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Cláusulas condicionais: uma abordagem funcional-discursiva
Michelli Bastos Ferreira
Faculdade de Letras - UFRJ
2007
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CLÁUSULAS CONDICIONAIS: UMA ABORDAGEM FUNCIONAL-
DISCURSIVA
por
Michelli Bastos Ferreira
Dissertão de Mestrado apresentada à
Coordenação de Pós-Graduação em Letras
Vernáculas da Faculdade de Letras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Orientadora: Violeta Virginia Rodrigues
Faculdade de Letras UFRJ
2007
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DEFESA DA DISSERTAÇÂO
FERREIRA, Michelli Bastos. Cláusulas condicionais:
uma abordagem funcional-discursiva. Rio de Janeiro:
UFRJ, Faculdade de Letras, 2007. 154 p., mimeo.
Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa.
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________________________________________
Professora Doutora Violeta Virginia Rodrigues UFRJ (Letras Vernáculas - orientadora)
_________________________________________________________________________
Professora Doutora Filomena de Azevedo Varejão – UFRJ (Letras Vernáculas)
_________________________________________________________________________
Professor Doutor Mario Eduardo Toscano Martelotta UFRJ (Lingüística)
_________________________________________________________________________
Professora Doutora Maria Aparecida Lino Pauliukonis – UFRJ (Letras Vernáculas -
suplente)
_________________________________________________________________________
Professora Doutora Maria Maura da Conceição Cezario – UFRJ (Lingüística - suplente)
Defendida a tese
Conceito:
Em: _____/______/ 2007.
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In absentia:
Ao vovô Joanico, que tantos ensinamentos de vida me
proporcionou em sua trajetória.
In praesentia:
Dedico este trabalho à minhao querida tia
Eliza Maria Fonseca Bastos, grande
responsável por esta conquista.
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AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a DEUS, que me concedeu o dom da Vida e condições para
chegar ao fim.
À Profª. Drª. Violeta Virginia Rodrigues, pelo carinho e pela orientação dedicada e
constante, e pelos ensinamentos não só acadêmicos mas, principalmente, de vida que tem
me proporcionado.
À Profª. Drª. Filomena Varejão, por ter me despertado, ainda nas aulas de Português VI da
graduação, grande interesse pela Sintaxe e pelo universo da pesquisa científica, o qual não
pretendo nunca abandonar.
Ao querido Prof. Dr. Mario Martelotta, por apresentar-me o corpus D&G. Agradeço, ainda,
pelas preciosas dicas sobre o tema.
À estimada amiga Profª. Drª. Maria Aparecida Lino Pauliukonis, por disponibilizar-me o
corpus Jornal O Globo.
Às professoras Ana Flávia Gerhardt, Filomena Varejão, Maria Aparecida Lino, Maria
Aparecida Pinilla, Mônica Orsini e Violeta Rodrigues, que me orientaram no Projeto
CLAC-UFRJ, uma experiência tão importante em minha trajetória acadêmica, pela amizade
e confiança que sempre demonstraram no meu trabalho.
A todos os meus professores de graduação e pós-graduação, pelos ensinamentos que me
fazem, a todo o momento, crescer profissionalmente.
Aos amigos Alexandre Xavier, Aline França, Ana Carolina Morito, Bruno Cavalcanti,
Erica Almeida, Juliana Segadas, Hayla Thami, Nathália Nascimento e Rafael Guimaes,
pela amizade conquistada no período em que trabalhamos juntos no curso de Redão e de
Oficina de Língua Portuguesa do CLAC/UFRJ.
Aos meus alunos e ex-alunos, pelo apoio demonstrado dentro e fora da sala de aula.
À minha amiga Juliana Segadas, por me fazer conhecer a verdadeira prova de que nem
sempre o mundo profissional gira em torno de inveja e competições.
À minha amiga Suelen Sales, em especial, pelas horas inigualáveis de confidências
pessoais e profissionais que me fazem esquecer de que estamos dentro de uma
Universidade. Agradeço, ainda, pela formatação de todos os gráficos desta dissertão.
Ao amigo Ramon Campos, pela presença constante, pelo apoio incondicional.
A todos os meus companheiros de graduação - em especial, Daniela Souza, Gisele Dantas,
Lilian Rodrigues, Mônica Diniz e Priscila Aquino - pela grande amizade e pelos incentivos
que sempre foram de grande valia em minha trajetória.
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Às minhas amigas de infância – em especial, Ana Aurélia Vogas, Bethiza Alves, Bruna
Queiroz, Priscila Vieira, Rafaella Barboza - por sempre torcerem por mim.
Aos meus companheiros de apartamento Helene Nara, Larissa Ferreira e Lissandro Rocha,
pelo incentivo, pelo companheirismo, pelas palavras amigas em momentos de angústia.
Aos meus avós, tios e primos, por sempre terem acreditado no meu potencial, formando
uma verdadeira torcida organizada.
Ao meu primo Nenel, por me acompanhar sempre nos intervalos de almoço e por,
juntamente com minha prima Milena, me proporcionarem momentos tão divertidos neste
período tão difícil.
À querida prima Zaneti, pelo apoio e atenção nos primeiros anos de vida acadêmica.
Ao Rodrigo, pelo companheirismo, carinho e paciência demonstrados nos momentos mais
críticos da minha vida.
À minha irmã Larissa, pela exigência.
Agradeço, especialmente,
Ao meu pai, meu orgulho, pela força que me deu durante todo esse período e pela certeza
que sempre teve de meu sucesso.
À minha mãe, a maior e a melhor de todas as minhas professoras, agradeço pelo exemplo e
pela cumplicidade.
Enfim, a todos que torceram por mim.
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Grande é a tarefa que nos espera!
Para todos os seres humanos constitui quase um
dever pensar que o que se tiver realizado é
sempre pouco em comparação com o que resta
por fazer.
(João XXIII)
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SINOPSE
Análise do comportamento sintático-semântico-
pragmático de cláusulas condicionais no
português brasileiro, entre os anos de 1975 e
2005, em diferentes modos de organização
discursiva. Estudo da relação entre a posição da
cláusula condicional, seu grau de vinculação,
sua natureza semântica e seu estatuto
informacional. Caracterização dos tipos de
seência a partir do uso de condicionais, à luz
de uma abordagem funcional-discursiva.
FERREIRA, Michelli Bastos. Cláusulas condicionais: uma abordagem funcional-
discursiva. Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, 2007. 154 p., mimeo. Dissertação de
Mestrado em Língua Portuguesa.
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SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS..........................................................................................13
1 A CONSTRUÇÃO CONDICIONAL ...........................................................................17
1.1. Revisão na literatura especializada................................................................20
1.1.1. A abordagem tradicional..................................................................21
1.1.2. A abordagem gerativista...................................................................26
1.1.3. A abordagem funcionalista...............................................................28
1.1.4. A abordagem textual-discursiva......................................................31
1.1.5. Outros estudos...................................................................................32
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................35
2.1 Funcionalismo ...................................................................................................35
2.1.1. Funcionalismo e Formalismo: duas grandes correntes do
pensamento lingüístico contemporâneo...........................................................................35
2.1.2. A abordagem funcionalista: definição.....................................................................36
2.1.2.1. O princípio de iconicidade....................................................40
2.1.3. A Gramática Funcional....................................................................42
2.1.4. A articulação de orões na Gramática Tradicional e na
Gramática Funcional..........................................................................................................43
2.1.5. A cláusula condicional e o fluxo da informação.............................48
3 METODOLOGIA ...........................................................................................................52
3.1. Descrição dos corpora......................................................................................52
3.1.1. Corpus VARPORT .................................................................55
3.1.1.1. Algumas perspectivas discursivas: o gênero
Editorial...............................................................................................................................56
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3.1.2.Corpus D&G.............................................................................59
3.1.3.Corpus JornalO Globo............................................................61
3.2. Metodologia de análise dos dados nos corpora .........................................62
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................66
4.1. Graus de vinculação das cláusulas condicionais........................................... 67
4.1.1. Elo prototípico...................................................................................69
4.1.2. Elo não-prototípico............................................................................77
4.1.3. Condicionais e temporais: aspectos fronteiriços entre SE e
QUANDO.............................................................................................................................81
4.1.4. Articulação de cláusulas condicionais com ausência de
conector................................................................................................................................95
4.2. A ordenação de condicionais e o fluxo informacional................................105
4.3. As cláusulas condicionais e os tipos de
seqüências..........................................................................................................................124
CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................141
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................146
BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................150
RESUMO...........................................................................................................................153
ABSTRACT.......................................................................................................................154
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ÍNDICE DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS
Quadro 1 Combinação de cláusulas: continuum unidirecional apresentado por Hopper e
Traugott (1993:170) .........................................................................................................45
Quadro 2 Variações de elo entre as orações, segundo Hopper e Traugott
(1993)...................................................................................................................................46
Gráfico 1 - Distribuição dos dados nos corpora.................................................................54
Gráfico 2 Distribuição de cláusulas condicionais no corpus D&G.................................60
Gráfico 3 Graus de vinculão nas cláusulas condicionais nos corpora.........................68
Tabela 1- Distribuição de cláusulas condicionais encetadas por SE nos corpora..............69
Gráfico 4Distribuição de cláusulas condicionais encetadas por
QUANDO............................................................................................................................85
Gráfico 5 Tempos verbais nas cláusulas condicionais com QUANDO..........................92
Tabela 2 –Ordenação de cláusulas condicionais com QUANDO.....................................94
Tabela 3 –Cláusulas condicionais com ausência de conector...........................................96
Tabela 4 –Condicionais com ausência de conector: fala versus escrita...........................101
Tabela 5 –Ordenação de cláusulas condicionais..............................................................106
Tabela 6 –Ordenação de cláusulas condicionais e o fluxo da informação.......................106
Gráfico 6 Condicionais e tipos de seqüência no corpus D&G.......................................125
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ABREVIATURAS
L.F. Língua falada
L.E. – Língua escrita
P.B. Português do Brasil
P.E. Português Europeu
DIAL – Diálogos
EDIT editorial
GLO –Jornal O Globo
D&G – Discurso e Gramática
VARPORT – Análise Contrastiva de Variedades do Português
RJ – Rio de Janeiro
NP – Narrativa de Experiência Pessoal
NR Narrativa Recontada
DL – Descrão de Local
RP – Relato de Procedimento
RO Relato de Opinião
8ªs – oitava série
2ºg – segundo grau
3ºg – terceiro grau
Cf. conferir
GT – Gramática Tradicional
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Como se sabe, estudos de caráter tradicional realizados sobre a articulão de
cláusulas restringem-se a uma apresentação de classificações sintáticas ou semânticas, sem,
muitas vezes, atentar para a inter-relação existente entre os diferentes tipos de orações.
Além disso, tratam a articulação das orações nos limites da frase, isolada de seu contexto
situacional, desprezando, assim, o seu papel na coesão e na organização discursiva.
Cumpre destacar que o tratamento tradicional não só se atém exclusivamente ao nível
sentencial como também prioriza as estruturas que constituam cláusula
1
e que funcionem
como adjunto adverbial. Consoante às propostas de Decat (2001), não se poderia
reconhecer uma equivalência entre a oração adverbial condicional, por exemplo, com um
advérbio ou expressão adverbial, como postula a GT.
Chamar qualquer cláusula, com ausência de conector, por exemplo, como no caso de
(1)morre parente...vai pede um empréstimo” de cláusula adverbial, traria, segundo
Matthiessen e Thompson (1988), cujos postulados serão descritos em 2.1.2., alguns
problemas. O primeiro deles seria considerá-la uma cláusula que funcione como
subordinada a uma outra cláusula (ou unidade gramatical) uma estrutura similar a Se
morre parente, pede um empréstimo. Para tanto, é preciso distinguirencaixamento” de
articulação” (combinação) de cláusulas, visto que há cláusulas que se integram
estruturalmente em outra (encaixamento), e cláusulas que não estão sujeitas a essa
integrão sintática, tendo a ver com o aspecto organizacional do discurso (combinação).
Embora consideremos que uma cláusula adverbial é aquela que funciona como um
advérbio (ou sintagma adverbial), como postula a GT, e que isso levaria a interpretá-la
1
Entende-se por cusula
(ou oração) qualquer estrutura que apresente, no mínimo, um núcleo verbal.
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como “encaixada, pode-se afirmar que nem sempre é possível determinar o tipo de função
que uma cláusula adverbial exerce em outra cláusula, pois, freqüentemente, ela terá, além
de uma função gramatical, uma função discursiva.
Ainda se pode levantar outra questão: se disséssemos que a cláusula adverbial exerce
fuão similar à função que um advérbio exerceria, não seria possível mostrar que seu
escopo, por exemplo, nem sempre abrange uma única cláusula, mas um conjunto de
cláusulas articuladas, com a qual a cláusula adverbial se combina. Também o contrário
pode ocorrer: um conjunto de cláusulas condicionais relacionado a uma única cláusula ou
expressão nominal, como se discutirá mais detalhadamente em 2.1.4.
Tendo em vista todos estes problemas, neste trabalho, propõe-se um estudo sobre as
cláusulas condicionais no portugs brasileiro, que, fundamentado no modelo funcional-
discursivo, considera a situação comunicativa em que essas cláusulas são efetivamente
realizadas, levando em conta os aspectos sintáticos, semânticos e pragticos envolvidos
nesse(s) uso(s).
Esta dissertação tem como objetivos gerais descrever e analisar as ocorrências de
cláusulas condicionais em diferentes modos de organização discursiva (narrativo,
descritivo, injuntivo e, fundamentalmente, argumentativo) das modalidades escrita e falada
do português brasileiro, no período de 1975 a 2005, sob o ponto de vista do uso efetivo em
contextos reais de comunicação. Espera-se, assim, obter uma caracterização dos tipos de
seqüência textual contemplados, observando, especialmente, a ordenação dessas cláusulas
nos textos analisados. Como objetivos específicos, pretende-se analisar as cláusulas
condicionais em relação: (i) ao seu grau de vinculação, (ii) ao seu estatuto informacional e
(iii) às suas funções discursivas.
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Com base nos objetivos e no tema da pesquisa, foram consultados diversos teóricos
ligados aos estudos funcionalistas da linguagem, como Givón (1979), Mathiessen &
Thompson (1988), Hopper & Traugott (1993), Neves (1997) e Neves (2000), entre outros.
Com esse aparato teórico, caracteriza-se o Funcionalismo; comparam-se os estudos acerca
da articulão de orões, do ponto de vista tradicional e do ponto de vista funcional.
Também são levantadas algumas questões teóricas relacionadas ao estudo das cláusulas de
condição, a saber: a ordem das condicionais e sua relação com o estatuto informacional e
com o princípio de iconicidade.
Além disso, faz-se uma revisão bibliográfica a respeito das construções condicionais.
Nessa, são reunidas as abordagens tradicional, com a revisão bibliográfica de autores, como
Said Ali (1969), Rocha Lima (1972), Luft (1978), Cunha & Cintra (1985), Bechara (1987),
Kury (1987); a gerativista, com base em Mateus et alii (2003); a funcionalista, baseada em
Jiménez (1989), Gaya (2000) e Neves (2000); e a textual-discursiva, de acordo com Koch
& Vilela (2001), além de outros estudos, como o de Hirata-Vale (1999) e o de Leitão
(2001), por apresentarem questões significativas para a presente pesquisa.
Em seguida, o trabalho focaliza a descrição dos corpora utilizados e a metodologia
que norteou a análise dos dados. Optou-se por analisar a modalidade escrita e a falada da
língua, no portugs brasileiro, dos corpora VARPORT
2
, D&G
3
e Jornal O Globo,
buscando estudar o comportamento sintático-discursivo das cusulas condicionais. Nesse
momento, também, aborda-se a estrutura dos editoriais, gênero que compõe tais corpora.
2
Corpus do Projeto Análise contrastiva de variedades do portugs Projeto VARPORT , referente à linha
de Pesquisa “Língua e sociedade: variação e mudança”, do Departamento de Letras Vernáculas da UFRJ.
3
Corpus do Projeto Discurso & Gramáticacorpus D&G seção Rio de Janeiro, subdivido em diferentes
modos de organização discursiva: Narrativa de Experiência Pessoal, Narrativa Recontada, Descrição de
Local, Relato de Procedimento e Relato de Opino.
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A metodologia da pesquisa inclui um estudo quantitativo e qualitativo, com ênfase
neste último. Sendo assim, são analisadas não só as ocorrências das constrões
condicionais em suas diferentes formas de materialização, ou seja, nas formas desenvolvida
ou reduzida, como postula a Gramática Tradicional (GT), como também formas distintas
de uso, como as introduzidas por conectivos como quando, empregados com valor
condicional e classificados diferentemente na sintaxe tradicional. Note-se que serão
analisados, ainda, os tipos de construção sintática que expressam condicionalidade, mesmo
com elipse de conectivo, conforme afirmam Neves (2002) e Mateus et alii (2003). Nestes
casos, a noção de condicionalidade se expressa não somente pela presença de um conector,
mas, também, pelo conteúdo semântico do enunciado, refletido pela estrutura sintática ou
apenas pelo contexto.
Em seguida, apresenta-se uma proposta funcional-discursiva de análise da ordenação
das cláusulas condicionais, subdividida em três momentos. Em primeiro lugar, estuda-se a
relação entre a ordenação dessas cláusulas e os graus de vinculação que apresentam. Em
segundo lugar, analisa-se a posição que assumem na sentença e a relação que há entre tal
ordem e o estatuto informacional da cláusula condicional. Por fim, estabelece-se um estudo
sobre a relação existente entre as características das cláusulas condicionais, especialmente a
ordem em que se apresentam no enunciado, e o tipo de seqüência em que se inserem e,
nesse contexto, estuda-se, também, a relação entre a freência dessas cláusulas e o caráter
argumentativo dos textos.
Procura-se, enfim, alcaar uma descrição mais integrada das construções
condicionais, que pode evidenciar, também, a relação entre a linguagem e suas funções,
mediante a descrição da língua em uso.
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1 A CONSTRUÇÃO CONDICIONAL
A análise que se apresenta neste trabalho resulta de estudos sobre os modos como as
sentenças se articulam no português em uso. Focaliza-se, aqui, um dos aspectos que
contribuem para a organização do discurso, a que se pode designar hipotaxe adverbial. De
acordo com Mateus et alii (2003), a subordinação é um dos mecanismos sintáticos que
possibilita a formação de frases complexas ou plurioracionais, abrangendo as orões
articuladas a outras por hipotaxe, reunidas nos grupos das completivas, relativas e
adverbiais. As últimas, relevantes no presente trabalho, consistem no conjunto de senteas
cujo comportamento sintático é semelhante ao dos advérbios, funcionando, dessa forma,
como adjuntos adverbiais das orações a que se subordinam, consoante à proposta
tradicional.
Retomando Mateus et alii (1983:457), as construções de subordinação podem:
1) apresentar encaixe - de complementação ou de relativização;
2) envolver o conhecimento de noções lógico-semânticas;
3) envolver encaixe e conhecimento de noções lógico-semânticas.
O terceiro tipo citado dá conta das construções condicionais, foco desta análise,
porque estas exprimem uma dependência semântica entre proposições. No que tange ao
encaixamento, pode-se dizer que as cláusulas condicionais, por atenderem a questões de
ordem discursiva, apresentam nível baixo ou, até mesmo, nível zero de encaixamento, se
comparadas às substantivas, por exemplo, como veremos na Fundamentação Teórica desta
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pesquisa. O que se pode afirmar é que, nesses casos, não ocorre encaixe, mas combinação
entre duas seqüências ou porções de texto.
As cláusulas condicionais serão aqui estudadas, especialmente, levando em
consideração diversos postulados gramaticais. Definem-se as construções condicionais
canônicas como uma estrutura complexa, constituída por duas orões: a prótase, que a
gramática tradicional denomina subordinada adverbial condicional, e a apódose, rotulada
como principal.
(2) Se você não estudar,
(então) não será aprovado nos exames.
Prótase Apódose
As orações subordinadas adverbiais condicionais podem apresentar-se sob a forma
desenvolvida, introduzidas, portanto, por um conectivo, prototipicamente SE:
(3)“Se a lei não pode deixar de ter em conta os valores, a aplicação da lei não pode deixar de ter
em conta as circunstâncias.” (L.F./P.B./DIAL/ E-P-95-Je-004)
Por outro lado, podem também se apresentar sob a forma reduzida, com uma das
formas nominais do verbo:
(4)“querendo / posso RECHEAR também com uma geleinha de AMEIXA”
(L.F./P.B./DIAL/ Oc-B-70-2f-001)
Como exercem função sintática de adjunto adverbial, essas sentenças condicionais
também m mobilidade no enunciado, o que é uma característica dos advérbios. Portanto,
podem se apresentar:
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Antepostas
(5)“Se pouca coisa vem sendo conseguida de concreto, cria-se pelo menos a consciência do caos a
que essa situação pode levar.” (L.E./P.B./EDIT/E-B-94-Je-005)
Intercaladas (não contempladas nesta pesquisa e cujo exemplo não faz parte
dos dados dos corpora analisados)
(6)“A concepção é um momento único, sublime, magnífico, em que a vida humana começa, pela
simples razão de que aí se inicia um processo que, se não for interrompido, dará inexoravelmente
origem a um ser humano. (L.E/P.E/EDIT/E-P-95-Je-004)
Pospostas à principal
(7)dá pra pescar que desde que desde que não tenham pedras altas
(L.F./P.B./INQ./Op-B-90-3m-002)
Diz-se que a construção se apóia sempre em uma hipótese, o que justifica a utilização
da denominação período hipotético, nos estudos clássicos, para fazer referência genérica a
esse tipo de construção.
É necessário entender que a conexão das orações hipotáticas se dá sob três aspectos:
sintático, semântico e pragmático - entende-se os dois últimos como propriedades
manifestadas na interação lingüística e/ou na situação comunicativa. Por esse motivo, esta
pesquisa procurou reunir os pressupostos teóricos dos autores que, seja através de uma base
tradicional, gerativista, funcionalista ou textual, abordam significativas questões que
envolvem as orações condicionais.
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1.1. Revisão da literatura especializada
4
As cláusulas condicionais há muito têm sido discutidas pela lógica e pela filosofia,
sendo seu estudo tão antigo quanto tais disciplinas. Tais construções também têm sido
objeto de estudo de diversas linhas de pesquisa e pensamento, que tentam responder à
seguinte questão: o que é uma construção condicional? Essa questão pode ser respondida de
maneiras diferentes e de diferentes pontos de vista.
Em busca de universais ou de propriedades específicas de uma determinada língua, as
cláusulas condicionais são descritas em muitos estudos, sob pontos de vista sincrônicos e
diacrônicos, mas, ainda assim, há muitos aspectos obscuros em sua caracterização. Não se
chegou a uma resposta teórica adequada em relação à sua constituição nem tampouco a um
consenso a respeito de sua classificação e ao tipo de construção por elas representado.
Alguns estudos sobre a articulação das orações, principalmente no que se refere à sua
estruturação, buscam respostas a muitas dessas indagações.
A seguir, destacam-se algumas dessas tentativas de descrição das construções
condicionais, como a proposta tradicional, a proposta gerativista, a proposta textual-
discursiva, a proposta funcionalista, além de outros estudos importantes, como o proposto
por Hirata-Vale (1999) e por Leitão (2001).
4
Nesta seção, objetiva-se demonstrar descrições já realizadas sobre as cláusulas condicionais em diferentes
abordagens. No entanto, não se deve entender que os autores selecionados são exclusivamente representativos
de uma ou outra teoria, mas que, em algum momento, apoiando-se em alguma das abordagens descritas a
seguir, realizaram estudos significativos sobre o tema em foco.
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1.1.1. A abordagem tradicional
Said Ali (1969) afirma que a proposição hipotética caracteriza-se pela conjunção se
ou caso, caso que, dado caso que. Segundo o gramático, completa-se o sentido da
construção condicional com uma sentença principal, que, por sua vez, expressa o fato
decorrente ou dependente do fato suposto, dada a realização deste.
Do ponto de vista discursivo, afirma que a proposição condicional é usada, sobretudo,
nas argumentações – dado relevante e que constitui uma das hipóteses que serão
averiguadas nesta pesquisa.
Do ponto de vista estrutural, o período condicional é constituído por uma oração
condicionante, que pode denotar a condição de que depende outro acontecimento, iniciada
por SE, conectivo prototípico, e por uma oração condicionada à sentença principal.
Nesse sentido, a oração condicionante, segundo o autor, pode referir-se:
a fato inexistente ou improvável
(8) Se eu tivesse vontade, viajaria pelo mundo.
5
a fato realizável
(9) Se eu tiver vontade, viajarei pelo mundo.
e/ou exprimir eventualidade
(10) Se tens vontade, viaja pelo mundo.
As orações condicionais podem ser expressas sob as formas nominais do verbo, por
exemplo:
gerúndio
5
Embora pudessem ser repetidos, nesta revisão bibliogfica, optou-se por parafrasear os exemplos do autor.
Dessa forma, os exemplos (8), (9), (10), (11), (12), (14), (17), (18), (22) e (23) foram criados especialmente
para esta dissertação e são de nossa responsabilidade.
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(11) Obterás sucesso na vida, seguindo os conselhos dos seus pais.
infinitivo precedido de a, quando o verbo na forma desenvolvida apresentar-se
no imperfeito ou futuro do conjuntivo
(12) Teria sido feliz, a não acontecer a tragédia com seu marido.
Outra nota relevante é o fato de que, quando a oração condicionante estiver sob a
forma de conselho, o ato condicionado seenunciado em segundo lugar e denotará efeito
ou conseqüência. Converte-se nesta linguagem a oração subordinativa iniciada por se em
orão principal, com o verbo no imperativo; a orão seguinte terá o valor de coordenada e
começará por e ou por que
(13)“Toma este remédio e ficarás curado = Se tomares este remédio ficarás curado”
(Cf. Said Ali, 1969:136)
Rocha Lima (1972) afirma que as orações condicionais, assim como as demais
orões subordinadas adverbiais, comportam-se como adjuntos adverbiais da orão a que
se subordinam. Expressam “a circunstância de que depende a realização do fato contido na
principal . Podem apresentar um fato de realização possível, provável ou desejável e,
ainda, podem indicardesejo, esperança, pesar (cf. Rocha Lima, 1972: 278).
Segundo o autor, a conjunção característica é se, como já admitiu Said Ali (1969:
136), que requer o verbo no subjuntivo (pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito,
futuro); mas é lícito trazê-lo no indicativo, quando denota fato real, ou admitido como real,
em contradição com outro acontecimento (cf. Rocha Lima, 1972: 278).
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(14) Como queres progredir, se não te esforças nos estudos?
Como prescreve Said Ali (1969), outros conectivos podem introduzir esse tipo de
sentença. Para isso, podem-se utilizar conjunções como caso, contanto que, dado que,
desde que, sem que, uma vez que, a menos que.
Rocha Lima (1972) declara que a oração condicional se converte ao gerúndio, ao
infinitivo e ao particípio. Portanto, esta última, mais uma possibilidade de redução não
prevista por Said Ali (1969).
(15)Desaparecida a causa, / cessa o efeito.” (Cf. Rocha Lima, 1972:279)
Para atribuir à sentença maior leveza, pode-se, segundo ele, prescindir de conjunção
caso em que a oração condicional costuma anteceder à condicionante e ter o verbo antes
do sujeito.
(16)“Não estivesse eu ausente no Rio, teria comparecido ao seu casamento.
(Cf. Rocha Lima,, 1972: 279)
Luft (1978), assim como já mencionou Rocha Lima (1972), diz que as orações
adverbiais têm valor de advérbios ou adjuntos adverbiais da sua oração principal. Nesse
contexto, inserem-se as orações condicionais, que exprimem condição e podem apresentar-
se como desenvolvidas (introduzidas pelas conjunções e locuções conjuncionais se, caso,
contanto que, com tal que, a não ser (a menos) que, sem que) ou reduzidas (de infinitivo,
gerúndio ou correlata).
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(17) Conforme é o pai, assim também é o filho.
Cunha & Cintra (1985), como também o fazem Rocha Lima (1972) e Luft (1978),
afirmam que as orações subordinadas adverbiais são assim classificadas porque
desempenham funções equivalentes às exercidas pelos advérbios. Nessa perspectiva,as
orões condicionais indicam uma hipótese ou uma condição necessária para que seja
realizado ou não o fato principal” e são assim classificadas se a conjunção ou locução
conjuntiva que as encabece for subordinativa condicional.
Assim, podem ser iniciadas pelas conjunções subordinativas se, caso, contanto que,
salvo se, sem que [= se não], dado que, desde que, a menos que, a não ser que, etc. Os
autores também descrevem as locuções conjuntivas como “conjuões formadas da
partícula que antecedida de advérbios, de preposições ou de particípios, como é o caso de
desde que, dado que, a não ser que, por exemplo.
Bechara (1987), conforme fazem Rocha Lima (1972), Luft (1978) e Cunha & Cintra
(1985), afirma que as orações subordinadas adverbiais são aquelas que exercem a função
sintática de adjunto adverbial. Quanto ao aspecto sintático, segundo ele, podem ligar-se por
conectivos (conjunções subordinativas adverbiais) ou se apresentarem justapostas. Iniciadas
por se denotam enfaticamente a hipótese de caráter dubitativo; quando justapostas, têm o
verbo no tempo passado mais-que-perfeito do indicativo ou imperfeito do subjuntivo,
geralmente com sujeito posposto, como já afirmou Rocha Lima (1972).
(18) Tivesse eu motivo, desconfiaria de meu amigo.
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Segundo o autor, as orações subordinadas adverbiais condicionais, além de
exprimirem condição, podem encerrar as idéias de hipótese, eventualidade, concessão,
tempo, sem que muitas vezes se tracem demarcações rigorosas entre esses vários campos
do pensamento.
Kury (1987) também declara que as orações subordinadas adverbiais funcionam
sempre como adjunto ou complemento adverbial da oração principal de que dependem, da
mesma forma como o fizeram Rocha Lima (1972), Luft (1978), Cunha & Cintra (1985) e
Bechara (1987). Portanto, segundo a abordagem tradicional, as orações condicionais, que se
enquadram no grupo das subordinadas adverbiais, equivalem a um adjunto adverbial de
condição e exprimem condição ou hipótese.
Do ponto de vista estrutural ou sintático, para o gramático, podem ser apresentadas
sob a forma reduzida (de infinitivo, de gerúndio e/ou de particípio) ou desenvolvida.
Quando desenvolvidas conexas, as orações condicionais são introduzidas por uma
conjuão ou locução conjuntiva condicional, cujo tipo é se (caso, sem que [ equivalente a
se não ] , contanto que, salvo se, exceto que, desde que, a menos que, ao ser que, etc. )”.
(Cf. Kury, 1987: 96)
Kury (1987) ressalta que algumas orações subordinadas adverbiais condicionais de
predicado nominal,
despojadas do conectivo e do verbo de ligação, enunciam-se como simples predicativos,
mantendo, contudo, seu valor adverbial. Ex.: Vencidos, nunca se lhes ouvia pedir compaixão;
porque, vencedores, não havia a esperar deles misericórdia. (grifo nosso)
(Cf. Kury, 1987:98)
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1.1.2. A abordagem gerativista
Mateus et alii (2003), cujos pressupostos já foram brevemente mencionados, afirmam
que “chama-se oração condicional (...) a oração de cujo conteúdo proposicional depende
semanticamente o conteúdo proposicional da outra oração, a condicionada (cf. Mateus et
alii, 2003: 705). Também ressaltam que se manifestam, prototipicamente, pela realização
SE p ENTÃO q.
As orações condicionais, segundo a proposta das autoras, podem ser
Ø factuais ou reais
(19) “Se o narciso é uma flor, (então) pertence ao reino vegetal.” (Cf. Mateus et alii, 2003:706)
Assume-se, nesses casos, que o conteúdo das duas proposições se verifica no mundo
real, no intervalo de tempo relevante. Tipicamente, nesses casos, a oração condicional
apresenta-se no modo indicativo.
Ø hipotéticas ou potenciais
(20) “Se tu vieres cedo, vamos / iremos jantar fora. (Cf. Mateus et alii, 2003:707)
Segundo as autoras,
a proposão A remete para um mundo possível, criado lingüisticamente pelo enunciado,
epistemicamente o acessível no intervalo de tempo da enunciação e no qual, dado o antecedente,
se verifica o conteúdo proporcional do conseqüente, B. (Cf. Mateus et alii, 2003:707)
Ø contrafactuais ou irreais
(21) “Se tivesse chovido em Portugal em 1981, não tinha / teria havido seca. (Cf.: Mateus et alii,
2003:708)
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o assim classificadas porque estabelecem relações entre proposições que se
verificam em mundos alternativos ao mundo real.
As autoras também atentam para outras formas de exprimir nexos semânticos
condicionais, que são, segundo elas, os casos que envolvem:
Ø construções de justaposição,
Há perigos no Rali? Eles ultrapassam-nos / ultrapassa-los-ão.” (Cf.: Mateus et alii, 2003:710)
Ø construções de coordenação e
Trabalha pouca na faculdade e terás logo problemas. (Cf.: Mateus et alii, 2003:710)
Ø construções reduzidas.
A concretizar essa hipótese, prefiro/preferirei a reuno.”
(Cf.: Mateus et alii, 2003:710)
Concretizando essa hipótese, prefiro a reunião na próxima semana.
(Cf.: Mateus et alii, 2003:710)
Posta essa hipótese, prefiro a reunião na próxima semana.
(Cf.: Mateus et alii, 2003:710)
Para as autoras, nos casos de justaposição e de coordenação, não há mobilidade das
orações, como é esperado. As orações “reduzidas, embora se caracterizem pela natureza
de adjuntos à orão matriz, também não apresentam mobilidade. Tal propriedade deve
relacionar-se não só com razões informacionais e discursivas, mas também com o fato de a
oração que exprime a condão assumir preferencialmente a posição anteposta.
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1.1.3. A abordagem funcionalista
Gaya (2000)
6
propõe uma abordagem que considera o valor semântico-pragmático
das orações condicionais. Isso se verifica pela subdivisão dessas estruturas em dois grupos
distintos: as proposições que expressam uma condição real, cuja marca formal é o verbo no
indicativo, e as orações que expressam uma condição irreal, cuja marca formal é o verbo no
subjuntivo.
O autor introduz o estudo sobre as condicionais enfatizando a sua função sintático-
semântica de estabelecer uma relação entre dois enunciados, fazendo com que o
cumprimento do enunciado da oração principal dependa da realização da oração
subordinada. Aponta uma outra denominação para o período condicional: período
hipotético. Além disso, como já o fizeram Mateus et alii (2003), menciona as duas partes
componentes do período: uma oração subordinada, chamada de hipótese, condição ou
prótase, e uma oração principal, chamada de apódose.
Gaya (2000) concentra seu estudo em uma minuciosa compreensão das limitações de
uso dos tempos verbais na estruturação da condicionalidade e a sua ligação com a intenção
dos falantes em demonstrar que a condição irá ou deve cumprir-se em um momento
anterior ao condicionado ou de simultaneidade a ele, o que definirá o uso do futuro ou do
presente na apódose em relação à prótase. Acrescente-se a isso a menção de que só há um
articulador sintático (o autor utiliza o termo “conjunção”) que indica condição, que é o SE;
contudo, aponta a possibilidade de se encontrar conectores de outra origem assumindo o
valor de condicionais (como, quando, sempre que, já que, entre outros).
6
Embora seja um gramático do espanhol, considerou-se a proposta de Gaya (2000) funcionalista, no sentido
lato sensu, devido às suas preocupações com o uso efetivo da língua.
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Ele afirma também que as orações condicionais podem estar dispostas e relacionadas
por justaposição ou através das construções com as formas nominais do verbo, isto é, com
as orações reduzidas.
Neves (2000) declara que as constrões condicionaiso, a princípio, enunciados da
forma SE + orão subordinada + orão principal ou orão principal + SE + oração
subordinada. A autora também lembra que em uma construção condicional “a orão que
exprime uma condição (...) é chamada prótase, e a que exprime o que é condicionado (...) é
chamada apódose (cf. Neves, 2000: 832), como já afirmaram Gaya (2000) e Mateus et alii
(2003).
No que se refere à ordem, ela defende a idéia de que a anteposição da subordinada em
relação à principal pode ser favorecida pelo princípio de iconicidade
7
. Assim como Mateus
et alii (2003), Neves (2000) também classifica as orações em factuais/reais, contrafactuais/
irreais, eventuais/potenciais. Além disso, destaca algumas peculiaridades de
comportamento das orações condicionais, como os casos de elipse, e postula que a língua
falada acolhe tipos de construção que expressam condicionalidade, sem que, formalmente,
manifestem-se como uma oração condicional.
Com base na proposta funcionalista, devem-se mencionar, ainda, os estudos de
Jinez (1989), que também descreve tais construções significativamente. Segundo o
teórico, a vinculação entre os dois membros do período condicional é também interpretada
como uma relação de causalidade, entendida como um tipo de relação lógica entre duas
7
O princípio da iconicidade prevê uma conexão não-arbitrária e a existência de uma correlação de um-para-
um entre forma e função na gratica da língua. Para se estudar a ordem em que as cláusulas condicionais se
apresentam na sentença, investiga-se o princípio da iconicidade, a fim de entender as forças que agem na
escolha das estratégias de ordenação das construções condicionais em estudo.
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orações. A apódose (que expressa o fato condicionado) constitui, de certo modo, uma
conseqüência” da prótase (ou condição).
Segundo o autor, trata-se, no entanto, de uma relação complexa e não homogênea,
como prova a preocupação dos estudiosos que têm se esforçado em distinguir tipos de
condicionais, ainda que esses tipos correspondam mais a critérios lógico-semânticos que
estritamente idiomáticos.
Assim como outros autores já mencionaram, Jiménez (1989) similarmente distingue,
de modo geral, três tipos de condicionais: reais, potenciais e irreais. Enfatiza, todavia, que
essas distinções são de cunho semântico, não formal. Também afirma que nem esta ou nem
qualquer outra classificação apóia-se exclusiva ou principalmente na conjunção ou locução
conjuntiva utilizada, resultando decisivo nisso o papel das formas verbais. Muitos estudos,
segundo o autor, que, na maioria dos casos, privilegiam aquelas iniciadas pelo conector SE,
centram-se na análise das formas verbais.
Desse fato derivam as maiores dificuldades com que tropeça o estudo dessas orações
em espanhol. Ainda que com numerosas exceções e aparentes “discordâncias”, no latim
clássico se descobrem certos esquemas teóricos aos que se ajustam os distintos tipos de
condicionais. Assim, o modo indicativo serviria às reais e diferentes esquemas com formas
de subjuntivo tenderiam às potenciais, tal como se observa em português. As irreais, por
sua vez, corresponderiam àquelas de realização impossível. Segundo o autor, o caráter
irrealizável de uma condição emana da referência temporal a fatos passados e, por isso
mesmo, já não possíveis.
(22) Si hubieras (-ses) estado aqui, no hubiera (o habría) pasado eso.
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(22) Se tivesses estado aqui, não teria acontecido isso.
8
Quando as formas verbais não se referem ao passado, o próprio significado do verbo
e o contexto decidirão acerca do caráter potencial ou irreal da condicional.
(23) Si viviera (ya no vive”) mi padre, no te comportarias así.
(23) Se vivesse (já não vive) meu pai, não te comportarias assim.
9
1.1.4. A abordagem textual-discursiva
Koch & Vilela (2001), cujos postulados são detalhados na fundamentação teórica
desta pesquisa, enquadram as orações condicionais no grupo das determinações adverbiais
ou circunstantes, que se inclui em um grupo mais amplo ainda, o das determinações
causais, como também afirmou Jiménez (1989). Segundo os autores, por meio da relação
condicionante/condicionado, pode haver um condicionamento real ou hipotético.
Os teóricos acrescentam, em sua abordagem, que as relações adverbiais podem
ocorrer com ausência de conector, ainda que estabelecendo as mesmas relações de
significado. Nesse contexto, a autora utiliza a expressãose p então q para reafirmar a
relação de que sendo o antecedente verdadeiro, o conseqüente também o será”.
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Tradução nossa.
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Tradução nossa.
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1.1.5. Outros estudos
Com base na posição teórica descrita em 2, buscam-se subsídios em trabalhos que
explicitam, de alguma maneira, a relação entre os aspectos gramaticais das construções
condicionais bem como sua funcionalidade discursiva.
O primeiro trabalho que atende a esse objetivo e que foi incorporado ao arcabouço
teórico aqui utilizado é o de Leitão (2001). De acordo com o autor, as cláusulas
condicionais são estruturas que inserem circunstâncias dentro de um determinado conteúdo
discursivo e considera que a combinação dessas cláusulas e suas marcas gramaticais
refletem a estrutura retórica do discurso. Nesse trabalho, ele investiga as motivações
pragmáticas e cognitivas que influenciaram as estruturas modo-temporais das condicionais,
utilizadas em molduras discursivas distintas.
As conclusões a que o autor chegou, quando também analisou a relação entre o tipo
de seqüência e os usos de condicionais no corpus D&G, mostraram-se relevantes neste
estudo, influenciando na observação da variação posicional em diferentes tipos de
seqüência estudada.
Em primeiro lugar, constatou-se que no relato de opinião, encontrado no corpus
D&G, analisado também aqui, as condicionais com “se”, especialmente estudadas,
ocorreram com estruturas modo-temporais variadas. Isso, segundo o autor, demonstrou que
a argumentação é o ambiente em que essas construções são utilizadas com todas as suas
possibilidades de natureza também argumentativa” (Leitão, 2001:65). Estabelecem-se
distiões entre aquele e o relato de procedimento, encontrado no mesmo corpus, no qual
as condicionais ocorrem com varião modo-temporal bem pequena, o que aponta para um
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discurso que se serve a estratégias de polidez, em detrimento de uma argumentação a favor
de um convencimento.
Outro estudo complementar do arcabouço teórico utilizado é o de Hirata-Vale (1999),
que, assim como o de Leitão (2001), fundamenta-se no modelo funcionalista, e considera,
portanto, o nível discursivo em que as condicionais são usadas. A autora analisou as
cláusulas condicionais em três diferentes tipos de texto, a saber: dramático, técnico e de
oratória, obtendo alguns resultados que, de alguma forma, também, auxiliaram na análise
aqui empreendida.
Assim como já previram Neves (2000) e outros teóricos, comprovou-se, neste
trabalho, que a anteposição é a ordem mais freqüente no uso de condicionais em todos os
tipos de texto analisados. Nos textos dramáticos, um grande número de constrões
condicionais sem oração núcleo realizada, devido à sua estrutura dialógica e à sua forma
menos elaborada, o que também ocorre nos dados de língua oral analisados nesta pesquisa.
Nos textos de oratória, por outro lado, as condicionais sempre apresentam oração-
núcleo realizada, o que também ocorre nos editoriais aqui analisados, cuja forma é mais
bem elaborada, se comparados às seqüências dialogais. Por fim, nos textos técnicos,
elaborados na forma e, em geral, de cunho expositivo/argumentativo, não se encontraram
correlações modo-temporais diversas atualizadas por meio do uso de condicionais fato
que ocorre se se analisa os textos dramáticos. Nesse caso, todas as cláusulas condicionais
apresentam oração núcleo realizada, segundo aponta Hirata-Vale (1999:219).
Essas conclusões da autora podem nos auxiliar na análise dos dados, como se verá no
capítulo 4 desta pesquisa, já que as explicações fornecidas por ela aplicam-se às ocorrências
encontradas nos corpora. Assim, textos de oratória corresponderiam, em parte, aos textos
de cunho argumentativo, como é o caso dos editoriais e dos relatos de opinião,
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fundamentalmente, ao passo que os textos dramáticos, pela sua estrutura improvisada e
estrutura dialógica, corresponderiam aos diálogos entre informante e documentador, do
corpus VARPORT, e aos textos dengua oral do corpus D&G, por exemplo. Isso é o que
será investigado mais tarde, na análise dos dados.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Funcionalismo
2.1.1. Funcionalismo e Formalismo: duas grandes correntes do pensamento
lingüístico contemponeo
No pensamento lingüístico contemporâneo, duas grandes correntes se apresentam: a
corrente formalista e a corrente funcionalista.
Segundo Barreto (1999:55), a distinção entre essas duas correntes é derivada da
oposição entre o estudo da forma lingüística e o estudo das suas funções na comunicação.
No entanto, essas duas correntes lingüísticas se complementam, uma vez que estudam, de
modo diferente, fenômenos que dizem respeito a um mesmo objeto. Assim, podem-se
entender Formalismo/Funcionalismo como correntes lingüísticas alternativas, visto que
apresentam aspectos complementares contribuindo para uma maior compreensão da
linguagem.
Os formalistas estudam angua como um objeto descontextualizado; preocupam-se
com as suas características internas seus constituintes e as relações entre eles sem se
importar com as relações entre esses constituintes e seus significados. Consiste no estudo
da forma lingüística, já objetivo da gramática tradicional. Exemplo disso é a gramática
gerativa, que representa essa corrente por frisar, especialmente, a forma lingüística, em
detrimento de sua condição de produção.
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Os funcionalistas, por outro lado, relacionam angua aos processos utilizados pelos
falantes na construção do discurso, sendo os falantes concebidos como criadores,
responsáveis, enfim, pela forma lingüística, em diferentes situões de comunicação.
Por isso, pode-se dizer que, de modo geral, a teoria funcionalista baseia-se nas teorias
da comunicação e da interação social. A teoria formalista, por sua vez, tem o respaldo em
uma longa tradição; segundo ela, uma gramática define a teoria de umangua, estudando
suas partes e os princípios de sua organização.
2.1.2. A abordagem funcionalista: definição
A base teórica deste trabalho relaciona-se com alguns pontos do Funcionalismo de
Mathiessen & Thompson (1988), Hopper & Traugott (1993) e Halliday (1994), entre
outros.
Sabe-se que caracterizar o Funcionalismo não é uma tarefa fácil, pelo fato de haver
rias correntes, com suas respectivas peculiaridades, que geralmente são denominadas
com base naqueles que as representam. Sendo assim, tem-se o Funcionalismo de Halliday,
o de Dik, o de Givón, etc.
Apesar disso, percebem-se alguns pontos em comum, que permeiam a abordagem /o
pensamento funcionalista e que podem defini-lo e/ou caracterizá-lo. Assim, pode-se admitir
que o estudo que aqui se apresenta é baseado na visão funcionalista de análise lingüística,
que se privilegia a linguagem como fenômeno mental e primariamente social,
correlacionando-o a fatores sócio-comunicativos e/ou sócio-cognitivos. A estrutura interna
da língua, dessa forma, é tratada funcionalmente, isto é, analisa-se a estrutura gramatical
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incluída em uma situação comunicativa, que envolve o objetivo do evento de fala, seus
participantes e o contexto discursivo.
A expressão lingüística não pode ser analisada sem que se tenha em mente que ela é
fuão, não apenas da intenção e da informação transmitida pelo falante, mas também da
informação pragmática do destinatário e do seu conhecimento a respeito das intenções do
emissor.
Portanto, a sintaxe está sujeita e é influenciada pela situação comunicativa, e, nesse
sentido, a língua é vista como instrumento de comunicação. Considerar a sintaxe nos
termos da semântica e da pragmática é comum a todas as abordagens funcionalistas.
Como afirma Neves (1997:2),
Qualquer abordagem funcionalista de uma ngua natural, na verdade, tem como questão
básica de interesse a verificação de como se obtém a comunicação com essa língua, isto é, a
verificão do modo como os usuários da língua se comunicam eficientemente.”
Baseando-se nisso, mesmo sabendo que não é uma tarefa simples caracterizar o
Funcionalismo, pode-se admitir que o objetivo de tal tratamento é basicamente este: tentar
averiguar como se obtém a comunicação com a língua, ou seja, como procedem os falantes
para se comunicar de modo eficiente. Para tanto, leva-se sempre em consideração o uso de
expressões lingüísticas na interação verbal, considerando que a língua evolui para satisfazer
as necessidades humanas e se organiza de um modo funcional, e não arbitrário, para
satisfação dessas necessidades. É, pois, essencialmente natural, no sentido de que parte do
uso da língua e analisa as expressões linísticas como realmente são usadas pelos falantes.
A ngua, dessa forma, é vista como fenômeno social e a análise do uso tem prioridade
em relação à análise do código. Votre & Naro (1989) já afirmaram que, quando se trata de
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Funcionalismo, há uma análise lingüística no discurso. O discurso em si não é analisado
daí não ser análise do discurso - mas objetiva-se analisar, através do discurso, os fenômenos
lingüísticos. Segundo eles, do uso da língua a comunicação na situação social – se
origina a forma da língua, com as características que lhe são peculiares. Supõe-se, portanto,
entender a língua como algo em construção, maleável e “não-determistico.
Votre & Naro (1989:173) também assumem a idéia de que
construções e estruturas aparentemente arbitrárias (do ponto de vista formal) poderiam ser
entendidas através de uma motivação discursiva.”
A teoria e a prática funcionalistas, nas palavras de Barreto (1999:56), distinguem-se
das anteriores,
no sentido de proporcionar uma visão dinâmica dos fatos, isto é, de admitir a língua como
instrumento imprescindível à satisfação das necessidades comunicativas que variam com o tempo,
devendo pois apoiar-se em cada contexto social.
E é exatamente este o propósito deste trabalho: verificar o comportamento sintático-
semântico-discursivo das cláusulas adverbiais condicionais no português brasileiro, durante
o período de 1975 a 2005, buscando constatar que as ocorrências desses enunciados podem
ser estudadas do ponto de vista funcional-discursivo. Se assim for, poder-se-á concluir que
a freqüência nos diversos modos de organização discursiva, a forma como se apresentam e
a ordem em que se configuram na sentença podem ser motivadas por razões discursivas.
Ressalte-se, ainda, que todas as correntes funcionalistas consideram que os
componentes da gratica devem ser estudados integradamente. Segundo Neves (1997:25),
A gramática funcional constitui uma teoria de componentes integrados, uma teoria
funcional da sintaxe e da semântica, a qual, entretanto, só pode ter um desenvolvimento satisfario
dentro de uma teoria pragmática, isto é, de interação verbal.”
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Nessa abordagem, considera-se a sintaxe como resultado da cristalização ou
regularização de estratégias discursivas recorrentes, na linha de Givón (1979), que defende
que a linguagem humana evoluiu do modo pragmático para o modo sintático. Logo, a
sintaxe tem origem no discurso, aqui tomado como o conjunto de estratégias criativas
empregadas pelo falante para organizar funcionalmente o seu texto para um determinado
ouvinte em uma determinada situação de comunicação.
Enfim, a abordagem funcionalista adotada neste trabalho possibilita um estudo sobre
a ordenação de cusulas adverbiais condicionais encontradas nos corpora analisados e
busca compreender o papel discursivo desses enunciados condicionais, observando a
dimensão semântica e pragmática de seu emprego em cada modo de organização do
discurso considerado nesses corpora. Adota-se, pois, a proposta da teoria funcionalista de
integração dos diversos componentes ou níveis de análise no estudo dos fatos da língua.
Toma-se o texto como produto resultante do processo de interação verbal, em que o falante
tem
expectativas e intenções em relação ao ouvinte.
Em vista disso, é importante a afirmação de Neves (apud Marcuschi, 2000:3) acerca do
estudo da língua no contexto do discurso, quando a autora defende o postulado de que
as expressões linísticas devem ser descritas e explicadas dentro de um quadro geral
fornecido pelo sistema pragmático de interação verbal, já que há dois sistemas de regras
envolvidos na organização gramatical das línguas naturais: as regras que governam a constituição
das expressões lingüísticas (regras semânticas, sintáticas, morfológicas e fonológicas) e as regras
que governam os padrões de interação verbal nos quais essas expressões lingüísticas são usadas
(regras pragmáticas), sendo o primeiro desses sistemas instrumental em relação ao segundo.
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2.1.2.1. O princípio de iconicidade
Com a ordem em que as cláusulas condicionais se apresentam na sentença,
investiga-se o princípio da iconicidade, a fim de entender as forças que agem na escolha das
estratégias de ordenação das construções condicionais em estudo.
O princípio da iconicidade, em sua vero mais forte e radical, estabelece que, na
língua, há uma relação motivada e não-arbitrária de um para um entre forma e função. Nos
termos de Neves (1997), há uma relação natural entre o código lingüístico e o seu
designatum. Pode-se dizer, segundo a literatura, que a relação descrita pelo princípio da
iconicidade é assimétrica, no sentido de que a função determina a forma, mas não o
contrário. Tomando o princípio da iconicidade sob esse prisma, é possível pressupor que a
cada mudança de função, uma alteração na forma será necessária.
Os processos de variação e mudança lingüísticas pressupõem a existência de dois ou
mais modos distintos dedizer” a mesma coisa e com o mesmo valor de verdade. Tal fato
acarreta em uma reformulação da vero mais radical do prinpio da iconicidade. Em sua
versão mais branda, o princípio de iconicidade se manifesta em três subprincípios, que se
relacionam à quantidade de informação, ao grau de integração entre os constituintes da
expressão e do conteúdo, e à ordenação linear dos segmentos.
O primeiro subprincípio de iconicidade é o da quantidade. Segundo esse
subprincípio, quanto maior a quantidade, mais imprevisível e mais importante em termos de
continuidade temática ou discursiva for a informação a ser transmitida ao interlocutor,
maior será a quantidade de forma a ser utilizada na codificação morfosssintática dessa
informação.
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O subprinpio da integrão prevê que os conteúdos que estão mais próximos
cognitivamente também estarão mais integrados no nível da codificação – o que está
mentalmente junto, coloca-se sintaticamente junto.
A ordenação linear é o terceiro subprincípio de iconicidade. Segundo esse
subprincípio, há uma tendência de que a informação mais importante ocupe o primeiro
lugar na cadeia sintática, fazendo com que a ordem dos elementos no enunciado revele o
grau de importância que essesm para o falante.
Conclui-se, portanto, que a língua não é um mapeamento arbitrário de idéias para
enunciados: razões estritamente humanas de importância e complexidade se refletem nos
traços estruturais das línguas. As estruturas sintáticas não devem ser muito diferentes, na
forma e organização, das estruturas semântico-cognitivas subjacentes. Como opção teórica,
o prinpio da iconicidade, em sua formulação atenuada, permite uma investigação
detalhada das condições que governam o uso dos recursos de codificação morfossintática
da língua. Tal princípio de iconicidade auxilia na explicação das escolhas feitas pelos
usuários da língua pela ordenação das cláusulas condicionais nos contextos estudados.
A seguir, apresentam-se algumas questões significativas sobre a articulação de
orões em português, logo após definir-se e caracterizar-se a Gramática Funcional,
buscando demonstrar pontos semelhantes e dessemelhantes entre as abordagens tradicional
e funcionalista.
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2.1.3. A Gramática Funcional
Como mencionado, entende-se que Gramática Funcional é aquela que analisa a
relação existente entre a gramática de uma dada língua e a sua instrumentalidade de uso.
A Gramática Funcional:
considera a competência comunicativa, isto é, a capacidade que os indivíduos têm não
apenas de codificar e decodificar expressões, mas também de usar e interpretar estas expressões de
uma maneira interacionalmente satisfatória.” (Neves, 1979:113)
Depreende-se, com base em Neves (1979), que a gramática funcional é igualmente
aplicável a todas as línguas, o que significa que as descrições não devem ser tão específicas
que não possam ser transferidas para outras línguas, nem tão gerais de modo que possam
camuflar as peculiaridades das nguas individuais.
No modelo funcional, segundo Neves (1979), a gramática é vista como uma
integrão da sintaxe e da semântica, dentro de uma teoria pragmática. E é exatamente isso
que propõe a teoria postulada por Halliday (1985), segundo a qual a língua é um sistema de
estruturas que gera significados, um sistema semântico composto de outros sistemas,
encarregados de codificar os significados produzidos.
Cada sistema implica subsistemas em que as escolhas são cada vez mais específicas.
Cada elemento da língua é explicado com referência à função que exerce no sistema
lingüístico total. Nesse caso, cabe à gramática organizar as opções, e, ao falante, fazer
selões de acordo com o objetivo que tem em mente. Enfim, para Halliday (1985), uma
gramática funcional interpreta as estruturas lingüísticas de acordo com o que elas
significam.
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2.1.4. A articulação de orações na Gramática Tradicional, na Lingüística Estrutural e
na Gramática Funcional
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Como se sabe, nas gramáticas tradicionais, a articulação de orações é sempre vista
de forma dicotômica: há, de um lado, os casos de coordenação, e, de outro, os casos de
subordinação. As orações coordenadas e as orões subordinadas são apresentadas fora de
um contexto.
A tradição gramatical define a coordenação como (a) um tipo de sucessão de orações
gramaticalmente independentes (Rocha Lima, 1972); ou (b) um tipo de construção em que
uma oração não exerce função sintática em outra, ou seja, ambas apresentam o mesmo
estatuto sintático (Bechara, 1977; Cunha & Cintra, 1985), ou seja,o orões
independentes.
Define-se a subordinação, por outro lado, como (a) um tipo de construção em que a
orão subordinada desempenha sempre uma função sintática em outra oração; logo, dela é
um termo ou parte de um termo (Cunha & Cintra, 1985); ou (b) um tipo de construção em
que há uma oração principal, que traz presa a si uma oração dependente ou mais, pelo fato
de que tem seu papel como um dos termos da oração principal (Rocha Lima, 1972). Os
autores também afirmam que podem, nesse caso, exercer função sintática de um
substantivo, adjetivo ou advérbio. É, por isso, classificada como substantiva, adjetiva ou
adverbial. As chamadas orações subordinadas adverbiais são classificadas de acordo com a
circunstância que exprimem, e as orações condicionais, por expressarem uma condição,
estão aí incluídas.
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Com esse título, pretendíamos contemplar diferentes abordagens sobre a articulação de cláusulas.
Privilegiou-se, dessa forma, a abordagem tradicional, a abordagem estruturalista, a abordagem descritiva, e a
abordagem funcional.
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Outros estudos, seguindo uma proposta estruturalista, também se fixaram na
bipartição coordenação/subordinação. Carone (1988, 1991) considera a subordinação e a
coordenação como recursos sinticos que o emissor utiliza para tornar os períodos mais
complexos”. Sobre essa base, a autora entende por subordinação a relação de dependência
entre uma oração subordinada e um termo de outra oração, por meio do uso de instrumentos
de inserção, as conjunções subordinativas. As duas unidades, termo e oração subordinada,
adquirem uma função quando articuladas, sendo nomeadas functivos. A coordenação é vista
como a relação entre duas orões, tomadas em sua totalidade, por meio do uso de uma
conjunção coordenativa, que pertence à segunda oração e que tem função relacionadora. A
seência entre as orações é rígida, tornando a inversão da ordem impossível. Como a
segunda oração pressupõe a primeira, nãoo, portanto, independentes, no sentido dado
pelas gramáticas tradicionais, como em Cunha & Cintra (1985).
Para Perini (1996), sob o prisma da Lingüística Descritiva, uma oração é subordinada
quando está dentro de outra, a principal, porque faz parte de um de seus termos e o
porque funciona como termo da outra. O autor também considera a coordenação como a
relação entre duas orações separadas, sintaticamente equivalentes, que, portanto, não
compartilham nenhum elemento.
Norteado pelo paradigma funcionalista, pretende-se, agora, cotejar a tradição
gramatical antes e brevemente revisitada com algumas abordagens freqüentemente
referidas, como as de Matthiessen e Thompson (1988), Hopper e Traugott (1993) e
Halliday (1994), para mostrar que as relações entre as orações com base na dicotomia
coordenação e subordinação precisa ser revista.
Hopper e Traugott (1993) reinterpretam os pares subordinação/coordenação e
parataxe/hipotaxe. Segundo os autores, que seguem a orientação de Givón (1979),
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a combinação de cláusulas pode ser considerada do ponto de vista de um contínuo
unidirecional: da justaposição relativamente livre à combinação sintática e morfogica dentro dos
limites da estrutura da gramaticalização amplamente interpretada.
(Hopper e Traugott, 1993:169)
De acordo com o que propõem, o período complexo, que, do ponto de vista sintático,
é uma unidade que apresenta mais de uma cláusula, poderia ser distribuído ao longo de um
continuum com três demarcações – parataxe, hipotaxe, subordinação, como se pode
conferir a seguir:
Quadro 1: Combinação de cláusulas: continuum unidirecional apresentado por
Hopper e Traugott (1993:170)
Parataxe > Hipotaxe > Subordinação
- encaixamento - encaixamento + encaixamento
- dependência + dependência + dependência
Do ponto de vista da mudança lingüística, os autores salientam que a formação
inicial de uma cláusula complexa envolve a combinão de uma estrutura integrada com
dois núcleos separados e autônomos que são mutuamente relevantes. (Hopper e Traugott
(1993:169). A nova construção é mais complexa, porque consiste em duas subpartes. A
escolha de elementos nucleares e marginais da cláusula complexa são baseadas em
estratégias retóricas.
O período complexo pode ser formado por um núcleo e um ou mais núcleos
adicionais ou de um núcleo e uma ou mais margens”, cláusulas relativamente dependentes
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que não podem ficar sozinhas, mas que, não obstante, exibem graus diferentes de
dependência. As cláusulas adverbiais, de fato, surgiram da reanálise de locuções adverbiais;
entretanto, elas não atingiram o nível de incorporação que, por exemplo, os complementos
conseguiram. Seguindo esse raciocínio, pode-se admitir que, entre as cláusulas
consideradas subordinadas pela gramática tradicional, há um tipo que é dependente de outra
cláusula, mas não estruturalmente integrado a ela.
Hopper e Traugott (1993) explicitam as variações do elo entre as orações que
compõem o período complexo, segundo o processo de junção. Confere-se o quadro abaixo:
Quadro 2: Variações de elo entre as orações, segundo Hopper e Traugott (1993:171)
Parataxe Hipotaxe Subordinação
(independência) (interdependência) (dependência)
núcleo margem
integração mínima integração máxima
elos maximamente explicitados elos minimamente explicitados
A hipotaxe e a subordinação mantêm entre si alguns traços semelhantes; por exemplo,
ambos compartilham a propriedade dependência: ser dependente significa pressupor a
existência de cláusula dentro de uma sentença. Por outro lado, diferenciam-se no que tange
ao encaixamento: apenas a oração subordinada consiste em um argumento oracional de
outra oração.
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Halliday (1994) diferencia parataxe e hipotaxe. Para o autor, hipotaxe é uma relação
entre um elemento dependente e seu dominante, enquanto parataxe é uma relação entre
elementos com estatuto igual, um iniciando e outro continuando a seqüência. Matthiessen e
Thompson (1988) remetem a Halliday (1994) e se valem do rótulo hipotaxe de realce”,
mais adequado para eles do que subordinação, para se referirem às cláusulas adverbiais.
Baseados em critérios semânticos e posicionais, sustentam que as chamadas orões
adverbiais não constituem instâncias de subordinação. Essas orações podem se agregar a
um conjunto de orações e não apenas a uma oração-núcleo, circunstância que impede que
se identifique a oração da qual seriam um constituinte. A seguir, observem-se alguns
exemplos retirados do corpus D&G e que justificam tal assertiva:
(24)“se ele lutou... se ele trabalhou... se ele é empresário... e mereceu aquilo... tudo bem... agora
o caso é que eu acho que:: nós deveríamos... tirar um pouco da gente...
(L.F./P.B./D&G/RJ/RO/3ºg)
(25)“ele não pôs palavra na boc/ palavras na boca das pessoas e as pessoas também deixaram
tudo assim no ar... entendeu? foram levando... quer dizer... se ele achasse... bem... se ele não
deixasse amém... né?”
(L.F./P.B./D&G/RJ/NR/3ºg)
(26)“se alguém não pagar pra ele as passagens... quem é que vai pagar? se for o Governo...
ótimo... o Governo a gente paga imposto pra isso... pra ter nossos direitos reivindicados...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/RO/3ºg)
Os exemplos justificam a assertiva anterior, uma vez que as orações condicionais não
estão agregadas a uma oração-núcleo da qual seriam um constituinte, como ocorre, por
exemplo, com as orações substantivas, mas, ao contrário, aparecem ligadas a apenas uma
expressão, como tudo bem, no exemplo (24);bem, no exemplo (25);ótimo, no
exemplo (26). Nestes exemplos, não é possível destacar a oração da qual seriam
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constituintes. Isso comprova o seu elo de vinculação: são hipotáticas, uma vez que não
necessariamente precisam estar vinculadas a uma oração-núcleo. São, na verdade, orações
mais independentes do que, por exemplo, as orões substantivas, embora menos
dependentes que as paratáticas.
Adotando uma perspectiva funcional-discursiva, trabalhos como o de Decat (2001)
também são importantes, por levantarem questões sobre as funções discursivas a que se
prestam as cláusulas adverbiais.
O estudo das cláusulas adverbais proposto pela autora procurou evidenciar:
a) as relações (ou “inferências”, ouproposições relacionais”) adverbiais que emergem da
articulão das cláusulas no discurso;
b) a função discursiva a que se prestam as cláusulas hipotáticas adverbiais, quer dentro de
um enunciado, quer relacionando enunciados entre si. (Decat, 2001:109)
A autora salienta que, freqüentemente, a cláusula adverbial terá mais que uma função
gramatical, uma função discursiva,no sentido de orientar o ouvinte para a mensagem que
se quer transmitir, organizando, assim, a forma do discurso”. Ainda sobre as fuões
discursivas, Decat (2001) afirma que certos tipos de proposições relacionais vão determinar
o uso de cláusula adverbial anteposta ou posposta, e alguns discursos vão privilegiar uma
determinada posição, o que será discutido posteriormente, no capítulo 4.
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2.1.5. A construção condicional e o fluxo da informação
Para se proceder a uma análise sobre a ordenação das cláusulas condicionais no
discurso, faz-se necessário relacioná-la ao fluxo informacional. Para tanto, reúnem-se, a
seguir, os postulados de Chafe (1987), que serão de suma importância para a análise dos
dados coletados nos corpora, a ser realizado no capítulo 4.
Chafe (1987) afirma que os mecanismos de embalagem lingüística estariam
relacionados mais à maneira como o conteúdo é empacotado e apresentado ao ouvinte do
que com o conteúdo da sentença. Dessa forma, segundo o autor, existe um esforço contínuo
do falante de tornar mais claro o que está acontecendo na mente das pessoas na
manipulação de informações dadas/novas, por exemplo, que consiste em estratégia de
organização discursiva.
Adotam-se, neste trabalho, as denominações estabelecidas por Chafe (1987), que, ao
definir cognitivamente os termos dado
e novo, proe os termos informação ativa, inativa,
além de introduzir a noção de informação semi-ativa, a depender do estatuto informacional
apresentado pelas orações encontradas nos corpora. Assim como fez o autor, chama-se aqui
de tópico
o ponto de partida e chama-se informação adicionada ao que tem sido
normalmente chamado de comentário
.
A seguir, tenta-se definir os três estados de ativação da informação citados
anteriormente e que serviram de apoio para a classificação das construções encontradas nos
corpora. Isto posto, pode-se dizer que
Ø ATIVO é o estado de ativação em que um conceito (iia das pessoas sobre
objetos, eventos ou propriedades) está correntemente focalizado. Um conceito determinado
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está no foco de consciência de uma pessoa e, dessa maneira, é apresentado de forma
especial, tendo propriedades que são freqüentemente discutidas em termos de informação
velha ou informação dada.
Observe o exemplo a seguir, retirado dos corpora analisados:
(27) “o som estava perfeito... aí:: um pouco antes de... de eu me apresentar... a Transamérica fez
uma distribuição de brindes lá... aí::... eles rebentaram os fios... da/ do equipamento... e o som não
ficou bom depois que nós fomos/ que eu fui tocar... porque::.. so/ os... cabos estavam todos
rebentados... estava dando curto... e aí eu/ o som ficou total/ totalmente distorcido... e se:: a
Transamérica não tivesse distribuído os brindes antes... subido no palco... pisado nos fios... as
pessoas iam gostar do show que eu fiz... porque... foi legal...E: ahn... ahn...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NP)
Pode-se observar, em destaque no exemplo, a construção condicional veiculando, no
contexto discursivo, uma informação dada ou uma informação velha. Nos termos de Chafe
(1987), um conceito ativo. Considera-se o conceito ativo pelo fato de já ter sido
mencionado no contexto lingüístico precedente e, por conseguinte, já estar na consciência
do falante e também do ouvinte. O mesmo enunciado já havia sido mencionado sob forma
de uma assertiva a Transamérica fez uma distribuição de brindes lá.... Na mesma
seqüência, enuncia-se, novamente, sob forma de oração condicional se a Transamérica
o tivesse distribuído os brindes...”. Pressupõe-se que o falante e o ouvinte apresentem
esse conteúdo ativado em sua memória e, portanto, este seria o ponto de partida para, logo
em seguida, apresentarem uma informação adicionada ou um comentário no discurso.
Ø SEMI-ATIVO é o estado de ativação em que um conceito está na
consciência periférica de uma pessoa. Um conceito para o qual uma pessoa tem uma
consciência ou conhecimento. Assim, poderíamos denominá-la informação acessível, que
assim se define quando um conceito pertence a um conjunto de expectativas associadas a
um esquema.
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A seguir, confere-se um exemplo retirado do corpus D&G, que constitui um dos
corpora em análise nesta pesquisa:
(28) “será que você poderia deixar eu botar algumas músicas na festa também... pra que eu possa
fazer propaganda do som...” aí ele virou pra mim e falou assim ué... tá bom... se você sabe
mexer... você... (pô)... bota... a festa... mas... nisso... eu pensei que eles fossem ficar ali... quando
eu virei pra trás... que eu fui procurar eles... para... me entrosar no assunto... eles tinham sumido...
conclusão... a música já estava acabando... e eu tive que... que... sei lá... tive que... ver sozinho
como é que fazia as coisas...” (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NP)
Como se pode notar no exemplo (28), a informação veiculada pela construção
condicional não poderia ser considerada dada ou velha nem o estado de ativação do
conceito poderia ser considerado ativo, visto que a informação não foi anteriormente
mencionada no contexto lingüístico precedente. Não se comentou a respeito do ato de
mexer no som. Por outro lado, também não se pode considerar o estado de ativação do
conceito na memória do falante e do ouvinte como inativo por ser uma informação que
provém de um conjunto de expectativas associadas a um esquema, como se tinha dito.
Quando se trata de festa, de música, de propaganda de som, pertencente a esse esquema
estará o ato de mexer (no som). Também pelo fato de pertencerem ao mesmo esquema,
esses conceitos semi-ativos podem veicular alguns contdos implícitos e facilmente
depreendidos pelo contexto, como ocorre com a expressão no som na oração em destaque,
no exemplo supracitado.
Finalmente, pode-se dizer que
Ø INATIVO é o estado de ativação em que um conceito está na memória de longo
prazo da pessoa, mas não está focalizado e nem perifericamente ativo. Esses conceitos não
estiveram ativos ou semi-ativos em nada do que foi dito antes nem se tornou semi-ativo
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através da evocação de um esquema. É o que ocorre, por exemplo, na oração condicional
destacada no exemplo a seguir:
(29)“E: diz pra mim o seu nome... aonde você estuda... qual o curso que você faz e em que peodo
você está...
I: meu nome é Daniel... eu estudo na PUC... faço desenho industrial e estou no:: nono período...
E: você se forma esse ano?
I: me formo no final do ano... se tudo correr bem ((riso de E))” . (F./P.B./D&G/RJ/3ºg/NP)
A informação veiculada através da construção condicional, em nenhum momento do
texto, foi mencionada. Portanto, nesse caso, dizemos que o estado de ativação do conceito é
inativo, uma vez que não há menção no contexto lingüístico anterior: não se mencionou
nada que se relacionasse ao fato de tudo correr bem. É uma informação adicionada a partir
de um ponto de partida, que, por sua vez, contém elementos ora mencionados no discurso,
ora inferíveis por meio deste.
É a partir desses pressupostos, portanto, que se pretende proceder a um tratamento
funcional-discursivo da hipotaxe de realce condicional no português brasileiro
contemporâneo. Adota-se, pois, a proposta da teoria funcionalista de integração dos
diversos componentes ou níveis de análise no estudo dos fatos da língua. Como já foi dito,
considera-se o texto como um produto resultante do processo de interão verbal, em que o
falante tem expectativas e intenções em relação ao ouvinte. Assim, é a partir da análise de
ocorrências da língua em uso que se pretende registrar as relações sintático-semântico-
pragmáticas contraídas pelas orações envolvidas na constrão condicional.
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3 METODOLOGIA
3.1. Descrição dos Corpora
Reuniram-se, para este estudo, diferentes corpus, com a finalidade de propor uma
descrição do uso de cláusulas condicionais em português brasileiro, baseada,
fundamentalmente, no modo como se apresentam no discurso. Agruparam-se,
preferencialmente, textos de caráter argumentativo, dada a maior freqüência nesse discurso
de cláusulas condicionais devido ao seu caráter mais argumentativo, como afirmou Said Ali
(1969), hipótese que despertou o interesse pelo tema.
Nos corpora, incluem-se o corpus VARPORT, o corpus D&G e editoriais extraídos
do Jornal O GLOBO. Mais precisamente, foram analisados os editoriais publicados entre
1975 e 2000, no Brasil, extraídos do corpus VARPORT, bem como as seqüências dialogais
entre informante e documentador, cujo recorte temporal compreende as décadas de 70 a 90.
O D&G foi utilizado com o intuito de ressaltar as principais distinções entre os modos de
organização discursiva, a saber: narração, descrição, dissertação e injunção, com maior
atenção aos dois últimos, como se pode observar em 4.3. Para tanto, coletaram-se dados de
língua oral e de língua escrita dos informantes cujos graus de escolaridade eram 8ª série,
grau egrau, tal como descrito nesse corpus. Além disso, ainda se investigaram editoriais
publicados no Jornal O GLOBO, no decorrer de 2005.
Ao todo, para a pesquisa que ora se realiza, foram analisados 480 textos, dos quais
240 são de língua falada e 240o de língua escrita. Os textos de fala consistem em 60
diálogos entre informante e documentador, extraídos do corpus VARPORT e mais 180
textos extraídos do corpus D&G. Os textos de língua escrita consistem em 60 editoriais,
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dos quais 10 foram retirados do corpus VARPORT e 50 foram extraídos do Jornal O
Globo. Além desses textos, na modalidade escrita, também foram analisados 180 textos
extraídos do corpus D&G. Tanto os textos de língua escrita quanto os textos dengua oral
abrangem os diversos modos de organização discursiva já mencionados.
A seguir, pode-se ver a distribuição dos dados nos corpora utilizados:
Gráfico 1:
DISTRIBUIÇÃO DOS DADOS NOS
CORPORA
0
143
177
7
54
53
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
D&G VARPORT Jornal O Globo
Fala
Escrita
Após essa visão geral dos corpora, pode-se conferir uma descrição mais aprofundada
e em separado de cada um dos deles, tendo em vista a seguinte ordem de apresentão:
corpus D&G (230 dados), corpus VARPORT (150 dados) e corpus Jornal O Globo (54
dados).
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3.1.1.Corpus VARPORT
O corpus de análise da pesquisa corresponde, dentre outros, a textos, especialmente
editoriais e diálogos entre informante e documentador, do português brasileiro, que
integram o corpus do Projeto Análise contrastiva de variedades do português –Projeto
VARPORT, que está disponível no site www.letras.br/varport/corpora.html
, referente à
linha de Pesquisa Língua e sociedade: variação e mudança”, do Departamento de Letras
Vernáculas da UFRJ, abarcando as modalidades escrita (do século XIX e XX) e falada
(standard e substandard) de ambas as variedades do português. O material coletado para
este trabalho, portanto, abrange textos do português escrito brasileiro, de 1975 a 2000, e do
português oral brasileiro, englobando as décadas de 70 e 90 do século XX.
Os textos escritos correspondem a 10 editoriais, enquanto a modalidade oral da língua
está representada por 60 diálogos entre informante e documentador, sendo 35 na variedade
culta/informal e 25 na variedade popular. Após a coleta de dados nestes corpora,
obtiveram-se 142 cláusulas condicionais, sendo 139 de língua oral e 7 dengua escrita.
Considerando a heterogeneidade desse corpus, adotam-se abreviações para a
realização das referências a exemplos dos textos nele analisados: L.E.- língua escrita; L.F.-
ngua falada; P.B.- português do Brasil; EDIT- editoriais; DIAL- diálogos entre
informante e documentador. Depois de se usar tais abreviações, indica-se sempre o código
de texto usado no VARPORT, para que o leitor possa acessar o texto, em sua íntegra, no
site do projeto Análise Contrastiva de Variedades do Português, disponível no endereço
eletrônico citado anteriormente. Observe-se um exemplo ilustrativo da convenção adotada:
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(30) “Se essa história não for resgatada, as gerações futuras correm o risco de aprendê-la nas
conversas clandestinas de pé de ouvido.” (L.E./P.B./ EDIT./ E-B-94-Je-004)
3.1.1.1. Algumas perspectivas discursivas: o gênero Editorial
Levando em conta a constituição dos corpora analisados, torna-se necessária uma
abordagem mais detalhada sobre os editoriais. Nesse sentido, algumas reflexões de ordem
discursivao pertinentes para a compreensão da funcionalidade das construções
condicionais nesse gênero.
A investigação que aqui se faz, como já se disse, fundamenta-se na hipótese de que o
emprego de construções condicionais é mais recorrente em seqüências argumentativas, se
comparado a outros tipos de seqüências, conforme orientação de Said Ali (1969). Dessa
forma, pretende-se comprovar que o uso de construções condicionais relaciona-se ao
caráter argumentativo de determinados gêneros textuais, contribuindo para o alcance da
intencionalidade do texto, além de marcar a subjetividade na linguagem.
Assim, este estudo objetiva, dentre outros aspectos, verificar se é possível identificar
uma diferença entre os tipos de texto - argumentativos, descritivos, injuntivos e narrativos
- em função do comportamento das construções de condição. Além disso, pretende também
investigar a relação entre a forma e a função da construção condicional e o modo de
organização discursiva em que se insere.
Esse tipo de análise, de cunho funcional-discursivo, recai, dentre outros aspectos
explicitados, sobre a maneira como se apresentam as estruturas lingüísticas de acordo com
o modo de organização do discurso e o gênero textual. Quando se analisa um editorial, por
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exemplo, percebe-se que, nesse gênero textual, recorre-se a estratégias discursivas que já
foram convencionalizadas naquele tipo de discurso.
Bakthin (apud Marcuschi, 2002:29) afirma que os diferentes gêneros textuais
representam formas estruturais e lingüísticas relativamente estáveis com uma função sócio-
discursiva definida. Assim, os gêneros textuais podem ser entendidos como formas
originárias de esferas da vida social, distribdos pela fala e pela escrita. São entidades
dinâmicas, históricas, orientadas para fins específicos e ligadas a determinadas
comunidades discursivas.
A abordagem dos gêneros textuais adotada neste estudo baseia-se na definição
desenvolvida por Marcuschi (id.) que destaca a distinção entre as denominações tipologia
textual e gênero textual. Segundo o autor, a terminologia “tipo textual consiste no
conjunto de “constructos teóricos definidos por propriedades lingüísticas intrínsecas e
constituem seqüências lingüísticas ou seqüências de enunciados e não são textos
empíricos. Por outro lado, a designação gênero textual diz respeito às realizações
lingüísticas concretas definidas por propriedades sócio-comunicativas e constituem textos
empiricamente realizados cumprindo funções em situações comunicativas.
O discurso jornalístico, ou domínio discursivo jornalístico, do qual o editorial faz
parte, busca informar, noticiar ou divulgar algum assunto ao blico-leitor. Os editoriais
como fazem parte desse domínio discursivo, têm como função orientar o leitor através da
definição de um ponto de vista do veículo ou da pessoa responsável pela publicação.
Esse gênero jornastico, o editorial, não possui a preocupação de informar, mas sim
a de opinar e questionar o leitor sobre os principais fatos do momento. Assim, os editoriais
possuem, predominantemente, o modo argumentativo de organização do discurso. É por
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meio da argumentação que se revelam algumas estratégias persuasivas utilizadas pela
imprensa, a fim de convencer o público-alvo de uma determinada posição político-social.
O que importa, no momento, é compreender a função argumentativa de um editorial
que, apesar de não visar, especificamente, à persuasão, objetiva, implicitamente, conduzir o
leitor à conclusão pretendida pelo jornal.
Geralmente, a objetividade é apontada como a característica fundamental quando o
jornalismo possui a função de informar, explicar e orientar o leitor. Contudo, nos editoriais,
considerando a subjetividade existente no discurso do enunciador, é importante que não se
esqueça da presença desse sujeito existente no editorial e que procura convencer o público-
alvo, idealizado pelo jornal e/ou editorialista ou, ainda, levá-lo a determinada conclusão.
Pode-se dizer que os sujeitos inseridos no discurso editorialístico refletem um
contrato comunicativo pré-estabelecido por eles, em que o objetivo primordial é a formação
de opinião do leitor-cidadão.
Devido a esse caráter predominantemente argumentativo dos editoriais, nota-se que o
uso das cláusulas de condição o recorrentes nestes textos, o que motivou a escolha de
textos desse gênero para a organização dos corpora.
É sabido que todos os textos utilizam, com maior ou menor ênfase, argumentos para
produzir efeitos de verdade e de realidade ao seu conteúdo, buscando conquistar e
influenciar o destinatário, e concretizar os aspectos e objetivos centrais de cada gênero em
particular. Na verdade, o que ocorre é que a variedade de seqüências tipológicas representa
diferentes modos de argumentar (em um sentido mais amplo do termo argumentação),
segundo Koch (2002). A própria origem etimológica da palavra argumento confirma essa
abrangência do termo argumento, que vem de argumentum, em que o elemento argu
significa iluminar. Diante disso, o argumento é um procedimento lingüístico que representa
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o lançamento de luz em uma dada direção, com vistas à realização dos objetivos e da
intenção comunicativa do texto. A utilização de cláusulas condicionais nos editoriais
contribuem para o sucesso do jogo argumentativo, uma vez que, por meio desse recurso,
organiza-se o discurso e, obviamente, a argumentação para que se possa sugestionar o
destinatário do texto.
Como já se pôde observar, é necessário considerar o estudo das relações entre
enunciados no seu contexto de produção e de realização enquanto discurso. É somente no
discurso que as cláusulas condicionais assumem uma função que ultrapassa a de meros
adjuntos adverbiais das orações às quais se subordinam.
3.1.2. Corpus D&G
No que tange ao corpus do Projeto Discurso & Gramáticacorpus D&G seção Rio
de Janeiro, analisaram-se dados de produções orais de 36 informantes de 8ª série, Grau e
Grau, tal como aparece subdividido o corpus. Optou-se por analisar os dados de fala e os
dados de escrita, que constam do século XX, mais precisamente da década de 90, para que
se possam apontar semelhanças e dessemelhanças nos usos de cláusulas condicionais.
Foram analisados 180 textos de língua oral e 180 textos de língua escrita, dos quais se
coletaram 230 dados 177 de língua oral e 53 de língua escrita , distribuídos em
diferentes modos de organização discursiva. Observe-se, a seguir, a distribuição das
cláusulas condicionais no corpus D&G:
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Gráfico 2:
45
19
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18
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16
0
10
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30
40
50
60
70
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série grau 3º grau
DISTRIBUIÇÃO DE CLÁUSULAS CONDICIONAIS
NO CORPUS D & G
Fala
Escrita
Esse corpus é organizado em diferentes modos de organização do discurso, a saber:
narrativa de experiência pessoal (o informante é solicitado a contar algo que tenha
acontecido com ele), narrativa recontada (o informante é solicitado a contar o que alguém
contou a ele), relato de procedimento (o informante é solicitado a relatar algo que saiba
fazer), relato de opinião (o informante é solicitado a dar sua opinião sobre alguns assuntos
polêmicos) e descrição de local (o informante é solicitado a descrever o local em que mais
gosta de ficar).
Assim como foi feito com os dados do corpus VARPORT, há um código para as
ocorrências analisadas, para que os dados sejam localizados mais facilmente. São eles:
modalidade da língua: língua falada L.F. ou língua escritaL.E.; variedade do
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português: português do Brasil –P.B.; nome do corpus: D&G; lugar onde foram coletados
os dados – Rio de Janeiro –RJ; grau de escolaridade do informante : 8ª série (8ªs), 2º grau
(2º g) e 3º grau (3º g); tipo de texto em que foi encontrada a construção de condição:
narrativa pessoal (NP), narrativa recontada (NR), descrição de local (DL), relato de
procedimento (RP) e relato de opinião (RO).
Veja-se uma exemplificação de uso do código adotado no exemplo a seguir:
(31)”a monarquia seria uma boa para o Brasil... porque durante a campanha... tantos/ eles deram
tantos exemplos do/ de países que deram certo... países que estavam arrasados... e deram/ e
levantaram... agora eso... bem... estão... com uma... alta economia... estão... conseguindo... né?
superar essa crise... eu acho que deveriam dar uma chance pro Brasil... também... e eu acho que...
se eu... tivesse na... na idade de votar já... eu votaria na monarquia parlamentarista... eu sou [a
favor...” (L.F./P.B./D&G/RJ/8ªs/RO)
3.1.3.Corpus Jornal O Globo
Finalmente, os textos coletados do corpus Jornal O Globo compõe-se de 50 editoriais,
especialmente, dos quais obtiveram-se 54 dados. Da mesma forma como se fez com as
ocorrências do corpus VARPORT e D&G, utiliza-se, também, um código para o
reconhecimento dos dados, a saber: L.E. Língua Escrita; P.B. – Português do Brasil;
EDIT editoriais; GLO - Jornal O Globo; 2005, ano de publicação do texto. Veja-se o uso
do código adotado no exemplo a seguir:
(30) “E se viver no abrigo para onde o menor eventualmente é levado é para ele pior do que
dormir debaixo de uma marquise, então a lei e a prática do Estado somam-se para perpetuar a
pior das situações. (L.E. / P. B./ EDIT/ GLO/ 2005)
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3.2. Metodologia de análise dos dados nos corpora
Em um primeiro momento de análise, levantaram-se as ocorrências de cláusulas
condicionais nos corpora investigados e anteriormente descritos, buscando-se, dessa
maneira, organizá-las com base em alguns critérios.
O primeiro deles consiste no grau de vinculação dessas cláusulas de condição. Nesse
contexto, foram contempladas todas as cláusulas de condição que apresentassem:
Ø conector prototípico, ou seja, aquelas condicionais introduzidas pelo conector SE;
Ø conector não-prototípico, ou seja, todos os outros casos de conectores que,
segundo a Gramática Tradicional, introduzem cláusulas que exprimem condição,
tais como, a não ser que, desde que, caso;
Ø conector prototípico de outra circunstância, isto é, nesta pesquisa é estudado,
especificamente, o conector quando e suas relões com a expressão de
condicionalidade;
Ø foram contempladas também as cláusulas que não apresentassem conector. Nesse
caso, consideraram-se as cláusulas reduzidas e todos os outros casos de
justaposição.
Todas as ocorrências de cada um dos casos antes descritos foram quantificadas além
de se verificarem as tendências de uso nos textos de língua oral e nos textos de língua
escrita, com o intuito de ressaltar sempre as semelhanças e diferenças de comportamento
sintático. Também, e principalmente, foi observada e estudada a ordenação dessas cláusulas
e sua relação com o grau de vinculação que assumem em um contexto específico.
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No segundo momento de análise (cf. 4.2.), descrevem-se as cláusulas de condição
coletadas nos corpora, levando em consideração as motivações informacionais desse(s)
uso(s). Para tanto, observa-se e analisa-se a ordenão das condicionais e sua relação com o
estatuto informacional, utilizando-se, para isso, as denominações propostas por Chafe
(1987), a saber:
Ø conceitos ativos, ou seja, informação dada no discurso, conhecida pelo falante, que
constitui ponto de partida para a introdução de uma nova informação na seqüência
textual;
Ø conceitos semi-ativos, que consistem em informação não explícita no contexto
lingüístico anterior, mas que pode ser facilmente inferível a partir das informões
contidas no texto, e
Ø conceitos inativos, que são considerados contdos informacionais novos em um
contexto lingüístico determinado.
No terceiro e último momento, a análise abrange os diversos modos de organização
discursiva: narração, descrição, injunção, argumentação, com o intento de propor uma
caracterização desses textos a partir do uso das cláusulas condicionais e de sua forma de
manifestão.
Por isso, houve maior preocupação em estudar os dados encontrados em textos de
caráter argumentativo, tendo em vista a sua funcionalidade nesses textos. Deu-se, tamm,
bastante atenção aos textos retirados do corpus D&G, a que se denomina Relato de
Procedimento, já que, nesses textos, observou-se um número considerável de ocorrências
de orações condicionais.
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Assim, a primeira parte desse último momento de análise trata somente do corpus
D&G, visto que, nesse corpus, os textos aparecem subdivididos segundo o seu modo de
organização discursiva, como se pôde verificar em 4.1. Em seguida, aborda-se o caráter
argumentativo dos editoriais investigados no corpus VARPORT e no corpus Jornal O
Globo, bem como nas seqüências dialogais entre informante e documentador extrdas
também do corpus VARPORT.
Com esta metodologia de análise, buscava-se comprovar as seguintes hiteses:
Hipótese geral
Ø As cláusulas condicionais são bastante produtivas em certos tipos de textos e sua
ordem varia em função do seu grau de vinculação e do seu estatuto informacional.
Hipóteses específicas
Ø Cláusulas condicionais encetadas por SE são, em geral, antepostas, ao passo que
cláusulas condicionais introduzidas por conectivos como ao ser que e desde que
são, na maioria dos casos, pospostas;
Ø O conector quando pode assumir, em determinados casos, valor condicional, e,
geralmente, assume posição anteposta;
Ø As cláusulas condicionais com ausência de conector (reduzidas e justapostas) não
apresentam mobilidade e aparecem sempre em posição anteposta;
Ø As cláusulas condicionais sem conector apresentam-se, mais comumente, em textos
de língua oral;
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Ø As cláusulas condicionais presentes em textos orais tendem a apresentar oração-
núcleo não-realizada, ao passo que as condicionais presentes em textos de língua
escrita sempre apresentam oração-núcleo realizada;
Ø As condicionais antepostas podem envolver, em seu conteúdo informacional, um
conceito ativo ou semi-ativo na memória do falante; além disso, há uma forte
tendência de as cláusulas condicionais pospostas introduzirem uma informação
nova no discurso, ou melhor, um conceito inativo;
Ø As condicionais são mais freentes em textos de caráter argumentativo;
Ø As cláusulas condicionais, em textos injuntivos, assumem características distintas
daquelas apresentadas em textos de teor argumentativo, como, por exemplo, a
marcão de polidez e de abertura às intervenções do ouvinte.
Reconhece-se que, embora a pesquisa trabalhe com um universo de textos de caráter
amostral, é suficiente para suscitar evidências de que as cláusulas condicionais são bastante
produtivas em certos tipos de textos e sua ordem varia em função do seu grau de vinculação
e do seu estatuto informacional.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O estudo das estruturas sintáticas isoladas de seu contexto sócio-interacional tem uma
tradição marcada nos estudos lingüísticos, tanto nas gramáticas normativas quanto em boa
parte dos estudos de orientação gerativista.
Embora essa análise seja coerente e produtiva para a compreensão de relações
sintático-semânticas no âmbito da sentença, não consegue apreender as diferentes nuanças
que surgem com o enfoque dado à construção do significado dentro de um contexto
discursivo.
Contrapondo-se a essa visão formal, uma série de estudos vem se preocupando com a
focalização das estruturas lingüísticas dentro de seu contexto interacional, observando o
quanto e como esse contexto tem participação efetiva na produção e na compreensão dessas
expressões lingüísticas.
A análise que aqui se apresenta inclui-se nesses estudos, que buscam entender e
analisar as estruturas dentro de um contexto comunicativo, interacional, pautando-se em
critérios que abordem as suas condições de uso.
Em 4.1., pretende-se estudar tais cláusulas do ponto de vista sintico-semântico,
vinculando sua estrutura ao seu significado no contexto em que se inserem. Para tanto,
serão consideradas as seguintes formas de manifestação dessas estruturas: condicionais com
elo prototípico, com elo não-prototípico, com elo característico de outra circunstância (no
caso, circunstância de tempo) e sem elo. Em 4.2., analisa-se a relação existente entre a
ordem em que as cláusulas condicionais aparecem na sentença e o seu estatuto
informacional. Em 4.3., estudam-se as construções condicionais vinculadas ao tipo de
seência (narrativa, argumentativa, descritiva e/ou injuntiva) em que estão inseridas.
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Ressalte-se que se maior atenção às seqüências injuntivas e argumentativas, devido à
maior ocorrência de dados nestes textos.
4.1. Graus de vinculação das cláusulas condicionais
Neste estudo, houve preocupação em apontar diferentes modos de articulação
sintica de orações que, de uma forma ou de outra, manifestassem uma relação de
condicionalidade. Propõe-se, nesse caso, um continuum de graus de vinculação, em que as
mais vinculadas seriam as condicionais com SE e as menos vinculadas seriam aquelas
condicionais que não apresentassem conector.
Nesse sentido, estabeleceu-se o seguinte critério para a alise das ocorrências nos
corpora:
Ø orões subordinadas adverbiais condicionais com elo prototípico (ou seja, as
orões encetadas pelo conector condicional por excelência, se);
Ø com elo não-protopico (isto é, aquelas orações condicionais introduzidas por
outros conectivos postulados pela Gramática Tradicional, tais como caso, desde
que, a não ser que);
Ø com elo prototípico de outra circunstância (no caso, estuda-se o comportamento
sintático-semântico do conector quando e os aspectos fronteiriços entre as cláusulas
temporais e condicionais);
Ø por fim, as cláusulas sem elo (nesse caso, incluem-se as cláusulas condicionais
formadas por redução (entendidas como um subtipo de justaposição) e por
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justaposição, nas quais a relação de condicionalidade é depreendida pelo contexto
pragtico-discursivo).
Assim, de acordo com os dados analisados, foram obtidos os seguintes resultados:
Gráfico 3:
GRAUS DE VINCULAÇÃO NAS CLÁUSULAS
CONDICIONAIS NOS
CORPORA
265
4
6
2
108
52
se caso ao ser que desde que quando sem conector
As cláusulas condicionais podem ser introduzidas por diferentes tipos de conector,
previstos pela Gramática Tradicional. Porém, nos corpora analisados, verificou-se que
determinados conectivos, como quando, a depender do contexto, poderiam também
vincular uma relação de condição entre as cláusulas. Além disso, também foram analisadas
as cláusulas condicionais formadas por ausência de conector, seja na forma reduzida seja na
forma justaposta.
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4.1.1. Elo prototípico
Constata-se, no que se refere ao emprego de conectivos nas constrões condicionais
desenvolvidas, como postula a Gramática Tradicional e que se pode também verificar no
gráfico antes mostrado, que o conector mais recorrente tanto na posição anteposta quanto
posposta é o conector prototípico SE. Note-se, entretanto, que SE ocorre mais
freqüentemente na posição anteposta, conformeressaltaram Neves (2000) e outros
estudiosos aqui já citados. Nos corpora analisados, encontraram-se 265 ocorrências desse
conector introduzindo cláusulas condicionais.
Observe a tabela a seguir:
Tabela 1: Distribuição de condicionais encetadas por SE nos corpora
VARPORT
D&G O Globo Total de Ocorrências
Fala 85 110 / 195
Escrita 7 32 31 70
Nos dados coletados, houve maior recorrência de constrões com SE na língua
falada, o que se explica devido, tamm, à maior ocorrência desse tipo de construção na
fala se comparada à escrita.
O que se pode afirmar, com base na análise do corpus D&G, especialmente, é que as
condicionais com SE são mais produtivas na língua oral e que, quando se transpõe o
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discurso falado para a língua escrita, essas condicionais tendem a desaparecer ou, pelo
menos, ocorrerem em menor freqüência. Observem os seguintes exemplos:
(31) “I: eu sei é pintar casa... aprendi com meu pai... a gente vai... vai... primeiro a gente pega
lixa... aquelas lixa grossa... e lixa a parede... pega aquela... eh... aquela massa... depois que lixou
tudinho que está/ que tiver tudo certinho... aquela massa branca... é argamassa... sei lá... é massa
de emassar... aquela massa branca põe... põe aquela massa... aí deixa secar de um dia pro outro...
se não tiver bom deixa mais... dois dias... aí vai/ dependendo da cor... e lá em casa a gente pintou
com branco... gelo... passamos gelo em cima e a parede fica conservada por um montão de
tempo...” (L.F./P.B./D&G/8ª/RP)
Como já se sabe, o corpus D&G é organizado de modo a se poder analisar as duas
modalidades da língua, oral e escrita: primeiro o falante relata oralmente um tema, em
seguida, escreve o que relatou. Dessa maneira, observa-se a seguinte versão escrita para o
texto antes transcrito:
(32) “Eu aprendi com meu pai a pintar uma casa; agora vou dizer como se faz.
Primeiro nós lichamos a parede com licha de parede até tirar toda massa; depois colocamos a
massa de parede para emaçar depois de dois dia estará pronta para pintar com tinta plastica.
(L.E./P.B./D&G/8ª/RP)
A condicional que aparece na fala não aparece nangua escrita, como se confere no
exemplo (32). Devido à improvisação do discurso, inclui-se, no primeiro caso, uma
informação que funciona como uma ressalva ao que se disse. Isso não ocorre na escrita, em
que não há tal improvisação e a condão de, em (32), a massa estar pronta é implícita ou
inexistente, já que o período de tempo expresso no texto de ngua escrita é alterado em
relação ao de texto de língua oral, de um para dois dias.
Tamm se pode verificar o mesmo procedimento nos exemplos seguintes:
(33) “E: Zé... conta pra mim uma história que tenha acontecido com você... que tenha sido alegre...
triste... engrada...
I: bom... no sábado passado... aliás... sábado retrasado... eu fui... botar um... um... um som numa
festa no shopping... e lá... tudo... encontrei com meus amigos e tal... nós estamos botando ... a
festa e tal... estamos lá na música... aí eu... virei pra um colega e faleivem cá... será que você
poderia deixar eu botar algumas músicas na festa também... pra que eu possa fazer propaganda do
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som... aí ele virou pra mim e falou assim “ué... tá bom... se você sabe mexer... você... (pô)...
bota... a festa...” mas... nisso... eu pensei que eles fossem ficar ali... quando eu virei pra trás... que
eu fui procurar eles... para... me entrosar no assunto... eles tinham sumido... conclusão... a música
já estava acabando... e eu tive que... que... sei lá... tive que... ver sozinho como é que fazia as
coisas... conclusão... moral da história... o som estava alto... eu botei uma música que não tinha
nada a ver... e todo mundo parou de desfilar... e ficou olhando pra minha cara...
(L.F./P.B./D&G/8ª/NP)
(34) O som no Shoping - bem, Em uma noite de sábado alugaram o meu equipamento de som para
por em um desfile de modas no shoping de campo grande, aconteceu um imprevisto Algumas horas
antes do desfile, quando eu fui tirar o som de casa para levá-lo ao shoping percebi que aquele não
era o equipamento em que eu estava acostumado a mexer, então me causou o maior problema na
hora do desfile, mas tudo bem. Fui levar ao shoping center o equipamento, quando voltei para casa
convidei alguns amigos para me ajudar com tudo já que era eles que fizeram o favor de trocar tudo
para me surpreender. (L.E./P.B./D&G/8ª/NP)
Nesse caso, o diálogo reproduzido na fala do entrevistado não foi reproduzido
também na escrita. O que ocorre é que, geralmente, quando se escreve, faz-se de forma
mais resumida, menos detalhada, o que possibilita a supressão das seqüências dialogais
existentes e freqüentes na fala. A parte inicial do relato, que foi muito mais detalhada no
texto de língua oral, em que se encontra a cláusula condicional, é resumida no segundo
texto, (re)escrito: Em uma noite de sábado alugaram o meu equipamento de som para um
desfile de modas em Campo Grande”.
Também se podem observar dados em que as condicionais aparecem em menos
proporção na modalidade escrita, embora ainda ocorram. Diferentemente do que ocorre nos
dois primeiros casos descritos, o que se pode conferir a seguir é a existência, sim, de
cláusulas condicionais com SE na escrita, porém, em menor freqüência.
(35)“I: eh... faço assim... tem uma borracha... uma borracha preta... pra colocar... pra colocar o
papel sobre... a borracha... pra/ se colocar o papel (em cima de uma) mesa... furar não dá... aí
coloca a borracha... aí coloca o... o papel vegetal sobre a borracha... aí ve/ aí bota a matriz em
cima... é uma matriz que já vem toda furadinha... aí você coloca e prende com quatro grampinhos
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pra quando você tiver furando
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o sair a matriz do lugar... você não se perder... aí você pega o
furador... fura... temrias formas... eh... no furinho... tem... forma de flor... eh... do dia das mães...
aí nesse que eu fiz pra minha colega... foi uma menina... deitada na grama... em vestido... bo/
lindo... rosa... aí o formato veio tudo numa menina... eh... assim... deitada na grama... aí eu fui...
furei tudinho com o furador... depois eu tirei os grampinhos que seguram a matriz... tirei a
matriz... aí peguei o papel vegetal... fui cortando... tudinho com a tesourinha... aí ficou o formato
direitinho de uma menina... aí eu furo de três vezes... porque se eu errar um... aí tem o outro... se
eu errar o outro tem o outro... aí se eu errar... aí não tem... aí eu furo três vezes... aí... você vai
com um lápis pastel... mas por trás do cartão... aí passa... assim... aí depois você passa o dedo... em
cima... aí você vira... aí sai lá... aí depois vopinta... com canetinha bem:: fraquinha... por trás
também... sempre por trás... se pintar pela frente estraga... a única coisa que você bota pela
frente... é o glíter... que você primeiro bota o esmalte incolor... por cima... e joga glíter... tipo
purpurina... sabe? aí você joga por cima... aí fica... grudadinho... às vezes você pode colocar o
glíter nas flores... né? pra dar um brilho diferente... você bota o... esmalte incolor nas pétalas das
flores e joga o glíter por cima... mas é bem simples... aí por trás você coloca uma folha de/ eh...
fina... tipo de papel de pipa... sabe? por trás... se você quiser escrever... se você quiser escrever
alguma coisa nessa folha pra sua colega... é só escrever...
E: sei... que história é essa de três furos? você falou que se errar o primeiro... [tem o segundo...]
I: [é::] três papéis... você pega os três... pega três folhas de papel vegetal... aí coloca... junta três...
bota em cima dessa borracha... que eu te falei... e coloca a matriz... e fura... quando você acabar
de furar... você tira a matriz... e você destaca... você tira uma folha da outra... aí vão ficar três
folhas... aí você pinta a primeira... aí caso você er/ erre... por exemplo você pintou uma... aí... onde
não é pra pintar de vermelho... você pintou... você errou... aí vo joga fora... aí já tem outra
pronta... entendeu?” (L.F./P.B./D&G/8ª/RP)
Nesse trecho, temos 11 ocorrências de condicionais, com diferentes graus de
vinculação, 6 delas introduzidas pelo conector SE. Observa-se apenas 1 caso de relação
condicional com ausência de conector (cf. 4.1.3.), devido às improvisações, próprias de
seências dialogais; 2 ocorrências de condicionais com quando, tratadas minuciosamente
em 4.1.2.; somente 1 ocorncia de condicional com o conector caso.
Tratando-se, em especial, das cláusulas encetadas pelo conector condicional por
excelência, pode-se dizer que as cláusulas com SE são mais freentes na fala, se
comparadas à escrita. Na escrita, totalizaram-se apenas 2 ocorrências de condicionais, todas
formadas pelo conector SE. A seguir, confere-se o mesmo texto, produzido pelo mesmo
falante, na modalidade escrita:
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Essa estrutura não foi destacada, por configurar um caso bastante problemático e, portanto, não ser possível
determinar se há ou não neutralização de traços entre as relações de condição e de tempo.
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(36) “O que sei fazer quase bem, é cartão de papel vegetal. Aprendi com meu cunhado. Nós
trabalhas com papel vegetal. fazemos convite de 15 anos, casamento, batizado, 1 ano, enfim tudo
quanto é tipo de festa. lembrancinhas para quem irá fazer 1 ano, fazer 1
a
comunhão, assim que o
bebê nascer a pessoa que visitar o bebê poderá sair de lá com uma lembrancinha que nós também
trabalhamos. Para se fazer um cartão de papel vegetal é muito fácil. Basta você pegar uma
borracha preta de preferência comprida, preta. Depois coloque o papel vegetal sobre a borracha e
em cima deste papel põe-se uma matriz toda furada em forma do desenho que vodesejar. se for
uma festa de 1 ano, e o tema da festa for do baby Disney basta você fazer a matriz em forma do
desenho do baby Disney, esta parte é muito fácil não acham? Depois de colocar a matriz sobre o
papel vegetal, venha com o furador, é um objeto metálico com ponta pontiaguda. Fure todos os
buracos sem deixar nenhum. Assim que furar, retire a matriz sobre o papel, e corte todos os
buracos do papel com tesourinha também pontiaguda. Depois de cortado, escolha um desenho de
seu gosto e repasse-o para o papel vegetal. Após repassado com caneta nanquim preta, pinte-o por
trás com canetinha e lápis pastel é um lápis tipo lápis de cera, mas o nome é pastel e custa mas
caro que o de cera. Depois de pintado se preferir, para dar mais vida ao caro decore-o com
glíter (porpurina) passe o esmalte incolor sobre o local desejado, pela frente e jogue o glíter por
cima, em seguida o glíter secará e grudará no cartão. Pronto assim que se faz um cartão em papel
vegetal.
Viram como é fácil?
Fim” (L.E./P.B./D&G/8ª/RP)
No entanto, o contrário também pode ser verificado: cláusulas condicionais com SE
foram encontradas na escrita, sem que tivesse aparecido na fala. Observe-se o trecho a
seguir:
(37) I: lugar que eu gosto de ficar é no meu quarto... eh... quando eu chego da escola... eu vou/
tomo um banho... almoço... aí vou pra lá... quando... quando não tem prova eu vou estudar...
quando tem prova eu vou estudar... quando não tem eu fico dormindo... ou então escutando
música... fico na minha cama... que meu quarto tem um armário... uma cama... tem televisão...
som... tem ou... outra cama do/ eh... no outro lado... que é uma pra mim...
( ) uma cama pra mim... uma pro meu irmão... aí tem um armário pra nós dois... ele lá/ tem
tapete... tem uma/ um frigo... frigobar... pequeno... tem eh... tem ventilador de teto... aí eh... a parte
que eu gosto mais de ficar é lá... vendo televisão à noite... assim... filme...
E: bacana... (L.F./P.B./D&G/8ª/DL)
Embora se possam verificar 3 casos de condicionais conectivas, não ocorre nenhum
caso de condicionais com SE. Agora, observe-se o texto transcrito a seguir:
(38) Quarto
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A parte da minha casa que eu mais gosto de ficar, é o meu quarto, é o lugar onde eu me sinto (+) a
vontade.
No meu quarto tem a minha cama e a do meu iro, tem um armário, som, televisam, carpete,
ventilador de teto e um frigo-bar.
Quando chego do colégio, quando tem prova no dia seguinte, eu vou estudar, mas no dia que não
tem eu vou dormi ou ver um filme se for bom. As vezes fico lendo um dos vários livros que tenho
pra passar o tempo. (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/DL)
Como se pode ver, na língua escrita, o mesmo texto inclui uma ocorrência de
condicional com SE, em posição posposta, o que possibilita interpretá-la como uma espécie
de ressalva àquilo que se disse, uma informação adicionada ao discurso o filme será
assistido, se, de fato, for bom.
Essa mesma ressalva pode ser percebida também nos textos próprios do discurso
jornalístico, como é o caso dos editoriais investigados, em que essas condicionais também
se apresentaram em posição posposta.
(39) “A gravidez precoce é fato que se tornou comum nas comunidades carentes, e não há como se
fechar os olhos para esse fenômeno preocupante, se realmente o país pretende reduzir de maneira
expressiva a pobreza e a miséria.” (L.E./P.B/EDIT/GLO/2005)
Com a condição de se querer reduzir de maneira expressiva a pobreza e a miséria, não
se poderá fechar os olhos para o fenômeno preocupante, que é gravidez precoce. Assim,
para a inclusão de uma informação aindao mencionada no texto e, portanto, tida como
novidade, a posição privilegiada é geralmente a posposição da condicional.
O mesmo ocorre no exemplo seguinte, em que a condicional funciona também como
uma ressalva ao que já foi mencionado. A condicional funciona como algo determinante
para a efetivão do que já se disse, ou seja, a contenção da “hemorragia” através do
pacote” confeccionado seria possível se o Congresso aprovasse a MP editada sobre o
assunto.
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(40) “O governo se agitou e confeccionou um pacote para conter uma hemorragia milionária no
falho esquema de concessão de auxílios-doença isso se a MP editada sobre o assunto for
aprovada pelo Congresso.” (L.E./P.B/EDIT/GLO/2005)
Outra constatão interessante é o fato de as condicionais com SE não apresentarem
orão-núcleo definida em alguns textos de língua oral, como já foi dito na seção 2.1.4., o
que não se observa nos textos de língua escrita. Observem-se os exemplos 24-26 retirados
do corpus D&G, comentados naFundamentão Teórica desta pesquisa:
(24)“se ele lutou... se ele trabalhou... se ele é empresário... e mereceu aquilo... tudo bem... agora
o caso é que eu acho que:: nós deveríamos... tirar um pouco da gente...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/RO/3ºg)
(25)“ele não pôs palavra na boc/ palavras na boca das pessoas e as pessoas também deixaram
tudo assim no ar... entendeu? foram levando... quer dizer... se ele achasse... bem... se ele não
deixasse amém... né?”
(L.F./P.B./D&G/RJ/NR/3ºg)
(26)“se alguém não pagar pra ele as passagens... quem é que vai pagar? se for o Governo...
ótimo... o Governo a gente paga imposto pra isso... pra ter nossos direitos reivindicados...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/RO/3ºg)
A partir desses exemplos, pode-se comprovar que, em dados de língua oral, podem
ser observadas algumas ocorncias de cláusulas condicionais sem orão-núcleo realizada.
Nesses casos, essas condicionais aparecem vinculadas a alguma expressão nominal, como
nos casos acima, tudo bem”, ótimo”, “bem, “amém.
Como já se disse na seção 2.1.4., nestes exemplos, o é possível destacar a oração da
qual seriam constituintes. Daí se dizer que são hipotáticas, uma vez queo
necessariamente precisam estar vinculadas a uma oração-núcleo. Nesse caso, são orações
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mais independentes do que, por exemplo, as orações substantivas, que são vinculadas à
outra oração da qual são constituintes, embora menos
dependentes que as paratáticas.
Tal fato não ocorre, geralmente, nos textos de ngua escrita analisados nos corpora,
visto que, em geral, são textos sem improviso, e, por isso, sempre apresentam oração-
cleo realizada. São os casos, por exemplo, dos editoriais retirados do corpus Jornal O
Globo, os editoriais extraídos do VARPORT e todos os textos de língua escrita
apresentados no corpus D&G. Tal fato também foi comentado por Hirata (1999), ao
analisar três tipos de textos ou Literaturas, denominados, pela autora, Dramática, Técnica e
Oratória. Segundo Hirata (1999), na Literatura Dramática, em que as seqüências se
aproximam da fala, as cláusulas condicionais nem sempre apresentam oração-cleo, o que
inexiste nas outras literaturas, em que os textos devem ser mais claros, mais bem
elaborados e, portanto, não existem orações incompletas”. O mesmo ocorre nos corpora
analisados nesta pesquisa: os textos de língua falada, devido à maior informalidade, tendem
a apresentar prótases sem oração-núcleo definida. O mesmo não ocorre com os textos de
língua escrita, nos quais inexistem ocorrências de cusulas condicionais sem oração-núcleo
realizada.
Tendo em vista que a ordenação das cláusulas condicionais coletadas nos corpora
desta pesquisa será estudada posteriormente, limita-se aqui a somente apontar distinções
entre o comportamento sintático-semântico das cláusulas condicionais encetadas pelo
conector SE nas modalidades escrita e falada da língua.
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4.1.2. Elos não-prototípicos
Os elos não-prototípicos são os outros conectores condicionais postulados pela GT,
com exceção do SE. Assim, nos corpora analisados, encontraram-se os seguintes
articuladores sintáticos que exprimem relação de condão entre sentenças: a não ser (que),
desde que e caso.
Com base na análise dos dados dos corpora, devem-se fazer algumas considerações a
respeito do emprego desses conectivos em especial. Eis algumas constatações:
1- Conectores como a não ser que o foram encontrados na modalidade escrita.
Totalizaram-se, nos corpora, 6 dados de cláusulas condicionais encetadas pelo
conector a não ser que. No corpus VARPORT, foram encontradas 3 ocorrências e no
corpus D&G, também 3 ocorrências. Nenhum caso de condicional com a não ser que foi
encontrado no corpus Jornal O Globo. Observem-se alguns dados com a não ser que
extraídos dos corpora:
(41) “daqui a alguns anos vai ser praticamente impossível você entrar numa faculdade... a não ser
que seja federal...” (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
(42) “o tem como chegar... a não ser que conheça alguém... (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
(43) “(...)Não usam o espinhel também né? a não ser que deixe o espinhel só no mar.
(L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-1m-002)
(44) “normalmente eu chamo de senhor/senhora...independente da idade eu... a não ser que seja
muito novo eu não chamo de senhor” (L.F./P.B./DIAL /Oc-B-9C-1m-001)
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Segundo Neves (2000:845), as cláusulas condicionais introduzidas pelo conector a
não ser que equivalem a uma condição necessária e suficiente, assim como denotam as
cláusulas condicionais introduzidas pela locução conjuntiva desde que, porém com inversão
de polaridade. Também se deve destacar que a condicional, nesses casos, é geralmente
posposta, como se pode notar nos exemplos (41), (42), (43) e (44).
Com a inversão de polaridade, o que se observa, por exemplo, em (41), é que
1- daqui a alguns anos será possível você entrar numa faculdade, se for federal;
2- nada que não represente “ser federal” tornará possível a entrada numa faculdade.
O mesmo ocorre com os demais exemplos; (42) pode ser interpretado da seguinte
forma:
1. tem como chegar, se conhecer alguém;
2. nada que não represente “conhecer alguém” tornará possível a chegada.
Para o exemplo (43), tem-se o seguinte raciocínio:
1. usam o espinhel, se o deixar no mar;
2. nada que não represente “deixar no mar torna possível usar o espinhel.
Por fim, para o exemplo (44), é possível a seguinte interpretação:
1. não chamo de senhor, se for muito novo;
2. nada que não represente “ser muito novo” tornará possível não chamar de senhor.
2- Conectores como desde que apresentaram uma
ocorrência de língua oral e
uma
ocorrência de língua escrita.
Também vale acrescentar que o conectivo desde que tem uso diferente dos demais
encontrados no corpus. Neves (2000) afirma que este conectivo tem maior força
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argumentativa e, desse modo, a autora associa a maior foa argumentativa de desde que
ao fato de este conector obedecer à condição necessária e suficiente (= somente se)” (Cf.
Neves, 2000:843). No único dado encontrado no corpus VARPORT, a condicional aparece
posposta à oração principal. Veja-se o exemplo:
(45) “I- dá pra pescar que desde que desde que não tenham pedras altas.”
(L.F./P.B/DIAL/Op-B-90-3m-002)
Uma única ocorrência é observada no corpus D&G de língua escrita, também em
posição posposta:
(46) É uma escie de macarrão que vem em uma embalagem plástica geralmente para uma
pessoa, podendo até ser para duas ou três, desde que satisfa o apetite de cada uma.”
(L.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
3 - O conector caso apresentou 3 dados em textos de língua escrita e apenas 1
dado em textos dengua falada.
No corpus Jornal O Globo, encontraram-se 2 ocorrências de condicionais introduzidas
pelo conector caso. No corpus D&G, foi encontrada apenas 1 ocorrência. Vejam-se os
exemplos a seguir:
(47) “Todos que apresentarem notas fiscais correspondentes a pelo menos dez vezes o valor do
serviço não pagarão pelo estacionamentocaso a Governadora Rosinha Garotinho sancione a
lei.” (L.E./P.B/EDIT/GLO/2005)
(48)Caso a Governadora aceite a lei, será uma questão de tempo a suspensão dela pela Justa.”
(L.E./P.B/EDIT/GLO/2005)
(49) “... você pega os três... pega três folhas de papel vegetal... aí coloca... junta três... aí bota em
cima dessa borracha... que eu te falei... e coloca a matriz... e fura... quando vo acabar de furar...
você tira a matriz... e você destaca... você tira uma folha da outra... aí vão ficar três folhas...
você pinta a primeira... aí caso você er/ erre... por exemplo você pintou uma... aí... onde não é pra
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pintar de vermelho... você pintou... você errou... aí você joga fora... aí já tem outra pronta...
entendeu? (L.F./P.B./D&G/RJ/8ª/RP)
No primeiro caso, a oração condicional assume a posição posposta à oração-núcleo;
nos demais, a anteposição é a posição privilegiada pelas construções de condição com o
conector caso.
Os exemplos (47) e (48) foram extraídos do mesmo editorial, publicado no Jornal O
Globo. Antecipando os comentários a respeito dessa mesma ocorrência feitos em 4.2., que
trata da relação entre a posição das cláusulas condicionais e o conteúdo informacional
veiculado por elas, pode-se dizer que a cláusula que aparece no exemplo (51) retoma uma
informão mencionada na seqüência textual e aparece em posão anteposta como um
recurso de coesão, uma estratégia de retomada de uma informação conhecida para o
assentamento de uma novidade no texto. A partir de uma informação já conhecida, que
funciona como um ponto de partida A governadora aceitar a lei , inclui-se uma nova
informação. O exemplo (48), ao contrário, apresenta a condicional em posição posposta
pelo fato de constituir uma informação adicionada ao texto.
Através desse exemplo, pode-se entender como se organiza o texto: num movimento
para trás e para frente, ou seja, através de informações conhecidas, de retomadas, que
funcionam como pontos de partida, acrescem-se outras tidas como novidade naquele
momento.
Como já se disse, essa questão de ordenação de cláusulas condicionais será tratada
mais adiante. O que se pretende aqui é fazer um levantamento dos dados coletados nos
corpora, em relação às modalidades da língua, oral e escrita, no que tange às orações
condicionais consagradas pela Gramática Tradicional.
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4- Não foi verificada a ocorrência de um conector especificamente em dados de
língua falada.
4.1.3. Condicionais e temporais: aspectos fronteiriços entre SE e QUANDO
Como já se pôde conferir, esta pesquisa visa a uma abordagem de distintas formas de
manifestão de condição em português, em especial aquelas sob forma de sentenças.
Nessa perspectiva, além das orações que tradicionalmente são classificadas como
condicionais, podem-se encontrar constrões condicionais encabeçadas por conectivos
que, prototipicamente, iniciam orações que constituem outros tipos de circunstância. Isso
ocorre, por exemplo, em orações encabeçadas pela conjunção “quando”, que, a depender de
certos traços, podem estabelecer relação de condição entre cláusulas.
Embora a priori as difereas entrese” equando pareçam claras, percebe-se que,
quando se tenta explicá-los nas nguas ou caracterizá-los exaustivamente em uma mesma
língua, essa não é uma tarefa tão fácil como se imagina. Isso porque não constrões
específicas em que muitos desses termos possam ser realmente aplicáveis. Dessa forma, a
depender do contexto, uma cláusula pode ter tanto uma interpretação condicional ou
temporal, por exemplo, mesmo quando a relação adverbial vem marcada por uma
determinada conjunção, considerada típica de uma ou outra interpretação. Pode-se dizer,
diante disso, quesobreposição, ou ainda, neutralização desses uso(s), tornando-se difícil
indicar de qual categoria se trata, o que impede a determinação de um sistema de
classificação e uma análise apropriados.
Harris (1986) afirma que uma frase temporal relacionada a um tempo passado ou
presente ou futuro, com uma leitura não duvidosa ou contrafactual, pode equivaler a uma
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condição real. as orações temporais que não têm como certa uma verdadeira realização
o equivalentes a uma condição eventual. Disso se segue que as conjunções condicionais
o freqüentemente usadas com valor temporal e que as conjunções temporais são, não
raro, mais bem interpretadas condicionalmente. São exemplos do autor:
Se ele de fato veio, ainda assim o solucionou os problemas.
Dado que de fato ele veio, ainda assimo solucionou os problemas.
Embora ele de fato tenha vindo, ainda assimo solucionou o problema.
Quando ele veio, ainda assim o solucionou os problemas.
O que se propõe, nesta pesquisa, como várias vezes explicitado, é uma abordagem
funcional-discursiva da relão hipotática de condição, no português brasileiro. Sabe-se que
a análise tradicional das cláusulas adverbiais condicionais pauta-se no pressuposto de que
sua classificação sempre estaria relacionada à conjunção que a encabeça. Tal análise
mostra-se inadequada e insuficiente, entretanto, poro captar, na articulação das cláusulas
com a porção de texto adjacente, outros tipos de relação que poderiam ser inferidos a partir
do contexto em que a sentença é encontrada.
Alguns gramáticos tradicionais, como Bechara (1987), já atentaram para a
multiplicidade de relações exibidas pela articulão de cláusulas, como visto em 2.1.1.
Dessa forma, o autor aponta que, além de expressarem condição, são também capazes de
encerrar idéias de eventualidade, concessão, tempo, sem que se que consiga delimitar esses
vários campos de pensamento.
O mesmo pode acontecer com as cláusulas temporais: em muitos casos, podem ser
entendidas como condicionais, a depender de certos traços que apresentem. São levadas em
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consideração, nesse caso, as inferências de caráter pragmático que viabilizam que as
sentenças classificadas como temporais sejam interpretadas de forma similar, em
determinados contextos, às condicionais.
Neves (2000:831) também admite a possibilidade de mescla da não de
condicionalidade a uma outra noção, no caso, temporal, expressa por outro conectivo, o
quando”. A autora também defende que as construções com “quando, que admitem
leitura condicional, são aquelas em que ocorre simultaneidade e que acolhem o traço não-
lico, ou seja, o aspecto imperfectivo. Vejam-se os exemplos a seguir:
(50)a gente quando precisava de alguma coisa (então) não tinha um apoio (...) a gente pagava a
ele e ele gastava né”. (L.F.-P.B.-DIAL.-Op-B-90-
1m-007)
(51) “quando chegava algum filme lá... (então) era filme que já tinha passado aqui na cidade um
tempão...” (L.F.-P.B.-DIAL.-Oc-B-9C-001)
Os exemplos (50) e (51) ilustram a teoria que descreve a possibilidade de relação de
condição por interdio de orões encabeçadas pela conjunção “quando”. Nos dois casos
transcritos, os verbos das orações condicionais apresentam o traço não-télico, precisava” e
chegava”. Além disso, nos dois exemplos, pode-se observar simultaneidade de ações entre
a prótase e a apódose. Em (50), pode-se entender que as duas ações descritas de precisar
de alguma coisa” e de “não dar apoio acontecem em um mesmo momento, ou seja, são
simultâneas. Assim, se pode concluir a partir do exemplo descrito que, ao mesmo tempo em
que se precisa / precisava de alguma coisa, esse apoio é / era negado.
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No exemplo (51), ocorre também simultaneidade entre a informação contida na
prótase e a informação contida na apódose. Dessa maneira, pode-se entender que ao mesmo
tempo em que o filme chega lá, se pode constatar que se trata de filme antigo.
Assim, tais orações poderiam ser reescritas da seguinte forma:
a gente se precisava de alguma coisa o tinha um apoio (...) a gente pagava a ele e ele gastava
né”
se chegava algum filme lá... era filme que já tinha passado aqui na cidade um tempão...
Pode-se afirmar, portanto, que as sentenças condicionais e temporais possuem
aspectos inter-relacionados. Sabe-se que constrões nas quais os eventos antecedentes
designam ocorrência certa são introduzidas pela conjunção quando” e os de ocorrência
incerta, pela conjunção “se”. Por outro lado, em alguns contextos, essa diferea sutil de
significados desaparece, sendo admissível a troca de uma conjunção por outra, sem que o
sentido expresso pela sentença subordinada seja alterado (Dias&Vanderlei, 1999; Reilly,
1986). Nesse caso, diz-se que ocorre superposição de significados entre as sentenças
temporais e condicionais. Como já foi ilustrado anteriormente, há algumas ocorrências nos
corpora em questão em que isso ocorre:
(52)“quando você tem um bonito peixe GRANDE...faz ASSADO...no FORNO...é uma delícia
recheado com farofa”. (L.F.-P.B.-DIAL-Oc-B-70-2f-001)
Se você tem um bonito peixe GRANDE... faz ASSADO... no FORNO... é uma delícia recheado com
farofa.
(53)“quando nós estamos assim perto da do mar se a gente joga alguma coisa no mar e ela vai lá
pra baixo ela vai pra onde?” (L.F.-P.B.-DIAL-Op-B-90-3m-002)
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Se nós estamos assim perto do mar se a gente joga alguma coisa no mar e ela vai lá pra baixo ela
vai pra onde?
A superposição de significados se dá quando se pode substituir uma conjunção por
outra sem alteração da relação de sentido entre as sentenças em estudo, como se observa na
substituição de quando em (52) e (53) por se. Tal análise faz-se necesria na pesquisa que
ora se realiza por conta da significativa ocorrência dessas constrões nos corpora,
evidenciando que os enunciados que expressam relação de condição em português
constituem-se também de orações temporais, que, além de sua habitual forma de
interpretação, pode incluir a relação de condição. Veja-se, a seguir, a distribuição das
cláusulas de valor condicional encetadas pela conjunção quando nos corpora utilizados:
Gráfico 4:
Como se pode conferir pelo gráfico 4, não se encontraram cláusulas adverbiais
condicionais iniciadas pelo conector quando no corpus VARPORT escrito, ou seja, nos
48
15
36
0
0
9
0
10
20
30
40
50
D&G VARPORT Jornal O Globo
ENCETADAS POR QUANDO
Fala
Escrita
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editoriais que datam de 1975 a 2000. Todavia, são freqüentes em textos retirados do corpus
D&G, com 48 ocorrências em textos de língua falada e 15, nos de língua escrita. Os textos
de língua oral do corpus VARPORT totalizam 36 dados e a análise dos editoriais do Jornal
O Globo, 9 ocorrências.
Reilly (1986) declara que, entre sentenças condicionais e temporais, existem traços
que as aproximam:
1. ambas desempenham papéis de sentenças subordinadas, vinculando eventos
simultâneos ou seqüenciais, assim como já afirmara Neves (2000);
2. freentemente, implicam uma relação causal entre os eventos;
3. m mobilidade na oração, ou seja, podem ser antepostas ou pospostas à
orão principal.
No entanto, como já afirma Hirata-Vale (1999:97), uma diferença significativa entre
esses dois tipos de sentença é refletida pelas partículas quando e “se”. Segundo a autora,
quando implica certeza, ou, pelo menos, a expectativa do falante sobre a ocorncia do
evento expresso pela oração antecedente, enquanto se assinala a suposão do emissor a
respeito do evento antecedente. A ocorrência do evento expresso no antecedente é, desse modo,
uma possibilidade a ser considerada. Em suma, a atitude do emissor em relação ao evento ou
estado antecedente, tomando-o como um fato ou meramente supondo a possibilidade de sua
existência, é o critério de distinção entre estruturas com “quando ou com se”.”
Vejam-se os exemplos da modalidade oral, do português brasileiro, que se seguem:
(54)quando há temporal eles são obrigados a dar o abrigo ao pescador”.
(L.F.-P.B.-DIAL-Op-B-90-3m-002)
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(55)quando vê a trovoada que ela está se preparando pra vir a gente puxa a rede”.
(L.F.-P.B.-DIAL-Op-B-90-3m-002)
(56)quando saio pra pescar eu procuro sempre lugar mais fundo”.
(L.F.-P.B.-DIAL-Op-B-90-3m-006)
(57)quando às vezes assim muda o tempo de repente o mar começa a agitar enche até aqui
vocês dizem que aconteceu o quê?” (L.F.-P.B.-DIAL-Op-B-90-3m-006)
Os exemplos (54), (55), (56) e (57) ilustram os três traços descritos anteriormente. Os
quatro segmentos oracionais destacados nos exemplos desempenham papéis de orações
subordinadas, segundo a GT, isto é, o sentenças que desempenham função sintica de
adjunto adverbial dentro de outra oração (que a ela se segue, nos exemplos),
hierarquicamente superior chamada, tradicionalmente, de oração principal. Deve-se
lembrar, no entanto, que a proposta funcionalista questiona tal postura tradicional, como
vimos na Introdução, e entende que nem sempre as cláusulas adverbiais devem ser
consideradas encaixadas, devido à sua mobilidade e função discursiva.
Os exemplos antes transcritos ilustram casos de eventos que são simultâneos ou
seqüenciais. Por exemplo, na ocorrência transcrita em (54), ao mesmo tempo em que
temporal, no primeiro caso, são obrigados a dar abrigo aos pescadores. No exemplo (55),
nota-se que se puxa a rede, no momento em que vê que a trovoada está se preparando para
vir; no exemplo (56), a simultaneidade de ações é percebida quando o falante diz que assim
que sai, procura lugar mais fundo; por fim, no exemplo (57), a simultaneidade é percebida
quando se possibilita a interpretação de que no momento em que o tempo muda, o mar
começa a se mostrar agitado, pode-se inferir que aconteceu algo.
Do mesmo modo, os quatro fragmentos (orações condicionais) destacados nos
exemplos anteriores implicam uma relação causal entre os eventos mencionados. Isso
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porque se pode inferir a dependência de um acontecimento em relação ao outro: um
segmento expressa a condição para o conteúdo de um outro, de forma que se um é
verdadeiro, o outro também o será. Há uma relação de causa, embora seja uma causa
hipotética. Enfim, a condicionalidade implica sempre a admissão de uma possível causa
para uma conseqüência identificada.
Sobre o terceiro item explicitado anteriormente, sabe-se que as orações subordinadas
adverbiais condicionais, em geral, desempenham função de adjunto adverbial da oração a
que se subordinam e, assim como a maior parte dos advérbios, possui mobilidade na
orão. Podem antepor-se ou pospor-se à oração principal. Também estas cláusulas
desempenham funções discursivas, orientam o discurso, o que explica sua mobilidade no
enunciado. Nos exemplos anteriores, todas as orações aparecem antepostas à principal.
Além disso, esses tipos de construção sintática aproximam-se do ponto de vista
semântico e, segundo Traugott (1985), têm origem no desenvolvimento histórico dos
marcadores condicionais. Se for recuperado em muitas línguas, percebe-se que essa relação
se manifesta: as palavras de origem temporal representam a fonte lexical mais comum
para os marcadores condicionais. No inglês, por exemplo, o temporal when serve tanto à
sua velha função temporal quanto à nova fuão de condicional. Por isso, Traugott (1985)
afirma que são uma das fontes lexicais para a formação de marcadores condicionais as
palavras que expressam a noção temporal duração (‘por um tempo’) ou, ao menos, aquelas
que são, como a palavra “quando”, ambíguas entre os significados durativo e não-durativo,
ou, em outras palavras, entre o aspecto durativo e não-durativo.
É sabido que o conectivo quando, nos exemplos anteriores, possibilita uma segunda
inferência que ele, por sua vez, não está apto a explicitar prototipicamente. A decisão, no
caso, para qual inferência (tempo ou condição) é predominante no exemplo estudado só é
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possível através do contexto, ou seja, no nível do discurso, para o que a análise tradicional
é, portanto, insuficiente.
Encontraram-se também dados com esses usos de quando na língua oral e nangua
escrita, no corpus D&G/RJ e nos editoriais do Jornal O Globo, respectivamente:
(58) “o lugar onde eu mais gosto de ficar é no meu quarto... né? na verdade não é meu quarto... é
meu e do meu irmão... né? tem uma beliche assim... logo na entrada na porta... do lado... perto da
janela tem uma beliche... né (...) a gente toca ali... eh... deixa o nosso instrumento... violão... um
radiozinho onde a gente... às vezes costuma ficar escutando... temos apenas um circulador... e às
vezes até diminui... porque quando está calor... chega a diminuir o quarto mais ainda... por ser ele
pequeno... ainda fica mais espaço do circulador... (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/DL)
(59)Quando se sabe que os encargos trabalhistas representam pouco mais de 100% da folha de
pagamentos das empresas, entende-se por que 60% dos que trabalham no Brasil eso no mercado
informal, sem carteira assinada. (L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
Como se pode ver, independentemente da modalidade, do gênero e da seqüência
textual em que ocorram, o fator mais importante na forma como os conectivos apresentados
em português ocorrem é o tempo verbal. Dias & Vanderlei (1999) já haviam constatado que
o “quando se refere a situações nas quais o antecedente é considerado como certo e, por
conseguinte, o conseqüente acontecerá.
Os autores afirmam, diferentemente do que apresenta Neves (2000), que, no tempo
presente, as conjunções quando e “se são intercambiáveis. Em outras palavras, o tempo
verbal em que a oração está expressa é a variável que influencia mais fortemente a
aproximação desses dois tipos de sentença. A superposição semântica no presente decorre
da alteração no significado do “se” que, nesse tempo verbal, transmite maior certeza do que
no passado e no futuro. Conferem-se os exemplos a seguir:
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(60)quando você vende o peixe você vende direto pras pessoas que vão comer ou você vende pra
uma pessoa que vai vender?
(L.F.-P.B.-DIAL-Op-B-90-1m-007)
(61)quando quan/ quando é um peixe bom bom a gente tira pra gente a gente mesmo a gente
pega ele abre ele quando quer um peixe salgado a gente abre ele e salga ele”
(L.F.- P.B.- DIAL-Op-B-90-1m-007)
Assim, as orações destacadas em (60) e (61) poderiam ser transcritas, sem prejuízo de
entendimento por parte de um interlocutor, da seguinte forma:
Se você vende o peixe vo vende direto pras pessoas que vão comer ou você vende pra uma
pessoa que vai vender?
Se é um peixe bom bom a gente tira pra gente a gente mesmo a gente pega ele abre ele se quer um
peixe salgado a gente abre ele e salga ele.
Além de serem consideradas as propostas de Dias & Vanderlei (1999), segundo a qual
o tempo verbal – presente pode ser considerado uma variável que influencia a
aproximação entre os dois tipos de sentença, e Neves (2000), que afirma ser o aspecto
imperfectivo o que, dentre outros fatores, possibilita leitura condicional das construções
com quando, levou-se em consideração outras características verbais. Por exemplo, o
modo subjuntivo do verbo, em construções como
(62)Quando a batata estiver boa, tira e põe sal.” (L.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
Pode-se admitir um esvaziamento semântico ou neutralizão, nesse caso, devido ao
fato de se poder cambiar uma conjunção por outra, como em
Se a batata estiver boa, tira e põe sal.
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Também ocorre uma relão causal: a partir do momento em que o antecedente é
verdadeiro (a batata estar, realmente, boa), então, o conseqüente o será (dever-se-á tirar e
pôr sal). Constitui-se um evento seqüencial, nesses casos e, por isso, pode-se receber
interpretação condicional, segundo Reilly (1986).
Em seus estudos sobre a condicionalidade em português, Hirata-Vale (1999) também
constata que as condicionais podem receber leitura temporal ou vice-versa. As variáveis
que, segundo ela, contribuiriam para essa superposição seriam a simultaneidade entre os
eventos descritos nas duas cláusulas e o conteúdo factual. Assim, em ocorrências como
(63)quando é mulher eu digo:-Ô mocinha! (L.F./P.B./DIAL/Oc-B-9C-1m-001)
(64)quando está calor...chega a diminuir o quarto mais ainda...por ele ser pequeno...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/DL)
percebe-se, claramente, uma simultaneidade entre os eventos enunciados nas duas
cláusulas: ao mesmo tempo em que se constata que “é mulher”, o enunciador diz “ô
mocinha. O mesmo ocorre no exemplo (64), em que se pode conferir simultaneidade em
relação aos eventos expostos: no momento em que a temperatura do tempo está alta e,
portanto, faz calor, o quarto chega a ser diminuído mais ainda. Além disso, o contdo das
duas sentenças é factual pelo fato de sua realizão ser completamente possível.
Nos corpora analisados ainda fez-se o levantamento das ocorrências de quando, em
relação às características apresentadas pelo verbo da oração em que este se encontra:
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Gráfico 5:
TEMPOS VERBAIS NAS CLÁUSULAS CONDICIONAIS COM
QUANDO
2
3
18
8
102
0
20
40
60
80
100
120
Presente do
Indicativo
Pretérito
Imperfeito do
Indicativo
Futuro do
Subjuntivo
Prerito Mais-
que-perfeito do
Subjuntivo
Pretérito
Perfeito do
Indicativo
Como já afirmou Hirata-Vale (1999), o conteúdo factual das sentenças seria um
determinante na leitura de construções com quando, com valor condicional. Isso se
comprova na análise dos corpora desta pesquisa, nos quais foram encontradas 102
ocorrências de cláusulas condicionais encetadas pelo conector quando, apresentando o
tempo verbal presente do indicativo.
Os outros tempos verbais assinalados no gráfico 5 foram pouco encontrados, como se
pode ver, mas algumas observações devem ser feitas. Em primeiro lugar, a leitura
condicional para as constrões encabeçadas pelo conector quando, cujo verbo se apresenta
no pretérito mais-que-perfeito do subjuntivo, pode ser comprovada, por exemplo, em
ocorrências em que há hesitação do falante e dúvida explícita no uso de um ou outro
conector. Veja-se o fragmento:
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(65)“...minha mãe falou que talvez...quando eu passasse / se eu passasse pro segundo grau...ela ia
me voltar pra lá...” (L.F./P.B./D&G/RJ/8ªs/RO)
Outra ocorrência que se deve mencionar e que não foi assinalada no gráfico 5 é a de
quando + formal nominal de particípio, cuja única ocorrência nos corpora analisados é a
seguinte:
(66)“De tudo isso resta também a certeza de que acordos políticos costurados em nome da
governabilidade são legítimos quando lastreados em idéias e não em troca de favores.”
(L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
Ainda se pode observar uma ocorrência no corpus D&G de construção condicional
formada a partir da combinação dos conectivos a não ser e quando, a saber:
(67)tipo...eu tenho uma renda que vem do meu pai... e a gente sente um pouco a situação como é
mas... não tem... não tem muito como interferir... não tem muito como fazer nada a respeito... né?
Porque está... está um pouco fora do alcance... a não ser ((riso)) a não ser quando... saem tipo... os
movimentos que... que nem teve aqui dos cara-pintadas... né?pra botar... o Collor pra fora e tal...
são movimentos assim que... requer muita gente...” (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
O que parece, a partir da análise dos exemplos antes apontados, é que, como já havia
afirmado Decat (2001:123), ocorre um “esvaziamento semântico” de algumas conjunções -
quando, por exemplo - ou locuções conjuntivas e que esse esvaziamento pode ser
observado não só nangu
a oral, em que é mais comum, mas também na
língua escrita, como já foi mostrado.
Quanto à ordenação dessas cláusulas no enunciado, pode-se afirmar que a posição
mais freqüente das constrões de condição encetadas por quando é a anteposição.
Contudo, também foram encontrados casos de condicionais encabeçadas pelo conectivo
quando na posição posposta à oração-núcleo. Veja-se a tabela seguinte:
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Tabela 2: Ordenação de cláusulas condicionais com QUANDO
Fala Escrita
Anteposição Posposição Anteposição Posposição
D&G 37 5 14 7
VARPORT 30 6 / /
O Globo / / 5 4
Como se pode conferir, a posição anteposta é a mais freqüente nos casos de orões
encabeçadas pelo conector quando, assim como ocorre com aquelas encabeçadas pela
conjunção condicional por excelência, se. Observa-se, também, que, no Jornal O Globo, as
ocorrências de condicionais com quando pospostas e antepostaso equilibradas – 4 casos
de posposição e 5 de anteposição. Diferença marcante de comportamento se pode observar
no corpus D&G de língua falada, em que se coletaram 37 dados de anteposição e 5 de
posposição.
Desse modo, é posvel concluir que a relação adverbial condicional, assim como
todas as outras, é dada pela relação que se manifesta entre as cláusulas no discurso. Os
casos de hipotaxe de realce formam um contínuum, dentro do qual não há divies claras e
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definidas. A conjunção condicional “se pode receber leituras diferentes, que dependem
tanto do ambiente sintático como de fatores discursivos.
Uma análise bem-sucedida dessas construções deve ser calcada nas inferências
suscitadas por meio da análise da porção de texto em que a cláusula condicional se insere.
Existem, portanto, possibilidades de diferentes inferências entre as cláusulas iniciadas por
um único tipo de conjunção. O que importa, então, nesse caso, é o tipo de proposição
relacional que emerge da articulação de cláusulas, isto é, o cotejo dos períodos entre si, e
o a marca lexical dessa relação. O conectivo não é o responsável pela classificação das
orações, visto que um mesmo conectivo pode ser usaado em contextos diferentes. A marca
do conectivo restringe-se à função de estabelecer um elo entre duas porções textuais ou, nos
termos de Chafe (1988), entre unidades informacionais. A relação de hipotaxe também
poderá ser materializada por intermédio de outros tipos de elo, abordados mais adiante, tais
como a pausa, que poderá se mostrar relevante para a determinação da inferência resultante
da relação hipotática adverbial condicional.
4.1.4. Articulação de cláusulas condicionais com ausência de conector
O estudo realizado nesta pesquisa considera, além das orações subordinadas
adverbiais desenvolvidas, as orações que estão relacionadas entre si pela noção de
condicionalidade, embora não haja um conector condicional para estabelecer tal conexão.
Isso pode ser observado, geralmente, em construções formadas por redução, além daquelas
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justapostas, em que a noção de condicionalidade é depreendida facilmente pelo contexto
pragmático-discursivo.
Diz-se que uma sentença complexa é estruturada por justaposição quando uma
sentença se apõe à outra, sem qualquer nexo conjuncional:
(68)Vai tomar um banho de mar, o mar está poldo.”
(L.F.-P.B.-DIAL.-Oc-B-70-2f-002)
A partir da construção anterior, pode-se inferir uma relação de condição, embora não
haja um conector que torne mais fácil sua identificação. A conjunção, nesse caso, não
aparece, e uma orão se apõe à outra, sem nenhum nexo conjuncional. Contudo, a partir da
disposição do enunciado, pode-se depreender seu valor condicional. Assim, pode-se
interpretar a construção (68), com algumas modificações em relação à marca verbal e
inserindo algum conector que seja previsto pela Gramática Tradicional, como:
Caso vá tomar banho de mar, o mar está poluído.
Neste trabalho, foi possível verificar a ocorrência significativa dessas construções
nos corpora, como ilustra o exemplo (68) e, por isso, decidiu-se estudá-las separadamente.
Veja-se a disposição das cláusulas condicionais com ausência de conector nos corpora
analisados:
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Tabela 3: Cláusulas condicionais com ausência de conector
Cláusulas
Justapostas
Cláusulas Reduzidas
D&G 21 2
VARPORT 13 1
O Globo 4 11
Total de ocorrências 38 14
Somam-se, nos corpora analisados, 52 ocorrências de cláusulas adverbiais de valor
condicional com ausência de conector. Comprova-se, a partir da tabela 3, maior incidência
de cláusulas adverbiais condicionais formadas por justaposição, se comparadas àquelas
formadas por redão. Dentre as ocorrências, podem-se conferir, através da tabela anterior,
38 casos de construções condicionais formadas por justaposição e apenas 14 casos de
constrões condicionais formadas por redução. No corpus D&G, coletaram-se 23 dados de
cláusulas com ausência de conector, sendo, portanto, o corpus em que esse tipo de
construção foi mais recorrente, ao passo que, no corpus VARPORT e no corpus Jornal O
Globo, obtiveram-se apenas 14 ocorncias, em cada um deles.
Tais cláusulas articulam-se com as respectivas porções do discurso sem que haja entre
elas nenhuma marca formal dessa combinação. Assim, pode-se admitir que estas cláusulas
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adverbiais condicionais existem independentemente de uma marca formal que as
identifiquem.Observem-se mais alguns exemplos extraídos dos corpora:
(69) “() cheguei no mar documento do barco esaqui está embarcado estou eno está o senhor
está legal chega outro documento do seu barco ah não tenho não sei o que quer dizer ele não tem o
documento e está pescando então ele está tirando é a mesma coisa que uma pessoa entrar numa
lavoura e roubar já o que o que o cara plantou né (...).”
(L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-2m-005)
(70)morre parente...vai pede um empréstimo” (L.F.-P.B./DIAL./Oc-B-70-1m-002)
(71)o temporal passou a gente pede permissão a ele pra seguir viagem.
(L.F /P.B./DIAL./Op-B-90-3m-002)
Nas estruturas (69), (70) e (71),o se pode duvidar que exista uma proposição
implícita com inferência condicional. O tipo de relação existente entre as cláusulas é
equivalente àquele encontrado em outras combinações de cláusulas em que havia um
conectivo conjuntivo que, pelo menos, auxiliava na identificação da proposição relacional.
A simples supressão ou ausência do nexo conjuncional o impede que se reconheça aí
uma constrão hipotática condicional. O que difere é a forma como foi feita a combinação.
Pode-se, para a clareza do raciocínio, reconstruirem-se as sentenças de modo que o
conectivo apareça e a relação adverbial possa ser comprovada estruturalmente, embora isso
não possa ser realizado em todos os casos de justaposição. Assim, tem-se, por exemplo:
Se ele não tem documento e está pescando então ele está tirando.
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Nesse caso, particularmente, observa-se a presença do conector então, que ajuda a
identificar sem maior dificuldade a relação de causalidade entre as senteas. A estrutura
se p, então q torna-se mais nítida com a presença do conector na apódose.
Os outros exemplos poderiam ser reescritos como se fez a seguir:
Se morre parente...(então) vai pede um empréstimo.
Se o temporal passou, (então) a gente pede permiso a ele pra seguir viagem.
Outra ocorrência interessante pode ser conferida a seguir:
(72)Você quer comprar uma coisa, por exemplo, se tem a cor não tem o número se tem o
número, enfim, eu acho que hoje em dia, o comércio tá muito pobre.
(L.F./P.B./DIAL/Oc-B-9R-3f-002)
Têm-se, nesse caso, três cláusulas hipotáticas condicionais, e não somente duas se
tem a cor” e “se tem o número” como a gramática tradicional analisaria. Na cláusula que
as antecede pode-se inferir uma relação condicional, justificável pela possibilidade de
recuperação do conectivo que estabeleça relação condicional - “caso queira comprar uma
coisa -, embora só as outras que a ela se seguem tragam expressa uma marca dessa relação
o conectivo se. Para a Gramática Tradicional, haveria, aí, um caso de coordenação
assindética. Ainda que se leve em conta que há, nesse exemplo, uma coordenação entre as
cláusulas, em decorncia de uma seqüência de eventos,o se pode desconsiderar a
natureza adverbial de cada uma separadamente.
Cabe mostrar, ainda, que uma das cláusulas hipotáticas condicionais não apresenta
nenhuma ligação à outra cláusula. Por exemplo, embora a condicional se tem a cor” esteja
relacionada intimamente à cláusula o tem o número”, a cláusula “se tem o número” não
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se relaciona a nenhuma outra cláusula no enunciado. Isso prova, mais uma vez, que as
cláusulas condicionais, por sua natureza adverbial, geralmente, estão menos integradas em
outras cláusulas e possuem função mais discursiva, no sentido de orientar e organizar a
forma como esse mesmo discurso atinge seus fins comunicativos. Entende-se, mais uma
vez, essa construção não como subordinada a uma outra cláusula, mas como um caso de
hipotaxe, como já se disse na seção Fundamentação Teórica.
A justaposição de orações adverbiais condicionais em português pode ser encontrada,
também, sob forma de orações reduzidas ou em estruturas de cláusulaso-finitas.
Encontram-se, nos corpora analisados, cláusulas reduzidas de gerúndio, embora também
possam ser observadas cláusulas reduzidas de particípio, que expressam relação hipotática
condicional. Eis alguns exemplos:
(73)querendo / posso RECHEAR também com uma geleinha de AMEIXA”
(L.F./P.B./DIAL/Oc-B-70-2f-001)
(74)aumentando o combustível...aumenta...gás de cozinha...” (L.F./P.B./D&G/RJ)
(75) “Mas aplicada com inteligência, sobretudo sem que implique abrandamento na repressão à
atividade criminosa, a política de redução de danos pode produzir bons efeitos, ao estreitar o
mercado que é financiador e razão de ser do narcotráfico.”
(L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
Nas ocorrências (73), (74) e (75), a leitura condicional é indiscutível. Pode-se
recuperar, geralmente, nesses casos, a conjunção de condição prototípica se e se reconstruir
os enunciados, lendo-os da seguinte forma:
Se eu quiser, posso rechear até com uma geleinha de ameixa.
Se aumentar o combustível... aumenta... gás de cozinha.
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Mas se for aplicada com inteligência, sobretudo sem que implique abrandamento na
repressão à atividade criminosa, a política de redução de danos pode produzir bons
efeitos, ao estreitar o mercado que é financiador e razão de ser do narcotráfico.
Na língua falada, há muitas hesitações que resultaram na supressão dos conectores
condicionais, cujo processo nas formas finitas pode ser denominado elipse de conectivo, no
tratamento dado por Neves (2000) e uma construção de justaposição, por Mateus et alii
(2003). Essas hesitações podem ser verificadas nos dados analisados e a sua realização foi
marcante nos textos de língua falada, ao passo que, na língua escrita, as ocorrências de
elipse do conector condicional não foi tão recorrente. Comparando-se as duas modalidades
da língua, a falada e a escrita, pode-se concluir que as cláusulas condicionais formadas por
justaposição e por redução, ou seja, por ausência de conector, podem ser mais facilmente
encontradas em textos de língua falada, como se pode conferir na tabela seguinte.
Tabela 4: Condicionais com ausência de conector: fala versus escrita
Orações
Justapostas
Orações Reduzidas
Fala 34 3
Escrita 4 11
Total de
ocorrências nos
corpora
38 14
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Comprova-se, com base na tabela 4, a maior incidência de cláusulas condicionais
justapostas em textos de língua oral do que em textos de língua escrita. No entanto, as
condicionais formadas por redução é a forma mais freqüentes em textos de língua escrita do
que em textos de língua falada. Isso ocorre porque, de modo geral, a ngua oral é marcada
por um discurso com grande número de hesitações e improvisos. Assim, as construções que
se coletam nesses discursos mantêm, em muitos casos, a supressão dos conectores que
tornam a relação mais clara no contexto lingüístico. Todavia, isso não impede que se
subentenda uma relão condicional diante da disposição dessas cláusulas.
Os casos de justaposição na escrita, devem-se, por exemplo, à reprodução da fala de
outrem, em diálogos apresentados em narrativas, por exemplo:
(76) “na mesa em que estava este grupo, o garoto chegava sempre no mesmo rapaz para perguntar
se ele queria comprar rosas e o rapaz sempre dizendo que não até que ele chegou para o garoto e
disse: “olha vou te dar uma grana e vo não me perturba mais” (L.E./P.B./D&G/RJ/2º/NR)
No exemplo (76), constata-se que se trata de uma reprodução da fala, sob forma de
discurso direto, em que o escrevente recupera as palavras do interlocutor, em uma
determinada situação comunicativa. Assim, não se pode dizer que se trata de uma
ocorrência de língua escrita, por exemplo. Não se deve dizer, também, que se trata de uma
construção sem qualquer nexo conjuncional, visto que se observa o conectivo e, que
estabelece a ligação explícita entre essas duas poões do discurso, a saber: “Olha vou te
dar uma grana” e “você não me perturba mais”.
O enunciado com valor condicional pode ser reformulado, se se quiser, da seguinte
forma, a fim de tornar a relação de condição mais explícita, o que ratifica a relação de
condicionalidade existente entre as cláusulas:
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Se eu te der uma grana, (então) vo não me perturba mais.
Na língua oral, essa mesma construção se, embora sem o conector “e, tal como
aparece na língua escrita. Observe-se a ocorncia a seguir:
(77) “Você...eu te dou o dinheiro...você não me perturba mais...tá bom?”
(L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NR)
Nos corpora analisados, todos os casos de cláusulas condicionais formadas por
justaposição apresentaram-se na posição anteposta. Já as reduzidas, embora a maioria
também se mantivesse nessa posição, também se mostrou, em apenas um dos casos,
justamente o único caso de orão reduzida de infinitivo, em posição posposta. Eis alguns
exemplos de ocorrências de orões de condição reduzidas coletadas dos corpora:
(78) “Esquecido de que antes não havia bode algum, o infeliz concluirá que, no final das contas,
ganhou alguma coisa.” (L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
(79) “É bem possível, a julgar por tudo o que ele tem sido até agora.”
(L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
(80)você aplicando o teu dinheiro... você tem aquela correção...
(L.F./P.B./D&G/RJ/2)
Como se pôde observar a partir dos exemplos já apontados no decorrer deste trabalho,
há situações em que a estrutura sintática não reflete a idéia de condicionalidade, mas o
contexto se encarrega de exprimi-la, sendo, assim, justificada tal noção por meio do
contexto discursivo. Nesse contexto, a ordem com que aparecem no enunciado interfere em
sua interpretação. Assim, pode-se afirmar que, na maioria dos casos, a anteposição é a
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ordem mais freqüente com que aparecem essas cláusulas condicionais com ausência de
conector no discurso, seja ele formado por justaposição ou redução, seja ele oral ou escrito.
Diante disso, confirma-se a presença da relação de condicionalidade no nível
semântico-discursivo, embora não haja relação de condicionalidade explícita entre as duas
orões, perceptível somente pelo contexto.
Encontram-se nestes corpora, além das formas expostas, outras formas de
construção capazes de expressar a condicionalidade. Com base nos estudos realizados por
Mateus et alii (2003:709), foi possível identificar nos textos analisados:
uma construção de justaposição, em que uma das orações é uma completiva regida por um
verbo “modal” ou “criador de mundos” como supor, imaginar, com o presente do indicativo
na completiva e o futuro ou o presente do indicativo na oração que exprime conseqüência
(81)eu quero sair às vezes não tenho com quem sair...” (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/RO)
(82)está eu e você a embarcação é minha então vo pesca pra você e o barco e eu pesco pra
mim e o barco” (L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-1m-005)
A partir das considerações aqui efetuadas, é possível afirmar que, além das
construções condicionais stricto sensu, ou conectivas, as constrões com ausência de
conector também se mostraram muito freqüentes nos textos analisados, principalmente nos
textos de língua falada.
Quanto à posição em que se apresentam na sentença, pôde-se verificar que, nesses
casos em que a sentença prescinde de conjunção, a cusula condicional aparece,
geralmente, em posição anteposta. Segundo Mateus et alii (2003), as orões reduzidas,
embora se caracterizem pela natureza de adjuntos à orão matriz, também não apresentam
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mobilidade. Mas, na presente pesquisa,de-se verificar um caso de condicional reduzida
de infinitivo em posição posposta, como se mostrou anteriormente.
Corroborando o que declara Neves (2000), as cláusulas condicionais com ausência de
conector foram encontradas, em maior grau, em textos de ngua falada. Segundo a autora, a
linguagem coloquial acolhe esses tipos de cláusulas que expressam condicionalidade, sem
que, formalmente, manifestem-se como uma oração condicional, como se pôde comprovar
com base na análise dos dados antes descritos.
Essas proposições condicionais o, portanto, formas significativas na análise
discursiva da relação condicional na estruturação dos diferentes modos de organização
discursiva, como se verá em 4.3.
4.2. A ordenação das cláusulas condicionais e o fluxo informacional
Como já foi dito na introdão deste trabalho e na Metodologia adotada na pesquisa,
procedeu-se, também, a uma análise do fluxo informacional das cláusulas condicionais
encontradas nos corpora. Busca-se, com base na análise a seguir, comprovar que a ordem
em que as cláusulas condicionais se dispõem no contexto lingüístico relaciona-se ao estado
de ativação de seus conceitos. Dessa forma, quando se apresentam antepostas, essas
constrões vinculam ora conceitos ativos ora semi-ativos. Por outro lado, quando se
apresentam pospostas, vinculam, geralmente, conceitos inativos na memória do falante e do
ouvinte.
Após a análise dos dados, no que tange à ordenação das cláusulas condicionais,
chegou-se à seguinte distribuição dos dados dos corpora.
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Tabela 5: Ordenação de cláusulas condicionais
Anteposição Posposição
D&G 193 37
VARPORT 133 13
O Globo 37 17
Como já foi dito, a posão mais freqüente em que as condicionais aparecem nos
textos analisados é a anteposta: totalizaram-se 363 ocorrências de anteposição e 67, de
posposição. A partir desses resultados, investigou-se o estatuto informacional dessas
constrões quando antepostas e pospostas à orão principal.
Tabela 6: Ordenação das cláusulas condicionais e o fluxo da informação
Construções condicionais
Ativo Semi-ativo Inativo
Antepostas 127 236 /
Pospostas / / 67
De acordo com os resultados da tabela 6, pode-se concluir que, em geral, as
construções condicionais pospostas encontradas nos corpora em análise, que perfazem um
total de 67 dados, correspondem a informações adicionadas no discurso, ou seja, são
estados de ativão inativos na memória do falante e do ouvinte.
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Procede-se a seguir a uma análise das construções com SE estudadas nos corpora,
para, em seguida, analisarem-se as outras construções conectivas em que se constata a
relação de condição. Observem-se os exemplos a seguir:
(83)o papo foi que... foi tipo assim/ os/ o próprio colega dele passando um papo nela... que ela...
depois ficou pensando “poxa... eu não estou namorando com ele... só saí uma vez com ele... por que
que eu vou/ não vou sair com ele? aí ela foi e resolveu sair... aí antes disso... eu tinha saído com
um menino... aí... quando dou conta ele estava dando um maior show lá na frente... fazendo um
montão de coisa... fiquei super/ morrendo de raiva... né? aí eu fui e falei pra minha colega... aí ela
falou assim “você vai sair com ele? de novo... se ele chegar aqui perto de você?” eu falei assim
não... não vou sair com ele... (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NP)
(84) eu acho que a gente pode/ então eu acho que o básico mesmo... eu acho que a educação ela
vem... você pode ser até meio/ eu estou sendo até meio grosseiro... meio radical... mas eu acho que
a educação... qualquer problema... social... que possa vir... tem que resolver primeiro o
econômico... se você não resolver o problema da dívida interna... o problema de dívida externa...
o resolver problemas ( ) como diz... é o primeiro ponto a atingir o governo... economia...
dinheiro... financeiro... se você não atingir... como vo pode dar educação a um povo? como você
pode dar escola se você não tem dinheiro para construir uma escola?”
(L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
(85)E: diz pra mim o seu nome... aonde você estuda... qual o curso que você faz e em que período
você está...
I: meu nome é Daniel... eu estudo na PUC... faço desenho industrial e estou no:: nono período...
E: você se forma esse ano?
I: me formo no final do ano... se tudo correr bem ((riso de E)) (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/NP)
Nos exemplos (83), (84) e (85), pode-se afirmar que as cláusulas condicionais
veiculam informação nova, adicionada ou conceitos cujo estado de ativão é INATIVO na
memória do falante ou do ouvinte. Isso porque estas ocorrências introduzem, no discurso,
alguma informação ainda não dita previamente nem sequer acesvel por meio deste mesmo
discurso.
Assim, no exemplo (83), nota-se que se trata de um discurso sobre relacionamento,
supostamente uma conversa entre duas meninas que discutem a possibilidade de se ficar
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com um menino ou não, mas em nenhum momento se cogita a possibilidade de o suposto
menino” chegar perto dela – isso só se pode verificar na constrão condicional, que
aparece na posição posposta à oração-cleo, posição em que se introduz no discurso
informações que constituem novidade. Constitui, de certa forma, uma surpresa no discurso,
uma informão completamente inesperada, que introduz uma situação completamente
nova para a interlocutora: o fato de o menino chegar perto dela novamente.
No exemplo (84), pode-se observar que, da mesma forma como acontece com a
orão expressa no exemplo (83), não se menciona, em momento nenhum do contexto
lingüístico anterior, a informação introduzida pela oração condicional posposta. Comenta-
se a respeito dos investimentos em educação, trata-se do problema da dívida externa, mas,
em momento nenhum, fala-se em dinheiro para a construção de escolas. Esta consiste na
informação veiculada somente pela oração condicional posposta, embora algo já se tenha
dito a respeito de problemas financeiros e afins.
O mesmo dos exemplos anteriormente comentados ocorre com a oração destacada no
exemplo (85), comentado nos pressupostos teóricos do trabalho. Como já foi dito, a
informação consiste em novidade para o ouvinte, visto que não se havia dito nada a respeito
detudo correr bem. Prova disso é o próprio pronome indefinido tudo, que não retoma
nenhum termo ou expressão encontrada no contexto lingüístico anterior, mas se refere a
algum conceito inativo na memória do falante e do ouvinte, que não é, em nenhum
momento, acionado pelo conteúdo informacional do texto. Há, por meio dessa construção
condicional posposta, o acréscimo de informações ao discurso, que poderia, inclusive, ser
entendida como uma ressalva ao que tinha sido dito antes.
Observe-se, em seguida, mais um exemplo de condicional veiculando informação
nova ao discurso:
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(86) “É o que ocorre com o projeto de lei do deputado Gilberto Palmares, do PT, aprovado por
unanimidade pela Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, liberando os estacionamentos em
shoppings e hipermercados. Todos que apresentarem notas fiscais correspondentes a pelo menos
dez vezes o valor do serviço não pagarão o estacionamento – caso a governadora Rosinha
Garotinho sancione a lei.
Mas se o fizer, errará. Pois, como a própria Comissão de Constituição e Justiça da Alerj
alertou, esse tipo de lei é inconstitucional. O que não evitou a aprovação do projeto.
Leis inticas, de outras câmaras legislativas, foram invalidadas pelo Supremo. Caso a
governadora aceite a lei, será uma questão de tempo a suspensão dada pela Justiça.”
(L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
No exemplo (86), extraído de um editorial do Jornal O Globo, que constitui um dos
corpora desta pesquisa, podem-se perceber três ocorrências de cláusulas condicionais,
porém com comportamentos sintáticos diferentes. Uma delas apresenta-se na posição
posposta, ao passo que as outras mantêm-se na posição mais recorrente desse tipo de
construção, ou seja, a posição anteposta à oração-cleo.
O que se pode dizer em relação à primeira ocorrência apontada no exemplo (86) é que
ela veicula, no discurso, uma informação nova. Isto se dá pelo fato de que o conteúdo
expresso pela construção, até o instante de seu proferimento, ainda não havia sido
mencionado. Em outras palavras, mostra-se em que consiste a lei ou seja, não pagar o
estacionamento todos aqueles que apresentarem notas fiscais acima de dez vezes o valor do
serviço em shoppings e hipermercados , mas em nenhum caso se coloca em xeque o fato
de a governadora sancionar ou não a lei. Isso só se apresenta, como uma espécie de ressalva
ao discurso precedente, sob a forma de uma condicional posposta. Isso ratifica a afirmação
anterior de que a posição posposta é prototípica de informão que constitui novidade ao
discurso.
O mesmo não ocorre no segundo e no terceiro casos de ocorrência de cláusula
condicional no mesmo editorial. Na segunda ocorrência, por exemplo, a oração condicional
apresenta-se em posição anteposta no discurso, o que indica a sua função de ponto de
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partida para a incluo de alguma informação, em seguida, que realmente seja nova.
Assim, quando se menciona a construçãoMas se o fizer, errará”, o que constitui novidade
o é o fato de se sancionar a lei, retomado através de predicado pronto fazer + pronome,
mas o fato de que a governadora Rosinha Garotinho errará, se sancionar tal lei. Então,
pode-se afirmar que o conceito veiculado pela oração condicional é um conceito ATIVO na
memória do falante.
A terceira ocorrência é equivalente à segunda, embora a forma como se materializa
seja diferente. No segundo caso, o conteúdo foi retomado por uma forma diferente da
terceira, na medida em que se apresenta um predicado pronto que substitui o que foi dito
anteriormente. Isso constitui uma estratégia de coesão textual, que permite com que se faça
a progressão de idéias a partir da retomada de algum conteúdo informacional
anteriormente expresso na seqüência textual. Nesse caso, a construção funciona como um
ponto de partida para a inclusão de uma nova informação. O que ocorre neste terceiro
exemplo, que é um caso de anteposição, é a repetição idêntica do mesmo conteúdo expresso
através de uma condicional posposta em dois parágrafos anteriores, inclusive com a
utilização do mesmo conectivo que introduz a cláusula: Caso a governadora aceite a lei”.
Então, esse conceito seria, da mesma forma que o segundo, ATIVO na memória do falante.
No corpus VARPORT, também se podem encontrar exemplos de condicionais
pospostas veiculando conceitos INATIVOS na memória do falante e do ouvinte, como se
verifica no exemplo a seguir:
(87) D- e o senhor e o senhor só pesca no mar?
I- só no mar – não – pesco na lagoa também né quer dizer lá é a parte do mar aqui já é parte da
lagoa já é canoa né é rede rede tarrafa mas em frente assim é o mar ontem eu não fui hoje eu ainda
vou se Deus quiser. (L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-3m-001)
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No exemplo (87), quando o informante menciona a condicional “Se Deus quiser,
inclui-se em seu discurso uma informação nova, ainda não dita no discurso precedente. Em
momento algum do diálogo, cujo trecho foi transcrito em (87), verifica-se a informação
trazida ao discurso por meio de uma condição. Pode-se dizer que essa cláusula condicional
funciona como uma escie de ressalva ao discurso do informante. O conceito, nesse caso,
também é entendido como INATIVO na memória do falante, já que ele o aciona em um
momento posterior do enunciado, o que permite que a construção assuma a posposição.
Sobre as condicionais que se apresentam antepostas na sentença, pode-se dizer que
transmitem alguma informação velha, dada ou conceitos ativos na memória do falante e do
ouvinte; por outro lado, também poderão apresentar algum conceito semi-ativo ou
informão acessível pelo discurso. A seguir, analisam-se algumas ocorrências dessas
constrões nos corpora, que, por sua vez, assumem a posição anteposta na sentença por
apresentarem conceitos ativos na memória do falante, reorientando o discurso.
(88) “querem dar projetos revolucionários para educação num país que eu acho que você podia
pegar um prédio velho... reformar e manter... o fator histórico... o fator... o fator... educacional...
investir o tempo que ia gastar num novo projeto... investir em professores... em educão... se
investisse mais nesta parte... eno já é um grande bem... então eu acho que tudo é economia...
tudo é dinheiro... a gente não pode atingi/ falar sobre o problema social se a gente não/ ah::... o
país tem/ os velhos estão morrendo... assim... assim... (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
O fragmento (88) acima, retirado dos corpora analisados nesta pesquisa, exemplifica
um caso de cláusula condicional veiculando informação dada no contexto lingüístico
precedente, ou seja, pode-se dizer que o conceito apresentado nessa cláusula é um conceito
ativo na memória do falante. Em todo discurso anterior, trata-se dos problemas enfrentados
pelo país e se busca argumentar a favor de investimentos em professores e investimentos
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em educação, dentre outros. Logo em seguida, lança-se a orão condicional anteposta à
orão-núcleo (então já é um grande bem), retomando uma informação já
conhecida/velha e que não constitui novidade para o falante ou ouvinte desse texto. Dessa
forma, quando se diz “se investisse mais nessa parte, de certa maneira, o falante retoma
exatamente o que ele disse anteriormente no discurso. Ressalte-se que ele faz algumas
modificações do referente no momento em que o retoma; exemplo disso é a reiterão da
expressão “em professores ... em educação” através da expressão equivalentenessa
parte”, que em nada compromete a informão dada anteriormente, uma vez que ambas
o equivalentes. Diz-se, portanto, que o estado de ativação dos conceitos é ATIVO na
memória do falante quando este insere essa informação sob forma de construção
condicional. Comprova-se, também, que a posição em que se apresenta no discurso ratifica
o seu estatuto informacional, visto que a posição privilegiada de informação dada é
justamente a posição inicial na sentença.
Observe-se mais um exemplo:
(89) “a inflação voltou a aumentar... os... pô... empresários não:: tem nem/ não sabem nem o que
fazer... porque o cara não define um plano... econômico pro país... depois... isso é muito ruim...
porque se tivesse um plano já definido... até investimentos estrangeiros podiam vir pro::... pro
Brasil... né? o Brasil é apontado hoje em dia no mundo inteiro como um dos piores lugares no
mundo pra você investir... investir::/ fazer um investimento... né?” (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
Nesse caso, da mesma forma como se organiza a informão, tem-se a construção
condicional na posição anteposta na sentença, por veicular uma informação que não
constitui novidade no discurso. Trata-se, no contexto lingüístico precedente, da inflação, da
atitude dos empresários diante desse problema e, além disso, diz-se que não se define um
plano econômico para o país. Em seguida, lança-se, no mesmo contexto, uma cláusula de
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condição que retoma exatamente a informação dada anteriormente. Utilizam-se, até mesmo,
expressões idênticas as que se utilizou na construção do discurso anterior, como é o caso de
plano”, definido”. Muda-se a estrutura, mas o conteúdo informacional permanece o
mesmo. Diz-se, nesse caso, que a construção condicional veicula uma informação que já foi
dada no texto e, portanto, não é responsável pela sua progressão, já que nenhuma
informação foi adicionada ao discurso. Ela é apenas um ponto de partida para a inclusão de
uma nova informação.
Por fim, dá-se mais um exemplo de construção condicional cujo conceito veiculado é
ativo na memória do falante e do ouvinte:
(90) “o som estava perfeito... aí:: um pouco antes de... de eu me apresentar... a Transamérica fez
uma distribuição de brindes lá... aí::... eles rebentaram os fios... da/ do equipamento... e o som não
ficou bom depois que nós fomos/ que eu fui tocar... porque::.. so/ os... cabos estavam todos
rebentados... estava dando curto... e aí eu/ o som ficou total/ totalmente distorcido... e se:: a
Transamérica não tivesse distribuído os brindes antes... subido no palco... pisado nos fios... as
pessoas iam gostar do show que eu fiz... porque... foi legal...E: ahn... ahn...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NP)
O exemplo (90) é bastante didático e nos mostra de que forma o estatuto
informacional de uma condicional pode ser considerado dado/velho e o estado de ativação
de seu conceito pode ser considerado ativo na memória do falante. É uma passagem em que
se pode perceber um relato a respeito do mau funcionamento de um som em um suspeito
dia de apresentação de um show, mais precisamente, realizado pela pessoa que relata o
acontecimento. Nesse contexto, comenta-se a respeito da distribuição de brindes pela
Transamérica um pouco antes da apresentação do locutor, e é justamente essa a informação
retomada pela constrão de condição anteposta: se a Transamérica não tivesse
distribuído os brindes antes. Assim sendo, a construção de condição configura uma
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informação dada pelo discurso antecedente. Não existe, em seu interior, nenhuma
informação que possa ser considerada nova. A partir disso, pode-se concluir que o conceito
veiculado pela oração condicional também é considerado ativo na memória do falante e/ou
do ouvinte.
Veja-se mais um exemplo, extraído do corpus VARPORT:
(91) “I- é o que eu queria dizer sobre a pescaria é o seguinte: sobre a nossa situação que vivemos
ultimamente aqui na Praia do Farol de São Tomé é que nós não temos uma colônia que que
favorece nós no caso
D- que resolva seus problemas?
I- é nos resolva os nosso problema principalmente nesse período de paralisação que é uma
lei federal não temos ningm
D- e não tem uma voz que levante né?
I- é não temos ninguém que resolva os nosso problema nesse assunto e chegando essa época
de mar manso a gente não pode pescar por causa dês/ s/ desse período né? E no in/ no inverno
enquanto no inverno a gente pesca muito mal três três meses aproximadamente no inverno
D- hum hum
I- então se a gente conseguisse uma autoridade compenetrada resolver nossos problema
seria muito bom” (L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-1m-002)
Como se pode perceber, a informação veiculada pela cláusula condicional constitui
algo já mencionado anteriormente, mesmo que a forma com a qual o conteúdo se
apresentou o seja idêntica. O fato de se precisar de uma autoridade para a resolução dos
problemas dos pescadores já tinha sido mencionada no discurso precedente, em vários
momentos, como se confere no fragmento (91). Nesse caso, entende-se que o conceito
encontra-se ATIVO na memória do falante e do ouvinte, o que motiva a posição anteposta
da oração condicional.
Assim como já se pôde comentar a respeito de dois tipos de estados de ativação na
informação na memória do falante, pode-se dizer que a ordem está intimamente relacionada
ao estatuto informacional da oração. Portanto, se a oração introduz ou adiciona uma
informação nova no discurso, ela tende a vir na posição posposta; por outro lado, se ela
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apenas retoma alguma informação já conhecida, ela, geralmente, ocupará a posição
anteposta na sentea.
Mas ainda há a informação que se situa em um estágio intermediário entre dado e
novo, e que se classifica como informação acessível . Nesse caso, Chafe (1987) relaciona
ao conceito semi-ativo, que, segundo ele, se caracterizaria pelo fato de pertencer a um
conjunto de expectativas associadas a um esquema. Isto é, a informação contida na oração
condicional não pode ser considerada dada/velha porque de fato não foi totalmente
mencionada no contexto anterior; também não deve ser considerada nova porque seus
elementos não são completamente desconhecidos. Cria-se, ao longo do texto, uma
associação de outras informações facilmente associáveis àquelas que foram dadas e que,
portanto, estão na memória do falante e do ouvinte, que rapidamente podem acioná-las a
partir de um esquema fornecido. Observe-se o exemplo a seguir:
(92) ... tem várias formas... eh... no furinho... tem... forma de flor... eh... do dia das mães... aí
nesse que eu fiz pra minha colega... foi uma menina... deitada na grama... em vestido... bo/ lindo...
rosa... aí o formato veio tudo numa menina... eh... assim... deitada na grama... aí eu fui... furei
tudinho com o furador... aí depois eu tirei os grampinhos que seguram a matriz... tirei a matriz... aí
peguei o papel vegetal... fui cortando... tudinho com a tesourinha... aí ficou o formato direitinho de
uma menina... aí eu furo de três vezes... porque se eu errar um... aí tem o outro... se eu errar o
outro tem o outro... aí se eu errar... aí não tem...” (L.F./P.B./D&G/RJ/8ªs/RP)
Percebe-se que o exemplo (92) consiste em um relato de procedimento, em que a
informante objetiva relatar algo que, segundo ela, é o que consegue fazer melhor; no caso
em destaque, o procedimento seria a confecção de lembrancinhas feitas com papel
vegetal. A informante relata o modo como procede ao confeccionar tais “lembrancinhas”,
passo a passo, e, em seguida, aponta uma condão relacionada à possibilidade de se errar
em tal procedimento. O erro não havia sido mencionado no contexto, mas faz parte do
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esquema descrito anteriormente. Assim, está na memória do falante e do ouvinte o fato de
ser possível errar ao confeccionar tal material. A constrão condicional se eu errar
um...” pode ser entendida como veiculadora de um conceito acessível à memória dos
envolvidos no processo comunicativo, já que tal informação é facilmente acionável ao
esquema. Uma das expectativas criadas a partir das informações dadas previamente é o fato
de se poder errar ao realizar tal procedimento.
O mesmo ocorre com o estatuto informacional da oração condicional a seguir, cujo
conceito pode ser classificado como acessível à memória do falante e do ouvinte.
(93)bem... eh... pe/ é uma garota também que... era da comissão pró grêmio... né? que agora é do
grêmio... e por esse mesmo motivo que eu falei que a gente... tinha... assim muita dificuldade com
a direção e até mesmo com os professores... né? então o... o... Heitor Lima ele é uma escola assim...
ele é... é muito rígida... né? você tem que entrar... totalmente uniformizado... se faltar alguma peça
do seu uniforme... você não pode entrar... né?” (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NR)
O trecho em destaque em (93) trata de um comentário a respeito de uma escola,
Heitor Lima, no qual se expõe a rigidez no que tange à uniformização de seus alunos, am
de se comentar a respeito da dificuldade de contato entre os alunos, a direção e os
professores. Quando se trata do uso rígido dos uniformes, lança-se, logo em seguida, uma
construção condicional, cuja informação não pode ser considerada velha, porque ainda não
foi totalmente mencionada no contexto linístico anterior, mas também não poderia ser
considerada nova porque estaria associada ao mesmo esquema e, seria, portanto, facilmente
acessível à memória do falante e do ouvinte. Já havia sido comentada a queso da
uniformização dos alunos, e quando se diz algo a respeito da falta de alguma peça do
uniforme, o falante e ouvinte não se deparam com uma informação nova, pelo contrário,
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embora ainda não tenha sido completamente mencionada no contexto lingüístico, pode ser
inferível por meio dele.
Veja-se mais um exemplo de cláusula condicional que veicula uma informação
acessível ou conceito semi-ativo à memória do falante e do ouvinte:
(94)gosto de mexer principalmente em linguagem D-Base... você vai... você liga o computador...
você pega um disquete... se o computador não tiver um winchester nele... se a linguagem não tiver
permanente nele... votem que carregar pelo um disquete... então está gravado no disquete... vo
pega o disquete... você coloca no drive... você carrega esse disquete... né? através de um
comando... no caso se for o D-Base... você coloca D-Base... aperta enter... a linguagem entra... se
você quiser gravar... num disquete os dados... dessa linguagem... você pode no caso formatar esse
disquete... ou então se o disquete já for formatado não é necessário essa formatão...”
(L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
No exemplo (94), pode-se verificar um outro relato de procedimento, em que se
ensina a manipular uma linguagem de computador, D-Base. O informante diz que gosta de
mexer” com essa linguagem e, dessa maneira, busca ensinar tal prática. O falante e o
ouvinte já têm, em sua memória, que o relato trata de um procedimento que envolve o
conhecimento de uma linguagem de programação de um computador. Assim, já se tinha
dito que a pessoa que gostaria de aprender a utilizá-la deveria ligar o computador, pegar um
disquete. Nesse momento, interrompe-se a seqüência depassos” para a execução de tal
atividade e se inclu, nesse contexto, uma construção de condição, se o computador não
tiver um winchester nele”, que introduz uma informação acessível, facilmente inferível
pelo discurso e, por tratar de algo pertinente ao esquema, diz-se que seu conceito é semi-
ativo na memória do falante e do ouvinte.
Observe-se mais um exemplo de cláusula condicional que veicula um conceito semi-
ativo na memória do falante e do ouvinte:
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(95)“O Presidente da República já deixou claro: sua interferência na questão dos pros não quer
dizer que ele seja contra a liberdade de mercado.O problema é simples de explicar: há empresas
ou setores que arbitram seus valores sem maior critério, em completo desacordo com a realidade
do País. Alguma coisa tem de estar errada quando as remarcações se fazem em escala geométrica,
enquanto os salários sobem em escala aritmética. Um contra-senso que a lógica dos economistas
o sabe ou prefere não explicar. Mesmo que não houvesse solão à vista para o impasse, alguém
precisava advertir que no Brasil o econômico caminha perigosamente no sentido oposto ao social,
e disso se encarrega o chefe do governo. Se pouca coisa vem sendo conseguida de concreto, cria-
se pelo menos a consciência do caos a que essa situação pode levar.”
(L.E./P.B./EDIT/ E-B-94-Je-005)
O conceito veiculado pela cláusula condicional em (95) é classificado, segundo a
proposta de Chafe (1987), como conceito SEMI-ATIVO na memória do falante e do
ouvinte. O que a construção de condição veicula no discurso é algo que se pode
subentender a partir das informações veiculadas anteriormente na seqüência textual. A
partir de tudo o que se disse no trecho, pode-se concluir que muito pouco vem sendo feito
realmente pelos governantes do país, a partir de suas propostas. Não se pode dizer que o
conceito é totalmente INATIVO na memória do falante e do ouvinte, visto que se pode,
facilmente, subentender tal conteúdo a partir do que foi dito. Tamm não é ATIVO, uma
vez que resulta de uma reflexão a partir do que foi dito, e não da mera retomada de algum
conteúdo anteriormente mencionado.
Com base nessa análise, mesmo que preliminar, pode-se prever que a ordenação das
cláusulas condicionais está relacionada ao estatuto informacional ou estados de ativação
dos conceitos por elas veiculados no discurso. Desse modo, se adicionarem informações ao
discurso, tenderão a aparecerem na posição posposta na sentença.
Por outro lado, pode-se afirmar que a anteposição está relacionada ao fato de as
cláusulas condicionais apresentarem informação dada ou acessível no discurso. Em outras
palavras, a anteposição relaciona-se ao fato de o conceito vinculado por essas mesmas
cláusulas ser considerado ativo ou semi-ativo na memória do falante e do ouvinte. Por isso,
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as cláusulas antepostas constituem ponto de apoio para a referência; é a partir dela que o
falante assenta a porção seguinte de seu discurso. Nesse caso, essas orações repetem, no
nível de organização do discurso, o esquema básico de organização da informação dentro
da oração – tópico/comentário.
O tipo de conectivo mostrou-se um dado relevante para a presente pesquisa, pois,
devido a sua colocação na sentença, podem encetar uma oração que configure uma
informação dada ou uma informação nova. Como se pode comprovar, os dados apontam
que os conectivos a não ser que e desde que tendem a se manifestar no discurso na posição
posposta
à oração à qual estão vinculadas.
Nesse momento da análise, tecem-se alguns comentários a respeito do tipo de
conector que introduz as orações condicionais consideradas nos corpora estudados.
Acredita-se que, por serem, também, orações introduzidas pelo conector “se, encontram-se
mais dados de anteposição do que de posposição dessas cláusulas no discurso. O contrário
do que se poderia concluir a respeito da posição em que se apresentam na sentença, caso o
estudo se detivesse nas constrões introduzidas por a não ser que, ou ainda, por desde que,
que, segundo Neves (2000:845), tendem a ser pospostas
.
Desse modo, fazem-se algumas observações sobre algumas orões com o conector a
não ser que e desde que, encontradas nos corpora investigados, com o objetivo de apenas
comprovar a hipótese de que a conjunção também seria um determinante da ordem das
orações condicionais no discurso, uma vez que a conjunção SE sempre privilegia a posição
anteposta, o que não ocorre com os outros conectivos de que se tratou neste trabalho.
Segundo Neves (2000:845), as construções com a não ser que configuram uma
condição necessária e suficiente, com invero de polaridade, como já foi demonstrado em
4.1.1. Isso significa que a oração é introduzida por fórmula negativa. Segundo a autora, a
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posição mais recorrente é a posposta, como se pode verificar nos dados retirados dos
corpora:
(96) Centro Tecnogico da PUC que::... sempre foi o maior do... do Rio de Janeiro... um dos
maiores do Brasil... está completamente sem verba e ameaçado de fechar até o final do ano... quer
dizer... se uma:: universidade do porte da PUC... está passando por isso... imagina as federais... em
que estado não... estão.... né? não só::... a nível do... do... do sistema mesmo acadêmico.... como::
os prédios... a manutenção dos pré::dios... imagina como (não) estejam... se a PUC jáo tem
sabonete nos banheiros ((riso)) nem papel higiênico... imagina as federais... e::... é uma coisa que
estou percebendo... que não está só a nível de... de::/ nível universitário... nos próprios colégios
mesmo... eh::... a remunerão dos professores é muito baixa... e:: os pais estão cada vez com
menos condições de pagar o curso pros filhos... muitas crianças estão... passando pro sistema
blico... que não tem condições... eh::... de::... ter tantos alunos... não tem condições de manter
os alunos... que não podem pagar... escola particular... quanto mais esses que estão saindo das
escolas particulares... né? eu acho que a tendência agora é só piorar... não sei a... a que ponto nós
vamos chegar... mas é uma coisa que me preocupa muito... que daqui a alguns anos vai ser
praticamente imposvel você entrar numa faculdade... a não ser que seja federal...
(L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
Tal posição se assume pelo fato de que a informação veiculada por meio dela é
desconhecida até o momento de sua realização. o se havia mencionado, ainda, a questão
do custeio mais barato dos estudos provido pelas universidades federais. Essa é, portanto, a
informação adicionada no discurso, que funciona como uma ressalva, um adendo ao que foi
dito anteriormente. Tratou-se de universidades federais nas porções anteriores do discurso,
porém, tendo em vista outros aspectos, a saber, a questão dos problemas de infra-estrutura
pelos quais universidades federais e particulares passam, como é o caso da PUC, estavam
passando. Quando o assunto adquire outra direção, quando se começa a falar em problemas
financeiros, introduz-se uma informação ainda não mencionada no contexto lingüístico: o
fato de se estudar em universidades federais representar menor custo. Portanto, pode-se
afirmar que o conceito veiculado pela cláusula condicional é um conceito INATIVO na
memória do falante naquele momento da comunicação.
O mesmo ocorre no exemplo seguinte:
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(97)“D-bom... vocês fazem pesca de currico aqui?
I-não
D- não né?
I-não
D- bom aqui já é espinhel pelo jeito pelo lado direito da lagoa também o de/da do mar o
deve ter né? Melhor você deixar sabe moço- vou lhe contar ma/ah isso aí vai ser é então o –não
usam o espinhel também né?
I-hum hum
D- a não ser que deixem o espinhel só no mar
(L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-1m-002)
Na seqüência dialogal transcrita em (97), percebe-se uma discussão a respeito do uso
de espinhel. Afirma-se que o espinhel não é usado, mas, assim como funciona um lembrete,
uma ressalva ao que se dita anteriormente, acrescenta-se uma informação no discurso: a de
deixar o espinhel só no mar. Essa informação ainda não havia sido mencionada
anteriormente no contexto lingüístico e pode ser considerada novidade. Assim sendo, o
conceito veiculado por essa cláusula deve ser considerado INATIVO na memória do
falante.
Outras cláusulas condicionais que também merecem destaque são aquelas
introduzidas pelo conector desde que. Como já havia afirmado por Neves (2000), as
condicionais introduzidas pelo conector desde que configuram uma condição necessária e
suficiente, e o conector, nesses casos, equivale a somente se. Diz-se, por isso, que essas
condicionais têm maior força argumentativa. Nos dados coletados, essas cláusulas se
mantiveram em posição posposta, introduzindo novas informações ao texto, como se pode
conferir nos dados transcritos abaixo:
(98)“D- e aqui o fundo do mar ele tem o quê? Costuma ter o quê?
I-tem lugares que tem cascalhos outros lugares é areia e tem a maioria dos lugares é lodo é
lama
D- mas dá pra pescar em qualquer lugar?
I-dá pra pescar desde que desde que não tenham pedras altas, né pra nossa pescaria não
poder ter pedras altas pra onde tem pedras altas só pra pescar com rede de espera ou com anzol
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agora rede de arrasto não pode pescar onde tem pedras altas que a rede prende nas pedras
(L.F./P.B./DIAL/Op-B-90-3m-002)
(99) Relato de procedimento
Falar sobre o que sei fazer, descrevendo a maneira com que faço tal coisa.
- Eu faço uma comida, que acho muito boa, pelo menos o meu estômago não reclama!
É uma espécie de macarrão que vem em uma embalagem plástica geralmente para uma
pessoa, podendo até ser para duas ou três, desde que satisfaça o apetite de cada uma. Dentro da
embalagem vem em um saquinho umque ao misturá-lo. Ao macarrão (Miojo) o tempera.
Para fazer o Miojo, é necessário que o coloque em uma panela com água e ferva por uns
cinco minutos. Ao final desse tempo, retiro a panela do fogo, jogo a água fora e misturo o pó, que
já falei, e mexo até que fique corado. Depois coloco uma salsicha, ou um hamburguer para
acompanhar. Eu faço isso muito bem ! (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
O primeiro dado, (98), foi coletado de um texto de língua oral e o segundo, o
exemplo (99), de um texto de língua escrita. Contudo, embora sejam observadas muitas
distinções entre essas duas modalidades da língua, as cláusulas condicionais introduzidas
pelo conector desde que sempre se manifestaram em posição posposta, introduzindo, na
seqüência textual, uma informação nova. Considera-se, com isso, que a cláusula
condicional veicula um conceito INATIVO na memória do falante.
No exemplo (98), não ter pedras altas é um conteúdo completamente novo. Até o
instante de sua menção, ainda não tinha sido dito algo parecido, o que explica a posposição
da sentença, entendida como um comentário e não como uma informação já conhecida, ou
um tópico. O mesmo se dá em (99): o fato de satisfazer ou não o apetite de cada uma das
pessoas a serem servidas pelo prato constitui uma informação nova no texto, cujo conceito
deve ser considerado INATIVO na memória do falante, assim como ocorre no exemplo
(98).
Ainda se pode ressaltar que essas cláusulas apresentam caractesticas distintas, visto
que se inserem em contextos discursivos diferentes: a primeira aparece em uma seqüência
dialogal, e a segunda aparece em uma seqüência injuntiva. As diferenças existentes entre as
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cláusulas condicionais em diferentes tipos de texto será, no entanto, tratada mais
detalhadamente em 4.3.
Do ponto de vista do estatuto informacional das construções condicionais, constata-se
que determinados graus de vinculação relacionam-se a um tipo específico de informação. O
fato é que orações reduzidas e demais construções justapostas, em que a relação de
condicionalidade não é assinalada por um conector, mas pode ser depreendida por meio do
contexto pragmático-discursivo, apresentaram informação dada no discurso precedente, ou
seja, veicularam conceitos ATIVOS ou SEMI-ATIVOS na memória do falante e do
ouvinte, servindo de base à introdução de uma informação nova no contexto lingüístico, e
sempre ocorreram em posição inicial. Saliente-se, mais uma vez, que a anteposição
predomina na maioria dos tipos de graus de vinculação entre as cláusulas analisadas nos
corpora.
A noção de condicionalidade, embora não seja expressa por meio de conectores
condicionais, parece estar implícita por meio do valor semântico da disposição de outras
estruturas lingüísticas que permitem apontar para a situação SE p, ENTÃO q, e que será
significada a partir da leitura do interlocutor.
Por outro lado, como se pôde verificar, o tipo de conector também é fator
determinante da ordem em que as cláusulas condicionais se apresentam na oração. E isso
de ser percebido claramente quando se apontam diferenças de comportamento sintático
entre orações condicionais introduzidas por SE e aquelas introduzidas pelos conectores a
não ser que, desde que, por exemplo.
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4.3. As cláusulas condicionais e os tipos de seqüências
Busca-se, nesse momento, a partir das ocorrências investigadas nos corpora usados,
explicitar as constatações de base quantitativa apontando tendências de análise. Cabe, aqui,
uma tentativa de relacionar a fundamentação estabelecida nos pressupostos teóricos com as
ocorrências encontradas, mostrando, com isso, a relencia de uma abordagem de cunho
funcional-discursivo, pelo menos no que tange à complexidade semântico-discursiva das
cláusulas condicionais.
Com essa perspectiva, após a quantificação das ocorrências dos dados, analisa-se a
relação entre as cláusulas condicionais e os tipos de seqüência investigados nos corpora,
com o intuito de focalizar as principais características e funções discursivas a que se
prestam as cláusulas condicionais nos diversos tipos de textos estudados.
Isso permitirá mostrar como o modo de organização discursiva tem papel importante
ona determinação de estruturas modo-temporais das condicionais, como já se
constatou em estudos anteriores, mas também em suas funções discursivas específicas em
cada um dos tipos de seqüência em análise.
A seguir, podem-se conferir as ocorrências de condicionais nos diversos tipos de
seqüência analisados na presente pesquisa. Ressalte-se que, por mero recurso didático,
optou-se, primeiramente, pelo detalhamento dos dados encontrados no corpus D&G, visto
que nesse já se percebe uma subdivisão a partir dos diversos tipos de texto existentes. Os
outros corpora analisados veiculam textos de caráter especialmente argumentativo, como
os editoriais e os diálogos, por exemplo. Sobre esses outros textos estudados, que
compreendem os corpora VARPORT e Jornal O Globo, serão feitos alguns comentários
mais adiante.
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Observe-se, a seguir, a ocorrência de condicionais nos diversos tipos de seqüência
apresentados no corpus D&G:
Gráfico 6:
CONDICIONAIS E TIPOS DE SEQÜÊNCIAS
NO
CORPUS
D&G
11
22
16
83
98
NP NR DL RP RO
Pelo que se pode perceber, há grande incidência de construções condicionais em
Relato de Procedimento (RP) – 83 ocorrências e em Relato de Opinião (RO) 98
ocorrências, como já concluiu Leitão (2001), ao analisar o mesmo corpus. Tamm foram
coletados dados de condicionais em Narrativa de Experiência Pessoal (NP), Narrativa
Recontada (NR) e Descrição de Local (DL), as quais também serão analisadas a seguir.
Primeiramente, faz-se necessário descrever os tipos de seqüência analisados, como já
se fez na Descrição dos Corpora (cf. 3.1.2.). Assim, já se sabe que o Relato de Opinião,
com base em Leitão (2001:52), é um discurso presente nos textos de caráter
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fundamentalmente argumentativo, em que as pessoas dão opinião a respeito de algo,
geralmente polêmico. Por isso,
caracteriza-se por um jogo em que o informante busca expor o seu ponto de vista de forma
que o entrevistador tenha não só a noção clara do que ele pensa, mas também, de um modo ou de
outro, concorde com sua idéia, sua maneira de pensar.” (Cf. Leitão, 2001:52)
É nesse contexto que as condicionais têm papel importante. Segundo Leitão (2001:53),
essas cláusulas condicionais
o catalisadoras de momentos em que o falante está em busca do convencimento do
entrevistador e em busca da organização de seu próprio pensamento junto ao argumento inserido.”
Pretende-se, assim, com esta análise, evidenciar as características apresentadas pelas
cláusulas condicionais que fazem com que elas sejam utilizadas com eficiência no discurso
argumentativo e de que forma, também, esses diferentes tipos de seqüência podem ser
caracterizados a partir desses usos de cláusulas condicionais. Observe-se a seguinte
ocorrência:
(100) ...como diz... querem dar projetos revolucionários para educação num país que eu acho que
você podia pegar um prédio velho... reformar e manter... o fator histórico... o fator... o fator...
educacional... investir o tempo que ia gastar num novo projeto... investir em professores... em
educação... se investisse mais nesta parte... então já é um grande bem...
(L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
No fragmento destacado em (100), a condicional serve de argumento de que os
investimentos em educação devem existir, já que, se realizado, seria um grande bem para a
sociedade. Nesse caso, pode-se identificar uma postura negativa em que há um
comprometimento com a idéia de que “investimentos em educação não estão sendo
realizados.
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Essa captura de concordância do ouvinte é, antes de tudo, feita utilizando-se uma
espécie de estratégia de polidez falseada, um discurso mascarado, caracterizado pelo uso da
forma verbal de subjuntivo, em que o ouvinte parece ter mais de uma opção (investir na
área de educação e não investir nessa mesma área), mas que se mostra, observando todo o
contexto discursivo, como sendo marcada positivamente apenas uma dessas opções
constrdas por esse recurso lingüístico (investir em educação).
No exemplo (100), nota-se tal fato de modo mais claro a partir do momento em que se
percebe que o subjuntivo abre a contraparte hipotética de esse investimento não ser
realizado, mas essa alternativa traz com ela a contraparte negativa de então já não ser um
grande bem. Sendo assim, o argumento é utilizado a favor de uma alternativa apenas, e isso
ocorre sistematicamente nas condicionais contidas no Relato de Opinião.
Essa abertura de alternativas por meio do uso de cláusulas condicionais tem um papel
privilegiado na argumentação, mas, além disso, as condicionais, no Relato de Opinião
(RO), geralmente, revelam uma relação de causalidade no mundo real, o que permite
também uma eficácia na argumentação, visto que se sustenta uma tese através de relões
causais factuais. Isso faz com que a opinião do falante ganhe maior credibilidade /
respeitabilidade do ouvinte, uma vez que se fundamenta em dados factuais, o que promove
a adesão do ouvinte no que tange à opinião expressa no discurso.
Confere-se o exemplo a seguir:
(101) você fala línguas estrangeiras... você faz isso... faz aquilo... e no final das contas... você fica
um desempregado... fica à mercê de uma sociedade... onde uma cu/ eh... uma cúpula/ onde o poder
mantém nessa cúpula... tipo assim... se eu tenho dinheiro... eu sou um empresário... eu vou ajudar
o cara? ele pode até ter valor... mas o problema é dele... eu vou ajudar meu irm/ meu filho... meu
irmão... um tio... um parente... não interessa... entendeu?” (L.F./P.B./D&G/RJ/3ºg/RO)
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No exemplo (101), a condicional veicula um dado real (o fato de o falante ter
dinheiro) para assentar a porção seguinte de seu discurso, que, no caso, foi o
questionamento a respeito de ajudar ou não ooutro”, um possível indivíduo que estivesse
passando por dificuldades, que estivesse desempregado. A situação é tomada como real, e a
factualidade da condicional pode ser considerada um importante fator capaz de conseguir a
adesão do ouvinte em um discurso argumentativo. Nesses casos, observa-se grande
freqüência de verbos no presente do indicativo na condicional, o que corrobora essa noção
de factualidade.
Veja-se o exemplo seguinte:
(102)“Devido à baixa remuneração os professores perdem um pouco do estímulo para dar aula
mas é preciso que do material ditico, os professores tem que perceber que eles constroem o
futuro e é preciso que esse serviço seja bem feito. O problema do material didático é muito
importante, porque a forma como a matéria é passada interfere na aprendizagem se você se utiliza
de material que chama a atenção do aluno.” (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/RO)
No exemplo (102), também a factualidade presente na constrão de condição faz
com que o discurso ganhe credibilidade a partir de uma relação entre cláusulas que se
sustenta em dados reais, factuais. Transmite-se uma idéia de certeza, em que não
há duas
alternativas possíveis, tal como visto anteriormente, com a condicional com verbo na forma
de subjuntivo. Isso possibilita ao falante maior adesão por parte do ouvinte àquilo que se
diz sob forma de uma construção condicional.
Assim, quando se utiliza, por exemplo, se você se utiliza
do material que chama a
atenção do aluno”, vê-se que a noção de causalidade se dá no mundo real, em que o foco da
condicional centra-se somente em “você se utiliza do material que chama a atenção do
aluno”. O mesmo não aconteceria se a condicional apresentasse o verbo na forma de futuro
do subjuntivo, por exemplo, em que, nesse tipo de discurso argumentativo, a perspectiva de
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abrir possibilidade para o interlocutor seria muito menos eficiente:se você se utilizar de
material que chama atenção do aluno.
A factualidade também pode ser vista com freqüência em cláusulas condicionais
presentes no Relato de Opinião que se manifestam com ausência de conector. A seguir, eis
alguns exemplos:
(103) “nós erramos nessas últimas eleições mas adquirimos experncia para a próxima... os
brasileiros tiveram inúmeras oportunidades de ad... de adquirir experiência... e não adquiriram...
erraram sempre... continuaram errando... o tempo todo o voto... se/ e depois ficam re/ se acham no
direito de reclamar “ah... mas esse políticoo está fazendo nada... está fa/ só está fazendo
besteira no governo...”o tem direito... elegeu a pessoa errada agora tem que agüentar... na
minha opino é isso...” (L.F./P.B./D&G/RJ/8ªs/RO)
(104) “minha mãe costuma até falar que eu sou... meio assim... meio político... que eu dava pra
político... que eu sou meio revoltado... entendeu? ( ) eu te explicar... eu acho que a pessoa não
pode é::... se abitolar... entendeu? por exemplo... você se forma... aí você arruma um empreguinho
aqui... aí você coma a ganhar bem... aí você ra e fala assim “não... estou bem pra caramba...”
aí... fica naquilo a vida inteira... entendeu?” (L.F./P.B./D&G/RJ/8ªs/RO)
Nos dois fragmentos (103) e (104) antes transcritos, pode-se perceber a ocorrência de
uma cláusula condicional com ausência de conector, ou seja, as orações se justapõem, sem
qualquer nexo conjuncional. Embora isso ocorra, depreende-se do enunciado o valor
condicional, que, nos exemplos (103) e (104) antes listados, possuem valor factual. O verbo
no modo indicativo, seja sob forma de pretérito perfeito, seja sob forma de presente, atribui
à cláusula maior adequação ao modo argumentativo de organização discursiva.
Em (103), tem-se: SE elegeu a pessoa errada, ENTÃO agora tem que agüentar. A
estrutura se p, então q é facilmente inferida a partir da disposição dos elementos na
cláusula. Nesse fragmento, não há possibilidades de abertura de possibilidades para o
ouvinte, como elegeu ou não elegeu a pessoa errada, o que comprova seu caráter factual e
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sua importância para um discurso que visa a adesão de outrem, no caso, o discurso
argumentativo.
O exemplo (104) também apresenta uma oração condicional com ausência de
conector, mas cuja relação de condição pode ser facilmente depreendida pelo contexto
discursivo. Dessa maneira, poderíamos recuperar a estrutura se p, então q com facilidade, a
saber: SE vo se forma, ENTÃO você arruma um empreguinho aqui. É verdade que nesse
fragmento se verifica um marcador discursivo muito freqüente na língua oral,ai”, que na
apódose, produz efeito similar ao que o conector então”, usado mais prototipicamente
para designar a estrutura condicional em português, produz. Há factualidade veiculada pela
informação contida na cláusula condicional, o que torna o jogo argumentativo eficaz, já que
se assenta em uma relação de causalidade do mundo real, o que possibilita obter
credibilidade por parte do ouvinte e conseqüente adeo à idéia ou opinião exposta e
defendida.
O que se pode concluir de antemão é que as condicionais em Relatos de Opinião são
importantes porque, em um discurso argumentativo, “refletem estratégias de captura do
ouvinte na direção da interpretação a favor do argumento explicitado pelo falante, segundo
Leio (2001).
Sobre as condicionais no Relato de Procedimento, deve-se notificar sua
considerável ocorrência, se comparada às ocorrências de condicionais em Narrativas de
Experiência Pessoal (NP), Narrativa Recontada (NR) e Descrição de Local (DL)
.
No Relato de Procedimento, textos de caráter injuntivo, incita-se alguém à realização
de algo, ou seja, objetiva-se, através dessa forma de organização discursiva, ensinar algum
procedimento ao interlocutor.
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Nesse contexto, as cláusulas condicionais assumem um comportamento distinto do
observado em textos de caráter argumentativo, como é o caso do Relato de Opinião,
comentado anteriormente. Atuam, dessa forma, como uma estratégia de aproximação entre
os interlocutores, em que se pode verificar uma abertura à participação do receptor na
realização de uma determinada atividade que venha a ser ensinada através desse tipo de
texto.
Observem-se os exemplos a seguir, retirados do corpus D&G:
(105) “eu sei fazer um ((riso)) uma comida aqui... que... quando eu faço até que... um... de um
macaro... ta? Ele vem numa embalagem já que... que dá pra uma pessoa... só...? Quer dizer?...
se a pessoa comer muito pouco... dá... dá... dá até pra duas... né?” (L.F./P.B./D&G/RJ/2]g/RP)
O mesmo trecho, em sua vero escrita:
(106) “É uma espécie de macarrão que vem em uma embalagem plástica geralmente para uma
pessoa, podendo até ser para duas ou três, desde que satisfa o apetite de cada uma.
(l.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
No exemplo (105), assim como no exemplo (106), percebe-se a característica
fundamental das cláusulas condicionais em seqüências injuntivas, que é a de aproximação
do interlocutor no momento em que se diz algo. Essas cláusulas contribuem para a abertura
ao receptor do texto para possíveis intervenções. Nos exemplos acima, tanto na língua oral
quanto na língua escrita, há preocupação por parte do falante em abrir espaço ao ouvinte,
em uma estratégia de polidez ou cortesia no discurso.
Explica-se, nos exemplos (105) e (106), de que forma se deve proceder no momento
de preparação de um Miojo e, nesse contexto, ao introduzir a cláusula condicional, no
primeiro caso, “se a pessoa comer pouco, o receptor desse texto sente-se envolvido e tem
o poder de interferir no procedimento. Isto é, o receptor pode concluir que come pouco e
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que, portanto, um pacote do produto já seria suficiente, ou o contrário: poderia concluir
que, como ele come muito, uma embalagem apenas não seria suficiente.
No trecho (106), de língua escrita, apresenta-se a condicional com a mesma
funcionalidade nesse tipo de texto analisado, porém, introduzida por um conector diferente,
a saberdesde que. Assim, através do uso desse conector, o falante deixa bem clara a idéia
de condição necessária e suficiente para que a porção preparada do Miojo possa ser servida
a duas ou três pessoas: satisfazer o apetite de cada uma.
Mais uma vez, vê-se que a condicional possibilita abertura ao interlocutor para a
realização dessa atividade descrita: se o interlocutor preparar o Miojo para pessoas que
comem pouco, obviamente o apetite de duas ou três pessoas podeser satisfeito, com
apenas uma embalagem ou uma receita do produto. Assim, a ação do interlocutor será
guiada e mais livre pelo uso das condicionais, através do qual o interlocutor pode alterar a
atividade a ser ensinada.
Tal abertura ao interlocutor se dá muito claramente em exemplos, como os seguintes:
(107) “A massa da lasanha, primeiro tem que colocar no fogo até ferver a massa e ela ficar mole.
Segundo untar o tabuleiro com manteiga e colocar a massa, depois o queijo, presunto, catchup,
queijo ralado, e a carne moída, se quiser. Depois é só repetir a dose mais duas vezes, colocar no
forno, e está pronto. (L.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
(108) Uma das coisas em que mais gosto de fazer é um bom strogonof, pois me distrai fazendo e é
uma delícia, já que para mim é o prato predileto, e a receita é fácil basta colocar numa panela
500gs de carne picada com bastante cebola, tomate e pimentão com pouquinho de água, alho e sal,
logo após milho, palmito picado, cogumelos, ervilhas; tudo na medida do qual achar melhor, pega-
se depois a lata do creme de leite que já estará na geladeira retirando-se o soro, e colocando toda
a quantidade do creme na panela, misturando tudo, pois se notar que ficou grosso o caldo, coloca-
se mais água e prove, caso falte sal ou qualquer outro ingrediente, basta acrescentar ao seu gosto,
o esquecendo de colocar azeite e massa de tomate, e é só abaixar o fogo e deixar cozinhar por
um tempo, até em que a carne e os outros ingredientes estejam moles, pois aí está um delicioso
prato.” (L.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/RP)
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Como se pode observar, no exemplo (107), há uma nítida interrupção das instruções
para a realização da atividade, para um direcionamento ao interlocutor. Nesse caso, inclui-
se um comentário sob a forma de uma cláusula condicional, como estratégia de polidez: se
quiser. As ocorrências destacadas no exemplo (108) também representam a função
exercida pelas cláusulas condicionais nos textos injuntivos. Elas atuam como uma
estratégia de aproximação entre os interlocutores no contexto comunicativo. O falante,
nesse caso, abre espaço a interveões do ouvinte no momento de execução da atividade
ensinada. Por exemplo, quando se diz “se notar que ficou grosso o caldo”, ou seja, repassa-
se a responsabilidade de quem ensina o procedimento àquele que irá realizar a ação. Dessa
forma, o caldo poderá, para alguns, apresentar-se grosso ou não e, dependendo de como for,
o interlocutor deverá pôr mais água ou não. O uso da condicional tem como finalidade essa
possibilidade de intervenção do interlocutor no momento em que se executa uma
determinada atividade.
Também nas seqüências narrativas foram encontradas cláusulas condicionais em
menor número, apenas 33 ocorrências, se comparadas às encontradas em Relatos de
Procedimento e em Relatos de Opinião, porém com características distintas. Nesse tipo de
texto, as condicionais foram encontradas, de modo geral, em momentos em que se
reproduziam diálogos e que, neles, se argumentava a respeito de algo. Em outros casos,
essas condicionais demonstraram uma interrupção para a inclusão de um comentário do
falante, que pode ser explicado pela improvisação presente sempre em textos orais.
Para exemplificar o primeiro caso descrito, apresentam-se os exemplos (109), (110) e
(111), a seguir, e, para o segundo caso, os exemplos (112) e (113):
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(109) eu tinha saído com um menino... aí... quando dou conta ele estava dando um maior show
na frente... fazendo um montão de coisa... fiquei super / morrendo de raiva... né? Aí eu fui e falei
pra minha colega... aí ela falou assim “você vai sair com ele? De novo... se ele chegar aqui perto
de você eu falei assim “o, não vou sair com ele...” (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NP)
No exemplo (109), a condicional se apresenta em um diálogo, e a seqüência não é
propriamente narrativa, mas, ao contrário, nesse caso, argumenta-se a favor de algo.
Discute-se a possibilitade de a garota sair novamente com um menino que, em uma ocasião,
a deixou com muita raiva. Não se narra nenhum acontecimento, mas se expõe uma
situão sob a forma de uma condicional com o intuito de buscar uma possível resposta:
sair ou não com o menino.
Nos exemplos seguintes, observam-se trechos de um mesmo informante, um deles de
língua oral, outro, de língua escrita. Nos dois casos, a condicional se manifesta com
ausência de conector, e em uma seqüência argumentativa, que se insere em um tipo de texto
predominantemente narrativo. Vejam-se:
(110) “...uma vez um..um amigo meu... a gente saiu... a gene saiu... a gente saiu com... com um
grupo... foi num barzinho... aí ele estava lá dançando... bebendo... nesse barzinho... né? Em Vila
Valqueire...e...quando foi cedo... que ele conta que chegou um garotinho...né? e esse garotinho
ficava rodando...pelas mesas... vendendo rosas... né? E sempre chegava perto de um camarada e
ficava lá... pentelhando... perguntando se ele queria comprar rosas... e esse cara/ umas três vezes
fazendo isso... quando chegou lá...pela quarta vez o cara fez assim “faz o seguinte... você... eu te
dou o dinheiro... você não me perturba mais... ta bom?” ele “ah...tá... (L.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/NR)
A versão escrita do mesmo texto:
(111) “Certa vez um grupo de amigos saia para uma noitadaem um bar em Valqueire e lá havia um
garoto que vendia rosas de mesa em mesa. Na mesa em que estava este grupo, o garoto chegava
sempre no mesmo rapaz para perguntar se ele queria comprar rosas e o rapaz sempre dizendo que
não até que ele chegou para o garoto e disse “olha vou te dar uma grana e você não me perturba
mais. (L.E./P.B./D&G/RJ/2ºg/NR)
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Nos dois casos, as condicionais encontram-se sob forma de cusulas justapostas. No
primeiro caso,vou te dar uma grana e você não me perturba mais e, no segundo, “eu te
dou o dinheiro...você não me perturba mais...” Pode-se depreender, nessas ocorrências, um
valor condicional, embora não apresentem conector que explicite essa relação de condição
entre essas sentenças. Essa forma que assumem se deve à improvisação do discurso,
comum em textos orais, pela qual se omitem os conectores. Se fossem reescritas, incluindo
nelas um conector condicional, com algumas modificações, os enunciados ficariam como
os seguintes:Se eu te der grana, (então) vocêo me perturba mais”, “Se eu te dou grana,
(então) você não me perturba mais”.
Nesses exemplos, a cláusula com valor condicional apresenta-se também em uma
seqüência argumentativa que se insere em um texto predominantemente narrativo. Nesse
fragmento, o interlocutor objetiva convencer o menino a deixá-lo em paz e, para isso,
utiliza-se de uma condicional.
Como já se disse, a condicional em narrativas também podem se apresentar como
uma estratégia de interrupção do discurso, sob forma de um comentário, como ocorre nos
exemplos seguintes:
(112) “eu vou contar ...sobre um assalto ... de uma amiga que a/ da minha mãe que ela...sofreu...
ela estava com a irmã dela... ela já é uma senhora... ela estava com a irmã dela e ela freqüenta
muito a Universal... se eu não me engano ela estava indo pra igreja... (L.F./P.B./D&G/RJ/2ºg/NR)
(113) o cara do táxi estava mais errado que ele ainda... e tanto o policial falou que o cara / ele
tinha toda chance de ganhar no tribunal... só que... pô... ia demorar anos e:: ... no final a
companhia ainda ia recorrer... se bobear né... nem pagava... daí como o carro dele está no se/
estava no seguro... ele não / acabou não entrando pra Justiça... deixou pra lá... a seguradora
essa semana deu perda total no carro dele ((riso)) (L.F./P.B./D&G/RJ/
Na passagem transcrita em (112), o falante interrompe o seu discurso pra a inclusão
de um comentário:se não me engano”. Acredita-se que comentários como esse tendem a
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ocorrer em textos próprios de língua oral, devido ao fato de o discurso ser bastante
improvisado e, a todo o momento, reconstruído. Prova disso é que esse comentário não se
inclui no mesmo texto, em sua vero escrita.
O mesmo acontece no exemplo (113). Interrompe-se a narração para a inclusão de
uma digressão: se bobear, né?. Comentários como esses permitem que o falante introduza
no discurso uma opinião a respeito do que se diz, ou seja, avalia aquilo sobre o que se está
falando.
Nas seqüências descritivas, não foram observados muitos dados de cláusulas
condicionais com SE. O que se pode afirmar é que foi mais recorrente o uso de
condicionais com quando, mas só se poderia chegar a algumas conclusões a partir da
análise de mais dados.
Complementando a análise, resta falar a respeito das condicionais em editoriais e em
seqüências dialogais, casos que se observaram nos corpora VARPORT e Jornal O Globo.
Segundo Decat (1995)
12
, a ocorrência de constrões condicionais é significativa na
dissertação, embora também ocorra em textos narrativos. Segundo ela,
o gênero dissertativo presta-se a conceituões, a formulações abstratas. É onero da
argumentação, envolvendo a formulão de hipóteses, o raciocínio indutivo e dedutivo, da
especulação sobre os aspectos mais gerais de uma realidade. (Cf. Decat, 1995:25)
Isso pode ser confirmado na análise dos editoriais e dos diálogos. Neles, a perspectiva
do falante é a do conhecimento conceitual com o objetivo de influenciar, persuadir,
convencer o interlocutor, fazendo-o crer em algo, aderir a uma opinião e, até mesmo, levá-
lo a uma ação. Sendo assim, as seqüências argumentativasm por objetivo apresentar com
12
Embora, segundo Decat (1995), considera-se DISSERTATIVO o tipo de texto em que se argumenta, se
formula hipóteses, nesta pesquisa, optou-se por considerar este tipo de seqüência como ARGUMENTATIVA.
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clareza hipóteses, justificar essas hipóteses com base em argumentos, estabelecer relações
lógicas entre os argumentos e contra-argumentos, exemplificar e encaminhar conclusões.
Nesse caso, assim como ocorre no Relato de Opinião, as condicionais são importantes
porque atuam nesse jogo argumentativo, acelerando a organização do pensamento em
dirão a essa busca de convencimento por parte do falante. Nesse contexto, Gryner (1996:
126) menciona duas estratégias argumentativas que podem servir a esse propósito de
convencimento: estratégia de adesão e estratégia de distanciamento. No primeiro caso,
segundo a autora,
o argumentador se baseia em fatos regulares e previsíveis; em evidências concretas
compartilhadas e na reiteração do próprio ponto de vista assumido: seu poder de persuasão reside
no comprometimento que demonstra em relação ao conteúdo da argumentão”
Por outro lado, Gryner (1996:126) entende que a estratégia de distanciamento
consiste no fato de o argumentador de basear
em fatos eventuais, não previsíveis, em justificativas ou evidências conceituais e na
retomada de posições antagônicas, a que não adere (visando apenas refutá-las)”.
Nesse caso, a autora declara que seu poder de persuasão decorre da relação de não-
envolvimento com o conteúdo da argumentação.
É sabido que os editoriais são caracterizados pelo seu propósito persuasivo a ser
alcançado pela força retórica argumentativa e refletem, por meio de marcas lingüísticas, a
subjetividade, por expressarem um posicionamento da empresa veiculadora do texto diante
de um assunto polêmico da atualidade. Os diálogos, também estudados nesta pequisa,
possuem as mesmas características, porém expressas por partes predominantes do texto,
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que esse gênero se caracteriza pela mesclagem de relatos, descrições e, imperiosamente, de
argumentações.
A subjetividade revela o tipo de relação existente entre o falante e o destinatário ideal
no nível do discurso, especialmente nos momentos do texto em que há posicionamento
diante do assunto determinado e/ou avaliações do falante em relação ao contdo do
discurso. Portanto, a “voz” do sujeito que fundamenta o texto pode ser recuperada através
do discurso e pode estar marcada lingüisticamente no texto através de recursos como o uso
de cláusulas condicionais. Essa expressão da subjetividade nos editoriais e nos diálogos
durante a argumentação interfere no processo interativo direcionando o texto para o seu
propósito e função. Confira os exemplos a seguir:
(114)“Até que haja ordem contrária obviamente liberada pela própria comunidade de
informões – a palavra do Ministro jogou a última pá de cal sobre cova em que enterraram uma
gina da Hisria do Brasil. Se essa história não for resgatada, as gerações futuras correm o
risco de aprendê-la nas conversas clandestinas de pé de ouvido. (L.E./P.B./EDIT/E-B-94-Je-004)
(115) A gravidez precoce é fato que se tornou comum nas comunidades carentes, e não há como
se fechar os olhos para esse fenômeno preocupante, se realmente o país pretende reduzir de
maneira expressiva a pobreza e a miséria.” (L.E./P.B./EDIT/GLO/2005)
Considerando o contexto no qual se situa cada discurso dos exemplos (114) e (115),
pode-se verificar o que foi dito sobre subjetividade. O exemplo (114) encontra-se em um
editorial intitulado “Fantasmas da tortura, texto que trata do Golpe Militar de 1964 e das
vítimas da repressão por ele instalada. Segundo o General Ivan, Ministro-chefe do Serviço
Nacional de Informação, nenhuma informação sobre desaparecidos por motivos políticos
poderia sair dos arquivos do SNI, em nome da segurança nacional. O editorial questiona a
atitude do governo em relação às vítimas da repressão e, nesse contexto, pode-se perceber
que a cláusula condicional destacada revela não só uma avaliação do falante, como também
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uma tomada de posição a respeito do assunto. Para ele, é preciso resgatar a história para que
se tenha acesso ao que realmente ocorreu no período em foco.
No segundo exemplo (115), discute-se o problema da gravidez precoce e o uso da
condicional torna evidente o posicionamento do falante. Isso se dá no momento em que
defende a posição de que não é posvel esquecer o problema da gravidez precoce tendo em
vista o desejo de redução da miséria e da pobreza no país. A partir do momento em que se
deseja reduzir a miséria e a pobreza, não se podem desconsiderar problemas como esse.
Nesse contexto, a condicional tem papel relevante, uma vez que conduz o raciocínio do
interlocutor, levando-o à aceitação do que se diz.
A ordenação das cláusulas condicionais já foi comentada anteriormente, mas se deve
ratificar essa variação de posição e sua funcionalidade no discurso. Quando antepostas, as
construções condicionais ancoram o discurso, no qual a informação dada ou o conceito
ativo na memória do falante é uma ponte entre o que se disse e o que se vai dizer. É o que
se observa em grande parte dos editoriais, por exemplo, que são textos que visam ao
esclarecimento, à explicão e, até mesmo, ao convencimento, objetivos aos quais o uso de
constrões condicionais serve, e que faria com que o uso de condicionais aumentasse.
Nesses textos, há a tentativa de persuasão e o uso das construções condicionais
consiste em uma das estratégias mais ricas de que o emissor lança mão no jogo
argumentativo. Tais condicionais, quando antepostas, recuperam o que foi mencionado,
mas também avaliam, incluem informação nova: o que se diz antes é sempre um apoio para
o que se diz depois.
Os diálogos, também estudados, abrangem todas as características anteriores e todas
elas podem entrecruzar-se, pois ocorre uma mesclagem dos modos de organização do
discurso determinada pelo caráter temático e pela condução dada ao assunto pelos
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interlocutores na realização do ato comunicativo; enfim, por influência das escolhas
individuais dos sujeitos envolvidos no processo.
(116) “(...) porque independência...eu continuo achando...é aon/ é até onde vai o direito dos
outros...se você ultrapassa o seu direito e esbarra no direito do outro... vo o está sendo
independente...você está prejudicando...está explorando os outros...e neste caso o pai e a mãe...que
depois têm que aentar com as conseqüências da independência...da liberdade dos filhos...”
(L.F./P.B./INQ/Oc-B-70-3f-002)
O exemplo (116), cujo tema é “Dinheiro, banco, finanças”, refere-se à liberdade
relativa alcançada pelos jovens. Discute-se, neste diálogo, o limite dessa liberdade dos
jovens, às vezes, por eles não respeitado e que, conseqüentemente, prejudica o seu próximo.
A construção condicional apresenta um fato real - ultrapassar o direito do outro - e, a partir
dele, aponta uma conseqüência - não estar sendo independente.
É possível perceber isso porque o falante, no exemplo descrito, procura revelar,
através desse recurso lingüístico, que ele possui fundamento para falar sobre os respectivos
assuntos tratados e que a condição apresentada em cada situação corresponde a uma
hipótese verdadeira e que deve ser acreditada como tal pelo receptor da mensagem, ou seja,
o interlocutor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi fazer uma descrão do funcionamento das cláusulas
condicionais do português brasileiro, entre 1975 e 2005. Para tanto, usou-se a teoria da
Gramática Funcional, nos termos de Mathiessen & Thompson (1988) e Hopper & Traugott
(1993).
Considerou-se, nesta análise, ovel discursivo em que essas cláusulas foram
efetivamente realizadas, bem como foram analisados os fatores estruturais e/ou sintáticos,
responsáveis pela configuração da cláusula condicional.
Assim, as condicionais foram analisadas em relação: ao modo de organização
discursiva em que se inserem e à ordem em que se apresentam na sentença. Em relação à
ordem, as cláusulas de condição foram estudadas segundo o seu grau de vinculação em
relação à oração-núcleo, e segundo os estados de ativação dos conceitos, veiculados por
essas cláusulas, na memória do falante, nos termos de Chafe (1987).
Verificou-se que a ordem frasal mais freqüente das cláusulas condicionais dos
corpora analisados foi a anteposta em relação à oração-núcleo, tal como já haviam
concldo Neves (2000) e Hirata-Vale (1999). Contudo, levantaram-se algumas sugestões,
de ordem estrutural, por meio das quais se pôde explicar a posição em que se apresentaram
as cláusulas condicionais. Dessa forma, o grau de vinculação dessas cláusulas condicionais
seria fator determinante para a configurão desses enunciados.
Desse modo, as cláusulas condicionais encetadas pelos conectores se se
manifestaram, em geral, na posição anteposta à oração-núcleo. Também em posão
anteposta, se apresentaram as cláusulas de valor condicional justapostas ou reduzidas (casos
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de cláusulas com ausência de conector). Já aquelas introduzidas pelos conectores a não ser
que e desde que sempre estiveram em posição posposta à oração-núcleo.
Considerou-se, ainda, que a posição das cláusulas condicionais poderia estar
relacionada à sua função discursiva. Dessa maneira, segundo Chafe (1987), as cláusulas de
condição que veiculassem conteúdo ativo ou semi-ativo na memória do falante estariam,
em geral, em posição anteposta à oração-núcleo. Aquelas, porém, que veiculassem
contdo inativo na memória do falante, estariam em posição posposta. Com isso, as
condicionais poderiam ser interpretadas como tópicos discursivos ou como adendos. No
exame dos corpora, verificou-se que as prótases funcionam como tópicos ou veiculam
conceitos ativos ou semi-ativos na memória do falante, quando estão antepostas à orão-
cleo e como adendos, ou como conteúdos inativos na memória do falante, quando estão
em posição posposta.
Assim, pode-se afirmar que sempre que a informação contida na cláusula condicional
oferecer uma retomada à porção precedente do discurso, essa condicional é realizada pelo
falante em posição anteposta. Isso se dá pelo fato de a condicional veicular uma informação
já conhecida no discurso, dada, no sentido de falarsobre algo” que já se disse na
seqüência textual. Em contrapartida, têm-se as cláusulas de condição que aparecem em
posição posposta à oração-núcleo; nesse caso, a posição se justifica pelo fato de veicularem
um conceito inativo na memória do falante. Isso significa que a cláusula de condição,
quando está nessa posição, geralmente introduz uma informação que constitui novidade no
discurso e, de certa forma, oferece uma ressalva ao que foi dito na porção anterior do texto.
Pode-se concluir, portanto, pela análise dos dados, que a função discursiva exercida pela
condicional pode ser um fator relevante para a sua estruturação.
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Constatou-se, também, que são posveis algumas relações semânticas entre as
condicionais e outros tipos de cláusulas, como, por exemplo, as temporais. Nesse caso,
analisaram-se somente as temporais introduzidas pelo conector quando. A leitura
condicional das temporais encetadas pelo conector quando ocorre quando o verbo da
ptase apresenta o traço não-télico, ou o aspecto imperfectivo. Além disso, essas cláusulas
admitem leitura condicional quando veiculam eventos simulneos ou seqüenciais, tal como
afirmou Neves (2000), ou, ainda, quando implicam uma relação causal entre os eventos,
segundo Reilly (1986).
As ocorrências de cláusulas condicionais, analisadas em diferentes tipos de seqüência
textual (narrativa, descritiva, injuntiva, dissertativa) das modalidades escrita e falada do
português do Brasil, entre 1975 e 2005, foram analisadas segundo o tipo de texto em
questão. Procurou-se evidenciar, com tal investigão, diferenças e/ou semelhanças entre os
diversos tipos de textos.
Em todos os tipos de textos analisados (narrativo, descritivo, injuntivo, dissertativo)
há maior freqüência de cláusulas condicionais antepostas à oração-núcleo. Portanto,
acredita-se que, independente do tipo de texto, a anteposição é uma tendência geral. Alguns
conectores, no entanto, contribuem para a apresentação dessas cláusulas em posição
posposta à orão-núcleo. São os casos dos conectores desde que e a não ser que, que
sempre introduzem no discurso uma condição necessária e suficiente para o assentamento
de um fato.
Corroborando Said Ali (1959), as cláusulas condicionais examinadas nos corpora
apareceram mais freqüentemente em textos de caráter argumentativo, o que comprovou a
hipótese inicial da pesquisa. Nesses textos, as condicionais contribuem para a adesão do
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interlocutor à determinada tese, já que o seu uso contribui para a organização de um
discurso que objetiva interferir na opinião do interlocutor.
Nos textos de caráter predominantemente narrativo, as condicionais se apresentam,
em geral, em seqüências argumentativas, mais precisamente, no interior dos diálogos entre
personagens envolvidos. Nesse caso, a condicional não atua na narração propriamente dita,
mas ocorre no interior do texto em seqüências que não propriamente narrativas. Também se
de observar a ocorrência de condicional em casos de interrupção da narrativa para a
inclusão de comentários do narrador, nos quais se expõe uma visão crítica ou uma mera
constatação sobre algo que se narra.
Já nos textos injuntivos, as condicionais são bastante freqüentes e seu uso torna
possível o estabelecimento de um contato direto entre os interlocutores. Há, nesse caso,
uma abertura para a participação do interlocutor, ou seja, uma estratégia de polidez ou
cortesia, que consiste em uma característica da condicional diferente das apresentadas nos
outros tipos de seqüências estudados.
Nos textos fundamentalmente descritivos, não foram encontradas muitas ocorrências
de cláusulas de condição com se, ao contrário do que ocorre com condicionais com quando,
recorrentes nestes tipos de texto. Mas, para uma análise mais apurada, seria necessária a
coleta de mais dados.
Outra conclusão importante se deve ao comportamento sintático das condicionais na
fala e na escrita. Geralmente, em textos de língua falada e de caráter mais improvisado,
com elevado grau de informalidade, as condicionais tendem a se apresentar, em alguns
momentos, sem oração-núcleo definida. O mesmo não ocorre com os textos de língua
escrita, em geral, mais claros, mais bem elaborados e, que, sempre apresentaram oração-
núcleo realizada.
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Após essa descrição dos usos das cláusulas condicionais em corpora de língua falada
e escrita, levando em considerão diferentes seqüências textuais, sob o enfoque funcional-
discursivo, espera-se contribuir para uma caracterização mais integrada das cusulas
condicionais no seu uso efetivo, o que muito pode contribuir para uma análise lingüística
e/ou sintática mais coerente e sistemática da língua em termos de ensino.
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RESUMO
Esta pesquisa estuda as cláusulas condicionais no portugs
brasileiro, falado e escrito, entre 1975 e 2005, com a
finalidade de descrever e analisar as ocorrências dessas
cláusulas em diferentes modos de organização discursiva.
Consideram-se as cláusulas condicionais como estruturas que
inserem circunstância dentro de um conteúdo discursivo.
Parte-se da hipótese de que as cláusulas condicionais são
bastante produtivas em certos tipos de textos, em especial, os
de caráter argumentativo e sua ordem varia em função do seu
grau de vinculação e do seu estatuto informacional no
contexto de uso. Os resultados mostraram que determinados
conectores, como a não ser que e desde que, introduzem
cláusulas condicionais, geralmente, em posição posposta. Por
outro lado, a anteposição seria a posição privilegiada por
cláusulas que não apresentam conectores ou por aquelas que
veiculam conteúdos ativos ou semi-ativos na memória do
falante, ao passo que pospostas seriam, também, as cláusulas
que tendem a veicular uma informação que constitui novidade
no discurso. Dentro da base funcional-discursiva em que o
trabalho se move, esses resultados podem ser interpretados,
entendendo-se que cada enunciado que se produz é o
resultado das escolhas do falante e de sua intenção
comunicativa. Espera-se, com esta análise, possibilitar uma
descrição mais integrada das cláusulas condicionais, que
possa evidenciar a relação estreita entre a linguagem e suas
funções.
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FERREIRA, Michelli Bastos. Cláusulas condicionais: uma abordagem funcional-
discursiva. Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, 2007. 154 p., mimeo. Dissertação
de Mestrado em Língua Portuguesa.
ABSTRACT
This research studies the conditional clauses in Brazilian
Portuguese, spoken and written, from 1975 to 2005, aiming to
describe and to analyse the occurrences of these clauses in
different modes of textual discursive organization. We
consider conditional clauses as structures that insert
circumstance in discursive contents. We start from the
hypothesis that the conditional clauses are very productive in
certain types of texts, in special, those of argumentative
nature and their order varies in function of their degree of
linkage and of their informational statute in the context of
use. The results showed that certain connectives, such as
unless (desde que) and as long as (a não ser que), generally
introduce conditional clauses, in post-position. On the other
hand, the pre-position would be the privileged one in clauses
that do not present connectives or by those that link active or
semi-active contents in the memory of the speaker, while that
in the post-position would also be, the clauses that tend to link
information that constitutes novelty in the discourse. Based
on the functional-discursive theory, these results can be
understood since we consider that each enunciation that is
produced is a result of the speaker´s choice and of his/ her
communicative intention. We aim, with this analysis, to allow
a more upright description of the conditional clauses, which
could clear the narrow relation between the language and its
functions.
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FERREIRA, Michelli Bastos. Cláusulas condicionais: uma abordagem funcional-
discursiva. Rio de Janeiro: UFRJ, Faculdade de Letras, 2007. 154 p., mimeo. Dissertação
de Mestrado em Língua Portuguesa.
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