Com o surgimento do código digital binário, o conceito de informação surge
como uma modalidade de mensagem leve, dotada de matéria sutil, que exige
pouquíssimo tempo e esforço para sua transmissão. Além disso, a informação
assim concebida permite um controle maior de suas partes e do ruído,
tornando-a mais precisa e menos perecível em sua circulação.
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P. Lévy aparece
como um dos principais defensores da digitalização como a grande responsável
pelas mudanças no cenário cultural, aquela que permitiu a interconexão de
todos os tipos de sistemas antes considerados de naturezas completamente
distintas e com códigos próprios para comunicação. (Cf. P. LÉVY, 1999 e 1993).
Novo “esperanto da razão”, “interface universal”, o código digital é “falado” por
todos os sistemas: seres vivos (humanos e não-humanos), máquinas, grupos
sociais, estruturas biológicas; todos agora reunidos sob a denominação de
sistemas de processamento de informação binária e/ou digital.
De sua origem matemática, maquínica e linear, com a
Teoria da
Informação
(TI) de C. E. Shannon & W. Weaver, a informação digital estendeu
seus conceitos a formação de uma visão sistêmica de mundo, onde passam a
imperar as noções de código, interação,
feedback
, auto-regulação, ordem pelo
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Não ignoramos a experiência do telégrafo como marco inicial do processo de
“desmaterialização” das mensagens em eletricidade e informação binária (Cf. W. ROWLAND.
1999); mas reconhecemos que a revolução tecnológica só pôde alcançar a condição de
revolução cultural e paradigmática quando a digitalização passou a permitir a tradução de
qualquer tipo de signo (verbal, não verbal, imagético ...) e a convergência das diversas mídias
de comunicação. Também não estamos aqui ignorando ou descartando a esfera semântica da
comunicação humana, mas esta passou a poder ser transmitida na forma de sinal, de pura
sintaxe, em velocidade e dimensões maquínicas através das infovias computacionais
representadas pela rede mundial de computadores; a qual se estende sob todas as outras
vias técnicas de transmissão de mensagens existentes até aqui: do telégrafo à televisão e à
telefonia celular, todos atualmente acoplados e sustentados em sistemas digitais de
processamento de dados e transmissão de informações.