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se apresentam numa relação de negatividade;
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eles são expostos por meio da
oposição e aparecem enquanto figuras da consciência mesma. O
desenvolvimento destas figuras da consciência – cuja ciência seria a
fenomenologia do espírito – visa como resultado o saber absoluto, forma de
consciência filosófica que se sabe em unidade com o objeto (espírito) e, portanto,
tem como ponto de partida não mais a oposição consciência e objeto, saber e
verdade, mas, sim, a identidade pensamento e ser no conceito. Com base nisso,
se pode pensar a Fenomenologia do Espírito como formação para o
conhecimento propriamente filosófico sob a forma de uma Ciência da Lógica,
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ciência que tem por objeto a exposição do próprio infinito em suas determinações
pensadas.
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Ora, Marx realiza uma crítica tanto da própria exposição, na
Fenomenologia, da sucessão lógica das formas da consciência, quanto de seu
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“A filosofia hegeliana possui na negatividade e no negativo o elemento central de constituição
de seu sistema, em especial da Fenomenologia do espírito. Esta, em se tratando de uma
apresentação inicial da formação para a ciência e, por isso mesmo, ainda do ser-aí imediato do
espírito para a consciência, no elemento de sua abstração nos seus momentos de saber e de
verdade, apresenta, num primeiro momento, a desigualdade entre a subjetividade e a
objetividade. Tal diferença, segundo Hegel, tem como motor a negatividade. De fato, é o que
movimenta a Fenomenologia do espírito, sendo mesmo a sua ‘alma’”. (Barbosa, A. M.
Ciência e experiência: para uma interpretação da Fenomenologia do Espírito de Hegel.
Fortaleza, UFC, 2007 (Dissertação de mestrado), p. 72).
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Sobre isso, diz Vaz: “Hegel pretende fazer da fenomenologia o pórtico grandioso desse
sistema que se apresenta orgulhosamente como Sistema da Ciência” (Vaz, H. C. L.
Apresentação: A significação da Fenomenologia do Espírito. In: Hegel, G. W. F.
Fenomenologia do espírito. Petrópolis: Vozes, 1992, p. 9).
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Segundo Lima Vaz, Hegel pretende mostrar, com a Fenomenologia, que “a fundamentação
absoluta do saber é resultado de uma gênese ou de uma história cujas vicissitudes são
assinaladas, no plano da aparição ou do fenômeno ao qual tem acesso o olhar do filósofo (o
para-nós na terminologia hegeliana) pelas oposições sucessivas e dialeticamente articuladas
entre a certeza do sujeito e a verdade do objeto”. (Vaz, H. C. L. Apresentação: A significação
da Fenomenologia do Espírito, p. 10). Vejamos também a seguinte descrição acerca das
pretensões da Fenomenologia, tal como nos é indicada por Patrick Almeida: “A
Fenomenologia pretende justamente expor o trânsito da relação de certeza para a relação de
verdade e, partindo da própria consciência, chega a mostrar como se opera a
desfenomenalização do espírito. O processo fenomenológico tem necessariamente, por isso,
que culminar na eliminação da cisão sujeito-objeto, e assim, a consciência vem a reconhecer
que o estranho, que antes lhe era um subsistente autônomo, constitui com ela uma identidade,
a qual se estabelece como o termo do desenvolvimento imanente da consciência em sua
experiência”. (Almeida, P. O. Filosofia e espírito do tempo no sistema de Hegel. Fortaleza,
UECE, 2007 (Dissertação de mestrado), p. 61).