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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ – UNIOESTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
COLETORES ALTERNATIVOS PARA A DETERMINAÇÃO DA
LARGURA DE TRABALHO DE DISTRIBUIDORES DE
FERTILIZANTES SÓLIDOS A LANÇO
MARCELO ALAN PRIMO
CASCAVEL – Paraná – Brasil
Julho - 2007
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MARCELO ALAN PRIMO
“ Coletores alternativos para a determinação da largura de trabalho de
distribuidores de fertilizantes sólidos à lanço ”
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Stricto
Sensu” em Engenharia Agrícola em cumprimento parcial aos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Engenharia Agrícola, área de concentração
Engenharia de Sistemas Agroindustriais, aprovada pela seguinte banca
examinadora:
Co-orientador: Prof. Dr. Suedêmio de Lima Silva
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNIOESTE
Profª. Drª. Denise Mahl
Centro de Ciências Agrárias, UEM
Prof. Dr. Eduardo Godoy de Souza
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, UNIOESTE
Cascavel, 06 de julho de 2007.
ii
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MARCELO ALAN PRIMO
COLETORES ALTERNATIVOS PARA A DETERMINAÇÃO DA
LARGURA DE TRABALHO DE DISTRIBUIDORES DE
FERTILIZANTES SÓLIDOS A LANÇO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
em cumprimento parcial aos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Agrícola, área de
concentração em Engenharia de
Sistemas Agroindustriais.
Orientador: Dr. Antonio Gabriel Filho
Co-orientador: Dr. Suedêmio de Lima
Silva
CASCAVEL, Paraná, Brasil
Julho 2007
ii
À Deus.
À minha família
i
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela luz e concedida nos momentos de dificuldade na
condução deste trabalho.
A meus pais Plínio e Marli, pela força dada nos momentos difíceis e
pelos conselhos de muito valor para minha formação. E também à minha irmã
Paula pela ajuda no período de realização do mestrado.
Ao professor e orientador Antonio Gabriel Filho, pelos seus
ensinamentos. Ao também professor e co-orientador Suedêmio, pelos
ensinamentos e ajuda na confecção deste trabalho.
Ao professor, orientador de graduação e amigo Emerson Fey, pela
amizade e apoio na realização deste trabalho.
Ao Pesquisador da Área de Mecanização Agrícola da Fundação Agrária
de Pesquisa Agropecuária FAPA, Sérgio Rodrigues dos Santos (Serjão), pela
contribuição junto a FAPA de Guarapuava, cedendo o fertilizante, os
equipamentos e o local do trabalho, e principalmente pela amizade conquistada
há poucos anos.
Aos meus colegas do curso de mestrado Flávio e Vilson, pela amizade e
ajuda em mais uma fase da vida profissional, somado vários anos de
convivência. Ao amigo Fernando, pela ajuda neste trabalho, e ao meu irmão
Lucas, pela ajuda e companheirismo.
À minha esposa Márcia, pelo companheirismo, ajuda nos momentos de
dificuldade e incentivo para a realização de mais uma etapa de minha vida
profissional.
À CAPES pela disponibilidade de bolsa de estudos que possibilitou a
dedicação integral ao aperfeiçoamento pessoal.
v
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... vi
LISTA DE TABELAS........................................................................................ vii
RESUMO viii
ABSTRACT......................................................................................................... ix
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 3
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................. 9
3.1 ÁREA EXPERIMENTAL ................................................................................ 9
3.2 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS ........................................................................ 10
3.3 COLETORES ................................................................................................. 10
3.4 DISTRIBUIÇÃO DOS COLETORES ........................................................... 14
3.5 CONJUNTO TRATOR E DISTRIBUIDORES ............................................. 16
3.6 REGULAGENS .............................................................................................. 17
3.7 PROCEDIMENTOS DO ENSAIO ................................................................ 18
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................... 21
4.1 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO LOCAL ................................................... 21
4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRITIVA .................................................... 22
4.3 PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL .......................................... 24
4.4 COMPARAÇÃO ENTRE COLETORES ALTERNATIVOS E OS
NORMALIZADOS ........................................................................ 26
4.5 LARGURA EFETIVA DE TRABALHO ...................................................... 28
4.6 LARGURA EFETIVA DE TRABALHO PARA DIVERSOS
COEFICIENTES DE VARIAÇÃO ................................................ 32
4.7 LARGURA MÁXIMA PARA 50% DO PESO DA AMOSTRA .................. 35
5 CONCLUSÕES ................................................................................................. 37
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 38
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Vista geral do local do experimento...................................................... 9
Figura 2 - Coletores normatizados (ISO 5690/1)................................................. 11
Figura 3 - Coletores de bandejas com sombrite................................................... 12
Figura 4 - Coletores de caixas de leite longa vida................................................12
Figura 5 - Coletores de vaso de polietileno.......................................................... 13
Figura 6 - Altura dos coletores utilizados.............................................................13
Figura 7 - Área de coleta (cm²) dos coletores utilizados...................................... 14
Figura 8 - Distribuição dos coletores no local do experimento............................15
Figura 9 - Distribuidor Lancer Master 1200.........................................................16
Figura 10 - Distribuidor Sembra 1300-P AH....................................................... 16
Figura 11 - Nogueira modelo Rota Flow..............................................................17
Figura 12 - Conjunto trator e distribuidor em operação distribuindo a uréia....... 19
Figura 13 - Distribuição transversal de uréia obtida com os diferentes coletores e
com o distribuidor Lancer...............................................................24
Figura 14 - Distribuição transversal de uréia obtida com os diferentes coletores e
com o distribuidor Sembra..............................................................25
Figura 15 - Distribuição transversal de uréia obtida com os diferentes coletores e
com o distribuidor Rota Flow......................................................... 25
Figura 16 - Comparação entre os coletores no distribuidor Lancer..................... 26
Figura 17 - Comparação entre os coletores no distribuidor Sembra.................... 27
Figura 18 - Comparação entre os coletores no distribuidor Rota Flow................27
Figura 19 - Coeficiente de Variação versus largura efetiva de trabalho no sistema
contínuo.......................................................................................... 29
Figura 20 - Coeficiente de Variação versus largura efetiva de trabalho no sistema
alternado esquerdo.......................................................................... 30
Figura 21 - Coeficiente de Variação versus largura efetiva de trabalho no sistema
alternado direito.............................................................................. 31
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Condições climáticas no local e momento do experimento................ 21
Tabela 2 - Análise estatística descritiva do perfil de distribuição........................ 22
Tabela 3 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 12,5% nos três percursos
de distribuição.................................................................................33
Tabela 4 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 15% nos três percursos de
distribuição..................................................................................... 33
Tabela 5 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 17,5% nos três percursos
de distribuição.................................................................................34
Tabela 6 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 20% nos três percursos de
distribuição..................................................................................... 35
Tabela 7 - Largura xima utilizando-se para a determinação a 50% da massa
máxima........................................................................................... 36
v
RESUMO
A uniformidade da aplicação no solo de fertilizantes é um importante fator na
eficiência de uso dos fertilizantes e seu efeito para as plantas. Os distribuidores
de fertilizantes a lanço exigem algumas regulagens básicas no que concerne à
vazão e largura de trabalho. Os ensaios de largura de trabalho e uniformidade de
distribuição são de difícil execução para o agricultor por exigirem equipamentos,
recursos e métodos complexos. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar
coletores alternativos para tornar mais acessível a regulagem e avaliação de
distribuidores de fertilizantes sólidos a lanço. O trabalho foi realizado na
Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária FAPA, localizada no distrito de
Entre Rios, município de Guarapuava - Paraná. Foram utilizados quatro
diferentes conjuntos de coletores: i) Coletores construídos segundo a norma ISO
5690/1; ii) Coletores de polietileno (bandejas plásticas) com sombrite para evitar
o ricochete de material; iii) Coletores formados por caixas de leite longa vida; iv)
Coletores formados por vasos de polietileno (Número 3,5). Para a avaliação da
faixa de distribuição transversal, os coletores foram distribuídos lado a lado
paralelos entre si, formando uma linha transversal ao deslocamento do trator e
distribuidor. Foi utilizado um trator Ford, modelo 7630, no qual foram acoplados
distribuidores: Jan, modelo Lancer Master 1200; Incomagri, modelo Sembra
1300-P AH; e Nogueira, modelo Rota Flow. Os coletores alternativos
apresentaram uma retenção maior que os coletores normatizados. Esta diferença
relativa entre as coletas foi maior nas extremidades do perfil de distribuição. A
largura efetiva de trabalho obtida para os coeficientes de variação de 12,5, 15,
17,5 e 20% variou entre os coletores nos diferentes percursos. O coletor que mais
se assemelhou a norma foram os vasos de polietileno. Observou-se que a altura
dos coletores foi mais importante para sua eficiência do que a sua área de coleta.
Palavras-chave: adubação a lanço; uniformidade de distribuição; regulagem de
máquinas.
i
ABSTRACT
ALTERNATIVE COLLECTORS FOR THE DETERMINATION OF THE
WIDTH OF WORK OF DISTRIBUTORS OF SOLID FERTILIZERS
THROW HER
The uniformity of the application in the soil of fertilizers is an important factor in
the efficiency of use of the fertilizers and his effect stop plants. The distributors
of fertilizers to I throw demand her some basic tunings in what concerns to the
flow and work width. The rehearsals of work width and distribution uniformity
are of difficult execution for the farmer for they demand equipments, resources
and complex methods. Therefore, this work had as objective evaluates alternative
collectors to turn more accessible the tuning and evaluation of distributors of
fertilizers solid her throw. The work was accomplished in the Agrarian
Foundation of Agricultural Research - FAPA, located in the district of Among
Rivers, municipal district of Guarapuava - Paraná. Four different groups of
collectors were used: i) Collectors built according to the norm ISO 5690/1; ii)
Collectors of polyethylene (plastic trays) with soubrette to avoid the material
rebound; iii) Collectors formed by boxes of milk long life; iv) Collectors formed
by vases of polyethylene (Number 3,5). To the evaluation of the strip of traverse
distribution, the collectors were distributed side by side parallel amongst
themselves, forming a traverse line to the displacement of the tractor and
distributor. A tractor was used Ford, model 7630, in which distributors were
coupled: Jan, model Lancer Master 1200; Incomagri, model Sembra 1300-P AH;
and Nogueira, model Rota Flow. The alternative collectors presented a larger
retention than the established collectors. This relative difference among the
collections was larger in the extremities of the distribution profile. The width
executes of work obtained for the coefficients of variation of 12,5, 15, 17,5 and
20% varied among the collectors in the different courses. The collector that more
it resembled each other the norm were the vases of polyethylene. It was observed
that the height of the collectors went more important for his/her efficiency of
what his/her collection area.
Keywords: manuring throws her; distribution uniformity; tuning of machines.
x
1 INTRODUÇÃO
Para que as metas de rendimento agrícola de uma área sejam alcançadas,
devem ser utilizados os insumos apropriados na dosagem indicada. Entretanto,
nada adiantaria a correta seleção e dosagem de insumos e fertilizantes, nem
estimativas precisas de dosagens, se a operação de distribuição de produto na
área não fosse uniforme. A conseqüência seria o comprometimento no
rendimento das colheitas e o desperdício de fertilizantes, que mal distribuídos,
seriam pouco eficientes (MOLIN; MAZZOTI, 2000).
Fertilizantes e corretivos agrícolas constituem insumos fundamentais na
atividade agropecuária e a sua correta aplicação, operação comumente
denominada “adubação”, assume particular significado, tanto pela forma como as
plantas respondem a essa prática quanto pelos custos envolvidos na lavoura
(MILAN; GADANHA JUNIOR, 1996). O excesso de adubação pode ser
prejudicial às plantas, além de ser um gasto desnecessário de produto; por outro
lado, a falta, certamente, resultará em decréscimo da produtividade devido à
deficiência de nutrientes.
A aplicação de fertilizantes nas quantidades e locais corretos é muito
importante no sistema de plantio direto, pois, de acordo com SALET et al.
(1996) e WIETHOLTER (2000), nesse sistema o solo não é homogeneizado com
as operações de preparo antes da semeadura.
De acordo com PITT, FARMER e WALKER (1982), a uniformidade da
aplicação de fertilizantes no solo é um importante fator para sua eficiência e sua
utilização pelas plantas. Jensen e Perek (1962) citados por PITT, FARMER e
WALKER (1982) mostraram que o rendimento de colheita por unidade de área
do terreno é quase sempre reduzido pela variação espacial em razão da aplicação
de fertilizantes, até mesmo quando a média de aplicação for ótima. A eficiência
do uso destes insumos é importante pela energia requerida para sua produção e
distribuição.
RIBEIRO e KURACHI (1988) salientam que a aplicação de fertilizantes
é uma das operações mais problemáticas na condução das culturas e a vazão
juntamente com a uniformidade de distribuição do fertilizante são fatores
determinantes. De acordo com MILAN e GADANHA JUNIOR (1996), a
aplicação de quantidades corretas tem influência direta sobre a produtividade da
cultura.
De acordo com MOLIN e RUIZ (1999), as adubadoras a lanço exigem
algumas regulagens básicas no que se refere à vazão e largura de trabalho. A
largura de trabalho é determinada como função de uma regularidade mínima da
dosagem desejada, obtida a partir de uma sobreposição com as passadas
adjacentes. A definição dessa largura de trabalho ou largura efetiva é obtida por
meio de ensaios. Tais ensaios são de difícil execução pelo agricultor, por
exigirem equipamentos, recursos e métodos que não estão ao alcance de um
usuário comum.
Considerando a relevância das questões acima indicadas, foi estabelecido
como objetivo para esta pesquisa avaliar coletores alternativos para tornar mais
acessível a regulagem e a avaliação de distribuidores de fertilizantes sólidos a
lanço.
2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo SILVEIRA (1989), o solo torna-se pobre ou deficiente em
certos elementos químicos, indispensáveis à produção, à medida que as colheitas
se sucedem ou mesmo por deficiências iniciais. O solo também perde nutrientes
pela ação da água das chuvas, por erosão, lixiviação ou lavagem vertical. Para
suprir essas carências, é necessária a distribuição de fertilizantes ou adubos,
normalmente efetuada por máquinas denominadas adubadoras ou distribuidores
de fertilizantes.
A adubação com fertilizantes minerais é uma prática indispensável na
agricultura moderna, pois, de acordo com BALASTREIRE e COELHO (1992), é
a forma mais rápida e eficiente para melhorar as características químicas do solo,
principalmente no que se refere ao aumento de disponibilidade de nutrientes para
as plantas cultivadas.
A aplicação de corretivos, fertilizantes e sementes a lanço é uma prática
comum na agricultura brasileira. Essas operações são executadas por vários tipos
de máquinas, com diferentes princípios de funcionamento e formas construtivas
(MOLIN; RUIZ, 1999).
Devido à grande diversidade de insumos e condições de operações, os
distribuidores de fertilizantes e de corretivos sólidos constituem uma classe de
máquinas agrícolas diversificada, recebendo a denominação genérica de
adubadoras (GADANHA JUNIOR et al., 1991).
As máquinas distribuidoras de adubos sólidos são enquadradas em dois
grupos básicos, de acordo com a forma como realizam a aplicação: a) adubadoras
ou distribuidoras a lanço e b) adubadoras de fileiras ou linhas (MILAN;
GADANHA JUNIOR, 1996). A aplicadora de fertilizantes e corretivos a lanço é
uma máquina que distribui fertilizantes e corretivos sólidos, seja em faixas de
grande largura ou em faixas localizadas (GADANHA JUNIOR et al., 1991).
3
A aplicadora de fertilizantes, popularmente conhecida como distribuidor,
é constituída, basicamente, por reservatório, mecanismo dosador e mecanismo
distribuidor, montado sobre chassi, de acoplamento ao engate de terceiro ponto
do trator ou carreta de um ou dois eixos, podendo ainda ser montado em chassi
de caminhão (GADANHA JUNIOR et al., 1991). Segundo MILAN e
GADANHA JUNIOR (1996), nos distribuidores a lanço, o mecanismo dosador e
distribuidor são os principais componentes dos distribuidores a lanço, pois têm a
responsabilidade de dosar e distribuir adequadamente a quantidade
pré-selecionada do produto a ser aplicado.
O mecanismo dosador tem por função liberar do reservatório uma
quantidade de produto, previamente estabelecida por dada regulagem deste, para
o mecanismo distribuidor. As máquinas para aplicação de fertilizantes e
corretivos sólidos utilizam mecanismo de dosagem que podem ser classificados,
de acordo com o princípio de funcionamento, em gravitacionais e volumétricos
Responsáveis pela deposição do produto sobre o solo, os mecanismos
distribuidores podem ser classificados, de acordo com o princípio utilizado no
lançamento do produto ao solo, em: a) queda livre, b) força centrífuga, c) inércia
ou efeito combinado de forças (MILAN; GADANHA JUNIOR, 1996).
Vários fatores interferem na uniformidade de aplicação de corretivos e
fertilizantes em uma área, dentre eles, o tipo de máquina utilizada (mecanismo
dosador e mecanismo distribuidor), o tipo de insumo aplicado, a velocidade de
aplicação e a largura útil de trabalho (MOLIN; MAZZOTTI, 2000).
Avaliando a distribuição transversal de três maquinas com diferentes
mecanismos distribuidores (um e dois discos e pendular) em doses máxima,
média e mínima de uréia, PRIMO et al. (2003) relataram que a quantidade de
produto aplicada afetou diretamente a uniformidade de distribuição do produto, e
que a largura de trabalho variou conforme o mecanismo distribuidor utilizado e a
quantidade de produto aplicado.
MILAN e GADANHA JUNIOR (1996) apresentaram uma metodologia
para caracterização desses aplicadores quanto à determinação do perfil de
distribuição e à definição da largura efetiva da faixa de aplicação, por meio de
4
coletores normatizados, pesagem do material coletado e cálculos específicos. A
largura da faixa de aplicação depende do produto e de suas características físicas
e a sua determinação é uma tarefa laboriosa. MOLIN e RUIZ (1999), entretanto,
propuseram uma metodologia simplificadora para a obtenção pelos usuários
finais, utilizando caixas de papelão e latas de óleo e chegaram à conclusão de que
a utilização destes coletores é promissora, porém é necessário aprofundar esse
estudo.
MOLIN e MENEGATTI (2003) relataram, com base nas normas da ISO
e da ASAE, que o procedimento utilizado para a determinação da largura efetiva
de trabalho baseia-se no coeficiente de variação (CV) como uma medida da
desuniformidade da dose aplicada com a sobreposição de passadas, sendo que
nenhuma das normas estabelece um CV mínimo como padrão. Coelho et al.
(1992) citados por MOLIN e MENEGATTI (2003) avaliaram o desempenho de
quatro máquinas na aplicação de gesso agrícola a lanço e utilizaram CV de 15%
na definição da largura efetiva de trabalho das máquinas. PIMENTEL-GOMES e
GARCIA (2002) consideraram que, em experimentos agrícolas, CV de 10% é
considerado baixo, médio entre 10 e 20%, e alto entre 20 e 30% e acima de 30%
é considerado muito alto.
Vários trabalhos têm sido realizados para caracterizar o desempenho de
máquinas de aplicação de fertilizantes sólidos a lanço, dentre os quais o ensaio de
distribuição transversal pode ser considerado um dos mais trabalhosos,
demandando maior quantidade de tempo, tanto na coleta de dados quanto na
análise dos resultados. Este ensaio é realizado com a disposição no campo de
vários coletores padronizados, que se destinam a recolher o material distribuído
naquela área. As quantidades obtidas em cada coletor são pesadas, obtendo-se
assim a curva de distribuição transversal do produto. Essa informação é utilizada
na determinação da largura de trabalho da máquina para a condição de trabalho
estabelecida (MOLIN; MAZZOTTI, 2000).
De acordo com MOLIN e MAZZOTTI (2000), a colocação dos coletores
deve ser feita lado a lado, a partir das suas bordas, de modo que eles cubram a
faixa total de aplicação da máquina. É necessário deixar espaços para a passagem
5
das rodas do trator, os quais devem ser os menores possíveis e múltiplos da
largura do coletor.
De acordo com norma da ASAE S341.2, edição reformulada de 1983, os
coletores devem ter no mínimo 0,1 m
2
de superfície aberta e distância inferior a
1 m entre os coletores. Essa norma sugere ainda o cuidado com as partículas que
ricocheteiam para dentro ou para fora dos coletores (WHITNEY; ROTH;
KULHMAN, 1987).
De acordo com WHITNEY, ROTH e KULHMAN (1987), a quantidade
de produto retido por um coletor é função das propriedades físicas das partículas
(densidade e tamanho), das características do coletor (tamanho, forma e altura do
solo), da habilidade de absorver energia do coletor (superfície interna), da
velocidade do vento e das características da superfície sobre a qual os coletores
são dispostos. Esses autores também relatam que, em se aumentando a área dos
coletores, ocorre uma tendência de redução dos efeitos de ricochete de partículas,
tanto para dentro quanto para fora do coletor, porém o peso dos coletores, a
facilidade de transporte e armazenamento e a praticidade de se retirarem as
amostras, usualmente ditam o seu tamanho. Para reduzir os efeitos do ricochete,
os autores relacionaram as seguintes precauções: as extremidades da face
superior devem possuir a menor espessura possível; a superfície interna dos
coletores deve possuir a habilidade de absorver energia; a altura dos coletores
deve ser suficiente para impedir o ricochete de partículas para dentro. Os autores
sugerem altura mínima de 150 mm.
PARISH (1996), desenvolveu testes de distribuição transversal de acordo
com a norma ASAE S341.2 e verificou que a eficiência dos coletores pode variar
de acordo com a faixa de aplicação da máquina, quando os coletores estão
dispostos sobre uma superfície rígida. O autor realizou uma comparação entre
um teste feito nesse tipo de superfície para produtos de diferentes densidades,
com um teste em uma pista de prova elevada, utilizando coletores de maior
profundidade. Dessa forma, a possibilidade de ricochete de partículas, tanto para
dentro como para fora dos coletores, foi eliminada. O valor obtido no ensaio com
pista elevada foi usado como base, obtendo-se, assim, a eficiência de coleta para
6
várias posições dentro da faixa de aplicação da máquina. Os resultados obtidos
mostraram que a eficiência de coleta variou, significativamente, de acordo com a
faixa de aplicação da quina. As partículas maiores ricochetearam muito mais
que as partículas menores, porem os produtos de partículas pequenas mostraram
diferenças significativas na eficiência de coleta. Além disso, os resultados
mostraram que a tendência de ricochete das partículas é tanto maior quanto mais
se distância da faixa central de aplicação.
Geralmente, são referidas duas normas que padronizam os tipos de
coletores usados na realização de ensaios de distribuição transversal: ISO 5690/1
(ISO, 1982) e ASAE S341.2 (ASAE, 1983). De acordo com a norma ISO 5690/1
os coletores podem ter as dimensões externas de 1000 x 250 mm ou de
500 x 500 mm, ambos com profundidade mínima de 150 mm. Esta altura é
contrariada pela norma ASAE S341.2, que estabelece que durante os testes, o
topo das bandejas não deve estar acima de 100 mm da superfície com a máquina
aplicadora na posição normal de operação e, se a altura de descarga do
distribuidor for menor que 500 mm, o topo das bandejas coletoras deve ser
menor que 50 mm acima da superfície (MOLIN; MAZZOTTI, 2000).
Segundo a norma da ASAE (1996), citada por MOLIN e MAZZOTTI
(2000), os dispositivos de coleta devem possuir largura (medida perpendicular à
passagem do conjunto) não superior a 10% da faixa de deposição efetiva da
máquina. O comprimento deve ser igual ou maior que a largura, com no mínimo
de 300 mm, enquanto a espessura máxima das paredes dos coletores deve ser de
2,3 mm e os coletores devem possuir tamanho suficiente para coletar amostras, a
partir de uma passada do distribuidor, as quais devem ser em quantidade
suficiente para serem medidas.
Patterson (1964) citado por WHITNEY, ROTH e KULHMAN (1987),
avaliando a aplicação aérea de fertilizantes com bandejas de 1200 x 300 mm e
150 mm de altura, relatou que mais de 40% do material coletado nas bandejas foi
devido ao ricochete de material para dentro dos coletores, vindo do piso de
concreto.
7
Segundo MILAN e GADANHA JUNIOR (1996), é de fundamental
importância o uso de dispositivos para evitar o ricochete de partículas, durante a
execução dos ensaios de caracterização da distribuição transversal. Esses
dispositivos absorvem a energia cinética da partícula e fazem com que ela não
caia indevidamente no coletor adjacente, o que comprometeria as análises.
MOLIN e RUIZ (1999) trabalharam com coletores alternativos como
embalagens de papelão e latas de óleo reaproveitadas e medição volumétrica do
material coletado em ensaios para a determinação da largura efetiva de trabalho.
Com o objetivo de fornecer uma metodologia prática ao usuário, obtiveram
informações tão eficientes quanto às obtidas com os coletores padronizados pela
norma ISO 5690/1.
WHITNEY, ROTH e KULHMAN (1987) trabalharam com diversos
coletores granulares e coletores normatizados em aplicaçãorea de fertilizantes.
Usando coletores como referência, com dimensões de 762 x 457 mm e variando
altura (1220, 910, 610 e 150 mm), concluíram em seu trabalho que não houve
diferença significativa entre os coletores com altura maior que 150 mm. Devido
aos ventos elevados encontrados e à superfície dura usada, os autores
presumiram que as relações do desempenho do coletor estabelecidas nesses testes
representaram desvios máximos em relação ao valor ideal de 1. Destacaram ainda
que, no intuito de se produzir resultados confiáveis em ensaios de distribuidores a
lanço, o desempenho dos coletores deve ser avaliado ou conhecido com
antecedência.
8
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 ÁREA EXPERIMENTAL
O trabalho foi realizado entre os dias 14 e 15 de julho de 2005, nas
dependências da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária – FAPA,
localizada no distrito de Entre Rios, município de Guarapuava – Paraná, situada a
25°55’de latitude Sul, 51°48’33” de longitude Oeste e altitude de 1095 m, em
relação ao nível do mar.
O ensaio foi conduzido em uma área plana, coberta com cascalho,
possuindo uma barreira de árvores altas, permitindo a minimização das condições
de vento que poderiam afetar o perfil de distribuição longitudinal e transversal
dos distribuidores de fertilizantes sólidos (Figura 1).
Figura 1 - Vista geral do local do experimento.
9
3.2 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
As condições climáticas no momento do ensaio foram obtidas por meio
de um termo-higro-anemômetro. Foram efetuadas medições no momento de
realização de cada ensaio. Os parâmetros determinados para análise foram: a
umidade relativa do ar, a temperatura e a velocidade do vento. Segundo MILAN
e GADANHA JUNIOR (1996), a velocidade do vento é a variável climática que
tem a maior importância em experimentos desta modalidade.
3.3 COLETORES
Foram utilizados quatro tipos de coletores:
Coletor Normatizado de polietileno, seguindo a norma ISO 5690/1,
tendo as dimensões de 1000 x 250 mm e profundidade de 150 mm
(Figura 2).
Bandeja de polietileno, com dimensões de 360 x 240 mm e
profundidade de 75 mm. Para evitar o ricochete de material para fora
desta bandeja, utilizou-se sombrite com 30% de sombreamento, que
foi cortado em pedaços com as mesmas dimensões da bandeja e
colocado ao fundo. Esse material foi citado por MOLIN e MAZOTTI
(2000), como eficiente amortecedor do ricochete de partículas (Figura
3).
Caixas de leite longa vida (Figura 4), com um dos lados recortados.
As caixas foram unidas em número de 5 por grampos e fita adesiva,
formando coletores de 500 x 165 mm e profundidade de 60 mm.
1
Vaso de polietileno (Número 3,5), com 150 mm de altura, 190 mm de
diâmetro na parte superior e 140 mm na base. Os orifícios presentes
na base do vaso foram cobertos com fita adesiva (Figura 5).
Para facilitar o entendimento e a confecção de gráficos e tabelas, os
coletores terão outra nomenclatura: Coletor Normatizado, que passará a se
chamado de “Norma”; Bandeja de polietileno, que será chamado “Bandeja”;
Caixas de leite longa vida, que se chamará “Caixas de leite”; e Vaso de
polietileno, passará a se chamar “Vaso”.
Figura 2 - Coletores normatizados (ISO 5690/1).
1
Figura 3 - Coletores de bandejas com sombrite.
Figura 4 - Coletores de caixas de leite longa vida.
1
Figura 5 - Coletores de vaso de polietileno.
Nas Figuras 6 e 7 encontram-se os gráficos com a altura de cada coletor e
a respectiva área de coleta.
150
75
140
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Coletor
normatizado
Bandeja Caixa de leite Vaso
Coletores
Altura (mm)
Figura 6 - Altura dos coletores utilizados.
1
2500
864
825
283
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Coletor
normatizado
Bandeja Caixa de leite Vaso
Coletores
Área de coleta (cm²)
Figura 7 - Área de coleta (cm²) dos coletores utilizados.
3.4 DISTRIBUIÇÃO DOS COLETORES
Os coletores foram distribuídos transversalmente no sentido do
deslocamento do conjunto trator e distribuidor, sendo que cada coletor teve suas
bordas encostadas com os coletores vizinhos (Figura 8).
Cada passada do conjunto trator distribuidor realizava a aplicação sobre
os quatro tipos de coletores, que estavam dispostos em fileiras. Desse modo, se
uniformizava a aplicação, realizada de uma só vez.
Para os coletores de bandeja, caixa de leite e o coletor segundo a norma
ISO 5690/1, colocou-se um número impar de coletores, com três centrais e a
mesma quantidade de coletores para ambos os lados. Foram utilizados 91
coletores da norma, cobrindo uma largura de 24 m, 97 bandejas, perfazendo uma
largura de coleta de 24 m e 47 conjuntos de caixas de leite, totalizando 24 m.
Para a passagem do rodado do trator, retiraram-se três coletores da norma
e bandeja e para caixa de leite retiraram-se duas, sendo estes em número
múltiplo, ou seja, foi tirado o mesmo número de coletores da esquerda e da
direita. Os coletores retirados foram colocados nas extremidades laterais para
totalizarem o número do perfil.
1
Para os vasos, os coletores centrais foram em número par, ou seja, um
para esquerda e um para direita, em mesmo número até as extremidades. Foram
utilizados 120 coletores, totalizando uma faixa de avaliação de 24,16 m. Neste
coletor, a coleta e a pesagem do material foram realizadas juntando-se o
conteúdo de dois coletores e formando apenas uma amostra, a fim de facilitar o
recolhimento das amostras e a pesagem do material, devido à pequena quantidade
coletada pelos recipientes.
Da mesma forma que para os outros coletores, foram retirados coletores
para se efetuar a passagem do conjunto trator e distribuidor. Foram retirados dois
coletores (quatro vasos) para cada rodado, que foram levados às extremidades
laterais do perfil de distribuição.
Figura 8 - Distribuição dos coletores no local do experimento.
Para a realização dos cálculos e construção das planilhas, efetuou-se a
média dos coletores mais próximos (três ou quatro, dependendo da posição) para
estimar a quantidade que seria coletada naqueles coletores que foram retirados
para a passagem do conjunto trator e distribuidor.
1
3.5 CONJUNTO TRATOR E DISTRIBUIDORES
Foi utilizado um trator
1
Ford, modelo 7630, que trabalhou em sexta
marcha, com uma velocidade de 8 km h
-1
e velocidade angular de 1900 rpm no
motor, o que confere uma rotação de 540 rpm na tomada de potência. A este
trator foram acoplados os distribuidores utilizados.
Os distribuidores utilizados foram: distribuidor marca Jan, modelo
Lancer Master1200 (Figura 9); distribuidor marca Incomagri, modelo Sembra
1300-P AH (Figura 10); e distribuidor marca Nogueira, modelo Rota Flow
(Figura 11). Todos os distribuidores possuíam mecanismo distribuidor de dois
discos.
Figura 9 - Distribuidor Lancer Master 1200.
Figura 10 - Distribuidor Sembra 1300-P AH.
1
As marcas e modelos de máquinas, produtos e equipamentos citados neste trabalho não
constituem recomendação comercial, mas somente indicativo do que foi utilizado neste estudo.
1
Figura 11 - Nogueira modelo Rota Flow.
3.6 REGULAGENS
As regulagens foram efetuadas de acordo com o manual do operador. Os
distribuidores foram regulados para uma dose de 100 kg ha
-1
e para se obter uma
largura de trabalho de 18 m, geralmente utilizada pelos produtores da região que
cederam os distribuidores para avaliação.
Para o modelo Rota Flow a vazão foi regulada na posição 48 de uma
escala existente na máquina, com um orifício aberto no prato dosador. O
mecanismo distribuidor constava de três aletas lançadoras, uma grande, uma
média e uma pequena. A altura do distribuidor foi regulada a 800 mm entre os
pratos lançadores e o chão.
O distribuidor Imcomagri Sembra 1300 foi regulado na posição 8 da
escala para se obter a vazão desejada no trabalho. Seu mecanismo distribuidor
constituía-se por duas aletas, uma com 355 e outra com 245 mm. A aleta longa
foi regulada na posição 1,0 e a curta na posição 3,5 da escala no disco de
lançamento. A altura de trabalho recomendada pelo manual e utilizada no
experimento foi de 750 mm.
Para o distribuidor Lancer Master 1200, a vazão foi regulada na posição
11 da escala de vazão com um orifício do fundo dosador aberto. O mecanismo
distribuidor possuía quatro aletas, duas longas de 255 mm e duas curtas de
1
205 mm e foi regulado na posição 1 da escala marcada no prato para se obter
uma largura de trabalho de 18 m de acordo com o manual. A altura do
distribuidor foi regulada a 800 mm.
3.7 PROCEDIMENTOS DO ENSAIO
O fertilizante utilizado para o experimento foi a uréia comum. O mesmo
lote do fertilizante foi usado em todos os tratamentos.
Antes da realização do ensaio, os distribuidores foram nivelados em
relação ao solo, foi verificada a altura do distribuidor (do prato lançador até o
chão) e realizadas as suas regulagens. Todos os distribuidores foram abastecidos
com metade de sua capacidade. O conjunto trator e distribuidor percorria uma
distância de aproximadamente 15 metros antes de cruzar sobre os coletores,
visando estabilizar o fluxo do fertilizante pelo mecanismo dosador e o seu
lançamento (Figura 12). Realizaram-se duas passadas sobre os coletores e, em
seguida, o material de cada coletor era recolhido e acondicionado em embalagens
plásticas, devidamente identificadas com o tipo de coletor e sua posição na faixa
transversal. As duas passadas foram realizadas com o objetivo de tornar mais
significativa a quantidade de produto dentro dos coletores, facilitando a coleta e a
pesagem do material.
O material coletado foi trazido a o Laboratório de Mecanização
Agrícola da UNIOESTE, campus de Cascavel, e pesado em uma balança
analítica de precisão de 0,01 g, juntamente com os saquinhos plásticos. Na
tabulação dos dados foi descontada a tara do material. Os valores em gramas
obtidos em cada coletor foram transformados em quilogramas por hectare,
considerando-se a área de cada um. A partir desses dados, foram realizadas as
análises para determinação da faixa de deposição, utilizando-se o programa
Adulanço 2.0 proposto por MOLIN, COELHO e VASARHELYI (1992). Para a
1
confecção dos gráficos comparativos entre metodologias, foi utilizado o Excel e
o software Minitab 14.0. Para as análises estatísticas utilizou-se o programa
Sisvar.
Figura 12 - Conjunto trator e distribuidor em operação distribuindo a uréia.
O procedimento adotado pelo Adulanço 2.0 segue o mesmo
recomendado por MILAN e GADANHA JUNIOR (1996), com base no
coeficiente de variação (CV). Para tanto, realiza-se a simulação de recobrimentos
sucessivos com os valores obtidos nos coletores e calcula-se o CV% para cada
situação de recobrimento, simulado para ambos os sistemas de percurso que
podem ser realizados a campo.
De acordo com MILAN e GADANHA JUNIOR (1996), a avaliação da
deposição cumulativa numa aplicação de campo, depende do tipo de percurso
adotado no manejo da máquina. No circuito contínuo, o lado esquerdo, de parte
da faixa de deposição numa passada, recobre o lado direito de parte da faixa de
deposição da passada anterior. No circuito alternado o lado direito de parte da
faixa de deposição numa passada, recobre o lado direito de parte da faixa de
deposição da passada anterior; o mesmo ocorre com o lado esquerdo.
Observando-se as possíveis formas de percurso, pode-se afirmar que o sistema
1
contínuo tende a corrigir possíveis deslocamentos encontrados no perfil de
distribuição, enquanto que o sistema alternado (tanto direito como o esquerdo)
tende a acentuar estas falhas de aplicação.
2
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos no trabalho serão apresentados na forma de
tabelas, figuras e gráficos. E, para efeito de abreviação, os distribuidores serão
mencionados como Lancer, Sembra e Rota Flow e os coletores serão chamados
de Norma, Bandeja, Caixa de leite e Vaso.
4.1 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DO LOCAL
As condições ambientais, medidas no local do experimento e no
momento em que se realizaram os ensaios de cada máquina, são apresentadas na
Tabela 1. As condições ambientais apresentaram variações de valor, devido ao
experimento não ter sido realizado em sua totalidade no mesmo dia. Duas
máquinas foram analisadas em um dia e a terceira foi analisada no dia seguinte.
Tabela 1 - Condições climáticas no local e momento do experimento
VARIÁVEL
DISTRIBUIDORES
Rota Flow Sembra Lancer
Umidade (%) 57,6 59,3 55,9 41,3 42,0 43,0 35,4 57,0 53,4
Vento (m s
-1
) 1,3 2,5 0,0 1,9 1,0 0,0 1,4 0,0 1,0
Temperatura (°C) 19,1 17,1 21,0 27,5 24,0 27,0 23,0 18,5 18,9
De acordo com a metodologia proposta por MILAN e GADANHA
JUNIOR (1996), os valores para a velocidade do vento estavam de acordo com o
máximo de 2 m s
-1
proposto pelo autor, havendo condição desfavorável somente
na segunda repetição do distribuidor Rota Flow, na qual foi medida uma
2
velocidade do vento de 2,5 m s
-1
. Em alguns momentos a interferência do vento
foi zero e, em outros, interferência nima. As demais condições ambientais
estavam dentro dos padrões especificados, no momento em que foram realizadas
as mensurações.
4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA DESCRITIVA
Os resultados obtidos na análise estatística descritiva dos perfis de
distribuição médios de cada máquina e coletor são expressos na Tabela 2.
Tabela 2 - Análise estatística descritiva do perfil de distribuição
COLETORES
LANCER SEMBRA ROTA FLOW
Média*
Norma 72,5 134,8 133,3
Bandeja 106,6 174,5 226,1
Caixa de leite 97,9 186,2 206,3
Vaso 85,1 129,5 149,9
Coeficiente de Variação
Norma 63,3 47,8 30,5
Bandeja 61,4 52,9 33,2
Caixa de leite 51,9 45,5 28,8
Vaso 63,0 48,4 32,6
Obliqüidade
Norma 1,3 -0,3 -0,9
Bandeja 0,8 -0,3 -1,2
Caixa de leite 1,0 -0,4 -1,3
Vaso 1,3 -0,2 -0,7
Curtose
Norma 1,8 -1,1 0,5
Bandeja 0,6 -1,2 0,5
Caixa de leite 1,4 -1,0 -1,2
Vaso 1,5 -1,1 0,6
Mínimo*
Norma 6,6 5,4 23,8
Bandeja 11,1 4,7 32,2
Caixa de leite 18,6 5,2 49,3
Vaso 12,0 8,8 31,99
Continua...
2
conclusão
COLETORES
LANCER SEMBRA ROTA FLOW
Mediana
Norma 66,2 154,2 140,7
Bandeja 102,0 184,4 254,8
Caixa de leite 90,5 207,4 216,3
Vaso 73,7 152,3 159,0
Maximo*
Norma 226,5 244,3 216,4
Bandeja 296,6 326,2 347,6
Caixa de leite 258,1 314,7 295,9
Vaso 253,7 256,7 262,8
Normalidade**
Norma 2,98 ns 2,28 ns 2,37 ns
Bandeja 1,51 ns 2,62 ns 5,96 ns
Caixa de leite 1,31 ns 1,39 ns 2,38 ns
Vaso 2,37 ns 1,82 ns 1,82 ns
Notas: * valores expressos em kg ha
-1
.
** Teste de normalidade de Anderson Darling a 95% (valores abaixo de 0,05 indicam
normalidade dos dados).
Nesta análise estatística descritiva, os valores de dia e máximo,
obtidos com os coletores de vasos, estão mais próximos daqueles obtidos com os
coletores normalizados. Isto mostra que a altura do coletor é mais importante que
a área de coleta que é diferente entre os coletores (figuras 6 e 7), como será visto
mais adiante na comparação de médias.
Nos testes de normalidade Anderson Darling (95%), verificou-se que
nenhum dos perfis de distribuição médios possui normalidade dos dados,
indicado também pelos valores de curtose.
Para o coeficiente de variação (CV %), o coletor caixa de leite foi o
menor para todos os distribuidores, implicando uma largura de trabalho,
geralmente, maior. Para os distribuidores, o Lancer gerou um CV % maior em
todos os coletores, o que resultará nas menores larguras de trabalho encontradas
neste experimento.
2
4.3 PERFIL DE DISTRIBUIÇÃO TRANSVERSAL
A análise dos gráficos, nos quais são demonstrados os perfis de
distribuição transversal de cada máquina (Figuras 13, 14 e 15), mostra que as
curvas, cada uma indicando um tipo de coletor,o coincidem, mas seguem uma
mesma tendência. Todos os coletores apresentaram as mesmas tendências de
picos máximos e mínimos, nas mesmas posições, ao longo da faixa de
distribuição de uréia.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
-15 -10 -5 0 5 10 15
Distância (m)
kg ha-¹
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
Figura 13 - Distribuição transversal de uréia obtida com os diferentes coletores
e com o distribuidor Lancer.
A diferença entre as curvas é devida à retenção maior de material nos
coletores confeccionados com caixas de leite e nas bandejas plásticas. Esta maior
coleta, provavelmente, deve-se ao ricochete de material para dentro dos
coletores, pois no momento do lançamento pelo distribuidor a partícula adquiria
grande velocidade e continuava uma trajetória (aleatória), após atingir o solo no
local do ensaio. Esse efeito foi observado por PRIMO (2004), em experimento
realizado sobre calçada de pedras. Neste experimento a superfície era constituída
somente por cascalho, o que, supostamente, diminuiria o efeito do ricocheteio
das partículas do fertilizante. Resultados semelhantes foram relatados por
Patterson (1964) citado por WHITNEY, ROTH e KULHMAN (1987), que
2
observou que 40% do material é proveniente do ricochete para dentro dos
coletores, vindo do piso de concreto, utilizando coletores de 150 mm de altura,
(mais altos que as bandejas e caixas de leite).
0
50
100
150
200
250
300
350
400
-15 -10 -5 0 5 10 15
Distância (m)
kg ha
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
Figura 14 - Distribuição transversal de uréia obtida com os diferentes coletores
e com o distribuidor Sembra.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
-15 -10 -5 0 5 10 15
Distância (m)
kg ha
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
Figura 15 - Distribuição transversal de uréia obtida com os diferentes coletores
e com o distribuidor Rota Flow.
Pela pequena área nas caixas de leite, o material que ricocheteava dentro
das caixinhas logo se chocava com as bordas, impedindo que saísse. O sombrite
utilizado nas bandejas plásticas também evitou que as partículas saíssem de
dentro das bandejas, pois absorvia a energia do impacto destas partículas.
2
Nos coletores formados por vasos de polietileno, que possuíam altura
semelhante aos coletores normalizados (Figura 6), as curvas estão bem próximas.
Assim, pode-se atribuir que o efeito de uma maior coleta, devido ao ricocheteio,
deve-se, basicamente, à diferença de altura entre os coletores.
O gráfico da Figura 14, referente ao distribuidor Sembra, revela que
houve maior concentração na distribuição de uréia no lado esquerdo da máquina.
Essa variação se deve, possivelmente, a uma maior abertura do prato dosador
desse lado, pois esta máquina possuía mecanismo distribuidor de dois discos.
4.4 COMPARAÇÃO ENTRE COLETORES ALTERNATIVOS E OS
NORMALIZADOS
Nos gráficos das figuras 16, 17 e 18 está demonstrada a diferença
percentual da distribuição de uréia entre os coletores alternativos, comparados
aos normalizados, dentro do perfil de distribuição de cada máquina. Nesses
gráficos, o valor 0 no perfil de distribuição indica a extremidade esquerda e o
valor de 25 m indica a extremidade direita.
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20 25
Perfil de distribuição (m)
Diferença Percentual (%)
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
Figura 16 - Comparação entre os coletores no distribuidor Lancer.
2
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20 25
Perfil de distribuição (m)
Diferença Percentual (%)
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
Figura 17 - Comparação entre os coletores no distribuidor Sembra.
-100
-50
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 5 10 15 20 25
Perfil de distribuição (m)
Diferença percentual (%)
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
Figura 18 - Comparação entre os coletores no distribuidor Rota Flow.
Os vasos demonstraram uma coleta relativa muito semelhante aos
coletores da norma. Estes diferiram entre 50% a mais ou a menos em alguns
pontos do perfil de distribuição, ficando na maior parte do perfil em uma
diferença de até 20%.
as bandejas oscilaram bastante em seus valores de coleta, variando de
50 a 150% de diferença em relação à norma. As diferenças relativas da bandeja
2
oscilaram de forma diversa dentro do perfil, apresentando uma tendência de se
aproximarem da norma na faixa central de aplicação.
As caixas de leite apresentaram oscilação muito grande em relação ao
coletor normalizado e com tendência a se aproximarem deste no centro da faixa
de aplicação. Nas extremidades da faixa, os coletores caixa de leite apresentaram
uma diferença de retenção de material superior a 150%. MOLIN e MAZZOTTI
(2003), trabalhando com coletores normatizados e sem anteparos para evitar o
ricochete das partículas, observaram que nas extremidades da faixa de aplicação
houve uma tendência de menor quantidade do fertilizante coletado. Segundo os
autores, isto pode ser função do ricochete de partículas para fora dos coletores. Já
a faixa central, na qual a direção de lançamento das partículas é
predominantemente coincidente com o eixo longitudinal dos coletores, o efeito
do ricochete não foi detectado, resultando em maior coleta.
Os coletores caixa de leite armazenaram ainda mais uréia que os
normalizados, pois o seu eixo longitudinal apresentava-se coincidente com o
lançamento das partículas nas extremidades, e ainda possuíam subdivisões que
diminuíam ainda mais o efeito do ricochete de partículas para fora dos coletores.
Aliado a esse fator, a baixa altura do coletor aumentava a capacidade de coleta.
4.5 LARGURA EFETIVA DE TRABALHO
Comportamentos semelhantes das linhas do perfil de distribuição podem
ser vistos, quando são comparadas as curvas de Coeficiente de Variação versus a
largura efetiva de trabalho, nos diferentes percursos avaliados (figuras 19, 20 e
21).
Foi possível observar que as curvas dessas figuras seguem uma tendência
e suas variações são semelhantes, somente com um pequenoatraso” na resposta
da largura de trabalho em relação ao CV.
2
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
(a)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
(b)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
(c)
Figura 19 - Coeficiente de Variação versus largura efetiva de trabalho no
sistema contínuo.
Nota: a) Lancer; b) Sembra; c) Rota Flow.
2
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
(a)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
(b)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
(c)
Figura 20 - Coeficiente de Variação versus largura efetiva de trabalho no
sistema alternado esquerdo.
Nota: a) Lancer; b) Sembra; c) Rota Flow.
3
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
(a)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
(b)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28
Largura de trabalho (m)
CV (%)
Norma Bandeja Caixa de leite Vaso
(c)
Figura 21 - Coeficiente de Variação versus largura efetiva de trabalho no
sistema alternado direito.
Nota: a) Lancer; b) Sembra; c) Rota Flow.
3
A variabilidade encontrada nos perfis de distribuição, para os diferentes
coletores, é a provável causa das diferenças encontradas também nas curvas de
largura efetiva de trabalho em relação ao coeficiente de variação.
Nestes gráficos também se comprova que os vasos se assemelham aos
coletores normatizados, em relação ao CV. Nos percursos contínuo, alternado
esquerdo e direito, assim como nas diferentes máquinas, as linhas geradas por
estes coletores são coincidentes ou adjacentes.
4.6 LARGURA EFETIVA DE TRABALHO PARA DIVERSOS
COEFICIENTES DE VARIAÇÃO
Para verificar a eficiência dos coletores, comparando-os com o da norma,
definiram-se alguns coeficientes de variação máximos que resultassem em uma
largura de trabalho uniforme. Primeiramente, tomou-se como padrão a norma
alemã citada por MILAN e GADANHA JUNIOR (1996), que estabelece um
coeficiente de variação máximo de 12,5%. Também foram usados outros
coeficientes de variação, como 15%, 17,5% e 20%, sendo que o último é citado
pela literatura brasileira da área como um máximo coeficiente de variação
(MOLIN e MAZZOTI, 2003).
Na Tabela 3 encontram-se os valores da largura efetiva de trabalho,
obtida com CV de 12,5%.
3
Tabela 3 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 12,5% nos três
percursos de distribuição
ALTERNADO ALTERNADO DIREITO *
COLETOR CONTÍNUO ESQUERDO Lancer Sembra Rota Flow
Norma 11,1 A 14,0 A 5,3 Aa 9,7 ABab 12,7 Ab
Bandejas 11,0 A 13,3 A 5,7 Aa 9,3 Aa 21,7 Bb
Caixas de
leite
13,0 A 17,5 A 15,0 Ba 15,3 Ba 16,7 ABa
Vaso 9,8 A 12,2 A 6,0 Aa 9,0 Aab 13,0 Ab
CV% 31,7 29,8 22,3
DMS 4,6 5,5 Coletor=3,4 Distribuidor=2,6
Notas: Letras maiúsculas iguais não diferem os valores na coluna;
Letras minúsculas iguais não diferem os valores na linha;
* Interação significativa entre os fatores (coletores e distribuidores) em estudo.
Com um coeficiente de variação de 12,5% no sistema contínuo e
alternado esquerdo não houve interação entre os fatores (coletor e distribuidor) e
todos os coletores apresentaram-se estatisticamente iguais entre si. Houve
interação somente entre os fatores no sistema de caminhamento alternado direito.
Neste caso, os coletores formados por caixas de leite resultaram em
larguras de trabalho maiores e estaticamente diferentes dos demais coletores para
os distribuidores Lancer e Sembra. no distribuidor Rota Flow os coletores
caixas de leite foram estatisticamente iguais aos demais, mas o coletor formado
por bandejas resultou em uma maior largura de trabalho.
Na Tabela 4 encontram-se os valores da largura efetiva de trabalho,
obtida com CV de 15%.
Tabela 4 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 15% nos três percursos
de distribuição
CONTÍNUO * ALTERNADO ALTERNADO
COLETOR Lancer Sembra Rota Flow ESQUERDO DIREITO
Norma 6,3 Aa 13,7 Ab 17,5 Ab 17,2 AB 11,8 A
Bandejas 6,7 Aa 13,3 Ab 22,3 Bc 16,1 AB 15,5 B
Caixas de
leite
12,7 Ba 13,3 Aa 24,3 Bb 18,9 B 18,4 B
Vaso 6,3 Aa 12,0 Ab 16,3 Ab 13,8 A 10,0 A
CV% 15,6 18,2 16,4
DMS Coletor 4,7 Distribuidor 4,3 3,9 3,0
Notas: Letras minúsculas iguais não diferem os valores na linha;
Letras maiúsculas iguais não diferem os valores na coluna.
* Interação significativa entre os fatores (coletores e distribuidores) em estudo.
3
Considerando o coeficiente de variação de 15%, o sistema contínuo
apresentou interação significativa entre os fatores avaliados. Houve diferença
estatística entre os coletores nos distribuidores Lancer e Rota Flow. no
distribuidor Sembra todos os coletores apresentaram largura efetiva de trabalho
semelhante, sendo em média 13 m.
Nos percursos alternados esquerdo e direito não houve interação entre
coletor e distribuidor. No percurso alternado esquerdo os coletores
diferenciaram-se entre si, mas foram estatisticamente iguais ao coletor
normatizado. no percurso alternado direito somente o coletor vaso foi
semelhante à norma.
Na Tabela 5 encontram-se os valores da largura efetiva de trabalho,
obtida com CV de 17,5%.
Tabela 5 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 17,5% nos três
percursos de distribuição
CONTÍNUO * ALTERNADO ALTERNADO
COLETOR Lancer Sembra Rota Flow ESQUERDO DIREITO
Norma 8,7 Aa 14,3 Ab 22,0 Ac 18,1 AB 14,9 AB
Bandejas 13,3 Ba 14,0 Aa 22,3 ABb 18,5 AB 16,1 BC
Caixas de
leite
15,0 Ba 14,0 Aa 24,7 Bb 21,2 B 19,1 C
Vaso 7,0 Aa 13,7 Ab 20,9 Ab 16,2 A 12,0 A
CV% 8,2 14,4 16,3
DMS Coletor 2,9 Distribuidor 3,5 3,5 3,3
Notas: Letras minúsculas iguais não diferem os valores na linha;
Letras maiúsculas iguais não diferem os valores na coluna;
* Interação significativa entre os fatores (coletores e distribuidores) em estudo.
De forma semelhante ao coeficiente de variação de 15%, para o de
17,5% o sistema contínuo apresentou interação entre os fatores. Nos demais
sistemas não houve interação.
As larguras de trabalho se apresentam muito baixas, considerando-se que
se objetivou na regulagem uma faixa de 18 m. Até a um coeficiente de variação
de 20% não se conseguiu atingir a largura pré-estabelecida. Permanecendo,
3
assim, muito distante daquela recomendada pela norma alemã citada por MILAN
e GADANHA JUNIOR (1996).
Na Tabela 6 encontram-se os valores da largura efetiva de trabalho,
obtida com CV de 20%.
Tabela 6 - Larguras médias efetivas (m) para o CV de 20% nos três percursos
de distribuição
COLETOR CONTÍNUO
ALTERNADO
ESQUERDO
ALTERNADO
DIREITO
Norma 16,2 AB 19,2 AB 14,7 AB
Bandejas 16,2 AB 20,1 B 17,3 BC
Caixas de leite 18,7 B 21,2 B 19,7 C
Vaso 15,7 A 17,8 A 13,9 A
CV% 12,5 8,1 15,2
DMS 2,7 2,1 3,2
Nota: Letras maiúsculas iguais não diferem os valores na coluna.
Em um coeficiente de variação fixo de 20% não houve interação entre os
fatores em nenhum dos sistemas. Os coletores foram todos estatisticamente
semelhantes aos coletores normatizados, exceto no percurso alternado direito, no
qual somente os coletores formados por caixas de leite foram estatisticamente
diferentes dos normatizados.
4.7 LARGURA MÁXIMA PARA 50% DO PESO DA AMOSTRA
Outra metodologia proposta por MILAN e GADANHA JUNIOR (1996),
para obtenção da largura de trabalho, é a que utiliza os pesos coletados de cada
coletor. Através do ponto, no qual se encontra o coletor, do perfil de distribuição
que representa 50% do valor ximo, encontra-se a largura de trabalho
multiplicada por dois.
Na Tabela 18 estão as comparações de médias das larguras máximas
encontradas utilizando-se essa metodologia.
3
Tabela 7 - Largura máxima utilizando-se para a determinação a 50% da massa
máxima
COLETOR MÉDIA DISTRIBUIDOR MÉDIA
Norma 11,6 A Lancer 4,9 A
Bandejas 13,9 B Sembra 14,7 B
Caixas de leite 14,2 B Rota Flow 19,0 C
Vaso 11,8 A
CV%=11,9 DMS=2,0 DMS=1,6
Nota: - Letras maiúsculas iguais não diferem os valores na coluna.
Não houve interação entre os fatores avaliados, havendo somente
diferença estatística entre os tratamentos dentro de cada fator.
Verifica-se que somente os coletores formados por vasos de polietileno
foram estatisticamente semelhantes aos coletores normatizados. Os coletores
alternativos, formados por bandejas de laboratório e por caixas de leite, foram
estatisticamente semelhantes entre si, mas diferenciaram dos coletores
normatizados e dos vasos de polietileno. Esse fato é atribuído à altura dos
coletores, 150 mm e 140 mm, respectivamente para coletores normatizados e
vasos e 75 mm e 60 mm para os coletores formados por bandejas e caixas de
leite, respectivamente. Devido à retenção maior de material nos coletores mais
baixos, modificou-se o perfil de distribuição, afetando também a largura de
trabalho calculada por este método.
A diferença significativa encontrada entre os distribuidores deve-se, a
suas diferentes características de aparatos de lançamento e, principalmente, pela
interação entre as características físicas do fertilizante e as regulagens
determinadas pelo manual de instrução do fabricante.
3
5 CONCLUSÕES
Considerando a avaliação dos coletores alternativos utilizados e os
objetivos desta pesquisa foi possível concluir que:
- Os coletores apresentaram comportamento diferenciado entre os
distribuidores e coletores avaliados, bem como diferentes resultados
nos diferentes sistemas adotados, ou seja, não apresentaram constância
de resultados.
- Os coletores devem ter uma altura mínima, mas a pesquisa evidenciou
que a área de coleta não é fator limitante para a utilização de coletores
alternativos.
- Os resultados obtidos mostram que o coletor vaso foi semelhante
estatisticamente ao coletor da norma ISO 5690/1, em todos os
distribuidores e sistemas estudados. Assim, este coletor poderia ser
utilizado sem restrições para a regulagem de distribuidores a lanço,
com a vantagem de custo em relação ao coletor indicado pela norma.
3
REFERÊNCIAS
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3
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