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A professora Renata Augusta, expressou sua preocupação de “tentar
humanizar” o processo histórico que ela, como professora, tenta construir com o
aluno
“acho que... a imagem, a fotografia, a pintura e o filme, por excelência,
até pela questão da dinâmica, da fala, está vivo, não é? Com o cinema
parece que realmente você humaniza e deixa vivo alguma coisa que você
está querendo falar. Então, acho isso importante. Eu tenho essa
preocupação de humanizar aquilo... a história. Porque às vezes parece
uma coisa muito distante, a gente só fala de mortes... Então, você, de
alguma forma, tenta mostrar para o aluno que ela fez parte de um
cotidiano, que aqueles personagens envolvidos, de repente, eram pessoas
que nem eles, entendeu? Se relacionavam com outras pessoas. Eu acho
que, às vezes, e é uma coisa que eu me bato muito nessa questão até do
próprio texto do livro didático, de outros textos também que a gente faz
uso, eles não dão conta dessa dimensão humana da história. Eu acho uma
falha”.
Para uma outra docente entrevistada, Ana Carolina:
“dependendo do tema da série, o uso do filme - como um documentário,
por exemplo - pode servir tanto para sistematizar, como para permitir
uma visão, das cidades antigas, em determinadas circunstâncias, pois é
muito mais fácil, às vezes, você entender uma cidade grega, uma cidade
romana, visualizando-a. Nesse caso é mais fácil perceber isso
tridimensionalmente”.
De acordo com Carrière (2006),
“Se o trabalho do filme estiver bem feito (...) a resultante visualização da
História pode não só ser envolvente, mas também pode nos ajudar – pelas
atitudes, representações, ações e até sons – a nos aproximar do passado” (p.59).
Ana Carolina também chama a atenção para o fato de que
“quando você passa um filme de ficção, que não documentário, você cria
identificação com os personagens, fazendo com que o aluno, muitas vezes,
se interesse muito mais pela matéria, pois é a partir dos personagens que
você chega à parte histórica”.
Ao discutir os fatores que atuam na relação do espectador com os filmes,
Duarte (2002) aponta a identificação como um dos mais importantes:
“No que diz respeito ao cinema, identificar-se com a situação que está sendo
apresentada e reconhecer-se, de algum modo, nos personagens que a vivenciam é
o que constitui o vínculo entre o espectador e a trama. Os cineastas costumam
dizer que sem identificação não há filme, ou seja, nada daquilo funciona. Para
que a história faça sentido e conquiste a atenção do espectador, até o final, é
preciso que haja nela elementos nos quais o espectador possa reconhecer e/ou
projetar seus sentimentos, medos, desejos, expectativas, valores e assim por
diante” (p.71)
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