaAntonioJozeguimaraeis
quando/ onde : não foram citados
706
Quadro 7
ST-CBG-1750
Inquiridor : Juiz ordinário Doutor Joze Pinheiro
Escrivão do judicial : Manoel da Costa de Oliveyra
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Antonio Jose dos
Banhos Motta
de quem : quenaõ conhesse
a|oditohomem
onde : casadoditoDouttor
quando : hoje
Bento Pacheco pessoas : Jose Bezerra e cr ioullos
chamados Maxeminiano esantos
quando/onde : não foram citados
Jose de Souza
de quem: Bento Pacheco
quando : nodiadehoje
onde : em caza do Douttor
JoseTelles|daselvanestavilla
Quadro 8
AD-AP-449/9452/1725
Inquiridores : Juiz ordinário Domingos Francisco de Oliveira e o
Escrivão Carllos de Abreu
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia
outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Callisto Manoel de
Morais
de quem : ouvira | dizer publica mente avarias
Pesoas
onde : nesta | Villa
quando: não foi mencionado
Joao de Souza
de quem : o delinqüente
quando: pellas Sinco horasdatarde
onde : sitio chama | dodeBoa vista
Lourenso Moreira
de quem: ouvi|radezeraodito queixo[corroídos]
quando e onde : não foram citados
Manoel Mendes de
Vascomsellos
de quem : oditodelenque | ente Francisco Pinto
quando: nodiaquinze | domesdeMarsoproximopa |
Sado
onde: disequechegandoaosi | tio chamadodaboa
Vista
Jooo Vieira
de quem : do deliqüente
quando: nodia queossoldados trou | xeraõ
pResoaodelinquente
onde : emcazadoCapitaõ | DeCavallos
JozephRodrigues
Francisco da Costa Pontes
de quem/quando/onde: aVariasPe | soas
Reis Mundo Rodrigues
Roza
de quem/quando/onde: varias Pesoasdesta | Villa
eherapublico enotorio
Joseph de Souza Exposto
de quem: do queixoso
onde: emsuacasa
quando: não foi citado
Antonio da Costa Ribeiro
de quem/quando/onde: Varias PesoasdestaVilla |
ehera pubrico enotorio
Manoel Borges Barros
de quem: do delinqüente
quando: emhumdiadomes pasa | dodeMarso
pRoximopasado
Onde: CazadoDoutor ouvedorge |
eraldestaComarca
Jozeph de Araujo Corea
de quem: do delinqüente
quando: nomespasado emdezaseis
onde: CazadoDoutor ouvedorge | erald destaVilla
707
Antonio da Silveira da
Roza
de quem: dizeraVarias | Pesoas destaVilla ehera
pu | blico enotorio ; e aomesmoque | eixozo
quando/onde:o foram citados
Manoel de Pasos Vieira
de quem: aomesmodelin | quente FranciscoPinto
quando: naoCaziaõo | emqueViera preso [o
delinqüente]
onde: em | CasadoDoutorouvedorge |
eraldestavilla
Antonio de Magalhais
de quem/quando/onde: avarias |
Pesoasdestavilla eomesmo | queixozo
Gonsallo Lopes
de quem/onde/quando: variasPesoas
Julliao da Silva
de quem: avaroasPe | soasdestavilla
onde: nesta Vila
quando: não foi citado
Thome G. da Costa
de quem/quando e onde : não foram citados
Ignasio Francisco
de quem/quando/onde: aVarias Pe|soas
Domingos de Reis
de quem/onde/quando: aVarias |
PesoasdestaVilla equehera | publico enotorio
Christovao Pinto Ferraõ
de quem/onde/quando: avaaeasPesoas
eherapubli | coenotorio nestaVilla
Jozeph Martins Campos
de quem/onde/quando: avariasPesoas
Jozeph Gomes
Branquinho
de quem/quando/onde: aVariasPesoasdestaVilla
| ehera publicoenottorio
Paullo Machado Crespo
de quem/quando/onde : não foram citados
Gaspar de Villas Boas
de quem/quando/onde: hera | publico enotorio
Manoel Rodrigues Pontes
de quem: do próprio deliquente
quando : Sendoemomes | deMauso
pRoximopasado
onde : emcaza
doDoutorouvid[corroídos]|gerald[corroído]stavill
a
Matheus Pereira
de quem : do delinquente
quando: no momento da prisão
onde: no | Sitio doIrmaodePau[corroído]loRo |
drigues
Antoneo Fernandes
Fontes
de quem: ajoaodesouza
quando e onde : não foram citados
Balthesar Borges de
Almeida
de quem/quando/onde: he | erapublico enotorio
nesta | Vel[†..]
Joao Ferreira
de quem: do delinqüente
quando : nodia dezaseis domesde | Marso
onde : não foi citado
Antonio de Almeida
de quem: aomesmoque | eixozo quando :
quandoVieraCurarse | dasferidas
onde : não foi citado
Quadro 9
AD-AP-438/9059/1727
Inquiridor : Juiz ordinário Domingos Francisco de Oliveira e o
Escrivão Carllos de Abreu
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Valerio da Costa quando: nanoite
eorasdeque|Sefesmensomnoautode|dev
asa
onde: Igreia doRosario
pessoas: Ma|anoelRodriguesdacosta e
thomasBar|boza
Gaspar Martins de quando: nasorasenoite de|quetrata
708
Aguiar oauto
onde: apor|tadaIgreia
deNosasen|horadoRosario
doCaquen|de
pessoas: Ma|anoelRodriguesdacosta| e
thomasBarboza
Bento M.de Masedo
de quem: avesenhan|saeserpublico
quando e onde: não foram citados
Manoel Valis Boa
de quem:
asuavesinhansa|aomesmoManoelRodri|gues
quando e onde: não foram citados
Damiao Fernandes
de quem: aManoel|Rodrigues
comotambem|avesenhansa
quando e onde : não foram citados
Manoel Carneiro F
o
de quem: asua|vezenhansa
quando e onde : não foram citados
Manoel Joam
de quem/quando/onde: sa|beporserpublico
Manoel Martins da Lus
de quem: asuavezen|hansaeserpublico
quando e onde : não foram citados
Pedro Carvalho
de quem/quando/onde: sabepor|serpublico
Manoel Barreto
de quem/quando/onde: sabeper|serpublico
Joseph Pinto de
Azevedo
de quem/quando/onde: sabeporser|publico
Antonio Gomes
de quem: gaspar|Martens
quando e onde : não foram citados
Jozeph Moraes de
Lemos
de quem/quando/onde:
avariasPesoas|eserpublico
Antonio Manoel
de quem/quando/onde: sabe|porser publico
Manoel Fernandes
de quem/quando/onde: sabe|porserpublico
enoterio
Antonio V. Jordam
de quem/quando/onde: sa|abeporser
publicoenotorio
Joao da Cunha Vellozo
de quem/quando/onde: Sabeporserpublico
enotorio
Manoel Moreira Bello
de quem/quando/onde: sabeper|Serpublico
enotorio
Joao Lopes
de quem: sa|beporserpublico enotorio|
quando e onde : não foram citados
Domingos da Silva
de quem/quando/onde: sabe|porser
publicoenotorio
Joao C. Lanhozo quando: na|noitedequetrata oauto
pessoas: ManoelRodri|gues e
thomasBarboza
onde: não foi citado
de quem/quando/onde: sabe|perserpublico
Miguel Lopes de
Araujo
de quem/quando/onde: sabe|porserpublico
notorio
Antonio F. do Santos
de quem/quando/onde:
sabeporserpu|blicoenotorio
Joao Pereira
de quem/quando/onde: sabeperserpu|blico
enotorio
Henrique R. de
Carvalho
de quem/quando/onde: erapublico
eno|torio
Manoel G. da Cruz quando: na|noitedequetrata oauto
pessoas: aManoelRodrigues
e|gasparMartins
onde: não foi citado
Manoel Teixeira
Lemos
de quem/quando/onde: sabe por
serpu|blico
709
Manoel da Silva quando e pessoas: SabepellovereFama
onde: não foi citado
Daniel G. Lima
de quem/quando/onde: sabeporserpu|blico
Francisco da
S.F.Ascada
de quem/quando/onde : sabepello
ouverdizer|avariasPesoas
710
Quadro 10
AD-AP-
445/9348/1731
Inquiridores : Manoel Rodrigues Coelho e os
Escrivães: Manoel de Barros da Rocha e Manoel Vas Fagundes
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Bento de Macedo
de quem: aFran|ciscodeMacedo
quando e onde : não foram citados
Arcenio de Maris
Machado
quando: nanoute do dia vinte|eSeis
doCorrente
onde: noSumedou|ro
pessoas: otal negro mor|to
Antonio Pires de
Carvalho
de quem: ou|viraelle (ahy)Testemunha|
Huns gritos
quando: nodia decLarado|noauto
decorpododellito|as outo horasdanoute
e onde : não foi citado
Joseph Correa
de quem/quando e onde : não foram
citados
Manoel Gomes
Peyxoto
de quem: ahu capitam domato
quando e onde : não foram citados
Fructuoso Pereyra de
Souza
de quem/quando/onde: Sabe Pello
ouvir Dizer
Pedro ALves
Rozeyro
de quem/quando e onde : não foram
citados
Miguel Filgueiras deçe|nada nem dos Custumes deçe|nada nem dos Custumes
Lucas Machado
de quem/quando e onde : não foram
citados
Bernardo Alves da
Neiva
diçe nada nem|doscustumes diçe nada nem|doscustumes
Manoel Roiz Velho diçe nada|nem dos custumes diçe nada|nem dos custumes
Antonio Pereira dice nada|| dice nada||
Antonio Carvalho
Silva
diçe|nada nem dos Cus tu mes diçe|nada nem dos Cus tu mes
Luis de Faria di|çi nada nem dos custumes| di|çi nada nem dos custumes|
JosepH Roiz Pontes
diçe nada|nem dos cus tumes, diçe nada|nem dos cus tumes,
Manoel Roiz Lima diçe nada [corroído]em dos Custumes diçe nada [corroído]em dos Custumes
Joseph Martins
Leitaõ
diçe nada nem|dos Cus tumes diçe nada nem|dos Cus tumes
Antonio Varella diçe nada nem|dos Cus tumes diçe nada nem|dos Cus tumes
Bernardo Ventura de
Amorim
diçe nada nem dos Cus|Tumes diçe nada nem dos Cus|Tumes
J oa quim Roiz Lima
diçe, nada|nen dos Cus tumes diçe, nada|nen dos Cus tumes
Antonio Frr
a
de
Carvalho
dice nada, nem dos cus| tumes dice nada, nem dos cus| tumes
Fernando da Mota dice nada nem dos custumes dice nada nem dos custumes
Manoel Carvalho dos
Santos
diçe na|da nem dos cus tu mes diçe na|da nem dos cus tu mes
Balthazar de Lima
Guimarais
diçe nada nem dos cus|tumes diçe nada nem dos cus|tumes
Manoel daCos ta gui
marais
diçe nada nemdos|cus tumes diçe nada nemdos|cus tumes
Damiaõ Francisco da
Costa
diçena|da nem dos cus tumes diçena|da nem dos cus tumes
Antonio Gil de
Aravio
dice nada nemdos cus| tumes dice nada nemdos cus| tumes
Joaõ Francisco do
Coito
de quem/ quando/onde: não foram
citados
711
Joseph Dias de
Sampayo
diçe na da nemdos|Cus tu mes diçe na da nemdos|Cus tu mes
Quadro 11
AD-AP-
181/3328/1731
Inquiridor : Manoel Rodrigues Coelho e os
Escrivães : Manoel de Barros da Rocha / Antonio Martins da Silva Tobo
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Antonio Joaõ
Machado
de quem/quando/onde:
avarias||pes[corroído]oas
Ayres Dornelles
de quem/quando e onde: não foram
citados
Domingos
de quem/quando e onde: não foram
citados
Simaõ Teixeira
de quem/quando e onde: não foram
citados
Antonio da Silva
de quem/quando/onde:
Sabeporserpublico, enotorio
Antonio da Silva quando: no| di[corroídos]declaradonoauto
de quem: ahum | pardoal fayate
quando e onde: não foram citados
João Baptista
de quem/quando/onde:
dedevassadissequesabia pelo | ouvir
dizer publica mente
Sebastiaõ Pereira
de quem/quando e onde: não foram
citados
Geronimo Ribeiro da
Costa
quando: naoca |Ziaõ que (oforma) buscar
doLugar | donde sucedera omalleficio
onde: em seu sítio
pessoas: dous negros deAntonio
Matheus de Medeiros
Bitancur
de quem/quando/ onde: não foram
citados
Geronimo Barbosa de
Moralles
de quem: ahum Francisco
quando e onde: não foram citados
Francisco Gonçalves
da Cunha
de quem: aMatheusLuiz
quando e onde: não foram citados
Antonio Joaõ
Cristello
de quem: daquemsenaõLem | bra
quando e onde: não foram citados
Feleziano de Oliveira nadaSabia nadaSabia
Manoel Fernandes
Jardim
nadaSa- | bia, nadaSa- | bia,
Fellizardo Gomes de
Mello
nadasabia, nadasabia,
Miguel Cardozo pessoas: Pedro | Enes
quando e onde: não foram citados
de quem/quando e onde: não foram
citados
Pedro Enes dissequenadasabia dissequenadasabia
Joaõ Vieira Brito
de quem: Anastacio G
o
sMo e (aJacin-
|tomoreira)
quando e onde: não foram citados
Geronimo de Souza
de Brito
naõ | Sabi[corroído] naõ | Sabi[corroído]
Jacinto Mor.
ra
Freire
de quem: Bernardo Alves
quando e onde: não foram citados
Verissimodesouza naõ (disse) doditoauto naõ (disse) doditoauto
BernardoAlves
de quem: a Fr. An
o
. D[corroído] |
M[corroído]
r
onde: nafreg
a
deSant[corroído]
[corroídas] cazaBranca
quando: não foi citado
712
Antonio de Abreu
Nogueira
de quem: ahumcapa - | teiro,
quando e onde: não foram citados
Anastacio Velho de
Mello
de quem: avarias pessoas
quando e onde: não foram citados
Jose Fn
o
.
de quem: aAyresdornelles eaoutras
pessoas e Josedacosta |
quando e onde: não foram citados
Tiago Cabral
de quem: aAntonio GomesdeMello,
Sua mulher | eSogra
quando e onde: não foram citados
Capitaõ Francisco
Manuel da Costa
quando: estando em sua casa
pessoas: um carijó
onde: não foi mencionado
de quem/quando e onde: não foram
citados
Antonio Gomes de
Mello
de quem: Jose|phedacosta e Sua |
companheyra eSogra e ahumfilho de
Pedro E|nes
quando e onde: não foram citados
Jose da Costa quando: emcazadeMatheus|deMedeiros
pessoas: humnegro| e humcarijo
onde: não foi mencionado
Dameão Francisco da
Costa
disse nada disse nada
Quadro 12
AD-AP-447/ 9394/
1735
Inquiridores : Juiz ordinário - Sargento mor Domingos de Abreu Lisboa e o
Escrivães : Bento de Araujo Pereyra
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Ilena Ramos quando: nodia de|nove doCorrente mes
deMayo pellas|Sinco horas datarde
pessoas: adefuncta Maria/ Manoel Francisco
onde: não foi mencionado
Antonio Gonçalves
Martins
de quem: Sabe por Ser publi|co,
enotorio e aseu|vezinho
oReverendoPadre Mano|elGomes,
quando e onde: não foram citados
Joaõ Ferreyra da
Costa
pessoas: osoLdad|do Manoel Francisco e a
escrava deAnto(nio)|deLavradene
quando e onde: não foram citados
Antonio de Meyrelles
Rebello
de quem: a varias pesoas que Manoel
Francisco|deCarvalho
quando e onde: não foram citados
Joanna Lopes quando: no dia deque o auto trata
pessoas: adita defuncta e
Manoel|FranciscoCarvalhoSoLdado
onde: não foi citado
de quem e quando: ouvio geral mente
dizer
onde: não foi citado
Henrique Ribeyro de
Carvalho
quando: quenodia deque o autotra|ta
pessoas: Manoel
Fran|ciscodeCarvalhoSoLdado Dragão|com
Maria Gonçalves
onde: não foi citado
de quem/quando/onde: avarias pesoas
Antonio José Ramos
de quem: a|varias pessoas e
Manoel|FranciscodeCarvalho
quando e onde: não foram citados
Adriaõ Vieyra
de quem: a varias pessoas
quando e onde: não foram citados
Manoel de Tavora
de quem: é de conhecimento publico
quando e onde: não foram citados
713
Antonio Gonçalves
Lima
quando: no dia de que o auto faz mençaõ
pessoas: Manoel Francis|codeCarvalho,
comhuaescrava(...) Maria gonçalves
onde: não foi citado
Antonio Ramos da
Crus
pessoas: Manoel (Fran)|cisco
quando e onde: não foram citados
de quem: aManoel
FranciscodeCarva|lho
quando e onde: não foram citados
Tereza de Jesuz
de quem/quando/onde: pelloouvir|
dizer, eser publico
Jose Gomes da Crus
de quem/quando/onde: pelloouvir di-
|zer, eserpublico, enotorio
Isabel do Rosario
de quem/quando/onde: pelloOuvir
dizer e|ser publico
Antonio Moreyra de
Abreu
de quem: aManoel Francisco deCar-
|valho
quando e onde: não foram citados
Thome de Almeyda
de quem/quando/onde: pelloouvir di-
|[
...] eserpublico
Pedro Alves da Sylva
de quem/quando/onde: aManoel
FranciscodeCarva[corroídos]
Joaõ Rodrigues de
OLiveyra
de quem:
aManoelFran|ciscodeCarvalho
quando e onde: não foram citados
BernardoRibeyro
Canudo
de quem: aManoelFrancis|[
.]o
deCarvalho
quando e onde: não foram citados
Manoel de Oliveyra
Ramos
de quem/quando/onde: Sabe pello
ouvir|dizer publica mente
Antonio Ferreyra
Medina
de quem: a|[
.]anoel
FranciscodeCarvalho
quando e onde: não foram citados
Joanna da Sumpçaõ
de quem/quando/onde: Ouvir dizer
eser publico enoto-|[
..]o
Anselmo de Souza
Villas
de quem/quando/onde: Sabe
pelloOuvir diser eser|notorio
Francisco Marques
de Carvalho
de quem: aManoel Francisco
deCarva|lhoSoldado
quando e onde: não foram citados
Joaõ Lopes de Souza
de quem/quando/onde: avarias pesoas
Joaõ Alves Barrados
de quem: aManoel Francisco
deCarvalho
quando e onde: não foram citados
Antonia da Costa
de quem/quando/onde: queSabe per
ser publico, eno-|torio
Honorato Barselon
de quem/quando/onde: queSabe
pelloOuvir dizer e|ser notorio
Domingos Machado
de Asevedo
de quem/quando/onde: queSabe pello
Ouvir dizer|[
.] ser publico
Manoel Gonçalves
Correa
de quem/quando/onde: avarias
pessoas
Quadro 13
AD-AP- 449/
9477/1743
Inquiridores : Juiz ordinário - Sargento mor Fernando da Motta e os
Escrivães : Jorge Furtado de Mendonça / Ambrosio Rodrigues da Cunha
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Joam Fernandes
Guimarais
quando: no dia men|cionado no auto
pessoas: onegro An|tonio nassã Angolla e hu
de quem/quando/onde: avarias pesoas
714
homem pornome|Antonio
onde: estando ellestemu|nhaemSuaCasa
Antonio Alves
Vieyra da Cunha
pessoas: passaronegro|Antonio nassã angolla
onde: estando elle testemu|nha emSua casa
quando: não foi citado
de quem: ao ditto negro
quando e onde: não foram citados
de quem: Ouvio dizer
quando e onde: não foram citados
Antonio Dias da
Costa
quando: no|dia menCionado no auto
pessoas: hum negro cujo nome ignora
onde: estando asuaporta
de quem/quando/onde: ava|rias pesoas
Antonio Gonçalves
Ramos
pessoas: Antonio nassaõ angolla / hu capitaõ
demato cujo nome|ignora
onde: emSua casa
quando: não foi citado
Joam de Macedo
pessoas: hu negro (...)aoquaLigno|ra onome
e hu capitaõ demato (...)doquaL ignora onome
onde: emsua casa
quando: não foi mencionado
de quem/quando/onde: avariaspesoas
Monoel Lourenço
Soares
quenaõSabena|da quenaõSabena|da
Mathias Gonçalves
de quem: aMarianna
dePugas|eaoutrasmais variaspesoas
quando e onde: não foram citados
Antonio Martins
Lima
de quem/quando/onde :
Sabepello|ouvirdizerpublica mente
Manoel de Oliveyra
Portugal
dise nada enem docustume dise nada enem docustume
Luis de Souza
de quem: ajoaõ daCosta
quando e onde: não foram citados
Domingos de
Andrade
de quem: avariaspesoas
quando e onde: não foram citados
Manoel Lopes da
Sylva
pessoas: Luis detaL capitaõ de|Mato e emhu
escravo|(...)cujo|nome ignora
quando e onde: não foram citados
Manoel do Couto
de quem: aJoaõBarreto
quando e onde: não foram citados
Bertthollameu
Moreyra da Costa
pessoas: emhuNe|gro Antonio naçaõAngolla
e LuisPacheco|
quando: nodiaehoramen|sionadonoauto
onde: não foi citado
de quem: ao|mesmocappitã doMatto
quando e onde: não foram citados
Antonio Leyte
Toscano e Sylva
devassadisse nadanemdoscostumes devassadisse nadanemdoscostumes
Joaõ Alves Pereyra
de quem: aalgumaspesoas
quando e onde: não foram citados
Domingos Borges
de quem:
aal|gunsseusvenzenhospRincipalmentejo
aõ| dasylva
quando e onde: não foram citados
Lourenço Cordeyro
de quem/quando/onde: ouviradizer
Publicamente
Domingos Pereyra dise nada|nemdoscostumes dise nada|nemdoscostumes
Joaõ Antunes Braga
de quem: aMariannadePuguas
quando e onde: não foram citados
Felizcesar de
Meneses
de quem/quando/onde: ouviradizer
publ[
.]camente
Joaõ Lopes da Cruz
de quem/quando/onde:
ou|viradizerPublicamente
715
Antonio Monteyro
Lima
quando :
nodia|ehoramensionadonoauto
de quem e onde: não foram citados
Andre Alves de
Abreu
disenadane|doscostumes disenadane|doscostumes
Joanna Fernamdes
Lima
de quem/quando/onde:
ouviradizer|publicamente
Anna Pinto
de quem: ouviradiser|Publicamente
quando: nodia
ehoramensiona|dosnoauto
e onde: o foi citado
Rosa Maria da
Emcarnaçaõ
de quem: Mariannapuguas
quando e onde: não foram citados
Antonio de Pima
de quem:
aocappitaõ|doMatocujonomejgnora
quando e onde: não foram citados
Costodio Lopes
de quem/quando/onde:
ouviradizerpublicamente
Bras Gonçalves
de quem/quando/onde:
ouviradizerPublecamente
Manoel da Costa
Peyxotto
de quem/quando/onde: ouviu
dizerPublecamente
Joaõ da Sylva Lima
pessoas:
onde:
quando: não foi citado
de quem: osurdodoMorro
quando:
disequehouveraTresSomanas|Poucomai
s
onde: não foi citado
Manoel Barreto Apenas se referiu ao depoimento de uma das
testemunhas, negando-o.
Apenas se referiu ao depoimento de uma
das testemunhas, negando-o.
Marianna de Pugas pessoas: naõ viraCouza|alguma
onde: estavadentro|nasuacasa
quando: não foi citado
Quadro 14
AD-AP-
278/5801/1750
Inquiridores : Juiz ordinário - Sargento Mor Thomas Gomes de Figueredo e o
Tabelião do público judecial : Domingos Thome da Costa
Testemunha Soube de ver :
quando , onde, havia outras pessoas?
Soube de ouvir dizer:
de quem, quando e onde ouviu?
Gonsallo Afonso
Villella
de quem/quando/onde: avarias pesoos
Antonio Fernandes
da Costa
de quem/quando/onde: ouviradi zer
geral|mente
Domingos Henriques
Dias
pessoas: o|capi tam Francis corredaSilva
e Mano|el Perei radesouza
onde: em sua própria casa
quando: des horas danou tecompou|cade
firensa
Joseph Toscano
Barreto
de quem/quando e onde: não foram
citados
Izabel Moreira da
Comseisam
quando: nanoute|ehoras declaradas
noauto
de quemne onde: não foram citados
Joam Gomes da
Costa
de quem/quando/onde: ou vir dizer publi
ca mente
Joam de Souza de quem/quando/onde: Sobia pe|lloouvir
di zer publi ca mente
Roza Ribeiro Não está claro no texto Não está claro no texto
Manoel Martins
de quem/quando e onde: não foram
716
citados
Antonio de Freitas
Guimarari
de quem/quando/onde: ouvira di
zerpublli|camente
Leonardo Jozeph pessoas: Manoel Perei|radesouza e
ocapitam Francis coco|rrea dasilva
onde e quando: não foram citados
Antonio Ribeiro da
Costa
de quem/quando/onde: ouviu dizer
publicamente
Andre Lourenso
de quem/quando/onde: pelloouvir di zerg
eral men|te
Domingos da
Fonçequa
de quem/quando/onde: varias pe|soas
Manoel Dias Jorge
de quem/quando/onde: ouviu dizer
publicamente
Antonio Ferreira
Velho
pessoas: não foram citadas
onde: nacasadocapitam Francis co
co|rreadasilva
quando: humdes tes|dias
O texto não permite um melhor
entendimento do que houve.
Joam Dias Gonsalves
de quem: ouviu dizer publi|camente
quando: nodia ehoras declaradas noauto
onde: não foi citado
Manoel Martins
Barboza
de quem/quando/onde: ouviu di zer publi
ca mente
Vericimo da
Comseipsom
de quem/quando/onde: ouviu di zer publi
ca mente
Joam Camello Dias
de quem/quando/onde: ouviu di zer pub
lli ca mente
Capitam mor Bento
Gomes da Silva
de quem/quando/onde: ouviu dizer geral
mente
Manoel Alé Coelho
de quem/quando/onde: ouviu publi
camente
Pedro Martins Dias
de quem/quando/onde: ouviu dizer publli
ca mente
Rosa Gonsalves do
Pillar
de quem/quando e onde: não foram
citados
Luiza de Abreu
de quem/quando e onde: não foram
citados
Manoel Francisco
Lisboa
pessoas: Mano el Pe|rei rasouza e
ca|pitam Francis co correadaSilva
onde: emcasa dedomi ngos|henri ques no
ouro Podre
quando: não foi citado
Antonio de Araujo
de quem/quando/onde : ouviu dizergeral
mente
Selvesttre Roiz
de quem/quando/onde: ouviu dizer geral
mente
Lourenso Diogo
de quem/quando/onde: ouviu dizergeral
mente
Joseph Tavares
França
de quem/quando/onde: omes moManoel
Perei radesouza
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