2
válidas (Reis et al., 2003), o que corresponde à aproximadamente 65% das espécies
da ordem. Ao longo dos anos, essa família vem sofrendo várias modificações na sua
classificação, mas muito pouco se conhece sobre as relações filogenéticas de seus
membros constituintes. A própria condição de monofilia da família ainda é muito
discutida. Entre os vários trabalhos realizados em diversos táxons de Characidae, o
realizado por Lucena (1993) propôs a primeira hipótese filogenética abrangente para
a família. Nesse estudo, o autor considerou a família Characidae monofilética e incluiu
neste clado gêneros de Characiformes africanos e outros pertencentes às famílias
Cynodontidae e Acestrorhynchidae. Estudos filogenéticos posteriores sugeriram
diversos rearranjos na família Characidae, questionando profundamente sua monofilia
(Lucena e Menezes, 1998; Weitzman e Malabarba, 1998; Zanata, 2000). Portanto, as
dúvidas ainda existentes em relação à família Characidae, assim como muitas de
suas subfamílias e gêneros, fazem com que não possa ser considerada monofilética,
tornando necessárias análises cladísticas mais abrangentes a fim de investigar a
monofilia de seus táxons e as relações destes com os demais Characiformes
(Weitzman e Malabarba, 1998).
A subfamília Tetragonopterinae, outrora considerada como a subfamília mais bem
sucedida entre os Characidae, estando presente em quase todos os ambientes
neotropicais (Géry, 1977), não pode ser reconhecida como monofilética, assim como
muitos de seus gêneros mais especiosos (Weitzman e Malabarba, 1998, Malabarba e
Weitzman, 2003). Recentemente, para assegurar a monofilia de Tetragonopterinae,
somente o gênero Tetragonopterus foi mantido no grupo e todos os demais gêneros
de Tetragonopterinae foram considerados Incertae Sedis em Characidae (Reis et al.,
2003). Desta forma, dos 88 gêneros, envolvendo cerca de 620 espécies,
anteriormente alocados em Tetragonopterinae, Cheirodontinae, Characinae,
Bryconinae, Paragoniatinae e Aphyocharacinae, foram alocados como “Incertae
Sedis” em Characidae (Reis et al., 2003). Entre esses gêneros estão alguns dos
grupos com maior quantidade de espécies e taxonomicamente pouco conhecidos de
Characidae, como Hyphessobrycon (97 espécies), Astyanax (86 espécies),
Moenkhausia (58 espécies), Bryconamericus (51 espécies), Hemigrammus (43
espécies) e Creagrutus (64 espécies) (Reis et al., 2003). Portanto, somente as
subfamílias de Characidae que apresentavam alguma evidência de monofilia foram
mantidas no grupo, sendo elas: Clupeacharacinae (uma espécie), Agoniatinae (duas
espécies), Tetragonopterinae (duas espécies), Roadsiinae (seis espécies),