Caracteriza-se pela degradação deli-
berada das condições de trabalho em que
prevalecem atitudes e condutas negativas
dos chefes em relação a seus subordina-
dos, constituindo uma experiência subje-
tiva que acarreta prejuízos práticos e
emocionais para o trabalhador e a orga-
nização. A vítima escolhida é isolada do
grupo sem explicações, passando a ser
hostilizada, ridicularizada, inferiorizada,
culpabilizada e desacreditada diante dos
pares. Estes, por medo do desemprego e
da vergonha de serem também humilha-
dos, associado ao estímulo constante à
competitividade rompem os laços afetivos
com a vítima e, freqüentemente, reprodu-
zem e reatualizam ações e atos do agres-
sor no ambiente de trabalho, instaurando
o “pacto da tolerância e do silêncio” no
coletivo, enquanto a vítima vai gradativa-
mente se desestabilizando e fragilizando,
“perdendo” sua auto-estima.
O desabrochar do individualismo
reafirma o perfil do “novo” trabalhador:
“autônomo, flexível”, capaz, competitivo,
criativo, agressivo, qualificado e empre-
gável. Estas habilidades o qualificam para
a demanda do mercado, que procura a
excelência e saúde perfeita. Estar “apto”
significa responsabilizar os trabalhadores
pela formação/qualificação e culpabilizá-
los pelo desemprego, aumento da pobre-
za urbana e miséria, desfocando a reali-
dade e impondo aos trabalhadores um
sofrimento perverso.
A humilhação repetitiva e de longa
duração interfere na vida do trabalhador e
trabalhadora de modo direto, comprome-
tendo sua identidade, dignidade e relações
afetivas e sociais, ocasionando graves da-
nos à saúde física e mental*, que podem
evoluir para a incapacidade laborativa,
desemprego ou mesmo a morte, constitu-
indo um risco invisível, porém concreto,
nas relações e condições de trabalho.
A violência moral no trabalho consti-
tui um fenômeno internacional, segundo
levantamento recente da Organização
Internacional do Trabalho (OIT) com
diversos países desenvolvidos. A pesquisa
aponta distúrbios da saúde mental rela-
cionados com as condições de trabalho
em países como Finlândia, Alemanha,
Reino Unido, Polônia e Estados Unidos.
As perspectivas são sombrias para as duas
próximas décadas, pois, segundo a OIT e
Organização Mundial da Saúde estas
serão as décadas do “mal, estar na globa-
lização”, em que depressões, angústias e
outros danos psíquicos, relacionados com
as novas políticas de gestão na organiza-
ção de trabalho e que estão vinculadas as
políticas neoliberais.
Segurança e Saúde no Trabalho •
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Extraído de http://www.assediomoral.org/site/assedio/AMconceito.php