
contos
Índigo
Cobras em compota é uma obra
inspirada nas memórias da escrito-
ra paulista Índigo. Algumas histó-
rias são da infância, época de ima-
ginação desenfreada e de muitas
descobertas; outras da vida adulta,
tempo de experiências variadas e
curiosas. São pequenos contos com
temas diversos e marcados sempre
pelo humor, que em alguns pontos
é irônico, noutros sutil, noutros tão
inusitado que chega à beira do non-
sense.
No livro, o leitor vai encontrar
histórias de travessuras que crian-
ças fazem com animais e também
entre elas, de medo e pesadelos, vi-
sões religiosas, conversas imaginá-
rias, fantasias, relações interpesso-
ais... E por aí vai. São histórias que
nos parecem familiares, que fazem
parte da realidade da maior par-
te das famílias e que poderiam ter
acontecido com muitos de nós. Pre-
pare-se para viajar pela imaginação
de uma das mulheres que está fa-
zendo a nova literatura brasileira.
Quando voltamos para casa, o periquito verde de Dé-
bora estava estirado no chão da gaiola. Morto. Foram
quarenta minutos de histeria e a pergunta:
“E agora? O que a gente vai fazer?”
O periquito azul, vivo, não podia fi car com o corpo
do verde ali. Débora mandou que eu tirasse o morto da
gaiola.
“Tira você”, respondi.
“Eu não consigo. Tira você.”
Tirei, embrulhei o bicho num papel alumínio e guar-
dei no freezer, para a mãe da Débora decidir o que fazer.
Nunca me senti tão sensata na vida: alumínio e freezer.
Fiquei chocada quando, horas depois, tive que ouvir um
sermão sobre hábitos de higiene, freezer e cadáveres.
Cobras em compota Índigo contos
Índigo nasceu em Campinas, em
1971, com o nome de Ana Cristina
Araújo Ayer de Oliveira. Começou a
escrever aos 13 anos, com um diá-
rio que mantém até hoje. Em 1998,
publicou seus primeiros contos na
internet. Com uma literatura carac-
terizada por um humor sagaz e mui-
to particular, Índigo tem seis livros
publicados, entre eles Saga Animal,
Perdendo Perninhas e Como Ca-
sar com André Martins. A escritora
também tem um blog (http://diario-
daodalisca.zip.net), no qual escreve
diariamente e que serve de canal de
comunicação com leitores e de labo-
ratório para novos textos.
Cobras
em compota
Foto: Edson Kumasaka
COLEÇÃO LITERATURA PARA TODOS