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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
JEOVAN DE CARVALHO FIGUEIREDO
CLUSTERS INDUSTRIAIS E PERFORMANCE REGIONAL:
CONTRIBUIÇÕES À TEORIA DA VANTAGEM COMPETITIVA SUSTENTÁVEL
SÃO PAULO
2009
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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
JEOVAN DE CARVALHO FIGUEIREDO
CLUSTERS INDUSTRIAIS E PERFORMANCE REGIONAL:
CONTRIBUIÇÕES À TEORIA DA VANTAGEM COMPETITIVA SUSTENTÁVEL
SÃO PAULO
2009
Tese apresentada à Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas, como requisito para a
obtenção do título de Doutor em
Administração de Empresas.
Campo de conhecimento: Administração da
Produção e Operações
Orientador: Prof. Dr. João Mario Csillag
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Figueiredo, Jeovan de Carvalho.
Clusters industriais e performance regional: contribuições à teoria
da vantagem competitiva sustentável. / Jeovan de Carvalho
Figueiredo. – 2009
140 f.
Orientador: João Mario Csillag.
Tese (Doutorado) Escola de Administração de Empresas de
São Paulo.
1. Conglomerados (empresas) - Brasil. 2. Concentração
industrial (Brasil). 3. Competitividade. 4. Valor (economia). 5.
Desenvolvimento sustentável. I. Csillag, João Mario. II Tese
(Doutorado) Escola de Administração de Empresas de São Paulo.
III. Clusters industriais e performance regional: contribuições à
teoria da vantagem competitiva sustentável.
CDU: 334.75(81)
JEOVAN DE CARVALHO FIGUEIREDO
CLUSTERS INDUSTRIAIS E PERFORMANCE REGIONAL:
CONTRIBUIÇÕES À TEORIA DA VANTAGEM COMPETITIVA SUSTENTÁVEL
Tese apresentada à Escola de Administração
de Empresas de São Paulo da Fundação
Getulio Vargas, como requisito para a
obtenção do título de Doutor em
Administração de Empresas.
Campo de conhecimento: Administração da
Produção e Operações
Data de aprovação:
____/____/_______
Banca Examinadora:
Prof. Dr. João Mario Csillag
(Orientador) FGV-EAESP
Prof. Dr. Luiz Carlos Di Serio
FGV-EAESP
Prof
a
. Dr
a
. Susana Carla Farias Pereira
FGV-EAESP
Prof. Dr. Claude Machline
Centro Universitário São Camilo
Prof. Dr. Dario de Oliveira Lima Filho
UFMS
Prof. Dr. Alceu Gomes Filho
UFSCar
À Claudia.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por sua bondade.
Agradeço a confiança e a disponibilidade de João Mario Csillag, exemplo de
orientador e mestre.
Agradeço aos membros da banca, Susana, Dario, Alceu, Di Serio e Claude, pela
importante participação no meu processo de aprendizado e formação profissional. Mais do
que isto, agradeço o exemplo que me deram e continuam dando para o meu crescimento
pessoal.
Agradeço à Vera Lúcia e Márcia Ostorero, que em momentos diferentes, mas com
a mesma intensidade, tornaram o POI um ambiente profissional acolhedor e dinâmico.
Aos professores e funcionários da FGV-EAESP, por fazerem da escola um local
de busca constante de excelência acadêmica. Em especial, à equipe do GVpesquisa, cujo
profissionalismo e gentileza merecem aplausos.
Aos muitos colegas e amigos do doutorado. Em especial, ao Téo, Cajá, Deive,
Linus, Luciano, Rodrigo, Caetano, e Renata. Muitas foram as noites em claro, muitos os
papers que lemos e discutimos, mas pouco foi o tempo que pude compartilhar de amigos e
colegas tão importantes.
Aos colegas do GVces, que me receberam de braços abertos, e dividiram comigo
idéias inspiradoras e projetos, cuja relevância hoje, é sem igual.
Aos colegas da Accenda, principalmente ao Gustavo Camargo e ao Mauricio
Conti, pelo companheirismo e cordialidade, no projeto de mapeamento do cluster de
tecnologia da informação e comunicação na região de Campinas.
Aos alunos da turma de 2007 do curso Microeconomics of Competitiveness
(MOC), cujo interesse, disposição e debates tomaram parte importante nas idéias discutidas
nesta tese.
Novo agradecimento deve ser feito ao Di Serio, que me inseriu tanto no curso
MOC como monitor, quanto me incluiu na pesquisa sobre o cluster de Campinas, cedendo
gentilmente os dados para a pesquisa exploratória.
À Capes e ao GVpesquisa, por apoiarem este pesquisador com as bolsas de estudo
necessárias para o período de dedicação exclusiva ao doutorado.
Por fim, mas não menos importante, agradeço à minha família, onde sempre
encontro porto seguro, e à Claudia, que esteve sempre ao meu lado. Sua presença,
contribuições e idéias me inspiraram sobremaneira na elaboração deste trabalho.
“Os segredos da indústria estão no ar.”
Alfred Marshall, no trabalho seminal Principles of
Economics, descrevendo em 1890 evidências de
externalidades positivas nas aglomerações industriais.
“Em nossa vida cognitiva, bem como em nossa vida
ativa, somos criativos. Nós adicionamos tanto a parte
do sujeito quanto a parte do predicado da realidade.
O mundo mantém-se realmente maleável, esperando
para receber seus toques finais de nossas mãos.
O homem engendra verdades sobre ele.”
William James, expoente do pragmatismo na filosofia
da ciência, em 1907.
RESUMO
Este trabalho aborda o tema das aglomerações geográficas de organizações interconectadas,
ou os assim chamados clusters empresariais. Sendo que a competitividade encontra seus
fundamentos na ação das empresas, e estas podem não somente criar lucro econômico, mas
também gerar benefícios para a sociedade local e o país, é necessário compreender melhor os
efeitos decorrentes da aglomeração empresarial, para o conjunto de organizações que atuam
conjuntamente na mesma região, e principalmente, para a sociedade local. O objetivo deste
trabalho é determinar quais são os efeitos dos clusters nos municípios onde se encontram
estabelecidos. Para tanto, adotou-se uma estratégia de pesquisa de múltiplas etapas,
envolvendo inicialmente uma pesquisa exploratória em um reconhecido cluster de tecnologia
da informação e comunicação, cujos subsídios foram utilizados no refinamento de hipóteses
testadas em uma pesquisa quantitativa, na qual foram analisadas 645 observações,
correspondentes aos municípios do estado de São Paulo. Os resultados sugerem que os
municípios que contam com clusters industriais são aqueles que apresentam desempenho
superior, em termos de intensidade exportadora e agregação de valor. Estes municípios
apresentam ainda níveis elevados de riqueza para os munícipes, e, nas cidades com clusters
industriais, também maior longevidade dos cidadãos. Mas não qualquer evidência de
que municípios com concentrações estão relacionados à maior escolaridade, um resultado
contra-intuitivo, que supostamente, a atividade industrial demanda gestores mais
especializados, e mão-de-obra mais qualificada. Uma evidência interessante se refere aos
problemas ambientais. O grupo de municípios com clusters apresentou mais problemas
relacionados a alterações ambientais. Sendo qualquer teoria resultado de características
histórico-culturais bastante específicas, seu poder explicativo pode diminuir à medida que
novas demandas sociais adentram nos campos científicos. Como tal, uma necessária revisão
do modelo de vantagem competitiva em clusters é sugerida neste trabalho, contemplando as
questões da sustentabilidade, que se fazem presentes na economia e na sociedade
contemporâneas.
Palavras-chave: Aglomerações empresariais; competitividade; valor sustentável;
externalidades; prosperidade.
ABSTRACT
This study provides evidence regarding the strategic dynamics of competitive clusters. It’s
suggested that the competitiveness must be pursued not only by the increasing of economic
profits, but it also must generate benefits for the local society and the country. This is
necessary to understand better the whole effects of the clusters for the set of organizations
who act jointly in the same region. This work aims to determine which are the effects of
clusters in the region where they are established. A strategy of research of multiple stages was
adopted, having involved initially an exploratory research, in a cluster of information and
communication technology. The results had been used in the refinement of hypotheses for a
quantitative research, in which 645 observations had been analyzed, correspondent to the
cities of the state of São Paulo. The results suggest that the industrial clusters cities are those
who present superior performance of exporting intensity and aggregation of value. These
cities still present high levels of wealth for the townspeople, and the cities with industrial
clusters, also have bigger longevity of the citizens. But any evidence of that cities with
clusters are related to the biggest years of study was found. An interesting evidence is related
to the environmental problems. The group of cities with clusters presented more related
ambient alterations. Thus, a necessary revision of the model of competitive advantage in
clusters is suggested in this work, contemplating the contemporary questions about
environmental problems.
Keywords: Clusters; competitiveness; agglomeration externalities; prosperity; sustainable
value.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1.1 - Determinantes do desenvolvimento por meio da produtividade ............................4
Figura 2.1 – O “Modelo Diamante” ...........................................................................................8
Figura 2.2 – Aspectos da criação de vantagem competitiva sustentável..................................11
Figura 3.1 – Matriz de valor sustentável ..................................................................................22
Figura 3.2 – Estratégias ambientais competitivas ....................................................................23
Figura 4.1 – Clusters industriais e performance municipal......................................................26
Figura 4.2 – Performance municipal e prosperidade ...............................................................27
Figura 4.3 – Clusters industriais e prosperidade ......................................................................28
Figura 4.4 – Curva de Kuznets.................................................................................................30
Figura 5.1 - Curvas de testes de poder das amostras (n=215)..................................................36
Figura 5.2 – Relações entre os construtos (Modelo 1).............................................................61
Figura 5.3 – Relações entre os construtos (Modelo 2).............................................................61
Figura 5.4 – Relações entre os construtos (Modelo 3).............................................................62
Figura 6.1 - Evolução do pólo de alta tecnologia de Campinas – novas empresas..................64
Figura 6.2 – Investimentos implantados 1998-2002 ................................................................68
Figura 6.3 - Empresas que utilizam as universidades para apoio às atividades de P&D .........72
Figura 6.4 - Intermediários que realizam atividade de P&D....................................................73
Figura 6.5 - Qualidade da infra-estrutura científica da RMC...................................................74
Figura 6.6 – Qualidade da mão-de-obra da RMC ....................................................................74
Figura 6.7 – Condições dos fatores na RMC............................................................................75
Figura 6.8 - Setores correlatos na RMC...................................................................................76
Figura 6.9 – Cadeia de valor de TIC ........................................................................................77
Figura 6.10 – Mercado na RMC...............................................................................................78
Figura 6.11 – Condições de rivalidade na RMC ......................................................................78
Figura 6.12 – Renda média comparada entre Campinas e demais municípios de SP..............81
Figura 7.1 – Modelo estrutural – Cluster e Prosperidade.........................................................83
Figura 7.2 – Modelo estrutural – Cluster e Performance .........................................................85
Figura 7.3 – Modelo estrutural – Performance e Prosperidade................................................88
Figura 7.4 – Ocorrências ambientais nos municípios paulistas................................................93
Figura 7.5 – Percentual de ocorrências ambientais nos municípios paulistas..........................94
Figura 7.6 – Impactos ambientais e concentrações industriais.................................................95
Figura 7.7 – Clusters, renda e impacto ambiental ....................................................................96
Figura 7.8 – Clusters e vantagem competitiva sustentável.......................................................98
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 – Composição do IPRS - Dimensão riqueza...........................................................47
Tabela 5.2 – Composição do IPRS - Dimensão longevidade...................................................48
Tabela 5.3 – Composição do IPRS - Dimensão escolaridade ..................................................48
Tabela 5.4 – Matriz de correlações (Amostra 1)......................................................................57
Tabela 5.5 – Matriz de correlações (Amostra 2)......................................................................57
Tabela 5.6 – Matriz de correlações (Amostra 3)......................................................................58
Tabela 5.7 – Matriz fatorial (todas as amostras) ......................................................................58
Tabela 5.8 – Coeficientes do Alfa de Cronbach.......................................................................59
Tabela 7.1 – Cargas indicadoras sobre os construtos cluster e prosperidade...........................84
Tabela 7.2 – Cargas indicadoras sobre os construtos cluster e performance ...........................86
Tabela 7.3 – Matriz de resíduos padronizados (cluster – performance)...................................87
Tabela 7.4 – Cargas indicadoras sobre os construtos performance e prosperidade .................89
Tabela 7.5 – Riqueza, longevidade e escolaridade nos municípios com clusters e sem clusters
..................................................................................................................................................90
Tabela 7.6 - Municípios com e sem clusters e classificação segundo os grupos do IPRS.......92
LISTA DE QUADROS
Quadro 2.1 – Determinantes do Modelo Diamante....................................................................9
Quadro 2.2 – Características de redes e clusters ......................................................................15
Quadro 2.3 – Vantagens obtidas por empresas em clusters .....................................................16
Quadro 5.1 – Composição da amostragem por julgamento......................................................33
Quadro 5.2 – Estatística descritiva das variáveis utilizadas no estudo.....................................37
Quadro 5.3 – Quadro resumo das variáveis utilizadas no estudo.............................................50
Quadro 5.4 – Construto Cluster................................................................................................52
Quadro 5.5 – Construto Performance Municipal......................................................................53
Quadro 5.6 – Construto Prosperidade.......................................................................................54
Quadro 5.7 – Testes de confiabilidade e validade....................................................................55
Quadro 5.8 – Resumo e resultados dos testes de confiabilidade e validade dos construtos.....60
Quadro 6.1 – Empresas de TIC em Campinas e no estado de São Paulo.................................65
Quadro 6.2 – Linha do tempo da formação do cluster de TIC na RMC ..................................66
Quadro 6.3 – Número de instituições de P&D e de educação na região de Campinas (2002) 73
Quadro 7.1 – Medidas de qualidade de ajuste do modelo (cluster – performance) .................86
Quadro 7.2 – Medidas de qualidade de ajuste do modelo (performance - prosperidade)........89
Quadro 7.3 - Municípios com clusters e classificação segundo os grupos do IPRS................91
Quadro 7.4 – Hipóteses corroboradas neste estudo..................................................................97
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACIC Associação Comercial e Industrial de Campinas
AET Associação de Empresas de Tecnologia
ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações
ANPROTEC
Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
APEX Agência de Promoção de Exportações
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CATI Coordenadoria de Assistência Técnica Integral
CenPRA Centro de Pesquisas Renato Archer
CIATEC Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
CTI Centro de Tecnologia para a Informática
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FITEC Fundação para Inovações Tecnológicas
IAC Instituto Agronômico de Campinas
IB Instituto Biológico
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IDH-M Indice de Desenvolvimento Humano Municipal
IMP Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
IPRS Índice Paulista de Responsabilidade Social
ITAL Instituto de Tecnologia de Alimentos
ITI Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
IZ Instituto de Zootecnia
LNLS Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MRE Ministério das Relações Exteriores
MTE Ministério do Trabalho e Emprego
MUNIC Pesquisa Básica de Informações Municipais
OSCIP Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PEBT Pequenas empresas de base tecnológica
PIA Pesquisa Industrial Anual
PIB Produto interno bruto
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PPC Paridade de poder de compra
PUC-Campinas Pontifícia Universidade Católica de Campinas
QL Quociente locacional
RAIS Relação Anual de Informações Sociais
RBV Resource-Based View, ou Visão Baseada em Recursos
RMC Região Metropolitana de Campinas
SCM Supply Chain Management, ou Gestão da Cadeia de Suprimentos
SEADE Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados
SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SECOOP Secretaria de Cooperação Internacional do Município de Campinas
SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SENAT Serviço Social do Transporte
SEPIN Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência e Tecnologia
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNIP Universidade Paulista
USF Universidade de São Francisco
WMO World Metereological Organization
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................1
1.1 Formulação da questão de pesquisa.......................................................................................2
1.2 Objetivo geral e objetivos específicos....................................................................................5
1.3 Organização do trabalho.......................................................................................................5
2. CLUSTERS EMPRESARIAIS...................................................................................................7
2.1 O Modelo Diamante.............................................................................................................8
2.2 Competitividade e vantagem competitiva.............................................................................10
2.3 A importância da localização para a competitividade............................................................12
3. VANTAGEM COMPETITIVA E A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL .....................................18
3.1 Para além da prosperidade econômica .................................................................................18
3.2 A emergência da questão socioambiental.............................................................................19
3.3 Incentivos financeiros no ambiente institucional...................................................................21
3.4 Criação de valor sustentável e vantagem competitiva............................................................22
4. DESENVOLVIMENTO DA TEORIA E HIPÓTESES..............................................................25
4.1 Performance e clusters industriais.......................................................................................25
4.2 Prosperidade......................................................................................................................27
4.3 Clusters industriais e impactos sociais no município.............................................................28
4.4 Clusters industriais e impactos ambientais no município.......................................................30
5. MÉTODO E DEFINIÇÃO DOS CONSTRUTOS......................................................................32
5.1 Desenho da pesquisa ..........................................................................................................32
5.2 Pesquisa exploratória..........................................................................................................33
5.3 Seleção e tratamento dos dados para a análise quantitativa....................................................35
5.4 Construtos.........................................................................................................................52
5.5 Avaliação de validade e confiabilidade dos construtos..........................................................54
5.6 Relações entre os construtos ...............................................................................................60
6. PESQUISA EXPLORATÓRIA................................................................................................63
6.1 A evolução do ambiente institucional e organizacional do cluster..........................................63
6.2 Caracterização dos agentes relevantes do cluster de TIC.......................................................67
6.3 Competitividade do cluster .................................................................................................75
6.4 Resultados.........................................................................................................................79
6.5 Contribuições da pesquisa exploratória para a pesquisa quantitativa ......................................81
7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .....................................................................83
7.1 O impacto socioeconômico dos clusters industriais nos municípios .......................................83
7.2 O Impacto ambiental das concentrações nos municípios .......................................................93
7.3 Resultados alcançados........................................................................................................96
7.4 Consolidação dos resultados...............................................................................................98
8. CONCLUSÕES ....................................................................................................................100
8.1 Implicações acadêmicas ...................................................................................................101
8.2 Implicações para políticas públicas....................................................................................102
8.3 Implicações gerenciais .....................................................................................................103
8.4 Limitações e estudos futuros.............................................................................................104
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................106
APÊNDICE A - Relação de Entrevistados ..................................................................................118
APÊNDICE B – Relação de organizações que responderam ao questionário .................................119
APÊNDICE C – Questionário....................................................................................................120
APÊNDICE D – Clusters industriais mapeados no Estado de São Paulo .......................................126
APÊNDICE E – Clusters mapeados no Estado de São Paulo – Municípios....................................131
APÊNDICE F – Classificação das atividades industriais a dois dígitos (CNAE)............................136
1
1. INTRODUÇÃO
Desde o início do campo científico da Administração da Produção, houve um
forte entrelaçamento entre as preocupações das empresas industriais e o conhecimento
científico criado neste campo. Se por um lado isto permitiu que a Administração da Produção
rompesse com as demais áreas funcionais do campo gerencial (como gestão de pessoas e
finanças), e criasse uma identidade própria distinta da Industrial Engineering, isto também fez
com que a gestão da produção e com o advento da importância dos serviços, a gestão de
operações se deslocasse para mais longe das ciências hard (como a física e as ciências da
vida).
De fato, Voss (1995) afirma que a gestão de operações tem uma relação
simbiótica com a indústria. Primeiro, porque a indústria é a principal fonte de idéias,
necessidades e problemas a serem tratados. Segundo, pois a indústria pode ser um laboratório
para a ação gerencial.
Ainda que esta integração pareça admirável, Voss (op. cit.) ressalta que os
pesquisadores em contato com a indústria devem atentar para distinguir as questões
genuinamente novas (ainda não respondidas), e aquelas causadas pelas lacunas na difusão de
novos conhecimentos, ou pela inabilidade das companhias em implementar novas soluções.
Estas últimas têm recebido demasiada atenção na área de operações. Segundo
Pannirselvam e seus colegas (1999), nas décadas de 80 e 90 foram publicadas pesquisas que
refletem basicamente preocupações da indústria.
Trabalhos que foram movidos pelo desafio de conhecer o construído e
produzido na área de operações foram elaborados, tanto no cenário nacional (MACHLINE,
1994; ARKADER, 2003) quanto no cenário internacional (NEELY, 1993; PRASAD,
BABBAR, 2000; BARMAN; HANNA; LaFORGE; 2000).
Estes trabalhos refletem mais do que apenas a metodologia empregada e os temas
abordados nos trabalhos de gestão de produção e operações: eles refletem a caracterização do
domínio do campo, entendido como os problemas que interessam aos pesquisadores deste
campo, e as ferramentas que podem ser utilizadas para lidar com estes problemas.
Este domínio, para Voss (1995), consiste no desenvolvimento e gestão de
processos que agregam valor, e nas ferramentas, nas técnicas e nos métodos que os suportem.
2
Sendo que o valor de um produto, processo ou sistema é o seu grau de aceitabilidade pelo
cliente, quanto maior for o valor de um item sobre outro que possui a mesma finalidade,
maior será a probabilidade de obter vantagem na competição (CSILLAG, 1985). Logo, o
componente estratégico da criação de valor assume relevo na área de operações.
Porter (1986) sugeriu que uma empresa pode ser desagregada em suas atividades,
de forma que seja possível compreender o comportamento dos custos e os potenciais de
diferenciação, e consequentemente, as lacunas de competência que a empresa apresenta ao
longo de sua cadeia de valor. As lacunas de competência podem ser supridas por meio do
compartilhamento de atividades com outras empresas, que agreguem maior valor ao produto.
Dada a complexidade cada vez maior das inter-relações econômicas em um
contexto de mercado hipercompetitivo, é pouco provável que uma empresa detenha
competência suficiente para dominar todas as atividades da cadeia de valor. Assim, níveis
mais agregados das operações têm sido buscados para que as empresas obtenham os recursos
necessários para obter maior vantagem na competição.
De fato, ferramentais teóricos, como a análise de encadeamentos produtivos, têm-
se mostrado bastante adequados para a análise da eficiência coletiva de agentes econômicos
que respondem por diferentes etapas da agregação de valor a um produto final (LIMA FILHO
et al., 2007). Por sua vez, a gestão da cadeia de suprimentos, que pressupõe um papel ativo da
empresa focal na organização dos fluxos, tem encontrado cada vez mais aplicações nas
empresas, principalmente naquelas inseridas em cadeias globais de fornecimento (PEREIRA;
CSILLAG, 2004), e nas companhias onde relacionamentos, quando geridos de forma
estratégica, podem significar vantagem competitiva (ALVES FILHO et al, 2004).
Este trabalho encontra lugar nestes esforços, de maior compreensão e
entendimento, sob um ponto de vista de gestão e acadêmico, dos agrupamentos de empresas e
de seu desempenho agregado.
1.1 Formulação da questão de pesquisa
Desde de 2001, o Fórum Econômico Mundial torna públicos os resultados de uma
pesquisa global, conduzida em parceria com universidades e institutos de pesquisa líderes em
seus países, que procura mostrar o ranking das nações em termos de sua competitividade. Este
3
é o objetivo do The Global Competitiveness Report
1
, um documento que se propõe a ser a
bússola necessária para que governos e empresários possam aprimorar o ambiente de
negócios de seus respectivos países, a fim de que estes avancem na direção de maior
competitividade.
Esforços como os do Fórum Econômico Mundial revelam uma lógica muito própria,
de que países podem ser competitivos. Isto significa crer que países podem competir uns com
os outros, e que, assim como nas empresas, vantagens competitivas podem ser criadas em
nível nacional.
Um primeiro problema aqui é a definição de competitividade. Apesar da ampla
aceitação de sua importância, a competitividade permanece um conceito mal compreendido
(VASCONCELOS; BRITO, 2004). A definição mais intuitiva de competitividade é a
participação do mercado mundial que um país consegue obter com a exportação de seus
produtos. Isto torna a competitividade um jogo em que os ganhos de cada país vêm à custa de
outros países.
Tal visão de competitividade é usada para justificar a intervenção do Estado,
visando a desviar os resultados do mercado mundial a favor da economia interna. Na verdade,
ainda é bastante comum dizer que a desvalorização cambial “torna uma nação mais
competitiva”. Os líderes empresariais tendem a aceitar esta visão, pois tais políticas
macroeconômicas parecem ajudá-los a resolver seus problemas de curto prazo.
Entretanto, nos países em que tal pensamento está impregnado, ele se torna a
principal razão do insucesso da nação em progredir economicamente no longo prazo. Para
entender a competitividade é necessário fugir da metáfora equivocada da intervenção
governamental, relacionando competitividade às fontes de prosperidade de cada país. O
padrão de vida de uma nação é determinado pela produtividade de suas empresas. A
produtividade depende tanto do valor dos produtos e serviços de um país (medido pelo preço
que eles podem alcançar em mercados abertos), quanto da eficiência com a qual eles podem
ser produzidos (PORTER, 1990).
A verdadeira competitividade, portanto, se baseia na produtividade, o que
demonstra a falha essencial do pensamento baseado nas políticas macroeconômicas de curto
prazo. A produtividade permite a uma nação suportar uma moeda forte, e com um alto padrão
1
O relatório de 2008-2009 está disponível para consulta em meio digital, na forma interativa ou como arquivo
eletrônico, em http://www.weforum.org/en/initiatives/gcp/Global%20Competitiveness%20Report/index.htm.
Acesso 20 dez. 2008.
4
de vida para sua população. Ao adquirir maiores níveis de produtividade, as empresas tornam
mais prósperas não apenas a si mesmas, mas também a todos os demais setores da economia
interna.
O desafio que se coloca para o desenvolvimento econômico, então, é a criação das
condições necessárias para o rápido e sustentado crescimento da produtividade. Os
fundamentos da produtividade residem tanto na esfera macroeconômica, quanto na
microeconômica. Esta última, no entanto, tem maior potencial para o aumento da
prosperidade nacional. Afinal, é no nível microeconômico que pode-se avaliar a habilidade
das firmas de criar bens e serviços valiosos, usando para tanto métodos produtivos. Este
argumento é mostrado esquematicamente na figura 1.1.
Figura 1.1 - Determinantes do desenvolvimento por meio da produtividade
Fonte: Adaptado de Porter (1990)
O amplo contexto em que as empresas atuam, como mostra a figura 1.1, deve ser
moldado para favorecer o aprimoramento do ambiente de negócios. Isto é um processo
colaborativo, e retrata um modelo de relações que pode ser estabelecido entre Estado e
empresas (PORTER, 1990). Como estas relações não são estabelecidas com um ator central
do governo, mas sim com as muitas organizações que formam o aparato estatal, os múltiplos
níveis geográficos em que estão localizados os atores (públicos e privados) serão importantes,
que ambientes de negócios distintos irão emergir regionalmente, a partir das características
dos processos colaborativos que ocorrem entre as organizações do governo e as empresas.
Assim, a importância das concentrações geográficas de organizações
interconectadas, ou os assim chamados clusters empresariais (FIGUEIREDO; DI SERIO,
2007), é destacada. Sendo que a competitividade encontra seus fundamentos na ação das
Contexto para desenvolvimento macroeconômico, político, legal e social
Sofisticação da
Estratégia de
Operações da
Companhia
Qualidade do
Ambiente de
Negócios
Microeconômico
Fundamentos Microeconômicos para o Desenvolvimento
Criação de Riquezas Pela Firma
5
empresas, e estas podem criar não somente lucro econômico, mas também gerar benefícios
para a sociedade local e o país, é necessário compreender melhor os efeitos decorrentes da
aglomeração empresarial, para o conjunto de organizações que atuam na mesma região, e
principalmente, para a sociedade local.
Esta é a pergunta que esta tese procura encontrar resposta. Quais são os efeitos
dos clusters nos municípios onde se encontram estabelecidos?
Para responder a esta pergunta, o presente trabalho explora a agenda de pesquisas
do grupo liderado por Michael Porter, da Harvard Business School. As idéias e os trabalhos
apresentados pelo prof Porter são influentes no campo gerencial desde a década de 1980,
quando seu trabalho sobre as cinco forças competitivas (PORTER, 1979, 1981, 1985) se
tornou amplamento aceito, por executivos e acadêmicos.
1.2 Objetivo geral e objetivos específicos
O objetivo geral deste trabalho pode ser assim enunciado:
Determinar os efeitos dos clusters industriais nos municípios paulistas.
Por sua vez, os objetivos específicos deste trabalho são os seguintes:
a) Determinar quanto da variação da performance municipal pode ser explicada
pela existência de um cluster industrial no município;
b) Determinar quanto da variação da prosperidade dos muncípies pode ser
explicada pela existência de um cluster industrial no município;
c) Determinar se impactos ambientais terão maior incidência nos municípios com
ao menos um cluster industriail.
1.3 Organização do trabalho
Esta tese encontra-se organizada da seguinte forma. Após esta introdução, dois
capítulos são dedicados à revisão da literatura. O primeiro deles explora os clusters, a partir
6
da perspectiva porteriana, e o segundo capítulo da revisão da literatura apresenta a emergente
questão socioambiental, como elemento influente nas decisões estratégicas das empresas e
dos governos.
A partir da revisão da literatura, hipóteses foram geradas e refinadas com uma
pesquisa exploratória, no cluster de tecnologia da informação e comunicação da região
metropolitana de Campinas.
Os capítulos finais desta tese trazem os resultados de uma pesquisa quantitativa,
realizada com 645 observações, correspondentes aos municípios do estado de São Paulo, que
procurou responder à pergunta formulada neste primeiro capítulo. Os resultados e
contribuições estão nos últimos capítulos desta tese, juntamente com as sugestões para futuros
estudos.
7
2. CLUSTERS EMPRESARIAIS
A partir da década de 1990, a incerteza e a instabilidade se tornaram variáveis
comuns no ambiente de negócios, devido ao dinâmico padrão de concorrência e cooperação
simultâneas verificado em diversos setores (ROSSEGER, 1992; LEI; SLOCUM JR, 1992).
Na economia global que emergiu nesta década, as vantagens competitivas duradouras se
tornaram cada vez mais suportadas por elementos localizados, como conhecimento,
motivações e relacionamentos, estabelecidos em um espaço geográfico ou região, aos quais
empresas rivais não têm acesso
(PORTER, 1998a).
Isso significa que as diferenças regionais são importantes. Em alguns mercados,
um país terá desempenho superior, enquanto em outros, amargará posições inferiores.
Portanto, o país é forte na exportação para alguns mercados e fraco em outros.
Tal análise de forças e fraquezas não é estranha ao campo da gestão estratégica,
segundo a clássica matriz SWOT
(ANDREWS, 1971), baseada em forças (strengths),
fraquezas (weaknesses), oportunidades (opportunities) e ameaças (threats).
É necessário saber o que torna um país forte no mercado global, ao produzir e
exportar determinados produtos. A resposta para esta questão não está apenas na
macroeconomia, com suas premissas de vantagens comparativas, mas também no aspecto
microeconômico, no qual são definidas e implementadas as estratégias das empresas.
Para que as empresas possam competir com sucesso, são necessários ganhos
crescentes de produtividade, derivados principalmente das inovações tecnológicas. O conjunto
das empresas em competição, angariando maiores níveis de produtividade, faz com que se
elevem o padrão de vida e o bem-estar da região ou nação onde se localizam (PORTER,
1990).
Para que isso ocorra, as organizações e instituições devem estar alinhadas, sendo
eficientes. Apesar de serem comumente utilizadas de modo intercambiável, instituições e
organizações são vistas aqui como elementos distintos. As primeiras correspondem aos
incentivos, de natureza social, política e econômica, que reforçam a adoção de padrões de
comportamentos recorrentes. Assim, as instituições, de natureza formal ou informal,
modernas ou tradicionais, ajudarão a definir como irão se processar as escolhas dos
indivíduos em sociedade (NORTH, 1990).
8
Por sua vez, as organizações são as entidades estruturadas que operacionalizarão
as instituições, por normas internas, procedimentos e cadeias de comando hierárquicas. As
organizações podem ter fins lucrativos, como as empresas, ou podem buscar outros objetivos
que não o lucro, como ocorre nas organizações do terceiro setor, nas associações de classe e
organizações estatais.
Sendo a produtividade das empresas o fator que determina a prosperidade de uma
nação, é papel do Estado criar um ambiente institucional que fomente o aumento da
produtividade. Ambos, empresas e governo, devem buscar juntos o aprimoramento do
ambiente de negócios, a fim de torná-lo mais favorável aos negócios das empresas no país.
Neste sentido, o Modelo Diamante, proposto por Porter (1990), é ilustrativo.
2.1 O Modelo Diamante
O Modelo Diamante sugere que um conjunto de fatores, que demonstram mútua
dependência, podem criar um ambiente de negócios mais favorável e sofisticado, tornando as
empresas nele inseridas mais competitivas. Os fatores estão indicados na figura 2.1.
Figura 2.1 – O “Modelo Diamante”
Fonte: PORTER (1990).
Estratégia, Estrutura
e Rivalidade das
Empresas
Condições dos
Fatores
Condições da
Demanda
Setores Correlatos
e de Apoio
Acaso
Governo
Estratégia, Estrutura
e Rivalidade das
Empresas
Condições dos
Fatores
Condições da
Demanda
Setores Correlatos
e de Apoio
Acaso
Governo
9
O modelo sugere que a competição não é mais impulsionada apenas pela dotação
de fatores como mão-de-obra, recursos naturais e financeiros, mas exige constante inovação
para que os usos produtivos dos insumos gerem vantagens competitivas. Assim, no Modelo
Diamante são adotados quatro determinantes principais da vantagem competitiva de uma
nação (ou mesmo unidades políticas e geográficas menores que um país). Os quatro
determinantes são apresentados no quadro 2.1.
Quadro 2.1 – Determinantes do Modelo Diamante
Item Natureza dos fatores determinantes da competitividade
Condições dos fatores
Representam a presença de fatores de produção, como trabalho especializado ou
infra-estrutura, necessários à competição em determinada indústria.
Condições da demanda
Representam a natureza da demanda interna para os produtos ou serviços da
indústria.
Indústrias correlatas
e de apoio
Demonstram a existência ou não, no país, de indústrias fornecedoras e correlatas,
que sejam competitivas.
Estratégia, estrutura e
rivalidade das empresas
São as condições que, no país, determinam a maneira como as empresas são
criadas, organizadas e dirigidas, aliadas ainda à natureza da rivalidade interna ou
competição local.
Fonte: PORTER (1990).
Para a maioria dos setores, os fatores mais importantes para a vantagem
competitiva não são herdados, mas criados dentro do país. Nos setores mais vitais das
economias desenvolvidas, responsáveis pelo crescimento da produtividade, este argumento de
Porter (1990) seria ainda mais incisivo. De fato, aspectos relacionados aos recursos físicos,
como a abundância, qualidade, acessibilidade e custo de água, minerais, madeira e energia
podem influenciar sobremaneira o desempenho competitivo de uma localidade, mas a criação
e uso do conhecimento permitem às empresas migrar de estratégias de baixo custo para
estratégias de posicionamento único de valor (PORTER, 1980).
Assim, uma hierarquia entre fatores é sugerida por Porter (1990). Um primeiro
conjunto é composto por fatores básicos, como recursos naturais, clima, localização, mão-de-
obra não-especializada e semi-especializada, entre outros. O segundo conjunto é composto
por fatores adiantados
, e incluem a infra-estrutura de comunicação de dados digital, pessoal
10
altamente educado (como engenheiros e cientistas) e institutos universitários de pesquisas em
disciplinas sofisticadas.
A distinção porteriana dos fatores, e o argumento anterior de que os fatores mais
importantes para o aumento da produtividade são criados, encaixam-se em um debate maior,
que trata do que se convencionou chamar de economia do conhecimento (COOKE, 2001;
DUNNING, 2002). A economia do conhecimento é definida como a produção de bens e
serviços baseados em atividades intensivas em conhecimento, que contribuem para um
acelerado ritmo de avanço técnico e científico, bem como sua a rápida obsolescência. O
principal elemento no debate acerca da economia do conhecimento é a grande importância
atribuída às capacidades intelectuais, em relação aos recursos físicos e naturais (POWELL;
SNELLMAN, 2004).
O acaso também pode condicionar o ambiente competitivo, por surtos de
demanda, guerras e outros fatores, que podem promover interrupções ou mudanças nas
condições apresentadas no modelo. O governo também influencia os determinantes do
sistema e pode ser influenciado, no que se refere às políticas governamentais.
2.2 Competitividade e vantagem competitiva
A competitividade é um conceito que ainda não encontrou fronteira restrita.
Primeiro, porque pode referir-se a uma nação, um setor, ou ainda, uma firma. E segundo,
porque o conceito deve considerar a unidade analisada inserida num ambiente fortemente
inter-relacionado com outros ambientes concorrenciais.
Van Duren, Martin e Westgren (1991) sugerem que a competitividade pode ser
entendida como habilidade contínua para obter lucro e manter market share nos mercados em
que a empresa atua, sejam eles internos ou externos.
Por sua vez, Coutinho e Ferraz (1994) associam a competitividade a alguns
elementos específicos, afirmando que a produtividade é fortemente determinada pelas ações
do governo, pelo comportamento da sociedade e, ainda, pela existência de recursos naturais.
A competitividade, para Ferraz, Kupfer e Haguenauer (1996, p.3), é definida
como “a capacidade de a empresa formular e implementar estratégias concorrenciais, que lhe
permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado.”
Esta definição é acompanhada de uma premissa bastante razoável, associada a uma
11
perspectiva dinâmica na qual a competitividade é uma característica extrínseca à empresa,
relacionada ao padrão de concorrência de cada mercado.
Diante do exposto, pode-se afirmar que as ações sistêmicas que afetam a
competitividade dos agentes econômicos individuais inseridos em um conjunto de empresas,
afetam também a competitividade de todo o conjunto. Slack e Lewis (2003), contudo,
diminuem a força deste argumento. Segundo eles, a perspectiva sistêmica não modifica
mercados nem reconfigura recursos da organização. Mas contribui para a organização
compreender o contexto em que atua e as outras operações com as quais interage. Este
argumento parece ser corroborado por Spring e Boaden (1997), quando afirmam que as
competências essenciais devem ser desenvolvidas pelas empresas prioritariamente quando
estiverem em um contexto de relações com outras empresas.
As características individuais da firma têm sido vistas como responsáveis pela
criação de vantagem competitiva sustentável (fig. 2.2). Tais características, ou disposição de
recursos, são criadas a partir de um dado contexto histórico, sendo também dependentes de
uma trajetória tecnológica anteriormente adotada. Além disto, estão inseridas em um
complexo contexto social e dificilmente pode-se determinar com precisão quais foram as
ações tomadas pela firma para criá-las (BARNEY, 1999).
Figura 2.2 – Aspectos da criação de vantagem competitiva sustentável
Fonte: King e Zeithaml (2001).
Nem todos os processos de um negócio serão uma fonte de vantagem competitiva
para a firma. Assim, processos que exploram recursos valiosos, mas comuns, são fonte de
paridade competitiva
. Processos que exploram recursos valiosos e raros são fontes de
vantagens competitivas temporárias. Processos que exploram recursos valiosos, raros e
Competência
Vantagem
Competitiva
Ambigüidade
Relacional**
Vantagem
Competitiva
Sustentável
Característica
Inimitável*
* Ambigüidade causal, dependência da história, complexidade social
** Ambigüidade dos tomadores de decisão sobre a relação entre competência e vantagem competitiva
12
difíceis de imitar (principalmente intangíveis), podem ser uma fonte de vantagens
competitivas sustentáveis (RAY; BARNEY; MUHANNA, 2004).
A noção de recursos pode ser estendida para incorporar a multiplicidade de
relacionamentos além daqueles imediatamente disponíveis formadas por bancos,
universidades e outras organizações de apoio. Esta expansão possibilita um melhor
entendimento dos vários meios pelos quais as firmas podem obter recursos no seu ambiente
competitivo (GULATI, 1999). Contudo, a construção de relacionamentos estratégicos não é
uma tarefa trivial, dado que as relações de uma firma são ativos de caráter único e inimitável
(GULATI; NOHRIA; ZAHEER, 2000).
Spring e Boaden (1997), ao revisitarem os critérios ganhadores de pedidos,
observam que além dos aspectos a respeito dos produtos, da informação e financeiros,
também elementos sociais estão presentes em uma relação entre cliente e fornecedor. Mais do
que isto, afirmam que as decisões estratégicas não devem se basear no alinhamento de
sistemas de manufatura como um conjunto particular de objetivos operacionais, mas sim
como um conjunto de recursos com a habilidade para mudar.
Neste mesmo sentido, De Toni, Filippini, e Forza (1992) argumentam que a
estratégia de manufatura, em mercados globais, deve contemplar os acordos e coalizões como
forma de garantir à organização a obtenção de vantagem competitiva, a partir dos efeitos
positivos das coalizões e dos acordos, nas diversas etapas da cadeia de valor da empresa.
2.3 A importância da localização para a competitividade
A literatura sobre localização e concentração geográfica de empresas encontra raiz
teórica nos argumentos de Marshall (1920), que enfatizam o papel do conhecimento e da
atividade industrial no desempenho econômico de empresas espacialmente concentradas.
Desta visão seminal, três grandes correntes podem ser identificadas na literatura.
2.3.1 Arranjos produtivos locais (APLs)
Remete às amplas questões associadas ao desenvolvimento e ao planejamento
regional. São exemplos destas questões o crescimento do nível de emprego e renda, o
aumento da escolaridade e da capacitação técnica da população, a redução da taxa de
13
mortalidade de micro e pequenas empresas na região, e ainda, a redução das desigualdades
sociais.
A noção de APLs incorpora fortemente o elemento político e social, uma vez que a
concentração de empresas se em um território específico, que será visto não a partir de
potencialidades e recursos existentes, mas também como campo de forças, determinadas a
partir das relações sociais organizadas no espaço geográfico (CASSIOLATO; LASTRES,
2002; 2003).
O conceito de APL tem sido largamente utilizado na elaboração de políticas
públicas, por atribuir grande ênfase às questões de desenvolvimento sustentável e
protagonismo local.
No Brasil, os APLs têm sido alvos de intervenções do governo federal, por meio de
suas agências e ministérios. De fato, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), o
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), e o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), empreenderam a identificação e análise de
APLs como ferramenta adequada para a consecução de seus objetivos de desenvolvimento
econômico e social (LEMOS; ALBAGLI; SZAPIRO, 2004).
Enquanto os formuladores de políticas públicas apóiam-se na noção de arranjos
produtivos para atribuir maior racionalidade às intervenções governamentais, pesquisadores
têm aprofundado o conhecimento sobre as características da teia de relações econômicas e
sociais estabelecidas entre as organizações aglomeradas. Em última análise, essas teias (ou
vínculos) formam o que se pode chamar de redes de organizações.
2.3.2 Redes organizacionais
As redes permitem que as firmas participantes adquiram novas habilidades ou
conhecimentos, ganhem legitimidade, melhorem o desempenho econômico e gerenciem a
dependência de recursos. Nos mercados, o padrão estratégico é guiado pelo trabalhoso ato de
barganhar a possível troca imediata. Nas redes, a opção freqüentemente preferida é criar
compromisso e confiança de longo prazo
(POWELL, 1990; POLDONY; PAGE, 1998). A
estrutura da rede, definida pelos padrões de relacionamento dos atores e sua coesão, dada a
partir da freqüência e do volume de informações e conhecimentos trocados, são os itens que
14
têm recebido maior atenção (LARS-GUNNAR, 1997; ENG, 2005; HO, 2006).
Apesar do crescente movimento global de bens, informações, capital e tecnologia,
verificado nas últimas décadas, a localização não diminuiu em importância para a competição.
Paradoxalmente, as vantagens competitivas na economia global têm se originado localmente,
a partir de concentrações de organizações em um mesmo espaço geográfico. Tais
aglomerações de empresas complementares e de apoio, necessariamente interconectadas, que
ocorrem em uma localização geográfica específica, são chamadas de clusters (PORTER,
1998a).
2.3.3 Clusters empresariais
Os clusters podem ser diferenciados dos APLs o pela intensidade dos vínculos
criados entre os atores (a freqüência e a qualidade das interações), mas também, pelo papel
que as organizações do Estado cumprem no desenvolvimento econômico. Espera-se que nos
APLs, a atuação do governo (em suas múltiplas esferas), seja pautada por estratégias ativas de
apoio e incremento da produtividade, principalmente nos negócios das pequenas e médias
empresas. Por sua vez, o desenvolvimento econômico em clusters ocorrerá com maior
participação das empresas privadas nas iniciativas locais.
As iniciativas de clusters ocorrem com a atuação do Estado, mas as organizações
estatais participam primordialmente na criação de um ambiente de negócios que incentive o
aumento da produtividade. Assim, as organizações estatais ocupam posições na ampla teia de
organizações relacionadas ao cluster, mas tais posições podem ou não ser centrais.
Sendo assim, como a visão de clusters difere da noção de redes de empresas? Apesar
dos clusters serem também um tipo de estrutura de coordenação situada entre o mercado e as
organizações verticalmente integradas, eles diferem das características das redes
organizacionais, sejam elas densas ou frouxas, como mostra o quadro 2.2.
Se nas redes organizacionais são construídos arranjos institucionais para coordenar
as trocas entre os agentes, nos clusters é esperado que o ambiente de negócios localizado
favoreça a redução de custos transacionais (WATTS; WOOD; WARDLE, 2006).
15
Quadro 2.2 – Características de redes e clusters
Redes densas Redes frouxas Clusters
Fonte primária de
incentivos
Arranjos institucionais Arranjos institucionais Ambiente institucional
Ingresso de novas
organizações
Fechado
Aberto (devem ser aceitas
pelas organizações que já
atuam da rede)
Aberto e sem restrições
Base para acordos Contratual Determinação da maioria
Normas sociais e
reciprocidade
Objetivo comum Visão coletiva Resultado nos negócios
Aumento da
produtividade
Relação baseada em Colaboração Cooperação Colaboração e competição
Intensidade dos
vínculos
Fortes Fracos Fracos
Base para a geração de
economias externas
Funções e recursos
compartilhados
Parcerias estabelecidas Localização/ proximidade
Principais resultados
Compartilhamento de
recursos e redução de
custos
Aumento dos lucros e
vendas
Externalidades positivas
Fonte: Figueiredo e Di Serio (2007).
Dados os arranjos existentes, mais ou menos formalizados, nas redes ocorrerão
mecanismos de controle na entrada de novas organizações. Nesse tipo de estrutura, é
necessário o reconhecimento mútuo entre as organizações, que a relação ocorre pautada na
colaboração e cooperação entre elas.
A diferença entre colaborar e cooperar não é trivial. A colaboração pode ser
entendida como o mútuo engajamento das organizações em um esforço coordenado para
alcançar um objetivo comum. Por sua vez, a cooperação enseja uma clara divisão de tarefas,
sendo cada organização responsável por uma parte do esforço coletivo. Assim, na
cooperação, as empresas buscam principalmente ampliar seus resultados, enquanto empresas
decidem colaborar, pois compartilham a mesma visão de mundo (FIGUEIREDO; DI SERIO,
2007).
Nos clusters, a cooperação coexiste com a competição. Assim, as empresas atuando
em clusters tornam-se mais produtivas, pois a competição incentiva o uso de métodos mais
sofisticados, tecnologias mais avançadas e a criação de produtos e serviços diferenciados.
Adicionalmente, as empresas em clusters obterão mais facilmente informações e
conhecimento, do que se atuassem individualmente no mercado (PORTER, 1998b).
Os mercados, como descritos pela literatura econômica, são um mecanismo de
coordenação espontânea que concedem racionalidade e consistência para as ações baseadas no
auto-interesse de indivíduos e firmas. Os mercados são abertos a todos, mas enquanto ele
16
recebe todas as empresas simultaneamente, ele o institui fortes vínculos de comportamento
altruístico. Os participantes de uma transação de mercado são livres de quaisquer
compromissos futuros (POWELL, 1990).
Os clusters podem ser vistos como um mecanismo de coordenação alternativo, já que
a proximidade geográfica e as repetidas trocas entre as empresas favorecem a melhor
coordenação das transações e a criação de reputação. Se a reputação é construída pelas
organizações no passado de trocas mútuas, a confiança que se forma é dada quando as
organizações olham para seu futuro conjunto.
As empresas em rede não compartilham apenas visão de mundo, mas também
recursos (FRELS; SHERVANI; SRIVASTAVA, 2003). A cooperação na rede faz com que
sejam estabelecidas parcerias e alianças, como forma de aumentar vendas e lucros. Empresas
atuando em clusters obtêm vantagens da proximidade geográfica, conhecidas como
externalidades positivas (MARSHALL, 1920).
As estratégias das empresas em clusters contemplam e prevêem a utilização
deliberada das externalidades positivas. As empresas decidem atuar em clusters, pois obtêm
acesso a empregados e fornecedores mais capacitados, a informação especializada, a bens
públicos, e a complementaridades com as atividades de outras organizações. Estes benefícios
são também conhecidos como “vantagens da aglomeração”, e podem estar associadas aos
fatores de produção, ou da demanda do produto final, como indica o quadro 2.3.
Quadro 2.3 – Vantagens obtidas por empresas em clusters
Vantagens da aglomeração associadas à
produção.
Vantagens da aglomeração associadas à
demanda.
o Fácil acesso à mão-de-obra com
conhecimento técnico especializado.
o Fácil acesso a fornecedores de produtos e
serviços necessários à operação.
o Reputação da firma favorece acordos
cooperativos (verticais e horizontais).
o Concentração de empresas concorrentes
favorece maior fluxo de consumidores.
o Monitoramento mais próximo dos
concorrentes permite ampliar a rapidez de
resposta a suas ações estratégicas.
o A firma pode beneficiar-se de investimentos
de seus concorrentes que tornam o cluster
mais atrativo aos consumidores.
Fonte: Adaptado de Canina, Enz e Harrison (2006).
A noção de clusters é essencialmente útil aos gestores de empresas, pois insere na
agenda estratégica questões relevantes na obtenção de vantagens competitivas. As
implicações para as companhias são as seguintes (PORTER, 1998b):
17
1. A estratégia global da organização deve contemplar as vantagens da difusão das
atividades da empresa em localizações que favoreçam o aumento da produtividade e da
inovação nas unidades estratégicas de negócio.
2. Benefícios às empresas aglomeradas podem ser obtidos quando elas realizam
investimentos em bens “públicos”, ou ativos específicos ao cluster, como financiamento de
pesquisas em universidades regionais, melhoria da infra-estrutura especializada,
desenvolvimento e capacitação da mão-de-obra local.
3. As associações de interesse ganham destaque, porque podem se tornar ativos
competitivos com funções coletivas, atuando principalmente na interação com as
organizações de novos negócios no próprio cluster, e ainda, no desenvolvimento de
relacionamentos com organizações complementares e de apoio.
4. A decisão da localização, para as empresas, não é mais somente baseada em
impostos baixos, em matéria-prima e em mão-de-obra barata. A escolha de atuar em um
cluster desenvolvido traz diversos outros benefícios, já explorados neste capítulo.
Obviamente, externalidades negativas também podem decorrer dos clusters. As
externalidades negativas são observadas quando ações de alguns agentes interferem no bem-
estar dos demais, sem que haja a devida incorporação dos custos criados por parte dos
responsáveis por essas ações. O próximo capítulo avança nesta questão.
18
3. VANTAGEM COMPETITIVA E A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL
Desde o início da década de 1990, quando A Vantagem Competitiva das Nações
foi escrito, mudanças globais significativas ocorreram. De fato, o aumento da população no
planeta, a redução da biodiversidade, o aumento da poluição e o agravamento do quadro de
aquecimento global (THE WORLDWATCH INSTITUTE, 2008) tem se tornado importantes
vetores para a consolidação de um novo paradigma (KUHN, 1991) cuja dinâmica traz fortes
indicíos de uma sobreposição, em termos semânticos e em urgência, a anteriormente
disseminada busca pela prosperidade.
Este capítulo procura avançar no entendimento da vantagem competitiva não
somente como desempenho econômico das firmas em competição, mas também, como uso
estratégico das condições prevalecentes na sociedade e no meio ambiente, conjuntos maiores
nos quais as firmas são subsumidas
2
.
3.1 Para além da prosperidade econômica
Nos capítulos anteriores, a discussão sobre as iniciativas em clusters gravita não
somente em torno dos objetivos estratégicos das empresas, mas também, dos objetivos de
desenvolvimento local. Por local, entende-se um recorte geográfico arbitrário, como um
município, bairro, ou uma região. E por desenvolvimento, a capacidade de tornar mais
próspera a população local (FURTADO, 2001).
A prosperidade pode ser entendida como distanciamento da pobreza. Sob esta
definição, salários mais altos, oferta de emprego, e riqueza, são todos indicadores de quão
distantes estão os cidadãos da pobreza.
É usual o argumento de que maior competitividade é causa de maior prosperidade.
Uma idéia bastante conhecida é que “(...) o padrão de vida de um país depende, a longo
2
Granovetter (1985) havia sugerido que as relações sociais não desempenham somente um papel secundário
na análise econômica, mas estão no centro dos fenômenos econômicos, nas sociedades contemporâneas. Os
relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (ou Intergovernmental Panel on Climate
Change, IPCC), mostram categoricamente o impacto da ação humana do meio natural, e a conseqüente resposta
da natureza, que são as mudanças climáticas ora em curso (INTERGOVERNAMENTAL..., 2001a, 2001b,
2007).
19
prazo, de sua capacidade de atingir um alto nível de produtividade nas indústrias em que
suas empresas competem.” (PORTER, 1990, p. 2).
Sob esta definição, torna-se pouco crível supor que “prosperidade” e elevado
padrão de vida” representam algo mais do que simples indicadores de renda econômica.
Derivar que algo mais está presente nestes conceitos como bem-estar social e uso adequado
do meio-ambiente seria um caso claro de conceptual stretching (estiramento conceitual),
entendido como a redução das diferenças principais de conceitos, para um agrupamento de
base tênue, cujos critérios são apenas as semelhanças secundárias e triviais (SARTORI,
1970).
Uma concepção de prosperidade, mais adequada ao estado atual do mundo, foi
proposta por Brundtland (1994). Segundo ela, a prosperidade deve representar qualidade de
vida, entendida como aquela onde emprego, renda, justiça social, uso racional dos recursos
ambientais, e liberdade. Esta noção de prosperidade parece mais apta a responder às questões
colocadas pelo que se convencionou chamar de “questão socioambiental” (VEIGA, 2007).
3.2 A emergência da questão socioambiental
Em 1962, o livro Silent Spring, de Rachel Carlson, deu origem ao movimento
ambientalista moderno. Neste livro, a autora revelou os efeitos negativos de produtos
largamente consumidos na época, como o dicloro-difenil-tricloroetano (DDT) e o
clorofluorcarbono (CFC), que sob a imagem de inovações revolucionárias da indústria
química, escondiam elevada toxidade, e impacto destrutivo na camada de ozônio,
respectivamente.
Dez anos depois, o Clube de Roma publicava The Limits to Growth
3
, um
compêndio que diagnosticou a crescente degradação dos recursos terrestres, e o descontrolado
crescimento da população humana. Esta publicação subsidiou a Conferência da
Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o Meio Ambiente (Estolcomo-72), que gerou a
visibilidade global necessária para que a questão ambiental fosse incluída na agenda
estratégica de empresas e governos.
33
Uma edição atualizada deste trabalho encontra-se disponível Meadows, Randers e Meadows (2007).
20
A ONU continuou, na década seguinte, a incentivar o debate sobre a questão
ambiental. Em 1983, foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento, que foi responsável pela elaboração do relatório “Nosso Futuro Comum”.
Neste trabalho, a definição mais conhecida de desenvolvimento sustentável foi apresentada:
desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades presentes sem comprometer
a possibilidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades
(BRUNDTLAND, 1988).
Uma definição posterior foi sugerida por Herman Daly, economista do Banco
Mundial. Ele sugere que uma sociedade sustentável precisa atender a três condições: a) suas
taxas de utilização de recursos renováveis não devem exceder suas taxas de regeneração; b)
suas taxas de uso de recursos não-renováveis não devem exceder a taxa pela qual a renovação
sustentável dos substitutos é desenvolvida; e c) suas taxas de emissão de poluentes não devem
exceder a capacidade de assimilação do meio-ambiente (ELKINGTON, 2001).
Para o ambiente corporativo, esta discussão é fundamental. Negócios e meio
ambiente se relacionam, à medida que as atividades econômicas baseiam-se na conversão de
recursos naturais em matérias-primas de processos produtivos, em energia, ou em recipientes
para os produtos gerados nessas atividades.
O acesso aos recursos naturais é fundamental para as atividades econômicas de
qualquer nação, mas tão importante quanto o acesso é a forma como esse se dá. O negócio das
empresas pode ser benéfico ao meio ambiente, por exemplo, ao refletir em processos
produtivos os padrões ambientais de consumidores mais sensíveis a questões ambientais. A
relação pode ser negativa, contudo, se resultar em depleção desmedida de um recurso natural
por conta do crescimento de um fluxo comercial (UNEP; IISD, 2005).
Ao longo do século XX, a análise dessas inter-relações cresceu em complexidade
de forma semelhante ao crescimento dos fluxos comerciais: entre o início da década de 1950 e
o ano de 2005, as exportações mundiais de mercadorias cresceram cerca de 120 vezes, em
valores correntes, saindo de cerca de US$ 100 bilhões para o patamar do US$ 10 trilhões,
desconsiderando-se nesses números o comércio internacional de serviços (WTO, 2006).
Nesse mesmo período, os ecossistemas mundiais foram mais alterados do que em
qualquer outro período da história humana, e cerca de 60% dos serviços ambientais que nos
são essenciais, como a regulação do ar e do clima, e ainda a limpeza da água, estão sendo
degradados de forma mais intensa do que seria possível ser assimilado (MEA, 2005).
21
O contexto em que ocorrem estas mudanças é propício para a ação empresarial,
dado que incentivos financeiros para a atuação socialmente responsável são cada vez mais
presentes, como mostra a próxima seção deste capítulo.
3.3 Incentivos financeiros no ambiente institucional
A discussão sobre responsabilidade corporativa encontra raízes na década de 50,
com o trabalho de Bowen (1953), que buscou saber como as decisões dos “homens de
negócios” impactavam as vidas de milhões de cidadãos.
Ao longo do tempo, o conceito de responsabilidade corporativa sofreu alterações,
avançando cada vez mais profundamente na interface da atividade corporativa com a
sociedade, tanto do ponto de vista ético, como legal e econômico (SCHWARTZ; CARROL,
2003).
A teoria dos stakeholders, iniciada por Freeman (1984) adverte as corporações
para a necessidade de prestação de contas a mais atores além dos tradicionais acionistas, para
os quais as corporações têm uma obrigação clara. Os limites da responsabilidade corporativa
são, ainda hoje, alvo de fortes debates, desde a relação com os consumidores, passando pela
relação com as comunidades e a sociedade em geral.
No cerne desta agenda está o debate entre a obrigação dos gestores em maximizar
o retorno aos acionistas e atender aos interesses dos demais stakeholders, especialmente
quando isto demande investimentos e eventual perda de rentabilidade às empresas no curto
prazo (MACKEY; MACKEY; BARNEY, 2007).
A este argumento, os defensores de iniciativas de responsabilidade corporativa
respondem que boas práticas ambientais e sociais podem recompensar o acionista
(SHRIVASTAVA, 1995; HART, 1995; DYER; SINGH, 1998; PORTER; VAN DER LINDE,
1995). Segundo eles, ao investir em melhores práticas sociais e ambientais, as empresas
podem conseguir diferenciação dos seus concorrentes, melhora de processos, e diminuição de
custos. É possível, também, pensar em ganhos na reputação e na imagem institucional das
empresas socialmente responsáveis frente aos seus concorrentes, gerando uma preferência por
parte do mercado consumidor. Assim colocadas, as boas práticas sociais e ambientais e
tornam-se estratégicas, como mostra a próxima seção deste capítulo.
22
3.4 Criação de valor sustentável e vantagem competitiva
Para Hart e Milstein (2003), uma empresa sustentável é aquela que contribui para
o desenvolvimento sustentável ao gerar, simultaneamente, benefícios econômicos, sociais e
ambientais. Os autores propõem que, para alcançar este triplo objetivo, é necessário que a
empresa defina ações voltadas para o ambiente interno e o ambiente externo, que contemplem
os resultados mais imediatos, e também, aqueles de longo prazo. O framework sugerido pelos
autores é chamado matriz de valor sustentável, e é apresentado na figura 3.1.
Figura 3.1 – Matriz de valor sustentável
Redução de
risco e custo
Reputação e
legitimidade
Caminho e trajetória
do crescimento
Inovação e
reposicionamento
Amanhã
Hoje
Interno Externo
Estratégia:
Tecnologia Limpa
Desenvolvimento de
competências sustentáveis do futuro
Estratégia:
Visão de sustentabilidade
Mapa para atender
necessidades futuras
Estratégia:
Combate à poluição
Minimizar resíduos e emissões
Estratégia:
Gerenciamento de produto
Integrar a perspectiva das partes
interessadas nos Negócios
Fonte: Hart e Milstein (2003).
A matriz de valor sustentável sugere que o valor criado pela empresa deve
responder a duas demandas internas. A primeira delas é a redução de riscos e custos,
associada principalmente ao combate à poluição, e à minimização dos resíduos e emissões da
empresa. A segunda, consiste na necessária renovação de produtos, processos e praticas de
gestão, que devem prever o impacto das tecnologias limpas no negócios, e o desenvolvimento
de novas competências para a sustentabilidade.
As demandas do ambiente externo, materializadas pelos interesses e crescente
importâncias das demais partes interessadas na empresa, além dos acionistas, conduzem à
legitimidade necessária para operar, e à redefinição de rumos estratégicos que contemplem o
desenvolvimento sustentável. A legitimidade e a reputação podem ser angariadas quando o
diálogo com as partes interessadas acontece com transparência e honestidade. Conhecer as
23
demandas dos diferentes públicos da companhia, e se envolver nas soluções dos problemas
apresentados, gera um potencial benéfico para a companhia e sua marca. Da mesma forma,
agir proativamente, frente aos impactos causados pela empresa após a venda dos seus
produtos, pode ser uma excelente estratégia para evitar sanções futuras e problemas com
grupos sociais organizados. A gestão do ciclo de vida do produto, do “berço ao túmulo”, é
hoje uma prática adotada por diversas empresas, como Nike e HP (HART; MILSTEIN, op
cit.).
Mesmo com todos estes esforços, ainda cabe às empresas inserir em suas agendas
estratégicas objetivos que a permitam estar apta a responder, no futuro, às demandas que hoje
se apresentam como tendências, como maior conhecimento e participação do consumidor nas
operações da companhia, participação da empresa na construção de um sistema capitalista
mais inclusivo, e ainda, ampliação do esforço corporativo no atendimento do grande grupo de
indivíduos que hoje se encontra na “base de pirâmide” da distribuição de renda.
Assumir que a vantagem competitiva pode ser alcançada por meio da articulação
da busca de lucro pelas empresas, com benefícios gerados para a sociedade e para o meio-
ambiente, significa assumir um caráter estratégico para esta tarefa. Neste sentido, Orsato
(2006) apresenta um conjunto de estratégias ambientais que articulam o foco de atuação da
estratégia, e a fonte da vantagem competitiva perseguida. Isto é mostrado na figura 3.2.
Figura 3.2 – Estratégias ambientais competitivas
Fonte: Orsato (2006).
24
A proposta de Orsato (op. cit.) sugere que tanto estratégias de diferenciação,
quanto de baixo custo, podem ser perseguidas pelas empresas em conjunto como fontes de
vantagens competitivas. As estratégias de baixo custo, articuladas com os processos
organizacionais, podem ser perseguidas pelo uso mais racional dos insumos utilizados nas
operações, não apenas sob o ponto de vista da redução da quantidade, mas também, da forma
de utilização. Itens como substituição da energia elétrica por iluminação solar direta,
temporizadores para controle da água, e construções que diminuam (ou dispensem) o uso de
ar-condicionado são exemplos disto.
Por sua vez, produtos e serviços que reflitam uma estratégia de baixo custo,
devem necessariamente ser líderes em custos ambientais. Isto é um vel adicional além da
ecoeficiência, pois ultrapassa as fronteiras da companhia. Significa criar os meios para que
embalagens e emissões de gases sejam reduzidos, da fábrica ao cliente final, e que o descarte
do produto seja adequado, após o uso. Pilhas, acessórios de plástico e lâmpadas fluorescentes
apresentam alto impacto no meio ambiente, que pode ser minimizado a partir de cadeias
logísticas reversas para o descarte e reciclagem adequadas destes produtos.
As estratégias de diferenciação, envolvendo processos organizacionais, devem
avançar em direção a maior transparência e abertura da empresa aos seus diversos públicos
(compliance). Significa envolver as diversas partes interessadas na organização nas atividades
que tenham maior impacto ou interesse para cada uma delas, reportando continuamente e de
forma profissional os resultados alcançados.
Por fim, o marketing verde ultrapassa a simples filantropia, pois envolve planejar
e adaptar a requisitos ambientais rigorosos a concepção, produção, comercialização e solução
final para o produto. Esta é obviamente uma estratégia de diferenciação, pois um conjunto
limitado de empresas tem capacidade de gerir de forma tão estratégica os impactos ambientais
de seus produtos e serviços por toda a cadeia de valor.
25
4. DESENVOLVIMENTO DA TEORIA E HIPÓTESES
Neste capítulo, o arcabouço teórico discutido previamente é refinado, para dar
forma às hipóteses que guiarão a pesquisa. Inicialmente, as hipóteses são apresentadas e
discutidas, para posteriormente serem transformadas em modelos de equações estruturais, e
operacionalizados com os dados da pesquisa quantitativa.
4.1 Performance e clusters industriais
O desempenho econômico de uma região, em termos de negócios realizados,
principalmente com o mercado externo, tem sido associado a maiores níveis de
competitividade regional (TUROK, 2004). A aceitação desta premissa, de que o desempenho
econômico de uma região significa maior competitividade regional, significa também aceitar
a metáfora da região como unidade produtiva. Porter (1990) sugere que a vantagem
competitiva em uma economia exige especialização, indicando assim que, tal qual as
empresas, estratégias competitivas podem ser elaboradas para regiões e países.
Mas esta premissa dificilmente pode ser aceita individualmente. Como Santos
(2002, 2003) sugere, o espaço territorial não é apenas um local de difusão do capital, mas
também, uma estrutura subordinada às instâncias sociais ali presentes, cujas demandas
ultrapassam o mero crescimento econômico, ao englobar também a busca por justiça social.
Mas a metáfora do município como unidade produtiva pode ser aceita, caso o
quadro completo seja apresentado. A teoria porteriana sugere que o objetivo último do
desempenho econômico de uma região não é a mera situação positiva da balança comercial,
mas sim, o incremento da prosperidade para os cidadãos (PORTER, 1990).
Neste caso, e tomando como dada a premissa econômica de que desenvolvimento
social é obtido a partir do crescimento econômico (ROSTOW, 1971), pode-se assumir que
desempenho econômico superior, ou performance (PORTER, 1990), é um objetivo a ser
perseguido não somente pelas empresas, mas também, pelos tomadores de decisão na esfera
pública.
A relação entre a existência de clusters industriais e performance superior de
regiões foi previamente explorada na França por Chevassus-Lozza e Galliano (2003), que
26
demonstraram a existência de maiores níveis de exportação nas regiões que eram não somente
especializadas, mas também, que manifestavam vantagens específicas relacionadas aos fatores
territoriais (p. ex. concentração de firmas exportadoras, proximidade de fronteiras nacionais) e
organizacionais (p. ex. economias de escala e de escopo, e investimentos em propaganda).
Estudo semelhante foi conduzido por Belso-Martínez (2006), que demonstrou serem os
clusters uma clara influencia na intensidade exportadora das firmas espanholas, juntamente
com outros três fatores, a saber: diferenciação mercadológica, atuação em redes
(institucionais, de clientes e competidores), e orientação global do setor de atuação da firmas.
No que se refere à performance como a soma de todos os bens e serviços finais
produzidos numa determinada região, Learmonth, Alison e Swales (2003) avaliaram o
desempenho de clusters na Escócia, identificando que maiores níveis de produto interno bruto
(PIB) estão associados às regiões com concentrações. No sentido inverso, Ciéslik (2005) não
encontrou qualquer diferença entre o PIB regional e a presença de concentrações na Polônia.
A performance regional, em termos de agregação de valor, foi previamente
explorada na Itália por Bacchetti, Panizza e Oropallo (2007), cujos resultados demonstraram
que firmas em clusters agregam maior valor que as demais. Resultado semelhante foi
encontrado em Marrocos, por Bun e Makhloufi (2007), que demonstraram a existência de
maior agregação de valor nas firmas localizadas em regiões com maior especialização, e cuja
estrutura industrial local fosse capaz de gerar mais externalidades positivas.
A partir destes estudos, são derivadas as seguintes hipóteses, cujos conceitos
envolvidos são relacionados na figura 4.1:
H1a Não relação entre a existência de clusters industriais e performance
superior municipal.
H1b A performance superior do município, em termos de intensidade
exportadora, agregação de valor e PIB per capita, pode ser explicada pela
existência de clusters industriais.
Figura 4.1 – Clusters industriais e performance municipal
Fonte: Elaborado pelo autor.
Clusters industriais
Performance municipal
27
A hipótese H1b sugere que a presença de clusters industriais no município é
necessariamente desejável, dado que sua relação com maiores níveis de exportação, agregação
de valor e PIB per capita é direta. Ou seja, clusters industriais geram maior performance
municipal.
4.2 Prosperidade
Tradicionalmente, a prosperidade tem sido associada a emprego (GRAHAM,
1947; LEVITT, 1953; SPRINKEL, 1967; PALLEY, 1998) e renda (WARBURTON, 1965;
DEAN; GILES, 1982; WEINSTEIN; CLOWER, 1999). No trabalho de Porter (1990), estes
dois elementos se fazem presentes como objetivos centrais decorrentes da atividade
econômica.
A ausência de prosperidade, na teoria porteriana, é conseqüência da ausência de
políticas, leis e instituições voltadas para o aumento da produtividade e o aumento das
habilidades dos cidadãos (PORTER, op. cit.). Sendo que ambos produtividade e
conhecimento são vetores para a elevação da performance regional, pode-se derivar que
maior prosperidade é obtida em municípios cujo desempenho em termos de exportação,
agregação de valor e PIB per capita é elevado. Esta derivação gera as hipóteses H2a e H2b,
ilustradas na figura 4.2.
H2a – Não há relação entre performance municipal e prosperidade.
H2b – Maior prosperidade é gerada devido à elevada performance dos municípios
em termos de exportação, agregação de valor e PIB per capita.
Figura 4.2 – Performance municipal e prosperidade
Fonte: Elaborado pelo autor.
Ainda que outros elementos, além da performance municipal, sejam capazes de
explicar a prosperidade das regiões, é evidente no trabalho de Porter (2003) a preocupação
Performance municipal
Prosperidade
28
com as relações entre concentrações e prosperidade, o que justifica as hipóteses H3a e H3b,
representadas pela figura 4.3.
H3a Não relação entre prosperidade e existência de clusters industriais no
município.
H3b – Maior prosperidade pode ser explicada pela presença de clusters industriais
no município.
Figura 4.3 – Clusters industriais e prosperidade
Fonte: Elaborado pelo autor.
Caso a hipótese H3a não seja refutada, o trabalho de Barkley, Henry e Kim (1999)
será corroborado, pois estes autores identificaram que nas áreas não-metropolitanas norte-
americanas, não qualquer evidência de que concentrações industriais estão associadas a
maiores níveis de emprego. Por outro lado, diferenças em termos de renda nos clusters
regionais foram marcadamente identificadas no Reino Unido por Patacchini e Rice (2007), e
no Brasil por Silveira-Neto e Azzoni (2006).
4.3 Clusters industriais e impactos sociais no município
A visão de prosperidade como emprego e renda (ou seja, ausência de pobreza) foi
desafiada por Brundtland (1994), ao sugerir que a definição de prosperidade deve ser
ampliada para refletir de fato qualidade de vida, traduzida como educação, emprego, justiça e
segurança social. Tais elementos sugerem que a visão acerca do desenvolvimento não deve
focar apenas a dimensão econômica, mas deve avançar paralelamente na dimensão social.
A partir deste quadro, Propis (2007) sugere que o desenvolvimento gerado a partir
dos clusters pode ter uma associação positiva com a qualidade de vida da sociedade. A autora,
ao examinar a promoção de clusters como vetor para as políticas européias de
desenvolvimento, sugere que um foco apenas na dimensão econômica é pouco adequado,
que maior coesão entre esforços de incremento econômico e social em nível territorial podem
Clusters industriais
Prosperidade
29
gerar resultados no mínimo mais desejáveis, sob o ponto de vista do desenvolvimento de
países e regiões.
Esta ampliação da avaliação dos resultados dos clusters, ultrapassando a mera
busca da prosperidade econômica, se reflete em esforços como os da Organização para o
Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO), que enfatizaram a promoção de
clusters de pequenas e médias empresas, vistas como alvo desejável para a ampliação do
benefício social proveniente da maior competitividade conjunta (HUMPHREY; SCHMITZ,
1995).
A partir deste quadro mais amplo, no qual benefícios sociais são perseguidos
conjuntamente com os ganhos econômicos, são geradas as hipóteses:
H4a Não relação entre riqueza e existência de clusters industriais no
município.
H4b – Maiores níveis de riqueza ocorrem nos municípios onde clusters industriais
estão presentes.
H5a Não relação entre escolaridade e existência de clusters industriais no
município.
H5b – Maiores níveis de escolaridade ocorrem nos municípios onde clusters
industriais estão presentes.
H6a Não relação entre longevidade e existência de clusters industriais no
município.
H6b – Maiores níveis de longevidade ocorrem nos municípios onde clusters
industriais estão presentes.
A refutação das hipóteses H4a, H5a e H6a trazem importantes implicações,
principalmente para os formuladores de políticas públicas. A posição relativa das regiões
menos desenvolvidas, em termos de riqueza, escolaridade e longevidade, pode se tornar cada
vez mais acentuada, se prevalecer o modelo atual de escolha locacional das indústrias,
baseado nas vantagens competitivas das regiões. Como Petrelli (2000) sugere, as cidades onde
estão localizados os clusters se tornarão “ilhas” de desenvolvimento econômico, enquanto os
outros municípios continuarão em desvantagem, não somente econômica, mas também social.
30
Degradação ambiental
Ponto de
transição
Renda per capita
Melhoria
ambiental
Deterioração
ambiental
4.4 Clusters industriais e impactos ambientais no município
Com o avanço da questão socioambiental na agenda estratégica das empresas e
nas políticas públicas formuladas pelos governos, uma importante tarefa que se apresenta é
verificar se o benefício potencial das concentrações industriais não é solapada pelas
externalidades negativas associadas à maior industrialização, principalmente aquelas
relacionadas ao meio ambiente. Neste sentido, as seguintes hipóteses são formuladas:
H7a Não relação entre problemas ambientais e existência de clusters
industriais no município.
H7b Os municípios onde clusters industriais estão presentes apresentam mais
problemas ambientais do que os demais municípios.
Uma explicação alternativa à hipótese H7b poderia sugerir que os malefícios
causados pela intensa atividade industrial (como a poluição do ar e o esgotamento dos
recursos naturais) são compensados quando alto crescimento econômico é alcançado, uma
hipótese formulada por Kuznets (1955), e que ficou conhecida como a curva em “U” invertido
(figura 4.4).
Figura 4.4 – Curva de Kuznets
Fonte: Adaptado de Kuznets (1955).
31
A curva de Kuznets é uma referência para explicar a relação de como a
degradação ambiental evolui com o crescimento econômico. A parte ascendente do “U”
invertido reflete o estágio inicial do desenvolvimento econômico, de uma economia
predominantemente agrária, passando por uma economia industrial, até alcançar uma
economia baseada em serviços (supostamente no ponto de transição da figura 4.4). Por sua
vez, a porção descendente indica o mecanismo das economias desenvolvidas de exportarem
processos industriais intensivos em uso de recursos naturais para economias menos
desenvolvidas. Estudos como os de Mushinski (2001) e Gelan e Price (2003) corroboraram
esta teoria, cuja conseqüência lógica é que, para se atingir qualidade ambiental, basta tornar o
país cada vez mais rico.
As hipóteses relacionadas ao meio-ambiente encerram este capítulo. Após ser
realizada a apresentação e a discussão das hipóteses que serão testadas neste estudo, no
próximo capítulo são discutidos os métodos utilizados na pesquisa empírica, e os construtos
utilizados nos modelos estruturais que relacionam os conceitos aqui discutidos.
32
5. MÉTODO E DEFINIÇÃO DOS CONSTRUTOS
O objetivo deste capítulo é descrever o método de pesquisa e os construtos usados
neste estudo. Inicialmente, é descrita como a pesquisa foi elaborada. A pesquisa exploratória e
a pesquisa empírica, juntamente com suas etapas e os construtos utilizados, são detalhadas. Os
procedimentos de análise estatística são discutidos, e finalmente, os modelos de equações
estruturais são apresentados.
5.1 Desenho da pesquisa
O desenho desta pesquisa foi elaborado prevendo três fases distintas. A primeira
consistiu em um estudo exploratório, cujo locus foi o cluster de empresas de Tecnologia da
Informação e Comunicação (TIC) da Região Metropolitana de Campinas (RMC). As
evidências empíricas sugerem que este é um cluster com produtos com alto valor agregado e
elevado desempenho exportador (SOUZA; GARCIA, 1998; PORTO; CANO; SILVA, 2000;
JOIA, 2000; ALVES, 2003; DIEGUES; ROSELINO, 2006).
Os resultados da primeira etapa foram utilizados no refinamento da questão de
pesquisa e das variáveis a serem utilizadas, dado que por falta de confiabilidade estatística,
sua generalização para a população estudada não seria possível.
A segunda etapa do estudo consistiu em buscar empiricamente a comprovação das
hipóteses derivadas da questão de pesquisa. Para tanto, 645 observações foram levantadas,
correspondentes a todos os municípios do estado de São Paulo. Estas observações foram
utilizadas na análise de um modelo baseado nas premissas de Porter (1990; 2003) acerca dos
clusters empresariais. A análise dos resultados, a partir de modelos de equações estruturais,
consistiu na terceira e última etapa deste trabalho. Nesta última fase, os resultados foram
confrontados com o estado-da-arte sobre o assunto.
33
5.2 Pesquisa exploratória
Os dados para esta etapa da pesquisa, cujo foco foi o cluster de empresas de TIC
da RMC, foram coletados entre setembro de 2007 e junho de 2008. Inicialmente, foram
analisadas as transcrições de quatro entrevistas não-estruturadas, cujos entrevistados foram
executivos e consultores que adquiriram profundo conhecimento da dinâmica competitiva das
empresas da região (vide apêndice A). Entrevistas como estas, com especialistas praticantes,
têm sido utilizadas em pesquisas como a de Reichhart e Holweg (2008), na qual os objetivos
eram similares aos deste estudo.
A partir de outubro de 2007, e tomando como insumos os resultados das
entrevistas, um questionário foi aplicado a 28 empresas e institutos de pesquisa da RMC
(quadro 5.1). As empresas, listadas no apêndice B, foram escolhidas por apresentarem, na
opinião dos entrevistados, significativo sucesso em atividades de pesquisa e desenvolvimento
(P&D), seja como provedoras, ou ainda, como demandantes de P&D.
Quadro 5.1 – Composição da amostragem por julgamento
Categoria
Empresas
entrevistadas
Faturamento no
Brasil (2006)
Investimento em
P&D na RMC
(2006)
Funcionários
alocados em
P&D na RMC
Demandantes (Empresas que
adquirem os serviços de P&D)
18 US$ 18 bilhões US$ 183 milhões 1.1413
Intermediários (Empresas
provedoras de serviços de P&D,
institutos de pesquisa públicos e
institutos de pesquisa privados)
10 US$ 136 milhões N/D 958
Fonte: Dados da pesquisa.
A escolha de P&D como atividade econômica norteadora da escolha das empresas
deu-se como forma de ressaltar a sofisticação do ambiente de negócios da RMC, uma das
características que Porter (1990) utiliza para definir a elevada maturidade de um cluster.
Um questionário foi elaborado tomando como referência o Modelo Diamante, e
sua aplicação mais conhecida, o Cluster Meta-Study (VAN DER LINDE; 2003). O Meta-
Study é uma metodologia que codifica dados qualitativos em quantitativos, a partir de uma
escala Likert, determinando assim, a partir de estatísticas descritivas e associações, as
34
características de um ou mais clusters empresariais. O questionário utilizado encontra-se no
apêndice C deste trabalho.
Um teste piloto com o questionário foi realizado com o auxílio de dois
respondentes potenciais. Um deles, executivo da alta direção de uma companhia de TIC da
RMC, e outro, superintendente de um instituto de P&D da RMC. Feito isto, a etapa seguinte
de aplicação dos questionários foi realizada, não sem antes garantir aos respondentes que os
dados obtidos na pesquisa seriam tratados em um nível agregado. Assim, informações com
teor estratégico das operações das empresas não poderiam ser divulgadas individualmente.
O questionário abrangeu outras questões, além daquelas estritamente relacionadas
às atividades de P&D nas organizações consultadas. Para que as demais questões pudessem
também ser respondidas, encaminhou-se o questionário para um responsável por seu
preenchimento, em nível de média gerência, e com o aval da alta direção da organização para
coletar as informações, em qualquer área ou setor no qual estivessem disponíveis.
Concluída a aplicação do questionário, a tabulação indicou um número
significativo de missing values em determinadas respostas. Como o número de respostas
obtidas em algumas questões do instrumento foi inferior ao total esperado, procedeu-se a
validação dos resultados disponíveis, a partir de uma reunião de trabalho com representantes
das empresas respondentes.
O pesquisador participou de dois encontros do Comitê de Pesquisa e
Desenvolvimento da mara Americana de Comércio (Amcham) em Campinas. O primeiro
deles ocorreu no dia 06 de julho de 2007, e o segundo, no qual ocorreu a validação dos
resultados, em 26 de junho de 2008. No primeiro destes encontros, a pauta da reunião foi
composta por questões relacionadas à criação de mecanismos e indicadores para avaliar a
competitividade sistêmica da região. Na segunda reunião, um diagnóstico seguido de proposta
foi apresentado ao grupo de empresas, e sua discussão foi realizada com os representantes dos
respondentes presentes ao encontro.
Os resultados desta etapa, ainda que tenham limitada capacidade de generalização
para outros municípios, foram úteis na identificação e escolha das variáveis utilizadas nos
modelos de equações estruturais apresentados neste estudo. Refinada com os resultados da
pesquisa exploratória, a análise quantitativa para testar as hipóteses deste estudo foi
empreendida, como mostra a próxima seção deste capítulo.
35
5.3 Seleção e tratamento dos dados para a análise quantitativa
Esta seção apresenta os procedimentos adotados para o desenvolvimento do teste
empírico das hipóteses apresentadas neste estudo.
5.3.1 Unidades e níveis de análise
A unidade de análise deste estudo é o município, e as variáveis latentes de
interesse são os construtos Clusters, Performance Municipal e Prosperidade. O recorte
analítico definido nesta pesquisa, que enfatiza as aglomerações empresariais em nível
municipal, é similar ao recorte adotado por Simmie (2002), que analisando Sttutgart, Milão,
Paris, Londres e Amsterdã, determinou um importante papel das externalidades positivas no
incremento da inovação e no comércio exterior destas metrópoles. De forma similar, Glückler
(2007) sugeriu, a partir de seu estudo com empresas de consultoria na Alemanha, que cidades
desempenham um importante papel no desenvolvimento dos negócios, dado que são nelas que
ocorrem os efeitos da reputação, traduzidos em novas oportunidades comerciais provenientes
do conhecimento prévio acerca das atividades anteriores desenvolvidas pelas empresas do
cluster. Resultados similares podem ser ainda encontrados em trabalhos nacionais, como
Souza e Fernandes (2005) e Kushima e Bulgacov (2006).
5.3.2 Amostragem, coleta e tratamento dos dados
Nesta pesquisa, foram analisadas 645 observações, correspondentes a todos os
municípios do Estado de São Paulo. Estas observações foram seccionadas em três amostras
compostas por observações aleatórias, com igual número de elementos (n=215). As curvas de
poder, mostradas na figura 5.1, apresentam o impacto do procedimento amostral nas variáveis
dependentes.
As curvas de poder indicam, para amostras com 215 elementos e a um nível de
significância de 0,05, que a diferença entre as médias das amostras e a média populacional,
36
0,30,20,10,0-0,1-0,2-0,3
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Diferença
para a variável REND, será de apenas 0,04 unidades, com um poder de 95%
4
. A diferença
corresponde a um desvio de apenas 1,4% da dia, menor do que a diferença associada às
variáveis IDH (1,48%) e EMP (7,43%).
Figura 5.1 - Curvas de testes de poder das amostras (n=215)
0,040,020,00-0,02-0,04
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Diferença
Poder
Variável REND Variável EMP
0,0100,0050,000-0,005-0,010
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
Diferença
Poder
Variável IDH
Tamanho:
- - - -
n = 645 (população)
______ n = 215 (amostra)
Fonte: Elaborado pelo autor.
O caso que poderia ser considerado mais crítico é o caso da variável EMP, cuja
diferença das médias das amostras em relação à média populacional mostrou-se maior. Mas o
valor reflete as características da distribuição dos dados associados a esta variável, que
apresenta maior desvio-padrão e amplitude do que as demais, como mostra o quadro 5.2. A
4
O poder estatístico de um teste é a habilidade de rejeitar corretamente a hipótese nula. O poder é dado como 1 -
β (erro tipo II).
37
diferença de 7,43% das médias das amostras, em relação à média populacional, é plenamente
aceitável, dado o elevado desvio-padrão registrado em EMP.
Quadro 5.2 – Estatística descritiva das variáveis utilizadas no estudo
Média Desvio-padrão Valor mínimo Valor máximo
P&D 0,10 0,92 0 20
VALAG 300,70 2.206,60 1,00 53.402,40
INTEXP 0,07 0,18 0,00 1,89
PIBCAP 11.985,00 10.446,00 3.135,00 102.100,00
REND 826,08 253,00 481,54 2.183,32
EMP 15.133 146.952 127 3.684.599
IDH 0,78 0,03 0,64 0,92
RIQ 36,09 9,70 9 77
LONG 69,73 7,01 42 94
ESCOL 54,99 8,13 24 89
Nota: Excluídas as variáveis dicotômicas.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Após a análise exploratória dos dados, verificou-se que seria necessário o
tratamento das variáveis com elevada amplitude (máximo - mínimo) e distribuição
positivamente assimétrica, causadas principalmente pelos valores das variáveis referentes ao
município de São Paulo. Este problema foi corrigido com a transformação logarítmica (log10)
das variáveis com observações atípicas (VALAG, PIBCAP, REND e EMP). Após isto, nas
três amostras foram atendidas as suposições de normalidade e linearidade nos dados das
variáveis que foram utilizadas no modelo de equação estrutural. Obviamente, cada uma das
amostras foi composta pelos mesmos dados de interesse acerca de todos os municípios
paulistas. Estas variáveis são discutidas a seguir.
5.3.3 Variáveis
Foram utilizadas neste estudo 16 diferentes variáveis observáveis, sendo dez
variáveis incorporadas aos modelos de equação estrutural, e ainda, seis variáveis utilizadas
38
para comparar dois grupos distintos de municípios: o primeiro, com clusters industriais, e o
segundo, sem eles.
5.3.3.1 Clusters no município (D_CLUST)
D_CLUST é uma variável dicotômica que indica se há no município ao menos um
cluster industrial. A partir de três critérios, previamente definidos e utilizados por Brito e
Albuquerque (2002), pode-se sugerir a existência, em um dado município, de concentrações
industriais.
O primeiro critério é amplamente utilizado na literatura da economia regional, e
foi utilizado por Porter (2003) ao estudar a performance econômica das regiões norte-
americanas
5
. Trata-se do quociente locacional (QL), que compara duas estruturas setoriais-
espaciais para determinar se um município em particular possui especialização em uma dada
atividade econômica. A fórmula de cálculo do QL é definida na equação 1:
SP
i
SP
j
i
j
E
E
E
E
QL =
Onde:
i
j
E
= Emprego da atividade industrial i na região j;
j
E
= Emprego industrial total na região j;
i
SP
E
= Emprego da atividade industrial i no estado de São Paulo;
SP
E
= Emprego industrial total no estado de São Paulo.
5
O recorte analítico adotado por Porter (2003) foi baseado em áreas econômicas. A justificativa do autor é
pragmática. Os dados para estas unidades, disponíveis no Bureau of Economic Analysis norte-americano, são
estáveis ao longo do tempo e refletem melhor os limites econômicos das regiões, definidos pelos padrões de
trocas entre as unidades menores. No Brasil, não unidade analítica equivalente. As regiões administrativas se
aproximam do nível de agregação da área econômica norte-americana, mas não se propõem ao mesmo fim.
(1)
39
Como proposto por Brito e Albuquerque (2002), e como pode ser visto em outros
trabalhos sobre o assunto (PORTER, 2003; CARROLL; REID; SMITH, 2008), o QL maior
do que 1 (um) indicará a existência de especialização da atividade i na região j. Mas o uso
exclusivo do QL é insuficiente para indicar a existência de concentrações. A região de
referência (o estado de São Paulo) pode subestimar empregos em atividades econômicas
importantes no contexto municipal.
Para tornar mais precisa a afirmação sobre a presença de clusters nos municípios,
Brito e Albuquerque (2002) estabeleceram um segundo critério, baseado na participação
relativa do emprego da atividade industrial i, em uma dada região, no total nacional de
empregos da mesma indústria. Neste estudo, adotou-se um procedimento similar. O
coeficiente de concentração demonstra a importância do município, em termos de número de
empregos em uma atividade industrial, em relação a esta mesma atividade no estado de São
Paulo.
O cálculo do coeficiente de concentração é baseado na soma dos empregos
ocupados na indústria i no município, cujo valor é dividido pela soma dos empregos ocupados
nesta mesma indústria no total do estado
6
. A função do coeficiente é indicar se o município
tem mais do que 1% do emprego estadual da indústria i, no município j
7
.
Ainda que o uso conjunto do coeficiente de concentração e do QL permita um
significativo avanço na identificação de clusters industriais, falta a estas medidas relativas o
que apenas um valor absoluto pode indicar: a dimensão da aglomeração. De fato, poucas
empresas em atividades que empregam muitos indivíduos poderiam ser consideradas, tomadas
estas medidas de forma conjunta, como concentrações significativas em nível municipal. Para
evitar este problema, um terceiro critério foi adotado: para cada município, um valor mínimo
de estabelecimentos em cada atividade industrial.
Este valor pode variar de dez (BRITO; ALBUQUERQUE, 2002) a 30
estabelecimentos (SEBRAE, 2002). Nesta tese, o valor mínimo adotado foi de 25
estabelecimentos. Este número é mais adequado, pois uma primeira análise com valor mínimo
6
No Brasil, outros pareamentos do QL foram feitos tomando como referência o Gini Locacional (SUZIGAN et
al, 2003) e índices compostos de concentração (CROCCO, 2006).
7
Brito e Albuquerque (2002) sugerem que o coeficiente de concentração deve indicar 1% do emprego nacional
no par município-atividade analisado, enquanto Costa-Campi e Viladecans-Marsal (1999) sugerem que a
concentração deve ser superior a 25% nos municípios. Como a Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE) de 2004
indica que a região sudeste responde por 61,6% do valor total da produção industrial, ou seja, uma grande
concentração da indústria encontra-se no Estado de São Paulo, foi definido o valor de 1% do emprego na
atividade no município como critério indicativo.
40
de 30 estabelecimentos aliado ao QL > 1 e coeficiente de concentração > 1% excluiu dos
aglomerados identificados o significativo cluster aeronáutico de São José dos Campos. Ao
reduzir o número mínimo de estabelecimentos para 25, este e outros 15 clusters foram
adicionados aos 145 clusters identificados anteriormente, totalizando assim 160 clusters
identificados em 61 municípios do estado de São Paulo (vide apêndices D e E).
Ainda que não consiga captar todos os elementos para caracterizar um cluster,
principalmente em termos das externalidades positivas sugeridas por Porter (1998), esta
variável fornece uma aproximação relativamente precisa da existência de clusters nos
municípios paulistas. De fato, uma comparação com a base de dados do Serviço de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo (SEBRAE)
8
e da Secretaria de
Desenvolvimento do Estado de São Paulo
9
, revelou que, dos 61 municípios com clusters
identificados neste estudo, 39 deles já haviam sido anteriormente mapeados em ao menos uma
das bases consultadas.
É importante ressaltar que as iniciativas das organizações do Estado têm foco no
desenvolvimento local. Portanto, não contemplam necessariamente regiões com clusters
maduros. Tais ações governamentais tornam-se presentes nos clusters embrionários ou
estabelecidos, onde um esforço adicional, na melhoria do ambiente de negócios, pode
favorecer o amadurecimento destes clusters
10
. Em decorrência disto, os dados disponíveis nas
bases governamentais e que revelam a atuação do Estado seriam insuficientes para o
modelo proposto nesta tese, que pretende captar os efeitos das concentrações nos municípios.
A variável D_CLUST corrige então esta falha, atribuindo um valor binário para a
presença (1) ou ausência (0) de ao menos um cluster no município. Sendo que os limites do
cluster podem ultrapassar os limites municipais, considerou-se que os três critérios
previamente definidos (QL > 1, concentração > 1%, e número de estabelecimentos > 25)
teriam capacidade de indicar os municípios sob efeito das externalidades positivas das
concentrações identificadas.
Os dados acerca do número de estabelecimentos e número de empregos são
provenientes da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego
(RAIS-MTE), e tem como referência os vínculos empregatícios formalizados em
8
Disponível em http://www.sebraesp.com.br/empresas_rede/acao_territorial/conheca_apl. Acesso 20 set. 2008.
9
Disponível em http://www.desenvolvimento.sp.gov.br/programas/apls . Aceso 20 set. 2008.
10
Sobre o desenvolvimento de clusters, confira McDonald et al. (2007).
41
estabelecimento empregador no ano base de 2004, para as atividades industriais mostradas no
apêndice F.
5.3.3.2 Infra-estrutura de apoio (D_APOIO)
A infra-estrutura de apoio pode ser entendida como o conjunto de organizações
(públicas ou privadas) que reforçam as cadeias de valor de indústrias correlatas (PORTER,
1990). A infra-estrutura de apoio pode ser observada, no Brasil, a partir do Sistema S, que é
um conjunto de organizações para-estatais voltadas para o treinamento profissional,
assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica, que além de terem seu nome
iniciado com a letra S, fornecem suporte a diversas indústrias de um mesmo município.
A partir do Atlas de Competitividade da Indústria Paulista
11
, foram mapeadas,
para o ano de 2005, o mero de unidades de quatro organizações do Sistema S para cada um
dos municípios paulistas. Foram identificadas unidades locais do Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI),
Serviço Social do Transporte (SENAT), e ainda, unidades locais do Serviço de Apoio as
Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE/SP). Foram identificadas 147 unidades, em 72
municípios do estado de São Paulo.
A variável D_APOIO recebeu o valor correspondente ao número de unidades de
cada uma das organizações do Sistema S citadas anteriormente, em cada município analisado.
Logo, o valor mínimo desta variável é zero, e o máximo, quatro. Apesar de a análise
exploratória ter revelado condições de normalidade aceitáveis para os dados desta variável,
ela foi transformada em variável dicotômica, assumindo o valor 1 para municípios com ao
menos uma organização do Sistema S, e zero para municípios sem qualquer uma delas. Este
tratamento foi necessário para que a linearidade das relações fosse mantida entre todas as
variáveis métricas preditoras.
5.3.3.3 Laboratórios Públicos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
11
Os dados desta base são de amplo acesso e estão disponíveis online, a partir do seguinte endereço eletrônico:
http://intranet.seade.gov.br/projetos/fiesp/index.php Acesso em 12 nov 2008.
42
As atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) podem ser classificadas, sob
o conjunto de fatores do Modelo Diamante de Porter (1990), como fatores adiantados e
especializados. Adiantados, pois são intensivos em conhecimento, e especializados, pois não
estão distribuídos de forma homogênea em todos os municípios do estado de São Paulo.
Esta heterogênea distribuição pode ter impactos na performance do município, em
termos de exportação e agregação de valor de suas empresas. De fato, é reconhecida a
importância das atividades de P&D para a competitividade nacional (FAGERBERG, 1988;
GREENHALGH, 1990), mas as evidências apontam que tais atividades demonstram maior
propensão de estarem agrupadas espacialmente em indústrias em que o P&D industrial, a
pesquisa universitária e o trabalho qualificado o insumos importantes (FELDMAN, 1999).
Se as atividades de P&D tendem a se concentrar nos clusters industriais, emerge disto um
reforço à teoria porteriana, que sugere a ocorrência de externalidades positivas como causa do
desempenho superior das firmas aglomeradas.
Neste sentido, as evidências encontradas por Jaffe (1989) são elucidativas. O
autor sugere uma forte associação entre os gastos e investimentos em P&D nas organizações
públicas, e os resultados obtidos nesta mesma área nas empresas industriais. Assim, a
ampliação dos recursos alocados em pesquisa nas organizações públicas propicia aumento da
inovação local, o que atrai P&D industrial, e consequentemente, ganhos sistêmicos de
produtividade podem ser esperados.
Neste tese, a variável P&D assume o valor do número total de laboratórios
públicos de P&D no município (listados no apêndice G), independente da especialidade de
seus pesquisadores nos diversos campos do conhecimento. Os dados são provenientes do
Atlas de Competitividade da Indústria Paulista, para o ano de 2005.
5.3.3.4 Intensidade exportadora (INTEXP)
A variável INTEXP é uma variável estatística, dada pela razão entre o valor das
exportações (em reais em 2005) e o produto interno bruto (PIB) municipal (também em reais).
Este último é definido como a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços
produzidos no município, acrescidos de impostos. A definição de INTEXP é similar àquela
adotada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A diferença reside no
43
denominador. A receita das empresas industriais é utilizada pelo IBGE, enquanto neste
trabalho, é utilizado o PIB municipal.
O interesse no desempenho exportador percorre boa parte dos trabalhos de Porter
(PORTER, 1990; PORTER, 1998; 2003), e pode ser encontrado também na literatura acerca
dos distritos industriais (COSTA-CAMPI; VILADECANS-MARSAL, 2001; BECCHETTI;
PANIZA; OROPALLO, 2007). No Brasil, Gomel e Sbragia (2006) utilizaram variável similar
para avaliar se a capacitação tecnológica das empresas gera impacto no seu desempenho
exportador.
Ambos valor das exportações e PIB municipal são provenientes do Sistema de
Informações Municipais (IMP) da Fundação Seade, tendo como ano base 2005.
5.3.3.5 Valor agregado na indústria (VALAG)
Esta variável assume a forma de valor adicionado na indústria (o valor total de
bens industriais produzidos na economia municipal, deduzidos os custos das matérias-
primas). Esta medida, dada em milhões de reais, é adequada para a identificação dos efeitos
dos clusters mapeados em D_CLUST, todos pertencentes à indústria extrativa ou de
transformação. É ainda importante pois revela desempenho, dado que é expresso em relação a
algo (a produção industrial).
A variável VALAG tem como fonte o IMP da Fundação Seade, e assume os
valores referentes ao ano de 2005. Como os valores máximo e mínimo desta variável
apresentaram uma grande amplitude, a variável sofreu transformação logaritimica (log10).
5.3.3.6 PIB per capita (PIBCAP)
A variável PIB per capita (PIBCAP) assume o valor do total dos valores dos bens
e serviços produzidos no município, acrescido dos impostos, dividido pela sua população, no
ano de 2005.
Esta variável foi utilizada por Le Gallo e Artur (2003) para avaliarem as
disparidades econômicas nas diferentes regiões da União Européia. Os resultados, baseados
44
em uma análise espacial das desigualdades econômicas, sugerem a gestão integrada de
algumas regiões com outras com maiores níveis de PIB per capita.
De maneira similar, Pittau (2005) demonstrou, analisando as regiões da União
Européia, que desde os meados da década de 1970, até o final da década de 1980, dois grupos
de países apresentaram consistentemente diferenças de níveis de PIB per capita. Na década de
1990, a autora identificou que estas regiões convergiram para um nível médio, com apenas
um pequeno grupo de países com PIB per capita significativamente superior aos demais.
Esta variável, também transformada (log10), tem como fonte o IMP da Fundação
Seade.
5.3.3.7 Rendimento médio (REND)
Segundo Porter (2003), a performance econômica das regiões difere
marcadamente em aspectos como rendimento dio e emprego. Seu trabalho mostra que as
regiões com clusters empresariais apresentam uma relação positiva significante com maiores
salários e maior nível de emprego.
A variável rendimento médio foi utilizada também por Monastiriotis (2007), que
identificou forte associação positiva entre associativismo e salários. Com objetivos similares
ao do presente estudo, a variável rendimento médio foi também utilizada por Dell’aringa,
Lucifora e Origo (2007), que identificaram ser o maior vel dos redimentos no trabalho
associados a fatores regionais, mais do que associados ao montante de gastos públicos na
região. Silveira-Neto e Azzoni (2006) demonstraram, utilizando o crescimento da renda per
capita, os persistentes padrões de desigualdade nas diversas regiões do Brasil, e puderam
ainda demonstrar uma forte correlação de maiores níveis de renda à existência de
concentrações industriais na região sudeste do país.
A variável métrica REND consiste no rendimento médio dos empregos formais,
que demonstra não somente o nível de remuneração das ocupações no município, mas
também, a dispersão em relação à média das remunerações do estado de São Paulo, o que
pode revelar traços do dinamismo da economia local.
REND sofreu transformação logarítmica (log10), acentuando assim os valores
menores, permitindo um melhor ajuste dos dados a uma curva de distribuição normal. Esta
45
variável assume os valores dos rendimentos médios dos empregos formais, em reais, tendo
como referência o IMP da Fundação Seade, e ano base 2005.
5.3.3.8 Total de vínculos empregatícios (EMP)
Em recente estudo, McDonald et al. (2007) utilizaram o número de empregos em
diferentes regiões do Reino Unido para avaliar se haveria uma possível correlação entre
crescimento do número de empregos e maturidade em clusters empresariais.
Por sua vez, Gardiner, Martin e Tyler (2004) utilizaram o nível de emprego para
avaliar a performance econômica de 15 países da União Européia, em termos de
produtividade e crescimento do produto interno Bruto (PIB).
Neste estudo, a variável EMP sofreu transformação logarítmica (log10), e tem
como fonte o IMP da Fundação Seade. EMP assume os valores do total de vínculos
empregatícios remunerados, no ano de 2005, em cada município. Estes vínculos
correspondem aos trabalhadores com carteira de trabalho assinada (regime da Consolidação
das Leis do Trabalho CLT), estatutários (funcionários blicos) e trabalhadores avulsos,
temporários e outros (desde que formalmente contratados).
5.3.3.9 Indice de desenvolvimento humano municipal (IDH)
O índice de desenvolvimento humano (IDH) é um índice criado pelo Programa
das Nações Unidas para o desenvolvimento (PNUD). Ele é calculado para diversos países
desde 1990, assumindo valores de 0 a 1 quanto mais perto de 1, maior o desenvolvimento
humano.
Originalmente proposto para medir a diferença entre países, o IDH foi adaptado
para ser aplicado também a estados e municípios (neste último, é chamado IDH-M). O cálculo
do IDH é feito a partir da média simples de três componentes: longevidade, educação e renda.
Cada um destes componentes tem o mesmo peso na determinação do IDH-M, conforme
mostra a equação 2.
46
IDH-M =
(2)
Longevidade + Educação + Renda
3
O índice longevidade utiliza a esperança de vida ao nascer (número médio de anos
que as pessoas viveriam a partir do nascimento). O índice educação considera o número
médio dos anos de estudo (razão entre o número médio de anos de estudo da população de 25
anos e mais, sobre o total das pessoas de 25 anos e mais), e a taxa de analfabetismo
(percentual das pessoas com 15 anos e mais, incapazes de ler ou escrever um bilhete simples).
Por fim, o índice renda assume os valores da renda familiar per capita (razão entre a soma da
renda pessoal de todos os familiares e o número total de indivíduos na unidade familiar),
ajustada em dólares, para determinar a paridade de poder de compra (PPC).
A variável IDH será utilizada com as demais, mesmo tendo o ano 2000 como ano
de referência, pois as variações nos valores deste índice, ao longo de um curto intervalo de
tempo, não são consideráveis. Isto justifica o prazo para a revisão deste índice: a cada dez
anos, uma revisão é feita. Assim, é assumido que o índice, mesmo tendo o ano 2000 como
referência, é confiável para representar o desenvolvimento dos municípios em 2005.
A relação entre o PIB e o IDH foi explorada por Cahill (2002), que identificou em
seu estudo uma alta correlação entre o volume do PIB e o desenvolvimento de um país,
reforçando assim as premissas do IDH. Neste mesmo sentido, Mazumdar (2003) associou o
valor total do PIB, sem ajustes, ao IDH, para comparar as diferenças entre países pobres e
ricos. O IDH proposto, com modelo “ajustado”, demonstrou maior distância entre o grupo de
países ricos, do grupo de países mais pobres.
Ao revisitar e aprofundar o estudo de 2002, Cahill (2005) demonstrou que o IDH,
quando utilizado em sua concepção original (ou seja, em nível nacional), apresenta robutez ao
ser comparado com outros índices alternativos, dado que a estatística subjacente aos seus
componentes gera resultados significantes e compatíveis com índices concorrentes, como o
PIB, expectativa de vida e nível educacional.
Como demonstram os estudos anteriores, a coerência entre os valores do índice ao
longo do tempo, e sua pertinência em avaliar o que lhe é proposto, o tornam muito útil para a
tomada de decisão na esfera governamental. No Brasil, um exemplo bem acabado disto é
dado por Scarpin e Slomski (2007), que exploram as relações do IDH com variáveis com
47
dados municipais contábeis e não-contábeis, que geraram importantes subsídios para os
tomadores de decisão nos governos subnacionais.
A fonte da variável IDH é o IMP da Fundação Seade. A variável assumiu os
valores referentes ao ano de 2000.
5.3.3.10 Riqueza (RIQ)
Para testar a hipótese de maior riqueza nas concentrações dos municípios
paulistas, foram utilizadas as variáveis estatísticas que compõem o Índice Paulista de
Responsabilidade Social (IPRS). Criado pela Fundação SEADE, o IPRS possibilita um
ranking dos municípios paulistas de acordo com a riqueza, a longevidade e a escolaridade
constatada, estabelecendo uma escala entre 0 e 100.
A variável Riqueza Municipal é composta pelas variáveis: a) consumo anual de
energia elétrica por ligações residenciais; b) consumo de energia elétrica na agricultura, no
comércio e nos serviços (por ligações); c) valor adicionado fiscal per capita; e d)
remuneração média dos empregados com carteira assinada e do setor público. A composição,
e os pesos associados a cada uma destas variáveis, são mostrados na tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Composição do IPRS - Dimensão riqueza
Indicadores e variáveis utilizadas para compor o IPRS Pesos
Consumo residencial de energia elétrica 44%
Consumo de energia elétrica na agricultura, no comércio e nos serviços 23%
Remuneração média dos empregados com carteira assinada e do setor público 19%
Valor adicionado fiscal per capita 14%
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS.
5.3.3.11 Longevidade (LONG)
A variável estatística longevidade agrega quatro outras variáveis, que são taxas de
mortalidade específicas às seguintes faixas etárias: mortalidade perinatal; infantil; de pessoas
de 15 a 39 anos; e de pessoas de 60 anos e mais (vide tabela 7.2).
48
Tabela 5.2 – Composição do IPRS - Dimensão longevidade
Indicadores e variáveis utilizadas para compor o IPRS Pesos
Mortalidade perinatal 30%
Mortalidade infantil 30%
Mortalidade de pessoas de 15 a 39 anos 20%
Mortalidade de pessoas de 60 anos e mais 20%
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Responsabilidade Social (IPRS).
A variável LONG pode assumir valores de 0 a 100. Sua composição abrange
desde concepções de assistência a saúde materno-infantil, mortalidade dos idosos, jovens e
adultos, até problemas no âmbito alimentar, vida sedentária e do sistema de saúde.
5.3.3.12 Escolaridade (ESCOL)
O indicador de escolaridade teve alterações na forma de coleta dos dados ao longo
dos anos. Em 2004, foram utilizadas as seguintes variáveis: a) percentagem de jovens de 15 a
17 anos com ensino fundamental completo; b) percentagem de jovens de 18 a 19 anos com
ensino médio completo; c) percentagem de jovens de 15 a 17 anos com pelo menos quatro
anos de estudo; e d) a percentagem de crianças de 5 a 6 anos que freqüentam pré-escola. O
peso relativo a cada um destes fatores encontra-se na tabela 5.3.
Tabela 5.3 – Composição do IPRS - Dimensão escolaridade
Indicadores e variáveis utilizadas para compor o IPRS Pesos
Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos que concluíram o ensino fundamental 36%
Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos com pelo menos quatro anos de escolaridade 8%
Porcentagem de jovens de 18 e 19 anos que concluíram o ensino médio 36%
Porcentagem de crianças de cinco e seis anos que freqüentam pré-escola 20%
Fonte: Fundação Seade. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS.
Este indicador mostra variações no sistema de ensino com mudanças na
qualificação da mão-de-obra e produtividade do trabalho, ampliação da escolaridade e
esforços da gestão municipal para atender a todas as faixas etárias, inclusive as futuras
gerações. Também busca evidenciar o analfabetismo funcional por meio da variável “jovens
com menos de quatro anos de estudos”.
49
5.3.3.13 Alteração ambiental (D_AMB)
A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (MUNIC) do IBGE se estende à
totalidade dos municípios no país, e em 2008, ocorreu o lançamento de sua sétima edição, que
trouxe, entre outros dados, informações sobre ocorrências impactantes no meio-ambiente. As
variáveis desta categoria, na pesquisa do IBGE, são todas dicotômicas (sim; não), e indicam
se houveram ocorrências impactantes observadas com freqüência no meio ambiente municipal
nos últimos 24 meses (a contar da data de coleta de dados).
Nesta tese, a variável não-métrica D_AMB corresponde à variável A320 da
MUNIC, cujo valor 1 (um) indica se houve alguma alteração ambiental que tenha afetado as
condições de vida da população. D_AMB assumirá zero caso nenhuma ocorrência tenham
ocorrido alterações ambientais no município.
5.3.3.14 Alteração ambiental (D_AR)
Por sua vez, a variável não-métrica D_AR corresponde à variável A321 da
MUNIC. Esta também é uma variável dicotômica, cujo valor 1 (um) indica a ocorrência de
poluição do ar no município, e valor 0 (zero), a não ocorrência de poluição do ar cuja
freqüência e impacto possam ser consideráveis para o município.
5.3.3.15 Poluição da água (D_AGUA)
Finalmente, a variável D_AGUA corresponde à variável A322 da MUNIC, e
como as outras variáveis associadas à dimensão ambiental, também assume o valor um para
ocorrências cujo impacto e freqüência sejam consideráveis para o município, e zero para a
inexistência destas ocorrências.
O quadro 5.3 apresenta a síntese das variáveis utilizadas no presente estudo.
Quadro 5.3 – Quadro resumo das variáveis utilizadas no estudo
Variável Rubrica Definição Fonte
Ano de
referência
Clusters no município D_CLUST
Variável binária: Existência de clusters no
município. Sim = 1; Não = 0
Relação Anual de Informações Sociais
(RAIS-MTE)
2004
Infra-estrutura de apoio D_APOIO
Existência de unidades do Sistema S
(Senac, Senai, Senat, Sebrae)
Variável binária: Sim = 1; Não = 0
Atlas de Competitividade da Indústria Paulista
(Fundação Seade)
2005
Laboratórios Públicos de Pesquisa e
Desenvolvimento
P&D
Número total de laboratórios públicos de
P&D no município
Atlas de Competitividade da Indústria Paulista
(Fundação Seade)
2005
Intensidade exportadora INTEXP
Valor das exportações (R$)
Produto Interno Bruto (R$)
Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
(IMF-SEADE)
2005
Valor agregado VALAG
Valor adicionado da indústria no
município
Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
(IMF-SEADE)
2005
PIB per capita PIBCAP
Valor dos bens e serviços produzidos (R$)
População do município
Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
(IMF-SEADE)
2005
Rendimento médio REND
Rendimento médio nos empregos formais
(R$)
Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
(IMF-SEADE)
2005
Total de vínculos empregatícios EMP
Total de vínculos empregatícios formais
remunerados
Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
(IMF-SEADE)
2005
Indice de Desenvolvimento
Humano Municipal
IDH Valor do IDH para o município
Sistema de Informações dos Municípios Paulistas
(IMF-SEADE)
2000
51
Riqueza RIQ
(Consumo residencial de energia elétrica por
ligação x 0,44) + (Consumo de energia elétrica
na agricultura, no comércio e nos serviços por
ligação x 0,23) + (Remuneração média dos
empregados com carteira assinada e do setor
público x 0,19) + (Valor adicionado fiscal per
capita x 0,14)
Índice Paulista de Responsabilidade Social
(IPRS-SEADE)
2004
Longevidade LONG
(Taxa de Mortalidade perinatal x 0,3) + (Taxa
de Mortalidade infantil x 0,3) + (Taxa de
Mortalidade de adultos de 15 a 39 anos x 0,2) +
(Taxa de Mortalidade de adultos de 60 anos e
mais x 0,2)
Índice Paulista de Responsabilidade Social
(IPRS-SEADE)
2004
Escolaridade ESCOL
(Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos que
concluíram o ensino fundamental x 0,36) +
(Porcentagem de jovens de 15 a 17 anos com
pelo menos quatro anos de escolaridade x 0,08)
+ (Porcentagem de jovens de 18 a 19 anos que
concluíram o ensino médio x 0,36) +
(Porcentagem de crianças de 5 a 6 anos que
freqüentam a pré-escola x 0,2)
Índice Paulista de Responsabilidade Social
(IPRS-SEADE)
2004
Alteração ambiental que tenha
afetado as condições de vida da
população
D_AMB
Variável binária: Ocorrências impactantes
observadas com freqüência em 2007.
Sim = 1; Não = 0
Pesquisa de Informações Básicas Municipais
(MUNIC-IBGE)
2008
Poluição do ar D_AR
Variável binária: Ocorrências impactantes
observadas com freqüência em 2007.
Sim = 1; Não = 0
Pesquisa de Informações Básicas Municipais
(MUNIC-IBGE)
2008
Poluição do recurso água D_AGUA
Variável binária: Ocorrências impactantes
observadas com freqüência em 2007.
Sim = 1; Não = 0
Pesquisa de Informações Básicas Municipais
(MUNIC-IBGE)
2008
Fonte: Elaborado pelo autor.
5.4 Construtos
Três construtos foram utilizados neste estudo: a) Cluster; b) Performance regional;
e c) Prosperidade. Cada um deles, e seus indicadores, são discutidos a seguir.
5.4.1 Cluster
Estudos anteriores permitem afirmar que a existência de clusters em um dado
entorno favorece o desempenho inovativo (BAPTISTA, SWANN, 1998), além de favorecer
também a criação de conhecimento especializado com potencial diseminação na região onde
se encontra o cluster (TALLMAN et al., 2004). A existência de clusters no município indica,
portanto, um conjunto de efeitos que contribuem para a criação de vantagens competitivas das
empresas. A inovação e o conhecimento especializado aplicado são fundamentos da dinâmica
competitiva, com raízes teóricas que remontam à teoria de Schumpeter (1984).
Assim, além de D_CLUST, o quadro 5.4 apresenta os demais indicadores do
construto Cluster:
Quadro 5.4 – Construto Cluster
Variáveis
D_CLUST D_APOIO P&D
Natureza do
indicador
Reflexiva Reflexiva Reflexiva
Classe do
Construto
Exógeno
Fonte: Elaborado pelo autor.
A variável D_CLUST capta a presença de concentrações no entorno, que vai de
encontro ao argumento de Porter, que sugere que a intensa rivalidade interna é capaz de criar
os incentivos para maior competição inter-firmas, favorecendo assim a busca por maior
produtividade em cada companhia (PORTER, 1990).
Mas os ganhos competitivos, quando compartilhados na cadeia de valor das
empresas aglomeradas, podem ser ampliados na região considerada. As organizações de
apoio, cujo indicador é D_APOIO, podem ser vetores para o desenvolvimento econômico em
53
nível local, como demonstram, no Brasil, as ações do Sebrae na promoção de Arranjos
Produtivos Locais.
A performance regional, em seu nível mais alto, será contudo atingida quando
fatores avançados e especializados estiverem presentes na região (PORTER, 1990; 2003).
Neste estudo, o indicador para a presença destes fatores será P&D, variável que demonstra a
existência, no município, de organizações públicas de pesquisa e desenvolvimento.
5.4.2 Performance municipal
Estando mapeados os clusters industriais presentes nos municípios do estado de
São Paulo, é possível presumir que seus benefícios potenciais estarão presentes nestes
municípios, como os níveis mais altos de agregação de valor e de exportação da indústria
(BECHETTI et al, 2007; SÖLVELL; KETELS; LINDQVIST, 2008). Tais benefícios são
representados, neste construto, pelos indicadores VALAG e INTEXP, como mostra o quadro
5.5.
Quadro 5.5 – Construto Performance Municipal
Variáveis
VALAG INTEXP PIBCAP
Natureza do
indicador
Reflexiva Reflexiva Reflexiva
Classe do
Construto
Endógeno / Exógeno
Fonte: Elaborado pelo autor.
O indicador PIBCAP é assumido como indicador reflexivo deste construto, dado
que representa o nível de produtos e serviços, acrescidos de impostos, tornados disponíveis na
economia.
7.4.3 Prosperidade
54
A prosperidade nacional, para Porter (1990), é a capacidade de um país conseguir
um padrão de vida elevado e ascendente para seus cidadãos. Esta é a chamada “pergunta
certa”, que tomadores de decisão na esfera pública e privada devem fazer, que a
competitividade deve ser buscada como meio para alcançar a prosperidade econômica
nacional (PORTER, 1990, p. 6).
O construto Prosperidade é formado pelos indicadores REND e EMP,
amplamente citados na teoria porteriana. Mas como o quadro 5.6 indica, ao construto é
acrescido o indicador IDH, cujos valores mais altos demonstram maior bem estar.
Quadro 5.6 – Construto Prosperidade
Variáveis
REND EMP IDH
Natureza do
indicador
Reflexiva Reflexiva Reflexiva
Classe do
Construto
Endógeno
Fonte: Elaborado pelo autor.
As relações entre os três construtos discutidos previamente são exploradas na
próxima seção deste trabalho.
5.5 Avaliação de validade e confiabilidade dos construtos
Qualquer modelo matemático que use variáveis latentes deve passar por um
primeiro crivo, que avalia a confiabilidade e a validade das medidas associadas a estas
variáveis. Isto elimina os riscos de especificação do modelo, proveniente de incoerências
internas e imprecisão nos valores dos indicadores.
Um teste inicial é a avaliação da validade de conteúdo (face validity), que consiste
em avaliar, ainda que subjetivamente, a habilidade das escalas dos indicadores em medir o
que deve ser medido.
Feita esta avaliação, o próximo texte é a consistência interna. De acordo com
Spearman e Hozinger (1924), citados por Anderson e Gerbing (1982), construtos com menos
de três indicadores não devem ser submetidos a testes de consistência interna, cabendo assim
55
às avaliações de consistência externa (ou correlações) os testes necessários para avaliar a
precisão (ou validade) dos contrutos. Como cada um dos construtos utilizados neste estudo é
formado por mais de três indicadores, foram realizados dois testes de consistência interna: A
análise fatorial exploratória e o cálculo do alfa de Cronbach
12
.
O quadro 5.7 apresenta os requisitos de avaliação e os testes aplicados neste
estudo.
Quadro 5.7 – Testes de confiabilidade e validade
Teste Definição Técnica Utilizada neste Estudo
Validade de conteúdo
Extensão na qual a medida
empírica reflete o que se propõe a
medir*
Pesquisa exploratória
Consistência interna:
Unidimensionalidade
Extensão na qual as variáveis
refletem apenas um construto
subjacente*
Análise fatorial exploratória
Consistência interna:
Confiabilidade
Ausência de erro de mensuração no
escore do agrupamento de
variáveis*
Alfa de Cronbach
* Venkatraman e Grant (1986).
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os resultados dos testes de confiabilidade e validade são apresentados a seguir.
5.5.1 Validade de conteúdo
A pesquisa exploratória sobre o cluster de TIC da RMC, apresentada no próximo
capítulo desta tese, demonstrou haver uma adequação empírica das relações estabelecidas
entre as variáveis utilizadas posteriormente na análise quantitativa. Os resultados desta
primeira aproximação, baseados na pesquisa de campo, sugerem uma corroboração, ainda que
parcial, da teoria que guiou a elaboração das hipóteses deste estudo (PORTER, 1990;
PORTER, 2003). Desta forma, a validade, ou definição dos conceitos, é condição atendida.
12
O alfa de Cronbach é calculado partindo da premissa de que a amostra é dividida em dois grupos de mesmo
tamanho. Feito isto, é calculada a média dos coeficientes de todas as combinações possíveis entre os valores
obtidos a partir das metades divididas (HAIR Jr et al. 2005).
56
5.5.2 Unidimensionalidade
A análise de unidimensionalidade, para cada um dos construtos, revela a estrutura
subjacente da matriz de variáveis utilizadas na pesquisa. Isto é feito a partir da redução das
variáveis em subconjuntos, compostos por novas variáveis estatísticas, chamadas escores
fatoriais.
Para que os escores sejam gerados, é necessária que a suposição estatística de
linearidade entre as variáveis seja atendida. Para cada uma das amostras utilizadas neste
estudo, é apresentada uma matriz de correlação (tabelas 5.4, 5.5 e 5.6).
As matrizes apresentam um elevado número de correlações com significância
estatística. A partir da amostra 1 (tabela 5.4), percebe-se que, das 45 correlações possíveis,
apenas duas delas não apresentam significância ao nível de 0,01: P&D e INTEXP, e
D_CLUST e INTEXP.
Da mesma forma, as correlações entre P&D e INTEXP, e P&D e PIBCAP, não
manifestaram significância estatística, ao nível de 0,01, na amostra 2. Esta situação também
ocorreu na amostra 3, mas a existência de correlações de P&D com as demais variáveis, e o
baixo número de possíveis variáveis não correlacionadas (apenas 0,5%) em cada amostra,
sugerem que a suposição de linearidade pode ser considerada atendida.
Assim, a matriz de escores fatoriais das três amostras é apresentada na tabela 5.7.
Como os construtos utilizados no estudo formam pares de construtos exógenos (Cluster e
Performance Municipal) e endógenos (Performance Municipal e Prosperidade), os fatores
foram extraídos separadamente para cada um dos três construtos, visando assim a reduzir
qualquer viés proviente da relação de causa-e-efeito. Os fatores foram gerados usando a
rotação ortogonal VARIMAX, mais indicada para identificar variáveis com alta carga em
apenas um fator.
Tabela 5.4 – Matriz de correlações (Amostra 1)
Número de observações = 215. * Significante a 0,01.
Tabela 5.5 – Matriz de correlações (Amostra 2)
Número de observações = 215. * Significante a 0,01.
VALAG INTEXP PIBCAP D_CLUST D_APOIO P&D REND EMP
INTEXP 0,413*
PIBCAP 0,602* 0,362*
D_CLUST 0,531* 0,161 0,279*
D_APOIO 0,563* 0,194* 0,326* 0,516*
P&D 0,347* 0,03 0,194* 0,332* 0,31*
REND 0,774* 0,429* 0,577* 0,38* 0,497* 0,28*
EMP 0,929* 0,382* 0,454* 0,586* 0,59* 0,414* 0,676*
IDH 0,584* 0,297* 0,484* 0,378* 0,405* 0,21* 0,504* 0,592*
VALAG INTEXP PIBCAP D_CLUST D_APOIO P&D REND EMP
INTEXP 0,335*
PIBCAP 0,645* 0,24*
D_CLUST 0,546* 0,225* 0,328*
D_APOIO 0,623* 0,209* 0,33* 0,61*
P&D 0,363* 0,161 0,151 0,524* 0,488*
REND 0,757* 0,371* 0,658* 0,424* 0,553* 0,315*
EMP 0,931* 0,343* 0,463* 0,608* 0,651* 0,421* 0,675*
IDH 0,673* 0,259* 0,506* 0,475* 0,509* 0,302* 0,537* 0,689*
58
Tabela 5.6 – Matriz de correlações (Amostra 3)
Número de observações = 215. * Significante a 0,01.
Tabela 5.7 – Matriz fatorial (todas as amostras)
Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
Cluster
Performance
Municipal
Prosperidade Cluster
Performance
Municipal
Prosperidade Cluster
Performance
Municipal
Prosperidade
D_CLUST 0,821 0,860 0,804
APOIO 0,810 0,843 0,789
P&D 0,671 0,796 0,523
VALAG 0,882 0,857 0,856
INTEXP 0,592 0,718 0,637
PIBCAP 0,845 0,827 0,797
REND 0,855 0,845 0,823
EMP 0,893 0,911 0,912
IDH 0,810 0,852 0,813
Variância 1,7804 1,8420 2,1840 2,0834 1,9337 2,2696 1,5428 1,7742 2,2775
% Variância 0,1978 0,2047 0,2427 0,2315 0,2149 0,2522 0,1714 0,1971 0,2531
Número de observações = 645
.
VALAG INTEXP PIBCAP D_CLUST D_APOIO P&D REND EMP
INTEXP 0,357*
PIBCAP 0,546* 0,235*
D_CLUST 0,517* 0,193* 0,268*
D_APOIO 0,498* 0,178* 0,232* 0,426*
P&D 0,22* 0,067 0,08 0,192* 0,164*
REND 0,776* 0,32* 0,512* 0,468* 0,352* 0,177*
EMP 0,922* 0,316* 0,35* 0,493* 0,52* 0,248* 0,661*
IDH 0,626* 0,301* 0,478* 0,33* 0,368* 0,233* 0,444* 0,643*
Para todas as amostras, os valores das cargas fatoriais mostraram-se altos em
todos os construtos, separadamente. Para a amostra 1, a quantia total de variância explicada
gerada pela solução fatorial foi de 5,81. Sendo o traço da matriz fatorial igual a nove
13
, o
percentual do traço explicado pelos fatores é igual a 64,5%, um valor considerado aceitável
para quaisquer soluções fatoriais (HAIR Jr, 2005).
Nas amostras 2 e 3, as soluções fatoriais explicam 69,8% e 62,1% do traço. Elas
podem ser consideradas adequadas, dado que também ultrapassam o valor considerado
mínimo de 60% de poder explicativo da variância total.
Assim, as soluções fatoriais geradas foram consideráveis aceitáveis, por
apresentarem cargas fatoriais elevadas para as variáveis que formam cada construto, e por
explicarem assim parte significativa da variância associada ao modelo.
5.5.3 Confiabilidade
O alfa de Cronbach é um dos mais conhecidos índices de confiabilidade da
consistência interna. Ele é definido como o quadrado das correlações entre os valores das
variáveis, sobre o fator subjacente que a escala se propõe a medir. Assim, quanto maior a
correlação entre os itens de um instrumento, maior vai ser o valor do alfa de Cronbach.
O teste foi feito para cada uma das três amostras, separadamente. Os resultados
encontram-se na tabela 5.8.
Tabela 5.8 – Coeficientes do Alfa de Cronbach
Cluster Performance Municipal Prosperidade
Amostra 1
0,6536 0,7181 0,8123
Amostra 2
0,7794 0,6728 0,8384
Amostra 3
0,5140 0,6471 0,8073
Nota: Alfa de Cronbach calculado com dados padronizados.
Fonte: Elaborado pelo autor.
13
A cada variável em estudo é associada uma variância, cujo valor é um. O traço é a variância total a ser
explicada, e é igual à soma dos autovalores do conjunto de variáveis.
60
Os resultados do teste indicaram valores satisfatórios associados aos construtos,
com exceção do construto Cluster, na amostra 3. O baixo valor do teste neste construto fez
com que esta amostra fosse somente utilizada em um modelo que relacionasse unicamente
Performance municipal e Prosperidade. Intensidades moderadas de associação foram
identificadas no construto Performance Municipal, mas seus valores foram considerados
aceitáveis.
O quadro 5.8 mostra o resumo sintético dos testes realizados, e seus resultados.
Quadro 5.8 – Resumo e resultados dos testes de confiabilidade e validade dos construtos
Validade de
conteúdo
Unidimensionalidade Confiabilidade
CLUSTERS
PERFORMANCE MUNICIPAL
PROSPERIDADE
Satisfeito Parcialmente satisfeito Não satisfeito
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os resultados dos testes de unidimensionalidade e confiabilidade indicaram alta
coerência interna associada aos contrutos e seus indicadores. Assim, todos os construtos
foram mantidos, com o mesmo número de variáveis, dado que pode ser assumida validade de
conteúdo (face validity), pois a teoria guiou a construção dos contrutos, e a pesquisa
exploratória demonstrou a existência de relações entre os construtos estudados.
5.6 Relações entre os construtos
Para avançar no teste empírico das hipóteses discutidas neste trabalho, será
necessário determinar diferentes relações estruturais entre os construtos Cluster, Performance
Municipal e Prosperidade. O primeiro conjunto de relações é mostrado na figura 5.2.
O primeiro modelo sugere que a prosperidade pode ser alcançada caso o
município possua uma massa crítica de firmas aglomeradas, suportadas por laboratórios de
P&D e outras organizações de apoio. Por isso, o modelo sugere que o construto Cluster
pode
61
explicar a maior Prosperidade no município (PORTER, 2003; PATACCHINI; RICE, 2007;
SILVEIRA-NETO; AZZONI, 2006).
Figura 5.2 – Relações entre os construtos (Modelo 1)
Construto exógeno Construto endógeno Diagrama de Caminhos
Cluster
Prosperidade
Prosperidade
Cluster
Prosperidade
Cluster
Causa-e-efeito
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Porter (2003).
A relação entre concentrações industriais e desempenho socioeconômico foi
estudada anteriormente por Borges (2007), que avaliou a correlação entre a presença de
minidistritos industriais em São José do Rio Preto, município paulista, e o desempenho
socioeconômico da região. Os resultados sugerem que os minidistritos, no município
estudado, se encontram em locais com menores índices de desenvolvimento, eventualmente
pela decisão de implementação do programa em bairos distantes do centro urbano.
O segundo modelo considera a existência de clusters no município como um fator
determinante para a Performance municipal (BELSO-MARTINEZ; 2006; LEARMONTH;
ALISON; SWALES, 2003; BACCHETI; PANIZZA; OROPALLO, 2007; BUN;
MAKHLOUFI, 2007). Este modelo é apresentado na figura 5.3.
O terceiro modelo remete à concepção original de Porter (1990) acerca dos
fundamentos da competitividade nacional, traduzidos na obra “A Vantagem Competitiva das
Nações”. Nela, o autor assume um conjunto mais amplo de premissas em seu modelo,
colocando ênfase não nas concentrações empresariais (tema apenas subjacente àquela obra),
mas sim, no conjunto de fatores sob a rubrica de “Modelo Diamante”, juntamente com o papel
do acaso e do Governo.
Figura 5.3 – Relações entre os construtos (Modelo 2)
62
Construto exógeno Construto endógeno Diagrama de Caminhos
Cluster
Performance municipal
Performance municipal
Cluster
Performance municipal
Cluster
Causa-e-efeito
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Porter (2003).
Como mostra a figura 5.4, o terceiro modelo sugere que o desempenho superior
do município, causado pelos fatores do “Diamante”, é fator determinante na prosperidade da
população.
Figura 5.4 – Relações entre os construtos (Modelo 3)
Construto exógeno Construto endógeno Diagrama de Caminhos
Performance municipal
Prosperidade
Prosperidade
Performance municipal
Prosperidade
Performance
municipal
Causa-e-efeito
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Porter (1990).
Estabelecidas as relações entre os contrutos, pode-se agora avançar para o
desenvolvimento empírico da pesquisa. O próximo capítulo apresenta a pesquisa exploratória
sobre o cluster de tecnologia da informação e comunicação da região metropolitana de
Campinas.
63
6. PESQUISA EXPLORATÓRIA
Este capítulo apresenta a pesquisa exploratória realizada no cluster de tecnologia
da informação e comunicação (TIC) da região metropolitana de Campinas (RMC).
Inicialmente, um detalhamento da trajetória do cluster é apresentado. Em seguida, elementos
da estratégia das empresas no cluster são explorados, para finalmente, considerações sobre
esta pesquisa serem delineadas.
6.1 A evolução do ambiente institucional e organizacional do cluster
A cidade de Campinas é uma das maiores cidades do interior do país, e maior que
muitas capitais de Estados brasileiros. A expressão contemporânea da identidade da cidade
tem forte referência na estruturação de um pólo de pesquisa de alta tecnologia que nela se
formou na metade do século passado.
Este pólo de pesquisa cujos pioneiros foram o Instituto Biológico e o Instituto
Agronômico foi fortemente alavancado com a implantação do campus da Universidade de
Campinas (UNICAMP), iniciado em 1962.
Um papel importante teve a Telebrás que, na década de 70, criou em Campinas o
CPqD um centro de P&D agente ativo que alinhou a RMC como um pólo de
desenvolvimento tecnológico para o setor de telecomunicações.
Em seguida, a RMC acolheu o CTI Centro de Tecnologia para a Informática
(atual ITI – Instituto Nacional de Tecnologia da Informação), e o Laboratório Síncrotron. Este
dinamismo econômico provocou ainda a expansão urbana na região, a partir de 1970, e
intensificou a articulação da cidade de Campinas com os municípios que lhe são limítrofes,
com especial destaque os municípios de Sumaré, Hortolândia, Monte-Mor e Indaiatuba, que
acompanham o eixo definido pela via Anhanguera.
Até a década de 1970, a RMC não se constituía ainda em um pólo industrial e de
pesquisa em TIC. A partir da década de 1980, os efeitos de um verdadeiro pólo passaram a ser
sentidos, quando foram instaladas na região plantas industriais que passaram a manter
relações estreitas com a Telebrás.
64
Em 1983, foi criado pelo governo local o Centro de Indústrias de Alta Tecnologia,
posteriormente renomeado para Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia
de Campinas (CIATEC), que tinha por missão trabalhar para o desenvolvimento da região
com base em potencial e capacidade tecnológicos.
No período inicial de formação do pólo, o Governo assumiu um papel
fundamental no processo de capacitação produtiva e inovativa, a partir da implementação de
políticas industriais e tecnológicas. Mas o processo de abertura comercial, e outras reformas
estruturais da cada de 90, diminuíram a capacidade governamental de fomentar a pesquisa,
o desenvolvimento e a inovação na RMC, que passaram a ocorrer com maior ênfase nos
laboratórios das empresas privadas. Ainda assim, é perceptível o crescimento das
organizações de P&D em Campinas, como mostra a figura 6.1.
Figura 6.1 - Evolução do pólo de alta tecnologia de Campinas – novas empresas
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
ATÉ 1969 1970 - 1979 1980 - 1989 1990 - 1998
Indústrias de Alta Tecnologia Unidades de P&D Universidades e Institutos de Pesquisa Unidade de Apoio a Alta Tecnologia
Fonte: JOIA (2000).
65
A evolução do pólo de tecnologia de Campinas, ao longo do tempo, caracterizou
um processo de aglomeração de empresas da cadeia de valor da TIC. Atualmente, Campinas
concentra quase 10% do total de empresas de TIC localizadas no estado de São Paulo. A
caracterização das empresas de TIC é mostrada no quadro 6.1.
Quadro 6.1 – Empresas de TIC em Campinas e no estado de São Paulo
Fonte: RAIS (2004).
Vieram a se estabelecer na RMC muitas empresas de utilização intensiva de
tecnologia, de capital nacional e estrangeiro, atuando principalmente nos setores de química
fina, ótica, microeletrônica, informática e telecomunicações. Foram pioneiras, nesse sentido, a
IBM, a Texas, a HP, a Itautec, a Motorola e outras. Os fatos relevantes podem ser vistos na
linha do tempo mostrada no quadro 6.2.
O número acentuado de empresas do setor de TIC encontra na região de
Campinas forte amparo, no que se refere a organizações de apoio, e fornecedoras de soluções.
A próxima seção deste trabalho explora os agentes do cluster de TIC em Campinas.
Quadro 6.2 – Linha do tempo da formação do cluster de TIC na RMC
Década de 1960 Década de 1970 Década de 1980 cada de 1990 Década de 2000
Característica
prevalecente
Predominam Institutos de
Pesquisa Governamentais
Grandes empresas
pioneiras
Consolidação da vocação
para P&D
Instalação de grandes
empresas multinacionais
Busca de maior
competitividade
Fatos
relevantes
1963 – É criado o Instituto
de Tecnologia de
Alimentos (ITAL) então
chamado Centro Tropical
de Pesquisas e Tecnologia
de Alimentos (CTPTA)
1966 – É criada a
Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp)
1967 – É criada a
Coordenadoria de
Assistência Técnica
Integral (CATI)
1971 – A IBM instala-se
na região
1973 – Empresa Brasileira
de Agropecuária
(Embrapa) é fundada
1976 – Centro de Pesquisa
e Desenvolvimento em
Telecomunicações
(CPqD) da Telebrás inicia
suas atividades
1980 – O CPqD torna-se
uma fundação pública de
direito privado
1982 – É criado o Centro
Tecnológico para
Informática (CenPRA)
1983 – É criada a
Companhia de
Desenvolvimento do Pólo
de Alta Tecnologia de
Campinas (CIATEC)
1986 – Lançado o Parque
Tecnológico I para abrigar
empresas de base
tecnológica
1987 – Início das
atividades do Laboratório
Nacional de Luz
Síncroton (ABTLuS)
1991 – Lei de Informática
(Lei 8.248)
1992 – Fim da reserva de
mercado
1992 – Lançado o Parque
Tecnológico II
1994 – Lançada a Trade
Point, para agilizar as
exportações das empresas
da RMC no Aeroporto de
Viracopos
1995 – Privatização do
Sistema Telebrás
2001 – Reestruturação do
setor de telequipamentos
(crise e retração mundial)
2001 – Reedição da Lei de
Informática (Lei 10.176)
2004 – Nova Lei de
Informática (Lei 11.077)
Bens de capital nacionais
Bens de capital estrangeiros
Software
Foco de atuação
Mobilidade
Fonte: Adaptado de Diegues e Roselino (2006).
67
6.2 Caracterização dos agentes relevantes do cluster de TIC
6.2.1 O papel das empresas âncora
As empresas âncora são aquelas que estabelecem importantes relações técnicas e
econômicas com fornecedores locais. São normalmente grandes empresas que geram a força
motriz necessária para impulsionar a economia, pois estimulam o desenvolvimento de
capacitações e estabelecem um ciclo de competitividade sistêmica (CASSIOLATO, 2003).
Sader et al. (2007) mostraram que na RMC, as empresas multinacionais que fazem
parte de cadeias internacionais de valor, complementam localmente o desenvolvimento
tecnológico proveniente de suas matrizes. Estas empresas, como Motorola, IBM, e HP,
concentram suas atividades no segmento de equipamentos para telecomunicações, e tem suas
estratégias de desenvolvimento em nível local norteadas pelas diretrizes de suas matrizes.
A importância das empresas multinacionais para o cluster reside além do
desenvolvimento de soluções para o mercado local. Elas realizam – ainda que de forma
limitada esforços conjuntos com outros centros globais de desenvolvimento. O que faz com
que o cluster esteja alinhado ao que está sendo desenvolvido mundialmente, gerando soluções
que irão atender aos mercados globais atendidos por esta multinacional.
6.2.2 A atividade de P&D no cluster
Em um cenário no qual os setores de telecomunicações e informática representam
juntos mais de um terço do total de investimentos realizados pelas firmas de toda a RMC
(figura 6.2), nota-se que as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) assumirão papel
de destaque.
De fato, as organizações responsáveis por P&D possuem estatura e influência
nacional, e sua presença em Campinas denota e corresponde à importância que a localidade
adquiriu como centro econômico e tecnológico
68
Telecomunicações
29%
Química
26%
Automotiva
17%
Têxtil
7%
Informática
5%
Eletrodomésticos
4%
Tubos
4%
Farmacêutico
2%
Energia
2%
Outros
4%
Figura 6.2 – Investimentos implantados 1998-2002
Fonte: Associação Comercial e Industrial de Campinas (ACIC).
Na RMC, se destacam os seguintes institutos com sede em Campinas e intensa
inserção no cluster e atuação local, nacional e internacional (TIETÊ et al, 2004).
Instituto Eldorado
O Instituto de Pesquisa Eldorado é uma associação sem fins lucrativos,
reconhecida como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), com
sede em Campinas, que atua na realização de projetos e na prestação de serviços que
contribuam para a evolução tecnológica, a capacitação profissional e a consolidação da
comunidade brasileira de pesquisa e desenvolvimento em tecnologia da comunicação e
informação. Para tanto, desempenha um papel articulador entre instituições e empresas,
públicas ou privadas, inclusive de caráter multidisciplinar.
Fundação para Inovações Tecnológicas (FITec)
69
A FITec é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que
fornece projetos de pesquisa e desenvolvimento, consultoria e treinamento nas áreas de
comunicação, automação e tecnologia da informação. Realiza o desenvolvimento de novas
tecnologias, produtos e serviços, visando maior competitividade e qualidade da indústria
brasileira, nos mercados nacional e internacional.
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD)
O CPqD tem mais de 20 anos de existência e vem se dedicando à pesquisa
aplicada às telecomunicações. Antes da privatização do sistema telefônico brasileiro, a
instituição estava vinculada à TELEBRAS. Posteriormente, foi convertida em uma Fundação
com propósito de P&D e prestação de serviços, ampliando seu intenso relacionamento com a
comunidade científica e tecnológica nacional e estrangeira. O CPqD abriu escritório no
exterior, visando alargar sua visibilidade, competitividade e inserção internacionais, inclusive
para poder participar em novas condições de negócios globais. A tecnologia do CPqD é usada
por quase a totalidade das operadoras de telefonia que atuam no Brasil, e por outras 300
companhias no exterior.
Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA)
O Centro de Pesquisas Renato Archer (CenPRA) é uma unidade de pesquisa do
Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Foi estabelecido em 1982, e vem atuando com a
finalidade de desenvolver e implementar pesquisas científicas e tecnológicas no setor de
informática, em articulação com os ambientes acadêmico e industrial. Sua atuação merece
destaque nos setores de componentes, sistemas e software. O CenPRA congrega habilidades e
competências na qualificação de produtos e processos da Tecnologia da Informação,
engenharia de protótipos e produtos da Tecnologia da Informação, projetos especiais de
pesquisa e desenvolvimento, na informatização de sistemas sócio-econômicos e de meio-
ambiente, e infra-estrutura e aplicações na internet.
70
6.3 Agentes econômicos do cluster de Campinas
Entre as diversas organizações que buscam estimular os negócios na região, tem-
se a Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas (CIATEC). É
responsável por organizar e coordenar a instalação de pólos de alta tecnologia e de espaços e
estruturas incubadoras de empreendimentos de alta tecnologia, e tem como parceiros a
Prefeitura de Campinas, Secretaria de Cooperação Internacional de Campinas, CNPq, FINEP,
FAPESP, Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Trade Point Campinas,
ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores), SEBRAE, entre outros.
A AET (Associação de Empresas de Tecnologia) é uma entidade civil de interesse
público sem fins lucrativos, fundada em 2002 por um grupo de seis pequenas empresas de
base tecnológica (PEBT) de Campinas. Atua para congregar, articular ões e representar o
interesse coletivo das PEBT e melhorar suas condições de competitividade internacional.
Já a Fundação Fórum Campinas foi criada em 2002, com a finalidade de promover
o desenvolvimento econômico e social, com base na difusão da Ciência, da Tecnologia e da
Inovação. A sua articulação tem como fundo a crença de que muito do poder de atração de
investimentos do pólo regional de Campinas deve-se às universidades e aos centros de P&D
que ali se instalaram. A presença dessas instituições públicas na região vem assegurando mão-
de-obra qualificada, além da capacidade de suprir tecnologicamente as empresas, de
remodelar processos produtivos e de elevar os níveis de competitividade da indústria. Fazem
parte da Fundação Fórum Campinas: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI),
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto
Biológico (IB), Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), Instituto Nacional de
Tecnologia da Informação (ITI), Instituto de Zootecnia (IZ), Laboratório Nacional de Luz
Síncrotron (LNLS), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas),
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
O Governo, por meio de autarquias e agências, atua fortemente na região. A
Secretaria de Cooperação Internacional do Município de Campinas (SECOOP), por exemplo,
tem como propósito atrair e fixar novos investimentos em alta tecnologia para a região.
71
Oferece aos interessados seus serviços e banco de dados para a elaboração de estudos e
pesquisas sobre as facilidades e potencial da região.
Diversas organizações governamentais estão envolvidas em uma das mais
elaboradas organizações da RMC, que estende suas atividades além dos limites nacionais: a
Softex. Entre outros, são associados: Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL),
Agência de Promoção de Exportações (APEX), Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Ministério da Ciência e
Tecnologia (MCT), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
Ministério das Relações Exteriores (MRE), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (SEBRAE), e Secretaria de Política de Informática do Ministério da Ciência e
Tecnologia (SEPIN).
As universidades são uma importante presença na RMC, pois são formados, em
suas incubadoras e bancos escolares, empreendedores e futuros profissionais, que irão
posteriormente atuar junto às empresas da região. Entre as várias instituições localizadas na
RMC, destacam-se quatro grandes complexos universitários: a UNICAMP (Universidade
Estadual de Campinas), a PUCCAMP, a USF (Universidade de São Francisco) e a UNIP
(Universidade Paulista).
A UNICAMP é considerada como a mais influente e maior responsável pela
qualificação destacada da mão-de-obra no local. Merecem destaque a faculdade de
Engenharia Elétrica e Computação e o Instituto de Física, e o histórico da UNICAMP de
parceria e interação com as iniciativas empreendedoras. A Universidade mantém núcleos de
ciência e tecnologia e uma agência de apoio a esses empreendimentos. A Agência de
Inovação da UNICAMP é uma iniciativa da Universidade de Campinas para contribuir ao
desenvolvimento científico, social e econômico. Procura aproveitar os recursos do complexo
universitário, e criar um canal privilegiado entre as unidades que a compõem, e dessas com as
organizações externas.
A PUCCAMP – PUC de Campinas – é a mais antiga das universidades. Foi
fundada em 1948. Possui mais de 25 faculdades, 45 cursos de graduação, programas de pós-
graduação e cursos de extensão. Merece destaque o Instituto de Informática (criado em 1992),
que vem trabalhando intensamente na formação de pessoal, particularmente com relação à
área de software.
72
A USF (Universidade São Francisco) mantém parcerias com o CPqD e outras
empresas da região valorizam seus programas de pós-graduação e de formação técnica.
Ressalte-se ainda a presença da UNIP (Universidade Paulista), e de diversas escolas
profissionalizantes.
O papel de destaque das universidades ficou claro na pesquisa exploratória.
Segundo 61% dos executivos das empresas classificadas como demandantes, e 88% dos
intermediários, a universidade é a principal instituição de apoio às atividades de P&D na
região. Isto é mostrado na figura 8.3.
Figura 6.3 - Empresas que utilizam as universidades para apoio às atividades de P&D
61%
88%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Demandantes
Intermediarios
Fonte: Dados da pesquisa de campo.
Para os respondentes das instituições classificadas como intermediários, as
universidades são ainda mais importantes. Setenta e cinco por cento delas realizam algum tipo
de atividade de P&D de forma compartilhada com as universidades. Apenas 38%
responderam que realizam atividades de pesquisa com fornecedores e outros institutos de
pesquisa (figura 6.4).
73
Figura 6.4 - Intermediários que realizam atividade de P&D
13%
38% 38%
75%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
o
sim, com fornecedores
sim, com institutos de pesquisa
sim, com universidades
Fonte: Dados da pesquisa.
Como é possível observar, os institutos de pesquisa e universidades são
importantes vetores para o desenvolvimento. De fato, há um grande número de instituições de
P&D e de educação na região de Campinas (em muitos casos, a associação entre ensino e
pesquisa é indissociável). Um panorama sintético das instituições presentes na região é
mostrado no quadro 6.3.
Quadro 6.3 – Número de instituições de P&D e de educação na região de Campinas (2002)
Descrição Número de empregos Número de estabelecimentos
Instituições de P&D 1.347 11
Educação superior – graduação 556 4
Educação superior – graduação e pós-graduação 16.044 17
Educação superior – pós-graduação e extensão 601 3
Fonte: Diegues e Roselino (2006).
A articulação conjunta destes agentes gera resultados positivos, relacionados à
qualidade dos fatores relacionados à pesquisa na região. Estes fatores são infra-estrutura
científica e mão-de-obra qualificada.
No primeiro deles – infra-estrutura científica – a pesquisa exploratória revelou que
é boa a avaliação das universidades e centros de pesquisa da região. Para os executivos, eles
estão acima da média mundial. Para 14% deles, as universidades e centros de pesquisa
regionais estariam entre as melhores do mundo (figura 6.5).
74
Figura 6.5 - Qualidade da infra-estrutura científica da RMC
14%
36%
29%
14%
7%
Es entre os melhores do
mundo
Muito bom
Corresponde a média mundial
Muito ruim
Es entre os piores do mundo
Fonte: Dados da pesquisa.
Como mostra a figura 6.6, a mão-de-obra teve uma avaliação mais heterogênea,
sendo bem avaliada por 33% dos que responderam a questão. Outros 33% dos entrevistados
avaliam que ela corresponderia à média mundial. No entanto, nota-se ainda um
descontentamento por parte de 34% dos entrevistados neste quesito, indicando necessidade de
melhorias.
Figura 6.6 – Qualidade da mão-de-obra da RMC
6%
27%
33%
27%
7%
Está entre os melhores do
mundo
Muito bom
Corresponde a média mundial
Muito ruim
Está entre os piores do mundo
Fonte: Dados da pesquisa.
A qualidade da infra-estrutura científica, e a existência de mão-de-obra
qualificada, ajudam a explicar a fixação e o surgimento de empresas e de instituições
dedicadas à pesquisa e ao fomento de inovações tecnológicas na RMC. Segundo o estudo
75
2007 R&D Scoreboard
14
, realizado pelo governo do Reino Unido, a região de Campinas
possui subsidiárias de 17 das 155 empresas de TIC que mais investem em P&D no mundo.
6.3 Competitividade do cluster
Para avaliar a competitividade do cluster de TIC da RMC, foi utilizado como
referência teórica o Modelo Diamante (PORTER, 1990). Os resultados indicam que questões
relacionadas ao mercado e à concorrência podem ser melhoradas.
A figura 6.7 apresenta a avaliação dos respondentes acerca das condições dos
fatores na RMC.
Figura 6.7 – Condições dos fatores na RMC
4.4
4.3
4.3
4.3
3.2
2.7
3.9
1
2
3
4
5
Localizão
geográfica
Recursos
Humanos
Infra-estrutura
tecnogica
Infa-estrutura
sica
Recursos de
capital
Condões
macroeconômicas
Média Geral
Fonte: Dados da pesquisa.
Os resultados indicam que a localização geográfica da RMC é extremamente bem
avaliada pelas empresas respondentes. De fato, a proximidade com outros grandes centros do
estado de São Paulo é garantida pela presença das rodovias Anhanguera e Bandeirantes, que
fazem a ligação com a região metropolitana de São Paulo. a rodovia Dom Pedro I facilita o
acesso à região de São José dos Campos, terceiro complexo urbano mais importante do
estado. O contato com a segunda mais importante região do Brasil, a do Rio de Janeiro, é
também facilitado.
14
Disponível em www.innovation.gov.uk/rd_scoreboard/downloads/2007_rd_scoreboard_analysis.pdf. Acesso
em 03 mar 2008.
76
Além de contar com o aeroporto de Viracopos, a RMC é também ponto ferroviário
de três corredores nacionais que interligam o estado de São Paulo com o Centro-oeste, e com
cinco portos: Santos (SP), Camaçari (BA) e Aracajú (SE), e Itaguaí (RJ) e Rio de Janeiro
(RJ).
Além destas vantagens da localização, a existência de infra-estrutura física
(estradas, aeroportos, urbanização ordenada) e infra-estrutura tecnológica (laboratórios em
universidades, centros de pesquisa independentes) aliada à mão-de-obra, fazem com que
Campinas tenha um desempenho superior, na percepção dos respondentes, em termos de
fatores disponíveis para o uso das empresas.
A limitação é percebida pelos respondentes apenas em termos de disponibilidade
de recursos de capital, e condições macroeconômicas. Ambos refletem uma característica,
identificada pelo pesquisador no decorrer do estudo, que boa parte das empresas entrevistadas
compartilha: a pouca contribuição do governo, em suas múltiplas esferas, à criação de
incentivos para os negócios. Este foi um tema recorrente nos questionários e entrevistas
aplicados.
O segundo pilar do Modelo Diamante se refere aos setores correlatos. A avaliação
geral dos respondentes é mostrada na figura 6.8.
Figura 6.8 - Setores correlatos na RMC
3.9
3.8
3.8
3.7
2.8
3.6
1
2
3
4
5
Papel dos
fornecedores
Empresas do setor
na RMC
Fornecedores
no Brasil
Empresas do setor
no Brasil
Fornecedores
na RMC
Média Geral
Fonte: Dados da pesquisa.
A figura 6.8 mostra que são consideradas satisfatórias as relações entre a empresa
e seus fornecedores no Brasil e na RMC. Mas a ausência de fornecedores na RMC, para elos
importantes da cadeia de valor de TIC, pode prejudicar o desempenho das empresas.
77
A cadeia de valor de TIC, na RMC, é apresentada na figura 6.9. De todos os
agentes mapeados, apenas aqueles relacionados à indústria de componentes e peças não se
encontram presentes na RMC. A distância física destes agentes que podem estar até mesmo
fora do Brasil é o motivo da baixa percepção dos entrevistados acerca dos fornecedores na
RMC. Receber os agentes deste elo da cadeia de valor em Campinas é visto, pelos
respondentes, como algo desejável, um objetivo a ser perseguido conjuntamente por todas as
empresas do cluster.
Figura 6.9 – Cadeia de valor de TIC
Fonte: Dados da pesquisa.
Outro fator relevante na análise dos setores correlatos é o benefício percebido
pelos respondentes, relacionado à existência de empresas do mesmo setor no Brasil e na
RMC. As organizações de apoio que são capacitadas, após a interação estratégica com ao
menos uma das empresas do setor, tornam-se melhores fornecedoras e parceiras para as
seguintes. Da mesma forma, outras externalidade positivas como esta, principalmente
relacionadas ao treinamento e aperfeiçoamento da mão-de-obra, tornarão o ambiente de
negócios mais competitivo para as empresas nele estabelecidas.
No que se refere ao mercado, a pesquisa mostrou que o mercado consumidor
nacional é visto positivamente pelas empresas da RMC, sendo que parte significativa do que é
produzido na região é consumido no país (figura 6.10).
78
Figura 6.10 – Mercado na RMC
4.1
3.7
3.1
2.9
3.4
1
2
3
4
5
Mercado
consumidor
Destino da
prodão
Consumidores Leis e
regulamentações
Média Geral
Fonte: Dados da pesquisa.
Contudo, a aceitação dos consumidores aos novos produtos das companhias é vista
com ressalvas pelas empresas respondentes, principalmente quando estes produtos são
lançados simultaneamente em outros países. O preço inicial, segundo os respondentes, é o
motivo da não aceitação imediata.
O arcabouço institucional da região, no que se refere às leis e regulamentações, é
também bastante questionado pelas empresas respondentes. Assim como as condições
macroeconômicas, este é um dos pontos onde o papel do governo é cobrado de forma mais
intensa.
Por fim, as condições de rivalidade são aquelas avaliadas pelos respondentes como
as piores no cluster. Isto é mostrado na figura 6.11.
Figura 6.11 – Condições de rivalidade na RMC
4.1
3.5
3.3
2.9
3.4
1
2
3
4
5
Benecios da
estratégia
Marco legal Concorrentes
na RMC
Relações entre
funcionários
Média Geral
Fonte: Dados da pesquisa.
79
A estratégia das empresas respondentes é reforçada pelas condições de rivalidade
presentes no cluster. De fato, um grande número de empresas de alta tecnologia pode contar
com um custo menor, relacionado ao treinamento e aperfeiçoamento de seus funcionários,
caso outras empresas do mesmo setor promovam este tipo de iniciativa. O funcionário
capacitado poderá encontrar recolocação profissional em outra empresa do mesmo setor, que
se beneficiará do investimento prévio na formação do indivíduo.
Mas as relações entre os funcionários e concorrentes na RMC são ainda percebidas
como pouco colaborativas. Entre os respondentes, uma impressão de que maior
engajamento e colaboração é possível, mas os níveis ideais não foram ainda alcançados.
Obviamente, a baixa percepção relacionada ao marco legal esta relacionada
também ao papel do governo na promoção da competitividade da RMC. Em três dos quatro
pilares do Modelo Diamante do cluster de TIC da RMC, o governo foi mal avaliado.
6.4 Resultados
Nos clusters, a proximidade geográfica e cultural pode viabilizar o acesso especial
a relacionamentos pessoais, qualidade em informação, e fortes incentivos ao aumento da
produtividade e da inovação. Esses benefícios são importantes não para as empresas em
concorrência, mas também para as demais organizações do entorno.
Esta característica fica evidente na região metropolitana de Campinas (RMC).
Além de possuir um setor industrial forte, a RMC apresenta um diferencial em relação a
outras regiões: sua vocação tecnológica. Prova da representatividade das indústrias de média e
alta intensidade tecnológica é a presença, na RMC, de 17 das 155 empresas que mais
investem em atividades de P&D no setor de tecnologia da informação e comunicações (TIC).
O ranking dos maiores investidores foi elaborado pelo governo britânico e divulgado no
estudo “2007 R&D Scoreboard”.
Obviamente, as empresas de TIC são intensivas em conhecimento. Mas a soma do
esforço individual de cada uma delas em suas atividades usuais reflete o resultado mais amplo
percebido na RMC quanto à criação de novos produtos e geração de patentes? As
80
externalidades positivas, amplamente reconhecidas na literatura de clusters, sugerem que não.
As vantagens da aglomeração permitiriam explicar este desempenho inovativo superior.
A inovação tem tradicionalmente sido vista como fonte de vantagens, tanto na
competição entre grandes empresas, como em médios e pequenos empreendimentos
(STEWART, 1959). A inovação requer práticas drasticamente diferentes daquelas adotadas
nas atividades e rotinas do trabalho cotidiano. Contudo, as empresas que atingem a liderança
tecnológica do setor em que atuam, tornam mais efetiva a gestão da inovação, e assim,
apegam-se demasiadamente ao negócio atual, perdendo assim deste modo o potencial
inovador de novos produtos e da atuação em novos mercados (CHRISTENSEN, 2004; FINE,
1999).
Empresas em clusters possuem uma melhor visão do mercado local, e, em
decorrência, dos gostos e necessidades dos seus clientes. Este foco nos consumidores poderia
gerar uma armadilha para as empresas, pois são as inovações disruptivas que geram vantagens
inexploradas, ou até desconhecidas no mercado.
Esta armadilha pode ser minimizada (ou mesmo evitada) por meio das relações
estabelecidas entre empresas em clusters. Se a proximidade geográfica, cultural,
organizacional e tecnológica viabiliza o acesso especial a informações de qualidade, obtidas
por meio dos relacionamentos com fornecedores e parceiros locais, ela ainda favorece a
capacidade da empresa de envolver esses estes agentes no processo de inovação, tornando
assim realidade o aperfeiçoamento do processo organizacional.
Esta constante interação com empresas fornecedoras e parceiras torna-se mais
fácil se a organização estiver localizada em um espaço geográfico que propicie a constante
interação. Assume então importância capital o papel desempenhado pelas universidades,
institutos de pesquisa, e outras instituições de apoio. As interações entre as empresas do
cluster e estas organizações foram as mais significativas identificadas nesta pesquisa, e os
resultados disto para a região são claros. A renda média de um trabalhador, no município de
Campinas, é quase o dobro da média dos demais municípios de São Paulo (figura 6.12).
81
Figura 6.12 – Renda média comparada entre Campinas e demais municípios de SP
824,85
1.618,90
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
1400,00
1600,00
1800,00
Fonte: Informações dos Municípios Paulistas - IMP (2006).
As empresas em cluster normalmente possuem um conjunto relativamente
homogêneo de crenças e premissas, sobre seu ambiente de negócios e suas operações
conjuntas. De fato, esta pesquisa revelou que a RMC se beneficia do reconhecimento de sua
competência como local de pesquisa e de alta tecnologia. Essas vocações podem ser
percebidas no setor de TIC, tanto sob o aspecto econômico, quanto no de produção de
conhecimento, uma vez que a região reúne características de um cluster intensivo em
conhecimento. Assim, as evidências corroboram o argumento de Edmondson (2003), que
afirma terem mais sucesso no desenvolvimento e na implementação da inovação aquelas
empresas que compartilham percepções sobre seus negócios.
Adicionalmente, foram identificadas oportunidades para que as empresas do
cluster façam melhor uso das condições ali existentes, ao mesmo tempo em que as
aperfeiçoam. Apesar das externalidades positivas geradas pela ação individual das empresas,
as próprias empresas reconhecem espaço para mais e mais iniciativas colaborativas, que
permitam o crescimento sustentado e dinâmico dos negócios na RMC.
6.5 Contribuições da pesquisa exploratória para a pesquisa quantitativa
A pesquisa exploratória revelou que o dinamismo do cluster de TIC da RMC é
principalmente devido ao grande conjunto de empresas nele localizadas, à existência de
universidades e outras organizações capazes de suportarem as atividades empresariais com
educação e treinamento, e ainda, ao intenso esforço de pesquisa básica e aplicada realizada
Demais
municípios
Campinas
82
pelas empresas da região. Estes três elementos foram incluídos como variáveis indicadoras do
contruto Cluster, utilizado na pesquisa quantitativa.
Tradicionalmente, os estudos que analisam os impactos dos clusters têm sido
feitos utilizando apenas medidas de emprego em atividades produtivas (BRITO;
ALBUQUERQUE, 2002; SUZIGAN et al, 2003; CROCCO, 2006). Esta pesquisa
exploratória permitiu ao pesquisador aperfeiçoar a variável latente utilizada na pesquisa
quantitativa, o que se traduz em maior precisão nos resultados obtidos.
83
7. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Neste capítulo, as hipóteses da pesquisa são testadas. Inicialmente, são discutidas
as hipóteses relacionadas ao efeito das concentrações industrais nos municípios. Feito isto, as
implicações socioambientais dos clusters nos municípios são analisadas, e à guisa de
conclusão, as hipóteses corroboradas são discutidas conjuntamente.
7.1 O impacto socioeconômico dos clusters industriais nos municípios
Conforme Porter (2003), maior prosperidade ocorrerá em regiões onde estão
localizadas concentrações empresariais. Neste estudo, prosperidade é definida a partir do nível
de renda, emprego, e desenvolvimento humano observados na população local. Por sua vez,
os clusters industriais são definidos como ao menos uma aglomeração produtiva especializada
no município, suportada (direta ou indiretamente) por institutos de pesquisa e organizações de
apoio. A relação entre ambos é mostrada no modelo estrutural apresentado na figura 7.1.
Figura 7.1 – Modelo estrutural – Cluster e Prosperidade
Nota: Estimativas padronizadas. Fonte: Elaborado pelo autor.
84
Este modelo estrutural, que teve como inputs os dados da amostra 1 (n=215), é
composto por dois construtos: Cluster e Prosperidade. Os valores apresentados na figura 7.1
são resultantes da análise de equação estrutural, gerada a partir do software Amos, versão 17.
Assim como nos demais modelos de equação estrutural discutidos neste capítulo,
a estimação do modelo ocorreu por máxima verossimilhança, evitando assim qualquer
problema relacionado à ausência de normalidade multivariada. O processo de estimação
adotado foi o bootstrapping, que calcula estimativas de parâmetros e seus intervalos de
confiança em múltiplas estimações (BOLLEN; STINE, 1993), assumindo assim que o
comportamento dos dados da amostra é semelhante ao dos dados da população.
Os resultados estatísticos, transcritos para a tabela 7.1, mostram que as estimativas
padronizadas do primeiro modelo possuem cargas fatoriais e comunalidades elevadas para
cada um dos construtos, o que significa um bom ajuste do modelo geral. A variável P&D
apresenta um valor menor na sua carga fatorial, o que faz com que sua comunalidade
15
seja
também muito baixa. Isto gerou um baixo valor para a variância extraída
16
de Cluster, apenas
0,41. Prosperidade, por sua vez, apresentou uma variância extraída de 0,60. Apenas a
variância de Prosperidade foi considerada adequada, o que significa que se torna
desnecessário proceder a análise das correlações e da variância entre os construtos do modelo,
dado que a variância extraída do construto Cluster não permite avançar na análise do modelo
de mensuração.
Tabela 7.1 – Cargas indicadoras sobre os construtos cluster e prosperidade
Prosperidade Cluster Comunalidade
REND 0,72 0,52
EMP 0,94 0,88
IDH 0,64 0,40
D_CLUST 0,70 0,49
APOIO 0,72 0,52
P&D 0,47 0,22
Variância extraída 0,60 0,41
Fonte: Elaborado pelo autor.
15
Comunalidade é a quantidade total de variância que uma variável tem em comum com um construto do qual
ela é indicador.
16
Quantia da variância compartilhada entre os indicadores de um construto. Valores maiores mostram um maior
grau de representação compartilhada dos indicadores com o construto. Seu cálculo é feito a partir da somatória
dos valores das comunalidades, dividida pelo número total de variáveis indicadoras de cada construto.
85
Rejeitar o primeiro modelo significa não rejeitar a hipótese de que não relação
entre clusters e prosperidade. Não é possível afirmar que a existência de concentrações nos
municípios traz maior nível de emprego, maior renda e até mesmo melhores condições de
vida, medidas pelo IDH.
O segundo modelo estrutural corresponde à hipótese de que os clusters são os
responsáveis pelo desempenho superior de uma região, em termos de exportação e agregação
de valor. O modelo estrutural utilizado pode ser visto na figura 7.2, e indica uma relação
causal entre concentrações industriais e performance municipal.
Figura 7.2 – Modelo estrutural – Cluster e Performance
Nota: Estimativas padronizadas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Este segundo modelo foi testado com a amostra 2, para que a premissa estatística
de seleção aleatória estivesse presente. Durante o teste, uma estimativa transgressora foi
identificada na análise. O valor negativo da variância associada ao erro de VALAG é, sob o
ponto de vista matemático, impossível. Para corrigir esta falha, a variância foi ajustada a um
pequeno valor positivo, 0,005.
86
A tabela 7.2 mostra as cargas fatoriais, comunalidades e variância extraída para
este modelo, que apresenta uma baixa carga fatorial para a variável INTEXP, talvez em
decorrência da baixa correlação desta variável com as demais, como ficou evidenciado na
tabela 5.5.
Tabela 7.2 – Cargas indicadoras sobre os construtos cluster e performance
Performance Cluster Comunalidade
VALAG 1,00 0,99
INTEXP 0,34 0,11
PIBCAP 0,65 0,42
D_CLUST 0,77 0,59
APOIO 0,82 0,68
P&D 0,60 0,36
Variância extraída 0,51 0,54
Fonte: Elaborado pelo autor.
Mesmo com a baixa associação de INTEXP aos outros indicadores de
Prosperidade, a solução foi considerada aceitável, pois a variância extraída de ambos os
construtos é superior a 0,5.
Este segundo modelo indica que 52% da variância da Performance pode ser
explicada por meio de Cluster. Ambos demonstram uma elevada correlação, 0,72, e o ajuste
geral do modelo sintetizada no quadro 7.1 – mostra que também aqui, níveis satisfatórios de
qualidade do ajuste foram encontrados.
Quadro 7.1 – Medidas de qualidade de ajuste do modelo (cluster – performance)
Medidas Modelo Valores de Referência
Ajuste absoluto
Qui-quadrado (X
2
) 14,819
Graus de liberdade (df) 9
Nivel de significância 0,096
0,1
Indice de qualidade de ajuste (GFI) 0,977
0,9
Ajuste incremental
87
Indice de Tucker-Lewis (TLI) 0,978
0,9
Ajuste parcimonioso
Qui-quadrado normado (X
2
/df) 1,647 Entre 1 e 2
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Hair Jr (2006).
Este segundo modelo pode ser completamente aceito, dado que todos os índices
de ajuste, incluindo o qui-quadrado, mostraram-se dentro dos limites esperados. Da mesma
forma, a matriz de resíduos padronizados, apresentada na tabela 7.3, indica que não há
motivos para a reespecificação do modelo.
Tabela 7.3 – Matriz de resíduos padronizados (cluster – performance)
PIBCAP INTEXP VALAG D_CLUST D_APOIO P&D
PIBCAP ,000
INTEXP ,323 ,000
VALAG ,006 -,005 ,000
D_CLUST -,402 ,563 -,065 ,000
D_APOIO -,744 ,130 ,375 -,255 ,000
P&D -1,819 ,218 -,931 ,858 -,078 ,000
Fonte: Elaborado pelo autor.
Rejeitar a hipótese de que não associação entre clusters e performance
municipal significa aceitar as evidências de que municípios com concentrações industriais
apresentam empresas com maior intensidade exportadora, capazes de gerar mais produtos e
serviços, e ainda, capazes de agregar maior valor a estes bens.
Até o momento, Cluster foi variável preditora para Performance e Prosperidade. O
terceiro e último modelo relaciona estes dois construtos. Este modelo estrutural foi analisado
tendo como inputs os dados da amostra 3. Os municípios que compuseram esta amostra
apresentaram variâncias que fizeram o teste de coerência interna (alfa de Cronbach) rejeitar o
construto Cluster, ao mesmo tempo que aceitava os dois outros. Assim, esta amostra foi
escolhida para ser inserida neste terceiro modelo, que relaciona apenas Performance
municipal a Prosperidade.
A figura 7.3 apresenta as estimativas padronizadas deste modelo, que descreve a
influência da performance municipal na prosperidade dos indivíduos.
88
Figura 7.3 – Modelo estrutural – Performance e Prosperidade
Nota: Estimativas padronizadas. Fonte: Elaborado pelo autor.
Duas estimativas transgressoras foram identificadas neste modelo. As variâncias
associadas aos erros de VALAG e Prosperidade assumiram valores negativos, o que gerou um
ajuste arbitrário no modelo, que foi a determinação do valor 0,005 para cada um dos erros
destas variáveis.
Como mostra a tabela 7.4, novamente INTEXP apresentou uma baixa carga
fatorial, como já sugerido anteriormente, talvez pela baixa correlação desta variável com as
demais. O valor da variância extraída do construto Performance, de apenas 0,55, permite
afirmar que os indicadores especificados mensuram adequadamente as múltiplas equações de
regressão que compõem o modelo de equação estrutural.
O quadro 7.2 apresenta os demais testes necessários para avaliar a qualidade dos
índices de ajuste do modelo estudado.
89
Tabela 7.4 – Cargas indicadoras sobre os construtos performance e prosperidade
Performance Prosperidade Comunalidade
VALAG 1,00 0,99
INTEXP 0,36 0,13
PIBCAP 0,30 0,55
REND 0,82 0,68
EMP 0,99 0,97
REND 0,69 0,48
Variância extraída 0,56 0,71
Fonte: Elaborado pelo autor.
A qualidade do ajuste do modelo é no mínimo, questionável. Ainda que o teste de
hipóteses (X
2
) tenha apresentado significância estatística, todos os demais índices de ajuste
mostraram-se fora das faixas esperadas. Por conseguinte, o modelo não pode ser aceito. A
hipótese de que performance não é responsável pelo aumento da prosperidade no município
não pode ser rejeitada.
Quadro 7.2 – Medidas de qualidade de ajuste do modelo (performance - prosperidade)
Medidas Modelo Valores de Referência
Ajuste absoluto
Qui-quadrado (X
2
) 310,254
Graus de liberdade (df) 10
Nivel de significância 0,000
0,1
Indice de qualidade de ajuste (GFI) 0,481
0,9
Ajuste incremental
Indice de Tucker-Lewis (TLI) 0,507
0,9
Ajuste parcimonioso
Qui-quadrado normado (X
2
/df) 31,025 Entre 1 e 2
Fonte: Elaborado pelo autor, baseado em Hair Jr (2006).
Ainda que não haja uma relação clara entre performance e prosperidade, melhores
condições de vida podem estar associada aos municípios com clusters. Para avaliar esta
relação, as três amostras anteriormente utilizadas nos modelos de equação estrutural foram
90
reunidas, e os municípios foram separados utilizando o critério de não existência de clusters
(SC) e os que possuem clusters (CC).
Para melhor visualizar a variação das médias dentro dos grupos, foi realizada a análise
descritiva dos dados acerca das três dimensões do Ìndice Paulista de Responsabilidade Social
(IPRS) riqueza, longevidade e escolaridade em cada um dos dois grupos. Calculou-se a
média dentro de cada grupo para analisar se os valores são diferentes, e para identificar a
dispersão entre estas médias, foi calculado o desvio-padrão.
A tabela 7.5 mostra que a média dos indicadores de riqueza, longevidade e
escolaridade dos municípios com clusters são maiores do que aqueles dos municípios sem
clusters.
Tabela 7.5 – Riqueza, longevidade e escolaridade nos municípios com clusters e sem clusters
Clusters n Média Desvio-padrão
SC 584 34,82* 8,92
Riqueza
CC 61 48,23* 8,49
SC 584 69,58* 7,21
Longevidade
CC 61 71,15* 4,54
SC 584 54,87 8,08
Escolaridade
CC 61 56,07 8,65
* Significante a 0,05.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O que se percebeu foi que, forma geral, os municípios com clusters possuem
maiores valores do IPRS, com maior destaque para o indicador riqueza. Este indicador possui
a maior variação entre os dados. Os municípios com clusters são classificados como de alta
riqueza, com média de 48,23, ao contrário das cidades que não possuem clusters, que são
ranqueadas como de baixa riqueza, com média de 34,82
17
.
Este indicador, juntamente com longevidade, tem diferenças estatísticamente
significantes nas médias dos grupos clusters e não-clusters. Escolaridade, contudo, não
apresentou diferenças nas médias dos grupos, ao nível de 0,05.
Outra análise é baseada em como os municípios foram classificados dentro dos
grupos de desempenho estabelecidos pela Fundação SEADE. A instituição criou cinco
17
Entretanto, o município deo Sebastião lidera como sendo o primeiro em riqueza. Este município não possui
clusters, e seu destaque pode ser devido à existência de uma unidade da Petrobrás nesta localidade.
91
grupos, dentro dos quais os municípios são categorizados num continuum que vai de elevado
nível de riqueza e com bons indicadores sociais (GRUPO 1), até municípios pobres e
desfavorecidos, tanto em riqueza como em indicadores sociais (GRUPO 5). O ranking é
estabelecido de acordo com as pontuações em cada um dos três indicadores (riqueza,
longevidade, e escolaridade).
Do total de 61 municípios com clusters, cerca de 46% pertencem ao grupo 1, com
altos veis de riqueza, longevidade e escolaridade. No caso dos municípios sem clusters,
apenas 8% destes municípios são avaliados como pertencentes ao grupo 1. Como mostra o
quadro 7.3, de cada dois municípios com cluster, um deles possui altos níveis de riqueza,
longevidade e escolaridade.
Quadro 7.3 - Municípios com clusters e classificação segundo os grupos do IPRS
GRUPOS
NÚMERO DE
MUNICÍPIOS
MUNICÍPIOS
Grupo 1 - Municípios com
nível elevado de riqueza e
bons níveis nos indicadores
sociais
28
Americana, Araraquara, Barueri, Bauru, Catanduva,
Cordeirópolis, Indaiatuba, Itatiba, Jaú, Jundiaí, Limeira,
Mogi Guaçu, Nova Odessa, Paulínia, Presidente Prudente,
Ribeirão Preto, Rio Claro, Santo André, Santos, São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, São Carlos, São
José do Rio Preto, São José dos Campos, São Paulo,
Sertãozinho, Sorocaba, Vinhedo
Grupo 2 - Municípios que,
embora com níveis de riqueza
elevados, não exibem bons
indicadores sociais
18
Capivari, Cotia, Diadema, Campinas, Guarulhos, Itu,
Mauá, Moji Mirim, Osasco, Pedreira, Piracicaba, Porto
Ferreira, Santa Bárbara d'Oeste, Santana de Parnaíba,
Sumaré, Suzano, Taboão da Serra, Votorantim
Grupo 3 - Municípios com
nível de riqueza baixo, mas
com bons indicadores nas
demais dimensões
5 Mirassol Birigui Marília Santa Gertrudes, Valentim Gentil
Grupo 4 - Municípios que
apresentam baixos níveis de
riqueza e nível intermediário
de longevidade e/ou
escolaridade
5 Franca, Ibitinga, Lins, São João da Boa Vista, Tatuí
92
Grupo 5 - Municípios mais
desfavorecidos, tanto em
riqueza com nos indicadores
sociais
5 Itapeva, Itaquaquecetuba, Leme, Panorama, Tambaú
Fonte: Elaborado pelo autor.
Enquanto os municípios com clusters apresentam participação decrescente dos grupos
de 1 a 5 (melhor e pior desempenho, respectivamente), os municípios sem clusters apresentam
participação crescente, exceto no grupo 5. Somente 8,2% dos casos com clusters encontram-
se classificados neste grupo, enquanto que para as localidades sem clusters esse valor dobra,
16,4%. A tabela 7.6 mostra que mais de 75% dos municípios com clusters estão classificados
nos Grupos 1 e 2, enquanto os municípios sem clusters prevalecem nos Grupos 3 e 4.
Tabela 7.6 - Municípios com e sem clusters e classificação segundo os grupos do IPRS
Municípios com
clusters
Municípios sem clusters
Grupos
n % n %
Grupo 1 - Municípios com nível elevado de riqueza e
bons níveis nos indicadores sociais
28 45,90 45 7,70
Grupo 2 - Municípios que, embora com níveis de
riqueza elevados, não exibem bons indicadores
sociais
18
29,51 55 9,42
Grupo 3 - Municípios com nível de riqueza baixo,
mas com bons indicadores nas demais dimensões
5 8,20 196 33,56
Grupo 4 - Municípios que apresentam baixos níveis
de riqueza e nível intermediário de longevidade e/ou
escolaridade
5 8,20 192 32,88
Grupo 5 - Municípios mais desfavorecidos, tanto em
riqueza com nos indicadores sociais
5 8,20 96 16,44
Total
61 100 584 100
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os dados do indicador riqueza mostram que o setor industrial pode influenciar a
geração de riqueza. A quantidade de municípios com índice de IRPS-riqueza superiores a 60
estão, em sua maioria, no eixo Campinas, São Paulo e São José dos Campos, locais onde
ocorrem investimentos industriais, e onde há maiores níveis de emprego, renda e consumo.
93
No indicador longevidade, os municípios com clusters destacam-se tanto na média
geral quando para os valores mínimos e máximos. Isso mostra que esses municípios oferecem
melhores condições no sistema de saúde e nas condições de vida, no atendimento e prestação
de serviços públicos de saúde, e eventualmente, de saneamento básico.
7.2 O Impacto ambiental das concentrações nos municípios
Neste estudo, foram analisadas três variáveis para avaliar se existem impactos
ambientais diferenciados entre municípios com clusters e sem clusters. Para a consulta
recorreu-se à pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros (MUNIC) do IBGE, em sua edição
de 2008. As informações desta pesquisa são coletadas anualmente junto às prefeituras de cada
município, e geralmente são dicotômicas, com respostas sim e não (ou ainda, não aplicável).
As variáveis escolhidas retratam ocorrências impactantes observadas com
freqüência no município durante os últimos 24 meses antes da coleta dos dados, sendo: (a)
alteração ambiental que tenha afetado as condições de vida da população; (b) poluição do ar; e
(c) poluição do recurso água. O número total destas ocorrências nos municípios paulistas é
mostrado na figura 7.4.
Figura 7.4 – Ocorrências ambientais nos municípios paulistas
340
58
135
29
33
77
20
13
Sem
ocorrência
Somente
Alterão
Ambiental
Somente
Poluição Ar
Somente
Poluição
Água
Alterão
Ambiental e
Poluição Ar
Alterão e
Poluição
Água
Poluição Ar e
Água
Ts casos
Fonte: Pesquisa básica municipal – MUNIC/IBGE (2008).
Mais da metade dos municípios paulistas não apresentou qualquer problema
ambiental (figura 7.5). Mas um número considerável de municípios sofreu algum tipo de
94
ocorrência, seja apenas um tipo de problema, seja dois ou os três tipos de ocorrências
ambientais.
Figura 7.5 – Percentual de ocorrências ambientais nos municípios paulistas
Somente
Poluição Ar;
9,0 %
Somente Poluição
Água;
20,9%
Somente Alteração
Ambiental
2%
Sem ocorrência;
52,7%
Três casos;
3,1%
Alteração e Poluição
Água;
5,1%
Poluição Ar e Água;
11,9%
Alteração
Ambiental e
Poluição Ar
4%
Fonte: Pesquisa básica municipal – MUNIC/IBGE (2008).
A poluição da água é o tipo de ocorrência mais freqüente. De cada cinco
municípios, em ao menos um deles foi constatada este tipo de ocorrência. Combinada com as
outras ocorrências, a poluição da água ocorreu em aproximadamente 40% dos municípios
paulistas, sendo a causa com maior incidência.
Para mensurar o impacto ambiental nos municípios paulistas, foram selecionados
os grupos de municípios com clusters e sem clusters, e identificou-se em quais localidades
ocorreram impactos ambientais. Foram excluídos os casos cuja resposta era “não aplicável”,
totalizando assim 97 casos. Dois deles eram municípios com concentrações industriais, e 95
sem concentrações (a lista destes municípios está no apêndice H).
A análise da figura 7.6 revela que existe uma grande incidência de problemas
ambientais nos municípios com clusters. Enquanto o número de municípios que tiveram
problemas relacionados à poluição do ar e da água é duas vezes maior nos grupos com
clusters, este número aumenta ainda mais quando alterações ambientais são levadas em conta.
Dos municípios com clusters, 18% deles manifestaram este problema, enquanto no grupo dos
municípios sem concentrações, apenas 7,5% deles tiveram problema semelhante.
95
Tomando os três problemas ambientais conjuntamente, é possível perceber que de
cada dez municípios com clusters, em ao menos um foi constatada a incidência de todos estes
problemas. O número de municípios sem clusters que tiveram o mesmo problema é muito
inferior: apenas 3% destes municípios sofreram com estas três incidências ambientais, de
forma simultânea.
Figura 7.6 – Impactos ambientais e concentrações industriais
2,86
7,53
19,69
32,19
10,17
18,03
47,54
60,66
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Três impactos Alterão ambiental Poluição do ar Poluição da água
SC CC Total Municípios
Legenda:
SC – Municípios sem clusters industriais
CC – Municípios com clusters industriais
Nota: Valores calculados a partir da média dos indicadores para cada grupo.
Fonte: Elaborado pelo autor
.
Contudo, não se pode vincular os impactos ambientais exclusivamente à
existência de concentrações locais. Existem vários eventos que podem interferir e contribuir
para esta degradação. É preciso verificar caso a caso para detectar as causas e possíveis
responsáveis. A princípio é factível afirmar que a intensidade econômica local e seus
diferentes sistemas de produção causam algum tipo de custo e impacto socioeconômico e
ambiental, mas com diferentes graus de alteração do meio-ambiente (YOUNG, 1998).
Da mesma forma, o argumento de Kuznets (1995) poderia reduzir o impacto da
constatação de maiores danos ao meio-ambiente nos municípios com clusters. Mas no grupo
de 61 municípios com clusters, sete
18
deles apresentam maior renda per capita, que ultrapassa
R$ 1.500,00 ao mês. Separando estes sete municípios dos demais municípios com
concentrações, torna-se possível obter as diferenças de freqüências das variáveis ambientais
18
Os municípios com renda per capita maior que R$1.500,00 são Paulínia, São José dos Campos, São Bernardo
do Campo, São Paulo, Sumaré, Campinas e Barueri.
96
entre os dois grupos. Observou-se que os municípios com cluster, e com maior renda,
possuem mais problemas ambientais (figura 7.7).
Figura 7.7 – Clusters, renda e impacto ambiental
14,81
44,44
53,70
85,71
42,86
100,00
Alteração ambiental Poluição do ar Poluição da água
CCR
CC
Legenda:
CCR - Municípios com cluster e renda acima de R$ 1,5 mil.
CC – Municípios com cluster e renda menor que R$ 1,5 mil.
Fonte: Elaborado pelo autor com base no MUNIC (2008)
Na variável alteração ambiental, nota-se que 14,81%% dos municípios mais
pobres apresentaram algum indício deste tipo de problema. O número sobe para 42,86% nos
municípios mais ricos. Os municípios com maior renda também são os mais poluidores do ar
e da água, chegando a 100% dos casos para este ultimo.
Os municípios com clusters e mais ricos possuem os piores indicadores de
impactos ambientais, comprometendo o bem estar da população e sua qualidade de vida, sem
mencionar as conseqüências desta degradação para as futuras gerações.
7.3 Resultados alcançados
Os resultados encontrados neste estudo permitem responder a questão de pesquisa,
formulada anteriormente. Mas a resposta deve contemplar duas categorias de efeitos dos
clusters nos municípios, aqueles positivos, e os negativos. Os primeiros ocorrerão na forma de
maior prosperidade, riqueza, e longevidade para a populção, enquanto maior intensidade
exportadora e maior agregação de valor ocorrerão no município. os efeitos negativos dar-
se-ão principalmente na forma de impactos ambientais. Esta resposta é suportada pela
pesquisa empírica, cuja síntese dos resultados alcançados é apresentada no quadro 7.4.
97
Em síntese, as hipóteses corroboradas neste estudo permitem afirmar que
municípios que contam com clusters industriais são aqueles que apresentam desempenho
superior, em termos de intensidade exportadora e agregação de valor. Estes municípios
apresentam ainda níveis elevados de riqueza e longevidade para sua população.
Quadro 7.4 – Hipóteses corroboradas neste estudo
HIPÓTESES
H1a Não há relação entre a existência de clusters industriais e performance superior municipal.
H1b
A performance superior do município, em termos de intensidade exportadora, agregação de
valor e PIB per capita, pode ser explicada pela existência de clusters industriais.
H2a Não há relação entre entre performance municipal e prosperidade.
H2b
Maior prosperidade é gerada devido à elevada performance dos municípios em termos de
exportação, agregação de valor e PIB per capita.
H3a Não há relação entre prosperidade e existência de clusters industriais no município.
H3b Maior prosperidade pode ser explicada pela presença de clusters industriais no município.
H4a Não há relação entre riqueza e existência de clusters industriais no município.
H4b Maiores níveis de riqueza ocorrem nos municípios onde clusters industriais estão presentes.
H5a Não há relação entre escolaridade e existência de clusters industriais no município.
H5b
Maiores níveis de escolaridade ocorrem nos municípios onde clusters industriais estão
presentes.
H6a Não há relação entre longevidade e existência de clusters industriais no município.
H6b
Maiores níveis de longevidade ocorrem nos municípios onde clusters industriais estão
presentes.
H7a Não há relação entre problemas ambientais e existência de clusters industriais no município.
H7b
Os municípios onde clusters industriais estão presentes apresentam mais problemas
ambientais do que os demais municípios.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Mas não qualquer evidência de que municípios com concentrações estão
relacionados à maior escolaridade, um resultado contra-intuitivo, já que supostamente, a
atividade industrial demanda gestores mais especializados, e mão-de-obra mais qualificada.
Uma evidência interessante se refere aos problemas ambientais. O grupo de 61
municípios com clusters apresentou mais problemas relacionados a alterações ambientais.
Este é um importante desafio que se apresenta para empresas e governos, e que deve ser
incluído na agenda de pesquisas sobre as concentrações regionais.
98
7.4 Consolidação dos resultados
Uma vez testadas as hipóteses deste estudo, torna-se possível agora gerar um
quadro de referência que encontre aplicação imediata para empresas e governos. Este quadro
consiste na proposição de que a vantagem competitiva das empresas, localizadas em clusters
nos municípios paulistas, pode ser ampliada caso resultados não somente econômicos sejam
perseguidos. A figura 7.8 ilustra este argumento.
Figura 7.8 – Clusters e vantagem competitiva sustentável
Fonte: Elaborado pelo autor.
Como ficou evidenciado neste estudo, clusters assumem parte importante na
performance dos municípios, e na riqueza e longevidade de sua população. Estas relações são
mostradas na figura 7.8 com setas contínuas. Mas uma parte importante da equação, e talvez
ainda não percebida como uma questão estratégica para as empresas, é que o valor criado nos
clusters não é valor sustentável. Por valor sustentável, entende-se o resultado das operações
empresariais que seja capaz de conciliar objetivos de crescimento econômico com elevados
níveis de desempenho social e ambiental (HART; MILSTEIN, 2003).
Individualmente, empresas podem avançar na busca de maior desenvolvimento
sustentável, gerando simultaneamente benefícios econômicos, sociais e ambientais. Mas
nenhuma empresa pode solucionar todos os problemas da sociedade, ou assumir os custos de
fazê-lo. Cada empresa deve selecionar os problemas socioambientais que apresentam relação
com seus negócios e priorizá-los, agindo assim de forma intencional e estratégica (PORTER;
Riqueza e longevidade
Performance Municipal
Elevado desempenho na
exportação e agregação de valor
Valor
Sustentáve
l
Clusters
Concentrações geográficas de
organizações interconectadas
99
KRAMER, 2006). Isto significa que os demais temas deverão ser tratados por empresas que
atuam em outros setores, ou por governos e organizações não-governamentais (ONGs). E é
neste ponto em que a contribuição dos clusters para a criação de vantagem competitiva
sustentável pode ser vislumbrada.
Sendo os clusters concentrações geográficas de organizações interconectadas,
obviamente um conjunto de vínculos estabelecidos, que estão relacionados às cadeias de
valores das empresas aglomeradas. Tais nculos estão hoje conectados a empresas que ainda
não avançaram na criação de valor sustentável. Ativar as setas pontilhadas, indicadas na
figura 7.8, significa criar os meios para que novos negócios (e eventualmente novas empresas)
sustentáveis possam fazer parte do cluster. O efeito da criação de negócios sustentáveis na
aglomeração será não apenas o reforço à performance do município, mas também, à criação e
à disseminação de vínculos sustentáveis na base de empresas existentes.
A importância deste “espalhamento” é ampliada nos clusters, onde condições
como engajamento, conhecimento prévio, troca intensa de informações e vontade política
favorecem a disseminação de idéias e conceitos. Como Tewari e Pillai (2005) demonstraram,
pequenas e médias empresas incluídas na cadeia de valor de empresas sustentáveis podem
adequar seus negócios a ponto de responderem aos mais rígidos padrões de regulações
ambientais sem perder competitividade, justamente pela mudança ter sido percebida como um
objetivo que justificaria a ação coletiva das empresas no cluster, por permitir a venda dos seus
produtos a demandantes globais de produtos “verdes”.
Wheeler et al. (2005) também mapearam experiências de empresas sustentáveis
em paises em desenvolvimento, tipicamente envolvidos em uma densa cadeia de negócios
com organizações sem fins lucrativos, comunidades locais, empresas, organizações não
governamentais e outros agentes, que trabalham de forma articulada para alcançar objetivos
econômicos, sociais, e ambientais. O quadro aqui sugerido é amparado pela pesquisa
empírica, e por experiências mapeadas na literatura sobre desenvolvimento e negócios. Sendo
uma primeira aproximação, é ainda incompleto, pois os meios para se alcançar o objetivo
proposto não são aqui explorados. Mas sua aplicação é imediata, dada a sua importância.
Esforços, de todo tipo e de qualquer natureza, que visem a tornar as concentrações mais
competitivas, devem necessáriamente buscar as condições para que o valor criado seja valor
sustentável. Ainda que o modelo ofereça aos práticos e acadêmicos um quadro inacabado das
ferramentas para seguir em frente, ele lhes oportunamente a confiança para que prossigam
nesta direção.
100
8. CONCLUSÕES
Este trabalho explorou empiricamente a teoria dos clusters empresariais,
utilizando como quadro conceitual os trabalhos de Michael Porter (1998a; 1998b; 2003) sobre
o assunto, e os municípios do estado de São Paulo como locus do estudo.
As considerações de Porter (1990) sobre a vantagem competitiva das regiões
desempenharam um importante papel na agenda estratégica das empresas, sendo talvez o
exemplo mais bem conhecido acerca disto a decisão tomada pela Intel, em meados da década
de 1990, de estabelecer uma planta industrial na Costa Rica, destinada à montagem e ao teste
de microprocessadores
19
.
A escolha, que havia causado espanto aos analistas da época, dado que a balança
comercial costa-riquenha era impulsionada predominantemente pela exportação de
commodities agrícolas, mostrou-se acertada não somente para a empresa, mas também para o
país.
De fato, o governo federal da Costa Rica havia criado um plano para a atração da
Intel, envolvendo as unidades administrativas sub-nacionais e a iniciativa privada. O
investimento direto da empresa no país, próximo a US$ 300 milhões na época, tornou-se
apenas parte inicial de um ciclo virtuoso de atração de novas empresas fornecedoras e
correlatas, capacitação e treinamento de mão-de-obra, e aumento do produto interno bruto do
país.
Esta ilustração é necessária, para que os resultados alcançados neste trabalho
possam ser plenamente compreendidos. A teoria porteriana acerca da vantagem competitiva
das regiões foi gerada em um contexto social e cultural muito específico, e com uma
finalidade muito bem definida. Esta finalidade era o aumento da competitividade das
empresas norte-americanas, e o contexto, o avanço de produtos oriundos de outros países,
como os do Japão, na economia norte-americana
20
.
19
A decisão da Intel, e o ambiente de negócios da época, foram transformados em caso didático pelos profs.
Michael Porter e Niels Kethelhohn, e registrado em 2002, com o mero 9-703-422, na Harvard Business
School.
20
Porter ocupou o cargo de Conselheiro na Comissão de Competitividade Industrial durante o governo Reagan.
A “Vantagem Competitiva das Nações” foi escrito durante este período, como sugere sua biografia, disponível
em https://www.princeton.edu/prior/aboutus/faculty_associates/porter (Acesso 7 jul. 2008). Sua influência no
governo central norte-americano é ainda marcante. A sessão “Advice to the US President on Competitiveness”,
101
Este caráter aplicado da teoria é uma característica que não é trivial. Empresas e
governos foram originalmente concebidos como demandantes, que encontraram no Modelo
Diamante ferramental teórico relativamente claro e objetivo o suficiente, para que decisões
fossem tomadas não somente baseadas na experiência e na contingência, mas moldadas por
um quadro de referências bastante disseminado, e talvez mais importante, tornado legítimo
pelo uso em diferentes contextos (desde a década de 1990 até os dias atuais), países (as
concentrações se tornaram base para a elaboração da política industrial da União Européia
21
),
e indústrias
22
.
Neste contexto, o presente estudo apresenta três contribuições. A primeira delas
corresponde às implicações acadêmicas dos resultados empíricos aqui encontrados, enquanto
a segunda se refere às implicações deste estudo para a formulação de políticas públicas. A
terceira implicação consiste em subsídios para a elaboração de estratégias empresariais.
8.1 Implicações acadêmicas
O teste empírico de hipóteses, construídas a partir da teoria porteriana das
concentrações, envolveu a organização de dados que pudessem ser testados e eventualmente,
falseados, prova de cientificidade do estudo. A contribuição mais evidente deste estudo reside
nos construtos utilizados na pesquisa, gerados a partir de índices obtidos em bases de dados
disponíveis ao acesso público. Novos estudos podem ser desenvolvidos articulando estes
construtos com novas variáveis de interesse, o que significa um maior avanço em um campo
até então explorado a partir de pesquisas qualitativas. De fato, a dificuldade de analisar
quantitativamente o modelo de vantagem competitiva (ou seja, a formalização da teoria) é
reconhecida por Porter, quando afirma que a vantagem competitiva é criada e mantida
através de um processo altamente localizado. Diferenças nas estruturas econômicas, valores,
culturas, instituições e histórias contribuem profundamente para o sucesso competitivo
(1990, p. 20), e que medir estatísticamente a presença da autêntica vantagem competitiva é
no Fórum Econômico Mundial de 2009, realizado em Davos, foi coordenada por ele. Disponível em
http://gaia.world-television.com/wef/worldeconomicforum_annualmeeting2009/default.aspx?sn=7027&lang=en
Acesso 30 jan. 2009.
21
O memorando da Comissão Européia com as diretrizes para a promoção dos clusters de inovação pode ser
acessado em
http://www.proinno-europe.eu/NWEV/uploaded_documents/European_Cluster_Memorandum.pdf.
Acesso 21 set 2008.
22
Iniciativas de promoção de clusters, em diferentes indústrias, podem ser consultadas em Ketels, Lindqvist e
Sölvell (2006).
102
um desafio.” (1990, p. 26, grifo nosso). A partir deste argumento, o autor reconhece que
elementos como as externalidades positivas, os aspectos culturais, a existência de grupos
estratégicos e a trajetória histórica dos clusters podem fornecer um quadro mais completo
relacionado aos motivos do desempenho superior, principalmente em termos de exportação ou
atração de investimentos.
A segunda contribução acadêmica desta pesquisa é que, ao explorar
empíricamente a teoria, evidenciou-se a necessária revisão ou atualização de premissas-
chave da teoria porteriana. O objetivo mais amplo, alcançado como resultado das políticas e
estratégias de aglomeração, seria a prosperidade, entendida como acesso a emprego e renda.
Esta dimensão econômica, daquilo que se pode chamar de qualidade de vida, é um tema
subjacente à teoria, e o mais que um objetivo difuso quando argumentos para a promoção
de clusters são explorados. Esta pesquisa explorou estas fronteiras da teoria em pauta, e
identificou uma importante lacuna, relacionada ao impacto das concentrações no meio-
ambiente local. Esta lacuna tem sido lentamente preenchida por trabalhos como os de
Shandra, London e Williamson (2003), Albino, Dietzenbacher e Kühtz (2003), e Wheeler et
al. (2005), mas ainda resiste como questão paralela à busca da vantagem competitiva nas
concentrações. Neste trabalho, é sugerido que a vantagem competitiva deve ser
necessariamente sustentável, entendida não apenas como persistente no decorrer do tempo,
mas sim, como ação integrada das empresas, do governo e da sociedade, visando ao alcance
de objetivos econômicos, sociais e ambientais.
8.2 Implicações para políticas públicas
A validação empírica das relações entre clusters e performance municipal gera
como conseqüência a possibilidade de serem elaboradas políticas industriais que busquem a
promoção de clusters, como meio para que maior vantagem competitiva seja alcançada, para
o município e região, e que maior riqueza e longevidade ocorra para os indivíduos da
sociedade local.
Os resultados sugerem que um mero foco na performance municipal (traduzida
em maior intensidade exportadora e agregação de valor aos produtos) pode não ser
necessariamente o caminho para a melhoria da qualidade de vida da população. Importa saber
como maior performance pode ser atingida, e como, de forma simultânea, melhores condições
103
de vida para a população local possam ser alcançadas. A existência dos clusters industriais
tem forte influência sobre ambos os fatores, e tal qual em outros países, pode ser um
importante instrumento para a promoção do desenvolvimento econômico e social.
Contudo, o estímulo às concentrações deve ser dado com um foco não apenas no
município onde estão concentradas as empresas, mas também, em regiões próximas que
possuam empresas concorrentes, clientes, fornecedoras ou em indústrias correlatas. A criação
de meios para que vínculos possam ser estabelecidos entre estas empresas significa criar as
condições para que os benefícios da aglomeração não permaneçam apenas no município, mas
avance em cidades próximas, tornando assim uma região inteira mais próspera.
Por fim, qualquer política baseada em concentrações industriais deve contemplar
não apenas a atração, estímulo e desenvolvimento das empresas industriais, como meio para o
desenvolvimento econômico e social, mas também, potenciais impactos ambientais gerados
pela presença de empresas industriais na região.
As evidências aqui encontradas sugerem que a simples presença de clusters nos
municípios pode determinar maior riqueza e longevidade. Mas estes dois elementos formam
uma parte incompleta da equação, dado que a qualidade de vida nas regiões que apresentam
concentrações é diminuída pelas externalidade negativas geradas pelas empresas, como
poluição da água e do ar.
Sendo o imperativo ambiental palavra de ordem nesta primeira década do século
XXI, ele deve ser incluído em quaisquer iniciativas relacionadas aos clusters industriais, seja
por meio da atração de negócios “verdes”, por meio da atração de empresas capazes de
promover a cadeia logística reversa das empresas industriais, ou seja tornando mais rígidas as
normas legais relacionadas ao impacto das atividades industriais no meio ambiente.
8.3 Implicações gerenciais
O modelo proposto neste estudo, de criação de valor sustentável em clusters, pode
ser visto pelas empresas como uma oportunidade e uma estratégia de minimização de risco.
Oportunidade, pois cada vez mais se faz presente, no mercado consumidor, demandas por
produtos que atendam não somente aos requisitos a que se propõem rotineiramente, mas que
104
tragam em seu pacote de valor uma proposta associada ao meio-ambiente e/ou ao bem-estar
social.
Produtos que atendam a esta nova composição da demanda permitirão às
empresas reduzir seus riscos, dado que, ao assumir padrões mais elevados de desempenho,
seja social ou ambiental, estarão investindo hoje em características de produtos e processos
que poderão, no futuro, vir a ser alvo de rígidas normas e regulações. Neste caso, a vantagem
do first mover, que investiu ao longo do tempo e obteve os benefícios da curva de
aprendizado, é inegável (PORTER; KRAMER; 2006).
8.4 Limitações e estudos futuros
Obviamente, este estudo guarda algumas limitações. Os resultados apresentados
neste trabalho foram obtidos a partir da análise de concentrações industriais. Desta forma, os
setores de comércio e serviços com suas especificidades e dinâmica econômica não foram
diretamente abordados no modelo discutido nesta tese. Mais do que uma limitação, esta é uma
oportunidade para novas aplicações do modelo aqui apresentado.
Mesmo com o foco apenas nos clusters industriais, uma limitação significativa foi o
tratamento dado às atividades econômicas aglomeradas. O vel de desagregação das
atividades econômicas (compreendendo apenas a indústria de transformação e extrativista)
deu-se a partir das divisões da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).
Como bastava, para os resultados deste estudo, identificar apenas a existência ou não de
clusters nos municípios, este nível de desagregação foi suficiente. Mas estudos que
demandem maior precisão na identificação de concentrações devem necessariamente avançar
nas classes e subclasses da CNAE.
Em decorrência desta limitação, e tomando como referência esforços
contemporâneos voltados ao aperfeiçoamento das técnicas de mapeamento e análise de
clusters (O’DONOGHUE; GLEAVE, 2004; HOFE; BHATTA, 2007; PICKERNELL et al.,
2007), uma nova oportunidade de estudos emerge, baseada não no recorte arbitrário dos
municípios, mas na identificação dos limites das trocas econômicas entre os clusters.
Potencialmente útil a este estudo são os softwares de georreferenciamento, como a ferramenta
ArcView Gis
. Os resultados destes programas são obtidos por meio da incorporação de
105
variáveis socioeconômicas a mapas previamente definidos, que permitem (entre outros
recursos), a criação de classes de valores de variáveis, ressaltando assim maior ou menor
intensidade do efeito da variável em estudo. Na literatura nacional sobre concentrações,
resultados interessantes neste sentido têm sido alcançados (MONTENEGRO, 2008).
Por fim, a refutação da hipótese de que performance municipal superior leva
necessariamente à maior prosperidade apresenta-se como um convite ao estudo das razões
pelas quais isto acontece. Uma explicação alternativa, sugerida pela sociologia econômica
(MEYER; ROWAN, 1977; MARCH, 1991; GULATI; GARGIULO, 1991), é que o
desempenho econômico é fortemente influenciado pelo conjunto de relações socioculturais
estabelecidas, e a dinâmica de simultânea competição e cooperação decorrentes da freqüente
interação entre os agentes econômicos. Neste caso, a existência de performance superior do
município em termos de exportação e agregação de valor é uma explicação apenas parcial
para o padrão de vida da sociedade local, dado que a trajetórica histórica do cluster, e os
relacionamentos entre os agentes econômicos, podem gerar uma melhor explicação para o
desempenho das firmas nele inseridas, e assim, um melhor entendimento de como a
prosperidade é alcançada localmente.
106
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118
APÊNDICE A - Relação de Entrevistados
Nome Organização Cargo Data
Rodrigo Carneiro Pinto Solectron Diretor de R&D 12/09/2007
Carlos Mammana CenPRA Ex-presidente 13/09/2007
José Luís Miranda Consultor Independente 14/09/2007
Arthur Catto Instituto Eldorado
Presidente 17/09/2007
119
APÊNDICE B – Relação de organizações que responderam ao questionário
Organização Cidade
3M Campinas
Asga Paulínia
Bosch Campinas
CPFL Energia Campinas
CPQD Campinas
Eldorado Campinas
Elektro Campinas
Ericsson Indaiatuba
Flextronics Jaguariúna
Freescale Campinas
Griaule Campinas
HP Campinas
IBM Hortolândia
KNBS Campinas
Magneti Marelli Hortolândia
MFAP Campinas
Motorola Campinas
Nortel Campinas
Padtec Campinas
PST Electronics Campinas
Samsung Campinas
Sanmina Hortolândia
Scylla Campinas
Venturus Campinas
Villares Sorocaba
120
APÊNDICE C – Questionário
QUESTIONÁRIO
Senhor (a) respondente, informe seus dados e da sua corporação nos campos abaixo. Um
glossário de termos técnicos é apresentado, na seqüência, para o caso de dúvidas que possam
surgir no preenchimento desse documento.
O questionário pode ser respondido por quantas pessoas forem necessárias. Se não tiver as
informações para responder a determinada questão, por favor, solicite os dados ao setor
responsável na sua corporação.
O conceito de P&D adotado para esse documento é o estabelecido pelo Manual Frascati, da
OCDE (veja indicação em anexo, no final desse formulário).
Sobre o respondente
Nome:
Cargo:
E-mail:
Telefone:
Responde diretamente à estrutura da operação Brasil:
Qual o cargo de seu superior imediato?
Glossário:
Operação Brasil: engloba todas as operações da empresa no Brasil, tanto do ponto de vista
de produção fabril, como da produção da área de P&D.
UL: Unidade Local. Planta produtiva ou filial da empresa à qual o executivo respondente está
ligado. É importante distinguir a operação da unidade local da operação Brasil. Essa distinção
permitirá medir a relevância das atividades da empresa na RMC, quando comparadas com a
operação Brasil e com as atividades da companhia em nível global.
Competências centrais: o quão bem (ou não) a UL desempenha suas atividades necessárias
para oferecer produtos e serviços aos clientes.
Componente: Qualquer item que seja parte integrante de um produto; ou ainda, todo artigo
fabricado para utilização em subconjuntos ou conjuntos.
Subconjunto: Materiais de apresentação coletiva, constituídos de diferentes componentes,
para serem utilizados de uma só vez.
Projeto: Conjunto organizado de documentos que define todas as características de um
produto e fornece informações apropriadas para sua fabricação e operação.
RMC: Região Metropolitana de Campinas.
P&D: Veja definição de conceito no final desse documento.
Sobre a corporação
Nome:
UL à qual o executivo está ligado:
Faturamento anual global (US$ em 2006):
Faturamento anual no Brasil (US$ em 2006):
Faturamento anual da UL (US$ em 2006):
121
Número de funcionários no Brasil:
Número de funcionários na UL:
Sobre a atividade de P&D
Número de funcionários diretamente ligados a P&D globalmente:
Número de funcionários diretamente ligados a P&D no Brasil:
Número de funcionários diretamente ligados a P&D na UL:
Investimentos em P&D realizados pela sua empresa, globalmente (US$ em 2006):
Investimentos em P&D realizados pela sua empresa, no Brasil (US$ em 2006):
Investimentos em P&D ligados diretamente à sua UL (US$ em 2006):
Dos investimentos em P&D no Brasil, qual o percentual de recursos da Lei de Informática?
Dos investimentos em P&D na UL
, qual o percentual de recursos da Lei de Informática?
A empresa utiliza outras linhas oficiais de incentivo para atividades de P&D?
Em caso positivo, quais?
Caso utilize outras linhas oficiais, qual o percentual destes recursos em relação ao
investimento total de P&D, no Brasil?
Caso utilize outras linhas oficiais, qual o percentual destes recursos em relação ao
investimento total de P&D na UL?
1. Como pode ser melhor classificada a infra-estrutura do Brasil (estradas, portos, terminais,
telecomunicações), quando comparada à infra-estrutura das demais subsidiárias da
corporação?
É a melhor do
mundo
Está entre as
melhores do mundo
Corresponde a média
mundial
Está entre as piores
do mundo
É a pior do mundo
1 2 3 4 5
2. Como pode ser melhor classificado o acesso da UEN a insumos básicos (como energia e
matérias-primas), quando comparado às demais subsidiárias da corporação?
Está entre os
melhores do mundo
Muito bom Corresponde a média
mundial
Muito ruim Está entre os piores do
mundo
1 2 3 4 5
3. Como pode ser melhor classificado o acesso da UEN a recursos humanos (mão-de-obra
técnica e/ou altamente qualificada), quando comparado às demais subsidiárias da corporação?
Está entre os
melhores do mundo
Muito bom Corresponde a média
mundial
Muito ruim Está entre os piores do
mundo
1 2 3 4 5
4. Como pode ser melhor classificado o acesso da UEN a infra-estrutura científica (como
Universidades e Centros de Pesquisa), quando comparado às demais subsidiárias da
corporação?
Está entre os
melhores do mundo
Muito bom Corresponde a média
mundial
Muito ruim Está entre os piores do
mundo
1 2 3 4 5
5. Qual a sua percepção dos incentivos governamentais para a criação de novos negócios na
UEN?
Muito Altos Altos Sem impacto Baixos Muito Baixos
1 2 3 4 5
6. Qual a sua percepção dos incentivos governamentais para as atividades de P&D na RMC?
Muito Altos Altos Sem impacto Baixos Muito Baixos
1 2 3 4 5
122
7. A UEN realiza algum tipo de atividade de projeto de forma compartilhada com
fornecedores?
[ ] sim
[ ] não
Se sim, quais (cite no máximo três)?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Como você classificaria a contribuição que os recursos naturais presentes na RMC
oferece à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
9. Como você classificaria a contribuição que os recursos humanos presentes na RMC
oferece à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
10. Como você classificaria a contribuição que os recursos de capital presentes na RMC
oferece à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
11. Como você classificaria a contribuição que a infra-estrutura física presente na RMC
oferece à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
12. Como você classificaria a contribuição que a infra-estrutura científica e tecnológica
presente na RMC oferece à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
13. Como você classificaria a contribuição que a localização geográfica da RMC oferece à
sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
14. Como você classificaria a contribuição que as condições macroeconômicas do país
oferecem à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
123
15. Como você classificaria a contribuição que as condições macroeconômicas do país
oferecem à sua empresa ? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
16. Como você classificaria a contribuição que o mercado consumidor do país oferece à sua
empresa? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
17. Quanto do total produzido em sua empresa é destinado ao mercado interno? (marque
apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
18. Como você classificaria os consumidores do mercado interno, no que se refere à
aceitação de novos produtos lançados pela companhia simultaneamente no Brasil e em outros
países? (marque apenas uma alternativa)
São os
primeiros a
comprar
Compram
rapidamente
Na média
mundial
Compram
depois
São os últimos
a comprar
1 2 3 4 5
[ ] marque aqui caso não a situação não se aplique em sua empresa
19. Comparando a operação Brasil com as outras subsidiárias da companhia, como você
classificaria as leis e regulamentações do país, no que se refere à inovação? (marque apenas
uma alternativa)
Incentiva de
fato a
inovação
Contribui
moderadamente
Na média
mundial
Traz pouco
incentivo
Não traz
qualquer
incentivo
1 2 3 4 5
[ ] marque aqui caso não a situação não se aplique em sua empresa
20. Como você classificaria a contribuição que os seus fornecedores presentes no país
oferecem à sua empresa? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
21. Quanto do total de bens e serviços necessários para a operação de sua empresa é
comprado de fornecedores localizados no Brasil? (marque apenas uma alternativa)
Acima de 70%
do total
Entre 55% e
70% do total
Entre 45% e
55% do total
Entre 30% e
45% do total
Até 30% do
total
1 2 3 4 5
124
22. Quanto do total de bens e serviços necessários para a operação de sua empresa é
comprado de fornecedores localizados na RMC? (marque apenas uma alternativa)
Acima de 70%
do total
Entre 55% e
70% do total
Entre 45% e
55% do total
Entre 30% e
45% do total
Até 30% do
total
1 2 3 4 5
23. Considerando a RMC, como você classificaria a contribuição que a presença de empresas
de setores que compartilham os mesmos insumos (produtos e serviços) que os da sua
empresa trazem para a sua operação no Brasil? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
24. Como você classificaria a contribuição que a presença de seus concorrentes na RMC traz
para sua empresa? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
25. Considerando as outras subsidiárias da companhia, como você classificaria a contribuição
que o marco legal para investimentos diretos estrangeiros (IDE) constituído no Brasil traz
para sua empresa? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
26. Como você classificaria as relações estabelecidas entre os funcionários de sua empresa e
os funcionários de outras empresas localizadas na RMC? (marque apenas uma alternativa)
Fortes laços
sociais /
familiares
Confiam umas
nas outras
Competem e
conversam
entre si
Tem alguma
idéia do
potencial da
colaboração
Desconfiam
umas das
outras
1 2 3 4 5
27. Considerando as outras subsidiárias da companhia, como você classificaria a geração de
benefícios da estratégia da operação na RMC? (marque apenas uma alternativa)
Vantagem Fraca
vantagem
Sem efeito Fraca
desvantagem
Desvantagem
1 2 3 4 5
O que é Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) para essa pesquisa?
Para esse documento, consideramos o conceito de P&D definido pelo Manual Frascati, da
OCDE, disponível no site do Ministério da Ciência e Tecnologia (www.mct.gov.br).
Segundo o Manual (tradução livre), “Research e Experimental Development (R&D)
compreende o trabalho criativo feito numa base sistemática com o objetivo de aumentar o
estoque de conhecimento, incluindo o conhecimento do homem, cultura e sociedade, e o
uso desse estoque de conhecimento para arquitetar novas aplicações”.
125
Ainda segundo o Manual, o termo R&D cobre três atividades: pesquisa básica, pesquisa
aplicada e desenvolvimento experimental.
O Manual estabelece ainda as atividades que estão excluídas do conceito de R&D, embora
estejam muito próximas do processo, em função do fluxo de informações e em termos de
operações, instituições e pessoal. Essas atividades estão classificadas em quatro itens:
Educação e treinamento. Exemplo: todo o treinamento e educação de pessoal.
Outras atividades tecnológicas e científicas relacionadas. Exemplo: caso de tradução
feita por pessoal técnico e científico e disseminação de informações em conferências
científicas.
Outras atividades industriais: esse item inclui outras atividades de inovação, como
aquisição de tecnologia, e produção e atividades técnicas relacionadas, o que inclui
pré-produção e produção.
Administração e outras atividades de apoio. Exemplo: levantamento, gerenciamento
e distribuição de recursos de P&D.
Para maior detalhamento dos itens, novamente sugerimos a consulta ao Manual Frascati.
126
APÊNDICE D – Clusters industriais mapeados no Estado de São Paulo
Cluster Cidade
Americana
Capivari
Indaiatuba
Mauá
Santa Bárbara d'Oeste
São José do Rio Preto
São Paulo
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Sorocaba
Barueri
Bauru
Osasco
Ribeirão Preto
Santana de Parnaíba
Santo André
Santos
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
São Paulo
Americana
Barueri
Cotia
Diadema
Guarulhos
Itaquaquecetuba
Jundiaí
Osasco
Santo André
São Paulo
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material
Plástico
Taboão da Serra
Diadema
Guarulhos
Barueri
Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
Limeira
Campinas
Ribeirão Preto
Fabricação de Equipamentos de Instrumentação
Médico Hospitalares, Instrumentos de Precisão e
Ópticos, Equipamentos para Automação Industrial,
Cronômetros e Relógios
São Paulo
127
Americana
Araraquara
Campinas
Cotia
Diadema
Indaiatuba
Itu
Limeira
Matão
Piracicaba
Rio Claro
Santa Bárbara d'Oeste
Santo André
São Bernardo do Campo
São Carlos
São Paulo
Sertãozinho
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Sorocaba
Fabricação de Máquinas para Escritório e
Equipamentos de Informática São Paulo
Campinas
Guarulhos
São Paulo
Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais
Elétricos
Sorocaba
São Paulo
Campinas
Fabricação de Material Eletrônico e de Aparelhos e
Equipamentos de Comunicações
São José dos Campos
Birigui
Limeira
Mirassol
Moji Mirim
Osasco
Ribeirão Preto
Rio Claro
Santo André
São Caetano do Sul
São Carlos
São José do Rio Preto
Taboão da Serra
Valentim Gentil
Votuporanga
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
São José dos Campos
128
Bauru
Catanduva
Jundiaí
Marília
Piracicaba
Presidente Prudente
Ribeirão Preto
Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Lins
Itapeva
Fabricação de Produtos de Madeira
Jundiaí
Campinas
Diadema
Guarulhos
Indaiatuba
Itaquaquecetuba
Jundiaí
Limeira
Mauá
Mogi Guaçu
Piracicaba
Santo André
São José do Rio Preto
São Paulo
Sertãozinho
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive
Máquinas e Equipamentos
Sorocaba
Indaiatuba
Itu
Jundiaí
Leme
Panorama
Pedreira
Piracicaba
Porto Ferreira
Rio Claro
Santa Gertrudes
São Bernardo do Campo
São João da Boa Vista
Sorocaba
Suzano
Tambaú
Tatuí
Vinhedo
Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos
Cordeirópolis
129
Barueri
Campinas
Cotia
Diadema
Guarulhos
Mauá
Osasco
Paulínia
Ribeirão Preto
Santo André
São Bernardo do Campo
São Paulo
Taboão da Serra
Fabricação de Produtos Químicos
Suzano
Americana
Guarulhos
Ibitinga
Itatiba
Nova Odessa
Santa Bárbara d'Oeste
Fabricação de Produtos Têxteis
Sumaré
Campinas
Diadema
Guarulhos
Limeira
São Bernardo do Campo
Sorocaba
Indaiatuba
Osasco
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores,
Reboques e Carrocerias
São Caetano do Sul
Diadema
Guarulhos
Itaquaquecetuba
Piracicaba
Santo André
São Bernardo do Campo
São Caetano do Sul
Metalurgia Básica
Sorocaba
130
Birigui
Franca
Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de
Couro, Artigos de Viagem e Calçados
Jaú
Reciclagem Guarulhos
131
APÊNDICE E – Clusters mapeados no Estado de São Paulo – Municípios
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Americana
Fabricação de Produtos Têxteis
Araraquara Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
Barueri
Fabricação de Produtos Químicos
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Bauru
Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Birigui
Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos de Viagem e
Calçados
Fabricação de Equipamentos de Instrumentação Médico-Hospitalares,
Instrumentos de Precisão e Ópticos, Equipamentos para Automação Industrial,
Cronômetros e Relógios
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos
Fabricação de Material Eletrônico e de Aparelhos e Equipamentos de
Comunicações
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos Químicos
Campinas
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Capivari Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Catanduva Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Cordeirópolis Fabricação de Produtos de Minerais Não-Metálicos
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Cotia
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Diadema
Metalurgia Básica
Franca
Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos de Viagem e
Calçados
132
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação de Produtos Têxteis
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Metalurgia Básica
Guarulhos
Reciclagem
Ibitinga Fabricação de Produtos Têxteis
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Indaiatuba
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Itapeva Fabricação de Produtos de Madeira
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Itaquaquecetuba
Metalurgia Básica
Itatiba Fabricação de Produtos Têxteis
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Itu
Fabricação de Produtos de Minerais Nao0Metálicos
Jaú
Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos de Viagem e
Calçados
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Fabricação de Produtos de Madeira
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Jundiaí
Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Leme Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Limeira
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Lins Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Marília Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Matão Fabricação de Máquinas e Equipamentos
133
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Mauá
Fabricação de Produtos Químicos
Mirassol Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Mogi Guaçu Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Moji Mirim Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Nova Odessa Fabricação de Produtos Têxteis
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Fabricação de Produtos Químicos
Osasco
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Panorama Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Paulínia Fabricação de Produtos Químicos
Pedreira Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Piracicaba
Metalurgia Básica
Porto Ferreira Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Presidente Prudente Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Equipamentos de Instrumentação Médico-Hospitalares,
Instrumentos de Precisão e Ópticos, Equipamentos para Automação Industrial,
Cronômetros e Relógios
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
Ribeirão Preto
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Rio Claro
Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Santa Bárbara d'Oeste
Fabricação de Produtos Têxteis
Santa Gertrudes Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Santana de Parnaíba Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
134
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos Químicos
Santo André
Metalurgia Básica
Santos Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
São Bernardo do Campo
Metalurgia Básica
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
São Caetano do Sul
Metalurgia Básica
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
São Carlos
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
São João da Boa Vista Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálico
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
São José do Rio Preto
Fabricação de Produtos de Metal 0 Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Material Eletrônico e de Aparelhos e Equipamentos de
Comunicações
São José dos Campos
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Equipamentos de Instrumentação Médico0Hospitalares,
Instrumentos de Precisão e Ópticos, Equipamentos para Automação Industrial,
Cronômetros e Relógios
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Máquinas para Escritório e Equipamentos de Informática
Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos
Fabricação de Material Eletrônico e de Aparelhos e Equipamentos de
Comunicações
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
São Paulo
Fabricação de Produtos Químicos
135
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Sertãozinho
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
Fabricação de Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos
Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
Fabricação de Produtos de Minerais Nao0Metálicos
Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
Sorocaba
Metalurgia Básica
Sumaré Fabricação de Produtos Têxteis
Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Suzano
Fabricação de Produtos Químicos
Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Taboão da Serra
Fabricação de Produtos Químicos
Tambaú Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Tatuí Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Valentim Gentil Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
Vinhedo Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
Votuporanga Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
136
APÊNDICE F – Classificação das atividades industriais a dois dígitos
(CNAE)
Indústria Extrativa
10. Extração de Carvão Mineral
11. Extração de Petróleo e Serviços Relacionados
13. Extração de Minerais Metálicos
14. Extração de Minerais Nao-metálicos
Indústria de transformação
15. Fabricação de Produtos Alimentícios e Bebidas
16. Fabricação de Produtos do Fumo
17. Fabricação de Produtos Têxteis
18. Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios
19. Preparação de Couros e Fabricação de Artefatos de Couro, Artigos de Viagem e
Calçados
20. Fabricação de Produtos de Madeira
21. Fabricação de Celulose, Papel e Produtos de Papel
22. Edição, Impressão e Reprodução de Gravações
23. Fabricação de Coque, Refino de Petróleo, Elaboração de Combustíveis Nucleares e
Produção de Álcool
24. Fabricação de Produtos Químicos
25. Fabricação de Artigos de Borracha e de Material Plástico
26. Fabricação de Produtos de Minerais Nao-Metálicos
27. Metalurgia Básica
28. Fabricação de Produtos de Metal - Exclusive Máquinas e Equipamentos
29. Fabricação de Máquinas e Equipamentos
30. Fabricação de Máquinas para Escritório e Equipamentos de Informática
31. Fabricação de Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos
32. Fabricação de Material Eletrônico e de Aparelhos e Equipamentos de Comunicações
33. Fabricação de Equipamentos de Instrumentação Médico-Hospitalares, Instrumentos de
Precisão e Ópticos, Equipamentos para Automação Industrial, Cronômetros e Relógios
34. Fabricação e Montagem de Veículos Automotores, Reboques e Carrocerias
35. Fabricação de outros Equipamentos de Transporte
36. Fabricação de Móveis e Indústrias Diversas
37. Reciclagem
137
APÊNDICE G – Classificação das atividades industriais a dois dígitos
MUNICÍPIO INSTITUIÇÃO ENDEREÇO ELETRÔNICO
ATIBAIA
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
ESPACIAIS
http://www.inpe.br/
BASTOS INSTITUTO BIOLÓGICO http://www.biologico.sp.gov.br/
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO LAURO DE SOUZA LIMA http://www.ilsl.br/
BAURU
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
CACHOEIRA PAULISTA
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
ESPACIAIS
http://www.inpe.br/
INSTITUTO BIOLÓGICO http://www.biologico.sp.gov.br/
CENTRO DE PESQUISAS RENATO ARCHER http://www.cenpra.gov.br/
EMBRAPA MONITORAMENTO POR SATÉLITE http://www.cnpm.embrapa.br/
EMBRAPA INFORMÁTICA AGROPECUÁRIA http://www.cnptia.embrapa.br/
INSTITUTO AGRONÔMICO DE CAMPINAS http://www.iac.sp.gov.br/
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS http://www.ital.sp.gov.br/
CAMPINAS
LABORATÓRIO NACIONAL DE LUZ
SÍNCROTRON
http://www.lnls.br/
DESCALVADO INSTITUTO BIOLÓGICO http://www.biologico.sp.gov.br/
FRANCA
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
DO ESTADO DE SÃO PAULO
http://www.ipt.br/
GUARULHOS
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
DO ESTADO DE SÃO PAULO
http://www.ipt.br/
IPERÓ CENTRO EXPERIMENTAL ARAMAR https://www.mar.mil.br/ctmsp/
JAGUARIÚNA EMBRAPA MEIO AMBIENTE http://www.cnpma.embrapa.br/
MARÍLIA INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
NOVA ODESSA INSTITUTO DE ZOOTECNIA http://www.iz.sp.gov.br/
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
PRESIDENTE PRUDENTE
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
RIBEIRÃO PRETO
INSTITUTO DE TECNOLOGIA DE ALIMENTOS http://www.ital.sp.gov.br/
RIO CLARO INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
SANTO ANDRÉ INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
SANTOS
INSTITUTO DE PESCA http://www.pesca.sp.gov.br/
EMBRAPA INSTRUMENTAÇÃO
AGROPECUÁRIA
http://www.cnpdia.embrapa.br/
SÃO CARLOS
EMBRAPA PECUÁRIA SUDESTE - SÃO CARLOS
http://www.cppse.embrapa.br/
138
MUNICÍPIO INSTITUIÇÃO ENDEREÇO ELETRÔNICO
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
INSTITUTO DE PESCA http://www.pesca.sp.gov.br/
CENTRO TÉCNICO AEROESPACIAL http://www.cta.br/
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
ESPACIAIS
http://www.inpe.br/
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
INSTITUTO TÉCNOLÓGICO DE AERONÁUTICA http://www.ita.cta.br/
INSTITUTO BIOLÓGICO http://www.biologico.sp.gov.br/
INSTITUTO BUTANTAN http://www.butantan.gov.br/
CENTRO DE REFERÊNCIA E TREINAMENTO
DST/AIDS
http://www.crt.saude.sp.gov.br/
INSTITUTO DE INFECTOLOGIA EMÍLIO RIBAS http://www.emilioribas.sp.gov.br/
FUNDAÇÃO ONCOCENTRO DE SÃO PAULO http://www.fosp.saude.sp.gov.br/
INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
INSTITUTO DE BOTÂNICA http://www.ibot.sp.gov.br/
INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA http://www.iea.sp.gov.br/
INSTITUTO FLORESTAL http://www.iflorestsp.br/
INSTITUTO GEOLÓGICO http://www.igeologico.sp.gov.br/
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
ESPACIAIS
http://www.inpe.br/
INSTITUTO DE PESOS E MEDIDAS DO ESTADO
DE SÃO PAULO
http://www.ipem.sp.gov.br/
INSTITUO DE PESQUISAS ENERGÉTICAS E
NUCLEARES
http://www.ipen.br/
INSTITUTO DE PESQUISA ENERGÉTICAS E
NUCLEARES
http://www.ipen.br/
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS
DO ESTADO DE SÃO PAULO
http://www.ipt.br/
INSTITUTO DE SAÚDE http://www.isaude.sp.gov.br/
INSTITUTO PASTEUR http://www.pasteur.saude.sp.gov.br/
INSTITUTO DE PESCA http://www.pesca.sp.gov.br/
SUPERINTENDÊNCIA DE CONTROLE DE
ENDEMIAS
http://www.sucen.sp.gov.br/
SÃO PAULO
CENTRO TECNOLÓGICO DA MARINHA EM
SÃO PAULO
https://www.mar.mil.br/ctmsp/
SOROCABA INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
TAUBATÉ INSTITUTO ADOLFO LUTZ http://www.ial.sp.gov.br/
139
APÊNDICE H – Municípios eliminados da análise ambiental
Com Clusters
IBITINGA
PANORAMA
Sem Clusters
ADOLFO
ÁGUAS DE SÃO PEDRO
ALTO ALEGRE
ALUMÍNIO
ALVARES FLORENCE
AMPARO
APARECIDA D OESTE
ARANDU
ARAPEÍ
ARIRANHA
ASPÁSIA
ASSIS
BARÃO DE ANTONINA
BARRINHA
BOA ESPERANÇA DO SUL
BRAÚNA
BURITAMA
BURITIZAL
CAMPOS NOVOS PAULISTA
CANAS
CARDOSO
CHARQUEADA
CLEMENTINA
COSMORAMA
CRUZÁLIA
DOLCINÓPOLIS
ECHAPORÃ
ELIAS FAUSTO
ELISIÁRIO
GASTÃO VIDIGAL
GUAIÇARA
GUARANTÃ
GUARAREMA
GUZOLÂNDIA
IARAS
IGARAÇU DO TIETÊ
ILHA COMPRIDA
IRAPUÃ
ITAJOBI
ITAPIRAPUÃ PAULISTA
ITARIRI
ITIRAPINA
JACAREÍ
JARINU
JUMIRIM
LAGOINHA
LOURDES
LUCÉLIA
LUCIANÓPOLIS
140
LUPÉRCIO
MACATUBA
MACEDÔNIA
MAGDA
MIGUELÓPOLIS
MIRASSOLÂNDIA
MONÇÕES
MONTE CASTELO
MOTUCA
NATIVIDADE DA SERRA
NEVES PAULISTA
NHANDEARA
NOVA EUROPA
ÓLEO
ORIENTE
PARDINHO
PARISI
PAULICÉIA
PONGAI
PONTALINDA
PRATÂNIA
PRESIDENTE ALVES
QUELUZ
RIBEIRÃO DOS ÍNDIOS
ROSEIRA
SALES
SANTA ALBERTINA
SANTA CRUZ DA
CONCEIÇÃO
SANTA RITA D OESTE
SANTANA DA PONTE PENSA
SÃO JOÃO DO PAU D ALHO
TABATINGA
TACIBA
TAGUAÍ
TAPIRAÍ
TAPIRATIBA
TAQUARIVAÍ
TEJUPA
TIMBURI
TORRE DE PEDRA
TRABIJU
UNIÃO PAULISTA
URÂNIA
URUPÊS
VISTA ALEGRE DO ALTO
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