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Outro elemento que aparece tanto no Assentamento Trinta de Maio quanto no
Assentamento Dezenove de Setembro é o fato dos camponeses já terem trabalhado como
empregados e saberem lidar com máquinas de grande porte. Essa experiência de trabalhar em
grandes áreas com máquinas foi transportada para dentro do assentamento. No início do
processo, isso levou a divergências de pensamentos para aplicação dos recursos, e também de
como organizar a produção.
Nos, pessoal eram uns do lugar outros do outro era tudo espalhado e aí viemos para
cá, a única forma de ser assentado era a cooperativa porque o governo exigiu, uma
idéia de trabalhar, só que quando nos fomo para prática o troço complicou, porque
nós o que nos administremos com a cooperativa que nasce não tinha nada, só tinha
mato um banhado e pernilongo nos tinha um monte de criança e coisa junto que
veio do acampamento o que nós fizemos o pessoal saía para trabalhar e o dinheiro
era colocado no coletivo, era comprada alimentação no coletivo, tudo coletivo, a
prioridade era das crianças e depois se sobrasse comida todos comia e quando nos
cheguemos aqui até pesca era coletiva pessoal saía pescado ou achava tatu que
achasse ia para a cozinha alia e repartindo tudo e sempre a prioridade era as
crianças, quando que a coisa vai bem e fácil de lucrar. Mas o pessoal ta um ano em
cima da terra olhavam pra trás e tava morando no barraco, ai o pessoal começa a se
perguntar era pouco valeu a pena, então como é sobra os problemas da cooperativa
ai nós com consegui-lo com ficassem trabalhando um ano na e aí começou a vim
problemas, um pessoal tinha um jeito de ir trabalhar, outros tinha outra, depois
tinha pessoas que trabalhavam na lavoura mas sempre de empregados de outro de
Granjeiro, ai pra ti ver no primeiro financiamento que nós peguemos foi comprado
um trator, um Grande, que até para granja era grande então foi investido muito mal,
ai ouve um descontentamento que o pessoal queria é a vaca de leite, foram voto
vencido lá ficaram descontentes e aí o pessoal já como não entrava dinheiro então
porque vou trabalhar pessoas não estavam mais dono do troço e aí saiu um grupo de
6 famílias da cooperativa. (Morador do Assentamento Dezenove de Setembro).
Aqui se apresentam tanto os momentos iniciais de um processo coletivo de
produção, como também as dificuldades apresentadas no momento de decidir o que fazer e o
que produzir. Esse depoimento revela as diferenças explícitas nas raízes históricas de suas
vidas e o não-conhecimento do lugar onde passaram a viver. É necessário conhecer as
relações que a natureza nos apresenta diante do ambiente em que vivemos, conforme
argumenta Claval (2001, p. 219):
O ambiente só tem existência social através da maneira como os grupos humanos o
concebem, analisam e percebem suas possibilidades, e através das técnicas que