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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS
MESTRADO EM ESTUDOS POPULACIONAIS E PESQUISAS
SOCIAIS
Ciência Tecnologia e Inovação: um foco sobre a dinâmica
competitiva do Estado do Rio de Janeiro
Ester Carneiro do Couto Santos
Rio de Janeiro, 2008.
ENCE
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ii
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS
MESTRADO EM ESTUDOS POPULACIONAIS E PESQUISAS
SOCIAIS
Ciência Tecnologia e Inovação: um foco sobre a dinâmica
competitiva do Estado do Rio de Janeiro.
Ester Carneiro do Couto Santos
Rio de Janeiro, Janeiro de 2008.
Dissertação de Mestrado
apresentada à
Escola Nacional de Ciências Estatísticas,
como parte dos requisitos para a obtenção
do título de Mestre em Estudos
Populacionais e Pesquisas Sociais, sob a
orientação do Professor Doutor César
Ajara.
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iii
Dedico este trabalho ao meu
querido esposo Flávio pelo amor e
incentivo....e à minha mãe, que desde
cedo cultivou em mim a necessidade
do saber...
iv
Agradecimentos
Concluir este trabalho pareceu-me tarefa tão interessante quanto seu processo
de construção. Cada formulação de hipótese, cada rejeição da mesma, a alegria de uma
‘luz’, quando se cessavam as alternativas e caminhos viáveis, enfim, cada descoberta
foi importante neste trabalho.
Agradeço primeiramente à Deus, pelo guiar contínuo neste caminho me
fornecendo os subsídios necessários a conclusão de mais esta etapa e por ter me
propiciado a presença de tantas pessoas especiais.
Assim, a príncípio o que parecia ser uma tarefa solitária, aos poucos foi se
mostrando essencialmente dependente de algumas pessoas próximas, e a estas seguem
meus agradecimentos.
Ao estimado pofessor Cezar Guedes, que tive o prazer de conviver durante o
período de graduação, cujos conhecimentos acadêmicos me consubistanciaram sólido
aprendizado. Ainda que não presencialmente perto, pude observar durante diferentes
trajetórias de meu crescimento intelectual sua influência e seus ensinamentos que
permanecem latentes. Enfim, pela oportunidade de ser influenciada por este grande
mestre, que com grande habilidade apenas sempre apontou caminhos ao invés do
maniqueísmo intelectual.
Ao meu orientador Cesar Ajara, pelo auxílio no trilhar desta jornada,
fornecendo subsídios, além dos acadêmicos, incluindo sua postura pessoal de
pesquisador, que proporcionou novas tonalidades na visão deste tema. Ainda pela
paciência , ‘missão tranquilizadora’ e por acreditar em mim.
Ao coordenador do Mestrado José Eustáquio, que por sua persistência e
dedicação pessoal em aprimorar o curso tem promovido melhorias substanciais ao
longo da existência do programa, demonstrando abdnegação e compromisso com o
ensino e a pesquisa.
Aos meus familiares e amigos que neste período de ausência puderam
compreender. Em especial à minha querida amiga Andressa Pazianelli, com sua
alegria inestimável, ao amigo Wesley Cainelli e Gustavo Bravo que mesmo de longe
me ofereceram grande amizade. Aos amigos da turma do mestrado, pelo
v
companheirismo e por mostrarem que sempre é possível superar barreiras mesmo
através da união de várias áreas do conhecimento. Em particular ao Israel Souza pelas
longas conversas e companhia durante a caminhada diária até a ENCE.
Agradeço ainda aos funcionários da ENCE pelo zelo em suas atribuições
adminstrativa, o que sem dúvida, tornou o trilhar deste jornada bem mais suave. Da
mesma forma aos funcionários da biblioteca pela agilidade no fornecimeto da
bibliografia necessária, em especial à Rose Britto e Marília Brito por seu empenho
pessoal. À Laura Bibas do INPI e ao amigo Wesley Cainelli da FINEP, pelo esforço
em fornecer séries históricas indispensáveis.
Agradeço à minha mãe, por ter me ensinado a lutar por meus objetivos, sempre
me fazendo acreditar que somente eu poderia escrever minha história. Sua luta e
dedicação não foram vãos.
Por fim, mas não menos importante, ao meu esposo Flávio, por ser além de
amigo, amor, meu ‘orientador’, revisor e extremamente paciente durante a execução
deste trabalho. Seu carinho e incentivo me propulsiona.
vi
“La opción real es muy diferente: constituir un
núcleo endógeno capaz de incorporarse en el proceso de dinamización
tecnológica, que es la condición necesaria para penetrar y mantenerse en
el mercado internacional, en vez de delegar en agentes externos la
responsabilidad de definir la estructura productiva presente y futura del país.”
Fajnzylber, 1983.
vii
SUMÁRIO
Lista de tabelas, gráficos, anexos e siglas
Resumo e Abstract
Introdução..................................................................................................................... 1
Capítulo I. Evolução da estrutura produtiva brasileira e a baixa intensidade
tecnológica de sua produção industrial .......................................................................
3
I.1. Comércio exterior e a sustentabilidade Competitiva.....................................
4
I.1.1. Modificações e Ajustes após 1990..................................................
I.1.2. Defasagem Tecnológica e os Desníveis no
Comércio Internacional............................................................................
6
10
I.2. Aspectos conceituais e apontamentos práticos sobre C,T&I..........................
17
19
I.2.1. Inovação e conhecimento: algumas experiências............................
21
I.2.2. Breves notas sobre a questão dos gastos com P&D..........................
22
Capítulo II: Políticas Brasileiras de Inovação e a abordagem estruturalista............
II. 1. Políticas Brasileiras de Inovação no Século XXI e Década de 1990............
23
II. 2. A Atualidade da Abordagem Estruturalista Sobre as Estruturas Produtivas
Brasileiras...............................................................................................................
27
Capítulo III. Evolução da Competitividade Fluminense e os Índices de
Comparabilidade Estadual do Sistema CT&I..............................................................
3
3
III. 1 Breve caracterização da trajetória produtiva fluminense..............................
34
35
III.1.2. Movimentos após 1960.................................................................
III.1.2.Recuperação econômica a partir da década de 1990.....................
38
III. 2. Análise da Competitividade Fluminense sob a ótica CT&I.......................
44
III. 2.1 Dimensões dos indicadores........................................................... 46
III.2.2. Base de Dados............................................................................... 47
51
viii
III.2.3. Metodologia para transformação dos dados.................................
III. 2.2. Resultados................................................................................... 54
II. 3. Considerações sobre o espaço fluminense.................................................... 61
65
70
III. 3.1. Breve discussão sobre as disparidades
regionais do espaço Fluminense..............................................................
Conclusões.......................................................................................................................
Bibliografia......................................................................................................................
76
Anexos..............................................................................................................................
87
ix
Lista de Tabelas, Quadros e Figuras
Capítulo I
Tabela I. 1- Exportação Brasileira dos Setores Industriais por Intensidade Tecnológica-2004-
2006-US$ Milhões FOB.............................................................................................................
12
Tabela I. 2- Despesas com P&D em relação aos PIB:países selecionados:1999-
2004..................................................................................................................................
15
Capítulo II
Quadro I. 1: Síntese da formulação estruturalista original...............................................
27
Capítulo III
Tabela III. 1- Estimativas do PIB a preço básico, em valores correntes, diversos
setores da economia Fluminense: 1996 e 2003................................................................
43
Figura III. 1- Dimensões do ICT&I estadual...................................................................
44
Tabela III. 2-Dispêndios Governamentais em C&T: dimensão III.................................
53
Tabela III. 3- Amplitude das Inovações Empresariais: Dimensão IV.............................
55
x
Lista de gráficos
Capítulo I
Gráfico I.1: Balança Comercial Brasileira em U$ milhões FOB: 1974-2006............ 8
Gráfico I.2. Saldo Balança Comercial: Setores selecionados-2000-2005...................
9
Gráfico I.3: Índice de Preço e Quantum das exportações de manufaturados-1980-
2006(1996=100).......................................................................................................... 11
Gráfico I. 4- Distribuição regional das atividades CT&I: 2004..................................
13
Capítulo III
Gráfico III. 1- PIB fluminense absoluto* e relativo: 1980-2004.................................
37
Gráfico III. 2- PIB da Região Sudeste em R$ milhões: 1990 e 2004..........................
38
Gráfico III. 3- Estimativas do PIB a preços básicos, em valores correntes do Estado
do Rio de Janeiro: 1996-2003 (Em R$ milhões).........................................................
40
Gráfico III. 4- Produção Científica e Tecnológica -Dimensão I................................. 51
Gráfico III. 5 - Recursos humanos empregados - Dimensão II.................................. 52
Gráfico III. 6 - IC&T.................................................................................................. 54
Gráfico III. 7 - ICT&I................................................................................................. 56
Gráfico III. 8- IC&T x ICT&I.................................................................................... 57
xi
Lista de Siglas
ANPROTEC- Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos Inovadores
CEMPRE – Cadastro de Empresas
CEPAL- Comissão Econômica para América Latina e Caribe
CEPEL- Centros de Pesquisa de Energia Elétrica
CNPQ - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CT&I -Ciência Tecnologia e Inovação
FINEP- Financiadora de Estudos e Projetos
FIOCRUZ- Fundação Osvaldo Cruz
FUNCEX- Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPI- Instituto Nacional de Propriedade Intelectual
MIDIC- Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
ONU - Organização das Nações Unidas
OECD – Organization for Economic Cooperation an Development
P&D- Pesquisa e Desenvolvimento
PED - Plano Econômico Decenal
PESAGRO Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de
Janeiro
PINTEC- Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica
PND - Plano Nacional de Desenvolvimento
RAIS- Relação Anual de Informações Sociais
SECEX- Secretaria de Comércio Exterior
xii
Resumo
Este trabalho consiste na investigação sobre os elementos garantidores de uma
efetiva competitividade nos moldes do atual paradigma produtivo assentado em
Conhecimento, Tecnologia e Inovação (CT&I). Neste aspecto, busca discutir as
questões, presentes na literatura recente e, no limite, observáveis em diferentes
estruturas econômicas. Assim, aborda primeiramente, a evolução dos condicionantes
da competitividade brasileira, entendida em sua condição peculiar de país
subdesenvolvido, a partir das concepções estruturalistas, neo-estruturalistas em
conexão com a abordagem dos Sistemas Nacionais de Inovação. Em seguida,
apresenta uma discussão sobre a estrutura competitiva fluminense atrelada à
concepção de sua específica conformação histórica, enfatizando o movimento pós-
abertura comercial, mais específicamante ao período 1995-2005. Neste sentido,
apresenta a proposta de construção de dois indicadores de comparabilidade estadual-
IC&T e ICT&I- a partir da metodologia proposta pelo PNUD para elaboração do
Índice de Realização Tecnológica (IRT); como forma de mensurar o movimento
fluminense de consolidação de um núcleo endógeno de inovação na cada
imediatamente posterior à abertura ampliada dos mercados.
Palavras chave: CT&I, Economia do conhecimento, Competitividade
Sistêmica, Rio de Janeiro.
xiii
Abstract
This work consists on the investigation over the covenantor elements of an effective
competitiveness in the molds of the current productive paradigm seated in Knowledge,
Technology and Innovation (CT&I). In this aspect, it searches to discuss the subjects,
which are present in the recent literature and, in the limit, observable in different
economical structures. Like this, it approaches firstly, to the evolution of the
conditionants of the Brazilian competitiveness, understood in its peculiar condition of
underdeveloped country, starting from the structuralist conceptions , neo-structuralists
in connection with the approach of the National Systems of Innovation. Soon
afterwards, it presents a discussion on the fluminense competitive structure harnessed to
the conception of its specific historical resignation, emphasizing the movement powder-
opening commercial, more specifically to the period 1995-2005. In this sense, it
presents the construction proposal of two comparability indicators state-IC&T and
ICT&I - starting from the methodology proposed by PNUD for elaboration of the Index
of Technological Accomplishment (IRT); as form of measuring the fluminense
movement of consolidation of an endogenous nucleus of innovation immediately in the
subsequent decade to the enlarged opening of the markets.
Key- Words: ST & I, Economics of knowledge, Systemic Competitiveness, Rio de
Janeiro.
xiv
1
Introdução
Um novo paradigma produtivo emerge em fins do século passado tendo suas
bases assentadas principalmente na velocidade com que as transformações ocorrem e o
impacto destas sobre os mercados. Às grandes descontinuidades tecnológicas
vivenciadas nos séculos anteriores, segue-se um padrão de ausência de limite a novas
decobertas científicas, e, o não abarcamento de inovações tem fadado ao fracasso
grandes empreendimentos empresariais, em todos os setores.
A economia brasileira tem se situado em padrão específico dentro deste novo
contexto econômico: tem permanecido aquém do desenvolvimento vivenciado pelos
países centrais e, se situado junto aos países periféricos, quando não distante de
algumas economias emergentes. Neste aspecto, tem confirmado sua posição ainda
pouco desenvolvida também com relação a Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I).
Este trabalho objetiva, neste sentido, discutir as opções estratégicas tomadas
pelo Brasil no que tange a sua inserção ao novo paradigma tecno-econômico,
entendendo ser esta a pré-condição para a consolidação de uma efetiva
competitividade nacional, assim como, mensurar mais especificamente, a posição da
economia Fluminense dentro deste contexto.
Para tanto, a presente dissertação está divida em três capítulos. No primeiro
busca-se de maneira suscinta discutir a dinâmica da estrutura produtiva brasileira
comparativamente ao contexto internacional, de forma a abarcar elementos teóricos e
práticos sobre a inserção nacional ao novo paradigma tecno-econômico. Para facilitar a
explicitação dos pontos abordados, o dividimos em duas sessões. Na primeira, encontra-
se uma caracterizção da posição brasileira frente à temática, assim como uma
abordagem histórica da sustentabilidade competitiva nacional. Enquanto na segunda
apresenta-se uma abordagem híbrida entre a conexão teórica dos sistemas Nacionais de
Inovação e alguns apontamentos práticos, aliada à uma brevissíma consideração sobre a
forma de financiamento de atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).
No segundo capítulo, são expostas algumas das principais políticas
governamentais voltadas para a consolidação de um núcleo endógeno de inovação,
desde a década de 1990 até 2006. E, é explicitada a atualidade da abordagem
2
estruturalista sobre as estruturas produtivas brasileiras, onde encontram-se as principais
discussões das correntes cepalinas e neo-cepalinas.
no terceiro capítulo introduzimos a discussão sobre a atividade CT&I para o
estado do Rio de Janeiro, uma vez que este representa um dos principais berços da
‘civilidade’ nacional, tendo sido durante quase dois séculos capital do país. O
posicionamento de capital nacional lhe conferiu instalação de diversos centros de
pesquisa e universidades, assim como empresas estatais de relevância nacional e a
intauração de um importante centro de serviços urbanos complexos.
A partir de meados de 1990, quando amplia-se a abertura comercial no país,
estes atributos da região tornam-se especialmente importantes, uma vez que encontram-
se plenamente afinados com o novo paradigma tecno-econômico, que juntamente com
São Paulo, Rio Grande do sul e Santa Catarina formam um dos grandes espaços
brasileiros dinamizados científicamente. Assim, a escolha desta unidade da federação
está intrinsecamente ligada à investigação sobre a maior ou menor capacidade desta
metrópole em abarcar um novo conjunto de atividades ligadas ao novo paradigma.
Foi proposto, neste aspecto, a construção de dois indicadores com vistas a
mensurar as mudanças ocorridas no período pós-abertura comercial, mais
especificamente entre 1995 e 2005, denominados Índice de Ciência e Tecnologia -
IC&T- e Índice de Ciência Tecnologia e Inovação-ICT&I. Ambos foram calculados
através de metodologia utilizada pelo PNUD adaptadas as bases de dados nacionais.
Estes foram ainda ponderados com outras variáveis de interesse transversais ao tema, e
finalizamos o estudo com alguns apontamentos sobre a questão metropolitana no
território fluminense.
3
Capítulo I. EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA PRODUTIVA BRASILEIRA
E A BAIXA INTENSIDADE TECNOLÓGICA DE SUA PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
O objetivo deste capítulo é buscar de maneira suscinta discutir a partir de uma
perspectiva histórica, a dinâmica da estrutura produtiva brasileira. Em linhas gerais,
tentaremos demostrar que o processo de industrialização nacional que operou de forma
coordenada durante as décadas de 1950 e 1970, ainda que tenha logrado incorporar
importantes setores da indústria de base, bens intermediários e de capital, não foi capaz
de desenvolver um núcleo endógeno de inovação. Antes seu progresso técnico esteve
atrelado à importação de tecnologias estrangeiras. E durante as décadas de 1980 e1990,
pouca ou quase nenhuma mudança contribui para a tranformação deste quadro, salvo a
ausência de uma efetiva política industrial e a ampliação da abertura comercial.
Assim, procura demostrar na primeira sessão, que a atual onda de superávits
primários experimentados pela economia desde o início deste século, longe de ser auto-
sustentado, parece mais advir do movimento cambial e da situação favorável do
mercado internacional. Isto porque a composição da pauta exportadora brasileira
notadamente concentrada em produtos primários e produtos manufaturados de baixo
valor agregado mostra-se insustentável no longo prazo. na segunda sessão,
encontram-se os debates verificados sobre a relevância da construção de um Sistema
Nacional de Inovações, assim como algumas experiências vivenciadas por países que
lograram consolidar núcleos endógenos de inovação, atreladas a breves considerações
sobre a forma de efetuação de seu financiamento.
4
I.1. Inovação Tecnológica e Desenvolvimento Econômico: Uma
Perspectiva Histórica da Competitividade Brasileira
O processo de industrialização brasileira compreendido entre os anos 1950 e
1970, foi praticamente baseado na substituição de importações liderada pelo Estado
forte através de recursos estrangeiros. Como resultado, o Brasil passou por uma
extraordinária transformação industrial durante as três décadas que se seguiram ao final
da Guerra Mundial. E em um período que a economia mundial era marcada por
intenso crescimento, o desempenho brasileiro foi impressionante, mesmo se comparado
a outros países (Cassiolato, 2001).
Durante este período, os ideários desenvolvimentistas influenciaram de maneira
vigorosa as políticas governamentais. Além, é claro, de um ambiente internacional
favorável a tais práticas, onde a estrutura bipolar de governança mundial influenciava
positivamente a introdução de governos nacionais intervencionistas. Um evidente
indicativo neste sentido foi a criação da CEPAL - Comissão Econômica para América
Latina e Caribe - como organismo da ONU, e o respaldo por parte do governo norte-
americano às políticas desenvolvimentistas na América Latina.
Assim, foram introduzidas políticas industrializantes guiadas pelo Estado forte
no Brasil. Podemos citar o Plano de Metas (1956-60) durante o governo Juscelino
Kubitschek que combinou uma relativa estabilidade política com forte crescimento
econômico e mundial, e mais os planos instaurados durante o regime militar: Programa
de Ação Econômica do governo (PAEG), Plano Decenal, Plano Estratégico de
Desenvolvimento (PED), Metas e Bases, e os Planos Nacionais de Desenvolvimento I,
II e III ( PND I, II e III)
1
.
A despeito das dificuldades no âmbito social que o modelo de crescimento
apresentava
2
, a indústria brasileira chegou á decada de 1980, com uma infra-estrutura
diversificada e integrada. De acordo com o Censo Industrial de 1980, os complexos
químico e metal mecânico (inclusive bens de capital, bens de consumo durável e o setor
1
Ressalta-se, entretanto, que dentre as políticas implementadas, o II PND foi aquela que operou de
forma coordenada as mais substanciais modificações no tecido produtivo (Abreu, 1990).
2
Este trabalho não objetiva discutir estas dificuldades, entretanto para uma crítica mais acurada
deste modelo ver em Bielschowsky e Mussi (2005), a síntese deste debate.
5
automobilístico), que representavam 47,5% da produção industrial total em 1970, foram
em 1980 responsáveis por 58,8% do produto total da indústria (Cassiolato, 2001).
Entretanto, o processo de industrialização brasileiro logrou ser implementado
com relativo atraso em relação às economias centrais. Neste aspecto, quando em fins
da década de 1970 o país finalizava com o PND II, a instauração do ciclo de
industrialização pesada, nas economias mais avançadas estava em curso a
introdução de um novo paradigma produtivo assentado na microeletrônica.
À esta época em virtude, principalmente, das extrangulações externas (choque
petróleo e dos juros), as políticas e debates sobre o desenvolvimento de longo prazo,
vigoroso nas décadas anteriores, deram um lugar à questionamentos sobre crise,
inflação e déficts fiscais. A crise da dívida externa, no início dos anos 80 e
plenamente instaurada após a moratória mexicana de 1982, bloqueou o
desenvolvimento brasileiro e interrompeu a trajetória anteriormente observada
(Cassiolato, 2001).
Sob o constrangimento financeiro externo, nos anos 1980, a economia
desorganizou-se em decorrência do inevitável colapso das finanças públicas e das
empresas estatais. O país passou a apresentar uma inflação crescente, compressão
forçada de importações e realização de um elevado saldo comercial em divisas; saldo
esse apenas necessário para pagar os juros e amortizações da dívida externa em
condições bastante precárias, empurrando a economia para um regime de superinflação
sem precedentes (Carneiro & Modiano, 1990). A partir deste ponto, o debate passa a ser
formulado sobre estratégias de curto prazo para resolução dos problemas emergenciais
da economia.
A busca de recursos junto ao Fundo Monetário Internacional para sanar as
dívidas contraídas durante a execução dos Planos Nacionais de Desenvolvimento
trouxe consigo a imposição, por parte deste órgão, de uma penosa recessão ao país,
que perdurou por toda a década de 1980. Isto repercutiu também sobre o setor
industrial que viu a drástica diminuição de recursos financeiros, enquanto havia toda
uma reestruturação produtiva em nível mundial, a qual o país permanecia muito
aquém do desejado.
6
O Consenso de Washington (1989) formulou atitudes macroeconômicas de
ajuste através das quais os países ditos em desenvolvimento deveriam adotar. Assim,
enquanto estava em curso uma nova revolução industrial, as mudanças ocorridas na
matriz tecnológica das indústrias não pode ser apropriada pela economia brasileira em
face de suas dificulades financeiras. Nas palavras de Laplane e Sarti (2006), neste
contexto, as empresas reagiram reorientando as estratégias de crescimento para o
mercado externo e reduzindo custos, o que logrou aprofundar a heterogeneidade
estrutural intersetorial, intra-setorial - entre empresas exportadoras e não-exportadoras -
e intrafirmas.
I.1.1. Modificações e Ajustes após 1990
na primeira metade da década de 1990, o ajuste foi mais intenso, que durante
a década de 1980. O governo Collor iniciou o processo de abertura comercial que
reduziu as alíquotas dos impostos sobre importação e promoveu consequentemente,
uma ampliação da crise às empresas, tendo em vista a ausência de uma base
tecnológica, o que impossibilitava uma efetiva competição frente às internacionais. Este
movimento fez com que as empresas procurassem novas alternativas para se tornarem
mais competitivas, como o abandono de linhas de produção de atividades mais
intensivas em inovação, e busca de atividades intensivas em vantagens naturais ou com
menor exposição à concorrência externa.
Vis - a - vis a estes acontecimentos iniciou-se o processo de desestatização que
consistia em transferir para a iniciativa privada, por meio de leilões públicos, as
empresas estatais. No entanto, é possível verificar que tal como a abertura comercial, o
processo de privatização não se relacionava a estratégias que fizessem parte de uma
política industrial. Ambas foram continuadas e aprofundadas no governo posterior, em
toda a década de 1990.
Com o Plano Real, ampliou-se a abertura econômica iniciada e a taxa de juros da
economia foi aumentada a fim de atrair capital externo, equilibrar o Balanço de
Pagamentos e consequentemente sustentar a paridade com o dólar implementada. Estas
medidas trouxeram impactos negativos para indústria nacional, uma vez que com o
câmbio sobrevalorizado, houve um maior aporte de produtos importados provocando a
falência de diversas indústrias nacionais. Estes acontecimentos ocorrem ao lado da
ampliação do desemprego e achatamento de salários.
7
Como esta abertura comercial não foi acompanhada de políticas governamentais
que permitissem a reestruturação da competitividade das firmas nacionais, estas foram
sendo ‘destruídas’. Entretanto, cumpre salientar que poucos países procederam esta
forma unilateral de concessões ao mercado externo sem a contrapartida de algum grau
de proteção às indústrias nacionais (Cassiolato, 2001).
Outro aspecto que seguiu, refere-se ao grande aporte de Investimento Direto
Estrangeiro que passou a incorporar diversos setores de serviço e infra-estrutura muito
lucrativos que atuavam nos elos mais nobres da cadeia produtiva nacional, como os
grandes grupos supermercadistas. Entre 1996 e 2001 estes fluxos aumentaram 420%
(Guedes, 2005).
Neste ambiente, as políticas macroeconômicas curto prazistas, deixam de serem
vistas como imposição da crise econômica, passando a serem entendidas como
suficientes ao desenvolvimento econômico. Assim, houve um rápido esvaziamento da
hegemonia desenvolvimentista das últimas décadas e em seu lugar impôs-se certo vazio
de projetos e políticas de investimento e crescimento de longo prazo. Nas palavras de
Bielschowsky e Mussi (2005):
“O governo que conduziu o Plano Real parece ter
adotado um liberalismo de resultado, útil ao programa de
estabilização com valorização cambial- importações
livres, financiadas com fluxos financeiros livres e
atraídos pelas privatizações- mas pouco ‘ideologizado’,
talvez porque não interessava aos principais deres
políticos do governo enfrentar importantes frações de seu
partido e da sociedade brasileira não afinadas com o
projeto neoliberal” (pg. 56).
O Plano Real neste aspecto, logrou progressivamente tornar negativo o saldo da
balança comercial em virtude do aumento das importações como resposta à valorização
artificial do câmbio, via implementação da paridade cambial, o que proporcionou a
introdução de produtos internacionais mais competitivos em preço e tecnologia.
A manutenção do nível de divisas nacionais era mantido via capital especulativo-
através das altas taxas de juros, e, em alguns momentos de fuga de capital, por
empréstimos obtidos junto ao FMI. Entretanto, entre 1998 e 1999 houve uma rápida
8
diminuição das divisas nacionais, em função da fuga de capitais precipitada pelos
temores do mercado em relação às condições financeiras das economias emergentes.
Assim, o governo brasileiro em 1998 abandona o regime de câmbio fixo, passando
paulatinamente para o regime de bandas cambiais, até que, dada a intensa sangria de
divisas, em março de 1999, o governo finalmente passa à livre flutuação cambial. E, a
partir deste ano, a desvalorização do Real, ampliou progressivamente as divisas
auferidas pelo setor exportador, até 2001 quando o saldo da balança comercial se
tornaria positivo. Neste sentido, entende-se que a progressiva reversão dos déficts da
balança comercial brasileira deve-se em grande medida à desvalorização cambial e ao
movimento favorável do mercado internacional verificado no período e não a qualquer
outro fator sistêmico de competitividade.
O gráfico I.1 mostra o movimento da balança comercial brasileira de 1974 a
2006. Ressalta-se o peodo de compressão de importações da década de 1980 e a
abertura comercial ampliada através do Plano Real em 1994, quando ocorre um
aumento das importações em detrimento das exportações. Em seguida, o movimento
comentado acima, de reversão dos défcits a partir de 2001.
Gráfico I.1: Balança Comercial Brasileira em U$ milhões FOB: 1974-2006.
Fonte: FUNCEX
9
Assim, quando observa-se o saldo desagregado por setor é possível verificar a
origem dos superávits alcançados e sua conseqüente fragilidade. A maior parte da
composição desses saldos positivos é decorrente da exportação de bens intensivos em
recursos naturais e intensivos em trabalho, que possuem elevada flutação no mercado
internacional
3
.
O setor de manufaturados, por sua vez, também teve substancial participação
neste saldo positivo. No entanto, quando se observa o teor de intensidade tecnológica
desta parcela exportada, verifica-se seu baixo dinamismo tecnológico e sua
concentração nos setores menos nobres da cadeia produtiva.
No gráfico I.2, foram selecionados alguns setores industriais e verificados os
saldos correspondentes. Nele pode-se aferir que o saldo total da indústria torna-se
positivo em 2001, mas de forma diferenciada entre os setores: enquanto os setores
tradicionais de produtos alimentares e metalurgia com baixo valor tecnológico agregado
foram os responsáveis pelo superávit da balança comercial, os setores de ponta de
Química, Farmacêutica e Material eletrônico e de Comunicação apresentam saldos
negativos
4
.
3
Entre 1999 e 2005 o saldo comercial (superávit) das commodities primárias saltou de U$ 14.682 para
U$ 39.686 milhões, enquanto para os produtos de alta intensidade tecnológica o saldo negativo foi
ampliado de U$ 10.532 para U$ 11.532 milhões (Laplane e Sarti, 2006).
4
Tabela completa por setores incluída no anexo I.
10
Gráfico I. 2. Saldo Balança Comercial: Setores selecionados-2000-2005.
-10,000
-5,000
0
5,000
10,000
15,000
20,000
25,000
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Total Indústria de Transformação Material El. e de Com. Química Produtos Alimentares Metalúrgica
Fonte: MIDC, Anuário Estatístico, 2006.Elaboração própria
.
I.1.2. Defasagem Tecnológica e os Desníveis no Comércio Internacional
A industrialização brasileira , assim como a latino americana, de um modo geral,
foi voltada para dentro. De forma que a atual disparidade tecnológica da estrutura
produtiva nacional é fruto de opções estratégicas pretéritas. Não obstante, recentes
estudos têm demostrado que as empresas brasileiras tem empregado cada vez mais
esforços no sentido de realizar inovações, com vistas à se adequarem aos padrões
internacionais de comércio(Arbix e De Negri, 2005).
Ainda assim, tais esforços inovativos não lograram até a presente década,
implementarem efetivas mudanças estruturais sobre a pauta exportadora nacional,
senão apenas aperfeiçoaram a competitividade de certos setores tradicionais da
indústria. E, em que pese o fato de que a tecnologia atualmente permeie praticamente
todos os setores produtivos, a ausência de um núcleo duro nacional voltado ao
desenvolvimento de uma patente intensiva em setores de ponta, tem conferido ao país
posições periféricas nas grandes rodadas de comércio internacional.
11
Na tabela I.1 verifica-se que o teor tecnológico das exportações industriais
ocorridas entre 2004 e 2006 está, em maior medida, ligado ao setor de baixa intensidade
tecnológica (cerca de 35%). E, em segundo lugar ao de média-alta intensidade
tecnológica que foram beneficiadas pela desvalorização cambial (Secex, 2006).
Entretanto, quase a metade do valor das exportações deste setor, está ligado ao subsetor
de ‘veículos automotores e semi-reboques’, e, portanto, vinculado às cadeias de
montadoras cuja matriz tecnológica encontra-se no exterior. Já o setor de alta
intensidade tecnológica situa-se em níveis próximos de 8% da composição total.
12
Tabela I. 1- Exportação Brasileira dos Setores Industriais por Intensidade
Tecnológica- 2004-2006-US$ Milhões FOB
Anos Setores
2004 2005
2006
Indústria de alta tecnologia (I) 8,6 9,3 8,7
Aeronáutica e aeroespacial 4,5 3,9 3,5
Farmacêutica 0,8 0,8 0,8
Material de escritório e informática 0,4 0,5 0,5
Equipamentos de rádio, TV e comunicação 2,3 3,5 3,3
Instrumentos médicos de ótica e precisão 0,5 0,6 0,6
Indústria de média-alta tecnologia (II) 28,9 30,8 30,2
Máquinas e equipamentos elétricos n. e. 1,8 2,1 2,4
Veículos automotores, reboques e semi-
reboques
12,5 13,8 13,4
Produtos químicos, excl. farmacêuticos 6,2 6,4 6,3
Equipamentos para ferrovia e material de
transporte n. e.
0,4 0,6 0,5
Máquinas e equipamentos mecânicos n. e. 8,0 7,9 7,5
Indústria de média - baixa tecnologia (III) 24,4 24,2 25,4
Construção e reparação naval 1,6 0,2 0,0
Borracha e produtos plásticos 1,8 1,8 1,9
Produtos de petróleo refinado e outros
combustíveis
4,2 5,2 5,7
Outros produtos minerais não-metálicos 1,9 1,9 2,0
Produtos metálicos 14,9 15,0 15,8
Indústria de baixa tecnologia (IV) 38,1 35,7 35,7
Produtos manufaturados n.e. e bens reciclados 1,8 1,6 1,5
Madeira e seus produtos, papel e celulose 7,8 6,9 6,7
Alimentos, bebidas e tabaco 22,2 21,8 22,3
Têxteis, couro e calçados 6,2 5,4 5,2
Total 100 100 100
Fonte: SECEX. Elaboração própria.
Um outro dado corrobora as constatações avaliadas acima e acrescenta algumas
inquietações. Desde 1999, tem ocorrido um progressivo ‘descolamento’ entre a
quantidade exportada de produtos manufaturados e seus preços, evidenciando grande
queda deste último proporcionalmente ao primeiro. Em outras palavras, tem sido
ampliada a quantidadade exportada da manufatura, e não apenas de bens primários,
enquanto os preços permanecem estáveis, como pode ser verificado no gráfico I.3.
Deste modo, seria esta uma nova faceta da deterioração dos termos de
intercâmbio, agora relacionada a defasagem tecnológica de produtos industriais, ao
13
invés de produtos manufaturados versus produtos agrícolas? Ou este gap
5
estaria
decorrendo em virtude da ‘ilusão monetária’ propiciada pela apreciação cambial, que
estaria promovendo uma ampliação das exportações por tornar o mercado externo mais
atrativo, deixando entretanto, os preços no mesmo patamar?
Gráfico I.3- Índice de Preço* e Quantum das exportações de manufaturados:1980-
2006 (1996=100)
0,0
50,0
100,0
150,0
200,0
250,0
300,0
1
9
8
0
1
9
8
2
1
9
8
4
1
9
8
6
1
9
8
8
1
9
9
0
1
9
9
2
1
9
9
4
1
9
9
6
1
9
9
8
2
0
0
0
2
0
0
2
2
0
0
4
2
0
0
6
Índice de Quantum Índice de Preço
Fonte:Funcex, 2006. * preços em dólares americanos.
Laplane e Sarti (2006), ainda ressaltam que as exportações de alta intensidade
tecnológica auferidas pelo país, decorrem em maior proporção, das filiais de empresas
multinacionais em especial da cadeia automotiva, com destino ao Mercosul, sendo em
grande medida responsáveis pela reversão dos déficts comercias dos manufaturados.
Enquanto as exportações das empresas nacionais, concentram grande parte de seu
comércio em produtos primários predominando as trocas interindustriais, cujos
mercados encontram-se na Ásia e União Européia.
Então três conclusões são cabíveis neste ponto: i) além de estar ocorrendo uma
deterioração dos preços dos produtos manufaturados exportados pelo Brasil; ii) aqueles
5
Ainda que a partir de 2004, tenha se observado certo movimento de valorização cambial, advindos principalmente
do maior volume exportado de bens primários - decorrentes do movimento favorável do mercado internacional-, tal
movimento não parece ter alcançado grande magnitude a ponto de inibir a corrida exportadora
.
14
produtos manufaturados, presentes na pauta exportadora, que possuem maior
dinamismo tecnológico, são oriundos de filiais de empresas multinacionais; iii) e do
ponto de vista estrutural, ainda não houve mudanças significativas na pauta exportadora
brasileira, uma vez que em território nacional prevalece a engenharia de processos, em
detrimento da engenharia de produtos- e, portanto, com alto teor tecnológico-
concentrado na matriz
6
(Crocco, 2003; Schmitz ,2005; Laplane e Sarti, 2006).
Diaz (1998) apud Humbert (2005) compôs um índice de Cathing-up a fim de
averiguar o comportamento das economias consideradas emergentes. Este indicador
aponta o desvio em relação à média dos cinco países líderes - EUA, Japão, Alemanha,
França e Grã-Bretanha da relação investimento em P&D e PIB. E a conclusão que
chega é que entre os anos 1980 e 1994, os países latino-americanos tinham iniciado a
década de 1980 em níveis similares aos asiáticos. No entanto, ao fim do período essa
diferença foi sensivelmente ampliada, em detrimento dos primeiros. Este dado mostra
que o investimento endógeno em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) pode ter sido
uma peça fundamental para a ampliação da competitividade destes países, em
contraposição ao declínio de competitividade tecnológica dos países latino-americanos.
Sobre este aspecto, um relevante dado refere-se à posição brasileira em relação
aos gastos com P&D em função do PIB
7
. O país tem investido pouco no
desenvolvimento de novas tecnologias. Como mostram os dados, entre os países
BRICS, durante o período de 1999 e 2004, o Brasil tem decrescido na participação dos
gastos com P&D em relação ao PIB, movimento este apreendido apenas na Índia.
Enquanto a China tem ampliado seu volume de gastos com P&D. Já o Japão e Coréia
investem em proporção superior ao total da OECD.
6
Entretanto, cumpre salientar que modificações recentes nas políticas brasileiras tem buscado modificar
este quadro conforme será abordado no capítulo II.
7
Para períodos anteriores o Brasil, não disponibiliza estes dados. No entanto os demais países possuem
dados consolidados desde 1990, em tendência ascendente. Para mais informações www.oecd.org
15
Tabela I. 2- Despesas com P&D em relação aos PIB: países selecionados:
1999-2004
1999 2000 2001 2002 2003 2004
Brasil .. 1,01 1,05 1 0,97 0,91
China
0,76 0,9 0,95 1,07 1,13 1,23
Índia
0,74 0,77 0,75 0,74 0,72 0,69
Rússia 1 1,05 1,18 1,25 1,28 1,16
África
do Sul
.. .. 0,73 .. 0,8 0,87
Coréia 2,25 2,39 2,59 2,53 2,63 2,85
Japão 2,96 2,99 3,07 3,12 3,15 3,13
OECD
total
2,19 2,23 2,27 2,24 2,25 2,26
Fonte: OECD. Science and Technology, 2007. Elaboração própria.
Outro aspecto refere-se ao número de pesquisadores em tempo integral
empregados: tínhamos apenas 1 por 1000 empregados em 2004, enquanto o total dos
países da OECD tinha em média cerca de 7. De todos os países membros da OCDE, o
Brasil está a frente apenas do México com 0,8 por mil empregados (OECD, 2006).
Além desta diferenciação em relação aos países centrais e até mesmo dos
emergentes asiáticos, o Brasil ainda possui uma enorme desigualdade regional em
termos do número de atividades tecnológicas. Este quadro nos remete à questão da
heterogeneidade estrutural, deflagrada pelos estudiosos da CEPAL quase 60 anos
atrás. A observação da distribuição regional dos indicadores ‘Gastos com CT&I por
parte dos governos e empresas’, ‘Concessão de marcas e patentes’ e a ‘Porcentagem de
empresas que realizaram interação com grupos de pesquisa’, demonstra a acentuada
concentração do nível de atividade tecnológica do país na região Sudeste seguida em
níveis bem abaixo, da Região Sul, e em patamares bem inferiores, a Região Norte,
Nordeste e Centro Oeste.
16
Gráfico I. 4- Distribuição regional das atividades CT&I: 2004
0
50
100
Norte
Nordeste
sulCentro-Oeste
Suldeste
Gastos C, T&I eP&D de governoe empresas
Marcas e Patentes
(%) de empresas que realizaram interação com grupos de pesquisa
Fonte: Ministério da Ciência e Tecnologia, Indicadores Estaduais de Ciência e
Tecnologia, 2004; Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Diretório
de Grupos de Pesquisa, Censo 2004. Elaboração Própria.
Sendo assim, as atividades de maior conteúdo CT&I, estão concentrados na
Região Sudeste, e, mais especificamente em São Paulo, cabendo às outras unidades da
federação, posição substancialmente reduzida. O Rio de Janeiro vem em segundo lugar
no ranking nacional, configurando-se em uma posição peculiar na atividade científico-
tecnológica do país, conforme veremos no capítulo III.
Até este ponto averiguamos a posição diferenciada do país em termos da CT&I
perante as economias centrais e até mesmo as emergentes, assim como as assimetrias
dentro de seu território. Vejamos no tópico seguinte a importância da consolidação de
um sistema nacional de inovação dentro do contexto do atual paradigma econômico
assentado em Ciência, Tecnologia e Inovação, e seus laços com a questão da
competitividade.
17
I.2. Aspectos conceituais e apontamentos práticos sobre C,T&I.
Reduzir este gargalo tecnológico do país tem sido foco de muitas pesquisas. Isto
porque, existe um consenso de que no atual estágio da economia capitalista, a
competitividade precisa estar assentada em conhecimento e inovação (Lastres e Ferraz,
1999, Freeman, 2007). E não via preços, o que caracteriza a situção histórica da
indústria brasileira, cujas bases estão assentadas na competitividade espúria, deixando o
setor ao sabor das flutuações internacionais e resoluções monetárias internas. A
introdução de inovação, novas tecnologias, conhecimentos especializados e, em suma, a
introdução de uma economia do conhecimento, vem tomando cada vez mais espaço,
como efetiva ação de estratégia competitiva.
Neste sentido, diversos trabalhos nacionais sobre o tema tem indicado uma
revisão crítica das estratégias neoliberais adotados após a cada de 1980 e
aprofundadas na década de 1990. Até mesmo pesquisadores de países centrais como
Lundvall e Johnson(2005), apontam as falhas do receituário neoliberal e assinalam que
o próprio Banco Mundial sinaliza no mesmo sentido. Nesta linha de argumentação,
afirmam que os relatórios do BID tem escasseado as fórmulas de ‘melhores práticas’
para países em desenvolvimento e têm assentado suas reflexões sobre práticas
competitivas entre as empresas.
O crescimento e desenvolvimento econômico não estão mais atrelados apenas
a fatores macroeconômicos de ajustes fiscais, mas sim ao desenvolvimento de
capacitações assentadas no desenvolvimento de núcleos endógenos de conhecimento.
E ainda reconhece-se que cada país possui um caminho diferenciado na busca de
capacitações competitivas. Este movimento pode ser observado em diferentes países
ao longo das décadas de 1980 e 1990, quando do florescimento de novas áreas
industriais baseadas nos paradigmas produtivos assentados nas novas Tecnologias de
Informação e Comunicação - TICs (Lundvall e Johnson, 2005).
Evidencia-se uma mudança de paradigma tecnológico das formas de capital
intensivas em energia e capital inflexível, para as tecnologias de informação flexíveis e
computadorizadas. O surgimento das novas Tecnologias de Informação e Conhecimento
(TIC) faz cada vez mais com que a capacidade competitiva das firmas esteja assentada
em conhecimento, uma vez que as mudanças nos processos produtivos ocorrem de
forma acelerada diminuindo o tempo das descontinuidades tecnológicas e reduzindo o
18
ciclo de vida dos produtos. (Cassiolato, 2005). E o não ingresso do Brasil a esta
configuração econômica tem lhe conferido uma posição periférica nas transações
comerciais globais.
Neste sentido, especialistas do tema têm dado importante ênfase aos Sistemas
Nacionais de Inovação (SNI) como fator crucial para a competitividade dos países e
regiões. A abordagem sobre os sistemas de inovação considera de suma importância o
desenvolvimento de atividades de P&D dentro das empresas, porém pretende ampliar a
visão sobre a questão da inovação para além deste entendimento considerado simplista,
dando-lhe um caráter sistêmico.
Neste aspecto, torna-se relevante a combinação de atividades individuais de
busca relacionada à C&T, a interação entre os sistemas produtivos com organizações de
pesquisa, governo, setor financeiro e empresas. Importante ênfase também tem sido
dada à aprendizagem via interação entre profissionais qualificados, em virtude do
reconhecimento de que, estes são detentores de conhecimentos não facilmente
reproduzíveis.
E sobre esta última proposição, afirma-se que determinados procedimentos estão
embutidos nestes profissionais de maneira tácida, fazendo-se importante sua presença
como elemento central de competitividade para determinada localidade ou empresa.
Assim, reconhece-se que a imaterialidade do conhecimento, não é facilmente
transportada apenas por meio de manuais, até mesmo porque, determinadas tecnologias
estão protegidas por patentes, sendo, portanto, codificadas e não facilmente acessíveis.
(Lundvall e Johnson, 2005).
As abordagens sistêmicas da inovação alteram o foco das políticas em direção a
uma ênfase na interação entre instituições e profissionais qualificados observando
processos interativos na criação, difusão e aplicação de conhecimentos. Elas ressaltam a
importância das condições, regulações e políticas em que os mercados operam de tal
forma que o papel dos governos resida na monitoração e busca de harmonia fina dessa
estrutura geral (OCDE, Manual de Oslo, 2005).
Por fim aponta-se que a base da teoria da inovação tem grande influência do
trabalho de Joseph Shumpeter (1934). O autor argumenta que o desenvolvimento
econômico é conduzido pela inovação por meio de um processo dinâmico em que as
19
novas tecnologias substituem as antigas, num processo por ele denominado “destruição
criadora”. E assim, inovações “radicais” engendram rupturas mais intensas, enquanto
inovações “incrementais” dão continuidade ao processo de mudança.
I.2.1. Inovação e conhecimento: algumas experiências
Entretanto, reconhece-se que informação e conhecimento, não fluem mais ou
menos livres entre os países, e faz- se necessário àqueles com menor capacidade
tecnológica promover o processo de catching-up em relação às economias centrais. A
China representa um exemplo clássico de inserção ao novo paradigma, e, a despeito das
controvérsias quanto ao modo de apropriação do conhecimento, o país tem engendrado
o vencimento de barreiras à entrada em mercados intensivos em tecnologia, e
promovido o catching-up.
Liu (2007a) aponta que a China trabalha com a introdução de inovação
incremental, ou seja, a partir do conhecimento da tecnologia desenvolvida, promove
incrementos tecnológicos aprimorando os produtos existentes. Um caso interessante
relatado em seu artigo refere-se ao incremento de tecnologia no setor de telefonia
móvel, onde a partir da instalação de empresas conceituadas como Nokia e Motorola,
que atuavam com a tecnologia GSM, o mercado para as indústrias nacionais ficou
restrito. Assim, as empresas chinesas precisavam pagar patentes para o uso da
tecnologia de telefonia móvel.
A solução adotada foi a execução de pesquisa sobre a existente tecnologia
CDMA - Code Division Multiple Access - que era pouco eficiente e representava
apenas uma pequena parcela do mercado. O governo chinês então estabeleceu subsídio
tecnológico às empresas nacionais, através de parceria estabelecida junto à Qualcom, de
forma que a condição à entrada desta empresa no país foi o licenciamento de sua
tecnologia para as empresas chinesas Huawei, ZTE, Datang e outras. O que permitiu às
empresas nacionais o entendimento da base tecnológica da companhia multinacional.
Em paralelo, dois pesquisadores chineses overseas
8
que haviam atuado na
Motorola e na Universidade do Texas, desenvolveram uma nova tecnologia de rede
8
Ou de ‘além-mar’, fazendo referência aos chineses que foram estudar e/ou trabalhar no ocidente.
20
Wireless
9
indo adiante da Qualcom. Assim, fundaram a joint venture Chinesa Xinquei
que em parceria com outras empresas, criou a tecnologia TD-SCMDA -Time Division-
Schronous Code Division. Esta, além de todas as vantagens da anterior (CDMA) possui
maior complexidade tecnológica, promovendo entre outros benefícios, sinais de maior
alcance e possibilitou à China participar da criação da terceira geração (3G) de telefonia
móvel, atuando igualitariamente junto aos grandes players globais de tecnologia. E o
governo fornece subsídio às empresas nacionais para utilização desta nova tecnologia
concedendo-lhes licenças para seu uso, através de alianças estratégicas.
Este movimento de cathing-up chinês consolida-se por intermédio de parcerias
entre governo e universidades, assim como por meio de investimentos em estudantes
que vão aos países de tecnologia mais madura (garantindo-lhes as melhores vagas em
empresas nacionais), incentivo às empresas multinacionais a instalarem seus centros de
pesquisa no país, etc. Outro aspecto interessante da política chinesa, é que a grande
parte das empresas intensivas em tecnologia surge dos laboratórios das universidades
públicas, recebendo subsídios governamentais. No entanto, o capital que financia as
pesquisas é em sua maioria capital de risco privado (Liu, 2007b).
Até mesmo os EUA, que ao final dos anos 1980, possuía uma base tecnológica
madura, sentiu-se em debilitado tecnologicamente em relação à economia japonesa no
início da década de 1990, onde logrou promover um maciço investimento
governamental em setores de ponta, respondendo com estratégias inovadoras agressivas.
A indústria norte-americana revigorou-se num processo denominado por alguns autores
como “O império contra-ataca”, baseada no novo paradigma (Freeman, 2005).
Houve neste país uma sinergia entre capital de risco privado e subsídios
governamentais que atuaram de maneira consistente na consolidação de um SNI,
principalmente focado em pequenas empresas, que, em geral, surgiram de grandes
institutos de Pesquisa e Universidades. E o Estado ainda atuou de maneira contundente
na preservação destes sistemas através de políticas antitruste, subsídios diretos à
atividades P&D, imposição de barreiras à produtos estrangeiros assim como tem lutado
para diminuir as mesmas nos mercados externos (Freeman, 2005).
9
Comunicação wireless se refere a comunicação sem cabos ou fios e usa ondas eletromagnéticas como
meio de propagação para estabelecer a comunicação entre dois pontos ou dispositivos.
21
a Alemanha em meados da década passada, funde o Ministério da Educação e
Ciência e o Ministério da Pesquisa e Tecnologia num novo Ministério Federal de
Educação, Ciência, Pesquisa e Tecnologia (BMBF). A reestruturação foi realizada a
partir do diagnóstico sobre a perda de competitividade da indústria e da queda
verificada a partir de 1990, dos gastos totais do setor privado em P&D (Cassiolato e
Lastres, 2000).
Para o caso brasileiro, houve, sem dúvida, durante estas duas décadas uma
ausência de investimentos de longo prazo e voltados para o crescimento da patente
tecnológica do país, percurso necessário para a construção de uma competitividade
industrial sistêmica. Nesta, a busca do fim dos gargalos da economia se faz necessária.
I.2.2. Breves notas sobre a questão dos gastos com P&D.
Já no tocante à questão do financiamento destes projetos de CT&I e P&D,
verifica-se que este têm ocorrido de forma diferenciada entre os países. Entretanto, a
tendência verificada para os mais desenvolvidos, como observado acima nos casos
chinês e americano, tem sido a transferência das iniciativas públicas com gastos em
P&D para iniciativas privadas (empresas). Este aspecto pode ser observado através de
dados da OECD para todos os países desenvolvidos, e, até mesmo entre os países ditos
em desenvolvimento como China e Índia, é possível verificar este dado. O
amadurecimento do setor empresarial nacional, na perspectiva de Mani (2007), mostra-
se como a principal causa deste movimento, através da credibilidade alcançada junto a
investidores por parte das empresas.
O Brasil vem cada vez mais modificando sua estrutura de gastos, em favor do
setor privado. Entretanto, ainda prevalece uma notada concentração de investimentos
por parte do setor público, se aproximando apenas das economias que vivenciaram a
experiência socialista e ainda carregam elementos de economia planificada, como a
Rússia e República Theca (OECD, 2006). Enquanto na China em 2004, 65,5% dos
gastos eram financiados por empresas privadas e 26,63% pelo governo e na África do
Sul 35,61% e 48,62% respectivamente, no Brasil nhamos 39,8% financiadas por
empresas privadas e 57,88% pelo governo (OECD, 2006).
Não obstante, têm sido crescentes as críticas por parte de intelectuais de países
centrais, sobre o processo de privatização das universidades por meio da introdução do
22
capital financeiro; e sido ampliado o reconhecimento de que deve haver espaço para
uma complementaridade entre uma “produtividade social do conhecimento” e a lógica
do regime de acumulação capitalista. Neste sentido, Chesnais e Sauviat (2005, p. 209)
apontam que, principalmente para os países que ainda não desenvolveram um sistema
significativamente autônomo de C&T, não se deve deixar ao sabor do livre mercado as
decisões de investimento estratégicos em P&D, uma vez que estas operações demandam
esforços de logo prazo, nem sempre aceitas pelas empresas por questões de risco.
Por outro lado, como apontado por Lundvall e Johnson (2005) não é possível
afirmar que exista uma estratégia singular de desenvolvimento do tipo “melhores
práticas”, sendo que cada país deve trilhar sua própria trajetória, pois alguns países tem
tido melhor desempenho com estados intervencionistas e outros não. E o relatório do
Banco Mundial (2000) ainda pondera que a questão não é mais se o motor do
desenvolvimento deve ser o mercado ou o Estado, mas sim a complementaridade
estabelecida entre ambos. Não obstante, é valido ressaltar que esta relação de
complementaridade não é neutra e deve ser analisada com cautela.
No próximo capítulo, será abordada mais especificamente, algumas das
principais políticas nacionais voltadas ao desenvolvimento de um núcleo endógeno de
inovação e alguns apontamentos sobre a teoria estruturalista. Seus objetivos, assim,
são(i) fornecer um instrumental mais amplo para a discussão da trajetória brasileira
focando em suas medidas práticas implementadas após 1990; (ii)além de dar uma
referência teórica mais afinada com a especificidade nacional, através da visão
cepalina de desenvolvimento.
Capítulo II: POLÍTICAS BRASILEIRAS DE INOVAÇÃO E A
ABORDAGEM ESTRUTURALISTA SOBRE O DESENVOLVIMENTO
O crescente reconhecimento por parte de intelectuais nacionais, internacionais
e sociedade em geral, da necessidade de consolidação de um Sistema Nacional de
Inovações tem engendrado as bases para a execução de políticas voltadas à questão
também no Brasil. Neste aspecto, o presente capítulo visa discutir algumas das
principais medidas executadas no âmbito do novo paradigma.
23
Ademais, resgata a proeminência de antigas questões voltadas à realidade
brasileira, postuladas pelo pensamento estruturalista. Questões estas, discutidas desde
a década de 1950, mas que mostram grande atualidade neste século sob novas
perspectivas. Deste modo, procura explicitar a ‘nova roupagem’ tomada pela teoria de
deterioração dos termos de intercâmbio de Prebisch.
II.1. Políticas brasileiras de inovação no Século XXI e década de 1990.
O governo brasileiro neste quase um quarto de século de ausência de uma
política industrial articulada, acabou por perder capacidade na formulação e execução
de políticas industriais e tecnológicas integradas. As ações ocorreram neste período de
maneira dispersa entre alguns órgãos, sem no entanto alcançar grandes resultados, em
função das opções políticas efetuadas no período. Cumpre ainda ressaltar os
condicionantes macroeconômicos pouco propícios à inversões produtivas, tal como as
altas taxas de juros e o câmbio sobrevalorizado, já discutidos no primeiro capítulo.
Ainda assim, algumas medidas relevantes, mesmo que pouco articuladas,
foram tomadas visando a ampliação da competitividade brasileira. Na primeira metade
da década de 1990, são observadas políticas setoriais voltadas principalmente ao setor
automobilístico em caráter emergencial, que apresentava queda de vendas; além de
aquisição de máquinas agrícolas e programas como o Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade (PBQP), o Brasil Classe Mundial que, grosso modo,
buscavam difundir as técnicas de gestão ao estilo japonês (DIEESE, 2005 ;Salerno e
Daher, 2006).
Ademais, em 1999 foram criados os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia,
como instrumentos de financiamento para projetos de pesquisa e inovação tecnológica.
No entanto, apesar de tal institucionalização, houve até 2003 grande disparidade entre
o volume destinado aos fundos em comparação ao valor efetivamente
liberado(www.finep.gov.br).
Em relação á medidas de maior planejamento estratégico, foi lançado em 2002
o Livro Branco de CT&I”, documento elaborado pelo Ministério de Ciência e
Tecnologia (MCT), retratando a consolidação do debate sobre a importância da
implementação de um sistem nacional de CT&I. Neste são lançadas orientações e
24
debates a respeito do tema, asim como algumas propostas de execução de políticas
pontuais, com vistas a sanar o entrave tecnológico do país (MCT, 2002).
Ainda, uma das primeiras iniciativas para investimento nestas áreas de ponta
realizou-se através do Plano Plurianual (2000-2003) durante o governo Fernando
Henrrique, onde houve uma tentativa de coordenação entre os principais atores das
cadeias produtivas que culminou com a construção do ‘Foro de Competitividade’.
Entretanto, o projeto esbarrou em restrições orçamenárias e pouca força política para
sua execução(Laplane e Sarti, 2006).
em 2004, o governo Lula logrou implementar um conjunto de medidas com
objetivo semelhante tendo, no entanto, por base economistas desenvolvimentistas da
tradição “crítica” para a execução dos projetos, que foi intitulado Política Industrial,
Tecnológica e de Comércio exterior-PITCE (Brasil, 2004). Esta política procura de
forma coordenada sanar o atual quadro de baixa competitividade da indústria brasileira
perante o cenário mundial.
E sobre a questão da alocação de recursos, apesar de a maior parte dos gastos
ainda ser oriunda da fonte governamental, sua gestão está se tornando cada vez mais
descentralizada entre órgãos para-governamentais. Esta dispersão de recursos tem sido
dirimida a estes órgãos tanto mediante a análise de projetos das próprias instituições
requerentes como idealizados pelo governo e implementados por atores da sociedade
(Brasil, 2004).
Nas palavras de Salerno e Daher (2006), a PITCE avança no sentido de não
estar presa aos velhos moldes de industrialização implementados voltados para o
sistema puramente fabril e atuação setorial. Antes, busca aperfeiçoar a inovação na
indústria brasileira através de incentivos à pesquisa e desenvolvimento de novas
tecnologias que são aspectos intangíveis da produção, e componentes capazes de
promover maior competitividade.
Está inserida dentro do eixo maior de estratégias do Ministério de Ciência e
Tecnologia (MCT) para um desenvolvimento estratégico de CT&I de longo prazo que é
subdividida em três dimensões: Econômica, Estratégica e social. Estas culminam no
Planejamento Estratégico do MCT, que opera em correspondência com as prioridades
orçamentárias definidas no PPA 2004-2007. E também está articulada com os
25
investimentos planejados para a infra-estrutura e com os projetos de promoção do
desenvolvimento regional (Brasil, 2004).
As medidas implementadas até o momento encontram-se afinadas com os
objetivos desta proposta política que visa de maneira coordenada, sanar gargalos
produtivos e tecnológicos existentes na estrutura produtiva brasileira. Não obstante,
tais atuações já vinham sendo discutidas e propostas durante o governo anterior,
cabendo à PITCE, organizá-las e implementá-las. Neste sentido, abaixo foram
selecionadas agumas medidas já implantadas no âmbito da política:
i) Houve a ampliação em mais de 100% dos recursos destinados aos Fundos
Setoriais, que são responsáveis pela ampliação da competitividade da indústria via
financiamento de novas Tecnologias, após a criação da política (www.abdi.gov.br).
ii) O sistema de desembolso do BNDES, também obteve significativa
ampliação de verbas entre 2004 e 2005 para setores de ponta como Química (+166%),
Máquinas aparelhos e materiais elétricos (242%), Material eletrônico e de
comunicação (+293%). Estes dados podem ser contrastados com a destinação de
verbas para os mesmos setores no período de 1999-2003, que são respectivamente:
(58%), (-14%) e (-77%). (Anuário Estaístico Industrial, MIDIC, 2006).
iii) Também pode-se citar a criação da resolução que permite a dedução extra
de 20% no Imposto de Renda, se houver aumento de 5% ou mais no número de
pesquisadores contratados, ou de 10% se houver aumento de até 5% (Brasil, 2004).
iv) Houve ainda a aprovação da Lei da inovação. Esta estabelece os
dispositivos legais para a incubação de empresas no espaço público e a possibilidade
de compartilhamento de infra-estrutura, equipamentos e recursos humanos, públicos e
privados, para o desenvolvimento tecnológico e a geração de produtos e processos
inovadores; além de criar regras claras à participação do pesquisador público nos
processos de inovação tecnológica desenvolvidos no setor produtivo.
v) Criação da Agência Nacional de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial CNDI para coordenar as ações,
demonstrando a amplitude da estratégia (www.abdi.gov.br).
26
vi) Decreto 4928, que permite a dedução do Imposto de Renda dos dispêndios
efetuados com P&D tecnológica (www.abdi.gov.br).
vii) Criação de cinco Centros de Distribuição
10
para Pequenas e Médias
Empresas exportadoras no exterior. Estes centros fornecem subsídios de infra-estrutura
e suporte técnico para diminuir custos dos empresários através de parcerias coletivas.
Assim, os produtos usufruem do espaço comum com suporte governamental, o que
auxilia na redução de custos para colocação de seus produtos no mercado internacional
(www.apexbrasil.com.br).
viii) Definição de áreas prioritárias para investimento subdivididas em
‘atividades portadoras de futuro’ e ‘opções estratégicas’. Na primeira estão alocados os
setores de nanotecnologia, biotecnologia, biomassa/energias renováveis e na segunda
semicondutores, software, fármacos e medicamentos (Brasil, 2004).
De acordo com Bielchovisck e Mussi (2005) sobre a execução desta política,
“O estilo de crescimento apresentado
oficialmente pressupõe simultaneidade entre: i)
expansão dos investimentos, da produtividade e da
competitividade e ii) adequada transmissão de aumento
de produtividade a renda das famílias trabalhadoras
(pelo mercado de trabalho, pela redução de preços de
bens e serviços populares, e por políticas sociais muito
ativas)” (p. 62).
Segundo os autores, este processo tal como proposto pelos ideários
desenvolvimentistas, propiciaria a modalidade de integração entre crescimento e
distribuição de renda e consolidar-se-ia pelo estabelecimento gradual de um círculo
virtuoso. Neste, a ampliação dos investimentos se traduziriam em elevação da
produtividade e competitividade pelas vias de mais equipamentos por trabalhador, de
conhecimento, aprendizado e inovação, e de economias de escala (da produção em
massa); e assim se transmitiria equilibradamente a lucros e a rendimentos das famílias
10
Centros de distribuição são espaços físicos concedidos pelo governo brasileiro em locais estratégicos
fornecendo á algumas empresas exportadoras selecionadas por critérios técnicos um maior subsídio, uma
estrutura mínima que lhes permite manter um estoque de produtos, um mostruário e um escritório
destinado às atividades comerciais e administrativas. Até o final de 2007estes se situavam, em Miami,
Frankfurt, Dubai, Lisboa e Varsóvia.
27
trabalhadoras pelo aumento de salários, pela redução dos preços dos bens e serviços, e
pelo aumento dos gastos sociais, que se transformariam em consumo popular
ampliado, provocando novamente a expansão dos investimentos.
Os formuladores desta política são em sua maioria, ligados à tradição mais
‘crítica’ desenvolvimentista, fundamentados na abordagem estruturalista. Estes atores
entendem que um grande conjunto de atividades voltadas ao desenvolvimento não
podem ter evolução eficiente quando deixadas ao sabor do mercado, como a infra-
estrutura, segmentos industriais de fronteira tecnológica, a atuação de Pequenas e
Médias Empresas- PMEs-, o mercado de financiamento de longo, prazo, etc.
A opção por esta orientação política parece estar assentada no reconhecimento
das inequívocas perdas sociais alcançadas pela sociedade brasileira, a partir da
experiência histórica de implementação das políticas liberalizantes. O Plano Plurianual
(2004-2007), inclusive, absorveu as estratégias desenvolvimentistas elaboradas nas
décadas anteriores pelos pensadores desenvolvimentistas, que foram traçadas mediante
o método histórico-estrutural
11
, como Furtado (1965, 1961), Pinto (1971), Tavares e
Serra (1973), Castro (1971), dentre outros (Bielschovisck e Mussi, 2005).
Na próxima sessão vamos tratar do pioneirismo intelectual verificado na linha
estruturalista e neo-estruturalista sobre o desenvolvimento brasileiro. Ressalta-se que a
relevância desta abordagem vem sendo cada vez mais reconhecida pelas diversas
correntes, tendo em vista o insucesso neoliberal verificado durante o período pós 1980.
Explicitar essa conexão teórica torna-se relevante ao trabalho, tendo em vista as
implicações e propostas de política dela decorrentes.
II.2. A atualidade da abordagem estruturalista sobre as estruturas
produtivas brasileiras.
Observa-se que atualmente vem ganhando espaço o pensamento estruturalista
que influenciou vigorosamente as políticas desenvolvimentistas durante as décadas de
1950-1970, difundidos pela CEPAL Comissão Econômica para América Latina e
Caribe. Junto a esta abordagem emerge a incorporação de outros aspectos do
movimento revisionista das teses cepalinas, e o principal refere-se à introdução da
11
Este método consiste em considerar a perspectiva histórica da evolução das sociedades como forma de entender as
especificidades inerentes ao seu desenvolvimento econômico. Furtado foi um dos percussores
deste método para
análise da economia brasileira ao introduzi-la em sua obra “Formação Econômica do Brasil” (1961).
28
mudança de paradigma tecnológico das economias Latino-americanas e a relevância
da introdução de novos elementos competitivos.
Os estudos da CEPAL tiveram início com Prebisch e vieram a ser propagados
e ampliados no Brasil por Celso Furtado que logrou incorporar a perspectiva histórica
de longo prazo ao corpo das análises estruturalistas. A importância destes estudos para
a economia brasileira reside no pioneirismo intelectual ao tratar de especificidades das
estruturas latino-americanas (Bielschovisck e Mussi, 2005). A atualidade do tema
chama a atenção de pesquisadores em virtude da diferença temporal e a permanência
dos mesmos problemas estruturais verificados no passado.
“(...) o exame das principais tendências na
América Latina e no Brasil nos últimos 25 anos por
meio dessas contribuições elaboradas há quase meio
século, mostra impressionante atualidade. Isto é por
razões nada animadoras: nosso crescimento, emprego e
distribuição de renda no último quarto de século
confirmam o ceticismo de Furtado sobre
desenvolvimento na ausência de projetos nacionais de
desenvolvimento adequadamente desenhados e
implementados.” (Bielschovisck e Mussi, 2005 p.1.
Segundo o pensamento cepalino, a divisão internacional do trabalho - baseada
nos pressupostos ricardianos das vantagens comparativas- assegura à América Latina
um papel de provedora de produtos primários e de baixo valor agregado e aos países
centrais o de provedor de produtos manufaturados.
Prebisch (1949), um dos percussores do pensamento estruturalista latino-
americano demonstrou que a diferenciação dos preços entre manufatura e os produtos
agrários, em virtude da baixa elasticidade dos produtos agrícolas em relação aos bens
industrializados promovia uma deterioração das contas dos países periféricos,
dificultando o processo de acumulação. Da mesma maneira, esta diferenciação de
preços resultava dos diferenciais de produtividade existentes entre o setor agrário e a
indústria. Para ele então era preciso incorporar o progresso técnico a fim de diminuir
este gap tecnológico e a industrialização fazia-se necessária para superar a condição de
subdesenvolvimento.
Esta sua tese é a mais difundida, entretanto o pensamento desenvolvimentista é
composto de outros componentes: não-convergência entre as rendas por habitante do
centro e da periferia, desequilíbrio estrutural da balança de pagamentos, vulnerabilidade
29
externa, brecha de poupança de divisas, e dinâmica do processo substitutivo de
importações. Bielschowsky (2005), propõe uma síntese da formulação estruturalista
original através de um quadro analítico.
Quadro I. I: Síntese da formulação estruturalista original
Características das economias
Latino-americanas
Implicações para industrialização
e crescimento
Baixa diversidade produtiva Necessidade de investimento em
simultâneo em muitos setores - processo é
muito exigente em matéria de poupança,
investimento e divisas estrangeiras
Especialização na agricultura e em
mineração;
Limitada capacidade de gerar
divisas externas devido a baixa demanda
mundial por exportações e a deterioração
dos termos de intercambio, e forte pressão
por divisas devido a elevada elasticidade-
renda das importações
Dualidade (ou forte heterogeneidade
tecnológica) coexistência entre setores com
alta produtividade e abundante ocupação de
mão de obra a níveis próximos à subsistência
Baixa produtividade média e
reduzido excedente, como proporção da
renda
Institucionalidade inadequada e falta
de capacidade empresarial
Baixa proporção a poupar e a
investir, e insuficiente acumulação de
capital e progresso técnico (Parte do
excedente é desperdiçado com consumo
supérfluo e investimentos improdutivos)
Fonte: Bielschowsky (2005).
Não obstante, a teoria de deterioração dos termos de intercâmbio de Prebisch
permanece presente atualmente sob nova roupagem, pois após consolidação da indústria
’pesada’ no Brasil, observa-se outro tipo de deterioração. Tem ocorrido uma gradual
diferenciação de preços entre os produtos industrializados exportados, não só pelo
Brasil, como pelos países em desenvolvimento em relação aos produtos dos países
desenvolvidos (Schmitz, 2005).
Esta constatação nos remete às questões levantadas no capítulo anterior sobre
as bases sobre as quais está assentada a competitividade dos países: o conhecimento e a
inovação. Neste sentido, a ‘nova deterioração dos termos de intercâmbio’ dá-se via
30
diferenciação tecnológica das mercadorias, o que é viabilizado pelo componente
imaterial da inovação, a saber, o conhecimento embutido nas estruturas produtivas.
Neste aspecto, Furtado (1974) também pondera que é possível industrializar-se
sem perder a posição de país subdesenvolvido. E que este fato se daria através da
introdução da grande corporação internacional em estruturas arcaicas, onde esta se
apropriaria da mão-de-obra barata da periferia, porém sua matriz tecnológica
permaneceria concentrada em seu país de origem.
A afirmação de Furtado ainda permanece atual quando se observa a composição
da pauta exportadora brasileira que, de acordo com a classificação da OECD, o país em
2005 ainda possui uma matriz de exportação com baixo teor de produtos intensivos em
tecnologia. A indústria de baixa tecnologia corresponde a 35,7%do valor total de
exportações de produtos industriais, enquanto a indústria de Alta Tecnologia possui
apenas, 9,3% do mesmo montante (SECEX, 2005).
Não obstante, o pensamento cepalino até a década de 1980, apesar de identificar
problemas estruturais na economia brasileira e que estão presentes até os dias atuais,
como heterogeneidade estrutural, baixa diversidade produtiva, desigualdade e
necessidade de incorporar o progresso técnico; apresentava algumas soluções muito
específicas àquele momento histórico. Neste aspecto, eram muito fortes as referências a
perfis de demanda (Furtado, 1965; Tavares, 1963), composição do financiamento
(Tavares, 1969), o perfil concentrador do processo industrializante (Prebisch, 1973), etc.
Fajnzylber, economista da tradição cepalina, foi um dos percussores do que se
tornaria o movimento revisionista das idéias cepalinas conhecido como neo-
estruturalismo que emergiria a partir dos anos 1990, tendo em vista o aprofundamento
de grandes mudanças no paradigma produtivo internacional (Suzigan e Fernandes,
2003).
Dentre algumas outras modificações dentro do pensamento original, um
diferente apontamento particularmente nos interessa para esta dissertação, uma vez que
não corresponde aos nossos objetivos fazer uma resenha sobre todo o movimento
revisionista. Os autores cepalinos apesar de apontarem a necessidade de incorporação de
‘progresso técnico’, este era entendido como a incorporação de bens de capital
considerando que os mesmos já continham a inovação tecnológica e, portanto, poderiam
31
gerar aumentos de produtividade, da acumulação e crescimento. Enquanto Fajnzylber
assinala pioneiramente em seus estudos a necessidade de internalizar a aprendizagem
tecnológica, considerando que tecnologia não acompanha passivamente a acumulação,
mas sim depende de um esforço local para sua endogeneização (Welters, 2004).
Já em 1983 em sua obra intitulada “La Industrialização trunca de América
Latina”, o autor propõe uma nova industrialização com Inovação Tecnológica. O
pioneirismo de suas idéias à época se mostra relevante, pois foi um dos primeiros a
sistematizar os fatores de sistêmicos de competitividade que incluiriam amplas
reflexões, com a incorporação de fatores como educação e formação de recursos
humanos, infra-estrutura, relações trabalhistas, ambiente institucional público e privado,
etc. Fatores estes que mais tarde comporiam o conceito de competitividade sistêmica
(Suzigan e Fernandes, 2004).
Fajnzylber (1983) defende a necessidade de estruturação de um núcleo endógeno
de tecnologia a fim de garantir uma efetiva inserção no capitalismo global, com vistas à
adequação da periferia ao novo paradigma produtivo, analisando o crescimento pela
ótica neo-Shumpeteriana. E avança em sua tese ao afirmar que desta forma poderia ser
promovido nas economias subdesenvolvidas um componente autêntico (ou sistêmico)
garantidor de melhores condições sociais ao invés de uma competitividade espúria que
reduziria custos mediante a redução de salários e encargos trabalhistas.
em 1990 coordena a publicação da CEPAL intitulada ‘Crecimiento
económico con equidad’ a partir da concepção baseada na reestruturação econômica
vivenciada pelos países desenvolvidos na década anterior e inspirou com grande alcance
o meio acadêmico onde propõe uma:
“combinación de aprendizaje, tomando como
modelos a las sociedades máz avanzadas, y de
innovación económica y social en los países menos
avançados, que les permite incorporar lãs innovaciones
con relación a sus propias carencias e potencialidades”
(Fajnzylber, 1990:8).
Esta reflexão teve grande repercussão e, em paralelo, apesar da hegemonia do
pensamento neoliberal durante toda a cada de 1990 e início deste século, ampliaram-
se as publicações acadêmicas sobre competitividade industrial e inovação tecnológica
32
nesta linha de pensamento. Entretanto, as discussões foram tornando-se menos
acaloradas em termos ideológicos e começou a se fortalecer um debate mais voltado ao
desenvolvimento de uma competitividade sistêmica nacional.
Este tema é verificado em diversas áreas do conhecimento e apenas para
sintetizar as abordagens verificadas em revisão bibliográfica nacional podemos observar
a preocupação sobre a questão da competitividade regional e a questão dos territórios
excluídos do processo de geração de riqueza (Britto, 2000; Ajara, 2001); Inovação
Localizada e a importâncias dos conglomerados produtivos (Cassiolato, 1999; Vargas,
2002; Lastres, 2000; Britto, 2004; Suzigan, 2003); a relevância do papel das micro e
Pequenas empresas como ferramenta ao desenvolvimento (Lemos, 2002), preocupação
com os processos de descentralização industrial e suas implicações sobre o emprego
(Pacheco,1999; Sabóia, 2001; Caiado, 2001) e discussão sobre os determinantes
macroeconômicos e financeiros sobre a competitividade industrial (Coutinho e Ferraz,
1995; Coutinho, 2005).
Internacionalmente, o tema também tem sido pauta de pesquisas acadêmicas e
políticas governamentais, principalmente em países ditos em desenvolvimento. Para dar
apenas uma referência, a rede de pesquisas Globelics- Global Network for the
Economics of Learning, Innovation, and Competence Building Systems- que reúne
pesquisadores de vários países em torno do tema inovação para os países do Sul, possui
uma série de estudos sobre processos de inovação tecnológica. Com a visão da
necessidade de estabelecer estratégias de cathing-up, este grupo realiza reuniões anuais
para o debate sobre o tema, assim como disponibiliza os artigos e dados para consulta.
(http://www.globelics.org/).
Não obstante, o movimento de endogeneização de atividades mais competitivas
e afinadas ao novo paradigma produtivo no Brasil, deu-se, como já apontado no capítulo
I, de forma muito desigual entre as regiões devido a grande heterogeneidade estrutural
nacional. E, ainda que a dinâmica das regiões estejam condicionadas aos ditames
maiores da política macroeconômica estratégica nacional e a ela intrinsecamente
subordinadas, o processo recente de maior articulação entre os mercados, tem
promovido uma possibilidade crescente de articulação entre o “local” e o “global” sem a
necessária mediação do nacional (Diniz, 2002); de forma que atributos de determinadas
33
regiões tem se tornado elementos-chave para seu desenvolvimento, de maneira mais ou
menos independente das decisões nacionais.
Neste aspecto, regiões com maior infra-estrutura científico-tecnológica tenderam
a estar mais bem situadas no cenário nacional, a saber, as regiões Sul e Sudeste. Mais
especificamente, desde o início do processo de formação econômica, São Paulo e Rio de
Janeiro foram espaços privilegiados em termos de alocação de instrumentos de ensino e
pesquisa, bem como localização de empreendimentos produtivos. Todavia, São Paulo
logrou se situar em posição à frente do Rio de Janeiro se tornando o maior núcleo
dinâmico do país, enquanto o último tendeu a perder posições relativas no cenário
nacional.
Diversos estudos tem se proposto a investigar o movimento de ascensão
paulista, enquanto apenas um escasso grupo tem se debruçado a analisar a posição
fluminense. Deste modo, no próximo capítulo passaremos a uma discussão da economia
do Rio de Janeiro dentro do contexto brasileiro proporcionando uma contribuição ao
estudo da temática, e apresentando uma ferramenta mais analítica voltada à sua
mensuração. Este objetiva dimensionar a evolução da atividade CT&I no estado,
buscando compreender a posição fluminense à luz de sua especificidade histórica.
Capítulo III. EVOLUÇÃO DA COMPETITIVIDADE FLUMINENSE E
OS ÍNDICES DE COMPARABLIDADE ESTADUAL DO SISTEMA CT&I.
Neste capítulo faremos uma sistematização de informações sobre o tema CT&I
para o Estado do Rio de Janeiro, tendo em vista seu peso sobre a atividade científica do
país pretendendo fornecer ainda uma ferramenta de análise e mensuração mais
específica sobre a temática CT&I. A escolha desta unidade da federação não foi
aleatória e justifica-se principalmente por(i) sua conformação histórica singular como
epicentro do desenvolvimento nacional; (ii) condição durante décadas de capital do país
e (ii) por sediar algumas das primeiras e mais importantes instituições de ensino e
pesquisa nacionais.
34
Este capítulo objetiva assim, investigar qual a base de competitividade da
economia fluminense verificando se o estado tendeu a seguir o movimento médio da
economia brasileira, ou se apresentou algum dinamismo diferenciado em termo CT&I,
uma vez que existe uma ampla heterogeneidade estrutural no país. Para tanto, busca
primeiramente discutir em linhas gerais, alguns determinantes históricos da atual
configuração produtiva fluminense e sua diferenciação em relação a São Paulo, o que
será feito em sua primeira sessão. Em seguida, dada a constatação de retomada de
crescimento da unidade estadual, observada desde meados da década de 1990, busca
mensurar em que medida estes ganhos promoveram uma melhor internalização de
atividades mais intensivas em conhecimento. Neste sentido, apresenta dois indicadores,
constituídos como medidas resumo, para elucidar o período 1995-2005, a partir da
metodologia utilizada pelo PNUD, com vistas a identificar a temática dentro de um
espaço temporal de ampliação do movimento de globalização para a realidade brasileira,
tendo em vista o aprofundamento da abertura dos mercados nacionais. Por fim, na
última sessão, encontram-se algumas considerações sobre o espaço fluminense, assim
como a verificação de alguns indicadores transversais ao tema.
III. 1. Breve caracterização da trajetória produtiva fluminense
A transferência em 1763 da capital administrativa da Bahia para o Rio de Janeiro
incrementou a centralidade econômica no território fluminense que já nesta época havia
se consolidado como importante região portuária para abastecimento dos navios que
faziam a defesa do litoral sul da colônia. Ademais, o plantio do café, cana-de-açúcar e
aguardente haviam possibilitado a construção em seu território de uma economia
agro-exportadora (Silva, 2004).
Com o bloqueio continental napoleônico e a conseqüente transferência da corte
portuguesa para o Brasil em 1808, houve um importante divisor de águas para a
economia fluminense, traduzido em substanciais melhorias urbanas implementadas na
cidade, assim como a promoção de uma intensa concentração de serviços que atendia à
nova urbanização territorial. Ainda, a quebra do exclusivo metropolitano e a abertura
dos portos às nações amigas imprimiram maior dinamismo econômico à cidade,
resultando na intensificação das suas atividades comerciais e financeiras (Lessa, 2000).
Assim, o Rio de Janeiro, passou a ser, por seus atributos instituídos, o epicentro
cultural e financeiro nacional, além de representar o pólo de trocas comerciais e ser
35
capital do país. Entretanto, não obteve êxito em sua principal atividade produtivo à
época: o café. Perdendo em 1870, posição para São Paulo e Espírito Santo, em virtude
da disponibilidade nestes estados de terras mais adequadas. Contudo, o Rio de Janeiro
não sofreu maiores perdas uma vez que era responsável pelo caráter comercial e de
centralidade política do país (Mello, 2001).
A atual capital fluminense, entretanto, detinha a maior concentração econômica,
social, populacional e cultural à época. Deste modo, no início XIX possuía algum
núcleo industrial, em especial voltado ao serviço do café, além de ter se consolidado
alguns frágeis e múltiplos segmentos industriais voltados para o mercado local. Em
1910 a cidade do Rio de Janeiro já concentrava a maior parte da produção industrial
regional e nacional (Mello, 2001).
A perda de centralidade econômica para São Paulo, segundo Natal (2003) deu-se
neste período, em virtude das maiores possibilidades de inversão de recursos, por parte
da economia paulista, oriundos do capital mercantil e financeiro - ganhos obtidos
através da economia cafeeira. Segundo o autor, o capital pretérito acumulado, teria
engendrado as bases da acumulação capitalista paulista; enquanto no Rio de Janeiro, em
virtude da estagnação anterior da economia cafeeira, este processo não foi alcançado.
Mello (2001) além de considerar esta questão acrescenta que a primeira guerra mundial
favoreceu as perdas da economia fluminense ao prejudicar o comércio importador,
afetando a acumulação local.
Ademais estes fatores, Mello e Considera (1986) apontam que enquanto no Rio
se consolidaram múltiplos e frágeis segmentos industriais voltados ao mercado interno,
em São Paulo consolida-se um perfil industrial voltado para setores mais novos e
tecnologicamente mais adiantados.
Nesta perspectiva, soma-se à maior capacidade de acumulação paulista e aos
impactos da primeira guerra sobre a cumulação industrial fluminense, que a crescente
diferenciação entre as indústrias paulista e fluminense foi devido à incapacidade desta
última de desenvolver setores de ponta em sua economia, ou a não criação de um núcleo
endógeno de inovação. Em outras palavras, enquanto a economia paulista desde os
primórdios da consolidação de sua estrutura produtiva alcançava multifacetados e novos
empreendimentos de maior avanço tecnológico voltados ao mercado externo, a
36
economia do Rio de Janeiro desenvolvia-se sobre frágeis estruturas voltadas ao mercado
interno; e não demorou tornar-se um parque complementar à estrutura paulista.
Assim, ao findar a Primeira Guerra Mundial, São Paulo a despeito da crise
internacional, passa a frente da indústria fluminense, deixando de abarcar 16,5% da
participação da produção industrial do país em 1907 para 33% em 1919, promovendo
uma maior diferenciação e investimento industrial, abarcando setores de ponta e
tecnologicamente mais adiantados. Enquanto a indústria fluminense perde participação
de 40% para 28,4% no mesmo período considerado, com uma produção mais pautada
em produtos tradicionais, e de conformação complementar à paulista (Melo e
Considera, 1986).
Neste sentido, a atual cidade do Rio de Janeiro, apesar de em suas origens ter
sido o centro do desenvolvimento econômico nacional, tendo em vista sua condição de
capital do país, de maneira simplificada, logrou obter maiores perdas de posição para
São Paulo a partir do início do processo industrializante. Entretanto, apesar das perdas o
Rio de Janeiro continuou a obter ganhos reais ainda que em menor proporção a São
Paulo, em virtude de sua centralidade política e por ser a principal unidade de
intermediação financeira do país (Natal, 2004; Mello, 2001; Cano, 2002).
III.1.2. Movimentos após 1960
Durante as cadas de 1960 e 1970 o estado e a cidade continuaram sofrendo
perdas, apresentando, porém, caráter relativo frente às economias nacional e paulista.
Estas foram ampliadas pela transferência da capital para Brasília (1960) e posterior
fusão do estado da Guanabara (atual cidade do Rio de Janeiro) e o Estado do Rio de
Janeiro (1975), em decorrência, respectivamente, da perda do componente autônomo de
receita gerado pelo gasto público e perda de receita advinda da condição peculiar de
município-estado vivenciada pelo Rio de Janeiro (cidade) até 1975 (CIDE, 1997; Silva,
2004).
Não obstante, durante o mesmo período, o estado recebeu benefícios traduzidos
na instalação de diversos institutos de pesquisa que permanecem até a atualidade no
estado, como a COPPE (1963), Centro de Aperfeiçoamento e Pesquisas de Petróleo
(1963) e rebatizado CENPES em 1973, após sua transferência para a ilha do fundão,
Pesagro (1973), Embrapa (1973), CEPEL/Eletrobrás (1974), etc. Além de ter sido
37
beneficiado com investimento na Bacia de Campos, que se tornaria o sustentáculo da
economia fluminense em fins do século XX. Estas instalações somaram-se às outras
instituídas anteriormente como a FIOCRUZ (1908), o Instituto de Pesquisas do Jardim
Botânico (1822), o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas -CBPF (1949), Instituto de
Pesquisas da Marinha (1959), etc.
Ressalta-se, entretanto, que muito embora estes institutos de pesquisa instalados
tenham ampliado enormemente a qualidade das atividades de pesquisa brasileiras, tais
organizações foram criadas para serem utilizadas por empresas estatais e ainda sob a
ótica das maneiras tecnológicas de um paradigma que entrava em declínio
12
nos países
mais avançados. Desta feita, o país e o Rio de Janeiro estavam trilhando caminhos
percorridos por estes países décadas antes.
Neste sentido, quando é deflagrada a partir de 1980 a crise do padrão de
desenvolvimento brasileiro, ao se esgotar a maneira de financiamento interno e externo
do país, o estado do Rio de Janeiro passa a experimentar queda real em seu PIB, em
todos os setores da economia. Este movimento, segundo Natal (2004) é fruto das bases
históricas da estrutura produtiva fluminense voltadas ao mercado interno, fazendo com
que crises recessivas nacionais, repercutissem de maneira singular sobre o Estado.
Assim, a crise da economia fluminense verificada entre 1980 e 1994, pode ser
entendida como uma das facetas da instauração da crise nacional, uma vez que suas
bases estavam voltadas sobremodo ao mercado interno (Natal, 2004). E a atividade de
pesquisa instalada no estado, por estar à época essencialmente voltada às pesquisas
intensivas em energia e, não ao novo paradigma tecno - econômico, viu-se incapaz de
responder à altura dos padrões internacionais de competitividade.
Neste sentido, entende-se também que a crise da economia fluminense foi ainda
agudizada por sua incapacidade de absorver setores de ponta, mais complexos e com
alto valor agregado. Assim, o esgotamento do “Milagre Brasileiro”, desnuda a
fragilidade competitiva da estrutura produtiva da economia fluminense. Nas palavras de
Natal (2004, p. 5), neste período “a economia fluminense, consegue, finalmente, tomar
12
Um caso à parte refere-se a instalação em 1974, no Rio de Janeiro da empresa COBRA- Computadores e Sistemas
Brasileiros, LTDA, através de apoio do BNDE, com vistas à abarcar setores tecnologicamente mais avançados e
garantir a auto-suficiência brasileira em microprocessadores. Entretanto, durante a década de 1980, o objetivo da
empresa sucumbiu, pois o fim da reserva de mercado trouxe as gigantes da informática para o país e o baixo
conhecimento tecnológico brasileiro, não foi suficiente para competir com as mesmas. A COBRA enfim passou a
atuar apenas na prestação de serviços tecnológicos. (Museu da Informática, 2004).
38
consciência de suas históricas e acumuladas fragilidades econômicas, particularmente
de sua estrutura econômica e a da extrema dependência de rendas oriundas do governo
federal”.
E o autor ainda assinala que a crise dessa economia foi sendo gerada ao longo de
cerca de cem anos, e que o padrão anterior de financiamento da economia brasileira,
atrelado ao movimento centralizador gerado pela presença da capital federal no
município-estado, funcionaram como “colchão amortecedor” de sua degradação
econômica; posto que a base para sua perda de competitividade residiu em seu atraso
relativo à economia paulista, epicentro dos setores de ponta do país. Esta crise real
perdura por toda a década de 1980 e primeira metade dos anos 1990. Durante o período
somam-se várias crises- econômica, social, institucional- e foi cunhado o termo “Rio de
todas as crises” por Dain (1990).
III.1.2.Recuperação econômica a partir da década de 1990.
A partir de meados dos anos 1990, contudo, o estado do Rio de Janeiro voltou a
experimentar ganhos expressivos em seu PIB, e, inclusive a ganhar posições na
participação nacional, mostrando sinais de recuperação após o longo período de
estagnação. Ou seja, passou a experimentar ganhos reais e relativos, num movimento
promovido principalmente pelo setor secundário da economia fluminense.
O gráfico III. 1 permite a visualização da participação do estado do Rio de
Janeiro no PIB nacional de 1980 até 2004 e o PIB em valores absolutos. Neste, é
possível observar os movimentos da economia estadual acima comentados, até a
inflexão positiva do indicador após 1990, o que permitiu, inclusive, sua retomada de
participação relativa no PIB. Pode-se ainda inferir que, muito embora o PIB fluminense
alcance valores superiores no início deste século aos observados na década de 1980, sua
participação relativa o volta aos mesmos patamares. Este movimento pode ser
entendido como um reflexo do crescimento de outras economias estaduais, após o
processo de abertura econômica.
39
Gráfico III. 1- PIB fluminense absoluto* e relativo: 1980-2004
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
1
98
0
1
985
1
986
1
98
7
1
98
8
1
989
1
990
1
9
91
1
9
92
1
993
1
994
1
9
95
1
996
1
997
1
9
98
1
9
99
2
000
2
001
2002
2003
2
004
PIB em R$ milhares
0
2
4
6
8
10
12
14
16
(%) do PIB nacional
Participação relativa no PIB PIB em valores absolutos
Fonte: Contas Nacionais, IBGE
*Preços constantes -R$ de 2000. Deflacionado pelo deflator implícito do PIB nacional.
Assim, comparando a economia fluminense apenas com as demais unidades da
federação da região sudeste, a partir da década de 1990, observa-se que também houve
crescimento do PIB em todos os estados. No entanto, em São Paulo a ampliação foi
maior, seguido do Rio de Janeiro, Minas Gerais e, em menor medida do Espírito Santo,
como pode ser observado no gráfico III. 2.
40
Gráfico III. 2- PIB* da Região Sudeste em R$ milhões: 1990 e 2004
0
200
400
ES
MG
RJ
SP
1990 2004
Fonte: Contas Nacionais, IBGE
*Preços constantes -R$ de 2000. Deflacionado pelo deflator implícito do PIB nacional.
As demais regiões do país- Centro-Oeste, Nordeste e Sul -também verificaram
crescimento do PIB no período considerado (ver anexo II). Neste sentido, parece, no
período pós - abertura comercial ter ocorrido, ainda que proporções pequenas, uma
desconcentração da riqueza do país, em favor das demais regiões brasileiras, que
acompanhou a trajetória nacional.
Múltiplos são os fatores explicativos deste fenômeno, dentre estes podemos
destacar a guerra fiscal entre os estados e municípios promovendo a transferência de
plantas fabris para localidades com menores custos; a valorização do câmbio ao
promover maiores ganhos às indústrias de setores mais tradicionais, pela elevação do
valor auferido pelas exportações, além dos fatores estruturais da economia brasileira, já
ressaltados no capitulo I. No entanto, não cumpre aos objetivos deste trabalho investigar
tais questões e as particularidades de cada estado ou município do país, sendo que,
focamos apenas o estado do Rio de Janeiro.
Neste aspecto, o estado, dadas suas condições históricas especificadas, apesar
de não ter abarcado setores de ponta da economia ou um núcleo endógeno de inovação
em seu setor produtivo ao longo de sua história, logrou obter maiores ganhos no PIB
41
após a abertura comercial. Ganhos estes alcançados principalmente pelo setor
secundário da economia fluminense, como já observado anteriormente.
Não obstante, este movimento, como conhecido, foi promovido principalmente
por meio do aumento da produção de petróleo na Bacia de Campos. Sendo assim, ao
observar a dinâmica do setor industrial fluminense, observa-se que até 2000 o
crescimento do PIB fluminense esteve fortemente atrelado à dinâmica do setor
petrolífero que cresceu quase exponencialmente, ao passo que o PIB da indústria de
transformação permaneceu praticamente estável. Neste aspecto, diversos autores,
passaram a criticar o movimento de ‘retomada’ de crescimento do estado, pois este se
apresentava extremamente dependente das rendas auferidas pelo petróleo.
Entretanto, após este ano -2000- a indústria da transformação passa a
experimentar crescentes ganhos no PIB (saltando de R$18,8 milhões em 2000 para
R$34,4 milhões em 2003), parecendo seguir o movimento da indústria de extração de
petróleo e gás, muito embora esta última, alcance valores superiores àquela após 2002.
Assim, embora toda a indústria de transformação fluminense tenha passado a um lugar
secundário na economia do estado, esta ainda permanece apresentando valores
crescentes em seu PIB.
Em que pese a estrutura produtiva da indústria da transformação fluminense
estar assentada em setores mais tradicionais, cujos maiores ganhos, podem ter advindo
do movimento favorável da economia internacional e estar obtendo maiores ganhos em
virtude da política cambial; ainda assim, é relevante seu crescimento, e, atrelado a estes
fatores conjunturais este setor pode ter sido, ainda que indiretamente, beneficiado pelo
crescimento da indústria extrativa mineral em virtude da presença de economias de
escala. No gráfico III.3 é possível observar o movimento comentado do PIB dos dois
setores.
42
Gráfico III. 3- Estimativas do PIB a preços básicos, em valores correntes do
Estado do Rio de Janeiro: 1996-2003(Em R$ milhões).
5
10
15
20
25
30
35
40
1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Total Transformação Extração de Petróleo e Gás
Fonte: Fundação CIDE, Anuário estatístico do Estado do Rio de Janeiro, 2005.
Ademais o crescimento do setor secundário, houve ainda uma grande ampliação
do setor de Prestação de serviços, que mais que dobrou o tamanho do seu PIB entre
1996 e 2003, saltando de R$ 22,46 para R$ 45,8 milhões, ainda que tenha perdido
posição relativa de 24,9% para 21,8%(CIDE, 2005).
O setor de Agropecuária teve seu PIB absoluto ampliado em 114% durante o
período considerado. Da mesma forma, houve uma variação positiva de 351,20% no
PIB do setor de
Produção e Distribuição de Energia Elétrica e também um crescimento
do setor de distribuição de gás, que é um subproduto do setor petrolífero como pode ser
observado na tabela III.1. Neste aspecto, as perdas setoriais relativas parecem advir do
maior volume de rentabilidade do setor petrolífero em relação aos demais, o que,
entretanto não significa que estes tenham obtido crescimento negativo ou pouco
significativo.
43
Tabela III.1- Estimativas do PIB a preço básico, em valores correntes,
diversos setores da economia Fluminense: 1996 e 2003.
PIB
Setores de atividade
1996 2004 Variação
13
(%)
Agropecuária 437280 938325
114,58
Indústria Extrativa e de Transformão 18228194 71875398
294,31
Construção Civil 7145351 11200654
56,75
Produção e Distribuição de Energia
Elétrica
1408203 6353874
351,20
Água e Esgoto 934279 1840412
96,99
Distribuição de Gás 47352 250469
428,95
Comércio 6664886 12560118
88,45
Transportes e Comunicação 6606631 14898714
125,51
Instituições Financeiras 3972124 7912261
99,19
Aluguel de Imóveis 13626657 19289428
41,56
Administração Pública 10118231 16291933
61,02
Prestação de serviços 22967218 45802202
99,42
Total 92156406 209213787
127,02
Fonte: Fundação CIDE. Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, 2005
.
Deste modo, observa-se que atrelado ao crescimento do setor petrolífero, o
Estado assistiu a um crescimento de seu PIB em outros setores, ainda que em menor
proporção àquele. Neste sentido, pareceu-nos tarefa interessante verificar também em
que medida este revigoramento da economia fluminense, interferiu na dinâmica CT&I
estadual. Em outras palavras, se houve uma ampliação das atividades ligadas ao novo
paradigma tecnoeconômico após a abertura comercial, ou se estes ganhos ficaram
circunscritos apenas aos setores mais tradicionais.
Desta forma é possível verificar se a atual onda de ganhos para o estado está
assentada mais uma vez, ou melhor, ainda, em elementos frágeis, ou se tem ocorrido um
movimento auto-sustentado de endogeneização da atividade CT&I, garantidor de uma
efetiva inserção estadual junto às esferas mais competitivas do capitalismo global
através do caráter duradouro de agregação de valor às trocas econômicas.
E, para verificar esta conformação, faremos neste ponto uma avaliação da
competitividade CT&I em território fluminense a partir de meados da década de 1990,
sob a consideração de que a partir da abertura comercial as estruturas produtivas
13
Cálculo: [(2003-1996)/1996]*100
44
nacionais se tornaram mais expostas à competitividade internacional e o faremos através
da elaboração de dois indicadores. Neste aspecto, buscaremos caracterizar o movimento
trilhado pelo estado sob a ótica da inovação tecnológica, tentando responder à questão:
será que o Rio de Janeiro, após o período de abertura comercial foi capaz de absorver
novos elementos dinâmicos de competitividade abarcando o paradigma CT&I?
III. 2. CARACTERIZAÇÃO DA COMPETITIVIDADE FLUMINENSE E
CONSTRUÇÃO DOS INDICADORES-RESUMO
A situação de maior exposição á concorrência internacional a partir da abertura
comercial tendeu a ampliar a necessidade dos estados e regiões a se tornarem mais
competitivos. Esta sessão busca aferir se o Estado foi capaz ou não de abarcar este
elemento dinâmico de competitividade, vis-à-vis às demais unidades da federação.
Para tanto, efetuamos neste ponto uma proposta de elaboração de dois
indicadores compostos a partir da metodologia do Índice de Realização Tecnológica
(IRT) elaborado pelo PNUD (2001). A construção deste índice parte da necessidade de
consolidar os diversos aspectos relacionados ao novo paradigma tecno-econômico,
assentado em elementos competitivos caracterizados essencialmente pela absorção de
conhecimento e inovação às relações produtivas
14
.
Sua relevância consiste na dificuldade em se verificar de maneira conjunta as
dimensões multifacetadas que compõe a competitividade, sob a ótica CT&I além de
fornecer uma medida resumo deste aspecto. Neste sentido, buscou-se junto a fontes de
literatura sobre o tema captar elementos que poderiam fornecer uma aferição mais
apurada do fenômeno. E, em seguida, foi efetuada uma avaliação das condições reais de
disponibilidade de dados junto a fontes brasileiras, de modo a utilizar bases
reproduzíveis para anos posteriores com vistas a avaliações contínuas das unidades
estaduais.
Ressalta-se, entretanto, a parca disponibilidade de dados para o período anterior
à 2000, uma vez que neste ano foi divulgada pelo IBGE a primeira Pesquisa Industrial
de Inovação Tecnológica (PINTEC), de modo a poder caracterizar a dinâmica
competitiva das empresas brasileiras, em nível estadual. O recente reconhecimento por
14
Rocha e Ferreira(2004), utilizam proposta metodológica semelhante porém sobre bases de dados não
anualizadas e somente com a finalidade de ranquear estados da região Sudeste
45
parte do governo brasileiro sobre a questão da endogeneização de atividades
competitivas parece ser uma das razões para esta lacuna. Sendo assim, é de difícil
conformação, a construção de séries históricas para datas anteriores a 2000 sobre o
tema.
A partir desta data também é possível encontrar alguns indicadores consolidados
pela equipe do MCT através de tabulações especiais do Serviço Federal de
Processamento de Dados - SERPRO, advindos de diversas fontes nacionais, como o de
concessão de marcas e patentes do INPI, gastos com CT&I e P&D do Tesouro
Nacional, e, inclusive, muitos da PINTEC. Entretanto, tais indicadores não permitem a
conformação de séries históricas, além de serem duramente criticados por pesquisadores
do tema quando observados individualmente por não alcançarem a amplitude do
fenômeno. Ademais, a observação individual de cada indicador é extensa e, torna-se na
maioria das vezes exaustiva de maneira que, a proposta de construção de indicadores
resumo, visa justamente fornecer um medida que possibilite uma síntese do olhar sobre
o tema. Além de propiciar ferramentas para investigações futuras.
Desta forma, buscamos cotejar diretamente algumas informações junto a órgãos
específicos, como INPI, FINEP e CNPQ, de modo a encontrar medidas proxy das
dimensões pesquisadas. E, com o intuito de incorporar as novas informações
disponíveis a partir de 2000, serão construídos dois indicadores que serão denominados
Índice de Ciência e Tecnologia -IC&T- e Índice de Ciência Tecnologia e Inovação-
ICT&I. Ademais, tais indicadores lograrão incorporar os múltiplos aspectos que
envolvem a temática. A metodologia utilizada pelo PNUD considerou os valores
mínimos e máximos de todos os países como balizas
15
, para os indicadores propostos
utilizam-se valores anuais para todos os estados da federação de forma que o cálculo do
índice final será uma medida relativa da posição CT&I do estado do Rio de Janeiro em
relação às demais unidades da federação.
15
Para maior detalhamento da metodologia do IRT ver PNUD(2001).
46
III. 2.1. DIMENSÕES DOS INDICADORES
O IC&T teve suas bases fundamentadas sobre o tema, conforme discutido na
sessão 2 do primeiro capítulo. Neste aspecto, procurou adensar informações que fossem
capazes de aferir (i)o nível da produção científica e tecnológica do estado, (ii) a
qualidade dos recursos humanos ocupados e (iii) o dispêndio às atividades CT&I e P&D
da esfera governamental. Este indicador avalia o período compreendido entre 1995 e
2005 segundo as dimensões explicitadas.
Um quarto aspecto desejável seria a mensuração de como as empresas tem se
comportado diante deste novo paradigma ou mesmo se estas têm sido capazes de
absorver estes elementos dinâmicos de competitividade. Entretanto, como ressaltado
anteriormente sobre a indisponibilidade de dados desta natureza para períodos anteriores
a 2000, abordamos esta dimensão (denominada inovações empresariais) apenas para
anos posteriores, quando da realização da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica -
PINTEC - do IBGE e o Panorama de Incubadoras de Empresas e Parques Tecnológicos
da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores-
ANPROTEC.
Esta nova dimensão em conjunto ao IC&T formou o ICT&I, que está disponível
apenas para o período compreendido entre 2000 e 2005. A figura I aponta
esquematicamente a intenção do ICT&I através de suas quatro dimensões consideradas,
sendo também de fácil compreensão o IC&T, a partir da retirada da dimensão IV.
47
Figura III.1- Dimensões do ICT&I estadual
III. 2.2. Base de dados
Foram selecionados criteriosamente indicadores primários que fossem capazes
de mensurar cada uma dessas dimensões, de diversas fontes de dados conforme
necessário, com vistas a criar um painel abrangente de indicadores. Contatamos assim,
diretamente diversos órgãos, para cotejar informações mais factíveis possíveis e
também mais próximas do período 1995-2005, conformando uma base de dados
composta por 10 indicadores.
Sendo que para aquelas inacessíveis para todo o período de abrangência da
pesquisa, que representavam na base de dados construída, valores faltantes ou missing
values, trabalhamos com o método de imputação de valores conhecido como hot deck
imputation. Este método consiste na utilização de dados do ‘vizinho mais próximo’
como doador de informações, de modo que utilizamos esta metodologia apenas para
Inovações
Empresariais (IV)
Recursos humanos
qualificados (II)
Dispêndio em C&T e
P&D (III)
Produção Científica e
Tecnológica (I)
48
períodos inferiores a dois anos, e cada procedimento desta natureza encontra-se
explicitado de forma prática junto à definição dos indicadores.
Esta técnica simples apresenta satisfatórias propriedades para estimação de
parâmetros, encontrando respaldo na literatura corrente conforme pode ser verificado
em Seastrom, Kaufmann e Lee (2003) e Soares (2007). E para verificação de outras
metodologias para imputação de valores ver Pessoa(2007) e Salvucce e Cohen(1998) .
Abaixo segue a definição de cada dimensão e seus respectivos indicadores.
1. Dimensão I: Nível da produção científica e tecnológica do estado
Para esta dimensão foram selecionados três indicadores existentes na base de
dados brasileiros, comparáveis entre os estados, capazes de identificar o nível da
produção científica e tecnológica do estado
16
. As fontes utilizadas foram os censos
CNPQ, IBGE e o INPI.
a. Número de Patentes por milhões de habitantes: Este indicador pretende
fornecer uma medida do grau de atividade inovativa do estado, por meio da concessão
de patentes do INPI, considerando que o estado implementou um produto inédito no
mercado. A informação foi obtida mediante tabulações especiais do INPI calculados em
conjunto sobre informações populacionais do IBGE (contagem populacional 1996 e
censo 2000).
b. Artigos completos publicados em periódicos especializados de
circulação nacional e internacional: Este indicador procura aferir a produção
intelectual do estado expressa através de publicação científica. Os dados foram
fornecidos pelo CNPQ, através de censos bianuais, sendo que para os anos em os
mesmos não foram realizados, utilizamos as médias dos anos onde foram realizados
censos. Ressalta-se que esta base de dados CNPQ, muito embora seja de livre digitação,
o que pode levar a subestimação dos dados, tem sido amplamente utilizada por
pesquisadores do tema e se apresentado como importante fonte de informações
nacionais.
16
Entretanto, informações relevantes presentes na PINTEC não foram utilizadas, uma vez que estes dados
estão disponíveis apenas a partir de 2000, e serão utilizadas na dimensão IV para construção do ICT&I.
49
c. Software e produtos tecnológicos sem registro e/ou patente por
milhões de habitantes. O indicador também obtido através dos censos CNPQ foi
utilizado como forma de apurar o volume de produção tecnológica não cadastrada junto
ao INPI, entendendo ser este também uma parcela importante de inovação tecnológica
ainda não cadastrada. O mesmo foi calculado através de dados dos Censos CNPQ e
informações populacionais do IBGE (contagem populacional 1996 e censo 2000).
2. Qualidade dos recursos humanos ocupados
Esta dimensão visa quantificar a qualidade dos recursos humanos empregados
por estado. Não inclui, portanto, informações de toda população estadual mas daquela
imersa no tecido produtivo. E sua utilização justifica-se pela possibilidade de mensurar
a questão do conhecimento tácido embutido nas relações produtivas, tal como proposto
na literatura recente, sobre formas não tradicionais de competitividade. Ainda nesta
dimensão optamos por não incluir a dimensão populacional, pois tendeu a enviesar os
dados em favor da capital do país com notada presença de mão - de - obra qualificada
em virtude de sua posição de governo Federal.
a. Ocupações tecnológicas por 10 000 ocupações: Este indicador idealizado
por Suzigan (2004) tem por objetivo avaliar a posição do estado em termos de seus
recursos humanos empregados, por estes serem detentores de conhecimentos tácidos
embutidos nas relações produtivas, sendo elementos centrais e garantidores da
competitividade empresarial no médio e longo prazo. Sua relevância reside em mesurar
os trabalhadores qualificados presentes no mercado empresarial. Estes dados foram
obtidos através da RAIS e inclui ocupações como engenheiros, físicos, químicos e
afins
17
.
b. Percentual de Pesquisadores: Obtido a partir dos censos CNPQ, objetiva
mensurar o número de pesquisadores por estados da federação, de modo a verificar a
evolução da distribuição espacial destes profissionais ao longo da década considerada.
E, sendo os censos bianuais, para o intervalo em os mesmos não foram realizados,
utilizamos as médias dos anos limite onde estes foram implementados.
17
As ocupações foram selecionadas a partir da Classificação Brasileira de ocupações (CBO)/RAIS e
encontram-se detalhadas no anexo III.
50
3. Dispêndio às atividades CT&I e P&D da esfera governamental.
Esta dimensão visa aferir a destinação espacial das verbas governamentais em
apoio às atividades de pesquisa e inovação, sendo composta por dois indicadores.
Ressalta-se, que apesar de ser desejável a observação em conjunto dos gastos públicos e
privados, lembramos que não existem dados empresariais em nível estadual para anos
anteriores a 2000. Entretanto, pode-se considerar esta uma medida confiável, uma vez
que cerca de 60% destes gastos no país são financiados pelo governo (OECD, 2006).
a. Percentual de investimentos do CNPq realizados em bolsas e no
fomento à pesquisa e da Capes em programas de pós-graduação: o indicador foi
calculado através da soma dos referidos dispêndio CAPES e CNPQ, obtidos
diretamente junto a cada órgão em conjunto com dados populacionais do IBGE
(contagem populacional 1996 e censo 2000). Tem por objetivo avaliar a alocação
estadual de recursos no fomento à pesquisa científica e pós-graduação.
b. Percentual de liberações realizadas pelos Fundos Setoriais
18
,
integrantes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(FNDCT): Este indicador tem por objetivo apontar a alocação de recursos destinada à
inovação tecnológica e pesquisa científica realizada por universidades e outros órgãos
de pesquisa públicos e sem fins lucrativos, sendo calculado através de tabulações
especiais da FINEP. Ressalta-se porém que o período real de disponibilidade dos dados
foi de 1996 a 2005, e, assim, para o ano de 1995 utilizamos os dados de 1996 como
medida proxy. Pondera-se ademais que a origem destes recursos advém do faturamento
das empresas sobre o resultado da exploração de recursos naturais ou da cobrança de
royalties pela transferência de tecnologia.
18
Fica à parte apenas o FUNTEL por ser gerido pelo Ministério das Comunicações.
51
4. Inovações empresariais
Esta dimensão visa quantificar a questão da inovação empresarial, entendendo
ser a evolução desta imprescindível à consolidação de uma efetiva competitividade.
Para tanto são utilizados três indicadores primários oriundos da PINTEC e da
ANPROTEC, ressaltando que esta dimensão compreende apenas o período 2000-2005,
São eles:
a. Percentual de empresas inovadoras: Formulado a partir de informações
da PINTEC, pretende apontar o volume de empresas inovadoras
19
em relação ao total do
estado. Sendo que empresas consideradas inovadoras são aquelas selecionadas no
âmbito do desenho amostral que afirmam ter implementado produto e/ou processo
tecnologicamente novo no triênio de referência da pesquisa. Cumpre ressaltar ainda que
o resultado da pesquisa foi divulgada para ao anos 2000, 2003 e 2005, sendo que para
2001, 2002, e 2004, utilizamos as médias imediatamente anteriores dos anos para os
quais foram realizados a pesquisa
20
.
b. Percentual de gasto com P&D de empresas inovadoras em relação à
receita líquida de venda: Este indicador primário formulado a partir de dados da
PINTEC, busca aferir o esforço das empresas inovadoras em termos de P&D,
comparativamente aos ganhos auferidos em sua receita líquida. Da mesma forma que o
indicador anterior, utiliza as médias dos valores limites, para estimar os gasto ocorridos
no período em que não houve a pesquisa.
c. Número de Incubadoras de empresas: Revela o número de incubadoras de
empresas por estado, entendendo serem estas berços de empresas tecnologicamente
mais avançadas, o que propiciaria a execução de atividades inovativas. Este dado advém
da consolidação de diversos Panoramas ANPROTEC, que são estudos anuais realizados
em âmbito nacional pela referida instituição.
III.2.3. Metodologia para transformação dos dados
19
De acordo com definição da pesquisa: “A inovação tecnológica se refere a produto e/ou processo novo
(ou substancialmente aprimorado) para a empresa, não sendo, necessariamente, novo para o
mercado/setor de atuação, podendo ter sido desenvolvida pela empresa ou por outra
empresa/instituição.”(PINTEC, 2005)
20
Esta medida de aproximação apresenta-se ainda mais factível, uma vez que a PINTEC utiliza como
período de referência os três anos imediatamente anteriores para fins de consolidação dos dados. Assim,
por exemplo, para a pesquisa de 2000, foram consideradas informações sobre implementação de
atividades inovativas realizadas durante o período 1998-2000.
52
Sobre estes indicadores explicitados, aplicou-se a metodologia utilizada pelo
PNUD para transformação das variáveis com vistas à elaboração do IC&T e do ICT&I.
Como assinalado anteriormente, esta metodologia trata-se de um procedimento simples
que primeiramente transforma todos os indicadores primários em valores situados entre
0 e 1, objetivando fornecer informações em uma mesma escala. E, ainda a vantagem da
escolha deste procedimento situa-se na não geração de escores negativos, como o
verificado na transformação de variáveis por z escores, facilitando assim a leitura dos
indicadores por atores nem sempre acostumados à linguagem matemática.
As balizas para esta transformação serão os valores máximos e mínimos
verificados em todos os estados da federação para o período entre 1995 e 2005, de tal
forma que para cada ano teremos uma medida relativa da posição estadual para cada
indicador. Assim, primeiramente, utiliza-se o procedimento I para transformação de
todas as variáveis em valores situados entre 0 e 1.
I
iju
= (X
iju
- X
iju
min) / (X
iju
ma - X
iju
min
) (procedimento I)
Onde:
I: indicador primário transformado em valores entre 0 e 1
X: Valor observado por indicador
Xmin: Menor valor observado
Xmax: Maior valor observado
i: Cada indicador; j: Cada Estado; u: Cada ano
Em seguida, para cada dimensão, calcula-se o respectivo indicador, através de
uma média simples dos indicadores da dimensão, a fim de verificar o comportamento
estadual por tema. Ressalta- se ainda que a escolha deste procedimento efetuado pelo
PNUD está ligada à inconveniência de se atribuir pesos aos indicadores primários,
considerando a questão CT&I multifacetada sem, no entanto, seus pares serem passíveis
53
de atribuições de importância, ainda que subjetivas. Assim, em termos formais temos
que:
ID
ju
=
X
( I
iju
) (Procedimento II)
Onde:
ID: Índice da dimensão
X
(I): Média dos índices de cada dimensão
i: Cada indicador; j: Cada Estado; u: Cada ano
Por fim, para a confecção do índice composto de CT&I e ICT&I procedeu-se a
média dos índices das dimensões conforme explicitado no procedimento III, de tal
forma que os indicadores finais são valores entre 0 e 1 e representam a posição relativa
do estado sobre o tema. Relembrando que o IC&T compreende o período 1995-2005,
sem, no entanto, abarcar a dimensão IV, ao passo que o ICT&I, engloba esta última
porém, apresenta resultados apenas para o período 2000-2005.
ICT&I =
X
ID
ju
(procedimento III)
IC&T =
X
ID
ju
Onde:
ICT&I: Índice de Ciência Tecnologia e Inovação
IC&T : Índice de Ciência e Tecnologia
X
ID: Média dos índices da dimensão
j: Cada Estado; u: Cada ano
Sendo que para,
IC&T: u = 10; j = 30; i = 7
54
ICT&I: u = 5; j = 30; i = 10
III. 2.2. Resultados
Apresentaremos nesta sessão os resultados obtidos pelos indicadores formulados
com vistas a verificar se o estado a partir do processo de abertura comercial foi capaz de
internalizar elementos dinâmicos competitivos de CT&I. E, assim averiguar se os atuais
ganhos do PIB estadual tem impactado positivamente o setor produtivo estadual.
Os primeiros resultados verificados pelos indicadores foram aqueles relativos às
suas posições dentro de cada dimensão. Sobre a Dimensão I - Produção Científica e
Tecnológica
21
-, observa-se no gráfico III. 5 que o estado está entre os quatro mais bem
posicionados do país e aumentou sua participação no período analisado em cerca de
22%, passando de uma posição relativa de 0,37 para 0,46. Entretanto, está posicionado
em quarto lugar no ranking nacional, mantendo-se sensivelmente distante da liderança
paulista e catarinense, além de o Rio Grande do Sul ter apresentado um crescimento de
42% em sua posição relativa no mesmo período.
Gráfico III. 5 - Produção Científica e Tecnológica -Dimensão I
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Rio Grande do Sul Rio de Janeiro Santa Catarina São Paulo
21
Os resultados consolidados para todos os estados da federação encontram-se no anexo IV.
55
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
Sobre a dimensão II, correspondente à qualidade dos recursos humanos
empregados, verifica-se no gráfico III. 6 que mais uma vez São Paulo encontra-se na
liderança e o Rio de Janeiro desta vez encontra-se em segundo lugar. Assim, observa-se
que ambos os estados o líderes nacionais em relação à presença de pesquisadores e
ocupações tecnológicas, seguidos agora do Distrito Federal
22
e Santa Catarina. Já a
queda observada para todas as unidades, longe de representar perdas reais aos referidos
estados, representam apenas perdas relativas às demais unidades da federação, num
processo de maior qualificação da mão-de-obra ocupada no país observado em todas as
regiões, conforme pode ser verificado no anexo V.
Cumpre ressaltar, entretanto, que de acordo com a RAIS em 2005, cerca de 80%
da força de trabalho do estado ligado à área tecnológica, estava concentrada na
microrregião do Rio de Janeiro que é composta pela capital do estado e sua região
metropolitana. Este movimento de macrocefalia fluminense (Ajara, 2006), precisa
ademais ser analisado com cautela, uma vez que este é fruto de uma concentração
histórica de serviços urbanos complexos, instituições de ensino e pesquisa, além de um
grande número de empresas estatais em torno da capital.
22
O posicionamento em termos de recursos qualificados de Brasília é derivado principalmente de sua posição de
Capital do país, o que lhe confere um maior aporte de profissionais qualificados.
56
Gráfico III. 6 - Recursos humanos empregados - Dimensão II
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Distrito Federal Santa Catarina Rio de Janeiro São Paulo
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
o movimento observado no que tange aos dispêndios governamentais em
C&T,
23
o Rio de Janeiro também ocupa segundo lugar no ranking, em que pese a sua
participação elevada em números de Universidades e Institutos de Pesquisa dentro do
contexto nacional. Sua posição, entretanto, mantém-se relativamente estável durante o
período considerado, enquanto São Paulo permanece líder absoluto nacional
permanecendo sob o indicador 1 desde 2003, conforme dados da tabela III.2.
Tabela III. 2-Dispêndios Governamentais em C&T-Dimensão III
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
SP 1,00
1,00
0,91
0,94
0,99
0,67
0,82
0,77
1,00
1,00
1,00
RJ 0,77
0,77
0,77
0,78
0,80
0,82
0,73
0,82
0,66
0,61
0,71
RS 0,26
0,26
0,20
0,17
0,46
0,18
0,21
0,21
0,34
0,37
0,18
MG
0,28
0,28
0,25
0,25
0,25
0,19
0,17
0,25
0,19
0,21
0,16
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
Assim, através da união das três dimensões explicitadas, a despeito da baixa
produção científica e tecnológica fluminense, o estado, na média, permanece durante
toda a década em segundo lugar no ranking nacional de Ciência e Tecnologia como
23
Os dados consolidados para todos os estados encontram no anexo VI.
57
pode ser observado no gráfico III.7. Apenas, a partir de 2001 o Rio de Janeiro parece
apresentar uma queda neste indicador de 0,7 para 0,59. Entretanto, como este dado é
relativo observa-se que os quatro primeiros estados na federação líderes em C&T
também lograram perder participação a partir do mesmo período, indicando um ligeiro
aumento das demais unidades estaduais sobre o tema proposto;. o que pode ser
verificado no anexo VII, onde encontram-se os índices consolidados para todos os
estados brasileiros.
Gráfico III. 7 - IC&T
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Rio Grande do Sul Santa Catarina Rio de Janeiro São Paulo
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
Ressalta-se, porém, que o posicionamento fluminense retratado até o presente
momento, figura apenas sobre a questão da Ciência e Tecnologia, e não sobre seu
transbordamento ao setor empresarial sob a ótica da inovação. Este dado, como já
explicitado somente foi passível de compilação a partir de 2000.
Neste sentido, a inclusão do setor empresarial, mostra uma nova faceta da
situação fluminense no cenário nacional de CT&I, onde diversos estados passam a
assumir posições a frente. Na dimensão IV denominada inovações empresariais então, o
Rio de Janeiro passa a assumir uma posição de lanterna frente às demais unidades da
federação. Ressalta-se que esta dimensão é composta, em sua maioria de dados da
58
PINTEC, conforme explicitado na sessão 2.1 deste capítulo, e, dois aspectos
importantes precisam ser levados em consideração:
(i) o plano amostral da PINTEC foi selecionado a partir do Cadastro de
Empresas (CEMPRE) do IBGE, sendo que dentro deste banco de
dados foram selecionadas previamente empresas que tivessem maior
probabilidade de serem inovadoras, através de informações auxiliares
contidas em outras fontes de dados como por exemplo aquelas que
possuíam patentes registradas junto ao INPI, aquelas empresas
constantes no cadastro de empresas incubadas, etc;
(ii) As pesquisas de 2000 e 2003, abarcaram apenas empresas do setor da
indústria da transformação ao passo que a de 2005 passou a
incorporar o setor de serviços na verificação do tema sobre inovação.
Estes dois aspectos são relevantes para identificar que a baixa participação do
estado do Rio de Janeiro não é comprometida por nenhum tipo de questão amostral,
antes muito pelo contrário são justamente selecionadas aquelas com maior
probabilidade de inovar dentro do Cadastro de Empresas (CEMPRE/IBGE); e a
inclusão do setor serviços deveria em tese, ampliar a participação fluminense sobre a
questão da inovação, uma vez que o estado apresenta um dos mais dinâmicos e
complexos setores terciários do país.
A análise da dimensão IV através da tabela III.3 mostra a posição diferenciada
no estado no tocante à inovação empresarial. Enquanto em São Paulo, Santa Catarina e
Rio Grande do Sul as inovações empresariais parecem seguir a tendência observada nas
demais dimensões, o indicador fluminense que já era baixo em 2002 (0,25), em 2005 cai
para 0,14, perdendo não somente posição relativa, mas também absoluta.
Tabela III. 3- Amplitude das Inovações Empresariais: Dimensão IV
2000
2001
2002
2003
2004
2005
São Paulo 0,75
0,67
0,58
0,51
0,68
0,76
Santa Catarina 0,52
0,52
0,51
0,39
0,71
0,40
Rio Grande do Sul
0,73
0,80
0,80
0,79
0,53
0,70
Rio de Janeiro 0,25
0,06
0,10
0,07
0,08
0,14
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
59
Assim o ICT&I, que incorpora a dimensão IV, mostra não uma estabilidade da
posição fluminense entre 1995 e 2005 como aquela verificada no âmbito C&T. Antes, a
inclusão do componente inovação empresarial à análise, logrou acarretar perdas ao
estado em relação às demais economias estaduais. Sua posição de segundo lugar
nacional sob a ótica C&T decresce para terceiro lugar quando incorporada a dimensão
inovativa empresarial CT&I, em benefício do Rio Grande do Sul, como pode ser
observado no gráfico III.8.
Gráfico III. 8 - ICT&I
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Santa Catarina Rio Grande do Sul Rio de Janeiro São Paulo
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
Não obstante, quando analisados em conjunto o IC&T e o ICT&I para o Rio de
Janeiro, observa-se um gap entre as duas medidas onde o primeiro, em 2005, por
exemplo, se situava em 0,59 e, o segundo indicador cai, no mesmo período para 0,47.
São Paulo, por outro lado, segue mantendo a liderança nacional e, em que pese um
ligeiro distanciamento entre os indicadores durante o período verificado, logra reduzi-lo
finalizando o período com ambos em níveis similares, em torno de 0,75.
60
Gráfico III. 9- IC&T x ICT&I: Rio de Janeiro e São Paulo
Rio de Janeiro
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
2000 2001 2002 2003 2004 2005
ICT&I IC&T
São Paulo
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
2000 2001 2002 2003 2004 2005
ICT&I IC&T
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração Própria.
Neste aspecto, observa-se que muito embora o estado do Rio de Janeiro tenha
mantido sua participação de segundo lugar em termos C&T no ranking nacional, não
ocorreu na década imediatamente posterior ao período pós- abertura comercial, um
efetivo transbordamento de atividades de P&D às empresas fluminenses. Estas ainda
encontram-se muito ligadas ao setor tradicional de produção o que caracteriza a
economia do estado como pouco competitiva e inovativa em termos do novo paradigma
produtivo.
Este conjunto de informações parece mostrar que muito embora as atividades de
pesquisa ainda não tenham logrado promover inversões ao setor empresarial, estas
podem, se houver uma utilização adequada desta infra-estrutura, alavancar o setor
61
produtivo fluminense. Por outro lado, caso permaneça essa subutilização de capacidade
tecno-científica no estado, ao que parece, a economia fluminense dentro em breve
logrará perder participação na economia nacional quando da inflexão da lucratividade
das atividades extrativas, uma vez que estas são esgotáveis e não-renováveis.
No entanto, embora relevante a utilização destes indicadores como medidas
resumo para a mensuração do tema, é útil a observação de outras variáveis transversais
com vistas a ampliar a visão sobre a situação fluminense. Neste sentido, na próxima
sessão, serão discutidas algumas destas variáveis, que pretendem apontar outras
questões inerentes ao fenômeno.
III. 3. CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESPAÇO FLUMINENSE
De uma maneira geral, os demais estados da federação parecem seguir a lógica
de que a qualidade dos recursos humanos empregados, os dispêndios governamentais
com C&T e a produção Científica e Tecnológica gerada por universidades e Institutos
de Pesquisa, são diretamente proporcionais a atividades empresarias mais inovativas e
competitivas. Entretanto, o Rio de Janeiro apesar de possuir uma atividade de pesquisa
básica intensa, esta encontra-se pouco aplicada e/ou conectada ao setor empresarial, o
que pode ser verificado através do grande volume de mão- de- obra de nível tecnológico
empregada, em contraposição à sua taxa de empresas inovadoras. Assim, o Estado não
logrou ainda convergir os maiores ganhos experimentados após a abertura comercial às
atividades produtivas de maior conteúdo tecnológico.
Entretanto, esta constatação pode ser ponderada sob a ótica de que o estado
poderia ainda estar em estado de maturação de suas atividades de pesquisa, o que
propiciaria no futuro maiores ganhos ao setor empresarial, ou seja, as atividades
inovativas ainda estariam em um estado de latência. Neste aspecto, poderia estar
ocorrendo um movimento, que no longo prazo traria benefícios ao setor produtivo.
Sobre esta proposição, verifica-se que entre 2002 e 2004, o Rio de Janeiro, teve
grande ampliação do número de empresas que realizaram interações com grupos de
pesquisa de universidade e Instituições de pesquisa, expresso num volume 42 vezes
superior, segundo os dois últimos censos de grupos de pesquisa cadastrados no CNPQ
24
,
24
Ressalta-se que esta base de dados do CNPq é de livre digitação, o que pode provocar certas distorções
nas informações fornecidas. Não obstante, tem se apresentado como importante ferramenta de análise,
62
enquanto para os demais estados este crescimento não tenha logrado alcançar tal
magnitude.
Tabela III.4- Interação Empresa- Universidade
2002
2004
2004/2002
São Paulo 155
783
5,05
Rio Grande do
Sul 29
311
10,72
Distrito Federal 55
106
1,93
Rio de Janeiro 6
252
42,00
Fonte: Plano Tabular, CNPQ versão 5.0
Ainda nesta perspectiva, observa-se que houve uma sensível ampliação do
número de empresas relacionadas às atividades de informática registradas na RAIS
divisão CNAE/95 COD. 72, que Suzigan (2007) denominou atividades TICs
25
. A
análise de sua variação após a abertura comercial é relevante por demonstrar a
apropriação por parte da economia estadual, das atividades relacionadas ao atual
paradigma tecnológico baseado na microeletrônica e nas novas Tecnologias de
Informação e Conhecimento (TICs).
Considera-se, ademais, que tais atividades são transversais à praticamente todos
os setores produtivos atualmente, e a verificação do número de empresas que atuam
direta e exclusivamente com este setor nos fornece um proxy desta medida. Sendo
assim, verifica-se que o Rio de Janeiro apresenta um crescimento absoluto de 1495 para
2088 empresas, e, muito embora este valor seja sensivelmente inferior à o Paulo (que
passou de 3713 para 6231), o estado opera em veis bem superiores à média nacional
que aumentou apenas de 375 para 731, como pode ser observado no gráfico III. 10.
tendo sido utilizada em diversas pesquisas sobre a temática, na ausência de uma base de dados nacional
mais adequada. Ainda, a qualidade das informações é a mesma para todos os Estados, uma vez que as
probabilidades de distorções são equiprováveis.
25
Este interessante indicador formulado por Suzigan(2005), permite uma acurada investigação espaço-
temporal a cerca da evolução das atividades ligadas às novas TICs por meio da base RAIS.
63
Gráfico III.10- mero de empresas relacionadas à atividades TICs: Rio de
Janeiro, São Paulo e média Brasil (1995 e 2005)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
RJ SP Média Brasil
1995 2005
Fonte: RAIS
Ademais, acrescenta-se que entre 1999 e 2007 foram graduadas, de acordo com
a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro (REDETEC), 100 empresas após a incubação,
sendo que entre estas 40% estavam ligadas ao setor de Soluções e Consultorias de TI
empresarias. Movimento este, aliado ao crescimento das empresas TICs que pode
indicar uma consolidação no estado de uma estrutura mais ligada á Tecnologia da
Informação, e, portanto, dotando de elementos mais competitivos o setor produtivo. No
entanto, verifica-se que setores como o de Biotecnologia e Fármacos, Desenvolvimento
e Comercialização de novos Produtos Industriais, etc., apresentam participação residual.
64
Tabela III. 5: Empresas graduadas após incubação entre 1999 e agosto de
2007.
Setores
Número
de empresas
(%)
Soluções (e consultorias) TI empresariais* 40
0,40
Cooperativas prestadoras de serviço 8
0,08
Biotecnologia a fármacos 5
0,05
Áudio visual/produção cinematográfica 5
0,05
Automação industrial/ novas tecnologias para processos
industriais 10
0,10
Desenvolvimento e comercialização de novos produtos
industriais 3
0,03
Acessoria técnica de engenharias 5
0,05
Demais Consultorias** 12
0,12
Outros 12
0,12
Total*** 100
1,00
*Incluindo web design, e - learning e desenvolvimento de softwares para rastreamento de
veículos.
**Consultorias ambiental, gestão empresarial, farmacêutica e telecom
***Temos 105 empresas cadastradas na base. No entanto 5 não disponibilizam endereço
e 3 são de São Paulo.
Fonte: Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro. Elaboração Própria.
Observa-se também ainda, de acordo com informações da RAIS, que houve no
estado uma sensível ampliação de Institutos de Pesquisa, sendo que esta base de dados
considera individualmente as diferentes entradas de institutos de pesquisa dentro de uma
mesma instituição. Sendo assim, verifica-se que o Rio de Janeiro apresenta um
crescimento absoluto de 59 para 66 empresas. E não obstante, este valor seja
sensivelmente inferior à São Paulo (que passou de 108 para 168), o estado opera em
níveis bem superiores à variação da média nacional que foi ampliada de 14 para 22.
Por outro lado, uma informação qualitativa sobre a natureza das atividades de
C&T fluminenses a partir da observação de dados sobre a liberação de Fundos Setoriais,
pareceu-nos relevante, uma vez que durante o período considerado foram ampliados em
mais de 100% os recursos destinados à esta finalidade. Neste sentido, observou-se que,
no Rio de Janeiro em 2005, apenas cerca de 14% destes recursos foram destinados ao
desenvolvimento de novos produtos e processos, sendo que o restante foi destinado à
manutenção de laboratórios (cerca de 24%), realização de feiras, congressos e eventos
acadêmicos (9,5%) e o restante destinado à outras realizações como apoio à realização
de políticas e etc. (www.finep.gov.br).
65
Entretanto, em São Paulo existe uma configuração de destinação destes recursos
qualitativamente superior, onde cerca de 37% são alocados em processos de P&D de
novos produtos e/ou processos, 2% foi alocado para a realização de evento acadêmicos
e o restante alocados em atividades de recuperação de laboratórios, universidades e
atividades correlatas. Neste aspecto, evidencia-se maior participação qualitativa do
estado de São Paulo na produção científico-tecnológica do país (www.finep.gov.br).
Assim, após a verificação da década imediatamente posterior à abertura
comercial, propiciada pelos indicadores IC&T e ICT&I, sobre o tema proposto,
pudemos apenas dimensionar o fenômeno, sem no entanto, poder chegar a explicações
conclusivas sobre as causas deste gap verificado entre a ciência e tecnologia e a
inovação no espaço fluminense. Para conclusões mais contundentes seria necessária a
execução de uma pesquisa junto aos institutos de pesquisa fluminenses a fim de avaliar
as condições de operacionalização de suas atividades, o que deixamos como sugestão
para investigações futuras.
Entretanto, algumas características da estrutura produtiva fluminense podem nos
fornecer algumas ‘pistas’, e, assim, também consideramos relevante sistematizá-las, a
saber: (i)esta reflete uma atividade de pesquisa bastante voltada ao segmento de
empresas públicas como Eletrobrás, Petrobrás, FioCruz, Embrapa etc.;(ii) aliada a um
setor produtivo, em grande medida ligado à atividades mais voltadas ao segmento
tradicional, assim como montadoras de veículos, e, grandes grupos multinacionais -
portanto utilizando tecnologia de seus países de origem e (iii) possui como característica
a função de ‘exportadora’ de alguma tecnologia e mão-de-obra qualificada da a outras
unidades da federação com um setor empresarial mais atuante como São Paulo e Rio
Grande do Sul.
III. 3.1. Breve discussão sobre as disparidades regionais do espaço
Fluminense
Em que pese ainda todos os fatores considerados até o momento, assertamos a
grande concentração territorial das atividades C&T em território fluminense, que
66
acompanham também outros diversos indicadores
26
. Configuração esta, característica de
suas bases históricas de desenvolvimento econômico e territorial, circunscritos à cidade
do Rio de Janeiro e seu entorno metropolitano. Neste aspecto, a capital do estado é a
sede da maior parte dos centros de pesquisa, universidades e laboratórios do país.
Não obstante, esta grande assimetria espacial de atividades CT&I, verificou-se,
através da análise dos dados que após o processo de abertura comercial, combinado com
os maiores ganhos auferidos pelo setor extrativo mineral, as demais unidades regionais
fluminense, passaram a apresentar um maior dinamismo. Assim observa-se que entre
1996 e 2004 ocorreu um movimento de crescimento do PIB em todas as regiões de
governo do estado, o que pode indicar que embora a Região Metropolitana continue
detendo a maior parcela da riqueza estadual (63% em 2004), as demais regiões têm
logrado experimentar ganhos reais em suas economias.
O gráfico III.11 demonstra os valores reais de crescimento por regiões de
governo, e o percentual de contribuição de cada unidade para a evolução do PIB
estadual. Neste aspecto, observa-se que a Bacia de Campos cresceu 14,71 vezes no
período considerado, sendo responsável por 41% do crescimento do PIB estadual e as
demais regiões, incluindo a Metropolitana, cresceram em média cerca de 3,5 vezes;
enquanto o Norte e Noroeste Fluminense experimentaram crescimento num volume de
3,4 vezes sendo responsáveis, cada um por 10% do crescimento do PIB verificado no
estado.
Gráfico III. 11- Crescimento do PIB por Regiões de Governo:1996-2004.
26
Como população, nível salarial, etc.
67
2,03
6%
2,05
6%
3,47
10%
1,94
5%
2,79
8%
3,42
10%
2,19
6%
2,88
8%
14,71
41%
Região Metropolitana Noroeste Fluminense Norte Fluminense
Serrana Baixadas Litorâneas Região do Médio Paraíba
Centro-Sul Fluminense Região da Costa Verde Bacia de Campos
Fonte: Fundação CIDE. Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, 2005.
Mais especificamente sobre a questão de endogeneização de atividades CT&I,
destaca-se a maior dificuldade de desagregar dados em nível municipal ou
microrregional, aliados à grande quantidade de valores nulos verificados nos espaços
além da cidade do Rio de Janeiro e sua região metropolitana; o que inviabilizou a
construção de um indicador resumo para mensurar o tema.
Ademais, a baixa densidade da estrutura produtiva fluminense, impediu uma
maior desagregação para fins de seleção amostral da PINTEC, que permaneceu
circunscrita à unidade estadual apenas. Entretanto, a base RAIS possibilita a seleção de
alguns indicadores que podem ilustrar a situação característica da estrutura C&T de
maneira mais desagregada ainda que não seja possível aferir diretamente a questão da
inovação. Desta base, retrataremos separadamente duas atividades correspondentes à
serviços de alta intensidade tecnológica, incorporadas à PINTEC 2005, por serem
consideradas inerentes ao processo de mensuração da competitividade.
Neste aspecto, ressaltamos primeiramente a situação das atividades TICs- tal
como elaborado para a realidade estadual- no gráfico III.12, onde apresentamos a
mesma informação através da sobreposição de gráficos em diferentes escalas, com
vistas a ressaltar alguns aspectos. Deste modo é possível observar duas informações
relevantes: a distribuição regional das atividades TICs no gráfico em maior escala, e a
68
variação no número destas, para as unidades com menor participação estadual,
apresentadas em escala menor.
Assim, verifica-se que embora seja verdadeiro que as atividades TICs, estejam
super-concentradas no espaço metropolitano, houve no período uma maior variação
relativa para as regiões Norte Fluminense, Centro Fluminense, Sul Fluminense e
Baixadas, que praticamente dobraram o número de atividades. E a Região Noroeste
Fluminense teve ampliado em 10 vezes o volume de empresas relacionadas diretamente
às atividades TICs, enquanto a Região Metropolitana apresentou crescimento absoluto
de apenas 32%.
Gráfico III. 12. Número de empresas relacionadas às atividades TICs
F
Fonte: RAIS
Em segundo lugar, observa-se a evolução das atividades de Telecomunicações,
correspondente ao Grupo CNAE 642, entendendo ser a variação positiva desta, uma das
facetas de uma maior internalização aos territórios, de atividades mais voltadas ao novo
paradigma produtivo. Entretanto, embora reconheça-se que a quantidade de empresas
ligadas ao setor não signifique, necessariamente uma efetiva apropriação destas novas
tecnologias, este dado pode nos fornecer um medida
proxy de como esta atividade
tecnologicamente mais complexa tem se inserido no tecido fluminense.
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Noroeste
Fluminense
Norte
Fluminense
Centro
Fluminense
Baixadas Sul Fluminense Metropolitana do
Rio de Janeiro
1995 2005
0
5
10
15
20
25
Noroeste
Fluminense
Norte Fluminense Centro Fluminense Baixadas Sul Fluminense
1995 2005
69
Assim, utilizando a mesma forma de visualização do gráfico anterior, observa-se
que também houve certo crescimento das atividades de Telecomunicações, em todas as
regiões estaduais. Deste modo, ainda que o serviço permaneça concentrado na região
Metropolitana, os demais espaços fluminenses ampliaram de maneira relevante sua
participação para este serviço. Neste aspecto o maior crescimento deu-se nas Baixadas,
que na década observada teve ampliada em 15 vezes o volume de empresas ligadas ao
ramo das telecomunicações, seguida da região Noroeste Fluminense, cuja variação
apresentou crescimento 5 vezes superior. Já as regiões Norte e Centro Fluminense
vivenciaram uma variação de 100%, enquanto a Metropolitana, teve ampliação de 49%
em relação ao período anterior.
Gráfico III. 13. Número de empresas de Telecomunicações
Fonte: RAIS
Neste sentido, observa-se, ainda que em movimentos muito midos, um
processo também de desconcentração de atividades tecnologicamente mais sofisticadas
em favor das demais regiões Fluminenses. Por outro lado, a indicação de dinamização
recente dos demais espaços fluminenses, no entanto, não pode confirmar que este
processo continuará a se ampliar. Para que ocorra uma efetiva desconcentração seria
necessário um projeto mais prolongado de implementação de atividades competitivas,
0
50
100
150
200
250
300
Noroeste
Fluminense
Norte
Fluminense
Centro
Fluminense
Baixadas Sul Fluminense Metropolitana do
Rio de Janeiro
1995 2005
0
5
10
15
20
25
Noroeste
Fluminense
Norte Fluminense Centro Fluminense Baixadas Sul Fluminense
1995 2005
70
por meio de investimentos em P&D e outras formas de geração de inovações
tecnológicas.
Ainda assim, ressalta-se a grande disparidade que notadamente caracteriza o
espaço fluminense, que mesmo apresentando certo dinamismo em termos de seu PIB
nas demais regiões, possui apenas uma ínfima parcela de seu território participando em
um grau substancialmente elevado de processos produtivos ligados ao novo paradigma.
Apenas para ilustrar, em 2005, 97% dos Institutos de P&D do Estado estavam
localizados em sua capital e região metropolitana, assim como 81% dos cursos de
educação superior e pós-graduação, 40% de toda a verba do governo Federação
destinada à promoção C&T, além de 81% das concessões de patentes terem sido
concedidas somente na cidade do Rio de Janeiro (RAIS, INPI, Portal da Transparência).
Por fim, acredita-se que o espaço fluminense, em que pese suas assimetrias
espaciais, tem logrado ampliar, na última década, seu setor de P&D. Setor este
condizente com o novo paradigma econômico assentado nas TICs, ainda que necessite
aprimorar seu processo de transbordamento (spillovers)de conhecimento ao setor
empresarial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A estrutura produtiva brasileira neste início de século é um reflexo de decisões
político-estratégicas tomadas ao longo de sua história, de forma que o não abarcamento
de setores de ponta ou a não endogeneização do conhecimento, tem conferido ao país
posições periféricas nas grandes rodadas internacionais de comércio. A abertura
comercial ampliada a partir da década de 1990 tornou clara a situação de déficit
estrutural vivenciada pelos setores de ponta da economia.
As opções de estratégias competitivas de curto prazo, sobremaneira voltadas à
incursões pontuais sobre os juros e câmbio, dissociadas de medidas a longo prazo,
visando estabelecer um núcleo endógeno de inovação e conhecimento, ao longo da
história do país, acabaram por confirmar a crença das autoridades políticas e
econômicas nas vantagens comparativas ricardianas. Prova disto são as experiências de
alguns países emergentes como China e Coréia, que vem tomando posições de destaque
no cenário internacional ao investir pesadamente em educação e processos inovativos
71
desde antes dos anos 1980 e estabelecendo mecanismos para penetrar em setores de
ponta, como as parcerias estratégicas através das Joint Ventures.
Estes países, contrariamente a grande maioria dos países latino americanos, tem
implementado sistematicamente políticas coordenadas para alcançar uma maior
competitividade tecnológica, com marcada presença do setor público. Sua estratégia de
longo prazo encontra-se bastante afinada com a proposição de Lall(2002) ao afirmar que
a simples abertura das economias para as forças do mercado global, sem aprimorar
as qualificações e as potencialidades pode servir para explorar a capacidade
existente, mas a longo prazo, pode ser a receita da estagnação na base da escala
tecnológica e da renda.
Entretanto, não se trata pois de simplesmente tentar percorrer os mesmos
caminhos trilhados pelos países asiáticos, mesmo por que sua trajetória deu-se dentro de
um contexto histórico, político e cultural diversos da realidade brasileira atual; e sim
procurar desenvolver um núcleo endógeno de conhecimento afinado com a
especificidade científica brasileira. Assim é relevante absorver, nas palavras de
Fanjzyber (1983), ‘creativamante’ as mudanças tecnológicas adequando-as,
modificando-as e incrementando-as.
Somente a partir da primeira metade da década de 2000, o Brasil vem pondo em
ação algumas estratégias coordenadas visando a promoção de uma efetiva
competitividade, ainda que tímidas, quando comparadas às atitudes agressivas e
anteriores de investimento governamental de países como Coréia e China em educação
e C,T&I.
Não obstante, o atraso relativo da economia brasileira e a questão de avançar
tecnologicamente, como forma de superar o atraso econômico e em diversos níveis,
estavam na pauta das discussões sobre desenvolvimento de longo prazo, desde pelo
menos 1950, através dos pensadores cepalinos. Autores neo-cepalinos vieram a
incrementar o campo de análise indicando a necessidade de introdução de um núcleo
sistêmico de inovação tecnológica no países latino americanos em contraposição à
utilização de uma competitividade espúria.
Ademais, a ampla heterogeneidade estrutural brasileira leva a construção de uma
distribuição desigual de centros científicos e de núcleos dinâmicos. Assim, a análise da
72
economia do Rio de Janeiro dentro do contexto brasileiro, foi perseguida neste trabalho
com o intuito de dimensionar a evolução da atividade CT&I no estado, uma vez que
este representa um dos principais centros de ‘civilidade’ nacional; além de representar
junto à são Paulo um dos espaços mais privilegiados em termos de alocação de
instrumentos de ensino e pesquisa, bem como localização de empreendimentos
produtivos. A observação de seu movimento de endogeneização de atividades
cientifico-tecnológicas após a abertura comercial, permitiu deste modo observar
comparativamente sua evolução.
Para realizar tal observação, foram construídos dois índices- IC&T e ICT&I-
que consistiram num esforço de sistematizar os indicadores presentes na base de dados
nacionais que estivessem em consonância com aqueles utilizados na literatura sobre o
tema; de forma que pudessem ser atualizados para anos posteriores, servindo como
referência metodológica para análises históricas. Esta etapa logrou fornecer uma medida
resumo que proporcionasse um síntese sobe a temática CT&I, segundo referência do
PNUD consistindo em uma metodologia simples de análise e de fácil interpretação.
A maior dificuldade encontrada para construção destes indicadores consistiu na
adequação das bases de dados brasileiras aos indicadores utilizados pela literatura
internacional sobre a mensuração da questão C,T&I. Assim, a escolha dos indicadores
primários deu-se a partir da sistematização de várias bibliografias nacionais que
propunham a observação de indicadores em diferentes bases de dados disponíveis.
Devido a ausência de uma base estatística específica que possibilitasse
conformar uma série histórica, foi necessário buscar os indicadores disponíveis afinados
com a temática, que se encontravam espaçados em diferentes órgãos e instituições.
Para dimensionar este obstáculo, foram necessários cerca de três meses para a
conformação do banco de dados utilizado neste trabalho, com informações estaduais de
CT&I, em virtude da burocracia de alguns órgãos públicos. Ao passo que na China, por
exemplo, estas informações por regiões do país encontram-se disponibilizadas online
sendo de fácil composição um estudo comparativo. Não obstante, conseguimos obter as
informações necessárias.
Neste sentido, o principal resultado encontrado, foi que o Rio de Janeiro além
de ser metrópole singular no processo civilizatório nacional, possui um dos maiores
73
centros científicos do país, abarcando em seu território um dos maiores núcleos de
excelência em pesquisa tecnológica nacional. Entretanto, relativamente às demais
unidades da federação, durante a década imediatamente posterior à abertura comercial,
pareceu ocorrer um movimento de dissociação, entre a pesquisa científica e seu
transbordamento ao setor empresarial.
Assim, parece haver uma inconsistência na verificação de que existe um
crescimento da atividade científica e uma queda da atividade inovativa empresarial,
muito embora o estado tenha experimentado ganhos substanciais em seu PIB,
superiores, inclusive, à média nacional após a abertura comercial. Porém, ao analisar
alguns indicadores absolutos da posição do estado, parece que de um modo geral, apesar
de o mesmo não estar apresentando crescimento na área CT&I relativamente aos
demais, ainda tem vivenciado algum crescimento absoluto; o que indica que, não
obstante o baixo dinamismo estadual, não tem ocorrido uma estagnação real.
Ainda assim, não podemos somente a partir deste trabalho por questões de
tempo e escopo, inferir sobre os condicionantes causais deste fenômeno, senão apenas
levantar algumas hipóteses, que poderiam ser investigadas em trabalhos posteriores.
Seriam estas: (i) fatores fiscais aliados à grande violência na metrópole estariam
propiciando um movimento de fuga de grandes empresas para outras unidades da
federação? (ii) Os centros de excelência tecnológica do estado estariam nesta
perspectiva produzindo conhecimento para estas empresas localizadas em outros
estados?(iii) Ou ainda, qual seria a nacionalidade de tais empresas? O conhecimento
financiado muitas vezes pelo governo, estaria sendo absorvido internamente gerando
ganhos à economia brasileira? (iv) e se este ‘pacote’ tecnológico está saindo do país em
proporção maior do que sendo endogeneizado, quais seriam as causas desta fuga, ou
como o governo poderia reverter este processo? (v) e, por fim, estariam as universidades
fluminenses voltadas sobremaneira à questão da ciência pura?
Com a finalidade de compreender estas e outras questões, deixamos como
agenda para pesquisas futuras a investigação sobre a destinação e finalidade das
pesquisas realizadas na academia e nos Institutos de Pesquisa Fluminense. Somente
assim, observando pelo lado da oferta, poderíamos investigar as causas desta
peculiaridade do Rio de Janeiro.
74
Outro movimento apreendido neste trabalho refere-se a uma ligeira
desconcentração de atividades CT&I, para outras regiões do estado, que não apenas á
sua região metropolitana. O que corrobora a perspectiva de Natal (2003), de que muito
embora a atividade petrolífera no Rio de Janeiro tenha de fato propiciado uma
desconcentração concentradora -referindo à crítica de Pacheco sobre as regiões Norte e
noroeste Fluminense-, ainda sim, num estado com raízes tão concentradoras, qualquer
movimento de diluição seria benéfico.
Um desdobramento que ainda gostaríamos de ter feito seria a construção de
indicadores por microrregiões do estado afim de averiguar o fenômeno mais
detalhadamente, entretanto, dois fatores prejudicaram a empreitada: (i) a extrema
dificuldade em encontrar dados desagregados para todo o período, apesar de não ser
impossível e termos conseguido fazê-lo com algumas incursões estatísticas; (ii) a ainda
extrema concentração de atividades CT&I na microrregião do Rio de Janeiro, e a
elevada a quantidade de valores nulos nas demais regiões inviabilizou a tentativa de
sistematização de indicadores. Assim, foram destacados apenas alguns indicadores por
regiões de governo do estado para não tornar exaustiva a análise mais desagregada.
Por fim, ressalta-se que a análise da situação fluminense leva à uma reflexão de
que num país como o Brasil, a conexão entre a P&D e a inovação empresarial não
podem ser deixadas ao sabor do livre mercado. As especificidades históricas da
estrutura brasileira, assim como da grande maioria das economias emergentes e, no
limite, até mesmo a dos grandes países desenvolvidos, não comportam tal administração
da mão invisível. Isto por que estratégias de competitividade de longo prazo necessitam
de coordenação de um elemento governamental ou para-governamental.
Tal afirmativa baseia-se, em parte, na existência de uma enorme assimetria de
informação entre os setores de pesquisa e os empresarias, o que inviabiliza as tomadas
de decisão dos agentes produtivos. Neste aspecto, poderiam ser criadas, por exemplo,
políticas através de parcerias público-privadas que permitissem um maior conhecimento
das atividades realizadas pelos primeiros e as demandas dos últimos. Talvez através de
um ambiente virtual de oferta de demanda.
Outro fator inibidor seria a baixa oferta de crédito para empreendimentos de
risco, tal como as novas tecnologias. Neste aspecto, o governo poderia apresentar-se
como parceiro oferecendo um maior volume de crédito a tais empreendimentos, com
75
juros mais baixos, quiçá fornecendo subsídios fiscais ao lançamento de novos produtos
ou propiciando emendas legais que ampliassem o volume de capital auferido nas bolsas
de valores.
Assim, ressalta-se que apesar das recentes medidas governamentais visando a
valorização de maiores articulações entre empresa - universidade e ampliação do
volume de crédito, ainda é preciso melhorar a qualidade de tais aplicações e interações
de modo que seja possível criar um mecanismo virtuoso de crescimento científico-
tecnológico, educacional e econômico. De forma que tal expansão possa ser
disseminada no tecido social brasileiro, garantindo uma efetiva competitividade
nacional, estadual, ou municipal sistêmica.
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Anexos
Anexo I: Saldo da Balança Comercial Brasileira, por Gêneros da Indústria de
Transformação - Em US$ Milhões Fob. 200-2005
87
Gêneros 2000 2001 2002 2003 2004 2005
Minerais Não Metálicos 410 374 564,145 720,674 985,308 1194,345
Metalúrgica 3730 2790 4193,561 5473,032 7607,905 9152,673
Mecânica -4737 -5437 -3931,22 -2160,71 -1559,3 -1892,36
Material El. e de Com. -6168 -6433 -3948,17 -3615,78 -5386,58 -5036,93
Material de Transporte 3124 3313 3854,261 4884,971 8865,513 9843,755
Madeira 1401 1429 1715,531 2019,127 2960,749 2945,181
Mobiliário 328 328 419,073 583,454 829,99 875,164
Celulose e Papel 1574 1418 1462,117 2269,786 2151,589 2540,347
Borracha -105 -137 -89,35 13,245 -113,229 -150,666
Couros e Peles 598 718 889,644 1002,133 1224,925 1340,813
Química -4053 -4524 -3818,37 -4205,73 -6081,6 -5480,3
Farmacêutica -1202 -1279 -1274,28 -1232,35 -1433,56 -1563,67
Perfumária, Sab. e Velas -136 -113 -35,161 34,495 35,862 101,935
Prods. de Mat. Plásticas -1019 -1067 -986,139 -675,56 -867,815 -851,997
Têxtil -749 -284 -227,003 87,29 110,123 201,445
Vestuário 350 341,596 363,148 496,088 528,495 461,941
Calçados e Componentes 1568 1627,725 1466,368 1568,227 1826,646 1856,982
Produtos Alimentares 4563,175 5890,966 5928,12 6852,904 8248,001 9571,199
Bebidas -44,277 -38,691 76,583 78,329 394,236 653,591
Fumo 23,448 19,112 26,341 33,108 40,941 37,829
Editorial e Gráfica -192,765 -168,342 -98,454 -49,719 -35,386 -57,086
Brinquedos -73,267 -52,384 -39,752 -26,095 -53,611 -82,13
Indústria Diversas -1597,29 -1880,66 -1655,78 -1615,73 -2091,93 -2572,83
Total -2406,97 -3164,68 42062,66 50042,52 66152,2 79625,01
Fonte: MIDC, Anuário Estatístico, 2006.
Anexo II- Produto Interno Bruto (PIB) - R$ de 2000(mil) - Deflacionado pelo Deflator
Implícito do PIB nacional:1990 e 2004.
88
0 100 200 300 400 500 600 700
Região Centro-oeste
Região Norte
Região Nordeste
Região Sul
Região Sudeste
1990 2004
Fonte: IBGE, Contas Nacionais.
Anexo III: Seleção e Classificação de atividades com perfil Tecnológico da base RAIS.
Subgrupo
Descrição da ocupação
201 Profissionais da biotecnologia e metrologia
202 Profissionais da eletromecânica
203 Pesquisadores
211 Matemáticos, estatísticos e afins
212 Profissionais da informática
213 Físicos, químicos e afins
214 Engenheiros, arquitetos e afins
215 Profissionais em navegação aérea, marítima e
fluvial
221 Biólogos e afins
222 Agrônomos e afins
223 Profissionais da medicina, saúde e afins
234 Professores do ensino superior
Fonte: Classificação Brasileira de Ocupações (CBO)/TEM
Anexo IV- Dimensão I: Produção Científica e Tecnológica
Estados 1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
89
Acre 0,008
0,000
0,000
0,020
0,038
0,001
0,025
0,042
0,053
0,041
0,032
Alagoas 0,023
0,022
0,029
0,033
0,042
0,050
0,079
0,060
0,103
0,074
0,076
Amapá 0,000
0,000
0,000
0,012
0,000
0,017
0,018
0,030
0,003
0,031
0,013
Amazonas 0,038
0,048
0,025
0,054
0,086
0,051
0,125
0,113
0,151
0,151
0,141
Bahia 0,063
0,049
0,050
0,081
0,093
0,091
0,108
0,100
0,129
0,112
0,123
Ceará 0,064
0,077
0,064
0,104
0,107
0,094
0,111
0,113
0,124
0,124
0,124
Distrito
Federal
0,344
0,300
0,358
0,531
0,566
0,593
0,570
0,581
0,506
0,542
0,525
Espírito
Santo
0,151
0,129
0,155
0,179
0,202
0,184
0,148
0,145
0,139
0,137
0,136
Goiás 0,090
0,111
0,113
0,097
0,129
0,174
0,149
0,142
0,194
0,181
0,175
Maranhão 0,023
0,021
0,026
0,034
0,048
0,046
0,032
0,022
0,030
0,029
0,029
Mato
Grosso
0,043
0,025
0,032
0,070
0,086
0,123
0,090
0,050
0,053
0,045
0,052
Mato
Grosso do
Sul
0,119
0,123
0,104
0,100
0,205
0,102
0,122
0,123
0,102
0,131
0,119
Minas
Gerais
0,292
0,282
0,291
0,337
0,383
0,340
0,331
0,315
0,327
0,316
0,312
Pará 0,031
0,037
0,034
0,049
0,037
0,045
0,058
0,060
0,060
0,065
0,063
Paraíba 0,062
0,085
0,074
0,147
0,145
0,154
0,188
0,160
0,140
0,153
0,142
Paraná 0,296
0,297
0,320
0,390
0,526
0,446
0,446
0,451
0,468
0,470
0,450
Pernambuco
0,107
0,096
0,095
0,148
0,177
0,161
0,138
0,128
0,129
0,124
0,130
Piauí 0,009
0,010
0,011
0,013
0,011
0,040
0,018
0,027
0,013
0,027
0,020
Rio de
Janeiro
0,378
0,367
0,363
0,451
0,506
0,483
0,461
0,484
0,440
0,472
0,462
Rio Grande
do Norte
0,117
0,102
0,112
0,225
0,100
0,198
0,091
0,081
0,101
0,101
0,112
Rio Grande
do Sul
0,364
0,425
0,375
0,492
0,521
0,556
0,560
0,554
0,552
0,540
0,518
Rondônia 0,045
0,017
0,025
0,015
0,023
0,028
0,021
0,036
0,023
0,012
0,009
Roraima 0,000
0,049
0,000
0,000
0,000
0,173
0,001
0,059
0,069
0,030
0,057
Santa
Catarina
0,584
0,672
0,634
0,607
0,657
0,632
0,702
0,689
0,679
0,684
0,682
São Paulo 0,737
0,737
0,737
0,807
0,818
0,818
0,837
0,811
0,796
0,787
0,762
Sergipe 0,040
0,035
0,026
0,041
0,046
0,098
0,063
0,054
0,065
0,076
0,072
Tocantins 0,037
0,053
0,052
0,005
0,037
0,042
0,090
0,074
0,068
0,068
0,058
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração própria.
Anexo V- Dimensão II: Recursos humanos qualificados
90
Estados
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Acre 0,225
0,179
0,194
0,214
0,202
0,142
0,186
0,120
0,126
0,148
0,101
Alagoas 0,109
0,078
0,113
0,133
0,117
0,072
0,094
0,022
0,010
0,010
0,032
Amapá 0,032
0,063
0,000
0,213
0,220
0,166
0,171
0,131
0,016
0,200
0,059
Amazonas 0,256
0,250
0,250
0,248
0,250
0,148
0,203
0,280
0,258
0,261
0,182
Bahia 0,364
0,425
0,464
0,487
0,469
0,524
0,528
0,522
0,261
0,266
0,205
Ceará 0,279
0,257
0,251
0,231
0,256
0,216
0,234
0,187
0,145
0,121
0,116
Distrito
Federal
0,428
0,426
0,386
0,378
0,507
0,453
0,483
0,503
0,349
0,381
0,266
Espírito
Santo
0,195
0,197
0,191
0,240
0,236
0,228
0,207
0,202
0,254
0,306
0,211
Goiás 0,303
0,323
0,292
0,259
0,249
0,222
0,303
0,193
0,123
0,108
0,084
Maranhão 0,262
0,145
0,162
0,165
0,154
0,109
0,118
0,058
0,013
0,013
0,010
Mato
Grosso
0,339
0,250
0,206
0,152
0,155
0,176
0,147
0,108
0,084
0,102
0,070
Mato
Grosso do
Sul
0,277
0,198
0,162
0,198
0,163
0,120
0,116
0,060
0,190
0,214
0,133
Minas
Gerais
0,423
0,407
0,373
0,415
0,390
0,381
0,401
0,371
0,563
0,620
0,656
Pará 0,316
0,270
0,268
0,252
0,270
0,202
0,206
0,168
0,191
0,167
0,127
Paraíba 0,214
0,239
0,255
0,272
0,264
0,238
0,232
0,177
0,249
0,287
0,251
Paraná 0,308
0,335
0,346
0,366
0,441
0,432
0,441
0,438
0,412
0,504
0,364
Pernambuco
0,331
0,256
0,275
0,297
0,280
0,297
0,291
0,286
0,360
0,401
0,285
Piauí 0,187
0,081
0,127
0,132
0,114
0,102
0,117
0,060
0,141
0,137
0,100
Rio de
Janeiro
0,707
0,710
0,713
0,726
0,719
0,743
0,725
0,718
0,724
0,729
0,536
Rio Grande
do Norte
0,131
0,110
0,135
0,108
0,133
0,074
0,121
0,120
0,088
0,048
0,127
Rio Grande
do Sul
0,341
0,345
0,393
0,415
0,407
0,395
0,433
0,388
0,397
0,399
0,325
Rondônia 0,003
0,002
0,002
0,006
0,006
0,011
0,007
0,004
0,004
0,005
0,005
Roraima 0,040
0,017
0,046
0,000
0,001
0,000
0,002
0,006
0,095
0,017
0,079
Santa
Catarina
0,449
0,473
0,456
0,493
0,469
0,403
0,409
0,390
0,273
0,271
0,204
São Paulo 0,973
0,979
0,986
0,997
1,000
0,999
1,000
0,978
0,886
0,878
0,738
Sergipe 0,196
0,275
0,273
0,262
0,243
0,209
0,227
0,154
0,210
0,322
0,196
Tocantins 0,000
0,000
0,017
0,227
0,217
0,290
0,215
0,117
0,239
0,242
0,206
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração própria.
91
Anexo IV - Dimensão III: Dispêndios governamentais em C&T
Estados
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Acre 0,002
0,002
0,001
0,005
0,001
0,001
0,001
0,003
0,005
0,004
0,012
Alagoas 0,004
0,004
0,006
0,005
0,007
0,020
0,011
0,020
0,015
0,018
0,025
Amapá 0,000
0,000
0,000
0,000
0,002
0,000
0,001
0,003
0,001
0,000
0,002
Amazonas 0,014
0,014
0,017
0,013
0,020
0,030
0,018
0,037
0,057
0,030
0,088
Bahia 0,040
0,040
0,048
0,050
0,080
0,094
0,114
0,092
0,105
0,098
0,124
Ceará 0,119
0,119
0,048
0,069
0,060
0,090
0,073
0,068
0,056
0,094
0,085
Distrito
Federal
0,133
0,133
0,130
0,149
0,109
0,168
0,462
0,461
0,144
0,136
0,402
Espírito
Santo
0,010
0,010
0,013
0,018
0,015
0,016
0,025
0,016
0,022
0,027
0,024
Goiás 0,032
0,032
0,025
0,017
0,016
0,017
0,032
0,019
0,035
0,042
0,036
Maranhão 0,002
0,002
0,004
0,006
0,010
0,017
0,003
0,004
0,008
0,008
0,014
Mato
Grosso
0,011
0,011
0,008
0,007
0,013
0,006
0,008
0,018
0,032
0,014
0,008
Mato
Grosso do
Sul
0,005
0,005
0,005
0,005
0,008
0,008
0,017
0,026
0,038
0,028
0,021
Minas
Gerais
0,281
0,281
0,252
0,250
0,247
0,190
0,170
0,252
0,194
0,205
0,161
Pará 0,056
0,056
0,055
0,048
0,059
0,041
0,034
0,046
0,020
0,030
0,028
Paraíba 0,030
0,030
0,036
0,039
0,037
0,044
0,046
0,048
0,058
0,078
0,087
Paraná 0,058
0,058
0,060
0,075
0,084
0,069
0,168
0,110
0,137
0,131
0,136
Pernambuco
0,081
0,081
0,086
0,120
0,090
0,111
0,134
0,132
0,120
0,203
0,151
Piauí 0,004
0,004
0,003
0,003
0,007
0,009
0,003
0,004
0,013
0,010
0,011
Rio de
Janeiro
0,770
0,770
0,768
0,779
0,797
0,825
0,730
0,820
0,664
0,606
0,707
Rio Grande
do Norte
0,014
0,014
0,024
0,040
0,031
0,152
0,066
0,095
0,048
0,062
0,053
Rio Grande
do Sul
0,257
0,257
0,205
0,168
0,455
0,178
0,212
0,212
0,338
0,375
0,182
Rondônia 0,001
0,001
0,001
0,002
0,002
0,001
0,004
0,006
0,005
0,004
0,013
Roraima 0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,002
0,008
0,014
0,003
Santa
Catarina
0,105
0,105
0,124
0,086
0,110
0,079
0,086
0,111
0,154
0,107
0,090
São Paulo 0,996
0,996
0,906
0,943
0,993
0,671
0,815
0,769
1,000
1,000
1,000
Sergipe 0,003
0,003
0,003
0,002
0,003
0,028
0,016
0,011
0,007
0,016
0,010
Tocantins 0,001
0,001
0,001
0,001
0,001
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração própria.
92
Anexo VII- Índice de Ciência e Tecnologia (IC&T)
Estados
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Acre 0,078
0,060
0,065
0,079
0,081
0,048
0,070
0,055
0,061
0,064
0,048
Alagoas 0,045
0,035
0,049
0,057
0,055
0,047
0,061
0,034
0,042
0,034
0,044
Amapá 0,011
0,021
0,000
0,075
0,074
0,061
0,063
0,055
0,007
0,077
0,025
Amazonas 0,103
0,104
0,097
0,105
0,119
0,076
0,115
0,143
0,155
0,147
0,137
Bahia 0,156
0,171
0,187
0,206
0,214
0,236
0,250
0,238
0,165
0,159
0,151
Ceará 0,154
0,151
0,121
0,135
0,141
0,133
0,139
0,123
0,108
0,113
0,108
Distrito
Federal
0,302
0,286
0,291
0,353
0,394
0,405
0,505
0,515
0,333
0,353
0,397
Espírito
Santo
0,119
0,112
0,120
0,146
0,151
0,143
0,127
0,121
0,139
0,157
0,124
Goiás 0,142
0,155
0,143
0,124
0,131
0,138
0,161
0,118
0,117
0,110
0,098
Maranhão 0,096
0,056
0,064
0,068
0,071
0,057
0,051
0,028
0,017
0,016
0,018
Mato
Grosso
0,131
0,095
0,082
0,076
0,085
0,102
0,082
0,059
0,056
0,054
0,043
Mato
Grosso do
Sul
0,134
0,108
0,091
0,101
0,125
0,077
0,085
0,070
0,110
0,125
0,091
Minas
Gerais
0,332
0,323
0,305
0,334
0,340
0,303
0,301
0,313
0,361
0,381
0,376
Pará 0,134
0,121
0,119
0,116
0,122
0,096
0,099
0,091
0,090
0,087
0,073
Paraíba 0,102
0,118
0,122
0,153
0,149
0,145
0,155
0,128
0,149
0,172
0,160
Paraná 0,221
0,230
0,242
0,277
0,350
0,316
0,352
0,333
0,339
0,368
0,316
Pernambuco
0,173
0,144
0,152
0,188
0,183
0,190
0,187
0,182
0,203
0,242
0,189
Piauí 0,067
0,032
0,047
0,049
0,044
0,050
0,046
0,031
0,055
0,058
0,044
Rio de
Janeiro
0,618
0,616
0,615
0,652
0,674
0,684
0,639
0,674
0,609
0,602
0,568
Rio Grande
do Norte
0,087
0,075
0,091
0,125
0,088
0,141
0,093
0,099
0,079
0,070
0,097
Rio Grande
do Sul
0,321
0,343
0,324
0,358
0,461
0,376
0,402
0,385
0,429
0,438
0,342
Rondônia 0,016
0,007
0,009
0,008
0,010
0,013
0,010
0,015
0,011
0,007
0,009
Roraima 0,014
0,022
0,015
0,000
0,000
0,058
0,001
0,022
0,057
0,020
0,046
Santa
Catarina
0,379
0,417
0,404
0,396
0,412
0,371
0,399
0,397
0,368
0,354
0,325
São Paulo 0,902
0,904
0,877
0,916
0,937
0,830
0,884
0,853
0,894
0,888
0,833
Sergipe 0,079
0,104
0,101
0,102
0,097
0,112
0,102
0,073
0,094
0,138
0,093
Tocantins 0,013
0,018
0,023
0,078
0,085
0,110
0,102
0,064
0,102
0,103
0,088
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração própria.
93
Anexo VIII- Dimensão IV: Inovações empresariais
Estados
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Acre 0,228
0,266
0,266
0,273
0,389
0,361
Alagoas 0,138
0,262
0,245
0,339
0,337
0,210
Amapá 0,242
0,277
0,274
0,273
0,389
0,361
Amazonas 0,287
0,320
0,316
0,294
0,446
0,434
Bahia 0,275
0,240
0,226
0,270
0,192
0,114
Ceará 0,361
0,439
0,432
0,527
0,440
0,199
Distrito
Federal
0,073
0,059
0,052
0,072
0,213
0,322
Espírito
Santo
0,307
0,263
0,261
0,263
0,425
0,507
Goiás 0,335
0,302
0,308
0,269
0,336
0,306
Maranhão 0,111
0,204
0,204
0,318
0,282
0,125
Mato Grosso 0,228
0,266
0,266
0,273
0,407
0,392
Mato Grosso
do Sul
0,045
0,036
0,069
0,086
0,243
0,340
Minas Gerais 0,392
0,384
0,382
0,375
0,537
0,480
Pará 0,101
0,125
0,132
0,351
0,398
0,348
Paraíba 0,138
0,216
0,212
0,325
0,288
0,143
Paraná 0,561
0,639
0,642
0,670
0,763
0,607
Pernambuco 0,618
0,482
0,478
0,224
0,320
0,354
Piauí 0,111
0,204
0,212
0,332
0,294
0,143
Rio de
Janeiro
0,245
0,064
0,100
0,070
0,080
0,136
Rio Grande
do Norte
0,138
0,227
0,221
0,332
0,288
0,131
Rio Grande
do Sul
0,733
0,803
0,803
0,786
0,533
0,703
Rondônia 0,228
0,266
0,266
0,266
0,383
0,361
Roraima 0,228
0,266
0,266
0,266
0,383
0,355
Santa
Catarina
0,519
0,522
0,512
0,389
0,714
0,399
São Paulo 0,753
0,666
0,578
0,509
0,676
0,762
Sergipe 0,111
0,204
0,204
0,325
0,288
0,131
Tocantins 0,228
0,266
0,266
0,273
0,389
0,379
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração própria.
94
Anexo IX- Índice de Ciência Tecnologia e Inovação(ICT&I)
Estados 2000
2001
2002
2003
2004
2005
Acre 0,093
0,119
0,107
0,114
0,145
0,126
Alagoas 0,070
0,112
0,087
0,116
0,110
0,086
Amapá 0,106
0,117
0,109
0,073
0,155
0,109
Amazonas 0,129
0,167
0,187
0,190
0,222
0,211
Bahia 0,246
0,247
0,235
0,192
0,167
0,141
Ceará 0,190
0,214
0,200
0,213
0,195
0,131
Distrito Federal 0,322
0,393
0,399
0,268
0,318
0,379
Espírito Santo 0,184
0,161
0,156
0,170
0,224
0,219
Goiás 0,187
0,196
0,165
0,155
0,167
0,150
Maranhão 0,071
0,089
0,072
0,092
0,083
0,045
Mato Grosso 0,133
0,128
0,110
0,110
0,142
0,130
Mato Grosso
do Sul
0,069
0,073
0,069
0,104
0,154
0,153
Minas Gerais 0,326
0,322
0,330
0,365
0,420
0,402
Pará 0,097
0,106
0,101
0,155
0,165
0,142
Paraíba 0,144
0,171
0,149
0,193
0,201
0,156
Paraná 0,377
0,424
0,410
0,422
0,467
0,389
Pernambuco 0,297
0,261
0,256
0,208
0,262
0,230
Piauí 0,065
0,085
0,076
0,125
0,117
0,069
Rio de Janeiro 0,574
0,495
0,530
0,475
0,472
0,460
Rio Grande do
Norte
0,141
0,126
0,129
0,142
0,125
0,106
Rio Grande do
Sul
0,466
0,502
0,489
0,519
0,462
0,432
Rondônia 0,067
0,074
0,078
0,074
0,101
0,097
Roraima 0,100
0,067
0,083
0,109
0,111
0,123
Santa Catarina 0,408
0,429
0,426
0,374
0,444
0,344
São Paulo 0,810
0,830
0,784
0,798
0,835
0,816
Sergipe 0,111
0,127
0,106
0,152
0,176
0,102
Tocantins 0,140
0,143
0,114
0,145
0,175
0,161
Fonte: Resultados da pesquisa. Elaboração própria.
Livros Grátis
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