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Roberto Amaral
no papel de simples reprodutores de linhas de pensamento, de pesquisa e de
desenvolvimento científico e tecnológico, ditadas todas pela dependência.
O fato é que precisamos saber, hoje, com razoável grau de aproximação,
qual doutor, mestre ou professor precisaremos daqui a 10, 15 ou 20 anos. Que
profissional precisamos formar hoje, que pesquisa precisamos iniciar hoje para
podermos ter amanhã a universidade e a sociedade que queremos construir.
Neste particular, já iniciamos um processo de futuro a começar pela
base. Objetivamente, já estamos formulando – de mãos dadas com o MEC e
com a colaboração da UNESCO, em parceira com governos estaduais – um
projeto de capacitação laboratorial de escolas públicas de nível médio, para
que a juventude não só ganhe intimidade com o instrumental tecnológico
atual, como ofereça a massa de talentos em meio à qual serão identificadas
as novas vocações. É o projeto Ciência nas Escolas que, até o final do gover-
no de Vossa Excelência, deverá instalar laboratórios para o ensino de ciênci-
as em cada uma das escolas públicas de ensino médio do país.
Nessa mesma linha de mudança, o MCT e o MEC assinaram protocolo
de intenções para promover a educação de Ciências no ensino médio. A ação
conjunta dos dois ministérios representa, principalmente, um fortalecimento
da política de apoio ao professor de ensino médio. O Plano de Educação em
Ciências no Ensino Médio – PROBEM, credenciará projetos de formação
de professores apresentados por Universidades em parceria com as secretari-
as estaduais de educação.
Ainda no contexto dessa mudança – pensar o futuro – a Secretaria do CCT
acaba de divulgar os resultados do estudo "Prospectar". O Estudo, que teve o
expressivo apoio do MCT, foi desenvolvido em parceria com renomadas insti-
tuições brasileiras. Assim, com a participação de centros de pesquisa brasileiros,
que desenvolveram alta competência em suas respectivas áreas de atuação, foi
possível identificar as "tecnologias-chave" para o Brasil, nos próximos 20 anos,
nos temas: Aeronáutica, Agropecuária, Energia, Espaço, Materiais, Recursos
Hídricos, Saúde e Telecomunicações e Tecnologia da Informação.
Senhor Presidente, sejam quais forem os obstáculos a vencer, o certo é
que, da parte do MCT, e com o devido assessoramento do CCT, já está em
curso um amplo espectro de mecanismos de suporte à qualificação de recursos
humanos, incremento à pesquisa e desenvolvimento e apoio à pesquisa básica.
Fazemos essas observações para acentuar, uma vez mais, que a nova
política de Ciência e Tecnologia deve ser tratada como uma questão de Estado,
que afeta toda a sociedade. As universidades, as instituições de pesquisa, as
empresas, as organizações sindicais e da comunidade científica, e o governo